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1. Introdução à climatologia
Figura 1.1. “Para dar ordens à natureza é preciso saber obedecer-lhe” - Francis Bacon. Fonte:
http://greenpeace.blogtv.uol.com.br/img/Image/Greenpeace/2008/Marco/greenpeace.jpg
Figura 1.2. O tempo e o clima no contexto das ciências naturais. Fonte: AYOADE, 1996, p.1
Os termos tempo e clima não são sinônimos como o senso comum e o uso
cotidiano erroneamente associam. Segundo AYOADE (1996, p.2), por TEMPO
entende-se “o estado médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em
determinado lugar”. Já o CLIMA, “é a síntese do tempo num dado lugar durante
um período de aproximadamente 30-35 anos”, e que, portanto, exige um maior
número de dados para ser classificado. Ou seja, o clima é algo dinâmico e
generalizado e seu estudo está fundamentado na observação prolongada dos
tipos de tempo, ao passo que o tempo refere-se à um estado mais
momentâneo destas condições da atmosfera, lidando com eventos mais
específicos e que variam com maior freqüência.
Para ilustrar melhor estes conceitos podemos fazer uma analogia a um álbum
de fotografias. As fotografias (figura 1.3) representam diferentes momentos
das condições atmosféricas, representando, portanto, as diferentes fases do
TEMPO, que pode ser alterado por diversas vezes dentro de um mesmo dia
(de manhã está com neblina, faz sol à tarde e chove à noite, por exemplo). Da
coleção destas “fotos” temos diversos registros das condições atmosféricas
durante um determinado período, formando um álbum (Figura 1.4.) que deve
ser de no mínimo 30 anos, e que conjuntamente indica e estabelece qual é o
tipo climático predominante para a região analisada, configurando assim o
CLIMA.
Outro erro que ocorre no senso comum é a abordagem dos termos climatologia
e meteorologia como sinônimos. Apesar de terem o mesmo objeto de estudo,
as finalidades, metodologias e aplicações de cada uma são significativamente
distintas. Também segundo AYOADE (1996, p.2), a METEOROLOGIA define-
se como “a ciência da atmosfera e se relaciona ao estado físico, dinâmico e
químico da atmosfera e às interações entre eles e a superfície terrestre
subjacente”. Já a CLIMATOLOGIA geralmente é definida como “o estudo
cientifico do clima”, correspondendo à ciência que estuda os padrões de
comportamento da atmosfera por um determinado período de tempo. Em
termos práticos, pode-se afirmar que, enquanto o meteorologista preocupa-se
mais com as variações do tempo, o climatologista busca estudar o clima.
Todavia, é importante salientar que existe uma interação entre as duas
especialidades, de modo que o tempo e o clima, conjuntamente, podem ser
considerados como uma conseqüência e uma demonstração da ação dos
processos complexos da atmosfera, em interação com os oceanos e a camada
rochosa da Terra.
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Segundo ATKINSON (1972, citado por AYOADE, 1996, p.6), a primeira crítica
feita é que a climatologia tradicional é descritiva e não explicativa dos
processos climáticos que desencadeiam a sua distribuição no tempo e no
espaço. A segunda é que a abordagem tradicional passa a idéia de uma
atmosfera estática, desconsiderando as mudanças contínuas que se
desencadeiam na atmosfera, já que esta se caracteriza por ser dinâmica e em
constante turbulência. A terceira crítica refere-se à desconsideração sobre a
interação entre os elementos climáticos, visto que estes processos se
interagem e se afetam mutuamente, retornando e reagindo para provocar
mudanças e/ou modificações em suas causas, na busca incessante da
natureza por equilíbrio. A quarta crítica identificada por este autor baseia-se na
metodologia empregada para a classificação dos climas. Isso porque as linhas
demarcatórias traçadas nos mapas erroneamente passam a impressão da
existência de modificações abruptas nas condições atmosféricas analisadas, o
que não ocorre na realidade. O que existe é uma alteração gradativa das
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Figura 1.13. Cartas sinóticas e sistemas frontais. Fonte: GOES, METEOSAT/ CPTEC/ INPE, 2001
Temperatura do Ar
Médi…
30,0
(ºC)
20,0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P 10 P 11 P 12 P 13 P 14 P 15 P 16
100,0
(%)
0,0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P 10 P 11 P 12 P 13 P 14 P 15 P 16
Figura 1.17. Estudo de clima urbano. Fonte: Estudo de ilha de calor urbano em Belo Horizonte –
Geografia/UFMG, 2006.
@ Mídias Integradas
CONTI, José Bueno & FURLAN, Sueli Angelo. “Geoecologia: o Clima, os Solos
e a Biota”. In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2003,
p. 67-125.
2. Mecanismos do clima
O clima é formado por uma junção de fatores e elementos que, simultaneamente atuam e
configuram as diferentes paisagens geográficas. Para tanto, primeiramente é necessário
diferenciar os termos FATOR e ELEMENTO climático. Por elemento climático entende-se
aquilo que compõe o clima, a exemplo da temperatura, da pressão e da umidade. Já os
fatores do clima configuram como aqueles que são capazes de alterar e modificar as
condições climáticas da área abrangida, apesar da atuação de determinado elemento. Por
exemplo, a maritimidade e a continentalidade são fatores climáticos na medida em que
interferem nas médias de temperatura e umidade das regiões em que atuam, mesmo que
estas estejam localizadas em faixas de latitude semelhantes. Outro exemplo de fator
climático é a altitude: quanto mais alto, menor é a temperatura. Sobre a Cordilheira dos
Andes há diversos países situados na faixa intertropical do planeta, todavia, a altitude acaba
por provocar médias de temperatura bem mais baixas do que o esperado para esta área.
Basta lembrar que há neve e até lagos congelados nas áreas mais elevadas de alguns países
andinos, a exemplo da Bolívia, Colômbia e Venezuela.
Para compreender melhor este processo, faça uma analogia entre a Terra e o sol com uma
mesa e uma lanterna, respectivamente. Ao posicionar a lanterna em posição perpendicular à
mesa (formando um ângulo de 90º), nota-se uma iluminação mais intensa em um ponto
central da mesa. Desta forma, há o maior aproveitamento dos raios solares por área,
semelhante ao que acontece na zona intertropical. Agora, ao inclinar a lanterna em relação
ao centro da mesa (formando ângulos menores do que 90º), nota-se uma faixa luminosa
bem mais extensa e dispersa sobre a área total da mesa. Quando isto ocorre, a capacidade
de absorção da energia luminosa diminui porque precisa aquecer uma área bem mais ampla,
diminuindo o aproveitamento dos raios solares. E é isso que ocorre nas regiões temperadas
e polares. A figura abaixo ilustra melhor estas situações:
Figura 2.2. Diferentes ângulos de incidência solar e a formação das faixas climáticas.
Fonte: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-1.html, acessado em 08/01/2010.
Pela figura anterior pode-se perceber que as variações na altura do Sol, formando diferentes
angulações entre a superfície terrestre e os raios solares, provocam variações na quantidade
de energia solar que atinge a Terra, configurando assim, as diferentes faixas climáticas. Na
situação (a), os raios solares incidem perpendicularmente à superfície terrestre, formando
ângulos de 90º, característico de áreas equatoriais e tropicais. Em (b), a incidência solar
atinge os 45º, típico de áreas temperadas e subtropicais, já em (c), a angulação dos raios de
sol é menor do que 45º, provocando a formação das faixas polares. Em resumo, é possível
afirmar que: quanto maior a altura, maior a energia recebida, como é descrito no esquema a
seguir.
b) Altitude: Certamente você já deve ter percebido que faz mais frio quando se está no alto
de uma serra e também que o calor é mais intenso em mais planas e litorâneas. Isso
acontece porque a altitude se relaciona com a temperatura de modo inversamente
proporcional, ou seja, quanto maior é a altitude, menor será a temperatura e vice-versa. De
modo mais especifico, a temperatura do ar de um determinado local depende da absorção
dos raios solares pela superfície terrestre, já que é o sol a nossa principal fonte de calor e
energia e a atmosfera se aquece principalmente por irradiação. Assim, os raios solares
primeiramente aquecem a superfície terrestre para depois irradiar este calor para a
atmosfera. Como existe uma maior quantidade de umidade e gases atmosféricos próximos à
superfície, como veremos adiante, o calor absorvido é mais facilmente transportado para as
áreas de menor altitude. Da mesma forma, nas áreas mais elevadas, o ar Ar rarefeito: ar com pouca
quantidade de oxigênio.
se torna mais rarefeito, o que dificulta a transmissão de calor para estas
áreas. Em média, para cada 200 metros, há redução de 1ºC na temperatura. Em resumo
temos:
Quanto mais baixa altitude – MAIOR temperatura
Quanto mais alta altitude – MENOR temperatura
Pela figura anterior nota-se que as massas tropicais e equatoriais geralmente possuem
temperaturas mais elevadas, se comparadas com as massas polares, tipicamente mais frias.
E aquelas originadas no oceano tendem a ser mais úmidas do que as geradas no continente,
tipicamente mais secas. Todavia, isso nem sempre é regra. O que importa de fato são as
características do local de formação destas massas de ar. Por exemplo, a massa Equatorial
continental (mEc), caracteriza-se por ser quente e úmida, apesar de ter se formado no
continente. Isso ocorre porque as elevadas temperaturas e a alta umidade amazônicas
favorecem uma forte evaporação local, favorecendo, portanto, o aumento da umidade.
Então nada mais lógico do que a massa Equatorial continental adquirir estas mesmas
características, ser quente e úmida. Da mesma forma, a massa Polar Atlântica (mPa) possui
água em abundância, porém esta se encontra sob o estado de gelo e neve, o que não lhe
confere maior umidade. E, assim, a mPa pode ser caracterizada como fria e inicialmente
seca.
