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Do original:

Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology, 5'h edition


© 2008 por Saunders, um selo editorial da Elsevier, Ine.
ISBN original: 978-1-4160-3264-9

Tradução autorizada do idioma inglês da ediç.-'ío publicada por Saunders - um selo editorial Elsevier
© 2009 Elsevier Editora Ltda.
ISBN: 978-85-352-3 137-3

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.6 10 de 19/02/1998.


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meios empregados: eleu'ôlúcOS, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

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NOTA: ESTE LIVRO UTILIZA AS REGRAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

NOTA

O conhecimento médico está em permanente mudança. Os cuidados nOlmais de segurança devem ser seguidos; mas, como
as novas pesquisas e a experiência clúuca ampliam nosso conhecimento, alterações no tratamento e terapia à base de fármacos
podem ser necessárias ou apropriadas. Os leitores são aconselhados a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas
pelos fabricantes de cada fármaco a ser admitústrado, para verificar a dose recomendada, o método e a duração da adnulustração
e as contra-indicações. f: responsabilidade do médico, com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente,
determinar as dosagens e o melhor tratamento para cada um individualmente. Nem o editor nem o autor assumem qualquer
responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas ou a propriedade originada por esta publicação.

O Editor

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

C 161u

Callen, Peter W.
Ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia / Peter W. Callen ; [tradução
Maurício Saito ... et al.). - Rio deJaneiro : Elsevier, 2009.
il.

Tradução de: Ultrasonography in obsteu'ics and gynecology, 5th ed.


Inclui bibliografia
ISBN 978-85-352-3 137-3

1. Ulu'assom em obstetrícia. 2. Monitorac;:ão retal. 3. Apa.relho genital feminino


- Ultrassonografia. I. Título.

08-4886. CDD: 618.2


CDU: 618.2
REVISÃO CIENTÍFICA
Andréa Düren Centeno (Caps. 26 a 32)
Médica Radiologista
Pós-graduada em Radiologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC)
Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (U FRGS)

Maurício Saito (6, 20 a 25, 33 a 35, apêndices A a K e índice)


Diretor da Clínica Conceptus - SP - Unidade de Medicina Fetal
Professor Assistente da Disciplina de Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Santos - UNILUS
Chefe do Setor de Medicina Fetal da Faculdade de Ciências Médica de Santos - UNILUS
Diretor da SOBRAMGE - Sociedade Brasileira de Medicina Fetal
Membro da Comissão de Bioética da OAB - SP

Vânia Regina de Souza Albuquerque (caps. 1 a 5 e 7 a 19)


Especialista em Radiologia pelo Colégio Brasileiro de Radiologia - CBR
Especialista em Ultrassonografia pela Associação Médica Brasileira - AMB

TRADUÇÃO
Andréa de Jesus Rodrigues (Caps. 26 a 31)
Médica Radiologista do Centro de Imagem Pinheiro Machado (CIPM), R]
Médica Radiologista do DASA - Diagnóstico da América - R]

Claudia Amazonas Cabral (Caps. 18, 19 e 22)


Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
Habilitação em Ultrassonografia pela FEBRASGO
Médica Obstetra do H ospital Estadual Adão Pereira Nunes
Médica Ultra-sonogransta em Clínicas Particulares do Rio de Janeiro

Denise Costa Rodrigues (Cap. 34)


Bacharel em Tradução pela Universidade de Brasília
Licenciada em Letras-Lúlgua e Literatura Inglesas
Pós-Graduação em Tradução pela Universidade de Franca - UNIFRAN, SP

Liliane Back (cap. 20)


Graduanda em Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNIS UL)

Luciane Faria de Souza Pontes (Cap. 5)


Farmacêutica e Doutora em Ciências Biológicas
Professora do Curso de Especiahzação em Histocompatibilidade da Universidade do Estado do Rio de]aneiro - UER]

Maurício Saito (Caps. 10 a 16)

Nelson Gomes de Oliveira (Caps. 1 a 4, 7 a 9 e 23)


Tradutor e Médico do Trabalho
Renata Mendes de Sousa (Cap. 24)
Professora Substinlta da disciplina de Radiologia do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia Faculdade de Odontologia
da UERJ
Especialista em Imaginologia e Radiologia Odontológica pela UFRJ

Thiago Ricardo Kerber Corrêa (Cap. 17)


Professor Adjunto do Serviço de Ginecologia e O bstetrícia da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO

Vânia Regina d e Sou za Albuquerque (6 , 21 , 25 , 32 , 33, 35 , apêndices A a K e índice)


c O LABORADORES
Alfred Z. Abuhamad , MO Shraga Blaze r, MO
Mason C. Andrews Professor and Chairman, DepaTnnem C linical AssociaLe Professor, Department of Pediatrics,
of Obstetrics and Gynecology, Eastern Virgínia Medicai Faculty of Medicine, Technion - Israel Institute of
School; Depanment of Obstetrics and Gynecology, Technology; Director of Neonatology, Deparbnent of
Sentara Norfolk General Hospital, Norfolk, Virgínia eonatology, Rambam Medical Center, Haifa, Israel
'lhe Role ri Doppler Ultrasound in Obstetrics 'lhe Gaslrointestinal Tracl and Abdominal Wall
Fred E. Avni , MO, PhO Adam F. Borgida, MO
Professor of Radiology, Free University of Brussels (ULB); Associate Professor, Depanment of Obsteo'ics and
Chief, Deparnnent of Medica] lmaging, University Gynecology, University of Connecticllt School of
Clinics of Brussels - Erasme Hospital, Brussels, Belgium Medicine, Farmington; Attending Perinatologist,
'lhe Fetal Genitourinal) Tract Department of Obstetrics and Gynecology, Hartford
H ospital, H anford, Connecticut
Robert H. Ball , MO Ultrasound Evalualíon ri Multiple Pregnancies
Associate Professor, Departments of Obstetrics, Gynecology
and Reproductive Sciences and Radiology, University Moshe Bronshtein, MO
of California, San Francisco, San Francisco, California; Senior Sonologist, Department of Obstetrics and
Department of Maternal-Fetal Medicine, St. Mark's Gynecology, Rambam Medicai Center; Director, Alkol
Hospital, Salt Lake City, Utah; Director, Fetal Therapy Institute of Ultrasollnd in Obstetrics and Gynecology,
Initiative, Hospital Corporation of America, Nashville, Haifa, Israel
TelU1essee 'lhe Gastroinlestinal 1í'acl and Abdominal T#tll
'lhe Prenatal Mallagemen.t ri th.e Fellls Wtth a Correclable Difécl
Peter W_ Callen, MO
George Bega, MO Professor of Radiology, Obstetrics, Gynecology, and
Assistant Professor of Obstetrics and Gynecology, and Reprodllctive Sciences, Department of Radiology,
Director, 3D/4D Education and Research Program, University of California School of Medicine,
Division of Maternal-Fetal Medicine, Deparnnent of San Francisco, California
Obstetrics and Gynecology, Thomas J efferson University, The Obstelric Ultrasound Examinationj Amniotic Flmd Volume: Its
Philadelphia, Pennsylvania Role in Felal Health and Diseasej Ullrasound Evalualion ri the
Ultrasound Evaluation ri lhe Ceroix Adnexa (Oval)' and Fallojlia:n 7úbes)j Artifacls, Pi!fàl/s, and
N017Ila.1 Variants
Be ryl R. Benacen-af, MD
ClinicaI Professor, Departments of Radiology and Obstetrics, Marie Cassart, MO , PhO
Gynecology and Reproductive Sciences, Harvard Pediatric Radiologist, Department of Medical lmaging,
Medical School; Radiologist, Department of Radiology, Erasme H ospital, Brussels, Belgillm
Brigham and Women's Hospital ; Editor in Chief, 'lhe Fetal Geniloulinal) Tracl
Journal of Ultrasound in Medicine, American Institute of
Ultrasound in Medicine, Boston, Massachusetts Martin R. Chavez, MO
'lhe Role ri 'lhree-Dim.ensional Ullrasollnd in lhe EvaJualúm ri lhe Assistant Professor, Division of Maternal-Fetal Medici.ne,
FetllS Department of Obstetrics and Gynecology, University of
Medicine and Dentistry of ew Jersey - Robert Wood
Carol B. Benson , MO J ohnson Medicai School, New Brunswick, New Jersey
Professor of Radiology, Deparbnent of Radiology, Harvard Anteparlulll Fetal Assessm.ent by Ullmsonograp/ry: 'lhe Fetal
Medical School; Director of Ultrasound , and Co-Director Biophysical Prqfile
of High Risk Obstetrical Ultrasound, Deparbnent of
Radiology, Brigham and Women's Hospital, Boston, Titia E. Cohe n-Overbeek, MO
Massachusetts Senior Physician, PrenataJ Medicine, Division of Prenatal
Ultrasound Evalualüm During the Firsl 1Í1"rn.ester ri PregnanC)' Medicine, Department of Obstetrics and Gynaecology,
Erasmlls Medical Center, Rotterdam, The NetherIands
Vincenzo Berghella, MO Ultrasouncl Evaluation ri lhe Fetal TllOra.v:
Professor, Obstetrics and Gynecology, and Director,
Maternal-Fetal Medicine Division, Departmem of Sidney M. Dashefsky, MD
Obstetrics and Gynecology, ThomasJefferson University; Assistant Professor of Radiology, University of Manitoba,
Department of Obstetrics and Gynecology, Thomas Section of Diagnostic Ultrasound, Hcalth Sciences
Jefferson University Hospital, Philadelphia, Centre, Winnipeg, Manitoba, Canada
Pennsylvania Ncmnal Ana.tonry ri lhe Female Pelvis and 1í-a7lSvaginal Sonograp/ry
Ultrasound Evaluatirm ri the Ceroix

vii
viii COLABORADORES

J an Deprest, M D, PhD Steven R. Goldstein , MD


Professor in Obsteuics anel Gynecology, anel Heael , Research Professor of Obstetrics and Gynecology, Department of
Invasive Fetal Therapy, vVoman and Child, Division Obstetrics and Gynecology, Ncw York University School
Woman, Katholieke Universiteit Leuven ; Unit Fetal of Mcelicine, anel New York University Medical Cemer,
Diag110sis and Therapy, Department of Obstetrics and New York, New York
Gynecology, University Hospitals Leuven, Leuven, Abno1711al U/el1ne Bleedi-ng: The Role qf Ultmsollnd
Belgium
lhe Prenafa! Management qfthe Fetlls With a Com:ctable Drji:ct Luís F. Gon çalves, MD
Assistant Professor of Obstetrics and Gynecology Obstetrics
J ames F. X. Egan, MD and Gynecology, Wayne State University and Director
Professor anel Chainnan, Department of Obsten-ics and of Prenatal Diagnosis Perinatology Research Branch,
Gynecology, University of Connecticllt Health Center, N ICHD/ NIH/DHHS, Detroit, Michigan
Farmington; Atteneling Obstetrician-Gynecologist, Tile Fetal MusculoJkeletal SyJtem
Department of Obstetrics and Gynecology,John
Dempsey Hospital, University of COImecticut Health Francesca Gotsch, MD
Center, Farmington, New Britain General Hospital, New Research Fellow, Perinatology Research Branch,
Britain, and Hartford Hospital, Hartford , Connecticut Intramural Division, N IC H D/N IHIDHHS , Detroit,
Ullrasound Eva/uation qfMultiple Pregnancles Michigan
Tile Fetal MusculoJkeletal SyJlem
Jimmy Espinoza, MD
Assistant Professor, Department of Obstetrics and Robe rta Granese, MD
Gynecology, Perinatology Research Branch, Lltramural Obstetrician and Gynaecologist, Department of Obstetrics
Division_ NICHD/NIHIDHHS, Wayne State anel Gynaecology, University Hospital "G.Martino",
University/ Messina, !taly
Hutzel Women's Hospital, Detroit, Michigan Felal Syndr(JlI/es
The Fetal MUJclIloJkeletal SyJtem Michelle Hall , MD
Danielle Eu r in, MD Associate Professor, Department of Pediatric Nephrology,
Hospital, Department of Pediau-ic anel Fetal Lnaging, Erasme Hospital, Brussels, Belgium
Charles Nicolle, Rouen, France Tile Fetal GenitOltrlizary 7í-act
The Fetal Genitolln'nary Tract Robert D. Harris, MD
Viekie A. Feldstein, MD Professor of Radiology and Obstetrics and Gynecology,
Professor of Clinicai Radiology, Obstetlics, Gynecology Dartmouth MedicaI School, Hanover ; DiTector of
anel Reproductive Sciences, Department of Radiology, Ultrasound and Research, Depanment of Radiology,
University of California School of Medicine, San Dartmouth-Hitchcock Medical Center, Lebanon,
Francisco, California New Hampshire
UltraJOll11d Eva!lIalion ri Nonllal Fetal Anatom}; Ultrasolll1d Ultrasollnd Evaluatioll qf the Placenta and Umbilical Cord
E va/lIation iflhe Placenta and Umbilical Corei Sandra Silva Herbst, MD, RDMS
Assistant Doctor of the Fetal Medicine Unit, Department of
Roy A. Fill y, MD
Obsteuics and Gynecology, Santa Casa de Misericórdia
Professor Emeritus of Raeliology, Surgery, and Obstetrics,
de São Pau lo, São Paulo, Brazil
Gynecology, anel Reproductive Sciences, and Co-Founeler,
Fetal SyndrollleJ
Fetal T1-eatment Program, University of California, San
Francisco, San Francisco, California Susan C. Holt, MD
Ullrasound Eva!lIation qfFelal Biomelry mui Nonnal alui Abnol7llal Assistant Professor, Department of Radiology,
Feta! Growth; Ultrasolllui EvalllatiOll qfN0171zal Fetal Anatom} University of Manitoba; Staff Radiologist, Depanment
of Raeliology, Health Sciences Center, Winnipeg,
Mary C. Frates, MD
Manitoba, Canada
Associate Professor of Raeliology, Harvarel Meelical School;
NOl7lzal Anatom} qf lhe Female Pelvis and Transvaglnal SonograPlry
Assistant Director, Ultrasound, and Director, Fellowships
Programs, Department of Radiology, Brigham and Edgar J aeggi, MD
Women's Hospital, Boston, Massachusetts Associate Professor, Department of Pediatrics, University
Ultrasoll1ui Evaluation DlIring the FiJJt 1í1meJter qfPregnancy of Toronto; Head of Fetal Careliology, Division of
Henry L. Galan , MD Cardiology, Staff Cardiologist, Division of Cardiology,
anel Associate Scientist, Research lnstitute, The
Associate Professor, and Chief of Maternal-Fetal Medicine,
Hospital for Sick Chilelren, Toronto, Ontalio, Canada
Department of Obstetrics and Gyneeology, University
Ullrasolll1d EvaluatiOll qf the Fetal Heart
of CoJorado anel Denver Health Sciences Center, and
University of ColOl-aelo Hospital, Denver, ColOl-ado Philippe J eanty, MD, PhD
Ullrasound Evaluatioll qfFelal Biollletry and Nonna! mul Abnarmal Chief Fetustician, Inner Vision Women's Ultrasound,
Fetal Growth ashville, Tennessee
Feta! SyndromeJ
COLABORADORES ix

Juan Pedro Kusanovic, MD Brigitte Maugey-Laulom, MD


Research Associate, Perinatology Research Branch, Praticien H ospitalier Enseignant, Universite Bordeaux 2
ICHDI IHIDH H S, Detroit, Michigan Victor Segalen; Praticien Hospitalier, Unite d'Imagerie
The Fetal Musadoskeletal System de la Femme Service du Pr JF Chateil, Chu PeUegrin
Tripode, Bordeaux, France
Faye C. Laing, MD lhe Fetal Genitounlw7) 7Íact
Professor of Radiology, Harvard University; Division of
U1trasound, Department of Radiology, Brigham and Ellen B. Mendelson, MD, FAC R
Women's Hospital, Boston, Massachusetts Professor of Radiology, Department of Radiology, Fei.nberg
Ultrasound Evaluatirm Dunng the First lnmester q/ School of Medicine, Northwestern University; Section
Pregnancy Chief, Breast and vVomen's lmaging, Department of
Radiology, Nonhwestern Memorial Hospital, Chicago,
Jacqueline A. M. Laudy, MD, PhD lllinois
Department of Obstetrics and Gynaecology; Erasmus
Ul!rasound cf the Breas!
Medical Center, Rotterdam, the Netherlands
Ultrasound Evaluatirm cf lhe Fetal lhora;:.: Kenneth J. Moise, Jr., MD
Professor of Obstetrics and Gynecology, Deparunent of
Juliana M. Leite, MD
Obstetrics and Gynecology, Baylor College of Medicine,
TheFetus.net
H ouston, Texas
Fetal Syndrom.es
Ultrasound Evaluatirm cfHydrops Fetalis
Clifford S. Levi, MD
Professor, Department of Radiology, University of Mary E. Norton, MD
Manitoba; Section Head, Diagnostic U1trasound, Director, Prenatal Diagnostic Center, and Director, Division
Department of Diagnostic Imaging, Health Sciences of Perinatal Medicine and Genetics, Department of
Centre, Winnipeg, Manitoba, Canada Obstetrics, Gynecology and Reproductive Sciences,
Nomwl A7wtomy cf lhe Female Pelvis mui TTansvagz'nal Radiology and Pediatrics, University of California,
Sonography San Francisco, School of Medici.ne, San Francisco,
Cali.fornia
Deborah Levine, MD Genetics and Prenatal Diagnosis
Associate Professor, Department of Radiology, H arvard
Medical School; Associate Chief of Academic Affairs, Yinka Oyelese, MD
Co-Chief of U1trasound , and Director of Obstetricsl Assistant Professor, Division of Maternal-Fetal Medicine,
Gynecology U1trasound, Department of Radiology, Beth Department of Obstetrics, Gynecology and Reproductive
Israel Deaconess Medical Center, Sciences, University of Medicine and Dentistry of
Boston, Massachusetts New J ersey - Robert WoodJohnson Medical School,
lhe Role cf Compuled lO71wgraPhy mui Magneti.c ReS01wnee hnaging New Brunswick, New Jersey
in Obstetric.s; Eclopic Pregnancy Anteparlum Fetal Assessm.enl by Ultras01wgraphy: lhe Fetal
Biophysical PrrfiJe
Edward A. Lyons, MD
Professor of Radiology, Obstetrics and Gynecology and Santosh Pandipati, MD
Anatomy, Department of Radiology, University of Clinical Instructor-Fellow, Maternal-Fetal Medicine,
Manitoba; Department of Radiology, Health Sciences Department of Obstetrics and Gynecology,
Center, Wi.nnipeg, Manitoba, Canada University of Colorado Health Sciences Center;
Nomwl Anat071I)' cf the Fe'lnale Pelvis and TTa71Svag7'nal Department of Obstetrics and Gynecology,
S01!Ography University of Colorado H ospital, Denver, ColOl'ado
Ultrasound Evaluatirm cfFetal Biametry and Normal mui Abnormal
Geoffrey A. Machin, MD, PhD Fetal Growth
Emeritus, Professor of Pathology, University of Alberta,
Edmonton, Alberta, CANADA Antonella Perolo, MD
Ultrasound Evaluatirm cf the Placenta and Umbiliml Cord Consultant, Department of Obstetrics and
Gynecology, Università degli Studi di Bologna,
Fergal D. Malone, MD, FACOG, FRCPI Bologna, Italy
Professor and Chairman, Department of Obstetrics and Ultrasound Evaluati01l cf the Fetal Face anel Neck
Gynaecology, Royal College of Surgeons in Ireland;
Deparunent of Obstetrics and Gynaecology, The Roger A. Pierson, MS, PhD
Rotunda Hospital, Dublin, lreland Professor, Department of Obstetrics, Gynecology
First TTim.ester ScreenlngJor Aneuploidy and Reproductive Sciences, University of
Saskatchewan; Department of Obstetrics,
Anne Massez, MD Gynecology and Reproductive Sciences,
Assistant Professor of Radiology, Department of Medica! Royal University Hospital, Saskatoon,
Imaging, Erasme H ospital, Brussels, Belgium Saskatchewan, Canada
lhe Fetal Genitoun'nary 1inct Ultras01!Ographic 171lagzng In 17!1ertility
X COLABORADORES

Gianlu igi Pilu , MD Anthony M. Vintzileos, MD


Associate Professor of Obstetrics and Gynecology, Professor and Chair, Department of Obstetrics, Gynecology
Department of Obstetrics and Gynccology, and Reproductive Sciences, University of Medicine and
Università degli Studi di Bologna, Bologna, !taly Dentistry of New Jersey - Robert 'WooelJohnson Meelical
UltraJound Evaluati(!Il q/the Fetal .Neural Axis; Ultrasound School; Chief, Department of Obstetrics and Gynecology,
Evaluation <fthe Fetal Face and Neck Robert Wood J ohnson University Hospital,
New Brunswick, New J ersey
Liina Póder, MD 'lhe Second 1í'imester Gelleti.c Sonogralll; Anleparlllm Fetal Assessmenl
Assistant Professor of Clinicai Radiology, Department of by Ultrasonograph)'-' 'lhe Felal BiOP0'sical Prrjile
Radiology, University of California, San Francisco, San
Francisco, California Antonio C. Westphalen, MD
UltraJound Evaluation <f the Uterus Assistant Professor, Department of Radiology, Utuversity of
California, San Francisco, San Francisco, California
Aliya Qayyum , MD, MBB S 'lhe Role <fMagnetic Resonance !rnaglÍzg in the Evaluation <f
Associate Professor of Radiology, Department of Radiology, Gynecologic Disease
University of California, San Francisco, anel University of
California, San Francisco, Meelical Center, San Francisco, Juriy W. Wladimiroff, MD, PhD, FRCOG
California Professor Emeritus, Department of Obstetrics and
771e Role ifMagnetic Resrmance Imaging in the <f Gynaecology, Erasmus Medical Center, Rotterdam,
G)'necologic Disease The Netherlands
Ult]'asOll11d Evaluatioll ri the Felal 'l/wra.x
Roberto Romero, MD
Professor, Center for Molecular Medicine anel Genetics, Lami Yeo, MD
vVayne State University School of Meelicine, Detroit, Associate Professor of Obstetrics and Gynecology, Division
Michigan; Cluef, Perinatology Research Branch, and of Maternal-Fetal Medicine, Department of Obstetrics,
Program Director for Obstetrics anel Perinatology, Gynecology anel Reproductive Sciences, University
National Institute of Child Health anel Human of Meelicine anel Dentistry of New Jersey - Robert
Development, anel Department of Health anel H uman ' '''ood J ohnson Medical School; Director of Perinatal
Services, National Institutes of Health, Bethesela, Ultrasound , and Director of Fetal Cardiovascular Unit,
Marylanel, anel Detroit, Michigan Division of Maternal-Fetal Medicine, Depanment of
'lhe Fetal Musculoskeletal S)'Stem Obstetrics, Gynecology and Reproductive Sciences,
Robert WooelJohnson University Hospital, New
Neil J. Sebire, MB, MD, DRCOG, MRCPath Brunswick, New Jersey
Consultant Pathologist, Trophoblastic Disease Unit, Chal'ing 'lhe Second 1íi.mester Geneti.c Sonogmm
Cross Hospital, Lonelon, UIuteel Kingelom
Gestatiollal1í'ojlhoblastic NeO/llasia Shi-Joon Yoo, MD, FRCPC
Professor, Departments of Medical Imaging anel Paeeliatrics ,
Maria Segata, MD University ofToronto; Section Head, C arcliac Imaging,
Fellow, Department of Obstetrics and Gynecology, Department of Diagnostic Imaging, The Hospital for Sick
Università elegli Stueli di Bologna, Bologna, !taly Children, Toronto, Ontario, Canada
Ultrasoulld Evalllation ri the Fetal Face mui Necl< Ultrasollnd Eva/uation <f lhe Fetal Heart
Lil Valentin, MD, PhD Etan Z. Zimmer, MD
Professor, Department of Clinical Sciences Malmi:i, Lunel CliJucal Associate Professor, Department of Obstetrics
University; Consultant, Department of Obstetrics and and Gynecology, Faculty of Meelicine, Tech.nion
Gynecology, Malmi:i University Hospital, Malmi:i, Sweelen - Israel Institute of Technology; Director of Obstetrics,
Ultrasolllld Evalllation ri the Adnexa (Dum) and Fallopian 1úbes) Department of Obstetrics and Gynecology, Rambam
Medical Center, H aifa, Israel
'lhe Gastroinlestinal 1í-act and Abdominal Wall
APRESENTAÇAO

Este livro começou há cerca de vinte e seis anos como uma periente que usa este livro como referência. Assim, os capí-
edição da Radiologic Clinics ri North Arnerica de mesmo título. tulos podem ser lidos em sua totalidade do início ao fim ou
Aquela edição de quase 400 páginas, que tinha imagens ser usados como um texto de referência. Além das diver-
excelentes, agora parece pálida em comparação com as sas tabelas e figuras presentes a cada capítulo, um extenso
imagens de alta resolução e as informações apresentadas apêndice está disponível para referência. Do mesmo modo ,
no livro atual com mais de l.200 páginas. Foram quase além das imagens ultrassonográficas de alta qualidade, ao
8 anos desde a última edição deste livro. Frequentemente longo do livro há numerosas ilustrações médicas coloridas
sou questionado sobre o motivo de ter esperado tanto para que ajudam a esclarecer conceitos específicos.
atualizar este livro. A resposta é bastante direta. Eu esperei São várias as pessoas a quem devo agradecer. Para
até que os avanços tecnológicos e nosso conhecimento de começar, os autores fizeram um maravilhoso trabalho de
imagem em pacientes obstétricos e ginecológicos tivessem produzir capítulos de muita competência e clareza no tem-
aumentado o suficiente para justificar uma nova edição. po adequado. A equipe da Elsevier, em particular, Manha
Qyase dois terços dos capítulos deste livro foram escritos Limbach e Todd Hummel, fez deste um processo simples e
por novos autores, e os demais capítulos foram significati- prazeroso. Dr.James Cooper fez um magnífico trabalho em
vamente revisados. A exemplo das edições anteriores , con- fornecer belas e claras ilustrações médicas para este livro.
videi autores especialistas em suas respectivas áreas e com Sou grato aos meus colegas, ultrassonografistas e estagiá-
estilo de escrita competente e claro. Se por um lado procu- rios, que me deram sugestões úteis ao longo desses anos.
rei editar meticulosamente este livro, por outro, não tentei De modo especial, sou grato pelo apoio de minha família,
assegurar que houvesse uma uniformidade de opinião em que tolerou uma sucessão interminável de papéis e livros
questões controversas. Acredito que seja proveitoso ler opi- espalhados pela casa, bem como um marido e pai que fi-
niões divergentes sobre um assunto e por fim decidir o que cava no computador tarde da noite e cedo pela manhã.
funciona melhor em sua prática. Muitos leitores pediram Minha esposa Karen foi uma fonte de estímulo e apoio,
um livro mais completo na área de imagens em mulheres e, como médica atuante, ajudou-me no entendimento de
em vez de um livro de ultrassom puro. Assim sendo, há questões obstétricas e ginecológicas. Por fim, sou grato a
capítulos sobre tomografia computadorizada, imagens por vocês leitores que me deram tanto prazer com seu enulsias-
ressonância magnética e, pela primeira vez, um capítulo so- mo em compreender esse campo que passei a amar.
bre ultrassom da mama. Tentei garantir que a informação
em cada capítulo fosse interessante tanto para o iniciante
PETER W. CALLEN, MO
em imagens ultrassonográficas como para o profissional ex-

xi
Para
mamãe e
Karen) Melanie) Brooke) Andy e Daniel
SUMÁRIO

SEÇÃO I. Ultrassonografia Obstétrica 15. Trato Gastrointestinal e Parede Abdominal 587


Moshe Bronshtein, MD, Shraga Blazcr, MD, e Etan Z.
1. Exame U ltrassonográfico Obstétrico 3 Zinuner, M D
Peter W . Callen, MD
16. Trato Geniturinário Fetal 640
2. Genética e Diagnóstico Pré -Natal 26 Fred E. Avai, M D , PhD, Brigitte Maugey-Laulol11, MD, Marie
Mary E. Nonon, MD Cassart, MD, PhD, Danielle Eurin, MD, Anne Massez, MD, e
Michelle H all, M D
3. Triagem de Primeiro Trimestre no Aneuploidia 60
Fergal D. Malone, MD, FACOG, FRCPI 17. Avaliação Ultrassonográfica d e Hidropisia Feta l 676
Kenneth j. Moise,J r. , M D
4. U ltrassonografia Genética no Segundo Trimestre 70
Lami Yeo, MD e Anthony M. Vintzileos, MD
18. Avaliação Ultrassonográfica do Colo Utcrino 698
Vincenzo BergheUa, M D, e George Bega, MD
5. Síndromes Fetais 11 2
Juliana M. Leite, MD, Roberta Granese, MD, PhilippeJeanty,
19. Avaliação Ultrassonográfica da Placenta e Cordão
MD, PhD, e Sandra Silva Herbst, MD
Umbilical 721
6. Avaliação U ltrassonográfica Durante o Primeiro Vick.ie A. Feldstein, M D, Roben D. Harris, MD, e GeofTre y A.
Trimestre d e Gestação 181 Machin, M D, PhD
Faye C. Laing, MD, Mary C. Frates, MD, e Carol B. Benson,
MD 20. Volume do Líquido Amniótico: Na Saúde e Doença
Fetal 758
7. Avaliação U ltrassonográfica da Biometria Fetal e Peter W. Callen, MD
Crescimento Fetal Normal e Anormal 225
Henry L. Galan, MD, Santosh Pandipati, MD, e Roy A. Filly, 21. Avaliação Fetal pela Ultrassonografia no Pré-parto:
MD o Pe rfil Biofísico Fetal 780
M artin R . Chavez, MD , YiJlka O yelese , MD , e Anthony M .
8. Avaliação Ultrassonográfica de Gestações Múltiplas 266 Vintzileos, M D
James F. X. Egan , MD, e Adam F. Borgida, MD
22. O Papel da Ultrassonografia Dopple r em Obstetrícia 794
9. Avaliação U ltrassonográfica da Anatomia Fetal Normal Alfred Z. Abuhamad, MD
297
Roy A. Filly, MD, e Vick.ie A. Feldstein, MD
23. O Papel da Tomografia Computadorizada e das Imagens
de Ressonância Magnética em Obste trícia 808
10. Ava liação U ltrassonográfica do Eixo Neural do Feto 363
Deborah Levine, MD
Gianluigi Pilu, MD

24. O Papel do Ultrassom e m Três Dimensões na Avaliação


11. Avaliação U ltrassonográfica da Face e Pescoço Fetal 392
do Feto 830
Gian]uigi Pilu , MD, Maria Segata, MD, e AntoneUa Perolo,
Bcry] R. Benacerraf, MD
MD

12. Sistema Musculoesquelé tico Feta l 419 25. O Cuidado Pré-natal do Feto com um Defeito Corrigível
Luís F. Gonçalves, MD,Juan Pedro Kusanovic, MD, Francesca 867
Gotsch, MD,Jimmy Espinoza, MD, e Roberto Romero, MD Robert H. Ball, MD, eJ an Depres t, MD, PhD

13. Avaliação Ultrassonográfica do T órax Fetal 493 SEÇÃO 11. Ultrassonografia Ginecológica
Juriy W. WladimirofT, M D, PhD, FRCOe, Titia E. Cohen-
Overbeek, MD, eJacqueline A. M. Laudy, MD, PhD 26. Anatomia Normal da Pelve Feminina e U ltrassonografia
Transvaginal 887
14. Avaliação U ltrassonográfica do Coração Fetal 511 ClifTord S. Levi, MD, Edward A. Lyol1S , MD, Susan C. H olt,
Yoo, MD, FRCPC, e Edgar Jaeggi, MD MD, e Sidney M. Dashefsky, MD
xiii
xiv SUMÁRIO

27. Avaliação U ltrassonográfica do Ú tero 9 / 9 Apêndice B


Lüna Põd er, M D Medidas U sadas na Avaliação do Peso Fetal, C rescimento e
Proporções Corporais 1 / 74
28. Sangrame nto Uterino Anormal: o Papel da
U ltrasso nografia 942 Apêndice C
Steven R. Goldstcin, MD Medidas par a Avaliação do Líquido Amniótico 1 / 8 /

29. Neoplasia Trofoblástica Gestacional 951 Apêndice D


Neil J. Sebire, MB, MD Avaliação Fetal por Doppler (Não cardíaco) 1/84

30. Ava liação U ltrassonográfica dos Anexos (Ovário e Apêndice E


Doppler da Artéria Cerebral M édia para Avaliar Anemia Fetal 1 188
Trompas de Falópio) 968
Lil Valentin, MD, PhD, e Peter W. C allen, MD
Apêndice F
Medidas C ard íacas Fetais e Avaliação com Doppler // 89
31. Imagem U ltrassonográfica na Infertilidade 986
R oger A. Pierson, M S, PhD
Apêndice G
jJetecção Ultrassonográfica de Anormalidades C rolUossomiais 11 98
32. Gestação Ec tópica /020
D eborah Levine, MD
Apêndice H
Medidas N ormais do Útero e dos O vários 120 1
33. O Papel da Ressonância Magnética na Avaliação de
Doença Ginecológica / 048 Apêndice I
Antonio C. Westphalen, M D , e Aliya Qtyyum , MD, MBBS Medicamentos e M alformações Associadas Relatadas 1202

34. Ultrassonografia da Mama 1077 Apêndice]


Ellen B. Mendelson, MD, FAC R Estimativa da Expos ição do Feto durante Exan1es Radiográficos
1205
35. Artefatos, Armadilhas e Variantes Normais 1098
Peter W. Callen, MD Apêndice K
Protocolo para Exame d a Ressonância Magn ética para Pacientes
Apêndice A Grávidas com Dor Aguda no Qyadrante Inferior Direito 1206
Medidas Usadas Frequentemente para Estimar a Idade Gestacional
e Biometria Fetal // 59 Índice 1207
S E
I ç Â O

ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA

)
Conteúdo da Seção
Exame Ultrassonográfico Obstétrico . ... .. . .. .. .. . . 3 Trato Gastrointestinal e Parede Abdomi nal . . .. . . 587
Genética e Diagnóstico Pré-Natal . . . .. . . . . . . . .... 26 Trato Gastrointestinal Fetal ....... ....... . . ... . 640
Triagem de Aneuploidia no Primeiro Trimestre ..... 60 Avaliação Ultrassonográfica de Hidropisia Fetal. 676
Ultrassonografia Genética no Segundo Trimestre .. 70 Avaliação Ultrassonográfica do Colo Uterino .... 698
Sindromes Feta is . ... . . . ..... . . . . .. . .... .. . . . . . 112 Avaliação Ultrassonográfi ca da Placenta e
Ava liaçã o Ultrassonográfica Durante o Corda Umbilical .. . . . . .... . . . . ........ . .. . . . . . 721
Pri meiro Trimestre de Gestação . . . . . . ... . . . .. . 181 Volume do Líquido Amniótico : na Saúde e
Avalia çã o Ultrassonográfica da Biometria Fetal e Doença Fetal . .. . . .. .. .. . . ... . . ... . ... . .. . .... 758
Cresc imento Fetal Normal e Anormal .. . .. . . ... 225 Avaliação Fetal pela Ultrassonografi a no
Avalia çã o Ultrassonográfica de Gestações Pré -parto : o Perfil Biofísico Fetal . . . . . . . .. ..... 780
M últiplas . .. ..... . . . ... . . . . . .. . . ...... . . .. . .. 266 O Papel da Ultrassonografia Doppler em
Avalia çã o Ultrassonográfica da Anatomia Obstetrícia . .. .. . . .... .. . . . . ........ ..... . .. . 794
Fe tal Normal . . . . .. . . . . . . .... ... .. . . . . . .. . . . .. 297 O Papel da Tomorafia Computadorizada e das
Av ali açã o Ultrassonográfica do Imagens da Ressonância M agn étic a em
Eixo Neural do Feto . .. . .. . .. . . .... . ... . .. ... . 363 Obstetrícia . . . ... .. .. . . .. . .......... . . . . .. . .. 808
Avalia çã o Ultrassonográfica da Face e O Papel do Ultrassom em Três Dimensõe s na
Pesco ço Fetal .. . .. . ... . .. . .. . .. . . . . . . . . . .. . . 392 Avaliação do Feto . .. .. . ... ... . . ... . . . . . ..... . 830
Sistema Musculoesquelético Fetal . . . .. . . . .. ... 419 O Cuidado Pré-natal do Feto com um Defeito
Avaliação Ultrassonográfica do Tórax Fetal ... .. 493 Corrigível . . . . . . . . . . . . . . . .. ... . . .. . . . . .. . .... . 867
Avalia ç ão Ultrassonográfica do Coração Fetal .. .511
1
EXAME ULTRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO
Peter W. Callen, MD

Segurança do Exame Ultrassonográfico Os Exames Ultrassonográficos no Segundo e Terceiro Trimestres

Indicações do Exame Ultrassonográfico Obstétrico Número Fetal e Vitalidade Fetal


Situação Fetal
Quem Oeve Efetuar o Exame Ultrassonográfico e Como Ele Oeve Atribuição de Idade Gestacional e Peso
Ser Realizado?
Volume de Líquido Amniótico
Terminologia Volume de Líquido Amniótico em Gestações Múltiplas
Léxico de Ultrassonografia Placenta
Diretrizes
Malformações Fetais
Útero e Anexos
Equipamento e Documentação de Ultrassonografia Verbosidade Usada nas Diretrizes do AIUM/ACR/ACOG
O Exame Ultrassonográfico no Primeiro Trimestre Interpretação do Exame Ultrassonográfico
Laudo dos Resultados de Ultrassonografia
Identificação de uma Gravidez Intrauterina
Discussão do Exame com a Paciente
Número Embrionário/Fetal
Avaliação da Literatura de Ultrassonografia Obstétrico-
Estimativa da Idade Gestacional Ginecológica
Anormalidades Morfológicas
Negligência Profissional e o Exame Ultrassonográfico Obstétrico
Placenta
Útero e Anexos Conclusão

faz quase 4 décadas desde que a ultrassonografia foi sonográfico obstétrico. Entretanto, ainda há diferenças na
usada pela primeira vez para avaliar a paciente obstétrica. conduta do exame ulu'assonográfico obstétrico de um grupo
o princípio, as perguntas que essa modalidade procurava para outro. Algumas questões muito básicas, tais como o que
responder eram básicas: Há uma gravidez? O feto está vivo? constitui um exame ultrassonográfico básico, que estruturas
Há uma gestação única ou gemelar? Qyal é a localização da devem ser avaliadas, o tempo de realização do exame, quem
placenta? Qyal é a idade gestacional? Provavelmente, poucos deve executar e interpretar o exame, quão seguro é o ultras-
imaginavam que chegaria o dia em que a ulo'assonografia seria som, como ele deve ser registrado e documentado, como deve
usada para responder a questões como a presença de defeitos ser dado o laudo e, por ültimo, como relatar à paciente os
anatômicos sutis como uma fenda labial ou palatina ou sugerir resultados do exame, muitas vezes são calorosamente deba-
a presença de uma anOlmalidade cromossômica. Do mesmo tidas. Essas questões são consideradas mais tarde no texto, e
modo, no começo, foi difícil convencer os cwucos da utilidade algumas, discutidas aqui.
dessa nova modalidade diagnóstica. Agora, é comum uma
paciente fazer um ou mesmo válios exames ultrassonográficos
durante sua gTavidez. Os avanços tecnológicos recentes em SEGURANÇA DO EXAME
sistemas de imagem de ulo'assom, o uso de transdutores ULTRASSONOGRÁFICO
transvaginais de alta frequência e o potencial da oi.agem
cromossômica na gravidez inicial (p. ex. , translucência nucal) só Não muito tempo depois do advento do exame ultrassonográ-
ampliaran1 o interesse pelo uso do exame ultrassonográfico na fico, surgiram düvidas quanto à segurança dessa nova moda-
paciente obstétrica. lidade. Apesar de numerosas afirmativas quanto à segurança
Desde a ültima edição deste livTO, houve avanços dra, do ultrassom para a mãe e o feto , houve vários estudos que
máticos na tecnologia de ultrassom, incluindo melhora da observaram possíveis efeitos adversos do ultrassom diagnós-
resolução espacial e de contraste, formação de imagem tridi- tico sobre o feto em desenvolvimento . Esses estudos focaliza-
mensional e tetradimensional, exame com harmônica, novos ram principalmente mecanismos ténnicos e de cavitação que
e refmados transdutores de ulo'assom e aparelhos digitais levali.am a possíveis lesões do feto em desenvolvimento. 1.5
aperfeiçoados, para citar apenas alguns. Do mesmo modo, A absorção da energia das ondas de u[trassom pelo tecido
nosso conhecimento da anatomia normal e patologia fetais , e mole e o osso, e sua conversão em calor, são medidas pelo
da fisiopatologia das doenças aumentou substancialmente. A índice térmico. Um índice térnuco de 1 sigIUfica um aumento
Internet tornou mais fácil a comunicação entre os pesquisado- de 1 grau centígrado. Diversos estudos sugeriram um limiar
res. Similarmente, tem havido muitos estudos colaborativos e geral de elevação de temperatura de 1,5 a 2° C acima da
refinamentos das diretrizes para a realização do exame ultras- temperatura corporal materna antes que ocorra qualquer evi-
3
4 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRI CO

dência de um efeito no desenvolvimento. Com as modemas A informação sobre uma associação entre ultrassom e
máquinas de ultrassom, há apenas uma elevação desprezível de malformações congênitas é limitada. Estudos que avaliaram
temperatura, usualmente menos de 10 C. A "Vorld Federation aberração cromossônuca e exposição a ultrassom demonstra-
for Ultrasound in Medicille and Biologl declarou que "uma ram pequena ou nenhuma alteração.l.Io.15
exposição diagl1óstica que produz uma elevação máxima de As principais dificuldades com os estudos que investi-
temperatura !lI situ de não mais que 1,5 0 C acima dos lúveis garam um possível efeito deletério da avaliação com ultras-
fisiológicos normais pode ser usada sem reservas, em bases som diagllóstico são tríplices: (1) os níveis de exposição ou
térmicas". Além disso, eles declararanl que "uma exposição tempo de exposição ao ultrassom experimental muitas vezes
diagnóstica que eleva a temperatura in situ embrionária e excederam muitissimo aqueles que normalmente são usados
fetal acima de 41 0 C durante 5 minutos deve ser considerada diagllosticamente; (2) os sistemas usados para mostrar efeito
potenciahnente perigosa".6 Como resultado dessas conclusões, de ultrassom (plantas, cultura celular, animais de laboratório)
é improvável que haja um efeito deletério do ultrassom no pri- podem não ser aplicáveis aos humanos ; e (3) muitos estudos
meiro trimesn-e durante a embriogênese com ultrassonog-rafia que demonSU'aranl efeitos adversos in vitro não foram repro-
de rotina em escala de cinza. dutíveis. IG
Entretanto, quando é usado Doppler durante o primeiro Um estudo recente avaliando o efeito do ultrassom diagnós-
trimestre, é provável que possam ocorrer elevações de tempe- tico sobre a migração neuronal em canmndongos, mais uma vez,
ratura acima de 1,5 0 C .l Estudos do efeito do Doppler sobre levantou muita atenção no meio. 17 Embora este seja um estudo
os tecidos moles adjacentes ao osso e aos condutos nervosos interessante em camundongos, pelas razões anteriormente des-
demonstraram uma elevação importante na temperatura CI-itas, ele tem pouca ou nenhuma aplicabilidade em humanos.
quando o feixe de Doppler foi mantido durante mais de 30 Há duas críticas principais a esse estudo. Embora o estudo tenha
segundos.l.i A European Federation for Societies in Medicine usado equipamento comercialmente disponível no qual uma
and Biology concluiu, em 1998, que "até que esteja disponí- frequência de ultrassom apenas ligeiramente maior que o nor-
vel informação científica adicional, as investigações usando mal foi usada (6,7 MHz versus 3,5-5,0 MHz), a duração fIxa da
Doppler pulsado ou em cores devem ser realizadas com con- exposição excedeu muitíssimo a que seria usada normalmente.
trole cuidadoso dos níveis de emissão".1.8 O estudo não demonsn'ou resultados anormais estatisticanlente
Embora exista o potencial de efeitos embrionários do significativos até 30 minutos de exposição (2 x 15 minutos). Há
exame com Doppler, há pouca evidência de que o ultrassom mais de 10 anos, quando um ultrassonogl'afista queria determi-
seja teratogênico. Conforme declarado em um editorial recen- nar que um emblião era inviável, a avaliação recomendada do
te sobre o assunto, "Muitos dos estudos até agora mostraram emblião era 3 minutos de observaÇ<'ío, demonstrando ausência
que o embrião é notavelmente resistente à exposição ao de evidência de atividade embrionillia ou cardíaca. Dois minu-
ultrassom. A lógica sugere que as técnicas Doppler não devem tos de avaliação, quanto mais 3 minutos, pareciam uma eter-
afetar o embrião se os pulsos forem aplicados com um lÚVel nidade, e a maioria dos examinadores, na minha experiência,
baixo"9 Um estudo em animais por Zhu el alIO examinou o parava após 1 minuto. No embrião ligeiramente mais velho e
efeito genético do Doppler colorido diagnóstico. Os pesqui- no feto inicial, mais do que 5 a 10 minutos de avaliação susten-
sadores insonaram em ratas grávidas Iúveis de energia de tada do cérebro fetal selia excessivo. a maioria dos casos, o
Doppler em cores diagnóstico, e estudaram os ciclos celulares transdutor estaria se movendo em torno do cérebro em vez de
dos ratos recém-nascidos por citometria de fluxo e análise estar fIxo durante o exame. A segunda crítica se relaciona com
fatorial. Observaram que o conteúdo de ácido desoxirribonu- a cronologia da embriologia e o tamanho do cérebro do camun-
cleico não foi afetado em qualquer fase do ciclo celular nos dongo e do humano. Como disseranl os autores desse estudo:
ratos recém-nascidos, por qualquer um dos diferentes tempos "A duração da produção neuronal e da fase migratólia dos
e frequências de insonação. neurôluos corticais no feto humano dura aproximadamente 18
A cavitação siglufica a ocorrência da formação de bolhas vezes mais tempo que em camundongos (entre 6 e 24 semanas
gasosas em uma interface ar-água. I A preocupação é que de gestação, com o máximo oCOl-rendo enn'e 11 e 15 semanas),
o estresse produzido no liquido adjacente ao corpo gasoso em comparação com a duração de apenas aproximadamente 1
durante o processo de cavitação possa romper membranas semana (enn'e Ell e E18) em um camundongoY'19 Logo, uma
celulares. 1I1 Entretanto, cavitação tem sido dificil de doclilllen- exposição de 30 minutos representa um tempo muito menor
tar em fetos manúferos, porque, na maior parte dos casos, não dedicado ao desenvolvimento do córtex cerebral no humano
existe uma interface ar-ág1.Ia, necessária para o mecanismo de que no camundongo, e, assim, poderia ter um menor efeito
cavitação. l global, tornando a corticogênese humana menos vulnerável às
Vários estudos avaliaram o efeito de uln-assonografia ondas de uIn-assom."
pré-natal sobre a evolução neonatal e do lactente em modelos A declaração do American Institute of Ultrasound in
animais. Embora alg1.lI1s estudos tenham documentado pesos Medicine (AlUM) sobre a segurança clÍIuca da ultrassono-
mais baixos ao nascer, comprimentos mais curtos e contagens grafIa diagl1óstica reitera achados precedentes de que nenhum
din1inuídas de leucócitos em recém-nascidos que foram esca- bioefeito confirmado causado pela exposição a intensidades
neados in lItera, em comparação com controles, as diferenças tipicas dos instrumentos diagllósticos atuais jamais foi rela-
de tamanho desapareceram quando estudadas após 3 meses. tado em pacientes ou operadores dos instrumentos.z° Essa
Além disso, os parâmetros hematológicos normalizaram-se a declaração reconhece a possibilidade de que bioefeitos possam
essa altura. 12 Estudos do neurodesenvolvimento não revela- ser identificados no futuro, mas enfatiza os dados atuais que
ram diferenças sigluficativas em tarefas motoras ou cOgllitivas, indicam que os benefícios do uso prudente da ultrassonogra-
ou nas habilidades de aprendizado.1.l 2 Estudos que avaliaram fia diagnóstica superam os riscos, se os houver. 20 .21 Conforme
fetos e recém-nascidos humanos chegaram a conclusões seme- afi1\.mou Kremk au, 22 " mesmo se esse rISCO
. c
101' - n1ll1lmo
tao ,. que
lhantes. Os estudos ou não encontraram nenhuma diferença seja difícil de identificar, a prática prudente obriga a que medi-
em peso ao nascimento entre fetos expostos e não expostos, das de rotina sejam implementadas para mininuzar o risco,
ou observaram uma diferença que, embora estivesse presente enquanto se obtém a informação necessária para alcançar o
ao nascer, não estava presente aos 6 a 7 anos de idade. 13 . 1-l benefício diagnóstico. Esse é o princípio ALARA (as low as rea-
EXA ME UL TRASSO NOGRÁFICO OBSTÉTRICO 5

sonably adzievable = tão baixo quanto razoavelmente realizável) l OS países onde é praticado exame ultrassonográfico
do exame prudente" (Fig. l -I ). pré-natal de rotina, os pesquisadores observaram que o
O conhecimento do ultrassom e da sua segurança pelo exame ultrassônico é benéfico para deleclar malformações
ultrassonogralista é crucial para a implementação segura dessa congênitas, para diagnosticar gêmeos e placenta prévia, e para
modalidade. Merritt, em um editorial , melhor resumiu isso: identificar pacientes em risco de pós-maturidade e restrição do
"Em vista do crescimento rápido da ultrassonografia, e da crescimento intrauterino.24 .27 Embora essas observações sejam
sua proliferação nas mãos de Clúlicos minimamente treinados , claramente importantes , a principal questão ainda não respon-
é provávcl que mais paciente ejam lesadas a eada dia pelo dida é se a evolução das paciemes é melhorada de modo sig-
diagnóstico errado resultante de indicações inadequadas, má nificativo por exames ullrassol1ográficos de triagem. Em um
técnica de exame e erros na interpretação, do que por todos estudo no qual o uso de rotina do exame com ultrassom pré-
os bioefeitos."21 natal foi avaliado, os pesquisadores não encontraram benefí-
cio do uso de rotina da "ultrassonografia de consultório"28 A
maioria dos erros importantes de idade gestacional e a maio-
INDICAÇÕES DO EXAME ria das gestações gemelares foram suspeitadas clinicamente e
ULTRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO diagnosticadas por uma ulu"assonografia indicada, em oposi-
Em alguns países, 900f0 a 1000f0 das mulheres que procuram assis- ção a uma ultrassonografia de u"iagem. 28 Em um dos maiores
tência obstétrica fazem pelo menos um exame ultrassonográfico estudos do seu tipo, o estudo RADIUS (Routine Amenatal
durante a gravidez. 23 .24 Em Glasgow, Escócia, onde é empregado Diagnostic Imaging with Ultrasound) avaliou mais de 15.000
exame de rotina, o número médio de uJo-assonografias por pacientes de baLxo lisco em uma tentativa de determinar a
gravidez é 2,8. 25 Na Alemanha, três uJo-assonografias (semanas eficácia da ultrassonografia de triagem sobre a evolução peri·
9-12, 19-22 e 29-32) são realizadas rotineiramente durante a natal. 29 Pacientes de baLxo risco foram designadas aleatoria-
gravidez. 26 mente para fazer duas u ltrassonografias de triagem (com 15 a
Se a avaliação com ultrassom é relativamente segura e não 22 semanas e 31 a 35 semanas) ou para tratamento obstétrico
invasiva, e tem o potencial de fornecer importante informação convencional com ulu"assom usado apenas quando considera-
diagn óstica, então por que não usar essa modalidade em toda do clinicamente necessário. A conclusão do estudo foi que as
paciente grávida? Como se poderia imaginar, há muita contro- ultrassonograftas de triagem não melhoraram a evolução peri-
vérsia sobre essa única questão. natal e não tiveranl um benefício clinicamente significativo.
Os resultados do estudo RADIUS documentaram uma baixa
taxa de detecção de fetos anômalos (3 50f0 no grupo rastreado
versus 11 Ofo no grupo não rastreado) bem como uma baixa taxa
IMinimizar o risco de aborto (9 abortos por anomalias enu"e 7.685 fetos no grupo
triado, enquanto quatro gestações foranl interrompidas por
anomalias fetais detectadas entre 7.596 pacientes do grupo-
T ão controle).30 De modo semelhante, muitos estudos sinli1ares
I Minimizar a exposição I avaliando a eficácia da ultrassonografia de triagem também
B aixa examinaram a sensibilidade da avaliação com ultrassom para
a detecção de anomalias congênitas. 3 1 Esses estudos demons-
Q uanto
+
Usar somen- Minimizar
+
Minimizar a R azoavelmente
traram que em uma população de baLxo risco a sensibilidade
é baLxa, variando de 170f0 a 350f0, enquanto a especificidade
te quando o tempo de intensidade é bastante alta, de 990f0.32 .33 Qyando são efetuados exames
indicado exposição de exposição R ealizável direcionados em uma população de alto risco, a sensibilidade
A B
é significativamente melhorada, para mais de 900f0. 34.35 As
FIGURA 1-1. A minimização do risco pela minimização da exposição
(A ) c onstitui a base do prin c ípio TBQRR (8). IDe: Kremkau FW fedI:
principais críticas dos estudos RADIUS e outros semelhantes
Diagnostic Ultrasound: Principies and Instruments, 7th ed. Philadelphia, foram a baixa detecção de anomalias e abono em comparação
W8 Saunders, 2006. ) com estudos europeus e de outros países (Tabelas l -I e 1-2).

Tabela 1- 1 I Prevalência de Anomalias Fetais em Estudos Publicados*


NQde Gestações NQde Anomalias na Prevalência de Anomalias
Nome do Estudo Pa is Rastreadas Popul açã o Rastrea da por 1.000 Rastreadas
Brocks e Bant O Dinamarca 14.297 81 t 5,67
Levi ct al8 1 Bélgica 16.072 259 t 25,95
RADIUS 29 .30 Estados Unidos 7.765 187t 23, 10
H elsinki rriaJ 82 .83 Finlândia 4.073 45+ 11 ,05
Luck 84 Reino Unido 8.523 67 t 7,86
Shirlcy ct al85 Reino Unido 6. 183 84' 14,39
Roben s er aJ86 Nova Zelândia 12.909 24 9t 19,29
C hirty er aJ S7 Reino U nido 8.432 125" 14,82
Anderson et al88 lova Zelândia 7.880 157t 19,80

"Ult rassonografias realizadas antes de 24 semanas de ges tação em todas as séries exceto Robc n s fI al.S2
' 88 casos de d ilatação renal foram deduzidos do número publicado pelo autOr.
De: Andersoll N. Bom'd l O . DnfT G : Prcnatal sonograph)" fo r the de tcction o f fetal anomal ies : Results of a prospecti ve stnel)' and comparisoll \Vilh prior series . AJR Am J
Roelllgellol J65:943. 1995.
6 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

Taxa de Detecção de Anomalias Fetais Antes de 24 Semanas de Gestação em Comparação com Estudos
Publicados
N!!. de Anomalias na N!!. de Anomalias Porcentagem de Taxa de Detecçã o
Nome do Estudo População Detectadas Anomalias Detectadas por 1.000 Rastreadas

Brocks e Bang'° 81 44 54,3 3,08


Levi et al RI 259 54 20,8 3,36
RADIUS 29 .3o 187 31 16,6 3,97
Helsinki trial 81 •83 45 18 40,9 4,42
Luck B4 67 41 61,2 4,81
Shirlcy ct al85 84 51 60,7 8,25
Roberts et al 86 218 96 44,0 8,45
Chitty et al 87 125 93 74,4 !l,03
Anderson et al88 157 93 60,0 11 ,80

De: Anderson N, BosweU 0 , Duff G : Prenatal sonography for the detection of felal anomalies: Results of a prospective stud y and comparison with p,ior scries. AJR AmJ
Roentgenol 165:943, 1995.

Possíveis explicações para a variação na taxa de detecção uma lista de indicações pal'a a ultrassonografia obstétrica e
de fetos anômalos podem incluir (1) diferenças na avaliação ginecológi.ca. 37
neonatal, (2) diferenças na definição de uma grande anomalia,
(3) um status diferente de risco da população, (4) diferenças Estimativa da idade gestacional por avaliação ultrassono-
sobre o que é considerado uma ultrassonografia de rotina ou gráfica para confirmação da data para pacientes que serão
padrão, e (5) a perícia do examinador. 36 submetidas a partos cesarianos eletivos repetidos , indução
Mesmo se concluirmos que as ultrassonografias de tria- do trabalho de parto, ou interrupção eletiva da gravidez.
gem são uma empreitada valiosa, duas questões importantes Avaliação do crescimento fetal (quando a paciente tiver uma
ainda precisam ser analisadas. Primeiro, o custo dessa tarefa etiologia identificada pal'a insuficiência uteroplacentária,
seria grande. Com aproximadamente 4 milhões de partos como pré-eclâmpsia grave, hipertensão o'ônica, doença renal
nos Estados Unidos anualmente, o custo de se rastrear cada crônica importante, ou diohetes me/Litus grave, ou pal<t outras
mulher, com uma estimativa conservadora de $200 por complicações médicas da gravidez quando for suspeitada
exame, seria de $800 milhões. Se acrescentarmos o custo adi- desnutrição fetal, isto é, restriç.:'io do crescinlento intrauterino
cional de múltiplos exames, os custos adicionais de assistência ou macrossomia).
à saúde seriam acima de $1 bilhão. Dois argumentos principais Sangramento vaginal de etiologia indeterminada na gravi-
são frequentemente propostos para se contrapor à preocupa- dez.
ção com o custo da ultrassonografia de triagem. Primeiro, um Detem1inação da apresentação fetal quando a apresenta-
número importante de pacientes em hospitais públicos estaria ção não puder ser adequadanlente avaliada no trabalho de
em alto risco e, assim, provavelmente exigiriam avaliação parto.
ultrassonográfica de qualquer modo. Esse número pode ser Suspeita de gestação múltipla.
tão alto quanto 40% a 60% das pacientes. Segundo, uma críti-
Sujeito à alrulÍocentese (biópsia vilocorial).
ca importante do problema do custo relaciona-se com o custo
Discrepância importante tamanho uterino/datas clínicas.
do tratamento dos fetos anômalos não abortados. Argumenta-
Massa pélvica detectada cliIlÍcanlente.
se que, se o nascimento de uma criança com espinha bífida,
Suspeita de mola hidatiforme.
coração esquerdo hipoplástico ou trissomia 21 for evitado,
Adjunta à cerclagem cervical.
o custo poupado pagaria a triagem da população inteira de
baixo risco em uma área. 36 Além das discussões a respeito do Suspeita de gravidez ectópica.
custo, poderia ser proposto um argumento relacionado com a Adjunta a procedinlentos especiais.
qualidade de vida e ao benefício para a mulher grávida obti- Suspeita de morte fetal.
dos com um resultado de ultrassom normal. Suspeita de anormalidade uterina.
A segunda questão envolve as pessoas que executam os Localização de dispositivo intrauterino anticoncepcional.
exames de triagem. Muitos acreditam que a melhor soluç.:'io Vigilância de desenvolvimento de folículo ovariano.
seria ter virtualmente qualquer ultrassonografista para fazer a Perfil biofísico qUallto ao bem-estalo fetal (depois de 28
triagem, contanto que ele ou ela de bom grado se dispusesse semanas de gestação).
a encaminhar todas as anormalidades questionáveis a pessoas Observação de eventos intrapal"to (p. ex., versão/extração
mais experientes. Embora isso possa concebivelmente alivial' de segundo gêmeo, remoção manual da placenta).
o problema do exame falso-positivo, não atacal'ia as questões Suspeita de poli-hidrânmio ou oligo-hidrâmnio.
de uma anormalidade passal' despercebida devido à inexperi- Suspeita de descolanlento prematuro da placenta.
ência do examinador e de um grande número de exames de Adjunta à versão externa de apresentação pélvica para
"segunda vista" desnecessários. cefálica.
Como resultado da explosão no número de exanles ultras- Estimativa do peso e/ou apresentação fetal na ruptura pre-
sonográficos, diversas pessoas e organizações começaram o matura das membranas ou trabalho de parto prematuro.
processo de desenvolver um consenso de indicações para a Valor anormal de alfafetoproteína sérica (AFP) pal'a a
realização da ultrassonografia. Em 1983 a 1984, um painel dos idade gestacional cwlÍca quando colhida.
National LlStitutes ofHealth reuniu-se e, depois de obter infor- Acompanhamento de anomalia fetal identificada.
mação de vários ultrassonografistas experientes, desenvolveu História de anomalia congênita prévia.
EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO 7

Avaliação seriada do crescimento fetal em gestações múlti- exames eram diferentes de médico para médico. Havia a pre-
plas. ocupação de que com o número de exames aumentando dra-
Estimativa da idade gcstacional em registros tardios para maticamente, sua qualidade estivesse diminuindo. Em uma
tratamento pré-natal. tentativa de atacar esse problema, a Comissão de Ultrassom
do Colégio Americano de Radiologia, com pequena modi-
Embora possa haver algumas exceções, essa lista serve como ficação pelo AlUM, desenvolveu diretrizes para servirem
uma dirctriz útil para encaminhamento à ultrassonografia na como padrão para a efetivação do exame ultrassonográfico
avaliação da paciente obstétrica e ginecológica. obstétrico. 42 Essas diretrizes foram Ligeiramente modificadas
várias vezes, a última em 2003. 43 Embora possa haver ultras-
sonografistas que excedam essas diretrizes, elas servem como
QUEM DEVE EFETUAR O EXAME um padrão mínimo para todos os profissionais de ultrasso-
ULTRASSONOGRÁFICO E COMO ELE nografia obstétrica. 44 De uma maneira semelliante, o ACOG
DEVE SER REALIZADO? publicou um boletim técnico em 1988, foi revisado em
1993, com padrões muito semell1antes. 40 , 5
Teoricamente, a resposta a quem deve executar o exame ultras- Antes de discutir a execução do exame ultrassonográfico,
sonográfico deveria ser extremamente fácil. De fato, é uma das é necessário detalhar a termÍnologia que é usada para descre-
questões mais controvertidas relacionadas com a ultrassono-
ver o exame realizado na ultrassonografia obstétrica.
grafia. A resposta deveria ser que apenas pessoas que tenham
tido treinamento adequado (incluindo experiência didática
bem como "hands-on" [prática) supervisionadas) devem reali- Terminologia
zar e interpretar um exame ultrassonográlico.
A mais recente classificaçã043 dos exames
Há mais de 20 anos, o Grupo-Tarefa sobre
fetais pelo AlUM, ACR e ACOG agrupa os exames em
Treinamento para Diag11óstico em Ultrassonografia Obstétrica
quatro categorias principais: (A) O Exame U1trassonográfico
e Ginecológica elaborou diretrizes para o médico pós-residen-
te que completava programas de residência em radiologia do Primeiro Trimestre, (B) O Exame Padrão do Segundo ou
ou obstetrícia e ginecologia que não forneciam treinamento Terceiro Trimestre, (C) O Exame LinUtado e (D) Exames
formal em avaliação ultrassonográfica obstétrica e ginecoló- Especializados. Parece que a principal confusão sobre como
gica. 38 Essas diretrizes incluíam uma recomendação de um denon1Ínar esses exames é centrada nas categorias B e D.
múumo de 3 meses de experiência em avaliação de ultrassom O exame ultrassonográfico obstétrico padrão do segundo e
obstétrico e ginecológico. Além disso, foi recomendado que terceiro trimestres é frequentemente chamado exame de rotina,
esse treinamento incluísse 1 mês de treinamento supervisio- exame básico, exame Nível 1 ou exame ultrassonogr4fi.co completo.
nado e documentado em um serviço estabelecido de ultrasso- Embora alguns desses termos sejam aceitáveis, é necessário
nogTafia. Esse treinamento devia incluir física básica, téCIuca, algum esclarecimento dos exames Nível 1 e 2. Esses termos,
execução e interpretação. Ademais, o médico deveria obter 2 descrevendo exames ultrassonográficos, foram elaborados no
meses de experiência prática (pelo menos 200 exames) antes fim dos anos 1970 para avaliar mais profundamente as pacien-
de oferecer serviços como um médico competente em exame tes nas quais concentrações elevadas de alfafetoproteína (AFP)
ultrassonográfico diagnóstico. 38 ão há razão para acreditar foram detectadas em testes para defeitos do tubo neural. As
que nos 20 anos subsequentes, com a complexidade aumen- ultrassonografias Nível 1 eram efetuadas predomÍnantemente
tada desse campo, essas diretrizes não devam ser ainda mais para detec[ar problemas obstétricos que resultam em níveis
ngorosas. de AFP sérica matcrnos elcvados (gêmeos, gestações errone-
As batalhas por "campo de atividade" entre radiologistas amente datadas, morte fetal). Ultrassonografias Nível 2 eram
e obstetras sobre quem deve realizar o exame são desafortu- realizadas para identificar as anormalidades fetais (defeitos de
nadas. Contanto que o médico que realiza o exame seja ade- tubo neural aberto, defeitos da parede abdomÍnal) que esses
quadamente treinado e efetue o exame ultrassonográfico obs- programas eram projetados para detectar. 46 É importante
tétrico padrão mínimo, conforme as diretrizes do American assinalar que enquanto os indivíduos que fazem exames Nível
College of Radiology (ACR), AlUM e American College of 2 são usualmente proficientes em avaliar pacientes quanto a
Obstetricians and Gynecologists (ACOG), a especialidade do anomalias congênitas, isso não que dizer que o examinador do
examinador não in1porta. 39 AO Eu, no entanto, não acredito Nível 1 não seja experiente. 46 Em um excelente editorial sobre
na prática do autoencamÍnhamento. Exames por autoenca- o assunto, Filly"6 assinala que infelizmente alguns examinado-
minhamento tendem a ser efetuados cada vez mais frequen- res escolheram lIsar o termo "Nível 1" como um escudo para
temente,H e são, n1uitas vezes , menos "completos" e de uma incompetência. Como observa ele, a ultrassonografia Nível 1
qualidade mais baL--m do que quando são realizados por um não é definida pela capacidade téCIuca do examinador, nem
ultrassonografista dedicado. Exceto em localidades onde não pelo custo da instrumentação ultrassonográfica empregada.
há especialistas em ultrassom diagnóstico, as pacientes devem De fato , o exame Nível 1 "exige um alto grau de competência,
ser encaminhadas aos médicos cuja prática principal seja e é para todas as intenções e finalidades o exame ultrasso-
ultrassonografia diária. Os problemas potenciais de inconve- nográlico obstétrico padrão do 212 ou 3 Q trimestre, conforme
niência e diliculdade para marcar exames indubitavelmente descrito nas diretrizes do AlUM /ACRJACOG" recentemente
serão sempre remediados pelos médicos ultrassonografistas publicadas em 2003. 43
ansiosos por encanunhamentos. O exame especializado é muitas vezes designado Exame Nível
Embora a lista precedente de indica-;:ões clúucas aborde as 2 ou exam.e de escrutínio, ou exame direcionado. Como afirmam
circunstâncias nas quais a ultrassonografia deve ser efetuada, as dil'etrizes do AlUM /ACRJACOG, este é um exame ana-
não aborda o problema de como o exame deve ser executado. tômÍco detalhado que é realizado quando uma anomalia é
No começo dos anos 1980, tornou-se claro que os estudos de suspeitada com base na lustória, anormalidades bioquímÍcas ,
ultrassom obstétrico estavam sendo efetuados por uma varie- ou resultados de um exame linUtado ou padrão previamente
dade de pessoas com níveis díspares de treinamento e que os realizado .'13
8 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

Os indivíduos que efetuam o exame ultrassonográfico Neste livro, os termos idade gestacional e idadc menstmal são
são chamados sonognifistas ou sonoLogistas. Tradicionalmente, usados intercambiavelmente. O ponto importante a ser lembra-
o componente técnico e a produção inicial de imagens têm do por qualquer examinador não é qual termo necessariamen·
sido responsabilidade do sonografista (não médico), e o com- te é preferível, mas sim que a pessoa interpretando o exame e
ponente profissional e a interpretação das imagens têm sido o médico que o pediu usem ambos a mesma tenninologia.
responsabilidade do sonologista (médico). O grau de colabo- Outro termo frequentemente mal utilizado é polo fitaI.
ração entre os dois e o seu grau de envolvimento no exame Esse é um termo que deve ser abandonado. Ele é mais fre-
ultrassonográfico variam de localidade para localidade. Em quentemente usado para descrever a presença do emlmdo no
muitas partes do mundo, os exames são realizados predomi- exame do começo do primei.ro trimestre. O período embrio·
nantemente por médicos. Embora a contribuição dos sono- nário dura até o fim da 10a semana menstrual; durante esse
grafistas para o exame ultrassonográfico seja valiosa, deve tempo o concepto em desenvolvimento deve ser denominado
ser lembrado, conforme declarado pelo AlUM, que "Estudos embrião.
ultrassonográficos serão supervisionados e interpretados por
um médico com treinamento e experiência na área específica DIRETRIZES
da ultrassonografia. Os achados devem ser registrados e os
resultados comunicados de modo oportuno ao profissional de Em 2003 , foi desenvolvida a Practice Guidelillcjõr lhe Perjõmzance
saüde responsável pelo tratamento . Embora um sonografista 0/an Anteparlum Obstetnc Ullrasound Examination (Diretriz Prática
possa desempenhar um papel crítico em extrair a informação para Realização de um Exame Ultrassonográfico Obstétrico
essencial para derivar um diagnóstico, o fornecimento do Pré-Parto) peJo AlUM em colaboração com o ACR e o
diagnóstico final dos estudos com ultrassom representa prá- ACOG.43 Essa é uma modificação de diretrizes desenvolvi-
tica de medicina, e, portanto, constitui responsabilidade do das anteriormente que foram publicadas pela primeira vez
médico que supervisiona o caSO·'.47 em 1986. Essa diretriz é muitas vezes chamada diretrizes
Talvez o aspecto menos controverso dessa discussão seja da AlUM ou diretrizes. As diretrizes reais do ACRJAlUM/
quem deve interpretar O exame ulrrassonográfico. Isso, acre- ACOG estão apresentadas na Tabela 1-3. O que se segue é o
meu próprio conceito do que constitui um exame ultrassono-
dito eu, é simples. Só aqueles com treinamento adequado em
gráfico apropriado. Sob alguns aspectos, isso é uma expansão
um programa convencional de treinamento (p. ex., residên-
das diretrizes previamente mencionadas. Uma vez que esse
cia) no qual há palestras didáticas, exame com as próprias
texto de multiautoria é essencialmente uma revisão detalhada
mãos, e supervisão médica na execução e interpretação de
do exame ultrassonográlico obstétrico, reconheço que o meu
ultrassonografia devem efetuar e interpretar ultrassonografia.
ponto de vista neste capítulo e aqueles dos autores dos capítu-
Treinamento pelos especialistas em treinamento do fabricante los subsequentes podem diferir.
ou rninicursos de 1 a 2 semanas não constituem treinamento
adequado em ultrassonografia.
EQUIPAMENTO E DOCUMENTAÇÃO DE
Léxico de Ultrassonografia ULTRASSONOGRAFIA
Sem düvida há centenas de termos usados em obstetrícia e Parece que sempre haverá diferenças de opinião sobre quais
ultrassonografia que são incorretos ou confusos. Muitos des- máquinas de ultrassom produzem as melhores imagens.
ses termos serão considerados mais adiante neste capítulo e Com o estado atual da tecnologia de ultrassonografia , essas
diferenças são frequentemente subjetivas, particularmente
em outros capítulos neste livro. Duas áreas nas quais a termi-
quando se discutem máquinas no estado da arte. A maioria
nologia frequentemente é mal urilizada ou mal compreendida
das máquinas de ultrassom usa tecnologia de tempo real em
em ultrassonografia obstétrica são vitalidade e idade fetais. O
arranjo de fase. A tecnologia u'idimensionaJltetradimensional
termo viabilidade é definido como a capacidade de sobreviver
de ultrassom ainda está na sua infância, e o seu papel no
no ambiente extrauterino. Mesmo em casos de exames no
exame ultrassonográfico está aumentando, mas ainda neces-
terceiro trimestre muito adiantado, essa afirmação não pode sita ser avaliado.
ser usada com certeza completa. Eu prefiro afirmar que o Uma questão controversa é qual transdutor deve ser
embrião ou feto está vivo) se este for o caso, e usar o termo usado para o exame ultrassonográfico. A resposta é: tantos
inviável para os embriões ou fetos que estão mortos ou não transdutores quantos forem necessários usar para responder
são capazes de sobreviver no ambiente extrauterino. Falência à pergunta pela qual a paciente é encaminhada. Há uma con-
gestacional precoce é outra maneira, talvez melhor, de comu- cepção errada de que o mais novo transdutor introduzido por
nicar essa informação. um fabricante pode ser o ünico que é necessário. Qy ando os
O segundo termo frequentemente causador de confusão transdutores setoriais e, finalmente, os transvaginais foram
é idade gestacional. Tomado como dito, esse termo parece sig- apresentados pela primeira vez, muitos clínicos acreditaram
nificar a idade real do feto desde a concepção até o presente. que esses transdutores , unicamente, poderiam ser usados
De fato, esse termo, que é amplamente usado pelos obstetras para o exame inteiro. Muitos descobri.ran1 que usar um único
e ultrassonografistas, mais frequentemente é tomado como transdu tor restringe o campo de visão ou a visualização de
sinônimo de idadc menstrual. Idade menstrua! refere-se à duração detalhe, tornando mais difícil o diagnóstico.
de tempo calculada desde o primeiro dia da ültima menstrua- O s transdutores mais comuns, que são os burros de carga
ção até o ponto no qual a gravidez está sendo avaliada . A do laboratório de ultrassom, são um transdutor linear, um
idade verdadeira do embrião ou feto , a idade fitaL, raramente transdutor setorial (3 a 5 M H z) e um transdutor transvaginal
é conhecida com exatidão, a não ser que a paciente tenha (5 a 10 MHz). Os transdutores de frequências mais altas são
se submetido a fertilização assistida ou tenha menstruações mais üteis para obter imagens de alta resolução, particular-
extremamente regulares e o dia da concepção seja conhecido. mente no campo proximal, e os transdutores de frequências
Alguns examinadores subtraem 2 semanas da idade menstrual mais baixas são üteis nas circunstâncias em que é necessária
para chegar à idade fitaL. uma penetração maior do fei.xe de ultrassom. Variações da
EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO 9

[ Tabela 1- 3 [ Diretrizes para Realização do Exame Ultrassonográfico Obstétrico Pré-parto


As seguintes são diretrizes propostas para o exame ultrassonográfico obstétrico pré-pano. O documento collsisle em cinco partes;
Parte 1; Especificações do Examc Parte IV; Segurança Fetal
Pane lI ; Documentação Parte V: Controle e Melhora da Qyalidade, Segurança, Controle de Infecçào e
Parte lI I; Especificações do Equipamento Interesses de Educação das Pacientes

Os aspectos clinicos desta di.retriz (Especificações do Exame e Especificações do Equipamento) foram desenvolvidos com colaboração de A.1llerican
Institute of Ultrasound in Medicine (AIUM), Amcrican CoUcgc of Radiology (ACR) e American CoUege of Obstetricians and Gynecologists
(ACOG). As recomendações quanto aos requisitos dos médicos, documentação do procedimento e conu'ole da qualidade variam entre essas
organizações e sào consideradas por cada uma separadamente
Esta diretriz foi desenvolvida para uso por médicos quc realizam estudos ultrassonográficos obstélricos. Ultrassonografia fetal deve ser efetuada
apenas quando há uma razão médica válida, e os mais baixos possíveis de exposição ulo-assonográfica devem ser usados para captar a
informação diagnóstica necessária. Um exame limitado pode ser realizado em emergências clinicas ou para uma finalidade limitada, como avaliação
da atividade cardíaca fetal ou embrionária, situação fetal ou volume de liquido amniótico. Um exame limitado de acompanhamento pode ser
apropriado para reavaliação do tamanho fetal , ou crescimento de intervalo, ou para reavaliar anormalidades uotadas previamente, se um exame
precedente estiver gravado
Embora esta di.retriz descreva os elementos-chave de exames ulu'assonográficos padrão no primeiro rrimesrre e no segundo e terceiro trimesrres ,
um exame anarômico mais detalhado do feto pode ser nccessário cm alguns casos, como quando uma anormalidade é encontrada ou suspeitada
no exame padrão ou em gestações de altO risco para anomalias fetais . Em alguns casos, ourros exames especializados podem ser rambém
necessános
Embora não seja possível detectar todas as anomalias congênitas esmlrurais com uln-assonografia diagnóstica, a adesão às diretrizes seguintes
maximizará a possibilidade de detecção de muitas anormalidades fetais
Parte I
Especificações do Exame
A. Exame Ultrassonográfico no Primeiro Trimesrre
1. Indicações
Um exame ultrassonográfico pode ser de benefício em muiras circunstâncias no primeiro rrimestre da gravidez, incluindo, mas não limirado
a, as seguintes indicações;
a. Confu'mar a presença de uma gravidez imrauterina
b. Avaliar uma suspeita de gravidez ectópica
c. Definir a causa de sangramento vaginal
d. Avaliar dor pélvica
e. Estimar a idade gestacional (menstrual)
f. Diagnosricar ou avaliar gestações mültiplas
g. Confirmar atividade cardíaca
h. Como adjunto a biópsia vilocorial, transferência de embrião e localização e remoção de um dispositivo intrauterino (DIU)
J. Avaliar massas pélvicas maternas e/ou anormalidades uterinas
j. Avaliar suspeira de mola hidatiforme
Comentário
Um exame limitado pode ser realizado para avaliar intervalo de crescimento, esrimar volume de líquido amniótico, avaliar o colo do ürero e
avaliar a presença de atividade cardíaca
2. Parâmetros de exame
Comentário Global
O exame no primeiro rrimeso'e pode ser realizado transabdominalmente ou n·ansvagi.nalmeme. Se um exame transabdominal não for
defmitivo, um exame ll·ansvagi.nal ou o'ansperineal deve ser realizado sempre que possível
a. O ütero e a.nexos devem ser avaliados quanto à presença de um saco gestacional. Se um saco gestacional for visto, sua localização
deve ser documentada. O saco gestacional deve ser avaliado quanto à presença ou ausência de uma vesícula vitelina ou embrião, e o
comprimento cabeça-nádega deve ser registrado, quando possível
Comentário
O comprimento cabeça-nádega é um indicador mais exato da idade gestacional que o diâmetro do saco gestacional. Entretanto, o
diâmetro médio do saco gestacional deve ser regisll'ado quando um embrião não for identificado
Cuidado deve ser aplicado ao fazer o diagnóstico presuntivo de um saco gestacional na ausência de um embrião ou vesícula vitelina
definida. Sem esses achados, uma coleção liquida intrauterina poderia representa.r um pseudossaco gestacional associado a uma gravidez
ectópica
b. Presença ou ausência de atividade cardíaca deve ser registrada
Comentário
Com exames rransvaginais, barimento cardíaco usualmente é observado quando o embrião tem 5 nun ou mais de comprimento. Se um
embrião com menos de 5 Inm de comprimento for visto sem atividade carruaca, um exame adicional em um momento subsequente
pode ser necessário para documentar atividade cardíaca

Continna
10 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

[ Tabela 1-3 [ Diretrizes para Realização do Exame Ultrassonográfico Obstétrico Pré-parto - continuação
c. Número fetal deve ser relatado
ComentiÍl;o
Amnionicidade e corionicidade devem ser documentadas em todas as gestações múltiplas quando possível
d. Avaliação do útero, das estruturas anexiais e do fundo·de-saco deve ser realizada
Comentário
Presença, localização e tanlanho de leiomiomas e massas anexiais devem ser regisu·ados. O fundo-de-saco deve ser investigado quamo à
presença ou ausência de líquido
B. Exame no Segundo e Terceiro Trimestres
1. Indicações
Ulnassonografia pode ser um benefício em muitas situações no segundo e terceiro trimestres, incluindo, mas não limitada a, as seguintes
circunstâncias: (adaptado de National Institutes of Health. Diagnostic Ultrasound Imaging in Pregnancy: Report of a Consensus. NIH
Publication 84-667. Washington, DC : US Govemment Printing Oflice; 1984)
a. Estimativa da idade gestacional
b. Avaliação do crescinlento fetal
c. Sangramento vaginal
d. Dor abdominalJpélvica
e. Colo uterino incompetente
f. Determinação da apresentação fetal
g. Suspeita de gestação múltipla
h. Adjunto à amniocentese
I. Discrepância importante entre tamanho uterino e datas clínicas
j. Massa pélvica
k. Suspeita de mola hidatiforme
l. Adjunto à cerclagem cervical
m. Suspeita de gravidez ectópica
n. Suspeita de morte fetal
o. Suspeita de anormalidade uterina
p. Avaliação do bem-estar fetal
q. Suspeita de anormalidade do líquido amniótico
r. Suspeita de descolamento da placenta
s. Adjunto à versão cefálica externa
t. Rupmra premamra das membranas e/ou trabalho de parto premamro
u. Marcadores bioquímicos anormais
v. Avaliação de acompanhamento de uma anomalia fetal
w. Avaliação de acompanhamento de localização placentária quanto a placenta prévia
x. História de anomalia congênita prévia
y. Avaliação da condição fetal em pacientes que iniciam o tratamento pré-natal tardiamente
Em certas circunstâncias clínicas, pode estar indicado um exame mais detalhado da anatomia fetal
2. Parâmetros de imagem para um exame fetal padrão
a. Atividade cardíaca, número e apresentação fetais devem ser relatados
Comentário
Frequência e/ou ritmo ca.rdíaco anormal devem ser relatados
Gestações múltiplas exigem a documentação de informação adicional: corionicidade, amnionicidade, comparação de tamanhos fetais ,
estÍn1ativa do volume de líquido amniótico (aumentado, diminuído ou normal) em cada lado da membrana e genitália fetal (quando
visualizada)
b. Uma estimativa qualitativa ou semiquantitativa do volume de líquido amniótico deve ser relatada
Comentário
Embora seja aceitável examinadores experientes estimarem qualitativamente o volume de líquido anmiótico, métodos semiquantitativos
também foram descritos para essa finalidade (p. ex., índice de líquido anmiótico, bolsão isolado mais profundo, diâmetros de 2 bolsões)
c. A localização, aparência e relação da placenta com o orifício interno do colo devem ser registradas. O cordão umbilical deve ser
examinado, e o número de vasos no cordão deve ser avaliado quando possível
Comentário
f reconhecido que a posição placentária aparente no começo da gravidez pode não se correlacionar bem com a sua 10calizaç.1.0 na época
do parto
Vistas transabdonúnais, transperineais ou transvaginais podem ser úteis para visualizar o orifício interno do colo e sua relação com a
placenta
Ulnassonografia transvaginal ou transperineal pode ser considerada se o colo parecer encurtado ou se a paciente se queixar de
conrrações uterinas regulares
d . Avaliação da idade gestacional
Medição cabeça-nádega no primeiro trimestre é o meio mais preciso de datação ultrassonográfica da gravidez. Além desse período, uma
variedade de parâmetros ultrassonográficos, como diâmeno biparietal, circunferência abdominal e comprimento da diáfise femoral , pode,
ser usada para estimar a idade gestacional. A variabilidade das estimativas da idade gestacional, 110 entanto, aumenta com o avanço

Gol/til/ua
EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO 11

1 Tabela 1-31Diretrizes para Realização do Exame Ultrassonográfico Obstétrico Pré-parto - continuação


da gravidez. Discrepâncias i.mponames enu'e a idade gestaL"ional e as medidas felais podem sugerir a possibilidade de anormalidade do
crescimento fetal, resu'ição do crescimemo intrauterino ou macrossomia
1. Diâmetro biparietal é medido no nível dos tálamos e cavidade do septo pelücido. Os hemisférios cerebelares não devem ser visíveis
nesse plano de escaneamento. A medida é tirada da tábua externa do crânio proximal à tábua interna dn o 'fmin distai
Comentário
A forma da cabeça pode ser achatada (dolicocefalia) ou arredondada (braquicefalia) como variante normal. Nessas circunstâncias,
cerras variantes do desenvolvimento da cabeça fetal podem tornar a medição da circunferência cefálica mais confiável que o
diâmetro biparietal para estimar a idade gestacional
li. Circunferência cefálica é medida no mesmo nível que o diâmetro biparietal, em torno do perimetro externo da calvária. Essa
medida não é afetada pela forma da cabeça
LlI. Comprimento da diáfise femoral pode ser usado confiavelmente depois de 14 semanas de idade gestacional. O eixo longo da diálise
femoral é medido mais exatamente com o feixe de ultrassom ficando perpendicular à diáfise, excluindo a epífise femoral distai
LV. CircllIúerência abdominal deve ser determinada na linha da pele em uma vista u'ansversal verdadeira no nível da junção da veia
umbilical, seio portal e estômago fetal, quando visíveis
Comentário
Medida da circunferência abdominal é usada com outros parâmetros biométricos para estimar o peso fetal e pode permitir detecção
de restriÇ<'io do crescimento intrauterino ou macrossomia
e. Estimativa do peso fetal
Peso fetal pode ser estimado obtendo-se medidas, como o diâmetro biparietal, circunferência cefálica, circunferência abdominal e
comprimento da diálise femoral. Resultados de vários modelos de predição podem ser comparados com percentis de peso fetal de
nomogramas publicados
Comentário
Se estudos prévios foram realizados, alterações de medidas em intervalos devem também ser avaliadas quanto ao crescimento. Exames
para avaliação de crescimento tipicamente podem ser realizados com espaçamento de pelo menos 3 semanas. Um intervalo de exame
mais curro pode resultar em confusão quando as alterações anatõmicas forem verdadeiramente devidas a crescimento, em oposição a
variações na própria técnica de medição
Arualmeme, mesmo os melhores métodos de predição do peso fetal podem fomecer elTOS tão altos quanto ± 150/0. Essa vaIiabilidade pode ser
influenciada por fatores como a namreza da população de pacientes, o nümero e tipos de parâmetros que estão sendo medidos, fatores técnicos
que afetam a resolução das imagens de ultrassom, e a faixa de peso que está sendo estudada
f. Anatomia matem a
Avaliação do útero e estruturas anexiais deve ser realizada
Comentário
Isso permitirá o reconhecimento de achados incidentais de significado clinico potencial. A presença, localização e tamanho de leiomiomas
e massas anexiais devem ser registrados . Frequentemente não é possível examinaI' os ovários matemos normais durante o segundo e o
terceiro trimestre
g. Análise aIlatômica fetal
Anatomia fetal, cOlúorme descrito neste documento, pode ser adequadamente avaliada por ullrassom depois de aproximadamente 18
semanas de idade gestacional. Pode ser possível documentaI' eso·uturas normais antes desse tempo, embora algumas estruturas possam
ser difíceis de visualizar devido ao tamanho fetal, posição, movimento, cicatrizes abdominais e espessura aumentada da parede materna.
Um exame no segundo ou no terceiro trimestre pode impor limitações técnicas a uma avaliação anatô,nica devido a artefatos de imagem
por sombra acüstica. isso ocorrer, o laudo do eXaIne ulrrassonográfico deve documentar a natureza dessa limitação técnica . Um
exame de acompanhamento pode ser üti!
As seguintes áreas de avaliação representam os elementos essenciais de um exame padrão da anatomia fetal. Um exame anatômico
fetal mais detalhado pode ser necessário se uma anormalidade ou suspeita de anormalidade for encontrada no exame padrão
i. Cabeça e pescoço
Cerebelo
Plexo coróide
Cisterna magna
Ventrículos laterais cerebrais
Foice na linha média
Cavo do septo pelücido
li. Tórax
O exame cardíaco básico inclui uma vista de 4 câmaras do coração fetal
Se tecnicamente exequível, um exame cardíaco básico ampliado também pode ser tentado para avaliar ambos os tratos de ejeção
tu. Abdome
Estômago (presença , tamanho e sitl/J)
Rins
Bexiga
Local de inserção do cordão umbilical no abdome fetal
Número de vasos no cordão umbilical
IV. Coluna vertebral
Coluna cervical, torácica, lombar e sacra
v. Extremidades
Pernas e braços (presença ou ausência)

Collt11l11a
12 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

I Tabela 1-31Diretrizes para Realização do Exame Ultrassonográfico Obstétrico Pré-parto - continuação


vi. Sexo
Indicado clinicamente em gestações de baixo risco apenas para avaliação de gestações múltiplas
Pane 11
Documentação
adequada do estudo é essencial para assistência de alta qualidade às pacientes. Isso deve incluir um registro permanente das
imagens ulo-assonográficas, incorporando sempre que possível os parâmetros de medida e achados anatômicos propostos neste documento.
Imagens devem ser apropriadamente rotuladas com a data do exame, identificação da paciente e, se apropriado, Ol;entação da imagem. Um
relato escrito dos achados ulo-assonográficos deve ser incluído no prontuário médico da paciente. O relato deve ser de acordo com o A/UM
S/alldardjõr DocumentatUm qf aM UltrasollM Examzizaiio-n
Pane III
Especificações de Equipamentos
Estes estudos devem ser realizados com transdutores de tempo real, usando um acesso transabdominal e/ou transvaginal. Deve ser usado um
transdutor de frequência apropriada
Comentário
Ultrassonografia em tempo real é necessária para confu'mar a presença de vitalidade fetal por meio da observação de atividade cardíaca e
movimento ativo
A escoU1a da frequência do transdutor é uma negociação entre peneo'ação do feixe e resolução . Com equipamento moderno, n'ansdutores
abdominais de 3 a 5 MHz permitem suficiente penetração na maioria das pacientes ao mesmo tempo fornecendo resolução adequada. Um
transdutor de frequência mais bai.-.;a (2 a 2,25 MHz) pode ser necessário para fornecer penetração adequada para exame abdominal em uma
paciente obesa. Durante o começo da gravidez, um n'ansdutor abdominal de 5 MHz ou um n'ansdutor vaginal de 5 a 10 MHz ou mais pode
produzir resolução supelior, ao mesmo tempo, ainda, possibilitando penetração adequada
Pane TV
Segurança Fetal
Estudos com ultrassom diagnóstico no feto geralmente são considerados seguros durante a gravidez. Esse procedimento diagnóstico deve ser
efetuado somente quando houver uma indicação médica válida, e deve ser usado o mais baixo ajuste de exposição ultrassôllÍca possível para se
obter a informação diagnóstica necessária, sob o princípio de exposição tão baixa quanto razoavelmente realizável (ALARA)
A promoção, venda ou aluguel de equipamentos de ultrassonografia para fazer "vídeos fetais de lembrança" é considerada pela US Food and
Drug Administration um uso não aprovado de um aparelho médico. Uso de um sistema de ulo-assom diagnóstico para essas fmalidades , sem a
prescl;ção de wn médico, pode ser uma violação de leis ou regulamentos estaduais
Parte V
Controle e Melhora da Qya.lidade, Segurança, Controle de Infecção e interesses de Educação das Pacientes
Políticas e procedimentos relacionados com a qualidade, educação das pacientes, controle de infecção e segurança devem ser desenvolvidos e
implementados em conformidade com os AJUlv[ S/alldards alld Guidelinesjõrlhe Accreditatioll qfUltrasollnd Prac/ices. Monitoramento do desempenho do
equipamento deve estar em conformidade com os AIUM S/andards al/d GlIidelillesjõr lhe Accreditalioll q/llúrasound Practices

Modificado de Guideline for the antepanum obstelricaJ ultrasound exanúnaúon.J Ultrasound Mcd 22 :116, 2003.

tecnologia de transdutores incluem transdutores lineares que usavam filme radiográfico. Essas câmeras acrescentaram
convexos e sondas multifrequenciais, bem como sondas que alguma !1exibilidade, mas não eram isentas dos seus próprios
permitem imagem com harmônica e tridimensional, e exame problemas, incluindo a inconstância e o tempo de manutenção
Doppler de fluxo. dessas câmeras, bem como a complicação adicional do tempo
Q11alquer que seja a tecnologia usada, o exame deve ser e materiais de processamento. Alguns laboratórios escolheram
documentado em alguma forma de cópia permanente. A videoteipe como meio de documentação para evitar algumas
finalidade da documentação é dupla. Primeiro, a identificação dessas dificuldades. A dificuldade com esta metodologia é
das estruturas normais é importante para que elas possam o tempo exigido para ver e comparar planos individuais de
ser vistas retrospectivamente e comparadas com imagens corte, particularmente quando são demonstrados processos
subsequentes, se processos patológicos forem posteriormente patológicos. Na ültima década, muitos centros de imagem
demonstrados. Segundo, se um problema patológico for iden- implementaram sistemas de arquivamento e comunicação
tificado, ele pode ser mostrado a examinadores de referência, de imagens (PAeS, picture archiving al1d communicatiol1s Sjstems).
que farão exames adicionais. Esses sistemas possibilitam o armazenamento de imagens
Inicialmente, os laboratórios usavam filme de processa- ultrassonográlicas digitais em computadores e a transmissão
mento rápido do tipo Polaroid para documentação em cópia de estudos completos para estações de trabalho de computa-
permanente. O custo e a dificuldade de montar essas imagens dor para análise e interpretação. A qualidade das imagens é
tornaram impraticável esse método. Muitos laboratórios excelente com esses sistemas. A economia em custos de filmes
então se voltaram para câmeras eletrônicas de multiformato e tempos de revelação frequentemente compensa o custo das
EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO 13

estações de análise em computador. Similarmente, imagens cional deve ser feita quando um exame ultrassonográfico
digitais também podem ser transmitidas a localidades distan- é efetuado no primeiro trimestre. Os dois métodos mais
tes (telemedicina) para revisão e assessoria. 48 comuns de estimar a idade gestacional são o diâmetro médio
Além do filme em cópia permanente, ou imagens arma- do saco gestacional e o comprimento cabeça-nádega. Durante
zenadas digitalmente, um laudo escrito do exame ultrassono- muitos anos, o comprimento cabeça-nádega tem sido acla-
gráfico deve ser incluído no prontuário médico da paciente. mado como o método mais confiável para estimar a idade
Qyando estão presentes processos patológicos importantes, gestacional intraútero. O comprimento cabeça-nádega é um
o médico encaminhador deve ser notificado imediatamente, método altamente exato de estimativa da idade gestacional
antes que a paciente deL'(e a área de exame. Essa comunicação usando-se avaliação ultrassonográfica (precisão de 3 a 7
imediata deve ocorrer não apenas em casos de malformações dias). Olmas medições , como a circunferência cefálica ou o
fetais mas também em casos de oligo-hidrânmio, movimento comprimento do fêmur, efetuadas no segundo trimestre, são
retal diminuído e macrossomia. A notificação ao médico deve quase ig'ualmente exatas e têm o benefício adicional de per-
ser documentada. mitir a avaliação da morfologia fetal com maior proveito em
um feto maior. Eu acredito que o exame ultrassonográfico no
primeiro trimestre não deve ser feito com a única finalidade
o EXAME ULTRASSONOGRÁFICO NO de obter medidas mais exatas , se não houver uma razão clí-
PRIMEIRO TRIMESTRE nica pela qual ele não possa ser feito no segundo trimestre.
Indicações clínicas , tais como estimativa correta da idade
Identificação de uma Gravidez gestacional para saber quando administrar outros testes
Intrauterina subsequentes, como triagem sérica mate rna e anmiocentese,
são exemplos.
As pacientes encaminhadas para avaliação ultrassonográfica
no primeiro trimestre muitas vezes têm sangramento vaginal,
o qual levanta a questão de uma gravidez ectópica ou uma
ameaça de aborto . O principal objetivo da avaliação ultras- Anormalidades Morfológicas
sonográfica no primeiro trinlestre é determinar se a gravidez
é intrauterina e se o embrião está vivo. Com o equipamento Desde o advento dos transdutores transvaginais, apareceram
dos dias presentes , particularmente transdutores transvaginais, numerosos relatos documentando anormalidades morfológi-
essas tarefas devem ser facilmente realizadas nos estágios cas detectadas no estágio embrionário no primeiro u-imestre.
muito iniciais da gestação. O mesmo cuidado tomado para Foram descritas anormalidades comprometendo virtualmente
concluir que uma gravidez no segundo ou terceiro trimestre todos os sistemas de órgãos. À luz desses relatos, frequente-
tem uma malformação letal deve ser aplicado para decidir que mente me perguntam quando é o momento mais inicial em
uma gTavidez inicial é inviável. Se houver dúvida razoável que uma anormalidade particular pode ser detectada. Minha
sobre a vitalidade embrionária, uma repetição do exame em 7 resposta é muitas vezes que, embora a detecção precoce de
a 10 dias invariavelmente tornará inquestionável a conclusão. uma anormalidade morfológica seja útil, a detecção inequívo-
ca confiável de uma anormalidade é ainda mais importante.
A menos que se esteja extremamente confiante da existência
Número Embrionário/Fetal de uma anormalidade no primeiro trimestre, um exame de
Não há nen huma dúvida de que, com um exanle cuidadoso, acompanhamento deve ser efemado.
O número verdadeiro de embriões pode ser determinado com Embora haja vários pesquisadores que advogam exame
precisão no primeiro trimestre. A literatura tem enfatizado mais precoce das gestações quanto a anormalidades, há pou-
que é importante não superestimar o número de gestações em cos que acreditam que isso deva ocorrer no primeiro trimestre.
desenvolvimento interpretando erradamente achados como Devemos nos precaver COl1O-a quatro armadilhas potenciais
"sinal de duplo saco", líquido na cavidade uterina, a vesícula no diagnóstico no primeiro trimestre: (1) a posição normal
vitelina, ou a presença do âmnio como evidência de múltiplos extra-abdominal do intestino embrionário simulando um
sacos ou embriões e assim gestações múltiplas. Enu'etanto, defeito da parede abdominal , (2) a proeminência das vesículas
o examinador pode do mesmo modo subestimar o número cerebrais em desenvolvimento (rombencéfalo), (3) o potencial
de gestações e embriões em desenvolvimento, se uma ava- diagnóstico falso-negativo de anencefalia e (4) o diagnóstico
liação completa do saco gestacional não for feita para todos falso-positivo de anormalidades do verme cerebelar e do
os Minha experiência é que, quando gestações corpo caloso por não es.tarem essas
múltiplas passam despercebidas usando-se avaliação ultras- desenvolVidas em uma Idade gestaclOnalll1IClal.'o-,
sonográfica, isso se deve usualmente por causa de um exame
abaixo de ótimo no primeiro trimestre. A cabeça (coroa) de
um embrião pode ser acrescentada ao corpo (nádega) de um Placenta
embrião adjacente e serem medidas como um único embrião.
Esse erro de diagnóstico, evidentemente, só ocorre em gesta- Em gestações muito iniciais , pode ser difícil averiguar o local
ções monocoriônicas. É por essas razões que alguns investiga- da placenta em desenvolvinlento. Se, no entanto , o examina-
dores preferem que, se um exame ultrassonográfico for feito dor puder identificar com confiança o local da inserção, se
concentrando-se no número fetal , ele seja feito do começo ao anterior ou posterior, essa informação deve ser documentada.
meio do segundo u-imestre da gravidez. Há vários casos nos quais o exame ultrassonográfico no início
do primeiro trimestre é o ünico exame obtido durante a gra-
videz. Mais tarde, na gravidez, se uma anmiocentese ou uma
Estimativa da Idade Gestacional
cesariana for planejada e nenhum equipamento de ultrassom
O assunto da estimativa da idade gestacional é coberto de estiver dispOlúvel, seria útil saber a localização da placenta a
detalhes no Capímlo 7. Alguma estimativa da idade gesta- partir de um exame antecedente.
14 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

Útero e Anexos significado reside na morbidade perinatal aumentada durante


o parto.
o útero materno deve ser examinado cuidadosamente quanto O advento da avaliação ultrassonográfica em tempo real
à evidência de anormalidades uterinas, particularmente em colocou uma exigência adicional sobre o ultrassonografista. Se
pacientes de alto risco . Tardiamente na gravidez, essas ano- o sonologista que interpreta as imagens não efetuou o exame,
malias podem ser extremamente difíceis de detectar. Se forem ele tem de ser capaz de deduzir a situação e a apresentação a
detectados miomas uterinos, seu tamanho, local e relação com partir de várias imagens em vez de uma única. Isso só pode
o colo devem ser registrados. Deve ser lembrado que contra- ser feito com a compreensão da anatomia fetal normal e sua
ções miometriais transitórias podem simular miomas. aplicação à posição de exame (Figs. 1-2 e 1-3). Similarmente,
Os ancxos devem ser cuidadosamente pesquisados quan- algumas anomalias congênitas (p. ex. , dextrocardia, massa
to à presença de cistos bem como neoplasias ovarianas, cística anormal abdominal direita) são reconhecidas apenas
tanto benig11as quanto malignas. Novamente, mais tarde na fortuitamente se uma estruUlra for identificada como anormal
gravidez, uma vez que as áreas anexiais são desviadas supe- em virtude da sua posição anormal em relação a situação e
riormente, elas podem ser extremamente difíceis de avaliar apresentação do feto.
adequadamente. Conforme mencionado previamente, a parte de apresenta-
ção mais comum é a cabeça fetal (apresentação cefálica). (Eu
OS EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS prefiro o termo ctjdlica em vez de de vértex porque o último
termo também pode ser usado para descrever uma localização
NO SEGUNDO E TERCEIRO
na cabeça fetal.) Qyando a cabeça está adjacente ao segmento
TRIMESTRES inferior do útero, é provável que o feto esteja em apresentação
cefálica ; entretanto, deve-se ver todas as imagens antes de se
Número Fetal e Vitalidade Fetal chegar a essa conclusão. O corpo fetal pode também estar
Embora avaliar o número de fetos possa ser difícil durante baixo no útero com a cabeça fetal, e, assim, o feto estaria
o começo da gravidez, deve ser extremamente fácil e exato em uma situação transversal em vez de uma apresentação
no segundo e terceiro trimestres. A morbidade e mortalidade cefálica.
perinatais aumentadas das gestações múltiplas tornam obriga- Más-apresentações fetais exigem que o ultrassonografista
tório que um "gêmeo surpresa" no parto seja um evento raro amplie o exame para responder a duas perguntas adicionais
em qualquer paciente que tenha feito um exame ultrassono- in1pOrtantes para o obstetra encaminhador. Primeiro, qual é
gráfico no segundo ou no terceiro trimestre. O principal erro especificamente a apresentação (i. e.) podálica, pélvica no caso
potencial ao determinar o número de fetos é de subestimativa. de uma apresentação de nádegas, ou córmica no caso de um
Esse erro, quando cometido, é provável quando não se avalia feto em situação transversal) (Figs. 1-4 e 1-5)? Segundo, se
a região fúndica ou não se assegura que a cabeça fetal está houver uma malformação fetal associada ou anormalidade
associada ao seu corpo, em vez de um gêmeo. Qyando uma placentária, isso pode ser causalmente relacionado com a
gestação múltipla é identificada, é importante determinar, se situação anormal?,3
possível, o número de placentas e o número de sacos gesta cio-
nais (a corionicidade e a amnionicidade).
Atribuição de Idade Gestacional e
No laudo da ultrassonografia, deve ser feita uma declara-
ção de que o feto estava vivo, se este foi o caso, em virtude Peso
de o batimento cardíaco ser identificado. No passado, o A atribuição de idade gestacional e peso é coberta detalhada-
diagnóstico de morte fetal era feito quando havia ausência mente no Capítulo 7. É importante lembrar diversos conceitos
de batimento cardíaco durante pelo menos 2 a 3 minutos, quando se atribui idade gestacional usando ultrassonografia.
confirmado por mais de um examinador. Com os aperfeiço- Primeiro, medições feitas inicialmente na gravidez, na sua
am entos na resolução e a disponibilidade dos transdutores maior parte, são mais exatas que aquelas feitas próximo do
transvaginais, isso raramente é necessário . Entretanto, se termo. Na maioria dos casos, as medidas da cabeça, corpo e
houver alguma dúvida sobre a vitalidade fetal , um exame fêmur fetais serão concordantes umas com as outras, em uma
confirmatório em data subsequente ou por outro examinador semana do início ao meio do segundo n-imestre. Isso não é fre-
deve ser realizado. A falta de movimento fetal não deve ser quentemente verdade no fim do terceiro trimestre, quando o
interpretada como representando morte fetal. Frequências fêmur pode se atrasar às outras medidas. No começo ao meio
cardíacas fetais lentas frequentemente são precursoras de um do segundo trimestre, se as medidas do fêmur ou da cabeça
mau prognóstico; entretanto, essa observação isoladamente forem mais que uma semana menores que as outras medidas,
não deve ser considerada evidência de uma gravidez inviável. isso deve indicar um sinal de aviso para alertar quanto à pos-
O autor viu vários casos de frequência cardíaca fetal menor sibilidade de displasia óssea com membros curtos, trissomia
que 80 bpm que resultaram em desfechos normais, acompa- do 21 ou miCl-ocefalia. Está indicado acompanhamento nesses
nhados infância adentro . casos. Segundo, estados patológicos devem ser levados em
consideração quando se decide que partes do corpo usar para
Situação Fetal atribuir idade ou peso gestacionais. A maioria das máquinas
de ultrassom permite ao usuário eliminar do cálculo da idade
Uma vez que a vitalidade e o número fetal tenham sido gestacional as partes do corpo que são anormais. A medida
identificados, então a situação fetal e a apresentação devem da circunferência abdominal tende a ser inexata na presença
ser determinadas. Situação fetal refere-se à relação entre o de ascitc fetal, e a medição do comprimento do fêmur não é
eL'(o longo do feto e o eixo longo do útero. Apresentação confiável em fetos com nanismo de membros curtos. Terceiro,
define a parte fetal que se apresenta mais próxima do colo. todo laudo de ultrassonografia obstétrica deve relacionar a
A situação fetal mais comum é longitudinal, e a apresentação idade ultrassonográfica calculada com a idade menstrual da
mais comum é a cefálica. Siulações ou apresentações fetais paciente. Uma vez que histórias menstruais frequentemente
diferentes destas são denominadas más-apresentações. Seu são inexatas , há muitas vezes uma tendência a não acreditar
EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO 15

A
p

B
FIGURA 1-2. A. Ilustração de um plano transversal de corte do útero grávido. O feto está em apresentação cefálica, de modo que este corte
transec iona o abdome fetal transversalmente. B. Plano longitudinal de corte do mesmo feto. Estas imagens são vistas com a cabeça materna
à esquerda da imagem gravada.
16 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

B Situação Longitudinal
A Situação longitudinal
Apresentação Pélvica
Apresentação cefálica

Estômago

Veia umbilical

Coluna vertebral
rI
Vesícula biliar

A B

FIGURA 1-3. o conhecimento do plano de corte através do abdome materno (longitudinal ou transversal) , bem como da posi ção da coluna
vertebral fetal e estruturas esquerdas lestômago) e direitas Ivesícula biliar) , pode ser usado para determinar a situação fetal e a apresentação.
A. Est a varredura transversal do útero grávido demonstra a coluna vertebral fetal à direita da mãe, com o feto deitado com o seu lado direito
para baixo lestômago anterior , vesícula biliar posterior). Como estas imagens são vistas olhando-se a partir dos pés da paciente, o feto deve
estar em uma situação longitudinal e apresentação cefálica. B. Quando o útero grávido é escaneado transversalmente e a coluna vertebral
fetal está à esquerda da mãe, com o lado direito para baixo, o feto está em uma situação longitudinal e apresenta ção pélvica . C. Quando um
plano de corte longitudinal demonstra o corpo fetal transecionado transversalmente e a coluna vertebral fetal está mais próxima do segmento
inferior do útero com o lado direito fetal para baixo , o feto está em uma situação transversa com a cabeça fetal à esquerda da mãe . D. Quando
um plano de corte longitudinal demonstra o corpo fetal transecionado transversalmente e a coluna vertebral fetal está mais próxima do fundo
do útero com o lado direito fetal para baixo , o feto está em uma situação transversa com a cabeça fetal à direita da mãe. Embora o exame
em tempo real do útero grávido rapidamente permita ao observador determinar situação e apresentação fetais , esta manobra de identificar
estruturas específicas direitas e esquerdas dentro do corpo fetal obriga a determinar com exatidão a situação fetal e a identificar a anatomia
fetal normal e patológica .

FIGURA 1-4. Ilustração dos tipos de


Apresentação Pélvica apresentação de nádegas Ipélvica). Em uma
apresentação pélvica franca la mais comum),
as coxas estão flexionadas nos quadris com
as pernas e os joelhos estendidos. Na pélvica
completa la menos comum), as coxas estão
flexionadas nos quadris e há também flexão
dos joelhos. Um ou ambos os quadris e
joelhos estão estendidos na apresentação
podálica. O risco de prolapso do cordão é
máximo com uma pelvipodálica e mínimo com
uma pélvica franca. Ilustração copyright ©
2006 Nucleus Medicai Art. Todos os direitos
reservados . www.nucleusinc.com.)

Franca Completa Podálica


EXAME ULTRASSONOGRÁFI CO OBST ÉTRICO 17

conta a idade gestacional. A capacidade de avaliar o volume


de líquido amniótico subjetivamente em vários estágios da
gestação é facilmente aprendida e não deve ser difícil para a
maioria dos examinadores. Dois pontos devem ser lembrados
na avaliação do volume do líquido anmiótico. Primeiro, o
volume de líquido anmiótico é grande em comparação com
o volume fetal nas fases iniciais da gestação e não deve ser
erradamente interpretado como poli-hidrâmnio. Em contra-
posição, em pacientes a termo, o volume normal de líquido
amniótico é bastante pequeno, de modo que apenas pequenos
bolsões podem ser vistos. Seg;undo, pacientes que são obesas
frequentemente jJarecem ter volumes menores que o normal de
líquido amniótico. Isso pode ser devido, em parte, à dispersão
do som, com resultantes ecos artefatuais dentro do líquido
amniótico .
Ao fazer o diagnóstico de oligo-hidrâmnio, devem ser lem-
brados dois pontos. Primeiro, visto que, na maioria dos casos,
isso sign ificará a probabilidade de uma malformação renal
FIGURA 1-5. Imagem longitudinal de uma apresentação pélvica.
fetal ou restrição grave do crescin1ento na ausência de mem-
Neste exame , a perna (seta) e o pé estendem·se pelo segmento inferior
do útero e o colo. branas rotas , esse diagnóstico deve ser feito apenas quando
não houver quase nenhum líquido amniótico. Uma exceção
a isso é quanto há uma pequena quantidade de líquido em
um exame no começo ou meio do segundo trimestre (quando
na história menstrual de uma muU1er, em deferência à idade seriam esperadas quantidades normalmente grandes de líqui-
ultrassonográfica calculada. Ao assim fazer, no entanto, corre- do amniótico). Segundo, em virtude da associação da dimi-
se o risco de atribuir uma idade gestacional mais inicial a um nuição grave do líquido amniótico em um feto comprometido
feto que de fato é mais vellio, porém tem restrição de cresci- à morte fetal , o obstetra deve ser alertado imediatamente se
mento. Similarmente, há a possibilidade de atribuir uma idade esse diagnóstico for feito, antes que a paciente deL'{e a área de
gestacionalmais nova a uma gravidez pós-termo, colocando o avaliação ultrassonográfica.
feto em risco de síndrome de pós-maturidade fetal ou morte O diagnóstico de poli-hidrâmnio, embora aparentemente
intraútero. Q-Iarto, o peso fetal calculado deve ser relatado seja menos sério, em muitos casos pode de fato estar associa-
não apenas em gramas, mas também como percentil basea- do a complicações importantes pa.ra a mãe e o feto. Na mãe,
do na idade mensU"l.Ial da paciente. ovamente, se as datas trabalho de parto e membranas rotas pré-termo podem ocor-
menstruais da paciente forem inexatas, o obstetra pode tomar rer como resultado de poli-hidrâmnio, e, no feto , anomalias
a decisão de não ficar alarmado com um percentil informado fetais podem estar presentes. Embora muitos casos de poli-
de baL'{o peso. Isso é muito melhor do que interpretar errada- hidrâmnio resultem afinal em um feto normal , o alto número
mente um feto de crescimento restrito como normal, ao rela- de fetos anômalos com essa condição descrito na literatura
cionar apenas o peso estimado com a idade determinada com deve alertar o ultrassonografista para efetuar uma avaliação
ultrassom . (Lembrar que embora as fórmulas sejam diferentes completa, quando esse diagnóstico for sugerido. 53 '55
para os cálculos da idade e peso fetais , elas são baseadas nas
mesmas medidas biométricas e quando comparadas uma com Volume de Líquido Amniótico em
a outra frequentemente ficarão próximo de 50 0/0.) Qyinto, se Gestações Múltiplas
houve um exan1e ultrassonográfico prévio, deve haver algu-
ma afirmação no laudo sobre o crescimento fetal ser normal Se oU1annos uma lista de causas de poli-hidrâmnio em muitos
ou anormal. Finalmente, exames que tentam avaliar cresci- textos obstétricos, gestações múltiplas provavelmente apa-
mento normal ou anormal em um intervalo devem ter um recerão . Embora volume aumentado de líquido anmiótico
espaçamento de não menos que 2 semanas. Pode ser difícil possa aparecer em gestações gemelares , na maioria dos casos
determinar se houve uma anormalidade de crescimento, em a causa é alguma anormalidade da gravidez. 56 Muitos desses
contraste com um erro de medição, se os exames forem feitos casos são devidos à síndrome de transfusão feto-fetal. 57
com um intervalo mais curto.
Placenta
Volume de Líquido Amniótico
Conforme antes mencionado, sempre que a placenta for
Durante os últimos anos, houve imenso interesse pelo papel identificada na gravidez, sua posição e relação com o colo do
do líquido anmiótico no desenvolvimento e bem-estar fetais. útero devem ser anotadas na interpretação. A literatura tem
Embora haja relativamente pouca concordância sobre o signi- enfatizado o grande número de diagnósticos falso-positivos
ficado dos extremos de volume do líquido amniótico, há con- de placenta prévia que são feitos na gravidez inicial ou na
trovérsia sobre a metodologia usada para fazer o diagnóstico presença de uma bexiga urinária superdistendida. 58 .59 Embora
de demasiado ou muito pouco líquido anmiótico. Eu acredito isso seja verdade, não se deve ser induzido a uma sensação
que, embora o diagnóstico de oligo-hidrâmnio e poli-hidrâm- de segurança ao pensar que todas as placcntas com inserção
nio possa ser aprendido inicialmente por medições objetivas, baixa "irão embora" e não serão clinicamente importantes. Se
em última análise o diagnóstico de extremos de volume de a placenta tiver inserção baixa durante um exame no segundo
líquido anmiótico deve melhor ser feito subjetivamente. A trimestre, todo esforço deve ser feito para responder à questão
dificuldade com medições objetivas é que elas são, muitas se há ou não uma placenta prévia, muitas vezes usando exame
vezes , demasiado rigorosas e muitas vezes não levam em transvaginal. Um diag11óstico de possível placenta prévia
18 EXAME UL T RASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

pode submeter a paciente a restnçoes importantes do estilo com ulrrassom tornou necessário que a detecção de anomalia,
de vida que não ocorreriam se não houvesse uma placenta de mancira geral, seja um exame di1-igido. Examinar todas as
prévia. Entretanto, se depois de uma variedade de manobras pacientes quanto a todas as anomalias seria altan1ente imprati-
e transdutores (posição de Trendelenburg, esvaziamento da cável. Felizmente, a maioria das grandes anomalias é detectada
bexiga, exame transperineal ou transvaginal) ainda houver como parte de uma avaliação de rotina com várias pequenas
i.nsegurança em relação à margem da placenta com o orifício modificações.
interno do colo, a placenta deve ser interpretada como de Malformações congênitas importantes são diagnosticadas
inserção baixa, e uma placenta prévia não pode ser excluída. em 40/0 a 80/0 dos lactentes durante o primeiro ano de vida.26
Eu prefiro relatar a distância da margem inferior da placenta Malformações congênitas são a principal causa isolada de
ao orifício interno, em vez de confiar em termos que podem mortalidade de lactentes nos Estados Unidos, responsabilizan-
ter significados diferentes (p. ex., placenta marginal). do-se por mais de 21 % de todas as mortes de lactentes ?6 Nos
Descolamento prematuro da placenta é um diagnóstico Estados Unidos, foi estimado que 100.000 a 150.000 crianças
que muitas vezes é difícil de fazer usando-se ultrassonografia. nascem a cada ano com gTandes malformações congênitas , e
Deve ser lembrado que o miométrio e seus vasos, bem como aproximadamente 8.000 desses bebês morrem antes de com-
uma contração miometrial transitória, podem simular um pletar seu primeiro ano de vida .26 Crianças com malforma-
hematoma, e que esses potenciais diagnósticos falso-positivos ções congênitas são responsáveis por aproximadamente 30%
devem ser evitados. Uma vez que a maioria dos médicos das internações pediátricas, e o custo total da assistência à
sabe que descolamento da placenta é um diagnóstico difícil, saúde é estimado em mais de $1,4 bilhão anualmente.26 ,61.62
eles frequentemente encaminhan1 as pacientes para avaliação Conforme foi mencionado na discussão do exame ultras-
ultrassonográfica a fim de excluir uma placenta prévia, e não sonográfico no primeiro trin1estre, anomalias fetais foram
paTa ver especificamente o descolamento. Pacientes com um descritas em virtualmente todo sistema de órgãos em quase
descolamento placentário verdadeiro podem nunca ser vistas toda idade gestacional. Há muita controvérsia sobre quando
no laboratório de ulu'assom, e iT direto para o trabalho de deve ocorrer um exame abrangente de uma gravidez. Houve
pano e o parto. um desejo de muitos de realizar essa tarefa em uma época
Vasa jm:via, que é uma variação da anatomia do cordão imediatamente antes de uma amniocentese (14 a 16 semanas)
umbilical em vez de uma anormalidade placentária, é uma ou mesmo mais cedo, na época da medição da translucência
condição séria e muitas vezes despercebida. Isso ocorre quan- nucal. 63 Em particular, três vantagens foram citadas com
do vasos fetais cruzam o orifício intemo do colo em uma frequência: (1) anormalidades transitórias como translucência
tentativa de alcançar a substância principal da placenta. Pode nucal aumentada e intestino ecogênico (que podem servir
resultar em exsanguinação fetal durante o pano, e deve ser como marcadores de anormalidades cromossômicas e eSU'utu-
suspeitado em casos de uma inserção velamentosa do cordão rais) podem desaparecer se o exame for feito pela primeira vez
ou um lobo acessório da placenta. após 16 semanas;64 (2) estruturas como as mãos fetais podem
ser vistas mais facilmente, particularmente com dedos estendi-
dos, do que mais tarde na gravidez 64 e (3) se necessário, uma
Malformações Fetais interrupção pode ser mais facilmente aceita e menos perigosa
o assunto de malformações fetais está entre as questões mais do que no fmal da gestação. 64 Embora seja verdade que
agravantes, emocionalmente, que os pais ou o examinador muitas anormalidades morfológicas serão detectadas particu-
podem ter de enfrentar. É de interesse que esse assunto seja larmente quando se usa uma sonda transvaginal, certas anor-
dominante na mente dos pais durante o exame ultrassonográ- malidades da face, coração e esqueleto não serão detectadas
fico apesar das indicações ou do aconselhan1ento pré-ultras- em idades gestacionais iniciais. Similarmente, certos estágios
sono gráfico que eles possam ter recebido. Um estudo inte- do desenvolvimento embriológico, como O desenvolvimento
ressante de Eurenius et al. 60 avaliou 303 mulheres grávidas e do verme cerebelar e do corpo caloso, não estão completos até
seus parceiros em uma tentativa de avaliar o aconselhamento o meio ao fim do segundo trimestre. Se houver luxo econô-
pré-exame e o fornecimento de informação e suas expectati- mico em efetuar diversos exames ultrassonográficos durante a
vas antes, e experiências durante e depois de uma ulu'assono- gravidez, um exan1e de 11 a 16 semanas de gestação, seguido
grafia de rotina no segundo trimestre. Embora a informação por um exame de 22 a 24 semanas de gestação, poderia ser °
dada antes do exame declarasse claramente que as principais ideal. Certamente é razoável excluir anormalidades grosseiras
finalidades do exame eran1 a datação e a detecção de gestação e potencialmente letais durante a época do exan1e de translu-
múltipla, 89% das mulheres e 84% dos homens pensavam que cência nucal. Isso obvian1ente afetaria a cronologia do exame
a finalidade do exame era detectar anomalias. "A preocupação seguinte. Entretanto, minha recomendação é que se um único
predominante dos pais é que o bebê seja sadio e não tenha exame ultrassonográfico ou um exame direcionado (n.ível 2)
malformações, e, apesar da informação de que 'algumas mal- for efetuado, ele deve ser feito com a idade gestacional de 20
formações sérias podem ser detectadas', muitos pensam que o semanas. A razão para isso é que o feto terá tamanho suficiente
procedimento é para detecção de malformações fetais, e um para excluir a maioria das anorn1alidades e ainda daria tempo
tipo de atestado de saúde."60 para um exame de acompanhamento, se necessário. Tenho
Durante os últimos 10 anos, a avaliação ultrassonográ- observado frequentemente que anormalidades que não eram
fica sofreu uma transformação que nos permitiu responder vistas com 16 a 18 semanas de idade gestacional se tornan1
não apenas à pergunta básica sobre a paciente estar grávida, aparentes com 19 a 20 semanas. A leve perda de precisão ao
mas também a de uma anomalia fetal estar presente. Como atribuir a idade gestacional a essa altura vale bem a pena pelo
anormalidades de tamanho cada vez menor são identificadas, ganho na visibilidade da anatomia e patologia fetais.
agora a questão se torna o grau de tranquilização que uma A paciente e o médico encaminhador devem ser infor-
paciente deve esperar de um relatório, quando nenhuma mados de que durante o exame ultrassonográfico padrão,
anomalia foi vista durante um exame ultrassonográfico de embora muitas anormalidades possam ser detectadas fortui-
rotina. Essa é uma questão complexa. O grande número de tamente, lesões mais sutis tendem a ser detectadas somente
estruturas anatômicas que podem ser detectadas pelos estudos quando se sabe que o feto está em risco de uma malformação
EXAME UL TRASSONOGRAFICO OBSTÉTRICO 19

específica. Malformações anatômicas tendem a crescer duran- sar, pela qual a corionicidade não possa ser determinada neste
te a gravidez à medida que o feto cresce; um defeito visto tempo. O mesmo é verdade quanto à visualização dos tratos
ao nascimento pode ter sido demasiado pequeno para ser de ejeção cardíacos no segundo e terceiro trimestres. Não há
detectado na gravidez. Algumas lesões , como atresia duodenal dúvida de que a demonstração dos tratos de ejeção tem uma
e acondroplasia heterozigótica, podem não se manifestar até curva de aprendizado defmida que é necessário conquistar.
tarde no segundo trimestre. Finalmente, é importante os sono- Entretanto, uma vez aprendida, os tratos de ejeção devem
logistas conhecerem os limites da sua experiência. Se uma ser demonstrados em mais de 90% das pacientes.66 a seção
malformação for suspeitada e o examinador tiver tido pouca sobre as extremidades, as pernas e os braços são menciona-
experiência com a anormalidade em questão, o caso deve ser dos . Medicamente, isso significaria somente a tíbia/fíbula e o
encaminhado a um examinador mais experiente. Só dessa úmero. Acredito que a intenção era que o fêmur, úmero, tíbia,
maneira as pacientes serão mais bem assistidas. fíbula , rádio e ui na fossem avaliados.
O sexo do concepto foi dito como, "Medicamente indi-
cado em gestações de baixo risco apenas para avaliação de
Útero e Anexos gestações múltiplas". Penso que conheço a intenção, mas
A avaliação do útero e anexos torna-se mais difícil quanto teria dito diferentemente. Eu teria dito que o sexo deve ser
mais tarde na gestação ocorrer o exame. As anormalidades demonstrado em gestações simples quando medicamente
mais comuns que tendem a ser detectadas são miomas ute- indicado para diagnóstico e aconselhamento. Exemplos desse
rinos. Conforme assinalado anteriormente, é in1ponante tipo de indicação incluiriam hemofilia ou obstrução urinária
medir o tamanho do mioma, registrar a localização e defmir distal , tentando fazer uma diferenciação (válvulas da ure-
a sua relação com o colo. Se anormalidades ovarianas forem tra posterior [transtorno predominantemente masculino] de
suspeitadas e não vistas, as pacientes deverão fazer um exame uma anormalidade cloacal [transtorno predominantemente
pós-parto. feminino]) . Qyamo às gestações múltiplas, há muitos que
contestariam dizer que alguma gravidez múltipla é de baL'{o
risco . Deveria ter sido dito que, quando a corionicidade é
Verbosidade Usada nas Diretrizes do difícil de determinar em gestação múltipla, a determinação do
AIUM/ACRlACOG sexo, quando diferente entre os gêmeos, será útil para excluir
As comissões e os membros individuais do AIUM, ACR e monocorionicidade.
ACOG que ajudaran1 a desenvolver as diretrizes descritas Qyanto à determinação do peso, é feita uma declaração
anteriormente fizeram um excelente trabalho. Não é fácil que "Atualmente, mesmo os melhores métodos de predição
produzir um documento como este que seja amplamente do peso fetal podem fornecer erros tão altos quanto ±15%".
aplicável aos médicos ultrassonografistas. Há algumas áreas Embora eu concorde com isso em conceito, eu não teria
em que eu acredito que a escolha das palavras não foi clara colocado, como parece ser, um limite superior aos erros
e gostaria de dar minha própria sugestão de interpretação. O na estimativa do peso. Isso parece significar que números
leitor deve ler o editorial a respeito desse assunto concernente maiores que este estariam abaixo do padrão de tratamento.
a dois dos pontos levantados pelas diretrizes. 65 Particularmente em fetos macrossômicos, eu tenho visto erros
E compreensível que as diretrizes tenham tentado dar tão altos quanto 25% a 30% daquilo que pareceu ser biome-
ao médico uma ampla latitude nos requisitos para o exame tria razoável.
ultrassonográfico obstétrico. Elas tentaram levar em conta Uma declaração a respeito de dificuldades técnicas diz:
as diferenças em anatomia materna e fetal de uma paciente "Um exame no segundo ou no terceiro trimestre pode impor
para outra, bem como às vezes limitações técnicas. Há vários limitações técnicas a uma avaliação anatômica devido a arte-
casos nos quais as diretrizes afirmam que uma estrutura ou fatos de imagem por sombra acústica. Qyando isso ocorrer, o
estruturas devem ser examinadas. Infelizmente, adicionalmen- laudo do exame ultrassonográfico deve documentar a nature-
te são acrescentadas declarações como "quando possível" ou za dessa limitação técnica. Um exame de acompanhamento
"pode também ser tentado" ou mesmo "quando tecnicamente pode ser útil." Embora eu compreenda completamente essa
exequível". Como dissemos no editorial antes mencionado, limitação, que todos nós temos encontrado, a recomendação é
"Pode-se afirmar razoavelmente que qualquer das vistas problemática. Há certas estruturas anatômicas ou situações nas
deftnidas nas diretrizes só pode ser obtida 'se tecnicamente quais a anatomia tem de ser examinada ou uma anormalidade
exequível"'. De fato , a introdução ao "Exame Anatômico descrita. A afirmativa "exame de acompanhamento pode ser
Fetal" afirma que podem ser esperadas limitações técnicas: útil" é inaceitável. Eu vi casos demais nos quais a anatomia
". . . algumas estruturas podem ser difíceis de visualizar cerebral ou cardíaca não foi bem vista devido a limitações
devido ao tamanho fetal , posição, movimento, cicatrizes técnicas. O obstetra encaminhador não leu o laudo até a visita
abdominais e espessura aumentada da parede materna".65 seguinte da paciente. Na época em que a paciente voltou para
O acréscimo dessas declarações adicionais, mencionado reavaliação, estava com 25 semanas ou mais, impedindo a
anteriormente, dá ao examinador uma "desculpa" para não opção pela interrupção de uma anormalidade, se desejada.
examinar anatomia importante fetal ou materna. Isso ocorre Se o cérebro, coração, ou rins e bexiga (na presença de oligo-
na discussão do primeiro trimestre, quando essas afirmativas hidrâmnio) não forem vistos, a paciente deve ser vista mais
modificadoras são feitas a respeito do colo do útero, e an1nio- tarde nesse dia ou na mariliã seguinte, e só então o relatório
nicidade e corionicidade, em gestações múltiplas. Eu não fmal ser enviado. Se a estrutura ainda não for vista, o obstetra
conheço nenhuma razão pela qual o colo não possa ser avalia- encaminhador deve ser notificado e a conversa, documentada.
do no primeiro trimestre em qualquer paciente usando-se uma
variedade de métodos disponíveis. Talvez o único tempo em Interpretação do Exame
que a corionicidade e a amnionicidade possam ser mais bem
Ultrassonográfico
avaliadas seja realmente no primeiro trimestre da gravidez.
Embora a diferenciação de gêmeos mono de diamnióticos Este é, evidentemente, o foco restante deste livro· entretanto
possa ser difícil, não há nenhuma razão, que eu consiga pen- eu gostaIia de fazer vários comentários. Embora; subespecia:
20 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

lidade da ultrassonografia obstétrica pareça atrair novas aplica- Entretanto, é controverso. Com relação a recomendações de
ções biométricas diariamente, eu nunca advoguei inteiramente várias orgaluzações, por exemplo, AIUM, ACR, ACOG, um
o único uso de medidas para chegar a um diagnóstico. Parece relato escrito deve ser produzido ao completar-se o exame
que todo dia eu leio em uma revista que alguém desenvolveu ultrassonográfico e deve ser colocado no prontuário médico
um novo plano para a medição de uma estrutura anatômica da paciente. À medida que o prontuário médico eleu-ôlucO
fetal. Reconheço por completo que há muitas medições que se torna uma realidade, este relato pode evidentemente ser
são necessárias para interpretação precisa da ultrassonografia; digital. Diversos tipos de pacotes de laudo (tecnologias) foram
biometria fetal para tamanho e peso, comprimento cervical, desenvolvidos para tornar mais fácil a emissão de laudo: estes
e tamanho ventricular, para citar algumas . Para muitas das incluem, mas não estão limitados, a plan.il.has ou cheddisls
anormalidades que podem ser reconhecidas ultrassonografica- (listas de verificação) obstén-icas, gabaritos de computador
mente, eu prefiro que o sonologista dê mais crédito ao seu olho ou laudos prontos, reconhecimento da voz por computador,
subjetivo do que a uma medida, quando imagens ou estruturas sistemas de transcrição digital acessados por telefone ou com-
individuais "simplesmente não parecem certas". Embora uma putador, e ditado vocal tradicional que é digitado por trans-
medida possa parecer dentro dos limites normais, há vezes em cricionistas (no local ou a distância). Todos estes métodos têm
que a subjetividade, na minha opinião, sai vencedora. É acei- o potencial de produzir um laudo exato e legível. Entretanto,
tável dizer que, apesar de um índice de líquido arnniótico de na minha própria experiência, quanto mais fácil o método de
6, há oligo-hidrâmnio ou que o intestino fetal parece dilatado, laudo é mais provável que observações feitas durante o eXallle
sem uma medida objetiva da luz intestinal. não sejam transnutidas acuradamente. Demasiado frequen-
Outra armadilha é fazer uma medição de uma estrutura temente, tenho obsel-vado ultrassonografistas e sonologistas
anatômica e não interpretar o significado da medida. Por ternlÍnarem um exame e rapidamente marcar quadrículas
exemplo, alguns laboratórios de ultrassom acreditam que em uma planilha, indicando que uma estrutura particular foi
adicionar numerosas medidas, por exemplo, medidas transce- observada ou estava normal . E inconcebível pal-a minl, obser-
rebelares, renais ou intra-orbitárias, além da biometria padrão vando a velocidade com a qual a planilha é completada, que
(diâmetro biparietal [DBP] , circunferência cefálica [CC), cir- eles jamais se fizeram a pergunta - eu realmente vi essas estru-
cunferência abdominal [CA] , comprimento do fêmur [CF]) , turas? Embora estejam se tornando antiquados , os sistemas
tornará o exame mais completo. Embora eu não conteste a convencionais de ditado que exigem que o examinador pegue
necessidade destas medições adicionais, o que é desconcer- o aparelho de gravação e diga "as seguintes estruturas foranl
tante é que frequentemente o interpretador do exame não vistas . . .", ou algum aparelho ou mecanismo semelhante, pare-
verificará estas medidas em relação a tabelas padrão ou nomo- cem ter uma probabilidade melhor de sucesso em transmitir
gramas, para determinar se elas são normais ou anormais. Na informação exata.
minha mente, este é um erro sério. Eu tenho emoções misturadas a respeito de gabaritos que
Sem partir para uma discussão de estatística, é suficiente contêm pal-ágrafos padrão tais como: as seguintes estruturas
dizer que nenhuma medição provavelmente será 100% exata, foraln vistas: "ventrículos laterais, cerebelo e assim por diante."
sem resultados falso-positivos ou falso-negativos. Há algumas Embora esta informação possa ser necessária pal-a finalidades
situações em que resultados falso-positivos podem ser aceitáveis de pagalnento, ainda estou por ver um sonologista ou médico
(p. ex. , exames de triagem para uma anormalidade séria). Todo encal11.inhador que alguma vez leia estes parágrafos. Eles tam-
médico abomina a noção de ser rotulado um "leitor exagerado" bém têm o potencial de ser confusos quando anormalidades
de exames. Eu tenho duas sugestões: (1) consultar o clúuco são detectadas, particularmente se o parágrafo terminar com
encaminhador a respeito da importância de um diagnóstico " .. .e estas estruturas estavanl normais". Se não for alterado
específico. Perguntar-lhe se o objetivo é o de não passar desper- o parágrafo, o médico encaminhador lerá neste parágrafo
cebida qualquer paciente com uma condição (assim resultando padrão uma sentença que diz: "os rins fetais estavam normais"
em mais resultados falso-positivos potenciais), o que pode e no parágrafo seguinte uma sentença que diz "foi observada
significar teste ou intervenção adicional, ou se ele quer menos hidronefrose fetal bilateral".
resultados falso-positivos e assim correr o risco de perder a Constitui minha prática e recomendação que, quando
detecção de LUna anormalidade em algumas pacientes. Com anormalidades fetais são detectadas, o médico encalrunhador
isto em mente, pode-se ajustar o nível limiar para o teste, mais seja contatado em pessoa ou por telefone e a discussão seja
baixo ou mais alto. (2) Se o sonologista estiver ligando para um documentada no relato.
clúUco encaminhado r quau-o a seis vezes por semana com uma Uma dúvida frequentemente levantada é o que fazer quan-
suspeita de anormalidade (p. ex., pielectasia, intestino ecogêluco do uma estrutura que apal-ece normalmente em exames (bási-
e assim por diante), deve-se talvez reavaliar os critérios usados cos) de rotina (e listada nas diretrizes) não é vista. Ou, o que
para definir alguma coisa como anormal. Entretanto, se telefo- fazer quando se identifica uma estrutura que tem um aspecto
nar a um médico encamirthador uma vez cada 2 a 4 semanas incomum, mas que se suspeita provavelmente ser normal.
quando está "preocupado" com um achado, e deseja chamar Muitas vezes, adnute-se que a falha em ver uma estrutura ou
atenção para ele, não deve se sentir como se estivesse "decla- estruturas é secundária a linUtações técnicas, como má situação
rando exageradamente" uma anormalidade. SinUlannente, não fetal ou fisiologia fetal (o feto acabou de urinar, ou líquido no
se deve ficar consu-angi.do de telefonar ao médico encanunha- estômago passou para o duodeno). Se o exanle for realizado
dor sobre uma preocupação de que alguma coisa possa estar no começo do segundo trimestre, a paciente deve retornar
anormal, mesmo se afmal se comprovar estar nOlmal. Só desta dentro de 2 a 4 semanas pal-a outra avaliação. Conforme
maneira as pacientes serão mais bem sel-vidas. foi mencionado anteriormente, se uma estrutura em questão
relacional--se ao coração ou cérebro ou rins e bexiga (quando
Laudo dos Resultados de oligo-hidrânuuo está presente), o estudo deve ser considerado
Ultrassonografia Íluompleto e não deve ser laudado até que a estrutura seja vista
mais tal-de nesse dia ou na maliliã seguinte. Se um exame de
Seria de esperar que este pudesse ser o tópico menos con- acompal1.hamento estiver justificado, o médico encamitiliador
tencioso ao discutir o exame ultrassonográfico obstétrico. deve ser contatado e a conversa documentada. O fLUldamento
EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO 21

para essas recomendações é a preocupação de que acompanha- cas frequentemente têm uma conotação pior. Trissomia soa
mento e a avaliação adequados não ocorram, ou se ocorrerem, pior para a maioria das pacientes do que um cromossomo
não sejam realizados de uma maneira oportuna. Declarações extra. 69 Cistos de plexo coróide (CPCs) e focos intracardía-
indicando "correlação clínica recomendada" são apropriadas cos ecogênicos (FIEs) são discutidos no Capítulo 4. Deve-se
quando a anormalidade vista necessita ser correlacionada com saber que mesmo que o sonologista acredite firmemente que
a condição médica da paciente, testes laboratoriais, o achado de um CPC ou um FIE é provavelmente uma
familiar e a idade da paciente, mas não quando é vista uma variante normal e sem nenhuma conscquência, o fato dc cssas
<monnalidade isolada (alça imestinal dilatada). estruturas estarem no cérebro e no coração não é de pequena
monta. O fato de que pode não haver um risco aumentado
importante na paciente individual, com base em outros acha-
Discussão do Exame com a Paciente dos e a anormalidade ser de pequeno tamarmo, pode não
Este tópico também é controverso. A paciente obviamente aliviar a ansiedade da paciente, uma vez ela seja informada
quer ouvir que o feto é saudável e saber os resultados no desses achados.
momento do exame. Como regra geral, o obstetra encami- Tem havido muito debate a respeito de os médicos deve-
nhador conhece melhor a paciente e também tem infOl-ma- rem revelar que um Ilzarcador leve (laca) de uma anormalidade
ção importante sobre a histól-ia menstrual, familiar, cromossômica foi detectado em um feto na ausência de
valores laboratoriais e estado emocional da paciente. Assim, outros fatores de risco de aneuploidia. 7o- 72 Um estudo recente
o médico da paciente frequentemente está mais capacitado de Lee et al 73 observou que a detecção e comunicação de
a explicar os resultados à paciente e a aconselhá-la efetiva- marcadores isolados de aneuploidia (cistos de plexo coróide),
mente. Em casos de suspeita de anormalidades morfológicas focos intracardíacos ecogênicos, pielectasia renal, intestino
ou genéticas, o conselho de um geneticista reprodutivo ou ecogênico) está associada à ansiedade materna aumenta-
perinatologista pode se comprovar valioso. Há situações em da e amniocentese desnecessária. Sua conclusão: "dada a
que o sonologista é solicitado pelo obstetra encaminhador a quantidade de ansiedade materna gerada com a detecção de
explicar os resultados à paciente. Conforme discutido antes, marcadores de aneuploidia, séria consideração deve ser dada
muitas vezes as primeiras coisas que são ditas à paciente são a oferecer aconselhamento genético pré e pós-ultrassonogra-
as coisas de que ela se lembra. Apesar do que é dito posterior- fia, ou, de outro modo, nada deve ser mencionado acerca
mente, pode ser difícil desfazer o que foi dito inicialmente. É de marcadores ultrassonográficos que podem ser variantes
apropriado dizer que o interpretador necessita avaliar todas normais em que não têm outros fatores de risco de
as imagens juntas e possivelmente compará-las com estudos aneuploidia". 3
antigos. Nesse momento é que o relatório final será gerado. A probabilidade de ter um filho normal quando uma
Aconselhamento muitas vezes é simples se o caso for anormalidade é detectada é quase sempre recebida mais favo-
normal ou quando o diagnóstico for inequivocamente letal ravelmente pela família do que ser informada da pequena por-
(anencefalia).67 Ele se torna mais complexo em casos nos centagem de probabilidade de ter um filho anormal quando
quais o resultado é menos que 100% seguro (p. ex., uma anormalidade é detectada . (Uma probabilidade de 99%
culomegalia leve isolada). É importante não introduzir o seu de normal soa menos preocupante do que uma probabilidade
próprio preconceito e valores a respeito de crieu: fUhos com de 1% de anormal.) o risco é informado em forma
incapacidades. Não se pode supor que, se uma malformação de proporção, ele muitas vezes soa pior do que quando é
séria for detectada, a paciente desejará um aborto em vez informado como porcentagem (I /X soa pior do que X Ofo).G9
de dar à luz um bebê com deficiências. Em alguns casos , a Deve-se ter em mente que uma grande parte do público não
pessoa que informa a paciente sobre os resultado está inse- possui conhecimento funcional de frações , números inteiros
gura do sig11ificado dos achados,67.69 e a prin1eira informação ou porcentagens. 74 .7S Em um estudo,78 um tcrço das mulheres
que a paciente ouve pode não ser clara ou estar equivocada. adultas com educação abaLxo de não reconheceu
Isso pode influenciar o modo como as pacientes percebem a que 111.000 é menos que 10f0. É interessante que embora na
informação mais tarde, e pode resultar em insatisfação com o maioria das especialidades médicas o risco ou prog11óstico seja
portador das notícias .67.69 dado em porcentagem, por exemplo, 10% de probabilidade
Frequentemente se supõe que as mulheres ponderam de de cura ou de mau resultado, em aconselhamento genético
igual maneira o risco de dar à luz um bebê com uma anorma- pré-natal o risco é muitas vezes dado em forma de proporção,
lidade congênita versus um abortamento relacionado com um o que a maioria das pacientes não compreende inteiran1ente.
procedimento (anmiocentese). De fato, estudos demonstra- Em um estudo por Grimes et a}/4 mulheres de várias idades ,
ram que a maioria das mulheres vê as consequências a longo educação e linguagem foram solicitadas a identificar que
prazo de criar um filho com deficiência como pior que um proporção de infecção vesical era mais alta: 1 em 384 ou
abort<?, embora as mulheres variem amplamente a esse respei- 1 em 112 pessoas. As mesmas mulheres foram em seguida
to. 68 E importante lembrar que nós não sabemos melhor que solicitadas a identificar que taxa de infecção era mais alta : 2,6
as nossas pacientes o que é melhor para elas. Nosso desafio é por 1.000 mulheres ou 8,9 por 1.000 mulheres. Globalmente,
ajudá-las a chegar a uma decisão que seja a melhor para elas, 73% identificaram corretamente o risco mais alto em formato
considerada sua criação, experiência e valores particulares. de taxa (Xl1.000 ), em contraste com 56% que responderam
Mesmo quando informação precisa e correta é transmitida corretamente à mesma pergunta montada como proporções
em uma sessão de aconselhamento, ela pode não ser inter- (l/X).74 Claramente, as mulheres compreenderam taxas
pretada pela paciente com o mesmo significado pretendido. melhor que proporções.
Certas palavras tendem a ter conotações mais sérias e piores Talvez o ponto mais importante dessa discussão seja o que
para a paciente do que palavras alternativas. 69 As palavras fazer quando se observa uma ligeira variação do normal ou
anormalidade rara são frequentemente interpretadas como um achado incomum. A primeira resposta seria consultar os
séria (mesmo que seja uma anormalidade leve). A palavra seus colegas. Se isso não responder à questão, então se deve
anonnalidade é muitas vezes interpretada como pior que uma discutir o caso mais a fundo com peritos mais experientes,
va.n"ação do nomzal. Do mesmo modo, palavras genéticas técni- por exemplo, perinatologistas ou geneticistas, ou encaminhar
22 EXAME ULTRASSONOGRÁFICO OBST ÉTRICO

Tabela 1-4 1Avaliação da Literatura a prevalência de "doença ou anormalidade" na sua população,


ou que os leitores não levam isso em consideração ao aplica-
Sumário rem o relatório à sua própria prática. Isso também se verifica
quanto aos equipamentos e técnicas usados para análise.
Qyais são os objetivos, achados e conclusões do esrudo? Qlando os autores discutem uma nova técnica ou achado
potencialmente útil, ele invariavelmente é representado na sua
Introdução
primeira figura, "Figura 1". Se depois de olhar a Figura 1 na
Qyal é a fmalidade do teste diagnóstico? nova publicação, bem como sua legenda e descrição no texto,
o leitor não compreender o que está sendo demonstrado, a
Materiais e Métodos publicação tende a ser de pouco valor na prática clínica.
Como são selecionadas as pacientes?
Elas são representantes daquelas que ordinariamente são NEGLIGÊNCIA PROFISSIONAL E
examinadas?
Como o(s) exame (s) é efetuado e interpretado?
O EXAME ULTRASSONOGRÁFICO
O s critérios de interpretação são bem definidos e reprodutíveis? OBSTÉTRICO
Qml é o padrão-ouro para diagnósrico? É apropriado?
É provável que cada pessoa que esteja lendo este texto tenha
Os sonologistas es tão cegos para o diagnóstico fmal e o
examinador final (patologista) está cego para a interpretação
sido tocada de alguma maneira pela presente crise de negli-
uln-assonográfica? gência, imperícia e imprudência profissionais . Para a maioria
O padrão-ouro está aplicado uniformemente? de nós, essa o;se resultou em custos aumentados de bens e
Em um es tudo de comparação, os testes são avaliados de modo serviços, e, para alguns, significou ser acusado em um proces-
justo? so por má prática profissional.
São difíceis de obter dados sobre os números de processos
Resultados de negligência e seus acordos. Em um relatório, Sanders 78
reportou processos de má prática em ultrassonografia diag-
Como é relatada a exatidão (acurácia)?
Espectro de doença e co-variantes importantes, como
nóstica em 228 casos. Exames de ultrassonografia obstétrica
co-morbidade, idade, sexo e biotipo são levados em conta representaram a maiOl;a (78%) dos casos.
na apresentaÇ<'ío tabular dos dados? Algumas das razões mais comuns para iniciar reclamações
A análise estatística está claramente descrita e é apropriada? por negligência (legítimas ou não) incluem as seguintes:

Discussão Expectativas não razoáveis do exame ultrassonográfico


por parte da paciente e do médico encaminhador.
As deficiências na metodologia da avaliação da exatidão são
reconhecidas e discutidas?
Médico que efetua o exame tem treinamento ou equipa-
Outros fatores relevantes, como prevalência de doença, mento inadequados.
eficácia terapêutica e custo, são adequadamente levados Não procurar assessoria em casos difíceis.
em consideração nas recomendações clínicas? Estudo inadequado ou incompleto.
Erro de interpretação do exame ultrassonográfico (resul-
De: Black \.yC : How 10 evaluate the radiology literature_AJR AmJ Roentgenol tando na incapacidade de interromper antes do limite
154 :17, 1990. legal estadual , numa interrupção ilegal, ou pano pré ou
pós-termo).
Má comunicação com clínicos encaminhadores (termino-
logia inadequada, falta de comunicação oportuna).
a paciente a um centro un.iversitário ou especializado. Em Falta de manutenção do equipamento de ultrassonogra-
alguns casos , simplesmente será necessário relatar que há um fia.
achado e que você não tem certeza do significado. Quando o Falta de supervisão adequada do pessoal.
médico sente pressão para dar sempre uma resposta branco
ou preto, ou normal ou anormal, sem honesta indecisão, essa Meu desejo é que este livro, através do processo de educa-
conduta constitui um desserviço à paciente. ção do ultrassonografista e do sonologista, ajude a aliviar
erros de diagnóstico e, assim, reduza o número desses casos.
Infelizmente, apesar da melhor assistência médica, alguns pro-
AVALIAÇÃO DA LITERATURA DE cessos por negligência são iniciados contra os médicos.
ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICO-
GINECOLÓGICA
CONCLUSÃO
Embora este livro sirva como referência para muitos, como
recurso para problemas clínicos continuados, informação clí- o apelo do exame ultrassonográfico é que ele é um procedi-
nica nova e ütil é relatada constantemente na literatura médi- mento não invasivo, seguro, que tem um alto grau de acei-
ca. É apropriado o leitor manter-se atualizado em relação aos tação pelas pacientes e pode produzir uma riqueza de infor-
novos avanços. Também é importante ser vigilante a estudos e mação. É sempre um prazer examinar a paciente obstétrica e
conclusões mal construídos. Embora virtualmente todo relato tranquilizá-la sobre sua gravidez, quando apropriado.
contenha alguma menyão da sensibilidade e especificidade de Qyando um proce550 patológico é identificado pela pri-
um novo teste, esta é apenas uma pequena parte de uma análi- meira vez, o papel do sonologista é o de um detetive que
se adequada da utilidade de uma nova técnica . Existem várias tenta juntar todos os fragmentos de informação para chegar
áreas que devem ser consideradas ao avaliar uma ao diagnóstico correto (Fig. 1-6). Embora a descoberta de um
ção nova na literatura; estas estão delineadas na Tabela 1-4." processo patológico seja sempre desconcertame, o sonologista
Talvez o erro mais comum seja que os autores não declaram pode ser um conselheiro da paciente e do clínico, e ajudar a
EXAME UL TRASSONOGRÁF ICO OBSTETRICO 23

c D

E F G

FIGURA 1-6. Este é um excelente exemplo de como a observação de todos os sinais ultrassonográficos permite c hegar ao diagnóstico
correto. A paciente foi encaminhada porque um cisto foi visto na cabeça fetal no exame ultrassonográfico inicial. A, Imagem axial transversal
ligeiramente angulada da cabeça fetal demonstra ventriculomegalia moderada. (Os ventrículos dilatados foram o que incorretamente se
interpretou como um cisto intracraniano fetal.) B. A planilha da ultrassonografia revela medidas da cabeça fetal (diâmetro biparietal [biparietal
diameter, BPDj, circunferência cefálica Ihead circumference, HCI!' abdome (abdominal circumferenc e [AC]) e fêmur (femur length [FLJ) que são
todas diferentes umas das outras . A principal diferença a esta altura é que ou a cabeça está aumentada e o fêmur e o abdome representam mais
corretamente a idade gestacional , ou as medidas da cabeça são normais e o abdome fetal é pequeno por restrição do crescimento. Poder-se-ia
supor que as medidas da cabeça estão anormalmente grandes devido à dilatação ventricular. De fato , a cabeça fetal usualmente não aumenta
até que a dilatação ventricular seja significativamente mais pronunciada. 79 C. O passo seguinte seria avaliar os centros de ossificação epifisária.
Neste feto, ambos os centros epifisário femoral distai (DFEI e epifisário tibial proximal (PTEI (setas) mostram calcificação , indicando um feto
com uma idade gestacional mrnima provável de 34 a 35 semanas. O. Estas imagens divididas ajuntadas no eixo longo do útero demonstram
pouco líquido amniótico. A informação das imagens C e O parece indicar que este provavelmente tem 34 a 35 semanas de gestação com um
abdome pequeno (gestação de 31 semanas!, pouco líquido amniótico e provável restrição de crescimento. E e F. Planos de corte transversal
e coronal do abdome fetal mostram um baço aumentado ('1. G. Uma ultrassonografia pós-natal confirma a esplenomegalia (SI. Ao nascer, o
recém-nascido tinha restrição do crescimento , e os títulos de anticorpo confirmaram o diagnóstico de infecção por citomegalovírus.
24 EXAME UL TRASSONOGRÁFICO OBSTÉTRICO

guiá-los para decisões apropriadas de tratamento. Entretanto, 20. Bioeffecrs coos ielerations for lhe safel)' of eliagl10sLic ullrasollnel.
há vezes em que uma anormalidade é forteme nte suspeitada American Institute ofUlu-asounel in Meclicine. Bioeffecrs C Oll1rninee.
mas pode ser duvidosa ou pode não se encaixar em uma cate- J Ultrasounel Med 7:S1 , 1988.
2 1. Men;tt CR: Ulrrasollnel safety : what are the issues? Raeliology
goria específica. Nessas circunstân cias, o melhor caminho para
173:304, 1989.
o sonologista seguir é fazer um exame de acompanhamento 22. KJ'emkau n,v: DiagnosLic Ultrasollnel : PrincipIes and Practice, 7th
e procurar assessoria. Se o tempo não permitir um exame de ed. Philadelphia, "\TB Saunelers, 2006.
acompanllamento, então o sonologista deve comunicar ao 23 . RepOr! of the Royal CoUege or O bstetricians anel Gynaecologists'
médico encaminh ador e à paciente que uma resposta defmi ti- Working Part)' on Routine Clrrasolllld ExmninaLion in Pregnanc)'.
va não é possível e que as decisões terão de ser tomadas com London, 1984.
informação abaL"<o de perfeita . 24. Eik-Nes SH , O kland O , Aure JC, ct al: Ultrasouncl screening in
Eu tenho a esperança de que este livro venha a servir a pregnancy: a randomisecl comrollecl uia!. Lancet 1:1 347, 1984.
duas finalidades: educar e estimular. Se aqueles que lerem este 25 . vVh itficlel C R : The routine ulu-asound sca n in ali pregnancies_"Vorlel
Sociely of Perinatal Medicine Meeling, Washington, D C, 1984.
texto mantiverem o mesmo entusiasmo pela ultrassonografia
26. Q teisser-Luft A, Stopfkuchen H, SlOlz G , ct ai: Prenatal diagnosis
obstétrica e ginecológica que eu conservo, terei alcançado of major malformations: quality control of rominc ultrasounel cxami-
meu objetivo. nations based on a five-year stlldy of 20,248 newborn fetuses anel
infams. Prenal D iagn 18:567, 1998_
27. Pers on PH , Kullaneler S: Long-tenl1 experience of general ultra-
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2
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL
Mary E. Norton , MO

Introdução Triagem Pré-natal de Defeitos Congênitos na População


Genética e Defeitos Congênitos Alfafetoproteína
Transtornos do Desenvolvimento: Causas, Mecanismos e Padrões Triagem Pré-natal de DTNs Abertos
Defeitos Cromossômicos Acompanhamento Quando a AFPSM Está Elevada
Anormalidades do Número de Cromossomos Outras Anormalidades e AFP Elevada
Trissomia do 21 AFPLA Elevada
Trissomia do 18 Marcadores Bioquímicos e Anormalidades Cromossômicas Fetais
Triss omia do 13 Programas de Triagem para Aneuploidia Fetal
Aneuploidia dos Cromossomos Sexuais Detecção de Trissomia do 18
Síndrome de Tumer Triagem Pré-natal em Gestações Múltiplas
Sindl'ome de Klillef elter Controvérsia da Triagem pela Idade Materna
47, XXX e 4 7,XYY
Complicações da Gravidez no Terceiro Trimestre após Triagem Sérica
Poliploidia Anormal
Anormalidades da Estrutura dos Cromossomos Estriol Baixo
Outros Tipos de Rearranjos Cromossômicos
Aconselhamento Genético e Testes Diagnósticos no Pré-natal
Transtornos Monogenéticos
Aconselhamento Genético
Herança Autossômica Dominante
Diagnóstico Pré-natal
Penetrância e Expressão
Aconselhamento Genético antes de Procedimentos Diagnósticos
Transtornos Autossômicos Recessivos
Pré-natais
Herança Ligada ao X
Técnicas de Diagnóstico Pré-natal
Imprinting e Outros Novos Mecanismos Genéticos
A mlliocelltese
Defeitos Congênitos Estruturais com Herança Complexa Biópsia de Vilocorial
Síndromes Devidas a Função Desordenada de Genes Específicos de Gestações Múltiplas
Desenvolvimento
Taxas de Aborto Pós-procedimento em Gestações Múltiplas
Teratologia Interrupção Seletiva de Gestações Multifetais
Agentes Teratogênicos Reconhecidos Coleta de Sangue Fetal e Outras Biópsias de Tecidos Fetais
Infecções Maternas Teste Pré-natal para Malformações Congênitas
Medicamentos Técnicas de Análise Genética
Fatores Físicos Identificação Cromossômica
Radiação
Hibridização Fluorescente In Situ
Extremos de Temperatura
Técnicas Moleculares para Análise de DNA
Fatores Maternos
Direções Futuras em Análise Genética
Fatores Mecânicos
RCP Fluorescente Quantitativa e Hibridização Genômica Comparativa
Triagem Genética na Gravidez
DNA Fetal Livre
Triagem de Portador (Heterozigotol
Técnicas de Teste de Portador
Doença de Tay-Sachs
Fibrose Cística
Fibrose Cística e Intestino Fetal Ecogênico

26
GEN ÉTICA E DIAGNÓST ICO PRÉ-NATAL 27

Cromossômicas
INTRODUÇÃO 10%

A s doenças genéticas são frequentemente percebidas como


tão raras que o clínico comum raramente as encontrará.
Entretanto , nosso crescente conhecimento e avanços Desconhecidas 50%
Monogênicas
8%
tecnológicos em diagnóstico pré-natal têm demonstrado que
este está longe de ser o caso. A disponibilidade de diagnóstico
pré-natal para uma ampla gama de transtornos continua a
aumentar com os progressos em outras áreas da genética.
Além disso, tem havido progresso nos testes de triagem na
população para identificar casais que portam um transtorno
genético. Esses aperfeiçoamentos na triagem e no diagnóstico Multifatoriais
25%
pré-natais significam que mais casais em risco são capazes Principalmente
ambientais
de ter filhos não afetados. Além da escolha reprodutiva, 7%
a u·iagem de portadores e os testes diagnósticos fetais
proporcionam a importante oportunidade para preparação
da família e o nascimento de um feto com um transtorno
genético conhecido. FIGURA 2-1. Prevalência de doenças genéticas na população.
A ultrassonografia desempenha um papel central na (Reproduzido com permissão de Carlson BM: Human Embryology
provisão de u-iagem e diagnóstico pré-natais. Não apenas é and Developmental Biology, 3rd ed. Philadelphia, Mosb y/Else vier,
2004.)
uma chave para guiar procedimentos diagnósticos pré-natais,
como a integração de um programa de diagnóstico pré-natal
baseado em genética demonstrou aumentar a exatidão do
diagnóstico quando comparada com ultrassonografia isolada.) remanescentes estão associados a outras exposições ambien-
Este capíUIlo inclui uma discussão da genética, com ênfase tais durante a gravidez, incluindo agentes infecciosos (3%),
em avanços recentes relevantes para o diagnóstico pré-natal estados de doença materna (4%), problemas mecânicos (1% a
e uma desCl;ção das estratégias aUlais para testes genéticos, 2%), radiação e causas ambientais desconhecidas. Os restan-
e discute como a triagem genética e a ultrassonografia juntas tes são de etiologia desconhecida ou complexa (multifatorial,
contribuem para a provisão de diagnóstico pré-natal exato e poligênica, erros espontâneos de desenvolvimento e intera-
precIso. ções sinérgicas de teratógenos) (Fig. 2-1 )3,4.

Genética e Defeitos Congênitos Transtornos do Desenvolvimento:


Causas, Mecanismos e Padrões
De acordo com a maioria dos estudos , 2% a 3% dos recém-
nascidos vivos têm uma malformação congênita. 2 Qyando se Os erros de morfogênese são com frequência classificados
consideram os defeitos congênitos observados nos primeiros pelos dismorfologistas de acordo com a patogênese subjacente
anos de vida, essa incidência é quase duplicada. Com o declí- (Fig. 2-2). Malfonnaçães são defeitos na estrutura de um órgão
nio na mortalidade infantil nos Estados Unidos por infecção que resultam de uma anormalidade primária específica do
e desnutrição, as malformações congênitas são agora uma dcsenvolvin1Cl1to, como uma cardiopatia congênita ou um
grande causa de mortalidade infantil (>20%) e responsáveis defeito do tubo neural (DTN). Uma síndrome de malformação é
por mais de 30% das admissões em berçário de terapia intensi- a ocorrência coruunta de vários desses defeitos, por exemplo,
va .3 Os defeitos congênitos variam de deficiências enzimáticas a presença de um defeito cardíaco congênito, defeito nervoso
causadas por defeitos monogenéticos a associações complexas central e fendas devido à trissomia do 13. Uma seqllênáa de
de defeitos estruturais. O continuum enu·e anormalidades malformações ocorre quando a malfonnação primária resulta
puramente bioquímicas e defeitos congênitos estruturais inclui em defeitos adicionais , como deformidade dos pés e hidro-
transtornos de estrutura, função, metabolismo e comporta- cefalia secundárias a espinha bífida. Difonnaçães são anormali-
mento. dades de forma, configuração ou posição causadas por forças
Os defeitos congênitos resultam da interação entre a mecânicas tais como moldagem ou restrição intrauterinas.
constituição genética do embrião e o ambiente no qual ele se Os fatores que levam a deformações podem ser extrínse-
desenvolve. A informação básica para o desenvolvimento está cos (p. ex., oligo-hidrâmnio devido a membranas rotas) ou
codificada nos genes, mas o genótipo está sujeito a influências intrú1secos (p. ex., oligo-hidrâmnio devido a agenesia renal).
anlbientais que podem influenciar o fenótipo observado. Em Deformações também podem ocorrer após o nascimento;
alguns casos, a informação genética se expressa independen- por exemplo, um lactente pode desenvolver um achatamento
temente do ambiente, enquanto em outros, causas ambientais da cabeça por dormir em uma única posição. Uma ruptura
interferem no desenvolvimento normal apesar de um genóti- é um defeito morfológico que resulta do rompinlento de
po normal. Embora alguns processos sejam principalmente tecido previamente normal. As rupturas podem ser devidas a
ambientais e outros sobretudo genéticos, as distinções entre forças extrú1secas, interferências internas em lUTI processo do
os dois não são perfeitas. desenvolvimento, ou lesões vasculares. Exemplos de rupturas
Apesar de consideráveis avanços e pesquisas durante as incluem amputações devidas a bandas amnióticas , e gastros-
últimas décadas, a causa de mais da metade das anonnalida- quise e porencefalia, ambas consideradas resultantes de danos
des humanas permanece desconhecida. Daquelas vasculares in ulero.
com uma causa reconhecida, aproxinladamente 15% a 20% Uma sequência é um padrão de anormalidades múltiplas
são doenças genéticas autossô!1Úcas e 20% são de origem resultantes de uma única anomalia ou fator mecânico primá-
citogenética. Admite-se que menos de 10f0 das anomalias rios; pode ser uma malformação, deformação ou rupulra. Um
ocorre devido a medicações teratogênicas. Alguns dos defeitos exemplo é a sequência de Potter, na qual oligo-hidrâmnio de
28 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Malformação

Etiologia Estrutura em
desenvolvimento

Cromossômica

Genética

Teratogênica
Erro
morfogênico -+1
Desconhecida Defeito estrutural
primário Falha do fechamento Mielomeningocele·
do tubo neural (malformação)
Malformação. Defeito estrutural primário resultante de erro
na formação de tecido

Deformação

Etiologia Estrutura normalmente


desenvolvida
Extrinseca
(constrição
fetal)
Força
anormal
Intrinseca
(acinesia Estrutura ou posição
fetal) alterada

Deformação. Alteração em forma ou posição de estrutura Pé torto


normalmente desenvolvida Força intrauterina (deformação)

...
Destruição

Etiologia Estrutura normalmente


desenvolvida
Oclusão

--1
Vascular vascular

Compressiva
Força
Laceração anormal Forças destrutivas Déficit de redução
Destruição
tecidual de membro
(destruição)
Destruição. Destruição de estrutura normalmente
desenvolvida previamente

FIGURA 2- 2. Erros de morfogênese . (Reproduzido com permissão de Nyhan WL: Structural Abnormalities: Clinicai Symposia. CIBA-GElGY,
Vol. 42, No. 2, 1990, Plate 1.)
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 29

Anormalidades Cromossômicas em Recém- Risco de Anormalidades Cromossômicas em


I Tabela 2-1 I Nascidos Vivos
nascidos Não Selecionados
Frequência Risco Total de
Anormalidade (por 1.000 Nascimentos ) Idade Materna Risco de Síndrome Anormalidades
(Anos) de Down Cromossômicas*
Todas 9, 1
Trissomias autDssômicas 1,4 20 1/ 1. 667 11526
autDssômico equilibrado 5.2 21 1/ 1.667 11526
Anormalidades autDssômicas desequilibradas 0,6 22 111 .429 1/500
j\normalidades dos cromossomos sexuais 23 111.429 1/500
Em homens fenotíp icos 1,2 24 1/1.250 1/476
Em mulhere fenoúpicas 0,75 25 11 1.250 11476
26 1/ 1.176 11476
De: J acobs PA. Bro\\'ne C. Gregson 1 . el ai : Estimates or lhe rrequency or 27 1/ 1.111 1/455
chromosome abnormalities detectable in unse1ecled newborns using moderale 28 1/ 1.053 11435
leveis orbanding. J ("[ed Genel 29: 103, 1992. 29 111.000 11417
30 1/952 1/384
31 1/909 11384
32 11769 1/323
33 11625 1/286
qualquer causa leva a aspectos semelhantes de compressão
34 1/500 11\!3S
fetal: feições faciais características e posicionamento anormal
35 l /385 11 192
das mãos e pés. Uma síllárome é um padrão de anormalidades 11294 11 156
36
múltiplas que se sabe terem uma causa comum específica. 37 11227 11 127
Um exemplo é a síndrome de Down (SD), que é causada pela 38 1/ 175 11102
presença de uma cópia extra do cromossomo 2 1. finalmente, 39 lI l 37 1/83
o termo associação é usado para identificar a ocorrência de duas 40 111 06 1/66
ou mais características mais comumente que o esperado pela 41 I1 2 1/53
probabilidade apenas, mas para a qual nenhuma etiologia foi 42 1/64 1142
demonstrada. Um exemplo comum é a associação VATER 43 1/50 lI33
(anomalias Vertebral, Anal, Traqueoesofágica e Renal). Esse 44 lI38 1!26
termo não significa um diagnós tico específico, mas provoca a 45 1/30 lI2 1
pesquisa de outros defeitos específicos quando um componen- 46 1/23 lI I 6
te da associação é identificado. 47 1118 111 3
48 1114 lI lO
49 li 11 1/8
DEFEITOS CROMOSSÔMICOS
' 47,)(,,'0( excluída das idades de 20 a 32 I.dados não disponíveis). Modificado
Anormalidades cromossômicas ocorrem em cerca de 0,9% das seguintes romes: Hook EB. Cross PK. Schreinemachers DM: Chromosomal
dos recém-nascidos (Tabela 2-1), e estima-se que pelo menos abnormalit)' rales at amniocentesis and in live-bol1l inrants.JAMA 249:2034.
100/0 a 15% das concepções são cromossom.icamente anor- 1983 (idades 33·49); Hook EB: Rales or chrol11osomal abnonnalitics a I dirrerent
maternal ages. Obstet GynecoI58:282. 198 1.
mais. Anormalidades cromossômicas são a principal causa de
abortamento, e pelo menos 95% das concepções cromosso-
micamente anormais terminam antes do tempo. As anormali-
dades vistas em abonos diferem das observadas em lactentes
vivos. Isso acontece porque as anormalidades cromossômicas
mais graves resultam em parada precoce do desenvolvimento, Anormalidades do Número de
enquanto anormalidades menos graves produzem fenótipo Cromossomos
mais brandos que permitem a sobrevida até mais tarde na
gravidez ou mesmo nascimento vivo. As anormalidades mais Aneuploidia é o mais comum tipo clinicamente importante
comuns vistas em abortos espontâneos no primeiro trimestre de anormalidade cromossômica humana, e ocorre em 3% a
são 45,X e 47,+16 (trissomia do 16). Trissomia do 16 nunca é 4% das gestações reconhecidas. O risco de trissomia aumenta
vista em nascidos vivos , enquanto menos de 1% das concep- com o avan ço da idade materna (Tabelas 2-2 e 2-3). Tanto a
ções com 45,X sobrevive até o tenllO. trissomia, a presença de três cópias de um cromossomo indi-
Anormalidades o 'omossômicas podem ser numéricas ou vidual, quanto a monossomia, a presença de uma única cópia
estruturais. Elas podem comprometer um ou mais autos- de um cromossomo, em geral têm importantes consequências
omos, cromossomos sexuais, ou ambos simultaneamente. fenotípicas . Monossomia é vista menos frequentemente que
Aneuploidia designa a presença de um número anormal de trissomia, porque essa situação em geral não é compatível
cromossomos, e está quase sempre associada a anormalidades com a vida. Trissomia ou monossomia de qualquer cromos-
do desenvolvimento físico e/ou cognitivo. Translocações, a somo pode ocorrer teoricamente, mas, na prática, algumas
troca de segn1entos entre cromossomos não homólogos, são são vistas muito mais que outras (Tabela 2-4). Isso acontece
relativamente comuns e podem ser equilibradas, nas quais a porque a maioria das aneuploidias é incompatível com a viela,
quantidade apropriada de material cromossômico está presen- e os embriões aneuplóides são abortados espontaneamente
te mas ou desequilibrada, na qual há ganho ou muito cedo na gestação. Algumas anormalidades cromossô-
perda de algum material cromossômico. Poliploidia, na qual micas, por exemplo, tri somia do 8, são vistas ao nascimento
há um ou mais inteiro (s) de cromossomos , ocorre, apenas em forma ele mosaico, e a trissomia completa prova-
mas é muito menos comum. velmente é letal.
30 GEN ÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Prevalência de Trissomia do 21 Conforme a Idade Materna e a Idade Gestacional


Idade Gestacional (Semanas)

Idade Materna (Anos) 10 12 14 16 20 40


20 1/983 1/ 1.068 1/1 .140 1/1.200 1/ 1.295 1/ 1.527
25 1/870 1/946 1/ 1.009 1/ l.062 1/ 1.147 1/1 .352
30 1/576 1/626 1/668 11703 11759 1/895
31 1/500 1/543 1/580 1/610 1/658 11776
32 1/424 1/461 1/492 1/518 1/559 1/659
33 1/352 1/383 1/409 1/430 1/454 1/547
34 1/287 l/3 12 1/333 1/350 1/378 1/446
35 1/229 1/249 1/2 66 1/280 1/302 1/356
36 1/1 80 1/ 196 1/209 1/220 1/238 1/280
37 1/140 1/152 1/ 163 1/l7l 1/ 185 1/218
38 1/ 108 1/117 1/125 1/131 1/ 142 1/ 167
39 1/82 1/89 1/95 1/100 1/108 1/ 128
40 1/62 1/68 1172 1176 1/82 1/97
41 1/47 1/51 1/54 1/57 1/62 1173
42 1/3 5 1/38 1/4 1 1/43 1/46 I/55
43 1/26 1/29 1/3 0 1/32 1/35 1/41
44 1/2 0 1/2 1 1/23 1/24 1/2 6 1/30
45 1/ 15 1/1 6 1/17 1/18 1/ 19 1/23

De: 5nijders RJM , Sundberg K. Holzgreve H ency ' ·VG . Nicolaides KH : Maternal age- and gestation·specific risk for U'isomy 2 1. Ultrasound ObsteI GynecoI 13: 167, 1999.

do nascimento de uma criança com trissomia do 21 (ou outra


Frequência de Transtornos Cromossômicos trissomia simples). O risco de recorrência é um pouco mais
Específicos na População alto em mulheres jovens, e apenas ligeiramente aumentado
______________________________ quanto ao I;SCO relacionado com a idade nas mulheres com
l"i'issomia do 21 1,5 mais de 35 anos. Um histórico de SD na família não aumenta
Trissom,ia do 18 0, 12 o risco de ter um fIlho com uma anormalidade cromossômica,
Trissomia do 13 0,07 contanto que não haja translocação familiar.
47XXY (síndrome de KJjnefelter) 1,5
45X (síndrome de Turner) 0,4
Trissomia do 18
Sínclrome XYY 1,5
Sínclrome XXX 0,65 Trissomia do 18 ocorre em cerca de 1/8.000 nascimentos, mas
é muito mais comum na concepção, com cerca de 95% desses
De: H arpcl' PS: PracricaJ Generic Coullscling. 6th cel. London, Arnold Publishers, casos resultando em aborto espontâneo ou natimorto. Como
2004. p 66.
de se..xo apropriado somente para anonnalidadcs dos cro mossomos
na trissomia do 13, a sobre,,;da pós-natal é ruim, e a maioria
SCX"1131S . dos pacientes morre cedo na infância. Os achados caracterís-
ticos incluem malformações cardíacas, retardo mental grave,
reso'ição do crescimento, um occipital proeminente, mandí-
bula pequena, esterno curto, mãos em garra e pés em cadeira
Trissomia do 21 de balanço. Antes do nascimento, cerca de 25% dos fetos
A aneuploidia mais comum detectada ao nascimento é a com o-issomia do 18 têm cistos do plexo coróide. Conforme
trissomia do 21, que ocorre em quase 1/700 nascidos vivos. discutido, os fetos com trissomia do 18 têm um padrão carac-
Trissomia do 21 é a base de 95% dos casos de SD (os restantes terístico na n;agem bioquímica, que tem uma sensibilidade
são devidos a translocações envolvendo o cromossomo 21 ). relativamente alta para esse transtorno.
Os indivíduos com SD têm um fenótipo característico que
inclui feições faciais típicas, baixa estatura, braquicefalia, occi- Trissomia do 13
pital plano, pescoço curto com excesso de pele na nuca, mãos
largas curtas e hipotonia. Outros problemas importantes nos A síndrome de trissomia do 13 é muito menos comum e mais
indivíduos com SD incluem retardo mental, infecções respi- grave que a SD. Ela ocorre em cerca de 1/20.000 nascidos
ratórias recorrentes e leucemia. Cardiopatia congênita está vivos, e a maioria das crianças com essa condição morre cedo
presente em cerca de 30%, e atresia duodenal e fístula traqueo- na infância. O fenótipo inclui malformações graves do siste-
esofágica também são comuns. ma nervoso central, como holoprosencefalia, retardo mental
O risco de recorrência de trissomia do 21 (ou outras tris- grave, restrição do crescimento, fenda labial e palatina, micro f-
somias autossômicas) é aproximadamente 1% depois que um talmia, polidactilia, mãos cerradas com dedos superpostos,
casal tem um fIlho assim. Embora com frequência solicitada, defeitos cardíacos congênitos e anormalidades renais, como
não há indicação para avaliação cromossômica dos pais depois rins policísticos.
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 31

Características Clínicas dos Transtornos dos Cromossomos Sexuais


Característícas Klinefelter XYY Turner Tríplice X

Cariótipo 47XXY 47XYY 45X 47 XXX


Sexo feno típico Homens H omens Mulheres Mulheres
Gônadas Testículos atróficos Normais Ovários em estrias Normais
Fertilidade Ausente Normal Ausente Normal
Inleligência Normal/ligeiramente baixa Usualmente normal Usualmente normal Usualmente reduzida
Problemas de comportamento Às vezes Às vezes Mínimos Às vezes
Outras características Hipogonadismo AltoS, acne Baixos, pescoço com pregas, Poucas
coarctação

De: Harper P5: Practical Genetic COllnscling, 6th cd. London, Amold PlIblishcrs, 2004, p 69.

Aneuploidia dos Cromossomos Sexuais de 10 a 15 pomos abaixo daquele dos irmãos não afetados ,
embora os homens com síndrome de Klinefelter não tenham
Entre os nascidos vivos, cerca de 1/400 homens e 1/650 em geral retardo mental. Uma vez que o transtorno muitas
mulheres têm alguma forma de aneuploidia dos cromossomos vezes é sutil, os homens muitas vezes são diagnosticados pela
sexuais. As consequências dessa classe de anormalidades cro- primeira vez em clÍlúcas de infertilidade.
mossômicas em geral são menos graves que as das aneuploi-
dias autossômicas (Tabela 2-5) .
47,XXX e 47,XYY
Síndrome de Turner O cariótipo 47,XXX ocorre em cerca de 1/1.000 mulheres.
Anormalidades físicas francas não estão associadas a essa
Embora monossornia de um cromossomo inteiro seja quase afecção, mas essas mulheres podem ter incapacidades de
sempre letal, uma exceção importante é a monossomia do aprendizado ou retardo mental brando. Homens com um
X (45 ,X), que resulta na síndrome de Turner. Estima-se que cariótipo 47,XYY tendem a ser altos , com dificuldades leves
ocorra síndrome de Turner em 10f0 a 2% de todas as concep- de aprendizado e Q! 10 a 15 pontos abaL'{o dos seus irmãos. A
ções, mas a maioria tem morte pré-natal, resultando em uma condição não está associada a defeitos estruturais congênitos,
frequência de 1/2.000 a 1/3.000 nascidos vivos. A síndrome
mas esses meninos podem ter problemas de comportamento.
de Turner causa um fenótipo característico, que inclui estaUlra Indivíduos com números maiores de cromossomos X (i. e. ,
baL'{a, disgenesia ovariana com falha de desenvolvimento de 48,XXXX ou 48,)G'{XY) também foram descritos . O grau de
características sexuais secundárias e infertilidade, bem como
deficiência mental e anormalidades físicas tende a aumentar a
características físicas, como prega nucal, linfedema periférico cada cromossomo X adicional.
ao nascimento, cardiopatia congênita e anormalidades renais.
Antes do nascimento, os fetos com síndrome de Turner em
geral têm uma translucência nucal aumentada ou higroma
Poliploidia
cístico, linfangiectasia, anormalidades estruturais renais e
defeitos cardíacos congênitos, particularmente lesões obstru- Na poliploidia (i. e., triploidia e tetraploidia) há um ou mais
tivas esquerdas, como coarctação da aorta. As mulheres com conjuntos extras de cromossomos. Uma célula triploide
sÚldrome de Tumer usualmente têm inteligência normal, tem 69 cromossomos (um extra), e uma célula
embora possam ter dificuldades específicas de aprendizado. tetraploide tem 92 cromossomos (dois extras).
Os tipos de anormalidades cromossômicas específicas vis- Tanto a triploidia quanto a tetraploidia foram observadas em
tos nas mulheres com síndrome de Turner são bastante variá- fetos, embora sejanl letais e raramente descritas em nascidos
veis. Apenas cerca de 50% das pacientes têm um cariótipo vivos. Dos fetos com triploidia que nasceram vivos , não há
simples 45,X. Aproximadamente 30% a 40% dos casos envol- sobreviventes descritos além de 10,5 meses. Anormalidades
vem mosaicismo, mais 45,X/46,XX ou 45,X/46,XY. Pacientes congênitas vistas na triploidia incluem micrognatia, testa proe-
com um cromossomo Y podem ter genitália ambígua e têm núnente, ossos cralúanos displásicos, orelhas malformadas
risco de desenvolver gonadoblastoma nas suas gônadas dis- em posição baixa, núcroftalmia, hipertelorismo, fenda labial
genéticas. Anormalidades estruturais do cromossomo X são e pala tina, macroglossia, onfalocele, sindactilia e desenvolvi-
vistas em 10% a 20% dos casos e também envolvem frequen- mento assimétrico.
temente mosaicismo . O fato de essas pacientes terem mais de O extra de cromossomos nas gestações triploides
uma linhagem celular pode ser responsável pela variabilidade pode ser de origem materna ou paterna. A triploidia de ori-
em fenótipo das mulheres afetadas por síndrome de Tu rne r. gem materna resulta da fertilização de um óvulo diploide por
um espermatozoide haploide e pode resultar em um cariótipo
Síndrome de Klinefelter XXX ou XXY. A triploidia de origem paterna pode resultar
da fertilização de um óvulo haploide por um espermatozoide
Síndrome de Klinefelter ocorre em cerca de 111.000 homens diploide ou por dois espermatozoides haploides, e pode resul-
nascidos vivos e é uma causa comum de hipogonadismo pri- tar em um cariótipo XXX, XXY ou XYY.
mário. Os homens com síndrome de Klinefelter tendem a ser Foi descrito que o fenótipo de gestação triploide depende
altos, com braços e pernas longos . Eles têm testículos peque- da origem familiar do conjunto extra de cromossomos. Os
nos e são estéreis devido à atrofia dos túbulos semllúferos. triploides com um extra de cromossomos paternos
Ginecomastia ocorre em cerca de 30%. Há um risco aumenta- têm um feto bem-formado com uma placenta anormal e mui-
do de dificuldades de aprendizado, com Q! tipicamente cerca tas vezes resultam em mola hidatiforme parcial. Aqueles com
32 GEN ÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

I Tabela 2-6 I Algumas Síndromes Citogenéticas Típicas


Cariótipo Síndrome Características

4p' Wolf·Hirschorn Faces características, bossas frontais , microcefalia, hipospádia


5p- Cl;-du-chat Hipertelorisll1o, choro característico
Trissomia do 8 mosaico Dismorfismo craniofacial, agenesia do corpo ca loso
1étrassoll1ia 12p Pallister-Killian Faces características, hérnia diafragmática
18p·
18q· Anomalias genitais
22q+ Olho de gato Coloboll1a, an'esia anorretal

Reproduzido com permissão de Harper PS: Practical Genetic Counseling, 6th ed. London. Arnold Publishers. 2004, p 74.

um conjunto extra de cromossomos maternos usualmente


têm um feto pequeno com crescimcnto rcstnto e uma placenta I Tabela 2-7 1Síndromes Comuns de Microdeleção
pequena não cística5.7. Síndrome localização Frequência
Prad er \Villi .I 5q 1/25 .000
Anormalidades da Estrutura dos An ge lma n 15q 1/30. 000
Veloca rdiofac ial 22q 1/3.000
Cromossomos Smith-Ma ge ni s 17q 1/25 .000
Existem muitos tipos de anon11alidades da estrutura cromos- \Villia ll1s 7q 111 0.000
sômica, mas todos em geral resultam de quebra cromossômi- Alag ille 20p 1170.000
Ru benslein -Taybi 16p 11 100.000
ca, segu ida por recombinação em uma configuração anormal.
WAC R IIp 1/40.000
Em geral, anormalidades estruturais de cromossomos ocor·
Mille r Oieker 17p 1/85.000
rem em cerca de 1/375 recém-nascidos. As Iranslocações reciprocas
Wo lf-Hirsc hh o rn 4p 1/50.000
envolvem uma troca de seg1nemos entre cromossomos não Cri-d u-cha[ 5p 1/35.000
homólogos. Esses rearranjos são relativamente comuns e Retin ob lasto ma 13q 1/23.000
podem ser equilibrados (i. e., está presente a quantidade apro-
priada de material cromossômico) tipicamente resultando em
um desfecho normal, ou desequilibrados , nos quais há ganho
ou perda de alg'um material cromossômico, resultando por
essa razão em um desfecho anormal. H á um risco aumentado
uma anormalidade fenotípica. Isso é considerado devido a um
de desequilibrados na descendência de pessoas
que portam translocações equilibradas , levando desse modo sutil desequilíbrio cromossômico não detectado, ou ruptura
de genes no(s) ponto (s) de ruptura.
à fertilidade diminuída e a um risco au mentado de prole com
defeitos congênitos.
Uma translocação robertsoniana ocorre quando os ramos Outros Tipos de Rearranjos
longos de dois cromossomos acrocêntricos (cromossomos Cromossômicos
13, 14, 15, 21 , 22) são fundidos e os dois ramos curtos cor-
respondentes são perdidos. Uma vez que os ramos curtos Além de translocações, há diversos outros tipos de rearranjos
desses cromossomos não contêm material genético essencial cromossômicos desequ ilibrados. Estes incluem deleções, que
(eles são constituídos de múltiplas cópias de genes para DNA ocorrem com a perda de um segmento cromossômico, resu l-
ribossômico), isso não resulta em um fenótipo anormal. A tando em monossomia parcial (Tabela 2-6). Algumas deleções
prole de indivíduos com uma translocação robertsoniana são pequenas demais para serem vistas pela cariotipagem de
pode, no entanto, herdar um ramo longo faltante ou extra rotina, e exigem técnicas especializadas, como hibt;dização in
dos cromossomos envolvidos no evento da fusão , resultando silu fluorescente (FISH) , para ser detectadas. Essas deleções
em tri somia para esse ramo de cromossomo. A translocação podem envolver muitos genes e são responsáveis por várias
robertsoniana mais comum envolve os cromossomos 14 e 21 , síndromes de microdeleção clinicamente distintas (muitas
e é responsável por cerca de 5% dos casos de SD. A recorrên- vezes chamadas "síndromes de deleção contígua") (Tabela
cia da SD por translocação depende da translocação ter sido 2-7). Uma das mais comuns é a síndrome de microdeleção de
herdada de um pai ou mãe portador. Em 75% dos casos, a 22q, que ocorre em cerca de 1/4.000 nascidos vivos . A micro·
translocação é de /laVO, e o risco de recorrência é muito baixo deleção de 22q é uma causa relativamente comum de cardio·
« 1%) . Se a translocação foi herdada de um dos pais que patia congênita, particularmente anormalidades conotroncais,
porta uma translocação equilibrada 14,2 1, há uma probabili- como tronco artet;al e ten-alogia de Fallot. Recentemente foi
dade de 10% de recorrência se a mãe for a portadora, e cerca reconhecido que pequenas deleções subtelomerais são res·
de 2% se o pai for o portador. ponsáveis por alguns casos (aproximadamente 5%) de retardo
Q1tando uma translocação equilibrada ou outro rearranjo mental inexplicado de outro modo. Esse reconhecin1ento é
é identificado em um feto no momento do diagnóstico pré· importante, porque uma alta porcentagem dessas deleções
natal, é recomendado o exame dos pais. Se a translocação foi demonstrada como sendo farniliar8,9. Duplicações de um
for herdada de um pai feno tipicamente normal, o feto set;a seg111ento cromossômico também ocorrem, resultando em
predito nonnal. Se uma translocação recíproca ocorrer como trissomia parcial. Os cromossomos marcadores são pequenos
um evento de novo) há cerca de o dobro do risco de base para cromossomos adicionais, frequentemente não identificados.
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 33

Estes também são conhecidos como cromossomos supranu- 4x


merários ou cromossomos extras estruturalJ11ente anormais
(CEEAs ; ESACs). AlgllI1S cromossomos mal-cadores contêm
pouco mais que heterocromatina centTOmérica e não têm
importância, enquanto outros contêm malerial de um ramo
3x
cromossômico e podem causar um fenótipo anormal. Outros
rearranjos estruturais incluem cromossomos em anel, inver-
cu
sões paracêntricas e pericêntricas e isocromossomos, que são >
cromossomos que contêm duas cópias de um ramo (o ramo p Acondroplasia
ou o q) e nenhuma cópia do outro. cu 2x

c Sindrome de Apert
.Q)
-o
'u
c

TRANSTORNOS MONOGENÉTICOS
Média da
1x
Muitas doenças genéticas importantes ocorrem como resul- população
tado de uma mutação em um único gene. A edição de 2006
do Online Mendelian Inlzerilance in l'v[an (OM IM ) lista mais de
13.000 caracteres monogenéticos conhecidos em humallos.
Destes, mais de 12.000 são em autossomos e 655 são no 0 1 - - - - , - - - , - - - , - -- ,- - - , -
cromossomo X IO • Muitos foram mapeados para localizações o 25 30 35 40 45
cromossômicas específicas , cio nados e sequenciados. Idade paterna (anos)
Gregor Mendel descreveu pela primeira vez os princípios FIGURA 2-3. Idade paterna e risco de transtornos aUlOssômicos
da segregação e distribuição independente dos genes nos seus dominantes. (Modificado de Carlson BM: Human Embry%gy and
bem-conhecidos experimentos com ervilhas de jardim. Esse Deve/opmenta/ Bi%gy, 3rd ed. Philade/phia, Mosby/ Elsevier, 2004.)
trabalho levou às descrições clássicas da herança autossômica
dominante (AD) e autossômica recessiva (AR). Classicamente,
herallça AD refere-se a condições em que um alelo assegura
seu efeito tanto na forma homozigota quanto na heterozigota,
enquanto herança AR exige mutações em ambos os alelos.
Herança ligada ao X ocorre com condições codificadas no casos os homozigotos pOSSalTI ter o mesmo fenótipo que os
cromossomo X, e pode ser recessiva ou dominante. heterozigotos (p. ex. , doença de Huntington). Em casais com
O completamento do projeto genoma humano em 2003 a mesma doença AD, como acondroplasia, 25% das gestações
constituiu um capítulo épico para lançar os alicerces para serão afetadas pela forma homozigota letal, 50% por acondro-
estudo, diagnóstico e tratamento dos genes humanos e das pias ia heterozigota, e 25% da prole será normal.
doenças genéticas. Embora o genoma humano já tenha sido Em teoria, a herança AD é simples, mas na realidade
sequenciado, ainda não sabemos como a maioria dos genes há numerosos fatores que afetanl a expressão genética que
opera na saúde ou na doença. Ganhamos uma apreciação podem tornar muito complexa a avaliação desses casos. O
aumentada, no entanto, quanto à complexidade da genética aconselhamento de famílias a respeito de transtornos AD
humana. O que é relevante para a genética clínica é que exige a consideração de mecanismos, tais como a t<Lxa de
aumentamos muito nossa compreensão da heterogeneidade novas mutações, mosaicismo, condições com idade de ilúcio
genética, e a associação menos nitida de um gene a uma tardia ou variável, penetrância incompleta e val-iação na
doença. Agora compreendemos que mutações em mais de expressividade.
um lócus genético podem levar ao mesmo fenótipo, e que As doenças AD podem ser herdadas de um dos pais afe-
múltiplos fenótipos diferentes podem resultar de mutações tado, ou pode resultar de uma mutação nova . A maioria dos
no mesmo lócus . Fenótipos também resultall1 da interação do casos de acondroplasia resulta de novas mutações , do mesmo
genótipo com o ambiente (inclusive outros genes), e há nume- modo que cerca da metade dos casos de neurofibromatose. A
rosos fenômenos que nossos avanços em tecnologia genética idade paterna tem um efeito demonstrável sobre a taxa des-
revelaram que tornam a genética muito mais fascinante, ainda sas novas mutações (Fig. 2-3). Se uma doença ocorrer devido
que muito mais complexa. a uma nova mutação, o risco de recorrência em um irmão
é geralmente muito baixo. Emretallto, um indivíduo pode
ser mosaico para uma mutação AD, significando que estão
Herança Autossômica Dominante presentes células de mais de uma constituição genética. Nesse
caso, toda ou uma parte da linha germinai de uma pessoa
Na herança AD, os indivíduos afetados são heterozigotos para pode ser afetada, enquanto as células somáticas não o são
um alelo anormal, que eles transmitem a 50% da sua prole, e, portanto, o indivíduo é assi.ntomático. Se estiver presente
independentemente do sexo. Em geral, cerca de 11200 i.ndi- mosaicismo da linha germinai, um indivíduo aparentemente
víduos é afetado com uma condição AD, embora qualquer não afetado terá um risco aumentado de ter a prole afetada.
condição individual seja tipicamente rara. Casamentos entre l\tlosaicismo na linha germinal foi demonstrado em até 6%
dois indivíduos afetados com a mesma condição AD são rela- dos casos da doença letal perinatal osteogenesiJ impeiflcta tipo
tivamente incomuns, e homozigotos para condições AD são rI , bem como em transtornos ligados ao X como distrofia
raros. A exceção a isso ocorre com doenças nas quais pode muscular de Duchenne e hemofIlia A. Para fUlalidades
haver razões culturais ou sociais que leValll os indivíduos a práticas, é razoável considerar um risco de recorrência de
casar preferencialmente, como na acondroplasia. O estado cerca de 1% como provável para qualquer nova mutação
homozigoto é frequentemente mais grave (p. ex ., hipercoleste- aparente, a menos que estejam disponíveis estimativas mais
rolemia familiar) ou letal (acondroplasia), embora em alguns específicas. I I
34 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Penetrância e Expressâo causa de variação em gravidade de uma única doença. Isso


é imporwnLe na FC, que é a mais comum condição AR na
Complicando ainda mais o aconselhamento sobre risco de população branca e um foco dos programas de triagem pré-
recorrência c a avaliação clínica dos transtornos AD há os natal, conforme descrito mais adiante.
fenômenos de penetrância e expressão variável. Um dado
indivíduo pode ter um genótipo de doença mas não expressar
Herança Ligada ao X
o fenótipo se um o-anstorno não for 100% penetrante, como
é O caso do retinoblastoma, que afeta apenas cerca de 90% O s o-anstornos ligados ao X podem ser recessivos, dominan-
dos indivíduos que herdam a mutação causadora. A idade tes , ou dominantes com letalidade em homens. A maioria
também é uma consideração importante, porque um trans- das condições ligadas ao X é recessiva, e elas são tradicional-
torno como doença de rins policísticos é cerca de 80% a 90% mente consideradas como afetando apenas homens , que têm
penetrante aos 20 anos de idade e quase 100% penetrante mães portadoras não afetadas. Como na herança AD, alguns
aos 30 anos de idade, mas apenas com exame cuidadoso dos casos ocorrem devido a novas mutações, e a idade paterna
rins l 2 . Um transtorno também pode demonstra.r expressão demonstrou aumentar o risco de produzir ftlhas que portam
variável entre os indivíduos afetados. Embora doenças como transtornos ligados ao X. Uma vez que as mulheres têm dois
acondroplasia sejam expressadas com pouca variação, a cromossomos X enquanto os homens têm apenas um, um
maioria das condições AD demonstra variação na gravidade cromossomo X é inativado aleatoriamente, cedo no desen-
cün.ica, mesmo dentro de uma família. Exames físicos dire- volvimento embrionário, permitindo desse modo às mulheres
cionados , investigação radiológica e outros estudos podem produzirem produtos genéticos ligados ao X nas mesmas
ser necessários para identificar aspectos de um transtorno; quantidades que os homens (hipótese de Lyon). O gene
neurofibromatose (NF) e esclerose tuberosa são exemplos X IST no centro de inativação de X é responsável, por meio
notáveis . Essencialmente todos os indivíduos que herdam o de metilação, pela inativação do X. o entanto, a inativação
gene NF têm alguns sintomas clínicos, embora eles possam do X é incompleta, razão pela qual indivíduos com números
variar de brandas manifestações na pele a múltiplos neurofi- anormais de cromossomos X são anormais . E como a inari-
bromas debilitantes. Uma consideração importante é que os vação do X é randômica, algumas mulheres portadoras hete-
indivíduos que se reproduzem tendem a ser os menos grave- rozigotas de doenças ligadas ao X inativarão principalmente
mente afetados, e por essa razão essa doença tende a ser mais seus cromossomos X que portam o alelo normal, e portanto
gTave, em média, no ftlho que nos pais. A expressão pode ser serão sintomáticas devido à inativação distorcida do X. Isso
afetada por fatores ambientais, genes modificadores, mutação ocorre na hemofilia A, na qual algumas portadoras podem ter
somática (p. ex. , no caso do retinoblastoma), imjmnting genô- um distúrbio hemorrágico brando devido a níveis reduzidos
mico, antecipação e heterogeneidade alélica. Alguns desses de fator VI II. Essas mulheres afetadas têm sintomas que são
mecanismos são discutidos em detalhes mais adiante. usualmente, porém nem sempre, mais brandos que os das
suas contrapartes masculinas.
Transtornos dominantes ligados ao X são menos comuns
Transtornos Autossômicos Recessivos
que doenças recessivas ligadas ao X, e algumas dessas condi-
Os transtornos AR são classicamente descritos como aqueles ções são letais em homens. Os exemplos incluem a síndrome
para os quais duas mutações gênicas devem estar presentes de Rett, incontinentia pigmenti e a síndrome de Aicardi. A síndro-
para a doença se manifestar. Essas doenças ocorrem mais em me de Aicardi é um distúrbio raro principalmente do SNC,
pessoas cujos pais sadios portam o mesmo gene recessivo. O incluindo agenesia do corpo caloso, microftalmia e espasmos
risco de recorrência para esses pais portadores é 25% em cada infantis. A avaliação do sexo pode ser útil se essa condição for
gravidez, e esses transtornos mais comumente ocorrem sem suspeitada, porque a identificação de sexo feminino suportaria
nenhum histórico prévio da família. Portadores são muito esse diagnóstico. Qyando uma criança afetada com essa con-
mais comuns que indivíduos afetados , e os distúrbios tipica- dição nasce de pais sadios, isso provavelmente é devido a uma
mente se agregan1 nos irmãos mas não nas gerações preceden- nova mutação, e o risco de recorrência é baixo.
tes . A não ser que haja consanguinidade ou o transtorno seja Com transtornos recessivos ligados ao X isolados, é
particularmente comum, o risco para outros parentes (p. ex., importante, porém muitas vezes difícil, determinar se um
meio-irmãos e filhos de irmãos sadios) geralmente é baixo. caso isolado representa uma nova mutação ou se a mãe é uma
Consanguinidade aumenta o risco de ter prole com doenças portadora. Qyando diagnóstico molecular ou outros métodos
AR. O risco aumentado para pais que são primos em primeiro de detecção de portador estão disponíveis, a situação pode
grau de ter um filho com uma grande anormalidade genética ser esclarecida. Entretanto, esses testes não estão disponíveis
ou congênita é cerca de 6%, ou o dobro da taxa de base. para todas as condições, e os riscos com frequência têm de
Repetindo, com os avanços na genética , as exceções às ser determinados empiricamente com base em análise da
regras tradicionais da herança AR são cada vez mais evi- linhagem e consideração de outros fatores, como o número
dentes . Agora se avalia que os portadores de muitas dessas de homens não afetados na linhagem. Um exemplo está
condições podem ter sintomas sutis. Exemplos disso são a demonstrado na Figura 2-4, que representa um caso isolado
fibrose cística (FC), na qual os portadores homens podem ter de uma doença letal ligada ao X (p. ex. , distrofia muscular
infertilidade devido à ausência bilateral congênita do ducto de Duchenne) em uma fanlliia . Se o caso for devido a uma
deferente (ABCDD). Os portadores de caráter falciforme mutação nova no menino afetado (lII-l ), não há aumento no
podem sofrer infarto esplênico em altas altitudes e estão em risco de recorrência para sua irmã (l1l-2) ou os fuhos dela.
risco aumentado de infecção do trato urinário na gravidez. Se o caso for devido a uma mutação nova na sua mãe (lI-I),
Os transtornos AR demonstram muito menos variação então a irmã dele (lIl-2) tem um risco de 50% de ser porta-
em expressão, e falta de penetrância raramente é encontrada, dora, mas a tia dele (l I-2) não. Finalmente, se a avó (I-I ) for
de modo que o aconselhamento é mais simples com essas con- portadora, então I1-2 tem um risco de 50% de ser portadora,
dições . Heterogeneidade genética devida a mais de um lócus e a prima dele (III-3) tem uma probabilidade de 25% de ser
causador, ou múltiplos alelos em um único lócus, é a principal uma portadora.
GEN ÉTICA E DIAGNÓSTI CO PR É-NATAL 35

A síndrome do X frágil, a mais comum forma herdada completa têm retardo mental moderado a grave e problemas
de retardo mental, é uma doença importante que foi descrita de comportamento, como autismo, enquanto muUleres são
como scrnidominante ligada ao X. A sÚldrome do X frágil afetadas por um fenótipo muito mais va.riável, variando desde
é caractcrizada por retardo mental, problemas de compor- nonnal a tão grave quanto os homens afetados . As mulheres
tamento e características dismórficas específicas . A condição portadoras de pré-mutação têm uma taxa relativamente alta
afeta homens (aproximadamente 1/4.000) com mais frequên- de menopausa prematura (150/0 a 25%) , enquanto portadores
cia e de maneira mais acentuada que nas mulheres, e tem homens de pré-mutação podem ter uma condição de tremor e
um padrão complicado de herança. Os portadores têm um ataxia com uúcio mais tarde na vida 13 · '4 .
número intermediário de repetições de trinucleotídeos (CGG)
na região 5' não traduzida do gene (pré-mutação) que pode
aumentar durante a oogênese para um número maior de repe- Imprinting e Outros Novos Mecanismos
tições (mutação completa) (Fig. 2-5) . Homens com mutação Genéticos
Foi observado que algumas mutações genéticas têm um efei-
to muito diferente dependendo do parente de origem, um
fenômeno conhecido como imprinting genético. Imjmntillg pro-
vavelmente é causado e controlado por me tilação diferencial,
11 com os impnnts sendo estabelecidos muito cedo na embriogê-
nese (Fig. 2-6). Diversos transtornos genéticos, incluu1do a
síndrome de Prader Willi (SPW) e a síndrome de Beckwith
WeidemarLJ1 (SBW) , ocorrem devido a anormalidades de
III genes com impnnting. Na SPW, o distúrbio ocorre quando
4
ambas as cópias do gene SNRPN, no cromossomo 15, são
herdadas da mãe, e nenhuma cópia paterna está presente.
IV
Diversos relatos recentes indicaram uma possível associa-
ção de transtornos de imprinting à fertilização in vi/ro (FIV).
FIGURA 2-4. Árvore genealógica de um caso isolado de doença Um número excessivo de casos de síndrome de Beckwith
letal ligada ao X (p . ex" distrofia muscular de Duchenne). Ver o texto Wiedemarul foi descrito na prole de crianças concebidas com
para discussão da estimativa do risco. FIV, mas a magnitude dessa associação é u1certa hoje l5 .

FIGURA 2-5. Síndrome do X frágil. A. A síndrome

t, ti t_ " 1I
do X frágil é portada no cromossomo sexual X. B.
Na síndrome do X frágil há uma expansão de repeti-
ções do trinucleotídeo CGG. O efeito dessa repetição
expandida do trinucleotídeo é a metilação de proteí-
nas essenciais. IImagens desenhadas por Don Bailey,
RTI Intema tional e renderizadas por Publications Unit

" It ti tt ti It
of the FPG Child Development Institute, University
of North Carolina em Chapel Hill. Reimpresso com
permissão do autor.)

ti .. tt ti tt t. [H]- sexual X
X Y (fvlascul,no)
ou
X '(

B
36 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PR É- NATAL

A Normal B DUP paterna C DUP materna

Gene que n1l0 sofreu imprinting

Expresso paternamente

Expresso maternamente

FIGURA 2 - 6. Imprinting genômico e dissomia uniparental (D UP). Esquema de um par de cromossomos hipotético representando imprinting
genômico . O cromossomo materno é indicado pela linha vermelha , e a cópia paterna pela linha azul. Os genes são representados por círculos ,
os círculos coloridos indicam genes que são expressos, e os círculos bran cos representam genes que são inativos . Os círculos verdes são genes
que não sofreram imp rinting, enquanto os círculos vermelhos indicam genes nos quais só a cópia materna é ativa e os círculos azuis , genes
nos quais apenas a cópia paterna está ativa. A. Estado normal, com um cromossomo herdado de cada progenitor. O gene que não sofreu
imprinting é expresso de ambos os pais, enquanto apenas uma cópia do gene vermelho ou azul (imprinting ) é expressa. B. DUP paterna. Com
duas cópias do cromossomo paterno presentes, há uma dupla dose do gene paternamente expresso (azul), e ausência de expressão do gene
materna mente expresso. C. DUP materna. Há uma ausência de produto do gene paternamente expressos (azul) e uma dose dupla dos produtos
materna mente expressos (vermelho).

I Tabela 2-8 1Transtornos Mitocondriais Fatores Subjacentes à Variação nos


I Tabela 2- 9 ; Transtornos Mendelianos
Atrofia óptica de Leber
MELAS (encefalopatia mitocondl;al com acidose láctica e episódios Fator Efeito
semelhantes a AVe) llllPrilllillg genômico Fenótipo varia conforme o parente
MERFF (epilepsia mioclônica com fibras vermelhas esfimadas) de origem
índrome de Kearns-Sayre Antecipação devido a DNA Fenótipo mais grave em gerações
Síndrome de Pearson (acidose láctica, insuficiência pancreática, instável sucessivas
pancitopenia) Mosaicismo Fenótipo brando ou não penetrante
Surdez (indu zida por antibiótico e outras formas de surdez nervosa A1elos modificadores Influência de parente não afetado
progressiva) Mutação somática também Penetrância vat;ável de cânceres
Várias outras degenerações do sistema nervoso central necessária familiat'es
Diabeles 1II, lIilllJ (algumas formas)

Outro mecanismo genético recente, de há muito apreciado


clinicamente, mas apenas compreendido em nível molecular Herança Multifatorial: Fatores Que
na ültima década, é conhecido como antecipação. Antecipa- Tabela 2- 10
Aumentam o Risco para Parentes
ção designa a gravid ade crescente d e uma doença genética
em gerações sucessivas. Isso ocorre em transtornos que Parentesco estreito ao probando
resultam da rup tura de genes devido à expansão do número Alta hereditariedade do transtorno
de repetições de trinucleotídeos, com nümeros crescentes de Probando ou gênero mais raramente afetado
repetições sendo acrescentadas em cada geração subsequente. Início grave ou precoce da doença no probando
Antecipação foi observada clinicamente em transtornos, como Múltiplos membros da fatnília afetados
síndrome do X frágil, antes que a base fosse compreendida, e
também ocorre em outras doenças de repetição trinucleotídi-
ca, incluindo distrofia miotônica e doença de Huntington.
As mitocôndrias , que produzem adenosina trifosfato aumentado de recorrência nas famílias. Uma pequena por-
(ATP), possuem seu próprio D A exclusivo. ossas mito-
centagem desses defeitos tem uma causa específica, como
côndrias são todas herança materna e têm uma alta taxa de n-anstornos monogenéticos, anormalidades cromossômicas
mutação. Muitas doenças mitocondriais já foram identifica-
ou teratógenos. A maioria, no entanto, são defeitos isolados
das, e elas são herdadas mais por via materna. Os sintomas
que resultam de interações complexas entre vários fatores,
típicos incluem anormalidades neuromusculares, como perda
incluindo genótipo em um ou mais e uma variedade de
do controle motor, fraqueza e dor muscular, e transtornos
exposições ambientais que desencadeiam, aceleram ou exa-
gastrointestinais e dificuldades de deglutição , dificuldade de
cerbam a doença. Portanto, a ocorrência não combina com
crescimento, cardiopatia, doença hepática, diabetes, compli-
herança mendeliana simples, mas é complexa e multifatorial.
cações respiratórias, convulsões , problemas visuais/auditivos,
O risco de recorrência desses transtornos é aumentado pela
acidose láctica, retardos do desenvolvimento e suscetibilidade
presença de mais de um parente afetado, uma forma de início
a infecção (Tabelas 2-8 e 2-9).
grave ou precoce da doença, uma pessoa afetada do sexo
menos comum (em transtornos nos quais as pessoas de um
Defeitos Congênitos Estruturais com sexo tendem a ser mais afetadas), alta hereditariedade da
Herança Complexa doença e parentesco consanguíneo (Tabela 2-10).
DTNs há muito têm sido considerados como obedecendo
As malformações congênitas mais comuns, incluindo DTNs, a um padrão de herança complexo típico determinado por
fenda labial e pala tina, e cardiopatia congênita, têm um risco mültiplos fatores genéticos e anlbientais. Portanto, constituiu
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 37

uma notável descoberta que o maior fator isolado causador 2-7). A fase pré-organogênica, da concepção até a formação
de OTN é uma deficiência de ácido fólico sérico materno, que dos sonutos, é conhecida como período de tudo ou nada,
se responsabiliza por cerca de 70% desses defeitos congênitos. quando ataques ao embrião tendem a resultar ou na morte
Agentes amiepilépticos , como valproato e carbamazepina, são do concepto e aborto (ou reabsorção) ou na sobrevida intac-
tidos C01110 elevadores do risco de OTN por interferirem no ta I9 esse estágio, o embrião é indiferenciado, e reparação e
metabolismo do folata. O risco de OTN está inversamente recuperação são possíveis pela multiplicação das células ainda
correlacionado com as concentrações séricas maternas de ácido totipotentes para substituir as que foram perdidas. A exposi-
fólico na gravidez, com um limiar de 200 flgll , abaixo do qual ção de embriões a teratógenos durante o pré-somítico
o risco é muito importame l6. Os lúveis de ácido fólico são for- em geral não causa malformações congên itas 2 , a não ser que
temente influenciados pela ingestão dietética e podem se tornar o agente persista no corpo além desse período.
deprimidos durante a gravidez, mesmo com ingestão alimentar O período embrionário, entre as semanas três e oito pós-
normal. O impacto da deficiência de ácido fólico é exacerbado concepção, é o período quando ocorrem os passos básicos
por uma variedade genética da enzima 5,l0-metilenoterraidro- na organogênese. Esse é o período de sensibilidade máxima
folato redutase (MlliFR), que catalisa a conversão de 5,10- à teratogenicidade, porque os tecidos estão se diferenciando
metilenotetraidrofolato em 5-merilterraidrofolato, a principal rapidamente e o dano a eles se torna irreparável. Exposição
forma circulante de folato . O alelo C677T do gene MlliFR a agentes teratogêlucos durante esse período tem a m<L'{ima
causa uma disfunção enzimática que resulta em homocisteine- probabilidade de causar uma anomalia es o-utural. Como os
mia branda em pessoas cujo status de folato não é ótimo. As teratógenos são capazes de afetar muitos sistemas de órgãos,
mães de lactentes com OTN têm duas vezes mais probabilidade o padrão das anomalias produzidas depende de quais sistemas
de ser homozigotas para o alelo mutante, embora ele seja tão estão se diferenciando na época da exposição teratogên ica.
comum em muitas populações que até 15% são homozigotas. Em geral, os órgãos que se formam primeiro tendem a ser
Uma vez que mutações do MlliFR não estão presentes nas sensíveis mais cedo, e os órgãos muito complexos tendem a
mães de todas as Clianças com OTN, parece que outros fatores ter períodos prolongados de alta suscetibilidade à destruição.
genéticos ou deficiência dietética isolada também podem causar A fase fetal, do fim da fase embrionária ao termo, é o
OTN. A suplementação de ácido fólico demonso'ou diminuir período em que ocorre o crescimento e a maturação funcional
em 80% o risco de OTN I ? Luciarivas de saúde pública para dos órgãos e sistemas já formados. Exposição a teratógenos
educar as muU1eres em idade reprodutiva acerca da impor- nesse período afetará principalmente o crescimento fetal , ou
tância do folato e o enriquecimento do suprimento alimentar o tamanho ou função de um órgão específico. O cérebro, em
(cereais e pães) com ácido fólico foram instituídos nos Estados particular, pode ser funcionalmente afetado durante quase a
Unidos com o objetivo de diminuir a incidência de OTN. gravidez inteira. Teratógenos raras vezes causam anomalias
estruturais grosseiras durante essa época.2 1
Síndromes Devidas a Função
Desordenada de Genes Específicos de Agentes Teratogênicos Reconhecidos
Desenvolvi mento Um gTande nümero de fatores ambientais [oi descrito como
A identificação dos genes específicos envolvidos em síndro- estando associado a defeitos congênitos. Estes incluem terató-
mes individuais de malformação é uma área em desenvolvi- genos quínlicos , incluindo medicações , hormônios, infecções
mento rápido da genética médica. Muitos genes específicos de
maternas e fatores nutricionais . Embora a lista de medicações
desenvolvimento foram identificados, e eles podem oferecer suspeitas de teratogelucidacle seja longa, bem poucos agentes
a possibilidade de diagnóstico pré-natal precoce de algumas foram demonstrados causando inquestionavel.mente defeitos
dessas cond ições. Uma vez que muitos genes de desenvol-
vimento são conservados entre as espécies, descobertas em
modelos experimentais levaram a descobertas importantes em Base Molecular de Algumas Malformações
contrapartes humanas. Curiosamente, muitos genes envolvi- I Tabela 2-11
Congênitas
dos em defeitos do desenvolvimento estão se comprovando Transtorno Gene
importantes também em neoplasia (Tabela 2-11).
Síndrome de Apen Fator de crescimento de fibroblastos
Displasia campomélica SOX9 (gene de desenvolvimento
TERATOLOGIA relacionado com a SRY)
Um dos primeiros marcos na teratologia humana ocorreu em Doença de Hirschsprung Oncogene RET (também envolvido
1941, quando um australiano de nome Norman Gregg obser- na NEM2)
vou a associação entre infecção materna pela rubéola no pri- SÚ1drome de H olt-Oram Gene espedfico, 12q (fator de
meiro trimestre e defeitos congênitos sérios 18. Vinte anos mais transcrição)
tarde, o desastre da talidonuda sensibilizou a comunidade Síndrome de Opitz MID 1 (gene de desenvolvimento
médica para os riscos das medicações na gravidez. A talidonli- (ligada ao X) mediano)
SÚ1drome de Proteú1a ligadora CREB (16p)
da, um sedativo muito eficaz, foi amplamente usada durante
vários anos na Alemanha O cidental, Austrália e outros países Rubenstein-Taybi
até que a associação entre a exposição pré-natal e focomelia e Craniossinostose de TW1ST (homólogo de DrosoPhila)
amelia fosse reconhecida. Seguindo-se ao reconhecimento da Seathre-Chotzen
Displas ia canatofórica Fator de a -esci.memo fibroblástico
potente teratogelucidade dessa droga, investigações intensas
da segurança de várias medicações na gravidez anunciaram a (FGFR3)
era moderna da teratologia. Síndrome de Gene específico 5q (função
ll'eacher-ColJjns desconhecida)
Os embliões são mais suscetíveis a agentes teratogêlucos
Síndrome de vVaardenburg PAX3 (homólogo do camundongo)
em períodos críticos específicos do desenvolvimento (Fig,
38 GEN ÉTICA E DIAGNÓSTICO PR É-NATAL

Clivagem Período embrionário (semanas) Periodo fetal (meses)


1 2 3 4 5 6 7 8 4 5 6 7 8 9

Coração
I
Sistema nervoso central

I Olhos

Resposta
a teratógenos I l-
Orelhas

I 1-
lábios e face média

Morte ou
regulação I Palato

r Dentes

I J Membros superiores

I 1-
Membros inferiores

I Genltálla externa

Periodo altamente sensivel Periodo menos sensivel


(grandes anomalias estruturais) (anomalias funcionais e/ou
estruturais pequenas)

FIGURA 2-7. Períodos e graus de suscetibilidade dos órgãos embrionários a teratógenos. (Reproduzido com permissão de Carlson 8M: Human
Embry%gy and Oeve/opmenta/ 8i%gy, 3rd ed. Phi/ade/phia, Mosby/ E/sevier, 2004. )

congênitos em humanos (Tabela 2-12). Há casos nos quais A infecção do feto pode ocorrer devido à disseminação
essas medicações ainda têm de ser usadas durante a gravidez, hematogênica através da barreira placentária ou por meio
uma vez que o benefício supera o I;SCO que elas impõem. de infecção ascendente através das membranas fetais com
Muitas vezes, doenças maternas não controladas são mais contaminação direta do líquido anmiótico. Nos casos de
nocivas para o feto do que a droga administrada. infecções intrauterinas por citomegalovírus e toxoplasmose,
manifestações clínicas específicas são vistas apenas raramente
Infecções Maternas na mãe. Casos de infecções intrauterinas suspeitadas podem
A incidência de infecções intrauterinas varia entre 3% e 15%. ser avaliados pela medição das concentrações séricas de
A rubéola foi um dos primeiros agentes infecciosos reconhe- anticorpos específicos maternos, mas o significado dos lúveis
cidos como causadores de defeitos congênitos em humanos, e de anticorpos frequentemente é incerto. Além disso, uma
antes era um dos mais comuns. Hoje, por causa dos progra- elevação nos níveis de anticorpos maternos é diagnóstica para
mas efetivos de imunização contra rubéola, a infecção mais infecção materna, mas não necessariamente para a infecção
comum é a aparentemente causada por citomegalovírus. fetal . Para diagnosticar infecção fetal, o agente infeccioso deve
As infecções intrauterinas com sequelas fetais a longo ser identificado no líquido anmiótico por cultura ou reação de
prazo podem ser virais , parasitárias ou bacterianas (Tabela cadeia de polinlerase (RCP) ou por imunoglobulina M (IgM)
2-12). As infecções intrauterinas mais comuns são virais, específica no sangue fetal. No nascimento, IgM específica no
embora a toxoplasmose seja causada por um protozoário sangue do cordão ou achados clínicos típicos (ou ambos) são
(7óxoplasma gondil) e a sífilis por um espiroqueta (7i-eponema as ferramentas diagnósticas mais relevantes.
pallidum). A época da infecção materna pode influenciar a
gravidade e a probabilidade de infecção fetal . A rubéola causa Medicamentos
uma alta porcentagem de malformações no primeiro trimes-
tre, enquanto a toxoplasmose causa infecção fetal mais no Embora muitos medicamentos tenham sido suspeitados de ser
terceiro trimestre, porém com consequências mais graves se teratógenos humanos, há apenas um número relativamente
contraída mais cedo. pequeno em relação aos quais há evidência convincente Iigan-
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 39

I Tabela 2- 12 I Agentes Teratogênicos Comprovados em Humanos


lnibidores da ECA Defeitos do SNC, cardiopatia congênita (exposição no primeiro trimestre)
Insuficiência renal , hipoplasia do crânio (exposição no segundo n'imestre)
Álcool Síndrome A1c06lica Fetal: resn;ção do crescimento intrauterino, lnicrocefalia, retardo do desenvolvimento,
fácies característica, cardiopatia congênita, fenda palatina
Carbamazepina Defeitos de tubo neural, características semelhantes às da sÚ1drome hidantoínica fetal
Agentes quimioterápicos Aborto , várias malformações
Cocaína Descolan1ento da placenta, prematuridade, abortamento, peso diminuído ao nascimento, microcefalia,
defeitos de membros, anomalias do trato urinário e mau desenvolvimento neurol6gico
Anticoagulantes cumarínicos SÚ1drome de warfarina fetal: hipoplasia e calcificado pontilhado das epífises, restrição do crescimento
imrauterino, retardo do desenvolvimento, lesão do sistema nervoso central, defeitos oculares, perda
auditiva
Dietilestilbestrol Adenocarcinoma de células claras, adenose benigna da vagina, alterações estruturais genitais femininas (colo/
útero)
Antagonistas do ácido f6lico SÚ1drome de arninopterina fetal : defeitos do sistema nervoso central (hidrocefalia, mielomenigocele),
anomalias faciais (fenda palatina, palato arqueado alto, micrognatia, hipertelorismo ocular, anomalias da
orelha externa), ossificação anormal do crânio, anonnalidades dos derivados do primeiro arco branquial,
restrição do crescimento intraute.rino, retardo mental
Metal pesado (chumbo, mercúl;o)
Hidantoú1a SÚ1drome hidantoÚ1ica fctal: dismorfismo craniofacial (fontanela anterior larga, hipertelorismo ocular, crista
met6pica, ponte nasal deprimida larga, nariz curto antevertido, lábio superior arqueado, fenda labial, fenda
palatina), hipoplasia das falanges distais, hipoplasia ungueal, retardo do crescimento, deficiência mental,
defeitos cardíacos
lsotretionina Embriopatia de ácido retin6ico: anomalias craniofaciais (microtia ou anotia, suturas parietais acess6rias,
testa inclinada estreita, micrognatia, ponte nasal achatada, fenda labial e palatina, e hipertelorismo ocular),
defeitos cardíacos (principalmente malformações conotroncais), anormalidades no desenvolvimento túnico e
alterações no desenvolvimento do sistema nervoso central
Lítio Defeitos cardíacos, especialmente anomalia de Ebstein
Misoprostol Defeitos dos membros, sequência de Moebius
Mercúrio orgânico Retardo mental, atrofia cerebral, espasticidade, cegueira
Iodeto de s6dio (1131) Ablação da glândula tireoide fetal
Talidomida Defeitos de redução de membros, focomelia, polidacrilia, sindacrilia, oligodacrilia, defeitos das orelhas
externas, hemangiomas capilares faciais, paralisias dos nervos cranianos VI ou VII, defeitos
cardiovasculares, agenesia dos rins, baço, vesícula biliar e apêndice, atresia ou estenose do esôfago,
duodeno e ânus
Trimetadiona SÚ1drome de trimetadiona fetal: anomalias craniofaciais características, retardo do crescimento,
desenvolvimento psicomotor retardado, fendas e cardiopatia congênita
Valproato Defeitos de tubo neural, síndrome de valproato fetal : diâmetro bifrontal estreito, testa alta, pregas
epicânticas, sulcos infraorbitários, teleca.nto, ponte nasal esn'eita, nariz curto com narinas antevertidas,
hipoplasia mediofacial, fi ltro longo, bordo vermelhão fino, boca pequena, defeitos cardiovasculares, dedos
das mãos e pés longos, unhas hiperconvexas e fenda labial

Infecções intrauterinas
Citomegalovírus Doença de inclusão citomegálica: restrição do crescimento intrauterino, microcefalia, coriorretinite,
convulsões, cegueira, atrofia 6ptica. Hepatoesplenomegalia, icterícia e trombocitopenia neonatais
Rubéola Abono espontâneo, sÚ1drome de rubéola congênita: cardiopatia, surdez, cataratas, resmção do crescimento
intrauterino, encefalite, ossos longos anormais. Hepatoesplenomegalia, icterícia obstrutiva e púrpura
trombocitopênica neonatais, retardo mental, déficits neurol6gicos e anormalidades comportamentais
Sifilis Malformações congênitas, prematuridade, natimorto, hepatoesplenomegalia, osteocondrite ou periostite,
icterícia, petéquias ou lesões cutâneas purpúricas, linfadenopatia, hidropisia, edema, ascite, rinite,
pneumonia, miocardite, nefrose e paralisia pseudobulbar
Toxoplasmose Encefalite, hidrocefalia, calcificações intracranianas, coriorretinite, eritroblastose, anemia, icterícia,
hepatoesplenomegalia, glomerulite, mÍocardite e miosite. Lesão do sistema nervoso central, convulsões,
retardo mental, paralisia cerebral, surdez e cegueira
Vírus varicela-z6ster Lesões cutâneas, retardo do crescimento fetal, hipoplasia de membros, defeitos cerebrais e oculares, atrofia
cerebral e cerebelar, convulsões, retardo do desenvolvimento e paralisias nervosas

ECA , enzima conversora de angiotensina; SNC, sistema nervoso central.


A tabela acima representa medicações selecionadas e suas possíveis associações com anormalidades estruturais fetais. Muitas das associações listadas são baseadas em relatos
de casos isolados que apareceram na literatura médica para os quais a associação não está provada; ou em esmdos animais nos quais a posologia da medicação excedeu
muito a quantidade clínica nonnalmente usada. provável que em muitos casos a associação tenha sido uma coincidência, em vez de um resultado da medicação. A tahela nã()
visa a Jervir para aconselhamenlo de pacientes a respeito de maljimnaçàes 011 allom/alidades fitais. Esta tabela deve ser usada pelo ultrassonologislaJullrasonografista como um guia para
avaliar sistemas de órgãos específicos em adição a um exame uh:rassonográfico completo. Em todos os casos de suspeita de efeitos teratogênicos, um geneucista reprodutivo
ou teratologista e o fabricante da droga devem ser consultados.
Reproduzido com permissão de Diav·Cill1n O, Omoy A: Adverse environrnent and prevemion of early pregnancy disorders. Earl y Pregnancy 4:5, 2000.
Modificado de Brigs CC, Freemao RK, YafIe SJ: Drugs in Pregnancy and Lactation, 5th ed. Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 1998.
40 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

do a substância diretamente a malformações congemtas em nitas , com o risco para o embrião diretamente relacionado
humanos. Testar drogas quanto à teratogenicidade é difícil, com o grau de controle glicêmico matern0 27.2R . As anorma-
porque os agentes podem causar uma alta incidência dc defei- lidades mais comuns incluem cardiopatia congênita e DTN,
tos graves em animais, mas podem não causar malformações enquanto regressão caudal é rara, mas dc frequência muito
em outras espécies ou em humanos (p. ex., cortisona causa aumentada em lactentes de mães diabéticas. O fenótipo
fenda palatina em camundongos, mas não em humanos). do lactente de mãe diabética também inclui macrossomia,
Em contraposição , a talidomida é um exemplo trágico de um poli-hidrâmnio e natimorto, com hipoglicemia e eritroblas-
agente que é altamente teratogênico em humanos, mas não é tose sendo complicações neonatais comuns . Fenilcetonüria
comumente estudado em roedores de laboratório. materna não tratada é também um leratógeno potente e
resulta em microcefalia, retardo mental, cardiopatia congêni-
ta e muito baixo peso ao nascimento. Os riscos para o feto
Fatores Físicos estão relacionados com a concentração materna de fenilala -
Radiação nina e são quase inteiramente eliminados com tratamento
dietético materno e retirada da fenilalanina na dieta das
Radiação ionizante é um teratógeno potente, com a resposta mulheres afetadas, durante a gravidez 29
dependendo da dose bem como da idade gestacional na qual
o embrião/feto é irradiado. A experiência com os sobreviven-
tes japoneses da bomba atômica, bem como com mulheres
Fatores Mecânicos
tratadas com radiação terapêutica na gravidez, fornece evi- Ruptura mecânica pode resultar em vários transtornos
dência dos efeitos lesivos de grandes doses de radiação ioni- sequenciais reconhecíveis e característicos. Muitas vezes, a
zante em humanos. Em contraste, não há evidência de que causa subjacente é menos importante que a via comum de
exposição à radiação em lúveis diagnósticos típicos (alguns ruptura. A sequência de Poner, por exemplo, é resultado
milirrads) imponha uma ameaça importante ao embrião, e de oligo-hidrânmio precoce, de longa duração, de qualquer
efeitos não cancerosos na saüde não são evidentes para doses causa, e consiste em hipoplasia pulmonar, pés tortos , luxação
fetais de menos de 5 rads. Radiação ionizante em doses altas congênita do quadril, orelhas em posição baixa, micrognatia
(> 5 a 10 rads) pode causar uma variedade de anomalias em e fácies achatada. Esse mesmo fenótipo pode resultar de
vários sistemas de órgãos . As anormalidades mais proemi- diferentes causas de ausência de líquido amniótico, incluindo
nentes associadas à radiação são defeitos no SNC, variando agenesia renal bilateral e ruptura prematura da membrana
de DTN a transtornos funcionais, como retardo mental. 22 Em amniótica.
fetos expostos entre oito e 15 semanas de gestação, dados
dos sobreviventes da bomba atômica indicam que o declínio
na pontuação do Q1 é aproximadamente 25 a 31 pontos por TRIAGEM GENÉTICA NA GRAVIDEZ
100 rads, com doses acima de 10 rads. Com 16 a 25 semanas
Triagem é atualmente recomendada na gravidez para várias
de gestação, a perda média de Q1 é quase 13 a 21 pontos por
doenças genéticas (monogenéticas ou mendelianas), anor-
100 rads , em doses acima de 70 rads. Depois de 26 semanas,
malidades cromossômicas e defeitos congênitos estruturais
a doses acima de 100 rads aumentam os riscos de natimorto
no feto. Triagem de defeitos monogenéticos é oferecida
e morte neonatal 22 .23 .
essencialmente a todas as pacientes, embora os testes precisos
Parece haver um risco ligeiramente aumentado de câncer
oferecidos variem de acordo com a etnia. Triagem de anor-
na infância com doses de radiação no feto acin1a de 1 rad.
malidades cromossômicas também é recomendada para todas
Não há evidência de que esse efeito dependa da idade ges-
as pacientes, com uma avassaladora variedade de opções
tacional. O risco absoluto de câncer fatal em O a 15 anos de
ultrassonográficas e bioquímicas agora disponíveis para efe-
idade após exposição pré-natal à radiação foi estimado em
tuar essa u·iagem. Triagem de defeitos congênitos estruturais,
0,006% por 100 ml"ad. Para uma inteira de vida, esse
como DTN, pode envolver triagem bioquímica bem como
risco é cerca de 0,015% por 100 nu-ad' 3.
ultrassonografia maternas.

Extremos de Temperatura
Em animais , foi documentado que temperaturas corporais Triagem de Portador (Heterozigoto)
excessivas causam malformações; DTN estão entre os mais A principal finalidade da triagem de portador na gravidez é
frequentemente descritos. Em humanos, os dados são incon- identificar indivíduos que são eles próprios sadios, mas cor-
clusivos e muitas vezes conflitantes. Uma grande revisão rem risco de ter filhos com um transtorno genético. A maioria
e metanálise, publicada em 2005, descreveu uma razão de dos transtornos nessa categoria são doenças AR, nas quais
risco de 1,9 para DTN associada à hipertermia materna, e ambos os pais têm de ser portadores do gene, mas tipicamen-
os autores concluíram que hipertermia materna no começo te não são afetados. Na maioria dos casos, não há histórico
da gTavidez parece ser um teratógeno human0 24 . Outras familiar da doença.
grandes experiências confirmaram a associação com DTNs Concorda-se de modo geral que os seguintes critérios
e outros defeitos congênitos, que foram relatados com febre devem ser satisfeitos para que programas de triagem de hete-
materna bem como o uso de aparelhos como banheira quente rozigoto sejam eficazes: (1) transtorno de suficiente gravidade
e sauna 25 .26 para justificar triagem, (2) alta frequência de portadores na
população rastreada, (3) disponibilidade de um teste barato
Fatores Maternos e confiável com baixos resultados falso-positivos e falso-nega-
tivos, (4) acesso a aconselhamento genético para os casais
Várias doenças maternas e transtornos metabólicos foram identificados como heterozigotos, (5) disponibilidade de diag-
implicados na gênese de malformações congênitas. Diabetes nóstico pré-natal, (6) aceitação e participação voluntária pela
materno está fortemente associado a malformações congê- população visada para rastreamento.
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 41

Testes de Triagem Genética Atualmente Frequência de Portadores e Taxa de


Tabela 2- 13
Recomendados Conforme o Grupo Étnico I Tabela 2- 14 1 de Fibrose Cística Conforme o Grupo Etnico
Grupo Étnico Transtornos Testados Teste Taxa de
Grupo Incidência Risco de Portador Detecção
Judeus asquenazes Doença de Tay-Sachs DNA, enzima
(níveis de Judeus asqucnazes 1/3.300 1/29 97%
hexosaminidase A) Europeus 1/3.300 1/29 80%
Doença de Canavan DNA Hispânicos 1/8.464 1/46 57%
Fibrose cístiea DNA Afro-americanos 1/1 7.000 1/62 69%
Disautonomia familiar DNA Ásio-americanos 1/32.400 1/90 -30%
Caucasianos Fibrose cística DNA
Africanos, Anemia faJciforme
afro-americanos TaJassemia beta VCM , eletroforese 1969. A triagem, seguida pelo diagnóstico pré-natal quando
das proteínas indicado, resultou em uma grande dinúnuição na incidên-
Sul-asiáticos TaJassemia alfa VCM cia da doença de Tay-Sachs na população judia29 Diversas
Mediterrâneos TaJassemia beta VCM complexidades práticas , sociais e éticas também foram iden-
Oriente Médio Hemoglobinopatias VCM, eletroforese tificadas nesse esforço prototípico baseado na populaçã03o .
das prOteínas Mais de 100 mutações no gene da hexosaminidase A (o
lócus da DTS) foram identificadas até agora. Algumas estão
VCNI. volume corpuscular médio. associadas a início mais tardio ou a formas mais crônicas de
doença de armazenamento neuronal. Duas mutações causam
uma pseudodeficiência tipo-portador quando se emprega
exame enzimático (resultados falso-positivos). Componentes
A Tabela 2-13 lista as doenças hereditárias para as quais
educacionais de aconselhamento devem ser fornecidos antes e
a triagem de portador é recomendada atualmente. Há mui-
depois da triagem. Qyestões de privacidade e confidencialida-
tas outras doenças para as quais a triagem está disponível e
de dos resu ltados de teste devem ser consideradas. Em certas
frequentemente é realizada. Estas incluem a síndrome do X
culturas, possibilidades de seguro e emprego podem estar
frágil, bem como extensos painéis de doenças mais comuns na
envolvidas. A percepção pública da comunidade biomédica
população judia asquenaze. À medida que mais testes genéti-
como advogada do exame e rastreamento em grande escala
cos se tornem disponíveis, os clínicos e grupos de orientação
pode ser interpretada, em alguns sistemas, como conflito
se veem frente ao desafio de decidir que testes devem ser
de interesses por parte dos cientistas empresários, clínicos e
oferecidos para triagem geral.
instituições 3 1.
Em parte por causa dessa história de sucesso com a tria-
Técnicas de Teste de Portador gem da DTS, e em parte por causa do isolamento cultural, um
l111mero aumentado de testes para transtornos genéticos foi
Triagem de portador pode ser realizada por testes bioquúnicos proposto para exame da população judia asquenaze. Alguns
que diferenciam os portadores dos não portadores de uma desses testes se tornaram rotina , enquanto outros são forne-
afecção (p. ex., concentração ou atividade enzimática sérica; cidos por laboratórios comerciais que oferecem um painel
baixo volume corpusculal· médio em portadores de talasse- extenso para judeus asquenazes .
mia), ou por testes de DNA que podem detectar mutações
genéticas associadas a uma dada doença. Em algumas doenças
(p. ex. , doença de Tay-Sachs), tanto triagem bioquúnica quanto Fibrose Cística
de DNA estão facilmente disponíveis e podem ser usadas.
Uma vez que os testes de niagem baseados no D A geral- FC é a mais comum doença AR grave que afeta crianças bran-
mente visam apenas um conjunto das mutações genéticas mais cas, com uma incidência de 1/2.500 a 1/5.000 correspondendo
comuns, nem todos os portadores serão detectados por um a uma frequência de portador de 1/25 a 1/35. A doença é
dado teste de niagem. Indivíduos com oun-as mutações não caracterizada por obstlução e infecção pulmonares crônicas, e
incluídas no painel de n-iagem não serão detectados. Em alguns por distürbios digestivos, como insuficiência pancreática. Ela
transtomos, a n-iagem é mais eficaz em um glUpO émico particu- é causada por mutações no gene que codifica a proteína FC
lar no qual é visto um nllmero limitado de mutações genéticas receptora tl·ansmembrânica. Desde que o gene foi clonado
causadoras de doença. Por exemplo, niagem de DNA para FC é em 1989, mais de 1.000 mutações foram identificadas. A
sensível na população judia asquenaze, na qual mais de 95% dos variedade de mutações possui variação étnica e geográfica,
portadores podem ser detectados porque a maiOlia das mutações bem como uma ampla gama de variação feno típica, desde
que causam doença nessa população é conhecida. Enn-etanto, em aquela que causa FC grave clássica (como a mutação comum
populações asiáticas ou negras, menos mutações causadoras da delta F508) até aquelas que podem ter manifestações clínicas
doença são conhecidas, portanto menos portadores de descen- sutis ou ausentes . Estudos do fenótipo clínico em correlação
dência asiática ou negTa serão identificados pelo teste atual de com genótipo CFTR revelaram uma relação muito com-
DNA para FG Portanto, é inlportante lembrar que embora um plexa demonstrando que algumas características fenotípicas
teste negativo de portador diminua a probabilidade de que um são estreitamente determinadas pelas mutações subjacentes,
indivíduo seja portador, ele não a exclui (Tabela 2-14). enquanto outras são moduladas por genes modificadores ,
mecanismos epigenéticos e o ambiente.
Doença de Tay-Sachs O exame genético é usado para confilmar um diagnós-
tico clínico de FC e pode ser usado para lactentes com íleo
Triagem para portador de doença de Tay-Sachs na popula- meconial, para detecção de portador em indivíduos com
ção judia asquenaze tem sido feita em grande escala desde histórico familiar positivo e parceiros de portadores compro-
42 GEN ÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

como variando amplamente de 0% a 33OJ? Essa variação


poderia resultar de diferenças na aveliguação, prevalência da
FC e taxas de detecção de mutações.
Em virtude das complexidades c limitações da triagem, o
cxame para FC em casos de IE não é simples. Em casos de IE
e duas mutações FC no feto , o diagnóstico é certo. Em casos
de IE sem mutação fetal , o risco de FC se torna muito baixo.
Entretanlo, quando se constata que o feto com IE porta uma
mutação FC identificada, o risco de FC é aumentado, mas o
diagnóstico não pode ser determinado com certeza antes do
parto com as técnicas atuais. Dada a frequência relativamente
alta de portador do gene FC, essa situação não é rara. O
risco preciso de FC depende da frequência da FC nos casos
de IE, da frequência da FC na população estudada e da taxa
de detecção da triagem. Ele foi estimado em cerca de 9%35,36
baseando-se em uma frequência de 2% de FC em casos de
IE, uma freq uência de 4% de portador de FC e uma ta.,>a de
detecção de mutação de 90%. Portanto, o rastreamento de um
pai com resultados negativos pode diminuir, mas não eliminar
inteiramente, o risco de FC na prole. Dependendo da situação
FIGURA 2--8. Intestino hiperecogênico (seta) em um feto com fibro-
clínica (histórico familiar, presença ou ausência de intestino
se cística.
ecogênico, e estado portador do outro parente), a interpre-
tação do risco para um dado feto se torna muito complexa.
V árias técnicas foram recomendadas para determinar o risco
vados de FC, e para exame diagnóstico pré-natal se ambos em diferentes cenários 3 7•
os pais forem portadores. Desde 2001 , o American College
of Obstetricians and Gynecologists e o American College
of M edicaI Genetics têm recomendado que seja oferecida
TRIAGEM PRÉ-NATAL DE DEFEITOS
triagem para FC às mulheres em mais alto risco de ter fIlhos CONGÊNITOS NA POPULAÇÃO
com FC (p. ex. , caucasianas) e que deve estar disponível aos
Alfafetoproteína
casais em outros grupos raciais e étnicos que estão em mais
baixo risco e nos quais o teste pode ser menos sensível. Eles A triagem pré-natal da população começou no fml da década
também recomendam que o exame seja oferecido às pessoas de 1970 com o uso de medidas da alfafetoproteína (AFP)
com um histórico familiar de FC ou um parceiro com FC 32 . sérica materna para identificar mullieres sob risco aumentado
Implementar essa recomendação é complexo e, portanto, um de estar calTegando um feto com um DTN aberto. AFP é a
pouco controvertido. A complexidade surge em parte porque principal proteína sérica no começo da vida fetal 3s . Essa proteí-
a incidência de FC varia em pessoas de diferentes grupos na oncofetal é produzida inicialmente pela vesícula vitelina e,
étnicos. Ela é mais comum em populações judias asquenazes após involução dessa estrutura na gravidez inicial, pelo fígado
e norre-europeias, nas quais 1/29 é um portador, mas é muito fetal . H á relativamente poucos dados publicados sobre as ati-
menos comum em pessoas hispânicas, negras e ásio-ameri- vidades biológicas da AFP durante o desenvolvimento fetal.
canas. Ademais , conforme mencionado, a taxa de detecção AFP está presente no líquido amniótico inicialmente pela difu-
varia grandemente entre os grupos étnicos porque nem todos são pela pele imatura, e mais tarde pelos rins e micção fetal.
os alelos são conhecidos em cada população. A maioria dos AFP do líquido amniótico é deglutida pelo feto e recircula,
laboratórios testa para as mutações mais comuns presentes na com eventual degradação pelo fígad o fetal. Dinunutas quan-
população; nos Estados Unidos, isso em geral envolve raso-e- tidades de AFP estão presentes no soro materno pela difusão
ar as 25 a 32 mutações mais comuns na população europeia. pela placenta e âl11luo . Mullieres não grávidas têm níveis
Aconselhamento genético é particularmente importante para de AFP que são escassamente detectáveis (1 ul!), enquanto
explicar as limitações do exame (i- e., nem todos os portadores os Iúveis médios normais com 16 a 18 semanas de gestação
serão detectados), especialmente para os casais nos quais um variam de 18 a 40 uI!. Qyando o IÚVel sérico fetal é 2 milhões
ou ambos os parceiros é portador ou tem um histórico fami- u/I, a correspondente AFP no líquido amniótico (AFPLA) é
liar positivo e/ou é de origem não branca. 20.000 u/I, e o IÚVel sérico materno é 20 u/1. 39
Os níveis de AFP no plasma fetal e no líquido anuuótico
chegam ao máximo no trimestre intermediário da gravidez,
Fibrose Cística e I ntes t ino Fetal Ecogênico
enquanto a AFP sé rica materna (AFPSM ; MSAFp) continua
Intestino fetal ecogênico (IE), defInido como intestino com a aumentar até 28 a 32 semanas de gestação (Fig. 2-9). A
densidade ultrassonográfica igual ou maior que a do osso cir- discrepância entre os níveis de AFP no líquido amniótico e
cundante, é diagnosticado em 0,2% a 1,8% dos fetos durante no soro matemo não está completamente compreendida, mas
exame ultrassonográfico de rotina no segundo trimestre da pode ser devida às interfaces placentária e aI1U1iótica expan-
gravidez. Essa ecogenicidade aumentada tem sido associa- dindo-se rapidamente.
da a anormalidades cromossômicas, infecções congênitas, No feto com um defeito como anencefalia ou espinha
obstrução intestinal e FC (Fig. 2_8)33 . No caso da FC, existe bífida, a AFP entra no líquido amniótico em quantidades
a hipótese de que a proteína CFTR malfuncionante leve à aumentadas, levando a concentrações mais altas também no
desidratação de secreções mucosas, que se tornam viscosas soro materno. Os níveis de AFP são altos no líquido amnió-
e obstruem a luz intestinal, conduzindo ao íleo meconial. O tico e no soro materno somente quando essas lesões estão
risco de FC com IE foi extensamente estudado e descrito abertas , isto é, quando o tecido neural está exposto ou coberto
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 43

10.000
- Soro fetal
1.000 - Liquido amniótico
_ Soro materno

100
E
a,
c 10
Il.
u.
«

0,1

0,01 0,2 0,3 0,5 0,71 2 5 10 20 30 60


12 18 20 24 28 32 36 40 AFP sérica materna (MdM) A
Idade gestacional (semanas completadas)

FIGURA 2- 9. Concentrações médias de alfafetoproteína no soro


materno, líquidO amni6tico e soro fetal. (Redesenhado de Haddow JE:
Prenatal screening for open neural tube defects, Down's syndrome,
and other major fetal disorders. Semin Perinatol 14:488, 1990.)

apenas por uma membrana [ma. Qyando DTN está coberto


por pele, AFP não escapa da circulação fetal, e esses defeitos
geralmente não são detectados pela AFP no soro materno
(AFPSM; MSAFp;. Embora essencialmente 100% das lesões
de anencefalia sejam abertas, cerca de 20% dos casos de espi-
nha bífida são cobertos de pele, do mesmo modo que 82% das
encefaloceles39 . As discussões da sensibilidade e especificidade
do exame de AFP são em geral restritas a lesões abertas, por-
que se admite que as lesões fechadas não serão detectadas. 0,2 0,3 0,50,7 1 2 5 10 20 30 60
AFP sérica materna (MdM) B
Triagem Pré-natal de DTNs Abertos
Uma vez que mais de 80% dos lactentes com DTN nascem
de famílias sem nenhum histórico pregresso da afecção, a
triagem da AFPSM tornou-se um programa importante de
saúde pública. Em laboratórios que oferecem triagem de AFP,
os resultados são expressos em forma de múltiplos da média
(MdM). Isso propicia menos variação interlaboratorial, a qual
pode ser considerável, bem como uma maneira de relatar os
resultados por uma faixa de idades gestacionais. A distribui-
ção da AFPSM é um logaritmo de gauss, com valores médios
de 1,0 em gestações normais, 3,8 em gestações com espinha
bífida aberta e 6,5 em gestações afetadas com anencefalia (Fig.
2-10)39. Há importante superposição entre gestações afetadas e
não afetadas, e escolher um ponto de corte da AFPSM exige
consideração das taxas de detecção e de falso-positivos. Os
dois cortes mais usados para AFPSM são 2,0 e 2,5 MdM.
Usando qualquer dos níveis de corte, a taxa de detecção de 0,2 0,3 0,40,5 0,7 2 345
anencefalia é 95% ou mais. A taxa de detecção de espinha bífi-
da é entre 75% e 90% usando um corte de 2,0 MdM, e entre
AFP sérica materna (MdM)
c
65% e 80%, usando 2,5 MdM. As taxas de falso-positivos são
FIGURA 2- 10. A. Distribuição dos níveis de alfafetoproteína sérica
2% a 5% e 1% a 3%, respectivamenté 9 . Encefaloceles são materna (AFPSM) no segundo trimestre em gestações não afetadas
uma causa menos frequente de uma AFPSM elevada, devido e naquelas afetadas por espinha bífida aberta e anencefalia. A média
tanto a uma incidência mais baixa quanto a uma frequência na espinha bífida aberta é 3,8 múltiplos da média (MdM) e na anen-
mais alta de lesões fechadas. Dada a extensão da superposi- cefalia é 6,5 MdM. B. Distribuição dos níveis de AFPSM no segundo
trimestre em gestações não afetadas e naquelas afetadas por gas-
ção entre gestações afetadas e não afetadas, não é possível trosquise e onfalocele . A média nas gestações de gastrosquise é
detectar todos os casos de espinha bífida aberta com triagem 7,0 MdM e na onfalocele é 4 . 1 MdM . C. Distribuição dos níveis de
de AFPSM e, dessa forma, a maioria dos casos reportados AFPSM no segundo trimestre em gestações não afetadas e naquelas
que necessitam de avaliação adicional será em última análise afetadas por síndrome de Down . O valor médio de alfafetoproteína é
0 ,75 MdM, e ocorre extensa superposição entre as populações afeta-
determinada normal. das e não afetadas. (A, 8 e C redesenhados de Haddow JE: Prenatal
Conforme discutido, as concentrações de AFP variam screening for open neural tube defects, Down's syndrome, and other
com a idade gestacional. O tempo ótimo para triagem sérica major fetal disorders. Semin Perinatol 14:488, 1990.)
44 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

de DTN é 16 a 18 semanas de gestação. Antes de 16 sema- Se a ultrassonografia de triagem não identificm' a etiologia
nas, há mais superposição entre gestações afetadas e não da AFPSM elevada, é indicada avaliação adicional com ultras-
afetadas . Embora a data da última menstruação (DUM) seja sonografia mais sofisticada e amniocentese. A sensibilidade
suficientemente precisa para triagem de DTN, a determinação aumentada da ultrassonografia para a detecção de DTN e
ultrassonográfica da data é mais exata e seu uso melhora a outras anormalidades estruturais importantes associadas a
sensibilidade e especificidade da triagem. Além disso, como AFPSM foi descrita como tão alta quanto 94% a 100oW". Um
as medidas do diâmetro bipmieml no segundo trimestre são estudo recente de fato indicou que a ultrassonografia isolada
usualmente menores em fetos com cspinha bífida, a AFPSM é mais sensível que AFPSM para a detecção inicial de DTN;
parecerá mais alta, e esse artefato melhora a taxa de detec- isso varia com a experiência e a proficiência do examinador
ção dessa lesão. Outras medidas ultrassonográficas (p. ex., ultrassonografista55 . Ultrassom é menos caro que amniocen-
comprimento cabeça-nádega ou biometria composta) podem tese e não acarreta o risco de abortamento.
determinar confiavelmente a data da gravidez, mas não têm A amniocentese permite a medição da AFP e da acetilco-
essa vantagem única da determinação da data pelo DBP. Por linesterase (AChE) no líquido amniótico. Em alguns progra-
essas razões, no segundo trimestre, a determinação ultras- mas , AChE só é medida quando a AFPLA é maior que 2,0
sonográfica da data baseada no DBP só é recomendada em MdM, uma abordagem que fornece o melhor equilíbrio entre
gestações com 14 semanas ou mais tarde para as finalidades sensibilidade e especificidadé ú • O casionalmente, AChE é feita
de rastreamento de AFP. A maioria dos laboratórios tem con- quando há um risco prévio aumentado (p. ex., AFPSM eleva-
juntos separados de parâmetros de distribuição para gestações da, ulu'assonografia anormal ou um histórico familiar positi-
com determinação da data por ultrassom versus DUM. vo). A medição da AFPLA e AChE tem uma taxa de detecção
Há diversos fatores outros que não idade gestacional de 970/0 para DTN, com uma taxa falso-positiva de 0,5 0/?
que afetam os níveis de AFPSM , incluindo peso matern0 40 , Embora haja muitos transtornos que podem resultar em uma
raça4J ,42, diabetes mellitus insulinodependente (DM ID)43.H e o AFPLA elevada, AChE é mais específica do tecido neural.
número de fetos. Estudos mmbém sugeriram que a AFPSM Detecção de AChE no líquido mTIniótico geralmente indica
no segundo trimestre está constantemente elevada depois de que um DTN aberto está presente, embora uma AChE posi-
redução transabdominal de gravidez multifetal (RGMF) no tiva também tenha sido descrita com onfalocele, gastrosquise,
primeiro trimestre, e não deve ser realizada nesse contexto 45 . higroma cístico, lesões da pele fetal e hidropisia fetal 58 .59 .
Uma vez que o maior tamanho materno resulta em maior Uma causa importante de elevações limítrofes da AFP
diluição da AFP derivada do feto, as mulheres obesas têm no líquido amniótico e resultados falso-positivos de AChE
lúveis mais baixos de AFPSM. Mulheres negras e asiáticas é contaminação da amostra com sangue fetal. Os níveis de
têm níveis 10% a 15% mais altos que as não negras, e as AFP no sangue fetal são mais de 100 vezes mais altos que os
muUleres diabéticas insulinodependentes têm concentrações níveis no LA. Resultados falso-positivos de AChE ocorrem
mais baixas que a população geral. Enquanto a relação entre em cerca de 2% das amostras visivelmente coradas de sangue
AFP e DMID há muito foi admitida, a magnitude da asso- e 0,2% das amostras que não são visivelmente coradas com
ciação tem sido discutida·16 Inicialmente, achou-se que os sangue. Realização de teste para a presença de hemoglobina
níveis de AFP eram 60% a 70Ofo dos controles. Mais tarde, fetal é indicada em amostras com AFPLA elevada, contami-
com correção para idade, raça e peso, isso foi ajustado para nação eritrocítica visível e algumas outras indicações (p. ex.,
800f047. A base fisiológica para esse valor mais baL"(o não está AFPSM inexplicavelmente elevada, LA avermelhado). A
clara. Parece haver uma associação enu-e o grau de conu'ole taxa falso-positiva de AChE quando é efetuada muniocentese
da glicemia, conforme determinado por medições da hemo- precoce (entre 10 e 15 semanas) é quatro vezes mais alta que
globina glicosilada, e a AFPSM 48 ,49 . Dados recentes indicam com anmiocentese com 15 semanas ou mais 60 .
que talvez ? nas gestações de DMI D não seja mais Um estudo comparando estratégias de avaliação de
apropriad0 4/. E possível que melhores métodos laboratoriais, AFPSM elevada indicou que um programa que usou ultras-
vigilância e controle diabéticos aperfeiçoados , e meUlOr MdM sonografia direcionada e um ponto de corte da AFPSM de
ajustado ao peso possam ter resultado em valores de DMID 2,0 MdM detectaria 90/100 fetos estruturalmente anormais
mais próximos dos controles. Alguma correção ainda é apro- em uma coorte de 100.000 hipotéticas gestações simples, sem
priada, embora seja menor que no passado. perda fetal iatrogênica, a um custo de $ 5.700 por feto anôma-
Cada um desses fatores é levado em conta no cálculo do lo. Os autores colocam isso em contraste com uma estratégia
risco. Embora outros fatores , como fumo maternoóO .5 1 e FIV de amniocentese com cariotipagem para AFPSM de 2,5
(fertilização in vitro),52.53 tenham um pequeno impacto sobre MdM ou mais alta, o que detectaria mais 15 fetos anormais
os níveis de AFPSM e outros marcadores bioquímicos, essas (incluindo algumas anormalidades cromossômicas), mas com
diferenças não são de suficiente magnitude para justificar nove abortos iatropênicos e um aumento de custo de $ 46.100
correção. por feto anômal0 6 .
Vários pesquisadores relataram uma associação entre
AFPSM elevada e um risco aumentado de aneuploidia fetal,
Acompanhamento Quando a AFPSM um argumento adicional para amniocentese. Esses estudos
estimaram a prevalência de aneuploidia clinicamente signi-
Está Elevada ficante nesse contexto em 1%, com aproximadamente 55%
Qyando o nível de AFPSM está próximo do ponto de corte dessas sendo aneuploidias autossôlnicas e 45% anormalidades
(ou 2,0 ou 2,5 MdM), é avaliada a exatidão da determinação dos cromossomos sexuais ú2M .
da data. Se foi usada baseada na DUM para o cálculo origi-
nal, uma ultrassonografia deve ser realizada para confirmar a Outras Anormalidades e AFP Elevada
data e excluir gestação múltipla e morte fetal , ambas podendo
causar AFPSM elevada. Cada programa determina a discre- Uma AFPSM elevada pode estar associada a defeitos fetais
pância de datas em que é efetuado recálculo, geralmente entre ouu'os que não DT s (ver Fig. 2-10, Tabela 2-15). Essas doen-
sete e 14 dias. ças incluem outros defeitos fetais abertos, como onfalocele e
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 45

1Tabela 2-15 1Causas de uma AFPSM Elevada Padrões de Resultados Vistos com Triagem
Tabela 2-16 Expandida de AFP em Transtornos Fetais
Gestação múltipla
Morte fetal AFP uE J hCG Inibi na A
Hemorragia fetomaterna DTN aberto 11 Sem AlleraÇ<'io Sem Alteração Sem Alteração
Anormalidades placentálias
Anormalidades uterinas
Síndrome ele U U 11 11
Down
Tumores ovarianos ou hepáticos
Trisomia do 18 11 U U. Sem AIle ração
Defeitos congênitos fetais

Defeitos de tubo neural AFP, alfafeloprolcÍna; hCG , gonadolrofina eOl'iônica humana; OTN. defeitos de
Espinha bífida tubo neural; uE31 estria l não conjugado,
Anencefali a
Encefalocele
Defeitos de parede ventral aberta Marcadores Bioquímicos e
Onfalocele
Gastrosquise
Anormalidades Cromossômicas Fetais
efrose congênita Logo depois da introdução da triagem de AFPSM para DT ,
Triploidia foi reconllecido que os fetos com SD tinham uma AFPSM
Agenesia renal bilateral mais baixa no segundo trimestre, estimada em 0,74 MdM G8 .G9 •
Transtornos congênitos ela pele Investigações subsequentes relataram que os níveis de no
Epiele1l11ólise bolhosa
soro materno, líquido amniótico G9 e soro do cordão fetal 'o são
Aplas ia cuns
todos mais baixos nas gestações em que o feto tem SD. Isto
Doença renal policística autossômica recessiva
Teratoma sacrococcígeo
pode ser devido à produção diminuída de AFP pelo fígado
Malformação adenomatóide cística do pulmão
fetal ou remoção mais rápida da AFP da circulação fetal ' l.
V ários outros marcadores bioquímicos também foram
AFPSM. alfafc loproleína sériea malem a.
estudados para uso em triagem de aneuploidia. Embora
alguns destes marcadores não tenham sido úteis , o estrial não
conjugado (uE3)72, gonadotropina cOl-iônica humana (hCG)73
e dímero de inibina A 74 -76 acrescentam sensibilidade e especi-
ficidade à triagem bioquímica no segundo trimestre para SD.
De maneira similar à AFP, uE3 é 25% a 30% mais baixo na
gravidez de SD, enquanto hCG e inibina A estão aumentadas,
gastrosquise. Além disso, alguns transtornos cutâneos fetais com um valor médio cerca do dobro daquele em controles
permitem difusão aumentada de AFP para dentro do liquido normais (Tabela 2-16fl .
anmiótico, resultando em uma AFPSM elevada. Nefrose E3 é um hormônio esteroide que é produzido pelo sincicio-
congênita pode causar níveis muito altos de AFP devido a trofoblasto. A biossíntese do estriol exige produção de sulfato
proteinúria fetal e é suspeitada com uma ultrassonografia nor- de dehidroepiandrosterona (DHEAS) pela glândula suprarre-
mal e AFPSM pronunciadamente elevada (com frequência > nal fetal e subsequente conversão do DHEAS em 16a-OH-
10 MdM). Este transtorno AR resulta em insuficiência renal DHEAS no fígado fetal. Na placenta, 16a-OH-DHEAS é a
precoce, e as crianças muitas vezes morrem na fase de lactente seguir desconjugado por uma sulfatase e a molécula resultante
ou no começo da infância. Ela é relativamente rara exceto é aromatizada para produzir estriol não conjugado. Distúrbios
na Finlândia, onde a incidência relatada de 1/2.600 nascidos fetais que afetam os precursores ou as enzimas envolvidas
vivos torna a doença um foco primordial do programa de nesta via podem influenciar as concentrações de UE3 na tria-
triagem de AFP. Exame de DNA para nefrose finlandesa está gem materna e podem ser detectados com triagem de múlti-
agora disponível, embora de menos uso em famílias que plos marcadores no segundo trimestre (ver adiante).
não têm origem finlandesa3g:64.65 HCG é secretada pelo sinciciotrofoblasto. Outros produ-
tos secretados pela placenta como progesterona, lactogênio
placentário humano (hPL) e betaglicoproteína específica de
gravidez são mais altos em amostras de gestações de SD. Este
AFPLA Elevada achado sugere uma placenta hiperssecretora ou imatura como
Diversos estudos abordaram o risco de uma anormalidade característica da SD fetal 73 .77.
quando é detectada uma AFPLA elevada. Em um estudo de
85.000 amostras consecutivas do programa de rastreamento Programas de Triagem para
do estado da Califórnia, 2,2% tinha uma AFPLA acima de 2,0
Aneuploidia Fetal
MdM. Metade media 2,0 a 2,4 MdM, e 93% destas tiveram
um resultado normal . Sessenta e sete por cento daquelas com Uma vez que AFP, uE3, hCG e inibina A são todos indepen-
níveis mais altos tiveram anormal idades . Com uma AChE dentes da idade materna e apenas fracamente correia cio nados
positiva, a probabilidade de um feto anormal foi 67% para um com o outro, eles podem ser usados em combinação para
os níveis entre 2,0 e 2,4 MdM e 99% com mais de 5,0 MdM . estimar o risco de SD fetal. No segundo trimestre, triagem
Depois de um uma ultrassonografia e cariótipo normais, o para SD agora envolve mais triagem tríplice com os marcado-
risco de uma anormalidade fetal foi 10f0 para AFPLA medin- res AFPSM, UE3 e hCG, ou triagem quádrupla com esses três
do 2,0 a 2,4 MdM e 3% para níveis mais altos 66 . De maneira marcadores mais inibina A 7G .78 .
similar à AFPSM, uma AFPLA inexplicada também tem sido Além de usar diferentes combinações de marcadores para
associada a pré-eclâmpsia e trabalho de parto prematur0 6? triagem, os laboratórios usam diferentes níveis de con e para o
46 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

que a triagem da translucência nucal no primeiro trimestre é


Taxa de Triagem Positiva do Teste de
capaz de avaliar cada feto individualmente, este pode ser o
Tabela 2- 17 Triagem de Síndrome de Down com
rastreamento mais útil para gestações múltiplas.
Diferentes Níveis de Corte para o Risco Embora estejam disponíveis alguns dados sobre triagem
Teste de Método de de gêmeos, as distribuições dos marcadores séricos em
Sindrome de Down Determinação 1/190 1/270 gêmeos com SD não são conhecidas com qualquer grau de
certeza81 .82 . As estimativas de risco em gêmeos são calculadas
Tríplice US 3,8% 5,7% para classificar os gêmeos como triagem positivos ou triagem
DUM 5,3% 7,4%
negativos, de uma maneira que assegure uma taxa de falso-
Combinado 4,4% 6,3%
positivos semelhante àquela em gTavidez simples. Geralmente
Quádruplo US 3,2% 4,7%
se admite que a taxa de detecção de anormalidades cromos-
DUM 4,6% 6,2%
sômicas em gestações gemelares é mais baixa que em únicas,
Combinado 3,7% 5,3%
e a taxa de detecção predita para uma taxa de 5% de falso-
positivos é apenas 47%83. Entretanto, essas suposições são
DU M, data da última menstmação.
De: K.night Gj, Palomaki GE: Epidcmiologic monitoring of prcnata! screening for teóricas, mais do que baseadas em observações confiáveis. Em
neura! tube defecls and Down syndrome. Clin Lab Med 23 :531, 2003. gestações múltiplas de mais alta ordem, triagem bioquímica
geralmente não é possível, e outra vez, translucência nucal é
a opção mais útil (ou a única) nesses casos. São necessários
grandes estudos para determinar o método ótimo de triagem
risco. Como com muitos testes de triagem, é feita uma nego- em gestações múltiplas.
ciação entre a detecção da doença e o número de indivíduos
com um resultado positivo de teste. A Tabela 2-17 resume a
relação entre o corte do risco de SD, triagem com tríplices
marcadores versus quádrupla e método de determinação da Controvérsia da Triagem pela Idade
data. Nos Estados Unidos, muitos laboratórios usam o teste Materna
tríplice e um corte igual ao risco de uma pessoa de 35 anos.
Com esse corte do risco, o teste tríplice fornece uma taxa A idade materna historicamente tem sido o método mais fre-
positiva de triagem de 7,4% com dcterminação da data pela quente de identificar mulheres em risco aumentado de anor-
DUM , com uma taxa de detecção (TD) de 70% a 75% (todas malidades cromossômicas fetais, e determinar a quem deve
as idades). Alguns laboratórios escolhem um corte de risco ser oferecida prova diagnóstica pré-natal. O risco é comumen-
para dar uma taxa de falso-positivos (TFP) de 5%. Essa taxa te expressado de duas maneiras, como o lisco de dar à luz um
ocorre com um corte da triagem de 1/190 e está associada a filho com SD ou o lisco de efetuar o diagnóstico da SD no
uma TD de 60% a 65%. Com a adição da inibina A e o uso da trimestre intermediário, no momento da amniocentese. Essa
triagem quádrupla, a um corte de 1/270, a TD aumenta para distinção é importante, porque 25% dos fetos afetados são
80% e a taxa de positivos diminui para 6,2% com determina- abortados espontaneamente entre o trimestre intermediário e
ção da data pela DUM 79 . o termo. Assim, o risco de carregar um feto com SD aos 35
anos de idade é de 1/270 no segundo trimestre, mas de 1/384
a termo. Em média, o risco de SD em mulheres com mais de
35 anos de idade é cerca de 1/150 no trimestre intermediário.
Detecção de Trissomia do 18 À medida que a idade materna aumenta, a probabilidade de
Em gestações nas quais o feto é afetado com trissomia do dar à luz um feto com SD aumenta de 1/1.000 aos 30 anos
18, os níveis de AFP, uE3 e hCG estão todos diminuídos, de idade para quase 1/400 aos 40 anos de idade (ver Tabela
com valores médios de 0,6, 0,5 e 0,3 MdM , respectivamente. 2_4)84. A idade paterna não afeta o risco de aneuploidia. Essa
Inibina A não contribui para a detecção da trissomia do 18 observação clínica é coerente com estudos que demonstram
e não é incluída no algoritmo de triagem. O uso de um pro- que mais de 90% da trissomia do 21 resulta de não disjunção
tocolo que avalia esse padrão característico está associado a no oócito, mais comumente durante a meiose I 8s .
de detecção de 80% para trissomia do 18, Em virtude da associação da idade materna avançada à
Identifica apenas 0,5% das mulheres como de alto risco 0. SD (e outras anormalidades cromossômicas), foi oferecido
diagnóstico pré-natal a mulheres com 35 anos de idade ou
mais durante muitos anos. Aos 35 anos , a probabilidade de
identificar um feto com SD aproximadamente se iguala à pro-
Triagem Pré-natal em Gestações babilidade de aborto devido ao procedimento de arnnÍocente-
M ú ltiplas se. É em parte por essa razão que o exame tradicionalmente
Várias complexidades originam-se na triagem de gestações tem sido oferecido nessa altura. Com avanços na triagem,
gemelares. Primeira, os marcadores sé ricos são quase, mas um limiar de risco comparável ao lisco de uma mulher não
não exatamente, o dobro daqueles encontrados em gestações triada de 35 anos idade continua a ser usado como o corte
únicas. Segunda, um valor sérico materno único é usado para para recomendar prova diagnóstica. Para muitas mulheres,
fornecer informação sobre múltiplos fetos. Em casos discor- no entanto, a decisão de submeter-se à arnnÍocentese é difícil
dantes, o gêmeo normal mascarará a produção de marcador porque nem todas as mulheres dão peso igual aos riscos.
anormal associada ao gêmeo afetado. 1erceira, com gêmeos algumas, a possibilidade de aborto é muito mais preocupante
monozigóticos, ambos são mais afetados ou não afetados, que a possibilidade de ter um filho com SD. Para outras, as
enquanto com gêmeos dizigóticos , o risco de SD é indepen- preocupações com cuidar de um filho com incapacidades
dente. Embora a determinação ultrassonográfica da monoco- podem ser mais sérias 86 .
rionicidade seja diagnóstica de monozigosidade, em gestações As diretrizes baseadas na idade para oferecimento de diag-
dicOliônicas do mesmo sexo a zigosidade é incerta. Uma vez nóstico permanecem em grande parte inalteradas, apesar de
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 47

aperfeiçoamentos na disponibilidade de triagem sérica mater- tes de evolução da gravidez. Esse estudo de mais de 38.000
na no segundo trimestre, do uso difundido da ultrassonogra- mulheres identificou numerosas associações entre marcadores
fia para identificar achados associados a aneuploidia fetal, do séricos e resultados adversos. Houve um risco relativanlente
desempenho demonstrado da triagem no primeiro trimestre baixo, mas significativo, de ter uma complicação obstétl;ca
e do potencial de combinações dessas condutas 87• À medida quando uma paciente tinha um único marcador anormal.
que aperfeiçoamentos na triagem têm fornecido estimativas Entretanto, o risco de ter um resultado adverso aumentava
de risco muito melhores que as disponíveis usando-se a idade significativamente quando a paciente tinha dois ou mais mar-
unicamente, cada vez mais mulheres de 35 anos de idade ou cadores anormais 96 .
mais estão escolhendo fazer o rastreamento antes de tomar Outro estudo comparou os riscos de evolução adversa em
uma decisão a respeito da amniocentese. Entretanto, numero- mulheres com hCG ou AFP elevada inexplicada, e se esses
sos editoriais recentes questionaram se permanece justificado riscos variam conforme a situação de risco pré-gravidez (com-
o uso da idade materna como único critério para avaliação do plicações médicas ou obstétricas precedentes). Esses pesqui-
risco de aneuploidia 88 . sadores observaram que rastreamento sérico anormal estava
Todas as pacientes que consideram diagnósli.co pré-natal associado independentemente a pré-eclâmpsia, restrição do
devem aceitar aconselhamento genético para discutir as crescimento intrauterino, morte fetal e parto prematuro em
opções disponíveis e os riscos, benefícios e limitações de cada mulheres de alto e de baixo risc0 97. Em pacientes com restri-
escolha de exame. ção do crescimento intrauterino (RClU) , aquelas que também
tinham hCG elevada ou uEs dinlinuído eram associadas a um
risco aumentado de evolução adversa, em comparação com
pacientes com RClU e marcadores normais 98 .
Complicações da Gravidez no Terceiro O tratamento ótimo das pacientes com triagem bioquími-
Trimestre após Triagem Sérica ca anormal inexplicada, no entanto, permanece controverso.
Anormal De modo geral, muitos estudiosos concluíram que, à parte o
risco seis a sete vezes aumentado quando ambas AFP e hCG
Níveis extremos de marcador, tanto baixos quanto altos, tam-
estão elevadas, a utilidade clínica das diferenças em um mar-
bém têm sido associados a complicações da gravidez no ter-
cador provavelmente é baixa 99 .
ceiro trimestre, tais como transtornos hipertensivos , restrição
do crescimento intrauterino e parto prematuro. A maioria dos
casos, no entanto, não é devida a patologia fetal ou materna, Estriol Baixo
e afinal resulta em um desfecho normal.
1àmbém foi observado que as mulheres com estriol baixo
Numerosos estudos demonstraram que as mulheres com
« 0,75 MdM) têm um risco aumentado de evolução ruim,
níveis elevados de AFPSM têm um risco aumentado de com- incluindo RClU, oligo-hidrâmnio e parto de lactente pequeno
plicações , como aborto espontâneo, lactentes pequenos para para a idade gestacional, um risco que parece independente
a idade gestacional, distúrbios hipertensivos associados à gra- de hCG oU AFP elevadas 100. Cerca de 0,27% das mulheres
videz e parto prematuro. A magnitude do risco aumenta com terá um uE3 muito baixo « 0,15 MdM), um achado que
concentrações séricas maternas crescentes, de um risco de foi associado a vários distúrbios metabólicos e genéticos,
19% com níveis de 2,5 a 2,9 MdM a 67%, com uma AFPSM incluindo síndrome de Smith-Lemli-Opitz (SLO), deficiência
acima de 6,0 MdM 89 de esteróide sulfatase, sínclrome de KalLnan, hiperplasia
Em casos de aumento inexplicável de AFPSM, a transfe- suprarrenal congênita e outros transtornos associados à dis-
rência transplacentária aumentada é responsável pelo valor função supranenal. SLO é um transtorno AR que resulta em
elevado. Essa transferência aumentada ocorre com várias malformações múltiplas, incluindo defeitos cardíacos congê-
anormalidades placentárias, e essas mesmas anormalidades nitos, retardo mental e genitália ambígua em homens. Uma
placentárias mais tarde resultam em complicações perinatais. vez que a anormalidade primária envolve a biossÍl1tese do
Anormalidades tais como placenta acreta, increta e perCl-eta colesterol, uma falta de precursores de colesterol do feto torna
também foram descritas com uma AFP elevada 9o , e anomalias a placenta incapaz de produzir UE 3IOI . Diagnóstico pré-natal é
uterinas foram descritas como 22 vezes mais comuns também possível pela detecção de lúveis elevados de 7-0H-dehidroco-
nessas pacientes 9 1. Em virtude do gradiente muito grande de lesterol no líquido aJ11nÍótico ou na urina materna lO2 . Alguns
concentração entre concentTações séricas fetais e maternas programas de triagem, incluindo o programa expandido de
de AFP, mesmo um ligeiro comprometinlento na integridade AFP no estado da Califórnia, proveem avaliação do risco de
SLOI 03.106. Embora a detecção da SLO tenha se comprovado
uteroplacentária permitirá transporte detectavelmente aumen-
rara nesses programas, as pacientes identificadas com risco
tado de AFP através da placenta.
aumentado para SLO revelaram ter um risco muito alto para
Ouu·os marcadores bioquímicos e combinações de marca-
vários resultados perinatais adversos, excedendo 50%104.
dores tanlbém foram estudados em relação a resultado adver-
A outra causa, mais comum, de estriol muito baixo é a
so na gravidez avançada. A hCG elevada, em particular, foi presença de esteroide sulfatase ligada ao X no feto. A falta
associada a um risco aumentado de restrição do crescimento dessa enzima na placenta tanlbém resulta na incapacidade de
intrauterino, hipertensão/pré-eclâmpsia, malformações fetais, produzir estriol não Essa afecção é uma condição
anormalidades cromossômicas e evolução perinatal adversa. ligada ao X que leva à ictiose como sintoma principal na
Como no caso da AFPSM, os mais altos níveis de hCG estão prole, e um histórico [anuliar cuidadoso frequentemente reve-
associados ao mais alto risco de mau resultad0 92 . Gestações lará sintomas em um parente homem (avô ou irmão) previa-
únicas e gemelares com hCG e AFP elevadas foram associa- mente não diagllosticado. O diagnóstico pode ser confu·mado
das a desfechos obstétricos adversos 93 .95 . por prova molecular quanto à microdeleção causadora, no
A experiência FASTER recentemente completada foi uma liquido anmiótico. Embora a doença seja relativamente rara, o
grande experiência prospectiva de triagem bioquímica para diagnóstico pré-natal pode tranquilizar a fanúlia de que outra
anormalidades cromossômicas que incluiu dados abrangen- condição mais sét;a não está presenteI 06.I08.
48 GENÉTICA E DIAGNÓSTI CO PRÉ-NATAL

Fazer um diagnóstico exato pode ter enormes implicações


Indicações Comuns de Aconselhamento
Tabela 2- 18 para o aconselhamento a uma fanúlia. Por exemplo, se um
Genético feto masculino prévio foi diagnosticado com hidrocefalia e
filho precedente com múltiplas anormalidades congênitas, retardo a gravidez interrompida, um risco de recorrência de 5% em
mental ou defeito congênito isolado futuras gestações geralmente seria citado. Ultrassonografia
Histórico familiar de llIna cond ição hereditária, como fib rose cística seria oferecida para diagnóstico pré-natal, embora em alguns
Diagnóstico pré-natal para idade materna de 35 anos ou mais casos a ventriculomegalia possa não se manifestar até tardia-
Acompanhamento de testes de triagem pré-natais anormais (n-íplice mente na gravidez. Por sua vez, avaliação mais completa do
u-iagem, translucência nucal etc) feto precedente pode ter resultado em um diagnóstico de uma
Detecção ultrassonográfica de anormalidades estrumrais fetais estenose do aqueducto ligada ao X com identificação de uma
Consan gu inidade mutação no gene LlCAlVI (molécula de adesão celular). Nes-
Exposição a teratógeno. como medicações, álcool , substâncias ses casos, o exame da mãe é possível para determinar se ela é
químicas ocupacionais portadora. Em caso afirmativo, o risco de recorrência é 50%
Aborto recorrente ou infertiJ idade na prole masculina e muito pequeno na prole feminina (embo-
Parente com anOlmalidade cromossômica estnItlIral ra 50% das filhas também venham a ser portadoras). Biópsia
filho precedente com anormalidade cromossômica de vilocorial (BVC) com 10 semanas seria possível para diag-
Anomlalidade ou condição genética recém-diagnost icada nóstico pré-natal se uma mutação molecular for identificada.
Encaminhamento para exame genético, incluindo suscetibilidade a O espectro da doença inclui meninos com retardo mental mas
câncer e transtornos de instalação tardia sem hidrocefalia, de modo que ultrassonografia não seria ade-
Acompanhamento de um teste de u-iagem positivo, como o teste de quada para excluir uma recorrência desta condição.
fenilcetonúria em um recém-nascido ou o teste de portador de
Tay-Sachs em um adulto em idade reprodutiva
DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL
Para muitas fanúlias que procuram aconseUlamento genético,
um objetivo capital é conhecer o risco de doença hereditária
nos seus filhos e as opções que estão disponíveis para evitar
ACONSELHAMENTO GENÉTICO ter um filho afetado. O principal objetivo do diagnóstico pré-
E TESTES DIAGNÓSTICOS NO natal é suprir às famílias em risco informação de modo que
elas possam fazer escolhas informadas durante a gravidez.
PRÉ-NATAL Os benefícios potenciais do diagnóstico pré-natal incluem:
Aconselhamento Genético (1) fornecer tranquilização às fanulias em risco quando os
resultados são normais, (2) fornecer informação sobre o risco
A genética clínica é a disciplina que se preocupa com o diag- aos casais que não terianl um filho sem essa tranquilização,
nóstico e tratamento dos aspectos médicos , sociais e psicoló- (3) permitir aos casais preparar-se para o nascimento de uma
gicos das doenças hereditárias_ Muitas vezes, as pessoas que criança afetada, (4) permitir aos prestadores médicos planejar
procuram aconselhamento genético são pais de uma crian ça o parto e tratamento pós-natal de um lactente afetado, (5)
com uma potencial ou conhecida condição genética_ Outros fornecer informação sobre o risco aos casais para os quais a
que buscam aconselhamento genético incluem adultos com interrupção de uma gravidez afetada constitui uma opção.
uma anormalidade ou um histórico de família de uma anor- Diagllóstico pré-natal é tipicamente realizado cedo na
malidade. Aconselhamento genético também é parte inte- gravidez, em uma época na qual a eliminação de um feto afe-
grante de programas de exames e triagem genéticas, inclusive tado pode ser efetuada com segurança. Para muitas fanúlias,
exame pré-natal (Tabela 2-18). mesmo que a interrupção da gravidez não seja uma opção
O processo de avaliação genética envolve vários compo- aceitável, o diagnóstico pré-natal pode ajudá-las a se preparar
nentes: validação do diagnóstico, obtenção do histórico da
mental, emocional e financeiramente, e buscar sistemas de
família , estimativa do risco de recorrência, aj uda à família a
apoio antes que o bebê chegue. Com a maioria das doenças,
tomar decisões, executar ação apropriada e acompanhamento.
a probabilidade de uma criança normal, não afetada, supera
Uma parte importante do aconselhamento genético envolve
compreender o histórico da fanúlia. Os casais encaminhados o risco de defeitos congênitos, e os testes genéticos pré-natais
para exame pré-natal por uma indicação terão, frequentemen- tranquilizarão os casais de que eles não terão um filho com
te, outros fato res de risco identificados. Em geral, as pacientes uma doença específica. Ao aconselhar os pacientes, é impor-
não são instruídas sobre quais decisões tomar com relação ao tante lembrar que em muitos casos o exame genético dos pais
exame e opções de tratamento, mas, em vez disso, recebem indicará que há pouco ou nenhum risco genético para sua
informação e suporte. Essa conduta, chamada aconselhamento prole, e o diagnóstico pré-natal não é necessário.
não direcionado) tem sido amplamente adotada como padrão Embora o diagnóstico pré-natal com eliminação dos fetos
nesse campo. afetados seja uma opção para prevenção da recorrência de
Uma família pode ser encaminhada à unidade de genética um transtorno genético em uma fanúlia, ele não é de nenhum
médica para diagnóstico, se este não foi feito previamente, modo uma solução universal. Há muitas doenças para as
ou para exame pré-natal se um diagllóstico for conhecido quais o diagnóstico pré-natal não é possível, e para muitos
na família e a mulher grávida puder es tar em risco. O diag- pais a interrupção não é uma opção aceitável, mesmo que o
nóstico preciso deve ser seguro, a fim de fornecer exame diagl1óstico pré-natal estiver disponível. Ou t.ras medidas para
diagnóstico pré-natal preciso. O padrão de herança deve ser evitar recorrência de uma afecção genética incluem evitar
conhecido, para fornecer números de risco corretos, uma vez filhos por meio de contracepção ou esterilização; adoção; doa-
que algumas afecções podem ter diferentes padrões de heran- ção de esperma ou óvulo; ou diagnóstico genético pré-implan-
ça em diferentes fanúlias. tação (DCP) em embriões obtidos por FIV (ver a seguir).
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 49

y Transdutor de ultrassonografia
Transdulor de ullrassonografia

Parede uterina

FIGURA 2-12. Biópsia de vilocorial. Cateter de vilocorial ou agulha de


biópsia é colocada dentro da placenta em desenvolvimento sob orienta-
ção ultrassonográfica continua. (Ilustração por James A. Cooper, Or. ,
San Oiego, CA.)

FIGURA 2- 11 . A agulha de amniocentese é posicionada na cavi-


dade amniótica sob orientação de ultrassonografia. lIIustração por
James A. Cooper, Or., San Oiego, CA.) idade gestacional). O risco de aborto da amniocentese com 15
a 20 semanas de gestação é em geral citado como 0,5%, ou
1/200, embora a origem desse número comumente citado seja
obscura. A única experiência randomizada que foi realizada
Aconselhamento Genético antes de em pacientes de baixo risco foi no Reino Unido em 1986;
esse estudo demonstrou uma taxa de perda de 1% relacionada
Procedimentos Diagnósticos Pré-natais com o procedimento 109. 110. Dados mais recentes indicam que o
Os pais que estão considerando diagnóstico pré-natal neces- risco pode ser substancialmente mais baixo 11 l.l 12. Vazamento
sitam de informação que lhes possibilite compreender a de líquido amniótico após amniocentese não é incomum, mas
situação e dar (ou restringir) consentimento para os procedi- tipicamente se resolve sem sequelas a longo prazo. Lesão do
mentos de diagnóstico pré-natal. O aconselhamento genético feto relacionada com a agulha é rara.
antes desses procedimentos em geral analisa o seguinte: (1) Al11l1iocentese é tipicamente efetuada com 15 a 20 sema-
a probabilidade de que o feto vá ser afetado, (2) a natureza nas de gestação. O volume de líquido amniótico com 15
e consequências da doença, (3) os riscos e as limitações dos semanas menstruais é 125 mL, e aumenta 50 mL/semana
procedimentos a serem realizados , (4) o tempo necessário durante as seguintes 13 semanas l1 3 . Em uma tentativa de pro-
antes que um laudo dos resultados de teste possa ser enutido, ver resultados mais precoces, a exequibilidade e segurança da
(5) a possibilidade de complicações dos procedimento , como amniocentese tão cedo quanto com 11 semanas de gestação
uma tentativa falha de obter uma amostra suficiente, exami- também foram investigadas. Os resultados de uma grande
nável, ou resultados inconclusivos. As opções para lidar com experiência randomizada multicêntrica de amniocentese
resultados anormais são geralmente discutidas, e é enfatizado precoce (11 017 a 13 6/7 semanas) versus no trimestre interme-
que proceder ao diagnóstico pré-natal não obriga de maneira diário (15 0/7 a 16 6/7 semanas) revelou uma taxa de perda
nenhuma os pais a interromper uma gravidez se uma anorma- significativamente aumentada no grupo de amniocentese pre-
lidade for descoberta. coce (7,6% versus 5,9%). Além disso, houve uma incidência sig-
nificativamente aumentada de pé torto equinovaro no O'rupo
de amniocentese precoce (1,3% versus 0,1%). Assim, pare;e que
Técnicas de Diagnóstico Pré-natal amniocentese precoce acarreta um risco aumentado em com-
paração com anuuocentese no trimestre intermediário, e esse
Amniocenfese procedimento é executado infrequentemente l1 4 .
Na amniocentese, uma amostra de líquido amniótico (tipica-
mente 20 mL) é removida inserindo-se uma agulha espinhal
Biópsia de Vilocorial
calibre 20 ou 22 através do abdome materno e parede uterina
adentro da cavidade amniótica sob Olientação ultrassonográ- Na biópsia de vilocorial (EVC), uma biópsia da placenta em
fica (Fig. 2-11 ). O líquido amniótico contém células fetais des- desenvolvimento é efetuada com 10-13 semanas de gestação
camadas que podem ser cultivadas e cariotipadas, ou usadas (Fig. 2-12). A principal vantagem da EVC é que pode ser
para uma variedade de ensaios metabólicos, ou extração de efetuada mais cedo na gestação, o que possibilita um período
DNA, se uma indicação específica estiver presente. As con- menor de ansiedade para as pacientes em risco. Os resultados
cenu-ações de AFP no líquido amniótico também são medidas precoces também permitem interrupção no prin1eiro trimestre,
rotineiramente. um procedimento mais eguro e mais facilmente disponível do
A principal complicação da amniocentese é o risco de que aborto no segundo trimestre . As indicações da EVC são
aborto (acima do risco de 2% a 3% de qualquer gravidez nessa em geral as mesmas que as da amniocentese, embora níveis
50 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Zigoto trissômico FIGURA 2- 13. Resgate de trissomia e dissomia uniparental.


Óvulo diploide é fertilizado por um espermatozoide normal,
haplóide, resultando em um zigoto trissômico. As células multi-
plicam-se e se dividem, e uma célula reverte a um estado diploi-
de devido ao retardo na anáfase. Isso pode acontecer devido à
perda de um dos cromossomos maternos, ou do cromossomo
paterno. Se um dos cromossomos maternos for perdido, a célula
ou células resultantes são normais. Se o cromossomo paterno
for perdido, as células serão diploides mas resultará em dissomia
uniparental.

®
Perda do Perda do
cromossomo cromossomo
extra materno paterno
- "resgate"

Embrião Embrião Dissomia


trissômico normal uniparental

Cromossomo Cromossomo
materno paterno

de AFP não possam ser avaliados nos vilocoriais. Portanto, as Uma característica importante da BVC é o risco de mos ai-
mulheres que fazem BVC necessitam triagem de DTN com cismo placentário limitado, que ocorre em 1% a 2% dos casos.
medição de AFP no soro matemo ou ultrassonografia mais O mosaicismo placentário linutado (MPL) representa uma
tarde na gravidez. discrepância enu'e a constituição cromossônuca da placenta e o
Há duas condutas usadas de BVC, transcervical e tran- feto, e é diagnosticado quando uma l1ustura de células trissômi-
sabdominal. Ambas são efetuadas sob orientação ultrassono- cas e normais é detectada pela BVC, enquanto apenas células
gráfica, que é usada para documentar vitalidade fetal, idade normais são encontradas em uma amnlocentese subsequente
gestacional, número fetal, localização do trofoblasto e determi- ou no lactente ao nascer. Mais comumente, MPL representa
nação do melhor acesso e caminho de biópsia. Na BVC trans- uma llllliagem celular trissôl1uca presente apenas na placenta,
cervical, a paciente é colocada na posição dorsal de litotomia, com um complemento cromossômico diploide normal no
um espéculo é inserido, e a vagina e o colo preparados com feto ll B. Entretanto, o feto é verdadeiramente mosaico em cerca
antisséptico de iodo. Um cateter de polietileno 16G com um de 10% dos casos1l 9 , embora o risco seja um pouco dependente
obturador flexível de aço inoxidável é inserido através do colo da trissomia específica identificada. 120 Embora alguns casos de
e para dentro da placenta em desenvolvimento. Com uma via MPL estejam associados à má função placentária e compli-
de acesso transabdominal, uma agulha calibre 20 é inserida cações perinatais como RCIU e lupertensão matema, mais
na placenta de uma maneira semelhante à amniocentese. Em frequentemente o resultado é normal.
qualquer das condutas, uma seringa de 20 mL é usada para MPL pode originar-se após o chan1ado resgate de tI'isso-
aplicar pressão negativa e obter uma amostra. l1ua de uma concepção originalmente trissôl1uca (Fig. 2-13).
Os riscos da BVC foram comparados com os da amnio- isso ocorre, o feto pode ser dissônuco mas ter dis-
centese em várias experiências efetuadas logo depois da um-o- somia uniparental (DUP), uma condição na qual ambos os
dução da técnica na década de 1980. Um estudo colaborativo cromossomos foram herdados do mesmo progelutor. Por
nos Estados Unidos demonstrou uma taxa de perda 0,8% exemplo, se um embrião tiver trissol1ua do 15 devido à não
mais alta que a de uma amnlocentese no trimestre intermediá- disjunção materna, uma ou mais células na massa celular
rio, uma diferença que não foi estatisticamente significativa ll5 . interna, destinada a se tornar o feto, pode ser "resgatada" pela
Uma experiência canadense também demonstrou um aumen- perda de um cromossomo 15. Se por acaso a cópia paterna for
to não significativo nas perdas de 0,6% acin1a da amnlocente- perdida, haverá um número normal de cromossomos no feto ,
se (canadense)Y6 Desde a conclusão dessas experiências, há mas DUP 15 materna. Resgate de trissomia e DUP podem
mais de 20 anos, houve uma dinllnuição nas taxas de perda potencialmente afetar qualquer cromossomo, mas se os genes
de ambos os procedimentos. Um estudo recente completado que sofreram impn'nting estiverem presentes no cromossomo
na Universidade da Califórnia em San Francisco concluiu que particular envolvido, isso pode ter consequências para o feto.
a dinúnuição no risco de perdas relacionadas com BVC foi DUP 15 materna é uma causa de SPW, uma condição carac-
maior que com amniocentese . Isso resultou no fechamento do terizada por retardo mental , obesidade e hipogonadismo. Por-
espaço do risco, e agora citamos taxas comparáveis de aborto tanto, testar quanto à DUP é indicado como acompanhamen-
subsequente à BVC ou amniocentese no nosso centro ll2 . to a MPL detectada por BVC quando um cromossomo con-
Entretanto, BVC tem uma curva longa de aprendizado e os tendo genes que sofreram imprintz'ngconhecidos está envolvido
riscos são muito dependentes do médico, portanto essa taxa (cromossomos 7, 11 , 14 e 15). Se o cromossomo envolvido na
equivalente de perda não ser generalizável a todos os trissomia original não contiver genes que sofreram imprinting,
centros e prestadores ll . nenhum resultado fenotípico para o feto é suspeitado.
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ- NATAL 51

No começo da década de 1990, houve vanos relatos preocupação com a CI;ação de uma gTavidez gemelaI' mono-
de defeitos de redução de membros fetais subsequentes à aInniótica ialTogênica com potencial de emaraIlhaIuento dos
BVC I21.1 22 . Os procedimentos nos lactentes afetados foram cordões umbilicais tanlbém são preocupações.
predominantemente executados entre 55 e 66 dias de gesta- Na BVC, o procedimento cxige cuidadosa determinação
ção, e estudos subseguentes indicaram que idade gestacional ultrassonogTáfica da inserção da placenta, porque estudos com
precoce « 10 semanas completas) quando da biópsia aumen- corante para marcar a amostra não são possíveis. Colocar a
tava o risco dessa complicação. Depois de muita investigação, ponta do dispositivo de aspiração (cateter ou agulha) próxi-
inclusive um grande estudo de mais de 140.000 casos de BVC mo à inserção pode minimizar a possibilidade de biopsiar o
submetidos ao registro da Organização Mundial de Saúde, foi mesmo feto duas vezes. Um risco de menos de 2% de erro de
concluído que não há lisco aumentado de defeitos de redução amostragem foi descrito com BVC em gestações múltiplas l3l .
de membros a BVC realizada em gestaÇ<1.o de No caso de BVC ou de anlniocentese, descrição detalhada
mais de 10 semanas 23 . das localizações relativas dos fetos e placentas é importante,
particulaI'mente se caI'iótipos discordantes estiverem presen-
tes e tiver de ser considerada interrupção seletiva. Observar
Gestações Múltiplas quaisquer aIlormalidades estruturais ou outros achados que
Se uma gestação gemelar estiver presente, o lisco de uma anor- possam diferenciar os fetos também é útil.
malidade cromossômica está aumentado em comparação com
uma gravidez única. A probabilidade de que um ou ambos os Taxas de Aborto Pós-procedimento em
fetos tenham uma anormalidade cromossômica é dependente
da zigosidade. Há três possibilidades que resultariam em um Gestações Múltiplas
ou ambos os gêmeos serem afetados: (1) gêmeos dizigóticos Embora anlniocentese genética frequentemente seja efetua-
com um feto afetado, (2) gêmeos dizigóticos com ambos os da em gestações múltiplas, os menores números linUtanl a
fetos afetados, e (3) gêmeos monozigóticos com ambos os disponibilidade de dados concernentes a amniocentese ou
fetos afetados. Erros pós-zigóticos também podem resultar em BVC. Diversos estudos foram l'ealizados para avaliaI' a taxa
cariótipos discordantes em gêmeos monozigóticos, embora de abortaInento subsequente à anlniocentese em gêmeos. A
isso seja raro. Usando tabelas existentes de riscos estimados faixa citada de taxas de perda de 2,7% a 8,1% é comparável à
para anormalidades cromossômicas em gestações únicas e taxa de perda de base de 6% de gêmeos relatada por Yaron et
fórmulas derivadas matematicamente, foram determinados os al I31.1 32. Embora alguns estudos sugiram uma taxa de aborto
riscos de anormalidades cromossômicas em gestações gemela- pós-procedimento mais alta em gestações gemelaI'es quando
res relacionados com a idade. De acordo com esses cálculos, comparadas com únicas, nem todos explicam a taxa de aborto
uma paciente de 31 anos de idade ou mais com uma gestação mais alta de gêmeos. Estudo adicional é necessário para ava-
gemelar tem um risco de uma anormalidade cromossômica
liaI' o risco associado a arnniocentese multifetal.
em pelo menos um dos seus gêmeos equivalente ao de uma
Na BVC, dados ainda mais linUtados estão disponíveis
mulher de 35 anos com uma gestação única 124. Exame gené-
para determinar a segurança e precisão desse procedimento
tico pré-natal deve, portanto, ser oferecido às mulheres com
em gestações múltiplas. As taxas de aborto de gravidez rela-
gêmeos em idade mais jovem que os tradicionais 35 anos de
tadas nas maiores experiências recentes descritas na literatura
idade.
Conhecimento da corionicidade é fundamental quando variam de 0,6% a 4,0%, outra vez compaI'ando-se favoravel-
se executa procedimentos invasivos em gestações múltiplas. mente com a taxa de abono de base de 6% descritas paI'a
gestações gemelaresI31.135.
Isso é mais bem determinado por ultrassom no primeiro
trimestre, época na qual a detenninação da corionicidade é A escolha entre efetuar anlniocentese oU BVC em uma
altamente exata l25. Diagnóstico pré-natal em gestações mono- gravidez múltipla depende de muitos fatores, como a pro-
coriônicas teoricamente requer apenas uma amostra, porque babilidade de proceder à redução de gravidez multifetal, a
os fetos devem ser cromossomicamente idênticos. Entretanto, idade gestacional à apresentação, a expel;ência do operador
há uma pequena probabilidade de mutação pós-zigóticas e as dificuldades técnicas do caso específico, incluindo a
levando a caI;ótipo discordaIlte, ou atribuição incorreta da compleição corporal materna e posições relativas dos sacos
corionicidade. Por essa razão, em geral aInbos os gêmeos são gestacionais e placentas. Vários estudos mostraram que BVC,
aInostrados. nas mãos de operadores experientes, é pelo menos tão segura
Tanto BVC quanto anlniocentese são usadas em amostra- quanto anlniocentese no segundo trimestre com taxas de
gem de gestações múltiplas. A técnica da amniocentese envol- perda comparáveis a gêmeos controlesl31.135
ve visualizaI' a membrana divisória e identificar uma bolsa de
líquido anlniótico em cada saco. A fun de ter certeza de que Interrupção Seletiva de Gestações
cada saco aIllniótico seja amostrado, 0,5 ml de corante índigo Multifetais
CaI'mim é instilado depois da remoção de líquido do primeiro
saco. Aspiração de liquido claI'o do segundo saco garante O achado de um único feto afetado em uma gestação múltipla
colocação adequada. Indigo carmim não foi associado a riscos pode representar uma situação complexa de aconselhanlento.
para o feto, enqUaIlto coraIlte azul de metileno não deve ser As opções de u'atamento incluem a interrupção da gravidez
usado devido a relatos de hemólise fetal, atresia intestinal e toda, a continuação da gravidez ou interrupção seletiva.
morte fetal quando injetado intra-aInniotiCaIllenteI26.128 Tanl- Interrupção seletiva em uma gravidez gemelaI' rucoriônica
bém foi desclita uma técnica de inserção com agulha única pode ser realizada com intraCaI"díaca fetal de cloreto
paI'a amniocentese, com punção da membraIla divis6ria para de potássio. Essa conduta é eficaz, mas acarreta uma taxa de
ter acesso ao segundo saco l29 . Isso leVaIlta o potencial de mis- perda de 4% a 12% para o feto ou fetos restantes, dependendo
tura de amostras com resultados mosaicos, bem como ruptura da idade gestacional da gravidez, número inicial de fetos e
da membrana entre os gêmeos. Relatos de anormalidades localização do feto afetado 136,137. Se a gravidez for monocoriô-
fetais em gestações gemelares após ruptura da membraIla 130 e nica, mas discordante para uma anormalidade cromossômica
52 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Célu la biopsiada

Afetado Afetado

I I
Afetado

Transferir apenas embriões não afetados para a paciente B


A
FIGURA 2-14. A e B. Diagnóstico genético pré -impla ntação. Técnica do diagnóstico genético pré-implantação. FIV é usada para criar embriões.
Uma ou duas células são removidas para análise genética , e os embriões não afetados são transferidos para o útero. FIV , fertilização in vitro.

OU estruUlral, a presença ubíqua de anastomoses entre os dimento é realizado, é fe ito sob orientação ultrassonográfica
gêmeos torna a injeção intracardíaca insegura para o gêmeo contínua. A inserção do cordão umbilical na placenta é
normal. Se a interrupção seletiva for desejada nessa situação, identificada; essa é a área ótima para amostragem, porque o
oclusão do cordão umbilical usando lase!; ligadura ou coagu- cordão é fixo nessa localização. A inserção do cordão no feto
lação bipolar constitui a única opção. Poucos dados existem ou uma alça livre do cordão também podem ser acessadas ,
quanto aos riscos para a gravidez e o gêmeo restante se essa no entanto isto pode ser mais difícil devido a movimento do
conduta for escolhida. cordão e do feto. A mãe pode receber sedação parenteral
para seu conforto e para diminuir o movimento fetal. Inje-
ção intramuscular ou intravascular de curare ou Pavulon
Coleta de Sangue Fetal e Outras também é usada ocasionalmente para eliminar movimento
Biópsias de Tecidos Fetais fetal , embora os efeitos a longo prazo da paralisia fetal sejam
Embora existam teoricamente muitas indicações para obter desconhecidos 138.139 .
acesso à circulação fetal diretamente, os avanços na tecnolo- Uma vez que o local ótimo para acessar o cordão tenha
gia genética molecular diminuú-am muito a necessidade de sido identificado, o abdome materno é preparado e colocados
amostragem percutânea de sangue fetal (APSF) bem como os campos, o local da inserção é infiltrado com um anestésico
para efeular biópsia de tecidos como músculo fetal , pele ou local. Sob orientação ultrassonográfica, uma agulha espinhal
fígado. APSF tem sido feita também infrequentemente para calibre 20 ou 22 é avançada para dentro da veia umbilical.
obter sangue fetal para caáotipagem rápida, mas, novamente, Amostras de sangue fetal são aspiradas por seringas hepari-
a disponibilidade do FISH para detectar as trissomias mais nizadas.
comuns diminuiu a necessidade dessa técnica. Transtornos DGP (diagnóstico genético pré-implantação) é uma técni-
como hemofilia, hemoglobinopatias , imunodeficiências e ca de exame pré-natal pela qual embriões iniciais, concebidos
doenças expressadas no músculo, pele e fígado que no passa- por meio de FIV, são submetidos a exame genético enquanto
do exigiam avaliação bioquímica direta de tecido fetal podem estão sendo cultivados in vitro, antes da reimplantação no
agora ser detectadas por análise ele mutação do DNA em útero (Fig. 2-14). Só os embriões com resultados normais são
amniócitos ou vilocoriais. transferidos. Essa técnica pode ser usada para testar quanto à
Presentemente, APSF é mais usada na avaliação e maioria dos transtornos genéticos nos quais uma mutação foi
tratamento da isoimunização fetal , quando se suspeita da identificada, e pode ser útil para casais em alto risco de ter um
necessidade de uma transfusão in Idem . Qyando esse proce- feto afetado por uma doença genética para a qual a eliminação
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ·NATAL 53

FIGURA 2- 15. Cari6tipo


masculino com bandeamento G.

2 3 4 5

6 7 8 9 10 11 12

13 14 15 16 17 18

,.. .
19 20 21 22 23 24

de um feto após BVC ou amniocentese não é uma opção. Lhada visando à detecção ou elucidação de defeitos congênitos
DGP também é usado para selecionar embriões aneuploides fetais específicos.
em casais com abonamento recorrente suspeitado de ser Tal como em todas as demais áreas da medicina, pro-
devido a aneuploidia recorrente, portadores de translocações ver informação e tratamento apropriados depende de um
equilibradas, e para otimizar a eficiência da FIV especialmente diagnóstico correto. No diagnóstico pré-natal de transtornos
em casos de falha recorrente da FIV 140 . Uma porcentagem congênitos, fornecer informação prognóstica ou avaliar uma
surpreendentemente alta de embriões demonstrou ser aneu- possível recorrência em uma gravidez futura depende primei-
ploide e/ou mosaico nesses casos , e não está claro que a ra e predominantemente de assegura ,' o diagn6stico correto
biópsia de uma ou mesmo duas células seja indicadora da da criança afetada original (ou outro parente). Embora muitas
constituição cromossômica do embrião A utilidade malformações congênitas sejam características isoladas, elas
da DGP nesses casos não foi demonstrada em grandes séries também podem ocorrer como parte de uma síndrome, na
controladas. qual um padrão de malformações e feições resulta de uma
Uma vez que o exame genético em casos de DGP tem etiologia única. A etiologia de uma síndrome pode envolver
de ser realizado usando-se apenas uma ou duas células destes um cromossomo inteiro (p. ex., trissomia), deleção de uma
embriões iniciais, com tempo de renovação muito rápido pequena região cromossômica, ou uma mutação em um único
(geralmente menos de 24 horas), a técnica é complexa e erros gene. Frequentemente as outras características da síndrome
podem ocorrer. A taxa de erro é em geral citada como menos não podem ser detectadas por ultrassonografia, e por essa
de sendo recomendado que BVC ou amniocentese razão é importante o aconselhamento cuidadoso da família ,
sejam usadas para confIrmar os resultados do DGP. Repetin- bem como consideração de outros testes.
do, c1ararnente são necessários estudos grandes para determi- Como exemplo, cardiopatia congênita (CC) identificada
nar a exatidão e eficácia da em ultrassonografia pré-natal comumente é um achado isola-
do. Entretanto, ela pode ocorrer como parte de uma sÍndrome
na qual estão presentes outras anormalidades, como retardo
TESTE PRÉ-NATAL PARA mental. CCs são heterogêneas em etiologia, causadas em
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS alguns casos por um mecanismo cromossômico de um único
gene, e em outros por teratógenos como infecção pela rubéola
Anomalias, como DTN, fenda labial e palatina, e cardiopatia ou diabetes materno malcontrolado. A causa na maioria dos
congênita usualmente ocorrem como características mul- casos é desconhecida, e a maioria é considerada de origem
tifatoriais, causadas por uma interação de múltiplos genes multifatorial. O s parentes em primeiro grau têm um risco de
com [atores ambientais . Uma vez que esses transtornos têm recorrência aumentado de 2% a 4%. Ultrassonografia pré-
um elevado risco de recorrência nas famílias, teste pré-natal natal (ecocardiografia) é em geral oferecida aos casais com um
frequentemente é soLicitado. Devido às suas causas genéticas forte histórico de família ou um feto precedente com Cc. Em
complexas, malformações congênitas não podem ser identi- casos nos quais CC é detectada inesperadamente por ultras-
ficadas por amniocentese ou BVC. Na maioria dos casos , o som, amniocentese é oferecida para testar quanto a anorma-
exame pré-natal consiste na avaliação ultrassonográfica deta- lidades cromossômicas, as quais estão subjacentes em 100f0 a
54 GEN ÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

A B
FIGURA 2- 16. A. Hibridizacão fluorescência in situ em células na interfase. Sondas para o cromossomo 21 (em teste) são vermelhas , e para
o cromossomo 13 (controle) ·são verdes. Presença de três sinais vermelhos indica a presença de trissomia do 21. 8. Hibridização fluorescente
in situ em células na metáfase. Sondas para o cromossomo 22q11 (em teste) são vermelhas, e para 22q13 (controle) são verdes. Presença
de um único sinal vermelho indica uma deleção de 22q11 e a presença de síndrome de DiGeorge .

15% da CC fetal. Amniocentese também pode testar quanto nalmente aceito de classificação dos cromossomos , as bandas
a anormalidades genéticas que aumentam o risco de Cc. Por escuras e claras em cada cromossomo são numeradas. Esse
exemplo, CC é associada a uma rnicrodeleção relativamente sistema de numeração permite que a localização de qualquer
comum no cromossomo 22 (22q.ll) que pode ser detectada banda particular e seu comprometimento em qualquer anor-
com o uso de FISH em tecido fetal obtido por amnlocentese malidade cromossônúca sejam descritos com exatidão e sem
(Fig. 2-15). Essa microdeleção é associada a um espectro de ambiguidade.
resultados, incluindo sequência de DiGeorge e síndrome velo-
cardiofacial. Anormalidades ou deleções cromossômicas têm
implicações importantes para o aconselhamento genético, por- Hibridização Fluorescente In Situ
que uma criança com uma anormalidade dessas tipicanlente
tem outros problemas físicos e de desenvolvimento, além do FISH é uma técnica que permite a visualização de uma peque-
defeito cardíaco. na região cromossônúca, geralmente demasiado pequena para
ser vista com cariotipagem. FISH também pode ser usada
para identificação rápida dos cromossomos, porque pode ser
Técnicas de Análise Genética efetuada em células na interfase e, portanto, não é necessália
cultura para análise. FISH é realizada usando-se um pequeno
Durante as últÍl11as duas décadas, os avanços na genética fragmento de DNA (chamado sonda de DNA) com a mesma
incluíram aumentos na nossa compreensão de novos mecanis- sequência nucleotídica que o segmento de DNA cromossô-
mos genéticos. Grande parte dessa compreensão aumentada mico de interesse. A sonda de DNA é fixada covalentemente
aconteceu em virtude de melhoras na tecnologia genética, per- em um rótu lo fluorescente, lúbridizada com cromossomos da
mitindo investigação mais detalhada dos mecanismos metáfase, prófase ou interfase e em seguida visualizada com
de mutação e variação genética na população. A medida que um núcroscópio de fluorescência. FISH é usada para determi-
essas técnicas são usadas e investigadas, um número cada vez nar se uma pequena porção de um cromossomo (demasiado
maior de testes cwúcos disponíveis é oferecido, cada vez mais pequena para ser vista no cariótipo) foi deletada e identificar
sendo aplicáveis e úteis para avaliação do feto. translocações e cromossomos marcadores. Ela também é
usada para identificar fragmentos de material cromossômico
Identificação Cromossômica que são demasiado pequenos ou demasiado ambíguos para
ser localizados por téclúcas de bandeamento. ormalmente,
Diagnóstico pré-natal padrão envolve a avaliação dos cromos- uma sonda se lúbridará em dois lugares, refletindo a pre-
somos individuais que constituem o cariótipo fetal. Coloração sença de dois cromossomos homólogos. Se uma sonda do
de Giemsa, que produz um padrão de bandas específico segmento cromossômico em questão se lúbridar com apenas
chanlado bandeamento G, é a téCIÚca mais usada nos labo- um dos cromossomos do paciente, então provavelmente o
ratólios de citogenética clÍIúca para análise cromossôn1Íca. paciente tem uma deleção no outro. Material cromossôn1Íco
Cada cromossomo se cora em um padrão característico de em excesso também pode ser detectado com FISH, caso no
bandas claras e escuras (Fig. 2-15). Em um sistema internacio- qual a sonda se lúbridará em mais de dois locais. Como uma
GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 55

avaliação rápida para trissomia (ou outra aneuploidia), células DNA genõmico em teste DNA genõmico de referência
em interfase podem ser analisadas com sondas de FISH que
se hibridam em regiões centroméricas de cromossomos espe-
cíficos, possibilitando desse modo uma contagem rápida do
número de cópias de um cromossomo específico (p. ex., 021
para excluir SD) (Fig. 2-16).
y
Técnicas Moleculares para Análise de •
DNA
É surpreendentemente fácil isolar DNA puro, que em geral
é muito estável quando comparado com enzimas e outras Ganho de cópias de DNA Perda de cópias de DNA
moléculas. DNA pode ser extraído de qualquer tipo de célula
que tenha um núcleo , incluindo leucócitos, células bucais,
ammócitos, vilocoriais e fibroblastos da pele. O DNA é essen-
cialmente o mesmo, independentemente do tecido de OI-igem.
RCP pode ser usada para amplificar quantidades muito
pequenas de DNA, permitindo que pequenas amostras sejam
usadas para a detecção de mutações específicas.
As mutações genéticas geralmente ocorrem devido a Posição na sequência
mutações, deleções ou duplicações pontuais. RCP e southem FIGURA 2-17. Técnica de HGC. HGC, hibridização genõmica com -
blotting são técnicas usadas para identificação de mutações parativa. DNA a ser testado é marcado com verde, e DNA controle ,
genéticas em amostras de DNA. Também estão dispOlúveis referência vermelha . DNA marcado é hibridizado em um microarranjo
contendo centenas de milhares de clones de DNA, e o número de
técnicas automáticas de sequenciação do DNA; essa sequen-
cópias analisado para cada clone . A proporção de DNA de teste para
ciação foi usada para completar o projeto genoma humano em referência indica duplicação ou trissomia, e diminuição na proporção
2003. O uso da sequenciação na prática clínica é complicado indica deleção ou monossomia de cada clone .
pelo potencial de identificação de mutações previamente não
descritas de significado clínico incerto.
Qyer um defeito seja uma deleção quer uma mutação
pontual, sua identificação permite que um teste específico seja
aplicado nos parentes em risco para diagnóstico pré-natal. Em testes amplificam pequenas sequências repetidas umas depois
casos nos quais a condição foi mapeada, mas o próprio gene das outras ou marcadores microssatélites com quantificação
permanece desconhecido, ou uma mutação específica não dos produtos. RCP-FC pode identificar rapidamente aneu-
tenha sido identificada, marcadores de DNA ligados podem ploidia e é usada em alguns centros como uma alternativa
ser usados em alguns casos para seguir o gene na família e para a FISH para detecção pré-natal rápida de aneuploidias
comparar indivíduos afetados e não afetados. Essa análise envolvendo os cromossomos 21 , 18 e 13 , e os cromossomos
é limitada em sua exatidão pelo potencial de recombinação sexuais 147,148.
entre o marcador e a mutação, o potencial de heterogeneidade HGC é uma técnica pela qual D A de um indivíduo de
genética e a possibilidade de que marcadores informativos não teste é hibridizado com DNA controle. A rotulação diferencial
sejam identificados na família. Com análise direta de mutação do DNA de teste versus o controle permite análise comparativa
ou linkage, é fundamental que exista prova ftrme do diag11ós- do número de cópias, assim fazendo triagem quanto à dinú-
tico, e que a mutação identificada seja conhecida como causa- nuição ou ao aumento no número de cópias através do geno-
dora. Além disso, a detecção de uma mutação em uma pessoa ma. HGC é agora mais realizada usando-se microarranjos, ou
(ou feto) em risco não faz um diagnóstico de uma doença lâminas às quais D A controle marcado foi aplicado. O DNA
clínica, e todas as precauções previamente descritas são essen- de teste é a seguir hibridizado e feita análise de computador
ciais para diagnóstico e tratamento precisos dos transtornos para identificar as proporções de cada sonda individual. Em
genéticos , particularmente no contexto pré-natal. termos simplistas, HGC comparativa oferece a capacidade de
executar múltiplas análises FISH ao mesmo tempo. Original-
mente desenvolvida para uso em câncer, a HGC tem grande
DIREÇÕES FUTURAS EM ANÁLISE utilidade em casos constitucionais e pré-natais, nos quais as
GENÉTICA características sugerem uma anormalidade cromossômica mas
não são suficientemente específicas para indicar uma análise
RCP Fluorescente Quantitativa e FISH única (Figs. 2-17 e 2_18)149.
Hibridização Genômica Comparativa
Outras novas técnicas para avaliação molecular do genoma,
DNA Fetal Livre
como RCP fluorescente quantitativa e hibridização genômica
comparativa (HGC), foram recentemente desenvolvidas e Enquanto os métodos de análise de células fetais intactas continu-
introduzidas em uso clínico. Essas técnicas estão sendo cada am a ser aperfeiçoados, continuam a ser procurados métodos
vez mais usadas para avaliação pré-natal dos cromossomos não invasivos de obter anlostras fetais ISO. Em 1998, Lo et al
e anormalidades cromossômicas no feto. 145.l46 Os ensaios de demonsu-aram que DNA fetal livre de células está presente no
RCP fluorescente quantitativa (RCP-FQ) são baseados na plasma de mulheres grávidas sadias IS1. Concentrações surpre-
amplificação de sequências de DNA exclusivas de cada par de endentemente altas de DNA fetal , quase 5% do DNA mater-
cromossomos e foram desenvolvidas para estabelecer o núme- no total, foram detectadas no plasma de grávidas , usando
ro de cromossomos específicos presentes em uma célula. Esses quantificação por meio de RCP. Esse DNA fetal acelular que
56 GENÉTICA E DIAGNÓSTICO PRÉ -NATAL

2 FIGURA 2- 18. Resultado de hibridização genômica


comparativa de arranjo demonstrando uma deleção
no cromossomo 16q. Uma diminuição na proporção
1,5
indicada pela seta é diagnóstica de uma deleção cor-
respondendo a vários clones. Os clones mais distais
estão presentes, indicando que esta é uma deleção
intersticial. O cariótipo foi relatado como uma deleção
ói
g 0,5 terminal, e a hibridização genômica foi capaz de escla-
o recer a deleção precisa com mais exatidão.
'CIl
!:?'
e
oQ.
°
o.. -0,5

-1

-1 ,5

-2

é constantemente detectado no sangue materno durante a 8. Yu S, Baker E, Hinton L, et ai: Frequency of truly cryptic
gravidez oferece potencial diagnóstico1 52.l53. subtelomere abnormalities-a study of 534 patients and literature
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3
TRIAGEM DE A NEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE
Fergal D. Malon e, MO , FACOG , FRCPI

Translucência Nucal Fetal Triagem de Translucência Nucal em Gestações Múltiplas


Triagem de Translucência Nucal para Síndrome de Down Implementação da Triagem Baseada na Translucência
Exame Combinado no Primeiro Trimestre: Translucência Nucal na Prática Clínica Geral
Nucal com Marcadores Séricos Controle de Dualidade da Tran slucência Nucal
Translucência Nucal Aumentada e Higroma Cístico no Interpretação da Translucência Nucal
Primeiro Trimestre Implicações da Tr iagem Sérica no Segll l/do Tri mestre
U1trassonografia do Osso Nasal no Primeiro Trimestre Implicações da Ultrassol/ografi a no Segundo Tri mestre
Disp onibilidade pa ra Diagnóstico Pré-natal Precoce
Ultrassonografia do Ducto Venoso no Primeiro Trimestre
Escolha da Combinação Co rreta de Testes de Triagem
Avaliação de Regurgitação Tricúspide no Primeiro Trimestre

A tualmente, a época ideal par a ras trear aneuploidia fetal


é durante o primeiro trimestre da gravidez. Esta é uma
mudança ace ntuada na orientação de triagem, devida aos
Entretanto, desde o começo da década de 1990, gr ande
interesse foi dirigido para o rastreamento no primeiro trimes-
tre com O uso de marcadores ultrassonográficos e de triagem
importantes ava nços que têm sido feitos na triagem pré- sérica. Em uma pesquisa recente de perinatologistas nos Esta-
natal de anormalidades cromossômicas fetais durante os dos UIúdos, 46% usavam ultrassonografia de translucência
últimos 20 anos. No passado, diagnóstico pré-natal invasivo nucal e 27% usavruTI os marcadores sé ricos PAPP-A e hCG
par a síndrome de Down com amniocentese ou biópsia de durante o primeiro trimestre pru'a rastrear sindrome de Down
vilocorial (BVC) era oferecid o apenas a mulheres de idade (Tabela 3-2).3 Com o advento dos programas nacionais de
materna avançada (mais de 35 anos de idade no parto) ou treinam ento para ultrassonografia de translucência nucal
àquelas que antes tinham tido um filho afetado. Depois, o e com a aprovação de muitas orgruu zaçõe profissionais , é
diagnóstico invasivo foi oferecido às mulheres com menos provável que programas de uiagem para síndrome de Down
de 35 anos de idade que tinham triagem sérica anormal com baseados no primeiro trimestre venhruTI a se tornar donlÍnan-
múltiplos marcadores no segundo u·imestre e também àquelas tes, com apenas as pacientes que se apresentam demasiado
com sinais ulu'assonográficos anormais no segundo trimestre tarde para essa forma de triagem recebendo o oferecimento
- os chamados marcadores fracos - da síndrome de Down. de teste no segundo trin1estre.
Devemos assinalar que o mais eficiente teste de triagem de
múltiplos mru'cadores no segundo trimestre é a "triagem
quádrupla", compreendendo alfafetoproteína (AFP), gonado- TRANSLUCÊNCIA NUCAL FETAL
tropina cOI'iônica humana (hCG), estriol não (uE3)
e inibina A (Tabela 3-1). Essa conduta fornece sensibilidade
o mais poderoso marcador isolado disponível para diferenciar
síndrome de D own de gestações euploides é a medida ultras-
para síndrome de Down de até 81%, quando é usada deter-
núnação ultrasso nográfica da data, com uma t<Lxa de 5% de
falso-positivo 1.2 .
Translucência Nucal e Marcadores Séricos
ITabela l-2 1 Usados em Triagem no Primeiro Trimestre e
Suas Associações
Padrões de Resultados Vistos com Triagem Con dição Marca dor no Pri meiro Trimestre
Tabela 3-1 Expandida de AFP em Transtornos Fetais
TN PAPP-A
Usada no Segundo Trimestre
Trissomia do 2 1 Aumentada Baixa Alta
AFP uE J hCG Inibina A
Trissomia do 18 Aumentada Baixa Baixa
OTN aberto 11 Sem Alteração Sem Alteração Sem A1Ieração Abon o Aumentada Muito Baixa Muito Baixa
Síndrome de 1) 1) 11 11 < 24 semanas
D own C ardiopatia Aumentada Normal NOImaJ
Trissomia do 18 1) 1) 1) Sem Alteração congênita

AFP. alraIetOprotcína: hC G . go nadotropina coriônica humana : OTN. de reitO de TN. lranslucência nucal; PAll P-A. prOteína plas málica A associada à gravidez;
tubo neural: estriol nâo gonadolrop,na coriônica humana livre.

60
TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE 61

o
FIGURA 3-1. A. Medição convencional para
determinar a translucência nucal. Embora
esta ilustração demonstre a colocação reco-
mendada do caliper, muitos pesquisadores
usam uma medição "de interna a interna".
(Ilustrações por James A. Cooper, MD, San
Diego, CA.) B. Otimização da técnica de
ultrassonografia da translucência nucal no
primeiro trimestre: Medição da translucência
nucal em um feto normal com 1 2 semanas
de gestação. Os componentes de um bom
protocolo de triagem ultrassonográfica são
evidentes, incluindo ampliação adequada da
imagem, plano sagital mediano, posição neu-
tra do pescoço fetal, colocação correta do
caliper. Seta, âmnio.

