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Índice
Considerações iniciais......................................................................................................................3
Considerações finais...................................................................................................................... 10
Bibliografia.................................................................................................................................... 11
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Considerações iniciais
O dilema do ensino da filosofia: Spinoza e Descartes, constitui o tema deste trabalho. Partindo do
pressuposto que a filosofia é um campo vasto de hipóteses levantadas com intuito de fomentar as
possibilidades de apreensão e descrição do mundo, sua transmissão não pode estar desvinculada
do exercício do discurso lógico e racional. Nesse sentido, a questão do ensino da filosofia tem
levantado várias questões ligadas à questão da possibilidade da ensinabilidade da filosofia e o
método a ser usado.
Obviamente, o trabalho apresenta dois tipos de objectivos que são: objectivo geral e objectivos
específicos.
A estrutura total do trabalho num único tema contempla subtítulos consoante a sua organização e inclui
uma conclusão ao menos parcial, mediante a sua abordagem, inclui igualmente uma bibliografia final
das fontes consultadas.
Como técnica, fez-se uma leitura exaustiva, análise facial da fonte consultada e debate no seio do
grupo. Por sua vez, os dados foram sintetizados de forma descritiva.
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A questão do ensino da filosofia e o seu método, é um dos temas na área da didáctica de filosofia
onde encontramos duas grandes figuras da arena filosófica (Spinoza e Descartes) que trazem suas
reflexões epistemológicas de carácter divergente entre eles, tanto na possibilidade de
ensinabilidade ou não da filosofia, assim como na questão do método a ser usado dentro dela (a
filosofia).
Todavia, o dilema do ensino de filosofia surge na medida em que entre os dois filósofos (Spinoza
e Descartes), um nega categoricamente a possibilidade do ensino de filosofia e a possibilidade de
existir professor de filosofia, e outro admite com todas forças essa possibilidade de ensino de
filosofia.
Segundo MARNOTO (1990:13), “Spinoza foi convidado pelo príncipe Eleitor Platino para ocupar
o cargo de ensino de Filosofia na Universidade de Heidelberg, sob condições de que a sua função
não pudesse perturbar a religião publicamente estabelecida. Spinoza recusa, pois para ele, não há
nenhuma compatibilidade entre a actividade de investigação filosófica e a de ensino da filosofia
em instituições escolares publicas universitárias, isto por seguintes razões”:
Contudo, podemos dizer que as primeiras razões têm a ver com a natureza das instituições de
ensino, também chamadas de razoes circunstanciais ou históricas. E as segundas razões estão
ligadas a uma determinada maneira de pensar a relação da filosofia com o seu método. Sendo
assim, a investigação filosófica supõe a adopção de um método essencialmente monólogo e
reflexivo, incompatível com as exigências retóricas e argumentativas de qualquer ensino (idem).
Spinoza acredita e elege como método filosófico baseado na forma literária de exposição do
sistema, que se assemelha no procedimento retórico ou na intenção dialógica. Para este, a
exposição é o exemplo mais eloquente na expressão filosófica, a qual estabelece princípios que
definem as propriedades que possam ser deduzidas posteriormente, oferecem também de forma
muito clara e interna como forma de estabelecer e expor a construção da própria verdade,
expressão de um saber que se basta a si próprio, recusando pela sua transparência abstrata
qualquer efeito que crie persuasão, polémica ou ofuscamento (Cfr. MARNOTO, 1990:15).
Partindo da visão de Spinoza, pode se fazer uma comparação com Descartes. Descartes usa o
método analítico de demonstração diametralmente oposto ao sintético, adoptado por Spinoza.
Sendo assim, a diferença no posicionamento metodológico dos dois autores reside em:
Enquanto descarte se empenha num projecto de legitimação, o qual se pretende construir a partir
do ponto de vista das exigências de uma “ratio cognoscente”; Spinoza se coloca de forma
decisiva no ponto de vista da “ratio essendi”, determinado pelo estabelecimento e exposição do
sistema de dependência real das coisas nos seus fundamentos lógicos e ontológicos (idem).
