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1.

Ciclo da água

De acordo com Santos (2016):

O ciclo da água, também conhecido como ciclo hidrológico, refere-se ao movimento contínuo que
a água faz pelo meio físico e pelos seres vivos do ecossistema, passando através da atmosfera,
hidrosfera, litosfera e biosfera. Trata-se, portanto, de um importante ciclo biogeoquímico que faz
com que esse indispensável recurso natural esteja constantemente no ambiente (p. 32).

Assim, o ciclo da água é um ciclo biogeoquímico que garante que a água circule pelo meio físico
e pelos seres vivos. Esse processo depende da luz solar, que garante que a água evapore, dando
início ao ciclo. O vapor de água sobe para camadas mais altas da atmosfera e condensa-se,
formando nuvens, que são pequenas gotículas de água no estado líquido. Quando essas nuvens
ficam carregadas, ocorre a precipitação (chuva), que pode ocorrer na forma líquida ou nas formas
de granizo e neve. A água da chuva, então, retorna para a Terra, podendo seguir diferentes
caminhos, como voltar para lagos e rios ou infiltrar-se no solo.

Ofiso (2007), refere que:

O ciclo da água é composto pelas transformações que esse recurso natural sofre na natureza. Ele
acontece, principalmente, pelos processos de mudança de estado físico, como condensação,
evaporação, liquefação, precipitação, além de mecanismos mais intuitivos como a infiltração dela
no solo e a transpiração dos seres vivos (p.54).

O comportamento da água no planeta versa sobre o clima da região e é determinante para a fauna
e flora do lugar. Por exemplo: na Floresta Amazônica, em que os corpos hídricos são abundantes,
a umidade é alta, as plantas são mais biodiversas, os animais são numerosos e a disponibilidade de
materiais orgânicos é alta.

Por outro lado, em locais como os desertos do Saara e Atacama, a baixa oferta de água e a aridez
do clima contribuem para a existência de espécies animais e vegetais em menor quantidade, mas
muito adaptadas às condições dos ambientes em que vivem.

1.1. Etapas do Ciclo da água na hidrografia

De acordo com Vicente (2014), constituem etapas do Ciclo da água na idrografia as seguintes:
Figura 1: etapas do Ciclo da
água

Fonte: Vicente (2014, p. 62)

 Evaporação: o calor irradiado pelo sol permite que moléculas de água evaporem em
direção a atmosfera;
 Condensação: as moléculas que estavam em forma de vapor são condensadas pela
diferença de temperatura na atmosfera. Com isso, elas se acumulam e formam as nuvens
— que são agregados de águas líquidas suspensas no ar;
 Precipitação: Ao iniciar a chuva, processo também chamado de precipitação, a água
começa a retornar para a superfície terrestre e é influenciada diretamente pela gravidade.
Nesse momento, ela pode atingir rios, lagos e oceanos, infiltrar-se no solo e nas rochas ou
pode ser impedida de voltar à superfície terrestre pela vegetação, ou seja, quando o
acúmulo de água é grande o suficiente, as partículas passam a precipitar sobre a Terra, o
que ocasiona as chuvas. Quando a água precipitada encontra temperaturas muito frias, ela
se solidifica e permite o aparecimento de granizo e neve;
 Infiltração: a água precipitada se deposita sobre a superfície terrestre e é infiltrada pelo
solo, em diferentes níveis, conforme a composição e relevo das regiões — uma parte das
água pluviais também podem ser deslocadas para os corpos hídricos, o que favorece o
aumento de seus volumes;
 Transpiração: a água infiltrada pode ser integrada ao metabolismo de plantas e animais,
que devolvem o composto pela transpiração.
1. 2. Importância do ciclo da água

De acordo com Costa e Belton (2011):

O ciclo da água é importante porque garante que essa substância circule constantemente pelo
ambiente, passando pelos organismos vivos e pelo meio físico. Como a água circula no ambiente,
ela consegue suprir as necessidades dos seres vivos, que precisam diariamente dessa substância
para o funcionamento adequado de seu organismo. Além disso, a permanência da água no
ambiente é importante para algumas atividades realizadas pelos seres humanos, uma vez que ela é
fundamental para a geração de energia, desenvolvimento da produção agrícola e agropecuária,
diversas atividades industriais e algumas tarefas do dia a dia, como lavar roupa e louça (p. 51).

Entretanto, é importante destacar que, apesar de o ciclo da água garantir que essa substância
circule no meio constantemente, isso não garante que não possa faltar água. Isso ocorre pelo fato
de que o ciclo da água é complexo e pode ser afetado por diversos fatores, como o vento, que
podem fazer com que a água que evaporou em uma área seja precipitada em outras.

Só para termos a noção da tamanha importância do da água, Imaginemos, por exemplo, que os
animais consumissem-na, mas que ela não retornasse ao meio. Com o tempo, essa importante
substância não existiria mais no nosso planeta e, consequentemente, não haveria mais vida. Como
sabemos, a água é fundamental para qualquer ser vivo, uma vez que ela faz parte da composição
do seu corpo, ajuda no transporte de substâncias e participa de reações químicas importantes.

Figura 2: Importância do ciclo da água


Fonte: Santos (2016, p. 33)
O ciclo da água é importante para a sobrevivência de todos os seres vivos do planeta.
Não podemos esquecer-nos de que o ciclo da água é fundamental também para a economia. A
produção de energia e a agricultura, por exemplo, são dois ramos da economia extremamente
dependentes das chuvas.

Bibliografia Comsultada

Costa, F. E; Belton, G. (2011). Hidrografia brasileira. São Paulo:UFSP.

Ofiso, H. H. (2007). Geografia: 12 ano. (2 ed.). Rio de Janeiro.

Santos, V. S. (2016). Ciclo da água. (2 ed.). UFSP. Brasil .

Vicente, B. D. (2014). Geografia escolar. (1 Ed.). São Paulo: Brasil

1. Mudanças climáticas

Mudança climática ou alteração climática refere-se à variação do clima em escala global ou


dos climas regionais da Terra ao longo do tempo, afectando o equilíbrio de sistemas e
ecossistemas já estabelecidos por muito tempo.

Joson (2010), refere que:

Mudança climática é o nome que se dá ao conjunto de alterações nas condições


do clima da Terra pelo acúmulo de seis tipos de gases – como o dióxido de
carbono (CO2) e o metano (CH4) – na atmosfera, emitidos em quantidade
excessiva há pelo menos 150 anos, desde a Revolução Industrial, através da
queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, e do uso
inadequado da terra com a conversão das florestas e da vegetação natural em
pastagens, plantações, áreas urbanas ou degradadas (p. 21).

Segundo Villa, (2002):a

As mudanças climáticas, também chamadas de alterações climáticas, referem-


se a uma alteração no estado do clima que pode ser identificada (ex.: por meio
de testes estatísticos) através de alterações na média e/ou na variabilidade das
suas propriedades e que persiste durante um longo período de tempo,
tipicamente décadas ou mais (p. 34).
Assim, as mudanças climáticas são todas as alterações do clima causadas pela natureza e pela
acção do homem. Elas incluem o aumento da temperatura superficial da Terra e seus efeitos
colaterais, como derretimento das geleiras, chuvas e secas intensas e fora de época.

As mudanças climáticas sempre ocorreram durante toda a história da Terra. Estas variações
dizem respeito a mudanças de temperatura, precipitação, nebulosidade e outros fenómenos
climáticos em relação às médias históricas. Tais variações podem alterar as características
climáticas.

1.1. Causas das mudanças climáticas

A mudança climática é causada por factores como bióticos processos, variações na radiação
solar recebida pela Terra, as placas tectónicas e erupções vulcânicas. Certas actividades
humanas também foram identificadas como importantes causas de alterações climáticas
recentes, muitas vezes referida como ” aquecimento global”.

De acordo com Joson (2010), as mudanças globais podem ser causadas por processos naturais
e também pela acção do homem. Vide o quadro à baixo

Causas Naturais Causas Antrópicas

Incidência solar: A radiação solar que chega


até a superfície pode variar, podendo ser mais Queima de combustíveis fósseis, o que emite
à atmosfera gases de efeito estufa.
elevada ou reduzida em alguns períodos.

Órbita da Terra: O planeta sofre variação em


Aumento do desmatamento, ou seja, da
sua órbita segundo os movimentos que
retirada da cobertura vegetal.
realiza, o que faz ele receber mais ou menos
radiação solar.

EL Niño e La Niña: Esses fenómenos


causam alterações na temperatura média das Emissão de gases poluentes à atmosfera por
águas do Pacífico, modificando as condições indústrias e automóveis.
climáticas das áreas em que actuam.

Actividade vulcânica: Os vulcões podem


apresentar períodos de maior actividade. Em Poluição do solo e dos recursos hídricos, o
situações de elevadas ocorrências de erupções que altera o equilíbrio ambiental.
vulcânicas, ocorre o sistema de resfriamento
climático da Terra.

Quadro 1: Causas das mudanças climáticas globais. Fonte: Joson (2010, p. 34)

Ainda na senda das possíveis causas das mudanças climáticas Macário (2006), descreve
alguns factores associados ao fenómeno.

 O primeiro factor que influencia o clima terrestre é a existência e composição da sua


atmosfera, uma cobertura gasosa que deve a sua existência, estrutura e composição a
uma longa evolução controlada pela interacção entre factores de ordem astronómica,
geológica e biótica. (Macário, 2006, p. 43).

O mais importante factor astronómico no controle do clima é a distância ao sol, responsável


pela quantidade de energia que atinge a atmosfera e a superfície planetária, da qual depende
quase toda a dinâmica de circulação atmosférica.

 O segundo importante factor astronómico de controlo atmosférico são os ciclos de


actividade solar, que determinam em grande parte a quantidade de energia que atinge
os planetas e portanto a energia disponível para os processos atmosféricos.

Entre os factores de ordem geológica que afectam as propriedades da atmosfera os mais


importantes são (1) a actividade vulcânica, vector principal do processo de desgaseificação
planetária e responsável directo pela criação e evolução da atmosfera, assim como pela sua
composição e consequentes propriedades de absorção e transmissão de calor e (2) as emissões
de poeiras das zonas desérticas e semidesérticas do globo.

Uma alteração na taxa de actividade vulcânica pode causar modificações na composição


atmosférica (em especial nas concentrações de SO2 e de aerossóis), o que afecta a sua
opacidade à radiação solar e à libertação de calor para o espaço.

 Outro factor de ordem geológica também responsável por mudanças climáticas é a


alteração, devida à tectónica de placas, na distribuição das massas continentais; isto
pode modificar os padrões de circulação oceânica (ex.: fechando as regiões polares às
correntes marítimas de origem tropical) e consequentemente a circulação de calor
entre as regiões quentes e as regiões polares, podendo por exemplo criar condições
para a formação de extensas calotes polares e o estabelecimento subsequente de
períodos glaciares.
2. Os impactos das alterações climáticas nos recursos hídricos
As consequências das mudanças climáticas podem ser sentidas no quotidiano. Elas produzem
impactos sobre questões globais, tais como desenvolvimento económico, gestão de recursos,
desigualdade social e desenvolvimento sustentável.