Medição convencional

sonográfica no primeiro trimestre do espaço de translucência Obedecendo a uma técnica ultrassonográfica-padrão, é possí-
nucal. A translucência nucal refere-se ao espaço subcutâneo vel obter medidas exatas dessa área na vasta maioria dos fetos
normal cheio de líquido entre o dorso do pescoço fetal e a pele entre 10 e 14 semanas de gestação (CCN [comprimento cabe-
sobrejacente (Fig. 3-1). Normalmente, esse espaço é pequeno; ça-nádega] de 36-84 mm). Quando se efetua ultrassonografia
entretanto, em muitos fetos com síndrome de Down, esse de u-anslucência nucal, é essencial assegu rar técnica ótima, a
espaço pode estar significativamente aumentado (Fig. 3-2). qual pode ser atingida focalizando-se nos seguintes critérios 4 :
62 TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO T RIMESTRE

Reino Unido que avaliou o papel da ultrassonografia de trans-


lucência nucal na população geral foi o SURUSS Trial. 2 Um
total de 39.983 pacientes fizeram ultrassonografia de translu-
cência nucal entre 10 e 14 semanas de gestação , e a taxa de
detecção de sÚ1drome de Down foi de 63%, com uma taxa de
falso-positivos de 5%. Um gTande programa de triagem com
base nos Estados Unidos que focalizou um grupo de pacientes
de mais alto risco (o BUN Trial) revelou uma taxa de detec-
ção de síndrome de Down de 69%, para uma taxa de 5% de
falso-positivos , depois do rastreamento em 8.216 pacientes 10
A maior experiência prospectiva de todas as formas de
sindrome de Down até agora realizada, o FASTER Trial, tam-
bém validou o importante papel da ultTassonografia de trans-
lucência nucal. Este foi um estudo prospectivo multicêntrico
de 15 centros nos Estados Unidos no qual 36.306 pacientes
da população geral foran1 submetidas à ultrassonografia de
translucência nucal no primeiro trimestre l . A taxa de detecção
FIGURA 3- 2. Medida aumentada da translucência nuca I de 3,7 mm de translucência nuca] com idade materna variou de 70% a
em um feto com 12 semanas de gestação com síndrome de Down. 64% com 11 e 13 semanas de gestação, respectivamente, para
uma taxa de falso-positivos de 5%]. Esses grandes estudos
de vários centros e localizações geográficas confirmam que
a ultrassonografia de translucência nuca] deve constituir um
componente-chave dos programas de triagem no primeiro
o feto deve ser avaliado no plano sagital médio, idealmente trimestre para sindrome de Down fetal.
com a coluna vertebral fetal pa.ra baL,<o.
A imagem deve ser adequadamente ampliada de tal modo
que apenas a cabeça, o pescoço e o tórax superior fetais EXAME COMBINADO NO PRIMEIRO
ocupem o campo de visão. TRIMESTRE: TRANSLUCÊNCIA
O pescoço fetal deve estaI' neutro, com cuidado para evitar NUCAL COM MARCADORES
medições nas posições hiperflexionada ou hiperestendida.
A pele no dorso fetal deve ser claramente diferenciada da SÉRICOS
membrana amniótica subjacente, seja pela visualização de Juntamente com o claro papel da ultrassonogTafia da translucên-
linhas ecogênicas separadas seja pela observação de que a cia nucal, a pesquisa em triagem no primeiro trimestre mostrou
linha da pele se move com o feto. consistentemente que as gestações com sindrome de D0W11
Os calipers devem ser colocados sobre as margens internas estão associadas a concentrações alteradas de certos marcado-
do espaço ecotransparente e devem ficar perpendiculares res séricos maternos, incluindo niveis elevados de hCG total
ao eixo longo do feto (Fig. 3-1). e da subunidade livre da hCG (com um múltiplo da média
Ajustes de ultrassom e transdutor devem ser otimizados [McIMJ médio de 1,83 nos casos afetados) e rúveis mais baixos
para assegurar nitidez da imagem e das margens do espaço de proteína plasmática A associada à gravidez (com um MdM
nucal em particular. Isso pode exigir ultrassonografia médio de 0,38 nos casos afetados) (Tabela 3-2) .11.1 2 Estudos da
transvaginal em certas situações. combinação da subunidade livre da hCG, proteina plasmáti-
Há uma correlação direta entre a medida cada vez maior ca A associada à gravidez (pAPP-A), e idade materna uniforme-
da translucência nucal e o risco de síndrome de Down, outras mente demonstram uma sensibilidade para sÚ1drome de Down
aneuploidias , grandes malformações estruturais e evolução de cerca de 60% com uma taxa de falso-positivos de 5%12 .
adversa da gTavidez l. 2,? Causas possíveis para o desenvol-
Esses marcadores séricos do primeiro trimestre são em
vimento desse espaço aumentado cheio de líquido incluem
grande parte independentes da translucência nucal, o que
insuficiência cardíaca secundária a malformação estrutural,
resultou no desenvolvimento de um protocolo combinado de
anormalidades da matriz extracelular e desenvolvimento
triagem sérica e ultrassonográfica que seria mais eficaz para
anormal ou retardado do sistema linfático 6.7.
triagem do que qualquer um isoladamente. Dois grandes
estudos prospectivos já foram publicados nos Estados Unidos
T RIAGEM DE TRANSLUCÊNCIA validando a execução dessa triagem combinada no primeiro
trimestre. O estudo BUN avaliou 8.216 pacientes e demons-
NUCAL PARA SíNDROME DE DOWN trou uma taxa de detecção de síndrome de Down de 79%,
A ultrassonogTafia de translucência nuca] é o mais poderoso com uma taxa de falso-positivos de 5%, ou 64% com uma taxa
marcador para triagem de síndrome de Down na população de falso-positivos de l 0fol°. O estudo FASTER avaliou 38.033
gera]8 O maior estudo dessa forma de triagem foi realizado pacientes, demonstrou ainda melhores taxas de detecção de
pela Feta] Medicine Foundation situada em Londres 9 Esse síndrome de Down e mostrou que o desempenho variou sig-
estudo prospectivo de 96.127 pacientes não selecionadas em nificativamente pela idade gestacional l . Para uma taxa de 5%
22 centros exigiu que a ultrassonogTafia da translucência de falso-positivos, as taxas de detecção de síndrome de Down
nucal fosse efetuada entre 10 e 14 semanas de gestação por usando triagem combinada sérica e ultrassonogTáfica foram
ultrassonografistas especialmente treinados que usaram uma 87%, 85% e 82% com 11 , 12 e 13 semanas de gestação, respec-
técnica padronizada. A taxa global de detecção de síndrome tivamente. Para uma taxa de falso-positivos de 1%, as taxas de
de Down foi a 77% de taxa de detecção, para uma taxa de detecção de síndrome de Down foram 73%, 72% e 67% com
falso-positivos de 5%.9 Outro grande estudo prospectivo do 11, 12 e 13 semanas de gestação, respectivamente l .
TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE 63

100

95
E
Q)
CJ)
co
90
l:!
o
o..
85

80
11 semanas 12 semanas

TN e triagem sé rica Quádrupla


combinadas 1° trimestre 2° trimestre
A
A
25

20
E
Q)
CJ) 15
co
c
o
ê 10
o..

O ...L.....J...._L...-_..L-----L_ _L...-....J...._----L_..L-_
TN isolada Tr. sérica isolada Combinada 15-18 semanas
Triagem Quádrupla
1° trimestre 2° trimestre
B
FIGURA 3-3. A. Comparação da triagem no primeiro e segundo trimes-
tres para síndrome de Down: Taxas de detecção da triagem combinada
no primeiro trimestre com 11, 12 e 13 semanas de gestação, compara-
das com triagem sérica com marcadores quádruplos no primeiro trimes-
tre efetuada com 15 a 18 semanas de gestação (cada uma com uma
taxa de 5% de falso-positivos) . 8. Comparação da triagem no primeiro
e segundo trimestres para síndrome de Down: taxas de falso-positivos
da translucência nucal no primeiro trimestre isolada, PAPP-A e f-phCG
isoladas, e triagem combinada no primeiro trimestre com 12 semanas de
B
gestação, comparadas com triagem sérica por marcadores quádruplos FIGURA 3-4. A. Higroma cístico septado com 12 semanas de ges-
no segundo trimestre efetuada com 15 a 18 semanas de gestação (cada tação : corte ultrassonográfico mediossagital de um feto com higroma
uma para uma taxa de detecção de 85%). (Dados de Malone FD, Canick cístico septado , demonstrando espaço aumentado de translucência
JA, 8all RH, et aI: A comparison of first-trimester screening, second-tri-
nucal (caliper) estendendo-se ao longo do comprimento inteiro do
mester screening, and the combination of both for evaluation of risk for feto. 8. Higroma cístico septado com 12 semanas gestação: corte
Down syndrome. N Engl J Med 353:2001, 2005.)
transversal através do pescoço fetal do mesmo feto, demonstrando
septações óbvias (setas).

Recentemente, houve muito debate a respeito do desem-


penho relativo desses mais recentes programas de triagem no mestre usado isoladamente ou comparado com triagem sérica
primeiro trimestre, em comparação com as mais tradicionais no segundo trimestre. Também é importante conceber que
condutas de triagem sé rica no segundo trimestre, Antes, era apenas a combinação da ulnassonografia da translucência
difícil para os clínicos comparar objetivamente os programas nucal no primeiro trimestre com marcadores séricos no pri-
de triagem que ocorrem em diferentes idades gestacionais, em meiro trimestre chega perto do desempenho da triagem sérica
virtude das diferenças na prevalência de aneuploidia. Agora com quádruplos marcadores no segundo trimestre. Translu-
é possível avaliar dados comparativos objetivos com os quais cência nucal isolada, sem estar combinada com marcadores
a faixa de testes de tria?em atualmente disponíveis pode ser séricos, tem características de desempenho sig11ificativan1ente
diretamente comparada .2 A Figura 3-3 resume o desempe- inferiores 1
nho comparativo das várias opções de triagem do FASTER
11-ial, e demonstra que a triagem combinada no primeiro
trimestre tem desempenho muito semelhante à u-iagem sérica TRANSLUCÊNCIA NUCAL
no segundo trimestre com quádruplos marcadores 1 Somente AUMENTADA E HIGROMA CíSTICO
quando efetuado com 11 semanas de gestação a triagem NO PRIMEIRO TRIMESTRE
combinada no primeiro trimesne tem um desempenho sig-
nificativamente melhor que a triagem sérica de quádruplos Agora está claro que um subconjunto de fetos com medidas
marcadores no segundo trimestre (87% Vt'1JUS 81 % de detecção muito grandes de translucência nu cal que têm um risco
de síndrome de Down, respectivamente, com 5% de taxa de extremamente alto de aneuploidia fetal ou outros resultados
falso-positivos). Além disso, o teste de triagem combinado no adversos da gravidez pode ser identificado com eficácia no
primeiro trimestre tem a mais baixa taxa de falso-positivos , primeiro trimestre. Esse achado foi descrito como higroma cís-
em comparação com qualquer componente do primeiro tri- tico septado, e está presente quando o espaço de translucência
64 T RIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE

nucal está aumentado estendendo-se ao longo do comprimen-


to inteiro do feto, e no qual seprações são claramente visíveis
(Fig. 3-4)12 Higroma cístico septado é visto em mais de uma
em 300 gestações no primeiro trimestre. Em um recente
estudo prospectivo da triagem ultrassonográfica de rotina no
primeiro trimestre, foi demonstrado que o higroma cístico
septado tem uma probabilidade de 50% de estar associado à
aneuploidia fetal, com a maioria dos casos sendo sÚldrome de
Down, bem como casos de síndrome de Turner e trissomia
do 18 12. Adicionalmente, entre os casos de higroma cístico
confirmados como sendo euploides, quase 50% tinham uma
malformação fetal estrutural importante, com a maiOlia dos
casos incluindo malformações ca.rdíacas, bem como outras
malformações como displasias esqueléticas. Q.tando compa-
rados com translucência nucal aumentada simples, os casos
de higroma cístico septado tiveram cinco vezes mais probabi-
lidade de serem aneuploides, 12 vezes mais probabilidade de
terem malformações cardíacas e seis vezes mais probabilidade
de resultarem em aborto ou morte neonatal l2.
FIGURA 3--5. Exame ultrassonográfico no primeiro trimestre de
O benefício prático de ser capaz de aconselhar as pacientes
um feto com 13 semanas de gestação, com osso nasal normal.
no primeiro trimestre em seguida à identificação de higroma Características de boa técnica de exame do osso nasal são eviden-
cístico septado é que não há nenhuma necessidade de retardar tes, incluindo plano sagital mediano, perfil fetal de face para cima,
a tomada de decisão enquanto se está aguardando os resul- ampliação adequada e visualização de duas linhas paralelas no nível
tados de marcadores séricos ou usando algoritmos compu- do nariz fetal, uma representando pele fetal (seta pequena) e a linha
tadorizados de cálculo de risco. Q-lando confrontando uma mais profunda representando o osso nasal (seta grande).
probabilidade de 500/0 de aneuploidia fetal, é razoável oferecer
a essas pacientes a opção imediata de BVC, e se aneuploidia modalidade única de triagem ultrassonográfica , com uma
fetal tiver sido excluída, uma avaliação anatômica fetal deta- sensibilidade predita de 85% para uma taxa de falso-positivos
lhada, incluindo ecocardiografia fetal, deve ser efetuada com
de 1%.15 Esse estudo depois foi expandido para uma série
18 a 20 semanas de gestação l2. maior de 3.829 gestações de primeiro trimestre de alto risco,
Também ocorreu debate a respeito da diferenciação entre
nas quais a taxa de detecção de síndrome de Down usando-se
higroma cístico septado e translucência nucal aumentada sim-
osso nasal ausente foi 67%, com uma taxa de falso-positivos
ples, com alguns investigadores acreditando que elas fazem de 2,8%1 6.
parte de um espectro de uma característica ultrassonográfica
O exame adequado do osso nasal fetal pode ser tecnica-
semelhante l3. Entretanto, o FASTER Trial, um estudo pros-
mente desafiador no primeiro trimestre, e atenção cuidadosa
pectivo de mais de 38.000 gestações, também já demonstrou
à técnica correta deve, portanto, ser dedicada para assegurar
que sempre que uma medida de translucência nucal simples
constância na técnica. O osso nasal deve ser visualizado em
de 3,0 mm ou mais é observada, a BVC deve ser oferecida ultrassonografia ao longo do plano sagital médio com um
imediatamente por causa de um risco mínimo de aneuploidia
perfil fetal perfeito. A coluna vertebral fetal deve ficar poste-
de 1 em 6 1.1. Com essas medidas de translucência nucal, não
rior, com ligeira flexão do pescoço. Duas linhas ecogênicas no
há nenhum motivo para atrasar a tomada de decisão enquan-
perfil do nariz fetal devem ser visualizadas ; a linha ecogênica
to são aguardados resultados de marcadores séricos, porque
superficial é a pele nasal, e a linha ecogênica mais profunda
essa informação adicional não altera significativamente o
representa o osso nasal. Essa linha ecogênica mais profunda
risco original de aneuploidia. Esse achado, portanto, sugere
representando o osso nasal deve ser mais eco transparente na
que debater a presença ou ausência de septações em casos de
sua extremidade distaI (Fig. 3-5). Cuidado deve ser tomado
translucência nucal é um ponto irrelevante, porque o risco de
para não efetuar essa avaliação com o feixe ultrassônico para-
aneuploidia, seja quando uma medida de translucência nucal
lelo ao plano do osso nasal, porque isso poderia levar errone-
de 3,0 mm ou mais é notada, seja quando um higroma cístico
amente à conclusão de ausência do osso nasal.
septado é notado, é suficientemente alto para justificar exame
Embora vários outros estudos avaliando o papel da ultras-
diagl1óstico imediatol -l .
sonografia do osso nasal no primeiro trimestre como teste de
triagem para síndrome de Down fetal tenham sido publica-
ULTRASSONOGRAFIA DO OSSO dos, todos foram limitados por derivarem de populações de
pacientes de alto risco ou por falta de averiguação adequada
NASAL NO PRIMEIRO TRIMESTRE da evolução da gravidez 17. O maior estudo de ultrassonografia
Parece haver uma associação clara entre ausência do osso do osso nasal fetal no primeiro u'imestre publicado até agora,
nasal fetal no exanle ultrassonográfico no primei.ro tri.mestre no qual foi aval iada uma população geral não selecionada de
e síndrome de Down l5. Em um estudo realizado por Cicero pacientes, não confirmou um papel útil dessa forma de raso'e-
et al lS , 701 fetos com translucência nucal aumentada foram amento l7. Em um estudo prospectivo de 6.324 pacientes que
avaliados quanto à presença ou ausência do osso nasal duran- fizeram ultrassonografia de osso nasal por ultrassonografistas
te ultrassonografia no primeiro trimestre. O osso nasal fetal treinados e experientes, cortes adequados do perfil fetal foranl
não pôde ser visualizado em 73% dos fetos com sÚldrome de obtidos em apenas 76% dos casos, e nenhum dos 11 casos
Dovm (43 de 59), e em apenas 0,5% dos fetos não afetados de síndrome de Down fetal comprovou ter ausência do osso
(três de 603). Os autores também acharam que a ausência do nasal l7. Mais dois estudos do papel da ultrassonogTafia do
osso nasal fetal não estava relacionada com a espessura da osso nasal no primeiro tri.mestre como ferramenta de triagem
translucência nucal, e portanto pôde ser combinada em uma na população geral foram publicados recentemente, e confir-
TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE 65

FIGURA 3- 7. Avaliação ultrassonográfica no primeiro trimestre


quanto a regurgitação tricúspide em um feto com 11 semanas de
gestação. Observar o volume de amostra de Doppler pulsado coloca-
do através da valva tricúspide, com o ângulo com a direção de fluxo
próximo de zero. Não há regurgitação maior que 60 em / s.
FIGURA 3- 6. FIGURA 3 -6 . Imagem de Doppler pulsado de um tra -
çado de dueto venoso normal com 12 semanas de gestação. Digno
de nota, o dueto venoso pode ser identificado, usando-se fluxo em
cores, como um pequeno vaso com fluxo turbulento. O nadir do fluxo ducto venoso fetal possa ser útil para modificar o risco fmal
durante a onda "a" permanece anterógrado (seta).
de aneuploidia de um paciente após o término da medição da
translucência nucal. Isso poderia ser usado para melhorar a
maram esses achados de que há apenas um papel limitado taxa de detecção ou , alternativamente, para reduzir a téLxa de
dessa forma de rastreamento l 8. 19 Um estudo rastreou 7.116 falso-positivos.
pacientes não selecionadas da população geral, incluindo 12 Embora pareça que existe alguma associação entre estu-
casos de síndrome de Down , e rastrearam adicionais 510 dos anormais do fluxo no ducto venoso e aneuploidia no
pacientes de alto risco incluindo 23 casos de síndrome de primeiro trimestre, há diversas armadilhas que precisam ser
Down ls Osso nasal ausente no primeiro trimestre foi obser- consideradas. O próprio vaso do ducto venoso pode ser
vado em apenas 17% dos casos na população geral e em 48% tão pequeno quanto 2 mm com 10 a 14 semanas, tornando
dos casos na população de alto risco . Um estudo adicional difícil obter traçados acurados da velocidade de fluxo de um
triou 1.800 pacientes consecutivas da população geral, e osso vaso tão diminuto sem contaminação do traçado por vasos
nasal ausente foi observado em apenas dois de sete (29%) vizinhos . Por exemplo, se o volume de amostra Doppler for
casos de síndrome de Down I H. colocado demasiado proximalmente perto do seio umbilical,
Embora seja possível haver um papel para ultrassono- o fluxo venoso contínuo normal da veia umbilical pode obs-
grafia do osso nasal fetal no primeiro trimestre, nas mãos curecer ausência de fluxo durante a contração atrial no ducto
de peritos selecionados , como ferramenta de segunda linha venoso . Alternativamente, a colocação do volume de amostra
em pacientes de alto risco, os dados atuais sugerem que essa Doppler demasiado longe distalmentc, perto da inserção do
forma de ultrassonografia não deve ser usada como ferramen- ducto venoso na veia cava inferior, pode levar ao diagnóstico
ta de triagem na população geral. errôneo de inversão do fluxo com a contração atrial, uma vez
que essa inversão de fluxo é vista comumente na veia cava
inferior. O consenso atual parece ser que estudos de fluxo
ULTRASSONOGRAFIA DO DUCTO Doppler no ducto venoso no primeiro trimestre devem ser
VENOSO NO PRIMEIRO TRIMESTRE efetuados apenas como teste de triagem secundário nas mãos
de uln-assonologistas experientes em centros de referência, seja
A avaliação com Doppler no primeiro trimestre do fluxo para modificar o risco final de aneuploidia seja para ajudar a
sanguíneo no ducto venoso foi descrita como teste auxiliar predizer o prog11óstico cios fetos com cromossomos normais e
para triagem de aneuploidia fetal. Fluxo anterógrado pulsátil uma medida aumentada de translucência nuca1 2 1. 22 .
trifásico no ducto venoso, conforme ilustrado na Figura 3-6, é
normal , enquanto o fluxo invertido no momento da contração
atrial foi associado a aneuploidia e malformações cardíacas AVALIAÇÃO DE REGURGITAÇÃO
fetais 20 . Em uma série de dados de estudos iniciais avalian- TRICÚSPIDE NO PRIMEIRO
do essa associação. entre 59% e 93% dos fetos aneuploides
TRIMESTRE
tinham velocidades anormais de fluxo no ducto venoso no
primeiro trimestres. Velocidades anormais de fluxo no ducto Uma associação foi sugerida entre aneuploiclia fetal e regurgi-
venoso também foram encontradas em tão poucos quanto 30/0 tação tricúspide anormal observada durante ultrassonografia
ou tantos quantos 210f0 dos fetos normais. Pode ser possível, no primeiro trimestre22 . Para efetuar essa avaliação, o feto
portanto, que a análise do traçado da velocidade do fluxo no deve estar orientado de tal modo que a parede torácica estej a
66 TRIAG EM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIM ESTRE

anterior, e o coração fetal deve receber o feixe de ultrassom necer um risco específico da gravidez em gêmeos, é calculada
paralelamente ao septo ventricular. Um volume de amostra uma razão de probabilidade para a medida de u-anslucência
Doppler pulsado de quase 3 mm é a seguir colocado através nucal de cada feto, essas duas razões de probabilidade são a
da valva n;cúspide, com cuidado para assegurar que o ângulo seguir adicionadas, e isso é a seguir multiplicado pela razão
com a direção do fluxo seja tão próximo de zero quanto possí- de probabilidade bioquÍl11ica para fornecer um cálculo final de
vel (Fig. 3-7). Regurgitação tricúspide importante é considera- "pseudorrisco"26. Embora pesquisa adicional sobre a eficácia
da presente se um jato regurgitante de pelo menos 60 crn/s for dessa triagem combinada no primeiro trinlestre em gestações
notado estendendo-se a mais de metade da sístole23 . múltiplas ainda seja necessária, a medição da translucência
Em uma série de 1.557 gestações de alto risco com II a 13 nu cal deve pelo menos representar um aperfeiçoamento sobre
semanas de gestação, regurgitação tricúspide importante foi a triagem sérica em gestações múltiplas. No presente, alguns
notada em apenas 4% dos fetos cromossomicamente normais, centros usam ultrassonografia de translucência nucal para
mas estava presente em 77 de 114 casos (68%) de síndrome ajudar a selecionar fetos para redução em gestações múltiplas
de Down e 14 de 42 casos (33%) de trissomia do 18 23 . Esses de mais alta ordem.
pesquisadores conseguiranl obter traçados Doppler adequa-
dos da valva tricúspide em 99% dos casos e houve baixa
variabilidade das medições interobservadores. IMPLEMENTAÇÃO DA TRIAGEM
Embora esses dados sejam animadores a respeito de uma BASEADA NA TRANSLUCÊNCIA
associação entre regurgitação tricúspide no primeiro trimesu-e NUCAL NA PRÁTICA CLíNICA
e anormalidades cromossômicas, como a avaliação do ducto
venoso, não está claro se essa forma de u-iagem terá algum GERAL
papel em rastreamento da população geral. A extrapolação A ulu'assonografia da translucência nucal empurrou para
dos resultados de um teste de triagem de uma população de o primeiro u-imestre a u-iagem pré-natal quanto a síndrome
alto risco, efetuado nas mãos de peritos, para a implementa- de Down e outras aneuploidias. Isso tem o potencial de
ção na população geral provavelmente exagerará o desempe- proporcionar importantes vantagens às pacientes, como tran-
nho verdadeiro do teste. É provável que a ultrassonografia quilização mais cedo quando os resultados são normais ou
no primeiro trimestre para regurgitação u-icúspide possa ter interrupção mais segura da gravidez se forem encontrados
um papel como teste de segunda linha, seguindo-se a uma resultados anormais. Entretanto, há diversas questões práticas
triagem por u-anslucência nucal e triagem sérica de alto risco que devem ser resolvidas antes que todos os obstetras devam
iniciais. Nesse contexto, ela pode ter um papel de reduzir a considerar implementar essa forma de triagem na prática
taxa de falso-positivos da triagem. Em uma série de 75.821 obstétrica de rotina27.
gestações no primeiro trimestre, a adição de regurgitação tri-
cúspide como teste de triagem de segunda linha seguindo-se
à translucência nucal e triagem sérica resultou em uma Controle de Qualidade da
de detecção de síndrome de Down de 920/0 com uma taxa de Translucência Nucal
falso-positivos de apenas 2,7%22.
A extensão de medidas de controle da qualidade entre os estu-
dos iniciais da triagem de translucência nucal provavelmente
TRIAGEM DE TRANSLUCÊNCIA se responsabiliza pelas grandes inconsistências nas taxas cita-
NUCAL EM GESTAÇÕES MÚLTIPLAS das de detecção de síndrome de Down8 . Ultrassonografia de
translucência nucal é muito dependente do operador e será
A avaliação pré-natal do risco de sÚldrome de Down em uma má técnica para triagem da população geral se não forem
gestações múltiplas foi limitada antes do advento da triagem mantidas diretl;zes estritas e sistemas continuados de controle
baseada na translucência nucal. Triagem sé rica materna não da qualidade 28 Em um estudo multicêntrico no qual treina-
foi amplamente usada no contexto de gestações múltiplas por mento adequado e controle da qualidade não foram feitos, a
causa do potencial de discordância entre gêmeos e o impacto sensibilidade global para síndrome de Down foi de apenas
de diferentes placentas sobre os vários análitos. As medidas 31 0f028 . Treinamento apropriado, adesão a uma técnica-padrão
de translucência nucal são amplanlente semelhantes entre e experiência são a chave para o seu sucesso como ferramenta
gestações únicas e gemelares , dando a entender que as taxas confiável de triagem.
de detecção de sÚldrome de Down devem ser semelhantes. A O treinamento inicial em ultrassonografia de translucência
taxa de falso-positivos da triagem de translucência nucal pode- nucal, no entanto, é apenas um elemento do controle de qua-
ria ser mais alta em gêmeos monocoriônicos porque algumas lidade necessário para otimizar essa técnica. Sistemas também
complicações exclusivas de gestações monocoriônicas, como têm de ser postos em ação, em cada local de prática de ultras-
síndrome de transfusão feto-fetal, poderiam se apresentar sonografia, para assegurar que seja mantida garantia continua-
com medida aumentada de translucência nucal 24 . da da qualidade. O método ótimo para assegurar controle
As opções para triagem no prinleiro trimestre para síndro- de qualidade adequado de translucência nucal no Iúvel da
me de Down, portanto, incluem fornecer um risco feto-espe- população provavelmente será rastrear as medidas médias e
cífico baseado na translucência nu cal isolada, ou fornecer um desvios-padrão de translucência nucal dos ultl-assonografistas
ósco global da gravidez baseado em marcadores combinados individuais ao longo do tempo. Essa técnica de garantia da
séócos e ultrassonográficos. Em uma série de 448 gestações qualidade tem a vantagem de ser mais prática para u-iagem
gemelares, a translucência nucal forneceu uma taxa de detec- nacional . o Reino Unido e outros países , a Fetal Medicine
ção de 88% para uma taxa de falso-positivos de 7%24. Em outra Foundation (www.fetalmedicine.com) tem um sistema estabe-
série de 206 gestações gemelares triadas usando-se translucên- lecido de credenciamento de ultrassonologistas, juntamente
cia nucal e marcadores sé ricos no prinleiro trimestre, a taxa de com auditoria contúlUa das medições. Nos Estados Unidos, a
detecção de síndrome de Down foi estimada em Society for Maternal Fetal Medicine (www.ntqr.org) desenvol-
mente 75% para uma taxa de 5% de falso-positivos 5. Para for- veu um sistema semelhante para treulanlento inicial e interage
TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO T RIMESTRE 67

com ultrassonologistas e prestadores de laboratórios para preditivo positivo desses marcadores brandos ultrassonográ-
manter um programa continuado de revisão da qualidade em ficos para aneuploidia diminuirá porque o nümero de fetos
translucência nucal. aneuploides entrando no segundo nimestre será reduzido. No
momento, não se sabe qual será a relevância desses marcado-
res brandos em uma população de fetos que já sofreu triagem
Interpretação da Translucência Nucal baseada na translucência nucal. Se o "ultrassonograma genéti-
As medidas de translucência nucal médias aumentam cerca co" continuar, sem levar em consideração a prevalência mais
de 15% a 20% a cada semana de 10 a 14 semanas de ges- baixa de fetos aneuploides no segundo trimestre, é provável
tação 1.2 .29 . Portanto, é inapropriado usar um corte limítrofe que mais amniocenteses desnecessárias sejam efetuadas, sem
ünico em milímetros para definir uma translucência nucal melhora significativa nas taxas de detecção. A melhor maneira
normal ou uma gravidez que é normal. O pções mais apropria- de incorporar o "ultrassonograma genético" em uma clínica
das incluem usar o 95° percentil para uma idade gestacional na qual triagem no primeiro trimestre já foi realizada é confiar
particular ou mültiplos da média (MdM). Infelizmente, o em razões de probabilidade. Se um marcador brando de sín-
cálculo desses valores de corte exige um siffware para integrar drome de D own for visto em um exame ultrassonográflco no
adequadamente outros dados, como idade materna e resulta- segundo trimeso-e, a razão de probabilidade apropriada desse
dos dos marcadores séricos maternos, na avaliação do risco. marcador deve ser multiplicada pelo risco fmal de síndrome
Além disso, ainda não está claro se é válido usar médias de Down citado da o-iagem no primeiro trimestre, em vez de
genéricas da população para interpretar medidas de translu- multiplicar pelo risco relacionado com a idade materna.
cência nucal, ou se essas médias para cálculos de risco devem
ser específicas de cada centro ou de cada ultrassonografista.
Disponibilidade para Diagnóstico Pré-natal
Na recentemente completada experiência SURUSS do Reino
Unido, o uso de médias específicas dos ultrassonografistas Precoce
resultou em uma melhora de 5% nas taxas globais de detecção Um dos argumentos mais coativos em favor da triagem
de síndrome de Down, em comparação com o uso de médias baseada na translucência nucal para síndrome de Down
específicas dos centros 2 . Em outro estudo que lidou com a é a mudança para diagnóstico mais precoce por meio de
importância das diferenças nas médias centro-específicas, uma BVC com 10 a 13 semanas de gestação. BVC não está tão
experiência escocesa de 15 centros avaliando 17.229 pacientes amplamente disponível quanto amniocentese em termos
teve MdMs médias de translucência nu cal dos centros indivi- nacionais3. Amniocentese precoce no primeiro trimestre não
duais de 0,7 a 1,4 MdMs 3 0 . Idealmente, a MdM média deve é mais considerada uma alternativa aceitável à BVC, devido
ser 1,0. As consequências dessa gTande variabilidade nas à sua associação mais alta ao aborto, pé torto fetal e falha do
MdMs entre os centros a respeito dos riscos reais citados para procediment031. Se as pacientes positivas na triagem no pri-
as pacientes individuais poderianl ser enormes. meiro trimestre não tiverem fácil acesso à BVC, elas poderiam
sofrer grande ansiedade, aguardando três a quatro semanas
Implicações da Triagem Sérica no Segundo por uma oportunidade de se submeter à amniocentese com
15 semanas. Por essas razões, uma política de triagem no pri-
Trimestre
meiro trimestre para aneuploidia não deve ser implementada
Implementar um programa nacional de triagem de translu- a não ser que diagnóstico no primeiro trimestre com BVC seja
cência nucal isolada provavelmente terá um impacto negativo localmente disponível. Se uma paciente desejar o benefício de
sobre os atuais programas de triagem sérica no segundo triagem no primeiro trimestre mas BVC não estiver facilmen-
trimestre, porque o valor preditivo positivo da triagem no te disponível, então a conduta ótima poderia ser fornecer o
segundo trimestre poderia ser reduzido até seis vezes depois resultado do primeiro trimestre com 16 semanas como parte
da triagem no primeiro trimestre 27. O nümero de fetos com de um ünico resultado de triagem integrada em combinação
síndrome de Down ainda vivos durante o segundo trimestre com marcadores séricos do segundo trimestre 2.2?
será significativamente reduzido porque muitos desses fetos
já terão sido diagnosticados no primeiro trimestre. Triagem
sequencial sem modificações apropriadas dos pontos de corte
Escolha da Combinação Correta de Testes
dos marcadores séricos no segundo trimestre aumentará a de Triagem
taxa global de falso-positivos, resultando em um nümero Com a crescente variedade de testes de triagem de síndrome
aumentado de abortos relacionados com amniocenteses e de Down disponíveis para os profissionais obstétricos hoje, há
procedimentos 1. uma necessidade de dados comparativos exatos para avaliar a
melhor combinação de testes para implementar na clínica. O
Implicações da Ultrassonografia no desempenho comparativo de cada tipo de triagem de síndrome
Segundo Trimestre de Down foi descrito recentemente no FASTER Trial 1. Esses
resultados mostraram que o teste mais ineficiente, associado à
Triagem de translucência nucal não evitará a necessidade de mais alta taxa de triagem positiva, é a ultrassonografia de trans-
ultrassonografia no segundo trimestre para a detecção de anor- lucência nucal efetuada isoladamente. A triagem no primeiro
malidades fetais estruturais. O "ultrassonograma genético", trimestre parece derivar grande parte da sua eficiência pela
que avalia quanto a malformações estruturais e uma variedade combinação de translucência nucal com avaliação da proteína
de marcadores brandos do segundo oi.mestre para aneu- plasmática A associada a gravidez e subunidade livre da
ploidia, tais como fêmures curtos, intestino ecogênico, focos hCC. Uma triagem integrada, incorporando translucência
intracardíacos ecogênicos e prega nucal aumentada, ganhou nucal e proteína plasmática associada à gravidez no primeiro
aceitação generalizada. Uma orientação nacional de o-iagem trimestre, junto com AFP, hCC, E3 não conjugado e inibina
no primeiro trimestre provavelmente terá um impacto negativo A no segundo trimestre, parece constituir o teste isolado mais
sobre o desempenho do "ultrassonograma genético". O valor eficiente. Em um centro sem fácil acesso à ultrassonografla de
68 TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE

FIGURA 3-8. Fluxograma demonstrando as opções


Triagem no primeiro trimestre de decisões para triagem durante o primeiro trimestre.
10 3/7-13 6/7 semanas de gestação

Exame da anato- Exame da ana-


mia e ecocardio- tomia com 18-20
grafia fe tal com semanas
18-20 semanas

Exame da anato-
mia e ecocardio-
grafia fetal com
18-20 semanas

translucência nucal de alta qualidade, uma alternativa razoá- a triagem no primeiro trimestre; para essas pacientes, deve
vel poderia ser um teste somente sérico, incorporando proteí- haver a opção de triagem sérica e ultrassonografia genética
na plasmática A associada à gravidez no primeiro trimestre no segundo trimestre.
com AFP, hCG, E3 não e inibina A no segundo As direções futuras em triagem de síndrome de Down
u·imestre. com um ünico risco sendo citado. também poderão usar combinações mais sofisticadas de tes-
É improvável que um ünico teste de triagem seja ade- tes 27. Tliagem sequencial gradativa envolve fornecer um resul-
quado para todos os clínicos e suas pacientes. A decisão tado de risco após triagem combinada no primeiro trimestre.
sobre qual teste de triagem incorporar na prática clínica local As pacientes de alto risco fazem exame diagnóstico usando
será baseada em fatores tais como a idade gestacional na BVC, enquanto as pacientes de mais baixo risco retornam
apresentação, disponibilidade de ultrassonografia de trans- com 15 semanas de gestação para triagem adicional, como os
lucência nucal de alta qualidade e disponibilidade de exame marcadores quádruplos no segundo trimestre, e têm a opção
invasivo no primeiro trimestre com BVC (Fig. 3-8). Algumas de, então, se submeter à amniocentese. Esses ültimos testes,
pacientes poderiam estar mais interessadas no resultado de no entanto, são interpretados usando-se os resultados de mar-
triagem mais precoce possível; para essas pacientes, seria cadores no Plimeiro trimestre, para assegurar a mais exata
desejável translucência nucal combinada com triagem sérica estimativa de risco e minimizar a taxa global de falso-positivos .
no primeiro trimestre. Outras pacientes poderiam estar mais Outra opção pode ser triagem de contingência, que envolve
interessadas no teste mais eficiente, ma,ximizando sua taxa de classificar as pacientes em três grupos depois de triagem com-
detecção e minimizando a necessidade de amniocentese; para binada no primeiro trimestre. As pacientes com resultados de
essas pacientes, um resultado ünico de triagem integrada, muito alto risco, como um em 30 ou mais alto, por exemplo,
combinando abordagens do primeiro e segundo trimestres, fazem exame diagnóstico usando BVC, enquanto as pacientes
seria desejável. Ainda outras pacientes poderiam não se apre- com resultados de muito baixo risco, como um em 1.500 ou
sentar para tratamento suficientemente cedo para aproveitar menos, são tranquilizadas e não fazem exame adicional. As
TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA NO PRIMEIRO TRIMESTRE 69

pacientes intermediárias com riscos enu-e esses dois pontos de 14. ComstOck CH, Malone FD, Ball RH, et ai: Is there a nuchal
corte retornam com 15 semanas de gestação para marcadores translucency millimeter measurement above which there is no added
séricos quádruplos do segundo trimestre _ Outra vez, esses bene1/zt from I/zrst-nimester serum screening? Amj Obstet Gynecol
últimos testes devem, no entanto, ser interpretados usando-se 195 :843, 2006.
os resultados de marcadores no primeiro trimestre para asse- 15. Cicero S, Curcio P, Papageorghiou A, et ai: Absence of nasal bone in
fetuses with trisomy 21 at 11-14 weeks of gestation: An observational
gurar exatidão da estimativa de risco e para minimizar a taxa study. Lancet 358:1665, 2001.
global de falso-positiva_ Modelos iniciais sugeriram que esse 16. Cicero S, Longo O, Rembouskos G, et al: Absent nasal bone at 11-
programa de triagem de contingência poderia fornecer taxas 14 weeks of gestation anel chromosomal elefecLs. Uhrasollnd Obstet
de detecção tão altas quanto 95% para uma taxa de 5% de GynecoI22:3 1, 2003.
falso-positivos, mas com apenas 15% das pacientes necessitan- 17. 1alone FO, Ball RH, Tyberg OA, et al: Li2rst-trimcster nasal bone
do retornar no segundo trimestre para testes adicionais 32 _ evaluation for aneuploiely in the general pop"lation. Obstet Gynecol
Consentimento informado a respeito dessa grande varie- 104:1222,2004.
dade de opções de triagem pré-natal para aneuploidia deve 18. Prefumo F, Sairam S. Bhide A, Thilaganathan B: li2rst-trimester
constituir parte integrante do próprio processo de triagem. nuchal translucency, nasal bones, anel uisomy 21 in sclecteel anel
unselected populations. Amj Obstet GynecoI194:828, 2006.
Em virtude da complexidade das escolhas a respeito das dife- 19. Ramos-Corpas O, Santiago jC, Montoya F: Ultrasonographic
rentes opções de triagem, e em virtude da variedade de resul- evaluation of fetal nasal bone in a low-risk population at 11 - 13 + 6
tados anormais associados à translucência nucal aumentada, gestational wceks. Prenat Oiagn 26:112, 2006.
será vital prover a todas as pacientes aconselhamento genético 20. Matias A, Gomes C , Flack N, et al : Screening for chromosomal
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4
ULTRASSON OGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE
Lami Yeo , MO e Anthony M. Vintzileos , MO

Introdução Ângulo da Asa lIíaca


Triagem Bioquímica de Marcadores Séricos no Segundo Comprimento das Orelhas
Trimestre Anormalidades das Extremidades
Características Ultrassonográficas de Aneuploidia Fetal Artéria Umbilical Única
Anormalidades Estruturais Outros Marcadores Ultrassonográficos de Aneuploidia
Prega Nucal Trissomia do 21 (Síndrome de Down)
Ossos Longos Curtos
Ultrassonografia Genética no Segundo Trimestre
Pielectasia
Foco Ecogênico Intracardíaco Trissomia do 18 (Síndrome de Edwards)
Intestino Hiperecoico Trissomia do 13 (Síndrome de Patau)
Cistos de Plexo Coróide
Conclusão
Osso Nasal

INTRODUÇÃO por si próprias, em comparação com confiar unicamente em


triagem bioquímica. Os fetos com trissomias do 18 e 13 pos-
I nfelizmente, ocorre aneuploidia no desenvolvimento
humano. Sua frequência varia, dependendo da idade
materna e também da idade gestacional do feto. Com
suem muitas anomalias estruturais in1portantes e, portanto, a
ultrassonografia tem uma alta sensibilidade em detectá-las (até
83%-100% para trissomia do 18)3,4 e 91% para trissomia do
idades gestacionais mais iniciais e em gestações inviáveis, 13 5 . Entretanto, isso pode não se aplicar necessariamente aos
a prevalência de aneuploidia aumenta. Anormalidades casos de síndrome de Down. Uma vez que apenas 25% dos
cromossômicas são a principal causa de abortamento, e pelo fetos no segundo trimestre com síndrome de Down têm gran-
menos 95% das concepções cromossomicamente anormais des anomalias congênitas ultrassonograficamente detectáveis 6 ,
são perdidas antes do termo. Um mínimo de 10% a 15% os investigadores estiveram procurando outros marcadores
das concepções são cromossomicamente anormais. Fetos ulo-assonográficos para aumentar a sensibilidade de detecção.
aneuploides se responsabilizam por quase 6% a 11% de Isso formou a base para o aparecimento e a prática da ultras-
todos os natimortos e mortes neonatais 1• Um grande estudo sonografia genética no segundo trimestre.
relatou que entre os recém-nascidos, 0,8% tinham uma Este capítulo focaliza a ultrassonografia no segundo
anormalidade cromossômica ao nascer2 Tem sido prática trimestre como meio de detecção de aneuploidia fetal e
comum e generalizada oferecer arnniocentese genética a todas padrões específicos de malformações associadas às trissomias
autossômicas mais comuns (síndrome de Down, trissomia
as mulheres que têm riscos aumentados de anormalidades do 18, trissomia do 13), e também discute o significado dos
cromossômicas fetais , tais como idade materna avançada, marcadores individuais de aneuploidia. Uma vez que a tria-
histórico familiar de aneuploidia, ou triagem sérica anormal gem bioquímica sérica no segundo trimestre com frequência é
no segundo u-imestre. Entretanto, a prática de oferecer exame incorporada aos cálculos de risco com ultrassonografia gené-
invasivo de rotina a todas as mulheres grávidas de alto risco tica, isto também é revisto.
foi questionada, devido à sua natureza invasiva e riscos
associados como abortamentos.
Durante os t'tltimos anos, tornou-se aparente que muitas TRIAGEM BIOQuíMICA DE
anormalidades cromossômicas estão associadas a anormalida- MARCADORES SÉRICOS NO
des estruturais fetais ou marcadores de aneuploidia que são SEGUNDO TRIMESTRE
capazes de ser detectados durante ultrassonografia no segundo
trimestre. Isso é devido ao fato de que com o correr dos anos A triagem bioquímica durante o segundo trimestre exerceu
houve um aperfeiçoamento e uma evolução da resolução de um impacto importante sobre a triagem para trissomia do
alta qualidade no exame de imagem fetal , de forma que é 21 fetal, embora ao mesmo tempo a idade materna isolada-
possível o exame detalhado do feto . Hoje em dia, a ultrassono- mente como método de triagem tenha se tornado menos
grafia provê um método não invasivo muito importante para importante. A triagem para síndrome de Down em pacientes
a detecção pré-natal de fetos com anormalidades cromossômi- de baL'(o risco (mulheres < 35 anos de idade) foi começada
cas. Além disso, um exame com ultrassom proporciona uma quando pesquisadores descobriram, em meados da década
modalidade tangível e realística porque as pacientes podem ver de 1980, que a concentração média de alfafetoproteína sérica
70
UL TRASSONOGRAFIA GEN ÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 71

materna (MPSM) nas gestações de síndrome de Down era dos casos de síndrome de Down fetal em mulheres com menos
0,7 múltiplo da mediana normal (MdM) 7-9 . Depois, também de 35 anos de idade, com uma taxa de positivo da triagem de
foi percebido que nas gestações de síndrome de Down as 5% ou menosI 9,20.
concentrações de estriol não conjugado eram mais baixas Q.tanto a gestações múltiplas, as opções diagnósticas são
(0,79 MdM) e as concentrações de gonadotrogina coriônica um pouco restritas. Com gêmeos, o risco de síndrome de
humana (hCG) eram mais altas (2,04 MdM) 10- 3 . MP, estriol Down deve ser calculado considerando-se o risco de sÚ1drome
não conjugado e hCG são independentes da idade materna de Down relacionado com a idade materna e a probabilidade
e apenas fracamente correlacionadas umas com as ouU-as. de que um ou ambos os fetos possa estar afetado. O lisco no
Portanto, podem ser usados em combinação para estimar trimeslTe intermediáIio de que pelo menos um feto tenha SÚ1-
os riscos de síndrome de Down. Usando os riscos relativos drome de Down em uma gestação gemelar em mulheres de 33
derivados dos níveis sé ricos maternos desses três análitos, o anos é aproximadamente o mesmo risco de uma gravidez única
risco relacionado com a idade materna pode ser modificado, em mulheres de 35 anos de idade, portanto justiftcando discus-
e para cada paciente individual um risco de "rastreio tríplice" são a respeito de exame invasivo sob essas circunstâncias21.
pode então ser derivado.
A triagem de tríplices marcadores tem sido o teste preferi-
do de triagem para síndrome de Down fetal em mulheres com CARACTERíSTICAS
menos de 35 anos de idade, e foi rotineiramente oferecido na ULTRASSONOGRÁFICAS DE
gravidez durante os últimos anos I3 -16 . Triagem de múltiplos
marcadores tem uma sensibilidade significativamente mais ANEUPLOIDIA FETAL
alta que triagem de AFPSM isolada. Na população de mulhe- Todas as gestações teoricamente estão em risco de aneuploidia
res com menos de 35 anos de idade, o rastreio por marcadores fetal. Fatores de risco adicionais incluem idade materna avan-
tríplices identifICa cerca de 60% de todas as gestações de sín- çada, resultados anormais de triagem bioquúnica, histórico
drome de Down, com uma taxa de quase 5% de positivo do de aneuploidia fetal , translocação equilibrada conhecida, ou
teste. Em mulheres com 35 anos de idade ou mais, ele detec- outros rearranjos estruturais em um dos pais e anormali-
tará 75% ou mais de todos os casos de síndrome de Down, e dades visualizadas em ultrassonografia pré-natal. Em fetos
também algumas outras aneuploidias l7. Uma vez que a idade aneuploides, a ultrassonografta pode revelar anormalidades
materna é a base do protocolo de triagem sérica, a taxa de estruturais, outros achados (como restrição do crescimento
detecção de síndrome de Down e a taxa de positivo do teste intrauterino, poli-hidrân1nio), ou marcadores de aneuploidia.
aumentam com a idade materna 18 Diferentes cortes de teste Os marcadores ultrassonográficos "brandos" são variações na
positivo podem ser usados, dependendo do laboratório_ Por anatomia normal que, excetuada sua relação com aneuploidia
exemplo, alguns usarão o risco de síndrome de Down no (especialmente u-issomia do 21), não tendem a ser clinican1ente
trimestre intermediário de uma mulher de 35 anos como o importantes. Em comparação com anomalias estruturais, os
corte de positivo do teste (1/270), enquanto ouu-os selecionam marcadores são muitas vezes achados transitórios e inespecífi-
um corte de positivo do teste que resulta em um equilibrio cos que também ocorrem frequentemente em fetos euploides.
aceitável entre a taxa de detecção e a taxa de teste positivo Alguns dos marcadores mais comuns vistos no segun-
(em geral 1/190 ou 1/200). do trimestre incluem espessamento da prega nucal, foco
A amostragem do soro materno pode ser feita entre 15 e ecogênico intracal-díaco, ossos longos encurtados , intestino
20 semanas de gestação; entretanto, ela é mais exata quando hiperecoico, pielectasia renal, cistos de plexo coróide (CPCs),
efetuada entre 16 e 18 semanas. A determinação da data da clinodactilia e osso nasal hipoplástico ou ausente. Como
gravidez precisa ser exata, porque datas incorretas afetarão o declaração geral, à medida que aumenta o número de marca-
risco atribuído da tríplice triagem, e podem levar a resultados dores identificados, também aumenta o risco de aneuploidia
falso-positivos ou falso-negativos. Q.tando há detenninação no feto. Em fetos aneuploides, embora as características
errada da data (por exemplo, depois de a ultrassonografia possam ser altamente variáveis de um feto para o seguinte,
ter sido feita), é essencial recalcular os resultados , ou colher existem certos padrões de anomalias e características comuns
uma nova amostra de sangue se o espécime original tiver sido (Tabelas 4-1 , 4-2 e 4-3).
tirado com menos de 15 semanas de gestação. Peso, raça, Descobrir características de aneuploidia fetal em ultras-
diabetes materno e o número de fetos presentes são todos sonografta pré-natal e as taxas de detecção depende de
incorporados no cálculo do risco. váI-ios fatores. Estes incluem as indicações do exame, idade
Embora triagem sérica seja usada principalmente para gestacional, a população exa!11inada (de alto risco versus de
detecção de síndrome de Down, ela pode detectar outros tipos baixo risco), qualidade do exame de imagem, critérios para
de aneuploidia fetal , como trissomia do 18. Alguns outros um escaneamento anormal, o tipo de anormalidade cromos-
tipos de aneuploidia que tendem a passar despercebidos pela sômica e a experiência do examinador. Por exemplo, embora
triagem séric<1. podem ser letais (por exemplo, trissomia do 13) altas sensibilidades de detecção tenham sido descritas por
ou anormalidades dos cromossomos sexuais que não foram exa!11inadores experientes em populações de alto risco, baixas
constatadas associadas a retardo mental profundo ou limita- sensibilidades podem ser esperadas de ulu-assonograftstas
ções físicas ou desenvolvimentais graves. menos experientes em populações de baixo risc0 22 .
Alguns acreditam que as subunidades beta livres da
hCG (l3-hCG) são superiores à molécula intacta da hCG, Anormalidades Estruturais
mas nenhuma foi deftnitivamente provada como superior.
Recentemente, houve também o exame e aparecimento de um Anomalias estruturais ou importantes que podem ser vistas
novo análito, a inibina A Esse tem sido o novo aná- em fetos aneuploides incluem anomalias do sistema nervoso
lito mais promissor do segundo trimestre e é hoje usado por central, anormalidades faciais , higroma cístico, hérnia diafrag-
muitos laboratórios comerciais em combinação com os três mática, defeitos cardíacos, anorn1alidades gastrointestinais,
análitos mais tradicionais. Essa nova combinação de quatro anomalias geniturinárias, hidropisia não imune e anorma-
análitos, ou "u-iagem quádrupla", parece detectar 67% a 76% lidades das extremidades. Muitos fetos com trissomias do
72 UlTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

Características Ultrassonográficas Características Ultrassonográficas


i Tabela 4-1 I Pré-natais da Trissomia do 21 Pré-natais da Trissomia do 18
Trissomia do 21 Trissomia do 18

Anormalidades estruturais Defeitos cardíacos Anormalidades estntturais Defeitos cardíacos


Higroma cístico Higroma cístico
Ventriculomegalialhidrocefalia H érnia diafragmática
Atresia do esôfagolfístula Onfalocele
traqueoesofágica Atresia do esôfago (com ou sem
Atresia duodenal fístula traqueoesofágica)
Onfalocele Sistema nervoso central
Marcadores de aneuploidia Clinodactilia (falange média Agenesia do corpo caloso
hipoplásica do dedo mínimo da Ventriculomegaliallúdrocefalia
mão) Cisterna magna aumentada
Foco ecogênico intracardíaco Malformação de Dandy-Walker
Intestino hiperecoico (ecogenicidade Disgenesia cerebelar
semelhante aos ossos ilíacos) Defeitos de tubo neural
Espessamento da prega nucal Craniofaciais
Crâ.Júo em form a de morango
Occipital proeminente
Pielectas ia (diâmetro ântero-
Dolicocefalia
posterior da pelve renal 4 mm)
Anomalias oculares
Deformidade da sandália de dedo
Micrognatia
(espaço largo entre o hálux e o
Fenda labial/palatina
segu ndo dedo)
Orelhas pequenas em posição baixa
Ossos longos curtos (fêmur, úmero,
Geniturinárias
tíbia, fíbula) Hidronefrose
Ângulo ilíaco largo Rim em ferradura
Cordão umbilical com dois vasos Obstrução da saída da bexiga
Comprimento curtO das orelhas Anormalidades de duplicação
Osso nasal ausente ou hipoplásico Anormalidades genitais
O utros achados Braquicefalia Extrenúdades
Perftl achatado Anormalidades de redução de
Língua protrusa membros
Hidropisia Aplasia radial
Hid rotórax Mãos cerradas e/ou dedos
Derrame pericárdico superpostos
Ânuúo e córion não fundidos após Pé torto
14 semanas Pés de cadeira de balanço
Anormalidades das extremidades
inferiores/pés
Contraturas/artrogripose/
18 e do 13 têm múltiplas anomalias estruturais importantes; deformidades em flexão
entretanto, isso pode não se aplicar necessariamente aos casos li'anstornos do movimento
de síndrome de Down_ Só 25% dos fetos no segundo trimestre Marcadores de aneuploidia Cisto(s) de plexo coróide
com síndrome de Down têm grandes anomalias congênitas Crânio em forma de morango
detectáveis ultrassonograficamente 6 _ Em duas séries pré-natais Espessamento nucal
antes de 20 semanas, anomalias estruturais foram detectadas Artéria umbilical única
por ultrassonografia em apenas 16% a 17% dos fetos com Membros encurtados
trissomia do 21 Ouu'os achados Resuição do crescimento inu'auterino
Os lactentes com síndrome de Down têm uma incidência Anormalidades do líquido
amniótico
de 50% de defeitos cardíacos, mais comumente defeitos sep-
C istos de cordão umbilical
tais ventriculares (Fig. 4-1) e defeitos de canal atrioventricular
Hidropisia não imune
comum (Fig. 4-2). Llfelizmente, defeitos septais ventriculares
podem ser bastante difíceis de identificar em ultrassonografia
pré-natal, e a de detecção pode ser variável. Um grupo constatou que defeitos cardíacos estruturais estavam presentes
consegu iu detectar defeitos cardíacos em pouco mais da meta- ultrassonograficamente em 80% da sua coorte de fetos com
de dos fetos com síndrome de Down2S Usando achados car- trissomia do 18 27.
díacos inespecíficos (como regurgitação tricúspide, derrame A identificação de anormalidades cardíacas em ultrasso-
pericárdico e desproporção direita-esquerda), DeVore relatou nografia pré-natal pode aumentar o risco de aneuploidia fetal.
achados cardíacos anormais em 76% dos fetos com síndro- Em comparação com estudos pós-natais, uma frequência
me de Down; entretanto, apenas 9% mostraram um defeito muito mais alta de aneuploidia (22% a 32%) foi observada
septal atrioventricular26 . Malformações cardíacas também são em fetos com malformações cardíacas ultrassonograficamente
encontradas em mais de 90% dos fetos com trissomia do 18 e detectáveis 2s .29 . Um fator que também contribui para a fre-
do 13. No nosso estudo recente de 38 fetos com trissomia do quência de aneuploidia é o tipo de defeito cardíaco presente.
18, observamos que a maioria (84%) tinha cardiopatia congê- Por exemplo, o risco de aneuploidia é muito mais alto com
nita importante na ultrassonografia4 . Outro estudo também coração hipoplásico (Fig. 4-3), defeitos de canal atrioventricu-
ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 73

Características Ultrassonográficas
Pré-natais da Trissomia do 13
Trissomia do 13

Anormalidades estruhlrais Defeitos cardíacos


Higroma cístico, espessamento nucal
Onfalocele
Sistema nervoso central
Holoprosencefalia
Agenesia do corpo caloso
Ventriculomegalia
Cisterna magna aumentada
Fossa posterior anormal
Defeitos de tubo neural
Craniofaciais
Microcefalia
Micrognatia
Fenda labial e/ou pala tina
Fendas faciais
Anomalias ocu lares
FIGURA 4-1. Corte apical de quatro câmaras do coração fetal mos-
Testa inclinada
trando um defeito septal da entrada ventricular .
Orelhas pequenas
Extremidades
Polidactilia pós-a-xial
Dedos superpostos
Camptodactilia
Aplasia radial
Pés de cadeira de balanço
Pés tortos
U rogenitais
Hidronefrose
Cistos corticais
Rim em ferradura
Rins ecogênicos
Rins policísticos
Marcadores de aneuploidia Foco ecogênico intracardíaco
Pielectasia
Artéria umbilical única
Ou tros achados Microcefalia
Restrição do crescimento
intrauterino
Poli-hidrâmnio

lar, tetralogia de Fallot, ou ventrículo direito com dupla saída,


em comparação com defeitos septais ventriculares ou estenose FIGURA 4-2. Corte axial transversal do tórax fetal mostrando um
valvular isolados. 3o Em particular, defeitos de canal atrioven- defeito de canal atrioventricular completo do coração em um feto
com sindrome de Down. Observar o defeito do septo atrial primário e
tricular têm um alto risco de aneuploidia. Em uma série de defeito septal da entrada ventricu lar na cruz do coração, juntamente
38 defeitos septais atrioventriculares, os autores encontraram com uma valva atrioventricular única.
aneuploidia em 58% (n = 22): síndrome de Down (n = 19),
trissomia do 18 (n = 1), trissomia do 13 (n = 1) e mosaicismo
(n = 1)3 1. fetos com higroma cístico. A frequência de aneuploidia varia
Atresia chlOdenal (Fig. 4-4) geralmente é reconhecida após com a idade gestacional, e o tamanho e aparência do higroma .
20 a 24 semanas de gravidez pela documentação do sinal Grandes higromas císticos (tipicamente vistos depois de 14
"da dupla bolha" (estômago e duodeno proximal distendidos semanas) tendem a ter septações (Fig. 4-5) e acarretam um
por líquido) e evidência de poli-hidrâmnio. Essa é a principal alto risco de aneuploidia. No segundo trimestre, cerca de 75%
causa de obstrução intestinal em recém-nascidos. Em casos de são associados a aneuploidia, e síndrome de Turner (45X) se
atresia duodenal detectados pré-natalmente, trissomia do 21 responsabiliza por 80% destes 3o . Além disso, as trissomias do
está presente em quase um terço dos casos 30 Por essa razão, 18, 13 e 21 também são encontradas. Uma vez que higromas
exame invasivo para cariotipagem tem sido oferecido quando podem ocorrer em fetos com síndrome de Down, eles podem
a atresia duodenal é identificada antes do nascimento (mesmo representar uma forma "grave" do espectro de espessamento
se isso ocorrer no terceiro trimestre, porque ainda fornece aumentado da prega nucal. Entretanto, quanto a higromas
informação vital para aconselhamento às pacientes). vistos no primeiro trimestre, a taxa de aneuploidia é diferente
Higrmnas císticos são massas císticas anormais de origem lin- (mais baixa), e há uma proporção mais alta de síndrome de
fática que em geral ocorrem na área póstero-lateral do pescoço Down e outras anormalidades cromossômicas. Portanto, sem-
(Figs. 4-5 e 4-6). Eles têm uma alta predisposição à aneuploi- pre que um higroma cístico cervical for identificado em ultras-
dia. De fato, aneuploidia é encontrada em mais de 60% dos sonografia pré-natal, deve ser oferecido exame invasivo.
74 ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-3. Corte apical de quatro câmaras em um feto no ter-


ceiro trimestre. É visualizado um coração esquerdo acentuadamente
hipoplásico .

FIGURA 4-6. Ima gem macroscópica de um feto natimorto mostran-


do higroma cístico volumoso circundando o pescoço.

FIGURA 4--4. Atresia duodenal em um feto com síndrome de Down .


Um corte axial transversal do abdome no terceiro trimestre mostra o
clássico sinal " da dupla bolha"; também havia poli-hidrâmnio.

FIGURA 4-7. Corte axial transverso do tórax fetal mostrando evi-


dência de hid ropisia. Note os derrames pleurais bilaterais e edema
importante da pele.

Em um estudo que comparou higromas císticos septados


com não septados no começo do segundo trimestre, foi obser-
vado que higromas septados tinham mais tendência (que os
higromas não septados) a estar associados a (720J0
FIGURA 4-5. Feto com síndrome de Turner com imenso higroma
versus 6%) e outras anomalias (52% versus 15%)3 . Higromas
cístico septado. císticos isolados que ocorrem em uma localização atípica (não
UL TRASSONOGRAFIA GEN ÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 75

FIGURA 4-8. Grande derrame pleural unilateral (asterisco) empur-


rando o coração para o lado direito do tórax.

FIGURA 4-9. Corte axial transversal do abdome fetal demonstran-


cervical) também não parecem acarretar um risco importante do ascite e importante edema da pele.
de aneuploidia 30 .
De maneira geral, hidrojJiJia não imune (Fig. 4-7) pode
resultar de uma variedade de causas tanto maternas quanto
fetais. Ela é reconhecida ultrassonograficamente por ascite,
derrames pericárdicos, derrames pleurais, poli-hidrfuruuo,
placenta espessada e edema da pele. Aneuploidia também é
uma causa comum de hidropisia não imune, responsabilizan-
do-se por até 16% dos casos 33 . A fisiopatologia da hidropisia
não está clara, mas envolve insuficiência cardíaca congestiva
ou displasia linfática. Os tipos mais comuns de anormalidades
do cariótipo que são associados a hidropisia incluem síndrome
de Turner, trisson-uas do 21, 18 e 13, e triploidia . Qyando
estudamos as características ultrassonográficas pré-natais de
fetos com trisson-ua do 18, observamos que 13% tinham evi-
dência de hidropisiaJderrames pleurais 4 • Além disso, quando
hidropisia não imune é diagnosticada antes de 18 semanas, há
uma incidência mais alta de aneuploidia, em comparação com
hidropisia diagnosticada na segunda metade da gravidez 34 .
Por essas razões, quando hidropisia é diagnosticada ultrasso-
no graficamente e parece ser inexplicada, deve ser oferecido
exame invasivo. A combinação de hidropisia generalizada
e higroma cístico, que é denominada linfangiectasia, tem
prognóstico letal. Linfangiectasia é associada a aneuploidia
em cerca de dois terços dos casos, especialmente síndrome FIGURA 4-10. Corte transversal através do tórax fetal mostrando
de Turner. Assim, ela deve ser separada de hidropisia sem uma hérnia diafragmática esquerda. Note o estômago (5), intestino
higroma cístico. (80) e fígado (LI) dentro da cavidade torácica, desviando o coração
Hldro!órax (derrame pleural, quilotórax) tem sido relacio- para o lado direito.
nado com aneuploidia, especialmente síndrome de Turner,
síndrome de Down e trisson-ua do 13. Entre 82 casos de delTa-
me pleural fetal isolado (Fig. 4-8) descritos na literatura, a sín- trissonua do 18 (mais comum), trisson-ua do 13, síndrome de
drome de Down estava presente em 4,9%35. Portanto, análise Down, síndrome de Turner e outras anormalidades cromos-
do cariótipo fetal deve ser oferecida toda vez que hidrotórax sômicas. Parece que a frequência de aneuf,loidia foi descrita
for identificado em ultrassonografia pré-natal. Deve ser assi- de 8% a 34%, mais comumente 10% a 20% 7·39 Portanto, teste
nalado que aseite (Fig. 4-9) pode ocorrer isoladamente e sem do cariótipo deve ser oferecido sempre que esse defeito for
outros sinais de hidropisia. Isso também foi associado a aneu- identificado antes do nascimento.
ploidia, confonne relatado em uma avaliação de 18 fetos com Uma on.folocele (Figs. 4-11 e 4-12) ocorre quando há um
ascite nos quais 5,6% (n = 1) tinham síndrome de Down36 . defeito da parede abdominal central que resulta em herniação
Hérnia diaftagmática (Fig. 4-10) é devida a um defeito con- de estruturas intra-abdon-unais para dentro da base do cordão
gênito no diafragma fetal, com herniação de vísceras abdon-u- umbilical , que é coberta por uma membrana . Onfaloceles são
nais para dentro do tóra.,'{ fetal. Essa anormalidade acarreta associadas a outras anomalias fetais e aneuploidia em mais
um risco aumentado de anormalidades cromossôn-ucas, como da metade dos casos diagnosticados antes do nascimento.
76 ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-11. Grande on falocele contendo ffgado (setas) em uma


paciente no segundo trimestre. A onfalocele é maior que o abdome FIGURA 4-13. Corte axial transversal no meio da gestação mos-
fetal natural. trando ventriculomegalia com um ventrículo acentuadamente dilata-
do (setas).

póreo (contendo fígado) (Fig. 4-11 )· 1. Um grupo encontrou


uma taxa de aneuploidia de 87% em onfaloceles com fígado
intracorpóreo, versus 90/0 com fígado extracOl-póreo· l . Qlando
uma onfalocele é extracorpórea e nenhuma outra anomalia é
encontrada, o risco de aneuploidia é baixo. Fetos Cl-omosso-
micamente normais com onfalocele e nenhuma anormalidade
ameaçadora à vida podem ter um excelente resultado depois
da cirurgia.
Muitas anormalidades do sistema neruoso central acarretam
um risco aumentado de aneuploidia fetal. Ventnculomegalia
cerebral (Fig. 4-13), que é diagnosticada quando o diâmetro
do átrio do ventrículo lateral atinge 10 11U11 ou mais, é um
achado frequente. Isso é associado a uma "retração" relativa
(incapacidade de encher inteiramente a largura do ventrículo
lateral) ou "balanço" do plexo coróide. Ventriculomegalia
(ainda que branda) é associada a um risco aumentado de
aneuploidia, tal como síndrome de Down. Entretanto, ela
FIGURA 4-12. Feto no segundo trimestre com trissomia do 18 com também pode ser vista como uma variedade normal mais
grande onfalocele contendo fígado (LI) e intestino ecogênico. A inser- tarde no segundo trimestre (depois de 20 semanas de gesta-
ção do cordão umbilical pode ser vista por Doppler em cores no ápice ção) e em fetos masculinos , na ausência de "balanço" do plexo
do saco herniado. Note também o cisto de cordão umbilical (seta).
coróide 30 . Em um estudo , houve 31 fetos com ventriculome-
galia fronteiriça isolada (10 a 15 nU11) e 9.7% (n = 3) demons-
traram ter aneuploidia (2 síndrome de Down, 1 trissomia do
Elas acarretam um alto risco de aneuploidia, como trissomias 13)·2. Revendo a literatura e incluindo os seus casos, de um
do 18 e do 13 (mais frequentemente), síndrome de Down, total de 234 pacientes, aneuploidia (principalmente síndrome
síndrome de Turner e triploidia . De maneira similar a outras de Down) foi encontrada em 3,80/0 . Em outra grande (2.743)
malformações fetais , parece haver uma frequência mais alta série de casos, 3,8% revelaram ser cariotipicamente anormais,
de aneuploidia, na maioria dos estudos pré-natais (30%-40%), e a sÚ1drome de Down estava presente em 2% de todos os
em comparação com estudos neonatais (com uma taxa com- casos 23 . Em fetos cromossomicamente normais, aneuploides
binada de 12%), devido à presença de fetos mais gravemente e com síndrome de Down, ventriculomegalia branda foi
anômalos que morrem in li/em ou no período neonatal imedia- observada em 0,5%, 6,8% e 5,5%, respectivamente . Embora a
to 30 . Em um estudo de 35 casos de onfalocele diagnosticados razão de risco de ventriculomegalia branda para aneuploidia
por ultrassonografia, 54% tinham aneuploidia: trissomia do fosse 4,4 (intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,3 a 93,4), a
18 (n = 17), triploidia (n = 1) e síndrome de Klinefelter (n = ventriculomegalia nunca estava isolada nesses casos.
1)"10. Em um estudo recente pelo nosso grupo, observamos Hldrocifàlia (Fig. 4-14) e esPinha b!fida (Fig. 4-15), tanto
que de todos os fetos com trissomia do 18, 18% tinham uma juntas quanto separadas , foram descritas associadas a vários
onfalocele identificada na ultrassonografia pré-natal.!. Deve-se tipos de anormalidades cariotÍpicas, principalmente trissomia
oferecer às pacientes e,.'(ame invasivo para cariotipagem, sem- do 18, do 13 e triploidia· 3 . Em uma revisão de 107 fetos com
pre que uma onfalocele for identificada. Onfaloceles com fíga- anormalidades do sistema nervoso central, aneuploidia foi
do intracoq)óreo (contendo intestino apenas) têm um risco encontrada em 3%, 8% e 33% dos fetos com hidrocefalia,
mais alto de aneuploidia do que aquelas com fígado extracOl-- hidrocefalia e espinha bífida, e espinha bífida isolada, respec-
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 77

FIGURA 4--14. Dilatação acentuada de ambos os ventrículos


laterais com plexos coro ides oscilantes (setas) em um feto com
hidrocefalia.

FIGURA 4--16. Malformação de Dandy-Walker em um feto com


trissomia do 13. Em um plano axial transverso, um quarto ventrículo
aumentado (setas) é visto junto com um defeito no vermis cerebelar.
Note que os hemisférios cerebelares estão separados.

FIGURA 4--15. Ultrassonografia tridimensional mostrando o dorso


fetal afetado por um defeito do tubo neural (seta) na região lombos-
sacra.
FIGURA 4--17. Peça anatomopatológica de cérebro mostra hemis-
férios cerebelares bilateralmente, mas com ausência completa do
No nosso estudo de 38 fetos com trissom.ia do vermis, compatível com malformação de Dandy-Walker.
18, constatamos que 19% tinham defeitos do tubo neural,
enquanto 8% tinham Por
essas razões, se espinha bífida for diagnosticada antes do nas-
cimento, deve ser oferecido exame do canótipo fetal . cromossôm.icas também podem ser observa-
Q.tando anormalidades cerebelares são detectadas em das. E importante saber que subteloméricos foram
ultrassonografia pré-natal, há um risco aumentado de a.neu- relacionados com anormalidades cerebrais, incluindo cerebelo
ploidia e anormalidades As anormalidades hipoplásico e h.idrocefalia 30 ; isso deve ser considerado quando
cerebelares incluem malformação de Dandy-'\Valker (Figs. for realizado teste cariotípico. A variante de Dandy-vValker
4-16 e 4-17). variante de Dandy-'\IValker e hipoplasia cerebe- é mais fortemente associada à aneuploidia (em comparação
lar com aumento da cisterna mag11a. Tanto na malformação com o tipo malformação), o que é contraintuitivo porque o
de Dandy-VValker quanto na variante, o quarto ventrículo tipo variante é uma anomalia mais sutil 45 .+ 6 • Entre os testados,
aumentado se expande através de um defeito no verm.is cere- um grupo encontrou anomalias cariotípicas em 53% dos fetos
bela r. Com o tipo variante, há agenesia incompleta do vermis. com variante de Dandy-Walker, em comparação com 32%
Trissomia do 18 é a aneuploidia mais comum, mas outras naqueles com malformação de Dandy-Walker+ü
78 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-19. Corte transaxial através da cabeça de um feto com


trissomia do 13 mostrando holoprosencefalia alo bar. Observar os
A tálamos fundidos (TI rodeados por um monoventrículo único (aste-
riscai.

de 26 semanas) sem outras anomalias estruturais , isso em


geral está associado a cariótipo e evolução normais 49
Agencsia do corpo caloso (Fig. 4-18) pode ser completa ou
parcial. O diagnóstico é feito pela demonstração da ausência
do complexo fonnado pelo corpo calos o e cavum do septo
pelúcido, junto com vários outros achados ultrassonográ-
ficos, tais como colpocefalia (ou aumento desproporcional
dos cornos occipitais) (Fig. 4-18). Aneuploidia é encontrada
em quase 20% dos casos, e inclui predominantemente tris-
somias do 18, do 8 e do 1350. Entretanto, uma variedade
de outros tipos de anormalidades cromossômicas também é
relatada . Um estudo recente exan1inou casos de agenesia do
corpo caloso diagnosticada tanto no pré-natal quanto no pós-
natal 51 . Entre os casos diagnosticados antes do nascimento,
aneuploidia estava presente em 8%, em comparação com 4%
nos casos pós-natais.
Holoprosencifàlia (Figs. 4-19 e 4-20) é uma anormalidade da
linha média do cérebro, resultante da ausente ou incompleta
B divisão do prosencéfalo (cérebro anterior embrionário) e for-
FIGURA 4-18. A. Feto com agenesia do corpo caloso. Cornos fron- mação das estruturas medianas. Ela é embriologicamente rela-
tais largamente separados (se tas) são vistos com ausência do cavum cionada com o desenvolvimento do meio da face, portanto ,
do septo pelúcido. B. Imagem axial transversa através do ventrículo com associação comum de anomalias faciais da linha média
lateral mostra a forma característica "de lágrima " dos vent rículos
laterais ou aumento desproporcional dos cornos occipitais (colpoce-
(Fig. 4-21 ) comprometendo testa, eSU-uturas interorbitárias,
falial (asteriscol que é indicadora de agenesia do corpo caloso. nariz, pré-maxila e lábio superior. Há três tipos principais
de holoprosencefalia, dependendo do grau de anormalidade
anatômica: tipo alobar, semilobar e lobar. Aneuploidia está
presente globalmente em 50% a 60% dos fetos com holopro-
sencefalia alobar ou semilobar. Dos vários tipos de anorma-
Embora possa ser vista em fetos normais, uma cisterna lidades cromossômicas, trissomia do 13 ou uma variante da
magna aumentada pode ser indicadora de anonnalidades trissomia do 13 é a mais comum (encontrada em 50%-75%
cromossômicas (especialmente trissomia do 18). Isso é mais daqueles com cariótipo anormal); entretanto, há uma ampla
visualizado no terceiro u'ünestre, e é menos provável no variedade de outros tipos aneuploides descritos. Em fetos com
segundo trimestre-l7.48. Um estudo examinou fetos com agene- trissomia do 13, holoprosencefalia foi descrita em 39%5. a
sia do vermis ou cisterna magna aumentada, e observou que presença de anormalidades faciais ou extrafaciais em adição à
55% tinham aneuploidia, mais comumente trissomia do 18 ou holoprosencefalia, o risco de aneuploidia está aumentado.
trissomia do 18 variante 45 . Entretanto, parece que quando há Ano17laliasfaciais são comumente vistas em fetos ou recém-
uma cisterna mag11a aumentada isolada (em especial depois nascidos com anormalidades cariotípicas. Alguns fetos ou
ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 79

FIGURA 4-22. Perfil facial anormal mostrando micrognatia grave


(seta).

FIGURA 4-20. Peça anatomopatológica de holoprosencefalia alo-


bar em recém-nascido afetado com trissomia do 13.

FIGURA 4-23. Características anatomopatológicas macroscópicas


vistas na face de um neonato com trissomia do 9. Observar a testa
inclinada, perfil achatado, nariz pequeno e micrognatia (seta).

recém-nascidos cariotipicamente anormais podem demonstrar


micrognatia (Figs . 4-22 e 4-23), testa inclinada (Fig. 4-23),
perfIl achatado (Fig. 4-24) ou retrognatia. Ao examinar as
características ultrassonográfIcas de 38 fetos com trissomia do
18, observamos que cerca de metade (53%) tinha anomalias
faciais visualizadas 4 . Vinte e nove por cento tinham um perfIl
anormal (excluindo micrognatia), 21% tinham micrognatia e
18% tinham hipotelorismo.
A presença de fenda labial/palatina (Figs. 4-25 e 4-26) é
associada à aneuploidia (como trissomias do 13 e do 18),
especialmente quando encontrada junto com malformações
do sistema nervoso central ou outras anormalidades. Um
estudo recente examinou fetos com fenda labial e palatina
e descreveu aneuploidia em 0%, 32%, 59% e 82% em fenda
labial unilateral, fenda labial e palatina unilateral, fenda labial
e palatina bilateral e fenda labial e pala tina mediana, respec-
tivamentéo. Embora alguns digam que fenda labial isolada
tem um baixo risco de aneuploidia e exame invasivo não seja
sempre necessário, às vezes é difícil diagnosticar fenda palati-
FIGURA 4-21. Características patológicas macroscópicas vistas na
face de um recém-nascido com holoprosencefalia alobar. Um único na antes do nascinlento, e portanto isso pode representar um
olho (ciclopia) e uma probóscide localizada acima do olho mediano exame falso-negativo para fenda pala tina. Por essas razões,
estão presentes. Note também as mãos cerradas bilateralmente. a amniocentese deve provavelmente ser oferecida a todas as
80 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-24. Perfil facial de um feto com trissomia do 18. O perfil


é achatado e há um osso nasal hipoplásico.

FIGURA 4-26. Imagem tridimensional da face fetal mostrando


fenda labial bilateral.

FIGURA 4-27. Hipotelorismo acentuado em um feto com trissomia


do 13.

FIGURA 4-25. Imagem tridimensional da face fetal mostrando


fenda labial unilateral (seta).

junção uretrovesical ou distaI a esta, anormalidades cromos-


sômicas foram descritas em 23%52. Com anormalidades do
trato urinário ocorrendo mais proximalmente, aneuploidia foi
pacientes com fenda labial e/ou palatina fetais diagl10sticadas relatada com menos frequência. Com anormalidades renais
com ultrassonografia. unilaterais, incluindo obstrução da junção ureteropélvica e
Anomalias omlares, como hipotelorismo (Fig. 4-27). hiper- rins displásicos, o risco de aneuploidia é consi-
telorismo, microftalmia, anoftalmia e ciclopia (Fig. 4-21 ) derado bai)w,3. Entretanto, amniocentese para cariotipagem
podem estar associadas a anormalidades do cariótipo fetal. pode ainda ser oferecida em todos os casos de rim multicístico
Mais importante, quando elas são vistas junto com outras displásico (Fig. 4-28) em virtude do potencial de anormalida-
malformações (especialmente holoprosencefalia). o risco de des cromossômicas associadas.
aneuploidia está particularmente aumentado . Em geral. embora a maioria das malformações congênitas
Anol7lU/lida<ies genitul1'l/ârias podem estar associadas a anor- possa aumentar o risco de aneuploidia fetaL ainda há algumas
malidades cromossômicas fetais. A mais alta frequência de exceções. Estas envolvem distúrbios que resultam de destrui-
aneuploidia foi descrita nos fetos com obstrução uretrovesical ção tecidual ou vascular, como gastrosquise, tumores, comple-
(obstrução da saída da bexiga), mais comumente trissomia do xo de membros-parede corporal, hidranencefalia e síndrome
18 ou do 13 30. Em uma coorte de 39 fetos com obstrução na de bandas amnióticas.
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 81

FIGURA 4-28. Imagem parassagital através do abdome inferior


fetal mostra grande rim multicístico displásico com múltiplos cistos
de v ariados tamanhos.

FIGURA 4-30. Plano transaxial através da fossa posterior da cabe-


ca fetal revelando uma espessura aumentada da prega de pele nucal
(10 mm) em um feto de 21 semanas com sindrome de Down.

septo pelúcido, pedúnculos cerebrais , hemisférios cerebelares


e cisterna mag11a. Medições são em geral realizadas entre 15 e
21 semanas gestacionais, e são medidas por calipers da tábua
externa do crânio (ou fora do osso occipital) até a margem
externa de pele. Valores maiores do que ou iguais a 5 ou 6
mm são considerados anormais ou aumentados (Fig. 4-30).
Os erros médios intraobservador e interobservadores para
essa medida são apenas 0.63 mm e 0,53 mm, respectivamen-
te , assim tornando esse marcador altamente reprodutível 56 .
Entretanto, deve ser observado que quando se obtém a
espessura da prega nucal em fetos sentados , fetos com cabeça
estendida sobre o pescoço ou quando pressão aumentada é
colocada no transdutor sobre a cabeça fetal , pode ser obtida
uma espessura aumentada falso-positiva.
FIGURA 4-29 . Corte pela fossa posterior mostra espessura normal
As de sensibilidade e de falso-positivos do espes-
da prega nucal (0,41 cm) no segundo trimestre.
samento da prega nucal (Fig. 4-31 ) variam com a idade ges-
tacional e a definição de um exame positivo. Duas grandes
experiências clinicas prospectivas mostraram que a sensibilida-
de da espessura da prega nucal para detecção de síndrome de
Prega Nuca. D own foi 43% e 42%, de triagem positiva de 0,1 % e
o,
1,3%, respectivamente o6. . Outro grupo observou que usando
Em 80% dos recém-nascidos com síndrome de D own, estão um valor de corte maior do que ou igual a 6 mm . 33% dos
presentes pregas de pele nucal redundante ou excesso de teci- fetos com trissomia do 21 puderam ser detectados , com uma
do mole na região cervical posterior 54 . Espessamento nucal taxa de falso-positivos de apenas 0.1 %58 . Eles sugeriram que
também está presente em outras anormalidades cromossômi- esse cone seja maior do que ou igual a 5 mm a fim de obter
cas , como trissomia do 18, do 13 e síndrome de Turner. Em uma sensibilidade de 77,8% com uma taxa de falso-positivos
alguns casos , ele pode mesmo resultar de resolução de higro- de 2%. Benacerraf observou que em 303 casos fetais normais,
ma cístico. Em 1985, Benacerraf foi o primeiro a relatar tecido nenhum mos o-ou espessamento nucal maior que 5 nun até
mole espessado no occipital fetal entre 15 e 20 semanas de ges- 20 semanas de gestaçã05? Por essa razão, outros estudos
tação como um sinal ultrassonográfico de trissomia do 21 55 . sugeriram que usar 5 Im11 é um cone melhor, levando à sensi-
Os autores mostraram que 33% dos fetos com síndrome de bilidade melhorada com apenas um leve <J umento n<J t<Lxa de
Down tinham um espessamento da prega nucal maior do que falso-positivos 58 .59 . Na nossa instituição, usamos 6 mm ou mais
ou igual a 6 mm. Dirigindo um plano transaxial através da como valor limiar para anormal. Vários outros estudos tam-
cabeça fetal e angulado posteriormente para incluir o cerebelo bém confirmaram o achado de que prega nucal espessada na
e osso occipital, a espessura da prega nucal pode ser obtida ultrassonograf13 no segundo trimestre está associada a um alto
(Fig. 4-29). Marcos anatômicos internos incluem o cavum do risco de sindrome de Down fetals6.6o.G2. A prega nucal espessa-
82 ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

Relação Diâmetro Biparietal/Comprimento


Femoral para Detecção de Síndrome de Down
Número de Fetos Taxa de
com Síndrome Triagem
Estudo de Down Sensibilidade Positiva

Dicke et af2 33 18% 4%


Hadlock eI af3 16 19% 12%
PereUa et aF4 19 26% 23%
Hill ct af5 22 36% 7%
Bmm1ieid et ar 15 40% 2%
Lockwood et afo 35 51 % 7%
BenacerraI ct aP 20 70% 5%

A
não síndrome de Down; por essa razão, uma vez que uma
medida anormal de prega nucal seja obtida, uma amluocen-
tese deve ser oferecida, independentemente de a espessura da
pele nucal se resolver 6s .

Ossos Longos Curtos


Uma vez que os indivíduos com trisson1.ia do 21 frequente-
mente têm estatura baixa, não é surpreendente que o feto
com síndrome de D own no segundo trimestre possa ter uma
tendência a comprimentos ósseos curtos do ümero e fêmur.
De fato , os perfis de crescimento somático e visceral dos fetos
com trisson1.ia do 21 foram descritos, e foi demonstrado que
os desvios mais notáveis em relação ao normal são os mem-
bros curtos (que são discordantes da circunferência cefálica)69.
Ao medir comprimentos dos ossos longos, é importante obter
a medida com a diáfise localizada horizontalmente na ima-
B gem, porque medições verticais podem "encurtar" falsamente
o complimento. O método mais usado para determinar o
FIGURA 4-31. A. Imagem longitudinal de feto no segundo trimes-
tre com trissomia do 21. Tecido mole aumentado é visto no dorso comprimento curto dos ossos longos é comparar a medida
da cabeça (seta). Note que a cabeça fetal está em posição neutra real com a esperada com base no diâmetro bipaI'ietal (DBP),
em relaç ão à c oluna cervical. B. Imagem longitudinal de um feto no em vez de usar a idade gestacional.
terceiro tr imestre com síndrome de Down conhecida. Observar a Em 1987 foi demonstrado pela primeira vez que um fêmur
pele nucal redundante (seta). Neste caso o tecido mole proeminente
é anormal. Entretanto, extensão da cabeça fetal sobre o pescoço , curto se associava a um risco aumentado para síndrome de
como neste caso, pode fazer tecido mole normal parecer proeminen- Down fetal 57,70 . O comprimento do fêmur pode ser avaliado
te e anormal. entre 15 e 23 semanas usando-se uma proporção DBP/com-
primento do fêmur, ou a relação de comprimento do fêmur
observado para o esperado s7,70. Escolhendo um 1inUte superior
de 1,5 desvio-padrão acima da média na relação DBP/com-
da é um dos marcadores mais importantes, e o mais sensível primento do fêmur, Lockwood observou que a sensibilidade
e específico marcador isolado para a detecção de síndrome e a taxa de falso-positivos foram 51 % e 7%, respectivamente,
de Down no trimestre intermediári0 55 , embora recentemente para detectar fetos com síndrome de Down (Tabela 4-4)70.
também tenha sido demonstrado que osso nasal ausente tem Benacerraf demonstrou que 68% dos fetos com trisson1.ia do
41 % de sensibilidade e 100% de especificidade para síndrome 21 tirIham razões de comprimento do fêmur observado para
de Down fetal 63 • Mesmo como achado isolado, prega nucal o ewerado de menos de 0,91, com base no DBP (Tabela
anormal foi descrita acarretando uma razão de frobabilidade 4-5)" . Alguns pesquisadores encontraram diferenças na exa-
de pelo menos 11 para síndrome de Down 64 .6 . Mesmo em tidão diagnóstica da proporção DBP/comprimento do fêmur,
mulheres que não estão em risco de ter um feto com síndrome dependendo da idade gestac.i.onal do feto.71 Mais especifica-
de Down, a prega nucal espessada é üti! para detectar esses mente, um fêmur curto foi mais ütil para detectaI' trisson1.ia
fetos afetados 66 . Portanto, a prega nucal como marcador é do 21 entre 17 e 19 semanas de gestação.
uma ferramenta poderosa, mesmo em pacientes de baixo risco. As eficácias da relação DBP/comprimento do fêmur e a
Diante desses resultados, aI1UUocentese genética deve ser ofere- relação de comprimento do fêmur observado para o espera-
cida quando uma medida anormal da prega nucal é observada, do para det<:,cção de trisson1.ia do 21 estão apresentadas nas
mesmo em uma população de baixo risco. Tabelas 4_4 51,7(j,72-76 e 4_5 57,72,75,77-8° . Como pode ser visto, há
Um fato muito importante é que embora a espessura uma ampla faixa de sensibilidades descritas , com alguns estu-
nucal possa persistir durante o segundo trimestre em alguns dos não mostrando uma associação clin.i.camente sigIlificativa
fetos com trisson1.ia do 21 , outros fetos terão resolução com- entre comprimento femoral curto e sÚ1drome de Down. Isso
pleta 67. Assim, regressão pode ocorrer quer o feto tenha ou pode ser um reflexo das diferenças nas populações exa.n1ina-
UL TRASSONOGRAFIA GEN ÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 83

Relação entre Comprimento do Fêmur


Tabela 4-5 Observado e Esperado para Detecção de
Síndrome de Down
Número de Fetos Taxa de
com Síndrome Triagem
Estudo de Down Sensibilidade Positiva

Lafollette el af7 30 12% 13%


Nyberg eI ai8 49 14% 6%
Dicke eI af2 33 15% 10%
Benacerraf eI af9 20 40% 5%
Grist el aio 6 50% 6%
Hill eI afs 22 50% 15%
Benacerraf el ar 28 68% 2%

das em cada um dos estudos. Urna vez que há variação no


comprimento femoral fetal com relação à raça materna81, é
FIGURA 4-32. Um corte transve rsal no segundo trimestre mostra
aconselhável que, a Em de otimizar a sensibilidade e especifi- pielectasia bilateral (setas) em um feto com síndrome de Down.
cidade, cada cenU-o estabeleça seus próprios dados normais de
referência, porque os valores médios e desvios-padrão podem
variar significativamente de um local para outro.
A maioria dos dados mosu'a que os fetos com trissomia Pielectasia
do 21 têm fêmures ligeiramente mais curtos (em comparação
com fetos normais); entretanto, a redução no comprimento do Pielectasia renal (ou dilatação da pelve renal) (Fig. 4-32) é
fêmur nesses fetos é apenas mínima e pode não ser útil como medida em uma dimensão ântero-posterior sob a forma da
marcador isolado em u-iagem de sÚ1drome de Down. Portan- pelve renal cheia de liquido. Ela deve ser medida apenas
to, como ocorre com outros marcadores ultrassonográficos de quando os rins e a coluna estão posicionados diretamente
aneuploidia, é mais útil usar uma combinação de marcadores na direção ou voltados para longe do transdutor (versus do
(versus isolados) para detectar srndrome de Down fetal. lado). Entre vários centros, o ponto de corte varia, mas o
Em um estudo de 1989 baseado em medidas de autópsia valor mais comum usado é 3 a 4 mm. Na nossa unidade,
em fetos com trissomia do 21, foi descrito que os comprimen- usamos uma medida limiar de 4 mm ou mais no segundo tri-
tos umerais foram mais curtos que o esperad082. Subsequen- mestre. Pielectasia tem sido associada a um risco aumentado
temente, Benacerraf examinou o papel do comprimento do de aneuploidia 91.94 , especialmente para trissomia do 21. Sua
úmero para detectar fetos com trissomia do 21 no segundo prevalência varia com a idade gestacional, com muitos casos
trin1estre usando a relação de comprimento medido para se resolvendo à medida que a gravidez avança. Entretanto,
esperado de menos de 0,90 como ponto de corte; 50% dos pielectasia (especialmente branda) é um achado relativamente
fetos com sÚ1drome de Down foram identilicados, com uma comum em ulu'assonografia pré-natal e pode ser vista em 2%
taxa de falso-positivos de 6,25%83. Naquele mesmo ano, nosso a 2,8% dos fetos nOlmais 92 .
grupo observou que comprimento curto do úrnero teve uma Em 1990, foi mostrado pela prin1eira vez que pielecta-
sensibilidade de 54% para a detecção ulu'assonográfica de sia fetal branda estava associada a um risco aumentado de
fetos com srndrome de Down no segundo trin1estre (versus trissomia do 21 91. Usando um corte maior que 4 mm, foi
18% do comprimento do fêmur)84. Entretanto, outros pes- observado que 25% dos fetos com sÚ1drome de Down tinham
quisadores observaram que o comprimento curto umeral é pielectasia91. De maneira sinlliar, um grupo observou que
menos útil como marcador de triagem para u'issomia do 21 18,7% dos seus fetos com srndrome de Down tinham pielec-
(sensibilidade 28% e taxa de triagem positiva de 9%)85. tasia 56 , enquanto outro mostrou uma incidência de 17% de
Combinando avaliações do comprimento do úmero e pielectasia em fetos com sÚ1drome de Down, com uma taxa de
do fêmur, pode ser obtida uma redução notável nas taxas falso-positivos de 2%92 . Em 210 fetos em geral com pielecta-
de falso-positivos 86 . Fetos com úmero curto e fêmur curto sia, 3,3% tinham srndrome de Down91. Snijders 95 estimou que
carregam um risco 11 vezes mais alto de ter trissomia do pielectasia branda aumentou o risco de sÚ1drome de Down
21 em comparação com o risco baseado na idade87. O sexo 1,6 vez acima do risco básico. Alguns estudos focalizaram
pode parecer ter um papel de influenciar os comprimentos pielectasia isolada como marcador de aneuploidia. De 99 fetos
dos ossos longos. Em 1993 , um estudo observou que os fetos com pielectasia isolada, dois fetos tinham aneuploidia (um
masculinos afetados com srndrome de Down tinham mais dos quais tinha srndrome de Down)96. Entretanto, em uma
medidas de fêmur e úmero curtos do que os fetos femininos população de mulheres com idade materna avançada, entre
afetados , quando comparados com suas contrapartes nor- os 2,9% de fetos no segundo trimestre com pielectasia isolada,
mais 88 . Um estudo subsequente pelo nosso grupo observou os autores não encontraram urna incidência aumentada de
que os fetos masculinos afetados com srndrome de Down aneu ploidia 97.
tinham uma proporção maior de medidas de fêmur e úmero Globalmente, embora pielectasia fetal isolada seja um
curtos em qualquer DBP, do que os fetos femininos afeta- marcador ultrassonográfico que acarreta um risco ligeiramen-
dos 89 . Entretanto, quando outro grupo estudou o impacto do te aumentado de trissomia do 21 , o risco provavelmente não
sexo sobre a detecção ultrassonográfica da trissomia do 21, é suEciente para justificar aI11niocentese em uma população
não encontraram signiEcância estatística nas incidências de de baixo risco. Entretanto, em uma população de alto risco,
quaisquer dos marcadores ultrassonogTáficos, inclusive ossos pielectasia pode ser usada ultrassonograficamente em com-
longos curtos 90 . binação com outros marcadores de aneuploidia, como prega
84 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-33. Corte apical de quatro câ maras do coração fetal


mostrando um foco ecogênico intraca rdíaco (se ta ) no ven trículo
esque rd o. Note o brilho seme lhant e ao osso circundante. FIGURA 4-34. Corte apical de quatro câ maras do coração fetal mos·
trando múltiplos focos ecogênicos. Há vários no ventrículo esquerdo,
e um foco no ventrículo direito .

nucal, OSSOS longos curtos e assim por diante. Quando presen-


te em mulheres de alto risco, mesmo como marcador isolado, uma entre a mineralização do músculo papilar e
a identificação de pielectasia pode aumentar o risco a Pl10ri de aneuploidia J 6. Microcalcificação do músculo papilar foi vista
trissomia do 21 fetal. em 2%, 16% e 39% dos fetos normais, fetos com trissomia
do 21 , e fetos com trissomia do 13, respectivamente lO6 Em
1995, Bromley descreveu uma série de 1.334 fetos no segundo
Foco Ecogênico Intracardíaco
tJimestre submetidos a amniocentese, e observou que 4,9%
Um foco ecogênico intracard íaco (FEl) é visto comumente tinham um FE l lOl . Dezoito por cento (4/22) dos fetos com
em ultrassonografia no seg'undo trimestre, e está presente em síndrome de Down tinham um FE l, em comparação com 4,7%
3% a 4% dos fetos normais 98 . Ele é um ponto individualiza- (62/1.312) dos fetos normais. Eles observaram que nessa popu '
do brilhantemente ecogênico com brilho semelhante a osso lação de alto risco, a identificação ultrassonogTáfica de um FE l
(Fig. 4-33), e parece ser causado por reflexão dos músculos foi associada ao aumento ao quádmplo no risco de trissomia
papilares e cordas tendíneas. A correlação anatomopatológica do 21 101 . Recentemente, os mesmos autores observaram que
sugere que FEl se correlaciona com mineralização de músculo como achado isolado FE l aca rreta uma razão de probabi-
papilar que pode ser vista histologicamente 99 . Também pode lidade de 1,4 para trissomia do 21 107. Subsequentemente,
representar calcificações grosseiras intramiocárdicas rodeadas muitos estudos confirmaram uma associação entre síndrome
por fibrose miocárdicaIOo Em pacientes de baL'(o risco, a pre- de Down e FEIl os. lll. Estima-se que a razão de probabilidade
sença de um FEl não é associada a anomalias cardíacas 10 ·103 do FEl para síndrome de Down caia na [aL'(a de 1,8 a 4,2 3 °.
A prevalência de FEl parece ser significativamente mais alta Entretanto, alguns pesquisadores não lograram mostrar uma
em pacientes asiáticas , com FEl sendo encontrado três vezes associação entre síndrome de Down e FEl102.112 Uma asso-
mais Frequentemente em pacientes asiáticas, em comparação ciação entre FE l e trissomia do 13 também foi relatada 5 . Os
com brancas lO.I Uma vez que FEl poderia ser um achado autores encontraram um FE l em 39% dos fetos com trissomia
subjetivo, sua detecção depende de vários [atores , tais como do 13 mais cedo que 20 semanas.
posicionamento fetal, características da varredura materna, Embora um FE l possa ocorrer em qualquer um ou ambos
expe riência do ultrassonologlsta, qualidade e resolução da os ventrículos cardíacos , ele é visto mais frequentemente no
máquina de ultrassom, exame completo e técnica ultrasso no- ventrículo esquerdo. Um estudo observou FEl no ventrículo
gráfica. Importante, ele é mais bem visualizado em um cone esquerdo, ventrículos esquerdo e direito combinados, e iso-
apical de quatro câmaras, com o ápice do coração apontando lado no ventrículo direito em 96%. 4,3% e 0,7% dos casos,
na direção ou para o lado oposto do transdutor lO5 , porque ele respectivamente" 3. Parece que FE l múltiplo ou grande (Fig.
pode "desaparecer" quando se examina o coração de um corte 4-34) também pode aumentar ainda mais o risco de aneu-
subcostal de quatro câmaras (ápice apontando para o lado). ploidia. Em outras palavras, qu ando o ventrículo direito ou
Embora tenha sido descrito que ele em geral se resolve pelo ambos os ventrícu los mostram um foco ecogênico intracardía-
terceiro trimestre L03 , observamos que com exame ultrassono- co, a incidência de aneuploidia pode ser mais alta do que é
gráfico cuidadoso, um FEl ainda pode ser visualizado mesmo com um único [oco esquerdo l09 Um grupo de pesquisadores
no terceiro trimestre. observou que FE l direito (Fig. 4-35) e combinado bilateral
FEl era considerado uma variante normal até 1992 98 . teve aproximadamente um risco duas vezes maior de aneu-
Em um estudo de patologia. Roberts foi o primeiro a sugerir ploidia, em comparação com [ocos no lado esquerdo lO9 . Em
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 85

FIGURA 4-36. Intestino hiperecogênico (setas) no abdome (Grau


3) de um feto com síndrome de Down. A ecogenicidade é semelhante
à dos corpos vertebrais.

FIGURA 4-35. Foco ecogênico intracardíaco visto no ventrículo direi-


to do coração (seta).
resolução ultrassonográfica, devemos lembrar que o uso de
transdutores de alta frequência pode realçar ou exagerar a
ecogenicidade do intestino fetal, mesmo no feto normal. Uma
fetos com um FEl no ventrículo direito, pareceu haver uma vez que a detecção clínica do intestino hiperecoico ainda exige
incidência mais alta de síndrome de Down, em comparação interpretação subjetiva, alguns usaram um sistema de gradua-
com fetos com FEl isolado no ventrículo esquerdo somente. ção para remover a subjetividade tanto quanto possÍvel" 6 .
Outro estudo observou que de 15 fetos que tinham FE l Alguns só reconheceram que o intestino é acentuadamente
múltiplo, 67% (n = 10) tinham cariótipos anormais, e apenas ecogênico na ultrassonografia, enquanto outros reconhecerão
dois destes tinham outras anormalidade ultrassonográficas " 4. intestino moderada e acentuadamente ecogênico. Um sistema
Outros também observaram que FEl comprometendo ambos de graduação para intestino hiperecoico que foi proposto
os ventrículos cardíacos (Fig. 4-34) são mais frequentemente inclui grau 1 (levemente ecogênico e tipicamente difuso),
associados à aneuploidia. Um grupo relatou que anormalida- grau 2 (moderadamente ecogênico e tipicamente focal) e grau
des cromossômicas foram mais comuns quando FE l afetou 3 (muito ecogênico, semelhante a estn.lturas ósseas) 116. Na
ambos os ventrículos , em comparação com qualquer um dos nossa unidade, diagnosticamos intestino hiperecoico apenas
dois ventrículos isolado ll ' . se houver ecogenicidade ultrassonográfica semelhante aos
Em resumo, a relação entre um foco ecogênico intracardía- ossos ilíacos.
co e as trissomias do 21 e do 13 foi confirmada na literatura. Intestino hiperecoico é visto com frequência aumentada
Portanto, na população de alto risco mesmo quando um foco em fetos aneuploides (Fig. 4-36), especialmente trissomia do
ecogênico intracardíaco é isolado, isso aumenta o risco a prion' 21 2 .1.117. 119. Em 1990, Nyberg relatou uma associação entre
de síndrome de Down fetal. Entretanto, em populações de anormalidades cromossômicas e intestino hiperecogênico; de
baixo risco quando o FEl é isolado e não são identificadas 94 fetos com sÍndrome de Down, 7% tinham intestino hipe-
outras anomalias ultrassonográficas grandes ou pequenas, ele recogênic0 24 . Outro grupo examinou 50 fetos com intestino
é considerado uma "variante normal", e nenhuma avaliação hiperecoico (definido como ecogenicidade comparável à do
adicional (inclusive cariotipagem fetal ) geralmente é recomen- osso) e observou que 16% tinham aneuploidia, a maioria dos
dada. quais tinha sÚldrome de Down J1í. O mesmo grupo de pesqui-
sadores relatou que 12,5% de todos os fetos com síndrome de
Intestino Hiperecoico Down no segundo trimestre na sua unidade tinham intestino
hiperecoico. Intestino hiperecogênico parece aumentar o risco
Tal como é o caso de muitos outros marcadores de aneu- de trissomia do 21 seis a sete vezes 6.'. Entretanto, o risco varia-
ploidia, intestino hiperecogênico é inespecílico e pode ser rá dependendo da idade materna, presença de outras anorma-
visto em fetos normais. Em geral, não é um achado muito lidades e uma variedade de outros fatores de risco. O risco de
frequente , uma vez que é encontrado em cerca de 0,5% dos srndrome de Down em fetos com intestino hiperecoico isolado
fetos normais. Normalmente no segundo trimestre, o intestino é aproximadamente 1,4% na população geral 68 . Outros rela-
é homogêneo e tem a mesma ecogenicidade que o restante taram que intestino hiperecoico isolado seria esperado estar
do abdome fetal , assim aparecendo não individualizado e associado a um risco de trissomia do 21 de cerca de 1% a 2%
normalmente não digno de nota . Entretanto, na presença na população geral30 .
de intestino hiperecoico, se terá uma impressão subjetiva de O diagnóstico diferencial do intestino hiperecoico inclui
intesti no inusitadamente ecogênico . Seu significado clínico congênitas (como citomegalovírus, vírus herpes
varia com o grau de ecogenicidade. Também foi demonstra- simplex e parvovÍrus), íleo meconial (devido a fibrose cística)
do que a ecogenicidade do intestino normal aumenta com e obstrução/atresias/malformações intestinais. Também pode
a frequência do transdutor, embora esse efeito seja unifor- ser associado a sangramento vaginal pré-natal e deglutição
me (intestino hiperecoico verdadeiro tende a ser focal ) 115 fetal de sangue de hemorragia intra-amniótica 120 . Com intes-
Especialmente com a tecnologia atual de ultrassom e melhor tino hiperecoico, há também um risco aumentado de má evo-
86 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

A B
FIGURA 4-37. Três pacientes com cistos de plexo coróide. A.
Corte axial transversal da cabeça mostra um cisto isolado do plexo
coróide. Cromossomos normais. B. Vários cistos de plexo foram
vistos. Cromossomos normais. C. Grandes cistos bilaterais de plexo
coróide. O paciente tinha trissomia do 18. Houve múltiplas outras
anormalidades ultrassonográficas também visualizadas.

lução perinatal, tal como morte fetal , restrição do crescimento invasivo para canoopo fetal e exames de imagens seriados
intrauterino e complicações relacionadas com a placenta 120. durante toda a gravidez para excluir reso;ção do crescimento
Foi demonstrado que o risco de fibrose cística e aneuploidia intrauterino e malformações/atresias intestinais (que podem
aumenta com o grau d e ecogeruCl "d acIe do 'l11teswlO
. let
r al11 6 "12 1 não ser evidentes até o terceiro trimestre). Em geral, o
De 145 casos de intestino hiperecoico no segundo trimestre, prognóstico é favorável uma vez que aneuploidia, anomalias
um estudo mostrou que fibrose cística foi encontrada em 0%, estruturais, infecção, fibrose cística e restrição do crescimento
2,5% e 20 ,8% dos fetos com intestino dos graus 1, 2 e 3, res- intrauterino tenham sido excluídas.
pectivanlente J2 J . Síndrome de DoWJ1 foi encontrada também
em 0%, 2,5% e 25% dos fetos com intestino dos graus 1, 2 e Cistos de Plexo Coróide
3, respectivamente.
É importante distinguir intestino hiperecogênico de peri- Os ventrículos laterais cerebrais contêm líquido cerebroes-
tonite por mecônio, na qual o achado mais comum e caracte- pinhal sonolucente. Dentro dos ventrículos laterais reside o
rístico em ultrassonogTafia pré-natal é calcificação peritonial. brilhantemente ecogênico plexo coróide que normalmente
Intestino hiperecogênico também é diferente de mecônio enche o átrio, e pode conter cistos (Fig. 4-37). CPCs são um
hiperecoico visto durante o terceiro trimestre, o qual pode ser achado relativamente comum durante o segundo trimestre,
normal mas em geral está limitado ao cólon. em especial com a atual tecnologia e resolução ultrassonográ-
De uma súmula dos maiores estudos de intestino hipere- ficas aperfeiçoadas. A prevalência relatada em fetos normais
coico e seus resultados, Nyberg relatou que os dados indica- é variável e vai de 0,3% a 3,6%1 23. 124. Essa variabilidade pode
ranl um risco aumentado de morte fetal ou neonatal (3%-4%), ser explicada por vários fatores , tais como as indicações do
aneuploidia (cerca de 3%), outras anomalias (30/0) , complica- encanunhanlento, exame completo, critérios de tanlanho para
ção intestinal (1%-2%), fibrose cística (1%-2%) e infecção con- diagnosticar cistos e idade gestacional. CPCs por si próprios
gênita (1%-2%)122. Portanto, quando intestino hiperecogênico não têm nenhum efeito conhecido sobre o desenvolvimento
é visualizado, deve-se considerar estudos maternos quanto a fetal e são essencialmente belugnos. Além disso, diferente-
infecção congênita, estado portador de fibrose cística, exanle mente de outros marcadores de aneuploidia (p. ex ., intestino
Ul TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 87

hiperecoico), não há nenhuma associação conhecida de outros


Resumo de Estudos da Incidência de
resultados adversos se o cariótipo for normal.
CPCs são vistos quase exclusivamente em fetos entre 16 Aneuploidia em Fetos com Cistos Isolados
e 21 semanas de idade gestacional, e parecem ser transitórios. de Plexo Coróide
Pela 23a semana de gestação, eles em geral estão sofrendo N" de Casos com N" de
regressão e é incomum vê-los ultrassonograficamente após 25 Cistos Isolados Anomalias
a 26 semanas. Os cistos podem ser unilaterais ou bilaterais, Estudo de Plexo Coróide Cromossômicas
únicos ou múltiplos, e pequenos ou grandes . Comumente, são Achiron eI aI.45 29 1
de aparência multilocular, e os cistos tipicamente variam entre Benacerraf et af46 38 O
0,5 cm e 2 cm de tamanho. Às vezes, podem ser tão grandes a Chan cf af47 13 O
ponto de encher quase o ventrículo lateral inteiro e expandir Chinn cf aP3 36 O
suas paredes , dando a falsa aparência de ventriculomegalia Chitkara cf al 48 38 O
(Fig. 4-37 B). Clark et al 49 5 O
CPCs podem ser um achado importante porque houve DeRoo eI al so 17 O
relatos na literatura ao longo dos anos descrevendo a associa- Gabrielli cf al S I 61 O
ção de CPCs a aneuploidia fetal, especificamente trissomia do Gray et al 3S 201 O
18 125 ·l2í. CPCs parecem estar em cerca de um terço Gross et al 27 74 O
dos fetos com trissomia do 18 1. 6 . Em virtude dessa associação, Henzberg ef al S2 31 O
há muito debate sobre se os fetos que têm CPCs em ultrassom Howard ef al 40 51 1
devem receber cariotipagem. É claramente recomendado que Kupferminc ef al S3 98 4
quando fetos com CPCs têm outros achados ultrassonográfi- NadeJ et al 25 220 O
ava ef af54 193 4
cos, exame invasivo deve ser oferecido. Entretanto, quando a
Ostlere ef al 37 96 O
ultrassonografia pré-natal por pessoal experiente revela que os
Perpignano et al39 86 5
CPCs são isolados) a conduta deve ser conservadora. Porém,
Plau ef al 4 1 67 O
alguns pesquisadores acreditam que os fetos que têm CPCs Pono ef al 34 59 2
isolados e nenhuma outra anomalia podem ainda correr um Shields et al 39 274 7
risco suficientemente grande de aneuploidia para justificar Tborpe-Beeston et af 55 49 O
amniocentese. Contudo, o componente crítico reside em se T wining ef a j38 16 O
um CPC "isolado" é, de fato, verdadeiramente isolado. Isso Walkinshaw e/ af 36 152 4
só pode ser presumido uma vez que um exame fetal detalha- Zerres et af S6 14 O
do por examinadores experientes não tenha revelado outras
anormalidades/marcadores estruturais. Portanto, é imperativo
que todos os fetos com CPCs sejam submetidos a uma análise
anatômica ultrassonográflca fetal detalhada por alguém que
seja perito e experiente em diagnóstico pré-natal. do 18 foi 53%, e quando esses cistos eram isolados, eles não
Várias metanálises foram descritas na literatura com rela- estavam associados à trissomia do 18 27. Em outro estudo pelo
ção a fetos com CPCs isolados. Um relatório revelou que 13 nosso grupo, constatamos que de 98 fetos com CPCs isolados
dos maiores estudos tiveranl uma incidência de 0,27% (ou nenhum tinha aneuploidia, enquanto dos 13 fetos com CPCs
risco de 1/374) de trissomia do 18 em fetos com CPCs iso- e grandes anormalidades anatômicas, 100% tinham trissomia
lados, assim sugerindo que o exame invasivo não é justifica- do 18 131 . Subsequentemente, um grupo de pesquisadores
do l27. Outro relatório observou que em 1.346 fetos com CPCs observou que todos os 131 fetos com CPC isolado tinham
isolados, sete tinham trissomia do 18 e cinco tinhanl sínclrome cariótipos normais, e todos os fetos com aneuploidia tinham
de Down l28 . Seu estudo sugeliu uma razão de probabilidade anomalias adicionais 132. Além disso, mostramos que de um
de 13,8 (IC 7,7 a 25,0) para trissomia do 18, e 1,87 (IC 0,78 ponto de vista de custo-benefício, exame invasivo baseado na
a 4,46) para síndrome de Down. A Tabela 4-6 contém um presença de CPCs isolados não é justificad o 133.
resumo dos estudos relatados que examinaram a incidência de Anteriormente, também se admitiu que grandes cistos (>
anomalias cromossômicas em casos de CPCs isolados. Só um 1 cm) ou cistos bilaterais aumentavam o risco de aneuploidia.
dos grandes estudos (274 fetos) mostra a presença de anoma- Alguma evidência sugere que esses cistos maiores aumentam
lias cromossômicas em casos de CPCs isolados. 129 Conforme ainda mais o risco de trissomia do 18 (em comparação com
se pode ver na tabela, de 24 estudos, a maioria não teve casos cistos menores) 134.138; entretanto, isso ainda deve ser visto
de aneuploidia, enquanto oito estudos encontraram uma asso- dentro do contexto de outras anormalidades estarem também
ciação de CPCs isolados a anomalias cromossômicas. presentes ou não. Embora os CPCs sempre regridam, cistos
Snijders et al130 enconu·aram CPCs em 50% dos seus fetos maiores podem levar mais tempo para sofrer esse processo,
com uissomia do 18, e em 1% dos fetos cromossomicamente trazendo apoio à observação de que a resolução retardada de
normais . Entretanto, como a vasta maioria dos fetos afetados CPCs pode acarretar um risco aumentado para trissomia do
mostrou outras anomalias ultrassonográficas , o risco (para 1830. Deve-se também lembrar que foi mostrado que peque-
trissomia do 18) de CPCs isolados foi apenas marginalmente nas lesões unilaterais podem ser vistas em fetos cromossomi-
aumentado, com uma razão de probabilidade de menos de 2; camente anormais 139. Se CPCs são unilaterais ou bilaterais
porém, a presença de apenas uma outra anormalidade aumen- provavelmente não é significativo, embora provavelmente
tou o risco 20 vezes 130. Recentemente, examinamos as caracte- seja o caso que cistos maiores tendem a ser bilaterais3o . No
rísticas ultrassonográficas pré-natais de 38 fetos com trissomia nosso estudo, dos 19 fetos com trissomia do 18 com CPCs,
do 18, e observamos que 50% tiveram CPCs identificados, 79% (n = 15) tinham cistos bilaterais; destes, seis tinham um
mas eles estavam sempre associados a mültiplas outras anor- aspecto "corroído" do plexo coróide 4 Por sua vez, quatro
malidades (nunca isolados)4. Recentemente, DeVore também fetos tinham CPCs unilaterais, dos quais três tinham apenas
observou que a prevalência de CPCs em fetos com trissomia um único cisto.
88 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

Diferentemente da trissomia do 18, uma possível relação


entre CPC e trissomia do 21 é um pouco controversa. Alguns
estudos sugeriram que CPCs _são associados à sÚ1drome de
Down no segundo Entretanto, Bromley
mostrou que a incidência de CPCs na população normal
(1,4%) foi a mesma a incidência de cistos em fetos com
síndrome de Down 14' . Assim eles concluíram que a presença
de CPCs não aumentou o risco de uma paciente para síndro-
me de Down fetal. Em uma metanálise, os autores relataram
que CPCs isolados foram associados a um risco de SÚ1dro-
me de Down fetal de 1/880, que é o mesmo da população
geral lB .
Por essas razões, a fim de aumentar ou diminuir a suspeita
de aneuploidia, quando CPCs são visualizados ultrassonogra-
ficamente, acreditamos que um exame completo, detalhado,
necessita ser feito da anatomia fetal restante para excluir
outras anormalidades. a nossa experiência, se nenhuma
outra anomalia for encontrada (especialmente quando as
mãos estão abertas e o comprimento das orelhas é normal), o
risco de aneuploidia permanece muito baixo (mesmo em uma
paciente de alto risco), e exame invasivo não é justificado.
Como foi desCl-ito em um editorial recente, é recomendado
que quando CPC é a única anormalidade ultrassonográfica
detectada, deve ser enfatizado que como um achado isolado
em uma paciente de ouu-a forma considerada em baixo risco
de aneuploidia fetal , um CPC não é considerado clinicamente
importante e não muda a paciente da condição de bai....o para FIGURA 4-38. Fácies característico de síndrome de Down em
alto risco lll . Portanto, embora CPCs tenham sido relatados exame tridimensional, com um nariz pequeno e a língua se projetando
para fora.
como estando associados à aneuploidia fetal, se nenhuma
outra anomalia ultrassonográfica maior ou menor for identi-
ficada no feto, e na ausência de outros fatores de l-iSCO, isso
é considerado uma "variante normal" e não é recomendada
nenhuma avaliação posterior w . Ao avaliar o perfil facial quanto ao osso nasal, devem ser
Muitos recomendam que se cariotipagem fetal não for usados a técnica e o ângulo corretos de aplicação do ultras-
efetuada quando CPCs são identificados, ultrassonografias som. O perfil deve ser visto no plano sagital mediano, toman-
de acompanhamento devem ser realizadas para observar os do cuidado para manter o ângulo de aplicação perto de 45°
cistos. Entretanto, como eles sempre se resolvem, varreduras ou 135°161. Essa técnica é recomendada a fim de evitar causar
repetidas não acrescentam valor à tomada de decisão, com a artificialmente medidas falsas de ossos nasais . Com ângulos
possível exceção de detectar outras anomalias ultrassonográ- menores que 45° ou maiores que 135°, o osso nasal pode arti-
ficas que passaram despercebidas antes. ficialmente parecer ausente. Por sua vez, à medida que o ângulo
se aproxima de 90°, as margens do osso podem se tornar
Osso Nasal difíceis de delinear com precisão, por causa da ecodispersão,
e as medidas podem se tornar artificialmente grandes. O osso
Em 1866, quando Langdon Down descreveu pela primeira nasal deve ser visualizado como uma estrutura ecogênica line-
vez as características dos pacientes com trissomia do 21, ar se a técnica correta descrita for usada (Fig. 4-39).
observou que a face era plana e o nariz pequeno 157. Essa é Muitos estudos examinaram a sensibilidade e as taxas de
uma característica comum da fácies da síndrome de Down falso-positivos no segundo trimestre do osso nasal ultrasso-
(Fig. 4-38). Como uma confirmação mais objetiva, ossificação nograficamente ausente (Fig. 4-40 e Tabela 4-7) ou hipoplá-
ausente, osso nasal hipoplásico ou curto e agenesia do osso sico/curto (Fig. 4-41 ) como marcador ultrassonográfico para
nasal também foi descrito em radio?)rafias de fetos com sÍl1- a detecção de síndrome de Down. As sensibilidades do osso
drome de Down 158 .1 59 . Keeling et aI 58 examinaram 31 fetos nasal ausente variaram de 28% a 66%, e as taxas de falso-
com síndrome de Down (12-24 semanas) com radiografias, e positivos de 0% a 20%. Entretanto, muitos estudos mosu-am
observaran1 que 61 % tinham hipoplasia ou agenesia do osso sensibilidades e taxas de falso-positivos variando de 34,6% a
nasal. Recentemente, hipoplasia ou ausência do osso nasal 57% e 0% a 3,7%, respectivamente (Tabela 4-7). Importante,
em ultrassonografia foi descrita como sinal de síndrome de parece que a sensibilidade e a taxa de falso-positivos de osso
Down fetal. Um dos Pl-imeiros trabalhos sobre ultrassom nasal ausente para detectar síndrome de Down aproximam-se
publicados foi em 2001, quando Cicero observou que em daquelas do espessamento da prega nucal (sensibilidade 40%,
59 casos de síndrome de Down no primeiro trimesu-e, 73% falso-positiva 0,1%)1i2. Recentemente, por um estudo de
tinham osso nasal ausente com uma taxa de falso-positivos de casos-controles combinados, examinamos a utilidade do osso
apenas 0,5%160 . Subsequentemente, isso foi seguido por uma nasal ausente por ultrassom na detecção pré-natal de fetos
série de relatos de casos em 2002 que descreveu n-ês fetos com síndrome de Down no segundo trimestre 63 . Houve 40
com sÚ1drome de Down no segundo trimestre de mulheres de fetos identificados com sÚldrome de Down, e em 72 ,5% (n =
alto risco, dos quais 66% (n = 2) tinham osso nasal ausente, 29), foi obtido um perfil facial adequado . Destes 29 fetos, 12
e o terceiro tinha um comprimento de osso nasal 2,5% menor tinham um osso nasal ausente para uma sensibilidade de 41 %,
para a idade gestacional l 6 . com uma especificidade de 100% (ou ta.....a de falso-positivos
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 89

FIGURA 4-39. Perfil facial normal mostrando presença do osso


nasal (seta).

B
FIGURA 4-41. Osso nasal hipoplásico. A. Perfil facial de feto
afetado com aneuploidia de duplicação/deleção. Há um osso nasal
hipoplásico (seta). B. Perfil facial de outro feto mostrando um osso
nasal pequeno (seta).

FIGURA 4-40. Perfil facial de um feto com trissomia do 21


demonstrando osso nasal ausente. Note também a língua projetando-
se levemente por entre os lábios.

S;nsi-bilidade e de Falso-Positivos
(Segundo iTrimestre) para Detectar Síndrome de Down . .-
Síndrome de Down Idades Gestacionais
Autor/Ano INúmero de Casos) ISemanas) Sensibilidade TFP Comentários
Sonek 2002 162 3 19-22 66% NO Terceiro feto tinha comprimento ON < 2,5%
para idade gestacional
BromJey 2002 162 16 15-20 37% 0,5%
Cicero 2003 163 34 15-22 62% 1.2% Hipoplásico definido como ON ausente
ou < 2.5 rruTI
Lee 2003 164 20 *21 ,8±3,0 40-45% 10-20% Ultrassonografia 3D
Vintzileos 2003 63 40 *19,2±1 ,5 41 % 0%
Odibo 2004 165 18 15-22 28% 2%
Goncalves 2004 '66 26 19,6-25,2 34,6% 3,7% Ultrassonografia 3D
Zelop 2004 '67 12 15-22 33% 0%
Freire-Lizama 2004 168 7 15-23 42,8% 0% 28,5% tinham ON pequeno < 10%
Viora 2005 1fi9 18 15-21 55,5% 0,47% Outros 22,2% tinham ON hipoplásico
Benoit 2005 17U 14 17-26 57% ND
Bergann 2006 ' 7' 17 18-26 41 0f0 0% Ultrassonografia 3D

TfP. taxa de falso-positivos: NO. não disponível: ON. osso nasal: 3D. tridimensional.
*JvIédia ± desvio-padrão.
90 UL TRASSONOGR AFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

0%). Mais importante, a sensibilidade da ultrassonografia osso nasal ausente fosse um marcador poderoso de trissomia
genética foi aumentada de 83% para 90% acrescentando-se do 21, um osso nasal curto foi também associado a uma pro-
osso nasal ausente aos outros marcadores ultrassonográficos babilidade aumentada de trissomia do 21 em uma população
de aneuploidia 63. Desde 2003, portanto, acrescentamos esse de alto risco. Usando uma razão DBP/CON maior que lO,
marcador à lista de outros marcadores ultrassonográficos de houve uma sensibilidade de 81% para síndrome de Down,
aneuploidia avaliados durante um exanle ultrassonográfico com uma taxa de falso-positivos de 11%162 . Outro estudo
genético. No que concerne a osso nasal ausente, uma vez que recente, em 2005, observou que de 18 fetos com síndrome de
a especificidade é muito alta (com taxas correspondentemen- Down, 55,5% tinham osso nasal ausente e adicionais 22,2%
te baixas de falso-positivos), ele é um marcador ideal para tinham osso nasal com a taxa de falso-positivos
ser acrescentado aos outros marcadores mais "tradicionais" sendo apenas 0,47% 69. Além disso, DBP/CON foi 10 ou
avaliados durante ultrassonografia genética, porque não mais em 62,5% dos fetos afetados por síndrome de Down, e
aumenta a taxa de falso-positivos. Outros tanlbém sugeriram em 9,8% dos fetos euploides. Eles concluíram que a inclusão
que a associação do comprimento do osso nasal a outros do CON no protocolo de triagem no segundo trimestre pode-
marcadores ultrassonográficos pode melhorar ainda mais a ria potencialmente evitar os casos falso-negativos de outros
sensibilidade e reduzir a taxa de falso-positivos para trisso- testes de triagem. Portanto, a medição do CON no segundo
mia do 21 fetal, permitindo evitar procedimentos invasivos trimestre pareceu trazer benefícios adicionais além da avalia-
desnecessários 173. ção da presença ou ausência do osso nasal l69 .
Em 2005, relatamos que a adição de osso nasal ausente Recentemente, ultrassonografia tridimensional (3D) foi
como um marcador de aneuploidia aumentou a sensibilidade da usada no segundo trimestre para permitir visualização mais
ultrassonografia genética no segundo trimestre para síndrome precisa da face óssea fetal e do osso nasalI64.166.17o. Um grupo
de Down de 87% (antes de incluir osso nasal ausente como observou que ausência ou hipoplasia unilateral do osso nasal
marcador) para 92 ,8%, sem aumentar a taxa de falso-positi- é uma observação importante em fetos com síndrome de
VOSI 74 . Esse aumento significativo na detecção de trissomia Down, e que essa diferenciação pode ser mais bem demons-
do 21 com a adição de osso nasal ausente como marcador trada em exame 3D 170 . Embora muitos fetos com trissomia
enfatiza a necessidade de incluir esse marcador na lista dos do 21 tivessem ossos nasais ausentes concordantemente em
marcadores de aneuploidia avaliados durante urna ultras- exame bidimensional (2D) e subsequente 3D, houve três
sonografia genética. Similar ao nosso achado, Gonçalves fetos com uma discrepância entre as modalidades de exame.
observou que três dos seus 26 fetos com síndrome de Down Nesses três fetos com síndrome de Down, todos tiveram ossos
nasais ausentes por exame 2D, entretanto a ultrassonografia
não tinham marcadores ultrassonográficos dessa condição
3D mostrou ausência de um osso nasal unilateral em todos
no momento do exame l66 . Entretanto, entre esses fetos , dois
os três, e hipoplasia (n = 2) ou osso nasal normal (n = 1).
tinham osso nasal ausente, embora um tivesse um osso nasal
Os autores assinalam que o achado de hipoplasia unilateral
normal. Bromley el at 62 também observaram que nos seus do osso nasal não foi desO'ito previamente em estudos de
16 casos de síndrome de Down, embora 13 tivessem outros exame 2D, porque o osso nasal normalmente é visto em um
marcadores ultrassonográficos sugerindo aneuploidia, três único corte parassagital l70 . Os achados poderiam explicar
não tinhanl outros marcadores. Não obstante, desses três fetos alguns achados discrepantes quando há "ausência" do osso
com síndrome de Down que não possuíam outros marcadores nasal no exame 2D, mas presença em radiografias de autóp-
ultrassonográficos, dois tinham osso nasal ausente. sia. Essa nova informação sugere que quando equipamento
Hoje usamos a presença ou ausência de osso nasal como ultrassonográfico 3D estiver disponível, achados suspeitos
marcador ultrassonográfico de aneuploidia, e mostramos de osso nasal hipoplásico/ausente devem ser examinados por
100% de concordância entre os examinadores com relação à meio dessa modalidade, e os volumes podem ser salvos para
presença ou ausência de osso nasal. Entretanto, acreditamos avaliação e rendel;zação mais tarde l7o. A esperança e previsão
que se osso nasal curto ou hipoplásico for utilizado como mar- é que isso pode melhorar a exatidão dos achados pré-natais
cador para detectar síndrome de Down, cada unidade deve ultrassonográficos e, por conseguinte, a sensibilidade para
estabelecer seus próprios nomogramas de comprimento do síndrome de Down.
osso nasal (CON) no segundo trimestre que são específicos Por último, quando osso nasal ausente é visualizado, isso
para as suas respectivas populações de pacientes. Somente não é necessariamente um marcador apenas de síndrome de
então é que o exame dos vários níveis de corte e avaliação das Down fetal. Lee descreveu que pelo menos 58 síndromes
suas respectivas eficácias pode estabelecer que grau de osso genéticas (inclusive trissomia do 18) podem ser associadas
nasal hipoplásico (ou CON) tem a eficácia mais apropriada à ausência do osso nasal l64 . Outro estudo observou que em
para detectar síndrome de Down e aneuploidia fetais. Isso já 41 % de todos os fetos aneuploides, o osso nasal era ausente
foi realizado por alguns grupos 173.175. Com os dados norma- ou hipoplásico (Fig. 4-41) 165.
tivos de CONs que criamos, foi mostrado que o CON fetal
aumenta linearmente com o avanço da idade gestacional li3 ,175.
Também parece haver algumas diferenças étnicas/raciais nos
Ângulo da Asa llíaca
CONs. Um estudo piloto examinando o osso nasal fetal na As crianças com trissomia do 21 têm displasia pélvica e uma
população chinesa descobriu que o comprimento é mais curto envergadura lateral mais larga da asa iüaca em comparação
que o de brancos e negrosli6. com crianças normais , causando assim um ângulo iüaco alar-
CONs médios são mais curtos e razões DBP/CON são gado. Por conseguinte, foram feitas tentativas para usar isso
maiores em fetos com trissomia do 21, em comparação com como um possível marcador ultrassonográfico de síndrome
fetos euploides 177• Em um estudo que examinou 16 fetos com de Down fetal no segundo trimestre. Ao se examinar um
síndrome de Down, 37% não tinham osso nasal detectável, corte transversal da pelve fetal , o ângulo ilíaco feito pelas
em comparação com 0,5% dos fetos euploides. Foi descoberto duas cristas iüacas no ponto axial da coluna vertebral sacra
que um osso nasal ausente confere uma razão de probabilida- pode ser medido (Fig. 4-42) . Um estudo examinou 19 fetos
de de 83 para síndrome de Down fetal J62 . Além disso, embora com trissomia do 21, e observou que o ângulo ilíaco médio
ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 91

FIGURA 4-42. Ângulo das asas iliacas em um corte transversal


através da pelve fetal mostrando um ângulo de 90 0 formado pelas
duas cristas iliacas (setas) no sacro.
FIGURA 4-43. Feto no segundo trimestre com posicionamento
baixo da orelha (seta).

era 80 ± 19,7°, em comparação com 63 ,1 ± 20,3 ° daqueles Comprimento das Orelhas


com cariótipos normais (P = 0,0004)178 . Usando-se um ângu-
lo ilíaco de 90° como ponto de corte, 36,8% dos fetos com Orelhas anormalmente pequenas já foram descritas como
síndrome de Down foram identificados, bem como 12,8% um dos mais constantes achados clliúcos em recém-nascidos
de fetos normais (P = 0,003). Outros estudos avaliaram o e lactentes com aneuploidia, ulclusive síndrome de Down lss .
ângulo ilíaco e também encontraram uma diferença entre De fato, foi descrito por Thelander e Pryor l86 que uma das
fetos normais e com trissornia do 21 179,180. Por exemplo, um mais notáveis e constantes discrepâncias de crescilllento
grupo observou que na sua população de alto risco, usando documentadas em crianças com sÚldrome de Down está no
um corte maior do que ou igual a 90° como anormal, eles desenvolvilnento da orelha extema. Eles observaram que de
puderam detectar 90% dos fetos com síndrome de Down todas as medidas antropomórficas examinadas, a dilllensão
(valor preditivo positivo de 33%) 179. Alguns também rela· longitudinal da pina foi a que está mais longe abaixo da
taram o uso de medidas de comprimento ilíaco no raSU-ea- norma esperada em todos os níveis etários estudados. Além
mento de trissornia do 21 181 . Eles observaranl que a medida disso, até 60°/0 dos recém-nascidos com síndrome de Down
de comprimento ilíaco observado para o esperado deu uma e mais de 80% a 90% daqueles com trissornia do 18 e do 13
sensibilidade de 40% (taxa de falso-positivos de 2%) para a têm anomalias auriculares descritas como um aspecto caracte-
detecção de fetos com trissornia do 21 1sl . rístico lS7. Orelllas em posição baixa (Fig. 4-43) com pavilhão
Entretanto, diversamente de outros marcadores de aneu- anormal também foram comprovadas como sendo uma das
ploidia, que são muito reprodutíveis e constantes (como anomalias mais frequentes (77%) em casos de autópsia de
pielectasia, artéria umbilical ÚIÚca), há considerável variação trissomia do 18 1ss .
na medição do ângulo das asas ilíacas. O ângulo pode variar, Por essas razões, o comprul1ento curto das orelhas na
dependendo do lúvel transversal real no qual a medida é ultrassonogralia pré-natal foi examinado como um potencial
tomada, e há tanlbém importantes variabilidades intra e inte- marcador ultrassonográfico para a detecção de aneuploidia
robservadores. Diversos fatores afetam essa medição, incluin- fetal . Diversos estudos ultrassonográficos pré-natais observa-
do orientação da coluna, nível axial e idade gestacional 1S2. ranl uma associação entre comprimento das orelhas fetais e
Um grupo observou que o ângulo ilíaco diminuiu 15,7° da aneuploidia. Um grupo observou que orelllas curtas (:? 1,5
parte superior para a uúerior da pelve, e dillúnuiu até 15,6° desvio-padrão abaixo da média para a idade gestacional)
quando a coluna está dirigida para o lado ls2 Assim, apesar de foram associadas a transtomos cromossônúcos fetais, com
estudos proclamando a utilidade desse marcador ultrassono- uma sensibilidade de 73,3%I S9. Entretanto, embora orelhas
gráfico no segundo trimestre para detectar síndrome de Down curtas fossem sempre encontradas ultrassonograficamente em
fetal, se tivermos um feto conhecido com síndrome de Down, casos com trissornia do 18 e do 13, elas ocorreram em apenas
dependendo de a que nível o ângulo for medido, o ângulo cerca da metade dos casos com trissonúa do 21 1S9 . Lettieri cf
pode ser maior ou menor que 90°. Por essa razão, como al 90 mediram prospectivamente comprimentos de orelhas fetais
ouU-osI 83 , como é difícil obter uma medida-padrão e devido no segundo trÍ.Inestre e observaram que a maioria dos fetos aneu-
à variação no ângulo medido, dependendo dos vários fatores ploides tillha comprimentos curtos de orelhas (:5: 10Qpercentil),
descritos, não incorporamos esse marcador particular à nossa com uma sensibilidade de 71 %. Outro estudo calculou razões
ultrassonogralia genética do segundo trimestre. A maioria dos de comprunentos de orelllas medidos para esperados e obser-
peritos acredita que um ângulo pélvico alargado não constitui vou que essas razões foram significativamente mais baixas
um marcador útil, especialmente quando usado como parte em fetos com aneuploidia. Eles observaranl que uma razão
de uma ultrassonogralia de triagem lS4 _ de menos de 0,8 teve uma sensibilidade de 75% para detectar
92 ULTRASSONOGRAFIA GEN ÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

fetos com síndrome de D own e 83,3% de sensibilidade para


detectar trissomia do 18 191 Subsequentemente, em 1997,
outro grupo constatou que a sensibilidade do comprimento
das orelhas abaixo do 5º percentil para a detecção de anorma-
ar
lidades cromossômicas foi 80%J92 . Chitkara el 93 mediran1
comprimentos ultrassonográficos de orelhas em fetos normais
para criar um nomograma, e constataram que comprimentos
curtos de orelhas foram um parâmetro útil para predizer aneu-
ploidia Trinta e dois por cento (11/34) dos fetos com
anormalidades cromossômicas significativas apresentaram
comprimentos curtos de orelhas , e em seis casos , esse foi o
único achado ultrassonográfico '94
Recentemente examinamos a sensibilidade do compri-
mento das orelhas para detecção de aneuploidia fetal. Pri-
meiro, estabelecemos um nomogTan1a para comprimento
das orelhas (14-41 semanas) prospectivamentel 95 . Noventa e
seis fetos com aneuploidia foram identificados: trissomia do
21 (n = 51 ), trissomia do 18 (n = 24), tlissomia do 13 (n =
6), síndrome de Turner (n = 4) e outros (n = 11). Sessenta e FIGURA 4-44. Corte de eixo longo de ext remidade inferior fetal
três desses fetos aneuploides tinham comprimento de orelhas no segundo trimestre mostrando um pé torto. Note que a superfície
menor do que ou igual ao 10º percentil para idade gestacional , plantar do pé é vista no mesmo plano que os comp rimentos inteiros
para uma sensibilidade de 66%. Observamos que de todos os da tíbia e fíbula.
fetos com sÚ1drome de Down, 41 % tinham um comp,imento
de orelhas menor do que ou igual ao 10º percentil. Vinte e
três dos 24 fetos com trissomia do 18 tinham comprimento
de orelhas menor do que ou igual ao 10 2 percentil para a
idade gestacional, para uma sensibilidade de 96%, enquanto
todos os seis fetos com trissomia do 13 tinham comprimento
de orelhas menor do que ou igual ao 102 percentil para a
idade gestacional, para uma sensibilidade de 100%1 95 . Por-
tanto, complimento curto de orelhas não foi um marcador
tâo sensível de trissomia do 21 quanto para trissomias do 18
(96%) e do 13 (100%) . Comprimentos de orelhas aneuploides
também foram plotados com relação às curvas do nomogra-
ma do DEP, divididos de acordo com o tipo de aneuploidia.
Ao usar comprimentos de orelhas contra DBP, a sensibilidade
de todos os fetos aneuploides menor do que ou iguais ao lO!.!
percentil foi 43%. Ao examinar as aneuploidias individuais, as
sensibilidades de complimento de orelhas menor do que ou
igual ao lO!.! percentil para DBP para trissomias do 21 , 18, 13
e outros tipos de aneuploidia foram 28%, 87%, 60% e 27%,
respectivamente. Portanto, achamos que as orelhas pequenas
não foram relacionadas inteiramente com O pequeno tama-
nho fetal global, mas em quase a metade dos casos (43%) , os
comprimentos de orelhas feta is foram desproporcionabnente
menores que os seus DBPs (especialmente na trissomia do 18 FIGURA 4-45. Peça anatomopatológica macroscópica de recém -
e do 13), indicando orelhas menores "reais". nascido demonstrando pés t ortos bilaterais.

Em outro estudo, examinamos a detecção pré-natal de


trissomia do 18 fetal pelas características ultrassonográficas
anormais4 • Vinte e sete fetos com trissomia do 18 tinham
medidas de comprimento de orelhas pré-natais disponíveis tentativa deve sempre ser feita para avaliar o comprimento
e foram definidos como curtas se o comprimento de orelhas das orelhas. Embora um comprimento normal de orelhas não
fosse menor que o 102 percentil para a idade gestacional. possa excluir completamente trissomia do 18, ele deve dimi-
O bservamos que comprimento curto de orelhas foi global- nuir acentuadamente o risco dessa condição.
mente o mais sensível marcador de trissomia do 18 (96%).
É importante notar, no entanto, que esse achado foi sempre Anormalidades das Extremidades
visto com múltiplas outras anormalidades e nunca isolada-
mente. Chitkara el observaram que dos seus quatro casos Além de ser visto frequentemente em associação a espinha
de trissomia do 18, 75% tinham comprimento curto de ore- bífida, pé torto (Figs. 4-44 e 4-45) também foi associado a
lhas , bem como outras anormalidades ultrassonográficas. vários tipos de aneuploidia, incluindo trissomias do 18 e do
Ao realizar ultrassonografia genética no segundo trimes- 13 J96 . Na nossa experiência, 32% dos fetos com trissomia do
tre, rotineiramente obtemos medida de comprimentos de 18 têm pés tortos. Em um estudo de autópsia, pés tortos
orelhas e incorporamos avaliação de comprimento de orelhas tan1bém estavam presentes em 23% dos casos de trissomia
fetais como marcador de aneuploidia. Além disso, ao tentar do 18 197. Em outro estudo de 26 fetos com trissomia do 18,
excluir trissomia do 18 na ultrassonografia pré-natal, uma 38% tinham evidência de pés tortos em ultrassonografia 12fi.
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 93

FIGURA 4-47. Feto no segundo trimestre com síndrome de Down


mostrando uma falange média hipoplásica do dedo mínimo (seta) e
clinodactilia.
FIGURA 4-46. Peça anatomopatológica macroscópica de recém-nas-
cido com trissomia do 9, mostrando um pé de cadeira de balanço.

Em geral, no entanto, a maioria desses fetos aneuplóides


mostrará outras anomalias ultrassonográficas. Portanto, é um
pouco controvertido se um pé torto isolado justifica exame
invasivo para análise cariotípica. Em um estudo que exami-
nou 68 casos de fetos com pé torto aparentemente isolado
em ultrassom e que tiveram acompanhamento disponivel,
quase 6% tinham aneurloidia (trissomia do 21, trissol1lia do
18, 47XXX, 47XXY) . Entretanto, houve outras anomalias
algumas das quais foram detectadas apenas após o nascimen-
to, incluindo discretas válvulas de uretra posterior, d isplas ia
renal inicial, defeitos septais ventriculares e anormalidades do
quadril ou outras dos membros. Por conseguinte, os autores
recomendaram que como outras malformações sutis podem
não ser detectadas em ultrassonogTafia no começo do segun-
do trimestre, cariotipagem fetal deve ser oferecida quando
torto isolado é visualizado em ultrassonografia pré-natal l '8
Por sua vez. em um estudo recente revendo 51 casos de pé
torto isolado, outros pesquisadores não encontraram mal-
formações adicionais detectadas ao nascimento ou casos de
aneuploidia 199 . Nesses termos, o estudo concluiu que contanto
que uma ultrassonografia fetal completa seja efetuada (e seja
normal). e a paciente seja considerada um baixo risco, um pé FIGURA 4-48. Corte ultrassonográfico dos dedos fetais mostrando
ausência completa da falange média do dedo mínimo (seta).
torto unilaterallbilateral não parece constituir uma indicação
para cariotipagem fetal 199 .
Pé torto de cadeira de balanço (Fig. 4-46) ocorre quando um
ou ambos os pés parecem "pés de cadeira de balanço" na
ultrassonografia (similares à base de uma cadeira de balanço). Clinodacli/ul. (ou hipoplasia da falange média do dedo nl.íni-
em vez do arco normal, escavado, da superfície plantar do mo) (Figs. 4·47 e 4-48) é visualizada como uma curvatura ou
pé. Esse achado pode ser visto em algumas aneuploidias, desvio para dentro do dedo minimo da mão fetal na direção
como trissonuas do 18 e do 13. Na nossa série de fetos com dos outros dedos. Ela pode ser vista com síndrome de Down,
trissol1lia do 18, observamos que 29% tinham evidência de e, em um estudo radiográfico de autópsia, foi vista em cerca
pés de cadeira de baJanç0 4 . Em um estudo de autópsias, pés de um terço dos casosb 9 . Dos lactentes com trissomia do 21,
de cadeira de balanço estavam presentes em 10% dos casos de 60% têm essa característica68 Subsequentemente, a clino-
trissomia do 18 197. Outro grupo observou que de 12 fetos com dactilia foi examinada em fetos normais e com síndrome de
trissomia do 18, 70% tinham pés tonos ou de cadeira de Down em ultrassonografia pré-natal no segundo trimestre 20r
balanço vistos em ultrassonografia pré-natal' 00. Usando uma razão (comprimento da falange média do dedo
94 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-50. Imagem do membro superior de um feto com trisso-


mia do 18 mostra o aspecto característico de aplasia radial. A mão é
virada para dentro, e o antebraço é encurtado. O osso longo úmero
também é visualizado.

FIGURA 4-49. Vista plantar do pé em um feto no segundo trimes-


tre com síndrome de Down mostrando uma deformidade de sandália
de dedo com largo espaço entre o hálux e o segundo dedo (seta).

núnimo/comprimento da falange média do dedo anular),


alguns pesquisadores observaram que a razão média dos
fetos normais e com sÚldrome de Down foi 0,85 e 0,59 (P =
0,04), respectivamente. Qlando uma razão de corte de 0,70
foi usada, houve uma sensibilidade de 75% para silldrome de
Down fetal , com uma de 18% de falso-positivos 201 .
Embora clinodactilia seja com frequência usada como
marcador de aneuploidia para sÚldrome de Down fetal, deve-
se manter em mente que essa é uma característica vista em
muitos fetos normais. Além disso, diferentemente da prega
nuca! espessada ou da pielectasia, a interpretação e in1pressão
de clinodactilia muitas vezes está sujeita a variabilidade mais
subjetiva. Ela também pode ser um aspecto que é em geral
difícil de avaliax em ultrassonografia no segundo trinlestre e é
FIGURA 4-51. Ultrassonografia de feto com trissomia do 18 mos-
dependente do posicionamento fetal. Por essas razões, embora tra mãos cerradas bilateralmente, o que persistiu durante todo o
a avaliação desse marcador possa ser apropriada na pacien- exame ultrassonográfico.
te de alto risco, provavelmente não deve ser usada em um
ambiente de triagem, devido à sua alta taxa de falso-positivos.
Em 1994, a deformidade da sandália de deCÚJ foi descrita em
um feto com sindrome de Down 202 . Isso ocorre quando há portanto, ser familiar e não necessarianlente indicadora de
separação entre o hálux e o segundo dedo (Fig. 4-49), fazendo uma anormalidade ou malformação.
um espaço largo ser visualizado na ultrassonografia pré-natal. Malformações de redução de membros (como ap/asia
Tal como a clinodactilia, a deformidade da sandália de dedo (Fig. 4-50) são associadas à aneuploidia, especialmente
também é vista em fetos nonnais e pode, portanto, ser difícil trissoI1ua do 18 203 . De fato, quando aplasia radial é identifica-
de usar em um contexto de triagem. Entretanto, na nossa da, trissomia do 18 deve constar no diagnóstico diferencial.
experiência, embora muitos fetos normais possam exibir esse Defrmnidadcs em .flexão e distúrbios CÚJ movimento também são
aspecto, nesses casos ele usualmente é transitório, e a obser- vistas com trissomia do 18. Em particular, um achado muito
vação cuidadosa revelará o fechamento desse espaço durante característico dessa anormalidade cromossômica é a flexão
o tempo do exame. Observamos que em fetos com trissomia fIXa das mãos (ou mãos ce7TadaS) , muitas vezes tendo dedos
do 21, a deformidade de sandália de dedo muitas vezes per- superpostos (Figs. 4-51 e 4-52). De fato, alguns fetos com u-is-
manece persistente durante todo o período de observação, somia do 18 até mesmo mostram artrogTipose ou contraturas
mesmo apesar do movin1ento fetal. Outro ponto a manter generalizadas. Ao examinar as características ultrassonográ-
em mente é que a aparência ultrassonográfica dos dedos dos ficas pré-natais da trissomia do 18, encontramos contraturas
pés fetais pode ser muito semelhante à dos pais (que podem em 18%4. Também observamos que mãos cerradas bilaterais
mostrar uma larga variação normal nas aparências), e pode, e dedos superpostos bilaterais são altamente sensíveis (95%)
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 95

FIGURA 4-53. Superfície plantar do pé de um feto com trissomia do


18. Observar o aspecto muito anormal dos dedos displásicos. O quar-
to e o quinto dedo (setal são também menores que os restantes.

pos) em fetos que afinal comprovaram ter trissomia do 18.


Nossa sensibilidade de anormalidades da mão não foi 100%.
FIGURA 4-52. Imagem tridimensional de um feto com trissomia Isto ocorreu porque um feto tinha 36 semanas no momento
do 18 mostra mãos persistentemente cerradas bilaterais na frente do exame ultrassonográfico (as mãos eram difíceis de visuali-
da face. Esses achados nas mãos são uma característica dessa
zar), e, no outro caso, as mãos não foram exarninadas ultras-
aneuploidia.
sonografican1ente devido ao pedido da paciente pau parar o
exame. Em ambos os casos, no entanto, o parto e a autópsia
em última análise mostraram mãos cerradas bilaterais.
Ao examinar as características ultrassonográficas pré-
e a segunda anormalidade ultrassonográfica mais comum natais da trissomia do 18, também constatamos que no total
em fetos com trissomia do 18 4 . Importante, esse aspecto [oi quase dois terços (63%) dos nossos fetos com trissomia do
visto mesmo em idades gestacionais iniciais (entre 14,6 e 17,6 18 tinham anormalidades de extremidade inferior/pés 4 . Treze
semanas). Isso foi documentado em observação fetoscópica por cento tinham evidência de contraturas na ultrassonogra-
tão cedo quanto com 14 semanas , sugerindo que o mau posi- fia pré-natal, embora 16% tivessem uma posição/aparência
cionamento dos dedos na trissomia do 18 ocorre em algum anormal dos dedos dos pés (Fig. 4-53). No estudo de Nyberg
momento enO'e 12 e 14 semanas de gestaçã0 204 . Outra série de 47 fetos com trissomia do 18, ele achou anormalidades das
de casos descreveu dedos superpostos ultrassonograficamente extremidades por exame anatomopatológico, ultrassonografia
com 13 semanas 205 . Nossa sensibilidade de 95% é semelhante ou ambos em 93% dos fetos, sugerindo que quando trissomia
à experiência de Shields et af06, na qual eles observaram que do 18 é suspeitada com base em outros achados ultrassono-
a anormalidade ultrassonográfica mais comum vista em fetos gráficos, as mãos e os pés devem ser avaliados especificamen-
com trissomia do 18 foi posicionamento anormal persistente té. Outro estudo observou que de 15 fetos com trissomia do
dos dedos ou punho cerrado (89%), e à de Kinoshita ct aP07, 18, a anormalidade ultrassonográfica mais comum foi mãos
que observaram que dedos superpostos e flexão foram a ou pés anormais (73%)208.
anomalia externa mais comum em autópsia 207. Shields cf aP06 Polidactilia ocorre quando há a presença de mais de cinco
afirmam tan1bém que como a anormalidade ultrassonográfi- dedos. Ela é classificada como pré-axial se os dedos extras
ca mais comum encontrada na sua população de fetos com forem localizados no lado radial ou tibial, ou pós-axial se eles
trissomia do 18 foi o posicionamento anormal das mãos, é forem localizados no lado ulnar ou fibular. Mais comumente,
provável que a documentação de uma mão aberta, junto com esse dedo extra é uma simples prega de pele (que pode ser
o uso de tríplice triagem materna, deva reduzir o número de difícil de averiguar ultrassonogTaficamente), mas também
pacientes com CPCs que necessitam de exame invasivo. podem estar presentes ossos ou um dedo completamente
Muitos outros estudos também acharam que mãos anor- duplicado e não funcional. Polidactilia frequentemente está
mais são a mais comum anormalidade ultrassono!!ráfica fetal presente em fetos com trissomia do 13 (Fig. 4-54)30.
.
na tnssonua. d o 18 106 000 208
_._. b .
. Em um estudo de autópsia de
casos aneuploides, punhos cerrados foram vistos em 35%
Artéria Umbilical Única
dos casos de trissomia do 18 na autópsia 197. Outro estudo de
anormalidades do punho fetal diagnosticadas ultrassonogra- O cordão umbilical normal contém três vasos (duas artérias
ficamente mostrou que 32% têm trissomia do 18 209 . Nunca e uma veia) que estão circundados pelo gel de vVharton. A
visualizamos ultrassonograficamente mãos abertas (extensão ausência de uma das artérias umbilicais (AUU ou cordão
completa de todos os dedos no mesmo plano que os metacar- bivascular) constitui a mais comum condição patológica
96 Ul TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

FIGURA 4-54. Imagem da mão de um feto com trissomia do 13


mostrando polidactilia pós-axial (seta). Ambas as mãos foram afeta-
das de maneira similar,

do cordão umbilical em humanos e uma das mais comuns


malformações em humanos , com uma incidência de 1% em
partos simples e 4.6% em partos de gêmeos 210.
O diagnóstico pré-natal de AUU (Fig. 4-55) em ultrasso-
nografia não é difícil com o moderno equipamento ultrasso-
nográfico atual. A técnica básica de triagem pré-natal envolve
um exame de corte transversal de uma alça livre do cordão
com ampliação adequada (ver Fig. 4-55), Nesse corte, quando
há uma AUU, apenas dois vasos são visualizados. dos quais
o vaso maior é a veia e o vaso menor é a artéria umbilical.
Outro método que pode ser usado na detecção pré-natal de
AUU é a demonstração do segmento intra-abdominal ausente
da artéria umbilical faltante, Isso pode ser detectado antes do
nascimento examinando-se as artérias umbilicais que estão ao
lado e em torno da bexiga fetal em um corte transversal da
pelve (Fig. 4-5513). O exame é aperfeiçoado usando-se exame
com Doppler de f1uxo em cores ou power Doppler, e parece
ser a melhor técnica de triagem para AUU. B
Há uma bem-conhecida associação entre AUU e anor-
malidades citogenéticas. A incidência de anormalidades FIGURA 4-55. A. Múltiplos cortes de eixo curto através do cordão
citogenéticas em fetos que demonstram AUU tem sido 17%, umbilical em paciente com artéria umbilical única, A estrutura maior
com aproximadamente a metade desses fetos tendo anoma- em cada caso é a veia, a menor a artéria, 8, Plano de corte axial
lias importantes211.212 Trissomia do 18 é a aneuploidia mais transversal através do abdome em paciente com artéria umbilical
única, A artéria umbilical única é vista adjacente à bexiga urinária,
comum associada a AUU 213, Os tipos seguintes mais comuns
de cariótipos anormais associados a AUU são trissomia do
13, síndrome de Turner (45X) e triploidia 213 • AUU tem uma
incidência de 11,3% em gestações citogeneticamente anor- AUU também foi descrita associada a um risco aumen-
mais, e pode ser encontrada em 10% a 50% dos fetos com tado de anomalias congênitas, restrição do crescimento fetal ,
trissomia do 18 21.I Dos fetos com trissomia do 13 , 10% a 50% prematuridade e uma ta,'{a aumentada de mortalidade peri-
também têm uma AUU 30 . Em um dos nossos estudos recen- natal 215. A incidência de anomalias congênitas foi descrita
tes examinando as características ultrassonogTáficas anormais em 20% nos lactentes com AUU 211, O risco de anomalias
da trissomia do 18. observamos que 21% tinham uma artéria congênitas em lactentes com AUU depende do método de
umbilical única 1 , Por sua vez, síndrome de Down não parece averiguação (sendo mais alto em autópsia), mas os casos diag-
ser comumente associada a AUU 212, embora tenha sido rela- nosticados ultrassonograficamente ou partos a termo ainda
tada. É importante manter em mente, no entanto, que embora têm um risco aumentado de anomalias. A taxa de anomalias
AUU tenha sido incluída como marcador de aneuploidia, é fetais associadas a AUU varia, nos vários estudos, de 18,4%
inespecífico e é visto muito comumente em fetos normais . a mais de 47 % , com as taxas mais altas de malformações
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 97

associadas sendo descritas em estudos de patologia em vez de


clínicos 216 . Recém-nascidos com AUU podem ter anomalias
comprometendo uma ampla variedade de sistemas de órgãos,
incluindo os sistemas nervoso central, musculoesquelético,
cardiovascular, gastrointestinal e geniturinári0 217. Entretanto,
nenhum padrão constante de anomalias foi reconhecido em
associação a AUU, e praticamente qualquer malformação
pode estar presente. AUU também ocorre em várias síndro-
mes genéticas, como a associação VATE R, síndrome de Jar-
cho-Levin, síndrome de Meckel-Gruber, bem como outras 218 .
Portanto, é imperativo que quando uma AUU for identwca-
da, uma análise anatômica fetal di.recionada e detalhada seja
realizada para excluir malformações concomitantes. Além
disso, dada a associação comum de artéria umbilical única à
cardiopatia congênita, mesmo na presença de um cariótipo
fetal normal, uma avaliação detalhada do coração também
deve ser realizada nos fetos com AUU 219 .
Em um grande estudo de 167 fetos com AUU, entre os
casos com informação pós-natal , 31 % tinham anormalidades
estruturais, muitas vezes comprometendo ml'tltiplos órgãos 217
Os sistemas de órgãos mais comprometidos foram o coração,
o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso central, nessa FIGURA 4-56. Imagem transaxial da cabeça fetal mostrando bra-
ordem. Importante, entre 85 casos com artéria umbilical única quicefalia em um feto com trissomia do 21.
aparentemente isolada na ultrassonografia e resultado fetal
conhecido, 7% se comprovaram anômalos ao nascimento, o
que é considerável 217. Portanto, embora exame invasivo no
período neonatal possa não ser necessário em um lactente não
complicado, um exame físico cuidadoso e completo do recém-
nascido é necessário a fun de excluir outras anomalias.
Em fetos com AUU isolada, em geral não há incidência
aumentada de uma anormalidade cromossômica 211 . Entretan-
to, como no caso dos CPCs isolados, isso estipula que uma
ultrassonografia detalhada por pessoal experiente deve excluir
outras anomalias. Uma vez que a artéria umbilical isolada
seja considerada genuinamente única, na ausência de fatores
de alto risco, procedimentos diagnósticos pré-natais invasivos
para análise cromossômica podem não ser rotineiramente
indicados, porque a maioria dos fetos com AUU isolada
são cariotipicameme normais. Entretanto, quando restrição
do crescimento intrauterÍno ou malformações múltiplas são
detectadas em associação a AUU, cariotipagem pré-natal deve
ser oferecida. Em suma, uma vez que AUU seja identificada
ultrassonograficamente, isso deve desencadear uma procura
de anormalidades adicionais, mas por si próprio o achado
pode não ser uma indicação para análise cromossômica na
paciente de baixo risco. Entretanto, as pacientes devem ser
informadas de que os seus recém-nascidos podem estar em
risco de anomalias sutis que podem ser encontradas somente
no momento do nascimento.
FIGURA 4-57. Corte transversal da cabeça de um feto no segundo
trimestre com trissomia do 18 mostrando um crânio em forma de
morango.
Outros Marcadores Ultrassonográficos
de Aneuploidia
Bmquiajàlia (encurtamento ântero-posterior) (Fig. 4-56) e
encurtamento do lobo frontal podem ser vistos em lactentes o 10º percentil 220 . Ajustando a taxa de falso-positivos em apro-
com síndrome de Down. Portanto, pesquisadores procuraram ximadamente 5%, a sensibilidade dessa medida foi 210f0.
avaliar o uso dessas características para detectar fetos com Em 1992, Nicolaides descreveu pela primeira vez o crânio
trissomia do 21 220.22 1. Em 1998, um relatório mostrou que em jónnll de morango (Fig. 4-57) visto em fetos com trissomia
encurtamento do lobo frontal tinha uma sensibilidade de do 18 222 . Ele descreveu essa caJ-acterística em 52% dos fetos
16%. com uma ta},a de falso-positivos de 3 %22 1 . Eles sugeri- com trissomia do 18 que, no entanto, tinham também outras
ram que esse marcador poderia ser usado em conjunto com anomalias vistas ultrassonograficanlente. Depois , outro grupo
outros marcadores de aJleuploidia. Ao examinar a distância descreveu uma cabeça em forma de moraJlgo em 34% dos
frontotalâmica em 19 fetos com sindrome de Down no segun- fetos com trissomia do 18 206 . Acredita-se que embora a taxa
do trimestre, outro grupo observou que 52% dos fetos com de falso-positivos em fetos normais seja desconhecida, ela
síndrome de Down tinham uma distância que era menor que provavelmente é cerca de 1%223. Uma vez que anorrnalidades
98 UL TRASSONOGRAFIA GEN ÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

da cabeça sejam identificadas, está justificada uma pesquisa em ultrassonografia no segundo trimestre (Fig. 4-38). Esse
cuidadosa do restante do feto quanto a achados ultrassono- conhecinlento levou ao desenvolvimento da ultrassonografia
gráficos anormais. genética, que é essencialmente uma ferramenta de avaliação
Dão invasiva para síndrome de Down.
TRISSOMIA DO 21 (SíNDROME DE
DOWN) ULTRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO
SEGUNDO TRIMESTRE
As tJissooúas autossômicas são principalmente o resultado de
não disjunção meiótica, a qual aumenta com a idade materna. Durante os últimos anos, com o aparecinlento da ultrassono-
A mais comum trissomia autossôoúca em lactentes nascidos grafia sofisticada e de alta resolução, e uma proporção maior
vivos é a síndrome de Down, ou uissomia do 21. As carac- da população obtendo gestações em uma idade materna
terísticas clínicas da síndrome de Down foram descritas pela avançada, a capacidade de rastrear quanto a aneuploidia
primei.ra vez pelo dr. Jolm Langdon Down em 1866 157• Não fetal e outras anormalidades fetais alcançou monumental
foi senão quase um século mais tarde que a anormalidade cro- importância no tratamento das pacientes obstétricas. Essa
mossôoúca foi descoberta em 1959. No total, uma criança em tarefa pode ser realizada por meio de várias modalidades de
800 nasce com sÚldrome de Down224 . Nos Estados Unidos, exame no segundo trimestre, tais como triagem bioquínúca de
ela ocorre em 1/504 gestações durante o segundo trimestre 225 , marcadores séricos conforme discutido previamente, ultrasso-
com a prevalência variando significativamente com a idade nOgI"afia detalhada, e, se indicado, exame invasivo. As formas
materna. O risco específico de trissooúa do 21 no momento invasivas de exame, como anm.iocentese, biópsia de vilocorial
da anuúocentese no segundo trimestre valia de 1/274 para e cordocentese, são testes diagnósticos que fornecem uma exa-
mulheres com 35 anos de idade, a 1/10 para mulheres com 48 tidão diagnóstica de quase 100% sobre a presença ou ausência
anos de idade 226 . Muitas outras anormalidades cromossônú- de aneuploidia. Exame por arruúocentese genética tradicional-
cas também são associadas à idade materna cada vez maior, mente tem sido oferecida às pacientes que são consideradas
incluindo as trissomias do 13 e do 18. O lisco de sÚldrome de em alto risco de sÚldrome de Down fetal. Estas são mulheres
Down fetal também muda dependendo da idade gestacional cuja idade no momento do parto é pelo menos 35 anos de
na época do exame, devido a abortos intrauterinos de con- idade, ou têm uma triagem de marcador sérico anormal, ou
ceptos cromossonúcamente anormais. ASSinl, no nascimento, ambas. Triagem bioquínúca e ultrassonografia, para a fmali-
a incidência específica pela idade materna de sÚldrome de dade de detecção de aneuploidia, são testes de tJ"iagem asso-
Down é 33% mais baixa do que com 15 a 20 semanas, e é ciados a um alto número de resultados falso-positivos. Não
54% mais baixa ao nascer do que com 9 a 14 semanas 226 . obstante, devido aos inlportantes riscos potenciais do exame
O significado da trissooúa do 21 reside no fato de que ela invasivo, como aborto, ruptura de membranas , sangramento
é a causa genética isolada mais comum de recardo mental. e infecção, muitas pacientes escolhem fazer vigilância por tria-
A trissooúa do 21 é devida à adição de todo ou uma parte gem inicialmente e então decidir quanto a formas adicionais
crítica do cromossomo 21 , levando a um estado de triplicaca mais invasivas de diagnóstico, se necessário.
ou trissôoúco. A zona crítica para produzir as características O primeiro método de tIiagem para sÚldrome de Down
feno típicas típicas da síndrome de Down parece ser 21q22.3. fetal foi introduzido no começo da década de 1970 e era basea-
Estudos que exanÚI1aram as origens parentais do cromosso- do na idade materna; anmiocentese era oferecida às mulheres
mo 21 na síndrome de Down moso"aram que 95% dos casos com 35 anos de idade ou mais. Isso acontece porque aos 35
de trissooúa do 21 são devidos a não disjunção materna, e anos de idade, o risco de síndrome de Down fetal no trimes-
apenas cerca de 5% dos casos contêm um 21 extra paterno. tre intermediário se aproxima do risco de aborto devido à
Noventa e ci.nco por cento dos individuos com tlissooúa do anm.iocentese (1/270). Durante as últimas três décadas, houve
21 têm três cópias do cromossomo 21, enquanto os restantes uma mudança fundamental nas tendências observadas nos
são devidos a mosaicismo ou translocação robertsoniana (a nascimentos, com mais fsartos ocorrendo em mulheres de 35
maioria envolvendo o cromossomo 14 ou o 21 ). Em geral, o anos de idade ou mais 2 " . As mulheres no grupo de 35 a 49
risco de recorrência da síndrome de Down é quase 10/0. anos de idade constituíram 4,7% dos nascidos vivos em 1974,
A sobrevida média é aproximadamente 55 anos de idade, em comparação com 12,6% em 1997225 . Como resultado, a
com a mortalidade precoce sendo devida à gravidade das prevalência de síndrome de Down fetal durante o segundo
anomalias (em especial cardíacas). Invariavelmente, retardo trimestre aumentou de 1/740, em 1974, para 1/504, em 1997.
mental está presente nos adultos, com Q!s médios de 50 a Entretanto, embora a idade materna esteja fortemente correla-
6030. Pessoas afetadas com síndrome de Down também têm cionada com o risco de síndrome de Down fetal , a maioria das
riscos aumentados de início prematuro de doença de Alzhei- crianças com síndrome de Down na realidade nasce de mães
mer, perda auditiva, estrabismo, hipotireoidismo, leucemia e de gmpo etário mais jovem.
envelhecimento prematuro. Uma riqueza de informação foi publicada na literatura
As pessoas com síndrome de Down muitas vezes exibem concernente ao uso específico de ulu"assonografia genética no
características clínicas típicas , como: estatura baixa, pele nucal segundo trimestre para detectar síndrome de Down antes do
redundante, nariz chato e pequeno, orelhas pequenas, c1ino- nascimento pelo exame de múltiplos marcadores de aneuploi-
dactilia ou curvatura para dentro do dedo mínimo (hipoplasia dia, e agora ela ganhou uso generalizado. Atualmente ofere-
da falange média), sulco simiesco (sulco palmar único), bra- cemos ultrassonografia genética no segundo trimestre a todas
quicefalia, occipital plano, pregas epicânticas, IÚlgua protrusa, (e apenas) as pacientes de alto risco (idade materna avançada
defonnidade da sandália de dedo (espaço largo eno"e o hálux no momento do parto, resultados anormais de triagem sérica
e o segundo dedo), defeitos cardíacos, dilatação ventricular/ no segundo trimestre, ou resultados anormais de triagem no
lúdrocefalia e anormalidades gastrointestinais. Por conse- primeiro trimestre). Muitas mulheres usam a informação deri-
guinte, com exame cuidadoso, foi demonstrado que muitas vada dessa ultrassonografia para guiar sua decisão a respeito
dessas feições dismórficas também podem ser visualizadas de amniocentese genética, em vez de escolher o exame inva-
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 99

sivo tradicional como primeira opção. De fato, observamos


Exatidão da Ultrassonografia Genética
ao longo dos anos que a ultrassonografia genética tem sido
um serviço impulsionado pelas pacientes. Em pacientes de [ Tabela 4-8 [ no Segundo Trimestre para Detecção de
alto risco quando a ultrassonografia genética é normal, a Síndrome de Down
taxa de amniocentese é apenas 3%227. Também observamos Autor/Ano Sensibilidade Taxa de Falso-Positivos
que a taxa de arnniocentese aumenta na proporção direta do Benacerraf 1992 231
91% (29/32) 13%(77/588)
número de marcadores ultrassonográficos anonnais identifi- Nadei 1995 232 83% (5 9171) 13% (88/694)
cados, com 100% das pacientes selecionando exame invasivo DeVore 1995233 87% (13/15) 11 % (107/1.000)
quando são vistos quatro ou mais marcadores. Desde o início Nyberg 1995 234 50% (9/18) 7% (27/374)
do nosso serviço de ultrassonografia genética ao longo de um Vintzileos 1996235 93% (13114) 13OJo (54/406)
período de 10 anos, aproximadamente 5.000 pacientes evita- Bahado-Singh 1996236 90% (lO/ll) 14% (132/962)
ram exame por arnniocentese. Se a taxa de aborto diretamente Bromley 1997237 83% (44/53) 17% (31 /177)
relacionada com a arnniocentese for estimada entre 1/100 e Verdin 1998238 82% (9/12) 10% (44/449)
1/300, então isto monta a entre 17 e 50 vidas fetais poupadas, Nyberg 1998239 68% (97/142) 12% (116/930)
assim atestando o poder da ultrassonografia genética nonnal. Sohl 1999240 67% (37/50) 17% (448/2.639)
Idade materna como método de triagem pode atualmente Vmtzileos 1999230 82% (28/34) 9% (159/1.792)
identificar apenas 47% dos casos de síndrome de Down, Wax 2000 24 1 7l% (5/7) 12% (95/789)
com uma taxa de que vem aumentando nos DeVore 2001 242 91% (52/57) 13% (260/2.000)
últimos anos (13%-14%) 25 . Qyando idade materna avançada
TOTAL 77% (363/469) 13% (1.507/11.809)
isoladamente é usada para rastrear sÚ1drome de Down, cerca
de 140 arnniocenteses são necessárias para descobrir um
Teste anonnal foi defmido como a presença de 2! I marcador ultrassonográfico
feto com trissomia do 21 6 , significando que um feto nonnal ano rma1.
pode ser perdido para cada dois fetos identificados com SD.
Embora a combinação da idade materna e triagem sérica no
segundo trimestre identifique cerca de 60% a 65% dos fetos
com SD 228 , essa conduta ainda exigiria aproximadamente 60
a 70 arnniocenteses para detectar um feto com SD6 . Como cadores ultrassonográficos pré-natais, quando encontrados
resultado, um feto normal pode ser perdido como complica- isoladamente, podem não necessariamente aumentar o risco
ção da arnniocentese para cada u'ês a quatro fetos detectados de aneuploidia, e podem ser vistos em fetos euploides. Entre-
com trissomia do 21. Por essas razões, a prática de oferecer tanto, quando eles são encontrados no contexto de múltiplas
rotineiramente exame invasivo a todas as mulheres grávidas outras anormalidades ou marcadores ultrassonográficos, ou
de alto risco foi questionada228 . A ultrassonografia genética em pacientes de alto risco, o risco para aneuploidia fetal é
reduz a taxa de exames invasivos e pode otimizar a seleção de aumentado. Uma metanálise por Smith-Bindman exan1inou
candidatas para exame invasivo a fim de dinllnuir as perdas mais de 50 experiências datando desde 1984, e demonstrou
de fetos normais relacionadas com o procedimento sem dimi- que marcadores isolados (a não ser espessura aumentada da
nuir significativamente as taxas de detecção. Por conseguinte, prega nucal e anomalias estruturais) não têm uma predição
a ultrassonografia genética evoluiu da perspectiva da paciente significante para síndrome de Down fetal 229 . Entretanto,
com a fmalidade de possivelmente evitar exame invasivo, e sua sensibilidade para múltiplos (um ou mais) marcadores
muitas pacientes usam a informação derivada do ultrassom visualizados em ultrassonografia alcançou 69%, com uma
genético para guiar sua decisão a respeito da amniocentese. taxa de falso-positivo de 8% para detecção de síndrome de
Ultrassonografia genética, que é realizada no segundo tri- Down. Combinando múltiplos marcadores de aneuploidia, a
mestre, é um exame direcionado específico para aneuploidia sensibilidade para trissomia do 21 pode ser aumentada a mais
fetal, mais especifican1ente para trissomia do 21, que pesquisa de 80% com taxas falso-positivas de 10% a 15% (defmindo
a presença de anomalias estruturais fetais, bem como outros como anonnal qualquer exame ultrassonoW'áfico com pelo
marcadores de aneuploidia e biometria fetal anormaJ227. Ide- menos um marcador anormal presente)230,23 . O uso de múl-
almente, ela é realizada entre 18 e 20 semanas de gestação. tiplos marcadores ultrassonográficos melhora a sensibilidade
Como só 25% dos fetos com síndrome de Down no segundo da ultrassonografia para a detecção de síndrome de Down,
trimestre têm grandes anomalias detectáveis ultrassonogra- mas também resulta em taxas falso-positivas mais altas. A
ficamenté, a busca deve envolver alguns dos marcadores sensibilidade da ultrassonografia genética depende de uma
mencionados , a fill1 de aumentar a sensibilidade. Os mar- variedade de fatores, como idade gestacional, indicações do
cadores ultrassonográficos de aneuploidia que são usados encaminhamento, marcadores exan1inados, experiência do
podem incluir ossos longos curtos, espessura aumentada da ultrassonologista e qualidade do exame. O grupo de Bena-
prega nucal (Figs. 4-30 e 4-31 ), pielectasia (Fig. 4-32), CPCs cerraf em 1992 estabeleceu pela primeira vez um índice de
(Fig. 4-37), comprimento curto das orelhas (Fig. 4-43), ângulo escore ultrassonográfico para aneuploidia fetal pelo exame de
largo das asas ilíacas (Fig. 4-42), intestino hiperecoico (Fig. múltiplos marcadores231. Subsequentemente, muitos estudos
4-36), foco ecogênico intracardíaco (Figs. 4-33, 4-34 e 4-35), foram publicados e exan1inam a exatidão da ulu'assonografia
deformidade da sandália de dedos nos pés (Fig. 4-49), falange genética para detectar síndrome de Down fetal em populações
média hipoplásica do dedo mínin10 da mão (Figs . 4-47 e 4- de alto risco (Tabela 4-8). Defmindo como anormal o ultras-
48), clinodactilia (Fig. 4-47) e, mais recentemente, osso nasal som com pelo menos um marcador anonnal, a sensibilidade
ausente (Figs. 4-40 e 441 ). global é 77% (50% a 93%) e a taxa falso-positiva é 13% (7%
Cada marcador por si próprio tem apenas uma baixa a a 17%).
moderada sensibilidade para síndrome de Down. Entretanto, Em 1998, um grande estudo colaborativo multicêntrico
não há nenhuma dúvida de que o risco para trissomia do envolvendo 11 instituições (inclusive a nossa) examinou a
21 fetal aumenta com o número de marcadores presentes. sensibilidade da ultrassonografia para detecção de síndrome
Deve-se também manter em mente que muitos desses mar- de Down fetal 243 . Eles observaram que 85% dos fetos com
100 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

Marcadores de Aneuploidia do Exame Taxas Anuais de Utilização da


Genético na Robert Wood Johnson Medicai Ultrassonografia Genética para Detecção
Tabela 4-10
School de Trissomia do 21 Fetal (Robert Wood
Marcador de Aneuploidia
Johnson Medicai School)
Número de Número
Anomalias estruturais incluindo cardíacas (quatro câmaras e tratos Candidatos Ultrassonagrafias Total de
de ejeção) para Diagnóstico Genéticas Amniocenteses t
Fêmur curto (observado em relação ao esperado < lO" percentil) Ano Pré-Natal* (Ofo ) (Ofo)
Úmero curto (observado em relação ao esperado < lO" percentil)
Pielectasia (diâmetro ântero-posterior da pelve renal 4 mm) 1993+ 477 2 (0,4%) 475 (99,6%)
Espessamento da prega nucal 6 mm) 1994 495 82 (17%) 423 (85%)
Intestino ecogê,úco (ecogenicidade semelhante aos ossos ilíacos) 1995 523 251 (48%) 292 (56%)
Cistos de plexo coróide (> 10 nun) 1996 594 328 (55%) 279 (47%)
Falange média hipoplásica do dedo mínimo 1997 793 510 (64%) 3 15 (40%)
Espaço largo entre o hálux e o segundo dedo do pé (deformidade da 1998 856 662 (77%) 215 (25%)
sandália de dedo) 1999 1.285 956 (74%) 405 (31%)
Cordão umbilical com dois vasos 2000 1.537 1.114 (73%) 468 (30%)
Foco ecogênico intracardíaco, tíbia curta, fíbula curta, orelha curta 2001 1.497 1.062 (7l 0J0) 488 (32%)
(desde outubro de 1997) 2002 1.536 1.110 (73%) 493 (32%)
Osso nasal ausente (desde 2003)
' inclui idade materna ava nçada (2: 35 anos de idade) com ou sem resultados
anOlm ais de bioquímica sérica, resultados anormais de bioquímica sérica
D e : Yeo L, Vin tzil eos ANI: The use a f gen eLic sonography to reduce lhe need
em mulheres < 35 anos de idade, o u histórico familiar de anormalidade
for amniocentesis in wo me m at high-risk for D own syndrome. Semin PcrinalOl
cromossômica.
27 :1 54. 2003 .
Tlncl ui mulheres que fizeram amniocentcse genéti ca apenas como sua primeira opção
e mulheres que se submeteram à anuúocentcsc após ultrassonografia genética.
+0 serviço de exame genético esteve disponível durante apenas dois meses em 1993
(novembro e dezembro).
síndrome de Down (n = 241 ) tinham pelo menos um achado De:James DK , Stee PJ , \Veiner CP, et a1: High-Risk Pregnancy: Manage mcnt
anormal ao ultrassom. Recentemente, em 2003, um estudo Options , 3rd ed. Philadelphia, W.B. Saunders, 2005, Tabela 8-i.
de oito centros (inclusive o nosso) avaliou o uso de ultrasso-
nografia genética no segundo trimestre em gestações de alto
risco, incluindo 176 fetos com síndrome de Down 244 . A sensi-
bilidade para síndrome de Down foi 72%, com uma faixa de Atualmente, na nossa instinuçao, nos direcionamos para
64% a 80% nos vários centros. Importante, cerca da metade muitos marcadores específicos de aneuploidia ao efetuar a
(47%) dos fetos com síndrome de Down tinha um prega nucal ultrassonografia genética (Tabela 4-9). Estes incluem anoma-
espessada de 5 mm ou mais, tornando esse marcador aquele lias estruturais incluindo cardíacas, fêmur curto, úmero curto,
com a mais alta sensibilidade. pielectasia, espessamento da prega nucal, intestino ecogênico,
Em 1996, nosso grupo foi o primeiro a publicar dados CPCs, falange média hipoplásica do dedo millimo, deformi-
sobre o uso de ultrassonografia genética no segundo trimestre dade da sandália de dedo, cordão umbilical bivascular, foco
para guiar o tratamento clínico de mulheres em alto risco de ecogênico intracardíaco, tíbia curta, fíbula curta e comprimen-
síndrome de Down fetal 235 . Nesse estudo, quando um ou mais to curto de orelhas. Recentemente, em 2003, acrescentamos
marcadores ultrassonográficos anormais estavam presentes, a ausência de osso nasal fetal à lista.
sensibilidade para trissomia do 21 foi 93%. Subsequentemen- Ao longo dos anos , comprovamos que há uma proporção
te, depois que analisamos nossos dados de 1999, na presença cada vez maior de mulheres de alto risco que preferem fazer
de um ultrassom genético normal, avisávamos as pacientes de llltrassonografia genética como primeira opção a amniocen-
alto risco de que a probabilidade de sÚldrome de Down fetal tese (Tabela 4-10). Em 1997, examinamos retrospectivamente
estava reduzida a pelo menos 80% do risco a priorl- 27. Durante as taxas de uso de ultrassonografia genética de 1993 a 1996
um período de quase 10 anos (desde novembro de 1992), e o seu papel em influenciar a decisão pela anm.iocentese
analisamos mais de 5.000 fetos usando ultrassonografia gené- em mulheres com risco aumentado para síndrome de Down
tica; a imensa maioria (85%) não tinha marcadores (imagem fetal 245 . Durante esse período, foi observada uma tendência ao
normal), 12% tinham um marcador anormal presente e 3% uso crescente, e os fatores mais importantes associados à deci-
tinham dois ou mais marcadores presentes . Oitenta e sete por são das pacientes de se submeterem a amniocentese genética
cento dos fetos com síndrome de Down, 100% dos fetos com foram (risco relativo [RR] ; IC 95%): três ou mais marcadores
trissomia do 18, 80% dos fetos com trissomia do 13 e 88% ultrassonográficos presentes (RR 189,5; 37,1, 980,0), dois
dos fetos com outras anormalidades cromossômicas tiveram marcadores llltrassonográficos presentes (RR 47,2; 9,8, 267,8),
exames anormais (um ou mais marcadores ultrassonográficos um marcador ultrassonográfico presente (RR 12,7 ; 5,5, 29,7) e
anormais presentes). Quando um ou mais marcadores ultras- bioquímica sérica anormal (RR 3,0; 1,0,8,9)245. A Tabela 4-10
sonográficos anormais estavam presentes, a sensibilidade, a mostra as taxas de uso globais crescentes da ultrassonografia
especiIicidade e os valores preditivos positivo e negativo para genética como prinleira opção entre as mulheres de alto risco
síndrome de Down foram 87%, 91 %, 11 % e 99,8%, respec- e as correspondentes diminuições no número total de proce-
tivamente. Qyase dois terços dos fetos com trissomia do 21 dimentos de amniocentese efetuados desde que começamos a
tiveram dois ou mais marcadores ultrassonográficos anormais oferecer serviços de ultrassonografia genética em 1993. Desde
observados. Uma vez que a sensibilidade máxima é provida 1998, mais de 70% das mulheres escolheram fazer ultrassono-
usando-se mais do que ou um marcador presente, usamos isso grafia genética como primeira opção em vez de anmiocentese.
como o teste anormal, porque a máxima redução de risco para Por conseguinte, houve uma diminuição no número de amnio-
muUleres de alto risco ocorrerá nessa situação após um exame centeses realizadas . A taxa de amniocentese total (soma da
genético normal. amniocentese como primeira opção mais anmiocentese após
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 101

Exatidão da Ultrassonografia Genética* para Detecção de Síndrome de Down Fetal (de acordo com a
Tabela 4-11
Indicação para o Exame) e Risco de Síndrome de Down depois de Ultrassonografia Genética Normal
Risco para Síndrome de Down depois
de Ultrassonografia Genética Normal

Sensibilidade Especificidade vpp VPN RP Negativa Redução de Risco


Indicaçã o % % % % (lei %
IMA 84 90 7 99,8 0,18 (0,06, 0,54) 82
TI anormal 89 86 14 99,7 0,13 (0,04, 0,42) 87
TI anormal abaixo de 90 84 15 99,6 0,12 (0,03, 0,50) 88
35 anos de idade
TI anormal e lMA 86 88 12 99,7 0,16 (0,02, 1,34) 84

*Presença de > I marcador ultrassonográfico anormal considerada um resultado anormal de exame.


IMA. idade materna avançada; IC. intervalo de confiança; RP, razão de probabilidade; VPN. valor preditivo negativo; VPP, valor preditivo positivo; TI. triagem tríplice.
De: Yeo L. Vintzileos AiVI : The use of gcnelic sonogl'aphy to reduce lhe need for amniocentesis in women aI high·risk for Down syndromc. Semin Peri natoI 27:156. 2003.

ultrassonografia genética) diminuiu de 99 ,6%, em 1993, para Down nessa população, e todos tiveram ultrassonografia
32%, em 2002 . Isso é uma redução de 680/0 no número total genética anormal . Os riscos da triagem tríplice materna nesses
de amniocenteses genéticas desde 1993. quatro fetos com síndrome de Down variaram entre 1/319 e
Muitos outros estudos mostraram que a ultrassonogralia 1/833. Assim, a ultrassonografia genética pode na realidade
genética normal no segundo trimestre, de fato , reduz o risco aumentar a taxa de detecção de síndrome de Down fetal em
de síndrome de Down fetal, e por essa razão reduz a neces- mulheres com idade materna avançada e riscos moderados na
sidade de amniocente e em pacientes de alto risco246.248. Em triagem tríplice (entre 1/275 e 1/1.000).
2001 , um grupo estudou 1.556 pacientes de alto risco (idade Embora ultrassonografia genética no segundo trimes-
materna avançada e/ou triagem tríplice anormal) entre 1993 tre tenha sido defendida para triagem da população geral ,
e Eles observaram que a sensibilidade do ultrassom constitui nossa opinião que isso deve ser efetuado e aplicado
genético para síndrome de Down foi 87% (27/3 1) com uma somente à população de alto risco, por várias razões. Primeira,
reduÇ<'1o na necessidade de amruocentese de 61 %. considerável perícia é necessária para excluir malformações
Em 1999, examinamos se houve quaisquer variações fetais ultrassonográficas (especialmente defeitos cardíacos
indicação-específicas clinicamente importantes na exatidão sutis), e essa expertise não está an1plamente disponível. Aplica-
da ultrassonografia genética para trissomia do 21249. As indi- ção da ultrassonografia genética à população de baixo lisco
cações para ultrassom genético foram agrupadas em quatro pode ser inapropriada e mesmo perigosa, devido às altas taxas
categorias: (1) idade materna avançada (independentemente falso-positivas de 12% a 15% na população de alto risco (que
dos resultados do rastreio [ríplice), (2) resultados anormais provavelmente é mais alta nas populações de baixo risco). Se a
do rastreio tríplice (independentemente da idade materna), presença de qualquer marcador for considerada uma triagem
(3) resultados anormais do rastreio tríplice em mulheres com positiva na paciente de baixo risco, a alta taxa de falso-positivos
menos de 35 anos de idade, e (4) resultados anormais do ras- levará a considerável ansiedade nessas pacientes. Em pacientes
treio tríplice em mulheres com mais de 35 anos de idade. Não de baixo risco, o risco a priori de síndrome de Down fetal pode
encontramos variações importantes específicas de indicação. ser tão baixo que a presença de só um marcador de aneuploi-
Ao observar os dados atualizados com um número mais dia (por exemplo, pielectasia) em geral não eleva o risco o
alto de pacientes (Tabela 4-11), a probabilidade de trissomia suficiente para justificar anmiocentese. Por essa razão, prevê-se
do 21 fetal é reduzida de 82% a 88% depois de um ultrassom que o valor preditivo positivo, e talvez mesmo a sensibilidade
genético normal, dependendo da indicação para o exame 250 . do ultrassom genético para síndrome de Down fetal, pode ser
Assim, o grau de ajuste do risco depois de um ultrassom diminuído na paciente de baixo risco. Também é importante
genético normal parece ser independente da indicação para perceber que a exatidão dos marcadores de aneuploidia no
o exame, incluindo idade materna avançada, rastreio tríplice segundo trimestre foi principalmente estudada em populações
anormal ou alguma combinação das duas. Observamos que de alto risco e a extrapolação dessa exatidão para a paciente
a sensibilidade da ultrassonogralia genética varia de 84% em de baixo lisco não é apropriada. Na população de baixo risco,
mulheres com idade materna avançada a 90% em mulheres marcadores isolados (outros que não espessura aumentada
com menos de 35 anos de idade que tiveram um rastreio da prega nucal, osso nasal ausente ou anomalias estruturais)
tríplice anormal. Mais uma vez, não houve variações impor- não devem ser usados como uma indicação para exame por
tantes especificas de indicação na exatidão da ultrassonografia amniocentese. Entretanto, com frequência se pode descobrir
genética. incidentalmente um ou mais marcadores ultrassonográficos
Recentemente, analisamos o valor da ultrassonografia anormais na população de baL'(o risco. A Figura 4-58 revela
genética na população específica de mulheres _ com idade o algOlitmo que seguin10s na nossa instituição como diretriz
materna avançada e triagem tdplice normaV,I. Em 768 prática clúllca. É vital lembrar que uma vez que a sensibilidade
pacientes que satisfizeram esses critérios, observanlOs que o de um marcador isolado (com a possível exceção de espessura
risco de sÚ1drome de Down foi 0% (0/673) com um ultrassom aumentada da prega nucal ou osso nasal ausente) é muito
genético normal, e o risco foi 4,2% (4/95) quando o ultrassom baixa, os clínicos não devem recomendar amniocentese em
genético foi anormal. Houve quatro fetos com síndrome de pacientes de baL'(o risco 252 . Todas as anormalidades ultrasso-
102 Ul TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEG UNDO TRIM EST RE

MARCADORES ULTRASSONOGRÁFICOS NO SEGUNDO


TRIMESTRE DIRETRIZES PARA A PRÁTICA Razões de Probabilidade de Marcadores
Tabela 4-12
Isolados em Quatro Grandes Estudos
Nenhum exame Smith-Bindman ARUSI Nyberg Bromley
adicional
Marcador 2001 229 2001 64 1998239
Ultrassom normal (sem
marcadores presentes) Nenhum NA 0,4 0,36 0,22
Ajuste do risco de
síndrome de Down Prega nuca! 17 8,6 11 Infmito
(80% de redução no Intestino ecogênico 6,1 5,5 6,7 NA
risco a prion) 2,5 5,1
Úmero curto 7,5 5,8
Fêmur curto 2,7 2,2 1,5 1,2
Nenhum exame FEl 2,8 2 1,8 1,4
adicional Pielectasia 1,9 1,5 1,5 1,5
1 marcador isolado
(exceto prega nucal ou
osso nasal ausente) FEl, foco ecogênico intracardíaco; NA, não aplicável.
Oferecer amnio- De: Btnaccrraf BR: The role af lhe sccond trirnester gcnelic sonogram in
centese genética screening for fetal Down syndrome. Semin PerinatoI 29 :391, 2005 .

Oferecer amnio-
centese genética
;>: 2 marcadores, OU a primi porque a maioria dos nossos achados é baseada em
prega nucal espessa, OU
osso nasal ausente, OU pacientes de alto risco que fIzeram exame sérico.
anomalia estrutural Oferecer amnio- Acreditamos que em pacientes de alto risco, uma ultras-
centese genética sonografIa normal pode reduzir consideravelmente o risco de
síndrome de Down. Hobbins et aP52 sustentaram a posição de
FIGURA 4-58. Algoritmo para tratamento clínico baseado nos
que a aplicação mais importante da ultrassonogTafIa genética
resultados da ultrassonografia no segundo trimestre (presença ou
ausência de marcadores ultrassonográficos). Idade materna mais é que quando é normal, ela diminui a possibilidade de sín-
jovem que 35 anos de idade, resultado da triagem sérica menor drome de Down e, consequentemente, reduz o número de
que 1/274, ou ambos (asterisco). Idade materna 35 anos ou mais, procedimentos invasivos em pacientes de alto risco. O grau
resultado da triagem sérica 1/ 274 e acima, ou ambos (adaga). de redução do risco depende de vários fatores, como os cri-
(Redesenhado de Yeo L, Vintzi/eos AM: The use of genetic sonogra-
phy to reduce the need for amniocentesis in women at high risk for térios e o número de marcadores de aneuploidia procurados,
Down syndrome. Semin Perinato/27:158, 2003. ) e a sensibilidade do ultrassom. Estudos mais recentes usam
uma razão de probabilidade negativa variando entre 0,2 e 0,4
após um ultrassom genético normal, correspondendo a uma
redução de 60% a 80% no risco.
nográficas que comprometem um órgão importante/anomalias Ouu'os centros têm usado um sistema de índice de escore
estruturais (com algumas exceções), prega nucal espessada, para otimizar o tratamento clínico de marcadores ultrassono-
osso nasal ausente ou a presença de dois ou mais marcado- gráficos 253 . A principal vantagem desse método particular é
res de aneuploidia (ou pequenas anormalidades estruturais) a facilidade de uso e compreensão. Esse índice é baseado na
indicam um alto risco de aneuploidia fetal , e exame invasivo pressuposição de que os marcadores individuais de aneuploi-
deve ser oferecido, mesmo na paciente de baixo risco. Certas dia não são igualmente importantes. Nesse sistema, dois pon-
anormalidades fetais ultrassonográficas isoladas (por exemplo, tos são atribuídos quando anormalidades estruturais ou espes-
gastrosquise) que não são usualmente associadas à aneuploidia samento nucal é identifIcado, embora um ponto seja atribuído
podem não exigi.r exame invasivo adicional. pelos outros marcadores. Nas pacientes que têm um escore
Em pacientes de alto risco, usamos ultrassonografia gené- de dois ou mais, arnniocentese é então oferecida. Usando um
tica como um adjunto à idade materna e triagem sérica para escore de dois ou mais , foi possível aos autores detectar 81 %
ajustar o risco de síndrome de Down fetal de cada paciente dos fetos com síndrome de Down, com uma taxa de falso-
individual, com base na nossa exatidão. O risco a priori pode positivos de 4,4%23 1 Depois, o sistema de índice de escore
ser baseado em triagem combinada no primeiro trimestre, em foi modificado para incorporar a idade materna, dando-se um
triagem tríplice/quádrupla, ou na idade materna (se resultados ponto por idade maior do que ou igual a 40 anos de idade254 .
de triagem no primeiro ou segundo trimestre não estiverem Os autores enfatizam que o uso isolado clinicamente mais
disponíveis ou não tiverem sido realizados). Multiplicamos o importante da ultrassonografia genética no segundo trimestre
risco a prWri pela razão de probabilidade negativa, se o exame reside na redução de risco que é conferida por um ultrassom
for normal. Por exemplo, se o risco de síndrome de Down normal (escore O), porque ele concede a oportunidade de mui-
fetal pela idade materna for 1/274 e o exame genético for nor- tas mulheres de alto risco evitarem anm.iocentese.
mal, o novo risco ajustado para síndrome de Down fetal será Outro método que tem sido usado é integrar o risco dos
1/274 vezes 0,20 (ou 1/l.370) (redução de pelo menos 80%). marcadores ultrassonográfIcos com o risco a priori baseado na
Se apenas um marcador estiver presente (exceto anomalia idade matema 255 . Isso é chamado ajuste do risco do ultrassom
estrutural, prega nucal espessa ou osso nasal ausente), reco- pela idade (ARUSI) para síndrome de Down e é usado para
mendamos exame invasivo apenas se a paciente for de alto mulheres de todas as idades. Ao usar esse método, os marcado-
risco. Por sua vez, quando dois ou mais marcadores forem res ultrassonográficos são "ponderados" pela força dos acha-
visualizados, oferecemos exame invasivo, independentemente dos individuais, expressados como razões de probabilidade.
da situação de risco. Deve-se manter em mente e avisar as Os autores baseiam a avaliação de risco individual de síndro-
pacientes que o exame de imagem genético nunca pode redu- me de Down fetal na idade materna e na presença ou ausência
zir a 0% o seu risco de ter um feto com síndrome de Down. de cada um dos marcadores ultrassonográficos em termos de
Uma triagem tríplice ou quádrupla é aceitável como um risco razões de probabilidade. As razões de probabilidade dos mar-
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 103

cadores isolados foram descritas em diversos estudos (Tabela do 18 é muito mais comum na concepção, porque 95% desses
4-12). Usando razões de probabilidade, então o risco pós-priori casos resultam em aborto espontâneo ou natimorto. Trissomia
é a seguir estimado. Não usamos essas razões de probabilidade do 18 é a segunda trissomia autossômica mais comum e tem
porque na nossa experiência a imensa maioria dos fetos com um prognóstico uniformemente sombrio. Morte intrauterina
trissomia do 21 tem múltiplos marcadores em combinação, é comum, e se estima que dos fetos vivos com 16 semanas,
não em isolamento. Portanto, não conseguimos gerar razões 50% a 90% não sobrevivem ao nascimento 26 1. A sobrevida
de probabilidade positivas estáveis e confiáveis de marcadores pós-natal é muito precária, a maioria morrendo durante o iní-
isolados. Todavia, alguns investigadores estão usando ARUSI, cio da lactância. Aqueles que sobrevivem são profundamente
e relatam que a sensibilidade da detecção de síndrome de retardados mental e fisicamente, e problemas comuns incluem
Down fetal e a taxa de falso-positivos aumentam com a idade falta de crescimento, hipotonia e dificuldades de alimentação.
materna. Isso é considerado apropriado, porque as mulheres As gestações afetadas com trissomia do 18 fetal têm um
mais velhas desejam uma alta sensibilidade, e a alternativa, padrão característico de triagem bioquímica sérica materna
clinicamente, é amniocentese para todas as mulheres com 35 no segundo trimestre. Todos os três marcadores séricos são
anos de idade ou mais (taxa de falso-positivos 100%)30. Ao mais baixos que o normal, com os valores médios seguintes:
mesmo tempo, ARUSI também minimiza a taxa falso-positiva AFP, 0,6 MclM; estriol não conjugado, 0,5 MdM; e hCG,
para mulheres mais jovens (4% de taxa falso-positiva) com 0,3 MdM. A triagem por marcadores tríplices é capaz de
uma sensibilidade satisfatória (61 ,5%r. Os autores também identificar aproximadamente 60% a 75% dos fetos com tris-
acreditam que como os achados ultrassonográficos são em somia do 18 quando é efetuada uma análise separada que
grande parte independentes da idade materna e dos análitos procura baixos níveis de todos os três análitos, com ou sem
bioquímicos, o risco da triagem bioquímica (marcadores séri- consideração da idade materna 262 ,263 . Entretanto, em virtude
cos mais risco da idade materna) pode ser usado substituindo da baixa prevalência da trissomia do 18, ultrassonografia
o risco da idade materna isolado, quando conhecid0 3o . ainda é recomendada em seguida a uma triagem positiva para
É imperativo que todo centro que efetua ultrassonografia trissomia do 18. Um estudo sugeriu que ultrassom foi supe-
genética monitore sua sensibilidade para detectar síndrome rior à bioquímica para detecção de trissomia do 18, embora
de Down fetal a fim de fornecer às pacientes aconselhamento ambos os testes identificassem fetos afetados não percebidos
exato, detalhado e atualizado a respeito do seu grau de redução pelo outro 264 •
de risco quando o exame é normal. Monitoramos continua- Está bem-estabelecido que aqueles afetados com trissomia
mente nossa exatidão em detectar síndrome de Down fetal em do 18 têm muitas anomalias estruturais importantes. De fato,
mulheres de alto risco. Nós e outros pesquisadores acreditamos mais de 100 anormalidades diferentes comprometendo quase
que o ajuste de risco para síndrome de Down é específico de todos os sistemas de órgãos foram observadas em associação
cada instituição e que os dados podem não se aplicar a outros a uissomia do 18 265 . Os recém-nascidos com trissomia do 18
centros 256 Alguns consideram também que o uso de ultrasso- têm muitos aspectos clínicos característicos, como defeitos
nografia genética deve ser limitado a centros especializados 257. cardíacos, restrição do crescimento, occipital proeminente,
Outro problema a abordar é se a ultrassonografia genética boca pequena, micrognatia, orelhas baixas e pontudas, retar-
no segundo trimestre vale o custo. Recentemente analisamos do mental, mãos cerradas com dedos superpostos, esterno
o custo entre amniocentese universal e ultrassonografia gené- curto e pés de cadeira de balanço. Superposição de dedos
tica e observamos que a ultrassonografia genética era econô- ocorre mais frequentemente com o indicador sobreposto ao
mica se a sensibilidade para detectar síndrome de Down fosse médio, e o mínimo curvado para dentro. Como resultado, há
maior que 74%258 Também observamos que a ultrassono- uma variedade de anormalidades/malformações ultrassono-
grafia genética resultou em uma poupança para o sistema de gráficas que podem ser visualizadas antes do nascimento (ver
assistência à saúde de 9%, e diminuiu a taxa de aborto de fetos Tabela 4-2). Estas incluem higroma cístico, defeitos cardíacos,
normais necessitando arnniocemese em 87%258. A ultrassono- espinha bífida, hérnia diafragmática, anormalidades genitu-
grafia genética também é econômica em mulheres com menos rinárias , anormalidades do líquido amniótico, CPCs, artéria
de 35 anos de idade que estão em risco moderado de síndro- umbilical única, cistos de cordão umbilical e comprimento
me de Down com base em resultados de tríplice rastreio, bem curto das orelhas. Um ponto importante é que os fetos com
como em pacientes de idade materna avançada, que recusam trissomia do 18 podem mostrar um início de restrição do cres-
cimento intrauterino tão cedo como no segundo ou mesmo
amniocentese depois de aconselhamento genético no segundo
. 259 O OlereClmento de u Itrassonogra fiIa geneuca
' . a primeiro trimestre. Pelo terceiro trimestre, quase todos são sig-
tnmestre. C'
nificativamente restritos no crescimento ; infelizmente, alguns
essas pacientes está associado a economia de custo por pre-
fetos com trissomia do 18 são partejados por cesariana antes
cisões mais aceitáveis dessas ultrassonografias. Finalmente,
de qualquer descoberta ou conhecimento da aneuploidia266 .
dados recentes indicam que combinar ultrassonografia genéti-
Nyberg observou que restrição do crescimento intrauterino
ca no segundo trimestre com marcadores séricos tradicionais
estava presente em metade dos fetos com menos de 24 sema-
pode melhorar significativamente a precisão diagnóstica dos
nas de gestação, e em 89% daqueles com mais de 24 semanas
fetos com síndrome de Down 260 . Vários algoritmos integrados
de gestaçã03. Qyando é visualizada restrição do crescimento,
combinando análitos séricos e marcadores ultrassonográficos
poli-hidrâmnio e postura anormal das mãos, isso é altamente
foram gerados (por exemplo, espessura nucal, comprimento
preditivo de trissomia do 18 no terceiro trimestre.
do úmero, AFP sérica, hCG). Entretanto, esses algoritmos
A ultrassonografia demonstrou ter sensibilidade variá-
não foram validados prospectivamente.
vel porém alta para detectar trissomia do 18 (64% a 100%)
(Tabela 4-13), particularmente quando se executa uma análise
TRISSOMIA DO 18 (SíNDROME DE anatômica completa. Um gTupO encontrou sensibilidade de
EDWARDS) 100% da ultrassonografia para detectar anomalias estruturais
fetais , mas também incluiu medidas anormais 268 . Em uma
A trissomia do 18 (síndrome de Edwards, ou trissomia E) amostra de 15 fetos com trissomia do 18, Benacerraf et aP08
ocorre em aproximadamente 1/8.000 nascimentos. Trissomia observaram que 80% tinham uma ou mais anormalidades
104 Ul TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

I Tabela 4-13 : Sensibilidade da Ultrassonografia Pré-natal em Fetos com Trissomia do 18


Idade Gestacional em Sensibilidade da US para Anormalidade
Autor/Ano Número Semanas (Faixa )* Detectar Trissomia do 18 de US Mais Comum
BlIndy 1986 267 12 18 (12-40) 75% RCIU (42%)
Benacerraf 1988 208 15 22,7 ± 7,9 (15-35) 80% Mãos ou pés anormais
(73%)
Benacerraf 1990\26 26 19,4 ± 7,0 (13,5-36) 77% Mãos anormais (38%)
Pés tortos (38 % )
Nyberg 1993 3 47 14-24 semanas (29 fetos) 83% RelU (51%)
> 24 semanas (18 fetos)
Seoud 1994 268 12 22,1 ± 5,3 100%t Mãos em flexão (70%)
Pés tortos ou pés de cadeira de
balanço (70%)
Salihu 1997269 11 :$; 24 semanas (7 fetos) 64% Poli-hidrânuúo (3 6%)
> 24 semanas (4 fetos)
Sh.ields 1998 270 35 17,5 ± 2,0 (14-22) 86% Dedos em posição anormal
(89%)
DcVorc 2000 27 30 17,5 ± 1,5 (14-23) 97% Defeitos cardíacos estnIturais
(80%)
Fcuchtballln 2000 27 \ 23 ND 65% CPC (43%)
142 ND 66% ND
Brllmfield 2000 264 30 14-22 70% CPC (43%)
Yeo 2003 4 38 20,1 (14,6-36,3) 100% Comprimento encurtado das
orelhas < 102 percentil (96%)

CPC, cis to de plexo coróidc ; RelU. restrição do crescimento intrautcrino ; NO. não disponível; US, uhrassonografia.
+ desvio-padrão o u mediana dada quando disponível.
também inclui> lima medida anonnal ; não apenas anomalias es trtllurais.

ultrassonográficas (variação 0-5). Três dos fetos não tinham cer os tipos de malformações que são associados a essa
qualquer achado ultrassonográfico; enu-etanto, esses exames aneuploidia, a fim de direciomu- apropriadamente o exame
foram efetuados entre 16 e 17 semanas. Ao examinar fetos ultrassonográfico. De maneira similar ao conceito da ultras-
com trissomia do 18 durante o começo do segundo trimestre sonografia genética no rastreamento de síndrome de Down
unicamente, Shields eL apo observaram que a maioria mas fetal , acreditamos que achados normais de um levantamento
não todos (86%) os fetos teve uma ou mais anormalidades anatômico completo em mãos experientes deve "diminuir" o
detectadas na ultrassonografia, com O número médio de anor- risco de trissomia do 18 de uma paciente (independentemente
malidades por feto sendo três (faL"a zero a seis). Em 1993 , da presença/ausência de CPC ou resultados anormais de tria-
Nyberg observou que quando excluiu CPCs , 83% (39/47) dos gem sérica) a um nível extremamente baixo suficiente para
fetos com trissomia do 18 tiveram mais de uma anormalidade evitar amniocentese genética após aconselhamento apropria-
ultrassonográfica identificada (variação zero a seis)3. OeVore27 do à paciente4 . Por sua vez, quando são visualizados achados
observou que em 30 fetos com trissomia do 18 entre 14 e 23 ultrassonográficos que são compatíveis com trissomia do 18,
semanas, ultrassom teve uma sensibilidade muito alta de 97%. deve ser oferecida cariotipagem fetal , juntan1ente com aconse-
A anormalidade ultrassonográfica mais frequente foi defeitos lhamento apropriado.
cardíacos estruturais (80%) . Outros encontral"am uma sensibi- Tal como no caso da trissomia do 13 , há pouca informa-
ljdade mais baixa do ultrassom para detecção de trissomia do ção a respeito do risco de recolTência da trissornia do 18.
18 27 \. Nesse estudo, ultrassom foi relatado como normal em Em geral, um risco empírico de quase 1% é informado às
35% de 23 fetos afetados com trissomia do 18. pacientes 272 .
Em um estudo recente, observamos que realizando uma
análise ultrassonográfica completa, todos os fetos com trissomia
do 18 tinham quatro ou mais anomalias uln-assonográficas (um TRISSOMIA DO 13 (SíNDROME DE
paciente teve 19 anomalias fetais Observamos PATAU)
que a presença ultrassonogTáfica de comprimento curto das
orelhas (96%), mãos cerradas ou fechadas bilaterais ou dedos T1-issomia do 13 e suas anormalidades congênitas foran1 descri-
superpostos (95%) e anormalidades do sistema nervoso central tas pela primeira vez por Patau em 1960265 . A prevalência ao nas-
(87%) foran1 os marcadores mais sensíveis para trissomia do cimento é estimada entre 1/5.000 e 1/20.000 nascimentos 273 .
18 fetal. Também constatanlOs que 92% dos fetos com trisso- Ela se responsabiliza por cerca de 1% dos abortos espontâneos
mia do 18 tinham pelo menos duas de quatro anormalidades no primeiro trimestre e tem um prognóstico muito ruim. A
ultrassonogTáficas menores (extremidades superiores/mãos, maioria das crianças com essa anormalidade cromossômica
extremidades inferiores/pé, face, orelhat Esse fato dá ênfase morre na fase de lactente; a sobrevida média é 2,5 dias 265 Dos
à importância do exame uln-assonográfico pré-natal completo recém-nascidos com trissomia do 13 , 82% morrem no primei-
dos fetos, com atenção ao detalhe fino além do exame de todos ro mês e apenas 5% sobrevivem aos primeiros seis meses 265 .
os sistemas de órgãos depois de 18 semanas de gestação. Os sobreviventes têm defeitos mentais graves , muitas vezes
Nos fetos em risco de trissomia do 18, é indicado um têm convulsões, apneia, dificuldades de alimentação e retardo
exame pré-natal completo e detalhado. É imperativo conJ1e- de crescimento. O fenótipo é frequentemente tão característico
UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE 105

I Tabela 4-14 i Sensibilidade da Ultrassonografia Pré-natal em Fetos com Trissomia do 13


Sensibilidade def US Jlara
Autor/Ano N Idade Gestacional (Semanas) Detectar Trissomia do 13 Anormalidades US Mais Comum
274
Nicolaides 1992 31 15-39 100% Extremidades anomlais 68%
Renais 65%
Fenda facial 48%
Restrição do crescimento 480/0
Cardíacas 45%
Holoprosencefalia 35%
Lehman 199 55 33 12-32 91 % Sistema nervoso central 580J0
Cardíacas 48%
Faciais 48%
Resu'ição do crescimento 48%
H oloprosencefalia 39%
Renais 33%
Extremidades 33%
Focos ecogênicos intracardíacos 30%
DeVigan 2001 276 85 Todas as idades gestacionais 68,2% Cardíacas 20%
Fendas 18%
H oloprosencefalia 18%
Tongsong 2002 275 15 16-22 93% H oloprosencefalia 47%
Hipotelorismo/ciclopia 40%
Mãos/pés anormais 400J0
Fenda facial 33%
Cardíacas 330J0
Papp 2006 27i 28 13-25 89,3% Sistema nervoso central 640J0
Faciais 640J0
Cardíacas 540J0
Renais 430J0

US ) ultrassonografia.

que um diagnóstico pode ser feito muitas vezes com base ape·
nas nos as pectos clínicos. As características incluem rnicroce·
falia, anormalidades sérias do sistema nervoso central (como
fossa posterior anormal, ventriculomegalia, agenesia do corpo
caloso), defeitos cardíacos (> 80%), restrição do crescimento,
testa recuada, anomalias oculares, fenda labial e palatina (60%
a 70%) , deficiências dos membros , pés de cadeira de balanço
ou pés tortos, mãos cerradas com dedos sobrepostos, polidac·
tilia pós·axial (75%), onfalocele e anormalidades renais (como
rins policísticos). Em particular, holoprosencefalia alobar é
um achado comum que muitas vezes é associado a defeitos
faciais medianos graves, como fenda mediana, rnicroftalmia,
hipotelorismo, ciclopia e ausência do nariz.
Como os fetos com trissornia do 13 têm anormalidades
graves, a sensibilidade da ultrassonografia pré· natal para a
detecção dessa an euploidia é muito alta (Tabela 4-14), com
a maioria dos estudos descrevendo sensibilidades acima de FIGURA 4-59. Corte coronal do abdome fetal mostrando rins eco·
90%5.m.27s Um grande estudo que examinou dados de 11 gênicos bilaterais.
países europeus relatou uma sensibilidade de apenas 68,2%
em 85 casos de trissomia do 13 276 Entretanto, o estudo foca·
lizou a detecção de grandes malformações, porque nem todos
os registros registraram marcadores brandos. Além disso, o
estudo foi efetuado por meio de exame de rotina, e os autores anomalias do sistema nervoso central (58%), defeitos cardía·
acreditam que se fosse efetuado exame detalhado, o desempe· cos (48%), anomalias faciais (48%), restrição do crescimento
nho seria melhor276 . C om o objetivo de alcançar um alto grau (48%), holoprosencefalia (39%), anormalidades renais (33%)
de sensibilidade, deve ser realizada uma análise ultrassonográ- (Fig. 4-59) e anormalidades das extrenudades (33%). Impor·
fica detalhada e sistemática. Aspectos característicos da tris· tante, FE l , que é um marcador de aneuploidia, também foi
sonua do 13 que podem ser visualizados na ultrassonografia visto em 30% dos casos.
pré-natal estão descritos na Tabela 4-3. Em uma das maiores É importante distinguir a trissomia do 13 da síndrome de
séries de 33 fetos com trissomia do 13, um ou mais achados Meckel·Gruber, que é um transtorno recessivo autossôrnico
ultrassonográficos pré-natais foram encontrados em 91 % que compartilha alguns aspectos característicos com a trisso·
globalmente5 . Alguns dos achados mais comuns incluíram mia do 13. Isso tem implicações no aconselhamento porque
106 UL TRASSONOGRAFIA GENÉTICA NO SEGUNDO TRIMESTRE

esse transtorno recessivo autossômico, diversamente da trisso- 7. Cuckle HS , Wald NJ, Lindenbaum RH: Maternal serum alpha-
mia do 13, tem um risco de recorrência de 25%. Síndrome de fetoprotein measurement: A screening test for Down syndrome.
Meckel-Gruber é caracterizada por rins policísticos, polidacti- Lancet 1:926, 1984.
lia, malformações de linha média do sistema nervoso central 8. Cuckle HS, Wald NJ, Thompson SG: Estimating a woman's risk
of having a pregnancy associated with Down's syndrome using heI'
(como encefalocele occipital, malformação de Dandy-Walker)
age and serum alpha-fetoprotein leveI. Br J Obstet Gynaecol 94:387,
e outros aspectos . 1987.
Há pouca informação a respeito do risco de recorrência da 9. New England Regional Genetics Group Prenatal Collaborative
trissomia do 13. Em geral, um risco empírico de quase 1% é StlIdy of Down Syndrome Screening: Combining maternal serum
em geral citado às pacientes 272 . a-fetoprotein measurements and age to screen for Down syndrome
in pregnant women under age 35. Arn J Obstet Gynecol 160:575,
1989.
CONCLUSÃO 10. Bogart MH, Pandian MR,Jones OW: Abnormal maternal serum
chorionic gonadotropin leveIs in pregnancies with fetal chromosome
No momento não há uniformidade na u-iagem baseada abnormalities. Prenat Diagn 7:623, 1987.
na população para síndrome de Down fetal nos Estados 11. Wald NJ, Cuckle HS, Densem ]VV, el ai: Maternal serum uncon-
Unidos. Há muitas variações, incluindo triagem no primei- jugated oestriol as an antenatal screening test for Down's syndrome.
ro trimestre e/ou marcadores séricos no segundo trimestre. BrJ Obstet Gynaecol 95:334, 1988.
12. vVald NJ, Cuckle HS, Densem]W, el ai: Maternal serum screening
Independentemente do método usado, alta sensibilidade for Oown's syndrome in early pregnancy. BMJ 297:883, 1988.
é importante para essas mulheres que estão em alto risco, 13. Haddow JE, Palomaki GE, KJught GJ, et ai: Prenatal screening for
embora baixas taxas falso-positivas sejam mais desejáveis Down's syndrome with use of maternal serum markers. N Engl J
em mulheres de baixo risco. A ulu'assonografia genética nos Med 327:588, 1992.
permitiu detectar aneuploidia fetal e diagnosticar muitas ano- 14. Cheng EY, Luthy DA, Zebelman AM, el ai: A prospective evaluation
malias congênitas fetais em todos os trimestres da gravidez. of a second-trin1ester screening test for fetal Down syndrome using
maternal serum alpha-fetoprotein, hCG, and unconjugated estriol.
Percorremos um longo caminho no que se refere às opções
Obstet Gynecol 81 :72, 1993.
potenciais que podem ser dadas às pacientes de alto risco. De 15. Burron BK, Prins GS, Verp MS: A prospective trial of prenatal
acordo com muitas mulheres grávidas , idade materna avança- screening for Down syndrome by means of maternal serum
da isolada ou triagem sérica materna anormal isolada podem a-fetoprotein, human chorionic gonadotropin, and unconjugated
não ser mais indicações para exame invasivo, e está claro que estriol. ArnJ Obstet Gynecol 169:526, 1993.
para essas pacientes a ultrassonografia pré-natal é de capital 16. Wenstrom KD , Williamson RA, Grant SS, el ai: Evaluation of
importância. Com o aparecimento da triagem no primeiro tri- multiple-marker screening for Down syndrome in a statewide
mestre (ultrassonográfica e sérica), isso também acrescentará population. ArnJ Obstet Gynecol 169:793, 1993.
17. Arnerican College of Obsterricians and Gynecologists: Prenatal
informação adicional que no futuro poderá ser incorporada diagnosis of fetal chromosomal abnormalities. 2003 Compendium
à ultrassonografia genética para dar riscos individualizados of Selected Publications 547-557, 2003.
de síndrome de Down às pacientes. A aplicação mais apro- 18. Haddow JE, Palomak.i GE, Knight GJ, el ai: Reducing the need
priada da ultrassonografia relaciona-se com as mulheres de for anmiocentesis in women 35 years of age or older with serum
alto risco que procmam tranquilização, e, portanto, redução markers for screening. N EnglJ Med 330:114, 1994.
do risco por um exame genético normal. A força da ultrasso- 19. \oVald NJ, Densem]W, George L, el ai: Prenatal screening for
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nografia genética normal reside na sua capacidade de salvar
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vidas fetais ao evitar muitos procedimentos desnecessários de 20. Wensrrom KD, Owen j , Chu DC, el ai: Prospective evaluation of
amniocentese. Constatamos que embora muitos clínicos pre- free beta-subunit of human chorionic gonadotropin and dimeric
firam encaminhar as pacientes para ultrassonografia genética, inhibin A for aneuploidy detection. ArnJ Obstet Gynecol 181 :887,
na nossa experiência, ao longo dos anos ela tem sido princi- 1999.
palmente um serviço impulsionado pelas pacientes. Há muitas 21 . Rodis J F, Egan J F, Craffey A, el ai: Calculated risk of chromosomal
mulheres que não farão mais arnniocentese automaticamente abnormalites in rwin gestations. Obstet Gynecol 76:1037, 1990.
22. Stoll C, Dott B, A1embik Y, Roth MP: Evaluation of rolltine
como primeira opção, mas em vez disso escolherão usar a
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informação da ultrassonografia genética para ajudar a guiar a abnormalities in a low risk population. Hum Genet 91 :37, 1993.
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5
SÍNDROMES FETAIS
juliana M. Leite , MO, Roberta Granese , MO , Philippe j eanty, MO , PhO e Sandra Silva Herbst , MO

Acondrogênese Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico


Acondroplasia Síndrome de Klippel-Feil
Síndrome de Aicardi Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber
Síndrome de Alagille Síndrome de Larsen
Síndrome da Banda Amniótica Síndrome do Pterígio Múltiplo Letal
Síndrome de Apert Lisencefalia
Malformação de Arnold-Chiari Síndrome de Meckel
Artrogripose Múltipla Congênita Síndrome da Monossomia do X (Turner)
Displasia Torácica Asfixiante Síndrome de Noonan
Síndromes de Asplenia-Polisplenia Osteogênese Imperfeita
Síndrome de Beckwith-Wiedemann Síndrome de Pallister-Killian
Displasia Campomélica Síndrome de Pena-Shokeir
Síndrome da Regressão Caudal Pentalogia de Cantrell
Síndrome Cérebro-hepatorrenal Síndrome de Pfeiffer
Associação CHARGE Síndrome de Pierre-Robin
Síndrome do Álcool Fetal. Efeitos do Álcool Fetal Síndrome de Poland
Infecção Fetal por Citomegalovírus Síndrome de Prader-Willi
Síndrome da Rubéola Fetal Síndrome de Prune-Belly
Síndrome da Toxoplasmose Fetal Síndrome de Roberts
Síndrome da Exposição Fetal ao Ácido Valproico Displasia Septo-Óptica
Varicela Zoster Fetal Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel
Síndrome de Fraser Sirenomelia
Síndrome de Fryns Síndrome de Smith-Lemli-Opitz
Síndrome de Goldenhar Displasia Tanatofórica
Síndrome HELLP Esclerose Tuberosa
Linfedema Hereditário I Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
Infecção por Herpes Simples Associação VACTERL
Holoprosencefalia Síndrome de Walker-Warburg
Síndrome de Holt-Oram Síndrome de Wolf-Hirschhorn
Síndrome Hidroletal

A s anomalias congênitas são organizadas tipicamente por


sistema de órgãos. Essa é uma organização excelente,
pois os trans tornos semelh antes ficam agrupados em conjun-
Em geral, o achado mais surpreendente ou o achado mais
incomum é o que leva à inclusão em um ou outro grupo.
C om as informações mais precisas que podem ser adquiridas
to . Entretanto, as síndromes multissistêmicas não se encai- atualmente, é hora de organizar as síndromes como ass untos
xam perfeitamente na organização por categoria de órgão. separados.
As anomalias congênitas, que representam anomalias
Este capítulo é ada ptado de The Fetus (hup:/1 mvw.thcfctus.net) com permissão. estruturais do embrião ou feto em desenvolvimento, são com
PhilippeJeanty. MO. PhO - Women's Health Alliance - 300 20th Ave Nonh frequência classificadas em quatro tipos : (1) malformação, (2)
- Suíte +01 - Nashville. TN 37203-2 13 1 deformação, (3) rompimento e (4) displasia.

112
SíNDROMES FETAIS 113

Malform ação. É um defeito morfológico de um órgão, pitar e fazer uma amniocentese, alguma revisão das grandes
parte de um órgão ou região maior do corpo que resulta de bases de dados em geral é indicada para sugerir diagnósticos
um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal. O diferenciais e testes adicionais (pergunte ao laboratório quais
termo intrínseco implica que o potencial de desenvolvimento os testes de ensaio de que dispõem). O banco de dados Landon
do primórdio é anormal desde o início. As malformações Dysmorp/lOlof!)' Database geralmente é o padrão, mas o OM IM
podem ser únicas ou múltiplas. é o mais fácil de utilizar atualmente. Mesmo o Medline, com
Deformação. A deformação se refere a um contorno, o uso de operadores booleanos (pesqu isa avançada), é uma
forma ou posição anormal de parte do corpo causada por ferramenta excelente para identificar condições raras. Essas
forças mecânicas anteriores ao nascimento, quase sempre ferramentas devem estar prontamente disponíveis .
como resultado de moldagem ou restrição intrauterina. As O utro aspecto do diagnóstico pré-natal das sÚldromes que
forças que causam as deformações podem ser extrínsecas, se deve ter em mente é o progresso da genética molecular.
como as anomalias uterinas , ou fatores intrúlsecos, como o Desde o reconhecimento dos transtornos do receptor do fator
oligo·hidrâmnio. de crescimento do fibroblasto (FG FR). a classificação das
Rompimento. Um defeito morfológico de um órgão, displasias esqueléticas (veja a Acondroplasia mais adiante) foi
parte de um órgão ou região maior do corpo que resulta do completamente reorganizada. Essas fontes devem ser consul-
desarranjo de um tecido previamente normal. Ele é causado tadas porque é provável que possa ser feito um teste genético
por uma força extrínseca ou interferência interna com um ou bioquínUco (veja a sÚldrome de Smith-Lemli-Opitz mais
processo de desenvolvimento ou uma lesão vascular. Os fato- adiante) que estabeleça o diagnóstico com certeza para esses
res extrúlsecos, tais como infecção, teratógeno ou trauma, são transtornos.
considerados disruptivos. Acidentes vasculares intrauterinos Finalmente, um aspecto importante do diagnóstico pré-
são a principal causa de rompimento. natal é a assistência aos pais para tomar decisões de conduta.
Displasia . Corresponde a uma organização anormal de Isso é feito mais apropriadamente proporcionando a eles o
células em tecidos e seus resultados morfológicos. A displa- contato com grupos de apoio, e aqui a internet revolucionou
sia é o processo e a consequência da fOI-mação anormal de a comunicação entre pais anteriormente isolados em peque-
tecidos. Ela é casualmente inespecífica e frequentemente afeta nos grupos em todo o mundo. Um bom recurso é o NORD
vários órgãos devido à natureza dos transtornos celulares (N ational O rganization for Rare Disorders), mas com frequên-
subjacentes. cia uma boa pesquisa com uma ferramenta de busca na inter-
mais de uma anomalia fetal é identificada, vários net identificará muitos outros sites de interesse.
termos são usados para descrever a causa e a patogênese. Ao longo dos últimos cinco anos, a função dos técnicos
Sequência . Um padrão de múltiplas anomalias que resulta em ultrassom modificou-se significativamente, partindo de
de uma única anomalia ou fator mecânico. Também chamada apenas identificar alguns achados para uma postura muito
de anomalLu!e. Os problemas secundários resultantes podem ser mais pró-ativa na realização do diagnóstico diferencial e no
devidos a uma malformação, rompimento ou deformação. estabelecimento dos planos de conduta. Qyase sempre, o
Associação. A ocorrência não randômica, em dois ou ultrassonografista é o primeiro a identificar o transtorno, e
mais indivíduos, de múltiplas anomalias não reconhecidas aquele que estabelece os contatos com o departamento de
como sequência ou sÚldrome. genética, os especialistas em dismorfologia e vários caI-dio-
Síndrome. Um padrão de anomalias múltiplas considera- logistas e cimrgiões. A capacidade de proporcionar um dire-
do patogeneticamente relacionado e não reconhecido como cionamento claI-o para os pais é importante, e nessa época de
uma sequência única. tumulto para a família, tornar-se um ponto de referência ao
as páginas seguintes revisaremos vál;as síndromes que qual eles possam recorrer é importaIlte. Proporcionamos de
deveriam ser familiares para ultrassonografistas e técnicos em modo rotineiro pesquisas e referências para os nossos pacien-
ultrassonogTafia porque são razoavelmente características ou tes e tentamos identificar grupos de suporte de modo que
comuns , ou porque seu reconhecimento afetará a conduta na pOSSaIll obter informações de outros pais , o que em geral é
gravidez. A seleção das síndromes incluídas é um tanto artifi- mais realista do que a informação proporcionada pelo sistema
cial, mas todas podem ser detectadas antes do nascimento ou de cuidados à saúde.
afetarão a gestação. Logicamente, esta revisão não pretende
ser completa. A Birth Ddéct Encyclopedia contém cerca de 2.000
síndromes e o Onfine Mendelian Inheritance in Man (OM IM) Referências
recentemente ultrapassou a marca das 10.000 síndromes. Moore KL, Persaud DTN: The Developing Human: Clinically Oriented
Mesmo para os médicos dedicados ao tema essa é uma quanti- Embryology. Philadelphia, WB Saunders, 2002
dade inimaginável de informação para se dominar. Em vez de Nyhan WL: Strucrural abnormalities : A systematic approach 10 diagnosis.
tentar ler (quanto mais memorizar) essa grande quantidade de Clin Symp 42:2 , 1990
conhecimentos, é mais importante aprender como investigar Buyse IL (ed): Birth Defects Encyclopedia. Blackwell Scientific
Publication , 1990.
casos incomuns. Quais são os achados mais notáveis e prin- Imp://www.ncbi.nlm.nih.gov/enrrezJquery.fcgi?db=OMI M&cmd=Limits
cipais? E quase tão importante, quais são os achados secun- http://w..vw.ncbi.nlm.nill.gov/ PubMed/
dários ou mais sutis? Uma vez que as observações são feitas, lmp://www.csmc.edu/genetics/skeldys/nomenclarure.hrrnl
existe outra informação clínica importante? Antes de se preci- http://w\vw.rarediseases.org/
114 SíNDROMES FETAIS

ACONDROGÊNESE Etiologia. Autossôrnica recessiva (tipo IB) e dominante


Definição. Esse grupo de condrodisplasias neonatais (tipo II).
letais com displasia de membros curtos compreende várias Diagnóstico. A acondrogênese do tipo I é uma condro-
entidades. distrofia grave caracterizada radiograficamente por uma má
Sinô nimos. O tipo lA é o tipo H ouston-Harris ; o tipo IB ossificação da coluna vertebral e ossos pélvicos que resulta em
é o tipo Parenti-Fraccaro; o tipo II é o tipo Langer-Saldino, e natimorto ou morte prematura. A manifestação ultrassono-
também é chamado condrogênese imperfeita, acondrogênese- gráfica inclui membros muito curtos e costelas finas e curtas
hipocondrogênese tipo II e, anteriormente, acondrogênese que podem conter fraturas. As costelas curtas são responsá-
tipo IB. Existem dois tipos menos comuns, III e IV. O s tipos veis pela hipoplasia pulmonar letal e o poli-hidrâmnio por
II e IV foram isolados por Whitley e Gorlin pela medida compressão esofágica. A mineralização anormal pode ou não
femoral. A validade desses dois últimos tipos é questionada, ser manifestada ultrassonograficamente como ossos que são
com o tipo III provavelmente representando o tipo II e o ou muito ecopênicos ou nos quais ambas as corticais podem
tipo IV provavelmente representando a hipocondrogênese. ser observadas. Normalmente, apenas o lado cortical proxi-
Essas categorias essencialmente radiológicas foram modifica-
das várias vezes e estão sendo substituídas pela classificação
genética (ver adiante) e, portanto, possuem interesse princi-
palmente histórico.
Prevalência. Rara, com provavelmente menos de 100
casos relatados. A prevalência ao nascimento é de 0,9 a 0,23
por 10.000 nascimentos .

FIGURA 5-3. Micromelia com os braços não se unindo na frente


do peito.

FIGURA 5-1_ Acondrogênese. Mineralização quase ausente da


coluna (observe a medula espinhal ).

FIGURA 5-2. O aspecto dos ossos transparentes nos quais ambas


as corticais podem ser vistas . FIGURA 5-4. Acondrogênese. O aspecto do feto com 19 semanas.
SiNDROMES FETAIS 115

mal é capturado e o lado distal é coberto pelo lado proximal. apresentam com desmineralização, mas o encurtamento de
O tipo II também se apresenta com os mesmos achados, mas membro geralmente não é tão grave. A mineralização anor-
o déficit de mineralização é menos gTave e os ossos longos mal e o comprimento do tronco encurtado a distinguem da
menos curtos. Dois casos de grandes higromas císticos em displasia tanatofórica, na qual essas medidas são normais.
associação de acondrogênese foram reportados. Prognóstico. Letal.
Anomalias Genéticas. Tipo lA: desconhecidas. Tipo IB: Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
mutação no gene transportador de sulfato da displasia diastró- antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
fica (DTDST) no braço longo Oócus 32-33) do cromossomo 5. rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir-
O gene do transportador de sulfato da displasia diastrófica é mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
transmitido de modo recessivo e é um alelo do gene da displa- aconselhamento genético.
sia diastrófica. Isso é importante porque o tipo II (ver a seguir) é
uma mutação autossômica dominante (e, portanto, envolve uma
mutação nova para cada caso, uma vez que a doença é letal) e, Referências
portanto, tem uma probabilidade muito menor de reconência
Knowlton 5, Craves C, Tiller CE: Achondrogenesis. Fetus 2:7564,
do que o risco de 25% do tipo IB. O diagnóstico pode ser feito 1992.
por biópsia de vilocorial em casais em risco. A acondrogênese Meizner l, Barnhard Y: Achondrogenesis type l diagnosed by transvaginal
tipo II é o tipo Langer·Saldino e é causada por uma mutação ultrasonography at 13 weeks' gestation. Am J Obstet Cynecol
nova dominante no gene do colágeno tipo 2 (gene COL2Al) 173 :1620, 1995.
no cromossomo 12. Portanto, ele está mais relacionado com Mahony B5, Filly RA , Cooperberg PL: Antenatal sonographic diagnosis
a hipocondroplasia, clisplasia espôndilo-epifisária e sÚ1drome of achondrogenesis. J Ultrasound Med 3 :333, 1984.
de Kniest-StickJer. Estas podem ser variantes alélicas, com a vVenstrom KD, vVilliamson RA, Hoover VVVV, et al: Achondrogenesis type
II (Langer·5aldino) in association with jugular lymphatic obstnlCtion
hipocondrôgenese relacionada com a acondrogênese, como a .. sequence. Prenat Diagn 9:527, 1989.
hipocondroplasia está relacionada com a acondroplasia. Ozere n 5, Yüksel A, Ttikel T: Prenatal sonographic diagnosis of type
Diagnóstico Diferencial. A osteogênese imperfeita (tipo l achondrogenesis with a large cystic hygroma. Ultrasound Obstet
II e ocasionalmente tipo IIIC) e a hipofosfatasia também se Cynecol 13 :75, 1999.

ACONDROPLASIA idade pelo D BP; o mesmo não é esperado dos fetos com acon-
Definição. MicromeJia rizomélica associada a bossa fron- droplasia homozigótica. Espera-se que os fetos com intervalo
tal e ponte nasal baixa. de crescimento normal no comprimento femoral durante o
Sinônimos. Nenhum. segundo trimestre não sejam afetados , e o ultrassom obtido
Prevalência. Comum: 0,5 a 1,5:10.000. após 26 semanas deve auxiliar na conftrmação dessa predição.
Etiologia. Moldagem cartilaginosa defeituosa do precur- A bossa frontal e a ponte nasal deprimida podem também
sor ósseo. ser reconhecidas. O casionalmente, anomalias mais sutis , tais
Diagnóstico. Essa displasia esquelética pode se mani- como a mão em tlidente (um espaço aumentado entre o ter-
festar como acondroplasia homozigótica ou heterozigótica. ceiro e quarto dígitos) ou a ausência do alargamento do canal
Patel e Filly descreveram a metodologia para distinguir as lombar, também podem ser identificadas.
duas manifestações genéticas dessa displasia. Seus res ultados Anomalias Genéticas. A acondroplasia é uma displasia
indicaram que os fetos com comprimentos femorais que estão esquelética autossômica dominante causada por mutação no
abaixo do 3 Q percentil padrão comparados com o diâmet.ro gene do receptor 3 do fator de O"escimento do fibroblasto,
biparietal (DBP) em 17 semanas de idade pelo DBP e que
demonstram encurtamento progressivo em 20 a 23 semanas
de idade pelo DBP possuem acondroplasia homozigótica,
enquanto os fetos nos quais é visto um decréscimo no com-
primento femoral em 17 a 23 semanas de idade pelo DBP
possuem acondroplasia heterozigótica. Além disso, espera-se
que os fetos com acondroplasia heterozigótica tenham um
comprimento femoral superior a 34 mm em 26 semanas de

FIGURA 5-5 . Fêmur curto em um paciente com acondroplasia FIGURA 5-6. Acondroplasia. Bossa frontal.
homozigótica.
116 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5-7. Acondroplasia.


Ausência de alargamento do
canal espinhal.

que está localizado no braço curto do cromossomo 4 no Displasias diastróficas nas quais a micromelia está associada
lócus 16.3. Bellus demonstrou que a anomalia era devida a a contratu ras articulares, em particular, posições anormais
uma substitu ição de glicina por arginina no códon 380. Essas dos dedos dos pés e das mãos.
publicações constituem marcos no nosso conhecimento acerca Prognóstico. Crianças com acondroplasia possuem
das displasias esqueléticas. Antes desses registros, as displasias alcance intelectual normal. Os problemas principais são orto-
esqueléticas eram quase estritamente classificadas por crité- pédicos (canal espinhal e forame magno estreitados). Existe
rios radiológicos. Esses registros marcaram o iJúcio de uma um grupo de apoio muito atuante nos Estados Unidos ('Ihe
intensa e bem-sucedida pesquisa no mapeamento gên.ico das Little Peop/c ri Amen"ca) que procura resolver os problemas dos
displasias esqueléticas, muitas das quais foram subsequente- indivíduos afetados.
mente reconhecidas como resultantes de alterações dos fatores Conduta. Embora a interrupção da gestação possa ser
de crescimento do fibroblasto (I-III). oferecida antes da viabilidade, a maioria dessas crianças se
Diagnóstico Diferencial. O diagnóstico diferencial é adapta bem em sociedade e leva uma vida produtiva.
feito em relação a várias condições, tais como:
Displasia tanatofórica (peito estreitado, platispondilia, Referências
micromelia mais grave, sem mãos em tridente, poli-
hidrâmnio mais grave). Patel MO, Filly RA: H omozygolls achondroplasia: US distinction
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Acondrogênese (mineralização muito ruim, com ausência second u;mester. Radiology 196:541 , 1995.
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fi-equentemente o aspecto proximal do cérebro é bem-visto maps to the telomeric region of cluumosome 4p. Nat Genet 6:318, 1994.
através do crânio "transparente", m.icromelia variável, Le Merrer M , ROllsseau F, Legeai-Mallet L, et ai: A gene for
achondroplasia-hypochondroplasia maps to chromosome 4p. at
algumas vezes angulações ósseas de fraturas visíveis, peito Genet 6:314, 1994.
em formato de sino).

SíNDROME DE AICARDI ligação a um segundo lócus AGS (AGS2) no cromossomo


Definição. Este transtorno neurodegenerativo foi pri- 13q14-21, bem como pelo menos mais um lócus adicional.
meiramente descrito em 1965, incluindo atrofia cerebral, Patogênese. Pode resultar de uma perturbação do meta-
calcificação intracerebral dos gânglios basais, uma linfocitose bolismo do interferon-alfa.
crônica do líquido cerebroespinhal e investigações sorológicas Achados Ultrassonográficos. Microftalmia, cistos no
negativas para infecções pré-natais comuns. Está associada a plexo coroide, papiloma no plexo coroide, malformação de
parada do desenvolvimento, agenesia do corpo caloso, lacu- Dandy-\Valker e disgenesia do corpo calos o podem ser reco-
nas coriorretinianas, espasmos infantis e incapacidade física. nhecidos antes do nascimento. A agenesia do corpo calos o é
completa em 72% e parcial em 28% dos casos. Essa síndrome
Sinônimos. Nenhum.
foi associada à fenda labial e pala tina com pouca frequência.
Incidência. Mais de 100 casos relatados.
Implicações para os Exames Direcionados
Etiologia. Herança autossórnica recessiva ou possivel- Anomalias cerebrais (tais como calcificações, cisto cerebral
mente um transtoll1o dominante ligado ao que ocorre de novo e um terceiro ventrículo elevado característico de agenesia
em mulheres, e é letal em homens hemizigotos . Ela é geneti- do corpo caloso) observadas com ultrassonografia e
camente heterogênea, com quase 50% das fanúlias mapeadas imagem por ressonância magnética cerebral.
no primeiro lócus conhecido em 3p21 (AGS1 ). Existe outra Feto feminino.
SíNDROMES FETAIS 117

Investigar a possibilidade de consanguinidade dos pais . mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
Aumento do nível de interferon-alfa no sangue e líquido aconselhamento genético.
cerebroespinhal fetais .
Excluir uma etiologia infecciosa. Referências
Avaliar o recém-nascido imediatamente após o nascimento.
Ali M, Highet LJ, Lacombe D , ct al: A second locus for Aicardi-Goutieres
Diagnóstico Diferencial. Disgenesia do corpo caloso. syndrome at chromosome 13q14-21.j Med Genet 43 :444, 2005 .
Bromlev B, KrislU1amoorth KS , Benacerraf BR: Aicardi svndrome:
Prognóstico. Reservado, com a maioria das crianças
sonographic fUldings. A report of two cases. Diagn
morrendo durante os primeiros anos de vida. As que sobrevi- 20:344. 2000
vem apresentam retardo mental profundo mais tarde. Le Garrec M, Doret M , Pasquier jC, et al: Prenatal diagnosis sis of
Risco de Recorrência. A doença é de natureza esporádi- Aicardi-Goutieres syndrome. Prenat Diagn 25:28. 2005 .
ca e afeta apenas fetos femininos. NeiddichjA , NussbauIl1 RL, Packer l\J. et aI: Heterogeneity of clinical
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida severityand molecular lesions in Aicardi syndrome.j Pediar 116:911 ,
antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte- 1990.
rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir-

SíNDROME DE ALAGILLE formação defeituosa de ácido eólico. A deficiência de Alfa-l-


Definição. É um transtorno caracterizado pela associação antitripsina pode se apresentar como colestase neonatal com
de hipoplasia biliar (que se manifesta como colestase neona- uma escassez de ductos biliares intra-hepáticos.
tal), estenose pulmonar, anomalias vertebrais, fácies caracte- Anomalias Associadas. Ela está frequentemente asso-
rística, anomalias ocular e cardiovascular. ciada à insuficiência no crescimento, atribuída a anomalias
Sinônimos. Síndrome de Alagille-Watson, colestase com congênitas conconutantes, colestase, má absorção ou má
estenose pulmonar periférica, displasia arteriopática, lupopla- nutrição, anomalias renais e também doença renal cística uni-
sia ductular síndrome de J agged l. lateral com ou sem displasia renal.
Etiologia. E um transtorno autossônlico dominante Prognóstico. As anomalias vasculares, tais como aneu-
multissistêmico com penetrância variável. O gene :SACI rismas da artéria basilar. anomalias da carótida interna aneu-
no cromossomo 20p12.1 -pll.23 é atualmente o único gene risma da artéria média, aneurismas e da
conhecido implicado na síndrome de Alagille. aorta, anomalia da artéria carótida interna e estenose da arté-
Achados Ultrassonográficos. A ultrassonografia fetal ria renal, são as principais causas de morbidade e mortalidade
pode revelar alterações faciais tais como testa larga, mandíbu- na criança afetada. Elas respondem por 34% da mortalidade
la pontiaguda e ponta do nariz bulbosa; anomalias cardíacas devido ao risco elevado de hemorragia intracraniana. Ausên-
e vasculares, tais como estenose valvular pulmonar, estenose cia dos reflexos profundos é frequente nas crianças, bem como
arterial periférica; anomalias esqueléticas, tais como vértebra as transarninases e a fosfatase alcalina elevadas, embriotóxon
anormal ("vértebra em borboleta"), uma dirninuição na dis-
tância interpedicular na coluna lombar e nos dedos, graus
variáveis de encurtamento anterior e restrição do crescimento
intrauterino gTave.
Diagnóstico Diferencial. Transtornos renais císticos
associados à doença hepática coles tática e todas as colestases
intra-hepáticas fanliliares: Síndrome de Zellweger, síndrome
de colestase-linfedema, doença de Byler e colestase com

FIGURA 5-8. Síndrome de Alagille. Artéria pulmonar principal aumen- FIGURA 5-9. Síndrome de Alagille. Valva pulmonar espessada e este-
tada (setal. (Cortesia de Francis Duchatel. 2002. thefetus.net.) nótica. (Cortesia de Francis Duchatel. 2002. thefetus.net.)
118 SíNDROMES FETAIS

posterior no exame ocular, xantomas generalizados , incluindo in A1agille syndrome with a novel]AGl mutation.] NephroI18 :3 12,
xantomas orais e hipodontia acentuada. O grau de hipoplasia 2005.
biliar é variável. Alguns pacientes podem ter colestase grave, Ho NC, Lacbawan F, Francomano CA, et al : Severe hypodontia and oral
progredir para cirrose e necessitar de transplante hepático. xanthomas in A1agille syndrome. Am] Med Genet 93:250, 2000.
Kamath BM, SpirU1er NB, Emerick KM, et al: Vascular anomalies in
Conduta. Esse transtorno deve ser suspeitado em todos A1agille syndrome: a significam cause of morbidity and mon aliry.
os bebês com colestase. É importante avaliar o recém-nascido Circulation 109:1354, 2004. Epub 2004 Mar 1. Commem in Circulation
também com um exanle ultrassonográfico renal. Sep 28;1l0:e327, 2004; author reply e327.
Lykavieris P, Hadchouel M, Chardot C , et al : Outcome ofliver disease in
children with A1agille syndrome : a study of 163 patients. GU! 49 :43 1,
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A1bayram F, Stone K, Nagey D, et al : A1agille syndrome: prenatal renal disease. Arch Ois Child 74:232, 1996.
diagnosis and pregnancy outcome. Fetal Diagn Ther 17:182, 2002.
Gauthier F, Hadchouel M: Congenital disorders of the biliary ducts. Rev
Prat 50 :2142, 2000.
H arendza S, Hubner CA, Glaser C , et ai: Renal failure and hypertension

SíNDROME DA BANDA AMNIÓTICA Etiologia. Não é precisamente conhecida. Algumas teo-


Definição. A síndrome da banda amniótica é um conjun- rias sugeriram fatores teratogênicos , multifatoriais e genéticos
to de malformações congênitas variando de anéis de constri- que causam o rompimento do âmnio. O efeito teratogênico
ção menores e linfedema dos dedos até múltiplas anomalias das drogas , tais como metadona e ácido lisérgico-dietilamida,
congênitas complexas e bizarras que são atribuídas a bandas pode desempenhar um papel importante em muitos casos.
amnióticas que se fixam, envolvem e rompem partes do feto. Pato gênese. O rompimento do âmnio no início da ges-
Sinônimos. Complexo de ADAM (deformidades amnió- tação leva ao aprisionamento de estruturas fetais por bandas
ticas , adesão, mutilação), sequência da banda amniótica, mesodérmicas "adesivas" que se originanl da face coriônica
complexo de rompinlento amniótico, sulcos anulares, ampu- do âmnio, seguido por rompimento. Foi sugerido que as ban-
tação congênita, bandas de constrição congênitas, bandas de das levam a uma diminuição do fluxo sanguíneo no membro
Streeter, defeitos terminais transversais dos membros, bandas constringido e subsequentemente a uma amputação natural.
de tecido aberrantes, cordões fibrosos mesoblásticos amnioco- Essa teoria do mecanismo exógeno não explica várias caracte-
riônicos, bandas amnióticas . rísticas dessa síndrome, tais como a razão pela qual são relata-
Prevalência. A prevalência é 7,7/10.000 nascidos vivos, dos casos de sÚldrome da banda amniótica com revestimento
mas ela pode ser da ordem de 178/10.000 para abonos espon- amniótico intacto e histologicamente normal; a razão pela
tâneos. A relação homem-mullier é 1:1. qual anomalias internas como holoprosencefalia, displasia

FIGURA 5-10. Fisiopatologia da srndrome da banda amniótica . A banda amniótica envolvendo a extremidade e a cabeça resultando em anomalias
não embriológicas, tais como amputação do membro distai e encefalocele não central. (Ilustração por James A. Cooper, Dr., San Diego, CA. 1
SiNDROMES FETAIS 119

FIGURA 5- 11 . Banda amniótica aderida à cabeça fetal. (Cortesia,


Vicente Ruiz, 2005, thefetus. net.)

FIGURA 5-12. Imagem pós-n atal mostrando a banda amniótica


cerebelar, heterotopia, anomalias cardíacas e renais podem aderida ao crânio e a exencefalia. (Cortesia, Vicente Ruiz, 2005,
ser vistas; e a razão pela qual os gêmeos monozigóticos são thefetus. net.)
afetados mais frequentemente do que os gêmeos dizigóticos.
Diagnóstico. A síndrome resulta em anomalias estrutu-
rais que variam de formas menores a formas letais. O s acha-
dos mais comuns são anéis de constrição ao redor dos dedos,
braços e pernas; edema das extremidades distais ao ponto de ser comprovadamente benéfica na liberação da banda de
constrição; amputação dos dedos , braços e pernas; face assi- constrição em membros ameaçados de amputação. A terapia
métrica; fendas faciais; cefalocele; anencefalia; acrania; múlti- fetal endoscópica com lise do anel de constrição in utero é uma
plas contraturas articulares; pterígio; pés tortos, mãos tortas e opção, mas a intervenção provavelmente nem sempre é auto-
pseudosindactilia; microftalmia; coloboma uveal, metaplasia rizada. A lise espontânea de uma banda anmiótica aderida a
corneana e lacunas coriorretinais unilaterais. um cotovelo fetal já foi demonstrada.
Uma visão detalhada da face do feto, dedos e corpo com
exame de ultrassonografia tridimensional pode contribuir Referências
para o diagnóstico.
Diagnóstico Diferencial. Uma sinéquia ou septação Paladini D, Foglia S, Sglavo e , Martinelli P: Congenital
uterina pode simular uma banda amniótica_ As dobras anmió- band of the upper arm: the role of three-dimensional ultrasound in
ticas podem ser distinguidas porque elas não estão "aderidas" diagnosis, counseling and multidisciplinary consultation. Ultrasound
Obste! e ynecol 23 :520, 2004.
ao corpo. Chen CP, Chang TI, Lin YH , et al: Prenatal sonographic diagnosis of
Prognóstico. As formas mais graves são letais. Algumas acrania associated with amniotic bands. j Clin Ultrasound 32 :256,
vezes manifestações brandas são encontradas imediatamente 2004.
após o nascimento e não têm impacto na sobrevida. Pedersen TK, Thomsen se: Spontaneous resolution of amniotic bands.
Risco de Recorrência. Não é esperada recorrência, Ultrasound Obste! eynecoI18:673, 2001.
exceto em casos familiares raros e esporádicos, que foram Sentilhes L, Verspyck E, Eurin D, e! al: Favourable outcome of a tight
consu-iction band secondary to amniotic band syndrome. Prenat Diagn
relatados em associação de epidermólise bolhosa e síndrome 24:1981,2004.
de Ehler-Danlos. Cincore V, Ninios AP, Pavlik j , ct al: Prenatal diagnosis of acrania associated
Conduta. Depende da extensão das anomalias. A inter- with anmiotic band syndrome. O bstet eynecol 102:1176,2003.
rupção da gestação pode ser oferecida para as formas graves . Sherer DM, Lysikiewicz AJ: Doppler flow velocimetry assisted diagnosis of
Recentemente, a liberação endoscópica foi relatada e pode au intrautelme synechia during pregnancy. Amj PerinatoI19:421, 2002.

SíNDROME DE APERT Incidência_ A ocorrência da síndrome de Apert é estima-


Definição. A síndrome de Apert é uma defonnidade rara da em 0,0625 a 0,1 :10.000 nascidos vivos. A relação homem-
do desenvolvimento caracterizada por malformações cranio- mulher é de 1: 1.
faciais e dos membros acompanhadas por graus variáveis de Sinônimos. Acrocefalosindactilia do tipo 1, doença de
retardamento mental em 50% dos casos. Em 1894, Wheaton Apert-Crouzon.
foi o primeiro a descrevê-la e, posteriormente, em 1906, Apert Etiologia. A síndrome de Apert é um transtorno autos-
resumiu o transtorno apresentando 9 casos_ sômico com herança dominante. A maioria dos casos é espo-
120 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5- 13. Anomalia facial ; cabeça curta e larga, abóba-


da craniana alta (acrocefalia), bossa frontal , ponte nasal depri-
mida com prognatismo e deformidade da "mão em fenda" (sin-
dactilia simétrica bilateral) da síndrome de Apert. (Ilustração
por James A. Cooper, or. , San oiego, CA.)

rádica, resultando de mutações novas. A associação da idade


paterna avançada já foi descrita.
Achados Ultrassonográficos. Braquicefalia e acrocefa-
lia, testa alta, occipicital achatado, craniossinostose geralmente
envolvendo suturas coronais, face achatada e hipenelorismo.
Outros achados ultrassonográficos que estão presentes são
agenesia do corpo caloso, ventriculomegalia branda e fusão
das vértebras cervicais no nível de C5-C6. Nas extremidades,
podemos encontrar sindactilia (mão em "fenda" ) (óssea e
cutânea), em geral envolvendo o segundo, terceiro e quarto
dedos. O polegar é largo assim como o hálux. Poli-hidrâmnio
(causado pela diminuição da deglutição fetal) e graus variá-
veis de retardamento mental também foram encontrados, e
sua ocorrência e intensidade parecem estar correlacionadas
com a gravidade das anomalias do sistema nervoso central.
O diag11óstico pré-natal por ultrassonografia e fetoscopia foi
relatado em todos os trimestres da gestação. A translucência
nuca! aumentada no primeiro trimestre pode ser um marca-
dor ultrassonográfico do transtorno .
Diagnóstico. Os achados mais típicos na síndrome de
Apert são craniossinostose (por sinos tose das suturas coro-
nais), sindactilia simétrica bilateral dos membros (mãos e pés
em fenda) e hipoplasia do meio da face. Outras características
que aparecem com frequência variável incluem:
Anomalias esqueléticas: Cabeça curta e larga, abóbada
craniana alta (acrocefalia) testa proeminente (bossa frontal),
hipertelorismo e proptose, ponte nasal deprimida com nariz
com bico de papagaio, maxilar hipoplásico, prognatismo. FIGURA 5-14. Síndrome de Apert. Ultrassom demonstrando bossa
Anomalias cardíacas: Estenose pulmonar, aorta acavalgada, frontal (visão tridimensional). (Cortesia de Luis Izquierdo, 2000, the-
defeitos do septo ventricular. fetus. net.)
Anomalias do sistema nervoso central: Hidrocefalia,
malformação do corpo caloso e estruturas límbicas,
anomalias girais , hipoplasia da substância branca e
substância cinzenta heterotópica. nóstico definitivo dessa condição em casos pré-natais tornou-
se possível pelo achado de mutações no gene FGFR2.
Anomalias Genéticas. As mutações mais comuns asso- Diagnóstico Diferencial. Síndromes genéticas também
ciadas à sínelrome ele Apert são a substituição S252V\1 e caracterizadas pela presença de craniossinostose, tais como
P253R, que ocorrem nos genes elo receptor 2 do fator ele Crouzon, Pfei ffer, Carpenter e Saethre-Chotzen, podem ser
crescimento do fibroblasto. Estuelos ele genética molecular são incluídas no diag11óstico diferencial. ESllldos de genética mole-
recomendados para o feto (por biópsia de vilocorial ou amnio- cular podem excluir esses transtornos.
centese) e para os pais, quando houver suspeita da síndrome Risco de Recorrência. Q-lando resulta de uma mutação
de Apert, em particular nas famílias afetadas pela primeira nova, o risco de recorrência é improvável. Se um dos pais for
vez. O desenvolvimento de técnicas moleculares para o diag- ponador do transtorno, o risco de recorrência é de 50%.
SíNDROMES FETAIS 121

Conduta. Se diagnosticada antes da viabilidade, a inter- Parem P, Le Gucrn H, Munck MR , et ai: Apen syndrome, an amenatal
rupção da gestação pode ser oferecida. Após a viabilidade, o ultrasound detected case. Genet Counsel 5 :297, 1994.
Kaufmann K, Baldinger 5, Pratt L: Ultrasound detection of Apen
tratamento obstétrico padrão não é alterado. O parto em um syndrome: a case repon and literarure review. Am J Perinatal 14:427,
centro terciário é recomendado . 1997.
J ones KL: Apen syndrome in 5m.ith's recognizable patterns of human
malfornlation. Philadelph.ia, WB 5aunders Company, 1997, pp 418-419.
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on a series of th.irty-nine cases. Ann Hum Genet 24:151,
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maximum mode in prenata1 diagnosis of Apert syndrome. AmJ Obstet Tume ' >\T, Lenz "',,: 2ur haufigkeit und mutations-rate des Apensynclroms.
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Ferreira JC, Bernstein P5, J abs EW, et a1: 5econd-rrimester molecular Erikson JO, Cohen MM Jr: A stucly of parental age eITects on the
prenatal diagnosis of sporadic Apen syndrome following suspicious occurrence of fresh mutations for the Apen syndrome. Ann Hum
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repon of two cases . Prenat Diagn 23 :1009, 2003. and FGFR2 mutations in Apert synclrome. AmJ Hum Genet 57 :321 ,
1995.

MALFORMAÇÃO DE ARNOLD-CHIARI
.. ... . ., -
Definição. A malformação de Arnold-Chiari foi primeira-
mente identificada em 1883 por Cleland. Ela é caracterizada
por prolapso das estruturas do rombencéfalo abaixo do nível
do forame magno. Pode estar associada a anomalias esquelé-
ticas e disfunção neurológica. Existem três tipos de malforma-
ção de Arnold-Chiari (ver também a Tabela 5-1 ):
Tipo 1: Deslocanlento para baL'{o das tonsilas cerebelares
sob o forame magno maior do que 4 mm. O quarto
ventrículo permanece na fossa posterior. Esse tipo é
descoberto principalmente em tomografia computadorizada
incidental.
Tipo II : Visto invariavelmente antes do nascimento
como uma deformidade congênita caracterizada por
deslocamento das tonsilas cerebelares, partes do cerebelo,
quarto ventrículo, ponte e medula oblonga através do
forame magllo para dentro do canal espinhal. Em 950/0
dos casos é acompanhada por uma mielomeningocele e
frequentemente hidrocefalia.
Tipo III: essa forma mais grave, a condição está
associada a uma grande herniação dos conteúdos da fossa
posterior, com mielomeningocele e hidrocefalia.

Sinô nimo. O apelido "sinal da banana" foi aplicado à


deformidade do cerebelo.
Incidência. Comumente associada a espinha bífida; rara
fora da espinha bífida. H á uma preponderância mais alta de FIGURA 5-16. O sinal da banana: os lobos do cerebelo perderam
Arnold-Chiari tipo I em fetos femininos em relação a fetos seu aspecto ondulado e as incisuras do verme não estão tão marcan-
tes quanto o normal (setas).
masculinos (3:2) .

FIGURA 5- 15. Alterações


esquemáticas em Arnold-Chiari
tipo 11.

Deslocamento para baiXO


e hlpoplasla do cerebelo
Obliteração da
cisterna magna
122 SíNDROMES FETAIS

I Tabela 5-1 I Visualização Intrauterina das Alterações da Malformação de Chiari


Achados Chiari I Chiari 11 Chiari 111
Fossa posterior Deslocamento das ton ilas cerebelares Fossa posterior pequena com Encefalocele cervical alta com
em direção ao canal cervical superior deslocanlenlo inferior do verme herniação do contel.do da fossa
e SlI pero-anterior do cerebelo posterior e/ou lobo occipital
Placa quadrigeminal pontuda

Cérebro Geralmente normal Disgenesia do corpo caloso, Pode haver similaridade com os
heteroropia e polimicrogiria achados de Chiari II

Ventriculos Hidrocefalia (leve a moderada em Hidrocefalia (90% dos casos) Pode haver similaridade com os
20% dos casos) achados de Chiari II
Qyarto ventrículo é pequeno, alongado
e com deslocanlento inferior

Cordão espinhal Hidrosiringomielia (em 30% a 60% Mielomeningocele (quase 100% Pode haver similaridade com os
dos casos) dos casos) achados de Chiari II
Hidrosir ingotnielia (em 50% a
60% dos casos)
Diastematomielia

Malformações Avaliação pré-natal difícil Avaliação pré-natal difícil Espinha bífida posterior em
associadas Anomalias ósseas da base do crânio topografia de Cl e C2

Etiologia. H erança autossôrnica recessiva em algumas


formas .
Patogênese. A abundância de teorias contemplando a
patogênese da malformação de Chiari re1lete a atual ausência
de consenso no assunto. Uma compreensão da patogênese
das malformações de Chiari deve ser objetivada no exame da
fi siopatologia no nível da j unção craniocervical. Um defeito
durante o desenvolvimento embrionário causa o subdesen-
volvimento da fossa posterior e o bloqueio das saídas normais
do quarto ventrículo (foranles de Magendie e Luschka), resul-
tando na pressão aumentada e fazendo com que as tonsilas
cerebelares desçam para dentro do forame magno. O liquido
cerebroespinhal acumulado é então forçado no sentido caudal
através da entrada no canal central do cordão espinhal na por-
ção mais caudal do quarto ventrículo, devido a um gradiente
de pressão.
Diagnóstico. O deslocamento do cerebelo deforma os
lobos laterais (os quais perdem a sua "forma arredondada") e
a incisura do verme para parecer mais contínua (daí, o sinal
da banana). O diagnóstico tem sido feito cedo no início do
primeiro trimesu"e. D'Addario et al avaliaram o ângulo entre
o clivus e o occipital acima e concluíram tratar-se de um parâ-
metro útil para diagnosticar a malfonnação de Chiari 11.
Anomalias Gené ticas. Desconhecidas.
Diagnóstico Diferencial. Hidrocefalia não obstrutiva
como:

Disgenesia do corpo caloso.


Estenose do aqueduto.
Ventriculomegalia limítrofe .
FIGURA 5-17. Imagem sagital ponderada em T2 (29 semanas) mos- Malformação de Dandy-Walker.
trando hidrocefalia acentuada (H) e mielomen ingocele (M). Observe o
vo lume au mentado da bexiga (8). (Cortesia de Heron Werner, 2005, Porencefalia.
thefetus.net. ) Esquizencefalia.
SiNDRDMES FETAIS 1 23

Anomalias Associadas. Hidrocefalia por obstrução dos Referências


forames de Magendie, siringomielia, diastematomielia.
Prognóstico. Variável. Ruim se outras anomalias cere- Sicuranza GB, Steinberg P, Figueroa R: malformation in a
pregnant woman. Obstet Gynecoll02: 1191 , 2003.
brais (anomalias de migração) estiverem presentes e se estiver
ChengJS, NashJBS, Meyer GA: Chiari type I malformation revisited:
associada a uma mielomeningocele grande ou alta. Diagnos is and n-eatment. Nellrologist 8:357, 2000
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida D'Addario V, Pinto V, Del Bianco A, et ai: The clivlls-sllpraoccipllt
antes da viabilidade. Em alguns centros dos Estados Unidos angle: a llseflll meaSllrement to evalllate the shape and size of the fetal
foi proposto um reparo intrauterino experimental realizado fos sa and to diagnose Chiari II malformation. Ultrasollnd
entre 23 e 30 semanas de gestação para os afetados de espinha Obstet GynecoI18:146, 2001.
bífida. O cuidado pré-natal padrão não é alterado quando se
opta pela continuação da gestação. A confrrmação do diagnós-
tico após o nascimento é importante para o aconselhamento
genético.

ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA
CONGÊNITA
Definição. Este grupo heterogêneo de condições compar-
tilha limitações dos movimentos e anquilose articular como
achados principais.
Sinônimos. Contraturas congênitas , sequência de acine-
sia fetal, síndrome de Pena-Shokeir.
Incidência. 1 a 3 :10.000 .
Etiologia. Possivelmente autossômica dominante.
Patogênese. A artrogripose resulta da diminuição da
mobilidade in utero, de origem neural, muscular, do tecido FIGURA 5-19. A imagem pós-natal de um feto com artrogripose
múltipla. (Cortesia de S. Manohar, Dr., 2004, thefetus.net.l
conectivo ou iIúecciosa.
Diagnóstico. Embora as anomalias sejam óbvias quando
reconhecidas ao nascimento, o diagnóstico pré-natal pode ser
desafiador quando o líquido está diminuído e o membro com
posição anormal parece atribuível ao oligo-hidrâmnio. Algu-
mas formas estão associadas a poli-hidrâmnio, e a posição
anormal do membro Goelho batido, joelho recurvado, pés to r-

tos e mãos tortas) torna o diagnóstico fácil. O poli-hidrâmnio


é uma manifestação frequente da deglutição diminuída, o que
pode ser parte da própria patogênese da artrogripose em si
(déficit muscular ou neuronal). Um aumento na translucência
nucal, bem como a diminuição de movimento característica,
pode também ser visto no primeiro tlimestre.
Anomalias Genéticas. Várias anomalias têm sido liga-
das aos seguintes sítios: Sq3S, 9p21 -q21, llplS.S.
Diagnóstico Diferencial. Trissomia do 18, agenesia
renal e distrofia mio tônica podem se apresentar com alguns
achados semelhantes.
Anomalias Associadas. Devido à heterogeneidade da
condição, várias anomalias associadas têm sido descritas,
incluindo escoliose, anomalias do sistema nervoso central e
até mesmo convulsões.
Prognóstico. O prognóstico depende das anomalias asso-
ciadas (limitações respiratórias, escoliose).
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
rado quando se opta pela continuação da gestação. A confrr-
mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
aconselhamento genético.

Referência
FIGURA 5-18. Artrog ripose múltipla . Deformidade em flexão fixa Larrunens M, Moerman P, FrynsJP, et ai: Fetal akinesia seqllence callsed
dos quadris. Também se observa pé torto equinovaro congênito bila- by nemaline myopathy. ellropediatrics 28: 116, 1997.
teral. (Cortesia de S. Manohar, Dr. , 2004, thefetus.net.l
124 SíNDROMES FETAIS

DISPLASIA TORÁCICA ASFIXIANTE


Defini ção. Condrodisplasia aUlOssômica recessiva carac-
terizada por um tórax pequeno, graus variáveis de braquimelia
rizomélica, polidactilia, anomalias pélvicas e anomalias renais.
Sinônimo. Síndrome de Jeune.
Incidência. Desconhecida, geralmente afetando bebês
brancos.
Patogênese e Etiologia. 1l, ll1storno autossômico recessivo.
Diagnóstico. O achado ultrassonográfico mais surpre-
endente é um tóra.,'{ muito estreito com membros curtos. Os
membros, entretanto, não são tão curtos quanto os encontra-
dos em outras condições letais como displasia tanatofórica,
acondrogênese, O I tipo 2 e as síndromes de polidactilia com
costelas curtas. O ângulo da asa ilíaca aumentado, relatado na
literatura radiográfica, não foi ainda relatado com ultrassono- FIGURA 5-20. Visão coronal do tórax e do abdome de um feto com
grafia. Cistos pancreáticos foram reconhecidos em um caso. displasia torácica asfixiante. Observe a constrição do tórax (setas).
Anomalias Genéticas. O defeito está provavelmente (Cortesia de Adrian C/avelli, 2001, thefetus.net.)
localizado no braço curto do cromossomo 12.
Diagnóstico Diferencial. Síndrome de Ellis van Creveld
(braço curto do cromossomo 4), que se apresenta principal-
mente com anomalias cardíacas em vez de anomalias renais. mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
Prognóstico. Apesar do nome desagradável, nem todos os aconselhanlento genético.
recém-nascidos são asfL"X.Íados e, com cirurgia con-etiva do tórax,
alguns pacientes tiveram uma evolução praticamente nonnal.
Referência
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte- Lipson M, vVaskey j , Rice J. et ai: Prenatal diagnosis of asphyxiating
rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir- thoracic dystrophy. Amj Med Genet 18:273, 1984.

SíNDROMES DE ASPLENIA-POLlSPLENIA ções) em um feto com uma lateralidade direita predominante


Definição . Este de síndromes é devido a erros e um lado esquerdo isomérico (asplenia: um feto cujo lado
de lateralização do campo primário. Resulta (com simplifica- esquerdo é uma imagem especular de seu lado direito) ou late-

Ca rdíacas:
Interrupção da VCI com continuação da ázigos FIGURA 5-21. Desenho esquemático dos achados
SAD-SND na poliesplenia. (Cortesia de P. Jeanty, 1999, thefe-
VCSs bilaterais tus.net. )
Defeitos do coxim endocárdico
Retorno venoso pulmonar anômalo
Obstrução do fiuxo esquerdo/direito
Átrio esquerdo bilateral

Pulmões:
Lobos bilobados
Brônquios hipoarteriais
Brônquios com morfologia de lado esquerdo

Trato Gastrointestinal :
Figado simétrico na linha média
Ausência de vesicula biliar
Heterotaxia abdominal
Estômago lateralizado direito/esquerdo
Má rotação
Polisplenia
SíNDROMES FETAIS 125

1Tabela 5-2 1Anomalias Associadas às Síndromes de Asplenia-Polisplenia


Asplenia Polisplenia

Cardiovasculares Veia cava superior bilateral, conexões anômalas Retorno venoso pulmonar anômalo, VCI interrompida
da veia pulmonar, ausência do seio coronariano, com continuação da (hemi)ázigos, defeitos septais arriais
defeito do coxim endocárdico, obsu'uções no e venu'iculares, estenose pulmonar, defeitos do coxim
trato de fluxo de ejeção ventricular direito, endocárdico (menos grave do que na asplen ia)
transposição das grandes artérias,
dos átTios (ambos lembram um átrio direito),
defeitos septais arriais; o ápice do coração pode
estar em qualquer direção
Baço Agenesia esplênica ou mais comumente Vários esplênulos
hiporrofia
PubniJes Pulmões rrilobados com brônquio epiarterial Pulmões bilobados com brônquio hipoarterial
Fzgadn Diminuição da diferença de tamanho normal
entre os lobos direito e esquerdo, veia hepática
independente no lado oposto da VCI
Est6mago Lateralizado à direita ou na linha média
hltesww Má rotação (o cólon é posterior ao intestino
delgado)
ComPlicações Infecções

VCI, veia cava inferior.

ralidade esquerda e um lado direito isoméu'ico (polisplenia: Anomalias Genéticas. Embora no passado a síndrome
um feto cujo lado direito é uma imagem especular de seu lado fosse considerada como resultado de uma possível mutação
esquerdo). Esses fetos são geralmente reconhecidos devidos às do gene que codifica a conexina 43 (CX43), isso não foi con-
anomalias cardíacas associadas. firmado em outros estudos.
Sinônimos. Síndrome de Ivemark, heterotaxia, síndrome Diagnóstico Difere ncial. As anomalias cardíacas (em
cardioesplênica. particular, o defeito do coxim endocárdico) sem a síndrome,
Incid ê ncia. A incidência é muito baixa, estimada em 1 assinl como a trissomia do 18, podem ser incluídas no diag-
em 10.000 a 20.000 nascidos vivos. nóstico diferencial.
Etiologia. Herança autossômica recessiva com prepon· Anomalias Associadas. As anomalias estão listadas na
derância masculina na maioria dos casos, mas existem relatos Tabela 5-2.
também de herança autossômica dominante e ligada ao X. As Prognóstico. A asplenia tende a ser uma doença mais
síndromes de heterotaxia podem também ocorrer em u·anslo· grave devido às lesões cardíacas cianóticas e às infecções
cação cromossômica ou deleção em casos esporádicos. sobrepostas. Embora a morbidade e a mortalidade no período
Diagn óstico. O diagnóstico geralmente é feito pelo reco- neonatal sejam determinadas principalmente pelos defeitos
nhecimento de anomalias cardíacas, em particular, a presença cardíacos cardinais, as anomalias viscerais podem afetar forte-
de defeito do septo atrioventricular, mesocardia (o eixo do mente a sobrevida de longo prazo desses pacientes.
septo interventricular sendo quase ânrero-posterior) com um Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
defeito no coxim endocárdico, um segmento intra-hepático da antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
veia umbilical que também é orientado ântero-posteriormen- rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir-
te, e um estômago de aparência bizarra. A lobulação anormal mação do diagnóstico após o nascimento é importante para
dos pulmões é difícil de reconhecer e o único caso em que o aconselhamento genético. O u'atamento do bebê é ditado
isso pode ser feito é quando um pouco de liquido pleUl'al está pelos defeitos cardíacos.
infiltrado entre os lobos. Outro achado típico é a interrupção
da veia cava inferior com continuação da ázigos. Os achados Referências
típicos incluem uma veia cava inferior que é posterior no Noack F, Sayk F, Ressel A, et ai: Ivemark syndrome with agenesis of the
abdome superior (em vez de se curvar anteriormente para corpus callosum: a case report with a review of the literature. Prenat
enu'ar no átrio direito) e a diminuição abrupta de tamanho Diagn 22:1011, 2002.
da veia cava inferior próximo ao diafragma. Um arco da Manon T, Cesko I, H ajduJ, et al: Heterotaxy syndrome, analysis of 13
cases and review of the literature. Orv H etil143:299, 2002.
ázigo aumentado na junção com a veia cava superior também
Abuhan1ad AZ, Robinson JN, Bogdan D , et ai : Color Doppler of lhe
pode ser reconhecido. A presença de uma veia cava superior splenic anery in lhe prenatal diagnosis of heterotaxic syndromes. Am
esquerda persistente é raramente encontrada, não porque seja J Perinatol 16:469, 1999.
um desafio enconaá-Ia, mas porque ela não é procurada. Um Cesko I, H ajdu j , Manon T, et aI: Familial heterotaxy syndrome. C ase
Doppler colorido e pulsado da artéria esplênica foi sugerido repon and review of the international literature. Orv H etil 139 :2775,
1998.
como auxiliar no diagnóstico pré-natal da síndrome. Outros Berg C, Geipel A, Snu'cek j , et ai: Prenatal diagnosis of cardiosplenic
achados incluem agenesia do corpo caloso com paquigiria e syndromes: a lO-year experience. UIu-asound Obstet Gynecol 22:451 ,
hidrocefalia. 2003.
126 SíNDROMES FETAIS

SíNDROME DE BECKWITH-WIEDEMANN
Defini ção. A síndrome de Beckwith-vViedemann é um
transtorno descrito primeiramente por Beckwith em 1963 e
------------_.
Wiedemann em 1964. Ela é caracterizada pela o'Jade clássica
de macrossomia, onfaloceJe e macroglossia.
Sinô nimo. Síndrome do exonfalia-macroglossia-gigantis-
mo.
Incid ên cia. A incidência foi estimada em 0,72:10.000
nascimentos e mais de quinhentos casos estão relatados na
literatura.
Etiologia. A condição é esporádica na maioria dos casos.
A síndrome de Beckwith-Wiedemann possui uma heran-
ça autossômica dominante, com penetrância incompleta e
expressividade variável. O rearranjo envolvendo a região

./
. .----,-... ....
/"

FIGURA 5-24. Plano de corte coronal de um feto com 26 semanas


de gestação com síndrome de Beckwith-Wiedemann subsequente-
mente comprovada. A nefromegalia fetal bilateral é demonstrada.

cromossômica llpIS parece ser a mutação responsável por


esse transtorno.
FIGURA 5-22. Síndrome de Beckwith-Wiedemann. O sulco no lobo
Diagnóstico. A detecção de macrossornia, onfalocele e
da orelha (seta) pode ser reconhecido no exame clínico. macroglossia associadas a um cariótipo normal compõem o
diagnóstico da síndrome de Beckwith-Wiedemann. Outras
características que ocorrem em incidência variável incluem
nefromegalia, hepatomegalia, pequenos sulcos na prega do
lobo da orelha, hérnia diafragmática, hemi-hipertrofia, exof-
talmia, aumento dos testículos, rins aumentados , macrocisto
adrenocortical, artéria umbilical única e defeitos cardíacos.
Os achados mais típicos incluem macrossomia, poli-hidrâm-
ruo, placenta aumentada e um abdome distendido. Como a
maioria dos sinais descritos se desenvolve após 22 semanas de
gestação, um acompanhamento cuidadoso deve ser realizado
até os últimos estágios da gravidez.
Anomalias Genéticas. Anomalias cromossômicas estru-
turais incluindo isodissomia paterna da região llp1S.S ,
isodissomia de llq e dissornia uniparental podem ser detec-
tadas por estudos citogenéticos. Assim, além de uma análise
citogenética convencional, alguns autores recomendam a utili-
zação da reação em cadeia da polimerase de loei polimórficos
em 11 pIS.S, para detectar possíveis deleções ou inversões
maternas , duplicações paternas e dissomia uniparental. Estas
podem ser responsáveis por 2S% dos casos da síndrome de
Beckwith-vViedemrum.
Diagnóstico Diferencial. A sÍndrome de Down deve
ser excluída por análise cromossômica, uma vez que ocorre
macroglossia em ambas as condições. A fetopatia diabética
FIGURA 5-23. Onfalocele típica (seta). (Cortesia de Luís Machado,
Dr., 2000, thefetus.net. ) é outra causa de macrossornia e, portanto, é um diagnóstico
diferencial. A síndrome de Zellweger pode também combinar
SíNDROMES FETAIS 127

Conduta. Qyando diagnosticada antes da viabilidade, a


interrupção pode ser oferecida. Após a viabilidade, a avaliação
ultrassonográfica do crescimento fetal é sugerida. Qyando há
suspeita de macrossomia, pode ser oferecida a opção da cesa-
riana, em função do risco de distocia do ombro. O diagnóstico
precoce da síndrome de Beckwith-vViedemann é importmlte
para o aconselhamento genético dos pais em relação ao risco
potencial do desenvolvimento de Ulmores embrionários,
seleção do modo de parto devido a cistos adrenais em poten-
cial que podem sangrar durante o parto e a prevenção de
hipoglicemia neonatal. A triagem da alfa-fetoproteína sérica,
geralmente em combinação com ultrassonografia abdominal,
pode levar à detecção precoce de hepatoblastoma. O pm-to em
um centro terciário é recomendado para o reparo precoce de
defeitos da parede abdominal e o tratamento da hipoglicemia.
A triagem ultrassonográfica para Ulmores abdominais é reco-
mendada durante os prinleiros seis anos de vida. Um acom-
paI1hamento agressivo é justificado em casos de associação de
hemi-hipertrofia e nefromegalia com ou sem evidências de um
precursor do Ulmor de Wilms.

FIGURA 5-25. Perfil da face fetal em um paciente com macroglos-


Referências
sia (seta) e sfndrome de Beckwith-Wiedemann.
Muguerza R, Rodriguez A, Formigo E, et aI: PancreatoblaslOma
associated with incomplete Beckwith-vViedemaJill syndrome : case
report and review of the literature. J Pediatr SlIrg 40: 1341, 2005.
Fahmy J, KaJllinsky CK, PaJ'isi MT: PerlmaJ1 syndrome: a case repon
aumentos hepático e renal e pode ser diagnosticada antes do emphasizing its similarity 10 and distinction from Beckwith-Wiedemann
nascimento por medida da concentração de ácidos graxos e aJld prune-belly syndromes. Pediatr Radiol 28:179, 1998.
atividade de enzimas marcadoras. A síndrome de Perlmam, vVangler MF, ChaJlg AS, Moley KH, et al: Factors associated with
uma entidade rara caracterizada por hipotonia, dismorfismo preterm delivery in mothers of children with Beckwith-WiedemaJill
syndrome: a case cohon study from the BWS registry. Am J Med
facial, gigantismo e visceromegalia incluindo nefromegalia, é Genet A 134:187, 2005.
outro diagnóstico diferencial. Merrot T, vValzJ, Anastasescu R, et aI: Prenatally detected cystic adrenal
Complicações. A hiperplasia das células pancreáticas mass associated with Beckwith-vViedemaJill syndrome. Fetal Diagn
pode afetar de 30% a 50% dos pacientes, causando hiperinsu- Ther 19:465, 2004.
linismo e hipoglicemia neonatal no segundo ou terceiro dia de Mulik V, Wellesley D, Sawdy R, et al: Unusual prenatal presentation of
Beckwith-Wiedemann syndrome. Prenat Diagn 24 :501 , 2004.
vida. A hipoglicemia neonatal não tratada é uma complicação Ral1mah R, YongJF, Sharifa NA, et al: Bilateral adrenal cyslS and ectopic
importante e pode resultar em disfunções cerebrais posteriores, pancreatic tissue in Beckwith-Wiedemarm syndrome: is a conservative
tais como convulsões, retardamento mental leve a moderado, approach acceptable? J Pediau' Endocrinol Metab 17:909, 2004.
ou morte neonatal em casos mais graves. A macroglossia pode Clericuzio CL, Chen E, McNeil DE, et al: Serum alpha-fetoprotein
causar um espectro variável de complicações, de dificuldades screening for hepatoblastoma in children with Beckwith-Wiedemann
syndrome or isolated henlihyperplasia.J Pediatr 143:270, 2003.
de alimentação até obstrução das vias aéreas e morte. As com- Reish O, Lerer I, Anliel A, et al: Wiedemann-Beckwith syndrome: funher
plicações de longo prazo incluem alto risco para tumores abdo- prenatal characterization of the condition. AmJ Med Genet 107:209,
minais, em particular o nunor de Wums (incidência de 3,7%), 2002.
hepatoblastoma, neuroblastoma e carcinoma adrenocortical. O Hamada H, Fujiki Y, Obata-Yaslloka M, et al: Prenatal sonographic diag'
risco do desenvolvimento de Ulmores malignos aumenta quan- nosis of Beckwith-Wiedemann syndrome in association with a single
do a hemi-hipertrofia está presente. A sÚldrome de Beckwith- umbilical anery.J Clin Ultrasound 29:535, 2001.
BorerJG, Kaefer M, Barnewolt CE, et al: Renal fmdings on radiological
Wiedemmll é um marcador biológico favorável para a sobre- followup of patients with Beckwith-WiedemaJUl syndrome. J Urol
vivência de crianças que possuem Ulmores intra-abdominais. 161:235,1999.
Tumores benignos estão associados a essa doença. BeckwithJB: Extreme cylOmegaly of the adrenal fetal conex, omphacele,
Prognóstico. A taxa de mortalidade neonatal é cerca de hyperplasia of kidneys aJ1d paJlcreas, and Leydig-cell hyperplasia.
21 %, devido principalmente à insuficiência cm'díaca congesti- Another syndrome? Presented at aJU)ual meeting of westem society for
va. Entre os que sobrevivem, o prognóstico é em geral favorá- pediatric reseaJ'ch, Los Angeles, Califonlia, ovember 11, 1963.
vViedemann HR: Complex malformatif. Familial avec henlie ombilicale
vel, dependendo da gravidade das anomalias associadas e das et macroglossie-un "syndrome nouveall "? J Hum Genet 13:223, 1964.
complicações de longo prazo. O pm'to prematuro é uma com- vVilliams DH, Gauthier DW, Maizels M: Prenatal diagnosis of
plicação devida ao poli-hidrâmnio e hipertensão gestacional. Beckwith-WiedemaJUl syndrome. Prenat Diagn 25:879, 2002.

DISPLASIA CAMPOMÉLlCA
Definição. A displasia campomélica é um transtorno "membros curtos" - dependendo do tipo de membros envol-
congênito caracterizado pelo desenvolvimento de curvatura vidos no processo patológico.
anormal dos ossos longos, particularmente as extremidades Sinônimos. Displasia cmnptomélica, síndrome campo-
inferiores, tais como o fêmur e a tíbia. Alguns autores clas- mélica, nmúsmo cmnpomélico, m'queamento congênito dos
sificm-anl a doença em duas variantes - "membros longos" e membros.
128 SíNDROMES FETAIS

com occip-ital proeminente ; ponte nasal baixa ; micrognatia;


fenda do palato mole ; hipertelorismo ; orelhas malformadas e
de implantação baixa; hidrocefalia e genitália ambígua.
Anomalia Genética. Uma mutação em SOX9, uma
reg-ião de determinação do sexo do gene relacionado com o Y
(SRY) , localizada em 17q24, parece estar associada à ocorrência
tanto de displasia campomélica quanto de reversão do sexo.
Patogênese. Embora muitas teorias tenham sido propostas
p,u:a explicar o desenvolvimento das anomalias presentes nessa
síndrome (em particular o arqueamento dos ossos), o mecanis-
mo preciso não é conhecido. Algllmas das teorias são:
1. Estresse mecânico devido à posição fetal incorreta dentro do
útero.
2. Desequilíbrio muscular primário e encurtamento, par-
ticulannente dos músculos da panturrilha, causando a
curvatura secundária da tíbia.
3. Fratura intrauterina com redução subsequente.
4. Elementos vasculares e celulru'es anormais do pericôndrio.
FIGURA 5--26. Displasia campomélica. Arqueamento do fêmur (setas ). 5. Transtorno do desenvolvimento na fase cartilaginosa da
Observe a curvatura suave que distingue essa entidade dos ângulos formação do osso.
mais agudos vistos nos fetos com osteogênese imperfeita.
Anomalias Associadas. Poli·hidrâmnio e anomalias dos
sistemas nervoso central, cru'díaco e renal foram descritas
na fase pré-natal. Após o nascimento, pode ocorrer perda
Prevalência. O transtorno afeta 0,02:10.000 nascidos
auditiva.
vivos. A reversão do sexo ocorre em alguns fetos genotipica-
Diagnóstico Diferencial. O steogênese imperfeita tipos I
mente masculinos que apresentam ausência do antígeno H-Y.
e lI, hipofosfatasia, variedades inclassificáveis de arqueamen-
A proporção de sexo fenotípico é aproximadamente Ml:F2 ,3; to congênito dos ossos longos, displasia tanatofórica, displasia
a proporção de sexo cariotípico é M2 :F1. mesomélica (vru'iante de Rei nhart), síndrome de Roberts e
Etiologia. A transmissão da displasia campomélica ainda displasia diastrófica.
é controversa. Considera-se que a herança autossômica reces- Prognóstico. Qyase todas resultam em morte neonatal
siva seja o padrão mais comum, embora ela também possa ser ou na infância devido a complicações respiratórias. Alguns
devido à mutação esporádica autossômica dominante. relatos de sobreviventes, incluindo um menino de 17 anos,
Risco de Recorrência. Depende da etiologia. Se trans- foram publicados.
mitida por padrão autossômico recessivo, ela possui um risco Conduta. Antes da viabilidade, a opção de interrupção da
de recorrência de 25%. Qyando tran smitida por padrão autos- gestação deve ser oferecida. Após a viabilidade, o u'atamento
sômico dominante, ela apresenta 50% de r1sco de recorrência, obstétrico padrão não é alterado, e deve ser oferecid o suporte
mas, de fato , a maioria corresponde a mutações novas. à função respi.ratória do neonato.
Diagnóstico. O sinal mais característico da displasia
campomélica é o arqueamento anterior marcante dos ossos Referências
longos, particularmente do fêmur e da tíbia. A angulação
grave pode mimetizar fraturas. Outras características ultrasso- Khajavi A, Laclunan R. Rimoin N, et al: H eterogeneity in the campomeJic
no gráficas que estão presentes incluem restrição do crescimen- syndromes. Long and shon bone varieties. Radiology 120:641 ,
to ; estreito em formato de sino; onze pares de costelas ; 1976.
Lee FA, Isaacs H , Strauss J: The "campomelic" syndrome. Am J Dis
hipoplasia dos corpos vertebrais mesotorácicos , da fíbula e da Child 124:485, 1972.
escápula; escoliose; encu rtamento dos membros; pés tortos ; Cordone M, Lituania M, Zampalti C, et al: In lItero ultrasonographic
traqueobroncomalácia; face pequena e achatada; testa alta fealures of campomelic dysplasia. Prenat Diagn 9:745, 1989.

SíNDROME DA REGRESSÃO CAUDAL anomalias da coluna lombar e extremidades inferiores (tais


Definição. A sÚ1drome da regressão caudal é um defeito como pé torto e contrações dos joelhos e dos quadris) até
congênito raro, cru'acterizado pela ausência de sacro e defeitos anomalias do sacro, sem defeitos associados. O s achados
em porções variáveis da coluna lombar, associados a anoma- mais típicos são a ausência de algumas vértebras , a apa-
lias de diferentes sistemas. rência semelhante a escudo das cristas ilíacas fundidas ou
Sinônimos. Sequência de displasia caudal, agenes ia aproximadas e a diminuição do espaço entre as cabeças
sacra!. femorais. Alguns planos de corte ultrassonográficos cruza-
Prevalência. 1 a 0,25:10.000 em gestações normais e 200 rão o feto em um ângulo tal que não seja visível a coluna,
a 250 vezes maior em gestações diabéticas . um achado muito contundente e provavelmente patog-
Etiologia. Desconhecida, mas associada a diabetes mater- nomônico. O movimento diminuíd o das pernas é muitas
na em 16% dos afetados. vezes observado . O diagnóstico no primeiro trimestre pode
Risco de Recorrência. Essa anomalia não é conside- ser difícil de ser feito devido à oss ificação in completa do
rada hereditária, e o risco de recorrência é muito pequeno, sacro nessa época. Um comprimento cabeça-nádegas curto
embora seja mais elevado em diabéticas. e o aspecto anormal da vesícula vitelina foram propostos
Diagnóstico. O s achados ultrassonográficos são variá- C0 111 0 sinais ultrassonográficos precoces da síndrome de
veis e dependem da extensão e da gravidade do defeito. regressão cauda!.
Eles variam de ausência completa do sacro associada a Anomalia Genética. Desconhecida.
SíNDROMES FETAIS 129

FIGURA 5- 27. Síndrome da regressão caudal. Embora em um


exame superficial esta imagem possa passar por normal, observe
que na face caudal da imagem (à direita , pois as costelas podem ser FIGURA 5-29. Síndrome da regressão caudal. A ausência do sacro
vistas no lado esquerdo da imagem) a coluna termina (seta) sem o permite que as asas iliacas se aproximem, dando a elas o aspecto
marco normal das asas ilíacas e do sacro. semelhante a um escudo (seta).

FIGURA 5- 28. O mesmo achado é ainda mais evidente na visão


sagital da coluna, onde a extremidade distai (seta) parece ter sido
"apag ada ". Este foi na verdade o achado que atraiu os olhos de uma FIGURA 5-30. A coluna espinhal deste feto está em torno de 2:00
das minhas espertas ultrassonografistas: ela ficou intrigada pela (compare com a posição da crista iliaca na Fig . 5-29). Não conheço
coluna "parecendo muito curta". qualquer outra condição que possa proporcionar esta mesma imagem
de um corte transversal através de um abdome fetal sem coluna
visível. Todos os outros diagnósticos diferenciais , tais como acon-
drogênese e as formas mais graves de osteogênese imperfeita, não
se apresentariam com a anomalia localizada vista aqui.

Patogênese. Interrupção da maturação da porção caudal


do complexo do cordão espinhal antes de quatro semanas de
gestação, levando a déficit na motricidade e dano neurológico.
variando de incontinência de urina e fezes até perda neuroló-
gica completa. diagnóstico diferencial. A fusão das extremidades inferiores é
Anomalias Associadas. Anomalias no sistema nervoso um achado típico de sirenomelia.
central, músculos esquelético, geniturinário, cardíaco, respira- Prognóstico. Depende da gravidade do defeito espinhal
tório e gastrointestinal podem ser encontradas em associação e das anomalias associadas, mas a grande maioria dos que
da síndrome da regressão caudal. sobrevivem necessita de intenrenções urológicas e ortopédi-
Diagnóstico Difere ncial. A sirenomelia, que era consi- cas . As formas graves estão comumente associadas a proble-
derada a forma mais grave de síndrome de regressão caudal mas cardíacos, renais e respiratórios, os quais são responsá-
(hoje ela é considerada uma entidade diferente), é o principal veis pela morte neonatal precoce.
130 SíNDROMES FETAIS

Conduta. Se detectada precocemente, a interrupção da Referências


<Yestação pode ser oferecida. O cuidado pré-natal padrão não
alterado se a continuação da gestação for escolhida. Se o feto JafTe R, Zeituni M, Fejgin M : Caudal regression syndrome. Fetus, Spi.nal
nascer vivo, geralmente é necessária uma cirurgia extensa em anomalies 7561: 1, 1991.
BenacerrafBR: Caudal regression syndrome and sirenomelia: In U1trasound
um centro terciário para corrigir os defeitos. of Síndromes Fetais, Churchill LivingslOne, New York, 1998, p 250.

SíNDROME CÉREBRO-HEPATORRENAL
Definição. Uma das quatro síndromes dos "transtornos
de biogênese do peroxissomo" ou grupo heterogêneo de
doenças neurodegenerativas humanas que resulta no dano
às muitas vias metabólicas , especialmente da beta-oxidação
dos ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFAs), devido à
deficiência de peroxissomos no fígado ou nos rins.
Sinônimo. Síndrome de Zellweger.
Incidência. 0,2 a 0,25:10.000. A proporção entre fetos
masculinos e fetos femininos é 1:1. O lócus provável está no
braço longo do cromossomo 7 nas regiões 21-22.
Etiologia. H erança autossômica recessiva com expressão
variável.
Patogênese. O s peroxissomos são organelas celulares
envoltas por uma única membrana que desempenham nume-
rosas funções metabólicas. O s transtornos peroxissômicos
hereditários aparecem quando essas organelas deixam de
desempenhar uma ou mais de suas funções e ficam detenora-
das. Embora vários órgãos sejam afetados, o sistema nervoso
central é o mais afetado deles.
Achados Ultrassonográficos . Os fetos demonstram
restrição de crescimento, hipotonicidade com movimentos
di.minuídos e aumento na translucênc.ia nucal. O formato
anormal da cabeça (testa protuberante, sutura metópica
larga), dismorfismo facial (micrognatia e cis.tos FIGURA 5-32. Ultrassonografia renal de um paciente pediátrico
periventriculares no sistema nervoso central (Iudrocefalm), com sínd rome de Zellweger . Vários pequenos cistos (setas) são vistos
ventriculomegalia, hepatomegalia com disgenesia, anomalias por todo o rim.
cardíacas, clinodactilia e pregas sirniescas podem também ser
detectadas antes do nascimento. e com um exame ultrassonográfico detalhado. A cultura
Diagnóstico Diferencial. Muitas aneuploidias podem se da biópsia de vilocorial e a amniocentese com detecção de
apresentar com achados semelhantes. A síndrome de D own peroxissomos reduzidos e metabolismo lipídico anormal são
é comumente diagnosticada de modo equivocado devido à essenciais para uma classificação completa e para confirmar o
sobreposição de vários achados estruturais. diagnóstico presumido. Alguns estudos recentes relatam tam-
Implicações dos Exames Direcionados. O diagnóstico bém um Iúvel bai..xo de estriol e baixas concentrações de gona-
laboratorial inicial é suspeitado pela demonstração dos Iúveis don"ofma coriônica humana na triagem do soro materno.
de ácidos graxos de cadeia muito longa elevados no plasma Prognóstico. A maioria dos bebês com esse transtorno
morre durante o primeiro ano.
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
rado quando se opta pela continuação da gestação. A conlir-
mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
aconselhamento genético.

Referências
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the fetal brain revealing Zellweger syndrome. J Gynecol Obstet Biol
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o'anslucency and fetal hypokinesia associated with ZelJweger syndrome.
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Acta Paediatr Taiwan 42:53,2001.
D e Graaf 1M, Pajkrt E, Keessen M, et ai: Enl<u'ged nucha! translucency
and low serum protein concentrations as possible markers for ZelJweger
syndrome. Ultrasound Obstet GynecoI13:268, 1999.
Steinberg SJ, Elcioglu N, Slade CM, et ai: Perox.isoma! cüsorders : clinicai
FIGURA 5-31. Síndrome cérebro-hepatorrenal. Buftalmia . Observe
and biochemical studies in 15 children and prenata! diagnosis in 7
o tamanho aumentado do olho (seta).
families. AmJ Med Genet 85 :502,1999.
SíNDROMES FETAIS 131

ASSOCIAÇÃO CHARGE
----------------
Definição. Coloboma do olho, defeitos cardíacos, atresia
Genética. Uma grande porcentagem de crianças com a
síndrome CHARGE possui uma mutação no gene CHD7
da coana, retardo no desenvolvimento mental e no crescimen- do cromossomo 8. Mutações nesse gene podem confirmar o
to, anomalias genitais e anomalias do ouvido com ou sem diagnóstico _de CHARGE naqueles casos. Não encontrar a
surdez (Tabela 5-3). mutação NAO exclui a síndrome CHARGE.
Diagnóstico. Hall (1979) reportou primeiramente um Etiologia. Não esclarecida.
conjunto de malformações associadas de modo não aleatório Recorrê ncia. O risco de recorrência é baixo. O nsco
que ocorrem com atresia da coana. Outros autores, a seguir, empírico de recorrência é no máximo 1% a 2%.
validaram a associação CHARGE e sugeriram a inclusão Diagnóstico Diferencial. Espectro de deleção 22qll/sú1-
de fendas oro faciais e atresia esofágica como características drome VCF (velocardiofacial, algumas vezes chamada SÚ1dro-
principais. A tetralogia de Fallot é o defeito cardíaco mais fre- me de DiGeorge) possui características faciais e auditivas dife-
quente relatado na associação CHARGE. Tellier et al (1998) rentes; associação VACTERL, mutação em PAXa (coloboma,
avaliaram 47 pacientes com CHARGE quanto à frequência perda auditiva e anomalias renais); embriopatia retinóica.
das anomalias principais, a saber, coloboma (79%), malforma- Prognóstico. A mortalidade nos primeiros dois anos de
ção cardíaca (85%), atresia coanal (57%), retardamento mental vida é de 20% a 25%. A atresia da coana é ameaçadora à vida
e do crescimento (100%), anomalias genitais (34%), anomalias porque crianças pequenas não podem estabelecer o hábito de
dos ouvidos (91%) e surdez (62%). Além disso, eles comenta- respirar pela boca.
ram sobre anomalias observadas frequentemente em neonatos
e bebês com a síndrome CHARGE, incluindo anomalias Referências
faciais menores, disfunção do tronco cerebral neonatal com
paralisia no nervo craniano e anomalias da orelha interna, tais Thc CHARGE Foundation. http://v,,ww.chargesyndrome.org/index.asp
como hipoplasia do canal semicircular, a qual foi encontrada Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM) http ://www.ncbi.nlm.
em cada um dos pacientes que pôde ser testado . Entre os nih.gov/Omim/searchomim.html
Hall BD: Choanal atresia and associated multiple anomalies. J Pediatr
critérios para a baixa sobrevida foram considerados o sexo
95:395,1979.
masculino, as malformações do sistema nervoso central e eso- Koletzko B, Majewski F: Congenital anomalies in patients with choanal
fágicas e atresia bilateral da coana. Uma idade paterna média atresia: CHARGE-association. Em J Pediatr 142:271 , 1984,
significativamente mais elevada na época da concepção, TeUier AL, Cormier-Daire V, Abadie V, et ai: CHARGE syndrome:
juntamente com a concordância em gêmeos monozigóticos report of 47 cases and review. AmJ Med Genet 76:402, 1998.
e a existência de raros casos familiares, sustentou o papel de Gorlin RJ: Personal Communication. Minneapolis, MN, 1982.
Cyran SE, Martinez R, Daniels S, et ai : Spectrum of congenital heart
fatores genéticos, tais como mutação dominante de novo ou
disease in CHARGE association.j Pediatr 110:576, 1987.
rearranjos cromossômicos submicroscópicos sutis.

1Tabela 5-3 1Principais Características da CHARGE*


Achados Inclui Frequência

Coloboma do olho Coloboma da íris, retina, coroides, disco, não incluindo colobomas da 80%-90%
pálpebra; microftalmia (OUlOS pequenos) ou cripwftalmia (olho ausente)
Atresia ou estenose coanal Unilateral ou bilateral: óssea ou membranosa. Atresia unilateral ou 50%-60%
estenose pode ser difícil de diagnosticar
Disfunção ou anomalia do I - Falta de olfato (anosmia) Frequente
nervo craniano IXJX - Dificuldades de deglutição 70%-90%
VII - Paralisa facial - (unilateral ou bilateral) 40%
OreU1a característica na CHARGE Orelha curra, larga, com pouco ou nenhum lobo, hélice "cortada fora ", Frequente
anti-hélice proeminente que é descontínua com o tragus, concha
triangular, cartilagem diminuída, frequentemente saliente,
normalmente assiméu'ica
Ouvido médio: malformações dos ossículos vistas na RM Frequente
Ouvido interno malformado (defeito de Mondini) com cóclea e 80%-90%
vestíbulos deformados vistos na RM

Rl\1, imagem por ressonância magnética.


*Estas .são muito comuns na CHARGE e relativamente raras em outras condições.
Reproduzido com permissão de Charge Syndrome Foundation, lutp://www.chargesy ndrome.orglindex.asp.

SíNDROME DO ÁLCOOL FETAL,


álcool (aproximadamente 45 g a 50 g de etanol por dia ou
EFEITOS DO ÁLCOOL FETAL equivalente) in utero sofrem de retardo mental e no cresci-
o álcool usado durante a gestação resulta em um espec- mento, anomalias físicas e disfunção imunológica. Não há
tro de resultados adversos conhecido como transtornos do "limicu-", de modo que alguns fetos exibem sinais de efeitos
especu'o do álcool fetal . A silldrome do álcool fetal (SAF) é do álcool fetal com exposições menores. As recomendações
um desses transtornos. A SAF é caracterizada por anomalias pcu'a os médicos com relação à avaliação de limiares publica-
faciais específicas e prejuízos sig1llficativos no desenvolvimen- da pelo National 111stitute 011 AlcollOl Abuse al1d Alcoholism indicam
to neurológico e crescimento físico. As crianças expostas ao que qualquer mulher que relate beber mais de sete doses de
132 SiNDROMES FETAIS

Dobras epicànticas

/S---\--:--- Ponte nasal achatada

L;:....I Fissuras palpebrais


pequenas
Orelhas em "trilho de ferrovia"
Nariz voltado para cima
Filtro plano
Lábio superior fino

FIGURA 5-33. Traços faciais característicos em uma criança com


transtornos do espectro do álcool fetal. Os achados podem incluir
um filtro plano , lábio superior fino , nariz apontado para cima , ponte
nasal e meio da face achatados, dobras epicânticas, fissuras palpe-
brais pequenas e circunferência da cabeça pequena. (Reproduzido
com permiss§o de Darryl Leja, NHGRI, National Institutes of Health;
Wattendorf DJ, Muenke M: Fetal alcohol spectrum disorders. Am.
Fam Physician 72:279, 2005.)

FIGURA 5- 35. Traços característicos da mão de uma criança


com transtornos do espectro do álcool fetal. Observe o quinto dedo
curvado (clinodactilia) Iseta pequena) e a prega pa lmar superior
(seta grande) que se estende e termina entre o segundo e o terceiro
dedo (prega do "bastão de hóquei"). (Reproduzido com permiss§o
de Darryl-Leja, NHGRI, National Institutes of Health; Wattendor DJ,
Muenke M: Fetal alcohol spectrum disorders. Am. Fam. Physician
72:279, 2005.)

álcool por semana, ou mais de três doses em um só dia, deve


ser avaliada mais detidamente quanto ao risco de desenvolver
problemas relacionados com o álcool.
Sinônimos. Nenhum.
Incidência. A incidência de SAF varia de 2 a 30:10.000
nascidos vivos. Isso representa a forma mais comum de retar-
damento mental nos Estados Unidos. Lá, a prevalência de
SAF foi estimada entre 0,5 e 2,0 casos por l.000 nascimentos.
Há muito tempo é reconhecido que a verdadeira extensão dos
danos teratogênicos da exposição ao álcool excede a preva-
lência de SAF clinicamente reconhecida, pois a teratogênese
comportamental e física pode estar presente na ausência da
expressão completa da síndrome.
Etiologia. Toxicidade direta do álcool e seus metabólitos
que atravessam a placenta e não são detoxificados pelo fígado
fetal.
Diagnóstico. Os achados incluem microcefalia, filtro
longo e arredondado, pequena micrognatia, fenda palatina,
supressão do arco cupido, microftalmia, microcefalia, disge-
fiGURA 5-34. Traços caracterlsticos de uma orelha de uma criança nesia do corpo caloso, orelhas malformadas, defeito do septo
com transtornos do espectro do álcool fetal. Observe a parte superior atrial, defeito do septo ventricular e restrição do crescimento
da orelha maldesenvolvida paralela à prega abaixo (aspecto de " trilho
de ferrovia"). (Reproduzido com permiss§o de Darryl-Leja, NHGRI, envolvendo predominantemente os membros e ocorrendo
Nationallnstitutes of Health; Wattendor DJ, Muenke M: Fetal alcohol precocemente sem oligoâmnio. Essa ausência de especificida-
spectrum disorders. Am. Fam. Physician 72:279, 2005.) de sugere que a fácies da SAF pode ser uma expressão terato-
SíNDROMES FETAIS 133

gênica comum da exposição a várias substâncias que ocorre Conduta. O tratamento dessas gestações deve objetivar
durante um período defmido do desenvolvimento fetal. uma redução no consumo de álcool; poucos progranlas apre-
Diagnóstico Diferencial. O utras condições que envol- sentanl u ma eficácia considerável.
vem restrição do crescimento e microcefalia, tais como toxo-
plasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simples (fORC H ) Referências
e anomalias cromossômicas.
Benrand J, Floyd RL, Weber MK, ct ai : National Task Force on FAS /
Prognóstico. Retardamento mental e atraso no cres- FAE. Fetal Alcohol Synelrome: GlIidelines For Referral and Diagnosis.
cimento que persistem após o nascimento. A maioria das Atlanta, GA. Centers for Disease Control and Prevention. 2004
crianças com SAF é leve a moderadamente retardada, mas Stromland K, Mattson SN, Adnams CM, et al: Fetal Alcohol Spectrum
a capacidade intelectual varia amplamente. A gravidade do Disorders: An International Perspective [proceedings or Symposia at
retardamento mental parece estar relacionada com a gravida- the 2004 ISBRA Meeting]. Alcoholism 29:1121 , 2005.
de do déficit de crescimento e da dismorfogênese, de tal modo Jouitteau B, Massias C, Sanyas P: Fetal alcohol syndrome. J Radiol
81 :1709,2000.
que os indivíduos fenotipicamente mais afetados possuem um Larroqlle B, Kaminski M: Prenatal alcohol exposure and development at
QI. mais baLxo. A hiperatividade é frequentemente observa- preschool age: ma in rcsults or a French srudy. Alcohol Clin Exp Res
da. Quando adultos, a doença mental é altamente prevalente 22:295. 1998.
com a SAF, afetando mais de 70% em um estudo no qual Floyd RL, O'Connor MJ, Sokol RJ, et al: Recognition and prcvel1lion of
60% tinha dependência de álcool ou drogas, 44% depressão fetal alcohol syndrome. Obstet Gynecoll06 :1059, 2005.
e 40% psicose. Chiriboga CA: Fetal elrug anel ethanol eITects. Learn NeUl"011O:l51 , 2004.

INFECÇÃO FETAL POR


CITOMEGALOvíRUS
Defini ção. A infecção fetal por citomegalovill.ls é um
transtorno congênito caracterizado por hidropisia, ascite,
ventriculomegalia e outros achados, causado por transmissão
transplacentária do citomegalovírus para o feto . O vírus do
grupo do herpes de DNA bifilamentar causa uma infecção
branda ou uma doença do tipo mononucleose em adultos
jovens saudáveis, doença crônica em adultos mais velhos e
infecção congênita de branda a grave.
Sinônimo. Infecção por citomegalovírus congênita.
Etiologia. Citomegalovírus (um vírus do grupo do her-
pes com DNA birilamentar).
Inc idê ncia. A infecção por citomegalovírus congênita
ocorre em 0,2% a 2,2% dos partos. A transmissão intrauteri-
na de citomegalovírus ocorre em aproximadamente 40% das
infecções . e cerca de 100/0 dos bebês nascidos vivos apresen-
tam doença sintomática na hora do nascimento ou um pouco
mais tarde. Poucos casos podem apresentar achados isolados FIGURA 5- 36. Ultrassonografia de um feto no segundo trimestre
tais como ascite. com infecção por citomegalovírus comprovada. Calcificações hepáti-
Diagnóstico. Deve-se suspeitar de infecção por citomega- cas (setas) são vistas. bem como a ascite fetal (asterisco).
lovírus bem como de outras infecções congênitas sempre que
for encontrada hidropisia não imune. Outros achados sugesti-
vos que podem estar presentes são calcificações intracra.n.ianas
e hemorragia intracraniana, microcefalia, atrofia cerebral , após 21 semanas de gestação, depois de um intervalo de sete
ecogenicidade periventricular anormal, focos intraparenqui- semanas entre o diagnóstico da infecção materna e os proce-
matosos , ventriculomegalia, aderências intraventriculares, dimentos pré-natais. O diagnóstico também pode ser feito por
pseudocistos periventriculares, padrões anormais de sulco estudo histológico de corpos de inclusão típicos em amostras
e de giro, corpo caloso hipoplásico, anomalias cerebelares e de biópsia ou autópsia.
da cisterna magna, sinais de vasculopatia da artéria estriada, A ecogenicidade periventricular ultrassonográfica focal
esplenomegalia, coriorretinite (um revestimento ecogênico do aumentada, associada a ventriculomegalia leve, sem qualquer
corpo vítreo), oclusão do forame oval (marcado por movi- anomalia da organogênese cerebral e cerebelar ou alteração
mentação diminuída e espessamento da aba do foram e oval), da biometria cefálica no terceiro trimestre de gestação, deve
sinais de sobrecarga cardíaca direita por fechamento prema- ser considerada como um marcador de encefalite após infec-
turo, ascite, intestino hiperecoico, restrição do crescimento ção por citomegalovírus do cérebro fetal . A imagem por res-
intrauterino e oligo-hidrâmnio. A maioria das características sonância mag11ética fetal é uma ferramenta útil na avaliação
é encontrada por exanle ultrassonográfico, com quase 20 da infecção intrauterina por citomegalovúLls.
semanas de gestação. Pato gê nese. O modo exato de passagem rransplacentária
Sempre que for conlirmada a infec'rão materna, são neces- é incerto. O vírus se replica nos tecidos fetais, produzindo
sários cultura e teste por reação em cadeia da polimerase inflamação, necrose recidual e disfunção do órgão . A hepatite
do líquido amniótico e cordocentese para estudo sorológico por citomegalovírus no neonato pode se apresentar com uma
(pesquisa de anticorpo IgM específico para o feto ), embora resposta inflamatória intensa envolvendo a tdade portal. 1 es-
ele não tenha 100% de confiabilidade. A reação em cadeia ses casos, o desarranjo lobular, a degeneração dos hepatócitos
da polimerase em amostras de amniocentese pode ser feita e a colesrase também são observados. A causa da as cite e a
134 SíNDROMES FETAIS

infecção congemta por citomegalovírus não está certa. Os Risco de Recorrê ncia. Considerando que a infecção
fatores que contribuem podem incluir níveis baixos de pro- viral confere imunidade na maioria, existe um risco teórico
teína sérica devido à disfunção hepática e obstrução portal, muito pequeno de reinfecção em outra gestação.
resultante de inflamação periportal. Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
Anomalias Associadas. A ascite isolada é um achado antes da viabilidade. Se a continuação da gestação for esco-
incomum nos fetos com infecção por citomegalovú-us, mas lhida, um acompanhamento mensal com ultrassonografia é
pode ocorrer. Lesões cardiovascular, gastrointestinal, museu- recomendado para monitorar a restrição do crescimento, a
loesquelética e oeular podem ser encontradas em associação hidropisia e outras manifestações fetais . A descompressão
das características clássicas. Petéquias, perda auditiva neuros- com paracentese para remover a ascite fetal pode impedir a
sensorial e um baixo desenvolvimento intelectual também hipoplasia pulmonar e melhorar o sistema circulatório nos
podem ocorrer após o nascin1ento. casos gravemente afetados .
Diagnóstico Diferencial. Como a ascite é com frequên-
cia a primeira manifestação da hidropisia, o diagnóstico Referências
diferencial para as cite fetal é essencialmente o mesmo que
para a hidropisia generalizada, que inclui sobretudo todas as Daiminger A, Bader U , Enders G: Pre- and periconceptional primary
cylOmegalovirlls infection: risk of vertical transnússion and congen ital
i.nfecções congênitas. As condições que se apresentam com disease. Obstet Gynecol SlIrv 60:420, 2005.
calcificações inu-acranianas (tais como esclerose tuberosa), Liesnard C , Donner C, Brancan F, et ai: Prenatal diagnosis of congenital
intestino hiperecoico (fibrose cística e síndrome de Down) e cYlOmegalovirus i,úection: prospective study of 237 pregnancies at risk.
hepatomegalia (doença hepática primária ou hematopoiese Obstet Gynecol 95:881, 2000.
Guiballd L, Attia-Sobol j , BlIenerd A, et ai: Focal sonographic peri-
extramedular) devem ser consideradas. ventricular pattem associated with núld ventriculomegaly in fetal
Prognóstico. Em geral, neonatos com infecção por cylOmegalic itúection revealing cylOmegalic encephalitis in the third
citomegalovírus sintomática evoluem mal, com um ú1dice tritnester of pregnancy. Prenat Diagn 24 :727, 2004.
de mortalidade neonatal da ordem de 30% e uma alta taxa Ortiz jU, Ostermayer E, Fischer T , et ai: Severe fetal cylOmegalovit'lIs
infection associated with cerebellar hemorrhage. Ultrasollnd Obstet
de déficit neurológico nos sobreviventes. A hepatite por cito- Gynecol 23:402, 2004.
megalovírus é reversível nos que sobrevivem, mas o retardo Moinllddin A, McKinstry RC, Martin KA, et aI: Intracranial hemol'rhage
mental, a deficiência motora e a perda auditiva são sequelas progressing to porencephaly as a reslllt of congetútally acqllired
de longo prazo esperadas. Sequei as tardias tais como perda cylOmegalovirlls infection-an illllsu'ative report. Prenat Diagn 23:797,
auditiva neurossensorial e transtorno do desenvolvimento 2003.
Mali.nger G, Lev D, Zahalka N, et ai: Fetal cylOmegalovirlls itúection
neurológico ocorrem em 10% a 15% dos bebês que não apre- of lhe brain: the SpeCU'Lllll of sonograplúc lindit1gs. AjNR Am j
sentam sintomas ao nascimento. A morbidade neurológica Nellroradiol 24:28. 2003.
pediátrica está relacionada com o grau de ventriculomegalia Graham E, DlIhI A, Ural S, et aI: The degree of amenatal ventriculomegaly
pré-natal e, quando esta é maior do que 15 mm, está associada is related 10 pediatric nellrological morbidity. j Matem Fetal Med
10:258,200 1.
a um aumento no desenvolvimento neurológico anormal.

SíNDROME DA RUBÉOLA FETAL isolamento do RNA viral da rubéola em amoSU'as do líquido


Defini ção. A síndrome da rubéola fetal é um transtorno anmiótico e na aplicação de reação em cadeia da polimerase.
congênito que resulta da infecção materna primária com o Anomalias Associadas. O casionalmente, as seguintes
vúus da rubéola. É caracterizada principalmente por surdez, anomalias podem ser associadas aos achados clássicos de
retardamento mental , catarata congênita, defeitos cardíacos e sÚ1drome da rubéola fetal: transtornos renais, hipospádia,
outras anomalias estruturais que podem ser encontradas com criptorquidia, meningocele, glaucoma, persistência do canal
frequência e gravidade variáveis. Durante a rubéola aguda na arterial e estenose pulmonar periférica.
gravidez, a taxa de infecção congênita é superior a 90% nas 12 Diagnóstico Diferencial. Todas as condições que podem
primeiras semanas de gestação, cerca de 60% nas semanas 13 ser associadas a hepatomegalia congênita e catarata devem ser
a 17, 25% nas semanas 18 a 24, e então aumenta novamente excluídas. Estas incluem infecções congênitas (TORCH),
durante o último mês de gestação. anemia fetal, tumor hepático fetal, condrodisplasia puntata,
Sinô nimo . Efeitos da rubéola fetal . síndrome de Neu-Laxova, síndrome de Smith-Lemli-Opitz e
Etio logia. É causada por um togavírus RNA, que é o síndrome de Walker-Warburg.
único membro do gênero Rubivírus. O feto é infectado por Prognóstico. Pode ocorrer morte intrauterina. O impac-
transmissão transplacentária. to pós-natal da infecção intrauterina varia de ausência de
Risco de Recorrência. Nenhum. qualquer defeito até todas as anomalias já mencionadas com
Incidência. Não é conhecida precisamente. A administra- gravidade variável. O agente pode permanecer por anos nos
ção da vacina de rubéola reduziu significativamente a incidên- tecidos, causando infecção crônica e suas complicações (tais
cia de infecção materna, embora a reirtfecção após a vacinação como diabetes mcllitus devido à viropatia crônica do pâncreas).
seja possível. O desenvolvimento de infecção fetal atinge 50% Conduta. A interrupção da gestação deve ser considerada
entre as mulheres expostas durante o primeiro trimestre, e toda vez que a infecção fetal for detectada durante o prirneiJo
20% durante o segundo trimestre. trimestre, devido à gravidade da condição nesse grupo. Após
Diagnóstico. Os achados ultrassonográficos mais fre- a viabilidade, é recomendado a monitoração ulu'assonográfica
quentes são malformações cardíacas (em particular, defeitos mensal do crescimento e o acompanhamento das anomalias.
septais), defeitos oculares (catarata, microftalmia e retinopatia), Prevenção. Mulheres consideradas suscetíveis durante a
microcefalia, hepatomegalia, esplenomegalia e restrição do cres- gestação devem ser orientadas a fazer a vacinação pós-parto e
cimento. Surdez e retardamento mental são esperados após o antes da alta hospitalar. A aman1entação não é uma contrain-
nascimento. A confumação da irtfecção fetal pode ser feita pelo dicação para receber a vacina da rubéola.
SiNDROMES FETAIS 135

Referências O 'Neill JF: The ocular manifestations of congenitaJ infeetion: a swdy


of the early efTeet and long-term outeome of maternaJly transmitted
TangJVV, Aarons E, Hesketh LM , et ai: PrenataJ diagnosis of eongenital rubella and toxoplasmosis. 1i'ans Am Ophthalmol Soe 96:813, 1998.
rubeUa infcetion in the second trimester of pregnaney. Prenat Diagn
23:509, 2003 .

SíNDROME DA TOXOPLASMOSE FETAL


Definição. A toxoplasmose é causada pela infecção com
o parasita protozoário 1óxopla.sma gvndii. A toxoplasmose nor-
malmente é assintomática nos indivíduos imunocompetentes.
A infecção aguda nas mulheres gestantes pode ser transmitida
para o feto e causar doença grave (retardamento mental,
cegueira e epilepsia). O risco de transmissão materno-fetal
aumenta com a idade gestacional na época da exposição,
enquanto a incidência de doença grave diminui.
Sinô nimos. Nenhum.
Incidênc ia. Um número estimado em 400 a 4.000 casos
de toxoplasmose congênita ocorre a cada ano nos Estados
Unidos. Acredita-se que das 750 mortes atribuídas anual-
mente à toxoplasmose nos Estados Unidos, 375 (50%) sejam
causadas pela ingestão de carne contaminada, fazendo da
toxoplasmose a terceira maior causa de morte transmitida por
alimento naquele país. A incidência da aqu isição de toxoplas-
mos e durante a gravidez varia de 1 a 4 por 10.000. Metade
dos fetos escapa da infecção, um terço possui infecção subclí-
nica e apenas um décimo possui uma infecção grave.
Etio logia. Infecciosa . A mulher infectada com Toxoplas-
ma antes da concepção, com raras exceções, não transmite a FIGURA 5-38. Calcificações intracranianas (setas). (Cortesia de Julio
infecção para seus fetos. A mulher infectada com Toxoplasma Cesar Coub. 2006.)
após a concepção pode transmitir a infecção através da placen-
ta para seus fetos. O comprometimento fetal resulta da infec-
ção aguda na mãe ; entretanto, as mães com infecção crônica
podem transmitir a doença por reativação, a qual é causada Diagnóstico. A tríade clássica de sinais sugestivos de
por uma disfunção imunológica. O índice de transmissão fetal toxoplasmose congênita inclui coriorretinite, calcificações
durante a infecção primária é de 25%, 54% e 65%, respectiva- intracranianas e hidrocefalia. Entretanto, a maioria dos bebês
mente no primeiro, segundo e terceiro trimestres. infectados in u/ero nasce sem sinais óbvios de toxoplasmose
Patogênese. O feto é infectado hematogenicamente atra- no exame rotineiro, mas muitos desenvolvem dificuldades
vés da placenta durante a parasiternia na mãe. A toxoplasmo- de aprendizado e de visão mais tarde ao longo da vida .
se ocular causa dano irreversível à retina in zilero. O feto e o Se for deixada sem tratamento, a toxoplasmose congênita
bebê produzem respostas inflamatórias que podem contribuir
pode estar associada a doença grave e mesmo fatal. Outros
para o dano ocular.
achados incluem microcefalia, encefalomielite, convulsões ,
retardamento mental, as cite e hepatoesplenomegalia. Embora
o d iagnóstico antes fosse feito por técnicas sorológicas e cul-
tura, hoje pode ser feito pela detecção de 1óxoplasrrUl gondii nos
tecidos fetais pela reação em cadeia da polin1erase.
Diagnóstico Diferencial. As outras infecções TORCH.
Prognóstico. Qyase 75% dos neonatos infectados conge-
nitamente são assintomáticos.
Risco de Recorrência. Em geral nenhum.
Conduta. Dependendo da idade gestacional e do conheci-
mento prévio de o feto ser ou não infectado, a mulher grávida
deve ser tratada com o antibiótico espiramicina ou com sulfa-
diazina isolada, ou a combinação de pirimetamina e sulfadia-
zina. O tratamento da infecção aguda durante a gestação foi
associado a uma redução de cerca de 50% da infecção fetal.
Prevenção. A infecção por roxüplasmose pode ser preve-
nida em grande parte pelo cozimento da carne a uma tempe-
ratura segura e descascando ou lavando cuidadosamente as
frutas e os vegetais antes da ingestão ; a mulher grávida deve
evitar fazer a limpeza dos dejetos do gato ou, se não houver
outra pessoa disponível para fazê-la, trabalhar com luvas e
FIGURA 5-37. Dilatação grave dos cornos posteriores dos ventrí-
culos laterais em um feto com infecção por toxoplasmose. (Cortesia depois lavar as mãos vigorosamente.
de Julio Cesar Coub. 2006.)
136 SíNDROMES FETAIS

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Robens F, Met5 MB, Fergusoll DJ, et al: Hiswpathological fearures of ocular
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SíNDROME DA EXPOSiÇÃO FETAL AO Anomalias Associadas. Anomalias de diferentes siste-


ÁCIDO VALPROICO mas foram relatadas em associação com essa síndrome, tais
como onfalocele, hérnia inguinal, atresia duodenal e escoliose.
Definição . A síndrome da exposição fetal ao ácido val- Hiperbilirrubinemia, hepatotoxicidade, hiperglicinemia transi-
proico é uma sÚ1drome que resulta da utilização materna tória, afibrinogenemia e sofrimento fetal ou neonatal podem
do valproato (anticonvulsivante) durante a gestação, e é ser encontrados.
caracterizada por um grupo de anomalias maiores e meno- Diagnóstico Diferencial. Outros defeitos do tubo neu-
res, incluindo disfunção do sistema nervoso central, espinha ral. Entretanto, o histórico clínico na presença de uma asso-
bífida, atraso no desenvolvimento, restrição do crescimento ciação de espinha bífida e anomalia cardíaca deve sugerir o
intrauterino e anomalias cardíacas. diagnóstico.
Sinônimo. Exposição ao depaquene. Prognóstico. Os fetos que apresentam anomalias maiores
Incidência. Desconhecida, rara. Qyalquer mãe epilética possuem um mau prognóstico. Os transtornos metabólicos
grávida possui o risco duas a três vezes maior para anomalias podem também complicar o período neonatal. Essas crianças
congênitas, em comparação com a população em geral . Se a afetadas podem morrer na infância, e os pacientes que sobre-
exposição ao ácido valproico ocorrer entre o 17 Q e o 30Q dia vivem podem desenvolver retardamento mental.
após a fertilização , a incidência de defeitos do tubo neural Risco de Recorrência. Se a mãe for exposta ao ácido
atinge 1% a 2%. Em geral, os riscos teratogênicos aumentam valproico em uma segunda gestação, o efeito teratogênico será
com o aumento das doses de ácido valproico, com um risco o mesmo.
de malformação significativamente maior em doses de até Conduta. Qyando detectada no segundo trimestre, a
l.000 mg/dia. interrupção da gestação pode ser oferecida. Se for permitido
Etiologia. Exposição ao ácido valproico. continuar a gestação, não é necessária nenl1Uma alteração
Patogênese. Desconhecida. no tratamento. Muitas drogas antiepilépticas novas foram
Diag nóstico. Os achados incluem anomalias cardiovas- introduzidas ao longo dos últimos anos; recomenda-se mudar
culares, hipotonia, espinha bífida, hipospádia e redução dos o tratamento da mãe para uma delas. Devido ao risco
membros. A aparência facial pode ser caracterizada por uma aumentado de malformações , a mulher grávida usando ácido
fenda oral, nariz largo e pequeno, orelhas pequenas, futro valproico deve ser informada sobre a opção do diagnóstico
plano, lábio superior longo com filtro raso e micrognatia/ pré-natal por exame ultrassonográfico estrutural e análise de
retrognatia. A restrição do crescimento intrauterino, a micro- alfa-l-fetoproteína no soro materno.
cefalia, a hipertricose generalizada poupando as palmas e
solas, face grosseira, hipertrofia da gengiva, pés tortos e mãos
tortas congênitos, anomalias musculoesqueléticas, anomalias
Referências
genitais e defeitos urogenitais podem também estar presentes. Swll C, Audeoud F, Gaugler C, et ai : Multiple congenital malfonnations
Defeitos cardíacos também foram relatados. Em 26% dos including generalized hypenrichosis with gum hypenrophy in a child
pacientes com síndrome da exposição fetal ao ácido valproico, exposed tO valproic acid in utero. Genet Couns 14:289, 2003.
anomalias cardiovasculares, mais frequentemente defeitos sep- Kozma C : Valproic acid embryopathy : repon of two siblings wim
funher expansion of the phenotypic abnormalities and a review of the
tais ventriculares, estenose aórtica ou pulmonar e persistência
literature. AmJ Med Genet 98:168, 2001.
do canal arterial, podem também ocorrer. A hipoplasia pul- Janas MS, Arroe M, Hansen SH, et al: Lung hypoplasia-a possible
monar tan1bém foi relatada. Epilepsia e retardamento mental terawgenic effect of valproate. Case report. APMIS 106:300, 1998.
podem se desenvolver após o nascimento. Berg K, Open ACC, Nickels PGJ, et aI : Complex cardiac defect with
Ano malias Gené ticas. Nenhuma . hypoplastic right ventricle in a fems with valproate exposure. Prenat
Diagn 25:156, 2005.