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Esta diferença, revela também uma diferente maneira de pensar a relação da filosofia com a sua
comunicação e ensino. Neste sentido, o método sintético adoptado por Spinoza na Ética, é o
método que exprime o modo metafísico de explicação e produção das coisas a partir da sua causa
substancial e serve para estabelecer o sistema de uma ciência já constituída, isto é, como diz
Descartes no seu livro Respostas as segundas Objeções “não satisfaça o espirito daqueles que
querem aprender porque não ensina o método pelo qual a coisa foi inventada”.
O método analítico utilizado por Descartes tem o carácter de meditação solitária. Tal aparência é
desde o inicio um procedimento retórico, ou seja, didáctico que visa em ultima analise, fazer uma
espécie de conversão da filosofia, promovendo a iniciação de uma alma por outra, ensinar pelo
exemplo que parte do desenvolvimento de uma reflexão concreta. Como Descartes escreve numa
célebre passagem das respostas as segundas objecções:
A análise mostra a verdadeira via pela qual uma coisa foi metodicamente
inventada e faz ver como os efeitos dependem das causas de tal maneira que, se o
leitor a quiser seguir e lançar os olhos cuidadosamente sobre tudo o que ela
contém, não entendera menos perfeitamente a coisa assim demonstrada, nem a
tornara menos sua do que se, ele mesmo, a tivesse inventado […] Eu segui a via
analítica nas minhas meditações porque ela me parece ser a mais verdadeira e a
mais própria para ensinar (DESCARTES apud MARNOTO, 1990:16).
No desenvolvimento das suas meditações, Descartes, não foi professor de filosofia, mas tem o
outro no horizonte da sua escrita, descrevendo da seguinte maneira:
Apensar de ambos os autores nos tenham trazido sistemas filosóficos fundados em verdades
evidentes e necessárias susceptíveis de serem racionalmente reconhecidas como tal por todos os
humanos, Spinoza não sente necessidade de se assegurar do efectivo reconhecimento dessas
verdades pelo seu auditório. Escreve e comunica e pretende ser no entendo. Mas, recusa-se a
ensinar.
Para Descartes, a estrutura do ensino está presente na forma de exposição, ou seja, está atento à
perspectiva da recepçao do seu discurso, conhecendo os limites e circunstancias de varias ordens
que possam impedir ou perturbar o claro reconhecimento da verdade, sabe da existência de
“homens que se enganam ao raciocinar, mesmo nos mais simples temas de geometria”; Spinoza no
entanto, a estrutura do ensino está firmada na perspectiva da produção. Para este, importa apenas
estabelece a verdade, dize-la, deixar que por meio de especulação se expresse no seu discurso.
Não se interessa saber se a verdade foi devidamente reconhecida como tal pelo leitor, não
considera ser seu dever adaptar-se às limitações do seu auditório, ter em conta as suas
contingências, deficiências ou incapacidades (Cfr. MARNOTO, 1990:17).
Neste contexto, podemos tomar Spinoza como exemplo e modelo paradigmático, se olharmos nos
seguintes aspectos: - de uma concepção monológica do método da filosofia; - na qual, por sua vez,
se funda uma maneira especular de pensar a relação da filosofia com a sua expressão literária; - e
que, por ultimo, tem como consequência uma condenação do ensino da filosofia.
Para muitos professores de filosofia reconhecem de forma paradoxal que ensinar filosofia é:
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Ao passo que na escrita, o filosofo tem liberdade de determinar o texto como quiser, impõe o seu
próprio ritmo, constrói a partir das exigências do desenvolvimento da verdade e dirige a um
auditório não real (alunos com maiores ou menores limitações), mas ideal, que são sujeitos
especialistas ou não, dotados de uma postura racional sem macula, pelo contrario, numa aula é
exigida ao filosofo uma tarefa didáctica que lhe obriga procurar adaptar o discurso por ele usado
aos limites e imperfeições do auditório concreto a que se dirige a sua aula. Quanto mais forem os
limites desse auditório, sua imaturidade, a sua incultura, a sua impreparação, a sua ausência de
pré-requisitos mínimos, a sua não motivação para a filosofia, etc., tanto mais grave será esta tarefa
(Ibidem: 18).