Na visão de Marcos, (2014), a água é um dos recursos naturais mais afectados pelos efeitos da
mudança do clima, considerando as alterações nos padrões de precipitação e na
disponibilidade e distribuição da vazão dos rios.

Ora, o ciclo hidrológico da Terra está directamente associado às mudanças de temperatura da


atmosfera e ao balanço da radiação. Ele distribui continuamente a água dos oceanos para a
atmosfera e para os rios e lagos.

As alterações nesse ciclo aumentam os níveis de vapor de água na atmosfera e tornam a


disponibilidade desse recurso menos previsível. Isso significa que a evaporação aumenta,
alterando a humidade do solo, o escoamento, o regime de chuvas e, consequentemente, a
disponibilidade de água para o consumo humano. Isso pode causar, entre outros factores,
chuvas torrenciais em algumas regiões, ao passo que outras pode enfrentar condições de seca
graves, especialmente durante o verão.

De acordo com Joson (2010):

Em decorrência do aquecimento global e do aumento da emissão de gases do


efeito estufa, o calor retido na atmosfera acaba sendo armazenado nos oceanos,
afectando a temperatura e a circulação da água, além de acelerar o processo de
derretimento das calotas polares. Essa situação resulta na entrada de água doce
nos oceanos, alterando as correntes marinhas e o ciclo hidrológico e também
no aumento do nível do mar em regiões litorâneas (p. 36).

Além disso, o aumento das temperaturas da água devido às alterações climáticas contribui
para a expansão das zonas mortas — regiões pobres em oxigénio e inabitáveis para a vida
marinha dentro dos oceanos.

Entre 1901 e 2010, o derretimento das geleiras nos pólos causou um aumento
de 19 centímetros no nível médio do mar, ameaçando 40% da população
mundial que vive nas costas, agora sujeita à alagamentos e enchentes
frequentes. Em 2017, cerca de 30% da vida na Grande Barreira de Corais
australiana morreu, devido ao aquecimento da água. A base desse ecossistema,
os recifes de corais, não suportam um aumento de 1ºC-2ºC na temperatura.
Sem eles, os animais que ali vivem, que são a base da alimentação de milhões
de pessoas, não têm como sobreviver.

Para a sociedade, os problemas têm impacto directo na disponibilidade hídrica para


abastecimento da população. Como consequência, destacam-se as problemáticas da ausência
do recurso para saúde e a qualidade de vida das pessoas e no contexto social como um todo,
afinal, grande parte das actividades económicas depende da água.

Bibliografia

Joson, B. (2010). Meio ambiente e mudanças climáticas na actualidade. (2ª ed.). London.

Macário, M. (2006). Mudanças climáticas e seus impactos na actualidade. Departamento de


Geografia/ FFLCH/USP. São Paulo.

Marcos, I.M. (2014). Climatologia: noções básicas de climas do Brasil. Oficina de Textos,
São Paulo.

Villa, F. (2002). Assuntos ambientalistas. São Paulo.


Ivan Pavlov: breve biografia

De acordo com Muller (2016):

Ivan Petrovich Pavlov nasceu em 1849 em Riazan, Rússia. Filho de uma dona
de casa e um sacerdote ortodoxo, começou seus estudos no campo da teologia
inicialmente por conselho familiar. Receber seu doutorado em 1883, em 1890,
já casado e com um filho, obteve um cargo de professor de fisiologia na
Academia Americana Experimental (p. 69).

Foi premiada no ano de 1904 com o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, tornando-se a
primeira pessoa de nacionalidade russa em receber esse reconhecimento de mérito.

Faleceu em 27 de Fevereiro de 1936, vítima de pneumonia aos 86 anos.

A teoria do Condicionamento Clássico (ou Respondente)

Uma das grandes contribuições de Ivan Pavlov é o condicionamento clássico ou


aprendizagem associativa.

De acordo com Rubinstein (2012):

Consiste em gerar uma conexão entre um estímulo neutro, que antes da criação
desta associação é incapaz de gerar uma resposta concreta, e uma resposta
reflexa automática. Mediante essa associação, o estímulo que antes era incapaz
de originar a resposta reflexa pode chegar a provocá-la (p. 28).

A origem desta contribuição é encontrada no experimento de Ivan Pavlov com cães, um dos
experimentos mais famosos da história da psicologia.

De acordo com Campos (2014):

Utilizando um equipamento adaptado ao seu estudo, Pavlov analisou o


processo de salivação dos cães. Descobriu que era possível fazer com que um
estímulo antes neutro (um som, por exemplo) provocasse salivação ao ser asso-
ciado a um estímulo que gerava naturalmente essa reação (a comida) (p. 53).

Assim, concentrou seu estudo nas chamadas secreções psíquicas, secreções produzidas pelas
glândulas salivares na ausência de comida na boca. Por isso que cada vez que colocava
comida ao cão, ele tocava um sino antes de dar a comida, para que o cachorro associasse o
sino com a comida que recebia instantes depois.
figura 3 - O experimento de Pavlov

Fonte: Silva (2005, p. 83).

De acordo com Lilla (2008):

Após várias associações entre o sino e a comida, o cão salivava apenas ao


escutar o sino, independentemente se teria comida posteriormente. Com isso,
conseguiu-se que o sino, um estímulo neutro e sem significado para o cachorro
antes da série de associações, provocasse a mesma resposta que a comida, neste
caso a salivação. Desta maneira, o cão havia aprendido a realizar uma
associação (p. 40).

Com este experimento, os elementos ou variáveis da teoria do condicionamento clássico


foram determinados:

 Estímulo neutro (EN): estímulo sem significado e incapaz de produzir uma resposta
reflexa, nesse caso, o EN é o sino.

 Estímulo incondicionado (EI): estímulo que gera uma resposta no organismo de


maneira inata e automática, o EI seria a comida, que causa salivação de forma natural.

 Estímulo condicionado (EC): trata-se do estímulo neutro uma vez realizada a


associação com o estímulo incondicionado. Portanto, o estímulo condicionado seria o
sino, uma vez associada com a comida após o processo de aprendizagem do cão, capaz
de gerar salivação por si só.
 Resposta incondicionada (RI): trata-se da resposta inata provocada de maneira
automática pelo estímulo incondicionado. A RI seria a salivação que é produzida pela
comida.

 Resposta condicionada (RC): a resposta aprendida, que é produzida pelo estímulo


condicionado. Neste caso, a reposta condicionada seria a salivação pelo som do sino.
(Silva, 2005).

Essas contribuições de Ivan Pavlov ainda são usadas para explicar a base de comportamentos
como vícios e fobias, bem como base para o tratamento aversivo ao alcoolismo e outros
vícios.

Conclusões sobre a teoria de Ivan Pavlov

O estudo de tais comportamentos é fundamental para a compreensão sobre as emoções dos


seres humanos, incluindo situações em contexto educacional.

Qualquer estímulo, sejam em pessoas, objectos ou actividades podem ser associados com
estímulos que provoquem respostas emocionais. Esse é a capacidade do professor, o seu
comportamento afectivo, a maneira de organizar as aulas, os métodos e técnicas educacionais
que usa nas aulas podem criar emoções de bem-estar ou mal-estar nos alunos que ficarão
associadas às matérias dadas e/ou ao próprio ensino em si.

As sensações agradáveis fazem com haja uma aprendizagem melhor, mas também existe um
risco na aprendizagem por condicionamento clássico porque não é consciente e não há uma
verificação sobre os estímulos. O principal responsável é o professor que deve-se preocupar
em impossibilitar os estímulos desagradáveis e proporcionar os agradáveis.

Pode-se agir impedindo o desenvolvimento de reacções emocionais negativas nas situações


escolares e na correcção, através do princípio da extinção (colocando o aluno na situação-
problema garantindo-lhe que não será negativo), da extinção gradual (semelhante mas em
pequenos passos de cada vez) ou através da contra aprendizagem (apresentando estímulos
positivos perante a situação problema de forma a que passe a estar associada a uma sensação
de bem-estar).

Deve passar o menos tempo possível nas intervenções de correcção, porque quanto mais se
instalar um receio, mais difícil é fazer com que ele desapareça.
Referencias Bibliográficas
Campos, R. H. F. (2014). Paradigmas em psicologia educacional. (2ª ed.). 2º Petrópolis:
vozes,

Lilla, M. (2008). Psicologia geral. .( 5ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.

Muller, F. L. (2016). História da Psicologia. (5ª ed.). (1ª ed.). São Paulo.

Rubinstein, M. (2012). Psicologia Geral. Edição Estampa, Portugal.

Silva. D. R. (2005). Psicologia Geral e do Desenvolvimento, Indaial, Ed, Asselvi.


A defesa dos apologistas do associativismo de Psicologia de Desenvolvimento

Associacionismo é uma corrente teórica, cuja origem baseia-se na doutrina filosófica surgida
na Idade Moderna, a qual defende a concepção de que as ideias presentes no pensamento se
encontram relacionadas, de diversas maneiras, umas às outras.

A afirmação de conexões intrínsecas às ideias constitui a base de uma tentativa de estender a


compreensão mecanicista e causal da realidade, oriunda dos progressos das ciências

As teorias pertencentes à essa escola obedecem ao paradigma chave do ambiente


como controlador do comportamento e da aprendizagem dos organismos. Sendo
assim, não existe diferença entre físico e psicológico na sua concepção de ambiente.
Isso implica que os indivíduos tem a mesma capacidade de percepção do meio que os
cerca, não havendo nenhuma diferença perceptual (Pittenger, 2013, p. 107).

A percepção é tida como um processo de captação de todos os aspectos do meio físico aos
quais o organismo é sensível, onde sensação e significados são etapas distintas. Nesse sentido,
os condicionamentos anteriores são os responsáveis pelo foco particular dos objectos.

A relação do organismo com seu meio é considerada como um processo de causa (estímulo) e
efeito (resposta), ocorrendo de forma alternada, iniciando com a reacção do organismo, que
responde de acordo com seus reflexos instigados nesse momento. Essa concepção visualiza o
organismo como um elemento passivo, que emite comportamento com base em reacções à
estímulos do meio.

A experiência para os associacionistas não é considerada como um factor relevante aos


estudos científicos, sendo conceituada como, um mero processo de actividades de
condicionamento, onde o organismo adquire um novo comportamento, ou seja, uma nova
resposta (Almeida, 1999).

Em geral, os associacionistas consideram o homem como uma máquina, que opera com certa
regularidade de acordo com princípios estabelecidos (Campos, 1997).

Através do condicionamento da máquina, o comportamento é dirigido, ou seja, o homem tem


seu comportamento regulado a um aspecto previsível em virtude de uma série de reflexos
aprendidos e dinamizados toda vez que os estímulos são provocados. A aprendizagem para
Thomdike é portanto, um processo reactivo onde o organismo aprende, reage ou responde aos
estímulos do ambiente.
A motivação é, nesse contexto, causada por forças exclusivamente externas, tendo sua base
estipulada na recompensa, ou no estado de satisfação. A conduta desejada no estudante é
conseguida através da liberação de recompensas em quantidade suficiente na medida que as
respostas consideradas.