VARICELA ZOSTER FETAL de uma síndrome congênita caracterizada por hipoplasia dos
Defini ção. A varicela zoster fetal é uma combinação de membros, cicatrizes cutâneas, catarata, microcefalia e atrofia
anomalias de vários órgãos, causada por contaminação fetal cortical.
pela infecção materna com o vírus da catapora. Etiologia. H erpes vírus.
Sinônimos. Síndrome da varicela congênita, embriopatia Risco de Recorrência. Menos de 1%.
por varicela, catapora, herpes zoster. Diagnóstico. A infecção materna em qualquer época
Incidência. A incidência de infecção materna pelo herpes da gravidez expõe o feto a um alto risco de contaminação
vírus varicela é 7:10.000 gestações. O risco de comprometi- transplacentária e é indicativa de acompanhamento fetal. O
mento fetal entre todas as mulheres grávidas infectadas com risco de anomalias fetais , entretanto, é mais elevado durante
varicela durante suas gestações varia de 10/0 a 20%. Infecções o primeiro e o segundo trimestre. Os sinais ultrassonográficos
por varicela no primeiro trimestre têm sido associadas a um de doença fetal incluem morte fetal , restrição do crescimento,
risco aumentado de aborto espontâneo. Infecções por varicela anomalias musculoesqueléticas, tais como pés tortos congêni-
no segundo trimestre têm sido associadas a um risco de 2% tos e posição anormal das mãos (causada tanto por necrose
SíNDROMES FETAIS 137

Prognóstico. A gravidade do comprometimento fetal


varia de lesões dermatológicas até doença disseminada letal.
As cicatrizes linutadas tendem a ter um excelente prognóstico.
Rupturas do cérebro fetal, ou varicela materna grave com
desenvolvimento de pneumonia materna letal e encefalite, são
indicadores de um risco extremamente elevado para morte
fetal . As taxas de mortalidade variam de 39% a 61 %. A infec-
ção materna precoce (primeiro e início do segundo u-imestre)
apresenta uma elevada associação de anomalias fetais , e infec-
ções no terceiro trimestre apresentam um risco mais elevado
de desenvolvimento de varicela zoster no período neonatal.
Uma doença ameaçadora à vida pode ocorrer quando um
feto nasce após um intervalo de cinco dias entre o início da
doença materna e o parto.
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
antes da viabilidade. Se a continuação da gestação for esco-
lhida, é recomendada avaliação ultrassonográfica periódica
para pesquisaI- anomalias fetais, contraturas dos membros e
outros sinais de comprometimento fetal. Se houver suspeita
de soroconversão materna para o vírus da varicela zoster, a
combinação de ultrassonografia pré-natal e ressonância mag-
nética pode documentar a extensão do dano tecidual e ajudar
no aconselhan1ento genético. Após o aborto terapêutico, a
FIGURA 5-39. Infecção por varicela zoster. A face fetal na autóp- infecção fetal pode ser confirmada por detecção do DNA viral
sia (26 semanas). Observe o crânio em cola pso , a pele intacta (muito de varicela zoster em vários tecidos fetais e na placenta, e por
pouca maceração), necrose desproporcional dos globos oculares e achados histopatológicos , tais como necrose miliar calcificada
meio da face achatado. (Cortesia de R.R. Lebel, 1992.) em órgãos fetais.
Prevenção. Teste sorológico e vacinação devem ser ofere-
cidos a mulheres em idade fértil, e as mulheres devem ser ques-
quanto por denervação do tecido afetado), limitação da tionadas sobre imunidade contra a varicela antes da concepção.
extensão do membro devido à formação de cicatrizes, marcas Pacientes grávidas suscetíveis devem ser aconselhadas a evitar
cutâneas, hipoplasia dos membros , coriorretinite, catarata o contato com indivíduos que estão com catapora. Se ocorrer a
congênita, nucroftalmia, hidropisia, poli-hidrâmnio, focos exposição, deve ser adnlliustrada imunoglobulina anti varicela
hepáticos hiperecogênicos, anomalias cerebrais, tais como zoster denu-o de 96 horas, em uma tentativa de impedir a Ílúec-
ventriculomegalia ou atrofia, e microcefalia, focos dissemina- ção materna. Recém-nascidos susceúveis também devem rece-
dos de necrose e microcalcificações, encefalite, intestino eco- ber ilTIunoglobulina conu-a varicela zoster. O aciclovir é ativo
gênico no segundo trimestre. A placenta pode mosn-ar uma contra o vírus da varicela zoster, e o tratamento é, portanto,
vilite crônica multifocal com células gigantes multinucleadas. indicado em adultos gravemente enfermos e neonatos .
A infecção fetal pode ser demonstrada por detecção do D A
do vírus vruicela zoster por reação em cadeia da polimerase Referências
no sangue fetal e no líquido an11uótico ou por detecção de
anticorpo IgM específico nos mesmos líquidos. Verstraelen H , Vanzieleghem B. Defoort P, et al : Prenatal 1I1trasollnd and
Patogênese. Dano direto aos tecidos fetais por vírus magnecic resonance imaging in fetal varicella syndrome: correlation
with pathology findings. Prenat Diagn 23 :705 , 2003 .
neurotrópico. Pecignal P, Vial Y, Lallrini R, el aI: Fetal varicella-herpes zoster syndrome
Ano malias Associadas. Anomalias congênitas de múlti- in early pregnancy: ultrasonographic and morphological correlaciono
plos órgãos com gravidade variável podem ser associadas à Prenat Diagn 21 :121,2001.
embriopatia por vaIicela. Entre os que sobrevivem, retarda- Yaron Y, Hassan S, Geva E, et al : Evaluation of fetal echogenic bowel in
mento mental, convulsões e linutação dos movimentos podem the second Fetal Diagn Ther 14:176, 1999.
se desenvolver após o nascimento. O vírus pode causar Hanung j , Enders G , Chaoui R , et ai: Prenatal diagnosis of congenital
varicella syndrome and deleccion of vinis in the fetus:
infecções sérias, particularmente pneumonia, em mulheres a case reporto Prenat Diagn 19:163, 999.
adultas. Chapman SJ: Varicella in pregnancy. Semin Perinatal 22 :339, 1998.
Diagnóstico Dife renc ial. Outras infecções virais, aCI-
dentes vasculares, síndrome da banda amniótica.

SíNDROME DE FRASER
Defini ção. A síndrome de Fraser é uma síndrome gené- Etiologia. Provavelmente transnussão autossômica reces-
tica rara com anomalias da cabeça, pulmões, rins e membros. siva, pois uma proporção incomum de bebês é descendente
Ela combina malformações acrofacíais e urogenitais com ou de pais consanguíneos.
sem criptoftalmia. Risco de Recorrência. A silldrome de Fraser tem um
Sinô nimo. SÚ1drome de criptoftalmia-sindactilia. risco de recorrência de 25% entre irmãos e, portanto, o diag-
Incidê nc ia. 0,043:10.000 bebês nascidos vivos e nóstico pré-natal e o aconselhamento genético das famílias
1,1:10.000 natimortos. afetadas são importantes.
138 SíNDROMES FETAIS

A B
FIGURA 5-40. Um caso de sfndrome de Fraser diagnosticado com
16 semanas de gestação. Megacistos, sindactilia e oligo-hidrâmnio
podem ser vistos. A. Ultrassonografia demonstrando megacistos (BI) e
ascite (asterisco). 8. Imagem neonatal. Obse rve a distensão da parede
abdominal. C. Figura do pé post-mortem mostrando a sindactilia entre
os dedos I, II e 111. (A. 8, C cortesia de Fabrice Cullier, 2005, thefetus.
net.)

Diagnóstico. O diagnóstico tem sido sugerido antes


do nascimento pela combinação de características maiores
e menores. Os casos são diagnosticados com base em pelo
menos dois critérios principais e um critério secundário ou
pelo menos quatro critérios secundários .
As características principais são:

Criptoftalmia.
Sindactilia.
Anomalias genitais.
Irmão com síndrome de Fraser.
FIGURA 5-41. Ultrassonografia de outro feto com atresia da larin-
As características secundárias são: ge e sindrome de Fraser. Pulmões hiperecogênicos , aumentados bila-
teralmente e brônquios cheios de liquido (setas) são vistos. A ascite
(asterisco) está presente.
Alterações do nariz.
Alterações das orelhas .
Alterações da laringe.
Fendas orais (fenda labial e/ou palatina). Achados Ultrassonográficos. Pulmões hiperecogênicos ,
Hérnia umbilical. estenose/atresia da laringe, oligo-hidrâmnio, ascite, agene-
Agenesia renal (unilateral ou bilateral) . sia/displasia renal, microftalmia/hipertelorismo, hidrocefalia,
Anomalias esqueléticas. sindactilia, defeitos da orelha, genitália ambígua.
Patogênese. Um defeito da apoptose foi sugerido devido
O diagnóstico pré-natal da síndrome de Fraser pode ser às várias anomalias resultantes da falha na morre celular pro-
suspeitado, mas devido à grande variedade de malformações, gramada (fusão das pálpebras, dedos, laringe e vagina).
o diagnóstico permanecerá duvidoso a menos que uma crian- Anomalias Genéticas. O gene da síndrome de Fraser
ça anterior seja afetada . está localizado em 4q21.
SíNDROMES FETAIS 139

Anomalias Associadas. Criptoftalmia, ductos lacrimais ruim (20/200 e 20/360) nos raros casos em que houver possi-
malformados ou ausentes, orelha média e externa malfor- bilidade de correção.
madas , palato alto, clivagem ao longo do plano médio das Conduta. Depende das anomalias predominantes associa-
narinas e da língua, hipertelorismo, estenose da laringe, sin- das. A interrupção da gestação pode ser recomendada quando
dactilia, ampla separação da súúise púbica, deslocamento do a agenesia renal ou a atresia da laringe estiverem presentes.
umbigo e mamilos, mesentério primitivo no intestino delgado,
rins maldesenvolvidos, fusão dos lábios e aumento do clitóris,
e útero bicorno e tubas de Falópio malformadas. Referências
Diagnóstico Diferencial. O diagnóstico diferencial dos
pulmões hiperecogênicos inclui hérnia diafragmática congê- Okumus N, Onal EE, Turkyilmaz C, et al: Resuscitation failure due to
Fraser syndrome in a newborn undiagnosed in the prenatal period.
nita, malformação adenomatóide cística (tipo lU), sequestro Resuscitation 65:221, 2005.
puhnonar e atresia traqueal ou brônquica. O diagnóstico Lesniewicz R, Sulik M, Midro AT: Microphthalmos and hypertelorism as
diferencial da criptoftalmia inclui holoprosencefalia alobar, ctiagnostic index in ultrasound diagnosis of Fraser sindrome. Ginekol
que pode ser facilmente reconhecível da hidrocefalia simples Pol 76 :147, 2005.
dos fetos de Fraser. Berg C , Geipel A, Germer U , et al: Prenatal detection ofFraser syndrome
Prognóstico. É fatal se a atresia da laringe ou a agenesia without cryptophthalmos: case report and review of the literature.
Ulnasow1d Obstet Gynecol 18:76,2001.
renal estiverem presentes. Se a criptoftalmia for o principal
sinal, mesmo o reparo cirúrgico resultará em uma visão muito

SíNDROME DE FRYNS persistente, arco aórtico interrompido, isomerismo esquerdo,


Definição. A síndrome de Fryns é um transtorno con- malformações complexas na linha média do sistema nervoso
gênito raro, caracterizado por traços faciais dismórficos (face central e múltiplos pterígios. Os níveis de alfa-fetoproteína
grosseira com microftalmia, hipertelorismo, crescimento de materna e no líquido an1niótico podem estar elevados, em
pêlos na face, córneas opacificadas, ponte nasal larga e particular nos fetos que apresentam defeitos abertos.
achatada, fenda labial e pala tina, microrretrognatia e orelhas Anomalias Genéticas. Nenhum defeito específico no
de implantação baixa), hérnia diafragmática, hipoplasia dos DNA foi identificado.
membros distais c hipoplasia puhnonar. A primeira descrição Diagnóstico Diferencial. O diagnóstico diferencial inclui
foi fornecida por Fryns em 1979. trissomia do 18 (que pode ser excluído pelo cariótipo), silldro-
Incidência. Desconhecida. Ayme et aI. relataram uma me de Killian-Teschler-Nicole (tetrassomia 12p em mosaico),
prevalência de 0,7:10.000 nascimentos na França. síndrome de Zellweger (deficiência de enzima peroxissômica)
Etiologia. Herança autossômica recessiva. e síndrome de Brachman-DeLange (geralmente associada à
Risco de Recorrência. 25%. restrição grave do crescimento).
Diagnóstico. A variabilidade fenotípica toma o diagnós- Anomalias Associadas. Anomalias dos sistemas esquelé-
tico ultrassonográlico da sÚ1drome de Fryns um desafio. A tico, cardíaco, nervoso cenu'al, gastrointestinal e geniturinário
detecção do dismorfismo facial úpico associado a hérnia dia- podem estar associadas à sÚ1drome de Flyns.
fragmática (que é O principal critério ultrassonográlico), tórax Prognóstico. A maioria dos bebês afetados é de natimor-
hipoplásico com mamilos amplamente espaçados, hipoplasia tos ou morrem no irúcio da vida neonatal. Os poucos relatos
ou ausência de lobulação dos puhnões, deficiências dos mem- de neonatos que sobrevivem apresentam grave retardamento
bros distais com hipoplasia das falanges terminais e das unhas mental e do desenvolvimento.
e oligodactilia pós-axial devem sugerir a síndrome de Fryns . O Conduta . Qyando a sÚ1drome é detectada antes da viabi-
desenvolvimento tardio de poli-hidrâmnio no segundo trimes- lidade, a interrupção da gestação pode ser oferecida. Após a
tre e o crescimento normal ou exacerbado do feto também são viabilidade o cuidado pré-natal padrão não é alterado.
esperados. O uso de ultrassom tridimensional pode auxiliar na
defmição precisa das anomalias faciais . Embora a frequência
de higroma cístico não seja tc'io alta quanto as características Referência
mencionadas, esse defeito foi proposto como um marcador Ran1sing M, Gillessen-Kaesbach G , H olzgreve 'IN, ct al : Variability in the
ultrassonográlico de primeiro trimestre para casos recorrentes. phenotypic expression of Fryns syndrome: A repon of two sibships.
Outros achados que podem ser detectados são tronco arterial AmJ Mcd Genet 95:415, 2000.

SíNDROME DE GOLDENHAR
Diagnóstico. O diagnóstico é feito em geral por obser-
Definição. Microssomia hemifacial, dermoide epibulbar, vação da assimetria facial (provavehnente tornando-se mais
apêndices pré-auriculares, orellia hipoplásica, fendas faciais comum com a ultrassonografia tridimensional) ou uma fenda
transversais, assimetria do crânio e anomalias espinhais (erros maxilar em associação de microftahnia w1ilateral. Outros
de segmentação das vértebras). achados incluem anoftalrnia, anomalias cardíaca ou urinária e
Incidência. Essa sÚ1drome tem uma frequência estimada lipoma do corpo caloso.
de 1/3.000 a 1/5.000 neonatos, com uma pequena predomi- Patogênese. Possível hemorragia fetal na região do pri-
meiro e segundo arcos branquiais na hora que o suprimento
nância homem-mulher (3/2).
sanguíneo desses arcos muda da artéria esta pé dica para a
Sinônimos. Espectro óculo-aurículo-vertebral, síndrome artéria carótida externa.
de Goldenhar-Gorlin, displasia fácio-aurículo-vertebral. Anomalias Genéticas. Desconhecidas .
Etiologia. Provavehnente esporádica, com raros casos Anomalias Associadas. Fístula traqueoesofágica, der-
sugerindo uma herança autossômica recessiva ou autossômica moide epibulbar, siringo-hidromielia, atraso no desenvolvi-
dominante. mento neurológico, meningoencefalocele occipital, tetralogia
140 SINDROM ES FEl AIS

direito, atresia pulmonar com defeito do septo ventricular,


ventrículo direito com dupla abertura, conexão venosa pul-
monar infradiafragmática totalmente anômala, rins ectópicos
e fundidos, agenesia renal, refluxo vesicoureteral , obstrução
da junção ureteropélvica, duplicação ureteral, rim policístico e
artéria umbilical única .
Diagnóstico Difere ncial. Síndrome de Kaufman (sín-
drome óculo-cérebro-facial), disostose acmfacial e associação
CHARGE.
Prognóstico. Ao lado das incapacidades mentais que
esses pacientes podem desenvolver, muitas complicações
resultam de problemas das vias aéreas superiores, bem como
de complicações vertebrais.
Risco de Recorrência. Provavelmente nenhum, a menos que
numa herança autossômica dominanteJautossômica recessiva.
Conduta. Q.13ndo o diagnóstico é reconhecido nos está-
gios iniciais da gestação, a interrupção da gravidez pode ser
oferecida. No penodo pré-natal, o tratamento tentará melho-
rias do ponto de vista cosmético.

Referências
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facial microsomia and ipsilateral cerebellar hypoplasia in a [etus
oculoauriculovertebral specrrum. Ulrrasound Obster Gynecol 24:199,
2004.
Kira D. MunemOlO 5, Ueno Y, et ai : Goldenhar's syndrome associated
with occipital meningoencephalocele-case reporto Neurol Med Chir
(Tokyo) 42:354. 2002 .
vVitters I. 5chreurs J, Van Wing J, et ai : Prenatal diagnosis of facial
FIGURA 5-42. Assimetria da face com hipoplasia do lado esquerdo
c1efting as pan of the ocu lo-auriculo-vertebral spectrum. Prenat Diagn
e fenda em um feto com síndrome de Goldenhar. (Cortesia de Luc de
Catte, 1999, thefetus.net.)
21 :62.2001.
De Cane L, Laubach M, Legein J, er al: Early prenatal diagnosis
of oculoauriculovenebral dysplasia or the Goldenhar syndrome.
Ultrasound Obstet Gynecol 8:422, 1996.
de Fallot, defeitos do septo ventácular, síndrome de asplenia,
inversão ventricular associada a dupla abertura do ventrículo

SíNDROME HELLP discordância acerca dos critérios específicos bioquímicos e


Definição. A síndrome HELLP é um acronU110 para hematológicos a serem usados . Os critérios especificados por
uma variante grave de pré-eclâmpsia caracterizada por hemó- Sibai e Martin são quase sempre utilizados. Os critérios de
lise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetas baixas (do inglês Sibai incluem a hemólise evidenciada por um esfregaço peri-
h emolysis , elevated liver enzymes and low p latelets). Essa férico anormal, lactato desidrogenase maior do que 600 UIII
condição é ameaçadora à vida tanto para a mãe quanto para ou bililTubina total maior do que 1,2 mg/dl; enzimas hepáticas
o feto. Sinais ultrassonográficos de comprometimento fetal elevadas evidenciadas por uma dosagem de aspartato transa-
incluem restrição do crescimento intrauterino, tônus diminuí- minase maior do que 70 UI/l e plaquetas abaLxo de 100 .0001
do, movimento diminuído e Doppler anormal das artérias mm 3 . Os critérios de Martin incluem a hemólise evidenciada
umbilical e cerebral. por um hematócrito decrescente, lactato desidrogenase maior
Inc idência. A síndrome HELLP afeta 2% a 12% dos do que 164 UIII ou uma diátese hemorrágica ; enzimas hepá-
pacientes que desenvolvem pré-eclâmpsia e mulheres brancas ticas elevadas evidenciadas por uma as parta to transaminase
parecem ser mais afetadas do que as negras . maior do que 48 UI/l e uma alanina transaminase maior do
Etiologia. A síndrome HELLP é uma situação específica
que 24 UIII e plaquetas abaixo de 100.000/mm 3 . Os achados
das gestações complicadas por pré-eclâmpsia grave.
Risco de Recor rência. Embora o risco de recorrência fetais incluem restrição do crescimento intrauterino e volume
não seja precisamente reconhecido, toda paciente afetada pela reduzido de líquido amniótico, que são respostas fetais ao
síndrome HELLP deve ser acompanhada em uma gestação processo crônico de suprimento sang"uíneo placentário dimi-
posterior como uma paciente com risco aumentado. nuído, resultante da hipertensão materna. Em uma situação
Diagnóstico. O diagnóstico materno é feito por estudos mais grave, com reserva de oxigênio fetal diminuída, os sinais
laboratoriais (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e trombo- de angústia podem ser encontrados, tais como diminuição do
citopenia - plaquetas abaLxo de 100.000, que é o achado mais tônus, movimento fetal , movimento respiratório e uma veloci-
consistente) e sinais e sintomas clínicos (que incluem edema, metria no Doppler anormais. O óbito fetal e a morte neonatal
hipertensão, náusea e dor abdominal devido à hemorragia e são comuns nos casos graves.
ruptura hepática). Embora seja consenso que a hemólise, a An omalias Associad as. Uma condição muito importan-
disfunção hepática e a trombocitopenia devem estar presentes te e perigosa que pode estar associada à síndrome HELLP é
para se fazer um diagnóstico da síndrome HELLP, existe uma a coagulação intravascular disseminada.
SíNDROMES FETAIS 141

Diagnóstico Dife re n cial. Transtornos que podem resul- J Obstet GynecoI142:1 59, 1982.
tar em disfunção hepática ou anemia, tais como pürpura Sibai BM, Taslirm MM , EI- azer A. et aI: Maternal perinatal otltcome
trombocitopênica, pürpura trombocitopênica trombótica, sín- associated with the syndrome of hemolysis , elevated liver enzymes,
drome hemolítica urêmica, doença da vesícula biliar, hepatite and low platelets in severe preeclampsia-eclampsia. Am J Obstet
Gynecol 155:501, 1986.
viral e esteatose hepática aguda da gravidez. Goodlin RC: Beware the great imitator-severe preeclampsia. Contemp
Prognós tico . O prognóstico é variável, de acordo com Obstet Gynecol 20:215, 1984.
a gravidade tanto do estado materno quanto do estado fetal. Fairlie FM, Sibai BM: Hypenensive diseases in pregnancy. In Reece
As ta,'(as de morbidade e mortalidade maternas são propor- EA, Hobbins JC, Mahoney MJ, Petrie RH (eds): Medicine of the
cionais à gravidade da doença sistêmica, enquanto as taxas Fetlts & Nlorher. Philadelphia, J.B. Lippincott Company, 1992,
de morbidade e mortalidade fetais são dependentes da idade pp 925-942.
Van Dam PA. Remer M, Baekelandt M, et aI: Disseminated intravasculal'
gestacional na maioria dos casos. coagulation and the syndrome of hemolysis, elevated liver enzymes,
Conduta. Pacientes com HELLP devem ser cons ideradas and low platelets in severe preeclampsia. Obstet Gynecol 73 :97,
como portadoras de pré-eclâmpsia grave. É recomendado 1989.
encaminhá-las para um centro terciário bem como o parto de Marchaba P, Moodley J: Conicosteroids for HELLP syndrome in
gestações a termo. O s casos de gravidez distantes do término pregnancy. Cochrane Database Syst Rev (1):CD002076, 2004.
devem ser tratados conservadoramente com monitoração Sibai BM, Ramadan MK, Usta I, et aI: Maternal mOl'bidiry and
mortalit)' in 442 pregnancies with hemolysis, elevated liver enzymes,
intensiva do bem-estar tanto materno quanto fetal. O pano and low platelets (HELLP syndrome). AmJ Obstet GynecoI169 :1000,
deve ser feito assim que a maturidade pulmonar for atingida. 1993.
MartinJNJr, Blake PG, Perr)' KG , et aI : The natural history of HELLP
syndrome: pattcrns of disease progression and regression. AmJ Obstet
Referências G)'necoI164:1500. 199 1.
"Vcinstein L: Syndrome of hemolysis. elevated liver enzymes, and low
platelet count: a severe consequence of hypenension in pregnancy. Am

LINFEDEMA HEREDITÁRIO I Em 1962, foi relatado um caso de ascite quiJosa congê-


Defin ição. O linfedema hereditário é uma doença rara nita em um bebê afetado, CLDo pai tinha edema recorrente
caracterizada por um edema duro das extremidades inferiores do escroto começando aos 20 anos de idade. Em 1964, foi
que pode ser generalizado para toda a perna ou Limitado aos observado derrame pleural. Em 1965, Esterly descreveu uma
pés e aos dedos. Ele foi pl;meiramente descrito por Milroy criança com um tipo congênito, que implica uma anomalia
em 1828. Em geral é considerado um transtorno benigno com intrínseca das vias de condução linfática, ou um tipo secundá-
importância principalmente cosmética. rio, que implica que fatores externos , tais como a radioterapia,
Sinônimos. Linfedema de Nonne-Milroy, linfedema de infecção grave ou excisão cirürgica, tenham danificado as vias
início precoce, linfedema congênito primário. de drenagem linfática. A maioria das formas de unfedema
O Iinfedema congênito verdadeiro, ou linfedema hereditá- primário é considerada causada por uma anomalia congênita
rio tipo I (OMI T 153100), em geral se apresenta ao nascimen- do sistema linfático.
to ou logo após, e pode estar associado a outras malformações Incidê ncia. A ocorrência é estimada com uma incidência
congênüas. de aproximadamente 1 em 6.000 neon atos. A relação homem:
O início dos sintomas clínicos no linfedema hereditário mulher é 1:2 ou 3 .
tipo II (ONU T 153200) geralmente ocorre durante ou próxi- Etiologia. A doença possui uma herança autossômica
mo à puberdade ou à menopausa. dominante com penetrância incompleta (80% a 84%), expres-

A B
FIGURA 5-43. A e B. Ultrassonografias bidimensional e tridimensional de um feto com linfedema primário demonstrando o edema das extre-
midades inferiores e do pé. (Cortesia de Montse Alegre, 2005, thefetus.net.)
142 SíNDROMES FETAIS

FLT4, que codifica o receptor 3 do fator de crescimento endo-


telial vascular.
Diagnóstico Diferencial. As seguintes sÚldromes dis-
mórficas devem ser consideradas:

Síndrome de Turner.
SÚldrome de Noonan.
Síndrome do linfedema-distiquíase (duas fileiras de cílios).
Linfedema e síndrome da ptose.
Lliúedema de Meige (linfedema hereditário tipo lI).
Linfedema do tipo recessivo congênito.

Anomalias Associadas. Existem relatos de associações


de distiquíase, hidrocele, defeitos do septo atrial e alterações
faciais características.
Prognóstico. Edema, particularmente grave abaixo da
cintura, algumas vezes complicado com papilomatose e alte-
rações das unhas. Presente em uma ou em ambas as pernas,
o linfedema persiste por toda a vida, mas não parece afetar
FIGURA 5-44. Fotografia do neonato da Figura 5-43. demonstran- a longevidade. À medida que o paciente amadurece, a pele
do o edema da extremidade inferior. (Cortesia de Montse Alegre, que recobre o local mostra uma coloração levemente rósea,
2005, thefetus.net.) enquanto o tamarmo das partes edematosas permanece pro-
porcional ao restante do corpo. A morbidade é devida a uúec-
ções. Ocorrem poucas complicações significativas associadas
a esse transtorno. Existem casos relatados de linfangiectasia
sividade variável e idade de início variável. Essas característi- intestulal, artrite séptica recorrente, angiossarcoma e lÍlúan-
cas tendem a aparecer ao nascimento ou na lactância. glOssarcoma.
Patogênese. Todas as anomalias encontradas são devidas Conduta. Se outras anomalias fetais forem descartadas e
à disgenesia dos microvasos linfáticos. Essa disgenesia varia o cariótipo fetal for normal, é recomendável um aconselha-
de branda a grave e mesmo a aplasia dos capilares e coletores mento genético com os pais relativamente à etiologia, conduta
linfáticos. Essa condição resulta de drenagem linfática preju- e complicações possíveis. Vários indivíduos usam meias elás-
dicada na presença de fIltração capilar normal. Ela pode ser ticas, que são eficazes na contenção do edema, enquanto os
tanto do tipo primário, que implica uma anomalia intrínseca que são mais gravemente afetados procuram o hospital para
das vias de condução linfáticas, quanto do tipo secundário, a compressão por bombeamento para reduzir o tamarmo do
que implica que fatores externos, tais como radioterapia, membro.
infecção grave ou excisão cirúrgica, tenham danilicado as vias
de drenagem linfática. A maioria das formas de linfedema
primário é considerada causada por uma anomalia congênita
Referências
do sistema linfático. Makhoul IR, Sujov P, Ghanem N, et al : Prenatal diagnosis of Milroys
Diagnóstico. Essa condição é sugerida pelo achado de primary congenitallymphedema. Prenat Diagn 22 :823, 2002.
edema isolado do dorso dos pés no feto, um cariótipo normal Ferrell RE, Levinson KL, Esman JH, et al : Hereditary Iymphedema:
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possui expressividade variável e deve ser suspeitada nos fetos
Sarda P,JalaguierJ, Montoya F, ct al: Hereditary congenitallymphcdema
com edema subcutâneo distal das extremidades, mais frequen- with pseudosexual ambiguity.J Genet Hum 36:353, 1988.
temente dos membros inferiores, mas as mãos podem também Dale RF: Primary Iymphoedema when found with disrichiasis is of the
estar comprometidas. Os achados podem estar presentes em type defmed as bilateral hyperplasia by Iymphography. J Med Genet
uma extremidade ou em todas elas, e não há concordância 24:170, 1987.
na época de aparecimento e no grau de comprometimento de FangJ, Dagenais SL, Erickson RP, et aI: Mutacions in FOXC2 (MFH-l ),
a forkhead fanUly transcripcion facto r, are responsible for the hereditary
cada extremidade. Ocasionalmente, derrame pleural persis-
Iymphedema-distichiasis syndrome. Arn J Hum Genet 67:1382,
tente ou transitório, bem como ascite, pode ser encontrado. O 2000.
restante do exame é normal. O diagnóstico pré-natal foi suge- Herbert FA, Bowen PA: Hereditary late-onset Iymphedema with pleural
rido em fetos a partir de 15 semanas de gestação. Qyilotórax, effusion and laryngeal edema. Arch lntern Med 143:913, 1983.
ascite e derrame pericárdico foram descritos em associação MuckeJ, Hoepffner \Iv, Scheerschmidt G, et al: Early onset Iymphoedema,
do linfedema. recessive form-a new form of genetic Iymphoedema syndrome. EurJ
Pediatr 145:195, 1986.
Características Clínicas. O linfedema está presente
Evans AL, Brice G, Somova V, et al : Mapping of primary congenital
em uma ou ambas as pernas ao nascimento e é indolor, não Iymphedema to the 5q35.3 region. AmJ Hum Genet 64:547, 1999.
depressível, sem tendência a ulceração e sem varicosidades Irrmum A, Karkkainen MJ, Devriendt K, et aI: Congenital hereditary
associadas. Na maioria dos casos, o linfedema persiste por Iymphedema caused by a mutacion tllat inaccivates VEGFR3 tyrosine
toda a vida. kinase. ArnJ Hum Genet 67:295, 2000.
Anomalias Genéticas. A localização exata da alteração Karkkainen MJ, Ferrell RE, Lawrence EC, et al : Missense mutacions
interfere with VEGFR-3 signalJing in primaI]' lymphoedema. Nat
genética que causa o linfedema hereditário não foi descrita.
Genet 25:153, 2000.
Entretanto, recentemente foi demonstrado que o gene está Finegold DN, Kimak MA, Lawrence EC, et al: Truncating mutacions
localizado na região 5q34-q35. Existem também evidências in FOXC2 cause multi pIe Iymphedema syndromes. Hum MoI Genet
de que o transtorno poderia estar associado a mutações em 10:1185,2001.
SíNDROMES FETAIS 143

Holberg CJ, Eriekson RP, Bernas MJ, et al: Segregarion analyses and a "Vheeler ES, Chan V, Wassman R, et ai: Familiallymphedema praecox:
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INFECÇÃO POR HERPES SIMPLES Anomalias Associadas. Hérnias inguinais, aplasia cutânea.
Defini ção. Infecção pré-natal pelo vírus do herpes suu- Diagnóstico Difere ncial. Outras infecções TORCH.
pies do tipo 11, raramente do tipo I. Risco de Recorrência. Desconhecido ; não foram relata-
Sinô nimos. Nenhum. dos casos de irmãos infectados.
Incidê ncia. Desconhecida. Prognóstico. A maioria desses bebês nasce prematura-
Etiologia/Patogênese. Passagem transplacentária ou mente. O s índices de mortalidade e morbidade são elevados,
transcervical do VÚ<'IS. Qyase todas as infecções neonatais embora hoje esteja disponível uma terapia antiviral eficaz.
por vírus do herpes simples são res ultado de um primeiro Conduta. O isolamento do vírus na cultura do líquido
episódio de infecção materna próximo à época do parto, a.mniótico não significa necessariamente infecção do feto. O
quando o nascimento ocorre antes do desenvolvimento de u-atamento com aciclovir e vidarabina pode ser tentado. Estudos
anticorpos maternos protetores. Está claro que a maioria dos com o uso de aciclovir em mulheres gestantes sugerem que o tra-
recém-nascidos adquire o vírus por contato com secreções tamento oral com essa droga, próximo ao término da gestação,
genitais infectadas. Como a maioria dos casos de primeiro reduz a taxa de parto abdominal em mulheres que apresentan1
episódio de herpes genital durante a gestação é assintomática recorrência frequente devido à diminuição da incidência de lesões
ou não reconhecida em 60% a 80% das mulheres, a prevenção ativas no parto. O parto por cesariana é indicado para todas as
da transmissão neonatal depende da identificação do vírus do mulheres com lesões genitais ativas na hora do nascimento.
herpes simples sorologicamente discordante no casal. O her- Prevenção. Os casais devem ser educados acerca da his-
pes simples tipo I transforma a linhagem celular humana H B-l tória natural da infecção por herpes sin1ples genital. A mulher
pela associação ao gene humano da adenilatocinasel (no grávida suscetível deve evitar o contato sexual durante as
cromossomo 9). As mulheres com lesões de infecção genital últimas seis a oito semanas de gestação se os parceiros tiverem
primária por herpes simples (sintomáticas ou assintomáticas) infecção genital ativa.
que dão à luz por parto vaginal possuem um risco elevado
(33% a 50%) de transmitir a infecção a seus bebês. Com a
doença recorrente, o risco de transmissão durante um parto
Referências
vaginal é mais baixo « 2%-5%). Nahmias AJ: Neonatal HSV infeetion Part I: continuing challenges.
Diagn óstico. Restrição do crescimento, microcefalia, Herpes 11:33, 2004.
hidranencefalia, necrose cerebelar, coriorretinite, catarata e Rouse Dj, StringerjS: An appraisal of screening for maternal rype-specific
rnicroftalmia. Também pode estar presente hepatoespleno- herpes simplex virus antibodies to prevent neonatal herpes. Am J
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Anomalias Gen é ticas. Nenhuma. antenatal parients. Rev Med VIroI10:141 , 2000.

HOLOPROSENCEFALIA Sinônimos. Os seguintes são parte do complexo da


Defi nição. A holoprosencefalia é uma entidade hetero- holoprosencefalia: arrinencefalia, cebocefalia, etmocefalia e
gênea de anomalias do sistema nervoso central, causada pela ciclopia.
clivagem prejudicada da linha média do prosencéfalo embrio- Incidência. A incidência é cerca de 6 a 12 :10.000 entre
nário. Na maioria dos casos, está associada a anomalias do bebês nascidos vivos , mas 40:10.000 em embriões. Metade
meio da face. A holoprosencefalia é graduada de acordo com desses está associado à trissomia do 13. A distribuição por
a gravidade da anomalia cerebral em: alo bar, semilobar e sexo mostra uma predominância feminina.
Etiologia. Herança autossômica dominante, autossômica
lobar (Tabela 5-4) . Na forma alobar mais grave, o ventrículo
recessiva e monogênica, bem como infecciosa (citomegaloví-
é contínuo, enquanto na forma lobar, está presente uma tenta-
rus, toxoplasmose), tóxica (hidantoína) e condições maternas
tiva de formar os cornos occipitais e os cornos frontais anor- tal como diabete, gestacional, foram relatadas.
mais. Devido a um mecanismo de indução recíproca entre o Patogênese. Falha da clivagem sagital do telencéfalo que
cérebro e o crânio, as estruturas faciais também são anormais. resulta na presença de um ventrículo único na linha média
A gravidade da malformação facial reflete a gravidade das com graus variáveis de separação. Isso é provavelmente devi-
anomalias intracranianas. do a mutações no gene do morfógeno sonic hedgehog e genes
144 SíNDROMES FETAIS

que codificam sua vla de sinalização intracelular posterior. ou a síndrome. Tanto condições autossômicas dominantes
Existe também alguma evidência de um defeito na biossíntese quanto autossômicas recessivas foram descritas, mas uma
do colesterol. penetrância incompleta ou uma forma incompleta ou micro-
Diagnóstico. O diagnóstico é sugerido por numerosos forma pode tornar a interpretação da ocorrência familiar
achados como ciclopia, cebocefalia, etmocefalia, hipoteloris- difícil. A proporção de casos esporádicos está estimada em
mo, probóscide; fenda labial mediana, cavidade ventricular 68%, com uma taxa de recorrência de 6% para formas não
única, fusão talâmica, ausência de estruturas medianas e cromossômicas esporádicas. Na forma autossômica dominan-
microcefalia. te, a penetrância é estimada em 82% para os tipos principais
Risco de Recorrência. O risco de recorrência depende (alo bar, semilobar, lobar) e 88% quando os tipos principal e
da base da condição efetiva, tal como O defeito cromossômico secundário (atípicos) foram incluídos. Assim, o risco de recor-
rência após um caso isolado é 13% para os tipos principais e
14% quando os tipos secundários são incluídos.
Anomalia Genética. Possivelmente localizada no braço
Indução ventral normal curto do cromossomo 3, no braço longo do cromossomo 7 ou
no braço longo do cromossomo 14.
Clivagem
Anomalias Associadas. Fenda labial mediana, probósci-
de, arrinencefalia, cebocefalia, etmocefalia e ciclopia.
Diagnóstico Diferencial. As aneuploidias associadas
(n-issomia do 13 e do 18) devem ser excluídas por cariotipa-
gemo
Ventrículo
Prognóstico. Depende da forma. As formas graves são
geralmente associadas à morte neonatal. Algumas das formas
mais brandas (incisura frontal t'mica) podem apresentar um
retardamento mental leve a moderado e estão em risco de
disfunção piruitária .

FIGURA 5-45. Desenvolvimento cerebral normal e anormal levando


à holoprosencefalia.

FIGURA 5-47. Imagem de ressonância magnética axial ponderada


em T2 mostrando um feto com holoprosencefalia alobar demonstran-
FIGURA 5-46. Observe a probóscide acima do olho fundido . (Cortesia do um único ventrículo comum (seta). (Cortesia de Heron Werner,
de Lenin Montilla, 2004, thefetus.net.) 2005, thefetus.net.)

1Tabela 5-4 1Classificação da Holoprosencefalia


Achados Alobar Semilobar Lobar
Anomalia craniofacial Grave Variável Leve ou ausente
Venu'ículos Monoventrículo Cornos occipitais rudimentares Cornos frontais com um
horns aspecto retangular
Scpto pelúcido Ausente Ausente Ausente
Foice cerebral Ausente Parcial Bem-desenvolvida
Fissura inter-hemisférica Ausente Parcial Presente; alguma fusão
ântero-inferior
Tálamo, gânglios basais Fundidos Parcialmente separados Separados
SíNDROMES FETAIS 145

Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida Lange Y. Sreck TL: Four cholesterol-sens ing proteins. Curr Opin Struct
para os casos graves (semilobar, alobar). Biol 8:435. 1998.
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SíNDROME DE HOLT-ORAM
Defini ção. A síndrome de Holt-Oram consiste em doen-
ça cardíaca congênita e anomalias dos membros superiores
(focomelia (4,5%), aplasia do ramo radial, polegar com três
falanges , clinodactilia).
Sinô n imos. Síndrome coração-mão. (Essa síndrome pare-
ce geneticamente distinta das sÚ1dromes coração-mão tipos 11
e III).
Incidência. Incomum.
Etiologia. H erança autossômica dominante com 100% de
penetrância e sem evidências de aptidão reduzida. A gravida-
de crescente ocorre em gerações sucessivas, consistente com
a antecipação.
Ri sco de R eco rrê ncia. 50%.
Diagnóstico. As lesões cardíacas incluem defeitos dos
septos atrial (30%-60%) e ventricular, persistência do canal
arterial, defeito do coxim endocárdico, hipoplasia do ventrí-
culo esquerdo e transtornos de condução. Dezessete por cento
possuem anomalia cardíaca complexa. A aplasia do ramo
radial varia de um polegar trifalângico difícil de diagnosticar
até mãos tortas m ais óbvias . A au sência d o polegar pode tam- FIGURA 5-49. Exame do antebraço esquerdo com 24 semanas
bém ser reconhecida . de gestação. A imagem mostra a ulna isolada. (Cortesia de Fabrice
Cullier, 2003, thefetus. net.)

FIGURA 5-48. Síndrome de Holt-Oram . Exame do antebraço direito com 22 semanas de gestação. A imagem mostrou uma ulna isolada com
braço torto. (Cortesia de Fabrice Cullier, 2003, theferus.net.)
146 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5-51. Perfil do feto com 24 semanas de amenorreia . O


antebraço angulado é visto com a deformação do ramo radial do
membro. (Cortesia de Fabrice Cullier, 2003, thefetus.net.)

drome TAR, a anemia de Fanconi, a associação VACTERL e


a atresia do ramo radial-coanal.
Prognóstico. Principalmente relacionado com a gravida-
de da deficiência cardíaca e ortopédica.
Conduta. Geralmente, não é necessária alteração no cui-
dado pré-natal. Grandes progressos ortopédicos na transfor-
mação do dedo indicador em polegar para proporcionar opo-
sição dU1unuíran1 a deficiência de algumas dessas crianças.

Referências
FIGURA 5-50. Perfil do antebraço esquerdo do feto com 24 sema-
nas de amenorreia. O polegar está no mesmo plano dos dedos e apre- Newbllry-Ecob RA, Leanage R, RaebllrnJA, et aI: Holt-Oram syndrorne:
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Anomalia Genética. Foram demonstradas mutações Bonnet D, TerrettJ, PeqllignotViegas E, et ai : Gene loealisation in 12q12
em dois dos genes T-box (TBX5 e TBX3) no cromossomo in Holt-Orarn atrio-digital syndrome. Areh Mal Coeur Vaiss 88:661 ,
1995.
12q24.1, às quais se atribuiu a responsabilidade pelas ano- CampbcU CE, Casey G, Goodrieh K: Gcnomic Sln.letllre of TBX2
malias congênitas associadas à síndrome de Holt-Oram. O indicates conservation wiÚl distantly related T-box genes. Mamm
TBX5 está envolvido apenas no desenvolvimento dos mem- Genome 9:70, 1998.
bros anteriores. SmiÚlj: Braehyury and úle T-box genes. ClIrr Opin Genet Dev 7:474,1997.
Anomalias Associadas. Veja a definição. Poucas ano- Li QY, Newbllry-Eeob RA, Terrett JA , et ai: Holt-Oram syndrorne is
malias inconstantes , tais como anomalias renais, foram rela- eaused by mutations in TBX5, a member of lhe Braehyury (T) gene
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Diagnóstico Diferencial. O diagnóstico diferencial é of Úle Iiterarure and current onhopedie treatment concepts. Z Orthop
geralmente o da aplasia do ramo radial e pode incluir a sín- lhre Grenzgeb 135:368, 1997.

SíNDROME HIDROLETAL Diagnóstico. Os achados de hidrocefalia maciça, ence-


Definição. Essa síndrome é caracterizada por vanos falocele, micrognatia, polidactilia (em particular um hálux
defeitos do desenvolvilnento do feto , tais como polidactilia duplicado), sU1dactilia, malformações cardíacas, pés tortos
(pós-axial nas mãos e pré-axial nos pés), malformações do congêlutos e poli-hidrâI11luo são muito sugestivos do diagnós-
sistema nervoso central, tais como hidrocefalia e estruturas tico. Outros achados u1c1uem fenda labial/palatina, hipoplasia
medianas do cérebro ausentes, n-licrognatia, anomalias dos pulmonar e defeitos do coxim endocárdico. Em famílias nas
membros e várias outras anomalias, principalmente nas estru- quais houve um feto previamente afetado, o diagnóstico
turas medianas. ultrassonográfico pode ser feito na décin1a primeira semana
de gestação.
Sinônimo. Síndrome de Salonen-Herva-Norio.
Anomalias Ge né ticas. É causada por uma mutação de
Incidência. Aproximadamente 1 em 20.000. Os pais
sentido trocado em um novo gene HYLS1.
frequentemente possuem alguma ancestralidade em uma
Diagnóstico Diferencial. Outras síndromes de malfor-
região oriental da Finlândia, onde a síndrome foi descrita pela mação na linha média incluindo Pallister-Hall, Sn-lith-Lemli-
pruneira vez em 1981. Fora desse subgrupo, a incidência é Opitz, pseudotrisson-lia do 13, síndrome oro-facial-digital ,
muito rara. algumas displasias esqueléticas, tais como as síndromes de
Etiologia. Síndrome de malformação letal autossônuca costelas curtas, a polidactilia e a displasia can1pomélica, são
recessiva. difíceis de distu1guir da síndrome hidroletal. Outros u1Cluem
SíNDROMES FETAIS 147

síndrome de Meckel, caracterizada por polidactilia, anomalias Chan BC, Shek nv, Lee CP: First-trimester diagnosis of hydrolethalus
do sistema nervoso central (cefalocele em vez de hidrocefalia) syndrome in a Chinese family. Prenat Diagn 24:587, 2004.
e cistos renais; sÚ1drome acrocalosal, que mostra retarda- Shotelersuk V, Punyavoravud V, Phudhichareonrat S, et ai: An Asian giri
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mento mental grave, agenesia ou hipoplasia do corpo caloso, 10:5 1, 2001.
polidactilia dos dedos das mãos e dos pés , e anencefalia, ao Christensen B, Blaas HG. Isaksen CV, et aI: Sibs with a.l1encephaly,
lado de outros defeitos da linha média . anophthalmia, defts , omphalocele, a.l1d polydactyly : hydrolethalus 01'
Progn óstico. Exceto por uma sobrevida anedótica de acrocallosal syndrome? AmJ Med Genet 91:231 , 2000.
mais do que poucos meses, a morte neonatal é a regra . Visapaa I, Salonen R, Varilo T, et ai: Assignment of the locus for
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida hydrolethalus syndrome to a highly restricted region on llq23-25. Am
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antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é altera- De Ravel 1], van der Griendl MC, Evan P, et aI: Hydrolethalus
do quando a continuação da gestação é escolhida. syndrome in a non-Finnish family: confirmation of the entity a.l1d eariy
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SíNDROME DO CORAÇÃO ESQUERDO Diagnóstico. Os achados típicos encontrados no corte


HIPOPLÁSICO de quatro câmaras incluem um ventrículo esquerdo pequeno,
de paredes espessas e hiperecoico, com pouca contratilidade.
Definição. A síndrome do coração esquerdo hipoplásico
Atresia da valva aórtica, grau variável de hipoplasia da aorta
é uma anomalia cardíaca congênita caracterizada pela associa- ascendente e movinJento fraco da valva mitral tan1bém são
ção de um venu-ículo esquerdo pequeno a uma au-esia aórtica esperados. A presença de um feixe ecogênico onde devia estar
e uma hipoplasia ou atresia mitral. a valva atrioventlicular é um achado típico das atresias mitral
Sinô nimo. Atresia aórtica. ou u·icúspide. Nos corações esquerdos hipoplásicos, a aorta é
Incidência. A síndrome do coração esquerdo hipoplásico pequena ou não visível, enquanto no coração direito hipoplá-
compreende 10% a 15% das doenças cardíacas congênitas sico a artéria pulmonar é hipoplásica ou ausente. A identifica-
detectadas antes do nascimento, e afeta 1,6 por 10.000 nas- ção de uma pequena quantidade de fluxo (geralmente possível
cidos vivos . apenas com o Doppler colorido) é in1portante. Se o fluxo for
Etiologia. A etiologia da sÚ1drome do coração esquerdo retrógrado, o septo geralmente está intacto e o prognóstico
hipoplásico não é precisamente conhecida. Foram sugeridas é reservado. A presença de um fluxo anterógrado sinaliza a
herança autossômica recessiva, autossômica dominante e existência de um defeito septal ventricular.
poligênica. A forma mais provável de transmissão é a multi- Patogênese. Desconhecida.
fatorial. Anomalia Genética. Foi sugerido lm1 defeito em llq23 .3.
Risco d e Recorrência. O risco de recorrência depende Anomalias Associadas. Com exceção das anomalias car-
da etiologia e varia de 0,5% a 25%, sendo citado em torno de díacas (mencionadas), os defeitos e.,xtracardíacos são vistos
2% na maioria dos casos. De acordo com orwood, o risco de frequentemente associados ao coração esquerdo hipoplásico e os
recorrência é de 4% para as famílias com uma criança afetada mais comuns são cordão com dois vasos, anomalias craniofaciais,
e 25% para aquelas com duas ou mais crianças afetadas. gasn-ointestinais, geniturinárias e do sistema ne.rvoso cenn-al.

FIGURA 5-52. Coração esquerdo hipoplásico. Corte de quatro


câmaras. O ventrículo esquerdo é posterior e está à di reita da ima- FIGURA 5-53. No corte de "três vasos ", a "configuração em linha
gem. Observe o quanto menor ele é em relação ao ventrículo direito. pontilhada" da artéria pulmonar, da aorta ascendente e da veia cava
Há também um pequeno derrame pericárdico no sulco atrioventricu- superior é incompleta. A aorta ascendente hipoplásica está ausente
lar no lado direito do coração. entre a artéria pulmonar e a veia cava superior.
148 SíNDROMES FETAIS

Diagnóstico Difere ncial. Ventrículos UI1lCOS, venu-í- Conduta. Q \ando o diagl1ósúco é feito antes da viabili-
culos direitos hipoplásicos e as formas graves de defeito do dade a opção de interrupção da gestação pode ser oferecida.
coxim endocárdico podem parecer semelhantes no corte de Após a viabilidade, o parto em um centro terciário deve ser
quatro câmaras. Uma observação cuidadosa da posição dos recomendado, onde uma equipe cardiovascular esteja prepa-
átrios , das valvas atrioventriculares e dos grandes vasos quase rada para proporcionar cuidados cirúrgicos ao bebê.
sempre permite o diagnóstico correto.
Prognóstico. A síndrome do coração esquerdo hipoplá-
sico é responsável por 25% das mortes cardíacas na primeira Referências
semana de vida. Qlase todos os bebês afetados morrem no Alsoufi B. Bennetts J. Verma 5, Cald arone CA: New developments
período de seis semanas se não forem tratados. Vários proce- in the lreatment of hypoplastic left hean syndrome. Pediatrics 119: 109.
dimentos paliativos, incluindo septectomia, bandeamento da 2007.
artéria pulmonar e criação de um shunt aorto-pulmonar, têm R}'chik J: Hypoplastic lefl hean syndrome: [rom in-lIlero diagnos is 10
school age. 5emin Fetal Neonatal Mecl 10:553.2005.
sido utilizados. Pacientes que são submetidos a esses procedi-
Tongsong T. 5ittill'angkul R. Khunamornpong 5. \'Vanapirak C: Prenatal
mentos ou morreram algum tempo após a cilUrgia ou foram sonographic fealures of isolated hypoplaslic le[t hean syndrome. J Clin
seg'uidos por um período de tempo muito limitado. Desse Ulrrasound 33 :367. 2005.
modo, a reconstrução de Norwood e o transplante cardíaco
são as técnicas mais bem-sucedidas, mas o índice de sucesso
ainda é muito limitado.

Incidê ncia. Estima-se que ocorra em aproximadamente


SíNDROME DE KLIPPEL-FEIL 1:40.000 a 42.000 nascimentos, o que pode estar subestimado
Definição. A síndrome de Klippel-Feil foi descrita primei- devido a algumas formas brandas, provavelmente não repor-
ramente por Klippel e Feil em 1975. É uma anomalia congê- tadas. Uma ligeira predominância feminina de quase 3:2 foi
nita caracterizada por uma tríade clássica que inclui pescoço relatada.
curto, linha de implantação posterior do cabelo bai.,,,a e ampli- Etiopatologia. Anomalias de segmentação dos somitos
tude de movimentos limitada devido à fusão das vértebras da quarta à oitava semana.
cervicais. Atualmente sabe-se que menos de 50% dos pacien- Diagnóstico. O pescoço curto pode estar associado a
tes com defeitos congênitos da coluna cervical possuem todos opistótono (retroflexão da cabeça) e a desorganização das
os três sinais dessa tríade clássica. Pacientes com síndrome de vértebras cervicais é potencialmente reconhecível. Algumas
Klippel-Feil foram classificados em um dos três tipos: vezes está associada a malformações oculares, fenda labial e
palatil1a e oligodonúa ocasional tanto na dentição primária
quanto na permanente, assimetria craniofacial, constrição
Tipo L Compreende a fusão em bloco ósseo de muitas
vértebras cervicais e torácicas superiores. maxilar e insuficiência velofaringeana, artéria trigeminal per-
sistente, defeitos cardíacos e renais congênitos (agenesia renal)
Tipo 11. Apresenta fusão em apenas uma ou duas
e anomalias genitais . Foi relatado um caso interessante de uma
vértebras , e pode estar associado a hemivértebras e fusão
massa intramedular que foi atribuída a essa síndrome, talvez
da articulação atlanto-occipital. devido ao mau desenvolvimento da coluna cervical.
Tipo III. Apresenta ambas as fusões , cervical e torácica Anomalias Gené ticas. Herança dominante com pene-
inferior ou lombar.
trância reduzida e expressão variável de um gene defeituoso
no braço longo do cromossomo 8 no lócus 22.2. O possível
Sinônimo. Síndrome de segmentação 1. papel do PAX1 na patogênese da SKF é objeto de estudos.

FIGURA 5-55. Exame de tomografia computadorizada, com recons-


FIGURA 5-54. Ultrassonografia do segundo trimestre de um feto trução de uma criança de dois anos de idade com a síndrome de
com síndrome de Klippel-Feil. A retroflexão persistente da cabeça no Klippel-Feil. Observe as costelas fundidas. (Cortesia de lan Suchet,
pescoço deve levantar a suspeita. 2002, thefetus. net.)
SíNDROMES FETAIS 149

bífida cervical); a displasia dissegmentar se apresenta com


achados vertebrais semelhantes, mas, além disso, membros
curtos e cefalocele. Não está claro se a síndrome de Klippel-
Feil é uma entidade separada, ou se ela é um ponto em um
espectro de defornudades espililiais congêlutas. Apenas pela
identificação da ligação entre a etiologia genética e a anatomia
patológica fenotípica da síndrome, estaremos aptos a raciona-
lizar sua heterogeneidade.
Prognóstico. As complicações resultam da fusão verte-
bral e incluem síndrome da compressão do cordão, instabili-
dade cervical e mobilidade prejudicada.
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir-
mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
aconselhamento genético.

Referências
Barbosa V. Maganzini AL. Nieberg LG: Dento-skeletal implications
of Klippel-Feil syndrome (a case repore]. N Y Slate Dent J 71 :48,
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syndrome and Poland anomaly. Genet Couns 15:469, 2004.
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mass dorsal to the Khppel-Feil eleformity: error in development or
response to an abnormal motion segment? Spinal Cord 42:720,
2004.
Tracy MR , Donnans JP. Kusumi K: Klippel-Fe il syndrome: clinicai
features anel current unelerslaneling of eriology. Clin Onhop ReJat Res
424:183 .2004.
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FIGURA 5-56. Uma criança com síndrome de Klippel-Feil. Observe a persistem lrigeminal anery. Spine 29 :EI93, 2004_
posição em opistótono, orelhas de implantação baixa e micrognatia. McGauglU<lIl JM , O ales A. Donnai D. et ai: Mutalions in PAXl may
be associa led wilh Klippel-Feil syndrome. EUI'J Hum Genel 11 :468,
2003 .
Klippel M. Feil A: The c1assic: A case of absence of cervical venebrae
with lhe lhoracic cage rising to lhe base of the craniul1l (cervical
Foi demonstrado que um camundongo mutante para PAX1 é thoracic cage). Clin Orthop 109 :3, 1975 .
caracterizado por defeitos de segmentação vertebral, reminis- Tracy MR , Kusumi K: Klippel-Feil syndrome: Clinical features and
current unelerslanding of etiology. Pediarrics 424 : 183. 2004.
cente do transtorno humano da sÍndrome de Klippel-Feil.
Diagnóstico Diferencial. A iluencefalia se apresenta
com opistótono semelhante, mas parece mais grave (espinha

SíNDROME DE KLlPPEL-TRENAUNAV- celulares homozigóticas ou heterozigóticas para a mutação.


Isso explica a disu-ibuição irregular do defeito.
WEBER Patogê nese. O mecanismo exato que causa a síndrome
Definição. Em 1900, KJippel e Trenaunay descreveram de Klippel-Trenaunay-Weber não é cOliliecido. Um defeito
originalmente a entidade do crescimento exacerbado dos
membros, múltiplos angiomas cutâneos e veias varicosas,
que foi confirmado por Parkes-vVeber em 1918 e estendido
pelo achado pouco frequente de fístulas arteriovenosas . Essa
síndrome é uma rara anomalia dos tecidos moles congênita,
com ocorrência esporádica, caracterizada por uma tríade de
múltiplos hemangiomas, fístulas arteriovenosas e hipertrofia
unilateral do membro, devido a um crescimento ósseo e do
tecido mole exacerbado.
Sinô nimos. Síndrome de Klippel-Trenaunay, síndrome da
angio-osteo-hipenrofia, síndrome de Parkes-vVeber.
Inc idência. Rara.
Etiologia. Happle sugeriu uma herança predominante
que explica mais satisfatoriamente os achados . Os indivíduos
heterozigotos para um defeito monogêluco são fenotipicamen-
FIGURA5-57. Síndromede Klippel- T renaunay-Weber. Ultrassonografia
te normais. O traço é expresso apenas quando ocorre uma de uma perna de um feto com 20 semanas de gestação apresentando
mutação somática no alelo normal e em um estágio inicial da edema acentuado. (Cortesia de Carlos A/berto Mejia Escobar, 2000,
embriogênese. O embrião então é um mosaico de linhagens thefetus.net.)
150 SíNDROMES FETAIS

mesodérmico que afeta a angiogênese e está associado à Prognóstico. Q.lando detectado no período pré-natal, o
persistência da rede vascular embrionária pode explicar as transtorno é geralmente mills grave, e o prognóstico reservado
anomalias vasculares. Outros autores sugeriram que uma quando associado à insuficiência cardíaca.
perturbação na regulação dos fatores de crescimento teciduills Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
é o mecan.ismo subjacente. nas formas graves; no mills, nenhuma alteração de conduta
Risco de Recorrência. Provavelmente nenhum, embora é esperada. D ada a raridade da doença, não há informação
alguns casos tenham levantado a possibilidade de domillância suficiente disponível para a consulta de pacientes em relação
autossômica. à evolução obstétrica.
Diagnóstico. Pode incluir hidropisia fetal (por insuficiência
carcliaca de alto débito) com edema dos membros e hipertrofia
(medida da cintura millor do que o comprimento), ascite, mas- Referências
sas hemangiomatosas abdomillills anormills e hepatomegalia. Yang JI, Kim HS , Ryu HS : PrenataI sonographic diagnos is of
Recentemente foi feito um diagnós tico tridimensional. Klippel-Trenaunay-Weber syndrome : a case repor\. J Reprod Med
Anomalia Genética. Esta pode ser devido a um defeito 50 :291 , 2005.
monogênico no cromossomo 5q ou no IIp. Rebarber A, Roman AS, Roshan D , et ai: Obstetric management of
Anomalias Associadas. A síndrome de Kasabach-Mer- Klippel-Trenaunay syndrome. Obstet Gynecol104 :1205, 2004.
ritt de trombocitopenia devido a consumo de plaquetas no Sahinoglu Z , Uludogan M, Delikara NM : Prenatal sonographic diagnosis
of Klippel-Trenaunay-Weber syndrome associated with umbilical cord
hemangioma e insuficiência cardíaca de alto débito podem hemangioma. AmJ Perinatol 20:1 , 2003.
complicar a evolução. Também é relatada uma associação de H eydanus R, \VladimiroffJW, Brandenburg H , et ai: Prenatal diagnosis
um hemangioma do cordão umbilical. of Klippel-Trenaunay-vVeber syndrome : a case report. Ultrasollnd
Diagnóstico Diferencial. Linfangioma, síndrome de Obstet Gynecol 5 :360, 1992.
Proteus e massa torácica fetal (mesmo se o estudo de fluxo da Happle R: Mosaicism in human skin. Understanding the patterns and
massa por Doppler colorido for negativo). mechanisms. Arch Dermatol 129: 1460, 1993.

SíNDROME DE LARSEN
Definição. Essa síndrome consiste em displasia esqueléti-
ca com múltiplas luxações articulares e estatura billxa e carac-
terísticas faciills anormais. Existem duas formas da síndrome :
uma forma letal e uma não letal. A forma letal é fatal devido
à hipoplasia pulmonar.
Sinônimo. Nenhum.
Incidência. É uma anomalia rara com uma incidência
estimada de 1/100.000 nascimentos.
Etiologia. Foi relatado tanto o padrão de herança autos-
sômico domillante quanto o autossômico recessivo.
Patogênese. Transtorno mesenquimal generalizado
envolvendo tecidos conjuntivos devido a uma diminuição da
relação cadeiaallcadeiaa2 do colágeno tipo r.
Diagnóstico. O diagnóstico pré-natal da síndrome de
Larsen é difícil e uma revisão da literatura revelou apenas
cinco casos anteriores. A articulação anormal com luxação
(luxação do quadril, hiperextensão do joelho, mãos tortas
por ossos acessórios carpills, pés tortos congênitos) pode estar FIGURA 5-58. Hiperextensão do joelho em um feto com síndrome
associada a encurtamento rizomélico das extremidades supe- de Larsen . (Cortesia do Dr. Peter Twining, Nottingham, UK. )
riores e com fíbula hipoplásica. Uma fenda coronal no corpo
vertebral pode também ser reconhecida. No nível da face ,
uma ponte nasal billxa, bossa frontal , micrognatia e hiper-
telorismo podem ser observados . Os defeitos neurológicos
associados à síndrome de Larsen incluem agenesia do corpo geralmente a quarta ou a quinta vértebra cervical) podem ser
caloso, hidrocefalia e defeitos auditivos. u-atadas para melhorar o prognóstico, mas provavelmente
Anomalias Associadas. Algumas anomalias associadas apenas na forma não letal.
foram também relatadas incluindo fenda palatina, instabi- Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
lidade da coluna cervical, defeitos cardíacos e hipoplasia antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
pulmonar. rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir-
Anomalias Genéticas. O lócus gênico é o 3p21.1-p14.1. mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
Diagnóstico Diferencial. Ela tem que ser diferenciada aconselhamento genético.
da hiperextensão do j oelho congênita, artrogripose múltipla
congênita, fenótipo de Pena-Shokeir e síndrome cérebro- Referências
ócu lo-fácio-esquelética. Na ausência de histórico familiar,
esses pacientes geralmente são identificados como portadores Shih JC, Peng SS, Hsiao SM, et ai: Three-dimensional llJtrasollnd
de artrogripose. diagnosis of Larsen syndrome with further characterization of
neurologicaI sequelae. Ullrasound Obstet Gynecol 24:89, 2004.
Prognóstico. Qyando reconhecida, a traqueomalácia, a Gorincour G , Chotel F, Rlldigoz RC, et al: Prenatal diagnosis of
insuficiência pulmonar e a instabilidade vertebral (cifose cervical congenital genu recurvatum following amniocentesis complicated by
por hipoplasia marcante de um ou dois corpos vertebrills - leakage. Ulrrasound Obstet Gynecol 22:643, 2003.
SíNDROMES FETAIS 151

SíNDROME DO PTERíGIO MÚLTIPLO


LETAL
Definição. Hidropisia precoce e maciça com higroma
cístico e contrações articulares. O pterígio é usado para des-
crever a membrana de pele que recobre as articulações. O
termo significa "em forma de casa". Os pterígios dos membros
ao nascimento indicam um processo de desenvolvinlento
anormal provavelmente ocorrendo no primeiro trimestre e
envolvendo mobilidade reduzida do membro recoberto pela
membrana. A gravidade da membrana parece se correlacio-
nar diretamente com o grau de hipomobilidade da articulação
afetada e com a época do desenvolvimento na qual a redução
do movimento começou . Essa síndrome consiste em um con-
junto de várias anomalias associadas à sequência de acinesia
fetal e ftxação e hipomobilidade das articulações.
Incidência. Desconhecida, mas não é rara no primeim
trimestre.
Sinônimos. Síndrome de contraturas letais.
Etiologia. Síndrome autossôrrlica recessiva com alguns
casos sugerindo uma transmissão ligada ao X ou uma doença
de annazenanlento do glicogênio tipo IV
Patogênese. Os dados sugerem que a síndrome combina
as manifestações de uma sequência de obstrução linfática
jugular com as manifestações de uma sequência de acinesia FIGURA 5-59. Síndrome do pterígio múltiplo letal. Fotografia do feto
mostrando evidências de articulações cont raídas e higroma cístico.
fetal grave precoce com dois mecanismos possíveis: uma cons-
tituição de colágeno anormalmente frágil ou uma "distrofia"
muscular fetal precoce.
Diagnóstico. o primeiro nimestre, o aparecimento de Anomalias Associadas. Algumas anomalias vertebrais e
uma translucência nucal espessada se estendendo ao redor de outras ósseas podem estar presentes.
todo o corpo e, em menor grau, dos membros é característi- Prognóstico. Letal.
ca. Esses fetos têm hidropisia e flutuam no líquido amniótico Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
quando agitados . Algumas vezes , o diagnóstico não é feito antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
até o período fmal da gravidez, quando a hipocinesia, as con- rado quando se opta pela continuação da gestação. A confir-
trações articulares e os múltiplos pterígios são mais visíveis. mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
Outros achados possíveis são: poli-hidrâmnio, anomalias aconselhamento genético.
craniofaciais/oculares, antebraços curtos no feto , hipopla ia
pulmonar, hérnia diafragmática, escoliose e fraturas.
Referências
Anomalias Genéticas. Desconhecidas. Cox PM, Brueton LA, Bjelogrlic P, et aI: Diversity of neuromuscular
Diagnóstico Diferencial. Algumas das aneuploidias pathology in lethal multiple pterygium syndrome. Pediatr Dev Pathol
graves também podem se apresentar com hidropisia. A 6:59, 2003. Epub Nov 7, 2002.
artrogripose (sequência de acinesia fetal), a síndrome cérebro- Sergi C , Poeschl J, Graf M, et aI : Restrictive dermopathy: case report,
subject review with Kaplan-Meier analysis, and difTerential diagnosis
óculo-facio-esquelética e a síndrome de Pena-Shokeir também
of the lethal congenital contractural syndromes. Am J Perinatol 18:39,
mostram contrações articulares, e portanto devem ser consi- 200l.
deradas no diagnóstico diferencial. Mas o achado ultrassono- EntezanU M, Runkel S, Kunze J , et al: Prenatal diagnosis of a lethal
gráfico mais óbvio na sindrome do pterígio múltiplo letal não multiple pterygium syndrome type 11. Case reporto Fetal Diagn Ther
são as contrações, mas a hidropisia. Pterígios limitados das 13 :35, 1998.
regiões poplíteas também podem ser vistos em fetos com sín- Landau D, Mishori-Dery A, Hershkovitz R, et al: A new alltosomal
recessive congenital contractural syndrome in an Israeli Bedollin
drome da regressão caudal . A síndrome de Noonan tanlbém
kindred. AmJ Med Genet A 117:37, 2003.
se apresenta com higroma cístico.

LISENCEFALlA TIPO I. Caracterizada por agiria com ou sem


LISENCEFALIA paquigiria, um amplo manto cortical e hidrocefalia mínima ou
Definição. A llsencefalia é um transtorno do desen- ausente. Tanto as regiões de agiria quanto as regiões de paquigilia
volvimento cerebral com agilia do cérebro, que pode estar apresentam um córtex de quatro camadas: (1) camada molecuhu;
acompanhada por paquigiria, hidrocefalia mínima ou ausente, (2) camada celular externa (córtex verdadeiro), (3) uma camada
um amplo manto cortical e traços dismórficos característicos. celular esparsa e (4) uma camada celular profirnda composta
Miller em 1963 e Dieker em 1969 fIZeram as primeiras des- por neurônios heterotópicos migrados de forma incompleta.
crições. A lisencefalia é um transtorno do desenvolvimento
cerebral com giros cerebrais diminuídos ou ausentes, que Síndrome de Miller-Dieker.
são causados por um transtorno da migração neuronal no Síndrome de orman-Roberts.
neocórtex. Existem dois tipos distintos principais (tipo I e Lisencefalia isolada.
tipo 11), ambos com subcondições. A llsencefalia é classificada
em dois grupos principais com subgrupos e um terceiro tipo LI SENCEFALIA TIPO 11. O córtex espessado está desor-
diferente: ganizado, sem a formação de camadas. Os feixes vasculares
152 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5-60. Fissura/ínsula silvia na anormal com 26 semanas . A. imagem ultrassonográfica axial com 26 semanas em um feto com lisence-
falia associada a síndrome de Miller-Dieker mostra uma fissura /ínsula silviana achatada, rasa, com ausência de angularidade nas margens insula-
res. A imagem no quadro menor mostra a aparência esperada da fissura /ínsula silvia na em um feto normal de 26 semanas. O não dobramento
do opérculo deve ser visto com ângulos agudos (setas pretas no inserto) nas margens da ínsula (cabeça de seta branca) em 24,5 semanas de
gestação . Imagens de ressonância magnética axial (8) e coronal ponderada em T2 (C) na 28" semana no mesmo feto com síndrome de Miller-
Dieker mostrando uma fissura silviana rasa (seta). O cérebro apresenta uma aparência de ampulheta ou figura de 8 na imagem axial. Observe
também a agiria, o grande espaço subaracnoide e os cornos occipitais levemente dilatados. (Reproduzido com permissão de Fong KW, Ghai
S, Toi A, et aI: Prenatal ultrasound findings of lissencephaly associated with Miller-Dieker syndrome and comparison with pre- and postnatal
magnetic resonance imaging. Ultrasound Obstet Gynecol 24: 716, 2004.)

e de tecido fibroglial estão presentes no córtex e no espaço for herdada de um dos pais (que possui uma translocação
suba.racnoide. A lisencefaJia do tipo II é caracterizada tipica- balanceada), o risco de recorrência pode ser da ordem de
mente por hidrocefalia e defeitos adicionais sérios do sistema 25%. Crianças afetadas não atingem a idade reprodutiva .
nervoso central. Diagnóstico. O diagnóstico ultrassonográfico em geral
não é conseguido antes do final do segundo trimestre, quando
Síndrome HARD+/-E. as anomalias cerebrais características podem ser observadas.
Síndrome COM. A microcefalia progressiva e a falha do desenvolvimento tanto
Outros subtipos. dos sulcos quanto dos giros (que nas condições normais estão
bem-defmidas entre as semanas 26 e 28) sugerem lisencefalia.
SÍNDROME DE NEU -LAXOVA. Transtorno hereditário A ocorrência de poli-hidrâmnio associado à restrição do cres-
autossômico recessivo letal que consiste em restrição do cres- cimento intrauterino é um achado esperado para o terceiro
cimento, microcefalia, lisencefalia, agenesia do corpo caloso, trimestre. Se a condição for gTave, o poli-hidrâmnio pode
calcificações intracranianas, hipoplasia cerebelar, dismorfismo complicar o diagnóstico. O dismorfismo facial é caracterizado
facial, microftalmia, exoftalmia, cataratas, pálpebras ausentes, por testa proeminente, nariz pequeno, ponte nasal larga e
hidropisia, ictiose, contraturas das extremidades e sindactilia. achatada, lábio superior protuberante.
Em 1987, um diagnóstico pré-natal por ultrassonografia foi Anomalias Genéticas. Deleção do lócus 17pI3.3.
publicado, mas a avaliação ultrassonogTáfica das característi- Patogênese. Migração neuronal defeituosa com quatro
cas do sistema nervoso central não foi mencionada. camadas no córtex em vez de seis camadas.
Sinô nimos. Lisencefalia tipo I, síndrome de Miller- Anomalias Associadas. Atresia duodenal , anomalias do
Dieker, síndrome do cromossomo 17p13 , deleção cromossô- trato urinário, defeitos cardíacos congênitos, criptorquidia,
mica de 17p13. hérnia inguinal, c1inodactilia, polidactilia e anomalias da ore-
P revalê n cia. Desconhecida, mas rara; a relação homem- lha podem ser encontradas.
mulher é 1 :2,25. Diagnóstico Diferencial. Sequência de lisencefalia iso-
Etiologia. Monossom.ia cio segmento terminal do braço lada, síndrome de Norman-Roberts, síndromes de lisencefalia
curto do cromossomo 17, especialmente da banda 17p13 . Pode tipo lI, tais como a sÚldrome H ARD+/-E (VVaJker-Warburg),
ser distinta. síndrome C O M e síndrome Neu-Laxova como um terceiro
Risco d e R ecorrên cia. Se ocorrer deleção de novo ou tipo de lisencefalia. Todas as síndromes que podem desenvol-
translocação, o risco de recorrência é baixo. Se a translocação ver microcefalia devem ser suspeitadas.
SíNDROMES FETAIS 153

Prognóstico. Geralmente um retardamento mental grave co recessivo. Nenhum tratamento causal está disponível no
afeta esses pacientes. Também são esperados retardo no cres- momento. Geralmente o diagnóstico ultrassonográfico é feito
cimento e desenvolvimento, espasmos na infância e convul- no terceiro trimestre e a interrupção da gestação não é uma
sões. O prog11ÓStiCO é reservado, e a morte ocorre geralmente opção. O cuidado pré-natal padrão não é alterado.
nos dois primeiros anos de vida.
Conduta . A cariOtipagem é recomendada para detectar Referência
o defeito cromossômico. A distinção da lisencefalia tipo II é
importante para fins de aconselhamento genético, consideran- Ghai S. Fong KW. Toi A. et a1: Prenatal US and MR imaging
do que o tipo II possui um padrão de transmissão autossômi- lindings of lissencepha1y: review of fetal cerebral sulca] development.
Radiographics 26 :389. 2006.

SíNDROME DE MECKEL
Definição. A síndrome de Meckel é uma síndrome rara
e letal, caracterizada por cefalocele occipital, polidactilia
pós-a.;,ual e rins císticos displásicos . Ela pode ser associada a

FIGURA 5- 63. Polidactilia. (Corresia de Marcos V. Sanchez, 2005,


rheferus.net. )

FIGURA 5--61 . Encefalocele occipital. (Cortesia de Marcos V. Sanchez,


2005, rheferus.ner .)

FIGURA 5-64. Fotografia de outro feto com sínd rome de Meckel.


FIGURA 5--62. Síndrome de Meckel. Rins displásicos císticos. (Cortesia Observe a pequena cefalocele posterior, a grande distensão abdomi-
de Marcos V. Sanchez, 2005, rheferus.ner.) nal devido aos rins cístic os bilaterais e a polidactilia pós-axial.
154 SíNDROMES FETAIS

muitas outras condições, e a fibrose hepática é uma das asso- Meckel, e um acompanhamento com 20 semanas de gestação
ciações mais comuns. é recomendado.
Sinônimos. Disencefalia esplancnocística, síndrome de A cefalocele occipital está presente em 60%-80%. Os níveis
Meckel (usado na literatura em língua inglesa) - esta é a de feto proteína no soro materno ou no líquido anmiótico
denominação preferida e é usada tanto na pesquisa de termos podem estar normais, já que uma membrana pode cobrir a
médicos do Medline quanto na lhe Birth Difécts Encyclopedia; cefalocele. Polidactilia pós-axial está presente em 55% a 75%
síndrome de Gruber (usado na literatura europeia), síndrome dos fetos . Outras anomalias dos membros, tais como arquea-
de Meckel-Gruber. mento e encurtamento, podem também estar presentes.
Incidência. Não é conhecida precisamente, mas os O achado de pelo menos duas das três características da
autores concordam que é uma condição muito rara. De tríade clássica, na presença de caliótipo normal, fecha o diag-
acordo com Bergsma, a incidência da síndrome de Meckel nóstico. Há também uma forma "variante" dessa síndrome
é 0,2:10.000 nascidos vivos. Salonen estabeleceu que a inci- que une a malformação da fossa posterior e os rins multicísti·
dência da síndrome de Meckel ao nascimento varia de 0,07 cos com a fibrose hepática.
a 0,7:10.000 nascidos. Na Finlândia, o transtorno é anormal- Diagnóstico Difere ncial. O diagnóstico diferencial
mente frequente e atinge 1,1:10.000 nascimentos. Também dependerá do tipo de anomalias associadas. Devido às
se estima que essa síndrome corresponda a 5% de todos os várias semelhanças ultrassonográficas entre essas condições,
defeitos do tubo neural. a trissomia do 13 deve ser excluída por cariotipagem. Outro
Etiologia. Herança autossômica recessiva. diagnóstico diferencial possível é a doença do rim policístico,
Risco de Recorrência. Um risco de recorrência de 25% autossômica dominante.
está envolvido. Anomalias Associadas. O conjunto de possíveis ano-
Anomalias Genéticas. O lócus da síndrome de Meckel malias associadas a essa síndrome é extenso. Em algumas
está no cromossomo 17, braço longo, região 2, bandas 1-4. A situações, tal variação fenotípica tão ampla torna o reconheci·
variabilidade fenotípica e os casos que não tiveram a ligação mento da doença mais difícil.
ao 17q confirmada sugerem que há algum grau de heteroge- Prognóstico. A síndrome de Meckel é um transtorno
neidade de lócus. letal. A maioria dos bebês é natimorto ou morre horas ou dias
Diagnóstico. Em 1981 , Fraser e Lytwyin sugeriram que após o nascimento . Alguns , às vezes, sobrevivem por poucos
os rins displásicos císticos são uma anomalia constante na sín- meses com uma qualidade de vida muito ruim. De acordo
drome de Meckel e, portanto, devem estar presentes além de com Ramadani, existe um relato de um feto com sobrevida
pelo menos dois defeitos menores para se fazer o diagnóstico. mais longa, que morreu aos 28 meses de idade. Em 1997, Paa-
Esse conceito ainda é discutido, e a incidência relatada de vola relatou outro caso atípico de um sobrevivente de longo
transtorno renal nessa síndrome varia de 95% a 100%. Inicial- prazo que morreu com 18 meses de vida.
mente, os rins desenvolvem cistos microscópicos que destro- Conduta. O estudo do cariótipo deve ser obtido quando
em o parênquima e aumentam o órgão em até 10-20 vezes. a síndrome de Meckel é suspeitada, a fim de excluir transtor-
A síndrome pode ser detectada e diagnosticada de forma nos cromossômicos. Se o diagnóstico for feito ames da via-
segura por ultrassonografia entre a 1!fi e a 14a semanas de bilidade, a interrupção pode ser oferecida. Quando a família
gestação. Infelizmente, o primeiro achado ultrassonográfico é decide continuar a gestação, ou se o diagnóstico for feito após
quase sempre o oligo-hidrânU1io, que torna o diagnóstico mais a viabilidade, a conduta obstétrica padrão não é alterada.
difícil de ser estabelecido. Ele é causado pela disfunção renal
e se desenvolve no início do segundo trimestre quando os
rins substituem a difusão extracelular como a principal fonte Referências
de líquido amniótico. Entretanto, alguns casos de síndrome Niza.rdJ, BernardJP, Ville Y: Fetal cystic malformations of the posterior
de Meckel possuem líquido amniótico normal e, portanto, a fossa in the first trimester of pregnancy. Fetal Diagn Ther 20:146,
presença de liquido normal não exclui o diagnóstico. Algumas 2005.
vezes, a ausência da bexiga pode também ser reconhecida. Mittermayer C, Lee A, Brugger PC: Prenatal diagnosis of the Meckel·
Um exame ulu'assonográfico precoce, com rins normais, em Gruber syndrome from 11 th to 20th gestational week. Ultraschall Med
25 :275, 2004.
uma família em risco de recorrência, não exclui a síndrome de

S í NDROME DA MONOSSOMIA DO X ria dos casos. Oito a dezesseis por cento de todos os casos
(TURNER) são mosaicos. A idade materna avançada não está associada
Definição. Transtorno cromossômico em pacientes do a essa aneuploidia.
sexo feminino descrito por Turner em 1938, caractelizado Patogênese. Em geral, o higroma cístico é uma grande
pela ausência de um dos cromossomos sexuais X (45,XO). massa cística septada posterior ao pescoço, devido a uma
Sinônimos. Monossomia do X , síndrome de Ullrich- dilatação dos sacos linfáticos jugulares. Ele é causado por
Turner. um atraso no desenvolvimento da conexão com o sistema
Incidência. 2,5 a 5,5:10.000 bebês do sexo feminino nas- nervoso, ou uma dilatação anormal primária ou a proliferação
cidos vivos na população branca. Na população japonesa, foi dos canais linfáticos interferindo num fluxo normal entre os
estimada em 7 a 21:10.000 bebês do sexo feminino nascidos sistemas linfático e venoso .
vivos. A incidência em todas as gestações, entretanto, é con- Diagnóstico. O higroma cístico é o traço pré-natal mais
siderada muito mais elevada porque a síndrome de Turner característico nessa síndrome. A remissão espontânea do cisto
responde por um quarto de todos os abortos espontâneos pode ocorrer, resultando quase sempre em pescoço alado.
causados por anomalias cromossômicas. Outros achados comuns incluem linfedema, em particular
Etiologia. Ausência de um cromossomo sexual, em geral do dorso das mãos e dos pés, ou, nos casos mais graves,
o cromossomo paterno, que ocorre esporadicamente na maio- anasarca, hidropisia, coluna cervical curta, restrição do cresci-
SíNDROMES FETAIS 155

FIGURA 5-65. Monossomia do X. Corte axial transversal do pesco-


co demonstrando massas grandes septadas. (Cortesia de P. Jeanty,
'1 999, thefetus.net.1

mento intrauterino, pescoço curto, orelhas proeminentes, rim


em ferradura , defeitos cardíacos (coarctação e valva aórtica
bicúspide), taquicardia fetal, displasia óssea e estatura baixa. A FIGURA 5-66. O feto na autópsia. (Cortesia de P. Jeanty , 1999,
disgenesia dos ovários ocorre 90% dos casos, provocando thefetus .net.1
ausência de menstruação e inferti!tdade na VIda adulta . Graus
variáveis de retardamento mental e no desenvolvimento tam-
bém são frequentemente encontrados. A elevação do
no soro materno também foi relatada em associação de sín- complicação intrauterina. Entre os que sobrevivem, o prog-
drome de Turner. nóstico depende da gravidade das anomalias associadas. Os
Diagnóstico Diferencial. Massas císticas na cabeça e casos de mosaicismo tendem a ter um prognóstico melhor,
no pescoço, tais como cefalocele e meningocele, devem ser e em alguns casos com manifestações discretas, a síndrome
excluídas. Qyase sempre, o ângulo de junção da massa císuca permanece não diagnosticada por anos.
com a pele pode ser usado no diagnóstico diferencial. Os Risco de Recorrência. Considerando que a síndrome
higromas císticos que elevam os tecidos subcutâneos tendem de Turner é um evento esporádico na maioria dos casos, as
a ter um ângulo de junção suave, enquanto as cefaloceles que chances de recorrência são muito baixas, embora não precisa-
promovem uma herniação através da pele tendem a ter um mente conhecidas.
ânQ'lJio agudo em suas junções. Os higromas císticos podem Conduta. Recomenda-se uma cariotipagem quando hou-
estar presentes na síndrome de Robert, e em ver suspeita da sÚldrome de Turner. A interrupção da gestação
outros transtornos autossômicos recessivos. A análise cromos- pode ser oferecida antes da viabilidade. Após a viabilidade os
sômica pode excluir essas condições. cuidados pré-natais padrão não são alterados.
Anomalias Genéticas. Ausência ou anomalias estrutu-
rais de um cromossomo X, tais como deleção da região de Referências
determinação do sexo (deleção Yp XY) ou mosaicismo (45,
X1I46, :xx ou 45XI 46XY), podem também ser responsáveis Liao AV", Snijders R, Geens L, et aI: Fetal heart rate in chromosomally
por essa condição. abnormal femses. Ultrasound Obstet GynecoI16:610 , 2000.
Prognó stico. A morte intrauterina ocorre em muitos Von Kaisenberg CS, icolaides K.H, Brand-Sabeti B: Lympharic vessel
casos e em geral é causada por hidropisia, que é a principal hypoplasia in femses Tumer syndrome. Hum Reprod 14:823, 1999.

SíNDROME DE NOONAN em ambos os gêneros, há também uma grande sobreposição


Definição. Em 1968, Jacqueline A. Noonan descreveu fenotípica com a síndrome de Turner.
19 casos de uma síndrome muito semelhante ao transtorno Sinônimos. Síndrome de Turner com XX normal,
descrito por Turner. Entre seus pacientes, 17 tinham estenose pseudo-síndrome de Turner, sÚldrome de Turner masculina,
pulmonar e dois tinham persistência do canal arterial (12 síndrome de Ullrich.
Incidência. Sua prevalência é de 4 a 10:10.000 nasci-
meninos e 7 meninas). Outras anomalias incluíam linfedema,
mentos.
pterígio colí, deformidade do esterno com fechamento preco- Etiologia. H erança autossômica dominante com muta-
ce das suturas resultando em peito de pombo superiormente ções novas esporádicas.
e peito escavado inferiormente, coarctação da aorta, criptor- Diagnóstico. A anomalia inicial a ser observada mais
quidia e trombocitopenia. Ao lado dessa síndrome que ocorre provavelmente é um higroma cístico nuca] posterior, que pode
156 SíNDROMES FETAIS

voltar mais tarde na gestação com uma redundância da dobra Diagnóstico Difere ncial. A síndrome de Turner (exclu-
nucal e pterígio coli . Em outros fetos houve a suspeita devido ída em meninos ou de outro modo pelo cariótipo) tem uma
a traços faciais especiais (orelhas de implantação baixa, ponte probabilidade muito baixa de ser familiar, enquanto a síndro-
nasal deprimida e cabeça grande), doença cardíaca congênita, me de Noonan possui uma forte predileção fanúliar; trissonúa
derrames pleurais, anomalias renais, poli-hidrânuúo, estatura do 21; sindrome de Escobar.
baixa, hidropisia e histórico fanúliar. Alguns fetos foram iden- Prognóstico. Expectativa de vida praticamente normal
tificados também por triagem com marcador triplo. A doença para aqueles sem complicações maiores de doença cardíaca.
cardíaca congênita pode aparecer em até 60% dos pacientes Após o shunl tóraco-amniótico, o derrame pleural com hidro-
com sÚldrome de Noonan. De fato , uma anomalia cardíaca pisia tem uma ta;xa de sobrevida de 57%; o pano prematuro é
associada a anomalias linfáticas cervicais pode proporcionar a maior fonte de morbidade.
os únicos indícios de diagnóstico da sÚldrome de oonan. a Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
literatura, três casos de veia umbilical direita persistente sem antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é altera-
porção intra-hepática são descritos em associação de síndrome do quando se opta pela continuação da gestação.
de Noonan. esses casos a drenagem foi possível diretamen-
te no átl;o direito, veia cava inferior ou veia cava inferior Referências
através da veia iliaca. A melhora dos achados precoces na
região nucal em um feto com cariótipo normal e inicio tardio J oo JG, Beke A, Toth-Pal E, et aI: Successful pregl1ancy in a Noonan
das alterações ultrassonográficas mais "típicas" pode limitar syndrome pauem aCrer 3 unsuccessful pregnancies from severe fetal
a detecção pré-natal precoce. A síndrome de Noonan ainda hyclrops: a case reporto J Reprod Med 50:373, 2005.
Picone 0 , Benachi A, Mandelbrot L. et al: 1110racoanmiouc shuming for fetal
é, até o momento, diagnosticada ao nascimento ou durante pleuraJ efTusions hydrops. AmJ Obstet Gynecol 191 :2047, 2004.
a infância. Bradley E. Kean L. Twining P. et al: Persistem right umbilical vein in
Anomalias Genéticas. Herança dominante ligada ao X a fems with Noonan's synclrome: a case report. Ultrasouud Obstet
de um único gene mutante ou uma deleção subnúcroscópica Gynecol 17:76, 200 1.
foi inicialmente suspeitada, mas hoje se sabe que um dos Achiron R, H egges h J , Grisaru D, et al: Noonan synclrome : a cryptic
genes da síndrome de oonan está localizado no cromossomo concl ition in early ges ta tion. AmJ Med Genet 92: 159. 2000.
isbet DL, Griffin DR, Chitty LS: Prenata l features of Noonan
12 na região 12q24.2-q24.31 . syndrome. Prenat Diagl1 19:642 , 1999.

OSTEOGÊNESE IMPERFEITA l'tpo II: a forma mais grave; se apresenta com múltiplas
Defini ção. Grupo heterogêneo de transtornos genéticos malformações esqueléticas, tais como encurtamento ósseo
(classicamente divididos em quatro tipos como determinado e angulação devido a múltiplas faturas , desnúneralização
por Sillence: I, 11 ou congêlúto, III e IV) caracterizados por do crânio, tóraJ{ estreito e em forma de sino causado
fragilidade óssea grave, levando à ossificação anormal e múl- por fraturas das costelas, movimento fetal dinúnuído,
tiplas faturas. O s quatro tipos são: enrugamento da superfície dos ossos devido a múltiplas
faturas.
Tipo I: não apresenta deformidades pré-natais, e o diagnós-
tico é feito após o nascinlento, quando as defornúdades
dos membros começam a se desenvolver.

A
B
FIGURA 5- 67. Osteogênese imperfeita . A e B. Observe o fêmur fraturado. (Cortesia de Annette Reuss, 2005, thefetus.net.)
SíNDROMES FETAIS 157

FIGURA 5-68. O c rânio demonstra ecogenicidade diminuída marcante e é prontamente compressível mesmo com pressão moderada do
transdutor (esquerda).

(triasjhlgi/itas ossewn), doença do osso quebradiço e doença de


VroLik .
Incidê ncia. 0,4:10.000 nascidos vivos e cerca de metade
deles (0,19:10.000) representam o tipo 11.
Etiologia. Na maioria dos casos tanto do tipo I quanto
do IV, está envolvido um padrão autossômico dominante. O
tipo II é uma mutação domiJíante de novo (com alguns relatos
de padrão autossômico recessivo), e o tipo III é autossômico
recessivo ou dominante .
Risco de Recorrê ncia. Depende da forma de transmis-
são. Em geral, ele varia de 2% a 5% para o tipo lI, se não for
causado por uma mutação espontânea.
Diagnóstico. Os achados ultrassonográficos que podem
estar presentes (em particular no tipo lI) incluem ossos lon-
gos largos, curtos e fraturados, com uma aparência enrugada
devido à formação de calo, ossificação diminuída do crânio,
com maior visualização das estruturas intracranianas, tórax
pequeno e em forma de sino, formato anormal da cabeça,
costelas largas e irregu lares, anguJação dos ossos longos , face
anormal . Um achado típico da osteogênese imperfeita tipo II
é a capacidade de ver ambas as corticais de um osso. Nor-
malmente, a cortical distal é sombreada pela proximal, mas
isso não ocorre na desmineralização grave na osteogênese
imperfeita (acondrogênese e hipofosfatasia podem apresentar
o mesmo achado). A maioria das anomalias pode ser detecta-
da in utero por ultrassonografia no início do segundo u·imestre .
FIGURA 5-69. Imagem de raios X frontal do feto. Observe a pouca Uma ultrasso nografia normal para um paciente de alto risco
mineralização e as numerosas fraturas.
não exclui o transtorno. Em geral, se as fraturas não ocorrem
in utera, o diagllóstico é feito somente após o nascimento.
Anomalia Genética. A causa da doença é um transtorno
em um dos dois genes responsáveis pela produção de coláge-
Ti/JO lI!: forma menos grave do que o tipo lI, geralmente se no tipo I (COLIA] e COLIA2).
apresentando com mtdtiplas fraturas ao nascimento, com Patogênese. Um defeito de formação, organização e
o desenvolvimento de deformidades ósseas progressivas composição química no colágeno tipo I (que é encontrado
desde o período neonatal até a adolescência. Detectável no na pele, ligamentos, te ndões, osso desmineralizado e dentina)
irucio do segundo trimestre no ti/JO IIIc. é responsável pela mineralização diminuída e a fragilidade
Ti/JO I V: esta é a apresentação mais branda do transtorno, óssea.
não detectável antes do nascimento. Ela geralmente Anomalias Associadas. Cifoescoliose, surdez, hipotonia,
envolve osteoporosc prematura entre a 4' e a 5a décadas hérnias ingu in ais , hid rocefalia, hidropisia, deficiência de cres-
de vida. cimento pré-natal.
Si nônimos. Osteogênese imperfeita congênita, síndrome Diagnóstico Diferencial. H ipofosfatasia (forma infan-
de Van der H oeve, doença de Lobstein, fragilidade óssea til), acondrogênese e ou tros nanismos de membros curtos.
158 SíNDROM ES FETA IS

Prognóstico. A osteogênese imperfeita do tipo II é uni- Referências


formemente letal, e as causas mais frequentes são hemorragia
cerebral e insuficiência respiratória. As outras formas se Lachman RS, Rappaport v: Fetal imaging in the skeletal dysplasias. Clin
desenvolvem após o nascimento, deformidades progressivas PerinatOl 17:703 , 1990.
Taybi H , Lachman RS : Radiology of syndromes, metabolic disorders,
dos ossos longos e estatura baixa. and skeletal dysplasias, 3rd ed. Chicago, Year Book Medical Publishers,
Conduta. Devido à evolução uniformemente fatal, a 1990, p 761.
interrupção da gestação pode ser oferecida em qualquer Young 10, Thompson EM, Hall CM, et al: Osteogenesis imperfecta
estágio quando o diagnóstico for do tipo lI. Para as outras Type lIA: evidence for dominam inheritance.J Med Genet 24:386, 1987.
formas , a interrupção pode ser oferecida antes da viabilidade.
Se a continuação da gestação for a opção, o cuidado pré-natal
SíNDROME DE PALLISTER-KILLlAN
padrão não deve ser alterado.

Definição. Síndrome polimalformativa complexa rara


caracterizada por dismorfismo facial , retardamento mental
grave e epilepsia.
Sinônimos. Síndrome de Pallister-Killian, tetrassomia do
12p, síndrome de Teschler-Nicola/Killian.
Incidência. Tetrassomias autossômicas humanas são
raras. Entre elas , a tetrassomia do 12p é, sem dúvida, a mais
comum. Ela é mais comum em mulheres de idade avançada.
Etiologia. Distribuição em mosaico, específica do tecido,
de um isocromossomo 12p adicional. A anomalia cromossô-
mica é observada em tecidos selecionados, em um estado de
mosaico ou de não mosaico, tais como medula óssea e fibro-
blastos cutâneos. Ela geralmente ocorre como um mosaico e
a intensidade do padrão varia de um tecido para o outro. O
tecido de referência para o isocromossomo 12p é o fibroblas-
to cutâneo, em que a anomalia é mais comum e mais claTa.
Todos os casos são esporádicos , com apenas um único relato
preliminar de recorrência.
Patogênese. O mecanismo da translucência nu cal
aumentada não está claro. A tetrassomia do 12p nem sempre
é diagnosticada, porque os tecidos são afetados de modo dife-
rente. Embora ela esteja presente em uma alta porcentagem de
fibroblastos, está praticamente ausente no sangue. Indivíduos
com a síndrome de Pallister-Killian são com frequência mosai-
cos do isocromossomo 12p, mas em alguns casos, o grau de
mosaicismo na biópsia de vilocorial é muito mais baixo do
que em tecidos fetais examinados depois. O mosaicismo con-
FIGURA 5-70. Síndrome de Pallister-Killian. A autópsia demonstra
finado à placenta é um fenômeno bem-reconhecido em várias um aspecto facial achatado com orelhas dismórficas de implantação
anomalias cromossômicas e diz-se que ele contribui para a baixa. (Cortesia de Fabrice Cuillier, thefetus. net.)
sobrevivência intrauterina.
Diagnóstico. Os achados ultrassonográficos incluem
anomalias faciais, tais como defeitos no olho (hipertelorismo),
edema pré-frontal, perfil achatado com um nariz pequeno e
lábios fmos, mas nunca micrognatia ou fenda; hidropisia fetal caractensoca de retardamento mental profundo, aparência
no primeiro trimestre ou uma dobra nucal espessa, anomalias facial grosseira, anomalias pigmentares, alopécia localizada na
pulmonares, defeito cardíaco, defeitos diafragmáticos, encur- área têmporo-frontal, hipertelorismo e futro longo. O prognós-
tamento rizomélico dos membros, hipoplasia acral, mãos tico é reservado. No nascimento, fissuras palpebrais voltadas
quadradas, sindactilia, polidactilia, anomalias urogenitais, rara para cima, uma ponte nasal alargada, orelhas dismórficas e de
hipoplasia acral. Portanto, Palladini pensou que o diagnóstico implantação baixa, edema cutâneo no pescoço e no tronco e
da síndrome de Pallister-Killian devia ser considerado sempre um filtro longo foram observados. A tetrassomia do 12p nem
que fossem detectados hérnia diafragmática e membros cur- sempre é diagnosticada, porque os tecidos são afetados de
tos. Nesses casos a detecção do perfil tipico pode contribuir modo diferente. Embora esteja presente em alta porcentagem
para estabelecer o diagnóstico. de fibroblastos , é praticamente ausente no sangue. Indivíduos
Diagnóstico Diferencial. Ela deve ser distinguida da afetados de modo menos grave podem apresentar na vida
síndrome de Fryns, da condrodisplasia de Robinow (dismor- pós-natal um retardamento mental profundo, convulsões,
fismo facial, membros curtos e disostose vertebral), SÚ1dro- pigmentação anormal da pele, anomalias faciais e pescoço
me de transtorno metabólico (macrossomia, macroglossia), curto. O retardamento psicomotor é extremamente grave e
síndrome acrocalosal (polidactilia pré-axial juntamente com está acompanhado por deformidades vertebrais e articulares,
agenesia do corpo calos o), anomalia de VATER (com ânus com atrofia muscular nos indivíduos mais velhos. O cariótipo
imperfurado e malformações cardíacas). sanguíneo é normal. Nas culturas de fibroblastos, o cromos-
Prognóstico. A expressão fenotipica variou de múltiplas somo extra lembra o cromossomo 20. O aspecto das bandas
anomalias resultando em morte perinatal até a situação mais R sugere a fusão de dois cromossomos 12p.
SíNDROMES FETAIS 159

Risco d e Recorrência. Todos os casos da síndrome de Paladini D, Borghese A, Arienzo M, et ai: Prospective ultrasound
Pallister-Killian descritos até 1997 são esporádicos. diagnosis of PalJister-Killian syndrome in the second trimester of
Conduta. O diagnóstico da síndrome de Pallister baseado pregnancy: the importance of the fetal facial profile. Prenat Diagn
20:996, 2000.
no aspecto clínico isolado é frequentemente difícil devido ao Chiesa], Hoffet M, Rouseau 0 , et ai: Pallister-Killian syndrome [i (12p)]:
an1plo espectro de anomalias clínicas não específicas para First pre-natal diagnosis using cordocentesis in the second trimester
esta síndrome. Qyando há uma grande suspeita no exame confirmed by in siru hybrydization. Clin Genet 54:294, 1998.
ultrassonográfico, são sugeridos estudos citogenéticos pré- Langford K, Hodgson S, Seller M, et ai: Pallister-Killian syndrome
natais, pois os sobreviventes apresentam retardamento mental presenting through nuchal translucency screening for trisomy 2l.
grave. Devido ao mosaicismo, é, contudo, necessário exami- Prenat Diagn 20:670, 2000.
Gilgenkrantz S, Droulle P, Schweitzer M, et aI: Mosaic tetrasomy 12p.
nar vários tecidos quanto à presença da tetrassomia do 12p, Clin Genet 28:495, 1985.
incluindo linfócitos circulantes nos quais o mosaicismo pode Gadow EC, Lippold S, Serafin E, et ai: Prenatal diagnosis and long
ser baixo, da ordem de 10/0 a 3%, amniócitos, células coriôni- survival of Fryns' syndrome. Prenat Diagn 14:673, 1994.
cas e fibroblastos cutâneos nos quais o mosaicismo varia de Fryns]P : Prenatal diagnosis and long survival of Fryns syndrome. Prenat
6% a 100%. A hibridização in situ com fluorescência é o único Diagn 15:97, 1995.
modo preciso de se determinar a distribuição real do isocro- Banhe B, Cohen H , Saada P: Un cas de diagnostic prénatal de syndrome
de Fryns.] Gynecol Obstet Biol Reprod 24:57, 1995.
mossomo em vários tecidos . A ocorrência de tetrassomia do Mathieu M, Piussan C, Thepot F, et ai: Collaborative study of mosaic
12p diminui com a idade do feto, o índice mitótico e o tempo tetrasomy 12p or Pallister-Killian syndrome (ninteen fetuses or
que os tecidos ficaram em cultura. children). Ann Genet 40:45, 1997.

SíNDROME DE PENA-SHOKEIR
Referências
Definição. A síndrome de Pena-Shokeir é um transtor-
pescoço curto, palato fendido , edema do escalpo, deformi-
no hereditário caracterizado por artrogripose neurogênica,
dades torácicas, camptodactilia e micrognatia podem ser
anomalias faciais, hipoplasia pulmonar e traços dismórficos
também encontradas. Anomalias menos frequentes descritas
resultantes de acinesia fetal . Ela foi descrita pela primeira vez
em associação da síndrome de Pena-Shokeir incluem hérnia
por Pena e Shokeir em 1974, e foi posteriormente incluída
diafragn1ática, gastrosquise e microcefalia.
entre os fenótipos associados à sequência de deformação com
Diagnóstico Diferencial. A trissomia do 18 pode apre-
acinesia fetal.
sentar características que se sobrepõem com a síndrome de
Sinônimos. Sequência de acinesiaihipocinesia fetal, sequên-
Pena-Shokeir, em particular anomalias craniofaciais, dos mem-
cia de deformação com acinesia fetal, artrogripose múltipla
bros e intratorácicas. A análise do cariótipo faz o diagnóstico
congênita com hipoplasia pulmonar.
diferencial. Formas não letais de artrogripose apresentam o
Etiologia. A herança autossômica recessiva é o padrão
mesmo de achados, exceto pela hipoplasia pulmonar.
mais comum de transmissão. Várias descrições de apresenta-
Prognóstico. A síndrome de Pena-Shokeir é uma con-
ções incomuns sugerem uma etiologia heterogênica.
dição letal. Um número significativo de fetos afetados nasce
Risco d e Recorrência. A predição do risco de recorrên-
prematuramente. Dentre os nascidos a termo, 30% são nati-
cia não é precisa devido à etiologia multifatorial. Na maioria
mortos. Entre os sobreviventes, a maioria morre nas primeiras
dos casos, ele varia de 0% a 25%.
semanas de vida. A complicação pulmonar é a principal causa
I n cidê ncia. Desconhecida.
de morte.
Fisiopatologia. O movimento fetal ativo se illlCla no
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
meio do primeiro trimestre e é de capital importância para
antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão deve ser alte-
o desenvolvimento normal das articulações e dos tecidos
rado ao longo da gestação apenas para indicações maternas.
contíguos. A ausência ou a redução do movimento fetal leva
a articulações emijecidas, pterígios e função neuromuscular
anormal com deglutição fetal diminuída, o que causa hipopla- Referência
sia pulmonar e poli-hidrâmnio.
Diagnóstico. A combinação de posição anormal dos Paladini D, Tartaglione A, Agangi A, et ai: Pena-Shokeir phenotype with
membros, movimento fetal restrito com resposta reduzida variable onset in three consecutive pregnancies. Ultrasound Obstet
ou ausente à estimulação acústica, restrição do crescimento, Gynecol 17:163,200 1.
poli-hidrânmio e hipoplasia pulmonar fecha o diagnóstico.
Orelhas malformadas e de implantação baixa, hipertelorismo,

PENTALOGIA DE CANTRELL
Sinônimos. Ectopia do coração tóraco-abdominal, ecto-
Defini ção. Este transtorno congênito descrito por Can- pia córdis; síndrome de Cantrell-Helier-Ravitch; síndrome de
treli é caracterizado por dois defeitos principais : ectopia do pentalogia; hérnia diafragB1ática peritônio-pericárdica.
coração e um defeito na parede abdominal (mais comumente Incidência. Muito rara. Aproximadamente 90 casos
uma on[alocele, mas gastrosquise também pode estar presen- foram reportados na literatura, e um número ainda menor
te). Os outros três defeitos da pentalogia são rompimento teve a síndrome completa co nfu-mada.
de todas as estnlturas que se interpõem: o esterno distal, o Etiologia. Desconhecida. Algumas vezes pode estar asso-
diafragB1a anterior e o pericárdio diafragmático. Variantes ciada a anomalias cromossômicas.
da forma clássica, tais como expressões incompletas, também Diagnóstico. Presença de rompin1ento completo do tórax
foram relatadas . Ela foi primeiramente descrita por Cantreli anterior e da parede abdominal, causando os cinco defeitos
em 1958, e a sÚ1drome ocon-e esporadican1ente, com graus descritos por Cantrell, é a forma clássica e pode ser detectada
variáveis de expressão. já no meio do segundo trimestre. O achado úpico da atividade
160 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5-71. Ultrassonografia de um embrião com 10 semanas


de gestação com pentalogia de Cantrell . (Cortesia de Fernando Maia,
2005, thefetus.net . )

FIGURA 5-73. Visão post-mortem de um feto co m pentalogia de


Cantrell. (Cortesia de Heron Werner, 2005, thefetus.net.)

tica, anormalidades do tronco, onfalocele isolada, síndrome


de Beckwith-vViedemann, anomalias cromossômicas.
Prognóstico. A sobrevivência é rara e depende do tama-
nho do defeito da parede abdominal, da extensão do defeito
cardíaco e da presença de anomalias associadas. Formas mais
brandas raras podem ser corrigidas cirurgicamente. Casos
que apresentam uma extrusão completa do coração e do con-
teúdo abdominal têm um prognóstico muito reservado.
Risco de Recorrência. Desconhecido. Nenhuma recor-
rência foi reportada. Um par de genes monozigóticos concor-
dantes para a síndrome foi relatado .
FIGURA 5-72. Ultrassonografia com Doppler colorido no mesmo Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
paciente com pentalogia de Cantrell. (Cortesia de Fernando Maia, antes da viabilidade. Após a viabilidade, a avaliação ultrasso-
2005, thefetus.net. )
nográfica periódica das lesões, do crescimento fetal e o parto
em um centro terciário são recomendados. Após o parto, o
reparo da onfalocele não deve demorar. O reparo dos defeitos
cardíaca fora do tóraJ( em associação de uma onfalocele fecha do esterno, diafragnla e pericárdio podem ser tentados ao
o diagllóstico. A análise do cariótipo é recomendada para mesmo tempo. A coneção cirü rgica é quase sempre difícil
excluir anomalias cromossômicas. Ascite e derrame pleural secundária à hipoplasia da caL'(a torácica e à incapacidade
podem ocorrer devido à compressão do conteúdo do tórax e de encerrar o coração ectópico. Alguns bebês afetados apre-
do abdômen . sentam insuficiência respiratória secundária à hipoplasia
Anomalias Genéticas. Desconhecidas. pulmonar. O reconhecimento e o tratamento de qualquer
Patogênese. Falha no desenvolvimento de um segmento anomalia intracardíaca são importantes porque a doença car-
do mesoderma lateral entre os dias 14 e 18 ap6s a concepção, díaca congênita é a principal fonte de morbidade dos bebês
resultando em falha do fechamento da parede ventral e fusão que sobrevivem ao período neonatal.
incompleta das bandas primordiais externas.
Anomalias Associadas. Anomalias intracardíacas (i. e' J

tetralogia de Fallot, defeito septal ventricular) são a regra.


Outras incluem anomalias cranianas e faciais , hidrocefalia,
anencefalia, anomalias cromossômicas , má rotação do c610n, Referência
higroma cístico, rim displásico e pés tortos congênitos. Pollio F. Sica C, Pacilio N. et al: PemaJogy of Camrell: fU'Sl trimester
Diagnóstico Difel-encia!. Ectopia cardíaca torácica isola- prenalal eliagnosis anel association Wilh multicistic el ys plaslic kielney.
da, ectopia do coração associada à síndrome da banda aml1.i6- Minerva Ginecol 55:3 63 , 2003.
SiNDROMES FETAIS 161

SíNDROME DE PFEIFFER do segundo, terceiro e quarto dedos dos pés, polegar e hálux
Defini ção. A síndrome de Pfeiffer é caracterizada por alargados).
craniossinostose coronal bilateral, hipoplasia do meio da face Anomalias Ge néticas. A síndrome de Pfeiffer é geneti-
e sindactilia das mãos e dos pés e polegares aumentados con- camente heterogênea. Alguns casos são ligados a mutações
genitamente. Ela foi deso-ita pela primeira vez em oito pessoas no gene do receptor 1 do fator de crescimento fibroblástico
de três gerações por Pfeiffer em 1964. É dividida em três sub- (FGFR1) no cromossomo 8pl1.22-pI2. As mutações no gene
tipos clínicos com implicações diagnósticas e prognósticas : FGFR2, que é mapeado no cromossomo 10q25-q26, também
foram reportadas. Uma origem paterna exclusiva de uma
TIpo L Aspecto clássico com craniossinostose, polegares lar- mutação de novo, associada à idade paterna avançada, foi des-
gos, sindactilia e inteligência nOImal. Essa fonua é compativel crita na síndrome de Pfeiffer.
com a vida. Ela tem, em geral, uma boa evolução. Anomalias Associadas. Atresia da coana, traqueoma-
Tipo 11. Crânio em trevo, proptose ocular, polegares lar- lácia e broncomalácia, crânio em u-evo, vértebras fundidas ,
gos , anomalias viscerais variáveis , anquilose do cotovelo malformação de Arnold-Chiari, hidrocefalia e ânus imperfu-
e comprometimento grave do sistema nervoso cenu-al. rado. Após o nascimento, convulsões e retardamento mental
Geralmente resulta em morre precoce. podem se desenvolver.
TIpo 111. Craniossinostose, proptose ocular grave sem crânio Diagnóstico Diferencia l. O principal diagnóstico dife-
em trevo, anquilose do cotovelo e anomalias viscerais variá- rencial inclui as síndromes que são caracterizadas por cranios-
veis. Os fetos afetados apresentam comprometimento neuro- sinos tose (Apert, Carpenter, Crouzon, anomalia de Kleeblat-
lógico grave, com prognóstico reservado e morte precoce. tschadel e displasia tanatofÓlica).
Prognóstico. O prognóstico depende da gravidade das
Sinônimos. Acrocefalosindactilia tipo V. anomalias associadas, principalmente da gravidade do com-
Incidência. Desconhecida. Desde que a primeira descri- prometimento do sistema nervoso central. O tipo I possui, em
ção foi feita , aproximadamente 30 casos foram relatados. um bom prognóstico. Os tipos II e III não são compatí-
Etiologia. Tipo 1: autossômica dominante ou mutações veis com a VIda, e a morte ocorre precocemente.
novas. Tipos 11 e 111: esporádica. Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
Risco d e Recorrê ncia. Variável, dependendo da etio- antes da viabilidade. Se a continuação da gestação for a esco-
logia. Q.lando a transmissão possui um padrão autossômico lha,
. é recomendada uma avaliação ultrassonoO"ráfica
b
perió-
dominante, o risco de recorrência é 50%. Se for causada por d lca das anomalias (em particular das anomalias do sistema
mutações novas , o risco de recorrência é muito baixo. nervoso central).
Diagn óstico. Os sinais ultrassonográficos da síndrome de
Pfeiffer incluem anomalias craniofaciais (braquicefalia, acroce- Referência
falia, craniossinostose da sutura coronal, hipertelorismo, nariz Nazano A. Monica MO, Lonardo F, et ai: Prenatal ultrasound diagnosis
pequeno e ponte nasal bai"a) e anomalias das mãos e dos pés of a case of Pfeifer syndrome without cloverleaf skuU and review or the
(sindactilia parcial do segundo e do terceiro dedo das mãos e literature. Prenata! Oiagn 24 :918. 2004.

SíNDROME DE PIERRE-ROBIN Incidê ncia. 1 :8.500 nascidos vivos.


Defini ção. A síndrome de Pierre-Robin é uma malfor- Etiologia. H erança autossômica recessiva, com poucos
mação rara que consiste em micrognatia, glossoptose e fenda casos ligados ao X. Alguns autores sugeriram uma disfunção
palatina. do tronco cerebral pré-natal e neonatal como uma hipótese
Sinônimos. Fenda palatina-microg11atia-glossoptose, se- neuroembriológica para explicar o início de alg'uns casos da
quência de Pierre-Robin, anomalia de Robin. sequência de Pierre-Robin.

A B
FIGURA 5-74. Síndrome de Pierre-Robin. A. Autópsia normal. A língua (seta) ocupa a parte anterior da boca e a via aérea livre é comparada
com (B). B. Glossoptose (seta) e "sem língua " no espaço anterior da boca .
162 SINDROMES FETAIS

Diagnóstico. O método mais fácil de estabelecer o diag- Prognóstico. Obstrução das vias aéreas superiores,
nóstico é obter um corte sagital da face, no qual a micrognatia angústia respiratólia neonatal e problemas de alimentação.
é mais visível. A imagem tridimensional multiplanar aumenta Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
a probabilidade de analisar uma visão sagital verdadeira da antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
linha média no perfil facial. Outro indício importante é quase rado quando se opta pela continuação da gestação. O reco-
sempre o poli-hidrânmio resultante da dificuldade de deglutir nhecimento pré-natal é importante porque ele permite que o
adequadamente em função da macrorretroglossia. Outros pediatra providencie assistência imediata para o bebê. É uma
achados podem ser transtornos funcionais orodigestivos e emergência neonatal porque a língua pode obstruir as vias
cardiorrespiratórios. aéreas e levar ao sufocamento. A confirmação do diagnós-
Anomalias Genéticas. Desconhecidas (é um grupo hete- tico após o nascimento é importante para o aconselhamento
rogêneo de condições). genético.
Diagnóstico Diferencial. A síndrome de agnatia-micros-
tomiasinotia (otocefalia) lembra uma forma grave da síndro- Referências
me de Pierre-Robin. Outras causas de micrognatia incluem
trissomia do 13, trissomia do 18 e síndrome cérebro-costo- James PA, Afrimos S: Familial cerebro-costo-mandibular syndrome: a case
mandibular caracterizada por anomalia de Pierre-Robin, unusual prenatal findings and review. Clin DysmorphoJ 12:63, 2003.
Lee W, McNie B, Chaiworapongsa T, et al: Three-dimensional llltra-
múltiplos defeitos nas costelas e ocorrência ocasional de inca- sonographic presentation of micrognath.ia. J Ultrasound Med 21 :775,
pacidade intelectual. 2002.
Anomalias Associadas. Pode estar associada a trissomia Abadie V, Morisseau-Durand MP, Beyler C, et al: Brainstem dysfunction:
do 18, síndrome de Stickler e outras síndromes. As anomalias a possible neuroembryological pathogenesis or isolated Pierre Robin
cardíacas foram também detectadas comumente com incidên- sequence_ Eur J Pediatr 161 :275, 2002 .
cia aproximada de 20%. Hsieh YY, Chang, CC, Tsai HD, et al: The prenatal diagnosis of
Pierre-Robin seqllence. Prenat Diagn 19:567, 1999.

SíNDROME DE POLAND Anomalias Genéticas. Não estabelecidas.


Definição. A síndrome de Poland consiste em uma ausên- Diagnóstico Diferencial. O diagnóstico diferencial no
cia ou hipoplasia unilateral congênita do músculo peitoral, feto está limitado àquelas condições caracterizadas por assi-
mais frequentemente envolvendo a porção esternocostal do metria corporal, tais como hemidisplasia congênita com eri-
músculo peitoral maior, e um grau variável de anomalias trodermia ictiosiforme e síndromes de defeitos dos membros
ipsilaterais das mãos e dos dedos, incluindo simbraquidactilia. (CHILD), e ao grupo de anomalias causadas pela ocorrência
Ocorre aplasia ipsilateral da mama nas mulheres. Em vários de hemivértebras torácicas, tais como assimetria do tórax e
casos foi relatada a dextrocardia. hipoplasia das costelas. Entretanto, no caso de hemivértebras
Sinônimos. Síndrome de Poland-Moebius, sequência de torácicas isoladas, as malformações dos membros superiores
rompimento do suprimento arterial subclávio. estão geralmente ausentes . O problema real é representado
Incidência. A incidência, relatada por diferentes auto- pela síndrome CH ILD.
res, varia de 1:10.000 a 1:100.000. Ela é observada mais em Prognóstico. Com exceção das anomalias das extremida-
homens do que em mulheres; o lado direito do corpo é afeta- des, o prognóstico é excelente.
do mais do que o esquerdo. Conduta. O cuidado pré-natal padrão não é alterado. A
Etiologia. A etiologia dessa síndrome ainda é discutida. confirmação do diagnóstico após o nascimento é inlportante
A maioria dos casos é esporádica, mas também é descrita para o aconselhamento genético.
uma incidência familiar. Causas genéticas, comprometimento
vascular nas artérias subclávias durante os estágios iniciais da Referências
embriogênese, e efeitos teratogênicos de xenobióticos ambien-
tais (mulheres gestantes fumantes) são diferentes fatores etio- Paladino D, D'Armiemo MR, Maninelli P: Prenatalllltrasollnd diagnosis
lógicos considerados. of Poland syndrome. Obstet Gynecol 104:1156,2004.
Diagnóstico. A assimetria do tórax e a simbraquidactilia Slezak R, Sasiadek M: Poland's syndrome. Pai Merkuriusz Lek 9:568,
2000.
podem ser reconhecidas, mas os ossos longos são provavel-
mente muito normais para serem reconhecidos.

SíNDROME DE PRADER-WILLI no centro de impnnting. Um pequeno conjunto citogenético


Definição. Transtorno multissistêmico, complexo, que desses pacientes possui o chamado marcador cromossômi-
afeta o sistema nervoso central, com predileção pelo hipo- co supranumerário (sS MC). A grande a maioria dos fetos
tálamo. com síndrome de Prader-Willi ocorre esporadicamente. A
Sinônimo. Síndrome de Prader-Labhart-Willi. deleção responde por 70% a 80% dos casos; a maioria são
Etiologia. Ela pode ser considerada um transtorno autos- deleções intersticiais, muitas das quais podem ser visualizadas
sômico dominante que é causado por delecrão ou rompimento por exame de bandeamento na pró-metafase. Uma minoria
de um gene ou vários genes no cromossomo 15 paterno, consiste em translocações não balanceadas, principalmente
região 15qll-q13, ou uma dissomia uniparental materna de 1WVO, que são facilmente detectáveis por exame cromossô-
(UPD15 materna/mUPD15) no cromossomo 15 com o mico de rotina. Os demais casos são o resultado de dissomia
cariótipo normal (pois os genes no cromossomo 15 materno uniparental materna. Na maioria desses últimos casos, os
estão praticamente inativos pelo imprintin[j, ou uma mutação exames citogenéticos fornecem resultados normais. Entretan-
SíNDROMES FETAIS 163

to, em alguns poucos casos, são observados ou translocações possível, de modo que um aconselhamento precoce dos pais e
balanceadas, familiares ou de novo, ou pequenos cromossomos da criança afetada seja possível e também uma prevenção das
marcadores supranumerários. complicações tanto da gravidez quanto do parto.
Diagnóstico. O exame ultrassonográfico pode reve-
lar poli-hidrâmnio, diminuição dos movimentos fetais , má
apresentação, traços craniofaciais característicos, diâmetro Referências
biparietal grande no feto , ventrículos laterais ligeiramente
Prader-Willi syndrome, O nline Mendelian Inheritance in Man http ://
aumentados, hipoplasia do corpo caloso, ritmo cardíaco fetal
www.ncbi.nlm. nih. gov/emrezldispomim.cgi?id=176270 #176270
anormal com períodos inativos prolongados e variação diurna Schinzel A: Approaches to the prenatal diagnosis of the Prader-V\Tilli
da incidência de acelerações da frequência cardíaca, e gellitália syndrome. (Letter.) Hum Genet 74:327, 1986.
externa masculina hipoplásica sem restrição do crescimento Cassidy SB, Lai L-W, Erickson RP, et al : Trisomy 15 with loss of the
intrauterino. paternal 15 as a cause of Prader-WiUi syndrome due to maternal
Diagnóstico Diferencial. SÚ1drome de Angelman . disomy. AmJ Hum Genet 51:701,1992 .
Prognóstico. A manifestação do quadro clínico na Purvis-Smith SG, Saville T, Manass S, et al : Uniparental disomy 15
síndrome de Prader-Willi é variável e depende da idade da resulting from 'colTecrion' of an initial rrisomy 15. (Letter.) AmJ Hu m
Genet 50: 1348, 1992.
criança afetada. É caracterizada por atividade fetal diminuída, HaU JG : Genomic imprinting and its clinical implications. (Editorial.)
obesidade, hipotonia muscular, retardamento mental, estatura N EnglJ Med 326 :827, 1992 .
baixa, mão e pés pequenos e hipogonadismo hipogonadotró- StephensonJBP: Prader-V\Tilli syndrome : neonatal presentation and later
fico. O neonato é quase sempre profundamente hipotônico, e development. Dev Med Child Nelll-ol 22:792, 1980.
pode se apresentar frequentemente com asfL'(ia e ausência de Chitayat D, Davis EB, McGillivray BC, et al: Perinatal and first year
choro. Além disso, existe uma leve restrição do crescimento follow-up of patients with Prader-Willi syndrome: normal size of hands
pré-natal, Hiporreflexia e alimentação insuficiente devido à and feel. Clin Genet 35:161, 1989.
Butler MG, Meaney FJ: An antluopomerric srudy of 38 individuals
diminuição da deglutição e dos reflexos de sucção. O corre wim Prader-Labhart-\'\Tilli syndrome. Am J Med Genet 26: 445,
criptorquidia com pênis e eSQ-oto hipoplásicos nos meninos 1987.
e lábios hipoplásicos nas meninas. Frequentemente, as carac- Gunay-Aygun M, Schwartz S, Heeger S, et al: The changing purpose of
terísticas mais evidentes, tais como obesidade, retardamento Prader-vVilli syndrome clinical diagnostic criteria and proposed revised
mental e transtornos de comportamento, não se tornam criteria. Pediatrics 108:e92, 200 1. lote: epub.
evidentes até o fmal da infância, o que pode levar a um Kennerknecht l: Differemiated recurrence risk estimations in the
sub diagnóstico ou diagnóstico tardio na primeira infância. Prader-Willi syndrome. Cli.n Genet 41 :303, 1992.
Haqq Al'v1. , Stadler DD, Rosenfeld RG, et al : Circulating ghrelin leveis are
Em geral as dificuldades de alimentação melhoram em torno
suppressed by meals and octreocide therapy in children \Vith Prader-
dos seis meses de idade. Dos 12 aos 18 meses em diante, a Willi syndrome.J Clin Endocr Metab 88:3573, 2003.
hiperfagia causa os principais problemas somáticos e psicoló- Carrel AL, Myers SE, Whitman BY, et al: Growth hormone improves
gicos. O crescimento diminuído é observado na maioria das body composition, fat utilization, physical strengtl1 and agiliry, and
crianças. Mãos pequenas com dedos delicados e aftlados e growth in Prader-\Villi syndrome: a controlled srudy.J Pediatr 134:21 5,
pés pequenos (acromicria) são vistos na maioria das crianças 1999.
e adolescentes; o tamanho das mãos e dos pés se correlaciona Delparigi A, Tschop M, Heirmm ML, et aI: High circulating ghrelin: a
bem com o comprimento, mas não com a idade, e o tamanho potential cause for hyperphagia and obesiry in Prader-Willi syndrome.
do pé tende a ser menor do que o da mão. A face é caracte- J Clin Endocr Metab 87:5461,2002.
Flo ri E, Biancalana V, Girard -Lemaire F, ct aI: Dirlicu lties or
rizada por um diâmetro bifrontal estreito, olhos amendoados
genetic counseling and prenatal diagnosis in a consanguineolls couple
(frequentemente com ligeira posição voltada para cima), segregating for the same translocation (14;15) (qll ;q13) and at risk
estrabismo, bochechas cheias e atividade mímica diminuída for Prader-Willi. and Angelman syndromes. Eur J Hu m Genet 12:181 ,
devido à hipotonia muscular. A obesidade pletórica se torna 2004.
a característica mais marcante. A partir de cerca de seis anos Liehr T, Bmde E, Gillessen-Kaesbach G, et aI: Prader-Willi syndrome
de idade em diante, muitas crianças apresentam escoriações wim a karyorype 47)CY,+min(15)(pter->qll.l:) and maternal UPD
por arranhões devido à coceira e mais tarde quase todas 15-case report plus review of sinrilar cases. EurJ Med Genet 48:175,
mostram estrias abdominais. A despigmentação relativa ao 2005. Epub Feb 17,2005.
padrão familiar é uma característica em cerca de três quartos I.:Hermine AC, Aboura A, Brisset S, et aI: Fetal phenorype of Prader-Willi
syndrome due to maternal disomy for chromosome 15. Prenat Diagn
dos pacientes. 23:938, 2003.
Risco de Recorrência. Kennerknecht (1992) estimou Fong BF, De Vries JI: Obstetric aspects of me Prader-vVilli syndrome.
um risco global de recorrência em 0,4%. Entretanto, se dois Ultrasound Obstet GynecoI21:389, 2003 .
ou mais irmãos são afetados, o risco para o próximo irmão Eggermann T, Zerres K, Eggermann K, et al: Uniparental disomy: clinical
seria de 50%. Essa síndrome em geral ocorre de novo com um indications for testing in growth retardation. Eur J Pediatr 161:305,
!isco de recorrência muito baixo. Entretanto, em casos raros, 2002. Epub Apr 26, 2002.
são observadas translocações familiares, dando origem a um Eil10lzer U , Schlumpf M, NordmaIUl Y, et aI: Earl)' manifestations
risco de recorrência elevado. of Prader-Willi syndrome: influence of growm hormone. J Pediatr
Endocrinol Metab 14:1441 ,2001.
Conduta. Em um feto cariotipicamente normal com
Hiroi H , Kozuma S, Hayashi , et aI: A ferus with Prader-Willi syndrome
genitália externa masculina ambígua e anomalias cerebrais, showing normal diurnal rhytlun and abnormal ultradiaI1 rhythm on
estudos extensos citogenéticos e de biologia molecular são for- heaI-t rate monitoring. Fetal Diagn Ther 15:304, 2000.
temente recomendados devido ao risco dessa silldrome. Can- Szpecht-Potocka A: Molecu lar analysis in Prader-Willi syndrome
didatos ao diagnóstico pré-natal da síndrome de Prader-Willi diagnosis. Med Wiekll Rozwoj 3:407, 1999.
são [elOS ou gestações nos quais é observada uma atividade Glenn CC, Deng G, Michaelis RC, et aI: DNA methylation analysis
reduzida. Devido às implicações de longo prazo dessa síndro- wim respect to prenatal diagnosis of the AngelmaI1 and Prader-\'\Tilli
me, é importante reconhecer suas características assim que syndromes and imprinting. Prenat Diagn 20:300, 2000.
164 SíNDROMES FETAIS

SíNDROME DE PRUNE-BELLY torna a detecção da criptorquidia impossível. Outros achados


Definição. A sÚldrome de Prune-Belly é um transtorno podem ser fácies de Potter, hipoplasia pulmonar, dilatação
congênito raro, mais comum em meninos, que consiste em gástrica, intestino curto, microíleo, microcólon, má rotação
deficiência dos músculos da parede abdominal (ausentes ou dos intestinos, ânus imperfurado, artrogripose e pé torto
hipoplásicos), criptorquidia e malformações geniturinárias. congênito. Informações adicionais podem ser obtidas por
Sinô nimo. Síndrome de Eagle-Barrett. agregação do exame por ultrassonografia tridimensional e
Etiologia. Muitas teorias foram propostas para explicar a podem ser úteis para um aconselhamento mais eficiente e um
patogênese dessa anomalia. A primeira propõe que a síndrome planejamento terapêutico.
de Prune-Belly ocorre por um desenvolvimento mesodérmico Diagnóstico Difere ncial. Anomalias do trato urinário,
anormal. A interrupção do desenvolvimento dos elementos tais como megacistos, megaureter, obstrução uretral e refluxo
mesodérmicos levaria a uma frouxidão abdominal grave e a vésico-uretral pámário, são diagl1ósticos diferenciais. Bexiga
defeitos no desenvolvimento do trato urinário. A segunda teo- neurogênica e megacistos , nucrocólon, síndrome de hipoperis-
ria é de que essa condição é o resultado de um complexo de taltismo intestinal podem ser consideradas, embora a últinla
malformação com obstrução uretral. Ela propõe que a atrofia se apresente com líquido anmiótico normal.
por pressão dos músculos da parede abdominal ocolTe quan- Prognóstico. O prognóstico depende do grau de com-
do a obstrução uretral leva a uma distensão maciça da bexiga prometimento da função renal. A evolução é tipicamente
e da uretra. A distensão da bexiga tanlbém interferiria na des- favorável em casos de síndrome de Prune-Belly com volume
cida dos testículos e assim seria responsável pela criptorquidia do líquido amniótico normal. A obstrução urinária precoce,
bilateral. O mecanismo responsável pela dilatação e distensão presente na maioria dos casos, leva à insuficiência renal,
do trato urinário é uma dobra da válvula que resulta de uma hipoplasia pulmonar e morte no período neonatal. Mais de
hipoplasia dos elementos do estroma e do epitélio da uretra 60% dos bebês morrem na primeira semana de vida. A des-
prostática. A hipoplasia desses elementos leva a uma fraqueza precoce da obstrução grave da bexiga melhora
subjacente e posteriormente saculação da uretra prostática. A o prognÓStico. Os fetos que desenvolvem distensão leve do
última teoria é que a síndrome seja um defeito genético com trato urinário possuem um prognóstico melhor. Hidronefrose
base na predominância em fetos masculinos e poucos casos branda e megalouretra podem ser as únicas manifestações
familiares. nesses casos.
Incid ência. 0,25 a 0,3:10.000 nascidos vivos, quase Risco d e Recorrên cia. Desconhecido, mas baixo. Uma
exclusivanlente em fetos masculinos (relação homem-mulher ocorrência fanUliar foi vista em alguns pacientes afetados,
de 20:1 ). A incidência mais elevada dessa sÚldrome em fetos sugerindo uma herança ligada ao X. Uma herança multifato-
masculinos foi explicada com base na morfogênese mais rial, ou poligênica, foi também proposta.
complexa da uretra masculina, resultando possivelmente em Conduta. A mOlutoração ultrassonográfica do trato uri-
anomalias obstrutivas em vários ruveis. nário e do volume do líquido anuuótico é necessária durante
Diagnóstico. O diagnóstico deve ser suspeitado em fetos toda a gestação. Qyando a distensão precoce ou grave do
com massas abdominais muito grandes. Estas são, mais tipi- trato urinário é observada, um desvio vésico-anuliótico com
camente, obstrução da bexiga causada por válvulas uretrais, descompressão vesical e correção dos níveis de líquido amnió-
agenesia uretral, mas também outras massas abdominais, tico foi proposta para melhorar a função renal e a pulmonar.
tais como cisto ovariano. Qyando a etiologia é a obstrução As anomalias anatômicas que justificam a consideração
uretral, pode resultar oligo-hidrâmnio com consequente lupo- de correção são as que interferem no desenvolvimento de
pias ia pulmonar e ascite urinária. Em geral, o oligo-hidrâmnio órgãos fetais críticos. Evidências experimentais sugerem que

FIGURA 5-75. Síndrome de Prune-Belly. Ultrassonografia demonstrando uma bexiga urinária acentuadamente dilatada (25 semanas). (Cortesia
de Heron Werner, 2005, thefetus.net.)
SíNDROMES FETAIS 165

FIGURA 5-77. Fotografia neonatal post-mortem demonstrando um


aumento marcante no abdome com pele redundante. (Cortesia de
Heron Werner, 2005, thefetus.net.)

A
demora para o shunt urinário é uma terapia possível. A des-
compressão do trato urinário no início do segundo trimesu-e
é desejável para reduzir o potencial de progressão do dano
aos rins em desenvolvimento. Os benefícios dessa terapia
permanecem controversos e ainda estão sendo avaliados
de uma maneira prospectiva e randomizada. Assim, o shunt
urinário deve ser considerado caso a caso. Além disso, a
correção do oligo-hidrâmnio grave assim que possível deve
reduzir a possibilidade de hipoplasia pulmonar. Quase sem-
pre é necessária a reconstrução da parede abdominal com
propósitos tanto estéticos quanto funcionais. Como 75% dos
indivíduos com a síndrome de Prune-Belly possuem ano-
malias extraurinárias, uma avaliação extensa, especialmente
cardíaca, deve ser realizada.

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lherapelltic possibilities. Z Gebul'tshilfe Neonatol 203:183,1999.
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megacystis-microcolon-imestinal hypoperistalsis synelrome. J Clin
a obstrução do trato urinário fetal, intermitente ou persisten- Ultrasound 26:217, 1998.
te, pode levar à displasia renal, a qual é frequentemente irre- Hoshino T, lhara Y, Shirane H, Ota T: Prenalal c1iagnosis of prune belly
versível, mesmo se a obstrução for aliviada imediatamente syndrome at 12 weeks of pregnancy: case repon anel review of lhe
após o nascimento. A colocação percutânea de um cateter de literatl1l'e. Ultrasound Obstet Gynecol 12:362, 1998.
166 SíNDROMES FETAIS

SíNDROME DE ROBERTS ultrassonográfica dessas características é altamente indicativa


Definição. A síndrome de Roberts é um transtorno gené- da síndrome de Roberts. Os achados clínicos e os estudos
tico raro do desenvolvimento, caracterizado por múltiplas mal- citogenéticos fecham o diagnóstico após o nascimento.
formações, em particulaT, anomalia simétrica dos membros, Anomalia Genética. A análise citogenética de células
anomalias craruofaciais e restrição grave mental e do cresci- fetais obtidas de biópsia de vilocorial no primeiro trimestre,
mento . Ela foi descrita inicialmente por Roberts em 1919, e ou arnnÍocentese ou cordocentese durante o segundo e o
mais recentemente revista por Appelti. Henmann descreveu , terceiro trimestres, é necessária para confirmar o diagnóstico
em 1974, casos de uma entidade muito semelhante chamada antes do nascimento. A presença da separação prematura do
síndrome pseudotalidomida ou se (se eram as illiciais das centrômero fecha o diagnóstico . Uma análise citogenética
duas famílias que foram oTiginalmente descritas). H oje a negativa não exclui a síndrome de Roberts. Uma segunda
síndrome de Roberts e a focomelia se são consideradas uma análise usando um tipo diferente de tecido fetal é necessária.
única entidade genética, com uma ampla variação fenotípica . Prognóstico. A maioria dos pacientes nascidos a tenno
Sinônimos. Síndrome da pseudotalidomida, síndrome de com menos de 37 cm de comprimento e graves defeitos faciais
tetramelia. e dos membros foi natimorto ou morreu all1da na primeira
Prevalência. Desconhecida. infância. Pacientes nascidos com mais de 37 cm de compri-
Etiologia. Esse transtorno possui uma transmissão mento e defeitos menos graves têm um prognóstico melhor,
autossômica recessiva com uma variabilidade marcante na mas os sobreviventes apresentam anomalias do crescimento e
expressão fenotípica. O lócus da doença foi assinalado no grave deficiência mental. Entretanto, a sobrevivência além da
cromossomo 17q21. A anomalia citogenética única, chamada infância não é frequente.
separação prematura do centrômero, que rompe o processo Conduta. Qyando detectada antes da viabilidade, a Íl1terrup-
de pareamento da cromátide, é responsável pelo desenvol- ção da gestação pode ser oferecida. Após a viabilidade, a conduta
vimento das múltiplas anomalias estruturais encontradas na obstén'Íca padrão não é alterada. Para as fanúlias previamente
síndrome de Roberts . afetadas, a amostra da vilosidade coriônica para estudos citoge-
Risco de Recorrência. O risco de recorrência para néticos dmante o primeiro n'Ímestre deve ser recomendada.
casais com histórico familiar positivo é de 25%.
Diagnóstico. A presença de anomalias craruofaciais, tais Referências
como fendas no meio da face (lábio e palato), hipertelorismo Roberts JB: A child with dOllble cleft of lip and palate, prorrusion of the
com olhos proeminentes e opacidade corneana, anomalias imerrnaxillary porrion of the lIpper jaw and impelfect developrnem of
do nariz e das orelhas, pré-maxila proeminente, micrognatia, the bones of the four extremities. Ann Surg 70:252, 1919.
hemangiomas capilares do meio da face, microcefalia, cabelos Appelt H , Gerken H , Lenz W: Tetraphokornelie mit Lippen-Kiefer-
louros prateados encaracolados, bem como de anomalias Gallrnenspalte lInd ClitOrishypertrophie . Ein Syndrom. Paediatr
Paedol 2:119, 1966.
simétricas dos membros (que variam de terrafocomelia até Jones KL, Roberts-SC : Phocornelia in Smith's Recognizable Patterns
redução menos séria dos membros e afetam mais gravemente of HlIrnan Malformation. PhiladeIphia, VVB Sallnders Company, 1997,
os membros superiores do que os Ílúeriores) e retardamento pp 298-299.
mental e do crescimento graves, é muito sugestiva da síndrome GerrnanJ, Roberts syndrorne 1. Cytological evidence for a disrurbance in
de Roberts . Os achados menos comuns incluem oligodactilia, chrornatid pairing. Clin Genet 16:441 , 1979.
oligo-hidrâmnio, defeitos cardíacos (em particular defeito do Robins OB, Ladda RL, Thierne GA, et ai : Prenatal detection of
Roberts-SC Phocomelia syndrome: Report of 2 sibs with chal'3cterislic
septo atrial e persistência do canal arterial), defeito diafrag- manifestations. AmJ Med Genet 32:390, 1989.
mático, agenes ia do baço e das glândulas adrenais , anomalias Stiolli S, Privitera O , Brambati B, et ai: First-trimester prenatal diagnosis
gastrointestinais (obstruções), anomalias renais (rins poli- ofRoberts syndrome. Prenat Oiagn 12:145, 1992.
císticos ou displásicos), criptorquidia, pênis aumentado (em Palladini O, Palrnieri S, Lecora M, et ai: Prenatalllltrasollnd diag110sis of
comparação com o restante do corpo), hipoplasia da pelve, Robens syndrorne in a family with negative history. Ultrasollnd Obstet
útero malformado, atresia da uretra, vagina e ânus. A detecção Gynecol 7:208, 1996.

drogas ilícitas pode exercer um papel causador nas anomalias


DISPLASIA SEPTO-ÓPTICA do desenvolvimento cerebral. A exposição intrauterina ao
Definição. A displasia septo-óptica é uma síndrome carac- ácido valproico também foi associada a um risco aumentado
terizada por anomalias das esouturas medianas cerebrais, tais de anomalias do sistema nervoso central, principalmente
como ausência do septo pelúcido, displasia congênita do nervo defeitos do tubo neural.
óptico e pan-hipopituitarismo, levando a múltiplos defeitos Achados Clínicos.
endócrll10s (diabetes insípido, hipogonadismo hipogonadoo-ófi- Sistema nervoso central: convulsões, retardamento mental,
co, hipotÍl-eoidismo, insuficiência adrenal, teste do hormônio de atrofia do nervo óptico, dilatação da cisterna suprasselar,
liberação da tireotrofma anormal, teste do hormônio liberador sela vazia, atrofia cortical e corpo caloso distrófico, e
da gonadoo'ofina anOlmal e teste do hOlmônio liberador do cefalocele anterior também foram descritos.
hormônio da gonadotrofina anormal). A displasia septo-óptica Face: hipotelorismo, microftalmia, dificuldade visual com
pode representar uma forma branda de holoprosencefalia. nistagmo, hipoplasia do disco óptico unilateral ou bilateral
Sinônimos. Síndrome de Morsier. com aspecto de dupla borda (pigmento coroideo na
Incidência. Desconhecida, porém rara. margem externa e tecido nervoso descorado na margem
Etiopatologia. Embora uma sequência de rompimento mterna), perda visual variável, coloboma, estrabismo,
vascular tenha sido postulada, anomalias genéticas mais astign1atismo, fenda labial e palatina bilateral, palato com
recentes parecem explicar os achados (veja anomalias genéti- arco alto e ponte nasal achatada.
cas mais adiante). Uma possível herança mendeliana (autos- Sistema endócrino: taxa de crescimento lenta e estatura
sômica recessiva) também foi postulada. Além disso, o uso de baixa. O problema mais comum é a deficiência do
SíNDROMES FETAIS 167

um cavum do septo pelúcido normal. A demonstração dos


tratos ópticos hipoplásicos por ressonância magnética pode
permitir que se faça um diagnóstico defmitivo. Hipoteloris-
mo, ventrículos cerebrais aumentados, ventrículos laterais
comunicantes, fenda labial e pala tina bilateral também foram
reconhecidos antes do nascimento .
Anomalias Gené ticas. Mutações no gene do homeo-
box HESXl foram sugeridas como causa etiológica em pelo
menos um grupo de pacientes. Uma mutação sem sentido
Arg53Cis foi encontrada em duas crianças dentro do home-
odomínio HESX1, o que destruía sua capacidade de se ligar
ao DNA-alvo. Camundongos que têm deficiência do gene
do homeobox HESXl se apresentam com defeitos do tubo
neural semelhantes aos da displasia septo-óptica.
Diagnóstico Dife rencial. Muitas variantes com esqui-
zoencefalia associada, disgenesia do corpo caloso ou microf-
talmia, bem como formas incompletas, foram descritas. A
holoprosencefalia lobar pode também lembrar a displasia
septo-óptica.
Risco de Recorrê ncia. Desconhecido.
Prognóstico. O grau variável de déficit mental (de míni-
FIGURA 5-78. Ultrassonografia no segundo trimestre da cabeça mo a grave), bem como a presença de múltiplas disfunções
fetal em um paciente com displasia septo-óptica. A ausência do endócrinas, afeta o prognóstico para cada criança. A preven-
septo pelúcido e a comunicação dos cornos frontais dos ventrículos
laterais (setas) são vistos.
ção da hipertermia (em caso de febre), da desidratação (febre
e diabetes insípido) e outras disfunções endócrinas devem ser
pesquisadas e corrigidas.
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
hormônio do crescimento (93%), seguido por deficiência antes da viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é alte-
do hormônio adrenocorticotrófico (57%), hipotireoidismo rado quando se opta pela continuação da gestação. A confu'-
(53%), diabetes e deficiência de gonadotrofina. A disfunção mação do diagnóstico após o nascimento é importante para o
hipotalâmica é a origem básica dessas anomalias endócrinas. aconselhamento genético. A prevenção de episódios hipogli-
A displasia septo-óptica é responsável por cerca de 4% de cêmicos recorrentes, convulsões e desequilíbrios hormonais
todas as deficiências de hormônio do crescimento nas pode melhorar o prognóstico geral.
cnanças .
Referências
Diagnóstico. A ausência do septo pelúcido é prova-
velmente o achado mais típico. Algumas vezes, as imagens Pilu G, Tani G, Carletti A, et aI: Di/lieult early sonognpruc diagnosis of
absenee of the fetal septum peJlueidum. Ult.rasound Obstet Gynecol
ultrassonográficas padrão do cérebro, obtidas ao longo dos 25:70, 2005.
planos axiais no meio da gestação, podem não identificar Orrico A, Galli L, Zappella M, et al: Septo-optie dysplasia with digital
apropriadamente essa ausência. Isso pode ser explicado pela anomalies assoeiated with matemal Il1ultidrug abu se during pregnancy.
grande proximidade das paredes dos ventrículos laterais, de Eur J Neurol 9 :679, 2002.
tamanho normal, que podem gerar um artefato lembrando MeMahon CL, Braddock SR: Septo-optic dysplasia as a manifestation of
valproie aeid embryopathy. Teratology 64:83, 2001.

SíNDROME DE
tol. Ocasionalmente, essas deleções também incluem o gene
SIMPSON-GOLABI-BEHMEL glipicano-4 (CPC4J. Nem todos os indivíduos com SGBS têm
Definição. A síndrome de Sin1pson-Golabi-Behmel é demonstrado interrupções do lócus GPC3, o que levanta a
caracterizada por um supercrescimento pré e pós-natal, uma possibilidade de que outros loá no cromossomo X poderiam
aparência facial característica, um alto risco para o desenvol- ser responsáveis por alguns casos desta síndrome.
vimento de tumores embrionários e um espectro de malfor- Diagnóstico. Uma triagem por ultrassom pode detectar.
mações congênitas (viscerais e esqueléticas) que se sobrepõe
ao de outras síndromes de supercrescimento. Face "grosseira" característica com hipertelorismo, um
Sinônimos. Síndrome de Bulldog, síndrome de displasia nariz arrebitado pequeno e largo, uma boca larga, um
e gigantismo, ligada ao X, síndrome de Dgsx Golabi-Rosen, perfil facial reto com incompetência dos lábios, sulco
síndrome da dismorfia de Sinlpson, síndrome encéfalo-trofo- medial da língua, macroglossia, má posição dos dentes,
esqUlse. fenda submucosa, má oclusão, palato fendido , uma maxila
Etimologia. Por Simpson (em 1975) e Behmel (em 1984) e uma mandíbula gI-andes, uma grande altura da face
que primeiro descreveram esta condição. inferior, gI-ande base craniana anterior, algumas vezes
Prevalê n cia. Desconhecida. também queratocistos odol1togênicos.
Etiologia. Síndrome ligada ao X caracterizada ou por Macrossomia.
deleções ou por mutações de ponto dentro do gene glipicano- Anomalias esqueléticas, tais como hipoplasia dos
3 (CPC3) em Xq26, um membro de uma família multigênica dedos, uma anomalia congênita da falange proximal,
codificante de pelo menos seis proteoglicanos de heparan polidactilia pós-axial, mãos largas, unhas dos indicadores
sulfato de superfície celular ligados ao glicosilfosfatidilinosi- hipoplásicas.
168 SíNDROMES FETAIS

Anomalias viscerais e congênitas, tais como estenose Taniyama T , Kitai N , 19uehi Y, er ai: Craniofaeial morphology in a
pulmonar, problemas cardíacos e taquiarritmias graves. pacient with Simpson·Golabi-Belunel syndrome. Clefr Palate Craniofac
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visceromegalia, estenose pilórica, esplenomegalia, rins assoeiared Simpson-Golabi-Belunel syndrome: a case reporto Eur J
displásicos grandes. Pediatr Surg 12:59, 2002.
Defeitos congênitos da linha média, tais como agenesia do Chia0 E, Esher P, Crisponi L , et ai: Overgrowth of a mouse model of the
corpo caloso. Simpson-Golabi-Behmel syndrome is independem of IG F signali.ng. Dev
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Li M, Shuman C , Fei YL, Cuciongco E, et ai: GPC3 mutacion analysis in a
Alfa-fetoproteína no soro materno elevada também está spectrum of pacients with overgrowth expands the phenorype of Simpson-
presente. Golabi-Beh.mel syndrome. ArnJ Med Genet 102:161 , 2001.
Diagn óstico Dife re ncial. Síndrome de Beckwith-Vlie- DeBaun MR, EssJ, Saunders S: Simpson Golabi Belunel syndrome : progress
demann, síndrome de SOtos, doenças lisossômicas e ouu'as roward understanding the molecular basis for overgrowth, malfonnacion,
síndromes com supercrescimento. and ca.neer predisposicion. Moi Genet Metab 72:279, 2001.
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P rognóstico. As manifestações clínicas da síndrome são GPC3/GPC4 glypiean gene clusrer on Xq26 in patients Simpson-
amplas, variando de formas muito leves em mulheres por- Golabi-Behmel syndrome: identificacion of loss-of-function mutations in
tadoras a formas letais na infância em homens afetados. Os the GPC3 gene. Hum Moi Genet 9:1321 , 2000.
Brzusrowiez LM , Farrell S, Khan M B, et al: Mapping of a new SG BS loeus
recém-nascidos afetados podem manifestar, além dos achados ro ehromosome Xp22 in a fa.mily with a severe form of Simpson-Golabi-
reportados e já revelados pelo ultrassom, uma síndrome de Belunel syndrome. ArnJ Hum Genet 65:779, 1999.
apneia obstrutiva do sono, retardamento mental variando Lin AE, Neri G, Hughes-Benzie R, et ai: CaJ'diae anomalies in the Simpson-
de normal a levemente retardado, estatura alta, hipotonia Golabi-Belunel syndrome. AmJ Med Gener 83:378, 1999.
muscular generalizada, risco elevado para arritmias cardía- Veugelers M , VellueeschJ, "'iataJ1abe K, er al: GPC4, the r le for humaJ1
cas e para o desenvolvimento de tumores embrionários, tais K-glypiCill1, flanks GPC3 on xq26: deletion of the G ' gene
c1uster in one fmnily Mth Simpson·Golabi-Belunel syndrome. Genomics
como neuroblastoma e tumor de Wilms no início da infância. 53:1 , 1998.
Genitália ambígua (micropênis e hipospád ia perineoescrotal eá G, Gun'ieri F, Zanni G, et ai: Clinicai and molecul31' aspecrs of the
com criptorquidia) e mamilos supranumerários também são Simpson-Golabi-Belunel s)'ndrome. Am J Med Genet 79:279, 1998.
reportados. Problemas cardíacos e transtornos de condução Conunent in ArnJ Med Genet 99:166, 2001.
são os principais componentes da síndrome e podem ser res- vYeidle B, Orstavik KH: Simpson-Golabi-Belunel A new
ponsáveis pela morte no início da infância e talvez por parada overgrowth s)'ndrome wirh increased risk of rumor development. Tidsskr
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Risco d e Recorrência. Desconhecido. Belunel syndrome and hepatoeellulaJ' caJ·cinoma. J Med Genet 35:153,
Conduta. Depende das anomalias predominantes asso- 1998.
ciadas. A interrupção da gestação pode ser oferecida antes da Verloes A, Massart B, DehaUeux I, et ai: Clinicai overlap of Beckwith-
viabilidade. Se a continuação da gestação é escolhida, a mOllÍ- WiedemalU1, Perlman and Simpson-Golabi-BeIu11el syndromes: a
toração periódica do crescimento fetal e a avaliação periódica diagnostic pitfaU. Clin Genet 47 :257, 1995.
Chen E, Jolmson JP, Cox VA, et al: Simpson·Golabi-Belunel
dos defeitos estruturais são recomendadas . congellital diapluagn1atic hernia 311d radiologic fU1dings in two pacients
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SIRENOMELlA Etiologia. Embora a etiologia seja desconhecida, acredita-


Definição. Uma anomalia congemta, causada por um se que a sirenomelia não seja hereditária.
defeito vascular disruptivo, caracterizada por fusão das Ri sco d e Recorrên cia. Desconhecido.
extremidades inferiores , associada a agenesia renal, ausên- Diagnóstico. O diagnóstico da sirenomelia é baseado
na presença de fusão das extremidades inferiores associada a
cia do sacro , reto e bexiga. Foi considerada, no passado,
outras defonnidades esqueléticas e espinhais lombares, agene-
representante de uma forma grave da síndrome da regressão sia renal bilateral (o que leva a oligo-hidrâmllÍo e hipoplasia
caudal. pulmonar graves) e defeitos nas paredes do coração e do
Sinônimos. Síndrome da sereia, sequência de sirenomelia. abdômen . O defeito va.ria de simples fusão cutânea dos mem-
SíNDROMES FETA IS 169

1 Tabela 5-5 1Anomalias Associadas à Sirenomelia


Anormalidade Frequência
Genitália anormal Sinal muito frequente
Agenesialhipoplasia dos rins Sinal muito frequente
Genitália ambígua Sinal muito frequente
Anomalias da bexiga Sinal muito frequente
Ânus imperfurado/estenose anal Sinal muito frequente
Agenesia sacrococcígea Sinal muito frequente
Anomalias cardíacas Sinal frequente
Rádio ausente/anormal Sinal frequente
Espinha bífida Sinal frequente
Físcula traqueoesofágica Sinal frequente

Reproduzido com permissão de Orphanet:


http://www.orpha.ncúconsor/cgi·bin/home.php?Lng=G B.

no tórax e na espinha inferior são observados. Uma única


artéria umbilical, ânus imperfurado e ausência das genitálias
são comumente encontrados.
Diag nóstico Diferencial. A sÚldrome da regressão cau-
dal é o principal diag11óstico diferencial, em geral apresenta
FIGURA 5-79. Sirenomelia. A extremidade fundida e a deformidade deformidades mais brandas comparadas à sirenomelia e
do pé semelhante a barbatana são ca racterísticas da sirenomelia. volume normal do Líquido amniótico. Devido à agenesia renal
bilateral, fetos afetados pela sirenomelia frequentemente têm
fácies de Potter. A fusão das extremidades inferiores, presente
na sirenomelia, defme o diagnóstico diferencial. Outras condi-
ções que devem ser excluídas são Fraser e VATER.
bros a ausência de todos os ossos longos, restando apenas um
fêmur. O defeito dos pés é proporcional ao defeito dos ossos Prognóstico. Essa é uma condição letal devido à agenesia
renal associada e suas complicações. Casos excepcionais se
longos, com um defeito cutâneo comumente se apresentando
apresentam sem agenesia renal e podem sobreviver.
com um pé duplo fundido com 10 dedos, e defeitos mais gra-
ves se apresentando com um pé mais rudimentar e ectromelia. Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
antes da -viabilidade. O cuidado pré-natal padrão não é altera-
Como as pernas são fundidas, sua rotação não ocorre e elas
permanecem na sua posição fetal . Assim, as fíbulas , quando do quando se opta pela continuação da gestação.
presentes, estão entre as tíbias e a sola do pé é orientada "ven-
tralmente" em vez de "dorsalmente". Referências
Patogênese. Uma alteração no desenvolvimento vascular
inicial leva a um "roubo arterial vitelino", em que o fluxo Benacerraf BR: Caudal regression syndrome and sirenomelia in
sanguíneo é desviado da região caudal do embrião para a ultrasound of Síndromes Fetais. New York , Churchill Livingstone,
placenta, resultando em mú ltiplos defeitos das extremidades 1998, pp 250-254.
inferiores. Muitos desses fetos têm uma vasculatura aberran- Jones KL: Sirenomelia sequence in Smith's recognizable partems of
human malformation. Philadelphia, \lVE Saunders Company, 1998,
te, com as artérias umbilicais conectadas às antigas artérias p 634.
vitelinas (as artérias mesentéricas superiores). Stevenson RE,jones KL, Phelan MC, et ai: Vasculal' steal: the pathogenic
Anomalia Genética. Desconhecida. mechanism producing sirenomelia and associated defects of the viscera
Ano malias Associadas. As anomalias estão listadas na and soft tissues. Pediatrics 78:451. 1986.
Tabela 5-5. Defeitos nas paredes cardíaca, renal e abdominal, Olphanet: php ?Lng=G B

SíNDROME DE SMITH-LEMLI-OPITZ seus precursores no plasma poderiam ser marcadores confiá-


Defi nição. A síndrome de Smith-Lemli-Opitz (SLO) é um veis para o diagnóstico pré-natal. Atualmente, a análise do
transtorno autossômico-recessivo comum descrito em 1964 colesterol pode ser feita no período pré-natal usando líquido
por Smith et ai, caractelizado por múltiplas anomalias que amniótico ou , no primeiro trimestre, por biópsia de vilocorial.
incluem aparência facial típica, retardo mental e no crescimen- A introdução de testes bioquímicos para a síndrome de Smith-
to, sindactilia do segundo e do terceiro dedo do pé, anomalias Lemli-Opitz melhorou a detecção pré-natal dessa síndrome.
genitais e outras anomalias dos órgãos internos. Dependendo Contudo, o reconhecimento de traços ultrassonográficos
da gravidade das malformações, o prognóstico pode variar de sugestivos da sÚldrome de Smith-Lernli-Opitz é necessário
leve comprometimento intelectual a letal. O diagnóstico foi para levantar a suspeita, especialmente em pacientes que não
baseado em traços clúlicos encontrados após o nascimento ou estão cientes da sua condi<rão de portadoras e estão tendo
na autópsia até 1993, quando lrons descreveu os níveis redu- a sua primeira gestação afetada. O exame ultrassonográfico
zidos de colesterol no plasma e niveis elevados do 7-desidro- também avalia a gravidade das anomalias, e assim auxilia na
colesterol (7-DHC) , precursor do colesterol, em associação da previsão do resultado. Em 1987, Curry propôs a divisão da
SLO. A confirmação desses achados bioquúnicos por muitos entidade em duas classes: tipo I (a sÚldrome clássica descrita
outros pesquisadores provou que os níveis do colesterol e de por Smith) e tipo II (os casos mais graves).
170 SiNDROMES FETAIS

Sinônimos. Nanismo acrodisgenital, síndrome de Lowry- Anomalias Associadas e Peculiaridades da


Miller-MacLean. I Tabela I Síndrome de Smith-lemli-Opitz
Incidência. Alguns autores sugerem que a síndrome de
Smith-Lemli-Opitz seja o segundo transtorno autossôrnico Área Anatômica Anomalia
recessivo mais comum em norte-americanos brancos , atrás da Membros Sindactilia (especialmente do segundo e terceiro
fibrose cística. A prevalência dessa síndrome foi estimada entre dedos do pé)
0,25:10.000 e 0,5:10.000, mas uma incidência de 1:10.000 foi Polidactilia pós-axial
mencionada em 1997, em uma população na Boêmia Central. Membros curtos
Além disso, com a identificação de um defeito metabólico, Clinodactilia
uma reavaliação desses dados foi sugerida. Luxação dos quadris
Etiologia-Patogênese. Dellaire observou, em 1966, Deformidade em valgo
o padrão autossômico recessivo de transmissão. Em 1994, Desvio radial das mãos
Wallace reportou um caso de translocação balanceada em Desvio ulnar dos dedos
um paciente afetado e sugeriu que o lóeus gênico poderia ser o Pés em "base de cadeira de balanço"
7q32. Causada por um defeito na biossíntese do colesterol, a Pregas palmares anormais
síndrome de Smith-Lemli-Opitz é a primeira síndrome genéti- Padrão dérmico da crista do verticilo dos dedos
SNC/Cabeça Microcefalia
ca conhecida com uma etiologia metabólica.
Trigonocefalia
Diagnóstico. A detecção de uma concentração muito
Agenesia do corpo caloso
reduzida de colesterol e acúmulo anormal de 7-desidrocoles-
Convulsões
terol no plasma fecha o diagnóstico em crianças e adultos .
Desmielinização dos hemisférios cerebrais,
A concentração elevada de 7-desidrocolesterol no líquido nervos cranianos e nervos periféricos
amniótico no segundo trimestre ou na biópsia de vilocorial Hidrocefalia
no primeiro trimestre, normalmente indetectável em ambas Hipoplasia cerebral
as amostras, é um marcador confiável para o diagnóstico pré- Hipoplasia cerebelar
natal da síndrome de Smith-Lemli-Opitz. Casos dessa síndro- Cardíaco Defeito do septo ventricular
me com colesterol normal e 7DHC anormal foranl reportados Defeito do septo atrial
e, assim, níveis normais de colesterol isolados não excluem Atriomegalia
completamente o transtorno. Os níveis de estriol na urina Ventriculomegalia
materna tardiamente na gestação podem estar reduzidos, bem Geniturinário Hipospádia
como os níveis de estriol na circulação materna. Foi observa- Criptorquidia
do que metade dos fetos que sofreram morte intrauterina com Micropênis
a síndrome de Smith-Lemli-Opitz tinha níveis de estriol no Escroto bífido
soro materno baixos ou indetectáveis, levantando a hipótese Escroto hipoplásico
de que esse achado poderia se tornar um teste de triagem do Microuretra
soro materno para essa síndrome. O gene para a síndrome de Genitália ambígua
Smith-Lemli-Opitz foi mapeado e foram isoladas mutações, Capuz do clitóris proeminente
mas por ora apenas em ternlOS experimentais. Pequenos lábios redundantes
Grandes lábios hipoplásicos
Achados U ltrassonográficos. Os achados ultrassono-
Útero rudimentar
gTáficos durante o exame pré-natal podem levantar a suspeita
Obstrução da junção ureteropélvica
em pacientes que não têm históricos fanlliiares ou pregressos
Hipoplasia renal
da sÚldrome de Smith-Lemli-Opitz e, desse modo, não estão
Estenose uretral
cientes de sua condição de portadores. A detecção ultras-
Displasia renal cística
sonográfica de múltiplas anomalias, tais como anomalias Pseudo-hermafroditismo masculino
faciais, polidactilia, sindactilia (mais comum entre o segundo
e o terceiro dedo do pé), prega palmar única, hipospádia e SNC, sistema nervoso cenrral.
criptorquidia no feto masculino, genitália ambígua, defeitos
cardíacos, malformações pulmonares e muitas outras, em
associação de cariótipo normal, é sugestiva da síndrome de
Smith-Lemli-Opitz. A detecção das anomalias principais é anomalias faciais, dos membros e genitais associadas a retardo
importante para avaliar a gravidade do transtorno. A detecção mental e do crescimento, a ampla variação fenotípica é o aspec-
de translucência nucal elevada ou edema nuca! persistente to mais importante desse transtorno. Anomalias de todos os
com hidropisia não imune são outros achados reportados em sistemas foram descritas, e as mais comuns são mencionadas
fetos com a síndrome de Smith-Lemli-Opitz. na Tabela 5-6.
Diagnóstico Diferencial. O padrão de anomalias mul-
tissistêmicas é característico das trissomias do 21 , do 18 e Referências
do 13, e, portanto, o cariótipo é recomendado para excluir
Waterham HR, Wijburg FA, Hennekam RC, et al: Smith-Lemli-Opitz
esses transtornos. A superposição da síndrome de Smith- synclrome is caused by mutations in the 7-dehydrocholesterol reductase
Lemli-Opitz com outros transtornos , tais como a síndrome gene. ArnJ Hum Genet 63:329, 1998.
de Meckel, foi reportada, devido à variabilidade do fenótipo Kelley RI, Hennekam RCM: The Smith Lemli-Opitz syndrome. J Med
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DISPLASIA TANATOFÓRICA Risco de Recorrê ncia. Um nsco empírico geral foi


Definição. A displasia tanatofórica é uma forma congê- estimado em 2%.
nita letal de condrodisplasia de encurtamento dos membros, Diagnóstico. O diagnóstico ultrassonográfico pode ser
que é dividida em dois subtipos: feito na presença de nanismo com encurtamento dos mem-
bros, tórax hipoplásico, crânio em trevo, protuberância
Tipo I é caracterizado por rizomelia extrema, ossos longos frontal e prega simiesca. Curvatura do fêmur, tórax estreito,
curvados, tÓrax estreito, uma cabeça relativamente grande, tamanho grande da cabeça mesmo sem ventriculomegalia
comprimento do troco normal e crânio em trevo ausente. e tecidos moles redundantes são traços que se tornam mais
A coluna vertebral apresenta platispondilia, o crânio tem pronunciados com o avanço da gestação, mas podem não
uma base pequena e, frequentemente, o forame magno estar presentes no segundo trimestre. Em 70% dos casos, a
tem um tamanho reduzido. A testa é proeminente, e displasia tanatofórica está associada a poli-hidrâmnio, que
hipertelorismo e um nariz em forma de sela podem estar pode ser maciço e levar ao trabalho de parto precoce. Os
presentes . As mãos e os pés são normais, mas os dedos são movimentos fetais não parecem ser afetados pela doença,
curtos. mas uma redução no movimento durante o terceiro trimestre
foi reportada. A flexão da mão reduzida provavelmente é
TijJO 11 é caracterizado por ossos longos retos e encurtados, responsável pela presença de prega simiesca. Na ausência de
e crânio em trevo. crânio em trevo, a doença deve ser suspeitada quando são

Sinônimo . Nanismo tanatofórico.


In cidê ncia. 0,69:10.000; a razão homem-mulher é 2:l.
Etio logia. Possivelmente herança autossômica dorninan-
te, mas a maioria dos casos resulta de novas mutações do
recep tor 3 do fator de crescimento de fibroblasto .

FIGURA 5-80. Reconstruções tridimensionais do plano coronal mos- FIGURA 5-81. Outra imagem do modo de reprodu ção tridimensional
tram o crânio de Kleeblattschadel ou crânio em trevo típico da displasia da superfície mostra mais detalhes. (Cortesia de Ana Bircher, 2002,
tanatofórica tipo 11. (Cortesia de Ana Bircher, 2002, thefetus. net.) thefetus. net.)
172 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5-83. Imagens post-mortem deste feto, (Cortesia de Ana


Bircher, 2002, thefetus. net,)

FIGURA 5-82. Os membros superiores eram curtos, em geral rizo -


mélicos e mantendo um ângulo reto ao longo de todos os exames,
(Cortesia de Ana Bircher, 2002, thefetus ,net,)
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má apresentação e um parto difícil. Se tiver se desenvolvido Hertz jM , jlll1ker I, C1u;slensen L, et ai: The molecular genetic back-
uma hidrocefaJia maciça, devem ser consideradas a cefalocen- grollnd of hereditary craniosynoslOs is and chondrodysplasias. Ugeskr
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ESCLEROSETUBEROSA
Definição. Esta síndrome está associada a angiofibroma
facial (frequentemente chamado erroneamente de adeno-
ma sebáceo), epilepsia, retardamento mental, cistos renais ,
angiofibroma múltiplo e bilateral do rim e rabdomioma do
coração. Diversas manifestações cutâneas , tais como manchas
hipocrômicas (visíveis sob luz de vVood) e manchas café-com-
leite (áreas marrom-claro), também são típicas da síndrome.
Tumores cerebrais , como ependimoma do terceiro ventrículo
e astrocitoma, também podem estar presentes .
Sinônimo. Esclerose de Bourneville e Brissaud.
Incidência. 0,3 a 1: 10.000. A idade de início está na
primeira década de vida.

FIGURA 5-85. A mancha café -com -Ieite típi c a da escleros e tub e r o-


sa . (Cortesia de P. Jeanty, 1999, thefetus.net. )

FIGURA 5-84. Esclerose tuberosa . Vários rabdomiomas são vistos FIGURA 5-86. Visão axial (ponderada em T2) em um feto de 26
nesta imagem das quatro cavidades do coração. (Cortesia de Luc semanas de gestação mostrando um nódulo subependimal típico (seta) .
Gourand, 2002, thefetus. net.) (Cortesia de Heron Werner, 2005, thefetus. net. )
174 SiNDROMES FETAIS

1 Tabela 5-7 1Principais Aspectos da Esclerose Tuberosa de que a mãe é afetada . Os rabdonúomas cardíacos aumen-
tam no penodo pré-natal, podem regredir no início da infân-
Tríade clássica « 50% dos casos): cia, permanecer inalterados durante a infância e regredir na
Lesões faciais, adolescência. Os rabdomiomas podem causar transtornos de
Coll1tUlsões e ritmo (síndrome de Wolff-Parkinson-White, taquicardia supra-
Retardamento mental ventricular, arritrnias paroxisticas), bem como obstruções ou
Sistema Nerooso Central regurgitação . Angiofibromas renais não foram reconhecidos
Hamarlomas corticais no período pré-natal, embora isso possa ser simplesmente
Lesão da substância branca' uma questão de tempo. Alguns relatos recentes não publica-
Hamartrmzas subependimais (95%) dos demonstraram que os nódulos subependimais periventri-
LocaliUlfão típica: ao ladiJ das paredes do venbiado lateral culares podem também ser detectados.
Astrocitoma de células gigantes subependimais* O ecocardiograma bidimensional com Doppler é um
Localb:o.ção:)órame de MlJlzro método útil e não invasivo para diagnosticar rabdomiomas
H idJ"OCejà/ia obstrutiva cardíacos fetais e para monitorar sua influência na função
Rim: cardíaca fetal. Entretanto, ele não ajuda a determinar quais os
Cistos fetos afetados por rabdomiomas que desenvolverão esclerose
Angiolipvm4
tuberosa. Alguns estudos reportam que 39% dos rabdomio-
Cardiovascular:
mas cardíacos pré-natais suspeitados serão diagnosticados ao
RabdlJlniom4
Aneurisma, fstenose e eeto/}ia vascular
nascimento como síndrome de esclerose tuberosa. O histórico
Fígado:
familiar permanece o preditor mais forte da síndrome no
LeilJlnioma
aconselhamento pré-natal, enquanto o tamanho do tumor
Adenmlla cardíaco não pode ser usado de modo confiável. Imagens por
ressonância magnética podem ser realizadas para avaliar todas
*Ncnhum registro de visualização intrauterma.
as malformações associadas.
Anomalias Ge né ticas. A esclerose tuberosa C é causada
por defeitos ou mutações em dois genes , da esclerose tuberosa
Cl e da esclerose tuberosa C2 . Apenas um dos genes precisa
ser afetado para a esclerose tuberosa C estar presente. O
gene da esclerose tuberosa Cl , descoberto em 1997, está no
Etiologia. Herança autossômica dominante com uma cromossomo 9 e produz uma proteína chamada hamartina.
grande proporção de mutações novas (casos esporádicos). A O gene da esclerose tuberosa C2, descoberto em 1993 , está
expressão é altamente variável. no cromossomo 16 e produz uma proteína chamada tuberina.
Patogênese. Os túberes são a expressão de um trans- Essas proteínas agem como supressores do tumor, agentes que
torno precoce da embriogênese. Qyanto maior o número de regulam a proliferação e a diferenciação celular.
túberes, maior o número de comprometimentos neurológicos . Diagnóstico Dife renc ial. O achado pré-natal predomi-
Eles podem ser encontrados em qualquer lugar dentro dos nante é o dos rabdomiomas. Outros tumores cardíacos, como
hemisférios cerebrais , tais como na região subependimalloca- fibroma , também devem ser considerados.
lizada nas paredes dos ventrículos laterais e na superfície dos Risco de Recorrê ncia. Baixo nos casos de mutações
gânglios basais. Eles podem se estender para os ventrículos novas; mais alto nos casos de mosaicismo gonadal ; 50% nos
na área do forame de Monro, e podem causar obsu'ução e casos de comprometimento pré-natal.
hidrocefalia. Também podem aparecer nos giros corticais e Prognóstico. Qyando nenhuma hidropisia resulta da
no sulco terminal. A esclerose tuberosa induz uma redução presença dos rabdomiomas, o prognóstico depende das outras
complicações do u·anstorno. Devido à grande variabilidade
do número de neurônios , que são substituídos por neurônios
gigantes multinucleados ou "monstros". O supercrescimento de expressão, uma previsão precisa da condição da criança é
difícil de inferir partindo da condição do genitor. Além disso,
dos astrócitos fibrilares pode resultar em astrocitomas malig-
novas evidências genéticas parecem indicar que o prognóstico
nos. A esclerose induz uma desmielinização, bem como depo-
mental varia com o lócus do gene defeituoso; assim, isso pode
sição de cálcio na glia e nos vasos sanguíneos, o que ocorre
influenciar a decisão acerca da gestação no futuro .
pela degeneração hialina.
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida
Achados Clínicos. A esclerose tuberosa pode apresentar antes da viabilidade.
uma ampla variedade de sinais que envolvem muitos órgãos
como consequência da origem multifatorial desse transtorno
genético (Tabela 5-7). Referências
Diagnóstico. O diagnóstico é geralmente sugerido pela
descoberta de tumores cardíacos, que se assemelham a peque- Kivelitz DE, MuhJer M , Rake A, et al: MRI of cardiac rhabdomyoma in
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SíNDROM ES FET AIS 175

SíNDROME DE TRANSFUSÃO
da síndrome de transfusão feto-fetal na presença de discrepân-
FETO-FETAL cia do líquido anuuótico entre as cavidades.
Definição. A síndrome de transfusão feto-fetal é uma Patogênese. Se a divisão embrionária ocorre antes de três
entidade congênita exclusiva de gestações de gêmeos dianmió- dias após a fertilização, isso resulta em dois fetos independen-
ticos monocoriônicos, caracterizada por uma troca de sangue tes com placentas separadas. Uma única placenta com duas
desequilibrada entre a circulação dos gêmeos, o que ocorre cavidades anmióticas ocorre se a divisão acontecer entre os
por anastomose interplacentária e pode causar comprometi- dias 4 e 7. Se a divisão do embrioblasto ocorre após aproxi-
mento fetal, variando de discordância no crescimento à morte madamente oito dias, os gêmeos dividem uma única placenta
de ambos os fetos. A primeira descrição foi feita por Schatz e cavidade amniótica (gêmeos monocoriôrucos-monoaJmuóti-
no final dos 1800. cos). A divisão depois do dia 12 resulta em gêmeos unidos.
Sinônimo. Gêmeo mumificado (stuck Q.tando dois fetos compartilhanl a mesma placenta,
Etiologia. Anastomose vascular. desenvolvem-se anastomoses entre as suas circulações. Essas
Risco de Recorrê ncia. Desconhecido, mas muito baixo, anastomoses podem ser de três tipos: de veia para veia, de
considerando a pequena chance de desenvolver uma segunda artéria para aJ·téria e de artéria para veia. Mesmo quando exis-
gravidez de gêmeos dianmióticos monocoriônicos. tem várias conexões vasculares dentro de uma única placenta,
Incidência. A transfusão feto-fetal causa complicação em nenhuma traJlsfusão deve ocorrer desde que as anastomoses
cerca de 15% das gestações de gêmeos monocoriônicos e é estejam equilibradas. Placentas de gestações com síndrome
responsável por 17% da mortalidade perinatal em gestações de transfusão feto-fetal têm menos anastomoses, as quais
múltiplas. são mais provavelmente solitárias e do tipo arteriovenoso
Diagnóstico. Os critérios ultrassonográficos para o diag- profundo, ao contrário daqueles sem a síndrome. Uma vez
nóstico da síndrome de transfusão feto-fetal incluem placenta- que a transfusão ocorra, o gêmeo doador ou "bombeado r"
ção monocoriônica, com visualização de uma membrana de se torna rupovolên-uco devido à perda de sangue. A lupóxia
separação, felos do mesmo sexo, sequência de poli-hidrâmnio- se desenvolve devido à insuficiência placentária, que também
oligo-hidrâmnio no meio da gestação (poli-hidrâmnio na bolsa é responsável pela restrição do crescimento intrauterino. A
do receptor e oligo-hidrâmnio na do doador) na ausência de perfusão renal insuficiente leva a oLigo-hidrârmuo. Essa carac-
outras causas de volume anormal do liquido anU1Íótico, e mar- terística tardia, quando grave, é responsável pela aparência
cante discordância do crescimento. Considera-se discordância clássica do gêmeo mun-uficado: a bolsa anU1Íótica se torna
significativa do peso uma diferença entre os tamanhos dos pequena demais, a membrana anU1Íótica fica em contato pró-
gêmeos igual ou maior que 20%. Outros achados que devem XlI110 com o corpo do gêmeo "bombeador", e o feto aparece

ser observados incluem não visualização da bexiga do doador preso à paJ'ede uterina. Hipervolenua com perfusão renal
com a bexiga do receptor aumentada, relação sistólicaJdiastó-
lica (S/D) anormal ao Doppler do cordão umbilical, hidropisia
ou evidência de insuficiência cardíaca congestiva de qualquer
um dos gêmeos (mais encontrada no gêmeo receptor). Formas
mais brandas da doença são mais difíceis de diagnosticar devi-
do à falta de critérios uniformes; contudo, deve-se suspeitar

FIGURA 5-87. Síndrome da transfusão feto-fetal. Os fetos são FIGURA 5-88. Um caso diferente da síndrome de transfusão feto-
visivelmente discordantes no tamanho , com o feto maior à esquerda fetal. O feto à direita da mãe (lado esquerdo da imagem) está preso
(o receptor) demonstrando ascite. contra o útero anterior pela membrana divisora (setas).
176 SíNDROMES FETAIS

FIGURA 5-90. Este é outro caso de transfusão feto-fetal . Superfície


fetal da placenta apresentando duas bolsas, uma membrana divisora
e as anastomoses vasculares.

amnionexe, descolamento de placenta e desconforto abdonu-


nal e respiratório. A morte de um dos gêmeos pode causar
fenômenos embólicos (síndrome de embolização do gêmeo),
problemas de coagulação no gêmeo remanescente e seque-
las, tais como doenças neurológicas, cardíacas e renais , são
comuns entre os sobreviventes.
Diagnóstico Dife rencial. O diagnóstico diferencial deve
ser uma preocupação principalmente com gêmeos de tama-
nhos diferentes sem transfusão como o mecalusmo fisiopato-
lógico subjacente do problema. Alguns autores propuseram
uma nova entidade chamada sequência de oligo-hidrânuuo-
poli-hidrfumuo de gêmeos, em que a transfusão feto-fetal está
incluída. Estudos lustopatológicos da placenta são necessários
para distinguir a transfusão feto-fetal das outras condições
FIGURA 5-89. Fotografia post-mortem de gêmeos. Os gêmeos são incluídas na sequência de oligo-hidrâmruo-poli-hidrâmnio de
discordantes, com o gêmeo maior, receptor, à esquerda. gêmeos . A restrição do crescimento intrauterino isolada pode
ser considerada se a discrepância de crescimento for mínima
(n1eros de 15%) e os outros traços da síndrome não estiverem
presentes. A gestação de gêmeos dicoriônicos com placentas
aumentada leva a poli-hidrâmnio na bolsa do gêmeo receptor. fundidas e restrição do crescimento de um dos fetos é outra
Como não há perda de proteínas ou componentes celulares da condição que pode levar a um diagnóstico errado. Esta pode
sua circulação, a pressão osmótica coloidal puxa água do com- ser excluída se os gêmeos tiverem sexos diferentes ou, após o
partimento materno através da placenta, estabelecendo um nascimento, por análise lustopatológica da placenta.
círculo vicioso de hipervolemia, poliúria e hiperosmolaridade, Prognóstico. a doença se manifesta durante o
levando a insuficiência cardíaca de alto débito, hidropisia e segundo u"imestre, há um alto risco de morbidez e mortalida-
poli-hidrâmnio. de perinatais. H ipóxia intrauterina, parto precoce e morte de
as formas mais graves, o diagnóstico não deve ser um dos fetos (geralmente o doador) com subsequente morte
difícil: uma única placenta, poli-hidrâmnio maciço na bolsa ou sequela hipóxica-isquênlica (ver síndrome de embolização
do gêmeo receptor, um gêmeo doador mumificado preso à do gêmeo anteriormente) no gêmeo sobrevivente são as com-
parede uterina com mobilidade reduzida e óbvia discordância plicações mais comuns para se estar atento nessas gestações.
do crescimento. Formas mais brandas da doença são mais O fluxo diastól ico final ausente na artéria umbilical do doa-
difíceis de diagl10sticar devido à falta de critérios uniformes. dor, acompanhado por pulsação venosa na veia umbilical do
Contudo , deve-se suspeitar da síndrome de transfusão feto- receptor, geralmente está associado a um mau prognóstico.
fetal na presença de discrepância do líquido amniótico entre Hidropisia ou evidência de insuficiência cardíaca congestiva
as cavidades, independente do tamanho da discordfu1cia do de qualquer um dos gêmeos também está associada a um
peso entre os gêmeos. Uma diferença de hemoglobina entre prognóstico reservado. Esses sinais são encontrados mais no
os gêmeos major que 2,4 g/cll no sangue fetal obtida por cor- gêmeo receptor.
docentese tem se mostrado consistente com a síndrome do Conduta. Embora a eficácia das terapias disponíveis ainda
gêmeo munlificado. seja controversa, a elevada taxa de mortalidade (que pode ser
Anomalias Asso c iadas . A superdilatação do útero de quase 100%) quando se opta pelo tratamento da gestante
causada pelo poli-hidrâmnio pode provocar parto pré-termo, implica a necessidade de terapia invasiva. O tratamento inclui
SíNDROMES FETAIS 177

amniocentese seriada para drenar o poli-hidrâmnio na bolsa Referência


do gêmeo receptor e, mais recentemente, ablação dos vasos
comunicantes na superfície placentária por neodímio: um Bruner JP, Anderson TL, Rosemond RL: PlacentaJ pa[hophysiology of
the [win oligohydramnios-polyhydramnios sequence and [he [win-[vl'in
laser YAG guiado por fetoscopia e ligação do cordão umbili- [ransfusion syndrome. Placenta 19:81, 1998.
cal. A monitoração intensiva com cardiotocografias semanais,
alternando com perfis biofísicos , é recomendada da época do
diagnóstico até o parto.

ASSOCIAÇÃO VACTERL
. - Diag nóstico. A associação de anomalias vertebrais (em
Definição. Inicialmente descrita em 1973, a associação de particular no nível lombossacral) e defeitos renais , cardíacos
anomalias vertebrais, anais, traqueoesofágicas, renais e radiais e radiais constitui a manifestação clássica da síndrome de
(VATER) representa um defeito no desenvolvimento meso- VACTE RL. É sabido, entretanto, que alguns indivíduos afeta-
dérmico no nível da linha primitiva. Mais recentemente, essa dos não apresentarão todos os achados típicos. O diagnóstico
associação foi expandida para incluir essas anomalias bem pode também ser suspeitado em função de poli-hidrâmnio na
como traços cardíacos e uma descrição mais ampla das ano- presença de um estômago fetal pequeno ou ausente (a fístula
malias dos membros (VACT E RL). VACTE RL é uma sigla traqueoesofágica), hemivértebra ou escoliose, ou defeitos dos
mnemonicamente útil para uma associação não aleatória de membros (em particular, anomalias no rádio, mão torta, defei-
malformações incluindo V (anomalias vertebrais), A (atresia tos de redução e polidactilias), defeitos renais e cardíacos. A
anal), C (anomalias cardíacas), TE (fístula traqueoesofágica presença de uma costela supranumerária (13 2 e 14º pares torá-
ou atresia do esôfago), R (anomalias r enais/urinárias) e L cicos, 62 a 72 lombares) pode ser reconhecida, especialmente
(defeito nos membros [limb, em inglês]) . Considera-se que os com a incidência tridimensional . O diagnóstico por ultrassom
pacientes têm associação VACT ERL quando três ou mais da síndrome VACT E RL pode ser realizado no inicio do
sistemas orgânicos estão envolvidos. Os defeitos mais fre- segundo trimestre, se o feto for gravemente afetado.
quentes descritos são anomalias de fístula traqueoesofágica e Anoma.l ias Gené ticas. H erança ligada ao X e autossô-
anomalias anais ou vertebrais . mlCa recessIva .
Sinô nimos. Sequência VATER, associação VATER, sín- Diagnóstico Diferencial. Qyase metade dos pacientes
drome VACTEL. com fístula traqueoesofágica apresentará outras malformações
Incidência. Incomum. Aproximadamente 300 casos de VACTERL. A síndrome de Townes tem muitos traços
foram reportados. semelhantes . Como a síndrome VACTERL consiste em
Etiologia. Embora a VACTERL ocorra como um anomalias de vários sistemas, transtornos cromossômicos tais
evento esporádico na maioria dos casos, uma alta frequência como trissomia do 18 e trissomia do 13 devem ser excluídos
entre ftlhos de mães diabéticas foi observada. Alguns autores por estudo do cariótipo. Transtornos caracterizados pela
reportam que ratos expostos a doxorrubicina (adriamicina) presença de defeitos vertebrais, renais e/ou radiais (tais como
no período pré-natal demonstraram uma série semelhante de síndrome de trombocitopenia com ausência de rádio, anemia
anomalias . de Fanconi, sindrome de Roberts , sindrome de H olt-Oram,
Risco de Recorrê ncia. Varia de 1% a 50%. sÚldrome de ager, sÚldrome de regressão caudal, sirenome-
Patogênese. Desenvolvimento mesodérmico defeituoso lia, ducto mülleriano, agenesia renal, associação de anomalias
de origem desconhecida, possivelmente um u-anstorno mito- dos membros superiores e das costelas, síndrome da ectrodac-
condrial. tilia-displasia ectodérmica e síndrome deJarcho-Levin) devem
ser considerados.

FIGURA 5-92. Vértebra anormal (seta) em associacão do achado


FIGURA 5-91. Associação VACTERL. Ultrassonografia de um feto mencionado anteriormente e uma anomalia radial (não deve
com at resia anal e um segmento dilatado do intestino grosso. levantar a suspeita de associação VACTERL.
178 SíNDROMES FETAIS

Anomalias Associadas. Várias. A hidrocefalia geralmen- infecção do trato urmano enquanto aguardam a conclusão
te está associada. da triagem. O acompanhamento urológico é crucial porque a
Prognóstico. De modo geral não é bom, mas depende da maioria dos pacientes, no fill1, precisa de intervenção gelútu-
associação particular de anomalias. Durante as últimas déca- rinária. H oje, os cirurgiões estão mais aptos a corrigir proble-
das, a literatura refletiu um aumento constante na sobrevivên- mas cardíacos e intestinais nesses casos.
cia de crianças com a associação VACTERL. H oje a maioria
das crianças com a associação VACTERL sobrevive.
Conduta. A interrupção da gestação pode ser oferecida Referências
antes da viabilidade. A monitoração ultrassonográfica mensal
Kolker AR, Coombs CJ, MearaJG, et al: Patterns of radial dysmorphology
do crescimento fetal e a avaliação dos defeitos estruturais são with the VACTERL association in lhe adriamycin·exposed prenatal
recomendadas. A realização do parto em um centro terciário ratoAnn Plast Surg 45 :525, 2000.
é necessá.ria para reparo cirúrgico e reabilitação imediatos. O Omim: VACTERL ASSOCIATION WITH HYDROCEPHALUS
sistema de órgãos mais envolvido é o sistema urinário, com 276950.
uma anomalia do trato urinário superior em mais de 90% Kolon TI, Gray CL, Sutherland RW, et ai: Upper urina!")' tract
manifestations of the VACTERL association. J Urol 163:1949,
dos casos. Após o nascimento, pacientes com a associação
2000.
VACTERL devem permanecer em profilaxia antibiótica para

SíNDROME DE WALKER-WARBURG
Definição. A síndrome de Walker-Warburg é um trans-
torno genético caracterizado por descolanlento de retina,
cataratas, microftalmia e anomalias musculoesqueléticas e
do sistema nervoso central (hidrocefalia, lisencefalia tipo lI,
cefalocele) associados a retardamento mental. Foi reportada
inicialmente por Walker em 1942 e revista por Warburg em
1971.
Sinônimos. Lisencefalia tipo lI, síndrome de HARDE
(hidrocefalia, agiria, displasia retiniana e encefalocele), doen-
ça do músculo-olho-cérebro, síndrome cérebro-oculomuscu-
lar, displasia cérebro-ocular-distrofia muscular, síndrome de
Warburg, lisencefalia de Walker, displasia encéfalo-oftálmica e
malformação oculocerebral.
Incidência. Desconhecida.
Etiologia. Herança autossômica recessiva.
Diagnóstico. Dobyns reviu 63 casos em 1989 e estabele-
ceu os critérios de diagnóstico, que incluem lisencefalia tipo lI, FIGURA 5- 93. Pequena cefalocele (seta) em um feto com a sín-
malformações cerebelares, malformação retiniana (em geral, drome de Walker-Warburg. O filho anterior desta família foi afetado
deslocanlcnto da rctina) e distrofia muscular congênita. De de modo semelhante.
fato, a distrofia muscular congênita está presente em 100%
dos casos . Entretanto, uma anlpla variedade de manifestações
oculares e cerebrais foi reportada, além das anomalias prin-
cipais, que incluem: microftalmia, buftalmia, glaucoma con-
gênito, catarata, hipoplasia do nervo óptico, anéria hialoide
persistente, malformação de Dandy-Walker, hidrocefalia, cefa-
locele, microcefalia e agenesia do corpo caloso. Baseado nesse Risco de Recorrência. O risco de recorrência para
amplo espectro de defeitos, a associação de qualquer tipo de casais com filhos previamente afetados é de 25%.
malformação ocular a malformações cerebrais deve levantar Prognóstico. A maior parte dos recém-nascidos afetados
a suspeita da síndrome de Walker-"\Varburg. O achado de um pela síndrome de Walker-Warburg morre no prinleiro ano
anel concêntrico dentro do corpo vítreo (a retina descolada) de vida . Dos poucos que sobrevivem até os 5 anos de idade,
ou a presença de lipoma do corpo caloso é muito sugestivo a maioria tem grave retardamento mental e do desenvolvi-
do diagnóstico. Qyando os achados ultrassonográficos pré- mento .
natais são inconclusivos, imagens por ressonância magnética, Conduta. Qyando detectada antes da viabilidade, a inter-
tomografia computadorizada, eletTOmiografia e estudos de rupção da gestação pode ser oferecida. Após a viabilidade, o
autópsia são indicados após o nascimento para proporcionar cuidado pré-natal padrão não é alterado.
um aconselhamento genético preciso para a fanúlia.
Anomalias Genéticas. Defeito de 9q31.
Anomalias Associadas. Fenda labial e malformações
genitais podem ser encontradas ocasionalmente.
Diagnóstico Diferencial. Anomalias associadas a lisen- Referências
cefalia, tais como Miller-Dieker e Neu-Laxova, são os princi-
Asano Y, Minagawa K, Okuda A, et ai: A case of YValker·Warburg
pais diagnósticos diferenciais. Outros transtornos que devem syndrome. Brain Dev 22:454,2000.
ser excluídos são a síndrome de Meckel, síndrome de Fryns, Blin G, Rabbé A, Ansquer Y, et ai : First·tTimester ultrasound diagnosis
trissomias do 18 e do 13, distrofia muscular congêlúta grave in a recurrem case of Walker·YVarburg syndrome. Ultrasound Obstet
do tipo Fukuyama e infecções virais maternas. Gynecol 26:297, 2005 .
SiNDROMES FETAIS 179

SíNDROME DE WOLF-HIRSCHHORN associação de nenhuma anomalia no Doppler, liquido ammó-


Definição. T1-anstorno cromossôuúco causado por perda tico normal, defeitos na linha média e uma "boca caida".
de material da porção distal do braço curto do cromossomo 4. Diagnóstico Ge nético. Embora possa haver alguma
Sinônimos. Síndrome de deleção 4p, síndrome de Wolf- dificuldade em detectar algumas pequenas deleções por cito-
Hirschhorn e região cromossômica de Wolf-Hirschhorn. genética, a citogenética padrão (bandeamento G tradicional,
Incid ência. Aproximadamente 120 casos relatados na bandeamento de alta resolução, tipificação por reação em
literatura mundial, mas um número muitas vezes maior está cadeia da polirnerase, hibridização por tranferéncia de Southern
registrado em grupo de apoio. e técnica de hibridização in situ com flu orescência) pode fechar
Etiologia. Qyebra anormal do cromossomo durante a o diagnóstico. O lócus gênico no mapa é o 4p16.3.
sinapse e recombinação. Embora inicialmente se pensasse que Anomalias Associadas. As anomalias estão listadas na
a deleção fosse de origem paterna, foi descoberto recentemen- Tabela 5-8.
te que ela pode ser tanto de origem materna quanto paterna. Diagnóstico Dife rencial.
A idade paterna não é um fator causal.
Diagnóstico. O diagnóstico pré-natal é sugerido pela • Síndrome de PITT: está muito intimamente relacionada com
presença de restrição grave do crescimento intrauterino sem a síndrome 4p-. A síndrome de PITT, ou síndrome de

1Tabela 5-8 1Anomalias Associadas à Síndrome de Wolf-Hirschhorn


Área Características
Crescimento Grave restrição do crescimento é a regra
H abilidades Atraso psicomotor
Retardamento mental
Sistema nervoso central Disgenesia do corpo caloso
Padrão de EEG anormal caracterizado por convulsões mioclônicas generalizadas ou unilaterais
seguidas por breves ausências atípicas. Transtornos de convulsão tendem a desaparecer com a
idade
Crânio Microcefalia
Dolicocefalia
Defeitos no escalpo
Rosto Aparência facial de capacete grego
Anomalias no lobo da orelha
Grande nariz retangular contínuo às sobrancelhas
Orelhas de implantação baixa
Anomalias no segmento anterior do olho (extropia, blefaroptose)
Coloboma dos olhos
Hipertelorismo
Testa alta
Fissuras palpebrais inclinadas para baixo
Alguns traços oftálmicos da síndrome de 4p- são semelhantes aos de Sp- (síndrome de cri-dll-chaf)
Nariz coracoide
Microretrognatia
Dismorfismo facial
Fendas labial e palatina
Boca caida
Taurodontismo, que é um aspecto dentário caracterizada por dentes com cavidades da polpa
alongada e deslocamento apical da bifurcação e trifurcação das raizes. Isso causa atraso na
erupção e perda congênita de dentes
Coração Defeito septal ventricular
Hipoplasia ventricular direita
Pulmões Isomerismo pulmonar
Hérnia diafragmática
T órax hipoplásico
Sistema urinário Hipoplasia renal
Displasia policística
Oligomeganefronia (uma hipoplasia renal rara caracterizada por uma redução no número de
renículos com hipertrofia compensatória dos glomérulos e dos túbulos renais proximais)
Genital Hipospádia
Testículos não descidos com um pênis dista! irregular
Coluna vertebral Covinhas sacrais
Seio sacral
Outras Anomalias esqueléticas

Continua
180 SíNDROMES FETAIS

I Tabela 5-8 1Anomalias Associadas à Síndrome de Wolf-Hirschhorn - Cont.


Área Características
Deficiências de anticorpo (IgA e IgG2) são mencionadas em alguns casos. A associação de defeitos
de anticorpo a 4p- sugere um gene regulador com a região cromossômica deletada que promove o
sistema de células B
Uma menina de 8 meses de idade desenvolveu hiperterrnia maligna após queiloplastia
Atresia esofágica
Higroma cístico
Grande corioangioma placentário
Placenta hipotrófica, com possíveis lesões vasculares, também sem hipertensão materna
Defeitos de fusão da linha média Variando de anomalias menores, como
Defeito no escalpo
Hipertelorismo
lsomerismo pulmonar
Mesentério comum
H ipospádia, que é um dos mais proeminentes e característicos defeitos da linha média em crianças do
sexo masculino com esta síndrome
Covinhas sacrais
a:
Fenda palatina
Agenesia do corpo caloso
Defeito septal ventricular
H érnia diafragmática

EEG, elclroencefalograma; IgA. imunoglobulina A; IgG2, imunoglobulina G2.

Pitt-Rogers-Dank.s (PRDS) , é uma síndrome rara, suposta- Referências


mente autossômica recessiva com retardo no crescimento
Sase M, H asegawa K, Honda R, et ai : Ultrasonographic findings offacial
pré e pós-natal, microcefalia, aparência facial característica, dysmorphism in Wolf-Hirschhorn syndrome. Am J Perinatol 22 :99,
convulsões, pregas pabnares incomuns e atraso no desen- 2005.
volvimento. Também é uma microdeleção no 4p13.3. Boog G, Le Vaillant C, Collet M, et ai: Prenatal sonographic patterns
in six cases of Wolf-Hirschhorn (4p-) syndrome. Fetal Diagn Ther
Síndnmze do dedo de Z ink: é considerada uma subfamília de 19:421,2004.
4p-; contudo, os sinais e sintomas são diferentes . Dietze I, Fritz B, Huhle D, et ai: Clinicai, cytogenetic and molecular
'lÍ-isso11lia do 13: causada por trissomia de algumas ou todas investigation in a fetus with "Volf-Hirschhorn syndrome with paternally
derived 4p deletion. Case report and review of the literature. Fetal
as regiões do cromossomo 13, compartilha várias caracte- Diagn Ther 19:251 , 2004.
rísticas, incluindo retardo no crescimento pré e pós-natal, Beaujard MP, J ouannic JM, Bessieres B, et aI: Prenatal detection of a
microcefalia, fendas labial e pala tina e anomalias cardía- de novo terminal inverted duplication 4p in a fetus with the "Volf-
Hil"Schhorn syndrome phenotype. Prenat Diagn 25:451 , 2005.
cas . Aslan H , Karaca 1 , Basaran 5, et ai : Prenatal diagnosis of W'otf-
Outras aneuploldias: Embora a 4p- seja semelhante à Sp-, Hirschhorn syndrome (4p-) in association with congenital hypospadias
and foot deforrniry. BMC Pregnancy Childbirth 3:1, 2003.
indivíduos com a 4p- não têm o choro característico. O s Tapper JK, Zhang S, Harirah HM , et ai: Prenatal diagnosis of a fetu s
traços oculares que distinguem a 4p- de outras deleções with unbalanced u'anslocation (4; 13) (pI6;q32) with overlapping
incluem lacrimejamento normal, algum grau de blefarop- features of Patau and "Volf-Hirschhorn syndromes. Fetal Diagn Ther
17 :347, 2002.
tose e a preponderância dos sinais do segmento anterior. De Keersmaecker B, Alben M, Hillion Y, el aI: Prenata! diagnosis of
brain abnormalities in "Volf-Hirschhorn (4p-) syndrome. Prenat Diagn
22 :366, 2002.
Prognóstico. Geralmente letal ; contudo, quatro casos Dufke A, Seidel J Schoning M, et ai: Microdeletion 4p16.3 in three
foram acompanhados até os 16 anos. unrelated patients with Wolf-Hirschhorn syndrome. Cytogenet Cell
Risco d e Recorrên cia. Desconhecido. Genet 91 :81 , 2000.
Petek E, W'agner K, Steiner H , et aI: Prenatal diagnosis of partia! o'isomy
Conduta. O diagnós tico de um feto com crescimento 4q26-qter and monosomy for the Wolf-Hirschhorn criticai region in a
restrito com líquido amniótico normal, Doppler normal e fetus with split hand malformation. Prenat Diagn 20:349, 2000.
triagem de infecção negativa sugere um exame detalhado do Vinals F, Sepulveda W, Selman E: Prenata! detection of congenital
hypospadias in the ' >Volf- Hirschhorn (4p-) syndrome. Prenat Diagn
cérebro e coração fetais e um cariótipo. A citogenética padrão 14:1166, 1994.
nem sempre pode demonstrar uma microdeleção; assim, o Tachdjian G, Fondacci C , Tapia S, et ai: The "Volf-Hirschhorn syndrome
in fetuses. Clin Genet 42:28 1, 1992.
bandeamento de alta resolução e a análise molecular devem Verloes A, Schaaps J P, Herens C , et a! : Prenata! diagnosis of cystic
ser realizados. Um exame ultrassonográfico tridimensional hygroma and chorioangioma in the Wolf-Hirschhorn syndrome.
tan1.bém é útil para observar a face dos fetos. Uma autópsia Prenat Diagn 11 :129, 1991.
Eiben B, Leipoldl M, Schubbe I, et ai : Partial deletion of 4p in felal cells
pode revelar a idade óssea atrasada. not present in chorionic villi. Clin Genet 33:49, 1988.
6
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O
PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO
Faye C. Laing, MD, Mary C. Fra tes, MD e Carol B. Benson , MD

Fisiologia Materna e Desenvolvimento Embrionário Papel do Doppler


Desenvolvimento da Placenta e Membranas Fetais Detectando um Saco com Embrião
Desenvolvimento da Placenta Atividade Cardíaca Ausente
Desenvolvimento da Circulação Uteroplacentária Atividade Cardíaca Presente
Desenvolvimento da "Membrana" Coriônica Fatores de Risco para a Interrupção da Gestação Inicial
Desenvolvimento do Âmnio Idade Gestacional
Anatomia Ultrassonográfica Normal e Pontos de Referência Sangramento Intrauterino
Identificando o Saco Gestacional Frequência Cardíaca
Fluxo Sanguíneo na Gestação Inicial Saco Pequeno - Atraso de Crescimento
Identificando a Vesícula Vitelina
Avaliação da Vesícula Vitelina
Identificando o Embrião e a Atividade Cardíaca
Identificando Membranas Fetais e Placenta Avaliação do Âmnio

Determinando a Idade Gestacional Fatores Maternos


Complicações do Primeiro Trimestre Utilidade dos Níveis de hCG no Primeiro Trimestre da Gestação
Ausência de Saco Intrauterino
Papel do Doppler na Predição de Interrupção da Gestação
Detectando um Saco sem um Embrião ou uma Vesícula
Vitelina Detectando Anomalias Fetais
Critérios para um Saco Gestacional Anormal Armadilhas de Desenvolvimento
Tamanho
Diagnosticando Anomalias (Excluindo Translucência Nucal)
Taxa de Crescimento
Aspecto do Trofoblasto Conclusão

D urante o primeiro trimestre de gestação, ocorre uma


sequência única e dramática de eventos, definmdo o
período mais crítico e tênue do desenvolvimento humano:
de realizar esse exame são muitas e incluem 1: (1) identificar
a localização e o número de sacos gestacionais; (2) determi-
nar uma Ie para a gestação; (3) determinar se uma gestação
a notável transformação de uma única célula em um ser inicial apresenta aspecto normal ou se estão presentes indica-
humano. O tempo de duração do primeiro trimestre é dores ultrassonográficos que predigam interrupção; (4) ava-
baseado na data menstrual; em uma paciente com um ciclo liar sintomas maternos, tais como dor ou sangramento; (5)
de 28 dias , ele começa 2 semanas antes da fertilização (no avaliar o conteúdo uterino antes de interromper a gestação;
primeiro dia da última menstruação) e termina 12 semanas e (6) direcionar procedimentos diagnósticos ou terapêuticos
após. este capítulo, é usada exclusivamente idade gestacional que requeiram guia visual (ou seja, biópsia vilocorial, am-
(Ie), sendo esta sinônimo de idade menstrual (I M ). Essa niocentese). Como a tecnologia ultrassonográfica continua a
terminologia é escolhida porque a menstruação é um evento evoluir e melhorar, há uma ênfase crescente no rastreamen-
visível que estabelece a data do último período menstrual to precoce de complicações fetais. Por exemplo, a detecção
normal e porque é compatível com o uso radiológico e precoce de síndrome de Down e outras anomalias cromos-
obstétrico. Em contraste, a data embriológica começa com sômicas pode agora ser feita pela medida da translucência
a concepção e é, portanto, 2 semanas após o primeiro dia nucal entre 11 e 14 semanas de gestação, combinando essa
da última menstruação. Embora a idade embriológica seja informação com a idade materna e os níveis bioquímicos no
cientificamente mais precisa, não há um marco visível que soro materno (proteína A associada no plasma na gestação
anuncie a concepção e por isso os radiologistas e os obstetras [PAPP-A) e a subunidade beta livre da gonadotrofina coriôni-
continuam a usar IM ou I e para datar a gestação. ca).2,3 Alguns investigadores também sugerem que é possível
A ultrassonografia transvaginal é um método excelente examinar a anatomia fetal cardíaca e não cardíaca em uma
de imagem para avaliar uma paciente durante o primeiro tri- população de baixo risco num exame ultrassonográfico de
mestre de gestação (Fig. 6-1). As indicações e necessidades rotina entre 11 e 14 semanas. 4 Na verdade, nessa IG, pode
18 1
182 AVALIAÇÃ O ULTRASSONOGRÁFICA DURANT E O PRIMEIRO T RIMESTRE DA GESTAÇÃO

ITabela 6-1 I Embriologia da Gestação Inicial


Período de Desenvolvimento Semanas Características

Pré e periovulação 1-2 Folículos ovarianos maduros


i
Ovulação
i
Corpo hheo
Concepto 3-5 Fertilização
i
Mórula
i
Blastocisto
i
Embrião trilaminar
(embrião achatado)
Embrionário 6-10 Embrião em forma de C
i
Principais órgãos
desenvolvem-se i
Vesícula vitelina destaca-se
Fetal 11-12 Crescimento fetal
i
Membranas amniótica e
coriônica aproximam-se
A uma da outra (fusão com
17 semanas)

Adaptada de Soa hey R , \Voodwa rd P, Zweibel WJ: FirsHrimester ult rasou nd:
The essemials. Sem in Ultrasound CT MR 17:2, 1996.

e enfatiza as mudanças de desenvolvimento relativas às ima-


gens ultrassonográficas com transdutores transvagi-
nais de alta resolução. E usado um ciclo de 28 dias nessa
discussão, embora um ciclo normal possa variar em extensão
de 25 a 35 d ias. Para os interessados em uma explicação mais
detalhada desses eventos, uma excelente fonte de material é
'lhe Human: Clinically Orienled Embriology, de Moore
e Persaud. ·18

FISIOLOGIA MATERNA E
B DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
FIGURA 6-1 . Corte sagital transabdominal IA) revela um útero Durante as primeiras 2 semanas da pré- e periovulação,
retrovertido de aspecto normal. Um exame transvaginal 181 feito ocorrem alterações cíclicas tanto nos ovários quanto no en-
imediatamente após o estudo transabdominal mostra a vesícula
v itelina no interior de um saco gestacional intrauterino. dométrio, como resultado da influência dos hormônios foli-
culoestimulante (FSH) e luteinizante (LH), produzidos pela
hipófise (Fig. 6_2).17 Inicialmente, sob a influência do FSH,
ser relatada uma ampla variação de anomalias que podem desenvolve-se um folículo ovariano maduro. O estrogênio
afetar o sistema nervoso central, coração, parede abdominal, produzido pelo folículo faz com que a camada funcional do
trato urinário e esqueleto. 5 Ainda não está claro o papel da endométrio se prolifere e torne-se mais espessa, enquanto
ultrassonografia tridimensional (3D) nessa fase do desenvol- as artérias espiraladas se alongam e as glândulas uterinas
vimento, mas trabalhos preliminares sugerem que essa pode crescem em número e comprimento. Como resultado de um
potencialmente minimizar o tempo de exame e fornecer um aparecimento abrupto de LH , ocorre a ovulação e o oócito é
meio excelente para armazenar os seus dados.6 expelido, tipicamente no 142 dia do ciclo. Após a ovulação,
Para compreender os achados ultrassonográficos nor- o folícu lo sofre um colapso e transforma-se no corpo lúteo
mais e anormais numa gestação inicial, é importante enten- glandular, que produz progesterona e uma pequena quanti-
der o desenvolvimento normal e avaliar as alterações críticas dade de estrogênio. Essa atividade hormonal é responsável
e imediatas que estão ocorrendo. O primeiro trimestre pode por alterações histológicas adicionais no endométrio, que
ser dividido em pré-ovu lação e periovulação, concepção e entra na fase secretora, assim chamada porque as glându-
fases de desenvolvimento embrionário e fetal (Quadro 6-1).7 las uterinas agora secretam material rico em glicogênio. As
A discussão a seguir destaca as alterações fisiológicas, em- glândulas tornam-se cada vez maiores, tortuosas e saculares,
briológicas e anatômicas que ocorrem durante esse período e as artérias uterinas espiraladas tornam-se cada vez mais
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 183

Hipotálamo

Liberação do hormônio gonadotrofina

Glândula hipófise

Hormônios gonadotróficos
/
FSH LH

Desenvolvimento Degeneração do
do corpo lúteo corpo lúteo

Foliculo
primário

Teca
folicular Progesterona
Estrogênio e

Fase Fase
Fase
1------:----,---1
menstrual
--- Fase proliferativa - - - - I f---- Fase lútea
1 isquêmica 1 menstrual
Dias 5 14 27 281 5

FIGURA 6-2. Diagrama de representação das relações entre os hormônios gonadotróficos e as alterações no endométrio e ovário durante um
ciclo menstrual normal. Alterações ovarianas são induzidas pelo hormônio foliculoestimulante (FSH) e pelo hormônio luteinizante (LH). Como
resultado, são produzidos os hormônios ovarianos (estrogênio e progesteronaL que promovem alteraçôes cíclicas na estrutura e função do endo·
métrio. (De Maare KL, Persaud TVN: The Develaping Human: Clinical/y Oriented Embryalagy, 7th Ed. Philadelphia, W8 Saunders, 2003.)
184 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

Parede posterior
do útero
Blastocistos

Estágio de
oito células

Oócito

Foliculo primário
inicial

Vasos
sanguineos

Corpus albicans

Corpo lúteo maduro

. .. ] Desenvolvimento
Endométrio Tecido conjuntivo do corpo
Sangue coagulado lúteo

FIGURA 6-3. Diagrama demonstrando a sequência de ovulação. fertilização e desenvolvimento inicial do embrião. Logo depois que a
mórula entra na cavidade endometrial . há penetração de liquido na massa celular para criar o blastocisto. O blastocisto começa a implan-
tar-se no endométrio decidualizado ao final da semana de gestação. (De Moore KL. Persaud T VN: The D eve/oping Human: C/inica//y
Oriented Embry%gy, 7th ed. Phi/ade/phia, WB Saunders, 2003.)

enoveladas quando invadem a camada superficial compacta o líquido endometrial penetra a massa celular para criar uma
do endométrio. O endométrio continua se espessando como cavidade central. Q uando isso ocorre, a mórula transforma-
resultado do crescimento glandular e vascular e do aumento se em um blastocisto e seu tecido se divide em duas camadas
do líquido estromal. importantes. A camada celular externa , ou trofoblasto, ori-
Durante a 3ª e Si! semanas do ciclo (o período de con- gina finalmente as membranas coriônicas e a contribuição
cepção), ocorre a fertilização , com o desenvolvimento sub- fetal para a formação da placenta. A camada celular interna
sequente da mórula, blastocisto e do embrião bilaminar e desenvolve-se no embrião, âmnio, cordão umbilical e vesícu-
finalmente trilaminar ou plano?8.1O,16 A fertilização ocorre las vitelinas primária e secundária. Ao fim da 3ª semana, o
mais frequentemente no 1Q dia de ovulação (15 Q dia de um blastocisto começa a implantar-se no endométrio deciduali-
ciclo de 28 dias), tipicamente na região ampular, a mais com- zado, um termo aplicado à camada funcional do endométrio
prida e mais larga porção da trompa de Falópio (Fig. 6-3) . Na gravídico espessado e edemaciado (Fig. 6-4).
fertilização, a fusão do ovo com o espermatozóide, cada ga- Durante a 4ª semana, o blastocisto, medindo apenas 1
meta haplóide com 23 cromossomas individuais resulta em mm de diâmetro, fixa-se completamente no tecido endome-
um zigoto, uma célula diplóide com 23 pares ou 46 cromosso- trial. Não é de se surpreender que, durante esse processo,
mas . Nos próximos 2 dias, a massa celular atravessa a trom- quando o tecido trofoblástico invade o endométrio, pode
pa enquanto se divide repetidamente para formar uma esfera ocorrer um sangramento, que pode ser confundido clinica-
sólida de 12 ou mais células, chamada mórula. Qyando a mente com um ciclo menstrual atípico. A 4i! semana é uma
mórula entra na cavidade uterina, no 18Q ou 19Q dia do ciclo, época de rápida proliferação e diferenciação celular, origi-
AVALIAÇÃ O ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTR E DA GESTAÇÃO 185

Glândula uterina Capilares endometriais FIGURA 6-4. Diagrama ilustrando a implantação do blastocisto
no endométrio decidual izado. Observe a extensão da invasão do
tecido do sinciciotrofoblasto, que contribui para a placenta. A
cavidade amniótica tem forma de fenda neste estágio inicial de
desenvolvimento . A cavidade exocelômica torna-se a vesícula
vitelina primária e as camadas de células epiblásticas e hipoblás-
ticas desenvolvem -se em disco embrionário bilaminar. Apesar
destes eventos em andamento, o exame ultrassonográfico ainda
não consegue detectar a presença de uma gestação. (De Moore
KC Persaud TVN: The Developing Human: Clinical/y Oriented
Embryology, 7th ed. Philadelphia, WB Saunders, 2003.)

amniótica

Epitélio
endometrial
Cavidade
Citotrofoblasto
exocelômica
exocelômica Hipoblasto

nando múltiplas estruturas primordiais. A vesícula vitelina um ser humano (Fig. 6-6). Durante a embriogênese, o com-
primária encolhe e desaparece gradualmente enquanto se primento cabeça-nádega (CCN) cresce rapidamente, medin-
forma a vesícula vitelina secundária. Essa última estrutura do 30 mm no final da 1Oª semana.
desempenha um papel crítico no fornecimento de nutrientes As 2 semanas finais do primeiro trimestre (lIa e 1211 se-
para o embrião, servindo como local para a hematopoiese manas de IG) iniciam o período fetal, durante o qual conti-
inicial e contribuindo para o desenvolvimento intestinal e nua havendo crescimento rápido e progressão do desenvolvi-
dos sistemas reprodutores. 9 Um embrião bilaminar delica- mento orgânico. 13 Durante a fase inicial do desenvolvimento
do também se forma entre a vesícula vitelina secundária e fetal, a cabeça é desproporcionalmente grande e constitui a
a cavidade amniótica em desenvolvimento, e é estabelecida metade do CCN. À medida que acelera o crescimento do
uma circulação uteroplacentária primitiva. 8 No final dessa corpo, torna-se aparente uma relativa proporcionalidade.
semana, os produtos da concepção atingem um diâmetro de
2 a 3 mm e são, portanto, detectados por transdutores trans-
vaginais avançados. Além disso, o teste de gravidez torna-se DESENVOLVIMENTO DA PLACENTA E
positivo, porque uma quantidade mensurável de gonadotro-
fina coriônica humana (hCG) é produzida pelo tecido trofo-
MEMBRANAS FETAIS
blástico. Desenvolvimento da Placenta
Durante a última semana do estágio de concepção (5
semanas de IG), há ausência do fluxo menstrual normal e A placenta contém tecidos materno e fetal. O componente
a mulher pode suspeitar que está grávida. Os produtos da materno é derivado de uma porção do endométrio decidua-
concepção continuam a crescer primariamente como um re- lizado, enquanto o componente fetal é derivado de uma por-
sultado da expansão da cavidade coriônica, que atinge um ção de tecido coriônico que circunda o blastocisto. 14
diâmetro de 5 mm (Fig. 6-5). Essa cavidade é identificada A camada profunda de endométrio do concepto implan-
pelos ultrassonografistas como líquido no interior do "saco tado, a decídua basal, forma o componente materno da pla-
gestacional". A vesícula vitelina secundária é identificada centa. A porção superficial da decídua, que cobre o concepto
pelo exame ultrassonográfico, e o disco embrionário bila- que se implanta, é a decídua capsular; o endométrio remanes-
minar em desenvolvimento sofre o processo de gastrulação, cente é a decídua parietal (também chamada decídua vera)
que o transforma em um disco trilaminar com três camadas (Fig.6-7).
germinativas (endoderma, mesoderma e ectoderma). Apesar O componente fetal da placenta é derivado do tecido
dessas transformações, o embrião permanece indetectável na trofoblástico, o qual, na 5a semana de IG, desenvolve-se nos
ultrassonografia . vilos coriônicos que circundam completamente o concep-
As semanas 6 até 10 constituem a fase embrionária, du- to (Fig. 6-7A).15 Inicialmente, esses vilos são uniformes em
rante a qual as principais estruturas internas e externas co- espessura e estão em íntimo contato com o tecido decidual
meçam a formar-se (Qyadro 6-2).11 Embora a maior parte adjacente. Subsequentemente, os dois terços mais superfi-
da função orgânica seja mínima, o sistema cardiovascular ciais dos vilos, localizados imediatamente abaixo da decídu a
desenvolve-se rapidamente e o coração primordial começa a capsular, degeneram para formar o córion liso (também cha-
bater no início da 6a semana. 12 O aspecto do embrião muda mado córion leve) (Fig. 6-7B). Os vilos remanescentes estão
dramaticamente quando este se transforma da sua configu- em contato com a decídua basal e localizam-se adjacentes à
ração semelhante a um disco achatado em uma estrutura em porção mais profundamente fixa do blastocisto. Esses vilos
forma de C e desenvolve-se em uma aparência semelhante a crescem rapidamente em número, ramificam-se abundante-
186 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

Trofoblasto Âmnio Embrião

Vesícula vitelina

FIGURA 6-5. Diagrama do blastocisto no fim do estágio de desenvolvimento do concepto. O saco gestacional , que agora é visível pela
ultrassonografia , mede aproximadamente 5 mm de diâmetro e contém a vesícula vitelina secundária localizada em oposição à cavidade
amniótica . Um embrião em desenvolvimento está interposto entre estas duas cavidades líquidas. A ultrassonografia identifica geralmente
a vesícula vitelina , embora o embrião ainda não possa ser visto. (De Moore KL, Persaud TVN: The Developing Human: Clinical/y Oriented
Embryology, 7th ed. Philadelphia, WB Saunders, 2003.)

1 Tabela 6-2 1Critérios para Estimar Estágios de Desenvolvimento em Embriões Humanos


IG (dias) Comprimento (mm) Características Externas Principais

34-35 1,5-3 ,0 Disco embrionário achatado


36-37 2,0-3,5 Embrião retificado ou levemente encurvado
38-39 2,5-4,5 Embrião encurvado devido às dobras da cabeça e cauda
40- 41 3,0- 5,0 Aparecem os brotos dos membros superiores
42-44 4,0-6,0 Embrião tem curva em forma de C
45-46 5,0-7,0 Membros superiores em forma de raquete
47-50 7,0-9,0 Placas das mãos formadas: raios dos dedos presentes. Membros inferiores em forma de raquete
51 - 54 8,0-11 ,0 Placas dos pés formadas
55-57 11 ,0-14,0 Raios digitais visíveis nas placas das mãos
58-60 13,0- 17,0 Raios digitais nitidamente visíveis nas placas dos pés
61 - 62 16,0-18,0 Extensão ventral dos membros. Alongamento e retificação do tronco. Herniação do tubo digestivo
proeminente
63-65 18,0-22,0 Membros superiores maiores e dobrados nos cotovelos. Dedos em teia
66-67 22,0-28,0 Mãos e pés aproximam-se uns dos outros. Dedos das mãos estão livres e mais compridos. Dedos dos pés
em teia. Cauda livre presente
68- 69 23,0-28,0 Dedos dos pés livres e mais compridos. Pálpebras e orelhas mais desenvolvidas
70 27,0-31,0 Cabeça mais arredondada e mostra características humanas. Genitália externa ainda tem aspecto
assexual. Protuberância distinta ainda presente no cordão umbilical, causada pela herniação dos
intestinos. Cauda desapareceu

IC. idade gcs tacional.


Adaptada de .vloore KL , Persaud TVN: Organogenic period : The founh 10 eighth wee ks. Em lVloore KL, Persaud TVN (eds): The Developing Human: C linica lly
Oricl1lccI Embriology, 7t h ed . Philadelphia , WB Saunders, 2003, pp 78·93.

mente e aumentam , enquanto se tornam o córion frondoso, a cada artéria uterina entra no útero na junção uterocervical ,
contribuição fetal para a placenta definitiva. ela ascende ao longo da parede uterina lateral e produz múl-
tiplos ramos arqueados penetrantes. Quando esses ramos
penetram o endométrio, eles se tornam as artérias espira-
Desenvolvimento da Circulação ladas.
Uteroplacentária Com o desenvolvimento embrionário inicial, as artérias
espiraladas localizadas no interior da decídua basal tornam-
Para compreender o desenvolvimento da circulação utero- se cada vez mais proeminentes. As circulações materna e em-
placentária, é útil apresentar um conhecimento básico da brionária lado a lado são estabelecidas inicialmente quando
anatomia e fisiologia do Buxo sanguíneo no útero . O sangue as células trofoblásticas formam os vilos coriônicos, que in-
é direcionado para o útero pelas artérias uterinas, que são vadem porções do endométrio decidualizado (Fig. 6_8)14An-
ramos da divisão a nterior da artéria ilíaca interna. Q.lando tes que se estabeleça a circulação materno-fetal verdadeira,
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 187

A L B R
FIGURA 6-6. A-O. Esquemas durante a fase embrionária de desenvolvimento 16 a 10 semanas de idade gestacional) revelam dramáticas
mudanças tanto no tamanho quanto na forma do embrião. Inicialmente, o embrião tem uma configuração achatada, em forma de disco (A)
sem uma nítida definição entre a cabeça e as nádegas. Logo após, ele se torna em forma de C IB) e, no fim da fase embrionária de desenvol-
vimento, ele tem um aspecto de humano. IB,C) Métodos usados para medir o comprimento cabeça-nádegas e 10) comprimento cabeça-pé.
lOe Maare KL. Persaud TVN: The Develaping Human: Clinical/y Oriented Embryalagy, 7th ed. Philadelph ia, WB Saunders, 2003.)

Âmnio Espaço interviloso

Cavidade
uterina
Vilos coriõnicos
Decidua basal
Bolsa Vesícula vitelina
amniótica
Decidua basal
Cavidade coriõnica

Vesícula vitelina
Córíon liso

Decídua capsular
Sítio do orifício
interno do útero

Decidua parietal
Tampão mucoso Tampão mucoso
A B
FIGURA 6-7. A. Com 7 semanas de idade gestacional, os vilos coriõnicos envolvem completamen te o saco gestacional e são relativamen-
te espessos onde estão em contato com o tecido endometrial adjacente (decídua basa)). À medida que o saco aumenta, o córion e o tecido
decidual circundante (decídua capsular) projetam-se para dentro da cavidade uterina comprimida e fazem contato com a decídua parietal.
Esta configuração anatõmica dá origem ao sinal do saco decidual duplo . B. D tecido co riõnico comprimido e avascular torna-se liso e é
definido pelos ultrassonografistas como a " membrana" coriõnica . Devido à sua relação anatõmica fixa com a placenta em desenvolvimento,
no evento de um sangramento placentário, o sangue pode dissecar por entre as membranas coriõnicas e o tecido decidual superposto,
dando origem a um hematoma subcoriõnico. (De Maare KL. Persaud TVN: The Develaping Human: Clinical/y Oriented Embryalagy, 7th ed.
Philadelphia, WB Saunders, 2003. )
188 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

Sangue materno no Vilos coriônicos


espaço interviloso
Artérias espiraladas endometriais

Decídua basal
Cordão umbilical

Placa coriônica

Membrana
amniocoriônica

Âmnio Cavidade uterina

Córion liso
Tampão mucoso

_ -\--\--- - - Vagina

FIGURA 6-8. Circulacões materna e embrionária desenvolvendo-se lado a lado à medida que as células trofoblásticas formam os vilos
coriônicos, que invade'm e causam erosão de porções do endométrio decidualizado. O resultado deste processo é o desenvolvimento de
espaços intervilosos avasculares que por fim recebem sangue materno a partir das artérias espiraladas. Esta relação anatômica permite
que os vilos contendo sangue fetal sejam circundados e perfundidos pelo sangue materno. IDe Moore KL, Persaud TVN: The Developing
Human: Clinical/y Oriented Embryology, 7th ed. Philadelphia, WB Saunders, 2003.)

entretanto, as células trofoblásticas invasoras criam plugs no Uma hipótese alternativa sugere que a transformação do
interior das artérias espiraladas maternas . Os vilas, simulta- espaço interviloso de preenchido por líquido para preenchi-
neamente, corroem porções frágeis da decídua, que aumen- do por sanrrue ocorre gradualmente durante todo o primeiro
tam subsequentemente para formar os espaços intervilosos. trimestre. 3b:31 De acordo com essa teoria, os plugs trofoblásti-
Os espaços intervilosos vão finalmente receber o sangue ma- cos são incompletos e o fluxo venoso está presente normal-
terno a partir das artérias espiraladas e, portanto, os vilas mente no espaço interviloso. O fluxo é de baixa velocidade e
contendo sangue fetal serão circundados e perfundidos por tem baixa pulsatilidade, presumivelmente para evitar que o
sangue materno no final do primeiro trimestre. 19 H á alguma trofoblasto implantado se descole da decídua. Esse fluxo lento
controvérsia sobre como e quando começa a perfusão dos vi- pode ser detectado por técnicas sensíveis DORple.r realiza;
las no primeiro trimestre e quando a circulação materno-fetal das bem cedo, com 5,5 semanas de gestaçao. 32 - 6 A1l1da esta
verdadeira se inicia. Duas hipóteses foram propostas para para ser determinado qual dessas teorias melhor se aproxima
explicar esses eventos. do desenvolvimento fisiológico reaL
A primeira hipótese é baseada em estudos de peças de
histerectomia do primeiro trimestre da gravidez e supõe que
até o fim do primeiro trimestre não há comunicação entre as Desenvolvimento da "Membrana"
circulações materna e fetal, e o fluxo interviloso é ausente 20 -28 Coriônica
Estudos iniciais sugeriram que os espaços intervilosos são
O córion é derivado dos dois terços superficiais dos vilas
inicialmente preenchidos por um líquido límpido, possivel-
coriônicos que, aproximadamente com 10 semanas de IG,
mente plasma materno filtrado. 20 Esses espaços preenchidos
comprimem-se e tornam-se avasculares e subsequentemente
com líquido podem criar um ambiente hipóxico e protetor
degeneram em uma estrutura em forma de membrana (Fig.
para o embrião em desenvolvimento. 29 Quando os plugs tro-
6-7B).14 Os embriologistas a identificam como o córion liso
foblásticos no interior das artérias espiraladas se dissolvem
ou córion leve, e os ultrassonografistas como "membrana"
ou sc deslocam no final do primeiro trimestre, o sangue ma-
coriônica. Como a membrana coriônica e o córion frondoso
terno começa a circular pelos espaços intervilosos. Concor-
se originam dos vilas cOl-iônicos , essas duas estruturas per-
rendo com esse evento há um marcado aumento no fluxo
manecem em íntimo contato durante toda a gestação. Por
sanguíneo uterino, que pode ser documentado pela ultras-
essa razão, a membrana coriônica sempre se estende para
sonografia. 26
cima e funde-se com a margem da placenta. Como descri-
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRAFICA DURANTE O PRIM EIRO T RIM EST RE DA GESTA ÇÃO 189

to anteriormente, a compreensão dessa relação anatômica é glicogênio e muco. 37 Q\.lando a 4a semana termina, apesar da
importante para entender os achado ultrassonográficos que implantação completa, o blastocisto permanece indetectável
acompanham o sangramento placentário. mesmo nas imagens transvaginais de alta resolução, devido
À medida que o saco gestacional cresce, este começa a ao seu tamanho pequeno (1 mm). Durante a semana final da
causar protrusão na cavidade uterina comprimida (Fig. 6-7). fase de concepção, entretanto, justamente quando a paciente
Como resultado, a decídua capsular e o córion liso ficam em se conscientiza de que pode estar grávida , a ultrassonogra-
íntimo contato com a decídua parietal, que se localiza no lado fia pode identificar alterações que sinalizam a implantação
oposto da cavidade uterina. Durante o segundo trimestre, a intrauterina.
capsular e a parietal fundem-se e obliteram a cavidade ute-
rina. Isso permite que a membrana cOl-iônica se torne livre-
mente fixa à decídua parietal. Essas relações anatômicas têm Identificando o Saco Gestacional
importância clínica porque, no sangramento placentário, o
sangue pode dissecar facilmente o espaço entre a membrana
o primeiro achado ultrassonográfico definitivo que sugere
gestação inicial é a visualização do saco gestacional. Usando
cOl-iônica e a decídua parietal (ver discussão
transdutores transvaginais de pelo menos 5 MHz, o tama-
nho confiável para detecção do saco gestacional é de 2 a 3
Desenvolvimento do Âmnio mm, correspondendo ao período entre 4 semanas e 1 dia e 4
semanas e 3 dias de IG (Fig. 6_10).39.41 Na ultrassonografia, o
Com 3 a 4 semanas de IG, juntamente com a implantação e aspecto mais inicial de um saco gestacional é uma pequena
desenvolvimento do tecido trofoblástico, a membrana amn ió- coleção líquida arredondada circundada completamente por
tica começa a formar-se a partir de células que se originam do um halo hiperecogênico de tecido. A coleção líquida central
blastocisto interno (Figs. 6-4, 6-5 e 6-9).8 Essa membrana ini- é a cavidade cOI-iônica e os ecos circundantes são devidos ao
cialmente circunda a cavidade amniótica recentemente for- desenvolvimento dos vi los coriônicos e do tecido decidual
mada, em oposição à vesícula vitelina secundária, também adjacente. À medida que o saco cresce, o halo hiperecogênico
recente , e fixa-se ao disco embrionário bilaminar, que está deve ter pelo menos 2 mm de espessura e sua ecogenicidade
contíguo e entende-se entre o âmnio e o córion. À medida deve exceder a dos ecos rniometriais: 2
que o âmnio e sua cavidade expandem-se rapidamente, eles Para manter a uniformidade , o tamanho do saco gestacio-
circundam o embrião em crescimento. A membrana amniót i- nal deve ser determinado pelo cálcu lo do diâmetro médio do
ca permanece fixa ao embrião no local de inserção do cordão saco gestacional (DMSG). Esse va lor é obtido pela soma das
umbilical; quando o embrião se curva, sua superfície dorsal três dimensões ortogonais da cavidade coriôn ica (excluindo
penetra o saco amniótico. Enquanto o cordão umbilical se o halo hiperecogênico de tecido) dividida por 3 (Fig. 6-11 ).
alonga, a vesícula vitelina secundária, já tendo completado A posição normal de um saco gestacional é na porção
sua função, desloca-se para longe do embrião e é prontamen- média a superior do útero. Q\.lando o saco se implanta no
te visível no interior da cavidade coriônica que está encolhen- endométrio decidualizado, esse deve ficar adjacente ao eco
do. Enquanto a cavidade amniótica continua a se expand ir, linear central, sem deslocar ou deformar inicialmente essa
a cavidade cOl'iônica encolhe e é finalmente obliterada entre estrutura anatômica hiperecogênica (Fig. 6-12). Com base na
a 12 a e a 16a semana. fisiologia da implantação do saco, Yeh et al,43 em 1986, des-
creveram o sinal intradecidual. Usando esse sinal em uma
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA abordagem transabdominal, esses investigadores relataram
uma sensibilidade de 92 %, especificidade de 100% e acurácia
NORMAL E PONTOS DE REFERÊNCIA
de 93 % para o diagnóstico de gestação uterina inicial (GU 1).
Apesar de considerarmos os períodos pré- e periovulatórios Dois estudos subsequentes, usando uma abordagem transva-
como parte do "primeiro trimestre da gestação", a gestação ginal, foram publicados com o intuito de validar a eficácia
ainda não ocorreu. Porém, a cada mês a camada funcional desse sinal. O relato inicial de Laing et af4 teve resultados
do endométrio sofre mudanças antecipadamente ao evento desapontadores, com uma sensibilidade de 34% a 66 %, es-
da concepção. Durante a menstruação, as imagens ultras- pecificidade de 55% a 73 % e acurácia de 38 % a 65% . Uma
sonográficas mostram o endométrio como uma fina linha investigação subsequente, feita por Chiang et al,45 obteve
ecogênica devido às superfícies endometriais sobrepostas. resultados mais favoráve is, com uma sensibilidade de 60 %
Durante os próximos 10 dias, antes da ovulação, a camada a 68 %, especificidade de 97% a 100% e acurácia de 67% a
funcional prolifera e, na ultrassonografia, percebe-se uma 73 % . A razão para os resultados díspares desses dois estudos
área hipoecóica em torno do eco central linear. A espessura é incerta, mas pode estar relacionada com critérios diferen-
ântero-posterior total desse endométrio multicamadas é de tes usados para identificar precisamente e seguramente a fina
aproximadamente 8 mm. A correlação com amostras histoló- linha ecogênica (linha central uterina) que representa a cavi-
gicas sugere que esse aspecto é devido à relativa homogenei- dade uterina em potencial.
dade do tecido endometrial, com os elementos glandulares O problema, também perturbador, de se identificar pre-
permanecendo retos e ordenados.3i. 38 cocemente um saco gestacional intrauterino com segurança
Durante a fase de concepção da gestação (semanas 3 a é que, com o crescimento contínuo, ele muda da forma ar-
5), apesar das mudanças rápidas e dramáticas envolvendo redondada para a elíptica, e pode desenvolver um contorno
os produtos da concepção, o aspecto endometrial é idêntico irregular como resultado de contrações uterinas adjacentes,
ao observado num ciclo sem concepção. Após a ovulação, o miomas, sangramentos de implantação ou uma bexiga ma-
endométrio entra na fase secretória do ciclo, tornando-se for- terna distendida. Uma vez que mesmo as estatísticas mais
temente hiperecogênico e aproximando-se dos 14 mm de es- favoráveis relatadas não são altamente sensíveis ou acuradas
pessura total. Histologicamente, a ecogenicidade aumentada para a documentação do sinal do saco intradecidual e porque
resulta não apenas das novas interfaces acústicas originadas ocasionalmente um pseudossaco gestacional de uma gesta-
como resultado da tortuosidade vascular e glandu lar, mas ção ectópica e um saco gestacional verdadeiro podem ter um
também dos reflexos produzidos pelas secreções glandulares , aspecto muito semelhante (Fig. 6-13), o valor desse sinal pa-
190 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

Âmnio FIGURA 6-9. A. Com 5 semanas de idade gestacional , a


membrana amniótica circunda a cavidade amniótica recém-
Pedículo de conexão
formada e fica oposta à vesícula vitelina secundária também
recente. Interposto entre estas duas cavidades está o embrião
Vilos coriônicos bilaminar. B. Com 6 semanas de idade gestacional, a cavidade
amniótica em rápida expansão circunda o embrião em cresci-
Disco embrionário mento. Observe como a superfície dorsal do embrião cresce
para dentro da bolsa amniótica e como a vesícula vitelina é
direcionada para dentro da cavidade coriônica. Neste estágio de
Vesícula vitelina desenvolvimento, os vilos coriônicos circundam completamen-
te a bolsa . C. Com 12 semanas , a cavidade amniótica continua
a crescer, enquanto a cavidade coriônica se torna relativamente
A Córion pequena, mas ainda contém uma vesícula vitelina visível. Com
a degeneração do córion liso sobre a superfície que se projeta
Âmnio (setas para dentro da cavidade uterina, a " membrana" coriônica é
indicam expansão) formada. D. Com 22 semanas de idade gestacional , ocorre a
fusão completa do âmnio com as membranas coriônicas , com
Pedículo de conexão oblite ração da cavidade coriônica. (De Moore KL , Persaud TVN:
The Developing Human: Clinical/y Oriented Embryology, 7th ed.
Philadelphia, WB Saunders, 2003.)
Tubo digestivo embrionário

Vesícula vitelina

Cavidade coriônica

Cavidade coriônica

Intestino

Cordão umbilical
(coberto por âmnio)

Vesícula vitelina

Bolsa amniótica

Cordão umbilical

Placenta
(vilos coriônicos)

Remanescente da
vesícula vitelina

Âmnio

Bolsa coriôni ca
o (córion liso)
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 191

FIGURA 6-10. Um saco gestacional inicial, medindo 4 mm de FIGURA 6-11. Diâmetro médio do saco gestacional é determina-
diâmetro, é visível como uma pequena estrutura preenchida por do pela soma das três dimensões ortogonais da cavidade coriônica
líquido (a cavidade coriônica) circundada por um halo ecogênico de dividida por 3. O posicionamento correto do caliper está ilustrado
tecido (vilos coriônicos e tecido decidual adjacente) (setas) . entre os calipers um e dois. Observe que a reação coriodecidual
ecogênica não é incluída na medida .

rece limitado. Em casos de gestação muito inicial, deve ser ro trimestre está relacionada com anormalidades no cordão
realizada uma ultrassonografia de controle para documentar umbilical e placenta : 18
o aparecimento da vesícula vitelina ou do embrião. 44 .45 Sinais de Doppler também podem ser obtidos das artérias
À medida que o saco aumenta, este gradualmente com- espiraladas ou vasos subcoriônicos, localizados na junção en-
prime e deforma o complexo do eco cavitário central, dan- tre o m iométrio e os tecidos coriodeciduais hiperecogênicos.
do origem ao aspecto ultrassonográfico característico co- O fluxo nesses vasos é tipicameI1le pulsátil , com um padrão
nhecido _como o sinal do duplo saco decidual (Figs. 6-7 e de baixa resistência (Fig. 6-16). Abaixo da vascularização
6_14).46041 Esse sinal, que está univel'sa lmente presente quan- cOl'iônica está o espaço interviloso (Fig. 6-17). No primeiro
do O DMSG é de 10 mm ou mais , consiste em duas linhas trimestre, o Doppler nesse nível revela um fluxo de padrão
ecogênicas concêntricas circundando uma porção do saco mais semelhante ao venoso, que pode ser de difícil detecção
gestacional. A linha mais próxima do saco representa a cap- (mesmo em uma placenta mais desenvolvida), devido à sua
sular córion liso-decídua , enquanto a linha adjacente, mais velocidade extremamente baixa 22
perifericamente localizada, representa a decídua parietal e Ao longo do primeiro trimestre, a impedância vascular
gera lmente contém uma lâmina líquida. O sinal do duplo diminui e a velocidade do Buxo sanguíneo aumenta, e a
saco decidual é mais efetivo quando a ultrassonografia tran- hemodinâmica uteroplacentária muda de alta resistência e
sabdominal é realizada com 5 a 6 semanas de IG, porque, baixo volume para um estado de baixa resistência e alta velo-
usando essa abordagem, os ultrassonografistas podem con- cidade, que continua pelo restante da gravidez. 31
firmar a presença de uma GUI antes que a vesícula vitelina Durante a ultrassonografia do primeiro trimestre, áreas
seja visualizada. Com o advento quase universal da ultras- hipoecóicas proeminentes com Buxo venoso visível são vis-
sonografia transvaginal, o sinal do duplo saco decidual foi tas ocasionalmente em torno das margens de um saco ges-
relegado a um papel menos importante. O sinal permanece tacional (Fig. 6-18 ). Estas são denominadas lagos venosos.
útil , entretanto, em pacientes em que não se pode realizar D iferentemente do Buxo interviloso verdadeiro, que é difícil
ultrassonografia transvaginaL de ser loca lizado sem ajustes sensíveis do Doppler, um flu-
xo lento no interior desses espaços vasculares pode ser visto
Fluxo Sanguíneo na Gestação Inicial apenas na escala de cinza, se for usado um ajuste de ganho
alto. Devido a essa velocidade extremamente baixa, o Buxo
O padrão de onda característico da artéria uterina principal é difícil de documentar com Doppler colorido ou espectral.
na gestação inicial obtido na junção uterocervical consiste Se não for feita nenhuma tentativa para avaliar a presença de
em um fluxo de alta resistência com uma incisura diastólica Buxo, esses espaços podem ser considerados incorretame nte
proeminente, embora a incisura possa estar ocasionalmen- como hematomas subeoriônieos. Não é ceno que esses espa-
te ausente em uma paciente normal (Fig. 6-15). A incisura ços vasculares tenham algum significado com relação à não
diastólica desaparece tipicamente durante o segundo trimes- evolução da gestação; as opiniões vão de benigno a amea-
tre e em alguns casos bem cedo, como com 13 semanas de ça d01'. 49 ' 50 Portanto, quan do sao
- VistOS
' mu'I tlp
. Ios Iagos, esta'
ge tação. 21 A persistência da incisura diastólica até o tercei- indicado um acompanhamento ultrassonográfico próximo.
192 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRAFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

B
B
FIGURA 6-12. A. Diagrama do sinal intradecidual. O saco gesta-
cional (círculol não desloca ou deforma o complexo central da cavi- FIGURA 6-13. Ultrassonografias transvaginais de duas pacientes:
dade (linha preta retal. A área branca representa tecido decidual uma tinha uma gestação intrauterina (AI e a outra. uma gestação
espessado. (De Laing FC Brown DL, Price JF, et ai: Intradecidual ect6pica (BI. Achados ultrassonográficos semelhantes tornam
sign: Is it effective in diagnosis of an early intrauterine preg- impossível distinguir o aspecto de um saco gestacional de um pseu-
nancy? Radiology 204:655, 1997.1 B. Ultrassonografia transvagi- dossaco gestacional.
nal demonstra o sinal intradecidual. O saco está completamente
englobado pela decídua espessada e não desloca ou deforma o
complexo do eco central da cavidade (setasl.

B
FIGURA 6-14. A. Diagrama do sinal do duplo saco decidual. O saco gestacional (círculol projeta-se para o complexo do eco cavitário deslocando-o
(linha curva). A área branca representa o tecido decidual espessado. (De Laing FC, Brown DL, Price JF et ai: Intradecidual sign: Is it effective in diag-
nosis of an ear/y intrauterine pregnancy? Radiology 204:655, 1997.1 B. Ultrassonografia transvaginal demonstra o sinal de duplo saco decidual. Duas
linhas concêntricas são devidas à decídua capsular-córion liso ecogênico (Del e à decídua parietal (DPI localizada perifericamente. Nesta paciente, a
cavidade uterina contém uma pequena quantidade de líquido. A decidua basal (081 é levemente mais ecogênica como resultado do desenvolvimento
de tecido placentário.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 193

FIGURA 6-16. Artéria subcoriônica . Traçado de Doppler com 7,5


semanas de idade gestacional é obtido na junção do trofoblasto
ecogênico e do miométrio, e mostra um padrão de onda de baixa
velocidade com fluxo diastólico proeminente.

B
FIGURA 6- 15. Padrões de onda da artéria ute rina . A. Traçado da
artéria uterina esquerda com 8,4 semanas de idade gestacional
mostra velocidade sistólica alta e uma incisura protodiastólica. B .
Em outra paciente com 6 ,0 semanas de idade gestacional, o traça-
do da artéria uterina não tem uma incisura diastólica. O resultado
foi normal.

Identificando a Vesícula Vitelina


A vesícula vitelina é a primeira estrutura anatômica identifi-
cada no interior do saco gestacional. Embriologicamente, esta
é a vesícula vitelina secundária , mas uma vez que a vesícula
vitelina primária não pode ser detectada pela ultrassonogra- FIGURA 6-17. Fluxo de Doppler obtido nos espaços intervilosos
fia, os ultrassonografistas referem-se a essa estrutura sim- revela um padrão de onda tipo venoso com velocidade extrema-
plesmente como vesícula vitelina. Usando uma abordagem mente baixa.
transvaginal , esta pode ser visível no início da sa semana
de gestação (DMSG, 5 mm) e é quase sempre v ista com 5,5
semanas de 1G (DMSG, 8 mm).o) Usando uma abordagem
transabdominal. a vesícula vitelina deve ser evidente com vitelina também é importante para propósitos de determi-
7 semanas de 1é, quando o DMSG é de 20 mm ,s2 Como a nação da 1G e para localizar o disco embrionário contíguo e
detecção da vesícula vitelina confirma inequivocamente que atividade cardíaca precoce. 51.52.54.55
uma coleção líquida intrauterina representa uma GU I e não A vesícula vitelina tem forma esférica , com uma periferia
um pseudossaco associado a uma gestação ectópica, é impor- ecogênica bem definida e um centro anecóico. Seu diâmetro
tante otimizar os parâmetros de varredura para assegurar cresce constantemente entre 5 e 10 semanas de 1G até um
sua visualização. 53 Podendo-se escolher, deve ser seleciona- diâmetro máximo de 5 a 6 mm 56 '58 ; isso a um
do um transdutor com a [requência mais alta possível, assim CCN de 30 a 45 mm (Fig. 6-20 e Tabela 6_3 ).°8 A medida
como o uso da harmônica (Fig. 6-19). A detecção da vesícula que a 1G avança, a vesícu la vitelina separa-se e finalmente
194 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

A
FIGURA 6-18. Com exame em escala de cinza, um fluxo visível
é evidente no interior de uma área em crescente contígua ao saco
gestacional (setas), Nesta paciente, o exame de controle confirmou
morte embrionária,

se destaca do embrião, mas permanece visível no interior da


cavidade cOl'iônica em involução, Subsequentemente, seu diâ-
metro diminui ,57,58 e seu contorno pode ocasionalmente se
tornar irregular. 56 Ao final do primeiro trimestre, não é mais
delectada pela ultrassonC?Rrafia, embora, se procurada, pode
ser enconlrada no pano. '"

I dentificando o Embrião e a Atividade


Cardíaca
Usando transdutores transvaginais de boa qualidade, o
disco embrionário é detectado inicialmente como uma área
de espessamento focal na periferia da vesícula vitelina (Fig.
6-21 ). A maioria das autoridades concorda que o limite
para a detecção do embrião é quando o disco mede de 1 a
2 mm de comprimento. Dependendo do investigador, isso
cOtTesponde a entre 5 e 6 semanas de IG 60 . 63 e um DMSG B
entre 5 e 12 mm. uH6
A investigação embriológica sugere que as contrações FIGURA 6-19. Saco gestacional intrauterino de 5.3 semanas,
cardíacas começam com 36 a 37 dias de IG. 12 O suporte para A. Um exame transvaginal usando um transdutor de 5 MHz não
detectou a vesícula vitelina. B, Com um transdutor de 7,5 MHz,
isso é enconLrado em uma série de pacientes que engravida- uma vesícula vitelina foi vista facilmente,
ram por reprodução assistida. Nesses pacientes, a ultrassono-
grafia transvaginal detectou atividade cardíaca embrionária
com 34 dias de com um comprimento simultâneo do
embrião de 1,6 mm.i>/ Como o olho humano é perfeitamente
sensível ao movimento, pulsações cardíacas muito precoces transabdominal, a atividade cardíaca deve ser evidente com
podem ser ocasionalmente apreciadas pela ultrassonograf'ia 8 semanas de IG, quando o DMSG é de 25 mm 52
em tempo real ames que o próprio embrião seja identificado. Durante o primeiro trimestre, a frequência cardíaca, que
Para propósitos práticos. muiLOs ultrassonografislas conside- deve ser medida usando o modo-lVI , varia com a IG. mas não
ram a identificação de atividade cardíaca de um embrião com com o sexo do embrião (Tabela 6-4 e Fig. 6-22).7277 Q1.1ando
um CCN de menos de 5 mm como IG de 6 semanas. 1i8 A a atividade é obtida antes de 6 semanas. a frequência é rela-
atividade cardíaca deve ser detectada rotineiramente quando tivamente lenta, tipicamente entre 100 e 115 batimentos por
o embrião atinge um comprimento de 4 a 5 mm 67.G9 .iO Isso minuto (bpm) (Fig. 6_23 ).72.i8.80 A partir daí, esta aumenta
cOITesponde a uma IG de _6,q semanas , tempo no qual rapidamente . e com 8 semanas está entre 144 e 170
o DMSG é de 13 a 18 mm.,J.t.,.ól.Il.l2 Usando uma abordagem Após 9 semanas de IG, a frequência atinge um platô de 137
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO _ _1.9. 5
.

DVV (mm)
8

o
4 5 6 7 8 9 10 11 12
Gestaçã o (semanas)

FIGURA 6-20. Desenho do gráfico do diâmetro médio da vesícu-


la vitelina (± desvio padrão) com relação à idade gestacional em
semanas. Observe que o diâmetro aumenta constantemente até
10 semanas de idade gestacional e então diminui gradualmente.
(De Jauniaux E, Jurkovic O, Henriet Y, et ai: Oevelopment 01 the
secondary human yolk sac: Correlation 01 sonographic and anatomic
leatures . Hum Reprod 6: 1160, 1991.)

Diâmetro Médio da Vesícula Vitelina


I Tabela 6-3
Secundária por Semanas
Idade Gestacional (semanas ) Diâmetro Ultrassonográfico (mm ± DP)
FIGURA 6-21. O disco embrionário é visto inicialmente como
5 3,01 ± 0,75 um espessamento focal ao longo da periferia da vesícula vitelina
(seta). Neste caso, seu comprimento é de aproximadamente 2 mm ,
6 2,99 ± 0,73
correspondendo a 6 semanas de idade gestacional.
7 3,99 ± 0,86
8 4,72 ± 0,64
9 5,22 ± 0,63
10 5,89 ± 0,56
11 5,35 ± 0,87
Frequência Cardíaca Fetal no Primeiro
12 4,34 ± 0,62 Trimestre
Freqüência Cardíaca Fetal
Adaptada deJauniaux E,Jurkovic D, H enriet Y, et ai: Development of the Idade Gestacional (Semanas) (Batimentos por Minuto ± 1 DP)
sccondary hum<1n yolk sac Currclation af sonographic alld analOlIlical
features. Hum Reprod 6:1160, 1991.
5-5,95 101 ,2 ± 8,7
6-6,95 124,5 ± 12,1
7-7,95 128,0 ± 11,7
8-8,95 144,3 ± 19,5
9-9,95 138,7 ± 12,4
10-10,95 136,9 ± 10,9
a 144 bpm .72 O exame de um embrião por 15 a 60 minutos 11-11 ,95 139,8 ± 18,9
revela que quase não há variação na frequência cardíaca73 ; 12-12,95 1 37,3 ± 12,9
em contraste, a comparação entre as frequências cardíacas
Adaptada de Hert zberg BS, Mahon y BS, BowieJD: First trimestcr fetal cardiac
embrionárias em diferentes IG revela variação na frequência activity: Sonographic documemation ar a progressive early rise in heart rate.]
'
car d laca .
mais . com o aumento d a IG .76
progressiva Ultrasound Med 7:573. 1988.
A observação ultrassonográfica durante o período em-
briológico (semanas 6 a 10) revela dramática transformação
das estruturas anatômicas (Figs. 6-6, 6-24 e 6-25 e Tabela
6-2 ). O CCN cresce aproxima. d amente 1 rum Id'la. 6681
' D uran-
a
te a 6 semana de desenvolvimento, com o encurvamento semana (comprimento embrionário de 30 a 35 mm) revela
das extremidades ventrais cranial e caudal do embrião, este um embrião com aspecto distintamente humano, com mãos
muda rapidamente de um disco achatado para uma estrutura e pés visíveis e relativamente em oposição, e a cauda não está
em forma de "C ", tridimensional. I I Essa estrutura contém mais presente (Fig. 6-27). Embora um livro consagrado de
uma artéria e uma veia que transportam elementos sanguí- embriologia sugira que o retorno do intestino médio para o
neos, nutrientes e células sexuais primordiais da vesícula vi- abdome ocorra durante a 12ª semana de gestação, a análise
telina para o embrião. Entre 7 e 8 semanas, os brotos dos ultrassonográfica sugere que esse evento se completa ao final
membros evoluem para membros superiores e inferiores em da U ª semana. 83 -85
forma de remos, com desenvolvimento inicial de mãos e pés. A combinação de transdutores modernos de alta frequên-
Na ga semana, as extremidades projetam-se ventralmente, cia com aqu isição transvagil1al multiplanar em 3D anunciam
o tronco começa a alongar-se e retificar e a herniação do um novo e excitante método de "sonoembriologia" avançada,
intestino médio no cordão umbilical é proeminente. A 1Oª de forma que agora é possível observar, estudar e entender
196 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

ESTRUTURAS SEMANA MENSTRUAL


5 6 7 8 9 10 11 12 13

Saco Geslacional

Vesícula Vit elína

P610 Fetal
+1
E 100 Bat íme ntos Cardíacos
Co Ventrículo Único
.c
.,
E Foice

u. Coluna Vertebral
()
III Membros Inferiores

Membros Superiores

Movimentos do Corpo
Movimentos dos
20 Membros
Hern lação do Tubo
Digestivo
5 (+) 8 (+) 12 (+ ) Pl exo Coróide
Idade Gestacional (semanas) Fos sa Posterior

FIGURA 6-22. Frequência cardíaca fetal média (± desvio padrão) Dedos das Mãos
em função da idade gestacional. (De Hertzberg BS, Mahony BS, Bowie
Mandíbula
JD: First trimester fetal cardiac activity: Sonographic documentation of
a progressive ear/y rise in heart rate. J Ultrasound Med 7:573, 1988.) Dedos dos Pés

FIGURA 6-24. Sequência de aparecimento das estruturas embrio -


nárias e funções durante a gestação de primeiro trimestre. (De Timor-
Tritsch IE, Farine D, Rosen M G: A close look at ear/y embryonic
development with the high-frequency transvaginal transducer. Am J
Obstet Gynecol 159:676, 1988.)

Identificando Membranas Fetais e


Placenta
Lembre-se que , em uma gestação normal, a primeira estru-
tura identificada no interior do saco pela ultrassonografia é
a vesícu la vitelina, visível com 5,5 semanas de IG. Poucos
dias depois, o disco embrionário pode ser detectado. Embora
a membrana amniótica se desenvolva concom itantemente,
como ela é muito fina (0,02 a 0,05 mm),93 e possivelmente por
estar intimamente colada ao embrião,94 normalmente não é
identificada até 6,7 semanas, quando o CCN é de 7 mm (Fig.
6-28) 95 Raramente, porém, esta pode ser vista como uma pe-
.,.,.],,. quena estrutura membranosa contígua ao embrião, mas no
lado oposto ao da vesícula vitelina; o termo sinal da dupla
bolha tem sido usado Rara descrever essa relação anatômica
FIGURA 6-23. Antes de 6 semanas, a frequência ca rd íaca fetal é (Figs. 6-5, 6-9A e 6-29).82
relativamente baixa. Neste caso, ela foi determinada em 94 batimentos Usando transdutores transvaginais e ajustes de ganho
por minuto.
relativamente alto, a fina membrana amn iótica torna-se
aparente circundando o embrião, que agora está localizado
no interior da cavidade ou bolsa amniótica esférica. Com o
crescimento contínuo no primeiro trimestre, uma relação li-
melhor o rápido crescimento e as modificações anatômicas near interessante torna-se aparente com relação ao CCN e
dramáticas que ocorrem durante o primeiro trimestre. 86 .9o o diâmetro da bolsa amniótica. Além de cada um crescer 1
Com a melhora das técnicas ultrassonográficas em quarta mm por dia , suas medidas são equivalentes (ou seja, numa
dimensão, há o pOtencia l de ava liar movi mento fetal precoce gestação normal, um CCN de 12 mm deve ter uma bolsa
e padrões de compon amento. 9 1. 92 O objetivo desses tipos de amn iótica com um diâmetro médio de 12 mm).96
observações é melhorar a ava liação de estruturas anatômi- Em muitos casos, ape nas a porção do âmnio localizada
cas do primeiro trimestre, melhorar a análise de pacientes perpendicularmente ao feixe de ultrassom pode ser visível
selecionados com risco de malformações embriológico-fetais (Fig. 6-30). Relevantemente, em alguns casos norma is, o âm-
e melhorar a determinação da idade gestacional, baseando-se nio pode não ser visível de forma alguma e a incapacidade
no aspecto cronológico e sequencial de estruturas anatômi- da sua visualização não sugere interrupção gestacional (Fig.
cas normais. 6-31). A detecção do âmnio e de sua cavid ade confirma a
197
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO
--

A B

c
FIGURA 6-25. Imagens ultrassonográficas bidimensionais que demonstram alterações do formato do embrião durante o primeiro tri-
mestre. A. Com 6 , 5 semanas de idade gestacional (IGl, não é possível diferenciar a cabeça das nádegas (o embrião está medido entre
os calípers) (comparar com a Figura 6-6A). 8 . Com 8 semanas de IG, o embrião tem uma configuração em forma de C (comparar com a
Figura 6 - 68). A extremidade cefálica torna-se proeminente e contém uma estrutura anecóica facilmente visível: o rombencéfalo em desen-
vol v imento . A nádega podem revelar um apêndice semelhante a uma cauda. Devido à curvatura embrionária, a medida do comprimento
é geralmente um comprimento pescoço-nádegas (entre calípersl, em vez de um comprimento cabeça-nádega. C. Com 10 semanas de IG
(CCN de 30 mm entre calípersl, os membros tornam -se visíveis (seta aberta) e o tubo digestivo está herniado pela base do cordão umbilical
(seta) (comparar com Figura 6-6C). Observe que a cabeça é desproporcionalmente grande com relação ao corpo. D. No final do primeiro
trimestre , o feto tem uma aparência humanóide (comparar com a Figura 6-6D). Observe a proporcionalidade relativa entre o tamanho da
cabe ça e o comprimento global do corpo.
198 AVALIA ÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

FIGURA 6-26. À medida que o embrião em desenvolvimento e a


vesícula vitelina se separam, eles permanecem ligados via dueto
vitelino (onfalomesentérico) (seta).

presença de um saco gestacional intrauterino. Seu tamanho


e aspecto ajudam a determinar se uma gestação inicial está
progredindo normalmente.
Como a cavidade amniótica cresce mais rapidamcntc A
que a cavidade coriônica, esta última estrutura é oblitera-
da quando a membrana amniótica alcança o córion (Fig.
6-30 ). O processo de aposição começa na metade do pri-
meiro trimestre , mas é incompleto geralmente até 12 a 16
semanas de IG. 59 Uma vez aposta, a membrana amniótica
não será mais visível.
Na maioria das pacientes, a cavidade coriônica é identifi-
cada pelo conhecimento de sua relação anatômica periférica
com o âmnio. A menos que seja visível um âmnio separado,
entretanto, a cavidade coriônica não pode ser identificada
com segurança. Ocasionalmente, material difuso de ecos de
baixo nível preenche a cavidade coriôn ica, e em virtude do
contraste acústico, esse espaço anatômico é "certificado" (Fig.
6_32).59.82 A natureza precisa desses ecos é desconhecida, mas
eles estão relacionados mais provavelmente com o material
proteico, relativamente espesso, contido no interior dessa ca-
vidade. 97
À medida que o desenvolvimento placentário começa du-
rante a semana de gestação, o anel hiperecogênico que
circunda o saco se torna assimétrico, com espessamento focal
periférico da porção mais profundamente fixa da bolsa. Isso
se deve primariamente a uma combinação de mudanças do
desenvolvimento que ocorrem no interior dos componentes
embrionário e, em menor grau, materno, que formam a pla- B
centa. FIGURA 6-27. Uma imagem tridimensional do embrião com 10,4
semanas de idade gestacional demonstra a cabeça proporcional-
mente grande, 4 extremidades visíveis e leve proeminência na base
DETERMINANDO A IDADE do cordão umbilical, que consiste na herniação fisiológica do intes-
tino pelo co rdã o. A comparação com a imagem em escala de cinza
GESTACIONAL do mesmo embrião (8) mostra um comprimento cabeça-nádega de
34,8 mm, sem detalhe anatômico discernível.
Calcular a IG com base na história menstrual é sempre ar-
riscado. Muitas mulheres não têm certeza da data da última
menstruação e mesmo quando a história menstrual é sabida- sito crítico para a confiabilidade subsequente dos estudos do
mente caneta, individuais no tempo da crescimento fetal.
podem alterar o tamanho do ciclo de 25 até 35 dias. Apesar A primeira estrutura que pode ser medida para o propósi-
dessas variáveis, especialistas concordam que a época mais to do cálculo da IG é o saco gestacional. As medidas do saco
acurada para determinar a data da gestação é durante o pri- devem ser obtidas quando não há uma vesícula vitelina ou
meiro trimestre, quando a variação biológica é relativamente um embrião visível. Vários métodos e fórmulas foram desen-
mínima (Tabela 6_5).1í8.98 A datação precisa é um pré-requi- volvidos com esse propósito, incluindo volume e diâmetro
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTR E DA GESTA ÇÃO 199

FIGURA 6-28. Exame transvaginal de um embrião com 6,7 sema-


nas de idade gestacional (comprimento cabeça-nádega de 7 mm)
demonstra uma linha ecogênica fina (seta) junto ao embrião, que FIGURA 6-30. Por ser tão fina , não é raro visualizar apenas a por-
é devida ao âmnio, A vesícula vitelina (YS) é visível na cavidade cão do âmnio localizada perpendicularmente ao feixe de ultrassom ,
coriônica, Nesta gestação de 13, 5 semanas, observe que a vesícula vitelina é
mais visível do que o âmnio e está localizada na cavidade coriônica
relativamente pequena,

FIGURA 6-29. Exame transvaginal de um embrião com idade gesta-


c ional de 5,8 semanas (comprimento cabeça-nádegas, entre os cali-
pers, medindo 2,6 mm) demonstra o raramente visto sinal da dupla FIGURA 6-31. Nesta gestação intrauterina normal de 8,3 sema-
bolha, Por ser mais espessa e mais ecogênica, a cobertura externa nas, o embrião e a vesícula vitelina são vistos nitidamente, Apesar
da vesícula vitelina (Y S) é mais facilmente vista do que a membrana dos ajustes de ganho relativamente altos, o âmnio não é visível,
amniótica (A), Nesta imagem, é diflcil identificar um embrião, mas foi
registrada atividade cardíaca (118 batimentos por minuto),

médio do saco, 32,6.J Devido à facilidade com que pode ser ob- superior aos métodos convencionais, Dos dois estudos com-
tida, muitas autoridades usa m o DIvISG (ver Fig, 6-11), Entre parativos publicados, um sugeriu que a 3D era superior à
5 e 11 semanas de IG , um método simples e conveniente para volumctria convcncional bidimcnsional,lOo cnquanto o outro
calcular a IG (em dias) usando o tamanho do saco é somar mostrou resultados equivalentes. IOI Nenhum estudo demons-
30 ao DIvISG (em milímetros).'i2,99 Com essa fórmula , um trou superioridade prognóstica das medidas volumétricas em
saco com um diâmetro médio de 5 mm corresponde à IG relação à não evolução da gestação.
de 35 dias, Ainda está para ser demonstrado se a determi- A próxima estrutura característica que pode ser usada
nação do volume do saco pela ultrassonografia 3D pode ser para determinar a idade da ges tação é a presença de uma
200 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

Orientações para Determinar a Data de uma


I Tabela 6-5 [ Gestação Durante o Primeiro Trimestre
Estágio de Desenvolvimento Idade Gestacional (Semanas)

Saco gesmcional (sem vesícula vitelina, 5,0


embrião, batimentos cardíacos)
Saco gestacional e vesícula vitelina (sem 5,5
embrião, sem batimentos cardíacos)
Saco gestacional e vesícu la vitelina 6,0
(embrião vivo, CC <5 mm)
muito pequeno para medir
Embrião/feto 5 mm de comprimento Idade baseada no CCN
(Tabela 6-6)

Fórmulas: diâmelro médio do saco geslacional (mm) + 30 = idade geslacional


(dias) (emrc 5 e 11 semanas).
CCN , ComprimenlO cabeça-nádegas (mm) + 42 = idade geslacional (dias)
(enlre 6 e 9.5 sema nas).
De Ben son CB. Doubilel riVl: Felal measuremenls'norma l and abnonHal
growlh . Em Rumack C \1. "Vilson S. CharboneauJW, OI ai (cds): Di agllos lic
FIGURA 6-32. Ocasionalmente, em uma gestação de primeiro tr i- Uhraso und, 3,d cd. SI Louis. Elsevier Mosb)'. 2005. PI' 1493-1512.
mest re normal, a cavidade coriônica con tém material de baixa eco-
genicidade. Neste exemplo , a cavi dade amniótica é relativ amente
anecóica em compa ra ção com a cavidade co riônica.

vesícula vitelina. Uma vesícula v itelina sem um embrião ou tros). Para gestações entre 43 e 67 dias , esta
ativid ade cardíaca, detectada por exame transvaginal, cor- tem um limite de segurança de 950/0 em ± 3 dias.o 1
responde a 5,5 semanas de IG 68 Com o desenvolvimento No fim do primeiro trimestre, com o rápido desenvol-
normal, de acordo com a fórmula conhecida previamente, o vimento fetal e mudanças ele posição em flexão e extensão
DMSG deve ser de 8 mm. Se for detectada atividade cardía- limitando a determinação precisa do CCN, as medidas do
ca mas o CCN for muito para ser medido, a IG é diâmetro biparietal e do comprimento do fêmur tornam-se os
relatada como de 6 semanas. 6 Entre 6 e 12 semanas de IG, parâmetros biométricos preferidos para o cálculo da IG. 68 , 108
a determinação da medida do CC é geralmente considera- O fator primário que influencia negativamente a confiabili-
d a o método mais acurado para estabelecer a data gestacio- dade da determinação da IG no primeiro trimestre é o erro
naI.62.63.102.105 Qua ndo o disco embrionário é detectado ini- ao se fazer a medida.
cialmente com 6 semanas de IG, este pode ser muito pequeno
para uma medida acurada, embora as pulsações cardíacas já COMPLICAÇÕES DO PRIMEIRO
seja m frequ entemente visíveis (Fig. 6-29). Dentro de alguns TRIMESTRE
dias , o compri mento linear do disco embrionário pode ser
med ido, embora não seja possível realmente distinguir a ca- Devido à sequência complexa de evenros que aco mpanham
beça da nádega (Figs. 6-6A e 6-25A ). À medida que o embrião o desenvolvimento no primeiro trimestre, não é raro ocor-
cresce e assume a forma de um "C", a extremidade cranial rerem complicações. Aproximadamente 15% das gestações
torna-se relativamente proeminente e identificável (Figs. 6- clinicamente reconhecidas sofrem abortamento espontâneo;
6B, 6-25B e 6-27A ). Antes de 8 semanas de IG, devido a outra a taxa de interrupção é estimada em duas a três vezes maior
flexão dramática da cabeça, o maior comprimento ao lon?io nas gestações muito iniciais e geralmente não reconhecidas
do maior eixo é na verdade uma medida pescoço-nádega . 06 clinicamente.109.11O
Até o final da fase embrionária do desenvolv imento, com a Sangramento vaginal em spot ou hemorragia franca é
extensão gradual d a cabeça e a regressão da cauda , é possí- muito comum e é vivenciado por aprox imadamente 25%
vel uma medida verdadeira do comprimento cabeça-nádega das pacientes durante as primeiras semanas de gestação.109
(Figs. 6-6e e 6-25C). Geralmente o sangramento é temporário e autolimitado e
Robinson ,lOi em 1973, inicialmente relatou o uso do CCN é provavelmente devido à implantação do concepto no en-
para a datação gestacional. Durante os 2 anos seguintes , ele e dométrio decidualizado. Se for realizada a ultrassonografia
Fleming refinaram sua metodologia e, no seu artigo referen- nessas pacientes, os resultados serão gera lmente normais.
cial de 1975, estabeleceram que "uma única medida do CCN Em um quadro de dor severa, contrações uterinas e colo
poderia estimar a maturidade até entre ± 4,7 dias com 95% dilatado, a gestação está fad ada ao fracasso. Nesses casos,
de segurança com base em uma única med ida." L02 Apesar a ultrassonografia geralmente não é indicada, mas pode ser
do equipamento relativamente pouco refinado, suas tabelas usada seletivamente para determinar se estão presentes res-
resistiram consideravelmente à prova do tempo, embora tos ovu lares, o que requer uma curetagem.
tabelas mais recentes (algu mas baseadas em est udos trans- Se o colo está longo e fec hado em uma paciente com
vaginais ou gestações concebidas por reprodução assistida) sa ngramento vaginal , o diagnóstico é ameaça de aborto. Esse
ten ham modificado os números origina is para refletir mais termo, aplicável em aproximadamente 25% das gestações
prccisamente a detcrminação da IG na gestação muito inicial clinicamente apresentadas de 20 semanas ou menos , é usa-
(Tabela 6_6).59,62.63.66.68 do quando se considera clinicamente que a paciente tem um
Como o crescimento embriológico normal é quase linear embrião potencialmente vivo. A ameaça de aborta mento
a 1 mm/d,52.6J.63.95 a IG em dias também pode ser estimada engloba uma ampla variedade de condições que são deno-
pela soma de 42 ao comprimento embrionário (em milíme- minadas com base no estágio de desenvolvimento e aspecto
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 201

I Tabela 6-6 1Medida do Comprimento Cabeça-Nádega com Relação à Idade Menstrual (IM)
IM Méd ia (Seman as) IM Média (Semanas)

CCN Robinson e CCN Robinson e


(em) (mm) Fleming 87* Hadloek et af4t (em) (mm) Fleming 87 * Hadloek et af4t

0,2 2 5,7 5,7 2,9 29 9,9 9,7


0,3 3 5,9 5,9 4,0 40 10,0 9,9
0,4 4 6, 1 6,1 3, 1 31 10,1 10,0
0,5 5 6,3 6,2 3,2 32 10,2 10,1
0,6 6 6,5 6,4 3,3 33 10,3 10,2
0,7 7 6,7 6,6 3,4 34 10,4 10,3
0,8 8 6,9 6,7 3,5 35 10,5 10,4
0,9 9 7,0 6,9 3,6 36 10,6 10,5
1,0 10 7,2 7,1 3,7 37 10,7 10,6
1,1 11 7,4 7,2 3,8 38 10,8 10,7
1,2 12 7,5 7,4 3,9 39 10,9 10,8
1,3 13 7,7 7,5 4,0 40 11,0 10,9
1,4 14 7,9 7,7 4,1 41 11 ,1 11 ,0
1,5 15 8,0 7,9 4,2 42 11 ,2 11 ,1
1,6 16 8,2 8,0 4,3 43 11 ,3 11,2
1,7 17 8,3 8,1 4,4 44 11 ,4 11,2
1,8 18 8,5 8,3 4,5 45 11 ,4 11,3
1,9 19 8,6 8,4 4,6 46 11 ,5 11 ,4
2,0 20 8,7 8,6 4,7 47 11 ,6 11 ,5
2,1 21 8,9 8,7 4,8 48 11 ,7 11 ,6
2,2 22 9,0 8,9 4,9 49 11 ,8 11 ,7
2,3 23 9, 1 9,0 5,0 50 11 ,9 11 ,7
2,4 24 9,3 9,1 5,1 51 11,9 11,8
2,5 25 9,4 9,2 5,2 52 12,0 11,9
2,6 26 9,5 9,4 5,3 53 12,1 12,0
2,7 27 9,6 9,5 5,4 54 12,2 12,0
2,8 28 9,7 9,6 5,5 55 12,3 12,1

INl. idade menstrual ; CCN. comprinlcmo cabeça-nádegas.


' Dados de Robinson modificados por Peter Doubilct, MO. A fórmula , que também está incluída no programa OBUS de cálculos para computador, é a seguinte: 1M (em
semanas) = 5,3066 + (2,0943 x CCN) - (0,21264 x CCf\I"2) + (0,011206 x CCN 3) (Concsia de Peter DOllbilet , MD).
+IiV! = 1,684969 + (0.315646 x CCN) - (0,49306 x CCN' ) + (0,004057x CCN3 ) - (0,000120456 x CCN').
De Nyberg DA. Laing FC: Thrcatcned abonio n and abnormal first·trimester incrauterine pregnancy. Em Nyberg DA , Hill Liv!, Biihm-Velez M , Mcndelson EB (eds):
Tra nsvaginal Utrasollnd. Se. Louis, Mosby·Year Book, 1992, p 78.

ultrassonográfico dos produtos da concepção (T abela 6_7).111 A próx ima seção revisa os achados ultrassonográficos na
A aná lise dessas gestações sugere que 50% eventualmente ameaça de abortamento (com a exceção da doença trofoblás-
evoluem para aborta mento; as 50 % res tantes apresentam se- tica gestacional e gestação ectópica, discutidas separadamen-
gu imento norma l. I09 O termo abortamento inevitável, ainda co- te nos C apítulos 29 e 32). H á ênfase nos critérios tr ansvagi-
mum na linguagem clínica, não descreve adequad amente as nais que podem ser usados para diferenciar uma gestação do
alterações fisiopatológicas e deve ser aba ndonado. 1I2 Em seu primeiro trimestre normal de uma anormal e com seguran-
lugar, deve ser usado morte embrionária, quando houver nítida ça. C omo um ponto prático de d iscussão, e com relação ao
evidência de embrião morto, e ovo cego deve ser usado para útero, os achados ultrassonográficos são divididos naqueles
descrever uma gestação anormal com um saco gestacional, que revelam, ausência do saco intrau terino, um saco sem um
mas sem embrião visível. Para simpli ficar o assunto sem a fe- embrião e um saco contendo um embrião.
tar de for ma adversa o trata mento cl ínico, deve-se considerar
descrever qualquer ges tação intrauterina anormal do primei- Ausência de Saco Intrauterino
ro trimestre como aquela que foi malsucedida, ou interromPida.
O utras entidades que podem se apresentar clinicamen- Se o útero parece normal no exa me ult rassonog ráfico ou se o
te como ameaça de abortamento são a gestação ectópica e a eco endometrial parece proe minente e não há saco gestacio-
doença trofoblástica gestacional. O s achados na ult rassono- nal visível, o diagnóstico diferencial incl ui ausência de ges-
grafia de pacientes com ameaça de abortamento são cruciais tação, uma CUI em estágio muito inicial (normal ou anor-
e essenciais porque, em m ui tos casos, eles não apenas po- mal), ou uma gestação ectópica. Leva ndo-se em consideração
dem determinar o diagnós tico preciso como também podem que há um teste de gravidez positivo, na ma ioria das vezes
orientar o tratamento. Ocasionalmente, para interpreta r cor- O prognóstico é desfavorável. Isso é porque a maioria das
retamente as image ns ultrassonográficas, também é necessá- pacientes com ameaça de aborta mento após 6 semanas de IC
rio saber o nível quantitativo de hC G sérico (ver U tilidade no exame ultrassonográfico normalmente revela produtos de
do hCG na Gestação de Primeiro Trimestre). concepção intrauterinos.11O
202 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANT E O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

1Tabela 6-7 1Achados Clínicos e Ultrassonográficos Típicos de Ameaça de Abortamento e Gestação Intrauterina Anormal
Termo Sinais Clinicos Niveis Séricos hCG Achados Ultrassonográficos

Evolução Nor ma l
Ameaça de Sangramento vaginal, coágulos Elevação exponencial normal Embrião com atividade cardíaca
abortamento (raramente), colo fechado
Saco gestacional vazio (5-6,5 semanas)
que subsequentemente se deseuvolve
com embrião
Útero vazio (3-5 semanas)
Evolução Anorm a l
Abortamento completo Passagem completa do embrião Qyeda rápida Útero vazio
e tecido gestacional
Abortamento Passageu1 incompleta de tecido Qyeda lenta ou platô Típico endométrio espessado e irregular
incompleto gestacional ou líquido na cavidade endometrial
Abortamento em curso Sangramento, geralmente com Variável; usualmente, platô Saco gestacional em processo de
coágulos e contrações uterinas expulsão
Morte embrionária Falha de crescimento uterino, Variável; elevação inicial Discreto embrião sem atividade
(fetal) ausência de batimentos cardíacos, normal, então platô ou cardíaca
quando esperados queda
Ovo cego (gestação Falha de crescimento uterino, Variável; elevação inicial Discrepância entre o desenvolvimento
a nembrionada) ausência de batimentos cardíacos normal, então platô ou queda do saco gestacional e o desenvolvimento
fetais , quando esperados embrionário, com pequeno ou nenhum
resíduo embrionário

hCG, gonadoo'ofina coriônica humana.


De N)'berg DA , Laing FC: Threate ned abonion and abnormal 6rsl-lrimesler inlraulcrine pregnanc)'. Em N)'berg DA , Hill LM , Bõhm-Velez M, el al (eds):
Tra llsvagi na l Ullrasou nd. Sl. Louis. Mosby-Yea r Book, 1992.

Q.lando O endométrio está anormalmente espessado ou apenas em 23 % do tempo quando não foi detectado fluxo
com ecogenicidade irregular, o diagnóstico diferencial inclui sanguíneo. Du as investigações adicionais sugeriram que a
sangramento intrauterino ou restos ovulares após um abor- conduta expectante tem um resu ltado melhor quando a ul-
tamento incompleto, uma reação decidual associada a gesta- trassonografia revela um abortamento incompleto (ou seja,
ção ectópica ou alterações deciduais resultantes de uma GU! restos ovulares), ao contrário de um saco gestacional intacto
ainda não visível. A história da paciente em com a (com ou sem um embrião visível)Y4,115
dosagem quantitativa de hCG geralmente podem apontar a Se o exame ultrassonográfico não revela um saco in-
causa específica dos achados ultrassonográ.ficos. A falha em trauterino e o nível quantitativo ele hCG é menor elo que o
detectar um saco intrauterino quando os níveis de hCG exce- número mínimo para a detecção do saco, as considerações
dem um número mínimo específico* exclui uma GU! normal diagnósticas incluem uma GU! (normal ou anormal) ou
(ver Utilidade do hCG na Gestação de Primeiro Trimestre). uma gestação ectópica. Sob essas circunstâncias, o quadro
A ausência de sangramento abundante aumenta a probabili- clínico da paciente e seu desejo de manter ou interromper
dade de uma gestação ectópica. a gestação deve determinar se devem ser realizados exames
Com sangramento vaginal abundante, é mais provável a seriados (hCG sérico ou ultrassonografia ou ambos) ou se
existência de restos ovulares ou sangramento intrauterino, há necessidade de uma intervenção. Com base nas conside-
embora não se possa excluir completamente uma gestação rações clínicas, esta última inclui laparoscopia, laparotomia,
ectópica. Sob essas circunstâncias, a avaliação pelo D oppler curetagem uterina ou administração de metotrexato, ou uma
pode ser útil para detectar a presença de restos (Fig. 6-33). combinação dessas.
Quando o resto ovular está presente, as opções terapêuticas
disponíveis incluem intervenção cirúrgica (dilatação cervical
ou curetagem), tratamento medicamentoso (com um análogo
da prostaglandina tal como o misoprostol) ou conduta expec- DETECTANDO UM SACO SEM UM
tante . Vários estudos sugerem que a ultrassonogra.fia pode EMBRIÃO OU UMA VEsíCULA VITELINA
ser útil para detectar as pacientes que podem receber conduta Q uando o exame ultrassonográfico revela um saco sem em-
expectante. Por exemplo, com um fluxo sanguíneo detectá- brião ou sem vesÍCula vitelina, o diagnóstico está limitado
vel na região presumível do espaço interviloso, Schwarzler et a uma dessas três entidades: (1) uma GU! normal; (2) uma
a/113 relataram uma taxa de sucesso de 80 %, com abortamen- GU! anormal; ou (3) um pseudossaco gestacionaJ em uma
to espontâneo ocorrendo em 7 dias, enquanto isso aconteceu paciente com prenhez ectópica.
Teoricamente, um saco intrauterino pode ser distinguido
de um pseudossaco gestacional porque o primeiro se locali-
*Nesse contexto. um nümero ou nível mínimo refere-se ao valor mais baixo para
za no interior da decídua, enquanto o outro fica no interior
o qual Utll certo achado deve ser sempre detectado; ao contrário, um nümero ou da cavidade uterina (Fig. 6-12).43 Na prática, a distinção é
IÚVe! limítrofe referem-se ao valor mais baLxo para o qual um achado pode ser geralmente difícil de ser feita com certeza (Fig. 6-13). Portan-
deleclado por ultrasso nografia. to, uma ultrassonografia de controle deve ser realizada para
AVALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANT E O PRIM EIR O TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 203

A
FIGURA 6-34. Apesar de um diâmetro médio do saco gestacional
de 22 mm , a ultrassonografia transvaginal não conseguiu mostrar
vesícula vitelina e também o embrião. Est e aspecto é diagnóstico
de uma gestação não evolutiva. Observe o sinal do duplo saco
decidual (entre setasl, confirmando um saco gestacional intrauteri -
no e não um pseudossaco gestacional de uma prenhez ectópica.

Critérios específicos de tamanho podem ser usados para


diferenciar um saco gestacional intrauterino normal de um
anormal. Usando uma abordagem trallsabdominal, os crité-
rios discriminatórios que sugerem que um saco gestacional é
anormal incluem falha em detectar um duplo saco gestacio-
nal quando o DMSG é de 10 mm ou mais , falha em detectar
uma vesícula vitelina quando o DMSG é de 20 mm ou mais e
falha em detectar um embrião com atividade cardíaca quan-
do o DMSG é de 25 mm ou mais: ' 2.-I7
Devido à sua resolução superior, uma abordagem transva-
ginal deve ser usada preferencia lmente para avaliar qualquer
B
coleção líquida que não tenha um embrião. Além disso, uma
FIGURA 6-33. Ocorreu um sangramento abundante nesta pacien-
te que relat ava ter 8,5 semanas de gestação. A. O exame em escala vez que a detecção da vesícula vitelina e do embrião na gestação
de cinza revela material ecogênico na cavidade en dometrial (entre inicial é criticamente dependente da frequência do transdutor,
calipersl. B. O Doppler colorido confirma fluxo vascular dentro deve ser usada a frequência mais alta possível do transdutor
deste material, que sugeria ser restos ovulares. Isto foi confirmado para detectar essas sutis, porém importantes, estruturas ana-
cirurgicamente.
tômicas (Fig. 6-19).53 Os critérios transvaginais distintos aceitos
de maneira geral para a determinação de um saco anormal in-
cluem falha em detectar uma vesícula vitelina quando o DMSG
é de 8 mm ou mais e falha em detectar atividade cardíaca quan-
documentar o aparecimento subsequente da vesícula vitelina ou do o, DMSG excede os 16 mm (Fig. 6_34).51.116
do embrião. 4 L.j5 E importante compreender que esses critérios discrimina-
tórios devem ser usados como guias e que têm sido relatadas
exceções a esses números,ll7 Se certos achados não forem
CRITÉRIOS PARA UM SACO observados num determinado tempo, o resultado do exame
GESTACIONAL ANORMAL ultrassonográfico não estiver adequado, o exame for tecnica-
mente difícil ou o ultrassonografista lor inexperiente, deve-se
T ama nho ter cautela. Um exame ultrassonográfico de controle deve ser
Lembre-se que o limite para se detectar um saco intrauteri- feito nesses casos para evitar o risco de interrupção de uma
no normal pelo exame de ultrassonografia transvaginal é de GUI normal.
apenas 2 a 3 mm; isso cor responde a uma IG de um pouco
mais de 4 semanas. 39 ·41 Um saco deve ser detectado consis- Taxa de Crescimento
tentemente tanto pela ultrassonografia transvaginal como
pela transabdominal quando seu diâmetro médio é de 5 mm; Os termos ovo cego e gravidez anembrionada significam que hou-
isso cOl-responde a uma IG de 5 semanas. 52 .5.j ve uma parada no desenvolvimento antes da formação do
204 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

FIGURA 6-35. Esta estrutura em forma de saco tem um diâmetro


médio de 28 mm, não contém uma vesícula vitelina ou embrião,
e falta o sinal do duplo saco decidual. O tecido circundante está
FIGURA 6-36. O saco gestacional tem uma saliência convexa
anormalmente fino e apenas levemente ecogênico. Estes achados
ecogênica, que não é comum (seta). A data acurada baseada na
sugeriam uma gestação não evolutiva, embora não se pudesse
fertilização in vitro era de 6,0 semanas; um pequeno embrião vivo
excluir um pseudossaco gestacional. O Doppler pode ser útil para
(não mostrado) era pequeno para a data e media 1,3 mm. Um
distinguir entre estas duas entidades.
exame de controle feito 2 semanas depois confirmou o óbito. Em
gestações muito iniciais, esta saliência convexa (referida recente -
mente como a "protuberância coriônica") não deve ser confundida
com um embrião sem batimento cardíaco.

embrião, ou antes que ele seja detectável, utilizando os equi- reação coriodecidual fina « 2 mm), pouco ecogel1lca ou
pamentos disponíveis atualmente. Em uma série de 3.500 irregular; e ausência de um duplo saco decidual quando o
abortamentos consecutivos no primeiro trimestre, Byrne et DMSG excede os 10 Geralmente o saco associado a
al l18 determinaram que o embrião não se desenvolveu em uma gestação não evoluída ou em vias de interrupção tem
mais de 60% dos casos. Apesar de um estado anembriona- múltiplas alterações trofoblásticas anormais (Fig. 6-35).
do, o tecido trofoblástico continua a funcionar, resultando Recentemente, anormalidades trofoblásticas sutis têm
na continuação do crescimento do saco gestacional, embo- sido relatadas utilizando-se a abordagem transvaginal. Em
ra numa taxa menor. Enquanto o DMSG aumenta em 1,13 uma investigação de mulheres assintomáticas entre 5 e 12 se-
mm /d em uma gestação normal, a taxa de crescimento de um manas de IG, Bajo et al l1 9 mediram a espessura trofoblástica
saco anormal é de apenas 0,70 mm/d. 52 Com base nessas ob- no sítio de implantação embrionária e notaram que , em 15%
servações, o crescimento anormal do saco gestacional pode dos casos, a diferença entre a IG (em semanas) e a espessura
ser diagnosticado com segurança quando o DMSG falha em trofoblástica excedeu 3 mm. Isto foi associado a uma taxa de
aumentar em pelo menos 0,6 mm/d. 64% de abortamento nos 7 dias seguintes ao estudo ultras-
Em casos possivelmente anormais e naqueles com sacos sonográfico. Uma observação do primeiro trimestre muito
que são menores que o tamanho mínimo para a visualização menos comum, também associada a prognóstico reservado,
da vesícula vitelina ou da atividade cardíaca, o conhecimen- consiste em um abaulamento convexo irregular que surge
to de parâme tros de desenvolvimento e crescimento normal na superfície coriodecidual e projeta-se pa ra dentro do saco
do saco permite ao ultrassonografista estimar um intervalo gestacional (Fig. 6-36). Em um relato de 15 pacientes (preva-
de tempo apropriado entre os exames ultrassonográficos ini- lência de 0,7%) com essa protuberância coriônica, Harris et
ciais e de acompanhamento. Em condições ideais, o estudo al 120 relataram abortamento subsequente em 8 (53%) pacien-
de repetição deve objetivar a identificação tanto da vesícu- tes. Deve-se ter cuidado quando se faz essa observação, uma
la vitelina quanto da atividade cardíaca. Por exemplo, se o vez que essa projeção de tecido para o saco gestacional pode
DMSG inicial é de 4 mm , um estudo de acompanhamento simular um embrião inviável adjacente à placenta em desen-
deve ser feito para detectar atividade cardíaca quando o saco volvimento. A fisiopatologia para ambas as observações é es-
alcança um diâmetro de 16 mm. Como o diâmetro do saco peculativa, mas os respectivos autores sugerem insuficiência
gestacional aumenta em aproximadamente 1 mm /d, um in- placentária inicial e um hematoma salientando-se para den-
tervalo de tempo apropriado entre os dois exames ultrasso- tro do saco. Obviamente, a mensagem a ser guardada é que
nográficos é de pelo menos 12 dias. Em contraste, se o exame "quanto maior a atenção, mais se vê".
ultrassonográfico inicial revelar um DMSG de 12 mm (sem
atividade cardíaca), o exame de controle deve ser feito apro-
ximadamente 4 dias após, para determinar se a gravidez está
PAPEL DO DOPPLER
se desenvolvendo normalmente. O Doppler também pode ser útil para determinar se uma
estrutura intrauterina com aspecto de saco que não tem
Aspecto do Trofoblasto embrião é um saco gestacional verdadeiro. Q.lando uma
coleção líquida intrauterina de aspecto inespecífico é identi-
Inicialmente descrito com base na ultrassonografia transa- ficada, o Doppler pode ajudar a diferenciar um pseudossaco
bdominal, uma reação coriodecidual ou trofoblástica de as- gestacional associado a uma gestação ectópica de um saco
pecto anormal consiste em um formato distorcido do saco; gestacional intrauterino, normal ou anormal. O fluxo em
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMEST RE DA GESTAÇÃO 205

cardíaca. Levi et al69 sugeriram um limite de 4 mm de CCN


porque, em sua experiência, todas a gestações normais ti-
nham atividade cardíaca quando os embriões atingiam esse
comprimento, enquanto a atividade cardíaca era ausente em
18% dos embriões com uma medida de CCN de menos de 4
mm . Outros investigadores usara m 5 mm como comprimen-
to embrionário mínimo para detectar movimentação ca rdía-
Se o comprimento do embrião for menor que o va lor
mínimo, deve-se optar por conduta expectante para a pacien-
te, e deve ser feita uma ultrassonografia de controle, quando
o CCN esperado exceder o valor mínimo. Alternativamente,
ou adicionalmente, o nível sérico de hCC pode ser útil para
determinar se uma CUI normal está presente ou não.
Q uando o comprimento embrionário ultrapassa o com-
primento mínimo e a atividade ca rdíaca está ausente, uma
gestação inviável é a ltamente provável. Uma vez que essa
observação negativa (falha em perceber um batimento cardía-
co) apresenta determinação clínica importante, é necessário
ter cuidado e certeza antes de se chegar a essa conclusão.
Para garantir que a estrutura medida é realmente o embr ião,
FIGURA 6-37. Investigação com Doppler colo rido de uma cole-
é úti l observar sua relação com a vesícula vitelina. Entre 6 e 7
ção líquida intrauterin a sem uma vesícula vitelina ou embrião
mostra extenso fluxo sanguíneo endometrial com pico de veloci- semanas de IC , o embrião e a vesícula v itelina são estruturas
dade sistólica alto. O exame patológico confi rm ou interrupção da contíguas e muito próximas (Fig. 6-21 ); após 7 semanas de IG,
gestação. eles se desviam um do outro (Fig. 6-26). O exame deve ser
feito usando a frequência mais alta possível do transdutor,,53
modo-M e, se possível, deve ser realizada uma gravação em
vídeo para documentar a ausência de atividade cardíaca, e,
volta de um pseudossaco gestacional pode estar ausente ou também, se possível, um segu ndo observador deve estar pre-
mostrar apenas uma pequena quantidade de Buxo de baixa sente para confirmar esses achados (Fig. 6-38). Cuidados na
velocidade « 8 cm /s de pico de velocidade sistólica).1 21 Em interpretação devem sempre ser exercitados quando surgir
contraste, o Buxo em torno de um saco gestacional intrauteri- um questionamento com relação à adequabilidade técnica do
no tipicamente é de alta velocidade, com um padrão de baixa estudo (relacionada com mãe ou ao equ ipamento) ou com ex-
resistência (Fig. 6-37). Nossa experiência pessoa l, assim como periência do examinador. Na maioria dos casos, a morte em-
a de outros, confirma que o Buxo arterial de baixa resistên- brionária é devido a uma a normalidade cromossômica
cia pode ocasiona lmente ser detectado em pseudossacos ges- leva à interrupção do desenvolvimento embrionário. 109. 118
tacionais. 122 Esses achados limitam a utilidade do Doppler
em fazer essa importante distinção. Portanto, pacientes cujas Atividade Cardíaca Presente
ultrassonografias inici ais demonstram uma coleção líquida
intrauterina, mas sem massa anexial ou CUI definid a, de- A detecção ultrassonográfica de ativ idade cardíaca não ape-
vem ser submetidas a acompanhamento clínico e ultrasso- nas confi rma um embrião v ivo como também é considerada
um achado com prognóstico favoráveI. 69.80.12,5.126 De modo
nográfico em vez da investigação com D oppler. Além disso,
como os exames com Doppler requerem mais energia do que geral, se a atividade cardíaca é encontrada em uma mu lher
os exames com esca la de cinza, seu uso deve ser minimiza- ass intomática exam inada após 8 sema nas de IC , o risco de
do para evitar a exposição desnecessária e potencialmente perda é de apenas 2% a 3%.127.129 Apesar do otim ismo com
prejudicial de um embrião inicial. 123 Em 1 a 2 semanas, as relação à atividade cardíaca, têm sido descritos, entretanto,
CUls norma l e anor mal se tornarão mais aparentes clini- múltiplos fatores de risco que aumentam a possibilidade de
camente e ao ultrassom. Se houver uma gestação ectópica, morte embrionária-fetal su bsequente.
o acompanhamento seriado revela o diagnóstico na maioria
das pacientes. FATORES DE RISCO PARA A
INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO INICIAL
DETECTANDO UM SACO COM EMBRIÃO
Idade Gestacional
Atividade Cardíaca Ausente Existe uma relação inversa entre a IC e um prognóstico adver-
Q.\.l ando um embrião é visível durante um exame de ultras- so. Q.\.lando mulheres assintomáticas são examinadas antes de
sonografia transabdominal, mas a atividade cardíaca es tá 6,5 sema nas de IC , a incidência de abortamentos subsequentes
ausente, o prognóstico gera lmente é ruim. Ocasionalmente, atinge de 7% a 24%.66.74.130 Essa taxa de interrupção diminui
porém, a at ividade cardíaca não é detectada em um embrião para aproximadame nte 2% após 8 semanas. 127-129 A maior pre-
muito pequeno devido ao seu tamanho. Com base no traba- cocidade da perda reBete mais provavelmente uma taxa alta
lho de Pennell et o tamanho embrionário mínimo para de abortamento bem conhecida como resultado de mutações
detectar movimentos cardíacos por v ia transabdominal foi cromossômicas letais durante essa fase de gestação.
determinado como sendo de 9 mm. Em sua experiência, a
atividade ca rdíaca estava ausente em 21% das ges tações nor-
Sangramento Intrauterino
mais com um CCN de menos de 9 mm.
Não é de se surpreender que uma abordagem transva- Coleções intrauterinas de sangue são encontradas em muitas
ginal dim inua o CCN mínimo para detecção de atividade mulheres com ameaça de aborto no primeiro trimestre, assim
206 AVALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁ FICA DURAN TE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

A B
FIGURA 6-38. A. Óbito de um embrião com idade gestacional de 9,1 semanas pode ser documentado por um traçado no modo M que
mostra ausência de atividade cardíaca. O Doppler colorido (B) também pode confirmar este diagnóstico, documentando ausência de fluxo
sanguíneo embrionário.

como em algumas pacientes assintomáticas. Durante a gesta- houve aumento na taxa de abonamento apesar do hematoma
ção inicial, quando ocorre a implantação, a gênese para essas intrauterino visível.136.137 Uma explicação para as opiniões va-
coleções se relaciona mais provavelmente com os efeitos ero- riadas pode estar relacionada com a localização em oposição
sivos do córion frondoso (a contribuição fetal para a placenta ao tamanho do hematoma. Por exemplo, um pequeno hema-
definitiva), quando este penetra a deddua basal (a contribui- toma retroplacentário pode estar associado a um prognósti-
ção materna para a placenta definitiva). Mais tarde, é mais co relativamente pior que um hematoma maior situado na
provável que seja devido ao sangramento venoso associado cavidade endometrial e longe da placenta. 13S Para confundir
à separação ou ruptura da margem placentária ou do seio ainda mais, também há evidência que sugere que o sangra-
marginal. I31 Uma variedade de palavras descritivas, incluindo mento do primeiro trimestre está associado a um resultado
intrauterina, perigestacional, de implantação ou subcoriônica, adverso, mas isso é estatisticamente independente da presen-
pode ser usada para caracterizar essas hemorragias maternas. ça ou ausência de um hematoma.134.139 Outras variáveis que
Qyando isto ocorre, o sangue disseca pelo caminho de menor podem confundir, isoladas ou combinadas, também podem
resistência e por último pode ser localizado em uma variedade exercer um papel na determinação de uma evolução ruim da
de posições com relação ao saco gestacional e à placenta em gestação. Estas incluem um risco aumentado para abortamen-
desenvolvimento (Fig. 6-39). À medida que o sangue segue to espontâneo com um hematoma progressivamente maior,
sua trilha, e torna-se distante da placenta, ele geralmente eleva idade materna avançada, IG mais inicial, bradicardia, fumo ,
a membrana coriônica (córion liso) conectada, dissecando-a, e saco gestacional com tamanho pequenoY2.134.135.140 Apesar
bem como a deddua vera presa. Desse modo, ele circunda dessas características de prognóstico ruim, um estudo bem
todo o saco gestacional. Se a coleção penetra a cavidade en- feito, que avaliou progressivamente gestações entre 6 e 13 se-
dometrial adjacente, o sangramento torna-se clinicamente evi- manas de IG, mostrou que tanto as mulheres sintomáticas
dente. Semelhante aos hematomas do corpo, a ecogenicidade como as assintomáticas podem ter assegurada uma gestação
do sangue depende de sua idade e da quantidade de coágulos com alta probabilidade de resultado favorável se a ultrasso-
associados (Fig. 6-40). Em geral, a hemorragia aguda é hipe- nografia confirmar atividade cardíaca fetal e os resultados do
recóica ou isoecóica com relação ao tecido placentário. Com a exame forem normais. 125 Felizmente, apesar do sangTamento
evolução, ocorre liquefação, e a coleção torna-se mais anecói- vaginal, a maioria das pacientes com essa complicação apre-
ca, mas sempre contém debris residuais. senta uma gestação com resultado favorável.
A literatura revela amplamente o disparate entre os acha-
dos com relação à má evolução da gestação em mulheres com
Frequência Cardíaca
sangramento vaginal no primeiro trimestre . Vários estudos
sugeriram um risco duas a três vezes aumentado de aborta- Qyando a atividade cardíaca é primeiro detectada entre 5 e 6
mento espontâneo, 126.132·135 enquanto outros relataram que não semanas de IG, a frequência é relativamente baixa (Figs. 6-22
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 207

FIGURA 6-39. Três pacientes com sangramento intrauterino em


várias localizações. A. Um hematoma subcoriônico (SCH) mode-
radamente grande se desenvolveu como um resultado do sangue
dissecando o córion (seta) e sua fixação . Observe que o córion
permanece preso à placenta (P) e que a margem da placenta está
separada da parede uterina (seta curva). B. Em outra paciente,
o hematoma recobre o colo (CX ) e eleva a membrana coriônica
(setas) a partir da parede uterina posterior. Como a ecogenicidade
do sangue (asteriscos) é similar ao tecido placentário (P), pode ser
difícil diferenciar um do outro. C. Uma pequena coleção sanguínea
hipoecóica retro placentária (asterisco) indica ruptura da placenta
(P). Isto é raro durante o primeiro trimestre , pois a maioria das
coleções tem localização subcoriônica.
c

e 6-23 e Tabela 6-4). Embora frequências cardíacas médias um bom com alta probabilidade de uma evolu-
de 82 bpm com 5 semanas de IG e 96 bpm com 6 semanas de ção normal. I
IG tenham sido relatadas,I.11 a maioria dos investigadores re- Apesar de tudo, devido aos riscos relatados associados a
latou uma média de frequência entre 100 e 115 bpm entre 5 e anormalidades da frequência cardíaca, deve-se considerar a
6 semanas de IGn.78·8o A frequência cardíaca média aumenta realização de exames ultrassonográficos de controle quando
para aproximadamente 140 bpm com 9 semanas de IG n De- a frequência cardíaca embrionária for mais baixa ou mais
vido à frequência cardíaca inicial relativamente lenta, um re- alta que os limites do normal para uma determinada IG, ou
lato define bradicardia como menos de 120 bpm entre 6,3 e 7,0 se for detectado um ritmo irregular.
semanas. 73 Múltiplas investigações documentaram um resul-
tado adverso pela bradicardia embrionária, e isso é especial- SACO PEQUENO - ATRASO DE
mente preocugant_e quando o sangramento vaginal também CRESCIMENTO
está presente. O acompanhamento próximo e contínuo
dos embriões com bradicardia inicial (com 6 a 7 semanas de D urante o primeiro trimestre, o volume de líquido no inte-
IG) é necessário, porque, mesmo se a frequência se norma- rior do saco gestacional não é rotineiramente relatado por-
lizar com 8 semanas de IG, ainda haverá uma taxa de 25 % que a maioria dos sacos gestacionais do primeiro trimestre
de abortamento ao final do primeiro trimestre (Fig. 6_41).142 contém pequenas quantidades de líquido, relativamente se-
Uns poucos casos documentados relataram a bradicardia do melhantes. Ocasionalmente, entretanto, a quantidade de lí-
primeiro trimestre associada a arritmias atrial e ventricular; quido em um saco de primeiro trimestre está visivelmente
tipicamente, o prognóstico é ruim (Fig. A análise diminuída , resultando em um saco pequeno para a data. Em
da bradicardia do primeiro trimestre também confirma uma dois trabalhos que avaliavam o resultado da gestação na pre-
associação com anomalias estruturais e cromossômicas, es- sença de oligodramnia do primeiro trimestre, a incidência de
pecialmente a trissomia do 18 e triploidia.I.15. 146 Ao contrário, abortamento espontâneo estava entre 80 0/0 e 94%, apesar da
outros defeitos cromossômicos, incluindo a trissomia do 21 atividade cardíaca normal (Fig. Nesses estudos , a
e, especialmente, trissomia do 13 e síndrome de Turner, têm oligodramnia foi diagnosticada quando a diferença entre o
uma associação a taquicardia do Erimeiro trimestre (deter- DMSG e o CCN era menor que 5 mm. Mesmo discrepâncias
minada a 10-14 semanas de IG)I 6 Em outra investigação, menos severas, na taxa de 5 a 8 mm, têm risco aumentado
porém, que avaliou frequências cardíacas embrionárias com para o abortamento, com uma taxa relatada de 25%.148 Isso
7 semanas de IG ou antes , a frequência cardíaca elevada teve não é surpreendente quando um saco pequeno está presente ;
208 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

B
A

c
FIGURA 6-40. Três pacientes com sangramento intrauterino de ecogenicidades variadas. A. Uma grande quantidade de sangue ecogênico
circunda um embrião muito pequeno (seta). Como a ecogenicidade do hematoma é idêntica à do tecido placentário , pode ser difícil de dis -
tinguir uma da outra. O Doppler colorido pode ser útil para mostrar fluxo sanguíneo intraplacentário. B. Apesar de seu tamanho moderado,
este hematoma (entre calipers) é difícil de identificar porque sua ecogenicidade é semelhante à do tecido adjacente. C. Nesta imagem,
a estrutura anecóica proeminente em forma de crescente (entre calipers) poderia ser confundida com um saco gestacional. Na verdade,
trata -se de um hematoma subcoriônico, que circunda parcialmente o saco gestacional adjacente (seta).

outros indicadores de prog'nóstico adverso, tais como bradi- feito na implantação inicial da placenta. 153 essas mulheres ,
cardia embrionária, sangramento materno e atraso de cres- a concentração circulante de PAPP-A está diminuída: como
cimento embrionário, também podem estar associados.1 35. 138 essa proteína derivada do trofoblasto é uma parte de um
Embora um saco de ta manho pequeno seja relativamente complexo sistema que, entre outras coisas , controla a invasão
incomum (verificado em 1.9% das pacientes férteis ), J.l8 essa trofoblástica da decídua , a diminuição dessa substância pode
observação pode ser usad a para aconselhar as mulheres que ter um impacto negativo sobre o desenvolvimento place ntá-
se apresentam com esse achado. rio e resu ltar em disfunção placentária crônica.
Ocasionalmente, é visto um embrião vivo, que é menor
do que o esperado, com base na data acurada ou antes da
AVALIAÇÃO DA VEsíCULA VITEllNA
investigação ultrassonográfica. Estudos sugerem que uma
medida de CCN menor do que o esperado no primeiro tri- Devem ser considerados o tamanho e o aspecto da vesícula
mestre reflete restrição inicial do crescimento, que persiste vitelina na gestação inicial, embora, uma vez documentada a
durante a gestação e está associada a baixo peso ao nascer, atividade cardíaca, a vesícula vitelina é relegada a um Jtatus
baixo percentil de peso ao nascer e parto prematuro.1 50.152 A secundário. Uma vesícula vitelina normal tem um diâmetro
ongem do crescimento fetal deficiente pode refletir um de- máximo de 5 a 6 mm com aproximadamente 10 semanas de
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 209

A B
FIGURA 6-41. A. Um exame inicial, feito com 6 semanas de
idade gestacional (IG) demonstra bradicardia embrionária de 76
batimentos por minuto. B. Um exame de controle feito 12 dias
depois (7,7 semanas de IG) demonstra crescimento embrionário
normal e uma frequência cardíaca normal de 136 batimentos por
minuto. C. O controle, com 10 semanas de IG, porém , revelou óbito
embrionário. Observe a vesícula v itelina anormalmente ecogênica,
que aparecia normal nos 2 exames anterio res .

IG. Embora diâmetros anormais de vesícula vitelina sejam dessas gestações não foi relatado, de modo que a implicação
geralmente reportados como associados à interrupção subse- diagnóstica dessa observação não é conhecida. 157
quente da um estudo de 14 casos em que a Uma abordagem prática para esse ass unto é considerar
vesícu la vitelínica apresentava diâmetro maior que o 95º per- qualquer paciente com uma vesícula vitelina maior como
centil para a IG relatou gestações com evolução l1orma1. I.>6 apresentando risco aumcntado para o aborlamellto es poIltâ-
Uma observação interessante. recentemente relatada em neo. Em nossa experiência, exames de controle revelam que
um grupo de 18 mulheres com diabete insulino-dependen- muitas, mas não todas, dessas pacientes têm morte embrioná-
te. revelou que, durante o primeiro trimestre, o diâmetro da ria subsequente (Fig. 6-44).
vesícula vitelinica era significativamente maior quando com- Uma vesícula vitelina d e aspecto anormal também está
parado com um grupo de controle. Infelizmente, o res ultado associada à interrupção precoce da gestação. '51 Casos espo-
210 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

A B
FIGURA 6-42. Com 7,4 semanas de idade gestacional, observou-se que este embrião tinha uma frequência cardíaca irregular, que variava
entre 76 batimentos por minuto IA) e 120 batimentos por minuto IB). Um exame feito 2 semanas após revelou morte do embrião.

FIGURA 6-44. Com base na fertilização in vitro, esta gestação era


de 7,6 semanas de idade gestacional. O comprimento emb rionário,
entretanto, estava com atraso de mais de uma semana, a frequência
FIGURA 6-43. A oligodramnia do primeiro trimestre é evidente cardíaca estava lenta (83 batimentos por minuto) e a vesícula vitelina
neste saco que continha um embrião vivo com uma frequência car- estava grande Idiâmetro de 6,7 mm). Um exame de controle confir-
díaca normal. O exame de controle, entretanto, confirmou o óbito. mou óbito emb rionário.
AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 211

vamente grande em relação ao CCN (Fig. 6-47). Lembre-se


que em uma gestação normal do primeiro trimestre, o diâ-
metro médio do saco amniótico é aproximadamente igual ao
CCN. Na avaliação feita por Horrow, de 10 embriões do pri-
meiro trimestre que morreram subsequentemente, cada um
demonstrou uma cavidade amniótica anormalmente grande
com relação ao tamanho do embrião e sua cavidade coriô-
nica (Fig. 6-48)96 Nesse estudo, a diferença entre o CCN e
o diâmetro da cavidade amniótica era de aproximadamente
1 mm nas gestações normais, mas de quase 9 mm nas gesta-
ções anormais . Assim como ocorre com outros indicadores
prognósticos, pacientes que apresentam o saco amniótico au-
mentado ou de aparência suspeita devem ser aconselhadas a
realizar um exame ultrassonográfico de controle (Fig. 6-49).
Uma vez que o exame ultrassonográfico normalmente
detecta o embrião antes do âmnio, um achado que tem sido
relatado como altamente sugestivo de uma gestação anormal
FIGURA 6-45. Este embrião (entre calipers) , que tinha 6,5 semanas
de idade gestacional, tinha uma vesícula vitelina anormalmente
é a visualização dessa membrana sem a detecção de um em-
ecogênica (seta). Apesar de sugerir um prognóstico ruim, o exame brião (Fig. 6_50)161 A maioria dos casos com um sinal do
de co ntrole revelou crescimento e desenvolvimento normais. "âmnio vazio" também tem um DMSG maior que 16 mm , o
que , por si só, já consiste em uma interrupção da gestação.
Q\.lando esse sinal é aparente, mas o diâmetro do saco é de
menos de 16 mm, a confirmação de falha gestacional deve
ser estabelecida com o nível sé rico de hCG ou com exame
rádicos relatados sugerem que as vesículas vitelinas que têm ultrassonográfico de controle.
formato anormal são calcificadas, ecogênicas ou duplas (cisto Se um saco que estaria vazio contém uma estrutura em for-
do ducto vitelino) e estão associadas a óbito embrionário an- ma de membrana facilmente visível, a distinção entre âmnio
tecedenle ou subsequente (Fig. 6-41 C) 158,159 Apesar de uma anormal e uma vesícula vitelina aumentada pode ser difícil
vesícula vitelina de aspecto anormal, sempre que houver ati- ou impossível (Fig. 6-51). Apesar disso, deve-se suspeitar de
v idade cardíaca embrionária, um exame de controle é reco- desenvolvimento anormal em cada caso, pois a presença de
mendado porque, em casos raros e excepcionais, a gestação uma estrutura cística maior que 6 mm de diâmetro sem um
pode continuar até o termo (Fig. 6-45). embrião vivo é altamente sugestiva de gestação não evoluída.

AVALIAÇÃO DO ÂMNIO FATORES MATERNOS


Por ser uma membrana tão fina , ou talvez porque inicial- Fatores maternos que podem aumentar o risco de abortamen-
mente se loca liza em íntima proximidade com o embrião,94 o to espontâneo incluem idade, fumo, anormalidades uterinas
âmnio normal pode ser difícil ou impossível de ser percebido estruturais e uma história de abortamentos.
pela ultrassonografia durante o primeiro trimestre, e não é A idade materna afeta de forma adversa o resultado.
visto normalmente até que o CCN seja de 7 mm ou mais (6,7 Mulheres com mais de 34 anos têm probabilidade de uma e
semanas de IG) (Fig. 6-28).95 Em um estudo de 169 gesta- meia a cinco vezes maior de abortar do que mulheres mais
ções normais e 169 não evoluídas, o âmnio era visível em 34 jovens. 126.1 29.l32.135.140,162 Até a idade de 30 anos, a incidência
embriões com um CCN de menos de 7 mm . Em cada caso, de abonamento é de aproximadamente 12 %; a partir daí, a
essas gestações já tinham falhado ou falharam subsequente- taxa cresce rapidamente, excedendo 50% em mulheres com
mente. 95 Outra investigação que determinava o volume de mais de 45 anos. 162
líquido amniótico normal em gestações de primeiro trimestre Anormalidades estruturais uterinas adquiridas e congê-
só pôde fazê-lo após 7 semanas de IG, quando o âmnio se nitas estão associadas a um risco aumentado de interrupção
tornou visível. 16o Em 1988, usando uma abordagem transa- da gestação. Além das sinéquias , anormalidades estruturais
bdominal, Yeh et al 82 descreveram o sinal da dupla bolha, adqu iridas que podem afetar o resultado incluem os miomas.
que era transitoriamente visível entre 5 e 7 semanas de IG Em mulheres com miomas , a taxa de interrupção da gestação
e era dev ido ao complexo saco amniótico-embrião-vesícula é quase duas vezes a de mulheres com útero normal e, em
vitelina posicionado em contiguidade. Em nosso serviço, um estudo, a taxa de interrupção era estatisticamente maior
apesar de extensa experiência com ultrassonografia transva- com múltiplos miomas, mas não se relacionava com o ta-
ginal durante esse período gestacional, um aspecto de dupla manho ou a localização do mioma. 163 Malformações estru-
bolha raramente é visto em uma gestação normal entre 5 e turais congênitas, que são tipicamente originadas nos ductos
7 semanas de IG (Fig. 6-29). Quando o aspecto de dupla bo- de Müller, afetam primariamente a taxa de abortamento es-
lha é evidente, está tipicamente relacionado com ameaça ou pontâneo em oposição à taxa de concepção. Úteros septados
franca falência gestacional. Em alguns casos, ele representa têm associação consistentemente evidente com abonamento
duas vesículas vitelinas contíguas associadas a gêmeos mo- precoce, presumivelmente devido à implantação inadequa-
nozigóticos; raramente, é devido a uma anomalia, como cisto da da placenta no septo pobremente vascularizado l64 Uma
do cordão umbilical (Fig. 6-46). anormalidade congênita menos comum pode ser encontrada
O desenvolvimento anormal do âmnio é suspeitado em mulheres cujas mães foram expostas ao dietilestilbestrol
quando a membrana é fácil de se ver ou quando sua espes- durante a gestação (filhas de mulheres que tomaram dieti-
sura e ecogenicidade se parecem com a da vesícula vitelina. lestilbestrol [DESJ).165, 166 essas pacientes, alterações de de-
Outro achado preocupante é uma cavidade amniótica relati- senvolvimento podem causar incompetência cervical ou uma
212 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

c
FIGURA Quatro pacientes diferentes, cada uma com o que parecia ser um proeminente sinal da dupla bolha. A. Esta é uma inter-
rupção da gestação , que, pela determinação acurada das datas, tinha 7,8 semanas de idade gestacional (IG) (seta aponta para o âmnio).
B. Este embrião de 7 semanas de IG apresentava bradicardia (81 batimentos por minuto), assim como um âmnio anormalmente espessado
(seta). O exame de controle con firm ou o óbito. YS, vesícula vitelina. C. Estas duas estruturas redondas quase opostas representam duas
vesículas vitelinas associadas a gêmeos monozigóticos. D. Este caso, que tem aspecto virtualmen te idêntico ao C, é devido a um cisto do
cordão umbilical adjacente à vesícu la vitelina; o embrião vivo está entre estas 2 estruturas (seta). A gestação terminou subsequentemente
com 18 semanas.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 213

FIGURA 6-49. Neste exame transabdominal , o âmnio é visto muito


FIGURA 6-47. Nesta gestação intrauterina de 6 semanas, o diâ- facilmente e a cavidade amniótica já não é mais esférica. Apesar
metro da cavidade amniótica (AC) era muito grande com relação destes achados, o exame ultrassonográfico de controle revelou um
ao comprimento cabeça-nádega do embrião (entre calipers). Além feto de desenvolvimento normal.
disso, o âmn io (seta) era facilmente visível. Exame ultrassonográ-
fico de controle re vel ou óbito.