É importante destacar também que a massa de ar vai perdendo suas características iniciais
na medida em que se desloca, até que em determinado instante sua temperatura e condições
depressão e umidade se assemelham às do local de atuação, perdendo sua capacidade de
alterar o clima. Imagine, por exemplo, que a massa Polar Atlântica perpassa a cidade de
Porto Alegre-RS com temperatura aproximada de 5ºC. Chega a Florianópolis-SC com 8ºC,
em Santos-SP com 16ºC e em Ilhéus-BA ela já atinge os 23ºC. Nota-se, assim, que durante
sua trajetória a massa de ar polar transferiu parte de sua energia, neste caso acentuando a
queda de temperatura, sobre as cidades da região tropical, amenizando e alterando as
condições de temperatura e umidade locais.
Em função de sua vasta extensão norte-sul, o Brasil possui uma grande diversidade
climática e que se reflete em uma grande biodiversidade vegetacional e de formação de
paisagens. Todavia, sobre a maior parte do território há o predomínio do clima tropical, em
geral úmido no verão e seco no inverno. Isso ocorre em função da atuação das massas de ar
em conjunto com a sua localização nesta faixa de latitude, como será aprofundado na Aula
3.
A formação das correntes marítimas resulta, dentre outros fatores, Efeito Coriolis: Desvio dos
ventos na faixa intertropical
pela influência dos ventos e ainda pela movimentação terrestre, em
resultante do movimento
seu sentido rotacional, fazendo com que as correntes migrem para rotacional terrestre. O efeito é
responsável pela estrutura
direções contrárias (Efeito Coriolis). Além disso, elas também circular de ciclones e
anticiclones, de modo que a
sofrem influência da densidade, que por sua vez é influenciada pela movimentação dos ventos nas
áreas anticiclonais do
temperatura. No Hemisfério Norte elas se movem no sentido horário, Hemisfério Norte se dá em
sentido anti-horário e no sentido
ao passo que no Hemisfério sul, elas se deslocam no sentido anti-
horário nas áreas de alta
horário. Elas podem se originar das áreas polares, formando as pressão do Hemisfério Sul. O
Efeito Coriolis também interfere
correntes frias, ou das regiões tropicais e equatoriais, configurando na dinâmica das correntes
oceânicas e redemoinhos.
as correntes quentes.
Em síntese, as correntes marítimas frias, que são originadas nas áreas Ciclo convectivo: Movimento
de troca de energia dentro do
polares, possuem maior densidade e se direcionam para o Equador. sistema Terra-atmosfera,
especialmente atuante na
Na faixa equatorial, onde se formam as correntes marítimas quentes, variação da densidade a partir
as águas superficiais do oceano sofrem uma diminuição de densidade das mudanças de temperatura.
De modo que, as áreas mais
e se direcionam para os pólos, fechando o ciclo convectivo dos densas formadas nas áreas de
temperatura mais baixa
oceanos (ver figura 2.4. a seguir). tendem a se deslocar para as
áreas de menor densidade,
localizadas em áreas de maior
temperatura.
Assim, nota-se que as correntes quentes são capazes de amenizar os rigores climáticos de
onde perpassam, a exemplo da Corrente do Golfo sobre o leste europeu, e ainda aumentar a
umidade local através de chuvas intensas, como ocorre com a corrente quente do Brasil, a
Leste-australiana e a Corrente das Agulhas no sudeste africano. Já as correntes frias
contribuem para a formação de desertos frios, como é possível notar pelo mapa anterior, na
medida em que dificultam a evaporação das águas superficiais oceânicas e
conseqüentemente, inibem a formação de chuvas e umidade. São exemplos de correntes
marítimas frias a corrente de Humboldt ou do Peru, que atua sobre a costa oriental da
América do sul, a Corrente de Benguela, responsável pela formação do deserto de Calaari
na África meridional, e a Corrente sul-australiana, associada à formação do deserto Vitória.
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g) Ação antrópica: O homem, apesar de sua breve estadia dentro da história geológica da
Terra, foi capaz de alterar o planeta em um ritmo jamais visto. Construções gigantescas,
urbanização desordenada e acelerada, canalização de córregos, pontes e toda a infra-
estrutura necessária para a instalação de grandiosos parques industriais são responsáveis
pela maior parte dos problemas ambientais estudados e ocorridos no planeta. A poluição, o
desmatamento, o consumo elevado e desenfreado dos recursos naturais e minerais, entre
outras ações, tem gerado sérias conseqüências para o meio ambiente, e conseqüentemente
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Gráfico 2.1. Distribuição vertical da massa da atmosfera (conforme BARRY & CHORLEY, 1976).
Fonte: AYOADE, 1996, p.19
A atmosfera possui diferentes camadas com características distintas e que regem alguns
fenômenos climáticos globais (ver figura 2.6). È essencial saber diferenciá-las e
caracterizá-las conforme sua importância para os estudos do tempo e do clima. Em síntese,
a atmosfera pode ser subdivida em:
a) Troposfera: corresponde à camada mais baixa da atmosfera e que está em contato com a
superfície terrestre. É também a camada onde se concentra a maior parte dos gases
atmosféricos, cerca de 75% deles, e onde há maior ocorrência dos principais fenômenos
meteorológicos (chuvas, ventos, nuvens, raios, trovões, furacões, etc). Sua altitude média é
b) Estratosfera: é a camada
superior à troposfera, após a
tropopausa, atingindo o seu limite
a mais de 50 km de altitude. Nela,
verifica-se uma menor quantidade
de vapor d’água, aproximadamente
um décimo em relação à
troposfera, e é considerada
fundamental para a vida no planeta
em função da existência da camada
de ozônio. A temperatura, ao
contrário da troposfera, é
diretamente proporcional ao
Figura 2.6. Camadas da atmosfera
Fonte: http://mundoamorrer.com.sapo.pt/atmosfera.jpg,
acessado em 15/01/2010.
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entre 500 a 750 Km acima da superfície terrestre e vai além. Os átomos de oxigênio,
hidrogênio e hélio formam uma atmosfera muito tênue e as leis dos gases deixam de ter
validade, assim ela se torna menos densa até se confundir com o espaço exterior. Somente
as naves espaciais e
satélites já atingiram
esta camada
atmosférica. Juntas, a
mesosfera, a ionosfera
e a exosfera formam a
chamada “atmosfera
superior”, que se
comparada à inferior,
Figura 2.7. Aurora Boreal.
ainda se encontra Fonte: http://www.joaquimevonio.com/espaco/malubarni/
malubarni_clip_image001_0001.jpg, acessado em 11/01/2010.
relativamente
inexplorada.
Apesar de a atmosfera ser muito transparente e favorecer a radiação solar incidente, há uma
significativa variação na quantidade de radiação solar que é absorvida e/ou refletida, sendo
que somente 25% penetra diretamente na superfície da Terra sem sofrer nenhuma
interferência da atmosfera, chamada de insolação direta. Os 75% restantes, ou são refletidos
novamente para o espaço ou são absorvidos e espalhados até atingir a superfície da Terra,
podendo retornar para o espaço, como ode ser verificado pelas figuras 2.8 e 2.9 a seguir.
Todavia, o que determina se a radiação solar será absorvida, espalhada ou refletida de volta
depende em grande parte do comprimento de onda da energia que está sendo transportada,
bem como do tamanho e natureza do material que intervém. As figuras a seguir ilustram
esquematicamente como ocorre o balanço de radiação terrestre:
Embora a radiação solar incida em linha reta, os gases e aerossóis podem causar seu
espalhamento, dispersando-a em todas as direções. A reflexão, por exemplo, é um caso
particular de espalhamento. A insolação difusa é constituída de radiação solar que é
espalhada ou refletida de volta para a Terra. Esta insolação difusa é responsável pela
claridade do céu durante o dia e pela iluminação de áreas que não recebem iluminação
direta do sol. Grande parte da energia da radiação solar está contida no intervalo visível,
entre o vermelho e o violeta. A luz azul tem comprimento de onda menor que a luz
vermelha e, conseqüentemente, a luz azul é aproximadamente 5,5 vezes mais espalhada que
a vermelha. Além disso, ela é mais espalhada que o verde, amarelo e laranja, e é por este
motivo que o céu, longe do disco do sol, parece azul aos olhos humanos, visto que o olho
humano é mais sensível à luz azul do que à luz violeta.
A coloração avermelhada do céu ao nascer e pôr do Sol, pode ser explicada porque quando
o Sol se aproxima do horizonte a radiação solar percorre um caminho mais longo através
das moléculas de ar, e portanto mais e mais luz azul e com menor comprimento de onda é
espalhada para fora do feixe de luz, e assim, a radiação solar contém mais luz do extremo
vermelho do espectro visível. Tal fenômeno se torna ainda mais visível em dias com poeira
ou fumaça.
na interface entre dois meios diferentes, quando parte da Lei da reflexão: é o fenômeno em que
a luz volta a se propagar em direção
radiação que atinge esta interface é enviada de volta. Nesta ao seu meio de origem, após incidir
sobre um objeto ou superfície. As leis
interface o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão fundamentais da reflexão podem ser
listadas da seguinte forma: 1ª) O raio
de luz refletido e o raio de luz
(lei da reflexão) e a fração da radiação incidente que é refletida incidente, assim como a reta normal
à superfície, são coplanares, isto é,
por uma superfície é o seu albedo. pertencem ao mesmo plano. 2ª) O
ângulo de reflexão é sempre igual ao
ângulo de incidência. Deste modo,
Se um objeto ou superfície é um bom refletor das ondas, por sua para superfícies de naturezas
vez, serão fracos absorvedores destas, independente do diferentes, a quantidade de luz
incidida pelos raios solares pode
comprimento de onda. A neve fresca, por exemplo, é capaz de variar a quantidade de luz que é
refletida novamente para a
refletir quase a totalidade dos raios que incidem sobre ela, ao atmosfera.
passo que os espelhos d’água absorvem a maior parte, devolvendo uma pequena quantidade
desta radiação de volta para a atmosfera. As refletividades de algumas superfícies para o
intervalo de comprimentos de onda da radiação solar, dentro de um intervalo visível, são
listados na tabela 2.2. a seguir.