Principais apologistas do associativismo de Psicologia de Desenvolvimento e suas


contribuições

Edward Lee Thomdike (1874-1949):

Considerado como o sistematizador da Psicologia Educacional, elaborou através de


experimentos com animais utilizando métodos de tentativa-erro (ou estímulo-resposta) a
Teoria Conexionista da Aprendizagem.

Um dos principais estudos de Thomdike é a caixa quebra-cabeças, onde um gato deve


aprender a escapar deste ambiente por uma porta que se abre ao pressionar uma
alavanca situada dentro da caixa. Após muita tentativa e erro, o gato aprende a
associar que a porta se abre (resposta) quando a alavanca é pressionada (estímulo),
sendo assim estabelecida a conexão (R-E) através do estado satisfatório obtido pela
fuga da caixa pelo gato (recompensa) (Pilheiros, 2007, p. 32).

A aprendizagem é o resultado da selecção de reacções já existentes no sistema nervoso,


através das conexões estabelecidas pelo exercício, as quais serão escolhidas tendo em vista
sua condição de fortalecimento ou enfraquecimento durante o exercício da situação problema.

As conexões consideradas mais prazerosas serão fortalecidas e terão maior probabilidade de


serem seleccionadas na resolução de outros problemas, do que as que geraram insatisfação
que tendem a serem eliminadas.

Assim sendo, podemos concluir que os principais fundamentos desta teoria são (Campos,
1997):

1. O aprendizado requer prática e recompensas, ou seja, para que o processo de


aprendizagem aconteça é necessário exercitar as conexões, bem como fortalecer,
através de recompensas, as respostas positivas obtidas;
2. Várias conexões E-R podem ser unidas se elas pertencem à mesma sequência de
acção;
3. A transferência de aprendizado ocorre por causa de situações anteriormente
encontradas, ou seja, os elementos aprendidos numa situação podem ser usados em
outra, em virtude da semelhança entre as situações; e
4. A inteligência tem aspecto quantitativo, pois é resultante do número de conexões
aprendidas, ou seja, é considerado mais inteligente o indivíduo que consegue
estabelecer um número maior de conexões, pois possui um conjunto maior de soluções
à sua disposição para utilizar quando apresentado a um estímulo (problema).

Ivan Petrovich Pavlov (1849-1939)

Através de suas pesquisas, Pavlov descobriu o reflexo condicionado e formulou a teoria do


reflexo, também conhecida como teoria do condicionamento clássico, teoria do reflexo
condicionado ou reflexológico (Campos, 1997).

Uma das principais características do reflexo condicionado, ou o condicionamento clássico, é


o fato da recompensa (no caso da experiência, a carne) ou o reforço (quando a situação em
questão gera sentimento desagradável) aparecer antes da resposta ser emitida.

Para a Teoria Pavloviana, o processo de aprendizagem por condicionamento ocorre quando o


organismo reage a um estímulo que era neutro a seu organismo antes de ser condicionado, em
substituição a um estímulo natural. Trata-se de uma mudança no comportamento natural do
organismo, tendo em vista o condicionamento a outros estímulos que lhe eram indiferentes.

A principal diferença entre o associacionismo pavloviano e de Thomdike, consiste na


associação dos novos estímulos. Enquanto que na teoria do reflexo condicionado os novos
estímulos (antes neutros) são associados a respostas incondicionadas, visando assim superar
os limites dos estímulos anteriores, na teoria de Thomdike a ideia consiste em buscar a
experimentação do efeito das recompensas e punições sobre a resposta dada a um
determinado estímulo.

Frederic Burrhus Skinner (1904 - 1990)

A teoria proposta por Skinner, denominada de Teoria do Condicionamento (ou do


comportamento) operante8, neo-behavorismo, e muitas vezes somente behavorismo de
Skinner, preocupa-se em explicar os comportamentos observáveis do sujeito, desprezando a
análise de outros aspectos da conduta humana como o seu raciocínio, os seus desejos e
fantasias, os seus sentimentos.

O papel do ambiente é, dentro desse contexto, muito mais importante do que a


maturação biológica, pois são os estímulos presentes numa dada situação que levam
ao aparecimento de um determinado comportamento. Assim sendo, o foco do estudo
dessa teoria é a saída do processo de aprendizagem, constituindo-se como uma
resultante da mudança no comportamento do indivíduo (Campos, 1997).
Segundo Skinner, existem dois tipos de comportamento:
1. Comportamento respondente: são reflexos ou respostas inatas que podem ser eliciadas
por estímulo ambiental (na presença de determinados estímulos).

2. Comportamento operante: é aquele cuja frequência foi aumentada ou diminuída como


resultado das consequências daquele comportamento (o indivíduo atua no meio).

Dessa forma, o comportamento é um complexo conjunto de movimentos integrados evidentes.


Esses movimentos são definidos como operantes, excepto no condicionamento respondente
(reflexo). Ou seja, normalmente o organismo possui um vasto número de operantes (resposta)
com uma probabilidade estatística essencialmente igual de serem emitidas. A medida que a
resposta emitida é reforçada, sua exibição passa a ter uma maior probabilidade de ser exibida
novamente, sob as mesmas condições, do que qualquer operante incondicionado.

De um modo geral, Skinner declarou em sua teoria que no momento que ocorrer uma reacção,
e esta for reforçada, o sujeito apresentará uma tendência a apresentar o mesmo
comportamento. Negando o reforço ou castigando o sujeito, a reacção tenderá a desaparecer.
“A aprendizagem, nessa visão, pode assim ser entendida como o processo pelo qual o
comportamento é modificado como resultado da experiência.” (Davis e Oliveira 1994, p. 33).

O filho será elogiado pelo pai quando fornecer a resposta esperada; assim sendo, ao
manifestar o comportamento desejado pelo pai recebe o prémio (o reforço positivo),
aprendendo a buscar esse incentivo positivo com diferentes tipos de comportamento.

Almeida, M. A. F. (1999). Aprender, actividade inteligente: E se esta inteligência for


parcialmente artificial? Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Computação, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.

Campos, D. M. S. (1997). Psicologia da Aprendizagem. Rio de Janeiro: Vozes.

Davis, C. Oliveira, Z. (1994). Psicologia na Educação. (2ª ed.). São Paulo: Cortez.

Palheiros, R. F. (2007). Introdução aos estudos da Psicologia. São Paulo: Scipione.

Pittenger, O. E. (2013). Teorias da Aprendizagem na Prática Educacional. (3ª ed.).


Universidade de São Paulo.
Clima de Moçambique

Santos, (2006), refere que “os factores climáticos são elementos que influenciam o clima de
uma região, podendo ser naturais ou não. Esses factores são os responsáveis, por exemplo, por
dizermos que uma região é húmida e outra é mais seca” (p. 53).

Segundo Lachelt (2004), O clima de Moçambique é influenciado por corrente costeira do


Oceano Índico, a distância até a costa e o relevo, especialmente a altitude. Tomando como
base a interacção dessas influências, três tipos de clima são distinguidos:

a) clima tropical chuvoso;


b) clima seco de mata nativa e savana;
c) Altiplano tropical e clima de montanha.

De uma forma geral, Moçambique pode ser subdividido em duas grandes zonas climáticas:

a) A zona norte do rio Zambeze;


b) A zona sul do rio Zambeze.

Figura 3: Zonas climáticas de Moçambique: 1: clima de chuvas tropical; 2:clima seco de


mata nativa e savana; 3: clima tropical altiplano; 4: clima de montanha.

Fonte: Lachelt, (2004)

Sendo os factores climáticos elementos que interferem directamente nas condições climáticas
de determinado local, os principais factores do clima do Território moçambicano são que eles
estão relacionados com altitude, latitude, Continentalidade e correntes marítimas.
4.1. Latitude

Está relacionada à noção de que as regiões mais próximas à Linha do Equador, ou seja, as de
baixa latitude, tendem a ter um aumento de temperatura na maior parte do ano 1. E as regiões
mais distantes da Linha do Equador tendem a apresentar temperaturas mais baixas. Por isso
que, em países como o Canadá ou a Rússia, faz mais frio do que no Brasil ou na Arábia
Saudita.

A temperatura do ar diminui cerca de 0,6º c em cada 100m. A diferença de Altitude vai


influenciar as temperaturas das regiões para regiões.

As regiões mais fresca são de Planaltos e Montanhas, enquanto que as regiões com
temperaturas elevadas é Província de Tete nas regiões baixas de Planície, ela influi na
estabilidade térmicas.

4.2. Altitude

Ayoade (2014), explica que:

Nas regiões de maior altitude, como montanhas muito altas, tendem a ter uma
temperatura mais baixa do que regiões mais próximas ao nível do mar. Tem uma
relação muito forte com a pressão atmosférica, ou seja, onde está mais próximo do
nível do mar será menos frio; onde está mais distante, será mais frio (p. 64).
Em outras palavras, a medida que a altitude aumenta a temperatura diminui, pois em altitudes
mais elevadas a presença de gases atmosféricos que absorvem calor é menor. De modo geral,
a temperatura diminui 6,5° a cada 1 Km.

Figura 4: altitude que aumenta e diminui a temperatura.

Fonte: Macário, (2016, p. 39).

A maior parte do território moçambicano situa – se na zona Intertropical, por isso, clima do
tipo tropicais. O trópico de Capricórnio atravessa esse território na sua parte Sul das
Províncias de Inhambane e Gaza, ficando apenas pequena parte deste território ao Sul do
1
Mendonça, F. (2017). Climatologia: noções básicas e climas no Universo. São Paulo: Oficina de textos.
referido Trópico, isto é, na dita Temperada do Sul que no entanto, em Moçambique devido a
influência de diversos factores com destaque da Corrente quente do canal de moçambique tais
territórios não possuem climas Temperados, mas sim um clima Tropical.

Em termos de Latitude nota- se a diminuição quase gradual da humidade e das precipitações


do Norte para Sul, não só devido ao factor Altitude, mas também da própria Latitude. Os
índices de maior secura registam- se no interior das províncias de gaza e Inhambane e em
particular na região de Pafúri (localidade),no interior da fronteira de Gaza próximo entre os
paralelos 22º 15” e 23º 00” de Latitude Sul, isto é, próximo e a Norte do Trópico de
Capricórnio, uma região de relevo de Planaltos médios de 200 – 500m de altitude e a cerca de
400 km do Litoral.

4.3. Continentalidade

Para maior parte do território moçambicano a continentalidade é um factor de menor


significado pois que as influências negativas deste factor no interior são separados pelo factor
altitude. De facto, a medida que a continentalidade aumenta ou seja, a medida que se caminah
do litoral para o interior a altitude aumenta, e o aumento da altitude significa aumento da
pluviosidade.

As regiões do País com maior continentalidade são as do norte que entretanto como se referiu
neles, predominam altos planaltos e montanhas. As únicas regiões onde se faz sentir os efeitos
negativos da continentalidade é o interior de Gaza (Localidade de Pafúri), bem como no Sul
da província de Tete e Norte da Província de Manica. Nestas regiões predominam climas
tropicais secos e tropical semi – áridos.

A regularidade do efeito da continentalidade está patente nas Províncias de Inhambane e Gaza


que se manifestam pela diminuição da humudade e pluviosidade de Leste para Oeste.
Enquanto isto, nos restantes pontos do País não se observam nenhuma regularidade espacial.