4

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O 1 2 3 4
CCN (em )

FIGURA 6-48. Relação entre o diâmetro da cavidade amniótica


(CA) e o comp rimento cabeça-nádegas (CC N) em embriões normais
(círculos pretos) e anormais (círcu los cinzas). Como é evidente por FIGURA 6-50. Este exame transvaginal revela uma estrutura redon-
este gráfico, gestações anormais têm um diâmetro da cavidade da facilmente visível com um diâmetro médio de 8 mm. A distinção
amniótica grande. (De Harraw MM: Enlarged amniatic cavity: A new entre um âmnio anormal e uma vesícula vitelina grande nem semp re
sanagraphic sign af ear/y embryanic death. AJR Am J Raentgenal é possível, mas neste caso uma pequena vesícula vitelina também
158:359, 7992.) está presente (seta). Portanto, este aspecto sugere uma interrupção
da gestação.

configuração hipoplásica , em forma de T , do endométrio, correção cirúrgica. Em comparação com mutações cromos-
cada qual contribuindo para uma taxa anorma lmente alta sômicas embrionárias letais, esses casos são relativamente
de abortamento. poucos em número.
O prognóstico para uma gestação bem-sucedida em pa- O termo abortamento de repetiçâo descreve a situação de três
cientes com anormalidades estruturais uterinas está rela- ou mais perdas espontâ neas no primeiro trimestre, o que afe-
cionado com anormalidade específica e se esta é passível de ta aprox im adamente 10/0 dos casais. 109 Como a causa desse
214 AV A LIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANT E O PRIMEIRO T RIMESTRE DA GESTAÇÃO

tativo de hCC não é usualmente útil. Em casos equivocados ,


ou em mulheres com risco de abortamento de repetição, po-
rém, esse teste pode ser extremamente útil para determinar
se a gestação tem progressão normal ou não. a maioria das
pacientes com CUI anormal, o nível de hCC é
nalmente baixo com relação ao tamanho do sacoYO·17
Outra indicação para a determinação do nível quantita-
tivo de hCC é a presença de uma pequena coleção líquida
intrauterina que não apresenta o achado saco duplo tecidual
(exame transabdominal) ou um sinal intradecidual (exame
transvaginal). Nesses casos, o nível de hCC pode ser usado
para determinar se os achados intrauterinos são devidos a
um pseudossaco gestacional ou a uma CUI. Mais frequen-
temente, gestações ectópicas estão associadas a um nível
desproporcional mente alto de hCC para o tamanho da co-
leção líquida. Adicionalmente, a falha em detectar um saco
gestacional intrauterino, quando o valor de hCG excede os
níveis mínimos, coloca a paciente em risco de uma gestação
ectópica.169.l74 Embora o nível mínimo de hCC para detectar
um saco intrauterino varie de um serviço de ultrassonografia
para outro e também dependa do padrão com relação ao qual
o hCC é calibrado, é claro que a combinação do nível de hCC
com os achados ultrassonográficos melhora significativamen-
te a capacidade de interpretar achados ultrassonográficos
FIGURA 6-51. Uma estrutura redonda única (setas) com um diâ- equivocados e de diagnosticar gestação ectópica.174.175 Muitos
metro médio de 9 mm é vista neste saco gestacional. Poderia ser serviços de ultrassonografia usam correntemente entre 1.000
um âmnio anormal ou uma vesícula vitelina grande; em cada caso, e 2.000 mUIIml (International Reference Preparation - Pre-
o aspecto é anormal e sugere uma deficiência gestacional.
parado de Referência Internacional) como o nível de hCg aci-
ma do qual um saco gestacional _deve ser normal-
mente visível pelo exame transvaginal.99.1/6'1/8

problema é multi fatorial , a avaliação dessas pacientes requer


uma ampla variedade de testes diagnósticos que avaliam PAPEL DO DOPPLER NA PREDiÇÃO DE
fatores amnióticos, hormonais, genéticos e autoimunes . Lei- INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO
tores interessados nos aspectos clínicos desse tópico devem
Como os níveis de energia associados ao Doppler podem
consultar um livro-texto atualizado de ginecologia, como o
ser significativamente maiores do que um exame em esca-
Obstetrícia e Ginecolop'a) de Darfortl!. la de cinza, e uma vez que o maior potencial de risco para
Achados ultrassonográficos em pacientes com abortamen- o diagnóstico ultrassonográfico está nos estudos fetais com
to espontâneo de repetição dependem de quando a ultrasso-
Doppler,123 nosso serviço de ultrassonografia não defende o
nografia é realizada. Embora aproximadamente três quartos
uso rotineiro do Doppler no primeiro trimestre. Entretan-
dessas pacientes apresentem um embrião vivo demonstrado
to, usando protocolos controlados de pesquisa, vários inves-
em algum período durante o primeiro trimestre, o controle
tigadores têm dirigido aplicações do Doppler em gestações
confirma uma probabilidade quatro a cinco vezes maior de
iniciais. Com relação a uma CUI (em oposição à gestação
interrupção subsequente em comparação com mulheres sem
ectópica), o papel primário do Doppler é determinar se uma
uma história de perda gestacional de repetição.167.168 Uma vez
gestação de primeiro trimestre apresenta um resultado nor-
que na maioria dos casos a interrupção da gestação ocorre
mal. Para fazer isso, a atenção tem sido focada nos padrões
aproximadamente com 8 semanas de IC, é prudente realizar
de Buxo uteroplacentário e do corpo lúteo.
um exame ultrassonográfico transvaginal nesse período (em
O Buxo uteroplacentário pode ser avaliado pela medida
vez de mais cedo), para fornecer uma informação realística
de velocidade do fluxo ou de uma variedade de índices (ra-
para essas pacientes. 169
zão sistólica-diastólica, índice de resistência [IR], índice de
pulsatilidade) que caracterizam padrões de fluxo na artéria
UTILIDADE DOS NíVEIS DE HCG NO uterina principal ou em vasos subcoriônicos (artérias espira-
PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO ladas). Em uma gestação normal, os índices no interior des-
ses vasos demonstram um declínio progressivo da 6ª para a
Não há dúvida que a ultrassonografia de alta resolução e o ní- 12ª semana de gestação.21. 36,179 A correlação anatômica histo-
vel sérico quantitativo de hCC são complementares e, quan- morfométrica sugere que a base para essa queda
do usados em otimizam a avaliação de pacientes na resistência é o estabelecimento da circulação intervilosa.
com ameaça de abortamento. Isso é particularmente verda- A utilidade do Doppler na predição de interrupção da gesta-
deiro quando os achados ultrassonográficos iniciais não são ção ainda não foi estabelecida; alguns estudos sugerem que a
diagnósticos. Uma vez que o crescimento do saco gestacional resistência elevada em vasos uterinos ou subcoriônicos está
e a produção de hCG estão relacionados com a função do associada a uma alta probabilidade de abortamento espontâ-
trofoblasto, há normalmente uma excelente correlação entre neo, 25.49.180 enquanto outros acharam que a análise com Dop-
o tamanho do saco e o nível de hCGYo pler desses vasos não é preditiva de abortamento.179.181.182
Se uma paciente com ameaça de abortamento tem um Uma segunda área de investigação consiste em análise do
saco gestacional definitivamente anormal, um nível quanti- Buxo sanguíneo do corpo lúteo durante o primeiro trimes-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 215

50-60% D Etiologia desconhecida

D Herança multi fatorial

D Aberrações cromossomiais

D Mutações genéticas

D Agentes ambientais

FIGURA 6-52. Representação gráfica mostrando as causas de anomalias congênitas humanas. (De Moore KL, Persaud TVN: The Deve/oping
Human: Clinica//y Oriented Embri%gy, 7th ed. Philade/phia, W8 Saunders, 2003, pp 158-186.)

FIGURA 6-53. Ilustração esquemática demonstrando o


VI risco de desenvolvimento de uma anomalia congênita em
relação à idade gestacional. (De Moore KL, Persaud TVN:
'c
,Q)
Semanas de desenvolvimento humano
The Deve/oping Human: C/inica//y Oriented Embri%gy,
Dl
C 7th ed. Philade/phia, W8 Saunders, 2003, pp 158-186.)
o
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:J sensibilidade méxima
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()
ao desenvolvimento anormal
VI
(i:

O 3 Formação de órgãos 8 Crescimento e amadurecimento 38


de sistemas orgãnicos

_ Pode ocorrer morte do embrião

O Pode ocorrer malformação do embrião (p. ex ., defeito cardiaco)

_ Pode ocorrer distúrbio funcional do feto (p. ex ., retardo mental)

tre.J83.186 Nesses estudos, resultados conBitantes também são plicações gestacionais. A maioria dos autores concorda que,
evidentes; um estudo sugeriu um IR relativamente aumen- com 11 semanas de IG, a resistência elevada na artéria ute-
tado no corpo lúteo associado à ameaça de abortamento,'84 rina pode identificar pacientes em risco tanto para restrição
enquanto outro não encontrou diferença significativa nessa do crescimento intrauterino quanto para hipertensão gesta-
medida comparada com a população de controle,185 De for- cional.I87·189 Uma explicação para essa relação é a invasão
ma interessante, ambos os estudos concordaram que o IR trofoblástica inadequada ou incompleta dos vasos maternos
estava anormalmente aumentado nas pacientes que sofreram durante o primeiro trimestre, A identificação precoce de pa-
aborto. '84 ,'85 Os IRs do corpo lúteo também foram medidos cientes com risco para essas complicações poderia permitir
como um esforço para predizer interrupção da gestação; os uma rotina adicional e possível intervenção,
resultados dessa investigação mostram que esse parâmetro
não pode ser usado com sucesso para esse propósito. 186
Embora o Doppler não tenha se mostrado útil para pre- DETECTANDO ANOMALIAS FETAIS
dizer o sucesso de uma gestação no primeiro trimestre, pes- Malformações fetais congênitas podem ser o resultado de
quisadores confirmaram uma relação entre a resistência da fatores genéticos ou cromossômicos, ambientais ou combi-
artéria uterina no primeiro trimestre e subsequentes com- nados. Em mais de 50 % dos casos, a origem é desconhecida ;
216 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

porém, quando uma causa é identificada. a maiona ocorre com certeza até o segundo trimestre, anormalidades grossei-
devido a aberrações cromossômicas (Fig. 6-52 ). Causas am- ras, como grandes encefaloceles, holoprosencefalia. defeitos
bientais, ou teratogênicas, são responsáveis por aproximada- da parede ventral e gêmeos siameses, podem geralmente ser
mente 10% das anomalias. O tempo de exposição do embrião detectadas na fase fmal do primeiro trimestre ..J·1 9 1.1 92 Apesar
ao teratógeno é crítico para O resultado da gestação (Fig. disso, nesse período inicial de desenvolvimento, a detecção
6-53 ). Exposições muito precoces (até 5 semanas de IG ) tipi- de anomalias permanece limitada pelo tamanho pequeno do
camente têm um único resultado: ou o embrião morre ou ele feto.
não será afetado. A exposição durante a organogênese (5 a
10 semanas de IG) geralmente afeta o desenvolvimento orgâ-
nico e resulta em graves anomalias congênitas. A exposição
ARMADILHAS DE DESENVOLVIMENTO
durante a fase fetal apresenta resultado variável. 190 À medida que o embrião se desenvolve, várias estruturas
Com a melhoria tecnológica continuada, o exame de ima- anatômicas normais sofrem alterações de desenvolvimento
gem do embrião tem progredido para muito além da identi- que podem ser erroneamente interpretadas como anormais.
ficação da atividade cardíaca e da medida do CCN. Embora Uma confusão em potencial é um espaço cístico, prontamente
muitas anomalias congênitas não possam ser diagnosticadas visível no crânio posterior entre 7 e 9 semanas de IG, que é o
desenvolvimento do rombencéfalo (Fig. 6-54). Essa estrutura
contribui para o desenvolvimento final do quarto ventrículo,
pedículo cerebral e cerebelo, e não deve ser confundida com
uma malformação de Dandy-vValker ou hidrocefalia.
Outra fonte potencial de confusão é a proeminência no
local de inserção do cordão umbilical do feto. Iniciando
na 83 semana de gestação, a herniação fisiológica do tubo
digestivo fetal para a base do cordão umbilical cria uma
massa focal. Esta massa pode medir até 7 mm de diâmetro
e torna-se tipicamente mais proeminente com 9 a 10 sema-
nas de IG, em concomitância com uma rotação de 90 graus
no sentido horário do tubo digestivo em torno da base da
artéria mesentérica superior (Fig. 6-55). A massa não deve
medir mais que 7 mm, deve sumir ao final da llª semana
de IG, quando o tubo digestivo retorna para sua localização

FIGURA 6-54. Uma área cística bem definida na fossa posterior


(entre ca/ipers) representa o rombencéfalo normal em desenvolvi-
mento nesle embrião de 8,2 semanas.

A B
FIGURA 6-55. A. Embrião de 10 semanas com uma massa redonda projetando-se a partir da parede abdominal , representando o intes-
tino fisiologicamente herniado para a base do cordão umbilical (setas). Com a continuação do desenvolvimento normal. a massa não está
mais presente com 12 semanas de idade gestacional. B. Imagem tridimensional de um feto de 10 semanas com intestino fisiologicamente
proeminente na base do cordão umbilical (setas).
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 217

FIGURA 6-57. Feto de quatorze semanas com um defeito occi -


pital (entre ca/ipers) e encefalocele (setas) herniada para fora do
crânio.

B
FIGURA 6-56. Anencefalia. A. Feto de 12 semanas com ausência
do c rânio e tecido cerebral distrófico projetando-se sobre a face
(setas). O tamanho da cabeça é menor do que o normal. 8 . Feto de
onze semanas (ca/ipers) com anencefalia e tecido cerebral distrófi -
co estendendo-se anteriormente à face (setas).

FIGURA 6-58. Feto de treze semanas com holoprosencefalia,


demonstrando grande ventrículo único (asterisco) e ausência da
foice devido à falha na divisão do prosencéfalo ou córtex anterior.
intraabdominal e não deve ser mais vista quando o CCN
for de 45 mm ou mais 83 .85

DIAGNOSTICANDO ANOMALIAS visível durante a ultrassonografia do primeiro trimestre. a


(EXCLUINDO TRANSLUCÊNCIA NUCAL) cabeça fetal tem um contorno irregular e não é circundada
por osso. O tecido cerebral distrófico pode se estender além
Com 10 semanas de IG. crânio. cérebro, pescoço. tronco da localização usual da cabeça. como para cada lado da face
e extremidades fetais podem ser visuaJizados. e anomalias ou anterior à orbita , ou a cabeça pode parecer anormalmen-
grosseiras podem ser detectadas no primeiro trimestre. te pequena (Fig. 6-56 ). Não é visto crânio
Allellajàha é caracterizada pela ausência de desenvolvi- Ellctjàlocele grande , defeito no crânio através do qual o con-
mento do crânio com tecido cerebral distrófico na localiza- teúdo cerebral se hernia para [ora da calota. às vezes pode
ção esperada para a cabeça fetal. Q.lando essa condição é ser identificada (Fig. 6-57). Na h%jJrosellc1à/ia) uma anomalia
218 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO
--

A B
FIGURA 6-59. Linfangiectasia e higroma cístico. A. Feto de quatorze semanas englobado por marcado espessamento cutâneo e edema
(e ntre ca/ipersl devido a linfangiectasia difusa. 8. Imagem coronal da cabeça e do pescoço de um feto diferente demonstrando imagens
císticas focais em volta do pescoço (setas), representando um higroma cístico.

cerebral resultante da falha de clivagem do prosencéfalo em loceles e amputações de membros. Casos graves de divisão
dois hemisférios cerebrais, a cabeça fetal contém um gran- do feto podem, às vezes, ser diagnosticados no primeiro tri-
de espaço cístico e a foice e o plexo coróide estão ausentes mestre (Fig. 6-62) .1 97. 198 Normalmente, no final do primeiro
(Fig. 6-58) .1 95 Essa anomalia devastadora é vista geralmente trimestre, a parede ventral deve aparecer intacta e todas as
na trissomia do 13 e, portanto, uma vez identificada, deve-se quatro extremidades devem ser identificadas.
aconselhar imediatamente o exame do cariótipo. gêmeos monoamnióticos estão presentes durante
A presença de grandes imagens císticas atrás da cabeça a fase inicial do primeiro trimestre, geralmente é difícil dizer
fetal, pescoço e tronco, como um espessamento da translu- se eles estão juntos ou estão separados, porém bem próximos.
cência nucal (Cap. 3), está associada a cromossomos anor- No fim do primeiro trimestre, entretanto, com o aumento da
mais, particularmente trissomias do 13, 18 e 21 e síndrome cavidade amniótica, geralmente é possível diferenciar gêmeos
de Turner. Essas coleções líquidas são chamadas de hig;romas siameses verdadeiros de gêmeos individuais monoamnióticos,
cÍslicos ou LúYàngiectasia. 196 As imagens císticas podem se es- e seu local de junção pode ser identificado (Fig. 6-63) .1 99.200
tender para baixo pelo tronco do feto, aparecendo como um
halo ao redor do feto , ou as imagens podem ficar confinadas
na parte posterior do pescoço fetal (Fig. 6-59).
Grandes defeitos da parede ventral, tais como a onfolocele e
CONCLUSÃO
a gastrosqulse, podem ser diferenciados da herniação fisiológica A ultrassonografia transvaginal mudou a abordagem clínica
do tubo digestivo com base no tamanho da protrusão da mas- para avaliar pacientes durante o primeiro trimestre de ges-
sa na parede abdominal anterior e da persistência da massa tação. Em mulheres assintomáticas, ela pode determinar o
após 12 semanas de lG. Se o tamanho da massa antes de 12 se- nlllnero de sacos gestacionais e datar com precisão a gesta-
manas de IG for de mais de 7 mm, deve-se suspeitar de defeito ção. Em mulheres que apresentam ameaça de abortamento,
da parede ventral, e uma ultrassonografia de controle deve ser a ultrassonografia é geralmente o primeiro e t.'tnico estudo
realizada após 12 semanas de IG, para confirmar o diagnósti- necessário para descartar as muitas considerações clínicas
co. A projeção de massa de uma onfalocele tipicamente tem um diferenciais. Em aproximadamente 500/0 dessas pacientes, os
contorno liso e arredondado, porque o contet.'tdo abdominal resultados revelam uma GUl normal, e a gravidez progride
exteriorizado é contido por uma membrana peritoneal (Fig. sem dificuldade. Nas demais pacientes evoluções são
6_60 ) .1 97 O contorno da gastrosquise é tipicamente irregular, anormais, a ultrassonografia pode usualmcnte diagnosticar
porque as alças intestinais que se projetam através do defeito o problema específico e pode ser realizado um tratamento di-
não são contidas por uma membrana (Fig. 6-61). ligente e apropriado. Nos poucos casos restantes, uma deter-
Síndrome da banda amniótica é caracterizada por deformi- minação quantitativa de hCG pode estat-indicada, ou podem
dades do feto , incluindo defeitos na parede ventral, encefa- ser necessários exames seriados de hCG e ultrassonografia.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 219

A
8
FIGURA 6-60. Onfalocele. A. Feto de onze semanas com peque-
na massa arredondada na base do cordão umbilical (entre calipers),
que persistiu no exame de controle após 12 semanas de idade ges-
tacional. B. Doppler colorido de feto com 12 semanas com grande
onfalocele (setas) demonstrando vasos umbilicais passando atra-
vés do saco da onfalocele. C. Ultrassonografia tridimensional do
mesmo feto de 8 demonstrando o saco de onfalocele arredondado
(seta) anterior ao abdome fetal.

c
220 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO

A B
FIGURA 6-61. Gastosquise. A. Massa de fo rma irregular (setas) projetando-se a pa rtir da parede abdominal anterior neste feto de
14 semanas, representando alças intestinais projetando-se para a cavidade amniótica através do defeito da parede abdominal anterior.
B. Imagem com Doppler colorido demonstrando que a inse rção do cordão (seta) no abdome fetal está intacta.

FIGURA 6- 62. Feto de doze semanas (setas) cuja parede ventral


está interrompida por bandas amnióticas e conteúdo abdominal
FIGURA 6-63. Gêmeos siameses de dez semanas com duas cabe-
(pontas de setas) projetando-se para fora do corpo.
ças (setas) e corpos fundidos.

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AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E
DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL
Henry L. Galan , MD, Santosh Pandipati, MD e Roy A. Fil\y, MD

Introdução Estimativa do Peso Fetal


Determinação da Data de uma Gravidez Aplicações Clínicas dos Parâmetros Biométricos
Primeiro Trimestre da Gravidez (de Oa 13 Semanas) Restrição do Crescimento Intrauterino
Segundo e Terceiro Trimestres da Gravidez (de 14 a 42 Definição
Semanas) Etiologias
Biometria: Seguindo as Regras Fisiopatologia
Diâmetro Biparietal Sequelas a Cu rto e Longo Prazos
Circunferência Cefálica Avaliação do Status Fetal
Circunferência Abdom inal Dopplervelocimetria
Comprimento do Fêmur Crescimento Fetal Acelerado
Outros Parâmetros Biométricos Intervalo de Crescimento Fetal e Potencial de Crescimento
Gravidez Avançada Conclusões
Cálculo da Idade Menstrual

INTRODUÇÃO a peça mais útil de informação que a ultrassonografia obsté-

A ultrassonografia se tornou a ferramenta essencial da


moderna prática obstétrica. Com os avanços na tecnologia
e processamento computacional, o que em certa época foi
trica fornece é uma determinação exata da idade menstrual .
É difícil imaginar um problema clínico, encontrado durante
uma gravidez, no qual uma idade menstrual exata não seja
mera curiosidade se tornou crucial para a avaliação da altamente desejada, antes de prosseguir com um plano apro-
placenta, membranas, líquido e anatomia fetal, conforme será priado de tratamento.
descrito em outras partes deste texto. A atribuição da idade da É importante estabelecer de início o que significa o termo
gravidez constitui a primeira tarefa imposta ao profissional de idade menstrual e por que ela é tão importante em obstetrícia
saúde, e a ultrassonografia é a modalidade-chave usada para clínica. A idadefital na realidade começa na concepção, e um
esta fmalidade. Adicionalmente, o ultrassom é muito superior termo equivalente é idade w/lcepcial1al. Entretanto, classicamen-
ao exame clínico na determinação da adequação do intervalo te e pela convenção atual, os obstetras determinam as datas
de crescimento fetal. Com O desenvolvimento da tecnologia da gravidez por semanas menstruais, começando do 1Q dia da
Doppler, pode-se agora avaliar o estado fetal para determinar
última menstruação normal. O termo apropriado para este
patologias mais cedo que evidenciado pela cardiotocografia
(CTC) fetal anormal. Como resultado, o Doppler tornou- método de determinação da data é idade m.e11Jtrual, e este termo
se crucial para tomar decisões de tratamento em alguns é usado exclusivamente, neste capítulo, ao nos referirmos à
contextos de alto risco. Os métodos para determinar a data duração de uma gravidez.! Muitos obstetras também usam o
de uma gravidez, medir crescimento e avaliar o estado fetal termo ulade gestaciallal (/C) . Embora / C deva ser equivalente à
usando tecnologia Doppler são descritos neste capítulo. idade coruepciallal, na prática obstétrica clínica, /C é usado inter-
cambiavelmente com idade me7lJtrual. O termo idade amcepcional
DETERMINAÇÃO DA DATA DE UMA deve ser reservado para descrever gestações nas quais a data
real da concepção é conhecida; isso é incomum e usualmente
GRAVIDEZ é restrito a pacientes que se submeteram à reprodução assisti-
A ultrassonografia fornece uma quantidade enorme de infor- da (p. ex. , fertilização in vitro, inseminação artificial). Mesmo
mações úteis ao obstetra na prática. Pode-se argumentar que se a idade concepcional for conhecida, a idade menstrual deve
ser calculada a partir da idade concepcional, baseando-se na
. Em dezembro de 2005. a comunidade de ultrassonografia perdeu um dos pioneiros suposição da ovulação no meio do ciclo (idade menstrual =
ullrassonografia obstélrica. Dr. Frank P. Hadlock. Desde o final dos anos 1970. idade concepcional + 14 dias). Uma vez que isso tenha sido
o Dr. Hadlock inves tigou o papel da uhrassonografia na delerminação da idade
geslacional (IG) e na defi nição de padrões anormai s de crescimento felal. Ele
feito, a idade menstrual está estabelecida e nunca deve ser
conlribuiu para eSle capílulo nas ed ições ameriores. suas fórmulas para predição do alterada mais tarde na gravidez. Medidas fetais subsequentes
peso ainda são usadas atualmente na maioria dos apare lhos de ultrassonografia. Ele então se tornam um índice do crescimento fetal em vez da
foi um professor e amigo superbo será lembrado com carinho. idade menstrual.
225
226 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

300
Métodos para Determinação da Idade
Menstrual 250
Estimativa de o
'/)

Parâmetro Clínico ou Ultrassonográfico Variabilidade (±2 DPl ü 200


Ü
Fertilização in VIm"
(I)
± 1 dia "O 150
Indução da ovulação· ± 3 dias e
(I)

± 3 dias 100
Inseminação artificial"
± 3 dias
."zE
Registro de intercurso único"
Registro de temperatura corporal basal" ± 4 dias 50
Exame físico no primeiro trimestre ± 2 semanas
± 4 semanas
o
Exame físico no segundo trimestre 8 12 16 20 24 28 32 36
Exame físico no terceiro trimesn'e ± 6 semanas Dias Menstruais
Exame ultrassonográfico no primeiro trimestre
(cabeça-nádega ± 18% do comprimento estimado) FIGURA 7- 1. Extensão da fase folicular do ciclo menstrual em um
grande número de pacientes estudadas por Matsumoto, Nogami e
Exame uln'assonográfico no segundo trimestre (cabeça ± 18°/0
Ohkuri 4 Observe que a distribuição é enviesada para a direita , com
da circunferência estimada, comprimento do fêmur) um número mais alto de pacientes ovulando tarde no cicio (> dia 21)
Exame ultrassonográfico no terceiro trimestre (cabeça ± 8% do que mais cedo no ciclo « dia 11). Isso corresponde aos achados
da circunferência estimada, comprimento do fêmur) no estudo por Waldenstróm , Axelsson e Nilsson,6 no qual um estudo
ultrassonográfico no começo do trimestre intermediário concordou
com a história menstrual em apenas cerca de 80 % dos casos. Em
D P. desvio·padrão. 3 % , a idade pela avaliação ultrassonográfica foi maior que a esperada
' Esses são indicadores da idade concepcional (idade mens trual = idade a partir da história menstrual ótima (correspondendo à ovulação pre-
concepcional + 14 dias). coce) , e, em cerca de 17 % , a idade por avaliação ultrassonográfica foi
Adap tado de J ames D. Bowie. M.o., Duke U niversiry Medical C enter. menor que a esperada a partir da história menstrual ótima (indicando
ovulação tardia) . (Adaptado de Matsumoto S, Nogami Y, Ohkuri S:
Statistieal studies on menstruation: A eritieism on the definition of
normal menstruation. Gumma J Med Sei 11:294, 1962.)
o conhecimento da idade menstrual é importante para
o obstetra porque ela afeta o tratamento clínico de várias
maneiras importantes. Primeiro, o conhecimento da idade
menstrual é usado na gravidez inicial para marcação de fiável por causa de oligomenorréia, eventos de sangramento
procedimentos invasivos como biópsia de vilo corial e arnnio- anormal, uso de anticoncepcional hormonal, engravidar no
centese genética, e na interpretação de testes bioquímicos, primeiro ciclo ovulatório depois de um parto recente ou ovu-
tais como a triagem de biomarcadores séricos maternos lação muito precoce « dia 11) ou muito tardia (> dia 21 ) no
expandidos ("triagem quádrupla") para avaliação do risco de ciclo menstrual. Esse último ponto pode ser particularmente
defeitos do tubo neural e anomalias cromossômicas (p. ex., a importante, porque Matsumoto, Nogami e Ohkuri4 relataram
trissomia do 21 e a do 18) nas quais a faixa normal de valores que a ovulação precoce ou tardia ocorre em aproximadamen-
muda com o passar do tempo. Segundo, o conhecimento da te 20% da população (Fig. 7-1 ). De fato , muitas fórmulas e
idade menstrual permite ao obstetra prever parto espontâneo discos de determinação da data da gravidez se baseiam em
normal ou planejar parto eletivo dentro do tempo destinado uma gestação de 280 dias começando do momento da DUM,
a uma gravidez a termo (de 37 a 42 semanas); isso também o que, por sua vez, tem por base um ciclo menstrual regular
possibilita que o médico institua medidas que otinúzarão a de 28 dias composto de 14 dias nas fases folicular e lútea,
evolução fetal quando o trabalho de pano acontecer antes de cada uma. Não é de surpreender, então, que Campbell el al. 5
37 semanas ou deixar de acontecer após 42 semanas. Terceiro, e Waldenstr6m, Axelsson e Nilsson6 tenham observado que,
o conhecimento da idade menstrual é importante ao avaliar mesmo em pacientes com ótimas histórias menstruais , um
o crescimento fetal porque a faixa normal para o tamanho de único diâmetro biparietal (DBP) no segundo trimestre foi
qualquer parâmetro fetal se altera com o avanço da idade. l mais preditivo da data estimada do parto (DEP) que a data
Assim, um peso fetal de 2.000 g seria normal com 33 sema- do parto calculada a partir do 1Q dia da última menstruação
nas mas indicaria restrição do crescimento com 36 semanas. normal. Muitas vezes se ouvem as afirmativas "Esta paciente
Q.lando uma anomalia é descoberta ultrassonograficamente, tem boas datas" ou "Aquela paciente tem más datas". O que
as escolhas da mãe são fortemente influenciadas pela idade constitui "boas" em oposição a "más" datas ? Ótimas histórias
menstrual. Praticanlente todas as decisões clínicas importantes menstruais estão presentes quando a paciente tem uma última
exigem conhecimento da idade menstrual. menstruação normal certa (preferivelmente registrada em um
Antes do advento da ulu'assonografia, a idade menstrual calendário), menstruações regulares , nenhuma exposição a
era estabelecida pela história menstrual da paciente, corrobo- contraceptivo hormonal e nenhum sangramento incomum.
rada, preferivelmente durante a inicial, pelo exame Assim, não deve ser surpreendente que as indicações mais
físico do tamanho uterino e confirmada no período pós-natal comuns de obstétrica sejam relacionadas à
pelo exame físico do recém-nascido. 2.3 Todos esses três parâ- incerteza a respeito da idade menstrual.
metros , isoladamente ou em combinação, eram notoriamente Os estudos destinados a avaliar a
inexatos (Tabela 7-1), mas a história menstrual podia ser duração da gravidez se baseiam em medidas do feto, usando
especialmente enganosa por várias razões. Primeira, muitas o tamanho como um indicador indireto da idade mens-
mulheres não lembram precisamente o 1Q dia da última mens- trual. 1.7·32 Esses estudos em geral contaram com a avaliação
truação (DUM), principalmente se não estiverem tentando em corte transversal de grandes números de pacientes com
conceber. Também algumas mulheres comumente compreen- datas conhecidas do começo da última menstruação normal
dem erradamente a pergunta proposta e informam o último e nenhuma variável agravadora na história menstrual que
dia em vez do 1Q dia de sua última menstruação. Além disso, questionasse sua validade. Rossavik e Fishburné 3 demons-
para as que se lembram de sua DUM, ela pode não ser con- traram que essas populações são equivalentes a populações
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOM ETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETA L NORMAL E ANORMAL_ .2
_ 2 .7

com datas de concepção conhecidas para estudos desse tipo. usado paTa tesw- a validade da biometria fetal ultrassono-
A maioria dos estudos também não considerou pacientes com gráfica foi menos preciso que a própria medida ultrassono-
rrestações múltiplas e com uma história que pudesse afetar gráfica. O resultado é que a amplitude da v31-iação em torno
o crescimento fetal. Em uma 311álise em corte da média, de qualquer medida ultrassonográfica, é em parte
tTansversal adequadamente planejado de qualquer parâmetro devida à imprecisão imposta pelo uso da DUM p31-a cons-
biométrico fetal, são feitas medições em um gr3l1de número truir o eixo da curva que define a medida ultrassonográfica.
de fetos uniformemente distribuídos pela faixa inteira de ida- É muito importante compreender a variação nas medições.
des menstruais, com cada feto sendo medido apenas uma vez Entret3l1to, na prática, deve-se sempre escolher a medida
na gestação; esse último ponto é impOrt311te para evitar viés média para manejo de caso clínico. A principal razão p31-a
(búlS) nas estimativas de variabilidade. Os dados são, então, conhecer a variação de dada predição de medida é aferir o
analisados US311do-se a 311álise de regressão, tendo a idade perigo potencial para a paciente se a estimativa média estiver
menstrual como a v31;ável dependente, e são geradas equa- muito dist311te da realidade. Durante o resto desta seção,
ções que vão predizer a idade menstrual quanto a qualquer serão providas indicações para avaliar o potencial de erro.
medida ou conjunto de medidas dados. A maioria das tabelas
publicadas que fornecem predições de idade menstrual a par-
tir de medidas ultrassonográficas foi gerada dessa m311eira. I PRIMEIRO TRIMESTRE DA
O valor de qualquer parâmetro biométrico estudado ofe- GRAVIDEZ (DE O A 13 SEMANAS)
recido (p. ex., DBP, circUlúerência cefálica [CC] , comprimen-
to do fêmur [CF] , comprimento do lóbulo da orelha, largura O mais inicial sinal inequívoco de gravidez uS3l1do avaliação
- d o " saco gestaclOn
u Itrassonogr áfilCa é a d emonstraçao . ai".3"5-41
da narina) se baseia na facilidade de obtenção da medida e
na precisão com a qual ela prediz a idade menstJual. Uma Curiosamente, o termo saco gestacimzal é em grande parte uma
medida que seja obtida facilmente mas seja inexata para julg31' invenção dos primeiros ultrassonologistas, que o utilizav3l11
para descrever a estrutura semelhante a um 311el que eles iden-
a idade menstrual é de pouco valor. Do mesmo modo, uma
tificavam dentro do útero de mulheres com teste de gravidez
medida que prediga exatamente a idade menstrual mas seja
positivo. O termo mais preciso é saco corirmico. Ele corresponde
também muito difícil de se obter em geral não é valiosa . Em
aos vilos cOl-iônicos em desenvolvimento que geram o 311el
mãos inexpel;entes, uma medida difícil é muitas vezes obtida
ecogênico brilll311te observado junto da cavidade endome-
imprecisamente, assim 311U13l1do o seu efeito salutar sobre a
trial. O líquido contido ali dentro é quase totalmente liquido
predição da idade. As medidas atualmente recomendadas pelo coriônico durante o desenvolvimento muito inicial. Com o
American Institute of Ultrasound in Medicine (DPB, CC, primeiro equipamento de braço 31-ticulado (exame estático)
circunferência abdominal [CAl e CF) são adequadas para a e o equip3111ento tr3l1sabdominal em tempo real, o saco ges-
finalidade de estimar a idade menstrual; qualquer medida tacional não podia ser visualizado até aproximad3l11ente 6
adicional para predizer a idade menstrual tem que melhorar sem311as menstnlais, mas com o novo equip31nento em tempo
os preditores atuais, e até agora nenhuma apareceu. real de alta resolução, p31-ticularmente aqueles equipados com
Independentemente do número de medidas ultrassono- tJ-311sdutores transvaginais, o saco gestacional pode geral-
gráficas que se use na predição da idade menstrual, é muito mente ser visto com 5 sem311as menstruais. Nessa fase inicial
import3l1te lembr31- que isso é uma ilúerência de idade a p31-tir na gestação, o diâmetro interno médio do saco gestacional,
de tamanho, bem como compreender a variabilidade que é calculado como a média do diâmetro ântero-posterior, do
associada com qualquer estimativa dessas. A v31;abilidade, diâmetro transverso e do diâmetro longitudinal (o chamado
usualmente resultado de erro de medição ou variabilidade diâmetro médio do saco [DMSG]) pode fornecer uma estima-
biológica real no tamanho, é expressada sob a fOlma de ±2 tiva da idade menstrual em uma gl-avidez desenvolvendo-se
desvios-padrão, o que deve ser aplicável a 95% dos fetos em normalmente (Tabela 7-2). Importante, a medida do DMSG
uma população normal. Deve-se sempre m3l1ter em mente, no é obtida a partir da interface dos vil os coriônicos e o líquido
ent311to, que em 5% das vezes as estimativas ficarão fora desta coriônico. POrt311to, ela representa uma estimativa do diâme-
faixa. A inspeção da magnilllde dos erros máximos observados tro médio interno do saco coriônico. A parede do saco não
nos dados de regressão originais dará uma idéia geral acerca está incluída.
do maior erro que se poderia fazer prospectiv31nente predizen- Há alguma controvérsia na literatura a respeito da idade
do a idade menstrual em um contexto de caso clínico. precisa na qual a ultrassonogl-afia é capaz de primeiro detec-
Relatar uma estimativa de idade menstrual com uma ou tar um saco coriônico (gestacional); as estimativas variam de
duas casas decimais para dada medida ou de medi- 3 a 5 semanas.38,42,44 Há menos controvérsia a respeito do
das fetais pode result31- em uma suposição não razoável a tamarmo do saco gestacional quando ele é observado pela
respeito do grau de exatidão, pelo clínico primál;o da pacien- primeira vez.44 Agora se considera que é aproximadamente de
te. Import311te, ao relatar a estimativa de idade menstrual, é 2 a 3 mm DMSG. Similarmente, a maioria dos observadores
sensato evit31- a provável má compreensão. Os números car- concorda com o fato de que o DMSG aumenta cerca de 1 mm
dinais (1,2,3, e assim por di3l1te) são usados para contar. Os por dia no começo da gestação.36,42,45,46 A controvérsia retoma
números ordinais, para express31- sucessão (prinleiro, segun- quando se estudam as estimativas de idade do DMSG por
do, terceiro, e assim por di3l1te). Embora muitas vezes usados vários autores. 38,42.43 Dados embriológicos e dados recentes
uns pelos outros, eles não são intercambiáveis. Um feto na 2(J'- reunidos por de CrespigllY, Cooper e McKenna44 deixam
semana menstrual da gravidez está entre as idades de 19 semanas pouca dúvida de que o pMSG é igual a 2 a 3 mm com 4
e O dia e 19 semanas e 6 dias, enquanto um feto que tem 20 sem3l1as e 3 a 4 I E razoavelmente seguro admitir que
semanas menstruais tem 20 semanas e O dia. O número cardinal um saco gestacional atinge 5 mm com 5 semanas. 43 Assim (até
é mais preciso. Estimativas ultrassonográficas de idade mens- que um DMSG de 25 mm seja alc311çado), a IG em dias pode
trual devem ser relatadas em números cardinais. 34 ser calculada adicion3l1do-se 30 ao DMSG (i. e.) DMSG com
Conforme assinalado 311teriormente, o DPB5_6 foi mais 5 semanas ou 35 dias = 5 mm).36.46
preditivo da D PP que a D PP calculada a partir do 1Q dia da O embrião inicial não pode ser visto neste momento, mas
última menstruação normal_ Assim, o padrão-ouro que foi há duas características que diferenciam o saco gestacional do
228 AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

Relação entre o Diâmetro Médio do Saco Gestacional. a Idade Menstrual e o Nível de Gonadotrofina
Tabela 7- 2 1

I Coriônica Humana
Diâmetro Médio do Saco Gestacional Faixa Etária Predita hCG Predita (mUl/mL)
(mm) (semanas) =95% IC* Faixa = 95% IC t
2 5,0 (4,5-5,5) 1.164 (629-2.188)
3 5,1 (4,6-5,6) 1.377 (77l-2.589)
4 5,2 (4,8-5,7) 1.629 (863-3.036)
5 5,4 (4,9-5,8) 1.932 (1.026-3.636)
6 5,5 (5,0-6,0) 2.155 (1.226-4.256)
7 5,6 (5,1- 6,1) 2.704 (1.465-4.990)
9 5,9 (5,4-6,3) 3.785 (2.085-6.870)
10 6,0 (5,5-0,5) 4.470 (2.400-0075)
11 6,1 (5,6-6,6) 5.297 (2.952-9.058)
12 6,2 (5,8-6,7) 6.267 (3.502-11.218)
13 6,4 (5,9-6,8) 7.415 (4.1 45-13.267)
14 6,5 (6,0-7,0) 8.773 (4.894-15.726)
15 6,6 (6,2-7,1) 10.379 (5 .767-18.682)
16 6,7 (6,3 - 7,2) 12.270 (6.776-22.235)
17 6,9 (6,4-7,3) 14.528 (7.964-26.501 )
18 7,0 (6,5-7,5) 17.188 (9.343-31.621 )
19 7,1 (6,6-7,6) 20.337 (10.951-37.761 )
20 7,3 (6,8-7,7) 24.060 (12.820-45.130)
21 7,4 (6,9-7,8) 28.464 (15.020-53.970)
22 7,5 (7,0-8,0) 33.675 (17.560-64.570)
23 7,6 (7,2-8,1) 39.843 (20.573-77.164)
24 7,8 (7,3-8,2) 47.138 (24.067-93.325)

*A idade pred ita a partir do diâmetro médio do saco ges tacional é de Daya S. \'Vood S, "Varei S, et ai: Earl y pregnancy assess ment Wilh transvaginal ult rasound scanning.
Can ,vled Assoc J 144-:-14 1. 199 \. Reim presso com permissão de Canadi an M edi cai Association .
' hCC predita a partir do diâmelTo médio do saco geSlacional é de Nybe rg DA, Filly RA , Filho LDL. et ai :: Abnor mal pregnancy ; Early Diagnosis by US and serum
chorionic gonadotropin leveis. Radiology 158:393, 1986. (A hCC foi calibrada em rel aç.'io ao Second Intern ational Sta ndard. )
l e : inrervalo de confiança: he C. go nadotrofin a eOl'iônica humana.

desvia a reflexão da cavidade endometrial (Fig. A


visualização de um embrião ou estrutura embrionária é um
sinal mais confiável que qualquer uma dessas características
mencionadas. A mais inicial estrutura embrionária detectável
por ultrassonografia é a vesícula vitelina . Esta pode ser vista
usando-se transdutor vaginal de alta resolução durante a sa
semana menstrual (os DMSGs usualmente são na faL'(a de 6 a
12 mm quando uma vesícula vitelina é observada na ausência
de um embrião concomitante) (Fig. 7-4).
O DMSG se torna progressivamente menos confiável
para predizer a idade menstrual conforme avança o primeiro
trimestre da gravidez. Uma vez que o embrião possa ser visu-
alizado, a medida de escolha para estimar a idade menstrual
se torna o comprimento cabeça-nádegas (CC . O embrião
em desenvolvimento pode ser constantemente detectado com
um transdutor transvaginal quando o CCN atinge 5 mm, e
FIGURA 7- 2. O sinal do duplo saco decidual é uma denominacão
pode ser detectado quando ele é tão pequeno quanto 2 mm.
errada. Este aspecto ultrassonográfico típico de gestações iniciais Se o embrião puder ser visualizado e medido, então o DMSG
deve ser chamado simplesmente sinal do duplo saco, em virtude da não será mais usado para predizer a idade. O embrião alcança
origem de apenas uma das decíduas. A origem da porção interna dos um CCN de 5 mm quando o DMSG é igual a aproximada-
duplos anéis (a cavidade endometrial [ECI) é menos ecogênica que
a camada mais profunda (mais próxima do miométrio) . É a camada
mente 14 rrun . Os DMSGs de 14 nUll ou menos são muito
superficial menos ecogênica da decídua vera (DV) que provê a "sepa- precisos para predizer idade menstrual em gestações normais.
ra ção " entre os vilos coriônicos (C) mais ecogênicos e os anéis da A exatidão das medidas de DMSG só deteriora depois desta
decídua vera . época. Como princípio geral, as medidas embrionárias ou
fetais são mais precisas que as do saco gestacional. Além disso,
quanto mais cedo for a medição, mais acurada ela será. Por
pseudossaco gestacional de uma gestação ectópica. Uma é o essas razões, medidas do DMSG entre 2 e 14 rrun (ou seja,
sinal de duplo saco, que é criado pela visualização da camada antes que o embrião possa ser visto) são altamente confiáveis
profunda da decídua parietal e os vilos iniciais separados pela porque representam a medição ultrassonográfica mais precoce
camada menos _ecogênica e mais superficial da decídua parie- possível.
tal (Fig. 7-2) Também de valor é o sinal intradecidual, Na sexta semana menstrual, podem-se usualmente identifi-
pelo qual o saco em desenvolvimento, incluso na cIecícIua, car o embrião inicial e a atividade cardíaca, também, em gesta-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 229

ções desenvolvendo-se normalmente (Fig. 7-5A). Entretanto, a


melhor visualização do embrião inicial pode ser feita entre 7 e
13 semanas menstruais (Fig. 7-5E). Warren el al..) 1 demonstra-
ram os marcos do desenvolvimento do embrião durante este
intervalo de tempo (Fig. 7-6). Embora essas características ana-
tômicas po sam fornecer indícios da idade do feto, melhores
estimativas da idade menstrual podem ser feitas pela medição
do CCN.23.29.31.39.51.60 Falando estritamente, investigadores
e ultrassonologistas clínicos não medem verdadeiramente o
CCN ao determinar o comprimento dos embriões e fetos no
primeiro trimestre. 61 O embrião/feto inicial é curvo (Fig. 7-5E) .
A medida convencional que é obtida é o comprimento máx..i-
mo em Linha reta do reto (Fig. 7-5E) 61O verdadeiro CCN está
representado na Figura 7-50". Entretanto, apesar da menor
precisão na nomenclatura, o comprimento má,ximo em linha
reta conforme medido por quase todos os ultrassonologistas
na clín..ica será citado neste capítulo como o CCN. Ao usar o
CC para predizer a idade menstrual, deve-se usar a medi-
da média do CC a partir de três imagens satisfatórias. Os
instrumentos modernos computam a idade menstrual a partir
dessa medição . Alternativamente, podem-se consultar tabelas
publicadas para estimativa da idade menstrual (Tabela 7-3).

FIGURA 7- 3. Ultrassonografia transvaginal demonstrando o " sinal


intrad ec idua l" . Observe que o saco coriônico (CS) desvia a cavidade
endometri al (EC ), indi cando que o saco coriônico na realidade reside
· Uma medida adicional qu e pode ser considerada é o comp rimento do
dentro d a decídua ve ra e não dentro da cavidade endometrial.
eixo máximo do feto, descri to na Figura 7-5 D.

A B

c
FIGURA 7-4. Esta imagem em tempo real transva ginal de alta resolução dem onstra uma vesícula vitelina antes Que o embrião seja visível.
Assim, um comprimento cabe ça-nád ega não pode ser medido neste estágio do desenvolvimento embrionário . A-C. Em lugar disso , um diâmetro
médio do saco coriônico é determinado, o "diâmetro méd io do saco" . Três medidas - comprimento (A), prof undid ade (8) e largura (C) - são
obtidas, somadas e a seguir divididas por três. O comprimento e a profundidade são medidos na mesma imagem orientada longitudinalmente ,
enquanto a largura é medida em uma imagem transversalmente orientada. Observe também que as medidas são obtidas a partir da interface
do líquido coriôni co com a orla de vilos coriôni cos; a " parede" não é incluída .
230 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

c o
FIGURA 7-5. A. Esta imagem em tempo real transvaginal de alta resolução demonstra o embrião inicial (El, que mede aproximadamente
3 mm neste caso, correspondendo a uma idade menstrual de aproximadamente 6 semanas ± 8 % (3 dias). A vesícula vitelina (YS) é identifi-
cada imediatamente adjacente ao embrião porque não há pedículo vitelino neste estágio do desenvolvimento embrionário. 8. Esta imagem em
tempo real transvaginal de alta resolução demonstra a medição típica do comprimento cabeça-nádega. Esta medida é o comprimento máximo
em linha reta e não um comprimento cabeça-nádega verdadeiro. C. Posição dos cursores para medir o comprimento cabeça-nádega verdadeiro.
D . Método de medição do comprimento axial máximo.

De modo geral, houve extrema uniformidade nos dados diminui à medida que o primeiro trimestre da gravidez se
de CCN a partir de vários centros para determinação da aproxima de seu fim. Uma vez que a população do estudo
data desde os estudos originais de Robinson 51 e Robinson de MacGregor tinha datas conhecidas de concepção, esse
e Fleming,52 e foi demonstrado que medições feitas com aumento na variabilidade com o avanço da gravidez foi
equipamento estático de imagem, equipamento de tempo real considerado como representando a variabilidade biológica
transabdominal e equipamento de tempo real transvaginal inicial no tamanho embrionário ou fetal. Em um esforço para
não ?-fontam diferenças importantes. Adicionalmente , Silva simplifica.r o relato de estimativas de variabilidade, H adlock
el aI." avaliaram pacientes com datas conhecidas de concep- et aI. avaliaram a variabilidade como porcentagem da idade
ção usando sondas transvaginais de alta resolução, e seus predita e demonstra.ram que a variabilidade é relativan1ente
dados corresponderam estreitamente aos dos investigadores uniforme em 8% paI'a medidas de CCN entre 2 111111 e 12 cm.
iniciais . A única dificuldade com os estudos mais antigos é Assim, para uma predição da idade menstrual pelo CCN de
que eles não fornecem dados antes de 7 semanas. Isso impôs 8 semanas, o intervalo de confiaI1ça de 95% é de 8 semanas
um problema ao estimar a idade menstrual de embriões ± 80/0 = 8 semanas ± 0,64 semana. Sinlliarmente, para uma
detectados antes de 7 semanas. Em um estudo abrangente estimativa de idade com CCN de 15 SemaI1aS, a variabilidade
do CCN, Hadlock et al. 23 desenvolveram tabelas de medição seria de 15 semanas ± 8% = 15 semanas ± 1,2 semana. O
estabelecendo idade menstrual para CCN tão pequeno quan- tempo ótimo para predição da idade menstrual a paI·tir de
to 2 mm e estenderam a faixa dos dados de CCN para cima medidas de CC é entre 6 e 9 semanas.
até medidas tão grandes quanto 12 cm (Tabela 7-3). A maio- Benson e Doubilet8 recomendaram as seguintes regras
ria dos estudos iniciais do CCN demonstrou que a exatidão práticas para estimativas visuais da idade menstrual no come-
do método para predizer idade menstrual foi 3 a 5 dias (± 2 ço do primeiro trimestre. Se for observado um saco coriônico
desvios-padrão (gestacional) sem vesícula vitelina ou embrião, estimaI- a idade
Em um estudo de MacGregor et al.,56 no entanto, foi em 5 semanas menstruais. Se for visto um saco cOl-iônico (ges-
demonstrado que a precisão da técnica diminuiu à medida tacional) com uma vesícula vitelina mas sem um embrião, esti-
que a gravidez avançou para o final do primeiro trimestre. mar a idade em 5,5 semanas menstruais. Se for visto um saco
H adlock et al. 23 concordaram com o fato de que a exatidão coriônico (gestacional) com um embrião diminuto «5 111111)
AVALIAÇ Ã O ULTRASSONOGRÁFICA DA BIO METRIA FETA L E DO CRESCIMEN TO FETAL NORMAL E ANORMAL 231

PORCENTAG EM DE ESTRUTURAS EMBRIONÁRIAS

PRESENTES OU AUSENTES

c=J ESTRUTURA PRESENTE 11 ESTRUTURA AUSENTE

SEMANAS
DE GESTAÇÃO 4 5 6 7 8 9 10 11 12

SACO GESTACIONAl
SOMENTE
100
.....
VEsíCULA VITELlNA
O 91 100 -...
POlO FETAL COM
MOVIMENTO CARDíACO O O 86 100 ---
VENTRíCULO
ÚNICO O O 6 82 70 25 O O O

FOICE
O O O O 30 75 100 100 100
HÉRNIA DO
TUBO DIGESTIVO 100 100
O O O O 100 50 O
INTERMEDIÁRIO

CASOS TOTAIS 6 11 15 17 10 13 15 11 6
FIGURA 7- 6. O aparecimento sequencial de características morfológicas como o saco coriônico , vesícula vitelina, embrião e feto desenvol-
ve-se no primeiro trimestre da gravidez. Embora usado pelos autores, "pala fetal " é um termo inexato. Embrião e feto são termos prefe ridos.
Observe que o saco coriônico (gestacional) é identificado em todas as gestações normais começando com 5 semanas menstruais. A vesícula
vitelina é vista em todas as gestações normais a partir de 6 semanas menstruais em diante, e o embrião é visualizado em todas as gestações
normais a partir de 7 semanas menstruais em diante . Embora de algum interesse cientificamente, os tempos de aparecimento do "ventrículo"
(vesícula) cerebral, foice e hérnia do tubo digestivo intermediário não são de valor na determinação precisa da data da gravidez. (De Warren
WS, Timor- Tritsch I, Peisner OS, et ai.: Dating the ear/y pregnancy by sequential appearance af embryanic structures. Am J Obstet Gynecal
161:747, 1989.)

I Tabela 7- 3 I Idade Menstrual (lM)* Predita a partir de Medições* do Comprimento Cabeça-Nádega (CCN)t
CCN IM CCN IM CCN IM CCN IM CCN IM CCN IM
0,2 3, 7 2 ,2 8,9 4,2 11 ,1 6,2 12,6 8,2 14,2 10,2 16,1
0,3 5,9 2,3 9,0 4,3 11,2 6,3 12,7 8,3 14,2 10,3 16,2
0,4 6,1 2,4 9,1 4,4 11,2 6,4 12,8 8,4 14,3 10,4 16,3
0,5 6,2 25 9,2 4,5 11 ,3 6,5 12,8 8,5 14,4 10,5 16,4
0,6 6,4 2,6 9,4 4,6 11,4 6,6 12,9 8,6 14,5 10,6 16,5
0,7 6,6 2,7 9,5 4,7 11,5 6,7 13,0 8,7 14,6 10,7 16,6
0,8 6,7 2,8 9,6 4,8 11 ,6 6,8 13,1 8,8 14,7 10,8 16,7
0,9 6,9 2,9 9,7 4,9 11,7 6,9 13,1 8,9 14.8 10,9 16,8
1,0 7,2 3,0 9,9 5,0 11,7 7,0 13.2 9,0 14,9 11 ,0 16,9
1,1 7,2 3,1 10,0 5,1 11,8 7,1 13 ,3 9,1 15,0 11 ,1 17,0
1.2 7,4 3,2 10,1 5,2 11,9 7,2 13,4 9,2 15,1 11 ,2 17,1
1,3 7,5 3,3 10,2 5,3 12,0 7,3 13,4 9,3 15,2 11,3 17,2
1.4 7,7 3,4 10,3 5,4 12,0 7,4 13,5 9,4 15,3 11,4 17,3
1.5 7,9 3,5 10,4 5,5 12,1 7,5 13 ,6 9,5 15,3 11,5 17,4
1,6 8,0 3,6 10,5 5,6 12,2 7,6 13,7 9,6 15,4 11,6 17,5
1,7 8,1 3,7 10,6 5,7 12,3 7,7 13,8 9,7 15,5 11,7 17,6
1,8 8,3 3,8 10,7 5,8 12,3 7,8 13,8 9,8 15,6 11 ,8 17,7
1,9 8,4 3,9 10,8 5,9 12,4 7,9 13,9 9,9 15,7 11,9 17,8
2,0 8,6 4,0 10,9 6,0 12,5 8,0 14,0 10,0 15,9 12,0 17,9
2,1 8,7 4,1 11 ,0 6,1 12,6 8,1 14,1 10.1 16,0 12,1 18,0

*1Vledida em semanas.
't11edido em ccntÚnetros.
lO intervalo de confiança de 950(0 é ± 8% da idade predita.
De Hadlock FP. Shah YP. Kanon DJ. et ai: Fetal crowIl-rump Icngth: Reevaluation af relation to mcnstnml age (5-18 weeks) ,,,,ith high resolution real-time USo Radiology
lR2:501. 1992.
232 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

adjacente à vesícula vitelina, estimar a idade em 6 semanas seja obtida a medida, mais exata será a estimativa, porque
menstruais. Embora essas sejam estimativas visuais simples, a variabilidade biológica aumenta durante toda a gestação.
sua exatidão é excepcional. Infelizmente, uma estimativa de idade com 7 semanas mens-
Outras medições do feto podem também ser feitas no truais será extremamente exata mas fornecerá pouca informa-
primeiro trimestre da gravidez. Por exemplo, Bovicelli ef a1. 54 , ção adicional útil acerca do feto, placenta, volume do líquido
em 1981 , avaliaram o DBP em comparação com o CCN no amniótico e colo . Uma alternativa é aguardar até o segundo
primeiro trimestre para predizer a idade menstrual entre 7 e 13 trimestre começar a decorrer, antes de efetuar o exame para
semanas, e, em 1982, Selbing19 relatou um estudo semelhante. estabelecer as datas (de 15 a 18 semanas). Uma vez que as
Ambos os grupos demonstraram que o DBP no primeiro datas estão em dúvida, a estimativa do tamanho uterino é
trimestre é um preditor preciso da idade menstrual, mas não é in1portante para planejar a cronologia do exan1e no início
mais preciso que o CCN e pouco acrescenta, se tanto, à estima- do segundo trimestre. Se essa segunda opção for escolhida,
tiva da idade baseada no CCN. Reece el a1. 3 ! demonstraram a exatidão da determinação da data sofrerá. Entretanto, a
resultados semelhantes usando a circunferência "abdominal" exatidão com 15 a 18 semanas ainda é excelente e adequada
fetal inicial (do tronco) no primeiro trimestre da gravidez. Mais para todas as finalidades clinicas. O valor de aguardar é que
recentemente, Sladkevicius ef al. 62 compararam 21 fórmulas uma grande quantidade de informações adicionais será obti-
diferentes de determinação da data baseadas no CCN com da sobre a saúde da gravidez. Evidentemente, há também
três fórmulas diferentes de determinação da data com base a possibilidade de obter exames do primeiro e do segundo
no DBP obtido com IG de 12 a 14 semanas por ultrassom trimestres, mas isso se associa a um aumento Ílnportante no
abdominal em 167 gestações únicas concebidas após fertiliza- custo. A exatidão máxima por dólar médico gasto é alcança-
ção in vitro) e assim tinham idade gestacional de[mitivamente da no prÍlneiro trimestre. O valor máximo por dólar médico
conhecida. Seus achados mostraram que cinco das fórmulas gasto é alcançado no início do segundo trimestre. Se as datas
de CCN geraram idades de gravidez muito exatas , e embora de uma gravidez forem clinicamente incertas , é aconselhado
as fórmulas de DBP também fossem bastante exatas, elas o ultrassom o mais cedo possível para assegurar a mais alta
tinham menores erros aleatórios de medição que as fórmulas precisão na atribuição da IG. Essa informação pode em última
de CCN. Isso levou os autores a concluir que o DBP é uma análise revelar-se essencial para o tratamento a longo prazo da
medida superior ao CCN com 12 a 14 semanas para [tI1alida- gravidez, e, portanto, valer o gasto adicional antecipado.
des de determinação da data. Nenhuma medição da CA, CC
ou CF foi efetuada neste estudo, e assim, não podem ser feitos
comentários sobre elas em comparação ao CCN. Na prática, SEGUNDO E TERCEIRO
o uso de sondas vaginais de alta resolução pem1Íte imagens TRIMESTRES DA GRAVIDEZ (DE 14
muito aceitáveis da cabeça, abdome e fêmur para medições
A 42 SEMANAS)
da CC, DBP, CA e CF de 10 semanas em diante. Entretanto,
como essas medidas adicionais não são necessariamente mais o segundo trÍlnestre da gravidez, o feto cresceu suficiente-
exatas que a extensão do CCN na predição da idade de 10 a mente em tan1anho a ponto de que notável detalhe anatômico
13 semanas e seu uso em com CC não melhora possa ser visualizado (ver Capo 9). Muitas estruturas podem
ainda mais a estimativa da idade, é difícil justificar seu uso. ser identificadas e medidas durante esse
Além disso, elas são tecnicamente mais difíceis de obter que mas as medidas fetais básicas usadas para estimar a idade
a medida do CCN, e, pelo menos até o momento, seu uso são o DBP, CC, CA e CF.! Com treinamento e prática, essas
de rotina não é justificado no primeiro trimestre. A transição medidas podem ser obtidas com um alto grau de constância
entre o primeiro e o segundo trimestres (13 a 14 semanas) é a e exatidão. Devemos sempre nos lembrar, no entanto, que as
época apropriada para fazer a transição do CCN para o DBP, Íluagens e medições devem ser obtidas com grande cuidado
CC, CA e CF. em cada caso, e devemos ter certeza de reproduzir a técnica
Em suma, a exatidão das medições fetais no primeiro do investigador dados se está usando. A utilização de
trimestre para predição da idade menstrual está bem docu- medidas de imagens ruins ou imagens que apresentem ano-
mentada; há muito pouca variabilidade biológica de tamanho malias fetais deve ser evitada.
durante essa época. Isto está em contraste com o terceiro tri- A instrumentação moderna calcula a estimativa de idade
mestre da gravidez, no qual as expressões genéticas individuais praticamente em tempo real na tela de apresentação, porque os
no tan1armo fetal podem resultar em uma população muito cursores são ajustados à estrutura que está sendo medida. O
heterogênea. Também está bem estabelecido que uma vez que examinador deve evitar a tentação de modificar os pontos finais
a idade menstrual tenha sido determinada ou corroborada por da medição porque o cálculo da idade na tela de apresentação é
DMSG muito Íl1Ícial (2 a 14 mm) ou CCN embl;onário ou menor ou maior que a noção preconcebida do que deveria ser
fetal no primeiro trimestre da gravidez, a idade menstrual da a biometria. Em lugar disso, é crucial aprender as regTas para
gravidez está estabelecida e nunca deve ser mudada com base obter cada medida e obedecer-lhes rigorosamente; só, então,
em medidas biométriCc'ls feitas mais tarde na gravidez. podem os resultados ser Íl1terpretados de maneira racional.
De fato , o mesmo pode ser dito da estin1ativa ultrassono-
gráfica da idade em qualquer época. Uma medida inicial supera BIOMETRIA: SEGUINDO AS REGRAS
uma medida tardia, e estÍlnativas ultrassonográficas da idade
antes de 20 semanas de gestação são altamente confiáveis para Decisões cruciais podem ser tomadas com base nas medidas
determinação da data da gravidez. Em quase todos os casos, as biométricas fetais. Portanto, cada especialista clínico deve ser
estimativas ultrassonográficas de idade antes de 20 semanas de bem instruído nas técnicas adequadas para obter tais medidas.
gestação (exceto aquelas com concepção assistida e as que man- Não é necessário repetir cada medida obtida erradamente,
têm gráfico da temperatura corporal basal) representam a mais porque corrigil- a medida provavelmente não influenciará a
exata informação científica estabelecendo a idade menstrual. interpretação do caso se o erro for pequeno. Entretanto, é
Uma questão importante é a cronologia do exame quando importante que o interpretador possa reconhecer o erro e
as datas são incertas. J á foi a[mnado que, quanto mais cedo tenha um senso da magnitude e direção cio erro. Por exemplo,
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMA L 233

FIGURA 7- 7. Um diâmetro biparietal preciso pode ser obtido FIGURA 7-8. Imagem do mesmo feto que na Figura 7-7 feita com
através de qualquer plano de corte de intersecção entre o terceiro minutos de intervalo. Esta medida do diâmetro biparietal satisfaz o
ventrículo (TV) e os tálamos (T). As margens da calota craniana (C) critério de ser obtida através do terceiro ventrículo (TV) e tálamos
devem ser simétricas. O primeiro critério assegura que o plano de (Tl. mas não satisfaz o critério de demonstrar a calota craniana sime-
corte seja feito no plano craniocaudal adequado. O segundo critério tricamente (CI. O DBP medido neste plano (72,7 mm) é 2 mm menor
assegura que o transdutor seja orientado perpendicular ao centro da que o DBP corretamente medido de 74,6 mm (Fig. 7-7). Este grau de
cabeça. Observe que a medida é 74,6 mm. erro provavelmente não é clinicamente significativo.

suponha-se que um DBP foi medido erroneamente em um ventrículo e os tálamos. Ocasionalmente, o "mais amplo "
feto de 21 semanas de idade mensu'ual, conhecida por CC DBP é obtido em uma localização mais cefálica. 65 Entretanto,
embrionário. A medida errônea é 4,7 cm e a idade predita pelo em vez de obedientemente procurar o mais amplo diâmetro,
DBP é, portanto, 20,2 semanas. A análise do erro leva a reco- a convenção é medir todos os fetos no mesmo plano anatô-
nhecer que o DBP foi levemente medido para menos. Pode-se nuca em todos os centros no país todo. As vantagens de todo
reconhecer que um DBP predizendo 20,2 semanas está dentro clúuco obter o DBP da mesma forma são óbvias. Procurar o
da faLxa normal . Corrigir o erro empurraria a medição na mais amplo DBP tende a engendrar erros, porque há uma
direção da idade mensu-ual conhecida. Claramente, não há tendência a aceitar uma medida errônea na qual o erro supe-
razão para despender tempo corrigindo o erro. Observe que restima a medida.
esse comentário é aplicável apenas ao ligeiro erro ocasional Qyalquer plano de corte por um arco de 360 0 que passa
em medição, e não é apropriado para erros sistemáticos ou em através dos tálamos e o terceiro ventrículo é aceitável para
grande escala, que devem ser corrigidos imediatamente. medir o DBP. Isso significa que uma medida exata pode ser
Erros potenciais nas medições biométricas são numerosos e obtida através de um número infinito de planos (o significado
podem ser engendrados por erro de registro do equipamento, desse ponto será esclarecido mais adiante), As regras para
aberrações de transdutores e tipo de transdutor, para citar ape- medir o DBP são as seguintes. Primeiro, o plano de corte cor-
nas alguns . É importante assegurar com o fabricante do equi- reto através do terceiro ventrícu lo e tálanlos, como assinalado .
pamento que o instrumento seja adequadamente ajustado para Segundo, a calota craniana é lisa e simétrica bilateralmente.
fazer medições lineares precisas em todas as direções na tela de Terceiro, os cursores estão constantemente posicionados em
apresentação, que as tabelas biométricas sejam adequadamente uma das três maneiras seguintes: tábua externa da parede
inseridas no pacote de computação da máquina e fmalmente, craluana próxinla até a tábua interna da parede craJuana
que as computações subsequentes sejam exatas. Embora não distante, tábua interna da parede craniana próxima até a
se tenha conu'ole direto sobre estes ajustes, o ultrassonologista tábua externa da parede crmuana distante, ou meio da parede
sensato nunca pressupõe que a instnllnentação é sempre exata craluana próxinla até o meio da parede craJuana distante.
nesta arena. À jJar/e a otimà.açàJJ da imagem, podem-se apenas controlar Medir da margem externa da parede craniana próxima até a
dois aspectos da lIIediçàJJ biométrica. RJele-se escolher o jJÚ1I10 de corte, e margem externa da parede O'aniana distante é inapropriado.
jJodem-se escolher os jJ011/0S.finais da mediçàJJ (Figs . 7-7 a 7-12). Os primeiros dois critérios definem o plano de corte preciso.
O DBP pode ser apropriadamente medido por qualquer Uma vez que há dois critérios que têm que ser satisfeitos para
plano de corte que atravesse o terceiro ventrículo e os tálamos obter um plano adequado de corte, a medida do DBP deve
(Fig. 7_7).65 Lucialmente na história da medição do DBP, o ser considerada uma medida "biclimensional". O terceiro cri-
DBP [oi definido como a mais ampla distância entre as enlÍ- tério define os pontos finais adequados da medida. Uma vez
nências parietais. O "mais amplo" DBP nem sempre é obtido que a calota craniana é brilhantemente ecogênica e siméu'ica
por intermédio de um plano de cone que atravessa o terceiro e os tálamos são simétricos em torno do terceiro ventrículo, o
234 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

A B
FIGURA 7-9. Imagem do mesmo feto que na Figura 7-7 feita com minutos de diferença . Tal como na Figura 7-7, este plano de corte
satisfaz os dois critérios para medição de um diâmetro biparietal (DBP) (T, núcleo talâmico; TV, terceiro ventrículo). A. Entretanto , também
satisfaz o terceiro crité rio necessário para medir uma circunferência cefálica; o plano é adequadamente orientado em relação à base do crânio.
Demonstração do cavum do septo pelúcido (CS P) anteriormente e do hiato tentorial posteriormente (Tm, tentório ) documenta orientação ade-
quada do plano de corte em relação à base do crânio . Uma vez que este plano de corte preenche acuradamente todos os critérios para uma
medição da CC e como a elipse é cuidadosamente ajustada às margens da calota, pode-se corretamente supor que 263,6 mm é altamente
preciso . B. Observe que a medida do DBP é de 74,2 mm, apenas uma diferença de 0,4 mm daquela da Figura 7-7, demonstrando que qualquer
plano através dos tálamos e tercei ro vent rículo com calota simétrica mede acuradamente o DBP.

A B
FIGURA 7-10. Imagem do mesmo feto que na Figura 7-7 feita minutos depois. A. Uma razão para o desenvolvimento do transdutor linear
grande foi abranger a calota fetal inteira na gravidez avançada a fim de medir ambos os diâmetros biparietal e occipitofrontal para calcular uma
circunfe rê ncia cefálica. Mais tarde, à medida que a tecnologia de medição avançou, esta exigência também foi julgada necessária para que a
elipse gerada por computador pudesse ser "ajustada" à margem da calota em toda sua extensão. Um erro, no entanto, foi cometido durante
essa medição. O ultrassonografista ajustou a elipse ao couro cabeludo em vez da margem da calota (e). B. Com transdutores lineares menores,
a elipse se aproximou de uma parte da margem da calota. Isso não cria um erro significante. Não há necessidade de adquirir um transdutor
linear grande unicamente para a finalidade de demonstrar o perímetro inteiro de uma cabeça fetal no terceiro trimestre.

DBP é uma medida que pode ser obtida com grande constân- transdutor seja corretamente orientado em três planos. Uma
cia e exatidão. A simetria torna fácil ver que o plano correto vez que há três critérios que devem ser satisfeitos para obter
de corte foi obtido. Erros comuns no DBP estão ilustrados um plano correto de cone, a medição da CC deve ser con-
nas Figuras 7-8 e 7-12A. siderada uma medição tridimensional. Para medir o DBP, o
Lembrar que o DBP pode ser obtido por intermédio de transdutor deve esta r (1) perpendicular aos ossos parietais e
um número infinito de planos. Entretanto, no sentido mais (2) posicionado na posição cefalocaudal correta para interse-
estrito, a CC é mais bem obtida através de um único plano cio na r o terceiro ventrículo e os tálamos. Para medir a CC ,
de corre. Assim, a CC é uma medida mais difícil de obter os dois critérios para o DEP devem ser preenchidos , e o
constantemente de modo correto. O plano correto de corre plano do transdutor tem que es tar adequadamente orientado
é paralelo à base do crânio. Portanto, o plano é mais cefálico em relação à base do crânio. Como a base do crânio tem
anteriormente do que posteriormente. Enquanto ao obter uma forma muito irregular, ela não é usada para orientar o
um DBP adequadamente medido o transdutor deve ser plano da CC. Em vez disso, são usados marcos anatômicos
corretamente orientado em dois planos, a CC requer que o cerebrais.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETA L NORMA L E ANORMAL 235

As regras para medir a CC são as seguintes. O plano cor- cérebro. Alguns se referem a essa anatomia como uma '·seta" .
reto de corte é através do terceiro ventrículo e tálamos na parte O cavum do septo pelúcido e cornos frontais são as "penas".
central do cérebro (como no caso do DBP), mas o cavum do O terceiro ventrículo e o aqueduto de Sylvius são a "haste".
septo pelúcido deve estar visível na parte anterior do cérebro As cisternas ambiente e quadrigêmea e o hiato tentorial são
e o hiato tentorial deve estar visível na parte posterior do a "ponta de seta". A calota craniana deve ser lisa e simétrica
bilateralmente. Depois que o plano correto de corte é obtido,
os cursores são posicionados na tábua externa próxima e na
tábua externa distante. A maioria dos equipamentos moder-
nos então possibilitará que uma elipse gerada por computador
seja ajustada às margens cranianas (Fig. 7-9A). O pel-lmetro
inteiro da calota craniana não necessita ser demonstrado para
medir acuradamente a CC 66 A elipse estima adequadamente
o perúnetro da cabeça mesmo quando ele não é inteiramente
visto (Fig. 7-10).
Observam-se diversas características. Primeiro, um DBP
adequadamente medido pode ser obtido na mesma imagem
que uma medição da CC apropriadamente orientada (Fig.
7-9B). O inverso não é necessariamente verdadeiro (Figs. 7-11
e 7-12). Segundo, a posição correta dos cursores para medir a
CC é inapropriada para medições de DBP (comparar à Fig.
7-9A e B). Assim, se o DBP for medido primeiro na imagem,
os cursores devem a seguir ser movidos antes que a elipse
gerada por computador seja ajustada às margens cranianas
para determinação da Cc. Finalmente, é importante ter certe-
za de que a elipse é ajustada ao crânio e não à pele do couro
cabeludo (Fig. 7-10A). Outra vez, uma análise de um erro
observado deve dar ao interpretador um senso da direção e
da magnitude do erro. Se, por exemplo, o ultrassonograrlsta
ajustar a elipse à pele do couro cabeludo e não à calota, o
erro aumentará a medida da CC (ou seja, a "direção" do
erro), e em feto adiantado, grande, o erro será grande (i. C.,
a "magnitude" do erro). Em um feto jovem, a magnitude do
FIGURA 7-11. Esta é a mesma imagem da Figura 7 -7, agora usada erro será pequena.
para medir a circunferência cefálica (CC). O plano de corte satisfaz
A medida do CF é tecnicamente a mais fácil das medições
todos os critérios necessários para medição do diâmetro biparietal
mas não é apropriadamente orientado em relação à base do crânio biométricas comuns. Isso é devido à natureza essencialmente
para medição da CC. Observe que o cerebelo ICe) em vez do hiato unidimensional da medição. O transdutor necessita apenas
tentorial é demonstrado posteriormente. A CC medida por esse plano ser alinhado ao eixo longo do osso para obter um plano
de corte é de 256,9 mm , em comparação com 263,6 mm medidos a adequado de corte. Nenhum outro ajuste de transdutor é
partir do plano adequado (compa r e com a Fig . 7 -9A).
necessário. Entretanto, isso não sigllifica que erros de medição

A B
FIGURA 7-12. Imagem do mesmo feto que na Figura 7-7 feita minutos depois. A. Esta medida do diâmetro biparietal IDBP) satisfaz o critério
de calota simétrica mas não foi obtida através dos tálamos e terceiro ventrículo. Foi obtida demasiado perto do vértex. As três "linhas" vistas
nesta imagem têm sido comumente apresentadas na literatura de ultrassonografia. A linha central é a fissura inter-hemisférica IIH). As linhas
laterais são ref lexos compostos a partir das veias medulares profundas IDMVI que drenam a substância branca periventricular. Portanto, este
plano é obtido cefálico aos corpos dos ventrículos, a medida do DBP neste plano subestima a idade. Compare esta medida de 71,9 mm com a
obtida no plano correto, conforme ilustrado na Figura 7-7 174,6 mml. B. A circunferência cefálica (CCI medida neste plano também subestima
a idade. Compare a medida de 250,7 mm com a CC corretamente medida de 263,6 mm obtida neste feto Icompare com a Fig. 7-9AI.
236 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESC IMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

ou erros de observação sejam raros.I O.G7.G8 O contrário é mais estruturas forem vistas, o plano é indubitavelmente através
verdadeiro. do eL'(o longo femora!. Assim, pode-se ter certeza de que o
O primeiro aspecto a compreender a respeito da medi- plano adequado de corte para obter uma medida adequada
ção do CF é que na realidade não se mede o fêmur inteiro. foi escolhido. A única tarefa restante é posicionar os cursores
Apenas as ossificadas da diáfise e metáfise são medi- eletrôrucos adequadamente nos pontos corretos de medição.
das (Fig. 7-13 ). o As extremidades cartilaginosas do fêmur são
excluídas. A parte ossificada do fêmur é mais visível ultrasso-
nograficamente que as extremidades não ossificadas. Não obs-
tante, as extremidades cartilaginosas do fêmur são facilmente
mostradas (Fig. 7-14). Embora as extrem.idades cartilaginosas
sejam excluídas, elas são as chaves para a precisão e constân-
cia das medições femorais. Para obter a medida acuradamen-
te, o transdutor deve ser alinhado ao eixo longo da diáfise.
Como saber se o transdutor está corretamente alinhado? Um
método é aceitar o mais longo comprimento femoral como a
medida ma.is exata. Isso pressupõe que o único erro potencial
é medir o osso para menos, porque o transdutor está impro-
priamente alinhado ao osso. Essa é uma suposição falsa .
O alinhamento adequado do transdutor ao eL'(o longo do
fêmur é asseg;urado pela demonstração de que tanto a cabeça
femora.! ou o trocanter ma.ior quanto o côndilo femoral estão
simultaneamente no plano de corte (Fig. 7-15) lO Se essas duas

FIGURA 7- 15. Este exame mostra o fêmur de um feto do meio do


terceiro trimestre. Essa é uma imagem ideal a partir da qual medir o
fêmur. Uma vez que o trocanter maior (GT) e o côndilo lateral (LC)
da epífise distai são vistos, pode-se ter confiança em que o plano
adequado através do eixo longo da diáfise femoral foi obtido. A única
tarefa restante é posicionar os pontos finais de medição adequada-
mente (i. e., os cursores eletrônicos). O cursor proximal é facilmente
posicionado na junção do osso e cartilagem (seta curta). Entretanto,
uma escolha tem que ser feita distalmente. Deve ser incluída a "ponta"
(seta longa) ao longo da margem lateral? Compare com a Figura 7-13.
FIGURA 7- 13. Radiografia do fêmur de uma peça de autópsia
Essa "ponta" ossificada não existe. Esta estrutura, vista apenas ultras-
neonatal a termo. As medidas ultrassonográficas do "fêmur" incluem
sonograficamente, não deve ser incluída na medição e introduz uma
somente a porção ossificada da diálise (O) e metáfise (M). A cabeça
superestimativa importante do tamanho do fêmur se incluída. A única
femoral (FH), trocanter maior (GT) e epífise distai (DE) cartilaginosos
maneira de escolher corretamente o ponto terminal certo para posicio-
não são incluídos na medição. Quando ele se ossifica, o centro de
nar o cursor distai de medição é demonstrar claramente a junção da
ossificação secundário epifisário femoral distai (DFE) também não é
epífise distai com a metáfise (seta curta). Esta imagem também mos-
incluído na medição.
tra claramente o centro de ossificação (DFE) da epífise distaI.

A B
FIGURA 7- 14. A. Ultrassonografia do fêmur fetal proximal. Compare com a Figura 7-13. O trocanter maior (GT) e a cabeca femoral (FH)
cartilaginosos não são incluídos na medida femoral mas são claramente vistos. B. Ultrassonografia do fêmur distai (compare a Fig. 7-13).
A epífise distai cartilaginosa (DE) também é visualizada claramente mas não é incluída na medição femoral. Embora não incluídas nas medidas,
as extremidades cartilaginosas do fêmur são as chaves para a obtenção de medidas femorais altamente exatas e reprodutíveis. Leia o texto.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 237

B A c
Veia hepática esquerda

Átrio direito
Cordão umbi lical
Veia porta esquerda

Ducto venoso

Veia cava inferior

VPD

VU •

A B c
FIGURA 7-16. Circulação venosa umbilical através do fígado fetal. A Plano de seção apresentando a veia umbilical (VU) em eixo curto (cor-
re lacione com a Fig. 7-17A). Este plano é demasiado caudal para medição da circunferência abdominal. 8 . Plano de seção através da junção
das veias portas esquerda (VPE) e direita (VPD) (correlacione com a Fig. 7-178). Este é o nível correto para medição da CA (DV, dueto venoso).
C. Plano de seção alinhado ao longo do trajeto da VPE (correlacione com a Fig. 7-17C). Observe que este plano é demasiado inclinado em um
eixo craniocaudal. (Ilustração de James A Cooper, MO, San Oiego, CA )

Outra vez, são as extremidades cartilaginosas que dirigem a ultrassonografIcamente como a posição em que as veias por-
colocação precisa dos cursores de medição. Os cursores são tas direita e esquerda são contúlllas uma com a outra (Fig.
flosicionados na junção do osso com a cartilagem (Fig. 7-15). 7-16).69 Alguns chamam essa confluência anatômica das veias
E importante não simplesmente escolher a extremidade da portas intra-hepáticas como "o bastão de hóquei".
reflexão mais brilhante como o ponto fInal da medição por Por essas razões, as regras de medição da CA fetal são as
causa de uma entidade que tem sido chamada "ponto femo- seguintes. O plano cefalocaudal correto é a posição em que
ral distal". O ponto femoral distai não faz parte da metáfIse as veias portas direita e esquerda são contúlllas uma com a
óssea. 10 Incluí-lo mede com excesso signifIcativo o fêmur. outra. Segundo, a aparência das costelas inferiores é simétrica.
Por essas razões , as regras para medição do fêmur são as Finalmente, o mais curto comprimento do segmento umbilical
seguintes. Primeiro, alinhar o transdutor ao fêmur e congelar da veia porta esquerda é demonstrado. Se um segmento longo
o plano que mosu'a a cabeça femoral cartilaginosa e o côndilo for visto, então o transdutor está erroneamente angulado
distaI. A seguir, posicionar os cursores de medição na junção inferiormente em vez de perpendicular à linha mediana (Fig.
da cartilagem e do osso, tendo o cuidado de evitar o ponto 7-16C).69 Depois que esse plano de corte é congelado na tela,
femoral distal. a elipse é ajustada à margem da pele. Observe-se que isso é
Finalmente, a CA é a mais difícil das quatro medições que distintamente diferente da CC , na qual especifIcamente não
ordinariamente são obtidas. Como no caso da CC, a CA é ajustamos a elipse à margem da pele, mas em vez disso à mar-
uma medição tridimensional. Infelizmente, a anatomia abdo, gem da calota craniana. Importante ressaltar que a margem
minal não é simétrica como a anatomia cerebral. Ademais, de pele pode fazer contato com outras estruturas de tecidos
não há margem craniana brilhante para verifIcar a perpen' moles como a placenta ou miométrio e ser relativamente
dicularidade do eixo planar e para fornecer pontos fInais de inconspícua. Lembre-se que a margem costal é vista facilmen-
medição facilmente vistos. te, e se pode erradamente ajustar a margem da elipse à costela
A CA é medida em uma localização que estima o tamanho em vez da pele. Isso medirá para menos importantemente a
do fígado . O fígado é o maior órgão no tronco fetal, e o seu CA. Embora esse erro apresente relativamente pouco efeito
tamanho reflete aberrações do crescimento, tanto restrição do sobre a estimativa da idade menstrual, terá um efeito muito
crescimento quanto macrossomia. Por essa razão, não se mede maior sobre a estimativa do peso.
a circunferência na "cintura" fetal (umbigo) como faria em Haverá muitas vezes em que os marcos anatômicos para
um adulto. A CA fetal é medida na posição onde o diâmetro a medição da CA estarão menos que otimamente documen-
transverso do fígado é má.,ximo. Isso pode ser determinado tados. Nessa circunstância, O leitor deve confIar na seguinte
238 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

regra: "redondo" cobre uma multidão de pecados. Essa regra Idade Menstrual Predita para Medidas de
significa que, quando os marcos anatômicos desejados são
difíceis de demonstrar, a estimativa de circunferência, na
Diâmetro Oiparietal (DOP)
qual os diâmetros transverso e ântero-posterior do abdome DBP Idade Menstrual DBP Idade Menstrual
são iguais ou aproximadamente iguais, tende a ser a mais (eml (Semana l (eml (Semanal
precisa, em comparação às estimativas nas quais os diâmetros 2,6 13,9 6,2 25,3
são muito diferentes . Em conformidade com esse conceito, a 2,7 14,2 6,3 25,7
pressão excessiva com o transdutor deve ser evitada porque 2,8 14,5 6,4 26,1
distorce a forma do abdome. 2,9 14,7 6,5 26,4
3,0 15,0 6,6 26,8
3,1 15,3 6,7 27,2
Diâmetro Biparietal 3,2 15,6 6,8 27,6
O DBP recebeu grande parte da atenção na literatura como 3,3 15,9 6,9 28,0
um meio de estabelecer a idade menstruaI. 12 .22 ,23.28.33,63,64.70 A 3,4 16,2 7,0 28,3
3,5 16,5 7,1 28,7
técnica de medição e as armadilhas foram descritas anterior-
3,6 16,8 7,2 29,1
mente. A idade menstrual pode ser determinada usando-se
3,7 17,1 7,3 29,5
uma tabela padrão de referência (Tabela 7-4). Entretanto, os 3,8 17,4 7,4 29,9
instrumentos modernos computam imediatamente uma idade 3,9 17,7 7,5 30,4
à medida que a medida está sendo obtida. 4,0 18,0 7,6 30,8
Todos os relatos sobre o DBP demonstraram que ele é 4,1 18,3 7,7 31,2
um preditor exato da idade menstrual antes de 20 semanas. 4,2 18,6 7,8 3 1,6
Por exemplo, Hadlock, Harrist e Martinez-Poyer 22 demons- 4,3 18,9 7,9 32,0
tra.ram que a variabilidade foi de ± 1 semana (2 DP) em 4,4 19,2 8,0 32,5
uma população de l. 771 pacientes com histórias menstruais 4,5 19,5 8,1 32,9
opcionais observadas entre 14 e 20 semanas (Tabela 7-5). 4,6 19,9 8,2 33,3
Persson e Weldner 64 e Rossavik e Fishburné 3 relataram 4,7 20,2 8,3 33,8
resultados semelhantes em pacientes com datas conhecidas de 4,8 20,5 8,4 34,2
concepção, bem como Crespigny e Speirs 70 em uma grande 4,9 20,8 8,5 34,7
5,0 21,2 8,6 35,1
faixa de pacientes datas foram confinnadas por CCN
5,1 21,5 8,7 35,6
no primei.ro nimestre da gravidez. Além disso, Campbell el
5,2 21,8 8,8 36,1
al. 5 e Waldenstrbm, Axelsson e Nilsson,6 em estudos inde- 5,3 22,2 8,9 36,5
pendentes, mostraram que um DBP obtido entre 14 e 20 5,4 22,5 9,0 37,0
semanas menstruais é um preditor da data estimada do parto 5,5 22,8 9,1 37,5
melhor do que uma história menstrual ótima. Praticamente 5,6 23,2 9,2 38,0
todos os estudos demonstraram um aumento progressivo 5,7 23,5 9,3 38,5
na variabilidade a partir de 20 semanas até o termo, mas o 5,8 23,9 9,4 38,9
grau ao qual a variabilidade aumenta no fmal do terceiro tri- 5,9 24,2 9,5 39,4
mestre da :p:ravidez tem sido assunto de algum desacordo na 6,0 24,6 9,6 39,9
literatura. 1 ,28,70.71 A maioria dos primeiros autores concluiu 6,1 25,0 9,7 40,5
que a variabilidade durante este intervalo de tempo é de Estimativas de Variabilidade (±2 DPI (Semanal
aproximadamente ± 3 1h semanas (2 DP), mas Kurtz et al?8
12-18 ±1,2
relataram que a variabilidade foi de ± 2 semanas durante este
18-24 ±1,7
tempo. Essa diferença mais provavelmente é um fenômeno
24-30 ±2,2
estatístico, porque a avaliação matemática de Kurtz et aI. foi 30-36 ±3,1
efetuada sobre valores médios de diversos centros diferentes 36-42 ±3,2
e não inclui diretamente quaisquer dos dados brutos das mais
de 25 mil pacientes que formaram a base do seu relatório. DP, desvio-padrão.
A valiabilidade que eles descreveram, então, representa o De H ad lock FP, Deter RL, H arrist RB, et aJ: Fetal biparietaJ diameter:
intervalo de confiança da média e não deve ser comparável ao A critical reevaluation Df lhe relacion to InCnSlJual age by means Df rea l-lime
desvio-padrão relatado por outros.1 2 Em estudos de pacientes ulu'lISollnd.j Ul trasound Med 1:97, 1982 ; H adlock FP, Deter LR . Harrist RB,
com histórias menstruais ótimas, a variabilidade das predições ct ai: Estimating fetal age: COlllputer-assisted analysis o f Illllltiple fetal grow th
parametcrs. Radiology 152 :497, 1984.
de idade pelo DBP no fmal do terceiro trimestre tem sido
constantemente demonstrada como sendo aproximadamente
de ± 3 1/2 semanas. Isso foi confrrmado em uma grande quan-
tidade de pacientes na Austrália em que as idades menstruais pacientes com potenciais perturbações do crescimento. Esses
foram confirmadas na gravidez inicial pelo CC .70 Esses autores observaram que a variabilidade na predição da idade
últimos estudos, no entanto, excluíram pacientes com anor- menstrual usando o DBP atingiu um pico de aproximada-
malidades da forma da cabeça, gestação múltipla ou doenças mente 4,1 semanas (2 DP) no terceiro trimestre avançado da
com tendência a afetal' adversamente o crescimento fetal . A gravidez (Tabela 7-6).
grande variabilidade associada ao uso do DBP no terceiro tri- Em certas circunstâncias (p. ex., membranas rotas , apre-
mesn-e foi confirmada em um estudo por Benson e Doubilee sentação de nádegas, gestação múltipla), alterações de forma
de pacientes cuja história menstrual tinha sido estabelecida na cabeça fetal podem levar a erros ainda maiores que os aqui
no início da gravidez pelo CCN. Nesse estudo, no entanto, mencionados. Se for suspeitado que a forma da calota é outra
nenhuma tentativa foi feita para não considerar gestações ou que não a típica, deve-se medir o índice cefálico da cabeça
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 239

I Variabilidade (± 2 DP) na Predição da Idade Menstrual a partir de Medidas Ultrassonográficas (de 14 a 20


Tabela 7- 5
Semanas)
Hadlock. Harrist. e Rossavik e Persson e Benson e
Parâmetro Martinez-Poyerll Fishburne J3 Weldner64 Doubilee
Diâmetro biparietaJ 0,94 1,02 0,92 1,40
Circunferência cefálica 0,84 0,92 SD 1,20
Circunferência abdominal 1,04 1,12 SD 2,10
Comprimento do fêmur 0,96 SD 0,98 1,40
Diâmetro 0,80 SD 0,78 SD
comprimento do fêmur
Circunferência cefálica, 0,76 SD SD SD
comprimento do fêmur

5 O. sem data: OP. desvio-padrão.

Variabilidade (± 2 DP) na Predição da Idade "d o para a lonna


DBP corngl c
=
(DBP x DOF )
1,265
Tabela 7-6 [
Menstrual na Segunda Metade da Gravidez
20-26 26-32 32-42
Parâmetro Semanas Semanas Semanas Conforme esperado, quando essa correção para a forma
é realizada, o DB P é equivalente à CC em precisão na predi-
Diâmetro biparietaJ 2,1 3,8 4,1 ção da idade menstntal porque foi tornado independente da
Diâm etro 1,9 3,3 3,8 forma .7.9
corrigido
C ircunferência cefálica 1,9 3,4 3,8
Circunferência abdominal 3,7 3,0 4,5
C omprimento do fêmur 2,5 3,1 3,5
Circunferência Cefálica
OP. desvio· padrão. A CC neonatal é uma medida importante do crescimento da
Adaptado de Benson CB. Ooubilet PM: Sonographic prcdiction of gestational age: cabeça neonatal e ganhou importância como uma medida
Accu racy ar sccond and third trimestcr fe tal measurements. ultrassonogTáfica in uLera por ser independente da forma da
." JR A.mJ Rocntgenol 157: 1275. 199 1.
cabeça. A medição é realizada conforme descrito anterior-
mente (Fig. 7-9A). Se um aparelho de ultrassom não tiver a
capacidade de gerar elipse por computador, estimativas con-
fiáveis da CC também podem ser calculadas usando os eL'{os
para avaliar a forma da cabeça (Fig. 7-5). O índice cefálico mais curto e mais longo da cabeça fetal medidos de externa
é calculado a partir do DBP e do diâmetro occiptofrontal a externa (as mesmas medidas usadas para calcular o índice
(DOF) medido da tábua externa da calota à tábua externa cefálico). Embora idealmente se deva usar a fórmula para a
da calota: circunferência de uma elipse para esse cálculo, estimativas
adequadas da CC podem ser feitas usando a fórmula (Dl
+ D2) x 1,57. Q-lando o índice cefálico indica extrema doli-
Índice cefálico = x 100 coce falia (valor <70), a CC não deve ser calculada por esta
fórmula . Deve ser utilizada a elipse gerada por computador. A
idade menstrual pode então ser determinada usando-se uma
Do ponto de vista técnico, os fabricantes usualmente tabela padrão de referência (Tabela 7-7), embora os instru-
calculam um índice cefálico a partir dos eL'{os longo e curto mentos modernos calculem a idade menstrual a partir da CC
da elipse da CC. Uma vez que o eixo curto da elipse da CC conforme a medida é obtida.
não é verdadeiramente um DBP, um erro leve e clinicamente Diversos autores demonstraram que a CC é um dos mais
insignificante é introduzido nos índices cefálicos calculados confiáveis parâmetros individuais para estimativa da idade
deste modo . No primeiro estudo in utera sobre esse assunto, menstrual. IV3 Isso se deve à sua independência da forma da
Hadlock eLal. 11avaliaram 316 pacientes entre 14 e 40 semanas cabeça e ao fato de que ela representa um equilíbrio entre faci-
menstruais e demonstraram que o índice cefálico foi essen- lidade de medição (e portanto exatidão da medição) e o valor
cialmente independente da idade ao longo do tempo, com preditivo para idade. Por exemplo, em 1982, Law e MacRae 73
um valor médio de 78,3 e um DP de 4,4. Eles concluíram que demonstraram em um intervalo de 594 pacientes que a CC
um índice cefálico superior a 1 DP acima ou abaixo da média foi superior ao DBP como preditor da idade menstrual. Este
« 74, > 83) pode ser associado a uma alteraÇ<1.o significante na foi um achado constante nos estudos por Hadlock et a l. l82 1.22
medida do DBP esperada para dada idade menstrual, e que H ill et al. 27 e Benson e Doubilet7 também relataram conclusões
a CC pode ser usada eficazmente como um meio alternativo semelhantes em estudos independentes. Como nos casos de
de estabelecer a idade em tais casos. Gray eL al.72 encontraram outros parâmetros individuais, no entanto, a variabilidade na
mínimas alterações no valor médio da idade. predição da idade a partir da CC aumenta com o avanço da
Doubilet e Greenes 9 recomendaram uma abordagem alter- idade menstrual (Tabela 7-7). Por exemplo, H adlock, H arrist e
nativa a potenciais variações na forma da cabeça, calculando Martinez-Poyer22 e Rossavik e Fishburne33 demonstraram que
rotineiramente um DBP corrigido para a forma com base em esse parâmetro pode predizer a idade menstrual dentro de ±
um úldice cefálico idealizado de 78: 1 semana (2 DP) antes de 20 semanas de gestação. Benson
240 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

Idade Menstrual Predita para Medidas de calculam imediatamente uma idade na proporção em que a
I Tabela 7-7 medida está sendo obtida.
Circunferência Cefálica (de 8.5 cm a 36.0 cm) Das quatro medições ulu-assonográficas básicas, a CA tem
Circunferência Idade Circunferência Idade tido geralmente a maior variabilidade descrita.7.1 8.2 1.27 Isso é
Cefálica Menstrual Cefálica Menstrual em parte atribuível ao fato de que a CA é mais agudamente
(em) (Semana ) (em) (Semana) afetada por perturbações do o -escimemo que os outros parâ-
8,5 13,7 22,5 24,4 meu'os básicos (Tabelas 7-5 e 7-6). A variabilidade observada é
9,0 14,0 23,0 24,9 provavelmente devida mais a erros de medição que à variabi-
9,5 14,3 23,5 25,4 lidade biológica (Fig. 7-18). A maioria dos autores foi a extre-
10,0 14,6 24,0 25,9 mos para excluir pacientes com transtornos do crescimento de
10,5 15,0 24,5 26,4 suas populações de estudo. Além disso, das quatro medições
11 ,0 15,3 25,0 26,9 recomendadas , as medições da CA são as mais difíceis de
11 ,5 15,6 25,5 27,5 se obter. As maiores diferenças em precisão entre a CA e os
12,0 15,9 26,0 28,0 outros parâmetros no esnldo por Benson e Doubilet 7 foram
12,5 16,3 26,5 28,6 observadas no segundo trimestre da gravidez, um ponto no
13,0 16,6 27,0 29,2 qual seriam esperadas variações mínimas de crescimento
13,5 17,0 27,5 29,8 (Tabela 7-6).
14,0 17,3 28,0 30,3 No começo da gravidez e em fetos com crescimento nor-
14,5 17,7 28,5 31,8
mal , a CA é apenas ligeiramente menos acurada em média
15,0 18,1 29,0 31,6
que as outras medições básicas, se seguirmos estritamente
15,5 18,4 29,5 32,2
32,8
as regras de Resultados semelhantes foram descri-
16,0 18,8 30,0
16,5 19,2 30,5 33,5
tos por Hill el aI. , 7 que demonstraram que a variabilidade
17,0 19,6 31,0 34,2 na predição da idade menstrual (de 14 a 43 semanas) a
17,5 20,0 31,5 34,9 partir da CA em 265 fetos de peso normal foi ligeiramente
18,0 20,4 32 ,0 35,5 menor que a associada com o DBP. Como todos os outros
18,5 20,8 32,5 36,3 parâmetros, no entanto, a variabilidade para predizer a
19,0 2 1,2 33 ,0 37,0 idade menstrual com base na CA aumenta à medida que a
19,5 2 1,6 33,5 37,7 gravidez avança. Por exemplo, em um estudo retrospectivo
20,0 22, 1 34,0 38,5 de pacientes com datas menstruais corroboradas por CCN
20,5 22,5 34,5 39,2 precoce, Benson e Doubilet 7 relataram variabilidade de 4 112
21,0 23,0 35,0 40,0 semanas (2 DP) no final do terceiro trimestre da gravidez
2 1,5 23,4 35,5 40,8 (Tabela 7-6).
22,0 23,9 36,0 4 1,6
Estimativas de Variabilidade (±2 DP) (Semana)
12-18 ±1,3 Comprimento do Fêmur
18-24 ±1,6
24-30 ±2,2 Em virtude de seu tamanho , visibilidade e facilidade de medi-
30-36 ±2,7 ção, o fêmur é geralmente preferido em relação aos outros
34-42 ±3,4 ossos longos como meio de predizer a idade menstrual. A
medição do CF foi descrita em detalhes anteriormente (Figs.
DP. desvio· padrão. 7-13 a 7-1 5). Embora virtualmente todo o trabalho inicial
De Hadlock FP, Deter RL, Harnst RB, Park SK: Fetal head circumrerence: sobre biometria do fêmur tenha sido feito em populações
Relation to menstrual age. AJR AmJ Roentgenol 138:649, 1982. Cop}Tight 1982, brancas , foi demonstrado que essas medições não são altera-
American Roentgen Ral' Soeie,y. das de maneira apreciável em outras raças. 21.30 Obviamente,
em qualquer feto suspeito de ter uma displasia osteocondral,
o CF deve ser excluído do cálculo da idade menstrual.
Estimativas da idade menstrual podem ser obtidas de tabelas
e Doubilet 7 defenderam que a variabibdade na predição da padrão de referência (Tabela 7-9). Entretanto, conforme ass i-
idade a partir da CC aumenta progressivamente durante toda nalado anteriormente, os instrumentos modernos computam
a gravidez, alcançando um máximo de aproximadamente ± imediatamente uma idade enquanto a medida está sendo
3,8 semanas (2 DP) no Enal do terceiro trimestre (Tabelas obtida.
7-5 e 7-6). A maioria dos estudos sugere que o CF é um preditor
exato da idade menstrual no segundo trimestre inicial (2 DP
= ± 1 semana), mas novamente a variabilidade aumenta à
medida que a gravidez avança. Além disso, a variabilidade
Circunferência Abdominal descrita durante todo o resto da gravidez, de vários labOl'a-
A medição da CA fetal é feita como descrito previamente tórios, foi inconstante (Tabelas 7-5 e 7_6).13,16.74.75 Por exem-
(Figs . 7-16 e 7-17). Se o equipamento ultrassonográfico não plo, J eanty el at.74 relataram uma variabilidade uniforme da
for equipado com capacidade de medição de elipse gerada por estimativa da idade pelo CF de ±2, 1 semanas durante todo
computador, a circunferência pode ser calculada usando-se os o segundo e o terceiro trimestres da gravidez, sugerindo que
diâmetros transverso e do abdome (medidos o CF é tão preciso para pred izer a idade com 40 semanas
da margem da pele à margem da pele) e a fórmula (Dl + quanto com 14 semanas. H adlock el al. 25 acreditavam que
D2) x 1,57. A idade menstrual pode, então, ser determina- isso era um fenômeno estatístico resultante do uso do teste
da usando-se uma tabela padrão de referência (Tabela 7-8). errado de estimativa da variabilidade. Além disso, embora
Entretanto, como assinalado antes, os instrumentos modernos Hill el alY tenham observado que o CF foi o mais exato
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 241

A B

FIGURA 7-17. Medidas da circunferência abdominal (CA) correlacionadas com a Figura 7-16. Cada medida foi obtida no mesmo feto no
intervalo de minutos entre uma e outra. A. A circunferência abdominal aqui mostrada está obtida no plano craniocauda l errado. Ela foi obtida
em uma posição demasiado caudal. Isso pode ser determinado por duas observações. Primeira, o plano corta através do eixo curto da veia
umbilical (UV) (correlacione com a Fig. 7-16A) . Segunda, não há costelas visíveis lateralmente. Compare com o plano de corte correto em 8
(GB , v esícula biliar). 8. Esta é uma CA adequadamente orientada e medida. Observe que ela mede 176,9 mm. As costelas (R) são simétricas ,
e a junção das veias portas direita (RPV) e esquerda (LPV) é visualizada. Em contraste, a circunferência medida na Figura 7-17A é de apenas
168,3 mm . Observe que o corpo do estômago fetal (S) é quase sempre visível em uma medição bem feita da CA. Em A, a vesícula biliar , uma
estrutura mais caudal , é visível em vez do estômago. C. Neste plano de seção , uma longa extensão da veia porta esquerda (LPV) é observada,
em vez da junção das portas direita e esquerda , como notado nas Figuras 7-168 e 7-178. Isso indica que o plano de seção está inclinado em
relacão aos eixos do corpo. Se o leitor comparar a Figura 178 e C, reparará que na última o corte abdominal tem forma mais elíptica que na
A circunferência é aumentada por este erro (192,2 mm em comparação com 176 ,9 mm). É porque este último erro é muito comum
que a regra "redondo cobre uma infinidade de erros" se aplica.

de todos os parâmetros individuais na predição da idade OUTROS PARÂMETROS


menstrual, Ott 76 o considerou o menos preciso. Hadlock et
al. 18 e Benson e Doubilet7 observaram que o CF foi aproxi- BIOMÉTRICOS
madamente equivalente em exatidão aos outros parâmetros Diversas outras estruturas fetais podem ser examinadas e
para estimar a idade menstrual , atingindo um máximo de medidas com o atual equipamento de ultrassonografía em
variabilidade de aproximadamente ±3,5 semanas no final do tempo real de alta resolução. Essas medições podem rara-
terceiro trimestre da gravidez . mente desempenhar um papel quando não é possível obter
É importante salientar, conforme declarado anterior- a imagem axial transversa necessária para medir o DBP e a
mente, que a variabilidade das medidas da cabeça e fêmur CC, ou o plano adequado para medição do fêmur. Por exem-
fetais (DBP/CC/CF) é pequena no início da gestação. Muitas plo, quando a cabeça está em uma posição occipitoposterior
tabelas listam a variabilidade de tais medidas como uma faixa direta, as órbitas são facilmente examinadas, e diversos auto-
agrupada, por exemplo, de 12 a 18 semanas = ± 1,3 semana. res publicaram dados normais para a distância binocular e os
Embora a variabilidade ligeiramente acima de uma semana diâmetros interorbitário e intraorbitário (Apêndice A_24)n78
seja muitas vezes aceitável e normal na maior pane do segun- Qllando o feto está em uma posição occipitoantelior direta, a
do trimestre. deve-se suspeitar quando isso é encontrado, fossa posterior está mais próxima do transdutor, e o cerebelo
inicialmente no segundo trimestre, por exemplo, de 12 a 14 pode ser visto proveitosamente. Hill et al. 26 publicaram dados
semanas. Um DBP, CC ou CF 1 menor que as outras normajs para o diâmetro transverso do cerebelo (diâmetro
medidas pode ser um sinal precoce de microcefalia, no caso de cerebelar transverso), e alguns autores acreditam que ele seja
uma cabeça fetal ligeiramente menor, ou trissornia do 21 ou preferível a outras medidas da cabeça para predição da idade
uma displasia óssea de membros curtos , no caso de um fêmur em casos nos o crescimento fetal possa estar alterado
ligeiramente menor. (Tabela 7-10)./ Outras medidas notáveis que podem ser
242 AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

Idade Menstrual Predita para Medidas de


Tabela 7--8 I
Circunferência Abdominal
Circunferência Idade Circunferência Idade
Abdominal Menstrual Abdominal Menstrual
(cm ) (Semana ) (cm ) (Semana)

10,0 15,6 23,5 27,7


10,5 16,1 24,0 28,2
11,0 16,5 24,5 28,7
11 ,5 16,9 25,0 29,2
12,0 17,3 25,5 29,7
12 ,5 17,8 26,0 30,1
13 ,0 18,2 26,5 30,6
13,5 18,6 27,0 31 ,1
14.0 19,1 27,5 31 ,6
14,5 19,5 28,0 32,1
15,0 20,0 28,5 32,6
15,5 20,4 29,0 33 ,1
16,0 20,8 29,5 33 ,6
16,5 21 ,3 30,0 34,1
17,0 21,7 30,5 34,6
FIGURA 7- 18. Neste plano de corte, o feixe acústico entra no
17,5 22,2 31,0 35 ,1 abdome em um local mais caudal e sai em um local mais cranial.
18,0 22,6 31,5 35,6 Isto é evidente por duas observações. Primeira, nenhuma costela é
18.5 23 ,1 32,0 36,1 vista no lado "de cima" do abdome e uma extensão de costela (R) é
19,0 23,6 32,5 36,6 observada no lado "de baixo". Também a vesícula biliar (GB) é visu-
19,5 24.0 33,0 37,1 alizada no lado "de cima", enquanto o corpo e o fundo do estômago
(5) são vistos no lado "de baixo" (UV , veia umbilical). Observe que o
20.0 24.5 33,5 37,6
erro introduzido por este plano fora de eixo é menor que o introduzido
20,5 24,9 34,0 38,1 pelo plano fora de eixo representado na Figura 7 -17 C. É importan-
2l.0 25.4 34,5 38,7 te reconhecer que os sinais anatômicos de erro apresentados nas
2 l.5 25,9 35,0 39,2 Figuras 7-17A e C e 7-18 dão ao examinador conhecimento da dire -
22,0 26,3 35,5 39,7 ção e magnitude do erro, e sugerem a mudança no alinhamento do
22,5 26,8 36.0 40,2 transdutor necessária para corrigir o erro.
23,0 27.3
Estimativas de Variabilidade (±2 DP) (semana)
12-18 ±1,0
24-30 ±2,2
no primeiro trimestre para predizer a IG seja de ± 3 a 5 dias , e
30-36 ±3.0
de ± 7 dias para a IG de 12 a 18 semanas,80 os dados biomé-
36-42 ±2,5
tricos não são confiáveis no terceiro trimestre . Essa situação se
tOrna clinicamente relevan te quando uma determinação para
DP. des\"io'paclrão .
De Hacllock FP. Deler RL. HJrris RB. Park SK : Felal abdominal ci rcumference as parto pode se tornar necessária. Devido à maturação relati-
a pred iClor a f mens lruaJ age. AJR Am J Roel1lgena l 139:367. 1982. vamente lenta do sis tema pulmonar fetal em relação a outros
Capyriglu 1982. Amcrican Roel1lgen Ral' SacieI)'. sistemas de órgãos, o risco de síndrome de angústia respira-
tória neonatal não-desprezível é alto, mesmo em IG peno do
termo. Esse risco essencialmente desaparece uma vez que um
feto tenha confiavelmente alcançado 39 semanas de idade
usadas como variáveis substitutas para predizer a idade mens- menstrual. De fato, o American College of Obstetricians and
trual incluem virtualmente todos os ossos longos dos braços Gynecologists (ACOG) estipula critérios estritos para asse-
e pernas (Apêndices A-17 e A-18). Ademais, dados normais gurar maturidade pulmonar para o parto eletivo de um feto
foram publicados para uso de medidas do comprimento do antes da IG de 39 0/7 semanas. 8 1 Se um desses cl;térios for
pé fetal (cujo crescimento parece ser poupado em casos de atendido com sucesso, o obstetra pode seguramente admitir
restrição do crescimento intrauterino) e do comprimento da maturidade pulmonar. Esses critérios incluem:
clavícula fetal como preditores da idade menstrual. A varia-
bilidade associada com predições de idade com base nesses Bulhas cardiofetais que foram documentadas durante
parâmetros biométricos adicionais está delineada na Tabela 20 semanas por fetos cópia não-eletrônico ou durante 30
7-11 . Essas medidas poderiam ser úteis em certas circunstân- semanas por Doppler.
cias, mas, em geral, as medições fetais básicas mencionadas A passagem de 36 semanas desde que um teste de gravidez
servem como indicadores adequados da idade menstrual na de gonadotropina cOl'iônica humana sérica ou na urina
maioria dos casos . tenha sido constatado como positivo por um laboratório
confiável.
Medida ultrassonográfica de um comprimento cabeça-
nádegas com 6 a 11 semanas de IG que suporta uma IG
GRAVIDEZ AVANÇADA atual igualou superior a 39 semanas.
Ocasionalmente, um obstetra se vê pela primeira vez frente a Medida ultrassonográfica com 12 a 20 semanas de
uma mulher grávida que não tem certeza sobre suas datas e já gestação que suporta uma IG clinicamente determinada de
alcançou o terceiro trimestre. Embora a precisão do ultrassom 39 semanas ou mais.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 243

Idade Menstrual Predita para Comprimentos Idades Menstruais Preditas para Diâmetros
Tabela 7- 9 1do Fêmur (de 1,0 cm a 7,9 cm) Tabela 7- 10
Cerebelares Transversos de 14 mm a 56 mm
Comprimento Idade Comprimento Idade Idade Menstrual Idade Menstrual
do Fêmur (em) (Semana) do Fêmur (em) (Semana) Cerebelo (mm) (Semana) Cerebelo (mm) (Semana)

1,0 12,8 4,5 24,5 14 15,2 35 29,4


1,1 13,1 4,6 24,9 15 15,8 36 30,0
1,2 13,4 4,7 25,3 16 16,5 37 30,6
1,3 13,6 4,8 25,7 17 17,2 38 31,2
1,4 13,9 4,9 26,1 18 17,9 39 3 1,8
1,5 14,2 5,0 26,5 19 18,6 40 32,3
1,6 14,5 5,1 27,0 20 19,3 41 32,8
1,7 14,8 5,2 27,4 21 20,0 42 33,4
1,8 15,1 5,3 27,8 22 20,7 43 33,9
1,9 15,4 5,4 28,2 23 21,4 44 34,4
2,0 15,7 5,5 28,7 24 22,1 45 34,8
2,1 16,0 5,6 29,1 25 22,8 46 35,3
2,2 16,3 5,7 29,6 26 23,5 47 35,7
2,3 16,6 5,8 30,0 27 24,2 48 36,1
2,4 16,9 5,9 30,5 28 24,9 49 36,5
2,5 17,2 6,0 30,9 29 25,5 50 36,8
2,6 17,6 6,1 31,4 30 26,2 51 37,2
2,7 17,9 6,2 31,9 31 26,9 52 37,5
2,8 18,2 6,3 32,3 32 27,5 54 38,0
2,9 18,6 6,4 32,8 33 28,1 55 38,3
3,0 18,9 6,5 33,3 34 28,8 56 38,5
3,1 19,2 6,6 33,8
34,2 Estimativas de Variabilidade (±2 DP) (Semana)
3,2 19,6 6,7
3,3 19,9 6,8 34,7 12-18 ± 1,0
3,4 20,3 6,9 35,2 18-24 ± 1,8
3,5 20,7 7,2 36,7 24-30 ± 2,0
3,6 21,8 7,3 37,2 30-36 ± 2,4
3,9 22,1 7,4 37,7 36-42 ± 3,2
4,0 22,5 7,5 38,3
4,1 22,9 7,6 38,8 DP, desvio-padrão.
4,2 23,3 7,7 39,3 De Hill LM, Cuzick D, Fries], et al: Transverse cerebeIJar diameter in estimating
4,3 23,7 7,8 39,8 gestational age in the large-for-gestational age fetu s. Obstet Cyneeol 75:983,
4,4 24,1 7,9 40,4 1990. Reimpresso com permissão do AOlerican Collegc of Obstetricians and
Cynecologists.
Estimativas de Variabilidade (±2 DP) (Semana)
12-18 ± 1,0
18-24 ±1 ,8 Estimativas de Variabilidade (±2 DP) de
24-30 ±2,0 Tabela 7- 11
30-36 ±2,4 Parâmetros Biométricos Secundários
36-42 ±3,2 12- 18 18-24 24-30 30--36 36--42
Parâmetros Semanas Semanas Semanas Semanas Semanas
DP. desvio-padrão. Distância binocular 77 1,8 2,4 3,0 4,0 4,0
De Hadloek FP, Deter RL, HatTist RB, Park SK: Fetal feml1f length as a predictor Diâmetro cerebela?° 1,0 1,8 2,0 2,4 3,2
of menstrual age: SOl1ograplücally measured. A]R AOl] Roentgenol 138:875,
Comprimento da 6,5 6,5 6,5 6,5 6,5
1982. Copyright 1982, American Roc1ugon Ray Society.
clavícula 63
Comprimento do 1,8 2,2 2,9 3,5 4, 1
rádi025
Embora não haja um meio à prova de erro para deternlli1ar Comprimento da ulna 73 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6
a idade menstrual na circunstância de DUM incerta, bem Comprimento da trbia 73 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5
como nenhuma medida ultrassonográfica inicial, o esquele- Comprimento do pé54 1,2 1,7 2,2 2,6 3,1
to fetal pode fornecer alguns indícios quanto à duração da
gravidez, A ossificação dos ossos longos começa no centro D P, desvio-padrão.
de ossificação primário na diáfise a partir do fm1 do período
embrionário. O s centros de ossificação secundários aparecem
mais tarde, com os do calcanhar e joelho precedendo todos os tamanho do centro de ossificação femoral distal também se
outros. O crescimento ósseo que ocorre nesses centros é cha- correlaciona com IG avançada (Fig. 7-21).85 A epífise tibial
mado epífise. 82 A epífise femoral distal, que não é incluída na proximal não é observada antes de 34 semanas de IG mas
medição da diáfise femoral, não é vista antes de 28 semanas ocorre em 35% dos fetos com 35 semanas de idade, 80% dos
de IG, mas é observada em 94% dos fetos com 34 semanas fetos com 37 semanas, e 100% dos fetos com 39 semanas ou
de IG, e em uma progorção ainda maior de fetos mais vellios mais de IG. 82 Assim, a visualização dos centros de ossificação
(Figs. 7-15 e 7-19).82, Esses centros de ossificação aparecem epifisários femoral distal e tibial proximal é útil para confu"mar
mais cedo, em média, em fetos femininos (Fig. 7-20).84 O dados biométricos predizendo a idade menstrual na gravidez
244 AVALIAÇÃ O ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCI MENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

10 M

I I I •
EFD e ETP
(N = 20) • • , .
• •••••• .....•
•• I
9

•••
., ...
EFD somente
(N = 21)
•• ••
I

I I
E
• •••••••• .so 6

lL
W
g 5
O
J:
Nenhuma epifise Z

':""j .........I
<!

. ,
•• • 4 •
::!;

••
I I
I I I I I
20 24 28 32 36 40 44
IDADE GESTACIONAL QUAN DO PELO
MENOS 2 DE 3 PARÂMETROS COINCI DEM

FIGURA 7- 19. Tempo de aparecimento dos centros de ossificação


epifisários femoral distai (EFD) e tibial proximal (ETP) em um grupo o 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39
misto de 61 fetos todos com boa determinação da data . (De Chinn
DH, Bolding DB, Callen PW, et aI.: Ultrasonographic identification IDADE MENSTRUAL (semanas)
af fetal lawer extremity epiphyseal ossificatian centers. Radialagy
147:815, 1983.) FIGURA 7-20. Variação no tempo de aparecimento e tamanho do
centro de ossificação epifisário femoral distai (EFD) em fetos mas-
culinos e femininos. (De Mahany SB, Callen PW, Filly RA: The distaI
femoral epiphyseal ossification center in the assessment af third tri-
avançada (Fig. 7_19).84.85 A época de aparecimento dos centros mester menstrual age: Sonographic identification and measurement.
de ossificação epifisários é insuficientemente precisa para ser Radialogy 155:201, 1985.)
usada como único árbitro da idade menstrual na gTavidez
avançada , mas pode servi.r mais como uma observação conftr-
matória de que os dados biométricos são exatos. Por exemplo,
se encontrarmos um feto cujas medidas biométricas sugerem melito e isoimunização) 82.88 A graduação placentária não deve
uma idade menstrual de 36 semanas, mas no qual nem um ser usada para determinar maturidade pulmonar fetal.
centro de ossificação epifisário femoral distaI nem um tibial Com a IG avançando, a peristalse do intestino delgado
proximal ossificado seja visível, é alta a possibilidade de a "amadurece", desenvolvendo-se para ondas peristálticas mais
idade menstrual calculada ser errônea. Provavelmente, esse vigorosas e de mais longa du ração. Do mesmo modo que com
feto é macrossômico. a maturação placentária, um sistema de graduação foi descrito
Há outros marcadores adicionais da IG. Esses incluem para peristalse do intestino delgado: 82
o diâmetro cerebelar transverso e o comprimento do pé (o
crescimento de ambos é poupado na restrição do crescimento Grau O: A peristalse do intestino delgado está ausente.
fetal; ver anteriormente, bem como as Tabelas 7-10 e 7-11 ), Grau 1: Poucas ondas esporádicas de peristalse do intestino
graduação placentária, peristalse do intestino delgado, eco- delgado em até 3 áreas individualizadas , presentes por
genicidade do cólon e a presença ou ausência de haustros no durações inferiores a 3 seg·undos.
cólon. 82 A graduação placentária se baseia na ecogenicidade Grau 2: O ndas moderadas de peristalse do intestino
atribuída à deposição crescente de cálcio e tecido fibroso com delgado em mais de 3 áreas individ ualizadas, presentes por
o avanço da idade. 82 .86 Em um sistema de graduação de 1 a 3, durações mais longas que 3 segundos .
com 3 representando a placenta mais avançada ou amadure- Grau 3: O ndas ativas de peristalse do intestino delgado que
cida, a distribuição a termo é de 45% para o 1, de 55% são observadas durante todo o intervalo de observação.
para o grau 2 e de 50/0 a 10% para o grau 3. 7 Embora seja
incomum encontrar uma placenta de grau 1 com 42 semanas A peristalse intestinal pode ser vista bem antes de 18 semanas
de IG ou mais, a de grau 2 ocorre 55% das vezes, e a de grau de IG. A peristalse de grau 1 pode ser observada em 88% dos
3, 45% das vezes. A correlação entre a graduação placentária fetos antes de 29 semanas de gestação, e a peristalse de grau 3
e a maturidade pulmonar é altamente controversa, e vários em 80% dos fetos entre 37 e 38 semanas de IG. 89
transtornos demonstraram afetar a aparência ultrassonográfi- A ecogenicidade do cólon é outro marcador ultrassonográ-
ca da placenta (p. ex., maturação "prematura" com hiperten- fico descrito. Com o avanço da IG , há um aumento no conteú-
são crônica materna, e maturação "retardada" com diabetes do de mecônio luminal e uma redução no líquido, levando à
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 245

10 gravidez. O uso de marcadores secundários conforme descrito


± 2 DP anteriormente pode apenas fornecer uma estimativa grosseira
da IG que é demasiado imprecisa para atribuir uma data
exata. Assim, a única informação que pode, com segurança,
ser obtida de ultrassonografias no terceiro trimestre é o peso
fetal e, por um estudo de acompanhamento, se o intervalo de
crescimento for normal. Os peritos discordam a respeito do
ponto na gravidez em que as estimativas ultrassonográficas
de idade se tornam demasiado inconfiáveis para ser usadas.
• Média
Entretanto, todos concordam com o fato de que a exatidão
começa a deteriorar rapidamente após a vigésima semana. O
Ê
É-
6 ponto de corte exato é sujeito a debate mas reside em algum
ou. • lugar na faixa de 24 a 28 semanas menstruais .
w
O
o
O
I
CÁLCULO DA IDADE MENSTRUAL
Z
..: - 2 DP A literatura está repleta de artigos que têm como foco a pre-
r:: dição da idade menstrual usando medidas ultrassonográficas
do feto. 5.32 Um tema comum entre esses artigos é a informa-
ção de que a variabilidade na predição da idade menstrual
aumenta à medida que a gravidez avança, para todos os
parâmetros fetais (Tabelas 7-5 e 7-6). O aumento na varia-
bilidade é indubitavelmente devido, na maior parte, a dife-
• renças reais no tamanho fetal, porque isso foi demonstrado
constantemente em populações com ótin1a história menstrual,

o
1•
28

30 32 34 36
com data conhecida de concepção , e nas quais a idade foi
estabelecida cedo na gravidez pelo uso da medida do CCN.
Por exemplo, H adlock , Harrist e Martinez-Poyer 22 estuda-
ram l. 771 pacientes com excelente história menstrual e
29 31 33 35 37
demonstraram que qualquer um dos parâmetros individu-
ais é capaz de fornecer estimativas acuradas da idade mens-
IDADE MENSTRUAL (semanas)
trual (2 DP = ±l semana) entre 14 e 20 semanas. Persson e
FIGURA 7 - 21 . Diâmetro médio do centro de ossificação epifisário vVeldner64 e Rossavik e Fishburne33 demonstraram resultados
femoral distai (EFD) com o aumento da idade de fetos no final do
semelhantes em pacientes com datas conhecidas de concepção
terceiro trimestre . (De Mahany S8, Ca//en PW, Fi//y RA: The dista!
femara! epiphysea! assificatian center in the assessment af third tri- (Tabela 7-5). Em um grande estudo de pacientes cujas datas
mester menstrua! age: Sanagraphic identificatian and measurement. foram confirmadas pelo padrão ouro da determinação pre-
Radia!agy 155:201, 1985. ) coce da data pelo CCN, Benson e Doubilet l demonstraram
que as estimativas de idade a partir de parâmetros individuais
atingem uma variabilidade máxima de aproximadamente ±4
semanas no final do terceiro trimestre da gravidez (Tabela
ecogenicidade progressivamente aumentada. Qyando compa- 7-6). Assim, deve-se procurar estabelecer a idade menstrual
rada com a aparência de outras estruturas intra-abdominais, tão cedo na gravidez quanto possível.
essa ecogenicidade também pode ser graduada: s2 Qye medidas devem ser utilizadas para predizer a idade
em dado caso? H adlock el al. 1S sugeriram que se deve evitar
Grau O: O abdome é uniforme em aparência, e o cólon não a tendência a pôr ênfase excessiva arbitrariamente em qual-
é identificado. quer medida isolada porque, em determinado caso, qualquer
Grau 1: O conteúdo do cólon tem uma aparência livre medida poderia fornecer a melhor estimativa da idade. Com
de eco. Isso é, essencialmente idêntico ao da bexiga e do essa idéia em mente, eles postularam que várias medidas
estômago; os haustros colônicos podem ser identificados. fetais devem ser utilizadas em combinação para fornecer uma
Grau 2: Intermediário. O cólon se mostra mais ecogênico estimativa composta da idade. O uso de várias medidas é
que a bexiga porém menos que o fígado. especialmente importante quando se consideram vários pon-
Grau 3 : O conteúdo do cólon tem uma ecogenicidade tos. (1) Se se estiver usando apenas um parâmetro e cometer
essencialmente igual à do fígado. um erro de formação de imagem ou medição, a magnitude
do erro na predição da idade poderia ser significativamente
A ecogenicidade do cólon de grau O está presente em 82% maior que a variabilidade descrita para o parâmetro. (2) Não
dos fetos com menos de 29 semanas de IG, mas a de grau 3 é incomum fetos normais terem medidas acima ou abaixo do
é observada em 85% dos fetos com mais de 39 semanas de valor médio esperado para dada idade, e essas diferenças nem
IG 89 Por fim , os haustros colônicos podem ser visualizados sempre são na mesma direção. Por exemplo, um feto pode ter
usando-se ultrassom começando com 30 semanas de IG, e, um tamanho de cabeça no 75 Q percentil e um tamanho abdo-
assim, podem servir como marcador independente de uma IG minal no 25 Q percentil. (3) O processo de seleção de planos da
de pelo menos 30 semanas. cabeça fetal, abdome e fêmur permite uma olhada detalhada
Claramente, há um ponto na gravidez depois do qual da estrutura anatômica importante, portanto, facilita a detec-
confiar em parâmen-os biométricos para determinar a data da ção de anormalidades nestas áreas , incluindo hidrocefalia,
gravidez é inválido e sérios erros podem ser cometidos. Após encefalocele, obstrução intestinal, ascite, anormalidades renais
esse ponto, não é mais possível "saber" a idade menstrual da e nanismo.
246 AVALIAÇÃO UlTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

A abordagem inicial de Hadlock el af.1 s foi usar uma téc- Dados de Proporções Corporais Normais
nica simples de tirar a média, na qual as estimativas de idade Tabela 7- 12
(de 14 a 21 Semanas)
são somadas e divididas pelo número de estimativas feitas.
Por exemplo, considerem-se as seguintes medidas obtidas no índice Fêmur/DBP Fêmur/CC Fêmur/CA
Semana Cefálico x 100 x 100 x 100
começo do segundo trimestre:
Menstrual (DP = 3,7)71 (DP = 4.0)24 (DP = 1.0)24 (DP = 1.3)24

DBP 3,3 em = 15,9 semanas 14 81,5 58,0 15,0 19,0


CC 12,4 em = 16,2 semanas 15 81,0 59,0 15,7 19,3
CA 10,0 em = 15,6 semanas 16 80,5 61 ,0 16,4 19,8
CF 2,2 em = 16,3 semanas 17 80,1 63,0 16,9 20,3
Idade composta 16 semanas ± 1 semana 18 79,7 65,0 17,5 21,8
19 79,4 67,0 18,1 21,0
Entretanto, esses autores subsequentemente desenvolveram 20 79,1 69,0 18,4 21,3
equações de regressão para uso em predição da idade a partir 21 78,8 70,0 18,6 21,5
de qualquer medida isolada ou combinação de medidas, ls
e essas equações foram validadas prospectivanlente.21 Tais DBP, diametro biparietal; CC, circu nferência cefálica; CA. circunferência
abdominal.
equações de regressão se tornaram rotina no uso na prática
clínica. o entanto, se um sistema de ultrassom não fo r equi-
pado com um srftware apropriado, a técnica simples de tirar a
média dá resultados aproximadamente equivalentes. Proporções Corporais Fetais Normais (de 22
Tabela 7-13
O desenvolvimento dessa metodologia de determinação a 40 Semanas)
da data por vários parâmetros levanta imediatamente duas índice Fêmur/DBP Fêmur/CC Fêmur/CC
questões . A primeira é quantas medições do feto se tem de Semana Cefálico x 100 x 100 x 100
fazer para obter a melhor estimativa da idade menstrual? Menstrual (DP = 4.4)" (DP = 5.0)85 (DP= 1.Wll (DP = 1.3)17
Hadlock et al. ls examinaram essa questão ao longo da faixa 22 78,3 77,4 18,6 21,6
intei.ra de idade entre 14 e 42 semanas e concluíram que o 23 78,3 77,6 18,8 21 ,7
uso das quatro medições básicas resulta na maior exatidão 24 78,3 77,8 19,0 21,7
(ausência de bias sistemático), maior precisão (mais baixa 25 78,3 78,0 19,2 21,8
faixa de variabilidade) e menores erros máxÍ1110s observados. 26 78,3 78,2 19,4 21,8
Embora alguns autores tenham questionado a validade do 27 78,3 78,4 19,6 21,9
método,?1 Hill et al. 27 validaram os modelos em um estudo 28 78,3 78,6 19,8 21 ,9
independente. Além disso, Hill el al. demonstraram que a 29 78,3 78,8 20,0 21,9
adição de um quinto parâmetro (comprimento do rádio) 30 78,3 79,0 20,3 22,0
não aumenta a exatidão do método. De um ponto de vista 31 78,3 79,2 20,5 22,0
puramente estatístico, tanto Hadlock et al. 16 quanto H ill et 32 78,3 79,4 20,7 22,1
at.2 7 não conseguiram demonstrar melhora importante além 33 78,3 79,6 20,9 22,1
do modelo com dois parâmetros com base na CC e no CF. 34 78,3 79,8 21,1 22,2
Persson e Weldner 64 descreveram resultados semelliantes 35 78,3 80,0 21,4 22,2
em um grande estudo entre 14 e 20 semanas (Tabela 7-5). 36 78,3 80,2 21,6 22,2
37 78,3 80,4 21 ,8 22,3
Embora a variabilidade do modelo com dois parâmetros
38 78,3 80,6 22,0 22,3
(CC, CF) aumente à medida que a gravidez avança, ela é
39 78,3 80,8 22,2 22,3
relativamente constante em 80J0 quando expressada como
40 78,3 81,0 22,4 22,4
porcentagem da estimativa. Por exemplo, se a estimativa
composta da idade com base nesses dois parâmetros for de
DBP. diâmelro biparietal ; CC, circunferência cefálica; CA, circunferência
20 semanas, então a variabilidade associada com essa esti-
abdominal.
mativa é de 20 semanas ± 1,6 semana. No final do terceiro
trimestre, uma estimativa composta da idade de 40 semanas
favor da CC ou corrigido para a fonna da cabeça. ·11.72 Pode-
g
teria uma variabilidade correspondente de 40 semanas ± 3,2
semanas. Como o método com quatro parâmetros resulta se, então, medir a relação entre CF e CC. Se essa for normal,
nas mais baixas estimativas de variabilidade, ele é mais então ambas as medidas podem ser usadas para a predição
comumente usado na prática. da idade.2o Se a razão CF:CC for alta, a medida da cabeça
A segunda questão importante que vem à mente ao usar deve ser excluída por causa de possível microcefalia; se essa
a técnica de determinação da data por vários parâmetros é proporção for baixa, a estimativa do CF deve ser excluída em
quão diferentes as medidas individuais podem ser e ainda são virtude de possível nanismo,zo Essas decisões baseiam-se na
aceitáveis para incorporação na estimativa composta da idade. suposição de anatomia normal da cabeça e ossos longos.
Por exemplo, se a medida da cabeça fetal (DBP ou CC) deu Se a CC for incluída na estÍ111ativa da idade, deve-se
uma estimativa de idade de 20 semanas e a medida do CF deu examinar a relação entre CF e CC (CF/CC x 100). Se essa
uma estimativa de 14 semanas, saberíamos empiricamente proporção for baixa, deve-se evitar usar a CC por causa de
que das duas não pode ser tirada média para fornecer uma possível macrossomia; e se for alta, deve-se evitar usar a CC
idade composta. O feto é quase certamente anormal. Para por causa de possível restrição do crescimento intrauteri-
lidar com essa questão, pode-se confiar em dados de razões no. 17 Uma vez que a CC pode ser afetada pelo crescinlento
do corpo fetal conforme delineado nas Tabelas 7-12 e 7-13. fetal anormal, pode-se argumentar enfaticamente por sua
Por exemplo, se o DBP for usado na estÍ111ativa da idade, elinlinação total do procedimento de estimativa da idade,
deve-se primei.ro exan1Íl1ar o índice cefálico. Se ele indicar principalmente no tercei.ro trimestre da gravidez. 7 Esse caso
uma forma anormal da cabeça, o DBP deve ser eliminado em é ainda mais forte em vista da incapacidade de demonstrar
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORM AL E ANORMAL 247

uma melliora estatisticamente significante no procedimento de computador que automaticamente calcularão um peso fetal
de estimativa da idade pela adição de parâmetros adicionais à estimado (PFE) com base em uma dessas fórmulas. Se essa
combinação da CC e CF. 18.22 função não estiver disponível, podem-se consultar tabelas de
O fator limitador nas estimativas da idade menstrual a nomogTanlas 2 x 2 que usam dois parâmetros biométricos
partir da biometria fetal é provavelmente devido à variação para fornecer uma estimativa do peso fetal (p. ex., DBP e CA,
genética no tamanho fetal real à medida que a gravidez avan- ou CA e CF; Apêndice B-5).
ça e, em menor extensão, aos erros de medição associados Pode-se comparar o peso fetal estimado com curvas de
a seu uso. Assim, é improvável que parâmetros biométricos crescimento estabelecidas com base em um corte da popula-
adicionais venham a aumentar a exatidão do processo de ção. Lubchenco et al. 93 em 1963 descreveram pela primeira
determinação da data usando a avaliação por ultrassom. É vez uma dessas curvas de crescimento, com base em pesos de
possível, e talvez provável, que certas observações não biomé- nascidos vivos neonatos de mulheres brancas e hispânicas em
tricas possam se comprovar úteis para estreitar a variabilidade Denver, Colorado (1.500 m acima do nivel do mar) de 24 a 42
associada a estimativas ultrassonográficas da idade. I Essas semanas de IG . Brenner et aI. acompanharam isso com uma
observações incluem o grau de maturação placentária,96 o curva de crescimento baseada em lactentes brancos e negTos
volume do líquido anuuótico 97 e a maturação do padrão nascidos em Cleveland e fetos abortados da Carolina do
intestinal fetal (conforme explicado anteriormente).96.98 A pre- Norte.94 H á diferenças entre essas curvas de crescimento com
sença de uma placenta de grau 3, o baixo volume de líquido base na população, devido à variação inerente às populações
amniótico (na ausência de membranas rotas, doença renal estudadas que tem por base numerosos fatores , incluindo alti-
fetal ou restrição do crescimento) e um padrão intestinal fetal tude, etnia, estado socioeconômico e período. Em um esforço
maduro fariam favorecer o extremo mais alto da estimativa de para superar essas limitações, Alexander et al. 95 descreveram
idade com base na biometria fetal. Por exemplo, na presença dados de peso ao nascimento nacionais dos Estados Unidos
dos achados complementares mencionados, se a estimativa em 1991 de mais de 3 nUlhões de nascidos vivos de 20 a 44
de idade biométrica com base no CF e tamanho da cabeça semanas de IG. Não obstante, todas essas curvas de cresci-
fosse de 34 semanas ±2,7 semanas, seria favorecido o extremo mento se baseiam no peso ao nascer, e não no peso fitaI. Uma
alto da estimativa (36,7 semanas). Estes achados auxiliares vez que elas são curvas compostas com base no ponto fmal de
são úteis e podem ser ainda mais suportados observando-se crescimento fetal a cada sucessiva IG, elas não são represen-
centros de ossificação epifisários para correlacionar com esti- tações verdadeiras da velocidade real de O'escimento fetal. De
mativas avançadas da idade menstrual. 85 Assim, no caso des- fato , recém-nascidos com I Gs mais iniciais tendem mais a ter
crito, a presença dos centros de ossificação epifisários femoral nascido devido a outras complicações da gravidez que podem,
distal e tibial proXinlal favoreceria outra vez o extremo mais por sua vez, resultar na inclusão de um número anormalmen-
alto da estimativa da idade, isto é, 36,7 semanas (consulte o te alto de lactentes com restrição do crescimento intrauterino
texto anterior para obter mais informações sobre marcadores (RCIU) nesses pontos no tempo, desse modo possivelmente
de maturação fetal). Parâmetros adicionais para medição, representando erroneamente o peso fetal em extremos de
como clavícula e pé fetais , também foranl examinados para IG. Isso se toma bastante relevante para as circunstâncias
estimativa da idade, e o último parece ser imune aos efeitos clínicas quando se tem uma suspeita aumentada quanto ao
da restrição de crescimento.99.lol desenvolvimento potencial de restrição do crescimento (veja
A idade menstrual com base nas datas de D UM não deve a seção sobre RCIU mais adiante). Apesar dessas linutações,
jamais ser mudada mais tarde na gTavidez tendo por base uni- o uso dessas curvas de crescimento se tomou de rotina, por-
camente em medidas ultrassonográficas. Grande precaução que atualmente não há um método superior de determinar o
é obrigatória quando a idade menstrual baseada na DUM percentil de crescimento do peso fetal (veja mais adiante texto
difere da biometria uIn-assonográfica na gravidez adiantada. sobre curvas de crescimento individualizadas).
Toda informação clínica disponível deve ser cuidadosamente
escrutinada antes que as datas sejam "mudadas" na gravidez
avançada. Sempre que esse curso de ação fo r escolhido, o APLICAÇÕES CLíNICAS DOS
potencial de erro sério deve estar bem na frente das mentes PARÂMETROS BIOMÉTRICOS
dos médicos assistentes. Mais óbvio, se datas foram estabele-
cidas cedo na gravidez por biometria ultrassonográfica, alterar Restrição do Crescimento Intrauterino
as datas baseando-se em biometria ultrassonogTáfica mais
tarde constitui uma fórmula para desastre. Definição
Em qualquer população dada, há uma distribuição normal do
ESTIMATIVA DO PESO FETAL tamanho fetal para cada IG. Inerentemente, uma fração dos
fetos será pequena e grande. Embora os fetos nos extremos de
Uma vez que os parâmetros biométricos tenham sido medidos, tamanho possam estar dentro do espectro do normal e alcan-
uma estinlativa do peso fetal pode ser feita. Várias técnicas çar seu potencial de crescimento (veja a seção sobre curvas de
existem para executar esta função. Fórmulas e nomogramas crescimento individualizadas, adiante), é mais provável que a
para a estimativa do peso fetal usando combinações de DBP, maioria desses fetos esteja crescendo anormalmente, sub-rea-
CC, CA e CF foram elaboradas . Entre as fórmu las comuns de lizando ou super-realizando seu potencial. Os termos pequeno
peso fetal estão as de Shepard e de Hadlock (Apêndice B}.90'92 para a idade gestacional (PIG) e RCl U têm sido intercam-
Essas fórmulas foram validadas , e, por exemplo, a fórmula de biados de modo a causar confusão. Em 1967, Battaglia e
Shepard prediz o peso fetal com aproximação de 10% do peso Lubchenco 102 definiram PlG como o peso ao nascer abaixo
real em 85% dos casos. 90 A fórmula de H adlock aperfeiçoa do 102 percentil para a IG. Embora o termo RCIU tenha sido
isso pela incorporação de três parâmetros fetais , reduzindo definido usando-se vários critérios diferentes, inclusive o de
o erro aleatório em 15% a 25% menos que com os modelos PIG, agora ele é geralmente reservado para a circunstância
que utilizam dois parâmetros. 82 A maioria dos equipamentos clúuca de um feto que está sub-realizando seu potencial de
modernos de ultrassonografia vem com pacotes de programas crescimento. Essa é a maneira pela qual RCIU será usado
248 AVALIAÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

neste capítulo, enquanto PIC será um termo reservado para através de anastomoses vasculares placentárias anômalas. O
fetos constitucionalmente pequenos que estão satisfazendo gêmeo doador muitas vezes desenvolve importante anemia,
seu potencial de crescimento tão bem quanto possa ser clini- restrição de crescimento, e oligo-hidrâmnio grave, enquanto o
camente determinado. gêmeo receptor se torna pletórico, congesto e edematoso. O
Vários critérios foram usados para capturar uma popula- gêmeo receptor está em profundo risco de desenvolver insu-
ção fetal com maior risco de crescimento anormal. Entre os ficiência cardíaca e subsequente hidropisia (consulte outras
usados para atribuir RCIU, o mais comum é um peso fetal partes deste livro para obter informações adicionais sobre tal
estimado (PFE) menor que 0 102 percentil para a l C . Critérios condição).
alternativos incluem um PFE menor que o 3Q , 5Q e 15 Q per- O crescimento patológico que é o resultado fmal da dis-
centis, bem como menos de 2 desvios-padrão (DP) abaixo da tribuição inadequada de nutrientes e oxigênio ao feto através
média. A CA também foi usada como parâmetro bioméuico da unidade uteroplacentária é atribuído à insuficiência utero-
definidor, porque é considerado que, entre todas as medidas placentál;a (IUP). Devido à ampla gama de causas de RCIU
fetais, o crescimento patológico afeta o tamanho hepático, e e como a pt;ncipal causa de RClU é IUP, o restante desta
assim, a CA primeiro. Uma CA abaixo do 102 percentil, o 2,5Q seção abordará a RCIU com a etiologia da l UP. É importante
percentil e 2 DPs inferiores à média para a lC foram todos lembrar que a l UP é condição terminal com etiologia multi-
usados como critérios de definição. Critérios excessivamente fatorial. Diversas condições podem levar à lUP, e à restrição
estritos podem ter valores preditivos positivos muito altos, de crescimento como resultado. Essas podem ser divididas
mas podem não perceber um número apreciável de fetos que em transtornos placentários e maternos. Exemplos de causas
também têm crescimento patológico. Mais especificamente, placentárias incluem descolamento placentário de natureza
embora o 10Q percentil vá ter uma taxa mais alta de falso-posi- crônica, placenta prévia, mosaicismo (p. ex. , a trissomia do
tivo, ele pode detectar o feto geneticamente determinado para 16 localizada na placenta), inserção marginal ou velamentar
ficar no 50Q percentil mas que é patologicamente pequeno, do cordão e transtornos primários da placenta. As etiologias
no 9" percentil. Como Dr. John Hobbins do University of maten1as podem incluir estados comportamentais, como
Colorado Health Sciences Center diz muito eloquentemente: abuso de fumo e cocaína, e qualquer condição médica crônica
"O feto geneticamente programado para estar no 90 2 percentil que afete a oxigenação sistêmica ou a vascularização, portan-
que nasce no 20Q percentil pode estar em mais dificuldade to, também comprometendo a circulação uteroplacentária e o
que um bebê nascido de um jóquei e uma ginasta que está no fornecimento de oxigênio: doença pulmonar crônica (doença
82 percentil." Para a finalidade de rastrear uma população de pulmonar obstrutiva crônica, enfisema), diabetes melito pree-
alto risco, os obstetras na clínica usam mais comumente uma xistente, hipertensão crônica, transtornos colagenovasculares
defmição de abaixo do 102 percentil, e essa será a definição (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico), trombofilias adquiridas
usada neste capítulo. (p. ex., a sÚ1drome de anticorpo antifosfolipídico [SAAF]) , e
tromboftlias herdadas (p. ex. , o fator V Leiden ou a mutação
202 10A da protrombina). O resultado final de todas essas
Etiologias condições é a má placentação, com uma resultante redução no
Há várias causas de RCIU. Um método tradicional de dis- fluxo sanguú1eo placentário ou hipoxemia crônica.
tinguir as etiologias de RCIU é crescimento simétrico versus
assimétrico, no qual o primeiro é uma situação em que todas Fisiopatologia
as medidas biométricas estão para trás simetricamente, e o
último é quando elas estão para trás assimetricamente (p. O desenvolvimento de uma interface adequada entre as cir-
ex., o DBP está atrasado abaixo da CA esperada para a lC culações materna e fetal no IÚVel da placenta é vital para o
em questão). Foi demonstrado ocorrer retardo simétrico do crescimento fetal adequado, porque uma interface ruim não
crescimento por transtornos genéticos (p. ex., a trissomia do permite distribuição adequada de nutriente e oxigênio, nem
18), infecções fetais (p. ex., rubéola e citomegalovírus), mal- remoção adequada de detritos metabólicos fetais. Conforme
formações congênitas e uma variedade de síndromes (p. ex., explicado anteriormente, fatores que afetem qualquer com-
a Cornelia de Lange). 103 O retardo assimétrico do crescimento ponente dessa interface podem alterar o desenvolvimento
tende a ocorrer em situações de pt;vação relativa nutricional placenrál;o e, assim, o crescimento fetal , de modo deletério .
e de oxigênio. A base desta distinção com base em padrões de O desenvolvimento placentário é um processo contínuo
simetria vem da idéia de que insultos globais ao feto levam a durante toda a gestação, com desenvolvimentos-chave ocor-
uma restrição total no crescimento fetal , enquanto deficiências rendo em cada trin1estre. O primeiro trimestre é marcado pela
nutricionais e de oxigênio levam a um padrão assimétrico de fixação placentária, angiogênese, mecanismos de transporte
crescimento com preservação preferencial de estruturas vitais celular de glicose, aminoácidos e ácidos graxos, bem como
primeiro, como o cérebro (assim, desproporção cabeça-corpo, pela instalação da atividade cardíaca fetal para facilitar a distri-
ou um retardo da CA em relação aos parâmetros cefálicos). buição e destinação de vát;as substâncias entre as circulações
Isso evidentemente é propenso à imprecisão, porque um feto materna e fetal. 103 Várias adaptações maternas começam
em gestação avançada que foi exposto a um ambiente cronica- no primeiro trimestre, incluindo hiperglicemia pós-prandial,
mente deficiente em nutrição ou hipóxico durante uma pane expansão do volume intravascular e refratariedade relativa às
importante da gravidez também pode mostrar atraso de todas substâncias vasoauvas. O segundo trimestre é caracterizado
as partes fetais em uma extensão semelhante, portanto, pode por invasão u-ofoblástica para dentro das artérias espirais e
parecer ser simetricamente restringido. Algumas formas de remodelação vascular, resultando no desenvolvimento de um
restrição do crescimento podem cair nas categorias siméu-ica circuito de baixa resistência, um aumento maciço na área total
ou assimétrica e, por isso, não se prestam facilmente à classifi- de superfície vilosa, que aumenta vastamente a capacidade de
cação. Um exemplo ocorre em gestações gemelares monocori- troca maternofetal, e um aumento importante no débito car-
ônicas que estão em risco de desenvolvimento da síndrome de díaco fetal. Um resultante aumento exponencial no tamarmo
transfusão feto-fetal , na qual um gêmeo (o doador) bombeia placentário é equilibrado por um estirão de crescimento fetal
uma parte de seu sangue para o outro gêmeo (o receptor) exponencial. Por fU11, no terceiro trimestre, o feto se prepara
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 249

Pernas

FIGURA 7- 22. Fluxo sanguíneo fetoplaeentário. Observe a presença do dueto venoso, forame oval e dueto arterial (DA), que são exclusivos
da circulação fetal. VE, ventrículo esquerdo; VD, ventrículo direito. (De Gabbe SG, Niebyl JR, Simpson JL: Obstetrics: Normal and Problem
Pregnancies, 5th ed. Philadelphia, Churchill Livingstone, 2007.)

para uma eventual existência extrauterina; o crescimento lon- ad iame). A adaptação precoce é caracterizada por alterações
gitudinal, junto ao estabelecimento de reservas fetais, especial- no fluxo sanguíneo para favorecer a distribuição de nutrien-
mente gordura corporal, é uma chave para este objetivo. tes e oxigênio aos órgãos essenciais, especialmente o cérebro
A RCIU é principalmente o resultado de perturbações (Fig. 7-22). O volume venoso umbilical é reduzido nas fases
no desenvolvimento vascular placentário.103 No começo da iniciais da IUP (a redução persistente no volume venoso
gravidez, o aborto pode resultar de angiogênese inibida e má umbilical pode levar a volume sangl.lú1eo fetal diminuído,
aderência placentária. Mais tarde na gestação, a invasão tro- e, por isso, perfusão renal fetal reduzida; o oligo-hidrâmnio
foblástica inadequada das artérias espirais e radiais maternas pode ser o resultado final).104 Isso leva a maior desvio do
leva ao estabelecimemo de um circuito de baixa resistência sangue venoso umbilical relativamente rico em nutriemes e
que é a chave para o crescimemo fetal adicional. Conforme oxigênio para longe do fígado e para o coração fetal; através
discutido ameriormeme, são várias as causas da RCIU. Essas do forame oval, esse sangue, emão, entra no lado esquerdo
condições podem afetar a placenta diretamente, como infar- do coração e daí se move para as circulações coronariana
tos do soalho placentário materno e obliteração vilosa fetal, e cerebral. 105.106 Facilitando este shunt, há uma elevação na
ou podem inibir o fluxo vascular materno e fetoplacentário, pós-carga ventricular direita devido à alta resistência da
como em condições vaso-oclusivas (p. ex., SAAF). O nati- vascularização pulmonar, bem como a resistência placen-
morto pode ocorrer em situações nas quais o insulto é grave e tária em elevação observada na IUP ; ocorre também uma
precoce em sua instalação, com incapacidade dos mecanismos redução na pós-carga vemricular esquerda devido a uma
compensatórios de superar o desafio. Em casos nos quais a queda na resistência vascular cerebral. 107·111 Assim, há um
compensação pode ocorrer inicialmente e a sobrevida fetal aumento relativo no débito cardíaco ventricular esquerdo
é possível, pode-se ainda encontrar ausência de intervalo de em comparação ao direitoY2.113 Alterações tardias ocorrem
crescimemo fetal adequado no segundo e terceiro trimestres. com IUP progressiva e resistência placentária crescente com
Em casos brandos, apenas uma redução relativa nas reser- desenvolvimento de oligo-hidrâmnio. O débito cardíaco
vas fetais pode ser observada ao nascimemo (ou seja, uma declina devido à pós-carga em elevação resultando em fluxo
redução na gordura corporal e uma redução na CA devido a anterógrado reduzido. Como resultado, a capacidade de
reservas de glicogênio hepático dinlinuídas), mas, nos casos manejar a pré-carga é também significativamente dinúnuída,
mais graves, pode resultar hipoxia crônica e acidose metabóli- levando a uma pressão venosa central elevada e inibição no
ca, com possíveis implicações profundas para a vida neonatal fluxo venoso anterógrado. 1 4 ' " 8 O estágio final é disfunção
e mais tarde. miocárdica global e dilatação. I 19 Nessa conjuntura, a acidose
A resposta fetal à IUP pode ser classificada em adapta- fetal é um achado clínico ameaçador. Insuficiência tricúspide
ções cardiovasculares precoces e tardias que são relevantes holossistólica e desacelerações espontâneas da frequência
para avaliação ultrassonográfica do status fetal (veja mais cardiofetal anunciam a morte iminente. I 19
250 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMA L

Seque/as a Curto e Longo Prazos 100 PB

Ul 90
Conforme se poderia esperar, os fetos com RCIU enfrentam O
ro
E 80 DV
vários desafios imediatos como recém-nascidos. Qyando com- <:;
c ACM
binados com prematuridade, os riscos incluem mortalidade 70
aumentada, enterocolite necrosante e síndrome de angústia
'o"
Ul PVU
Ul 60
respiratória. 120 Qyando nascidos a termo, esses recém-nascidos '">
Q) 50
ainda enfrentam importantes complicações, incluindo risco "O
E 40 VCI
aumentado de mortalidade, taquipnéia transitória do recém- Q)
Ol
nascido, hipotermia (temperatura <36°C), hipoglicemia, poli- c
30
Q)
citemia, hiperviscosidade, hiperbilirrubinemia e função imune 20
prejudicada.12JoJ28 Embora um número significativo de fetos o
Cl.
10
moderadan1ente restritos em crescimento vá alcançar o cres-
cimento com base na altura e peso pelos 18 anos de idade, os O
fetos que estão abaixo do 32 percentiJ de peso ao nascimento -7 -5,5 -4 -2,5 -1 Parto
têm maior dificuldade para fazê-lo e tendem a ter peso mais A Dias até o parto
baLXO e estatura menor que suas contrapartes apropriadas para
a IG (AlG) durante toda a infância e adolescência. J29.1 30 Está 6 AU-IP
claro que os lactentes restritos de crescimento, nascidos prema-
DV-IP
turamente, estão em risco aumentado de anormalidades neu- 4
rodesenvolvimentais e comprometin1ento cognitivo.J31 · 132 Os
lactentes a termo com RCIU também estão em risco de difi-
culdades de aprendizado, problemas comportamentais e 2
desempenho escolar que as crianças AlG de termo. 130.l 31.1 3
,-O'o"
Curiosamente, foi proposta a hipótese de que os lactentes '"'i'-
Ul O
o
restritos de crescin1ento podem ser propensos a desenvolver 'S:
Ul
transtornos adultos. Conhecida como origens fetais de doença o
Q)

adulta, ou hipótese de Barker, a suposição é que o mau ambien- -2


te in utero leva a alterações de má adaptação fetais que persistem
adentro da lactância, infância e idade adulta. Embora úteis para -4
sobrevida em um ambiente intrauterino relativamente hostil, ILA
essas alterações, predominantemente de natureza vascular, se
tornan1 deletérias no longo prazo. Condições que foram atribuí-
das à RClU incluem hipertensão, acidente vascular cerebral, -35 -28 -21 -14 -7 O
diabetes mellitus, aterosclerose/hipercolesterolemia e obesida- B Dias antes do parto
de.1340137 Embora altan1ente interessante, uma causalidade defi- FIGURA 7 - 23. A. Cronologia das respostas fetais à insuficiência
nitiva ainda não foi estabelecida entre RCIU e tais condições. uteroplacentária. PB , perfil biofísico; DV, dueto venoso; VCI , veia
cava inferior; ACM , artéria cerebral média; FDFAU / FR, fluxo diastó-
lico final na artéria umbilical / fluxo reverso; PVU , pulsações da veia
umbilical. Observe que numerosas anormalidades Doppler ocorrem
Avaliação do Status Fetal antes da instalação de um PB anormal. B. Cronologia das respostas
fetais à insuficiência placentária. Observe que a cronologia da perda
O status fetal consiste fundamentalmente no estado de oxige- da variabilidade a curto prazo na CTG se correlaciona muito bem com
nação e o equilíbrio ácido-básico fetais. Uma circunstância o início de Dopplervelocimetrias anormais no dueto venoso. Assim,
há uma ligação direta entre uma anormalidade biofísica e achados
clínica de IUP põe em risco a distribuição de oxigênio e
ultrassonográficos anormais. Observe também que o ILA (e portan-
nutrientes ao feto , exigindo uma resposta adaptativa, confor- to, desenvolvimento ou piora de oligo -hidrâmnio) é uma ocorrência
me explicado em parte anteriormente. Ocorre o comprome- relativamente tardia. ACM, artéria cerebral média; AO, aorta; AU ,
timento fetal quando há uma falha dessa resposta ou quando artéria umbilical; DV, dueto venoso; ILA, índice de líquido amniótico;
esses mecanismos adaptativos são superados com IUP conti- IP, índice de pulsatilidade; VCI, veia cava inferior; VCP, variabilidade
a curto prazo . (De Gabbe SG, Nieby/ JR, Simpson JL: Obstetrics:
nuada e piorando. Com intervenção oportuna, um feto pode Norma/ and Prob/em Pregnancies, 5th ed. Phi/ade/phia, Churchi//
ser salvo de lesão e mesmo morte. O desafio muitas vezes Livingstone, 2007.)
difícil que confronta o obstetra é a necessidade de equilibrar
os riscos de lesão e morte fetal inrrautel-ina com o prolonga-
mento da gravidez no contexto de RCIU, em relação àqueles adiante e Fig. 7-23A e B). 103 A insuficiência placentária pode
associados com a potencial prematuridade iatrogênica. Assim, ser detectada não invasivamente com exame por ultrassom,
a avaliação do status fetal é crucial para o tratamento apropl-ia- e, com o desenvolvimento relativamente recente do Doppler,
do do feto com RCIU. mesmo o status acidobásico fetal pode ser infel-ido. Uma vez
Uma vez que um feto seja identificado C0l110 em risco que se instale acidose, a morte intrautel-ina pode logo se
por uma estimativa de peso del-ivada de ultrassom abaL'(o do seguir. Assim, um método de identificar um estado pré-aci-
1Oº percentil para a l G e esteja claro que a IUP é o principal dótico em um feto com RCIU se torna essencial, para que se
culpado patológico, o obstetra deve iniciar vigilância fetal. Os possa intervir de maneira oportuna. O desenvolvimento do
métodos tradicionais incluíram cardiotocografia sem stress Doppler proporcionou exatamente essa ferramenta.
(uma forma particular de cardiotocografia, chamada CTG),
medição do líquido amniótico e perfil biofísico. Agora está
claro que anormalidades nos achados usando essas modalida-
Dopplervelocimetria
des são relativamente tardias em ocorrência, com acidose fetal O Doppler se baseia no princípio do efeito Doppler, lembran-
muitas vezes já estando presente na época da avaliação (ver do Johann Christian Doppler, que identificou tal ocorrência
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL 251

14 semanas

22 semanas

31 semanas

35 semanas

FIGURA 7-24. Efeito Doppler. O fenômeno Doppler depende da


capacidade de um feixe de ultrassom ser alterado em frequência
quando encontra um objeto em movimento, e, nesta circunstância, 40 semanas
eritrócitos. (De Abuhamad A: Does Doppler VIS improve outcomes in
growlh-restricted fetuses? Contemporary Obl Gyn 48:56, 2003.)

FIGURA 7-26. Traçado Doppler normal da artéria umbilical com o


avanço da idade gestacional. Observe o aumento relativo no fluxo
anterógrado diastólico com maiores idades gestacionais (portanto,
uma menor relação S/ O com o avanço da idade) conforme realçado
pelos círculos amarelos. É normal ter fluxo diastólico final ausente no
primeiro e bem no início do segundo trimestre.
V
cm/s

alterações no fluxo sanguíneo materno para o circuitO utero-


placentário, bem como respostas adaptativas cardiovasculares
FIGURA 7-25. Traçado Doppler da artéria umbilical, mostrado sob fetais que podem ser detectadas pelo Doppler dos vasos rele-
a forma da velocidade (V) em relação ao tempo (t). S, sistólica; O,
diastólica. Observe que há fluxo anterógrado (positivo) o tempo todo
vantes. A averiguação Doppler do sistema arterial fetal forne-
durante a duração inteira do ciclo cardíaco fetal. ce uma avaliação indireta da resistência placentária, enquanto
o sistema venoso fetal , uma avaliação da função cardíaca
fetal. Pela avaliação das circulações arterial e venosa fetais,
em 1842. Dito simplesmente, quando a energia é refletida de bem como das artérias uterinas maternas, pode-se avaliar a
uma fronteira em movimento, a frequência da energia refleti- progressão da IUP e RCIU antecipadamente ao desenvolvi-
da varia em relação à velocidade da fronteira em movimento . mento de oligo-hidrâmnio e anormalidades da frequência car-
Em termos ultrassonográficos, o fenômeno Doppler depende diofetal. 103 A avaliação materna pode identificar pacientes em
da capacidade de um feixe de ultrassom de ter sua frequência risco de desenvolver RCIU, pré-eclâmpsia e descolamento da
alterada ao encontrar um objeto em movimento, e nesta cir- placenta, enquanto a avaliação fetal pode identificar situações
cunstância. eritrócitos (Fig. 7-24) (Cap. 22). em risco de hipoxemia e acidose com base na gravidade dos
Com a interrogação de um vaso sanguú1eo de interesse, achados Doppler.138.139
como uma artéria umbilical, é gerado um traçado de onda As fases mais iniciais da patologia placentária podem ser
característico (Fig. 7-25). De fato. à medida que a gestação detectadas pela presença de incisura diastólica nas artérias
avança e a resistência placentária declina nas gestações normais_ uterinas maternas com 12 a 14 semanas de gestação, e_ quan-
o traçado Doppler da artétia umbilical se altera, refletindo um do isso persiste além de 24 semanas, é altamente refletivo de
fluxo anterógrado diastólico relativamente cada vez maior (Fig. resistência placentária anormal (Fig. 7-28A e 13).1-10 1-12 Isso foi
7-26). Como se poderia supor. no contexto de IUP progressiva associado com resultados adversos da gTavidez como RCIU,
e resistência placentária elevada, o fluxo anterógrado diastólico descolamento da placenta e pré-eclâmpsia.l -l 3' 1-I5 Observamos
na artéria umbilical declina . Há vários índices Doppler para que, em circunstâncias de uma placenta lateralizada, uma
medir essa resistência placentária, os quais incluem a relação incisura diastólica pode aparecer somente no lado ipsilateral
S/D, o índice de pulsatilidade e o ú1dice de resistência (Tabela à placenta. No lado fetal, a redução da velocidade diastólica
7-14). Essas medidas são independentes do ângulo de aplicação final (VDF) na artéria umbilical pode ser observada quando
do ultrassom, porque o traçado gerado reproduúrá proporcio- no minimo 30% dos vasos vilosos são anormais; com anor-
nalmente os fluxos sistólico e diastólico (Fig. 7-27 A). Entretanto, malidade em 70%, pode haver ausência completa (AVDF)
a insonação do vaso de interesse o mais próximo possível de oU mesmo inversão da velocidade diastólica final (IVDF) na
zero graus irá produzir um padrão de onda com fluxos sistólico artéria umbilical (Fig. 7_29)I -I61-17 Assim, com a piora progres-
e diastólico mais pronunciado (Fig. 7-2713). siva da IUP, a relação S/D na artéria umbilical se tornará
Conforme explicado anteriormente. a IUP se associa à cada vez maior até não poder mais ser calculada na presença
piora progressiva da resistência placentária. Isso resulta em de AVDF. Conforme mencionado, nas fases iniciais da IUP,
252 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRAFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

1Tabela 7-14 1índices Doppler de Resistência da Artéria Umbilical


Doppler de Artéria Umbilical
(índice de Resistência e Razão Sistólica: Diastólica)

Percentis

52 502 952
Idade Gestacional índice de Razão Sistólica: índice de Razão Sistólica: índice de Razão Sistólica:
(Semanas) Resistência Diastólica Resistência Diastólica Resistência Diastólica

16 0,70 3,39 0,80 5,12 0,90 10,5


17 0,69 3,27 0,79 4,86 0,89 9,46
18 0,68 3,16 0,78 4,63 0,88 8,6 1
19 0,67 3,06 0,77 4,41 0,87 7,90
20 0,67 2,97 0,76 4,22 0,86 7,30
21 0,65 2,88 0,75 4,04 0,85 6,78
22 0,64 2,79 0,74 3,88 0,84 6,33
23 0,63 2,71 0,73 3,73 0,83 5,94
24 0,62 2,64 0,72 3,59 0,82 5,59
25 0,61 2,57 0,71 3,46 0,81 5,28
26 0,60 2,50 0,70 3,34 0,80 5,01
27 0,59 2,44 0,69 3,22 0,79 4,76
28 0,58 2,38 0,68 3,12 0,78 4,53
29 0,57 2,3 2 0,67 3,02 0,77 4,33
30 0,56 2,26 0,67 2,93 0,76 4,14
31 0,55 2,21 0,65 2,84 0,75 3,97
32 0,54 2,16 0,64 2,76 0,74 3,81
33 0,53 2,11 0,63 2,68 0,73 3,67
34 0,52 2,07 0,62 2,61 0,72 3,53
35 0,51 2,03 0,61 2,54 0,71 3,40
36 0,50 1,98 0,60 2,47 0,70 3,29
37 0,49 1,94 0,59 2,41 0,69 3,18
38 0,47 1,9 0 0,57 2,35 0,67 3,08
39 0,46 1,87 0,56 2,30 0,67 2,98
40 0,45 1,83 0,55 2,24 0,65 2,89
41 0,44 1,80 0,54 2,19 0,64 2,81
42 0,43 1,76 0,53 2,14 0,63 2,73

Observação: Índice de res istência = 0.97l99 - 0,01045 x idade gestacional (DP = 0,06078): razão sistólica:diastólica = 11 (1 - índice de resistência).
Adaptado de Kofinas AD. Espeland fvIA , Penry Ct aI: Uteroplacemal Doppler flow velocity wavefonns in normal pregnancy: a staustical exercise éUld lhe development
of appropria te rcfcrence values. AmJ Perinatol 9:94. 1992.

os mecanismos adaptativos fetais levam a débito ventricular rações da pressão venosa central caracterizadas por u'açados
esquerdo aumentado e resistência cerebral diminuída . As u-ifásicos (ondas S, D e a). Os traçados venosos centrais são
artérias cerebrais como a artéria cerebral média (ACM) do assim tipicamente compostos de picos sistólico e diastólico
polígono de Willis fazem parte de um leito vascular de alta (ondas S e D) que ocorrem quando da contração ventricular
impedância com baixas velocidades de fluxo diastólico final e enchimento diastólico passivo (Fig. 7-32) .103 Uma depressão
(Fig. 7-30). A ACM é um vaso representativo que pode ser que ocorre em seguida à onda D, a onda a, é gerada quan-
facilmente averiguado com Doppler. a IUP, a \!DF na do há um aumento súbito na pressão atrial direita devido à
ACM está aumentada, e assim a ACM é caracterizada por conu'ação atl;al no final da diástole e, como resultado, uma
uma relação S/D mais baixa que o normal (Fig. 7-31A a inibição do retomo venoso (Fig. 7-32).103 Com a disfunção
C). Esse achado é frequentemente chamado "adaptação grave ventricular direita, essa contração atrial pode gerar
cerebral".103 Essas alterações iniciais no fluxo sanguíneo fetal , fluxo inverso ao longo do sistema venoso através da VCI,
com relação S/D elevada na artéria umbilical e relação S/D ducto venoso e mesmo para dentro da veia umbilical nas
reduzida na ACM, são observadas em fetos que estão em circunstâncias mais extremas nas quais a circulação normal-
risco de desenvolvimento de hipoxemia mas tipicamente não mente é firme e sem pulsações (Fig. 7-33A a C) .103 O fluxo
são associadas a acidose.149·151 venoso retrógrado durante a contração atrial (e portanto uma
Conforme discutimos anteriormente, na situação de adap- inversão na onda a na averiguação com Doppler) na VCI e
tação fetal tardia com IUP avançada, a função cardíaca fetal ducto venoso é extremamente refletivo de acidemia metabóli-
começa a falhar e o retorno venoso começa a diminuir. Nessa ca fetal , conforme confimlado por amostragem percutânea do
circunstância, a avaliação com Doppler da circulação venosa sangue do cordão umbilical (APSU ; Fig. 7_33B)152,153 Esses
fetal se [Orna necessária. As circulações venosa umbilical e achados precedem a insuficiência tricúspide holossistólica e as
portal têm traçados que são constantes e sem pulsações. Em sinistras desacelerações espontâneas da frequência cardiofetal
contraste, as estruturas venosas centrais ou venosas pré-cardí- que anunciam morte iminente, como descrito.
acas (dueto venoso, as veias hepáticas e a veia cava inferior A utilidade clínica do Doppler deve ser óbvia. A literatura
[VCI]) têm traçados de velocidade de fluxo que refletem alte- científica mostra que essa modalidade, quando apropriada-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORM AL E ANORMAL 253


-'. I. _

B
FIGURA 7-27. A. Ângulo de aplicação de Doppler. O desvio de frequência é diretamente proporcional à velocidade com a qual os eritrócitos
estão se movendo dentro de um vaso particular, e é também dependente do cosseno do ângulo que o feixe de ultrassom faz com o vaso san-
guíneo (conforme mostrado na equação com a Fig. 7 -24) . Idealmente deve-se obter um ângulo tão próximo quanto possível de 0 ° . (Cortesia
John Hobbins, MO, University of C%rado Hea/th Sciences Center, Oenver, CO.) 8. Ângulo de aplicação do Doppler (insonação). Observe
a diferença nos traçados gerados, dependendo do ângulo de insonação. Na imagem à direita, o feixe está paralelo ao vaso, e, na imagem à
esquerda, é quase perpendicular ao vaso.

mente usada, reduz não somente a mortalidade, mas também fetos comprovam ter hipoxemia/acidenlia pela APSU. Assim,
a morbidade. O achado de AVDF ou IVDF marca uma gravi- o momento ideal para tirar o feto RCIU é antes de detectadas
dez que está em um risco 80 vezes aumentado de mortalidade anormalidades no t.raçado da frequência cardíaca fetal e, caso
perinatal, e quando a intervenção é feita a tempo apropriado , haja, apenas nas circulações umbilical e venosa. Um algoritmo
pode ser obtida uma redução de aproximadamente 40% na sugerido para o tratamento do feto com RCIU está apresen-
mortalidade .154.157 Com a adição da avaliação Doppler veno- tado na Figura 7-34.
sa, o feto muito prematuro gravemente restrito em crescimen-
to pode ser mais bem manejado. De fato , em 50% a 70% dos CRESCIMENTO FETAL ACELERADO
casos, as anormalidades Doppler venosas ocorrem antes de
achados anormais no monitoramento da frequência cardiofetal O crescimento fetal acelerado é geralmente chamado macros-
ou no perfIl biofísico (Fig. 7.23A e B) .158 Em circunstâncias somia, ou grande para a IG (GIG). Embora não sejam
nas quais há um traçado normal da artéria umbilical e CTG mutuamente excludentes uma da outra , macrossomia e
normal, nenhum feto demonstrou ter hipoxemia/acidemia. 159 G TG são definidas diferentemente. G IG foi originalmente
Quando há anormalidade no traçado da artéria umbilical, e definida pelos neonatologistas como um modo de definir
a CTG permanece normal, apenas 5% dos fetos têm lupo- os recém-nascidos que tinham peso ao nascimento que era
xemia/acidenua. Finalmente, quando há anormalidade na acima do 90 Q percentil para uma dada IG. O s obstetras e
Dopplervelocimetria da artéria umbilical e na CTG, 60% dos perinatologistas subsequentemente deslocaram o uso de G IG
2 54 A VALI A ÇÃ O ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

Normal

Anormal: alta
resistência

Anormal : FOF
ausente
A

Anormal: FOF
reversa

FIGURA 7-29. Aspecto do traçado da artéria umbilical com a


B progressão da insuficiência uteroplacentária. Este aumento no fluxo
diastólico observado durante a gestação é resultado dos processos de
FIGURA 7-28. A. Traç ado normal da artéria uterina. Observe o fluxo
angiogênese de ramificação ao término do primeiro trimestre e começo
exuberante durante a sístole e diástole maternas, e, assim, a baixa
do segundo, e angiogênese sem ramificação que começa no fim do
relação S/O 1< 2). B. Traçado anormal da artéria uterina. Observe a
incisura diastólica e a redução relativa no fluxo diastólico le. assim , segundo trimestre.
uma relação S/D anormalmente elevada). IA e B, Cortesia de Wayne
Persurte, PhD, RDMS, Platte River Perinatal Clinic, University of
Colora do Health Sciences Center, Denver, CO.)

para trás no tempo para o período pré-natal para descrever É importante procurar definir a causa de dado feto GIG
o feto que tinha um PFE acima do 90 Q percentil para a IG. pré-natalmente, em especial se a causa for diabetes gestacio-
Em contraste, a macrossomia se refere ao crescimento fetal nal, porque a intervenção com agentes hipoglicemiantes ou
conforme apresentado por PFE que ultrapassou um peso insulina pode afetar os resultados. Entretanto. a preocupação
específico (4.000 g ou 4.500 g) independentemente da IG. clínica principal com a macrossonüa é o risco de eventos
Muitos obstetras definem macrossomia como um PFE maior adversos ao redor do parto, e isso é particularmente importan-
que 4.000 g porque isso identifica um grupo em maior risco te clinicamente, uma vez que a macrossomia apro-
de lesão materna e fetal que os fetos que pesam menos de ximadamente 10% de todos os nascimentos vivos.! ! Dez por
4.000 g. Embora o ACOG suporte qualquer das duas defi- cento é um número apreciável, quando se considera que há
lüções, eles também citam a incidência aumentada de modo aproximadamente 4 milhões de nascimentos por ano só nos
particularmente agudo de lesão materna e fetal com pesos Estados Unidos. A 1àbela 7-15 mostra os percentis de peso
fetais acima de 4.500 g.IIiO De um ponto de vista clínico, a ao nascimento recentes de 3,8 milhões de panos ocolTidos em
questão importante é que o clínico seja constante com a defi- 1991. Eventos adversos maternos incluem riscos aumentados
nição usada pessoalmente na clínica. Os fatores associados de hemorragia pós-parto, lacerações esfinctéricas e retais , e
ou as causas de G IG ou macrossomia incluem obesidade um risco dobrado de pano cesáreo. 156 .!G3 Embora a lesão
materna. diabetes pré-gestacional e gestacional, eritroblastose materna seja importante , a lesão fetal associada a distocia de
fetal e outras causas de hidropisia fetal. feto macrossômico ombro responsabiliza-se por uma porcentagem importante
precedente e gravidez pós-termo (>42 semanas). H á também cios litígios obstétricos. O trauma fetal pode resultar em lesão
síndromes genéticas não cromossômicas (p. ex ., a síndrome do plexo braquial (lesão de C5 e C6 - paralisia de Erb-
de Bcckwith-vViedemann) que constituem uma porcentagem Duchenne), fratura clavicular, fratura umeral, encefalopatia
muito pequena dos lactentes macrossômicos observados na hipóxico-isquêmica e morte. 16-I Uma vez que a cesárea pode
clínica. evitar eventos adversos associados a macrossomia, esforços
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL_ .2. 5
_5

diagnóstico exato de macrossomia exige aguardar até o nas-


cimento e pesar o recém-nascido. Benacerraf et aI. mostraram
que mesmo quando o peso ao nascer é acima de 4.500 g, só
metade desses fetos caíram dentro de 10% do PFE por ultras-
som. Além disso, os PFEs necessitam exceder 4.800 g para
que 50% dos fetos atinjam o nível de corte macrossômico de
4.500 g, ou acima de 4.700 g para que 50% estejam acima de
4.000 g.170,176.177
O volume aumentado do líquido amniótico pode ser
observado no feto grande para a IG e no macrossômico. A
prevalência de poli-hidrâmnio é mais alta em gestações de
mães não diabéticas com um feto G IG que com um feto não
G IG. 178 Qyando o PFE é acima do 90° percentil, GIG pode
ser diagnosticado com maior confiança na presença de poli-
hidrâmnio.
Embora a incidência de distocia de ombro na população
geral tenha sido descrita como até 2,8%, a taxa aumenta em
até 9% em gestações complicadas por diabetes gestacional
ou preexistente. 179 A deposição excessiva de glicogênio que
ocorre na gravidez diabética resulta em tronco globalmente
maior com desenvolvimento da desproporção entre corpo e
cabeça. Isso leva a uma cintura escapular maior que a média
com um risco aumentado de distocia de ombro. O risco de
distocia de ombro é ainda mais aumentado quando há um
feto macrossômico na paciente diabética. A taxa de distocia de
FIGURA 7 - 30. Polígono de Willis. O polígono de Willis é suprido
pelas artérias carótida interna e vertebral. Ele é constituído por vasos ombro aumenta em até 23% com um PFE maior que 4.000
comunicantes entre as artérias cerebrais posterior, média e anterior. g e até 50% com um PFE superior a 4.500 g. Isso levou os
A artéria cerebral média (ACM) transporta 80% do fluxo sanguíneo obstetras a efetuarem cesariana eletiva nessas pacientes a fim
cerebral. Dos vasos cerebrais, a ACM é mais acessível ao ultrassom. de evitar distocia de ombro. Entretanto, o risco de distocia de
ACA, artéria cerebral anterior; AS, artéria basilar; CI, artéria caró-
tida interna; ACP, artéria cerebral posterior; ACS, artéria cerebelar
ombro permanece elevado nas pacientes diabéticas cujo feto
superior . (De Veille JC, Hanson R, Tatum K, et aI.: Longitudinal ainda pode estar com menos de 4.000 g. Isso levou indiví-
quantitation of MCA blood flow in normal human fetuses . AJOG duos a investigar a utilidade de fórmulas usando parâmetros
169: 1393, 1993. ) ultrassonográficos na predição de distocia de ombro.J 8o.182
No estudo de Cohen et aI. , 415 pacientes diabéticas com um
PFE entre 3.800 g e 4.200 g resultaram na ocorrência de 31
concentrados têm sido feitos para predizer a presença de distocias de ombro. Usando a fórmula do diâmetro abdomi-
macrossofila pré-natalmente, na esperança de identificar nal (calculado como CA dividida por 3,14) menos o DBP, se
gestações em risco. o valor obtido fosse maior que 2,6, então haveria uma taxa
As ferramentas disponíveis para diagnosticar a macros- de 30% de distocia de ombro, e se o valor fosse menor que
somia pré-natalmente incluem a avaliação de fatores de risco 2,6, então haveria uma taxa de 0% de distocia de ombro.
maternos , exame clínico do tamanho do útero (altura do Como tal, o valor preditivo negativo parece extremamente
fundo) e ultrassonografia. Entretanto, o diagnóstico pré-natal útil. Entretanto, deve ser mantido em mente que o número
de macrossomia é muitas vezes difícil mesmo com o uso de global de pacientes nesse estudo e em outros que procuraram
ultrassom, dado que 40% destes fetos não têm fa tores de predizer distocia de ombro permanece pequeno.
risco identificáveis ao nascimento. 165 O PFE é obtido através Em suma, a avaliação do peso ao nascer permanece
de uma equação que contém diversas variáveis fetais obtidas sendo o único modo exato de diagnosticar o lactente macros-
a partir de medidas bidimensionais, sendo a CA, em geral, sômico. É uma pena que a ultrassonografia permaneça
a que mais prepondera nas fórmulas. Os estudos publicados não-confiável para a detecção pré-natal de macrossomia.
até agora não foram capazes de demonstrar a superioridade Entretanto, pode haver alguma fromessa com o uso de
dos pesos fetais com bases em ultrassonografia sobre os de fórmulas como a de Cohen et aL. I R para predizer distocia de
estimativas clínicas. Um estudo comparando pesos fetais ombro na paciente diabética. Com o advento do ultrassom
derivados por ultrassom, manobras de Leopold e percepção tridimensional, talvez medidas volumétricas venham a for-
materna não encontrou diferenças estatísticas entre os três necer maior exatidão diagnóstica para a detecção pré-natal
gmpos . Curiosamente, a percepção materna do peso fetal foi da macrossomia.
mais arcroxirnada dos pesos reais que os outros dois méto-
dos. 167· 69 Embora uma variedade de parâmetros, índices e INTERVALO DE CRESCIMENTO FETAL E
relações biométricos tenha sido descrita em uma tentativa
de identificar o feto macrossômico, o melhor ponto fmal
POTENCIAL DE CRESCIMENTO
a usar para o diagnóstico de macrossomia fetal é o PFE, Uma vez que a idade fetal tenha sido firmemente estabelecida,
para o qual a exatidão é na melhor hipótese marginal. Em a determinação do crescimento fetal se torna necessária na
pacientes não diabéticas, medidas de ultrassom usadas para gravidez de alto risco. Conforme discutido, várias condições
diagnosticar macrossomia levam a uma sensibilidade de até e transtornos predispõem o feto a um crescimento deficiente
50%, uma especificidade de 99%, um valor preditivo positivo ou a um crescimento acelerado. Essas condições podem ser
de até 44% e um valor preditivo negativo de 60% a 99%.170 preexistentes na mãe (p. ex., hipertensão crônica, doenças
175 Apesar de mais de 45 fórmulas publicadas para o PFE, o colagenovascu lares e SAAF) ou podem ser gestacionais (p.
256 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESC IMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL
--

A B
FIGURA 7-31. A. Doppler da artéria cerebral média. A, artéria cere-
bral anterior (ACA); M , artéria cerebral média (ACM); P, artéria cere-
bral posterior (ACP). B. Doppler da artéria cerebral média. Normal.
Observe a velocidade diastólica final relativamente baixa, fornecen-
do uma alta relação S/D. C. Doppler da artéria cerebral média. Na
insuficiência uteroplacentária, a velocidade diastólica final na artéria
cerebral média está aumentada, e, assim, a ACM é caracterizada por
uma relação S/ D mais baixa em comparação ao normal. Este achado
é muitas vezes denominado " adaptação cerebral ". (B e C, Cortesia de
Wayne Persutte, PhD, RDMS, P/atte River Perinatal C/inic, University
of C%rado Hea/th Sciences Center, Denver, CO.)

ex., diabetes gestacional , gravidez múltipla e inserção vela-


Normal
mentar do cordão), desse modo, marcando essa gravidez
como sendo "de alto risco". Em tais circunstâncias, a avaliação
do intervalo de crescimento se torna uma parte necessária
da vigilância fetal. Inerente à determinação do intervalo de
crescimento está a necessidade de pelo menos duas medições
temporalmente espaçadas dos parâmetros biométricos. Dado
que o crescimento é contínuo em vez de esporádico e que
a identificação do crescimento é limitada pela capacidade
técnica do equ ipamento de ultrassom usado, o intervalo reco-
mendado entre avaliações ultrassônicas do crescimento fetal
Anormal
é de 3 semanas, porque intervalos mais curtos aumentam a
probabilidade de um diagnóstico falso-positivo de crescimento

Os métodos tradicionais de determinação do crescimento


FIGURA 7-32. Um traçado Doppler típico e um anormal do dueto anormal envolvem medições sequenciais do intervalo de
venoso. O sistema venoso central tem traçados característicos que crescimento e comparação desses parâmetros biométricos
refletem a pressão venosa central. Estes traçados consistem em três com tabelas da população com base na IG conforme des-
fases relacionadas à atividade cardíaca (consulte o texto). Observe
crito (fabelas 7-4 e 7-7 a 7-9). Podem-se também usar esses
a onda a invertida no tracado anormal. S, sistólica; D, diastólica; a,
impulso atrial. (De K, Campbell S: Characteristics of fetal parâmetros biométricos para estimar o peso fetal , e aplicar
venous blood flow under normal circumstances and during fetal isso em comparação ao peso fetal com base na população
demise. U/trasound Obstet Gyneco/ 7:68, 1996. ) para qualquer IG em particular (ver texto anterior e Tabela
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL
-- 257

DH # 1 DH # 4 DH # 7 DH # 10

I' I I I j I

2,7 3 ,8 5,9 6,1

Relação S/a

DH 12
onda a
ausenle)

Normal

""0
.* ....
M
..- ...

Anormal

B c
FIGURA 7-33. A. Alterações progressivas no traçado do dueto venoso com a piora da insuficiência uteroplacentária. Fluxo venoso retrógrado
durante a contração atrial (portanto, uma inversão na onda a à averiguação Doppler) na VCI e no dueto venoso é extremamente refletivo de
acidemia metabólica fetal. Observe a progressão da diminuição da onda a com cada avaliação Doppler sucessiva . DH, dia hospitalar. B. Traçado
anormal do dueto venoso. Observe a inversão na onda a. (Cortesia de Wayne Persulle, PhD, RDMS, P/alie River Perinatal C/inic, University
of C%rado Hea/th Sciences Center, Denver, CO.) C. Traçados normal e anormal da veia umbilical. Com a disfunção ventricular direita grave
que ocorre na IUP progressiva e grave, a contração atrial pode gerar fluxo reverso ao longo do sistema venoso através da VCI, dueto venoso
e mesmo para dentro da veia umbilical nas circunstâncias mais extremas, em que a circulação normalmente é constante e sem pulsações.
258 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

FIGURA 7- 34. Algoritmo sugerido para o tratamento da RCIU .


EXCLUIR CGT = cardiotocografia.
DIAGNÓSTICO
Anomalias congênitas ,
(PFE com ultrassom
anormalidades cariotípicas ,
< 10· percentil )
infecção congênita

I
t
TRATAMENTO VIGILÂNCIA FETAL

Repouso em posição Contagem de chutes fetais,


exames por imagem de
lateral , aumentar ingestão
crescimento seriados, perfil
hidrica , parar de fumar biofísico, Dopplervelocimetria
I


VIGILÂNCIA FETAL

34-36 Semanas
26-34 Semanas
CTG e Estudos Doppler
I CTG e Estudos Doppler
I
• CTG Reativa • Ambos os testes tranqüilizadores
- Doppler art. umb. tranqu ilizador - Repetir em 1 semana (ou)
• Repetir em 1 semana - Testar maturidade pulmonar fetal
- Doppler art. umb. não tranquilizador • Imaturo - Repetir em
• Dopplers venosos 1 semana
- Tranquilizadores • Maduro - Interromper
repetir em 1 semana • Qualquer dos testes
- Não-tranquilizadores não-tranquilizadores
Interromper - Interromper
• CTG Não-reativa
- Doppler art. umb.
(seguir como descrito anteriormente)
- Ou Perfil biofisico
• " 4 --> Interromper
• 6 --> Repetir 6-24 horas
• <! 8 --> Doppler art. umb.

" 36 Semanas Interromper

semanas mais tarde cai abaixo do 102 percentil está em risco


I Tabela 7- 15 Percentis de Peso ao Nascimento em 1991 sigtúficativo, em oposição a um que permaneça no 15 2 per-
Peso ao Nascimento (g) centil, portanto, está em sua curva de crescimento individual
IG 50' 90' 95" (Fig. 7-35). Mas o que fazer com o feto que é deterI1Únado
37 3,117 3,755 3,956 anatôI1Úca e geneticamente normal, mas, à medição irúcial,
38 3,263 3,867 4,027 está abaixo do 102 percentil, por exemplo, no 8º percentil, e
39 3,400 3,980 4,107 permanece no 82 percentil em várias medições subsequentes
40 3,495 4,060 4,185 realizadas a intervalos de tempo apropriados (Fig. 7-36)? Se
41 3,527 4,094 4,217 ambos os pais forem "pequenos", pode-se supor que esse feto
42 3,522 4,098 4,213 é também constitucionalmente pequeno, e o fato de ele man-
ter seu percentil de crescimento é tranquilizador. Entretanto,
IG, idade gestacional. se os pais forem ambos de tamanho médio ou "grande",
Modificado de AlexaJlder GR. Himes JH, Kaurmann RB, et ai: A Unitcd States então, mesmo que esse feto mantenha seu percentil de cresci-
national refercnce ror retal growth . Obstet Gynecol 87: 163. t 996. mento, ainda se pode ter preocupação aumentada com RCl U ,
e se deve Í1úciar avaliação de Dopplervelocimetria. Uma outra
circunstância a considerar é o cenário no qual, durante a
7-15). Os padrões de curvas de crescimento derivados de vigilância do crescimento fetal de uma gravidez de alto risco,
dados de corte transversal dependem da suposição de que a detectamos um feto que está caindo fora de sua curva de
amostra estudada é composta de um ÚIÚCO grupo de fetos em crescimento (ou seja, cruzando cenas) mas permanece acima
crescimento tendo lrajetórias semelhantes de crescimento que do 10º percentil o tempo todo (p. ex. , vai do 502 percentil ao
mostram apenas variação aleatória, e que o grupo é aplicável 25º para o 152 percentil). Essa situação também deve elevar o
à situação clínica em questão. Com métodos tradicionais de nível de preocupação, e esse feto deve aumentar a frequência
corte transversal, admite-se que um feto inicialmente medin- de vigilância, incluÍlldo a Í1úciação de avaliação do líquido
do no 15 2 percentil, que, quando volta a ser medido várias amniótico, CTC regular, e, se apropriado, o perfil biofísico.
259
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMA L
--
FAIXA NORMAL DO PESO FETAL

4,5

4
Fetos acima Fetos abaixo
do 10" percentil 10° percentil
3,5

2,5

2
FIGURA 7- 37. Uma proporção muito pequena de fetos que medem
1,5 acima do 10° percentil para a idade gestacional e uma proporção
apreciável de fetos que medem abaixo do 10° percentil são verdadei-
ramente restritas em crescimento Icorrespondendo à área demarcada
"comprometimento fetal").

0,5 +-- -rL----,,--,-----r--,---,--r----r--


24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Semanas em crescimento (como corolário, um argumento semelhante
FIGURA 7- 35. Curva de crescimento fetal mostrando o intervalo pode ser feito no outro extremo do espectro, quando se está
de crescimento anormal com cruzamento de centis . A linha verde preocupado com o feto gnnde). A Fig'ura 7-37 ilustra isso
representa a média, a púrpura significa o 90 2 percentil e a azul sig-
nifica o 102 percentil. graficamente. Assim, o método tradicional de identificar o
feto potencialmente com crescimento resu'ito pode deixar de
perceber fetos crescendo anormalmente que estão acima do
FAIXA NORMAL DO PESO FETAL 102 percentil , e pode aumentar falsamente a preocupação a
respeito de fetos crescendo normalmente que estejam abaixo
5
do 102 percentil.
Em virtude dessa limitação das faixas de referência com
4 ,5
base na população para avaliar o crescimento fetal, modelos
individualizados de crescimento foram propostos por vários
4
pesquisadores.1 85'187 Ao definir uma curva de crescimento
específica para um feto em particular, as limitações óbvias dos
3,5
gráficos de crescimento com base na população podem ser eli-
minadas. Dois métodos diferentes foram descritos para gerar
3 curvas individualizadas de crescimento (ClCs). O primeiro
foi desenvolvido por Rossavik, e é com base na premissa
2,5 de que em um feto normal , o crescimento fetal antes de 28
semanas de l G prediz o padrão subsequente de crescimento
2 normal para esse feto em particular; assim, cada feto individu-
al atua como seu próprio controle. Dois exames são obtidos
1,5 entre 14 e 27 semanas de lG, separados por um intervalo de
pelo menos 5 semanas, e são suficientes para gerar uma ClC
para esse feto em particular. As curvas de crescimento podem
ser geradas para cada parâmetro ultrassonográfico (p. ex.,
0,5 -t-- .,..-::-r----,-....,.--.,----,--,---,----, CC, CA, CF) e para PFE.1 86.l88.192 Um terceiro exame mais
24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 tarde é, então, necessário pa.ra determinar se o feto está obe-
decendo a sua C l C particular. Uma extensão desse método
Semanas
empregando ultrassom tridimensional foi proposta usando
FIGURA 7- 36. Curva de crescimento fetal mostrando um feto medidas fracionárias do volume da coxa. 193 A premissa dessa
constitucionalmente pequeno. O peso fetal em cada idade gestacio- técnica é que os recém-nascidos humanos têm 15% de gor-
nal está mantendo sua própria curva de crescimento apesar de estar
abaixo do 102 percentil. A linha verde representa a média, a púrpura dura corporal, que se responsabiliza por 46% da variação no
o 90 2 percentil e a azul significa o 102 percentil. peso ao nascimento. Existe uma correlação significativa entre
volume de membro fetal/neonatal e peso ao nascimento, de
modo que exames tridimensionais do volume fracionário da
Dopplervelocimetria não foi adequadamente validada em feto coxa em pelo menos dois pontos no tempo antes da lG de
que mede acima do 102 percentil, e assim só pode ser usada 28 semanas podcm ser usados para estabelecer uma curva
com importante cautela . Em essência, uma proporção muito individualizada de crescimento pa.ra um feto em particular. O
pequena de fetos que medem acima do 102 percentil para método de Rossavik foi mesmo descrito para fetos que fazem
lG, e uma proporção apreciável de fetos que medem abaL'{o parte de uma gestação gemelar. 193 O método de Rossavik
do 102 percentil , são na verdade patologicamente restritos é limitado pela sua dependência do crescimento normal no
260 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

segundo trimestre, e é útil em circunstâncias nas quais uma 3. Se as datas menstruais de uma paciente forem duvidosas
anormalidade, se ocorrer, o faz no terceiro trimestre. ou não conhecidas, a paciente deve ser vista para deter-
Uma vez que essa abordagem é complicada na prática minação biométrica da data precocemente na gravidez.
clínica por exigir três de imagens, outros mode- A mais alta exatidão é obtida no primeiro trimestre pelo
los [oram desenvolvidos , os quais levam em consideração CCN (2 DP = 8% da estimativa). Entretanto, pouco se
variáveis que contribuem para a maior parte da variação no perde em exatidão de determinação da data se aguardar
tamanho do recém-nascido. Essas incluem o sexo fetal, peso até o tamanho uterino sugerir 18 semanas, e uma grande
materno na eimeira visita pré-natal, altura, grupo étnico e quantidade de informação complementar é ganha. Por
paridade. 18?1 .\ Gardosi et aI. descrevem a geração de gráficos exemplo, se um CCN obtido com 6 a 9 semanas de IG
de crescimento longitudinal pré-natais customizados com fornecer uma DPP que é mais de 5 dias divergente da
base nesses parâmetros.1 8? O tamanho estimado de um feto gerada pela determinação da data concepcional (ou seja,
pode assim ser projetado a termo e estimado para qualquer o uso da DUM), então se deve deferir a au-ibuição da
ponto específico na gestação. O desvio desse padrão proje- DPP e IG ao ultrassom. Medições ultrassonográficas
tado de crescimento pode ser identificado por medições bio- subsequentes se tornam um índice de crescimento em
métricas ultrassonográficas em série. Em um estudo retros- vez da idade.
pectivo de 4.179 gestações, com centis ajustados , 28% dos 4. Além do primeiro trimestre da gravidez, as estimativas
bebês convencionalmente designados PIG « 102 percentil) e de idade devem se basear na técnica de vários parâme-
220/0 dos designados GIG (>90º percentil) estavam dentro de tros, preferivelmente antes de 20 semanas. A combinação
limites normais para a gravidez. 187 Em contraposição, 24% ótima de parâmetros se baseia na CC e CF. Por exemplo,
e 26% dos bebês identificados como pequenos ou grandes, em circunstâncias nas quais determinação ultrassonográ-
respectivamente, com centis ajustados não foram percebidos fica da data no primeiro trimestre não é disporuvel e se
pela avaliação de centil não ajustada convencional. Com os parâmetros biométricos que forem medidos antes de
esses gráficos customizados, os bebês designados como PIG 20 semanas de IG fornecerem uma DPP que é mais de
tiveram mortalidade e morbidade perinatais mais altas que 7 dias divergente da gerada pela determinação da data
os bebês normalmente crescidos e os definidos como PIG concepcional, então se deve deferir a atribuição da DPP
pelas curvas tradicionais de corte transversal com base na e IG ao ultrassom. As medições ultrassonográficas sub-
população.19S.196 sequentes se tOrnam um índice de crescimento em vez da
Embora teoricamente legítimo, o uso amplamente difun- idade.
dido de curvas individualizadas de crescimento ainda não 5. Há um ponto na gravidez depois do qual a confiança
oconeu, em parte devido à evidência prospectiva inadequada única em parâmetros biométricos para determinar a data
em grande escala de evoluções perinatais melhoradas e rela- da gravidez não é válida. Depois desse ponto, a única
ções custo-benefício favoráveis. Indubitavelmente, esses dados informação que pode ser confiavelmente obtida de ul-
aparecerão em um futuro não demasiado distante. Diversas trassonografias é o peso fetal e, por um estudo de acom-
dúvidas permanecem a respeito das C ICs. Estas questões panhamento, se o intervalo de crescimento é normal.
necessitarão ser completamente resolvidas antes que a adoção Nesse contexto, o tempo de aparecimento dos centros
generalizada e substituição dos métodos tradicionais possam de ossificação epifisáI;os (bem como outros marcadores
se tornar possíveis: de maturação discutidos) pode ser usado como uma ve-
rificação interna da exatidão da estimativa biométrica da
1. Devem todos os fetos receber desenvolvimento de curva idade menstrual.
individualizada ou customizada de crescimento? 6. PIG e RCIU têm sido usados um pelo outro de um
2. Qyanto de desvio de uma curva individualizada de cresci- modo que causa confusão. Embora a RCIU tenha sido
mento é importante para um determinado feto ? definida usando-se diversos critérios diferentes, inclusive
3. Qyando deve ser iniciada vigilância com Doppler? o de PIG, ela agora é geralmente um termo reservado
4. E sobre as gestações múltiplas, principalmente as propen- para a circunstância clínica de um feto que está sub-rea-
sas a causas não-IUP de RCIU, por exemplo, gestações lizando seu potencial de crescimentO. Diversos critérios
monocoriônicas ? foram usados para capturar uma população fetal com
5. H á necessidade de haver modificações específicas para o mais risco de crescimento anormal. Entre os usados para
sexo ou a etnia da fórmula de Rossavik para o desenvol- atribuir RCIU , o mais comum é um PFE menor que o
vimento de uma curva individualizada de crescimento cli- 102 percentil para a IG.
nicamente mais relevante (i. e.) há necessidade de integrar 7. A resposta fetal à insuficiência uteroplacentária (IUP)
os modelos de Gardosi e Rossavik? pode ser classificada em adaptações cardiovasculares
iniciais e tardias que são relevantes para a avaliação
CONCLUSÕES ultrassonográfica do estado fetal. Adaptação inicial é
caracterizada por alterações no fluxo sanguíneo que favo-
1. Estimativas biométricas da idade inferem a idade a panir recem a distribuição de nutrientes e oxigênio aos órgãos
do tamanho e são, portanto, menos exatas à medida que essenciais, especialmente o cérebro. As alterações tardias
a gravidez progride, por causa da variabilidade biológica ocorrem com IUP progressiva e resistência placentária
no tamanho fetal e erros de medição associados. Esse crescente com desenvolvimento de oligo-hidrâmnio. O
aumento na variabilidade é relativamente constante em estágio final é disfunção miocárdica global e dilatação.
8% quando expressado sob forma de porcentagem da Nessa a acidose fetal constitui um sinal
estimativa. clinico ruim. A insuficiência tricúspide holossistólica e
2. Se a idade for conhecida inquestionavelmente por dados as desacelerações espontâneas da frequência cardiofetal
concepcionais, a idade está estabelecida (idade menstrual = anunciam a morte iminente.
idade concepcional + 14 dias) e usualmente não deve ser 8. Uma vez que um feto seja identificado como em risco por
mudada com base em medidas ultrassonográficas . uma estimativa de peso derivada de ultrassom abaixo do
AVALIAÇÃ O ULTRASSONOGRÁ FICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CR ESCIMENTO FETA L NORMAL E A NORMAL 261

102 percentil para a IC, e esteja claro que a rup é o prin- 14. A macrossonlÍa e ClC são definidas diferentemente. A
cipal culpado patológico, deve ser iniciada a vigilância ClC descreve o feto que tem um PFE acima do 90 0 per-
fetal. O s métodos tradicionais incluíram a cardiotocogra- centil para a lC. Em contraste, a macrossomia refere-se
fia, a medição do líquido amruÓtico e o perfil biofísico. ao crescimento fetal conforme representado por PFE que
Agora está claro que anormalidades nos achados usando ultrapassou um peso específico independentemente da
essas modalidades são relativamente tardias em ocorrên- lC. O ACOC suporta 4.000 g ou 4.500 g como o clitério
cia, com acidose fetal muitas vezes já estando presente ao de macrossomia, e a organização cita a incidência aguda-
tempo da avaliação. A insuficiência placentália pode ser mente aumentada, de modo particular, de lesão materna
detectada não invasivamente COm Doppler, permitindo e fetal com pesos fetais maiores que 4.500 g.
que se identifique um estado pré-acidótico em um feto 15. A principal preocupação clínica com macrossonlÍa é o ris-
com RCIU. Isso é essencial para prevenir evoluções fe- co de eventos adversos em torno do parto. Isso é particu-
tais adversas porque uma vez que a acidose se instale, a larmente importante do ponto de vista clínico, dado que
lesão fetal permanente e a morte intrauterina podem se a macrossonlÍa complica aproximadamente 10% de todos
seguir em breve. os nascidos vivos. Eventos adversos maternos incluem
9. A averiguação com Doppler do sistema artelial fetal for- riscos aumentados de hemorragia pós-parto, lacerações
nece uma avaliação indireta da resistência placentária, esfinctéricas e retais , e um lisco 2 vezes aumentado de
enquanto o sistema venoso fetal fornece uma avaliação parto cesáreo. O trauma fetal associado com distocia de
da função cardíaca fetal. Pela avaliação de ambas as cir- ombro pode resultar em lesão do plexo braquial (lesão de
culações arterial e venosa fetais , bem como as artérias C5 e C6 - paralisia de Erb-Duchenne), fratura de claví-
uterinas maternas, pode-se avaliar a progressão de IUP e cula, fratura umeral, encefalopatia hipóxico-isquênuca e
RC IU bem antecipadamente ao desenvolvimento de oli- morre.
go-hidrânmio e anormalidades da frequência cardiofetal. 16. É inerente à deternlÍnação do intervalo de crescimento
10. As fases mais iniciais da patologia placentária podem ser a necessidade de pelo menos duas medições temporal-
detectadas pela presença de incisura diastólica nas arté- mente espaçadas de parâmetros biométricos. Dado que
rias uterinas maternas com 12 a 14 semanas de gestação, o crescimento é COntÚ1UO em vez de esporádico e que a
e quando isso persiste além de 24 semanas, é altamente identificação do crescimento é linlÍtada pela capacidade
refletivo de resistência placentária anormal. Com piora téCluca do equipamento de ultrassonografia utilizado, o
progressiva da IU P, a razão S/D na artéria umbilical se intervalo recomendado entre avaliações ultrassonográfi-
tornará cada vez maior até não poder mais ser calculada cas de crescimento fetal é 3 semanas, porque intervalos
quando há AVDF. A VDF reduzida na artéria umbilical mais curtos aumentam a probabilidade de um diagnósti-
pode ser vista quando no mínimo 30% dos vasos vilosos co falso-positivo de crescunento anormal.
são anormais; com 70% de anormalidade, pode haver au-
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relação S/D mais baixa que o normal. Esse achado é mui- assessments of gestational age : A comparison of the method of
Ballard et al o and earl)' llltrasonograph)'. Am] Obstet G)'neeol
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262 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA BIOMETRIA FETAL E DO CRESCIMENTO FETAL NORMAL E ANORMAL

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8
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS
J ames F. X. Egan , MO e Ad am F. Borgid a, MO

Introdução Gêmeos Unidos

Etiologia de Gêmeos Gêmeos "munificado"


Diagnóstico de Gêmeos Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
"Desaparecimento" de Gêmeos Gêmeos Acardíacos
Perda Perinatal em Gestações Gemelares Triagem de Aneuploidia em Gestações Gemelares
Placentação Exame Invasivo em Gestações Gemelares
Corionicidade e Amnionicidade
Comprimento do Colo e Parto Prematuro Espontâneo
Primeiro Trimestre
Redução de Gravidez Multifetal
Segundo e Terceiro Trimestres
Inserção da Membrana. Sinal de "Picos Gêmeos" Gêmeos Discordantes em Anomalias
Espessura da Membrana Método Usado para a Redução Seletiva do Feto Anômalo
Camadas da Membrana
Crescimento Gemelar
Múltiplos Marcadores Ultrassonográficos para Determinar
Corionicidade/ Amnion ic idade Uso Intraparto do Ultrassom em Gestações Gemelares
Gêmeos Monoamnióticos Conclusão ___________________ _ _ _ _, _ . _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ . _ _ _ b

INTRODUÇÃO em gêmeos que em únicos.1 2.1 3 Os problemas específicos dos


gêmeos incluem síndrome de transfusão feto-fetal (STFF),
U ltrassonografia revolucionou o tratamento das mulheres
grávidas de gêmeos. Ela começa com o diagnóstico de
gêmeos e continua por meio da determinação da corionicidade,
placentação gemelar monocoriônico-monoamniótica e varia-
ções de gêmeos unidos . As decisões de tratamento
da medição do comprimento do colo na predição de parto um gêmeo têm que considerar o impacto no
prematuro de gêmeos, da triagem ultrassonográfica de Complicações maternas como pré-eclâmpsia e diabetes são
anormalidades estrunu'ais e aneuploidia, do tratamento de duas a três vezes mais comuns em gestações gemelares que
16 17 A
,.
em ul1lcas. · pesar d esses nscos,
. ,
os gemeos geralmente
complicações exclusivas de gêmeos e do paf:el intraparto do
resultam em uma gravidez bem-sucedida para os pais e os
ultrassom nos partos vaginais de gêmeos. ·3 Os problemas
profissionais de saúde.
encontrados com gêmeos também são observados no número
As gestações de gêmeos responsabilizaram-se por 3,2%
crescente de múltiplos de ordem mais alta nascidos nos
de todos os nascidos vivos nos Estados Unidos em 2003. 4
Estados Unidos e em todo o mundo.
As gestações múltiplas aumentaram 1,33 vez nos Estados
Ao saberem de uma gestação gemelar, a maioria dos
Unidos durante a última década, de 75.858 em 3.612.258
pais é tomada de alegria e temor. O obstetra e o profissional
ultrassonográfico, no entanto, enfrentam numerosos proble- nascidos vivos (1/48) em 1980 para 128.665 de 4.089.950
mas que incluem prematuridade, sobrevida diminuída, (1/3 1) em 2003. Qyando considerados como uma proporção
crescimento prejudicado, anormalidades estruturais aumen- das gestações em vez de nascidos vivos (Fig. 8-1 ), os gêmeos
tadas e aneuploidia. 106 Aproximadamente de 14% a 25% dos compreenderam 1/94 gestações em 1980 e 1/62 em 2003.
gêmeos nascem restritos de crescimento e 25% necessitam A Figura 8-2 acompanha as alterações no número de nasci-
admissão em unidade de terapia intensiva neonatal. 7.8 O dos vivos gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos nos Estados
risco de paralisia cerebral é quatro vezes maior em gêmeos Unidos de 1990 a 2003. Todas as três categorias de múltiplos
que em únicos, e 17 vezes maior em trigêmeos que em aumentaram de 1990 a 1998. De 1998 a 2003, no entanto, o
únicos. 9 . IO A taxa de morte fetal de gêmeos de 15,5/1.000 número de quádruplos declinou, os trigêmeos nivelaram-se, e
nascidos vivos é quase quatro vezes mais alta que a de a velocidade de aumento dos gêmeos retardou-se. A maioria
únicos, que é 4,3/1.000 nascidos vivos." A probabilidade das gestações múltiplas é de gêmeos . Eles compreenderam
de não sobreviver ao primeiro ano de vida é 7 vezes maior 96,9% de todos os múltiplos em 1990, mas essa porcentagem

266
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 267

FIGURA 8- 1. Gestações gemelares e triplas (expressa-


100 3.000
das como l /x) nos Estados Unidos de 1990 a 2003. (De
Natality Data Sete National Center for Health Statistics:
Centers for Disease Contrai and Prevention, Atlanta CO-
80 2.400 RaM 1997-2002; Series 21 11, 12, 14, 15; e Yinon Y,
S Yagel S, Tepperberg-Dikawa M, et ai.: Prenatal diagnosis
62 and outcome of congenita/ cytomega/ovirus infection
-a"5
VI VI

60 1.800 in twin pregnancies. Br J Obstet Gynaeco/ 113:295,


ro
Qj 2006. )
E VI

'"
S'"
Ol 1.131 '0
VI
40 1.200
'"
'0 VI
0-
ro
1ii
'"
(!)

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(!) 20 600

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002


Ano

_ Gêmeos
_ Trigêmeos

140.000 14.000 FIGURA 8-2. O número de nascidos vivos


128.665 gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos nos Estados
Unidos de 1990 a 2003.
120.000 12.000
VI
93.961 o
>
10.000 .>
100.000
VI VI
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60.000 6.000
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40.000 4.000
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20.000 2.000 '"
185 627 468
O O

Ano

-+- Gêmeos
_ Trigêmeos
........ Quadrigêmeos

diminuiu firmemente para 95,7% em 2000 antes de aumentar outro. A frequência de gemi nação monozig6tica é constante
para 96% em 200l. em todo o mundo em aproximadamente 1/250 gestações? A
cronologia da clivagem na geminação monozig6tica determi-
ETIOLOGIA DE GÊMEOS na o tipo de placentação e a probabilidade de complicações.
A Fio·ura 8-4 baseia-se no relat6rio clássico de Benirshke e
A embriologia dos gêmeos difere da dos únicos porque Kim.'2 Ela apresenta os primeiros 17 dias depois da ovulação
há dois embriões com uma ou duas placentas. O s gêmeos em uma gestação gemelar monozig6tica e demonstra três
são monozig6ticos ou dizig6ticos dependendo do número tipos de placentação: dicoriônico-diamni6tica (cerca de 1/3,
de 6vulos fertilizados na concepção (Fig. 8-3).2 Os gêmeos ocorrendo no dia 0-3), monocoriônico-diamni6tica (cerca de
monozigóticos, muitas vezes chamados "idênticos" pelo pes- 2/3, ocorrendo no dia 4-8) e monocoriônico-monoamni6tica
soal não-médico, resultam de um 6vulo fertilizado por um « 1%, ocorrendo no dia 9-12) que podem resultar deste tipo
espermatoz6ide que se divide em dois embriões dentro de de geminação (Tabela 8-1 ). Embora a incidência de gemi-
2 a 14 dias ap6s a fertilização . Esses gêmeos têm a mesma nação monozig6tica tenha sido relativamente constante em
constituição genética e são "clones" contemporâneos um do todo o mundo em gestações gemelares espontâneas (Tabela
268 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

Dizigótico Dicoriônico-Diamniótico

Monozigótico Dicoriônico-Diamniótico

"0 -
Monocoriônico-Diamniótico

FIGURA 8- 3. Diagrama do desenvolvimento e placentação dos gêmeos dizigóticos e monozigóticos. O grau no qual os gêmeos monozigóticos
compartilham placentas. córions e âmnios depende do estágio de desenvolvimento no qual a divisão ocorre. (Modificado de Larsen WJ: Human
Embryology, 2nd ed. New York, Churchi/l Livingstone, 1997. )

8-2), ela pode ser aumentada pelas tecnologias de reprodução mo de idade materna para mültiplos espontâneos é 37 anos
assistida, particularmente os métodos que alteram a zona de idade.21
pelücida por volta do momento da fertilização ou quando Com o maior acesso a tecnologias de reprodução assistida,
há implantação retardada do blastocisto. 1S.19 A formação de as diferenças geográficas na gemela.ridade dizigótica foram
gêmeos dizigóticos varia com a raça, área geográfica, idade elinúnadas nos países desenvolvidos. Para avaliar o impacto
materna e a disponibilidade de tecnologias de reprodução das tecnologias de reprodução assistida sobre os nascimentos
assistida ?o.21 Nos 1980, a mais alta taxa de gemelaridade mültiplos, Bardis et al. 23 relataram um levantamento de todos
dizigótica foi observada em uma área da 1 igéria, na qual foi os partos durante 1 semana de 2003 no Reino Unido. Dos
de 49/l.000 nascidos vivos . A taxa mais baixa foi encontrada 6.913 partos , houve 100 gêmeos (1,4%) e uma gestação tríplice
no Japão em 1,3/l.000 nascidos vivos (Tabela 8_2).22 Essa (0,01%) . A tecnologia de reprodução assistida foi usada para
taxa aumentada nas mulheres Júgerianas é devida a um nível obter 1,9% de todos os partos. A taxa de gravidez mt'Iltipla no
basal mais alto de hormônio foliculoestimulador.2o O máxi- gmpo de tecnologia de reprodução assistida foi de 13,5%, em
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 269

GEMINAÇÃO MONOZIGÓTICA

Zona pelúcida

Número de células
5 8
Di Di Mono Di Mono Mono
Vl
ro

c 4
2 córions
.. córion
Q)
<.)
ro 4
1 córion
4
2 âmnios
.. 1 âmnio

......
i5. 2 vesículas
Vl
ro
c:
vitelinas
.. 1 vesicula vitelina

.o
E
Q)
.. Unido
..
Único

:::;
2 3 4 5 6 t 7
Implantação
8 9 10
Dias pós-ovulação
11 12 13 14 15 16 17

FIGURA 8--4. A cronologia da geminação monozigótica demonstrando o impacto do dia que a clivagem ocorre sobre a placentação e compli-
cações , isto é, placenta monocoriônica monoamniótica ou gêmeos unidos. (De 8enirschke K: Multiple pregnancy (First of two parts). N Engl
J Med 288:1276, 1973.)

TIpos de Gêmeos Monozigóticos Taxas Geográficas de Geminação por 1.000


Relacionados ao Tempo de Divisão Após a Nascimentos
Fertilização do Óvulo Área Geográfica Monozigóticos Dizigósticos
Tempo até
Nigéria 5,0 49,0
a Divisão
Estados Unidos
Córion Âmnio (Dias) Frequência
Negros 4,7 11,1
Dicoriônicos Diamnióticos 0-3 25% Brancos 4,2 7.1
Monocoriôrucos Diamnióticos 4-8 75% lnglaterra e país de Gales 3,5 8,8
Monocoriônicos Monoamnióticos 9-12 -1 % Japão 3,0 1,3
Monocoriônicos Monoamnióticos 13-15 Raro
(gêmeos Adaptado de MacGillivra)' J: Epidemiolog)' of [win pregnanc)'. Semin Perinatal
unidos) 10:4. 1986.

comparação a 1,2% nas concepções espontâneas. Em virtude raras exceções, os gêmeos dizigóticos sempre têm uma pla-
da maior morbidade e mortalidade observadas com gestações centa dicoriôluco-dúuTIluótica, mas os gêmeos monozigóticos
múltiplas, as clúucas de fertilidade reduziram o número de podem ter uma placenta dicoriônico-dianmiótica ou mono-
embriões transferidos em cada ciclo. Isso dinlinuiu a velocid- defendendo da do eve.nto
ade de aumento no número de múltiplos de mais alta ordem. de gemmaçao (Flg. 8-4).2 O apo de placentação e o predItor
As Figuras 8-1 e 8-2 mostram um achatamento da curva de mais importante das complicações relacionadas à gravidez
trigêmeos nos Estados Unidos de 1998 a 2003. 4 Apesar do nas gestações gemelares. A corionicidade, não a zigosidade,
número mais baixo de embriões transferidos a cada ciclo, a determina a probabilidade de muitas complicações relacio-
probabilidade de uma gravidez bem-sucedida não diminuiu. nadas com gemelaridade.27.28 O objetivo principal ao efetuar
A transferência de embrião único está se tornando mais aceita uma ultrassonografia em uma paciente com gravidez múltipla
em âmbito geral. Crintini et al. 24 descreveram 107 pacientes é deternlinar a corionicidade.
com in fertilidade, das quais 41 receberam transferência de
embrião único e 66 receberam dois blastocistos transferidos.
Não houve diferença na de implantação em 238 ciclos DIAGNÓSTICO DE GÊMEOS
nos quais um ou dois embriões foram transferidos (76% versus
660;0, respectivamente) ou na taxa de gravidez (76% versus O ultrassom é crucial para o diagnóstico de gêmeos. Antes da
79%) . As de gemelaridade, no entanto (3% versus 62%, disponibilidade do ultrassom pré-natal, até 50% das gestações
respectivamente), diferiram dramaticamente. gemelares eram descobertas pela primeira vez no momento
Os gêmeos dizigóticos, muitas vezes chan1ados "fraternos " do parto. Uma suspeita clínica de gestação múltipla deve ser
pelo pessoal não médico, resultam da fertilização de dois óvu- levantada quando uma paciente tem um tamanho uterino
los por dois espermatozóides (Figs. 8-3 e 8-5). A constituição maior que o esperado, se os sintomas associados da gravidez
genética desses gêmeos difere uma da outra. A geminação de uma paciente, por exemplo, hiperemese gravídica, parece-
dizigótica varia por raça, idade materna crescente, área rem excessivos ou se ela tiver engravidado usando tecnologias
geográfica, estação, OIigem éuuca e crescente paridade. 21,25 de reprodução assistida. 29 .3o
Os aumentos mais dramáticos têm sido observados com o Todo ultrassom obstétrico deve começar com uma varre-
uso de tecnologias de reprodução assistida. 19 Com muito dura completa do útero. Sempre começamos na área supra-
270 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

Todos

Zigosidade •
Iil
T
aproximada %

Sexo %

Corionicidade
%

STFF (%)
9 35%

9 35%

(15% dos MC )

Monocoriônico-
monoamniótico ,
unido, PAGR-
acard íaco
Fenhuml
T
INenhuj
TINenhu3
(-1 % dos MC)

MZ = monozigoto; DZ = dizigoto; MC = monocoriônico; DC = dicoriônico; STFF = síndrome de


transfusão feto-fetal ; PAGR = perfusão arteriat gemelar reversa.

FIGURA 8 - 5 . Distribuição aproximada da gemi nação monozigota e dizigota com corionicidade e complicações dos gêmeos monozigotos sob
forma de porcentagem de todos os gêmeos. Isto representa a distribuição aproximada das gestações gemelares nos Estados Unidos por zigosi-
dade e corionicidade. Tanto as gestações gemelares monocoriônicas quanto as dicoriônicas estão em maior risco de complicações maternas e
fetais /neonatais (como pré-eclâmpsia , diabetes, anormalidades fetais estruturais , aneuploidia, rest ri ção do crescimento), quando comparadas a
gestações únicas . As complicações encontradas apenas em gestações gemelares monocoriônicas incluem transfusão feto -fetal (STFF), gêmeos
monocoriônico-monoamnióticos, gêmeo acardfaco com per fusão arterial gemelar reversa (PAGR ), gêmeos unidos , e fetus in felu.

pübica e vamos direcionando cefaJicamente em um plano comparados com os gêmeos monocoriônico-diamnióticos de


axial u'ansverso até atingirmos o topo do fundo do ütero. idade semelhante (Fig, 8-6).
Esse exame adquire imagem do conteüdo inteiro do ütero e O prognóstico para os únicos resultantes de um "desa-
permite ao ultrassonografista contar o nümero de embriões parecimento" de gêmeo depende do número de sacos vistos
ou fetos, demonstrar a sua apresentação e posição, bem como inicialmente e da cronologia da perda do cogêmeo. Dickey et
documentar o silus, ou lados esquerdo e direito, de cada feto . al. 35 observaram que 15% dos nascidos ünicos de fertilização
Isso deve ser feto rotineiramente em toda ultrassonografia in vitro (FIV) come aram como uma gestação de mais alta
obstétrica de modo que gestações mültiplas e anormalidades 3
ordem. Schieve el alo6 observaran1 que quanto maior o nüme-
de situs não deixem de ser percebidas. ro de corações fetais detectados em um exame ulu'assonográ-
Detalhes ultrassonográficos importantes a serem obser- fico precoce, maior o risco subsequente de baixo peso ao
vados no primeiro trimestre incluem o nümero de sacos nascimento, tanto para ünicos (como "desaparecimento de
gestacionais, a localização da placenta ou placentas, a presença gêmeos") quanto para gêmeos . Pinborg el al31 relataram que,
e características da membrana ou membranas divisórias, o de todos os nascidos ünicos de FIV, 10,4% resultaram de uma
estado do líquido amniótico, o nümero de vesículas vitelinas gestação gemelar no irúcio da gravidez. Em seus 624 ünicos
e as frequências cardiofetais. 3 .5.3J Essas informações ajudam a de FIV que foram sobreviventes de um cogêmeo identificado
determinar a corionicidade, que é essencial ao médico para por ultrassonografia na oitava semana, houve uma incidência
aconselhar as pacientes a respeito de potenciais complica· mais alta de pano prematuro e mortalidade infantil, em com-
ções.32 paração com 5.237 ünicos. Essas complicações, no entanto,
foram dependentes da idade gestacional. Qyando eles estrati-
"DESAPARECIMENTO" DE GÊMEOS ficaram as evoluções neonatais pelo tempo de desapareci-
mento, como precoces « 8 semanas), intermediários (> 8 e
Em 1986, Landy el al. 33 descreveram 1.000 gestações no < 22 semanas) e tardios (> 22 semanas), o pano com menos
primeiro trimestre com uma incidência de gemelaridade de 32 semanas foi de 1,9%, 5,3% e 21,4%, respectivamente,
imediatamente acima de 3%. Eles constataram que aproxi- e uma permanência na unidade de terapia intensiva neonatal
madamente 20% dessas gestações gemelares resultaran1 em maior que 28 dias foi de 8,7%, 15,7% e 43 ,8% para as perdas
nascidos vivos ünicos, com ou sem sangramento vaginal. precoces, intennediárias e tardias de um cogêmeo, respectiva-
Denominaram isso de fenômeno de "desaparecimento de mente. Transtornos neurodesenvolvimentais também foram
gêmeo". Em uma série prospectiva de 68 gestações gemelares mais altos com uma perda em uma idade gestacional mais
diagnosticadas com dois batimentos cardiofetais, os gêmeos tardia, com 3,3%, no grupo de "desaparecimcnto" prccoce;
dicoriônicos e monocoriônicos diagnosticados antes de 8 8,00/0, no intermediário; e 9,7%, no tardio. De maneira geral,
semanas tiveram significantemente maior probabilidade de se um gêmeo "desapareceu" em menos de 8 semanas, os
resultar em uma gravidez ünica do que os diagnosticados resultados da gravidez foram comparáveis com ünicos de
depois de 8 Os gêmeos dicoriônicos tenderam gestações iniciais únicas . Isso realça a importância de exames
mais a resultar em um ou dois recém-nascidos viáveis , quando ulu'assonográficos cuidadosos e repetidos nas fases iniciais
AVALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁ FIC A DE GESTAÇÕES MÚ LTIPLAS 271

•• • •
:::::
100 FIGURA 8-6. Probabilidade de dar à luz gêmeos nascidos
I vivos (NV), conforme a corionicidade , quando dois batimentos

,
cardiofetais foram observados em uma ultrassonografia normal
80 no primeiro trimestre.
<li
o
>
'S:
<li 60
o
"O

<li
(1l
c 40
<li
o
<lJ
E
.<lJ
20
c.?

O
6 7 8 9 10 11 12 13
Idade da Gestação (semanas)

MC ambos NV
--...... DC ambos NV
_ MC um ou ambos NV
_ _ DC um ou ambos NV

FIGURA 8-7. Taxa de morte cumulativa conforme a corionicidade


de 12 semanas ao termo em gestações gemelares.
14

ê 12
(1l
>
10
:;
E
"u
<lJ
8
t::
o
E 6
<lJ
"O
(1l
x 4

12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Gestação (semanas)

da gravidez para diagnosticar corretamente e acompanhar os gel1ltas e placentação monoamniótico-monocoriônica. Uma


gêmeos. Discutiremos o "aparecimento de gêmeo" mais tarde vez que essas perdas tendem a ocorrer mais entre 16 e 22
neste capítulo. semanas (Fig. 8-7), sugerimos que sejam efetuados exames
ultrassonográficos a cada 1 a 2 semanas durante esse período
nas gestações conhecidas monocOl;ônico-dianmióticas para
PERDA PERINATAL EM GESTAÇÕES rastrear STFF e, se necessário, desenvolver um plano de tra-
tamento. A Figura 8-8 mostra a imagem de um ultrassom de
GEMELARES
uma gestação gemelar de 21 semanas com morte fetal de um
As perdas perinatais são maiores em gestações gemelares que gêmeo. A circunferência cefálica e a circunferência abdominal
em lll1icas. As taxas de mortalidade infantil em 1999 foram do gêmeo mono são muito menores que as do gêmeo vivo.
mais de cinco vezes mais altas, de 32,9/ l.000 para gêmeos A Figura 8-9 é uma fotografia de um feto papiráceo, ou restos
nascidos vivos, em comparação a 6,2/1.000 para nascidos mumificados do gêmeo morto encontrados nas dobras das
vivos únicos nos Estados Unidos I A sobrevida em gêmeos membranas da placenta depois do parto do gêmeo sobrevi-
depende da corionicidade, que determina o nível de risco para vente com 38 semanas.
anomalias, de crescimento e prematuridade. 32 Embora os gêmeos monocoriônicos estejan1 em maior
Sebire el aI. 2 relataram que a taxa de perda cumulativa risco de complicações que os gêmeos dicoriônicos, eles repre-
de 12 semanas ao termo foi aproximadamente 3% para gême- sentam apenas 20% de todos os gêmeos (Fig. 8-5). A maioria
os dicoriônicos e quase 15% para gêmeos monocoriônicos das mortes perinatais em gêmeos é devida a problemas de
(Fig. 8-7). As perdas excessivas de gêmeos monocoriônicos prematuridade, anomalias e crescimento. A Figura 8-10
relacionam-se com STFF, prematuridade, anormalidades con- compara a idade gestacional no parto dos 121.346 nascidos
272 AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÓES MÚLTIPLAS

A
FIGURA 8- 9. Feto papiráceo resultante da morte fetal de um
cogêmeo no trimestre intermediário. Este feto foi observado à
inspeção da placenta e membranas em seguida a um parto a termo
do gêmeo sobrevivente. (Imagem de pato/agia, cortesia de Me/inda
Sanders, MO, e Erika Wa/z, PA, University af Ganneclicul Hea/lh
Genter, Farminglan, GT.)

identificação da coriorucidade. Esse é geralmente um diagnósti-


co simples para o ultrassonogralista/ultrassonologista no fim do
primeiro e começo do segundo o-imestre. O ultrassom é muito
útil para determinar a placentação, especialmente coriorucidade
e amnionicidade, e estas são muito importantes para predizer
complicações de gravidez gemelar. 3.5.32 Embora o ultrassom seja
sempre capaz de determinar a corionicidade, ele só determina a
zigosidade em um subconjunto dos gêmeos (Fig. 8-5).

Primeiro Trimestre
A avaliação no primeiro trimestre é a melhor época para
determinar corionicidade e amnionicidade em gestações
múltiplas. O diagnóstico se torna mais difícil à medida que
a gravidez progride. O diagnóstico no primeiro trimestre se
B baseia no número de sacos gestacionais, âmnios e vesículas
vitelinas (Tabela 8-3 e Fig. 8-11). A ultrassonogralia transva-
FIGURA 8- 8 . Morte fetal de um gêmeo com um cogêmeo sobre- ginal é muitas vezes usada no primeiro trimestre porque essas
vivente com 21 semanas de gestação. A. O crânio colabado do estruturas podem ser difíceis de visualizar transabdominal-
gêmeo com morte fetal IOemise) comparado com o crânio do gêmeo mente. Os ultrassonografistas saem-se quase tão bem quanto
sobrevivente (Viab/e). B. A circunferência abdominal da morte fetal é
os perinatologistas na determinação da corionicidade. ' Veisz
compa rada à do gêmeo sobrevivente.
el al. 39 compararam a precisão de ultrassonografistas e perina-
tologistas na determinação da corionicidade em 172 casos de
vivos gêmeos versus 3.902.691 úrucos nos Estados Unidos em gêmeos antes de 14 semanas. A téL'(a global de concordância
2002. I Com 28. 32 e 35 semanas de gestação. 0,8%, 2% e no diagnóstico da corionicidade foi de 90,1 %. Com gêmeos
6,30/0 dos únicos tinham nascido. em comparação com 5,8%, dicoriônicos, eles concordaram em 118 de 119 (99,2%),
15.5% e 41,9% dos gêmeos. Is o demonsu-a um risco 6,7 a 8 enquanto em gêmeos monocoriônico-diamnióticos houve
vezes mais alto de pano prematuro em cada semana de 22 concordância em 94,5%. O s ultrassonogralistas diagnostica-
a 35 semanas , para os gêmeos. As complicações maternas e ram 10 gêmeos monocoriônico-monoamn.ióticos que [oram
fetais incluindo pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e paralisia mais tarde diagnosticados como monocoriônico-diamnióticos.
cerebral também são maiores. I I As téL'(as de paralisia cerebral Es e é um diagnóstico difícil, no entanto, que muitas vezes
aumentam com múltiplos de mais alta ordem . Elas são de é declarado excessivamente por perinatologistas e ultrasso-
2.3/1.000 em nascidos vivos únicos. 12,6/1.000 em gêmeos e nografistas no primeiro ou segundo exame. Por causa disso,
44.8/ 1.000 em gestações tríplices 38 às vezes chamamos uma gestante outra vez para dois ou três
exames antes de diagnosticar gêmeos monocoriôruco-monoa-
mnióticos . Monteagud0 40 mostrou o uso da ultrassonogralia
PLACENTAÇÃO vaginal no primeiro trimestre para determinar corretamente
a corionicidade e amnionicidade em 43 gestações gemelares .
Corionicidade e Amnionicidade
O número de sacos gestacionais correlaciona-se com a anmio-
Um dos mais importantes, e às vezes desprezado, papéis que nicidade: entretanto, conforme será discutido mais adiante, a
um ultrassonografista desempenha no manejo de gêmeos é a subestimativa é possível.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕ ES MÚLTI PLAS 273

80%
- Únicos
_ Gêmeos

<J)
60%
o
"O
Ti
<J)
co
c
Q)
"O
E
Q)
40%
01
co
C
Q)
eo
a..
20%

22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
Idade da gestação (semanas)
FIGURA 8- 10. Distribuição dos nascidos vivos gêmeos versus fetos únicos nascidos de 22 a 37 semanas nos Estados Unidos em 2002. (De
Natality Data Set: National Center for Health Statistics: Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta CD-ROM 1997- 2002; Series21
11, 12, 14, 15.)

I Determinação Ultrassonográfica da Nos casos monoarnruoucos, uma única vesícu la vitelina foi
notada com 9 semanas com um único âmnio em torno de
I Tabela 8- 3 Corionicidade e da Amnionicidade em
1 ambos os embriões. Um estudo semelhante correlacionando
Gestações Gemelares no Primeiro Trimestre vesículas vitelinas com amnionicidade foi efetuado por Shen
Sacos Vesículas Embriões/ Cavidades el al. 43 em 20 gestações monocoriônico-diamnióticas abaixo
Pl acentaçã o Gestacionais Vitelinas Saco Amnióticas de 11 semanas de gestação. Em 85% (17/20) das gestações
B 8 ,B,,\ 2 2 1 2
monocoriônico-diamnióticas, duas vesículas vitelinas foram
MC, DA 1* 2 2* 2 observadas. Em três, só uma vesícula vitelina foi detectada.
MC,MA 1* 1 ou parcialmente 2* Resumindo, ver duas vesículas vitelinas é confirmação de
dividido* gêmeos diamnióticos; entretanto, uma única vesícula vitelina
exige confirmação adicional antes que seja feito o diagnóstico
*A anmionicidade não pode ser determinada por es te achado. de gêmeos monoamnióticos. O único critério diagnóstico de
D e, dicOt;ônica; DA, diamnió tica; Me. monocoriônica; MA. monoa mni6tica. gêmeos monocoriônico-monoamnióticos é o achado de uma
única cavidade amniótica (Tabela 8-3).

Segundo e Terceiro Trimestres


Outra armadilha diagnóstica no primeim trimestre é o Os passos para detenninar a placemação no segundo e ter-
"aparecimento de gêmeo". Doubilet e Benson4 1 relataram sua ceiro trimestres incluem a documentação de sexo, massas
experiência com a ultrassonografia transvaginal com 5,0 a 5,9 placentárias e caracterização da (s) membrana (s) divisória (s).
semanas de gestação e concluíram que 30/220 (13,6%) das Se sexos diferentes ou duas placentas distintas forem observa-
gestações gemelares foram diagnosticadas como simples na dos, então ocorreu placentação dicoriônica. 2 Se o mesmo sexo
avaliação inicial. Gêmeos monocoriônicos tenderam mais a estiver presente e houver uma placenta, o tipo de placentação
ser "aparecimento" de gêmeos. Daqueles inicialmente diag- pode ser dicoriônico-diamniótica, monocoriônico-diamnióti-
nosticados como únicos, 24/213 (11 ,3%) foram gestações ca, monocoriônico-monoamniótica ou monocoriônica com
gemelares dicoriônicas, enquanto 6/7 (85,7%) foram gestações gêmeos unidos 44 As características ultrassonográficas da
monocoriônicas. Eles relataram que os resultados da gravidez membrana divisória devem então ser avaliadas para determi-
nas gestações com "aparecimento" de gêmeo foram com- nar a placentação. 45 ,46
paráveis a outras gestações gemelares.
A cronologia da visualização das membranas e vesícula Inserção da Membrana, Sinal de "Picos
vitelina depende da corionicidade e idade gestacional (Fig.
8-4). Bromley e Benacerrar'2 reviram retrospectivamente as
Gêmeos"
imagens ultrassonográficas de gestações gemelares mono- Talvez o mais útil marcador ulrrassonográfico para determi-
coriônicas feitas entre 6 e 9,5 semanas. Esse estudo incluiu nação da corionicidade seja o aspecto da membrana em sua
20 gestações diamnióticas e duas monoamnióticas. Nas gesta- inserção na placa cOl-iônica ou superfície fetal da placenta.
ções diamnióticas de menos de 8 semanas, apenas vesículas Finberg46 descreveu pela primeira vez o aspecto ulu'assono-
vitelinas e nenhuma membrana divisória foram visualizadas. gráfico da membrana divisória ao se inserir sobre a placa
Duas vesículas vitelinas foram observadas em todos , menos cOl-iônica da placenta. Qyando o sulco entre as membranas
um caso em uma idade gestacional mais tardia (Fig. 8-12). na inserção na placenta parece grosso, é chamado sinal do
274 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

FIGURA 8-12. Ultrassonografia de uma gravidez gemelar dicoriôni-


co-diamnióatica de 6,5 semanas. Embora as membranas amnióticas
não sejam bem visualizadas, ambas as vesículas vitelinas (setas)
nesta gravidez diamniótica são bem vistas.

gêmeos, comparando sua presença ultrassonográfica em um


exame com 10 a 14 semanas àquela com 16 a 20 semanas.
Das 101 gestações gemelares com um sinal dos picos gêmeos
com 10 a 14 semanas, 98 ainda o tinham na imagem das 16
semanas. Na in1agem de 20 semanas, no entanto, só 87/101
gestações tinham o sinal dos picos gêmeos. Portanto, idade
gestacional avançando afeta negativamente o diagnóstico do
sinal dos picos gêmeos . Sepulveda et aI. também usaram uma
variação do sinal dos picos gêmeos para avaliar a corionici-
dade retrospectiva e prospectiva mente em gestações tríplices.
Ele chamou a junção das três membranas interfetais "zona
ípsilon" (Fig. 8-16).· 9 Em 19/20 gestações tríplices estudadas
B prospectivamente a corionicidade foi corretamente diagnosti-
FIGURA 8-11. O primeiro trimestre é a melhor época para
cada no primeiro trimestre. Houve 16 gestações tricoriônicas
avaliar a corionicidade e amnionicidade das gestações gemelares. e quatro dicoriônicas neste estudo.
A. Ultrassonografia em uma gestação monocoriônica-diamniótica de O diagnóstico correto da corionicidade e an1Júonicidade
10 semanas . Uma fina membrana divisória Iseta) é observada , forma- em gestações gemelares é muitas vezes simples cedo na
da a partir dos dois sacos amnióticos em aposição. B. Ultrassonografia
de uma gestação dicoriônico-diamniótica de 7 semanas. Ambos os
gestação, quando a divisão entre os dois sacos gestacionais é
âmnios Isetas) circundando os embriões em desenvolvimento são espessa nas gestações dicoriônicas (Fig. 8-11B). Se estivermos
bem vistos nesta gravidez gemelar diamniótica. A dicorionicidade é tentando determinar a corionicidade de gêmeos no segundo
confirmada pela espessa membrana intergemelar. ou terceiro trimestre e o diagnóstico for duvidoso, uma ten-
tativa deve ser feita para obter e avaliar exames ilúciais, do
primeiro tI-imestre, se tiverem sido feitos previamente, quando
lambda ou dos "picos gêmeos" , e é provável uma placentação o diagnóstico pode ser mais seguro.
dicoriônico-diamniótica fundida (Figs. 8-13 e 8-14). Se a inser-
ção se junta claramente à placa cOl-iônica da placenta como
uma membrana fma , insubstancial. é chamada sinal do "T", Espessura da Membrana
e é provável uma placentação monocoriônica-diamniótica Uma membrana divisória mais espessa tende mais a ser vista
(Fig. 8-15). vVood el a/.·l i descreveram a utilidade diagnóstica em uma placenta dicoriônico-diamnióuca (Figs. 8-13, 8-14 e
do sinal dos picos gêmeos ou do lambda para determinar 8-15). Em um estudo retrospectivo de gestações gemelares,
a corionicidade em uma série prospectiva, com corionicida- Hertzberg el al."o determinaram que uma membrana divisória
de confirmada pela patologia pós-parto. O sinal dos picos espessa (com mais de 1 mm) indicou gêmeos dicoriônico-
gêmeos predisse corretamente 34/36 gestações dicoriônicas, diamnióticos em 38 de 42 casos. Townsend, Simpson e Filly
enquanto sua ausência predisse corretamente sete de oito examinaram retrospectivamente 75 gestações gemelares para
gestações monocoriônicas. Isso produziu um valor preditivo determinar a cOl-ionicidade com base na espessura da mem-
positivo global de 97%. Sepulveda el estudaram o impac- brana. Eles observaram que uma membrana grossa predisse
to da idade gestacional avançando sobre o sinal dos picos placentação dicoriônico-diamniótica em 83% das vezes e [oi
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTA ÇÕES MÚLTIPLAS 275

r .." ,
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A C C A A A

B
FIGURA 8-13. Sinal "dos picos gêmeos" com patologia placentária das membranas fetais. A. Diagrama do sinal dos "dois picos" nas gesta-
ções gemelares dicoriõnicas. O córion (C) e o âmnio (A) de cada gêmeo se refletem afastando-se da placenta fundida para formar a membrana
intergemelar. Existe um espaço potencial entre as membranas, que é preenchido com o mesoderma amniótico e coriônico conforme visto
nas imagens da patologia das membranas dicoriônicas (ver detalhe). B. Em gêmeos monocoriônico-diamnióticos, a membrana intergemelar é
composta apenas de dois âmnios. Um córion único não permite ao mesoderma coriônico ter acesso ao espaço potencial entre as membranas
diamnióticas, conforme visto no exemplo de patologia das membranas fetais monocoriônicas (ver detalhe). (Imagem de patologia, cortesia de
Melinda Sanders, MD, e Erika Walz, PA, University of Connecticut Health Center, Farmington, CT; de Finberg HJ: The "twin peak" sign: Reliable
evidence of dichorionic twinning. J Ultrasound Med 11;571, 1992.)

A B
FIGURA 8-14. A. O sinal do lambda, ou "picos gêmeos", é demonstrado pelas membranas placentárias mais espessas que se alargam (seta)
quando tocam na placa coriônica indicando uma placenta dicoriônico-diamniótica fundida. B. Quando as placentas estão em lados opostos e
são claramente separadas, como neste caso, a observação do sinal dos dois picos não é necessária para fazer o diagnóstico de dicorionicidade.
Ainda se pode ver a insinuação do córion (tecido placentário) (seta) para dentro da membrana divisória.

vista 89% das vezes no primeiro ultrassom. 5 1 Uma mem- áreas das membranas. As medidas de espessura da membrana
brana Ena predisse 83% das placentações monocOl;ônicas, mais próxin1a da placenta foram as mais reproclutíveis, mas
mas foi vista só 54% das vezes. Um estudo semelliante por ocorreu importante variação na espessura da membrana, par-
VVinl1 el a/:;2 usou uma espessura da membrana de 2 mm ticularmente no segundo e terceiro trimestres.
ou mais como ponto de cone. Isso predisse acuradamente
gêmeos monocoriônicos e dicoriônicos 82 0/0 e 95% das vezes.
Stagiannis et al. 53 estudaram a reprodutibilidade da espessura
Camadas da Membrana
da membrana para predizer a corionicidade. No seu estudo,
27 gestações gemelares foram examinadas por dois observa- D 'Alton et estudaram prospectivamente 69 gestações
dores cegados para corionicidade em 52 ocasiões em cinco gemelares consecutivas para avaliar a corionicidade pela
276 AVA LI AÇÃO ULTRASSONOGRÁF ICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

brana e predisseram corretamente a corionicidade em 60/63


gestações gemelares.

Múltiplos Marcadores
Ultrassonográficos para Determinar
Corionicidade/Amnionicidade
enhum marcador ultrassonográfico único de corionicidade
é completamente confiável. O uso de múltiplos marcadores
aumenta a exatidão da predição da corionicidade. Scardo
el al. 55 estudaram prospectlvamente a exatidão de múltiplos
marcadores ultrassonográficos para predizer a corionicidade
e a amnionicidade em 100 gestações gemelares consecuti-
vas com confirmação pós-parto. Eles estimaram o número
placentário, sexo fetal, espessura da membrana e presença
do sinal de picos gêmeos (Figs. 8-14 e 8-15). Eles efetuaram
uma média de 3,6 exames ultrassonográficos, começando em
uma idade gestacional média de 22,6 semanas. O uso dos
marcadores ultrassonográficos compostos teve pelo menos
uma sensibilidade e especificidade de 91 % para determinar
corretamente a corionicidade. A cronologia desses exames
foi relativamente tardia na gestação. Com a maior aceitação
FIGURA 8-15. Sinal do T quando uma fina membrana placentária
insubstancial se une à placa coriônica (seta!. indicando uma placenta
da ultrassonografia no primeiro trimestre. a precisão doa
monocoriônica , diamniótica. determinação da corionicidade deve melhorar. Canol! el al. J6
efetuaram um estudo semelhante para predizer a corionici-
dade com 10 a 14 semanas de gestação usando o número de
locais placentários, presença de um sinal dos picos gêmeos
e espessura da membrana intergemelar. Esse estudo incluiu
150 gestações com confmnação pós-natal da corionicidade
e incluiu 116 gestações dicoriônicas e 34 monocoriônicas. O
ultrassom pré-natal predisse corretamente a corionicidade em
139/150 gestações (93,3%). Os preditores mais precisos da
placentação dicoriônica foram o sinal dos picos gêmeos ou
placentas separadas, com uma sensibilidade e especificidade
de 97,4% e 100%, respectivamente.

Gêmeos Monoamnióticos
Q\.tando a membrana divisória não é vista precocemente na
avaliação de uma gravidez gemelar, deve ser considerado o
diagnóstico de gêmeos monocoriônico-monoanmióticos. Isso
ocorre em aproximadamente 1% de todos os gêmeos monoco-
riônicos (Figs. 8-3, 8-4 e 8-5). SoLicitamos vários exames para
procurar a membrana divisól;a antes de adotar esse diagnós-
tico, porque a membrana pode não ser aparente inicialmente
por ultrassom. Distinguir gêmeos monocoriônico-monoanmi-
Óticos de um gêmeo "mumificado" em um saco oligoidramni-
ótico pode ser difícil. Volume normal do líquido amniótico e
dois gêmeos flutuando livremente sem nenhuma membrana
FIGURA 8 - 16. Trigêmeos tricoriônicos exam inados no primeiro tri-
mestre. Três sacos gestacionais separados encontrando -se na junção
visualizada separando-os deve ser associado ao diagnóstico de
das três membranas interfetais (a "zona ípsilon " é identificada). gêmeos monocoriônico-monoamnióticos. A visualização de
duas inserções de cordão na placa cOt'iônica da placenta em
proximidade muito estreita uma da outra é também sugestiva
contagem do número de camadas na membrana divisória de gêmeos monocoriônico-monoamnióticos (Fig. 8-17).
visualizada por ultrassom. Se duas camadas fossem vistas, A ultrassonografia em cores e bidimensional mostra
uma gravidez monocoriônica era diagnosticada. Se mais de facilmente o emaranhado de cordões que leva à mortalidade
duas fossem vistas. uma gravidez dicoriônica era predita. notavelmente aumentada dos gêmeos monocoriônico-mono-
A confirmação era obtida por histopatologia após o parto amnióticos (Fig. 8_18).2.57.59 Nyberg el a/60 relataram pela
(Fig. 8-13). A contagem ultrassonográfica das camadas da primeira vez a evidência ultrassonográfica do emaranhamento
membrana predisse correlamente a corionicidade em 68/69 dos cordões como sinal de gêmeos monocoriônico-monoam-
gestações gemelares. Houve precisão de 100% ao predizer as nióticos. Townsend e Filly confirmaram esse achado em cinco
51 gestações dicoriônicas , e 94,4% de ao predizer as conjuntos de gestações gemelares não mono-
18 gestações monocoriônicas . Vayssiere eI a/. o l realizaram um coriônico-monoamnióticas (Fig. 8-19)61 Estudos subsequentes
estudo prospectivo semelhante contando as camadas da mem- suportaram este achado, que é característico de gestações
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE GEST AÇÕES MÚLTIPLAS 277

A FIGURA 8-18. Averiguação com Doppler de fluxo em cores das


inserções dos co rdões abdominais adjacentes e cordões emaranhados
em gêmeos monocoriônico-monoamnióticos.

B
FIGURA 8-17. A. Inserções dos cordões são vistas em estreita
proximidade uma da outra em uma pla centa monocoriônica-monoam-
niótica usando-se Doppler de fluxo em cores. 8. Placenta mostrando
cordões umbilicais próximo um do outro sem membranas intervenien -
tes. (Imagem de pato/agia, cortesia de Me/inda Sanders, MD, e Erika
Wa/z, PA, University of Connecticut Hea/th Center, Farmington, CT.)
FIGURA 8-19. Um cordão umbilical bivascular enrolado em torno
de um cordão umbilical trivascular em gêmeos monocoriônico-mono-
amnióticos .
gemelares monoconOl1lco-monoaml1lotIcas. Overton et al.61
relataram o uso de Doppler de fluxo em cores e onda pulsada
para aplicar ultrassom na massa comum de cordão para con- arterial, em diferentes frequências cardíacas em ambos os
firmar gêmeos monocoriônico-monoamnióticos no primeiro fetos , o que é chamado de um padrão Doppler "de galope"
trimestre (Fig. 8-20). A ultrassonografia vaginal no primeiro (Fig. 8-22). Como em todas as gestações múltiplas, uma inser-
trimesu'e usando Doppler em cores também demonsu-ou ema- ção velamentar do cordão umbilical (i. e., quando o cordão se
ranhamento de cordões 63 A ultrassonografia também pode insere nas membranas em vez de na placa cOl-iônica) é mais
ser útil no tratamento pré-natal de gêmeos monocoriôruco- comum em placentas monocoriônico-monoamnióticas (Fig.
monoamnióticos. Belforr el descreveram velocidades de 8-23 ).
fluxo sanguíneo extremamente altas associadas com com- Diversos protocolos diferentes foram propostos para o
pressão da veia umbilical pelos cordões emaranhados quando tratamento de gêmeos monocoriÔnico-monoamnióticos. Em
acompanharam gestações gemelares monocoriôrúco-mono- virtude da raridade de tal condição, não há experiências
amnióticas (Fig. 8-21 ). Abuhamad el al 6 5 acompanharam duas clínicas randonúzadas. Rodis et al. s7 mostraram que com
gestações gemelares monocoi"iônico-monoamnióticas com vigilância pré-natal diária depois da viabilidade. a taxa de
velocidades de fluxo Doppler longitudinal da artéria umbili- dupla sobrevida dos gêmeos monocoriônico-monoamnióticos
cal. A incisura do traçado da artéria umbilical foi associada foi superior a 90%. Eles sugerem exames ultrassonográficos
ao estreitamento aumentado dos vasos umbilicais secundário seriados, esteróides para aumentar a maturidade pulmonar
ao emaranhamento dos cordões. A averiguação Doppler da fetal e cardiotocografias diárias começando com 24 a 26
massa agregada do cordão tam bém pode demonstrar fluxo semanas . Também recomendaram parto por cesariana depois
278 AV ALI AÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚlTIPLAS

FIGURA 8-22. Doppler de fluxo de cordões emaranhados mos -


trando fluxo arterial bidirecional a diferentes frequências cardíacas,
que foi chamado "galope " das frequências cardiofetais .
A

B
FIGURA 8-20. A. Cordões emaranhados em gêmeos monoam-
nióti cos . Um Doppler de fluxo em cores mostra fluxo em cordões
umbilicais emaranhados conferindo monocorionicidade. 8. Patologia
macroscópica dos cordões umbilicais emaranhados . (Cortesia de Sjirk
Westra, MD, VCLA Schoo/ of Medicine, Los Ange/es, CA.)
FIGURA 8-23. Inserções velamentares dos cordões (setas) em
ambas as placentas de uma placenta gemelar monocoriônico -monoam -
niótica . (Cortesia de Me/inda Sanders, MD, e Erika Wa/z, PA, Vniversity
of Connecticut Hea/th Center, Farmington, CT.)

FIGURA 8-21. Doppler de onda pulsada das artérias umbilicais em uma gravidez gemelar monocoriônico-monoamniótica . O gêmeo A mostra
fluxo diastóli co normal , enquanto o gêmeo B tem fluxo diastólico diminuído sugerindo pressões aumentadas corrente abaixo devido à com -
pressão do co rd ão.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 279

da documentação da maturidade pulmonar fetal com 33 a 34 gêmeos unidos mais comuns são os gêmeos onfalópagos e
semanas. Carr el al. 58 relataram que a mortalidade fetal não toracópagos, que são unidos pelo abdome ou pelo tórax, res-
aumenta em gêmeos monoamnióticos depois de 30 semanas pectivamente (Fig. 8-24).67
de gestação. Uma revisão da literatura por Roque el al. 59 As características ultrassonogTáficas dos gêmeos unidos
resumindo as evoluções de 133 gestações gemelares mono- incluem visualizar os gêmeos nas mesmas posições relativas
coriônico-monoamnióticas, no entanto, relatou um aumento em todos os ângulos, oposição direta dos gêmeos um ao outro
significante na perda perinatal após 32 semanas de gestação e e extensão extrema da coluna vertebral fetal. 68 Contornos
recomendou parto eletivo com 32 semanas. Um relatório ret- cutâneos inseparáveis devem ser persistentes e no mesmo
rospectivo de 11 centros sobre 96 gestações gemelares mono- nível anatômico para evitar um diagnóstico falso. Um achado
coriônico-monoamnióticas mostrou que a vigilância fetal ultrassonográfico precoce que sugere gêmeos unidos é um
intensa de pacientes internas foi superior à vigilância menos polo fetal parecendo bífido (Fig. 8-25).69 Várias armadilbas no
intensa de pacientes externas. 66 Houve um risco de 14,8% de diagnóstico foram descritas . Gêmeos dianmióticos em estreita
perda fetal intrauterina nas 44 gestações tratadas com paci-
entes externas , embora não houvesse perda fetal no grupo
admitido para monitoramento. Entretanto, os protocolos
diferiram nos dois ramos do estudo, e os resultados, portanto, I I Tipos de Gêmeos Unidos
não são comparáveis. O tratamento das pacientes externas
consistiu em monitoramento fetal eletrônico uma a três vezes Conjunção inferior: o corpo inferior é único, ou gêmeos unidos
por semana, em comparação com 1 hora, duas a três vezes por alguma parte inferior do corpo
por dia no gr'upo de pacientes internas. Assim, não está claro Diprosopo: duas faces com uma cabeça e corpo
se o exame diário das pacientes externas alcançaria resultados Dicéfalo : duas cabeças com um corpo
Isquiópago: unidos pelo sacro inferior e cóccix
semelhantes aos providos pelo protocolo das pacientes inter-
Pigópago : unidos pelo sacro póstero-lateral e cóccix
nas. Todos os estudos sobre gêmeos monocoriônico-monoam-
Conjunção superior: corpo superior é único, ou gêmeos unidos
nióticos concordam em que eles apresentam ao obstetra um
por alguma parte superior do corpo
problema clínico de muito alto risco e exigem vigilância fetal Dipígio: cabeça, tórax e abdome únicos , com duas pelves
intensa começando na viabilidade e terminando em um parto e quatro pernas
prematuro, muitas vezes cesáreo planejado. Sincéfalo: fu são facial com ou sem fusão torácica
Craniópago : unidos na cabeça
Conjunção média : fusão de parte intermediária do corpo,
separados acima e abaixo
GÊMEOS UNIDOS Toracópago: fusão torácica
O raro fenômeno de gêmeos unidos ocorre em um gêmeo Onfalópago (xifópago): unidos do umbigo à cartilagem
monocoriônico-monoamniótico quando o embrião se divide xifoide
entre 13 e 15 dias desde a concepção (Figs . 8-3, 8-4 e 8-5). Toraco-onfalópago : fusão torácica e abdominal
Os dois polos fetais podem ser ligados em locais variados Raquípago: fusão vertebral acima do sacro
(Tabela 8-4). A localização das áreas compartilhadas fornece
a base da nomenclatura que descreve os gêmeos unidos. Os Adaptado de Gutlmacher AF, Nichols BC: TeralOlogy af ca njoined twins. Birth
Dcfccts 3 :3, 1967.

• ... ' • • " ' " j

) \:-j 1 '. .

.J .

G H

FIGURA 8-24. Diferentes tipos de gêmeos unidos. Esquerda, Casos de fusões limitadas nas quais as cabeças e membros são separados e
retêm sua identidade. A a C, craniópago; D a G, toracópago; H e I, piópago. Direita, Casos de fusão mais extensa . (De Patten BM: Human
Embryology, 3rd ed. New York, McGraw-Hill, 1968.)
280 AVALIA ÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE GESTA ÇÕES MÚLTIPLAS

proximidade com uma membrana divisória que é difícil de semanas ou mais fornece um quadro confiável das anomalias
visualizar podem levar a um diagnóstico falso-positivo. Se os estruturais e das vísceras compartilhadas. A ecocardiogra-
gêmeos unidos forem muito anômalos. um feto único pode fia fetal é especialmente informativa com gêmeos unidos
ser falsamente diagnosticado. io Finalmente, pode ocorrer toracópagos (Fig. 8-26).73 Spitz el examinaram o diag-
uma apresentação discordante (pélvica, cefálica) se o local de nóstico ultrassonográlico e o prognóstico dos gêmeos unidos.
conexão for flexível. 71.72 O compartilhamento das estruntras cardíacas e do fígado não
Numerosas variações nos tipos de gêmeos unidos podem é incomum, e fetos com um coração compartilhado têm um
ocorrer. e o prognóstico quanto à sobrevida é geralmente prognóstico particularmente ruim?" Os passos previamente
ruim. i2 Qyando são diagnosticados gêmeos unidos, deve mencionados ajudam a determinar o prognóstico para sepa-
haver uma abordagem sistemática para defm.ir quais órgãos ração pós-natal. Uma revisão da experiência no Children 's
principais estão presentes em cada feto. quais são os com- Hospital o[ Philadelphia descreveu 14 de gêmeos
partilhados e que comunicações vasculares estão presentes n unidos. 75 Dez dos 14 eram toraco·onfalópagos (Fig. 8-27). As
Um exame detalhado ou uma ressonância magnética com 20 anomalias associadas incluíram malformações cardíacas em
11 de 14, hérnia diafragmática congênita em 4 de 14 e defeitos
da parede abdominal em 2 de 14. Apenas 5/28 recém-nascidos
individuais sobreviveram depois da separação, realçando o
grave prognóstico.
O diagnóstico no primeiro trimestre de gêmeos unidos
também foi descrit? (Fig. 8-25). Em uma revisão da literatura,
e J auniaux /6 relataram que gêmeos monocoriônico-
monoamnióticos podem ser erradamente diagnosticados
como gêmeos unidos devido ao movimento [e tal limitado.
Eles também relataram que nas gestações que continuaram

FIGURA 8 - 25. Gêmeos unidos dicéfalos vistos em uma ultrassono-


grafia com 11 semanas. Duas cabeças fetais (setas) e um único tórax
e abdome são vistos. FIGURA 8- 27. Gêmeos unidos toraco-onfalópagos recém-nascidos.

FIGURA 8- 26. Gêmeos toracópagos mostrando grandes vasos compartilhados (seta) usando-se escala de cinza e Doppler em cores.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 281

FIGURA 8- 28. Membrana delgada (seta) refletindo-se entre a cabeça


e o dorso do tórax no saco oligoidramniótico do gêmeo "mumifi-
cado".
FIGURA 8-29. Gêmeo "mumificado". Observe a posição do feto
colado contra a parede anterior do útero. A posição fetal persistia ,
apesar de mudança na posição materna. A membrana não é visível
nesta imagem.

depois do diagnóstico de gêmeos unidos, aproximadamente


metade morreu in utero e outros 44% morreram durante o
período neonatal.
de 0Iigo-hidrâmnio.79.8o A amnioinfusão de líquido em torno
GÊMEO "MUMIFICADO" de um gêmeo mumificado também melhora a capacidade
do ultrassonografista de efetuar uma análise anatômica mais
Um achado ultrassonográfico fatal é o gêmeo "mumificado".
informativa. O líquido instilado pode ser aspirado para estu-
Nesse contexto, um gêmeo tem líquido amniótico normal ou
dos de cal;ótipo e infecção.
aumentado e o outro tem oligo-hidrâmnio grave que faz o
saco aderir à parede lateral do útero e confma o feto nessa
área do útero. Há diversas causas de um gêmeo mumificado, SíNDROME DE TRANSFUSÃO
incluindo agenesia renal bilateral ou outras anomalias renais
no gêmeo afetado, grave restrição do crescimento com oligo-
FETO-FETAL
hidrâmnio, ou STFF. ii Para diag110sticar um gêmeo mumifi- Se a avaliação do gêmeo mumificado tiver alguma ou todas
cado, o ultrassonografistaJultrassonologista deve efetuar uma as características seguintes, o diagnóstico de STFF deve ser
avaliação cuidadosa, procurando uma membrana divisória. O considerado :
liquido em torno do gêmeo não afetado pode ser nonnal, mas
está aumentado se STFF for a causa. 78 As áreas mais informa- Placentação monocoriônica
tivas em torno do feto para encontrar a divisória Fetos do mesmo sexo
são perto do pescoço, mento ou membros fetais. E aqui que O ligo-hidrâmnio (Fig. 8-29) em torno de um gêmeo e poli-
uma membrana fina pode ser vista passando em ponte entre hidrâmnio em torno do outro
pequenas partes fetais (Fig. 8-28). A mãe grávida pode ser Inserção velamentar do cordão (Fig. 8-23)
virada de lado para lado para assegurar que o gêmeo mumi- Uma bexiga aumentada no gêmeo receptor, que tem poli-
ficado não se move na cavidade amniÓtica. O diagnóstico de hidrâmnio (Fig. 8-31 )
um gêmeo mumificado é feito quando há líquido normal ou Não é vista bexiga no gêmeo doador
poli-hidrâmnio em torno de um gêmeo, oligo-hidrâmnio grave D iscrepância de tamanho, com o gêmeo receptor significativa-
em torno do gêmeo mumificado e uma membrana aderente é mente maior que o doador
vista envolvendo esse feto e restringindo o movimento fetal na
cavidade uterina (Fig. 8-29). Em alguns casos , as membranas O ultrassom é extremamente útil para estabelecer o diag-
em torno do gêmeo mumificado podem formar uma "funda" nóstico e melhorar a sobrevida de fetos com STFF. Há numer-
(Fig. 8-30). A causa do gêmeo mumificado deve então ser osas teorias acerca da fisiopatologia da STFF incluindo pla-
determinada. Uma avaliação cuidadosa pode revelar ano- centação anormal, comunicações vasculares desequilibradas e
malias fetais pa.ra explicar o oligo-hidrâmnio, como agenesia inserção velamentar do cordão. As comunicações vasculares
renal bilateral ou rins multicísticos displásicos. Essas anoma- são encontradas em até 980J0 das placentas monocoriônicas.
lias podem ser difíceis de diagnosticar com o oligo-hidrâmruo, Portanto, o fluxo sanguíneo unidirecional ou desequilibrado é
mas seriam sugeridas por líquido amniótico normal, em vez necessário para explicar as alterações observadas na STFF. 77
de aumentado, em torno do gêmeo não afetado. A amnioinfu- Essas anastomoses podem ser arteriovenosas (AAV) (Figs.
são diagnóstica melhora o diagnóstico pré-natal de anomalias 8-32 e 8-33), arterioarteriais (AAA) e venovenosas . A anasto-
fetais e pode ajudar a diagnosticar membranas rotas em casos moses AAV estão comumente presentes em placentas mono-
282 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA OE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS
--

FIGURA 8-30. Síndrome de transfusão feto -fet al (STFF ) com uma " funda " em torno do gêmeo "mumi ficado " . Quando há pouco a nenhum
líquido amniótico no saco amniótico do gêmeo doador "mumi ficado ", a membrana aparece como uma funda em torno do feto. Na ausência de
líquido amniótico neste saco, o líquido que ci rcunda este gêmeo pode ser erradamente considerado como estando em seu saco, quando de fato
ele é o líquido do saco com poli-hidrâmnio do gêmeo receptor adjacente. A. Uma gravidez com a STFF na qual o feto à direita está envolto pela
sua membrana em um saco oligo -hidramniótico. 8 . Neste caso de STFF, o gêmeo doador está em um saco anidramniótico. As membranas em
aposição aparecem como uma membrana única (seta). O líquida amniótico circundante (asteriscos) está no saco amniótico do outro gêmeo.
C. Uma gravidez com STFF na qual o feto à direita está envolto pela sua membrana em um saco oligo-hidramniótico. O âmnio redundante é
visto projetando -se do feto e às vezes apresenta um aspecto que causa confusão. O. Imagem de um feto doador com oligo-Ilidrâmnio grave
e âmnio redundante (seta) visto projetando-se para dentro do líquido amniótico do outro feto. (A e C, cortesia de Vickie A. Feldst ein, MO,
University af Califarnia Schaal of Medicine, San Francisco , CA.)
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 283

conomcas. De fato, a maioria das placentas monocoriônico- Qyintero el al. 84 definiram STFF grave como a presença de
diaumióticas tem conexões AAV, muitas vezes mais de uma poli-Júdrâmnio (bolsão vertical máximo de líquido amniótico
e muitas vezes bidirecionais. A presença dessa conexão não > 8 em) e oligo-hidrâmnio (bolsão vertical máximo de líquido
resulta necessariamente em STFF. Fichera et al. 8l avaliaram amniótico < 2 em). Ele propôs um sistema de estadiamento
o uso de Doppler para detectar AAA em gestações gemelares usando a visualização da bexiga no gêmeo doador, a presença
monocoriônico-dia.nmióticas. Elas são importantes porque ou ausência de hidropisia em qualquer um dos dois gêmeos,
parecem funcionar como um mecanismo compensador para estudos com Doppler pulsado da artéria cerebral média, arté-
outros desequilíbrios vasculares. O s vasos coriônicos super- ria umbilical e veia umbilical, e a morte de um ou an1bos os
ficiais entre as inserções do cordão foram identificados por gêmeos (Fig. 8-36). No estágio 1, a bexiga do gêmeo doador
Doppler em cores, e os vasos foram averiguados com Doppler ainda era visível, enquanto no estágio II a bexiga não foi
de onda pulsada. 82 AAA foram documentadas pela presença visualizada, mas os estudos Doppler foram normais. Pelo está-
de fluxo arterial bidirecional nesses vasos (Fig. 8-33E). A pre- gio III, havia anormalidades Doppler; no estágio IV estava
sença de AAA foi associada a uma probabilidade mais baixa de presente hidropisia; e no estágio V houve a morte de um
STFF. Se a STFF se desenvolveu, geralmente não foi grave. 82 ou ambos os gêmeos (Tabela 8-5). Taylor el al. 8S observaram
Diversos estudos identificaram achados ultrassonográficos ini- que embora este sistema de estadiamento não fosse útil para
ciais, em gestações monocoriôrúco-diamnióticas, que podem predição da evolução fetal quando da avaliação uúcial, um
predizer STFF, tais como uma translucência nucal aumentada aumento no estágio acarretava consigo um risco maior de
ou alterações do fluxo no dueto venoso fetal (Fig. 8_34).82.83 morte perÍl1atal mais precoce. Assim, o estadiamento pode ser
A transfusão in 1/tero leva muitas vezes à anemia no gêmeo mais útil para monitorar a progressão da doença. A STFF não
doador e policitenúa no receptor, o que pode ser refletido na tratada que se desenvolve antes de 26 semanas tem uma taxa
placenta depois do parto (Fig. 8-35). de mortalidade de 90%.86
Uma abordagem sistemática deve ser usada no trata-
mento da STFF. Sugerimos documentar o bolsão máximo
de líquido em torno do gêmeo receptor, visualizar as bexi-
gas fetais, estabelecer curvas de crescimento para cada um,
avaliar o comprimento do colo e efetuar Doppler de onda
pulsada das artérias umbilicais de cada feto. Se o volume de
líquido a.nmiótico se tornar excessivo em torno do receptor,
o comprimento cervical estiver se tornando mais curto ou
a averiguação Doppler revelar velocidade diastólica final
ausente ou reversa, deve ser considerada a Íl1tervenção (Fig.
8-36). A Júdropisia no feto doador ou receptor pode ocorrer,
e a terapia, a esta altura, deve ser dirigida para otÍl1Úzação do
resultado para o feto não-lúdrópico.
Há vários protocolos de tratamento para a STFF, embora
esteja se acumulando evidências de que a terapia preferida
para a STFF gTave é fotocoagulação a laser dos vasos comu-
lúcantes. As terapias Íl1cluem amniorreduções seriadas do
poli-lúdrâmnio em torno do gêmeo receptor, septostomia por
FIGURA 8-31 . Bexiga fetal (seta) aumentada observada em um buraco feito por agulha da membrana u1tervelúente gemelar,
gêmeo receptor em uma síndrome de transfusão feto-fetal. ablação a laser dos vasos placentários comUlúcantes e liga-

A B
FIGURA 8- 32. Ilustração de (A) vasos ramificados pareados normais a partir do cordão umbilical e (8) anastomose arteriovenosa em placenta
gemelar monocoriônica. A, Ramos pareados normais da artéria umbilical (azul) e veia umbilical (vermelho) são vistos correndo juntos sobre a
superfície fetal da placenta. O sangue flui a partir do cordão umbilical na direção da placenta por meio da artéria umbilical e retorna por meio
da veia umbilical. 8, Vasos não-pareados correm sobre a superfície fetal da placenta. Um ramo da artéria umbilical do doador (azul) encontra
um ramo da veia umbilical do receptor (vermelho) onde elas entram e saem do cotilédone placentário por um forame comum. Observe que a
comunicação arteriovenosa ocorre na profundidade da placenta. (Cortesia de Vickie Feldstein, MO, Universitv of Califórnia School of Medicine,
San Francisco, CA.)
A B

o E
FIGURA 8-33. Doppler em cores e pulsado dos vasos comunicantes na superfície em gêmeos monocoriônicos. A. Anastomose arteriovenosa
em uma placenta monocoriônica. A vista geral da superfície fetal da placenta mostra o ramo alimentador da artéria umbilical a partir do doador
(azu l) e o ramo drenante da ve ia umbilical do receptor (ve rmelho) entrando na placenta por um forame comum. 8, C. O estudo com ultrassom
Doppler em cores mostra uma estrutura vascular não pareada na superfície placentária. Os traçados de Doppler espectral re ve lam um ramo
arterial alimentador (8) e um ramo venoso drenante (C), com fluxo dirigido afastando-se do doador na direção do receptor. (Cortesia de Vickie
Feldstein, MO, University of California School of Medicine, San Francisco, CA.) O. Estudo de injeção de patologia placentária mostrando uma
anastomose A -V (seta) com ramo arterial alimentador a partir do doador em azul e o ramo venoso drenante para o receptor em vermelho.
(Cortesia de Geoffrey Machin, MO, Permanente Medicai Group, Oakland, CA.) E. Aplicação de Doppler em cores e onda pulsada em vaso da
superfície placentária mostrando o característico padrão de interferência bidirecional periódico de uma anastomose arterioarterial.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 285

FIGURA 8-35. Placenta em um caso da síndrome de transfusão feto -


fetal. O disco placentário do doador é mais pálido , sugerindo anemia
fetal , enquanto o disco placentá rio do receptor é mais escuro, sugerin-
FIGURA 8-34. Gêmeo A com fluxo reduzido no dueto venoso duran - do policitemia. O hemat6crito do doador era 22 %, e o do receptor ,
te contrações atriais com 23 semanas em um feto com a sínd rome de 54%. (Cortesia de Me/inda Sanders, MO, e Erika Wa/z, PA, University
transfusão feto-fetal. of Connecticut Hea/th Center, Farmington, CT.)

A B
FIGURA 8-36. Doppler de onda pulsada em um caso da síndrome de transfusão feto -fetal com fluxo anormal na artéria umbilical. Observe o
flux o diast61i co final ausente para o gêmeo B.

Tabela 8- 5 I Estadiamento da Síndrome de Transfusão Feto-Fetal84


Doppler, ACM
Estágio líquido Amniótico Bexiga Fetal Artéria ou Veia Umbilicais Hidropsia Morte Fetal
Doador - oligo· hidrâmnio Normal Normal Não Não
Receptor - poli-hidrâmnio
II Igua aciIna Bexiga doadora Normal Não Não
não vista
III Igual acima Igual acima Anormal Não Não
IV Igual acima Igual acima Anormal Sim. qualqu er Não
dos dois gêmeos
V Igual acima Igual acima Anormal Sim. qualquer Sim, qualqu er
dos dois gêmeos dos dois gêmeos

AClv1. artéria médi3.


286 A V A LI A ÇÃ O UL TRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

dura do cordão de um gêmeo, usualmente o feto anômalo ou


hidrópico. A interrupção da gravidez pode ser considerada
em casos com instalação muito inicial e achados gTaves. Os
riscos e benefícios de cada terapia devem ser discutidos
cuidadosamente. Em casos com hidropisia de um feto, liga-
dura do cordão pode ser realizada depois da consideração do
in1pacto no cogêmeo sobrevivente. Ã medida que a pressão
arterial do feto moribundo cai, as comunicações vasculares
entre os gêmeos permitem que sangue do gêmeo sobrevivente
se mova pelo gradiente de pressão baixo para o feto mori-
bundo . Nesse contexto, pode ocorrer dupla morte fetal ou
comprometimento neurológico. 85 .87 Sacrificar o feto hidrópico
por ligadura do cordão deve evitar hipoperfusão do gêmeo
sobrevivente. Qyando um gêmeo tem uma anomalia impor-
tante coexistente, tem sido realizada ligadura do cordão. 8
A amniocentese terapêutica pode ser realizada rapidamente
para a STFF como tratamento principal ou como medida de
contemporização antes da transferência para um centro para
fotocoagulação a laser. Dois métodos práticos foram descritos:
o método de aspiração na parede descrito por Elliott et a1. 89 .90 A
e o método da garrafa de vácuo descrito por Dolinger el al.9 l
Ambos removem adequadamente o líquido anmiónco exces-
sivo do saco do gêmeo receptor. Usamos uma agulha espinhal
calibre 18 ou 20 e colocamos a agulha na cavidade afastada do
fundo do útero. Evitando o fundo, a agulha tende a escapar
menos da cavidade amniótica à medida que o fundo uterino
se retrai pela dinUnuição do volume de líquido amniótico . A
remoção de grandes quantidades de líquido aJ11luótico pode
ser realizada com segurança 9 0 Um ponto fmal recomendado
é uma profundidade máxima de líquido amniótico em torno
do gêmeo receptor de 5 a 6 em. A avaliação frequente do
líquido, do crescimento fetal e o estudo com Doppler de fluxo
podem ser usados para guiar a cronologia de procedimentos
repetidos.
Em alguns casos, apenas uma ammocentese terapêutica
resolve o oligo-hidrâmnio-poli-hidrâmnio visto na STFF. Esse
achado levou à hipótese de que uma amniosseptostomia
possa ser usada como tratamento da STFF92 Criando-se
vários buracos feitos por agulha na membrana divisória, pos- B
sibilita-se o livre fluxo de líquido entre os sacos, e pode ser FIGURA 8-37. A. Ultrassonografia mostrando laparoscópico com
laser (setas) próximo a uma conexão arteriovenosa na superfície
obtido o equilíbrio do líquido anmiótico entre os dois sacos.
placentária. B. Cauterização a laser de vasos placentários comunican-
Uma experiência randomizada de 73 gestações complicadas tes (seta) usando fetoscopia. (Cortesia de Julian E. De Lia, MO, St.
por STFF comparando anmiorredução com septostomia da Joseph Regional Medicai Center, Milwaukee, WI.)
membrana anmiótica foi realizada Y3 A experiência foi inter-
rompida quando uma análise de intervalo observou ausência
de diferença no resultado principal de pelo menos um gêmeo a laser com amniorredução seriada. 98 A experiência foi termi-
sobreviver. No grupo de amniorredução, pelo menos um nada prematuramente quando o ramo de estudo de separação
gêmeo sobreviveu em 78% dos casos , em comparação com com laser mostrou sobrevida sigIuficantemente melhor de pelo
80% no grupo de septostomia. A única vantagem potencial menos um gêmeo com 28 dias e 6 meses de vida pós-natal
foi que um único procedimento foi necessário em 68% dos em comparação a gestações tratadas por amniorredução. Um
pacientes tratados por septostomia, em comparação com 46% achado mais importante foi que mais lactentes estavam livres
dos pacientes tratados por aJ11luorredução. Entretanto, existe de complicações neurológicas aos 6 meses de idade no gI'upo
preocupação de que a septostomia possa criar gêmeos mono- tratado com laser (52%) que no grupo de amniorredução
amnióticos com o potencial de emaranhamento dos cordões. 94 (31 Ofo). As experiências de intervenção em STFF realçam o
A membrana divisora também pode se espontanea- fato de que as gestações complicadas por STFF grave estão
mente levando a gêmeos monoamnióticos. 9s. 9 em risco muito alto de complicações obstétricas, incluindo a
A cirurgia a laser para separar as comUIucações vascula- morte de um ou ambos os gêmeos, e têm o potencial de resul-
res placentárias entre gêmeos monocoriônicos na STFF foi tados neurológicos comprometidos nos gêmeos sobreviventes,
descrita 9 7 Há poucos centros para este procedimento teClu- apesar dos tratamentos atuais.
camente difícil. Os vasos são às vezes difíceis de visualizar
devido à localização da placenta ou amniocenteses prévias, e
o trabalho de parto prematuro e a ruptura das membranas são GÊMEOS ACARDíACOS
complicações conhecidas do procedin1ento (Fig. 8-37). Uma Uma forma incomum e rara de gêmeos monocoriônicos é o
experiência randomizada de gestações com STFF grave diag- gêmeo acardíaco. Isso pode representar uma forma extrema
nosticada antes de 26 semanas de gestação comparou terapia de STFF. Uma teoria da patogênese do gêmeo acardíaco foi
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 287

FIGURA 8- 39. Doppler em cores e pulsado de um gêmeo acardíaco


mostrando fluxo pulsátil a partir do gêmeo doador.

FIGURA 8-38. Gêmeo acardíaco com ausência de crânio formado.


Observa -se anasarca difusa com um higroma cístico localizado Iseta).

proposta por Driggers et Eles descreveram a avaliação


ultrassonográfica e em necropsia de gêmeos monocoriônicos
com uma STFF precoce. O gêmeo receptor tinha um cora-
ção gravemente hipoplásico e hidropisia. Eles propuseram a
teoria de que a STFF precoce levara à disfunção cardíaca no
gêmeo receptor seguida pela perfusão arterial gemelar reversa
(PAG R) do gêmeo receptor. Essa perfusão ocorre através de
AAA na superfície placentária que transporta sangue deso-
xigenado a partir da ci.rculação arterial umbilical do doador
para o gêmeo receptor muito anormal. O "resgate" de um
feto moribundo e a evolução para um gêmeo acardíaco é
chamado sequência PAG R. IOO Essa per[usão com sangue FIGURA 8-40. Gêmeo acardíaco demonstrando as estruturas ves-
desoxigenado foi sugel;da como o mecanismo que leva aos tigiais amorfas em direção cefálica e caudal à medida que aumenta a
achados ultrassonográficos típicos em gêmeos acardíacos. O distância da circulação arterial do cordão umbilical. IImagens de pato-
logia, cortesia de Melinda Sanders, MO, e Erika Walz, PA, University
feto receptor é oxigenado através de fluxo reverso nas suas
of Connecticut Health Center, Farmington, CT.)
artérias umbilicais_ as quais nutrem principalmeme as estru-
turas no tronco inferior do feto. Essa circulação preferencial
para as áreas caudais do receptor leva aos achados anatô-
micos típicos, de cabeça e coração ausentes ou vestigiais. A
detecção ultrassonográfica precoce da sequência PAGR pode ca/hidropisia do gêmeo doador predizem a evolução do gêmeo
ser difícil. O gêmeo acardíaco pode ser erradamente tomado doador e ajudam a direcionar o tratamento durante a gTavi-
por morte fetal porque nenhuma atividade cardíaca está pre- dez. 102 Em 10 gestações, evoluções adversas [oram associadas
sente. Estudos repetidos documentam o gêmeo acardíaco. Os a um crescimento rápido do gêmeo acardíaco ou quando o
achados iniciais também podem i.ncluir higroma cístico ou índice de pulsatilidade do vaso que perfundia foi menor que
comprimento aumentado de ossos longos. porque as extre- o do gêmeo doador. I03 Outro estudo comparou índices
midades inferiores do gêmeo acardíaco frequentemente são de resistência e mostrou que uma grande diferença (> 0,20)
perfundidas preferencialmente (Fig. 8-38). O gêmeo acardíaco no índice entre o gêmeo doador e o receptor foi associada a
tipicamente tem algumas características fetais reconhecíveis evoluções melhoradas. 102 A decisão de prosseg'uir para um
como membros ou ossos. mas não há atividade cardíaca, e procedimento ablativo exige avaliações ultrassonográficas
grandes anomalias são a regra. O exame ultrassonográfico seriadas. Moore et relataram as evoluções de 49 gesta-
cuidadoso da superfície placentária do gêmeo acardíaco pode ções com gêmeo acardíaco. Eles observaram uma correlação
identificar conexões vasculares ao gêmeo doador através de importante entre as relações de peso dos gêmeos. Se o taman-
AAA. I01 Isso leva a fluxo para dentro do gêmeo acardíaco ho do gêmeo acardíaco excedesse 70% do peso fetal estimado
através de seu cordão umbilical (Fig. 8-39). do gêmeo doador, havia um aumento importante no parto
O Doppler dos vasos comunicantes. o tamanho do gêmeo prematuro. poli-hidrâmnio e insuficiência cardíaca do gêmeo-
receptor em relação ao gêmeo acardíaco e a disfunção cardía- bombeador (Fig. 8-40). O peso do gêmeo acardíaco pode ser
288 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

estimado em gramas pela fórmula: (1,2 x maior dimensã0 2) Essas estimativas teóricas não corres ponderam aos dados
- (1,7 x maior dimensão).104 Portanto, um peso relativamente sobre gêmeos nascidos vivos. Wald et al.I 11 encontraram um
grande do gêmeo acardíaco pode constituir uma indicação risco mais baixo da síndrome de Down em gêmeos que os
para tratamento pré-natal. Outras indicações para terapia estudos de Rodis ou Meyers postularam. Em uma meta-
incluem poli-hidrâmnio, disfunção cardíaca e hidropisia do análise de quatro estudos de coortes de 64 gêmeos com a
gêmeo-bombeador. síndrome de Down, a prevalência nascida viva da síndrome
Tan e Sepulveda reviram a literatura a respeito das de Down foi apenas 18% superior que em ünicas. Eles con-
evoluções da gravidez após interrupção p'ré-natal das cone- cluíram que o risco de uma gravidez gemelar resultar em um
xões vasculares ao gêmeo acardíaco. lOo .l 06 Dos 71 casos nascido vivo com a síndrome de Down não difere significa-
tratados por procedimentos invasivos, 40 foram tratados tivamente daquele de uma gestação ünica. Doyle et ai. I 12 em
por oclusão do cordão e 31 por ablação intrafetal (gêmeo um estudo de 10 nascidos vivos gêmeos com a síndrome de
acardíaco) de vasos comunicantes. A taxa de sobrevida global Down observaram uma disparidade ainda maior em relação
do gêmeo doador foi de 76%, com uma idade gestacional às estimativas teó\;cas . Eles observaram que a prevalência
média ao parto de 36 semanas. A ablação inu'afetal dos vasos foi apenas 30/0 superior que em ünicas. Essa discrepância
umbilicais foi superior à oclusão do cordão. Ela teve 87% de entre os gêmeos nascidos vivos estimados e os observados
sucesso, em comparação a 65% da oclusão do cordão, e uma pode ser explicada por uma mais alta letalidade intrauterina
idade gestacional média de 37 semanas, em comparação a dos gêmeos afetados com a síndrome de Down. Por essa
32 semanas da oclusão do cordão. Os métodos de ablação razão, a prevalência da síndrome de Down pode ser mais
intrafetal dos vasos comunicantes incluíram álcool, diatermia alta no primeiro e segundo trimestres que ao nascimento. 3
monopolar, laser intersticial e radiofrequência. A ablação por A triagem antenatal para a síndrome de Down em uma
radiofrequência parece ser a mais eficaz. Se a massa acardíaca gestação gemelar usa os mesmos princípios e métodos geral-
permanecer pequena em comparação ao feto doador, as com- mente aplicados às ünicas, isto é, idade materna, triagem
plicações são menos prováveis. sérica e ultrassoIU. Essas modalidades são empregadas para
melhor estimar o risco específico da sÚldrome de Down para
essa gravidez. Um diagnóstico pré-natal pode ser feito por
TRIAGEM DE ANEUPLOIDIA EM biópsia de vilo corial ou amniocentese. A triagem e o diag-
GESTAÇÕES GEMELARES nóstico são complicados pelo fato de que os fetos podem ser
discordantes para achados ultrassonográficos anormais e para
A idade materna crescente é um fator de rISCO conhecido aneuploidia, e de que um teste invasivo, ou intervenção fetal,
para as trissomias autossômicas, a mais comum das quais é põe ambos os fetos em risco.
a síndrome de Down. A idade média de uma mulher que dá A utilização de dados de nascidos vivos para avaliar o
à luz gêmeos nos Estados Unidos aumentou de 27,8 anos de risco da sÚldrome de Down no segundo trimestre exige uma
idade em 1991 para 29 ,3 em 2001. 107.lOS A idade média de coITeção para mortes fetais nas gestações afetadas e não
todas as mães nos Estados Unidos em 2001 foi 27,4 anos de
afetadas. Com gestações gemelares, são necessárias duas cor-
idade. A porcentagem de todas as mães com 35 anos de idade
reções . A primeira é para as mortes naturais observadas no
ou mais que deram à luz aumentou de 8,9% em 1990 para
segundo e terceiro trimestres com fetos não afetados e com
13,7% em 2002. De todas as mulheres que pariram gestações
a síndrome de Down, e a segunda é para o diferencial nas
mültiplas, a porcentagem de mulheres com 35 anos de idade
ou mais aumentou de 11 ,4% em 1990 para 21% em 2001. 4 mortes de gêmeos baseadas na corionicidade. Fetos ünicos
Assim, as mães de gêmeos são mais velhas e têm um risco não afetados têm uma taxa de morte de 1,46% do trimestre
a priori aumentado de síndrome de Down. Os avanços na médio ao termo,1 13 enquanto 15,7% dos fetos ünicos com a
tecnologia de reprodução também desempenharam um papel síndrome de Down morrem em 16 semanas ao termo. As
importante no aumento nas gestações mültiplas nos Estados estimativas sobre morte de gêmeos com a síndrome de Down
Unidos . As mulheres que usam tecnologia de reprodução do segundo trimestre ao termo não são disponíveis. Usando
também tendem mais a ser mais velhas e a estar em seus anos dados de certidão de nascimento e proporções da sÚldrome
reprodutivos mais tardios. de Down observadas para esperadas, estimamos a incidência
O risco da síndrome de Down em uma gravidez gemelar da síndrome de Down nascida viva em 1990 e a incidência
é maior do que o risco idade-específico em uma gestação anual de 1995 a 2000. lOi Houve um aumento de 1,8 vez na
simples. A diferença precisa, no entanto, é difícil de determi- contribuição de mültiplos para nascidos vivos com a síndrome
nar. Rodis et al. 109 calcularam um risco teórico idade-específico de Down de 2,6% em 1990 para 4,6% no ano de 2000 (Tabela
materno para a síndrome de Down em gestações gemelares. 8-6).3
Eles admitiram que a probabilidade da síndrome de Down Esse aumento de fetos com a síndrome de Down em gesta-
era independente entre os gêmeos e que as sobrevi das eranl ções mültiplas reforça a necessidade do rastreamento da sín-
comparáveis com gestações lII1icas. Afirmaram que o risco drome de Down. Verificamos a falta de um consenso sobre os
de um ou o outro, ou ambos os gêmeos, serem afetados foi riscos da síndrome de Down relacionada à idade em gêmeos.
aproxin1adamente 80% superior que o risco idade-específico Os testes sé ricos maternos também usam normas diferentes
materno para gravidez ünica. Esse \;sco se aproxin1ou do (aproximadamente o dobro do valor usado em fetos ünicos
risco em gravidez ünica de uma mulher 2 ou 3 anos mais se o análito for mais alto em gestações com a síndrome de
velha. Lee el al. ll o usaram um modelo semelhante, mas cor- Down, ou metade se o análito for mais baixo na síndrome de
rigiram para raça materna e zigosidade. Eles concluú'am que Down), que incluem como fator a contribuição de ambos os
o risco de gêmeo por gTavidez aproximava-se ao do risco fetos. Uma vez que os fetos podem ser discordantes para a
simples para uma mulher 3 ou 4 anos mais velha. Por exem- aneuploidia, a contribuição de cada feto para os análitos séri-
plo, uma mulher de 32 anos de idade carregando gêmeos cos não é conhecida. Por essa razão, os resultados de triagem
teria citado um risco da síndrome de Down para essa gravidez sérica são tirados em média para a gravidez. O exame para a
igual ao de uma mulher de 35 ou 36 anos de idade com uma sÚldrome de Down no primeiro trimestre usa triagem sé rica
gravidez ünica. com proteína plasmática associada à gravidez (pPAG-A) e a
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 289

3
I Tabela 8-6 I Contribuição de Gestações Múltiplas para a Prevalência da Síndrome de Down Nascida Viva
Sindrome de Down de % da Síndrome de Down de
Ano Nascidos Vivos Totais Síndrome de Down Total* Gestações Múltiplas Gestações Múltiplas

1990 4.158.212 5.900 152 2,60f0


1995 3.899.589 6.292 174 2,80f0
1996 3.891.494 6.498 231 3,60f0
1997 3.880.894 6.629 271 4,1 0f0
1998 3.945.192 6.850 294 4,30f0
1999 3.963.465 6.955 315 4,50f0
2000 4.063.823 7.264 334 4,6%

*Adm ilindo nenhu ma intervenção pré-natal.

nuca!, beta hCG livre, PPAG-A e idade materna), houve uma


t<L'la de detecção de 79,7% em gêmeos discordantes para a sín-
drome de Down e uma taxa de detecção de 81,3% se ambos
tivessem a síndrome de Down.
Embora a triagem no primeiro trimestre esteja se tornando
mais popular, a maior parte da triagem da síndrome de Down
nos Estados Unidos ainda é feita no segundo trimestre. Uma
pesquisa com especialistas em medicina maternofetal nos
Estados Unidos em 2001 revelou que do tempo que eles
despendiam em diagnóstico pré-natal, 87,3% eram devotados
à triagem no segundo trimestre e 12,7% à triagem no primeiro
trimesu·e.11 6 A triagem no segundo trimestre também usa
idade materna, triagem sérica e ultrassom, ou alguma com-
binação dos três . Os valores de u'iagem sérica no segundo
trimesu'e para gêmeos são também aproximadamente o dobro
(ou a metade) do nível das normas para únicos. "Vald et al. ll7
relataram que os MdMs médios de gêmeos foram 2,23 para
FIGURA 8-41. A translucência nucal em uma gestação gemelar a alfafetoproteína sérica materna, 1,65 para estriol, 2,01 para
geralmente difere mesmo em gêmeos monocoriônico-diamnióticos. hCG e 1,99 para inibina A. Neveaux et l8
ae
estimaram que
os valores de triagem sérica no segundo trimestre para gêmeos
subunidade beta livre da gonadotrofma conOIllca humana com a síndrome de Down dependem de se um ou ambos os
(hCG). Spencer el al. 114 observaram que a PPAG-A normal fetos são afetados . Q-lando um gêmeo era afetado, a alfafeto-
em gêmeos foi 1,86 múltiplo da média (MdM) maior que em proteína sé rica materna foi de 1,89 MdMs, enquanto quando
únicas, e a beta livre foi 2,099 MdM. A triagem ultrassonográ- ambos eram afetados, foi de 1,62 MdMs . O estriol foi de 1,47
fica exige que ambos os fetos sejam examinados e implica MdM quando um gêmeo era afetado e de 1,22 MdM quando
que marcadores estruturais ou anomalias em gêmeos levem ambos eram afetados, enquanto a hCG foi de 3,26 MeJ.l'vI se
consigo significações semelhantes para a sÚldrome de Down um era afetado e de 4,51 Md!\1 quando ambos eram afetados .
(razões de probabilidade) e outras aneuploidias. O ultrassom Maymon et al. ll S estimaram as taxas de falso-positivo para a
no primeiro trimestre é efetuado para avaliar a translucência triagem sérica no segundo trimestre e determinaram as taxas
nucal (Fig. 8-41 ). As medidas normativas da translucência de arrmiocentese em gêmeos versus fetos únicos . A t<L'la de
nucal em fetos não afetados e com a sÚldrome de Down falso-positivo do teste U'íplice em gêmeos foi superior em 15%,
são aproximadamente as mesmas em fetos únicos e gêmeos. em comparação com 6% em fetos únicos, e a taxa de anuuo-
Maymon el all1 S relataram concordância da translucência
nucal média em fetos únicos (1,5 nunJO ,5) e em gêmeos (1,5
nunJ0,17). Quando avaliada usando-se o desvio-padrão (DP)
do MdM médio, a translucência nucal MdM dos fetos únicos Eficácia da Triagem Pré-natal da Síndrome
foi de 0,9 (0,5), enquanto em gêmeos foi de 0,9 (0,4). Não de Down em Gêmeos
houve diferença estatisticamente significante nos valores reais Senso TFP
ou nos MdM para a translucência nucal. Teste (%) (%) RP
Spencer l 14 desenvolveu um modelo teórico de detecção da
Idade materna 2: 35: EUA 2000 50,2 13,4 3,7
síndrome de Down no primeiro trimestre usando uma taxa
Pl;meiro Trimesu'e :
fixa de 50/0 de falso-positivo. A translucência nuca! e a idade
Idade materna, hCG , PPAG-A ll4 52 5 10,4
materna detectaram 75,2% dos gêmeos discordantes (i. e., um Primeiro lrimestre:
gêmeo positivo e um gêmeo negativo) e concordantes para Idade materna, hCG, PPAG-A, TN Il 80,3 5 16,0
a sÚldrome de Down. Usando o beta hCG livre, PPAG-A e Segu ndo Trimestre:
idade materna, houve uma t<L'la de detecção de 51,5% se os Idade materna, triagem tríplice ls 53 5 10,6
gêmeos fossem discordantes para a síndrome de Down e uma
taxa de detecção de 55,4% se ambos tivessem a síndrome de FP, taxa de falso-positivo: hC C , gonadotrofina coriôniCc'1 huma na; RP, razão de
Down. Qlando a idade, a triagem sérica e a ultrassonografia probabilidade; T N, lran slucência nucal; PPAG· A, proteúla plas mática A associada
foram combinadas no primeiro trimestre (i. e., translucência com gravidez; Sens ., sensibilidade.
290 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

gemelares nas quais uma amniocentese foi efetuada e 108


Taxa Estimada de Detecção da Síndrome de
gêmeos sem amniocentese. A taxa de aborto das gestações
Down em Gêmeos Conforme a Corionicidade gemelares que fizeram a amniocentese foi de 3,5%, e de 3,2%
Tabela 8-8 a uma Taxa de Falso-positivo de 5% Usando sem a amruocentese, demonstrando uma taxa de aborto
Idade Materna, Ultrassonografia e Triagem
1
ligeiramente superior no grupo com amnlocenrese. Diversos
L I Sérica 1199 outros estudos citam taxas de morte mais altas que em fetos
Translucência Teste Teste únicos; entretanto, a maioria das morres não é relacionada ao
Gravidez Nucal Combinado Integrado procedimento. 12 1
Gamelar jmm) j%) j%)* j%)**

73 84 93 COMPRIMENTO DO COLO E PARTO


Oicoriônica 68 70 78
Todos os gêmeos 69 72 80 PREMATURO ESPONTÂNEO
Únicos 73 85 95 As gestações gemelares estão em risco aumentado de parto
prematuro (Fig, 8-10). A idade média no parto dos gêmeos
"TN, beta-hCG livre, PPAG-A com 10 a 13 semanas com idadc matema, nascidos vivos nos Estados Unidos diminuiu de 35,8 sema-
"TN, PPAG-A com 10 a 13 semanas e AFP, estriol, beta-hCG e inibina A nas de gestação em 1991 para 35,4 semanas de gestação
com 14 a 22 semanas com idade materna.
em 2001. 4 Apesar do aumento na gemelaridade dizigótica
AFP. alfafetoproteína: hCC , gonadou'ofina coriônica humana; TN, translucência
nucal: PPAG·A. prOteína plasmática A associada a gravidel .
pelas tecnologias de reprodução assistida, portanto, nas
gestações dicoriônicas, a porcentagem de gêmeos nascendo
com menos de 37 semanas aumentou de 65% em 1991 para
centese foi 18,3% em gêmeos e 7,5% em fetos únicos, As dife- 74,5% em 2001. 1 O comprimento do colo é um preditor de
renças em ambas as taxas de falso-positivo e de amniocentese parto a termo e pré-termo em gêmeos, Um comprimento
foram estatisticamente significativas, Um resumo da eficácia cervical normal usualmente resulta em um parto próximo
da tr!agem da síndrome de Down pré-natal em gêmeos pode do termo. Imseis et al. 122 observaram que um comprimento
ser Visto na Tabela 8-7. cervical acima de 35 nun entre 24 e 26 semanas de gestação
Os resultados de teste senco e ultrassom do primeiro e indicou um baixo risco de parto com menos de 34 semanas
segundo trimestres podem ser combinados no teste integrado de gestação em gêmeos. Um comprimento cervical de mais
em fetos ÚDlCOS e gêmeos, Isso inclui translucência nucal, de 35 mm teve sensibilidade de 49%, especificidade de 94%
PPAG-A e hCG beta livre, ou hCG no primeiro trimestre, e a e valor preditivo positivo de 97% para um parto com mais
triagem quádrupla no segundo trimestre, '\Vald estimou a taxa de 34 semanas de gestação. Diversos estudos sugerem que
de detecção da síndrome de Down em gêmeos pela corionici- um comprimento cervical curto com 20 a 28 semanas de
dade a uma taxa falso-positiva de 5%11 9 (fabela 8-8), gestação põe uma gestação gemelar em risco sigl1ificativo de
Uma análise dos especialistas em medicina maternofetal parto prematuro , Souka et al. J23 observaram que uma medida
nos Estados Unidos em 2001 observou que 97,6% deles de compl;mento do colo de menos de 25 mm com 23 sema-
utilizavam a triagem 116sérica para o diaQUóstico pré-natal , e nas de gestação foi fortemente correlacionada com um parto
91.5%, o ultrassom,
b
Os que usavam o ultrassom con- prematuro espontâneo. Goldenberg et al. 124 compararam o
centravam-se em anomalias (83,4%) , na biometria (77,9%) comprimento cervical com outros preditores de parto prema-
e na ultrassonografia genética (77,9%), Dos marcadores do turo de gêmeos. Usando um comprimento cervical de menos
seg'undo trimestre identificados, os mais comumente usados de 25 nml com 24 semanas de gestação, eles observaram que
foram grandes anomalias, anormalidades cardíacas, espessura ele foi um melhor preditor de parto prematuro com menos de
da prega nucal , fêmur ou úmero curtos, intestino ecogênico, 32, 35 e 37 semanas de gestação que a presença de vaginose
ventriculomegalia e pielectasia, Os usados menos de 50% bactenana, uma fibronectina fetal positiva e outros fatores de
das vezes foram foco ecogênico inrracardíaco, cisto de plexo risco. Nos 147 conjuntos de gêmeos, um comprimento do
corioide, cordão umbilical bivascular, clinodactilia, deformi- colo de menos de 25 mm com 24 semanas foi associado a
dade da sandália de dedo e um ângulo pélvico largo, um parto com menos de 32 semanas de gestação em 26 ,9%,
esses marcadores eram identificados, o risco da síndrome de Se o comprimento cervical fosse menor que 25 nml com 28
Down era modificado usando-se razões de probabilidade ou semanas, no entanto, apenas 13,2% nasceriam com menos de
a relação entre a incidência do marcador nos expostos (i, e" 32 semanas de gestação, Guzman et aI. 125 usaram um ponto de
fetos com a síndrome de Down) sobre sua incidência nos não- corte de comprimento cervical ligeiramente diferente e outra
expostos (i, e. , fetos não-afetados). Essa modificação do risco escala de tempo de idade ges tacional , mas cheO'aram a conclu-
pode ser realizada quando tais marcadores estão isolados ou sões semelhantes, Se o comprimento cervical menor que
quando eles são encontrados em combinação. Usando a idade 20 mm entre 15 e 24 semanas de gestação, haveria uma taxa
materna e a ultrassonografia genética em gestações únicas, as de parto, de 50% menos de 32 semanas de gestação , Se
sensibilidades para a síndrome de Down variam de 80,5% a o compnmento cervical entre 25 e 28 semanas fosse menor
91,2%, e as taxas de falso-positivo variam de 4Ofo a 14%. A que 20 mm, a taxa de parto com menos de 32 semanas de
dessa metodologia para gestações gemelares, embora gestação seria de 16,1%. A Tabela 8-9 resume a eficácia de
mlUltJvamente atraente, não foi avaliada criticamente. um ultrassom do comprimento cervical com 23 semanas
para predizer um parto prematuro espontâneo em gestações
gemelares, Como com quase toda complicação de o-êmeos,
EXAME INVASIVO EM GESTAÇÕES a influencia a tiL'Ca de panos para
GEMELARES dado compnmento cervical. Gêmeos monocoriônico-dialnni-
óticos têm uma tiL'Ca de parto prematuro de 9,10f0 com menos
O exame invasivo usando biópsia de vilo corial ou amniocen- de 28 semanas, em comparação a 1,5% de o'êmeos dicoriô-
tese acarreta um risco ligeiramente maior que o encontrado nico-diamnióticos. Portanto, a corionicidade a eficácia
em fetos únicos, Ghidini et a/120 relataram 101 gestações do comprimento cervical como ferramenta de triagem para
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS 291

Eficácia do Comprimento do Colo com 23 Semanas para Predizer Parto Prematuro Espontâneo em
Tabela 8-9
Gesta ões Gemelares
CC $ CL $ CL $ Parto < Parto < Taxa Taxa
20mm 25mm 30mm 32 Sem. 35 Sem. Senso Falso-pos. Falso-neg.
N (%) (%) (%) (%) (% ) (%) (%) (%)

Goldenberg 147 17,7 8,8 53,8 14.2 5,0


et a.1. 124 17,7 32,0 29,8 12,0 27,3
Yang ef alI a0 65 9,2 9,2 50,0 5 ,1 5,1
9,2 23,1 53,3 8,0 11 ,5
Vayssiere 242 12,8 5,4 46,2 10,9 3,3
lol
fi al. 225 12,9 14,7 27,3 10,4 12,2
Guzman 131 17,6 9,2 41,7 15,1 6,5
e/ al. 125 129 18,0 17,2' 36,4 14,2 13,3
Sperling 383 7,6 6,0 30,4 6,1 4,5
el al.126 7,6 18,5 19,7 14,1 16,1

* s 34 semanas.
CC, comprimclllo do colo : Sens .. sensibilidade: Pos., positivo: Neg., negativo.

predizer o parto pré-termo.126 Em geral, um colo curto em Outros fatores afetan1 a taxa de morte na redução de
gêmeos monocoriônico-dianmióticos é mais preocupante que gravidez multifetal. Há uma curva de aprendizado do pro-
um colo curto em !?êmeos dicoriônico-diamnióticos. cedi.mento. As taxas de abortamento em reduções de gravidez
Newman el aI. 27 investigaram o impacto da cerclagem multi.fetal são inversamente proporcionais à experiência do
cervical na evolução obstétrica de gestações gemelares com operador. 131 As ta.;xas de morte também varian1 conforme o
um comprimento cervical encurtado em um estudo prospec- número de fetos no início e na conclusão do procedimento.
tivo não-randomizado. Eles acompanharam 147 mães de Em um relatório de uma experiência multicêntrica com 3.513
gêmeos consecutivas que fizeram medição ultrassonográfica reduções completadas, as taxas de abortamento foram de
transvaginal do comprimento cervical entre 18 e 26 semanas 15,4% para um número inicial de seis fetos ou mais, de 11,4%
de gestação. Conforme esperado, o risco de parto prematuro para um número inicial de cinco fetos, de 7,3% para um
aumentou com o comprimento decrescente do colo. As com número inicial de quatro fetos , e de 4,5% para um número
comprimento cervical menor que 25 mm receberam o ofe- inicial de três fetos. As taxas de morte com um número final
recimento de uma cerclagem cervical. Vinte e uma de 128 de fetos de três, dois ou um foram de 18,4%, 6,0% e 6,7%,
gestações gemelares submeteram-se à cerclagem, para um respectivamente. Em uma experiência de um só centro em
comprimento cervical menor que 25 m. Qlando as gestações 1.000 reduções consecutivas de gestações multifetais, a ta.,'(a
gemelares foram estratificadas em quartis de comprimento global de abortamento completo foi 5,9%.132 A taxa de morte
cervical, a cerclagem no trimestre intermediál'io não alterou foi a mais baixa de toelas com um número inicial de dois fetos
os riscos de parto prematuro quando comparada à atividade (2,5%) e permaneceu estável para reduções com números
materna restrita. iniciais de três, quatro ou cinco fetos, mas aumentou depois
para 12,9% com seis ou mais fetos. As taxas de morte também
aumentaram à medida que os números finais aumentaram.
REDUÇÃO DE GRAVIDEZ A taxa de prematuridade também subiu com um número
MULTIFETAL de término mais alto . Um número fmal de um, dois ou três
teve uma taxa de perda de 3,5% a 5,5% a 16,7% respectiva-
Devido ao risco aumentado de prematuridade e os concomi- mente. A idade gestacional média no parto dos fetos únicos
tantes riscos a longo prazo de morbidade neonatal associados finais foi de 37,9 semanas; para gêmeos, de 35,3 semanas; e
a gestações múltiplas de mais alta ordem, a redução da gravi- para trigêmeos, de 33,5 semanas. Observe que essas idades
dez multifetal evoluiu como uma modalidade para diminuir gestacionais são muito semelhantes a gestações não·reduzidas
o número de fetos na gnvidez índice. A experiência inicial com um número semelhante de fetos. Uma comparação de
relatou 85 reduções no primeiro trimesu'e nas quais todas gêmeos reduzidos de trigêmeos com gêmeos não-reduzidos e
menos cinco foram reduzidas de tríplices ou mais altas para trigêmeos também confirmou que os abortamentos e a pre-
gemelares. 129 As reduções foram realizadas com injeção tran- maturidade podem ser diminuídos com a redução de gravidez
sabdominal de cloreto de potássio intracardíaco em gestações multifetal.13 Dado o impacto potencial da perda gestacional e
dicoriônico-dianUlióticas porque as anastomoses vasculares da prematuridade associadas a uma gestação gemelar, alguns
em placentas monocoriônicas colocariam em risco o cogêmeo. clínicos agora oferecem a redução de gêmeos a uma gesta-
A idade gestacional média no parto foi de 35,7 semanas, mas ção única. 134 A biópsia de vilo corial foi usada para guiar a
oito gestações perderam todos os fetos. Um acesso trans- redução de gravidez multifetal.134.136
vaginal para a de cloreto de potássio também foi
experimentado. 12 Uma série de um único centro de 290 casos
consecutivos de redução de gravidez multifetal comparou a GÊMEOS DISCORDANTES EM
via transabdominal com a transvaginal . Eles encontraram
uma taxa mais alta de morte total das gestações naquelas
ANOMALIAS
efetuadas transvagi.nalmente (16,7%) em comparação às feitas O achado de um feto anômalo em uma gestação gemelar não
transabdominalmente (2,7%) .130 é incomum. 14 O risco de base para grandes anomalias em
292 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE GESTAÇÕES MÚLTIPLAS

3.000

2.750

2.500

2.250

§ 2.000
.9
cQ)
1.750
E
' (3
</l

'oc" 1.500

'"o
</l
1.250
Q)
o..
1.000

23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Idade gestacional (semanas)

FIGURA 8-42. Curvas de crescimento de gestaçõe s gemelares con forme a corionicidade. Curvas de c rescimento de 102 percentil de nomo-
gramas publicados de gestações únicas relatadas por 8renner WE, Ed elman DA, Hendricks CH (quadrados! e Zhang e Bowes (losangos! e de
gêmeos monocoriônicos (círculos fechados! e gêmeos dicoriônicos (círculos abertos! descritas por Ananth CV, et ai. (Modificado de Ananth
CV, Vintzileos AM, Shen-Schwartz S, et ai.: Standards of birthweight in twin gestations stratified by placental choríonicity. Obstet Gynecol
91: 91, 1988. Reimpresso com permissão do American College of Obstetricians and Gynecologists.)

todas as gestações únicas é de 2% a 3%, e isso é duplicado com de cloreto de potássio observou uma taxa de morte
gêmeos. Há um aumento de 3 vezes nas anomalias em gêmeos fetal de 7,5% antes de 24 semanas de gestação. 139
monozigóticos que pode ser relacionado à causa subjacente
de geminação monozigótica. J37 As anormalidades cardíacas
estruturais em gêmeos monozigócicos sem STFF são quatro CRESCIMENTO GEMELAR
vezes mais comuns que o risco de base. 138 O tratamento de
um feto anômalo com um cogêmeo normal é problemático. As Uma medida importante e facilmente obtida do bem-estar
fetal em uma gestação múltipla é o crescimento fetal. A dis-
opções para lidar com tal dicotomia dependem da gravidade
crepância de crescimento é calculada subtraindo-se o peso
da anomalia, da idade gesracional ao diagnóstico, da saúde do
fetal es timado do feto menor do feto maior e dividindo pelo
cogêmeo e do potencial de o feto anômalo afetar o sucesso a
peso do feto maior. O peso discordante ao nascimento é um
longo prazo da gravidez.
diagnóstico feito em exames ultrassonográficos seriados que
Qyando uma anormalidade é encontrada em um gêmeo,
podem predizer evolução de gravidez, especialmente para o
a redução seletiva desse gêmeo é possível. Evans el al. 139
feto menor.142.144 Entretanto, mesmo em gêmeos muito dis-
descreveram a redução seletiva em 345 gestações gemelares .
cordantes, o tan1anho do feto menor pode frequentemente
O aborto com menos de 24 semanas foi de 7% e depois de
ser apropriado para a idade gestacional H4 Yinon el a[.l 45
24 semanas foi de 0,9%. Dos gêmeos nascidos depois de 24
mostraram que, em um gêmeo discordante pequeno para a
semanas, 12 ,4% nasceram entre 25 a 32 semanas e 79 ,8%
idade gestacional, há um risco muito mais alto de evolução
nasceram com mais de 32 semanas. Com trigêmeos, a t<L"'{a de
adversa que em um gêmeo discordante apropriado para a
morte foi de 12,8% antes de 24 semanas e com quadrigêmeos
ela foi de 14,3% antes de 24 semanas. 140 idade gestacional. Prospectivamente, portanto, o tratamento
da gravidez não deve se basear na discordância isoladamente.
Adicionalmente, há controvérsia sobre o grau de discordân-
MÉTODO USADO PARA A REDUÇÃO cia que pode ser Eredito com precisão por um único exame
ultrassonográfico . 46.147 A biometria seriada é um método
SELETIVA DO FETO ANÔMALO mais exato de predizer crescimento fetal discordante proble-
A interrupção seletiva em uma gravidez gemelar dicoriônica mático.148.149 O crescimento gemelar é semelhante ao de fetos
usa injeção transabdominal de cloreto de potássio dentro do únicos, até 30 a 32 semanas de gestação, e varia conforme
coração fetal. Geralmente a agulha é inserida no lado esquer- a corionicidade, como visto na Figura 8_42.150.151 Depois de
do do coração fetal e permanece in situ vários minutos para 32 semanas, a reserva placentária pode limitar o crescimento
documentar a assistoEa fetal. Evans pubEcou a mais inicial fetal , levando a um padrão assimétrico de crescimento (i. e.,
experiência em um estudo multicêntrico de 183 casos de feti- retardo na circunferência abdominal) visto no terceiro trimes-
cídio seletivo .141 A taxa de morte fetal antes de 24 semanas foi tre. Esse padrão assimétrico típico de restrição do crescimen-
de 8,3% com cloreto de potássio, e de 41,7 0/0 com embolização to intrauterino prediz_o 'potencial aumentado de evoluções
de ar. Um relatório subsequente de 402 casos usando apenas adversas da gravidez. 102.101\
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE GESTA ÇÕES MÚLTIPLAS 293

transversa com o dorso fetal para baixo é geralmente parida


por intermédio de uma incisão uterina vertical. Se a posição
fetal e pesos estimados suportarem uma decisão em favor
de parto vaginal, o ultrassom é muito útil para a
posição do segundo gêmeo durante o segundo período. 109 O
ultrassom pode assegurar que nenhum cordão ou pequenas
partes fetais estejam se apresentando. Se o operador decidir
realizar uma versão do segundo feto , o ultrassom é frequen-
temente útil durante o procedimento. Mesmo quando uma
extração pélvica é planejada, o ultrassom ajuda o clínico a
identificar corretamente os tornozelos fetais ajudando no
processo do parto.

CONCLUSÃO
As gestações múltiplas impõem desafios interessantes e exci-
tantes aos pais, obstetras e ultrassonografistas. Examinamos
FIGURA 8-43. Apresentações cefálica-cefálica em uma gestação
gemelar.
o papel da ultrassonografia no diagnóstico de gêmeos, a
determinação da corionicidade, o tratamento de complicações
exclusivas dos gêmeos, o valor da triagem do comprimento
do colo para predizer a prematuridade, o uso do ultrassom
Uma vez que os gêmeos estão em grande risco de anor-
na tliagem de aneuploidia em múltiplos e o papel intraparto
malidades do crescimento, eles são acompanhados mais fre-
quentemente que as gestações únicas. O tempo mínimo enu-e da ultrassonografia nas gestações gemelares. O ultrassom é
exames ultrassonográficos para determinar que a diferença de uma ferramenta valiosa para o obstetra e o ultrassonografista
peso, isto é, a partir do encontrado no exame antecedente, é aperfeiçoarem o diagnóstico de gêmeos e múltiplos de mais
de 2 semanas. lo -!- Exames ultrassonográficos seriados são usu- alta ordem para orientar a assistência e o tratamento de com-
almente efetuados em gestações gemelares a intenralos men- plicações relacionadas a gestações múltiplas.
sais para gêmeos crescendo normalmente, e a intervalos de 2
semanas quando anormalidades de crescimento são documen-
tadas ou suspeitadas. Os gêmeos monocoriônicos estão em Referências
maior risco de perturbações do crescimento, especialmente
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quando uma discrepância de CCN era maior que o 95 Q weight and gestational age conrribute to increased inpariem costs for
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9
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA
ANATOMIA FETAL NORMAL
Roy A. Filly, MO e Vickie A. Feldstein, MO

Anatomia de Superfície do Feto Sistema Respiratório


Sistema Musculoesquelético Sistema Genitourinário
Sistema Cardiovascular Sistema Nervoso Central
Sistema Gastrointestinal

N ossa compreensão da anatomia fetal normal conforme


observada em ultrassonografias conUnua a ser uma área
de considerável crescimento. A instrumentação aperfeiçoou-
traste diferencial existe, embora o olho seja capaz de resolver
espacialmente um pequeno ponto preto (alto contraste) na
mesma parede. Estruturas que têm altos níveis de contraste
se firmemente, produzindo qualidade de imagem melhorada podem ser constantemente detectadas em um menor tamanho
e mais constante. Entre os avanços mais importantes do (muitas vezes equivalendo a uma idade mais precoce) que as
exame fetal estão a capacidade de escolher a profundidade que exibem pouco contraste. Embora os agentes de contraste
da zona de melhor foco do feixe ultrassônico e selecionar a ultrassonográfico estejam disponíveis para exames em adultos
frequência sem mudar de transdutor. Com essas capacidades, e crianças, os agentes atuais não atravessam a placenta em
a região anatômica que está sendo observada pode ser concentração suficiente para afetar os órgãos fetais. 9 Portanto,
constantemente inspecionada com a parte focalizada do os ultrassonologistas não possuem agentes para alterar o con-
feixe a uma frequência ótima, ambas vantagens altamente traste dos órgãos fetais e assim são totalmente dependentes do
importantes. Mais recentemente, o exame ultrassonográfico conu-aste individual (contraste inerente) para a visualização de
tridimensional expandiu nossa capacidade de avaliar o feto detalhes morfológicos fetais intemos. Claramente, a resolução
em um número quase infinito de planos tomográficos , bem espacial é também uma característica crucial na definição da
como com a visão das características e textura (rendel'i1.ação) morfologia, mas não tem sido o fator limitador na demonst-
da superfície. raÇ<'io da anatomia fetal. Felizmente, os sofisticados sistemas
Além disso, os ulrrassonologistas gradualmente melho- modernos de exame ultrassonográfico têm a capacidade de
raram sua compreensão da anatomia retratada nos exames escolher variados ajustes de contraste, os quais realçam as
in utera. Inquestionavelmente, imagens mais claras abriram diferenças teciduais inerentes.
caminho à nossa compreensão aprofundada, mas outros Outra tecnologia que melhorou o exame fetal , particular-
fatores estiveram envolvidos. O mais recente foi o surgimento mente para gestações mais iniciais, é o transdutor intracavi-
de exame ultrassonográfico de recém-nascidos prematuros1.2 tru-io (transvaginal).IO-12 Certos aspectos da anatomia fetal ,
Esses neonatos diminutos são o equivalente a fetos do de fato embrionária, podem ser vistos com detalhes incríveis
segun?o trimestre tão iniciai.s, às vezes, 24 semanas. p: (Fig. 9-3). Embora esta metodologia seja crucial para o exame
vlsualtzação de sua anatOlTIla cerebral!. (Flg. 9-1) e abdonu- moderno, pretendemos concentrar nossa discussão na anato-
nal (Fig. 9-2) no ambiente ex ulera mais ideal, o que permite mia visualizada por transdutores transabdominais em fetos
o uso de transdutores de mais alta frequência, maior seleção depois da décima quarta semana. Ao examinar gestações
de planos de corte e comparação com outras modalidades mais adiantadas, no contexto do exan1e anatômico fetal,
de exame, muito fez para aperfeiçoar nossa compreensão da usamos transdutores transvaginais predominantemente para
anatomia fetal. Essa informação pode ser, em grande exten- visualizar a parte de apresentação quando os transdutores
são, c"'{trapolada para fetos mais jovens. Por outro lado, o transabdominais não conseguem examinar adequadamente
exame de ressonância magnética continua a ser uma área de esta região da anatomia fetal (i. e., o sacro distal em um feto
crescimento do exame fetal. Nossa capacidade de comparar a em apresentação pélvica).
anatomia ultrassonográfica do feto àquela retratada pela res- Outros parâmetros, importantes em exame fetal , também
sonância magnética faz avançar ainda mais nossa compreen- não podem ser controlados. A ultrassonografta é uma técnica
são da anatomia ultrassonográfica fetal. 3 -7 tomográfica. O posicionamento apropriado para obtenção do
A capacidade da ultrassonografia de detectar estruturas melhor plano tomográfico é sempre desejável. Entretanto, não
intrafetais depende de um equilíbrio entre resolução espacial somos capazes de controlar a posição fetal para atingir esse
e contraste.8 Esse equilíbrio, no entanto, favorece fortemente objetivo. Também não podemos controlar a compleição cor-
o contraste como o aspecto mais importante da percepção. poral materna ou a quantidade de llquido amniótico, ambas
Por exemplo, um ponto branco grande em uma parede as quais podem alterar dramaticamente nossa capacidade
branca é difícil ou impossível de ver, porque nenhum con- de discernir a anatomia fetal . Apesar desses problemas, um
297
298 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

B
FIGURA 9-1. Ultrassonografias da cabeça neonatal. Imagens
coronal (AI. axial (B ) e mediossagital le) possibilitam correlação com
exames fetais. AS , aqueduto de Sylvius; CC, corpo caloso; CF, fi s-
sura coróide; CM, cisterna magna; CP , plexo co róide ; CSP , cavum do
septo pelúcido; LF , fissura lateral; OH , corno occipital; PO , opérculo
parietal; TH , corno temporal; TO , opérculo temporal; VB, corpo do
ventrículo lateral; 4V, quarto ventrículo.