Tabela 2.2. Albedo para algumas superfícies no intervalo visível (%)
Solo descoberto 10-25
Areia, deserto 25-40
Grama 15-25
Floresta 10-20
Neve (limpa, seca) 75-95
Neve (molhada e/ou suja) 25-75
Superfície do mar (sol > 25° acima do horizonte) <10
Superfície do mar (pequena altura do sol) 10-70
Nuvens espessas 70-80
Nuvens finas 25-50
Fonte: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-6.html, acessado em 08/01/2010.
isso são muito importantes, pois funcionam como barreira para a insolação emitida pela
terra impedindo que o planeta esfrie demasiadamente. Ou seja, as nuvens funcionam como
controladoras da temperatura da superfície do planeta e qualquer processo que altere a
quantidade média das nuvens afetará a nossa vida.
Outro elemento importante é o gás carbônico que juntamente com as nuvens controla a
temperatura da terra. Ele absorve a energia emitida pela superfície e juntamente com o
vapor d’água é um dos principais constituintes do chamado efeito estufa, fenômeno natural
sem o qual a vida do planeta não existiria como conhecemos. Assim, os gases se
configuram como bons absorvedores da radiação disponível e tem papel fundamental no
aquecimento da atmosfera.
Deve-se destacar ainda que as radiações eletromagnéticas são o veículo utilizado pelo sol
para transportar a energia para nosso planeta. O sol não envia apenas as duas radiações
mais úteis, a infravermelha e a visível, mas também uma mistura de radiações, algumas
delas nocivas à vida. A energia do sol é parcialmente absorvida e refletida pela atmosfera,
pois, se ela chegasse totalmente à superfície do planeta, não existiria vida na Terra.
(SILVA, CRUZ, PORTO, GODOY, FREITAS, ALVES & DAMACENO, 2002).
Segundo AYOADE (1996, p.46-47), como estes instrumentos de medida de radiação são
muito sofisticados e possuem custo bastante elevado, em geral não são utilizados na maior
parte das áreas tropicais. Ao invés disso, a insolação é calculada utilizando-se o integrador
de radiação Gunn Belani ou o registrador de luz solar Campbell-Stokes, sendo que o
primeiro pode ser descrito como um tipo esférico de piranômetro, e o segundo constitui-se
de uma esfera de vidro que dirige os raios do sol para um cartão sensível graduado em
horas e preso a uma meia bola de metal, com a qual a esfera se mantém concêntrica. Este
instrumento geralmente é montado sob um pilar de concreto a 1,5 metros da superfície.
Assim, a luz solar queima uma trilha ao longo do cartão sensível, enquanto os períodos
nublados permanecem em branco. Logo, a duração total dos períodos de sol em um dia é
obtida medindo-se o comprimento total do traço marrom no cartão.
2.2 - A temperatura do ar
Em 1702, o astrônomo Ole Roemer de Copenhagen utilizou dois pontos fixos em sua
escala: gelo e água em ebulição. E em 1724, um consertador de instrumentos em Danzig e
Amsterdam, Gabriel Fahrenheit, usou o mercúrio como líquido de termômetro. Isso porque
a expansão térmica do mercúrio é maior e mais uniforme do que as substâncias
anteriormente utilizadas, além de não aderir ao vidro e permanecer sob o estado líquido em
um grande intervalo de temperaturas, além disso, sua aparência metálica facilitava a leitura.
Em 1948 o uso da escala de Centigrado foi trocado pelo uso de uma nova escala de graus
Celsius (° C). Esta é definida pelos pontos triplos da água, definido como 0.01° C, e ainda
pelo fato de que um grau Celsius equivale à mesma mudança de temperatura que um grau
numa escala de gás ideal. Na escala Celsius o ponto de ebulição da água nas condições
normais de pressão atmosférica é 99.975º C, em contraste com os 100 graus definidos pela
escala do Centigrado.
Para converter uma escala de graus Celsius para Fahrenheit, basta multiplicar por 1.8 e
somar 32, conforme a fórmula: ° F = 1.8° C + 32. E para converter uma escala de graus
Celsius para Kelvin, basta somar 273, como demonstrado na fórmula: K = ° C + 273.
Estas medidas são ainda hoje as mais utilizadas em escala planetária para se medir a
temperatura, inclusive a atmosférica. Na tabela 2.3 a seguir, é possível comparar as três as
escalas.
ºC K ºF
Água em ebulição 100 373 212
Água congela 0 273 32
Zero absoluto -273 0 -459
Fonte: BERTULANI, C. A. disponível em http://www.if.ufrj.br/teaching/fis2/temperatura/temperatura.html,
acessado em 08/01/2010.
O termo “equinócio” tem origem no latim aequinoctium e significa noite igual. Trata-se do
instante em que, ao meio dia, em uma localidade na linha do Equador, os raios solares têm
uma incidência perpendicular à sua tangente, encontrando-se paralelos ao plano do Equador
e perpendiculares ao eixo de rotação da Terra. É importante ressaltar que, é nesta condição,
o único momento em que o Sol pode ser visto nascendo no leste e se pondo a oeste. Já o
termo solstício, do latim solstitium significa “sol parado”, dando a idéia de uma situação
oposta, ou seja, noites e dias desiguais, visto que a maior inclinação dos raios solares sobre
a superfície terrestre, demarca raes de iluminação diferentes em cada hemisfério.
Por exemplo, nos dias 23 de setembro e 21 de março, ambos os hemisférios terrestres são
igualmente iluminados, porém nos dias 22 de dezembro e 22 de junho, os hemisférios sul e
norte diferem quanto à iluminação (ver figura 2.15). Na primeira situação, a Terra se
encontra em posições favorável para que ambos os hemisférios sejam igualmente
iluminados, marcando assim o início do outono e da primavera. Esta situação é típica do
EQUINÒCIO. Já na segunda situação, presente durante as estações de verão e inverno, a
inclinação do eixo terrestre, faz com que apenas uma parte do globo receba uma maior
quantidade de raios solares. Logo, durante o verão no hemisfério sul, este recebe maior
quantidade de luz solar do que o hemisfério norte, marcando assim o início do verão para o
hemisfério sul e conseqüentemente o início do inverno para o hemisfério norte,
configurando uma situação típica de SOLSTICIO.
A duração dos dias e das noites, portanto, será definida conforme a estação do ano e a
localização da área analisada dentro das faixas climáticas. No geral, as noites e os dias
tendem a possuir a mesma duração quanto mais próximos estiverem da linha do Equador,
ao passo que terão maior variabilidade de duração quanto mais próximo estiverem dos
pólos.
No globo como um todo, a amplitude diurna da temperatura é maior nas latitudes mais altas
do que nas latitudes médias e baixas, e ainda é maior sobre as áreas continentais do que as
áreas oceânicas. È interessante destacar que, nas áreas desérticas e desprovidas de cobertura
vegetal, a amplitude térmica diária é bastante significativa, oscilando entre os 50ºC durante
o dia e até -10ºC durante a noite. Isso afeta a biodiversidade e a vida vegetal e animal,
limitando-os.
De modo ainda mais específico, é possível notar que a variação de temperatura é menor
durante o período da manhã e acentua-se ao longo da tarde, como resultado do aquecimento
solar. Assim, a variação da direção dos ventos, que depende desta variação térmica, age em
consonância com as variações diárias de temperatura, como será detalhado mais adiante.
Referências Bibliográficas
SILVA, CRUZ, PORTO, GODOY, FREITAS, ALVES & DAMACENO. Pesquisa sobre
efeito estufa numa visão interdisciplinar: Física, Biologia e Química. 2002. Disponível
em: <wwwp.fc.unesp.br/~lavarda/procie/dez14/angelina/index.htm>, acessado em
07/01/2002.
Por este motivo, a umidade atmosférica se concentra nas baixas camadas da atmosfera,
em especial na troposfera e, além de variar de um lugar para outro, varia também em um
mesmo lugar, em função das horas do dia ou das estações do ano. A umidade absoluta,
portanto, serve para avaliar o peso do vapor d‟água por metro cúbico de ar, medida em
gramas por metro cúbico. Em resumo: Umidade absoluta é a quantidade de vapor
d‟água existente na atmosfera em um dado momento.
Porém a atmosfera não pode continuar recebendo vapor Ponto de saturação: é a capacidade
máxima da atmosfera em conter vapor
d‟água indefinidamente. Há um limite além do qual a d’água.
atmosfera não pode aumentar a quantidade de vapor Ponto de orvalho: Em climatologia e
d‟água, e quando este limite é atingido, dizemos que o ar meteorologia, o termo refere-se à
temperatura a partir da qual o vapor
está saturado ou que a atmosfera atingiu o ponto de d'água contido na porção de ar de um
determinado local sofre condensação.
saturação ou ponto de orvalho. Se conhecemos a umidade Quando a temperatura do ar está
abaixo do ponto de orvalho,
absoluta e o ponto de saturação, então é possivel calcular a normalmente dá-se a formação de
névoa seca ou neblina. (Fonte:
umidade relativa do ar, como será explicado adiante. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_de_
orvalho, acessado em 12/01/2010).
A forma de medida e os aparelhos utilizados para a os
cálculos de umidade do ar serão descritos a seguir.