4.4. Correntes Marítimas (Corrente Quente de Canal de Moçambique)

Esta corrente tem como origem o avanço ou continuação da corrente Equatorial Sul. A
corrente quente do canal de Moçambique movimenta águas mornas que libertam bastante
vapor de água que por conseguinte é levado ou arrastado pelos ventos para a costa
moçambicana onde após origina abundantes precipitações.

A corrente não só aumenta a quantidade de precipitação em toda costa, mas também eleva a
temperatura do ar cuja evidência tem maior significado nas regiões costeiras a Sul do tr’opico
de Capricórnio como se referiu anteriormente pois que na ausência da influência destes
ventos, as temperaturas médias anuais das mais a Sul do Trópico de Capricórnio seriam

4.5. Distribuição geográfica dos tipos de clima em Moçambique e suas Características

Moçambique possui um clima quente, dado que praticamente durante todo o ano se registam
temperaturas médias anuais superiores a 20 oc. Este clima subdivide-se em vários, de acordo
com a quantidade de precipitação e duração da estação chuvosa.

Existem áreas muito chuvosas, secas e muito secas. Assim, o clima é quente, mas pode ser
chuvoso ou seco, dependendo da quantidade de precipitação que cai durante o ano, aliando a
isso a duração da estação chuvosa.
Tendo em conta estes factores, chegamos á conclusão que Moçambique possui os seguintes
tipos de clima: tropical húmido, tropical seco, tropical de altitude e tropical semiárido.

Tabela 1: características dos climas em Moçambique.

Clima Localização Temperatura Precipitação, P


(oC) (mm)
Tropical Norte (à excepção Temperaturas altas 800 < p < 1000
húmido das zonas (> 20 oc) mm
montanhosas), Estação chuvosa
Sofala e litoral sul maior que a seca
durante 7 a 8
meses
Tropical seco Sul de Tete e Temperaturas altas 300 < P < 800 mm
interior do sul do (> 20 oC) Estação chuvosa
Save Grandes menor que a seca
amplitudes durante 4 a 5
térmicas meses
Tropical de Zonas Temperatura entre P ≤ 300 mm
altitude montanhosas 18 e 20 oC. Seca Chove muito;
durante 7 a 9 Estação chuvosa
meses maior que a seca
Tropical Pafúri, em Gaza, Temperaturas altas P ≤ 300 mm
semiárido junto à fronteira. (24o a 26 oC). Chove muito
Grandes pouco;
amplitudes Estação chuvosa
térmicas. muito menor que a
seca durante 2 a 3
meses.

 Clima Tropical Húmido: As temperaturas médias anuais variam entre 24º - 26º c e
as precipitações cerca de 1000 1400mm de pluviosidade.
 Clima Tropical Seco: As temperaturas médias anuais acima dos 20º c e as
precipitações inferior á 60 mm.
 Clima Tropical Semí – Árido: As temperaturas são elevadas acima de 26º c e á
escassez de precipitações.
 Clima Modificados pela Altitude: São regiões mais frescas e mais pluviosas, as
temperaturas médias anuais são menores a 22º c, e nas regiões de montanhas mais
inferior a 18º c. as precipitações são abundantes (1400 – 2000mm).
Segundo o Critério Arcaico, a Classificação Climática de Moçambique é:

 Quanto a Temperatura do Ar (Clima quente), valores médios anuais maoires á 20º


c em todos os locais com excepção de Espungabera, Furangungo e Lichinga onde é
“Temperado” com valores médios anuais entre 10º - 20º c a “Oceânico”, com
amplitude anual inferiores ‘a 10º c em todos locais.

 Quanto a Humidade do Ar – é Clima Seco, com valores médios anuais entre 55 –


75% em todos locais, excepto no litoral da Beira, Quelimane, Lichinga, mocimboa da
Praia, onde é húmido, com valores médios anuais entre 75 – 90%.

 Quanto a Precipitação – é clima Chuvoso com valores médios anuais entre 500 –
1000mm em todos locais, excepto Pafúri onde é Semí – Árido, com valores médios
anuais de 250 – 400mm.

Bibliografia

Afonso, R. S., Marques, J. M. & Ferrara M. (1998). A Evolução Geológica de Moçambique.


Instituto de Investigação Científica Tropical – Lisboa, Direcção Nacional de Geologia,
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Armindo, A. (2014). Geografia de Moçambique I. Beira. Moçambique: UCM.

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Lächelt, S. (2004). Geology and Mineral Resources of Mozambique. Ministério dos Recursos
Minerais e Energia, Direcção Nacional de Geologia, Maputo, Moçambique..
Macário, M. (2016). Climatologia. São Paulo. Departamento de Geografia/ FFLCH/USP.
Muchangos, A. Dos, (1999). Moçambique, Paisagens e Regiões Naturais. (2ª ed.). Maputo.

Santos, C. (2006). Tempo e Clima em Moçambique: Ciclones e Ciclogênses. São Paulo:


Oficina de Textos.

Steinke, E. T. (2012). Climatologia Fácil. São Paulo: Oficina de Textos.

1. A Hidrogeografia de Moçambique

Mendonça (2017), refere que:

Hidrografia é ciência físico-geográfica que estuda os componentes da hidrosfera, as


características de cada um deles e das massas líquidas em geral, e a relação que estabelecem
com outros componentes da geosfera. Esta ciência tem como objecto de estudo os fenómenos
que têm lugar na hidrosfera, que correspondem as águas continentais superficiais (rios e
lagos) e subterrâneas (lençol isto é, o estudo das particularidades geográficas da camada
líquida da freático) e aos oceanos – Terra (p. 32).

A hidrografia é a ciência que estuda a hidrosfera ou seja as águas continentais (rios, lagos,
lagoas e pântanos), águas subterrâneas e águas marítimas. Bacia hidrográfica é o conjunto
formado pela rede hidrográfica e os terrenos drenados, pelo rio principal.

Figura1: Esquema de uma bacia hidrográfica.

Fonte: Mendonça (2017, p. 32)


A Maior parte dos Rios Moçambicanos nascem nos Países vizinhos do Oeste em Regiões de
Montanhas e Planaltos, e por causa desta disposição das formas do relevo entra no País e
corre no sentido geral Oeste – Este, desaguando no Oceano Índico.

Devido a forma e carácter do relevo os rios atravessam vários rápidos e formas quedas ao
longo do seu percurso o que tornam poucos navegáveis.

De acordo com Armindo (2014), refere que;

Na região norte e centro ocidental em regiões de rochas do pré – cambrico, isto é, rochas
consolidadas, os rios desenvolvem uma erosão vertical escavando profundos vales em forma
de “V”, associado a velocidade das águas, possuem elevado potencial hidroélectrico. na
região centro oriental e em regiões de rochas mais recentes, com material pouco consolidadas
os rios correm em regiões de planícieis onde formam leito e vales mais largos e ao longo do
seu trajecto apresentam meandros. o potencial hidroeléctrico dos rios muito baixo, mas
existem condições para retenção da água para agricultura (p. 69).

Por Outro Lado As Condições Climáticas De Moçambique Determinam Os Caudais Deste


Rios Ao Longo Do Ano.

Em suma, os principais rios possuem regimes periódicos em contrapartida numerosos


pequenos rios possuem regimes sazonal.

1.1. As Principais Bacias Hidrográficas de Moçambique

Da rede hidrográfica moçambicana podem destacar-se algumas bacias, como, por exemplo,
deslocando de Norte – Sul encontramos cinco (05) Bacias Hidrográficas, a saber: Rovuma,
Lúrio, Zambeze, Save e Limpopo, entre outras.

1.1.1. Bacia Do Rovuma

Armindo (2014), sustenta que;

O rio Rovuma nasce no planalto de Ungone, na Tânzania, tocando no território moçambicano


a 600 km de altitude, passando a constituir a fronteira setentrional numa extensão de 630km.
A Bacia Hidrográfica em território nacional é de 101.160 km2, sendo na maior parte do seu
percurso um rio estreito, alargando – se somente ao atingir a planície litoral, onde o rio
desagua em forma de estuário (p. 71).

A princípio o relevo é declivoso, com rápidos, enquanto corta o karroo eo complexo


granítico- gnêissico depois, para jusante de negomano, é de águas mansas, formando ilhotas.
pela margem direita (moçambicana), recebe como principal afluente o rio Lugenda, ou Rieta,
proveniente da lagoa Mtorandenge e que atravessa os lagos Chirua e Chiuta, indo embocar
junto de negomano.

Salientam que se, ainda os subsidiários Messinge, Lucheringo, Chiulegi e Ninga que tem
origem nas terras altas do Niassa e que possuem elevado potencial hidroeléctrico.

1.1.2. Bacia Do Lúrio

Bacia Localizada No Território Nacional. O Rio Lúrio nasce no Monte Malema na Província
de Nampula e desagua na Baia de Malema no Oceano Índico, tem cerca de 605 km de
extensão e é considerado o maior rio que nasce e desagua no território nacional.

A sua bacia hidrográfica é cerca de 60800 km2 e abrangem Provínciais de Nampula, Niassa e
Cabo Delgado. Seus afluentes destacam – se: os rios Nualo, Malema, Lalaua e Muite, na
margem direita e na margem esquerda destacam – se rios muenda, Rurumana, Niorenge e
Moatize.

1.1.3. Bacia do Zambeze

O rio Zambeze tem a sua nascente na República da Zâmbia, no Planalto de Katanga, desagua
no Oceano Índico por um Delta com cerca de 8000 km2. O seu percurso total é de 2700km, e
em Moçambique percorre apenas 850km, tem uma área total da bacia hidrográfica cerca de
1.200.000 km2 e no território nacional agragem apenas 200.000km2, isto é, cerca de 16.6%
da área total (Armindo, 2014, p. 71).

A bacia do Zambeze em Moçambique abragem todas as Províncias de Tete, os territórios


Ocidentais de Niassa, Ocidentais e Sul da Zambézia e Norte de Manica e Sofala.

Seus afluentes destacam – se: Rios Aruângua, Mucanha, Luia, Revibué, chire, Luenha,
Nhamacombe e Zangué, etc. O rio Zambeze e seus afluentes são de regime períodicos.

1.1.4. Bacia do Save

O rio Save nasce no Zimbabwe e no território moçambicano percorre 330km. A Bacia


abragem as Províncias de Manica, Sofala, Gaza e Inhambane e tem cerca de 22575 km2.

É um rio de Planície em território moçambicano com uma bacia de 14 646 km2. A partir da
vila Franca do save, com a moderação do declive, o vale é largo e o rio forma meandros
sobres os seus próprios aluviões. Junto ‘a foz o rio apresenta bancos de areias que dificultam a
navegação mesmo de pequenas embarcações (Ibidem, p. 72).
1.1.5. Bacia do Limpopo

O rio Limpopo nasce na África do Sul e entra no território moçambicano pela localodade de
Pafúri. Sua extensão em Moçambique é de 600 km e uma bacia hidrográfica de 30.000km2.
os afluentes é: os rios Changane, Nuanetze, Chichacuare e Elefante.