A B
FIGURA 9-2. Ultrassonografias abdominais neonatais. A. Imagem axial transversa. B. Imagem parassagital. AG , glândula suprarrenal, córtex
Imais espesso e mais escuro) e medula (mais delgada e mais brilhante); CB, coluna de Bertin ; P, pirâmide medular do rim.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 299

longo fetal; e (3) os parâmetros acustlcos de exame,


particularmente compensação de tempo-ganho e angulação
do transdutor para visualizar a área com máxima vantagem.
Obviamente, essas regras são as mesmas em toda a ultrasso-
nografia. O desafio de examinar estruturas intJ'afetais é aplicar
tais quando a posição fetal está mudando, tal que o
plano atual de exame não é mais aplicável para a parte que
se quer visualizar.
A l1exibilidade oferecida pelos aparelhos ultrassonográfi-
cos de tempo real nos capacita a exanlinar o feto rapidamente
para determinar a posição precisa. Segundo, os tomogramas
ultrassonográficos , que são gerados rapidamente (praticamen-
te no exame "em tempo real"), capacitam-nos a ver um gran-
de volume do feto com cortes estreitamente espaçados. Essa
olhada rápida em muitos tomogramas contíguos elimina uma
das deficiências básicas do exame tomográfico de um alvo em
movimento . Finalmente, os movimentos fetais são vistos dire-
tamente, o que nos habilita a reorientar rapidamente o trans-
dutor para o plano ótimo de corte para examinar a estrutura
de interesse. A medida que o armazenamento e apresentação
digitais da imagem continuam a se expandir, a tecnologia de
cineclipe melhorou grandemente a captura e visão de muitas
partes fetais , especialmente as que estão em movimento, como
o coração. Atualmente, os sistemas de exame tridimensional
atinf.íiram uma fase clinicamente relevante de desenvolvimen-
to l . 9 Esses instrumentos dependem do "exame de volume ".
FIGURA 9-3. Ultrassonografia transvaginal de um embrião de 17
mm. Este corte mediossagital demonstra o grande quarto ventrículo
Isto é, um volume de tecido (o feto) recebe aplicação de ultra-
inicial formado pelo pregueamento do rombencéfalo (R). A, âmnio. som (é insonado) e os dados são reunidos no computador
processador. A partir desse "volume", são geradas imagens
tridimensionais. De talvez maior importância no futuro, os
planos individuais de corte em quase todas as orientações
grande número de estruturas fetais constantemente é visível podem ser computados. Qyando e se se tornar possível gerar
ultJ·assonograficamente. inlagens planares equivalentes às obtidas com um transdutor
Os transdutores de alta resolução em tempo real com o seu manual, o método atual de ultrassonografia "fluoroscópica", a
acesso flexível para o exame são obrigatórios para a moderna nalureza inteira da ultrassonografia se transformará. Os desa-
ultrassonografia fetal .13. 15 Nas seções a seguir, vários aspectos fios técnicos da ultrassonogTafia serão gTandemente reduzidos
da anatomia fetal são detalhados conforme vistos com essa (Fig. 9-4). O exanle tridimensional da anatomia fetal será
instrumentação. É feita uma estimativa da capacidade da considerado em um capítulo separado.
instrumentação ultrassônica para demonstrar constantemente As áreas fetais de interesse para o ultrassonologista caem
a parte em consideração, bem como uma tentativa de estimar em tJ'ês categorias principais de contraste individual que
quando o feto atingiu tamanho suficiente tal que a estrutura subsequentemente determinam a facilidade relativa com a
anatômica seja suficientemente grande para ser detectada. É qual a estrutura é visível ultrassonograficamente: (1) estru-
importante lembrar que o tamanho e a visualização podem turas que geram rel1exões de alta amplitude (p. ex. , ossos
ser relativos em qualquer fase específica do desenvolvimento. calcificados, submucosa do intestino fetal); (2) estruturas que
Por exemplo, em um feto pequeno com bexiga urinária bem não geram ecos internos (p. ex ., vísceras contendo líquido);
distendida, a identificação da bexiga é relativamente fáciL e (3) as que geram ecos cinzentos no meio da fai..xa (p. ex.,
Alternativamente, a identificação da bexiga será difícil em um os órgãos parenquimatosos como os pulmões, cérebro, baço,
feto a termo que urinou recentemente. A urina, neste caso, fígado , rins, músculos). As categorias estão relacionadas da
provê o "contraste" que ordinariamente torna a bexiga uri- mais visível para a menos visível. Dentro da última categoria,
nária uma estrutura fácil de perceber. Se esse agente de con- pode-se esperar ver um espectro de tons de cinza que possi-
traste drenar-se e for embora, o tamanho do feto (e assim sua bilitarão a distinção entre diversos órgãos parenquimatosos e
bexiga) não nos resgatará da perda de contraste. Importante componentes intraórgãos. Por exemplo, as partes medulares
também é o conceito de que o olho humano vê melhor no do parênquima renal fetal geram ecos internos de mais baixa
sentido "relativo" que no "absoluto" do tamanho. Assim, em amplitude que os tecidos conicais circundantes e as colunas
um feto jovem, o ventrículo cerebral é muito mais facilmente de Bertin, assim possibilitando o reconhecimento deste com-
visualizado que em um feto mais velho, porque o tamanho ponente separado do tecido renal (Fig. 9_5)20
relacivo do ventrículo em comparação com o tamanho cere- Um aspecto de importância crucial para o exame de
bral global é maior inicialmente (mesmo apesar de o tamanJlo órgãos é a posição fetal. Claramente, um feto em pronação
absoluto ser maior mais tarde). está em uma posição ótima para examinar os rins, ordinaria-
Se o ultrassonografista começar com uma intenção especí- mente difíceis de perceber, mas em má posição para demons-
fica de examinar uma parte fetal particular, frequentemente é trar a bexiga urinária, que usualmente é fácil de visualizar. A
possível ter sucesso. S.1 Para realizar isso. o ultrassonografista determinação da posição fetal deve ser realizada em todos os
deve (1) avaliar a posição fetal precisa; (2) considerar se a exames ultrassonográficos obstétricos do segundo trimestre
parte anatômica de interesse é mais bem visualizada em pla- em diante. A posição fetal deve ser detenninaela tão precisa-
nos perpendiculares ao eL'(o longo fetal ou paralelos ao eixo mente quanto possível antes que uma interpretação ela anato-
300 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

FIGURA 9-5. Ultrassonografia de um rim fetal em eixo longitudinal


(setas). As pirâmides medulares (áreas mais escuras em forma de
triângulo) são distinguidas dos tecidos corticais circundantes e colu-
nas de Bertin.

B
FIGURA 9-4. Face normal em um feto de 35 semanas menstruais. É importante lembrar que as estruturas patológicas são
A. Imagens multi planares e renderizadas para volume da face fetal frequentemente mais visíveis que suas contrapartes normais
estão apresentadas. Em cima à esquerda, é apresentada uma vista (p. ex., as alças dilatadas de intestino delgado são mais
coronal através do nariz e lábios. Em cima à direita , é apresentada
fáceis de detectar que as alças normais de intestino delgado).
uma vista sagital ou de perfil da face. Embaixo à esquerda, está mos-
trado um plano axial através da crista alveolar anterior do palato pri- Entretanto. é ainda mais importante manter em mente que
mário. Embaixo à direita , está apresentada uma imagem renderizada a observação patológica mais difícil é reconhecer a ausência
para volume da face usando técnicas de superfície e luz . Uma linha de uma estrutura que ordinariamente poderia ser visualizada
é visível cruzando o lábio superior do feto , o que identifica o nível (p. ex., uma pane faltando em uma extremidade ou a incapa-
do plano axial na caixa embaixo à esquerda. Observe dois brotos
dentários na crista alveolar anterior (setas). B. Imagens de múltiplas cidade de ver o estômago quando está presente a atresia de
rotações da face fetal estão apresentadas. Em geral , um volume é esôfago sem fístula traqueoesofágica).
rodad o com um botão no painel de trabalho para fornecer a impres-
são de tridimensionalidade. (De Pretorius OH, Nelson TR: Three-
dimensional ultrasound in gynecology and obstetrics. U/trasound Q ANATOMIA DE SUPERFíCIE DO FETO
14:218, 1998.)
A ultrassonografia de rotina por indicações obstétricas rara-
mente exige uma análise de estruturas superficiais fetais.
mia fetal seja começada. porque a posição de uma estrutura Entretanto, quando uma anomalia é suspeitada, uma procura
muitas vezes inOuenciará nossa interpretação. A situação fetal cuidadosa de características de superfície do feto se torna
geral é avaliada primeiro (ou seja, longitudinal, oblíqua ou importante ou mesmo obrigatória. A anatomia de superfície
transversa). Uma vez que isso é determinado. a apresentação considerada nesta seção inclui face, orelhas. cabelo e genitália
(i. e., cefálica. pélvica) e a localização do dorso fetal são obser- externa. Importante , os avanços tecnológicos nas renderiza-
vadas. Se, por exemplo, o dorso fetal estiver no lado esquerdo ções u'idimensionais das ultrassonografias fetais tiveram um
materno e o feto estiver em apresentação cefálica, pode-se impacto dramático na visualização da anatomia superficial
julgar que o feto está deitado sobre seu lado esquerdo (Fig. feta1. 2 1-23 Con ulte o Capítulo 24 para detalhes .
9-6). Em contraposição, se o feto estiver pélvico. então ele deve A face fetal pode ser vista com considerável clareza com
estar deitado sobre seu lado direito. O inverso é o caso para a ultrassonografia bidimensional. As gestantes ficam frequen-
os fetos pélvico e cefálico quando o dorso fetal estiver no lado temente surpresas de ver o seu feto tão claramente (Figs. 9-7
direito materno. Nas situações fetais transversa ou oblíqua, as a 9-9). O supercílio, bochechas, pálpebras (e ocasionalmente
mesmas regras se aplicam, mas com diferente orientação. mesmo cílios), nariz, lábios e mento podem ser vistos cons-
Essa análise da posição fetal é vital para a interpretação tantemente. O nariz e os lábios são os mais importantes a
adequada de situs abdominal e torácico e para a identificação examinar em detalhe (para excluir fenda). As asas . columela
de estruturas fetais anormais. Por exemplo. uma estrutura e narina podem ser nitidamente representadas (Figs. 9-10 e
arredondada cheia de líquido na parte po terior esquerda 9-11 ). O lábio superior é mai importante diagnosticamente
do abdome fetal superior pode ser considerada como repre- que o lábio inferior e felizmente mais fácil de ver. A visuali-
sentando o fundo do estômago fetal. Entretanto, uma estru· zação é usualmente boa o suficiente para identificar o filtro .
tura de idêntica aparência mas localizada no lado direito do As bochechas são proeminentes, como esperado, e os tecidos
abdome fetal superior deve ser interpretada como uma lesão subcutâneos da bochecha. em virtude da presença de um
patológica ou uma anormalidade de si/us. grande corpo adiposo, são brilhantemente ecogênicos (Fig.
AVALIAÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 301

Situação longitudinal Situação longitudinal


apresentação cefálica apresentação pélvica

Estômago
Veia umbilical

Coluna
vertebral
Vesicula biliar

B
FIGURA 9- 6. O conhecimento do plano de corte através do abdome materno (longitudinal ou transversal), bem como da posição da coluna
fetal e estruturas esquerdas (estômago) e direitas (vesícula biliar), pode ser usado para determinar a situação fetal e a apresentação. A. Esta
imagem transversa do útero grávido demonstra a coluna fetal à direita materna com o feto deitado com seu lado direito para baixo (estômago
anterior, vesícula biliar posterior). Como estas imagens são vistas olhando-se a partir dos pés da paciente, o feto deve estar em uma posição
longitudinal e em apresentação cefálica. 8 . Quando o útero grávido é escaneado transversalmente e a coluna fetal está à esquerda materna,
com o lado direito para baixo , o feto está em uma posição longitudinal e em apresentação pélvica. Continua
302 AVALIAÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

Posição transversa da cabeça , Posição transversa


esquerda materna cabeça, direita materna

o
FIGURA 9 - 6 conto C. Quando um plano de corte longitudinal demonstra o corpo fetal transecionado transversalmente e a coluna vertebral
fetal está mais pró><ima do segmento inferior do útero, com o lado direito fetal para baixo, o feto está em uma posição transversa com a
cabeça feta l à esquerda materna. D. Quando um plano de corte longitudinal demonstra o corpo fetal transecionado transversalmente e a coluna
vertebral fetal está mais próxima do fundo do útero com o lado direito fetal para baixo, o feto está em uma posição transversa com a cabeça
fetal à direita materna. Embora o escaneamento em tempo real do útero grávido permita rapidamente ao observador determinar a situação
e apresentação fetais, esta manobra de identificar estruturas específicas direitas e esquerdas dentro do corpo fetal nos força a determinar a
situação fetal acuradamente e a identificar anatomia fetal normal e patológica .

9-12). O perfil também é facilmente demonstrado (Fig. 9-9) e


proporciona informação útil acerca do supercílio (p. ex., bos-
sas frontais), mento (p. ex., o hipog11atismo) e nariz (p. ex., a
hipoplasia da face média e a síndrome de Down).
As orell1as podem ser visualizadas muito bem e notada
sua maUlração O meato acústico externo, hélice
(e antélice em feIOS mais velhos), lóbulo e tragos podem ser
exibidos (Fig. 9-13), mas a posição relativa da orelha (p. ex.,
orelhas em posição baixa) é difícil de julgar - uma tarefa mais
facilmente realizada com o exame tridimensional. A orelha
pode ser protuberante e pode ser erradamente tomada por
LIma anormalidade, especialmente uma encefalocele. 25
O cabelo do couro cabeludo é facilmente percebido em
fetos adiantados (que tenham algum). Os ecos lineares bri-
lliantes salientando-se ou paralelos ao couro cabeludo e pesco-
ço são bastante conspícuos. De fato, o único benefício de reco-
nhecer o cabelo é não ser erradamente levado a tomar cabelo
longo por um processo patológico, a saber, uma encefalocele
FIGURA 9-7. Corte coronal da face fetal que demonstra as fissuras ou higroma cístico, porque o cabelo mais longo, molhado e
palpebrais (PFl particularmente bem. NB, osso nasal. embaraçado pelo líquido anuuótico, pode aprisionar algum
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETA L NORMAL 303

FIGURA 9-8. Ultrassonografia da face fetal. Mesmo apesa r de esta


imagem ser um tomograma com relativamente pouca profundidade,
as feicões faciais são bem vistas. O líquido amniótico rodeando
a fornece o "contraste" para visualização. 1, supercílio; 2,
pálpebra; 3 , bochecha; 4, asa do nariz; 5 , narina; 6, filtro; 7, lábio
superior; 8 , lábio inferior.

B
FIGURA 9-9. A . Corte mediossagital da face fetal (vista "de perfil"l.
B. Ultrassonografia axial através do nariz. Observe que o septo nasal
cartilaginoso (NSI é bem visto. NB, osso nasal; Mand, mandíbula;
Max, maxila.

líquido entre ele e a pele do occipitaJ ou pescoço, criando a


falsa impressão de uma massa cística nesse local (Fig. 9-14).
A genitália externa pode ser apreciada a partir do começo
do seg'undo trimestre em diante. O sexo pode ser atribuído
com bastante exatidã0 2ú .28 Ordinariamente, isso não tem
consequência clínica. Entretanto, em certas circunstâncias, o
sexo deve sempre ser determinado, Essas incluem todos os
gêmeos vivos nos quais é visto um ünico local placentário ou
quando a geminação monozigótica, por razões outras que não
a placentação, seria considerada deletéria para a evolução da
gravidez. 29 Todos os fetos com suspeita de obstrução do trato
urinário inferior devem receber determinação do sexo porque
o diagnóstico diferencial é distinto em meninos e meninas.
Certas outras circunstâncias exigiriam determinação do
sexo se a cariotipagem fosse recusada ou impraticável. Essas
incluem, mas não se limitam a. o risco de doenças ligadas ao
FIGURA 9-10. Ultrassonografia "coronal" do nariz e boca. A X ou quando a síndrome de Turner é suspeitada por causa de
estrutura nasal é particularmente bem vista. 1, asa; 2, columela;
3, narina . A boca mostra menos detalhe, embora sejam vistos ecos
um aspecto dismórfico (p. ex., higroma cístico).
em camadas constantes e características. Essas camadas são (pre- O sexo feminino deve ser atribuído unicamente pela iden-
sumivelmentel a gordura subcutânea (51 e o tecido muscular (61. o tificação dos grandes e pequenos lábios (Fig. 9-15). Atribuir
músculo orbicular da boca e (71 o tecido mucoso. sexo feminino por causa de uma impossibilidade de ver um
304 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9 - 11. A. Imagem coronal verdadeira do nariz e lábio superior. 1, narina; 2, asa; 3, columela; 4 , lábio superior. B. A imagem coronal
inclinada demonstra uma perspectiva ligeiramente diferente. 5, bochecha; 6, filtro.

A
FIGURA 9 - 12. A. Corte axial da face fetal mostrando a língua . 1, lábio; 2, língua; 3 , corpo adiposo da bochecha. B. Corte mediossagital da
face fetal mostrando a língua. 4, nariz; 5, maxila; 6, mento.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANA TOMIA FETAL NORMAL 305

do feto, as panes ossificadas do esqueleto possuem o mais alto


nível de contraste e assim são vistas mais cedo e mais cons-
.
tantemente que quaIquer outro sIstema de 'orgaos.
- 1330-33
. De
fato, a ultrassonografia supera todas as outras modalidades de
imagem no exame do esqueleto fetal. Embora radiografias de
abonos demonsu-em morfologia óssea mais proveitosamente
que um ultrassom,3.1.35 o inverso é verdade a respeito de fetos
no útero, em que os tecidos moles e ossos maternos sobreja-
centes, movimento fetal e posição fetal inapropriada derrotam
as técnicas radiográficas fetais na visualização do esqueleto
fetal inicial. Com o exame de volume (ultrassonografia tri-
dimensional), o processamento especial pode dar uma visão
mais global das estruturas esqueléticas fetais que o pode
ser obtido com a ultrassonografia bidimensional. 6-38 Isso
melhora a imagem e o processo diagnóstico para a avaliação
de normalidade e patologia.
A posição fetal é exn-emamente importante. Os elementos
posteriores da coluna vertebral fetal podem ser claramente
examinados com o feto em uma posição pro na ou de decúbi-
to, mas são difíceis de examinar quando o feto está supino. 39
Similarmente, as extremidades são examinadas com excelente
A proveito quando flutuam livremente no líquido amniótico. A
mesma extremidade posicionada embaixo do feto será bastan-
te difícil de examinar.
Apesar destes problemas potenciais , as estruturas esquelé-
ticas fetais permanecem sendo as estruturas anatômicas fetais
mais precoce e mais facilmente reconhecidas. Na verdade,
as estruturas mais iniciais observadas com constância são os
centros de ossificação da maxila, mandíbula e clavícula, os
primeiros ossos do corpo humano a se ossificarem. 13 A calota
craniana pode ser examinada do fim do primeiro trimestre
em diante. O mesmo é verdade quanto aos ossos longos da
extremidade superior e inferior (Fig. 9-18). A visibilidade do
detalhe ósseo aumenta rapidamente, e pelas 15 a 16 semanas
menstruais (às vezes mais cedo), até as falanges podem ser
visuaJizadas . Ossos de apenas 2 a 3 mm de tamanho podem
ser constantemente examinados por ultrassonogTafia, desde
que não haja impedimentos incomuns ao procedimento de
escaneamento (Fig. 9-19). Muitas estruturas ósseas específicas
podem ser apresentadas . Ossos no esqueleto apendicular e
ao-xial são bem examinados.
É importante esclarecer que a ultrassonografia tem a
B capacidade de visualizar não somente as partes ossificadas
FIGURA 9-13. Ultrassonografias parassagital IA) e coronal (8) do esqueleto fetal, mas também as partes cartilaginosas. 13
da orelha fetal. AH, antélice; AT, antitrago; EAC, meato acústico As extremidades cartilaginosas dos ossos longos podem ser
externo; FT, fossa triangular; H, hélice; L, lóbulo. visualizadas no começo do segundo trimestre. De fato, ossos
inteiramente em cartilagem podem ser vistos ultrassonografi-
camente (Fig. 9-20). É igualmente importante reconhecer que
pel11s resultará em muitos erros diagnósticos. A genitália a espessura total da diáfise ossificada dos ossos longos não
masculina será vista facilmente (Fig. 9-16). O pênis e escroto é vista ulu-assonogTaficamente.-IO Isso é devido ao sombre-
são extremamente óbvios. Os testículos podem ser vistos no amento acústico. As extremidades cartilaginosas dos ossos
saco escrotal, às vezes tão cedo quanto no começo do terceiro longos nos ajudam a reconhecer esta aberração. Comparando
trimestre (os testículos são intra-abdominais durante a maior a largura da epífise, cuja espessura completa pode ser visua-
parte da gestação, mas são muitas vezes visualizados na pre- lizada, com a "largura" aparente da diáfise óssea, fica claro
sença de ascite). Detalhes do pênis, incluindo a glande, uretra que essas são desiguais (Figs. 9-21 e 9-22). Essa observação
e corpos cavernosos, podem ser apreciados (Fig. 9-17). Até ajuda a corrigir alguns erros de percepção que podem levar
mesmo o prepúcio é visível em alguns casos. a diagnósticos errôneos. Por exemplo, a incapacidade de ver
a espessura total da diáfise femoral cria a impressão de que
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO o fêmur fetal mais distante do transdutor é arqueado (Fig.
9-23).-10 Este erro é causado pela visualização de apenas o cór-
A ultrassonografia em tempo real apresenta o formato mais tex mediai da diáfise femoral (que normalmente é curvo) (Fig.
apropriado para exame dos ossos fetais. A resolução e flexibi- 9-24). Entretanto, a incapacidade de "corrigir visualmente"
lidade oferecidas por esses aparelhos nos habilitam a analisar essa curvatura normal pela observação simultânea do córtex
o esqueleto fetal rapidamente. De todas as estruturas dentro lateral "reto" causa o erro de percepção.
306 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B

c
FIGURA 9-14. A. O cabelo (1) pode ser erradamente tomado pela membrana externa de uma massa cistica em um feto mais velho. 2, parte
da orelha; 3, osso occipital; 4, tecidos subcutâneos e músculos na região occipital; 5, liquido amniótico "aprisionado". B. Escaneamento a 90°
em relação a A. Esta imagem esclarece que o feto é normal. 6, artéria umbilical; 7, veia umbilical; 8, cerebelo. C. Plano parassagital através
de um feto diferente demonstra cabelo (1) acima da orelha. 9, hélice; 10, lóbulo.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 307

FIGURA 9-16. Pênis fetal não -ereto visto ultrassonograficamente.


FS, prepúcio; S, corpo.

B
FIGURA 9-15. Carona I IA) e axial 181. Genitália feminina externa
(e " interna"). De interesse. o útero (U!) pode ser visto indentando
assimetricamente a bexiga dos fetos femininos IAnts Toi, MD - comu- FIGURA 9- 17. Detalhes em um pênis fetal ereto. 1. uretra; 2. corpo
nicação pessoal). 1, grande lábio; 2, pequeno lábio; 3, fenda vaginal; cavernoso; 3, corpo; 4, glande; 5, prepúcio.
4, coxas.

A maiona dos ossos do esqueleto apendicular pode ser sos estão bem ossificados aos .j. meses . enquanto os carpos
vista do início ao meio do segundo trimestre. embora falanges e tarsos (exceto o calcâneo e o tálus no tarso) permanecem
possam ser difíceis de perceber em alguns casos. Constitui cartilaginosos durante toda a gravidel. O calcâneo e o tálus
uma regra geral do exame do esqueleto apendieular que, ossificam-sc cntre o 5Q c o 611 mês. enqua11lo os reSLallles ossos
quanto mais proximal um osso . mais facilmente ele é iden- do tarso e carpo não se ossificam até depois do nascimento
tificado. Essa regra em certo sentido é inverídica nas mãos (Figs. 9-26 e 9-27).
e pés. nos quais os metacarpos e metatarsos são VIStoS mais A escápula (Figs . 9-28 e 9-29). a clavícula (Fig. 9-30), o
facilmente e mais cedo que os ossos do carpo ou tarso (Figs . úmero (Figs. 9-28 e 9-31 ). o rádio (Fig. 9-32), a ulna (Figs.
9-19 e 9-25). Isso acontece porque os metacarpos e metatar- 9-31 e 9-32), os metacarpos (Figs. 9-19 e 9-32 ) e as falanges
308 AVALIAÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

FIGURA 9-18. A ultrassonografia de um embrião de 10 Y, semanas


mostra o diminuto (aproximadamente 1 mm) centro primário de ossi-
ficacão do fêmur (seta). (De Mahany BS, Fil/y RA: High-resalutian
san;graphic assessment af the fetal extremities. J Ultrasaund Med
3:489, 1984.)

B
FIGURA 9-20. A. Ultrassonografia mediossagital do joelho fetal.
B. Ultrassonografia axial (semelhante à radiografia de joelho chamada
"vista do nascer do sol"). CL, ligamento cruzado posterior: DFE,
epífise femoral distai: P, patela (um osso que é inteiramente carti-
laginoso): PL, ligamento patelar: PTE, epifise tibial proximal. Observe
a sinóvia ecogênica localizada entre a patela, o ligamento patelar e
as epífises.

Similarmente, o fêmur (Figs . 9-34 a 9-37), a tíbia (Figs.


FIGURA 9-19. Ultrassonografia do antebraço e punho fetais de 20 9-38 e 9-39), a fíbula (Fig. 9-38), os metatarsos (Figs. 9-25 e
semanas. CR, ossos do carpo cartilaginosos: R, diáfise do rádio (a 9-26) e as falanges (Fig. 9-25) da extremidade inferior podem
epífise radial distai também é cartilaginosa). ser bem apreciados ultrassonograficamente. As figuras que
demonstram a articulação do quadril. fêmur e joelho (Figs.
9-34 a 9-38) podem ser revistas para apreciar a anatomia
notavelmente detalhada que pode ser obtida com a ultrasso-
(Figs. 9-19 e 9-33) podem ser examinados na maioria dos nografia de alta resolução .
casos. Curiosamente, a clavícula pode ser difícil de ver, presu- A maneira mais simples de identificar os tipos de ossos
mivelmente por causa da posição flexionada do pescoço fetal , longos das extremidades vistos na ultrassonografia é obter
o que traz a calota craniana para uma posição que oculta a planos de corte que atravessem o ei.xo curto do membro. As
clavícula. Não obstante. se desejarmos ver a clavícula, isso ultrassonografias obtidas nesse plano através do antebraço e
quase sempre pode ser realizado. De fato. existem medidas panturrilha demonstrarão dois ossos. Na perna, o osso mais
do comprimento clavicular normal em várias idades gestacio- lateral é a fíbula, e o osso mais medial é a tíbia (Fig. 9-38). Esse
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 309

A B
FIGURA 9-21. A. Ultrassonografia demonstrando melhor o fêmur mais distante do transdutor. As setas marcam as margens das epífises
distais. As pontas de setas marcam as "margens" aparentes da diáfise femoral distaI. A margem mais mediai da diáfise combina com a mar-
gem do côndilo mediai , mas as margens laterais da "diáfise" e do côndilo lateral são largamente diferentes. B. O mesmo exercicio pode ser
realizado no fêmur mais próximo. Novamente, as setas marcam as margens da epifise distai e as pontas de setas marcam as "margens" da
diáfise femoral. O sombreamento pelo osso mas não pela cartilagem causa este aspecto enganador.

rádio e da ulna na extremidade superior. O fato de ambos os


ossos pareados da extremidade superior e inferior terminarem
ao mesmo nível distalmente é importante na avaliação de pos-
síveis anormalidades de redução de membro.
A mão pode ser avaliada mais criticamente que o pé. 42-44
Com paciência, podem-se usualmente discernir todos os
quau-o dedos e o polegar. A mão frequentemente está fecha-
da, o que pode complicar a contagem de dedos. Entretanto,
mesmo em tal circunstância, pode-se frequentemente fazer as
observações necessárias. Os dedos dos pés, embora menores
que os dedos das mãos, podem ser vistos relativamente bem
com equipamento moderno (Figs. 9-25 e 9-27). Qyando surge
dificuldade . geralmente são os quarto e quinto dedos dos pés,
funcionalmente menos importantes, que não são vistos.
É possível no feto do fim do terceiro trimestre identificar
os centros de ossificação epifisários distai (Figs. 9-22
e 9-40) e tibial proximal (Fig. 9_40).4046 A ossificação dessas
epwses, conforme visto em radiografias, é conhecida como
um indicador de maturidade fetal. A identificação dos centros
de ossificação epifisários em torno do joelho fornece um tipo
diferente de parâmetro que os ultrassonologistas podem usar
na avaliação da idade gestacional no terceiro trimestre da
gravidez. Em geral, a visualização de um centro de ossifica-
ção epifisário femoral distal indica uma idade gestacional de
FIGURA 9- 22. Ultrassonografia setorial do fêmur distai obtida pelo menos 33 semanas (Figs. 9-41 e 9-43). Similarmente, os
de tal modo que as linhas de visão do transdutor intersecionam a
extremidade inferior da metáfise femoral na placa epifisária (1 ,. Por
mesmos dados sugerem que a demonstração da epífise tibial
esta manobra, a espessura total do fêmur ossificado distai é vista proximal indica uma idade gestacional de pelo menos 35
ultrassonograficamente (compare com a Fig. 9-21 ,. Agora, a espes- semanas. Esses centros de ossificação aparecem mais cedo, em
sura da epifise (setasl e a diáfise femoral ossificada se combinam média, em fetos femininos (Fig. 9-42) .46 O tamanho do cen-
perfeitamente. 2, patela; 3, centro secundário de ossificação da
epifise femoral distaI.
tro de ossificação femoral distal se correlaciona com a idade
gestacional avançada (Fig. 9-43).46 O centro de ossificação
epifisário umeral proximal é usualmente o último a se ossificar
entre os centros de ossificação secundários.
método funciona também no antebraço, mas é menos preciso Conforme antes mencionado, muitos ossos do esqueleto
porque a pronação pode fazer o rádio e a ulna "se cruzarem". apendicular fetal são inteiramente cartilaginosos . Alguns
No feto normal, a tíbia e fíbula e o rádio e ui na terminam ao ainda podem ser examinados ultrassonograficamente. De
mesmo nível distalmente (Fig. 9-32). Proximalmente, eviden- fato, a patela não pode ser comumente vista (Figs. 9-20 e
temente, a ulna é mais longa que o rádio (Fig. 9-31 ), e a tíbia 9-22). Esse osso não começa a se ossificar até depois do nas-
é mais longa que a fíbula. Isso permite tanto a fácil diferen- cimento. Todos os ossos do carpo e a maioria dos ossos do
ciação da tíbia e da fíbula na extremidade inferior quanto do tarso são inteiramente cartilaginosos (Figs. 9-19, 9-25 , 9-26
310 AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

FIGURA 9-24. Radiograf ia de um fêmur fetal no trimestre inter-


mediário. Note que o olho compensa a curvatura do có rtex diafisário
mediai (setas curvas) ao observar o córtex diafisário lateral reto
(setas retas). Compare com a Figura 9-23.

FIGURA 9- 23. A diáfise do fêmur mais próxima do transdutor


aparece reta (Fs). A espessura total da diáfise não é vista. A diáfise
do fêmur mais distante do transdutor aparece curva (Fc). Compare
com a Figura 9-24. Est a é uma forma normal da face mediai do osso.
Entretanto, o córtex lateral reto visto na radiografia, mas não na
ultrassonografia, compensa visualmente a curvatu ra porque a espes-
sura total do osso não é percebida.

A B
FIGURA 9--25. Pé fetal com 16 semanas de gestação em planos axial transverso (A) e parassagital (8). 1, dedos; 2, centros de ossificação
das falanges proximais; 3, cent ros de ossificação dos metatarsos; 4 , cuboide em cartilagem; 5, calcâneo em cartilagem.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 311

FIGURA 9 - 26. Ultrassonografia mediossagital do pé fetal no fim


do segundo trimestre. 1. calcàneo cartilaginoso; 2. centro primário
de ossificacão do calcâneo; 3. tálus cartilaginoso; 4. centro primário
de ossificação do tálus; 5. navicular em cartilagem; 6, epíf ise tibial
d istai; 7, diáfise tibial distai.
FIGURA 9-28. Ultrassonografia coronal do ombro e braço . 1,
clavícula distai; 2, cabeça umeral cartilaginosa; 3 , diáfise umeral
ossificada ; 4 , músculo grande peitoral; 5 , escápula.

individualmente de tempos em tempos (Figs. 9-25 e 9-26).


Esses incluem, mais notavelmente, os tarsos calcâneo e tálus
iniciais (antes de 24 semanas) e o navicular e cuboide do tarso
durante toda a gestação.
A visualização das extrem.idades cartilaginosas dos ossos
longos ajuda em sua medição de duas maneiras . A medição
dos ossos longos fetais é limitada à porção ossificada. Um
erro potencial é encurtar o osso ao deL'(ar de obter o plano de
corte au'avés do eixo longo verdadeiro do osso. Para evitar
subestimar o comprimento, este inconveniente é muitas vezes
compensado admitindo-se a medida "mais longa " obtida em
várias ten tativas como sendo a mais exata - uma supos.ição
que pode levar a superestimativas sérias, conforme discutido
brevemente. Entretanto, se ambas as extremidades cartilagi-
nosas do osso que se deseja medir forem vistas , isso garante
que o plano de corte passou através do eixo mais longo do
osso (Fig. 9-44). A única tarefa restante para minimizar erro
é posicionar acuradamente os cursores de medição nas extre-
m.idades do osso.
Outra concepção errada comum na medição do fêmur é
que nenhum outro tecido em proximidade à terminação óssea
FIGURA 9--27. Ultrassonografia axial dos dedos do pé fetal (T)
produzirá um eco de brilho igual ao osso. Assim, deve-se
demonstrando os tecidos moles. Pouca estrutura óssea é vista , sempre posicionar os cursores de medição desde a margem do
embora a falange distai (DP) do hálux seja visível. reflexo mais brilhante distaI até a margem do reflexo mais bri-
lhante proximal. Essa crença muito antiga é infelizmente errô-
nea, especialmente em fetos mais velhos - embora fetos mais
jovens não estejam isentos deste erro potencialmente impor-
tante na estimativa do comprimento do fêmur."' A Figura 9-45
e 9-32). Os ossos do caq)o não podem ser vistos individual- demonstra que uma reflexão não óssea. não obstante igual-
mente. Em vez disso, eles são percebidos como lima banda mente brilhante. retorna dos tecidos distais à placa metáfise
hipoecoica conglomerada abrangendo o espaço desde o rádio mas em estreita contiguidade com a metá.fise femora! distaI.
e ulna distais até os centros de ossificação dos metacarpos Isso é chamado ponta femoral distai, na falta de um termo
proximais (Fig. 9-32). Evidentemente. este espaço também anatômico mais preciso ..J7 O fato de essa ponta não fazer parte
inclui as epífises cartilaginosas dos ossos longos. Em contra- do fêmur ossificado pode ser determinado observando-se sua
posição , alguns dos ossos do tarso podem ser identificados relação com o côndilo lateral cartilaginoso. A metáfise remoral
312 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-29. A e B. Ultrassonografias parassagitais da escápula. 1, fossa infraespinhal; 2, músculo infraespinhal; 3 , espinha escapular;
4, músculo supraespinhal; 5 , fossa supraespinhal; 6, músculo subescapular; 7, costelas em eixo curto.

FIGURA 9-30. Ultrassonografia axial das clavículas ICI). Sp, coluna


vertebral; RM, músculo romboide.
FIGURA 9-31. Cotovelo fetal, mão pronada, ultrassonografia
carona I. 1, músculo tríceps; 2, diáfise umeral ossificada; 3, fossa
do olécrano cartilaginosa; 4 , cartilagens conglomeradas em torno
da articulação do cotovelo; 5, diáfise ulnar proximal; 6, epicôndilo
mediai do úmero.
termina no começo da epífise femoral distaI e não se supe1võe
à margem da epífise. Compare a radiografia do fêmur fetal na
Figura 9-24 com a ultrassonografia do fêmur fetal na Figura
9-45. Não existe uma ponta femaral ossjjicada assim.
A ultrassonografia, de tempos em tempos, demonstra como um conglomerado. As asas maiores do esfenoide e a
aspectos bastante exu'aordinários do sistema musculoesque- crista petl'osa são facilmente identificadas e definem as fossas
lético das extremidades. Presentemente, nenhuma utilidade cranianas anterior, média e posterior (Fig. 9-49). As órbitas
diagnóstica dessa informação foi estabelecida, nem é possível podem ser visualizadas sem dificuldade. a não ser que a
demonstrar essas estruturas com a constância necessária para órbita posicionada mais anteriormente oculte severamente a
usar sua visualização com intenções diagl1ósticas. Entretanto, órbita posicionada mais posteriormente (Fig. 9-50), Padrões
diversas dessas estruturas notáveis são mostradas nas Figuras foram estabelecidos às distâncias interorbitárias para avaliar
9-46 a 9-48. o hipotelorismo e o Em fetos mais velhos .
Muitos ossos ou componentes de ossos do esqueleto um surpreendente detalhe do conteúdo orbitário pode ser
axial também são rotineiramente visualizados. Na região do apreciado, incluindo a parede do globo , cristalino, gordura
crânjo, podem-se perceber vários ossos i.ndividualmente ou reu'obulbar, nervo óptico e músculos retos (Fig. 9-51 ). Partes
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 313

A B
FIGURA 9- 32. A e a. Ultrassonografias coronais do anteb raço e carpo . 1, diálise ulnar; 2 , olécrano em cartilagem; 3 , diálise radial ; 4 , epífise
ulnar distai ; 5 , diálise do metacarpo; 6 , epífise distai do metacarpo; 7 , centros de ossificação das falanges; 8 , arco do carpo visto como um
c onglomerado de cartilagem.

A B
FIGURA 9-33. A. Ultrassonografia coronal da mão fetal mostrando os tecidos moles dos dedos e palma. Os sulcos nas articulacões interfa -
langianas e os sulcos palmares são vistos. a. Ultrassonografia coronal da mão exibindo algum detalhe ósseo das falanges em
MP, falange média .
314 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

da ma,xila e quase a mandíbula inteira podem ser identifi- cas são particularmente bem visualizadas em reconstruções
cadas. do mesmo modo que a crista nasal óssea (Fig. 9-50). tridimensionais da calota, conforme será demonstrado no
Similarmente. os ossos frontal, parietal e escama do temporal Capítulo 24. Suturas e fomanelas são as janelas para o exame
c do occipital. os ossos que constituem a calota craniana , cerebral (Fig. 9-54). Embora muitos indivíduos que efetuam
podem ser vistos claramente. As zonas cartilaginosas de arti- ultrassonografia não percebam que estão emprcgando suturas
culação dcsscs ossos, as suturas coronal , sagital e lambdóide, e [ontanelas para examinar o cérebro fetal, eles visualmente se
são comumente visíveis (Fig. 9-52). As fontanelas também certificam de que , à medida que movem o transdutor, imagens
podem ser vis las (Fig. 9-53). Essas características anatôm.i- cerebra.is "indistintas" subitamente se tornam mais claras. A
razão, evidentemente. é que, ao moverem o transdutor, o feL"e
inevitavelmente passa através de uma sutura ou fontanela.
habilitando mesmo o examinador não refinado a aproveitar
esses espaços entre as placas da calota.
As costelas, a coluna vertebral e a pelve são facilmente
examinadas e servem como excelentes marcos anatômicos .
Na pelve, os centros de ossificação ilíacos são facilmente
observados a partir do começo do segundo trimestre (ossifi-
cados aos 2,5 a 3 meses felais). A ossificação isquiática (fig.
9-34) está presente aos 4 meses, mas a ossificação púbica não
está presente até os 6 meses.
A coluna é uma estrutura extremamente importante no
diagnóstico feta1.39A9-5 1 Com o advento da lriagem de alfafeto-
proteína sérica, bem como o desenvol vimento concomitante
de sofisticada tecnologia de exame ultrassonográfico de alta
resolução, existe o potencial de diagnosticar quase todas as
lesões de espinha bífida antes da vigésima semana de gravi-
dez. 52 Essas transformações na assistência obstétrica obrigam
que a morfologia da coluna vcrtcbral fctal seja bem compre-
endida pelos ullrassonologistas. A sequência de desenvolvi-
mento de ceI1lros de ossificação na coluna vertebral fetal [oi
FIGURA 9- 34. Imagem coronal do quadril fetal. 1, centro de ossi- extensamente estudada no passado com métodos radiológicos
ficação isquiático ; 2 , acetábulo cartilaginoso ; 3, cabeça femoral em e histológicos.n 35 Cada vértebra geralmente tem três centros
cartilagem; 4 , trocanter maior em cartilagem ; 5 , diáfise femoral. primários de ossificação, um para o corpo (ct!71trllln) e um em
Observe a sinóvia ecogênica entre o acetábulo cartilaginoso e a cada lado do arco neural posterior. Os cenlra são oss ificados
cabeç a femoral. Consulte a Figura 9-20A .

A B
FIGURA 9- 35. A e B_ Ultrassonografias longitudinal (A) e axial transversa (B) da coxa fetal. 1, cápsula posterior da articulação do quadril;
2 , tro c anter maior ; 3 , diáfise femoral ; 4 , côndilo lateral; 5, côndilo mediai; QF, músculo quadríceps femoral; BF , músculo bíceps femoral;
F, diáfise femoral_
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁ FICA DA ANA TOMIA FETAL NORMAL 31 5

. . . . . . . . . . . . .1 . . . . . . . . . . . .- - - - - -

A B
FIGURA 9-36. A. Ultrassonografia parassagital do joelho fetal. O côndilo femoral (1) articula-se com o platô tibial (epífise tibial proximall.
B. Ultrassonografia mediossagital do joelho fetal. Observe o espaço (31 entre a epífise femoral distai (11 e a epífise tibial proximal (21. Isso é
devido à incisura intercondilar (Fig . 9-371 .

primeiro nas regiões torácica inferior e lombar superior, segui-


dos por ossificação progressiva em ambas as di.reções cefálica
e caudal. Em contraste, e em geraL os centros de ossificação
para o arco neural posterior aparecem em uma direção cefalo-
caudal mais padrão. O arco neural posterior primeiro começa
a se ossi.ficar (reflexões ultrassonograficamente reconhecíveis
de alta amplitude) na base do processo transverso (Fig. 9-55).
A ossificação prossegue a partir desse centro para incluir
progressivamente as lâminas e os pedículos. A progressão da
ossificação das lâminas é mais importante para o diagl1óstico
de defeitos do tubo neural porque espinha bífida é a lesão
dismórfica mais constanteme:J.te demonstrável nos defeitos
espinhais abertos. Essa anormalidade é reconhecida ultrasso-
nograficamente por uma divergência para fora dos centros de
ossificação do arco neural posterior.
Graus variados de maturação da ossificação espinhal
estão presentes em diferentes níveis da coluna vertebral
quando somos mais frequentemente chamados a avaliar a
normalidade da coluna vertebral fetaJ. 39 Embora h<ya algumas
exceções conforme observado previamente, a ossificação no
arco neural aparece primeiro na base do processo transverso.
A ossificação inicial do arco neural posterior então progride
anteriormente para os pedículos, também contribu indo com
FIGURA 9-37. Ultrassonografia axial do joelho em flexão. CL , liga- uma parte do corpo vertebral, e posteriormente as lâminas.
mentos cruzados: FM, metáfise femoral: ICN, incisura intercondilar
(observe a sinóvia ecogênica brilhante dentro da articulaçãol: P, Adicionalmente, ocorrem a extensão craniocaudal para os
patela. processos articulares e a extensão lateral para os processos
316 AVALIA ÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9- 38. A e B. Ultrassonografias coronais do joelho (fora de eixo). 1 , epífise fibular proximal; 2, diáfise fibular; 3, diáfise tibial; 4,
epífise tibial proximal; 5, patela; 6, metáfise femoral; 7 , côndilo lateral do fêmur.

região cervical em todos os fetos entre 18 e 19 semanas mens-


truais, enquanto a ossificação das lâminas torácicas é apenas
parcialmente visível durante o período de 18 a 19 semanas
menstruais. 39 Não há ossificação das lâminas nas regiões
lombar ou sacral de fetos examinados antes de 19 semanas
menstruais (Fig. 9-55). As vértebras torácicas demonstram
constantemente uma ossificação parcial das lâminas na faixa
de 20 a 22 semanas ; a região lombar não demonstra um grau
semelhante de ossificação até 22 a 24 semanas (Fig. 9-57).
A coluna vertebral sacral não revela nenhuma evidência de
ossificação nas lâminas antes de 22 semanas. Só depois de
25 semanas , há constantemente uma ossificação reconhecí-
vel do arco na região sacral (Fig. 9-58). A posição fetal (seja
pronação, seja decúbito) não parece afetar apreciavelmente a
capacidade de discernir o grau de ossificação do arco neural,
embora a posição prona usualmente resulte nas imagens mais
claras (Fig. 9-59). Se o feto estiver supino, um exame crítico
do arco neural posterior não pode ser realizado (Fig. 9-60).39
FIGURA 9- 39. Ultrassonografia axial da tíbia distai e uma parte A coluna pode ser vista em ambos os planos axiais
da articulação do tornozelo. C, calcâneo; TM , metáfise tibial; MM, longitudinal e transverso. Embora ambos os planos sejam
maléolo mediai; T , tálus (um osso que é inteiramente cartilaginoso).
importantes, o plano axial transverso demonstra a anatomia
com o maior proveito. Em planos de corte longitudinais, os
elementos posteriores são vistos como bandas "paralelas" de
ecos. De fato, elas não são precisamente paralelas porque
divergem na região cervical superior e convergem no sacro.
transversos . Uma vez que a observação crítica no diagl1óstico Além disso, o escaneamento cuidadoso usualmente revela um
de defeitos espinhais abertos do tubo neural é a demonstração leve alargamento da área lombar. É importante não tomar
de espinha bífida (vista como uma divergência para fora dos erradamente esse leve alargamento lombar como um evento
centros de ossificação do arco posterior), a situação ideal para patológico. Uma vez que a coluna fetal é normalmente cifóti-
confirmar a normalidade é observar a antítese desse estado ca, usualmente não se pode visualizar a coluna inteira em um
patológico (p. ex., a angulação das lâminas para dentro). único plano longitudinal coronal. Por essa razão, são necessá-
Esse é de fato o caso quando ossificação visível está presente rios planos a;'(iais transversos de corte para se ter certeza de
nas lâminas normais (Fig. 9-56). Infelizmente, há insuficiente que a coluna inteira foi examinada em termos de segmento
ossificação das lâminas para perceber angulação dos centros por segmento. Precaução deve ser exercida também para
de ossificação do arco neural posterior na coluna inferior a assegurar que a coluna tenha sido examinada inteiramente
confirmar a normalidade da coluna fetal durante a fase crucial em planos transversos. Na exu-emidade cefálica, nenhum
da gestação quando esse diagnóstico ultrassonográfico tem problema surge porque encontramos a calota. Entretanto, a
que ser feito (18 a 22 semanas menstruais) (Fig. 9-55) extremidade caudal é mais difícil. Podem-se usar com sucesso
Isso é particularmente importante ao considerar a localização os centros de ossificação isquiáticos como marcos para assegu-
mais comum dessas lesões (ou seja, regiões lombar e rar que a extremidade caudal da coluna tenha sido alcançada
A ossificação facilmente identificável das lâminas é visível na (Fig. 9-61 ). Em retos mais velhos , a anatomia espinhal e do
317
AVALIAÇÃO ULTRASSONOG RÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL
--

A B
FIGURA 9-40. A. Ultrassonografia coronal da coxa distai em um feto a termo. DFE , centro de ossificação da epífise femoral distai; PTE, centro
de ossificação da epífise tibial proximal. Observe os tamanhos grandes e semelhantes dos centros de ossificação, um sinal virtualmente certo
de um feto próximo do termo. B. A ultrassonografia coronal através do úmero proximal mostra um centro de ossificação secundário inicial na
cabeça umeral, outro achado que indica uma gestação avançada. PHE , centro de ossificação da epífise umeral proximal.

10 M

i i i
EFD e ETP • 8
• •
-
(N - 20)

• ••••• • • • ••
• •• I I

EFD apenas ••• Ê


.s
6

(N = 21) oLL
•• • •
I

•••• •
I I w

• •••••
•••
«o
O
I
Z
5

« 4
:2

Ausência de epifises

I :1, •
3

T·j
(N. = 20)

j
20 24 28 32 36 40 44
IDADE GESTACIONAL QUANDO PELO MENOS
2 DE 3 PARÂMETROS CONCORDAVAM O 28 29 30 31 32 33 34 3S 36 37 38 39
N =61
IDADE MENSTRUAL (semanas )
FIGURA 9-41 . Tempo de aparecimento da epífise femoral distai
(EFD) e da epífise tibial proximal (ETP) em um grupo misto de 61 FIGURA 9-42. Variação no tempo de aparecimento da epífise
fetos quando dois dos seguintes três parâmetros coincidiam: última femoral distai (EFD) e tamanho em fetos masculinos e femininos. (De
menstruação, ultrassonografia inicial e escores de Dubowitz. (De Mahony SB, Callen PW, Filly RA : The distai femoral epiphyseal ossi-
Chinn DH, Bolding DB, Callen PW, et ai: Ultrasonographic identi- fication center in the assessment of third trimester menstrual age:
fication of fetal lower extremity epiphyseal ossification centers. Sonographic identification and measurement. Radiology 155: 201 ,
Radiology 147:815, 1983.) 1985.)
318 AVA LI A ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANA TOMIA FETAL NORMAL

10 canal vertebral pode muitas vezes ser apresentada bastante


± 2 DP dramaticamente (Fig. 9-62)_
A estrutura cartilaginosa no esqueleto a,,,ual é menos cons-
9
pícua que no esqueleto apendicular, não obstante é visivel em
virtualmente todos os fetos . As suturas da abóbada craniana
8
já foram observadas. A sincondrose neurocentral cartilagi..no-
sa da coluna (a junção do cenb1l11l e os centros de ossificação
posteriores) é visível em todos os fetos a partir do fIm do
primeiro trimestre em diante (Figs. 9-55 a 9-59) a9 De modo
• Média

Ê
É- 6
oLL
w •
4:
o S
O
I
Z
4: -2 DP
::?; 4

O
1•
28 30 32 3' 36
29 31 33 3S 37

FIGURA 9-45. Corte do fêmur fetal, terceiro trimestre. Um refle -


IDADE MENSTRUAL (semanas) tor brilhante (sela curva) é visto em continuidade com a metáfise
FIGURA 9-43. Diâmetro médio da epifise femoral distai (EFD) com femoral lateral. Essa estrutura não faz parte do fêmur ossificado. Os
o aumento da idade. (De Mahany 58, Callen PW, Fil/y RA: The dislal pontos finais de medição do fêmur estão marcados por setas retas.
femaral epiphyseal assificalian center in lhe assessmenl af Ihird Iri- 1, trocanter maior; 2, diáfise femoral ; 3 , côndilo lateral ; 4 , centro de
mesler menslrual age: Sanagraphic identificalion and measuremenl. ossificação da epifise distaI.
Radialogy 155:201, 1985.)

A B
FIGURA 9-44. A e 8 . Dois cortes do fêmur para medição. A visualização do osso cartilaginoso proximal (2) e distai (4) assegura que o plano
de corte é através do eixo longo da diáfise (3). Resta apenas posicionar corretamente os cursores para assegurar uma medida exata. 1, centro
de ossificação isquiático.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL _ _3
_ 1.-
9

FIGURA 9-46. Ultrassonografia mediossagital do joelho estendido.


Além das estruturas apontadas em figuras anteriores, observe o mús-
culo quadriceps (1). o tendão do quadriceps (2), a patela (3). o liga-
mento patelar (4). e a sinóvia (5) contida pela arti culação do joelho.

FIGURA 9-48. Ultrassonografia coronal através dos tecidos moles


dorsais do antebraço e mão. 1, grupo muscular extensor; 2, tendões
extensores.

FIGURA 9-47. Ultrassonografia mediossagital do joelho fetal em


flexão. 1, epífise femoral distai; 2, ligamento patelar; 3, epífise tibial
proximal. Essas três estruturas margeiam a articulação do joelho. FIGURA 9-49. Ultrassonografia axial transversa próxima da base do
Dentro da articulação do joelho há uma grande quantidade de tecido crânio. 1, fronta l; 2, asa maior do esfenóide; 3, parietal; 4, temporal;
altamente ecogênico, presumivelmente sinovial. Claramente delinea- 5, crista petrosa; 6, occipita l; 7, fossa anterior do crânio; 8, fossa
do pela "sinóvia" brilhante está o ligamento cruzado (4). média do crânio; 9, fossa posterior do crânio; 10, artéria basilar.
320 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

torácicas inferiores , enquanto a ascite passaria "entre" as cos-


telas e as vísceras abdominais.58

SISTEMA CARDIOVASCULAR
A anatomia do coração e dos grandes vasos encontra-se discu-
tida em detalhes no Capítulo 14. Neste capítulo, o foco é nos
vasos fetais visíveis no interior do útero e corpo fetal que não se
encontram descritos em ouu-o local. De fato, pode ser visto um
nltmero surpreendentemente grande de vasos sanguíneos fetais
individuais. O Doppler em cores aumentou em muito nossa
capacidade de demonsn-ar constantemente os vasos fetais.
A circulação fetal começa na placenta. Em quase todos
os fetos de segundo e terceiro u·i..mestres, podem-se detectar
os vasos da superfície (fetal) da placenta e, com o Doppler
em cores, pode-se mesmo apreciar que tais vasos penetram
a substância placentária. Os vasos da superfície coalescem
na "inserção" do cordão. A identificação da inserção do cor-
dão tornou-se importante por causa do advento da biópsia
FIGURA 9-50. Órbitas fetais, começo do segundo trimestre. 1, percutânea do umbilical (fetal) para diagnóstico e
frontal; 2, sutura metópica; 3, órbita ; 4 , maxila; 5, osso nasal; 6, tratamento (Cap. 17)."9 A "inserção" do cordão muitas vezes
cristalino. é vista com facilidade , mas se não, é valioso procurar grandes
vasos da superfície placentária e ras treá-Ios até o cordão e usar
o Doppler em cores.
O cordão umbilical normal é composto de duas artérias e
similar. os espaços enU'e os centros de ossificação dos corpos uma veia (Fig. 9-65). O cordão está quase sempre enrolado e
vertebrais são um compósito da margem não ossilicada dos às vezes extremamente enrolado. Isso leva a uma variedade de
corpos vertebrais adjacentes mais o disco intervertebral (Fig. aparências do cordão quando visto com cortes tomográficos
9-60). A margem de cartilagem no corpo vertebral é mais conforme gerados por ultrassonografia (Fig. 9-66). De fato, a
bem apreciada posteriormente, jaze ndo entre o centro de ossi- tarefa "simples" de contar os vasos do cordão pode ser tor-
ficação e a dura do canal vertebral (Fig. 9-62C e D). Também nada bastante frustrante pelas espirais. Para obter a contagem
os processos espinhosos do arco neural posterior são vistos correta dos vasos do cordão constantemente, deve-se confiar
ocasionalmente; essas estruturas novamente são inteiramente em um corte axial tnU1sverso verdadei ro dos vasos do cordão.
compostas de cartilagem na vida fetal (Fig. 9-62C) . Plan os longitudinais ou obliquas podem ser enganosos.
Uma característica que não pode ser bem julgada em Esses vasos entram no feto , por definição, no umbigo e
ultrassonografias é o grau de ossificação dos ossos. Assim, ali imediatamente divergem. 6o A veia umbilical prossegue
a ossificação aumentada, como na osteopetrose, não é com- cefalicamente (Fig. 9-67); as artérias umbilicais saem de uma
pletamente reconhecida em ultrassonogra fias. Similarmente, direção caudal. As artérias umbilicais prosseguem ao longo
a ossificação diminuída é julgada com dificuldade. Apenas da margem da bexiga urinária a partir da sua origem nas
no osso mais extremamente osteopênico se pode apreciar a artérias ilíacas em seu trajeto na direção do umbigo (Fig.
ossificação diminuída em ultrassonografias. Exemplos são a 9-68). Ao correrem ao longo da margem vesical, elas não
calota quase não ossificada em fetos com osteogenesis imperflcta devem ser erradamente tomadas por ureteres dilatados , uma
letal ou hipofosfatasia recessiva,53'55 ou a coluna em fetos com distinção facilmente feita averiguando-as com o Doppler em
acondrogênese. 56 cores. Independentemente do grau de distensão da bexiga, as
Pouco espaço é devotado ao sistema muscular fetal, ainda artérias umbilicais normais sem/Jre Oanqueiam a parede vesical.
que muitos músculos e gTLlpOS musculares possam ser muito Assim, essa relação pode ser empregada para detectar as arté-
bem vi ualizados (Figs. 9-28 e 9-29). Em geral, músculos rias umbilicais ou a bexiga urinária, particularmente quando a
normais são bastante hipoecoicos - às vezes tanto que simu- patologia alterou a aparência esperada da bexiga. Embora não
lam coleções líquidas. Isso é mais notável na musculatura da representando evidência certa de um cordão com três vasos,
parede abdominal, o que pode simular ascite (pseudoascite) a identificação de duas artérias umbilicais Oanqueando a luz
(Fig. 9-63).57 No presente, o equipamento ultrassonográfico vesical representa excelente evidência de um cordão trivascu-
de alta resolução diminui a propensão a "declarar excessiva- lar e, empregando o Doppler em cores, constitui o método
mente" ascite causada por essa situação de artefato, porque mais fácil de "confirmar" um cordão trivascular.
as camadas da parede abdominal podem ser vistas muito A veia umbilical junta-se à ci.rculação portal fetal. A cir-
claramente 58 culação fetal portal é vista com um alto grau de constância
O s músculos da parede abdominal , os oblíquos interno em ultrassonografias. Obviamente, quanto maior o feto , mais
e externo e o transverso do abdome, são, às vezes, tão clara- facilmente serão visualizados os menores elementos deste
mente visíveis que as camadas individuais podem ser detec- sistema. Importante: muitas das ilustrações vistas na literatura
tadas (Fig. 9-64). Mais comumente visto como uma camada interpre tan1 incorretamente a anatomia venosa umbilical e
única de músculos, esse tecido é facilmente reconhecido como portal fetais. A confusão levou não apenas à nomenclatura
situado dentro da parede abdominal observando-se sua posi- inadequada, mas também ao uso de marcos anatômicos
ção entre a gordura subcutânea e a gordura pré-peritonial . inapropriados para obtenção de importantes medidas fetais.
Esta última é acompanhada a partir da gordura perinéfrica C om uma compreensão clara da anatomia da veia porta fetal ,
quando ela se curva pelo Oanco. Ademais, os músculos da podem-se evitar essas armadiU1as e apreciar melhor a anato-
parede abdominal "encontram" as extremidades das costelas mia hepática segmentar fetal e adulta.
321
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL
---

A B
FIGURA 9-51. Órbita e conteúdo fetais vistos em ultrassonografias
axial transversa (A) e parassagital (8 e e). AC, câmara anterior; C,
córnea; L, cristalino; HA, artéria hialóidea; IRM, músculo reto inferior;
MR, músculo reto mediai; ON, nervo óptico (atravessando a gor-
dura retrobulbar); SRM, músculo reto superior; VC, vítreo primário.
Observe o cílio leye /ash) estendendo-se da pálpebra fechada Itam-
bém visível em 8).

c
322 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOM IA FETAL NORMAL

FIGURA 9--54. O feixe ultrassonográfico foi dirigido através da


fontanela anterior (setas) em um feto no trimestre intermediário
possibilitando o reconhecimento de notável detalhe no cérebro fetal
em virtude da "janela livre de osso". 1, parietal; 2, fissu ra lateral; 3,
FIGURA 9-52. Imagem oblíqua mostrando a sutura coronal (setas).
1, frontal; 2 , parietal; 3, asa maior do esfenóide; 4, maxila; 5, fis- corpo caloso; 4, margens livres sobre as partes mais cefálicas dos
lobos parietais; 5, cabeça do núcleo caudado.
sura inter-hemisférica com margens cerebrais exibindo cobertura
brilhantemente reflexiva de pia-aracnoide.

FIGURA 9--55. Centros de ossificação iniciais na coluna vertebral


sacral. Anteriormente está o centrum , e, posteriormente (POCI. as
ossificações do arco posterior aparecem junto da base dos processos
transversos. IW, asas ilíacas. (Oe Filly RA, Simpson GF, Linkowski G:
Fetal spine morphology and maturation during the second trimester:
Sonographic evaluation. J Ultrasound Med 6:631, 1987.)
FIGURA 9--53. Ultrassonografia axial transversa da fontanela
posterior ( 1). 2, sutura lambdoide; 3 , sutura sagital; 4 , parietal; 5,
occipital.

A dinâmica da circulação fetal determina os detalhes da direito por vários caminhos. Uma concepção errada comum
anatomia venosa portal hepática e segmentar fetal. G' Uma vez da circulação fetal é que a maior parte do sangue venoso
que não há ramos da veia umbilical que desviem sangue. O umbilical desvia-se do leito capilar hepático através de um
volume de sangue placentário que entra no sistema venoso ducto venoso grande patente, Entretanto, in ldera, o ducto
portal esqucrdo é igual àque le na veia umbilical. Assim , a venoso tem em média apenas um sétimo do diâmetro da veia
veia umbilical e a parte (segmento umbilical) da veia porta umbilical G2 e pode mesmo estar fechado (Fig. 9-67).63 Deve ser
esquerda a que ela se junta têm o mesmo diâmetro (Fig. lembrado, no entanto. que a resistência periférica do leito vas-
9-67). Por essa razão, a veia porta esquerda do feto é maior cu lar hepático não está presente no ducto venoso, capacitando
que a direita, o inverso da situação observada na criança e o vaso de menor calibre a carregar uma quantidade maior de
no adulto. A partir desse ponto, sangue pode atingir o átrio sangue do que poderia ser esperado. Não obstante, uma parte
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANA TOMIA FETAL NORMAL 323

FIGURA 9-58. Coluna vertebral sacral, corte axial transverso, 26


semanas. B, bexiga urinária; IW, asa ilíaca; L, lâminas. IDe Fil/y RA,
FIGURA 9- 56. Vértebra lombar, corte axial transverso. As lâminas Simpson GF, Linkowski G: Fetal spine morphology and maturation
(L) demonstram ossifica ção inicial causando o aspecto de " angulação during the second trimester: Sonographic evaluation. J Ultrasound
para dentro" do arco posterior. (De Fil/y RA, Simpson GF, Linkowski Med 6:631, 1987.)
G: Fetal spine morphology and maturation during the second trimes-
ter: Sonographic evaluation. J Ultrasound Med 6:631, 1987.)

a partir da veia porta esquerda, a maior parte do sangue que


entra na veia porta direita é derivada da veia porta principal,
a qual, no feto, contém baL'í:as concentrações de nutrientes e
oxigênio. 63 A distribuição desigual de nutrientes para o fígado
fetal responsabiliza-se parcialmente pelo tamanho relativa-
mente grande do lobo esquerdo do fígado fetal. Depois do
fechamento da veia umbilical no nascimento, o suprimento de
nutrientes ao fígado inteiro se equaliza e o tamanho relativo
do lobo esquerdo diminui.
No feto, a veia umbilical corre cefalicamente na margem
livre do ligamento falciforme (Fig, 9-67). Conforme assinala-
do anteriormente, ela se une à parte umbilical da veia porta
esquerda perto da margem caudal da fissura intersegmentar
esquerda do fígado M Depois do nascimento, a veia umbilical
se trombosa, colapsa e afinal se toma o ligamento redondo
do fígado, um marcador clássico da fissura intersegmentar
esquerda (na verdade, durante muito longo tempo essa estru-
tura foi considerada a linha de divisão dos lobos hepáticos
esquerdo e direito). A linha precisa de divisão entre a veia
umbilical e o segmento umbilical da veia porta esquerda é
o ponto no qual os mais anteriores dos ramos segmentares
mediais e laterais para o lobo hepático esquerdo saem da veia
porta esquerda (os ramos para os segmentos 3 e 4). Lembre-se
de que a veia umbilical não tem ramos de desvio. Portanto,
FIGURA 9- 57. Coluna vertebral lombar, corte axial transverso, aqueles dois vasos intraparenquimatosos tiveram que se origi-
23 semanas. Ossificação bem definida das lâminas (l) . C, cen-
trum; setas, sincondroses neurocentrais. (De Fil/y RA, Simpson GF,
nar do segmento umbilical da veia porta esquerda.
Linkowski G: Fetal spine morphology and maturation during the A parte umbilical da veia porta esquerda tem um
second trimester: Sonographic evaluation. J Ultrasound Med 6:631, curso predominantemente posterior, mas também corre
1987.) superiormente na fissura intersegmentar esquerda (Fig. 9-67).
Conforme mencionado, seus ramos suprem os segmentos
medial e lateral do lobo esquerdo do fígado, 55 A veia porta
importante do sangue venoso umbilical, que carrega a mais esquerda, em seguida, corre abruptamente para a direita, sai
alta concentração de nutrientes e oxigênio no feto, na reali- pela fissura intersegmentar esquerda e forma a parte transver-
dade circula através do lobo esquerdo do fígado fetal, através sa (pars transversa) da veia porta esquerda (Figs. 9-69 e 9-70).
de ranlOS que suprem os segmentos medial e lateral, antes de A pars transversa une-se imperceptivelmente à veia porta
entrar no sistema venoso sistêmico através das veias hepáticas direita na fissura lobar principal. O ducto venoso origina-se
esquerda e média (Fig. 9-69). Embora o lobo direito do fígado da pars transversa (mas ocasionalmente mais para a direita).66
receba uma pequena quantidade de sangue venoso umbilical O ducto continua posteriormente mas assume um trajeto mais
324 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-59. Cortes axiais transversos, coluna vertebral sacral, mesmo feto em posições de pronação (A) e de decúbito (8). A anatomia do
arco posterior (POC) é bem vista em qualquer das duas posições. (De Fil/y RA , Simpson GF, Linkowski G: Fetal spine morphology and matura-
tion during the second trimester: Sonographic evaluation. J Ultrasound Med 6:631, 1987.)

FIGURA 9-61 . Corte axial da pelve demonstrando os centros de


ossificação iniciais do púbis (P). Também é vista uma ossificação
isquiática (I).

FIGURA 9-60. Feto em supino, segundo trimestre. Os corpos ver-


tebrais, situados entre as setas, são claramente vistos , mas o arco ado na extensão superior do ligamento gastro-hepático, que
posterior não pode ser bem apreciado. Observe que os centros de
ossificação dos corpos ve rtebrais se alinham suavemente ao longo separa o lobo caudado em desenvolvimento posteriormente
das suas superfícies anteriores. dos segmentos medial e lateral do lobo hepático esquerdo
anteriormente (o ligamento gastro-hepático, o ligamento
dominante do omento menor, também separa as cavidades
cefálico que a parte umbilical da veia porta esquerda (Fig. peritoniais maior e menor). Depois do nascimento, o ducto
9-70). Ela continua como uma estrutura não ramificada para venoso se fecha e se torna o ligamento venoso fibroso. tiJ
se juntar à veia hepática esquerda ou, menos comumente, à As ultrassonografias da parte superior do abdome fetal
média (essa distinção é um pouco artificial. uma vez que a veia demonstram claramente a anatomia que acabamos de des-
hepática esquerda, a veia hepática média e o ducto venoso crever (Figs. 9-67 a 9-70). Uma vez que a veia umbilical corre
mais comumente formam uma confluência antes de entrar na cefalicamente, os planos de corte transversalmente orientados
veia cava inferior). Nessa posição. o ducto venoso está situ- intersecionam o eL'Xo cuno deste vaso (Fig. 9-64). O leve movi-
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 325

D
FIGURA 9- 62. A e B. Coluna vertebral lombar de um feto de 27 semanas, cortes axiais . C, centrum ; L, lâminas; N, sincondrose neurocentral ;
SC , medula espinhal. C e D. Imagens longitudinais da coluna toracolombar (C) e lombossacra (D). CM, cone medular; setas, dura -má ter; L,
lâminas; SC , medula espinhal (observe o eco linear brilhante a partir do canal central); SP, processo espinhoso (em cartilagem). (De Fil/y RA,
Simpson GF, Linkowski G: Fetal spine morphology and maturation during the second trimester: Sonographic evaluation. J Ultrasound Med
6:631, 1987.)

mento cefálico do transdutor demonstra uma posição na qual


esta estrutura abmptamente corre posteriormente (Figs. 9-69
e 9-70). Essa veia correndo posteriormente representa a parte
umbilical da veia porta esquerda, em vez da parte cefálica da
veia umbilical, como é comumente rotulada de forma errada
na literatura. esse vaso é de fato a veia porta esquerda é
facilmente observado, uma vez que ramos para os segmentos
medial e lateral do lobo esquerdo são vistos originando-se
dessa veia (Figs. 9-69 e 9-70). Qyando a parte umbilical da
veia porta esquerda é vista em seu trajeto inteiro, pode-se ter
certeza de que alguma angulação foi introduzida no plano de
escaneamento, porque essa estrutura venosa corre não apenas
posterior mas ligeiramente cefalicamente (Fig. 9-67). Uma
variedade de ramos do segmento umbilical da veia porta
esquerda ocasionalmente são examinados; estes incluem os
ramos medial , süpero-lateral e ínfero-lateral (Fig. 9-69).
A veia porta direita se divide em ramos segmentares
anterior e posterior, como no adulto (Fig. 9-70). Cada um
supre um segmento respectivo do lobo hepático direito. As
veias hepáticas podem ser reconhecidas por sua relação com
as veias portas 6 e podem ser vistas irradiando-se na direção
FIGURA 9- 63. Corte mediossagital da coluna vertebral fetal mos- da veia cava inferior, coalescendo com este canal venoso
trando a terminação do saco tecal (Tsac). O corpo vertebral S 1 está imediatamente antes de ele entrar no átrio direito (Fig. 9-71 ).
marcado. Sobrejacente à cauda equina ecogênica (CE) (ecogênica Essas veias dividem o fígado em lobos e segmentos. As veias
devido às leptomeninges que cobrem as raízes nervosas), está o hepáticas são mais facilmente procuradas perto do nível do
líquido cerebroespinhal (CSF) anecoico.
diafragma, onde seu calibre é máximo. G7 Não obstante, as
326 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

B
FIGURA 9 - 64. A e B. Cortes axiais transversos, abdome fetal. B
A. A musculatura hipoecoica da parede abdominal Isetas) pode erro- FIGURA 9-65. A. Corte longitudinal de um cordão umbilical trivas-
neamente dar a impressão de que ascite está presente. A, aorta; AG, cular ICO) com uma quantidade típica de voltas. B. Corte longitudinal
glândula suprarrenal; V, veia cava; GB, vesícula biliar. B. A muscu- de um cordão umbilical trivascular ICO) com uma quantidade de
latura da parede abdominal está situada entre a gordura subcutânea voltas maior que o usual lexiste controvérsia quanto a isso ser uma
ISF) e a gordura pré-peritonial IPF). As camadas individuais podem variante ou uma circunstância anormal).
ser apreciadas. S, estômago; UV, veia umbilical.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 327

A
FIGURA 9- 66. A. Doppler em cores não-direcional longitudinal do cordão umbilical. A veia umbilical IUV) está entrelaçada com as duas arté -
rias umbilicais lUA). 8. Corte axial transverso do cordão umbilical.

A 8
FIGURA 9- 67. A e 8. Cortes mediossagitais da circulação umbilical em escala de cinza IA) e Doppler em cores não-direcional 18). DV, dueto
venoso; LHV, veia hepática esquerda; LPV, segmento umbilical da veia porta esquerda; MPV, veia porta principal; RHV, veia hepática direita;
UA, artéria umbilical; UC, cordão umbilical; UV, veia umbilical; VC, veia cava inferior.
328 AVALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

veias hepáticas média e direita são comumente vistas nos


planos de corte mais inferiores, observando-se sua posição
relativa em comparação às divisões da veia porta direita (Fig.
9-70). A veia hepática direita (ramo anterior) passa entre as
divisões antel;or e posterior da veia porta direita, enquanto a
veia hepática média sempre cruza anterior à veia porta direita
(na fissura lobar principal). A aorta e a veia cava inferior têm
um trajeto semelhante no abdome inferior, mas divergem no
abdome superior, onde a aorta penetra o diafragma poste-
riormente (em contato com a coluna vertebral), enquanto a
veia cava inferior se volta anteriormente para unir-se ao átrio
direito (Fig. 9-72).
Os grandes vasos e o coração são descritos em detalhes no
Capítulo 14. Resumidamente, uma ultrassonografia no segun-
do ou terceiro trimestre de todas as gestações deve incluir
um corte de quatro câmaras do coração (Fig. 9-73). Os cortes
da ejeção dos ventrículos cardíacos são recomendados nas
diretl;zes mais recentes. 68 Informação útil acerca da posição
e tamanho dos grandes vasos pode rapidamente ser colhida
a partir de um corte axial transverso do medias tino superior
simplesmente movendo o transduror cefalicamente a partir
do corte de quatro câmaras do coração. Esse corte atravessa a
veia cava superior, a aorta torácica ascendente e descendente,
a artéria pulmonar e o canal arterial (correndo da artéria pul-
FIGURA 9 - 68. Inserção do cordão umbilical no feto. As artérias
monar à aorta torácica descendente) (Fig. 9-74).
umbilicais (UAs) saem de uma direção caudal, correndo ao longo da
margem da bexiga urinária (BI). Ao /IVC, aorta e veia cava inferior; Os vasos originados da aorta transversa são frequente-
OLM, músculo quadrado lombar; PM, músculo psoas. mente visíveis e incluem as artérias braquiocefáJica, caróti-
da comum esquerda e subclávia esquerda (Fig. 9-75A). As

A B
FIGURA 9-69. A. Circulação portal fetal. A, aorta; MHV, veia hepática média; MPV, veia porta principal; PR, divisão posterior da veia porta
direita; PT, pars transversa da veia porta esquerda; RPV, veia porta direita; S, estômago; US , o segmento umbilical da veia porta esquerda
começa no ponto onde os ramos segmentares mediai (MSB) e lateral distai (LSB) se originam (proximal a esse ponto, o vaso é a veia umbilical);
V, veia cava. B. Observe que a veia porta principal (MPV) é a linha apropriada de divisão entre a veia porta direita (RPV) e a primeira porção
da veia porta esquerda , a pars transversa (PT).
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 329

A B
FIGURA 9-70. A e 8. Cortes axiais transversos do fígado fetal. DV, dueto venoso (alternativamente, isso pode representar um corte parcial
através da veia porta principal - Fig. 9-698); AR , divisão anterior da veia porta direita; LS, ramo segmentar lateral; MH , ve ia hepática média;
PR , divisão posterior da veia porta direita; RC e LC , pilares diafragmáticos direito e esquerdo; RH, veia hepática direita ; RP , veia porta direita;
S, estómago; SP, baço; US , segmento umbilical da veia porta esquerda.

As estruturas arteriais intracranianas são facilmente perce-


bidas usando-se o Doppler em cores (Fig. 9-76). Estas incluem
os vasos do polígono de ''''illis vistos nas cistemas basilares
circundando a parte inferior do terceiro ventrículo. Por outro
lado, a artéria cerebral média pode ser identificada correndo
na cisterna de Sylvius, a artéria cerebral posterior na cisterna
ambiente, as artérias cerebrais anteriores na cisterna inter-
hemisférica (próximo do genu do corpo caloso), e a artéria
basilar na cisterna interpeduncular. Também é vista comu-
mente a artéria pericalosa depois da formação do corpo caloso
e que prossegue para seu corpo.
A aorta abdominal e a veia cava inferior são facilmente
identificadas, do mesmo modo que as a.rtérias e veias ilíacas
comuns (Fig. 9-75B e q. Outros ramos da aorta abdominal
podem constantemente ser visualizados usando-se o Doppler
em cores. Estes incluem o tronco ceHaco, a artéria mesentéri-
ca superior e as artérias renais. SimilaJmente, as veias renais
podem constantemente ser vistas.
o membro inferior, a aJ,téria e a veia femorais super-
ficiais (Fig. 9-77) podem ser visualizadas em fetos mais velhos.
Qyando o joelho é estendido, não é difícil acompanhar estes
vasos até o nível da aJ,téria e veia poplíteas, uma tarefa virtu-
almente impossível quando o joelho está flexionado.

FIGURA 9-71. Corte através do eixo longo das veias hepáticas SISTEMA GASTROINTESTINAL
fetais proximais. IVC, veia cava inferior; LHV, veia hepática esquer-
da; MHV , veia hepática média; RHV , veia hepática direita. Essas
Muitos componentes do sistema gastrointestinal podem ser
veias dividem o fígado em lobos e segmentos. AS e PS , segmentos vistos ultrassonograficameme, alguns tão cedo quanto no fim
anterior e posterior do lobo hepático direito; MS e LS, segmentos do primeiro trimestre.r.g O maior órgão paJ'enquimatoso do
mediai e lateral do lobo hepático esquerdo. sistema e do tronco, o fígado , é visto constantemente a partir
do segundo trimestre, embora suas margens muitas vezes
sejam indistintas nas fases iniciais da gravidez. Em contrapo-
artéria5 carótida5 comun5 e as veias jugulares lambém são sição, o outro órgão parenquimatoso importante do sistcma
comumente vistas no pescoço de fetos mais velhos. A artéria gaso'ointestinal, o pâncreas, é visto muito menos comumen-
e veia braquiais são menos frequentemente vistas adjacentes te, mesmo em fetos do terceiro trimestre, Por falta de uma
ao úmero, mas novamente podem ser encontradas usando-se melhor seção na qual o incluir, consideraJllos o baço com
o Doppler em cores. o trato gastrointestinal. Esse órgão também é visível cons-
330 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

B
FIGURA 9- 72. A. Vista longitudinal da aorta (AO). SP, coluna vertebral. 8. Vista longitudinal da veia cava inferior (IVC). MHV, veia hepática
média; PV , veia pulmonar; RA, átr io direito.

A B
FIGURA 9 - 73. A e 8. Cortes axiais transversos através do tórax fetal, o "corte de quatro câmaras". Em A , o feto está supino. Em 8 , o feto
está em posição de decúbito direito. DA , aorta torácica descendente; IVS, septo interventricular; LA, átrio esquerdo; LL, pulmão esquerdo; LPV ,
veia pulmonar esquerda; LV, ventrículo esquerdo; RA, átrio direito; RL, pulmão direito; RPV, veia pulmonar direita; RV , ventrículo direito.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 331
--

A B

FIGURA 9 - 74. A e B. Cortes axiais transversos através do tórax fetal. C. Corte


mediossagital do tórax fetal. Nos cortes transaxiais IA e Bl. os grandes vasos situam-
se sequencialmente da direita para a esquerda e de posterior a anterior do seguinte
modo: veia cava superior ISVCl. aorta IAo) e artéria pulmonar IPA). A aorta descen-
dente IDAo) situa-se imediatamente anterior à coluna vertebral torácica ITS). A artéria
pulmonar direita IRPA) passa diretamente posterior à aorta e à veia cava superior. Os
brônquios principais direito IRMB) e esquerdo ILMB) estão situados posteriores aos
grandes vasos. DA, dueto arterioso Icanal arterial); LPA, artéria pulmonar esquerda;
RV , ventrículo direito; RVOT , trato de ejeção ventricular direito.

c
332 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-75. Série de cortes com Doppler em cores não-direcio-
nais do tronco fetal. A . O arco aórtico é visto muito bem. 1. artéria
braquiocefálica ; 2, artéria carótida comum esquerda ; 3, artéria sub-
clávia esquerda . B. Corte mediossagital da ao rta abdominal. 4 , tronco
celíaco ; 5, artéria mesentérica superior . C. Corte oblíquo através da
pelve fetal exibindo a artéria umbilical (UA) juntando-se à artéria
ilíaca interna (liA) e continuando na artéria ilíaca comum (CIA).
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETA L NORMAL 333

FIGURA 9 - 77. Artéria e veia femorais superficiais (SFA/SFVl vistas


lado a lado na coxa média e distaI. DFE, epífise femoral distaI.

FIGURA 9 - 76. O polígono de Willis é bem visto nesta imagem


Doppler em cores não-direcional. ACA , artéria cerebral anterior;
MCA, artéria cerebral média; PCeA, artéria cerebral posterior; PCoA ,
artéria comunicante posterior.
ser visto, embora inconstantemente, tanto em imagens coro-
nais longitudinais como em axiais transversas. A chave para
a identificação dessa estrutura é a aorta torácica descendente,
uma estrutura facilmente observada. As porções média e dis-
tai do esôfago jazem imediatamente anteriores à aorta torácica
tantemente no seg'undo trimestre, mas, como o fígado , suas descendente. A aorta é plimeiro visualizada em um plano
margens frequentemente são indistintas. Em contraposição, coronal longitudinal. O transdutor é a seguir lentamente
as partes do sistema gastrointestinal fetal que constantemente movido anteriormente. À medida que a aorta desaparece de
contêm líquido, o estômago (Figs. 9-64, 9-69 e 9-70) e a vesí- vista, o esôfago aparece, mas é muito mais difícil de reconhe-
cula biliar (Figs. 9-63 e 9-64), estão entre as estruturas fetais cer. Ele é visto como cinco ecos lineares paralelos. A serosa e
vistas mais precoce e mais constantemente. a luz hiperecóicas e a parede muscular hipoecóica (Fig. 9-81 )
Os componentes dentro e em torno da cavidade oral são os criam. Conceitualmente, pode-se aplicar uma estratégia
vistos relativamente bem em ulu·assonografias. 70 Os lábios semelhante para a visualização do terço superior do esôfago.
e bochechas foram descritos na seção sobre a anatomia de Nesse caso, examinaríamos a traqueia (ver a seção seguin-
superfície (Figs. 9-10 e 9-11 ). Também vista constantemente é te) em um plano cOl'onal longitudinal e. então, lentamente
a Iingua (Fig. 9-78). A lingua é mais bem vista durante movi- moveríamos o transdutor posteriormente. À medida que a
mentos de deglutição. A crista alveolar com brotos dentários traqueia desaparecer, o esôfago deve novamente aparecer.
é observada comumente em fetos de 20 semanas ou mais Infelizmente, esse conceito, embora anatomicamente correto,
(Fig. 9-78A). O palato duro é difícil de definir constantemente, na prática é malsucedido.
mas com prática pode ser detectado. Por essa razão, a fenda O estômago e a vesícula biliar são as únicas partes do
pala tina é mais difícil de se detectar que a fenda labial. A sistema gastrointestinal fetal subdiafragmático que constan-
fenda do palato mole é difícil de se diagnosticar ultrassono- temente contêm líquido (Figs. 9·63, 9-64, 9-69 e 9_70)69.71.72
graficamente porque o palato mole não pode ser reconhecido Assim, intestino delgado contendo líquido deve ser visto com
individualmente. A orofaringe e a laringofaringe frequente- suspeita, embora em fetos adiantados não infrequentemente
mente contêm líquido e assim são vistas relativamente com sejam observadas quantidades muito pequenas de suco enté·
frequência quando procuradas (Figs. 9-78 e 9-79). As imagens rico normal na luz do intestino delgado, usualmente tornadas
axiais transversas através do pescoço superior são muito mais óbvias pela peristalse acompanhante. O líquido contido
bem-sucedidas para a visualização da faringe, mas as imagens dentro do estômago fetal normal é quase inteiramente deglu-
coronais longitudinais, mais dificeis de se obter, exibem a ana- tido . O feto começa a deglutir o líquido amniótico aproxima-
tomia com maior proveito. Em planos coronais longitudinais, damente com 16 semanas. 71.72 O volume que o feto deglute
a continuidade das zonas faríngeas pode ser apreciada, bem aumenta dramaticamente durante toda a gravidez e alcança
como a laringe protraindo-se para a faringe (Fig. 9-79). Os de 400 a 500 mL a termo . H á uma relativa proporcionalidade
seios piriformes, valéculas e glote podem ser apreciados. entre o volume de urina produzido e a quantidade de líquido
O esôfago médio e distai pode ser visto com surpreen- amnÍótico deglutida pelo feto. Na ausência de um esôfago
dente frequência quando procurado (Fig. 9-80).70 O esôfago desimpedido, o estômago estará vazio (invisível), exceto em
proximal é extraordinariamente difícil, se não impossível, de duas circunstâncias. Primeira , e a mais comum, é a presença
se visualizar no feto normal. O esôfago médio e distal pode concomitante de uma físrula traqueoesofágica, capacitando o
334 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL
---

A c
FIGURA 9-78. Cortes axiais transversos da (AI, mandíbula; (8)
maxila, e (e) língua. FM , musculatura facial; FP, corpo adiposo da
bochecha (de Bichat); H, hipofaringe; M, menta mandibular; TB ,
brotos dentários; T , língua.

feto a "respirar" líquido para o esôfago e dai para o estôma-


gO. 73 Mais provavelmente o líquido gástrico vem do líquido
produzido pelo pulmão, que, a seguir, drena através da fístula
para dentro do estômago, em vez de "respirar" líquido para
dentro da traquéia e dai através da fístula. Esse evento pato-
lógico é comumente associado com polidrânmio na gravidez
avançada, mas nem sempre antes de 24 semanas. Segunda, a
associação da atresia do esôfago sem fístula traqueoesofágica,
mas com uma segunda atresia ou obstrução do trato gastroin-
testinaJ proximaJ, permitirá que as secreções do estômago se
acumulem dentro da luz gástrica.
O estômago varia consideravelmente em tamanho depen-
dendo, presumivelmente, de quanto líquido amniótico o feto
deglutiu recentemente ? I.72 Um estômago proeminente nunca
deve ser tomado como única evidência de obstrução. Q.lando
o estômago está bem distendido, suas várias panes (ou seja,
fundo, corpo e antro) podem ser identificadas (Fig. 9-82). O
fundo é mais posterior, enquanto o antro é mais anterior. A
incisura angular pode ser observada quando o estômago está
FIGURA 9- 79. Corte coronal da hipofaringe fetal. A orofaringe (OP) bem distendido. A incisura angular é uma incisura de variável
e a laringofaringe (LP) cheias de líquido são bem vistas. O líquido profundidade que é usualmente encontrada ao da cur-
distende ligeiramente os seios piriformes (PSl. E, epiglote . vatura menor entre o corpo e o antro do estômago. 4
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 335

A B c
FIGURA 9-80. A-C. Cortes coronais apresentando exibição do esôfago médio e distaI. Primeiro (A). a aorta descendente (AO) é localizada.
C, pilares diafragmáticos; S, estômago. À medida que o transdutor é movido anteriormente (8 e C), o esôfago (setas) aparece.

o intestino delgado se torna progressivamente mais visí-


vel entre o segundo e o terceiro trimestres. O mecônio começa
a se acumular no intestino delgado durante o início e o meio
do segundo trimestre. Isso pode conferir o aspecto de uma
zona "conglomerada" de ecogenicidade aumentada no abdo-
me médio e inferior do feto. Isso não deve ser erradamente
tomado por massa anormal (pseudomassa de intestino) 75·77
ou uma anormalidade intestinal. Com a passagem do tempo,
e dependendo um pouco da facilidade do exame, as alças de
intestino delgado individualizadas se tornam visíveis (Fig. 9-
83). Com equipamento moderno, a parede intestinal é vista
proveitosamente. A submucosa e a serosa exibem maior eco-
genicidade que as camadas musculares, a mais fina muscular
da mucosa e a mais espessa muscular própria. Mais tarde na
gravidez, a deposição de gordura no mesentério provavel-
A
mente acentua a separação das alças intestinais individuais
e aumenta a ecogenicidade na região do abdome em que o
intestino delgado reside.
Importante: a "ecogenicidade aumentada" do intestino
foi implicada como precursor de diversas anormalidades
sérias do feto. 78 .79 Por essa razão, é importante discriminar a
ecogenicidade aumentada do conteúdo intestinal (potencial-
mente indicando um problema) da ecogenicidade causada por
estrutura intestinal normal, mas percebida em conglomerado
representando "ecogenicidade intestinal aumentada" (impro-
vavelmente indicando um problema). Um exame para ver se
a ecogenicidade é devida à submucosa bem visualizada ou
à gordura mesentérica evitará estas questões. Em geral, os
transdutores de alta frequência demonstram muito melhor a
submucosa do intestino delgado, assim dando ao examinador
a impressão de que o intestino é "ecogênico".8o Quando trans-
dutores com frequências acima de 5 MHz são empregados,
a probabilidade de que a estrutura da parede intestinal fetal
tenha resultado em uma impressão de "ecogenicidade aumen-
B tada" é grande. Deve ser feita a confirmação com U'ansduto-
FIGURA 9-81. Cortes coronal (A) e axial t ransverso (8) mostrando res de mais baixa frequência. Na gravidez avançada, quase
o esôfago (E). A serosa e a luz aparecem hiperecoicas, e a parede independentemente da qualidade do equipamento, o intestino
muscular é hipoecoica. SI, estômago; GB, vesícula biliar; Ao, aorta;
SVC, veia cava superior. Distalmente, o esôfago situa-se anterior à delgado individualizado contendo pequenas quantidades de
aorta descendente (compare com a Fig. 9-80). Proximalmente, ele líquido (suco entérico) pode ser visualizado em quase todos
se situa posterior à aorta transversa (8) e mediai à aorta ascendente os fetos. sl
(A).
336 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-82. A. Imagem coronal do estômago exibindo todas as partes do estômago incluindo o fundo (Fl, corpo (8), antro (A) e pilora (P).
O bulbo duodenal (D) (não contendo líquido) jaz adjacente à vesícula biliar (G8). B. Corte axial do estômago fetal mostrando o fundo (F) e o
corpo (8). Uma parte do pulmão esquerdo (LI e baço (Sp) estão incluídos. D, diafragma.

A B
FIGURA 9-83. A e B. As alças individuais do intestino delgado (S8) são claramente visíveis em imagens através do abdome fetal. A morfologia
da parede intestinal está bem mostrada. O aspecto dominante da parede do intestino delgado é a submucosa (SM), que mostra ecos brilhantes
(não tome erradamente por " intestino ecogênico " ). A muscular própria (MP) que demonstra ecos cinzentos mais escuros situa-se "fora" da
submucosa , e a muscular da mucosa (MM, também escura) reside "dentro" da submucosa. Observe que a musculatura da parede abdominal
anterior (AWMl, como toda musculatura , exibe ecos cinzentos mais escuros. Se olharmos estreitamente, poderemos apreciar a mucosa do
intestino delgado mais ecogênica "ensanduichada" entre as camadas da muscular da mucosa. St, estômago.

o cólon tende a se tornar visível perto do começo do ter- facilmente a distinção ele intestino delgado patologicamente
ceiro trimestre c, novamente, é visLo proifressivameme melhor dilatado . O cólon ascendente corre ao longo do flanco direito
com o aumento da idade gestacional. .82 O cólon tende a (Fig. 9-84A) em relação ao rim elÍl-eito. Ao se aproxÍlnar do
ser relativamente hipoecóico (Figs. 9-84 e 9-85). Como tal, o fígado, flexiona-se para a esquerda, na flexura hepática (Fig.
cólon não deve ser erradamente tomado por intestino delgado 9-84A). O cólon transverso corre ao longo da margem livre do
dilatado . É o trajeto característico do cólon que permite mais fígado (Figs. 9-84A e 9-85A) e passa inferior ao estômago. Na
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 337

A B

FIGURA 9- 84. A, 8 e C. Três cortes do abdome


fetal demonstrando, pela posição, o cólon descen-
dente (O), o transverso (T), e o sigmoide (S)
fazendo uma alça acentuada . BI , bexiga; St ,
estômago.

flexura esplênica, o cólon se volta posteriormente e de novo com a parede abdominal esquerda. Isso seria incomum, mas
entra em relação íntima com o rim; evidentemente, nesse possível em um adulto.
caso é o rim esquerdo. Frequentemente, ao examinar os rins, O s dois segmentos principais de cada lobo hepático podem
o cólon é detectado. De fato, quando um rim está ausente, o ser vistos nos fetos mais velhos (Fig. 9-71 ) e em alguma exten-
cólon ocupa a fossa renal e não deve ser erradamente interpre- são mesmo em fetos no começo do segundo O
tado como um rim normal ou anormal. Finalmente, o cólon segmento lateral do lobo esquerdo se estende para a esquerda
sigmoide arqueia-se sobre a bexiga urinária para juntar-se ao do segmento umbilical da via porta esquerda (Figs. 9-9 e 9-70).
reto (Figs. 9-84B e 9-85B). Ocasionalmente, marcas de haus- O segmento medial do lobo esquerdo é o tecido situado entre
trações podem ser observadas na parede do cólon. Um cólon a vesícula biliar (ou veia hepática média mais superiormente)
sigmoide (Fig. 9-85B) redundante não deve ser erradamente e o segmento umbilical da veia porta esquerda ou a fissura
tomado por intestino delgado dilatado. intersegmentar mais caudalmente (Fig. 9-86). O lobo direito
O fígado, conforme observado antes, é proporcionalmente é todo o tecido hepático situado à direita da vesícula biliar,
maior no feto que na criança ou adulto. 8 Similarmente, no veia hepática média e veia cava inferior (Figs. 9-64 e 9-70).
segundo trimestre, o fígado constitui 10% do peso fetal total Essas três últimas estruturas residem todas na fissura loba r
mas apenas 5% do peso total a termo. O fígado fetal , além principal. A veia porta esquerda e a veia hepática esquerda
disso, tem um lobo esquerdo substancialmente maior. De fato , marcam a fissura intersegu1entar esquerda. Finalmente, a
o fígado fetal abrange a largura inteira do abdome durante fissura intersegmentar direita é marcada pela veia hepática
toda a gravidez; o lobo esquerdo sempre fazendo contato direita cefalicamente e seu ramo anterior inferiormente.
--
338 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9- 85. A. Um corte mediossagital demonstra o reto (R)
anterior ao sacro (5). B. Um corte axial transverso demonstra o reto
(R) situado entre a bexiga (BI) e o sacro (5). C. Um corte axial trans-
verso demonstra o ânus (An). GF, prega glútea.

Conforme mencionado, o pâncreas é difícil de se perceber fígado é ligeiramente menos ecogênico que o baço.84-8i O baço
em qualquer idade gestacional. O tecido pancreático situa-se cresce progressivamente durante a vida fetal , e nomogramas
posterior ao estômago, uma área que pode ser visualizada de tamanho esplênico estão disponíveis na literatura.s.1
constantemente no feto. Entretanto, a percepção individua-
lizada do pâncreas exige a demonstração da veia esplênica
e da origem da artéria mesentérica superior em um plano SISTEMA RESPIRATÓRIO
de corte axial transverso (Fig. 9-87). O pâncreas então é a
faixa de tecido entre esses vasos e a parede gástrica posterior. O trato respiratório superior é visto parcialmente. O nariz foi
Ocasionalmente, o pâncreas é ligeiramente maior em ecoge- ilustrado previamente (Figs. 9-10 e 9-11 ). A cavidade nasal, o
nicidade que os tecidos e órgãos peripancreáticos, tornando septo e o palato podem ser detectados com prática. Conforme
mais fácil a visualização. mencionado, panes da faringe e hipofaringe são comumente
O baço não é verdadeiramente um órgão gastrointestinal visíveis em virtude da presença de líquido. 10 Os seios pirifor-
(Figs. 9-70 e 9-82B). O baço é limitado pelo diafragma supe- mes são visualizados quando cheios de líquido (Fig. 9-79).
riOl'mente, as costelas inferiores lateralmente, o estômago Qyando quantidades relativamente grandes de líquido estão
medialmente e o diafragma e o rim posteriormente. É apenas presentes na faringe de um feto mais velho, a epiglote pode
a margem inferior que é difícil de delimitar. No feto, a eco- ser vista salientando-se para dentro do líquido (Fig. 9-88). A
genicidade do baço é semelhante à do fígado. No adulto, o epiglote é particularmente visível durante a deglutição.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 339

FIGURA 9-86. O corte axial transverso do abdome fetal depois


de uma transfusão intraperitonial em isoimunização Rh possibilita o
reconhecimento de muitos espaços peritoniais , incluindo os espaços
subfrênicos direito (RSPI e esquerdo (LSP) e os espaços anterior
direito (RAS) e sub-hepático esquerdo (LS H) . A anatomia segmentar
do fígado fetal também é bem vista, incluindo os segmentos mediai
(MS) e lateral (LS) do lobo hepático esquerdo. GB, vesícula biliar ; RL ,
lobo direito do fígado; SB, intestino delgado; UV, veia umbilical.

A laringe é quase sempre visível quando a hipofaringe


está cheia de líquido (Figs. 9-79 e 9-88). Detalhes da anatomia
da laringe não são particularmente evidentes, mas a própria
laringe é facilmente reconhecida como uma constrição supe-
rior da coluna líquida traqueal salientando-se para dentro da
hipofaringe e flanqueada pelos seios piriformes. Se a cabeça
B
estiver acentuadamente flexionada , a mandíbula sobrejacente
frequentemente anula os esforços para visualizar a laringe e FIGURA 9-87. A e 8. O pâncreas fetal não é visto comumente de
um modo individualizado, mas está bem representado nestes exem-
hipofaringe. plos . Quando procurado, muitas vezes pode ser detectado. Aqueles
A tTaqueia é uma estrutura relativamente fácil de se que efetuam ultrassonografias abdominais em adultos e crianças
visualizar (Figs. 9-88 a 9-90).70 Novamente, isso acontece reconhecerão os marcos anatômicos familiares . No exemplo 8, o
predominantemente porque ela está constantemente cheia pâncreas IP) está aumentado (síndrome de Beckwith-Wiedemann). O
pâncreas está situado entre a veia esplênica (SV) e a parede posterior
de líquido. Os pulmões produzem líquido que não é apenas do estômago (S). PB, corpo do pâncreas; PT, cauda do pâncreas;
expelido para a traqueia. Adicionalmente, a traqueia, ao longo SMA, artéria mesentérica superior; SMV, veia mesentérica superior.
de grande parte da sua extensão, é flanqueada pelas cons-
pícuas pulsações das arté rias carótidas comuns. A traqueia
usualmente pode ser rastreada até sua extremidade distal,
passando posterior ao arco aórtico (Fig. 9-89A), mas a carina O pulmão (ou pelo menos tecido pulmonar) pode ser
e os brônquios são bastante difíceis de perceber. Uma vez que observado a partir do [un do primeiro trimestre em diante.
os brônquios principais são usualmente invisíveis , as rami- No Ílúcio da gravidez, a definição do pulmão é extraída
ficações menores dos brônquios são, para todos os efeitos, mais das estruturas que o circundam. Essas incluem, pre-
universalmente invisíveis nessa época no desenvolvimento da dommantemente, as costelas süpero-lateralmente e o cora-
ultrassonografia fetal. ção (e em menor extensão outras estruturas mediastinais)
As artérias pulmonares direita e esquerda e as veias pulmo- medialmente. Inferiormente, o pulmão Íl1Cipiente se funde
nares (Figs. 9-91 e 9-92) são visíveis em uma grande porcen- imperceptivelmente com o fígado. Esses dois órgãos são
tagem de fetos no segundo e terceiro u-imestres. Entretanto, iguais em e,cogenicidade durante toda uma parte do segundo
geralmente procuramos a visualização desses grandes vasos trm1estre. A medida que a gravidez progride, o pulmão se
durante o exame do coração, em vez dos pulmões. Detalhes torna mais ecogênico que o fígado (Fig. 9-93). O motivo para
da anatomia arterial e venosa pulmonar são encontrados no isso é desconhecido. Foi especulado que esta diferença possa
Capítulo 14. sinalizar maturidade pulmonar; uma noção que certamente
340 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-88. A e B. Cortes coronais através da hipofaringe (H), epiglote (E), laringe (U e traqueia (T). LC. cartilagem laríngea.

FIGURA 9-89. Relações das estruturas mediastinais e do pescoço. Três cortes, mediossagital (A) e parassagitais (B e e), demonstram a
traqueia (T) até o nível do arco aórtico (A). O esôfago cervical (C) situa-se posterior à traque ia no pescoço (observe novamente as camadas
musculares e mucosas). D, diafragma; L, fígado; LA, átrio esquerdo; PV, veia porta esquerda; V, veia cava inferior.

é errônea porque um pulmão de maior ecogenicidade que o 9-94). Esses marcadores da extensão inferior do pulmão
fígado pode ser visto mais cedo na gravidez do que a maturi- melhoram a visibilidade do tecido pulmonar com o avanço
dade pulmonar pode possivelmente se desenvolver88.89 Além da idade gestacional. O s lobos pulmonares individualizados
disso, a parte muscular do diafragma se torna progressiva- não são visíveis no feto normal, mas, quando está presente
mente mais visível com o crescimento fetal e a hipertrofia um derrame pleural, a insinuação de líquido para dentro das
do músculo diafragmático que ocorre à medida que o feto cissuras principais (e da cissura menor à direita) marca os
"respira" contra pulmões atelectásicos cheios de líquido (Fig. limites lobares .
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 341

A B
FIGURA 9 - 90. Cortes axial transverso (A) e longitudinal (8) do pescoço fetal. CA, artéria carótida; IJV, veia jugular interna; L, laringe; SCM,
músculo esternocleidomastoideo; TC, cartilagem tireoide; Th, lobos da tireoide; Tr , traqueia.

FIGURA 9- 91 . Corte axial transverso do tórax fetal. A, aorta


descendente; LA, átrio esquerdo; LL, pulmão esquerdo; LV, ven-
trículo esquerdo; PV , veia pulmonar; RA, átrio direito; RL, pulmão FIGURA 9 - 92. Corte axial através do tórax fetal. LL , pulmão
direito; RV, ventrículo direito. esquerdo; RL, pulmão direito; selas, veias pulmonares.

SISTEMA GENITOURINÁRIO menstruais . A visualização tipicamente se torna constante


na vigésima semana.90 Em corte longitudinal, os rins fetais
Embora a extrema variabilidade do posicionamento fetal e a aparecem como estruturas elípticas bilaterais e, em corte
falta de contraste entre o rim e os tecidos circundantes não transversal, eles têm uma aparência circular adjacente aos cen-
permita a identificação constante de ambos os rins fetais, tros de ossificação da coluna vertebral lombar bilateralmente
os rins fetais normais são comumente identificados em sua (Fig. 9-95). Mais tarde na gravidez, a gordura retroperitonial
localização paravertebral tão cedo quanto com 15 semanas hiperecogênica, que rodeia os rins, ajuda em sua visualização
342 AVALIAÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-93. Corte coronal (A) através do tórax fetal. As diferenças de ecogenicidade entre o pulmão (L) e o fígado (Li) e o timo (T) são
facilmente vistas neste feto mais velho . B. Corte axial através do tórax fetal. Novamente, as diferenças de ecogenicidade entre o pulmão e o
timo (T) são facilmente vistas. C, carina; D, diafragma; H, coração ; PA , artéria pulmonar; Sp, coluna vertebral; SVC, veia cava superior .

aproxima ou pode mesmo ser ligeiramente maior que a dos


tecidos circunvizinhos, realça as pirâmides com relativaIUente
pouco eco. A posição característica das pirâmides evita qual-
quer confusão potencial com cistos paI-enquimatosos renais.
A confusão com cálices dilatados é evitada observando-se as
colunas de Bertin separadas por espaços e a falta de comunica-
ção com infundíbulos e pelve dilatados. Dentro do seio renal
de fetos, há geralmente uma escassez, ou mais comumente
uma ausência fraI1Ca, de gordura. Estruturas coletoras intraI'-
renais, a pelve e infundíbulos são comumente vistas em fetos
porque elas freq uentemente contêm Iiquid0 9 1.92 - um tópico
que será considerado no Capítulo 16.
Os rins fetais crescem dUraIlte toda a gestação. Padrões
de comprimento, largu ra, espessura, volume e circunferência
renais foraIU estabelecidos em função da idade menstrual e
correspondem às medidas de taIllaImO renal obtidas em nati-
mortos pós-natalmente. 93 -95 Durante toda a gravidez, a relação
da circunferência do rim para a circunferência abdominal per-
manece relativaIUente constante entre 0,27 e 0,30. Essas medi-
das são mais eficientes paI-a detectar rins aumentados que rins
pequenos. A diminuição no tanlanho renal é mais difícil de
detectaI' porque o linUte renal exato, especialmente de rins
pequenos , pode ser parcialmente obscurecido, porque o plaIlo
FIGURA 9-94. O músculo diafragma (D) é relativamente hipo- de corte pode não ser através do mais longo eixo renal, e por
ecoico. L, fígado. causa do aIUplo desvio padrão no taInanho renal. 93 -95
O ureter fetal normal, para todas as intenções e fmali-
dades, não é identificável em fetos. Incomumente, pode-se
ver um ureter normal, mas a visualização de um ureter fetal
deve sempre sugerir dilatação patológica. Entretanto, tão
cedo quanto com 15 semanas menstruais, a bexiga urinária
ultrassonográfica (Figs. 9-95 e 9-96). As pirâmides renaIS fetal normal pode ser identificada (Fig. 9-68). Apenas alguns
fetais podem frequentemente ser discriminadas do córtex centímetros cúbicos de urina na bexiga seriaIU necessários
circundante e das colunas de Bertin na maioria dos fetos e paI-a permitir a pronta visualização em um feto jovem. Uma
estão dispostas em uma fileira aIlterior e uma posterior (Fig. vez que o feto normalmente enche e esvazia a bexiga urinária
9-95A) em uma configuração correspondendo aos cálices a cada 30 a 45 minutos, a bexiga frequentemente será vista
fazem contato com os ápices das pirâmides (as papilas).2 A aumentando em taIUa.I1llO e se esvaziando no decurso de um
ecotextura do córtex renal fetal normal, que usualmente se eXaIne ultrassonográfico. 96-98 SinUlarmente, fetos nos quais a
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 343

A B

FIGURA 9-95. A. Corte longitudinal através do rim fetal no início


do segundo trimestre. B. Corte longitudinal através de um rim fetal
no segundo trimestre adiantado. Observe que as medulas (MP)
aparecem mais proeminentes mais cedo. Isso é devido ao fato de o
crescimento cortical ser maior que o crescimento medular; assim, o
tamanho relativo das medulas diminui. C. Corte longitudinal através
de um rim fetal no terceiro trimestre. Entre as variações normais dos
aspectos renais fetais, observe que a ecogenicidade renal pode estar
relativamente aumentada . É o tecido cortical que é ecogênico, assim
delineando melhor as pirâmides medulares (MP) mais hipoecoicas.

bexiga urinária não é visualizada podem ser examinados com mediana dentro da pelve fetal (Fig. 9-97). As alterações no
intervalos em busca do enchimento vesical. Se a bexiga não volume da bexiga urinária com o tempo diferenciam-na
puder ser vista na presença de oligodrâmnio, o exame sequen- de estruturas pélvicas císticas patológicas. Lembre-se que
cial para testar quanto ao enchimento vesical é obrigatório. as artérias umbilicais sempre flanqueiam a bexiga urinária
Com 32 semanas de gestação, o volume má..ximo da bexi- independentemente do grau de distensão vesical. Essa relação
ga urinária fetal mede 10 mL. Ao termo, o volume da bexiga anatômica é extremamente útil para a identificação de uma
fetal normal quadruplica. Similarmente, a produção urinária bexiga urinária persistentemente vazia ou a confirmação de
fetal, conforme calculada pela determinação da mudança no uma bexiga maciçamente superdistendida.
volume da bexiga com o tempo, aumenta de 9,6 mL/h com A uretra fetal normal pode ser identificada, de tempos
30 semanas para 27,3 mL/h com 40 semanas de idade mens- em tempos, como uma linha hiperecogênica estendendo-se
trua1. 96 .97 Evidentemente, os fetos a termo urinam; assim, a pelo comprimento de um pênis ereto (Fig. 9-17). Em fetos
bexiga pode estar vazia. 98 O enchimento e o esvaziamento femininos e em fetos masculinos examinados quando o pênis
da bexiga urinária fetal confirmam que o feto produz urina está flácido, a uretra normal é difícil ou impossível de identi-
mas não indica a "qualidade" da urina produzida. A bexiga ficar. O útero e ovários não podem ser visualizados em fetos
urinária fetal normal, cuja parede é muito fina e quase invisí- femininos normais. Os testículos podem ser visualizados em
vel quando a bexiga está bem distendida, ocupa uma posição fetos masculinos somente depois que desceram para dentro
344 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A
FIGURA 9 - 96. Corte axial transverso de um rim fetal marginado
por gordura perirrenal (setas). A gordura perirrenal brilhantemente
ecogênica ajuda a delinear ultrassonograficamente o parênquima
renal menos ecogênico.

do escroto. A próstata não pode ser visualizada. A genitália


externa foi discutida previamente na seção sobre anatomia de
superfície do reto.
A glându la suprarrenal fetal . embora não faça pane do
sistema genitourinário, é vista bastante rotineiramente ao se
procurar os rins (Figs. 9-96 e 9_98)y9 Ioo De fato, mesmo na
presença de agenesia de um ou ambos os Iins, as glândulas
suprarrenais podem ser apreciadas em suas localizações para-
vertebrais esperadas. As glândulas suprarrenais fetais podem
muitas vezes ser vistas depois de 30 semanas menstruais. As
glândulas suprarrenais possuem tamanho, forma e ecogenici-
dade característicos . O padrão de eco é tão característico que
o córtex e a medula podem ser ap reciados separadamente
(Figs. 9-63, 9-64 e 9-98). No feto. ambas as glândulas suprar-
renais cobrem os polos renais superiores (no adulto a glândula
suprarrenal esquerda mais /i-equentemente situa-se anterior B
ao polo superior). 100 A suprarrenal direita é vista mais cons- FIGURA 9 - 97. A. Corte axial transverso através da pelve fetal. 1,
tantemente. Sua parte superior está situada imediatamente bexiga urinária; 2, reto; 3, cabeça do fêmur; 4 , diáfise do fêmur. B.
posterior à veia cava inferior proximal (Fig. 9-98). Corte axial oblíquo através de pelve fetal com o Doppler em cores
não-direcional. As artérias umbilicais (UA) marcam as margens late-
rais da bexiga (SU .

SISTEMA NERVOSO CENTRAL


O cérebro fetal foi uma das primeiras áreas de interesse
investigacional no diagnóstico de anomalias fetais. lol Isso foi
resultado de dois fatores: (1) a cabeça fetal era examinada
rotineiramente para obter um diâmetro biparietal para a inusual de que áreas "líquidas" e "sólidas" do cérebro não se
determinação da idade gestacional; e (2) as anomalias do comportavam de maneira prevista. Inicialmente se esperava
sistema nervoso central estão entre os defeitos congênitos que o aspecto ultrassonográfico dos ventrículos laterais seria
mais comuns. De início, só aberrações morfológicas grosseiras dominado pelo líquido cerebroespinhal, o que os tornaria
como anencefalia ou hidrocefalia avançada eram descobertas anecoicos. Em vez disso, sua aparência era dominada !)elo
pré-natalmente. Como a instrumentação progrediu muito até plexo coróide altamente ecogênico (Figs. 9-99 a 9-102)1 1.11 2
os dias atuais, muitas malformações do cérebro podem ser Em contraposição, a maior parte do tecido neural. o telencé-
diag110sticadas com exatidão mesmo antes de 20 semanas de falo, o diencéfalo e o mesencéfalo é bastante hipoecoica em
desenvo[vllllento.I 02·I07 comparação a outros tecidos sólidos no corpo humano (Fig.
O caminho para o diag11óstico de desenvolvimento anô- 9-99) .111.1 t:J Os mais recém-chegados na área da ultrassono-
malo, como sempre, começa com uma apreensão firme da grafia diagnóstica podem bem imaginar o potencial de erro
anatomia desenvolvimental normal. Inicialmente, muitos erros de interpretação entre os primeiros pesquisadores quando
eram feitos ao interpretar anatomia intracraniana fetal normal as maiores áreas contendo líquido do cérebro produziram os
vista por ultrassonografia.J OR'ILO Isso era devido à circunstância ecos de maior amplitude, enquanto o tecido sólido produziu
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL
-- 345

A B
FIGURA 9 - 98. A. Corte axial transverso da glândula suprarrenal direita (RA), embora muita anatomia possa ser vista nesta imagem do
abdome superior fetal. Observe ambos os ramos da glândula suprarrena l direita imediatamente posteriores à veia cava inferior (V) e uma parte
da glândula suprarrenal esquerda Inão·rotulada) à esquerda da aorta IAo). A parede abdominal , incluindo a gordura subcutânea 151. camadas
musculares IM) e gordura pré-peritonial é bem vista. St, estômago. B. Corte coronal da suprarrenal (A) demonstrando sua aparência típica
triangular " em chapéu". K, rim oposto.

A B
FIGURA 9 - 99. A. Imagem axial transversa ao nível do átrio ventricular esquerdo em um feto de 14 semanas. O parênquima cerebral IP) é
muito anecoico. C, plexo coróide; IF, sulco inter-hemisférico. B. A imagem ligeiramente caudal demonstra tálamos IT) e mesencéfalo IM) bem
desenvolvidos. Os cornos frontais (F) são grandes e cheios de líquido cerebroespinhal.
346 AVALI AÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-100. A e 8 . Cortes parassagitais no fim do primeiro trimestre demonstram que, mesmo cedo assim no desenvolvimento, o plexo
coróide (C) preenche as partes posterior e inferior do ventrículo. Os refletores especulares demarcam o corno frontal (F). que é desprovido
de plexo coróide e assim visto como uma parte "contendo líquido" do sistema ventricular. O corno temporal inicial é observado (T). Note a
ausência de um corno occipital. O coróide (C) preenche o corpo, átrio e corno temporal inicial. Observe também quão notavelmente fino é o
tecido cortical cerebral ICC).

os mais baL"Xos. Para complicar ainda mais, ocon·em altera- A cabeça fetal pode ser claramente discriminada do tronco
ções sigllificativas à medida que o desenvolvimento cerebral fetal quando um embrião atinge um comprimento cabeça-
proglide, resultando em mudanças contínuas de posições de nádega de 10 a 15 nU11. Entre a 10a e a 11 ª semana após a
certos "pontos de referência". Essas alterações nunca tinham última menstruação (Fig. 9-3), já se pode começar a apreciar a
sido observadas in vivo) e o exame post mortem do cérebro pode anatomia dentro da cabeça fetal em desenvolvimento. A essa
variar em relação a sua aparência durante a vida. altura, os componentes teciduais intracranianos consistem
Uma série de observações-chave levou à descrição clara quase inteiran1ente no tálamo e no corpo estriado, os quais
da neuroanatomia desenvolvimental normal conforme visto produzem a aparência simétrica do cérebro à medida que
ultrassonograficamente. Essas observações incluíram o reco- essas estruturas estreitan1 o terceiro venn-ículo em desenvolvi-
nhecimento elo terceiro ventrículo fetal, do plexo coróide mento para um refletor especular na linha mediana.
brilhantemente ecogênico'" e da vascularização pulsando No fim do primeiro trimestre, o tálamo, o terceiro ventrícu-
em várias cisternas. Il3 As duas primeiras identificaram o lo, o mesencéfalo, o tronco cerebral e os hemisférios cerebela-
sistema ventricular supratentorial. A última possibilitou res alcançaram um aspecto que permanecerá em grande parte
a identificação da cisterna de Sylvius (pulsação da artéria inalterado, a não ser o aumento progressivo, durante todo o
cerebral média), da cisterna interpeduncular (pulsação da período restame de observação ultrassonográfica do feto (Fig.
artéria basilar) e da cisterna ambiente (pulsações da artéria 9-99). Por essas razões, a vasta maioria das alterações que
cerebral posterior) (Fig. 9-76). Os marcos estabelecidos por são observadas - e elas são substanciais - relaciona-se com
tais observações proporcionaram uma fundamentação para o crescimento e desenvolvimento do telencéfalo. Conforme
a identificação subsequente de outras estruturas neurais mencionado, no término do primeiro e começo do segundo
específicas. trimestres, os ventrículos laterais (Figs. 9-99 e 9-100) dominam
Mais tarde no curso do desenvolvimento da ultrasso- a aparência ultrassonográfica do telencéfalo. O plexo coróide
nOgI-afia, o cérebro neonatal ficou subesrudado (Figs. 9-1 e brilhamemente ecogênico domina-os por sua vez. Entre 12
9_103). 1.2.112 Curiosamente, isso resultou em uma compreen- e 13 semanas, os ventrículos laterais podem ser claran1ente
são muito maior do aspecto do cérebro fitaI porque o exame vistos, mostram-se ovo ides e são em grande parte preenchidos
de "crianças recém-nascidas" agora começa comumente tão pelo plexo coróide. Apenas os cornos frontais são desprovidos
cedo quanto com 25 a 26 semanas de desenvolvimento no lac- de plexo coróide, como são durante toda a vida (Figs. 9-99B,
tente prematuro (essencialmente um feto do segundo trimes- 9-100 e 9-101). Nessa fase do desenvolvimento, apenas o
tre) (Fig. 9-1 ). Os investigadores então começaram a aplicar rudimento de um corno temporal (Fig. 9-100B) surgiu, c um
a neuroanatomia conforme aprendida do cérebro neonatal, corno occipital ainda está por se desenvolver. O corno frontal,
que era examinado com grande clareza através da fontanela o corpo do ventrículo e o átrio do ventrículo são grandes e
anterior, ao cérebro fetal em desenvolvimento. A análise que facilmente detectados. O corioide é a estrutura mais fácil de
se segue da anatomia intracraniana fetal é apresentada com se reconhecer, por causa de seu tamanho e ecogenicidade de
base em tais observações. alta amplitude . Em contraposição, o mamo de córtex cerebral
AVALIAÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DA ANA TOMIA FETAL NORMAL 347

A B
FIGURA 9- 101. A a C. Três cortes axiais através dos ventrículos
laterais de fetos no começo do segundo trimestre. A. O corte axial
demonstra degradação da visualização do ventrículo próximo devido
a artefato de reverberação craniana. Observe a diferença em nitidez
dos cornos frontais (FH). AC , coróide atrial. B. Examinando através
da fontanela posterior, a reverberação craniana é quase eliminada e
os cornos frontais são agora vistos com igual nitidez (FH). C. Nesta
fase inicial de desenvolvimento, o corpo estriado (CS) é proeminente
e indenta o coróide ventricular. Isso não deve ser erradamente toma-
do por uma anormalidade (às vezes , quando mais anecoico , simula
um cisto de plexo coró ide) .

c
348 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-102. A a C. Cortes parassagita is através do ventrí-
culo de fetos de 16 a 18 semanas . O coróide (C) define o tamanho
ventricular e a posição do átrio ventricular. Observe o aumento
substancial na espessura do córtex cerebral (CC) em comparação
com fetos apenas algumas semanas mais jovens (Fig. 9-100). Ecos
brilhantes marginam o bordo do telencéfalo (setas retas). O refletor
brilhante representa leptomeninges na superfície (SU. Observe os
primórdios de um corno occipital (seta curva) em A e compa re com
o corno occipital mais desenvolvido (OH) em C. Note, também , que
o corno frontal (FH) é muito mais estreito em diâmetro craniocaudal
por causa do crescimento da cabeça do núcleo caudado que mudou
a forma dessa parte do ventrículo. B, corpo do ventrículo; TH, corno
temporal em desenvolvimento.

c
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA OA ANATOMIA FETAL NORMAL 349

de que tais espaços contêm líquido cerebroespinhal e tecido da


pia-aracnoide dentro deles . É a quantidade relativa desses dois
componentes que determina a aparência ultrassonográfica
dos espaços subaracnoides. Pequenas cisternas subaracnoides
(como as cisternas basal e perimesencefálica) têm uma aparên-
cia dominada pela pia-aracnoide e assim são vistas como espa-
ços brilhantemente ecogênicos (Fig. 9-106). Isso não equivale
a dizer que essas cisternas sejam desprovidas de líquido cere-
broespinhal , mas o líquido não influencia significativamente
seu aspecto ultrassonográfico. Em contraposição, os espaços
subaracnoides maiores, como aqueles sobre as convexidades
dos hemisférios (Fig. 9-102 e 9-104) e a cisterna magna (Fig.
9-107), têm uma aparência dominada pelo líquido cerebroespi-
nhal. Assim, eles se comportam, no sentido ultrassonográfico,
como se esperaria de uma cavidade contendo líquido. Espaços
subaracnoides de tam anho intermediário terão tanto zonas
anecóicas a partir de Líquido cerebroespinhal visível quanto
zonas brilhantemente ecogênicas a partir de tecidos pia-a rac-
FIGURA 9 - 103. Corte pa rassagital do cérebro de uma cri an ça de noides visíveis (Figs. 9-104 a 9-106). A marginação brilhante
6 meses. Os giros (G) es t ão bem desenvolvidos. Os tec idos da pia- provida pelas leptomeninges habilita- nos a visualizar, por
aracnoide cob rem a superfície do cérebro e tornam os sulcos (5 ) exemplo, o mesencéfalo de forma bem distinta (Fig. 9-106).
altamente conspícuos. In speção cuidadosa dos giros mostra que a Sem esses ecos das margens, nossa percepção do mesencéfalo
"substância cinzenta" cortical é menos ecogênica que a "substância
branca" (isso quase ce rtamente não é uma diferença devida à dis- seria grandemente dificultada.
tinção da substância cinzen ta e branca , mas aos vasos que correm Conforme dissemos, as estruturas refletoras brilhantes
através do gi ro cen t ral). CH , cabeça do ca udado; CP , plexo co róid e; dominam o aspecto do cérebro fetal conforme visto pelo
FH , corno frontal ; T , tálamo. ultrassonologista. O plexo cor6ide e as coberturas do cérebro
(pia-aracnoide e dura) são os dois componentes principais
dentro da calota em desenvolvimento que produzem reflexões
brilhantes. As estruturas durais importantes pela perspectiva
da anatomia cerebral fetal ultrasso nográfica são a foice do
em desenvolvimento rodeando o ventrículo lateral é mais difí- cérebro e o tentório (Figs . 9-1 04 a 9-108)_ Ocasionalmente, a
cil de se delinear, em virtude de sua ecogenicidade de baixa estrutura neural gera reflexões de alta anlplitude. Isso é par-
amplitude (Fig. 9-99A), mas uma demarcação entre o ventrí- ticularmente verdadeiro quantO aos núcleos basais, especial-
culo lateral e o manto cerebral pode ser apreciada a partir das mente os núcleos lentiformes (Fig. 9-107l- O verme cerebelar
reflexões especulares originadas das paredes do ventrículo e os tecidos de superfície dos hemisférios cerebelares também
lateral (Figs. 9-99B e 9- 100E) . Essas , evidentemente, são vistas aparecem muito brilhantes (Figs . 9-109 e 9-110), mas esse
onde o feix.e acústico incide perpendicularmente sobre a pare- aspecto é novamente secundário às leptomeninges . As folhas
de ventricular. Entre 16 e 18 semanas, o manto de tecido corti- cerebelares "arrastam" as m eninges abaixo da "superfície" do
cal em desenvolvimento espessa-se apreciavelmente (compare hemisfério, fazendo os tecidos da superfície parecerem bri-
as Figs. 9-100 e 9-102). À medida que o lobo occipital aumenta lhantes (Fig. 9-1 09E). O verme cerebelar tem o maior número
em volume, um corno occipital do ventrículo lateral aparece de folhas e meninges entremeadas. Assim, ele muitas vezes se
gradualmente (Figs. 9- 100 a 9-102). mostra notavelmente hiperecogênico (Fig. 9-110E).
A ecogenicidade relativa das estruturas , as quais serão Também importantes como estruturas ecoando em alta
vistas durante o resto da gestação, é, em grande parte, esta- amplitude são as reflexões especulares das paredes do sistema
belecida nessa época. Dois tipos de tecido são brilhantemente ventricular (Figs. 9-99B, 9-100B, 9- 101A e 9-102 C). Essas refle-
ecogênicos, portanto, mais facilmente vistos durante o exame xões ocorrem quando o feixe ultrassônico colide com a parede
do cérebro fetal. Esses tecidos são o plexo coróide, confor- ventricular lisa perpendicular ou aproximadamente assim.
me assinalado anteriormente, e as coberturas do cérebro: a Desse modo, seria de supor que os pontos e as linhas de brilho
dura-máter (paquimeninge) e a pia-aracnoide (leptomeninge). assim produzidos poderiam variar de momento a momento,
Curiosamente, o coróide se desenvolve a partir da pia vascu- dependendo da direção na qual o transdutor fosse apontado.
lar. As leptomeninges demarcam os bordos do cérebro com Esse, no entanto, não é o caso por duas razões. Primeira, as
uma margem de ecos brilhantemente reflexiva (Figs. 9-102 a imagens cerebrais fetais são produzidas predominantemente
9-104). Periféricos a essa margem brilhantemente ecogênica em planos éL'{iais transversos (apropriados para medições de
estão os espaços subaracnoideos que contêm líquido cere- diâmetro biparietal e circunferência da cabeça) (Figs. 9-99B e
broespinhal (Figs. 9-103 a 9-105). Um as pecto que confunde 9- 101 A) e menos comumente em planos coronais ou parassa-
o ultrassonologista inexperiente é a ausência relativa de gitais (Fig. 9-102C). Nesses planos, o feixe tende a incidir o
mudança na ecogenicidade entre o tecido periférico (ou seja, sistema ventricular perpendicularmente às mesmas interfaces.
córtex cerebral) e o espaço líquido cerebroespinhal, confor- Segunda, a curvatura da calota óssea limita o número de
me vistos através do eco marginal brilhantemente reflexivo planos éL'{ÍaiS, coronais e parassagitais que podem ser obtidos,
da pia-aracnoide (de fato , o espaço contendo líquido cere- como resultado da importante divergência do feixe quando o
broespinhal pode ser mais ecogêrúco) (Figs. 9-104 e 9-105)_ feixe interseciona partes curvas da calota. Assim, as reflexões
Esse problema de percepção origina-se da previsão de que especulares a partir das paredes ventriculares tendem a estar
os espaços subaracnoides devem ser anecoicos , enquanto o em localizações estáveis e podem ser usadas como marcos
parênquima cerebral deve ser brilhantemente ecogênico. Essa anatômicos importantes e reprodutíveis.
suposição razoável é inverídica em muitos casos. Lembre-se
350 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B

c D
FIGURA 9- 104. A a D. Sequência de cortes obtidos através de fontanelas e suturas. Esta técnica possibilita ver anatomia cerebral simétrica.
As leptomeninges da superfície (SL) são cruciais para discriminar a margem do tecido cerebral e as cisternas adjacentes . BV, veias em ponte;
CC, cisterna da convexidade; CCa , corpo caloso; CF, sulco calcarino; ChF, fissura coróide; DMV, veias medulares profundas; FC , foice do
cérebro; LF , sulco lateral; OH , corno occipital; OL, lobo occipital; SSS, seio sagital superior; SV , veia septal; TH, corno temporal.

Adicionalmente, dentro da substância do cérebro, mais tornam anatomicamente identificáveis. Elas são reconhecidas
notavelmente na região dos tratos de substância branca cere- por variações na ecogenicidade de núcleos específicos e tratos
bral, outras reflexões brilhantes são observadas (Figs. 9-104 que passam por essas zonas (Figs. 9-105 , 9-107, 9-109B, 9-110 ,
a 9-106 e 9-111 ), Inicialmente, esses refletores foram errada- 9-111A e 9-112). Vários núcleos cerebrais, bem como alg1.!-
mente tomados pelas paredes dos ventrículos laterais, com mas outras áreas do tecido neural, demonstram um aumento
os quais eles são contíguos (Figs. 9-105 e 9-108).llO. 11 3.11.j As moderado na amplitude de eco em comparação a elementos
origens dessas reflexões são os vasos sanguíneos drenando as cerebrais circundantes (Figs. 9-105, 9-107, 9-112 e 9-113).
regiões de substância branca mais profundas (Figs. 9-104D, 9- Tais núcleos demonstram sinais de mais baixa amplitude que
105,9-108 e 9-111 )."5 Curiosamente, a pia-má ter acompanha coróide ou leptomeninges. Entre essas estruturas, estão os
esses vasos quando eles correm pela substância cerebral. Por núcleos caudado e lentiforme, separados pela cápsula interna.
essa razão, novamente são as leptomeninges que se responsa- Menos comumente, é visível o claustro, marginado pelas
bilizam por ecos brilhantes no cérebro fetal. Assim, as estrutu- cápsulas extrema e externa. Similarmente, são discerniveis a
ras ecoando brilhantemente do cérebro fetal, incluindo os ecos substância negra (Fig. 9-106B) no mesencéfalo e os núcleos
da superfície, as cisternas, as veias que drenam da substância denteados do cerebelo (Fig. 9-107A, não-rotulado). Também a
branca profunda e o plexo coróide, todas estão associadas à parte ventral (ventre) da ponte é vista como uma zona de eco-
pia-máter. Como Dr.James Bowie um dia observou a respeito genicidade moderada, em oposição à parte dorsal (tegmento),
da gnllulc teoria unificadora dos ecos bnlhantes no cérebro, "é tudo que retoma ecos de baL'(a amplitude (Fig. 9-114). I
pia" (comunicação pessoal, 1991). É importante que os ultrassonologistas se familiarizem
O "esqueleto" ultrassonográfico do cérebro fetal em desen- com a aparência dos ventrículos laterais à medida que eles se
volvimento origina-se das estruturas brilhantemente reflexivas transformam durante todo o crescimento e desenvolvimento
que acabamos de considerar. Usando-se tais estruturas como do cérebro fetal. Entre 18 e 20 semanas , cornos occipitais e
arcabouço, numerosas áreas individualizadas de tecido neural cornos temporais facilmente reconhecíveis são visíveis (Fig.
são discerníveis ultrassonograficamente (Figs. 9-106, 9-107 e 9-102). Os ventrículos laterais alcançaram seus componen-
9-112),1.2 À medida que o cérebro se desenvolve, várias áreas tes adultos. Desse ponto em diante, os ventrículos laterais
do telencéfalo. diencéfalo, mesencéfalo, ponte e cerebelo se mudam de forma e proporção conforme influenciados pelos
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 351

tecidos neurais crescendo adjacentes a suas paredes. Por


exemplo, o crescimento do núcleo caudado muda acenu13da-
mente a forma do corno frontal dos ventrículos laterais (Fig.
9-102) .11 6 Entretanto, durante todo o período de observação
dos ventrículos laterais (de 13 a 40 semanas), o tamanho dos
átrios permanece em grande parte inalterado. O diâmetro
transverso do átrio ventricular ao nível do glomo do plexo
coróide mostra uma dimensão média de aproximadamente 7
mm e um limite superior de 10 mm durante todo o segundo
e o terceiro u-unestres. Il i Essa é a área mais conveniente para
reconhecer o aumento ventricular fetal, conforme será discu-
tido em detalhe na seção sobre ventriculomegalia no Capítulo
10. J 11,112,117 É importante observar que os cornos frontal (ante-
rior) e occipital (posterior) dos venu-ículos laterais não apre-
sentam plexo coróide (Figs. 9-100 a 9-102). Entre 24 semanas
e o termo, o telencéfalo sofre pouca alteração estrutural , a
não ser o crescimento cortical aumentado e o consequente
aumento nas circunvoluções (e assim nas marcas de sulcos),
O que pode ser reconhecido adjacentemente às convexidades
(Figs. 9-115A e 9-116A).1l 8 O aumento no volume cerebral faz
os ventrículos laterais, que estão crescendo mais lentamente,
tornarem-se progressivamente menos conspícuos.
Em oposição aos sulcos , que são estreitos e se desenvol-
vem mais tarde à medida que os giros se formam , as fissuras
são mais Im'gas, presentes mais cedo no desenvolvimento e
podem ser vistas antes de 20 semanas. 119 Das duas que são
comumente vistas , o sulco palietooccipital, uma indentação
FIGURA 9- 105. Corte caronal através das cabeças dos núcleos
medialmente adjacente à cisterna inter-hemisférica, é a menor
caudados (CN). O corno frontal (FH). que não é bem visto , assenta
sobre o caudado . Estendendo -se entre a margem ventricular e a (Figs. 9-108A, 9-111B e 9-115A). A fissura lateral (ínsula e
margem do cérebro , há estruturas ecogênicas lineares anterior- fossa/fissura de Sylvius) é um sulco profundo na margem
mente confundidas com os ventrículos (setas). Também são vistos lateral do telencéfalo em desenvolvimento .117.120.l2 1 O sulco é
filamentos em ponte de pia-aracnoide através da cisterna (C) sobre
visto como uma degressão lisa tão cedo como já com 14 sema-
as convexidades (provavelmente veias em ponte cobertas com pia-
aracnoide). F, foice; LF, fissura lateral. nas (Fig. 9-101 C). 19 Subsequentemente, seu aspecto muda

A B
FIGURA 9- 106. A e B. Cortes demonstrando o mesencéfalo . O mesencéfalo é bem visto em virtude do contorno nítido fornecido pelas cister-
nas perimesencefálicas brilhantemente ecogênicas (as leptomeninges produzem a linha brilhante de demarcação) . AC, cisterna ambiente; CC,
cisterna crural; IPC, c isterna interpeduncular; QPC, cisterna da lâmina quadrigêmea. Essas margeiam os pedúnculos cerebrais (CP) e a lâmina
quadrig êm ea (QP). AS , aqueduto de Sylvius; SN, substância negra.
352 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

2 3 4 5 7 8 18 17 12 11

19

A B
10 6 9 15 16 13 14

FIGURA 9- 107. A e B. Cortes axiais transversos demonstrando muitas estruturas neurais individualizadas. Observe as variadas ecogenici-
dades das cisternas. As grandes cisternas (1, cisterna magna) têm uma aparência dominada por líquido cerebroespinhal. As cisternas pequenas
(7, cisterna basal) são dominadas por pia-aracnoide. 2, hemisfério cerebelar; 3, cisterna quadrigêmea; 4, cisterna ambiente; 5, cisterna crural;
6, cisterna interpeduncular (observe as paredes da artéria basilar centralmente nesta cisterna); 8, hipotálamo; 9, recesso inferior do terceiro
ventrículo; 10, aqueduto de Sylvius; 11, cabeça do caudado; 12, núcleo lentiforme; 13, sulco lateral; 14, corno frontal; 15, coróide atrial; 16,
ramo posterior da cápsula interna; 17, tálamo; 18, hiato tentorial; 19, foice do cérebro.

A B
FIGURA 9- 108. A. Corte axial transverso próximo do vértex. Ecos lineares brilhantes (setas) muitas vezes confundidos com ventrículos
laterais são vistos claramente. Observe que tais ecos se estendem à margem cerebral. C, cisterna da convexidade com líquido cerebroespinhal
e veias em ponte semelhantes a cabelos cobertas por pia-aracnoide brilhantemente ecogênica; F, foice; PF, sulco parieto-occipital. B. Imagem
fora de eixo através do ventrículo lateral e do eco linear (seta) visto em A. O corno occipital (OH) agora é bem visto . Observe novamente que
o eco linear se estende até a margem cerebral, enquanto o corno occipital é inteiramente margeado por tecido cerebral. CA, calcar avis; CP,
coróide.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 353

um erro que leva a diagnósticos errados de hidrocefalia. Com


o crescimento progressivo dos lobos temporal e parietal, essa
fissura se fech a progressivamente, sepultando o córtex i.nsular
previamente exposto atrás dos opérculos temporal e parietal
em desenvolvimento (Figs . 9-116 e 9-117). No termo (entre 38
e 42 semanas), a fissura lateral se fecha e, afinal , se torna o
complexo da cisterna de Sylvius.
Outras fissuras e sulcos se tornam visíveis em épocas pre-
visíveis durante o desenvolvimento cerebral fetal. Essa sequ-
ência de desenvolvimento, ou sua falta, capacita-nos a diag-
nosticar ou excluir certas malformações cerebrais associadas
a anormalidades da migração. Entre essas, estão a ausência de
formação de fissuras e sulcos (anomalias lisencefálicas) ou o
aparecimento de fissuras e sulcos em localizações aberrantes
(cérebro displásico) 11 9. 122 O sulco calcarino (Fig. 9-104A) é
associado ao sulco parieto-occipital. O sulco calcalino angu-
la-se caudalmente a partir da parte média do sulco parieto-
occipital, criando uma prega proeminente no lobo occipital
mediai (as duas fissuras formam um "Y" deitado de lado). A
maior importância do sulco calcarino é que, à medida que ele
cresce, indenta a parte medial do corno occipital, desse modo,
na realidade, mudando a forma do ventrículo na junção do
átrio com o corno occipital (o outro segmento do cérebro em
desenvolvimento que u-ansforma grandemente a config'uração
ventlicular é o núcleo caudado). O tecido pregueado é cha-
mado "calcar avis " (o que traduzido significa "calcanhar de
ave", com o que ele se assemelha um pouco [pelo menos para
o anatomista que o descreveu - eu o teria chamado "bico de
ave"]) (Figs. 9-108B e 9-116B). O sulco calcarino é facilmente
visto em cortes coronais do cérebro posterior (Fig. 9-104A).
o plano coronal, poderia se pensar que ele é o sulco parieto-
occipital, exceto que o plano coronal favorece a visualização
do sulco calcarino, enquanto o plano axial favorece a visuali-
zação do sulco parieto-occipital (Fig. 9- 11 5B) . O sulco calcari-
no se torna visível na vigésima quarta semana. 11 9 O sulco do
cíngulo, o sulco que é paralelo à superfície superior do corpo
caloso (Fig. 9-114), também se torna visível aproximadameme
ao mesmo tempo em que o sulco calcalino. 119 O sulco do
cingulo é importante porque ele não se forma quando há age-
nesia completa do corpo caloso. Assim, a formação do corpo
caloso é o elemento "causador" que determina a sulcagem do
córtex frontoparietal medial . Uma vez que o sulco do cíng"ltIo
é o primeiro dos sulcos mediais a se desenvolver, sua pre-
sença é útil para excluir agenesia completa do corpo caloso.
Finalmente, os sulcos sobre as convexidades gradualmente se
B tornam cada vez mais visíveis do começo do terceiro trin1estre
FIGURA 9 - 109. A. Vista da fossa posterior laxial transversa) em diante. 119 Emre os sulcos reconhecíveis estão os sulcos no
demonstrando folhas ce rebe lares ICF ). AC , cisterna ambiente; LF, lobo frontal infelior que ajudam a definir o giro reto (Figs .
sulco lateral ; MS, mesencéfalo. B. Corte parassagital da fossa poste-
9-116 e 9-117).
rior . Os tratos de substância branca IT) ce rebelares são bem vistos.
A margem brilhante do cerebe lo é um "a rtefato " porque é devida a Uma estrutura de grande importância em neuroanatomia
reflexões das leptomeninges levadas adentro do cerebelo pela forma - fetal é o corpo caloso (Fig. 9-118). O corpo caloso começa seu
ção das folhas la substância cinzen ta é hipoecoica). desenvolvin1ento emre a décima e a décima primeira semanas
de gestação. Ele alcança sua confi g"llração adulta pelo fU11
da décima sétima semana. O desenvolvimento começa no
genu e prossegue posteriormente até o esplênio. Emretanto,
gradualmente à medida que se desenvolvem os opérculos o rostro (a parte mais anterior do corpo caloso) se forma por
frontoparietal e temporal (Figs . 9- 105, 9-107, 9-109, 9-112 e último. O rastro não é visto usualmente em ultrassonogra fias
9_116).11 9 Essa importante fissura resulta em frequente confu- pré-natais. Exame ultrasso nográfico do corpo caloso para a
são porque faz uma parte da superfície cerebral ser invaginada detecção de formação anormal não deve ser tentado "a sério"
profundamente dentro do hemisfério (Figs . 9-105, 9-107, 9-109 até 17 semanas (Fig. 9-118D). O s melhores cortes do corpo
e 9-112). A pia-aracnoide na superfície da ínsula, o tecido caloso são obtidos no plano mediossagital (Figs. 9-11 4B e
na base da fissura lateral. gera uma reflexão curvilínea que 9-118B). Entretanto, informação sobre o corpo caloso pode
parece residir dentro da substância cerebral em vez de em sua er obtida em outros planos de corte. O corpo e o genu
"borda". Esse eco é muitas vezes tomado erradamente por podem ser vistos em planos cOl'onais e axiais (Figs. 9-11 1 A, 9-
uma reflexão especular da parede lateral do ventrículo lateral, 113A e 9-118A). Infelizmeme, quando es tá presente a agenesia
354 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9- 110. A a C. Três imagens da fossa posterior em dife-
rentes fases do desenvolvimento cerebelar . A e B são imagens de
fetos ma is adiantados, enquanto C é obtida no começo do segundo
trimestre . A. Corte axial transverso da fossa posterior demonst-
rando o quarto ventrículo (4v) e o forame de Luschka (LF) . Situado
entre o quarto ventrículo e a cisterna magna (CM) , está o verme
inferior completamente desenvolvido. LS, seio lateral; TC, tenda do
cerebelo . B. Corte parassagital da fossa posterior. E visto o verme
(V) completamente desenvolvido. O quarto ventrículo está delineado
pelo pedúnculo superior e a asa do lóbulo central, superiormente, e o
nódulo e a tonsila, inferiormente. O verme inferior está bem aparente
entre o quarto ventrículo e a cisterna magna (CM). Observe que o
verme se mostra muito brilhantemente ecogênico devido ao grande
número de folhas e, mais importante, às leptomeninges interveni -
entes cobrindo as superfícies das folhas. C. Corte axial transverso
da fossa posterior demonstrando o quarto ventrículo comunicando-
se livremente com a cisterna magna através de um verme inferior
incompletamente formado (V). Este é um achado normal nesta fase
inicial da gravidez. FH , corno frontal.

c
355
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL
---

A B

FIGURA 9-111 . A. Plano coronal. 8 . Plano parassagital. As veias medulares profundas (DMV) e as veias em ponte (BV) são envoltas com
pia-máter e assim são brilhantemente reflexivas. As leptomeninges de superfície (Sl) brilhantemente reflexivas demarcam a superfície cerebral
e ajudam a detectar individualmente fissuras e sulcos como o sulco parieto-occipital (POF). CC, corpo caloso; CF, colunas do fórnix; CN, núcleo
caudado; FH, corno frontal.

sia completa do corpo caloso, é o complexo cavum do septo


pelúcidolcavum vergae (Fig. 9-113). O caVltlll do septo pelúcido
é a fenda mediana entre as duas lâminas do septo pelúcido.
Algumas vezes chamada quinto ventrículo, ele não o é. Não é
revestido por epêndima. O cavum vergae (descrito pelo anato-
mista italiano Verga) é a extensão posterior do cavum do septo
pelúcido (Fig. 9-113 C). A linha real de divisão é o f6rnix, mas
como o f6rnix não é visível em um plano mediossagital, uso
o forame de Monroe para demarcar o fim de uma cavidade e
o começo da outra (Fig. 9-113 C). O corpo caloso é o teto das
cavidades, e o teto do terceiro ventrículo é o soalho das cavi-
dades. Felizmente, temos um excelente marcador do teto do
terceiro ventrículo . Isso acontece porque o cor6ide do terceiro
ventrículo recurva-se ao longo do teto (Figs. 9-113Ce 9-118B).
A extensão mais anterior dos cor6ides terceiro-ventriculares
(Fig. 9-113 C) marca a posição do for3l11e de Monroe e, assim,
é uma linha divis6ria muito razoável entre o cavum do septo
pelúcido e o cavum ve7gae_ Em planos axiais de corte, uma
linha razoável de divisão não pode ser traçada (Fig_ 9-113B).
Um aspecto fmal do desenvolvimento do corpo calos o é que
FIGURA 9-112. Corte axial transverso. 1, foice; 2, corno frontal; a formação do giro do cíngulo (e assim do sulco do cíngulo) é
3, cabeca do caudado; 4, ramo anterior da cápsula interna; 5, núcleo dependente da formação do corpo caloso (Fig. 9-114).
6, sulco lateral; 7, tálamo; 8, terceiro ventrículo; 9, cor- O verme cerebelar, como o corpo caloso , é também
pos quadrigêmeos.
uma estrutura tardia a se desenvolver (Fig. 9-11 O). De fato,
das partes principais do cérebro fetal a se desenvolverem,
o verme cerebelar é o último em linha. O cerebelo é bem
examinado durante todo o segundo e o terceiro trimestres
(exceto perto do termo quando a ossificação occipital é
parcial (disgenesia) do corpo caloso, é tipicamente o esplênio e suficientemente extensa para frustrar a passagem do feL'i:e
o corpo distaI que estão falt311do. Importante, o esplênio pode acústico) (Figs. 9-109 , 9-110, 9-114 e 9-118B). Como o
ser examinado em planos de corte axiais , embora com alguma corpo caloso, o verme cerebelar se desenvolve "de trás para
dificuldade, porque o plano de corte precisa se aproximar a diante". Assim , a parte inferior do verme não completa sua
partir da região occipital (Fig. 9-118 C) . A ossificação occipital formação até relativamente tarde (na faixa da décima oitava
e a fontanela posterior menor torn3l11 este acesso difícil às semana gestacional). Ultrassonograficamente, detecta-se o
vezes. Uma estrutura extremamente útil, tanto em termos de verme inferior situado entre o quarto ventrículo e a cisterna
visualização do corpo caloso quanto para exclusão da agene- magna (Figs _ 9-110A, 9-110B e 9-114A). Em planos medios-
356 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOM IA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9- 113. Cortes coronal (A), axial transverso (8) e
mediossagital (C) do complexo cavum do septo pelúcido/
cavum vergae. A . No plano coronal, o cavum do septo pelú -
cido está situado entre os cornos frontais (FH) do ven trículo
lateral. O genu do corpo caloso marca o seu teto. DN ,
núcleos profundos da substância cinzenta. 8. Um corte axial
demonstra um complexo relativamente grande do cavum
do septo pelúcido /cavum verga e (CSP/CV) . Uma linha de
divisão entre estas entidades não pode ser adequadamente
traçada neste plano de corte. C. No plano mediossagital , a
linha de divisão en tre o cavum do septo pelúcido e o cavum
vergae é mais facilmente determinada. Primeiro , as cavj-
dades situam-se entre o coróide brilhantemente ecogênico
no teto do terceiro ventrículo (3vC) e o corpo caloso (não-
rotulado). O cavum do septo pelúcido (CSP) "termina"
onde começa o coróide terceiro·ventricular (ponta de seta).
Posterior a esse ponto, ele é mais apropriadamente chama-
do cavum vergae (CV). O coróide terce iro-ventricular se
funde imperceptivelmente com as leptomeninges brilhante-
mente ecogênicas na cisterna do velum interpositum (CVI) e
na cisterna da lâmina quadrigêmea (QPC). Ocasionalmente ,
há também um "cavum do ve/um interpositum", que pode
produzir uma pequena massa semelhante a um cisto no
esplênio do corpo caloso. Isso é uma variante normal.

sagitais, o quarto ventrículo é delineado pelo pedúnculo Uma das dificuldades para dominar a anatomia ultrasso-
superior e a asa do lóbulo central superiormente e o nódulo nográfica das estruturas intracranianas é a usual incapacidade
e a tonsila inferiormente. O verme inferior é bem exibido de ver ambos os hemisférios do cérebro simetricamente. 123
entre o quarto ventrículo e a cisterna magna . Observe que o O hemisfério mais próximo do transdutor é quase sempre
verme aparece muito brilhantemente ecogênico devido a seu "nublado" por artefatos de reverberação gerados quando o
grande número de folhas (Fig. 9-110B) e, mais importante, feixe acústico passa pela parede craniana próxima. A ossi-
as leptomeninges intervenientes que cobrem as superfícies ficação da calota parece estar na raiz desse artefato, porque
das folhas. Em contraste, em um feto de 16 a 17 semanas o artefato é acentuadamente reduzido em fetos com osteo-
de idade, uma ultrassonografia axial transversa da fossa gênese imperfeita recessiva ou outras displasias ósseas nas
posterior tipicamente demonstra o quarto ventrículo se quais a ossificação da calota está quase ausente (Fig. 9-116).
comunicando livremente com a cisterna mag11a através de Infelizmente, essencialmeme todos os outros fetos apresentam
um verme inferior incompletamente formado (Fig. 9-110C). ossificação craniana. Deve ser aplicada a seguinte regra: o
Isso é um achado normal nessa fase inicial da gravidez. ultrassonologista deve supor que a anatomia intracraniana
Os hemisférios cerebelares são delineados pelo líquido na do feto é simétrica, quer normal quer anormal, a não ser
cisterna magna (Fig. 9-110). O quarto ventrículo pode ser que imagens documentem uma assimetria. A visualização do
demonstrado durante todo o segundo e o terceiro trimestres hemisfério próximo exige que usemos janelas livres de osso
a não ser que problemas técnicos de exame confundam sua na calota próxima. As são as fomanelas ântero-Iate-
visualização (na verdade, o "quarto ventrículo" é visto até ral e póstero-Iateral no acesso CL'(ial ou as fomanelas anterior e
mesmo no primeiro trimestre [Fig. 9-3]) . posterior no exame coronal. Uma vez que as fontanelas ânte-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 357

A B
FIGURA 9- 114. Cortes mediossagitais de um feto mais jovem IA) e mais velho IB). O sulco do cingulo ICS) é visto facilmente. O giro do
cíngulo Inão-rotulado) situa-se entre o sulco do cíngulo e o corpo caloso ICC). No feto mais velho, os sulcos mais visíveis ao longo dos lobos
frontal mediai e parietal são observados IB). 4v, quarto ventrículo; CM , cisterna magna; CV, verme cerebelar ; IPC , c isterna interpeduncular;
P8, ventre da ponte; QPC , cisterna da lâmina quadrigêmea .

A B
FIGURA 9- 115. A. Feto mais jovem. B. Feto mais velho. Cortes concentrando-se na superfície cerebral. No feto mais jovem , a superfície cere-
bral é relativamente lisa , embora alguns dos principais sulcos sejam visíveis. POF, sulco parieto-occipital; LF , sulco lateral. No feto mais velho,
numerosos sulcos e giros são visíveis Ipontas de setas). CC , cisterna da convexidade; FC , foice do cérebro; IHC , cisterna inter-hemisférica .
358 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

A B
FIGURA 9-116. A e B. Cortes axiais transversos de um feto com pouca calcificação da calota (osteogênese imperfeita recessiva). A. Observe
a ausência de artefato de reverberação na calota próxima, possibilitando visualização do lobo temporal próximo com mais clareza que o lobo
temporal distante (setas curtas). AC , cisterna ambiente; GR, giro reto; T, tálamo. B. Observe a nitidez com que o ventrículo próximo é visual -
izado. 1, corno occipital; 2 , calcar avis ; 3, coróide atrial; 4 , corpo caloso (é muito incomum ver tanto do corpo caloso em um plano axial); 5,
corno frontal ; 6, veias na substância branca profunda; 7, sulcos; 8 , foice do cérebro.

ro-Iateral e póstero-Iateral estão mais próximas do cérebro que


do vértex, o uso das fontanelas ântero-Iateral e póstero-Iateral
resulta em imagens do hemisfério próximo que são fora de
eixo com o plano axial (pelo menos na maioria das imagens).
Portanto, deve ser exercido cuidado na interpretação dos
planos fora de eixo, particularmente ao julgar o tamanho do
átrio ventricular próximo.
Conforme assinalado, a coluna vertebral fetal é bem
vista de 15 a 16 semanas em diante. Entretanto, muitas vezes
adiamos a avaliação de suspeita de mielomeningocele até
18 a 20 semanas de gestação. Isso é devido a importantes e
favoráveis alterações de amadurecimento na coluna vertebral
que ocorrem durante esse período. Os centros de ossificação
posteriores co?1eçam na base dos processos transversos (Figs.
9-55 a 9-60). A medida que a ossificação progride, as lâminas
se tornam visíveis (Figs. 9-56 a 9-58 e 9-62). A angulação para
dentro das lâminas normais é o oposto do alargamento para
fora das lâminas visto na espinha bífida, uma situação ótima
para detectar tal anomalia. A espinl1a bífida, evidentemente,
é a anomalia óssea vista em todas as mielomeningoceles. O
tecido neural da medula espinal, como o da maior parte do
tecido cerebral, é hipoecoico (Fig. 9-62). O cone medular
(Fig. 9-62D) e a junção craniocervical (Fig. 9-119) podem ser
vistos, ainda que inconstantemente, em quase todos os fetos
entre 18 e 20 semanas menstruais. Os tecidos que revestem
a medula (leptomeninges) são brilhantemente ecogênicos, do
FIGURA 9 - 117. Corte coronal, anteriormente. CG, giro do cíngulo;
mesmo modo que aqueles que envolvem o cérebro , e a dura-
CN , núcleo caudado ; F, foice; FG , giros frontais; FH, corno frontal; máter usualmente também é vista individualizada como um
LS , sulco lateral; PO , opérculo parietal; TO , opérculo temporal. refletor brilhante linear (Figs. 9-2 C e D, e 9-63). Em fetos com
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL 359

A B

c D
FIGURA 9-118. A. Corte coronal através do corpo (B) do corpo caloso . B. Cortes mediossagitais mostram da melhor maneira o corpo caloso.
B, corpo; G, genu ; S, esplênio. C. A margem axial "olhando para o occipital " exibe o esplênio (S), a parte mais crucial a demonstrar do corpo
caloso . Em um feto " com occipital para cima", um corte mediossagital do corpo caloso seria quase impossível de se obter. D. Feto de 19
semanas com corpo caloso bem demonstrado. 3VC , plexo coróide no teto do terceiro ventrículo ; AC, coróides atriais ; CeV , verme do cerebelo ;
CSP , cavum do septo pelúcido ; CV , cavum vergae; FH, corno frontal; QPC, cisterna da lâmina quadrigêmea; SSS , seio sagital superior.
360 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA ANATOMIA FETAL NORMAL

FIGURA 9- 120. Pl ano de corte sagital da coluna vertebral em um


feto de 21 semanas de idade. O nível espinhal pode ser determi-
nado contando-se para cima a pa rt ir do último segmento vertebral
ossifica do ladmitindo-se que seja 5-4 no segundo trimestre e 5-5 no
terceiro trimestre). Neste caso, o centro de ossificação de 5-4 e o
segmen to espinhal L-5 são vistos.

FIGURA 9-119. Corte longitudinal na junção craniocervical demon-


strando a medula ce rvical ICC). P, cent ros de ossificação dos arcos
posteriores; PA, pia-aracnoide; V, centros de ossificação dos corpos 13. Mahony BS, Filly RA: H igh-resolution sonographic assessmellt of
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10
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO
NEURAL DO F ETO
Gian luigi Pilu , MD

Anatomia Ultrassonográfica Normal do Sistema Nervoso Lesões Cerebrais Destrutivas


Central do Feto
Desordens de Proliferação de Células Nervosas
Ressonância Magnética do Cérebro Fetal
Tumores Intracranianos
Ventriculomegalia
Anomalias de Migração Neuronal
Defeitos do Tubo Neural
Anormalidades Vasculares
Anencefalia
Espinha Bífida Cistos Intracranianos
Cefalocele
Conclusões
Anomalias da Linha Média
Agenesia do Corpo Caloso
Malformação de Dandy-Walker

A s malformações do sistema nervoso central (SNC)


consistem em uma das mais comuns de todas as ano malias
congênitas . As anomalias de defeito do tubo neural são as
(Fig 10-1). o segundo trimestre, um exame ultrassonográ-
fico detalhado das estruturas cerebrais já bem desenvolvidas
permite a detecção da maioria das anomalias, algumas sendo
malformações do SNC mais frequentemente encontradas características. Porém, o resultado de um exame ultrassono-
ao nascimento e acometem aproximadamente de 1 a 2 gráfico depende bastante do nível da experiência do ultrasso-
casos por 1.000 nascimentos. A incidência de anomalias nografista e do tempo dedicado ao exame. Na avaliação do
intracranianas com o tubo neural intacto é incerta pelo cérebro fetal , deve ser realizada a distinção entre um exame
fato de que, comumente, a maioria acaba sendo detectadas básico (frequentemente designado como de nível 1, de rotina
somente ao nascimento e, assim, apresentam manifestações ou padrão) de um ultrassom neurológico fetal (ou exame de
posteriormente. Estudos de seguimento prolongados sugerem nível 2). O exame básico consiste, fundamentalmente , em um
que a incidência pode ser tão elevada quanto 1 para 100 exame de rastreamento para pacientes de baixo risco, havendo
nascimentos 1. um consenso geral que é convenientemente obtido por dois
O ultrassom tem sido utilizado nos últimos 30 anos como planos (L"iais transversos da cabeça demonstrando os ventrí-
a principal modalidade para auxiliar o diagnóstico das ano- culos laterais, os gânglios basais, o cavum do septo pelúcido e a
malias do SNC. Nos últimos anos, a ressonância magnética fossa posterior (Fig. 10-3)6. Recomenda-se obter as medidas do
(RM) despontou como uma nova técnica promissora que pode diâmetro biparietal, da circunferência cefálica e do diâmetro
ad icionar, em casos seletos, informações importantes,2'3 embo- interno do átrio. Alguns também defendem a obtenção das
ra a real vantagem com relação ao ulrrassom ainda esteja em medidas do diâmetro cerebelar transverso e/ou da medida da
. i
debate 4.5 . Neste capítulo, as investigações do cérebro fetal e a cisterna magna.
identificação das anomalias do SNC serão revisadas. O ultrassom neurológico fetal é um exame diagl1óstico, ge-
ralmente realizado em um paciente de alto risco para anoma-
lias fetais , que pode incluir planos coronais e sagitais da cabeça
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA que são mais difíceis de serem obtidos, embora apresentem a
NORMAL DO SISTEMA NERVOSO vantagem de delinear mais claramente detalhes sutis da ana-
CENTRAL DO FETO tomia intracraruana, podendo ser complementado pelo uso de
sonda transvaginal em fetos com apresentação cefálica (Fig.
O cérebro fetal é submetido às grandes alterações de desenvol- 10-4). O ultTassom em terceira dimensão consiste em adjunto
vimento durante toda a gestação. As sondas transvaginais de útil ao exame bidimensional de modo que possibilita a visua-
alta resolução permitiram investigação detalhada do embrião lização de planos uIu-assonográficos difíceis ou impossíveis de
humano in vivo nas primeiras fases da gestação (Figs. 10-1 e serem obtidos diretamente (Fig. 10-5)8.
10-2). Iniciando desde a sétima semana de gestação, as vesí- O exame da espinha fetal precisa ser especializado e meti-
culas cerebrais primárias podem ser identificadas como áreas culoso, e seu resultado depende estritanlente da posição fetal.
preenchidas por líquido através da ultrassonografia transvagi- O exame ultrassonográfico demonstra os centros de ossifica-
nal. A partir da décima plimeira semana de gestação, o plexo ção da vértebra (um dentro do corpo, um na junção da lâmina
coroide ecogênico brilhante ocupando os ventrículos laterais e pedículo de cada lado) que se mostram ecogênicos brilhan-
largos consiste na estrutura intracraniana mais proeminente tes. Três planos ultrassonográficos típicos devem ser utilizados
363
364 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

Sétima semana Oitava semana Décima terceira semana

FIGURA 10- 1. Ultrassonografia de um cérebro embrionário e fetal precoce como demonstrado por cortes sagitais (primeiro plano) e cortes
axiais (segundo plano). Na sétima semana de gestação (exame transvaginal). a vesícula do rombencéfalo, que se origina do quarto ventrículo
(4v). geralmente é a única estrutura demonstrada; na oitava semana (exame transvaginal), as duas vesículas primárias do cérebro restantes
podem ser demonstradas: a vesícula mesencefálica, que origina o aqueduto de Sylvius (AS) e a vesícula prosencefálica, que se desenvolve no
terceiro ventrículo; na décima terceira semana, a anatomia intracraniana é dominada pelo plexo coroide proeminente dos ventrículos laterais.
A linha média também pode ser claramente visualizada neste período de gestação.

A o
FIGURA 10- 2. Ultrassonografia multiplanar das vesículas cerebrais primárias com 8 semanas + 4 dias de gestação obtidas com um trans-
dutor vaginal de 10 MHz. A vesícula do rombencéfalo (4vl, a vesícula do mesencéfalo (AI, a vesícula do prosencéfalo (3v) e as estreitas
cavidades das vesículas do telencéfalo (LV) podem ser prontamente apreciadas. As linhas demarcadas na figura (A) representam os planos de
corte mostrados nas outras imagens 181, (e) e (D).
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO N EURAL DO FETO 365

FIGURA 10- 3. Os planos transventricular (AI e transcerebelar (81 em um feto de segundo trimestre normal. O cavum do septo pelúcido, o
átrio do vent rículo lateral e a cisterna magna também são todos bem visíveis.

A B c
FIGURA 10-4. Cortes sagital (AI e coronal (8 , C) de um feto de segundo trimestre normal. CSP, cavum do septo pelúcido; 3v, terceiro
ventrículo; 4v, quarto ventrículo.

A B

c D
FIGURA 10- 5 . Imagens multiplanares do cérebro fetal utilizando a ultrassonografia 3D. Os dados volumétricos foram obtidos com a sonda
alinhada ao longo do plano axial (A). Dois planos ortogonais foram reconstruídos demonstrando, simultaneamente, os planos coronais (8) e o
plano sagital mediano (C). É excelente a correlação entre o plano sagital mediano reconstruído do ultrassom volumétrico e (O) o plano corres-
pondente obtido com o plano ultrassonográfico 20 padrão. CSP, cavum do septo pelúcido.
366 AVA LIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B c o
FIGURA 10-6. Plano transve rso da espinha fetal na região cervical (A). torácica (B ), lombar ( C) e sacral (D ) dos corpos e pedículos/lâminas
vertebrais (setas).

No exame básico, o plano longitudinal da espinha deve,


sempre, ser demonstrado. Entretanto, a avaliação detalhada é
complexa e, geralmente, necessita de um exame especializado
ou de nível 2 lO

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO
CÉREBRO FETAL
A RM tem sido utilizada em pacientes obstétricas para o diag-
nóstico de anomalias fetais cerebrais. Não se acredita que a
RM possa ser prejudicial ao feto, e os novos equipamentos
permitem o exame rápido com um nível razoável de resolu-
ção. Em geral, a anatomia é detectada melhor em fetos com
FIGURA 10- 7. Pl ano sagital da espinha fetal. idade maior que 20 semanas de gestação. Comparada ao ul-
trassom, a RM apresenta resolução espacial mais baixa, embo-
ra ela seja particularmente in1portante devido à sua resolução
de contraste maior (Fig. 10-9). Ela tem demonstrado ser va-
liosa principalmente na avaliação de desordens de migração,
hemorragias intracranianas (H IC) e anomalias cerebrais com-
plexas. Além disso, esse exame não é influenciado pela posição
para avaliar a integridade da medula. Nos planos transversos, a fetal, calcificação craniana ou oligoidramnia. H á controvérsias
vértebra apresenta diferentes configurações anatômicas depen- na literatura amal a respeito de a RM fornecer informações
dendo do nível da medula examinada (Fig. 10-6). As vértebras adicionais ao exame ultrassonográfico quando este é realiza-
fetais torácicas e lombares apresentam uma forma triangular, do por um especialista4 .5 . Independentemente, o uso da RNI
com o centro de ossificação ao redor do canal neural. A pri- em pacientes obstétricas tem sido abrangente. Porém, deve ser
meira vértebra cervical tem forma quadrangular enquanto a enfatizado que, frequentemente , com a tecnologia atual essa
vértebra sacral é achatada. Durante a realização da aborda- técnica fornece melhores resultados somente depois da via-
gem axial, o transdutor ultrassonográfico é direcionado ao bilidade fetal, quando a interrupção da gestação não é mais
longo do comprimento espinhal inteiro. TOS jJlanos sagitaú, os permitida na maioria dos paises.
centros de ossificação dos corpos vertebrais e dos arcos poste-
riOl'es formam duas linhas paralelas que convergem no sacro.
Q\.lando o feto está em pro nação , o plano sagital verdadeiro
VENTRICULOMEGALIA
também pode ser obtido direcionando o feLxe do ultrassom o aumento dos ventrículos laterais cerebrais (Fig. lO-lO), além
através do processo espinhoso não-ossificado . Isso permite a de poder ser considerado um marcador inespecífico para o de-
visualização do tubo neural e da medula espinhal no seu in- senvolvimento cerebral anormal, é encontrado em várias ano-
terior. No segundo e terceiro trimestres de gestação, o cone malias cerebrais distintas . Assim, a avaliação da integridade
medular está, em geral, posicionado no nível de L2 e L3 (Fig. dos ventrícu los cerebrais laterais é particularmente importan-
lO-7t Nos jJlauos coronais, uma, duas ou três linhas paralelas te durante o rastreamento para as anomalias cerebrais fetais .
são visualizadas dependendo da orientação do feixe ultrasso- Apesar de terem sido propostas muitas abordagens diferentes
nográfico (Fig. 10-8). para a avaliação da integridade dos ventrículos laterais, atual-
A integridade do canal neural é conferida pela disposição mente a mais utilizada consiste na medida interna da largura
regular dos centros de ossificação da cspinha e da presença do átrio dos ventrículos laterais ao nível do glomo do plexo
de tecido mole cobrindo a espinha. Se um plano sagital ver- coroide. ll Em condições nOl1nais, a medida é menor que 10 mm,
dadeiro puder ser obtido, a visualização do cone medular enquanto um valor superior a 15 nun já indica hidrocejàlia seve-
em sua posição normal ratifica ainda mais o diagnóstico de ra e comumente associa-se a malformações intracranianas ao
normalidade. nascimento. O prognóstico de tais fetos é variável e depende
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 367

A B c
FIGURA 10- 8. Plano coronal em 3D da espinha fetal obtida por ultrassom de volume multi planar. Dependendo da orientação e da profundidade
do feixe de ultrassom, IAI os corpos das vértebras, 181 os processos transversais ou lei ambos podem ser demonstrados.

A B c
FIGURA 10- 9. Ressonância magnética do cérebro fetal no segundo IA) e terceiro trimestres 18,el.

A B c
FIGURA 10- 10. Exame transventricular normal IAI demonstrando o átrio do ventrículo lateral de tamanho normal, 181 ventriculomegalia leve
e lei ventriculomegalia severa.
368 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B
FIGURA 10- 11 . Ventriculomegalia leve bilateral (A) e unilateral (8).

amplamente do fator etiológico responsável pela dilatação


ventricular. O s estudos disponíveis sugerem que fetos com Incidência dos Defeitos de Tubo Neural em
Tabela 10-1
hidrocefalia severa isolada apresentam aumento do risco de Várias Regiões Geográficas
óbito perinatal e probabilidade de sequela neurológica grave Incidência de Espinha Incidência de Anencefalia
em aproximadamente 50% dos sobreviventes. 12 Um valor in- Bífida por 1.000 Nascimentos por 1.000 Nascimentos
termediário da largura do átrio, de 10 a 15 mm, comumente é Sul do País de G ales 4,1 3,5
referido como ventliculomegalia leve. Esta se encontra associada Southampton 3,2 1,9
ao aumento da probabilidade de malformações cerebrais e a Birmingham ,
outros sistemas, aneuploidias e infecções, logo, tais pacientes Reino Unido 2,8 2,0
devem ser avaliados cuidadosamente em centros de referên- Charleston
cia. Geralmente, fetos com ventriculomegalia leve isolada Raça Branca 1,5 1,2
apresentam prognóstico bom, e, na maioria das vezes , os ven- Raça Negra 0,6 0,2
rrículos se estabilizam ou retornam a um tamanho normal no Alexandria ,O 3,6
transcorrer da gestação. Porém, esses fetos têm maior risco de J apão 0,3 0,6
comprometimento neurológico e, em alguns casos, desenvol-
vem anomalias cerebrais severas, incluindo hidrocefalia, lesão Modificado de Brock.lehurst G. Ll Vinken PJ. Bruyn GW (eds): Handbook of
da massa branca e anomalias da placa corrical na fase final da Clinicai Neurology vol 32. Amslcrdan. Elsevier/ Nonh H olland lliomedical Pross,
gestação ou após o nascimento l3 . O risco é particularmente 1978. pp 5 19-578.
maior quando a largura do átrio é maior que 12 mm, quando
a dilatação afeta ambos os ventrículos e em fetos femininos
(Fig. 10-11) 13. Tem sido sugerido que a denominação ventri-
culomegalia leve deve ser limitada somente aos casos com me-
A resolução por meio da cesárea somente está indicada nos
didas do átrio de 10 a 12 mm, enquanto os valores de 12,1 a
casos associados à macrocral1ia . A cefalocentese para reduzir
15 mm devem ser referidos como ventriculomegalia moderacÚt
o tamanho do crâruo está associada à morbidade significativa,
devido à sua tendência maior de apresentar um prognóstico
sendo, então, indicada somente nos casos em que há presun-
geral pior'-l .
ção de prognóstico severo l8 .
A hidrocefalia congênita apresenta implicações genéticas.
Deve ser enfatizado, com base em experiências posteriores ,
que o diag11óstico pré-natal não é confiável para predizer a DEFEITOS DO TUBO NEURAL
recorrência de ventriculomegalia isolada, e particularmente
nos tipos ligados ao X, pois, em muitos casos, o aumento dos A incidência média dos defeitos do tubo neural é de 1 a 2 em
ventrículos laterais somente ocorre na fase fil1al da gestação ou 1.000 nascimentos , com o pico de 7 em 1.000 no sul do Pais de
após o nascimento. Atualmente , a análise do DNA para o tipo Gales (Tabela 10-1). A etiologia multifatorial dessas anomalias
ligado ao X está disponível e deve ser considerada, embora a está bem estabelecida (Tabelas 10-2 e 10-3).
sensibilidade exata ainda permaneça desconhecida I5-1!.
Qyando o diag11óstico de ventriculomegalia severa é esta- Anencefalia
belecido antes da viabilidade, provavelmente muitos pais soli-
citam a interrupção da gestação. as gestações mantidas, não A anencifàlia é caracterizada pela ausência da calota craniana e
há necessidade de se modificar a conduta obstétrica padrão. do telencéfalo. Estruturas necróticas remanescentes cio tronco
AVALIAÇÃO UlTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 369

Causas Reconhecidas de Defeitos do Tubo


Tabela 10- 2 Tabela 10-3
Neural
Herança multi fatorial Incidência por 1.000
População Nascidos Vivos
Anencefalia, meningomielocele e encefalocele
Mãe como referência
Mutação gênica única
Incidência geral 1,4-1,6
Síndrome de Meckel, autossômica recessiva (fenótipo inclui Mulheres submetidas à anuúocentese 1,5-3,0
encefalocele occipital e, raramente, anence[a1ia) Idade materna avançada
Síndrome da face com fenda mediana, possivelmente autossômica Mulheres com diabetes melito 20
dominante (fenótipo inclui encefalocele anterior) Mulheres com o uso de ácido valproico no 10-20
Sindrome de Robert, herança autossômica recessiva (fenótipo inclui primeiro trirnestTe
encefalocele anterior)
Síndrome da meningomielocele sacral anterior e estenose anal , Fetos como referência
herança autossômica ou ligada ao X Um irmão com OTN 15-30
Síndrome dejarco-Levin, herança autossômica recessiva (fenótipo Dois irmãos com OTN' 57
inclui meningomielocele) Pais com OTN 11
Síndrome HARDE, herança autossômica recessiva (fenótipo inclui Meio-irmão com OTN 8
encefalocele) Primo de primeiro grau (fiUlO da irmã da mãe) 10
Outros primos de primeiro grau 3
Anomal ias cromossômicas Irmão com escoliose severa secundária a
múltiplos defeitos de vértebras 15-30
Trissomia do 13
Irmão com disrafismo oculto de medula 15-30
Trissomia do 18
Irmão com teratoma sacrococcígeo ou -15-30
Triploidia
hamartoma
Ou u'as anormalidades. como translocação não balanceada e
cromossomo em anel
*0 risco é maior em estudos ingleses. O risco aumenta mais para três ou mais
Provavelmente hereditária, embora sem modo de transmissão irmãos em combinação com outros parentes pr6x.iJnos.
estabelecido Modificado de i\1ain DM , MetillU[i MT: Neural tube derects: Issues in prenataJ
diagnosis and counselling, Obstet Gynecol 67: I, 1986.
Síndrome da encefaloce occipital, miopia e displasia da
retina
Encefalocele anterior entre Bantus e Thais

Teratógenos

Ácido valproico (fenótipo inclui espinha bifida) o termo acrania seja utilizado, com frequência, em coI:junção
AmniopterinaJametopterina (fenótipo inclui anencefalia e à anencefalia, ele implica na ausência completa do crânio,
enccfalocele) incluindo os ossos da base, o que não é verdadeiro para a
Talidomida (fenótipo inclui, raramente, anencefalia e anencefaEa20 .21 . Nesta, os ossos da base estão presentes, e a
meningomielocele) calota, ausente (acalvaria). Embora o polo cefálico fetal possa
Fatores predisponentes maternos
ser positivamente identificado por meio da ultrassonografia
endovaginal desde a sétima semana de gestação, o diagnóstico
Diabetes melito (anencefalia mais frequente que espinha no primeiro trin1estre pode ser difícil , A ausência da mine-
bífida) ralização cio calvário antes de 10 a 12 semanas de gestação
Fenótipos específicos, embora sem causa conhecida torna delicada a diferenciação de um polo cefálico normal e
anormal. Dessa forma , um polo cefálico, mesmo que demasia-
Síndrome dos defeitos craniofaciais e de membros damente alterado, encontra-se presente no início da gestação,
secu ndários a bandas teciduais aberrantes (fenótipo inclui podendo não ser fácil identificar e diferenciar de um cérebro
encefalocele múltipla) normal antes de 11 semanas de gestação (Fig. 10-12) 22.
Extrofia c10acal (fenótipo inclui mielocistocele)
Teratoma sacrococcígeo (fenótipo inclui
meningom ielocele) Espinha Bífida
O termo espin/w bíJida se refere ao fechamento incompleto dos
ModifIcado de Main DM. MelUluti MT: Neural tubc ddects: Issues in prenatal elementos ósseos da espinha (lâmina e processo espinhoso)
diagnosis and counseling. O bstet Gynecol67: I, 1986. posteriormente23' 25 . A espinha bífida comumente é subdividi-
da nas formas aberta e fechada 2G, A espinha bífida aberta é
predominantemente ao nascimento e consiste em um defeito
cerebral e do rombencéfalo são cobertas por uma membrana completo da pele, junto com o tecido mole e os arcos verte-
vascular, As malformações associadas são comuns e incluem brais , expondo o canal neural. O defeito pode ser coberto por
espinha bífida, fenda labial/palatina, pé tono e onfalocele. uma membrana meningea fina , uma extensão da dura e da
Frequentemente, é encontrado poli-hidrâmnio. O diagnóstico aracnoide sem teCIdo neural da espinha bífida posterior (menin-
no segundo lTimestre é fácil e se baseia na demonstração da gocele). Na presença do tecido neural no interior do saco, a
ausência da calota craniana (Fig. 10-12). A anencefalia é consi- lesão é definida como uma meningomielocele, termo frequen -
derada o estágio final da acrania, devido à consequente lesão temente utilizado para indicar todos os casos de espinha bifida
do tecido cerebral normal não-protegido pela calota. 19 Embora aberta. O defeito pocle variar consideravelmente de tamanho,
370 AVA LI AÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EI XO NEURAL DO FETO

A B c
FIGURA 10-12. Anencefalia no terceiro IA) e segundo 18, C) trimestres. IA. Cortesia de Renato Ximenes, São Paulo, Brasil.)

As áreas lombar, toracolombar e lombossacral são as mais trículo e da medula oblonga através do forame magno para
comumente afetadas. A perda de líquido cerebroespinhal por dentro do canal cervical superior (a malformação de Chiari
intermédio do defeito resulta no aumento da concentração de tipo II ou de Arnold-Chiari). Ao ultrassom, isso resulta na
alfa-fetoproteína (AFP) no líquido anmiótico e no soro ma- medida menor do polo cefálico na metade da gestação, obli-
terno lO . A espinha bífida fechada é caracterizada pela ruptura teração da cisterna magna, tamanho menor ou forma anor-
vertebral coberta pela pele. Geralmente, a pele fica pigmenta- mal do cerebelo, que fica impactado profundamente na fossa
da, encovada ou composta de áreas com hipertricose. Uma posterior (sinal da banana) e na concavidade frontal (sinal
massa subcutânea, uma meningocele ou um lipoma podem es- do limão) (Fig. 10-14). A observação da aparência normal do
tar presentes. A AFP no soro materno e no líquido anmiótico cerebelo e da cisterna magna praticamente exclui uma me-
frequentemente se encontra dentro dos valores normais 2? ningomielocele. Ao nascimento , a hidrocefalia está presente
Qyanto ao desenvolvimento, em pacientes com menin- em quase todos os casos de espinha bífida aberta, forém em
gomielocele, ocorre uma falha localizada do fechamento da menos de 70% dos casos no segundo trimestré 3.3 . Deve-se
prega neural (tubo neural). Como resultado, o tubo neural enfatizar que são frequentemente observadas outras anor-
permanece aberto e a prega neural permanece em continui- malidades intracranianas em associação à meningomielocele
dade com o ectoderma subcutâneo na superfície da pele 23 . A e à malformação de Chiari II (Tabela 10-4)23 . Em particular,
medula espinhal que fica aberta na superfície da pele é deno- são identificadas anomalias do corpo caloso em 70% a 90%
minada de placa neural 23 . A falência na separação da placa neu- de todos os pacientes afetados23 . Tais anomalias consistem
ral e ectoderma subcutâneo inibe o tecido destinado a formar em hipoplasia ou ausência do esplênio e do rostro do corpo
os pedículos e a lâmina a migrar adequadamente com relação calos0 23 .
ao ectoderma neural 23 . Dessa forma, os pedículos e a lâmina A espinha bífida fechada está associada a anatomia intra-
ficam evertidos, na direção posterolateral em vez da postero- craniana e AFP normais, e, desse modo, comumente é de difí-
medial, e o canal aparenta alargamento fusiforme na área da cil diagnóstico, com a possível exceção dos casos associados a
espinlla bífida (Fig. 10-13) 23 . lesões subcutâneas amplas, como meningoceles ou, com mais
A espinha bífida aberta pode ser identificada ao ultras- frequência, lipomas (Fig. 10-15) 27.
som pela demonstração do defeito do tubo neural que é Apesar de a anencefalia ser invariavelmente fatal , o prog-
constantemente associado à separação dos processos poste- nóstico dos recém-nascidos com espinha bífida aberta é esta-
riores da vértebra, à ausência do tecido mole posterior e belecido pelo local e pela extensão da lesão. Ao longo prazo, a
(frequentemente ) a um cisto formado pela meningomieloce- taxa de mortalidade permanece elevada e muitos dos sobrevi-
le (Fig 10-13). O reconhecimento pré-natal tem sido relatado ventes sofrem de deficiências importantes , como garalisia dos
tão precocemente como no primeiro trimestre 28 . Porém, na membros inferiores ou disfunção e incontinência . Os planos
prática diária, o diagnóstico é difícil mesmo na metade da sagitais são mais úteis para a avaliação da gravidade e a locali-
gestação e sempre requer um exame meticuloso. A experiên- zação da lesão. Frequentemente, refere-se a parte superior ou a
cia do operador, a qualidade do equipamento e o período de porção óssea mais cefálica da extensão da lesão como o "nível
tempo dedicado ao exame continuam sendo fatores cruciais da lesão". Esse nível pode ser determinado pela contagem a
para o diagnóstico. A acuidade dos centros de referência é partir do último segmento vertebral ossificado (presumindo
de aproximadamente 100%1 0. Na metade da gestação, a sen- ser S-4 no segundo trimestre e S-5 no terceiro trimestre). Se
sibilidade em exames de rotina não direcionados é extrema- for tecnicamente difícil avaliar a parte inferior da espinha,
mente variável em estudos diferentes, sendo provavelmente pode-se estabelecer que a última costela indica T-12 , e a por-
ao redor de 40% quando o ultrassom consiste no único mé- ção superior da asa do iliaco indica L-5 a S-l (Fig. 10-13B)36.
todo empregado, e próximo de 80% quando este método é Recentemente, foram realizadas tentativas para o reparo in-
utilizado em conjunção com o rastreamento da AFP no soro trauterino da espinha bífida e foi sugerido que tais operações
materno 2932 . O exame do polo cefálico fetal pode auxiliar o podem reduzir a morbidade dos lactentes afetados. Embora
ultrassonografista pelo fato de a espinha bífida aberta estar estudos preliminares sugiram melhora nas anomalias de fossa
de forma consistente associada a anomalias cranianas facil- posterior, a análise final sobre a melhora do prognóstico deve
mente reconhecíveis 33 .3" . A perda de líquido cerebroespinhal aguardar amplos estudos multicêntricos. É, sugerido, também,
resulta no deslocamento do vérmix cerebelar, quarto ven- que a cesárea eletiva possa ser benéfica ao lactente na redução
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 371

c
FIGURA 10-13. Meningomielocele em um feto de segundo trimes-
tre. A. Os elementos posteriores da espinha (setasl estão afastados
para a lateral. Neste plano de corte, a meningomielocele é achatada.
B. Embora o defeito da espinha não possa ser reconhecido neste
plano, a meningomielocele preenchida por líquido está bem visível. O
último segmento ósseo neste feto de segundo trimestre reconhecido
é 54 e, desse modo, contando para cima, a parte superior da lesão B
encontra-se no nível L2-L3 (setal. C. Plano de secão caronal mos-
trando o alargamento fus iforme do canal espinhal '(seta) na área da FIGURA 10-14. Os sinais cranianos associados à espinha bífida
espinha bífida. aberta. A. O sinal do limão da concavidade frontal (setas). B. O sinal
da banana devido à compressão dos hemisférios cerebelares (setas) .

da taxa das complicações neurológicas e, particularmente, do Cefalocele


nível da paralisia motora. Entrelanto, esses estudos pennane-
cem como tema de debate. 37.39 O termo afalocele indica uma protrusão do conteúdo intracra-
O prognóstico da espinha bífida fechada é difícil de se niano por meio de um defeito ósseo do crânio. Na maioria dos
predizer intraútero. Geralmente, esses recém-nascidos não casos, a lesão aparece na linha média. Elas são mais com uns
desenvolvem a malformação de Arnold-Chiari e hidrocefa- nas áreas occipitais na população de raça branca da Europa
lia, Entretanto, particularmente os que apresentam massa e dos Estados Unidos, somando aproximadamente 80% das
subcutânea podem sofrer de sequela neurológica de intensi- cefaloceles neste No sudeste da Ásia, as formas mais
dade variável-l o comuns de localização das cefaloceles são na reo'ião fronto-
e t mOI·dal41 .43 . A s ce'fal occ Ies panetaJs - 'lllcomuns1:> e frequen-
. . sao
372 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

temente são associadas a anormalidades cerebrais específicas durante o exame ultrassonográfico pré-natal. Sinais indiretos
importantes 4u3 . A encefalocele é caracterizada pela presença podem ser úteis para o diagnóstico. As cefaloceles cranianas
de tecido cerebral no interior da lesão. Q.lando somente a estão frequentemente associadas à hidrocefalia. O diagnóstico
meninge é protrusa, o termo meningocele cranial deve ser diferencial considerado maior é o com o higroma cístico. Os
utilizado . As cefaloceles frequentemente causam prejuízo na higromas císticos surgem da região do pescoço, apresentam
circulação do líquido cerebroespinhal e hidrocefalia. As ence- várias septações internas e uma parede espessa, e, também,
faloceles volumosas podem estar associadas à microcefalia. As comumente se associam a edema de tecido mole generalizado
cefaloceles comumente estão associadas a outras anomalias ou e hidropisia .
são partes de uma síndrome (Tabela 10-5)27.
As cefaloceles fetais devem ser suspeitadas quando uma
massa paracraniana é identificada no ultrassom (Fig. 10-16). O ,

diagnóstico de encefalocele é fácil, porque a presen5a de tecido I Tabela 10-5 I Condições Associadas a Cefaloceles
cerebral dentro do saco é evidente no ulu·assom.J4.4o. A diferen-
Síndrome da banda amniótica (esporádica)
ciação de meningocele craniana de um edema de tecido mole
Cefaloceles múltiplas, predominantemente anterior
ou higroma cístico do pescoço pode ser difícil. A demonstra-
Amputação dos dedos ou membros
ção do defeito ósseo no crânio permitiria estabelecer o diag-
Síndrome Chemke das fendas orais bizarras (AR)
nóstico adequado, embora as meningoceles cranianas sejam Hidrocefalia
frequentemente associadas a defeitos extremamente pequenos Agiria
(poucos milímetros), que não são de fácil reconhecimento Síndrome criptoftálmica da disgenesia cerebelar (AR)
Pele frontal recobrindo um ou ambos os olhos
Anormalidades de orelhas
Frequência das Anomalias Cerebrais e Displasia dissegmentar e sindactiJia do tecido mole (AR)
Tabela 1(}-4 Espinhais em Pacientes com Malformações Displasia de encurtamento de membros
de Chiari 11 Alargamento das metáfises
Anomalia Frequência Tórax pequeno
Micrognatia
Meningomielocele Sempre Displasia frontonasal (esporádica, alguns casos são familiares)
Hidrocefalia Quase sempre Cefalocele frontal
Displasia do tentório Quase sempre Hipertelorismo ocular da Síndrome de Meckel (AR)
Fossa posterior pequena Qyase sempre Rim policístico
Luckenschãdel Qyase sempre Polidactilia
Deslocamento caudal do tronco cerebral Geralmente Microftalmia
Estreitamento cervicomedular Geralmente Fenda orofacial
Herniação cerebelar para cima Geralmente Síndrome de von Voss de genitália ambígua (?)
Massa grande intermediária Geralmente Agenesia do corpo caloso
Alongamento dos nervos cranianos Geralmente Focomelia
Bico tectal Geralmente Anomalias urogenitais
Hipogenesia do calos o Geralmente Síndrome de trombocitopenia por \Varfarin
Siringo-hidromielia - 50% Hipoplasia nasal
Malformações do desenvolvimento conical Ocasionalmente Ossos hipocalcificados
Estenose aquedutal Ocasionalmente Encurtamento de membros
Hidrocefalia
De Barkovich AJ: C ongenital malfOtm ations or lhe brain and skull. In
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Modificado de Cohen NIMJr, Lemire 1\1: S)'ndromes with cephaloceles .
Wilkins. 2005. Teratolog)' 25: 161 , 1982.

A B c
FIGURA 10--15. Espinha bífida fechada com lipoma. (A) Ultrassom pré-natal, (B) aparência pós-natal, (e) ressonância magnética da espinha.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 373

B
FIGURA 10-16. Cefaloceles fetais A. Meningocele craniana. B. Ence-
falocele com pequeno volume do cérebro identificado herniado através
do defeito (seta) na calota. C. RM do mesmo paciente demonstrando o
componente cístico e o cerebral (seta) da encefalocele. RM, Ressonância
magnética.

Cérebro normal Alobar Variante média

c
Semilobar Lobar
FIGURA 10-17. Representação esquemática do cérebro normal
comparado a diferentes formas da holoprosencefalia.
A literatura pediátrica sugere que o prognóstico da cefalo-
cele está principalmente relacionado com a presença ou ausên-
cia de tecido cerebral no interior da lesão. Entretanto, as séries
pré-natais mais amplas um progl1óstico desalentador
para ambas as
Na forma a/oba r, a mais pronunciada, a fissura inter-henUs-
férica , a foice cerebral e o corpo calos o estão totalmente au-
sentes; há um único ventTÍculo primitivo (holoventrículo); os
ANOMALIAS DA LINHA MÉDIA
tálamos estão fundidos na linha média; e há ausência do ter-
As anomalias cerebrais da linha média incluem um grupo ceiro ventrículo, neuro-hipófise e trato e bulbo olfatórios. Na
de defeitos cerebrais que estabelecem um amplo espectro de holoprosencefalia semi/obar, os dois hemisférios cerebrais são
gravidade e estão tipicamente associadas a malformações parcialmente separados posteriormente, porém ainda existe
craniofaciais. uma cavidade ventricular única . Tanto na forma alobar quan-
As lz% jJrosencefà/ias constituem anormalidades complexas to semiJobar, o assoalho da cavidade ventricular, a tela cO/·oide,
do cérebro anterior que compartilham em comum uma sepa- normalmente se espessa dentro do cérebro, podendo ficar ar-
ração incompleta dos hemisférios cerebrais e a formação das redondada entre a convexidade cerebral e o crânio para for-
estruturas do A classificação mais amplamente mar um cisto de tamanho variável desigl1ado de saco dona/. A
aceita destas desordens (Fig. 10-17) reconhece quatro varie- holoprosencefalia alobar e a semilobar frequentemente estão
dades maiores: as formas alobar. semilobar e lobar, e. ainda, associadas à microcefalia e menos comumente à macrocefalia,
recentemente. descreve uma variante média inter-hemisférica. que ocorre de forma invariável devido ao cisto dorsal e/ou à
374 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B c
FIGURA 10-18. Ultrassonografia multi planar da holoprosencefalia alobar no segundo trimestre A. Plano médio demonstrando a cavidade
ventricular única, que apresenta uma faixa de córtex anteriormente e comunicação posterior ampla com o saco dorsal. 8 . Plano axial ao nível
do tálamo, demonstrando a forma crescente do vent rículo único e a ausência da linha média no có rtex anterior. C. Em um plano axial discre-
tamente deslocado cranial mente com relação ao anterior demonstrando a comunicação entre a cavidade ventricular e o saco dorsal.

A B c
FIGURA 10-19. Diferentes tipos de holoprosencefalia alobar: (A) tipo de panqueca: somente uma faixa do córtex está presente, e a cavidade
ventricular continua anterior e posteriormente com um saco dorsal grande; (8) tipo em copo: o córtex é parcialmente envolvido sobre a cavi-
dade ventricular com delineação melhor da transição entre o ventrfculo e o saco dorsal; (C) tipo em bola: o córtex é completamente envolvido
sobre a cavidade ventricular, não havendo saco dorsal. Todos os tipos apresentam em comum uma aparência do tálamo em forma de bulbo
muito similar (selas).

hidrocefalia obstrutiva interna. Na variedade lobar, a fissura anomalias faciais raramente são encontradas nas formas lobar
inter-hemisférica encontra-se bem desenvolvida tanto anterior e variante média imer-herrusférica.
quanto posteriormente, embora haja, ainda, vários graus de Ao nascimento, a holoprosencefalia é extremamente rara .
fusão do giro cingulado e dos ventrículos laterais, bem como Essa anomalia apresenta elevada taxa de mortalidade intraule-
ausência do septo pelúcido. Na variante da holoprosencefalia nna e, de forma comum, é encontrada em estudos pré-natais.
inter-hemisférica média, mais comumente, a fusão ocorre nos A etiologia é heterogênea. Na maioria dos casos, a anomalia é
níveis dos ventrículos laterais, de modo que os cornos fron- isolada e esporádica. Em outros casos, têm sido encontradas
tais e os posteriores ficam relativamente bem desenvolvidos 47. anomalias cromossômicas (a trissomia do 13 e a poliploidia)
Em pacientes com holoprosencefalia semilobal-, o esplênio junto a outras anomalias anatômicas.
do corpo caloso está presente sem o respectivo corpo nem o O diagnóstico pré-natal da holoprosencefalia alo bar de-
genu 4 1. 48 .49 Como afirmou Barkovich: pende da demonstração de um ventrículo cerebral único
A holoprosencefalia é a única anomalia cerebral rudin1entar, que pode estar protruso posteriormente através
descrita em que ocorre a formação do corpo caloso do espessamento cortica.! incompleto formando o saco dor-
posterior na ausência de seu desenvolvimento sal (Fig. 10-18). De acordo com o grau do envolvimento do
anterior 41 (p.367). córtex sobre a cavidade ventricular e a presença ou ausência
do saco dorsal, três variedades da holoprosencefalia alobar
As holoprosencefalias alobar e semilobar estão tipicamen- são comumente distinguidas, os tipos: panqueca, copo e bola
te e quase frequentemente associadas a anomalias faciais que (Fig. 10-19). Achados adicionais incluem a presença de ano-
podem ser consideradas conseqüências da hipoplasia das es- malias faciais típicas. Alterações similares são esperadas na
truturas do meio da face_ As malformações se estendem entre forma semilobar. A forma variante inter-hemisférica média
a ciclopia e o hipotelorismo severo com fenda labial/palatina. da holoprosencefalia alo bar é caracterizada pelo corno frontal
O nariz pode estar ausente, reposicionado por um proboscis relativamente bem desenvolvido que estão fundidos na linha
(probócida), ou extremamente achatad0 46 . De outro modo, as média, sem septo pelúcido entreposto, e se comunicando pos-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 375

A B c
FIGURA 10- 20. Variante inter-hemisférica média da holoprosencefalia no plano axial (A), no plano coronal anterior (8) e no plano médio coro-
nal (C). Os cornos frontais estão bem desenvolvidos e observa-se a formação parcial da fissura inter-hemisférica . Entretanto, o plano médio
coronal revela uma cavidade ventricular comum com tálamo hipoplásico não-dividido.

A B c
FIGURA 10- 21. Holoprosencefalia lobar. (A, 8) Ressonância magnética pós-natal; (C) avaliação pré-natal. Os cornos frontais estão fundidos
no plano central, bem como os fórnices (seta), que formam um fascículo fino ao longo do assoalho da cavidade.

A B c
FIGURA 10- 22. A. Demonstração do ramo da artéria cerebral anterior (ACA) em feto normal e dando origem à artéria pericalosa no Doppler
colorido. (8) Holoprosencefalia lobar: a fissura inter-hemisférica fica superficial e os ramos da artéria cerebral anterior se direcionam para a
superfície do cérebro ("serpente rastejante"). C. Na agenesia do corpo caloso, as artérias ascendem verticalmente sem a formação da volta. 3v,
terceiro ventrículo.

teriormente com a cavidade rudimentar única (Fig. 10-20). dos f6rnices que aparece como uma estrutura linear situada
O reconhecimento da forma loba r também tem sido relata- dentro do terceiro ventrículo desde a comissura anterior em
do, embora a diferenciação entre outras anomalias cerebrais , direção à posterior consiste em um achado bastante frequen-
como a agenesia do septo pelúcido isolada, seja sempre difícil. te e específico dessa condição (Fig. 10_21)5051. Como na ho-
Embora esta condição possa ser suspeitada em planos axiais , loprosencefalia lobar, a fissura inter-hernisférica se encontra
principalmente devido à concomitância da ausência do sep- superficial anteriormente devielo à fusão dos lobos frontais e
to pelúcido e ventriculomegalia, o plano cOI'onal é mais in- elos ramos da artéria cerebral anterior situados ao longo ela
formativo demonstrando o assoalho retangular achatado elo superHcie cerebral , originando um sinal típico que tem sido
corno frontal , bem como a ampla comunicação inferior com referido como "serpente rast<:jante" sob o crânio na imagem
a porção distai do terceiro ventrículo . A presença ela fusão Doppler colorida (Fig. 10-22)02.
376 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B c
FIGURA 10- 23. Agenesia do corpo caloso total: (A) patologia no feto de segundo trimestre ; (B, C) ressonância magnética na trigésima
segunda semana . Além da ausência do corpo caloso, um número de achados anormais pode ser apreciado incluindo o aumento da separação
dos hemisférios, os cornos frontais em fo rma de " vírgula", e a forma de "gota de lágrima " dos ventrículos laterais em planos axia is, designado
como colpocefalia .

A B c
FIGURA 10- 24. Ultrassonografia de feto com agenesia do corpo caloso . A , No plano axial , a fissura inter-hemisférica (F IH ) aparece mais
larga que o habitual sem evi dência do cavum do septo pelúcido. B. Nos planos carona I e sagital (C), não são identificados o corpo caloso e o
cavum do septo pelúcido acima do terceiro ventrícu lo (3v) .

o prognós tico ruim invariável para os lactentes acometi- pelücido, os dois hemisférios tendem a ficar mais separados
dos pela holoprosencefalia alobar e semilobar está bem esta- que o habitual na parte central do cérebro e se observam
belecido. De modo semelhante, os casos de holoprosencefalia modificações típicas na morfologia dos ventrícu los laterais.
lobar diag110sticada in !Itero também apresentam péssimo prog- o plano coronal , os cornos frontais estão mais separados
nós tico com relação ao desenvolvimento neurológic0 5o .s2 . que o normal e apresentam a forma de "vírgula". enquanto,
que, no plano a..xial transverso, os ventrículos laterais apre-
Agenesia do Corpo Caloso sentam a forma de "gota", que ocorre devido à combinação
do alargamento posterior do átrio e do corno occipital com
A agenesia do corpo calaso (ACC) consiste em uma anomalia de o corno frontal , que apresenta seu tamanho normal, embora
prevalência e significado clínico incerto. Geralmente, é estima- mais separado que o normal. Esse achado é conhecido como
da uma incidência de 0,3% a 0,7% na população geral e de 2% colpocefalia. O terceiro ventrículo pode estar deslocado para
a 3% na população com deficiência de A a face anterior. No exame de rotina, um aumento da largura
etiologia é heterogênea. Provavelmente, os fatores genéticos são do átrio com uma configuração tÍpica de gota dos ventrículos
predominantes. A frequência elevada de malformações associa- laterais e da falha em visualizar o cavllm do septo pehkido
das e anomalias cromossômicas sugere que a ACC, frequente- devem alertar o ultrassonografista sobre a possibilidade de
mente, faça parte de um amplo distürbio de desenvolvimento. ACC fetal. Uma vez que haja suspeita, o diagnóstico direto
A ACC pode ser total ou parcial. No ültimo caso, também é possível pela demonstração da ausência do corpo caloso
referida como disgenesia do corpo caloso. a porção caudal (es- nos planos corona! e sagital (Fig. 10-24). Em determinados
plênio e corpo) está comprometida em graus variáveis. momentos, esses planos são muito difíceis de serem obtidos,
O diagnóstico de ACC a partir da segunda me- em particular quando o feto se encontra em apresentação ce-
tade da gestação em embora permaneça sendo um fálica. Em tais casos, no entanto, o ultrassom transvaginal
desafio mesmo para ultrassonografistas mais experientes 56 . pode apresentar grande vantagem. A alteração dos ramos da
O s elementos anatôITÚcos üteis para o diag11óstico são resu- artéria cerebral anterior também pode ser demonstrada com
midos na Figura 10-23. Nos casos de ACC total, não há septo o uso do Doppler colorido (Fig. 10-22).
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO _ .3. 7_ 7

A B
FIGURA 10- 25. Agenesia parcial do corpo caloso. A. Ne ste feto de 21 semanas de gestação, o complexo corpo caloso /cavum do septo
pelúcido é muito menor que o normal ; de fato , não recob re inteiramente o terceiro ventrículo , somente alcança proxl.mo de sua metade .. B. O
corpo caloso aparece fino e pouco discernível com a imagem de escala cinza e somente pode ser positivamente Identificado quando iluminado
pelo curso da artéria pericalosa.

o diagnóstico da ACC parcial também tem sido relatado, ou displasia septo-óptica, anormalidades corticais, e também
embora os achados ultrassonográficos não sejam eluCida- pode haver esquizencefalia como um achado isolado (Fig. 10-
tivos quanto nas formas completas (Fig. 10_25)55.5/. O cavum O diagnóstico diferencial frequentemente é difícil.
do septo pelúcido geralmente está presente, e os planos axJalS Porém dados pediátricos sugerem que o prognóstico geral-
podem ser completamente reconhecíveis. A identificação da mente é grave, com mais de 90% dos casos demonstrando
ACC parcial exige um plano mediano demonstrando que a anormalidades neurológicas severas ou retardo mental quan-
porção posterior do corpo caloso se encontra ausente. Isso re- do associado a outras anomalias, e, no caso de presente de
sulta em uma forma incompleta do corpo caloso sobre a área forma isolada, 66% demonstram alterações motoras ou atraso
do terceiro ventrículo. O corpo caloso incompleto tende, tam- mental 67.
bém, a ser mais estreito e, em seu ápice, forma um ângulo mais
aberto posteriormente que o normal.
Os cistos inter-hemisféricos da linha média podem ser Malformação de Dandy-Walker
identificados em associação à ACC. Barkovich et dividem O termo síndrome ou ma!ló17Il{[{ào de Dandy-Walker foi original-
a ACC com cistos inter-hemisféricos em dois grupos maio- mente descrito em 1914 por Dandy e Blackfan, quando foi
res : tipo I, em que o cisto i.mer-hemisférico constitui um di- observada uma malformação rara de fossa posterior consis-
vertículo do sistema ventricu lar e, assim, se comunica com tindo de dilatação cística acentuada do quarto ventrículo com
os ventrículos; e tipo 2, em que estão presentes vários cistos deslocamento anterior e supelior do vérmix associada à sua
que não se comunicam com os ventrículos. A ACC do tipo agenesia parcial ou total 68 . Em 1942 69 , foram descritos três
2 com cistos inter-hemisféricos está comumente associada à casos adicionais e uma revisão da literatura por Taggart e
heterotopia subcortical. Ressalta-se que, como todos os tipos, Walker. Em OllU'a revisão e relato adicional da malformação
os cistos associados à agenesia do corpo caloso podem não se em 1954, Benda designou essa anomalia como a malformação
desenvolver ou se tornar aparentes na imagem até a fase final de D andy-\N'alker 7o . D esde a deSClição original , foram relata-
da Os cistos podem estar associados à macro- das várias outras anomalias da fossa posterior com similari-
ce falO.la ou I'd
u roce faloJa acentua d a ao nascllnento
. H.5859
, . dades à malformação de Dandy-vValker, incluindo a variante
A ACC, total ou parcial, frequentemente faz parte de uma de DandY-\ IValker (agenesia parcial do vérmix cerebelar sem
síndrome ou uma malformação múltipla (Tabela 10-6). A mais a dilatação cística do quarto ventrículo), megacisterna magna
comum mencionada é a síndrome de Aicardi, uma desordem e cisto em bolsa de Blake. Alguns investigadores sugerem que
dominante ligada ao X que se apresenta como espasmos infan- todas essas entidades devam ser agrupadas e referidas como
tis, agenesia ou hipogenesia do corpo caloso, coriorretinopatia, o complexo de A dificuldade em utilizar um
atraso severo de desenvolvimento global e epilepsia refratária termo para descrever tais entidades consiste em que o prognós-
a 1.60.61. A imagem pode mostrar : agenesia ou tico para cada uma pode ser diferente. Exatamente descrita,
hipogenesia do corpo caloso, heterotopias, displasia cortical, a malformação de Dancy-Walker deve ser utilizada quando
cisto de fossa posterior, hipoplasia cerebelar, papiloma de ple- houver (1) dilatação cística acentuada do quarto ventrículo,
xo coroide e microftalmia. Q.lando a ACC é um achado iso- que pode ocupar a maior parte da fossa posterior; (2) agenesia
lado, está associada a um desenvolvimento intelectual normal ou hipogenesia do vérmix cerebelar; e (3) deslocamento supe-
ou quase norm,al na malOna . . cIos casos5562
. . E ntretanto, estu d os rior do tentório e do seio lateral. A cisterna magna está com-
a longo prazo indicam uma diminuição progressiva da capaci- primida e reduzida a um espaço virtual entre o quarto ventrí-
dade intelectual ao longo de anos, e a maioria das crianças ten- culo dilatado e a dura-máter 71 . Os hemisférios cerebelares são
de a apresentar dificuldades significativas na escola. A ACC frequentemente deslocados anterolateralmente. A hidrocefalia,
também tem sido associada a embora comumente identificada nos casos da malformação de
A ausência do septo jJelzícido constitu i regra da holoprosen- Dandy-Walker, não é necessária para o diagnóstico.
cefalia com ACC. Esta também pode ocorrer com outras Ao ultrassom, o plano médio é o mais importante para o
anomalias intracranianas , como a síndrome de deMorsier, diagnóstico. O cis to do quarto ventrículo se estende superior-
378 AVALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

incluem encefaloceles, rins policísticos, defeitos cardiovascula-


Síndromes Associadas à Agenesia de
I Tabela 10-6 j Corpo Caloso res e fenda labial. A Tabela 10-7 relaciona as associações mais
frequentes. Mesmo se isolada, geralmente ela é considerada
Frequente em: de progn6stico ruim. Entretanto, a experiência recente com
Síndrome Acrocalosal (AR) RM em recém-nascidos sugere que os casos em que o vér-
Síndrome Aicardi (dominante ligada ao X) rnix aparece hipoplásico apresentam inteligência subnormaJ
Síndrome de AndenuaIUl (AR) em 85% das vezes com a somente 15% dos casos em
Síndrome cérebro-óculo-facial-esquelética (COFE) (AR) que o vérrnix parece intacto 2,73 . Em um estudo de Boddaert
Síndrome de Fryns (AR) et al., o vérrnix cerebelar era considerado normal na RM se
Síndrome de Marden-Walker (AR) fosse possível documentar três marcos anatômicos principais
Síndrome de Meckel-Gruber (AR) no plano mediano: o ponto fastígeo que corresponde ao ápice
Síndrome de microftalmia posterior do quarto ventrículo e as duas fissuras principais 72 •
Defeitos cutâneos lineares (Dominante ligado ao X) Uma abordagem similar tem sido sugerida para estudos pré-
Síndrome de Miller Diexer (síndrome da lisencefalia) natais. Podem ser usados tanto a RM quanto a ultrassonogra-
SÚldrome de Neu Laxova (AR) fia transvaginal multiplanar. Entretanto, às vezes, é esperado
Sequência da displasia septo-óptica
que o tamanho pequeno do vénnix e a dificuldade de obter o
Síndrome de Walker-Warburg (dominante ligado ao X)
plano médio exato representem os principais fatores limitan-
SÚldrome de Zellweger (AR)
OCL/.sionalmente em: tes, panicularmente no inicio da gestação.
Síndrome de Apert (AR) A malformação de Dandy-Walker é bastante rara, com
SÚldrome de Baller-Gerold (AR) uma incidência estimada de 1:3 0.000 nascimentos, e é encon-
SÚldrome da displasia caloso-genital (AR) trada em 4% a 12% de todos os casos de hidrocefalia infantil.
Síndrome de Coffins-Siris (AR?) Entretanto, variações menores de tal condição são frequen-
Complexo da microgasrria-redução de membro congêlúto temente encontradas, atestadas pelo aumento do número de
(desconhecido) relato de casos, tanto na literatura pré-natal quanto pediátrica.
Síndrome de CroulOn (AD) O termo comjJ!.exo (!.e Dandy-Walker é utilizado para indicar o
SÚldrome da duplicação do 4p espectro de achados anormais que compartilham em comum
Síndrome do álcool fetal a dilatação da fossa posterior (quarto ventrículo ou cisterna
Síndrome da warfarín fetal magna) e a impressão de fenda em forma de "V" no vérmix
Síndrome FG (recess iva ligada ao X) cerebelar no plano axial (Fig. 10_28)72.74,75. Entretanto, quando
Sequência da displasia frontonasal (esporádico/AD)
outras anomalias são excluídas, a avaliação cuidadosa da ana-
Síndrome de Gorlin (AD)
Síndrome de cefalopolissindactilia de Greig (AD)
tomia da fossa posterior pode ser útil para determinar anoma·
SÚldrome hidroletal (AR , donúnante ligado ao X) lias específicas e o progn6stico (Fig. 10-29).
Displasia de Lens (recessiva ligada ao X) O alargamento da cisterna magna, referido como megacis-
SíndrOl11e de Marshall-Sl1Úth (desconhecida) terna magna, foi um diagn6stico introduzido por Consette et
Especrro óculo-aurículo-vertebral (desconhecido) al. 76 ,77 para descrever uma série de pacientes adultos com dila-
Síndrol11e óculo-cerebral-cutânea (síndrome de Dellel11an) tação acentuada da cisterna magna devido à atrofia cerebelar.
(desconhecida) Desde a descrição Ol;ginal, o termo tem sido utilizado "sem
Síndrome de Optiz (AD, recessiva ligada ao X) critél-ios" para descrever um aumento do espaço retrocerebe-
Síndrome oro-facial-digital do tipo I (dominante ligado ao X) lar (cisterna magna) e com a presença do vérrnix cerebelar
Síndrome de Peters-Plus (AR) intacto e normal, bem como dos hemisférios cerebelares. o
Síndrome de Aplasia radial - trol11bocitopelúa (AR) ultrassom pré-natal, se a profundidade da cisterna for maior
Síndrome de Rubinstein-Tayb (esporádica) que 10 mm e o vérrnix cerebelar estiver intacto e em sua
Síndrome de Shapiro (recessiva ligada ao X)
posição normal, geralmente essa condição é referida como
SÚldrome de Sin1psom-Golabi-Behmel (recessiva ligada ao X)
Síndrome da trissomia do 8
megacisterna magna. Embora esta seja um fator de risco para
Síndrome da trissol1Úa do 13
malformações associadas incluindo aneuploidias (a trissomia
SÚldrome da trissonúa do 18 do 18, em particular)7s,79, a maioria dos casos não apresenta
Espectro da hidrocefalia ligado ao X (recessiva ligada ao X) consequênciass.so.74.so. Se houver a impressão da fenda em for-
Síndrome XO ma de "V " no cerebelo no plano axial e o plano médio revelar
Síndrol11e XXXXY (hipoplásica) um vérmix que está intacto com um cisto na fossa posterior,
SÚldrome Yunis-Varon deve ser considerado um diagn6stico do cisto em bolsa de Blake,
Distúrbios metabólicos geralmente apresentando bom progn6stic0 40,SI . O ásto em bolsa
de Blake representa a henúação da porção inferior do quarto
AR ) au tossôm.ica recessiva : AO. aUlossôm ica dominante. ventrículo pelo forame de Magendie para dentro da valécula e
Modificado de BllIm A. Andrc M. Drolllle P. eI aI: PrellaIal echographic diagnosis da cisterna retovermiana40 .
or COll'"S callosum agc nesis. The Norway experiellce 1982-1989. GeneI CouIlsel Em 1976, Harwood- ash introduziu o termo variante de
1: 11 5. 1990 and J Olles KL : Recognjzable PalIemS or Human MalronnaIions.
Dm!dy-Walker para descrever "a bolsa de um cisto alongado
Philaddphia. W13 Saundcrs. 1997.
ependimal do quarto ventrículo" associado à displasia do
vérrnix 77,S2 . Um vérmi'i: hipoplásico deslocado superiormente
consiste no marco da hipoplasia do vérmix previamente referi-
mente, deslocando o vérmi'i: cerebelar (que é frequentemente da como variante de Dandy-Walker, uma condição que está
hipoplásico) e eleva o !.en!ório cerebelare o tórculo de Herijilo acima frequentemente associada a outras anomalias intracranianas e
de sua posição normal (Fig. 10-27). A malformação de Dan- apresenta risco elevado de desenvolvimento neural anormal 72 .
dy-Walker está, com frequência , associada a outros defeitos 7 . A distinção entre um vérrnix intacto e hipoplásico não é tão
neurais , a maioria das vezes a outras anomalias da linha mé- simples. A partir, aproximadamente, da metade da gestação,
dia, como a ACC e a holoprosencefaJia. Outras deformidades sob condições normais , é, em geral, possível por meio da ul-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 379

A B c
FIGURA 10-26. Ausência do septo pelúcido (seta) em planos ultrassonográficos axial e coronal (A. B) e ressonância magnética (C).

A B c
FIGURA 10- 27. Malformação de Dandy-Walker. No plano axial (A) é identificado um quarto ventrículo aumentado com defeito em forma de
"V" no cerebelo (seta); (B) no plano sagital, a cisterna magna aparece aumentada (de fato, o quarto ventrículo cístico) (seta). e o vérmix cere-
belar está deslocado superiormente e rotacionado . Comparando esta imagem com a aparência normal no plano (C); também pode ser observado
que o vérmix cerebelar está pequeno e sem forma e que o quarto ventrículo se expande superiormente, de modo que o deslocamento superior
do tentório e do tórculo de Herófilo possa ser o responsável (setas). 3v, terceiro ventrículo.

trassonografia, bem como da RM, demonstrar o fastígeo do Dandy-Walker, ou a agenesia do vérmix inferior. O desen-
quarto ventrículo e as duas principais fissuras no plano media- volvimento do vérmix cerebelar está incompleto antes de 20
n0 72 -7.' . C om a hipoplasia do vénnix, esses marcos não podem semanas de gestação, e, assim, pode haver suspeita de um
ser identificados. Estão disponíveis , ainda, tabelas do tamanho defeito ou anormalidade do vérmix quando o exame for
normal do cerebelo no ultrassom com relação à idade gestacio- realizado precocemente85 . Mesmo nos casos diagnosticados
nal (Tabela 10-8)83. após 20 semanas , há evidências de que a hipoplasia do vér-
Em nossa própria experiência, a megacisterna magna iso- mix inferior isolada é diagnosticada excessivamente durante
lada e o cisto em bolsa de Blake representam a maior parte o pré-natal, mesmo com o uso da RM. Assim, é necessária
das anomalias da fossa posterior diagnosticadas durante o a confirmação pós-natal 86 Em um esrudo correlacionando o
pré-nataiS. Embora os dados ainda sejam limitados e o ris- complexo da malformação de Dandr-Walker e a anatomia
co neurológico não possa ser precisamente previsto, parece patológica pós-morte, Philipps et al. 8 verificaram que duas
que, na maioria desses casos, o prognóstico é bom. Deve ser variáveis ultrassonográficas no plano a;xial transverso se cor-
observado que alguns dos autores acreditam que ambas as relacionaram bem com o diagnóstico patológico: a gravidade
condições (megacisterna magna e variante de Dandy-Walker) do defeito do vérmix e a forma do espaço entre os hemisférios
podem representar o cisto em bolsa de Blake77. nas in1agens transversas do cerebelo. Um espaço em forma
A maior mudança diagnóstica provavelmente é representa- de trapezoide, com a margem da borda dorsal e laterais rela-
da pela síndrome de Joubert, uma anomalia com transmissão au- tivamente retas, corresponderam à hipoplasia da aplasia do
tossômica recessiva, caracterizada pela ausência ou hipoplasia vérmix na autópsia (Fig. 10-27A). Entretanto, um espaço em
do vérmix cerebelar, que não se apresenta deslocado. Na ges- forma de "buraco de fechadura" com laterais convexas não
tação C0111 risco específico, essa condição deve ser suspeitada estava associado à patologia cerebelar macroscópica ou mi-
quando houver uma comunicação entre o quarto ventrículo croscópica 87 (Fig. 10-28C).
e a cisterna magna de tan1anho normal no plano transverso Em geral, recomenda-se o exame de ultrassom meticuloso
(Fig. 10-30)84. Na ausência do vérmix, os dois hemisférios se com abordagem multiplanar nos casos em que há suspeita de
aglutinam na linha média, e, assim, o plano médio se torna de anomalia da fossa posterior. A correlação pequena que tem
pouca utilidade. Porém, às vezes, é possível demonstrar um sido demonstrada em vários estudos entre o diagnóstico pré-
quarto ventrículo de forma discretamente irregular84. Entre- natal e os achados da autópsia provavelmente está relaciona-
tanto, na ausência de história fanUliar positiva, esse achado da com o uso único de planos axiais, que podem ser extre-
apresenta valor preditivo muito baixo e, na maioria dos casos, man1ente enganosos . No plano axial, entidades com formas
temos averiguado ser normal ao nascin1ento. clínicas diferentes, como a malformação de Dandy-Walker, a
Deve-se ter cuidado quando se faz o diagnóstico de uma hipoplasia do vérmix e o cisto em bolsa de Blake, podem ser
variedade menor da Dandy-Walker contínua, variante da de difícil distinção uma da outra. Pelo fato de o diag11óstico de
380 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

anomalias da linha média depender de planos ultrassonográ-


Anomalias Associadas à Malformação de
Tabela 10--7 ficos do polo cefálico que, em algumas situações, são difíceis
Dandy-Walker de serem obtidos, acreditamos que o ultrassom tridimensional
Malformações
geralmente pode ser, consideravelmente, útil. Vários planos
obtidos da imagem de volume dos cortes ultrassonográficos
H oloprosencefalia transversos frequentemente fornecem imagens de boa quali-
Agenesia do corpo caloso dade diagnóstica8.
Defeitos do tubo neural
Fenda labial
Doença cardíaca congênita LESÕES CEREBRAIS DESTRUTIVAS
Síndrome de Comélia de Lange
Muitas anomalias congênitas do cérebro não representam
Síndrome de Goldenhar
Anormalidades renais
consequência de processo malformativo embriogenético, que
Hemangiomas faciais ocorre devido a um processo destrutivo. Geralmente, a fisio-
Síndrome de Klippel-Feil patologia é incerta, e a condição permanece idiopática. En-
Polissindactilia tretanto, frequentemente é encontrada uma associação entre
complicações obstétricas de diferentes causas.
Mendeliana A hemorragia intracraruana (H IC) comumente é encontra-
Warburg (AR)
da ao nível dos ventrículos laterais , embora possa ocorrer em
Aase-Smith (AD) outras localizações anatômicas. Geralmente, a HIC consiste
Sindrome de Ruvalcaba (AD/ligaela ao X) em uma complicação em recém-nascidos prematuros e, apesar
Coffin-Siris (AR) de rara, também pode ocorrer durante o pré-natal, como con-
Sínelrome oro-face-cligital elo tipo II (AR) sequência de coagulopatia, trauma ou outros fatores não des-
Sinelrome ele Meckel-Gruber (AR) conhecidos. A aparência ultrassonográfica da HIC é extrema-
Sínelrome ele Aicardi (dominante ligada ao X) mente variável dependendo da gravidade e do rseríodo a partir
Elüs van Creveld (AR) do qual esta complicação ocorreu (Fig. 10-3 1) 8. Na obtenção
Fraser cripwftalmo (AR) das imagens nos planos de corte a,'xiais do polo cefálico fetal,
essas devem ser simétricas , sem qualquer angulação. O ple-
Cromossômicas
xo coroide normal de um lado pode simular uma hemorragia
45,X da matriz germinaI se o plano da imagem estiver assimétrico.
6p- O sangue que se acumula no interior dos ventrículos inicial-
9q+ mente se apresenta como uma coleção hiperecogênica. Com o
elup 5p tempo, ocorre a retração do coágulo sanguíneo, resultando, as-
elup 8p sim, em um centro anecoico, geralmente associado à dilatação
elup 8q ventricular (hemorragia de grau 3). As coleções hemorrágicas
trissomia elo 9 volumosas podem ser complicadas com infartos e obstrução
triploielia da substância branca adjacente (hemorragia de grau 4). Nes-
elup 17q ses casos, o prognóstico é grave. Em uma revisão de literatura,
Ambientai s a evolução para o óbito perinatal ocorreu em aproximadamen-
te metade dos casos, e, próximo de 50% dos sobreviventes
Rubéola apresentaram comprometimento neurológico no seguimento
Coumaelin a longo prazo. Houve correlação entre o prognóstico e a gra-
Álcool vidade da hemorragia. O prognóstico foi mais favorável nas
Citomegalovirus hemorragias de graus 1 e 2 (hemorragia limitada à matriz ger-
Diabetes minaI ou aos ventrículos laterais sem ventriculomegalia), que,
Isotretinoína
muitas vezes, apresentou resolução intrauterina, e sendo mais
severo nas lesões de graus 3 e 4 (hemorragia intravenu-icular
AR, autossômica recessiva; AD. au tossômica dominante Adaptado de l\'l urray jC. associada a ventriculomegalia severa e destruição da substân-
JohnsonJA, Bird TD: Dandy-vValker malrormation: etiologic heterogcneily anel
cia branca, respectivamente)88.
empiric recurrence risk. Clin Genet 28:272 . 1985.

A B c
FIGURA 10-28. A. Plano ultrassonográfico transce rebelar normal comparado às variações de Dandy-Walke r. B. Aumento da c isterna magna
e aparência normal do vérmix (seta). C. Fenda cere belar (seta) sugerindo um defeito do vérmix.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 381

A B c o
FIGURA 10- 29. A, Planos sagitais normais demonstrando os principais marcos do vérmix cerebelar Ifastígeo do quarto ventrículo e as
duas fissuras principais) Isetas) comparados a variações da Dandy-Walker; IB) dilatação da cisterna magna com vérmix intac to Imegacisterna
magna); IC) rotação para cima Iseta) de um vérmix semelhante Icisto em bolsa de Blake; e 10) rotação para cima de um vérmix hipoplásico
Iseta) Ihipoplasia de vérmix),

I Tabela 10-8 I Valores Normais (Média + Desvio-Padrão) do Vérmix Cerebelar


Idade Gestacional Diâmetro Ântero-posterior Diâmetro Súpero-inferior Circunferência Área
ISemanas) Imm) Imm) Imm) Icm 2 )

21-22 10,6±1 ,4 1l,1±1 ,1 43,8±3,3 0,9±0,2


23-24 12,9±1,1 12,3 ±1,4 47,5±5,5 12±0,2
25-26 13,5±2,1 13,6±0,9 50,9±4,4 1,4±0,2
27-28 16,3 ±2,7 16,0±1 ,6 58,9±6,8 2,0±0,5
29-30 17,5 ±2,2 17,7±2,1 64,7±6,5 2,3 ±0,4
31-32 19,0±1,9 19,2±1 ,1 70,7±6,9 2,8±0,4
33-34 19,2±1 ,9 21,2 ±2,3 72,7±8,3 3,0±0,8
35-36 21 ,4±1 ,5 19,8±1 ,0 77,6±5,1 3,4±0,3
37-38 22,1±3,8 23 ,0±4,6 80,7±9,9 3,9±1,4
39-40 25,7±2,3 25,0±2,6 86,7±7,0 4,9±0,7

Reproduzido com permissão de lvIalingcr G. Ginalh S. Lcrman-Sagic T. CI ai: Thc fetal cerebellar vcnnis: normal development as shown by transvaginaluhrasound.
Prcna, Diagn 21 :687, 2001.

A B c
FIGURA 10- 30. Síndrome de Joubert. Os achados ultrassonog ráficos estão limitados à presença de uma comunicação entre o quarto ventrí-
culo Iseta) e a cisterna magna IA) e uma forma anormal do quarto ventrículo Iseta) IB), C, Ressonância magnética pós-natal demonstrando a
ausência do vérmix entre os hemisférios cerebelares Iseta) , ICortesia de Philippe Jeanty, Nashiville, TN,)

A B c
FIGURA 10-31. Tipos de hemorragia intracraniana: IA) logo após a hemorragia, o sangue apresenta ecogenicidade intensa; considerado
hemorragia de grau 2; 18) hemorragia antiga, o plano coronal demonstra um coágulo sanguíneo típico e aumento dos ventrículos (hemo rragia
de grau 3); le) hemorragia associada à destruição do córtex Ihemorragia de grau 4),
_.-
382 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B c
FIGURA 10-32. Lesões destrutivas do cérebro fetal: A. Cisto porencefálico (seta). B Esquinzencefalia (setas). C. Leucomalácia periventricular
(setas).

A porencejàlia congênita é definida como a presença de ca-


Diagnóstico de Microcefalia Fetal (DP
vidades císticas dentro da substância branca (Fig. 10-32). As Tabela 10-9
cavidades geralmente apresentam comunicação com o sistema Diâmetro Biparietal (mm) abaixo da Média)
ventricular, o espaço subaracnoide ou com ambos 89 . A perda de Semana Média -1 -2 -3 -4 -5
tecido cerebral pode ocorrer devido à desordem morfogenética 20 48 45 42 40 37 34
(porencefalia verdadeira ou esquizencefalia). Mais comumente, 21 51 48 46 43 40 37
essa ocorre consequente a uma lesão intraútero (pseudoporen- 22 54 52 49 46 43 41
cefalia ou porencefalia encefaloclástica). A forma de desenvol- 23 57 55 52 49 46 44
vimento é tipicamente bilateral e sinlétrica e, geralmente, está 24 61 58 55 52 49 47
associada à microcefalia. Na pseuMporelUeJalia, frequentemente é 25 64 61 58 55 53 50
encontrada uma lesão unilateral. Em ambos os casos, há uma 26 67 64 61 58 56 53
ampla variedade no tamanho da lesão. A drenagem do líquido 27 69 67 64 61 58 56
cerebroespinhal comumente está prejudicada, resultando em 28 72 70 67 64 61 59
hidrocefalia. A hidranelUeJalia pode ser considerada uma forma 29 75 72 69 67 64 61
extrema de pseudoporencefalia. A maior parte do hemisfério 30 78 75 72 69 67 64
cerebral é substituída por líquido. O tronco cerebral e as estru- 31 80 77 74 72 69 66
turas do rombencéfalo geralmente estão dispersas. O polo ce- 32 82 79 77 74 71 68
fálico pode ser pequeno, de tamanho normal ou extremamente 33 84 81 79 76 73 70
volumoso. A etiologia é heterogênea. Têm sido relatadas in- 34 86 83 80 78 75 72
fecções congênitas, incluindo toxoplasmose e citomegalovirose 35 87 85 82 79 76 74
(CMV), oclusão ou estreitamento intrauterino da artéria caró- 36 89 86 83 80 78 75
37 90 87 84 82 79 76
tida interna. O diag11óstico pré-natal acurado tanto da esqui-
38 91 88 85 83 80 77
zencefalia como da porencefalia tem sido relatado. Entretanto,
39 92 89 86 83 81 78
deve ser enfatizado que a porencefalia consiste em lesão que 40 92 89 87 81 78
84
geralmente ocone somente no terceiro trimestre. 41 93 90 87 85 82 79
A evolução dos recém-nascidos com um processo desuu- 42 93 91 88 85 82 80
tivo congênito do cérebro é estabelecida pelo tamanho e pela
localização da lesão. A porencefalia extensa, principalmente se De Chervenak FA,Jeanty P, Cantrainc F, et a1: Thc diagnosis or microccpha1y.
estiver associada à hidrocefalia ou microcefalia, e a hidranen- AmJ Obstet Gynccol 149:512, 1984.
cefalia apresentam evolução uniformemente ruim 89 .
A leucoma/ácia periventricular consiste em uma desordem de-
generativa da substância branca que é mais frequentemente Embora a experiência ainda seja reduzida, parece que o ul-
encontrada em recém-nascidos prematuros e geralmente está trassom apresenta um papel Limitado no diagnóstico pré-natal
associada a um prognóstico ruim. Recentemente, uma varieda- da infecção por CMV. Em nossa experiência, durante o exa-
de cística de tal condição foi desclita em fetos. O diagnóstico é me em uma gestante com infecção recente, o valor preditivo
realizado pela demonstração de múltiplos cistos pequenos pró- positivo de achados ultrassonográficos anormais na previsão
ximos à borda superior dos ventrículos laterais (Fig. 10-32)90. de infecção neonatal sintomática encontra-se ao redor de 80%,
Em geral, a irifécção intrautenna é uma das principais causas embora a sensibilidade seja de apenas 20%.
de lesões cerebrais congênitas, e o CMV, em particular, é um
dos maiores responsáveis por comprometimento cerebral nas
crianças. Fetos com infecção por CMV, afetando o cérebro, DESORDENS DE PROLIFERAÇÃO DE
podem apresentar uma ampla variedade de anormalidades in- CÉLULAS NERVOSAS
tracranianas. Em nossa experiência, os achados mais frequen-
tes incluem intestino ecogênico e alterações da anatomia in- A associação entre a diminuição do tamanho da cabeça e a
tracraniana. Os achados cerebrais são polimórficos e incluem redução tanto da massa cerebral quanto do número total de
hiperecogenicidades periventricular e parenquimatosa, ventri- células em recém-nascidos com microcefalia está bem defini-
culomegalia, hipoplasia cerebelar, microcefalia e anormalida- da. Enu'etanto, o Limiar do que é considerado alterado não
des corticais. 91 está determinado. Alguns autores sugerem o uso da circun-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 383

ferência cefálica abaixo do segundo desvio-padrão (2DP) de I Tabela 10-10 I Classificação da Microcefalia
média como critério diagnóstico. Outros preferem considerar
a circunferência cefálica abaixo do 3DP como anormal (Tabe- I. Microcefalia com malformações associadass
la 10-9). Obvian1ente, a incidência da microcefalia varia em A. Genética
diferentes ensaios, dependendo da definição utilizada para 1. Aberrações cromossômicas
identificar a lesão. Síndrome de Down
A microcefalia não deve ser considerada como uma en- Síndrome da trissomia do 13
tidade clínica simples, mais que isso, como um sintoma de Síndrome da trissomia do 18
muitos distúrbios etiológicos, incluindo tanto fatores ambien- Síndrome da trissomia do 22
tais quanto genéticos (Tabela 10-10). A microcefalia é carac- Síndrome 4p
Síndrome de Cri du Chat (miado de gato) 5p
terizada por uma desproporção típica entre o crânio e a face.
Síndrome 18p
A fronte é oblíqua. O cérebro é pequeno, com os hemisférios
Síndrome 18q
cerebrais afetados em maior extensão do que as estnlturas do 2. Defeitos monogênicos
diencéfalo e do rombencéfalo . Também, são frequentemente Síndrome de Bloom (AR)
encontrados padrões anormais da circunvolução, incluindo Síndrome de Borjeson-Forssman-Lehmann (RLX)
macrogiria, microgiria e agiria. Os ventrículos podem estar SÚldrome de Cockayne (AR)
aumentados. A microcefalia é frequentemente encontrada nos Síndrome DeSanctis-Cacchione (AR)
casos de porencefalia, lisencefalia e holoprosencefalia. SÚldrome Dubowitz (AR)
Muitas dificuldades surgem no intuito de identificar a Pancitopenia de Fanconi (AR)
microcefalia fetal. A utilidade das medidas da cabeça isola- Hipoplasia dérmica forcal (DLX)
da pode ser mal interpretada em casos de erro de data ou Incontinência pigmentar (DLX)
restrição de crescimento intrauterino. Além disso, a evolução Síndrome da lisencefalia (AR)
natural da microcefalia fetal é amplamente desconhecida. O Síndrome de Meckel-Gruber (AR)
desenvolvimento progressivo da lesão, interferindo com o Síndrome de Menkes (RLX)
reconhecimento precoce, tem sido descrito. A comparação Síndrome de Roberts (AR)
dos parâmetros biométricos, como a relação da circunferên- Nanismo de Seckel (cabeça de pássaro) (AR)
SÚldrome de Smith-Lemli-Optiz (AR)
cia cefálica/circunferência abdominal e a relação entre o di-
B. Ambientais
âmetro biparietal/comprÍ.n1ento do fêmur, tem sido sugerida.
1. Infecções pré-natais
Independentemente, tanto o diagnóstico falso-positivo quanto SÚldrome da Rubéola
o falso-negativo ocorrem frequentemente 92 . Parece evidente Doença da Citomegalovirose
que o valor preditivo da biometria ultrassonográfica apresenta Herpes víms humano
limitações significativas. A avaliação qualitativa das estrutu- Toxoplasmose
ras intracraruanas é bastante útil como adjunto da biometria 2. Exposição pré-natal a drogas ou medicamentos
pelo fato de muitos casos de microcefalia estarem associados a Síndrome do álcool fetal
desarranjos morfológicos, principalmente com ventriculome- Síndrome da hidantoína fetal
galia, esquizencefalia e desordens de indução ventral. A de- SÚldrome da aminopterina
monstração da fronte oblíqua também aumenta o índice de 3. Fenilcitonüria materna
suspeita (Fig. 10-33)93. C . Etiologia desconhecida
A evolução final da mlcrocefalia é incerta. Recém-nascidos 1. Síndromes reconhecidas
com cabeça pequena apresentam aumento de risco significa- Síndrome de Coffin-Sins
tivo para comprometimento neurológico, sendo que há cor- Síndrome de DeLange
relação com o tamanho da cabeça. Qyando a circunferência Síndrome de johanson-Blizzard
Síndrome de Langer-Gledion
cefálica é extremamente pequena (p. ex., abaixo de 4DP ou
Síndrome de Rubenstein-Taybi
mais) e há outras anomalias severas, o prognóstico tende a
Síndrome de Williams
ser grave. 2. Combinações indefinidas
A 17legaencijàlia é uma grande anormalidade de cérebro, 11. Microcefalia sem malformações associadas
geralmente sendo enconu-ada em indivíduos de inteligência A. Genética
normal ou mesmo superior, embora possa estar associada a 1. Microcefalia prinlátia (AR)
retardo mental e comprometimento neurológic0 94 . A megaen- 2. Síndrome de Paine (RLX)
cefalia também é parte de anomalias congênitas e síndromes, 3. Síndrome de Alpers (AR)
como a síndrome de Beckwith-Wiedemann, acondroplasia, 4. Erros inatos do metaboljsmo
neurofibromatose e esclerose tuberosa (Tabela 10-11). UI- Desordens do metabolismo do ácido fólico (AR)
trassonografistas , obstetras e pediatras são frequentemente lliperlisinemja (AR)
desafiados pela megaencefalia, uma condição que deve ser Acidemia metilmalônjca (AR)
suspeitada na presença do aumento anormal das medidas da Fenilcitonüria (AR)
cabeça sem evidência de hidrocefalia ou massas intracrania- B. Ambientais
nas. esses casos, o exame dos pais pode servir de auxílio, 1. Exposição pré-natal à radjação
pois a megaencefalia assintomática comumente apresenta ca- 2. fetal
3. Hipóxia ou trauma perinatal
ráter familiar.
4. Infecções pós-natais
C. Etiologia desconhecida; síndrome happy puppet.
Tumores Intracranianos
AO, alllossômico dominante; AR, autQssôJnico recessivo; RLX, recessivo ligado ao X .
Os tumores inlracranianos fetais são raros. A incidência tem sido DLX, dominante ligado ao X. Adaptado de Ross ME, Frias JL: In Vinken PJ,
estimada em 0,34 por 1 milhão de nascidos vivos. Há várias Bruyn GW (eds): H andbook of ClinicaJ Neurology, vol. 30. Amsterdam, Elsevier
classificações de tumores cerebrais congênitos (Tabela 10-12). ' North Holland Biomedical Press, 1997, pp 507·524.
384 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B c
FIGURA 10-33. Ultrassonografia de feto com microcefalia com 22 semanas. A. O plano de perfil revela a fronte oblíqua (seta). 8. O ultrassom
transabdominal de reso lução moderada revela os detalhes intracranianos; há impressão do aumento do espaço subaracnoide , e o corno occipital
não foi visualizado. C. A ultrassonografia transvaginal revela uma camada maior do espaço subaracnoide ao redor do cérebro encolhido; a forma
do ventrículo lateral está imatura, sem desenvolvimento do corno frontal.

Síndromes e Malformações Associadas à


Tabela 10-11
Megaencefalia
Megaencefalia familiar benigna (autossômica dominante)
Megaencefalia unilateral (esporádica)
Megaencefalia com comprometimento neurológico, familiar
Classificação dos Tumores Intracranianos
(recessiva ligada ao X?) I Tabela 10-12
Acondroplasia (autossômica dominante) Congênitos
Displasia tanatofórica (esporádica, autossômica recessiva)
Tumores embrionários
Síndrome de Beckwith-W'iedemann (esporádica, autossômica
Teratoma
dominante)
Epidemoide
Lipomatose, angiomatose, macrocefaJia (sú1drome de Bannayan-
Delmoide
Zonana) (autossômica dominante)
Tumores germina ti vos
Neurofibromatose (autossômica dominante)
GermÚ10ma
SÚ1drome do X frágil (recessiva ligada ao X)
Carcinoma embrionário
Coriocarcinoma
Tumor do seio endodérmico
Teratoma
Tumores neuroblásticos
Medulobalstoma
Em uma revlsao de 48 casos diagnosticados durante o pré- Neuroblastoma
natal 95 , os teratomas foram responsáveis por 62% deles. Os Retinoblastoma
tumores neuroepiteliais estavam presentes em 15%, os lipomas Tumores relacionados com os tecidos remanescentes
em 10% e os craniofaringiomas em 6%. Devido à grande di- Craniofaringioma
mensão da massa, frequentemente é difícil de ser estabelecida Cordoma
a origem do tumor diagnosticado in ztlero. Entretanto, a maio- Tumores de origem ependimal
ria das lesões é supratentorial, em contraste com a freqüência Ependimoma
maior de lesões de localização infratentorial que ocorrem em Glioma subependimal misto
crianças mais vellias. Papiloma de plexo coroide
Os tumores intracranianos fetais estão frequentemente Glioblastoma multiforme
associados à presença de macrocefalia, aumento do sistema Astrocistoma maligno
ventricular, calcificação intracraniana e hemorragia. A ventri- Tumores associados a doenças genéticas
culomegalia consiste na causa mais frequente de obstrução da Esclerose tuberosa (doença de Bourneville)
circulação do líquido cerebroespinhal. Entretanto, o aumento Neurofibromatose (doença de von Recklinghausen)
de produção pode ocorrer com os teratomas e os papilomas de Angiomatose do sistema nervoso central e dos olhos (doença de
plexo coroide. O poli-hidrâmnio está presente em 40% dos Von Hippel-Lindau)
Cisto coloide do terceiro ventrículo
casos. Na maioria dos casos, provavelmente o mecanismo está
HeteTotopia e hamartoma
relacionado com a deficiência de deglutição, sendo isso cau-
Lipoma
sado pela alteração de seu mecanismo neurológico ou como Tumores vasculares: hemangiolnablastoma
consequência da obstrução mecânica da faringe. A hidropisia
também tem sido relatada, mais frequentemente como conse-
Adaptado de Mori K: Neuroradiology and Neurosurgery. New York,
quência de comunicação arteriovenosa dentro da massa tu- Thieme-Slrallon, 1985; Wilson CB. Moossy J, Boldrey E. et aI: Pathology of
moral volumosa, causando falência cardíaca de alto débito. i11lracranial tumors. In Newton TH. POllS DG (eds): Radiology of lhe Skull and
O dismorfismo facial é frequente em tumores volumosos. Há Brain. Anatam)' alld Patholog)'- SI. Louis , C V Mosby, 1977.
AVALIAÇÃO UlTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 385

A B D
FIGURA 10- 34. Tumores intracranianos fetais. A e B. Teratoma intracraniano (setas). C e D. Múltiplos lipomas (setas) em um feto sem
agenesia do corpo caloso associada.

correlação bem estabelecida entre os lipomas inter·hemisféri· à taxa de 44% nos pacientes com astrocitomas e de 50% nos
cos e a ACC. ão existe associação definida entre os tumores pacientes com papilomas de plexo coroide. Há muitas limita-
fetais e neonatais com as aberrações cromossômicas. ções para o diagnóstico pré-natal estabelecer o tipo específico
Deve·se suspeitar de um tumor cerebral frente à presença de tumor. Entretanto, foi verificado que as massas complexas,
de imagens de massa ocupando a lesão, contendo áreas císti- volumosas, distorcendo a anatomia intracraruana (geralmente
cas ou sólidas , encontradas dentro do polo cefálico fetal (Fig. teratomas, astrocitomas ou craniofaringeomas) apresentam
10-34). O ultrassom não permite um diagnóstico específico da taxa de sobrevida de apenas 14%. Paralelamente, os lipomas
variedade histológica. Teratomas, astrocitomas e uaniofarin- intracranianos, com uma imagem ultrassonográfica típica, esti-
giomas fetais apresentam características similares, que consis- veranl associados à sobrevida de 100%, sem comprometimen-
tem em massa complexa que distorce a arquitetura cerebral, to do desenvolvinlento neurológic0 95 .
possivelmente associado a macrocefalia, ventriculomegalia e
calcificações intracranianas. Os lipomas intracranianos mani-
festam-se como áreas hiperecogênicas bem definidas, geral- ANOMALIAS DE MIGRAÇÃO
mente localizadas na linha média, na posição normalmente NEURONAL
ocupada pelo corpo caloso e dentro dos corpos dos ventrículos
laterais. Eventualmente, os papilomas de plexo coroide apare- As células neuronais que formam a substância cinzenta origi-
cem como plexos volumosos, mais frequentemente associados nam-se internamente no cérebro, na superfície dos ventrículos
a hidrocefalia e aumento do espaço subaracnoide95 . laterais e, somente mais tarde, migram ao longo das células
A história natural dos tumores cerebrais fetais não está gliais alinhadas radialmente para a superfície do cérebro. A
estabelecida. Entretanto, os dados disponíveis sugerem que migração ocorre em diferentes ondas durante várias semanas.
lesões, mesmo muito severas , podem desenvolver-se rapida- A maior parte do processo ocorre entre 8 e 16 semanas de
mente na fase avançada da gestação. De fato, vários casos gestação, embora continue até 25 semanas. Uma vez que a
foram relatados em que os exames ultrassonográficos de se- célula neural seu destino na superfície do cérebro, esta é
gundo trimestre estavam normais. Os teratomas podem estar submetida a um processo de maturação e diferenciação, cres-
associados à elevação de AFP no soro materno e no líquido cendo axônios e dendritos, e desenvolve sinapses com outros
amniótico. neurônios, resultando na formação de um córtex bem ordena-
O diagnóstico diferencial dos tumores cerebrais inclui ou- do de seis camadas. As anomalias de migração são caracteriza-
tras massas que ocupam o espaço das lesões intracranianas. das pela formação incompleta das camadas corticais, com lo-
Em alguns casos , pode ser particularmente difícil a distinção calização anormal dos neurônios que falharam em alcançar a
entre um tumor e uma hemorragia recente no interior do pa- sua posição final. Inversamente, a substância branca abaixo do
rênquima. A hemorragia cerebral geralmente apresenta ima- CÓrtex torna-se mais fina pela falência da produção de axônios
gens semelhantes às encontradas em alguns tumores. Nestes pelas células neuronais desorganizadas. Macroscopicamente,
casos, no ultrassom seriado (em 2 ou 3 semanas), as H IC mais o principal achado consiste na alteração do padrão de ci.rcun-
severas podem evoluir para a cavitação, ventriculomegalia e volução do cérebro que pode estar associado a modificações
formação de coágulo, ou a RM geralmente pode estabelecer o na massa cerebral e nos tamanhos dos ventrículos.
diagnóstico correto. A falência de migração neuronal inclui um amplo espectro
O prognóstico dos tumores congênitos é ruim. Em recen- de anomalias: ausência ou redução severa de circunvoluções
te revisão de 48 casos , a taxa de mortalidade foi de 770f0 9S (lisencifaLia), aumento do número de circunvoluções pequenas
Não há dados disponíveis com relação ao grau de compro- !polimicroginá), megaencifália esquv.encifáhá e heterotopias
metimento neurológico nos sobreviventes, embora, espere-se da substância cinzenta. O processo de migração pode ser atrasado
que também seja elevado. Certamente, o tipo histológico do por fatores ambientais (isquemia, teratógenos), embora uma
tumor consiste no fator mais importante. Em só;es pós-natais, predisposição genética esteja claramente presente pelo menos
a taxa de sobrevida dos teratomas é de apenas 7% comparada para algumas anomalias.
386 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

A B c D
FIGURA 10-35. Anormalidades do córtex cerebral demonstradas pelas ultrassonografia e ressonância magnética A e B. Circunvolução
anormal associada a forma anormal do córtex (seta) e deslocamento inferior do ventrículo lateral. C e D. Este feto com 34 semanas de gestação
apresenta um cérebro demasiado liso, além da ecogenicidade incomum do córtex.

A B c
FIGURA 10- 36. Malformação complexa arteriovenosa com dilatação da veia de Galeno em feto de terceiro trimestre . A . Plano axial do polo
cefá li co demonstrando o aumento da ecogenicidade do córtex, com redução da delineação dos detalhes anatômicos e lesão tortuosa na linha
médi a preenchida por líquido (se ta) na porção posterior do cé rebro, no nível da cisterna da veia de Galeno. B. Doppler colorido demonstrando o
fluxo sanguíneo dentro da lesão preenchida por líquido e dilatação típica dos seios venosos. C. Doppler espectral demonstrando o fluxo venoso
pulsátil de velocidade elevada na veia de Galeno dilatada .

No período pós-natal, a técnica de escolha para a avaliação do desenvolvimento dos sulcos a partir dessas idades geslacio-
de tal condição é a RM , que possibilita a clara discriminação nais pode permitir a suspeita de lisencefalia.
entre as substâncias cinzenta e as branca. Entretanto, a de-
tecção ultrassonográfica das anomalias macroscópicas da ana- ANORMALIDADES VASCULARES
tomia cerebral típicas (fenda no córtex, anomalias dos giros
e outras) tem sugerido e, mesmo, diagnosticado essas condi- As anomalias vasculares do cérebro são raras, e somente al-
ções no pré-natal, embora em fase avançada da gestação (Fig. guns poucos casos foram descritos até o presente momento. A
10-35)96. No passado, acreditava-se que as anomalias do de- maioria dos relatos se concentra nas malformações vasculares
senvolvimento do sulco, como a lisencefaüa, não podiam ser de veia de Galeno. Recentemente, a trombose do seio dural
diagnosticadas até 27 a 28 semanas 97. Um estudo recente de foi descrita.
Toi et al.98 documentou o período do surgimento da fissura pa- O termo aneurisma da veia de Galeno indica um espectro
rieto-occipital, fissura calcarina, cingulado e alguns sulcos da de malformações arteriovenosas, variando desde uma dilata-
convexidade. Em seus estudos, eles observaram a idade mais ção de um aneurisma único da veia de Galeno a múltiplas
precoce que um sulco específico era visível em qualquer feto comunica]ões entre a veia e os sistemas da carótida e da verte-
e, também. a idade após a qual o sulco era visível em todos os brobasilar 9. São descritos três tipos: (1) fístula arteriovenosa ;
fetos. Os sulcos puderam ser vistos por ultrassom transabdo- (2) malformação arteriovenosa com ectasia da veia de Galeno;
minal tão precocemente quanto 18,5 semanas. O sulco medial e (3) variz da veia de Galeno. No período fetal ou neonatal,
inter-hemisférico e a ínsula estavam visíveis mais precoce e a fístula artel;ovenosa frequentemente está associada à falên-
confidentemente que os sulcos da convexidade. As idades ges- cia cardíaca de alto débito devido à sobrecarga circulatória.
tacionais mais precoces em que cada sulco específico pode ser Tanto a ectasia quanto a variz tendem a se manifestar em fase
identificado em qualquer feto foram: fissura parieto-occipital, avançada da gestação com episódios de sangramentos e não
18,5 semanas; sulco calcarino, 18,5 semanas; sulco cingulado, estão associadas à falência cardíaca. A fístula arteriovenosa as-
23 ,2 semanas; e sulcos da convexidade, 23 ,2 semanas. Nessa sociada à variz não faz parte de definição quando essas estão
série, a idade gestacional em que tais sulcos estavam sempre localizadas em qualquer outro lugar do cérebro.
presentes foram: parieto-occipital, após 20,5 semanas; sulco Durante o pré-natal, o achado típico é uma área anecoi-
calcarino, após 21,9 semanas; sulco cingulado, após 24,3 se- ca alongada ao nível da cisterna de veia de Galeno, com o
manas ; e sulcos da convexidade, após 27,9 semanas. A falência Doppler pulsátil e colorido demonstrando evidência de tur-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO 387

A B c
FIGURA 10-37. Trombose congênita do seio duraI. A. Uma coleção líquida volumosa é identificada posteriormente no cérebro Iseta longa),
correspondente ao seio sagital superior dilatado. 8 . Dentro do seio acentuadamente dilatado, o trombo é visto como massa ecogênica. C. O
Doppler colorido demonstra a parada do fluxo sanguíneo Iseta) no interior da porção alargada do seio sagital superior.

bulência venosa e Buxo sanguíneo arterial (Fig. 10-36) 100 . A A apresentação clínica da trombose do seio da dura nos
arquitetura cerebral pode estar intacta ou pode estar alterada recém-nascidos é variável. Os sintomas incluem convulsões,
devido à concomitância com ventriculomegalia, porencefalia irritabilidade inexplicável, macrocefalia ou abaulamento de
e edema cerebral, sendo referida como aumento da ecogeni- fontanela. Os estudos pós-natais revelam que a trombose da
cidade do córtex. Os seios da dura e os vasos do pescoço fre- circulação venosa cerebral é uma causa importante e pouco
quentemente estão aumentados, e os sinais para a sobrecarga reconhecida de convulsões em recém-nascidos a termo. A
cardíaca podem estar presentes, incluindo cardiomegalia, he- história natural é variável. Na ausência de asfixia perinatal,
patoesplenomegalia, edema de partes moles, poli-hidrâmnio e comumente a evolução do neurodesenvolvimento é normal e
hidropisia. O Doppler colorido pode auxiliar na identificação o risco de recorrência das convulsões é baixo. Uma evolução
da origem dos vasos que nutrem a lesão, uma observação que ruim deve ser esperada especialmente nos neonatos prema-
pode ter implicações práticas para a avaliação do prognóstico. turos, e nos casos de trombose secundária do seio cerebral
Nesses casos, a RM pode ser utilizada. secundária. Sinais ultrassonográficos associados, como infarto
Embora os aneurismas de veia de Galeno possam tornar-se ou hemorragia ventricular, estão correlacionados com mau
sintomáticos em idade avançada, estes são mais frequentemen- prognóstico. As sequelas também podem depender da locali-
te identificados no período neonatal. No neonato, as caracte- zação do trombo. Em um estudo recente, todos os pacientes
rísticas clínicas comuns são a cardiomegalia com insuficiência com dano neurológico permanente apresentavam trombose
cardíaca e o aumento da pressão intracraniana associado à de veias profundas com a associação de infartos cerebrais pro-
hidrocefalia ou ao hematoma craniano. A deficiência neuroló- fundos; em contraste, todos os pacientes com tromboses sem
gica focal , as convulsões e as hemorragias consistem em acha- infarto ou infarto venoso superficial do córtex uniformemente
dos menos comuns. A experiência disponível do diagnóstico apresentavam bom prognóstico 103 .
pré-natal sugere a taxa de mortalidade de aproximadamente
50% e desenvolvimento normal ao redor de 50% dos sobre-
viventes 89 ,100,10 1. A evolução esteve fortemente dependente da CISTOS INTRACRANIANOS
evidência pré-natal de outras anomalias intracranianas (hidro- Os cistos de aracnoide intracranianos são acúmulos de líquido
cefalia, edema cerebral, porencefalia) e hidropisia. Qyando límpido como o cerebroespinhal entre a dura e a massa cere-
qualquer uma dessas anomalias estava presente, o prognósti- bral. O diagnóstico histológico não está sempre disponível, e a
co sempre foi ruim. Em geral, os casos com desenvolvimento definição frequentemente é utilizada para indicar qualquer cis-
pós-natal normal apresentavam as lesões vasculares isoladas, to intracraniano localizado dentro do espaço subaracnoideo.
ausência de outra intercorrência cerebral ou cardiovascular Os cistos de aracnoide têm sido encontrados em qualquer
intrauterino e tratamento realizado depois do nascimento atra- local do sistema nervoso central, incluindo o canal espinhal.
vés da embolização angiográfica 101. As localizações mais frequentes são a superfície dos hemisfé-
A trombose do seio dural consiste em uma entidade bem docu- rios cerebrais na região das fissuras maiores (sylviana, rolân-
mentada no período neonatal e, recentemente, também relata- dica e inter-hemisférica), região da sela túrcica, fossa anterior
da in utero. A etiologia inclui trauma; condições sistêmicas como e fossa média. Com frequência menor, estes são observados
a septicemia, meningite e desidratação; e a hipercoagulopatia na fossa posterior. A maioria dos casos diagnosticados no pe-
causada por policitemia ou por deficiência dos anticoagulantes ríodo pré-natal envolve cistos supratentoriais, na linha média,
fisiológicos (antitrombina, proteína C ou proteína S, mutação fissura de Sylvius e na região da cisterna. Os cistos de arac-
do fator V de Leiden). Um papel possível da pré-eclâmpsia noide podem ser primários (congênitos) ou secundários (ad-
materna também tem sido sugerido. Embora, ainda superior a quiridos). Estima-se que os tipos congênitos sejam formados
40% dos casos, a condição permaneça idiopática 102 . pela alteração do desenvolvimento das leptomeninges e não
Nos casos já diagnosticados in utero, o ultrassom revelou se comuniquem livremente com O espaço subaracnoideo. Os
um seio sagital superior dilatado contendo um trombo. O Do- tipos adquiridos são formados como resultado de hemorragia,
ppler colorido documentou a interrupção de fluxo sanguíneo trauma e infecção e, frequentemente, se comunicam com o
ao nível dos seios dilatados (Fig. 10-37). A RM e a angio-RM espaço subaracnoideo. Os cistos de aracnoide apresentam po-
são técnicas de escolha para o diagnóstico após o nascimen- tencial de crescimento com resultado tanto de alguma comuni-
to embora também tenham sido utilizadas durante o período cação com o espaço subaracnoide a partir de um mecanismo
pré-natal. de válvula circular como por meio da produção de líquido
388 AVALIA ÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FET O

A B c
FIGURA 10- 38. Ultrassonografia de feto com cisto de aracnoide. A. Cisto pequeno Iseta} na região da cisterna. 8. Cisto biloculado na linha
média Isetas}. C. Cisto volumoso Iseta} de origem da fissura de Sylvius .

A B c
FIGURA 10- 39. Cisto de plexo coroide Iseta} . A. Único e pequeno Iseta}. 8. Volumosos e bilaterais Iselas}. C. Múltiplos Isetas}.

cerebroespinhal devido ao tecido semelhante ao plexo coroide tração de que o cisto de aracnoide tende a estar posicionado
contido no interior da parede do cisto. Os cistos de aracnoide lateralmente, o que, em geral, resulta em assimetria da forma
volumosos podem causar ventriculomegalia obstrutiva pela da fossa posterior.
compressão do [orame de Monro, ou do aqueduto posterior- Em muitos casos, o cisto de aracnoide é assintomático, em-
mente, ou pelo bloqueio das cisternas basais. A hidrocefalia e bora eles possam causar epilepsia, anormalidades motoras, ou
a macrocefalia são as formas mais comuns de apresentação no sensOliais leves ou hidrocefalia. No período neonatal, as manifes-
pedodo neonatal. Raramente, tem sido relatada a associação tações clínicas mais comuns são a hidrocefalia e a macrocefalia.
dos cistos de aracnoide a outras anomalias. A lista inclui a Em geral, as séries de estudos neurocirúrgicos sugerem um
trissomia do 18, a tetralogia de Fallot, o tumor sacrococcígeo prognóstico bom, com ausência de sintomas em mais de 70%
e a neurofibromatose. dos casos. A localização do cisto tem influência no resultado
O exame ultrassonográfico dos cistos aracnoides demons- final. Nas séries estudadas, foi observado que os cistos tem-
tra uma lesão anecoica bem definida, com efeito de massa ad- porais apresentam o melhor prognóstico, com mais de 90%
jacente, ocasionalmente associada à hidrocefalia (Fig. 10-38). dos pacientes apresentando recuperação completa ou somente
A maiot;a dos casos de cisto de aracnóide diagnosticados lil com deficiências leves , sem casos de óbito. As outras locali-
utero tem sido reconhecida somente no terceiro t.rimestre. Em zações estiveran1 associadas a prognóstico significativamente
poucos casos, foram obtidas imagens ultTassonográficas não pior. Em particular, os cistos de aracnoide na fossa posterior
características no segundo trimestre. Desse modo, supõe-se que apresentaram o pior prognósticoI 04.IOS .
a maioria dessas lesões somente se desenvolve na fase final da Os cistos do glioepêndima são derivados do deslocamento
gestação. Algumas vezes , pode ser difícil diferenciar o cisto de do tecido neuroectodérmico e apresentam a mesma aparência
aracnoide fetal de outras coleções liquidas intrao-anianas. En- ultrassonográfica do cisto de aracnoide 106 . Geralmente, a dife-
tretanto, em séries disponíveis mais abrangentes , a imagem ce- renciação entre essas duas entidades somente é possível pelo
rebral multiplanar e a ultrassonografia transvaginal do vértice exame histológico. Entretanto, o diagnóstico de cisto de glioe-
do feto podem ser extremamente efetivas89 . Os cistos porence- pêndima deve ser suposto quando o cisto se encontra na linha
fálicos estão localizados dentro da substância cerebral, enquan- média e está associado à ACC (ver texto anterior). A distinção
to os cistos de aracnoide situam-se entre o o 'ânio e a superfície pode não ser clinicamente relevante, pois permanece incerto
cerebral. Além disso, a maioria dos cistos porencefálicos congê- se as implicações com relação ao prognóstico são distintas.
nitos apresenta comunicação com os ventrículos laterais. Na es- Os cistos de p/exo coroid.e aparecem como uma área anecóica
quizencefalia, a coleção preenchida por líquido está conectada arredondada na região do plexo coroide, situado nos ventrícu-
aos ventrículos laterais para o espaço subaracnoideo. los laterais (Fig. 10-39). Eles têm sido descritos com maior fre-
O cisto de aracnoide da fossa postetior é diferenciado do quência na última década. Ensaios realizados em gestantes de
complexo de Dandy-Walker pela demonstração da integrida- baL'(o risco indicam que a frequência desse achado no segundo
de do vérmix cerebelar. Outro sinal útil consiste na demons- trimestre é de aproximadamente 10/0. Entretanto, a incidência
389
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO
---
real está, provavelmente, vinculada à resolução do aparelho de cistos volumosos de plexo coroide causando hipertensão cra-
ultrassonográfico, à atenção do operador e à própria niana foranl desClitos na literatura neurocirúrgica, embora tais
de cisto de plexo coroide empregada. Embora na malOna dos cistos provavelmente representem entidade clliúca discinta 1l2 .
esnldos a incidência média seja de aproximadamente 10/0, da-
dos tão elevados quanto 3 ,6010 Ja wram d escntos
'1 . , r . 107108
. .
Os cistos de plexo coroide podem ser unilaterais ou bilate- CONCLUSÕES
rais e, ocasionalmente, mültiplos. Tipicamente, são encontra- Os apa.relhos de ultrassom modernos abrangem um potencial
dos ao nível do átrio dos ventrículos laterais e com frequência ünico pa.ra a avaliação do sistema nervoso central normal e
menor dentro dos corpos. Qyando avaliado com aparelho ul- anormal do feto. Um amplo nümero de anomalias congêni-
trassono<Tráfico de alta resolução, o cisto de plexo coroide dos tas pode ser consistentemente reconhecido. A ultrassonografia
laterais aparece, com frequência, discretamente he- transvaginal é uma extensão para o diagnóstico pré-natal mais
terogêneo. Para ser chamado de cisto de plexo coroide, a lesão precoce, e a RM pode ser utilizada para melhorar a acuidade
deve medir pelo menos 2 mm de diâmetro. Cistos volumosos do diagnóstico em casos selecionados .
acima de 14 mm de diâmetro podem ser identificados e geral- Porém, ainda há muitos limites ao diagnóstico pré-natal das
mente contêm septações internas. anomalias do SNC. Alguns estudos em pacientes de baixo ris-
O diaQ11óstico do cisto de plexo coroide pode ser realizado co submetidas ao exame básico têm relatado sensibilidade pou-
na maioria dos casos pela observação da localização co maior que 800/03 1.113 . No entanto, tais resultados provavel-
típica dentro do átrio dos ventrículos laterais, com a aparência mente superestimam o potencial diagnóstico da téClúca. Esses
normal do cérebro fetal ao seu redor. Em algumas situações, ensaios apresentam seguimento invariavelmente muito curto
a dificuldade ünica consiste na diferenciação entre um cisto e quase somente incluem os casos de defeitos do tubo neural
de plexo coroide volumoso distendendo discretamente a cavi- aberto, cujo reconhecimento foi , provavelmente, facilitado pelo
dade do ventrículo e uma ventriculomegalia primária. Nessa rastreamento sistemático com a AFP materna. As armadilhas
situação, o sinal mais importante consiste na demonstração de do ultrassom pré-natal estão bem documentadas e ocorrem por
que o cisto de plexo coroide tem uma parede ecogênica fina vá.rias razões. Uma das linútações mais importantes está rela-
e tende a apresentar septações internas. Nos casos dUV1dosos , cionada com a continuidade do desenvolvimento cerebral no
o seouimento ultrassonogTáfico pode ser ütil, pois, geralmen- segundo trimestre da gestação e no período neonatal que linú-
te, ab maioria dos cistos de plexo coroide regride rapidamente tanl a detecção de anomalias, como a micro cefalia e as malfor-
em tamanho, podendo, até mesmo, desaparecer com a evolu- mações corticais. Além disso, algumas malformações cerebrais
ção da gestação. Um sangramento intraventricular localizado não ocorrem devido às alterações do desenvolvimento em-
pode resultar em um coágulo sanguíneo semelhante a uma brionário, mas representam situações adquiridas nos períodos
anomalia de plexo coroide. Entretanto, o coágulo é menos re- pré-natal, perinatal ou pós-natal. Mesmo em mãos experientes,
gular que o cisto de plexo coroide, e, em geral, o ventrículo alwns tipos de anomalias podem ser difíceis ou impossíveis de
adjacente encontra-se dilatado. . diagnosticadas in utero, em uma proporção que ainda é
Embora os cistos de plexo coro ide sejam achados berug- . ' I d e ser d etermma
unposslve . d a com preCIsa0
. - 114 .
nos também estão associados ao aumento da incidência da Por outro lado, quando uma anomalia é identificada, fre-
do 18. Os dados atualmente disponíveis não indicam quentemente são difíceis o aconselhamento dos pais e a decisão
associação à outra anomalia cromossômica, incluindo a trisso- de uma conduta obstétrica adequada . Algumas anomalias ce-
mia do 21 109. 110 . Em aproximadamente 80% a 90% dos fetos rebrais apresentam prognóstico que pode ser estabelecido com
com a trissomia do 18, as alterações anatômicas são detecta- precisão razoável. Esses certamente são os casos de lesões catas-
das pelo ultrassom 79 . Com base nesses dados, uma abordagem tróficas, como a anencefalia e a holoprosencefalia severa, bem
prudente consiste na realização de um exame ultrassonográfico como as anomalias invariavelmente detectadas ao nascimento,
detalhado do feto quando for encontrado um cisto de plexo co- como a espinha bífida. Entretanto, há um grande número de
roide. Esse exame deve incluir a avaliação das mãos e dos pés e condições que podem ser identificadas com precisão in utero e
um exame di.recionado do coração fetal. Se forem identificadas ainda apresentam a evolução pouco clara. A ACC, a dilatação
anomalias adicionais, deve ser oferecida a análise cromossômi- ventricular leve e as variações menores da continuidade de
ca à paciente. Há, ainda, o debate sobre como a paciente com Dandy-Walker são exemplos de tais condições.
cisto de plexo coroide deve ser orientada. Alguns investigado-
res acreditam que quando o cisto for isolado e o ultrassom
realizado não revelar outras anomalias, este deve ser conside- Referências
rado uma variante normal lll . Snijders el a!. relata.ram que, na
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desaparece. Com base nos dados disponíveis na literatura, 4. Malinger G, Lev O, Lerman-Sagie T: Is fetal magnetic resona.nce
não há evidência que suporte qualquer uma dessas sugestões. imaging superior to neurosonography for detection of brain
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390 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO EIXO NEURAL DO FETO

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11
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE
E DO PESCOÇO FETAL
Gianlu igi Pilu , MD, Maria Segata, MD e Antonella Perolo, MD

Anomalias Craniofaciais Craniossinostose

Anatomia Ultrassonográfica Normal da Face Fetal Anomalias do Pescoço


Fendas Faciais Típicas Higroma Cístico Nucal
Fendas Faciais Atípicas Outras Massas no Pescoço
Defeitos Oculares e Orbitais Conclusões
Micrognatia, Aetrognatia e Macroglossia
Tumores da Face
Dismorfismo Facial

ANOMALIAS CRANIOFACIAIS Anatomia Ultrassonográfica Normal da


Face Fetal
A s anomalias craniofaciais incluem um amplo espectro de
.1"\.malformações. O diagnóstico ultrassonográfico acurado é Com o ultrassom bidimensional (2D), uma combinação de pIa-
possível desde a fase precoce da gestação, tendo sido descrito nos deve ser uillizada para a avaliação de anomalias fetais (Fig.
em muitas publicações l ' 5 Porém, é necessária uma técnica de 11_1)1,3.4,6. A abordagem a seguir se aplica principahnente ao
exame me6culosa, que pode ser difícil de ser aplicada em todos feto de segundo u·imestre. No entanto, muitos detalhes da ana-
os casos. Parte do problema consiste na reconstrução dos planos tomia facial podem ser identificados tão precocemente quanto
tomográficos da anatomia do complexo tridimensional da face . em 11 semanas, par6cularmente com o uso da ultrassonografia
Além disso, é difícil ou in1possível avaliar a face devido à posição u-ansvaginal. No terceiro trimestre de gestação, o exame ultras-
do feto, com certa frequência. Muitos protocolos nacionais para sono gráfico falha frequentemente devido à ampla ocupação
o exame-padrão da anatomia fetal abrangem poucos planos intrauterina do feto e à sua posição desfavorável. Os requisitos
da face fetal, a maioria incluindo a demonstração de órbitas prévios necessários pal<l a ultrassonogTafia de face consistem
e olhos, mas não considerando importante o exame de nariz, em que esta seja acessível e haja um boI são líquido à sua frente,
lábios e queixo. Geralmente, a acuidade relatada de centros particularmente para a avaliação tridimensional (3D).
de referência para a investigação em pacientes de alto risco é O plano sagital mediano é uma das imagens mais úteis
bastante elevada 2 .6 . De outro modo, a sensibilidade do exame, que pernutem a visualização do perfil, que também é uma das
padrão em grupos de baixo risco é exu'emamente variável, imagens mais facilmente reconhecíveis pelos pais. A testa, o
embora direcionada a diminuir, ao redor de 20% a 40%, nariz e a mandíbula são imediatamente apreciados na imagem,
com a tendência de reconhecimento das malformações faciais que é importante para avaliar tais estruturas, bem como sua
quando associadas a outras anomalias e falha de diagnóstico integridade (Tabela 11-1).
quando isoladas 7.!O . Embora o perfil fetal seja um plano exU'emamente impor-
As malformações faciais podem ser clinicamente importan- tante, os planos a,"Xiais ou coronais devem ser obtidos para ava-
tes quando identificadas isoladamente, e também podem estar liar a integridade dos olhos e lábios. Um plano transverso axial
associadas a outras anomalias congênitas, bem como sendo levemente caudal a um plano comumente utilizado para a de-
parte de uma síndrome. De fato, a avaliação da face faz parte ternlinação do diâmetro biparietal facilmente revela as órbitas
do exan1e cmuco genético realizado no penodo pós-natal. Do e os olhos (Tabela 11-2). Podem ser visualizados os cristalinos
mesmo modo, como em qualquer período quando uma ano- e as estruturas extraoculares como músculos e gordura retro-
malia fetal é identificada, a complementação diagnóstica deve orbital e o nervo óptico. Os movin1entos dos olhos são frequen-
incluir um exame detalhado da face fetal. Independentemente temente identificados durante a vida fetal. Deve-se lembrar
da anomalia evidente, este exame também pode identificar dis- que, geralmente são sincrônicos e conjugados. São disporuveis
morfísmos discretos que podem ser cruciais para o diagnóstico tabelas para as distâncias binocular, distância interocular e diâ-
defini6vo. metro ocular (Tabela 11-3). Pela movimentação do U'<lI1sdutor
392
393
--
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B c D
FIGURA 11-1 . Planos sagital (A), axial (B,C) e coronal (O) do pala cefálico fetal demonstrando os detalhes relevantes da anatomia fetal.

Tabela 11- 1 Aparência Normal das Características Faciais do Plano Ultrassonográfico Sagital Médio
Estrutura Aparência Normal

Testa Ql.,ase linear imediatamente acima da articulação entre o osso nasal e o osso frontal , seguindo pela curvatura
leve para trás. Essa visão permite as medidas da espessura da pele frontal (ao nível do meio da curvatura da
fronte)
Ossos nasa.is Oblíquos ao longo da direção frontocaudal. Este plano permite a medida do comprimento dos ossos nasais e
do ângulo facial superior (ângulo entre o plano vertical do osso frontal e osso nasal)
Tecidos moles nasais A columéla é oblíqua ou horizontal, não pode ser vertical
Lábio superior O filtro é linear e não deve apresentar saliência. Este plano permite a medida do comp,imento do filo·o
Palato secundário Linha ecoica espessa, iniciando ao nível alveolar e estendendo-se horizontalmente para trás. Sua porção
média é marcada por uma depressão, presente tanto na margem superior quanto Ílúerior, correspondendo à sutura
transversa do palato32 Esta depressão é mais identificada na margem superior
Cavidade oral A língua é discretamente oblíqua para cima (10-15°) . A sua extremidade se situa imediatamente atrás da cadeia
alveolar
Estende-se de borda a borda junto ao lábio superior. Ambos os lábios estão posicionados ao longo do mesmo eixo,
não devendo haver desvio ântero-posterior entre eles
QyeLXo Ao nível de uma linha vertical traçada da pele pré-frontal (linha vertical estética da face)

De Rotlen D. LevaillalllJM: Two and ,hree·dimcnsional sonografic assessment of the fetal face. I. A systematic anal)'sis of the normal face . Ultrasou nd Obste, G)'necol
23:22-1. 200-1.

Tabela 11- 2 Aparência Normal das Características Faciais Fetais no Ultrassom nos Planos Axiais Transversos
Estrutura Aparência Normal

Órbitas O eixo interorbital é perpendicular ao eixo sagital. Esse plano permite a medida dos comprimentos interorbitais
interno e externo
Septo Nasal, Molar O septo nasal é perpendicular ao plano axial. Os dois arcos malares são simétricos com relação aos arcos do septo
nasal
Lábio superior e maxila Não há solução de contiouidade do lábio supelior. A maxila aparece como um alvéolo ecogênico em forma de "U",
secundário à placa encurvada. Os alvéolos e os brotos dentários aparecem como máculas hipoecoicas posicionadas
ao longo da cadeia alveolar. Não há espaço entre os alvéolos adjacentes. O palato duro aparece como uma
estrutura ecogêníca. com uma forma complexa. Sua porção anterior é semilunar e situa-se posteriormente à cadeia
alveolar. A porção posterior aparenta a forma de uma figura retangular, com uma depressão em seu lado distaI.
Esses planos permitem a medida do tamanho da maxila
Cavidade oral A IÚlgua ocupa quase toda a cavidade oral e está junto à cadeia alveolar. PosteriOlmente, a língua termina ao nível
da orofaringe. Esse plano permite a medida do comprÍlnento e da largura da língua
Mandíbula Aparece como uma imagem ecogênica regular em fOlma de "V". Ambas as metades da mandíbula aparecem
quase como uma linha reta. A sínfise do mento é claramente visível. Os alvéolos aparecem como máculas
hipoecoicas em cadeia. Esse plano permite a medida do tamanho da mandíbula (p. ex., largura da mandíbula e a
relação entre a largura da mandíbula com a maxila)

De Rou en D. LcvaillantJ iVI : Two and lhrec-dimensional sonografic asscssmcnt of lhe fetal face. 1. A s)'stematic anal)'sis o f lhe normal face. Ultrasound Obstet C)'necol
23 :224, 2004.
394 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCO ÇO FETAL

I Tabela 11- 3 I Crescimento dos Parâmetros Oculares


Distância 8inocular (mm) Distância Interocular (mm) Diâmetro Ocular (mm)
Idade Gestac i onal
(Semana) 5° 50° 95° 5° 50° 95° 5° 50° 95°
11 5 13 20
12 8 15 23 4 9 13 1 3 6
13 10 18 25 5 9 14 2 4 7
14 13 20 28 5 10 14 3 5 8
15 15 22 30 6 10 14 4 6 9
16 17 25 32 6 10 15 5 7 9
17 19 27 34 6 11 15 5 8 10
18 22 29 37 7 11 16 6 9 11
19 24 31 39 7 12 16 7 9 12
20 26 33 41 8 12 17 8 10 13
21 28 35 43 8 13 17 8 11 13
22 30 37 44 9 13 18 9 12 14
23 31 39 46 9 14 18 10 12 15
24 33 41 48 10 14 19 10 13 15
25 35 42 50 10 15 19 11 13 16
26 36 44 51 11 15 20 12 14 16
27 38 45 53 11 16 20 12 14 17
28 39 47 54 12 16 21 13 15 17
29 41 48 56 12 17 21 13 15 18
30 42 50 57 13 17 22 14 16 18
31 43 51 58 13 18 22 14 16 19
32 45 52 60 14 18 23 14 16 19
33 46 53 61 14 19 23 15 17 19
34 47 54 62 15 19 24 15 17 20
35 48 55 63 15 20 24 15 18 20
36 49 56 64 16 20 25 16 18 20
37 50 57 65 16 21 25 16 18 21
38 50 58 65 17 21 26 16 18 21
39 51 59 66 17 22 26 16 19 21
40 52 59 67 18 22 26 16 19 21

De Romero R, Pilu C ,J eam)' P, et ai: Prenatal Diagnosis of Congenital Anomalies , Norwal k, CI, Appleton e Lange, 1988, p. 83.

em sentido caudal, o lábio superior e o palato também podem Aparência Normal das Características da
ser visualizados. A inclinação ainda mais caudal demonstra a Tabela 11-4 Face Fetal nos Planos Ultrassonográficos
língua dentro da cavi?ade oral e mandíb':lla.. .
Os planos coronaJS fomecem infonnaçoes similares aos cor- de Cortes Coronais
tes axiais (Tabela 11-4). No entanto, é mais útil um plano tan- Estrutura Aparência Normal
gencial à região anterior da face, demonsn:ando a Plano nariz-boca As narinas estão simétricas. A columela
do nariz, narinas e lábio superior, para avaliar a sua mtegndade. é visualizada como uma linha
ormalmente, as narinas aparecem como duas pequenas áreas preservada
anecoicas. Esse plano de exame que demonstra o lábio superior Alvéolos e septo nasal A crista alveolar é regular e aparece como
hiperecogênico separando as narinas da superfície uma faixa anecoica na qual os brotos
oral praticamente exclui a presença de fenda labial (FL). dentários aparecem como orifícios
Os princípios do ultrassom tridimensional (3D) estão de- hipoecoicos. O septo nasal está
talhadamente descritos em outra parte deste livro (Cap. 24). perpendicular à linha da crista alveolar
O diagn6stico de anomalias craniofaciais consiste em uma das PalatO duro Forma abaulada, simétrica. De cada
mais importantes áreas de aplicação dessa técnica no lado, está em continuidade com o osso
obstétrico. As vantagens sobre o ultrassom 2D convencIOnal malar
incluem: a visualização de planos que são fisicamente impos- Região retropalatal O osso vômer aparece como um foco
síveis ou muito difíceis de serem obtidos, a demonstração da ecogênico medial isolado em um espaço
superfície da face e a possibilidade de obter uma visão panorâ- vazio, sem aquisição de estrutura de
mica da face inteira (Fig. 11-2). As limitações dessa técnica são suporte identificável
as mesmas dos que para as imagens em 2D. Se a face fetal não
estiver acessível ou não houver um bolsão de líquido arnni6-
De Rouen D, LevaillantJM : Two and three·dimensional sonographic assessment
tico separando a face das eSU-uturas ao redor, o 3D não pode of lhe fetal face. 1. A sepstemauc anal)'sis of lhe n011l1al face. Ultrasound Obstet
fomecer mais informações úteis. Entretanto , nas mãos de pe- C ynecol 23:224, 2004.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 395

B
A

c
FIGURA 11-2. Ultrasso m tridimensional: análise multiplanar demonstrando simultaneamente os planos (A) sagital , (B) axial e (C) coronal da
face fetal.

A B c
FIGURA 11-3. Ultrassom tridimensional: superfície renderizada da face fetal com 11 semanas (A), 19 semanas (B) e 37 semanas (C).

ritos, um exame satisfatório é possível na maioria das vezes superfície externa do feto, possa ser útil para a avaliação da
durante o segundo ao inicio do terceiro trimestre. O valor rela- anatomia fetal em tais situações.
tivo da ultrassonografia 2D sobre a 3D tem sido debatido. Em Uma vez que o ultrassom de volume é adquirido, este
mãos especializadas, o ultrassom 2D é extremamente preciso pode ser estudado em uma variedade de planos. Dessa for-
na identificação e categorização das malformações craruofa- ma, foram relatados três modelos úteis para o diagnóstico de
ciais e não encontramos qualquer vantagem diagnóstica signi- anomalias craniofaciais. O modo multiplanar consiste na de-
ficativa do uso do 3D6 . Tem sido sugerido que o ultrassom 3D monstração simultânea de três planos ortogonais cuja direção
das anomalias craruofaciais apresente outros prováveis benefí- é escolhida pelo operador. ormalmente, o volume é obtido
cios, como oferecer aos pais uma imagem compreensiva e real do plano de perfil do feto , que é exposto no canto superior da
da anomalia fetal , possibilitando, assim, melhor comunicação tela, enquanto dois planos perpendiculares são demonstrados
com os especialistas envolvidos na abordagem da criança. A nos quadrantes superior direito e inferior (Fig. 11-2). A vanta-
maior parte das experiências do ultrassom 3D é proveniente gem consiste no fato de que, em algumas situações, pode ser
dos centros de referência. O impacto desta técnica no exame- difícil obter o plano exato com o feto em movimento. O modo
padrão ainda está por ser determinada. Em geral, o ultrassom de superfície permite a visualização da superfície da face fetal
3D é complexo e, provavelmente, considerado além do en- quando esta estiver cercada por liquido (Fig. 11-3). Eventual-
foque da avaliação básica da anatomia fetal em gestações de mente, o modo máximo ou transparente permite demonstrar
baixo risco. Entretanto, é possível que o ultrassom de quarta o eco de brilho maior dentro do volume e, assim, pode ser
dimensão, que permite uma visualização rápida e acurada da possível a visualização do crânio (Fig. 11-4).
396 AVALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B c
FIGURA 11-4. Ultrassom tridimensional: o esqueleto da face e do crânio está claramente demonstrado com o modo máximo ou transparen-
te. As diferentes suturas e fontanelas estão detectadas nos planos (A) coronal, (8) superior e (e) lateral do crânio: 1. fontanela bregmática;
2. sutura frontal ou metópica; 3. sutura coronal; 4. sutura parietal; 5 sutura esfenoidal; e 6 . sutura mastóide.

A B

FIGURA 11 - 5 . Ultrassom tridimensional: plano anterior (A) e reverso (8) da face fetal. O mesmo volume ultrassonográfico é utilizado, e so-
mente o plano de visão é modificado. O plano reverso permite uma imagem do palato anterior e da fossa nasal.

Uma limitação do ultrassom 2D consiste na dificuldade como plano reverso da face permite que esta seja examinada
da avaliação clara da porção postelior do palato, devido aos no modo de superfície de sua porção posterior em vez da parte
artefatos de sombra que surgem do palato anterior. O ultras- da frente (Fig. 11 -5) 11.1 2. Outra possibilidade é determinada
som 3D frequentemente sobrepõe essa dificuldade . Uma vez pela insonação da face em um ângulo que demonstra o palato
que o volume tenha sido obtido, a abordagem que é conhecida (Figs. 11-6 e 11-7)13.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 397

A B c
FIGURA 11-6 . Ultrassom tridimensional: abordagem angulada para visualização do palato fetal. A. Para sobrepor a sombra acústica prove-
niente da crista alveolar, é obtido um plano sagital mediai da face fetal e o transdutor é angulado para insonar o palato secundário através de
um ângulo aproximadamente de 45 graus. 8. Um volume tridimensional estático é obtido e rotacionado para trazer o palato secundário em uma
posição vertical. C. Fatiando o volume no modo multi planar, é obtido um plano de exposição axial tanto da crista alveolar quanto do palato
secundário. O palato mole pode ser apreciado neste plano sagital. No entanto, este se situa em um ângulo com o plano secundário e, assim ,
não está demonstrado no plano axial.

FIGURA 11-7 . Ultrassom tridimensional: TUI (múltiplos cortes) do palato fetal v isualizado com a abordagem angulada. Comparando o plano
de referência sagital mediai com os planos coronais , o palato secundário é inteiramente demonstrado .

A ressonância magnética também tem sido utilizada como das fendas faciais diferem na etiologia, implicações cWlicas e
método diagnóstico das anomalias craniofaciais e pode ser na abordagem diagnóstica utilizada para manejá-Ias, e, desse
particularmente útil na avaliação de fendas faciais '4 .'o. modo, são discutidas separadamente.
As anomalias faciais típicas são comumente referidas como
Fendas Faciais Típicas fenda labial (FL) e fenda palatina (FP). A FL pode estar asso-
ciada à FP (FL-FP). A FP consiste em um defeito da porção
As fendas faciais são as anomalias craruofaciais mais frequen- posterior do palato na presença de um lábio superior e palato
tes e representam a segunda malformaçâo congêruta mais anterior normais. A analomia e a pamgênese desses defeims
comum , sendo responsável por 13% de todas as anomalias. podem ser compreendidas meUlor frente ao conhecimento do
A incidência é de aproximadamente 1,4 por l.000 nasci- desenvolvimento embrionário. O esplancnocrânio fetal deriva
mentos7. 16. As fendas podem ocorrer em qualquer parte da do crescimento lateral do mesênql1ima que envolve a cavidade
face, embora tipicamente envolva a linha situada entre cada oral prinútiva ou estomatódio (Fig. 11 -8). Essas proeminências
narina e a parte central do palato posterior. Formas atípicas laterais (frontonasal, proeminências maxilares e proeminências
398 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

FIGURA 11- 8. Vista frontal do polo cefálico


do embrião humano da 4 a 8 semanas de ida-
de. (De Carlson BM [edl: Human Embryology
Proeminência frontonasal and Developmental Biology, 3rd ed, Philade l-
phia, Mosby/ Elsevier, 2004, p. 322,)

Orifício nasal

n 4 semanas
Arco hioideo

Processo
nasolateral

Sulco

5 semanas 6 semanas

Margem do
processo
nasomedial

Filtro do
lábio

Cartilagem
laríngea _--. .L------ '-,- '- '
.-:..;, "

8 semanas
AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DA FAC E E DO PESCOÇO FETAL 399

Porção pré-maxilar
Dente incisivo da maxila

Sutura entre parte Fenda alveolar


pré-maxilar da
maxila e
processo palatino
Fenda do
palato
secundário

Osso palatino
A B
FIGURA 11 - 9 . A. Diagrama do palato humano em plano axial demonstrando a anatomia da porção pré-maxilar da maxila e o processo palatino
lateral do palato secundário. Seus pontos de fusão estão indicados pelas linhas pretas entre eles. Os quatro dentes incisivos surgem da porção
pré-max ilar do palato primário, e os dentes restantes, dos caninos posteriormente, surgem dos processos palatinos laterais do palato secundá-
rio . (Adaptado e reimpresso de Moore KL: The Developing Human: Clinically Oriented Embryology, 6th ed. Philadelphia , WB Saunders, 1998,
p . 245 .) B. Schematic representation of the various cleft constituents of the palate. (De Rotten D, Levaillant JM: Two and three-dimensional
sonographic assessment of the fetal face. 2. Analysis of cleft lip, alveolus and palate. Ultrasound Obstet Gynecol 24:402 , 2004 .)

mandibulares) estão separadas por sulcos que, consequente- lias associadas não definem uma síndrome já estabelecida. Nos
mente, são submetidos a fusão e obliteração. O palato se ori- casos de FL ou FP isolada, a anomalia mais frequente é o pé
gina da fusão de três processos palatinos. O processo palatal torto congênito, enquanto nos casos de FL-FP é a polidactilia.
mediano se origina nas proeminências nasais medianas, e os De importância particular é associação à malformação cardía-
dois laterais se originam dos processos maxilares. O processo ca congênita. Nenhum padrão específico pode ser identificado.
palatino também se funde com o septo nasal, que divide sua Associações específicas com síndromes bem determinadas são
cavidade em duas. O palato comumente é dividido em u'ês mostradas na Tabela 11-9.
partes: a anterior ou palato primário; a posterior ou palato O ultrassom diagnóstico da FL no feto depende da de-
secundário; e o palato mole (Fig. 11-9). Presumidamente, as monstração de um sulco se estendendo de uma das narinas
fendas faciais típicas derivam-se da falha de fusão de diferentes para o interior do lábio e, possivelmente, para a cadeia al-
estruturas ósseas e tecidos moles sobrepostos, com a persistên- veolar. Com o ultrassom 2D convencional, as fendas labiais
cia dos sulcos embrionários (Fig. 11-10). podem ser reconhecidas e classificadas de acordo com a com-
A FL-FP e a FP isolada são de duas anomalias distintas. binação de planos coronais e transversais. Em nossa experi-
Com exceções extremamente raras, as recorrências são especí- ência, a FL é identificada melhor no plano coronal anterior,
ficas para cada tipo. Se um caso-índice apresentar FL-FP, não demonstrando um defeito linear que se estende de uma narina
há aumento de risco para a FP isolada e vice-versa. De modo para a margem oral, geralmente associado à distorção tanto
geral, de todos os casos de fendas típicas, 25% apresentam FL, do lábio quanto do nariz (Fig. 11-1). A extensão do defeito em
metade tem FL-FP e 25% manifestam FP. direção ao palato é demonstrada melhor em um plano axial da
Na maioria dos casos, as fendas faciais típicas apresentam maxila (Fig. 11-12). Pela angulação do transdutor, geralmente
herança multifatorial. O risco de recorrência empírico para é possível avaliar o grau de extensão do defeito que consiste
tais casos está relatado na Tabela 11-5. Em alguns casos, en- em identificar se a lesão é limitada à porção mais anterior do
tretanto, as fendas labiais são parte de uma síndrome não ge- palato ou crista alveolar, ou se continua em direção ao palato
nética ou genética bem conhecida. A evidência do risco as- posterior (Fig. 11-12). Podem, também, ser encontrados acha-
sociado à ingestão de diazepam e agentes esteroides não foi dos ultrassonográficos indiretos que se correlacionam com o
confirmada em estudos de controle cuidadosos. As anomalias defeito típico. Em todas as fendas típicas com FL-FP bilateral,
cromossômicas são raras em séries pós-natais, embora de os planos axiais e sagitais demonstram uma protrusão da por-
frequência maior em relatos pré_natais 2 ,6.I7,18. A discrepância ção central do palato e lábio que comumente está relacionada
parece ocorrer devido à elevada taxa de seleção intrauterina com uma pseudomassa pré-maxilar (Fig. 11-13). Nos casos de
dos fetos aneuploides, bem como da inclusão, em excesso, de FL-FP bilateral, ocorre maior distorção da anatomia facial, e a
fendas atípicas. pseudomassa é achado mais confiável e evidente que a própria
As fendas faciais abrangem um amplo espectro de gravida- visualização das fendas 19 . De outro modo, na FL-FP unilateral
de. A FL típica aparece como um defeito linear que se estende ou na FL bilateral, o plano de perfil não é sempre notável.
de um lado do lábio em direção à narina (Tabela 11-6). A O diagnóstico de FL-FP, na maior parte das bilaterais, tem
FL-FP pode estender-se através da crista alveolar e do palato sido descrito mesmo em fases precoces da gestação, de 11 a
duro, alcançando o assoalho da cavidade nasal ou, até mesmo, 14 semanas, predominantemente devido à demonstração da
o assoalho da órbita (Tabela 11-7). A FP pode incluir defeitos pseudomassa pré-maxilar.
no palato duro, palato mole, ambos ou mesmo no tecido sub- Se for possível obter um ultrassom de volume satisfató-
mucoso (Tabela 11-8 e Fig. ll -IO). rio, o diagnóstico de fenda labial é fácil. O modo transparente
Anomalias associadas são encontradas em 50% dos pacien- pode ser utilizado para demonstrar se o palato está envolvido
tes com FP isolada e somente em 13% dos que apresentam FL- ou não (Fig. 11-14). Se o palato for insonado em ângulo ade-
FP. Uma incidência de 60% tem sido detectada em embriões e quado, o grau de extensão interno pode ser averiguado (Fig.
fetos com fendas labiais. Na maioria dos pacientes, as anoma- 11-15). A ressonância magnética também pode ser utilizada
400 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

Palato primário

Forame incisivo

Palato secundário

A B

D
c

FIGURA 11 - 10 . Diagrama de todas as formas possíveis de fenda labial!


palato. A. Lábio e palato normais mostrando a linha de fusão do palato
primário e secundário. B Fenda labial unilateral isolada. C. Fenda lábio-pala-
tina isolada unilateral. (Observe que a fenda palatina pode estender-se por
profundidade variável: pode ficar confinada ao palato anterior e terminar
no foram e incisivo ou se estender mais em direção à úvula , ou qualquer
distância intermediária .) D . Fenda labial bilateral isolada. E. Fenda labio-
palatina bilateral com a protrusão pré-maxilar característica . (Ilustrado por
James A . Cooper , MD , San Diego, CA .)

E
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRAFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 401

em casos selecionados, sendo assim efetiva para avaliação do


Risco de Recorrência da Fenda Labiall envolvimento do palato (Fig. 11 -16) e também pode permitir
Tabela 11- 5
Fenda Palatina em Filhos Subsequentes o diagnóstico de FP, que é difícil, embora não impossível com
Fenda labial/ o ultrassom.
Variável Palatina (%) O prognóstico das fendas faciais depende primariamente
Pais não afetados da presença e do tipo das anomalias associadas . Fendas discre-
tas, como a indentação linear dos lábios ou fenda submucosa
Filhos não afetados 0,1 do palato mole podem não necessitar de correção cirúrgica.
Filhos não afetados + 1 primo 0,4 Defeitos maiores resultam em problemas cosméticos, de de-
de primeiro grau afetado glutição e respiração . Avanços recentes da técnica cirúrgica
Um filho afetado 4,0 têm produzido bons resultados cosméticos e funcionais . Os
Dois filhos afetados 9,0
casos que estão associados a defeito no palato posterior repre-
Um filho afetado + um 4,0
sentam desafio maior para a correção cirúrgica, pois o palato
parente afetado
mole está envolvido no processo de deglutição e vocalização.
Pais afetados Além disso, distúrbios da tuba auditiva podem levar a proble-
mas acústicos e surdez a longo prazo.
Um dos pais, sem filhos afetados 4,0
Um dos pais + um filho afetado 10-17
Ambos os pais afetados + um filho afetado 60,0

I Tabela 11- 6 I Características Ultrassonográficas da Fenda labial Unilateral ou Bilateral


Plano de Corte Fenda Unilateral Fenda Bilateral

Sagital e parassagital o plano sagital médio geralmente é normal. O s planos A imagem normal do lábio é substinlÍda por um
parassagitais mosn'am a fenda do lábio su perior prolábio pré-max.ilar promlso
como um defeito enn'e duas áreas espessadas, com O pro lábio fica suspenso ao nariz, que,
assimetria visível enn'e ambos os lados do defeito consequentemente, se torna achatado
A ponte nasal está sempre completa, embora haja A columela não pode ser analisada
achatamento da curvarura do nariz
A.xial A solução de continuidade do lábio é sempre De cada lado, o pro lábio pré-max.ilar protruso é
claramente visível separado das extremidades remanescentes do
As narinas são assinlétricas e distorcidas, embora lábio superior pelas fendas. Ambas as narinas
as passagens nasais estejam sempre presentes, estão achatadas , po rém completas
constituindo a ponte sobre a fenda
Coronal A solução de continuidade é claramente visível Os defeitos de continuidade do lábio são
claramente evidentes

De Rotten D. LevaillantJM: Two- and IhIee-dimensional sonografic assessment of lhe felal face. 2. Anal)'sis of clefl lip, alveolus and palale. U ltrasound O bslel Gynecol 24:
402 , 2004.

I Tabela 11- 7 I Características Ultrassonográficas das Fenda Alveolar Unilateral ou Bilateral


Plano de Corte Fenda Unilateral Fenda Bilateral
Axial O s defeitos alveolares abrangem desde uma fissura simples a um A pré-maxila está protrusa juntO ao pro lábio
defeito acometendo os alvéolos e a pré-maxila. Fendas envolvendo A massa pré-maxilar é analisada (tamanho,
os alvéolos se apresentam como um defeito na continuidade alveolar: tecido mole e conteúdo ósseo)
- Uma irregularidade simples no alinhamento alveolar As porções externas de ambos os alvéolos
Indica uma fissura. são simétricas
- Im defeito na regularidade alveolar com desnivel anteroposterior
Envolvendo o alvéolo e a pré-maxila sinaliza uma fenda
Envolvendo os alvéolos e a pré-max.ila
Coronal H á um defeito na continuidade alveolar com ausência dos brotos Há um defeito mediano na continuidade
alveolar. Isso contrasta com o palato
duro intacto

De ROllen D , LevaillamJM: Two-and lhree-dimensional sonographic assessmem of ,he face. 2. Analysis of clef, lip, alveolus and pala,e. Ultrasollnd Obste< Gynecol 24:
402,2004.
402 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

1Tabela 11-81Características Ultrassonográficas da Fenda Palatina Secundária Unilateral ou Bilateral


Plano de Corte Fenda Palatina Secundária com CLA Unilateral Fenda Palatina Secundária com CLA Bilateral

Sagital medial e parassagital Planos sucessivos mostram um defeito de continuidade Uma imagem hiperecogênica na linha média
no palato duro. Esse defeito é assimétrico. Não é está presente no plano sagital medial. Cuidados
rigorosamente mediano, mas lateralizado, geralmente devem ser tomados: embora a linha mediana
em direção ao mesmo lado da fenda CLA esteja presente, não representa o palato e sim
o osso vômer
De cada lado do plano sagital, a visão
parassagital mostra que o palato duro apresenta
o defeito
Axial Qyando se procura pelo palato em sentido caudal A linha hiperecogênica ântero-posterior
para o alvéolo Oembrar que os alvéolos são correspondendo ao osso vômer está presente
separados por um defeito e um desvio), este não Anteriormente, este se estende em até o prolábio
é encontrado. A única imagem visível consiste pré-maxilar
em um osso vômer oblíquo (10-5°) De cada lado dessa estrutura mediana, a fenda
está imediatamente aparente
Coronal Medialmente, o arco do palato é interrompido A imagem do palato duro não pode ser obtida.
pelo defeito. Na verdade, esse defeito não é O vômer aparece como uma linha mediana
simétrico, mas lateralizado do mesmo lado suspensa, sem estrutura de suporte definida
que o defeito CLA. Assim, as duas metades do O arco do palato está reduzido a duas
arco não são simétricas. A metade mais larga estruturas laterais pequenas
consiste no lado não patológico
O osso vômer está de8etido em direção à metade do
arco situado no lado patológico, e permanece nele

De Rotten D, LevaillantJM : Two and three·dimensional sonographic assessment of the fetal face. 2. Analysis of d eft lip, a1veolus and palate. Ultrasound Obstet Gynecol
24:402, 2004.

Fendas Faciais Atípicas Pode ser necessária cirurgia estética radical. As holoprosence-
Aproximadamente 3% das fendas ocorrem em reglOes da falias alobar e sernilobar associadas a fendas medianas e hipo-
face diferentes das linhas de junção das narinas ao palato telorismo apresentam péssimo prognóstico. A holoprosencefa-
posterior. A prevalência é muito maior em estudos pré-natais lia severa também está associada a outras anomalias craniofa-
devido tanto à alta taxa de mortalidade intrauterina que está ciais devido ao subdesenvolvimento da face média que inclui
associada a algumas dessas condições quanto provavelmente a combinação de hipotelorismo/ciclopia, ausência de nariz, e a
à elevada taxa de diagnóstico devido à frequência das malfor- presença de um proboscis (Fig. 11_18)20,21.
mações associadas. A FL-FP bilateral geralmente está associada ao desloca-
A fenda labial atípica mais frequentemente relatada nas mento anterior da pré-maxila. Na minoria dos casos, essa
séries pré-natais é a fenda mediana ou fenda Tessier núme- pode ocorrer sem protrusão e achatamento do perfil da face.
ro O. Essa consiste em um defeito quadrangular na porção Ela consiste em uma anomalia diferente e mais extrema que
central do lábio anterior e palato, geralmente associado a um a FL-FP típica, que está, provavelmente, correlacionada, pro-
naóz achatado. Ela corresponde a menos de 1% de todos os cesso fisiopatológico, com a FL mediana e, geralmente, está
casos de fenda labial. É considerada resultado do subdesen- associada a múltiplas anomalias e aberrações cromossômicas,
volvimento da proeminência frontonasal, que, normalmente, em particular a trissomia do 18 (Fig. 11-19).
aproxima as duas proeminências maxilares. O desenvolvimen- A fenda atípica mais comum encontrada ao nascimento é
to da face média é induzido pelo mesênquima pré-cordal, que a lateral (ou Tessier número 7), que apresenta uma incidên-
também é responsável pela diferenciação das estruturas da li- cia estimada de 1 em 3.000 a 5.600 nascidos vivos e pode
nha média do cérebro. Isso explica a associação frequente das ser tanto unilateral (mais frequentemente do lado esquerdo)
fendas medianas a holoprosencefalias alobar e sernilobar20,21. quanto bilateral 23 ,24. Ela provavelmente ocorre devido a um
A combinação típica desses achados inclui o hipoteloósmo, o defeito de desenvolvimento dos arcos branquiais e é caracteri-
achatamento nasal e a FL mediana (Fig. 11-17). zada por um grau variável de alargamento da comissura oral
A FL mediana pode ocorrer em associação ao hipertelo- (macrostomia) associado à hipoplasia do esqueleto lateral da
rismo (aumento da distância interorbital), uma combinação face (maxila, osso zigomático, ramo ascendente da mandíbula)
que é patognomônica da "síndrome" da fenda facial mediana e orelha externa. Alguns casos foram diagnosticados no perío-
"ou" "displasia frontonasal,,22. A patogênese é diferente nesses do pré-natal. Os achados ultrassonográficos incluem aprofun-
casos. A pré-maxila está presente, bem como o nariz, que ge- damento incomum dos cantos da boca e assimetria entre os
ralmente é bífido, e o cérebro é normal na maioria dos casos. dois lados da face . O ultrassom 3D é particularmente útil para
O diagnóstico se baseia na demonstração de um defeito cen- o reconhecimento das fendas laterais (Fig. 11-20). A porção
tral amplo envolvendo ambos, o lábio superior e o palato, nos central da face, o nariz, os lábios e a crista alveolar são bem
planos coronais ou axiais . visualizados com o exanle-padrão 2D. Entretanto, a parte late-
O prognóstico da fenda mediana depende inteiramente da ral da face não costuma ser igualmente acessível. Certamente,
associação a outras anomalias. A síndrome da fenda facial me- uma visão panorâmica da fase inteira no modo de superfície
diana geralmente está relacionada com a inteligência normal. consiste na abordagem mais adequada para esse diagnóstic0 24 .
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRAFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 403

Provavelmente, as fendas faciais atípicas também podem ocor-


Síndromes mais Frequentes Associadas a rer nos mecanismos de lesão. como os encontrados nos casos
Tabela 11 - 9
Fendas Faciais da síndrome de banda amni6tica 2 .
As fendas laterais da face geralmente são malformações
Aberrações cromossômicas isoladas . É possível a correção cirúrgica, embora seja bastante
Deleção do 4p (síndrome de Wolf·Hirschhorn)
desafiadora devido à associação a outras anomalias esquelé-
1"issomia do 10 ticas envolvendo a mandíbula. As anormalidades de orelha
Trissomia do 13
1,-issomia do 18
também são frequentes.
Trissomia do 22
Trissomia do 9 Defeitos Oculares e Orbitais
Malformações e sequências
Bandas amnióticas Na fase precoce de desenvolvimento , os olhos estão posicio-
Anrogripose nados lateralmente na face primitiva de modo similar aos
Displasia camptomélica
Síndrome da regressão caudal/sire_nomelia
Associação CHARGE
Displasia diastrófica
Ectrodactilia, displasia ectodérmica, fenda
Holoprosencefalia
Hidroletalus
Majewski (síndrome da costela curta-polidactilia, tipo lI)
Face em fenda mecliana (displasia fronronasal)
Síndromes
Crouzon
Hipoplasia femoral , face incomum
Fryns
Goldenhar
Gorlin
Klippe!-Feil
Larsen
Marfan
Meckel-Gruber
Pterígeo múltiplo
Associação MURCS
Nager
Neu·Laxova
Molu- (oral-facial·digital)
Pena Shokeir
Pierre Robin
Robens
Shprinrzen
Smith-Lemli-Optiz
Treacher Collins
Van der Woude
FIGURA 11 - 11 . Plano coronal anterior da face feta l demonstrando
Alker·vVarburg
fenda labial unilateral.

A B c o
FIGURA 11-12 . Planos axiais da maxila em fetos com fendas faciais: A. Fenda labial isolada (seta); a crista alveolar está intacta, embora com
a forma irregular que comumente acontece nestes casos. B. Fenda lábio-palatina unilat eral: o defeito somente se estende para a crista alveolar
(seta); observe que há falta de um broto dentário apesar de o palato secundário encontrar-se intacto; este defeito f requentemente é referido
como fenda alveolar. C. Fenda lábio-palatina unilateral; o defeito é identificado se estendendo ao palato secundário (seta). O. Fenda lábio-pala-
tina bilateral (setas); a protrusão anterior da porção cent ral da maxila (ou pré-maxila) indica que o de fei t o se estende posteriormente ao pa lato
secundário.
404 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B c
FIGURA 11 - 13. Protrusão da pré-maxila (setas) em feto com fenda lábio-palatina bilateral: (A) plano sagital; (8) plano axial e (e) imagem pós-
natal comparativa.

A B c

o E F
FIGURA 11 - 14. Ultrassom tridimensional da fenda labial no modo de superfície (A, 8 e e) e no modo máximo (0, E e A . A . Fenda labial uni-
lat eral. 8, E. Fenda lábio-palatina unilateral. e, F. Fenda lábio-palatina bilateral.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 405

FIGURA 11 - 15. Ultrassom tridimensional de fenda lábio-palatina unilateral: TUI (múltiplos cortes) de volume obtido com insonação angulada
do palato fetal. A comparação entre o plano de referência sagital e os planos coronais possibilita a identificação do defeito se estendendo para
o palato secundário (setas).

A B c D E
FIGURA 11- 16 . Ressonância magnética de feto no terceiro trimestre com fenda lábio-palatina unilateral (seta) nos planos (A) axial, (8) sagital
e (C, O e E) coronais. A extensão do defeito em direção ao palato secundário é bem documentada.

A B c D
FIGURA 11 - 17 . Fenda labial mediana e achatamento nasal em feto com holoprosencefalia alobar vista em planos de corte (A) sagital ,
(8) coronal, (C) axial e (D) pós-natal.
406 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B

c D

E
FIGURA 11 - 18. Anomalias faciais associadas à holoprosencefalia comparadas à face normal. A . Face normal. B. Ciclopia. C. Etmocefalia .
D. Cebocefalia . E. Fenda mediana . (Modificado de Co ates TL , Mc Gahan SP: The fetal face . In Mac Gahan, Porto A (eds): Diagnostic Obstetrical
Ul t raso und . Philadelphia , JB Lippincott , 1994, p. 212. Ilustração por James A . Cooper , MD, San Diego, CA.)
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 407

A B c
FIGURA 11 - 19. Fenda lábio-palatina bilateral com achatamento facial: (A) vista de perfil com 12 semanas; (8) modo de superfície com
14 semanas; (C) imagem pós-natal.

A B c D
FIGURA 11 - 20 . Fenda lateral da face fetal: (A) exame coronal anterior demonstrando lábios e nariz; é observada uma assimetria da forma da
boca (seta); (8, C) ultrassom tridimensional: modo de superfície demonstrando a fenda lateral associado a um queixo encovado e arremate de
pele; (O) imagem pós -natal.

animais menos desenvolvidos com vIsao panorâmica. O hipoteIorismo (diminuição da distância interorbital) é
Conforme a gestação progride, os olhos migram para a quase sempre encontrado em associação a outras anomalias
linha média, criando condições favoráveis para o desenvol- severas, e quase invariavelmente à holoprosencefalia. O prog-
vimento da visão estereoscópia. O hipertelorismo consiste no nóstico, que depende da associação a outras anomalias, geral-
aumento da distância interorbital , e esse pode apresentar-se mente é bastante ruim2.3.20.2 1.
de forma isolada ou associado a muitas síndromes ou mal- A microftalmia é definida como a diminuição da distância
formações clínicas. O hipertelorismo leve é uma variação da órbita, e a anoftalmia se refere à ausência do olho; entretan-
comum. Entretanto , existe elevada incidência de retardo to, o termo anoftalmia deve ser reservado para o patologista,
mental quando ocorre a presença de malformações associa- que pode demonstrar, além da ausência do olho, a falta dos
das ou frente ao achado de hipertelorismo acentuado. As nervos, quiasma e o-atos ópticos. A microftal.mia/anoftalmia,
anomalias mais comuns associadas ao hiperteIorismo são as que pode ser tanto unilateral quanto bilateral, geralmente está
síndromes de fenda facial mediana ; craniossinostose, como associada a muitas síndromes genéticas. O diagnóstico pré-
as síndromes de Apert, Crouzon e Pfeiffer; a agenesia do natal da microftalmia baseia-se na demonstração da redução
corpo caloso; e a onfaloceIe anterior. Isoladamente, o hiper- dos diâmetros oculares (Fig. 11-21), sendo indicado um exame
teIorismo resulta somente em problemas estéticos e possível minucioso da anatomia intraorbital para identificar cristalinos,
prejuízo na visão binocular estereoscópica. Para os casos pupilas e nervo óptic0 25 . A microftalmia congênita está fre-
mais severos, um número de procedimentos cirúrgicos, quentemente associada a desordens visuais e outras anomalias.
como a cantoplastia, a orbitoplastia e a correção cirúrgica A síndrome de Golden.har (encontrada em aproximadamente
da posição das sobrancelhas, bem como a rinoplastia têm 1 para 5.000 nascinlentos) está associada à hipoplasia de uma
sido propostas. metade da face (microssomia hemifacial), que frequentemente
408 AVA LI AÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B c
FIGURA 11 - 21. Anomalias oculares: (A, B) microftalmia bilateral e unilateral (setas); (e) catarata.

inclui anoftalnúa unilateral, além de anormalidades de face ,


orelhas e dentes (Fig. 11-21 )26. Tem sido relatado que, em pelo
menos alguns casos , a nlicroftalmia pode desenvolver-se du-
rante a gestação e, assim, o diagnóstico pré-natal precoce pode
ser impossível 25 .
A catarata consiste na opacincação dos cristalinos, afetan-
do a visão. A maioria dos casos de cataratas está relaciona-
da com a idade. As cataratas são mais comuns em pessoas
idosas. Raramente, podem ser encontradas ao nascimento, e,
nesses casos, geralmente a doença é bilateral. Ao ultrassom, a
catarata está associada a cristalinos ecogênicos 25 (Fig. 11-21 ).
Na maioria dos casos , as cataratas fazem parte de anomalias
múltiplas ou síndromes, ou está associada à infecção congê-
nita. A catarata congênita pode ser tratada pela remoção dos
cristalinos. O prognóstico, porém, depende amplamente das
anomalias associadas.
A obstrução congênita do ducto nasolacrimal resulta em
dilatação cística da parte proximal do ducto. A dacrocistocele
tem sido identificada durante o pré-natal como uma imagem
anecoica localizada mediai e levemente inferior ao 0lh0 27 (Fig.
11 -22). Embora o diagnóstico diferencjal inclua onfalocele an-
terior, hemangioma e cisto dermoide, a aparência ultrassono-
gráfica é tipica. No período pós-natal , as dacrocistoceles apre-
sentam resolução espontânea em aproximadamente 90% dos
casos dentro dos primeiros 6 meses de vida .
FIGURA 11 - 22 . Dacrocistocele (O) bilateral em feto de segundo
trimestre. As órbitas estão indicadas pelas setas.
Micrognatia, Retrognatia e
Macroglossia
A mandíbula forma o assoalho da cavidade oral e contém defeitos de linha média graves , incluindo holoprosencefalia,
a língua. Se a mandíbula estiver severamente hipoplásica encefalocele anterior, ciclopia, aglossia, nlicrostomia e loca-
(nlicrogl1atia) ou deslocada posteriormente (retrognatia), ocor- lização das orellias no meio da face (também chamado de
re uma típica sequência de malformação: a Língua é deslocada cabeça-orelha) .
superior e posteriormente, resultando em um fechamento A nlicrognatialretrogl1atia abrange um amplo espectro de
anormal do processo pala tino, que pode evoluir para uma gravidade e, provavelmente, os casos mais leves não podem
fenda pala tina, ou um palato arqueado elevado, além da ser reconhecidos in II/ero. Inversamente, as formas severas po-
glossoptose, que pode causar sufocação ao nascimento . Essa dem ser identificadas desde a fase inicial da gestaçã0 28, e, inva-
sequência comumente é referida como a anomalia de Robin. riavelmente, abordagens diferentes têm sido sugeridas. Prova-
Ela pode representar um achado isolado e esporádico (em velmente, a mais simples é o plano em perfil para demonstrar
aproximadamente 40% dos casos) ou pode estar associada que a porção mediana da mandíbula não está alinhada à ma-
a outras anomalias ou a síndromes genéticas ou não gené- xila (Fig. 11_23)329 Nesse plano, o lábio superior geralmente
ticas bem reconhecidas incluindo as síndromes de Treacher está mais proenúnente e o queixo está posicionado para trás.
Collins, Robin e Robert, anomalias cromossômicas (principal- Entretanto, tal observação é subjetiva e, às vezes, pode gerar
mente a trissomia do 18 e triploidia) e exposição a teratóge- incerteza. O indício de suspeita aumenta quando a língua pa-
nos. A otocefalia consiste em anomalia rara, letal e esporádica rece estar deslocada superior e posteriormentéo. A medida
caracterizada por hipoplasia severa de mandíbula (agnatia) e da mandíbula também tem sido proposta5.3 1.3 2. A distinção
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 409

A B c D
FIGURA 11- 23 . Micrognatia severa (setas) em um feto com dismorfismo facial e anomalias múltiplas: (A) plano sagital da face fetal demons-
trando a protrusão do lábio superior e o queixo pequeno; (B) ultrassom tridimensional, modo de superfície demonstrando a face anormal com
o queixo pequeno e hipertelorismo; (e) ultrassom tridimensional, modo transparência, demonstrando a mandíbula pequena; (D) radiografia
pós-natal.

entre a micrognatia e a retrognatia é simples, e as duas


condições frequentemente coexistem". A evolução intrauteri-
na da rnicrogllatia, limitada durante o início da fase fetal , tem
sido sugerida como fator contribuinte para a dificuldade do
diagnóstico 29 . Com o ultrassom 3D no modo tTansparente, a
malldíbula inteira pode ser visualizada, e isso pode aumentar
a precisão diagnóstica33 (Fig. 11-23).
A micrognatia severa pode resultar em emergência neona-
tal devido à obstrução das vias aéreas pela língua na cavidade
oral pequena . Se for realizado o diagnóstico pré-natal, o pe-
diatra deve estar presente na sala de parto e estar preparado
para inmbar o Entretanto, o prognóstico
depende principalmente das anomalias associadas . Provavel-
mente, somente os casos mais severos e os com malformações
associadas são detectados in li/era, e, desse modo, explicam o
progllóStico ruim na maioria das séries neonata.is.
A IÚlgua fetal pode ser identificada tão precocemente
quanto com 14 semanas de gestação 36 . As malformações da
língua incluem: rnicroglossia e macroglossia 36 A macroglossia
é definida como uma parte da língua que fica protrusa entre os
dentes ou crista alveolar36 .37. A ultrassonografia tem demons-
trado a macroglossia em pacientes com a trissornia do 21 e
a síndrome de Beckwith-\Veidemann (Fig. 11-24). Porém, a FIGURA 11 - 24 . Síndrome de Beckwith -Weidemann em feto de se-
macroglossia também pode ser observada em pacientes com gundo trimestre. A língua bastante protrusa é facilmente identificada
hipotireoidismo, desordens de armazenamento e outras sín- (seta) na visão em perfil.
dromes genéticas .36 .38

Tumores da Face é sugerido pela demonstração de um tumor sólido se origi-


nando da cavidade oral (Fig. 11-25); também jodem estar
o epignatus é um tumor bastante raro que surge da cavidade presentes calcificações e componentes císticoS39 ..1 • Um exame
oral ou faringe. A maioria dos casos de epignams se origina cuidadoso do cérebro é importante, pois o tumor pode crescer
do osso esfenoide. Alguns surgem dos palatos mole e duro. para o interior do crânio. A aparência depende do tamanho
farillge , língua e mandíbula . De seu local de origem, o tumor da lesão e do envolvimento de estruturas vitais. As lesões
cresce para dentro da cavidade oral, nasal ou para a região detectadas no pré-natal COSIl1I11am ser bastante volumosas. O
intracraniana. Os mmores , que geralmente são benigl10s, poli-hidrâmnio tem sido associado a um progl1óStico ruim. A
consistem em tecidos derivados de qualquer uma das três causa principal de óbito neonatal consiste na asfL'<:Ía devido à
linhagens germinais; a maioria contendo tecido adiposo, obstrução das vias aéreas. A ressecção cirúrgica e a evolução
cartilagem, ossos e tecido nervoso. O diagnóstico pré-natal pós-operatória normal são possíveis.
410 A V ALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B c
FIGURA 11-25. Epignatus. A. Ultrassonografia pré-natal demonstrando massa volumosa (asterisco). 8, C. Imagens pós-natais em caso similar.
(B, C. cortesia de Frank Chervenak, MO , New York, NY and www.thefetus.net.)

o mioblastoma é um rumor benigno muito raro, que


geralmente surge da cavidade oral. O rumor ocorre exclusi-
vamente em mulheres, e pode ocorrer em consequência ao
excesso de produção de estrógenos pelos ovários fetais sob o
estímulo da gonadotropina coriônica humana . As caracterís-
ticas ultrassonográficas são de massa sólida protrusa da boca
fetal. As conexões vasculares entre o tumor e o assoalho da
cavidade oral podem ser demonstradas utilizando o Doppler
colorido. O poli-hidrânmio (devido à compressão da faringe)
é comum.
Os teratomas intracran.ianos podem o-escer para a porção
externa da calota e apresentar protrusão através da órbita (Fig.
11-26).

Dismorfismo Facial
O ultrassom moderno de alta resolução permite avaliação
detalhada da face fetal, e um ultrassonografista especializado
pode realizar W11a avaliação em tempo real em fase preco-
ce da gestação da anatomia fetal, que, de vários modos, é
muito similar à avaliação clínica que pode ser realizada em
um recém-nascido vivo. Atualmente, o dismorfismo facial é
sensível à detecção pré-natal, e, nessa situação, a avaliação
3D certamente é valiosa (Fig. 11-27). Mesmo a detecção de FIGURA 11-26. Teratoma orbital. Massa volumosa cística e sólida
sinais faciais discretos tem sido útil para o diagnóstico ou (seta) se projetando ao redor da órbita.
para cOlTigir o dia!rnóstico de síndromes em gestações de
risco elevad06.26.29.3:Y3HI.51 Entretanto, alguns cuidados são
necessários, pois as características faciais podem apresentar
variações extremas em indivíduos normais.
Entre os dismorfismos faciais que podem ser identificados CRANIOSSI NOSTOSE
com seglll-ança, a síndrome de Binder ou displasia maxilona-
sal é caracterizada pela associação de um nariz extremamente A ossificação e o fechamento prematuro das suturas crania-
pequeno e achatado, lábio superior convexo e anomalia de nas resultam na alteração da forma e do tamanho da calota
oclusão. No pré-natal, o plano em perfil é particularmente in- craniana. Nos casos severos , essa condição também pode
dicativo, com o nariz extremamente pequeno e achatado que causar a compressão dos nervos cranianos e o aumento da
não forma ângulo com a fronte 42 ..13 (Fig. 11-28). Esta condição pressão durante o crescimento cerebral. O resultado final
não parece afetar o desenvolvimento neurológico, e o trata- depende das suturas que estão envolvidas e do período
mento cirúrgico está disponível. Porém, tem sido descrita a em que se iniciou seu fechamento. A craniossinostose (ou
associação com condroplasia punctata. cranioestenose) ocorre em aproximadamente 1 em 2.500
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETA L 411

A B

c D

FIGURA 11 - 27 . O feto apresentava aumento da translucência nucal no final do primeiro trimestre, e um espessamento da nuca e poli-hidrâm -
nio no segundo trimestre. Embora o exame bidimensional da face IA, 8 e C) estivesse negativo, o modo de superfície ID) revela face incomum
com inclinação antimongolóide das pálpebras. Foi diagnosticada a sindrome de Noonan após o nascimento.

A B c
FIGURA 11 - 28 . Síndrome de Binder: IA) plano sagital da face; (8) ultrassom do perfil fetal no exame tridimensional de modo de superfície;
IC) imagem pós-natal. Observe nariz pequeno e achatado com ausência de qualquer angulação entre a fronte e o nariz.

nascimentos. Na maioria dos casos, somente uma estrutura ao fechamento da sutura coronal, que resulta em uma fronte
é afetada e a condição é isolada e esporádica. Entretanto , bastante retraída e achatada (braquicefalia).
em uma minoria de casos. é possível o fechamento de A síndrome de Crouzon e Apert são as mais comuns
múltiplas suturas e a presença de anomalias associadas. A das craniossinostoses. Os principais achados incluem o fe-
craniossinostose faz parte de muitas síndromes genéticas . chamento precoce da sutura cOl'onal, rupoplasia da porção
O defeito genético relacionado com alguns desses casos média da face, exoftalmo e polidactiliaJsindactiJia de mãos e
foi identificado. A mais frequente é a mutação nos genes pés. A síndrome de Crouzon ocorre aproximadamente em 1
codificadores dos receptores dos fatores de crescimento dos para 25.000 nascimentos. Ela pode ser transmitida como uma
fibroblastos 1, 2 e 3. condição genética autossômica dominante ou aparecer como
A craniossmostose mais frequente ocorre devido ao fecha- uma mutação nova. Em um recém-nascido com a síndrome de
mento da sutura sagital, que é responsável por cerca de me- Crouzon, a aparência pode variar conforme a gravidade, des-
tade dos casos, resultando no alongamento do polo cefálico de a manifestação leve com características discretas na linha
(escafocefalia). O segundo tipo mais presente aparece devido média da face, bem como as formas severas com múltiplas
412 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

A B c
FIGURA 11 - 29 . Síndromes de craniossinostose: (A) síndrome de Apert; (B) síndrome de Pfeiffer, variedade letal (crânio em forma de trevo);
(C) trigonocefalia .

A B c
FIGURA 11-30. Diagnóstico pré-natal do caso demonstrado na Figura 11-25B: (A, B) ultrassom sagital e axial demonstrando o crânio em forma
de trevo (setas) ; (C) Exoltalmia e hipertelorismo .

suturas cranianas fusionadas e face média acentuada, além forma, supomos que a diferenciação do tipo mais frequente
de problemas oculares. A incidência da síndrome de Apert é de de craniossinostose, fechanlento da sutura sagital, seria im-
aproximadamente 1 em 100.000 nascimentos, e a maioria dos possível na maior parte dos casos. Mesmo as formas mais
casos é decorrente de mutação nova. graves podem estar associadas a achados apenas discretos,
As características gerais de uma criança com a síndrome principalmente no início da gestação. A craniossinostose deve
de Apert são similares às de uma com a síndrome de Crouzon ser susgeitada na presença de qualquer anomalia na forma do
(Fig. 11-29). Entretanto, não se observa muita variabilidade crânio + (Fig. 11-30). A deficiência na identificação das sutu-
entre os casos , e o grau de manifestação é mais severo. Outros ras, que normalmente são vistas como interrupções lineares da
tipos de síndromes com craniossinostose que foram diagnosti- ecogenicidade da calota, aumenta o índice de suspeita5+. Re-
cadas in li/era incluem a síndrome de PfeifTer, que é caracteriza- centemente, relatos de ultrassom 3D sugerem que essa técnica
da pelo fechamento de todas as suturas com crânio em forma pode ser útil no diagnóstico da craniossinostosé53 .55 . Além
de trevo, e a trigonocefalia, que ocorre devido ao fechamento da demonstração da visão panorâmica do crânio utilizando o
da sutura metópica resultando na forma triangular da fronte modo de superfície (Fig. 11-31), o modo de transparência ou
(Fig. 11-29). A displasia tanatofórica do tipo II também está máximo, particularmente é útil para demonstrar a abertura
associada à craniossinostose. anormal compensatória da sutura patente que ocorre quando
A experiência com o diagnóstico pré-natal da craruossinos- há craniossinostose. Com o fechamento precoce das suturas
tose é limitada e consiste, na maioria das vezes, de relatos de coronais'sIi'0r exemplo, ocorre o alargamento típico da sutura
casos e pequenas séries dos tipos mais graves6AS.+6A8.53.60 Mais me tópica .6 1 (Fig. 11-32).
comumente, na maior parte dos casos , o diagnóstico não é
realizado durante o pré-natal. Estamos certos de que muitos
recém-nascidos que foram diagnosticados por craniossinosto-
ANOMALIAS DO PESCOÇO
se após o nascimento, apresentavam exames ultrassonográfi- Os equipamentos atuais de ultrassom permitem a visualização
cos sem suspeitas. A dolicocefalia decorrente da compressão das principais estruturas anatômicas do pescoço: vias aéreas
consiste em achado frequente durante a vida fetal, e, dessa superiores e esôfago, vasos e coluna. Geralmente, é possível a
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCO ÇO FET AL 413

A B c
FIGURA 11--31 . Síndrome de Pfeiffer, variedade letal: (A, 8) modo de superfície tridimensional (C) comparado à imagem pós-natal.

