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Feito por Dr. Rafael Júlio da Silva:


(Licenciado em ensino de filosofia com habilitacoes em ensino de história pela UP-Nampula)

Introdução

O trabalho tem como reflexão: A Crise de legitimação do Estado Moderno: A filosofia


Pós-modernidade. Falar de Estado é uma questão muito importante, na medida em que,
este desempenha uma função enorme na gestação de um país, com vista a garantir a
Democracia, a paz, a liberdade, a justiça, o bem-estar do povo. Ademais, é de afirma
que o Estado foi uma questão muito tratada deste nos tempos com vários pensadores,
divergindo os seus pensamentos como no caso de Platão, Aristóteles, Thomas Hobbes,
John Locke, Jean - Jacques Rousseau, Maquiavel, Hegel entre outros. Este trabalho tem
como objectivo geral: descrever os aspectos que fazem perder a identidade do Estado
moderno. Indo nos objectivos temos: descrever o surgimento do Estado moderno;
abordar as características do Estado moderno e fazer uma análise sobre a crise de
legitimação do Estado moderno.

Para a efectivação deste trabalho recorreu-se a técnica de leitura e interpretação das


obras consultadas. Sendo assim, o trabalho tem a seguinte estrutura: introdução,
apresenta dois capítulos, sendo o Capitulo I: Conceitualização do termo "Estado",
Surgimento do Estado moderno e suas características; Capitulo II: A Crise de
Legitimação do Estado moderno: filosofia politica pós-modernidade, conclusão e
Bibliografia.
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CAPITULO I. Conceitualização do termo "Estado", Surgimento do Estado


moderno e suas características.

Neste capítulo, vai se abordar a conceitualização do Estado, sua origem, seu surgimento
e suas características. O Estado moderno, para os pensadores da pós-modernidade
constatam que este Estado esta em crise porque há perca da própria identidade do
Estado e com a globalização, sendo um dos factores que traz muitos aspectos que põem
em crise a legitimação do Estado Moderno.

1.1. Conceitualização do termo "Estado".

O termo "Estado" (do latim status, que significa modelo de estar, situação, condição). O
Estado é uma instituição organizada, politica, social e juridicamente ocupando um
território definido, normalmente onde a lei máxima é uma constituição escrita e dirigida
por um governo, também possuindo soberania reconhecida internamente e
externamente.

Segundo o dicionário de HOUAISS (2007) o Estado é como o conjunto das instituições


que controlam e administram uma nação, país soberano, com estrutura própria e
politicamente organizado.

Para Kant, o Estado é designado por coisa publica (rés publica), quando tem por liame o
interesse que todos têm em viver no Estado Jurídico, como por potentia (poder), quando
se pensa em relação com outros povos, ou gens (nação), por causa da união que se
pretende hereditária. Kant, entende o Estado como comunidade, soberania e nação.

Segundo JAPIASSU & MARCONDES (2006: 71),


Estado é conjunto organizado das instituições políticas, jurídicas, policiais,
administrativas. Económicas etc., sob um governo autónomo e ocupando
um território próprio e independente. E diferente de governar (conjunto das
pessoas às quais a sociedade civil delega, directa ou indirectamente, o poder
de dirigir o Estado); diferente ainda da sociedade civil (conjunto dos
homens ou cidadãos vivendo numa certa sociedade e sob leis comuns);
diferente também da nação (conjunto dos homens que possuem um passado
e um futuro comuns, entre outras nações), o Estado constitui a emanação da
sociedade civil e representa a nação.

Entende-se como Estado o conjunto de organizações políticas, económicos


administrativos, legislativos, jurídicas que regem num determinado país, com vista a
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garantir a boa convivência entre os homens, a liberdade, a paz, a justiça, a democracia


entre outros objectivos que o Estado se compromete.
Para os empiristas Thomas Hobbes e John Locke Apud JAPIASSU & MARCONDES
(2006: 71), o Estado é o resultado de um pacto entre os cidadãos para evitar a auto
destruição através da guerra de todos contra todos.

Na visão de PRADO (2012:93), o Estado Moderno é a corporação de um povo,


assentada num determinado território e dotado de poder soberano.

1.2. Surgimento do Estado moderno e suas características

Segundo RODRIGUES (3 ano do EM: 2) O Estado Moderno nasceu na segunda metade


do século XV, a partir do desenvolvimento do capitalismo mercantil nos países como
Portugal, França, Inglaterra e Espanha, e mais tarde na Itália.

O Estado moderno surgiu a partir da fragmentação do sistema feudal. É marcado por 4


fases: o estado moderno, estado liberal, Crise no estado liberal e estado democrático
liberal. Nasceu no século XV, com o desenvolvimento do capitalismo mercantil
registado em Portugal, na França, Inglaterra e Espanha. Nas quatro nações, o estado
moderno surge a partir da segunda metade do século XV e, posteriormente é registado
também na Itália.