1.1.6. Outras Bacias

1.1.6.1. Entre as bacias do Rovuma – Lúrio : bacias do Messalo, Montepuez


e Megaruma

 Rio Messalo, nasce no Planalto Moçambicano, na província de Niassa e desagua a


Norte no Distrito de Macombe. Tem cerca de 530 km de extensão. A sua bacia
hidrográfica é cerca de 24.000 km2.

 Rio Montepuez, nasce a Sudoeste de Balama a cerca de 700 m de altitude, desagua


por um amplo estuário a Sul de Quissanga. Sua bacia situa – se totalmente na
Província de Cabo Delgado com cerca de 15.000 km2. (Macário, 2016).

1.1.6.2. Entre as bacias do Lúrio – Zambeze: as bacias do Mecuburi, Mongicual, Meluli,


Ligonha, Molócue, Malela, Rarara e Licungo.

 O rio Ligonha, com 400 km de extensão, nasce no monte Inago a mais de 1700 m de
altitude. Faz fronteira com as Províncias de Nampula e Zambézia. Mais para o Sul e
sensivelmente alimentados paralelamente ao rio Ligonha e com nascentes localizadas
nas proximidades das montanhas de Namúli, a saber: os rios Molócue e Melela.

 O rio Licungo nasce a cerca de 1650 m de altitude e a sua bacia cerca de 27. 726 km2.

1.1.6.3. Entre as bacias do Zambeze – Save: as bacias do Púngué, Búzi e Gorongosa.

 O rio Púngue, nasce no Zimbabwe e no território moçambicano percorre cerca de 322


km de extensão, a sua bacia é cerca de 28.000km2 e abragem as províncias de manica
e Sofala.

 O rio Búzi, nasce também no território zimbabweano e no território moçambicano


percorre cerca de 320 km, a sua bacia é de 25.600km2 e seu principal afluente é o rio
Révué na Província de manica, com um potencial de amarzenar 2.000.000 m3 e com
uma potência instalada no pé da barragem de 40 MW. (Macário, 2016).

1.1.6.4. Entre as bacias do Save – Limpopo: as bacias de Govuro e Inharrime.


 O rio Govuro nasce a Sul de Mapinhane e percorre no sentido Sul – Norte, devido a
depressão natural da morfologia, e desagua por um estuário a Norte de Inhassouro.
Com um cumprimento cerca de 200km.

Nas proximidades da baía de Inhambane existem numerosos cursos de água com carácter
temporário, a saber: rio Anhanombe, Mutamba e Inharrime.

 O rio Nhanombe nasce no distrito de Homoine, com uma extensão de 60 km e desagua


na baía de Homoine.

 O rio Inharrime não possui caudal e capacidade suficiente para atravessar a barreira
dunar do Litoral e desagua no lago do Inharrime.

1.1.6.5. Entre as bacias do Limpopo – Ponta do Ouro: as bacias do Incomati, Matola,


Umbeluzi, Tembe e Maputo.

 O rio Incomáti nasce na África do Sul e em Moçambique percorre 285 km com uma
bacia com cerca de 14.929 km2. A sua utilização é intensa no seu percurso inferior,
havendo cerca de 30.000ha de terras aluvionares submetidas.

 O rio Umbeluzi nasce na Suazilândia, atravessa a cadeia dos Libombos, a Sul de


Namaacha. Com uma bacia cerca de 2.356 km2.

 O rio Maputo nasce na África e sua extensão no território moçambicano é cerca de


150 km, com uma bacia cerca de 1.570 km2 e desagua na baía de Maputo (Moreira,
2005).

1.2. Características da hidrografia moçambicana

É sabido por todos que, da água que cai da atmosfera, uma certa porção evapora-se, uma outra
escorre pela superfície terrestre e finalmente uma outra parte infiltra-se no solo. As águas que
se infiltram podem ressurgir e fundir-se nas águas superficiais ou incorporar-se nos cursos de
águas subterrâneas ou lençóis freáticos.

As características dos rios moçambicanos dependem muito do clima, da disposição do relevo


e da situação geográfica.

A majoria dos rios são periódicos devido ao clima tropical (duas estações), registando o
máximo do caudal na estação chuvosa (Dezembro a Fevereiro) e o mínimo na estação seca
(Maio a Setembro), mas também existem os rios de regime temporário, cujos cursos sé
aparecem quando chove.
O regime de um rio pode ser representado graficamente através do hidrograma, onde se
colocam, no eixo das ordenadas, os caudais mensais ou os coeficientes mensais do caudal
(obtém-se dividindo os caudais mensais pelo caudal médio anual ou módulo do rio) e, no eixo
das abcissas, os meses. O regime depende de numerosos factores em interconexão - o solo, a
vegetação e o clima, o regime da precipitação e a sua distribuição ao longo do ano fazem
variar o caudal (Nonjolo e Ismael, 2017).

Devido ao relevo disposto em escadaria, os rios moçambicanos têm características várias:

 Correm de este para oeste;

 A maioria dos rios mais importantes nasce nos países vizinhos (Rovuma, Zambeze,
Púnguè, Save, Limpopo, Incomáti, Umbelúzi e Maputo).

 Como a região sul se apresenta sob a forma de planície não se registam cataratas,
quedas ou vales profundos. Pelo contrário, os rios atravessam vales largos e pouco
profundos, o que facilita as inundações.

 São pouco navegáveis devido à sua pequena profundidade. Eles formam também
meandros nas planícies.

 A sul, devido ao terreno arenoso, regista-se uma grande infiltração.

 No centro e norte, os rios correm em vales profundos em forma de «V», atravessando


muitas quedas e rápidos, escavando gargantas profundas. Nestas regiões, devido ao
relevo, possuem um grande potencial hidroeléctrico.

 Devido a estas características, os rios moçambicanos são pouco navegáveis.

Devido a estas características, os rios moçambicanos são pouco navegáveis.

1.3. Importância das principais bacias hidrográficas de Moçambique

Tabela 1: Principais barragens e sua utilidade

Nome Rio Cidade próxima Objectivo

Pequenos Libombos Umbelúzi Maputo Abastecimento urbano, irrigação

Corumana Sabié Moamba Irrigação e produção de energia

Macarretane Limpopo Chókwè Irrigação


Massingir Elefantes Chókwè Irrigação e produção de energia

Mavuzi Revué Chimoio Produção de energia

Chicamba Revué Chimoio Abastecimento urbano, produção


de energia

Chimoio Mezingaze Chimoio Abastecimento urbano

Cahora Bassa Zambeze Tete Produção de energia

Nampula Monapo Nampula Abastecimento urbano

Nacala Muecula Nacala Abastecimento urbano

Chipembe Montepuez Montepuez Irrigação

Locumue Lucheringo Lichinga Abastecimento urbano

Fonte: Nonjolo e Ismael, (2017).

Uma cheia inicia-se, em geral, de uma forma brusca e termina lentamente, corresponde a uma
verdadeira onda que se propaga de montante para jusante, a uma maior ou menor velocidade.

Bibliografia consultada

Armindo, A. (2014). Geografia de Moçambique I. Beira. Moçambique: UCM.

Macário, M. (2016). Introdução a Geografia. São Paulo. Departamento de Geografia/


FFLCH/USP.

Mendonça, F. (2017). Principais Bacias Hidrográfica do Mundo. São Paulo: Oficina de


textos.

Moreira, M. E. (2005). Adinamica dos sistemas litorais do sul de Mocambique Durante os


ultimos 30 anos. Finisterra.

Nonjolo, L. A.; Ismael, A. I. (2017). G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo.
1. Diferença entre Género e papéis de género
Quanto ao género, este é entendido por Serpa (2011). como “a individualidade do homem e da
mulher a nível social, psicológico e também cultural” (p. 11).

Ribeiro (2003), dá uma definição de género um pouco mais completa, afirmando que “o termo
género é usado para descrever inferências e significações atribuídas aos indivíduos a partir do
conhecimento da sua categoria sexual de pertença. Trata-se, neste caso, da construção de
categorias sociais decorrentes das diferenças anatómicas e fisiológica” (p. 12).

Quando falamos de género, falamos entre outros aspectos da identidade de género, da orientação
sexual e também dos papéis de género, mas estes aspectos estão relacionados com os
comportamentos que homens e mulheres adoptam no seu dia-a-dia, pois é a junção destes factores
que resultam nas expectativas que a sociedade tem para cada género e que são socialmente
aceites.

O Género refere-se aos papéis do homem e da mulher, predefinidos, numa determinada


sociedade, num certo período de tempo. As relações de género reflectem concepções de género
interiorizadas por homens (=masculinidade = o que significa ser homem numa sociedade) e
mulheres (feminilidade= o que significa ser mulher numa sociedade) (Tencler e Laissone, 2016, p.
20).

A masculinidade é o conjunto unitário da identidade, atitudes e comportamentos considerados


masculinos. A “feminilidade” é o conjunto da identidade, atitudes e comportamentos considerados
femininos.

Em Moçambique o conceito género, continua a ser um conceito para representar realidades


sociais, no entanto a sinonímia género e indivíduos do sexo feminino é resultante da possibilidade
de não incluir indivíduos de sexo masculino não pela sua inexistência, mas condicionada por um
lado por interesses e afinidades dos pesquisadores, em relação as abordagens teóricas em torno da
questão de género, influenciados pelo multiculturalismo e por outro por condicionalismos de
financiamentos, que favorecem a avaliação e legitimação da sinonímia em análise.

Se falarmos de sexo, pensaremos imediatamente num atributo biológico. Quando nasce uma
menina, sabemos que, quando ela crescer, será capaz de ter filhos/as e amamentá-los/as.
Entretanto, segundo a socióloga Teresa Citellli, o facto de a mulher ser, desde cedo, estimulada a
brincar com bonecas e ajudar nos serviços domésticos, por exemplo, não tem nada a ver com o
sexo, mas sim com os costumes, as ideias, as atitudes, as crenças e as regras criadas pela
sociedade, em que ela vive. A partir da diferença biológica é que cada grupo social constrói, em
seu tempo, os papéis, comportamentos, direitos e responsabilidades de mulheres e homens.

O destino de identidades e actividades como a separação dos âmbitos de acção para homens e
mulheres, que estão valorizados de forma diferente, é a expressão social da desigualdade. Desta
valorização desigual surge um acesso também desigual ao poder e aos recursos, o que hierarquiza
as relações entre homens e mulheres.

Diante disso, o género constitui uma realidade complexa, não podendo, portanto, ser considerado
um conceito fixo (Carloto, 2001), mas constantemente redefinido pelos indivíduos em situações
na qual se encontram e que acabam por compor-se em momentos históricos. De fato, quase
sempre as mulheres são cerceadas em suas necessidades e capacidades em função da diferença
sexual.

1.1. Os Papeis de género


Homens e mulheres desempenham papéis diferentes, na sociedade.

Tradicionalmente, os homens são conduzidos à condição de provedor da família, sentindo-se


obrigados ao trabalho fora de casa, enquanto as mulheres sentem necessidade de ficar junto aos
filhos, não sendo fundamentalmente uma condição da natureza do sexo. Este autor diz que tais
idéias são meras construções sociais, procurando justificar o domínio do homem sobre a mulher.
Assim, a mulher, ingenuamente, acredita que seu lugar mais importante é o lar, que nasceu para
ser mãe, que deve sacrificar-se pelos filhos e ser fiel ao marido.