A B c
FIGURA 11-32. A sutura metópica (seta) em um feto normal (A) e em dois fetos com craniossinostose e múltiplas anomalias (8, C). Observe
a presença de um osso wormiano em (Cl.

FIGURA 11-33. As estruturas do


pescoço fetal com 25 semanas de
gestação.

A B c

avaliação detalhada das estruturas cervicais desde 18 semanas língua pode ser identificada preenchendo a cavidade oral. A
de gestação. Entretanto, a flexão do polo cefálico e a posição sombra proveniente dos ossos faciais obscurece o palato duro,
desfavorável do feto podem tornar o exame difícil. Planos do porém sua posição pode ser estabelecida peja curvatura da
pescoço fetal com 25 semanas de gestação são fornecidos na língua e pejo palato mole . O exame em tempo real melhora
Figura 11-33. A maioria dos componentes anatômicos desta a avaliação destas estruturas, devido à identificação do movi-
área está demonstrada nessas imagens ultrassonográficas. A mento da língua e ao fato de o palato mole ser frequentemente
414 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

visualizado. Por trás do palato mole e abaixo de um complexo o sistema linfático drena em direção ao saco linfático jugl.llar.
de ecogenicidade elevada presumivelmente surgindo do esfe- Uma comunicação entre a estrutura primitiva e a veia jugular
noide, pode ser identificada a cavidade faríngea preenchida é formada com 40 dias de gestação (idade concepcional). A
por líquido e essa pode ser seguida até sua bifurcação para a falência do desenvolvimento dessa comunicação determina a
laringe e hipofaringe. Com o ultrassom de alta resolução, o estas e linfática. A dilatação do saco linfático jugular resulta
esôfago pode ser identificado como uma estrunu-a de várias na formação das estrunlras císticas na região cervical. Se não
camadas. A serosa e a mucosa aparecem como linhas hipere- houver a comunicação entre o sistema linfático e o venoso
cogênicas, interpostas por uma imagem hipoecoica que consis- neste ponto, ocorre um linfedema periférico progressivo e
te nas paredes musculares . Com leve angulação do transdutor, a hidropisia não imune, evoluindo para o óbito intrauterino
são demonstrados os vasos principais do pescoço, a carótida precoce (Fig. 11-34). Se a conexão se formar, a sequência é
comum e as veias jugulares, e a identificação é facilitada pelo interrompida, e as coleções liquidas são reabsorvidas. A pele
Doppler colorido. Na inspeção mais próxima, detalhes meno- redundante origina o pescoço alado (pterígeo colli), que con-
res, como as pregas vocais podem ser examinadas. No exame siste em manifestação típica de muitas condições genéticas e
ultrassonográfico em tempo real, frequentemente é possível não genéticas. A inserção posterior e rotação anterior das ore-
demonstrar as contrações do vestíbulo da laringe. lhas junto ao padrão anormal do couro cabeludo são outras
consequências da hiperdistensão do saco jugular linfático. A
distensão das tributárias linfáticas pode evoluir para o linfede-
Higroma Cístico Nuca. ma periférico, que, por sua vez, pode resultar na redundância
o termo higroma significa tumor úmido. O higroma cístico da pele da face além do inchaço de mãos e pés, com unllas
é uma anomalia do sistema linfático caracterizada por cistos estreitas e aprofundadas. Tem sido sugerido, ainda, que a asci-
únicos ou múltiplos dentro do tecido mole . No feto , os higro- te transitória pode resultar na flacidez da parede abdominal
mas geralmente ocorrem na região da nuca, muito menos anterior e na síndrome de prune-belly62 .
frequentemente na reg1ão axilar ou na região anterior do pes- Ao ultrassom, a hiperdistensão dos sacos linfáticos jugl.l-
coço. Na maioria dos casos , o higroma cístico está associado lares , que estão localizados em ambos os lados do pescoço,
à obstrução linfática generalizada e, desta forma, tem sido pro- resulta na formação de uma estrutura cística que, geralmente,
posto o termo sequência de obstrução linfática. No embrião, é dividida por uma banda fibrótica espessa correspondente
ao ligamento nucal. Dentro da eSlTutura cística, podem ser
observados septos 6110S que, provavelmente, representam as
estruturas fibrosas do pescoço ou depósito de fib11na, dando
à lesão a aparência típica de um favo de mel (Fig. 11-35). A
maioria dos casos no segundo trimestre apresenta redução da
quantidade de liquido an111Íótico, e alguns poucos têm quanti-
dade normal ou mesmo poli-hidrâmnio. O tamanho da lesão
pode variar bastante, desde pequenas coleções de líquido a cis-
tos enormes, que podem ser maiores que o próprio feto. Nos
casos de hidropisia fetal generalizada, estão presentes derranle
pleural, as cite e edema acentuado de pele.
Há correlação entre o aumento da translucência nucal e
o higroma cístico. O higroma cístico pode ser considerado a
forma mais severa e final do espectro do aumento da trans-
lucência nucal. Normalmente, quando a translucência nucal
apresenta medida superior 4 mm, podem ser observados sep-
tos em seu interior. A prevalência do higTOma cístico nucal
depende da idade gestacional. Os higromas císticos nucais
apresentam elevada taxa de mortalidade intrauterina, e, assim ,
FIGURA 11 - 34 . Higroma cístico nucal com sequência de obst ru ção são muito raros ao nascimento . De outro modo, entre 11 e 14
do linfático. semanas, essas anomalias são encontradas em 1 :250 fetos 63 .

A B c
FIGURA 11 - 35 . Higroma cístico nucal : (A) pequeno higroma em feto de segundo trimestre: dois acúmulos de Irquido são vistos em cada lado
do pescoço (setas) ; (8) higroma cístico volumoso (seta) em feto com 14 semanas de gestação; (e) ultrassom tridimensional de superfície em
um feto com higroma cístico (seta ).
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL 415

A B c
FIGURA 11-36. Embora o diagnóstico pré-natal fosse teratoma cervica l, ao nascimento este feto tinha um linfangioma cavernoso infiltrando
os tecidos do pescoço. A, B. Ultrassonografias bidimensionais demonstrando a grande massa no pescoço. C. Ultrassonografia 3D de superfície
demonstrando a massa .

FIGURA 11-37. Grande terato-


ma cervical.

Os higromas císticos nu cais são encontrado, com frequên- avançada da gestação. Ao ultrassom, esses tumores aparecem
cia, em associação a anomalias cromossômicas e, consequente- como massa complexa de dimensão variável, geralmente infu-
mente, com uma an1pla variedade de defeitos anatômicos. o trando o tecido ao redor (Fig. 11_36)65.66, Geralmente, o prog-
primeiro trimestre, as trissomias autossômicas e a trissomia nóstico é severo. Esses tumores podem causar poli-hidrâmnio
do 21 , em particular, são mais frequentes o3 . o segundo tri- e distócia, bem como obstmção de vias aéreas e dificuldade de
mestre, a síndrome de Turner é predominanté 2. O higroma deglutição após o part0 6? Comumente, a ressecção cirúrgica é
cístico nucal com cariótipo normal Rode ser herdado como necessária, embora associada a muitas complicações (paralisia
uma desordem autossômica recessiva ;,1. Pescoço alado ou pele do nervo facial, alteração do desenvolvimento m,Uldibular,
redundante são encontrados em síndromes genéticas e não ge- má oclusão, erupção anormal dos dentes e dificuldades de
néticas, como a sÍndrome de Noonan, pterÍgeo colEi familiar e a fala). Geralmente, a infiltração dos tecidos adjacentes necessi-
sÍndrome do álcool fetal . ta de múltiplas cimrgias.
O prognóstico depende da idade gestacional e da associa- Os teratomas cervicais são tumores raros que variam em
ção à hidropisia ou a outras anomalias. Dos casos diagnosti- tamanho e, geralmente, consistem em uma mistura de compo-
cados entre 11 e 14 semanas de gestação, somente 17% apre- nentes sólido e líquido, normalmente apresentando calcifica-
sentaram sobrevida intacta. A taxa de mortalidade dos casos ções internas (Fig. 11_37)68.69. A obstmção das vias aéreas e do
identificados no segundo trimestre de gestação é próxima de esôfago resulta frequentemente em poli-hidrâmnio e falência
100%63. respiratória aguda no período neonatal. Frente a massas vo-
lumosas, o prognóstico é mim, com elevado risco de óbito
Outras Massas no Pescoço perinatal. No recém-nascido, a correção cirúrgica é difícil devi-
do ao fato de tais tumores tenderem a ser grandes, necessitan-
Linfangiomas c hcmangiomas apresentam achados histopa- do de dissecção extensa do pescoço, além de procedimentos
tológicos e ultrassonográficos sobrepostos, e consistem nos adicionais variados para alcançar a ressecção do tumor com
tumores de pescoço mais frequentes na infância. Anomalias resultado funcional e estético aceitáveis 69 .
associadas e hidropisia raramente são identificadas, e muito O bócio fetal (aumento da glândula tireoide) pode estar
frequentemente a lesão somente é diagnosticada na fase associado a hipertireioidismo, hipotireoidismo ou estado euti-
416 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA FACE E DO PESCOÇO FETAL

anterior/hemangioma e teratoma cervical se sobrepõem 67. Em


geral, os teratomas cervicais são predominantemente sólidos,
podendo conter calcificações, e são bem delimitados pelos te-
cidos adjacentes. De modo inverso, higromas/hemangiomas
tendem a apresentar componente líquido predominante e ter
infiltração de tecido do pescoço e face. O bócio sempre se
apresenta sólido, é bem demarcado para os tecidos adjacentes,
é relativamente pequeno comparado aos tumores anteriores e,
quando maior, apresenta-se bilobado.
Em geral, qualquer massa crescente na região anterior do
pescoço do feto , principalmente se volumosa e associada a
poli-hidrâmnio, pode estar associada à obstrução aérea poten-
cialmente letal ao nascimento. esses casos, a realização do
parto em centros terciários deve ser recomendada. O trata-
mento por intermédio de procedimento extraútero intraparto
(TEXI) também pode ser considerado. Esse processo envolve
um parto cesáreo em que inicialmente somente o polo cefálico
do feto será liberado, para permitir que os pediatras assegurem
o acesso às vias aéreas pela intubação ou pela traqueostomia,
enquanto o feto ainda estiver conectado ao cordão umbilical
e à placenta. 74 ' 76

CONCLUSÕES
As fendas faciais são malformações frequentes. Entretanto,
a avaliação do feto é difícil com a técnica ultrassonográfica
padrão, e essas alterações comumente não são diagnosticadas.
FIGURA 11 - 38 . Bócio fetal (sela) que foi encontrado associado a
hipotireoidismo como consequência do uso materno excessivo de Ouu'as anomalias faciais, como as micrognatias , anomalias
propiltiouracil. oculares e craniossinostoses, são raras, e, mesmo em mãos
expel;entes, podem ser difíceis de reconhecer. O higroma
CÍstico é uma das anomalias mais frequentes diagnosticadas
durante o pré-natal. Massas volumosas presentes na região
reoideo. O hipotireoidismo congênito ocorre em aproximada- anterior do pescoço podem estar associadas à insuficiência
mente 1 para 4.000 nascidos vivos. Entretanto, a maior parte respiratória e necessitam de tratamento individualizado em
dos recém-nascidos com hipotireoidismo apresenta disgenesia
centro terciário.
primária da tireoide (glândula tireoide hipoplásica ou ausente)
ou hipotireoidismo terciário (hipotalâmico), que estão associa-
dos à glândula tireoide normal ou pequena. Somente a m..inoria
apresenta alteração da produção hormonal ou hipotireoidismo Referências
secundário à exposição intrauterina de medicações antitireoi- 1. Benacerraf BR, Frigoleno FD Jr, Bieber FR: The fetal face:
dianas, que estão associados ao bócio no período neonatal . As ultrasound examination. Radiology 153:495. 1984.
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trados como medicação expectorante, e os meios radiopacos Radiology 195:677, 1995.
são utilizados na amniografia. A ingestão materna de menos 3. Pilu C , Reece EA, Romero R, et ai: Prenatal diagnosis of craniofacial
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Aproximadamente 1% das mães expostas ao propiltiouracil 4. Ro tten D , Levaillant JM: Two- anel three-elimensional sonographic
apresentam recém-nascidos com hipotireoidismo. assessment of the fetal face. 2. Analysis of deft lip, alveolus anel
O diag11óstico ultrassonográfico do bócio baseia-se na de- palate. Ultrasound Obstet Cynecol 24:402. 2004.
monstração de massa simétrica sólida localizada anteriormente 5. Rotten D, LevaiUantJlVl. Martinez H , et ai: The fetal manelible: a 2D
que pode resultar em hiperextensão do polo cefálico fetal 70.73 anel 3D sonographic approach to the eliagnosis of retrognathia anel
(Fig. 11-38). O poli-hidrânmio é comum devido ao mecanismo micrognath.ia. Ultrasounel Obstet Cynecol 19:122, 2002.
de obstrução do esôfago. O prognóstico depende da causa de 6. Chi T, Perolo A, Banzi e. et ai: 'T\vo·dimensional uItrasound
is accurate in the eliagnosis of fetal craniofacial malformation.
base do bócio. A amostra de sangue fetal pode auxiliar na
Uln'asound ObsteI CynecoI19:543, 2002 .
determinação do estado tireoideano fetal, especialmente em
7. Jones Me: Prenatal eliagnosis of deft lip and palate: delection rales,
mulheres que apresentam doença de Graves em que tanto a accuracy of ultrasonography, associated anomal ies, and slrategies for
transferência transplacentária de drogas ou os anticorpos esti- cOllnseling. eleft Palate eraniofacJ 39 :169. 2002.
mulantes tireoidianos podem resultar no bócio fetal. A terapia 8. Stoll e , Dou B, Alembik Y, Roth M: Evaluation of prenatal diagnosis
materna geralmente colTige o hipertireoidismo fetal. A tera- of deft lip/palate by foetalllllrasonographic examination. AlU1 Cenet
pia fetal direta em casos de h..ipotireoidismo fetal pode ser ob- 43:11 , 2000.
tida por meio da amniocentese, e isso pode resultar na resolu- 9. Sohan K, FreeI' M, Mercer. , et ai: Prenatal eletection of facial c1efls.
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12
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL
Luís F Gonçalves, MO , Juan Pedro Kusanovic, MO , Francesca Gotsch MO ,
Jimmy Espinoza, MO e Roberto Romero MO

Desenvolvimento do Esqueleto Fetal Displasia Esquelética Caracterizada por Tórax Hipoplásico


Esqueletogênese (Genética e Embriologia) Displasia Torácica Asfixiante (Síndrome de Jeune)
Ossificação Endocondral Síndrome da Costela Curta-Polidactilia
Ossificação Intramembranosa Displasia Condroectodérmica
Displasias Esqueléticas Displasias Esqueléticas com Envolvimento Predominante do Osso
Prevalência no Nascimento e Contribuição para a Mortalidade Membranoso
Perinatal Displasia Cleidocraniana
Classificação das Oisplasias Esqueléticas Síndrome de Yunis-Varon
Nosologia Internacional e Classificação de Distúrbios Deficiência de Membros ou Amputações Congênitas
Ósseos Constitucionais Síndromes com Ausência de Membros e Anomalias Faciais
Classificação Patogenética Molecular das Displasias Síndrome de Aglossia-Adactilia
Esqueléticas Sequência de Moebius
Displasias Esqueléticas Letais Defeitos de Redução de Membros Associados a Outras Anomalias
Terminologia Utilizada para Descrever as Displasias Osseas Hemidisplasia Congênita com Eritroderma
Biometria do Esqueleto Fetal no Diagnóstico das Displasias Osseas Ictiosiforme e Defeitos de Membros
Apresentação Clínica Complexo Aplasia de Fíbula e Braquidactilia
Diagnóstico por Imagem e Diagnóstico Pré-natal das Displasias (Síndrome de Du Pan)
Esqueléticas Síndrome da Fusão Esplenogonadal
Abordagem do Diagnóstico das Displasias Esqueléticas Síndrome de Adams-Oliver
Avaliação dos Ossos Longos Focomelia
Predição da HiPoPlasia Pulmonar Síndrome de Roberts e Síndrome Focomelia SC
Avaliação das Mãos e dos Pés Síndrome de Grebe
Avaliação do Crânio Fetal Síndrome de Trombocitopenia com Ausência de Rádio
Avaliação da Face Fetal Fêmur Curto Congênito (Deficiência Focal Proximal do
Avaliação da Coluna Fetal Fêmur)
Avaliação dos Órgãos Internos Deformidades de Mãos e Pés em Fenda
Avaliação Neonatal Síndrome de Displasia Ectrodactilia Ectodérmica e Fenda labial/
Aumento da Translucência Nucal e Displasia Esquelética Palatina
Osteocondrodisplasias Mão Torta
Acondroplasia, Displasia Tanatofórica e Hipocondroplasia Mão Torta Radial
Acondroplasia Mão Torta Radial e Distúrbios Hematológicos
Displasia Tanatofórica Anemia de Fanconi
Hipocondroplasia Síndrome de Trombocitopenia com Ausência de Rádio
Fibrocondrogênese, Atelosteogênese Síndrome de Aase
Fibrocondrogênese Síndrome de Holt-Oram
Atelosteogênese Mão Torta Radial e Escoliose
Acondrogênese Associação de VATER
Osteogênese Imperfeita e Hipofosfatasia Síndrome de Goldenhar
Osteogênese Imperfeita Síndrome de Klippel-Feil
HiPofosfatasia Outras Condições Associadas à Mão Torta Radial
Displasia Diastrófica Mão Torta Ulnar
Distúrbios Tipo Kniest Polidactilia
Síndrome de Kniest Artrogripose
Displasia Dissegmentar
Pé Torto
Displasia Campomélica

Este trabalho baseou-se no Inlramural Research Program 01 lhe National Inslilule 01 Child Heallh and Human Development, NIH, DHHS.

419
420 SISTEM A MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

DESENVOLVIMENTO DO antes da esqueletogênese, e três reglOes sinalizadoras foram


identificadas: (1) cadeia ectodérmica apical ; (2) uma área que
ESQUELETO FETAL
consiste em ectoderma cobrindo O lado do broto; e (3) zona

O esqueleto é composto de dois tecidos (osso e cartilagem),


três tipos celulares (osteoblastos, osteoclastos e condró-
citos) e mais de 200 elementos esqueléticos espalhados pelo
de atividade polarizanté. A cadeia ectodérmica apical consiste
em células ectodérmicas densamente compacta das localizadas
na extremidade do broto do membro, que expressa váTios fa-
corpo 1.2. O tecido esquelético é derivado de três linhagens tores de crescimento fibroblástico (FGFs) que iniciam e con-
celulares embrionárias: (1) células da crista neural cranial, trolam o crescimento do membr0 5,8,9 . O ectoderma recobre
que origina o esqueleto craniofacial, incluindo a calota, face as laterais do broto estabelecendo o padrão dorsoventral 5 A
média, mandíbula e dentes; (2) células mesodérmicas para.'\iais zona de atividade polarizante está localizada na margem pos-
ou somitos, que são os precursores embrionários do esqueleto terior do broto do membro. Esta é responsável pelo fadrão
axial; e (3) placa mesodérmica lateral, que é responsável pela ântero-posterior e, também, pela formação dos dedos 9 , l . Além
formação do membro I.3·6 . Com relação à embriologia, os bro- dos FGFs, vários genes estão envolvidos na padronização dos
tos dos membros iniciam o seu desenvolvimento durante a 4' membros, incluindo o hedgelwg sonic (Shh), membro familiar
semana de vida embrionária (6" semana menstrual) como um GLI3 (Gli3) família GLI-KTuppel, semelhante a sal 1 (Sall-1),
grupo de células mesenquimais coberto por uma camada de H oxdI3 , HoxaI3, proteína morfogenética derivada da mor-
ectoderma l.3. O modelo mesenquimal do osso (primórdio) se fogenética cartilagem/óssea (CDMP), fatores de diferenciação
forma ao redor da 5" semana de vida embrionária (7a semana do crescimento (GDFs), NOggÚI (Nog), família 4 e 5 t-box(Thx-
menstrual) (Fig. 12-1)3. O desenvolvimento de membros supe- 4 e Tbx-5), Wn7a, fringe radical (Rfgn), engrailed (en) e fator 1
riores antecede ao dos membros inferiores com relação ao beta de transcrição do homeobox LIM (LmxIb)1
aparecimento dos brotos, diferenciação e estabelecimento do O s ossos e a cartilagem são formados durante o período
comprimento final relativo do membro. O membro se desen- de embriogênese, que consiste em três fases: condensação, di-
volve em uma sequência proximal-distal, com o primórdio do ferenciação celular e histogênese. A condensação é o pivô do
úmero e do fêmur se desenvolvendo primeiro, segu ido pelo desenvolvimento esquelético pois neste estágio são definidas
rádio e ulna, tíbia e fíbula , ossos metataTsos e metacarpos e, as maquetes paTa os futuros ossos (primórdios)4. O início da
finalmente , as falanges 1.2.7. condensação, estabelecimento dos limites , proliferação, ade-
são e crescimento são regulados por interações complexas en-
tre as moléculas da matriz extracelular, receptores superficiais
Esqueletogênese (Genética e das células, moléculas de adesão celular (p. ex., fibronectina,
Embriologia) tenascina, Noggin, sindecan e N-CAM), genes homeobox (p.
ex., H oxa-2 , H oxa-13, Hoxd-ll e H oxd-13), fatores de trans-
A esqueletogênese envolve quatro etapas: modelação, orga- crição (p. ex. , mnl relacionado com o fator 2 de transcrição
nogênese, crescimento e homeostasé. A modelação consiste [RUNX2), fator de u-anscrição winged-helix (hélice alada)
no processo pelo qual tamanho, forma , número e organização [CFKH -l), mesênquin1aJo1'khead 1 (ponta de garfo), fatores 1 e
final dos membros são determinados 2 .6 . O processo se inicia 9 de transcrição box pareados [PAX-l )[PAX-9), peraxinas 1 e 2

Cérebro posterior FIGURA 12- 1. Diagrama do primórdio da


Notocórdio Placa paracordal do pré-cartilagem mesenquimal do esqueleto axial
condrocrânio do e perpendicular com 5 semanas de idade em-
esclerótomo do brionária (7 semanas de idade menstrual). Es-
Cérebro anterior somito occipital tas se desenvolvem e, posteriormente, se os-
(forma a parte do sificam para formar as estruturas esqueléticas
osso occipital) como designadas . Várias estruturas do siste-
Futura glândula ma nervoso central também são designadas
pituitária Processos costal e
(Ilustração de Netter FH; de Crelin ES: Deve-
do corpo de C1
lopment of the musculoskeletal system. CIBA
Clin Symp 33:6, 1981. Usado com permissão
Mesênquima de CIBA-GEIGY Corporation , Summit , NJ .)
escapular

Processos costal
e do corpo de T1

Medula espinhal
(cordão)
Cauda - -----,ifI!l Notocórdio torna-se
o núcleo pulposo
Processo costal e do futuro disco
do corpo da primeira intervertebral
vértebra coccígea
Primórdio das costelas
Mesênquima do
osso do membro Processo costal e do
inferior corpo de L1

Processos costal e Mesênquima do osso da coxa


do corpo de S 1
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 421

A B desconforto respiratório l . Outro gene envolvido na condrogê-


nese é o pró-colá?eno alfa 1 tipo II (COL2Al ), que codifica o
colágeno tipo lI I , 2 .
o interior dos centros de ossificação primária, a matriz da
cartilagem hipertrófica é degradada, os condrócitos são sub-
bc metidos à apoptose, os osteoblastos substituem a cartilagem
desaparecida por osso trabecular e é formada a medula óssea I.
Simultaneamente, os osteoblastos no pericôndrio começam a
./
depositar um colar de matriz de osso compacto ao longo da
/ diáfise l ,12. A diferenciação do osteoblasto é controlada pelo
F G/ RUNX2 13 e OsterixI 4, enquanto que a proliferação é contro-
/
soc . /
lada pelos receptores lipoproteicos de baixa densidade rela-
cionados com a via indutora proteica 5 (LPR5f Por último,
cOI<.+- a cartilagem no centro do degrada, mineraliza e é
removida pelos osteoclastos .4. O crescimento vascular interno
I é estimulado pelo fator de crescimento endotelial com a entra-
da de células osteoprogenitoras ocorrendo ao mesmo tempo
I I" ps
, \
I 'I ,
que a matriz óssea é depositada ao longo do periósteo no meio
da estruUlra3 ,4.l5. Algumas destas células invasoras se diferen-
cian1 em células-tronco hematopoiéticas, enquanto que outras
se diferenciam em osteoclastos e osteoblastos 6 .
Os centros de ossificação secundária começam a aparecer
/ hm nas extremidades ósseas (epífises) em fase avançada da gesta-
çãoa A porção da cartilagem posicionada entre os centros de
FIGURA 12- 2 . Formação do osso endocondral. A. Condensação de ossificação primária e secundária em expansão é conhecida
células mesenquimais. B. Condensação das células origina os condró-
citos (c). C. Os condrócitos no centro de condensação estacionam a
como placa ou físis de cresciment03 . Esta estrutura é respon-
sua proliferação e se tornam hipertróficos (h). D . Células adjacentes sável pelo crescimento longitudinal dos ossos longos até a fu-
pericondrais originam os osteoblastos, formando o colar ósseo (bc). são definitiva entre as epífises e as diáfises que ocorre no final
Os condrócitos hipertróficos direcionam a formação da matriz mine- da puberdade3 .4 .l 2. O crescimento 10ngiUldinal é coordenado
ralizada, atraindo vasos sanguíneos e sendo submetidos à apoptose.
E. Os osteoblastos da esponjosa acompanham a invasão vascular,
pelo hedgehog lndian (lhh), um estimulador da proliferação do
formando a esponjosa primária (ps). F. Os condrócitos continuam a condrócito na placa de crescimento I, A massa, a forma e o
proliferação, aumentando o comprimento ósseo . Os osteoblastos da comprimento ósseo são mantidos durante o desenvolvimento
esponjosa primária são os precursores eventuais do osso trabecular; e a vida adulta pelo balanço entre a formação e a destruição
os osteoblastos do colar ósseo originam o osso cortical. G. No final do
óssea. A homeostase é o processo que controla a contínua re-
osso, o centro de ossificacão secundário (soc) se forma pelos ciclos da
hipertrofia dos invasão vascular e atividade osteoblásti- modelação dos ossos6.
ca. O crescimento da placa abaixo do centro secundário de ossificação É importante perceber que quando um osso longo é iden-
forma, posteriormente, colunas de condrócitos proliferativos (col). A tificado pelo ulu-assom, apenas as diáfises são medidas , em ge-
medula hematopoiética Ihm) se expande ao longo do espaço medular ral pelo fato de as epífises não serem claramente visualizadas.
com as células do estroma. (De Kronenberg HM: Development regula-
tion of the growth plate. Nature 423:332, 2003.) Em condições favoráveis , podem ser obtidas imagens boas
das epífises, em especial quando são utilizados transdutores
de alta frequência (Fig, 12-3). Frequentemente, os centros de
[PRX-1 e PRX-2], escleraxe e SRY box9 mamífero [SOX-9J), e ossificação secundários podem ser visualizados pelo ultrassom
fatores de crescimento (p. ex. , proteínas morfogenéticas, fator no terceiro trimestre. O centro de ossificação do fêmur distai
2 de crescimento fibroblástico [FGF-2], fator beta transforma- pode ser visto cerca de 32 a 33 semanas de gestação, o centro
dor de crescimento) 11 • da epífise da tíbia proximal entre 34 e 35 semanas, e o centro
A diferenciação celular e a histogênese (osteogênese) se de ossificação da epífise proximal do úmero entre 37 e 38 se-
r
iniciam durante a semana de desenvolvimento embrionário manas de gestação (Fig. 12-4A e E)- Qyando todos os centros
(9ª semana menstrual), com o desenvolvimento ósseo endo- são identificados, é comum que o feto apresente pelo menos 37
condral ou ossificação membranosa. semanas de gestação. Estes centros de ossificação podem ser
vistos um pouco mais cedo em fetos femininos que em [e tos
Ossificação Endocondral masculinos. O tempo-limite para o aparecimento radiográfico
e histológico dos centros de ossificação primária e secundária
O s esqueletos (L'{iais e apendiculares são formados pela os- é ilustrado na Figura 12-4 C.
sificação endocondral (Fig. 12-2). Os modelos de cartilagem O esqueleto axial (p, ex" vértebras e parte dorsal das cos-
dos futuros ossos se diferenciam dentro de condensação do telas) se origina dos somÍtos. A formação de novos somÍtos
mesênquima durante a 6ª semana de desenvolvimento (8a se- e o desprendimento destas estruturas do mesoderma paraxial
mana menstrual), com os centros de ossificação primária se ocorrem na direção craniocaudal de forma altamente organiza-
desenvolvendo no meio do pl;mórdio entre a 7a e a 12a se- daS. Um relógio molecular produzido pelas oscilações dos ge-
mana de desenvolvimento (9a a 14ª semana menstrual)3 . O nes cíclicos (p. ex., c-/utiry-l, lunaticfi-inge [l-fing] e naked atti.cle 1
SOX9 desempenJ1a papel importante durante a condrogênese [nkdlJ) estin1Ula a onda indutora do receptor Notch que passa
e, além disso, as mutações neste gene resultam em displasia através do mesoderma paraxial I6 ' I9 . A coordenação espacial é
campomélica, uma displasia esquelética grave caracterizada provida pela diminuição do gradiente de FG F8 do pólo poste-
pelo encurvamento e angulação congênita dos ossos longos rior do embrião para o anteriorS,I8,20. A expressão diferenciada
(especialmente da tíbia), hipoplasia da escápula, reversão se- das proteínas semelhante a delta (DI!) determina o tamanho e
xual em fetos masculinos e elevada taxa de óbito devido ao a polaridade dos sonútos5 , que an1adurecem quando estes se
422 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

tamanho e forma de vários segmentos do esqueleto. Apesar


dos avanços recentes na inlagem e na genética molecular 23 -25 ,
o diagnóstico pré-natal acurado das displasias esqueléticas
permanece um desafio clínic0 26 , Embora 253 osteocondropla-
sias e 45 disostoses geneticamente determinadas tenham sido
incluídas na revisão mais recente da osologia Internacional
e Classificação dos DistÍlrbios Ósseos Constitucionais 27 (e,
mais provavelmente, serão identificadas como entidades
distintas), o nÍlmero que pode ser reconhecido com o uso do
ultrassom no período pré-natal é considerado pequeno, Na
seção subsequente deste capítulo, revisaremos a prevalência no
nascimento, classificação e genética molecular das displasias
esqueléticas que são identificadas no nascimento,

Prevalência no Nascimento e
Contribuição para a Mortalidade
A Perinatal
Em amplo estudo multicênrrico conduzido na Itália, a preva-
lência no nascimento das displasias esqueléticas reconhecidas
no período neonatal, excluindo as amfsutações de membros, foi
estimada em 2,4/10.000 nascimentos 8 Vinte e três por cento

B
FIGURA 12- 3 . A. Imagem da epífise proximal do úmero com trans-
dutor linear de alta frequência (10 MHz) em feto com 29 semanas de
gestação. 8. Medida do fêmur em uma paciente no terceiro trimestre.
O fêmur deve ser medido ao longo do osso calcificado (entre os X).
A reflexão especular da superfície da epífise femural (seta) não deve
ser medida.
A

movem rostralmente e se diferenciam em dermatomiótomos e


esclerótomosS.1 8 . Os dermatomiótomos originam as muscula-
turas apendicular e axial, bem como o dorso do endotélio. O
esclerótomo é o precursor do esqueleto ósseo e a sua formação
é iniciada e controlada pelo lli!dgelwg Sonic,·21.22

Ossificação Intramembranosa
O esqueleto craniofacial e as clavículas se desenvolvem pela ossi-
ficação intramembranosa l . Este processo se difere da ossificação
endocondral pela diferenciação diJ'eta das células mesenquimais
em osteoblastos, que produz uma matriz rica em colágeno tipo
11-3,12.1 5. A remodelação óssea é acompanhada pela ação con-
Úl1ua e combinada dos osteoblastos (células que produzem a
mau-iz óssea) e osteoclastos (células que removem o osso).

B
DISPLASIAS ESQUELÉTICAS
o desenvolvimento, o crescimento ou a manutenção anor- FIGURA 12-4. A. Ultrassom da extremidade inferior no joelho em
feto com 35 semanas de gestação. É identificado o aumento da eco-
mais dos tecidos cartilaginosos ou ósseos resultam nas dis- genicidade do centro de ossificação secundário da epífise distai do fê-
plasias esqueléticas. As displasias esqueléticas são um grupo mur (DFE) e proximal da tíbia (PTE). 8. Ultrassom do úmero proximal
heterogêneo de distúrbios que afetam o desenvolvimento em feto com 38 semanas de gestação. O centro de ossificação da epf-
do tecido condral e ósseo e resultam em anormalidades no fise proximal do úmero (PHE) é bem visível. Continua.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 423

Fonticulo anterior (fontanela) } Osso panetal (12" semana)

Sutura coronal _ :---_ _ _

Osso frontal (9" semana) - -


ld / Fontlculo esfenolde (fontanela)

S",,, ..
Osso temporal (9" semana)

Fonticulo mastoide (fontanela)

Osso esfenoide (12" semana) Osso occipital (9" semana)

Processo estilo ide

Forame intervertebral

(7" semana )
Centro do osso hioide
(36" semana) Centro secundário da (37 -38 semanas de Idade
epifise proximal da menstrual pelo ultrassom)
cabeça do úmero (36"
semana)

Costelas (S" a 9"


semana)

Disco intervertebral

Epifise vertebral
superior
Rádio (S" semana)

Corpo vertebral
UI na (S" semana) - - - -.:....j.J

Cartilagem trirradiada
Cartilagens dos carpos

Cabeça grande do fêmur


Metacarpos (9" articulando com o
semana ) acetábulo raso pequeno
(2" ao 6" mês pós-natal)

Falanges
(S" a 11 "
semana)
Sinfise púbica

Centro secundário da (32-33 semanas de Idi1dr.


Ossos da {
bacia epifise do fêmur menstrual pelo ultrassoll1)
(36" semana)

Centro secundário da (34-35 Sell1anilS de Idade


epifise da tibia ll1enstrudl pelo ultr<lssolll)
(36" semana)
Centro para o talo (24" semana)
Tibia (S" semana)
Metatarsos (9" a 10" semana)
Fibula (S" semana)
F""9.' (9', '" ..m,,')

c Centro para o calcâneo (12" semana)

FIGURA 12-4. conto C. Diagrama de um esqueleto de um recém -nascido a termo. O períOdO em que o centro de ossificação aparece é desig -
nado em semanas embrionárias ladicionar 2 semanas para a semana menstrual) . Estes períodos são diferentes dos obtidos pelo uso do ultrassom
pelo fato de este ser mais sensível para a detecção da ossificação do que o método radiológico. Todos se referem aos centros primários de
ossificação, a menos que designado de outro modo. Apenas no nascimento as extremidades inferiores apresentam o mesmo comprimento que
as extremidades superiores; subsequentemente , as extremidades inferiores crescem para se tornar mais longas que as extremidades superiores.
(C por Netter FH; de Crelin ES: Development of the musculoskeletal system . CIBA Clin Symp 33: 13, 1981. Utilizado com permissão de CIBA-
GEIGY Corporation, Summit, NJ.)
424 SISTEM A MUSCULOESQUEL ÉTICO FETAL

Prevalência no Nascimento das Displasias Taxa de Prevalência ao Nascimento das


Tabela 12- 1
Esqueléticas (por 10.000 Nascimentos) Tabela 12- 2 Osteocondrodisplasias - Resumo de 12
Prevalência Frequência entre Estudos
ao Nascimento os Óbitos Referênci a Taxa por 10.000 Comentários
(por 10.000) Perinatais
Gustavson eJ orul fl t 4,7 Em recém-nascidos
Displasia tanatofórica 0,69 1:246 Carnera e Mastroiacov028 2,4 Em neonatos
Acondroplasia 0,37 Connor et al.29 1,1 Displasias esqueléticas
Acondrogênese 0,23 1:639 letais em neooatos
1: 799
Osteogênese imperfeita 0,18 Weldner et al.32 7,5
tipo II Orioli et a1. 33 2,3 Primeiros 3 dias de
Osteogênese imperfeita 0,18
vida
(ouo'os tipos)
Stoll et at.3" 3,2 Primeiros 8 dias de
Displasia torácica 0,14 1 :3,196
vida
asfixiante
Andersen e H auge35 7,6 Diagnóstico em todas
Condrodisplasia puntacta 0,09
idades
Displasia carnpomélica 0,05 1 :3,196
Andersen36 1,5 Somente
Displasia 0,05 1 :3,196
condroectodérmica condrodisplasias
Síndrome de Larsen 0,05 letais
Displasia mesomélica 0,05 Kallen et al.37 1,6 Sem detalhes sobre a
(tipo de Larger) idade
O utras 0,46 1:800 Rasmussen et alao
Todos os casos 2,1 os primeiros 5 dias
De Camera G, Mastroiacovo P: Birth prevalence of skcletal dys plasias in de vida
lhe Italian multicenuic monitoring system for birth defects. In Papadatos CJ, C ondrodisplasias letais 0,95
Bartsocas CS (eds): Skeletal Dys plas ias. Ne'" York. A1an R. Liss, 1982, p. 441. Gordienko et al.38 3,1
Al Gazali et al?9 9,5 Recém-nascidos e
prematuros> 500 g;
Prevalência de
dos recém-nascidos afetados foram natimortos, enquanto que consanguinidade :
32% evoluíram para o óbito na primeira semana de vida. A fre- 72%
quência o'eral das displasias esqueléticas no grupo de óbito peri-
natal foi de 9,1 por 1.000. Este esmdo também relatou a preva-
lência no nascimento das diferentes displasias esqueléticas e sua
frequência relativa enU-e as morte.s perinatais 12-1).
quatro fo rmas mais comuns de dlsplasla dls- Patolóoicas às que incluem as at10rmalidades moleculares
O'
associadas para as condições em que o deleitO e' e, conh eCl'd o40 '.
plasia tanatofórica, acondroplasia, osteogênese imperfeita (O I)
A primeira classificação uniforme proposta em 1977 fOi
e acondrogênese. A displasia tanatofórica. e a chamada de Nomenclatura Internacional das Displasias Es-
foram responsáveis por 62% de todas as c1isplaslas esqueleocas
letais e a forma mais comum não letal de displasia foi a acondro- queléticas. Esta classificação puramente
da descrição tatUO de natureza chruca quanto .
Em outro esmdo amplo no .oeste da
Desde a sua publicação inicial, a classificação fOi submetida
a prevalência da displasia esqueléoca no naSCImento fOi de 1,1
a três revisões. Em 1992 42'44, a classificação foi redirecionada
por 10.000 nascimentos. As condições mais frequentes fo.ram:
com base no diagtlóstico radiológico e em critérios morfoló-
displasia tanatofórica (1/42.000), OI (1/56.000), condrodlspla-
gicos, e as condições sinlliares foram agrupadas em famílias,
sia puntacta (1/84. 000), sÚldrome campoméLica (1/112.000) e
dependendo das similaridades genéticas e patológicas presu-
acondrogênese (1/112.000) 29. Rasmussen et al.30 . a
midas. Após cinco at10S, a classificação foi reorganizada para
prevalência de 2,1 4/1O.00? partos em longtmdmal,
enO"lobar as informações relacionadas com os defeitos gené-
incluiu : a interrupção eleuva da gestaçao, c?m matS . o e protelcos
.
ocos su b ord'll1ad os as
' la!
c níli' as d os d'Ismr
' b'lOS45.46 .
de 20 semanas de gestação e recém-nasCidos ViVOS dlagtloso-
Assim, os distúrbios em que o defeito genético estava adequa-
cados até o 5° dia de vida. A taxa de casos letais neste último
damente estabelecido foram reagrupados em fatnílias distintas
esmdo foi de 0,95/10.000 partos30 . Outros esmdos relatando a
baseadas em mutações específicas. Estes incluíam, por exem-
prevalência das displasias esqueléticas são res umidos ,na T abela
12_228 .39 De interesse, o esmdo que relata a prevalenCla mats
plo, o grupo da "acondroplasia" dos distúrbios com mutação
no gene receptor 3 do fator de crescimento do fib roblasto, o
elevada de displasias esqueléticas no nascimento (9,5/10.000
gTupO de "displasia diastrófica" de distúrbios com mutação
nascimentos) foi realizado em uma população que apresentava
taxa alta de união consangumea.39 no gene transportador do sulfato da displasia diastrófica, as
colagenopatias do tipo lI, com mutação no gene do colágeno
tipo II e as colagenopatias do tipo X I com mutação no gene
Classificação das Displasias da proteína oligomérica da cartilagem . Vários gJllpOS novos
Esqueléticas foram adicionados, incluindo o gmpo das displasias esque-
léticas letais, O grupo dos ossos fragmentados c o grupo da
Nosologia Internacional e Classificação de miscelânea da displasia grave neonatal. A última revisão da
Distúrbios Ósseos Constitucionais classificação foi realizada durante o 5° Encontro da Socieda-
de Internacional da Displasia Esquelética, que ocorreu em
Nos últimos 30 anos, a classificação das displasias esqueléticas O xford, Inglaterra, em 2001 , e, atualmente, é designada de
envolveu das baseadas nas descrições clínicas/radiológicas/ Nosologia Internacional e Classificação dos Distúrbios O sseos
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 425

Constitucionais (2001 )27. Embora esta classificação mantenha foi de facilitar o diagnóstico diferencial, sendo que os gTUpOS
a combinação dos grupos morfológicos e m.oleculares dos ?is- não necessariamente constituem famílias patogenéticas.
túrbios, foram adicionadas determinadas dlsostoses genétIcas
às esqueléticas (ou pelo fat? Terminologia Utilizada para Descrever
de estes dOIs grupos se sobreporem na pratica chmca. As dl-
sostoses são malformações esqueléticas que ocorrem durante as Displasias Ósseas
as primeiras oito semanas de vida embrionária, de modo que O encurtamento da extremidade pode envolver o mem-
o fenótipo é estático, ou seja, o fenótipo não evolui durante a bro inteiro (micromelia), o segmento proximal (rizomelia),
vida27. Em contraste, as displasias esqueléticas, que frequen- o segmento intermediário (mesomelia) ou o segmento distal
temente se manifestam depois do período embrionário, são (acromelia) (Fig. 12-5). O diagnóstico da rizomelia ou da
caracterizadas pelo envolvimento mais geral do esquc:leto, e mesomelia necessita da comparação das dimensões dos ossos
o fenótipo apresenta evolução com o decorrer da .. das coxas e dos antebraços com os das pernas e braços. As
relação à genética, determinadas disostoses foram dIVIdIdas Figuras 12-6 e 12-7 mostram a relação entre o úmero e a uma,
em três grupos: as que apresentam compromeumento predo- bem como o fêmur e a tíbia, o que pode ser utilizado com o
minante do crânio e da face (p. ex., síndrome de Crouzon), as objetivo de avaliação da rizomelia e da mesomelia. A Tab.ela
COIU predominância do comprometimento a,,,ial (p. ex.: disos- 12-5 apresenta uma lista de displasias esqueléticas caractenza-
tose espondilocostal) e as que apresentam das por rizomelia, mesomelia e micromelia. .
predominante das extremidades (p. ex., de Muitas displasias esqueléticas graves são caractenzadas
A versão completa da Nosologm InternacIOnal e Classificaçao por alterações nas mãos e nos pés. O termo se
dos Distúrbios Ósseos Constitucionais 27 pode ser obtida no refere à presença de mais de cinco dedos. Pode ser classificada
website da Sociedade Internacional da Displasia Esquelética como pós-axial se o dedo exu'a estiver do lado ulnar ou fibu-
(http ://,,,,ww.isds.ch/ISDframes.html). lar, e pré-a,'(ial se o dedo estiver do lado radial ou tibial. A sin-
dactilia consiste em um tecido mole ou ósseo que funde dedos
Classificação Patogenética Molecular das adjacentes . A clinodactilia é o desvio de um dedo ou mais.
A anomalia mais comum da coluna identificada nas displa-
Displasias Esqueléticas
sias esqueléticas é a platispondilia, que consiste em um achata-
Como dado inicial, pelo menos em parte, pela classificação mento da vértebra (Fig.12-8)53,s9. A cifose e a escoliose podem
nosolóO'ica mencionada, o maior conhecimento com relação à ser identificadas intraútero (Figs. 12-9 e 12_10)60.64. O diagnós-
base da displasia esquelética indica que os tico da herruvértebra (Fig. 12_11)60.65.66 e da fenda coronal dos
do fenótipo compartilham bases genéticas sirnilares2 corpos verte b nus ' tem SI'd o re Iata d o 6367
· tanl b em ' .
Por exemplo, distúrbios que se originam durante a modelação
em geral são causadas pelos genes Hox ou pa,,,6. Em contras-
te, defeitos de crescimento são frequentemente causados pela
Biometria do Esqueleto Fetal no
mutação nos O'enes que codificam produtos da matnz extra- Diagnóstico das Displasias Ósseas
celular ou pe;tídeos sinalizadores reguladores 6 . Assim, uma A biometria dos ossos longos foi muito utilizada para a predi-
classificação molecular paralela baseada na esu'utura e função ção da idade gestacional. Tabelas para este propósito utilizam
dos genes e proteúlas implicados foi desenvolvida para auxi- a medida dos ossos longos como uma variável independente
liar a compreensão da patogênese de distürbios individuais. A e estima a idade gestacional fetal como uma variável depen-
Classificação Patogenética Molecular dos Disrurbios Genéticos dente. Entretanto, o tipo de tabela necessária para avaliar
do Esqueleto é apresentada na Tabela 12_3 24 e complementos a normalidade das medidas dos ossos utiliza a idade ges -
da NosoloO'ia Internacional da Classificação dos Distúrbios tacional como uma variável independente e o comprimento
Ósseos As displasias esqueléticas com base do osso como uma variável dependente. Para o uso adequado
genética e bioquÍlnica bem documentada foram direcionadas destas tabelas, o clínico deve conhecer a idade gestacional cor-
para um dos sete grupos: (1) defeitos nas estruturas das prote- reta do feto. Deste modo, pacientes com risco para displasia
rnas extracelulares ; (2) defeitos nas vias metabólicas (incluindo esquelética são aconselhadas a procurar os cuidados pré-natais
enzinlas, canais de íons e de transportes); (3) defeitos no arma- em idade gestacional precoce com o objetivo de avaliar todos
zenamento e degndação de macromoléculas; (4) defeitos nos os dados clínicos que estimam a idade gestacional. As Tabelas
hormônios e mecanismos de sinais de transduÇ<1.o; (5) defeitos 12-6 e 12-7 apresentam nomogramas para as medidas das
nas proteínas nucleares e nos fatores de transcrição ; (6) defei- extremidades dos membros superiores e inferiores, respecti-
tos nos oncogenes e nos genes de supressão tumoral; e (7) vanlente. A comparação entre o comprimento dos membros
defeitos no processo e metabolismo do RNA e DNA. e a circunferência cefálica pode ser utilizada para as pacientes
O leitor deve estar ciente que apenas cerca de um terço das que apresentam idade gestacional desconhecida (Figs. 12-2 e
displasias esqueléticas apresenta sua base molecular elucidada 12-13). Embora alguns pesquisadores tenham utilizado o diâ-
e que, continuamente, novos genes envolvidos na displasia metro biparietal para este propósito, a circunferência cefálica
esquelética são descobertos 2s . Revisamos as mutações associa- tem a vantagem de não depender da forma do polo cefálico.
das a displasias esqueléticas específicas nas secções subsequen- A limitação desta abordagem é considerar que o crânio não
tes deste capítulo. está envolvido no processo de displasia, porém pode não ser
o caso em algumas displasias esqueléticas.
Displasias Esqueléticas Letais Os nomogramas e as figuras neste capítulo fornecem a mé-
dia, os percel1tis 5° e o 95° dos parâmetros das medidas dos
O grupo das osteocondroplasias letais apresenta interesse espe- membros. O leitor deve estar ciente que 5% da população ge-
cial para os perinatologistas, sendo classificados por Spranger ral pode apresentar medidas fora destes limites. O ideal seria
e MaroteauxS2 em 11 subgrupos baseados nas manifestações a utilização do critério mais restrito, tal como o crescimento
radioanatôrrucas (Tabela 12-4). A proposta desta classificação do membro no percentil 1 para a idade gestacional, para o
426 SISTEMA MUSCULOESOUELÉTICO FETAL

I Tabela 12- 3 I Classificação Patogenética Molecular dos Distúrbios Genéticos do Esqueleto


Gene ou Proteína Herança Fenótipo Clínico Referêncías

Grupo 1: Defeitos nas proteínas estruturais extracelulares

COLlAI, COLlA2 (cadeias aI , a2 AD Família: Osteogênese imperfeita Byers, 1990 1044 ; Prockop el al. ,
do colágeno 1) 19941045
COL2A1 (cadeia do colágeno 2) AD Família: acondrogênese 2, hipocondrogênese, Spranger t i al., 1994 1046
displasia espondiloepifisária (DEEE),
Kniest, artro-oBatmopatia de Stickler,
osteoartrite familiar, outras variantes
COL9Al, COL9A2, COL9A3 AD Displasia múltipla epifisária (DME; duas ou Lohiniva et al., 2000 1047 ;
(Cadeias aI, a2 , cx3 do colágeno 9) mais variantes) Sipayde et al., 2000 1048
COUOAl (cadeia de colágeno AD Displasia metafisária de Schmid Wallis el al., 1996 1051
10 x 1)
Col1lA 1, Coll1A2 AR , AD Displasia otoespôndilo-megaepifisária Melkoniemi ti al., 2000 1050 ;
(cadeias aI, a2 do colágeno 11) (DOEM E), Stickler (variante), síndrome Spranger, 1998 105 1
de Marshall
COMP (proteína da matriz oligomél;ca AD Pseudoacoodroplasia, displasia epifisária Briggs el aI., 1998 1052
da cartilagem) múltipla (DEM, uma forma)
MATN3 (matrilin-3) AD Displasia epifisária múltipla (MED; Chapman et al., 2001 1053
uma variante)
Perlecan AR Schwartz:J ampel tipo 1; Displasia Arikawa-Hirasawa el al., 2001 503
dissegmentar

Grupo 2: Defeitos nas vias metabólicas (incluindo enzimas, canais iônicos e transportadores)

TNSALP (fosfatase alcalina não AR, AD Hipofosfatasia (formas graves) Mornet el al., 1998463
específica tissular)
ANKH (transportador do fosfato) AD Displasia craniometafisária Nurnbcrg et al., 2001 1054 ;
Reichenberger el al., 2001 1055
DTDST/SLC26A2 (transportador do AR Família: acondrogênese 1B, Rossi e Superti-Furga, 2001 470 ;
sulfato da displasia diastrófica) atelosteogênese 2, displasia diastrófica, Superti-Furga el aI., 1996380 ;
displasia epifisária múltipla recessiva Superti-Furga t i al., 1996 1056
(DEMr)
PAPSS2 (fosfoadenosina- AR Displasia espondiloepimetafisária tipo ul Haque et al., 1998 1057
fosfossulfato sintetase 2) de Pakistani
TCIRGI (subunidade da bomba de AR Osteopetrose infantil grave Frattini et al" 2000 1058
próton do osteoblasto)
CIC-7 (canal 7 clorídrico) AR Osteopetrose grave Kornak ti al., 2001 1059
Carboanidrase II AR Osteopetrose com calcificações Venta el aI., 1991 1061
intracranianas e acidose tubular renal
Complexo redutase vitantina AR Condrodisplasia puntacta com defeito Oldenburg et al., 2000 106J ;
K-epóxido de coagulação dependente de vitantina K Pauli, 1988 1062 ; Pauli el a1.,
1987 1063
MGP (proteína matriz Gla) AR Síndrome de Keutel (estenose Munroe el al., 1999 1064
pulmonar, braquitelefalangismo,
calcificações cartilaginosas e baixa
estatura)
ARSE (arilsulfatase E) RLX Condrodisplasia puntacta ligada ao X Franco el al., 1995 J065
(C DPXl )
3-j3-hidroxiesteroide-desidrogenase DLX Síndrome CHILD Konig et al., 2000 774
3-j3-hidroxiesteroide 6 (8) 6 (7)-isomerase DLX Condrodisplasia puntacta ligada ao X, tipo Braverman t i al., 1999 1066 ;
Conradi-Hunermann (CDPX2); Grange el al., 2000 1067
sÚldrome CHILD
PEX7 (importador/receptor AR Condrodisplasia puntacta rizomélica 1 Motley el aI., 19971068
peroxissomal)
DHAPAT (enzinla peroxissomal, AR Condrodisplasia puntacta rizomélica 2 Ofman et al. , 1998 1069
di-hidroxi-acetonfosfatase-
aciltransferase)
Alquil-di-hidroxi-diacetonfosfatase- AR Condrodisplasia pumacta rizomélica 3 de Vet el al., 1998 1070
sintase (AG PS; enzinla
peroxissomal)

Conlinua
SISTEMA MUSCULOESOUELÉTICO FETAL 427

I Tabela 12- 3 I Classificação Patogenética Molecular dos Distúrbios Genéticos do Esqueleto - Cont.
Gene ou Proteín a Herança Fenótipo Clínico Referênci as

Grupo 3: Defeitos no metabolismo e degradação de macromoléculas

Sedlin (proteína do reticulo RX Displasia espondiloepifisária ligada Gedeon el al., 1999 1071
endoplasmático com função ao X (DEP-LX)
desconhecida
Catepsina K (proteinase lisossomal) AR Picnodisostose Hou el ai., 1999 1Oi2
Hidrolase ácida lisossomal e AR, RLX Doença de armazenamento lisossomal: Leroy e Wiesmarm, 1993 1073
transportadores (sulfatase, glicosidase, mucopolissacaridoses, oligossacaridoses,
translocase etc.) glicoproteinoses (formas graves)
Enzimas lisossomais do sistema AR Mucolipidose li (doença celular I), Leroy e Wiesmann, 1993 1073
alvo (G 1c Ac·1 ·fosfotransferase) mucolipidose III
Metaloproteinase 2 da matriz AR Osteólise do tipo Torg (artropatia Mar·tignetti el ai., 2001 1074
(MMP2) nodular e síndrome da osteólise)

Grupo 4: Defeitos nos mecanismos dos hormônios e no sinal da transdução

25·a-hidroxicolecalciferol· AR Raquitismo dependente de vitamina D K.itarla.ka el al., 1998 1075


1·hidroxilase tipo I (RVDD1 )
l ,25·a-di-hidroxi receptor da AR Raquitismo resistente à vitamina D Hughes eI ai., 1988 1076
vitamina D3 com falência dos órgãos não
responsiva a vitarrúna D3 (RVDD2)
CAS R (receptor/sensor do cálcio) AD Hiperparatireoidismo neonatal grave Bai el aI. , 1997 lOn
com doença óssea (se feto afetado em
mãe não afetada); hipercalcemia
hipocalciúrica familiar
Receptor PTH/PTHrP AD Displasia metafisária deJansen Schipani eI aI., 1996 1078
(mutações ativas)
AR Displasia letal (Blomstrand) Zhang el al., 1998 1079
(mutações inativas)
Proteína Gs alfa estirnuladora da AD Pseudo-hipoparatireoidismo Patten eI aI., 1990 1080
adeniJato ciclase (GNSA1 ) (osteodistrofia hereditária de
e variantes graves) com mutações de
haploinsuficiência constitucional;
Síndrome de McCune·Albright
com mosaicismo somático para
mutação ativa
Proteinase PEX LX Raquitismo hipofosfatêrnico, tipo The HYP Consortium, 1995 1081 ;
semidorninante ligado ao X (alteração Sabbagh el aI., 2000 1082
da clivagem do FGF23)
Fator de crescimento do AD Raquitismo hipofosfatêmico , tipo The ADHR Consortium, 2000 1083
fibroblasto 23 (FGF23) autossôrnico dominante (resistente da
clivagem do PEX)
Receptor 1 do fator de crescimento AD Síndromes de craniossinostose (pfeiffer, 'Vilk.ie, 1997 1084
do fibroblasto (FGFR1 ) outras variantes)
FGFR2 AD Síndromes de craniossinostose (Apen,
Crouzon, Pfeiffer; variantes graves)
FGFR3 AD Displasia tanatofórica, acondroplasia, Passos·Bueno el al., 1999270 ;
hipocondroplasia, SADDAN; síndromes Wtlk.ie, 19971084
de craniossinostose (Crouzon com
acantose nigricans, cran.iossinostose
não sindrôrnica de Muenke)
Receptor Orphan da AR Síndrome de Robinow Afzal et al, 2000 1085 ;
tirosinaquinase (ROR·2) Van Bokhoven el al., 2000 1086
AD Braquicefal.ia tipo B Oldridge el al., 2000 1087
Receptor ativador do fator kB AD Osteólise expansiva familiar Hughes eI aI., 2000 1068
nuclear; RANK (TN FRSFllA)
Fator de crescimento AD Displasia diafisária (Camurati·Engelmarm) J anssens el al., 2000 1089
transformador
Proteína 1 morfogenética derivada AR Displasia acromesomélica de Grebe/ Thomas eI al., 1997828 ;
de cartilagem (CDMP1 ) Hunter·Thompson Thomas eI al., 1996 1090
AD Braquidactilia tipo C Polinkovsky eI al., 1997 1081
Noggin ("fator de crescimento", AD Síndrome da sinostose múltipla ; silúalangismo Gong el al., 1999 1092
TG F antagonista) e síndrome de hipoacusia

Continua
428 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

I Tabela 12- 3 I Classificação Patogenética Molecular dos Distúrbios Genéticos do Esqueleto - Cont.
Gene ou Proteína Herança Fenótipo Clínico Referências

della semelhanle a 3, sinal AR Disostose espondilocostal (uma forma) Bulman el aI., 2000 1093
intracelular (DLL3)
Sinal da molécula hed/wg AD Braquidactilia AI G ao el ai., 2001 1094
indiano (I HH)
C7orf2 (receptOr OI!J!/an) AR Aquiropodia Ianakiev el ai., 200 1 1095
Esclerostina, proteína secretOra AR Esclerosteose, doença de van Buchem Balemans eI al., 2001 1096
do grupo da cistina (SOST)
Proteína 5 relacionada com receptor AR Síndrome da osteoporose-pseudoglioma G ong el aI., 2001 1097
LDL (LRP5)
Regulador do crescimento/fatOr AR Displasia progressiva pseudorreumatoide Hurvitz el ai., 1999 1098
de crescinlento (W1SP3)

Grupo 5: Defeitos nas proteínas do núcleo e dos fatores de transcrição

SOX9 (proteína de ligação DNA AD Displasia campomélica vVegner eI aI., 1994 1099
tipo HMG/fatOr de transcrição)
G113 (gene do zinco do dedo) AD Cefalopolissindactilia de Greig, polidactilia Kalff-Suske el aI., 1999" 00 ;
tipo A e outras, sínd rome de Pallister-Hall Radhakrishna et ai. , 1999" 01
rRPSl (gene do zinco do dedo) AD Síndrome trico-rino-falangeal (tipo 1-3) M omeni et ai., 2000" 02
EVC (gene Jeucina-zipper) AR Displasia condroectodérmica (Ellis-van Creveld) Ruiz-Perez el ai., 2000703
rWf Sr (fatOr de u'anscrição AD Craniossinostose de Saethre-Chotzen el Ghouzzi el ai., 1997" 03
heILx-ÚJojJ-helix)
P63 (fatOr de transcripção AD SÚldrome EEC , síndrome de H ay-Wells, Celli el aI., 1999 859 ;
relacionado p53 ) síndrome membro-mamária, m alformação M cGrath el ai., 2001 11 0.1;
de mão em fenda e pé em fenda (algum as van Bokhoven el aI., 200 I ll05
formas )
CBl7A-l (fator de ligação do núcleo AI ; AD Displasia cleidocraniana Mundlos el aI., 1997715
fatOr de transcripção do tipo runl
LXMiB (proteína homeodomínio UM) AD Síndrome d e unha-patela D reyer el ai., 1998" 06
DLX3 (gene homeobox 3 distal-menos) AD Sindrome trico-dente-óssea Price el aI., 1998 J I06
H OXD13 (gene homeobox) AD Simpolidactilia Akarsu el al., 1996 Jl08
lvISX2 (gene homeobox) AD Craniossinostose do tipo Boston j abs et ai., 1993" 09
AD Forame parietal Wilkie el ai., 2000" 10
(perda de
função)
ALX4 (gene homeobox) AD Forame parietal (crânio bílido) M avrogiannis et al., 2001" 11
SHOX (homeobox es tatura cuna) pseudo- Discondrosteose de Léri-vVeill, estatura Shears et aI., 1998 1112
autOssômico curta idiopática?
TBX3 (fatOr de transcrição T-box 3) AD Síndrome ulnar-mamária Bamshad el ai., 1997" 14
TBX5 (fatOr de transcrição T-box 5) AD Síndrome de H o lt-Oram Li et ai., 1997939
E I F2A.K3 (fatOr quinase do início AR Síndrome de WoJcott-R allison (diabetes Delepine el ai., 2000" 14
da transcrição) melito neonatal e displasia
espondiloepilisária)
NEMO (NFkB modulador LX O steopetrose, linfedema, displasia D offinger et aI., 2001" J5 ;
essencial ; atividade da quinase) ectodérmica e imunodeliciência Smal1i el aI., 2000 1116
(OLEDAID)

Grupo 6: Defeitos nos oncogenes e nos genes supressores de tumor

EXTI , EXT2 (exostosina 1, AD Síndrome de exostoses múltiplas tipo I Cheung el ai., 200 1 1117 ; Duncan
exostosina 2, polimerase de e tipo 2 el aI., 2001 111 8 ;
heparan-sulfato) Lind et aI., 1998 1119
SH3 BP2 (proteúla de AD Qyerubismo Ueki el ai., 2001" 20

Grupo 7: Defeitos no processo e metabolismo do RNA e DNA

Componente R NA-M RP RNA-ase AR H ipoplasia da cartilagem-cabelo Ridanpaa eI ai., 2001 ]1 2 1;


Bonafé el aI., 2002 11 22
Deaminase adenos ina (ADA) AR lmunodeliciência grave combinada (SCID) Hirschhom 1995 1123
com alterações metalisárias (facu ltativo)

AD. 3ulOssômÍco dominante : AR, autossômico recessivo; ligado ao X dominante; LXR, ligado ao X recessivo .
De Supeni·furga A , Bonafe L. Romoin DL: Moleeular·palhogcnetic class ifieation of geoetic diso rder, of lhe skcJelOn. AmJ Med genet 106:282. 200 1.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 429

Tabela 12- 4 I Nosologia das Osteocondrodisplasias Letais


i. Hipofosfa tasia e di stúrbios morfolog icame nte simila res 7. Dis plasia me tatrópica le ta l e di stú r bios simila res
1.01 Hipofosfatasia 7.01 Displasia metatrópica letal (hipercondrogênese)
1.02 Hipofofatasia provável 7.02. Caso isolado
1.03 Displasia metafisária letal 7.03 Caso isolado
2. Condrod isplas ia punctata e distúrbios similares 7.04 Fibrocondrogênese
2.01 Condrodisplasia punctata rizomélica 7.05 Displasia de Schneckenbecken
2.02 Conclrodisplasia punctata letal, dominante ligado ao X 7.06 Caso isolado
2.03 Displasia de Greenberg 7.07 Caso isolado
2.04 Displasia de diáfise manchada 7.08 Caso isolado
3. Acondrogên ese e di stú r bios s imilares 8. Distúrbios tipo Kniest
3.01 Acondrogênese I-A (Houston-Harris) 8.01 Displasia dissegmentar, tipo Silverman
3.02 Acondrogênese I-B (Fraccaro) 8.02 Displasia dissegmentar, Rolland-Desbuquois
3.03 Osteocondrodisplasia letal nova 8.03 Doença de Kniest letal
3.04 Acondrogênese I! (Langer-Saldino) 8.04 Condrod isplasia semelhante à displasia de Kniest
3.05 Hipocondrogênese 8.05 Caso isolado
4. Displasia ta na tofó rica e di stúrbios similares 8.06 Condrodisplasia de Blomstrand
4.01 Displasia tanatofórica, tipo 1 9. O steocondrodis plas ias le tai s com a no rma lidad es
4.02 Displasia tanatofórica, tipo 2 diafi sárias pronunciad as
4.03 Acondroplasia homozigótica 9.01. Síndrome campomélica
4.04 Acondroplasia letal 9.02 Síndrome de Stuve-vViedemann
4.05 Variante de Glasgow 9.03 Displasia de Boomerang
5. Condrodi s pl as ias com pl a tispondilias le ta is 9.04 Atelosteogênese
5.01 Condrodisplasia com plarispondilia, ripo Torrance 9.05 Distúrbio semelliante à atelosteogênese
502 Condrodisplasia com plarispondilia, tipo San Diego 9.06. Displasia de La Chappele
5.03 Condrodisplasia com platispondilia, tipo Lu ton 9.07 Displasia de McAlister
5.04 Condrodisplasia com platispondilia, tipo Shiraz 9.08 Displasia pseudodiastrófica
5.05 O psismodisplas ia 10. O steogên ese imperfeita e dis tú r bios simila res
5.06 Condrodisplasia com platispondilia, sexta forma 10.01 Osteogênese imperfeita lI-A
5.07 Condrodisplasia com platispondilia, sétima forma 10.02 O steogênese imperfeita lI-B
6. Sí ndromes d a coste la c urta e polidactilia 10.03 O steogênese imperfeita I!-C
6.01 Síndrome da costela curta e polidactilia, tipo I (Salclino-Noonan) 10.04 Caso isolado
6.02 SÚldrome da costela curta e polidactilia, tipo II 10.05 Displasia de Astley-Kendall
(Verma-NaumofT) li. Distúrbi os le ta is com ossos distintos
6.03 Síndrome da costela curta e polidactilia, ripo l I! (Le Marec) 11.01. Fenótipo hipocinesia fetal
6.04 SÚ1drome da costela curta e polidactilia, tipo IV (Yang) 11.02 Osteocondrodisplasia letal com ossos distintos
6.05 Síndrome da costela curta e polidactilia, tipo V 11.03 O steocondrod isplasia letal com excesso de tibulação
6.06 Síndwme da costela curta e polidactilia, tipo VI (M ajewski) intrautenno
6.07 Síndrome da costela curta e polidactilia. tipo VII (Beemer)

De Sprangerj. Marolcaux P: The Iclhal oSleochondrodysplasias. Adv Hum Genel 19:1. 1990.

estabelecimento diagnóstico. Infelizmente, nenhum dos nomo- ram analisadas com exame seriado a cada duas semanas de 10
gramas atuais disponíveis baseou-se em nümero de pacientes a 11 semanas em diante_ Houve correlação significativa entre
suficiente para fornecer uma discriminação acurada entre o o comprimento do fêmur e tanto do comprimento cabeça-ná-
percentil5 e o percentil 1. Entretanto, a maioria das displasias dega como do diâmetro biparietal. Dos cinco casos com dis-
esqueléticas diagnosticadas intraütero ou no nascimento está plasia esquelética, dois (um com OI recorrente e o outro com
associada a um encurtamento acentuado do membro, e, nestas recidiva de acondrogênese) foram diag110sticados no primeiro
circunstâncias, o limite preciso utilizado (10 ou 50 percentil) trimestre. O resultado deste estudo sugere que a avaliação pre-
não foi crítico. Uma exceção a esta situação é a acondropla- coce do feto e a correlação do comprimento do fêmur com o
sia, em que a biometria do membro é levemente afetada até comprimento cabeça-nádega e, também, com a medida do
o terceiro trimestre, quando um crescimento anormal pode diâmetro biparietal podem ser úteis no diagnóstico precoce
ser detectado pelo exame da curva de crescimento do compri- das displasias esqueléticas graves. Nos casos menos graves,
mento do fêmur 68 . Em um estudo incluindo 127 casos de 17 porém, a avaliação biométrica parece apresentar valor limita-
displasias esqueléticas, Gonçalves e Jeanty69 concluíram, com do. Recentemente, têm sido publicados no mo gramas para o
o uso de análise discriminada, que o grau de encurtamento do comprimento dos ossos de acordo com o comprimento cabe-
comprimento do fêmur pode ser utilizado como base inicial ça-nádega em população ampla de fetos normais exan-unados
para a distinção entre os cinco distúrbios mais comuns: dis- entre 11 e 14 semanas de gestação, sendo que o seu papel na
pias ia tanatofórica, O I tipo n, acondrogênese, acondroplasia avaliação precoce das gestações de risco para as displasias es-
e rupocondroplasia_ Gabrielli el aCo avaliaram a possibilidade queléticas ainda deve ser determinad0 71 •
do diagn6sLÍco precoce de displasias esqueléticas em pacientes
de alto risco. Um total de 149 casos consecutivos de gestações
Apresentação Clínica
únicas não complicadas com 9 a 13 semanas de amenorréia foi
examinado com exan1e transvaginal. Oito pacientes adicionais A orientação do diagnóstico pré-natal das displasias esquelé-
com gestações prévias afetadas com displasias esqueléticas [0- ticas, em geral, se apresenta de uma das duas formas: (1) a
430 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

90 95 '
50'
80 5'

70

60

50
E
<Q)
"- 40

30

Rizomélico 20

10

20 40 60 80
Tíbia
FIGURA 12-7. Relação entre o comprimento da tíbia e do fêmur.

Displasias Esqueléticas Caracterizadas por


Tabela 12- 5
Rizomelia. Mesomelia e Micromelia
Rizomelia
Micromélica grave
Displasia tanatofórica
Atelosteogênese
Condrodisplasia pumacta (tipo rizomélica)
Fêmur curto congênito
Acondroplasia
FIGURA 12-5. Variedades do encurtamento dos membros nas dis-
plasias de acordo com o segmento envolvido.
Hjpocondroplasia
IHesomelia
Displasia mesomélica (tipos Langer, Reinhardt e Robinow)
Síndrome de Ellis-van Creveld (displasia condroectodérmica)
80
Acro1l1esomelia
95' Síndrome de Ellis-van Creveld (displasia condroectodérmica)
70 50' tvlic1'Omelia
S'
Acondrogênese
60
Atelosteogênese
50 Síndrome da costela curta-polidactilia
e
Q) 40
Displasia diastrófica
E Fibrocondrogênese
.::;)

30 Osteogênese imperfeita (tipo l I)


Djsplasia de Kniest
20
Djsplasia dissegmentar
10 Síndrome de Robens

O
O 20 40 60
UI na
FIGURA 12-6. Relação entre o comprimento da ulna e do úmero.
ultrassom constitui fator limitante para o estabelecin1ento de
um diagnóstico correto depois da identificação de um achado
incidental. O uu-a limitação é a falta de informações sobre o
histórico natural in utero destes distúrbios.
Independentemente dessas dificuldades e limitações, boas
paciente que teve um bebê anterior com displasia esquelé- razões médicas justificam a tentativa de estabelecer o diagnós-
tica e deseja a avaliação pré-natal na gestação subsequente; tico pré-natal correto das displasias esqueléticas. Vários dis-
ou (2) o achado incidental de uma extrernidade encurtada, túrbios são uniformemente letais (Tabela 12-4), enquanto que
encurvada ou anômala durante o exan1e ultrassonográfico de outros estão associados a retardo mentaf2. Além disto, há um
rotina. Nas pacientes de risco, o exame é mais fácil quando grupo de distúrbios associados à trombocitopenia para a qual
um fenótipo particular é conhecido. A incapacidade de obten- O parto vaginal pode expor o bebê ao risco de hemorragia
ção de informações confiáveis sobre a mineralização esquelé- intracraniana. Assim, o diagnóstico acurado da displasia es-
tica e o envolvin1ento de outros sistemas (p. ex., pele) com o quelética é importante para o aconselhamento pré-natal.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 431

A
FIGURA 12-9. Plano coronal da coluna fetal no exame bidimensio -
nal mostrando a escoliose.

FIGURA 12-10. Imagem tridimensional da coluna fetal mostrando


B a escoliose.

FIGURA 12-8. A. Plano longitudinal da coluna em feto com dis-


plasia tanatofórica e platispondilia. Os discos intervertebrais (setas
brancas) são maiores em altura do que as vértebras (setas pretas)
que estão achatadas. B. O raio X em perfil da coluna de um feto como já mencionado neste capítulo, apenas cerca de um terço
com platispondilia e displasia tanatofórica. Observe o achatamento
acentuado da vértebra.
das displasias esqueléticas apresenta sua base molecular bem-
defmida 25 . Deste modo, o papel do diagnóstico por imagem
na investigação pré-natal das displasias esqueléticas é (1) res-
Diagnóstico por Imagem e Diagnóstico tringir o diagl1óstico diferencial das displasias esqueléticas. de
modo que possa ser selecionado o teste molecular confirma-
Pré-natal das Displasias Esqueléticas
tório apropriado, (2) prever a letalidade (3) identificar o feto
Apesar do aumento da disponibilidade do teste molecular, com displasia esquelética o mais cedo possível na gestação, de
atualmente não é possível ampla pesquisa do diagnóstico modo que o diagnóstico defu_utivo possa estar completo antes
molecular para todas as displasias esqueléticas. Além disto, do limite da viabilidade fetal '3-n
432 SISTE MA MUSCULOESQUELÉTlCO FETAL

o ultrassom é a modalidade de imagem primál;a utilizada entre os 16 fetos de risco. " Veldner et (d. 32 rastrearam 12.453
para o diagnóstico inicial do feto afetado, e vru;os estudos têm pacientes no segundo e no terceiro trimestres , e estimaram a
explo;'a d<,? ofapel u.ltrass?m na da displasia esque- prevalência de displasias esqueléticas detectadas por exame ul-
létIca 3. 68.188 . O pnmeIro fOI uma análise prospectiva em uma trassonográfico de 7,5/10.000. Sharony el al. 84 estudaram fetos
população de alto risco (15 mulheres, 16 casos) que apresenta- e natimortos encaminhados de outros centros de referência
va antecedente para displasias esqueléticas realizada por suspeita de displasia esquelética. A maioria dos casos foi
por Kurtz el al. 6 . Com base nos achados de segundo trimes- esporádica, e o diagnóstico final mais comum foi a OI (16%)
tre, foram diagnosticados corretamente cinco fetos anormais e a displasia tanatofórica (14%) . A Tabela 12-8 resume a acui-
dade diagnóstica do ultrassom bidimensional (US2D) para o
diagnóstico pré-natal das displasias esqueléticas26.3888.91.
Muitos pesquisadores têm proposto que a ultrassonografia
tridimensional (US3D) pode melhorar a acuidade
para o diagnóstico pré-natal da displasia esquelética 2.104. A
razão para esta expectativa é que a disponibilidade de prover
dados para a reconstrução do esqueleto fetal pode permitir a
observação das características fenotípicas não detectáveis pelo
US2D. Por exemplo, Garjian el al90 e Krakow el al. 102 relata-
ram o diagnóstico adicional de anomalias faciais 95 .1 02 e escapu-
lares 95 , bem como padrão anormal de calcificação 102 em fetos
com diplasias esqueléticas. Moeglin e Benoit,98 por sua vez,
utilizaram o método de visualização multiplanar para demons-
trar a aparência pontilhada da diáfise superior do fêmur na
acondroplasia. A reconstI'ução tridimensional dos ossos fetais
é mais bem realizada utilizando o modo de projeção de inten-
sidade má,-xima, um método que prioriza a seleção dos voxels
(unidade básica da reconstrução de volume), elemento com
elevada escala de cinza contida dentro da região de interesse
FIGURA 12- 11 . Plano coronal da coluna fetal mostrando a hemivér- selecionada pelo profissional95 .98 (Fig. 12-14). Se o feto for exa-
tebra lateral Iseta) no segmento torácico.

Tabela 12-6 Valores Normais para a Perna (milímetros)


Tíbia Fíbula Fêmur
Percentil Percentil Percentil
Semanas 5° 50° 95° 5° 50° 95° 5° 50° 95°
12 7 6 4 8 13
13 10 9 6 11 16
14 7 12 17 6 12 19 9 14 18
1.') 9 15 20 9 15 21 12 17 21
16 12 17 22 13 18 23 15 20 24
17 15 20 25 13 21 28 18 23 27
18 17 22 27 15 23 31 21 25 30
19 20 25 30 19 26 33 24 28 33
20 22 27 33 21 28 36 26 31 36
21 25 30 35 24 31 37 29 34 38
22 27 32 38 27 33 39 32 36 41
23 30 35 40 28 35 42 35 39 44
24 32 37 41 29 37 45 37 42 46
25 34 40 45 34 40 45 40 44 49
26 37 42 47 36 42 47 42 47 51
27 39 44 49 37 44 50 45 49 54
28 41 46 51 38 45 53 47 52 56
29 43 48 53 41 47 54 50 54 59
30 45 50 55 43 49 56 52 56 61
31 47 52 57 42 51 59 54 59 63
32 48 54 59 42 52 63 56 61 65
33 50 55 60 46 54 62 58 63 67
34 52 57 62 46 55 65 60 65 69
35 53 58 64 51 57 62 62 67 71
36 55 60 65 54 58 63 64 68 73
37 56 61 67 54 59 65 65 70 74
38 58 63 68 56 61 65 67 71 76
39 59 64 69 56 62 67 68 73 77
40 61 66 71 59 63 67 70 74 79
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 433

I Tabela 12- 7 I Valores Normais para o Braço (Milímetros)


Úmero Ulna Rádio
Percentil Percentil Percentil

Semanas 5° 50° 95° 5° 50° 95° 5° 50° 95°

12 9 7 7
13 6 11 16 5 10 15 6 10 14
14 9 14 19 8 13 18 8 13 17
15 12 17 22 11 16 21 11 15 20
16 15 20 25 13 18 23 13 18 22
17 18 22 27 16 21 26 14 20 26
18 20 25 30 19 24 29 15 22 29
19 23 28 33 21 26 31 20 24 29
20 25 30 35 24 29 34 22 27 32
21 28 33 38 26 31 36 24 29 33
22 30 35 40 28 33 38 27 31 34
23 33 38 42 31 36 41 26 32 39
24 35 40 45 33 38 43 26 34 42
25 37 42 47 35 40 45 31 36 41
26 39 44 49 37 42 47 32 37 43
27 41 46 51 39 44 49 33 39 45
28 43 48 53 41 46 51 33 40 48
29 45 50 55 43 48 53 36 42 47
30 47 51 56 44 49 54 36 43 49
31 48 53 58 46 51 56 38 44 50
32 50 55 60 48 53 58 37 45 53
33 51 56 61 49 54 59 41 46 51
34 53 58 63 51 56 61 40 47 53
35 54 59 64 52 57 62 41 48 54
36 56 61 65 53 58 63 39 48 57
37 57 62 67 55 60 65 45 49 53
38 59 63 68 56 61 66 45 49 54
39 60 65 70 57 62 67 45 50 54
40 61 66 71 58 63 68 46 50 55

80 90
95' 95'
./ 80
50'
'/
70 50'
5'
/ 5'

«/
70
60 ./
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60 100 140 180 220 260 300 340 60 100 140 180 220 260 300 340

Circunferência cefálica (mm) Circunferência cefálica (mm)

FIGURA 12- 12. Relação entre a circunferência cefálica e o compri- FIGURA 12-13. Relação entre a circunfe rência cefálica e o compri-
mento do úmero. mento do fêmur.

minado cedo o suficiente durante a gestação, o esqueleto intei- Relatos de casos e séries pequenas de displasias esqueléticas
ro pode ser incluído dentro da região de interesse; deste modo, foram publicados descrevendo as caractcrísticas feno típicas ou
pode ser obtida uma visualização panorâmica95 . Entretanto, para as quais o US3Dpo?e fornecer informações
ainda assim, o diagnóstico pode passar despercebido, pelo fato adICionaIs (Tabela 12-9) 93,95-98.1 00-lOt, IO, .
de as características feno típicas de algumas displasias esquelé- A tomografia computadorizada helicoidal com reconstru-
ticas não se manifestarem até em fase avançada da gestação. ção tridimensional (TCH3D) recentemente foi proposta como
434 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

uma modalidade de imagem adjunta para o diagnóstico pré- [27/35] , P = 0,03, teste de Mc emar para amostras corretas),
natal das displasias esqueléticas (Fig. 12-15) 106. Como o US3D, a pe7jónnance do TCH 3D não foi superior à da US3D, pois
a técnica pós-processamento, como a projeção de intensidade o diagnóstico pré-natal correto foi estabelecido por ambas as
máxima, versão de superfície e interpretação de volume, pode modalidades em todos os casos. A partir do momento que os
ser utilizada para a reconstrução tridimensionallOi'109. As me- dois métodos apresentam acuidade diagnóstica comparável, o
didas dos ossos longos obtidas pelos estudos da necropsia por US3D tem duas vantagens import311tes sobre a TCH3D, que
TC helicoidal foram comparadas com as obtidas dentro de 24 são a ausência de exposição à radiação e a ampla disponibili-
horas do parto pelo ultrassom, sendo observada correlação dade nas clúucas e hospitais. Também, é digno de nota que a
significativa entre os dois métodos llo . Imagens panorâmicas experiência geral com o US3D para o diagnóstico de displasia
excelentes podem ser obtidas pelo TCH3D sem superposição esquelética ainda é limitada92.JOo.1I1.J16. Contudo, mesmo neste
do esqueleto materno (que ocorre com a radiografia). Rua- estudo, o US3D apresentou pnjómul11ce melhor que o US2D
no ei a/. 10 6 compararam as características feno típicas de três tanto na identificação das características fenotípicas (77,1%
displasias esqueléticas [acondroplasia (n = 3), OI (n = 2) e [27/35] versus 51,4% [18/35], P = 0,004, teste de McNemar para
condrodisplasia punctata (n = 1)] visualizadas pelo TC H3D, amostras correlatas) quanto no estabelecimento da acuidade
US3D e US2D. As deformidades da pelve fetal e o aumento do diagnóstica.
espaço intervertebral das vértebras lombares foram diagnosti-
cados mais utilizando a TCH3D do que o US2D e o US3D .
Em contrapartida, algumas características feno típicas dos fe- Abordagem do Diagnóstico das
tos com displasia esquelética foram demonstradas somente Displasias Esqueléticas
pelo ultrassom: hipoplasia falangiana, pontos de calficicação Na Tabela 12-10 está resumida a proposta de abordagem sis-
epifisários (no US2D e US3D) e dismorfismo facial (somen- temática para diagnóstico pré-natal das displasias esqueléticas
te pelo US3D). Embora a contagem geral das características e descrita na próxima seção com mais detalhes.
fenotípicas corretas detectadas durante o pré-natal tenham fa-
vorecido a TCH3D sobre o US3D (94,3%[33/35] versus 77, 1%
Avaliação dos Ossos Longos
Medidas. Todos os ossos longos devem ser medidos em
Acuidade do Ultrassom Pré-natal para o todas as extremidades. A comparação com outros segmentos
I Tabela 12- 8 deve ser realizada para estabelecer se o encurtamento dos
Diagnóstico de Displasias Esqueléticas membros é predominantemente rizomélico, mesomélico ou
Diagnóstico acromélico, ou se, envolve todos os segmentos (Figs. 12-5, 12-
Número Correto 6, 12-7 e 12-14). E necessário o exame detalhado de cada osso
Autor Ano de Casos (%)
para excluir a ausência ou hipoplasia de ossos individuais
Gordienko el a/3B 1996 26 73 (9) (fíbula, tíbia, ulna, rádio, clavículas e escápula)85. 1Ji-1 20 .
GaITney el a/88 1998 35 31 (11 ) Grau de Mineralização. Deve ser realizada tentativa para
Tretter d (1/ 90 1998 27 48 (13) caracterizar o grau de mineralização. Isto pode ser avaliado
Hersh el a1. 91 1998 23 48 (11 ) pelo exame da sombra acústica abaixo do osso e sua própria
Doray el al. 89 2000 47 60 (28) ecogenicidade. Sinais de desl1uneralização incluem a visuali-
Parilla ef a/26 2003 31 65 (20) zação de uma foice proeminente incomum e a ausência ou

FIGURA 12-14. Comparação entre o modo de interpretação de superfície (AI e o modo de projeção de intensidade máxima (81 para a visuali -
zação da perna de um feto com encurtamento mesomélico dos ossos longos. Com o modo de interpretação de superfície, a superfície externa
da perna é visualizada. Pela mudança da interpretação para a projeção de intensidade máxima, somente é demonstrada a contracão do elemento
de volume (voxe/sl de alta intensidade, com clara distinção do encurtamento mesomélico dos ossos longos (a tíbia e a fíbula proporcio-
nalmente mais curtas que o fêmurl.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 435

Achados Fenotípicos Adicionais e Melhora da Visualização em Casos de Displasia Esquelética pelo US3D
Tabela 12-9
Pré-natal em Comparação com o US2D em Relatos Publicados
Displasia Esquelética Característícas Fenotípicas Identificadas Melhor pelo US3D do que pelo US2D

Plarispondilia letal Melhora da visualização do enCUlvamento do fêmur e da ubia


condrodisplasia 93 Melhor caracterização dos tecidos moles faciais com a interpretação de superfície
Displasia campomélica9s.lo3. 116 Micrognatia
Face achatada
Hipoplasia de escápula, pé bífido
Posição dos dedos do pé como leque
Displasia tanatofórica9.>·97.lo2 Melhora da caracterização da bossa frontal e depressão da ponte nasal
Demonstração do espessamento da pele
Orelhas dismórlicas e de implantação baixa
Acondroplasia9R.lo2 Melhora da caracterização da bossa frontal e depressão da ponte nasal
Avaliação superior das epífises e metáfises dos ossos longos, com demonstração da inclinação
vertical da metálise
Esu'eitamento caudal da distância interpedicular
Visualização rútida da mão em tridente
Melhor visualização da desproporção entre os segmentos dos membros
Condrodisplasia puntacta, forma rizomélica lo2 Melhor caracterização da fácies "enfaixada" (depressão da ponte nasal, face média hipoplásica,
nariz pequeno com asa achatada)
Identificação da laringe
Acondrogênese lo2 Demonsu'ação panorâmica do encurtamento do pescoço e do encurtamento grave de todos os
segmentos dos membros
Síndrome deJarcho·Levin lOl Defeitos vertebrais com ausência das costelas e dos processos u'ansversos
Disostose espondilocostal lll Disposição das costelas em forma de leque com sua fusão
Síndrome de Larsen J05 Joelho recurvado, hipoplasia da face média, baixa implantação das orelhas
Displasia cleiclocraniana IIS Suturas cranianas alargadas, deliciência de mineralização dos ossos occipitais, pseudoartrose das
clavículas
Síndrome de Craniossinostose coronal

US2D. ultra SSOll1 bidimensional. US3D. ullrassom tl"idimensional.


Características feno tÍpicas da ostcogênese imperfeita 95 . síndrome da costela clIrt.:'1·polidactilia 1OO e sindrome de Apert lO2 também foram descritas utilizando o US3D embora
não tenham sido Obscl'vados achados adicionais com rclayc10 ao US2D.

redução da ecogenicidade da coluna. Deve ser enfatizado que esquelética grave é diagnosticada, a presença do envolvimento
há linútações para a avaliação ultrassonográfica da mineraliza- torácico acentuado e a hipoplasia pulmonar pode pemútir
ção dos ossos longos e que outras estruturas, como O crânio, ao clÍIúco o aconselhamento aos pais quanto ao prognóstico,
podem ser mais propícias para esta avaliação (Fig. 12-16). independente do fato do tipo especifico da displasia esquelé-
Grau de Curvatura do Osso Longo. No presente mo- tica não ser conhecido. Muitos parâmetros ultrassonográficos
mento, não existe método objetivo para avaliar a curvatura do têm sido investigados para a predição da hipoplasia pulmo-
osso longo, e a experiência é o único meio para auxiliar o opera- nar. Estes incluem medidas do tórax e dos pulmões, relações
dor a distinguir o limite entre a normalidade e a anormalidade. entre as medidas do tórax e outros parâmetros biométricos,
A campomelia (encurvamento excessivo, Fig. 12-17) é caracte- Dopplervelocimetria das artérias pulmonares , avaliação por
rística de certos distúrbios (p. ex., displasia campomélica). Doppler do fluxo líquido da traqueia e, mais recentemente,
Achatame nto Metafi sário. O achatamento metafisário pela medida volumétrica tridimensional dos pulmões fetais
denota o alargamento no nível da placa de crescimento metafi- tanto pelo ultrassom como pela ressonância magnética (RlVI).
sária. Esta pode ser observada em muitas condições, incluindo Avaliação das Dimensões do Tórax e dos Pulmões
acondroplasia, hipocondroplasia, hipocondrogênese, displasia pela Ultrassonografia Tridimensional. A biometria do tórax
torácica asfixiante, condrodisplasia puntacta, displasia diastró- e dos pulmões tem sido extensivamente estudada para identifi-
fica, hipofosfatasia, displasia de Kniest, displasia cifomélica, car o feto de alto risco para a hipoplasia pulmonar I22 ' 133 . A Ta-
displasia metatrópica e 0 1121 . bela 12-11 lista as displasias esqueléticas associadas à alteração
Fraturas. A possibilidade de fraturas deve ser considerada, das dinlensões do tórax, enquanto que as Figuras 12-20 e 12-21
pois pode estar presente em algumas condições (p. ex., OI, Fig. ilusu'am as características associadas à hipoplasia torácica.
12-18). As fraturas podem ser muito sutis, ou resultar em angula- Métodos utilizados para medir os ossos e o tórax, pulmões
ção e separação dos segmentos dos ossos afetados (Fig. 12-19). e coração pelo US2D são ilustrados na Figura 12-22. A di-
mensão do tórax em fetos com idade gestacional conhecida
pode ser avaliada pelos nomogranlas reproduzidos nas Tabelas
Predição da Hipoplasia Pulmonar
12-12 e 12-13. Qyando a idade gestacional é incerta, podem
Muitas displasias esqueléticas estão associadas à lúpoplasia ser utilizadas as relações não dependentes da idade, como a re-
do tórax. Isto é importantíssimo, pois a restrição da caixa lação entre circunferência torácica e abdominal (valor normal:
torácica resulta em lúpoplasia pulmonar, causa frequente de 0,77 a 1,01 ) e a relação entre a circunferência do tórax e o polo
óbito nestas condições (1àbela 12-4). Q.lando uma displasia cefálico (valor normal: 0,5 6 a 1,04) 123 .
436 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

FIGURA 12-15. Comparação das características do fenótipo da osteogênese imperfeita pela tomografia computadorizada helicoidal tridi-
mensional (TCH3Dl, ultrassom tridimensional (US3D), ultrassom bidimensional (US2D) e radiografia da necropsia. O diagnóstico pré-natal da
osteogênese imperfeita com 33 semanas de gestação pelo US2D, US3D e TCH3D. A. US2D: plano transversal do pólo cefálico com fratura
do crânio (fi deformada devido à pressão do transdutor. B. US2D: plano coronal do tórax fetal mostrando costelas irregulares (seta). C. US2D:
plano sagital do braço direito mostrando o braço curto e encurvado (f ). D. US2D: plano sagital do fêmur fetal com fratura (fi. E. US3D: inter-
pretação tridimensional do modo de imagem do osso mostrando a vista lateral do crânio fetal com a fratura (f) que pode ser diferenciada da
sutura coronal normal (CS) pela localização e pelo aspecto deformado dependente da pressão do transdutor; isto foi confirmado no exame de
necropsia. F. US3D: interpretação do modo de imagem do osso demonstrando costelas fraturadas e irregula res (f). G. US3D interpretação do
modo de imagem do osso mostrando encurtamento e encurvamento do rádio e da ulna (fi. H. US3D: interpretação do modo de imagem do osso
demonstrando a fratura do fêmur (fi. /. TCH3D: vista posterior do feto inteiro confirmando as fraturas das costelas e do fêmur (fi, bem como
a diminuição da mineralização do crânio. J. Exame radiológico da necropsia , confirmando encurtamentos, encurvamentos e fraturas dos ossos
longos. (De Ruano R. Molho M , Roume J, et ai: Prenatal d iagnosis of fetal skeletal dysplasias by combining two-dimensional and three-dimen -
sional ultrasound and intrauterine three-dimensional helical computer tomography. Ultrasound Obstet Gynecol 24: 134, 2004.)

Na Tabela 12-14, é apresentado um resumo da acuidade proposta por H ersh et a/9 1, que foram capazes de predizer a
diagnóstica dos parâmetros biométricos para o diagl1Óstico de letal idade de 23 em 25 casos de displasia esquelética com o
hipoplasia pulmonarI24.13o. 133.139. De interesse particular, são as comprimento do fêmur abaL"o do primeiro percenti.! para a
medidas do diâmetro do pulmão direito ou a relação entre o idade gestacional depois de combinar esta informação com ou-
diâmetro pulmonar direito/circunferência torácica óssea pro- tros achados ultrassonográficos (i. e.. tórax em forma de sino,
posto por Merz et af.1 31. Em um estudo de 32 fetos com diag- redução da ecogenicidade óssea ou ambos).
nóstico pós-natal de hipoplasia pulmonar (displasias esquelé- Volume Pulmonar por Ultrassom Tridimensional. O
ticas [n = 7]. agenesia renal [n = 11], hérnia diafragmática [n volume do pulmão pelo US3D tem sido realizado pelo uso de
= 7] e hidrotóraJ{ [n = 2]) , todos apresentavam o diâmetro duas técnicas: multiplanarl41146 (Fig. 12-23) e VOCAL (Vir-
pulmonar direito abai.xo do 5 para a idade, i.ndepen- tual Organ Computer-Aided AnaLysis, G E MedicaI Systems,
dente do distúrbio primário 36 Em estudo subsequente de 19 Mi.!waukee, Wisconsin). (Fig. 12-24) Os nomogramas
fetos com hérnia diafragmática congênita , Bahlmann ei a!. m para o volume pulmonar pelo f?ram realizados por di-
demonstraram que a relação entre o diâmetro pulmonar di- versos pesqUIsadores
reito/circuferência torácica óssea detectou todos os fetos com Kalache e/ aJ.I .17 demonstraram que tanto o modo 3D muI-
hipoplasia pulmonar com sensibilidade de 100% e especifici- tiplanar como o 3D VOCAL podem ser utilizados para a
dade de 100%. medida do volume pulmonar em fetos , uma observação que,
Comprimento Curto do FêmUl- e Predição da Leta- subsequentemente, foi confirmada por Moeglin e/ al. 152 A van-
lidade nas Displasias Esqueléticas. Rahemtullah et a/. 140 tagem potencial da técnica VOCAL é a possibilidade de obter
estudaram 18 casos de displasias esqueléticas, e todos os casos finos contornos dos pulmões que podem ser particularmente
letais estavam associados à razão comprimento do fêmur/cir- importantes quando a delimitação do órgão em questão for ir-
cunferência abdominal de 0,16. Embora este teste tenha de- regular, como nos casos de hérnia diafragmática congênita. Em
tectado os casos letais com sensibilidade de 100%, dois casos contrapartida, as medidas do volume do pulmão obtidas pela
de acondroplasia foram identificados erroneamente como le- técnica 3D multiplanar são mais rápidas, em geral consumindo
tais com este método. Uma abordagem menos pragmática foi menos de 5 minutos para realizá-las J52 . Os volumes são esti-
SISTEMA MUS CULOESQUE LÉTICO FET AL 437

Etapas para o Exame do Feto


com Suspeita de Displasia Esquelética
Tabela 12- 10 I
pelo Ultrassom Bidimensional e
Tridimensional
1. Medida de todos os ossos longos
2. Compa.raç,1.o com Outros segmentos e classificação do
encurtamento dos membros como:
a. Rizomelia
b. Mesomelia
c. Acromelia
d. Micromelia grave
3. Avaliação qualitativa dos ossos longos:
a. Desmineralização
b. Fraturas
c. Encurvamento
d. Ecogenicidade metafisária
e. Ausência de ossos
4. Medida das dimensões do tórax para determinar o risco de A
hipoplasia pulmonar
5. Avaliação das mãos e dos pés
a. Dedos (polidactilialsindactilia)
b. Deformidades posl'urais
6. Avaliação do crânio
a. Macrocrania
b. Bossa frontal
c. Crânio em forma de tl'evo
d. H ipenelorismo/hiporelorismo
7. Fendas faciais
8. Exame da coluna
a. Platispondilia
b. Desmineralização
c. Hemivénebra
d. Fendas coronais
e. Desorganização vertebral
9. Avaliação dos órgãos internos incluindo ecocardiografia
10. Movimento fetal
11. Volume de líquido a.mniótico
B
FIGURA 12-17. Encu rvamento da extremidade inferior (setas) em
um caso de (A) d isplasia tanatofó rica e (B) Displasia campomélica.

mados melhor quando os planos são adquiridos utilizando o


plano transversal do tóra.x Ruano et compara-
ram as medidas dos pulmões fetais obtidas utilizando o método
VOC AL e o volume atual na autópsia em oito casos de hérnia
diafragmática congênita e 25 casos-controle sem malformação
pulmonar. A média de erro relativo do US3D para estimar o
volume atual foi de -7,19% (variação de -42,70% a +18,11%)
em casos de hérnia diafragmática congênita e 0,72% (variação
de -30,25% a + 19,22%) nos fetos normais.
Recentemente, comparamos a eficiência do diag11óstico
das medidas do volu me pulmonar pelo US3D com os dos
parâmetros biométricos obtidos pelo US2D na identifica-
ção de hipo plasia pulmonar letal em 41 fetos com distúrbios
muscu loesqueléticos (Tabela 12-14). A hipoplasia pulmonar
letal foi diag110sticada em 34,1% dos casos (14/41). Noventa
e três por cento (13/14) dos fetos com hipoplasia pulmonar
FIGURA 12- 16. Desmineralização do crânio em um caso de osteo- apresentavam volume pu lmonar abaixo do percentil 5 para
gênese imperfeita. Os ventrículos laterais e o plexo co roide no campo
mais próximo são bem-visíveis devido à falta da mineralização normal a idade gestacional; porém, devido ao número de diagnósti-
da calota . Normalmente, o artefato de reverberação da calota faz cos falso-positivos ser tão elevado (48,1 Ofo [13/27), o teste não
com que estas estruturas fiquem obscuras. pode ser utilizado na prática clínica diária. Os parâmetros com
438 SI STEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

FIGURA 12-19. Fratura in ulero em um caso de osteogênese imper-


feita. As setas indicam a linha da fratura hipoecogênica.

Displasias Esqueléticas Associadas à


Tabela 12- 11 I Alteração das Dimensões Torácicas
I
A
Tóra..x estreiLO, longo
Displasia torácica asfixiante Oeune)
Displasia condroectodérmica (Ellis-van Creveld)
Displasia mctatrópica
Fibrocondrogênese
Atelostcogênese
Displasia campomélica
Sindrome dejarcho-Levin
Acondrogênese
Osteogênese imperfeita congênita
Hipofosfatasia
Displasia dissegmentar
Displasia cleidocraniana
Tórax curto
Osteogênese imperfeita (tipo 11)
Displasia de Kn.icst (displasia melatrópica tipo lI)
Síndrome de Pena-Shokeir
Tóra..x hipoplásico
Síndrome da costela curta-polidactilia (tipo I, tipo lI)
Displasia tanatofórica
B Síndrome cerebrocostomandibular
FIGURA 12-18. A. Ultrassonografia tridimensional em um caso de Sindrome de displasia cleidocraniana
osteogênese imperfeita tipo 11. O volume dos dados foi interpretado Acondroplasia homozigótica
utilizando o modo de intensidade máxima (esqueleto). Múltiplas fra- Sindrome de Melnik- eedles (osteodispJasia)
turas nas costelas estavam presentes. Note o encurtamento e o en-
curvamento grave do fêmur (F) e do úmero (H) esquerdos . B. Imagem
Fibrocondrogênese
de um feto com osteogênese imperfeita tipo 11. O fêmur encontra-se Sindromc otopaJatodigitaJ tipo II
acentuadamente encurtado (seta) com fraturas múltiplas.

a eficiência diagnóslica mais elevada pa.ra predizer a hipopla- 85,4% [35/41]); e (3) razão comprimento do fêmur e circun-
sia pulmonar letal nesta população foi (1) diâmetro puLmo- ferência abdominal (sensibilidade de 85,7% [12/14), especifici-
nar direito (sensibilidade de 71,4% [10/14], especificidade de dade de 85,2% [23/27], valor preditivo positivo 75 ,0% [12/16),
92 ,6% [25/27), valor prcditivo positivo de 83,3% [10/12), valor valor prcditivo negativo 92,0% [23/25], e eficiência diagnóstica
preditivo negativo 86,2% [25/29), e eficiência diagnóstica de de 85,4% [35/41]) .
85,4% [35/41)) ; (2) razão circunferência torácica e circunferên- Avaliação do Volume Pulmonar ou Inten sidade do
cia abdominal (sensibilidade de 85 ,7% [12/14), especificidade Sinal p ela Ressonância Magné tica. Os parâmetros propos-
de 85,2% [23/27), valor preditivo positivo 75,0% [12/16), valor tos para avaliar o volume puLmonar pela RM incluem o volu-
preditivo negativo 92,0% [23/25), e eficiência diagl1óstica de me pulmonar relativo (razão do volume pulmonar observado
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTlCO FETAL 439

FIGURA 12-20. Plano longitudinal de feto com displasia tanatofóri -


ca. Observe a desproporção significativa entre o tórax e o abdome.

FIGURA 12-22. A a F. Ilustração de vários métodos para a medida


das dimensões de tórax , pulmões e coração.

0,001 ). 1ànigaki et al. IGU compararam a jJerfo17llance diagnóstica


do VP/PEF determinada pela RM aos três parâmetros ultras-
sonogTáficos mais utilizados para avaliar o risco de hipoplasia
pulmonar no nascimento. Em uma população de 17 fetos com
risco de hipoplasia pulmonar, a VP/ PEF abaL'(o do percentil 5
para a idade foi o parâmetro diagnóstico mais acurado.
A relação da imensidade do sinal Rara predizer a hipoplasia
pulmonar também tem sido avaliada Kuwashima el al. 162
propuseram que os pulmões do feto com hipoplasia pulmonar
apresentariam sinais de intensidade mais baixos com relação
aos fetos com o desenvolvimento pulmonar normal. Osada el
FIGURA 12-21. Costelas extremamente curtas em feto com a sín- al. 16 :J compararam o VP/PEF enn-e 58 fetos normais e 29 de
drome de costelas curtas-polidactilia. risco para a hipoplasia pulmonar. Além da VP/PEF, os auto-
res também avaliaram a intensidade do sinal expressa como
uma relação entre a intensidade d.o sinal do pulmão/líquido
espinhal (P/LE). Embora os índices diagnósticos não tenham
sido relatados neste estudo, a análise ROC mostrou que a me-
sobre o esperado), razão do volume pulmonar sobre o peso dida simultânea do volume do pulmão fetal e a intensidade do
fetal estimado (VP/PE F), e a razão do p"ulmão sobre o sinal de sinal pela RM apresentavam uma área sob a curva de 0,990
intensidade do espinal (P/FE) h!-l6·I para predizer a hipoplasia pulmonar comparada com 0,930
Rypens eI aI. lo, determinaram a biometria do volume pul- e 0,955 para o volume pulmonar ou a relação P /LE isolada.
monar normal durante a evolução da idade gestacional em Keller eI a!. J(j ·1 avaliaram a imensidade do sinal pulmãolfigado,
336 fetos com pulmões normais. O volume pulmonar normal pulmão/líquido amlúótico, pulmão/músculo , fígado/líquido e
do feto aumenta com a idade gestacional. Porém, houve uma fígado/músculo para a precisão diagl1óstica da hipoplasia pul-
relação constante entre os volumes do pulmão esquerdo e di- monar. Em contraste com o estudo de Osada el al. 163 , estas
reito, com o volume do pulmão direito sendo responsável por relações da intensidade dos sinais não diferiram sig-Iúficativa-
56% do v.olume pulm.onar total do feto . O volume da RM cor- mente da obtida na população normal.
respondeu a 90% do volume medido pelo exame patológico. A Avaliação por Doppler d o Fluxo Líquido da Tra-
Williams cf al. 160 calcularam .o v.olume pulm.onar relativ.o queia _ Kalache et al.1G5 propuseram que .o volume do líquido
em um grupo de 91 fetos com ultrassonografia normal dos pulmonar deslocado na traqueia poderia ser útil na análise da
pulmões e comparou as medidas com 28 fetos de risco para função pulmonar fetal. Os pesquisadores testaram esta hipó-
a hipoplasia pulmonar. O volume pulmonar médio relativo tese em estudo com casos-controle que incluíram seis casos de
foi sigllificativamente menor no grupo de fetos de risco para hérnia diafragmática congênita diagllosticada no pré-natal e
a hipoplasia pulmonar (34% ± 15% versus 102% ± 17%, P < um gTupo-controle de cinco fetos saudáveis que apresentavam
440 SISTEMA M US CULOESQU ELÉTl CO FETAL

I Tabela 12- 12 ; Medida da Circunferência Torácica Fetal (Centímetros)


Percentis Preditivos

Idade Gestacional (Semanas) 2,5 5 10 25 50 75 90 95 97,5


16 6 5,9 6,4 7,0 8,0 9,1 10,3 11,3 11 ,9 12,4
17 22 6,8 7,3 7,9 8,9 10,0 11 ,2 12,2 12,8 13,3
18 31 7,7 8,2 8,8 9,8 11 ,0 12,1 13,1 13,7 14,2
19 21 8,6 9,1 9,7 10,7 11 ,9 13,0 14,0 14,6 15, 1
20 20 9,5 10,0 10,6 11,7 12 ,8 13,9 15,0 15,5 16,0
21 30 10,4 11 ,0 11,6 12,6 13,7 14,8 15,8 16,4 16,9
22 18 11 ,3 11,9 12,5 13,5 14,6 15,7 16,7 17,3 17,8
23 21 12,2 12,8 13,4 14,4 15,5 16,6 17,6 18,2 18,8
24 27 13,2 13, 7 14,3 15,3 16,4 17,5 18,5 19, 1 19,7
25 20 14,1 14,6 15,2 16,2 17,3 18,4 19,4 20,0 20,6
26 25 15,0 15,5 16,1 17,1 18,2 19,3 20,3 21,0 21 ,5
27 24 15,9 16,4 17,0 18,0 19,1 20,2 21 ,3 21,9 22,4
28 24 16,8 17,3 17,9 18,9 20,0 21 ,2 22,2 22,8 23,3
29 24 17,7 18,2 18,8 19,8 21,0 22,1 23,1 23,7 24,2
30 27 18,6 19,1 19,7 20,7 21,9 23,0 24,0 24,6 25 ,1
31 24 19,5 20,0 20,6 21 ,6 22,8 23,9 24,9 25,5 26,0
32 28 20,4 20,9 21,5 22,6 23,7 24,8 25,8 26,4 26,9
33 27 21,3 21,8 22,5 23,5 24,6 25,7 26,7 27,3 27,8
34 25 22,2 22,8 23,4 24,4 25,5 26,6 27,6 28,2 28,7
35 20 23, 1 23,7 24,3 25,3 26,4 27,5 28,5 29,1 29,6
36 23 24,0 24,6 25,2 26,2 27,3 28,4 29,4 30,0 30,6
37 22 24,9 25,5 26,1 27,1 28,2 29,3 30,3 30,9 3 1,5
38 21 25,9 26,4 27,0 28,0 29,1 30,2 31,2 3 1,9 32,4
39 7 26,8 27,3 27,9 28,9 30,0 31,1 32,2 32,8 33,3
40 6 27,7 28,2 28,8 29,8 20,9 32,1 33,1 33,7 34,2

De Chitkara U, Roscnbcrgj. Chervenak FA. et ai: Prenatal sonographic assess ment of the fetal thorax: normal values. AroJ O bstet G)'necol 156: 1069, 1987.

I Tabela 12- 13 I Medida do Comprimento do Tórax Fetal (Centímetros)


Percentis Preditivos
Idade Geslacional (Semanas) N" 2,5 5 10 25 50 75 90 95 97,5

16 6 0,9 1.1 1,3 1,6 2,0 2,4 2,8 3,1 3,2


17 22 1,1 1,3 1,5 1,8 2,2 2,6 3,0 3,2 3,4
18 31 1,3 1,4 1,7 2,0 2,4 2,8 3,2 3,4 3,6
19 21 1,4 1,6 1,8 2,2 2,7 3,0 3,4 3,6 3,8
20 20 1,6 1,8 2,0 2,4 2,8 3,2 3,6 3,8 4,0
21 30 1,8 2,0 2,2 2,6 3,0 3,4 3,7 4,0 4, 1
22 18 2,0 2,2 2,4 2,8 3,2 3,6 3,9 4,1 4,3
23 21 2,2 2,4 2,6 3,0 3,4 3,8 4,1 4,3 4,5
24 27 2,4 2.6 2,8 3,1 3,5 3,9 4,3 4,5 4,7
25 20 2,6 2,8 3,0 3,3 3,7 4,1 4,5 4,7 4,9
26 25 2,8 2,9 3,2 3,5 3,9 4,3 4,7 4,9 5,1
27 24 2,9 3,1 3,3 3,7 4,1 4,5 4,9 5,1 5,3
28 24 3, 1 3,3 3,5 3,9 4,3 4,7 5,0 5,4 5,4
29 24 3,3 3 ,5 3,7 4,1 4,5 4,9 5.2 5,5 5,6
30 27 3,5 3,7 3,9 4,3 4,7 5,1 5,4 5,6 5,8
31 24 3,7 3,9 4,1 4,5 4,9 5,3 5,6 5,8 6,0
32 28 3,9 4, 1 4,3 4,6 5,0 5,4 5,8 6,0 6,2
33 27 4,1 4,3 4,5 4,8 5,2 5,6 6,0 6,2 6,4
34 25 4,2 4,4 4,7 5,0 5,4 5,8 6,2 6,4 6,6
35 20 4,4 4,6 4,8 5,2 5,6 6,0 6,4 6,6 6,8
36 23 4,6 4,8 5,0 5,4 5,8 6,2 6,5 6,8 7,0
37 22 4,8 5,0 5,2 5,6 6,0 6,4 6,7 7,0 7,1
38 21 5,0 5,2 5,4 5,8 6,2 6,5 6,9 7,1 7,3
39 7 5,2 5,4 5,6 6,0 6,4 6,7 7,1 7,3 7,5
40 6 5,4 5,6 5,8 6,1 6,5 6,9 7,3 7,5 7,7

De C hitkara U, RosenbcrgJ , C hervcnak Fi\. et al: Prenatal sonographic assesslUent of the fetal thor",,,: normal values. AmJ ObStet G)'necol 156:1069, 198i.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 441

Tabela 12- 14 Parâmetros Biométricos Propostos por Autores Diferentes para a Avaliação da Hipoplasia Pulmonar
Fetos Prevalência Sensibilidade Especificidade Acuidade
Autor. Ano l Parâmetro de Risco (%) (%) (%) (%) População

Nimrod el aI. , CT 45 38 88 96 93 RPM; oligo-hidrânuúo; derrame


1986 124 pleural; outras condições que
afetam o desenvolvimento
pulmonar
Fong el aI., CT 18 60 60 88 72 RPM prolongada;
1988 126 oligo-Iúdrânmio; malformações
fetais associadas à hipoplasia
pulmonar
Songster el ai., CF/CT 26 42 80 92 88 RPM; anomalias do trato
1989 127 urinário; displasias esqueléticas
fetais; RCl U; STFF
Vintzileos el al_, CT 33 57 46
1989 128 AT 33 71 54
AT-AC 13 69 50 71 62 Oligo-hidrânuúo grave de
(CT x 100)/CA 33 86 62 duração> que 5 semanas
CAlAC 67 86 77
(AT-AC) x 100/CA 83 86 85
Roberts e CP 92 100 95
Mitchell, 20 60 RPM < de 25 semanas de
1990 134 CT 67 100 80 gestação> 7 dias de duração
D'Alton el ai., CT/CA 16 44 75 100 88 RPM < de 26 semanas de
1992 129 gestação
OhJsson el ai., CT 80 90 87
1992 135 CT/CA 58 28 80 97 91 RPM < 30 semanas de gestação e
CT/CF 55 97 90 19 casos de anomalias congênitas
Maeda el aI. , AP 19 79 100 75 95 Hidropisia não imune, rins
1993 130 policísticos, RPM , hérnia
diafragmática, hidropisia imune;
t1;ssonúa do 18
Yoshimura el aI., CT 100 83 90 Estudo de caso-conu'ole: 21
1996 133 AT 21 t IDO 87 92 pacientes de risco para
CT/CA 90 90 90 hipoplasia pulmonar (anomalias
AP 81 100 93 renais associadas à hipoplasia
AT-AC t 100 87 91 pulmonar; displasia tanatofórica;
AT/AC 16t 69 100 89 RPM prolongada < de 26
AT-AC/AT 69 97 87 SemaIlas de gestação); 30 pacientes
AP/AT 31 100 76 com RPM com função
pulmonar normal
Mcrz el aI., DP 100 Displasias esqueléticas (n = 7);
1999 136 DTT 32 53 * agenesia renal (n = 11 ); hémia
DTS 47 diafragmática (n = 7);
CT 47 hidrotór<Lx (n = 2)
BahJmaIm el ai. , CT 14 100 29
1999 137 DP 17 82 100 100 100 Hénúa diafragmática
DP/CT 100 100 100
Heling el ai. , DTT 44 50 46 Agenesia renal bilateral ; rins
2001 138 DTAP 29 55 57 42 52 multicísticos bilateral, RPM
CP 29 66 42 crônica < de 25 SemaIlaS de
gestação; hidrotórax
Laudy el aI., CT 94 38 61 Oligo-hidrâmnio prolongado
2002 139 CC/CT 40 43 76 50 61 devido a RPM ou doença renal
CT/CA 69 71 70 congêlúta
DP 71 93 82
CT/CA 86 85 85
CF/CA 86 85 85
CT 71 89 83
Gonçalves, AP/AT 57 89 78
et al., 2006 VC!VPT 41 34 64 89 78 Fetos com distúrbios
CP/CT 29 96 73 musculoesqueléticos
VPT 93 52 66
AT-CAlAT 50 59 56
PCT/CA 85 36 54

CA, circunferência abdorninaJ : DTAP. diâmeo'o torácico âmcro-poStcI;or; CC. ciramfcrência cardiaca: CF, comprimenLO do fêmur; AC. área cardíaca : VC. volume cardíaco;
RelU, resni.ção de crescimento intrauterino; AP. árca pulmonar: DP, diâmcrro pulmonar: CP. complimento pulmonar: RPJ\t rupntra prematura de membranas : PCf, perímeou
da caixa torácica; AT, área torácica ; Cf. circunfe rência torácica; VPT, volume pulmonar tOtal, DIT. diâmetro torácico u-ansverso: STFF, síndromc de rransfusão feto-fetal.
*Todos os [elOS apresentavam hipoplasia pulmonar_
'Estudo de caso-controle : todos os fetos na coluna "Feto de risco" apresentavam hipoplasia pulmonar: foram estudados 30 fe tos-controle de idade gestacio nal equivaleme.
:t:SÓ forrun incluídos os trabal hos para os quais havia dados para calcular pelo m e IlOS a sensibilidade.
442 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

FIGURA 12-24. Modelo tridimensional do volume do pulmão direito


obtido pelo uso do VOCAL. Observe a indentacão do coracão fetal
(asterisco). A vista frontal é identificada no lateral e esquerdo à
direita. (De Kalache KD, Espinoza J, Chaiworapongsa T , et ai: Three-
dimensional ultrasound fetal lung volume measurement: a systematic
FIGURA 12- 23. As medidas do pulmão fetal tridimensional utilizan- study comparing multi planar method with the rotational (VOCAL) te-
do a técnica multi planar. A ilustração da sequência de imagens (linha chnique. Ultrasound Obstet Gynecol 21: 111 , 2003.)
vertical verde) utilizada para obter planos transversos do pulmão . O
pulmão direito (RLu) está delineado. O volume do pulmão fetal foi
obtido pelo delineamento por plano transverso (seta verde) . LLu, pul-
mão esquerdo. (De Kalache KD, Espinoza J , Chaiworapongsa T , et
ai: Three-di mensional ultrasound fetal lung volume measurement : a co para hipoplasia pulmonar e encontraram que o índice da
systematic study comparing multi planar method with the rotational Dopplervelocimetria dos ramos proximais e médios da artéria
(VOCAL) technique. Ultrasound Obstet Gynecol 21: 111 , 2003 .) pulmonar não era melhor do que a biometria do tórax para
predizer a hipoplasia pulmonar.
Em contrapartida, Yoshimura eI aI. 170 relataram baixo pico
a mesma idade gestacional de cada caso. Os parâmetros ana- de velocidade sistólica em quatro de cinco fetos , e aumento do
lisados incluíram (1) o comprimento da fase inspiratória; índice de pulsatilidade em cinco de cinco fetos com hipoplasia
(2) o comprimento da fase expiratória; (3) o pico de veloci- pulmonar confirmada (displasia tanatofórica [n = 2], hidropi-
dade durante a inspiração e a expiração; e (4) o volume esti- sia nã_o imune [n = 2] e agenesia renal bilateral [n = 1]) . Rizzo
mado deslocado de líquido na traqueia durante a respiração et alyl, em uma população de 20 fetos com rotura prema-
(calculado como volume = velocidade integral [VTI] x Te x [d tu ra de membranas prolongada, verificaram que um índice
x 0,5f). O volume de fluxo na traqueia estimado relaciona- de pulsatilidade elevado em uma artéria pulmonar periférica
do com a respiração em gestação não complicada aumentou observado duas semanas após a rotura de membranas detec-
com a idade gestacional (de 0,21 ± 0,10 ml/respiração com 26 tou o subsequente desenvolvimento de hipoplasia pulmonar
semanas para 1,37 ± 0,48 lnl/respiração com 36 semanas de com uma sensibilidade de 62,5%, especificidade de 94,6%, va-
gestação) e foi significativamente menor nos fetos com hérnia lor preditivo positivo de 83,3% e valor preditivo neo'ativo de
diafragmática que evoluú'am para o óbito devido à hipoplasia 78,5%. Finalmente, Fuke el aL.172 propuseram o uso do tempo
pulmonar. O volume de fluxo na traqueia dos sobreviventes de aceleraçãoltempo de ejeção dos ramos principais da artéria
foi compatível com o volume dos casos-controle. pulmonar para identificar fetos de risco para a hipoplasia pul-
Doppl erveloc ime tria d a Arté ria Pulmonar. O desen- monar. A razão normal é 0,17 ± 0,04 para a direita e 0,15 ±
volvimento inadequado das alterações estruturais do leito 0,04 para a artéria pulmonar esquerda, e esta relação não se
vascular pulmonar em casos de hipoplasia pulmonar pode re- altera com a idade gestacional. O teste identificou corretamen-
sultar no aumento de resistência da vascularização pulmonar te cinco de seis casos com hipoplasia pulmonar entre 17 fetos
e redução da complacência arterial pulmonar l66 . Assim, vários de risco. Todos os 11 fetos normais apresentavam tempo de
pesquisadores têm tentado utilizar as medidas do Doppler das aceleraçãoltempo de ejeção normais das artérias pulmonares.
artérias pulmonares e de seus ramos com o intuito de identifi-
car fetos de risco para a hipoplasia pulmonar1 39. 167.171. Mitchell Avaliação das Mãos e dos Pés
el a/1 67 avaliaram o índice de resistência das artérias pulmo-
nares periféricas para a predição da hipoplasia pulmonar em As mãos e os pés devem ser examinados para excluir a poli-
10 fetos com rim lUulticístico displásico bilateral. O índice de dactilia (Fig. 12-25), braquidactilia e deformidades posturais
resistência das artérias pulmonares periféricas estava acima do extremas, como as identificadas na displasia diastrófica. A
95° percentil para a idade gestacional em 80% dos casos com Tabela 12-15 mostra um nomograma do tamanho normal
hipoplasia pulmonar. dos pés durante a gestação. A Tabela 12-16 demonstra os
. produziram ;esultados distúrbios associados às deformidades das mãos e dos pés. A
nos. Achlron et aI. verificaram que o lIldlce de pulsatilldade desproporção entre os pés e as mãos e outras partes da extre-
das artérias pulmonares periféricas eSlava dentro dos limites midade também pode ser um sinal de displasia esquelética. A
de normalidade em quatro fetos com hipoplasia pulmonar Figura 21-26 ilustra a relação entre o comprimento do fêmur e
comprovada, sugerindo que o IP da circulação pulmonar se- do pé. A razão do comprimento fêmur/pé é aproximadamente
ria um teste ruim para predizer a intercorrência. Chaoui et constante da 14a a 40" semana de gestação, com o valor médio
al. 169 relataram que somente seis de nove fetos com hipoplasia de 0,99 ± 0,06 (desvio-padrão). A razão abaixo de O87 é con-
. n '
pulmonar apresentaram índice de pulsatilidade elevada dos slderada anormal I • Embora relatos apresentarem que fetos
ramos principais das artérias pulmonares esquerda e direita. com displasias esqueléticas têm razões anormalmente baixas ,
Do mesmo modo, Laudy et al. J39 estudaram 40 fetos de ris- é necessário maior experiência para estabelecer o valor diag-
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 443

Nomograma do Tamanho do Pé Fetal


Tabela 12- 15
Durante a Gestação em Centímetros
Percentil
Idade Gestacional
(Semanas ) N 5· lO· 50· 90· 95·

15 18 1,4 1,5 1,8 2,2 2,3


16 446 1,6 1,7 2.1 2,5 2,6
17 375 1,9 2,0 2.4 2,8 2,9
18 613 2,2 2,3 2,7 3,1 3,2
19 1.160 2,5 2,6 3,0 3,3 3 ,4
20 929 2,8 2,9 3.2 3,6 3 ,7
21 552 3,1 3,2 3 ,5 3,9 4,0
22 360 3 ,4 3 ,5 3.9 4,2 4,3
23 222 3,7 3,8 4,2 4,6 4.7
24 177 4,0 4,1 4,5 4,9 5,0
25 125 4,3 4,4 4.8 5,1 5,2
26 123 4,6 4,7 5.1 5,4 5,5
27 108 4,8 4,9 5.3 5 ,7 5,8
28 74 5,1 5,2 5.6 5,9 6,0
29 66 5,3 5,4 5.8 6,2 6,3
30 65 5,6 5,7 6,1 6,4 6,5
31 62 5,8 5,9 6,3 6,7 6,8
FIGURA 12-25. Volume de rendimento tridimensional utilizando 32 65 6,0 6,1 6,5 6,9 7,0
o modo de intensidade máxima (esqueleto) mostrando a polidactilia 33 39 6,3 6,4 6.8 7,1 7,2
pós-axial (seta). 34 37 6,5 6,6 7,0 7,4 7,5
35 24 6,8 6,9 7,3 7,6 7,7
36 15 7,0 7,1 7,5 7,9 8,0
37 17 7,3 7,4 7,7 8,1 8,2
nOstlco deste método l7.1 É esperado que uma pequena pro-
porção de fetos normais apresente relação anormal. Como no De Meirowitz NB. Ananth CV, SmulianjC, et ai: Foot lenght in fetuses with
caso de outros parâmetros biométricos dos membros, desvios abnormal growth.j Ultrasound Mcd 19:201. 2000.
grandes com relação ao llmite inferior em comparação com o
considerado normal frequentemente são mais significativos.
Displasias Esqueléticas Associadas a
Tabela 12- 16
Polidactilia e Sindactilia
Avaliação do Crânio Fetal
Polidactilia pós-axial
Muitas displasias esqueléticas estão associadas a defeitos da Displasia condroectodérmica
membrana de ossificação e, desta forma , afetam os ossos do SÚldrome da costela curta poljdactilia (tipo I, tipo 11)
crânio. O exame dos ossos do crânio pode revelar ossificação Displasia torácica asfixiante
inadequada (Fig. 12-16), bossa frontal (Fig. 12-27) ou defor- Síndrome otopalatodigital
midade em trevo (Fig. 12-28). A Tabela 12-17 apresenta as Displasia mesomélica, tipo de ' <\Temer (associada à ausência dos
anormalidades do crânio e da face em diferentes displasias polegares)
esqueléticas. Polidactilja pré-axial
Displasia condroectodérmica
SÚldrome da costela curta-poljdactilja (fIPO lI)
Avaliação da Face Fetal Síndrome de Carpenter
o exame ultrassonográfico das caracteIÍsticas faciais é de Sindactilia
gTande importância na avaliação e no diagnóstico de fetos SÚldro01e de Poland
com displasias esqueléticas, pelo fato de muitos destes dis- Acrocefalossindacti]jas (sÚldrome de Carpel1ter, síndrome de
túrbios estarem associados a anomalias típicas 175 . A avaliação Apert)
Síndrome otopalatodigital tipo 11
ultrassonográfica da face fetal é facümente realizada em
Displasia mesomélica, tipo 'Werner
elevada porcentagem em pacientes com 16 a 20 semanas
Síndrome TAR
de gestação em diante. O plano único mais confiável na
Síndrome deJarcho-Levin
detecção de anomalias faciais é o plano sagital, pois permite Braquidactilia
a determinação da hipoplasia da face média, que ocorre em Displasia mesoméljca, tipo Robinow
várias displasias esqueléticas, como a displasia tanatofórica, Sínclrome otopalatodigital
acondroplasia, displasia camJiomélica, OI tipo I e displasia Polegar em carona
espondiloepifisária congênita !.l7u. Djsplasia diastrófica
Na fenda mediana, a porção superior do lábio está ausen- Deformidade do pé torto
te, e o plano sagital mediano não demonstra a parte superior Displasia c1iastrófica
do lábio. Na fenda labial bilateral, a linha média pode apresen- Osteogênese imperfeita
tar aparência variável, dependendo da quantidade de tecido Displasia de Knjest
pré-maxilar residual presente na linha média. a fenda labial Djsplasia espondiloepifisária
unilateral, o plano sagital mediano pode estar relativamente
normal embora o plano parassagital possa revelar a fenda . TAR, trombocitopenia e aplasia de rádio.
444 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

8 95"
50"
E 5"
É.
:; 6-
E
o
"O
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c:
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E
'§.
E
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4
Comprimento do pé (cm)

FIGURA 12- 26. Relação entre o comprimento do fêmur e do pé.

FIGURA 12- 28. Crânio em forma de trevo em paciente com displa-


sia tanatofórica.

vertical com o intuito de examinar o palato secundário. Camp-


bell el a/. 185 relataram resultados preliminares desta técnica em
oito casos de suspeita de fenda orofacia!. Uma fenda no palato
mole deixou de ser diagnosticada somente em um caso.
A micrognatia também é frequentemente observada em
FIGURA 12- 27. Bossa frontal em plano sagital em feIO com casos de displasias esqueléticas (Tabela 12-18)186.188. Na ten-
acondroplasia. tativa de fornecer meio objetivo o diagnóstico pré-na-
tal da micrognatia, Palladini el ai. 9 propuseram o índice da
mandíbula, que é computado pela relação entre o diâmetro da
mandíbula ântero-posterior e o diâmetro biparietal. Em uma
As fendas devem ser, subsequentemente, confirmadas pela ob- população de 198 fetos malformados , 11 dos quais apresen-
tenção da imagem dos lábios no plano corona!. tavam micrognatia no nascimento ou na necropsia, o índice
A fenda do palato ocorre em 66% dos pacientes com fenda da mandíbula abaixo de 23 identificou corretamente todos os
labial. A fenda pala tina isolada é mais difícil de ser diagnos- casos de micrognatia com uma de falso-positivo de 2%.
ticada com o ultrassom devido à sombra dos ossos faciais. O Rotten el ([1. 190 propuseram dois parâmetros para diferencia-
US3D tem-se mostrado superior ao US2D para o diagnóstico ção entre retrog11atia e micrognatia: o ângulo facial infelior
pré-natal da fenda labial e do palato m li9 . As vantagens poten- (Fig. 12-29), e a largura da mandíbula: razão (MD/ MX) (Fig.
ciais do US3D sobre o US2D são: (1) pode ser demonstrado 12-30) . O ângulo facial inferior é utilizado para diagnosticar a
o plano cOl'onal verdadeiro dos lábios, mesmo quando o plano retrognatia. E definido como um ângulo entre as duas linhas
do exame origi nal foi obtido em orientação diferente; traçadas no plano sagital de perfil da face fetal: (1) uma linha
(2) a imagem multiplanar padrão 3D torna bem-sucedida a de referência, ortogonal à porção vertical da testa, no nível
demonstração da crista alveolar de suporte dentário maxilar da sinostose do osso nasal; e (2) a linha de perfil, unindo a
nos casos suspeitos; e (3) a crista alveolar do suporte dentário extremidade do menta à borda anterior da parte mais protrusa
maxilar pode ser localizada de forma mais acurada pela técnica do lábio. Em uma população de fetos de risco elevado para
multiplanar pelo fato de esta região ser facilmente confundida anomalias faciais, o ângulo facial inferior menor do que 50
pela crista mandibularI80'181 . Planos de interpretação da fenda graus identificou a retrognatia com uma sensibilidade de 100%
labial/palatina têm sido úteis para o aconse- e especificidade de 98.9%. A razão MD/MX é computada uti-
lhamento de pacientesI80.182.1 3 . Recentemente, foi proposta lizando o plano transverso da mandíbula e da maxila, com
nova técnica de visualização do palato fetal chamada de face as medidas atuais realizadas 10 mm posteriormente à borda
3D reversa, para a caracterização da fenda facial , em particular óssea anterior. A razão MD/MX de menos de 0,785 entre 18 e
nos fetos com fenda do palato duro 184 . Esta técnica consiste na 28 semanas de gestação identificou corretamente a microgna-
rotação do volume de dados em 180 graus ao redor do ei.,<o tia em três casos de síndrome de Collins Treacher.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 445

Displasias Esqueléticas Associadas a Displasias Esqueléticas Associadas a


, Tabela 12- 17 Tabela 12- 18
Deformidades de Crânio e de Face Micrognatia

Pala cefá lico grande Displasia campomélica


Acrondroplasia Displasia cliastrófica
Acondrogênese Síndrome otopalatoeligital
Displasia tanatofórica Aconelrogênese
Osteogênese imperfeita Displasia mesomélica
Displasia c1eidocranial Síndrome de Pena-S hokier
Hipofosfatasia Síndrome de Treacher-Collins
Displasia campomélica Disostose acrofacial de Nager
Síndrome costela cllrta-polidactilia, tipo IH Hipogênese oromandibular e membros
D isplasia mesomélica de Robinow Sínelrome de Golelenhar
Síndrome otopalatodigital Atelosteogênese
Crânio e m forma d e trevo Sinelrome hidroletal
Displasia tanatofórica
Displasia campomélica
Outras cranioestenoses
Sínd rome de Apert
Síndrome de Carpenter
Catarata con gênita
Condrodisplasia pllntacta
Fenda p a latina
Displasia torácica asfLxiante
Displasia de Kniest
Displasia diastrófica
Displasia espond iloepifisária
Displasia call1pol11élica
SÚ1drome deJarcho-Levin
Síndrome de Ellis-van Creveld
Síndrome da costela clIrta-polidactilia , tipo H
Displasia metatrópica
Síndrome otopalatodigital, tipo H
Displasia dissegmentar
Síndrome de Robert
Lábio superior curto
Displasia condroectodénruca
Micrognatia
Displasia call1pol11élica
Displasia d iastró fica
Sínelrome ele vVeissenbacher-Zwe)'muller FIGURA 12- 29. Ângulo facial inferior . O ângulo facial inferior é
Síndrome otopalatoeligital definido como o ângulo entre duas linhas traçadas no plano sagital
Síndrome de Pena-Shokier do perfil da face fetal: (11 a linha de refe rê ncia , ortogonal à porção
Síndrol11e da trombocitopenia-aplasia ele ráelio (IAR) vertical da testa no nível da sinostose dos ossos nasais; e (21 a linha
Síndrome ele Langer de perfil, un indo a extremidade do menta à borda anterior da porção
mais protrusa do lábio .

Os diâmetros intraorbitais e interorbitais também devem 16 tinham an omalias associadas 191. Estas incluíam anomalias
ser medidos, pois o hipertelorismo pode ocorrer em casos de cardíacas, gastrointestinais, renais, faciais, de extremidades
displasias esqueléticas (Tabela 12-19)_ e cranianas. Sete fetos apresentavam agenesia renal bilateral
(sequência de Potter). Apenas cinco dos fetos com anomalias
adicionais sobreviveram. Geralmente, estas ano malias não são
Avaliação da Coluna Fetal
consideradas como fator de risco para ane uploidias. Os defei-
A avaliação ultrassonográfica da coluna fetal é ouu-o compo- tos da costela estavam frequentemente associados a anomalias
nente do exame do feto com suspeita de displasia esquelética _ dos corpos vertebrais.
O s seguintes parâmetros devem ser avaliados : A platispondilia pode ser diagnosticada com a alta reso-
Corpos Vertebrais. O s corpos vertebrais fetais são com- lução ultrassonográfica atual (Fig. 12-8) 195. A avaliação ob-
postos de três cenu-os de ossificação representando o corpo jetiva pode ser realizada pela computação da relação entre
vertebral e duas lâminas1 91-194 _As anormalidades dos centros as medidas do interespaço vertebral com a altura do corpo
de ossificação dos corpos vertebrais podem resultar em defeitos vertebral 53.
ósseos, como a hemivértebra (Fig. 12-11), vértebra em borbo- A fend a das vértebras pode ser completa ou incomple-
leta, ou vé rtebra em bloco resultando em escoliose congênita ta, ou corona! ou sagital 63 . As fendas coronais das vértebras
(Figs. 12-9 e 12-10). Um estudo de anomalias associadas em 27 ocorrem como resultado da falha da fusão entre o centro de
casos de hemivértebra detectados no pré-natal verificou que, ossificação primário anterior e posterior ao redor de 16 sema-
apesar de 11 fetos não apresentarem outros achados anormais, nas de gestação, podem ser observadas intraútero pela ultras-
446 SISTEMA M USCULOESQUELÉTICO FETAL

Displasias Esqueléticas Associadas ao


Tabela 12- 19
Hipertelorismo
Síndrome otopalatodigital
Artrogripose múltipla congênita
Síndrome de Larsen
Síndrome de Robens
Displasia cleidocraniana
Acondroplasia
Displasia campomélica
Síndrome de Coffin
Síndrome de Klippel-Feil
Síndrome de Apert
Deformidade de Sprengel
Displasia mesomélica
Síndrome de H olt-Oram

ossificação dos corpos vertebrais tem sido detectada na acon-


drogênese e em outras doenças203.205.

Avaliação dos Órgãos Internos


FIGURA 12-30. Razão mandíbula/maxila (MD/MX). A razão MD /MX
O exame detalhado dos órgãos do sistema cardiovascular,
é calculada utilizando a seção t ransve rsa da mandíbula (8 ) e maxila
(A) com as m edidas realiz adas 10 mm posteriormen te à borda óssea
genitourinário, gas trointesti.nal e nervoso central (SNC) deve
anterior. ser realizado em tod os os fetos com displasia esquelética .
Algumas silldromes apresentam-se com anomalias específicas
d e ór gãos internos, e auxiliam no diagnóstico diferencial
d estas entidades. Por exemplo, a doença cardíaca congênita
é uma característica proeminente na síndrome de Ellis-van
sonografia 106.197. É provável que as fendas sagitais nos corpos Creveld 206 e na síndrome de H olt-Oram 207.
vertebrais representem uma fenda do notocórdio devido às
adesões entre o ectoderma e o endoderma durante o peno- Avaliação Neonatal
do embrionário . O papel das fendas verteb rais no diagnóstico
das displasias esqueléticas foi avaliado pela pesquisa de d ados Mesmo quando todos os esforços foram realizados para esta-
no Registro Internacional de D isplas ia Esquelética em estudo belecer o diagnóstico pré-natal preciso, _sempre é necessál'Ío
conduzido por vVestvik e Lachman J97. As fendas cOl-onais e um estudo cuidado do recém-nascid08'. A avaliação deve
sagitais estiveram presentes em 40 condições diferentes . As incluir um exame físico detalhado realizado por um geneticis-
fendas coronais são mais frequentes e estiveram localizadas ta ou um indivíduo com experiência no campo das displasias
principalmente na reg'ião toracolombar. As fendas foram mais esqueléticas, bem como d as radiografias do esqueleto . As
observadas na atelosteogênese (88%) , seguida pela condrodis- radiografias devem incluir vistas anterior, posterior, laterais
pIas ia puntacta (79%), displasia dissegmentar (73%), displa- e de Towne do crânio, bem como folanos ântero-posterior d a
sia de Kniest (63%) e síndrome da costela curta-polidactilia coluna, extremidades e escápulas 08, com filmes separados
(SCCP) (53%) 197. O s autores concluíram que as fendas verte- d as mãos e dos pés . O exame da radiografia do esqueleto
brais apresentam valor diagnóstico importante neste grupo de permite o diagnóstico preciso em grande proporção de casos,
displasias esqueléticas. devido ao fato de a classificação das displasias esqueléticas
Curvatura da Coluna. A anomalia óssea mais comum ser baseada principalmente nos ach ados radiológicos. Nas
resultando em escoliose é uma fai'{a não segmentada unilate- displasias esqueléticas letais , deve ser realizado o exame histo-
ral com hemivértebra conu'alateral 191.198·20I. O disrafism o espi- lógico dos tecidos cartilaginoso e ósseo, pois esta informação
nhal pod e ocorrer com escoliose congênita e esta possibilidade pode auxiliar o médico a fazer um diagnóstico específico . O s
deve ser examinada com critério. A relação etiológica aparente estudos cromossômicos devem ser incluídos, pois existe um
ocorre entre os defeitos do tubo neural e outras anomalias grupo específico de distürbios constituicionais dos ossos asso-
vertebrais . Irmãos de bebês nascidos com escoliose conBêni- ciado a anormalidades citogenéticas. Os estudos bioquímicos
ta apresentam risco de 4% de defeitos do tubo neural 20 . O são úteis em alguns casos (p . ex. , hipofosfatasia). Devem ser
aumento do risco está presente em irmãos de criança com he- consideradas a avaliação da atividade enzimática e o D A
mivértebra única, assim como múltiplas anomalias vertebrais de restrição, se o fenótipo sugerir distúrbios metabólicas (p.
(com ou sem defeito dos arcos neurais). O diagnóstico dife- ex. , mucopolissacaridose). O diagnóstico molecular pode ser
rencial da escoliose fetal inclui defeitos do tubo neural, defeito realizado para os distúrbios em que uma mutação genética
g1-ande da parede abdominal anterior, sÚ1d rome da banda am- específica foi identificada, e é recomendado que o DNA seja
niótica, sÚ1drome de regressão caudal e hemivértebra. A falta de armazenad o em todos os casos24.25.209
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 447

Aumento da Translucência Nucal e atividade contínua proteica capaz de iniciar o sinal da via
Displasia Esquelética intracelular na ausência da proteína de ligaçã0 226,227. Esta ati-
vação resulta na maturação precoce do OSS0227 As diferenças
Em ges tações cromossomicamente normais , o aumento da clú-ucas críticas entre a displasia tanatofórica e a acondropla-
translucência nucal (IN) está associado ao aumento de risco sia/hipocondroplasia são encurtamento grave das costelas
para outras anomalias maiores21O.2 13, incluindo as displasias na displasia tanatofórica, resultando em restrição do volume
esqueléticasI01.2 13'217. Por exemplo, em um projeto multicêntri- pulmonar, insuficiência respiratória e óbito dentro de poucas
co para o rastreamento da trissomia do 21 utilizando a com- horas ou dias .
binação da idade materna e a TN, foram incluídas 100.000
gestações, de modo que foi enconu'ada a associação entre
a translucência nu cal e uma ampla variedade de displasias Acondroplasia
esqueléticas nestas pacientes 210 Além disso, vários relatos de
caso e séries pequenas também sugerem que em fetos com A forma mais comum de displasia esquelética não letal é a
cromossomos normais possa haver uma associação entre acondroplasia, uma condição autossômica dominante com
aumento da translucência nucal e displasias esqueléticas. A penetrância completa e prevalência estimada ao redor de
Tabela 12-20 resume estes dados . 1 :10.000 a 1 :50.000 nascimentos229.23 1. Esta é clinicamente
caracterizada pelo encurtamento rizomélico e discreto encur-
vamento dos membros, acentuação da lordose lombar e
aumento do polo cefálic0 232 . Os ossos das mãos e dos pés são
OSTEOCONDRODISPLASIAS curtos (braquidactilia). A cabeça é grande (macrocefalia), com
bossa frontal, hipoplasia da linha média da face, achatamento
Um crescente número de diplasias esqueléticas tem sido reco- da ponte nasal e mandíbula larga. Os problemas no diagnós-
nhecido in zilero, e a avaliação completa de alguns distúrbios tico pré-natal desta condição foram discutidos em detalhe por
está enfocada neste capítulo. A discussão seguinte apresenta Kurtz el a1. 233 . Além disso, M odaff et al. 234 forneceram dados
somente algumas das anomalias mais comuns relevantes no sobre a frequência do diagnóstico pré-natal inadequado da
diagnóstico pré-natal. acondroplasia e ilustraram a dificuldade na comprovação
deste diagnóstico. O s autores coletaram dados de 37 refe-
rências consecutivas de recém-nascidos com acondroplasia
Acondroplasia, Displasia Tanatofórica na qual o exanle ultrassonográfico foi realizado no pré-natal.
e Hipocondroplasia Nove de 37 (24%) recém-nascidos apresentavam histórico
fanliliar positivo de acondroplasia; todos os nove casos foram
Acondroplasia, displasia tanatofórica e hipocondroplasia são diagnosticados corretamente no pré-natal. Dos 28 recém-nas-
discutidas na mesma seção, pois estes distúrbios são causados cidos sem histórico fanliliar prévio de acondroplasia, 16 (57%)
por mutações diferentes no gene do receFtor-3 do fator de apresentaram anomalias no ultrassom, embora nove tenham
crescimento do fibroblasto (FGFR3)2 IS.22". As mutações no sido diagnosticados com certeza. Cinco receberam o diagnós-
FGFR3 são mutações de ganho de função que produzem a tico apropriado da acondroplasia "mais comum" e nos outros

I Tabela 12- 20 Displasias Esqueléticas Associadas ao Aumento da Medida da Translucência Nucal


I

Displasia Esquelética Autor (Ano )

Acondrogênese Hewitt, 1993 11 25 ; Soothill e Kyle, 19971126 , Fisk elal., 1991 377
Acondroplasia Fukada el al., 199i 127 ; Hernadi e Torocsik, 1997 1128
Displasia torácica asfixiante Bem Ami et a1., 199i8\ Hsieh el a1., 1999 11 29
Osteocondrodisplasia de Blomstrand den Hollander el a!., 1997 11 30
Displasia campomélica acampomélica Michel-Calemard el ai., 2004216
Displasia campomélica H afner el a!., 1998 11 31
Displasia cleidocraniana Hüppala et al., 2001 1132
Displasia condroectodérmica (Ellis-van Creveld) Venkat-Raman el ai., 2005 673
Displasia ectodérmica eClrodactilia Leung, MacLachlan e Sepúlveda, 1995 1133
Anemia de Fanconi Tercanli et al. , 2001 890
Seqllência de deformação de aci.nesia fetal SOllka el a!., 1998 213 ; Hyett el al., 1997 11 34
Madazli el al., 2002 1038 ; Makrydimas el al., 2004 1040
Hipofosfatasia Souka et a!., 2002 215
Síndrome deJ archo-Levin Eliyahll, 1997 1135 ; SOllka, 1998 213
Osteogêllese imperfeita tipo II MaIu;dymas et al., 2001 214
Síndrome das costelas curtas-polidaclilia Hill e Leary, 1998 622
Sirenomelia H ewitt, 1993 11 25
Sínd romc de Smit.h Lemli Opitl. Souka, 1998 21 3 ; Hyett el a1., 1995 1136 ; Maymon Ogle e Chitty, 1999 1137;
Sharp el a1., 19971138 ; Hobbins el a!. , 1994 1139
Displasia tanatofórica SOllka, 1998 213 ; Ferreira el al., 2004 11 40
Trombocitopenia-aplasia de rádio vVitters el ai., 2005 217
Associação VACTREL SOllka, 1998 213
448 SIST EMA MUSCULOESQUELÉTlCO FETAL

A B
FIGURA 12- 31 . A. Uma ilustração mostrando a
separação entre o terceiro e o quarto dedos. 8. Foto-
grafia de uma criança com acondroplasia e a mão em
tridente. C. Ultrassonografia in utero de um feto com
acondroplasia e a mão em tridente com a separação
entre o terceiro e o quarto dedos (seta). (Ilustração
cortesia de Philippe Jeanty, Dr., Nashiville, TN .)

quatro foi estabelecido um diagn óstico inespecífico (apesar de homozigótica demonstraram encurtamento precoce do fêmur
apropriado) de displasia esquelética. Nos sete restantes (25%), para menos do 3° percentil com 14 a 16,5 semanas e diâmetro
foi assinalado o diagnóstico incorreto de displasia letal ou biparietal com idade média de 15,6 semanas, enquanto que
muito grave. os fetos com acondroplasia heterozigóúca foram afetados em
A maior dificuldade do diagnósúco pré-natal é que na fase avançada da gestação com o encurtamento do fêmur para
maioria dos casos desta doença o crescimento dos ossos longos menos do 3° percentil com 18,2 a 26,2 semanas e diâmetro bi-
não é reconhecido até o terceiro u-imestre69.233 . Porém, o diaO'- parietal com idade média de 21 ,5 semanas 2.j1 . Recentemente,
nóstico de acondroplasia é possível e tem sido relatad0235'23'il. Tonni et al.23 I relataram a associação do aumento da translu-
Por exemplo, a mão em tridente (aumento do espaço entre cência nucal no primeiro trimestre em [c to com acondroplasia
O terceiro e o quarto dedo) consiste em um achado específi- e Kardimas et al. 242 relataram um feto com acondroplasia e
co desta anomalia 239.2 ,jo (Fig. 2 1-31 ). Palel el a1. 23 ,j descreve- múltiplas craniosinostoses.
ram diferença elucidativa na curva de crescimento do fêmur Mais de 99% dos indivíduos com acondroplasia apresen-
de crianças homozigóticas , heterozigóticas e não afetados de tam uma das duas mutações no gene FGFR3, que está loca-
pais portadores da acondroplasia. O s fetos com acond roplasia lizada no braço curto do cromossomo 4 no loats 16,3 2.\3.245 .
SISTEMA MUS CULOESQU ELÉTICO FETAL 449

A mutação mais comum é translçao guanina-para-adenina tação da displasia tanatofórica tipo II (A1 948G:Lys65 0Glu)
(G-paraA) no nucleotídeo 1138 do aminoácido 380. Aproxi- e resulta em uma substituição do aminoácido diferente. O s
madamente 1% dos indivíduos afetados tem uma transversão autores do estudo referem o fenótipo causado pela mutação
guanina-para-citosina (G-paraC) no mesmo nucleotíde0218.246. Lys650Met como "acondroplasia grave com desenvolvimento
Um ponto de mutação é chamado de transição quando uma tardio e acantose nigruans" (SADDAN) pelo fato de esta diferir
pirimidina substitui uma pirimidina ou uma purina substitui significativamente do fenótipo de outras mutações FGFR3 co-
uma purina, e a transversão ocorre quando uma pirimidina nhecidas. A SADDAN também está associada a deformidades
substitui uma purina ou vice-versa209 . Tem sido mostrado que ósseas incomuns, como o encurvamento do fêmur com rever-
a mutação G380R resulta na ativação constitutiva do gene são da tíbia e fíbula (i. e., ápice posterior) e, também, do cha-
FGFR3, que inibe a proliferação e a diferenciação do condró- mado de encurvamento em "chifre de carneiro" da clavícula.
cito, e é responsável pelo encurtamento dos ossos longos . O Esta condição não está associada ao crânio em forma de trevo
diagnóstico pré-natal na gestação em que um ou ambos os ou craniossinostose 257.
pais apresentam acondroplasia é possível pelo diagnóstico
molecular pela biópsia de viJocorial (BVC) ou amniocente- Displasia Tanatofórica
Sé9.233238.2'1/,248 . A análise molecular também pode identificar
mutações nos fetos suspeitos de serem portadores da acondro- A displasia tanatofórica é a displasia esquelética letal millS
plasia com base nos achados ultrassonográficos , tornando o comum 28 . Esta é caracterizada por lizomelia grave, compri-
diag11óstico pré-natal mais efetivo. mento do tronco normal com estreitanlento do tórax e polo
A acondroplasia heterozigótica é compatível com uma vida cefálico largo com fronte proeminente. OcoITe em 0,24 a
e desenvolvimento intelectual normal. Entretanto, anomalias 0,69 por 10.000 nascimentos29.30.220.258. Forillll identificados
da junção cervicomedular, que podem levar à compressão, de- dois subtipos (I e 11) , que apresentam diferenciação do fenó-
terminam risco de sequela letal para um recém-nascido com tipo pela forma do crânio e morfologia do fêmur. O tipo I
A descompressão cervicomedular cirúrgica apresenta, caracteristicamente, o fêmu r encurvado tipo "fone
é fundamental para reduzir o risco de complicações neuroló- do telefone,,259 (Fig. 12-32) sem crânio em forma de trevo,
gicas associadas à lesão da medula espinhal, e pode eliminar a enquanto que o fenótipo do tipo II é caracterizado pela forma
apneia central profunda que pode causar a morte súbita 25o . No do crânio em trevo grave (Fig. 12-28) e ossos longos retifica-
estado homozigótico (que ocorre em 25% dos filhos de dois dos e curtos43.260. A forma leve do crânio em trevo tem sido
pais com acondroplasia), em a doença é letal durante os descrita em pacientes com o subtipo 1259.261.262. A forma do
dois primeiros anos de vida22 . Embora um caso de sobrevida crânio em trevo pode resultar do fechamento prematuro das
por 37 meses tenha sido relatad0 251. As características radio- suturas coronal e lambdoide, deficiência do desenvolvinlento
lógicas da acondroplasia homozigótica situam-se entre as da da base do crânio com sinos tose secundária, ou devido a
displasia tanatofórica e a acondroplasia heterozigótica. um distúrbio de desenvolvimento primário do cérebro com
A administração de hormônio de crescimento (GH) foi deformação secundária do crânio. O diagnóstico diferencial
proposta para o tratamento da acondroplasia 252 . Tanaka et entre os dois tipos depende dos achados radiológicos e da
a/. 2,3, com o objetivo de determinar a eficácia do tratamento histologia. Ambos os tipos de displasia tanatofórica são her-
com GH na baixa estaUlra de indivíduos com acondroplasia, dados de modo autossômico dominante. A maioria dos casos
conduziram um estudo com tratamento prolongado em 42 de displasia tanatofórica (todos os tipos I e a maioria dos
crianças (16 meninos e 26 meninas, idade de 3 a 14 anos) com do tipo é Foram relatados alguns casos
acondroplasia. Depois da avaliação da função hipotámo-hipo- famihares do tlpO
fisária e a análise dos pontos de mutação, as crianças foram Mutações distintas no gene FGFR3 causanl cada um dos
tratadas com GH por mais de 2 anos. Foram determinados dois tipos de displasia tilllatofórica229.263.266.269. As três muta-
a velocidade de crescimento e os parâm etros de proporciona- ções mais comuns (R248C, Y373C e S249C) são encontradas
lidade do corpo após o tratamento. O ganho de altura anual em cerca de 90% dos pacientes com displasia tanatofórica tipo
durante a terapia com G H foi significativamente maior do que 1226.270.271 . Uma mutação, K650E, é encontrada em quase todos
antes da terapia (3,9 ± 1,0 cm/ano antes do tratanlento versus os casos de displasia tanatofórica tipo II 272 .m . Camera et al. 275
6,5 ± 1,8 cm/ano para o primeiro ano, e 4,6 ± 1,6 cm/ano para relataram um indivíduo com uma mutação comum de displa-
o segundo_ ano de tratamento) e a proporção corpórea não foi sia tilllatofórica do tipo I e o fenótipo de acondroplasia clínico.
agravada 2'3. Porém, foi observada variabilidade de resposta Embora o mosaico seja considerado explicação possível para
ao tratamento com o GH 25 -l . Outras abordagens terapêuticas o fenótipo mais brando, não foram encontrados traços de mo-
inovadoras foram consideradas, incluindo a regulação para saicismo nas células da mucosa bucal ou sanguíneas.
baixo da atividade da ti.rosina cinase do FG FR3 pela inibição Os achados ultrassonográficos pré-natais dependem do
química seletiva 23o , bloqueio de anticorpos foara interferir com tipo específico da displasia tanatofórica l96 . A associação entre
a ligação do FGF que se une ao FGFR3 2 o, e o estímulo da o crânio em forma de trevo e a micromelia é específica da dis-
expressão-alvo do peptídeo natriurético tipo C 255. plasia tanatofórica. Embora a síndrome campomélica também
SADDAN (Acondroplasia Grave com Desenvolvimen- possa estar associada ao crânio em forma de trevo, a micro-
to Tardio e Acantose Nigrica71s) . Tavormina et al. 256 iden- melia não é característica desta condição. Podem ser, também,
tificaram uma mutação missense (legível, porém de sentido comumente encontrados ventriculomegalia, macrocrania e
alterado) (FG FR3) em quatro indivíduos não relatados com poli-hidrâmnio. A hipoplasia cerebelar é encontrada em quase
displasia esquelética grave de características próximas às das 37% dos casos em séries pós-natais 228 . Observam-se calota re-
displasias tanatofóricas do tipo L Três dos quatro indivíduos lativanlente larga com a testa proeminente (Fig. 12-33), nariz
desenvolveram áreas extensas de acantose nigricans aparecen- em sela e hipertelorismo. Achados ad icionais incluem costelas
do no início da infância, juntanlente com comprometimento curtas, platispondiJia (Fig. 12-8) e ossos ulbulares curtos e lar-
neurológico grave e sobrevida para a infâ ncia sem a necessi- gos nas mãos e pés.
dade de medidas de suporte prolongadas. A mutação FGFR3 A displasia tanatofórica está associada a padrões específi-
(A1949T:Lys650Met) ocorre no nucleotídeo adjacente à mu- cos de malformações cerebrais, caracterizadas por megaence-
450 SISTEMA MUSCUlOESQUElÉTICO FETAL

A FIGURA 12-33. Testa proeminente (bossa frontal) em um feto com


displasia tanatofórica.

dos giros e o alargamento do lobo temporal provavelmente


ocorrem em todos os pacientes com displasia tanatofórica , sen-
do, assim, específica para esta doença e já estão presentes na
metade da gestação, quando o exame ultrassonográfico obsté-
o-ico é realizad o:L2s.278
Os diagllósticos diferenciais da displasia tanatofórica in-
cluem SRPS, acondroplasia homozigótica (em que ambos pais
estão tipicamente afetados) e displasia torácica asfixiante (di-
ferenciada pelo encurtamento discreto dos ossos longos e vér-
tebras normais). Em uma revisão dos achados radiológicos de
vários casos de displasia tanatofórica, Horton et al. 27D foram ca-
pazes de discernir um gTLlpO de entidades distintas caracteriza-
dos por platispondilia grave. Estes disrurbios incluem os tipos
Torrance, San Diego, Lutton e Shiraz de osteocondroplasias
B letais com platispondilia. O diagnóstico diferencial entre estas
entidades está baseado nas características histológicas e radio-
FIGURA 12-32. A. Radiografia de um paciente com displasia tana-
lógicas. Indivíduos com o tipo San Diego de displasia esquelé-
tofórica. É demonstrado o encurtamento acentuado de membros e tica letal e platispondilia apresentavam mutações FG FR3 , que
encurvamento característico do fêmur "fone do telefone". B. Ultras- tinham sido previamente relatadas à associação da displasia
sonografia de um feto com displasia tanatofórica com encurtamento tanatofórica do tipo 1280.
e encurvamento acentuado do fêmur.
A displasia tanatofórica é um distúrbio uniformemente fa-
tal, embora a sobrevida, por várias vezes, tenha sido relatada
em casos O diagnóstico pré-natal foi docu-
incluindo um caso de gestação tripla l 92 O
falia (100%), displasia de hipocampo (100%), giro denteado diagnóstico pré-natal por biópsia de vilocorial e amniocentese
rudimentar (100%) , polimicrogiria (97%), alargamento dos está disponível96.303.30o .
lobos temporais (93 %) , profundidade anormal do sulco trans-
verso através do lobo temporal inferomedial (88%) , hetero-
topia neuronal subefendirnal (81 %) e heterotopia neuroglial
Hipocondroplasia
subaracnóide (79%) _28 Este padrão de anomalias cerebrais
tem sido extensamente descrito na literatura neuropatológica A nipocondroplasia é um distúrbio autossômico dominante
e tem sido observado com frequência similar nas displasias que se assemelha à acondroplasia30ó , embora, geralmente,
tanatofóricas do tipo I e II 22s . Pesquisas realizadas em mode- os sintomas clínicos e as características radiológicas na hipo-
los de ratos para a displasia tanatofórica sugerem que as mal- condroplasia sejam mais amenos do que na acondroplasia.
formações corticais observadas nesta patologia resultam do A pode resultar de uma muta,!ão no gene
complexo de distÍlrbios na modelação, proliferação e apoptose FGFR330,.308, mesmo tendo sido considerada a suspeita de
cortical. O resultado consiste em anormalidades do padrão uma heterogenecidade 309 . A incidência e a prevalência deste
dos giros, displasia regional e alteração da área de superfície distúrbio não foram determinadas , pelo menos em parte,
(especialmente hipeJ'flasia de lobo temporal e a formação pre- devido à falta de acordo com o conjunto de critérios para um
matura de sulcos)22 276.277 As anormalidades macroscópicas diagnóstico definitivo, que toma difícil a revisão de dados de
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 451

muitos estudos realizados na literatura. A maioria dos casos Atelosteogênese


ocorre esporadicamente como resultado de uma mutação
A atelosteogênese inclui um gTUpO de distúrbios heterogêneos
nova31O .
com sobreposição de características fenotípicas. Esta anomalia
Duas mutações FGFR3 (C1620A e C1620G) resultam
trata-se de condrodisplasia letal caracterizada por micromelia
na substituição de uma lisina por asparagina no códon 540
gTave (com hipoplasia dos segmentos distais do úmero e do
(N540K) e mostraram resultar em hipocondroplasia 219,3 11 Foi
fêmur), encurvamento dos ossos longos, achatamento da
proposto que muitas outras mutações do FGFR3 possam ser
ponte nasal, fenda palatina, micrognatia, tórax estreito com
responsáveis por um pequeno número de casos de hipocon-
costelas curtas, fendas vertebrais no plano coronal e sagital 63 ,
droplasia. Além disso, também tem sido discutido que o gene
e luxação do cotovelo e do joelho. Deformidades de
1GF-1 possa estar ligado à hipocondroplasia em um pequeno
dos pés (torto congênito) tan1bém podem estar presentes 38.
número de casos, embora não tenham sido identificadas mu-
Três tipos de atelosteogênese baseados nos achados radio-
tações patogênicas309 . gráficos e patológicos foram descritos339.342. Sillence et al. 342
O diagnóstico diferencial entre esta condição e a acondro-
coletaram dados retrospectivos de 17 referências de fetos e
plasia baseia-se na ausência de comprometimento da cabeça,
recém-nascidos com atelosteogênese durante um período de
bem como na falta de encurvamento da tíbia na hipocondro-
20 anos. Todos os casos apresentavam encurtamento clínico
plasia306.3 12'3J6 Porém, deve-se observar a disgenesia do lobo
acentuado dos ossos. Micrognatia, achatamento da ponte
temporal mediai, similar à encontrada nos pacientes com dis-
nasal e fenda labial foram mais comuns na atelosteogênese
plasia tanatofórica, recentemente relatada em três pacientes tipo lI, assim como hipoplasia pulmonar. O pé torto congêni-
com uma mutação C1620A no gene FGFR3317.318. Embora em
to esteve presente em 80% dos casos de atelosteogênese tipo
geral esta condição seja inicialmente detectada durante a infân- L O s achados radiológicos da atelosteogênese tipo I (5 casos)
. d' ,. , I C' I d c d ' 2363J3
Cla , o lagnosuco pre-nata 101 re ata o em leros e nsco . . mostravam hipoplasia do segn1ento distaI do fêmur, o úmero
O desvio da curva de crescimento fetal do comprimento do estava ausente ou o segmento malfomado; o rádio, a ulna e
fêmur de valores normais e uma curva de crescin1ento normal a tíbia encontravam-se encurtados; houve ausência de fíbula;
para o diâmetro biparietal foram sugeridos como um potencial todos os casos apresentavam fendas cOl-onais nas vértebras
marcador ultrassonográfico para o diagnóstico pré-natal da hi- lombares. Na atelosteogênese tipo II (ll casos), o fêmur
pocondroplasia319. Pode ser possível o diagnóstico baseado no estava encurtado com as extremidades espessas como bastão
DNA pela BVC ou anmiocentese. É recomendado que a análi- devido à ausência de afinamento na porção distal; o úmero
se molecular deva incluir a avaliação das tanto para apresentava-se com hipoplasia e pontudo na porção distal. O
a acondroplasia como para a hipocondroplasia 20. antebraço estava menor em razão da hipoplasia distal da ulna
e da hipoplasia proximal dos raios. Nos membros inferiores,
a tíbia era menor e encurvada, a fíbula apresentava hipoplasia
Fibrocondrogênese, Atelosteogênese e pontuda na porção distal ou proximal. O sacro posiciona-
se horizontalmente. Todos os casos apresentavam a coluna
A fibrocondrogênese e a atelosteogênese têm manifestação clí- cervical em forma de "S". Somente foi relatado um caso de
nica sinUlar à da displasia tanatofórica. O diagnóstico diferen- atelosteogênese do tipo lII, com armamento distal do fêmur
cial entre estes distúrbios in ulera é difícil. A fibrocondrogênese e úmero, ausência de ossificação da fíbula , e coluna cervical
e a atelosteogênese são raras , e somente poucos casos de cada em forma de "S" 342.
uma foram relatados 63 ,32 1.328. As atelosteogêneses tipos I e IH são esporádicas e cau-
sadas por mutações missense na codificação do gene da fila-
mina B, uma proteína que apresenta função na segmentação
Fibrocondrogênese vertebral, formação da articulação e ossificação endocon-
dral 343. A atelosteogênese tipo II é herdada com padrão au-
A fibrocondrogênese é uma condroplasia letal muito rara, tossômico recessivo, e é causada por uma mutação no gene
com somente 15 casos relatados até o presente moment0329 . (SLC26A2) do u'ansportador do sulfato da displasia diastrófi-
O primeiro caso foi descrito em 1978 por Lazzaroni-Fossati el ca (TSDDT) 344.347. Nota-se sobreposição fenotípica e uenética
al. TIo . Este distúrbio é herdado de modo autossômico recessivo com a displasia diastrófica e acondrogênese tipo 1B38 .348.349.
e caracterizado por micromelia com achatamento metafisário O diagnóstico diferencial inclui a displasia diastrófica e a
significativo, tamanho normal da cabeça, achatamento facial , displasia de la Chapelle35o.35 1. Os três casos de displasia letal
achatamento da ponte nasal com narinas antevertidas, olhos desig11ada displasia de bumerangue (também chamada tíbia
proeminentes , crânio desmineralizado, platispondilia, fenda como bumerangue) atualmente podem representar o mesmo
dos corpos vertebrais e tórax estreito e em forma de sin0323.33J' distúrbio que a atelosteogênese tipo 1352
333. O achatamento metafisário não constitui característica da
displasia tanatofórica32 1.330.334,335. Esta condição foi descrita
em quatro fanúlias consanguíneas322.330.333.336. Outras condi- Acondrogênese
ções que devem ser consideradas no diag11óstico diferencial A acondrogênese, também conhecida como anosteogênese,
incluem displasia metatrópica e displasia de Kniest. O exame consiste de condrodistrofia letal caracterizada por micro-
histológico é caracterizado pelos condrócitos com af:arência melia extrema, tronco curto e macromelia. A prevalência
de fibroblastos e ossificação endocondral precária3 3.333. O atinge de 0,09 a 0,23 para 10.000 nascimentos29.30.84,89.90.
diagnóstico pré-natal da fibrocondrogênese felo ultrassom Tradicionalmente, este distúrbio tem sido classificado em dois
foi relatado desde a 17" semana de gestação32 ,323 . O risco de tipos: a forma mais grave, que é a acondrogênese do tipo I
recorrência para a fibrocondrogênese é de 25%, que enfatiza a (Parenti-Fraccaro), e o tipo II (Langer-Saldino), forma menos
importância de um aconselhamento genétic0 323. Atualmente, gTave. Em 1998, o tipo I foi dividido em dois subtipos: IA
o defeito molecular envolvido na fibrocondrogênese não é (Houston-Harris) e tipo 1B (Fraccaro)353.354 . E embora a hipo-
conhecid0 33i. condrogênese tenha sido considerada um distúrbio separado
452 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

da acondrogênese, evidências atuais sugerem que a hipocon-


drogênese e a tipo II são variantes fenotípicas
do mesmo distúrbi03oo-35l Além disto, com relação à clínica
e à radiologia, a acondrogênese tipo lI, a hipocondrogênese
e a displasia espondiloepifisária congênita neonatal formam
um espectro contínuo da doença 358 . O distúrbio bioquímico
fundamental parece ser de muta]?es alelas da codificação do
gene para O pró-colágeno tipo II 09. Whitley e Gorlin propu-
seram uma classificação diferente dividindo a acondrogênese
em quatro g1-upos359, mas sua proposta não ganhou aceitação
ampla.
A acondrogênese tipo IA (Hanis-Houston) é caracterizada
por micromelia, falta de ossificação dos corpos vertebrais, com
manutenção da ossificação dos pedículos e na região torácica
superior, e costelas curtas com fraturas mültiplas . O calvário
é desmineralizado. O tipo IB (Fraccaro), uma condrodisplasia
de é causada por uma n,o
DTDS 360 - 62 e e Similar ao tipO IA. A calota , porem, e osslfi- A
cada ou não, todos os pedículos demonstram algum grau de
ossificação. O tipo II de acondrogênese é caracterizado por mi-
cromelia, e falta de mineralização de todos ou muitos corpos
vertebrais , sacro, ísquio e aumento da calota com ossificação
normal, encurtamento variável das costelas, e ausência de fra-
turas (Fig. 12-34)363. A Tabela 12-2 1 ilustra as características
dos diferentes tipos de
O diagnóstico pré-natal deve ser suspeitado com base na
micromelia, falta de ossificação vertebral e pólo cefálico gran-
de com vários graus de ossificação da calota203.363-376 O poli-
hidrâmnio e a hidropisia têm sido associados à acondrogêne-
se. Entretanto, o exame ultrassonográfico dos fetos afetados
não demonstra acúmulo de líquido nas cavidades corpóreas.
A aparência hidrópica destes fetos e neonatos ocorre provavel-
mente devido à redundância da massa de tecido mole sobre
a grade do esqueleto limitado. Tem sido relatada associação
entre higroma cístico e acondrogênese em fetos e constituição
cromossômica normal363.365.377.
As acondrogêneses tipo IA e IB são herdadas em um pa-
drão autossômico recessivo, enquanto que a maioria dos casos
de acondrogênese tipo II e hipocondrogênese têm sido espo-
rádicos (mutação nova autossômica dominante). Algumas
formas graves de acondrogênese tipo 11 seguem um padrão
autossômico recessiv0 378
O defeito primário na acondrogênese tipo IA é desconhe-
cido. O único gene conhecido associado à acondrogênese tipo FIGURA 12- 34. A . Vistas lateral e frontal de um caso de acondro-
gênese do tipo 11. Não há mineralização da coluna e do osso isquiáti-
IB é o SLC26A2 (DTDST), que codifica uma proteína trans- co. O tórax apresenta forma de sino, com encurtamento e retificação
portadora de sulfato:l7\l. Como o defeito básico na acondro- das costelas, sem presença de fraturas. Os ossos longos são curtos,
gênese tipo IB foi identificado, é possível o diagnóstico pelo com a metáfise ecogênica e em forma de taça. B. Plano transverso
estudo molecular. A distinção entre a acondrogênese tipo IB axial ultrassonográfico em um feto com acondrogênese. Neste plano,
a falta de ossificação da coluna (seta) torna difícil a determinação dos
(que apresenta risco de recorrência de 25%), mais frequente aspectos anterior e posterior do feto.
acondrogênese tipo 11 autossômica dominante, que apresen-
ta baLxo risco de recorrência, é importante para o aconselha-
mento genético. Um casal de risco para ter uma criança com
aco ndrogênese tipo II pode ter a vantagem da possibilidade
do diagnóstico pelo estudo molecular na BVC ou Osteogênese Imperfeita
anm iocentesé ·I .1. .18.360. A acondrogênese tipo II/hipocondro-
O termo O I foi introduzido há mais de um século para descre-
gênese resulta da mutação no gene COL2A1 380 . O diagnós-
ver um recém-nascido com ossos extremamente quebradiços
tico pré-natal por análise molecular do gene C O L2A1 está
(Figs. 12-16,12-18 e 12-19). o presente, o termo se refere a
disponível.
um grupo heterogêneo de doenças causadas , na maioria das
vezes, por mutações estruturais em um ou dois genes para
Osteogênese Imperfeita e '
O pr Ó-co Iageno .
tipO 1381 -387. AS maIrlormaçoes
- extraesque l e-'
Hipofosfatasia ticas estão variavelmente associadas ao distúrbio e incluem
a esclerótica azul, dentinogênese imperfeita, frouxidão dos
A O I e a hipofosfatasia são discutidas juntas, pois são caracte- ligamentos e da peJe, deficiência auditiva e presença de ossos
rizadas pela desmineralização do esqueleto. wormianos na radiografia do crâni0387. A idade paterna avan-
SISTEMA MUSCULOESQUEl ÉTI CO FETA L 453

Tabela 12- 21 I Diferenças Radiológicas entre a Acondrogênese Tipo I (A-O), Tipo 11 e a Hipocondrogênese
Tipo IA (Houston -Harris) Tipo 18 (Fraccaro) Tipo 11 (Lan ger-Sa ldino ) Hipocon drog ênes e
Crânio Calota membranosa Todas as partes do crânio Ossificação normal Ossificação normal
calcificado são identificadas
O ssos longos Extremamente encurtados Pernas e braços mais curtos que Encurtamento e Ossos menos encurvados
com metáfise com esporas e no tipo lA com ossificação encurvamento com e encurtados com
em form a de taça mínima; pontas ou esporas metáfise achatada e metáfise irregular ou lisa
Ossos retangulares abundantes na metáfise dos em forma de taça
Ossos ossos da perna inferior; ossos Medula óssea em forma
retangulares quadrados ou estrelados de cogumelo
Coluna Corpos vertebrais não Corpos vertebrais minimamente Padrão variável de corpos Corpos vertebrais torácicos
ossificados com pedículos ou pouco ossificados, e pedículos vertebrais e lombares superiores
parcialmente ossificados pedículos ossificados ossificados ou não ossificados mas ainda
apresentando platispondilia
Corpos vertebrais cervicais e
lombares inferiores não
ossificados
Pelve Pouco formada e ossificada, Ossos iliacos com mesmo Ossos ilíacos como Ossos ilíacos próximos do
com ossos ilíacos crenados aspecto do tipo lA Halberd com ausência desenvolvimento normal com
de ossificação dos ossos ossificação parcial do osso ísquio
púbicos e isquiáticos e não ossificação dos ossos púbicos
Ossos isquiáticos pouco Ossos isquiáticos e púbicos não
oss ificados e ossos os si ficados
púbicos não ossificados
Tórax Encurtado e em forma Mesmo que no tipo lA com Curto e forma de barril Próximo do normal, porém gradil
de barril costelas não fraruradas ou sino com costelas raso com costelas curtas e
Costelas curtas com metáfises curtas sem [rarura sem fraturas
em taça e fraturas múltiplas

De SprangerJ: Panern recognition in bone dysplasias. In Papadatos CJ. Bartsocas CS (eels): Enelocrine Cenetics anel Cenetics ofCrowth. Ncw York. Alan R. Liss. 1985. p.
3 15.

çada é considerada de risco para a OI 3R8 . A desta MOS e inadequadamente modelados com fraturas múltiplas e
patologia é de 0,18 para 10.000 nascimentos 9.30 . costelas finas de contorno salpicad039 1.
A classificação mais popular é a que foi por O tipo 111 (autossômico recessivo e raro) consiste em va-
Sille nce et a1. 389 . R ecentemente, R auch e Glorieux 87 realiza- riedade não letal caracterizada pela esclerótica azul e fraturas
ram uma modificação nesta classificação incluindo três tipos múltiplas presentes ao nascimento. Com o tempo a esclerótica
adicionais (V, VI, e VII [Tabela 12-22]) . Com relação à clínica, fica branca. A membrana do crânio é gravemente pouco ossi-
a característica mais relevante da OI é a fragilidade óssea, com ficada, e os ossos longos estão levemente encurtados, embora
aumento da gravidade seguindo a ordem (1) tipo 1: (2) tipos com angulação acentuada. O tipo IIB e o tipo 111 de OI são
IV, V, VI e VII; (3) tipo III; e (4) tipo 11387. difíceis de distinguir e podem refresentar graus diferentes de
No tipo I (autossômica dommante), não há deformidades gnvidade do mesmo distúrbi0 39 .
no pré-natal. Depois do nascimento, o paciente sofre de fragili- No tipo IV (autossômica dominante), os ossos longos e
dade óssea, esclerótica azul (todas idades) e perda de audição. a esclerótica são normais. Nota-se fragilidade óssea de gra-
H á osteoporose, calota normal e ausência de dentinogênese vidade leve a moderada, e 25% dos recém-nascidos apresen-
imperfeita. As fraturas podem variar de nenhuma a múlti- tam fraturas . H á heterogenicidade significativa na expressão
desta doença mesmo na mesma família 393 . Deste grupo hete-
plas, especialmente as vertebrais, que podem levar à escolio-
rogêneo, Rauch e Glouriex identificaram recentemente três
se leve387. As mutações que resultam em OI tipo I causam o entidades clinicas separadas com base na diferença clínica
término prematuro do códon, resulta na diminuição da e nas características histológicas dos ossos. Estes distürbios
produção do pró-colágeno tipo 1 84 . têm sido classificados como OI tipo V, VI e VII (Tabela 12-
O tipo 11 é uma condição autossômica domi..nanté 90 . É 22)387393.396
. . O'tIpO \ 1'e caractenza
. do por f rag il 1'd a de ossea
'
também conhecida como a variedade perinatal e é unifor- moderada a grave, calcificação inter6ssea da membrana do
memente letal. Outras características são: quase ausência de antebraço que limita de forma acentuada os movimentos
ossificação do crânio, costelas em fonua de gotas; ossos lon- das mãos , e predispõe ao desenvolvimento de calos hiper-
gos encurtados e enrugados; e múltiplas fraturas in utero (Fig. plásicos. A caracterização do tipo IV é baseada na histologia
12-18) . O tórax é curto, porém não estreito. O tipo 11 é sub- óssea mostrando aumento da quantidade de osteoide e um
classificado em três subtipos (lIA, IIB e IIC) de acordo com padrão anormal de lamelação. A OI do tipo VII é um distúr-
critérios radiológicos: subtipo A apresenta ossos curtos , largos bio recessivo com fragilidade óssea, rizomelia e coxa vara.
e enrugados, angulação da tíbia e costelas em gota contínua; Este tipo somente foi descrito na comunidade de americanos
subtipo B manifesta fêmur curto, largo e enrugado, angulação nativos no norte de Qyebec38'.
da tíbia, porém com costelas normais ou com o gotejamento A OI I é causada pela parada prematura do codón na
incompleto; e o subtipo C apresenta ossos longos compridos, COLlA1 3 . Caracteristicamente, os tipos II, III e IV resul-
454 SIST EMA MUSCULOESQUELÉTlCO FETAL

, Tabela 12-22 I,Classificação da Osteogênese Imperfeita Expandida por Sillence


Ti po Gravidade Clínica Características Típicas Mutações Tipicamente Associadas

Osteogênese imperfeita leve A1mra normal ou estatura levemente encurtada; Parada prematura do códon no COLI A I
não defonnativa esclerótica azul; ausência de dentinogênese imperfeita
II Perinatal letal Fraturas múltiplas das costelas e ossos longos ao Substituição da glicina na COLIAI ou
nascimento, deformidades pronunciadas; alargamento COUA2
dos ossos longos; baixa densidade dos ossos do crânio
na radiografia; esclerótica escura
III Gravemente deformante MuitO curto; face triangular; escoliose grave; esclerótica Substituição da glicina na COLIAI oU
cinzenta; dentinogênese imperfeita COLIA2
IV Moderadamente deformante Estamra curta moderada; escoliose leve a moderada; Substituição da glicina na COLIA1 ou
esclerótica branca ou cinzenta; dentinogênese COUA2
imperfeita
v Moderadamente deformante Estatura curta leve ou moderada; luxação da cabeça Desconhecida
do rádio ; membrana interóssea mineralizada ;
lúperplasia do calo; esclerótica branca; ausência de
dentinogênese imperfeita
VI Moderada a gravemente Moderadamente curta ; escoliose; acúmulo de osteoide Desconhecida
deformante em tecido ósseo; escala padrão da lamelação óssea
de peixe; esclerótica branca; ausência de
dentinogênese imperfeita
VII Moderadamente deformante Estamra levemente curta; fêmures e úmeros curtos; Desconhecida
coxa vara; esclerótica branca; ausência de
dentinogênese imperfeita

De Rallch F, Gloriellx PF: OSleogenesis impcrfccla. Lancel 363: 1377. 2004.

tam das mutações que levam à substituição por glicina den- dos cristais dos ossos. Supõe-se que a fragilidade óssea seja o
tro do domínio helical triplo da cadeia pró-alfa, quebrando o resultado da deficiência da geração dos cristais ósseos 439 .
espessamento normal da molécula e iniciando a produção de A hipofosfatasia é uma condição que foi subdividida em
colágeno anormal 39i.398. Aproximadamente 90% dos pacientes seis tipos clínicos de acordo com o período de manifestação:
com diagnóstico clúlico de or apresentam a mutação tanto no (1) perinatal Oetal), (2) lactente, (3) infância, (4) adulto, (5)
gene COLlA1 ou no COLlA2 , resultando em constituição odonto-hipofosfatasia, e (6) pseudo-hipofosfatasia 44o. A for-
molecular anormal do pró-colágeno tipo r38i.398-.JOl . As muta- ma perinatal está associada a prematuridade e óbito neona-
ções genéticas associadas aos tipos V, VI e VII ainda não fo- tal precoce devido tanto à hemorragia intracraniana quanto
ram identificadas 38? à insuficiência respiratória secundária ao desenvolvin1ento
A história natural da OI in utero é variável. O diagnósti- ineficiente das costelas e do volume reduzido da cavidade to-
co pré-natal da OI tipo 11 tem sido bastante relatad095.402.423, rácica441.442 . A variante lactente pode causar craniosinostose e
mesmo desde a semana 12 de gestação tanto pelo US2D nefrocalcinose devido a hipercalcemia e hipercalciúria durante
quanto pelo US3D42H 2i. É importante observar, porém, que o prin1eiro ano de vida, e frequentemente é fatal. A perda pre-
em alguns casos as fraturas e o encurtamento dos membros matura da decídua dentária e o raquitismo são características
podem não ser observados até o segundo ou mesmo o ter- clínicas cardinais da hipofosfatasia ilúantiJ. Na forma adulta,
ceiro trimestre·128·43o. O achado ultrassonográfico típico asso- as fraturas de estresse recorrentes dos metatarsos e as pseudo-
ciado com a OI tipo 11 consiste na melhora da visualização fraturas nos ossos longos podem ser os sinais característicos.
das estruturas intracranianas. O diagnóstico pré-natal da OI A odonto-hipofofatasia se refere especialmente aos indivíduos
tipo I, 111 e IV também tem sido relatado utilizando tanto o levemente afetados que apresentam manifestação dentária,
ultrassom quanto as técnicas bioquúnicas e moleculares 43 J-435. sem clúuca esquelética. O s dentes ficam predispostos a cáries
O diagnóstico diferencial deve considerar outras anomalias e podem ser perdidos prematuramente. A pseudo-fosfatasia é
esqueléticas , como a hipofosfatasia , acondrogênese e displasia uma v31'iante r31'a, caracterizada por achados clínicos típicos ,
campomélica. radiológicos e bioquúni.cos da hipofosfatasia lactente, com a
exceção de que as concentrações séricas de FA estão normais
ou aumentadas 44o . As variedades perinatal e lactente apre-
Hipofosfatasia sentam padrão de herança autossômica recessiva, enquanto
que as formas infantil, adulta e odontofosfatasia podem ser
A hipofosfatasia é uma doença de herança autossômica reces- tr31lsnutidas tanto por u'ato autossômico dominante quanto
siva rara com incidência estimada de 1: 100.000 nascimen- autossômico recessiv0 443
tos436 . Esta é caracterizada pela desmineralização dos ossos Fetos com hipofosfatasia congêluta apresentam desnune-
e baixos níveis de fosfatase alcalina (FA) no soro e outros raJização generalizada do esqueleto com encurtamento e en-
tecidos 43 ? A gravidade da doença é inversamente relacionada curV31nento dos ossos tubul31·es. Estão presentes fraturas múl-
com os níveis séricos da atividade da FA438 A FA age no piro- tiplas . Desmineralização generalizada e acentuada da calota
fosfato e em outros és teres fosfatos , resultando no acúmulo de craniana resulta na deformação elo crânio após compressão
fosfatos inorgânicos que são fundamentais para a formação externa. Este sinal ultrassonográfico também está presente em
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 455

alg1.lI1S casos de OI do tipo II e acondrogênese do tipo IA. O


diagnóstico pré-natal desta condição tem sido relatado com o
ultrassom 4 -1-1'-I5-1 e pela avaliação da FA no tecido obtido por
BVC137.455.-I56 ou cultura de liquido anmiótico . A medida da
FA no líquido anmiótico não é método confiável para fazer
o diagl1óstico da hipof?sfatasia, pois a maior parte da FA é
de origem intestinal-l o7.-1,s. As enzimas envolvidas na hipofos-
fatasia correspondem à FA dos ossos e fígado, e estas isoen-
zimas contribuem somente para 16% da atividade enzimática
do total no líquido amniótico-l 59 . Assim, embora seja possível
o diagnóstico pré-natal pela análise do DNA -160, isto necessita
da sequência inteira do gene, que aumenta a complexidade do
processo.
Foi demonstrado que a hipofosfatasia é causada pela mu-
tação no gene (ALPL) da FA hepática, também chamada de
gene da fosfatase alcalina tecidual não específica (TNSALP),
localizado no cromossomo 1 p36.1_p34 46 1.462. Um amplo
espectro de mutações foi observado na população bran-
ca·163 .-1 64. Atualmente , foram relatadas 178 mutações e a lista
recentemente é mantida em um banco de dados atualiza-
do (http: //www.sesep.uvsq.fr/ D atabase .html) e aproxima-
damente 80% de todas as mutações são missense (legível,
porém alterada) -138. A mutação missense no gene resulta em
atividade enzimática variável e heterogenicidade
extremamente elevada observada na hipofosfatasia 22 1.4 ' .
FIGURA 12-35. Volume de tradução tridimensional de um feto com
displasia diastrófica mostrando o polegar "pedindo carona".
Displasia Diastrófica
A displasia diastrófica consiste em uma doença autossômica
recessiva com baixa frequência na maioria das popula-
ções , embora esta condição apresente alta prevalência na
Finlândia, com a frequência de portadores de 10/0 a 2%-166
Esta é caracterizada por micromelia, pé torto, deformidade
de mãos , múltiplas contraruras articulares em flexão e esco-
liose 467. O diagnóstico pode ser difícil ao nascimento devido
à variabilidade fenotípica e, também, pelos casos leves serem
frequentemente diagnosticados em idade avançada 468 . As
características clínicas incluem a rizomelia tipo micromélica,
contraturas articulares , deformidades das mãos com posição
abduzida dos polegares (também chamada de polegar pedin-
do carona [Figs. 12-35 e 12-36]), distúrbios espinhais (p. ex.,
escoliose, cifose, espinJla blfida oculta, estenose espinhal e
lordose lombar) e pé torto equinovaro grave. O pólo cefálico
é normal, embora a microgl1atia e a fenda labial possam estar
associadas a esta doença. A displasia diastrófica consiste em
distúrbio generalizado da cartilagem resultando em destruição
da matriz da cartilagem, formação de tecido de cicatriz fibróti-
ca e consequente ossificação. O último processo é responsável
pelas contraturas. As mutações no gene DTDST (S LC26A2),
localizadas no cromossomo 5q32-q33 .1 469 .-I7O, estão associadas
à redução do transporte do sulfato nos condrócitos, resultan-
do em inadequada, levando à fonnação anormal da
cartilagem 4 / o'iI3 . Cinco mutações comuns (R279W, IVSl +2T-
> C , DELV340 , R178X e C653S) respondem por quase 650/0
das doenças dos alelos-l7O. A análise de sequência da região do
códon pode detectar as mu tações em mais de 90% dos alei os FIGURA 12-36. Polegar "pedindo carona" em displasia diastrófica.
em individuos com características clinicas típicas, radiológicas
e histológicas 470 .
O diagnóstico da displasia diasn-ófica foi feito em
paCJentes de nsco Z.IJ-!.-l1J8,.J7-1'.J77, com base no encurtamento e acompanhado pela análise de DNA das células fetais obtidas
no encurvamento grave de todos os ossos. Sepúlveda et al:178 pela BVC ou amniocentese-l79 Os estudos bioquímicos dos
relataranl clara visualização das deformidades dos membros fibroblastos e/ou condrócitos estão disponíveis e podem ser
e faciais pelo US3D- O diagnóstico pré-natal em pacientes úteis para os casos em que o teste genético molecular falha na
de risco em que a mutação familiar foi identificada pode ser identificação da mutação SCL26A2-180. Este distúrbio apresen-
456 SISTEMA MUSCU LOESQUELÉTICO FETAL

ta amplo espectro, e alguns casos podem não ser diagnostica- Displasia Dissegmentar
dos in utero.
A displasia diastrófica não é universalmente letal. O de- A displasia dissegmentar é um distúrbio caracterizado pela
ossificação anárquica dos corpos vertebrais (anisoespon-
senvolvimento intelectual e sexual não é afetado. Porém, as
dilia), achatamento metafisário e encurtamento grave dos
contraturas articulares e osteoartroses dolorosas estão associa-
ossos longos.J94.495 . Foram reconhecidos dois tipos distintos:
das à limitação física grave e necessitam de correção cirúrgica
o leve de Rolland-Desbuquois e a letal de Silvermann-
ortopédica466 . Há aumento da taxa de mortalidade no perí- Handmaker494.497..\99. As encefaloceles frequentemente estão
odo neonatal e lactência devido à obstrução das vias aéreas presentes no tipo de Silvermann-Handmaker'196, e o diag11ósti-
superiores secundária à traqueobroncomalácia e compressão co pré-natal tem sido estabelecido em pacientes de risco497.soo.
medular causada pela cifose cervical grave 466 .48 1. 502 . O tipo de Silvermann-Handmaker é causado por uma
O diag11óstico diferencial inclui artrogripose múltipla con- mutação nula funcional no gene de codificação Perlecan
gênita , atelosteogênese tipo II e displasia pseudodiastrófica. A (HSPG2)503. O tipo de Rollan-Desbuquois apresenta carac-
displasia pseudodiastrófica tem apresentação similar à displa- terísticas radiológicas mais leves semelhante à sÚ1drome de
sia diastrófica·182 e é herdada em um padrão de herança au- Kniest e, embora a sobrevida prolongada seja possível, uma
tossômica recessiva 3o . É necessário o exame histológico para proporção substancial dos indivíduos afetados evolui para
o diag11óstico diferencial, uma vez que anormalidades morfo- o óbito durante o primeiro ano de vida 263 ,493 . A diminuição
lógicas distintas do crescimento da placa observadas na dis- da matriz metaloproteinase-2 e o tecido inibidor da metalo-
plasia diastrófica não têm sido observadas na displasia pseu- proteinase-l têm sido relatados nos casos de tipo Rolland-
dodiastrófica. Cetta et aJ. 483 demonsmlram que um paciente Desbuquois de displasia dissegmentar 504 . A herança de ambas
com displasia pseudodiastrófica não apresenta defeito no gene as condições é autossômica recessiva26 4.495 . Outros distúrbios
DTDST e que tanto a absorção de sulfato pelos fibroblastos da associados à desorganização vertebral incluem a síndrome de
pele como a sulfatação dos proteoglicans estavam normais. Jarcho-Levin e a displasia mesomélica.

Displasia Campomélica
Distúrbios Tipo Kniest A displasia campomélica é um distúrbio raro letal inicialmen-
O termo distúrbio tipo Kniest é utilizado em referência a um te descrita por Maroteaux em 1971 506 . A prevalência varia
grupo de condições que compartilham características histoló- entre 0,05 e 1,6/10.000506.50i. O distúrbio é caracterizado por
gicas e radiológicas com a síndrome de Kniest, porém diferem encurvamento dos ossos longos da exu-emidade inferior, um
em termos de apresentação cünica e modo de herança 484 . crânio alargado e alongado com face peculiarmente pequena,
hipoplasia de escápula e varias anomalias graves associadas,
como micrognatia, fenda palatina, pé torto equinovaro, luxa-
ção congênita do quadril, macrocefalia, hidrocefalia, hidro-
Síndrome de Kniesf nefrose e defeitos cardíacos congênitos 39o . A característica
significativa mais importante é o encurvamento do fêmur e da
Em 1952, Dr. Wtlhelm K.niest 485 publicou um caso de uma tíbia; outros ossos tubulares apresentam crescimento normal
menina de 3,5 anos de idade com "alterações esqueléticas (Fig.12-17B). O tórax é estreito, podendo apresentar forma
mostrando certa relação com a condrodistrofia clássica, embo- de sino, e, geralmente, estão presentes 11 pares de costelas.
ra diferente em muitas de suas manifestações". Sua publicação As vértebras cervicais são hipoplásicas e com ossificação defi-
esclareceu as diferenças fenotípicas entre esta condição e outras cienté08. Nos estudos genéticos e clínicos mais amplos para
formas de condrodistrofias. A sÚ1drome de K.niest é uma das obtenção de dados, que incluíram 36 pacientes com displasia
colagenopatias tipo II que são distürbios que não somente campomélica, Mansour et al. 506 concluíram que a displasia
prejudicam o crescimento fetal, bem como são, também, campomélica consiste em uma condição aurossômica domi-
caracterizados por anormalidades oculares e otorrinolaringoló- nante esporádica.
gicas 486 -189 O padrão de herança é autossômico dominante 265 , Há duas variedades de encurtamento ósseo da displasia
e estas doenças geralmente são causadas por mutação nova no campomélica, representando síndromes distintas: (1) a forma
gene COL2A1 487.489.490. Outra colagenopatia tipo II inclui a normocefálica, conhecida como displasia cifomélica, e (2) tipo
displasia espondiloepifisária e a displasia de Stickler tipo r491 . cranioestenótica, que parece ser idêntica à síndrome de An-
As características fenotípicas da síndrome de K.niest in- tley-Bixler. O diagnóstico pré-natal da displasia can1pomélica
foi relatado várias vezes90.116.1 96.509.516 e o diaQ11óstico diferen-
cluem encurtamento rizomélico dos ossos longos com alarga- o
mento das metáfises e articulações proeminentes. O envolvi- cial inclui o r, displasia tanatofórica e hipofosfatasia.
mento espinhal é comum e caracterizado por platispondilia e Um aspecto ünico da displasia campomélica é que 75% dos
recém-nascidos afetados com cariótipo masculino apresentam
fendas coronais. O tórax é largo e curto. Outras manifesta-
a síndrome da reversão do sexo e, assim, apresentam genitá-
ções, que podem ser detectadas durante o período pré-natal ,
lia feminina ou ambígua 51 7.5 18. A histologia das gônadas varia
incluem micrognatia e fenda palatina 492 . Porém, a síndrome de
desde a com diferenciação testicular até gônadas disgenéticas
K.niest pode ser de difícil reconhecimento durante o segundo
com folículos primários. Além disto, a mutação no gene SOX-
trimestre devido à biomeu'ia não ficar acentuadamente altera-
9, que, também, é um gene fundamental da diferenciação dos
da até o terceiro trimestre de gestaçã0 492 . O prog11óstico varia testículos comum a todos os vertebrados 519, tem sido relata-
amplamente, de sobrevida longa com estarura curta, cifoes- da em vários pacientes com este distúrbi0 517.5 18.520·529 . Estas
coliose e anormalidades craniofaciais à letalidade no período mutações interferem com o DNA de ligação pelo SOX-9 ou
neonatal secundário a traqueomalácia e desconforto respirató- bloqueiam o domínio da transativação C-terminal e, assim,
ri0 493. Outras deficiências a longo prazo incluem dificuldade impedem a habilidade do SOX-9 em ativar genes alvos du-
alimentar, alteração auditiva e cegueira 492 . rante o desenvolvimento dos órgãos 522 . Tem sido observado
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 457

I Tabela 12- 23 Distúrbios com Displasia Torácica e Polidactilia


Síndrome Síndrome da
Dísplasía Displasia da Costela Curta Costela Curta- Síndrome da
Torácica Condroectodérmica Polidactilia Polidactília Costela Curta Síndrome da
Anestesiante (Ellis- van Tipo I Tipo 11 Tipo 111 Costela Curta Tipo IV
(Jeune) Creveld ) (Saldino-Noonan) (Majewski) (Naumoff) (Beemer-Langer)

Prevalência relativa

Comum Incomum Comum Exu'ema- Rara Rara


mente rara
Características clínicas

Constrição ++ + +++ +++ +++ +++


torácica
Polidactilia + ++ ++ ++ ++ ++
Encurtamento + + +++ + ++ ++
de membros
Doença card íaca ++ ++ ++
congênita
Outras Doença Displasia Anomalias Fendas labial Anormalidade Fendas labial e palatina,
anormalidades renal ectodénnica geniturinárias e palatina renal anormalidades
e gasrrointestinais genitoulinárias e
gasrroimestinais
Característticas radiológicas

Encurtamento de ossos + + +++ ++ +++ ++


tubulm'es
Características Extremidades Esporões
distintivas no fêmur pumiformes margmals
Costelas hOl;zomais. ++ ++ +++ +++ +++ +++
curtas
Encurtanlento vertical ++ ++ ++ ++
do í1eo e achatamento
do acetábulo
Deficiência de ++ + ++
ossificação dos
corpos vertebrais +
Encurtamento da base +
do crânio

+. não COl11tlln: +++. mais comum: -. auSCnle.


Reproduzido com permissão de Crcmim BJ: Bone D)'splasias of Infanc)'. A Radiological Alias. Berlin : Springer-Verlag. 1978.

translocação. envolvendo o 17q em indivíduos afetados de for- Displasia Torácica Asfixiante (Síndrome de
ma graveo2.j.o29
Jeune)
A displasia campomélica é frequentemente letal na infân-
cia, embora tenham sido relatados alguns casos de sobrevi- A displasia torácica asfixiante ou síndrome de j euné 3G é uma
da509.530..J3.1. A causa do óbito consiste no desconforto respira- condição autossôI11Íca recessiva rara, com uma prevalência
tório devido à traqueomalácia. estimada de 0,14/10.000 nascimentoss37.539. A displasia torá-
cica asfixiante é caracterizada por uma combinação de tóra,'(
Displasia Esquelética Caracterizada pequeno , graus variáveis de braquimelia, polidactilia, anorma-
por Tórax Hipoplásico lidades pélvicas e envolvimento renaIS-l o. A eX1)ressão fenotÍ-
pica é ampla e inclui formas letais 54 t , leves 538 .5 2 e latentes 53D
o processo displásico envolve as costelas e outros ossos da Nos casos graves, o estreitamento torácico é responsável pela
caixa torácica em muitas displasias esqueléticas. A redução hipoplasia pulmonar, insuficiência respiratória e óbito na
da dimensão do tórax resulta em restrição do crescimento infância precocé 43 . outro modo, a presença e o grau de
dos pulmões e, consequentemente, a hipoplasia pulmonar. A envolvimento renal544.oo6 constitui o principal fator prognósti-
hipoplasia pulmonar é a principal causa de óbito nas displa- co nas formas mais leves542.553.55i. Os indivíduos sobreviventes
sias esqueléticas. Existem grupos específicos de displasia em na infância comumente apresentam complicações clínicas
que a hipoplasia torácica constitui um fator cardinal. Estes devido a desconforto respiratório e infecção pulmonar recor-
incluem a displasia torácica asfixiante, síndrome de Ellis-van renté H , envolvimento hepáticoS47.554.556.S6:l e pancreáticos64.565.
Creveld, SRPS e síndrome campomélica. A Tabela 12-23 Manifestações têm sido des-
ilustra os critérios para o diag11óstico difcrencial das três pri- cntas em assoClaçao a smdrome de j euné"47.066'568
meiras desta condição. Outros distúrbios que se apresentam Achados Esquelé ticos. O tórax é descrito como estrei-
com dimensões alteradas do tóra,'( são: displasia tanatofórica, to e em forma de sino e c_os telas são curtas, alargadas e
atelosteogênese, acondrogênese, síndrome orientadas horizontalmente"45,'69. A braquimelia, se presente,
de jarcho-Levin (Fig. 12-37) ' . é predominantemente do tipo rizomélica 566 ..Ji0.5il. Os ossos
458 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

biliar periférico do b-ato porta5-17,55Ü58 Devido ao envolvimen-


to hepático no estágio precoce poder ser subclínico e, assim,
a manifestação ocorrer tão cedo quanto no período neona-
tal 56 1.563, é proposto o direcionamento para o diagnóstico pre-
coce e o acompanhanlento seriado da função hepática 56o .
Outros Achados. A avaliação oftalmológica dos sobre-
viventes revelou um variado espectro de anomalias da reti-
na. Entre os sobreviventes têm sido relatados: pigmentação,
distrofia, degeneração e aplasia 547,567.568.5n A perda visual e
a cegueira noturna têm sido esporadicamente relatadas com
manifestação inicial das formas leves de síndrome deJeuné 68 .
Outras anomalias associadas incluem a malformação de Dan-
dy-vValker56 1.578, agenesia do corpo calos0561, situs invers0 579 ,
U1mor neuroectodérrnico no tecido mole da caixa torácica 549 ,
doença de HirschsprungÕ80 e asplenia579 .
Diagnóstico Pré-natal. O diagl1óstico pré-natal da sín-
drome de J eWle540.557.569·572.574,581 -586 foi relatado várias vezes
na literatura. O histórico familiar positivo contribui para o
reconhecimento no segundo trimestre das formas recorren-
tes569-571.581 , enquanto que o diagl1óstico nas gestações de bai-
xo risco é mais difícil, embora tenha sido relatado no terceiro
trimestré 40
Embora o focus da displasia torácica asfixiante esteja ma-
peado no cromossomo 15q13, a análise da mutação de dois
genes candidatos (GREMLIN e FORMIN) não revelou mu-
tações patogêlúcas587. Assim, o diagnóstico molecular para esta
condição não está disporuvel clllúcamente até o momento do
térI1Úno deste capíUll0588 .
Abordagem Cirúrgica para o Desconforto Respira-
tório. A expansão torácica lateral, um procedimento cirúrgi-
co para a tentativa de ampliar a caixa torácica pela separação
das costelas do seu periósteo junto com a fixação desta com
FIGURA 12-37. Síndrome de Jarcho-Levin. Nota-se acentuado en- tiras de titâlúo tem sido realizado em grupos de pacientes com
curtamento da co luna associado à desorganização dos corpos verte- displasia torácica asfixiante, resultando na melhora da função
brais , uma deformidade torácica característica (aparência de caran-
guejo com fusão posterior e achatamento anterior das costelas), sem
respiratólia e/ou eliminando a necessidade ele ventiladores
comprometimento dos ossos longos.
externos589-592.

Síndrome da Costela Curta-Polidactilia


longos são encurvados569.571 e apresentam centros de ossi-
ficação proximal visíveis ao nascimento em dois terços dos As sÚldromes ela costela curra-polidactilia (SCCP) constituem
casos'>71 . A polidactilia pós-axial não é um achado constante, um grupo heterogêneo de distúrbios herdados de forma
com ambos os membros superiores e inferiores variavelmente autossÔI1Úca recessiva 45,593 . Tradicionalmente, foram descritos
afetados 55 7.569.57o.572,573 . Os achados pélvicos incluem asa do ili- quatro tipos maiores de sÚldrome das costelas curtas e poli-
aco pequena e quadrada, pelve em tridente (encurtamento do dactilia: tipo I tipo II (Majewski)595, tipo
íleo com incisuras isquiáticas em forma de gancho para baixo) III (Verma- aumoff)°96 e tipo IV (Beemer-Langer)597. Estas
e horizontalização do assoalho acetabular com projeções em condições estão classificadas dentro da família da displasia de
forma de esporas 5-10.570.571.573. Uma da clavícula costelas curtas com ou sem polidactilia, que também inclui a
em forma de bandeja tem sido relatada 540 .0I . Pode ocorrer, displasia torácica asfixiante (síndrome de Jeune) e a
também, fendas labial e pala tina. sia condroectodérI1Úca (displasia de Ellis-van Creveld) 2. O
Achados Renais. O grau de envolvimento renal é o pJi.n- diagnóstico pré-natal correto é importante para estabelecer o
cipal para a sobrevida individual no período aconselhamento genético adequado, pois as SCCPs do tipo I
neonatal°4 ."-I".5'-I/.,,,,2.""l A falência renal pode ocorrer durante a ao IV são letais no pelÍodo neonatal devido a hipoplasia pul-
infância 545 .5-17.554,553 e pode haver a necessidade de transplante monar grave e anomalias associadas enquanto que, de forma
renaI 5-1-1.5-16.5-19. As alterações císticas ou escleroatróficas, parti- contrálÍa, a síndrome_ de Ellis-van Creveld e deJeune não são
cularmente indistinguíveis das associadas à nefrofitise juvenil, Ulúformemente letaiso98 .
são as duas histológicas padrão do comprome- As SCCPs do tipo I ao IV são caracterizadas pelo encur-
timentO renal545.o-lS.o52. A cistinúria também tem sido desClita tamento dos membros/nanismo I1Úcromélico, tórax restrito,
em pacientes com síndrome deJeune55o.575. polidactilia freq,uente e anomalias múltiplas de órgãos maio-
Achados Hepáticos. O envolvimento hepático varia de res (Fig. 12_38)"99-603. Sprager e Maroteaux indicaram que a
subclínicas a cirrose biliar e hipertensão porra progres- ausência de polidactilia não exclui o diagnóstico desta enti-
siva·oos.o6o,576, necessitando transplante hepático durante a in- d a d e52604-606
' . D e lato,
r
em b ora a po lid actil'la seja
. uma carac-
fância 55s . Os achados histológicos mais frequentes são a falta terística constante nas SCCPs tipo II (Majewski) e seja co-
do ducto biliar intralobular, a proliferação e fibrose do ducto mumente encontrada nos tipos I e III (Saldino-Noonan e
SISTEMA MUSCULOESOUELÉT ICO FETAL 459

FIGURA 12-39. A polidactlia pós-axial em um feto com a síndrome


de Ellis-van Creveld.

recessiva rara com uma prevalência ao nascimento estimada


em 1/60.000 na população geral e 5/1.000 entre a comunidade
Amish de Lancaster County, Pensilvânia64 1.643. A sínclrome
de Ellis-van Creveld é deftnida pela tríade de condrodisplasia,
displasia ectodérmica, polidactilia e doença cardíaca con-
gênita644 A combinação e a gravidade de cada uma destas
características é extremamente variável e, como consequência,
FIGURA 12-38. Síndrome da costela curta - polidactilia. Há encur· a evolução clínica e o prognóstico de óbito perinatal
tamento grave de todos os ossos longos, costelas muito curtas e devido às complicações cardiovasculares64 ".647 até a sobrevida
horizontalizadas, além da polidactilia pós-axial em todas as quatro longa648
extremidades. Note a angula ção dos ossos do antebraço. Achados Esqueléticos. Na sÚ1drome de Ellis-van Creveld,
os ossos longos apresentam mais frequentemente mesome-
lia 206 ,649.653 ou encurtamento acromesomélic0644.650.65+660. A
Verma-Naumoff) 60i, pacientes com a SCCP tipo IV (Beemer) presença da gravidade da displasia da caixa torácica é um fator
raran'lente apresentam a polidactilia597.6oB.609. importante na determinação do progllóStico. Um tórax estrei-
Diagnóstico Dife rencial. A SCCP tem sido identificada to, com encurtamento e horizontalização, comumente está as-
durante o pré-natal pelo US2D5i9.604.605.6 10-629 e US3D 100 ,630, sociado a hipoplasia pulmonar, falência respiratória precoce e
bem como pela fetoscopia 63 1. A Tabela 12-23 ilustra o diagn6s- infecções pulmonares recorrentes645·647.650.66 1,662.
tico diferencial e as características de distúrbios marcados por A polidactilia pós-axial (Figs. 12-39 e 12-40) pode envolver
estreitamento do tóra.'( e polidaclilia. O diagnóstico diferencial as mãos e os pés em várias combinações: somente as mãos bi-
em geral é desafiador, especialmente antes do nascimento, de- lateralmente206', 6oo.644.649.652.653,655,659.662.666; an1bos mãos e pés 646'
vido ao grau elevado de sobreposição existente nas característi- 650.652.657.667-673 ; ou ambas e um A clinodacti-
cas cltnicas e radiológicas. Além disto, há o debate sobre se: as lia644 ,648.666 e a sindactilia646.6,,0,659.662,665,673.6/6.680 também têm sido
vá.rias formas de SCCPs estão relacionadas com genes diferen- relatadas. O e.ncurtamept<? dos oss?s l_ongos600.644.650,654.655,568.659.673,
tes: com mutações diferentes no mesmo gene; ou devido à va- joellio valgo643 ,6+I.648,6,2,6,6,664.669-6/1.6/6,611, anomalias pélvicas ra-
riabilidade de expressão do mesmo gene mutanté02.603,632-637. diol6gicas (incluindo alargamento, íleo curto vertical e quadrado,
Diagnóstico Molecular. A base molecular das SCCPs configuração em tridente do acetábulo, projeções como esporas
não foi elucidada. Urioste 638 reconheceu uma inversão pe- no assoalho acetabular)6<13.646.649.655.662,663.666.'1ii2.673.6i9 constituem
ricêntrica no cromossomo 4 em um probando (membro da achados fenoúpicos adicionais. As vértebras e o crânio apresen-
família ) com manifestação clínica e radiológica de SCCP e tam aparência normal649.672.
propôs que este distúrbio podel;a ocorrer devido à rotura do Defeitos Cardíacos. A doença cardíaca congênita ocorre
gene na região 4p16 (a mesma região onde está mapeado o em mais de 60% dos indivíduos afetados680.68! , e sua presença
gene para a síndrome de Ellis-van Creveld). Entretanto, esta e gravidade estão eso-ita.l11ente cOlTelacionadas com a taxa de
associação foi excluída posteriormente tanto em uma família mortalidadé49 . As anomalias cardíacas mais comuns são as ca-
com SCCP tipo ll1639, como em 10 casos não relacionados da racterizadas pelos defeitos de fechanle.nto do coxim endocárdi-
SCCPs III pela análise sequencial 64o . co como o defeito do seplo atrial206.647.649,65 1.66J,664.667,671.673,674.677
defeito do septo vemricular653 ,659.662, defeilO do seplO atrioven:
n;cular684, canal ao"ioventricular643.660.669,671.6i9.683 e átrio LlIli-
Displasia Condroectodérmica C0646.649.652,657,660.663,665,66i.678,684.687, . Também têm sido relatados

A displasia condroectodérmica, também conhecida com sín- na síndrome de Ellis-van Creveld fendas mitrais 648 ,657.660 mal-
drome de Ellis-van Creveld, é uma condição autossômica formações cardíacas complexas660.663.679 e sztus inverso tota1 656 .
460 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

e terceiro6oo.646.6-17.65J.662.667.675.679.693-698 trimestres, bem como no


primeÍl'o trimestre 651. A fetOscopia tem sido realizada em casos
selecionados667.693.695.
Diagnóstico Diferencial. A diferenciação dentre síndro-
me de Ellis-van Creveld e a de Jeune pode ser desafiadora 699
devido à grande sobreposição entre as características fenotípi-
cas destas duas condições671.7oo. A síndrome de McKusik-Kau-
fman compartilha como a ElIis-van Creveld a polidactilia pós-
axial e os defeitOs cardíacos'oo, embora as diferenças caracte-
rísticas illcluam a ausência de condrodisplasia e ectOdermopla-
sia, bem como a presença de hidrometrocolpos702 . A disostose
acrofacial de Weyers, uma condição autossômica dominante,
compartilha com a Ellis-van Creveld a estatura levemente bai-
xa, a polidactilia pós-cc{ial e a distrofia do dente e da unha. Por
sua vez, a displasia tOrácica e a doença cardíaca congêlúta não
fazem parte das características típicas da disostOse acrofacial
de Weyers . A análise do haplotipo e de ligação aumentam a
possibilidade de que a disostose acrofacial de vVeyers seja uma
expressão heterozigótica da mutação que, na forma homozigó-
tica, resu lte na sÚ1drome de Ellis-van Creveld703.704.
Diagnósticos Molecular e Genético. As mutações nos dois
genes não homólogos denonúnados EVC1 703.705 e EVC2 706.707,
ambos m apeados no braço curto do cromossomo 4 (4pI6) na
configuração lado a lado, são candidatas para a síndrome de
Ellis-van Creveld. Entretanto, recentemente, tem sido relata-
do que as mutações no gene EVCl ou EVC2 não são unifor-
memente encontradas em tOdos os casos com o diagnóstico
fenotíp ico da síndrome de Ellis-van Creveld 70s . Marcadores
microssatélites típicos na margem do loeus EVC foi relatado
FIGURA 12-40. Imagem ultrassonográfica da mão mostrada na Fi - em diagnóstico do primeiro u'Ílnestre da síndrome de Ellis-van
gura 12-39. Observe a angulação ano rmal do dedo extra no lado ulnar Creveld em família com uma criança previamente afetada 675 .
do anteb raço (seta). Existe um debate sobre a possibilidade de manifestações par-
ciais em portadores

Displasia Ectodérmica. As manifestações clúl.icas da


displasia ectOdérmica estão presentes em 70% dos casos 669
Displasias Esqueléticas com
As mais frequentes são as alterações distróficas da unha dos
dedos, cabelos finos e esparsos e anormalidades dentais e Envolvimento Predominante do Osso
Lábio superior curto, frênulo múltiplo ou hi- Membranoso
perplásico e fusão do lábio superior à margem gengival são
achados comuns em pacientes com a síndrome de ElIis-van Um grupo de displasias esqueléticas é caracterizado pela Íl1ter-
Creveld657.670G7G As anomalias dentárias incluem o dente dis- rupção no processo de ossificação intramembranoso do osso.
mórfico em forma de cone, microdôntico, taurodontismo, Estas Íl1cluem a displasia cleidocranial, a síndrome de YUIúS-
atraso na erupção dental ou Varom, e o forame parietal isolado. Entre estes distúrbios, a
O_671.677.678.G89.68h.687 e dentes neonatais e nataisG.15.663.665.676.690.69 I displasia cleidocraniana é uma das que tem sido diagnos tica-
Também têm sido relatados casos esporádicos de microgna- das mais frequentemente.
tiaG72.673jR.688.690 e má oclusão mandibular69o . Esta variedade de
manifestações orais necess ita de tratamento dentário multidis-
ciplinar, com atenção especial à elevada incidência de defeitos Displasia C/eidocraniana
cardíacos nestes pacientes 676
Outras Manifestações. Ocasionalmente, podem ocorrer A displasia cleidocralúana é uma condição autossômica donú-
anomalias do SNC em associação à sÚldrome de Ellis-van nante caracterizada pela aplasia ou hipoplasia clavicular, bra-
Creveld, incluindo ventriculomegalia663, malformação de Ar- quicefalia, hipoplasia da face média, atraso de fechamento ou
nold-C!liari 662 , anomalia de D andy-vValker6B e espinha bífida fo ntanelas patentes (Fig. 12-41), atraso na do dente
ocu lta 606 O s rins raramente estão envolvidos. embora existam permanente, e estatura relativamente baixa7og.71 . A incidência
casos esporádicos de agenesia renal, congênit0 678 , da d isplasia cleidocraniana é estimada em 0,5/100.000 nasci-
691 7
displasia medular renal e nefrofitisé . Tem sido descrita a dos vivos 713 . A displasia cleidocratúana é causada por muta-
associação entre a síndrome de Ellis-van Creveld e a displa- ções no gene do fato r de transcrição especifico do osteoblas to
sia_c;le ductO biliar com a necessidade de transplante hepáti- humano (RUNX2f l-l-717, conhecido por CBFA1 (fator a-I de
cO",,·G9 1. A hipoplasia do tÍl110 6R4 , doença de H odgkin, esclero- ligação do núcleo)'l8 localizado no cromossomo 6p2f I9-72 1 O
se nodular na idade jovem692 e distrofia de retina 668 são outras gene RUNX2 é essencial para a diferenciação do osteoblasto
complicações menos frequentes . e, assim, afeta tat1tO a formação do osso endocondral quanto
Diagnóstico Pré-natal. O diagnóstico pré-natal pelo ulu'as- o membranoso. O RUNX2 induz e regula a expressão do
som tem sido relatado durante o segundo64a.649.653.669.677.68 1.695-70o gene envolvida na formação da matriz óssea, remodelando a
SIST EMA MUSCULOESQU ELÉTICO FETA L 461

FIGURA 12--41. A. Versão tridimensional do crânio do feto com 18 semanas e 3 dias de gestação utilizando o modo de projeção de intensidade
máxima demonstrando o alargamento da sutura coronal, ausência da porção escamosa do osso temporal, e ausência do osso nasal em um feto
com displasia cleidocraniana. B. Imagem tridimensional trabalhada do crânio de um feto normal com 18 semanas e 3 dias de gestação (controle).
(De Soto E, Richani K, Gonçalves LF, et ai: Three-dimensional ultrasound in the prenatal diagnosis of cieiocranial dysplsia associated with B-ce ll
immunodeficiency. Ultrasound Obstet Gynecol 27:574 , 2006. )

modificação da cromatina ou a interação com proteínas co-


reguladoras724.72.,> .
O diagnóstico pré-natal da displasia cleidocraniana pelo
ultrassom tem sido relatado tão cedo quanto com 14 sema-
nas de gestação 726 . O achado mais frequente é a detecção da
hipoplasia ou hipomineralização, unilateral ou bilateral das
clavículas , embora a pseudoartrose (fratura) da clavícula (Fig.
12-42) também tenha sido relatada ll5 , Outras características
incluem a hipomineralizaçã%ssificação deficiente dos ossos
cranianos e/ou pelve, fontanelas amplas com suturas alarga-
das, corpo caloso evidente, braquicefalia, bossa fronto-parie-
to-occipita!, nasal baixa e ossos longos abaixo do quin-
to percentil 7 7·733 O diagllóstico molecular para a mutação
R UNX2 pode ser realizado pela análise do tecido fetal , ou
obtido pela BVC ou amnioce.ntese 734 . FIGURA 12--42. Interpretação tridimensional dos ombros de um feto
utilizando o modo de projeção de intensidade máxima em feto com
O diagnóstico diferencial inclui distúrbios caracterizados displasia cleidocraniana. A seta aponta para um local de pseudoartro -
por mineralização deficiente da calota, como a hipofosfatasia, se (fratura) da clavícula. (De Soto E, Richani K, Goncalves LF , et ai:
bem como os distúrbios que apresentam fraturalpseudoartro- Three-dimensional ultrasound in the prenatal diagnosi's of cieiocranial
dysplsia associated with B-cell immunodeficiency. Ultrasound Obstet
se da clavícula como uma das características fenotípicas (p. Gynecol 27:574, 2006.)
ex" pseudoartrose da clavícula e síndrome de Yunis-Varon).
A pseudoartrose congênita define uma fratura espontânea
que progride para a separação e está associada ao movimento
anormal deste lado. Os mecanismos propostos para este defei-
to clavicular incluem uma elevação anormal da prinleira cos- hipoplasia do hálux 737. Esta condição não tem sido diagllosti-
tela e da artéria subclávia direita735.736 ou a falência de fusão cada no pré-natal.
de dois centros de ossificação (pseudoartrose congênita) 735. A
síndrome Yunis-Varon está descrita na próxima secção. Deficiência de Membros ou
Amputações Congênitas
Síndrome de Yunis-Varon Às vezes, a única anomalia identificável é a ausência de uma
extremidade (deficiência de membro) ou de um segmento de
A síndrome de Yunis-Varon consiste em um distúrbio autossô- uma extremidade (amputação congênita) (Tabela 12-24) 738.
mico recessivo que compartilha características com a displasia Estes distúrbios diferem da osteocondroplasia e, geralmente,
cleidocraniana, embora incluam micrognatia, ausência bila- os termos utilizados para referir as anormalidades da redução
teral dos polegares e falanges distais dos dedos, bem como dos membros incluem 739 :
462 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

I Tabela 12- 24 Amputações Congênitas Prevalência dos Tipos Diferentes de


Tabela 12- 25 Redução (Malformação) na Hungria.
Ausência isolada de membros 1975-1977
Ausência de membro único Prevalência na População
Ausências múltiplas de membros Total (por 1.000 Nascimentos)
Tipo
Ausência de membros com constricçáo
Síndrome constrição em anel congênita Transversa 79 0,14
Ausência de membros e anomalia facial terminal
Síndrome de aglossia-adactilia Radial 13 0,09
Síndrome de Mõebius Ulnar 41 0,11
Ausência de membros com outras anonnalidades Mão ou pé 20 0,04
Síndrome CHILD (pele icitiosiforme) em fenda
Complexo agenesia de fíbula e braquidactilia (síndrome de Du Anel de constricção 62 0,49
Pan) Total 274 0,49
Fusão esplenogonadal
Defeitos do crânio e do escalpo (síndrome de Adams-Oliver) De Bod M, Czeizel A, Lenz ,.y : Incidence at birth of diJTerent types of limb
Focomelia reduction abnOlmaJities in Hungary 1975·1977. Hum Cenet 65:27. 1983.
Síndrome da talidomida
SÚ1drome da trombocitopenia com ausência de rádio
SÚ1drome de Robert pseudotalidonúda-SC
Síndrome de Grebe
Deficiência do fêmur focal proximal
Hipoplasia do fêmur e síndrome da fáscies incomum
Complexo fêmudíbula-ulna
Complexo fêmur-nbia-rádio
Síndromes da mão em fenda/pé em fenda (MF/PF)
Somente (MF/PF)
MF/PF e ausência de ossos longos
Síndrome da ectrodactilia, displasia ectodérnúca e fenda labial e
pala tina
Outras
Pés em fenda e dedo do polegar trifalangeal, autossômÍca
donúnante
Pés em fenda, ou mãos em fenda e polidactilia central (ver
polidactilia central)
MF/PF e nistagmo congênito (síndrome de Karsch-Neugebauer)
MF/PF e malformações renais (sÚ1drome acrorrenal)
Pés em fenda e disostose mandibulofacial (sÚ1drome de
Fontaine), autossômÍca dominante

Reproduzido com permissão de Coldberg MO : The Oysmorphic Child: An


Orthopedic Perspective. New York, Raven Press , 1987.
FIGURA 12-43. Ultrassonografia de um feto com aplasia radiai. A
mão apresenta desvio na direção do osso ausente (rádio).

Amelia: ausência de um membro ou membros.


Hernimelia: ausência de um segmento longitudinal de um
membro (p. ex., aplasia radial, hipoplasia radial).
Focomelia: hipoplasia dos membros, com mãos e pés em geral desvia em direção do osso ausente (Fig. 12-43). Em
conectados nos ombros e no quadril. constraste, a amputação congênita da perna geralmente ocorre
Acheria: ausência das mãos. dentro de um contexto sindrômico, como amputação bilateral
Apodia: ausência do pé ou pés. ou como redução de todos os membros 742 .
Acheiropodia: ausência de mãos e pés . A amputação isolada de uma extremidade pode ocorrer
devido a síndrome da banda amniótica, exposição a teratóge-
A taxa geral da incidência das deformidades de redução nos ou acidente vascular. a maioria dos casos , a anomalia é
congênita varia de 0,49 a 3,5 por 10.000 nascimentos (Tabela esporádica, e o risco de recorrência é desprezível. Os achados
12-25)740.741. Foi estimado que cerca de 50% destes defeitos de ultrassonográficos relacionados com estas condições foram re-
redução dos membros consistem em deficiências de redução visados profundamente por Bromley e Benacerract43 .
transversa simples de um antebraço ou mão sem anomalias Em amplo estudo de atualização de dados, que incluiu
associadas 740.74 . O restante consiste em deficiências de redu- uma população de 709.030 nascimentos de 20 registros de
ções múltiplas com incidência de aproximadamente 23% de malformações em 12 países europeus, a taxa geral de detecção
anomalias adicionais dos órgãos internos ou de estruturas pré-natal para o defeito de redução de membros foi de 35,6%
craniofaciais 738 . (89/250), com taxa de detecção mais elevada observada entre
A deformidade de membro pode estar presente isolada- os casos com malformações associadas (49,10f0 [55/112]). A
mente ou como parte de uma síndrome específica. A defici- frequência de anomalias cromossômicas na presença de mal-
ência isolada do membro superior (p. ex., segmento distal do formação associada foi de 14,3% (16/112), com 8 casos de tris-
braço) geralmente consiste em uma anomalia isolada. A mão somia do 18, dois casos de trissornia do 21 e um caso de triplo
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 463

X, síndrome de KJinefelter, deleção 7q, + isocromossomo 12p, período embrionário inicial para a artéria subclávia, artena
deleção 3q e translocação balanceada t(5;l4)(pI3;qI3). Entre vertebral e seus ramos pode levar a estas condições 757,76o.766,
os fetos com cariótipo normal e anomalias associadas 33,9%
(38/112) apresentavam distúrbios sindrômicos associados , in-
cluindo banda anmiótica, associação de VATER, síndrome de
Poland, síndrome de Hanhart, síndrome de Braclunalm-De
Defeitos de Redução de Membros
Lange, sÚldrome de trombocitopenia aplasia de rádio (TAR), Associados a Outras Anomalias
complexo membro-parede abdominal, sÚ1drome da regressão
caudal, anemia de Fanconi, síndrome mamária ulnar, síndro- Hemidisplasia Congênita com Eritroderma
me de Holt-Oram, sÚldrome de Roberts, sÚldrome fêmur-fí- Ictiosiforme e Defeitos de Membros
bula-ulna, sÚ1drome de Aarskog, sÚldrome de Adams-Oliver, A hemidisplasia congênita com eritroderma ictiosiforme e
síndrome oro-facial-digital tipo 2, sÚ1drome de Robinow, sín- defeitos de membros (síndrome de CHILD) é um defeito
drome de Carey-Fineman-Ziter e sequência da perfusão arte-
caracterizado demarcação estrita da lesão de um lado da
rial-reversa gemelar. linha média 76 . 69. A presença de defeitos unilaterais dos ossos
A seção seguinte revisa as síndromes em que a amputa-
longos consiste em importante característica da síndrome 770.
ção ou deficiência de membro está associada a outras anoma-
As deficiências de membros podem variar de hipoplasia de
lias. Seguimos a classificação proposta por Goldberg (Tabela
falanges ou metarcarpos até a ausência completa da extre-
12-24/1'8.
midade. Podem estar envolvidos, ainda, a calota craniana, a
escápulas ou as costelas. A síndrome de Zellweger, condrodis-
plasia puntacta e embriopatia por warfarin podem apresentar-
Síndromes com Ausência de Membros se com achados similares. As anomalias viscerais incluem
e Anomalias Faciais a doença cardíaca congênita/ 7o,m , hidronefrose unilateral,
hidroureter, ausência unilateral do rim, tuba ovariana, ová-
Síndrome de Aglossia-Adactilia rios , glândula adrenal e tireoide, A sÚ1drome de CHILD afeta
predominantemente o sexo feminino (pela razão de 19:1)772,773
A sÚ1drome de aglossia-adactilia consiste em uma amputação e é causada por uma mutação no gene NSDHL (proteÚ1a
transversa dos membros e malformações da boca inclui.ndo desidrogenase-like esteroide NAD(p]H), localizada no Xq28 e
micrognatia, língua vestigial (hipoglossia), anormalidades den- codificando uma desidrogenase beta-hidroxiesteroide envolvi-
tárias e anquilose da língua para o palato duro, assoalho da da na via biossintética do colesterol 774·776 .
boca ou lábios (anquilose glossopalatina). O espectro das anor-
malidades das extremidades é variável, de ausência de dedos
até a deficiência grave das quatro extremidades. Geralmente, Complexo Aplasia de Fíbula e
a inteligência é normal. A condição é esporádica e tem sido Braquidactilia (Síndrome de Du Pan)
atl;buída a acidente vascula/44.745. Ela inclui a sequência de
Moebius, sÚldrome de H anhan, síndrome da anquilose glos- O complexo aplasia de fíbula e braquidactilia (síndrome de
sopalatina, sÚldrome da deficiência de membro-fusão esple- Du Pan) é condição rara caracterizada por agenesia de fíbula
nogonadal, síndrome de Charlie M 746·75 1. Há confusão na bilateral com anormalidades dos metacarpos e das falanges
classificação destas pacientes devido às anomalias associadas proximais. O defeito de redução de membros pode envolver
e à sobreposição das características. Embora alguns autores as extremidades inferiores 777. Foi sugerido um padrão de
considerem a sÚldrome de Hanhart e a sÚ1drome de anquilose herança autossômica recessiva 778 Faiyaz-Ul-Haque et al. 779
palatina como entidades distintas, o diagnóstico diferencial é examinaram o DNA genômico de uma família com a SÚldro-
muito difícil 752 . me de Du Pan para a mutação no gene CDMPl. Os indiví-
duos afetados eram homozigóticos para a mutação missense,
T1322C, na região de codificação do gene CDMPl. A muta-
ção homozigótica CDMPl também pode causar as síndromes
Sequência de Moebius de Hunter-Thompson e de Grebe 78o .
A sequência de Moebius consiste em um número de anoma-
lias faciais atribuídas à paralisia do sexto e sétimo nervos cra- Síndrome da Fusão Esplenogonadal
nianos 753 . A mobilidade Iinútada da mandíbula e a microgna-
tia estão presentes 754 ,755 . A ptose também é uma característica A sÚ1drome da fusão esplenogonadal é caracterizada por
comum. A sequência de Moebius geralmente é esporádica, defeitos de redução de membros e fusão esplenogonadal 781,782.
embora as formas autossômica dominante, autossômica reces- A maioria dos casos relatados ocorreu em melúnos 783 .
siva e recessiva ligado ao X tenham sido descritas756.7s8, Um Tipicamente, há massa no escroto, sendo identificado um
amplo estudo conduzido no Brasil documentou a associação baço ectópico durante a cirurgia 784 . Existe um tipo contínuo
entre a exposição do misoprostol durante a fase precoce da em que o baço normalmente posicionado está conectado à
gestação e os defeitos de lesão vascular, incluindo a sequência gônada por faixas ou cordões de tecido esplênico 785 . Uma
de Moebius e a redução transversa de membros 759 As anoma- revisão de 14 casos relatados i.ndica que há alguma sobreposi-
lias associadas à redução de membros (25% dos casos) geral- ção entre esta sÚ1drome e a síndrome de aglossia-adactilia ou
mente estão presentes nas extremidades supel;ores e variam sÚ1drome de Hanhart 786
de deficiências transversas até a ausência de dedos. O retardo
mental ocorre em 10% dos casos 756 . A Moebius e as SÚldro-
Síndrome de Adams-Oliver
mes de Poland e Klippel-Feil têm sido consideradas sequências
de interrupção do suprimento da artéria subclávia, com base A síndrome de Adams-Oliver é um grupo de distúrbios carac-
na lúpótese de que a interrupção do suprimento sanguÚ1eo no terizado pela associação de defeitos de redução de membros
464 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETA L

e anomalias de escalpo (aplasia da cútis e deficiência óssea da por Qyelce-Salgad0819. A grevalência ao nascimento tem sido
calota)787. Têm sido relatados casos esporádicos e familiares 788 . estimada em 5:1.000_000 o_ Os indivíduos afetados apresen-
Outros órgãos de sistemas também podem estar envolvidos, tam cabeça, pescoço e tronco normais, os ossos do fêmur e
e há relatos de cerebral, pulmon,ar Ílmero relativanlente normais, encurtamentos e deformidades
e anomalias renaIs /89'/9 . Becker el a l. 196 relataI'am o diagnos- dos ossos do rádio, ulna, tíbia e fíbula, além de anormali-
tico pré-natal pelo ultrassom de dois casos de síndrome de dades graves de mãos e pés. A poJidactilia é frequente. Os
Adams-Oliver na mesma família, o primeiro com 13 semanas dedos são bastante curtos e têm sido variavelmente descritos
e o segundo com 23 semanas de gestação. Ambos os casos como bulbos821 , como brotos 822 , "puxadores" simples 823 ,
mostravam os defeitos de redução de membros e no segundo apêndices globulares 824 ou como polegares atarracados 825 . As
caso, o defeito de escalpo foi diagnosticado como um espaço falanges médias e proximais dos dedos e dos polegares estão
anecoico entre o couro cabeludo e o osso. invariavelmente ausentes, enquanto que a falange distai está
presente824 . A documentação radiológica forneceu dados das
características clínicas sutis paI'a a heterozigose obrigatória:
polidactilia, braquidactilia, hálux valgo e adução do metatar-
Focomelia s0824-827. A doença é causada por uma mutação missense no
Na focomelia, as extremidades paI'ecem as das focas . Tipicamente, gene de codificação da proteína 1 morfogenética cartilagem
as mãos e os pés estão presentes, mas os braços e as pernas derivada (CDMPl )828 Os sobreviventes apresentam inteli-
estão ausentes. As mãos e os pés podem estar normais ou gência normal e desenvolvimento das características sexuais
alterados. Três síndromes devem ser consideradas no diag- secundárias normais. O diagnóstico pré-natal da silldrome de
nóstico diferencial: síndrome de Roberts, algumas variedades Grebe foi baseado nas características fenotípicas da doença
da síndrome de TAR e a sÚldrome de Grebe . A focomelia (displasia acromesomélica e apêndices distais dismórficos
também pode ser causada pela exposição à talidomida 797 O com desenvolvimento craniofacial e do esqueleto axial nor-
diagnóstico pré-natal da focomelia tem sido relatado pelo mais)82 1,829.830, bem como pela identificação da mutação no
US3D 798 . gene CDMPI 83o .

Síndrome de Roberts e Síndrome Síndrome de Trombocitopenia com


Focomelia SC Ausência de Rádio
A síndrome de Roberts é um distúrbio autossômico recessivo A síndrome de trombocitopenia com aplasia de rádio (TAR) é
caracterizado pela associação de tetrafocomelia e dismor- discutida em detalhes na seção das deformidades das anoma-
fismo craniofacial, incluindo macrocefalia, hipertelorismo, lias de inserção das mãos no rádio.
órbitas rasas, defeitos faciais em fenda e hipoplasia da asa
do nariz799.802 . Geralmente, a extremidade superior está mais
afetada que a extremidade inferior. Pode ser observado poli- Fêmur Curto Congênito (Deficiência Focal
hidrâmnio, além de outras anomalias associadas à silldrome :
Proximal do Fêmur)
rim em ferradura, ventriculomegalia, cefalocele e espinha bífi-
da803 A sínclrome de Roberts é causada por uma mutação no A deficiência focal proxin1al do fêmur, ou encurtamento con-
gene ESC02 (estabelecimento da coesão 1 homólogo gênito do fêmur, refere-se a um grupo de distúrbio abrangendo
A síndrome focomelia SC é um distúrbio alélico causado ampla variação de anomalias do desenvolvimento congênito
por uma mutação no gene ESC02 802 com fenótipo similar, do fêmur. O distúrbio foi classificado em cinco grupos: tipo I,
porém mais leve do que a da síndrome de Roberts. A foco- hipoplasia simples do fêmur; tipo II, encurtamento do fêmur
melia SC (denominada pelas primeiras descrições em duas com a diáfise angtIiada ; tipo III, encurtamento do fêmur com
famílias com os sobrenomes se iniciando com S e C, respecti- coxa vara (mais comum); tipo IV, ausência ou defeito proxi-
vamente)805 é CaJ'acterizada por (1) malformação de redução dos mal do fêmur; e tipo V, fêmur ausente ou rudimentar83 1.832
membros quase simétricas, SemelhaIlte a focomelia; (2) contra- (Fig. 12-44). Um ou ambos os fêmures podem estar afetados,
turas de flexão de várias articulações: (3) anomalias menores , embora o fêmur direito esteja mais frequentemente envolvido.
incluindo hemangioma capilar da face , testa e orelhas, hipo- Anomalias da extremidade superior taInbém podem estar
pIas ia da cartilagem das orelhas e naI'iz, micrognatia, cabelo presentes e não excluem esse diagnóstic0 29 A síndrome da
louro-prateado escasso e córneas opacas; (4) restrição de cres- deficiência do fêmur proximal focal pode estaI' associada à
cimento; e (5) retardo O retardo mental pode ser hérnia umbilical ou inguinal. Se ambos os fêmures estiverem
leve e a sobrevida na fase adulta é comum802 . afetados, é importante examinar a face cuidadosamente, pois
A diferenciação entre as duas condições é baseada somente o diagnóstico do distúrbio pode ser da hipoplasia bilateral
nas características fenotípicas, pois o fenótipo não pode ser do fêmur e face sindrômica incomum833.83\ que consiste na
pelo genótipo . O diagnóstico pré-natal para ambos hipoplasia bilateral do fêmur e anomalias faciais incluindo
fOi relatad026.8u3.806-s 17. nariz curto com ponta alargada, filtro longo, micrognatia e
fenda do palato. As anormalidades dos ossos longos podem
estender-se para outros segmentos das extremidades inferiores
Síndrome de Grebe (fíbula ausente) e para as extremidades superiores. A silldro-
me da deficiência focal do fêmur é considerada uma condição
A síndrome de Grebe (condrodistrofia Grebe-Qyelce-Salgado) esporádica, embora formas fanUliares tenham sido descritas.
é um distÍlrbio esquelético acromesomélico não letal autossô- Exceto na deficiência focal bilateral proximal, o diagnóstico
mico recessivo. Foi descrita inicialmente por Grebe em duas é, em geral, suspeito quando há encurtamento unilateral do
meninas 818, e, subsequentemente, em 47 indivíduos brasileiros fêmur na ausência de outras anomalias834-838.
SISTEM A M USCULOESQUELÉTI CO FETAL 465

sido proposto padrão de autossômica dominante, re-


cessivo e recessivo ligado ao X 8.b

SíNDROME DE DIPLASIA
ECTRODACTILlA ECTODÉRMICA E
FENDA LABIAL/PALATINA
A síndrome de diplasia ectrodactilia ectodérmica e fenda
labiallpalatina é uma condição autossômica dominante carac-
terizada pela tdade de ectrodactilia, displasia ectodérmica e
fendas A ectrodactilia geralmente envolve as
extremidades, com deformidades mais graves nas mãos 47.8.18.
O espectro para os defeitos ectodérmicos é amplo e inclui
hipopiQ111entação, pele seca, cabelos esparsos e defeitos den-
táriossS''9 ,s52 As anomalias do ducto lacrimal e redução da sua
secreção resultam em queratoconjunitivite crônica e perda
grave da acuidade visual853.s54 A fenda labial geralmente é
bilateral. A uropatia obstrutiva frequentemente ocorre nesta
condiçã0855 . A inteligência, em geral, é normal 858 A mutação
no gene p63 é responsável pela maioria dos casos de síndrome
FIGURA 12-44. Ultrassom de segundo trimestre em um feto com da displasia ectrodactilia ectodérm.ica e fenda labial/pala ti-
deficiência femoral focal proximal. O fêmur direito Iseta) está signifi-
cativamente menor que o esquerdo.
Um grupo diferente de síndromes envolve associações de
deformidade de mãos e pés em fenda com outras anomalias.
Estas entidades incluem a fenda do pé e o polegar trifalange-
Se o defeito for unilateral, pode corresponder ao complexo al, fenda do pé e da mão e polidactilia central, síndrome de
fêmur-fíbula-ulnar ou fêmur-tÍbia-radial. Estas duas síndromes Karsch-Neugebauer (fenda da mão e do pé associado a nis-
apresentam implicações diferentes para o aconselhamento tagmo e disostose mandibulofaciaJ (síndrome de
genérico: a primeira não é fam.iliar, enquanto que a segunda Fontaine) 80 .
apresenta componente genético importante 839
MÃO TORTA
DEFORMIDADES DE MÃOS E PÉS EM As deformidades das mãos são classificadas em duas catego-
FENDA rias principais: radial e ulnar. A mão torta radial inclui um
amplo espectro de distúrbios que abrange ausência de polegar,
o termo síndrome de mãos e pés em fenda é utilizado para
h.ipoplasia de polegar, primeiro metacarpo fino, e ausência de
referir um grupo de distúrbios caracterizado pela fenda que rádio (Tabela 12-16). A mão torta ulnar é muito menos fre-
divide as mãos e os pés em duas partes. Outros termos
quente que a mão tona radial e varia do desvio leve da mão
incluem a deformidade em pinça de lagosta, ectrodactilia e
para o lado uln3.1· do antebraço à completa ausência da ulna.
dedos abortados m .s.lo . A condição é classificada em forma
Embora a mão torta radial seja frequentemente síndrômica, a
típica e I . A forma típica consiste na ausência do dedo
mão tOrta ulnar em geral consiste em anomalia isolada859'862
e do osso metacarpo resultando em um defeito de depressão
A Tabela 12-27 mostra as condições que se apresentam com
central em forma de V que, evidentemente, divide a mão em os defeitos ulnares .
uma parte ulnar e outra radial . Esta ocorre em 1 para 90.000
Independente do momento que a mão torta é identifi-
nascidos vivos e apresenta tendência familiar (geralmente her-
cada, é importante conduzir um exame completo do feto e
dada de modo autossômico dominame)s.12. A variedade atípi-
recém-nascido para diagnosticar anomalias associadas que
ca é caracterizada por uma fenda muito mais ampla formada
possam sugerir uma síndrome. Deve ser recomendado o pro-
por um defeito dos metacarpos e dos dedos médios. Como
cedimento para a coleta de sangue fetal e a ecocardiografia
consequência, a fenda apresenta forma em U e é ampla, ape-
fetal. A contagem celular sanguínea, incluindo as plaquetas, é
nas remanescendo o polegar e o dedo mínimo. A variedade
importante pata estabelecer o diagnóstico de pancitopen.ia de
típica ocorre em 1 por 150.000 nascidos
Fanconi, síndrome de TAR e síndrome de Aase. O cariótipo
Embora um sistema complexo para a classificação destes
fetal é indicado, pois têm sido relatadas anomalias cromossô-
distúrbios baseada na distribuição dos dedos remanescentes
nucas graves (p. ex., trissomia do 18, trissonua do 21 e outras
tenha sido propostOSH , não é útil para o diagnóstico diferen-
aberrações estruturais) em associação à defonn.idade da mão
cial e para a classificação síndrômica. As deformidades de
torta. A doença cardíaca congênita consiste em característica
mãos e pés em fenda podem ocorrer de modo isolado ou fazer
importante da síndrome de Holt-Oram, síndrome de Lewis
parte de uma síndrome mais complexa. Os tipos sindrômicos
(membro superior, alteração c3.1"diovascular) e alg'uns casos de
são mais encontrados.
síndrome de TAR.
A síndrome de mãos e pés em fenda e ausência dos os-
sos longos inclui duas condições Jl3S quais há fenda na mão
Mão Torta Radial
e aplasia da tíbia ou fenda dos pés e aplasia da ulna. Porém
as anormalidades esqueléticas não são limitadas a estes ossos; O termo mão torta radial isolada indica que a mão torta não
clavícula, fêmur e fíbula também podem ser afetados. O pa- constitui parte de uma síndrome reconhecida862.8ó3 Porém ,
drão de herança destes distúrbios ainda não foi definido . Tem isto não exclui que outras anomalias podem estar presentes
466 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

I Tabela 12- 26 1Defeitos Radiais: O Diagnóstico Diferencial da Deficiência Congênita do Rádio e do Raio Radial
I. Isolada: não sindrômica
11. Síndromes com discrasias sanguíneas
A. Anemia de Fanconi
B. Síndrome da trombocitopenia com ausência de rádio
C. Síndrome de Aase: anemia congênita, polegar trifalangeano não oponente, hipoplasia do escafoide e distal do rádio, sinostose raclioulnar,
baixa estatura com ombros estreitos, autossômico recessivo (ver síndrome de Diamond·Blackfan por síndrome similar ou mesmo idêntica)
UI. Síndromes com doença cardíaca congênita
A. Síndrome de Holt-Oram
B. Síndrome do membro superior-cardiovascular de Lewis : malformações dos braços mais extensas e anomalias cardíacas mais complexas
que a Holt-Oram, embora provavelmente não uma síndrome separada, autossômica dominante
IV. Síndromes com anomalias craniofaciais
A. Disostose acrofacial de Nager
B. Mão torta radial e fenda labial e/ou fenda palatina : esporádica
C. Síndrome deJuberg-Hayward: fenda labial e palatina, hipoplasia dos polegares, rádio curto, subluxação da cabeça do rádio, autossômica
recessiva
D. Síndrome de Baller-Gerold: craniossinostose, mão torta radial bilateral, polegar ausente/hipoplásico, autossômica recessiva
E. Síndrome de Rotlunund-Thompson: alterações de idade prematura da pele, catarata juvenil, cabelo esparso acinzentado, ausência de
polegares, mãos tortas radiais , diplasia de joellio ocasional (ver síndrome Progeria)
F. Síndrome de Duane-displasia radial : movimentos oculares anormais: incapacidade de abdução e retração do cristalino com adução do
globo ocular, hipoplasia radial e do raio do rádio, anomalias vertebrais, malformação renal, autossômica dominante (ver variantes de
KJippel-Feil)
G. A síndrome de IVIC (Instituto Venezuelano de Investigações Cientificas): deficiência do raio do rádio, polegar ausente ou hipoplásico e
mão torta radial, deficiência auditiva, movimentos anormais dos músculos extraoculares com estrabismo, autossômico dominante
H. Síndrome de LARD OácrinlO-aurículo-radial-dental; Levy-Hollister): ausência das estruturas lacrimais, orelhas protuberantes, hipoplasia
radial e do polegar, dentes anormais, autossômico dominante
r. Defeitos radiais com anomalias de orellias e disfunção do par craniano VII
J. Hipoplasia radial , polegar trifalangeano, hipospádia, dias tema ou incisivo maxilar central, autossômica dominante
V. Síndromes com escoliose congênita
A. Associação de VATER
B. Síndrome de Goldenhar (displasia oculoauriculovertebral)
C. Síndrome de KJippel-Feil
VI. Aplasia radial e aberrações cromossômicas
VII. Síndromes com retardo mental
A. Síndrome de Seckel (nanismo-cabeça de pássaro): microcefalia, protrusão do nariz como bico, retardo mental, polegar ausentei
hipoplásico, luxação bilateral do quadril
VIII. Embriopatia por talidomia (de interesse histórico, embora 60 % apresentavam mão torta radial)

Reproduzido com permissão de Goldberg MD: The Dysmorphic Child: An Orthopedic Perspective. New York, Raven Press, 1987.

(p. ex., escoliose e doença cardíaca congênita). A mão torta vada de cromossômica depois da incubação com die-
radial isolada não sindrômica geralmente é um distúrbio espo- póxi-butano)86o'868. Cerca de 25% dos indivíduos afetados não
rádico859-862 . Uma lista detalhada das condições associadas à apresentam anomal.ias de redução de membros. Os achados
mão torta radial é apresentada na Tabela 12-26. associados incluem m.icrocefalia, luxação congênita do qua-
dril, escoliose, bem como anomalias cardíacas, pulmonares e
gastrointestina.is869-871. A restrição de crescimento intrauterino
Mão Torta Radial e Distúrbios é comum. Até 25% das pacientes podem mostrar algum grau
Hematológicos de deficiência mental. E reconhecido que o defeito básico
está relacionado com a inabilidade do reparo do DNA, em
A mão torta radial pode ser parte de três síndromes caracteri-
zadas por distúrbios hematológicos: p311Citopenia de Fanconi, particular do chamado DNA de ligação cruzada. Atualmente, pelo
síndrome de TAR e síndrome de Aase. menos 11 gttpos complementares (A, B, C DlIBRCA2, D2, E, F,
C, I,] e L) e oito genes associados foram identificados: FANCA,
FANCC, FANCD2, FANCE, FANCF, FANCCIXRCC9,
Anemia de Fanconi FANCL e FANCD 1 (BRCA2)873-890. Aproximadamente 200
mutações foram descritas e, entre estas, mutações no gene
A anemia (pancitopenia) de Fanconi é uma doença autos- para o complemento do grupo FA-A (FANCA) é responsável
sômica recessiva caracterizada pela associação de falência por quase 65% dos casos 872 , O diagnóstico pré-natal foi rela-
óssea medular (anem.ia, leucopenia e trombocitopenia)864 e tado diversas vezes 837,881·891. Atualmente, o teste de genética
anormal.idades esqueléticas, incluindo a mão torta radial com molecular está disponível para a análise de mutação comum
ausência de polegares, h.ipoplasia radial e frequência elevada de judeus Asquenazi FANCC e a análise de sequência para
de instabilidade cromossômica (demonstrado nas células do o FANCA, FANCC, FANCF e FANCC 892 . Para os casos em
líquido amniótico ou linfócitos feta.is com uma frequência ele- que o gene afetado e as mutações parentais não são conheci-
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL 467

I Tabela 12-27 I Defeitos do Raio Ulnar: Um Diagnóstico Diferencial da Deficiência Congênita da Ulna e do Raio Ulnar
I. Isolada: ausência não sindrômica d a ulna
11. Hipoplasia ulnar e o utras d eficiências esque léticas
A. Aplasia da u!na com a deformidade de pinça de lagosta das mãos e/ou dos pés, autossômica dominante
B. Complexo fêmur-fíbula-u!na
IlI. Sínd romes com deficiências da ulna
A. Síndrome de Cornelia-Lange
B. Síndrome de MilIer (disostose acrofacial pós-axial): ausência da ulna e do raio ulnar e ausência do quarto e do quinto dedos dos pés ;
hipoplasia mandibulofacial de Treacher-Collins, autossômica recessiva, distinguir da disostose pré-axial acrofacial de Nagar
C. Síndrome ulnar-mamária de PalIister: hipoplasia da u!na e do raio ulnar; hipoplasia da mama e ausência das glândulas sudoríparas
apócrinas, autossômica dominante
D. Síndrome de Pillay (displasia oftaimomandibulomélica): ausência do terço distal da ulna, ausência do olécrano, hipoplasia trodear e
proxirnal do rádio, fusão das articulações interfalângicas nos dedos ulnares, displasia de joelho, opacidades da córnea, fusão de articulações
temporomandibulares, autossômica dominante
E. Síndrome da oligodactilia de Weyer: deficiência da u!na e do raio u!nar, tecido antecubital, esterno curto, rins e baço malformados, fendas
labial e palatina, esporádica
F. Síndrome de Schnizel: ausêncialhipoplasia do quarto e quinto metacarpos e das falanges, hipoplasia da genitália, atresia anal, autossômica
dominante
G. Nanismo mesomélico, tipo de Reinhardt-PITeifer (displasia u!no-fibular): displasia óssea generalizada, embora com uma desproporção entre
a ulna e a fl'bula, autossômica dominante
H. Nanismo mesomélico, tipo de Langer: displasia óssea generalizada, embora com aplasia da ulna distal e proxirnal da fíbul a e hipoplasia
da mandíbula

Reprod uzido com a permissão de Goldberg MD: The Dysmorphic Child: An Orthopedic Perspective. New York, Raven Press, 1987.

dos (p. ex. , no caso de anormalidade radial identificada ao trifalangeais são uma característica de várias disostoses ósse-
ultrassom, embora com histórico familiar negativo), os estu- as e síndromes de malformação. Podem ocorrer, também,
dos de quebra cromossômica após a exposição aos agentes em rara associação com outros defeitos, e juando isolados,
para o DNA de ligação cruzada885'887, ou o parâmetro de geralmente constituem anomalias, familiares 20. O diagnósti-
célula única em citotometria de fluxo das células de cultura co diferencial inclui a síndrome de Holt-Oram, síndrome de
do líquido amniótico, ou a citometria de fluxo bivariada das Diamond-Blackfan921,922, anomalias cromossômicas e síndro-
células de cultura do cordão umbilical 893 têm sido utiliza- me da hidantoúla fetal_
dos para o diagnóstico pré-natal. A razão para a utilização
da citometria de fluxo para testar a anemia de Fanconl é
a hipersensibilidade destas células aos agentes alquilantes Síndrome de Holt-Oram
resultando em elevação da fase G2 de frações de células em
A sÚldrome de H olt-Oram é um distúrbio autossômico
casos positivos 893
dominante caracterizada por doença cardíaca congênita (prin-
cipalmente defeito do septo atrial, tipo secundum, e defeito do
Síndrome de Trombocitopenia com septo ventricular)207,921,92:J-926, aplasia ou hi;oplasia do rádio,
Ausência de Rádio e polegares trifalangeais ou ausentes 927,92 . Os defeitos são
frequentemente assimétricos, com o lado esquerdo sendo mais
A síndrome de TAR é um distúrbio autossômico recessivo afetado do que o lado direito. Não há correlação entre a
por dade do defeito do membro com as anomalias cardíacas 9,930.
abaIXO de 100.000 /mm3) e ausenCla bilateral de radio 95·8 8. Os Além disso, indivíduos apresentam somente a anoma-
polegares e os metacarpos sempre estão presentes_ O úmero lia esquelética 32 Outros achados incluem hipertelorismo e
e a ulna podem estar ausentes, e podem ocorrer deformi- anomalias de caixa torácica e vertebrais93 1-934. Essa condição
dades da inserção dos pés. A doença cardíaca congênita foi diagnosticada pelo US2D e US3D 93 1,935-939. A síndrome de
está presente em 33% dos casos (p. ex. , tetralogia de Fallot Holt-Oram é causada por mutações no gene TBXS939.940, e o
e defeitos septais). O parto por cesárea é recomendado, diagnóstico desta condição pré-implantação tem sido feit0 94 1.
pois estes fetos apresentam risco de hemorragia intracrania- A síndrome do membro superior-cardiovascular descrita por
na 899 ,900. A TAR foi diagnosticada in ulero adequadamente Lewis el aI. é uma entidade provavelmente não separada da
várias vezes899.914 . síndrome de Holt-Oram942.

Síndrome de Aase Mão Torta Radial e Escoliose


A síndrome de Aase é uma condição autossômica recessiva A mão lona radial também pode estar associada à escoliose
caracterizada por anemia hipoplásica congênita e mão torta congênita. As três síndromes que devem ser consideradas
radial com polegar trifalangeal bilateral e hipoplasia radial como parte do diagnóstico diferencial incluem a associação de
distal915·918. Podem estar presentes defeitos cardíacos (defeito VATER, alguns casos de síndrome de Goldenhar e a síndro-
do septo ventricular e coarctação da aorta)919. Os polegares me de Klippel-Feil943.
468 SISTEMA MUSCULOESQU ELÉTICO FETA L

Associação de VATER
A associação de VATER é o resultado de um defeito de
desenvolvimento mesodérmico durante a embriogênese antes
do 35° dia de Os achados típicos são defeitos
de segmentação vertebral (70%) , atresia anal (80%), fístula
traqueoesofágica (70%), atresia de e defeitos e
renais (65% e 53%, respectivamente)948. Outras anomalias
incluem a artéria umbilical única (35%) e doença cardíaca
congênita , ocorrendo próximo de 50% das pacientes950'955 .
A associação de VATER ocorre esporadicamente, embora
a recorrência em um irmão tenha sido documentada 953 O
diagnóstico pré-natal foi relatad066.955.965.

Síndrome de Goldenhar
A síndrome de Goldenhar é caracterizada pela microssomia
hemifacial, anomalias vertebrais e defeitos radiais966'97o. As alte-
rações na morfogênese do primeiro e segu ndo arcos braquiais
resultam em hipoplasia da região malar, maxilar ou mandi-
. . e anom,aloIaS
bu Iar: nucrotla; I _e oro farmgeas
' 970·9i5 . O
diagnóstico pré-natal foi relatad09/2.9/1.9/9

Síndrome de Klippel-Feil
A síndrome de Klippel-Feil é caracterizada pela fusão de
qualquer de duas vértebras, resultando em encurtamento
do pescoço, baixa linha de implantação posterior do cabelo,
e mobilidade restrita da porção superior da coluna. Podem
estar presentes outras anomalias associadas graves, incluindo
espinha bífida, fenda labial, anormalidades de costelas, dis-
túrbios pulmonares , doença cardíaca congênita e anomalias
de membros 980 . A síndrome de Klippel-Feil não tem sido FIGURA 12-45. Síndrome fáscies incomum - hipoplasia femora!.
diagnosticada no pré-natal. Note a ausênci a do fêmur esquerdo e somente uma porção fina do
osso calcificado no lado direito . Há fusão parcial da tíbia e fíbula. De
in teresse , é a presença de polidactilia pré-axial (setas) nos pés .
Outras Condições Associadas à Mão
Torta Radial
A mão torta radial também foi relatada em associação a várias
central (Tabela 12-16). A polidactilia pós-a;{ial ocorre no lado
anomalias cromossômicas, incluindo tlissomia do 18 e 21,
ulnar d a mão e lad o fibular do pé98i'989 A polidactilia
deleção do braço longo do cromossomo 13 e formação de
anel do cromossomo 4868.981.982. pré-axial está presente do lado radial da mão e lado tibial do
pé (Fig. 12_45 )990. A polidactilia central cons iste em um dedo
Alguns distúrbios apresentam anormalidades craniofaciais
extra que, geralmente, está escondido entre o dedo médio e o
e deformidades de mão torta radial . Estas condições são es- dedo
porádicas e apresentam características comuns que to rnam o
Evidência em modelo de ratos sugere que muitos tipos de
diagnóstico pré-natal limitado. A anomalia craniofacial mais
polidactilia envolvem a via lIedgelLOg, tanto direta quanto indi-
comum é a fenda labial e palatina. O estudo de Uuspaa de
retamente. De modo específico, a mutação no efetor baixo do
3.225 casos com fenda orofacial demonstrou a associação de Shlun e GLI3 resulta em vários fenótipos de polidactilia, as
2.8% com defOlmidades da extremidade superior983 mais leves correspondem a polidactilia pós-a,'-úal tipo I e a f!oli-
dactilia pré-ax.ial tipo IV (ou cefalopolisindactilia de Creig)·' . A
Mão Torta Ulnar polidactilia pós-axial tipo I é aproximadamente 10 vezes mais
frequente na raça negTa do que na branca, e é caracterizada por
Geralmente, a mão torta ulnar ocorre como uma forma iso- um dedo extra que é bem-desenvolvido e articula com O quinto
lada. não sindrômica. As sÚ1dromes que apresentam a mão dedo ou um metacarpo/metatarso A cefalopolisindac-
torta ulnar como parte de seu fenótipo (p. ex., síndrome de tilia é caracterizada por uma polissindactilia pré ou pós-axial de
Poland) estão descritas na Tabela gTaus variáveis, bossa frontal e hipertelolismo 5 As malforma-
ções mais graves são encontradas na sindrome de Pallister-Hall,
Polidactilia que é caracterizada por hamartomas hipotalâmicos, anomalias
craniofaciais, polissindactilia e defeitos
A polidactilia é a presença de um dcdo adicional (Fig. Embora a maioria dos casos de polidactiJia seja isolada e
12_25)98.>.986 O dedo extra pode variar de um broto de tecido com herança autossômica dominante, a polidactilia constitui
até um dedo completo que apresenta controle de flexão e um u'aço fenotípico em 119 distúrbios (97 sindrômicos e 22
extensão (Figs . 12-39 e 12-40). A polidactilia pode ser clas- não sindrômicos), 39 das quais causadas por mutações em
sificada como pós-axial (a forma mais comum), pré-axial, e genes conhecidos e 16 estão mapeados para um locus no geno-
SISTEMA MU SCULO ESQU ELÉT ICO FETA L 469

I Tabela 12- 28 I Distúrbios de Desenvolvimento do Sistema Motor em Todos os Níveis. Resultando em Imobilização
Distúrbios do desenvolvimento do sistema neuromuscular
Perda das células do corno anterior
Doença radicular com proliferação do colágeno
Neuropatia periférica com neurofibromatose
Miastenia congênita
Miastenia neonatal (miatenia gravis materna)
Amioplasia congênita
Distrofia muscular congênita
Doença do mkleo central
Distrofia miotônica congênita
Miopatia por acúmulo de glicogênio
Distúrbios do desenvolvimento do tecido conjuntivo ou doença do tecido
Distrofia do tecido conjuntivo muscular ou articular
Defeitos articulares por displasia mesenquimal
Aumento da síntese do colágeno
Distúrbios de desenvolvimento da medula ou doença medular
Hemorragia espinhal epidural congênita
Duplicação congênita do canal espinhal
Distúrbios do desenvolvimento do cérebro (p. ex., porencefalia ou doença cerebral)
Encefalopatia congênita

ma 995 . A poEdactilia central freque?temente_ é bilat;ral e fode ciada à Al\1C I020 . Foi, relatado, também, que anticorpos ma-
estar assoCIada a outras malformaçoes de ma os e pes991'99 . Po- ternos específicos para o receptor da acetilcolina fetal resultam
rém, a polidactilia pré-axial, especialmente quando o polegar em Al\1C sem evidência de miastenia gravis materna lO2 I. 1023.
trifalangeano está presente, é mais provável que faça parte de Além disso, o plasma de mães de fetos com AMC, quando
uma síndrome. injetados, em ratas grávidas, causa deformidades na geração
atual 1023. O padrão de herança da Al\lIC depende de causa
específica lO24. Em uma série de 350 casos, H all l025 verificou
Artrogripose que 46% destas correspondiam às síndromes sem risco de
o termo artrogripose múltipla congênita (AMC) se refere a recorrência, 23% estavam correlacionadas com distúrbios de
múltiplas contraturas articulares presentes ao nascimento em padrão mendeliano (autossômica dominante, autossômica re-
um esqueleto intacto996·999 A condição está presente em 3 por cessiva ou ligada ao X), 20% apresentavam causa desconhe-
10.000 nascidos vivos999.1000. cida, 6% estavam associadas a causas ambientais, 3% eram
O movimento normal do feto entre 7 e 8 semanas de gesta- cromossômicas e 2°/0 tinham origem multifatorial.
ção em diante é importante para o desenvolvimento da articu- O risco de recorrência varia dependendo da causa etiológi-
lação; limitação do movimento articular fetal leva ao desenvol- ca. Hall e Reed 1020 verificaram que em 20% das 350 pacientes
vimento de contraturas e Al\1C 1001.I002. Isto foi confirmado em não foi realizado o diagnóstico. O s autores concluíram que,
modelos animais 1003, incluindo embriões de ratos e galinhas nesta situação, o risco de recorrência seria de 4,7% se apenas
em e toxinas .do botulis- os membros estivessem afetados , 7% se o SNC se apresentasse
mo lO .1.1000, e mlOpatla 1l1duzlda pelo Vlrus coxsakle A1006 e a comprometido, e 1,4% se os membros e outras áreas fossem
secção do cordão espinhal lo07. Assim, a Al\1C é uma síndro- atingidos.
me e não um distúrbio específico. A incidência das diferentes Na maioria dos casos de AMC, as deformidades são si-
causas relatadas de Al\1C é variável na literatura. Anomalias métricas e envolvem os quatros membros (Fig. 12-46). Podem
neurológicas, musculares, do tecido e esqueléticas, ocorrer, ainda, anomalias das extremidades inferiores isoladas
além do preenchin1ento intrauterino, rodem levar à deficiência ou envolvimento bimélico. A gravidade das deformidades au-
da movimentação fetal e Al\1CIOOl.l OO . A Tabela 12-28 mostra menta distalmente no membro envolvido, com as mãos e os
uma lista de distúrbios motores que fodem levar à AMe. Em pés sendo tipicamente mais afetados.
uma série de 74 crianças, Banker100 encontrou que as causas O s achados cardinais no ultrassom pré-natal incluem au-
mais comuns de Al\1C foram os distúrbios neurogênicos, se- sência de movimento fetal no exame em tempo real e defor-
gJ.IÍdas pelos distúrbios miopáticos. Do mesmo modo, em uma midades graves de flexão 1026·10·1I. A ultrassonografia quadri-
série de necropsias de 75 fetos e recém-nascidos, Swinyard lO09 auxiliar, caracterizando melhor o
relatou os distúrbios do SNC como a causa de Al\1C em 75% no pre-natal 3. Zelop e BenacerraflO33 avaltaram o slgmficado
dos casos, seguido pelas anomalias musculares em 10% a 15%. clínico e o prognóstico das deformidades posturais e contra-
Em contrapartida, Qyinn et a/. 10 10 relataram que somente 5 de Ulras das extremidades superiores detectadas durante o pré-
21 casos de Al\1 C letal apresentaram etiologia neurogênica, natal. Entre 52 fetos com anomalias detectadas no ultrassom
enquanto que 11 foram miogênicas e em 5 tiveram a causa das extremidades superiores, 26 (59%) apresentavam aneu-
incerta. ploidias, a maioria trissomia do 18 (88% [23/26]) . Os fetos
A etiologia da Al\1C pode derivar de condições hereditá- com o cariótipo normal tinham uma variedade de condições
. 101 2·1018, asentes ll1reCCIOSOS,
nas . C ' d rogas , tOXll1as
. ,
e slI1drome do sindrômicas, incluindo três casos de artrogTipose múltipla con-
álcool fetal lo A hipertermia materna tem sido asso- gênita e um de cada da sequência de Pierre-Robin, sÚ1drome
470 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FETAL

FIGURA 12-47. Ultrassom da extremidade inferior em um feto com


pé torto congênito unilateral. Normalmente, quando a tíbia e a fíbula
são identificadas, somente uma parte do pé é vista no mesmo plano.
O desvio mediai anormal do pé resulta na identificação de todas as
estruturas no plano .
FIGURA 12-46. Artrogripose múltipla congênita. Há flexão dos
membros superiores com hiperextensão dos membros inferiores.

A gravidade do pé torto congênito varia de uma defor-


midade postural frequentemente não necessitando de tra-
de Freeman-Sheldon e Whistler necessitando de colocação de tamento; deformidade isolada, necessitando imobilização e
tubo gástrico, e sindactilia bilateral necessitando de múltiplas possível cirurgia, comumente com prognóstico favorável; ou
correções cirúrgicas. A taxa de sobrevida foi de 5% (8/52), e anormalidade complexa de pé torto, associado a outras anor-
somente um dos sobreviventes apresentava o fenótipo normal malidades cromossômicas, neuromusculares ou estruturais. O
depois do nascimento. pé torto também pode ocorrer como resultado da restrição
Muitas anomalias congênitas estão associadas à AMC . As de movimento in utero devido a oligo-hidrâmnio gravei 142. A
mais frequentes são fenda palatina, síndrome de Klippel-Feil, prevalência é frequentemente estabelecida como 1 para 1.000
meningomielocele e doença cardíaca congênita. Dez por cento nascidos vivos, com predisposição masculino-feminino 2: 11 145.
das pacientes com AMC apresentavam anomalias associadas Várias séries demonstraram que o diagnóstico inicial de anor-
ao SNC997. malidade do pé torto diagnosticado de forma isolada foi tido
O prognóstico da AMC depende de causa específica. Em- como complexo ou associado a outras anomalias tanto p,0ste-
bora alguns casos sejam uniformemente fatais , outras estão riormente na gestação quanto no período neonatal Jl42 .1 46. O
associadas a retardo mental leve a moderado. Em estudo re- diagnóstico falso-positivo é mais prevalente quando o pé torto
trospectivo de 828 casos de AJ'v1C, Fahy eJall!043 verificaram é suspeitado na fonua unilatel:al do quando é suspeitado
que o poli-hidrâmnio constituía sinal prognóstico mim. ou dJagnosucado na forma bilateral 142. A assoclação do pé
torto congênito de forma isolada à aneuploidia é controversa.
Shipp e Benacerraf verificaram que 5,9% dos 87 fetos com
PÉ TORTO pé torto congênito isolado apresentavam cariótipo normal
o pé torto (talipe esquinovaro) é uma malforn1ação congê- e concluíram que a amnlocentese estava indicada depois do
nita dos ossos dos tornozelos e pés resultando na adução diagnóstico lL49. Outros pesquisadores chegaranl à conclusão
do pé anterior, inversão do calcanhar e flexão plantar do pé contrária 1142.1143.1148. a série de Malone et a1. 1141 , não
anterior e tornozelo lL41 . Há subluxação da articulação talo- houve casos de aneuploidia no cariótipo quando o pé torto se
calcâneo-navicular. Como resultado desta malformação, a apresentava de forma isolada.
porção dorsal do pé com frequência é rodada medialmente,
assumindo uma aparência semelhante a bastão I 142. O diag-
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nóstico ultrassonográfico é realizado quando o metatarso e a
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13
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL
Juriy W. W ladimiroff, MO, PhO , Titia E. Cohen-Overbeek, MO e Jacqueline A. M. Laudy, MO , PhO

Pulmão Fetal Outras Anormalidades Pulmonares


Desenvolvimento Pulmonar Normal Diafragma Fetal
Hipoplasia Pulmonar Desenvolvimento Normal
Malformação Adenomatosa Cistica do Pulmão Hérnia Diafragmática Congênita
Sequestro Broncopulmonar Hidrotórax Congênito
Obstrução Congênita das Vias Aéreas Superiores
(Atresia de Laringe)

DESENVOLVIMENTO PULMONAR
N este capítulos são os normal
e anormal dos órgãos ll1tratoraClcos, com enfase nos
pulmões e no diafragma. Cada anormalidade intratorácica
NORMAL
pode resultar em impacto, não somente no próprio órgão O desenvolvimento do pulmão humano é dividido em cinco
acometido, como também pode produzir efeito nos sistemas estágios: embrionário, pseudoglandular, canalicular, sacular
orgânicos vizinhos, tal como a hérnia diafragmática resulta e alveolar (Fig. 13-2). A transição entre os estágios ocorre
em hipoplasia pulmonar. O diagnóstico ultrassonográfico e, gradualmente, e pode ser observada sobreposição conside-
recentemente, a imagem de ressonância magnética de captação rável de um estágio para o próximo, e também entre áreas
rápida (RJ\1) constituem os principais métodos de detecção diferentes do pulmão e entre idades gestacionais e indivíduos
das patologias fetais intratorácicas. Qlando forem necessárias variáveis 6 .
imagens adicionais, o papel da RM e do ultrassom 3D na Durante o estágio embrionário, o pulmão surge como um
elucidação da anatomia intratorácica normal e nas condições divertículo da porção final caudal do sulco lalingotraqueal do
patológicas será discutido. intestino anterior no final da quarta semana. Durante as pró-
xÍl11as poucas semanas, este divertículo cresce gradualmente
no sentido caudal para formar a traqueia primitiva. O final do
divertículo é dividido cm dois sacos, os brotos pulmonares .
PULMÃO FETAL Pelo final da sexta semana, todos os segmentos broncopul-
monares estão fornlados. Durante o estágio pseudoglandular,
O diagnóstico pré-natal das anormalidades fetais de origem os condutos aéreos são formados pelas repetidas dicotomias
pulmonar baseia-se nos achados ultrassonográficos do espaço dos ramos resultando em uma árvore de túbulos delineados
ocupado pelas lesões l. O pulmão normal apresenta ecoge- por epitélios estreitos e espessos. Por volta da 163 semana de
nicidade moderada, que pode variar do hipoccogênico ao gestação, a árvore traqueobronqueal está formada. Durante
isoecogênico e ao hipercogênico, quando comparado com o estágio canalicular (16-28 semanas), a estrutura básica da
o fígado adjacente (Fig. 13-1)2. As lesões pulmonares fetais porção de troca gasosa do pulmão é formada e vascularizada.
devem ser distinguidas das massas extrapulmonares, como No início do estágio sacular (28-36 semanas), as vias aéreas
hérnia diafragmática, em que estômago, intestino e fígado terminam em uma estrutura cilíndrica de parede lisa e são sub-
podem estar presentes no interior do tórax. Enquanto a mal- divididas por sulcos, formando as cristas. As cristas invadem
formação adenomatosa cística do pulmão congênita (MACP) o interior dos sáculos. O resultado final do estágio sacular é o
é caracterizada por uma imagem cística ou massa sólida rápido aumento na troca gasosa do pulmão e o afinamento do
hiperecogênica, o sequestro broncopulmonar (S BP) aparece interstício. O estágio alveolar (36 semanas-termo) é caracteri-
como massa sólida hiperecogênica uniforme bem-defmida, zado por adelgaçamento rápido da barreira sanguínea gasosa,
situada na maioria dos casos na base do pulmão esquerd0 3 . aumento da produção de surfactante e ramificação progressiva
Com base no conceito que cada unidade embrionária do pul- das vias aéreas respiratórias.
mão inclui um broto bronquial suprido por um plexo capilar O crescimento e o desenvolvimento pré-natal dos vasos
sistêmico derivado da aorta primitiva e contendo um pequeno sanguíneos estão intimamente ligados ao da árvore brônquica.
ramo da artéria pulmonar, Achiron el al. 4 tentaram agrupar as O sexto arco brônquico aparece aproximadamente na S" se-
lesões pulmonares de acordo com (1) presença/ausência do mana e se desenvolve no u-onco principal da artéria pulmonar
pulmão; (2) pulmão normal/anormal; (3) suprimento vascular com os ramos direito e esquerdo durante as próximas semanas
normal/anormal. Este sistema agruparia as lesões pulmonares restantes do período pseudoglandular. Pela 7a semana de ges-
congênitas em um dos cinco grupos de displasias. Embora o tação, o padrão adulto dos vasos, conectando o coração e os
conceito seja intrigante, também pode levar à confusão em pulmões, está estabelecido. As conexões do Buxo sanguíneo
um tópico já complexos. Este capítulo adere aos sistemas mais arterial e venoso do coração e da artéria pulmonar normal
convencionais de classificação. estão ilustradas na Figura 13-3. As artérias e as veias pulmona-
493
494 AVA LI A ÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

10 semanas de gestação. Estes movimentos respiratórios pro-


duzem alterações significativas na pressão intratorácica, que
podem influenciar o desenvolvimento pulmonar ll .

HIPOPLASIA PULMONAR
A hipoplasia pulmonar é defmida como um defeito ou desen-
volvimento incompleto do pulmão resultando em uma redu-
ção geral do seu tamanho devido à redução do número ou
tamanho dos ácinosl 2 Como a incidência de hipoplasia pul-
monar encontra-se em 1,1 para l.000 nascidos vivos e a taxa
de mortalidade conespondente de mais de 50%, a rupoplasia
pulmonar fetal é uns dos maiores desafios diagnósticos 13.
Esta é encontrada em mais de 10% das neuropsias neonatais
e ocorre em associação a ouU-as malformações, mais comu-
mente : hérnia diafragmática con?ênita, displasias esqueléticas
e anormalidades renais graves 1 ,14. A avaliação precoce do
volume pulmonar adequado utiliza a aparência subjetiva da
caixa torácica, a medida da circunferência torácica fetal (CT)
(Tabela 13-1) e a relação entre a circUJúerência torácica e a
circunferência abdominal (CA) (relação circunferência torá-
cica/circunferência abdominal) (Fig. 13-5) 15. 16. Estas medidas,
obviamente, correspondem somente à avaliação indireta do
volume pulmonar fetal . Na realidade, inicialmente, o tamanho
do pulmão fetal foi estimado pelas imagens ultrassonográficas
bidimensionais (US2D). As medidas incluíram a área pul-
monar, circunferência pulmonar e diâmetro/comprimento do
pulmão I7-21 . O comprimento do pulmão foi estabelecido em
um plano através do eixo longitudinal do tórax da porção
FIGURA 13-1 . Plano ultrassonográfico coronal levemente angulado superior do esterno até o nível do diafragma ou a superfície
no final do segundo trimestre de gestação demonstrando os pulmões inferior do coração l6 ou do ápice a base do pulmão l9. Outros
normais (Lu) levemente ecogênicos com relação ao fígado (Li). O estudaram a relação da área do pulmão com a circunferência
músculo diafragma (setas) hipoecoico é iden tificado de um lado. cefálica (AP/CC) 22, comprimento do pulmão com circunfe-
rência torácica23 e comprimento do pulmão multiplicado pela
largura da circunferência cefálica24, particularmente nos casos
de hérnia diafragmática congênita (Fig. 13-6). Destes dados,
res podem ser vistas utilizando a imagem de fluxo do Doppler parece que nenhum destes parâmetros biométricos é bastante
colorido (Fig. 13-4). confiável para predizer a hipoplasia pulmonar com precisão.
O circuito vascular pulmonar in utero é de alta resistência, A ultrassonografia 3D permitiria a avaliação e a coneção
alta pressão e sistema de baixo f1ux0 7. No feto, a troca de gás das irregularidades da superfície 25 . A abordagem 3D mais
normal ocorre na placenta, sendo que o fluxo sanguíneo pul- convencional envolve o delineamento por meio de um plano
monar é baL'(o, meramente suprindo as necessidades nutricio- de amostra multiplanar enquanto demarca os pulmões em
nais fara o crescimento pulmonar e algumas funções metabó- um plano diferente. De forma alternativa, a técnica VOCAL
licas . Nos fetos humanos, o débito cardíaco total suprindo (Virtual Organ Computer-Aided Analysis , General Eletric
os pulmões aumenta de 13% na 20" semana para 25% na 30" medical systems) permite o cálculo do volume sobre um eL'(o
semana e se mantém constante durante o resto da gestaçã09.
Isto implica que o fluxo sanguíneo pulmonar aumenta e a sua
resistência vascular diminui com o avançar da gestação. Alveolar
O desenvolvimento do pulmão fetal incorpora a combi-
Sacular
nação de dois processos: crescimento e maturação pulmonar,
que estão relacionados, embora pareça ser separadamente Canalicular
controlados. A quantidade de líquido amniótico normal é Pseudoglandular
importante para o crescimento do pulmão fetal 10 . O liquido
Embrionário
intrapulmonar fetal é formado por transporte ativo através do
epitélio pulmonar para dentro do lúmen traqueobrônquico,
onde este estabelece pressão positiva dentro do pulmão em o 10 20 30 40
desenvolvimento. O volume de líquido pulmonar e a pressão Semanas de gestação
imrau-aqueal são mantidos dentro de uma variação bastan-
te precisa pela laringe, que, por meio de mecanismos desco-
nhecidos, regula o cBuxo do volume de líquido pulmonar da 25 50 75 100
traqueia para o espaço amniótico lO . O liquido pulmonar con- A Porcentagem da gestação
tribui em aproximadamente um terço do volume de líquido FIGURA 13-2. A. Os cinco estágios do desenvolvimento pulmonar
amniótico. Os movimentos respiratórios em fetos humanos normal fetal. (De Pringle KC: Human fetal lung development and
podem ser observados pela ultrassonografia a partir de quase related animal models. Clin Obstet Gynecol 3:502, 1986.)Continua
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRAFICA DO TÓRAX FETAL 495

ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PULMONAR

Epitélio
7 Células teciduais conjuntivas

;.-_ _ _ Capilares

Tecido
conjuntivo
c

B
1. Periodo pseudoglandular (5-17 semanas)
B C

"

Fibra de
elastina C C

B
C
B
2. Período canalicular (16-25 semanas)

A
B '0 C C / Epitélio escamoso

C • Flbroblastos

B
• O
3. Período sacular terminal (24 semanas-nascimento)
o
B

A. Bronquíolo terminal
B
o o I. C
Célula do /
B. Bronquíolo respiratório músculo liso "T- - - - ' -- -Capilares
C. Saco terminal
D. Alvéolos

4. Período alveolar (nascimento-8 anos)


B
FIGURA 13- 2 conto B . Cortes histológicos ilustrando os estágios progressivos do desenvolvimento pulmonar 1. Período pseudoglandular
(aproximad amente 8 semanas). 2 . Final do período canalicular (aproximadamente 24 semanas) 3. Início do período sacular terminal
(aproximadamente 26 semanas). 4. Recém-nascido. Início do período alveolar. Observe que a membrana alveolocapilar é fina e que alguns
dos capilares iniciaram a expansão para o interior do alvéolo primordial. (De Moore KL, Persaud TVN. Shiota K (eds): Color Atlas of Clinicai
Embryology. 2nd ed. Philadelphia, WB Saunders Company. 2000.) Continua
--
496 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

...
Cartilagem

,;
,
- primordial

.
".

,
,• , , ,',
'\ J ., Brônquios

Brônquio
- - :::--=:-.. ::.. . ;. . :;:.......- Bronquiolo
respiratório

Alvéolo
primordial

Bronquiolo
Brolo do respiratório
bronquiolo
Epitélio
cubo ide

Tronco do
brônquio
Ducto
alveolar

Capilar

Epitélio
achatado do
alvéolo

c 3 4
FIGURA 13-2 conto C. C. Fotomicrografias de cortes do pulmão em desenvolvimento. 1. Período pseudoglandular, 8 semanas. Observe a
aparência glandular do pulmão neste estágio . 2. Período canalicular, 16 semanas . O lúmen do brônquio e os bronquíolos estão aumentados.
3. Período canalicular, 18 semanas. Note que muitos vasos sanguíneos estão se desenvolvendo no mesênquima ao redor das seções dos
brônquios e dos bronquíolos terminais. 4. Período sacular terminal, 24 semanas. Observe a parede fina dos sacos terminais (alvéolo primitivol
que se desenvolveram no final dos bronquíolos respiratórios. Observe, também, que o número de vasos sanguíneos aumentou e que alguns
destes estão associados mais proximamente aos sacos terminais ou alvéolo primordial. (De Moore KL, Persaud TVN, Shiota K Color Atlas
of Clinicai Embryology, 2nd ed. Philadelphia, WB Saunders Company, 2000.)
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL 497

Ramos lobares para


o pulmão direito

Pulmào direito Pulmào esquerdo

Átrio esquerdo
Veia cava inferior

FIGURA 13-3. Circulação pulmonar. As veias e as artérias pulmonar direita e esquerda e ramos capilares estão ilustradas. (De Brashers VL:
Structure and function of the pulmonary system. In McCance KL, Huether SE [eds[: Pathophysiology: The Biologic Basis for Disease in Adults
and Children. St. Louis , Elsevier, Mosby, 2006. )

fIxo por uma sequência de etapas 26 Enquanto que na amostra


in mtro a medida rotacional de volume provou ser superior à
técnica convencional 25, estudo in vivo do volume do pulmão
fetal demonstrou que o método rotacional com o VOCAL foi
menos reprodutivel do a técnica multiplanar comum 26 .
Por sua vez, Moeglin et alo 7 não encontraram diferença estatis-
ticamente significativa entre os valores do volume pulmonar
utilizando os dois tipos de ultrassom 3D. Não somente com
relação às técnicas de ultrassom 3D, mas tan1bém métodos
diferentes para a medida do volume pulmonar fetal têm sido
relatados. Na maioria dos trabalhos iniciais, o volume do
pulmão fetal foi obtido pela subtração do volume cardíaco
do volume torácico total do feto 28 . A desvantagem desta abor-
dagem consiste na inclusão de estmturas do mediastino (timo,
traqueia, esôfago e grandes vasos) na medida do volume
pulmonar. A acuidade pode ser melhorada pela determinação
direta do volume pulmonar, incluindo as medidas separadas
do pulmão direito e esquerd0 29 ,3o.
A maioria dos relatos na medida direta do volume pela
ultrassonografia 3D fornece a definição das bordas superior e
inferior, tal como o nível da clavícula, e a cúpula do diafrag-
FIGURA 13-4. Imagem de Doppler colorido em plano transversal ma. Este foi o caso no estudo de Gerards 29 e foi destacadao
de pulmão normal de feto de 27 semanas de gestação mostrando a por Peralta et aI. 3 ! , que também enfatizaram a importância da
artéria (vermelha) e a veia (azul) pulmonar . definição entre a borda mediai dos pulmões e a distinção do
498 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

I Table 13- 1 Medidas da Circunferência Torácica Fetal*


Percentis Preditivos
Idade Gestacional (semanas) N° 2,5 5 10 25 50 75 90 95 97,5
16 6 5,9 6,4 7,0 8,0 9,1 10,3 11 ,3 11,9 12,4
17 22 6,8 7,3 7,9 8,9 10,0 11 ,2 12,2 12,8 13,3
18 31 7,7 8,2 8,8 9,8 11,0 12,1 13,1 13,7 14,2
19 21 8,6 9, 1 9,7 10,7 11 ,9 13,0 14,0 14,6 15,1
20 20 9,5 10,0 10,6 11 ,7 12,8 13,9 15,0 15,5 16,0
21 30 10,4 11,0 11 ,6 12,6 13,7 14,8 15,8 16,4 16,9
22 18 11 ,3 11 ,9 12,5 13,5 14,6 15,7 16,7 17,3 17,8
23 21 12,2 12,8 13,4 14,4 15,5 16,6 17,6 18,2 18,8
24 27 13,2 13, 7 14,3 15,3 16,4 17,5 18,5 19, 1 19,7
25 20 14,1 14,6 15,2 16,2 17,3 18,4 19,4 20,0 20,6
26 25 15,0 15,5 16,1 17,1 18,2 19,3 20,3 21 ,0 21,5
27 24 15,9 16,4 17.0 18,0 19,1 20,2 21,3 21 ,9 22,4
28 24 16,8 17,3 17,9 18,9 20,0 21 ,2 22,2 22 ,8 23,3
29 24 17,7 18,2 18,8 19,8 21 ,0 22,1 23,1 23,7 24,2
30 27 18,6 19,1 19,7 20,7 21,9 23,0 24,0 24,6 25,1
31 24 19,5 20.0 20,6 21,6 22,8 23,9 24,9 25,5 26,0
32 28 20,4 20,9 21 ,5 22,6 23 ,7 24,8 25,8 26,4 26,9
33 27 21,3 21 ,8 22,5 23,5 24,6 25,7 26,7 27,3 27,8
25 22,2 22,8 23,4 24,4 25,5 26,6 27,6 28,2 28,7
35 20 23, 1 23, 7 24,3 25,3 26,4 27,5 28,5 29,1 29,6
36 23 24,0 24,6 25,2 26,2 27,3 28,4 29,4 30,0 30,6
37 22 24,9 25,5 26,1 27,1 28,2 29,3 30,3 30,9 31,5
38 21 25,9 26.4 27,0 28,0 29,1 30,2 31,2 3 1.9 32,4
39 7 26,8 27,3 27,9 28,9 30,0 3 1,1 32 ,2 32,8 33,3
40 6 27,7 28,2 28,8 29,8 30,9 32,1 33,1 33,7 34,2

*Ivlcd idas em centímetros.


De C hit.kara U. Rosenbcrgj. Chervenak FA. CI ai: Prcn.lal sonographic assessmem of lhe felal lhorax: Normal values. AmJ ObSlel Cynecol 156: 1069. 1987.

coração e dos órgãos do medias tino, bem como entre a borda


lateral dos pulmões e a distinção da caixa torácica.
Nos últimos seis a sete anos, houve aumento do número
de relatos interessantes utilizando a RM para obter imagens
pulmonares32 '34 . O desenvolvimento do disparo único de aqui-
sição rápida com a sequência de intensificação de relaxamen-
to , uma seqüência de imagem de eco da ressonância magnética
de rotação rápida ponderada em T2, foi um avanço na RM
fetal 32 . Na RM:, os pulmões fetais são bem-delimitados na una-
gem ponderada em T2 (Fig. 13_7)33,34. A imagem de eco da
ressonância magnética de rotação rápida ponderada em T2
do tórax fetal fornece um contraste bem-definido entre o pa-
rênquima fetal e as estruturas ao redor, que correspondem às
estruturas da traqueia, esôfago, diafragma e parede torácica35 .
Além disso, a intensidade de sinal da RM do pulmão fetal é
um bom indicador da maturação do pulmão fetal 36 . A RM
demonstrou ser útil na determinação ipsolateral do volume
pulmonar em casos de hérnia diafragmática congênita (Fig.
13-8)36.
Q,I-lestiona-se se há preferência pela ultrassonografia 3D oU
pela RM para a determinação do desenvolvunento do volume
do pulmão fetal. A ultrassonografia 3D apresenta a vantagem
de ser de menor custo, de uso simples e rápido, com boa acei-
tabilidade das pacientes30 . De outro modo, a resolução 3D ide-
al pode não ser sempre possível devido à própria posição fetal ,
oligo-hidrânmio, obesidade materna, atividade cardíaca fetal e
movimentos (respiratórios) fetais. A precisão do delineamento
FIGURA 13- 5. Plano coronal de um feto com displasia esquelética dos contornos do pulmão pode ser prejudicada pela menor
grave. Devido ao encurtamento acentuado das costelas e dos ossos diferenciação entre o fígado e o pulmão fetais.
do tórax, os pulmões estão acentuadamente hipoplásicos . O coração
ocupa a maior parte do tórax (diafragma , setas).
A próxima dúvida é se essas técnicas são suficientes para es-
tabelecer o diagnóstico de hipoplasia pulmonar letal. Sabemos
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL 499

LHR = A x B (mm)
HC (mm)

A
Circunferência cefálica
B
FIGURA 13- 6. A. Ilustração diagramática do método de medida para a relação pulmão para polo cefálico (PPC) em um feto com hérnia
diafragmática congênita. A medida do pulmão direito (em caso típico de hérnia diafragmática congênita) utiliza um plano axial transverso do
tórax fetal no nível do corte de quatro câmaras do coração fetal. Plano de seção deve ser simétrico de modo que somente uma costela pode
ser vista de cada lado. A medida em milímetros (mm) é realizada da aorta torácica na borda interna da parede torácica (A ) . A outra medida,
também em mm , é feita em um plano perpendicular à primeira medida, da parede externa do átrio na porção interna da parede posterior do tórax
(B). Estas duas medidas são multiplicadas uma pela outra e divididas pela medida da circunferência cefálica também em milímetros. (De Roy A.
Filly, MD San Francisco , CA. Ilustração de James A. Cooper, MD , San Diego CA.) B. Ultrassonografia transversa axial de um feto com hérnia
diafragmátic a esquerda congênita. Os dois diâmetros (setas) utilizados na medida da principal área do pulmão direito estão demonstrados.
500 AVALIAÇÃO UlTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

que o oligo-hidrâmnjo grave e prolongado. particularmente que o pico de veloódade sistólica (PVS) da onda da velocidade
durante a fase canalicular do desenvolvimento puhnonar, pode do fluxo da artéria pulmonar proximal está reduzido em casos
causar o atraso ou mesmo a inteITupção do desenvolvimento de hjpoplasia pulmonar letal (Fig. 13-9)38. Apesar disto, como
vascular pulmonar, resultando em volume pulmonar reduzido teste lllÚCO, não tem demonstrado ser bastante confiável para
e aumento da resistência vascular do puJmão37. A dopplerve- a aplicação clínica. A combinação de parâmetros clúlicos (ini-
locimetria da órculação arterial do pulmão tem demonstrado óo, duração e grau de oligo-Iúdrâmlúo) e biométricos (relação
tórax-abdome) e Doppler (PVS na artéria pulmonar proxi-
mal) demonstram um valor preditivo positivo de 100% com
precisão global de 93% e sensibilidade de 71 %39 . Novamente,
a importância clúúca deste teste combinado é limitada devido
à restrição de se obter todos os componentes necessários e de
sua baL'la sensibilidade. Em outro estudo, foi observado que o

FIGURA 13-7. RM obtida em uma gestante de 29 anos de FIGURA 13-8. Mulher de 26 anos com 24 semanas de gestação.
idade com 30 semanas de gestação em que o ultrassom pré-natal O exame ultrassonográfico detalhado demonstrou uma hérnia
detalhado detectou tórax e abdome fetais normais; RM foi realizada diafragmática congênita à esquerda. Um exame de disparo único
devido à suspeita de acretismo placentário. Um disparo único de RARE ponderado em T2 (TR /TE = de seção de 4 mm do
rápida aquisição com intensidade de relaxamento (imagem RM pulmão fetal ilustra a técnica de planimetria do pulmão. A borda
ponderada em T2 8 /90, seção de 4 mm) do tórax e abdome fetal do pulmão foi traçada para calcular o volume pulmonar para esta
mostrou os pulmões (setas) com sinal de intensidade elevada. O seção. A área transversal do pulmão direito está sendo medida. O
uso desta sequência facilitou a identificação dos pulmões e da sua pulmão esquerdo não é visível, e o hemitórax esquerdo contém alças
planimetria. (De Williams G. Coakley FV, Oayyum A , et ai: Fetal herniadas e estômago (asterisco). (De Coakley FV , Lopoo JB, Lu Y,
relative lung volume: Ouantification by using prenatal MR imaging et ai: Normal and hypoplastic fetal lungs: Volumetric assessment with
lung volumetry. Radiology 233:457 , 2004.) prenatal single-shot rapid acquisition with relaxation enhancement MR
imagining. Radiology 216: 107 , 2000.)

Normal
cm/s Hipoplasia pulmonar
80 - cm/s

60-

40 -

20 -

0-

-20 - _0,5s_
- 0,55_
FIGURA 13-9. Velocidade de fluxo da onda da artéria pulmonar proximal do feto durante o desenvolvimento pulmonar normal (esquerda) e
em um caso de hipoplasia pulmonar (direita) na semana de gestação. Observe a redução da velocidade e a característica de ponta dupla do
componente sistólico do segundo exemplo. (De Laudy JA , Gaillard JLJ, van der Anker JN , et ai: Doppler ultrasound imaging: A new technique
to detect lung hypoplasia before birth 7 A case report. Ultrasound Obstet Gynecol 7: 189, 1996.)
AVALIAÇÃO ULTRASS ONOG RÁFICA DO T ÓRAX FETAL 501

aumento do índice de pulsatilidade (IP) na circulação arterial power Doppler permite a avaliação do suprimento vascular
pulmonar foi observado em um número substancial de fetos destas A história natural da MACP é imprevisível
que desenvolveram hipoplasia De interesse, é a com relação ao seu crescimento ou regressão. Esta última
não reatividade do padrão de fluxo da artéria pulmonar pro- ocorre em aproximadamente 15% dos casos e pode ser devida
ximal durante a exposição da respiração materna, com a más- à descompressão dentro da árvore traqueobrônquica, redução
cara com ar oxigenado de 60%. Este teste, com VPP de 79%, do suprimento sanguúleo ou torção ao redor do pedículo
sensibilidade de 92% e especificidade de 82%, parece bastante vascular com infart05,!.55. Por sua vez, o desenvolvimento de
promissor. Uma abordagem diferente foi obtida por Fuke eI hidropisia fetal deve ser considerado como um sinal de imi-
al. que verificaram a relação do tempo de aceleração/tempo nência de óbito fetal (Fig. 13-12).
de ejeção na forma da onda da velocidade do fluxo arterial
pulmonar fetal reduzida na presença de hipoplasia pulmonar.
Se recentemente, a US 3D, a RNI e a US Doppler produzirem
um teste que seja clinicamente mais simples e confiável, ainda
não está claro.

MALFORMAÇÃO ADENOMATOSA
CíSTICA DO PULMÃO
A MACP é um hamartoma benigno ou tumor displásico
caracterizado pelo excesso de crescimento dos bronquíolos
terminais com redução do número de Estas mal-
são raras, com incidência de 1 em 5.000 nascidos
. A MACP se desenvolve durante o período pseudo-
glandular (7-16 semanas), que é caracterizado pela expansão
dos condutos das vias aéreas e túbulos periféricos pulmona-
res que ramificam e formam brotos , resultando em túbulos
acinares. Ocorre a vascularização do mesênquima periférico
pulmonar bem como o fechamento da cavidade pleural e
O componente cístico da MACP é delineado por
epitélio respiratório. Geralmente, há comunicação com a árvo-
re traqueobrônquica nornlal e vasculalização da artéria pul-
Foi sugerida uma possível interação gênica (HOX
B-5; FGF-7; gene PDGFB) com a Em geral, a
MACP é unilateral e lobar. Nos anos de 1970, Stocker et al. 12
classificaram os tipos mais comuns de MACP em três catego-
rias: tipo 1, em que há um cisto grande e predominante (3 a
10 cm de diâmetro), comprimindo o parênquima normal; tipo
2, composto de múltiplos cistos (0,5 a 2,0 cm de diâmetro)
de distribuição uniforme e se misturando com o parênquima
normal adjacente ; e tipo 3, tipo sólido ou de cistos pequenos.
l\1ais recentemente, dois subtipos adicionais foranl acrescenta-
A
dos na classificação; tipo O, também conhecido como displasia
acinar, ou agenesia com tecido que consiste em estruturas
como brônquios e o tipo IV consistindo em cistos periféricos
grandes de ácinos distais delineados predominantemente por
células do tipo alveolar. Com esta classificação, Stocker 12
propôs que a desigllação da MACP deveria ser mudada para
malformação das vias aéreas congênita do pulmão (MVCP),
considerando o fato que só três dos cinco tipos são císticos e
apenas o tipo 3, adenomatoso. Adzick 50 propôs a classificação
pré-natal da MACP com base no ultrassom. Nesta classifica-
ção, a MACP é macrocística ou microcística. As lesões macro-
císticas contêm cistos {micos ou múltiplos que apresentam diâ-
metro igual ou maior que 5.0 cm e, assim, são distinguíveis no
ultrassom, sendo o seu prognóstico frequentemente favorável
(Fig. 13-10). As lesões microcísticas parecem massas hipereco-
gênicas sólidas com base em várias interfaces acústicas (Fig.
13-11). Dependendo do tamanho destas lesões, pode ocorrer
compressão esofágica, resultando na deglutição do líquido
fe tal e slIbseclllente poli-hidrânm.io . Na RM pré-natal, a lesão
microcística se apresenta como uma imagem de peso T2 hipe- B
rintensa e homogênea comparada com os pulmões normais 5 1.
FIGURA 13-10. MACP macrocística, A. MACP macrocística com
Os macrocistos podem ser demonstrados da RM 52 . Podem
cistos pequenos a moderados. É identifi cado, também , o tecido
ser identificadas alterações na posição torácica de outros lobos hiperecogênico característico ao redor da MACP microcística. B. MACP
pulmonares , medias tino e estruturas cardíacas 53 . O ultrassom macrocística com três cistos grandes adjacentes ao coração (H).
502 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

FIGURA 13-11. Malformação adenomatosa microcística do pulmão em feto com 30 semanas de gestação em plano transversal (esquerda)
e longitudinal (direital.

adjacentes (coração, grandes vasos) mais do que com relação


ao tipo específico. Deve ser observado que as alterações lus-
tológicas da MACP e SBP (ver posteriormente no capítulo)
podem ocorrer dentro da mesma lesão (algumas vezes referida
como lesão lubrida). Q-Iando a MACP é encontrada dentro
da SBP, frequentemente é do tipo h.istológico 260.
A MACP devc scr diferenciada de outras lesões pulmona-
res , como (1) enfisema lombar congênito, caracterizado pela
hiperinflação loba r sem desu'uição do septo aJveolar61 e (2)
sequestro broncopulmonar.

SEQUESTRO BRONCOPULMONAR
O SBP representa massa de tecido pulmonar não funcionante
que não apresenta conexão com a árvore traquebrônquica
normal e é suprido por uma artéria sistênuca anômala e,
geralmente, situado nos lobos mais baixos50 Os sequestros
broncopulmonares são raros e encontrados em cerca de 1,1010
a 1,8% de todas as ressecções pulmonares 62 . São classificados
em intralobar e extralobar. Em ambas as situações , o supri-
FIGURA 13-12. Malformação adenomatosa microcística do pulmão mento sanguíneo arterial ocorre da circulação sistêmica (ramo
em feto com hidropisia (ascite , setasl. da aorta) e a drenagem venosa pode ocorrer tanto pela veia
pulmonar (intralobar) como pela veia sistêmica (extralobar)-!6.
O SBP é responsável por 75% de todos os casos de sequestro
pulmonar63 . A variedade intralobar consiste em um segmento
A quantificação da MACP pode ser avaliada pela medida anormal de tecido pulmonar que compartilha a pleura visceral
do volume do tumor e pela divisão deste volume pela circun- que recobre o pulmão normal. O SBP intralobar raramente
ferência cefálica para a idade gestacional padrão'6 A maio- tem sido relatado no diagnóstico pré-natal. O SBP extralobar
ria dos casos de MACP diaonosticados durante o pré-natal consiste em um lobo acessório discreto de pulmão com a sua
apresenta bom prog11óstico 57.5'8. Nos casos de MACP de cistos própl;a pleura de cobertura 63 .
grandes que causam deslocamento dos órgãos torácicos ao re- Esta anomalia é tipicamente encontrada no tóraJ( e no lado
dor, o tratamento pré-natal pode ser considerado por meio da esquerdo em 65% a 90% dos casos62.G4.G6 O SBP extralobar
aspiração do cisto ou pela derivação toracoamn.iótica.f3.59 . Esta também pode ser encontrado no medias tino e pericárdi062 .
pode ser mais efetiva e prevenir o acúmulo de líquido. Este Aproximadamente 10% a 15% dos sequestl'Os extralobares
procedimento deve ser considerado antes de 32 a 33 sema- são encontrados dentro ou abaixo do diafragma G.f.67. O supri-
nas de gestação, e o parto deve ser considerado a partir desta mento arterial. é sistênuco de uma artéria anômala surgindo da
idade gestacional. A MACP microcística não é acessível por aorta torácica ou abdominal 63 . A drenagem venosa geralmen-
derivação, embora na presença de hidropisia fetal possa ser te é sistênuca através da veia ázigos ou hemiázigos, ou da veia
tratada por meio da cirurgia a "céu aberto" desde que não cava superior62 .63 . O sequestro extralobar ocorre com mais
haja outras anormalidades ou alteração do cariótipo 50 . Recen- frequência em fetos masculinos que femininos com relação de
temente, foi observado que os esteroides DO período pré-na- 4:l. O SBP extralobar está associado a outras anomalias fetais
tal podem auxiliar na resolução da h.idropisia em fetos com em quase dois terços dos casos , notavelmente a hérn.Ía diafrag-
MACP. O prognóstico das várias formas de MACP frequente- mática congênita e anormalidades do intestino anterior 64.68. O
mente é determinado pelo efeito da massa sobre as estruturas prognóstico da SBP geralmente é bom: pode ocorrer derrame
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁ FICA DO TÓRAX FETAL 503

FIGURA 13-13. Sequestro broncopulmonar (S) com o vaso de


suprimento (seta) com 34 semanas de gestação. Derrame pleural
(asterisco) .

FIGURA 13-14. RM (ressonância magnética) pré-natal com


aparência típica de sequestro extralobar em feto de 22 semanas de
gestação. RM do plano axial ponderado em T2 de disparo curto de
pleural e subsequente hidropisia fetal em um pequeno percen- aquisição rápida com intensidade de relaxamento (TR/efetivo TE ,
tual dos fetos afetados. infinito!1 00) do tórax fetal. O sequestro (asterisco preto) é visível
como massa triangular grande do lado esquerdo com intensidade de
No exame ultrassonográfico, o SBP aparece como mas-
sinal aumentada , relativa ao deslocamento e à compressão do pulmão
sa sólida, bem-definida e triangular';3, embora possam ser normal (setas). Os pulmões e o coração (asterisco branco) estão
identificadas áreas cÍsticas. Assim, não é surpreendente que deslocados para a direita. (De Dhingsa R. Coakley FV, Albanese CT,
o SBP possa mimetizar a MACP e vice-versa . O diagnóstico et ai: Prenatal sonography and MR imaging f pulmonary sequestration .
do SBP é mais provável na presença do suprimento vascular Am J Roentgenol 180:433, 2003.)
sistêmico quando estabelecido pelo Doppler colorido 2D ou
O power Doppler e/ou em casos de derrame pleural unilateral
(Fig. 13-13) . Como na MACP, a RM tem demonstrado ser útil
no diagl1óstico de SBP. as imagens ponderadas em T2 , há traqueobronquiomalácia, síndrome do desconforto respirató-
uma área em forma de cunJ1a com sinal de intensidade muito rio e perda da capilaridade por mecanismo desconhecid0 72 .
elevada e homogênea (Fig. 13-14)69. Em contrapartida com O aumento acentuado dos pulmões causa a compressão do
a MACP, um número considerável (aproximadamente 68%) coração e da cava e a falência cardíaca in /Itero que pode mani-
das lesões de SBP regride acentuadamente antes do nascimen- festar-se como ascite, hidropisia e placentomegalia. A causa do
t05n A conduta obstétrica consiste na monitoração cuidadosa CHAOS varia e é comumente resultado da atresia de laringe,
na maioria dos casos. O parto prematuro pode ser indicado estenose subglótica ou uma membrana laringeal72
depois de 32 a 33 semanas de gestação. Nos estágios iniciais, a Desde 1989, quando o primeiro diag11óstico pré-natal
intervenção por toracocenteste ou derivação toracoanmiótica foi relatado, a obstrução das vias aéreas superiores tem sido
pode ser considerada na presença de derrame pleural e hidro- relatada com maior Esta pode ser isolada ou
pisia. O sequestro broncopulmonar extralobar subdiafragmá- pode estar presente como parte da síndrome de Fraser, que
tico pode simular massas renal ou suprarrenal, das quais deve inclui atresia de traqueia ou laringe, agenesia renal , microftal-
ser distinguido (Fig. 13-15). mia, criptoftamia e polidactilia ou sindactilia. A detecção desta
sÚldrome é importante, pois apresenta herança autossômica
recessiva66.7v5.
OBSTRUÇÃO CONGÊNITA DAS VIAS Os achados ultrassonográficos incluem hiperecogenicidade
AÉREAS SUPERIORES (ATRESIA DE bilateral e uniforme dos pulmões fetais , bem como ascite 7.1. A
LARINGE) hiperecogenicidade é causada pela superdistensão do alvéolo
pelo líquido pulmonar, enquanto a ascite é resultado da com-
A síndrome da obstrução congênita das vias aéreas superiores pressão do átrio direito e dos grandes vasos pelos pulmões
(CHAOS) foi definida por Hedrick et aro em 1994 como hiperplásicos . Foi sugerido que a superdistensão dos espaços
uma obstrução das vias aéreas superiores que é diagnosticada aéreos com líquido pulmonar promove a proliferação alveo-
in utero pelo ultrassom com outros achados concomitantes de lar pela redistribuição das células 76 . Embora o poli-hidrânmio
cistos pulmonares hiperecogênicos, diafragma achatado ou represente um achado adicional comum , acredita-se que seja
invertido, dilatação das vias aéreas distais à obstntção, e ascite um evento tardio durante a história natural da atresia do trato
ou hidropisia fetal (Fig. 13-16fo.71 respiratório supeno/l ,77
A obsu-ução completa ou quase completa das vias aéreas A Figura 13-17 resume o mecanismo fisiopatológico , bem
superiores in. utero resulta em obstrução do fluxo do líquido do como os achados ultrassonográficos da sequência da atre-
pulmão fetal e aumento da pressão intratraqueal, distensão da sia respiratória superior 7•1• O diagnóstico diferencial inclui a
árvore traqueobrônquica e expansão pulmonar resultando em MACP tipo 3 bilateral.
504 AVA LI A ÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO TÓ RAX FETAL

A
FIGURA 13-16. Ultrassom coronal de um feto com atresia de
laringe. Os pulmões são identificados bilateralmente, aumentados e
hiperecogênicos. O preenchimento líquido do brônquio dilatado (seta)
e a ascite (asterisco) também podem ser identificados.

Os cistos broncogênicos (Fig. 13-18) se desenvolvem de


um broto anormal do diveráculo ventricular do intestino an-
terior, resultando em uma duplicação cística focal da árvore
traqueobrônquica 80 . Estes podem estar presentes como lesões
únicas ou, menos frequentemente, como múltiplas lesões81. A
dimensão dos cistos broncogênicos pode variar de poucos mi-
límetros para maiores que 5,0 cm 81. As paredes do cisto con-
têm tecido fibroso e pequena quantidade de cartilagem, sendo
que seu conteúdo pode ser aquoso ou viscoso.
B Os cistos neuroentéricos são remanescentes entéricos pos-
teriores que resultam da separação incompleta do notocórdio
FIGURA 13-15. Sequestro bronc opulmonarextralobarsubdiagramático.
do intestino anterior na terceira para a quarta semana de em-
A. Um plano de seção longitudinal no feto com massa subdiafragmática
(asterisco !. Esta lesão está evidentemente separada da glândula
A causa presumida da separação incompleta
suprarrenal (Ad) subjacente e do rim (K), provando ser um sequestro ocorre devido à comunicação persistente ou adesão entre
broncopulmonar extralobar subdiafragmático. B. Imagem de Doppler o ectoderma da corda espinhal e o endoderma do intestino
colorido do mesmo paciente demonstrando o suprimento sanguíneo anterior antes do fechamento do tubo neural. Aproximada-
arterial (seta) desta lesão proveniente da aorta. mente 90% dos cistos neuroentéricos ocorrem no medias tino
posterior direito, superior à carina, e ao redor de 50% estão
associados a anomalias vertebrais, como escoliose, hemivérte-
bra e vértebra em forma de borboleta82.84.85 Os cistos podem
ser uniloculares , porém, frequentemente , apresentam septos
internos (Fig. 13-19). Os cistos neuroentéricos mediastinais
podem deslocar e comprimir o pulmão adjacente, as vias aé-
OUTRAS ANORMALIDADES reas, o coração e os grandes vasos, e os que coexistem com
PULMONARES lesões intraespinhais podem apresentar sinais e sintomas de
anormalidades do sistema nervoso central (SNC). O prognós-
Outras lesões pulmonares incluem a insuflação lobar congê- tico depende plincipalmente da extensão do deslocamento e
nita (enfisema lobar congênito), cistos broncogênicos e cistos do prejuízo Funcional dos órgãos adjacentes , e dos defeitos
neuroentéricos. O enfisema lobar congênito é caracterizado do SNC associados. Estes cistos podem causar hipoplasia
por expansão progressiva do parênquima pulmonar em um pulmonar e desconforto respiratório pós-natal grave necessi-
segmento ou lobo do pulmão responsável pela obstrução do tando de suporte ventilatório prolongad0 85 .8ü O tamanho do
suprimento do brônqui0 78 .79 . Os lobos superiores e intermedi- cisto não parece apresentar relação direta com o prognóstico.
ários direitos são os mais afetados RII • No pré-natal, o enfisema O diagnóstico diferencial para os cistos volumosos dentro do
pulmonar congênito foi descrito como uma lesão ecogênica tórax é predominantemente uma MACP dos pulmões. Ou-
uniforme com efeito associado da massa. Apesar disto , o tras possibilidades incluem : sequestro broncopulmonar, cisto
diagnóstico pré-natal é raro, provavelmente pelo fato de a broncogênico, hérnia diafragrnática congênita e teratoma 87. A
composição celular e líquida do lobo afetado ser similar ao associação de anomalias vertebrais faz diagnóstico de um cisto
pulmão normal no exame ultrassonográfico 80 . neuroentélico quase certo.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL 505

,...-----1 Obstrução do trato respiratório superior

Oligo-hidrãmnio

Poli-hidrâmnio
(evento tardio com
início agudo ou
subagudo)

FIGURA 13-17. Os mecanismos patológicos bem como os achados ultrassonográficos da sequência da atresia do trato respiratório superior.
(De Kassanos D, Crhistodoulou CN , Agapitos E, et ai: Prenatal ultrasonographic detection of the tracheal atresia sequence. Ultrasound Obstet
Gynecol 10: 133, 1997 .1

FIGURA 13-18. Cisto broncogênico (seta) em um plano (A) longitudinal e (8) transverso com o fluxo colorido (e) com 28 semanas de
gestação.

DIAFRAGMA FETAL e nervos do tórax para o interior da cavidade abdominal. O


diafragma normal pode ser observado diretamente como uma
Desenvolvimento Normal linha hipoecóica entre os pulmões e o fígado ou baço.
O diafragma pode ser descrito como um músculo tendinoso
em forma de cúpula posicionado entre a cavidade torácica e
abdominal consistindo em um segmento central aponeuró- HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA
tico e uma porção muscular periférica. O desenvolvimento CONGÊNITA
embrionário termina por volta da 8' semana de concepção.
Este desenvolvimento consiste na fusão de quatro compo- A hérnia diafragmática congênita ocorre em aproximadamen-
nentes diferentes , ou seja, do septo transverso ventralmente te 1 para 2.200 nascidos vivos e está associada ao elevado
(mesoderma), que se funde com as membranas pleuroperito- grau de morbidade e mortalidadé 8 . Ela é caracterizada pela
neais, com o mesentério dorsal do intestino anterior e lateral- protrusão das vísceras do abdome para o interior da cavida-
mente com os componentes musculares da parede torácica. de torácica através de um defeito diafragmático (Fig 13-20).
O diafragma normal permite a passagem de órgãos, vasos Consequentemente, o desenvolvimento do pulmão pode
506 AVA LI AÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

FIGURA 13-20. Fotografia de feto em necrópsia com hérnia


diafragmática do lado esquerdo. O pulmão esquerdo (LL) está
comprimido pelo grande volume das vísceras herniadas, incluindo o
estômago (St) e o intestino (Int) . Note, também , a compressão do
pulmão direito (RU. Neste feto , o fígado não está herniado no tórax.
H, coração .

B malias associadas. A incidência da alteração do cariótipo é de


FIGURA 13-19. A. Itrassom axial transversal em feto com 28 aproximadamente 10%. porém o risco pode aumentar para
semanas de gestação com cisto neuroentérico. Um cisto septado 20% quando forem incluídos apenas os fetos com anomalias
é identificado no hemitórax direito. 8. Vértebras torácicas anormais múltiplas. O poli-hidrânmio ocorre ao redor de 75%91. Uma
(s eta) são identificadas na mesma posição do cisto. revisão sistemática de 35 estudos relatando os dados da hér-
nia diafragmática congênita entre 1985 e 1998 mostrou a taxa
de mortalidade geral de 58% para os casos diagnosticados
in lItero, de 48% para os que nasciam vivos e de 33% após a
ser prejudicado e, mesmo. resultar na hipoplasia pulmonar. correção cirúrgica 92 . A causa mais importante de mortalidade
A causa hipotética da hérnia diafragmática é considerada dos bebês com hérnia diafragmática congênita não é devido à
como resultado de um defeito diafragmático primário com hipertensão pulmonar. mas devido à lesão iatrogênica decor-
a migração dos órgãos abdominais para o interior da cavi- rente da hipoplasia pulmonar93 .
dade torácica ou decorrente do atraso da fusão dos quatro As características ultrassonográficas mais típicas da hérnia
componentes responsáveis pela sua formação. todas as diafragmática congênita à esquerda são a ausência da imagem
hérnias ocorrem por meio do forame de Bochdalek localizado do estômago preenchido por líquido em sua posição normal
de maneira póstero-lateral. que envolve caracteristicamente no abdome, deslocamento do coração através do mediastino
o lado esquerdo (75%) . A hérnia pelo forame de Morgagni para o lado direito, alça intestinal e fígado no lado esquerdo
ocorre na parte retroesternal ântero-medial do diafragma do tórax, incapacidade de identificar o pulmão esquerdo. e
como rcsultado do desenvolvimento incompleto do septo a presença do estômago preenchido por líquido adjacente ao
transverso. Em mais da metade dos casos de hérnia diafrag- coração (Fig 13-21). Com frequência maior, o lobo esquerdo
mática congênita foram encontradas anomalias estruturais do fígado hernia, em vários graus, para dentro do hemitóra.-'(
associadas ou aberrações cromossômicas 89 . O poli-hidrânmio esquerdo. A posição do estômago comumente é uma indicação
que parece ocorrer como resultado da obstrução gastrointes- para determinar o grau de herniação do fígado. O estômago
tina! é frequente e comumente é a indicação inicial do exame posicionado mais anteriormente em geral indica que o fígado
ultrassonográfico 90 O diagllóstico diferencial da hérnia dia- encontra-se pouco hemiado, enquanto que a sua simação mais
fragmática fetal inclui malformação adenomatosa cística do posterior sugere uma herniação hepática maior. A herniação
pulmão, cistos broncogênicos e sequestro broncopulmonar. do fígado pode ser mais bem apreciada em planos de corte
A doença cardíaca congênita constitui a maior parte das ano- cOl-onal. A posição da veia porta e da veia hepática esquerda
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL 507

FIGURA 13- 21. Ultrassom transverso axial de um feto com hérnia


diafragmática congênita à esquerda. O coração (H) está deslocado
para o lado direito. O pulmão esquerdo não está visível. porém
pode ser v isto o pulmão direito (RL) comprimido. O fígado herniado
(Li) pode ser visto como um tr iângulo de tecido mole anterior ao
estômago (St) e adjacente ao coração. Bo, intestino.

determina a identificação mais precisa do lobo esquerdo (Fig.


13-22). Deve-se lembrar que a hérnia diafragmática não impli-
ca ausência completa do diafragma. Desta forma , uma crista
do diafragma esquerdo remanescente pode ser vista em vários
planos seccionais (Fig. 13-23). A hérnia diafragmática do lado
direito é menos frequente e mais difícil de ser diagnosticada. A
ecogenicidade do fígado herniado pode simular a ecogenicida-
de do pulmão normal. A observação da vesícula biliar e dos va-
sos portais pode facilitar a realização do diagnóstico correto.
Vários parâmetros biométricos têm sido propostos para a
predição do prognóstico fetal em casos de diafragmá-
tica, como tamanho da artéria pulmonar fetal 60 , diâmetro do
pulmão fetal 22 , relação do diâmetro do pulmão/circunferência
torácica 23 . Atualmente, o método mais utilizado para a predi-
ção pré-natal do prognóstico é a relação PPC (Fig. 13_6)22.94.
Recentemente, foi estabelecida uma associação significativa B
entre a PPC e o volume pulmonar, validando a utilização do
uso do PPC na avaliação do crescimento do pulmão fetal 95 . FIGURA 13-22. A. Hérnia diafragmática congênita à esquerda com
Porém, em outro estudo, a porcentagem do fígado que estava herniação do estômago (St). intestino e ffgado dentro do hemitórax
à esquerda. A identificação da veia porta (seta) estendendo-se para
henúado dentro do tórax, e não o volume do pulmão fetal, o interior do tórax confirma que parte do fígado está herniada.
apresentou melhor correlação com o prognóstico em fetos com B. Hérnia diafragmática congênita em que somente o intestino (Bo)
hérnia diafragmática congênita96 . Foi encontrada correlação e o estômago estão herniados para dentro do tórax esquerdo. A
entre o volume pulmonar determinado pela Ri\1 e o ultrassom posição normal da veia porta (seta) abaixo do diafragma (setas)
por meio da PPC em fetos com hérnia diafragmática isolada à confirma a ausência da herniação hepática (Li).
esquerda seguida pelo ajuste para a idade gestacional e o peso
ao nasciment0 36 . A RM tem demonstrado ser mais sensível um fetoscópio, é realizada a entubação traqueal videoscópica.
que o ultrassom na detecção da henúação torácica (Fig. 13- A estratégia atual é a colocação de um balão intratraqueal des-
24)97. A RM parece ser mais útil na avaliação da hérnia dia- tacável para facilitar a oclusão da traqueia com o objetivo de
fragmática direita porque esta, em geral, contém fígado e alças i.nduzir ao crescimento pulmonar. O balão pode ser removido
intestinais 52 . Até recentemente, a úlúca opção disponível para posteriormente na fase final da gestação utilizando técnica si-
os casais com feto porrador de hérnia diafragmática congênita milar ou pela punção guiada pelo ultrassom 71.95 .
era a interrupção da gestação ou a espera do progl1óstico na
época do parto.
Uma abordagem alternativa foi a cirurgia a "céu aberto" HIDROTÓRAX CONGÊNITO
com o risco de trabalho de parto prematuro e ruptura prema-
tura das membranas 98 Ultimamente, uma nova abordagem do O hidrotórax fetal congênito ou derrame pleural pode estar
acesso cirúrgico fetal mÍlÚl110 está sendo explorada. Utilizando associado a edema generalizado e as cite ou pode ocorrer de
508 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO TÓRAX FETAL

FIGURA 13- 25. Plano longitudinal de hidrotórax bilateral em feto


de 36 semanas de gestação, Observe o contorno nítido do pulmão
fetal direito e esquerdo,

FIGURA 13- 23. Hérnia diafragmática congênita esquerda com a


herniação hepática (Li) no interior do hemitórax esquerdo, O fígado
pode ser visto se estendendo superiormente acima da linha do forma isolada (Fig, 13-25). Em ambas as situações, a compres-
diafragma remane scente (setas), St, estômago. são do pulmão fetal pode desenvolver-se, levando a problemas
respiratórios gTaves no pelÍodo neonatal, A incidência de
hidrotóraJ( fetal congênito é estin1ada em aproximadamente 1
em 15.000 gestações , O acümulo de üquido pode ser unilateral
ou bilateral, O quilotóraJ( é a causa mais comum de hidro-
tórax congênito. Uma ta..'i:a de mortalidade de mais de 500f0
foi relatada 99 . Lesões associadas ao derrame pleural incluem:
MACP, SBP, hérnia diafragmática congênita, doença cardíaca
congênita, higroma cÍstico e infecção. Dependendo do gTau de
acümulo de üquido, pode ocorrer compressão do medias tino
com redução da deglutição fetal, resultando em
e risco de trabalho de parto prematuro. A inserção de um s/um!
toracoamruótico parece ser a abordagem mais promissora 100, 10 I.
Ela almeja não só reverter o hidrotóra..'i: fetal, mas também pre-
venir a evolução para hipoplasia pulmonar e do poli-hidrâm-
nio. A derivação também pode assistir na diferenciação entre
a hidropisia devido ao acúmulo primário do derrame pleural e
outras causas de hiclro tórax , principalmente infecciosas, Neste
último caso, a drenagem não corrige a hidropisia 102.