O estabelecimento de uma hierarquia qualificada no ensino da filosofia, tomando por base uma
avaliação da limitações de quem o ensino é ministrado…
Esta apreciação, não se baseia na qualidade do trabalho filosófico efectivamente realizado pela
realidade do professor, na sua competência real ou efectiva capacidade reflexiva que não
correspondem nem ao grau de ensino, nem aos títulos e muito menos em classificações
académicas. Ainda esta, ignora o modo como o ensino secundário de filosofia pode ser mais difícil
e mais complexo e exigente do que o universitário. Mais difícil, uma vez que o professor se
confronta com a necessidade de não utilizar a linguagem técnica e limita às referências da história
da filosofia, ou seja, ele não se mostra como um erudito. Por outro lado, mostra-se mais complexo
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e exigente, uma vez que o professor é frequentemente confrontado com questões decisivas, que
mais tarde, um aluno universitário já esqueceu, recalcou ou não se atreve sequer a colocar.
A partir destas considerações, admite-se que ensinar a filosofia implica uma cedência ou uma
contaminação do discurso filosófico por meio das exigências didácticas de adaptação aos limites e
imperfeições do auditor concreto e debate-se com o seguinte dilema:
Ou fazer-se entender pelo auditório sempre imperfeito dos seus alunos e, então
necessariamente ter que simplificar, dois torcer, passar por cima, escamotear,
esquecer, numa palavra, trair a filosofia, ou não trair a filosofia e aceitar poder
não ser entendido (SPINOZA apud MARNOTO, 1990:19).
Num primeiro caso, o professor de filosofia, se deixa determinar por aquilo que considera serem
os limites dos seus alunos e afastando-se da filosofia, mantendo uma relação nominal. É uma
situação que se vive frequentemente no ensino secundário e constitui o factor para a génese de
atitude confortante e capa de cobertura moral para a desistência da preparação científica. E no
segundo caso, há uma posição que se verifica tanto no secundário como no universitário que pode
ser assumida, tanto pelos professores tanto pelos alunos. O bom professor é justamente aquele que
não se entende, e o aluno pode interpretar por si o carácter inteligível do professor como marca da
sua superioridade e grandeza (Idem).
Para as duas vertentes do dilema acima referido, uma outra ordem de razoes é frequentemente
invocada para justificar a paradoxal condenação do ensino da filosofia por muitos professores,
como defende Spinoza, a prática filosófica supõe: liberdade do filosofar e independência face a
doutrinas, circunstâncias e determinações extrínsecas. Logo, a escola é condenada no seu
conjunto, ou seja, como realidade institucional ela é considerada como lugar improprio para a
filosofia. Se o bom filósofo seria aquele que se recusaria a ensinar, isto é, a fazer-se entender por
outro público que não o da razão universal, o bom filósofo seria também aquele que se recusaria a
entrar na escola:
Considerações finais
Partindo do pressuposto de que a filosofia é uma das áreas do conhecimento que difere-se
completamente com outras áreas do saber, e logicamente que mesmo o seu ensino tem criado
frustração logo à primeira vista para os que não são iniciados na filosofia.
Sendo assim, conclui-se que na verdade a filosofia, seja para Spinoza, assim como para Descartes
não pode ser ensinado, por isso mesmo que ambos não aceitaram em nenhum momento s
desempenhar função de professor da instituição de ensino.
Contudo, para estes dois grandes filósofos, apesar de não terem aceites leccionar a filosofia nas
cátedras, eles ocupam um lugar importantíssimo no campo pedagógico, especialmente no ensino
de filosofia.
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Bibliografia