Quanto a essa isso, Chiziane (2007), acrescenta:

Até na Bíblia a mulher não presta. Os santos, nas suas pregações antigas, dizem que a mulher
nada vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonte de todas as discussões, querelas e
injustiças. É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas,
encurraladas em haréns como gado, é porque não fazemos falta nenhuma. Mas se não fazemos
falta nenhuma, porque é que Deus nos colocou no mundo? E esse Deus se existe, por que nos
deixa sofrer assim? O pior de tudo é que Deus parece não ter mulher nenhuma. Se ele fosse
casado, a deusa, sua esposa, intercederia por nós. Através dela pediríamos a bênção de uma vida
de harmonia. Mas a deusa deve existir, penso. Deve ser tão invisível como todas nós. O seu
espaço é, de certeza, a cozinha celestial” ( p. 43).

Assim, de acordo com Favaro (2007):

Antigamente a mulher ocupava um lugar fundamental, através do papel da maternidade o qual se


constitui como a sua identidade principal, impulsionada, num primeiro momento, por interesses
políticos e sociais, que se fizeram presentes, ao longo dos séculos, através da entrada em cena, por
exemplo, da medicina higienista. A mulher é colocada como um elemento agregador
imprescindível, sem o qual a unidade familiar não sobrevive (p, 63).

O homem, por sua vez, neste contexto, sempre encontrou dificuldade para separar sua
individualidade das funções de pai. Manteve-se protegido no silêncio comprometedor de toda a
possibilidade de diálogo com a família, especialmente com os filhos.

Pode-se afirmar que a mulher de hoje tem uma maior autonomia, liberdade de expressão.

A mulher do século XXI deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar diferente tanto familiar
e social, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando voz ativa a seu senso
crítico. Adquiriu poder financeiro e de comando(ordens), função antes só realizada pelo
marido(Homem). Deixou-se de acreditar numa inferioridade natural(força) da mulher diante da
figura masculina nos mais diferentes âmbitos da vida social.

Hoje as mulheres não ficam apenas restritas ao lar e à família (como donas de casa), mas
comandam escolas, universidades, empresas, , países. Dessa forma, a família moderna muda suas
características da antiguidade e diminuem expressivamente com o grau de independência da
mulher no mundo moderno.

Ambos os sexos são capazes de qualquer função, sendo possível discorrer que não é a natureza,
mas a sociedade que impõe à mulher e ao homem certos comportamentos e normas distintas. O
ser humano nasce sexualmente neutro em atribuições e o meio social em que vive determina os
papéis masculinos ou femininos, instituindo assim o género, isto é, hierarquias socialmente
constituídas.

Bibliografia
Carloto, M. (2011). Género, violência e sofrimento. Antropologia em Primeira Mão.
Florianópolis.

Chiziane, P. (2007). Niketche. (5ª ed,). Editora Ática. SP.

Favaro, G. R. (2007). Género, sexualidade, cultura e educação: uma perspectiva pós-


estruturalista.( 3 ed.). Petrópolis, RJ: Vozes

Gomes, F. Resende, H. (2004). Estudos de género: uma sociologia feminista. UFRJ. Brasil.

Ribeiro, M. I. M. (2003). Género: entre conceito e realidades. Uma Abordagem ao Contexto


Moçambicano. Faculdade de Letras, UEM-UFCS, Curso de Antropologia, Maputo.

Serpa, S. (2011). Papéis de género no 1.º ciclo do ensino básico: promover a igualdade de
oportunidades”. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade dos Açores.

Tengler, H., Laissone, P. E. (2016). Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reproductiva, Género e
HIV&SIDA. Beira. Moçambique: UCM.

Gravides indesejada: Noções básicas

Gravidez indesejada continua sendo um problema importante de saúde pública. Em todo o


mundo, anualmente, 74 milhões de mulheres vivendo em países de rendas baixa e média
engravidaram sem intenção. O quadro causou 25 milhões de abortos em condições inseguras e
47 mil mortes maternas.

De a cordo com Brito e Alves (2008), a gravidez indesejada ou simplesmente não planejada é
aquela não programada pelo casal ou pela mulher. Pode ser indesejada, quando se contrapõe
aos desejos e às expectativas do casal, ou inoportuna, quando acontece em um momento
desfavorável (p. 32)

Quando uma gravidez não planejada acontece, há um impacto importante na oferta de


cuidados de pré-natal, na orientação sobre aleitamento materno, no estado nutricional da
criança e nas taxas de morbimortalidade materno-infantil. Além de representar risco
aumentado de ansiedade e depressão, sobretudo no período puerperal

O conceito de gravidez não planejada é importante para se estabelecer estratégias de


promoção da capacidade da mulher e /ou do casal optar por ter ou não filhos, e quando tê-los.

Prietsch et al. (2011), refere que‫׃‬

Anualmente, cerca de 80 milhões de mulheres no mundo têm uma gravidez não planejada,
número que aumenta a cada década. Tal fato é relacionado aos crescentes casos de
abortamentos e risco de morbidade e mortalidade ligados ao aborto. Importante destacar que a
problemática da gravidez não planejada, atinge as diversas classes socioeconómicas e faixas
etárias em idade fértil (10 a 49 anos), desde mulheres muito jovens até as mais maduras, que
por uma série de circunstâncias não estão preparadas para tal (p. 21).

Ressalta-se o impacto dessa condição no momento da adolescência. A decisão sobre a hora


certa de engravidar está relacionada ao direito básico que todas as mulheres devem ter sobre a
sexualidade.

As consequências sociais da gravidez indesejada

De acordo com Brito e Alves (2008), a gravidez não planejada traz uma série de mudanças:

 Alterações no corpo;

 Mudanças na casa e na rotina;

 Aumento dos cuidados com a saúde, até porque o pré-natal é fundamental para
preservar as vidas da mãe e do bebê.

Além disso, a falta de planejamento da gravidez pode levar a situações mais graves, por
exemplo:

 Interferir no estabelecimento do vínculo com o bebê;

 Interferir na decisão de amamentar;

 Aumentar a chance de a mulher desenvolver depressão pós-parto.


Importa referir que, ainda no caso da falta de intenção, existem riscos de saúde para a mãe e o
bebé como desnutrição, doenças, negligências e até mesmo a morte. A gravidez sem propósito
também leva a ciclos de alta fertilidade, mina potenciais de educação e emprego e conduz à
pobreza.

No caso da falta de intenção, existem riscos de saúde para a mãe e o bebé como desnutrição,
doenças, negligências e até mesmo a morte. A gravidez sem propósito também leva a ciclos
de alta fertilidade, mina potenciais de educação e emprego e conduz à pobreza. Todos
desafios que podem se espalhar por gerações.

Consequências da gravidez não-planejada na adolescência

De a cordo com Conceicao (2016):

a gravidez na adolescência constitui um provável elemento desestruturador desta fase da vida.


Além disso, complicações na gestação e parto têm sido a principal causa de morte de
adolescentes entre 15 e 19 anos em diversos países no mundo. Há maior probabilidade de
óbito entre mães adolescentes, quando comparados àquelas com idade superior a 20 anos (p.
41)

As adolescentes têm maior risco de uma gravidez não planejada devido a factores
socioeconómicos, que dificultam o acesso a contraceptivos e às informações sobre
sexualidade. Além disso, a adolescência é um período propenso a desafios e novas
descobertas. É muito comum os adolescentes pensarem que tudo pode acontecer com os
outros, não com eles.

Como qualquer fenómeno pode ter seus efeitos negativos, esse tipo de gravidez em
adolescentes não foge dessa realidade, pois a sua ocorrência arrasta um conjunto de males
quer no seio individual (a própria rapariga), na família, saúde e educação.

Ter um filho nesta fase da vida pode trazer alguns prejuízos ao corpo da mãe, que pode não
estar completamente formado, ou seja, não está pronto para gerar um bebé. Além das
transformações biológicas e psicológicas, a gravidez não planejada na adolescência é a razão
de muitas evasões escolares.

Taborda et al (2014), defendem que

a gravidez na adolescência gera consequências imediatas no emocional dos jovens


envolvidos. Alguns sentimentos experimentados por estes jovens são: medos,
insegurança, desespero, sentimento de solidão, principalmente no momento da
descoberta da gravidez […] a gestação na adolescência é classificada como de risco,
pois representa uma situação de risco biológico (tanto para as mães como para os
recém-nascidos), e existem evidências de que este fenómeno ainda repercute
negativamente nos índices de evasão escolar (tanto anterior como posterior à
gestação), impactando no nível de escolaridade da mãe, diminuindo suas
oportunidades futuras (p. 2).
A gravidez prejudica as possibilidades das meninas exercerem seus direitos à educação, saúde
e autonomia […] Por outro lado, verifica-se a perca de auto-estima, limitação de
oportunidades de progressão económica e social.

O planeamento familiar como alternativa anti-gravidez indesejada

O planeamento familiar é um elemento primordial na atenção primária à saúde, onde


mediante estratégias individuais e colectivas utilizadas pelos profissionais de saúde orientam
as pessoas que buscam tais serviços, oferecendo-lhes informações necessárias para a escolha e
uso efectivo dos métodos contraceptivos que melhor se adaptem às suas condições.

Para adoptar um método contraceptivo de forma livre e informada, o individuo


precisa ter conhecimento de cada método disponível. Para que isso aconteça é
necessário sensibilizar continuamente a população. Os mais orientados pelo
programa de planeamento familiar são os métodos de barreiras, como os
preservativos masculino e feminino. Os métodos hormonais, que são os
contraceptivos orais e injectáveis; e métodos definitivos: laqueadura tubária e
vasectomia (Zunta e Barreto, 2014).

Nessa direcção, destaca-se a relevância de programas de educação sexual no sentido de


reduzir a prevalência de gravidez não planejada, minimizando o seu impacto em toda a
sociedade

Bibliografia consultada

Brito, C. N; Alves S. V. (2008), Depressão pós-parto entre mulheres com gravidez não
pretendida. (2ª ed.). São Paulo.

Conceicao, S. P. (2016). Influência da gravidez não planejada no tempo de aleitamento


materno. Rio de Janeiro: Esc. Anna Nery.

Prietsch, S. O; González, C; Cesar, J. A; Mendoza-Sassi, R. A. (2011). Gravidez não


planejada no extremo Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. (4ª ed.). Rio de
Janeiro:UFRJ.

Taborda, J. A. et al. (2014). Consequências da gravidez na adolescência para as meninas


considerando-se as diferenças socioeconómicas entre elas, Rio de Janeiro.
Zunta R.S.B; Barreto E. S. (2014). Planejamento familiar: critérios para a escolha do método
contraceptivo. (9ª ed.). São Paulo: Papirus.

Aconselhamento e testagem em Saúde: Definições Básicas

O aconselhamento em saúde envolve a comunicação entre um profissional de saúde e um


indivíduo, onde são discutidas questões relacionadas à saúde, como hábitos de vida saudáveis,
prevenção de doenças, tratamentos e cuidados específicos.