A umidade absoluta é difícil de medir diretamente, mas pode ser obtida através da
umidade relativa, por meio de gráficos ou tabelas. A umidade relativa do ar é obtida a
partir da leitura dos termômetros de mercúrio, de bulbo seco e bulbo úmido, e também
indica o grau de saturação do ar, por isso é mais comumente utilizada. Seu valor pode
variar de acordo com as mudanças de temperatura, mesmo que não tenha ocorrido
aumento ou diminuição da umidade. Ou seja, a umidade relativa do ar é inversamente
proporcional à temperatura, sendo menor durante o início da tarde e se eleva durante a
noite.
Tabela 3.5. Valores da umidade relativa do ar para psicrômetro sem aspiração, na escala de Dp
entre 3,4 a 6,8ºC, para pressão atmosférica de 750 mmHg – Temperatura acima de 20ºC
Por sua vez, o resfriamento adiabático ocorre quando há elevação da massa de ar. Um
dado volume de ar ascende e, se este for quente e leve, ou seja, mais leve do que o ar em
volta, ele é forçado a subir. Tal elevação pode ocorrer em função da existência de
barreiras orográficas, tais como cadeias de montanhas e serras, ou pelo efeito do ar mais
frio, que nas frentes desloca o ar quente para cima.
@ Mídias Integradas
Em escala vertical, a pressão atmosférica diminui com a altitude, pois como vimos, ela é
definida pela altura da coluna de ar sobre a superfície. De modo que, em áreas de serras
e fortes barreiras orográficas, a menor coluna de ar irá gerar um ponto de menor
pressão, e em áreas litorâneas, a pressão será maior em função do maior tamanho da
coluna de ar.
Figuras 3.12 e 3.13. Variação da pressão atmosférica global no verão e no inverno, respectivamente,
mostrando a variação das isóbaras.
Fontes: http://www7.cptec.inpe.br/~rupload/figcartas/resumo_mensal/jan07/LC850_anomV_jan07.gif e
http://4.bp.blogspot.com/_I_bABiHcaBg/RpcJrjIggqI/AAAAAAAAB3g/49hKlJVWWw/s400/T126L28
%2BMAPA%2BDIA%2B23.gif, acessado em 15/01/2010.
Com a movimentação dos ventos temos a formação dos ventos alísios e contra-alísios.
Os ventos alísios sopram dos trópicos para o Equador, ou seja, de uma área ciclonal
para uma anti-ciclonal, favorecendo a convergência de ventos (Zona de Convergência
A partir da circulação dos ventos, ocorre o Efeito Coriolis, que provoca o desvio na
direção dos ventos e sendo responsável pelo movimento das correntes marítimas e do
sentido de formação de tornados e furacões, anti-horários ou horários, dependendo do
hemisfério e da estação do ano. Este desvio ocorre em virtude da rotação, em que os
Dentro de um trabalho elaborado por Nobre e Uvo (1989), eles relatam a importância
de identificar o quanto tempo a ZCIT ficará posicionada mais ao sul de sua posição
normal. Segundo os autores, o principal sistema gerador de precipitação na região norte
do Nordeste (NNE) é a proximidade da ZCIT. Tal fato é observado quando se considera
que o pico de precipitação sobre o NNE (março e abril) ocorre exatamente na época em
que a ZCIT atinge suas posições mais ao sul. (Adaptado de
http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica/AULA15/AULA15.HTML, acessado em
12/01/2010).
De acordo com suas características e áreas de atuação, os ventos são classificados como
planetários ou constantes, continentais ou periódicos e locais.
a) Ventos planetários ou constantes: são os que sopram durante o ano todo, afetando
extensas áreas de escala planetária. É o caso dos ventos alísios, dos ventos polares e do
jet-stream.
Os alísios são ventos constantes que sopram durante o ano todo dos trópicos para o
Equador, onde sofrem aquecimento, formando correntes convectivas. A zona de
convergência dos alísios, também chamada de ZCIT, como vimos na aula anterior,
interfere na dinâmica dos ventos planetários. E sofrem o desvio para oeste (Efeito
Coriolis), em decorrência do movimento rotacional, sendo chamados, portanto, de
ventos alísios de sudeste, no Hemisfério sul, e alísios de nordeste, no Hemisfério norte.
À medida que a corrente convectiva equatorial sobe, ela vai se esfriando e retorna aos
Os ventos polares são ventos frios que sopram dos pólos para as latitudes médias.
As monções são ventos periódicos que, durante o inverno asiático, sopram da Ásia para
o oceano índico, formando as monções de inverno. Caracterizam-se como ventos frios e
secos. Durante o verão asiático, sopram do oceano Ìndico para a Ásia, formando as
monções de verão. Estas propiciam abundantes chuvas sobre uma extensa área do sul e
sudeste asiáticos. Seu mecanismo de
formação depende diretamente dos
efeitos da continentalidade e
maritimidade que marcam esta região
da Ásia, pois a variação da
temperatura durante as estações de
verão e inverno formam áreas de alta
e baixa pressão sobre o oceano e o
continente, direcionando estes ventos
conforme esta variação barométrica.
Isto é, no verão, a maior incidência
dos raios solares sobre o continente
auxilia em seu aquecimento (maior
facilidade em elevar em 1ºC a sua
temperatura, logo, possuindo maior
Figura 3.16. Sistema de monções durante o inverno
e verão, respectivamente. calor especifico), e assim, forma-se
Fonte: http://www.infoescola.com/files/2009/08/full-1-
232db09adc.jpg, acessado em 15/01/2010 uma zona de baixa pressão no
As brisas são ventos periódicos que sopram, durante o dia, do mar para o continente,
compondo as brisas marítimas e, durante a noite, do continente para o mar, formando as
brisas terrestres. O seu procedimento de formação é semelhante ao das monções, sendo
influenciadas pelos efeitos de continentalidade e maritimidade, alterando a pressão
conforme a variação da temperatura durante o dia e a noite. Ou seja, durante o dia, o
continente está mais quente e forma um centro de baixa pressão, ao passo que as águas
do oceano ainda estão frias (centro de alta pressão), assim as brisas marítimas se
formam e direcionam os ventos úmidos vindos do oceano para o continente. Já as brisas
continentais, se formam durante à noite, e direcionam os ventos secos do continente,
que já se resfriou, para o oceano, que ainda está quente e formou um centro de baixa
pressão (veja figuras abaixo). È importante lembrar que os ventos são denominados
conforme o seu local de origem e não de destino, por isso as brisas marítimas são ventos
que vêm do mar e vice-versa.
c) Ventos ciclônicos: são ventos que sopram em torno de um centro de baixa pressão.
Sua velocidade pode atingir até 300 Km/h. Possui um diâmetro que varia entre 80 a 800
Km. Sua origem está ligada aos centros de baixa pressão existentes na zona de
convergência dos alísios de sudeste e nordeste. Estes ventos ocorrem no final do verão e
inicio do outono no Hemisfério norte, e as principais áreas de ocorrência são América
central, Estados Unidos e extremo oriente. Por vezes, esses ventos provocam sérios
danos em áreas de forte aglomeração populacional. Na parte central dos ciclones,
chamada de “olho do furacão”, há uma absoluta calmaria, e este pode variar de 20 a 30
Km de diâmetro. Os ciclones possuem diversas nomenclaturas: na América do norte são
chamadas de furacão, na Ásia por tufões. Quando o ciclone apresenta diâmetro bastante
reduzido, de alguns metros a um quilometro, passa a se denominar tornado, que apesar
do tamanho apresenta muito perigo.
d) Ventos locais: são restritos a pequenas áreas do globo por causa da formação de
áreas ciclonais e anticiclonais de menor escala. Como exemplo, pode-se destacar:
A Terra gira em torno de seu eixo e ainda em torno do sol (translação), e, ao mesmo
tempo em que realiza estes movimentos, a camada gasosa que envolve o nosso planeta
também segue estes movimentos, agindo como um fluido. Imagine a seguinte situação:
você está girando uma colher dentro de um copo com água. Quanto mais rápido você
movimentar a colher, mais rápido a água irá se movimentar para acompanhar o
movimento, pois neste caso a água age como um fluido. Agora transponha este
mecanismo para o sistema Terra-atmosfera: a Terra gira em sentido rotacional, fazendo
o papel da “colher” e a atmosfera acompanha este movimento, agindo como um fluido
e, portanto, fazendo o papel da “água no copo”. E assim, damos inicio ao
funcionamento do sistema de circulação geral da atmosfera.
Todavia, a Terra gira em torno de seu próprio eixo, e como conseqüência, acaba
formando mais dois centros de alta pressão sobre os trópicos (alta pressão dinâmica) e
ainda mais dois centros de baixa pressão sobre os círculos polares (baixa pressão
dinâmica). E quando se inclui o efeito da rotação da Terra, a força de Coriolis começa a
atuar e faz com que os ventos em superfície se desviem para sudoeste ou noroeste,
dependendo do hemisfério. De modo que os ventos de superfície soprariam contra a
rotação da Terra, que é de oeste para leste. Desta maneira, o padrão geral de circulação
dos ventos seguirá o que chamamos de cédula de Hadley (ver 3.20 figura abaixo), em
que os ventos alísios se formam, saindo dos trópicos para o equador – ou seja, de
centros de alta para baixa pressão – e que se convergem na chamada Zona de
A partir do encontro dos ventos alísios na faixa equatorial, estes são forçados a subir, ou
seja, a realizar um movimento ascendente dos ventos para a alta atmosfera. Neste caso,
existe convergência dos ventos nos baixos níveis, associados a um centro de baixa
pressão em superfície. Em seguida os ventos se elevam, passando por um movimento
ascendente, e à medida em que ganham altitude começam a se resfriar (resfriamento da
coluna de ar) e assim, formam um centro de alta pressão nos altos níveis, e que por sua
vez será responsável pela divergência dos ventos para um outro centro de menor
pressão, que neste caso formam os contra-alísios (retorno do vento para os trópicos),
através de um movimento de subsidência, que está associado a um centro de alta
pressão em superfície e divergência dos ventos nos baixos níveis. E assim, fecha-se o
ciclo dos ventos alísios e contra-alísios.