O modelo que ficou conhecido como estado moderno surge a partir da crise n
Feudalismo. No modelo Feudal, não havia estados nacionais centralizados os senhores
feudais é quem controlavam os poderes políticos sobre as terras e exerciam uma força
diluída, sem núcleo.

Cada feudal tinha própria autonomia politica e estava submisso ao imperador do sagro
império e ao papa. O poder dos senhores feudais era partilhado com o governo das
cidades medievais autónomas, que eram conhecidas por comunas.

O estado moderno é um processo que demora cerca de três séculos para se estabelecer.
A primeira fase dele é o absolutismo monárquico. Por meio da centralização do poder
na monarquia, começa a ser desenvolvido o aparelhamento das forcas armadas, da
estrutura jurídica e a estruturação da cobrança de impostos.

1.3. Características do Estado Moderno


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O Estado moderno desde o seu surgimento deve suas principais características. De


acordo com RODRIGUES (3 ano do EM: 5), o Estado Moderno é caracterizado por:

 Soberania do Estado: o qual não permite que a sua autoridade dependa de


nenhuma outra autoridade;
 O Estado Moderno, para a sua existência foram muitos processos que
aconteceram como no caso da fase antiga onde a Monarquia acompanha o
desenvolvimento do Estado Moderno e pelo processo de burocratização lança a
primeira forma do Estado Moderno;
 O Estado Moderno é um Estado Liberal, consequência directa das revoluções
liberais na França e na Inglaterra. No século XIX, este Estado tornou-se imperial
e vai dominar globalmente o mundo graças ao processo de globalização;
 O Estado é uma instituição política controlada por classe social dominante, e que
representa, o predomínio dos interesses dessa classe sobre o conjunto da
sociedade e mais outras características que o Estado moderno apresenta.
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CAPITULO II: A Crise de Legitimação do Estado moderno: filosofia política pós-


modernidade

Importa salientar antes que um dos aspectos em que a modernidade entra em risco é
através da globalização. A globalização diz respeito à intersecção entre a presença e
ausência, ao entrelaçamento de eventos de relações sociais, mais há distâncias entre os
contextos locais.

Na óptica de GIDDENS (2002: 10-11), afirma que a modernidade é uma


ordem pós-tradicional, mas não uma ordem que as certezas da tradição e do
hábito tenham sido substituídas pela certeza do conhecimento racional. A
modernidade é uma cultura de risco. Não no sentido de que a vida social é
inerentemente mas arriscada que antes; para a maioria das sociedades
desenvolvidas isso não é verdade. Nas condições da modernidade, o futuro é
continuamente trazido para o presente por meio da organização reflexiva do
ambiente de conhecimentos. A modernidade reduz o risco geral de certas áreas
e modos de vida, mais ao mesmo tempo introduz novos parâmetros de riscos,
poucos conhecidos ou inteiramente desconhecido em épocas anteriores. Estes
parâmetros incluem riscos de altas consequências, derivados de carácter
globalizados dos sistemas sociais da modernidade.

A modernidade, apesar de trazer alguns aspectos que fizeram desenvolver o próprio


Homem, mas ela traz algumas desvantagens na medida em que há perca de valores,
tradições, culturas, a forma de governação, a identidade do Estado e outros aspectos que
fazem parte do homem como um ser biológico, social e cultural.

A sociedade contemporânea, fazendo uma análise comparativa entre a identidade do


Estado moderno e a verdadeira essência da legitimação do Estado, verifica-se que este
Estado moderno entra em crise na sua legitimação. As constituições modernas se
caracterizam então pelas declarações de Direitos e pela separação de poderes, de onde
nasce a moderna cidadania, que deixa de ser apenas a possibilidade de participação nas
instituições públicas como parte do Estado e a serviço dele e passa a ser o sujeito da
política, onde o Estado é que deve garantir a emancipação do indivíduo.
Nos séculos XIX e XX a constituição foi o marco regulador do Estado, com o conceito
de constituição material, que implica na existência não somente de um documento
escrito, mas num conteúdo garantidor da sociedade liberal. O liberalismo económico
clássico dependeu do Estado e de suas fronteiras para produzir a acumulação de capital,
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seja como a super estrutura que contém as tensões internas da sociedade, seja como
investidor e fomentador nos sectores vulneráveis ou estratégicos da produção, ou seja,
como barreira de protecção do capital estrangeiro.

Para a pós-modernidade esta fora de gerência do Estado moderno não tem sentido. A
crise da legitimação do Estado, um das causas para a pós-modernidade é a globalização
que trouxe novas formas e muitos riscos para a sociedade. O Estado tem a tendência de
adaptaram-se um modelo novo para garantir a sua legitimação, mas este forma não
garante o bem-estar da sociedade.
Na visão de ROCHA (2009:378), afirma também que este forma não faz
sentido porque a globalização floresceu os sentidos de luta de classes,
fragilizando a ordem na sociedade civil e incorporando-a gestora de uma
sociedade caótica e do Estado complexo, o que dispersou as tensões
tradicionais do capitalismo liberal; quanto ao papel capitalista do Estado foi-se
desfeito com a sua desmoralização como gestor, com a privatização de seu
património e com um nível de acumulação de capital internacional
infinitamente superior e impositivo sobre os rumos pós-modernos do sistema
de produção; por fim, este mesmo capital internacional retira definitivamente o
papel histórico do Estado de protector do capital nacional, o que se revelou
uma falsa dicotomia, uma vez que o capital sempre foi internacional, o que se
diferenciava era o estágio de acumulação do capital.