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14
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL
Shi-Joon Yoo, MD , FRCPC e Edgar J aeggi, MD

Introdução Técnicas Ultrassonográficas para Avaliação do Ritmo Cardíaco


Doenças Cardíacas Congênitas Ecocardiografia Modo M
Técnica Ultrassonográfica, Cortes-Padrão Básicos e Anatomia Doppler de Onda Pulsátil
Técnica de Imagem e Anatomia Normal Outros Métodos N ão-Invasivos
Sinais de Anormalidades Ritmo Cardíaco Anormal
Corte Transversal do Abdome Superior Ritmo Cardíaco Irregular
Corte de Quatro Câmaras Bradicardia
Desproporção Ventricular Taquicardia
Defeitos Septais Atrial, Ventricular e Exame para Gestantes com Anticorpos Anti-ROISSA e
Atrioventricular Anti-LAISSB
Corte dos Três Vasos Função Cardíaca
Cortes das Vias de Saída dos Ventrículos Esquerdo e Fi siologia do Sistema Cardiovascular Fetal
Direito
Ciclo Cardíaco
Transposição das Grandes Artérias
Técnicas para Avaliação da Função Cardíaca
Saída Única ou Dupla do Ventrículo
Fração de Encurtamento
Corte Basal do Eixo Curto
Débito Cardíaco
Cortes do Arcos A6rtico e Ductal
Função Diast6lica
Opções de Tratamento Pré-natal e Pós-natal e Prognóstico das
Doenças Cardíacas Congênitas Índice de Performance do Miocárdio
Função Cardíaca Anormal
Tumores Cardíacos
Ritmo Cardíaco
Ritm o Cardíaco Fetal Normal

INTRODUÇÃO Terceiro, a D CC está associada às significativas morbidades e


mortalidades neonatal e infantil. Cerca de um quarto de todas
O ultrassom pré-natal para as anomalias fetais se tornou
parte da rotina para avaliação da gestação em muitos
países avançados. O exame cardíaco fetal é parte indispensável
as mortes em recém-nascidos ocorre devido às malformações
congênitas e um terço destas estão relacionadas a DCC9. IO •
do ulo'assom pré-natal devido às seguintes razões bem-conhecidas. A D CC é a principal causa de óbito neonatal e infantil, não
Primeiro, as doenças cardíacas congênitas (DCC) são as somente devido à complexidade das malformações, mas
anomalias mais frequentes . A incidência da forma moderada também devido à sua incidência elevada. O diagnóstico
para a grave de DCC é de aproximadamente 6/1.000 pré-natal significante da DCC resultou em impacto positivo
nascidos vivos 1• A incidência aumenta para 75/1.000 nascidos na conduta pós-natal com redução da demora cirúrgica,
vivos se forem incluídas todas as lesões leves, como a valva tempo de internação mais curto na unidade intensiva e
aórtica bicúspide e os pequenos defeitos septais do músculo prevenção do comprometimento hemodinâmico grave .
ventricular. A incidência pré-natal da DDC é muito maior Algumas lesões cardíacas, como a transposição dos grandes
com uma tendência para o excesso de lesões mais complexas. vasos, necessitam de parto em um centro de cuidados terciário
Segundo, a DCC está frequentemente associada a outras devido à abordagem pós-natal de emergência. Algumas
anomalias não cardíacas e aberrações cromossômicas 2.4 . anormalidades cardíacas congênitas, como o jlutter atrial,
As anomalias extra cardíacas são encontradas em 8% a bloqueio atriovenu'icular com bradicardia, estenose aórtica
42% dos pacientes com DCC. A incidência de aberrações crítica e estenose pulmonar grave necessitam de medicação
cromossômicas varia de 5% a 13% dos nascidos vivos com ou intervenção in ulero11 •14 • Qyarto, independente dos esforços
DDC 2.3.5 e em 15% a 50% nas séries de pré-natal6·s. Mais que para melhorar a detecção da anomalia fetal pela introdução
50% dos fetos com anomalias cromossômicas apresentam de programas educacionais estruturais com recomendações
malformações cardíacas. As síndromes não cromossômicas e ultrassonográficas básicas, as anomalias cardíacas continuam
associações compreendem 1% a 5% de pacientes com D CC3. a se: ignoradas e .uma grande variação na taxa de detecção
Deste modo, a presença de um defeito cardíaco congênito é persiste entre os diferentes centros e áreas geográficas 15. 17.
uma indicação para estudo cromossômico e ultrassonografia O exame cardíaco fetal é realizado tanto como parte
detalhada para avaliação das estruturas extracardíacas. de um rastreamento ultrassonográfico fetal para população

511
512 A VALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇ ÃO FETA L

I Tabela 14-1 I Grupo de Alto Risco para Doença Cardíaca Congênita


Fatores de Risco Fetais Fatores de Risco Materno Fatores de Risco Familiares

Anomalias cromossômicas Doença materna História familiar de doença cardíaca congênita


Anomalia extracardíaca Doença cardíaca congênita Filhos
Onfalocele Diabetes materno Pais
Au'esia de esôfago Doença vascular do colágeno História familiar de sÚ1dromes associadas à
Atresia de duodeno Anticorpos ami Ro/La positivos doença cardíaca congênita
Hérnia diafragmática Fenilcitonúria Esclerose tu berosa
Associação ele VACTREL Exposição a drogas, teratógenos ou infecção Síndrome de Nooman
Aumento ela translucência nucal Álcool Síndrome de Holt-Oram
Espessamento ela prega nucal Anticonvulsivantes Deleção do cromossoma 22qll
Hielropisia não-imune Lítio
Poli-hidrâmnio Ácido retinóico
Oligoârnnio Rubéola, Coxsakie,
Arritmia cardíaca fetal Citomegalovírus,
Parvovírus B1 9

VACTREL. Anomalias de vértebras. anal. cardíaca, traqucoesofágica, renal e anomalias de membros c rádio

de baL'I{o risco quanto como um exame diagnóstico completo O exame cardíaco fetal necessita de um sistema ultrasso-
para grupos de alto risco para DCC (Tabela 14-1). A maioria nogTáfico de alta resolução com Doppler colorido e fJower Do-
dos bebês com DCC nasce de pais que não apresentam fato- ppler, onda espectral pulsátil e continua e modo M. O transdu-
res de risco identificáveis. Assim, a taxa de detecção da DCC tor é escolhido de acordo com a idade gestacional, o tamanho
depende muito da sensibilidade do ultrassom pré-natal de ras- da mãe e a quantidade de Liquido anmiótico, Geralmente, o
treamento. Os estudos iniciais para o rastreamento do cora- transdutor convexo ou setorial de 5 a 7,5 MHz é adequado
ção fe tal confiavam no corte de quatro câmaras isolado I8.19 . para o exam e entre 15 a 30 semanas. Um transdulOr de 3
Entretanto, esta abordagem mostrou ser inadequada para a MHz pode ser necessário para uma mãe obesa ou onde hou-
detecção de anormalidades de sitllJ atrial e visceral, as vias de ver poli-hidrâmnio. Este mesmo transdutor também pode ser
saída ventricular e dos grandes vasos 2 0. 21 . Deste modo, o exa- necessário depois do final do segundo trimestre. Em geral, é
me de rastreamento deve ser estendido par a a inclusão dos preferível utilizar um transdutor com a frequência mais eleva-
cortes para a determinação do SitllS, bem como dos cortes para da possível. É essencial gravar as image ns em tempo real no
a avaliação das vias de saída e dos grandes vasos 22 -24 . Pelo fato sistema de armazenamento digital.
de este exame estendido ser, além de extenso, mais complexo, A maior parte dos exames de ras treamento do coração fe-
deve ser indicado um protocolo bem-padronizado no intuito tal é a imagem em tempo real em escala de cinza do órgão e
de reduzir o tempo de exame, enquanto mantém elevado gnu de das esu-uturas vasculares por avaliação Dopplervelocimétrica
acuidade diagnóstica. das vias de enu-ada e saída dos ventrículos e grandes vasos . A
O exame cardíaco fetal deve ser realizado quando imagens identificação e avaliação da anatomia vascular também podem
adequadas podem ser obtidas para o diagnós tico na maioria ser facilitadas pela técnica de power Doppler.
dos pacientes de rotina . O período ideal do exame deve po- O ultrassom tridimensional também está disponível para a
sicionar-se entre a realização suficientemente tarde para não obtenção de imagens fetais . A sua aplicação para as anormali-
deixar de diag110st1car lesões que aparecem em fase mais avan- dades faciais e músculo esqueléticas já está bem-estabelecida.
çada e de oferecer o diagn óstico o mais cedo possível para Esta também tem sido útil para o exame cardíaco fetal (Fig.
que haja tempo hábil para os exames adicionais, incluindo o 14_1)3 1.33. Após a aquisição de dados de volume, as imagens são
estudo cromossômico e considerando as opções, se houver, reconstruídas por outras linhas em qualquer corte desejado. A
aplicáveis ao seu diagnóstico particular25 . O coração fetal pode reconstrução da imagem permite ao examinador avaliar uma
ser visuahzado por exame transvaginal desde a 9" semana de série de imagens bidimensionais em múltiplos cortes, avaliar
gestação e pelo tra nsabdominal desde a lI" semana26 . A eco- os diferentes planos profundos da anatomia intracardíaca e re-
cardiografia fetal , utilizando tanto a via transvaginal quanto a criar o conjunto de fluxo sangtl ú1eo das câmaras e dos grandes
transabdominal, antes ou com 16 semanas de gestação em fe- vasos. Esta nova tecnologia não só intensifica a habilidade do
tos de risco para a DCC, permite a distinção entre a aparência examinador na identificação da anatomia do coração normal
cardíaca normal e anormal na maioria dos casos 2i. 28 . Porém, o e complexo, como também facilita a aquisição de rotina de um
exame mais cedo é tecnicamente mais difícil e menos acurado de imagens por pessoal sem experiência. A tecnolo-
que o exame de segundo trimestre, além de algumas formas gia recente possibilita o ultrassom tridimensional em tempo
de malformação cardíaca não se tornarem evidentes no perío- real ou de quadridinlensional para a aquisição instantânea de
do inicial da gestação. Como resultado, algumas lesões de dados de volume do coração inteiro.
desenvolvimento tardio podem não ser detectáveis durante a Este capítulo é dividido em quatro partes de acordo com
avaliação precoce25.29.30. ASSin1, o exame cardíaco geralmente as patologias e as propostas de exame. Parte r, Doença cardía-
é realizado entre 18 a 22 semanas de gestação nos países onde ca congênita; Parte II, Tumores cardíacos; Parte IIr, Ritmo
o limite legal para interrupção da ges tação é até 24 semanas. cardíaco; Parte IV, Função cardíaca.
O exame mais cedo apresenta aplicação justificável para os Cada parte discute as técnicas ulrrassonográficas, os cortes-
pacientes apresentam aumento de risco para anomalias padrão básicos e a anatomia essencial, os sinais de anomalias ,
congênitas1o.26 . as opções de tratamento pré-natal e pós-natal e o prognóstico.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 513

FIGURA 14-1. Ecocardiograma


tridimensional obtido pela técnica
de correlação imagem espaço-tem-
poral. A. Imagem de correlação es -
paço -temporal do Dopp ler colorido.
A imagem superior à esquerda é o
corte de cinco câmaras mostrando
as linhas oblíquas do cursor para
a reformação sagital. As imagens
oblíquas sagitais estão em fatias
para lelas que são ortogonais ao
corte de imagem superior à esquer-
da. B. Imagens de escala em cinza.
O sinal co lorido está apagado das
imagens mostradas em A. C. A
imagem tridimensional de volume
intensificado de dados do Doppler
colorido e power.

c
514 A V ALI AÇ Ã O UL T RASSONOGRÁFICA DO CORA ÇÃO FETAL

Posição cardíaca e situs visceral


Atrlo
Junção
Morfologia de cada componente de
+-- atrioventricular cada segmento
Ventrículos
Juncão Relação atrial (situs )
+-- ventriculoarterial

--
Conexão atrioventricular

Grande s artérias Relação ventricular

Conexão ventriculoarterial
Relação das grandes
FIGURA 14-2. Segmentos e junções cardíacas básicas . artérias

Anormalidades associ adas


em cada segmento

FIGURA 14-3. Passos da sequência da abordagem para a doença


DOENÇAS CARDíACAS CONGÊNITAS cardíaca congênita.

T écnica Ultrassonográfica,
Cortes-Padrão Básicos e Anatomia
Técnica de Imagem e Anatomia Normal
Para a avaliação estrutural, o coração é avaliado de modo Ras-
so a passo utilizando uma análise segmentar sequencial 4.35. o exame cardíaco fetal deve ser iniciado com a determinação
Nesta abordagem, considera-se que o coração apresente três da posição e orientação do feto em relação ao eixo longo
segmentos: os átrios, os ventrículos e as grandes artérias, e duas materno e a identificação do lado direito e esquerdo do feto.
conexões: ajunção atrioventricu/ar (AV) e ajunção ventriculoarterial Esta etapa pode ser rapidamente alcançada pela varredura do
transdutor em planos transversais e longitudinais do corpo
(Fig. 14-2). As etapas para a abordagem segmentar sequencial
materno. É essencial não determinar os lados direito e esquer-
i.ncluem (Fig. 14-3):
do do feto de acordo com a posição do estômago, pois este
pode estar posicionado do lado errado. Para os iniciantes,
1. Determinação da posição do coração e do si/us visceral. uma boneca pode ser posicionada no abdome materno para
2. Identificação da morfologia dos componentes de cada facilitar esta etapa.
segmento. Uma vez que os lados esquerdo e direito do feto estive-
3. Avaliação das relações espaciais entre os componentes rem definidos, o corte transverso do abdome superior deve ser
de cada segmento. obtido para a determinação do situs visceral, que consiste na
a. Relação au-ial ou situs. primeira etapa da análise da sequência segmentar (Fig. 14_4)34.
b. Relação ventricular. Deve ser salientado não iniciar o exame ecocardiográfico pelo
c. Relação das grandes artérias. coração. O corte transverso superior do abdome é o mesmo
4. Determinação das conexões entre os segmentos nas utilizado para a medida da circunferência abdominal. Neste
junções AV e ventriculoarteriais. corte, o lobo maior do fígado e a vesícula biliar estão à direita
a. Conexão atrioventricular. enquanto o estômago está posicionado à esquerda (Fig. 14-5).
b. Conexão ventriculoarterial. O plano de secção da aorta abdominal está situado no canto
5. Avaliação da malformação associada em cada segmen- anterior esquerdo da coluna enquanto que o plano transverso
to cardíaco. de secção da cava inferior está à direita. A veia cava inferior
está localizada anteriornlente em comparação com a aorta,
A abordagem segmentar sequencial pode ser obtida pelo pois o seu curso se direciona e se conecta com o átrio direito.
direcionamento contínuo do transdutor ultrassonográfico do Em uma imagem adequadamente obtida, o fígado em forma
abdome superior para o medias tino superior em cortes orto- de foice pode ser identificado atrás do estômago.
gonais ao eixo do corpo fetal e ao longo dos cortes axiais lon- O transdutor, então, é movido ao longo do eixo longitudi-
gos e curtos do coração. Durante a realização da jornada atra- nal do corpo fetal, em direção ao Rolo cefálico, para obter o
vés do coração fetal e dos grandes vasos, devem ser obtidos corte de quatro câmaras (Fig. 14-4) 8.19 . Pelo fato de o transdu-
os segui.ntes cortes básicos como um esquema-padrão para a tor ser direcionado do corte superior do abdome para o corte
avaliação anatômica completa (Fig. 14-4). de quatro câmaras, é importante seguir a veia cava inferior
em conexão com o átrio direito. No corte de quatro câmaras,
1. Corte transverso do abdome superior. o coração ocupa aproximadamente um terço da área torácica,
2. Corte de quatro câmaras. sendo que o eixo cardíaco está direcionado em 45 ± 20 graus
à esquerda do corte coronal ou sagital (Fig. 14_6)36,37. No pri-
3. Corte dos três vasos.
meiro e segundo trimestres, as câmaras cardíacas identificadas
4. Via de saída do ventrículo esquerdo.
no corte de quatro câmaras são simétricas em tamanho. O
5. Via de saída do ventrículo direito.
átrio e o ventrículo direitos se tornam discretamente maiores
6. Corte basal do eixo menor (curto). que o átrio e o ventrículo esquerdos no terceiro trimestre 38 .39 .
7. Corte do arco aórtico. O septo entre as quatro câmaras do coração consiste em três
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 515

7. Corte do arco aórtico FIGURA 14-4. Cortes ultrassono-


gráficos básicos para o exame cardí-
aco fetal. (Ilustração Shi,Joon Yoo,
Dr., e James A. Cooper, Dr.)
3. Corte dos três vasos

6. Corte do eixo curto basal

4. Corte da via de saída do


ventrículo esquerdo

panes: atrial, AV e ventricular (Fig. 14-6B, C). O septo AV está seio coronariano como uma pequena estrutura tubular entre
localizado entre o átrio direito e o ventIÍculo esquerdo devido o ventrículo esquerdo e o orifício da veia cava interior (ver
à valva tricúspide apresentar inserção mais apical ao septo do Fig. 14-6.F)4L. Na porção apical do ventrículo direito, um feixe
que a válvula nutral 40 . A parte central do septo atrial é o septo muscul31' chamado "banda moderadora" atravessa a cavida-
prin1Um fino e móvel (Fig. 14-6 C). No feto normal, esta parte de. Esta pode ser vista como um feixe muscular se estendendo
do septo se move em direção ao átrio esquerdo conforme o do septo até a porção parietal (Fig. 14-6B) , mas é mais vista
sangue flui do átrio direito para o interior do átrio esquerdo como massa muscular obliterando a porção apical da cavidade
através do foram e oval. As veias pulmonares são identificáveis (Fig. 14,6A e C). A inserção septal das váluvas AV e a presença
no corte de quatro câmaras. A técnica do Doppler colorido da banda moderadora constituem os dois critérios morfológi-
e power são úteis para a identificação das veias pulmonares cos mais importantes p31'a a identificação ventricular. Por sua
(Fig. 14-6E). Quando o Doppler colorido é utilizado para a vez, as diferenças no padrão trabecular entre os ventrículos
identificação das veias pulmonares, a amostra da velocidade direito e esquerdo são muito difíceis de ser determinadas no
deve ser ajustada em menos de 30 cm/segundo. Geralmente, exame ultrassonogTáfico fetal. A função das valvas tricúspide
as veias pulmonares que são identificadas no corte de quatro e nutral deve ser avaliada utiliz311do o Doppler colorido com
câmaras são as veias inferiores, que se inclinam discretamente a amostra de velocidade em 60 a 80 cm/segundo (Fig. 14-6G).
para frente em direção do áo'io esquerdo. As veias pulmona- A regurgitação da tricúspide trivial não é comum e, em geral,
res superiores estão localizadas acima e anteriormente quan- é transitória (Fig. 14_6H)42,43. Um estudo recente utiliz311do a
do comparadas com as veias inferiores e, deste modo, não técnica de Doppler colOl;do tridimensional mostrou uma re-
são identificadas no corte de quatro câmaras regular. O pla- gurgitação da tricúspide leve-moderada em 83% dos fetos no
no mais baixo através do corte de quatro câmaras mostra o início do segundo trinlestré3 . Porém, a regurgitação tricúspide
516 A VALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

de quatro câmaras se altera para o "corte de cinco câmaras"


em que a válula aórtica é identificada surgindo da via de saí-
da do ventrículo esquerdo no centro das quatro câmaras (Fig.
14-61). O movimento mais superior do transdutor visualiza
um plano de três vasos em que são identificados : a secção
oblíqua da artéria pulmonar principal e plano transversal da
aorta ascendente e da veia cava superior (VCS) (Figs. 14-4 e
14_7)47.48. Os três vasos estão dispostos em uma linha reta da
parte antenor esquerda para a posterior direita do medias tino
com ordem decrescente em tamanho. Nos cortes adjacentes
mostrados pelo discreto movimento de inclinação inferior e
superior ou angulação do transdutor, a artéria pulmonar di-
reita e esquerda bem como os arcos aórtico e ductal são iden-
tificados. De fato, existem três arcos no medias tino superior:
arco ductal, aórtico e veia ázigos (Fig. 14-7C, F e G). Além
disto, a u'aqueia e o brônquio maior são identificáveis pelo
fato de conterem líquido durante a vida fetal (Fig. 14-7 B, De
G). Deste modo, a posição do arco aórtico com relação à tra-
queia pode ser bem-definida. Normalmente, o arco aórtico é
uma estrutura em forma de "salsicha" cursando obliquamente
na região antel;or direita para a posterior esquerda do lado
A esquerdo da traqueia. Para enfatizar a presença da traqueia no
corre de u'ês vasos, o termo corte de três vasos e da traqueia
foi O arco aórtico e o ductal fazem uma conflu-
ência em forma de "V" na aorta descendente (Fig. 14-7 C e F).
No plano V, o arco ductal é discretamente maior que o arco
aórtico. Depois de emergir da artéria pulmonar principal, a
artéria pulmonar direita segue um longo curso horizontal em
frente da bifurcação da traqueia antes de alcançar o hilo do
pulmão di.reito (Fig. 14-7). No lado oposto, a artéria pulmonar
esquerda cursa obliquamente para trás e para esquerda para
alcançar o hilo pulmonar esquerdo. A veia inominada também
é vista em plano transverso do mediastino superior no nível
do arco aórtico cursando horizontalmente em frente à aorta
ascendente. A identificação de várias estruturas vasculares no
mediastino superior pode ser facilitada com o Doppler colo-
rido e power. Entretanto, o tamanho dos vasos não deve ser
medido pelo Doppler colorido ou powr:r, pois os vasos podem
parecer significativamente maiores devido ao efeito de bar-
ramento. Anteriormente aos três vasos, o timo é identificado
como uma área de ecogenicidade diferente quando compara-
do com os pulmões (Fig 14-7G)51.53. Sua ecogenicidade é sinu-
B lar ou levemente mais ecogênica que a dos pulmões adjacentes
no início do segundo trimestre e se torna menos ecogênica na
FIGURA 14-5. Corte transverso do abdome superior (A) e diagrama
correspondente (8). O maior lobo do fígado está à direita, e o estô- gestação avançada. Esta tipicamente contém manchas ecogê-
mago à esquerda. A aorta descendente (ao) está anteriormente e à nicas em forma de fuso que torna possível a sua diferenciação
esquerda da coluna . A veia cava inferior (VCI) está do lado direito com os pulmões. O seu diâmetro transverso em milímetros é
da linha média. Note que a veia cava inferior está posicionada ante- um pouco menor do que a idade gestacional em semanas no
riormente e apresenta certa distância da coluna enquanto cursa em
direção à sua conexão com o átrio direito acima deste nível. segundo trimestre e se torna discretamente maior conforme a
gestação se aproxima do tenn0 54
Os cortes das vias de saída ventriculares necessitam de
manobras especiais (Fig. 14_8)23,55. O transdutor é movido
substancial no primeiro trimestre é um marcador frequente de volta para o plano de quatro câmaras. E, em seguida, este é
para as malformações cardíacas e anomalias cromossômicas movido ao redor do tórax fetal até que o feixe ultrassonográ-
na ausência de alterações O plano transversal fico seja posicionado perpendicularmente ao septo ventricular.
da aorta descendente é identificado atrás do coração na parte Este procedimento alinha o septo ventricular horizontalmente
anterior esquerda em relação corpo vertebral. O corte trans- na imagem. Nesta posição particular, o corte da via de saída
verso do esôfago pode, ocasionalmente, ser identificado como do ventrículo esquerdo pode ser obtido simplesmente pela ro-
uma estrutura anecoica adjacente à aorta quando o feto está tação do transdutor 20 a 30 graus em sentido horário ou anti-
deglutindo líquido amniótico. Em contraste com as estruturas horário em direção ao ápice cardíaco. Pela inclinação do trans-
vasculares, o esôfago raramente demonstra sinais utilizando o dutor para cima em direção ao polo cefálico fetal deste plano,
Doppler colorido ou powr:r, e desaparece e reaparece em pou- pode ser obtido o plano da via de saída do ventrículo direito.
cos segundos ou minutos. Pela movimentação do transdutor um pouco para cima e para
Do corte de quatro câmaras, o transdutor é movido para baixo ao longo do tórax fetal, o cruzamento natural das vias
cima com relação ao eixo longitudinal do corpo fetal. O corte de saída ventriculares pode ser claramente apreciado. Às vezes ,
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 517
---

A B

Esquerda Direita

c D
FIGURA 14-6. Cortes de quatro e cinco câmaras (A-O). Três cortes diferentes de quatro câma ras e diagrama (O). As câmaras do lado direito
e esquerdo são simétricas em tamanho. As válvulas atrioventriculares apresentam inserções diferentes (pontos em A-C) com relação ao septo
com a valva tricúspide apresentando sua inserção mais apical do que a valva mitral. O ápice do ventrículo direito (RV) está obliterado em A e
C pela banda moderadora (asterisco). A banda moderadora pode ser vista como um feixe muscular distinto como identificado em B. As veias
pulmonares direita e esquerda (RLPV e LLPVI cursam obliquamente para frente assim que se conectam com o átrio esquerdo (LAI. A parte
central do septo atrial é o septo primum (setas em C). Este é fino e móvel , e se abre no átrio esque rdo. A aorta descendente (ao) é identificada
no canto esquerdo anterior à coluna.
F
E

G H

FIGURA 14-6 conto E. Im agem do Doppler colorido no corte de


quatro câmaras mostrando tanto as veias pulmonares inferiores como
a veia pulmonar supe rior (RUVPI. Ambas as veias pulmonares inferio-
res cursam obliquamente para frente enquanto que a veia pulmonar
esquerda cursa obliquamente para trás de modo que se conecta ao
átrio esque rd o. F. O corte abaixo do corte de quatro câmaras. O seio
coronariano (CSI é visto como uma estrutura tubular entre o ventrí-
culo esque rdo (LVI e a veia cava inferior (IVCI. Observe que a parte
proximal do seio corona ria no pode ser identificada como um pequeno
círculo arredondado na jun ção atrioventricular esquerda em um corte
regular de quatro câmaras como mostrado em B. G. A imagem do Do-
ppler colorido mostra o fluxo através das válvulas atrioventri culares.
H. Imagem do Doppler colorido e espectral mostrando a regurgitação
trivial da tricúspide (TRI. E e A são o pico diastólico inicial e final do
fluxo de entrada da tricúspide, respectivamente. /. Corte de cinco
câmaras. Um plano discretamente cranial ao corte básico de quatro
câma ras mostrando a via de saída do ventrículo esquerdo (L VOTI.
RA, át rio direito.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 519

A B

c D

FIGURA 14-7. Corte dos três vasos e sua vizinhança . A-E. Cortes transversos em série do mediastino superior e o diagrama (E) mostrando
a anatomia do corte de três vasos. No seu corte mais basal (A), a artéria pulmonar (PA) principal se ramifica nas artérias pulmonar direita (R)
e esquerda (L). A cim a deste nível (BI, onde a artéria pulmonar principal continua com a aorta descendente (ao) através do dueto arterioso , os
seguintes três vasos: artéria pulmonar principal, ao rta ascendente (ao) e veia cava superior (svc) estão em sequência em linha reta da parte
anterior esquerda para a posterior direita do tórax. Os três vasos apresentam tamanho em ordem decrescente , com a artéria pulmonar principal
sendo a mais calibrosa e a veia cava superior a menor. Os brônquios direito e esquerdo preenchidos por líquido podem se r identificados no meio
do mediastino. Imediatamente acima deste nível (CI, o arco aórtico (aa) e o ducto arterioso apresentam uma confluência em forma de "V" na
aorta descendente do lado esquerdo da carina da traqueia. No nível mais crania l dos três vasos (01, o arco aórtico em forma de "salsicha" é
identificado do lado esquerdo da traquéia. Continua.
520 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

E F
FIGURA 14-7 contoF. Imagem de Doppler colorido no
corte de três vasos mostrando a confluência em forma
de "V" do arco aórtico e do dueto arterioso na aorta
descendente. G. Corte dos três vasos obtido do lado
direito do feto mostrando o timo demarcado pela linha
fina ecogênica. A ecogenicidade do timo é discretamen-
te diferente do pulmão adjacente . O timo contém man-
chas ecogênicas em forma de fuso . Note o arco venoso
ázigos no lado direito. Os aste riscos correspondem aos
brônquios principais direito e esquerdo.

G
A

B c
FIGURA 14-8. Corte das vias de saída dos ventrículos esquerdo e direito. A. Diagrama composto mostrando como os cortes das vias de saída
ventricular são obtidos no feto em posição supina e apresentação cefálica. O exame ultrassonográfico se inicia em qualquer posição do transdutor
do corte de quatro câmaras (painel a). No passo I, o transdutor é movido ao redor do tórax fetal até o septo ventricular ser visto horizontalmente
no corte de 4 câmaras (painel b). No passo 11, o transdutor é rodado de 20 a 30 graus (no sentido horário neste exemplo com o feto em posição
supina e apresentação cefálica) em direção ao ápice cardíaco até a identificação do corte da via de saída ventricular esquerda (painel c). No passo
111, o transdutor é movido para cima, em direção ao pólo cefálico, até o corte da via de saída do ventrículo direito (painel d). (Modificado com
permissão de Yoo SJ, Lee YH, Kim ES, et ai: Tetralogy Df Fallot in the fetus: findings at targeted sonography. U/trasound Obster gynecol 14:29,
1999.). 8-0. Corte da via de saída do ventrículo esquerdo e diagrama. Ambas as válvulas de entrada e saída do ventrículo esquerdo (LV) são
identificadas. O folheto anterio r da válvula mitral está na borda anterior de entrada do ventrículo esquerdo na diástole e a borda posterior da saída
do ventrículo esquerdo durante a sístole. As válvulas mitral e aórtica estão em contato di reto (asterisco). A via de saída do ventrículo esquerdo
cursa para cima e discretamente para frente. Continua.
522 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

Direita
Anterior

Posterior
Superior E
Esquerda

Dire ita

Superior

F
G
Esquerda
FIGURA 14-8 conto E-G. Cortes e diagrama da via de saída do ventrículo direito . O corte da via de saída do ventrículo direito (RV) leva para a
artéria pulmonar principal (PA) para cima e para trás. Note o cruzamento natural das vias de saída ventricular ao tronco arterial comparando as
vias de saída ventricular esquerda e direita. Ao, aorta descendente; ao, aorta ascendente; LA, átrio esquerdo; RA, átrio direito.

é difícil posicionar o septo veno-icular perpendicula.r ao feixe com o ventrículo direito, em que há descontinuidade entre as
de ultrassom . Nesta situação, o transdutor é posicionado para válvulas pulmonar e tricúspide devido à presença da crista
o ápice do coração e, então, angtliado em sentido cranial na muscular interveniente que é chamada de Clista supraventri-
direção do polo cefálico de modo que o feL"e ultrassonográfico cular ou espessamento ventriculoinfundibular. Deste modo, a
fique alinhado paralelamente ao eL"o longo do coração. Entre- via de saída do ventrículo direito consiste completamente em
tanto, esta última manobra é mais difícil do que a primeira. O um túnel muscular. O septo ventricular identificado no plano
corte da via de saída do ventrículo esquerdo demonstra, além da via de saída do ventrículo esquerdo é a parte mais anterior
desta própria visão, a via de entrada do ventrículo esquerdo, do septo ventricular quando comparado com o septo visto no
com o folheto anterior da válvula mitral demarcando os dois plano de quatro câmaras. A parte do septo ventricular que
(Fig. 14-8B-D). A válvula aórtica está em contato direto com limita a válvula aórtica é o septo membranoso, que está mais
a válvula mitral, deste modo, a via de saída do ventrículo es- envolvido no defeito do septo ventricular. Comumente, esta,
querdo não é completamente muscular. Isto está em contraste área do septo parece defeituosa pelo fato de apresentar uma
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 523

configuração curva, e o septo abaixo da válvula aórtica e a nado em decúbito lateral direito ou esquerdo. Assim, ambos
parte fina da membrana, o que torna o diagnóstico de defeito os arcos são avaliados em planos transversos (Fig. 14-7 B a F).
septal ventricular nesta região muito difícil. No corte da via Em fase avançada da gestação, o ducto arterioso pode tornar-
de saída ventricular direita, este u'ato conduz o fluxo para a se tortuoso e ser considerada a possibilidade de diagnóstico
artéria pulmonar principal para cima e para trás (Fig. 14-8E a enôneo de aneurisma do ducto al'terioso (Fig. 14-1OF).
G). Isto está em contraste com a via de saída do ventrículo es- Os dados das medidas das dimensões cardíacas e vascula-
querdo, que cursa para cima e para frente . Nos cortes das vias res maiores estão listados no apêndice.
de saída dos venu'ículos direito e esquerdo, o Buxo sanguíneo
através das válvulas aórtica e pulmonar pode ser avaliado pelo Sinais de Anormalidades
uso do Doppler colorido com a amostra de velocidade de 80 a
100 cm/segundo (Fig. 14-8C e F). A Tabela 14-2 lista as estruturas allatômicas chaves que
O corte basal do eixo curto é mais difícil de ser obtido. devem ser investigadas e os sinais que podem ser indicativos
Este plano consiste em uma visão oblíqua através do lobo de DCC em cada corte de rastrealnento,
direito do fígado e do ombro esquerdo (Figs. 14-4 e 14-9),
Qyando é obtida uma secção oblíqua au'avés destas duas es-
Corte Transversal do Abdome Superior
truturas, o transdutor é angtIlado para cima e para baixo até a
identificação de uma secção transversal da válvula aórtica con- O corte transversal do abdome superior fornece informação
tornada pelo átrio direito, venu'ículo direito, artéria pulmonar importante no que diz respeito a se o situs está normal ou
principal e artéria pulmonar direita. Este plano demonstra alterado e, se estiver assim, o padrão do situs presente. Isto é
claramente a descontinuidade entre as válvulas rricúspide e importante, pois as anormalidades do situs são precursoras de
pulmonar devido à crista supraventricular ou ao espessamen- DCC (Tabelas 14-3 e 14_4)34,57-60.
to ventriculoinfundibular separando as duas válvulas (asteriscos O termo situs visceral se refere ao padrão de disposição
na Fig 14-9A). Este corte é o melhor para a avaliação da via de dos órgãos com relação ao plallO sagital ou da linha média.
saída do ventrículo direito patente. Como visto no corte da via Há três tipos de situs viscerais denominados: situs solitus, situs
de saída do ventrículo esquerdo, a parte do septo que limita a inversus e heterotaxia (Fig. 14_11)58,61. O situs visceral geralmente
válvula tricúspide é o septo membranoso e, deste modo, pode pode ser determinado pela observação da localização do fíga-
parecer defeituoso. Depois da bifurcação da artéria pulmonar do, estômago, aorta abdominal e veia cava inferior pelo corte
principal nas artérias pulmonares direita e esquerda, a ané- transversal do abdome superior.
ria pulmonar direita cursa para a direita ao longo da parede No situs solitus, o lobo maior do fígado e a vesícula biliar são
posterior da válvula aórtica, enquanto que a artéria pulmonar identificados à direita e o estômago à esquerda (Fig. 14-5). O
esquerda continua com a aorta descendente através do ducto baço pode ser visualizado ao longo da parede póstero-Iateral
arterioso. Uma anatomia diferente, embora equivalente, pode do estômago como uma estrutura em forma de foice. A aorta
ser identificada no corte anterior direito oblíquo da via de sa- abdominal está localizada na pal'te esquerda anterior à colu-
ída do ventrículo direito (ver Fig. 14-9D). Este corte visualiza na. A veia cava infelior está posicionada mais anteriormente
os três componentes do ventrículo direito, nomeados a via de à direita e se conecta do lado direito ao átrio direito. No sitw
entrada, trabecular e a via de saída. Os três vasos tanlbém são inversus, estas relações direita e esquerda estão invertidas (Fig.
visualizados em seu plano longitudinal ou oblíquo. 14-12A). O situs inversus pode não ser detectado se não for de-
O corte do arco aórtico pode ser obtido do corte dos três finido o lado direito e esquerdo do corpo fetal no inicio do
vasos. O transdutor é movido ao redor do tórax fetal até o exame ecoeardiográfico fetal.
feixe de ultrassom ser alinhado com a secção transversa das A heterotaxia (grego, heteros [outro que] + taxis [posição])
aortas ascendente e descendente (Fig. 14_10)55,56. Os planos indica uma disposição dos órgãos que é diferente das outras
de secção das aortas ascendente e descendente são, então, allteriores, situs solitus ou inversus (Fig. 14-12B e C)61. A heterota-
vistos verticalmente no corte dos três vasos. Nesta posição, xia frequentemente tem sido designada situs ambíguos , que sig-
o transdutor é rodado 90 graus, no sentido horário ou no nifica situs incerto. Entretanto, o "situs ambíguos" não é termo
anti-horário, e o arco aórtico pode ser identificado como uma apropriado, pois a disposição dos órgãos na heterotaxia não é
configuração de "bengala doce" O corte do ducto arterioso incerta, mas Sinl complexa e de difícil definiçã034 , A heterota-
pode ser obtido de modo similar. O transdutor é movido ao xia abdominal é caracterizada pela disposição misturada dos
redor do tórax fetal até a secção oblíqua da artéria pulmonar órgãos não pal'eados. A heterotaxia está quase sempre asso-
principal e a secção u'ansversa da aorta ascendente é alinhada ciada a asplenia ou poliesplenia57.58.62'68. A heterotaxia com as-
verticalmente no corte dos três vasos. Então, o transdutor é plenia é caracterizada por um figado simétrico se estendendo
rodado 90 graus para qualquer direção e pode ser observado de um lado a outro do abdome, com o estômago em qualquer
o corte do ducto arterioso em forma de taco de hóquei. No lado (Fig. 14-12.8). Na maioria dos casos de asplenia, a veia
corte do arco aórtico, a aorta ascendente surge do centro do cava inferior e a aorta abdominal estão justapostas do mesmo
coração entre os átrios direito e esquerdo e, assim, está a al- lado da coluna, com a primeira geralmente posicionada na
gtlma distância da parede anterior do tórax. O corte do arco frente da última 62 .64,6z69,7o'. A heterotaxia com poliesplenia tam-
aórrico mostra as artérias inominada direita, carótida esquerda bém mostra uma disposição all0rmal do fígado com o estôma-
e subclávia esquerda surgindo do lado da curvatura maior do go de qualquer lado (Fig. 14-12C). Na maiOlia dos casos de
arco. Por sua vez, o arco duetal surge pouco mais anteriormen- heterotaxia com poliesplenia, o fígado apresenta um contorno
te, imediatamente atrás da parede anterior do tórax, de modo assimétrico, sendo que um dos lados é maior que o outro.
que a sua porção proximal é a artéria pulmonar principal, Esta Em 75% a 90 0/0 dos casos de poliesplenia, a veia cava inferior
apresenta um curso mais longo para trás e se conecta com a mostra uma interrupção de seu segmento SUpralTenal-infra-
aorta descendente através do ducto arterioso. Em contraste hepático e se conecta, em vez da veia ázigos ou hemiázigos,
com o arco aórtico, o al'CO ductal não origina qualquer ramo pal'a drenal' na VCS 63 ,65,69,70. A interrupção da veia cava infe-
pal'a a cabeça ou pescoço. Não é possível a identificação do rior é suspeitada qUalldo dois, em vez de um, vasos são iden-
corte dos arcos aórtico e ductal quando o feto estiver posicio- tificados na frente da coluna no corte transversal do abdome
524 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A
B

Esquerda anterior

Ombro
esquerdo

c Direita posterior
D

FIGURA 14-9. Corte basal do eixo cu rto transverso e o corte alternativo. A -C. Corte basal do eixo curto e diagrama. A secção transversa da
válvula aórtica (AV) ou da raiz da aorta ascendente (Ao) está cercada pelo átrio direito (RA). ventrículo direito (RV). artéria pulmonar principal
(PA) e artéria pulmonar direita (RPA) . Note a discontinuidade entre a tricúspide e a válvula pulmonar suprim ida (asteriscos). A via de saída do
ventrícu lo direito é amplamen te aberta. A artéria pulmonar principal se conecta com a aorta descendente (ao) pelo dueto arterioso. (D) Vista oblí-
qua direita anterior do ventrículo direito. Este corte é equivalente ao corte oblíquo do ventrículo direito da angiografia por raio X. Os três compo-
nentes do ventrícu lo direito, a parte da via de entrada, trabecular apica l e via de sa ída estão bem-identificados. Os três vasos - artéria pulmonar
principal , a aorta descendente e a veia cava superior (SVC) - estão alinhados como estes são tipicamente vistos no corte de três vasos.
B c
FIGURA 14-10. Cortes do arco aórtico e ductal. A. Composição do diagrama mostrando como os cortes do arco aórtico e ductal podem ser
obtidos em um feto em apresentação cefálica, posição supina. O exame se inicia de qualquer posição do transdutor para o corte de três vasos
(painel a). No passo I, o transdutor é movido ao redor do tórax fetal até a aorta ascendente (Ao) e aorta descendente (ao) estarem alinhadas ver-
ticalmente no corte de três vasos (painel b). No passo 11 , o transdutor é rodado 90 graus em sentido horário ou anti-horário até que o arco aórtico
possa ser identificado como uma estrutura tipo " bengala doce" (painel c). No passo 111 , o transdutor é movido de volta ao corte de três vasos e
direcionado ao redor do tórax fetal até a artéria pulmonar principal (PA) e a aorta descendente (ao) estarem verticalmente alinhadas (painel ai.
No passo IV, o tranSdulOr é rodado 90 graus em sentido horário ou anti-horário até a identificação do arco ductal que apresenta a estrutura com
a forma de taco de hóquei (painel d). (Modificado com a permissão de Yoo SJ, Lee YH, Kim ES, et aI: Tetralogy of Fal/ot in the fetus: findings at
targeted sonography. Ultrasound Obstet gynecoI14:29, 1999.18 e C. Corte do arco aórtico e diagrama. O arco aórtico surge do espaço entre os
átrios direito (RAI e esquerdo (LA), assim, a sua origem apresenta alguma distância da parede anterior do tórax. O arco aórtico origina a artéria
direita inominada ou braquiocefálica (RIAI, artéria carótida comum esquerda (LCAI e artéria subclávia esquerda (LSA). A secção transversa da
veia inominada é identificada na frente da artéria inominada direita. A secção transversa da artéria pulmonar direita (RPA) é identificada imedia-
tamente atrás da aorta descendente. Continua
526 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

o
E

F G

FIGURA 14-10 conto De E. Diagrama e corte do arco ductal. O dueto arterioso conecta a artéria pulmonar principal à aorta descendente , assim
formando um arco em forma de taco de hóquei. Como a sua parte proximal é a artéria pulmonar principal , a sua o ri gem está imediatamente
at rás da parede torácica anterior. Em cont raste com o arco aórtico, esta não origina qualquer vaso em direção ao pólo cefálico e pescoço. F e G.
Dueto arterioso tortuoso em feto de 35 semanas de gestação. O dueto arterioso tende a se tornar tortuoso com o avançar da gestação. Assim ,
pode ser confundido com aneurisma desta estrutura. A imagem do Doppler colorido (G) mostra o dueto arterioso com sinais azuis e vermelhos .
LPA, artéria pulmonar esquerda.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 527

I Tabela 14-2 I Sinais de Anomalias em cada Plano Ultrassonográfico


Plano Ultrassonográfico Estruturas Investigadas Sinais de Anomalias

Transverso superior Lobo maior do fígado Posição anormal do estômago e do fígado


do abdome Estômago Baço ausente ou múltipo
Aorta abdominal Aorta e veia cava inferior do mesmo lado da espinha
Veia cava inferior Interrupção da veia cava inferior
Plano de quatro câmaras Posição, tamanho e eixo do coração Má posição cardíaca
Simetria das cavidades cardíacas e Deslocamento cardíaco
grandes vasos Eixo cardíaco anonnal
Veias pulmonares Conexão atrioventricular anonnal; conexão discordante,
Inserção e função da valva univentricular
an'ioventricular Cardiomegalia
Banda moderadora Tamanho e assimen'ia da câmara e da valva
Integridade septal Defeito septal an'ial, atrionventricular ou ventricular
Deslocamento apical do foUleto septal da valva tricúspide
Conexão venosa pulmonar anonnal
Plano de três vasos Número de vasos Dilatação da aorta, tronco pulmonar ou veia cava superior
Posição e tamanho dos arcos a6rtico Discrepância no tamanho das grandes artérias
e ductal Alinhamento anormal dos vasos
Traquéia e brônquios Espaço aortopulmonar
Ramos das artérias pulmonares Somente dois vasos
Vaso adicional
Aorta descendente à direita
Origem ou curso anormal da artéria pulmonar
Aneurisma ou constrição ductal
Tuno pequeno ou ausente
Plano das vias de saída Cruzamento normal das vias de saída Conexão venu'iculoarterial anormal:
dos ventrículos esquerdo dos troncos arteriais Transposição, dupla saída de venn'ículo direito ou esquerdo;
e direito Valva semilunar e vias de saída patentes u'onco artelial único
InteS1idade septal Defeito do septo ventricular
Sobreposição da aorta ou tronco pulmonar
Dimensão anormal das vias de saída e/ou valvas arteriais
Plano basal do eixo curto Crista supravemricular Defeito do septo ventricular na saída do septo
Via de saída subpulmonar Estreitamento da via de saída do ventrículo direito
Tamanho da valva aórtica e via de Tamanho pequeno da valva aórtica
saída do venn'ículo esquerdo
Plano do arco ductal e Posição, tamanho e contorno do arco ductal Aorta ascendente menor que aorta descendente
aórtico e aórtico Estreitamento do arco aórtico difuso ou local
Arco aórtico patente Interrupção do arco aórtico
Ramos do arco aórtico Arco aórtico à direita
Arco aórtico duplo
Aneurisma ou constrição ductal
Vasos atrás da traqueia

Incidência de Doença Cardíaca Congênita superior e do tÓrax (Figs. 14-12Ce 14-13). Geralmente, os dois
Tabela 14-3
nas Várias Formas de Mal Posição Cardíaca vasos apresentam tamanhos similares, estando alinhados lado
Posição Cardiaca e situs Visceral Incidência de Defeito Cardíaco a lado ou obliquamente, com a veia ázigos ou herniázigoss
posicionada mais posteriormente. Esta relação tan1bém pode
Si/us soli/us com levocal'dia < 1% ser analisada no plano coronal. O estado esplênico pode ser
(posição cardíaca normal) avaliado pela investigação da porção póstero-lateral do estô-
Sil1JS solil1JS com > 90% mago. Na asplenia, o tecido hepático se estende posteriormen-
dextrocardia
te ao longo da curvatura maior do estômago. Na poliesplenia,
Silus 11wersus com 10%-50%
massas pequenas de tecido esplênico podem ser identificadas
dextrocardia
ao longo da curvatura maior do estômago (Fig. 14-12C). o
Silus inversus com > 95% tórax, a heterotaxia é caracterizada pela simetria nos lobos
levocardia
Heterotax.ia com isomerismo -100% pulmonares, nos ramos arteriais bronquiais e pulmonares e
direito na forma dos ápices dos átrios. A maioria dos casos de hete-
Heterotax.ia com isomerismo Maioria rotaxia e asplenia apresenta ambos os lados semelhantes ao
esquerdo lado direito normal (isomerismo direito ou lado direito seme-
lhante bilateral), enquanto que a maior parte com heterotaxia
528 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A posição do coração é definida como levocardia, dextro-


Achados Anormais no Plano Transverso do
Tabela 14-4 cardia ou mesocardia, de acordo com o local em que a massa
Abdome Superior cardíaca está localizada (Tabela 14-6 e Fig. 14-14). Estes ter-
Achado Anormal Significado mos são utilizados apenas quando a posição cardíaca anor-
Estômago do lado direito o sitllJ do corpo está anormal mal está relacionada, primariamente, com a anomalia de situs
Imagem em espelho, O si/us está invertido ou do próprio órgão. Q.tando o coração estiver posicionado
disposição do fígado, anormalmente secundário à patologia pulmonar, pleural ou
estômago, veia cava inferior diafragmática, é descrever o lado para o qual o co-
e aorta abdominal ração está deslocado. E preferível, também, não utilizar os
Fígado transverso Tanto isomerismo direito termos dextroversão, levoversão, dextroposição ou dextror-
quanto esquerdo. O rotação, pois estes são definidos de forma diferente entre vá-
isomerismo esquerdo tende a rios operadores, assim trazendo mais confusão. A má posição
mostrar alguma assimeu'ia da cardiaca é definida como qualquer outra posição do coração
configuração hepática do que a levocardia no situs solit'lli'i.58.61. Esta definição de má
Aorta abdominal atrás da Altamente sugestivo de
posição cardíaca se refere não somente à posição cardíaca, mas
veia cava inferior no mesmo isomel;smo direito. A veia
lado da espinha (também ázigos dilatada recebendo a
também à sua situação com relação ao Jitus do corpo. Assim, a
chamado de justaposição) veia cava inferior pode, levocardia no sitllJ inversUJ também é um exemplo de má posi-
ocasionalmente, ser vista do ção do coração. A D CC é muito comum quando há má posi-
mesmo lado da espinha, ção cardíaca (Tabela 14-3).
embora a aorta seja o vaso O deslocamento do coração decorrente de causas extracar-
anterior díacas frequentemente ocorre devido a um efeito de massa de
Interrupção da veia cava Ocorre em 75% a 90% do uma lesão primária (Tabela 14_6)59.60.72. Estas causas incluem
infel;or isomerismo esquerdo e hérnia diafragmática ou eventração, lesão cística ou ecogêni-
raramente em outros tipos de ca dos pulmões, como a malformação adenomatosa cística,
silus JolilUJ sequestro pulmonar e atresia bronquial, tumores pulmonares
Múltiplos baços ou baço Indica polisplenia e ocorre no
e derrame pleural unilateral. O deslocamento do coração tam-
único l11ultilobulado isomerismo esquerdo com
bém pode ocorrer devido à diminuição do volume de um dos
poucas exceções
Baço não identificável Pode ser devido a limitação
pulmões, como na síndrome de cimitarra, ausência unilateral
técnica embora é tipicamente do ramo da artéria pulmonar e hipoplasia de um pulmão (Fig.
identificada no isomerismo 14-14D)73 .
com poucas exceções Como discutido, o eixo cardíaco está aproximadamente
em 45 graus nos planos sagital e coronal 36 ,37. Um eixo da base-
ápice do coração anormal é um sinal para o diagnóstico de
malformação cardíaca. O eixo cardíaco está direcionado mais
para a esquerda na tetralogia de Fallot (Fig 14-14A) e tronco
arterioso, e quando houver dilatação da câmara direita, como
e poliesplenia apresenta ambos os lados semelhantes ao lado na anomalia de Ebstein, coarctaJão da aorta e síndrome da hi-
esquerdo normal (isomerismo esquerdo ou lado esquerdo se- poplasia do coração esquerd036 . 7.55 . Por sua vez, o eixo cardí-
melhante bilateral). o feto, a investigação da simetria dos aco tende a estar mais direcionado para frente ou mesmo para
órgãos pareados constitui difícil tarefa, mas não impossível, a direita na transposição corrigida das grandes artérias ou na
embora a simétrica por si apresente pouco signi- dupla saida de ventrículo esquerdo com conexão ventdculo-
ficado clinico Porém, é muito importante a investigação arterial discordante (Fig.
completa da drenagem sistêmica e pulmonar quando o feto A conexão AV e a relação interventricular são mais bem
demonstra uma disposição visceral alterada. A D CC é muito definidas no corte de quatro câmaras 34 . Para demonstrar este
mais frequente na presença de heterotéLxia. A asplenia com iso- plano, os venu'ículos devem ser identificados de acordo com
merismo à direita quase sempre está associada à DCC grave. sua morfologia estnttural. A inserção do septo das válvulas
Embora o isomerismo à esquerda também esteja associado co- AV e a presença da banda moderadora constiulem os dois
mumente a DCC, esta pode ser identificada esporadicamente critérios morfológicos mais importantes para a identificação
entre pacientes que são submetidas à avaliação clinica para (Fig. 14-6). Uma vez que a morfologia dos ventdculos é iden-
outros tratamentos que não o cardíaco. A Tabela 14-5 lista tificada, a relação entre os ventrículos é definida. A relação
as DCCs e os defeitos extracardíacos que estão comumente venu'icular com o ventrículo direito à direita e o ventrículo
associados às duas formas de heterotaxia. esquerdo à esquerda é chamada de relação ventricular d-loop
(alça ventricular à direita), pois é consequê.ncia da d-loop do
tubo cardíaco reto durante a embriogênese (Fig. 14-14A). A
relação oposta com o venu'ículo direito à esquerda e o ventrí-
Corte de Quatro Câmaras
culo esquerdo à direita é chamada de relação ventricular l-loop
o corte de quatro câmaras é uma excelente secção para a (alça ventricular à esquerda) (Fig. 14-14C). O padrão pelo qual
detecção das DCCs no feto. O rastreamento pelo corte de o átrio está conectado ao respectivo ventrículo ou ventrículos
quatro câmaras é cagaz de detectar de 50% a 60% das malfor- pode ser dividido em conexão biventricular ou univenu'icular
mações cardíacas 2o. . Este fornece dados sobre a posição do (Fig. 14-15).
coração no tórax, o seu tamanho geral, O tamanho de cada As conexões AV biventriculares (Fig. 14-15A) são con-
cavidade individual, as conexões das veias pulmonares ao cordante ou discordantes quando houver situs JolitllJ ou si-
segmento atrial, a característica morfológica dos ventrículos, tUJ inveI'J'lIJ. A conexão AV discordante está quase sempre
o tipo de conexão AV, a integridade do septo atl'ial, AV e associada à conexão ventriculoarterial discordante (Fig. 14-
ventricular (Tabela 14-2). 16). Nesta situação, a consequência fisiológica da conexão
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 529

Situs so/itus Situs in versus

Heterotaxia visceral com iso- Het erotaxia visceral com iso-


merismo torácico direito me rismo t orácico esquerdo

FIGURA 14-11. Tipos de situs visceral. GB, vesícula biliar; IVC, veia cava inferior; PA , ramo da artéria pulmonar; SVC , veia cava superior.
(Ilustração de Shi-Joon Yoo, Or. , e James A . Coope r, Or.)
530 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A B

FIGURA 14-12. Corte transverso do abdome superior no situs in ver-


sus (A). heterotaxia com asplenia (8) e heterotaxia com poliesplenia
(C) . O situs in versus é caracterizado pela disposição de imagem em
espelho dos órgãos abdominais. 8. A aorta abdominal est á escond ida
atrás da veia cava inferior (IVC) no mesmo lado da coluna . A posição
justaposta da veia cava inferior e aorta abdominal é vista em mais
de 90 % do isomerismo à direita . O fígado se es tende de um lado do
abdome para o outro. Em C, dois vasos são identificados ao longo da
margem anterior da coluna. Estes estão obliquamente alinhados em
frente da coluna. O vaso posterior é a veia ázigos dilatada que drena
a veia cava inferior interrompida , que está associado ao isomerismo
à esquerda em 75 % a 90 % dos casos . Os dois vasos também podem
estar alinhados lado a lado em frente da coluna. Note os múltiplos
baços (5) ao longo do lado da grande curvatura do estômago. (C reim -
presso com permissão de Yoo SJ, Lee YH, Cho KS, et aI: Sequential
segmental approach to fetal congenital heart disease. Cardiol Young
9:430, 1999.)

c
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFI CA DO CORAÇÃO FETAL 531

A B
FIGURA 14-13. Isomerismo esquerdo com interrupção da veia cava inferior. Os dois vasos grandes paralelos são identificados em frente da
coluna tanto no corte de quatro câmaras IAI quanto no coronal oblíquo 181. Isto constitui a imagem característica da interrupção da veia cava
inferior com a conexão venosa da veia ázigos ou hemiázigos. L-A , átrio do lado esquerdo; LV, ventrículo esquerdo; R-A, átrio do lado direito;
RV, ventrículo direito.

I Tabela 14-5 I Defeitos Cardíacos e Extra-cardíacos Frequentes no Isomerismo Direito e Esquerdo


Isomerismo Direito Isomerismo Esquerdo

Defeito Cardiaco

Veia cava superior bilateral 45% 45%


Ausência do seio coronariano -100% -60%
Interrupção da veia cava inferior < 2,5% 75% a 90%
Justaposição da aorta e veia cava inferior > 90% Incomuln
Tipo extracardíaco de conexão venosa pulmonar anômala 50%, com obstrução na Rara
Defeito do septo 90% 50%
Conexão atrioventricular Univentricular em íO% Biventricular em - 75%
Conexão ventricu loanerial Concordante somente em 4% Concordante em - 700J0
Atresia ou estenose pulmonar 80% 30%
Lesão obsu'utiva do lado esquerdo <5% Comum

Defeitos Extra-cardiacos
Má-rotação inttesunal VU'nlalmente todos Virnlalmente todos
Defeitos extracardíacos comuns Estômago parcial torácico Atresia biliar e ou pequena
(hérnia hiatal) em - 25% e ou ausente em 20%,
Anomalias urinárias 75%

discordante na junção AV é cancelada por outra conexão nexão biventricular aos ventrículos exibindo uma relação
discordante na junção ventriculoarterial e, assim, é desig- ventricular d-loop ou l-loop.
nada adequadamente de transposição corrigida congênita As conexões univentriculares (Fig. 14-15.8) são na forma
das grandes artérias. houver isomerismo direito de conexão de dupla via ou ausência de uma conexão AV,
ou esquerdo, as conexões AV não são concordantes nem resultando em ambos os án'ios conectando-se exclusivamente
discordantes. Geralmente, estas têm sido descritas como co- ou a maior pane a um ventrículo. A dupla via pode levar a
nexões ambíguas. As conexões AV no isomerismo direito uma câmara pri.ncipal de morfologia ventricular direita ou es-
ou esquerdo, contudo, não são ambígu as, mas necessitam querda ou a um ventrículo solitário ou indefinido. A dupla via
de descrição apropriada 34 . Assim, podem ser precisamente do ventrículo esquerdo é a mais comum deste tipo de via em
descritas como átrio isomérico direito ou esquerdo com co- que em geral um ventrículo direito pequeno está localizado a
532 AVALIAÇ Ã O ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

anterior, resultando em estenose da tricúspide com pouca re-


Tabela 14-6 Posição Anormal do Coração
gurgitação. Nesta forma de estenose da malformação de Ebs-
Categoria Significado tein, o ventrículo direito não está dilatado significativamente,
Dextrocardia ou mesocardia Indica que há malformação cardíaca diferentemente do que ocorre com O átrio direito. A regurgita-
(sem patologia pulmonar, congênita, exceto por poucos ção da tricúspide também pode ocorrer devido à displasia do
pleural ou óssea) casos folheto valvular sem alteração de sua inserção. A regurgitação
Deslocamento direito Diagnóstico diferencial inclui da tricúspide severa pode estar associada ao desenvolvimen-
do coração devido a síndrome de cimitarra, agenesia de to progressivo da estenose ou atresia pulmonar e falência do
hipoplasia pulmonar direita artéria pulmonar direita e lado direito do coração com hidropisia fetal 80.82 • Uma dilata-
hipoplasia primária do pulmão ção acentuada do átrio direito e ventrículo direito pode estar
direito associada ao jlutter atrial. A cardiomegalia grave de qualquer
Deslocamento esquerdo Diagnóstico diferencial inclui causa é complicada por hipoplasia pulmonar significativa que
do coração devido à agenesia da artéria pulmonar pode complicar, além do cursO intrauterino, o neonatal . O ta-
hipoplasia pulmonar esquerda e hipoplasia pulmonar
manho pequeno da artéria pulmonar na presença de dilata-
esquerda esquerda
ção do átrio direito é sugestivo de restrição do Buxo através
Deslocamento anterior Hérnja diafragmática bilateral
da válvula pulmonar. Isto é identificado com a regurgitação
da tricúspide com ou sem atresia ou estenose pulmonar (Fig.
do coração
14-2 1)80. Na maioria dos casos com atresia ou estenose pulmo-
nar crítica com O septo ventricular intacto, o átrio direito está
acentuadamente dilatado devido à regurgitação da tricúspide,
enquanto que o ventrículo direito fica marcadamente hipertro-
porção superior à esquerda da massa ventricular e, também, fiado e sua cavidade demonstra vários graus de hipoplasia83 .
ocorre conexão ventriculoarterial discordante na maioria dos Menos frequentemente, a atresia pulmonar está associada à
casos (Fig. 14-17). A conexão AV ausente é identificada en- dilatação do ventrículo direito. Esta última categoria apresenta
volvendo mais a junção AV direita com relação à esquerda. pior progn6stico, e a atresia pulmonar ou a estenose grave é
A ausência da conexão AV direita é a característica patol6gi- secundária à patologia da tricúspide. A única fonte de supri-
ca chave da atresia de tricúspide (Fig. 14-18). A ausência de mento sanguíneo das artérias pulmonares na atresia pulmonar
conexão signilica que o átrio e o ventrículo estão justapostos com o septo ventricular intacto é o ducto arterioso. Na avalia-
entre si, embora separados pelas paredes atrial e ventricular ção do Doppler colorido, é possível reconhecer o Buxo ante-
que estão invaginadas no centro do coração. r6grado no ventrículo direito e o Buxo retrógrado na artéria
pulmonar principal "tocando-se" na válvula pulmonar atré-
sica (Fig. 14-21C). Uma artéria pulmonar pequena pode não
Desproporção Ventricular
ser evidente no ultrassom fetal 47 A atresia puLmonar com um
Qyando houver conexão uni ventricular, frequentemente é di- ventrículo direito hipoplásico hipetrofiado está comumente as-
fícil precisar a distinção da morfologia do ventrículo direito sociada a anormalidades da artéria coronariana que incluem a
com relação à morfologia do esquerdo pelo ultrassom fetal. dilatação com comunicação fisrulosa com o ventrículo direito,
Nesta situação, a morfologia dos ventrículos pode ser definida estenose ostial e interlUpção da luz da artéria coronária84 . As
apenas observação de onde a câmara lUdimentar está lo- comunicações entre as artérias coronarianas e o ventrículo di-
calizada 4 A presença da câmara ventricular lUdimentar nas reito hipoplásico hipertr6fico podem ser demons tradas com a
porções anterior e superior da câmara ventricular principal pesquisa por Doppler colorid0 85 .
indica que esta principal é morfologicamente o ventrículo es- A regurgitação trivial da tricúspide não é comum, embo-
querdo (Figs. 14-17 e 14-18). De outro modo, a presença de ra esta raramente seja significante quando for identificada no
câmara ventricular rudimentar na margem posterior e inferior exame de ultrassom de 18 a 20 semanas, geralmente desapare-
da câmara principal indica que esta câmara principal é morfo- cendo em fase avançada da gestação ou depois do nascimento
logicamente o ventrículo direito (Fig. 14-19). (Fig. 14-6H) 42.43. Entretanto, a regurgitação no primeiro tri-
No conjunto de situs solitus normal e conexão AV e ventricu- mestre freq uentemente está associada a anomalias cromossô-
loarter-ial normais, o corte de quatro câmaras com frequência nucas, especialmente quando esta é identificada com a altera-
mostra assimetTia nas câmaras cardíacas38.39.79. Comumente, ção da translucência nucal 44-46 .
a assimetria ocorre devido ao átrio direito e ventrículo direito As causas menos frequentes de desproporção venu'icular
dilatados . A dilatação do átrio e ventrícu lo direito significa que com dominância do Lado direito são as lesões obstlUtivas do
há aumento do Buxo sanguíneo ou regurgitação valvular no lado esquerdo e as conexões venosas pulmonares anômalas.
lado direito do coração, embora, isto também possa ocorrer As lesões obstrutivas do lado esquerdo do coração, incluin-
devido à falência cardíaca do lado direito (Tabela 14-7). do várias formas de estenose de valva nutral e obstrução da
As causas mais comuns de desproporção ventricular com vida de saída ventricular esquerda, resultam na redução do
dominância do lado direito são as lesões do lado direito. A re- Buxo em direção ao ventrículo esquerdo e, assim, deternUnam
gurgitação da tricúspide sig11ificativa é mais frequente devido a don1inância do lado direito, com shunt direita-para-esquerda
à malformação de Ebstein em que o septo e o folheto posterior reduzido ou shunl invertido da esquerda-para-direita através do
da válvula tricúspide apresentam a sua inserção mais baixa forame oval patente (Figs. 14-22 e 14-23). Foi sugerido, tam-
no ventrículo direito, sendo hipoplásica ou displásica (Fig. bém, que a dilatação sigIllficativa do seio coronariano pode
14-20)80. Como os foLhetos deslocados não conseguem se ali- contribuirtaara a o?struçã.o do Bux,: de entrad.a do ventrículo
nhar adequadamente com o folheto anterior, a regurgitação da esquerdoS ·ss. O dlagn6stlco da lesa0 obstlUtlva do lado es-
tricúspide ocorre durante a sístole ventricular. A dilatação do querdo pode ser realizado pela avaliação morfol6gica e medi-
átrio direito e do ventrículo direito varia de acordo com a gra- da da valva nutral, válvula a6rtica e arco a6rtico, bem como
vidade da regurgitação. Raramente, as bordas do septo e dos pelo Doppler colorido ou espectral (Figs. 14-22 e 14-23). A re-
folhetos deslocados estão fusionadas na margem do folheto dução generalizada do lado esquerdo do coração com combi-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 533

A B

c o
FIGURA 14-14. Posição do coração normal e anormal. A. Levocardia no feto normal. Aproximadamente dois terços da massa cardíaca estão
localizados no tórax esquerdo. O eixo cardíaco (seta) está aproximadamente 45 graus no corte coronal ou sagital apontando para a direção an -
terior esquerda. B. Levocardia com rotação para esquerda do eixo cardíaco em feto com tetralogia de Fallo!. O eixo cardíaco (seta) posiciona-se
em um corte coronal e está direcionado para a parede lateral esquerda do tórax. C. Dextrocardia em feto com transposição corrigida das grandes
artérias. A maior parte da massa cardíaca está localizada no tórax à direita. O eixo cardíaco (seta) aponta para a direção anterior direita. D. Des-
locamento para a direita do coração devido à hipoplasia do pulmão direito em feto com síndrome de cimitarra. O coração está localizado no tórax
direito enquanto o seu eixo (seta) aponta para direção anterior. Quando o coração está em posição anormal secundário a patologia extracardíaca,
este é simplesmente descrito como desviado. LA, átrio esquerdo; LV, vent rículo esquerdo; RA, átrio direito; RV, ventrículo esquerdo .
534 A VALIAÇÃO UlTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

nações variadas de lesões obstrutivas é designada síndrome de


Shone. A forma mais grave de alteração do desenvolvimento
das estruturas do lado esquerdo é a síndrome da hipoplasia do
coração esquerdo, em que o grau de hipoplasia do ventrículo
esquerdo impede qualquer forma de reparo biventricular (Fig.
14-23).
A conexão venosa pulmonar anômala também é causa
rara de desprofg0rção ventricular e arterial com dominância
do lado direito 9-91. A desproporção é tipicamente vista na co-
nexão venosa pulmonar anômala total (Fig. 14-24). Na presen-
ça de um defeito do septo atrial grande ou com drenagem in-
fradiafragmática, a dilatação do lado direito do coração pode
Conexão concordante Conexão discordante não ocorrer até o final da gestação. Não é frequente o retorno
venoso pulmonar anômalo parcial causar qualquer despropor-
ção significante das câmaras cardíacas (Fig. 14-25). O diagnós-
tico da drenagem venosa pulmonar anômala somente pode
ser excluído de forma segura pelo exame direto das vias de
drenagem venosa pulmonar para o átrio esquerdo utilizando
o mapeamento pelo Doppler colorido ou power (Fig. 14-6.E) .
É importante ter ciência de que a veia pulmonar confluente
na conexão venosa pulmonar anômala está muito próxima
da parede posterior do átrio esquerdo e, deste modo, pode-se
considerar erroneamente que conecte normalmente para este
átrio. A dilatação isolada da VCS pode ser um sinal o
diagnóstico da drenagem anômala para a veia sistêmica 2.
Já a dilatação do ventrículo direito em um coração nor-
malmente estruturado sem regurgitação tricúspide significante
Isomerismo atrial direito Isomerismo atrial es- é descrita como discrepância ventricular com dominância do
conectado ao ventrículo querdo conectado ao lado direito (Figs. 14-26 e 14-27). Os primeiros estudos enfati-
A d-Ioop ventrículo I-Ioop
zam que a dominância do lado direito é altamente preditiva de
coarctação e outras formas de obstrução da aorta 93 .94. Entre-
tanto, a dominância do lado direito não é um achado ultras-
sonográfico consistente de coarctação, ocorrendo em somente
60% dos recém-nascidos com esta patologia94 . Além disto, a
dominância do lado direito não distingue os fetos com coarc-
tação e sem coarctaçã095,96. Portanto, é importante avaliar o
tamanho e a configuração do arco aórtico quanto à dominân-
cia do lado direito. Como uma regra, a dominância do lado
direito deve ser considerada mais significante quando a aorta
ascendente for menor que a VCS ou a aorta descendente ou
quando o arco aórtico é significativamente menor que o arco
ductal no corte dos três vasos (Figs. 14-26Ce 14-27B). O fluxo
reverso no arco aórtico é um sinal sugestivo importante de
Dupla entrada de ventrículo Dupla entrada de ventrículo lesão obstrutiva do arco aórtic0 97. O lado direito dominante é
esquerdo direito
menos preditivo de coarctação da aorta em gestação avançada,
pois o ventrículo direito normalmente é maior que o esquerdo
quando a gestação se aproxima do term038 ,39,96. De fato , a co-
arctação da aorta com uma lesão em anel ou escarpa posterior
não é comum no feto (Fig. 14-27C). Especula-se que a aorta
desenvolve um estreitamento real com escarpa posterior quan-
do ocorre o fechamento do ducto arte rios o após o nascimento
na maioria dos casos isolados de coarctação. A coarctação evi-
dente da aorta em geral consiste em manifestação das formas
mais complexas de obstmção do arco aórtico associadas às
outras doenças cardíacas significativas.
A constrição ductal também está associada à dominância
do lado direito (Fig. 14_28)98-100. A constrição ductal é classi-
camente identificada com a administração materna de inibido-
Conexão Conexão res da ciclo-oxigenas, como a indometacina, embora também
atrioventricular atrioventricular
direita ausente esquerda ausente
estejam sendo vistas sem o uso de um agente desencadeador.
B Q.lando associada à terapia do inibidor da ciclo-oxigenase, a
FIGURA 14-15. Conexões atrioventriculares (A) biventricular e (8) constrição ductal é reversível. Devido ao atraso do diagnóstico
uni ventricular. LA, átrio esquerdo; LV (Iv), ventrículo esquerdo; RA,
átrio direito; RV (rv), ventrículo direito.
da constrição ductal resultar em falência cardíaca direita com
hidropisia, óbito intrauterino e hipertensão pulmonar persis-
535
--
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A B

c o
FIGURA 14-16. Conexões ventriculoarterial e atrioventricular discordante Itransposição das grandes artérias corrigida congênita). A. O corte
de quatro câmaras mostra levocardia e relação I-Ioop ventricular com morfologia de ventrículo direito IRV) à esquerda e morfologia de ventrículo
esquerdo ILV) à direita. Note a inserção mais apical da válvula ventricular do lado esquerdo em relação ao septo lasteriscos). B. O corte de três
vasos mostra a relação acentuadamente anormal da grande artéria com a aorta ascendente IAo) na porção anterior esquerda da artéria pulmonar
principal (PA). Esta posição é a mais comum identificada e altamente sugestiva de transposição corrigida das grandes artérias no situs solitus.
C. Corte oblíquo anterior direito mostra a relação superior-inferior das partes dos ventrículos e a conexão ventriculoarterial discordante. A via
de saída subpulmonar lasteriscos) mostra estreitamento. D. Representação diagramática do caso. Ao, aorta descendente; d, defeito do septo
ventricular; L, artéria pulmonar esque rda; LA, átrio esque rd o; R, arté ria pulmonar direita; RA, át rio direito; SVC, veia cava superio r.
536 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A B

FIGURA 14-17. Dupla entrada de ventrículo esquerdo com conexão


ventriculoarterial discordante . A e 8 . Corte de quatro câmaras e corte
anterior direito. Somente um ventrículo (LV ) é identificado no corte
de quatro câmaras (A). Um ventrículo rudimentar (rv) é visto acima da
câmara ventricular principal (LV) no corte oblíquo anterior direito (8).
Esta localização ante rior e superior do ventrículo rudimentar indica
que este apresenta morfologia de ventrículo direito e que a câmara
principal aparenta a morfologia de ventrículo esquerdo. A dupla co-
nexão de entrada do ventrículo esquerdo é bem identificada em A . A
única entrada para o ventrículo direito é o defeito do septo ventricular
(d). Há conexão ventriculoarterial discordante . C. Corte de três va -
sos. A aorta ascendente (Ao) está localizada à esquerda e anterior à
artéria pulmonar principal (PA). LA , átrio esquerdo ; RA , átrio direito;
SVC, veia cava superior .

c
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL
-- 537

A B

c D

FIGURA 14-18. Atresia de tricúspide com relação e conexão normal das grandes artérias. A. Corte de quatro câmaras mostra que o assoalho
muscular (asteriscos) separa o átrio direito (RA) do respectivo ventrículo direito pequeno (rv). Há um defeito do septo ventricular não restritivo
(d) entre o ventríc ulo esquerdo aumentado (LV) e o ventrículo di reito pequeno. B. Corte de três vasos mostra uma relação e tamanho normais
dos três vasos. C. Corte oblíquo sagital do ventrículo direito mostra a artéria pulmonar (PA) originando-se do ventríc ulo direito. D. Corte oblíquo
da via de saída do ve ntrículo esquerdo mostra a aorta (Ao) originando-se no ventrículo esque rd o. Ao; aorta descen dente; LA , átrio esque rdo;
SVC, veia cava supe rior .
538 AVALI AÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

FIGURA 14-19. Conexão univentricular ao ventrículo de morfologia


direita. O corte sagital mostra uma pequena câmara rudimentar (Iv) na
porção inferior posterior do câmara principal (RV). A câmara rudimen-
tar pode ser considerada morfologicamente como ventrículo esquerdo
devido a sua localizacão posterior e inferior. Ao , aorta ascendente.
(Reimpresso com permissão de de Yoo SJ, Lee YH, Cho KS, et ai: Se-
quential segmental approach to fetal congenital heart disease. Cardiol
Young 9:430, 1999.)

Com um Defeito Cardíaco Sem Defeito Cardíaco


Identificado Identificável
Regurgitação da tricúspide Coarctação da aorta
Malformação de Ebstein Constrição do ducto arterioso
Displasia da valva tricúspide Malformação aneriovenosa
Mau posicionamenlO extra cardíaca
da valva tricúspide Aneurisma da veia de Galeno
Atresia pulmonar com septo Malformação arteriovenosa
ventricular intacto hepática
Lesão ObSOl.ltiva do lado Restrição de crescimento
esquerdo intra-útero
Estenose mio'al: supravalvar, Idiopática B
valvar e subvalvar FIGURA 14-20. M alformação de Ebstein. A . O corte de quatro câ-
Estenose aónica a-ítica maras most ra um coração grande com dilatação do átrio direito (RA)
Síndrome da hipoplasia do e ventrículo direito (RV). Note a inserção deslocada do folheto septal
coração esquerdo da válvula tricúspide (asterisco superior). O folheto anterior da válvula
mitral apresenta inserção normal no septo (asterisco inferior). O fo-
Coarctação da aorta
lheto ante rior da válvula tricúspide é grande, enquanto que o folheto
Conexão venosa septal é pequeno. B. Imagem do Doppler colo rido no mesmo corte de
pulmonar anômala A mostra a regurgitação moderada da tricúspide, LA, átrio esquerdo;
LV , ventrículo esquerdo.

tente nos recém-nascidos, o seu diagnóstico precoce é impor- to arterioso tortuoso em fase avançada da gestação também
tante. A constrição ductal é caracterizada por cardiomegalia contribui para a restrição do Buxo ductal, embora estes dados
aguda com regurgitação tricúspide, dilatação arrial c venni- ainda nccessitem ser provados em esrudo populacional mais
cular direita, e discinesia e hipertrofia do venlrículo direito. amplolOl , Deve ser considerado que o ducto arterioso pode ser
Devido à elevação da pressão diastólica ventricular direita, a pequeno, sem constrição fisiológica, quando houver redução
valva tricúspide abre pouco na diástole. O diagnóstico é rea- do Buxo sanguíneo do ventrícu lo direito para a artéria pulmo-
lizado pela documentação da aceleração do fluxo através do nar como na tetralogia de Fallot e também que o ducto arterio-
ducto arterioso estreito (Fig. 14-2 8C). Foi sugerido que o duc- so pode estar ausente na tetralog"ia de Fallot com a síndrome
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 539

A B

FIGURA 14-21. Atresia pulmonar com septo ventricular intacto. A.


Corte de quatro câmaras mostra hipoplasia gra ve da cav idade ventri-
cular direita (rv) e espessamento acentuado da parede livre do ventrí-
culo direito. B. Corte dos três vasos mostra que a aorta ascendente
(Ao) está localizada mais anteriormente com relação à artéria pulmo-
nar principal (PA). resultando em visão dos três vasos mal alinhada.
A artéria pulmonar principal está disc retamente menor que a aorta
ascendente. C. Corte do arco ductal com Doppler colorido mostra o
shunt esquerda-para-direita através do dueto. O fluxo sanguíneo do
ventrrculo direito (sinal azul na via de saída ventricular direita fRVOTlI
e o fluxo retrógrado na artéria pulmonar principal (sinal vermelho) co-
lidem na válvula pulmonar atrésica . LA, átrio esquerdo; LV, ventrículo
esquerdo; RA, átrio direito; SVC, veia cava superior.

c
540 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A
B
FIGURA 14-22. Estenose mitral. A. Corte de quatro câmaras mostra que o ventrículo esquerdo (LV) é menor que o ventrículo direito (RV).
Os folhetos da válvula mitral estão espessados. Note que o septo atrial está encurvado em direção ao átrio direito (RA). B. Imagem do Doppler
colorido no corte de quatro câmaras mostra a aceleração do fluxo (setas) através da valva mitral. LA , átrio esquerdo.

A B
FIGURA 14-23. Síndrome do coração hipoplásico à esquerda. A. Corte de quatro câmaras mostra que o ventrículo esquerdo (LV) está muito
pequeno. O ápice do coração (seta) é formado pelo ventrículo direito (RV) . A lâmina valvular da fossa oval está abaulada para o átrio direito
(RA) devido ao shunt reverso através do forame oval. A superfície endocárdica hiperecogência do ventrículo esquerdo sugere fibroelastose
endocardlca. B e C. Continua
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 541

c
D
FIGURA 14-23 cont o Cortes de três vasos e oblíquo anterior direito
mostram uma aorta ascendente (Ao) pequena e a artéria pulmonar
principal dilatada (PA). A aorta ascendente fina pode ser traçada em
direção à válvula aórtica atrésica em C. D. Imagem do Doppler colori-
do do arco aó rtico mostra o fluxo retrógrado no arco aórtico fino. E.
Doppler espectral da veia pulmonar inferior direita mostra aumento da
onda A reversa (a). S e D são as ondas de fluxo direc ionais sistóli ca
e diastólica respectivamente . ao , aorta descendente; IVC , veia cava
inferior; LA , átrio esquerdo. SVC , veia cava superior.

E
542 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A
B
FIGURA 14-24. Conexão venosa pulmonar anômala total para a
veia inominada no isomerismo direito. A e 8. Corte de quatro câmaras
mostra que a veia pulmonar confluente (asterisco em A ) está bastan -
te próxima, embora não se conecte com o átrio . C. O corte coronal
mostra que as veias pulmonares direita e esquerda fazem confluência
com a veia vertical que conecta a artéria inominada. A veia cava su -
perior (SVC) está dilatada. Aa , arco aórtico ; LV , ventrículo esquerdo;
RV , ventrículo direito.

c
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 543

A B

FIGURA 14-25. Conexão venosa pulmonar anômala parcial. A. Cor-


te de quatro câmaras mostra a ve ia pulmonar direita inferior conec-
tando ao átrio esquerdo (LA) . A veia pulmonar esquerda não pode ser
delineada para o átrio esquerdo (LA). Não há discrepância significante
direita-esquerda no tamanho das câmaras. B. O corte de três vasos
mostra um vaso adicional (veia vertical) do lado esquerdo da artéria
pulmonar principal (PA) . A veia vertical coleta as veias pulmonares
esquerdas como mostrado em C. C. Corte axial oblíquo mostra a
veia pulmonar esquerda conectando a veia inominada através da veia
vertical. Ao, aorta descendente; LV , ventrículo esquerdo ; RA , átrio
direito; RV, ventrículo direito; SVC , veia cava superior.

c
A
B

c o
FIGURA 14-26. Coarctação da aorta isolada, A, Corte de quatro
câmaras mostra o lado direito dominante no tamanho da câmara,
A lâmina da válvula da fossa oval se abre para o át rio direito (RA),
B, Imagem do Doppler colorido em um corte idêntico mostra o shunt
esque rda-para-di reita (asterisco) através do forame oval. C, O corte
de três vasos mostra a aorta ascendente (Ao ) menor que a veia cava
superior (SVC), D, O co rte de três vasos no nível do arco aórtico mos-
tra o arco aórtico esque rdo hipoplásico, Este está muito menor que o
dueto arterioso, E. Vista do arco aórtico mostra o arco aórtico peque-
no e istmo , ao, aorta descendente; LA, átrio esquerdo; LV, ventrículo
esquerdo; PA, artéria pulmona r principal; RV, ventrículo direito,

E
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 545

A B

c D
FIGURA 14-27. Coarctação isolada de aorta com escarpa posterior. A. Corte de quatro câmaras mostra o lado direito dominante no tamanho
da câmara. B. O corte dos três vasos mostra a artéria pulmonar principal (PAI aumentada e a aorta ascendente pequena (Ao) . C. Corte axial
oblíquo através do arco aórtico e ductal mostra que o arco aórtico encontra-se muito mais estreito que o dueto arterioso . Há aceleração do fluxo
no arco aórtico. D. O corte do arco aórtico mostra o estreitamento difuso desta estrutura. Há uma indentação (seta) na parede posterior da aorta
onde o dueto arterioso faz uma confluência com o arco aórtico. Isto não é achado comum na coactação isolada no feto. LA , átrio esquerdo;
LV, ventrículo esquerdo; RA , átrio direito ; RV, ventrículo direito; SVC, veia cava superior.

da ausência da válvula pulmonar e atresia pulmonar com arté- vés do istmo aórtico pela dispersão do fluxo sanguíneo na
rias colaterais aortapulmonar maiores (MAPCA)55.JOO. malformação da veia de Galena.
As malformações arteriovenosas extracardíacas com cir- É muito importante saber que dominância do lado direito
culação hiperdinâmica, tais como a malformação de veia de também é identificada em alguns fetos com restrição de cresci-
Galeno e a malformação arteriovenosa hepática, também po- mento, bem como os que apresentam reglll-gitação tricüspide
dem causar dilatação do átrio direito e ventrículo direito. De ou conexão venosa pulmonar anômala 9 1. De fato , grau leve e
faro, a coarctação da aorta é identificada em cerca de 40% dos mesmo moderado de dominância do lado dil'eito é comum na
ausência de um defeito cal'diovascular.
pacientes com malformação da veia de Galeno (Fig. 14_29)102
A investigação pelo Doppler do fluxo através do forame
Considera-se que isto ocorra devido à redução do fluxo atra- oval patente é ütil na diferenciação diag11óstica dos casos de
546 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A
B
FIGURA 14-28. Constrição do ducto arterioso causando lado direito
dominante. A. Corte de quatro câmaras mostra dilatação acentuada
do átrio direito (RA) e ventrículo direito (RV). O ventrículo direito
está hipertrofiado. B. Corte do arco ductal mostra o ducto arterioso
estreito. C. O espectro da onda pulsátil do Doppler do dueto mostra o
fluxo turbulento contínuo. ao , aorta descendente ; LA, átrio esquerdo ;
LV, ventrículo esquero; PA, artéria pulmonar principal.

dilatação do átrio e ventrículo direito. Qyando houver o Shllllt a patologia da valva tricúspide com ou sem obstrução da via
esquerda-para-a direita através do forame oval patente, espe- de saída do ventrículo direito, ou conexão venosa pulmonar
cialmente quando a lâmina valvular da fossa oval se abrir para anômala, ou restrição de crescimento intrauterino.
o lado direito. isto é altamente sugestivo de lesão obstrutiva do A dominância do lado esquerdo é muito menos [requente
lado esquerdo , que pode es tar presente ou que pode se desen- e, em geral, vista na rupoplasia do ventrículo direito, com ou
volver-se mais tarde (Figs. 14-22A, 14-23A e 14-26A)96. Qyan- sem obstll.lção da sua via de salda. Pode, também, ser visto
do a lesão obstrutiva grave do lado esquerdo está associada na patologia da valva tricúspide causando redução do fluxo
à restrição do forame oval patente, o fluxo sanguíneo pulmo- sanguíneo para o ventrículo direito, como no acavalgame11lo
nar venoso mostra aumento do fluxo reverso com contração da valva tricúspide. Na maioria dos casos de atresia pulmo-
atrial (Fig. 14-23F) 103· 105 . Q.lando ocorre o shllnt direita-para- nar com septo vent.ricular intacto, o átrio direito está dilatado
esquerda através do [orame oval patente, isto ocorre mais pro- embora o ventrículo direito mostre hipertrofia do miocárdio
vavelmente devido à lesão primária do lado direito , tal como grave com rupoplasia da cavidade (Fig. 14-2 1A).
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 547

A B

c
D
FIGURA 14-29. Malformacão da veia de Galeno com coarctação da aorta. A. Corte tran sverso do cérebro mostra uma dilatação aneurismática
da veia de Galeno e hidroceialia. 8. O corte de quatro câmaras mostra cardiomegalia com dilatação atrial (RA ) e ventricu lar (RV ) direita. O ven-
trícu lo direito também está hipertrofiado. C. O corte do arco aórtico mostra o estreitamento do istmo da aorta. D. O traço do Doppler espec tral
do istmo da aorta mostra o fluxo sistólico anterógrado e o fluxo diastólico retrógrado. Ao, aorta ascendente; ao , aorta descendente; LA , átrio
esquerdo; LV , ventrículo esquerdo.

Defeitos Septais Atrial, Ventricular e patente. Um defeito envolvendo a pane mais superior e poste-
Atrioventricular rior do septo atrial consiste no defeito do seio venoso superior
e está quase sempre associado à conexão anômala da veia
O s defeitos septais atrial, AVe ventricular podem ser identifi- pulmonar direita supelior com a VCS . O defeito envolvendo
cados no cone de quatro câmaras. O designado defeito sertal a pane mais posterior e inferior do sepro atrial é o defeito
atrial secul1dum ou defeito de fossa oval que envolve a lâmina do seio venoso inferior e está associada à veia cava inferior,
da fossa oval não pode ser diagnosticado, a menos que seja drenando parcial ou totalmente para o átrio esquerdo. Ambos
muito grande, pois a lâmina da válvula da fossa oval consiste os tipos de defeitos do seio venoso são raros.
em delicada estrutura membranosa que mostra O movimento O defeito do septo AV é caracterizado por um defeito sep-
de "batimento de asa" com O Ouxo através do forame oval tal grande no centro do coração no nível da junção AV (Fig.
548 AV ALlAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A AVSD

DSAV (AVSD) com orifício DSAV (AVSD) com orifício


Normal valvular atrioventricular comum valvular atrioventricular repartido
B

Shunts interatriais e Somente shunt Somente shunt


c interventriculares interatrial interventricular

FIGURA 14-30. Diagramas mostrando a característica do defeito do septo atrioventricular (DSAV). A. Ventrículo esquerdo identificado do lado
esquerdo mostrando a desproporção de entrada e saída e aumento da distância entre a aorta (Ao) e a junção (cruz) do coração (CC) no DSAV.
B . Válvulas AV vistas de cima. Note a posição em cunha da válvula aórtica (AV) entre a tricúspide (TV) e a mitral (MV). A válvula aórtica não
apresenta a posição em cunha no DSAV com o aumento da distância entre a válvula aórtica e a junção cardíaca devido ao anel atrioventricular
comum . Os cinco folhetos do DSAV são os folhetos da ponte anterior e posterior (ABL e PBL), os folhetos murais esquerdo e direito (LLM e
RLM) e o folheto anterior direito (RA). C. Nível dos shunts. O nível do shunt através do DSVA é determinado pela relação entre os folhetos
da ponte com a margem septal do defeito. AVS , septo atrioventricular; LA , átrio esquerdo ; LV , ventrfculo esquerdo ; MS, septo membranoso;
PV, válvula pulmonar; RA , átrio direito, RV , ventrículo direito .

14-30). O defeito do septo AV é mais que um simples defeito AV mostra níveis diferentes de slllmts de acordo com a relação
septal. Este é caracterizado por um anel AV comum com dis- dos folhetos da válvula AV ao septo (Fig. 14-3 0C). Qyando os
posição anormal dos folhetos das válvulas, uma posição em folhetos da ponte anterior e posterior não se inserirem tanto
cunha da válvula aórtica, e o encurtamento da dimensão da na crista do septo atrial quanto do ventricular, há dois níveis
entrada ventricular com desproporção da via de entrada e sa- de shunts, interatrial e interventricular (Fig. 14-31). Menos fre-
ída do ventrículo esquerdo (Fig. 14-3 0A). A válvula AV con- quentemente, os folhetos da ponte estão inseridos na crista
siste em cinco folhetos: folhetos de ponte anterior e posterior, septo ventricular, determinando um defeito exclusivo de co-
folhetos mural lateral esquerdo e direito e um folheto direito municação interatrial (Fig. 14-32). Esta última variante tam-
anterior entre os folhetos mural lateral direito e ponte anterior bém é chamada de defeito do septo atrial primum. Raramente,
(Fig. 14-30B). O folheto anterior direito pode ser vestigial. O os folhetos se inserem na crista do septo atrial, estabelecendo
orifício da válvula pode ser comum para as câmaras direita e um defeito de comunicação exclusivamente interventricular.
esquerda. Podem ser repartidos em orifício direito e esquerdo Geralmente, não é difícil realizar o diagnóstico do defeito do
quando ocorrer a fusão entre os folhetos de ponte anterior e septo AV pela utilização do corte de quatro câmaras. O defei-
posterior aU'avés de uma lingueta de tecido. O defeito do septo to é identificado como uma solução de continuidade grande
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 549

A A

B B
FIGURA 14-31. Defe ito do septo atrioventricular com shunt inte- FIGURA 14-32. Defeito do septo atrioventricular somente com shunt
ratrial e interventricular. A. Imagem diastólica mostrando um defeito interatrial (defeito atrial do septo primuml. A. Imagem diastólica mos-
do septo atrioventricular (di. B. Imagem sistólica mostrando que o tra um defeito do septo atrioventricular (di. B. Imagem sistólica mostra
defeito é dividido em componentes interatrial e interventricular pe- que os folhetos de ponte estão inseridos na crista do septo ventricular
los folhetos da ponte. Note o encurtamento da via de entrada ven- tornando o defeito exclusivamente interatrial. Note que o comprimen-
tricular, que é um pouco mais longo do que o comprimento atrial. to do ventrículo é quase igual ao comprimento do átrio, sugerindo
LA; átrio esquerdo; LV , ventrículo direito; RA, átrio direito; RV , ven- o encurtamento da via de entrada ventricular. LA; átrio esquerdo;
trículo direito. LV , ventrículo direito; RA , átrio direito; RV, ventrículo direito.

com os folhetos de ponte livres, flutuando pelo defeito ou in- a quase 1:1 em muitos casos . Esta aparência é útil quando a
serido na crista septal (Figs. 14-31 e 14-32). Também é iden- janela ultrassonográfica está reduzida ou não é possível uma
tificado, no defeito do septo AV, o encurtamento da via de visualização adequada, ou quando o defeito necessita ser dife-
entrada. Esta característica pode ser apreciada pelo cálculo da renciado do defeito do septo ventricular de entrada. O defeito
razão comprimento átrio/ventrículo no cone de quatro câma- do septo AV pode ser mimeuzado pela dilatação do seio co-
ras lOfi . l m No coração normal, o comprimento atrial é aproxi- ronariano com persistência da VCS esquerda (Fig. 14-33) 108.
madamente metade do comprimento ventricu lar. Nos defeitos De acordo com o tamanho dos ventrículos . o defeito do septo
septais AV, o comprimento do átrio é mais que dois terços AV pode ser classificado nos tipos: balanceado. direito domi-
do comprimento ventricular, com a relação se aproximando nante e esquerdo dominante (Fig. 14-34). O defeito do septo
550 AVALI AÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A B

c D

FIGURA 14-33. Veia cava superior bilateral. A. Corte axial através da parte inferior do quatro câmaras mostra o seio coronariano dilatado (CS) .
Tanto o seio coronariano quanto a veia cava inferior (IVC) abrem no átrio direito (RA). O seio coronariano dilatado aberto pode ser confundido
com o defeito do septo atrioventricular. B. O corte verdadeiro de quatro câmaras mostra que a parte inferior do septo interatrial está intacta. O
seio coronariano dilatado é identificado na junção atrioventricular acima do anel da válvula mitral. C. O corte dos três vasos mostra quatro vasos.
O vaso adicional é a veia cava superior esquerda (LSVC) do lado oposto da veia cava supe rior direita (RSVC). Um achado simMar também é visto
na conexão venosa pulmonar anômala total ou parcial para a veia inominada. D. O corte coronal oblíquo mostra a veia cava superior dilatada e o
seio coronariano formando um canal em forma de "J" ao longo do át rio esquerdo (LA). Ao, aorta ascendente; LA, átrio esquerdo; LV, ventrículo
esquerdo; PA, artéria pulmonar principal; RV, ventrículo direito.

AV está, com frequência. associado à obstrução da via de sa- fase sistólica. Durante a diástole, a via de saída ventricular es-
ída do ventrículo esquerdo e do arco aórtico. A via de saída querda caracteristicamente parece estreita com a aparência de
vcntricular csquerda eSlreÍla pode ocorrer devido ao próprio "pescoço de ganso" devido ao folheto anterior da ponte estar
folheto anterior de ponte, tecido acessório anormal da válvula deslocado para frente e para baixo. Esta deformidade em pes-
AV, trave fibrosa, ou banda muscular proeminente entre as coço de ganso da via de saída ventricular esquerda não deve
válvulas AV e aórtica. Entretanto, deve ser enfatizado que a ser interpretada como uma lesão obstrutiva. Mais importante,
via de saída ventricular esquerda deve ser avaliada durante a o defeito do septo AV está associado a anomalias cromossôrni-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 551

FIGURA 14-34. Defeito do septo atrioventricular com hipoplasia FIGURA 14-35. Átrio comum com um filamento do septo atrial re-
grave do ventrículo esquerdo. O septo ventricular não está alinhado manescente no isomerismo direito. Há uma forma completa de de-
com o septo atrial. A crista do septo ventricular e a extremidade feito do septo ventricular grande com uma cavidade atrial comum.
inferior do defeito do septo atrial estão marcadas por asteriscos. O Somente um filamento fino do septo atrial remanescente aparece na
ventrículo esquerdo ILV) está muito hipoplásico. O septo ventricular cavidade atrial comum. O filamento é identificado como um ponto
pode ser confundido por um músculo papilar. LA, átrio esquerdo; Iseta) no centro do átrio comum. Este achado é altamente suges-
RA, átrio direito; RV, ventrículo direito. tivo de isomerismo direito. LV, ventrículo esquerdo; RV, ventrículo
direito.

cas em cerca de 50% dos casos10 9.110. De interesse, nos defeitos do líquido pericárdico pode ser apreciado através do Doppler
de septo AV não complicados, a frequência de anomalias cro- colorido. Como o fluxo do líquido é identificado como uma
mossômicas é maior. O defeito do septo AV é particularmente estrutura linear na imagem bidimensional, este pode ser con-
frequente na heterotaxia visceral. É identificado em 90% no fundido com um vaso coronariano. A quantidade patológica
iSOlnerismo direito e em 50% no isomerismo esquerdo (Ta- de acúmulo de líquido pericárdico (derrame) pode surgir ou
bela 14-5). O tipo de defeito do septo AV é frequentemente estar associado a uma variedade de condições incluindo do-
característico de sua associação ao isomerismo direito : o átrio ença cardíaca estrutural, função cardíaca alterada, trissomia
é uma câmara comum com apenas um filamento de tecido do do 21 e outras anomalias cromossômicas e processos infec-
septo arrial remanescente no centro. O tecido do septo atrial CiOSOSI1 3.114. Um acúmulo de líquido (derrame) pericárdico
remanescente é visto como um ponto central no átrio comum volumoso em um coração normal é indicação de pesquisa do
no corte de quatro câmaras (Fig. 14-35). cariótipo fetal 114 .
Os defeitos do septo interventricular de entrada não são
comuns. Estes consistem em defeitos perimembranosos se
estendendo em direção à entrada do ventrículo ao longo do
anel do folheto septal da valva tricúspide ou defeitos muscu- Corte dos Três Vasos
lares. O defeito perimembranoso de entrada é limitado supe- O corte dos três vasos fornece importantes sinais para o
riormente pelas valvas tricúspide e mitral, que parecem ser diagnóstico em quase todas as lesões envolvendo as vias de
contínuas. Assim, é difícil diferenciá-la do defeito do septo saída venn'Ícular e dos grandes vasos (Fig. 14_10)47'.50. As
AV no corte de quatro câmaras, em cuja situação o cálculo da anormalidades que podem ser identificadas no plano de três
razão comprimento átrio/ventricular pode ser útil106.107. A di- vasos incluem: tamanho anormal, alinhamento, disposição e
ferença mais importante é a parte inferior do septo atrial, que número de vasos (Tabela 14-8).
está intacta no defeito do septo ventricular. É interessante que O tamanho do grande tronco arterial pode ser facilmente
ambos os defeitos do septo AV e o defeito do septo interven- comparado no corte dos três vasos. Geralmente, o tamanho
tricular de entrada estão comumente associados à trissomia do vaso reflete a quantidade de Buxo sanguíneo que está pas-
do 21 111 . sando por ele. Assim, há relação recíproca no tamanho entre
O derrame pericárdico também é identificado melhor no a aorta ascendente e a artéria pulmonar principal. Uma aorta
cortc dc quatro câmaras. O cspaço pericá.rdico normal con- ascendente pequena e uma artéria pulmonar grande sugerem
tém quantidade pequena de líquido que pode ser identificada que o Buxo sanguú1eo está sendo direcionado para a artéria
como uma faixa anecóica ao longo da margem externa do co- pulmonar principal 47'5o . Q uando a aorta ascendente for me-
ração 112. O líquido no espaço pericárdico se move para o ápice nor que a VCS ou a aorta descendente, pode ser assegurado
na sístole e para a base durante a diástole. Este movimento que esta é pequena (Figs . 14-23B, 14-26C, 14-26D) 14-27B). Na
552 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

I Tabela Plano Anormal dos Três Vasos


Achados Anormais Doença Cardíaca Congênita

Tamanho anormal do vaso Aorta ascente pequena ou Coarctação da aorta


artéria pulmonar grande Interrupção do arco aórtico
Síndrome da hipoplasia do coração esquerdo
Estenose aórtica crítica
Artéria pulmonar principal pequena Teu-alogia de FalJot
e aorta ascendente grande Atresia pulmonar com defeito do septo venn;cular
Atresia de pulmonar ou estenose crítica com septo
venn-icular intacto
Malformação de Ebstein
Dilatação da artéria pulmonar principal Estenose de válvula pulmonar
Regurgitação pulmonar
Dilatação da aorta ascendente Estenose da valva aórtica
Regurgitação da aorta
SÚ1drome de Marfan
Dilatação da veia cava superior Interrupção da veia cava inferior
TIpo supracardíaco da conexão venosa pulmonar anômala
total ou parcial
Falência do ventrículo direito
Aneurisma de veia de Galeno

Alinhamento anormal do vaso Deslocamento anterior da aorta Teu-alogia de Fallot


ascendente e artéria pulmonar Dupla saída de ventrículo direito com estenose subpulmonar
principal pequena
Deslocamento posterior da aorta Síndrome da hipoplasia do ventrículo esquerdo
ascendente pequena Interrupção do arco aórtico
Relação lado a lado com O mesmo Dupla saída de ventrículo direito
tamanho arterial
Relação lado a lado com a aorta Alguma transposiÇ<'io completa de grandes artérias
ascendente Transposição completa com estenose subaórtica

Disposição anormal do vaso Aorta ascendente anterior direita Transposição completa das grandes artérias
(disposição triangular) Alguma dupla saída de ventrículo direito
Aorta ascendente anterior esquerda Transposição corrigida das gTandes artérias
Dupla enu-ada de venu-ículo esquerdo com transposição
Veia cava superior lateral esquerda Ausência da veia cava superior direita

Número anormal do vaso Uma artéria Tronco arterioso


Artéria pulmonar com defeito do septo venu-icular e ausência
ou hipoplasia da artéria pulmonar pl;ncipal
Qyatro vasos Veia cava supel;or bilateral
Conexão venosa pulmonar anômala parcial

presença de conexões AV e ventriculoarterial concordantes, va tl;cúspide e/ou lesões obstrutivas do lado direito do cora-
o Buxo preferencial para a artéria pulmonar principal ocorre ção, como estenose tricúspide ou pulmonar.
frente à existência de lesão obstrutiva ou lesão do lado esquer- A artéria pulmonar principal é caracteristicamente peque-
do do coração, como discutido na seção prévia. Estas lesões na na tetralogia de Fallot (Fig. 14_36)47.48,55. Com relação à
estão associadas a vários graus de hipoplasia do coração es- morfologia, a tetralogia de Fallot é caracterizada pelo desvio
querdo ou do arco aórtico ou de ambos . O Buxo preferencial anterior esquerdo e superior da saída ou septo infundibular
para o lado direito do coração também ocorre com a conexão em relação ao resto do septo ventricular, causando um tipo
venosa pulmonar anômala, embora este achado não seja uma de grande alinhamento inadequado do defeito do septo ven-
constante89 -9 1. Sem o fluxo preferencial para este, a artéria pul- tricular, e estenose subpulmonar e pulmonar (Fig. 14-36C). A
monar principal volumosa pode ser devido à dilatação pós-es- artó;a pulmonar é invariavelmente pequena e a aorta ascen-
tenótica quando há estenose da válvula pulmonar4H 8 . dente dilatada, que tende a ser mais evidente com o avanço da
Uma artéria pulmonar principal pequena e uma aorta as- gestação l1 5 ,l16 _ A única exceção a esta regra ocorre quando a
cendente grande sugerem direcionamento do fluxo sanguíneo tetl-alogia de Fallot está associada à síndrome da ausência da
para a aorta ascendente. Na presença da relação nonnal entre válvula pulmonar, que será discutida posteriormente nesta se-
as câmaras cardíacas e grandes artérias, o Buxo preferencial ção. Como o defeito do septo ventricular na tetralogia envolve
para a aorta ascendente ocorre mais com regurgitação da val- a parte da via de saída do septo, este não é identificado no
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 553

A B

c
D
FIGURA 14-36. Tetralogia de Fallot. A. O corte dos três vasos mostra o mau alinhamento dos três vasos com o deslocamento anterior da aorta
ascendente larga (Ao) e o discreto deslocamento posterior da artéria pulmonar principal menor (PA). B. O corte da via de saída do ventrículo
esquerdo mostra um defeito do septo ventricular perimembranoso grande (d). A aorta acavalga sobre o septo ventricular . C. Corte oblíquo ante -
rior direito do ventrículo direito (RV) mostrando o estreitamento da via de saída do ventrículo direito (RVOT) devido ao desvio anterior esquerdo
da saída do septo (asterisco) . O defeito do septo ventricular é visto posterior ao septo de saída desviado . D. Diagrama mostrando o mecanismo
patológico da tetralogia de Fallot. A característica principal da tetralogia é o desvio esquerdo, anterior e superior da saída do septo causando o
estreitamento da via de saída ventricular direita e a alteração do alinhamento do defeito do septo ventricular. ao, aorta descendente; LA , átrio
esquerdo; LV, ventrículo esquerdo; RA , átrio direito; RV, ventrículo esquerdo; SVC, veia cava superior. (Reimpresso com permissão de Lee YH,
Kim ES, et ai: Tetralogy of Fallot in the fetus: findings at targeted sonography. Ultrasound Obstet gynecol 14:29, 1999.)

corte de quatro câmaras (Fig. 14-14B), a menos que o defeito A dilatação da VCS é vista na interrupção da continua-
se estenda para a porção de entrada do septo ou a tetralogia ção da veia cava inferior com as veias ázigos ou hemiázigos ,
estiver associada ao defeito do septo AV. Como discutido ini- malformações arteriovenosas, como O aneurisma da veia de
cialmente, o cone de quatro câmaras pode mostrar o desvio Galena ou a falência cardíaca do lado direito, Está, também,
para a esquerda do eL'{o cardíaco (Fig. 14-14B). dilatada quando ocorre drenagem venosa pulmonar anômala
Sem o seu fluxo preferencial, a aorta ascendente grande para a veia inominada ou diretamente para a VCS 92 .
pode ocorrer devido à dilatação pós-estenótica quando há es- O alinhamento anormal dos vasos se refere à não disposi-
tenose da válvula A síndrome de Marfan é possível ção dos três vasos da sequência em linha reta independente da
causa para uma dilatação inexplicável da aorta 11 7. sua ordem esquerda-direita estar preservada. Mais comumen-
AVA LI A ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A B

FIGURA 14-37. Dupla saída de ventrículo direito. A. Corte de três


vasos mostrando a relação lado a lado das grandes artérias. 8 . A
via de saída ventricular mostra a aorta (Ao) emergindo do ventrículo
direito (RV). O defeito do septo ventricular (d) está abaixo da válvula
aórtica e é a única saída do ventrículo direito. C. Corte mais anterior
ao 8 mostra que tanto a aorta quanto a artéria pulmonar (PA) origi-
nam-se do ventrículo direito. L, artéria pulmonar esquerda; LV, ven -
triculo esquerdo; R, artéria pulmonar direita; SVC, veia cava superior.
(A reimpresso com permissão de Yoo SJ, Lee YH, Cho KS: Abnormal
three -vessel view on sonography: A clue to the diagnosis of congeni-
tal heart disease in the fetus. Am J Roentgenol 172:825, 1999.)

te, o ali.nhamento anormal é causado por des locamento da grave do lado esquerdo do coração, como a síndrome da ru-
aorta ascendente com ou sem deslocamento posterior da ar- poplasia do coração esquerdo e a interrupção do arco a6rtico.
téria pulmonar principal. Esta fomla de alinhamento anormal A disposição anormal dos vasos se refere à distorção
é identificada na maioria dos casos de tetralog-ia de Fallot na grosseira da ordem esquerda-direita dos três vasos. A dis-
qual a aorta ascendente dilatada está deslocada anteriormente posiÇ<'io anormal mais comum é um triangular (Fig.
e para a direita e a artéria pulmonar menor está des- 14_38)34.47.48. A aorta ascendente está localizada anteriormen-
locada posleriormente (Fig. 14-36)47. 8.'5 . Também é vista na te à direita ou imediatamente anterior à artéria pulmonar
dupla saída de ventrículo direito em que as grandes artérias principal. Esta disposição é identificada na maioria dos casos
frequentemenle estão posicionadas lado a lado (Fig. 14-37). de transposição completa das grandes artérias e em alguns
Casos ocasionais de transposição completa das grandes arté- casos de dupla saída de ventrículo direito . A transposição
rias podem apresentar relações arteriais similares. completa é caracterizada pela conexão ventriculoarteriaJ dis-
Menos frequentemente , o alinhamento anormal é cau- cOI-dante na presença de conexão AV concordante. Como
sado pelo deslocamento posterior da aorta ascendente (Fig. consequência, a circulação sistêmica e pulmonar apresenta
14-23B). Esta forma de alinhamento anormal sugere obstrução circuitos paralelos, que não permitem a sobrevida após o
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFI CA DO CORAÇÃO FETA L

A B

c
o
FIGURA 14-38. Transpos ição completa das grandes artérias . A. O corte dos três vasos mostra a disposição triangular dos três vasos. A aorta
(Ao) está localizada à direita e anterior a artéria pulmonar principal (PA). B. O corte de quatro câmaras mostra a anatomia ca rd íaca normal. O
ápice do ve ntrícu lo direito (RV ) está obliterado pela banda moderadora (asteriscos) . C. O corte da via de saída ventricu lar mostra a conexão
vent rícu lo-arterial discordante com cursos paralelos. D. O diagrama mostra a anatomia da transposição completa das grandes artérias. ao ,
aorta descendente ; L, artéria pu lmonar esquerda; LA, átrio esquerdo; LV, vent rícu lo esque rdo; PA , artéria pulmonar principal; RA , átrio direito;
RV , vent rícul o direito; SVC , veia cava superior . (C reimpresso com permissão de Yoo SJ, Lee YH, Cho KS, et ai: Sequential segmental approach
to fetal congenital heart disease. Cardiol Young 9:430, 1999.)

nascimento se não houver um canal de mistura entre os dois tificada na transposlçao das grandes artenas corrigida con-
circuitos. Na maioria dos casos com transposição completa, genitamente (Fig. 14-16B). Como já discutido neste capítulo,
a aorta ascendente está localizada anteriormente à direita da a transposição corrigida é uma condição em que ambas as
arté ria pulmonar principal, mostrando uma disposição trian- conexões AVe ventriculoarterial são discordantes. A posição
gular dos três vasos (Fig. 14-38). Entretanto, há variações invertida das grandes artérias também é vista na dupla en-
significativas na relação das grandes artérias na transposição trada de ventrículo esquerdo com conexão ventricu loarterial
completa. discordante (Fig. 14-17C). Em todas estas condições, a discre-
Uma forma menos comum de disposição anormal é a po- pância significante do tamanho da artéria pulmonar principal
sição reversa do tronco das grandes artérias; ou seja, a aorta e aorta ascendente sugere uma lesão obstrutiva da saída que
ascendente está posicionada à esquerda da artéria pulmonar resulta na diminuição das duas. Raramente, a VCS direita não
principal anterior (Figs. 14-16B e 14-17Cl 1nl8 . Esta é iden- está presente e o retorno venoso sistêmico da parte superior
556 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

do corpo para o átrio direito ocorre através da VCS esquerda


pela via do seio coronariano l1 8.
A presença de dois vasos no corte de três vasos é rara,
embora sugira que um tronco arterial está deslocado ou gra-
vemente hipoplásico ou que apenas um tronco arterial está
presente47A8.55 . Esta alteração é mais encontrada na tetralogia
de Fallot com atresia pulmonar (ou seja, atresia pulmonar
com defeito do septo ventlicular) quando a artéria pulmonar
principal não está formada ou é gravemente atrésica. S6 dois
vasos são identificados no tronco arterioso em que um tronco
arterial único surge do coração e origina a aorta ascendente,
artéria pulmonar e artélia coronariana (Fig. 14-39). o seu
plano de secção mais proximal, o tronco comum é identifica-
do como uma raiz arterial grande. Imediatamente acima deste
plano através da base do tronco, a artéria pulmonar emerge
da parede posterior ou posterior direita do tronco. A diferen-
ciação entre tronco comum e atresia pulmonar é clinicamente
importante. Na atresia pulmonar, a sobrevida do recém-nas-
cido depende do ducto artelioso patente ou MAPCA como
uma conexão vascular t'mica assegurando a perfusão pulmo-
nar (Fig. 14_40)55.1 20 .
vasos no plano de 3 vasos são mais A
te identificados na veia cava superior bilateral (Fig. 14-33): /'
48. 121 A VCS esquerda persistente está na porção esquerda
posterior do ramo principal da artéria pulmonar. Os quatro
vasos também são identificados na conexão venosa pulmonar
anômala total ou parcial para a veia inonimada em que a veia
vertical conecta a veia anômala a veia inonimada consiste
no vaso adicional (Fig. 14-23)1' 2
A comunicação anormal entre os dois troncos arteriais
caracteriza a janela aortapulmonar. O defeito pode envolver
a parte proximal ou distal ou o comprimento inteiro da ar-
téria pulmonar principal. Os tipos total e distal podem estar
associados à origem anormal da artéria pulmonar direita da
aorta ascendente, e estão frequentemente relacionados com in-
terrupção do arco aórtico. O diagnóstico pode ser suspeitado
quando o corte dos três vasos mostrar um defeito entre a aorta
ascendente e a artéria pulmonar principal na presença das váJ-
v,-das aórtica e pulmonar normal nos planos das vias de saída
ventriculares 123.124.
Um ramo da artéria pulmonar pode estar ausente ou ser
hipoplásico (Tabela 14-9). A ausência unilateral de um ramo
da artéIia pulmonar é caracterizada pela agenesia do ramo pro-
ximal da artéria pulmonar com sua porção distai conectada
ao ducto anerioso ipsilateral. A ausência do ramo da artéria
pulmonar está quase sempre do lado oposto do arco aórtico.
Depois do nascimento, o pulmão afetado perde o seu sup1i- B
mento sanguíneo maior assim que o ducto arterioso fecha. Os FIGURA 14-39. A e B. Tronco arterioso. O corte dos três vasos
ramos da artéria pulmonar são pequenos quando ocorre obs- mostra somente dois vasos. O tronco origina a artéria pulmonar direi-
trução grave da via de salda da pulmonar, como na tetralogia ta (R) e esquerda (l). SVC, veia cava superior.
de Fallot com atresia pulmonar grave. a tetralogia de
FalJot com atresia pulmonar (ou seja, atresia pulmonar com
defeito do septo ventricular) está associada a MAPCA, os
ramos da artéria pulmonar podem estar hipoplásicos ou au-
sentes. A hipoplasia pulmonar está associada à hipoplasia dos que apresentam a artélia pulmonar pequena ou ausente está
ramos da artéria pulmonar. A hipoplasia do pulmão direito e reduzida, a menos que exista uma fonte alternativa de supri-
da artéria pulmonar do mesmo lado é tipicamente identificada mento sanguú1e0 73 •
na síndrome de cimitarra. Qyando uma parte grande do pul- A artéria pulmonar esquerda pode apresentar origem mui-
mão é suprimida por uma artéria sistêmica aberrante, como to distal na artéria pulmonar principal e cursar à esquerda
no sequestro pulmonar, o ramo da artéria pulmonar ipsilateral através do espaço entre a traqueia e o esôfago, uma condição
pode estar hipoplásico . A hérnia diafragmáLica congênita está chamada de alça de artéria pulmonar (ou artéria pulmonar
associada a graus variáveis de hipoplasia dos ramos da artéria esquerda anômala). Esta condição está comumente associada
pulmonar. O tan1anho do ramo da artéria pulmonar se corre- à ramificação anormal das vias aéreas e estenose grave da tra-
laciona com O peso do pulmão e deste modo com o prognósti- queia distal. Um ramo da artéria pulmonar pode apresentar
co pós-natal I24. A drenagem das veias pulmonares do pulmão origem anormal na aorta ascendente distai ou proximal (Fig.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 557

Anormalidades dos Ramos da Artéria


Pulmonar
Categorias Significado

Ausência unilateral da artéria pulmonar


direita ou esquerda
Ausente Atresia pulmonar unilateral ou bilateral com
defeito do septo ventricular e artélias
colaterais aortopulmonares principais
Hipoplasia Bilateral
Doença cardíaca congênita com obstrução
de via de saida pulmonar severa
Hérnia diafragmática
Hipoplasia óssea do tórax
Unilateral
Síndrome de Cimitarra
Hipoplasia pulmonar
Sequestro pulmonar
Dilatação Ducto arterioso constrito
Síndrome da ausência da valva pulmonar
Curso anormal Ramo da artél;a pulmonar esquerda
A elevada
Origem anormal Origem anômala do ramo da artéria
pulmonar da aorta ascendente
Origem proximal
Ori gem d is tal

da tricúspide. A avaliação com Doppler espectral e colorido


do ducto constTÍto mostra um fluxo turbulento com veloci-
dade elevada. Um pico de velocidade sistólica maior que
1,5 m/segundo com aumento da velocidade do fluxo diastólico
é sugestivo de constrição ductal.
Os raJUos das aJ'térias pulmonares apresentam dilatação
aneurismática quando a tetralogia de Fallot está associada à
síndrome da ausência da válvula pulmonar (Fig. 14_42)55.126.
Esta condição, em geral, está associada à ausência congênita
do ducto arterioso, sugerindo que o mecanismo patológico
da dilatação dos ramos das artérias pulmonares seja similaJ'
ao encontrado no fechamento prematuro do ducto arterioso.
O ducto arterioso pode apresentar dilatação aneurismática na
gestação avançada (Fig. 14-43) 129.131.
Os aneurismas de ducto arterioso podem ser observados
em pacientes com anomalias do tecido cOI:juntivo, como nas
B síndromes de Marfan, Ehlers-DaJllos e Larsen. Apesar de a
FIGURA 14-40. Artéria aortopulmonar colateral maior na tetralogia maioria apresentar regressão espontânea, são relatadas com-
de Fallot com atresia pulmonar. A. O corte sagital mostra a artéria plicações como: ruptura espontânea, erosão, tromboembo-
aortopulmonar colateral maior (MAPCA) surgindo da parede anterior
da aorta descendente (ao). B. O corte axial mostra as artérias colate- lismo, infecção e compressão de estruturas adjacentes I17.13I .
rais bifurcando em ramos (asteriscos) para os dois pulmões. O aJleurisma do ducto aJ'terioso é identificado melhor no
corte dos três vasosl 30 . Este deve ser diferenciado do curso
normal tortuoso do ducto na fase avançada da gestação (Fig.
14-1 Or). Ductos gravemente tortuosos, porém, podem estar
associados à constrição ductal com aumento das câmaJ'as car-
14-41). Este diagnóstico ser facilitado pela avaliação com díacas direitas 10 I.
Doppler colorido ou powetJ 2 ,. Qyando há um aJ'CO aórtico esquerdo normal, a aorta des-
Como discutido anteriormente neste capítulo, o raJllO cendente está localizada na parte aJ1terior esquerda do corpo
da artéria pulmonar dilatado pode ser identificado com um vertebral. A aorta descendente do lado direito é altaJl1ente
dueto arterioso constrito (Tabela 14_9)98.100. Q}Iando ocorre sugestiva de um arco aórtico em posição anormal, mais fre-
o fechaJnento do ducto aJ'terioso, o fluxo do lado direito do quentemente o arco aórtico direito do que arco aórtico duplo
coração é totalmente direcionado através do pulmão altaJUen- (Figs. 14-44 e 14-45) No arco aórtico duplo, a aorta des-
te resistente, preenchido por líquido, resultando na dilatação cendente identificada no corte dos três vasos pode estar do
dos ramos da artéria pulmonar e aumento na pós-carga do mesmo lado ou mesmo na linha cenu'al. Raramente, o arco
ventrículo direito com dilatação desta cavidade e regurgitação aórtico está posicionado à esquerda com relação à traqueia,
558 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A
B
FIGURA 14-41. A e B. Origem da artéria pulmonar direita da aorta. O corte dos três vasos mostra a origem anômala da artéria pulmonar
direita (RPA) da parede posterior da aorta ascendente (Ao). PA, artéria pulmonar principal; SVC, veia cava superior. (Reimpresso com permissão
de Jung MJ, Yoo SJ: Prenatal diagnosis of anomalous origin of the right pulmonary artery from the ascending aorta. Cardiol Young 12: 186,
2002.)

embora atravesse a linha média atrás do esôfago para descer o defeito do septo ventricular identificado no corte das
no lado direito. Esta condição rara é chamada de arco aórtico vias de saída consiste mais frequentemente em anomalias peri-
circunflexo retroesofágico. Esta condição também ocorre com membranosas com extensão à saída (Fig. 14-46). Estes defeitos
o arco aórtico direito apresentando uma aorta descendente do são identificados abaixo da válvula aórtica, no plano da via de
lado esquerdo. Qyalquer vaso identificado atrás da traqueia saída do ventrículo esquerdo. É comum para a válvula aórtica
no corte dos três vasos é sinal adicional para anomalia do arco apresentar uma posição levemente sobreposta com relação à
aórtico (Figs. 14-44 e 14_45)133 13.1 Um vaso retroesofágico crista do septo ventricular neste plano, pois o defeito envolve
pode ser um ramo aberrante emergindo da aorta descenden- a parte curva do septo ventricular. É possível imaginar como
te ou uma parte de um arco aórtico duplo ou retroesofágico . um defeito simples pode ser visto sobrepondo o septo ventri-
Como mencionado, a artéria pulmonar esquerda em casos de cular removendo mentalmente o septo abaixo da válvula aór-
alça de artéria pulmonar cursa através do espaço entre a tra- tica identificada no plano normal da via de saída do ventrículo
quéia distai e o esôfago. esquerdo. Por sua vez, esta parte do septo pode ser identifica-
Várias síndromes relacionadas com a deleção do cromos- da falsamente como um defeito, devido ao efeito de volume
somo 22qll estão frequentemente associadas a tetralogia de parcial do corte oblíquo da porção do septo membranoso en-
Fallot, tronco arterioso, interll.lpção e anomalias do arco aór- curvado e fino . Como a comunicação através do defeito do
tic0 13., 135 A deleção do cromossomo 22qll geralmente está septo ventricular em um coração normal é mínima e por um
associada a aplasia ou hipoplasia do timo. Assim, quando for breve período durante a sístole, é difícil perceber o fluxo deste
encontrado um defeito cardíaco que apresenta elevada asso- shunt pela interrogação com Doppler colorido 135. Obviamente,
ciação à deleção do cromossomo 22q 11, a do timo o ultrassom tridimensional apresenta ajuda significante 136 . O
deve ser avaliada utilizando o corte dos três vasos"2.53. Como defeito do septo vennicular do chamado tipo mal alinhado é
mencionado, o diâmetro transverso do timo em milímetros é mais prontamente discernido. A alteração de alinhamento en-
discretamente menor que a idade gestacional em semanas no volve o septo de saída abaixo das válvula semilunares e pode
segundo trimestre e se torna um pouco maior quando a gesta- ser para frente ou para trás. O mau alinhamento da saída do
ção se aproxima do termo õ•. septo para frente ou anterior transgride na via de saída do
ventrículo direito sendo tipicamente encontrado na tetralogia
de Fallot (Fig. 14-36). Este é comumente analisado melhor no
Cortes das Vias de Saída dos corte do eixo curto ou oblíquo anterior direito do que no cor-
Ventrículos Esquerdo e Direito te da via de saída ventricular. O mau alinhamento para trás
ou posterior transgride na via de saída do ventrículo esquer-
Anomalias das vias de saída ventriculares, além de serem fre- do e pode ser facilmente apreciado no corte da via de saída
quentes, também são relativamente sérias e complexas. As ventricular esquerda. O mau alinhamento da do septo
anormalidades das vias de saída podem ser categorizadas em é identificado como uma gota de lágrima pendendo da válvu-
dois grupos: as que ocorrem como uma lesão isolada ou com- la aórtica. Q.lando houver um mau alinhamento significante,
plexa na presença de conexão ventriculoarterial normal, e as o shu'/1t interventricular é prontamente visível com o Doppler
que ocorrem como uma malformação complexa com altera- colorido. O mau alinhan1ento posterior significante está asso-
ção da conexão ventriculoarterial. ciado a várias formas de obstll.lção do arco aórtico incluindo
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 559

A
B
FIGURA 14-42. Tetralogia de Fallot com a síndrome de ausência
de válvula pulmonar. A. O corte dos três vasos mostra a dilatação
acentuada da artéria pulmonar direita e esquerda (RPA e LPA). A
constrição entre a via de saída direita (RVOT) e a artéria pulmonar
principal (PA) é o anel da válvula pulmonar pequena mantido por ves-
tígio de tecido da válvula. B. A imagem do Doppler colorido na fase
sistólica mostra o fluxo turbulento através do anel da válvula pul -
monar (asterisco) . Note que tanto a artéria pulmonar direita como a
esquerda contêm sinais vermelhos e azuis sugerindo redemoinho do
sangue no lúmen dilatado. C. A imagem do Doppler colorido na fase
diastólica mostra a regurgitação pulmonar (asterisco). Note que tanto
a artéria pulmonar direita quanto a esquerda são muito menores do
que quando estão na sístole. Ao, aorta descendente; RA. átrio direito;
SVC, veia cava superior.

c
560 A V ALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORA ÇÃO FETA L

A obstrução de via de saída ventricular esquerda frequente-


mente está associada à presença de tecido muscular entre as
válvulas aórtica e mitral resultando na descontinuidade entre
as duas válvulas . Esta crista muscular é chan1ada de prega
ventriculoinfundibular esquerda. O fluxo turbulento com
aumento da velocidade durante a avaliação com o Doppler
espectral e colorido suporta a evidência para a obstrução da
via de saída. A lesão obstrutiva da via de saída do ventrícu-
lo direito é caracteristicamente vista na tetralogia de Fallot e
identificada melhor no plano do eixo curto ou no eL'í:O longo
obliquo anterior direito (Fig. 14-36C). Uma banda muscular
aberrante pode atravessar a via de saída ventricular direita
causando obstrução progressiva. A estenose pulmonar rara-
mente é evidente no exame de segundo trimestre, enquanto
que não é incomum no período pós-natal, sugerindo que esta
é uma lesão evolutiva.
O s cortes das vias de saída ventriculares são as vistas fun-
damentais para a avaliação das conexões ventriculoarteriais.
Estas conexões são classificadas como concordante, discor-
dante, dupla saída ou saída única (Fig. 14-47). Na definição
de conexão ventriculoarterial, considera-se que uma grande
A artéria está conectada com o ventrículo quando mais da meta-
de de sua área valvular está concomitante a ele. As conexões
ventriculoarteriais anormais são caracterizadas pela perda do
cruzamento natural normal das vias de saída ventriculares aos
troncos das grandes artérias.

Transposição das Grandes Artérias


A conexão ventriculoarterial discordante é encontrada quan-
do as conexões entre os ventrículos e os troncos das grandes
artérias estão invertidas, ou seja, o ventrículo direito está
conectado à aorta e o ventrículo esquerdo à artéria pulmonar
(ver Fig. 14-47). A conexão ventriculoarterial discordante é
comumente chamada de transposição das grandes artérias
quando esta é associada à conexão AV concordante ou discor-
dante. A conexão ventriculoarterial discordante na presença
de conexão AV concordante é a característica essencial da
transposição completa das grandes artérias (Fig. 14-38), A
conexão ventriculoarterial discordante na presença de cone-
xão AV discordante consiste na característica essencial para
a u'ansposição corrigida congênita (Fig. 14-16). Nas formas
clássicas de transposições completa e corrigida, a aorta é
suportada por um inFundíbulo muscular completan1ente,
enquanto que isto não ocorre com a artéria pulmonar. Na
B maioria dos casos de transposição, as vias de saída ventri-
FIGURA 14-43. Aneurisma de dueto arterioso em feto com 34 se- culares estão paralelas, uma em relação à outra, com a via
manas de gestação . A. O corte dos três vasos mostra que o dueto de saída do ventrículo direito levando à aorta posicionada
arterioso encontra-se acentuadamente dilatado na sua extremidade anteriormente à via de saída do ventrículo esquerdo levando à
aórtica. B. Imagem do Doppler colorido no mesmo corte que A mostra
o remoinho do fluxo sanguíneo dentro da parte dilatada do dueto ar-
artéria pulmonar (Figs, 14-16Ce 14-38C). Como discutido na
terioso . Esta condição deve ser diferenciada do dueto tortuoso normal seção prévia sobre o corte de três vasos, a maioria dos casos
encontrado em fase avançada da gestação como mostrando na Figura com transposição completa apresentan1 a aorta de localização
14-10F e G. PA , artéria pulmonar principal ; SVC , veia cava supe rior. anterior direita à artéria pulmonar (Fig. 14-38A), enquanto
que a maior parte dos casos com transposição corrigida tem a
aorta de localização anterior esquerda à artéria pulmonar (Fig,
14_16B)3-l.47.-l8 Um defeito do septo ventricular é encontrado em
coarctação, hipoplasia tubular ou interrupção. Neste plano, o aproximadamente 40% das transposições completas e em 60%
defeito de comprometimento duplo envolvendo a parte mais a 70% das transposições corrigidas. Em ambas, a obsuução
cranial do septo ventricular abaL'í:O da válvula pulmonar pode da via de saída ventricular esquerda é comum. A obsnução
escapar da detecção. pode ocorrer devido ao mau alinhamento posterior do sepro
As lesões obstrutivas da via de saída do venu'ículo esquer- de saída com relação ao resto do septo, ponte fibrosa, túnel
do incluem trave fibrosa , túnel fibromuscular, tecido acessório fibromuscular, tecido acessól;o da válvula mitral ou estenose
emergindo da valva mitraL e estenose valvular aórtica, sendo da artél;a pulmonar. A obstrução da via de saída ventricular
todas de difícil identificação durante o exame cardíaco fetaL direita é menos frequente nas duas transposições, completa
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 561

A
B

Modelo do arco hipotético Circulação fetal Circulação pós -natal

FIGURA 14-44. Arco aórtico direito com artéria subclávia esquerda aberrante. A e 8 . Cortes dos três vasos mostrando a alça vascular em
forma de "U" ao redor da traquéia (asterisco). O arco aórtico está do lado direito da traqueia , com o arco ductal no lado esquerdo. O segmento
proximal da artéria subclávia esquerda conecta o arco aórtico e o ductal , e o fluxo sanguíneo através deste segmento está revertido. Depois do
nascimento, este segmento persiste como o divertículo aórtico de Kommerell. Note o amplo espaço entre a aorta ascendente (Ao) e a artéria
pulmonar principal (PAI. C. Diagramas mostrando a morfogênese hipotética. ao, aorta descendente ; eso, esôfago; LAA, arco aórtico esquerdo;
LC, artéria carótida comum esquerda; LPA, artéria pulmonar esquerda; LS , artéria subclávia esquerda; RAA , arco aórtico direito;RC artéria ca-
rótida comum direita; RPA, arté ria pulmonar direita, RS , artéria subclávia direita, SCV, veia cava superior. (C reimpresso com permissão de Yoo
SJ, Min JY, Lee YH, et ai: Fetal sonographic dianosis of aortic arch anomalies. Ultrasound Obstet Gynecol 22:535, 2003.)
562 AVALI AÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

direita e a única saída do ventrículo direito quando houver


dupla saída ventricular esquerda. A localização do defeito do
septo ventricular com relação ao tronco das grandes artérias
estabelece a consequência hemodinâmica da dupla saída de
ventrículo (Fig. 14-49), embora a presença ou ausê ncia de
obstrução da via de saída da aorta ou artéria pulmonar tam-
bém constitua fator importante. Assim, os defeitos do septo
ventricular na dupla saída ventricular são classificados como
subaórtico, subpulmonar, duplo concomitante ou duplo não
concomitante. Q-Iando a dupla saída de ventrículo direito
estiver associada a defeito septal subaórtico, a fisiologia é a de
um defeito septal ventricular isolado. Qyando a dupla saída
de ventrículo direito estiver associada a um defeito septal
subpulmonar, a fisiologia é a de uma transposição completa
com defeito do septo ventricular. Qyando o defeito for duplo
concomitante ou não concomitante, a fisiologia depende
do jato do fluxo sanguíneo intracardíaco. O diagnóstico da
dupla saída e a proximidade dos grandes troncos arteriais
ao defeito do septo ventricular devem ser avaliados pelo uso
das vias de saída ventriculares (Fig. 14-37). Notavelmente,
a conexão ventriculoarterial deve ser analisada por uma
varredura completa através das vias de saída ventriculares,
pois a aparência de um plano único pode ser equivocada.
FIGURA 14-45. Duplo arco aórtico. O corte dos três vasos mostra As grandes artérias tendem a se posicionar lado a lado, em
que os arcos aórticos direito e esquerdo (RAA e LAA) formam um relação paralela, com a aorta no lado direito, quando houver
cIrculo completo ao redor da traqueia (as terisco). O dueto arterioso sittlS solitus e conexão AV concordante (Fig. 14-37 C). Na maio-
está patente do lado esque rdo. Os arcos aórticos juntos com a artéria ria dos casos com dupla saída de ventrículo direito, ambas as
pulmonar principal (PA) e o dueto arterioso formam uma figura de
configuração 6 ou 9. A o, aorta ascenden te ; SVC , veia cava superior.
artérias são sustentadas completanlente por um infundíbulo
(Re impresso com a permissão de Yoo SJ , Min JY, Lee YH, et ai: Fe- muscular. A dupla saída de ventrículo direito com defeito do
tal sonographic dianosis of aortic arch ano mal ies. Ultrasound Obstet septo subaórtico está frequentemente associada à obstrução
Gynecol 22:535 , 2003.) subaórtica ou uma lesão obstrutiva do arco aónico. A dupla
saída do ventrículo esquerdo é extremamente rara e mostra
uma ampla variação morfológica.
A saída única do coração pode ocorrer através de um tron-
co arterial único ou por tronco anerioso. O tronco arterial
único está presente quando há falta de um tronco arterial . Este
e corrigida. A discrepância de tamanho dos gnndes troncos pode ser uma forma de atresia pulmonar quando a artéria pul-
arteriais no corte de três vasos é um sinal revelador da obstru- monar principal não é formada ou está atrésica e a aorta cons-
ção da via de saida ventricular. A transposição corrigida está tinlÍ a saída única do venu'ículo. Por sua vez, a au'esia da aorta
frequentemente associada à regurgitação da tricúspide do lado não está associada a u'onco arterial único, pois a aorta ascen-
esquerdo, tanto devido à diwlasia da valva como à malforma- dente é patente no nível da válvula aórtica e origina as artérias
ção de Ebstein (Fig. 14-48) 4-78 Na transposição corrigida, o coronarianas. O tronco arterioso ou tronco arterial comum é
atraso ou bloqueio da condução AV com arritmia também é a condição em que um tronco arterial único emerge da base
possível, e será discutido posteriormente. dos ventrículos através de uma única válvula arterial para dar
origem às artérias sistêmicas, coronarianas e uma ou ambas
as artérias pulmonares (Fig. 14-39) . Na quase totalidade dos
Sa ída Ún ica ou Dupla do Ventrículo casos, há um defeito septal ventricular grande imediatamente
abaixo da válvula arterial comum ou tronco valvular. A válvu-
A dupla saída pode ser do ventrículo direito ou esquerdo. la arterial comum geralmente se sobrepõe ao septo venu'icular,
A dupla saída do ventrículo direito ou esquerdo consiste embora possa apresentar concomitância exclusiva tanto para
em uma conexão ventriculoarterial típica em que as grandes o ventrículo direito como para o esquerdo. O tronco valvular
artérias surgem exclusiva ou de um ven- frequentemente é estenótico ou regurgitante l1 9 • O defeito do
trículo morfologicamente direito ou esquerdo. E importante septo ventricular e a origem do tronco arterial comum é mais
entender que o termo dupla saída de ventrículo é utilizado bem identificada no corte da via de saída do ventrículo es-
somente para descrever como as grandes artérias surgem querdo, um achado que é bastante sinúlar ao da tetralogia de
de ou se conectam com um determinado ventrículo. Assim, Fallot. Somente dois vasos são identificados no corte de três
a tetralogia de Fallot com mais de 50% de sobreposição da vasos, embora este achado não seja específico para o tronco
válvula da aorta sobre o septo ventricular apresenta teori- e tanlbém é identificado quando a artéria pulmonar principal
camente uma conexão de dupla saída ventricular. Como não está formada ou é muito pequena, como na tetralog'ia de
a conexão ventriculoarterial discordante, a dupla saída de FalIot com atresia pulmonar (ou seja, atresia pulmonar com
vcntrículo podc ocorrer com qualquer lipo de sinus arriai e defeito do septo ventricular)47,4R . Para realizar o diagnóstico
qualquer forma de conexão AV. A dupla saída ventricular de u'onco arterioso deve ser visualizada a ori em elas artélias
está associada a defeito do septo ventricular em quase todos 6
pulmonares na aorta ascendente proximal l37,J 9. O tronco ar-
os casos. O defeito do septo ventricular é a única saída terioso ocasionalmente está associado à interrupção elo arco
do ventrículo esquerdo quando há dupla saída ventricular aórtico.
AV ALI AÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 563

A
B
FIGURA 14-46. Defeito do septo ventricular perimembranoso es-
tendendo-se à via de saída. A e 8. Cortes de via de saída do v entrí-
culo esquerdo mostram o defeito no septo ventricular (d) abaixo da
válvula aórtica . A válvula aórtica sobrepõe o septo ventri cular. Há
pequena quantidade breve de shunt esquerda -para-direita através do
defeito na sístole . C. Corte do eixo curto basal de um feto diferente
mostrando um defeito envolvendo a parte de saída do septo ven-
tricular. A válvula aórtica (AV) está em contato direto (seta) com a
válvula tricúspide através do defeito . Há um septo remanescente de
saída (asterisco) acima do defeito . Ao , aorta ascendente (Ao); LV ,
ventrículo esquerdo; PA, artéria pulmonar principal ; RA , átrio direito;
RV , ventrículo direito.

c
564 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

Conexão concordante Dupla saída de ventrículo direito Tronco arterial único

Conexão discordante Dupla saída de ventrículo esquerdo Tronco arterial comum

FIGURA 14-47. Tipos de conexões ventriculoarteriais. Ao, aorta ascendente ; LV, ventrículo esquerdo; PA, artéria pulmonar principal;
RV, ventrículo direito; T , tronco.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 565

Defeito subaórtico Defeito subpulmonar

FIGURA 14-48. Transposição corrigida das grandes artérias com


malformacão de Ebstein da válvula tricúspide do lado esquerdo. A
banda moderadora Ipontos) é identificada na parte do ventrículo di-
reito (RV) do lado esquerdo. Há conexão atrioventricular discordan-
te. A inserção do septo da válvula tricúspide do lado esquerdo está
deslocada no sentido apical. O folheto anterior da válvula tricúspide
está aderido ao folheto septal, resultando na estenose da tricúspide.
LA; átrio esquerdo; LV, ventrículo esquerdo; RA, átrio direito.
Defeito duplo concomitante Defeito remoto

FIGURA 14-49. Tipos de defeito do septo ventricular na dupla saída


ventricular. Ao , aorta ascendente; d, defeito do septo ventricular ;
LA , átrio esquerdo; PA, artéria pulmonar principal ; RA, átrio direito;
TV, valva tricúspide.
Corte Basal do Eixo Curto
o corte basal do eixo curto é de particular valor no diagnós-
tico definitivo da tetralogia de FalIot (Fig. 14-35C) . A essência
da tetralogia é o desvio para esquerda, anterior e superior da
discreta geralmente f:. vista em associação com lesão obstrutiva
saída do septo, resultando no estreitamento da via de saída
intracardíaca do lado esquerdo durante a vida fetal. A coarcta-
subpulmon31' e a saída ventricular do tipo defeito septal. Esta
ção isolada r31'amente mostra a indentação evidente da parede
característica ímica da tetralogia de Fallot é analisada melhor
posterior da aorta descendente na vida fetal. Considera-se
no corte basal do eixo curto ou no corte anterior oblíquo do
que a indentação posterior ou a lesão em cunha ocorra com
ventrículo direito. Além disto, a raiz aórtica aumentada pode
o fechamento do ducto após o nascimento. Como discutido,
ser facilmente contrastada com a válvula pulmonar diminuí-
os fetos que apresentam dominância do lado direito do ven-
da. A fai"a muscular aberrante no ventrículo direito também
trículo, assim como tamanho grande da artéria é de risco para
pode ser detectada, embora o significado de sua presença
o desenvolvimento de coarctação isolada pós-nataI 93 -96 . As
frequentemente seja questionado.
lesões obstrutivas do arco aórtico também podem ser suspeita-
Por este plano visualizar a extensão da saída do septo da
das pela ch31nada confluência em "V" ou em "Y" dos planos
tricúspide para a válvula pulmonar, o defeito ventricul31' en-
dos arcos. Qyando o arco aórtico estiver significativ31nente
volvendo esta área pode ser identificado e o seu tipo deter-
menor do que o arco ductal, deve ser suspeitada a hipoplasia
minad0 55 . Entretanto, o septo membranoso intacto ao redor
tubular desta estrutura (Fig. 14-26D). Qlando houver inter-
da inserção da valva tricúspide pode ser confundido com um
rupção, a aona cursa direto para o seu último r31110, sem
defeito.
formar um arco (Fig. 14-50).
As anomalias de posição do arco aónico podem ser vistas
Cortes do Arcos Aórtico e Ductal melhor no corte dos três vasos.
o corte do arco aórtico é útil para diagnóstico de uma lesão
obstrutiva desta esu·utura. Como regra, a lesão obstrutiva Opções de Tratamento Pré-natal e
deve ser suspeitada quando a aorta ascendente for menor do Pós-natal e Prognóstico das Doenças
que a aorta descendente, que também pode ser vista no corte
Cardíacas Congênitas
de três vasos (Figs. 14-26 e 14-27). A coarctação discreta pode
ser identificada como uma forma de indentação da parede Atualmente, as anomalias cardíacas fetais são reconhecidas
posterior da aorta descendente no lado oposto à confluência pela imagem de ultrassom contemporânea e frequentemente
do ducto (Fig. 14-27). É importante ressaltar que a coarctação representam um espectro mais grave das doenças cardiovascu-
566 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁ FICA DO CORAÇÃO FETAL

Doença Cardíaca Dueto


Tabela 14-10
Dependente
Circulação Pulmonar Circulação Sistêmica
Ducto Dependente Ducto Dependente
Atresia ou estenose crítica Estenose a6rtica crítica
pulmonar com septo ventricular
intacto
Tetralogia de Fallot com atresia Hipoplasia do coração
ou estenose pulmonar severa esquerdo
Outras formas de defeito complexo Intenupção do arco
com atresia ou estenose a6rtico
pulmonar severa
Transposição completa das grandes Transposição completa
artérias das grandes artérias

tidas no Parte III deste capítulo, e dilatação balão da este-


nose grave da válvula aórtica ou pulmonar I .14, Porém, para a
maioria das anomalias cardíacas, o tratamento não é garantido
FIGURA 14-50. Arco aórtico interrompido. Corte sagital oblíquo
e tão pouco disponível.
mostra a artéria carótida comum esquerda (setas), neste caso, como A decisão da transferência para um centro de cuidados
a continuação direta da aorta ascendente (Ao). PA, artéria pulmonar terciário para o planejamento do parto e abordagem neonatal
principal; RV, ventrículo direito . imediata depende de a circulação sistêmica ou pulmonar estar
muito dependente da persistência de um dueto arterioso paten-
te após o nascimento. Os defeitos que necessitam de um dueto
arterioso patente pós-natal são chamados de DCCs dueto de-
pendente (Tabela 14-10)97,141 . Estes incluem lesões obstrutivas
lares que as identificadas após o nascimento. Um cardiologista graves do lado esquerdo ou direito do coração e lesões que
pediátrico deve estar envolvido no aconselhamento dos pais necessitam da mistura das circulações sistêmica e pulmonar
como uma figura-chave nos detalhes do diagnóstico da lesão através do dueto para a sobrevida, Como a transição da circu-
e na orientação dos pais sobre o prognóstico da lesão. Relatos lação e o fechamento de shunls fetais vitais ocorre no mesmo
de dados do prognóstico das lesões cardíacas específicas são período dos recém-nascidos sadios, os bebês com circulação
úteis para fornecer info011ações reais sobre o prognóstico dependente do dueto são com frequência assintomáticos e po-
geral. Porém, como o espectro da patologia de muitos defeitos dem não ser diagnosticados imediatanlente após o nascimento.
está longe de ser uniforme, o aconseU1amento, a orientação e Estes se tornam rapidamente cianóticos com piora progressi-
a conduta devem ser adaptados para o paciente em particular. va, taquipneicos e hipotensos, na medida em que o dueto ar-
A tarefa do cardiologista pediáo;co consiste em auxiliar os terioso progride para constrição entre o primeiro e o segundo
pais a encontrar a melhor solução para a família. dia de vida, Assim, não é surpreendente que ocorra redução
O diagnóstico pré-natal no período adequado e preciso da morbidade e mortalidade decorrentes do diagnóstico fetal
possibilita o aconselhamento dos pais e o planejamento da de lesões cardíacas dueto dependentes e a transferência destes
conduta pré-natal e pós-natal. Este permite a oportunidade casos antes do parto para os centros que dispõem de cuidados
para a avaliação ultrassonográfica detalhada das malforma- neonatais adequadosI 42'144. O tratanlento neonatal inclui ad-
ções extracardíacas e do estudo cromossômico, O diagnóstico ministração intravenosa de prostaglandina E1 para manter o
pré-natal capacita a estratificação dos casos que necessitam de dueto arterioso patente até a cirurgia. Frequentemente, a inter-
intervenção in ulera, dos que indicanl o parto em um ceno'o ter- venção com cateteres é necessá!;a para melhorar a misulra do
ciário para uma abordagem neonatal de emergência, e dos que fluxo sanguíneo através do septo atrial (atriosseptostomia por
não necessitam tratamento pós-natal imediato. O diagnóstico balão na transposição completa de grandes artérias) ou para
oportwlo de um defeito cardíaco grave com evolução pré-na- melhorar o fluxo sanguíneo através de válvulas obstruídas
tal e pós-natal ruim também possibilita aos pais a interrupção (dilatação por balão da estenose ou atresia grave da válvula
da gestação. semilunar). Lesões cardíacas congênitas pouco específicas que
A evolução de uma malformação individual na vida fe- não sejam dueto dependentes e afetem os pulmões ou as vias
tal é frequentemente diferente da que seria esperada após o aéreas podem necessitar de cuidados pós-natais imediatos. Es-
nascimento. Por exemplo, há aumento da incidência de óbito tas incluem a doença de Ebstein e a tetralogia de FaUot com
intrauterino espontâneo em qualquer feto com anomalia cro- ausência da válvula pulmonar l28 ,l39.
mossômica 6.7. A perda fetal também é comum em anomalias As opções de tratanlento pós-natal incluem: tratamento
cardíacas que estão associadas a regurgitação da válvula semi- cirúrgico, intervenção por cateter, seguimento clínico por re-
lunarl28.l39 ou AV grave, em defeitos do septo AV não balan- solução espontânea, e cuidado compassivo. Qyando é neces-
ceados com bloqueio AV completo 140, e insuficiência cardíaca sá!;o tratamento, a abordagem cirúrgica é a última opção na
congestiva. maioria dos casos, Em poucas condições, como na estenose
O tratamento in ulera inclui a terapia medicamentosa para da válvula aórtica, estenose de válvula pulmonar e estenose
as arritmias fetais com insuficiência cardíaca, que estão discu- de artéria pulmonar periférica, a dilatação por balão através
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 567

possa ser realizada mais cedo ou posteriormente. O terceiro


I Tabela 14-11 I Ventrículo Único Funcional estágio da operação é a operação modificada de Fontan, em
Coração com que a veia cava inferior é conectada a artéria pulmonar pelo
Conexão Coração Biventricular com uso de um túnel intracardíaco ou um conduto extracardíaco.
Atrioventricular Conexão Atrioventricula r. Um Esta intervenção também é chamada de conexão cavopulmo-
Univentricular Ventrículo Sendo Bastante Pequeno
nar total. Este procedimento é realizado entre 12 e 24 meses
Atresia n;cúspide Atresia puLmonar com septo após a conexão cavopulmonar bidirecional. Cada estágio de
ventricular intacto reparo univentricular está associado a morbidade e mortali-
Atresia min'al Síndrome da hipoplasia do coração dade significativa, que variam de acordo com a patologia par-
esquerdo
ticular. O prognóstico tende a ser melhor quando a câmara
Dupla entrada de Forma severa de estenose aórtica
ventrículo direito crítica
ventricular principal apresenta morfologia esquerda do que
Dupla entrada de Forma de defeito do septo em relação à direita . O prognóstico pós-oreratório das DCCs
ventrículo esquerdo au'ioventricular não balanceada maiores está resumido na Tabela 14-12 14 . Entretanto, esta in-
Dupla entrada de Dupla saída de ventrículo direito formação deve ser utilizada com cautela, pois o prognóstico é
venn'ículo indeterminado com ventrículo subdesenvolvido inBuenciado por outros fatores incluindo os padrões e os cui-
Forma severa de conexão Encurtamento severo de valva dados institucionais. Informações mais detalhadas estão além
an;oventricular não tricúspide ou mitral do objetivo deste capítulo.
balanceada

TUMORES CARDíACOS
da intervenção por cateter consiste na escolha primária. Além Os tumores primários cardíacos são incomuns no feto e no
desta, muitos dos casos de persistência do ducto arterioso, de- neonato l46 . Porém, os tumores cardíacos estão sendo diag-
feito do septo atrial secundulIl e defeitos do septo ventricular po- nosticados mais frequentemente nos fetos do que no neonato,
dem ser corrigidos pelo posicionamento de aparelhos através ocorrendo em 0,1 % a 0,2% de todas as séries de ecocardiogra-
de um procedimento invasivo. fia fetal 147,148. Isto ocorre devido ao amplo uso do ultrassom
Existem duas vias distintas de tratamento cirúrgico para como método de rastreamento para todas as gestações. A
a DCC: reparo univentricular e biventricular, dependendo maioria dos tumores cardíacos fetais é rabdomioma, com
principalmente do tamanho dos ventrículos e da anatomia a incidência variando de 50% a mais de 90%147-150. Outros
das válvulas AV. Entretanto, há casos em que um ventrículo tumores cardíacos menos frequentes incluem fibroma, terato-
não é grande o suficiente para suportar a circulação sistêmica ma, hemangioma, lipoma e mixoma.
ou pulmonar depois de um reparo biventricular. Raramente, Os rabd01lliomas consistem em hamartomas proliferativos
um ventrículo está ausente por completo. Tais casos incluem que estão associados à esclerose tuberosa em 50% a 80% dos
a hipoplasia de coração esquerdo, formas não balanceadas de casosI47-152. Mais de 50% dos casos de esclerose tuberosa apre-
defeito do septo AV, atresia de nicúspide e dupla entrada de sentam rabdomiomas cardíacos. Os rabdomiomas são carac-
ventrículos , sendo assim coletivamente denominados como teristicamente de natureza múltipla. No ultrassom fetal, estes
ventrículo único funcional ou coração univentricular (Tabela são identificados como massas arredondadas hiperecogênicas
14-11). O objetivo do reparo univentricular é utilizar o ven- homogêneas (Fig. 14-51). Comumente, massa maior predo-
trículo único Funcionalmente como a cfunara para suportar minante é identificada com tumores satélites menores. Os
a circulação sistêmica, enquanto que a circulação pulmonar tumores pequenos podem estar associados a alterações sutis
é mantida pelo gradiente de pressão entre o sistema venoso da ecogenicidade do miocárdio sem a evidência de massas ób-
sistêmico e pulmonar sem o auxílio da sístole ventricular. vias. Mesmo um tumor único detectável no feto não exclui o
O reparo biventricular consiste em cirurgia de único está- rabdomioma. Embora a multiplicidade do tumor seja suficien-
gio na maioria dos casos, embora alguns defeitos complicados te para estabelecer o diagnóstico de rabdomioma, a hipern'ofia
necessitem de cirurgias por etapas. O momento da cirurgia é nodular multifocal localizada do miocárdio consiste em causa
estabelecido conforme a circulação sistêmica ou pulmonar ser rara de massas múltiplas no ultrassom 153. Os tumores tendem
ducto dependente. A maioria das lesões ducto dependentes é a aparecer no início do segundo trimestre, aumentam em ta-
corrigida entre a idade de 3 meses até os primeiros anos, de manho até o início do terceiro trimestre, e, então, regridem
acordo com o impacto hemodinâmico do defeito na função durante a fase final da gestação e nos primeiros dias de vida.
cardíaca e na vascularização pulmonar. Geralmente, o reparo Devido à tuberosidade cerebral ser de difícil diagnóstico no
univentricular consiste em cirurgia em três estágios. O primei- ultrassom, a ressonância magnética tem sido utilizada l54 .
ro consiste em um shunt arterial sistêmico para pulmonar para jibro.:a_ ap,l:esenta a frequência o rab-
os casos de estenose ou atresia pulmonar e hipoplasia arterial donuoma 7-100,00. O nuocardlO do septo ventncular consiste
pulmonar ou bandagem da arterial pulmonar para os casos do local mais comum, seguido pela parede livre do ventrículo
sem estenose pulmonar significante. A cirurgia de shunt arterial direito e esquerdo. Geralmente, os fibromas são massa solitária
sistêmico para pulmonar geralmente é realizada nos primeiros de ecogenicidade homogênea, embora possam estar associados
dias de vida, enquanto que a bandagem da artéria pulmonar à área de degeneração cística. Os fibromas podem causar obs-
é realizada em poucas semanas dependendo das condições do trução tanto da entrada quanto da saida do ventrículo direito,
paciente. Casos com estenose pulmonar leve e crescimento ar- esquerdo ou ambos, dependendo da sua localização e tama-
terial pulmonar adequado não necessitam de uma operação nho. Os fibromas que surgem do septo ventricular podem cau-
do primeiro estágio. O segundo estágio da operação consiste sar arritmia e bloqueio cardíaco. Ocasionalmente, os fibromas
na conexão cavopulmonar bidirecional (bidirecional de Glenn) cardíacos são observados com malformações extracardíacas
em que a VCS ou a cava são conectadas, da porção final para ou síndromes que incluem o carcinoma basocelular nevo ide
a lateral, à artéria pulmonar do mesmo lado. Esta operação (síndrome de Gorlin), fenda labial e palatina e síndrome de
geralmente é realizada na idade entre 6 a 9 meses , embora Beckwith-Wiedemann. A regressão espontânea do tumor é rara.
568 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

Tab_ela 14-12 Categoria de Risco e Taxa de Mortalidade para os Procedimentos Cirúrgicos


Categoria de Risco (Taxa de Mortalidade) Doenças ou Procedimentos
1 (0,4%) DSA secundulII, CVPAP, DAP > 30d, COA > 30d
2 (3,8%) DSV, DSA primulIl, Átrio comum, DSA e DSV,
S/um! VE-AD , CVPAT > 30d,
Fístula da artéria coronariana,
Espaço aorta pulmonar,
Deslocamento da artéria pulmonar,
Estenose aórtica > 30d,
Estenose subaórtica, COA < ou = 30d
Al1d vascular,
Al1astomOSe cavopulmonar bidirecional
3 (8,5%) DSAV completo,
TI com atresia pulmonar, DSVD,
TCGA (operação de troca arterial),
Coração triatrial,
COA com DSV
Valvotomia mitral,
Reposicionamento da valva mio'al,
Al1atomose da via de saída do ventrículo esquerdo,
Reposicionan1ento da valva aórtica, Procedimento de Ross,
Valvotomia tricÍlspide, valvuloplasüa ou reposicionamento da valva
AllOmalia de Ebstein > 30d
Reimplantação de artéria pulmonar anômala,
Shunt arterial sistêmico para pulmonar
Condução da artéria pulmonar para VD
Procedimento de Fontan
4 (19,4%) AS < ou =30d,
Procedimento de Konno para obstrução complexa da via de saída do VE
Arco aórcico interrupto ou hipoplásico
TCGA com DSV (troca arterial com fechamento do DSV)
TCGA com DSV e estenose pulmonar (Rastelli),
TGA corrigida (operação de troca dupla),
Tronco arterioso,
Unifocalização para TI com atresia pulmonar,
CVPAT < ou = 30d
5 (NA) Al10malia de Ebstein « ou = 30d),
Tronco arterioso com arco aórtico ininterrupto
6 (47,7%) Síndrome da hipoplasia do coração esquerdo (estágio l , operação de Norwood),
Operação de Damus-Kaye-Sta.nsel

DSA. defeito do septo atrial: DSAV, defeito do septo atrioventricular; COA. coarctação da aorta; DSVD, du pla saída de ventrículo di reito; VI, ventrículo esquerdo;
CVPAP. conexão venosa pulmonar anômala parcial; DAP. dueto an erioso patente; AD, átrio direitO; CVPAT, conexão venosa pulmonar anômala total;
TCC A. transposição completa das grandes artérias; TCA, transposição das grandes artérias; TF, tetralogia de Fallot. Modificado deJ enkins, KJ , Cauvreau K, Newberger
]W. et al : Consenslls-based method for ris adjust ment for surger)' for congenital heart disease. J. Thorac Cardiovascul Surg 123: 110, 2002.

o teratoma é tumor raro originário principalmente do pe- ventricular e as anomalias cromossômicas está discutida em
ricárdio e menos comumente do miocárdio arrial ou ventricu- outro capítulo deste livro.
larI47-150.156.l57. Em geral, os teratomas i.ntrapericárdicos estão O hemangio111a também é um tumor raro originário de qual-
conectados à raiz das grandes artérias. O tumor é caracteri- quer localização no coração ou pericárdio, com o átrio direito
zado por uma massa de ecogenicidade heterogênea com com- sendo o local de apal'ecimento mais comum (Fig. 14_52)147-150.159.
ponentes císticos e sólidos . Está associado a derrame pericár- Do mesmo modo que no teratoma, o derrame pericárdico está
dico que contém "debris " ecogênicos na maioria dos casos. comumente associado e pode necessitar de pericardiocentese
O derrame pericárdico é com frequência massivo, causando in utero. O s hemangiomas cardíacos podem estar associados a
risco de tamponamento grave que necessita na pericardiocen- hemangiomas múltiplos na pele e outros locais . Outras formas
tese lil utero ou cirurgia fetal. De modo semelhante aos terato- de tumores vasculares, incluindo os linfangiomas, também têm
mas de outra localização, a massa pode conter calcificações a sido relatadas na literatura. Geralmente, os tumores vascula-
ossos. Entretanto, deve-se certificar de que a calcificação do res estão associados a prognóstico favorável. Hemangiomas
miocárdio pode resultar em deposição distrófica do cálcio nas tendem a regredir espontaneamente, apresentando o melhor
áreas dc miocárdica, necrose, sangramemo, fibrose prognóstico de todos os tumores cardíacos.
ou infecção 08 . O depósito calcificado no miocárdio também O prognóstico durante a vida fetal e neonatal depende prin-
é relatado nas miocal'diopatias. A calcificação do aparato de cipalmente da localização e do tamanho do tumor ou tumo-
tensão da valva mitral ou tricúspide é comum, sendo conhe- resI 47-150. Os fatores de prognóstico ruim incluem: obstrução
cida como foco ecogênico. A relação enu-e o foco ecogênico do Buxo intracardíaco, função alterada da válvula com regur-
AVALIAÇÃO UlTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇ Ã O FETAL 569

gitação, arritmias, derrame pericárdico volumoso e hidropisia hemangiomas , seguido pelos teratomas. A excisão completa
fetal. Raramente, a compressão ou O envolvimento da artéria frequentemente é difícil nos fibromas grandes, podendo haver
coronariana pelo tumor pode resultar em óbito fetal. O prog- necessidade de transplante cardíaco.
nóstico pós-natal também depende da regressão espontânea
ou do crescimento do tumor e das malformações ou síndro-
mes associadas. Os resultados cÍlúrgicos são melhores para os RITMO CARDíACO
Ritmo Cardíaco Fetal Normal
O sistema cardíaco de condução é composto de um tecido
muscular altamente especializado que é capaz de gerar o
impulso cardíaco, transportá-lo para o anel fibroso da junção
AV e direcioná-lo para os ventrículos, Depois de se originar
no nodo sinusal, O impulso elétrico prossegue pelo tecido
atrial para o nodo AV, sistema de e miocárdio
ventricular. O impulso elétrico é fisiologicamente atrasado
dentro do nodo AV compacto, que funciona como um filtro
conu-a a propagação de uma frequência atrial rápida anormal
ou batimentos atriais muito prematuros para o ventrículo. O
ritmo cardíaco normal fetal é regular com relação AV de 1: 1.
O modo sequencial da despolarização AV resulta em conu-a-
ção e relaxamento rítmicos do miocárdio atrial e ventricular,
permitindo o esvaziamento e enchin1ento coordenado do
coração. A frequência cardíaca fetal aumenta rapidamente no
Ílúcio da gestação até alcançar o pico da frequência de 175 +
20 batin1entos por minuto com quase 8 semanas J60.161. Então,
a frequência cardíaca diminui gradualmente para 140 + 20
batimentos por mÍI1uto com 20 semanas e 130 + 20 batimen-
tos por minuto no termo, como resultado do aumento da
influência do sistema parassimpático no sistema de condução
elétrico depois do primeiro u·imestreI 62.163.

FIGURA 14-51 . Rabdomiomas. O corte de quatro câmaras mostra


tumores múltiplos (asteriscos) envolvendo ambos os ventrículos, o
septo ventricular e o átrio direito (RA). LA , átrio esquerdo; LV , ventrí-
culo esquerdo; RV, ventrículo direito .

A B

FIGURA 14-52. Hemangioma . A. Corte de quatro câmaras com 32 semanas mostrando uma massa protrusa arredondada (seta) surgindo da
parede posterior do átrio direito (RA). B. O corte de quatro câmaras com 35 semanas mostra o crescimento da massa e o desenvolvimento
de uma área cística. A massa removida mostrou características histológicas de hemangioma com hemorragia central. LA, átrio esquerdo; LV,
ventrículo esquerdo; RV , ventrículo direito.
570 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

FIGURA 14-53. Traçado normal do modo M para avaliação do ritmo cardíaco utilizando o corte de quatro câmaras. A onda do modo M é di-
recionada através das paredes atriais e ventriculares para demonstrar o movimento sistólico simultâneo destas paredes . A contração atrial (a's)
é seguida pela contração ventricular (V·s). LA; átrio esquerdo; LV, ventrículo esquerdo; LVFW, parede livre do ventrículo esquerdo; RA, átrio
direito; RAFW, parede livre do átrio direito; RV, ventrículo direito.

Técnicas Ultrassonográficas para Doppler de Onda Pulsátil


Avaliação do Ritmo Cardíaco Em comparação com o modo M, as ondas de fluxo do
Como na vida extrauterina, a classificação do ritmo fetal e Doppler que representam os eventos sistólicos atrial e ventri-
anomalias de condução é estabelecida primariamente na cro- cular são delineadas mais claramente. Pelo posicionamento do
nologia dos eventos eletrofisiológicos atriais e ventriculares. cursor do Doppler aU'avés da VCS e da aorta descendente, é
Entretanto, a avaliação do ritmo cardíaco fetal é mais difícil, possível gravar os padrões de velocidade de ambos os vasos
pois o eletrocardiograma convencional em tempo real não simultaneamente (Doppler VCS /aorta) (Fig. 14-54, painel supe-
pode ser realizado. O modo M e a ecocardiografia Doppler rior). O uúcio do fluxo retrógrado na VCS reflete o começo
têm sido utilizados como métodos altemativos, pois são da sístole atrial, enquanto que o Ílúcio do fluxo aórtico marca
capazes de estudar os eventos elétt;cos atriais e ventriculares o começo da sístole ventricular. De forma alternativa, o fluxo
indiretamente pelas suas respectivas consequências mecâni- sanguíneo através da valva mitral e a via de saída do ven-
casI 6.1.165. trículo esquerdo pode ser amostrada sunultaneamente pelo
posicionamento do cursor no folheto anterior da valva mitral
no corte da via de saída do ventrículo esquerdo (Doppler
Ecocardiografia Modo M
entrada/saída) (Fig. 14-54, painel úyerior). Esta técnica é basea-
Guiada pelo ecocardiografia bidimensional em tempo real, o da no dado de que o folheto anterior é a extremidade anterior
feixe de ultrassom no modo M é alinhado simultaneamente da entrada do ventrículo esquerdo na diástole e a extremidade
através da parede atrial e ventricular para gravar a sequência posterior da saída na sístole. O uúcio da onda A do fluxo da
dos seus movimentos sistólicos. A direção da onda prefe- valva mitral é o inicio da sístole atrial, enquanto o início do
rencial do modo M é através da parede att;al e venlricular fluxo através da via de saída do ventrículo esquerdo marca o
imediatamente acima e abaixo da junção AV, pois esta parte uúcio da sístole ventricular.
mostra a excursão lateral mais pronunciada durante o ciclo Para determinação sinlples do ritmo cardíaco fetal e fre-
cardíaco (Fig. 14-53). A limitação do traçado do modo M é quência, a avaliação por Doppler pulsátil do Huxo padrão da
que os tempos de inicio e máximo dos eventos sistólicos atrial artéria umbilical consiste em método ultrassonográfico conve-
e ventricular não são bem-defmidos e, deste modo, não é pos- niente e rápido. O modo M e o espectro do Doppler podem
sível estabelecer a medida precisa do intervalo de tempo entre ser utilizados para a avaliação de todos os lipos de arritmia
a contração atrial e ventricular (intervalo de tempo AV). fetal. Ambos os métodos do Doppler pulsátil são igualmente
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 571

FIGURA 14-54. Curvas do fluxo do Doppler pulsátil monstrando a relação atrioventricular normal do ritmo normal. Painel superior, Traçados do
Doppler simultâneos da veia cava superior (SVC) e aorta ascendente (Ao) , A curva do fluxo da veia cava superior é uma onda positiva sistólica
(S) e diastólica (O) seguida por uma pequena onda atrial reversa (a) , A curva do fluxo aórtico é um pico positivo simples (S em vermelho), O tem-
po de intervalo atrioventricular é o tempo de lapso entre o início da onda A da veia cava e a onda S aórtica (entre linhas verdes), Painel inferior ,
traçados do Doppler simultâneos da via de entrada e via de saída do ventrículo esquerdo, A curva de fluxo de entrada consiste em uma onda E
durante o início do enchimento diastólico e onda A durante a contração atrial. A curva do fluxo de saída mostra uma onda simples positiva (S)
na sístole , O tempo de intervalo atrioventricular é o lapso de tempo entre o início da onda A e S (entre as linhas verdes), LA, átrio esquerdo;
LV , ventrículo esquerdo; PA, artéria pulmonar principal; RA, átrio direito; RV, ventrículo direito,

úteis para avaliar a integridade da condução AV durante o rit- Ritmo Cardíaco Anormal
mo cardíaco normal, Os valores de referência do intervalo de
tempo mecânico AV variam enu-e as modalidades de imagem As anormalidades de ritmo fetal afetam pelo menos 2% das
diferentes e gradualmente aumenta com o avanço da gestação gestações e constituem a causa mais comum de encami-
devido ao aumento do tamanho cardíaco e tônus parassimpá- nhamento para os cardiologistas fetais 169·17l. Estas podem
tico, Os valores de intervalo de tempo nonnal são de 190 + 36 apresentar-se como (1) uma irregularidade do ritmo cardíaco,
ms pelo modo M, 120 + 11 ms pelo entrada/salda, e (2) aumento ou redução da frequência cardíaca ou (3) com-
111 + 17 ms pelo Doppler VCS/aorta 16 , binação de frequência e ritmo anoffilais. A irregularidade
intennitente ou sustentada do ritmo cardíaco geralmente é
causada por contrações prematuras extras, sendo, de longe,
Outros Métodos Não-Invasivos a anormalidade de ritmo fetal mais comum (Tabela 14-13),
Menos frequente, embora mais grave, são os episódios inter-
Recentemente, o eletrocardiograma (ECG) fetal transabomi-
mitentes ou sustentados da frequência cardíaca excessiva-
nal e a ma(f,1etocardiografia tornaram-se disporuveis comer-
cialmente 166 , 67, O ECG fetal baseia-se na média do sinal do mente rápida (taquicardia, > 180 batimentos por minuto) ou
complexo ecocardiográfico e não permite a análise batimento a baixa (bradicardia, < 100 batimentos por minuto). A bradi-
batÍI11ento, Como consequência, o ECG não é útil no diagnós- cardia sustentada geralmente é resultado de um bloqueio AV
tico de arritmia fetal e anomalias de condução com frequência completo, bradicardia sinusal ou bigeminismo atrial. A taqui-
cardíaca irregular, O magnetocardiograma fetal fornece melhor cardia supraventricular, o jlutter atrial e a taquicardia sinusal
qualidade de sinal do que o ECG devido às propriedades de correspondem às causas principais de taquicardia fetal. A
u-ansmissão mais favoráveis. Tanto o magnetocardiogTama abordagem apropriada depende do diagnóstico acurado.
quando o ECG podem disponibilizar informações Llteis sobre O ultrassom é essencial para determinar o mecanismo da
o intervalo de tempo cardíaco, como a duração do QRS e do arritmia e o impacto na função cardíaca, para detectar defei-
QT. A avaliação do movimento do miocárdio pelo uso da téc- tos ou tumores cardíacos associados, e para supervisionar a
nica do Doppler é um método emergente para os distúrbios de frequência cardíaca e a vitalidade, por exemplo, durante o
ritmo cardíaco e função ventricular (Fig. 14-55)168. tratamento antiarrítmico.
572 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

1 Time 0.11 s

FIGURA 14-55. Análise sequencial do movimento longitudinal da parede atrial (verde) e ventricular (amarelo) pela insonação do Doppler. A
curva típica do Doppler (amarelo) obtida da base dos ventrículos durante o ritmo sinusal é composta de quatro ondas . As ondas diastólicas são
produzidas pelo movimento longitudinal do tecido do ápice , durante o enchimento diastólico inicial (Ea) e durante a contração atrial (Aa). Este é
seguido pelas duas ondas sistólicas em direção do ápice: a contração isovolumétrica (lva) e a onda Sa. O tempo de intervalo atrioventricular é
o tempo de lapso entre o início das ondas Aa e IVa .

Tabela 14-13 Arritmias Fetais: Mecanismos. Frequência e Tratamento Recomendado para os Obstetras
Arritmi as Frequência Tratamento Recomendado Prognóstico

Arritmias menores 90%


Contração atrial prematura Muito comum Monitoração semanal da frequência Pode evoluir para TSC em 1%
Contração ventricular Rara Monitoração semanal da frequência Raramente evolui para TV
preJnatura
TaquilBradicardia sinusal breve Comum Nenhum Excelente
Arritmias maiores 10%
Bloqueio arriovenrricular 35% Encaminhamento urgente para Irreversível
completo centro terciário Isolado: sobrevida > 90%
Com IE: sobrevida < 10%
Taquicardia supraventricular 40% Encaminhamento urgente Frequente resolução espontânea
para cenrro terciário após nascimento
Sem hidropisia: sobrevida > 96%
Hidropisia: sobrevida 65·75%
Flutler arrial 10%-15% Encaminhamento urgente para Resolve depois do nascimento
centro terciário Sobrevida > 90%
Taquicardia ventricular Rara Encaminhamento urgente para Variável
centro terciário

IE. isomcrismo esque rdo : TSV, taquicardi a supravcntric ular : TV, taquicardia vemriCll1ar

Ritmo Cardíaco Irregular prematuros e a termo. A contração atrial prematura (eAP) pode
ser observada em qualquer idade gestacional, embora seja
A irregularidade do ritmo cardíaco com frequência normal
mais comum no último trimestre em gestações sem intercor-
ou próximo do normal é mais comumente relacionada com
rências 169 . As CAPs podem ser conduzidas para os ventrículos
batimentos prematuros que em geral são causados por áreas
ou bloqueadas dentro do nodo AV, dependendo do grau
de marca-passos ectópicos localizados no átrio e raramente
de prematuridade do evento atrial, e, então, se apresenta
nos ventrículos. A incidência de batimentos prematuros não
como um batimento extra ou um batimento despercebido na
está estabelecida em fetos saudáveis, mas os batimentos atriais
ausculta ou no exame de ultrassom (Fig. 14-56). As CAPs
ectópicos são achados bastante comuns em recém-nascidos
geralmente são transitórias e achados benignos. Porém, na
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 573

FIGURA 14-56. Contrações atriais prematuras. Traçados simultâneos do Doppler da veia cava superior ISVC) e aorta ascendente mostrando
contração atrial prematura com bloqueio isolado Ipainel superior) e conduzido Ipainel inferior). a, contração atrial; S, contração ventricular.

presença de uma via de condução acessona, ocasionalmen- 100 batimentos por minuto com uma sequência normal de ati-
te esta pode desencadear a taquicardia supraventricular vação AV 1: 1. A bradicardia sinusal sustentada pode ser cau-
reentrante. As CAPs também têm sido associadas a doença sada por um número de condições sérias incluindo a hipóxia
cardíaca estrutural (até 2%), tumores intracardíacos e redun- e acidose fetal, síndrome do QT longo, e disfunção congênita
dância da membrana do forame oval. Múltiplos bloqueios do nodo sinusal J72 . Períodos de taquicardia ventricular e blo-
das CAPs tais como no bigeminismo atrial podem diminuir a queio AV 2:1 são achados adicionais que sugerem a síndrome
frequência cardíaca abaixo dos 100 batimentos por minuto e fetal do QT longo, que apresenta prognóstico reservado. Na
necessitam ser diferenciados de causas mais sérias de bradicar- ausência do magnetocardiograma fetal , a avaliação cuidadosa
dia. As contrações ventriculares prematuras (CVPs) são raramente e o ECe pós-natal são recomendados nestas crianças e nos
diagnosticadas no pré-natal. Em geral, estas são igualmente membros de sua família pelo fato de que o diagnóstico preco-
bem toleradas e benignas , embora possam ocasionalmente ce e a instituição do tratamento em pacientes com QJ longo
estar associadas à doença do miocárdio intrínseca. A grande podem salvar vidas .
maioria dos fetos com batimentos atriais e ventriculares pre- O bigeminismo atrial sustentado e o trigeminismo com blo-
maturos não necessita de qualquer tratamento pré-natal ou queio do batimento prematuro podem reduzir a média da fre-
pós-natal, e o parto não deve ser determinado baseado nestes quência cardíaca para 60 a 100 batimentos por minuto e ser
achados isoladamente. Entretanto, devido ao risco potencial confundidos com bloqueio AV de segundo ou terceiro grau.
de progressão para taquiarritmias fetais (ver posteriormente), Os batimentos prematuros bloqueados e o bloqueio AV são
parece ser prudente monitorar o feto com batimentos prema- caracterizados pela frequência atrial maior que a ventricular.
turos frequentes semanalmente ou a cada duas semanas por Porém, no bloqueio AV o tempo de intervalo entre os impul-
ausculta ou Doppler até a resolução da arritmia . sos atriais consecutivos apresenta gT,mde variação, enquanto
que no bigeminismo atrial todo segundo evento ocorre pre-
maturamente (Fig. 14-57). A diferenciação é importante, pois
Bra dica rdia
a bradicardia secundária ao batimento prematuro bloqueado
Episódios curtos de bradicardia sinusal de menos de 1 a 2 apresenta resolução espontânea, sem tratamento, enquanto
minutos de duração constituem achados frequentes e benig- que o bloqueio AV completo é irreversível e potencialmente
nos durante o primeiro e segundo trimestre e não necessitam uma desordem de alto risco.
de qualquer tratamento . A bradicardia sinusal transitória é O bloqueio AV se refere ao atraso da condução elétrica
comum durante o exame ultrassonográfico fetal quando o dentro do nodo AV, o feixe de His, ou ramos do feixe . O
polo cefálico é pressionado pelo transdutor. Uma redução bloqueio AV de primeiro grau é caracterizado pelo prolon-
mais sustentada na média da frequência cardíaca fetal pode gamento do tempo de condução elétrica AV, embora todos
ser observada durante a bradicardia sinusal e o bigeminismo os impulsos scjam conduzidos. Devido à manutenção da con-
atrial com bloqueio da contração atrial prematura, enquanto dução AV 1:1, não é possível diagl10sticar o bloqueio AV de
a bradicardia está sempre presente no bloqueio AV completo. primeiro grau sem a medida do intervalo de tempo AV. O
Como a [requência ventricular está constantemente regular e bloqueio AV de segundo grau indica a falência de condução
comparável entre estas anomalias de ritmo, a imagem ultras- de alguns, embora nem todos os impulsos atliais para os ven-
sonográfica é essencial para a sua diferenciação diagnóstica. trículos. No bloqueio AV 2:1 todo segundo batimento atrial
Durante a bradicardia sinusal, o modo M e o Doppler ecocar- é conduzido para os ventrículos. No bloqueio AV de terceiro
diográfico revelam um batimento cardíaco regular abaixo de grau ou completo (BAVT), a comunicação elétrica AV é com-
574 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

FIGURA 14-57. Bigeminismo atrial. Traçado modo M através da parede atrial e ventricular mostrando que a cada segundo o batimento atrial (a
em vermelho) ocorre prematuramente e não é conduzido para o ventrículo, resultando em bradicardia ventricular (frequência V-V: 67 batimentos
por minuto). a, contração atrial; LVFW, parede livre do ventriculo esque rdo; RAFW, parede livre do átrio direito; V, contração ventricular.

mente associado a passagem u'(U1splacentoma de autoanticorpos


maternos do tipo 48-kDa SSB/La, 52-kDa e/ou 60-kDa SSa/Ro
IÍbonucleoproteínasJ74.178. Estes anticorpos são tipicamente en-
contrados nas mães com lupus eritematoso ou na síndrome
de Sjogren, embora possam ser demonstrados em 1% a 2%
de mulheres grávidas sem evidência clínica de doença autoi-
mune 174 . Os anticorpos anti-Ro/La entram progressivamente
na circulação fetal no segundo trimestre e podem estimular
uma lesão tecidual mediada imunologicamente resultando na
destruição progressiva do nodo AV, inflamação do miocárd io,
fibroelastose endocárdica e cardiomiopatia dilatada no filho
suscetível 175·177. O BAVT aparece depois de 20 semanas de ges-
tação afetando de 1% a 2% do grupo de mães com anticorpos
positivos, enquanto outras manifestações cardíacas são
menos frequentes 174 ,17 . O risco de recorrência do BAVT me-
diado imunologicamente nas gestações subsequentes é de 8%
FIGURA 14-58. Bloqueio atrioventricular. Traçado modo M da a 18%175. H á risco significante de óbito, particularmente no
parede atrial e ventricular (painel superior) e traçado simultâneo do BAVT com feto apresentando hidropisia, função ventricular
Doppler da veia cava superior (SVC) e aorta ascendente (painel infe- deficiente, frequência cardíaca de 55 batimentos ou menos por
rior) mostrando a dissociação atrioventricular completa relacionada minuto e/ou parto prematuro173.176.J77.179 Numerosas, embora
ao bloqueio atrioventricular completo. A frequência atrial (a-a) é de
140 batimentos por minuto e a frequência ventricular (V-V) é de 54 controversas, abordagens preventivas e terapêuticas têm sido
batimentos por minuto. LVWF , parede livre do ventrículo esquerdo; descritas para melhorar o prog11óstico da gestação 11 . Teorica-
RAFW , parede livre do átrio direito. mente, toda mulher gl'ávida com anticorpos anti-Ro/La, que
são, deste modo, de risco para apresentar uma cliança com
BAVT, deve ser considerada para o U'atamento preventivo.
pletamente interrompida e os átlios e os ventrículos batem De fato, esta abordagem foi escolhida por um pequeno nú-
independentemente com suas frequências intrínsecas. Tipica- mero de gestantes que foranl tratadas por filtração do plasma
mente, a frequência ventricular no BAVT fica entre 40 e 80 materno, e administração de imunoglobulina, esteroides ou
batimentos por minuto 140 O BAVT afeta aproximadamente azatioprina materna 180 ,181 Ao considerar o baixo lisco de me-
1 em 15.000 nascidos vivos, embora seja de forma definiti- nos de 2% do desenvolvimento de BAVT, é difícil considerar
va mais frequente in utero, sendo responsável por 30% a 40% o tratamento preventivo real para o grupo inteiro de gestantes
de todas as principais arritmias fetais. Em aproximadamente e fetos , principalmente os não afetados. A razão do tratamento
metade dos casos, o bloqueio cardíaco está associado a lesões de um feto com BAVT não é reverter o bloqueio para o litmo
cardíacas estmturais , sendo as mais importantes o isomerismo normal, pois o bloqueio completo é uma doença irreversível.
esquerdo e a transposição corrigida congênita (Fig. 14-58). O O tratamento é principalmente para aliviar ou prevenir a in-
prognóstico do feto com BAVT e isomerismo esquerdo é mui- flamação miocárdica concomitante e aumentar a frequência
to mim 140 ,173 . Como desordem isolada, o BAVT está principal- carruaca fetal . Os esteroides fluorinados (dexametasona ou
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 575

FIGURA 14-59. Taquicardia com relação atrioventricular 1: 1. Os traçados simultâneos do Doppler da veia cava superior e da aorta ascendente
mostram a taquicardia fetal de 182 batimentos por minuto com relação atrioventricular 1: 1 e intervalo de tempo atrioventricular normal. Esta
forma de taquicardia pode ser causada por taquicardia sinusal, taquicardia recíproca juncional permanente (TRJP) e taquicardia atrial ect6pica
(T AE). a, contração atrial; V, contração ventricular.

FIGURA 14-60. Taquicardia supraventricular. Os traçados simultâneos do Doppler da veia cava superior e da aorta ascendente mostram uma
taquicardia fetal de 222 batimentos por minuto com relação atrioventricular 1: 1 . A contração ventricular (V) é seguida de perto pela contração
atrial (a) sugerindo TSV reentrante como o mecanismo responsável pela arritmia.

betametasona) são os únicos nummamente metabolizados pela análise da relação cronológica atrial e ventricular e pela
pela placenta, sendo úteis quando é desejado o tratamento documentação do i.ntervalo de tempo AV e ventriculoarterial
anti-inflamatório fetal. A administração materna de dexame- (VA). Todas as formas de taquiarritmias podem ser assintomá-
tasona tem mostrado melhorar o bloqueio AV, a lúdropisia e ticas, embora, do outro lado do espectro fmal , possam resultar
a disfunção miocárdica 1s2 . A betametasona pode ser utilizada em insuficiência cardíaca congestiva, cardiomiopatia dilatada,
para melhorar a frequência cardíaca fetal e a contratilidade do lesões neurológicas e mesmo no óbito. A hidrofisia tem sido
miocárdio 11,183 . De fato, dados recentes sugerem que a inn-o- associada a risco de mortalidade acima de 35%1 6.
dução do glicocorticoide transplacentário e a terapia fetal beta- A taquicardia sinusal é caracterizada pela frequência atrial
mimética apresenta efeito benéfico no prognóstico, porém sem de 180 a 200 batimentos por minuto, condução AV normal
melhora do bloqueio AV 11 . A maioria dos casos necessita de 1:1 e alguma variabilidade da frequência cardíaca fetal (Fig.
marca-passo permanente por indicação classe 1 (Associação 14-59). Uma variedade de condições maternas e fetais pode
Americana do Coração/Colégio Americano de Cardiologia) ser responsável pela taquicardia sinusal sustentada incluindo
durante o primeiro ano de vida 84 .175. sofrimento fetal, anemia, infecções, estimulação-beta materna
e tireotoxicose fetal secundária a autoanticorpos tireoestimu-
Taquicardia lantes maternos . A importância da taquicardia sinusal consiste
no reconhecimento e tratamento de sua causa.
Desordens que levam ao aumento da [requência cardíaca inter- A taquicardia supraventricu/ar (TSV) engloba taquicardias
mitente ou sustentada de mais de 180 batimentos são respon- com três mecanismos diferentes que incluem (1) taquicardia
sáveis por aproxinladamente dois terços das arritmias maiores reentrante AV (TRAV) relacionado com a via acessória de
do feto . De acordo com a origem do ritmo rápido, as taqui- condução retrógrada ; (2) taquicardia recíproca da junção
cardias são classificadas em taquicardia sinusal, ta-quicardia permanente (TRJP) relacionado com a via de condução re-
supraventricular e taquicardia ventricularI 60.l85.1S9. Novamente, trógrada lenta, e (3) taquicardia ectópica atrial (TEA) devido
a ecocardiografia é o método diagl1óstico principal para esta- à automaticidade focal atrial intensificada. Estas podem ser
belecer o mecanismo da arritmia e suas consequências hemo- diferenciadas com base no seu padrão de arritmia e na relação
dinâmicas. Os mecanismos diversos podem ser diferenciados AVe VA. A TRAV é de longe o mecanismo mais frequente de
576 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

FIGURA 14-61 . Flutter atrial. O traçado do modo M no ventrículo esquerdo (LV) e átrio direito (RA) mostra uma frequência atrial (A) rápida
(420 batimentos por minuto) que é o dobro da frequência ventricular (V) (210 batimentos por minuto). A causa da arritmia é o flutter atrial com
condução atrioventri cu lar de 2: 1. LVFW, parede livre do ventrículo esquerdo; RAFW, parede livre do átrio direito.

TSV fetal (Fig. 14-60). O inicio e o fim da TSV reentrante são insuficiência caJ'díaca é o objetivo primário. Se o feto apresen-
súbitos. A frequência cardíaca varia entre 180 a 300 batimen- tar taquiarritnua maior depois de 35 semanas , a prograJ11ação
tos por minuto, e o padrão da arritmia pode ser intermitente do parto seguido pela conversão pós-natal consiste na opção
ou incessante. melhor. Em uma idade gestacional mais precoce, os riscos as-
O j1.ulter atrutl é o resultado de um circuito reentrame elétri- sociados a parto prematuro provavelmente sobrepõem os da-
co do átrio e é encontrado principalmente no terceiro trimes- nos potenciais do trataJ11ento faJ'macológico materno fetal. Há
tre I87.188. A frequência atrial varia entre 300 a 550 batimentos experiência considerável no trataJnento transplacentário da
por minuto, sendo suficientemente rápida para que somente taquiarritmia fetal com um número de agentes antiarrítmicos
um, a cada dois ou três batimentos atriais, seja conduzido para incluindo a digoxina 16.1.186.190, procaÍl1aJluda (classe Ia) 191, Be-
o ventrículo através do nodo AV. Como consequência, a fre- cainide (classe Ic)186, sotalol e arnlodarona (classe I lI) 164.190.1 92 .
quência de resposta ventricular fica geralmente entre 150 a A administração direta de adenosina, digoxllla, e/ou amioda-
250 batimentos por minuto (Fig. 14-61). rona, por exemplo, direto na veia umbilical tem sido utilizado
A taquicardia ventricular é rara no feto. A frequência com sucesso paJ'a o tratamento agudo da TSV incessante não
ventricular intermitente varia entre 170 a 400 batimentos por Qyalquer trataJ11ento antiarrítnuco diferente
minuto, excedendo a frequência atrial, ocorrendo dissociação da digoxÍlla deve ser iniciado em aJ11bieme hospitalar enquan-
completa entre os eventos atriais e ventriculares. Contudo, se to ocorre a monitoração do ritmo cardíaco materno e fetal.
o nodo AV for capaz de conduzir de forma retrógrada para o A supressão farmacológica da taquiarritmia fetal é alcaJlça-
átrio, é possível a relação 1:1 e, assim, torna difícil diferenciar da na maioria dos casos. Uma vez que a arritmia esteja sob
a taquicardia supraventricular da TSV reentrante. A síndrome controle, o tratamento com o antiarrítmico utilizado deve ser
do Q:;r longo deve ser suspeitada quando houver brarucardia mantido até o parto, com controle semaJ1al do ritmo caJ'día-
durante o ritmo sinusal, bloqueio cardíaco completo perma- co fetal. Muitos recém-nascidos com TSV fetal necessitam do
nente ou intermitente, ou ambosl 89 . trataJ11ento medicamentoso antiarrítmico por pelo menos 6 a
Após o diagnóstico de qualquer arritmia maior, é recomen- 12 meses após o nascÍlnento. Como contraste, uma vez que
dado o encaJlunhamento imediato para um centro terciário o ritmo sinusal tenha sido estabelecido após o nascÍlnento, a
fetal com especialista na abordagem terapêutica para o trata- recorrência do j1.utter atrial é incomum e geralmente não é pre-
mento materno e fetal. Na teoria, são disponíveis três aborda- ciso o trataJnento medicamentoso prolongado.
gens para a TSV e o j1.utter atrial: (1) observação, (2) terapia
com drogas antiarrítnucas, e (3) determinação do paJ'to. A mo,
nitoraç.:1.o da gestação somente é válida se o feto se apresentaJ'
com períodos breves internutentes de taquicardia na ausência Exame para Gestantes com Anticorpos
de alteração hemodinâmica. Episódios prolongados ou per' Anti-RoISSA e Anti-LaISSB
manentes de taquicardia podem afetar de forma sigl1ificativa a
função cardiovascular fetal , sendo que a sua conversão rápida Aproximadamente 1% a 2% de todas as mulheres grávidas
e permanente para o ritmo sinusal prevenindo ou resolvendo a apresenta anticorpos anti-Ro/SSA e/ou aJ1ti-La/SSB, a maio-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 577

ria sem qualquer sintoma relacionado com o anticorpol74 . por líquido, proporção mais alta de elementos não contráteis,
Estes anticorpos apresentam aumento, entrando na circulação colágeno tipo I rígido no miocárdio fetal e o atraso da remo"
fetal na metade da gestação e podem induzir a progressiva - d
çao o 'IOn cál CIO
. pe Io reucu
' Io en d
opiasmauco
' " tmaUIro 198.1
. 99 .
destruição do nodo AV em cerca de 1% a 2% das gestantes As mudanças da maturação, como a densidade do receptor
anti-Ro/La positivas. Como resultado desta lesão, a condu- adrenérgico no miocárdio, uma variação para proteínas iso-
ção elétrica AV prolonga progressivamente para o bloqueio formes contráteis mais maduras, e a melhor manutenção do
cardíaco AV completo depois de 20 semanas de gestação. O íon cálcio, resultam na melhora linear da função miocárdica
bloqueio AV completo pode ser prevenido se a doença puder com o avanço da gestação.
ser reconhecida e tratada no estágio inicial da lesão do nodo
AV, que é clinicamente caracterizada pelo aparecimento de
um curto de bloqueio AV de primeiro ou segundo
grau 95 . O Doppler permite a medida única e reprodutível CICLO CARDíACO
do tempo de intervalo mecânico AVe, assinl, representa um O conhecimento da fisiologia cardíaca é essencial para a compre-
meio aceitável na monitoração seriada dos fetos de risco para ensão dos achados ultrassonográficos cardiovasculares. O ciclo
o bloqueio cardíaco mediado de forma imune. O tempo de cardíaco consiste em cinco fases (Fig. 14-63). Três eventos
intervalo normal AV pelo Doppler da relação VCS/aorta cardíacos repetitivos são responsáveis pelo transporte anteró-
ou entrada/saída encontra-se, em geral, abaixo de 140 ms grado do sangue durante cada ciclo cardíaco: conu'ação ven"
independente da idade gestacional. O tratamento fetal trans- u"icular na sístole, seguido do relaxanlento ventricular ativo e
placentáI;o com esteroide para prevenir a progressão para o contração atrial na diástole. Com o início da contração ven-
bloqueio AV completo fetal irreversível deve ser considerado tricular, as válvulas AV se fecham e a pressão intraventricular
se houver alongamento significante do tempo de intervalo AV aumenta sem o encurtamento ventricular até esta exceder a
compatível com o bloqueio AV de pt;meiro ou grau mais ele- pressão nas grandes artérias. Como o volume ventricular não
vado em gestantes com anticorpos anti-Ro/ La positivos entre se altera no seu período inicial da sua conu"ação, este período
20 e 24 semanas de gestação. é chamado de período de contração isovolumétrica (CI). Com
a contração ventricular, a sua pressão excede a pressão das
grandes artérias, a válvula semilunar abre e o sangue é ejetado
FUNÇÃO CARDíACA do ventrículo para as grandes artérias. A contração durante
a ejeção ventricular pulsátil do volume causa rebaixamento
Fisiologia do Sistema Cardiovascular rápido do anel fibroso valvular AV, permitindo o aumento do
fluxo através da veia cava, que é chamado de onda S no traça-
Fetal
do do Doppler. Com a redução da pressão venn;cular abaL'(o
Há diferenças profundas do sistema cardiovascular antes e da pressão das artérias, a válvula sernilunar fecha .
depois do nascimento. A mais importante é que a placenta, Então, a pressão ventricular dinlinui com o seu relaxamento
antes dos pulmões, é a principal fonte de oxigenação do feto. até a pressão atrial exceder a sua pressão. Como o volume
O sangue oxigenado da placenta retoma para o feto através ventricular não se altera neste período inicial de relaxamento
do sistema venoso umbilical (Fig. 14-62). Aproximadamente ativo venn"icular, o período é chamado de relaxamento iso-
20% a 30% do sangue venoso umbilical desviam do fígado volumétrico (IR). Com o avanço do relaxamento, a pressão
para uma estrutura estreita, em forma de trompete, chamada venn"icular dinlinui abaixo da pressão atrial, e as válvulas
de ducto venoso l96 . O estreitamento do dueto venoso trans- AV se abrem. Isto permite rápido influxo de sangue para o
forma o fluxo venoso umbilical contínuo de baixa velocidade intet;or de ambos os ventrículos durante o início da diástole
em um jato pulsáúl, alcançando o pico de velocidade acima (onda E), ocorre rápida queda da pressão atrial e um aumento
de 75 em/segundo. A aceleração do fluxo direciona o sangue no sistema venoso em direção ao fluxo (onda D). À medida
oxigenado preferencialmente para o forame oval, passando que o gradiente de pressão através da válvula AV diminui, a
para o lado esquerdo do coração que supre as extremidades contração atrial contribui para o enchimento ventt;cular no
superiores, o cérebro e as artétias coronarianas; somente uma final da diástole (onda A). O aumento rápido na pressão atrial
pequena proporção atravessa o istmo da aorta para a aorta durante a sua sístole é transmitido para o sistema venoso, e
descendente. Em contrapartida, o sangue pobremente oxige- resulta no fluxo reverso (onda a) nas veias hepáticas e na veia
nado retomando ao coração pela veia cava inferior e superior cava, e dinlinuição do fluxo anter6grado no ducto venoso e
é principalmente direcionado para o venu"ículo direito e, então, nas veias pulmonares.
injetado para o tronco arterial pulmonar. Uma pequena pro"
porção passa através da circulação pulmonar, embora a maior
parte passe através do ducto arte rios o para a aorta descenden- Técnicas para Avaliação da Função
te, da qual o sangue é distribuído para os órgãos abdominais, Cardíaca
para os tecidos do tronco inferior e extremidades, bem como a
placenta. Assim, na circulação fetal ambos os ventrículos ejetanl A é um excelente método para avaliar indire-
simultaneamente sangue para dentro da circulação sistêmica. O tamente a função cardíaca e o fluxo sanguíneo. Uma avaliação
débito ventricular combinado é de cerca de 450 rnl/min/kg de breve, embora global, da função cardíaca fetal deve ser incor-
peso corpóreo fetal, dos quais o ventrículo direito contribui porada ao exame ulu"assonográfico básico. Esta deve incluir
de 20% a 30% mais do que o lado esquerdo l97. Outras dife- uma avaliação da contratilidade ventricular (os ventrículos
renças maiores da circulação fetal quando comparada com se tornam nitidamente menores na sístole?) , bem como a
a circulação pós-natal incluem a frequência cardíaca mais avaliação com Doppler do fluxo de entrada ventricular e do
rápida de 120 a 150 batimentos por minuto, pressão arterial fluxo do ducto venoso. Em certas condições fetais é necessária
sanguínea e resistência periférica mais baixas, e contratilidade avaliação mais detalhada do estado cardíaco e hemodinâmico
e complacência do miocárdio menores. A última é explicada em certas condições fetais (p. ex., hidropisia, restrição de cres-
pelo aumento da retração próprio dos pulmões preenchidos cimento) e maternas (p. ex., diabetes, gestação múltipla).
578 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

A rco da aorta

Veia cava
superior

Dueto arterioso

Tronco pulmonar

Veias pulmonares
Átrio direito

Átrio esquerdo

Válvula do
forame oval

Ventrículo direito

Veia cava inferior

A orta descendente

Saturação de oxigênio
do sangue

• Conteúdo de oxigênio alto

Conteúdo de oxigênio
médio

Conteúdo oxigênio baixo


Umbigo

FIGURA 14-62. A circulação fetal. A s cores indicam a saturação do oxigênio no sangue, e as setas mostram O curso do sangue da placenta
para o coração . Observe que três shunts permitem que a maior parte do sangue desvie do fígado e pulmões: dueto venoso , foram e oval e dueto
arterioso. O sangue oxigenado pobremente retorna para a placenta para oxigenação e ganho de nutrientes através das artérias umbilicais. (De
Moore KL, Persaud TV N: before We Are born: Essentials of Embryology and Birth Defects, 6'h ed. Philadelphia , W B Saunders , 2003.)
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 579

R R

P T P
ECG
s ,
V álvula
aórtica . . , ,
I

li.
E

Válvula
Válvula I '
aórtica
tricús pid e

Válvula
mitral I
\V y
E

A A
V eia
hepática
Ciclo 2 3 4 5 2 3
cardíaco

Fase 1. Enchimento diastólico inicial


Fase 2. Sístole atrial
Veia
Fase 3. Contração isovolumétrica
pu lmonar , f fi
Fase 4. Ejeção ventricular a
Fase 5. Relaxamento isovolumétrico
A B

FIGURA 14-63. Correlação das fases cardíacas (A) e traçado do Doppler do fluxo sanguíneo venoso, intracardíaco e arterial (8). Despolarização
elétrica do átrio (P) e ventrículos (QRS) precedem a contração atrial (A ) e ventricular (S), respectivamente. A proporção maior do enchimento
ventricular ocorre com a contração atrial no final da diástole (onda A na fase 2) . O aumento rápido da pressão atrial é transmitido para o sistema
venoso (onda a). Com o início da contração ventricular, as válvulas atrioventriculares se fecham e a pressão ventricular aumenta sem alteração
do seu volume (contração isovolumétrica na fase 3) . Quando a pressão ventricular excede a pressão nas grandes artérias, a válvula semilunar
abre , marcando o início da sístole ventricular (onda S arterial na fase 4). O encu rtamento ventricular durante a ejeção do volume pulsátil causa
um rebaixamento rápido do anel da válvula atrioventricular, permitindO o aumento do fluxo venoso em direção ao átrio (onda S venosa). Quan-
do a pressão vent ricular reduzir abaixo da pressão diastólica nas grandes artérias, a válvula semilunar abre , marcando o início do relaxamento
isovolumétrico (fase 5). Quando a pressão ventricular reduzir abaixo da pressão atrial no final do rela xamento isovolumétrico, as válvulas atrio -
ventriculares se abrem . Isto é seguido pela entrada rápida de fluxo sanguíneo para ambos os ventrículos durante o início da diástole (onda E na
fase 1), queda na pressão atrial e o aumento do fluxo sistêmico para frente (onda D).

Fração de Encurtamento Débito Cardíaco


o ultrassom modo M no corte de quatro câmaras ou, de A medida do débito cardíaco (DC) é útil em condições que
forma alternativa, no corte do eixo curto do ventrículo podem levar à falência cardíaca de alto débito, como a age-
esquerdo, consiste no meio mais simples de quantificar as l1esia de dueto venoso, tumores vasculares e gêmeo acardía-
alterações das dimensões das câmaras e das paredes durante C0
201 ,202. O débito cardíaco é quantificado pelo uso da equa-
o ciclo cardíac0 2oo . Para acompanhar isto, o cursor direciona- ção: DC = A x velocidade integral do tempo x FC, onde A é a
do no modo M em tempo real é posicionado perpendicular área do corte O'<U1sversal da válvula (A = 2 P 1'2), a velocidade
à parede interventricular septal no Iúvel do cordão tendíneo integral do tempo é a área abaixo da curva da forma da onda,
das válvulas AVe , assim, é gnvado o traçado no modo M e a FC é a frequência cardíaca. O sinal pulsátil do Doppler
(Fig. 14-64). Este permite o exame da medida do diâmetro deve ser obtido o mais paralelo possível da dir-eção do fluxo
sistólico final (DSF) diastólico final (DDF) com a atividade sanguíneo, posicionando a an10stra de volume imediatamente
do interior da parede ventriculiu mínima e máxima respecti- distal à extremidade do folheto valvular insonado. O DC
vamente. Então, a fração de encurtamento (FE) é calculada esquerdo pode ser estin1ado com acuidade razoável na válvu-
utilizando a equação: FE = ([DDF - DSF] x 100)/DDF. A la mitral ou aórtica e o DC direito, na válvula tricúspide ou
FE de ambos os ventrícu los dir-eito e esquerdo é de 28% a pulmonar203.2o4 . O DC fetal normal combinado com o peso
40%. Uma fração de encurtamento anormal geralmente é corrigido é de aproxirnadamente 450 ml/min/kg, dos quais o
indicativa de comprometimento do miocárdio ou aumento ventrículo direito contribui de 20% a 30% a mais do que o
de sobrecarga ventricular. ventrículo esquerdo l 97.
580 AVALIA ÇÃO Ul TRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

)PM !índice de performance ventricular)


= (Te I + TRI) / ET = (b-a) / a

Fração de encurtamento (%) (DDF - DSF ) x 100/ DDF


FIGURA 14-65. O traçado simultâneo do Doppler da entrada e saída
e o cá lcul o do índice de performance do mi ocá rdio (IPM ). O tempo de
contração isovolumétrico (Tel) do ventrículo esquerdo é o intervalo
FIGURA 14-64. Traçado do modo M das dimensões da parede ven -
de t empo entre o fechamento da vá lvula mitral e a abertura da válvu la
tricular e espessura do miocárdio. Depois de obte r o eixo curto do
a6 rti ca . O tempo de relaxamento isovolumétrico (TRI ) do ven trícu lo
coração feta l, o curso r do modo M é posicionado através dos dois
esquerdo é o tempo de intervalo entre o fe chamen to da vá lvula a6r-
ventrículos, alinhado perpendicularmente ao septo vent ricular. O re-
tica e o início da entrada de fluxo mitral. ET padrão para o tempo de
sultado do traçado do modo M possibilita a medida das dimensões do
ejeção ven tri cul ar.
final da diástole (D FD ) e final da sístole (DFS ) para o cálculo da fra ção
de encurtamento. LV, vent rículo esquerdo; RV , ventrículo direito.

F unção Diastólica de IR normal é menor que 60 ms208.209. O tempo de relaxa-


mento prolongado se correlaciona com alteração do enchi-
Informações úteis das características de enchimento ventricu- mento diastólico normal. Recentemente, o exame de Doppler
lar são obtidas indiretamente pela via de entrada ventricular pulsátil da veia cava inferior ou veia hepática, ducto venoso,
típica: a duração do tempo do IR do ventrículo esquerdo; e vasos umbilicais está sendo incorporado à avaliação de roti-
e o gadrão do Doppler do fluxo venoso sistêmico e pulmo- na do feto. O feixe de ultrassom para o traçado do Doppler
nar2 5.206 O endlilllento ven!ricuúIl' é examinado pelo posiciona- deve ser alinhado paralelamente à direção do fluxo sanguíneo
meIlto do cursor Doppler imediatamente distal à respectiva para a avaliação da medida da velocidade, enquanto que as
válvula AV. Depois de aproximadamente 10 semanas de relações da velocidade do fluxo , como relação sístole/diás tole,
gestação, a onda de entrada caracterís tica apresenta o padrão índice de resistência e índice de pulsatilidade não necessitam
de flu xo bifásico representando o inicio do enchimento dias- desse alinl1amento paralelo. Primariamente, a velocidade
tólico durante o rela;,amento ven u'icular (onda E) e o enchi- de fluxo da veia cava inferior é influenciada pela pressão
mento diastólico final durante a contração atrial (onda A), atrial e ventricular direita, enquanto que a do ducto venoso
respectivamente (Fig. 14-63). O pico da velocidade da onda A e das veias pulmonares representa de forma mais próxima o
excede o pico da velocidade da onda E devido ao enchimento lado esquerdo do coração. Tipicamente, as formas da onda
ve ntricular do feto ocorrer principalmente na contração atrial. do fluxo venoso são caracterizadas por um fluxo direcional
Presumidamente. devido à melhora do relaxamento ventri- bifásico durante a sístole (onda S) e o início da diás tole (onda
cular, o pico da velocidade da onda E apresenta aumento de D ) e um curto declive (onda a) durante a sístole atrial (Fig.
forma linear com o avançar da gestação, enquanto que há 14-63B). O grau do fluxo reverso da onda a varia considera-
pouca ou nenhuma alteração do pico na A206 . C omo resul- velmente entre os vasos individuais. No ducto venoso, o fluxo
tado, a relação da média E/A awnenta de aproximadamente permanece anterógrado também durante a contração atriaI,
0,6 com 20 semanas de para aproximadamente 0,75 diferentemente da veia cava inferior e hepática. Na veia cava
a 0,9 próximo do teimo O? Como o perfil da velocidade de inferior, a relação de pico do fluxo reverso ao pico de fluxo
entrada do fluxo diastólico se relaciona principalmente com a sistólico (índice de pré-cal'fa) é constante durante a gestação
altcração do gradiente de pressão entre os átrios e ventrículos,
este é influenciado pelas numerosas variáveis, incluindo as
°
e situa-se entre e 0,37 20 . A relação da duração do flu xo
reverso durante a contração atrial à sístole do fluxo direcional
propriedades das válvulas e o miocárdio innínseco, condições diminui em condições normais de aroroximadamente 25%
de volume e frequ ência cardíaca. O tempo de IR do ventríai/o para 5% entre 12 semanas e o term02 o. Com o enchimento
esqlleldo (Fig. 14-65) pode ser determinado pelo intervalo entre diastólico anormal do coração, a onda D venosa diminui ou
o fechamento da válvula aórtica e o início do fluxo da mitral desaparece, enquanto que a onda a de fluxo reverso secundá-
pelo Doppler pulsátil. Para permitir a medida precisa deste rio a contração aU'ial aumenta. Um fluxo ano rmal sistêmico
intervalo de tempo curto, os traçados devem ser obtidos a venoso no início e final da diástole pode ser observado em
uma velocidade de varredura de mais de 200 nmvs . O tempo várias condições, como a insuficiência cal'dÍaca congestiva e
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL 581

FIGURA 14-67. Disfunção diastólica na cardiomiopatia . O traça-


do do Doppler simultâneo na entrada e saída do ventrículo esquerdo
mostra o relaxamento isovolumétrico prolongado (RIP: 88ms) e au-
mento do indice da performance do miocárdio (IPM = 1). ET, tempo
de ejeção; ICT, tempo de contração isovolumétrico.

FIGURA 14-66. Funcão diastólica anormal. O influxo da tricúspide


é uma anormalidade que ocorre somente no final da diástole
(onda A). Além disto, há aumento do fluxo de sangue reverso durante
a contracão atrial (a) na veia hepática e ducto venoso secundário ao
aumento' da pressão no final da diástole ventricula r. S, fluxo sistólico;
D, início do fluxo diastólico.

as lesões obstrutivas do lado direito do coração. A transmis-


são dos pulsos venosos para a circulação da veia umbilical e
do sistema porta se correlaciona com o aumento do grau do
comprometimento cardíaco. O estágio final do Doppler veno-
so anormal consiste na pulsação atrial no cordão umbilical
geralmente em associação com hidropisia fetal (Fig. 14-66).

FIGURA 14-68. Miocardiopatia hipertrófica global grave. O corte


índice de Performance do Miocárdio axial do eixo curto dos ventrículos e o traçado do modo M mostram

o IPM ou índice de jJel}imnance do miocárdio é um índice


hipertrofia miocárdica acentuada. RV, ventrículo direito. RVFW, pare -
de liv re do ventrículo direito.
a função sistólica e dias-
to!Jca 08.211213. O mdlce e calculado pela soma do tempo de
intervalo da contração isovolumétrica com o iso-
volumétrico dividido pelo tempo de ejeção do ventrículo (ver sÚ1drome de transfusão feto-fetal (STFF), estados de alto débi-
Fig. 14-65). Os dados de referência do IPM para o ventrículo to e insuficiência placentária.
direito e esquerdo para a metade e final da gestação diferem As canliomiojJatwJ não são raras no feto. A distinção entre
entre os estudos diferentes, variando entre 0,35 + 0,05 e 0,53 cardiomiopatia hipertrófica e dilatada pode auxiliar no enten-
+ 0,13208.2 11.2 13. Foi utilizado pa.ra avaliar o estado cardíaco dimento e, talvez, no tratamento da causa determinada . Inde-
fetal em condições de gestação normal e anormal incluindo pendente da causa, ambos podem apresentar-se com disfunção
diabetes , síndrome de transfusão feto-fetal, restrição de cresci- sistólica e diastólica grave, hidropisia fetal e até mesmo óbito
mento fetal e falência cardíaca congestiva (Fig. 14-66). intrau terino (Fig. 14-67).
A cardiomiopatúl hiPertrijica (CMH) é diagnosticada quan-
do a espessura da parede ventricular encontra-se acima de 2
Função Cardíaca Anormal desvios-padrão da média da idade gestacional (Fig. 14-68)2 14.
O aumento da espessura da parede pode levar ao enchimento
A função cardíaca anormal geralmente está associada a desor- diastólico inadequado do coração e redução do seu débito .
dens dos músculos cardíacos e condições anormais da carga Causas intrínsecas incluem a síndrome de Noonan CMH [a-
ventricular. Numerosas condições reversíveis e irreversíveis milar, alfa-talassemia e outras doenças raras 215 . O diabetes ma-
podem influenciar a fJeifol7nance cardíaca fetal incluindo desor- terno é a causa extrínseca mais comum. O controle glicêmico
dens genéticas, infecções virais, doença autoimune materna, sanguíneo materno insuficiente causa hiperglicemia fetal , que
582 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO CORAÇÃO FETAL

estimula a produção e secreção de insulina pelo pâncreas fetal. 2. Kramer HH, Majewski F, Trampisch HJ, et ai : Malformation
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hipertrofia septal despropo rcional ocorre em 30% dos recém- congenital hean disease Ul a population·based study. Int J Cardiol
nascidos de gestantes diabéticas 216 e esta alteração morfológica 68:151, 1999.
pode ser detecta da pela ecocardiografia na metade da gesta- 4. Eskedal L, Hagemo P, Esk.ild A, et ai: A population-based study
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rante a infância217.21S. Ao contrário do bom prognóstico geral
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servada em associação com diabetes materno. A hipertrofia 7. Paladini O, Calabro R, Palm..ieri S, et ai: Prenatal diagnosis of
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Somos muito gTatos às Dras. Alessandra Bernasconi e Alexanadra
21. Sharland GK, Allan LO: Screel1Íl1g for congetutal heart disease
j evremovic, que nos informaram da lista de casos bons, revisando prenatally: Results of a 2 1/2-yeat· study in the South East Thames
nossos manuscritos tão meticulosamente e fornecendo comentá- Region. BrJ Obstet Gynaecol 99:220, 1992.
rios e correções valiosas. Agradecemos à sra.jeruller Russel por 22. Achiron R, Glaser J, Gelernter l, et ai: Extended fetal echo-
abordagem de referências, sra. Eul Kyung Kim por fazer os dia- cardiographic eXatlUnation for detecting cat-diac malformations in
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15
TRATO GASTROINTESTINAL E
PAREDE ABDOMINAL
Moshe Bronshtein, MO , Sh raga Blazer, MO e Etan Z. Zimmer, MO

Embriologia Cisto/Pseudocisto Meconial Não Visualização da Vesícula Biliar


Esôfago Divertículo de Meckel Vesícula Biliar Não-Visualizada como
Atresia do Esôfago Diagnóstico Pré·natal Achado Isolado

Incidência Duplicação do Intestino Delgado Desaparecimento Tardio da Vesícula Biliar

A nomalias Associada s Pseudo-obstrução Intestinal Congênita Pedras na Vesícula Biliar Fetal (Lama na
Vesícula Biliar)
Di agnóstico Pré-natal Diarreia Clorada Congênita
Atresia Biliar Extra-hepática
Período do Diagnóstico Cólon
Diagnóstico Pré·natal
Atresia do Esôfado e Duodeno ou Defecação Fetal
Atresia do Piloro Cisto de Colédoco
Doença de Hirschprung
Cistos de Duplicação Entérica Diagnóstico Pré·natal
Diagnóstico Pré-natal
Fenda Laringotraqueoesofágica Baço
Atresia Anal
Síndrome do Notocórdio Dividido e Esplenomegalia
Diagnóstico Pré-natal
Cistos Neuroentéricos Cisto Esplênico
Intestino Hiperecogênico
Estômago Pâncreas
Definição Ultrassonográfica
Tamanho Gástrico Pâncreas Anular
Resumo
Ciclos de Esvaziamento Gástrico Cisto Pancreático
Volvo
Não Visualização do Estômago Pancreatob lastoma
Intussuscepção Intrauterina
Microgastria Congênita Cisto Intra-abdominalldiopático
Má Rotação
Localização do Estômago Parede Abdominal
Sequência de Disgenesia Cloaca I
Atresia de Piloro e Epidermólise Bolhosa Herniação Fisiológica do Intestino Médio
Suspeita de Patologia do Trato
Diagnóstico Pré-natal Gastrointestinal: Uma Abordagem Prá tica Dnfalocele (Exônfalo)
Massas Gástricas Intraluminais (Os 12 Mandamentos) Anoma/i.as Associadas
Duplicação Gástrica Fígado Prognóstico
Duodeno Circulação Hepática Diagnóstico Pré-natal
Obstrução Duodenal Volume Hepático Onfalocele Isolada - A Experiência dos
Estatística Autores
Hepatomegalia
Diagnóstico Pré-lIatal Onfa locele e Síndrome de Beckwith-
Cistos Transitórios Simples Idiopáticos no
Sinal da Dupla Bolha Transitória Wiedmann
Início da Gestação
Massa Cística do Abdome Gastrosquise
Doença Hepática Pol icística
Médio - Diagnóstico Diferencial Incidência e Etiologia
Hamartoma Mesenquimal Hepático
Jejuno e íleo Anoma lias Associadas
Massas Hepáticas
Dilatação Líquida Intestinal Precoce TIpo de Parto
Hemangioma Hepático
Transitória Idiopática Prognóstico
Hepatoblastoma
Atresia Jejunoileal Diagnóstico Pré-natal
Ca lcificações Hepáticas
Diagnóstico Pré-natal Sequência da Ruptura da linha Média
Vesícula Biliar
íleo Meconial
Variantes Anatômicas da Vesícula Bil iar Sequência da Extrofia Cloaca I
Perfuração Intestinal
Forma Cisto Vesicoalantoide/Úraco Patente
Peritonite Meconial
Localização
Diagnóstico Pré-natal
Veia Umbilical Direita Persistente

587
588 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

A s malformações pré-natais do trato gastro}ntestinal estão


sendo reconheCldas com maIOr frequenCla . Isto em
parte ocorre devido à melhora do avanço tecnológico na
intestino médio e, inicialmente, este se encontra em conti-
nuidade direta com a vesícula vitelina. Em adição ao tubo
intestinal prinUtivo, a camada do endoderma também origina
imagem ultrassonográfica, bem como à melhor compreensão o parênquin1a de dois órgãos glandulares grandes associados
pelo ultrassom das manifestações gastrointestinais. Como está ao ducto gastrointestinal, o fígado e pâncreas! .
discutido posteriormente neste capítulo, com frequência o
sinal ulu'assonográfico inicial para a malformação do trato
gastrointestinal é um sinal indireto, mais do que a observação ESÔFAGO
da própria anomalia: ou seja, o poli-hidrâmnio nos casos de
O esMago conecta a faringe ao est6mago. Ele está
atresia jujenal e ausência da imagem preenchida de liquido no
colabado, sendo visualizado como duas ou quatro bnhas
est6mago nos casos de atresia do esMago.
ecogênicas, representando as paredes anterior e posterior .do
esMago. Ocasionalmente, o esMago pode estar preenchido
EMBRIOLOGIA com líquido e, consequentemente, detectado como um tubo
fin0 3 .4.
o trato gastrointestinal inicia o seu desenvolvimento no Pelo fato de não ser linear, o esMago é impossível de ser
começo da terceira e quarta semanas I. O espessamento longi- detectado em sua integridade e as porções cervical, torácica e
tudinal e lateral do embrião resulta na incorporação da parte abdominal geralmente são identificadas separadamente. De to-
dorsal da vesícula vitelina. ASSin1, a camada de células germi- das as porções, a parte cervical do esMago apresenta a melhor
nativas do endoderma é incorporada ao embrião e forma o imagem no plano longitudinal; a porção torácica é visualizada
tubo intestinal primordial (primitivo) (Fig. 15-1)1. O intestino melhor atrás e paralela à traqueia, e a porção distal abdominal
prinutivo é fechado na extremidade cranial pela membrana desvia da coluna e torna-se visível logo abaixo da sua entrada
orofaríngea e na sua porção caudal pela membrana da clo- no est6mago (Figs. 15-2 e 15-3).
aca 2 O endoderma do intestino prinutivo origina a maior A detecção do esMago (utilizando transdutor vagllial) é
parte do epitélio e glândulas do trato digestivo. O epitélio mais fácil no início da gestação (12-16 semanas) do que no
na extremidade craniana e caudal do u-ato é derivado do final, e como regra geral, é acompanhada melhor no final da
ectoderma do slomaáeum (boca prinutiva) e proctodeum (orifício gestação com transdutor linear de alta resolução.
anal), respectivamente. Camada muscular, tecido conjuntivo Malinger el al. 4 foram capazes de identificar u-ês diferen-
e outras camadas da parede do trato digestivo são derivadas tes padrões de motilidade esofágica entre 19 e 25 semanas .
do mesênquima esplâncnlco ao redor do intestino prinUtivo 2. O padrão mais frequente foi o simultâneo, abertura sincro-
Na parte anterior do embrião, a incorporação do endoderma nizada do lúmen do esMago da oro faringe ao seu esfíncter
no espessamento cefálico resulta na fom1ação do intestino mais baixo, durando, em média, três segundos , sem qualquer
anterior, enquanto que a parte posterior do embrião forma o onda peristáltica. O segundo padrão consiste na abertura do
intestino posterior2 O intestino anterior é dividido em porções segmento do lúmen do esMago em conjunção com atividade
cnuual e caudal. A porções cnuual se desenvolve na cabeça peristáltica da faringe através do medias tino e para o est6ma-
e no pescoço, como faringe. Na região média, se forma o

FIGURA 15-1. O tubo intestinal em embrião de 4 semanas. (De


":r ;::\' Mitchell B. Sharma R: Embriology : A n IIlustrated Colour Text. Edinburgh,
Elsevier/Churchill Livingstone , 2005, p. 39.)
4 semanas

Faringe

I anterior

Divertículo
/71) \, _
U?-
respiratório
Estõmago

Septo

J transverso
Broto hepático

Intestino médio

'---!,----:,, - - - - -- - - Dueto
vitelointestinal

- -.1-- - - - - -- - Intestino posterior


Cloaca
Membrana
da cloaca
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 589

go. o terceiro padrão de mobilidade foi observado em apenas Anomalias Associadas


um de 52 fetos , em que os autores podiam ver a passagem de
Até 64% dos recém-nascidos apresentam anomalias asso-
conteúdo com partículas quando estas se moviam para cima,
ciadas õ-7, mais frequentemente com associação de VATERJ
do estômago para a faringe.
VACTREL (vertebral, anorretal, traqueia, esôfago, cardíaca,
renal e membros). A aneuploidia também é comum e varia
Atresia de Esôfago entre 5% a 10% nas diferentes séries. O risco de síndrome de
D own é 30 vezes maior do que o esperado para a população
Incidência geral 5.S.9.
A atresia ele esôfagü (AE) ocorre com prevalência entre A evolução dos fetos e recém-nascidos com a atresia de
1 :5.500 e 1:6.000 nascimentos. Mais ele 90% apresentam fís- esôfago ainda é desfavorável. Sparey el al. 6 relataram a mor-
tula traqueoesofágica associada (FIE)Õ-? Os cinco principais talidade perinatal de 21 %, primariamente como resultado das
tipos desta anomalia estão apresentados na Figura 15-4. Na anomalias associadas. A morbidade a longo prazo , sobretudo
forma mais comum (cipo A, 82%), o esôfago superior termi- relacionada com a disfagia, esteve presente em 25% das crian-
na em uma bolsa cega e a FIE é conectada na sua porção ças com mais de 24 meses de idade.
distal.

FIGURA 15- 2. Esôfago torácico . O esôfago (E) é marcado pelas FIGURA 15-3. O esôfago distai (setas) e sua entrada para o interior
setas. O lúmen da traquéia é marcado pelas letras T. do estômago (S). A traqueia é marcada pelas letras T.

FIGURA 15-4. A ilustração gráfica dos cinco principais tipos


de atresia com e sem fistula traqueoesofágica. (De Donnelly
LF, Jones BV, O'Hara SM, et ai (eds.): Diagnostic Imaging,
Pediatrics, 1st ed . Salt Lake City, Amirsys Inc. 2005, p. 44.)
590 T RATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-5. O sinal da bolsa. Esquerda, A bolsa (seta) é detectada no corte sagital do pescoço. Direita, Depois de um período curto , a
bolsa desaparece. (Cortesia de B. Vijayaraghavan: www.thefetus.net. )

Diagnóstico Pré-natal
O sinal da bolsa não tem sido examinado em séries amplas
Os principais marcadores ultrassonográficos para a atresia do e, deste modo, ainda não é possível defmir com acuidade sua
esôfago SãO IO -1S : sensibilidade na detecção da AE. Schulman et al. 14 encontra-
ram em todos dos seus nove casos com AE, enquanto que
1. Estômago pequeno ou ausente. Langer et aI. 13 detectaram o sinal da bolsa somente em um dos
2. Poli-hidrâmnio. seis fetos com AE. Merece nota o fato de que todos os relatos
3 . Sinal da bolsa no final do esôfago cego. atuais da detecção do sinal da bolsa ocorreram em fetos na
segunda metade da gestação.
Devido à obstrução do esôfago, menor quantidade de líquido A artéria umbilical única também é marcador para a atresia
é deglutida pelo feto e, assim, em vez de chegar ao estômago, de esôfago. Torfs et at.s notaram que todos os tipos de atresia
este se acumula na cavidade amniótica. Porém, pelo fato de de esôfago apresentaram associação significante de artélia um-
um estômago ausente ou pequeno e/ou poli-hidrânmio tam- bilicalímica. Em uma série de 450 fetos com artéria umbilical
bém poder estar presente em outras anomalias, esta caracterís- única no início da gestação, foram encontrados três casos com
tica ultrassonográfica é considerada como um sinal indireto, atresia de esôfago.
marcador inespecífico da atresia de esôfago. Devido ao valor preditivo insuficiente do ultrassom na de-
Stringer el al. ll notaram que o valor preditivo para AE tecção da atresia de esôfago, vários autores examinaram o be-
variou entre 39% para um estômago pequeno com poli-hi- nefício de realizar o exame de imagem por ressonância magné-
drânmio a 56% quando este estava presente na ausência do tica (RM) . Foi verificado que a RM aumentou a acuidade do
estômago. O poli-hidrânmio isolado ocorre em 1 :50 gestações diag11óstico; porém os dados atuais são, principalmente, de re-
na população geral. Considerando a incidência de atresia de latos de caso, pois as séries amplas não estão disponíveis I3. 18. 19.
esôfago conhecida, estima-se que o poli-hidrânmio isolado seja De modo geral, a sensibilidade da detecção da AE/FTE é pe-
o único marcador isolado desta patologia em aproximadamen- quena; quase 60% a 70% dos casos não são detectados lÍI utera,
te 1% dos casos. Em nossa experiência, foi observado que a principalmente pelo fato de poli-hidrânmio e estômago peque-
presença de poli-hidrâmnio grave e a falta de identificação do no ou não visualizado poderem não estar aparentes.
estômago após um período de tempo prolongado sem a pre-
sença de anomalia obstrutiva do trato gastrointestinal superior
(p. ex., pressão por um bócio etc.) aumenta significativamente Período do Diagnóstico
a probabilidade da AE.
Na última década, vários relatos enfatizaram o problema Atualmente, não há relatos da detecção da não visualização
da detecção do sinal da bolsa, se apresenta como o final do estômago com poli-hidrâmnio em fetos com atresia de
dilatado do esôfago (Fig. 15-5) lO. 2-17. A sua detecção não é tare- esôfago antes de 18 semanas. Os autores identificaram três
fa simples , pois este se enche e esvazia periodicamente, talvez fetos com atresia de esôfago em que o estômago e a quantida-
em correlação com a deglutição fetal. Além disto, dependendo de de líquido anmiótico encontran1-se normais com 14 a 16
da natureza desta anomalia, a bolsa pode estar localizada na semanas de gestação. O poli-hidrâmnio e a não identificação
região cervical ou mediastino. Schulman et al. 14 notaram que do estômago foram observados só após exames repetidos com
o ultrassom detalhado pode demorar mais do que 20 ou 30 20 semanas de gestação.
minutos pelo fato da necessidade de repetida visualização da Assim, é provável que muitos casos de atresia de esôfa-
região suspeita. go já apresentem a fístula traqueoesofágica desde o início da
Eles sugerem os seguintes cortes ultrassonográficos: gestação. A físntla provavelmente começa a se estreitar com o
prosseguimento da gestação. Se ocorre obliteração completa,
1. Coronal, através do pescoço e do tórax, para visualizar espera-se um estômago pequeno ou não visualizado. Ocasio-
a via aérea superior; hipofaringe, laringe e traqueia. nalmente, o canal fistuloso entre a traqueia e a distal
2. Secção sagital do feto. do esôfago é trocado por um cordão de ligament0 2 . Porém,
3. Dois cortes axiais; um no nível da glândula tireoide, e se a físntla não estiver completamente obliterada, o estômago
o outro no nível do corte de três vasos e da traqueia. pode ser identificado.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINA L 591

FIGURA 15-6. Duplicação cística de esôfago. Esquerda, Um corte transverso, o estômago (S) e um cisto (c) no mediastino posterior. Direita,
Um corte parassagital, o cisto está localizado superiormente ao estômago (S) e o esôfago (E) é detectado. Atenção: Esta não é a bolha da
atresia duodenal , que normalmente está localizada no meio do abdome e inferior ao estômago (círculo branco).

Atresia do Esôfago e Duodeno ou a forma tubular ocorre somente em 5% a 10% dos casos 24 .
Atresia do Piloro A forma cística apresenta imagem ultrassonográfica como um
cisto ou uma alça única viscosa . A forma tubular pode apre-
A au-esia do esôfago pode ocorrer em associação a outras sentar-se como massa hiperecogênica adjacente ao lúmen gas-
atresias do trato gastrointestinal21 ' 23 trointestinal (Fig. 15-7).
A associação da atresia do esôfago e duodeno sem fístula
traqueoesofágica resulta em uma alça fechada do intestino en-
volvendo o esôfago distal, estômago e duodeno. O ultrassom Fenda Laringotraqueoesofágica
revela uma grande coleção líquida em forma de "C" no abdo-
me fetal, que pode estender-se para o tórax ou massa cística A fenda laringotraqueoesofágica (FLTE) é uma anormalidade
no tórax com dilatação do estômago e prin1eira porção do na fOlwação do septo traqueoesofágico ou da falha do septo
duodeno. O diagnóstico diferencial destes casos inclui hérnia em alcançar o nível apropriado. Foram sugeridas várias classi-
diafragmática, obstrução gastrointestinal, duplicação cística do ficações para esta anomalia 29 .32 .
trato gastrointestinal, ou cisto anômalo do pulmão. As anomalias associadas são frequentes, principalmente as
gastrointestinais, cardíacas, pulmonar e geniturinária. A FLTE
também aparece em três síndromes específicas: Optiz-Frias,
Cistos de Duplicação Entérica Pallister-H all e VACTER. Samuel el al.'19 relataram sete fetos
Cistos de duplicação entérica são anomalias congênitas raras com FLTE, verificando que todos apresentavam anomalias
que podem surgir em qualquer lugar do trato gastrointestinal. pulmonares e atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica.
Aproxin1adamente metade dos casos está no intestino médio, A agastria foi identificada em quatro casos e a n1icrogastria em
um terço no intestino anterior (esôfago, estômago e parte três casos. O s recém-nascidos sofreram episódios repetidos de
proximal do duodeno), e 13% ocorrem no cólon. O s cistos aspiração, pneumonia química, problemas de alimentação e
de duplicação formam-se em paralelo com o lúmen normal elevada taxa de mortalidade 293 2
do trato gastrointestinal, quando dois canais, em vez de um, O diagnóstico pré-natal deve ser sugerido em casos de
se desenvolvem entre 6 e 8 semanas de vida. A parede destes poli-hidrâmnio, agastria, n1icrogastria e anomalias císticas no
cistos é composta de epitélio de mucosa e camada muscular. pulmã0 29.3o • Devido à incidência elevada de anomalias asso-
Qyase um terço dos recém-nascidos com duplicação entérica ciadas, é obrigatória a avaliação de todos os órgãos fetais.
apresentam anomalias associadas, como síndrome do noto-
córdio em fenda, malformações gastrointestinais e duplicação Síndrome do Notocórdio Dividido e
de bexiga, uretra interna e genitália externa. As crianças
podem sofrer de vários distúrbios clínicos, como úlcera pép- Cistos Neuroentéricos
tica do tecido gástrico, hemoptise em casos de fístulas para A síndrome do notocórdio dividido é uma anomalia rara
os brônquios, infecção dos cistos de medias tino e obstruções em que uma fenda da coluna vertebral está associada a ano-
gastrointestinais. É in1portante notar que a malignização tem malias do sistema nervoso central e gastrointestinal. Cistos
sido relatada em algumas duplicações císticas. A ressecção neurentéricos também podem estar presentes 33.35 . Almog el
da duplicação cística é considerada como um cuidado básico a1. 34 relataram um feto que apresentava estômago anormal
devido à elevada incidência de distúrbios associados à possi- localizado no medias tino direito posterior com escoliose grave
bilidade da malig1udade 24' 28 . e distorção vertebral. Agangi el a1. 35 relataram um feto com
A duplicação esofág-ica é responsável por aproximada- massa cÍstica envolvendo a parte inferior do sacro, sendo
mente 10% de todas as massas mediastinais na criança, com a observado estrutura perineal alongada semelhante a uma alça
maioria ocorrendo na porção média ou distal do esôfago (Fig. intestinal. O diagnóstico pós-natal foi de um segmento do
15-6). Sua incidência é de cerca de 1 :8.200 nascin1entos com cólon protruso, ânus in1perfurado e lipomeningon1ielocele.
predon1inância do sexo masculino em 2: 126 . A maior parte Assin1, os ultTassonografistas devem considerar que os acha-
dos casos de duplicação apresenta forma cística, enquanto que dos de anomalias vertebrais associados a massas císticas intra-
592 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15- 7. Duplicação gástrica. Esquerda, Massa cística hiperecogênica (Ml, que aparece sólida, é identificada comprimindo o estômago
(S) posteriormente. Direita, Exame de ressonância magnética elucidando que a massa (M) é , na verdade, uma víscera atrás do estômago (s).(De
Levine D: State af the art: Obstetrie MR Imaging. Radialagy 211 :609, 1999.)

FIGURA 15- 8 . Síndrome do notocórdio dividido. Esquerda, Massa cística observada no corte transverso do pulmão. Direita , Em um corte
transverso inferior, uma vértebra em fenda (V) está conectada à massa cística (seta) .

torácicas e abdominais podem ser sugestivos da síndrome do


notocórdio dividido (Fig. 15-8). Em muitos casos, é possível
observar imagens de movimentos peristálticos no interior da
massa cística. Estes movimentos peristálticos podem servir
para auxiliar no eliag11óstico diferencial de outras anomalias
císticas no tóra2( (cisto broncogênico. malformação adeno-
matos a cística, sequestro pulmonar) e no abdome (cistos ele
colédoco, omento, mesentérico e ovariano).

ESTÔMAGO
o estômago fetal aparece primeiro como uma estrutura cística
no plano superior do abdome esquerdo . Este pode ser obser-
vado em 30% dos fetos com 8 semanas de gestação e deve
ser observado em todos os fetos com 11 semanas de gestação.
(Figs. 15-9 e 15-10)36.

Tamanho Gástrico
As dimensões do estômago são definidas pela maior área
incluindo o piloro nos planos transversos ou oblíquos. O FIGURA 15-9. Um corte transverso diagonal do abdome fetal.
plano transverso no centro do corpo gástrico é utilizado para GB, vesícula biliar; St. estômago; VU, veia umbilical.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 593

quase 60%. Deste modo, foi estimado que o esvaziamento


gásu;co é responsável pela absorção diária de cerca de 250 m1
de líquido amniónco deglutido. Como o feto deglute aproxi-
madamente 500 m1 de líquido amniótico, sugere-se que uma
quantidade extra de líquido atravesse o piloro passivamente
independente do ciclo de esvazian1ento.

Não Visualização do Estômago


A não visualização do estômago tem sido relatada em 0,07 0/0
a 0,4% das gestações . O prognóstico foi anormal em 48% a
100% destes casos 43 ,44 .
Muitos fetos apresentavam anomalias associadas. Os prin-
cipais distúrbios que devem ser sugeridos são:

1. Obsu-ução mecânica do esôfago .


a.Atresia do esôfago.
FIGURA 15-10. Corte normal parassagital do tórax e abdome. b.Tumores de faringe, esôfago ou mediastino.
S, estômago; K, rim. A linha de demarcação do diafragma está c.Bócio.
assinalada por setas. d.H érnia diafragmática.
e.Massas intratorácicas, como malformação adeno-
matosa cística grande e an-esia de traqueia.
2. Distúrbios anatômicos do sistema de deglutição, como
as medidas ântero-posterior e transversal. O volume gástrico
fenda labiopalatina grave.
é calculado como uma forma arredondada em elipse. Muitos
3. Distúrbios neurogênicos do sistema de deglutição.
pesquisadores encontraram uma relação entre a área, o volu-
me gástrico e a idade gestacionaI3i'39 . Entretanto, o tamanho
gástrico é influenciado pela quantidade de líquido amniótico A quantidade de líquido amniótico pode estar aumentada, di-
minuída ou normal em casos da não visualização do estôma-
deglutida pelo feto, a quantidade de secreção gástrica e a
frequência de passagem do conteúdo gást.rico pelo piloro. go. O poli-hidrâmnio é atTibuído à diminuição de líquido am-
Também, parece que a complacência gásu'ica varia entre os niótico deglutido pelo feto . Provavelmente, o oligo-hidrâmnio
fetos. Embora em alguns feros um estômago grande possa ocorre em fetos patológicos, com diminuição da produção de
estar sempre aparente, em outros é detectado sempre um estô- líquido. Na experiência dos autores, a não visualização tra71Ji-
mago pequeno. Assim, são esperadas variações no tamanho tária do estômago não está associada a uma evolução adversa.
gástrico, devendo ser considerados como fenômenos fisioló-
gicos. Zimmer eI realizaram medidas sel;adas a cada 20 Microgastria Congênita
minutos em 146 fetos entre 14 e 41 semanas de gestação. A
média de variação percentual entre cada uma das medidas A microgastria congênita é uma anomalia extremamente
pareadas foi de 16,60/0 a 43 ,1% para as diferentes dimensões rara que parece resultar da alteração do desenvolvimento do
do estômago. intestino antel;or. Têm sido descritas anomalias associadas
Além das alterações fisiológicas normais no tamanho gás- em muitos destes casos, sendo as mais frequentes: asplenia,
trico, o ultrassonografista deve considerar que o estômago síndrome de Opitz e fenda lal'ingotraqueoesofágica 45 --l i .
é um órgão assimétrico e a padronização dos seus marcos O diagnóstico baseia-se na detecção de um estômago mui-
para as medidas às vezes não é simples. Assim, a patologia no to pequeno em exames repetidos. O principal diag11óstico dife-
tamanho do estômago, incluindo a não identificação, somente rencial está relacionado com o estômago pequeno secundário
deve ser considerada depois da repetição de vários exames. à atresia de esôfago. De nota, na microgastria congênita, o
Deve ser lembrado que uma pequena quantidade de líquido volume da quantidade de líquido amniótico pode ser nor-
no estômago não exclui o diagnóstico de atresia esofágica. mal 45, enquanto que na atresia de esôfago, o poli-hidrâmnio
Tanto a secreção gástrica normal quanto a secreção e Buxo é um achado comum. A correção cirúrgica pós-natal, como
através de uma fístula traqueoesofágica patente podem resul- o aumento gástrico, pode ser necessária em alguns casos pelo
tar em uma quantidade pequena de líquido gástrico. fato de estas crianças poderem ficar relutantes à alimentação
n0Il11al e, também, sofrerem de má nutrição, restrição de cres-
cin1ento e infecções do trato respiratóri0 46,47. Entretanto, o au-
Ciclos de Esvaziamento Gástrico mento da expectoração por vários meses é o único achado dos
recém-nascidos que parecem sadios. Os autores observaram
Tem sido observado que mudanças cíclicas no tamanho dois casos, em um deles a mãe relatou que também apresenta-
gástl'ico iniciam-se a partir de 12 semanas de gestação. Sase va expectoração durante a infância. Além disto, é in1portante
eI al. 4 1. 42 realizaram gravações contínuas do estômago a cada comunicar aos pais que a microgastria pode ocorrer em alguns
1 a 2 horas e estabeleceram a relação da área gásu'ica (área casos com evolução favorável.
gástrica dividida pela área do abdome fetal em plano trans- Aumento do Estômago com Quantidade de Líquido Am-
verso) a cada minuto. Os autores verificaram que o ciclo de niótico Normal. Geralmente, esta é uma variante anatômica
esvaziamento gástrico demora de 30 a 100 minutos antes de normal sem evolução clínica adversa (Fig. 15-11).
24 semanas de gestação, aproximadamente 40 minutos de 32 Aumento do Estômago com Poli-hidrâmnio. Em geral,
a 35 semanas de gestação e mais de 80 minutos no termo. O esta anomalia consiste na obstrução da saída gástrica que pode
volume gástrico próximo do termo é de aproximadamente ser por atresia de piloro, duodeno, íleo e jejuno. Raramente,
10 ml, e o volume diminui com o esvaziamento gástrico em um estômago muito dilatado em forma de C pode ser obser-
594 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-11 . Estômago acentuadamente dilatado na semana 15. FIGURA 15-12. Localização anormal do estômago. Feto com uma
hérnia diafragmática esquerda. O estômago preenchido por líquido não é
identificado em sua posição normal dentro do abdome. O estômago (St)
está localizado dentro do tórax adjacente ao coração fetal (H). Lu, pulmão.

vado em obstrução da saída (piloro ou duodeno) ou obstrução Diagnóstico Pré-natal


de entrada (atresia de esôfago). Não é possível, nesses casos, o
refluxo do líquido do estômago para o esôfago. 1. Estômago dilatado e poli-hidrâmnio.
2. Dilatação d? esôfago devido a refluxo gastroesofágico
(Fig. 15-13)"2
Localização do Estômago 3. Marcadores da desnudação da pele ou desenvolvin1en-
A localização anormal do estômago é um importante marca- to de bolhas na epidermólise bolhosa.
dor de outras anomalias (Fig. 15-12). a. Aparência de flocos de neve no liquido an1niótico53 .
b. Deformidades externas e pele fortemente aderida
1. Deslocamento em várias direções. em vários órgãos48.
a. Hérnia diafragmática. 4 . Níveis elevados de a1fa-fetoproteina e aeetilcolinestera-
b. Sequestro pulmonar subdiafragmático. se na epidermólise bolhosa.
c. Massa adrenal. 5. Análise de DNA e biópsia de pele na epidermólise
2. Situs inverslIs completo. Indivíduos com esta anoma- bolhosa 48.54 .
lia tanlbém podem ser portadores da sÚldrome de
Kartagener.
3. Dextrogastria ou estômago do lado esquerdo com dex- Massas Gástricas Intraluminais
trocardia. Estes achados são comuns na sindrome de
heterotaxia ou sÚldrome de polispleniaJasplenia. Massa ecogênicas ou fragmentos são, algumas vezes. detec-
4. Hipoplasia de pulmão. tados dentro do estômago fetal (Fig. 15-14). Previamente, este
achado foi relatado sobretudo em fetos depois de anmiocen-
tese. Tem sido sugerido que estas massas são resultados do
Atresia de Piloro e Epidermólise sangue ou do material citogenético deglutido pelo feto 56 .56 . A
Bolhosa melhora da resolução do ultrassom tornou possível a identifi-
cação destas inlagens em muitos casos em que a amniocentese
A incidência da atresia de piloro é de quase 1 :100.000 nasci-
não foi realizada. Assim, parece que esta inlagem consiste em
dos vivos. Uma ocorrência familiar tem sido relatada, sendo
um achado normal e qualquer fragmento ou sedimento (p.
sugerida uma herança de transmissão autossômica recessiva.
ex., células da pele ou mecônio eliminado) deglutido pelo feto
As anomalias associadas têm sido relatadas em 30% a 44%
pode produzir este achado
destes fetos 48 ·5 1. A associação de epidermólise bolhosa neces-
sita de atenção especial. A epidermólise bolhosa é uma doença
hereditál"ia autossômica recessiva caracterizada pelo aumento
da fragilidade da pele, resultando em bolhas e erosões depois Duplicação Gástrica
de um trauma mínimo. Mutações em 10 genes estruturais
expressos na zona da membrana cutânea basal foram relata- A duplicação gástrica é responsável por 8% das duplicações
das. A associação da epidermólise bolhosa e atresia do piloro do trato digestivo. Esta pode ser cística ou tubular, e geral-
é altamente letal. mente aparece ao longo da grande curvatura do estômago.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 595

FIGURA 15-13. Atresia de pilara: Esquerda , Um estômago (S) grande no corte transverso. Direita, No corte sagital , é observado o esôfago (E)
acentuadamente dilatado. (Cortesia de V. Suma: www.thefetus.net.)

FIGURA 15-14. Ecos intragástricos (setas). Esquerda , plano sagital; Direita, plano transverso.

A razão feminino/masculino é de 2:l. Em aproximadamente Obstrução Duodenal


metade dos casos, são observadas anomalias associadas. As
A obstrução duodenal congênita tem a incidência relatada de
comuns são as duplicações, em out!-a_farte do trato diges-
tlvO bem como anomalias de vertebras,7-o . 1 :5.000 a 1 :10.000 nascidos vivos , sendo a causa mais comum
de obst.rução do intestino delgado fetal. A causa da atresia e
estenose duodenal é desconhecida. A falência da recanaliza-
ção do lúmen duodenal ou a isquemia vascular intrauterina
DUODENO durante o período embrionário são as teorias mais favoráveis.
o duodeno pode ser avaliado no corte transverso do abdome A incidência da anomalia é quase a mesma entre fetos mascu-
fetal levemente caudal para a região do piloro. Este pode linos e femininos, não havendo predileção racial 6 1. 62 . Existem
ser dividido em quatro porções , com a cabeça do pâncreas vários fatores mecânicos que também podem causar a obstru-
localizada dentro da alça (Fig. 15-15). Geralmente, duas ção do duodeno.
linhas ecogênicas próximas são detectadas representando o
duodeno colabado. Levine et al. 60 estudaram 123 pacientes l. Pâncreas anular.
de baixo risco de 16 a 39 semanas de gestação e verificaram 2. Má rotação intestinal ou volvo.
o duodeno colabado em todos. Assim, os autores concluíram 3. Síndrome da artéria mesentérica superior63 .
que qualquer distensão do duodeno aumenta a possibilidade
de desordem patológica.
Estatística
Utilizando o exame transvaginal no inicio da gestação, é
nossa experiência que uma presença de dilatação líquida tran- Cerca de 70% dos fetos com obstrução duodenal apresentam
sitória quase cística de parte ou do duodeno inteiro por curto outras anomalias estruturais, principalmente malformação
período pode ser observada em fetos normais provavelmente dos sistemas gastrointestinal e cardiaco. A obstrução duode-
representando uma onda peristáltica (Fig. 15-16). nal também faz parte de 23 síndromes diferentes (OMIM,
596 TR A T O GASTRO INTEST INAl E PAR EDE ABDOMINAL

Online Mendelian lnheritance in Man) Metade das crian- duodenal isolada apresenta redução do risco significante para
ças nasceu prematuramente e em 75% dos casos observa-se uma relação de risco próximo de 30.
poli-hidrâmnio. A evolução dos pacientes com obstrução duodenal depen-
A atresia duodenal é um marcador clássico da sÚ1drome de de da ta,'{a de sucesso dos procedimentos cirúrgicos e da gravi-
Down. A incidência relatada da trissomia do 21 nestes fetos é dade das anomalias associadas. O prognóstico de seg·uimento
de 24% a 35% com a relação de risco geral de 300 65.69 . É da por 30 anos revela a taxa de mortalidade de 9%, sendo que
experiência dos autores que na gestação precoce, a maioria 12% dos pacientes sofrem de complicações tardias 7o .
dos fetos com silldrome de Down apresenta outras anomalias
associadas , principalmente o aumento do edema de nuca. As-
sim, em casos de marcadores bioqumucos normais e ausência
Diagnóstico Pré-natal
do edema de nuca, o risco de síndrome de DOW11 com a atresia
O diagnostico ultrassonográfico pré-natal da obstrução duo-
denal foi relatado em _87% casos 7l . Este depende t,rin-
opalmente da detecçao do smal da dupla bolha 22 .2 .7 1.7.1.
O poli-hidrâmnio também pode ser observado em quase
40% dos casos , sobretudo na segunda metade da gestação.
No sinal da dupla bolha, o estômago dilatado e a primeira
porção do duodeno aparecem lado a lado através da linha
média do abdome superior do feto (Fig. 15-17). O sinal da
dupla bolha tem sido observado desde 12 semanas de gesta-
çã0 22 .i2 , porém, em muitos casos, este sinal ultrassonográfico
só foi detectado na segunda metade da gestação . A principal
razão para o aparecimento tardio do sinal da dupla bolha
está, provavelmente, associada à pressão hidrostática neces-
sária para dilatar o duodeno além do grau de obstrução.
Na maioria dos casos, a atresia duodenal ocorre abaixo da
ampola de Vater. No intuito de dilatar a primeira porção do
duodeno acima da ampola de Vater, é necessária a deglutição
de grande quantidade de líquido amniórico , além da obstru-
ção para frente e para trás que evita a saída para o intestino e
o retorno do fluxo do estômago para o esôfago. Outra razão
possível é que no início da gestação a discreta dilatação do
duodeno é menor que a resolução da abordagem do exame
transabdominal.

Sinal da Dupla Bolha Transitória


São possíveis equívocos no diagnóstico ultrassonográfico da
obstrução duodenal. Zimmer e Bronstein 73 relataram três
fetos de 15 semanas de gestação nos quais foi observado
o sinal da dupla bolha, embora desaparecesse no exame
FIGURA 15-15. Distensão do duodeno em um caso de atresia de depois de 10 a 15 minutos. Todos estes fetos apresentavam
jejuno. Toda s as porções do duodeno (1 , 2 , 3 e 4) estão distendidas o cariótipo normal e estavam saudáveis após o parto. Desde
e englobam o pâncreas (P). 5 , Estômago . esta publicação, os autores observaram mais sete casos de

FIGURA 15-16. Peristaltismo duodenal no início da gestação. Esquerda, Um segmento dilatado do duodeno (seta) em continuidade com o
estômago (5) . Direita, Depois de poucos segundos, o peristaltismo desapareceu.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 597

FIGURA 15-17. O sinal da dupla bolha na atresia duodenal. Esquerda, O estômago (STO) e o duodeno (OU) dilatados. Direita, Durante a onda
peristáltica , pode ser observada a comunicação através do piloro (p).

FIGURA 15-19. Cisto de duplicação duodenal. A estrutura cística (O)


próxima do estômago (S) foi considerada como dilatação duodenal. O
diagnóstico adequado foi estabelecido no recém-nascido. G, Vesícula
biliar; UV, veia umbilical.
FIGURA 15-18. Dilatação transitória da primeira porção do duodeno
(O). S, Estômago.

sinal de dupla bolha transitória em fase precoce da gestação Massa Cística do Abdome Médio -
(Fig. 15-18). Em um destes, foi detectada a trissomia do 21,
Diagnóstico Diferencial
em outro caso , o sinal da dupla bolha foi detectado nova-
mente com 23 semanas de gestação, sendo diagnosticada Os distürbios mais comuns sugeridos em casos de achado
então a obstrução duodenal no feto . Em outro caso, a dila- ultrassonográfico de massa cística em abdome médio estão
tação do duodeno permaneceu até 19 semanas de gestação, listados no QJadro 15-2.
desaparecendo em seguida. O recém-nascido era saudável. No intuito de facilitar o diagnóstico apropriado, sugerem-
Deste modo, parece que o sinal da dupla bolha transitória se os exames seguintes:
não é sempre um sinal inocente, devendo ser obrigatório o l. Localização da massa cística. Um cisto acima do nível
seguimento destes casos, do piloro, de localização posterior exclui a possibilida-
O sinal da dupla boUla também pode aparecer em outras de de anomalia duodenal.
anormalidades do duodeno e estômago. Malon et aC5 obser- 2. Nível das enzimas digestivas no líquido amniótico.
varam o sinal da dupla bolha em um caso de duplicação duo- O nível normal das enzimas digestivas exclui a pos-
denal. Observamos, também, um feto com este diagnóstico sibilidade de atresia biliar extra-hepática. Geralmente,
(Fig. 15-19). Yoshizato el aC6 encontraram o sinal da dupla tanlbém exclui a obstrução duodenal. Um IÚVel muito
bolha em um caso de estenose de piloro com dilatação do baixo, ou a ausência de enzimas, é marcador de atre-
antro gástrico (Qyadro 15-1), sia biliar extra-hepática, enquanto que um aumento do
598 TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREOE ABDOMINAL

QUADRO 15-1 Dilatação Duodenal: Etiologia


1. Estenose ou atresia duodenal
2. Pâncreas anular
3. Dilatação idiopática transitória 73
4. Síndrome da artéria mesentérica superior63
5. Dilatação segmentar do duodeno 77

QUADRO 15-2 Massa Cística no Abdome Médio:


Diagnóstico Diferencial
1. Cisto de colédoco
2. Atresia biliar extra-hepática
3. Cisto hepático
4. Cisto peritonealJomento
5. Cisto broncogênico
6. Cisto neurentérico FIGURA 15--20. Localização anatômica do jejuno e íleo.
7. Higroma cístico
8. Atresia de piloro
9. Cisto pancreático
10. Cisto de duplicação intestinal, especialmente a do duoden078 •79

nível de enzimas digestivas é esperado em obstruções


abaixo da ampola de Vater.
3. Busca de anomalias estruturais associadas. Uma ano-
malia da vértebra pode ser sugestiva de cisto neurenté-
rico, enquanto que uma anomalia do diafragma serve
como sinal para um cisto broncogênico.
4. Volume do líquido amniótico. Um aumento no volume
de líquido amniótico é comum na obstrução do trato
gastrointestinal, enquanto que a quantidade de líquido
normal diminui a possibilidade desta anomalia.

JEJUNO E íLEO
o jejuno está localizado no lado esquerdo superior do abdo-
me, e o íleo está localizado no lado direito inferior (Fig. 15-20).
No início da gestação, o ultrassom de alta resolução retrata o
intestino delgado como um saco de "vennes dentro de peque/uJS
pedaços de lã de algodiio em movimento" transparente. A sua densi- FIGURA 15--21. Imagem normal do intestino delgado até a 17'
dade, preenchimento e tamanho diferem entre os fetos, e com semana de gestação. Apresenta a aparência de vermes transparentes
dentro de pequenos pedaços de lã de algodão em movimento .
frequência no próprio feto .
Até li semanas de gestação, o peristaltismo é evidente,
sendo que o conteúdo intestinal completo pode ser identifica-
do (Fig. 15-21 ). Depois de 18 semanas, os movimentos peris-
tálticos diminuem, ocorrendo uma redução gradual do conte- Dilatação Líquida Intestinal Precoce
údo intestinal que torna a aparência desse conteúdo líquida ou Transitória Idiopática
mucosa. Então, o intestino permanece próximo do vazio até
próximo do termo (Fig. 15-22). Ressalta-se que as característi- Não é rara a presença de dilatação transltona líquida leve
cas ultrassonográficas do intestino são altamente dependentes ou moderada do intestino sem mecônio intra-abdorn.inal ou
de resolução do aparelho de ultrassom utilizado, frequência ascite 8o . Esta ocorre em aproxin1adamente1:400 fetos com 14
do transdutor e condições corporais da grávida. As alças in- a 17 semanas de gestação e, geralmente, desaparece entre 18
testinais de um fero de uma mulher obesa, por exemplo, são e 22 semanas. A elevação da temperatura materna foi relata-
de individualização difícil com o exame de ultrassom básico, da dentro de 3 semanas antes dos achados fetais em muitos
aparentando somente uma imagem de "nuvens não homogê- destes casos. Os autores observaram mais de 80 fetos com
neas", enquanto que com um transdutor de alta frequência se este achado ultrassonográfico que apresentaram prognóstico
observa aumento da ecogenicidade das alças. favorável (Fig. 15-23). Apesar destes dados seguros, é sugerida
TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINA L 599

a pesquisa para possível fibrose cística, infecção TORCHS e Atresia Jejunoileal


anomalias cromossômicas. Além disto, é indicado o acompa-
nhamento ultrassonográfico até o desaparecimento completo A frequência da atresia jejunoileal é de 1,3 a 2,9 por 10.000
da dilatação intestinal. nascidos vivos. Tem sido observada uma associação a ges-
tação m_últipla,. raça negra, san!?ramento vatnal durante
a gestaçao e baiXO peso ao nascllnento 63 .64 ,83. " , Um forma
hereditária de au-esia intestinal foi obsercada86.87• As anomalias
cromossômicas ocorrem em menos de 10/0 dos casos. Este é o
contraste com a atresia duodenal, em que as anomalias cro-
mossômicas são frequentes.
Um dano isquêmico durante o desenvolvimento do intesti-
no médio durante a evolução fetal tem sido amplamente aceito
como uma das causas relacionadas com a atresia jejunoileal 86,
Também tem sido observada a presença de volvo e i.ntussus-
cepção em muitos destes fetos 87. Porém, ainda não é evidente
se estas anomalias constituem a causa ou o resultado da atresia
intestinal.
A atresia jejunoileal é classificada como se segue (Fig.
15-24):
TiPo I . Consiste em um defeito de mucosa resultando na
obstrução. A parede muscular é normal com o mesentério
intacto.
TiPo lI. Um cordão fibroso conecta a porção final das
duas alças intestinais atrésicas.
TiPo IlIa. As duas porções cegas terminais do intestino são
separadas por um defeito em forma de "V" do mesentério.
TiPo IUb . Este tipo também é chamado de atresia em "cas-
ca de maçã" ou "árvore de Natal". Duas extremidades cegas
enroladas , completamente separadas ao redor de um vaso
mesentérico.
TiPo I V. Obstrução múltipla de qualquer combinação do
tipo I ao m.
FIGURA 15-22. Imagem normal do intestino delgado entre 20 e
22 semanas. O lúmen do intestino contém pequena quantidade de
Tradicionalmente, a atresia jejunal e ileal têm sido clas-
muco (setas). sificadas juntas como atresia intestinal. Entretanto, existem

FIGURA 15- 23. Dilatação transitória idiopática do intestino delgado (setas) em quatro fetos diferentes entre as semanas 14 e 16.
600 TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15- 24. Representação gráfica da atresia


jejunoileal: tipo 1 (A); tipo 2 (8); tipo 3a (e); tipo 3b (D)
e tipo 4 (El. (De Donnelly LF , Jones BV , O' Hara SM, et ai
[eds.l: Diagnostic Imaging , Pediatrics, 1st ed. Salt Lake
City , Amirsys Inc. 2005, p . 18.)

FIGURA 15-25. Atresia jejunal. Esquerda , Estômago fetal. Meio, Perigástrico , alças intestinais muito dilatadas. Direita , Autópsia demonstrando
as alças anormais. (Cortesia de F. Cuillier , www.thefetus .net.)

dados que indicam que a atresia jejunal e ileal podem ser con- perfuração pré-natal ocorre mais frequentemente na atresia ile-
sideradas entidades distintas. Primeiro, a atresia é duas aI, sendo muito menos comum najejunal 88 .
vezes mais comum que a ileal. Segundo, HeJI el ai. e Sweeney
et a/89 verificaram que muitos casos de an'esia jejunal consis-
tiam em múltiplas alterações em oposição à atresia ileal, que
geralmente é composta de uma atresia única na maioria dos Diagnóstico Pré-natal
casos, Sweeney et a{89 notaram anomalia associada somente As características ultrassonográficas da alça intestinal têm
em um caso de 45 paciemes com atresia ileal em oposição sido observadas em 51 % a 86% dos fetos em diferentes séries.
a 16 de 38 pacientes com atresia jejunal que apresentavam Os marcadores ultrassonográficos mais comuns são lúpere-
anomalias associadas (fibrose cística, má rotação, doença car- cogeni.cidade de alça, dilatação do estômago, dilatação de
díaca congênita, síndrome de Down, anomalias anorretais e alças, material ecogênico intraperitoneal e poli-lúdrâmni0 90 ' 93 .
vertebrais, defeito de tubo neural e microcefalia). Terceiro, a Entretanto, é importante observar que há diferenças entre a
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 601

I Tabela 15-1 I Comparação Ultrassonográfica entre a Atresia Jejunal e IIeal na Segunda Metade da Gestação
Alças Calcificação Anomalias
Intestinais Estômago Peritoneal Ascite Associadas Poli-hidrâmnio

jejuno Dilatação acentuada das alças, Grande Frequente Muito raro Frequente Frequente
a maioria do lado esquerdo
do abdome
Aumento do duodeno é
comum
fleo Geralmente só dilatação menor Normal Frequente Frequente Raro Raro
de poucas alças

FIGURA 15-26. Primeiro sinal da obstrução jejunal na semana 15. É observado um halo hiperecogênico (setas). Esquerda, Corte transverso.
Direita, Corte sagital. D, Diafragma.

atresia jejunal e ileal. O jejuno apresenta complacência mais


alta e, assim, são comuns: dilatação acentuada das alças
intestinais, aumento do estômago e poli-hidrâmnio (Fig. 15·
25). Em contraste, a complacência do íleo é muito menor e
a maior parte do Líquido atravessa o intestino e acaba sendo
absorvido. D este modo, a perfuração é mais comum, embora
a dilatação das alças, alterações na configuração do estômago
e poli-hidrâmnio sejam menos observados ou mesmo estejam
ausentes.
Os ultrassonografistas devem certificar-se de que em mui-
tos casos de atresia jejunoileal os achados ulrrassonográficos
são observados somente no terceiro trimestre da gestação.
Em contrapa.rtida, a dilatação das alças intestinais no ilúcio
da gestação pode ocorrer durante os movimentos peristálticos.
Nestes casos, a repetição do exame por vários minutos é reco-
mendada para excluir o diagnóstico falso-positivo de obstru-
ção intestinal (Tabela 15-1).
O caso a seguir apresenta o desenvolvimento da obstrução
jejunal no uúcio da gestação; com 15 semanas, foram observa-
das calcificações pelitoneais (Fig. 15-26). A amniocentese para FIGURA 15-27. Obstrução jejunal na semana 19. As quatro porções
enzimas digestivas revelou níveis elevados de enzimas hepá- dilatadas do duodeno (1, 2, 3 e 4). Os depósitos ecogênicos estão
marcados pelas setas. S, Estômago.
ticas sugeru1Clo obstrução no trato gastroultestinal superior.
Com 19 semanas, o ultrassom detectou dilatação acentuada
do duodeno mteiro (embora não do jejuno) com estômago e
quantidade de líquido amniótico normal (Fig. 15-27). A gesta- íleo Meconial
ção foi interrompida e no exame de necropsia foi constatado O íleo meconial descreve uma condição em que um tampão
atresia em casca de maç.:'i (Fig. 15-28). D este modo, parece que de mecônio obstrui o intestino delgado. A fibrose cÍstica é
no uúcio da gestação, a dilatação do duodeno pode preceder a a principal causa de íleo meconial. Apesar de quase todos
dilatação do jejuno obstruído. os pacientes com íleo meconial poderem apresentar fibrose
602 TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL

cística, apenas cerca de 15% a 20% dos recém-nascidos com nhecida na maioria dos casos. As causas possíveis são esteno-
fibrose cística apresentaram fibrose cística com obstrução se, atresia, volvo, intussuscepção, fibrose cística95 e infecção,
intestinal relacionada com o íleo meconiaI 94 .95 . Outra pos- como parvovírus B19, citomegalovírus e hepatite99'lOl.
sibilidade, embora por causa menos frequente , é a infecção Tradicionalmente, o teimo peritonite meconial é utilizado,
por citomegalovírus e sífilis96.9i. Ocasionalmente, a causa pois se acredita que a perda de mecônio para o abdome fetal
não é determinada e a desordem é considerada como idio- resulta em inflamação química asséptica. Em nossa experiên-
pática. cia, no inicio da gestação (52 .000 exames entre 14-16 sema-
O principal marcador ultrassonográfico é a hiperecogeni- nas), a incidência de passagem meconial para a cavidade peri-
cidade de alça com dilatação contendo mecônio. Marcadores toneal é de 1:l.000 e 20% destas ocorrências estão associadas
menos específicos são material ecogênico intraperitoneal, as- a anomalias estruturais maiores.
cite, dilatação de alça e pseudocisto meconial9 ,95,98 1 os ca-
sos de fibrose cística, pode ser observada não identificação
da vesícula biliar95 Estes achados ultrassonográficos também Diagnóstico Pré-natal
podem estar presentes em perfuração intestinal e o diagnósti-
co diferencial acurado nem sempre é possível. Deste modo, O s principais marcadores ultrassonográficos relacionados na
é indicada a pesquisa para fibrose cística, TORC H , enzimas literatura são: calcificação intraperitoneal, dilatação de alça
digestivas e cariótipo fetal. ruperecogênica, ascite e poli_hidrâmni098,I02' I05. Nossa expe-
riência mostra que o mecônio calcificado pode apresentar-se
em várias formas : como uma forma contínua curvilínea na
PERFURAÇÃO INTESTINAL borda inteira do perit6nio (aparência como "meia") (Figs.
15-29 e 15-30), em forma dispersa (Fig. 15-31), e como um
Peritonite Meconial foco isolado. A localização mais frequente do foco ocorre no
A incidência da perfuração intestinal é de 3,3 para 100.000 quadrante superior esquerdo do abdome atrás do estômago
nascimentos 95 ,98. A causa responsável pela perfuração é desco- (Fig. 15-32).

FIGURA 15-28. Autópsia na semana 19. O segmento atrésico do FIGURA 15-30. Calcificações subdiafragmáticas (setas) na semana
jejuno está marcado por setas. (Cortesia de Dr. Dvora Kidron.) 15 . O recém-nascido apresentou evolução normal.

FIGURA 15-29. Halo hiperecogênico (setas) na semana 15 . Esquerda, Corte sagital. Direita, Corte transverso. O recém-nascido apresentou
prognóstico normal.
TRATO GASTROINTEST INAL E PAREDE ABDOMINAL 603

FIGURA 15-31. Calcificações dispersas (setasl na semana 16. Esquerda, Corte sagital. Direita, Corte transverso. O recém-nascido apresentou
evolução normal.

ção intestinal é o achado radiológico pós-natal de calcificações


intra-abdoJ1Únais.
Pelfuração Secundária do Intestino. A perfuração secun-
dária do intestino é o resultado da obstrução intestinal devido
a atresia intestinal, volvo, fibrose cística e assim por diante.
Esta é incomum e geralmente só aparece em fase avançada da
gestação. Os principais achados ultrassonográficos são asci-
te, poli-hidrâI11lúo, dilatação de alça intestinal e calcificação
intraperitoneal.
A remoção dos debris e a redução da pressão intra-abdoJ1Ú-
nal podem melhorar o suprimento mesentérico vascular para
a cicatrização do orifício da ruptura intestinal. Este também
pode reduzir a compressão pulmonar e prevenir a hipoplasia
pulmonar 106 . A cirurgia pós-natal é obrigatória em recém-nas-
cidos com manifestação clínica de perfuração ou obstrução
intestinal. A taxa de sobrevida na maior pane das revisões é
elevada (Qyadro 15-3) 98.102·105.

FIGURA 15-32. Calcificação perigástrica (setasl projetando uma Divertículo de Meckel


sombra acústica, 5, estômago.
O divertículo de Meckel (Fig. 15-34) aparece em 2% da popu-
lação e é considerado a anomalia congênita mais frequente do
trato gastrointestinal,07.J08. O divertículo, que fica protruso da
parte distal do íleo, é um remanescente da vesícula vitelúúca,
Cisto/Pseudocisto Meconial
que também pode ser referido como ducto onfalomesentérico
Outra aparência ultrassonográfica da perfuração intestinal é o ou ducto viteUnico. Este, em geral, contém todas as camadas
cisto ou pseudocisto meconial. Geralmente, aparece no início do intestino, embora também possa haver tecidos heterotó-
da gestação como um cisto cercado por halo hiperecogênico picos. Recentemente, Parks et al.109 revisaram os registros de
ou manchas ecogênicas com sombra acústica posterior (Fig. 1.476 pacientes em que o divertículo de Meckel foi encontrado
15-33). Em alguns casos, os cistos apresentam resolução durante a cirurgia. Somente 16% dos casos eram sintomáticos.
espontânea em fase avançada da gestação e a imagem ultras- A apresentação cwúca mais frequente em adultos foi hemorra-
sonogTáfica se assemelha ao intestino hiperecogêlúco. g'ia e obstrução, nas crianças. Entre os pacientes si.ntomáticos,
RecomendanlOs dividir as causas da perfuração intestinal a relação de masculi.noJeminino foi de quase 3:1. Sendo uma
em dois grupos. anomalia comum, é de interesse que somente poucos casos
Perfuração Primária ou Idiopática das A lças sem Obs- tenham sido detectados in l.tle1'O. Deste modo, sugere-se que a
trução Intestinal, A perfuração primária ou idiopática re- maioria dos fetos COI11 divertículo é assintomática no feto, e
presenta 96% dos casos de perfuração intestinal. Todos estes as caracteIÍsticas ultrassonográficas são similares às dos que
aparecem no primeiro ou início do segundo trimestre. O llIÚCO apresentam intestino normal.
achado ultrassonográfico é a calcificação intraperitoneal. ão
há evidência de ascite, poli-hidrâlruúo ou dilatação de alça in-
testinal. A cicatrização intrauterina espontânea da perfuração
Diagnóstico Pré-natal
ocorre na maioria dos casos, e não há achados dÍlúcos ou his- O divertículo de Meckel somente pode ser visualizado em
tológicos da peritonite no feto. A evolução do recém-nascido é casos de obstrução ou intussuscepção. Mesmo nestes casos, a
favorável e o único sinal do episódio intrauterino da perfura- aparência ultrassonográfica não é característica e se apresenta
604 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15- 33. Encolhimento de um cisto de mecônio (seta) por meio da gestação.

e lactentes são vômitos , distensão abdominal, volvo e intus-


QUADRO 15-3 Conduta Sugerida em Fetos com suscepçã02i.112.
Calcificação Intra-abdominal .O diagnóstico não. é fácil e in-
elUl outras anomaltas ClSGCaS U1tra-abdomlI1aJs 28. 13.IU. OS fa-
1. Exame detalhado de todos os órgãos fetajs , incluindo tores seguintes podem sugerir um diagnóstico mais definitivo
ecocardiografia de duplicação intestinal :
2. Pesquisa por fibrose cística
3. Pesquisa por infecção, principalmente TORCH
l. Detecção de peristaltismo na parede do cisto é altamen-
4. Cariótipo fetal
5. Avaliação dos níveis das enzimas digestivas no liquido amniótico
te sugestiva de origem intestinal.
2. Aparecimento precoce (no primeiro e ilúcio do segun-
do trimestre).
3. Dilatação de alça única.

como um cisto intra-abdominal ou uma alça dilatada com Pseudo-obstrução Intestinal Congênita
vários tipos de ecogenicidade e conteúdo, com ou sem peris-
taltismo (Figs. 15-35 e 15_36)110.111 . A pseudo-obstrução intestinal congênita (pOlC) é condição
rara com uma incidência de menos de 1:100.000. Esta é
caracterizada por episódios recorrentes de obstrução paralíti-
Duplicação do Intestino Delgado
ca na ausência de fator mecânico. A neuropatia ou miopatia
As duplicações podem ocorrer ao longo de todo o trato visceral tem sido detectada em muitos, mas não em todos os
gastrointestinal, embora sejam mais comuns no intestino casos. Os distúrbios urológicos são muito frequentes , princi-
delgado, em particular na porção fU1al do Lleo, que representa palmente megacistos e hidronefrose in utera. Os pais devem ser
mais de 70% das duplicações do intestino delgado. Estas geral- informados que independente do progresso no tratamento, a
mente se situam no mesentério no lado da alça, e seu tamanho incidência relatada da mortalidade é de até 25%115-l1?
pode ter alguns poucos milímetros ou tão longo quanto todo o ultrassom pré-natal, os achados caJ-acterÍsticos são alças
o intestino. Os sintomas clínicos mais comuns nos neonatos intestinais moderadaJ11ente dilatadas por líquido com redução
TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL 605

Divertículo
de Meckel com
cordão fibroso
se eslendendo
para o cordão
umbilical

3. Cordão
fibroso
conectando
o intestino
delgado com
o umbigo

FIGURA 15-34. Divertículo de Meckel : várias formas morfológicas. (De netterimages.com . com permissão.)

ou ausência do peristaltismo (Fig. 15-37). Poli-hidrâmnio e O diagnóstico diferencial com porc baseia-se na presença
.
megaCIstos po d em ser observad os na malOna
. . d estes casos 115 . de peristaltismo em oposição ao peristaltismo reduzido ou au-
Ressalta-se que não há ascite ou mecônio no peritônio, o que sente na porco A desordem deve ser diferenciada da atresia
serve de auxílio no diagnóstico diferencial da atresia jejunoi- jejunoileal, em que a distensão das alças intestinais é muito
leal. Outros diagnósticos a ser considerados são doença de mais evidente e a ascite e o mecônio intraperitoneal estão pre-
Hirchsprung e diarreia clorada congênita. sentes em muitos casos (Tabela 15-2) 120 .

Diarreia Clorada Congênita CÓLON


A diarreia clorada congênita é uma desordem autossômica É difícil no ultrassom a diferenciação entre o intestino delgado
recessiva do transporte do cloro no íleo distal e cólon. Esta e o cólon na primeira metade da gestação. O diagnóstico é
é caracterizada por uma diarreia líquida prolongada de início baseado principalmente na localização periférica do cólon. No
pré-natal com concentração clorídrica fetal elevada. A anoma- fmal da gestação, as pregas das hausn-ações podem ser obser-
lia é muito rara. Porém, uma incidência elevada de 1 :3.200 a vadas. O retossigmoide pode ser detectado pelo ultrassom
13.000 foi relatada no Kuwait e na Finlândia I 18,11 9 . o ultras- transvaginal no primeiro trimestre como uma estrutura eco-
som, são observados poli-hidrâmnio e distensão da alças intes- gênica abaixo da bexiga. Depois, seu lúmen toma-se visível.
tinais leve para moderada com peristaltismo (Fig. 15-38). Atualmente, estão disponíveis nomogramas dos diâmetros
606 TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINA L

do cólon descendente e do reto na segunda metade da gesta-


ção (Figs. 15-39, 15-40 e 15-41)120. Tormalmente, há algum
material lodoso no cólon (Figs. 15-42 e 15-43), enquanto que
a detecção de aumento de líquido no cólon aumenta a possi-
bilidade de processo patológico.
Atualmente, há muito poucos relatOs controversos em re-
lação ao peristastismo colônico fetal. Embora não tenha sido
observado peristaltismo colônico em vá.rios estudos publica-
dos 122 .1 23, de acordo com nossa experiência, o ultrassom de
alta resolução é capaz de revelar peristaltismo ativo do reto-
sigmóide tão precoce quanto 22 a 23 semanas de gestação.

DEFECAÇÃO FETAL
A passagem do mecônio In lItero consiste em achado frequente
nas últimas semanas de gestação. Sua incidência aumenta
com a idade gestacional. Um conceito amplamente conhe-
cido sugere que, normalmente, o fetO não defeca, e que a
presença do anmiótico manchado de mecônio implica
hipóxia fetal 12 . Entretanto. algumas publicações indicam que
a defecação fetal é um evento fisiológico. Modelos animais
têm demonstrado que a defecação é independente do sofri- FIGURA 15-37. Pseudo-obstrução intestinal na semana 31. (Cortesia
mentO fetal 125. 126. Ramon e/ af.127 observaram a defecação fetal do Dr. Ori Shen.)

FIGURA 15-38. Diarreia clorada na semana 32. (De Husu S, Nelson


FIGURA 15-35. Divertículo de Meckel na semana 16. O cisto (cy) N, Selbing A: Prenatal bowel dilatation: Congenital chloride diarrhoea.
está englobado pela veia umbilical (uv). Cordão umbilical (uc). Arch Ois Child Fetal Neonatal Ed 85:F65, 2001.)

FIGURA 15-36. Divertículo de Meckel na semana 32. Esquerda, Um cisto grande contendo sedimento mucoso. Direita. Achado operatório.
(Reproduzido com a permissão de F. Jacquemard, www.thefetus.net.)
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 607

Comparação entre a Pseudo-obstrução Intestinal Congênita (POIC) e Diarréia Clorada Congênita


Tabela 15-2
(DCC)
POIC
Prognóstico Peristaltismo Achados Ultrassonográficos Incidência

Mortalidade: 25% Ausente Aumento moderado do preenchimento de POIC


Prematuridade: 14% liquido do íleo e jejuno inteiro; poli-llldrâmnio; Incidência: Rara
Anomalias urinárias : 10% sem ascite ou espessamento meconial
DCC
Prognóstico Peristaltismo Achados Ultrassonográficos Incidência

Mortalidade: 6% Bom peristaltismo Aumento moderado do preenchimento de CCO


Prematuridade: muito liquido do íleo e jejuno inteiro; poli-llldrâmnio; Incidência : Rara-Exceto na
comum sem ascite ou espessamento meconial Finlândia e no Kuwait
Anomalias urinárias: ausente

14 20

12 E
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18 26 34 42
18 26 34 42
Idade gestacional (semanas)
Idade gestacional (semanas)

FIGURA 15-39. Análise de regressão do diâmetro retal e a idade FIGURA 15-40. An álise de regressão do diâmetro do cólon
gestacional por semana utilizando um modelo cúbico . É demonstrado descendente e a idade gestacional por semana utilizando um modelo
o intervalo de confiança de 95%. (De Zalel Y, Perlitz Y, Gamzu R, et cúbico. É demonstrado o intervalo de confiança de 95 %. (De Zalel Y,
ai: In-utero development of the fetal colon and rectun : Sonographic Perlitz Y, Gamzu R, et ai: In-utero development of the fetal colon and
evaluation . Ultrasound Obstet Gynecol 21: 161, 2003. ) rectun: Sonograph ic evaluation. Ultrasound Obstet Gynecol 21: 161 ,
2003.)

durante a gestação em seres humanos. Os autores deliniram dentro do estômago fetal também tem aparência similar ao
a defecção fetal como a expulsão do conteúdo retal através do mecôn.io (Fig. 15-14). Deste modo, é possível que a conhecida
ânus para o líquido amniótico. O diâmetro e a área do ânus deglutição de líquido amniótico pelo feto também ocorra com
foram medidos no ultrassom no período de máxima abertura o seu mecônio. Em ocasiões muito raras, é possível identificar
anal em 240 fetos entre 15 e 41 semanas. Um ou mais epi- o processo de defecação em fetos jovens (Fig. 15-46). Há cor-
sódios de defecação foram observados em todos os fetos . A relação entre os níveis de enzimas intestinais e hepáticas e o
frequência da defecação foi mais alta entre 28 e 34 semanas. processo de defecação normal e anormal no início e na metade
A expulsão do mecônio também foi observada utilizando a da gestação 129 .
imagem do Doppler colorido (Fig. 15-44), e no exame ultras-
sonográlico tridimensional e quadridimensional 128 . Doença de Hirschprung
Opinião dos autores: Concordamos que a defecação fetal
consista em um processo fisiológico que ocorre durante a ges- A doença de Hirschprung é causada por uma inervação anor-
tação. As principais questões sustentando esta idéia estão rela- mal do intestino que se inicia no esfíncter anal interno e se
cionadas com os seguintes fatos: durante toda a gestação ini- estende de modo prox.irnal para envolver graus variáveis de
cial, identificamos quantidades variáveis de material ecogênico comprimento das alças. Esta é a origem mais comum de obs-
lodoso no líquido amniótico, utilizando transdutor vaginal de trução intestinal em neonatos com uma incidência de 1 :5.000
alta frequência (Fig. 15-45); as características deste material nascidos vivos. O s fetos masculinos são mais afetados que os
são similares às encontradas no mecônio dentro do intestino femininos com relação de 4:l. As anomalias associadas são
fetal; o debris ecogênico que, algumas vezes, é encontrado observadas em 11 % a 22% dos casos, e a trissomia do 21 é
608 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

Diâmetro do col6n Diâmetro retal


descendente (mm) (mm

Idade
gestacional Número Média 95% IC Média 95% IC

19-20 10 3,52 0,79-6,26 3,64 1,45-5,82


21 16 3,59 0,86-6,32 3,79 1,61-5,97
22 28 3,69 0,96-6,41 3,95 1,78-6,13
23 29 3,82 1,09-6,54 4,14 1,97-6,31
24 29 3,98 1,26-6,7 4,34 2,17-6,52
25 29 4,18 1,46-6,9 4,57 2,40-6,74
26 13 4,43 1,70-7,15 4,82 2,64-6,99
27 7 4,71 1,99-7,43 5,08 2,91-7,26
28 7 5,04 2,32-7,76 5,38 3,20-7,55
29 7 5,42 2,69-8 ,14 5,69 3,52-7,87
30 8 5,84 3,12-8,57 6,04 3,86-8,21
31 10 6,32 3,60-9,05 6,41 4,23-8,58
32 11 6,86 4,13-9,58 6,80 4,63-8 ,98 FIGURA 15-44. A. Imagem de ultrassom em feto de 33 semanas
33 17 7,45 4,72-10,17 7,23 5,05-9,40 mostrando o ânus (A) do feto e as partes esquerda e direita da nádega
34 14 8,10 5,37-10,82 7,68 5,51-9 ,85 (LG, RG) em um plano inferior antes da defecação. AES, Esfíncter
35 29 8,81 6,09-11 ,53 8,17 5,99-10 ,34 externo do ânus. B. Imagem de projeção similar do ânus durante a
36 32 9,59 6,87-12 ,31 8,68 6,51-10,85 defecação. O fluxo da defecação é mostrado pelo Doppler colorido.
37 18 10,44 7,71-13 ,16 9,23 7,06-11,40 (De Ramon y Cajal CL , Ocampo Martínez R: Picture of the month: In -
38 26 11,35 8,63-14 ,08 9,81 7,64-11 ,98 utero defecation. Ultrasound Obstet Gynecol 19:531 , 2002.)
39 17 12,34 9,61-15,07 10,43 8,25-12,61
40 22 13,40 10,66-16,15 11 ,08 8,89-13,26

FIGURA 15-41. Diâmetro do cólon descendente e diâmetro reta I de


acordo com a idade gestacional por semana. (De Zalel Y, Perlitz Y,
Gamzu R, et ai: In-utero development of the fetal colon and rectun:
Sonographic evaluation. Ultrasound Obstet Gynecol 21: 161 , 2003.)

FIGURA 15-42. O retossigmóide em corte coronal na semana 15 de gestação em dois fetos (setas). IB, osso ilíaco. No lado esquerdo , a
bexiga (B) também é detectada.

FIGURA 15-43. O retossigmóide em corte coronal na semana 23 de gestação em dois fetos. A aparência de conteúdo tipo lama está marcada
pelas setas.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 609

FIGURA 15-45. Debris ecogênicos intra-amnióticos flutuantes na


semana.

FIGURA 15-47. Doença de Hirschprung, terceiro trimestre. Múltiplas


alças dilatadas . (Reproduzido com permissão de L.F. Gonçalves,
www.thefetus.net.)

FIGURA 15-46. Defecação fetal na semana . O debris ecogênico


defecado está marcado pelas setas. (Cortesia do Dr. Israel Shapiro.)

detectada em 3% a 10% dos recém-nascidos afetados. Os fato-


res genéticos parecem apresentar papel importante na doença
com histórico familiar em aproximadamente 5% dos casos. A
taxa de mortalidade desta patologia é de 16% a 17,7%130.131 .

Diagnóstico Pré-natal FIGURA 15-48. Doença de Hirschprung na semana 16. O cólon


descendente dilatado está marcado pelas setas.
Somente poucos relatos do diagnóstico pré-natal desta patolo-
gia foram pubLicadosI 32 . J33 . Os marcadores ultrassonográficos
desta ocorrência são distensão de alça inespecífica e poli-
hidrâmnio (Fig. 15-47). Geralmente, o diagnóstico correto
é realizado somente depois das primeiras semanas de vida, diagnóstico de intestino ecogel1lco presente em alguns fetos
durante o período neonatal. com síndrome de Down, na verdade, representa a doença de
Observamos dois casos em que as alças hiperecogênicas Hirschprung.
dilatadas foram detectadas com 15 semanas de gestação (Fig.
15-48); juntamente com outras anomalias ultrassonográficas
estruturais. A amniocentese revelou trissomia do 21 nos dois
ATRESIA ANAL
casos, e o colón agangliônico (sem gânglios) foi observado no A atresia anal é a anomalia congênita mais frequente do ânus
exame de necropsia após a interrupção da gestação. Assim, o com uma incidência de aproximadamente 4:10,000 nascimen-
610 TRATO GASTROINT ESTlN AL E PAREDE ABDOMINAL

tos. Esta pode ser dividida em atresia baixa, intermediária ou Diagnóstico Pré-natal
alta de acordo com o término do canal anal com relação ao
músculo elevador do A atresia anal foi descrita em Uma vez que a atresia anal está presente em casos de asso-
ciação de VATERlVACTER, a demonstração principalmente
mais de 50 sÚldromes e disnhbios malformativos, sendo a
mais comum a associação de VATER e a de vértebras, coração, rins, membros e esôfago deve alertar
o ultrassonografista da possibilidade desta anomalia (Fig.
Dos 1.425 casos de atresia anal observados no ensaio EU-
15-49). Atuabnente, a taxa de detecção pré-natal da atresia
ROCAT I35 , 36% eram isoladas e 64% estavam acompanhadas
anal ainda é baixa. Stoll et al. 91 relataran1 a taxa de detecção
de outras malformações. A aU'esia alta estava presente em 10%
somente de 8,2%7.@ Na verdade, a maioria das publicações é
dos casos, enquanto que a baixa foi encontrada em 90% dos
de relatos de caso e, em alguns destes, o diagnóstico foi reali-
casos. Forrester e Merz l36 , avaliando os dados de 124 casos.
zado no itúcio da gestação.
encontraram anomalias cromossômicas em 8,1% dos casos
histórico familiar em 2,4%. StoU eI reportaram que o risco O s marcadores ultrassonográficos da atresia anal in-
CIuem 137·143 a dil ataçao
- d a,aça
l 'II1testll1
. al d o leto
c '
com líquido
de recorrência para os parentes de primeiro grau dos <Tenitores
dentro do seu lúmen (Fig. 15-50); um segmento distal da alça
foi de 3,7%, com a ta;-(a de prevalência para as
em forma de "u " ou "V" no abdome inferior ou pelve, sepa-
de atresia não anais sendo mais de duas vezes elevada que o
rado da bexiga com ascite leve ; calcificações colônicas intralu-
grupo-controle.
minais, que, provavelmente, representam enteroJitíase. Esta in-
tercorrência é mais frequente como resultaelo ela solidificação e
condensação do mecônio represado (Figs. 15-50 e 15-51 ).
Os autores l44 observaram um feto em que a dilatação foi
observada com 15 semanas de gestação. Embora nenhuma
outra anomalia intestinal tenha sido observada no controle
seriado mensal, foi confirmado o diagnóstico de atresia no re-
cém-nascido após o parto. Taipale et al. 143 relataram um feto
com ânus imperfurado em que a alça intestinal foi inicialmente

FIGURA 15-49. Necropsia na semana. A seta está apontando FIGURA 15--51. A atresia anal na 1 semana. A enterolitíase no
em direção à membrana anal. (Cortesia da Ora. Lisa L. Maroun.) cólon descendente dilatado está assinalada pelas setas. S, Estômago.

Atresia anal na 15! semana. Dois cortes sagitais do mesmo feto. O cólon descendente e o retossigmoide preenchidos por
liqUido estao assinalados por setas brancas. Na figura à direita, a enterolitíase é assinada pela seta preta.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 611

detectada com 12 semanas de gestação e, de novo, no terceiro avaliar a ecogenicidade das alças deixa o diagnóstico desta
trimestre. Entretanto, no segundo trimestre, o intestino parecia anomalia inteiramente à disposição da interpretação subjetiva
apresentar tamanho normal. Desta forma, parece que a dilata- do operador. A descrição original do aumento da ecogenici-
ção da alça no primeiro trimestre é um possível marcador para dade da alça utilizava relativamente transdutores de baixa fre-
a atresia anal, sendo que esta anomalia pode passar desperce- quência sem o novo processo de sinal de imagem em harmô-
bida se for realizado exame ultrassonongTáfico na metade da nica. Assim, a próplia avaliação subjetiva da ecogenicidade da
gestação. Acreditamos que, no futuro , o estudo das enzimas alÇ<'1 e a intensificação artificial da ú'equência, ganho e processo
digestivas no líquido amniótico será incluído na abordagem de imagem do transdutor podem apresentar impacto na inter-
dos fetos com dilatação intestinal em fase precoce da gestação, cretação do rúvel da ecogenicidade do intestino (Fig. 15-53) 14 5·
de modo que este exame tem se mosu'ado importante 00 diag- 49. Deste modo, é fundamental que o diagnóstico de intestino
nóstico da atresia anal 129 . hiperecogênico seja realizado por ultrassonografistas experien-
tes e altamente especializados e que utilizem aparelhos com
que estejam familiarizados (Tabelas 15-3 e 15-4).
INTESTINO HIPERECOGÊNICO
Definição Ultrassonográfica Resumo
A ecogenicidade do intestino se aproxima à do osso ao redor o diagnóstico do intestino hiperecogênico deve ser realizado
(Fig. 15-52). por ultrassonografistas experientes que estejam bem familia-
A prevalência é de 0,2% a 1,8% nos fetos de segundo tri- rizados com os seus aparelhos de ultrassom. os casos de
mestre. A falta de confiabilidade de um método objetivo para intestino hiperecogênico, deve ser realizada a pesquisa por
anomalias esu'uturais, distúrbios cromossômicos, infecções e
fibrose cística. Se estes distúrbios forem excluídos e a alfa-feto·
proteína estiver normal, os pais devem ser orientados que há
elevada probabilidade de uma evolução fetal favorável.

Volvo
o volvo é uma condição em que a alça do intestino se emola
ao redor da artéria mesentérica ou seus ramos. A necrose
isquêmica pode levar à atresia intestinal. Porém também é
possível que a atresia intestinal se desenvolva primeiro e seja
complicada pelo volvo devido ao aumento do peristaltismo no
intestino dilatado proximal ao local da atresia. É difícil deter-
minar a incidência de volvo fetal , pois a maioria dos dados é
de relatos de caso. Ressalta-se o estudo de Komuro et a/. 87, que
encontraram o volvo em 14 de 48 recém-nascidos que tinham
FIGURA 15-52. ntestino hiperecogênico (EB). A ecogenicidade do atresia jejunal.
intestino (setas finas) é similar à do fêmur (F e seta longa).

FIGURA 15-53. O impacto da frequência do ultrassom na ecogenicidade intestinal. Esquerda, Intestino ecogênico (seta) detectado pelo
ultrassom de alta frequência vaginal. Direita, O ultrassom transabdominal com frequência mais baixa no mesmo feto não mostrou o aumento
da ecogenicidade da alça.
612 T RATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

A caractenstIca ultrassonográfica marcadora de volvo no dOSI 62,163. O ultrassonografista deve saber que o sinal de re-
feto e na criança é o sinal de redemoinho. A alça intestinal demoinho não está presente em todos os casos de volvo fetal.
torcida e o seu mesentério e vasos mesentéricos adjacentes Em algumas situações, a aparência ultrassonográfica não é
exibem uma configuração semelhante ao redemoinho (Fig. específica, podendo ser identificados dilatação de alças , ascite,
A imagem do Doppler colorido pode facilitar o massa cística intra-abdominal e poli-hidrânmiol66.l67
diagnóstico pela visualização dos vasos mesentéricos torci-

Causas Físicas para Aumento da


Tabela 15-3
Ecogenicidade das Alças Intestinais
I. Deglutição de sangue e/ou mecônio. Ambos os materiais
podem tornar o intestino hiperecogênico à medida que o
alcançam. Estudos prospectivos têm mostrado que anmiocentese,
biópsia de vilocorial e punção do cordão umbilical durante
transfusões intrautelinas estão associadas a aumento da
ecogenicidade das alças até acima de 4 semanas após o
procedimento150.151
2. Mecônio espesso (constipaçào). Provavelmente, a constipação
transitória é a causa mais comum de hiperecogenicidade de alças
em fetos normais. É, também, marcador significativo para a
fibrose cística
3. Líquido dentro ou fora do intestino ou na parede intestinal.
Nestes casos, a ecogenicidade é resultado da impedância acústica
diferente do meio adjacente (que é entre o tecido intestinal e o
líquido). As principais desordens clínicas sào: infecção, obstrução
com ou sem perfuração, doença de Hirchsprung e isquemia
intestinal
4. Mecônio entre alças intestinais. No ultrassom, o mecônio
fora do intestino é mais ecogênico do que denu'o do seu
lúmen e, geralmente, ocorre nos casos de perfuração. Esta
intercorrência pode estar presente em casos de obstrução FIGURA 15-54. Volvo: Alça intestinal dilatada mostrando a confi-
ou fibrose cística, embora em muitos casos a causa seja guração como redemoinho na 34" semana de gestação. (De Has R.
Gunay S:'Whirlpool' sign n the prenatal diagnosis of intestinal volvulus.
desconhecida
Ultrasound Obstet Gynecol 20:307, 2002.)

lTabela 15-4 1Causas Clínicas do Intestino Hiperecogênico


I. Transitória, benigna e idiopática. Acreditamos que a causa responsável pela hiperecogenicidade do intestino seja a constipação transitória no
feto sem significado clinico
2. Desordens cromossôrnicas. As anomalias cromossômicas, especialmente a trissomia do 21, têm sido observadas em fetos com intestino
hiperecogênico IS2 -157. Tem sido sugerido que o intestino do feto com aneuploidia apresente diminuição da motilidade intestinal, resultando
no aumento de reabsorção de líquido do mecônio e constipação. De fato, a doença de H irchsprung é comum na trissomia do 21. A
hiperecogenicidade do intestino apal'ece com ouu'as anomalias estruturais em muitos fetos com aneuploidias. Porém, o achado isolado de
intestino hiperecogênico também está associado ao aumento de risco para as anomalias cromossômicasl 54 ,IS6
3. Fibrose cística. A secreção de enzimas pancreáticas anormais e o mecônio espesso e viscoso podem causar o í1eo meconial e mesmo a
perfuração intestinal. A fibrose cística tem sido relatada em 0% a 13% dos fetos com hiperecogenicidade de al çaS 152-155.157 As diferenças entre os
estudos provavelmente reBetem a variação étnica considerável desta doença. Na população branca, a incidência é de 1:2.500 a 5.000, enquanto
que nos ásio-americanos é de 1:35.000 158 O risco da fibrose cística é muito mais elevado se os pais forem portadores da doença, embora a
ausência de histórico familiar não exclua a possibilidade de que o feto seja um caso-índice
4. Infecção. O citomegalovírus é a infecção mais comum resultando em íleo paralitico e perfuração. Entretanto, a hiperecogenicidade do intestino
tem sido relatada em associação a várias outras infecções, como toxoplasmose, rubéola, varicela e herpes simples I55 ,15i. De nota, independente
destes dados, existem esntdos amplos recentes em que poucos casos ou mesmo nenhuma destas infecções foram encontradas em fetos com
hiperecogenicidade de al çaS 153. 155
5. Restrição de crescimento inrrauterino. Nestes fetos , a restrição de suprimento sanguíneo e a isquemia intestinal provavelmente são as causas da
aparência hiperecugênica das al ças I53. 15.1.15i,159. Os esntdos de Doppler nos retos com resn-ição de crescimento com hiperecogenicidade de alça
imrauterina revelam uma redução significativa do índice de pulsatilidade da artéria mesentérica superior e do u'onco celíaco l60
6. 6bito fetal intrauterino. O óbito intrauterino foi relatado em mais de 5,8% dos fetos que apresentavam hiperecogenicidade da alça 159. A causa
da hiperecogenicidade da alça provavelmeore é decorrente do resultado da hipoperfusão e da isquemia do intestino
7. Talassemia. Fetos afetados pela alfa-l talassemia homozigótica apresentam anemia grave e hipóxia. A hiperecogenicidade da alça tem sido
observada em mais de 31 % desses casosl 61. Assim, recomenda-se examinar a população de alto risco com hiperecogenicidade de alça para a
talassemia
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 613

I ntussuscepção I ntrauteri na tica) dinunui sigrúficativamente a probabilidade


da patologia.
A intussuscepção intrauterina é considerada como um b. A presença de enterolitiase em um segn1ento do
clínico incomum, responsável por poucos casos de obsu'uçao colón preencludo por líquido é sugestivo de atresia
intestinal neonatal (Shimotake). Assim, de interesse é o relato anal ou físrula entre o sistema urinário e o colón.
de Komuro eI al. 87, que encontraram a intussuscepção em 12 3. Ascite
de 48 casos com atresia jejunal neonatal. Geralmente, os acha· a. A ascite consiste no sinal mais significativo de per·
dos ultrassonográficos pré·natais não são específicos, furação intestinal, especialmente se um aumento
ascite, dilatação de alça intestinal e característICas de pent0n;te da sua quantidade for observado com a progres-
Shimotake el aI. 169 relataram um feto que, alem
são da gestação. Em tais casos, a ascite pode ser
das características mencionadas antes, também foi detectado um achado solitário ou associado à dilatação in·
a aparência como "alvo" das alças sugelindo a intussuscepção testinal e calcificação peritoneal.
intrauterina no abdome. b. A ascite pode não estar presente nas perfurações
do trato gastrointestinal superior, especialmente
Má Rotação no inicio da gestação.
4. O comprimento e a largura das alças intestinais
A má rotação do intestino ocorre como resultado da falha dilatadas .
da rotação normal e fixação do intestino que geralmente a. Uma dilatação isolada da alça, especialmente se
está completa com 12 semanas de gestação (Fig. 15·55). A detectada no inicio da gestação, aumenta a possi·
incidência relatada desta anomalia é tão elevada quanto 2,86 bilidade de duplicação cística, particularmente se
para 10.000 nascidos vivos e óbitos fetais, e houver debris dentro do cisto.
te 90% dos casos sintomáticos são descobertos no pnmelro b. Qyanto mais proximal a obstrução, maior a lar-
ano de vida 171 . A incidência de anomalias associadas é muito !!l.lra do diâmetro da alça dilatada. As dilatações
elevada, alcançando 910f0 em séries amplas 171 . As largas são observadas nas alças localizadas
mais frequentes são encontradas no trato gastrointestmal, e
no lado esquerd o d o leto \JeJ' uno)293' 1-33 .
i;
Principalmente volvo, hérnia diafragmática, defeito de parede
. e Sllus
. .lnversu.>.1 71-176. O c. Nos casos de obstrução tanto distal quanto proxi-
abdominal, síndrome de h eterotaXIa
mal do estômago, o estômago apresenta a forma
diagnóstico pré-natal Lem sido relaLado em poucos ca.sos,
em "C " preenchida por líquido.
base em sinais inespecíficos, como dilatação de alça mtestmal
d. Depois da exclusão da fibrose cística, a presença
(Fig. 15·56), ascite, cistos intra·abd?minais, silUJ inversUJ e des-
locamento do estômago fetalI 74.1711 /9. de conteúdo sólido na alça dilatada (especialmen-
te do colón) geralmente apresenta bom prognós·
tico. Em contraste, a alça dilatada preenchida por
Sequência de Disgenesia Cloacal liquido é sinal de um processo patológico.
5. Anatomia e fisiologia
A sequência de diso-enesia cloacal é uma anomalia muito rara a. A presença de um líquido límpido no cólon e re·
defmida como ausência dos orifícios anal, genital e urinálio, tossigmoide (embora um evento transitório) au·
associados a peritônio liso. Mais de 80% dos fetos afetados menta a possibilidade de atresia anal.
também apresentam outras anomalias maiores, principal· b. A dilatação d o colól1 transverso na segunda meta-
mente rins displásicos ou ausentes, hidroureter, megacistos
de da gestação geralmente é um achado fisiológi-
e hipoplasia pulmonar. O ultrassom pode revelar um colón
co normal, ainda mais quando o intestino delgado
dilatado preenchido por líquido com enterolitíase, estrunlras
parecer normal .
císticas na pelve, anomalias da genitália e do trato urinário e
· hid ramruo (F'· c. A detecção de um duodeno distendido ao redor
o I19O- A •
Ig. 1,,r
k 57) 180-182 .
do pâncreas é um sinal de obstrução.
d. Atualmente, é impossível determinar com segu·
Suspeita de Patologia do Trato rança se apenas vai ocorrer uma obstrução intesti-
Gastrointestinal: Uma Abordagem nal e impraticável apontar com precisão o local da
obstrução e o comprimento do intestino atrésico.
Prática (Os 12 Mandamentos) 6. Peristaltismo
1. Dilatação intestinal. As intercorrências associadas a. Antalmente, não há método de padronização que
mais comuns são : avalia quantitativamente os movimentos pe·
a. Fibrose cística. Em 75% dos casos com esta pa- ristálticos, sendo que esta atividade é analisada
tologia, a vesícula biliar não é identificada, e há subjetivamente.
níveis baixos de enzimas digestivas. b. A presença ou ausência de peristaltismo consiste
b. Infecção intrauterina, principalmente TORCH. em um sinal ultrassonográfico em muitos diag-
c. Anomalias estruturais. O exame detalhado de to· nósticos diferenciais. Este serve como diagnóstico
dos os órgãos fetais é obrigatório. Deve ser dada diferencial definitivo somente nos casos de POIC
atenção especial a coração, genitália, trato uriná- e de diarréia clorada.
rio e cordão umbilical. 7. Calcificações intraperitoneais
d. Anomalias cromossômicas. a. os casos de um achado isolado de calcificação
2. Conteúdo intestinal intraperitoneal, deve ser realizada a pesquisa para
a. Deve ser lembrado que no intestino obstruído e anomalias cromossônucas, fibrose cística, infec-
dilatado geralmente ocorre problema com a ab· ções e enzimas digestivas . Se todos os testes esti-
sorção de líquido. Assim, a presença de conteúdo verem normais, a probabilidade de patologia no
intestinal sólido (excluindo os casos de fibrose cís· recém-nascido é muito baixa.
614 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

Aorta dorsal

Baço
Baço

Broto
pancreático dorsal

)
Artéria mesentérica anterior

Alça do intestino médio Artéria mesentérica superior

Figado
Mesogástrio dorsal do baço

Mesentério ventral Baço

Est6mago
Vesícula biliar
....
Duodeno

L-- I f - - - Intestino posterior

Aorta dorsal

Bolsa omental
(pequeno omento)
Pequeno
omento
I U -';+-- Baço

Colón
Colón
descendenle
Colón transverso ascendent"- - _-,,

-r--+--II-+__ Intestino
delgado

D1
Ceco e apêndice
FIGURA 15-55. Processo de herniação e redução fisiológica. No início da semana de gestação menstrual, a alça do intestino médio hernia
para o cordão umbilical proximal IA). A relação entre a artéria mesentérica superior IAMS) e o intestino é ilustrada em A 1. No estágio final (8), o
intestino médio inicia a rota ção de 90 graus em sentido horário (87). Próximo à semana menstrual, o intestino médio retorna para o abdome
(C e O), e, ao mesmo tempo, ocorre uma rotação progressiva em sentido horário até o intestino médio ser submetido a uma rotação total de
270 graus (Cf e 01) . A posição final do ceco no quadrante inferior direito é alcançada posteriormente, no final do período fetal (E). (De Moore
KL, Persaud TVN: The Developing Human: Clinically Oriented Embryology. Philadelphia , WB Saunders, 1998.)
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 615

8. Volume de líquido amniótico c. Níveis muito altos de enzimas são sugestivos de


a. Pode não haver aumento do volume de líquido am- obstrução do duodeno ou jejuno abaixo da am-
niótico em casos de obstrução gastrointestinal. pola de Vater e vômito fetal.
b. Se houver aumento de líquido amniótico, geral- d. Níveis de enzimas norma.is reduzem signi.ficati-
mente se inicia na segunda metade da gestação. vamente a probabilidade de atresia intestinal ou
c. A obstrução do trato gastrointestinal alta (esôfa- obstrução intestinal.
go, estômago, duodeno e jejuno) frequentemente 10. RM
está associada a poli-hidrâmrúo. Em contrapar- Não existe até o presente momento estudos convin-
tida, o poli-hidrâmnio é incomum na obstrução centes de que a RM seja melhor do que o ultrassom
gastrointesunal baixa (í1eo, colón, reto e ânus). na detecção de obstrução gastrointestinal. Acredita-
d. O poli-hidrânuuo é comum na doença sistêmica mos que, no futuro , a RM pode servir para o diagnós-
congênita do intestino (pOIC e diarreia clorada tico diferencial entre as duplicações tubulares do trato
congênita) . gastrointestinal e outros achados intra-abdomina.is
e. A presença de "flocos de neve" no líquido su- ecogênicos. Provavelmente, também pode contribuir
gere epidermólise bolhosa nos casos de atresia no diagnóstico de tumores sólidos intra-hepáticos e
pilórica. hemorragia.
9. Enzimas digestivas no liquido amniótico 11. Aparelhos de ultrassonografia
a. As enzimas digestivas do i.ntestino e fígado podem Os ultrassonografistas são orientados para o uso ha-
ser examinadas com 18 a 22 semanas de gestação. bitual dos aparelhos para se acostumarem com eles,
b. íveis muito baixos de enzimas são sugestivos de pois a frequência do transdutor, o ganho e o processa-
atresia biliar ou fibrose cística. mento de imagem podem intensificar artificialmente
o nível aparente da ecogenicidade da alça intestinal,
resultando em interpretação inadequada dos achados
ultrassonográficos.
12. Consulta dos pa.is
Ainda estamos no processo de familiarização com as
várias anomalias do sistema digestivo. Devido à gran-
de proporção destas anomalias apresentarem seme-
lhanças e também compartilharem os mesmos sinais
ultrassonográficos, estabelecer o diagnóstico preciso
é inviável, assim, os pais devem ser informados de
todos os diagnósticos diferencia.is possíveis , incluindo
a normalidade .

FíGADO
O fígado é uma estrutura assimétrica. Seu limite superior é o
diafragma. o plano parassagital méd.io clavicular do pulmão
direito e abdome, o terço superior é ocupado pelo pulmão, o
terço médio é preenchido pelo fígado e o terço inferior ocu-
pado pelo intestino. No plano parassagital médio clavicular
do pulmão esquerdo e abdome, o terço superior é ocupado
pelo pulmão, aproximadamente um quarto é ocupado pelo
FIGURA 15-56. Má rotação na semana 28. Uma massa amorfa fígado e o restante ocupado pelo estômago e intestino. Não
(AM) e o colón dilatado. é possível a diferenciação ultrassonográfica entre o lobo fetal

FIGURA 15-57. Disgenesia da cloaca, Esquerda , Um conglomerado cístico é observado na pelve. Meio e Direita , Genitália anormal. (Reproduzido
com permissão de F, Cuiller , www.thefetus.net.)
616 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-59. Circulação venosa hepática em corte transversol


diagonal. DV , ducto venoso; LPV , veia porta esquerda; RPV, veia porta
FIGURA 15-58. Representação esquemática da circulação venosa direita; S, estômago; UV, veia umbilical.
umbilical , portal e hepática. As setas indicam a direção do fluxo san-
guíneo e a cor , o grau de conteúdo de oxigênio (vermelho , alto; roxo,
médio; azul, baixo). As setas indicam a direção do fluxo sanguíneo.
DV , ducto venoso; EPV , veia porta extra-hepática; FO, forame oval ;
GB, vesícula biliar ; HV, veias hepáticas; IVC , veia cava inferior; LPV ,
veia porta esquerda; PS , seio da veia porta; RA , átrio direito ; RPV ,
veia porta direita; UV , veia umbilical. (De Mavrides E, Moscoso G,
Carvalho JS, et ai: The anatomy of the umbilical, portal and hepatic
venous systems in the human fetus at 14-19 weeks of gestation.
Ultrasound Obstet Gynecol 18:598, 2001.)

direito e esquerdo. O aumento do coeficiente de atenuação no


ultrassom do fígado é observado em função da idade gesta-
cional. Tem sido sugerido que esta alteração está relacionada
com o aumento do armazenamento de glicogênio no fígado

Circulação Hepática
Uma representação esquemática está mostrada na Figura
15-58. Há uma inserção oblíqua da veia umbilical no fígado.
Dentro do fígado , há uma trifurcação-veia porta esquerda,
veia porta direita e ducto venoso, que continua para a veia
cava inferior (Fig. 15-59). FIGURA 15-60. Hepatoesplenomegalia em mielopoiese transitória
e trissomia do 21 . Li , fígado ; Sp, baço; S, estômago . (De Hamada H,
Yamada N, Watanabe H, et ai: Hypoechoic hepatomegaly associated
Volume Hepático with transient abnormal myelopoiesis provides clues to trisomy 21 in
the third-trimester fetus. Ultrasound Obstet gynecol 17:442, 2001 .1
O volume hepático pode ser estimado pelas medidas do
comprimento, circunferência e área hepática utilizando o
ultrassom bidimensional e o tridimensional. Vários estudos
têm demonstrado uma correlação elevada entre o volume
do fígado, idade gestacional e peso fetal em fetos normais, tiva, infecção, macrossomia, neoplasia, doenças metabólicas ,
enquanto que nos fetos pequenos para a idade gestacional, o tais como a doença de Gaucher J88 , deficiência de piruvato
volume está reduzido \8S-J88 De nota, devido à configuração quinase, sífilis \ 9 \ e outros distúrbios de crescimento como a
assimétrica do fígado, as medidas acuradas de suas dimensões síndrome de Beckwith-vViedemann. A hepatoesplenomegalia
não é uma tarefa simples na prática diária, e muitos ultrasso- com ou sem hidropisia é um sinal possível para a síndrome de
nogrzafistas podem avaliar o tamanho do fígado de forma Down. Vários estudos têm demonstrado que fetos com tris-
subjetiva. somia do 21 podem apresentar desordem mieloproliferativa
na seg'unda metade da gestação (Fig. 15-60) 192-l97.
Hepatomegalia Nestes casos, o fígado aumentado pode ter aparência normal,
hipoecogênico ou hiperecogênico. A amostra de sangue fetal
A hepatomegalia, ou hepatoesplenomegalia, pode estar pre- revela leucocitose com predominância das formas imaturas
sente na isoimunização grave, insuficiência cardíaca conges- cios blastos (Qyadro 15-4).
TRATO GASTROINTESTINAL E PAR EDE ABDOMINAL 617

Cistos Transitórios Simples Idiopáticos Doença Hepática Policística


no Início da Gestação Existem várias formas de doença hepática policística. Uma
No irúcio da gestação (14-16 semanas de gestação), os autores destas é a doença de CaroJi , que é uma doença autossômica
observaram cistos simples em 1 para 2.500 fetos. Estes cistos recessiva rara, caracterizada peja dilatação cística do ducto
são de vários tamanhos, variando dos bem pequenos aos biliar intra-hepático. A doença policística renal associada é
cistos de 10 mm. Estes podem estar localizados em partes comum. As principais manifestações clínicas são colangite
diferentes do fígado, desaparecendo na segunda metade da recorrente, icterícia, cirrose, colangiocarcinomas e lesão
gestação (Fig. 15-61 ). Depois do parto, os testes para ava- renal. O diagnóstico pré-natal tem sido relatado em poucos
liação da função hepática do recém-nascido estão normais. casos, apresenta.ndo-se como um de lesões císticas
Raramente, estes cistos aparecem no terceiro trimestre da ges-
tação depois de um ultrassom normal no seg'undo tri.mestre
(Fig. 15-62)198.

QUADRO 15-4 Classificação do Cisto Hepático


A. C isto isolado (Qua lque r localização, embora geralm ente
na periferia)
1. Cisto idiopático simples
2. Linfangioma
B. Fígado policíst ico
1. Várias formas com ou sem rins policísticos
C. Cistos seplados múltiplos (Hamartoma m esenquimal)
D. Cisto do Hilo (Loca lização no hilo do fígado)
1. Cistos de colédoco
2. Atresia biliar extra-hepática FIGURA 15-62. Cisto hepático que apareceu inicialmente no terceiro
trimestre e gradualmente desapareceu após o nascimento.

FIGURA 15-61. Cistos hepáticos simples transitórios idiopáticos (setas) em três fetos.
618 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-63. Doença de Caroli. Um fígado multicístico na semana 30 (esquerda) e no recém-nascido (direita). (De Yuskel A , Has R, Isikoglu
M , et ai: Prenatal diagnosis 01 Caroli's disease. Ultrasound Obstet Gynecol 19:525, 2002.)

no fígado (Fig. 15-63) 199-202. O rim policístico também pode


ser observado.

Hamartoma Mesenquimal Hepático


O hamartoma mesenquimal hepático é um rumor ben.igno
raro geralmente se apresentando como uma massa de cres-
cimento rápido nos primeiros dois anos de vida. Devido à
sua taxa de crescimento rápido, este pode causar hidropisia,
insuficiência cardíaca ou mesmo óbito fetal. A aparência
ultrassonográfica é de vários cistos separados por um septo
grosso. este ,também , pode
massa sohda ou nusta (solido e C1StlCO)203- OI. A ausenCla da
malformação atrioventricular serve de auxílio no diagnóstico
diferencial de hemangiomas grandes.
A hidropisia não imune pode ser uma sequela do hamar-
toma mesenquimal. A associação entre hamartoma mesenqui-
mal hepático e alterações císticas na placenta devido à hiper-
plasia do tronco viloso mesenquimal tem sido relatada por
FIGURA 15-64. Hemangioendotelioma apresentando-se como um
vários pesquisadores20J207. A etiologia responsável por esta conglomerado de elementos císticos ou sólidos (círculo branco).
associação ainda não está esclarecida. A ressecção do tumor (Reproduzido com permissão de G. Ochua, www_theletus.net.)
é o tratamento de escolha nos casos de massa grande. A dre-
nagem do cisto in li/era também pode ser considerada em fetos
prematuros , embora a sua validade seja questionável devido
ao seu rápido novo acúmul0 20J .

MASSAS HEPÁTICAS tava eficácia durante a gestação, levando a uma diminuição


progressiva da massa hepática fetal.
Hemangioma Hepático
Os achados ultl-assonográficos pré-natais podem variar
O hemagioma hepático é o tumor benigno mais comum dependendo do tamanho do tumor (Fig. 15-64). Tumores vo-
do fígado no feto e o neonato . Os sinônimos para descre- lumosos apresentam aparência hipoecogênica e são observa-
ver esta condição incluem a malformação arteriovenosa ou das malformações au-ioventriculares. A artéria que nutre pode
hemangioendotelioma. Geralmente, estes regridem depois apresentar velocidade alta e fluxo sanguíneo de baixa impe-
de um crescimento inicial rápido, com a completa involução dância, enquanto que a veia da drenagem apresenta o padrão
por volla de 12 para 18 meses. Embora benigno, este tumor de fluxo sanguíneo anterógrado com baixa pulsatilidade2os-21o.
pode ser considerado de risco devido a insuficiência cardíaca Tumores pequenos apresentam aparência hiperecogênica sem
de alto débito com ou sem hidropisia, anemia hemolitica, evidência de vasos sanguíneos de suprimento ou de drena-
trombocitopenia grave e vascular disseminada gem210.212 . De fato , é possível que estas massas representem
(sequência de Kassabach-Merritt)2 8-212 O s corticoesteroides a involução intrauterina do hemangioma. Devido às compli-
são o tratamento de escolha na infância, pois estes causam cações fetais possíveis, a obtenção de amostra de sangue fetal
vasoconstrição da proliferação rápida das células endoteliais (cordocentese) e a infusão de produtos sanguíneos devem ser
que limitam os canais vasculares. Morris el a/208 mostraram consideradas em fetos prematuros com distúrbios hematológi-
que a terapia materna com corticoesteroide também apresen- cos evidentes.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINA L 619

tada em 70% dos fetos com 13 semanas de gestação, e em 99%


dos casos com 15 semanas. No segundo e terceiro trimestres,
a vesícula biliar é identificada como uma estrutura cística oval
ou retangular pequena localizada à direita da veia umbilical
intra-hepática, na borda inferior do fígado , próximo às alças
intestinais.

Variantes Anatômicas da Vesícula


Biliar
As variantes anatômicas diferentes da vesícula biliar podem
ser observadas, e nenhuma implicação clínica foi notada
nestas [onnas diferentes, assim estes consistem em achados
solitários no feto .

Forma
FIGURA 15--65. Calcificações hepáticas (setas) na semana 18. A s A vaI"iante mais comum inclui a duplicação, vesícula biliar
calcificações desapareceram na semana 32, e a evolução foi favorável.
graIlde, forma em "L" e septos transitórios (Fig. 15-66).

Localização
Hepatoblastoma Veia Umbilical Direita Persistente
o hepatoblastoma é a doença hepática maligna mais comum A vesícula biliaI" pode estar localizada à esquerda da veia
na criança mais jovem. Entretanto, sua incidência é muito umbilical nos casos de persistência da veia umbilical direita
rara, aproximadamente uma por um milhão em crianças de (Fig. 15-67). No início do desenvolvimento embrionário,
idade menor do que 15 anos. O achado ultrassonográfico existem duas veias umbilicais. A veia umbilical direita atrofia
consiste em uma massa lobulada com a estrutura interna enqUaIlto que a esquerda se mantém. A persistência da veia
semelhante a "raios de pneu ,,2J3 ou uma massa sólida 214 . umbilical di.reita pode ocorrer devido à falência da regressão
desta estrutura resultando na sua persistência e coexistência
com a veia umbilical esquerda. A veia umbilical direita pode
Calcificações Hepáticas substituir a veia umbilical esquerda, ou a veia umbilical direita
A incidência relatada de calcificações hepáticas é de 1:1.000 pode persistir e derivar o fígado, drenaIldo de modo incomum
a 1 :1.750. Em muitos casos , é um fenômeno transitório sem paI"a a veia cava inferior ou átl;o direito. Ao ultrassom, a veia
qualquer consequência. Em poucos casos, uma patologia res- umbilical drena para a veia porta di.reita mais do que para a
ponsável é detectada, principalmente infecções (primariamen- veia porta esquerda, a veia umbilical intra-hepática está locali-
te citomegalovírus), patologias vasculares , como hematoma, zada lateral e não medial à vesícula biliar, e a configuração da
tromboembolia da veia hepática e porta, tumor do fígado e veia porta (frequentemente descrita como taco de "hóquei")
diferentes anomalias cromossômicas2J5.2IS. curva em direção do estômago mais do que paralelamente ou
Os fetos podem apresentara um, dois ou mais focos de cal- para o lado direito. De acordo com a literaulra, bem como em
cificação (Fig. 15-65), ou mesmo calcificação difusa do fígado, nossa experiência com 98 fetos , a frequência desta localização
bem como calcificações peritoneais ou intestinais. A incidência é de 2 a 4 em l.000 gestações. Há uma baixa probabilidade de
de anomalias associadas vaI;a em séries diferentes. Bronshtein anomalias estruturais; porém, qUaIldo é um achado solitário,
e Blazer21.5 encontraraIn anomalias associadas em 21% dos ca- é considerada uma vaI"iante anatômica benigna com resul-
sos, enquanto que Simchen eI al. 21 S verificaraIn anomalias as- tado favoráveI219.223" Outras variantes anatômicas apaI"ecem
sociadas em 65% dos fetos. A presença de um achado ultrasso- abaixo da veia umbilical ou flutuando e cercado pelas alças
nográfico isolado de calcificação não exclui a possibilidade de intestinais.
infecção ou aneuploidia. Deste modo, é sugerido realizar um
exame ultrassonográfico detalhado nestes fetos e consideraI- a
pesquisa paI-a anomalias cromossômicas e infecções VÍI-ais . Não Visualização da Vesícula Biliar
De acordo com a experiência dos autores com mais de 52.000
Vesícula Biliar exames entre 14 e 16 semanas de gestação, a não visuali-
zação da vesícula foi observada em 1 :560 gestações. A não
Inicialmente, a vesícula biliar é uma massa sólida com qua- visualização da vesícula foi deftnida como a incapacidade de
tro semanas de vida embrionária, e um lúmen defmitivo se detectaI" a estrutura-alvo em dois eXaInes ultrassonográficos
desenvolve pela recanalização do epitélio na 7a semana. A bile dentro de um período de 1 SemaIla. Em quase 25% dos fetos
é formada pelo fígado aproximadaInente com 12 semanas de em que a vesícula biliar não foi identificada, também foraIn
gestação, entraIldo na vesícula biliar e no sistema intestinal. observadas outras alterações estruturais e anomalias cromos-
Qyando ocorre a falha neste processo, a vesícula biliar per- sômicas. As anomalias estruturais principais são síndrome de
manece atrésica e não se desenvolve. No ultrassom, a vesícula Potter, aIlormalidades renais, hidropisia, hérnia diafragmática
biliar apaI"ece com 7 a 14 SemaIlaS de gestação como uma e mesomelia. As anomalias cromossômicas maiores incluem a
"gota" de líquido de dimensões vaI"iáveis e, posteriormente, triploidia (em 30% dos casos) , trissomia do 9, 18, 20 e distúr-
adquire a forma de um bastão. Esta estn.IUlra pode ser detec- bios cromossômicos sexuais 224 .
620 TRA T O GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

A B

c D

FIGURA 15-66. Variabilidade normal do tamanho e da forma da vesícula biliar. A. A vesícula biliar grande (setas) na semana. B. Vesícula biliar
pequena (seta) na semana. O estômago (s) e a veia umbilical (UV) estão identificados. C. Vesícula septada na semana. D. Vesícula
biliar em forma de "L" na semana.