Saiba mais
Referências Bibliográficas
4.1. As massas de ar
Essas características das massas de ar, aliadas ao seu caráter dinâmico, permitem-nos
compreender a sua importância na caracterização dos diferentes tipos climáticos existentes.
Na maior parte do Brasil durante o verão, por exemplo, o território encontra-se dominado
por massas de ar quentes e úmidas, resultando em temperaturas predominantemente
elevadas e chuvas. Já durante o inverno, com o fortalecimento da massa polar, o sul do país
sofre com a forte queda de temperatura, ocasionado inclusive neve e geadas.
Nas latitudes médias do globo, a instabilidade climática que provoca chuvas e temporais se
deve em grande parte à ocorrência de depressões ou zonas de baixa pressão. Especialmente
durante o inverno, estas depressões surgem e trazem tempo frio, céu nublado ou encoberto,
ventos fortes, chuvas e até mesmo neve. Em geral elas são bastante extensas, podendo
atingir centenas de quilômetros, mas se movimentam rapidamente pelo território, durando
em média 24 horas e provocando uma seqüência de efeitos climáticos típicos.
As frentes quentes (figura 4.1), em geral, indicam a chegada de uma depressão. Neste
caso, o ar quente e úmido dos trópicos desliza sobre uma massa de ar fria (polar),
condensando-se gradativamente e formando uma espessa camada de nuvens acima dela. A
frente avança com firmeza sobre o território, com o ar aquecido (e também leve) movendo-
se sobre o ar frio (mais denso). No alto do céu, ou seja, na ponta principal da frente,
formam-se delicadas nuvens do tipo cirrus, o que prenuncia a chegada da depressão. Em
seguida, um véu de cirrus-estratos é visualizado no céu e em algumas horas a pressão do ar
começa a diminuir, fazendo com que o vento sopre com mais força. Quando a base da
frente se aproxima, as nuvens começam a engrossar, formando alto-estratos e até nimbus-
estratos cinzentos, indicando a probabilidade de chuva (figura 4.2). O céu, portanto, fica
mais escuro e a chuva, ou a neve, começa a cair. Esta chuva pode durar varias horas até que
o céu fique limpo novamente. Há então uma breve pausa até que ocorra a frente fria.
É importante destacar que muitas depressões atmosféricas se originam sobre o oceano, pois
em geral é aí que as massas tropicais, quentes e úmidas, entram em contato com as massas
frias e secas, oriundas dos pólos, em uma linha denominada “frente polar”. A depressão se
inicia quando o ar tropical se acumula na direção do pólo e, à medida que a massa de ar
tropical se eleva acima da massa polar, cria um centro de baixa pressão na crista da
saliência. O ar polar avança rapidamente para substituir o ar quente que ascende. Em
seguida, ventos começam a formar espirais em torno do ciclone (centro de baixa pressão),
enquanto as fendas frias se aquecem. A depressão se intensifica e a frente polar começa a
desenvolver uma nítida “torção”. Em uma de suas pontas, o ar quente continua a se
movimentar lentamente para a frente sobre o ar frio em uma inclinação gradual (a frente
quente). Na outra, porém, o ar frio avança sob o ar quente (a frente fria). Assim, a
depressão se aprofunda e é lentamente carregada para leste por ventos fortes na atmosfera
superior. (Adaptado de A Dorling Kindersley Book. Londres, 1997. Traduzido para a
língua portuguesa por Aventura Visual. Clima. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1997, p.32-
35)
Em síntese temos:
Saiba mais
4.2 - As precipitações
b) Granizo: é composto por gelo. Sua formação deve-se às fortes correntes convectivas,
que realizam o transporte das gotas de água condensadas para as camadas mais elevadas e
mais frias, onde se dá o congelamento. A precipitação do granizo, vulgarmente chamada de
“chuva de pedra”, ocorre predominantemente durante o verão, em função das trovoadas ou
em momentos de tempestade. É uma forma muito violenta de precipitação e, por isso, capaz
de provocar sérios danos, principalmente para a agricultura.
pela ascensão vertical do ar contendo vapor d‟água, o Ascensão vertical do ar: quando
o ar se leva para as áreas mais
qual, ao entrar em contato com camadas de ar frio, sofre elevadas.
condensação e posterior precipitação. As chuvas
resultantes desse processo são chamadas convectivas, típicas de regiões equatoriais,
e ciclonais, típicas de áreas tropicais e temperadas (ver figura 4.5);
pelo deslocamento horizontal das nuvens que, ao entrarem em contato com regiões
de elevadas altitudes, como as áreas montanhosas, sofrem esfriamento e
precipitação. As chuvas resultantes desse processo são as chuvas de relevo ou
orográficas e as chuvas litorâneas (ver figura 4.6);
pelo encontro de duas massas de ar com características diferentes, ou seja, uma
quente e outra fria, provocando fortes chuvas, também conhecidas como chuvas
frontais (ver figura 4.7);.
Um exemplo de precipitação, sob a forma de chuva são as tempestades, que podem ocorrer
em todos os lugares do globo, mas são mais freqüentes nos trópicos. A sua intensidade na
faixa intertropical também é muito maior do que nas áreas polares e temperadas da Terra e
por isso são fundamentais para o estudo da Climatologia nos trópicos. Elas correspondem a
fenômenos meteorológicos altamente localizados e de curta duração, que normalmente dura
entre uma a duas horas. Elas se desenvolvem onde há massas de ar úmidas, quentes e
Seu mecanismo de coleta é relativamente simples: a água das chuvas é recolhida a partir de
um funil, que a conduz à uma pequena abertura em um tubo de medida cilíndrico com
somente um décimo da área do coletor. Conseqüentemente, a espessura da chuva
precipitada é aumentada em 10 vezes, o que permite medidas com precisão de até 0,025
centímetros, ao passo que a abertura estreita dificulta a evaporação. Se a quantidade de
chuva for inferior a 0,025 cm, ela pode ser considerada como um traço de precipitação.
Figura 4.9.Pluviógrafo
Figura 4.8.Pluviômetro padrão Fonte:
Fonte: http://www.rumtor.com/Fotos%20para%20
http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap6/ web/meteo/pluviografoweb.jpg, acessado
cap6-4.html, acessado em 13/01/2010. em 13/01/2010.
É importante salientar que a exposição correta do pluviômetro deve ser feita de modo
bastante cauteloso, pois para assegurar medidas representativas, ele deve estar protegido
contra ventos fortes e ainda de obstáculos que impeçam com que a chuva oblíqua possa cair
no pluviômetro. Em geral estes obstáculos devem se localizar à uma distância do
pluviômetro igual a quatro vezes a sua altura.
Por fim, há mais três denominações para as nuvens formadas em estágios altos:
Cirrus: são nuvens com brilho sedoso, isoladas e formadas por cristais de gelo
parecendo convergir para o horizonte. Podem se formar da evolução da bigorna da
cumulonimbus.
Cirrocumulus: correspondem a nuvens brancas compostas quase exclusivamente
por cristais de gelo agrupados em grânulos semi-transparentes.
Cirrostratus: nuvens parecidas com um véu transparente que dão ao céu um
aspecto leitoso. Constituída por cristais de gelo.
(Fonte: adaptado de http://www.infoescola.com/meteorologia/tipos-de-nuvens/, acessado em 14/01/2010).
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@ Mídias Integradas
Resumo:
A Dorling Kindersley Book. "Wheater". Londres, 1997. In: Clima. Rio de Janeiro:
Editora Globo, 1997, p.32-35 (Traduzido para a língua portuguesa por Aventura Visual)
Polar: Ocorre em latitudes extremas, próximo aos círculos polares Ártico e Antártico,
havendo grande variação da duração do dia e da noite. Caracteriza-se por baixas
temperaturas o ano todo, sendo que a temperatura máxima não ultrapassa os 10°C no verão.
Subtropical: clima típico das médias latitudes, em que começam a se delinear as quatro
estações. As chuvas são bem distribuídas, e os verões são quentes e os invernos frios, com
significativa amplitude térmica anual.
Árido: caracterizado por extrema falta de umidade e elevadas amplitudes térmicas tanto
diárias quanto sazonais. As chuvas são inferiores a 250 mm ao ano.
Existem diversas formas de classificar o clima, em sua grande maioria utilizada por
climatólogos e meteorologistas, na tentativa de buscar uma classificação capaz de
caracterizar todos os tipos climáticos do globo. Como exemplo de modelos de classificação
climática podemos citar a elaborada por De Martonne, Penck, Strahler, Köeppen, Gaussen e
Bagnouls, Thornthwaite, etc. Todavia, iremos abordar somente duas destas, em função de
sua maior facilidade de utilização e emprego generalizado nos estudos do clima.