O aconselhamento é o momento onde emerge a responsabilidade individual com a


prevenção e a sua abordagem reforça o compromisso colectivo e o ideal de
solidariedade, ingredientes indispensáveis na luta contra a AIDS. A inserção do
aconselhamento e do diagnóstico do HIV na rotina dos serviços da rede básica de
saúde implica em uma reorganização do processo de trabalho da equipe e do
serviço como um todo. Requer uma atenção para o tempo de atendimento,
reformulações de fluxo da demanda, funções e oferta de actividades no serviço,
(Tengler & Laissone, 2015).

O profissional de saúde fornece informações, orientações e suporte emocional, ajudando a


pessoa a tomar decisões que sejam adequadas às suas necessidades e circunstâncias.

De acordo com Galvão (2000):

A testagem em saúde é fundamental para o diagnóstico precoce e tratamento de


doenças. Através do teste, é possível identificar precocemente condições de
risco e iniciar o tratamento adequado, aumentando as chances de recuperação e
reduzindo o impacto negativo da doença. Além disso, a testagem em saúde
também contribui para a prevenção, pois permite a identificação de pessoas
infectadas que podem transmitir a doença sem saber, possibilitando a adoção
de medidas de prevenção e controle (p. 17).

O Aconselhamento e Testagem em Saúde (ATS) é actualmente compreendido como uma


estratégia através da qual a população em geral possa conhecer o seu estado de saúde em
relação a certas condições, com maior ênfase para o HIV.

O Aconselhamento e Testagem em Saúde é recomendável para enfrentar a severa situação de


crescimento das epidemias, maior ênfase em estratégias que dêem oportunidade de
conhecimento do estado serológico para a expansão do tratamento e cuidados (Jardim, 2013,
p. 52).

Objectivos e benefícios do aconselhamento e testagem em Saúde

 Aumentar o acesso e a cobertura dos ser‐ viços de aconselhamento para doenças


comuns ou situações de saúde que requeiram atenção como: Malária, TB, HIV,
Diarreia, ITS, Saúde Reprodutiva, Hipertensão, Epilepsia, Doenças da Pele, Nutrição e
Higiene Pessoal e Ambiental;
 Aumentar a cobertura do aconselhamento e testagem;
 Reduzir comportamentos de risco, através de educação para saúde;
 Contribuir para a formação de grupos de apoio às pessoas que vivem com doenças
crónicas;
 Contribuir para a redução do estigma e discriminação associadas a algumas doenças
como: TB, Epilepsia, HIV e outras.
 Permitir aos pacientes conhecer o seu esta‐ do serológico e assim reduzirem sua
exposição ao risco de re-infecção e infecção e;

estimular os utentes seronegativos a buscarem estratégias de prevenção tendentes a reduzir a


exposição à infecção pelo HIV.

Tipos de Aconselhamento e Testagem em Moçambique

 Aconselhamento e Testagem Iniciado pelo Utente (ATIU): Oferecido nas Unidades


de ATS e nas Comunidades (ATSC).
 Aconselhamento e Testagem Iniciado pelo Provedor de Saúde (ATIP): Oferecido
nos serviços de saúde como parte de rotina dos cuidados de saúde ou para o
diagnóstico em pacientes com sinais e sinto‐ mas sugestivos de infecção pelo HIV.

Importância do ATS
O aconselhamento e a testagem em saúde desempenham um papel fundamental na promoção
da saúde, prevenção de doenças e no tratamento de condições médicas.

Dias e Silva (2010)‫׃‬

O aconselhamento e a testagem em saúde são pilares fundamentais para a


promoção de uma vida saudável e bem-estar geral. Essas práticas não apenas
identificam problemas de saúde, mas também capacitam as pessoas a tomar
decisões informadas e activas para melhorar sua qualidade de vida (p. 54)

Essas práticas são vitais para garantir a conscientização, detecção precoce e manejo eficaz de
várias condições de saúde.

De acordo com Francis (2012), o aconselhamento e testagem em saúde é importante visto que
promove a:

 Detecção Precoce de Doenças: O aconselhamento e testagem permitem a


identificação precoce de doenças, possibilitando tratamento e intervenções mais
eficazes. Isso é especialmente crucial em casos de doenças crónicas, como diabetes,
hipertensão e câncer, onde o diagnóstico precoce pode aumentar significativamente as
chances de sucesso no tratamento.
 Prevenção e Promoção da Saúde: Essas práticas ajudam a prevenir doenças através
da conscientização e da adopção de comportamentos saudáveis. Testes de
rastreamento e aconselhamento podem educar as pessoas sobre os fatores de risco e
incentivar mudanças de estilo de vida que minimizam a probabilidade de
desenvolvimento de doenças.
 Redução do Estigma: No caso de doenças estigmatizadas, como o HIV, a testagem e o
aconselhamento oferecem um ambiente seguro para as pessoas se informarem,
receberem apoio emocional e tomarem decisões informadas sobre sua saúde.
 Tomada de Decisão Informada: O aconselhamento ajuda os indivíduos a entenderem
suas opções de tratamento e a fazerem escolhas informadas sobre suas opções
médicas. Isso é especialmente relevante em situações em que há várias abordagens de
tratamento disponíveis.
 Prevenção de Transmissão de Doenças: A testagem pode desempenhar um papel
crucial na prevenção da transmissão de doenças infecciosas, como DSTs (doenças
sexualmente transmissíveis) e infecções virais como o HIV. Identificar as pessoas que
são portadoras dessas doenças permite que intervenções sejam implementadas para
evitar sua disseminação.
 Apoio Psicossocial: O aconselhamento oferece apoio emocional aos indivíduos que
estão enfrentando preocupações de saúde. Isso pode melhorar sua qualidade de vida,
reduzir o estresse e aumentar a adesão ao tratamento.
 Monitoramento de Tratamento: A testagem periódica é essencial para monitorar a
eficácia do tratamento e ajustá-lo conforme necessário. Isso garante que os pacientes
estejam recebendo os cuidados apropriados e que os resultados do tratamento sejam
alcançados.
 Saúde Pública: A testagem em larga escala pode fornecer dados valiosos para as
autoridades de saúde pública. Isso ajuda a identificar tendências de doenças, planejar
intervenções e alocar recursos de forma mais eficaz.
 Oferece medidas preventivas e cuidados sobre várias doenças num único local
 Ensina as pessoas a adquirir vida saudável
 Reduz estigma e discriminação do doente
 Reduz mitos e crenças prejudiciais a saúde do indivíduo

O aconselhamento e a testagem em saúde desempenham papéis essenciais e interconectados


na busca pela saúde e bem-estar (Pinto, 2007).

No nível individual, eles capacitam as pessoas a tomar decisões informadas sobre sua saúde,
promovendo a conscientização sobre riscos, opções de tratamento e práticas de autocuidado.
Além disso, proporcionam apoio emocional e psicológico, ajudando os indivíduos a enfrentar
desafios médicos e a aderir a planos de tratamento

Bibliografia consultada

Dias, F. L e Silva, K. L. (2010). Riscos e vulnerabilidades relacionados à sexualidade na


adolescência. UERJ, Rio de Janeiro. (5ª ed.). São Paulo – paulos.

Francis, G. (2012). Infecções sexuais e medidas preventivas. (1ª ed.). São Paulo: UFSP.

Galvão, P. V. (2000). Doenças Fatais para o Homem . (s/ed). São Paulo – paulos.

Jardim, F. A. (2013). Doenças sexualmente transmissíveis. (3ª ed.). Paulo, Brasil.

Pinto, E. O. (2007). Conhecendo o HIV/SIDA. (3ª ed.). Rio de Janeiro: UFRJ.

Tengler, H., Laissone, P. E. (2016). Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reproductiva,


Género e HIV&SIDA. Beira. Moçambique: UCM.
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1. Constituição geológica de Moçambique

A estrutura geológica de Moçambique é resultado da interacção de vários processos,


sobretudo os endógenos (internos) e exógenos (externos), que se fizeram sentir e ainda
sentem-se na actual região da África Austral, onde Moçambique faz parte.

As formações geológicas do território Moçambique, interligam com as do continente


africano.

Do ponto de vista geológico, Moçambique apresenta duas grandes unidades geológicas que
esta divisão corresponde á duas grandes Eras geológicas da história da Terra que
manifestaram de forma expressiva no nosso território, a saber:

 Pré-câmbrico com uma superfície cerca de 534. 000 Km2

 O Fanerozoico, com uma área aproximadamente á 237.000 Km;

1.1.1. O Pré-câmbrico

De acordo com Afonso, Marques, & Ferrara M. (1998):


Pré-câmbrico– é uma unidade geológica constituída por rochas mais antigas formadas há mais
de 600 milhões de anos. Esta formação ocupa uma superfície de 534 mil km2 , equivalente a
2/3 do território nacional, apresentando sua maior expressão nas regiões Centro e Norte de
Moçambique (p. 21).

Em Moçambique o Pré-câmbrico divide-se em duas sub-unidades ou partes que são:

1. Pré-Câmbrico inferior ou arcaico e;

2. Pré-câmbrico superior ou Cinturão de Moçambique (Mozambique Belt).

 O Pré-câmbrico Inferior/Arcaico

É representado pelo Cinturão de Zimbabwe que enquadra o sistema de Manica e localiza – se


na Província de Manica e é constituído pelas formações de Macequece e de N′beza e Vengo.
Litologicamente é constituído por rochas metamórficas de origem magmáticas e sedimentares.

 O Pré-câmbrico Superior/ Cinturão de Moçambique

É constituído por formações antigas profundamente removidas por várias Orogenias das quais
a última orogenia Katanguana com vestigíos marcantes datados de 500 milhões de anos.

De acordo com Armindo (2010), o Precâmbrico Supeior divide – se em três Provinciais


Geológicas, tais como:

1. Província Tectónica de Moçambique, que enquadram vários territórios das


provinciais do Norte e Zambézia, excluindo a parte Ocidental da província do Niassa;

2. Província Tectónica do Niassa, Engloba vastos territórios Ocidentais da Província do


Niassa e os territórios da Província de Tete, a norte do Rio Zambeze;

3. Província Tectónica do Médio Zambeze, engloba vastos territórios Planálticos a Sul


do Rio Zambeze ao Rio Save e exclui o extremo Ocidental da Província de Manica
que faz parte do Pré-câmbrico Inferior (Cfr. Armindo, 2010, p. 19-20).

1.1.2. O Fanerozóico

É formado essencialmente por rochas sedimentares que se formaram entre 300 – 70 milhões
de anos. Não obstante algumas formações eruptivas como os basaltos e riolitos que ocorrem
junto a fronteira Sul do País.

O fanerozóico ocupa cerca de 2/3 do território nacional assim distribuído:


A Sul do Rio Save, ocupa quase a totalidade das Provínciais de Inhambane, Gaza e Maputo,
estreita gradualmente na região central (Provínciais de Sofala, Zambézia), para o norte de
Quelimane reduz – se a uma estreita faixa litoral até a foz do rio Lúrio donde se alarga
ligeiramente até a foz do rio Rovuma.

Fazem parte do fanerozóico, as rochas do Karroo, Jurássico, Cretácico e ainda do


Quaternário/antropogénicos.