Assim a pós-modernidade como uma época oposto a modernidade, trazem uma nova
contribuição, como uma sociedade contemporânea que deve definir um novo modelo
social, com um novo conjunto de padrões e valores para uma nova organização politica,
num de Estado e de ordem jurídica. Contudo, é preciso fazer um consumo selectivo ou o
uso selectivo os aspectos que a globalização traz, ou seja, o Estado deve procurar de
governação que garante o bem-estar, a democracia, a liberdade para a sociedade.

"A realidade social é o presente; o presente é vida e a vida é movimento", por


vezes, o movimento tão acentuado que chega a causar alteração profunda na
realidade social. Vivemos uma tal alteração. Categorias básicas da
Modernidade são abaladas. O Estado Moderno, juntamente com seu principal
corolário, a soberania, entra em crise e não é mais capaz de lidar com a
dinâmica de um mundo cada vez mais globalizado e interconectado (GRAU,
2009: 129).

O fenómeno da globalização põe crise a teoria da soberania moderna, porque o Estado-


nação forjado a partir da autonomia soberana não consegue mais controlar e proteger o
seu território, bem como, garantir junto ao povo a legitimação de suas decisões, para
incrementar um projecto politico (BAVARESCO, 2001:77).

A modernidade diz respeito á globalização em sua diversas vertentes, onde,


para SANTOS (2000), há um processo de crises sucessivas que alcançam
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dimensão global e estrutural, cuja tentativa de soluções não estruturais,


conforme " interesse de autores hegemónicos" acaba gerando crise. Desta
forma "se a única crise que os responsáveis desejam afasta é a crise
financeira e não qualquer outra", isto causa "mais aprofundamento da crise
real – económica, social, politica, moral", que caracteriza o nosso tempo,
(FERNANDES2004: 22),

Neste sentido fazendo referência do nosso país, encontramos uma serie de


acontecimentos como no caso da crise económica. Na actualidade, em Moçambique
advoga-se que estamos em crise e esta crise é motivado com interesses de alguns e na
tentativa de solucionar acaba criando mais crise ou problemas em várias áreas.
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Conclusão

Depois de uma abordagem a cerca da crise de Legitimação do Estado Moderno:


filosofia política pós - modernidade, conclui-se que as pós - modernidade tentam
mostrar a crise de legitimação do Estado Moderno, sendo um dos aspectos que traz a
crise da legitimação é a globalização.

Fazendo uma reflexão da legitimação do nosso país (Moçambique), cujo também está
afectado com a globalização, também entra em crise. O Estado moçambicano esta em
crise na gerência dos Partidos da oposição, sendo este, um caso que resulta de conflitos,
guerras, que consequentemente morrem pessoas inocentes. Moçambique é democrático,
mais esta democracia não se vive no dia-a-dia pelos moçambicanos e, o outro aspecto
que põe o nosso Estado em crise é a questão da paz em que esta precisa de ser
consolidada.

A pós – modernidade traz os possíveis riscos que a modernidade provoca em relação o


mundo. Neste sentido, também tenta trazer alguns aspectos de gerência duma nação que
não garante o bem – estar do indivíduo. Contudo, trás varias cosmovições para garantir
o desenvolvimento da Sociedade a a partir da forma de gerência do Estado.
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Bibliografia

GIDDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Edicao Zahar, Rio de Janeiro, 2002.

HOUAISS. Dicionário da língua Portuguesa. Editora Objectiva, 2007.

JAPIASSU, Hilton & MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de filosofia. 4a

edição revista e ampliada, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2006.

ROCHA, Manoel Ilson Cordeiro. Pos- Modernidade e a crise do Estado moderno: o


caso do constitucionalismo Liberal. Edições Nucleus, Vol 2, 2009.

GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 5.


ed. Revista e ampliada, São Paulo: Malheiros, 2009.
PRADO, Lucas de Melo. A Crise da Soberania e do Estado Moderno em uma
perspectiva Tridimensional. Revista de Direito Publico, vol 7, Londrina, 2012.
BAVARESCO, Agemir. A Crise do Estado - Nação e a Teoria da Soberania em
Hegel.20011.
RODRIGUES, Prof. Fabiano. O Surgimento do Estado Moderno. (www.
todamateria.com.br ), 3 ano do EM.

FERNANDES, Cláudio Tadeu Cardoso. A Critica da Modernidade: Breves Reflexões

de Anthony Giddens, Imanuel Wallerstein, David Harvey, Milton Santos e Edgar

Morin. Vol 2, 2004.

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