A primeira letra corresponde a uma das cinco iniciais do alfabeto e sempre aparece em
maiúscula, representando a característica geral do clima:
Tal classificação foi adaptada para o Brasil pela geógrafa Lísia Maria Cavalcanti
Bernardes, e resultou na existência dos tipos de clima abordados anteriormente.
b) Clima tropical: também é quente, com médias anuais superiores a 21°C. Contudo exibe
maior variedade térmica que o equatorial: no interior do seu domínio, as áreas em maiores
latitudes e altitudes podem ter médias próximas a 18°C em julho. As amplitudes anuais são
menores que as diárias, mas superam as do clima equatorial, podendo chegar a 7°C. A
característica distintiva desse tipo climático é a alternância entre uma estação chuvosa de
verão e uma estiagem de inverno. Durante o verão austral, a ZCT (Zona Continental
Tropical) desloca-se para a Bolívia, e a mEc domina o Brasil central. Nessa época, as
precipitações são abundantes e resultam, principalmente, da convecção. No inverno, o
predomínio passa para a mTa (massa tropical atlântica). As altas pressões condicionam
tempo estável, céu claro e baixa umidade do ar. A invasão eventual da mPa é antecedida
por linhas de instabilidade que provocam tempestades tropicais. O climograma de Cuiabá
(MT) evidencia este tipo climático.
c) Clima semi-árido: distingue-se do tropical pela fraca atuação da mEc, o que condiciona
estiagens ainda mais prolongadas e totais pluviométricos menores. Na extensa mancha
semi-árida do Sertão nordestino, ocorre larga variação da estação seca, que dura entre seis e
onze meses. As chuvas concentram-se no verão e início do outono, quando podem ser
torrenciais e provocar inundações. Contudo a característica mais marcante desse tipo
climático não é a escassez das precipitações, mas a sua irregularidade. Quando as chuvas de
janeiro ou fevereiro não caem – ou são pouco intensas – instala-se um ano de seca.
Periodicamente, registram-se períodos de seca de alguns anos, nos quais as precipitações
ficam bastante abaixo do normal.
f) Clima subtropical: domina toda a Região Sul, além do extremo sul de São Paulo e do
Mato Grosso do Sul. Distingue-se de todos os demais climas brasileiros pelos padrões da
circulação atmosférica. A mEc exerce influência restrita, de tal forma que no verão atinge
apenas a latitude do norte do Paraná. Por outro lado, a mPa (massa polar atlântica) exerce
influência ampla, que é dominante durante o inverno. As temperaturas permitem distinguir
dois subtipos do clima subtropical. As áreas mais elevadas, na porção leste e no centro da
região, exibem médias anuais inferiores a 18°C, e médias de janeiro em tomo de 22°C ou
23°C. Esse é o clima subtropical com verões brandos. Já as áreas mais baixas, na parte
oeste da região e nas planícies litorâneas do Paraná e de Santa Catarina, exibem médias
anuais superiores a 18°C, e médias de janeiro próximas de 24°C. Na Campanha Gaúcha, o
mês mais quente tem médias superiores a 18°C. Esse é o clima subtropical com verões
quentes, bem representado pelo climograma de São Francisco de Paula (RS).
Saiba mais
Dentre os diversos tipos de clima e relevo existente no Brasil, é possível notar que os
mesmos mantêm grandes relações, sejam elas de espaço, de vegetação, de solo entre outros.
Caracterizando vários ambientes ao longo de todo território Domínios morfoclimáticos:
Formado a partir da combinação,
nacional. Para entendê-los, é necessário distinguir um dos interação e interdependência entre
os diversos elementos da paisagem
outros, pois a sua compreensão deve ser feita isoladamente. (relevo, clima, vegetação,
hidrografia, solo, fauna, etc.),
Nesse sentido, o geógrafo brasileiro Aziz Ab‟Saber, faz uma individualizando uma determinada
classificação desses ambientes chamados de Domínios porção do território a partir de
características em comum. No
Morfoclimáticos. Este nome, morfoclimático, é devido às Brasil, é possível reconhecer seis
grandes paisagens naturais, a
características morfológicas e climáticas encontradas nos saber: o Domínio Amazônico, o
Domínio das Caatingas, Domínio
diferentes domínios, que são 6 (seis) ao todo e mais as faixas dos Cerrados, Domínio dos Mares
de Morros, Domínio das
de transição. Em cada um desses sistemas, são encontrados Araucárias e Domínio das
aspectos, histórias, culturas e economias divergentes, Pradarias. E entre os seis grandes
domínios acima relacionados,
desenvolvendo singulares condições, como de conservação do inserem-se diversas faixas de
transição, que apresentam
ambiente natural e processos erosivos provocados pela ação elementos típicos de dois ou mais
domínios, a exemplo do Pantanal,
antrópica. Agreste, Mata de Cocais, etc.
Esse problema pode ser resolvido em áreas de transição, faixas de terra em que não há
homogeneidade dos elementos naturais, há a presença de elementos de conjuntos
diferentes, ou seja, há áreas em que ocorre certa semelhança, em toda a sua extensão, do
tipo de clima, relevo, hidrografia, vegetação e solo.
Outra dificuldade para dividir um território em paisagens naturais é o fato de não existir
nenhuma regra geral para isso. Não há nenhum elemento determinante a partir do qual se
defina todo o conjunto. Antigamente, costumava-se considerar o clima (ligado às latitudes)
como determinante, dividindo-se as paisagens naturais do globo em zonas tropicais,
temperadas, subtropical e etc. De vez em quando, outro elemento da paisagem natural,
principalmente a vegetação ou em alguns casos o relevo, é mais importante que o clima
para explicar o conjunto.
O clima não é mais estudado como dependente apenas da latitude, mas principalmente da
dinâmica atmosférica, da ação das massas de ar. Temos como exemplo a caatinga e o clima
semi-árido no sertão nordestino ou a cobertura florestal da porção litorânea do país, desde o
nordeste até o sul. Por causa disso, não se usa mais, mesmo para o Brasil, o termo „zona‟ e
sim „domínio morfoclimático‟, que significa “conjunto natural em que há interação entre os
elementos e o relevo, clima ou vegetação, que são determinantes”.
I – Domínio Amazônico – região norte do Brasil, com terras baixas e grande processo de
sedimentação; clima e floresta equatorial;
II – Domínio dos Cerrados – região central do Brasil, como diz o nome, vegetação tipo
cerrado e inúmeros chapadões;
III – Domínio dos Mares de Morros – região leste (litoral brasileiro), onde se encontra a
floresta Atlântica que possui clima diversificado; Formações cristalinas: áreas
com formação geológica antiga,
IV – Domínio das Caatingas – região nordestina do Brasil composta basicamente por
(polígono das secas), de formações cristalinas, área depressiva rochas magmáticas e/ou
metamórficas, e em geral se
intermontanhas e de clima semi-árido; destacam no relevo através de
serras e pontos de elevada
V – Domínio das Araucárias – região sul brasileira, área do altitude.
habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de
Depressões intermontanhas:
clima subtropical; Áreas mais rebaixadas do que o
VI – Domínio das Pradarias – região do sudeste gaúcho, local de entorno envolta por cadeias de
montanhas ou grandes serras.
coxilhas subtropicais.
Referências bibliográficas:
Referências eletrônicas:
http://www.colegioweb.com.br/geografia/os-tipos-climaticos-brasileiro, acesso em
14/01/2010.
http://www.algosobre.com.br/geografia/dominios-morfloclimaticos-brasileiros-os-segundo-
aziz-ab-saber.html e http://www.alunosonline.com.br/geografia/dominios-morfoclimaticos/,
acessados em 14/01/2010.
Dos telejornais cotidianos aos artigos científicos, o clima e o tempo têm sido temas
constantes de notícias e estudos. E isso se deve à maior freqüência e intensidade com
que alguns eventos climáticos extremos estão ocorrendo na atualidade, e que por si,
Mas é claro que, nem todos estes eventos o homem é capaz de controlar, pois a força da
natureza é surpreendente e implacável, a exemplo dos furacões, tsunamis e fortes
terremotos que atingem diversas partes do globo e causam centenas de danos materiais e
humanos em poucos segundos; ou ainda pela intensificação ou alteração do
comportamento padrão da atmosfera e da temperatura média global, como é
constantemente divulgado pela mídia e pelos cientistas, e que em parte, pode também
explicar os motivos da maior ocorrência destes fenômenos climáticos.
Esta discussão é importante e ao mesmo tempo controversa, pois ainda existem vários
pontos de discussão que não se convergem em uma leitura única sobre os
acontecimentos climáticos. Todavia, muitos cientistas já admitem que a atuação
antrópica é a principal responsável por grande parte destes fenômenos, em especial o
Aquecimento global, visto que já é constatada a capacidade que a ação humana possui
em interferir profundamente nos ciclos e equilíbrio da natureza.
Sabe-se que a pureza da água, o equilíbrio da entrada da radiação solar e dos elementos
atmosféricos formam a combinação ideal para a existência da vida na Terra, como
A Terra é um sistema onde seus constituintes estão interligados e que buscam sempre
uma fórmula específica e única que para formar seus diversos ambientes, a exemplo da
formação dos diversos ecossistemas e biomas, como vimos na Aula 5.
Nos últimos anos o comportamento das enchentes não segue apenas a lógica da
ocupação de áreas de várzeas. O volume de chuvas está relativamente se concentrando
em curtos períodos, então ocorrem grandes tempestades onde o imenso volume de
chuva associado à ocupação e impermeabilização da superfície está gerando alagamento
de áreas muito mais extensas e mais altas que a própria várzea.
Saiba mais
Referências:
É importante salientar que a chuva ácida, como o próprio pH: corresponde ao símbolo para a
nome já indica, possui um pH abaixo de 7, o que lhe grandeza físico-química potencial
hidrogeniônico. Essa grandeza indica
confere maior acidez em relação à água pura. Todavia, a acidez, neutralidade ou alcalinidade
de uma solução aquosa. De modo que
toda chuva é por natureza ácida, mas que pode se tornar refere-se a uma medida que indica se
uma solução líquida é ácida (pH < 7),
ainda maior quando combinada a outros elementos, tais neutra (pH = 7), ou básica/alcalina
(pH > 7). Fonte:
como o dióxido de carbono (CO 2 ), o óxido de nitrogênio http://pt.wikipedia.org/wiki/PH,
(NO) e o dióxido de enxofre (SO 2 ). Estes são resultantes acessado em março de 2010.
da queima de combustíveis fósseis (carvão, óleo d iesel, gasolina entre outros) e quando
caem em forma de chuva ou neve, estes ácidos provocam danos no solo, plantas,
animais marinhos e terrestres, etc.