 O karroo: Os terrenos deste supergrupo são constituídos por espessas formações


sedimentares e vulcânicas. Essas formações estão depositadas em fossas tectónicas,
principalmente nos rios Lunho, Luângua e Zambeze, e em depressões marginais entre
as regiões de Nacala e Angoche.

A deposição do Karroo fez-se em quatro andares. Em primeiro lugar ocorreram os depósitos


glaciogénicos – Grupo de Dwyka. Em seguida aparecem os depósitos periglaciares com
sedimentos argilosos e orgânicos de origem lacustre – Grupo de Ecca. No terceiro andar
ocorrem sedimentos de origem fluvial – Grupo Beaufort. Esta sequência culmina com
o Grupo de Stomberg (Karroo Superior).
De acordo com Nonjolo e Ismael, A. I. (2017).

A deposição do Karroo fez-se em quatro andares. Em primeiro lugar ocorreram os depósitos


glaciogénicos – Grupo de Dwyka. Em seguida aparecem os depósitos periglaciares com
sedimentos argilosos e orgânicos de origem lacustre – Grupo de Ecca. No terceiro andar
ocorrem sedimentos de origem fluvial – Grupo Beaufort. Esta sequência culmina com
o Grupo de Stomberg (Karroo Superior) (p. 31).

Sob o ponto de vista económico, o Grupo de Ecca é o mais importante por apresentar, no Ecca
Médio, camadas produtivas de carvão, resultantes da sedimentos de origem vegetal
provenientes da flora de Gondwana. Em Moçambique estas camadas encontram-se
distribuídas em seis bacias sedimentares, nomeadamente Chicoa-Mecúcuè, Sananguè-
Mefidezi, Moatize-Minjova, Niassa, Lugenda e Mepotepote (Afonso et al. 1998).

As reservas de carvão do distrito de Moatize, em Tete, estimam-se em cerca de de 5500


milhões de toneladas. Nos distritos de Marávia e Zumbo, da mesma província, as reservas
estimam-se em 3560 milhões de toneladas.
Para além do Ecca Médio existem o Ecca Inferior e o Ecca Superior, formados procedimentos
de natureza fluval e sedimentos da fácies com depósitos de planícies de inundação,
respectivamente.

As formações geológicas do Karroo albergam, para além do carvão, ágatas, bentonite e


perlite, nas províncias do Niassa, Cabo Delgado, Tete, Manica e Sofala. As formações de
ágatas estão relacionadas com eluviões de basalto e riólito do Karroo Superior em Libombos,
Canxixe, Doa, Lupata e Zungue (Afonso et al. 1998).

 Jurássico: O Jurássico sedimentar em Moçambique dividiu-se em unidades, a saber:

 Formações de grés e conglomerados de Tete;

 Calcários de Nampula e Cabo Delgado;

 Grés inferior de Lupata.

No período do Jurássico Superior, a flexura do bloco da África Oriental, na sequência do


desmebramento do continente Gondwana, deu origem a uma transgressão marinha que atingiu
o Norte de Moçambique. Tendo ocorrido a deposição de sedimentos constituídos por calcários
de grão fino e médio, por vezes grosseiro, entre Nacala e Mossuril e na bacia do Rio Rovuma.

 O Cretácico, é essencialmente formado por rochas sedimentares, não obstante rochas


eruptivas, que predominam na concâva de maciço de Lupata na Província de Tete
(Sudeste). A importância económica do cretáccico consiste na presença de gás natural.

 O Terciário e o Quaternário, estas duas formações apresentam semelhanças no


respeita a sua composição litológica.
O quartenário é composto por sedimentos resultantes da erosão de rochas formadas no
terciário e composto essencialmente por dunas costeiras não consolidadas e por aluviões e
coluviões.

De um modo geral as duas unidades dominam quase todo Sul do rio Save estão representadas
também no litoral Centro do País e por uma faixa estreita ao longo do litoral norte. Enquanto
o Terciário é caracterizado por grés, conglomerados, rochas basálticas, chaminés vulcânicas
de basaltos nefilíticos e traquitos.

2. A morfologia ou relevo de Moçambique

Segundo Lachelt (2004):

o território Moçambicano pode ser dividido em: Planícies até 200 metros acima do nível do
mar; Terras altas até 600 metros e montanhas moderadamente altas; Planaltos de terras altas
com cristas elevadas e inselbergs3 atingindo alturas de 1000 m de altitude; Inselbergs e cumes
de montanha com alturas acima de 1000 metros (p. 43).

Quanto a zona de planícies, quase todo Sul do rio Save, apenas encontramos terras de
altitudes muito moderadas. A faixa litoral, desta zona, é curta ao norte de Moçambique, mas
no paralelo de 21˚ Sul abrange quase toda a linha Este-Oeste, mantendo-se em todo o Sul do
Save com excepção dos Grandes e Pequenos Libombos.

A maior parte de todos estes terrenos é Quaternário, Terciário e Cretácico, de constituição


arenosa, com alta percentagem de húmus perto dos rios ou nos pântanos. Em cálculo
aproximado, cerca de 44% do território Moçambicano se confinam entre 0 e 200 metros de
altitude, que se desenvolve ao longo da costa entre a foz do rio Rovuma e o delta do rio
Zambeze, constituindo a Grande Planície Moçambicana (Muchangos, 1999).

No que diz respeito a planalto Muchangos (1999), diz que:

em Moçambique distinguem-se duas superfícies. A primeira, cujas altitudes variam entre 200
e 600 metros e é designada por planaltos médios representada ao Norte do paralelo 17° Sul. A
segunda, designada por alti-planáltica, de altitudes superiores a 600 metros, com maior
dispersão nas zonas Norte e Centro do País, sobretudo nas Províncias de Niassa, Nampula,
Zambézia, Tete e Manica (p. 11).

Em termo gerais considera – se que a morfologia do território moçambicano compreende três


formas principais, a saber: Planicíes, Planaltos e Montanhas, além de Depressão.
As três formas que no seu conjunto constituem zonas morfológicas estão dispostas, de forma,
geral, em escadarias, aumentando de altitude do litoral para interior. Assim caminhando do
litoral para interior o relevo passa sucessivamente de estrutura mais baixa para as mais
elevadas.

1. A Zona de Planícies no nosso Território variam de 0 –200m de altitude que


correspondem cerca de 44% do território Nacional. Ocupa quase os territórios do Sul
do Save a saber: Província de Inhambane, Gaza e Maputo, com destaque da Província
de Inhambane em que quase 100% do seu território possui altitude igual ou menor a
200m. De uma forma em geral a Planície litoral moçambicana alarga – se no Sul e
estreita – se no Norte; penetra mais para em faixas estreitas seguindo as margens dos
principais rios, e esta forma de divulgação faz que as restantes zonas do relevo do País
estejam separadas uma da outra. A zona de Planícies está interligada em todo território
moçambicano e faz parte de Planície litoral africana que circunda quase todo
Continente.

2. A Zona de Planaltos, variam de 200 – 1000 m de altitude, compreende cerca de 40%


do território nacional.

Nonjolo e Ismael (2017), refere que morfologicamente os Planaltos moçambicanos


classificam – se:

 Planaltos Médios – 200 – 500 m de altitude;

 Alti – Planaltos – 500 – 1000 m de altitude.

Os Planaltos em Moçambique predominam nas Províncias do Norte e Centro e na parte Sul do


Save limita – se as pequenas áreas no interior limitrófe da Província de Gaza e Maputo. Eis os
Planaltos moçambicano:

 Planalto Moçambicano, abrangem os territórios do interior das províncias de Cabo


Delgado, sudeste do Niassa, Nampula e Zambézia.

 Planalto de Lichinga, abrangem território do Noroeste Província do Niassa.

 Planalto de Moeda, abrangem a parte centro – nordeste Província de Cabo Delgado.

 Planlto de Angónia, situa – se no Nordeste de Tete junto a fronteira com Malawi.

 Planalto de Marávia, localiza – se na Província de Tete a Norte da Albufeira de


Cahora Bassa e alarga – se até fronteira com a Zâmbia.
 Planalto de Chimoio, situa – se na Província de Manica estendendo grosso modo no
sentido Norte – Sul e na parte Ocidental confina com altos-relevos da fronteira com
Zimbabwe.

Zona de Montanhas, estão acima dos 1000 m e que corresponde cerca de 16% do território
nacional. São considerados cincos formações orográficas, a saber:

 O sistema Maniamba – Amaramba, este sistema localiza – se na Província na


província do Niassa. Tem orientação Norte – Sul; ladeia lago Niassa e desce em
escadaria bastante agrupta em direcção ao lago Niassa. O ponto mais alto é a serra Jeci
com 1836 m de altitude; além de monte Mitucué com 1803 m de altitude.

 Formação Chire – Namuli, estende – se do rio Chire (Zambézia) até Ribarue


(Nampula), seu ponto mais alto é o monte Namuli com 2419 m altitude, outros pontos
mais elevados são: Serra Chiperone (2054 m altit) e Serra Inago (1807m altit).

 Sistema Marávia – Angónia, estende – se em todo o Norte da província de Tete ao


longo da fronteira com a Zâmbia e Malawi, os pontos mais elevados são: O monte
Dómue (2095 m altit.) e monte Chirobué (2021 m altit.).

 Sistema de Manica, formado por uma série de montanhas situadas na Província de


Manica. É neste sistema onde se enquadra o maciço de Chimanimani, onde se situa o
monte Binga, o ponto mais alto de Moçambique, com 2436 m de altit. Outros pontos
mais elevados são: Gorongue (1887 m altit.), Serra Shoa (1844 m altit.) e monte
Gorongosa (1862 m altit.).

 Os Montes Libombos, localiza – se na Província de Maputo, o sitema dos Libombos é


formado por dois alinhamentos paralelo de Montanhas; os pequenos Libombos, que
contituem um degrão intermédio entre a planicíe litoral e alinha de maiores altitudes
da fronteira e os grandea Libombos situados ao longo da fronteira, é neste alinhamento
onde se encontra maiores altitudes. Na verdade as altitudes dos montes Libombos não
chegam a atingir os 1000m considerados como marco das altitudes das montanhas,
porém no conjunto do relevo do Sul do País eles se destacam como únicas formações
elevadas. O ponto mais alto é monte M’ Pnduine (801 m altit.).

As principais depressões existentes em Moçambique, destacam – se os vales dos rios e as


formas de relevo negativas onde se localizam – se os lagos e Pantanos. Estas depressões
interrompem frequentemente a continuidade das planícies; planaltos e das montanhas. A
maior depressão é o vale do rio Zambeze, etc.
Bibliografia consultada

Afonso, R. S., Marques, J. M. & Ferrara M. (1998). A Evolução Geológica de Moçambique.


Instituto de Investigação Científica Tropical – Lisboa, Direcção Nacional de Geologia,
Maputo.

Armindo, A. (2014). Geografia de Moçambique I. Beira. Moçambique: UCM.

Lachelt, S. (2004). Geology and Mineral Resources of Mozambique. Ministério dos Recursos
Minerais e Energia, Direcção Nacional de Geologia, Maputo, Moçambique.

Muchangos, A. Dos, (1999). Moçambique, Paisagens e Regiões Naturais. (2ª ed.). Maputo.

Nonjolo, L. A; Ismael, A. I. (2017). G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo.

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