Além destes danos, as obras consideradas como Patrimônio da Humanidade também são
alvo da degradação provocada por este fenômeno. E em muitas cidades, como Atenas e
Roma, as perdas podem ser consideradas irreparáveis. Estudos apontam que os
Fonte: Fonte:
http://1.bp.blogspot.com/_ejXJR3hba78/SBhzjbdpqrI/A http://2.bp.blogspot.com/_FM rR3h0LP_w/SZp8U
AAAAAAAABU/WShEfdYFKUI/s400/chuva_acida- tNzNSI/AAAAAAAAAAs/uSkPNJV-
monumento-corroido.gif, acessado em março de 2010. Gec/s320/chuva-acida33.jpg, acessado em março
de 2010.
Figuras 7.4 e 7.5. Impactos da chuva ácida sobre o patrimônio histórico da humanidade
em construções e monumentos artísticos
Figura 7.8. Poluição do ar, queimadas e poluentes como agentes causadores da chuva ácida
Fonte: http://www.sefloral.com.br/ea010717.jp g, acessado em março de 2010.
Segundo dados do Fundo Mundial para a Natureza, cerca de 35% dos ecossistemas
europeus já estão seriamente alterados e cerca de 50% das florestas da Alemanha e da
Holanda estão destruídas pela acidez da chuva. Na costa do Atlântico Norte, a água do
mar está entre 10% e 30% mais ácida que nos últimos vinte anos. Nos EUA, onde as
usinas termoelétricas são responsáveis por quase 65% do dióxido de enxofre lançado na
atmosfera, o solo dos Montes Apalaches também está alterado: tem uma acidez dez
vezes maior que a das áreas vizinhas, de menor altitude, e cem vezes maior que a das
regiões onde não há esse tipo de poluição. No Brasil, em especial nas décadas de 1970 e
1980, a cidade de Cubatão localizada no litoral de São Paulo, a chuva ácida provocou
Corresponde a um fenômeno
climático que ocorre
principalmente nas cidades com
elevado grau de urbanização,
como mostrado pela figura 7.10
abaixo. Nestas cidades, a
temperatura média costuma ser
maior do que as regiões rurais
próximas.
Figura 7.10. A ilha de calor e sua ocorrência nos centros
urbanos – São Paulo é um exemplo
Fonte: http://www.brasilescola.com/geografia/ilha-de-calor.htm,
acessado em março de 2010.
Figura 7.11. Perfil de uma ilha de calor – 1=Área residencial suburbana, 2=Parque; 3=Área urbana
residencial; 4=Centro; 5=Comercial; 6=Área suburbana residencial; 7=Rural.
Fonte: EPA-US/M od. E.Zimbres, disponível em http://www.ecodebate.com.br/tag/clima/page/2/, acessado em
março de 2010.
na zona rural. Isto se deve à geometria da cidade, que coloca obstáculos a esta
dissipação; ao efeito estufa causado pela névoa que se forma mais comumente sobre a
cidade e ainda pela re-emissão da energia térmica absorvida pelas partículas em
suspensão na atmosfera urbana. Todos estes fatores fazem com que a energia na forma
de calor fique mais tempo retida sobre a cidade, aumentando o contraste de temperatura
com as áreas rurais.
Evaporação e evapotranspiração:
Por outro lado, na zona rural a existência de vegetação sobre rever Aula 3
o solo permite que parte da umidade seja retirada pela
evaporação e evapotrans piração, consumindo, portanto, parte da energia solar
absorvida. Nos grandes centros urbanos, a quase total impermeabilização do solo e a
ausência de cobertura vegetal, diminuem a umidade do solo e impedem a evaporação,
aumentando assim a quantidade de calor disponível para o aquecimento do ambiente.
calor, na medida em que locais ventilados dissipam a névoa que se forma sobre a cidade
e que é um dos fatores causadores do maior aquecimento urbano.
As ilhas de calor registram ainda redução da umidade relativa do ar, uma maior
concentração de chuvas e mudanças nos ventos. Cidades como São Paulo e Rio de
Janeiro, por exemplo, estão vulneráveis ao fenômeno, porém de modos diferentes. Em
São Paulo a situação é mais agravante, pois o ar se torna mais seco do que o carioca, que
recebe umidade das brisas marítimas. Mas em compensação, o relevo carioca cria
“panelas de pressão”, agravadas pela poluição e pelo desmatamento. De modo que, no
Rio de Janeiro, o “inferno climático” se situa na região atrás do Cristo Redentor - um
dos cartões postais da cidade - onde as temperaturas são até 7ºC superiores às medidas
na Avenida Atlântica. Em São Paulo, a temperatura pode variar entre 12ºC entre um
bairro e outro. As diferenças são tão significativas que, simultaneamente, o paulistano
pode encontrar 20ºC na Serra da Cantareira e 32ºC na Rua 25 de Março, na região
central da cidade, segundo as medições locais da pesquisadora.
E mesmo nas cidades consideradas modelos, como Curitiba, a situação se agrava nas
periferias. Nas palavras de Magda Lombardo, “É como se tivéssemos as cidades formais
e as informais para o clima. As ilhas de calor muitas vezes ficam sob o tapete,
escondidas nas periferias de cimento. São desertos artificiais onde os efeitos para a
saúde são mais severos. As pessoas vivem em casas menos confortáveis, mais sujeitas a
enchentes e deslizamentos”.
Na avaliação da pesquisadora, os efeitos das ilhas de calor têm sido ampliados pelas
mudanças climáticas globais. E, por sua vez, essas ilhas também influenciam o clima
global. Entre as medidas que podem ser realizadas para amenizar os efeitos deste
fenômeno climático típico das grandes áreas metropolitanas, pode-se listar: o plantio de
árvores próximo aos principais corredores e avenidas, entre outras áreas; a c riação de
parques e a preservação de áreas verdes; diminuição da poluição do ar, em especial
através do controle da emissão de gases poluentes pelos veículos e indústrias.
Saiba mais
Para saber mais sobre os impactos e a intensificação do
fenômeno ilha de calor sobre as principais metrópoles
brasileiras e a sua relação com o aquecimento global,
consulte o artigo “O desconforto da vida nas ilhas de calor
das metrópoles”, disponível em
http://www.ecodebate.com.br/2009/04/22/o-desconforto-da-
vida-nas- ilhas-de-calor-das-metropoles/, acessado em março
de 2010.
A inversão térmica é um fenômeno natural do clima e que se torna mais visível após a
entrada de uma frente fria sobre o território, geralmente nos dias mais frios do outono ou
inverno. Para que ela aconteça, é preciso que ocorram alguns fatores específicos, como
uma baixa umidade relativa do ar, comum nos dias frios de inverno. O fenômeno pode
ocorrer em qualquer época do ano, mas fica mais intenso nas épocas de noites longas,
com baixas temperaturas e pouco vento. Todavia, suas conseqüências e impactos se
tornam agravantes quando o fenômeno ocorre em grandes áreas industriais e
metropolitanas, onde há grande concentração de poluentes e particulados. A inversão
térmica ocorre quando há uma mudança abrupta de temperatura devido à inversão
das camadas de ar frias e quentes.
Figura 7.13. Esquema ilustrativo sobre a ocorrência da Inversão térmica nas grandes metrópoles .
Fonte: http://www.areaseg.com/eco/inversao.gif, acessado em março de 2010.
Fonte: Fonte:
http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/in http://img.limao.com.br/fotos/A4/6A/A2/A46AA2D499954
versao-termica.htm, acessado em março de 2010. 6EC84FCCA4A9E4B80D7.jpg, acessados em março de
2010.
Saiba mais
A poluição do ar, que atinge a maior parte das grandes cidades e centros urbanos
e que tornam o ar bastante saturado de materiais particulados e poluentes; a
poluição de esgotos e efluentes industriais, responsáveis pela contaminação de
rios, lagos, aqüíferos e zona costeiras; além do lixo que se acumula
progressivamente em função de um consumo desenfreado e estimulado pelo
padrão capitalista são importantes exemplos de modificações antrópicas que
contribuem para a ocorrência e a intensificação destes distúrbios climáticos em
escala local.
Referências:
http://www.ecodebate.com.br/2009/04/22/o-desconforto-da-vida-nas-ilhas-de-calor-das-
metropoles, acessado em março de 2010.
http://www.suapesquisa.com/cienciastecnologia/inversao_termica.htm, acessado em
janeiro de 2010.
As mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planeta Terra.
Estas alterações são verificadas através de registros científicos nos valores médios ou
desvios da média de temperatura e outros elementos climáticos, apurados durante o
passar dos anos.
Figuras 8.1 e 8.2. Causas e conseqüências das mudanças climáticas globais – poluição do ar
e emissão de gases poluentes e derretimento das geleiras, respectivamente.
Fontes: http://clientes.netvisao.pt/alvorecer/Desktop-6.1.JPG e http://www.adur-
rj.org.br/5com/pop-up/apocalipse_ja1.jpg, acessados em março de 2010.
A circulação mostrada pela figura 8.4 acima indica que a célula de circulação realiza
movimentos ascendentes no Pacífico Central/Ocidental e movimentos descendentes no
oeste da América do Sul, com ventos de leste para oeste, próximos à superfície (observe
que os ventos alísios são representados na figura pelas setas brancas) e de oeste para
leste em altos níveis da troposfera. Esta é a chamada célula de Walker. No Oceano
Pacífico, pode-se ver a região com águas mais quentes representadas pelas cores
avermelhadas e mais frias pelas cores azuladas.
Pela figura 8.5 nota-se que os ventos em superfície, em alguns casos, chegam até a
mudar de sentido, ou seja, ficam de oeste para leste. Há um deslocamento da região com
maior formação de nuvens e a célula de Walker fica bipartida. No Oceano Pacífico
Equatorial pode ser observado águas quentes em praticamente toda a sua extensão. A
termoclina fica mais aprofundada junto à costa oeste da América do Sul principalmente
devido ao enfraquecimento dos ventos alísios.
Observa-se que uma das regiões com grande quantidade de chuva abrange desde o
nordeste do Oceano Índico (a oeste do Oceano Pacífico) passando pela Indonésia.
Saiba mais
O efeito estufa é um dos fenômenos climáticos mais divulgados e mais temidos pela
sociedade desde quando os ambientalistas soaram o alarme de sua intensificação e suas
prováveis conseqüências para o planeta durante as conferências ambientais realizadas na
década de 1960. Todavia, é importante destacar que o efeito estufa em si é amplamente
benéfico para todos os seres vivos do planeta Terra, visto que sem ele a vida seria
praticamente inviável, oscilando entre temperaturas extremas de frio e calor. O principal
problema em relação a este fenômeno é a sua intensificação, com a qual as temperaturas
globais podem aumentar demasiadamente, prejudicando a natureza e comprometendo a
própria sobrevivência dos seres vivos no planeta.
Outro fator que contribui para este fenômeno é o lançamento de gases poluentes para a
atmosfera, principalmente os que resultam da queima de combustíveis fósseis, tais como
o óleo diesel e a gasolina nos grandes centros urbanos. O dióxido de carbono (C02) e o
monóxido de carbono (CO) ficam concentrados em determinadas regiões da atmosfera
formando uma camada que bloqueia a dissipação do calor. Outros gases que também
contribuem para este processo são o gás metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e óxidos
de nitrogênio (NO). Esta camada de poluentes, tão visível nas grandes cidades, funciona
como um isolante térmico do planeta Terra, de modo que o calor fica retido nas camadas
mais baixas da atmosfera trazendo graves problemas para o planeta.
emissão de gases poluentes e que deverão ser tomadas a partir de 2012 pelos países
participantes.
Todos os dias são divulgados na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas
e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu
mudanças tão rápidas e com efeitos tão devastadores como ocorrido nos últimos anos.
A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40ºC; ciclones atingem o Brasil
(principalmente na costa sul e sudeste do país); o número de desertos aumenta a cada
dia; fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotas
polares estão derretendo ainda mais rápido, o que pode ocasionar o avanço dos oceanos
sobre as cidades litorâneas. O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são
unânimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos estes
acontecimentos.
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo
em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente, derivados da
queima de combustíveis fósseis na atmosfera. Estes gases (ozônio, dióxido de carbono,
metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes de
difícil dispersão, provocando a intensificação do efeito estufa na atmosfera, e por isso
denominam estes acontecimentos como Aquecimento Global. Todavia cabe ressaltar
que, embora correlacionados, Efeito estufa e Aquecimento Global não são sinônimos.
Este último ocorre em decorrência da intensificação do primeiro, mas não se limita
somente a este, na medida em que se relaciona a outros fenômenos e anomalias
climáticas responsáveis pela alteração do clima em escala mundial, tais como o El Niño,
e a La Niña.
Figura 8.4. Derretimento de gelo nas calotas polares: uma das conseqüências do
Aquecimento global. Fonte: http://www.suapesquisa.com/geografia/aquecimento_global.htm,
acessado em 15/01/2010.
@ Mídias Integradas
fauna e da flora e até mesmo de alguns recursos naturais importantes para a manutenção
da vida no planeta. E, ao abordar tal discussão o conceito de vulnerabilidade climática
e ambiental se coloca como crucial para compreender e apontar as possíveis deficiências
e limitações de recursos em cada região ou país, conforme as projeções climáticas feitas
pelos órgãos competentes.
Saiba mais
@ Mídias Integradas
A própria ONU denomina a década de 1960 como a “Primeira Década das Nações
Unidas para o Desenvolvimento”, apostando na cooperação internacional para a
promoção de um crescimento econômico dos países subdesenvolvidos a partir da
transferência tecnológica e de vultosos empréstimos de fundos monetários para os
países periféricos. Contudo, apesar da ousadia do documento, os grandes problemas
levantados naquela ocasião ainda não foram solucionados e, como afirmam vários
autores, tais ações apenas contribuíram para aumentar as desigualdades e a dependência
econômica e tecnológica existente entre os países subdesenvolvidos em relação aos de
Primeiro mundo. A partir deste enfoque, fica fácil concordar com SACHS (1993) ao
afirmar que “a longa luta [contra os atuais padrões de consumo e desenvolvimento]
somente será vencida no dia em que for possível esquecer o adjetivo „sustentável‟ ou o
prefixo „eco‟ ao se falar em desenvolvimento.”
Nações Unidas, cujo objetivo era avaliar os cinco primeiros anos de implementação da
Agenda 21. O encontro identificou as principais dificuldades relacionadas à
implementação do documento, priorizou a ação para os anos seguintes e conferiu
impulso político às negociações ambientais em curso. Para os países em
desenvolvimento, contudo, o principal resultado da Sessão Especial foi a preservação
Por sua vez, o Protocolo de Kyoto, realizado em 1997 na cidade homônima do Japão,
estabeleceu metas para a redução da emissão de gases poluentes que intensificam o
"efeito estufa", com destaque para o CO2. Este protocolo é um acordo internacional que
visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Ele
entrou em vigor em fevereiro de 2005 e seu principal objetivo é contribuir para a
diminuição da temperatura global para os próximos anos. Neste evento, representantes
de centenas de países se reuniram para discutirem o futuro do nosso planeta e formas de
diminuir a poluição mundial, cujo documento resultante deste encontro é denominado
“Protocolo de Kyoto”. Tal documento estabeleceu que algumas propostas de redução da
poluição deveriam ser tomadas e além disso seria criada a Convenção de Mudança
Climática das Nações Unidas.
A maioria dos países participantes votou a favor do Protocolo de Kyoto, porém a sua
ratificação pelos países esbarrou na necessidade de mudanças na sua matriz energética.
Assim, os elevados custos recairiam principalmente sobre os países desenvolvidos, e em
especial sobre os Estados Unidos. O então presidente estaduniense, George W. Bush,
declarou em público que não achava correto submeter o avanço da economia norte-
americana aos sacrifícios necessários para a implementação das medidas propostas em
prol do meio ambiente. E por este motivo, os Estados Unidos – o principal emissor de
gases poluentes para a atmosfera – foi o único país que não ratificou o protocolo.
De última hora, um documento, sem valor jurídico, foi elaborado visando à redução de
gases do efeito estufa em até 80% até o ano de 2050. Houve também a intenção de
liberação de até 100 bilhões de dólares para serem investidos em meio ambiente, até o
ano de 2020. Os países também deverão fazer medições de gases do efeito estufa a cada
dois anos, emitindo relatórios para a comunidade internacional.
Ficou claro que os chefes de Estado abandonaram a COP-15 sem declarações públicas e,
principalmente, sem cumprir seu mais essencial objetivo: evitar os efeitos perigosos das
Saiba mais
Outro exemplo é a Campanha Global de Ações pelo Clima (GCCA), fruto de uma
aliança inédita entre ONGs, sindicatos, grupos e indivíduos com o objetivo de mobilizar
a sociedade civil e a opinião pública para que os governos tomem as decisões corretas
para combater as causas das mudanças climáticas. NASA: sigla equivalente a National
Aeronautics and Space
Tais atitudes são importantes na medida em que enfatizam a Administration, cuja tradução seria
Administração Nacional do Espaço e
necessidade de mudanças na relação homem-natureza. James da Aeronáutica ou Agência Espacial
Americana, e corresponde a uma
Hansen e sua equipe, vinculados à NASA, publicou uma
agência do Governo dos Estados
série de artigos que demonstram que precisamos diminuir a Unidos da América, criada em julho
de 1958, responsável pela pesquisa e
quantidade de carbono na atmosfera das atuais 387 partes por desenvolvimento de tecnologias e
programas de exploração espacial.
milhão para 350 ou menos. Isso se a sociedade global quiser Fonte: Wikipédia, disponível em <
http://pt.wikipedia.org/wiki/NASA>,
“manter um planeta semelhante àquele em que a nossa acessado em junho de 2010.
civilização se desenvolveu.”
Saiba mais
- As mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planeta Terra e
podem ser provocadas por fenômenos naturais ou por ações antrópicas, e em geral são
verificadas através de registros científicos e outros elementos climáticos durante o
passar dos anos;
- Trinta anos mais tarde, em 1992, foi realizada a ECO-92 ou Rio-92 e que teve como
principal objetivo buscar meios de conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com a
conservação e proteção dos ecossistemas da Terra, contando com uma maior presença
dos Chefes de Estado e representantes políticos dos países participantes;
- E, por fim, destaca-se que, mesmo com o fracasso da COP-15, um forte processo de
articulação e mobilização social, ocorrido em todo o planeta pela internet e redes
virtuais, se mostrou relevante para pressionar as lideranças governamentais a tomar
decisões corretas para combater as causas das mudanças climáticas, tais como a
campanha TicTacTicTac e a Campanha Global de Ações pelo Clima (GCCA), fruto
de uma aliança inédita entre ONGs, sindicatos, grupos e sociedade civil, enfatizando a
necessidade de alteração na relação homem-natureza.
LAGO, André Aranha Corrêa do. Estocolmo, Rio, Joanesburgo - O Brasil e as três
conferências ambientais das Nações Unidas. Brasília-DF: IRBr/FUNAG, 2007, 1ª
edição, 276 páginas.