A B

FIGURA 15-67. Veia umbilical direita persistente. A. Corte transverso axial demonstra a veia porta (setas) curvando mais em direcão a do
que se afastando do estômago (St). L, Esquerda; R, direita. B. Corte transverso demonstrando a veia umbilical (UV) à direita da vesíc·ula biliar
(GB). Estômago (St).
TRATO GASTROINTESTlNAl E PAREDE ABDOMINAL 621

FIGURA 15-68. Pedras na vesícula biliar. Esquerda , Lama e pedras (setas) na semana 35. Direita , A vesícula biliar vazia normal no mesmo
recém-nascido.

Vesícula Biliar Não-Visualizada como nos primeiros meses após o nascimento (Fig. 15_68)226.228.
Achado Isolado Brown el al. 226 relataram a presença de pedras na vesícula até
a idade de 4,5 anos, com todas sendo assintomáticas.
Os seg'uintes distúrbios podem estar presentes:

1. Agenesia de vesícula biliar. A incidência é de cerca de Atresia Biliar Extra-hepática


13 a 65 em 100.000 na população geral, incluindo 10f0 A prevalência da atresia biliar é de 0,73 a 0,85 em 10.000
dos casos em que a vesícula biliar não foi visualizada nascidos vivOS229.230. A atresia biliar é a principal causa de icte-
(VBNV). A agenesia é uma variante anatômica que rícia obstrutiva extra-hepática no recém-nascido e a indicação
geralmente não apresenta sequela clínica. Devido à mais frequente para o transplante hepático durante a infân-
tendência familiar desta anomalia, o exame ultrassono- cia229 Pode ser isolada ou associada a ouu-as malformações,
gráfico dos pais deve ser sugerido em caso de suspeita principalmente, poliesplenia, defeitos cardíacos e anomalias
desta anomalia no feto 225 . intra-abdominais. Existem diversas variantes da au-esia biliar,
2. Fibrose cística. Menos de 10f0 dos fetos com VBNV abrangendo desde a atresia completa à atresia do ducto colé-
apresentanl fibrose cística, enquanto que a vesícula doco. A classificação francesa baseada no padrão anatômico
biliar não é detectada em 75% dos fetos com fibrose dos remanescentes do trato biliar é a mais útil
cística. Esta patologia também está associada a níveis para os ultrassonografistas (Fig. 15-69)23 1,2' 2.
baixos de enzimas hepáticas e intestinais no líquido
amniótico. Este fenômeno pode no diagnóstico
pré-natal desta desordem 95 . Diagnóstico Pré-natal
3. Atresia biliar extra-hepática. Esta é uma anomalia rara
que está discutida posteriormente neste capítulo. H á poucos relatos de caso de detecção fetal da atresia
biliar233-23i. O diagnóstico é baseado principalmente na falta
Em resumo, em todos os casos de VBI\l\' deve ser realizada de visualização da vesícula biliar, observação de uma estrutura
pesquisa de anomalias cromossômicas, fibrose cística e enzi- cística na região hepática ou especificamente no hilo e a detec-
mas digestivas. ção de níveis baixos de enzinlas hepáticas no líquido an1l1Íótico.
O diagnóstico diferencial do cisto de colédoco é importante.
Utilizando a classificação mencionada, é proposta a seguin-
Desaparecimento Tardio da Vesícula te orientação:
Biliar TiPo 1 e 3. Nestes casos, a vesícula biliar está presente.
Assim, o diagnóstico passa despercebido na população geral
Os autores observaram quatro casos em que a vesícula biliar de baixo risco. Em pacientes com histórico familiar de atresia
estava presente entre 14 e 16 semanas de gestação e não pôde de biliar é sugerida a avalição das enzimas hepáticas no líquido
ser identificada em fase avançada da gestação. Em todos estes amniótico mesmo quando a vesícula biliar for identificada.
casos, o exame ultrassonográfico pós-natal revelou a presença TiPo 2. Estes casos podem ser identificados pela presen-
de uma vesícula biliar normal, e as crianças não apresentaram ça de um cisto no hilo hepático, ou pela não identificação da
intercorrências. vesícula biliar. O cisto no hilo hepático pode, tanlbém, repre-
sentar um cisto de colédoco. Matsubara el al. 238 e Casaccia et
Pedras na Vesícula Biliar Fetal (Lama al. 239 notaram que o tamanho do cisto do colédoco aumenta
na Vesícula Biliar) diretamente com O avanço da idade gestacional, enquanto que
o tamanho do cisto na atresia biliar congênita permanece inal-
Existem vários relatos de fetos com lama na vesícula biliar, terado durante a gestação. Entretanto, há poucos rclatos e des-
aparecendo como uma estrutura hiperecogênica em forma de te modo as pacientes devem ser informadas sobre o risco da
pêra. Geralmente, as pedras na vesícula biliar assemelham-se atresia biliar em todo caso de cisto no hilo hepático. Sugerimos
a calcificações intra-hepáticas ou hiperecogenicidade de alça. examinar as enzimas hepáticas nestas gestações.
Na maioria dos casos , esta característica ultrassonográfica tem TiPo 4. Nestes casos, não há identificação da vesícula bi-
sido descrita no segundo e terceiro trimestres, e desaparece liar. É recomendada a avaliação das enzimas hepáticas.
622 TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL

Padrão anatômico do remanescente biliar extra-hepático


(Classificação francesa)

Tipo 1: (3%) Tipo 3: (19%)


Atresia limitada ao ducto biliar comum Atresia do ducto hepático com vesícula biliar
patente , ducto cístico e ducto biliar comum

Tipo 2: (6%)
Tipo 4: (72%)
Cisto no hilo hepático com ducto
Atresia biliar extra-hepática completa
intra-hepático distrófico

FIGURA 15-69. Padrões anatômicos do remanescente biliar extra-hepático IClassificação francesa). (Cortesia do Dr . Christophe Chardot.)

FIGURA 15-70. A ilustração mostra os vários tipos de


malformação do colédoco. Note a junção pancreatobiliar
anômala; ducto pancreático se insere no ducto biliar comum
proximal ao esfíncter de Oddi. IDe Donnelly LF, Jones BV ,
O' Hara SM, et ai (eds .): Diagnostic Imaging, Pediatrics , 1SI
ed . Salt Lake City, Amirsys Inc. 2005, p. 96 .)

Cisto de Colédoco A causa destes cistos permanece incerta. As duas teorias prin-
cipais sugerem240 .
A incidência de cisto de colédoco nos países do Ocidente é
de 1 para 100.000 nascidos vivos . Nos países do Oriente,
l. Má junção pancreatobiliar permitindo a secreção pan-
como o Japão, a incidência é mais elevada. A relação entre
creática refluir para o sistema do ducto biliar.
mulher/homem é de 3 a 4:1 , e a ocorrência familiar é escassa.
2. Atresia ou disfunção do esfíncter de Oddi.
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 623

FIGURA 15-71 . Cisto de colédoco: A vesícula biliar (GB) alongada


e o cisto arredondado no hilo hepático lembram um sinal de excla-
mação. UV, Veia umbilical. FIGURA 15-72. Baco hiperecogênico aumentado (setas) em um
caso de infecção por ·citomegalovírus. S, Coluna; UV, veia umbilical.
(Cortesia de Dr. Ron Auslander.)

Existem cinco tipos de anomalias císticas do colédoco (classifi-


cação de Todani) (Fig. 15-70)2-1 0.
A excisão do cisto na infância é indicada com O intuito de
evitar as complicações, como colangite e fibrose cística. De
1. O estômago está deslocado anteriormente e para a li-
nota, o procedimento de drenagem interna sem a excisão do
nha média devido ao aumento do baço.
cisto tem mostrado uma predileção pela malignidade. Inde-
2. O baço fica muito próximo à parede abdominal ante-
pendente do prognóstico desfavorável relatado na literatura,
rior (Fig. 15-72).
observamos um feto em que o cisto de colédoco desapareceu
3. A imagem do Doppler colorido detecta as múltiplas
durante a gestação. Em outro caso, o cisto de colédoco diag-
ramificações da artéria e veia esplênica.
nosticado in utero atualmente encontra-se assintomático, com
redução do seu tamanho na infância. A csplenom.egalia pode estar presente em vários distúrbios fe-
tais, sendo os mais comuns:
Diagnóstico Pré-natal
1. Isoimunização RH e outras formas de aneITIla fe-
A presença de uma estrutura cística no hilo hepático sempre tal245.246.
deve alertar o médico para a possibilidade de cisto de colé- 2. Doenças infecciosas , como o citomegalovírus 244.
doco 238 ,239 . Os autores observaram que este cisto visualizado 3. Doenças metabólicas, como a doença de Gaucher e a
no mesmo plano da vesícula biliar fornece a imagem de um deficiência de piruvato quinaseJ 89.190.
sinal de exclamação (Fig. 15-71 ). O principal diagnóstico dife- 4. Distúrbios mieloproliferativos transitórios, que, algu-
rencial inclui a atresia biliar externa e o cisto do hilo hepático , d rome d e D own 192-f97.
mas vezes , aparece na sm
isolado. 5. Distúrbios de crescimento como na síndrome de
Beckwith Wiedmann.
BAÇO
Muitos investigadores apresentaram nomogramas do baço
mostrando a relação entre o seu tamanho e a idade gestacio- Cisto Esplênico
na]2.J2.243. Porém, o baço e o fígado apresentam ecogenicidade O cisto esplênico congênito é raro, de causa desconhecida e
similar, e, deste modo, é difícil estabelecer a separação precisa geralmente presente como um achado isolado. Tem sido des-
entre estes dois órgãos enquanto é realizado o exan1e ultras- crita a remissão esponu-mea pós-natal destes cistos em muitos
sonográfico. Assim, os autores acreditam que a medida confi- casos247-249 Cistos grandes (maiores que 40 mm) necessitam de
ável do baço normal não é sempre acurada. atenção especial devido à possibilidade de complicações agu-
das, como ruptura, hemorragia e infecção durante a infância.
Esplenomegalia Assim, a cirurgia ou aspiração dos cistos e a esclerose consistem
no n-atamento recomendado para esta patologia249. O diagnós-
Devido à limitação mencionada anteriormente, o diagnóstico tico diferencial ultrassonográfico no feto inclui as lesões císticas
ultrassonográfico da esplenomegalia é baseado principalmen- no abdome superior esquerdo, principalmente na suprarrenal,
te nos três achados rim, mesentério e duplicação cística gastrointestinal.
624 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-74. Pâncreas policístico na semana 16 (síndrome de


Jeune), Dois cistos (C) dentro do pâncreas demarcado. GB, Vesícula
FIGURA 15-73. Pâncreas, O pâncreas normal está marcado pelas biliar; KID, rim; SS, coluna ; UV, veia umbilical.
setas , S, Estômago; GB, vesícula biliar; KID , rim ; UV, veia umbilical.

PÂNCREAS tensão abdominal e pressão na víscera adjacente no período


pós-natal. A excisão do cisto ou drenagem interna por
Ao ultrassom. é muito difícil a identificação entre o pân- enterostomia é o tratan1ento de escolha para os casos compli-
creas normaÍ, alça intestinal e textura retroperitoneal. As anomalias associadas têm sido observadas em
Ocasionalmente, o pâncreas pode ser detectado no espaço muitos destes fetos. As mais comuns Sã0253.257 :
entre o estômago, vesícula biliar, veia umbilical e rim. Esta
imagem é obtida melllOr corte transverso axial ao do l. Doença policística do rim e do pâncreas.
rim (Fig. 15-73), Hata ef al. 2oo conseguu'am detectar o pancreas 2, Doença de von Hippel-Lindau.
em mais de 80% dos casos entre 20 e 23 semanas de gestação, 3. Displasia toráxica asfixiante, nanismo de membros cur-
enquanto que com 36 a 39 semanas de gestação, os autores tos (sú1drome deJeune [Fig. 15-74]) .
identificaram a estrUnIra em somente 38,4% dos casos. 4. Hemi-hipertrofia,
5. Síndrome de Beckwith-VViedemal1J1.
Pâncreas Anular
O diagnóstico pré-natal do cisto de pâncreas deve ser sugeli-
O pâncreas anular surge da persistência do broto pancreático do nos casos de achado ultrassonogTáfico de cisto no abdo-
dorsal, criando uma constrição em forma de anel englobando me o estômago, vesícula biliar, veia umbilical
o duodeno. Esta anomalia é rara e é responsável somente e rin1 203 ,200.2!>'
por 10/0 das obstruções intestinais neonatais. Entretanto, as
anomalias associadas ocorrem em 10% a 20% destes casos,
principalmente, obstrução duodenal, má rotação intestinal e Pancreatoblastoma
síndrome de Down 2.1 1. O pancreatoblastoma é um tumor raro. O tratamento de esco-
Assim, o pâncreas anular deve ser suspeitado quando for llia na infância consiste na ressecção completa com quimiote-
observado o sinal da dupla bolha da obstrução duodenal, Há rapia 258 ,259 . Foi observada associação à síndrome de Beckwith-
poucos relatos da imagem ultrassonográfica do pâncreas anu- Wiedmann em alguns casos 26 0,26 1. Existem poucos relatos
lal" aparecendo como uma estrutura ecogênica ao do ' , .
d e d laQ110StlCO ,
pre-nata I d e pancreato bl astoma. C ' '262
aCClan
. d 'Latamente a b'
d uo d eno, Il11e alXO d o segmento dil ata d o 201.202 . b , .
observou uma estrutura amorfa com algumas caractenstlcas
Na experiência dos autores, a detecção do pâncreas anulal" semelhantes ao lÍm (Fig. 15-75), enquanto que Pelizzo et al. 260
é difícil e, na maioria dos casos de obstrução, somente é detec- encontraram um cisto intra-abdominal isolado.
tado o sinal da dupla bolha,

CISTO INTRA-ABDOMINAL IDIOPÃTICO


Cisto Pancreático
Um tipo {mico de massa cística fetal de origem desconhecida
O cisto de pâncreas congênito é muito raro e há uma predo- tem sido observado pelos autores no primciro c segundo tri-
minância no sexo feminino. Surge da anomalia do desenvolvi- mestre da gestação. Geralmente, estes cistos estão localizados
mento do sistema do ducto pancreático. Os cistos podem ser lateralmente e poclem apresentar um halo hiperecogênieo.
solitários ou múltiplos e, também, podem ser tão numerosos Estes podem ocupar mais de 60% do diâmetro abdominal
que transformam o pâncreas em uma massa cística. Os cistos (Fig. 15-76). A conexão entre estes, cistos e os órgãos abdo-
geralmente são assintomáticos embora possam causar dis- minais não pÔcle ser identificada. E verificada uma redução
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 625

gradual em seu tamanho com o avançar da gestação e, em torna-se pequena para conter todas as alças intestinais, que,
alguns casos, o cisto desaparece completamente, enquanto assim, entram dento do ceio ma extra-embrionário no cordão
que em outros permanece uma pequena massa hiperecogênica umbilical (Figs . 15-55 e 15-77). Este processo de herniação
com características semelhantes ao intestino hiperecogênico. fis iológica do intestino médio ocorre durante a 6" semana de
Deste modo, é possível que alguns destes cistos , de fato, cor- desenvolvimento. Durante a lO" semana, o intestino retoma
respondam a cistos meconiais. A evolução fetal de todos estes para o interior da cavidade abdominal; este processo é referi-
casos tem sido favorável. Devido à origem desconhecida, o do como redução da hérnia do intestino médio. Timor-Trisch
feto deve ser submetido a exames seriados para excluir outros et al263 observaram esta herniação normal em 64% dos retos
cistos patológicos. H á elevada probabilidade de estes cistos com 8 semanas, em 100% durante as semanas 9 e 10 e em 25%
desaparecerem e o feto nascer saudável. dos casos com 11 semanas de gestação. Nenhum dos fetos
estudados com 12 semanas apresentou esta herniação.
PAREDE ABDOMINAL
Onfalocele (Exônfalo)
Herniação Fisiológica do Intestino
A onfalocele é um defeito na parede abdominal ventral de
Médio modo que o conteúdo abdom.inal herniado fique coberto
Durante a vida embrionária normal, ocorre um alongamento por uma membrana formada pelo peritônio e pelo âmnio. A
rápido do intestino e do seu mesentério, bem como uma expan- estrutura herniada mais comum é o intestino delgado (Fig.
são e crescimento acentuado do fígado. A cavidade abdominal 15-78). Menos comumente, ficam fígado, baço, estômago e

FIGURA 15-75. Pancreatoblastoma na semana 35. O pâncreas amorfo


é marcado pelas setas. Sp , coluna. (Reproduzido com a permissão de FIGURA 15-77. Herniação fisiológica do intestino médio (seta) na
A. Cacciara , www.thefettus.net.) semana 10.

FIGURA 15-76. Cisto idiopático intra-abdominal na semana 16. Esquerda, Transverso; Direita, sagital. S, Estômago; K, rim .
626 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-78. Onfalocele. Esquerda , Ultrassom na semana 15 mostrando o conteúdo intestinal dentro do cordão umbilical (setas). Direita,
O neonato.

intestino grosso. Embora o intestino seja a víscera herniada


mais comum, nas onfaloceles moderadas e grandes o fígado
está invariavelmente presente. A prevalência da onfalocele
varia consideravelmente na literatura, abrangendo entre 0,74
a 3,9 por 10.000 nascimentos 264-267.

Anomalias Associadas
As anomalias associadas são observadas em 67% a 88% dos
fetos. Os defeitos cardíacos estão presentes em 50% dos casos,
anomalias gastrointestinais em 40% e anomalias cromossômi·
cas (principalmente, trissomia do 13, 18 e 21 e distúrbios dos
cromossomos sexuais) em 30% a 40% dos casos265.267-273 . Tem
sido observada uma associação entre o conteúdo da onfaloce·
le e os defeitos cromossômicos. As anormalidades do carióti-
po são mais frequentes nas onfaloceles que contêm somente
o intestino e apresentam freguência bem menor quando só
possuem o Hgado herniad0 2 4·276 Atualmente, a onfalocele
está listada em 58 síndromes diferentes 64 .

Prognóstico
O prognóstico está relacionado com a presença da associa- FIGURA 15-79. Onfalocele na semana 13. O fígado (L) dentro do
ção de anomalias estruturais e cromossômicas. Em avaliação saco da onfalocele (setas).
recente de 90 fetos, principalmente nas formas associadas,
o prognóstico geral foi ruim271 . Porém, uma revisão de lite-
ratura publicada entre 1985 e 2003 277 revelou que a maioria das
crianças com onfalocele isolada participava inteiramente Onfalocele Isolada - A Experiência dos
das atividades e educação normais, sem redução da sua
qualidade de vida. Autores
Em caso detectado na semana 14 e na semana 16 de gestação,
Diagnóstico Pré-natal foi realizado um exame ultrassonográfico meticuloso detalha-
do visando a todos os órgãos fetais (incluindo a ecocardiogra-
O diagnóstico ultrassonográlico da onfalocele basiea-se na fia). É de nossa experiência que uma onfalocele isolada não
presença de um defeito de parede abdominal com herniação está associada a anomalias cromossômicas. Porém, a questão
das alças intestinais e do fígado (Fig. 15-79), bem como de das anomalias cromossômicas em onfaloce isolada não está
outros órgãos abdominais para o interior do seu saco. O ,cor- evidenciada em séries amplas, assim, ainda oferecemos o cari-
dão umbiücal é identificado no ápice do saco herniado. E da ótipo fetal em todos os casos detectados de onfalocele.
experiência dos autores que, na maioria dos casos, é possível Observamos, também, em alguns casos que uma onfalo-
ser detectada uma geleia de Wharton cística e edematosa ao ceie pequena detectada no início da gestação (14- 16 semanas)
redor do intestino aprisionado. A causa e o significado destes pode desaparecer posteriormente na gestação e os recém-nas-
cistos não estão esclarecidos (Fig. 15-80). cidos serem saudáveis ao nascimento (Fig. 15-81). Em geral,
TRATO GASTROINTESTI NAl E PAREDE ABDOMINA L 627

essas onfoceles contêm apenas uma ou algumas alças intesti- o seguimento ultrassonográfico durru1te a gestação a ftm de
nais 269 A razão para o desaparecimento permanente ou transi- fornecer ao pais e cuidadores o máximo de informação possí-
tório de uma onfalocele ainda não está clara , e poucos relatos vel para uma conduta ideal durru1te a gTavidez. Além disto, é
deste fenômeno foram descritos278.279. Se não forem detectadas recomendado o seguimento seriado dos fetos com onfalocele
anomalias associadas e o cariótipo estiver normal ainda, é ne- depois do nascimento (ultrassom dos rins e suprarrenais) no
cessária a realização de exames seriados durante a gestação, intuito de excluir a possibilidade de tumor de Wilms e tumo-
com o objetivo de detectar possíveis marcadores da síndrome res da suprarrenal, que podem desenvolver-se na síndrome de
de Beckwith-Wiedmann. Beckwith-Wiedmann (Qtadro 15-5).

Onfalocele e Síndrome de Beckwith- Gastrosquise


Wiedemann A gastrosquise é um defeito paraumbilical da parede abdo-
A síndrome de Beckwith-WiedmruU1 foi relatada em 10% a minal que está quase sempre do lado direito, resultando em
22% dos fetos com onfalocele isolada 27 1.272 . Deve ser enfatiza- uma evisceração do conteúdo abdominal para o interior da
do que ainda não está determinado com que idade gestacional cavidade amnÍótica (Fig. 15-84). De forma inversa à da onfa-
os sinais clássicos desta síndrome, macroglossia, organomega- locele, na gastrosquise o conteúdo herniado não é coberto
lia, pâncreas aumentado ou cístico e anomalias renais estão por membranas. O termo "gastrosquise minor" denota um
aparentes no exame ultrassonográfico (Fig. 15-82). Existem, pequeno defeito em que o omento fica protruso através da
até mesmo, relatos de mruUfestação tru'dia dos achados carac- parede abdominal.
terísticos desta síndrome depois do pan0 280 . É recomendado
Incidência e Etiologia
A incidência da gastrosquise varia significativrullente entre
áreas geográficas diferentes. Por exemplo, sua taxa é de 4,4
por 10.000 nascimentos no sudeste da Inglaterra28 \ 3,01 por
10.000 nascimentos no HavaP82 e 0,47 por 10.000 nascimen-
tos no Japã0 265 . Um aumento acentuado da incidência desta
anomalia foi observado em muitos países nestas duas últimas
décadas. A razão responsável por este aumento ainda não
foi estabelecida. Vários fatores causais incluindo exposição
a drogas , substâncias e tabagismo foram sugeridos,
embora sem subsídios 65 . De interesse, muitos estudos mos-
trarrull que a gastrosquise está associada a uma idade materna
geral mais baixa do que a onfalocele264.265.267.27o.283 .

Anomalias Associadas
A incidência de ru'lomalias associadas estruturais e cromos-
sômicas é mais baLxa do que na onfalocele. As aberrações
cromossômicas foram detectadas em 0% a 3%265,267,27o.m.273.
A incidência relatada de anomalias estruturais variou entre
5% na Inglaterra e País de Gales 281, 18,8% noJapão l2 e 51%
na França 267. A desordem mais comum é a atresia intestinal
(10%-20%) , que, em casos , também caUSru'rull intussus-
FIGURA 15-80. Onfalocele (oc) e cisto de geléia de Wharton (seta) cepção e volv0267,277,283. 85 , Sugere-se que a razão principal da
na semana 16 . lesão intestinal consiste na sua exposição ao líquido amniótico

FIGURA 15-81 . Onfalocele transitória. Esquerda, onfalocele na semana 15 (setas) . Direita , cordão umbilical normal no mesmo feto na semana
20 (se ta larga ).
628 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

B
A

c o
FIGURA 15- 82. Onfalocele com síndrome de Beckwith-Wiedmann . A. É identificada uma onfalocele com herniação predominantemente de
fígado. B. O aumen to do rim fetal é observado. C. Aumento acentuado do pâncreas (setas). D. Macroglossia com protrusão da língua (seta).
TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL 629

e da constrição no defeito da parede abdominal resultando em Prognóstico


isquemia 285.
A ta),a de sobrevida é de aproximadamente 92% em fetos
sem outras anomalias maiores2i2.277.288.290.29 1. O prognóstico a
Tipo de Parto longo prazo está relacionado principalmente com a condição
gastrointestinal. Cerca de 10% dos pacientes apresentam a
Atualmente, há uma tendência de que o parto destes fetos seja
síndrome do hipoperistaltism0 2i7. Também têm sido relatados
por cesárea, presumindo que possa ocorrer agravamento do
outros problemas, incluindo distúrbios neurológicos e de
intestino herniado durante o parto vaginal. Porém, estudos
desenvolvimento graves em alguns casos 272 .
direcionados para esta questão falham em mostrar diferença
entre a morbidade e mortalidade fetal entre o pano vaginal e
o abdominal285'289. Diagnóstico Pré-natal
O achado ultrassonográfico característico são alças intestinais
como couve-flor, flutuando livremente no líquido amniótico
(Fig. 15-85) . O diagnóstico pode ser feito no primeiro tri-
mesn-e 292 . De forma diferente dos casos de onfalocele, não
QUADRO 15-5 Diagnóstico Diferencial da Onfalocele há o saco de membrana e, geralmente, o cordão umbilical
apresenta sua inserção normal à esquerda do defeito de pare-
1. Gas trosquise é discutida posteriormente no capítulo
2. Sequência da rupnll-a da linha média é discutida posteriormente
de abdominal. A evisceração do fígado ou de outros órgãos
no capítulo
abdominais é rara. Dilatação acentuada e espessamento da
3. Herniação fisiológica do intestino médio. A herniação fisiológica alça herniada podem ser um sinal de lesão intestinal; porém, a
do intestino médio pode ser grande; assim, pode ser não ser acuidade do ultrassom em determinar a anormalidade da alça
possível a diferenciação com onfalocele contendo somente nesta situação tem sido decepcionante. No terceiro trimestre,
alças intestinais no primeiro trimesn·e. Definitivamente, só as o colón normal preenchido por líquido não deve ser confun-
onfaloceles que contenham fígado podem ser diagnosticadas no dido com uma alça dilatada anormal.
primeiro trimestre Diag11ósticos diferenciais adicionais incluem:
4. Cordão umbilical. Cisto, edema, linfangioma ou calcificação da
geléia de vVharton (Fig. 15-83) 1. Sequência da ruptura da linha média.
5. Hérnia umbilical 2. Extrofia cloacal ou extrofia vesical.
3 . Edema ou cisto de cordão umbilical.

A B

c
FIGURA 15-83. Diagnóstico diferencial da onfalocele. A. Um edema de cordão (E) com um cisto (c). B. Um cisto de cordão com tamanho
médio (setas). C. Um pequeno cisto umbilical e um foco de calcificação (setal.
630 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

FIGURA 15-84. A. Representação gráfica de um defeito


de parede abdominal com herniação do intestino delgado .
O defeito está à direita e adjacente à inserção normal do
cordão umbilical. (De Donnelly LF , Jones BV, O' Hara SM ,
et ai (eds .): Diagnostic Imaging, Pediatrics, 1" ed . Salt
Lake City, Amirsys Inc . 2005, p. 66). B. Recém -nascido
com gastrosquise . A alça herniada é identificada à direita
do cordão umbilical. Neste caso , a alça está espessada e
avermelhada. (De Clark DA, Atlas of Neonatology: A com-
pany to Avery's diseases of the Newborn. Philadelph ia,
WB Saunders Co. 2000.)

B
TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL 631

A B

C
FIGURA 15-85. Gastrosquise. A e B. Dois planos diferentes do mesmo feto na semana 15. O intestino extra-abdominal é marcado pelas
setas escarpadas. O cordão umbilical (seta fina em A). C. Gastrosquise (setas) em outro feto na semana 13.

SEQUÊNCIA DA RUPTURA DA LINHA assumem que anomalias diferentes relatadas são formas vari-
áveis do amplo espectro da ruptura da linha média. As ano-
MÉDIA malias de ruptura da linha média são raras e, assim, é difícil
Durante a 4' semana de gestação, o embrião é submetido a determinar a sua incidência. Entre 52.000 gestações examina-
um processo de espessamento que o converte de um disco das pelos autores, houve sete casos de sequência da ruptura da
genrunativo achatado para uma estrutura tridimensional. As linha média. O diagnóstico mais precoce foi realizado com 8
margens cefálica, lateral e caudal são trazidas juntas ao longo semanas de gestação (Q.mdro 15-6).
da linha ventral e as camadas do endoderma, mesoderma e
ectoderma se fundem com a sua camada correspondente do SEQUÊNCIA DA EXTROFIA CLOACAL
outro lado. O processo de fusão do âmnio também se inicia
neste estágio e o saco anmiótico envolve o feto (Fig. 15-86). A variante mais conhecida desta anomalia é o complexo de
Um defeito neste processo embriológico resulta em anomalias OE1S caracterizado pela onfalocele, extrofia vesical, ânus
fetais. A extensão da malformação depende do período de imperfurado e anomalias da coluna Os achados ultrasso-
insulto e do tamanho da lesão na região embrionária. Como nográficos principais da extrofia cloacal são a falta de visu-
na parede abdominal, se a lesão na região embrionária for alização da bexiga, defeito de parede abdominal anterior,
grande, é esperada larga evisceração de muitos órgãos abdo- ou massa cística protrusa da parede abdominal anterior,
minais. No caso de um fechamento impróprio do âmnio, onfalocele, anomalias esqueléticas e genitália anormal (Fig.
pane dos órgãos eviscerados fica localizada para fora do saco 15_88)303.30-1 .
amniótico (Fig. 15-87f93. Além da parede abdominal, as mal-
formações observadas em outras estruturas podem envolver
os membros, sistema urinário baixo, cloaca e genitália. Cisto Vesicoalantoide/Úraco Patente
Muitas síndromes e variações de defeitos de parede abdo- Qyando uma estrutura cística é identificada adjacente à pare-
minal têm sido descritas. O espectro da síndrome da ruptura ele abdominal inferior, o diagllóstico de onfalocele frequente-
da linha média é amplo e inclui muitas anomalias. Uma revisão mente é suspeitado. Q.lando o cisto é identificado conectado
cuidadosa ela literatura revela que há sobreposição significati- à bexiga urinária felal (normalmente localizada dentro da
va entre estas síndromes e que as diferenças frequentemente pelve), deve ser estabelecido o diagnóstico de cisto vesico-
são difíceis de serem distinguidas. Além disto, a terminologia alantoide/úraco patente (Fig. 15-89).
comumente não é clara e muitas SinOlÚlruaS são utilizadas para O alantoide é uma estrutura embrionária que se desen-
denotar algumas síndromes293-302. Assim, de fato , os autores volve como um divertículo da vesícula vitelínica. Torna-se
632 TRATO GASTROINTESTlNAL E PAREDE ABDOMINAL

Âmnio cortado

Membrana
orofaringea

Prega neural Crista neural Tubo neural

Celoma
intraembrionário

Plano de
. . .. secção A3
Vesícula vitelínica

Membrana
=-....,,-- cloacal
A, IPlano de secção A2 Celoma intraembrionário
comunicando com o celoma
extraembrionárío

Vesicula Cérebro Crista neural Somatopleura


vitelinica
/

Plano da
. . secção 63 \
Hasle de
conexão
conexão

B,

Intestino anterior Intestino posterior Gânglio espinhal em desenvolvimento


Âmnio
/ (corte) Celoma
intraembrionario/J

Plano da
secção C3
1\. •
\
Prega lateral

\ I
'\ fb.......rr:i'
Prega cefálica
". '- ' . I ,<\.,<>;

___
\ //
Ir \
Celoma extraembrionário i y--- Vesícula vitelínica
c, C3

Gânglio
espinhal

Somito
Âmnio
/ Intestino médio

• Plano de
secção 03 abdominal
lateral Âmnio
\ _. /
o,
FIGURA 15-86. Ilustração do desenvolvimento embrionário durante a 4' semana (6' semana menstrual). A 1-A3 é o início da 4 ' semana, 61 -63
com 22 dias, C1-C3 com 26 dias , 01-03 com 28 dias. 61, C1 e 01 são vistas laterais no plano de secção designado em A1 , A2 ao plano sagital
02, e A3 a 03 são vistas transversas nos planos designados de A 1 a 01. (De Moore KL, Persaud lVN: lhe Oeveloping Human: Clinically Oriented
Embryology. Philadelphia, W6 Saunders, 1998.)
TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL 633

A B

c
FIGURA 15-87. Sequência da ruptura da linha média. Três fetos com expressões diferentes da anomalia. A. Forma leve, somente parte do
fígado e intestino (int) estão herniados. B. Forma grave, o fígado inteiro, estômago (st) e intestino (int) estão herniados. C. Forma mais grave,
o conteúdo intra-abdominal (int) situa-se fora do saco amniótico (setas). O saco amniótico contém somente o esqueleto. Fe , Fêmur.

QUADRO 15-6 Terminologia e Sinonímias Utilizadas para as Anomalias de Sequência da Ruptura da Linha Média
Pentalogia de Cantrell
Evcn l nurão toracoabdolllillal
Síndrome toracoabdominal
Complexo parede abdominal-membros
Síndrome da deficiência da parede-abdom.inal membros
Defeito de parede abdominal com anomalias de redução de membros
A.Il0111alia de lronco
Fissura da parede abdominal com eveno'ação dos órgãos
abdominais
Displasia umbilicofetal
J

FIGURA 15- 88. Ex trofia cloacal. Esquerda , A cloaca herniada com a bexiga. Direita , O recém -nascido. (Reproduzido com permissão de
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634 TRATO GASTROINTESTINAL E PAREDE ABDOMINAL

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Embriologia Doenças sem Transmissão Genética


Bexiga e Uretra Rim Multicistico Displásico
Trato Geniturinário Normal Displa sia Obstrutiva
Bexiga Cisto ReI/ai Simples
Rins 1)llIIores ReI/ais
Evidência de FUI/ ção Normal do Trato Urinário Patologias R enais Adquiridas
Trato Geniturinário Anormal Outras Doenças Renais Congênitas
N úmero A I/ormal de Ril/s Síl/drome Nefrótica Congênita
Duplicação ReI/ai Bexiga, Uretra e Úraco
Localização A I/ormal do Rim Trato Genital Fetal
Tamal/ho A I/ormal do Rim Genitália Normal
Dilata ção do 1)'ato Uri l/ário Genitália Ambígua
Ril/s Hiperecogêllicos Anomalias da Genitália Masculina
Doenças Renais Císticas H ipospádia/Epis pádia
Padrão Ultrassonográfico/Correlação Ultrassonográfica e Escroto
Patológica
Anomalias da Genitália Feminina
Doenças com Transmissão Genética Conhecida Cisto de Ovário
Doel/ça ReI/ai Policística A utossômica Recessiva Hidro colpos - Malforma ções Vagi1lais
Doel/ ça Renal Policística A utossômica DominaI/te
Adrenais Fetais
Ril/s GlomeruloC'Ísticos
Displasia Cística Medular Adrenais Normais
Doel/ ças Císticas Não Cla ssificadas Síndrome Adrenogenital
Massas Adrenais

EMBRIOLOGIA elementos do mesonefro são mantidos no sistema urogenital


maduro como parte do trato reprodutiv03 .
E m relação à sua estrutura e função, o sistema urogenital
pode ser divido em dois componentes completamen te
distintos - o sistema urinário e o sistema genital. Ambos se
O metanefro ou riln defilútivo se forma na região sacral
como parte de novas estruturas chamadas de divertículo ou
broto uretérico. Este emerge da porção distaI do dueto meso·
desenvolvem a partir de uma cadeia de tecido mesodénruco
néfrico e entra em contato, penetrando no blastema mesenqui-
comum, o mesoderma intermediário, ao longo da parede posterior
mal metanéfrico (mesoderma metanéfrico) aproxilnadameme
da cavidade abdominal. Inicialmeme, os duetos excretores dos
no 282 dia 2.3 .
dois sistemas entram em uma cavidade comum, a cloaca! .
O broto urctérico e o mesodernla me tanéfrico exercem
O embrião humano desenvolve o'ês diferentes de
ór1}ãos excretores ou sistemas renais durante a vida intrauteri- efeitos mdutivos recíprocos entre si, e a diferenciação adequa-
na .3. Os rins embrionários, que são formados da sequência da dessas estruturas termina por depender desses smais mdu-
cranial para caudal em ordem de aparecimento correspondem tores . O mesoderma metanéfrico induz o botão uretérico a
ao pronefro, mesonefro e metanefro. O pronefro, análogo ao se ramificar, e por sua vez esta estrutu ra induz o mesoderma
rim em peixes prurutivos e o mesonefro, que é bem-desenvol- metanéfrico a se condensar e se submeter à conversão mesen-
vido e análogo ao rUTI de anfíbio, regridem in /Itero. O terceiro quilnal-epitelial. Considera-se que o néfron, que consiste no
conjumo de rUls, o metanefro, se torna o riln permanente (Fig. glomérulo, túbulo proxilnal, alça de H enIe e túbulo distaI, é
16-1) 2.3 . derivado do mesoderma metanéfrico, enquanto o sistema co-
O pronefro é identificado na 3' semana de desenvolvimen· letor, consistindo nos duetos coletores, cálices, pelve e ureter, é
to e degenera completamente no uúcio da 5ª semana. O se- formado do broto uretérico (Fig. 16-1f
gundo rim, o mesonefro, também regride próxilTIo ao 4 2 mês ; A divisão do broto ureteral resulta no modelo pielocalicial
porém, este serve como um órgão excretor para o embrião en- padrão e seus lobos renais correspondentes. As prilneiras divi-
quanto o rim definitivo ulicia o seu desenvolvimento. Certos sões estritas do broto uretérico originam a pelve renal, os cáli-
640
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 641

Semanas Dias

19
Mesoderma intermediário
3
Pronefro
24

26
Dueto
mesonéfrico
4 28
Dueto
mesonéfrico
24-26 dias 26-28 dias 32 Broto
uretérico
Desenvolvimento
metanéfrico
35
5
Ascendência renal
Formação
da pelve
renal e cálices
principais

Formação dos cálices menores

10

12

16

Desenvolvimento do néfron

20

32

38

Desenvolvimento dos duetos coletores

A Desenvolvimento do rim Desenvolvimento da bexiga e ureter


B
FIGURA 16-1. O período de desenvolvimento do sistema urogenital do rim (A) e ureter e bexiga (8). (Modificado de Park JM: Normal and ano-
malous development of the urogenital system. In Waslsh PC: Campbell 's Urology, 8'" ed. Philadelphia, W8 Saunders, 2002, p. 1737. Copyright
C> 2002 Saunders, impressão de Elseveir; ad Larsen WJ: Human Embryology. New York, Churchill Livingstone, 1997.) (Ilustração de James A.
Cooper, Dr., San Diego, CA.1
642 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

ces maiores e menores e os túbulos coletores. Assim, a primei- Trato Geniturinário Normal
ra geração dos duetos coletores é formada. Qyando o broto
uretérico invade inicialmente o mesoderma metanéfrico, sua Bexiga
expansão final forma uma ampola que origina a pelve renal. Inicialmente a urina é produzida pelos rins durante a ga sema-
Por volta da semana, o broto uretérico apresenta bifurcação na de vida embrionária. Neste estágio, a urina na bexiga pode
pelo menos quatro vezes , resultando em 16 ramos. Então, es- ser identificada como uma estmtura preenchida por líquido
tes ramos coalescem para formar dois a quatro cálices maiores dentro da pelve fetal (Fig. 16-2).
que se estendem da pelve renal. Na 7a semana, as próximas Durante o segundo e o terceiro trimestres, a bexiga se es-
quatro gerações de ramos também se fundem, formando os
vazia e enche continuamente a cada 25 a 30 minutos. Este
cálices menores. Por volta da 32ª semana, ocorrem aproxima-
ciclo pode ser monitorado durante o exame ultrassonográfico.
damente 11 gerações adicionais de bifurcação resultando ao
A posição da bexiga fetal sempre pode ser identificada devido
redor de 1 a 3 milhões de ramos, que se tornan1 os túbulos do
a sua situação entre as artérias umbilicais dentro da pelve fetal.
dueto coletor. No ser humano, apesar de a maturação renal Estas artérias podem ser prontamente visualizadas com o uso
continuar ocorrendo no período pós-natal, a nefrogênese está
da imagem de Doppler colorido. No final da gestação, este
completa antes do nasciment0 3 .
ciclo diminui, em especial em fetos femininos possivelmente
devido à influência hormonal sobre o colo da bexiga fetal. Isto
Bexiga e Uretra pode induzir a pseudomegabexiga (ver posteriormente) (Figs.
16-3 e 16-4)4.5.
Durante a 4ª até a 7ª semana de desenvolvimento, a cloaca é
dividida pelo septo urorretal em seio urogenital anteriormen-
te e canal anal posteriormente. O seio urogenital é dividido
em três partes, das quais a parte superior e mais larga consiste
na bexiga urinária. Inicialmente, a bexiga está em continui-
dade com o alantoide, porém, quando o lúmen do alantoide
é obliterado permanece um cordão fibroso espesso, o úraco,
que conecta o ápice da bexiga com o umbigo. A próxima
parte consiste em um canal estreito, a parte pélvica do seio
urogenital, que, no embrião masculino, origina as porções
membranosa e prostática da uretra e, no embrião feminino , a
uretra inteira. O seio urogenital caudal forma a uretra peniana
no embrião masculino e o vestíbulo vaginal distal no embrião
feminino 1,2.

FIGURA 16-2. Bexiga fetal no primeiro trimestre na idade gestacional


de 12 semanas. Corte sagital do feto. A bexiga é identificada como
uma pequena estrutura cistica (seta) na pelve fetal.

A '--_ _ B
FIGURA 16-3. Bexiga fetal no segundo trimestre (feto masculino). A. Um corte transverso através da pelve fetal (seta espessa) e o sexo
fetal (seta fina). B. Doppler colorido das artérias umbilicais de ambos os lados da bexiga (seta).
TRATO GENI TU RINÁRIO FETAL 643

Rins o comprimento renal é de 1,1lnmJidade gestacional). Durante


o segundo e terceiro trimestres, os rins podem ser facilmente
Com o uso da sonda transvaginal, as estll.lUlraS anatômicas identificados pela imagem da coluna dorso lombar nos cortes
fetais podem ser visualizadas mais precocemente do que com parassagitais e axiais transversos . A urina distendendo a pelve
o ultrassom transabdominal (US). Assim, os rins fetais podem renal pode auxiliar na sua identificação. Em condições nor-
ser demonstrados com cerca de 11 semanas pela via transva- mais, os ureteres fetais não são identificados4-6.
ginal e com 12 semanas utilizando a sonda transabdominal.
Durante o primeiro trimestre, os rins aparecem como uma
estrutura oval hiperecogênica em ambos os lados da coluna Evidência de Função Normal do Trato
(sua ruperecogenicidade pode ser comparada ao fígado e Urinário
baço) (Fig. 16-5). Esta ecogenicidade dinunui progressivamen-
te e, durante o terceiro trimestre, a ecogenicidade cortical é Além da visualização da bexiga e dos rins normais, a avalia-
sempre menor do que a do fígado ou baço. Simultaneamente ção do trato urinário (TU) deve incluir a análise do volume
à redução da ecogenicidade, a diferenciação corticomedular de líquido anmiótico. Depois de 14 semanas, dois terços do
(DCM) aparece aproximadamente de 14 a 15 semanas. Esta volume de líquido normal é produzido pela diurese fetal e
deve ser sempre demonstrada em fetos de idade gestacional um terço pelo líquido pulmonar. Uma quantidade de líquido
maior do que 18 semanas. As pirâmides proeminentes não anmiótico normal é obrigatória para o desenvolvimento ade-
devem ser inadequadamente interpretadas como dilatação quado do pulmão do feto. O tamanho do tórax normal pode
calicial (Fig. 16-6). O crescimento dos rins fetais pode ser ava- ser confumado pelas medidas dos diâmetros torácicos ou pela
liado na gestação pela medida do comprimento renal e com- sua circunferência?
parando-o com as tabelas normais (como uma regra simples,
Trato Geniturinário Anormal
A taxa de prevalência das anomalias do trato urinário é
estimada em 511.000 nascimentos. O percentual é frequen-
temente mais elevado quando são consideradas anomalias
transitórias . As anomalias envolvendo o TU são numerosas e

FIGURA 16-5. Rim fetal, primeiro trimestre. O corte parassagital


de um feto no primeiro trimestre. O rim aparece como uma pequena
FIGURA 16-4. Corte sagital através do abdome fetal. A bexiga fetal massa oval hiperecogênica (seta espessa). A adrenal acima é hipoeco-
(seta) no terceiro trimestre. gênica (seta fina). H, Pala cefálico.

A B
FIGURA 16-6. _Rins no segundo e terceiro trimestres . A. Segundo trimestre. O corte sagital através do rim (K) que aparece hiperecogênico, embora
com dlferenclaçao cortlcomedular . Ch, tórax. B. Terceiro trimestre. O rim está limitado pela cruzes. A diferenciacão corticomedular é claramente
visível. .
644 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

A B
FIGURA 16-7. Agenesia renal bilateral, terceiro trimestre. A. Corte transverso do abdome fetal. Oligo-hidrâmnio acentuado. Nenhuma estrutura
renal é visível. Sp , coluna, St, estômago. B. Corte sagital do tronco fetal do mesmo paciente. Nenhuma estrutura renal é identificável. Ch.
Tórax.

A
B
FIGURA 16-8. A. Corte axial transverso em feto com agenesia renal unilateral. O rim não é visto na fossa renal (seta larga). Rim contralate-
ral normal (setas pequenas). B. Corte sagital do mesmo paciente. A glândula adrenal (setasl no mesmo lado do rim ausente, no presente está
alongada, o que tem sido descrito como "sinal da adrenal baixa".

variáveis. Estas podem ser isoladas ou aparecem em associa- A adrenal aumentada, globulada, não deve ser confundida
ção de outras anomalias de outros sistemas. Assim, o exame com rins displásicos I5 ' 18 .
ultrassonográfico deve ser o mais meticuloso possível com o A agenesia unilateral ocorre em 1/500 gestações. Durante
intuito de identificar possíveis características associadas. Estes o exame de ultrassom, um rim normal não é identificado na
achados adicionais determinam o prognóstic0 8' 14 • área lombar. Qyando outras malformações ou complicações
não estiverem presentes, o prognóstico pós-natal é excelente
(Fig. 16-8). A glândula adrenal ipsilateral em geral está pre-
Número Anormal de Rins
sente e aparece globular, não devendo ser confundida com o
A agenesia renal bilateral é incompatível com a vida extrau- rim. Sem o rim adjacente, a glândula adrenal pode ficar com
terina . Esta condição, às vezes refeóda como síndrome de a aparência alongada, sendo também chamado de "sinal da
Poner, resulta em hipoplasia pulmonar e anormalidades mus- adrenal baixa" (Fig. 16-8B). No caso de agenesia renal esquer-
culoesqueléticas. Inicialmente, o diag11óstico tem como base o da, a flexura colônica esquerda ocupa a fossa lombar vazia e
an-hidrâmnio depois de 15 semanas e na ausência de identi- não deve ser confundida com um óm cístico ou um ureter
ficação das estruturas renais normais (Fig. 16-7). A bexiga é dilatado. Sempre que uma ou ambas fossas lombares estive-
vazia (muito raramente, uma estrutura pequena preenchida rem vazias , os rins devem ser pesquisados em uma posição
por líquido pode ser observada na pelve renal). Sempre que ectópica (ver posteriormente) (digno de nota, teoricamente
houver dt'tv-jda em relação à presença dos rins, a imagem de a agenesia renal pode resultar de uma regressão in utero de
ressonância magnética fetal (RM) pode auxiliar o diagnóstico. uma displasia renal multicística) 19.21.
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 645

FIGURA 16-11. Rim em ferradura , terceiro trimestre. Corte trans-


verso através da linha média do abdome. Os dois rins se fundem na
linha média (selas). Sp (coluna).
FIGURA 16-9. Duplicação renal não complicada (segundo trimes-
tre). Corte parassagital através de um rim. A urina distende os dois
sistemas coletores separados (selas).

FIGURA 16-10. Rim ectápico pélvico, terceiro trimestre. Corte oblí-


quo do abdome fetal. O rim (K) pélvico situa-se acima da bexiga (8). FIGURA 16-12. Ectopia cruzada fundida, terceiro trimestre. Corte
Ab, Abdome fetal. transverso oblíquo do abdome fetal (Ab) demonstra os dois rins fusio -
nados (limitado pelas setas). Sp , Coluna.

Duplicação Renal
não houver complicação, a duplicação renal é uma Um ou ambos os rins podem estar ectópicos. A localização
condição benig11a e deve ser considerada uma variante nor- pélvica consiste na posição mais comum do rim ectópico (Fig.
mal (Fig. 16-9). Se complicada, deve ser incluída no diagnósti- 16-10). Outras localizações ectópicas incluem: rim em ferra-
co diferencial de dilatação do TU (ver adiante). dura, l-im fundido cruzado (ambos os rins posicionados no
mesmo lado) e a ectopia intratorácica. No rim em ferradura
Localização Anormal do Rim pode ser visualizada uma ponte de tecido renal em frente
da coluna (Fig. 16-11). A ectopia cruzada deve ser diferencia-
Existem várias localizações ectópicas possíveis para o rim. O da da duplicação renal. Na ectopia cruzada (fundida), há uma
rim ectópico é reconhecido devido à sua característica DeM. angulação entre os dois rins, enquanto na duplicação as duas
Um rim ectópico geralmente é pequeno e pode estar mal roda- partes renais se posicionam em um mesmo plano contínuo
do. Podem ocorrer complicações como displasia ou dilatação. (Fig. 16_12)2223.
646 TRA TO GENITURINÁRIO FETAL

Tamanho Anormal do Rim


Os rins devem ser medidos sistematicamente sempre que sua
ecogenicidade estiver alterada ou sempre que a quantidade de
líquido estiver reduzida.
Rins pequenos (abai,'{o de -2 desvios-padrões [DPs]) geral-
mente são identificados quando a hipoplasia ou displasia
(ou ambos ) resultam de mau desenvolvimento embrionário,
secundário ao refluxo (nefropatia de refluxo), obstrução ou
devido à presença de um fenômeno isquêmico. O s rins peque-
nos também podem resultar da chamada disgenesia tubular
associada à ingestão materna de antagonistas da angiotensina
lI. O prog11óstico dos rins pequenos depende da função re-
nal remanescente. Os casos com oligo-hidrâmnio apresentam
prognóstico pior2.1.25 .
O parênquima renal displásico aparece hiperecogênico e
com frequência está associado à presença de cistos. O rim dis-
plásico e isquêmico faz parte do diagnóstico diferencial d os
rins hiperecogênicos (ver adiante). O diagnóstico diferencial A
de rins aumentados (acima do +2DPs) inclui a dilatação renal,
cisto renal , síndromes com organomegalia (i. e., síndrome de
Beckwith-\IViedmann) e tumores renais (ver adiante).

Dilatação do Trato Urinário


A dilatação da pelve renal consiste em achado comum no US
obstétrico. A sua frequência é avaliada em quase 1% a 4%
de todas as gestações. Ainda, as dilatações não apresentam a
mesma relevância clínica: além disto, a evolução pré-natal e
pós-natal é variável. Isto tem resultado em literatura abundan-
te e também controversa sobre a melhor forma de abo rdagem
e seguimento depois do nascimento13.26.2?
Definição. Vários critérios são utilizados com o intuito de
avaliar objetivamente a dilatação renal. Em nossa experiên-
cia, o melhor critério consiste na medida do diâmetro ântero-
posterior da pelve renal em plano transverso do abdome fetal
(Fig. 16-13). Utilizando esta medida, várias medidas linUtes B
têm sido aplicadas com o objetivo de capacitar a predição do FIGURA 16-13. Dilatação leve bilateral. IA) Ilustração demonstrando
resultado pós-natal, especialmente nos casos com dilatação o método para a medida do grau de dilatação. Um plano axial trans-
moderada (menos que 15 mm). Muitos autores concordam verso do abdome fetal é obtido e deste modo é estabelecida a medida
que o limite superior deve ser de 4 llU11 durante o segundo e ãnte ro-posterior da pelve renal. IlIustração de James A. Cooper, Dr.,
San Diego, CA.) (8) Corte ultrassonográfico transverso através dos
7 mm durante o terceiro trimestre de gestação (Figs. 16-13 a dois rins IK) demonstrando uma pelve renal levemente distendida e o
16-15). Estes limites estão determinados no intuito de detec- método para a sua medida (setas ). Ab. Abdome fetal; Sp. coluna .
tar não apenas pacientes que necessitam de correção cirúrgica

A B
FIGURA 16-14. Dilatação bilateral assimétrica (caso de obstrução ureteropélvical. terceiro trimestre. A. Corte transverso através do abdome
fetal. Dilatação acentuada à esquerda 120 mm entre os calipers) e moderada à direita (10 mm). SP. Coluna. 8. Corte sagital através do rim esquer-
do . Dilatação pielocalicial acentuada . O córtex renal está fino 12 mm) e hiperecogênico sugerindo displasia. Ch. Tórax fetal.
TRATO GENIT URINÁR IO FETAL 647

A B
FIGURA 16-15. Dilatação rena l massiva. Caso de obstrução ureteropélvica. A. Co rte transverso do abdome fetal demonstrando dilatação acen-
tuada da pelve renal (36 mm en tre os calipers). Sp, Coluna fetal. B. Corte sagital através do rim dilatado medindo 72 mm entre os calipers.

FIGURA 16- 17. Dilatação ureteral (caso de refluxo vesicoureteral).


Corte coronal do tronco feta l mostrando a dilatação pélvica e ureteral
(setas). Ch, Tórax.

FIGURA 16- 16. Dilatação ureteral (caso de obstrução ureteropél-


vica). Corte transverso do abdome fetal demonstrando um ureter
dilatado e tortuoso (12 mm entre os calipers). Ab, Abdome; B, bexiga;
Sp, coluna.

(em caso de dilatação obstll.niva), mas também a maioria dos


fetos e neonatos que se apresenta.m com refluxo vesicourete-
ralo Estes pacientes são de risco para o desenvolvimento de
complicações e piora da função renae-35 .
A ectasia piélica se refere a uma pelve renal visível abaixo
do lÍlniar significativo. Durante o segundo trÍlnestre, existem
relatos desta característica como um sinal menor de anomalia
cromossômica32 Outra evidência ultrassonogTáfica de uma
anomalia do TU inclui a visualização do ureter fetal durante a
gestação (Figs. 16-16 e 16-17), e a demonstração de uma bexi-
ga alargada (mais de 3 cm de comprimento durante o segundo
e 5 cm durante o terceiro trÍlnestre) (Fig.
Achados Durante o Ultrassom Obstétrico. As ,U1orma-
FIGURA 16-18. Megacistos, início do segundo trimestre (caso de
lidades que resultam na dilatação do TU podem ser encon- atresia de uretra). Corte frontal através do polo cefálico e abdome. O
tl-adas em qualquer período durante a gestação. O grau de abdome está preenchido pela bexiga urinária distendida (B). H, Polo
dilatação pode aumentar ou diminuir durante cada trÍlnestre. cefálico.
648 TRA T O GENITURINÁRIO FETAL

Assim, no intuito de rastrear todos os casos potencialmente Uma vez que a dilatação do sistema coletor tenha sido
anormais, alguns autores recomendam a realização de um detectada, a avaliação subsequente deve incluir três questões
exame ultrassonográfico durante cada trimestré 3 . Isto é con- principais: a origem da dilatação, a coexistência de anoma-
o'overso, pois a maioria das anomalias, particularmente a di- lias associadas e, finalmente, o prognóstico da malformação.
latação do TU leve, não se altera significativamente durante A causa mais comum da dilatação do TU é a obstrução da
a gestação e deste modo, em geral não altera a gestação e a junção ureteropélvica Q'UP). Outras causas incluem a obstru-
abordagem fetal. ção da junção ureterovesical Q'UV) , o refluxo vesicoureteral
(RVU), a duplicação renal complicada e a obstrução da saída
vesical (OS\!) (Tabela 16-1).
Nos casos de obstrução da jUP, a pelve renal está dilata-
da. Como mencionado anteriormente, o limiar da medida
I Tabela 16-1 I Causas de Dilatação do Trato Urinário no plano transverso do rim é de 7 nun para a dilatação leve,
entre 7 e 15 nun para dilatação moderada, e mais de 15 mm
Estenose deJUP para dilatação acentuada. QIanto maior a dilatação do sistema,
Dilatação não obstrutiva mais frequente é a diminuição da função renal após o nasci-
Obstrução deJUV mento. Além disso, o córtex fino, hiperecogênico e com cistos
RVU frequentemente cOlTesponde a displasia obstrutiva e função
Duplicação prejudicada (Fig. 16-19). Assim, infelizmente, não há correla-
Megacalicose
ção direta entre a aparência renal e a função pós-natal (Figs.
Estenose infundibular 16-14 e 16_15)34.38.
Obstrução da saída vesical
Associação megacisto-megaureter
Salienta-se que a obstrução pode levar à perda (ruptura
Síndrome megacisto-microcolón-hipoperistaltismo do cálice renal ou mesmo da bexiga) e ao extravasamento de
urina para a formação de um urinoma na periferia do rim ou
j U P,jllnção lIrelerovesical: RVU, Refluxo
para a ascite. O significado da perda urinária não está deter-
vesicoureteral. minado . Em algumas situações, pode proteger o parênquima

A. Normal
B. Atilada , ecogenicidade
normal; sem cistos

E. Atilada , ecogenicidad
aumentada; com cistos
provável displasia
F. Pequena, ecogenicidade
aumentada; sem cistos -
provável displasia

C. Ecogenlcidade aumentaqa ;
com cistos - displasia
D. Afilada,
aumentada; som cistos
- displasia

c
FIGURA 16-19. A obstrução do trato urimlrio produz uma resposta variada sobre os rins. A. O rim pode permanecer normal na obstrução
distai sem refluxo. 8. A ectasia piélica pode atenuar o espessamento do parênquima. C. O rim pode sofrer displasia cística (cistos parenquima-
tosos) , tornando-se fibrótico (aumento da ecogenicidade) e com parada de funcionamento (ausência de ectasia piélica ). O. Alternativamente, o
rim pode evoluir para displasia cística com cistos parenquimatosos e aumento da ecogenicidade, embora continue a apresentar ectasia piélica
e parênquima fino. Se os cistos não forem visíveis , embora o parênquima apresente aumento da sua ecogenicidade com (E) ou sem (F) ectasia
piélica , a displasia provavelmente , mas não invariavelmente, está presente. (Ilustração de James A. Cooper, Or., San Oiego, CA.)
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 649

obstrução ou refluxo O grau da displasia


associada também é variável. Parece haver correlação enn-e a
ecogenicidade cortical e o grau de displasia obstrutiva (Figs.
16-19 e 16-23)3?
Em casos de obstrução, a bexiga "reage" de modos dife-
rentes: pode aumentar, sua parede ficar espessa, ou romper e
resultar em ascite urinária; outros mecanismos descompres-
sivos protetores podem se desenvolver pela RVU, urinomas,
extravasamento ou recanalização do üraco (Fig. 16-24)39.
O alargamento da bexiga devido à obstrução secundária
da VUP deve ser diferenciado de outras causas de OSV e de
outras causas de aumento vesical sem obstrução (Tabela 16-
2). A atresia de uretra pode resultar em megacistos detectados
durante o primeiro trimestre e oligo-hidrâmrúo (Fig. 16-18);
a condição frequentemente apresenta prognóstico ruim. Uma
ureu'a dilatada no pênis pode ser detectada. A associação me-
gacisto-megaureter está relacionada com RVU massivo (Fig.
16-25). Nestes casos, o volume de líquido anmiótico está nor-
mal. A síndrome da megabexiga-microcolon-hipoperistaltismo
é condição rara ocorrendo em fetos femininos com prognósti-
co pós-natal ruim (ver
Prognóstico e Tratamento In U te ro. Sempre que uma
FIGURA 16-20. Urinoma perirrenal (secundário a obstrução urete-
anomalia renal (principalmente dilatação) for detectada, deve
ropélvica) , final do segundo trimestre . Corte coronal rodado demons- ser realizada uma avaliação completa da anatomia fetal com o
trando o rim (K ) dilatado e o urinoma perirrenal (U). Ch, Tórax. intuito de diagnosticar malformações associadas que podem
indicar a necessidade da análise cromossômica ou a possibili-
dade de síndromes polimalformativas; ambos conferem prog-
nóstico piorIO.50.51.
renal, enquanto em outras o crescimento renal é prejudicado Nos casos de dilatação, o prog11óstico depende do tipo
(Fig. 16-20f+· 39AO e da extensão das anomalias. Sinais de prognóstico ruim
O principal diagnóstico diferencial da estenose da JUP é incluem diagnóstico precoce, dilatação bilateral acentuada,
a dilatação nã{) obstrlltiva (que é um diagnóstico pós-natal), rim bexiga obstruída persistente, oligo-hidrâmnio e hipoplasia
multicístico displásico (RMD) (parte das doenças renais cís- pulmonar secundária. A dilatação renal bilateral e a OSV
ticas, ver a seguir) e obstrução da JU\!. OS diagnósticos di- apresentam aumento de risco de associação de anomalias cro-
ferenciais mais raros são a megacalicose devido a hipoplasia mossômicas , nestes casos a análise do cariótipo fetal deve ser
medular (os cálices estão mais dilatados do que a pelve renal) assegurada. O achado da associação entre o parênquima hi-
e a estenose infundibular (sem hipoplasia medular, porém com perecogênico e a presença de cisto é com frequência, embora
dilatação calicial). em parte, informativo (valor preditivo positivo [VPP] = 59%,
O diag11óstico da obstmção daJUV tem como base a de- valor preditivo negativo = 56%) sobre a função renal.
monstração de um ureter dilatado . As ondas peristálticas mo- Do mesmo modo, a ecogenicidade normal cortical do rim não
dificam o calibre do ureter (Fig. 16-16) 12.14.36. A dilatação pode exclui a displasia.
aumentar in lltera, porém em geral diminui depois do nasci- O papel da medida dos eletrólitos urinários da urina fe-
mento. Na maioria das vezes não é possível a diferenciação tal obtida por meio da punção transabdominal é controverso.
entre a dilatação secundária à obstrução daJUV de um reflu- Existem discrepâncias nos valores preditivos da bioquímica da
xo vesicoureteral de grau elevado (Fig. 16-17). Uma sugestão urina devido ao pequeno volume da amostra, variação nos
para o diagnóstico diferencial é a variabilidade do diâmetro da valores limiares, idade gestacional e frequência da amostra. Os
pelve renal durante um exame ünico. Isto indicaria o diagnós- fetos com lesão renal demonstram diminuição da concentra-
tico de RVU. ção urinária especialmente do sódio e cloro sem clara confir-
A duplicação renal geralmente é de fácil demonstração com mação convincente. As medidas da beta2-imunoglobulina e da
o desenvolvimento da dilatação. Várias complicações podem cistatina C na urina fetal permitem melhor acuidade (Tabela
ocorrer no nível da dilatação renal; por exemplo, a obstrução 16-3). O resultado da derivação vesicoamniótica também é
da metade superior ou inferior ou o RDM na pane superior controverso. Embora de técnica relativamente fácil , os resulta-
ou inferior. Ambos podem estar associados à inserção distal dos ao longo prazo não têm sido convincentes Ô2 ·56 .
do ureter terminando como uma ureterocele ou em uma inser- Conduta np Dilatação da Pelve Renal Fetal Depois do
ção ectópica extravesical. A ureterocele é vista como um septo N ascimento . E da maior importância que qualquer informa-
dentro da bexiga. Ela pode apresentar prolapso para o interior ção relevante para a conduta pós-natal apropriada seja correta-
da uretra e determina obstrução aguda in utera. O parênquima mente transmitida à equipe neonatal responsável pelo cuidado
relacionado à obsu-ução pode ser fino e displásico. A inserção do recém-nascido. Uma variedade de achados pode ser iden-
extravesical pode apresentar diagnóstico difícil in li/era (Figs. tificada no recém-nascido depois do parto que sugerem a ano-
16-21 e 16-22)H--l4 malia do TU (Tabela 16-4). Depois do nascimento, algumas
Finalmente, o nivel da obstrução do TU pode estar lo- condições necessitam de confirmação e manobras terapêuticas
calizado abaixo da bexiga. A causa mais frequente nos fetos imediatas. Por exemplo, a VUP obstrutiva ou o prolapso da
masculinos é a válvula de uretra posterior (VUP). Esta condi- ureterocele ectópica na uretra resultando em oligo-hidrâmnio
ção pode ou não induzir a dilatação do TU alto. A dilatação necessitam de tratamento imediato. Em caso destas suspeitas,
pode ser unilateral ou bilateral e pode estar relacionada com o US e uma uretrocistogTafia miccional (UCGM) devem ser
650 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

B c
FIGURA 16-21. Duplicação renal - pala superior do rim obstruído e ureterocele ectópica (terceiro trimestre). A. Ilustração demonstrando a
duplicação do sistema coletor. A metade do pala superior característica está obstruída e a parte média inferior frequentemente demonstra refluxo.
O ureter da parte do pala superior insere de forma mais mediai e caudal na bexiga do que o ureter do pala inferior. Isto é referido como regra de
Meyer-Wiegert. A dilatação da porção submucosa do ureter resulta em ureterocele. (Ilustração de James A. Cooper, Or., San Oiego, CA.)
B. Corte sagital através do rim esquerdo demonstrando o pala superior dilatado (UP) e o pala inferior normal (LP). C. Corte sagital através da
bexiga (8) demonstrando a ureterocele (seta).

A B
FIGURA 16-22. Duplicação complicada do sistema , terceiro trimestre. A. Corte sagital do rim esquerdo . Ambos os palas superior (Up) e inferior
(Lp) estão dilatados. Sp, Coluna. B. Corte transverso do abdome fetal demonstrando o rim (K) dilatado, os ureteres dilatados (U; não devem ser
confundidos com dilatação de alça intestinal) e a bexiga dilatada (8).
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 651

A
B
FIGURA 16-23. Válvula de uretra posterior e displasia obstrutiva .
A. Corte coronal demonstra uma bexiga distendida (BI), ureteres dila -
tados (U) e válvula de uretra posterior dilatada (PU). B. Hidronefrose
bilateral e rins hiperecogênicos sugerindo displasia. C. Ultrassom um
pouco mais tardio de um dos rins confirmando a displasia obstrutiva
cística (setas) .

realizados imediatamente depois do nascimento com o ob-


jetivo de confirmar a anomalia 57.
Em todos os outros casos , a abordagem deve ser planejada
sem emergência. Há controvérsia em relação ao papel respec-
tivo do ultrassom e da UCGM no acompanhamento pós-na-
tal. Alguns autores recomendam o uso sistemático da UCGM
em todos os casos de detecção pré-natal da dilatação do TU;
para outros , apenas pacientes com dilatação persistente devem
ser submetidos a UCGM 58 .59 . Independentemente da abor-
dagem, deve ser administrada a antibioticorerapia profiJática
em todos os pacientes até o diagnóstico final e a decisão da
determinação da terapêutica definitiva .
De forma prática, temos aplicado um protocolo com base
no exame ultrassonográfico (Fig. 16-26). Um exame US, in-
cluindo rins , ureteres e bexiga, deve ser realizado na primeira
semana de vida com o intuito de verificar a anomalia do TU.
A análise ultrassonográfica deve ser a mais detalhada possí-
vel, e qualquer anomalia significativa deve ser conduzida para
avaliação por uma UCGM. Se o exame for negativo, deve-se
repetir o exame ultrassonográfico na idade de 1 mês. Da mes-
ma forma , se for encontrada qualquer anomalia, indica-se a FIGURA 16-24. Vá lvula de uretra posterior e urinoma , terceiro tri-
mestre. Corte transverso do abdome fetal. A bexiga (B) é pequena
UCGM, porém se não for demonstrada qualquer alteração, e sua parede espessa. No nível do rim esquerdo, desenvolveu-se um
não há necessidade de outros exames. Neste estágio, qualquer urinoma volumoso (U). O rim direito (RK) só está moderadamente dila-
antibioticoterapia profilática deve ser suspensa Go • tado. Sp, Coluna .
652 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

o papel da UCGM claramente consiste em detectar o re- Bioquímica Urinária Fetal - Bom
fluxo vesicoureteral que estabelece seguimento prolongado e Tabela 16- 3
necessidade de profila:{Ía persistente. Esta atitude visa reduzir Prognóstico
complicações desnecessárias que estão associadas a graus ele- Análito Valor
vados de RVU. Também serão demonstradas anomalias da Sódio' < 100 mg!dl
uretra e extremidades ureterais potencialmente anormais. O Cloro' < 90 mg/dl
estudo de seguimento inclui US (a cada seis meses por um pe- Osmolaridade' < 200 mg/dl
ríodo de dois anos) com o objetivo de verificar o crescimento Cálciot < 8 mg!dl
renal, UCGM a cada ano para monitorar o refluxo e estu- <4,0 mg/ L
dos com isótopos MAG3 no intuito de acompanhar a função Proteína toral§ < 20 mg!dl
renaI 61 . 63 . Cisratina C < 1 mg/ L
Se o refluxo não estiver presente, a imagem complementar
é necessária para determinar a origem da dilatação. A função • Click PL, Harrison MR , Colbus MS, e, al: Managcmem of me fem s with
renal é avaliada por estudos dos isótopos; o complexo da mor- congenüal hydronephrosis 11. Prognostic criteria and selecuon for <rca'mem. J
fologia ou malformação do TU complicadas são mais bem Pedia,r Surg 20:376, 1985.
' Nicholades KH , Cheng HH, Snijders RJM , e' ai: Fetal urine biochemistry in me
avaliadas pela RM. Esta técnica é particularmente útil para asscssmcn' of obstructÍve uropamy. AmJ Obste, Cynccol 166:932. 1992.
a avaliação da dilatação do TU grave e sistemas de duplica- !Mandelbrot L, Dumez Y, MuUer F. e' ai: Prena,al prediction of renal fun«ion in
ção complicados com dilatação da metade do polo superior e fe,al obstructive uropathies.J Perina, Mcd 19:283, 1991.
inferior. Esta técnica também é capaz de fornecer informações MP. Bukowski TP. Kimier K. e' ai: Fe,al urine albumin/globulin ra,io
sobre o estado funcional dos rins, que ajudará o cirurgião na in lhe in mero cvalualion of obstnlCtive uropathics [abstract). AmJ Hum Gcnet
otimização do tratament0 6-l. Depois desta avaliação e se uma 51:259. 1992.
F. Bernard IVI·A, Benkiranc A, e' al: Fetal urine cysratin C as a prcdictor
conduta conservadora for estabelec.ida, recomenda-se segui- of postna,al renal funcion in bilateral uropa,hies. Clinicai Chemis<ry 45:2292,
mento ultrassonográfico para monitorar o crescinlento renal 1999.
e a dilatação. Tem sido mostrado que uma grande proporção de
dilatação do TU apresenta resolução espontânea 63 .
Características Sugestivas de
1Tabela 16-4 1Anomalias do Trato Urinário no Ultrassom
Neonatal
I Tabela 16- 2 I Causas de Bexiga Grande
Dilatação piélica maior que 7 mm
Atresia de Uretra (sú1drome de prune-belly) Dilatação calicial
Megalouretra Aftlamento do parênquin1a
Válvula de uretra posterior Falta de diferenciação conicomedular
Válvula de uretra anterior Rim pequeno
Prolapso da ureterocele Espessamento da parede piélica
Megabexiga-megaureter (refluxo vesicourereral) Espessamento da parede uretera.!
Síndrome megabexiga·microcolón-rupoperistaltismo Dilatação ureteral acima de 3 mm
Variante normal em feto feminino Aumento vesical

A B
FIGURA 16-25. Associação megacisto megaureter, terceiro trimestre. Cortes transversos (A e B) do abdome fetal mostrando a variação da
dilatação da pelve renal em dois momentos diferentes durante o mesmo exame. A bexiga (8) está acentuadamente dilatada. No nascimento havia
refluxo grau V bilateral. Sp, coluna.
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 653

Diagnóstico pré-natal da dilatação da pelve renal leve/moderada A duração do seguimento deve ser adaptada ao tipo de
Primeiro exame uitrassonográfico próximo ao dia 5 anomalia. Se a dilatação da pelve renal medir menos que 10
mm, pode ser realizado um US básico após três meses; se a di-
latação não aumentar, o acompanhamento pode ser interrom-
pido, pois raramente ocorre piora. Para dilatações maiores que
10 mm ou para dilatação ureteral , é necessário um seguimento
mais prolongado. Durante o período de seguimento (2 a 3
anos), também é importante excluir a piora da função renal
que indicaria a necessidade de tratamento alternativ0 65 .67.
Utilizando este protocolo, muitos poucos casos anormais esca-
pam do seguimento e o risco de complicações é muito baixo.
Alguns centros utilizam o sistema de graduação da Sociedade
de Urologia Fetal, embora o seu valor na conduta e prognósti-
co permaneça incerto (Fig. 16-27).

Rins Hiperecogênicos
A hiperecogenicidade do rim fetal ,é defmida em comparação
com o fígado ou baço adjacente. E difícil de ser avaliada no
primeiro e segundo trimestres devido ao rim ser "fisiologica-
mente" hiperecogênico (ou isoecogênico no [mal do segundo
trimestre) em comparação com o fígado. É mais fácil carac-
terizar este achado depois de 28 semanas, quando a córtC",{
renal deve sempre estar hipoecogênica em comparação com
fígado e baço.
A hiperecogenicidade dos dois rins fitais pode OCOITer devi-
do a várias doenças (Tabela 16-5).
As principais etiologias são displasia obstrutiva e doença
renal cística (ver adiante). Existem muitas outras causas que
FIGURA 16- 26. Estratégia de imagem pós-natal em crianças com
dilatação da pelve renal fetal leve para moderada. incluem síndromes, doenças renais fetais adquiridas (trom-

SISTEMA DE GRADUAÇÃO DA HIDRONEFROSE DA SOCIEDADE DE UROLOGIA FETAL

Grau Complexo renal central Espessamento do parênquima renal

O Intacto Normal
I Leve divisão da pelve (dilatação) Normal
11 DilataçM moderada da pelve e calice, Normal
porém complexo, confinado dentro
da margem renal
111 Dilatação acentuada , pelve dilatada Normal
além da margem renal e calices
dilatados
IV Dilatação além da pelvecalicial Delgado
A

Grau O Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4


Normal Dilatação da Dilatação da pelve Dilatação da pelve Dilatação calicial
pelve renal isolada renal e dilatação renal e dilatação e afilamento do
calicial leve de todos os cálices parênquima renal
B
FIGURA 16-27. A. Descrição. 8. Ilustração demonstrando o sistema de graduação da hidronefrose da Sociedade de Urologia Fetal. (Ilustração
de James A. Cooper, Dr., San Diego, CA.l
654 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

i Tabela 16-5 I Causas de Hiperecogenicidade Renal Bilateral(7,65-69,76,103-1121


Diferenciação Malformação Malformação
Corticomedular Isolada Múltipla

Displasia obstrutiva ++
Doenças cístic<'\S hereditárias
DRPAD + ou - +++ (+)
DRPAR - ou reversa +++
DGC + +++
DCM + +++
Síndromes com outras anomalias
Síndromes de hipercrescimento ++
Beckwith-Wiedmann +
Perlman +
Zellweger + ++
Ivemark + ou- ++
Diabetes e cistos renais + ou- ++
Bardet-Biedl + ou-
lVleckel-Gruber + ou- ++
Doenças não hereditárias
Trombose de veia renal + ou- ++
Inlecção + ++ +
Intoxicação + ++
Doenças metabólicas (não descritas) + ou reversa ++
Doenças maternas + ++
Anomalias cromossômicas + ou- +++
Síndromes nefróticas congênitas + ou - ++
Nefromatos e + ou- ++
Variante normal + ++

DRPAD, doença renal policísoca autossômica dominante; DRPAR. doença renal policísuca autQssômica recessiva ; DGC , doença glomerulocística : Di\tIC, doença cisuca
medular.

bose da veia renal [TVR], infecção, agentes tóxicos), doença


maternofetal e sindrome nefrótica congênita. Porém, os rins
hiperecogênicos também podem ser vistos como uma variante
normal. Assim, a abordagem de um rim hiperecogênico deve
incluir uma avaliação ultrassonográfica detalhada dos rins e
do TU; análise minuciosa do histórico familiar e do curso na-
tural da doença (Tabela 16-5 e Fig. 16_28)10.6S.i2 .
O prognóstico é definido pela suspeita diagnóstica, as mal-
formações associadas e as anomalias cromossômicas. Nova-
mente, o oligo-hidrâmnio está associado a prognóstico ruim.
Hiperecogenicidade de um rim: A hiperecogenicidade unilateral
pode ser vista com a displasia renal unilateral, displasia obs-
trutiva unilateral, tumor renal ou TVR unilateral (ver adiante)
(Fig. 16-29).
envolvimento renal
Doenças Renais Císticas • Lesão renal adquirida:
isquemia, infecção,
tóxico
Classificação das Doenças R enais Císticas, Tipicamente, as
• Anomalias cromossômicas
doenças renais císticas são separadas em doenças com ou sem • Sindrome nefrótica
transmissão hereditária (Tabela 16-6). A displasia do parên- congênita
quima é a causa mais frequente de cisto renal não hereditário. • Nefroblastomastose
• Doenças metabólicas
A doença renal policística autossômica dominante (DRPAD) • Variante normal
é a causa mais comum da doença renal hereditária. Porém,
com o desenvolvimento recente da genética, esta separação FIGURA 16-28. Etiologias para o rim hiperecogênico bilateral .
se tornou menos clara. Por exemplo, existem casos raros de
RMD com transmissão familiar (também designada de adis-
plasia renal) 73 . como um achado isolado ou, mais frequentemente como parte
O grupo com identificação evidente de transmissão gené- de uma sindrome em que a herança pode ser ou não conhe-
tica inclui doença renal policística autossômica recessiva (DR- cida (ver adiante). Enu'e as síndromes polimalformativas, a
PAR) e DRPAD, doença medulal" cística (DMC) e certos casos doença renal cística pode ser o achado principal ou essencial
de doenças glomerulocísticas. Esta última pode ser encontrada ou mesmo um achado acessório lO .74 . n
TRATO GENITURINÁRIO FET AL 655

Classificação da Doença Renal Cística


[ Tabela 16-6 [
no Feto
Doenças genéticas
Doença renal policísrica autossônUca recessiva
Doença renal policística autossômica dominante
Doença glomerulocística
Displasia medular cística associada a síndromes
Doenças não genéticas
Displasia renal
Doença renal multicística displásica*
Displasia cística obsrrutiva
Cistos não genéticos e não displásicos
Cisto simples
Cisto multilocular
Rim esponjoso medular*

* Alguns casos dcscriws com transmissão genética .

neonatal com poucos ou quase sem sintomas, provavelmente


FIGURA 16-29. Rim hiperecogênico unilateral, caso de displasia
(cística), segundo trimestre. Corte sagital do rim direito. O parên-
genes adicionais estão envolvidos.
quima renal está hiperecogênico e contém um cisto no pólo superior A doença é caractel;zada pelo alongamento acentuado dos
(seta). O polo inferior está dilatado (caso de rim multicístico displási- túbulos coletores que se expandem em múltiplos cistos peque-
co no polo superior de duplicação do sistema). Ch, Tórax. nos. A dilatação cística dos túbulos é variável e predomina na
medula. A parte externa do córtex é poupada devido a não
conter túbulos. Existe associação de disgenesia biliar. A fibrose
hepática tem sido desCl;ta no exame patológico de todos os
Exame Ultrassonográfico. A avaliação ultrassonográfica fetos afetados 78 .
deve ser a mais detalhada possível devido a algumas carac- A apresentação ultrassonográfica varia de acordo com a
terísticas serem essenciais para o diagnóstico diferencial . Os gravidade de envolvimento. A manifestação clínica mais típica
rins devem ser medidos e comparados com os estudos das é a do aumento acentuado do tamanho e ecogenicidade dos
tabelas das medidas "tamanho versus idade gestacional" . A rins (+4 -7 +15 DP), sem DCM (Fig. 16-30A e B). Esta apa-
ecogenicidade global deve ser analisada pela comparação rência pode ser observada no segl.l11do trimestre. O padrão
da ecogenicidade do parênquima com a do fígado e do baço pode evoluir, e o tamanho dos rins pode aumentar conti-
(especialmente no terceiro u·imestre). Ressalta-se que a avalia- nuamente durante o terceiro trimestre. Outros achados
ção da hiperecogenicidade é subjetiva e assim está dependente incluem oligo-hidrâmnio e hipoplasia pulmonar, deste modo,
do equipamento utilizado e da obesidade materna. A presença geralmente o prognóstico é ruim. Não há malformação asso-
ou ausência da DCM consiste em critério importante de di- ciada à DRPAR. A lista de diagnóstico diferencial inclui do-
ferenciação . A DCM normal, isto é, a medula hipoecogênica ença glomerulocística e síndrome de Bardet-Biedl (SBB) (ver
em relação ao córtex está presente no segundo trimestre. Final- adiante)79.80 . Nestas duas doenças, o parênquima é mais ho-
mente, a detecção de cistos renais, tamanho e localização são mogêneo do que na DRPAR. Cõlando os rins não estiverem
Meis no diagnóstico diferencial (Tabela 16-5). aumentados (+2 -7 +6 DP), pode ser mais difícil de assegurar
o diagnóstico . A camada cortical mais externa hipoecogênica
em geral presente no tipo recessivo pode auxiliar na suges-
PADRÃO ULTRASSONOGRÁFICOI tão do diagnóstico (Fig.16-30C). Cistos (maiores que 3 nm1) já
CORRELAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA E podem estar presentes no feto no terceiro trimestre, podendo
PATOLÓGICA aparecer unilateralmente e em número variado. Este achado
ocorre em um terço dos casos diagnosticados no feto , embora
Doenças com Transmissão Genética não seja específic08' .
Conhecida OutTa manifestação da DRPAR pode ser DCM revertida
com rins aumentados (+2 -7 +4 DP) (Fig. 16-31). Este acha-
Doe n ç a Renal Policística Autossômica do está provavelmente relacionado ao aumento do número
Recessiva de interfaces no interior da medula e ao material insípido
dentro dos túbulos dilatados. Esta é uma observação impor-
A DRPAR apresenta incidência de 1:20.000 nascidos vivos e tante devido aos poucos casos de reversão da DCM. Estes
frequentemente causa óbito fetal e neonatal. A falência renal pacientes apresentam melhor prognóstico quando a quanti-
e a fibrose hepática se desenvolvem em muitos bebês que dade de líquido está preservada. O diagnóstico diferencial
sobrevivem ao período perinatal. Geralmente, nesta doença inclui desordens metabólicas e restrição de crescimento in-
são demonstradas as mutações no gene PKHDl n Porém, trauterino. As anomalias hepáticas , por exemplo, fibrose
pelo fato de alguns recém-nascidos sobreviverem ao período hepática , não são demonstradas in uteri8 ,82-88 .
656 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

A B

c
FIGURA 16-30. Rim policístico autossômico recessivo. A. Exame transverso de segundo trimestre dos rins (K) que aparecem aumentados
( + 3 DP), hiperecogênicos e sem diferenciação corticomedular. Sp, coluna. B. Segundo trimestre , corte sagital dos rins (K) . Sp, coluna. C. Corte
ultrassonográfico no terceiro trimestre dos rins. Estes ainda estão aumentados e hiperecogênicos , embora o córtex periférico esteja um pouco
hipoecogênico (setas) (sinal cortical do rim) .

Doença Renal Policística Autossômica quase 100% de penetrância, se o paciente viver tempo sufi-
Dominante ciente. Devido à variabilidade de expressão e à mutação
espontânea, não é observado histórico familiar em quase
A DRPAD é a forma mais comum da doença renal policís- metade dos casos. Policistinas defeituosas parecem contJibuir
tica em seres humanos ocolTendo em 1 para 800 nascidos para a formação do cisto pelo comprometimento da matu-
vivos. A DRPAD é uma condição hereditária que inclui pelo ração da célula epitelial, resultando no desenvolvimento de
menos três características fenotípicas indistinguíveis, embora cistos de tamanhos variados no córtex e medula 77• É provável
entidades genéticas distintas causadas pela mutação em três que exista um ou mais outros genes pelo fato de haver casos
genes - P KD1, PKD2 e PKD3. O gene PKDl está localizado evidentes sem nenhuma dessas mutações.
no braço do cromossomo 16p em 90% dos pacientes e está A doença é caracterizada pela presença de múltiplos cistos
relacionado com mutação espontânea em 10%. A DRPAD que se desenvolvem na parede dos túbulos coletores e néfrons.
é transmitida como herança autossômica dominante, com Os cistos estão dispersos dentro do córtex e da medula. Estes
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 657

cistos aumentam progressivamente e são em geral identifica- conhecida, a sua demonstração deve estabelecer a anamnese
dos no início da vida adulta. Os cistos também podem se de- familiar incluindo a ultrassonografia dos pais e avós, pois 50%
senvolver no fígado, baço e pâncreas nos adultos 89 . dos casos com a forma dominante são descobertos neste exa-
No feto, um padrão altamente da doença recen- me. Entretanto, estima-se que um percentual desconhecido de
temente foi descrito por Brun et al 9 . sendo encontrado em casos com DRPAD é decorrente de uma nova mutação. H á
mais de 80% dos pacientes afetados no terceiro trimestre. Os uma lista de diagnósticos diferenciais para estes achados que
autores encontraram aumento moderado dos rins (1-2 DP aci- devem ser considerados (Tabela 16-7 e Fig. 16-33). Para al-
ma da média) que apresentavam córtex hiperecogênico e me- guns pacientes apenas o seguimento de longo prazo determina
dula relativamente hipoecogênica (Fig. 16-32). Para eles, o cór- o diagnóstico final .
tex hiperecogênico provavelmente está relacionado à presença Como mencionado, na DRPAD , os cistos só se desen-
de múltiplos microcistos que predominam no córtex neste volvem posteriormente na vida adulta, ainda que excepcio-
estágio. Na maioria dos casos, a quantidade de líquido estava nalmente, possam ser encontrados VI utero90 .9J . Vários outros
normal 90 . Embora a sensibilidade exata deste padrão não seja padrões ultrassonográficos podem ser encontrados sugerindo
a DRPAD. Primeiro, os rins podem apresentar aparência nor-
mal in utero; o porcentual de casos com padrão completamente
normal é desconhecido. Em um pequeno grupo de pacientes
afetados pela doença renal policística autossômica dominante,
os rins podem se apresentar difusamente hiperecogênicos e
acentuadamente aumentados (+4 +8 DP) sem DMC. Os

Diagnóstico Diferencial para Rins


Ecogênicos Moderadamente Aumentados
Tabela 16-7
com Persistência da Diferenciação
Corticomedular (+1 +2 DP)
Doença renal policística autossômica dominante
Doença isquêmica (síndrome de transfusão feto-fetal )
Infecção por citomegalovírus
Deficiência da neuropeptidase materna
Doença metabólica
FIGURA 16-31. Doença renal policística autossômica recessiva , Síndrome nefrótica
terceiro trimestre. Corte sagital. Rins (K) aumentados hiperecogênicos
com predomínio da medula hiperecogênica (diferenciação corticome- Transitória (?)
dular revertida). L, Fígado.

A B

FIGURA 16-32. Doença renal policística autossômica dominante (DRPAD, associada a uropatia), terceiro trimestre. A. O córtex renal está
hiperecogênico comparado com o fígado. A diferenciação corticomedular está preservada. B. Corte sagital do rim (K) esquerdo. Os achados são
similares, porém há duplicação do sistema associada à dilatação leve do polo superior e inferior (setas). Ch , Tórax. C. Exame do rim (K) materno
direito. Envolvimento cístico típico confirmando a DRPAD.
658 TRATO GENITURINÁRIO FETA L

FIGURA 16-33. Síndrome de Golabi revela um rim hiperecogênico


com cistos no parênquima, terceiro trimestre. Corte sagital do rim,
que aparece dilatado moderadamente com diferenciação corticome-
dular. Um cisto está visível (seta).

FIGURA 16--34. Doença renal policística autossômica dominante


(DRPAD), forma glomerulocística no neonato. Corte sagital do rim
aumentado, que aparece hiperecogênico com múltiplos cistos peque-
cistos podem se desenvolver in utero ou depois do nascimen- nos, a maioria periférica. O pai estava afetado pela DRPAD.
to na área subcapsular. Este padrão corresponde à "variante
, · " d a d oença (F'19. 1634)8092.94
gI omeru I oClstlca - " . O prog-
nóstico ainda é bom a menos que se desenvolva oligo-hidrâm-
nio. Nestes casos pode ocorrer o desenvolvimento rápido de
hipertensão e insuficiência renal. Tabela 16-8 Rins Glomerulocísticos
É interessante que podem estar presentes outras malforma-
Doença renal glomerulocística
ções do TU em associação de DRPAD. Estas incluem RlVID,
Doença renal policística autossômica dominante da criança jovem
estenose de JUP, duplicação dos sistemas e mesmo doenças
Doença renal glomerulocística dominante em pacientes mais
metabólicas congênitas 90
velhos
Depois do nascimento, como mencionado acima, os cistos
Doença renal glomerulocística não sindrômica esporádica
se desenvolvem progressivamente; o envolvimento cístico re-
Doença renal glomerulocística hipoplásica familiar
nal pode ser assimétrico no recém-nascido e no bebê, enquan-
Rim glomerulocístico em síndromcs mal formativas hereditárias
to em alguns casos, ocorre redução do tamanho renal após o
nascimento 89·9 1.95·97 Esclerose mberosa
Síndromc oro-facial-digital do tipo I
Trissomia do 13
Síndrome das costelas Cllrtas-polidactilia
Rins Glomerulocísficos Síndrome dcJcune (distrofia torácica asfIxiante)
Síndrome de Zellwcger
Na histopatologia, os rins glomerulocísticos (DGC) são defini-
Nefronoftise familiar
dos como rins que contêm cistos que cOlTespondem aos espa-
Cistos glomerulares em rins displásicos
ços de Bowman dilatados. De 50/0 a 10% dos espaços devem Displasia cística difusa
estar afetados com o intuito de estabelecer este diagnóstico.
Os cistos glomerulares não são específicos de um distúrbio
In
Displasia renal-hepárica-pancreática (Ivemark

único. Estes podem estar presentes em outros tipos de doença


renal cística, tanto hereditária quanto esporádica, em certas
síndromes e em rins displásicos (Tabela 16-8).
Na avaliação ultrassonográfica, na DGC clássica, os rins Displasia Císfica Medular
parecem aumentados (+4 ---7 + 8 DP), hiperecogênicos e sem A displasia cística medular (DMC) , em que os cistos envol-
DCM (Fig. 16-35). A característica mais sugestiva ocorre vem principalmente os túbulos medulares, é característica de
quando estão presentes cistos corticais subcapsulares (ver Figs. muitas síndromes. Ela também pode estar associada a altera-
16-34 e 16-35). Estes podem se desenvolver in utero ou depois ções glomerulocísticas (ver Tabela 16-8). A fibrose tu bulo in-
do nascimento. Quando presentes, o diagnóstico é certo. Este tersticial pode se desenvolver progressivamente. Os achados
achado podc auxiliar na caracterização de várias sÍndromes renais encontrados na DCM são as alterações histológicas
que estão associadas a DGC quando houver outras malforma- verificadas tipicamente na síndrome de Meckel-Gruber. As
ções associadas. O prognóstico terá como base nos achados as- alterações medulares císticas se desenvolvem muito precoce-
sociados e o volume de líquido amniót.ico. Estes cistos podem mente na gestação e podem estar evidentes desde o final do
se desenvolver somente depois do nascimento8o.92.g.1.98. primeiro trimestre. A demonstração das anomalias do sistema
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 659

A B
FIGURA 16-35. Rim glomerulocístico em síndrome renal cística e diabetes. A. In utero, terceiro trimestre. Corte frontal através dos dois rins
(K) , que aparecem aumentados e hiperecogênicos, sem diferenciação corticomedular. Ch, tórax. B. No nascimento, corte sagital do rim direito.
Neste, aparecem pequenos cistos periféricos (setas).

FIGURA 16-36. Displasia cística medular, caso de síndrome de FIGURA 16-37. Síndrome de Bardet -Biedl, terceiro trimestre . Corte
Meckel -Gruber. Corte transverso do abdome fetal. Os dois rins apre- transverso do abdome fetal. Os rins (K) estão aumentados , sem dife-
sentam padrão anormal: alterações císticas difusas envolvendo o rim renciação corticomedular. (Polidactilia que não é mostrada, também
inteiro. (Também estava presente uma encefalocele occipital , que não estava presente.) Sp, Coluna.
é mostrada.)

nervoso central e das extremidades (polidactiJia) torna o outras anomalias da SBB se desenvolvem posteriormente na
diagllóstico ainda mais correto. No ultrassom, os rins estão infância (Fig. 16-37);9.99.102.
aumentados e a diferenciação pseudo-cortico-medular já está
presente no fmal do primeiro trimestre e a medula apa.rece
bastante proem.inente. Este padrão como demonstrado neste Doenças Císticas Não Classificadas
estágio inicial é bem típico 99 (Fig. 16-36). Macrocistos podem ser encontrados em casos de esclerose
A displasia cística também é comum na SBB. As lesões tuberosa. Os cistos apresentam características h.istopatológicas
renais não estão concentradas na área medular, sendo mais específicas que incluem o epitélio eosinofilico. Outra evidência
difusas. O padrão ultrassonográfico é de hiperecogenicida- da doença, tais como rabdomiomas cardíacos e lesões intrace-
de difusa, com aumento leve ou acentuado dos rins . O s cistos rebrais, pode estar presente in utero. Várias outras síndromes
podem estar presentes in utero ou se desenvolver depois do apresentam microcistos ou macrocistos (p. ex. , síndrome de
nascimento. A polidactiJia é um achado clássico in utero. As Ivemark) (Fig. 16-38) 103.104 .
660 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

A B
FIGURA 16-38. Síndrome de Ivemark 11, segundo trimestre. A. Corte sagital do rim hiperecogênico, diferenciação corticomedular. B. Oeformidade
de membro associada: é visível um fêmur angulado (seta).

Doenças sem Transmissão Genética


Rim Multicístico Displásico
Entre o grupo sem transmissão hereditária, o rim multicístico
displásico (RMD) é uma das doenças mais comuns (embora
como mencionado, existe um subgrupo hereditário 73 ) . Os
achados ulu'assonográficos em pacientes com RMD geral-
mente são diretos: envolvimento unilateral com cistos não
comunicantes de tamanho variável, quantidade variável
de estroma hiperecogênico, ausência de córtex ou medula
normal, contorno renal irregu lar e ausência de identificação
do sistema coletor (Figs. 16-39 e 16-40). Os cistos podem
ser grandes, se apresentando como uma massa abdominal
volumosa ou de ouu'a forma microcística. O RMD também
pode se desenvolver na parte superior da duplicação do siste-
ma (Fig. 16-29) ou estar deslocado em uma posição ectópica
(Fig. 16-41). O tamanho dos cistos pode dimi.nuir in utero ou
depois do nascimento (Fig. 16-40). Assim, um RMD pode
"desaparecer" completamente e resultar na aparência de uma
agenesia renal. O envolvimento unilateral determina bom
FIGURA 16-39. Rim multicístico displásico (RMO), terceiro trimestre.
progllóstico, embora possa haver uma anomalia acometendo Corte transverso do abdome fetal. O RMO está limitado pelo caliper
o rim contra-lateral (i. e., estenose deJUP). A condição pode (47,9 mm). Sp, Coluna .

A B
FIGURA 16-40. Rim multicístico displásico (RMO), evolução espontânea. A. Corte transverso in utera do abdome fetal. RMO típico do rim
esquerdo (K), L, fígado ; Sp, coluna. B. Na idade de 1 ano, corte sagital do flanco esquerdo. Foi observada a redução do tamanho dos cistos,
com a permanência somente de dois. S, Baço.
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 661

estar associada à malformação de outros sistemas (Fig. 16-42). Displasia Obstrutiva


Qyando o RMD é um achado isolado, não há risco aumen-
tado de anomalia cromossômica. Casos com envolvimento A displasia renal obstrutiva é a outra causa mais comum de
doença renal fetal não hereditária e rins hiperecogênicos .
bilateral (1 de 15 casos) estão associados a oligo-hidrâmnio
estes casos, há dilatação do TU superior e inferior associado
grave e hipoplasia Pculmonar, apresentando prognóstico
ruim (Fig. 16_43)2 1.105. 07. à hiperecogenicidade do parênquima renal e cistos de tama-
nhos variáveis dentro do córtex renal. Geralmente, a função
renal está comprometida (Figs. 16-19 e 16_44)73.104.108.

Cisto Renal Simples


o cisto renal simples é incomum no feto. Eles podem desa-
parecer "espontaneamente,,109,llO. A descoberta de um cisto
necessita de seguimento por US no intuito de excluir o desen-
volvimento de uma distribuição mais difusa e outras doenças
císticas (Fig. 16-45) .
A Abordagem da Doença Cística Fetal. A base da condu-
ta deve se basear no seguinte:

Os padrões ultrassonográficos durante o diagnóstico e


o seguimento (Tabelas 16-5, 16-7 e 16-9 a 16-12; e Fig.
16-28).
Malformações associadas 10,104.
Histórico familiar.

A descoberta de rins anormais no US obstétrico em casos com


histórico familiar positivo indica a probabilidade da recorrên-
FIGURA 16-41. Rim multicístico displásico (RMO) de um rim pél-
cia da doença. Na ausência de histórico familiar, o diagnósti-
vico ectópico (segundo trimestre). Plano frontal do abdome fetal. O co tem como base o padrão ultrassonográfico do diagnóstico
RMO hiperecogênico é visível (setas) na pelve, à direita da aorta e da e das malformações associadas. Os exames complementares
artéria ilfaca. como a RM devem ser realizados quando necessário devido

Agenesia renal contralateral/


hipoplasia grave
• Oligo-hidrãmnio grave
• Letal

FIGURA 16-42. O rim multicístico displásico é essencialmente não funcional. A atenção deve ser direcionada para o rim contralateral, pois este
constitui o único rim potencialmente funcional. II/ustração de James A. Cooper, Dr., San diego, CA.)
662 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

A B
FIGURA 1643. Rim multicístico displásico IRMO) bilateral, segundo t rimestre. A. Corte transverso dos rins mostrando RMO bilateral. Está
associado o ani-hidrâmnio. K, Rins. B. Corte sagital do rim IK). Sp, Coluna.

A B
FIGURA 16-44. Oisplasia obstrutiva, terceiro trimestre. A. Corte t ransverso através do rim IK) direito demonstrando a dilatação da pelve
renal 125 mm). Sp , Coluna. B. Corte sagital da parte externa do rim direito IK): cistos múltiplos do parênquima são visíveis como evidência da
displasia. L , Fígado.

I Tabela 16- 9 I Padrão Ultrassonográfico na Apresentação


Cisto único unilateral (Tabela 16-10)
Cistos múltiplos unilaterais (T.1bela 16-11 )
Cistos bilaterais (Tabela 16-12)
Rim hiperecogêllico (Tabelas 16-5 e 16-7, Fig. 16-28) :
Com diferenciação corticomedular (DCM)
Sem DCM
DCM revertida
Com cisto medular
Com cisto corticaJ
Com cistos subcorticais

Cisto Único Unilateral (Restante do Rim


Tabela 16-10
Normal)
Cisto renal simples
Doença cística dominante unilateral
Tumor astico
FIGURA 1645. Cisto renal solitário, terceiro trimestre. Corte sagi-
Cisto não renal
tal do rim esquerdo IK). Um cisto é visível Iseta) no seu pala inferior.
A pelve renal está discretamente dilatada. Ch, Tórax. Urinoma
TRATO GENlTURlNÁRlO FETAL 663

i Tabela 16-11 I ,Cistos Múltiplos Unilaterais


DIUvID
Displasia obsu-utiva unilateral
Doença cístiea dominante unilateral

DRMD. doença renal multicísrica displásica.

Tabela 16-12 Cistos Múltiplos Bilaterais


DRl'vlD bilateral (oligo-hidrâmnio)
Displasia obstrutiva bilateral (dilatação do trato urinário)
DRPAD
DRPAR
Cistos subcorticais (rins glomerulocísticos)
Síndromes com displasia cístiea FIGURA 16--46. Nefroma mesoblástico, terceiro trimestre. Corte
Cistos medulares Meekel-Gruber sagital do tronco fetal. Uma massa arredondada sólida (MI se
desenvolveu no polo inferior do rim (RKI direito. B, bexiga; LK, rim
Esclerose tuberosa (macrocistos) esquerdo.
Ivemark II
Síndrome de Bardet-Biedl (cisto cortical)

DRMD, doença renal multicística displásica ; DRPAD, doença renal


policís,ica autQssômica dominame; DRPAR, doença renal policística autQssômica
recessiva.

aos achados ultrassonográficos. Em seguida, uma vez que o


diagnóstico mais comum ou mais úpico for considerado, outros
diagnósticos também devem ser considerados sempre que o his-
tórico materno revelar sintomas específicos (p. ex., diabetes,
algumas doenças metabólicas) 11l·1J7.

Tumores Renais
Mais da metade de todas as massas abdominais congênitas
encontradas no neonato se originam nos rins . o feto , o
tumor renal mais comum é o nefroma mesoblástico (Fig. 16-
46). Este aparece como um tumor sólido que algumas vezes
é difícil de delinear do parênquima renal adjacente. O tumor
pode aparecer parcialmente cístico. No útero, o poli-hidrâm- FIGURA 16--47. Trombose da veia renal subaguda, terceiro trimes-
IÚO está em geral associado e a hipertensão se desenvolve tre . Corte transversal dos dois rins. O rim esquerdo (LKI está maior
após o nascimento . Casos de tumor renal de Wilms no feto e mais globular que o direito (RKI. Algumas faixas hiperecogênicas
são visíveis (setasl. Sp, Coluna. (Cortesia de P. Sonigo, Dr. , Paris,
foram relatados como massas sólidas ou parcialmente císticas. França.)
O prognóstico é bom. O envolvimento bilateral sugere a
nefroblastomatose, que é uma condição com múltiplas lesões
nodulares benignas.
Pacientes com síndrome de Beckwith-Wiedemann, arúri-
dia congênita e síndrome de Perlman e Drash estão em risco
de desenvolver tumores renais. O principal diagnóstico dife- afetado aumentam. Em alguns casos, a análise do Doppler
rencial de um tumor renal cístico inclui O RMDI13.l14. 117.120. pode confirmar a trombose. Rapidarnente, ocorre desenvolvi-
As massas sólidas adjacentes ao rim, como neuroblastoma e mento de vasos colaterais e a vascular-ização renal fica quase
sequestro pulmonar subd iafragnlático, devem ser diferencia- normal. Algumas calcificações vasculares nas áreas interloba-
das da massa tumoral verdadeira. res podem permanecer como sequela (Fig. 16-47). Um trombo
dentro da veia cava inferior e hemorragia da adrenal podem
Patologias Renais Adquiridas ser achados associados1J 9 . A deficiência materna de neuropep-
tidas e pode induzir a uma glomemlonefrite aguda transitória
As anomalias renais podem ocorrer durarlte a gestação dcvido no feto resultando em aumento do volume e da ecogenicidade
a doenças maternas ou decorrentes de lesão isquênúea (ou renal. A insuficiência renal transitória pode ocorrer ao nasci-
ambos). Por exemplo, o diabetes materno e a gestação geme- mento (Fig. 16-48) 122 A infecção materno-fetal pode envolver
lar aumentarl1 o risco de TVR no feto. No ultrassom, no está- os rins e se manifestar como aumento da ecogenicidade como
gio agudo da trombose, o volume e a eeogelúcidade do rim demonstrado em alguns casos de citomegalovírus.
664 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

Outras Doenças Renais Congênitas Q.lando a bexiga nãoJor visível, a quantidade de líquido am-
niótico auxilia a diferenciar os casos secundários da falta de
Síndrome Nefrótica Congênita produção urinária devido à malformação vesical. No caso
de oligo ou ani-hidrânmio, deve ser suspeitada a ausência de
A síndrome nefrótica congênita raramente pode afetar o feto.
rins ou o seu não funcionamento (agenesia renal bilateral,
Os rins aparecem difusamente hiperecogênicos, geralmen-
RMD bilateral). Qyando a quantidade de líquido amnióti-
te sem DCM. A placenta está espessa e o poli-hidrâmnio
co estiver discretamente reduzida, devem ser consideradas a
está presente. A proteinemia pode ser detectada no líquido
restrição de crescimento e a infecção congênita 130. Não d eve
amniótico. Uma associação particular consiste na síndrome
ser presumido que a explicação p ara o oligo ou ani-hid-
de Drash que inclui pseudo-hemafroditismo e uma sÚ1drome
nefrótica particular (esclerose mesangial). Os pacientes afetados
pela srndrome são portadores de risco para o tumor de Wilms
(Fig. 16_49)12,123.126.

Bexiga, Uretra e Úraco


Como mencionado, a bexiga é a prin1eu'a estrutura do TU
a ser identificada na pelve fetal aproxin1adamente de 9 a 10
semanas, indicando que a urina está sendo produzida. A sua
demonstração é parte importante da avaliação pelo US obsté-
trico do desenvolvimento normal do feto . Anomalias do TU
podem ser suspeitadas sempre que a bexiga estiver aumen-
tada (mais de 3 cm de comprimento no segundo trimestre,
mais de 6 cm no terceiro trunestre da gestação) ou não visível
durante todo o exame.
Sempre que for demonstrado aumento da bexiga (megacisto),
a OSV deve ser a primeira suspeita. Durante o primeiro e o
ilúcio do segundo trÍlnestre, esta pode resultar de atresia de
uretra e srndrome de pnll1e-belly. Os rins podem aparecer hi-
perecogênicos decorrentes da obstrutiva. O prognós-
tico é ruÍln (Figs. 16-18 e 16-23) 27. 128. No segundo e terceiro
trin1estres em fetos masculinos, a megabexiga quase sempre
resulta de VUP. A parede vesical pode estar espessada e o
TU superior pode ou não estar dilatado com parênquima re-
nal hiperecogênico correspondente à displasia obstrutiva. Esta
condição também pode estar associada a urinoma perirenal
devido ao extravasan1ento.
O diagnóstico diferencial do aumento vesical deve incluu-
refluxo vesicoureteral acenntado e srndrome de megabexiga-
microcolón-hipoperistaltismo (Tabela 16-2). Esta últÍlna ocorre
quase sempre em fetos femininos . O colón curto é difícil de FIGURA 16-49. Síndrome nefrótica, terceiro trimestre . Corte frontal
avaliar US e é identificado mais facilmente pela Ílnagem dos dois rins (K) que aparecem aumentados e hiperecogênicos, com
pouca diferenciação corticomedular. Oligo-hidrâmnio estava associa-
de RM 8. FU1almente, não deve ser descartado o pseudoau- do. Ch, Tórax.
mento vesical no terceiro trÍlnestre de fetos femininos46.127.129.

A B
FIGURA 16-48. Glomerulonefrite aguda secundária a deficiência materna de neuropeptidase. Ultrassom de terceiro trimestre . A. Corte sagital
do rim esquerdo (LK) com o córtex espesso hiperecogênico (setas). S, Baço; St, estômago. B. Corte transverso através dos dois rins que apre-
sentam a mesma aparência espessa hiperecogênica. Sp, Coluna.
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 665

A B
FIGURA 16-50. Extrofia vesical, final do segundo trimestre. A. Corte transverso da pelve fetal. A estrutura vesical é reconhecida entre as
duas artérias umbilicais (setas). B. Doppler colorido confirmando a ausência da estrutura vesical.

r âmnio ocorre u devido à ruptura de membranas até que


seja demonstrada a fun ção do T U pela identificação da
b exiga e/ou rins .
Se a quantidade de líquido amniótico estiver normal, a
malformação vesical deve ser considerada. Em caso de exn-o-
fia vesical, a bexiga não é identificada entre as artélias umbi-
licais (Fig. 16-50). Em vez disso, uma massa de tecido mole é
identificada logo abaixo do umbigo correspondendo à bexiga
aberta (mucosa). No feto masculino, o pênis está encurtado
e alargado, e a genitália é ambígua. A condição deve ser di-
ferenciada do complexo onfalocele-extrofia-ânus
(OEAI), na qual a onfalocele também está presente J3 .13•. Uma
bexiga anormal também pode ser observada em casos de se-
quência de malformação da cloaca (persistência do seio uro-
genital). Nesta condição, há uma abertura simples drenando a
bexiga, a vagina e eventualmente o colón. Pode ser difícil de
FIGURA 16-51. Persistência do seio urogenital, final do primeiro
individualizar estas estruturas pelo exame de US isolado (Fig. trimestre. Corte sagital do feto. No nível da pelve fetal, uma massa
16-51) 18.133.13•. cistica polilobulada (M) substitui a anatomia normal. A bexiga não é
No feto masculino, a principal malformação envolvendo identificada. H, Cabeça.
a uretra é a VUP (ver anteriormente). Esta condição resulta
na OSV de vários graus _No US, algumas vezes, a uretra pos-
terior distendida pode ser claramente demonstrada (Fig. 16-
23). O prognóstico também é variável dependendo do grau de TRATO GENITAL FETAL
obstrução e displasia renal. As válvulas anteriores raramente
são demonstradas in IItero. O principal diagnóstico diferencial
Genitália Normal
é a megalouretra (Fig. 16-52), em que há uma deficiência de A determinação do sexo fetal é possível durante o exame
tecido ao redor da uretra, que se torna dilatada em ultrassonográfico obstétTico. A melhora da resolução ultras-
extensão variável 135. 136. sonográfica e o uso da sonda transvaginal permitem a visuali-
Em condições normais , o üraco não é identificado no útero zação da anatomia da genitália fetal detalhada frequentemente
devido a este canal ficar fibrótico depois do pri.meiro trimestre. no final do primeiro trimestre.
As anomalias relacionadas ao üraco (parcialmente) patente in- Antes de 11 semanas, a genitália externa é idêntica em
cluem sua distensão e permeabilidade em associação de uma ambos os sexos. Depois de 14 semanas , quando ocorre cresci-
OSV ou um cisto de üraco que deve ser sempre incluído no mento rápido do pênis, a diferença entre an1bos fica evidente.
diag11óstico diferencial dos cistos do abdome médio·9. 13i. 138. No plano sagital, o pênis aponta para cima, enquanto o clitó-
Outro achado relacionado ao desenvolvimento embrio-fe- ris é direcionado para baixo (Fig. 16-54)_ Durante o segundo
tal do complexo alantoide-üraco é o diagnóstico de um cisto trin1estre, a diferença entre ambos é mais óbvia ai.nda devido
(cistO de alantoide) conectado à bexiga, embora desenvolven- aos grandes lábios, o pênis e o escroto serem mais claran1ente
do dentro do cordão umbilical. Estes cistos apresentam resolu- visíveis.
ção espontânea ou se rompem ao nascimento; em alguns casos Os testículos podem ser identificados dentro do escroto
o úraco deve ser reparado cirurgicamente após o nasci.mento depois de 26 semanas (Fig. 16-55), e grau leve de hidrocele
(Fig. 16-53). é considerado achado normal. Durante o terceiro trimestre o
666 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

A • •it B
FIGURA 16-52. Megabexiga e megauretra, segundo trimestre. A. Corte coronal do feto . A bexiga (81) ocupa a maior parte do abdome fetal
(o trato urinário estava dilatado bilateralmente). Cabeça fetal (H). B. Corte axial transverso através do pênis mostrando a uretra dilatada (seta)
sem tecido esponjoso ao redor.

FIGURA 16-54. Sexo masculino, primeiro trimestre . Sinal sagital.


Corte sagital do feto. O pênis aponta para cima (seta).
FIGURA 16-53. Cisto de alantoide, terceiro trimestre. Um cisto (C)
grande localizado dentro do cordão umbilical conectado com a bexiga
(8) através de um canal pequeno (seta). Nenhuma outra malformação
está visível.

gTande e o pequeno lábio podem ser visualizados . Geralmen- devem ser averiguadas. A genitália ambígua pode ser parte de
te, em condições normais, os ovários não são identificados. De uma malformação de cloaca em que há uma abertura comum
outro modo, durante o segundo (final) e terceiro trimestres, da bexiga, vagina e reto. Por sua vez, a genitália ambígua
o útero normal pode ser visualizado devido a sua hipertrofia pode estar associada e sinalizar o diagnóstico de uma síndro-
fisiológica secundária à influência hormonal . O útero aparece me adrenogenital (SAG). No feto feminino afetado pela SAG,
como uma massa arredondada ou oval dentro da pelve fetal o clitóris está hipenrofiado; a demonsnação de enmgamento
posicionado entre o reto e a bexiga (Fig. 16-56). O endométrio e aumento da adrenal (ver adiante) são característicos para o
normal aparece hiperecogênico. diagnóstico. A fístula uretrogenital também pode estar presen-
A determinação do sexo é importante não só para os pais te embora seja difícil de ser demonstrada. os meninos com
como também em casos de doenças familiares específicas (i. e., a SAG, a doença pode se desenvolver sem ser notada, com
hemofilia) ou em casos de anomalias morfológicas variadas exceção da hipertrofia da adrenaIJ43.J48.
(cisto de ovário, OSV e outras)J39.[.I2.
Anomalias da Genitália Masculina
Genitália Ambígua
HipospádialEpispádia
A genitália ambígua é caracterizada pela dificuldade de esta-
belecer a genitália fetal durante o exame US no segundo e A hipospádia é uma malformação frequente do pênis que se
terceiro trimestres . O examinador é incapaz de diferenciar apresenta curto e alargado. Durante a micção, o jato urinário
entre um pênis curto e um clitóris hipertrofiado. Além disso, é direcionado para baixo. Geralmente é um achado isolado,
um pênis bífido pode ser interpretado como um grande lábio embora possa estar associado a numerosas síndromes (Fig.
(Fig. 16-57). A condição pode ser isolada ou pane de várias 16-58). A epispádia é o fmal de um espectro e a extrofia
síndromes; assim, e como de costume, o exame ultrassono- vesical está no outro extremo. A abertura uretral sinJa-se na
gráfico deve ser o mais detalhado possível bem como deve-se parte dorsal do pênis. É um diagnóstico ultrassonográfico
realizar a análise cromossômica. Duas associações clássicas difícil H8 .H9 .
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 667

FIGURA 16-57. Genitália ambígua , terceiro trimestre. Corte através


FIGURA 16-55. Escroto normal, terceiro trimestre . Os dois testícu- do escroto. Os dois hemiescrotos estão separados pelo pênis, que
los estão claramente identificados (selas). está muito curto (sela) (sinal do escroto em fenda).

A B
FIGURA 16-56. Sexo feminino normal. A. Corte através dos grandes e pequenos lábios (selas). B. Corte transverso através da pelve de
um feto feminino. Note como o útero (selas) está interposto entre o reto e a bexiga (81) delineando o interior desta. No feto masculino não é
identificado tecido mole entre o reto e a bexiga.
668 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

FIGURA 16-59. Cisto de ovário bilateral, terceiro trimestre. Corte


frontal do tronco fetal demonstrando duas massas císticas (M). Em
uma destas, é visível um cisto menor (sinal do cisto filha) (seta).
Ch , Tórax; S1, estômago.

FIGURA 16-58. Hipospadia, terceiro trimestre. Corte através da


extremidade distai do pênis (seta) que aparece de forma encurtada
e alargada.

Diagnóstico Diferencial de Massas ser pequenos ou grandes (> 8 cm), unilaterais ou bilaterais
(raro), ünicos ou mültiplos (raro). Em geral são inteiramente
I Tabela 16- 13 Císticas (Parcialmente) Peritoneais em
1
císticos; e a presença de um pequeno cisto denu-o do cisto é um
Fetos Femininos sinal diagnóstico útil (também chamado de sinal de cisto
Cisto de ovário filha ). Pode ocorrer hemorragia e torção in utera, resultando
Cisto de duplicação em vários tipos de imagens dentro do cisto (completamente
Cisto de üraco (linha média) ecogênico, nível líquido/líquido, septo e assim por diante). O
Hidrocolpos (linha média) diagnóstico cliferencial inclui outras causas de massas císticas
Linfangioma (cístico) ou sernicísticas (Tabela 16-13 e Figs. 16-59 a 16-61). A invo-
Cisto de mesentéóo lução espontânea ocorre in lItero ou depois do nascimento,
Teratollla (cístico) embora também possa ocorrer ruptura. O tratamento é
Pseudoósto meconial controverso , pois alguns autores são favoráveis a punção
in lItero, enquanto outros recomendam a cirurgia pós-natal
e há ainda os que estabelecem conduta conservadora. Se a
conduta for conservadora, deve ser considerado um segui-
Escroto mento clínico próximo e controle ultrassonográfico mensal
Como mencionado, os testículos podem ser visualizados por seis mesesI55-162. É importante observar que o cisto de
dentro da bolsa escrotal aproximadamente com 26 semanas. ovário bilateral pode ser sintoma de hipotireoidismo ou estar
Um testículo que não desceu , isoladamente, não é um achado associado a diabetes materno.
anormal in ldero. Uma quantidade pequena de tecido peritesti-
cular também pode ser considerada como uma variação nor- Hidrocolpos - Malformações Vaginais
mal. Se a coleção líquida for hiperecogênica, deve-se suspeitar
de peritonite meconial. A hérnia intestinal escrotal também A malformação vaginal e a atresia resultam em hidrocolpos,
pode ser observada in zdero. É importante observar que os tes- que é visualizado como uma massa cística medial (Fig, 16-62).
tículos podem ser submetidos à torção in /Itero ou no período Um sinal para o diag'nóstico consiste na demonstração da
neonatal. Neste estágio agudo, o testículo torna-se aumentado cérvice uterina na porção superior da massa cística. A condi-
e hipoecogênico. No estágio crônico, os testículos aparecem ção pode fazer parte de malformação de cloaca, associada a
pequenos e alg'umas vezes calcificadosI 50-153. agenesia renallRMD ou compor síndromes (1'. e" síndrome de
Drash, SBB e outras) (Fig. 16-63) 163166.
Anomalias da Genitália Feminina
ADRENAIS FETAIS
Cisto de Ovário
o cisto de ovário é a causa mais comum de massa cística no
Adrenais Normais
feto feminino. Estes cistos resultam da influência hormonal As adrenais fetais são facilmente demonstradas, especial-
maternofetal e são equivalentes a folículos. Estes cistos podem mente utilizando sondas transvaginais no final do primeiro
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 669

FIGURA 16-60. Cisto de ovário grande, terceiro trimestre. Massa


cística muito grande é identificada dentro da pelve e do abdome infe-
rior (setas). Traves fibrosas são identificadas dentro do cisto caracte-
rizando hemorragia. FIGURA 16-62. Hidrocolpos, terceiro trimestre. Massa ecogênica
(M) acima da bexiga (6) correspondendo a hidrocolpos preenchido
com muco.

FIGURA 16-61. Cisto de colédoco, terceiro trimestre. Massa cística FIGURA 16- 63. Malformação de cloaca, terceiro trimestre . Corte
(M) no flanco direito conectado ao dueto biliar (setas) e corresponden- transve rsal através da pelve fetal. Uma cavidade (cística) (M) única é
do ao cisto de colédoco. Sp , Coluna. vista drenando a bexiga e a vagina. Esta con tém material ecogênico
(muco?).
670 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

A B
FIGURA 16-64. Adrenais normais. A . Segundo trimestre . Corte coronal. A adrenal em forma de triângulo está visível (setas) acima dos
rins (seta curta). B. Terceiro trimestre. Corte transverso . A adrenal direita é visível (setas) com a diferenciação cortico (hipoecoica)-medular
(hiperecogênica) .

trimestre (Fig. 16-5) . Estas aparecem como uma estrutura em


forma de pirâmide hipoecogênica na parte superior dos rins
hiperecogênicos. Neste estágio, o seu tamanho é de aproxi-
madamente a metade do rim. Durante o segundo trimestre,
progressivamente, "aparece" a DCM (córtex ecogênica,
medula hiperecogênica). A forma é a de um "V" invertido na
porção superior do rim. O tamanho da glândula aumenta,
embora relativamente menos do que o rim. Durante o tercei-
ro trimestre, a aparência da adrenal fetal é muito similar à da
adrenal neonatal (forma em "Y", córtex hipoecóico, medula
hiperecoica) (Fig. 16-64).
Em casos de agenesia renal bilateral, geralmente a adrenal
se apresenta mais globular ou pode estar alongada (sinal da
adrenal baixa) (Fig. 16-8). Não deve ser confundida como um
rim displásico ló7.168.

Síndrome Adrenogenital
FIGURA 16-65. Síndrome adrenogenital, terceiro trimestre. Corte
Em caso de SAG, as adrenais podem estar aumentadas desde sagital através do flanco direito demonstrando a adrenal hipertrofiada
o iJúcio do segundo trimestre. Estas podem exibiJ' o chamado (setas). L, Fígado; Sp, coluna .
padrão enrugado cerebriforme (Fig. 16-65). Esta condição está
associada a gerutália ambígua no feto ferninino (ver anterior-
mente). Vários autores têm proposto o uso de corticoterapia
materna, uma vez que a condição seja cOnbnnada, com o
intuito de reduzir a virilização do feto feminino 1ó7. 169. 170. do padrão da massa. O neuroblastoma pode se aprese ntaI'
como um cisto, massa sólida ou aparência mais complexa. A
imagem do Doppler colorido pode demonstrar o aumento da
Massas Adrenais vascularização da região hiperecogênica da massa . O prognós-
tico do neuroblastoma pré-natal é excelente, mesmo quando
Sempre que uma massa é detectada na área supra-renal, o metástases hepáticas estiverem presentes. Além disso, foram
neuroblastoma deve ser a priJneiI'a suspeita independente relatados alguns casos de involução espontânea (Fig. 16-66).
TRATO GENITURINÁRIO FETAL 671

FIGURA 16-67. Cisto de adrenal, terceiro trimestre. Corte transverso


do abdome fetal. Um cisto pequeno (setas) é visível dentro da
adrenal. Sp, Coluna.

B
FIGURA 16-66. Neuroblastoma. A. Corte axial transverso do abdome
fetal no segundo trimestre de gestação. É identificada uma massa
sólida, grande e paraespinhal (setas) com componente cístico. Ao
nascimento, foi diagnosticado um neuroblastoma. Sp, coluna. B. Massa
cística parcial (entre os calipers) correspondendo ao neuroblastoma.
FIGURA 16-68. Síndrome de Wolman, terceiro trimestre. Corte
sagital através do tronco fetal. A adrenal aparece completamente cal-
cificada (setas). Ch, Tórax; K, rins. (Cortesia de F. Didier, Dr., Nancy,
França.)

Diagnóstico Diferencial das Massas da


Tabela 16-14
Adrenal
o diagl1óstico diferencial deve incluir hemorragia adrenal , NeuroblastOma
associada ou não a RVT, e cistos adrenais (Fig. 16-67). A cal- HemolTagia de adrenal
cificação bilateral não é comum e pode sugerir síndrome de Carcinoma de adrenal
Wolman (Fig. 16-68). Cistos pequenos, sem complicação e iso- CistO de adrenal
lados podem ser observados no nivel da adrenal (Fig. 16-67). Cisto de adrenal com síndrome de B-\'V
Geralmente, seu tamanho é pequeno e podem desaparecer RMD de duplicação renal
espontaneamente. Cistos grandes se desenvolvem em associa- Cisto hepático ou esplênico
ção de síndrome de Beckwith-vViedmann. Estes cistos podem Cisto de colédoco
sangrar, e a sua aparência pode ficar mais complexa. Causas Sequestro infradiafragmático
extra-adrenais , como o sequestro pulmonar subdiafragmáti- Malfonnação pulmonar brônquica peridiafragmática
co. também devem ser incluídas no diagl1óstico diferencial
(Tabela 16_14)171-185. B-W Bcckwith-Wiedmann: RMD. rim multicístico dis plásico.
672 TRATO GENITURINÁRIO FETAL

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17
A VALIAÇÃO ULTRASSON OGRÁFICA DE HIDROPISIA F ETAL
Kenneth J. Moise, Jr. , MO

Definição de Hidropisia Transfusão Intrauteri na


Complicações Maternas da Hidropisia Fetal M étodos

Hidropisia Imune A Paciente com Hidropisia Imune Fetal Recorrente

Fisiopatologia Prognóstico
Importância da Detecção da Hidropisia Imunolog icamente Mediada Hidropisia Não Imune
Ava liação da Gravidez Sensibilizada Incidência
Medida de Anticorpo Materno Etiologia
Prova de Antígeno Fetal Fisiopatologia
Diagnóstico de Anemia Fetal Avaliação
AlIIlliocelltese Tratamento
Doppler de Artéria Cerebral M édia Prognóstico
Escolha de Método de Vigilâ ncia Conclusão
Conduta Global

DEFINiÇÃO DE HIDROPISIA ou tras causas). Claramen te o advento da disseminação do


uso da imunoglobu lina R hesus para a prevenção da aloi-
H idropisia fetal é geralmente defmida como a presença de
líquido extracelular em pelo menos dois compartimentos
corporais fetais. A coleção de líquido inclui edema de couro
munização R hD tem res ultado em uma mudança em favor
da variedade não imune. Em 1970, McAfee et al 2 relata-
cabeludo e parede corporal, derrame pelicárdico e pleural e ram que 82% dos casos de hidropisia fetal eram mediados
ascite (Figs. 17-1 a 17-8). Essa definição é mais que acadêmica. imunologicamente, enquanto em uma séria recente, 95% dos
Como será discutido a seguir, cm gcral, o prognóstico para casos de h idropisia foram classificados como não imunes3 .
hidropisia fetal é ruim. Portamo, esse termo só deve ser
usado quando os critérios acima são satisfeitos. Ascite pode
resultar de várias condições, muitas das quais não devem
ser categOlizadas como hidropisia. Por exemplo, as cite pode
resultar de uma obstrução unilateral de junção pielo-ureteral
de grau elevado em que ocorre ruptura forniceal para dentro
do retroperitônio e depois para O espaço peritoneal. Ainda
que o rim possa não funcionar bem, o prognóstico do feto
é geralmente muito bom. O mesmo é verdade para uma
quantidade pequena de ascite resultando de uma perfuração
do intestino delgado, o que pode cicatrizar in utero. Portanto,
hidropisia fetal não deve ser usada para descrever essas
condições. Deve ser notado, porém, que nessas condições
fetais em que a hidropisia é uma evolução conhecida da doença
progTessiva, um único acúmulo de líquido em uma cavidade
corporal pode ser o suficiente para se evitar referir à condição
como hidropisia precoce. Alto débito cardíaco em virtude de
anonnalidades vasculares, tais como teratoma sacrococcígeo
fetal e corioangioma, são exemplos dessa situação . Alguns
autores incluem poli-hidrânmio decorrente do aumento do
débito urinário, assim como placentomegalia como um clitélio
adicional para o diagnóstico de hidropisia fetal! .
Classicamente a doença e dividida em duas entidades
principais, com base na etiologia: imune (relacionada à ane- FIGURA 17-1. Edema de couro cabeludo (entre as setas) com 32
mia fetal secundária à aloinmnização materna a antígenos semanas de gestação. Etiologia: idiopática. (Cortesia de Anthony
de hemácias) e não imune (relacionado a uma variedade de Swartz, BS, RT IR}, RDMS.)

676
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 677

FIGURA 17- 2 . Corte transversal da cavidade torácica fetal com 19


semanas de gestação. Observe derrame pericárdico (seta). Também
observe a cardiomegalia. Etiologia: aloimunização por RhD materno e
resultante doença hemolítica do feto /recém-nascido.

FIGURA 17- 4 . Derrame pleural predominantemente no lado


esquerdo (seta grande) na semana de gestação. Coração fetal
(asterisco) deslocado para o lado direito do tórax. Grande sequestro
pulmonar no lado esquerdo é percebido (seta pequena). Note também
poli-Ilidrâmnio expressivo. Etiologia: massa intratorácica com desvio
do mediastino. (Cortesia de Sharon Pinette, RDMS.)

FIGURA 17- 3 . Derrame pleural bilateral (setas) com 32 semanas


de gestação. HT, coração fetal na linha média. Etiologia: idiopática.
(Cortesia de Anthonv Swartz, as, RT (R/, RDMS.)

COMPLICAÇÕES MATERNAS DA
HIDROPISIA FETAL FIGURA 17- 5 . Corte transversal do abdome fetal com 32
semanas de gestação. Note ascite (setas) Etiologia: infecção por
Hidropisia fetal está frequentemente associada a poli-hidrâm- citomegalovirus.
nio, levando a complicações maternas como a síndrome de
hipotensão postural, parto prematuro e ruptura prematura
de membranas. Se hidropisia placenráTia é significante, mais devido a diversas etiologias. Nessa síndrome são observadas:
uma complicação potencialmente fatal chamada de síndrome edema materno, rápido ganho de peso, proteinúria leve e
de Ballantyne (também conhecida como síndrome do espe- hipertensão, Embora esta condição companiU1e muitas das
lho, edema triplo e pseudotoxernia) foi descrita I. A síndrome mesmas características clínicas da pré-eclâmpsia, o volume
do espellio é chamada assim porque a mãe espellia o estado intravascular materno parece estar expandido ao contrário
hidrópico do feto. Ainda que pl;meiramente descrita em da hemoconcentração típica encontrada na pré-eclâmpsia,
associação de hidropisia imune, muitos casos subsequentes Hematócrito e albumina materna estão baixos com !1Únima
descritos são secundários à lúdropisia fetal não imune (H FNI) ou nenhuma perda urinária de proteína. Apesar de se desco-
678 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

FIGURA 17-8. Vista longitudinal do tórax e abdome com 19


semanas de gestação (cabeça à esquerda na imagem) . Note ascite
precoce (setas). Etiologia : aloimunização RhD materna e resultante
doença hemolítica do feto /recé m-nasci do.

FIGURA 17-6. Corte transversal do abdome fetal na semana


de gestação. Note ascite Iseta). Etiologia: trissomia do 22. ICortesia
de Sharon Pinette, RDMS.)
HIDROPISIA IMUNE
Fisiopatologia
A formação de anticorpos maternos (aloimunização de hemá-
cias) para mais de 40 antígenos diferentes de hemácias tem
sido associado à anemia fetal grave (Tabela 17-1). O antígeno
RhD (Rho[DJ) é considerado o antígeno mais imunogênico
encontrado na superfície da hemácia 6 . Em 1941, Levine,
Katzin e Burham7 demonstraram que anticorpos para antíge-
nos RhD em mulheres grávidas causaram hemólise e anemia
em suas proles. Ainda que essa condição fosse originalmente
chamada de eritroblastose fetal secundária ao achado de um
número grande de hemácias imaturas na circulação neo-
natal, hoje é conhecida como doença hemolítica perinatal
(DHPN) .
células fetais RhD-positivas entram na circulação
materna como um resultado de eventos relacionados à ges-
tação, tais como aborto ou parto, anticorpos anti-D podem
ser formados (Fig. 17-9). A administração de imunoglobulina
RhD nesses casos é efetiva em prevenir a formação de anticor-
pos anti-D em mais de 99% dos casos. No entanto, em casos
raros , por causa da omissão inadvertida da administração de
imunoglobulina ou dosagem inapropriada, a paciente pode
ser sensibilizada ao antígeno RhD. Ainda que o feto que causa
FIGURA 17-7. Corte longitudinal do abdome fetal (cabeça fetal à essa aloimunização geralmente não seja afetado, a passagem
esquerda) com 1 9 semanas de gestação - mesmo feto ilustrado na transplacentária de anticorpos anti-D maternos em uma gravi-
Figura 17-6. Note ascite Iseta) . Etiologia trissomia do 22. (Cortesia dez subsequente permite sua ligação às hemácias fetais RhD-
de Sharon Pinette, RDMS.)
positivas, resultando no sequestro das hemácias pelo baço
fetal. Sem tratamento, essa condição pode levar a anemia pro-
gressiva, excessiva coleção líquida nos espaços extra celulares
(hidropisia fetal), e fmalmente morte fetal. Em casos brandos,
neonatos podem nascer com um grau leve de anemia, mas a
progressiva destruição de hemácias resulta em hiperbilirrubi-
nemia. Bilirrubina não conjugada tem o potencial de entrar no
nhecer a fisiopatologia, acredita-se que a hiperplacentose seja compartimento cerebral e produzir kemiderus.
a de causa ccntral. Reversão dos sintomas maternos tem sido Sítios hematopoiéticos extramedulares são incorporados
relatada com a resolução da hidropisia fetal após tratamento no fígado e baço, resultando em aumento desses órgãos.
intrauterin05 . Em outras situações, a condição materna piora Hidropisia fetal não ocorre até que a hemoglobina fetal tenha
após correção do estado de hidropisia fetal devido à perma- caído abaixo de seis desvios-padrão da média para a idade
nência de placentomegalia. Nesses casos, o parto é curativo. gestacional8 . Em geral, um derranle pericárdico pequeno
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 679

I Tabela 17- 1 I Anticorpos de Células Vermelhas e Associação de Doença Hemolítica do Feto e Recém-nascidos
Sistema _Fy3 -Jk3
Antígeno Antígeno Específico Sistema Antígeno Sistema Antígeno Sistema Antígeno Antígeno Específico

Frequentemente associado a doença grave

Rhesus -D
-c
Kell -K (Kl )

Não frequentemente associados a doença grave

Colton -Co' MNS -Mt" Rhesus -HOFM


-Co3 -MUT -LOCR
Diego -ELO -Mur -Riv
-Di' -Nr' -Rh29
-Di b -s -Rh32
-Wr' _SD -Rh42
_Wr b -S -Rh46
DufIy -Fi -u -STE M
Kell js' -Vw -Tar
jsb Rhesus -Be' Outros Ags -HJK
-k (K2 ) -C jFV
-Kp' -Ce jONES
_Kpb _c w
-Kg
-Kll _cx -MAM
-K22 -ce -REIT
-Ku -D" -Rd
-UI' -E
Kidd jk' _E"
lvlNS -En' -Evans
-Far -e
-Hil -G
-Hut -Co'
-M -Hr
-Mia -Hro
-Mit jAL
Associados a doença leve

Dombrock -Do' Cerbich Scialma -Sc2


-Gy' Outros -Vel
-Hy -Lan
jo' -At'
DufIy _Fyb Kidd j r'

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representa o primeiro compartimento extracelular a exibir Sobrecarga de ferro devido à hemólise pode contribuir para
acúmulo excessivo de líquido. Este é seguido pelo apareci- formação de radicais livres e disfunção endotelial na DHPN lO .
mento de ascite e derrame pleural; edema de couro cabeludo De Groot et al ll também notaram uma diminuição nos níveis
é uma manifestação tardia. O feto do início do segundo circulantes do cGMP em fetos com hidropisia imune quando
trimestre pode estar gravemente anêmico sem demonstrar comparados a fetos não hidrópicos, apenas com anemia. Eles
hidropisia aberta; é raro o feto anêmico do terceiro trimestre propuseram que esse achado estava relacionado com lesão
sem hidropisia poder ser facilmente visível pela ultrassono- de células endoteliais nos fetos hidrópicos. Entretanto, um
grafia. Isso pode estar relacionado à redução significativa de estudo de 225 fetos com DHPN notou que a concentração
fluxo linfático fetal normal que ocorre com o avanço da idade de alburnina sérica estava dentro da faixa de nonnalidade
gestacional 9 . em 71 Ofo dos casos de hidropisia J2 . Os autores concluíram que
O exato mecanismo da hidropisia fetal secundária à anemia a hipoalbuminemia é uma causa improvável de hidropisia
fetal não foi bem-elucidado. Mecanismos primários propostos fetal em casos imunologicamente mediados. Moise et al l 3
incluem hipoproteinemia, falência miocárdica e obstrução lin- estudaram a pressão de veia umbilical como uma substituta
fática. Uma das hipóteses para a hipoproteinemia seria devido para pressão venosa central (PVC) em casos de hidropisia
à disfunção hepática com diminuição de produção de proteí- fetal relacionada à aloimunização de hemácias maternas. Eles
nas sé ricas ou devido ao extravasamento de proteínas para o também avaliaram pressão osmótica coloide (p0C) na hora
compartimento intravascular secundário à lesão do endotélio. da cordocentese antes da transfusão intrauterina (TIU) Essas
680 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

FIGURA 17-9. A. Gravidez inicial onde a mã e é Rh negativo


e está gestando um feto Rh positivo. B. Na hora do parto,
as hemácias Rh positivas entram na circula ção materna e
iniciam uma resposta de anticorpo . C. Em uma gravidez
subsequente, anticorpos entram na circulação fetal , se ligando
às hemácias resultando em sequestro e destruição dessas
células . (Ilustração por James A . Cooper, MD, San Diego,
CA.)

Primeira
geslação

Primeira
gestação

Segunda
gestação

c
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 681

nal do feto é desnecessária. Em outros casos , teste de fenótipo


duas importantes forças de Starling que contribuiriam para o
paterno utilizando sorologia revelará o estado heterozigoto.
movimento do líquido do compartimento intravascular para o
Com o advento da clonagem de vários dos genes responsá-
espaço extravascular foram avaliadas. Ainda que o gradiente
veis pelo antígeno do grupo sanguíneo associado à DHPN, a
PVC-POC estivesse diminuído em fetos hidrópicos, uma
arnniocentese pode ser realizada para obtenção do D A fetal.
pressão venosa alta foi a alteração predominante. Isso levou os
Iniciadores da reação em cadeia da polimerase (PCR) podem
autores a especularem que uma pressão venosa alta era secun-
ser utilizados para determinar o tipo sanguíneo do feto. Esse
dária a uma falência cardíaca de alto débito no feto anêmico.
método está agora disponível para os antígenos D, C/c, Ele
Tal aumento na pressão venosa causaria um bloqueio linfático
e Kell (KI)/cellano (K2), IJK, Fy/Fy, M /N, S/s. Tipicamente,
na confluência dos sistemas ductais linfáticos direito e esquer-
um laboratório de referência requisitará uma amostra de
do e as correspondentes veias braquiocefálicas. Estudos com
sangue materno como um controle negativo e uma paterna
animais indicaram que para cada aumento de 1 null em pres-
como controle positivo. Se o feto é negativo para o antígeno
são venosa, existe uma redução de 17% no fluxo linfático 14 .
de hemácias envolvido, então testes adicionais são desneces-
Essa teoria é apoiada pela observação clínica de que o sangue
sários. Se o feto se encontra positivo, uma avaliação seriada é
transfudido para a cavidade peritoneal do feto hidrópico não é
necessária (ver adiante). Resultados do teste de PCR no líqui-
rapidamente absorvido l5 .
do amniótico que indicam um feto antígeno negativo devem
ser vistos com algum grau de suspeita quando a paternidade
Importância da Detecção da Hidropisia não é assumida ou quando o da paciente não está
Imunologicamente Mediada disponível para realizar o teste. Em casos raros, um rearranjo
de gene paterno pode levar a uma correlação incorreta entre
o feto com hidropisia secundária à aloimunização materna de sorologia fetal (fenótipo) e resultado de PCR (fenótipo) de
hemácias representa um verdadeiro desafio na conduta peri- líquido amniótico. Em uma revisão de 500 casos de tipagem
natal. Com frequência essa situação resulta do início tardio de líquido anmiótico para antígeno RhD fetal, essa taxa de
dos cuidados pré-natais ; menos comumente, é secundário ao erro foi relatada de 1,3%18 . Dois fetos morreram, um neo-
encaminhamento tardio para serviços de referência experien- nato necessitou de transfusão e outro neonato necessitou
tes no diagnóstico precoce de anemia fetal. O feto hidrópico de fototerapia em com uma única transfusão, e o
representa estágio fmal da DHPN e está associado a pior neonato que restou fo i perdido no acompanhamento. Vários
prognóstico do que se a hidropisia estivesse ausente. Em uma laboratórios têm utilizado o PCR multiPlex em uma tentativa
série de 213 fetos submetidos a 599 TIU, a ausência de hidro- de reduzir essa possibilidade de erro_ Outra estratégia que
pisia ou a presença de apenas hidropisia leve foi associada a foi sugerida quando o feto é determinado antígeno negativo
98% de taxa de sobrevida perinatal 16 . Hidropisia grave foi por PCR e a paternidade é questionável, é repetir os títulos
associada a 55% de taxa de sobrevida. Claramente, o objetivo maternos em 6 semanas . Títulos maternos crescentes (um
do cuidado otimizado da DHPN deve ser detecção precoce de aumento maior que duas diluições) deveriam tornar a tipa-
anemia fetal antes do advento da hidropisia. gem fetal peR suspeita. A cordocentese para aquisição direta
de sangue fetal para tipagem sorológica deve ser considerada
nesses casos.
Avaliação da Gravidez Sensibilizada Claramente, uma técnica não invasiva para determinar o
Medida de Anticorpo Materno estado da hemácia fetal anularia o risco de aborto e aumen-
taria a sensibilização materna associada à anmiocentese. Lo
O feto normal fica sob risco de anemia quando n-iagem do et al l9 foram os primeiros a descrever o uso de DNA fetal
anticorpo matemo (Coombs indireto) é determinada como livre encontrado no plasma materno para tipagem de RhD
positiva para anticorpos de hemácias, pois esta titulação posi- fetal. Várias grandes séries confirmaram a exatidão deste
tiva tem sido associada a DHPN. A titulação de Coombs métod0 20 .2 1. Tipagem de RhD em DNA livre é rotineiramente
indireto materno é usada para avaliaI' o gl'au de risco para empregada na prática clínica no Reino Unido e na Europa.
desenvolvimento de uma doença fetal. Determinações de Infelizmente, esse teste não está dispOIúvel para uso clínico
anticorpos maternos são geralmente repetidas sem intervalos nos Estados Unidos. Teste de D A livre só pode ser usado
de 4 semanas no primeiro e segundo trimestres e a cada duas atualmente para tipagem de RhD fetal. Ensaios para ti pagem
semanas no terceiro trimestre. Um valor crítico é considera- de Kell e RllC estão sendo desenvolvidos.
do o lúvel limiar de anticorpo associado a hidropisia fetal.
A maioria dos centros utiliza um valor titulado entre 8 e 32
(diluição 1:8 e 1 :32) tanto para o anticorpo anti-D e outros
Diagnóstico de Anemia Fetal
anticorpos que causam a DHPN como sua definição para Qyando o feto apresenta antígeno positivo em associação de
valor crítico. A única exceção notável para isso é o anticorpo títulos maternos críticos, existem duas abordagens usadas
anti-K (Kell, Kl ). Este anticorpo em particular causa anemia para predizer anemia fetal. A abordagem mais tradicional é o
fetal por dois mecanismos: sequestro de hemácias fetais no emprego de arnniocenteses seriadas para medir a bilirrubina
baço e supressão da medula óssea I? Por esse motivo, um valor no líquido anmiótico pelo ensaio de ÓOD 450 . Essa abordagem
crítico de 8 (diluição de 1 :8) é usado para anticorpo de Kell. foi quase substituída pelo uso de avaliações seriadas utilizando
Uma vez que a paciente tem títulos críticos de anticorpo, a Doppler (discutido a seguir).
triagem fetal é indicada.
Amniocentese
Prova de Antígeno Fetal
Bilirrubina do líquido anuuótico tem sido usada por mais de
Avaliação paterna é a próxima conduta. Se o conJuge da quatro décadas como uma medida indireta do grau de hemó-
paciente é negativo para o antígeno específico de hemácias lise fetal. Destruição de hemácias imuno-mediadas resulta
envolvido e a paternidade é assumida, então avaliação adicio- na liberação de hemoglobina livre para a circulação fetal.
682 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

0,20 FIGURA 17- 10. Curva de Oueenan para ÃOD 450 entre a
Risco de morte intrauterina 14.! e 40! semana de gestação.
0,18 0,18
0,16 0,16
RH positivo
(afetado)
0,14 0,14

0,12 0,12
E 0,10
c Indeterminado 0,10
:i!
Õ 0,08 0,08
O
<l
0,06 0,06
RH negativo
0,04 (não afetado) 0,04

0,02 0,02

0,00
14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Semanas de gestação

Isso é metabolizado em bilirrubina, que vai para a cavidade conceito é fundamentado em dados animais indicando que a
amniótica predominantemente pela eliminação de líquido velocidade de vasos sanguíneos fetais se eleva como resposta
traqueal. O líquido é analisado por espectrofotometria e uma a um aumento do débito cardíaco e diminui a viscosidade
medida-padrão é calculada entre 360 e 550 nrn. O pico da quando o feto se torna anêmico. Relatos iniciais utilizando
densidade óptica a 450 nrn é subtraído dessa medida-padrão vasos fetais como a veia umbilical, aorta descendente e artéria
para calcular o óOD45o • Esse valor é colocado em uma curva carótida comum foram decepcionantes na predição do hema-
normativa para gestações com mais de 27 semanas contendo tócrito fetal.
três zonas conhecidas como curva de LileY12. Valores na Mari el al. 26 têm o crédito da primeira descrição utilizando
zona um são indicativos mínimos de doença hemolítica fetal, pico de velocidade sistólica na artéria cerebral média para
enquanto valores na zona 3 indicam doença grave que, sem detectar anemia fetal . Pelo fato de o pico de velocidade nesse
intervenção, possui potencial de morte fetal. A confiança foi vaso aumentar com a progressão da idade gestacional, o valor
perdida nesse método quando Nicolaides et al 23 relataram em centímetros/segundo deve ser convertido em múltiplos
que a curva de Liley "modificada" extrapolada para gestações da mediana (MdMs; Fig. l7-U e Tabela 17-2). Os autores
com menos de 27 semanas deixou passar despercebidos 70% estabeleceram um organograma para lu:moglobina fltal de 265
de fetos anêmicos entre a 18a e a 25 a semanas de gestação. fetos normais que tinham sido submetidos à cordocentese
Qyeenan et al 24 subsequentemente publicaram valores nor- para uma variedade de indicações diagnósticas. Anemia leve
mais de óOD45o entre 14 e 40 semanas de gestação com base foi defmida como 0,84 a 0,65 MdM para idade gestacional,
em 520 gestações não afetadas (Fig. 17-10). Um estudo recente anemia moderada foi 0,65 a 0,55 MdM e anemia grave menor
comparou a curva de Liley com a de Qyeenan e notou que a que 0,55 MdM. Cento e onze fetos com risco cujas mães
segunda estava associada à melhora da precisão para a detec- foram alo imunizadas predominantemente para RhD foram
ção de anemia fetal grave25 . então avaliados prospectivamente. Uma velocidade de artéria
A amniocentese pode ser iniciada tão cedo quanto 18 cerebral média (ACM) maior que 1,5 MdM detectou todos
semanas de gestação utilizando a curva de Qyeenan. Proce- os casos de anemia moderada e grave com uma taxa de 10%
dimentos são repetidos com 1 a 2 semanas de intervalo com de falso-positivo. Em um estudo prospectivo realizado em 10
base no valor inicial do óOD 45o e tendências subsequentes. centros, Oepkes et al 25 acompanharam 165 fetos com Doppler
Todas as tentativas devem ser feitas para evitar punção de ACM e amniocentese para óOD 45o • O Doppler de ACM
transplacentária, evitar uma resposta anarnnéstica e acabar foi determinado como mais acurado que amniocentese na
por piorar a doença hemolítica fetal. A amniocentese deve detecção de anemia fetal grave (sensibilidade: 88%, especifi-
ser continuada até que a maturação pulmonar fetal seja docu- cidade: 82%) .
mentada, momento em que a indução do parto parece ser D eterminações de velocidade de ACM fetal podem ser
uma conduta mais adequada que amniocenteses contínuas. iniciadas tão cedo quanto 18 semanas de gestação se o feto
Cordocentese deve ser empreendida com sangue preparado correr risco de desenvolver anemia. Estudos de Doppler
para nu quando o valor de óOD 45o atinge a porção superior são repetidos a cada 1 a 2 semanas com base na tendência
da ZIY/Ul qjétada com Rh-positivo. e nos dados. A taxa de falsos-positivos para a predição de
anemia fetal aumenta após 35 semanas de gestação 27. Fluxo
colorido ou power Doppler é utilizado para localizar a ACM
Doppler de Artéria Cerebral Média
sobre a asa anterior do osso esfenoide (Figs. 17-12 e 17-13).
O pico de velocidade sistólica do sangue se movendo por Todas as tentativas são realizadas para colocar o caliper do
vários vasos fetais tem sido investigado como um método de Doppler na porção proximal da ACM distaI à sua origem na
determinar quando o feto está desenvolvendo anemia. Este carótida. O ângulo de insonação é mantido o mais próximo
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 683

80 FIGURA 17-11. Organograma para anemia


Zona A - anemia leve leve (1,29 MdMs) e moderada a grave (1,5
Zona B - anemia moderada a leve 1,5 MdM MdMs). Valores de zona A, anemia leve; valores
de zona B, anemia moderada a grave MdM ,
múltiplo da mediana.

1,299 MdM

<{

'"
'O

50 f--- - - - - - - - - -- -=-"""-------"...-<"-- - - - - - - - - - O M7 e----:diana


'O
'13
o
Q;

'O

8
o::

20r--------------------------------------------

20 25 30 35
Idade gestacional (semanas)

Pico de Velocidade de Fluxo Sanguíneo Sistólico Esperado na Artéria Cerebral Média como uma Função
Tabela 17- 2
da Idade Gestacional
Múltiplos da Mediana

1,00 (Média) 1,29 1,50 1,55

Semana de Gesta ção Pico de Velo cidade em cm/s

18 23,2 29,9 34,8 36,0


20 25,5 32,8 38,2 39,5
22 27,9 36,0 41 ,9 43,3
24 30,7 39,5 46,0 47,5
26 33,6 43,3 50,4 52,1
28 36,9 47,6 55,4 57,2
30 40,5 52,2 60,7 62,8
32 44,4 57,3 66,6 68,9
34 48,7 62,9 73,1 75,6
36 53,5 69,0 80,2 82,9
38 58,7 75,7 88,0 91,0
40 64,4 83,0 96,6 99,8

De Mari G, Deter RL, Carpenter RL, et al o Noninvasive diagnosis by Doppler ultrasonography of fetal anemia due to matem al re-cell alIoinununization. N Engl J Mcd
342 :9, 2000.

possível de zero (i. e., o feixe do Doppler fica alinhado "end- Escolha de Método de Vigilância
on" com o vaso); a correção de ângulo utilizando programa
computadorizado não é utilizada. A ACM mais próxima Um crescente gmpo de evidências apoia o uso seriado de
ao transdutor ultrassonográfico é geralmente utilizada por Doppler da ACM em vez da ammocentese para a detecção de
ser mais fácil de ser visualizada. Entretanto, a ACM no anemia em fetos de alto risco. Experimentos prévios têm indi-
campo distai tem mostrado resultados equivalentes quando cado que uma curva significativa de aprendizagem existe para
o ângu lo de insonação é rnínim0 28 . Medições de Doppler a mensmação correta do Doppler na Por esse motivo,
devem ser realizadas durante um período de apneia fetal e centros de referência devem considerar realizar rastreamento
ausência de movimento fetal . Uma medição manual do pico de Doppler de ACM em conjunto com ammocentese para
de velocidade é realizada em tempo real baseada em progra- 60D 45 o até que a excelência seja atingida. Além disso, a exis-
ma computadorizado de avaliação de velocidade. Um valor tência de centros de referência perinatais distantes com expe-
maior que 1,5 MdMs é indicativo de anemia fetal e requer riência com Doppler para avaliação semanal podem se tornar
investigação subsequente com cordocentese para determinar pouco práticos. Nesses casos, arnniocentese semanal pode ser
hematócrito fetal. uma ferramenta válida para seguir essas gestações 6 .
684 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

FIGURA 17- 13. Avaliação da artéria cerebral média na


semana de gestação. Imagem superior ilustra localização do vaso
da ACM proximal por power Doppler. Note a localização do volume
de amostra. Pico de velocidade sistólica máxima na imagem inferior
FIGURA 17- 12. Artéria cerebral anterior e média (seta) usando foi medido em 52,42 cm/s; 1,87 MdM para essa idade gestacional.
fluxo de Doppler colorido para localização. (Cortesia de Anthony (Cortesia de Anthony Swartz, BS, RT !RI, RDMS.)
Swartz, BS, RT !RI, RDMS.)

Conduta Global zona Rh positivo (rifélado), considerar adm.inistrar 7 dias de


fenobarbital materno (3 0 mg VO DVD) para melhorar
Gestação sensibilizada pela primeira vez .ou com histórico. de maturidade hepática fetal 30 . Induzir parto em 1 semana. Se
uma afecção neonatal mínima (uma gravidez que era mOl1lto- imaturidade pulmonar é percebida e os valores de
rada com títulos seriados, ACMs ou amniocenteses e o feto não estão na porção superior da zona Rh positivo (rifétado),
e neonato não necessitaram de transfusão) deve seguir os repetir a amniocentese em 2 semanas.
seguintes passos (Fig. 17-14): Se usando valor de seriado e este permanecer
abaixo da zona Rh jJosilivo (rifétado). realizar a última
Acompanhar titulações maternas a cada 4 semanas até 24 anulÍocentese com 37a sema.nas. Se maturidade e o valor
semanas de gestação: repetir a cada duas semanas após de óOD HO não estiverem na zona Rh positivo (rifélado),
esse período. induzir parto em 1 a 2 semanas. Se os pulmões estiverem
Uma vez que um valor crítico tenha sido atingido (geral- imaturos e o valor de estiver na porção superior
mente 32; 8 para anti-Kell), rastreamento senado com da zona Ril positivo (rifétado), considerar adnlÍnistrar 7 dias
Doppler de ACM tão cedo quanto 18 semanas de gesta- de fenobarbital materno (30 mg VO DVD) para melhorar
ção. Alternativamente, iniciar anmiocentese a cada 10 dias maturidade hepática fetal 30 Induzir parto em 1 semana.
a 2 semanas para valores de usando a curva de Fetos ou neOl/atos jJTí'Viamente rifétados (fétos que necessitaram de
. . 1'JUs 011 neollalos que necessitaram de tranfi/.5ão sanguínea) (Fig.
Em caso de um fenótipo paterno heteroZigoto, realizar 17-15) :
amuiocentese com 24 semanas de gestação para determi- Titulações maternas não são úteis para predizer o apareci-
nar o status do antígeno fetal. Mandar amostras de sangue mento de anemia fetal após a primeira gravidez afetada.
materno e paterno com o líquido amnióuco. Se um feto Em casos de fenótipo paterno heterozigoto, realizar anmio-
antícreno
1:>
neO'ativo
1:>
é encontrado. nenhum outro exame é centese na 15ª semana de gestação para deternlÍnar o stalllS
necessário. do RhD feta.l. Se for encontrado um feto RhD-negativo.
Iniciar exame pré-natal com 32ª semanas de gestação, com testes subsequentes são necessários.
perfil biofísico fetal duas vezes por semana. Iniciar avaliação seriada de ACM com Doppler ou anmio-
Se o Doppler da ACM é maior que 1,5 MdMs ou o centese para (curva de Qyeenan) na 18ª semana
entra na porção superior da zona Ril fJositivo ([!Ié- de gestação . Repetir com intervalos de 1 a 2 semanas.
tado), da curva de Qyeenan, realizar cordocentese com Restante do protocolo é similar ao da primeira gestação
sangue preparado para TIU com um hematócrito fetal de afetada.
menos de 30%.
Se velocidades repetidas de ACM permanecem menores
que 1,5 MdMs, considerar induzir parto com ou 38ª Transfusão Intrauterina
semanas de crestação. Se a velocidade da ACM for maIOr
Métodos
que 1,5 MdMs além da 35ª semana de gestação, realizar
amniocentcsc para ÓOD150 c maturação pulmonar fetal. A maioria das TIUs é realizada por punção direta por agu-
Se maturação e valor de não se encontram na lha, !!'l.Iiada por ultrassonografia, do cordão umbilical na sua
porção superior da zona Rh fJosilivo (c!létado), induzir parto na placenta, ou por punção da porção intra-hepática
em 2 semanas. Se os pulmões fetais estiverem imaturos da veia umbilical. Após uma amostra inicial de sangue fetal
e os valores de ÓOD150 estiverem na porção superior da ser obtida para determinação do hematócrito, uma dose
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 685

Primeira gravidez afetada ou história de I ' Gravidez que foi previamente


I neonato minimamente afetado monitorada com titulações seriadas,
ACMs ou amniocenteses
t para t.OD450 sem necessidade de

, ,
transfusões intrauterinas ou neonatais
I Identificar anticorpo (Tabela 17-1)

rCausa conhecida de DHPN I Icausa não conhecida de HDFN I


I Titulação I
< 32
1
Titulação 32 (titulação

t
Repetir titulação a cada mês
- crítica exceto para Kell ,
cuja titulação crítica
é 1:8)
até 24 semanas de gestação; a
partir daí repetir titulação a cada
2 semanas
t
Exame do antlgeno e
I genótipo paterno
Fazer Doppler seriado
de ação fetal 3x por Fenótipo Antígeno negativo,
semana começando com Homozigoto paternidade - assumida
Fenótipo
24 semanas
Heterozigoto
Minima inclinação Inclinação abrupta
t I Parto a termo J
t t
I Repetir ACMs a cada
2 semanas
IRepetir ACM a
semana
Feto
..... antígeno
- positivo
Oferece amniocentese com
semanas, para determinar se
o feto é antlgeno-positivo
I
Feto antígeno - negativo,
paternidade assumida

I Pico de velocidade na
I

,
ACM > 1,5 MdMs Feto antígeno - negativo; paternidade

Sim Não
desconhecida tU
não assumida

+ I Repetir titulação I
Alteração
na
I Cordocentese para I Começar PBF 2x1semai
em 8-10 semanasl titulação
determinar HTc fetal na com 32 semanas
--. < 4 vezes

t Alteração na titulação
4 vezes (i.e. de 32
Transfusão intrau- aumenta para 128)
terina se HTc fetal
< 30% r 35 semanas
de IGE
I
ACM < 1,5 MdMs ACM 1,5 MdMs

f t
I Continuar ACMs
semanalmente I I Amnioc para t.OD 450 e I I
maturidade pulmonar fetal

Maduro; t.OD 450 não está na Imaduro: t.OD450 não está na


zona afetada, superior de Rh+ zona afetada, superior de Rh+

Induzir parto em
2 semanas (37-38
semanas IGE)
,
Imaduro; t.OD450 não está na
zona afetada, superior de Rh+

Administrar fenobarbital materno


I
Repetir amnioc
em 14 dias

(30 mg VO DVD); induzir


em 7 dias

FIGURA 17- 14. Algoritmo para conduta da primeira gravidez afetada de uma paciente aloimunizada . Esse algoritmo também pode ser usado
em pac ientes com gravidez previamente aloimunizada com neonato minimamente afetado, isto é, a gravidez foi acompanhada com titulações
seriadas de anticorpo materno ou amniocentese seriada para t.OD 450 ou Doppler de artéria cerebral média. O feto e o neonato não devem ter
necessitado de terapia de transfusão .
686 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL
--

Gravidez prévia envolveu


necessidade de
transfusões intrauterinas
ou neonatais

Fenótipo
- Exame do antigeno e
genótipo paterno

Antigeno negativo,
Homozigoto paternindade assumida
Fenótipo
Heterozigoto

Fazer Ooppler's seriados


Oferecer amniocentese com 15
da ACM fetal 3x1sema-
na começando com as
semanas
Feto antigeno-
positivo
semanas , para determinar se o
feto é antigeno-positivo
I Parto a termo
I
Minima inclinação Inclinação abrupta I' Feto antigeno-negativo,
paternlaaae assumlaa
+
Repetir ACMs a
+
Repetir ACMs
Feto antigeno-negativo ; paternidade
desconhecida ou não assumida
cada 2 semanas a cada semana
t
I I
I Repetir titulação I J Alteração na titu-J
l lação < 4 vezes
I Pico de velocidade da I em 8-10 semanas]

ACM > 1,5 MdMs


t
Sim Não Alteração na titulação
4 vezes (i.e. , de

+ t 32 aumenta para 128)

Cordocentese para I Começar

I determinar HTc fetal


PBF's2x1
semana com

t 32 semanas

Transfusão t
,
intrauterina de ;$0 semanas
HTc fetal < 30% IGE

ACM 1,5 MdM's


I ACM 1,5 MdMs

Continuar ACMs I I
I
Amnioc para ll00450 e
semanalmente
I maturidade pulmonar fetal

Maduro; /l.0045O não está na 1 Imaturo, ll00450 não está na


zona afetada, superior, de Rh" 1 zona afetada , superior, de Rhl

Imaturo; ll00450 está na zona

.... Induzir parto em


2 semanas (37-38
semanas de IGE)
afetada , superior, de Rh"

t
Repetir fenobar -
bital em 14 dias

Administrar fenobarbital materno


(30 mg VO OVO); induzir
em 7 dias

FIGURA 17-15. Algoritmo para o manejo de uma gravidez previamente aloimunizada quando o feto / neonato anterior requereu transfusões
intrauterina e/ ou neonatal.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 687

ser dado para melhorar a habilidade neonatal de conjugar a


bilirrubina e tem evitado a necessidade de transfusão sanguí·
nea ao nascer30
A transfusão do feto hidrópico requer várias conside·
rações especiais. geralmente aceito que hidropisias fetais
estão associadas a fraca absorção de hemácias da cavidade
peritoneal l5 Harman et al 34 compararam a experiência em
um centro de referência com técnicas de TIVe TIP para o
tratamento de hidropisia fetal usando históricos de controle.
A sobrevida do feto hidrópico foi melhorando de 48% com
T I P para 86% com TIV. Portanto deve parecer que a TIV
é a modalidade técnica primordial para a conduta no feto
anêmico hidrópico. O feto gravemente anêmico no iIúcio do
seg'undo trinlestre não tolera a correção aguda desse hemató·
crito para valores normais35 . Nessas situações, o hematócrito
iIúcial não deve ser aumentado em mais que quatro vezes na
época do prinleiro procediment036 . Uma transfusão intravas-
cular repetida é então realizada em 48 horas para corrigir o
hematócrito fetal para uma taxa normal.

FIGURA 17-16. Concentrado de hemácias correndo na veia A Paciente com Hidropisia Imune Fetal
umbilical fetal (seta) na hora da transfusão intravascular na 26!
semana de gestação. A inserção do cordão da placenta anterior está Recorrente
localizada no asterisco.
A paciente que apresenta recorrência de hidropisia imune fetal
com menos de 20 semanas de gestação representa um ver-
dadeiro desafio perinatal. Linútações técnicas tomam difícil
a punção de cordão umbilical. Em ocasiões, uma transfusão
intrapelitoneal pode ser tentada antes do desenvolvimento da
hidropisia; porém, fórmulas para calcular o volume correto
intravenosa de agente paralisante é administrada para reduzir para u'ansfusão não existem. Plasmaférese tem sido sugerida
interferência por movimento fetal 13 • Concentrado de hemácias como uma modalidade que pode ter um papel no tratamento da
(hematócrito de 78% a 80%) de doadores é infundido. O fluxo DHPN grave. Ainda que decwúo agudo em tínllos de anticolp0S
das células densas através da veia umbilical pode ser visto na matemos seja atingido, um rebote ainda maior de lúveis de anticor-
ultrassonografia em tempo real (Fig. 17-16) . Várias fórmulas pos geralmente ocorre. A administração de imunoglobulinas
baseadas no peso fetal estimado pela ulu'assonografia podem intravenosas (IGIV) é uma outra modalidade de tratamento
ser usadas para determinar o volume de hemácias a ser infun· que tem gerado interesse extremo para o tratamento de
dido . Uma amostra fmal de sangue fetal é então submetida à hidropisia fetal grave . Vários mecanismos de ação têm sido
dosagem do hematócrito fetal. postulados incluindo a diminuição de níveis de anticorpo
Um declínio no hematócrito fetal de aproximadamente matemo por supressão anti-idiotípica, bloqueio dos receptores
1% por dia pode ser esperado entre os procedinlentoS. Em Fc da placenta e bloqueio reticuloendotelial fetal. Voto et at.37
uma tentativa de permitir um intervalo razoável entre uma compararam a evolução de 30 pacientes que receberam IGIV
TIU e outra, muitos centros transfundem para um valor de antes da semana de gestação seguido por TIUs, após
hematócrito final de 50% a 65%. Outros centros realizam uma a 20ª semana com um grupo de 39 pacientes tratadas com
abordagem combinada, onde primeiro fazem uma transfusão TIUs entre 20 e 25 semanas de gestação. Hidropisia fetal foi
intravascular (TIV) seguida de uma transfusão intraperitoneal menos frequente no grupo IG IVrrIU quando comparado
(TIP) de hemácias 32 A transfusão intraperitoneal permite com o grupo que foi submetido a apenas TIU (27% versus
uma absorção lenta a uma taxa de aproximadamente 10% por 74%; risco relativo [RR), 0,36). Ademais, a incidência de
dia e resulta em um hematócrito mais estável entre os proce· morte fetal dinúnuiu marcadamente com a adição do IGIV
dimentos. Transfusões intrauterinas subsequentes são progra- (20% versus 51%; RR, 0,39). Esses dados sugerem que tanto
madas com intervalos de 14 dias até que a supressão fetal de a plasmaférese quanto a IGIV podem ter papel no prolon-
eriu'opoiese seja notada na mancha de Kleihauer·Betke. Isso gamento da gestação até que possa ser iniciada TIU. Ruma
geralmente ocorre na terceira transfusão. Portanto o intervalo et al38 usaram um programa de tratamento combinado de
para repetidos procedimentos pode ser determinado com base plasmaférese e IGIV em pacientes com histórico recorrente
no decréscimo do hematócrito para esse feto individualmente, de hidropisia fetal no ilúcio do segundo trimestre ou uma
em geral com um intervalo de 3 a 4 semanas. titulação de anticélulas vermelhas maternas extremamente
Qyando TIPs são usadas como único meio de terapia elevadas. Pacientes foram submetidas a uma plasmaférese de
in lt1ero, fetos nasceram rotineiramente com 32ª semanas de volume único a cada 2 dias por três procedimentos na 10ª
gestação. Doença da membrana hialina e a necessidade de a 12ª semana de gestação. Após o terceiro procedimento, a
transfusão neonatal para o u'atamento de hiperbilirrubinemia primeira metade de uma dose de IGIV de 2g/kg foi admilús-
foram comuns. Assim que a experiência com TIV se tomou trada. No dia seguinte, foi dada a segunda metade da dose
difundida, gestações foranl interrompidas com uma idade (lg/kg) de IGIV. As pacientes foram então mantidas numa
gestacional mais avançada. Agora parece razoável realizar a infusão semanal de 19/kg de IGIV até a 20ª semana de ges-
última TIU até a 35ª semana de gestação, com parto ante- tação. Transfusões intrauterinas foram iniciadas quando uma
cipado na a 38ª semana33 . Fenobarbital oral matemo (30 elevação na velocidade da ACM foi detectada. Todas as nove
mg DVD) adnúnistrado cerca de 10 dias antes do parto pode gestações resultaram em um recém-nascido vivo . Os autores
688 AVA LIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

concluíram que a combinação dos imunomoduladores foi Fisiopatologia


efetiva em prolongar a gestação até a que a TIU pudesse ser
realizada nessas gestações selecionadas. Pelo fato de a etiologia da HF I ser tão diversa, poucos estu-
dos têm se referido à fisiopatologia dessa condição. vVeiner J4
propôs três possíveis mecanismos que podem fazer parte - débito
cardíaco inadequado, obstrução linfática estrutural e hipopro-
Prognóstico teinemia. A queda do débito cardíaco pode ser resultado de
A transfusão intrauterina seriada resulta em supressão medu- regurgitação de fluxo intracardíaco devido à estruI1lra anor-
lar fetal inevitavelmente. Tipicamente essas crianças nascem mal das válvulas (p. ex., anormalidade de Ebstein), obstrução
com uma ausência praticamente total de reticulócitos com pré-carga ou pós-carga devido à lesão intratorácica (p. ex. ,
uma população de células vermelhas adultas provenientes, na quilo tórax) ou má contratilidade do miocárdio (miocardite
sua maior parte, de transfusões . Transfusões ao nascer por induzida por adenovírus). Obsnução linfática estrutural pode
hiperbilirrubinemia são raramente necessárias permitindo ocorrer na síndrome de Turner ou Noonan. Várias infecções
que significante quantidade de anticorpo de células vermelhas congênitas podem levar a lesão endotelial (aumentada per-
permaneça na circulação fetal. Reticulocitose neonatal precoce meabilidade capilar) e perda de proteína intravascular (p. ex. ,
é deprimida e com frequência na 4i a 6a semanas de vida, esse citomegalovírus) .
neonatos requerem uma transfusão "top-up" devido a sinto- Em uma série de 20 fetos com HF I, a pressão venosa
mas associados à anemia. Essas crianças devem ser acompa- umbilical estava elevada no momento da cordocentese em
nhadas com hematócritos semanais e contagem de reticuló- 65% dos casoS 44 . Correção de algumas das lesões resultou
citos. A maioria das crianças requer apenas uma transfusão, na normalização da pressão venosa em medidas subsequen-
porém a necessidade de até três tem sido relatada39 . Injeção tes, que foram acompanhadas por resolução da hidropisia.
de eritropoetina em neonatos tem mostrado resultados mistos, Esses autores concluú-am que uma pressão venosa umbilical
pois provavelmente os anticorpos maternos persistentes são aumentada assinala o débito cardíaco inadequado como causa
a causa principal da falta de reticulócitos circulantes 4o. Ferro da HF 1. ormalização da pressão venosa umbilical após a
suplementar é desnecessário porque os estoques de ferro estão correção da condição fetal invariavelmente resulta em sobre-
elevados nessas crianças devido à hemólise in Idera e troca vida perinatal.
de células com sangue doador de transfusões intrauterinas
seriadas. Avaliação
Investigações com relação à evolução neurológica a longo O diagnóstico inicial de hidropisia fetal é frequentemente feito
prazo de crianças tratadas com TIVs são limitadas. Evolu- na hora da ultrassonografia de rotina. Edema cutâneo gene-
ções neurológicas em casos de hidropisia fetal são similares ralizado é, em geral, o primeiro sinal de hi_dropisia revelado
as dos fetos não hidrópicos 41 . Paralisia cerebral e atraso no pela uln-assonografia no início da gravidez4, . Edema cutâneo
desenvolvimento são comuns em fetos com DHPN quando é mais claramente observado no nível da cabeça fetal, sendo
comparados com crianças não afetadas, ainda que uma evo- mais específico na nuca. Essa é a razão da medição da trans-
lução normal possa ser esperada em 90% dos casos 42 . Uma lucência nucal . Em outras ocasiões, a paciente se queixa de
revisão dos casos de paralisia cerebral revela que a idade uma diminuição do movimento fetal ou um aumento agudo
gestacional média no parto foi de 33,5 semanas ; 80% dos de peso ou circunferência abdominal, que são sinais de poli-
casos eram partos cesarianos de emergência. Perda da audição hidrâmnio significativo.
sensorial é mais frequente em crianças afetadas por DHP , Um exame ultrassonográfico abrangente deve ser consi-
provavelmente pela exposição prolongada a níveis altos de derado. deve ser dada para a avaliação de estruturas
bilinubina e seu efeito tóxico no desenvolvimento do oitavo cardíacas e ritmo cardíaco. Se necessário, um ecocardiograma
par cranian0 4 1. fetal deve ser realizado. Uma diminuição no débito cardíaco
com sobrecarga do ventrículo direito provavelmente é a prin-
cipal causa na maioria dos casos de hidropisia fetal precoce. O
HIDROPISIA NÃO IMUNE débito cardíaco inadequado pode ser devido a anormalidades
cardíacas grandes, como o defeito de septo au;oventricular,
I ncidência ritmo ventricular acelerado com enchin1ento sub6tin10 dos
ventrículos ou cardiomiopatia 45 .
A hidropisia fetal não imune (HFNI) tem uma ocorrência Os achados ultrassonográficos de líquido pericárdico
relatada em aproximadamente 1:3.000 gestações 43 . têm sido controversos. Inicialmente, o achado de qualquer
líquido pericárdico era tido como anormal 46. Depois, nume-
Etiolog ia rosos pesquisadores avaliaram prospectivamente as gestações
para esses achados·'],49. Eles determinaram que na ausência
Mais de 120 casos de HFNI foram descritos (Tabela 17-3). de anormalidades estruturais ou de ritmo cardíaco, suspeita
Em uma revisão de quase 800 casos, Machin43 percebeu que de anemia, infecções virais ou suspeita de anormalidades
as doenças cardiovasculares fetais são a causa primordial de cromossômicas, achados de 2 mm ou menos de líquido peri-
HF I, sendo responsáveis por um quarto dos casos. Esta cárdico são normais.
categoria inclui lesão cardíaca estrutural, arritmia e falência Como mencionado, ainda que a ascite possa scr um sinal
por alto débito devido a grandes tumores fetais. A segunda precoce de hidropisia em fetos com condições que reconheci-
categoria mais alta foi anormalidades cromossômicas (10% damente progl;dem para hidropisia (p. ex., DHP , teratoma
dos casos), seguida de lesões torácicas (9%), transfusão sacrococcígeo entre outros), o achado de as cite na presença de
feto-fetal (8%), causas não imunes de anemia fetal (6%) anormalidades do trato urinário e gastrointestinal não deve
e infecção fetal (4%) . Uma variedade de outras etiologias ser considerado um sinal precoce de hidropisia.
compõe os 24% restantes dos casos; 22% dos casos foram Avaliação de artéria cerebral média por Doppler também
considerados idiopáticos. deve ser realizada nessas pacientes. Uma elevação do valor
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL
-- 689

I Tabela 17- 3 Associações e Causas de Hidropisia Não Imune


Causa Frequência*

Anormalidades Focais

Crânio

Hemorragia fetal intraeraniana Baixo


Aneurisma da Veia de Galeno Baixo
Tumor cerebral Baixo

Tórax

Defeitos cardíacos estrumrais


Defeito do septo AV isolado ou associado a síndrome de Down Baixo
Defeito do septo AV em combinação com síndrome de heterotaXia (si1l1/S ambíguos, isomerismo atrial esquerdo, Alto
isomerismo atrial direito) e bradiarritmia
Displasia tricúspide e anomalia de Ebstein Baixo
Obstrução grave do trato de ejeção do ventrículo direito por estenose pulmonar, atresia pulmonar e obstrução prematura Baixo
do ducto arteriorso (espontâneo ou com indometacina)
Síndrome da válvula pulmonar ausente (geralmente combinada com Tetralogia de Fallot ou agenesia do Baixo
dueto anerioso)
Tronco arte rios o comum com insuficiência valvar do tronco Baixo
Fechamento premamro do forame oval
Desconhecido
Obstrução severa do trato de ejeção do ventrículo esquerdo por estenose e au-esia aórtica com shullI interatrial Baixo
esquerda-direita ou fechamento prematuro do forame oval
Tumores cardíacos
Rabdomioma como parte da esclerose mberosa Baixo
Hemangioma
Hamarroma
Teratoma intrapericárdico
Cardiomiopatia
Dilatada
Resu-itiva
Miocardite
Infarto miocárdico
Calcificação arterial idiopática Alto
Arritrnias
Taquiarritmias Alto
Taquicardia supravenu-icular
F/lIlter atrial
Taquicard ia ventricular
Bradiarrimuas
Bradicardia sinusal Baixo
Bloqueio cardíaco completo
Combinado com isomerismo atrial com defeito estrumral (ver a seguir) Alto
Na presença de anticorpos autoimunes materno (anti-SSA, anti-SSB) Baixo
Pulmonar e mediastinal
Hidro/quilotórax primário uni ou bilateral Alto
MACC
MACC macrocística Alto
MACC microcística Baixo
Sequestro pilmonar extralobar Alto
Atresia de laringe (CHAOS)
Teratoma mediastinal
Fibrossarcoma
Cisto de duplicação intratorácico do trato alimentar
Hénua diafragmática Baixo
Linfangectasia pulmonar
G{/Stroinlestinal

Hénua diafragmática Baixo


Peritonite meconial causada por perfuração intestinal obstrução intestinal espontânea (vários tipos de Baixo
atresia do trato intestinal, volvo) ou infecção
HemOlTagia intestinal causada por perfuração de alça Baixo
Hepatite
Fibrose hepática

Contil/ua
690 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

Tabela 17- 3 Associações e Causas de Hidropisia Não Imune - cont.


Causa Frequência *

Hemocromatose
Colestases
Cirrose com hipertensão porta
Displasia porta congênita
Doença policística do fígado
Hepatite Giant coli
Torção de cisto ovariano

Renal

Nefrose congênita (tipo [mal) Baixo


Obstrução ureteral com ruptura da bexiga Baixo
Doença renal policística (DRPAR, DRPAD) Baixo
Trombose da veia renal

1íl1lwr e Desordel/s Vasculares

Teratoma (sacrococcígeo, mediastinal, intracerebral, intrapericárclico) Baixo


Fibrossarcoma mediastinal
Neuroblastoma congênito disseminado
Hepatoblastoma
Hamartoma
Nefroma mesoblástico
MAV
Hemangioma fetal (pescoço, fígado, tórax) Baixo
Hemangiomatose difusa neonatal Alto
Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber Baixo
Hemangioma do cordão umbilical Baixo
Corioangioma Baixo
Trombose da veia cava inferior
Trombose da veia renal
Calcificação arterial idiopática Alto

Anormalidades Generalizadas

Desordel/s Hematológicas CausalUÚJ Anemia Fetal

Excessiva perda eritrocitária


Hemólise intrínseca ou hemoglobinas anormais
Alfa-talassemia Alto
Desordens de enzimas eritrocitárias, deficiência da glicose-6- fosfato desidrogenase, deficiência da piruvatoquinase, Baixo
deficiência da glicofosfato isomerase
Desordens da membrana eritrocitária, anormalidades da espectrina Baixo
Hemólise extrínseca
Sequência de Kasabach-Merritt (MAVs) e tumores
Hemorragia
Hemorragia materno-fetal Alto
Hemorragia fetal para compartimento fechado (intestinal , intracraniana e tumoral) Baixo
Transfusão feto-fetal (incluindo gêmeo acardíaco mumificado) Baixo
Baixa produção eritrocitária
Síndromes de o"ansplante do fígado e medula óssea
Transtorno transitório mieloproliferativo
Leucemia congênita
Aplasia de células vermeU1as e diseritropoiese
Infecção por parvovírus B19 Alto
Síndrome de Blackfan-Diamond Baixo
Anemia diseritropoiética (tipo I e lI) Baixo

Ca/IJasziiféccWsas

Parvovírus B19 Alto


Citomegalovírus Baixo
Sífilis Baixo
Toxoplasmose Baixo
Vírus herpes simples Baixo
Adenovírus Baixo
Vírus coxsakie Baixo

umlilluo
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 691

Tabela 17- 3 Associações e Causas de Hidropisia Não Imune - cont.


Causa Frequência*
Varicela Baixo
Hepatite A Baixo
Rubéola Baixo
Vírus sincial respiratório Baixo
Listeriose Baixo
D oença de Chagas Baixo
Leptospirose Baixo

Displasias EsqllelétiaIs Baixo

Acondrogênese tipo I e IA
Acondrogênese Langer-Saldino
Síndromes costelas curtas-polidacrilia
Salino-Noonan
Majewsk.i
Velma-NaumofT
Beemor
Osteogênese imperfeita tipo 11
Osteoporose letal
Displasia torácica asfIxiante (sínd rome de J eune)
Acondroplasia
OsteocondrodistrofIa de Koide
Osteocondrodisplasia de McGuire
anismo intrauterino com ossos fInos e fraturas (síndrome Kozlowski-Kann)
CondrodistrofIa Greenberg-Rimoin
Condrodisplasia letal com cisto de Dandy-vValker e anomalias congênitas mültiplas
(síndrome de Moennan-Vandenberghe-Fryns)
Displasia letal semelhante a Kn.iest
Condrodisplasia puntacta, variante Conradi-Hunermarm
Picnoacondrogênese
Síndrome de Wegmannjones-Smith
Displasia esquelética de Boomerang
Condrodispla.isa letal com idade óssea avançada (síndrome de Blomsu-and)
Síndrome H erva-Leisti-K.irkman (contraturas, congênita letal tipo Finnish)
Hiperostose cortical congênita infantil (síndrome de CafTey)

Desordens Metabólicas Baixo


Doença de depósito lisossomial Baixo
EsfUlgolipidoses
GM, gangliosidose
Galactosialidose
Doença de Farber
Doença de Gaucher (deficiência de glicocerebrosidase)
Doença de Niemann-Pick tipo A
Mucopolissacaridose
Mucopolissacaridose tipo I (síndrome de Hurler)
Mucopolissacaridose tipo IVa (síndrome de Morquio tipo A)
Mucopolissacaridose tipo VII (defIciência de gama-glicuroridase)
Mucolipidose
Mucolipidose tipo I (sialidose)
Mucolipidose tipo 11 (doença célula-I)
Defeitos no transporte
Doença de depósito de ácido siálico
Doença de Salla
Doença de Niemarm-Pick tipo C
Outras doenças de depósito lisossomial
Doença de Wolman
Síndrome da glicoproteína defIciente de carboidrato Baixo
Doença de depósito de glicogênio tipo 11 (síndrome de Pompe) BaLXO
Doença de depósito de glicogênio cardíaco com atividade normal da maltase Baixo
Deficiência de carnitina Baixo
Desordens de enzimas eritrocitárias
DefIciência de glicose-6-fosfato-desidrogenase Baixo
DefIciência de piruvatoquinases Baixo
Deficiência de glicose-fosfato isomerase Baixo
Gol/h/lUa
692 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

Tabela 17- 3 Associações e Causas de Hidropisia Não Imune - conto


Causa Frequência*

Hipertireoidismo fetal (doença de Graves materna) Baixo


Hipotireoidismo fetal Baixo

Sbuiromes Baixo

Herança autossômica dominante


Síndrome G (síndrome de Opitz-Frias)
Distrofia mio tônica congênita
SÚ1drome de Comelia de Lange
Síndrome de Noonam
Síndrome da unha amarela
Esclerose mberosa Gá in utero com rabdomiomas)
Herança autossômica recessiva
Anrogripose múltipla congênita
Síndrome de Pena-Shokeir
Síndrome letal do pterígio múltiplo
SÚ1drome de Neu-Laxova
Hidropisia isolada recorrente
SÚ1drome da criptoftalmia-sindactilia (sú1drome de Fraser)
Síndrome de Cumming
Silldrome de poliesplenia (isomerismo arriai esquerdo)
Síndrome orofaciodigital cipo II (silldrome de Mohr)
Higroma cístico isolado recorrente
Síndrome de Elajalda
Síndrome de Kaufman-McKusick
Síndrome angio-osteo-hipertrofia (silldrome Klippel-Feil Treneunay) Baixo
Síndrome de Beckwith-Wiedemann Baixo

Aberr{/fões CromossômiCLls Baixo

Trissomia do 13
Trissomia do 15
Trissomia do 16
SÚ1drome de Tumer
Trissomia do 18
li-issomia do 21
Triploidia
Tetraploidia
Trissomia do 10 com mosaicismo
46 XXJXI' mosaico
49XXXXY
Duplicação parcial do cromossomo 11
Duplicação parcial dos cromossomos 15 e 17
Duplicação parcial do cromossomo 18
Deleção parcial do braço curto do cromossomo 13
Deleção parcial do braço curto do cromossomo 18
Rearranjo do braço longo do cromossomo 22

Anonna!itlades da Placenta e do CordJW Umbilical Baixo

Corioangioma
Corioangioma como parte da sÚ1drome de Beckwith-Wiedemann
H ematoma placentário subcoriônico
Nó verdadeiro do cordão
Angiomixoma do cordão umbilical
Aneurisma da artéria umbilical
Vasculites hemorrágicas da placenta
Trombose da veia coriônica
Trombose d a veia umbilical e placentária
Torsão do cordão umbilical

DRCAD. doença renal císcica amossôm.ica dominante; OReM, renal cística autossômica recessiva; AV, aniovenuicular j MAV, malfOlmação aneriovenosa;
MACe, malformação cística adenomatosa congênita; CHAOS, síndrome congênita de obstrução da po rção aJt.a das vias aéreas.
* Taxa de ocorrência de hidropisia em fetos com as respectivas doenças. Na grande maioria de causas e associação, a incidência foi muitO baixa para dar infollllações
confiáveis.
Reimpressão com permissão de Tereaali 5_ Gemburch C, H olzgreve W ; NoniJlunune hydrops fe!alis: Diagnosis and managemclll. In Calien I'W' (ed): U1lrasonography in
Obsrerrics and Gynecology, 4th <d. I'biIadelphia, W. B. Saunders, 2000, p. 553_
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HtDROPISIA FETAL 693

A FIGURA 17- 17. Valores normais para


mucopolissacarídeos do líquido amniótico
MPS/proteina corrigido para proteína total. Xs representam
50 *
40 pacientes controles normais; representam
71 casos de fetos com hidropisia não imune .
45 ... MPS in especifico Observados dois casos de morte fetal
encontrados com níveis elevados de MPS,
ainda que cultura de amniocentese de 21
40
diferentes enzimas lisossomiais fosse normal.
, 2 Casos de morte fetal Três casos anormais são demonstrados.
35 (Reimpresso com premissão de Kooper AJ,
... MPS inespecifico
Janssens PM, de Groot NA, et aI: Lysosoma/
30 ... Caso 3 storage disease in non-imune hydrops fatalis
pregnancies. C/in Chim Acta 371: 176,
25 2006.)

20
• X
• • • • .X •
XX
15

10
X .
••
· .• •
• •X

:
• ;1 .*a: x .x
• X •
• x
X •
)T(

••
X

5 ••

10 15 20 25 30 35 40
Semana de gestação

incluídos do pico da velocidade sistólica da ACM tem sido l1uxocitometria com coloração de célu las fetais . Sorologias
associado a anemia fetal mesmo em casos de HFNI50. maternas para toxoplasmose, citomegalovírus e parvovírus
Um cuidadoso histórico matemo deve ser feito questio- devem ser consideradas, mas podem não ser diagnósticas,
namentos a respeito de exposição a crianças com quinta CÚJença particularmente quando houver um início agudo de hidro-
(doença da "bochecha rosada") devido ao parvovrrus B19. pisia fetal .
Sintomas maternos que devem indicar infecção subsequente Ainda que cordocentese para examinar sangue fetal para
incluem febre, artralgia e um exantema na região superior do realização de rápidos ensaios tenha sido comum no passado
corp05l. O parvovírus B19 é um vírus com DNA pequeno para avaliação inicial de HFNI, l1uorocentese com hibridiza-
e de ligação ünica . É um potente inibidor da hematopoiese ção in siLu para a maioria das anormalidades cromossômicas
por infectar liticanlente as células precursoras eritroides. O importantes, e teste de PCR para infecção viral têm dimi-
receptor celular do parvovírus B19 é um globosídeo, o que é nuído a importância desse procedimento. Amniocentese é
encontrado nas células precursoras de eritrócitos (elitroblastos recomendada para completar a investigação aguda. Amostras
e megacariócitos) e também em eritrócitos, células sinoviais, devem ser mandadas para fluorocentese com hibridização in
tecido placentário, miocárdio fetal e células endoteliais5l . Isso si/u, PCR para toxoplasmose, citomegalovírus, parvovírus,
explica a etiologia dos sinais matemos e fetais e os sintomas adenovírus e enterovirus. Kooper et al52 encontraram que até 8%
afetando as articulações maternas e as hemácias fetais, pla- dos casos de HFNI podem estar relacionados a doenças de
centa e miocárdio. Infecção pelo parvovíus B19 geralmente depósitos lisossomiais. Eles recomendaram a consideração
ocorre pelas gotículas respiratórias , mas pode ser transmitida de análise do líquido anmiótico para mucopolissacarídeo e
pelo sangue e pelos derivados do sangue, e pode também ácido neuranúnico (Figs. 17-17 e 17-18). Amniocitos crescidos
ser transmitida verticalmente de mãe para feto. Transmissão em cultura devem ser analisados com cariótipo completo e
vertical não ocorre se a mãe estiver imune no momento da também níveis enzimáticos para os transtornos lisossomiais
exposição. Qyando infecção materna ocorre, a viremia atinge mais comuns, incluindo e
seu pico quase uma semana após infecção. Sintomas maternos galactosidase. Considerações para outras doenças lisossômi-
iniciam aproximadamente 10 a 14 dias após a infecção em cas devem ser direcionadas por histórico materno. Isso inclui-
cerca de 50% das mulheres infectadassl. O s anticorpos IgM ria Niemann-Pick tipos A e C, Wolman Faber, Mucolipodose
do parvovírus B19 se tornam detectáveis no soro materno em II e deficiência mültipla de sulfatase.
7 a 10 dias após a infecção, com pico em 10 a 14 dias e então
diminuem em 2 a 3 meses. Anticorpos IgG aumentam mais
Tratamento
lentamente e atingem um platô na 4ª semana de infecçãosI
Um histórico obstétrico prévio de natimorto ou hidropisia Um nümero limitado de casos de HFNI pode ser tratado in
fetal deve levar à investigação para contemplar doenças de u/ero; entretanto, esses casos são baseados na determinação
depósito lisossomiais. De maneira similar, relacionamentos acurada da etiologia específica (Fig. 17-19).
consanguíneos também levariam a considerar doenças autos- Parvovú-us tem sido associado a anemia fetal profunda e
sômicas recessivas como uma etiologia. hidropisia fetal quando infecções maternas ocorrem antes da
O próximo passo na avaliação do diagnóstico em geral 20ª semana de gestação. 53 . Em uma série de 1.019 mullieres
inclui punção venosa materna. Os testes devem incluir um grávidas com soroconversão, o risco de hidropisia fetal foi
anticorpo rastreador para anticorpos anticélulas vermelhas, 3,9%. O pico de incidência do parvovírus associado a hidropi-
teste rápido para sífIlis e teste para Kleinhauer-Betke ou sia fetal foi entre a 17ª e 24ª semana de gestaçã047 O Doppler
694 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

B FIGURA 17- 18. Valores normais para


líquido amniótico não livre e livre ácido
Ácido neuramínico corrigido para proteína total.
neuramíníco/proteína Xs representam 40 pacientes controles
normais; * representam 71 casos de HFNI.
160 Caso 1 Sialidose Dois casos anormais são demonstrados.
(Reimpresso com premissão de Kooper
140 AJ, Janssens PM, de Groot NA et ai:
Lysosomal storage disease in non-imune
120 x hydrops fatalis pregnancies. Clin Chim Acta
371:176,2006.)
100

80

60
x
40

20

10 15 20 25 30 35 40
Semana de gestação

da ACM pode ser usado de maneira análoga à hidropisia ritmo cardíaco fetal. Tentativas de marca-passo fetal direto
imune para confirmar anemia quando existe uma velocidade também têm falhad0 60 Flulte-r atrial fetal e taquicardia supra-
sistólica elevada de mais de 1,5 MdMs. Ainda que sorologia ventricular estão associados à HFNl. Administração paren-
materna (IgM positiva ou nova presença de anticorpos IgG teral de digoxina seguida da adição de flecanide ou sotolol é
em pacientes que eram previamente soronegativas) possa ser geralmente bem-sucedida em converter esses sinais em um
usada para confu"mar alguns casos, amniocentese para deter- ritmo sinusal 6 1.
minação de PCR para parvovírus geralmente é diagnóstica Lesões sólidas do tronco e teratomas sacrococcígeos em
em 24 a 48 horas. Em uma grande série, um terço dos casos associação a HFNI têm sido tratadas com cirurgia fetal aberta
de hidropisia fetal foi espontaneamente resolvido em 5 sem.a- com resultados mistoS 62 Encaminhar a paciente a um centro
nas; metade destes ocorreu antes da 23ª semana de gestaçãoo4 . de referência em cirurgia fetal aberta deve ser considerado se
Em outras séries , llU de concentrado de hemácias foi asso- HFNI é diagnosticado antes da 26ª semana de gestação.
ciado à sobrevivência de aproximadamente 85% dos casos , Derrames pleurais unilaterais ou grandes, predonunan-
enquanto naqueles casos com hidropisia observados foram temente malformações adenomatoides císticas dos pulmões ,
universalmente fatais53. llUs também têm provado ser bem- representam lesões que ocupam espaço que podem deslocar o
sucedida em casos de hidropisia fetal secundária à hemorragia medias tino pan o lado oposto do tór<Lx fetal. Portanto, essas
materno-fetal 55 . Se uma queda recorrente do hematócrito fetal lesões podem causar uma obstrução ao retorno venoso assim
é detectada devido à hemorragia materno-fetal persistente, como diminuição do débito cardíaco e subsequente desenvol-
pode ser necessário abandonar transfusões adicionais. vimento de H FNl. No caso de grande hidrotórax ou malfor-
Outras infecções bacterianas e virais estão associadas a mação adenomatoide macrocística cística do pulmão, coloca-
HFNI incluindo citomegalovírus, adenovírus , toxoplasmose ção de shunt toracoamniótico guiado por ultrassonografia tem
e sífilis. Infecção fetal por citomegalovírus tem sido tratada sido bem-sucedida em diminuir a quantidade de líquido ou o
com administração fetal direta e materna de globulina hiper- tamanho do cisto resultando no retorno do medias tino para
imune ; porém, os poucos casos relatados de HFNI não têm sua posição central6a A hidropisia geralmente é resolvida em
sido resolvidos com essa terapia 56 . Adenovírus pode causar algumas semanas.
miocardites fetais tendo como resposta a hidropisia 57. Admi- Transfusão feto-fetal pode se apresentar cedo na gravidez
nistração materna de digoxina tem sido bem-sucedida em com poli-hidrâmnio maciço no feto "receptor". Qyintero 64
aumentar função miocárdica fetal resultando na resolução da propôs um sistema de estagiamento que descreve vários pro-
hidropisia. A HFNI relacionada com toxoplasmose fetal tem gressivos achados ultrassonográficos com doença de estágio
se resolvido após administração materna de pirimetanuna, IV definida como hidropisias fetais em um ou ambos os fetos.
sulfadiazina e ácido folínico com resultados neurológicos Tipicamente isso ocorre no feto receptor, Transfusão feto-fetal
bons a curto prazo58 . Infecção fetal com sífilis que resulta em severa não tratada com menos de 24 a 26 semanas está asso-
HFNI pode reverter com tratamento materno com penicilina, ciada à mortalidade perinatal em 90% dos casos 65 . Arruuorre-
entretanto o mau prognóstico devido a complicações cerebrais dução seriada para remover o excesso de líquido anuuótico ou
permanece alto 59 . septostomia para permitir equilibrio do líquido entre os com-
Tanto bradiarritmias fetais quanto taquiarritmias têm partimentos arnnióticos apenas marginalmente melhoraram
sido associadas a hidropisia fetal. A frequência ventricular a sobrevida perinatal. Em um grande estudo randomizado,
menor que 50 bpm devido à lesão estrutural cardíaca ou ablação com laser direcionada por fetoscopia, da anastomose
inflamação secundária a anticorpos maternos anti-Ro não entre a circulação placentária dos gêmeos resultou em uma
são amenizados com a terapia. A administração materna de sobrevida perinatal de 70%66 . Terapia a laser é hoje conside-
beta-numéticos não tem sido bem-sucedida em aumentar o rada o tratamento-padrão nessa condição.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL 695

I Hidropisia fetal no ultrassom inicial

I
Ultrassom, Doppler da ACM ,
ecocardiografia

TSV fetal

+
Derrame pleural
unilateral, ou mas-
Massa torácica
Transfusão
feto-fetal
Tratamento materno com
digoxina t f1ecanide/sotolol
I
sólida ou teratoma
sa torácica cística
sacrococcígeo
com
desvio do
medias tino Doppler ACM
DopplerACM

t $ 1,5 MdMs $ 1,5 MdMs


(normal) (elevado)

Considerar en- Considerar


Considerar
caminhamento encaminha-
shunt
para cirurgia mento para
toracoamn iótico
fetal laserterapia

Tratamento matemo I Positivo I RPR I História materna I Amostra


materna de
Rasteio de
I com penicilina
J I materno de exposição ao
parvovírus
K-B anticorpo
materno

I
t Qualquer um
Positivo Históría materna de
nositivo
hidropisia
fetal prévia
Considerar cordocentese com
I
Negativo
preparado sanguíneo para
TIU (confirmar parvovírus com

t
PCR no liquido amniótico ao
introduzir)

Amniocentese
• Fish
• Cultura de cari6tipo
• PCR para toxoplasmose, citomegalovlrus, enterovírus, adenovírus
• Níveis de mucopolissacarideo e ácido neuroaminico no liquido amni6tico
• Cultura de amni6citos para

Adicional testes de amni6citos em


cultura para pesquisa de enzimas
para:
L _______ • Niemann-Pick tipos A e C
. Wolman
• Faber
• Mucolipidose 11
• Deficiência múltipla de sulfatase

FIGURA 17-19. Algoritmo para o manejo e tratamento de hidropisia fetal não imune .

Prognóstico mais recentes sugerem taxas de sobrevida entre 30% e 400/?-69 .


Vários fatores foram identificados como responsáveis por
A sobrevida perinatal para HFNI tem melhorado modes- uma melhora no prognóstico. Em uma série de estudos pros-
tamente com os avanços da medicina perinatal/neonatal. pectivos de 83 casos, a taxa de sobrevida após exclusão de
Claramente, a etiologia da hidropisia defme a evolução final. anormalidades cromossôITÚcas foi de 31 % quando HFNI foi
ovas terapias como TIU paTa aneITÚa fetal secundál'ia à detectado antes da 24a semana de gestação e 48% após essa
infecÇ<'io por parvovú'us e terapia a laser para transfusão feto- idade gestacional3 . Em uma outra série, nenhum neonato com
fetal tem melhorado acentuadanlente o prognóstico nessas pontuação de Apgar em 5 minutos menor aue ou igual a 5
condições específicas. em minutos sobreviveu ao período neonatal 6 . A presença de
Taxas de mortalidade tão altas quanto 98% foram rela- grande derrame pleural também tem sido associada à ruim
tadas em algumas séries no início da década de 1980; dados sobrevida perinatal. Nak.ayama et al 68 relataram uma taxa de
696 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE HIDROPISIA FETAL

sobrevida de 25% quando derrame pleural estava presente 17. VaughanJ I, Manning M, Wanvick RM , et aI: lnhibition of erythroid
comparado com 61% quando ausente. Além disso, fe tos que progenitor cells by anti·KeU antibodies in fetal alloimmune anemia
[see commentsJ. N EnglJ Meel 338:798, 1998.
desenvolveram derrame pleural após a 29a semana de gesta- 18. Van den Veyver m, Moise KJ J r: Fetal RhD ryping by polymerase
ção e que nasceram após a 3 P semana de gestação tinham chain reaction in pregnancies complicateel by rhesus alloimmunization.
mais chande de sobreviver. Acredita-se que estes achados este- O bstet Gynecol 88 :1061 , 1996.
jam relacionados à compressão extrínseca dos pulmões fe tais 19. Lo YM , Hjelm NM , Ficller C, et a!. Prenatal diagnosis of fetal RhD
com subsequente desenvolvimento de hipoplasia pulmonar. status by molecular analysis of maternal plasma. N Engl J Meel
Poucos estudos de evolução a longo prazo em HFN I têm 339:1734, 1998.
20. Daniels G, Finning K, Martin P, et aI : Fetal blooel group genotyping
sido relatados . Em uma pequena série de 19 crianças que [rom DNA from maternal plasma: an important advance in the
sobreviveram até 1 ano de idade, 15% tinham atraso psicomo- management and prevention of haemolytic disease of the fetu s and
tor grave, enquanto 10% mostraram retardo mental levé8 . newborn. Vox Sang 87 :225,2004.
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profUaxia e tratamento pré-natal têm marcadanlente mudado 23. Nicolaides KH , Roeleck CH, Mibashan RS, et aI: Have Liley chans
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18
A VALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERIN O
Vincenzo Berghella , MD e George Bega, MD

Introdução Gestação Única de Alto Risco


Ultrassonografia do Colo Uterino - Técnicas Gêmeos
Transabdominal Trigêmeos
Translabial Mulheres com Cerclagem
Transvaginal Exame de Ultrassonografia Tridimensional do Colo Uterino
Limitações e Armadilhas Quais Mecanismos Fisiopatológicos Associam o Encurtamento
Bexiga Cheia do Colo ao Parto Prematuro?
Muita Pressão
Intervenções para Prevenir o Parto Prematuro se o Encurtamento
Contração do Colo ÉIdentificado em Mulheres Assintomáticas
Segmento Uterino Inferior Subdesenvolvido Cerclagem Indicada pelo Ultrassom
Aplicações Clínicas Indometacina
Exame de Ultrassonografia Transvaginal do Colo para Predição do Antibióticos
Parto Prematuro Outro Benefício do Rastreamento Ultrassonográfico Transvaginal
Teste de Triagem em Mulheres Assintomáticas: Evitar a Cerclagem Caso o Exame
O Que Medir Seja Normal
Comprimento Cervical Diagnóstico e Conduta em Mulheres com Suspeita de Parto
Afunilamento Prematuro
Outras Medidas Predição da Latência em Rotura Prematura das Membranas
Mudanças Dinâmicas (Espontâneas e Após Pressão Transfúndica)
Predição do Início do Trabalho de Parto Espontâneo
Normal versus Anormal Predição do Sucesso da Indução do Trabalho de Parto e Escolha
da Via de Parto
Melhor Idade Gestacional e Frequência dos Exames
Conclusões
Populações
Gestação Única de Baixo Ri sco

INTRODUÇÃO qualquer afunilanlento do orifício interno; (2) partes fetais


podem obscurecer o colo, especialmente após 20 semanas;
A ulU'assonografia do colo uterino durante a gestação tem
sido foco de vários estudos durante a última década.
Foranl feitos avanços signilicativos para o conhecimento do
e (3) a distância da sonda, em relação ao colo, resulta numa
degradação da qualidade da imagem!. Portanto, UTA não
papel deste teste de triagem ultrassonográfico. Neste capítulo, deve ser usada para avaliação do colo, nem como teste de tria-
reveremos a técnica da avaliação transvaginal do colo uterino gem,já que sua sensibilidade pau'a predição de doenças (p. ex. ,
e seu papel na prática clínica. risco aumentado de parto prematuro [pPJ) é inaceitavelmente
baixa (8%)2, muito mais baixa que das outras duas técnicas
descritas mais adiau1te.
ULTRASSONOGRAFIA DO COLO
UTERINO - TÉCNICAS
Translabial
T ransabdominal
Ulu'assonografia translabial (UTL) (taul1bém conhecida como
Na década de 1970, as primeiras tentativas de avaliação do traulsperineal) foi primeiraunente descrita na Fraulça, no início
colo usavam o ultrassom transabdominal (UTA). Infelizmente, da década de 1980. Essa técnica utiliza a mullier deitada
essa técnica não tem suficiente confiabilidade ou valor por numa maca com o quadril e joellios flexionados , enquanto
causa das seguintes dificuldades: (1) a bexiga normalmente um transdutor encapado e na orientação sagital é posicionado
necessita de adequado enchimento para se obter uma boa no períneo, enU'e os grandes lábios (Fig. 18-1 ). A elevação
imagem, resultando num alongamento do colo e mascarando do quadril com um coxim pode melliorar a visualização.
698
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFI CA DO COLO UTERINO 699

FIGURA 18-1. Diagramas e ultrassonografia translabial da pelve feminina, mostrando o transdutor colocado no intróito vaginal e orientado
na direção da vagina, B, Bexiga; OE, orifício externo; CF, cabeça fetal; OI, orifício interno; V, vagina, (Ilustração de James A. Cooper, Dr"
San Diego, CA.)

A B

FIGURA 18·2. A. Ultrassonografia translabial revelando um aparente comprimento do colo de 2, 12 cm, O verdadeiro comprimento está
parcialmente obscurecido pelo gás retal (setas), 8, Ultrassonog rafia transvaginal da mesma paciente , O real comprimento cervical de 4,09 cm
está agora claramente visível.

Comparada ao UTA, esta técnica não requer a bexiga cheia, Transvaginal


não é dificultada pelas partes fetais , utiliza o transdutor perto
do colo, adquirindo perto de 100% de visualização, Outras Os prin1eiros estudos da cérvix humana, usando ultrassono-
vantagens desta técnica são que o transdutor não é introdu- grafia transvaginal (UTV), são do final da década de 1980,
zido na vagina (assim nenhuma pressão é exercida sobre o Uma sonda transvaginallimpa, coberta com um preservativo,
colo), ela não requer um transdutor adicional e é bem-aceita é inserida no fórnice anterior da vagina (Fig, 18-3), A técnica
pela maioria das mulheres, A desvantagem da UTL é que o compartilha as vantagens da ultrassonografia translabial;
gás no reto frequentemente pode impedir a visualização do entretanto, a sonda está mais perto do colo, sem o problema
colo, em especial do orifício externo (Fig, 18-2) , Esta técnica é do obscurecimento pelo gás intestinal, Logo, tornou-se o
também muito mais difícil de se dominar do que a ultrassono- método padrão ouro para avaliação do colo em quase todos
grafia u'ansvaginal e, portanto, é uma alternativa insatisfatória os quadros clú1icos (Fig, 18-4) , As recomendações antais para
à ultrassonografia transvaginal 3 realizar a UTV do colo estão mostradas na Tabela 18-1' ,
700 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

FIGURA 18- 3. A. Diagramas e ultrassonografia da pelve feminina demonstrando a colocação do transdutor transvaginal na vagina. CF,
cabeça fetal; DE , orifício externo; OI , orifício interno. (Ilustração de James A. Cooper, Or., San Oiego, CA.) B. Uma imagem ultrassonográfica
bidimensional do colo uterino no seu maior eixo axial, num corte sagital. Os orifícios interno e externo, assim como todo o canal endocervical ,
podem ser claramente vistos e a imagem é ampliada para que ocupe mais de 75 % da tela.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 701

A B

FIGURA 18-4. Três métodos de visualização do colo. A. Ultras -


sonografia transabdominal. O colo, que está distante do transdutor
ultrassonográfico, é pouco visto e mede 1,62 em. 8. Ultrassono-
grafia translabial na mesma paciente. Apesar de o colo estar mais
bem visto, o sombreamento pelo ar no reto (setas) obscurece o
verdadeiro comprimento cervical. C. Ultrassonografia transvaginal.
O verdadeiro comprimento cervical é agora bem visível e é pratica -
mente o dobro da medida inicial do comprimento.

o tempo total para urv do colo é de aproximadamente Bexiga Cheia


5 minutos. Para melhores resultados , os seguintes critérios
devem ser buscados: o orifício externo deve estar alinhado ou Uma bexiga que não es tá completamente vazia de urina pode
estar num ângulo isósceles em relação ao útero, todo o com- exercer pressão no colo e mascarar um possível afunilamento
primento do colo deve ser visualizaelo, uma imagem simétrica ou abertura do orifício interno.
do orifício externo eleve ser obtida, a distância da superfície do
lábio posterior ao canal endocervical deve ser igual à distância Muita Pressão
da superfície do lábio anterior ao canal endocervical, e não
deve haver aumento na ecogenicidade do colo (um sinal de Pressão excessiva feita pelo examinador pode também mas-
pressão excessiva)'I carar afunilamento ou dilatação do orifício interno e alongar
o colo. Isso pode ser facilmente identificado pela excessiva
ecogenicidade do colo (Fig. 18-5).
LIMITAÇÕES E ARMADILHAS
Contração
Apesar de a urv do colo ser em geral simples, podem existir
dificuldades anatômicas ou técnicas que podem ser encontra- Contrações do segmento uterino podem mimeuzar a aparên-
das em aproximadamente um quarto elas pacientes5 . cia de afi.lllilamento do orifício interno do colo. esses casos,
702 AVA LI AÇ Ã O ULT RASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

I Tabela 18-1 I Recomendações para a Técnica de Execução da Ultrassonografia Transvaginal do Colo Uterino
1. A mulher deve esvaziar sua bexiga
2. Preparar a sonda limpa, coberta por um preservativo
3. Inserir a sonda (a sonda pode ser inserida pela mulher, para maior conforto)
4. Guiar a sonda para o fórnice anterior da vagina (Fig. 18-3A)
5. Obter um corte sagital do eixo longo do canal endocervical, ao longo de todo seu comprimento
6. Retirar a sonda até que a imagem fique desfocada e reaplicar pressão suficiente somente para restaurar a imagem (para evitar pressão
excessiva no colo, o que pode alongá-lo)
7. Ampliar a imagem para que o colo ocupe no mínimo dois terços da imagem e ambos os orifícios extemo e interno fiquem bem visíveis
(Fíg.18-3B)
8. Medir o comprimento cervic.ll do orifício interno ao externo, ao longo do canal endocervical
9. Obter ao menos três medições e registrar a menor e melhor medição em milímetros
10. Aplicar pressão transfúndica por 15 segundos e registrar o comprimento cervical novamente

FIGURA 18-5. A imagem ultrassonográfica à esquerda mostra o colo sob excessiva pressão pela sonda vaginal. Como resultado, o lábio
anterior do colo é significativamente mais fino que o lábio posterior do colo , most rado pelas setas de dupla cabeça. Os marcadores triangulares
pequenos (cabeças de setas) mostram o aumento da ecogenicidade abaixo do lábio posterior do colo, um t(pico sinal de pressão excessiva . A
imagem à direita mostra que os lábios anterior e posterior do colo são iguais (mostrado pelas setas de dupla cabeçai, mas ainda há aumento
da ecogenicidade abaixo do lábio posterior do colo. Isso demonstra que ainda há pressão excessiva, deixando a mensuração do colo inade-
quada. As setas pequenas nas duas imagens representam a mucosa vaginal que aparece ultrassonograficamente como uma linha hiperecoica.
A mucosa vaginal é um marcador confiável para identificar o nível onde o orifício externo deve ser visualizado (em casos difíceis) e se existe
deslizamento entre os lábios anterior e posterior do colo, que é outro sinal de pressão excessiva .

temos um anel miometrial ao redor do colo e um colo normal adquirir suficiente experiência e aprimorar a precisão e repro-
distal à contração (Fig. 18-6). dutibilidade.

APLICAÇÕES CLíNICAS
Segmento Uterino Inferior
Subdesenvolvido Exame de Ultrassonografia
Transvaginal do Colo para Predição do
Frequentemente, antes de 14 semanas , O segmento uterino
inferior é difícil de ser distinguido do canal endocervical Parto Prematuro
porque o saco gestacional ainda não atingiu tamanho sufi- Teste de Triagem
ciente para expandir completamente a parte inferior do útero .
Portanto, medir o real comprimento cervical (CC) é muito UTV do colo é frequentemente usada em obstetrícia como
difícil antes de 14 semanas. Em outras vezes , especialmente teste de triagem para predição do Pp i . Para se ter benefício
entre 14 e 18 semanas, a presença de uma contração também clínico, um teste de u-iagem deve preencher critérios especí-
pode fechar o seglnento uterino inferior e dificultar a distinção ficos 6 .
entre esta estmtura e o real CC. Condições Importantes e Prevalentes. Primeiro, ele deve
De maneira similar ao que é feito em outras técnicas de buscar importantes e prevalentes condições clhúcas. PP ocor-
medidas ultrassonográficas, como, por exemplo, a translu- re em 12% dos nascimentos nos Estados Unidos, ou cerca de
cência nucal, alguns recomendam que o exanúnador seja 500.000 gestações por ano somente nesta naçã0 7. É a principal
supervisionado em suas primeiras 50 UTVs do colo, para causa de mortalidade e morbidade perinatal e, por isso, deve
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 703

B c
FIGURA 18- 6. A. O diagrama à esquerda e a imagem ultrassonográfica à direita mostram um colo com significativas contrações do segmento
uterino inferior (asteriscos). As contrações do segmento uterino inferior devem ser consideradas sempre que o comprimento cervical medir
mais que 50 mm, o canal cervical assumir uma fo rma em "5" e os segmentos uterinos inferiores (anteriormente, posteriormente ou ambos)
forem finos e assimétricos. A contração do segmento uterino inferior distorce os pontos de referência do colo e torna inadequada a medida do
comprimento cervical. B. Contrações do segmento uterino inferior (asteriscos) vistos numa ultrassonografia transabdominal. O comprimento
pseudocervical mediu mais de 7 cm. Esta medida sozinha deve levar à suspeita de contrações. C. Apesar de o colo não estar adequadamente
visualizado nesta ultrassonografia transabdominal, problemas com medidas adequadas são compostos por contrações do segmento uterino
inferior (asteriscos). A reflexão (setas) entre as cont rações pode simular e pode ser mal interp retada como O canal endocervical.

ser de fato a mais importante condição em obstetrícia. Em Essa baixa variação entre examinadores é adquirida somente
termos de anos de perdas de vidas, PP é uma das mais impor- com estrita adesão à adequada técnica, como descrito antes e
tantes doenças em toda a medicina. após adequado treinamento com exames supervisionados.
Técnica Bem-descrita . A técnica é bem-descrita (Tabela R econhecimento Precoce da Fase Assintomática. As
18-1). mudanças do colo que derradeiramente levam ao trabalho de
Segurança e Aceitação. UTV do colo é muito segura. pano pré-termo ou a termo foram demonstradas pela UTV.
Não existe inoculação bacteriana com UTV 8 . Num estudo Essas mudanças incluem dilatação inicial do orifício interno,
randomizado comparando o uso de UTV com o não uso de progressivo encurtamento e alargamento cervical ao longo do
UTV, na presença de rotura prematura pré-termo das mem- canal endocervical, do OIifício interno ao orifício externo e der-
branas (RPPM), não houve aumento no risco de infecção radeira dilatação do orifício externo. As mudanças precoces no
materna ou fetal com UTV do colo comparado com a não orifício interno são quase sempre assintomáticas e só podem
utilização da UTV do col0 9 UTV é também bem-aceita pelas ser detectadas pela UTV.
gestantes. Dor e desconforto intenso são experimentados Valor (Exatidão da Predição) . Comparação com o
por menos de 2% de mulheres durante UTV e mais de 99% Exame Manual do Colo. A avaliação do colo pelo exame
das mulheres aceitariam realizar procedimento similar no manual (toque digital) era um método tradicional de predição
futuro IO,ll . do PP. Exames de toque digital e UTV do CC, a cada 2
Confiabilidade/Reprodutibilidade. A variação interob- semanas, de 14 a 30 semanas de gestação (com examinado-
servador e intraobservador da UTV é de menos de 10%12.13. res cegos em relação aos resultados da técnica alternativa) 12,
704 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

ao externo, ao longo do canal endocervical, é a medida mais


reproduzível e confiável (Figs. 18-3B, 18-8A e B). Se o canal
cervical é curvo, o CC pode ser medido tanto como a soma
de duas linhas retas que essencialmente seguem a curvatura
(quando o desvio do canal é > 5mm), ou por uma linha reta
entre os orifícios interno e externo (Fig. 18-8C) U Um CC
curto é em geral retilíneo e a presença de um colo curvo
geralmente significa um CC maior que 25 mm e, portanto,
é um achado reconfortante. Se o canal endocervical estiver
fechado, o CC é provavemlente o único parâmetro que pre-
cisa ser medido .

Afunilamento
Em cerca de 10% das mulheres de baixo risco ls e 25% a 33%
das de alto riscoI 2.13. li, o orifício interno está aberto (Fig. 18-9).
Neste caso, a porção dilatada do colo (comprimento do afurti-
lanlento) e o diâmetro do orifício interno (largura do afunila-
mento) podem ser medidos. O percentual de afunilanlento é
definido como o comprimento do afunilamento dividido pelo
CC total. O CC total é equivalente à soma do comprimento
do afunilamento com O CC funcional. O CC funcional , neste
caso, é somente a porção fechada do canal endocervical. O
CC funcional é o CC ultrassonográfico usado para cálculos e
predições e o termo CC, se não é especificado de outro modo,
se refere ao CC funcional .
Se o afunilamento está presente, sua forma pode ser docu-
mentada . Um contínuo processo de afunilamento foi descrito,
variando de uma forma normal em T para Y, a seguir V e final-
FIGURA 18- 7 . Diagrama ilustrando os maiores pontos de referência mente uma forma em U (Figs. 18-10 e 18-11)19. Aparentemente,
do colo e seus arredores. A é o comprimento cervical, B é o afunila- essa forma em U do afunilamento está mais associada a PP, em
mento , C é a largura do afunilamento, D é a distância do orifício inter- comparação com a forma em V do afunilament020 ; entretanto,
no até o nível da cerclagem, E é a distância do nível da cerclagem até essas distinções são relativanlente subjetivas.
o orifício externo . Tipicamente, a cabeça fetal é a parte presente vista
adjacente ao nível do orifício interno ou do afunilamento . A bexiga
Avaliações cuidadosas da aparência do afunilamento, com
materna é vista anteriormente , acima do segmento uterino inferior. a ultrassonografia transvaginal, durante alguns minutos (ao
menos 5), devem resolver qualquer questão sobre a morfolo-
gia do canal cervical superior. Em alguns casos , a profundida-
de de um real afunilanlento pode ser difícil de quantificar, por-
que a porção afunilada pode unir-se com o segnlento uterino
foram ambos, independentemente, capazes de predizer PP, inferior e o arco característico, que representa o bordo enU-e o
porém, UTV tem muito mais forte associação a PP do que segmento inferior e o real colo uterino, pode estar mascarado.
o exame manual do colo. O resultado ultrassonogTáfico do O afunilamento tem sido descrito como tendo uma variação
CC, no grupo com PP, foi significativamente menor do que mais alta interobservador, entre exantinadores e em diferentes
no grupo com parto a termo, enquanto não houve diferença centros, que o CC IS.
na medida manual entre os dois grupoS l2. Apesar destas dificuldades, o afunilamento tem sido des-
A relativa falha de sucesso no exame digital em predizer PP crito como tendo melhor ou similar precisão preditiva para
é provavehnente devido ao fato de ser subjetivo (variação inter- PP que o CCI 2. 13.18 Numa população de alto risco, um afuni-
observador de 52%)1-1 , não acurado para avaliação do orifício lanlento mínimo « 25%), identificado entre 14 e 22 semanas,
interno (toda a metade superior do colo não é mensurável por não foi associado a significativo aumento de PP, enquanto
essa técnica) 15, e inespecífico (15% a 16% de mulheres primípa- moderado (25% a 50%) e severo afunilanlento (> 50%)
ras e 17% a 35% de mulheres multíparas que tiveram parto a foram associados a 50% ou mais de probabilidade de pp l3.
termo tiveram colos que estavam dilatados 1 a 2 cm pelo exame É importante o fato de menos de 25% de afunilamento não
de toque, no final do segundo trimestre)16 Medidas uhassono- estar associado ao aumento do risco de PP, porque este é um
gráficas do CC são na média, 11 mm maiores que nas estima- achado comum que não deve alarmar ou resultar numa inter-
tivas manuais. A maiOl-ia, cerca de u-ês quartos, de mulheres venção. O afunilamento também tem sido mostrado em todos
assintomáticas com afunilamento do orifício i.nterno tem colo os estudos, não somente os de alto risco, como preditivo para
fechado ou ao menos 2 cm mais longo, no exame manual l3. pp1 2.13. li. IS.21.26. Qyase sempre, se o afunilamento está presente,
Esses dados mostranl que UTV é claramente superior ao o CC é curto « 25 mm). a presença de um CC curto, a pre-
exame manual para avaliação do colo e predição do PP. sença de afunilamento podeI 8.22.25.26 ou não 1i.21 ,23.24 se somar à
predição de PP ou evolução perinatal adversa. Comparado ao
o QUE MEDIR CC menor que 25 nml unicamente, a adição do afunilamento
pode aumentar a sensibilidade para PP (de 61 % a 74%), sem
Comprimento Cervical maiores alterações na especificidade e nos valores preditivos
positivo e negativ0 22 Também, o risco de PP é maior se tanto
Parâmetros cervicais diferentes têm sido avaliados como pre- o encurtamento do CC quanto o afunilanlento são detectados,
ditivos do PP (Fig. 18-7). O CC, medido do orifício interno comparado com o encurtamento do CC sem o afunilament0 26 .
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 705

A B

Orificio
externo

Orifício
interno
c
FIGURA 18- 8 . Medidas do colo usando três técnicas . A. O comprimento cervical é medido de forma direta, do orifício interno ao orifício
externo, porque o canal parece ser retilíneo. B. O canal é medido com o traçado de desenho manual do equipamento. Como pode ver, o traçado
manual não desenhará propriamente o canal cervical e atribuirá valor excessivo ao comprimento cervical. C. O diagrama e a imagem ultrasso-
nográfica ilustram o colo curvilíneo e o processo de tomada da decisão de medir o colo numa linha reta ou em duas etapas. O colo curvilíneo
pode ser avaliado unindo-se o orifício interno no nível onde o canal retilíneo curva-se para cima (A) e, a seguir, outra linha une A ao orifício
externo. Se a altura deste triângulo (distância A -S) é maior que 5 mm, então o canal cervical deve ser medido em duas etapas.
706 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

Por sua vez, a presença de afunilamento numa mulher com


CC normal mm) não parece aumentar nela o risco de
pp27 (afunilamento Y na Fig. 18-10).

Outras Medidas
Vários parâmetros, além do CC e da presença ou não de
afunilamento, foram estudados 2s , incluindo largura do afu-

FIGURA 18-9. Ultrassonografia numa paciente com afunilamen- FIGURA 18-10. Estes diag ramas mostram as formas típicas do
to cervical. Tipicamente, a largura do afunilamento é medida pela afunilamento cervical. O T representa um colo fechado normal. O Y
identificacão do bordo (ou dobra) do segmento uterino inferior, ante- representa um pequeno afunilamento, que é menor que 25%, com
riormente' ou posteriormente (ou ambos). e uma linha perpendicular um comprimento ce rvical 25 mm, que pode não ser clinicamente
ao eixo do canal cervical se une ao lado oposto. O comprimento do significativo. O V representa um afunilamento mais significativo,
afunilamento é medido pela união do meio da largura do afunilamento perto do orifício externo. O U representa um afunilamento mais pre-
com a inclinação do afunilamento. O comprimento cervical é medido ocupante; esta é a situação clínica na qual, mais frequentemente, o
da inclinação do afunilamento ao orifício externo. colo pode ser dilatado pelo exame manual.

FIGURA 18- 11. Essas imagens ultrassonográficas mostram as formas de afunilamento, como descritas na Figura 18-10.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁF ICA DO COLO UTERINO 707

FIGURA 18-12. Diagrama e imagem ultrassonográfica de um colo com cerclagem realizada, A cerclagem (C) é vista como dois pontos bri-
lhantes, obervados nos lábios anterior e posterior do colo, A medida do colo nestes casos é feita do orifício interno no nivel da cerclagem e do
nível da cerclagem ao orifício externo, Note que a orientação do colo nesta figura não é horizontal, mas vertical; uma situação que usualmente
faz a identificação dos pontos de referência mais difícil, porque o feixe sonoro não atinge o canal endocervical de modo perpendicular,

nilamento , comprimento do afunilamento, dilatação do canal


endocervical, índice cervical (comprimento do afunilamento
+ lIcomprimento funcional), largura cervical anterior e pos-
terior, ângulo cervical, contorno do canal cervical (retilú1eo
versus curvilíneo), posição cervical (horizontal versus vertical),
espessura do segmento uterino inferiO!; vascularização, visu-
alização de membranas cório-amnióticas no orifício interno,
presença de borrarnent0 29 , área da glândula cervical3o , carac-
terização tecidual quantitativa3 1 e outros. Nenhum desses
parâmetros provou ter maior confiabilidade ou preditibilidade
que o CC. Além disso, há evidência insuficiente para avaliar
se a adição de algum desses parâmetros melhora a exatidão da
predição já fornecida pelo CC. Várias outras medições podem
ser feitas na presença de uma cerclagem (Figs. 18-7 e 18-12 a
18-15), Apesar de essas medidas serem preditivas para PP,
novamente o CC sozinho pode ser usado com boa precisão
preditiva , mesmo em mulheres com cerclagem no lugar.
FIGURA 18-13. Gráfico tridimensional (3D) do colo, mostrando as
localizações usuais das cerclagens abdominal (CAI e vaginal (CV),
Como visto na imagem, a cerclagem abdominal é mais alta e mais
perto do nível do segmento uterino inferior, enquanto a cerciagem
vaginal é usualmente colocada em algum lugar no meio do canal
cervical.

A B c
FIGURA 18-14. Três imagens ultrassonográficas de cerclagens vaginais, A. Uma imagem ultrassonográfica bidimensional do colo com
cerclagem vaginal onde as suturas da cerclagem são vistas somente como dois pontos brilhantes (setas), 8, Uma imagem ultrassonográfica
tridimensional derivada de uma imagem do colo com cerclagem vaginal, no plano axial, no qual a sutura é representada em toda sua extensão
(setas), C. Uma imagem ultrassonográfica tridimensional derivada de uma imagem do colo com cerclagem vaginal (setas), no plano ax ial , no
qual a sutura ultrapassou o lábio posterior do colo e não pode mais ser efetiva na prevenção do parto prematuro,
708 AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

A B
FIGURA 18- 15. Duas imagens ultrassonográficas do colo com cerciagem abdominal. A. Uma imagem ultrassonográfica bidimensional do colo
com cerclagem abdominal, na qual as suturas da cerclagem (setas) são vistas somente como dois pontos brilhantes colocados no nível do
orifício interno. 8. Uma imagem ultrassonográfica tridimensional derivada de uma imagem do colo com cerciagem abdominal , no plano axial.
Note a inteira visualização da sutura (setas).

MUDANÇAS DINÂMICAS Antes de 14 semanas, medir o CC pode ser preditivo somente


em mulheres de muito alto risco, como as com perda prévia
(ESPONTÂNEAS E APÓS PRESSÃO no segundo trimestre ou com histórico de grande conização
TRANSFÚNDICA) cervical. Num estudo de UTV do colo em mulheres de alto
risco, apenas 5% tiveram um CC maior que 25 mm entre 10
Em menos de 5% da UTV, o CC pode mudar dinamicamente e 14 semanas, e estas mulheres eram realmente de alto risco
durante o curso dos 5 a 10 minutos de exame e, em alguns por causa de seu histórico pregress03 .1 A sensibilidade para
casos, o afunilamento do canal cervical superior pode apare- a predição de PP é muito baixa neste intervalo de tempo
cer e se resolver. Em geral isso acontece se a mulher está tendo porque muitas mulheres destinadas ao parto prematuro têm
contrações. De maneira similar, o colo encurta-se em resposta encurtamento cervical em geral detectado 2:16 semanas.
à pressão transfündica (PTF) em aproximadamente 5% dos Uma desvantagem adicional do rastreamento muito inicial
casos 32 . Qyando as mudanças OCOITem, o CC mais curto deve é que o segmento uterino inferior é dificilmente distinguido
ser registrado. a maioria dos casos em que o colo se encurta do verdadeiro colo, no final do primei.ro e início do segundo
espontaneamente ou em resposta à PTF, ele já é basicamente trimestres. Após 30 semanas, o CC progressivamente encurta-
anormal. Existe evidência conllitante a respeito de quando a se em preparação para o trabalho de parto, de forma que um
PTF aumenta o potencial de rastreamento da UTV. Em um CC menor que 25 nU11, especialmente 15 a 24 nun, depois de
estudo, apenas uma das nove pacientes, inicialmente com 30 semanas , pode ser fisiológico e não associado a um risco
um colo normal que teve anormalidades após a aplicação da aumentado de PP em mulheres assintomáticas. A idade gesta-
PTF, teve parto prematuro l2 e, adicionando a resposta à PTF cional mais comum em que um colo encurtado ou afunilado
como critério de rastreamento para PP, significativamente não se desenvolve é 18 a 22 semanas I2 . 13 . Portanto, se um progra-
houve aumento da precisão da predição. Em contrapartida, ma de rastreamento inclui apenas uma avaliação do CC, ela
num estudo maior, mudanças dinâmicas, espontâneas ou após deve ser realizada neste intervalo de tempo. Pacientes de alto
PTF, aumentaram significativamente a precisão da predição risco destinadas a ter parto prematuro devem ter mudanças
da UTV para pp l 7. As mudanças dinâmicas podem de fato cervicais precoces. Quanto mais cedo o encurtamento cer-
aumentar a precisão preditiva; use o melhor CC mais curto. vical é observado, maior o risco de PP. Um colo menor
que 25 mm tem um valor preditivo positivo de 70%, quando
detectado entre 14 e 18 semanas e de 40%, quando detectado
NORMAL VERSUS ANORMAL entre 18 e 22 semanas , em mulheres com alto risco l 2 . Portanto,
Um CC normal é de 25 a 50 mm, de 14 a quase 30 semanas. pode ser que mulheres com o maior alto risco de PP (p. ex.,
Vinte e cinco milímetros é o percentil 10% para gestações pacientes com históricos clássicos de incompetência cervical,
ünicas de baixo risco ls e cerca de percentil 25% para gTUpOS perdas anteriores no segundo trimestre, ou PP prévio) podem
de alto risco I2 . 17. Um CC curto é aquele menor que 25 mm, ter benefício do exame ultrassonográfico precoce (J:. e., 14-18
nestas idades gestacionais, com a melhor predição para PP semanas) para determinar a necessidade de intervenção.
obtida entre 16 a 24 semanas. Quanto mais curto o CC, O benefício de exames de UTV repetidos e o intervalo
maior o risco de pp lS. Um CC curto é um melhor preditivo ideal de repetição ainda não foram claramente estabelecidos.
de PP inicial que PP tardi0 33 Um CC maior que 50 mm é Se um programa de rastreamento fosse empregado em mulhe-
também normal, mas frequentemente reflete uma medida que res de relativamente baL'(o risco, seria mais provável que uma
inclui o segmento uterino inferior, o que em geral acontece UTV do colo aproximadamente de 18 a 22 semanas fosse
antes de 16 semanas. mais efetiva. Parece que uma avaliação normal do CC por
UTV entre 14 e 18 semanas e outra entre 18 e 22 semanas
é tranquilizadora em muitas muU1ercs de alto risco n Em
MELHOR IDADE GESTACIONAL E mulheres com risco muito alto paTa PP, como as com perda
FREQUÊNCIA DOS EXAMES prévia no segundo trimestre ou PP espontâneo muito inicial,
alguns têm defendido UTV do colo a cada 2 semanas, ao
Q}Iase todas as pacientes, mesmo as de mais alto risco, têm menos entre 14 e 24 semanas . O fato de que a UTV com 14
um CC normal no primeiro e início do segundo trimestres. a 22 semanas é ao menos tão preditiva para PP como UTV
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 709

Predição do Parto Prematuro pelo Exame Ultrassonográfico Transvaginal em Populações Específicas de


Tabela 18-2
L Mulheres Grávidas
PTS IG CC
PTS Definido estudada corte % Sens Espec VPP VPN RR
Autor n (%) (sem ) (sem) (mm) an

Assintomática

Gestação Única: baixo risco (seção cruzada)


lam/ 8 2915 4,3 <35 22-25 25 10 37 92 18 97 6,2·
Gestação Única: parto premamro prévio
O1vClP 183 26 <35 16-24 25 69 80 55 88 4,5
Gestação Única: conização prévia
Berghel/d s 109 13 <35 16-24 <25 28 64 78 30 94 4,7
Gestação Única: anomalias müllerianas
Airoldf6 64 11 <35 14-24 <25 16 71 91 50 96 13,5
Gestação Única: D&C prévia
Vlsin/inl' 131 30 <35 14-24 <25 51 53 75 48 78 2,2
Gêmeos
Go/dmbe1i R
147 32 <35 22-24 18 30 88 54 74 3,2
Trigêmeos
GIIZl/WII39 47 34 <32 15-20 $25 <25 8,5 25 100 100 72
NA
Sintomática

Gestações únicas com parto premamro


VClulitelHIO 200 41 <37 19-36 <30 64 83 88 54 80 2,8

0/Oan o percentagem anonnal: CC . comp rimento cen 'icaJ: D&C. dilatação e curctage m ; IC. idade gestacional; VPN, valor prediti vo negati vo; VPP, valor preditivo
positivo: incidência de parto prema turo ; RR. risco relati vo comparado àquelas com C C normal. exccto*, comparado aos valo res maiores que O 75° pefcenul :
sensibilidade ; es pec. es pecificidade.

após 22 semanas é importante, porque as intervenções para mulheres de baixo risco, o CC é uma variável contínua, com
prevenir PP são mais eficazes quando as alterações que levam média de 35 a 40 mm de 14 a 30 semanas , com o 10º percen-
ao PP são detectadas no início do processo. til inferior sendo de 25 mm e o 10º superior (90º percentil)
sendo de 50 mm 18.42 Um progressivo e natural encurtamento
do CC é notado após 30 semanas, mesmo em pacientes des-
POPULAÇÕES tinadas a pat;r a tcrmo4 1. Pode haver uma leve e progressiva
Há estudos avaliando a exatidão preditiva do CC por UTV redução linear do CC mesmo antes de 30 Parece
para PP, em muitas populações diferentes l . As populações não haver durante a gravidez diferença no CC entre mulheres
rastreadas incluem mulheres assintomáticas com gestações nulíparas e multíparas, enquanto que fatores de risco para
únicas, gemelares e trigemelares, e mulheres sintomáticas com PP, como origem africana, idade abaixo de 20 anos, índice
trabalho de parto prematuro (TPP) ou RPPM, assin1 como corporal baixo e abortamento ou PP prévio, estão associados
muU1eres de baL'{o risco, populações de alto risco, e pacientes a um CC curt0 43 .
com cerdagem realizada. Embora a técnica da UTV nesses Em gestações únicas assintomáticas, assim como em todos
estudos seja similar, a população estudada (em particular, os out(-os grupos, quanto mais curto o colo, maior o risco
a incidência de PP prévio), a idade gestacional quando foi de PP . Usando diferentes cortes para CC de 15 a 34 nm1,
feita a UTV, os parâmetros cervicais estudados, as evoluções os valores preditivos positivos variaram de 6% a 44%1. Estes
variam. Revisando os estudos disponíveis, é importante usar valores relativamente baixos são provavelmente devidos, ao
aqueles com melhor padrão, que descrevem a técnica adequa- menos em parte, à baixa prevalência de PP nesta popula-
da , impedindo a manipulação de médicos para os resultados ção (0,8% a 15%) . Em um dos grandes estudos de melhor
ultrassonográficos, e a inclusão de um grande número de padrão l8 , a sensibilidade foi apenas 37% e o valor preditivo
pacientes. Em vários estudos, o parâmetro cervical encon- pOSitiVO somente 18%. Isso significa que a maioria (63%)
trado para ter melhor precisão preditiva, como determinado dessas poucas mulheres sem fatores de risco que tiveram
pelas curvas operacionais características recebidas, é o CC parto prematuro não foram identificadas pelo rastreamento
menor que 25 mm. O intervalo do rastreamento é precoce no da UTV, e 82% dessas pacientes de baixo risco que tiveram o
segundo trimestre, em geral entre 16 e 24 semanas. A evolu- achado de CC curto menor que 25 mm com 24 semanas tive-
ção primária mais comum é PP espontâneo com menos de 35 ram parto com 35 semanas ou após. Devido a esses achados,
semanas de gestação (Tabela o rastreamento rotineiro com CC por UTV não é recomen-
dado para todas as mulheres grávidas.

Gestação Única de Baixo Risco Gestação Única de Alto Risco


Numerosos estudos têm descrito gráficos para CC em mulhe- São numerosos os fatores de risco para PP. Vários estudos
res grávidas não selecionadas, com gestações únicasl 8A ,.-12 Em avaliaram o valor preditivo do CC por UTV, em mulheres
710 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

com alguns dos mais importantes destes fatores de risco, sensibilidade do CC por UTV em predizer qual das gesta-
incluindo PP prévio l7, conizaçã035 , duas ou mais interrupções ções gemelares terá o parto prematuro é de apenas 30%. Isto
espontâneas 37, ou anomalias müllerianas 36 . Como mostrado ocorre, provavelmente, porque gestações múltiplas têm parto
na Tabela 18-2, o CC por UTV entre 14 e 24 semanas é pre- prematuro não por causa da incompetência cervical, mas por
ditivo de PP em todas essas populações de alto risco. De fato , causa da rápida expansão uterina levando a contrações, um
quanto pior o histórico obstétrico, mais curto o colo, porque o processo não muito bem rastreado pelo CC UDr l .
risco de prematuridade é Uma mulher com fatores
clínicos de risco para PP que tem um CC por UTV normal
(:;:: 25 mm), entre 18 e 22 semanas, tem um risco para PP
menor que 10%, o que representa uma significativa redução no Trigêmeos
risco e pode evitar intervenções desnecessárias nestas mulhe- Poucos estudos relatarmTI a UTV do colo e sua predição do
res. Pelo contrário, a sensibilidade do CC por UTV para PP em gestações trigemelares, Como mostrado na Tabela
detectar quais mulheres de alto risco vão ter parto prematuro 18-2, a sensibilidade do CC por UTV em predizer qual
é geralmente maior que 60%, muito maior que nas mulheres das gestações trigemelares vai ter parto prematuro é baixa,
de baixo risco. A prevalência do PP abaL'(o de 35 semanas é assim como nas gestações gemelm'es, tomando esse método
em geral maior que 50% quando o fator de risco adicional do de rastreamento não muito efetivo, em geral, em gestações
CC UTV menor que 25 mm é descoberto com menos de 24 múltiplas 39 .
semanas. nestas mulheres com histórico de fatores de risco
para PP.' Esses valores preditivos positivos são também muito
mais altos do que naquelas mulheres com baixo risco (ver
Tabela 18-2). PP durante as 4 semanas de monitoração por Mulheres com Cerclagem
UTV ocorre em cerca de 13% das mulheres assintomáticas A UTV do colo tem sido avaliada em mulheres que realiza-
com colo curto, e em nenhuma das gestações sem essa altera- ram cerclagem, indicada por histórico, pela ultrassonografia,
ção ; então, a corticoterapia para maturidade fetal é raramente ou pelo exmTIe físico, Vários estudos mostraram que a cercla-
indicada, mesmo em mulheres as sintomáticas que têm colo gem transvaginal é colocada no terço médio_d? colo, na gran-
encurtado22 . É importante notar que, ao menos em pacientes de maioria dos casos (Figs. 18-13 e 18-14)00-02. A cerclagem
de alto risco, PP sucedendo a detecção de um CC encurtado transabdominal é, em vez disso, colocada no orifício interno
é com mais frequência seguido por RPM (48%-68%), em vez (Figs. 18-13 e 18-15). Seria racional acreditar que quanto mais
de TPp l 2A5 . Um CC menor que 10 mm, nestas mulheres, é alto (próximo ao orifício interno) a sutura da cerclagem é
particulalmente preditivo de UTV em mulheres com colocada, mais efetiva é a prevenção do PP. Avaliações do CC
PP prévio, abaixo de 32 semanas , demonsu'ou que a melhor por UTV, pré e pós-cerclagem, mostraram que o CC em geral
precisão preditiva é adquirida com UTVs seriadas, incluindo aumenta pós-cerclagem, e esse aumento no CC está associado
o menor colo visto após mudanças espontâneas ou induzidas a maior taxa de parto a term0 53 .54 .
por PTF l7. A sensibilidade e o valor preditivo positivo chegam Estudos que avalim-am a precisão da UTV na predição
a 69% e 55%, respectivamente. Este foi o único estudo duplo de PP em pacientes com cerclagem50 -53 mostraram que os
cego multicêntrico para controle de qualidade, realizado em parâmetros cervicais da UTV são preditivos para PP. O CC
mulheres de alto risco pm'a PP e, portanto, contém os dados menor que 25 mm e o colo superior (a porção mais proximal,
mais confiáveis e de valor preditivo, nesta população l7, acima da cerclagem, Fig. 18-12) menor que 10 mm são prova-
velmente os dois melhores parâmetros preditivos.
Gêmeos
Apesm' da significativa contJibuição do PP à morbidade e EXAME DE ULTRASSONOGRAFIA
mortalidade perinatal das gestações gemelares, usando os
métodos clínicos tradicionais , a predição de PP em gêmeos TRIDIMENSIONAL DO COLO
é limitada. Um CC menor ou igual a 25 mm, com 24 sema- UTERINO
nas de gestação, é o melhor de todos os preditores de PP
avaliados em gêmeos, incluindo fibronectina fetal e vaginose Recentes avanços na técnica ultrassonográfica tornaram
bacteriana38 (ver Tabela 18-2). Comparado com gestações possível a aquisição de dados ultrassonogTáficos bidimensio-
únicas, gestações gemelares que têm pm'to a termo parecem nais num volume tridinlensional, por meio de transdutores
ter um CC por UTV similar com 14 a 19 semanas , mas têm ultrassonográficos específicos, Os dados volumétricos tJ'idi-
um progressivo encurtamento do colo, iniciando após 20 mensionais são mostrados numa variedade de apresentações
semanas de gestaçã0 47 Como o encurtamento cervical pode multiplaJlm-es ortogonais, nos quais os cortes sagitais, axiais
ocorrer após 20 semanas, mesmo em algumas gestações geme- e coronais do colo são mostrados simultaneamente (Fig, 18-
lares destinadas ao parto a term0 47, a UTV do colo antes de 16), O corte multiplanm' torna possível a visualização dos
20 a 24 semanas pode levar à melhor predição do PP, mas, planos anatômicos, o que é simplesmente impossível com a
infelizmente, o valor preditivo do cálculo ultrassonográfico do ulu'assonografia bidimensional (i. e" planos que são perpen-
CC em gêmeos , entre 24 e 34 semanas de gestação, é baix048 , diculaJ'es ao feixe sonoro, como o plano coronal do colo),
Assim como nas gestações únicas de alto risco, um colo curto Além disso, a apresentação multiplanar tridimensional torna
é o melhor preditor de PP em gêmeos, Q}lanto mais curto possível a visualização do verdadeiro plaJl0 médio sagital do
o colo e mais intenso o afunilamento, maior o risco de PP. colo, por selecionar objetivamente o plano médio sagital no
Importante, apenas menos de 10% de gestações gemelares corte coronal (Figs. 18-17 e 18-18). O corte coronal do colo é
com CC ultrassonográfico maior que 35 m111 entre 18 e 26 um corte ünico que é obtido somente com a ultrassonografia
semanas têm pm'to antes de 35 semanas 49 , Este achado deve- tridimensional e fornece novas informações sobre a forma e
ria permitir aos obstetras evitm- o repouso no leito e OltU'as as dimensões do canal endocervical. A visualização do afuni-
intervenções usadas em gestações gemelares. Llfelizmente, a lamento é também melhorada pelo uso da ultrassonografia
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 711

Plano axial Plano sagital

Jl Plano caronal

FIGURA 18- 16. Diagrama ilustrando uma aquisição do volume tridimensional de duas imagens bidimensionais do colo, no plano sagital e a
subsequente apresentação do colo em três planos ortogonais (sagital, axial e coronal). Note que esses três planos mostrados ao mesmo tempo
Isagital, axial e coronal) são interativamente ligados uns aos outros , na relação de um ângulo de 90° (ortogonal). A avaliação do colo não está
limitada somente ao plano sagital, mas estende-se para os planos axial e coronai. Note que o comprimento cervical e o comprimento e largura do
afunilamento são mostrados tanto no plano sagital quanto coronai. A largura do afunilamento, no plano carona I, é a verdadeira largura, enquanto
que o que muitas pessoas chamam de largura do afunilamento, no corte sagital , é realmente a altura do afunilamento.

FIGURA 18-17. Estes diagramas ilustram a relação entre o feixe sonoro e o eixo médio sagital do canal endocervical. No diagrama da
esquerda, o fe ixe sonoro está precisamente alinhado com o eixo médio sagital do canal endocervical, o qual teoricamente é o plano certo para
estimar o comprimento cervical. O diagrama do meio mostra que o feixe sonoro está cortando obliquamente o canal endocervical, de certa
forma superestimando seu comprimento. O diagrama da direita mostra o feixe sonoro cortando somente parte do canal endocervical, assim
subestimando significativamente o comprimento cervical . Como o operador tenta cegamente alinhar o feixe sonoro com o plano médio sagital
do canal endocervical , ele tipicamente observa pequenas diferenças (1-3 mm) nos valores de uma medida para outra.
712 AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

A B

c
FIGURA 18- 18. Uma .ima_gem ultrassonográfica de um colo normal mostrada num estudo multi planar. A. O plano sagital do colo que corres-
ponde ao plano de aqulslçao do seu volume. B. O plano axial computadorizado do corte do colo precisamente no nível do ponto transplanar
(o ponto laranJa), a 90 graus do plano sagltal. C. O plano coronal do colo, novamente precisamente a 90 graus do plano sagital, coronalmente.
A linha verde no plano c?ronal representa o verdadeiro plano médio sagital do canal cervical e é selecionado pelo operador. A linha verde ilus-
tra o ponto ultrassonograflco tndlmenslonal que objetivamente obtém o verdadeiro plano médio sagital do colo. As linhas vermelha e amarela
representam o plano parassagltal que comumente o operador do ultrassom bidimensional utiliza cegamente para tentar alinhar o feixe sonoro
ao plano médio sagltal do colo.

tridimensional, porque o afuniJamento pode ser avaliado QUAIS MECANISMOS


nos três planos: sagital, axial e coronal. A lal'gura corol1al FISIOPATOLÓGICOS ASSOCIAM
do afunilamento é a verdadeira largura do afunilamento,
porque a largura conhecida que é vista na ultrassonoa-rafia O ENCURTAMENTO DO COLO AO
bidimensional representa a verdadeira altura do PARTO PREMATURO?
(Fig. 18-19). As larguras do afunilaInemo coronal ou do canal
endocervical não têm necessariamente o mesmo valor que Existem três mecanismos que foram associados ao desenvol-
seus respectivos valores sagitais, e isto pode proporcionaI' adi- CC curto assintomático. Primeiro, a hipótese
cionais e novas informações potencialmente úteis 55 (Figs. 18- mais obvla e que o CC curto é causado por uma fraqueza
16 e 18-20 a 18-22). A ultrassonografia tridimensional torna intrínseca do colo, ou insuficiência (este termo é preferido a
possível obter um plano axial do colo no nível da cerclaa-em incompetência cervical)s6. Esta insuficiência cervical é devi-
demonstrando toda a sutura (Figs. 18-14 e 18-15)'i;i . Este da, .em muitos casos, a lesões traumáticas ou cirúrgicas ou,
não é obtido prontamente com a ultrassonooTafia bidimen- mLIltO .mals rarru:lente, a distúrbios congênitos ou doenças
sional convencional. Ainda não se sabe se a imao'em ultras- do tecido conectivo. É mteressante notar que quase todas
o
sonográfica tridimensional vai aperfeiçoaI' a conduta cUnica as mulheres, mesmo as de mais alto risco, não têm um CC
. . . 3.
em pacientes com ou sem cerclagem. Novas apresentações e no prunelro tnmestre . Isto é possivelmente porque é
métodos de aquisição permitem ao operador visualizar o colo Improvável que a pressão que o saco gestacional em cresci-
em múltiplas fatias , em distâncias selecionadas pelo operador, mento exerce no colo dilate mesmo o mais fraco dos colos.
assim como as imagens de tomografia computadorizada ou de Segundo, outra hipótese é a de que um CC curto é devido
ressonância magnética mostram ou visualizam apresentações a processos inflamatórios ou infecciosos. Existe uma forte
ou cortes sagitais e cOl'onais do colo em tempo real, como associação entre CC curto na UTV e infecção. Alta dosao"em
as com imagem virtual contrastada (Figs. 18-23 a 18-25). amniótica de in!erleucina 6 (IL-6), desenvolvimento de
Os métodos de imagem volumétrica fornecem não só cones e lesões inflamatórias da placenta 58
adicionais do colo, mas também ajudam no melhor entendi- Ja foram aSSOCiados a CC curto na UTV Mulheres com CC
mento da avaliaç.10 cervical, por obter importantes cortes (1'. curto e. bacteriana têm maior incidência de PP que
e., o corte médio sagital do colo), de uma maneira controlada. a combmaçao de mulheres somente com CC curto, mas sem
Mais estudos são necessários para avaliar se esta informação vaginosé 9 Um CC curto levando ao PP é com frequência asso-
adicional tem algum impacto na conduta clínica. CIado a RPM ao invés de TPP, mostraIldo evidência adicional
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 713

A B

c
FIGURA 18-19. Uma imagem multiplanar do colo com afunilamento mínimo (traço amarelo) no plano sagital IA). No plano axial (8) e no plano
coronal IC) , o comprimento e largura do afunilamento são vistos significativamente maiores quando comparados com o plano sagital.

A B

c o
FIGURA 18-20. Uma composição de imagens de um colo com afunilamento, mostrado numa apresentação multiplanar IA, 8 e C) e num modo
" Nicho" (D) que mostra todos os três planos em intersecção uns com os outros, para criar uma relação tridimensional entre os planos.
--
714 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTE RINO

FIGURA 18- 21. Ultrassonografias tridimensionais derivadas de planos coronais de seis diferentes colos descrevendo a forma do canal cervi-
cal. Note as diferentes formas de cada um destes colos, no plano coronal.

A B

c
FIGURA 18-22. Uma exposição multiplanar do colo (A é sagital. 8 é axial e e é coronal), com significativo afunilamento com "lama" dentro ,
visto em A e e. Note que a " lama " é mais bem vista no plano coronal {eJ. Também note que o plano coronal do afunilamento é mais do que
duas vezes mais largo que a altura do afunilamento.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 715

FIGURA 18- 23. Uma maneira relativamente nova de apresentar os dados volumétricos ultrassonográficos numa exposição "Te e RM" símile.
O volume ultrassonográfico tridimensional do colo é visto aqui em múltiplas imagens do colo, através do volume, num plano sagital (o operador
também deve selecionar os planos coronal e axial), precisamente 0,5 mm separado uns dos outros. Esta apresentação parece ser útil. espe-
cialmente para compreender a imagem do volume ultrassonográfico do colo e melhor identificar a imagem que representa o plano adequado
para medir o canal cervical.

para o papel da infecção, nestas Até aqui, existe INTERVENÇÕES PARA PREVENIR
evidência insuficiente para discernir se a infecção causa o
desenvolvimento do encurtamento do CC oU se a associação
O PARTO PREMATURO SE O
entre infecção e CC curto ocorre porque o CC curto permite ENCURTAMENTO DO COLO É
a infecção ascendente pela vagina. Um CC curto pode provi- IDENTIFICADO EM MULHERES
denciar mais fácil acesso de potenciais organismos patológicos
vaginais para o ambiente intrauteri.no, levando a prolongada
ASSINTOMÁTICAS
corioanmionite subclínica e subsequente PP. Mulheres com Muitos pesquisadores acreditam que o alto valor preditivo
um CC normal têm proteção mecânica e imunológica contra negativo da UTV do colo é importante, porque mulheres com
a ascensão de organismos vaginais i.nferiores. CC normal podem ser tranquilizadas e intervenções evitadas.
Terceiro, estudos recentes têm mostrado que a maioria das Entretanto, um alto valor preditivo negativo sozinho não é
mulheres assintomáticas com CC menor que 25 nm1 antes de suficiente para validar se o rastreamento é benéfico. Para
24 semanas têm algumas contrações , mais que em controles que a UTV seja julgada como econômica, terá que existir
com colo normal 60 .61 . Ainda não está claro se as contrações uma intervenção eficaz para prevenir PP quando o teste é
causam o encurtamento do CC, resultando no colo curto ou positivo.
se esses dois fatores agem sinergicamente.
O mais provável é que essas três hipóteses, assim como Cerclagem Indicada pelo Ultrassom
outros mecanismos, agem sinergicamente em certas mulheres Como a insuficiência cervical é uma das hipóteses mais
para contribuir, de diferentes maneiras em cada individuo, para importantes para o CC curto, a cerclagem cervical tem sido a
o desenvolvin1ento do CC curto. primeira intervenção postulada para ser benéfica nesta situação
716 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

A B

c D

FIGURA 18-24. A, 8, C. Uma imagem multiplanar quadrimensional do colo com cerclagem vaginal, com afunilamento ocorrendo antes da
pressão fúndica. D. O plano coronal do afunilamento após 15 segundos de pressão fúndica . Note que a largura do afunilamento aumenta no
plano coronal após a pressão fúndica, algo que simplesmente não pode ser observada com ultrassom bidimensional.

A B
FIGURA 18-25. Imagem virtual contrastada (IVC) do colo, outrora conhecido como imagem do volume fino. À esquerda IAi, existe uma
imagem ultrassonográfica bidimensional do colo , exposta simultaneamente com uma IVC derivada da imagem do colo no plano coronal (8).
Essa dupla exposição permite ao operador avaliar o colo em tempo rea l, não somente no plano sagital, mas também no real plano coronal, por
colocar adequadamente a linha verde pontilhada no plano preferencial da imagem bidimensional, como visto à esquerda.

clúuca. Estudos randomizados em cerclagens indicadas pelo obstétrico ruinl ú'lracterizado por perdas no segundo trimesn-e e
lustórico (antes chamados proftláticos, ou eletivos), sem o uso mudanças cervicais na gestação em curs0 66.6i . Os quao'o estudos
de UTV, mostraram que este procedimento não previne o PP randomizadosó8. jJ sobre a eficácia da cerclagem indicada pelo
em gestações únicas de alto risco 62 .G3 , exceto no subgnlpo de ultrassom [oram analisados por metanálise i2 , que pennitiu não
mulheres com três ou mais perdas prévias no seg'undo oimeso'e só um gTande número e mais robustas estaósticas, mas também
ou oimestre PPSÓ.j, e ele também não é benéfico em ?;estações uma análise mais cuidadosa de diferentes populações de mulhe-
gemelares 65 . Devido a estes resultados pesqui- res com CC curto. De fato, a cerclagem indicada pelo ultrassom
sadores criaram a lupótese de que o subgmpo de mulheres nas tem diferentes efeitos, em diversas populações (Tabela 18_3)i2.i3
quais a cerclagem pode ser benéfica pode ser identificado pela Em muU1eIes com gestações únicas e prévio PP ou uma perda
UTV do colo. Para mulheres assintomáticas com CC curto, no segundo trimestre, fazer uma cerclagem se o CC UTV era
de [ato, a úluca intervenção estudada até hoje por estudos ran- menor que 25 mm antes de 24 semanas preveniu PP recorren-
dom.izados foi a cerclagem cervical. A cerclagem foi realmente te. Em muUleres com gestações ÚlUCas e ausência de fatores
inventada há mais de 50 anos, para mulheres com histórico de risco, a cerclagem indicada pelo ultrassom não foi benéfica
AVALIAÇÃO UL T RASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 717

I Tabela 18- 3 I Eficácia da Cerclagem Indicada pelo Ultrassom72.73


Popula çã o Efeito da Cerclagem em PP < 35 Semanas

Gestações Ú rucas
Baixo Risco para PP (nenhum outro fator de risco) 24% de decréscimo (não significativo)
PP prévio 16-36 semanas 39% de decréscimo (significativo)
Perda prévia no segu ndo trimestre 43% de decréscimo (significativo)
Gestações gemelares 215% de acréscimo (significativo)

PP: parto prematuro

nem maléfica, sendo necessáJios mais esrudos para avaliar sua manece normal. Um esrudo randomizad0 81 e três estudos
eficácia. Em mulheres com gestações gemelares, a cerclagem não randomizados 82.84 avaliaram se mulheres com suspeita de
indicada pelo ultrassom foi maléfica. Este último achado não insuficiência cervical podem ser seguramente acompanhadas
é surpreendente devido ao falO de que a UIV não é um bom com UIV, com a cerclagem realizada apenas naquelas que
método de rastreamento para PP nesta população, que tem desenvolveram um CC curto, comparado com a cerclagem
provavelmente PP por contrações e não por fraqueza cervical 74 indicada pela história universal. o mínimo 60% dessas
O interessante é que a cerclagem para o CC curto é eficaz tanto mulheres de alto risco mantêm um CC normal até depois de
antes quanto depois de 20 semanas, e tanto nos cortes de 25 24 semanas, têm parto a termo e podem ser dispensadas de
e 15 mm. E também que a colocação de um reforço (também qualquer intervenção. Somente cerca de 40% desenvolvem
chamado resgate) na cerclagem, quando a primeira cerclagem um CC curto, estão em risco verdadeiro para PP e podem
parece estar falhando, não está associada a benefício, e este necessitar de alguma intervenção. O tratamento de mulheres
procedimento deve ser evitad0 75• com fatores de risco para PP, com UIV seriada do colo,
parece ser uma alternativa segura para a tradicional indicação
de cerclagem pelo histólico clínico, mas este achado deve ser
Indometacina confirmado por estudos randomizados mais an1plos.
O único esrudo randomizad069 que mos o-ou benefício da cer-
clagem também ministrou indometacina pau essas mulheres,
e não para os cono-oles, aumentando a possibilidade de a indo- DIAGNÓSTICO E CONDUTA EM
metacina ter cono-ibuído significativamente para a prevenção do MULHERES COM SUSPEITA DE
PP, neste esnldo. Análises do efeito da indometacina ainda reve- PARTO PREMATURO
laram que ela pode prevenir PP antes de 24 semanas e RPM em
muU1eres com um CC curt0 76. Dado que mulheres com um CC A UTV do colo tem sido extensivamente estudada como um
curto frequentemente têm cono-ações 60 .6 1, é possível que uma exame preditivo de PP em mulheres com sintomas de TPP
das mais eficazes intervenções seja a terapia tocolítica. (Tabela 18-2). Todos os estudos têm relatado uma precisão
preditiva positiva estatisticamente significativa do CC por
UTV para pp85. A presença de "lama" (Fig. 18-22) em mulhe-
Antibióticos res com suspeita de TPP está associada a infecção intramruó-
Um CC curto também tem sido associado a infecção. Análises tica e alto risco para pp29 . O CC UIV é também muito útil
do efeito dos antibióticos não revelaram efeito desta terapia na clinicamente na conduta em mulheres com suspeita de TPP.
prevenção do PP em mulheres com CC curtoi? Infelizmente, os Primeiro, ele ajuda no diagnóstico. O diag11óstico do TPP
antibióticos têm falhado com frequência em prevenir PP, quan- era usualmente feito entre 20 e 36 semanas, por contrações
do ysados para outros fatores ,?e risco para PP, como PP pré- regulares e alterações cervicais documentadas pelo exame
vio /8 , fibronectina fetal positiva/9 , ou TPP sintomático80 . Outras manual. De fato, mais de 70% das mulheres com diagnóstico
intervenções, como repouso no leito, terapia com progesterona de TPP tiveram parto a termo e terian1 recebido intervenções
e ouo-os , ainda não foram adequadamente esrudadas. desnecessárias. Mulheres com este achado, mas com um CC
por UTV 30 mm e fibronectina fetal negativa têm menos
de 1% de chance de parir em uma semana, menos de 10%
OUTRO BENEFíCIO de chance de parir antes de 35 semanas e não devem receber
esteróides para maruração fetal , tocólise ou outras interven-
DO RASTREAMENTO
ções. O diagnóstico de TPP deve ser confirmado por um CC
ULTRASSONOGRÁFICO por UTV menor que 20 mm e uma fibronectina fetal positi-
TRANSVAGINAL EM MULHERES va, e somente estas mulheres devem receber intervenções 85
Um estudo randomizado no nosso centro está anlalmente
ASSINTOMÁTICAS: EVITAR A avaliando o benefício dessa abordagem. Previamente, um
CERCLAGEM CASO O EXAME SEJA decréscimo na incidência de nascimentos com menos de 2.500
NORMAL g, foi descrito quando a UTV do colo foi usada no rastrea-
mento de pacientes para repouso no leito e tocólise, somente
Existem, no mínimo, dois grandes benefícios do rastreamento quando o CC por UTV era menor 30 nun, comparado
com UIV. Primeiro, ele identifica muU1eres que podem se com os controles pelo histórico clínico 6. O uso daurv para
beneficiar com a cerclagem (i. e., mulheres com PP prévio ou conduta de mulheres sintomáticas com suspeita de TPP tem
perda no segundo trimestre, que desenvolveram um CC curto mostrado diminuição da incidência de hospitalização e custos,
na gestação subsequel1te, com 14 a 24 semanas)_ Segundo, mas não diminuiu o pp87.88 mais curto o CC, em
ele pode ser usado para evitar procedimentos desnecessários mulheres com TPP, maior é o risco de infecção intramniótica
(p. ex. , cerclagem) em mulheres onde o CC por UIV per- e, isso tan1bém está relacionado à idade gestacional durante
718 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO

o atendiment0 89 . Mulheres em TPP com CC menor que 10 100


mm, com no mínimo 28 semanas, têm incidência de infecção 90
intramniótica 25%.
A possível utilidade de repetidas mensurações do CC após 80
tocólise para TPP prediz PP, mas não é melhor que a primeira <I>
70 41-50 mm
medida no atendimento. A variação no CC entre o primeiro C
<I> 60
.<:
e os repetidos CC não parece ser preditiva de PP, tanto que
t 50
"repetir a medição ultrassonográfica do CC após tocólise bem- OI
a.
sucedida [pode ser] inútil"90. o 40
'OI
c 31 - 40 mm
<I>
c 30
.'!l
PREDiÇÃO DA LATÊNCIA EM <J)
<I> 20
ex:
ROTURA PREMATURA DAS 10
...._ _ _ ...._ _ 21-30
11-20 mm
mm
MEMBRANAS O
1-10 mm
Vários estudos têm avaliado a utilidade da UTV do colo em 37 38 39 40 41 42
mulheres com RPM. Um estudo randomizado demonstrou a Idade gestacional (semanas)
segurança da realização da UTV neste grupo, porque mulhe-
res que Ezeram UTV tiveram incidências similares de infec- FIGURA 18- 26. Curva percentual de estimativa da sobrevivência
de mulheres não parturientes , em diferentes idades gestacionais, de
ções maternas e neonatais que os controles que não realizaranl acordo com medidas ultrassonográficas do comprimento ce rvical ,
lJTV'. A latência para o parto está diretamente correlaciona- com 37 semanas . (Redesenhado com permissão de Ramanathan G,
da com o CC, com mulheres com CC mais encurtado tendo Yu C, Osei E, et ai: Ultrasound Examination at 3 7 weeks' gestation
as menores latências 9 1,92. Não existem estudos que aErmem in the prediction of pregnancy outcome: the value of cervical asses-
que este conhecimento clú1Íco afete o resultado. sment. Ultrasound Obstet Gynecol 22:598, 2003).

PREDiÇÃO DO INíCIO DO TRABALHO como seguro e aceitável para as pacientes. Um CC menor


que 25 mm, entre 16 e 24 semanas, tem mostrado ser o mais
DE PARTO ESPONTÂNEO confIável lin1Íar para um risco aumentado de PP. Qyanto
A UTV do colo pode ser útil em o inicio do trabalho mais curto o colo, mais alto é o risco para PP e quanto mais
de parto em mulheres no term0 93 , 4. Qyando o CC por UTV cedo for a idade gestacional em que o encurtamento ocorre,
é medido com 37 semanas, a média da idade gestacional no maior é o risco. O papel da UTV do colo tem sido estudado
parto aumenta de 38 semanas em mulheres com CC de 10 numa grande variedade de arranjos e com diferentes popula-
mm, para 41 semanas em mulheres com CC de 35 mm, com ções de pacientes, sempre mostrando boa predição para PP.
68% de chance de parir após 41 3/7 semanas se o CC é maior A frequência do rastreamento deve depender da gravidade do
que 40 mm (Fig. 18-26)9". histórico obstétrico, com UTVs seriadas do colo tendo uma
melhor precisão preditiva que uma avaliação única, especial-
mente em populações de alto risco. Mulheres com prévios PP
PREDiÇÃO DO SUCESSO DA ou perda no segundo trimestre, que a seguir desenvolveram
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO CC por UTV menor que 25 mm com 16 a 23 6/7 semanas,
no curso de uma gestação úI1Íca, podem se beneEciar da
E ESCOLHA DA VIA DE PARTO cerclagem indicada pela ultrassonograEa. Há evidência acu-
Vários estudos têm avaliado a precisão preditiva da UTV do mulativa de que esta técnica pode ser usada para seguramente
colo em grávidas a teImo para O período da indução e inci- evitar a colocação da cerclagem, a não ser que ou até que a
dência do sucesso (parto vaginal). Um CC curto « 30 mm 95 , mudança cervical ocorra, mas essa conduta tanlbém tem que
< 28 mm96 , < 26 mm97 ou apaganlent098) está associado a uma ser conErmada por estudos prospectivos apropriados. Ainda
menor duração do trabalho de parto e uma maior incidência existem dados limitados no que diz respeito à UTV do colo
de parto vaginal, comparado com um colo longo. Apesar de ser cw1Ícamente útil no cuidado com muUleres sendo avalia-
alguns estudos não acharem que a UTV do colo soma-se sigJ1Í- das para TPP, ou para aquelas que experimentaram RPM ,
Ecativamente à rcredição obtida pela dilatação do colo nos exa- ou para a predição do sucesso do trabalho de parto induzido.
mes manuai..s 90 .1 0, muitos acham que o CC por UTV é melhor Pesquisas futuras nestas aplicações clú1Ícas da UTV do colo
preditivo que qualquer dos parâmetros do Índice de Bishop94-97. têm o potencial para aumentar sigJ1iEcativamente os resulta-
Um estudo randomiza90 recente mostrou que o uso do CC dos saudáveis de mulheres grávidas e seus bebês.
por UTV ao invés do Indice de Bishop, para o gerenciamento
da indução, está associado a um decréscimo da necessidade Referências
do tratamento com prostaglandina intracervical, sem efeitos
adversos no sucesso da i..nduçãolOl. Além disso, mulheres em 1. Berghella V, Bega G, TolosaJ, et aJ: Ultrasound assessment af the
trabalho de parto espontâneo com UTV de menos de 20 mm cervix. Clin Obstet Gynecol 46:947, 2003.
têm apenas 4% de incidência de parto cesáreo, enquanto que 2. H assan 55, Ramero R, Berry 5, et aJ: Pa rients with 1I1trasonagraphic
cervical length =15 mm have a 50% risk of early spontanealls
mulheres com CC por UTV maior que 40 mm têm 12% de prelerm delivery. AmJ Obstet GynecoI182 :1 458, 2000.
chance de parto cesáre0 94 . 3. Owen J , Neely C , Narthem A: transperineaJ versus cndovaginaJ
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CONCLUSÕES 4. Bmger M, Weber-Rossler T, Willman M: Measurel1lent af the
pregnant cervix by transvaginaJ sonography : al1 interobserver
A UTV para avaliação cervical é uma das melhores téCI1Ícas srudy and new standards to improve the imerobserver variability.
para a predição do PP. O uso de UTV do colo tem sido visto Ultrasollnd Obstet Gynecol 9:188, 1997.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DO COLO UTERINO 719

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19
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E
CORDÃO UMBILICAL
Vickie A. Fe ldstein , MO, Robert D. Harris , MO e Geoffrey A. Machin , MO , PhO

Placenta Cordão Umbilical

Desenvolvimento Normal e Anatomia Embriologia


Tamanho/Forma Placentária Anatomia
Placenta Circunvalada e Lobo Succentoriado Anormalidades do Cordão Umbilical
Calcificações Placentárias Artéria Umbilical Única
Co mprime1/to
Área Cística Focal/Lesões Hipoecoicas
Cordão N lI cal
Allormalidades Vasc lIlares
Ellovelame1/to
Hematomas
In serção
Descolamento Placentário
Defeitos da Parede A bdomillal Allterior
Placenta Prévia
Cistos e Massas do Cordão
Vasa Prévia
Gestações Múltiplas
Placenta Acreta
Tumores Placentários Não Trofoblásticos
Doppler Placentário

placenta (incluindo processos materno e fetal) e cordão, mos-


PLACENTA trados na US e corroborados com a correlação patológica.

A placenta é fascinante, mas, usualmente, um 6rgão ignorado


que fornece suporte primário para o desenvolvimento do
feto . Em Tlfe Diseases and Difórmaities 0/ the Foetus (1892), J'''1
Desenvolvimento Normal e Anatomia
O óvulo recém-liberado é normalmente fertilizado na trompa
Ballantyne escreveu de falópio e alcança a cavidade uterina como mórula, que
rapidamente evolui para blastocisto. O blastocisto em desen-
"Um fito doente sem sua placenta, é um esjJécime impeifeito e a volvimento prende-se e implanta-se no endoméu-io, no qui.nto
descrição de uma doença fitai, a não ser que acompanhada jJelo ao sexto dia depois da fertilizaçã0 2 • A camada celular externa
relato da amdição placentária, é incompleta. Deduções tiraclas de um do blastocisto, que se tornará a placenta, transforma-se na
caso em jJarticular não podem ser consideraâas conclusivas, porque massa celular trofoblástica que se une com células endome-
1/a placenta ou cordão esqueCidos, fJoderia estar a causa da doença e triais (1Q2 dia pós-ovulatório). O trofoblasto diferencia-se
morte. Durante a vida inh"auterma, ofito, as llfembranas, o cordão em citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto, logo a segui.r. Estas
e a placenta jónnam um comjJlexo O1gânico e a doença de qualquer últimas entram por erosão nas glândulas endometriais e vasos
das partes deve reagir com e afltar as outras.'"
sanguíneos.
Entre 10 a 13 dias após a ovulação, lacunas ou fendas
apau·ecem por entre a massa celular trofoblástica rapidamente
proliferativa. Esses espaços formam o espaço interviloso, os
o mesmo pode ser dito em referência à ultrassonografia largos canais onde ocorre a transferência de gases e nutrientes
e o valor da avaliação ultrassonográfica da placenta. Aqueles entre as circulações materna e fetal (Fig. 19-1). Ainda no Ílúcio,
que realizam ultrassonografias (US) obstétricas são encoraja- essa proliferação das vilosidades é caracterizada na US por
dos a estudar esta interessante e crucial estrutura, porque pode uma aparência hiperecoica, apesar de a placenta definitiva so-
ser encontrada patologia placentária significativa, em geral an- mente ser bem visualizada após 10 a 12 semanas. As vilosida-
tes de o feto ser afetado. O reconhecimento das frequentes des se formam do mesênquima e vasos sanguíneos, germinam
variações anatômicas e lesões da place11la clinicamente impor- nos brotos vilositários primários, que a seguir ramificam-se em
tantes têm alto valor pau·a a realização ideal e interpretação da vilosidades secundárias e terciárias. Ao redor de 8 semanas de
US pré-natal. gestação, as vilosidades orientadas para o endoméu·io (agora
Este capítulo revê o desenvolvimento normal placentário chan1ado de decídua) continuam a se dividir e crescem como o
e do cordão umbilical, e apresenta anormalidades comuns da cório frondoso. As vilosidades se direcionam para a cavidade
72 1
722 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

Artérias
umbilicais
Placa coriônica

Margem placentária

.
Vilosidade
2
Circulação felal
3
Circulação materna
Caminhos do sangue materno
através dos espaços intervilosos
ramificada através da vilosidade

FIGURA 19-1. Representação esquemática da estrutura placentária, delineando os espaços intervilosos, sítios de trocas entre as circulações
materna e fetal. (De Carlson BM (ed.): Human Embryology and Developmental Biology. Philadelphia, Elsevier Lld., 2004.)

endometrial atrófica e formam uma suave superfície, o cório


liso. O cório normalmente se junta ao âmnio, cerca de de 12
a 16 semanas.
O verdadeiro fluxo sanguíneo matemo não se estabelece
até 12 semanas de gestação; antes, fluxo plasmático (não san-
guíneo) ocorre no espaço intervilos0 2•3 . A circulação uteropla-
centária ocorre quando as arteríolas espiraladas, desalojando
as invaginações trofoblásticas , são transformadas em flácidas e
dilatadas arteríolas uteroplacentárias, criando no espaço inter-
viloso um fluxo de baixa pressão, baixa impedância, por con-
seguinte, estabelecendo uma adequada reserva de oxigênio e
nutrientes para o suporte do feto inicial 5 . Pesquisadores têm
descrito circulação placentária iniciallvilosa normal e anormal
com 8 a 12 semanas 4 De modo geral, há uma diminuição da
resistência ao fluxo sanguíneo na circulação uterina desde a
gestação inicial até o termo, em gestações normais 5 .
Avaliação ultrassonográfica da placenta começa pela loca-
lização. Na US , a placenta deve ser visível, tão cedo quanto
com 10 semanas, como um espessamento do halo hipoecoico
FIGURA 19-2. Exame transvaginal do primeiro trimestre da gestação.
do tecido ao redor do saco gestacional (Fig. 19-2). Com 12 a 13 Neste estágio, a placenta (PI) é reconhecida como um espessamento
semanas, o fluxo sanguíneo interviloso pode ser demonstrado focal de tecido hiperecogênico, adjacente ao saco gestacional.
pelo Doppler colorido ou power. De 14 a 15 semanas, a pla-
centa está bem formada e uma área hipoecoica proeminente, o
complexo retroplacentário, composto pela decídua, miométrio
e vasos uterinos, pode ser prontamente visualizado (Fig. 19-3).
Com 16 a 18 semanas, pequenas artérias intraplacentárias po-
Tamanho/Forma Placentária
dem ser demonstradas com Doppler colorido ou power, com
ajustes para baixo fluxo. A placenta do terceiro trin1estre é A US pode ser usada para avaliar o tamanho, espessura e
um órgão muito vascularizado e as artérias retroplacentárias e eco textura da placenta. Já que a placenta é principalmente um
intraplacentárias são largamente disu-ibuídas e discerniveis na órgão fetal, seu tamanho em geral reflete a saúde e o tama-
in1agem Doppler colorido ou power. nho do feto. A placenta normal a termo mede 15 a 20 cm de
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 723

FIGURA 19-3. O complexo retroplacentário, que inclui vasos pro-


eminentes (setas) e é relativamente hipoecoico, comparado com a
placenta adjacente IPI), é demonstrado nesse corte ultrassonográfico
transabdominal.
FIGURA 19-4. A placenta anterior é relativamente delgada no ter-
ceiro trimestre da gravidez complicada por hidropisia fetal com poli-h i-
diâmetro, com volume de 400 a 600 m1 2 . Apesar de eXlsnr drâmnio (bolsão de liquido amniótico medido por cali pers eletrônicos)
uma grande vaJ"iedade, a espessura placentária normal é de e derrame pleural fetal.
cerca de 1 llUl1 por semana de gestaçã06J Como regra geral,
a placenta deve ser em espessura (em milímetros), aproxima-
damente igual à idade gestacional em semanas, ± 10 111111. Em
geral, a placenta a termo não deve ter espessura menor que 45
mm, apesar de ocorrerem algumas exceções 6 . O volume pla-
centário no terceiro trimestre tem sido relatado como sendo
um preditor de evoluções fetais anormais , mas o método de
mensuraçao - e, comp Iexo e nao- ,e Iargamente a d ota do8· 11 . U ma
placenta delgada pode ser um marco de fetos pequenos para
a idade gestacional, ou um sinal de restrição do crescimento.
Poli-hidrânuúos graves podem causar adelgaçamento da pla-
centa (Fig. }9-4). Na presença de poli-hidrânmio acentuado,
uma placenta de tamanho normal pode ser, de fato, anormal-
mente mais espessa.
A placentomegalia tem muitas causas. Uma pequena área
de ligação com o útero pode causar artefato de espessamento da
placenta, mas o exame cuidadoso e completo da superfície
materna e sítio de inserção pode desfazer essa aparência (Fig.
19-5). As causas de uma placenta verdadeiramente espessa
podem ser em geral divididas em duas categorias, baseadas
na morfologia ultrassonográfica: ecotextura homogênea e he-
terogênea. Causas comuns de espessamento homogêneo são
o diabetes melito (DM ; DM gestacional típico), anemia, hi-
dropisia, infecção (vilite) e, raramente, aneuploidia (Fig. 19-6A
e B). Se múltiplos pequenos espaços císticos são vistos numa
placenta espessada, o diagnóstico diferencial deve incluir: tri-
ploidia, hemorragia placentária, vilite, displasia mesenquimal l2
e síndrome de Beckwith-WledemaIm (Figs. }9-7 e 19_8)13 O
FIGURA 19-5. Placenta aparentemente espessada IPI) devido à im-
eSpeSSaIl1ento heterogêneo pode ser visto em hemorragia inu'a- plantação baixa no útero.
placentária, que será discutido numa seção posterior.

Placenta Circunvalada e Lobo Mais frequentemente, a traI1sição onde os vasos fetais da placa
Succentoriado cOl'iônica terminal tem uma margem erguida ou cilíndrica,
denomina-se circunvalada I3 . 14 . A placenta circunvalada é
A placenta circunvalada é uma anormalidade da forma da CaI'acterizada pelas membranas cório-aIlUúóticas periferica-
placenta, onde as membranas se inserem do interior paI'a a mente espessadas, cilíndricas. Essa condição pode ser com-
margem, pelo centro da placenta. A placenta é denominada pleta (envolvendo 100%), ou parcial, quando apenas uma
circu1ll11arginada se a inserção da membraI1a fetal é achatada. porção da circunferência placentália está envolvida. Em geral,
724 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19-7. Espessamento heterogêneo da placenta com peque -


nas áreas cfsticas , mostradas num caso de displasia mesenquimal.

FIGURA 19-6. A e B. Dois exames de um espessamento homogê-


neo da placenta, vistos no segundo trimestre de gestação complicada
por hidropisia. Note a suave e homogênea textura da placenta.

placentas circunmarginadas ou parcialmente circunvaladas


não tem significado clínico (obstétrico ou fetal). Entretanto,
circunvalação completa tem sido associada a um aumentado
risco de sangramento, baixo peso ao nascimentolrestrição do
crescimento intrauterino (RCl U ), oligo-hidrâmnio, parto/ FIGURA 19-8. Espessamento placentário com múltiplas lesões
trabalho de parto prematuro, descolamento prematuro da císticas, mostrado pelo ultrassom. Imagens do feto revelaram vis-
placenta e mortalidade perinatal. Na US, pode-se notar uma ceromegalia e macroglossia, com síndrome de Beckwith-Weidemann
margem placentária irregular com uma aparência empilhada confirmada.
(Fig. 19_9)15.16 A crista de tecido periférico espessada, com
frequ ência encontrada no exame patológico acompanhado
de hemorragia placentária crônica ou infartos, merece con-
sideração por causa do seu incomum. porém razoavelmente Lobo succentoriado (ou acessório) da placenta ocorre em
ca.racterístico achado ultrassonográfico (Fig. 19-10A e B). quase 5% das gestações 14 . Isto é reconhecido na US como uma
Como nota, a clássica representação US da margem placen- distinta, aparentemente separada, massa de tecido placentário,
tária cilíndrica e para cima pode aparecer em alguns cortes sem um tecido de ligação reconhecível 18 . Nestes casos, existe
como uma estrutura linear protusa na cavidade anmiótica, e uma alta incidência de infarto placentário e inserção velamen-
isso pode ser interpretado erroneamente como uma sinéquia tosa do cordão umbilical. A complicação potencial mais séria
uterina (Figs . 19-11A e B, e 19-12)17. É possível avaliar ultras- associada a esta condição é quando os vasos umbilicais que
sonograficamente o grau de circunvalação pela avaliação de suprem o lobo succentoriado atravessam o orifício interno do
toda a margem placentária em 360 graus. com o transdutor colo (vasa prévia), que será descrita detalhadamente numa se-
orientado radialmente para a placenta. ção posterior.
AVALIAÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 725

A
A

B
FIGURA 19- 9. Aspecto ultrassonográfico característico da placenta B
circunvalada. A. Margens periféricas curvas (setas) são vistas nesta
placenta anterior. B. Margens periféricas curvas (setas) são vistas FIGURA 19-10. A e B. Duas imagens de uma placenta circunvalada
nesta gestação de 15 semanas. Observe que, neste estágio, o âmnio completa no segundo trimestre com margem periférica espessa e cur-
ainda não se fixou ao cório. va. Isto não deve ser confundido com uma sinéquia uterina.

Calcificações Placentárias Área Cística Focal/Lesões Hipoecoicas


Sabe-se que a placenta pode amadurecer e calcificar (reco- Lesões císticas ou hipoecoicas são anomalias placentárias
nhecido como o sinal ulrrassonográfico de envelhecimento) frequentes , notadas após 25 semanas de gestação. Apesar de
numa razão razoavelmente reprodutível. Um sistema de clas- elas poderem representar uma variedade de entidades, peque-
sificação ultrassonográfica para graduar a placenta no útero , nas áreas hipoecoicas com frequência não têm significado
de acordo com as alterações da maturação, [oi desenvolvido clínico (Fig. 19-14). Elas são mais preocupantes se são vistas
por Grannum et a1 19 . Extensa pesquisa tentou correlacionar na gestação inicial, se são numerosas ou grandes 22 . Apesar
a maturidade placentária. avaliada pela US ocom maturidade de representarem uma variedade de entidades patológicas, as
pulmonar. nas décadas de 1970 e início de 1980 2 Apesar °. etiologias mais comuns para as lesões placentárias hipoecoicas
de as primeiras investigações terem sido promissoras. mais incluem: trombo interviloso e cisto decidual septal. O trom-
tarde foi demonstrado que os achados US da maturação pla- bo interviloso (TIV) tem em geral 1 a 2 cm de diâmetro e
centária não predizem corretamente a maturidade pulmonar consiste em sangue materno coagulado no espaço interviloso,
fetal. Como resultado. a graduação placentária, que esteve frequentemente rodeado por vilo comprimido ou infartado
em moda por um tempo, é hoje raramente persuasiva porque (Fig. 19-15). Eles são muito comuns, com uma incidência
tem pequeno valor na prática clínica. Calcificação placentária reportada de 30% a 40%23. Às vezes , TIV pode parecer uma
prematura ou acelerada tem sido associada a vários fatores. lesão anecoica maior, o que pode causar alguma confusão e
incluindo hipertensão crônica materna, pré-eclâmpsia, RClU preocupação. Cistos deciduais septais têm diâmetro menor
e tabagismo materno (Fig. 19-13A e B)2 1. que 3 cm, com uma incidência descrita de 20%. Ocorrem
--
726 AVALIA ÇÃ O ULT RASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILI CAL

FIGURA 19-12. Espécime da patologia visto da superfície fetal, de


uma placenta circunvalada a termo, com evidência de hemorragia
crônica periférica.
A

que muitos cistos placentários superficiais detectados na ultras-


sonografia estão relacionados à alteração dstica numa área de
fibrina subcoriônica 24 . Essas entidades são em geral sem signi-
ficado clínico porque elas são associadas a evoluções normais
das gestações, e não tem nenhuma outra aparência ultrassono-
gráfica distinta que não seja suas localizações características.
Os processos descritos provavelmente têm importância
para os achados ultrassonogTáficos relados de lagos placentá-
rios ou venosos que aparecem como espaços anecoicos intra-
placentários. Na US, ecos internos turbilhonados podem ser
algumas vezes observados, e sua forma pode se modificar com
mudanças da posição materna ou contrações uterinas 25 . Estas
lesões dsticas hipoecoicas placentál-ias, algumas vezes referi-
das como lagos placentários, tem sido descritas em associação
de incompatibilidade Rh materno-fetal, níveis séricos mater-
nos elevados de alfa-fetoproteína e placentas edemaciadas
(Fig. 19-17). Entretanto, elas não parecem ser de preocupação
clín.ica porque não têm efeito comprovado na função placen-
tária ou na saúde do feto. Investigações sobre o significado
B clínico desses achados na rotina ultrassonográfica obstétrica
FIGURA 19-11. A. A estrutura linear mostrada protruindo para a não revelaram associação de risco de complicações gestacio-
cavidade cheia de líquido (seta) pode ser confundida com outros pro-
cessos, como uma sinéquia uterina ou banda amniótica. B. Um corte
nais ou complicações no part0 2G • Num trabalho sobre lagos
ultrassonográfico adicional , perpendicular ao primeiro, confirma que placentáI-ios vistos na US, entre 15 a 34 semanas de gestação,
isto representa a margem placentária encurvada (seta) de uma pla- em gestações de baixo risco, não se observou diferença signi-
centa circunvalada. ficativa no peso fetal, idade gestacional no parto ou evoluções
obstétricas adversas 27.

próximo à zona subcoriônica e resultam de uma degeneração Anormalidades Vasculares


das células deciduais dentro do septo, que se estende da base
decidual e sustenta a placenta, resultando em cavidades cheias Infano placentário é uma áI-ea localizada de necrose isquêmica
de fluido fibrinoso homogêneo. Hemorragia dentro da cavi- vilositária, resultante de uma interrupção no aporte sanguú1eo
dade pode se assemelhar com TIV e é difícil distinguir essas materno, mais comum na periferia da placenta. Muitos são
entidades com a US. A correta determinação pode ser feita no rudemente triangulares no estudo patológico, com a base do
exame patológico (Fig. 19-16). triângulo ao longo da placa basal (Fig. 19-18). Isto tem sido
Lesões hipoecoicas placentárias podem resultar de depo- associado a gestações pós-termo, hipertensão materna e anti-
sição perivilosa de fibrina , tipicamente localizada na periferia corpos anticardiolipina. Muitos são devido a oclusões trombó-
da placenta, com placas macroscópicas visíveis ocorrendo em ticas de uma artéria uteroplacentáI-ia, menos frequentemente
20% a 25% de gestações não complicadas. O depósito subco- de um hematoma Pl-ivando a placenta de seu suprimento
I-iÔniCO de fibrina resulta em áreas triangulares ou retangulares sanguú1eo_ Muitos infartos placentários não são facilmente
de fibrina, depositada abaixo da superfície fetal da placenta, detectados pela US porque são isoecoicos em relação ao teci-
com a base do triângulo ao longo do cório. Na patologia, eles do placentáI-io adjacente 28 , a não ser que tenha hemorragia
são percebidos em cerca de 20% das placentas. Foi observado associada; neste caso, a cronicidade do sangramento influen-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 727

FIGURA 19-15. Imagem ultrassonográfica transabdominal de uma


placenta anterior com lesões hipoecoicas que são inespecíficas na
aparência ultrassonográfica e mais tarde provaram ser representati-
vas de trombo interviloso.
A

FIGURA 19-16. Espécime de patologia de uma placenta a termo,


revelando um foco de sangue coagulado dentro do espaço interviloso,
B chamado de trombo interviloso.

FIGURA 19-13. A e B. Imagens ultrassonográficas transabdominais


em duas diferentes gestações de terceiro trimestre, mostrando calci-
ficações placentárias (setas) associadas a pré-eclâmpsia.
ciará a ecogenicidade. Em raras instâncias , infarto placentário
agudo pode ser visível como uma região hipoecoica delgada.
Por sorte, muitos infartos são pequenos, afetam menos de 5%
da placenta e não são clinicamente significativos. Q.lando o
infarto ocorre cedo, central ou extensivamente (maior que
30% de envolvimento da placenta), está fortemente associado
a hipertensão específica da gestação, RelU, parto pré-termo
e mesmo óbito fetal 1.J.22 . O Doppler power está sendo inves-
tigado como um meio de detectar áreas de isquemia placen-
tária ou infarto, manifestados como áreas de diminuição do
fluxo sanguíneo.
Um processo separado e distinto, que tem consequência
clínica e tem sido diagnosticado pela US pré-natal é ú!forto do
assoalho matemo. Essa rara mas importante condição clínica re-
levante merece conllecimento e reconhecimento porque está
associada a significativo risco fetal e tem sido descrita como
recorrente em gestações subsequentes. Este tipo de infarto é
FIGURA 19-14. Pequenas áreas hipoecoicas incidentais (setas) histologicamente caracterizado por maciça deposição de fibri-
dentro da placenta numa gestação não complicada do terceiro na na placa basal da placenta, revestindo o vilo, que se torna
trimestre.
728 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19-19. Espécime de patologia visto da superfície materna,


revelando infarto do assoalho materno, com material amarelado re-
presentando excesso de deposição de fibrina.

FIGURA 19- 17. Lesão cística hipoecoica focal placentária. Ne-


nhuma outra lesão placentária ou anormalidade fetal foi vista nesta
gestação com histórico de níveis séricos maternos elevados de alfa-
fetoproteína e evolução normal.
basal da placenta, como vista na patologia. A incidência repor-
tada é de 5% em placentas normais , aumentando nos casos de
DM materna . Existe uma associação de distúrbios de coagula-
ção materna e talvez sirvam como um marcador de trombose
em qualquer lugar do sistema vascular fetal. Entretanto, estas
lesões não são detectáveis pela US pré-natal.

Hematomas
É de grande ajuda conhecer a localização, etiologia, aparência
ultrassonogTáfica e o impacto clínico, quando confrontamos
coleções sanguíneas relacionadas à placenta (Fig. 19-22).
Trombose subcoriôl1Íca maciça resulta num grande trombo
que descola o c6rio do tecido vilositário. Isso pode resultar
numa protuberância saliente que eleva e distorce a face fetal
da placenta, algumas vezes referida como sendo uma mola
Breus (uma denominação errada porque essa entidade não
suporta nenhuma relação com gestação molar ou doença
trofoblástica gestacional). É muito rara, com uma incidência
FIGURA 19- 18. Secções seriadas de um espécime de patologia de reportada de 0,05%. Seu significado é controverso. Em alguns
uma placenta a termo com múltiplos pequenos sítios de infarto. casos , pode estar associada a parto pré-termo e aborto espon-
tâneo, possivelmente devido ao comprometimento venoso na
circulação uteroplacentária3 1. Ultrassonograficamente, apare-
ce como uma área hipoecoica ou cística, ao longo da face fetal
avascular e necrótico (Fig. 19-19). A resultante deteriorização da placenta32 (Figs. 19-23A e B e 19-24).
da perfusão do espaço interviloso pelo sangue materno está Hematoma subcoriônico ou marg-inal é um hematoma na
associada a alta incidência de morbidade e mortalidade fetal. margem lateral da placenta e tem uma incidência de 2% (Fig.
Num estudo, óbito fetal ocorreu em 40% dos casos, nascimen- 19-25). Ele ocorre mais com implantação placentária no t'ltero
to pré-termo em 60% e RelU em 54% dos nascidos vivos 29 . inferior ou segmento uterino inferior (5 UI), e provavelmente
Esta condição tem sido diag110sticada pela US pré-natal, com resulta da rotura de veias uteroplacentárias. Eles podem es-
áreas hiperecoicas correspondendo a infarto, predominante- tar associados a perdas e trabalho de parto prematuro, mas
mente ao longo da face materna, mas estendendo-se por boa em geral tem significado pequeno. Raramente, hematomas
parte do tecido placentário (Fig, 19-20A e B). Áreas hipoecoi- pré-placentários ou subanmióticos podem ser vistos, embora
cas de permeio de variadas dimensões e acentuado afinamento mesmo os grandes hematomas nesta localização tendam a ser
placentário tem sido também percebidas (Fig. 19-21A e B)30 de pequena consequência para o feto . Entretanto, alguns estu-
Uma característica na ultrassonografia é a típica localização dos sugerem que esta lesão pode ser significativa por causar
basal, próximo da decídua (face materna), que é relativamente restrição do crescimento fetal e hemorragia materno-fetal, em
única ao infarto do assoalho materno. alguns casoS 33 .
A trombose da artéria fetal resulta numa região triangular Hematomas retroplacentários, que podem se manifestar
de injúria, com a base do triâng'ulo fundindo-se com a placa como a condição clínica de descolamento placentário, são de
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 729

B
FIGURA 19--21. A e 8. Outro exemplo de comprovado infarto do
assoalho materno, em ultrassonografia em escala de cinza e power
Doppler.

B Trombose

FIGURA 19- 20. A. Exame transabdominal de uma placenta anor-


malmente espessada, heterogênea. 8. Mesma paciente, demonstran-
do perfusão alterada, mostrada pelo Doppler colorido. Isto foi visto
em associacão de restricão de crescimento intrauterino e oligo-hid-
râmnio. Infa'rto do assoal'ho materno foi confirmado pelo exame pato-
lógico da placenta pastpartum.

grande consequência clínica. Eles são provavelmente devidos


à ruptura de uma aneríola decidual, com sangramento sepa- FIGURA 19-22. Diagrama representativo dos diferentes sítios de
rando a placa basal placentária da parede utelina. A incidên- potencial hemorragia e descolamento. (De Fox H: Pathology af the
cia reportada na patologia é de 5%, com risco de triplicar em Pacenta. Londan, W8 Saundres, Philadelphia, 1978.)
pacientes com pré-eclâmpsia. Esta lesão com frequência leva
à necrose da placa basal e infarto vilositário. As associações
descritas incluem hipertensão/pré-eclâmpsia materna, obstru-
ção da drenagem venosa da placenta, uso de cocaína, fumo, colar mais de 30% a 40% da placenta do rniométrio, para ter
anticorpos anticardioJipina, trauma direto e corioanmionite. O implicações clínicas.
sigllificado clínico deste sangramento é relacionado à idade Q-lando visualizan10s a placenta, devemos observar o
gestacional do início e ao seu tamanho: como esperado, he- complexo hipoecoico retroplacentário, composto de vasos
matomas menores têm maior impacto em gestações iniciais uteroplacentários (predominantemente veias) e rniométrio, e
(menor que 20 semanas), enquanto que hematomas maiores, medindo de 1 a 2 cm em espessura (Fig. 19-13). Q-,ando essa
que podem causar infarto vilositário significativo, têm que des- região aparece espessada, devemos considerar a possibilidade
730 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19-24. Espécime de patologia revelando antigo sangra-


mento subcoriônico correspondendo com a suspeita ultrassonográ-
fica de uma mola Breus.

FIGURA 19-25. Coleção hipoecoica sob a margem lateral da pla-


centa, representando um hematoma subcoriônico ou marginal (seta),
mostrado pelo ultrassom.
B
FIGURA 19-23. A. Exame em escala de cinza revelando um he-
matoma subcoriônico , também referido como uma mola Breus , que
é hipoecoico em relação ao tecido placentário adjacente , próximo à
superfície fetal da placenta anterior. B. Imagem de power Doppler
mostrando a ausência de fluxo na região deste hematoma. incidência de descolamento placentário é de 0,5% a 1%36.37. É
uma das causas líderes de mortalidade perinatal, contribuindo
para 15% a 20% de todas as mortes perinatais38 Se o san-
gramento é excessivo, choque cardiovascular materno e coa-
gulopatia intravascular disseminada podem se desenvolver.
de hemorragia retroplacentária, contração nuometrial focal ou Condições maternas associadas que se correlacionam com
leiomioma. Contrações focais são transitórias , mudando de descolamento são hipertensão, pré-eclâmpsia, trauma abdomi-
aparência durante o exame, e nUomas são distinguíveis pela nal (especialmente placentas anteriores), uso de cocaína, fumo
sua forma arredondada. atenuação e vascularização interna na (riSC? dobrado), uso de álcool e idade materna
investigação do Doppler. não presentes nos hematomas. As vezes, hematomas retroplacentários ou inu-aplacentá-
rios são pequenos e clinicamente silenciosos (Fig. 19-26). He-
Desc o lamento Placentário matomas grandes são aparentes e se apresentam clinicamente
com clássicos sinais de dor abdominal súbitaJem cólica, san-
Descolamento placentário é caracterizado por hemorragla gramento vaginal, útero sensível e com frequência em início
espontânea atrás ou dentro da placenta, com prematura sepa- do trabalho de parto. Entretanto, esta apresentação reportada
ração da placenta normalmente implantada, do útero. Tanto clássica ocorre na nUnoria dos casos. É importante lembrar
a condição clínica (descolamento) quanto a condição patoló- que nem todos os casos de descolamento são identificados
gica (hematoma) se referem ao anormal aCllmulo de sangue como hemorragia na USo A sensibilidade da US em visualizar
materno dentro ou abaixo da placenta ou A hemorragia é reportada como sendo quase 50%, mas a falta
AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFICA DA PLACEN TA E CO RD Ã O UMBILIC AL 731

FIGURA 19- 27. Grande hematoma retroplacentário (setas) mostra-


do pela ultrassonografia, com significativa elevação e descolamento
da placenta posterior, da parede uterina , numa paciente que apresen -
tou sinais clínicos típicos de descolamento.

FIGURA 19-26. Coleção hipoecoica (entre calipers) sob a placenta,


próximo a sua margem lateral na direção da superfície materna. Este
pequeno hematoma retroplacentário não teve consequência clínica.
se nenhum hematoma é visto em pacientes com sangramento
transvaginal47. Ball et al acharam que a presença de uma he-
morragia subcoriônica ultrassonograficamente visível aumen-
ta em 11 vezes o risco de descolamento placentário, e duas a
quatro vezes o risco de perdas ou natimort0 48 ,4 9 Em geral,
de um padrão ouro (patologia) limita sua avaliaçã042 . Num os piores prognósticos são vistos com sangramentos retropla-
estudo seriado, coágulo sanguíneo retroplacentário foi visto centários, hematomas maiores que 50 ml e mais de 50% de
pela US em apenas 15% dos casos 41. A ultrassonografia do descolamento placentário (Figs. 19-27 e 19_28)50-52.
descolamento pode ser relativamente normal, não contributi- A aparência ultrassonográfica da hemorragia retroplacen-
va e potencialmente indutiva ao erro, porque a US pode não tária varia, dependendo da idade e localização do sangramen-
refletir a gravidade da situação clínica. Como a US não pode to. Caracteristicamente, a hemorragia pode ser agudamente
sempre identificar esta condição, particularmente em quadros (0-48 h) hiperecoica, tomando-se isoecoica em 3 a 7 dias, se-
emergenciais, pode não ser adequado realizar o exame US e guida por ecotextura hipoecoica em 1 a 2 semanas 4S. Após
potencialmente adiar o acompanhamento quando existe uma duas semanas , porções do coágulo podem se tornar anecoicas.
alta suspeita clínica de descolamento da placenta e a interven- Os hematomas também tendem a ficar menores com a idade,
ção urgente é indicada. apesar de a taxa de decréscimo ser variável.
Ainda, a ultrassonografia, dado sua vasta e rápida dispo-
nibilidade, é o único método razoavelmente acurado e prático Placenta Prévia
de avaliar o descolamento placentário, quando as circunstân-
cias clínicas permitem 43 ..14. Raramente, ressonância magnética Um frequente achado na US é o diagnóstico inicial de pla-
(RlYr) pode ser usada para demonstrar hemorragia, particu- centa prévia que parece mover-se ("migrar") para longe do
larmente nos casos de descolamento crônico, mas o custo e a orifício interno cervical, durante a segunda metade tardia da
avaliação limitada impedem seu uso frequente. Se anormal, a gestação (Fig. 19-29A e B). O termo migração placentária tem
US pode mostrar uma área hipoecoica de espessamento sub- sido usado, mas é um pouco errôneo. Mais do que se mover,
coriônico na margem da placenta-l5. O Doppler pode ser útil sugere que a placenta é carregada até o fundo, para longe do
em distinguir hematoma agudo de veias uterinas hipoecoicas orifício interno, por causa do alongamento do útero com o
retroplacentárias. crescimento primário diferenciado do segmento uterino infe-
A localização mais comum de separação é na borda da pla- rior, com o avançar da gestação. Logo, a maioria dos casos
centa, algumas vezes referido como descolamento marginal ou de potencial placenta prévia se resolve antes do termo (Fig.
hematoma marginal, frequentemente com extensão centrífuga 19-30A e B). Apesar de uma razoavelmente alta incidência de
para fora da placenta. Raras vezes esta hemorragia subcoriô- aparecimento de placenta prévia ter sido reportada no segun-
nica pode ser difícil de se diferenciar do cório e âmnio não do apenas poucas placentas permanecem prévias
grudados , que pode ser normal até 18 semanas de gestação. até o termo,3-SG
O mais grave prognóstico é para gestações complicadas por A placenta prévia refere-se à placenta que ultrapassa ou se
hemorragia retroplacentária, no qual existe um significativo aproxima do orifício interno cervical e é a mais comum causa
(>30%-40%) descolamento placentário do miométrio, resul- de sangramento no terceiro trimestre. A incidência de prévia
tando numa RClU ou óbito fetal 22 .46 a termo está ao redor de 0,5% a 1,0%, com grande aumento
A extensão do descolamento e o volume (ultrassonogra- da frequência em mulheres multíparas, idade materna avan-
ficamente estimado = C x E x N2 ) e localização do sangra- çada, aborto prévio e cesareana prévia 13.39.57.58. A teoria é que
mento são melhores preditores para a evolução prognóstica. o aumento da incidência em mulheres multíparas resulta da
Parece ser bem documentado que se a hemorragia é visível depleção de decídua normal em cada gestação subsequente,
na ultrassonografia, a paciente está em mais alto risco do que levando a escassa decídua à implantação no SUL E, a alta
732 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19- 28. Espécime de patologia de uma gestação compli-


cada por descolamento com grandes hematomas retroplacentários,
agudo e subagudo.

incidência de cesareanas prévias é atribuível à cicatriz no SUl


que prejudica seu crescimento/alongamento; daí, a placenta
é incapaz de migrar para fora do orifício interno . A ta.,xa de
migração do bordo placentário para fora do orifício interno
cervical, que pode ocorrer progressivamente durante o tercei-
B
ro trimestre, tem sido medida e pode ser usada na predição da
eventual via do parto õ9
A terminologia usada para descrever os tipos de placenta FIGURA 19-29. A. Exame no início do segundo trimestre, a pla-
centa posterior se sobrepõe à região do colo (seta), como visto em
prévia é em geral confusa e variavelmente compreendida (Fig. cortes ultrassonográficos abdominais. B. No exame de seguimento
19-31 ). Placenta prévia completa, a condição na qual uma por- do terceiro trimestre, a placenta parece ter "migrado" sem evidência
ção da placenta encobre completamente o orifício interno, é residual de ser prévia.
amplamente aceita (Fig. 19-32A e B). O termo prévia central é
usado quando a porção média da placenta, não apenas a borda,
cobre completamente o orifício interno. Prévia parcial é usada
quando a placenta cobre parcialmente o orifício interno, uma
condição que, estritamente falando, pode ser aplicada apenas baixa refere-se àquela que se estende para o SUl, usualmente
quando o orifício interno tem algum grau de dilatação . Prévia mais de 2 cm do orifício interno, e não o encobre ou o atinge.
marginal descreve tecido placentário que alcança a margem, O problema de potencial ou possível placenta prévia
mas não cobre o orifício interno. A confusão surge quando se é o que tem estimulado muitas pesqu isas . Placenta prévia é
descreve uma placenta que se projeta sobre o estroma cervical, eminentemente detectável com US o Prévia completa, com a
mas não alcança ou cobre o orifício. Tais formas de placenta placenta completamente encobrindo o orifício interno, é facil-
prévia podem ser difíceis de delinear ultrassonograficamente mente diagnosticada na USo Vale notar que uma bexiga ma-
e de se adaptar à terminologia atual (Fig. 19-33A e B). Muitos terna demasiadamente distendida, ou uma contração miome-
pesquisadores escolheram usar o termo placenta prévia in- trial transitória do SUl pode potencialmente mimetizar uma
completa e registrar a distância medida do bordo placentário verdadeira placenta prévia (Fig. 19-35A a C) 60 Ter conheci-
ao orifício interno (Fig. 19-34A e B) . Placenta de implantação mento destas armadilhas pode evitar interpretações falso-posi-
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 733

Prévia marginal

Prévia completa
FIGURA 19-31. Ilustração representando diferentes tipos de pla-
centa prévia. Nos casos de placenta prévia marginal e placenta com
implantação baixa, informações adicionais interessando a distância
da borda placentária ao orifício cervical interno são em geral úteis.
(Ilustração de James A Cooper, Dr. , San Diego, CA.)

B
FIGURA 19- 30. A. Exame transvaginal no segundo trimestre mos-
tra a borda placentária inferior ultrapassando o orifício cervical interno via. Num estudo seriado comparando achados da US trans-
(seta). PI, placenta. B. Exame transabdominal de seguimento , com
labial com determinação da localização placentária no parto,
Doppler colorido, no terceiro trimestre desta gestação mostra reso-
lução sem evidência residual de placenta prévia. Borda placentária a sensibilidade foi de 100% e a especificidade de 70%, se uma
inferior (seta). distância menor que 2 cm foi registrada da placenta ao orifí-
cio interno. Para um lillÚte de 1 cm, a sensibilidade caiu leve-
mente para 90%, mas a especificidade aumentou para 95%63 .
Deve ser observado que enquanto se realiza a investigação
u'anslabial, sombras pelo ar do reto podem obscurecer o real
comprimento cervical.
tivas. O papel e confiabilidade da US na avaliação da placenta Como mencionado, a maioria das placentas localizadas
prévia tem melhorado com o uso das téClúcas translabial e no SU l , no segundo trimestre, não se encontra na região do
transvaginal 53 Com a imagem translabial (também referida colo na época do parto (Fig. 19-37A e .8) . A persistência da
como transperineal), a paciente esvazia sua bexiga e assume placenta prévia no termo pode ser prevista baseada na ida-
a posição de litotollÚa. O transdutor setorial, com cobertura de gestacional da detecção da placenta prévia na US e se a
estéril e gel aplicado, é colocado no introito vaginal até atingir placenta ultrapassa o orifício interno no segundo nimestre e
uma detalhada, acurada, rápida e bem-tolerada visão do colo em que Deve ser observado que a precisa defini-
para precisar o comprimento e a localização da placenta, em ção do termo sobreposição, usado em vários estudos, não é
relação ao orifício interno . A aperfeiçoada resolução espacial e muito clara. Provavelmente, os autores se referem ao aparente
contrastada das téClúcas transvaginal e translabial, comparada cruzamento e fixação da placenta através do orifício cervical,
à US transabdonúnal, é resultado da menor interposição de devido ao abaulamento circular da placenta próximo ao colo.
tecidos moles e dinúnuição da atenuação acústica (Fig. 19-36A Se existe real fi;l(ação através do orifício cervical, então infarto
e B). A segurança e efetividade destas abordagens, que são focal da borda placentária seria a lmica explicação provável
agora largamente aceitas e rotineiramente usadas para avaliar de porque uma placenta prévia se resolve em subsequente ras-
o SU l, colo e localização placentária, foram demonstradas 6J .62 . treamento ultrassonográfico. Foi dito que a chance de uma
A US translabial parece ser superior aos cortes transabdomi- placenta prévia a termo é de 5% se a placenta se estende mais
nais tanto no diagnóstico quanto na exclusão de placenta pré- que 15 mm sobre o orifício interno, com 12 a 16 semanas 65 .
734 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19-33. Exames transvaginais no segundo trimestre , de-


monstrando diferentes formas de placenta prévia. A. A borda placen ·
tária inferior IPI) é vista encobrindo completamente o orifício cervical
interno (seta), indicando placenta prévia completa . B. Neste caso , a
borda placentária inferior (PI) é mostrada incrustada até o colo poste -
rior , mas não alcança ou recobre o orifício cervical interno (seta ).
B
FIGURA 19-32. A e B. Dois exemplos de placenta prévia completa e
central vistos pela ultrassonografia transabdominal no final do segun-
do trimestre . O tecido placentário ultrapassa completamente o colo.
PI , Placenta. Colo (seta).
interno, o valor preditivo positivo de placenta prévia no par-
to foi de 19%, com 100% de sensibilidade"? A vantagem da
detenninação da posição placentária com 20 a 23 semanas é
ter menor valor falso-positivo de predição de placenta prévia.
Vale a pena considerar o corolário disto; 95% destas placentas comparado com estágios iniciais da gestação (Fig. 19-38A a
se resolveram, sem evidência de placenta prévia no terceiro C). Uma sobreposição da placenta sobre o orifício neste está-
trimestre. Outros pesquisadores acharam que. quando a bor- gio está associada a uma alta probabilidade de placenta prévia
da placentária mais baixa ultrapassa o orifício interno cervical no parto e, em um estudo seriado, nenhum caso com medida
cm 23 mm. medido pela US transvaginal com 11 a 14 sema- da sobreposição de mais de 25 mm. neste estágio, teve subse-
nas, a probabilidade da placenta prévia a termo era de 8% quentemente pano vaginal 68 .
(sensibilidade 83%, especificidade 86%)66 . Num outro estudo Estudos também direcionaram a correlação entre a dis-
seriado,usando US transvaginal com 18 a 23 semanas, se a tância da borda placentária ao orifício interno, vista na US
borda placentária se estende mais que 15 mm sobre o orifício transvaginal no terceiro trimestre, e o tipo de parto. Como
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 735

Também, em casos de placenta prévia incompleta, a medida


da distância do orifício interno cervical à borda placentária,
como visto na US, é um auxiliar útil para predizer a probabi-
lidade de parto transvaginal seguro. Encontrar uma placenta
a 2 em ou menos do orifício interno, perto do termo, coloca
a em risco e requer cesareana segmentar para o par-
to 0. Também deve ser lembrado que muitas destas pacientes
podem ter sucesso com parto vaginal, com a cabeça fetal tam-
ponando a borda principal da placenta, na época do parto.
Realizar estudos translabiais ou transvaginais em pacientes de
risco serve para localizar precisamente a placenta e ajuda a
fazer o diagnóstico correto da placenta prévia, que é essencial
para a otimização da conduta obstétrica.

Vasa Prévia
Vasa prévia é rara, mas uma condição clinicamente inlportan-
te, relacionada à placenta prévia, na qual os vasos sanguíneos
A fetais estão posicionados entre a apresentação fetal e o colo.
Os vasos fetais correm, através das membranas, sobre o co-
lo e abaixo da apresentação fetal, desprotegidos pela placenta.
A incidência estimada é de aproximadamente 1 em 2.500 par-
tos 71. Vasa prévia ocorre na fixação de inserções velamentosa
ou membranácea do cordão (dentro das membranas, ao invés
de na placenta) ou quando os vasos umbilicais , no trajeto
entre a placenta e um lobo succentoriado, cmzam o orifício
interno cervical, pelas membranas coriônicas (Fig. 19-40), As
possíveis consequências desta condição, incluindo hemorra-
gia e potencial exsanguinação fetal, são devastadoras. Foram
publicados estudos de diagnóstico pré-natal de vasa prévia,
por meio da US com Doppler colorid o72.73
A importância e o impacto clínico do diagnóstico pré-natal
da vasa prévia com US são significativos 74.7s. Prognósticos me-
lhores dependem de um acurado diagnóstico pré-natal e par-
to por cesareana segmentar, antes da rotura das membranas.
Num estudo retrospectivo, quando a vasa prévia não era re-
conhecida no pré-natal, estava associada a mortalidade perina-
tal de quase 56%, enquanto que 97% dos fetos sobreviveram
B quando o diagnós tico era feito no pré-natal (Fig. 19-41)76.
FIGURA 19-34. Exemplos adicionais de placenta prévia completa Na US, vasa prévia pode aparecer como estmturas line-
e incompleta, demonstrados por ultrassom transvaginal. A. O fino ares anecoicas sobrepostas ao colo, mas isso nem sempre é
bordo inferior da placenta posterior (PI) alcança e recobre o orifício
interno (seta), estendendo-se até o tecido cervical anterior. 8. Neste verificado em imagens com escalas de cinza (Fig. 19-42A a C).
caso , a borda inferior placentária (PI) estende-se posteriormente até A importância do uso do Doppler colorido ou power para o
o colo e está localizada a aproximadamente 1 em do orifício interno diagnóstico pré-natal da vasa prévia tem sido enfatizada 77.78 .
cervical (seta). Q\.mndo estas técnicas Doppler são usadas, o fluxo pode ser
demonstrado nos vasos sobrepostos ao colo e o Doppler es-
pectral pode revelar ondas arteriais fetais (Fig. 19-43A a E) . É
importante diferenciar vasa prévia verdadeira de uma apre-
esperado, a probabilidade de parto via transvaginal eleva-se sentação funicular, com o cordão umbilical posicionado em
significativamente quando a distância da borda ao orifício au- frente à apresentação fetal, perto do orifício endocervical.
menta (Fig. 19-39A e B)69. Apresentações funiculares podem temporariamente simular
Em resumo , baixa implantação, placentas prévias incom- vasa prévia, mas podem ser diferenciadas pelo re-exame da
pletas ou potenciais são comuns no segundo trimestre, com paciente e observação da movimentação dos vasos, a mudan-
apenas uma pequena minoria persistindo até o fim do terceiro ça na posição do cordão, ou um cordão flutuando livremente,
trimestre. Se é incerto que a placenta prévia realmente existe saindo do orifício interno cervical com a mudança da posi-
no exame do segundo trimestre, sugere-se exame translabial ção materna. Também pode ser útil investigar a placenta e
ou transvaginal. Excluir lima placenta prévia precocemente demonstrar o sítio de inserção do cordão umbilical. Outro
na gestação, ao invés de dizer "não se pode excluir placenta ponto de clarificação: vasa prévia pode ser distinguida pela
prévia", poupará a paciente de precauções desnecessárias que observação de lima veia ou seio venoso marginal, na borda
devem ser indicadas em pacientes com placenta prévia verda- inferior placentária, perto do orifício interno cervical, o que é
deira. Em casos em que ainda se suspeita de placenta prévia, uma forma de placenta prévia.
sugere-se exames US de seguimento no terceiro trimestre com Foi demonstrado que a maioria dos casos de vasa prévia
foco em imagens translabiais e transvaginais. Estes são meios em mulheres assintomáticas pode ser diagnosticada com US
seguros, efetivos e bem tolerados, para se evitar falhas , melhor pela avaliação da inserção do cordão e pelo foco no SUl , com
visualização da região do SUl e são em geral diagnósticos. US transvaginal e colar Doppler, se a inserção placentária do
736 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRAFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19--35. Pseudo placenta prévia devido à contração miome-


trial transitória no segmento uterino inferior (SUl) . A e B. Nos cortes
transabdominais ini ciais, a placenta anterior (PI) parece encobrir com -
pletamente o orifício interno cervical , sugerindo placenta prévia comple-
ta . Asteriscos, contração do segmento uterino inferior. C. Imagem TA
adicional obtida 15 minutos depois, após a contração focal do SUl ter
se resolvido , mostrando a aparência normal do colo (entre calipers) sem
evidência de placenta prévia .

c
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 737

B
B FIGURA 19-37. Dois exames transvaginais avaliando o colo e a po-
FIGURA 19- 36. A. Nenhuma evidência de placenta prévia foi iden- sição placentária. A. No estudo inicial no meio do segundo trimestre .
tificada neste corte transabdominal (TA) do colo , no terceiro trimes- a placenta é vista ultrapassando o colo , consistente com placenta
tre. Entretanto, neste estágio da gestação e com o feto em apresen- prévia completa. B. Estudo de seguimento realizado seis semanas
tação cefálica, a cabeça fetal limita e frequentemente obscurece a depois, mostra a borda inferior da placenta posterior atingindo a mar-
adequada visualização da relação do colo com a placenta. B. Cortes gem posterior do colo, mas não mais se estendendo ou encobrindo o
transvaginais f ocais adicionais foram obtidos revelando a presenca de orifício. PI, Placenta.
placenta prévia completa . PI, Placenta. .

cordão não pode ser identificada ou se existe uma placenta de Placenta Acreta
inserção ou a suspeita de um lobo succentoriado (Fig.
19-44A e Muitos casos de vasa prévia diagnosticados pela Placenta acreta refere-se à aderência anormal da placenta
US pré-natal são incidentalmente detectados em mu lheres sen- a? útero, com subsequente falha em separar-se após o nas-
do avaliadas para placentas baixas. Foi demonstrado que uma cimento do feto. As células trofoblásticas têm características
placenta baixa ou prévia do segundo trimestre é um fator de teciduais invasivas similares às células neoplásicas malignas .
risco significativo para vasa prévia, mesmo que a placenta baixa Qyando o vilo trofoblástico invade uma área de decídua
ou prévia pareça ter se resolvido no terceiro trimestre. Numa pouco desenvolvida ou ausente, resulta em placenta acreta
série, 69% de vasa prévia ao nascimento tiveram uma placenta (Flg. 19-45A e B). O tipo de acreta varia de acordo com a
prévia no segundo trimestre, documentada por US no meio profundidade da invasão. Estas anormalidades da fLxação
do trimestre, comparado com 4% dos controles i9 . Portanto. é placentária são definidas quando o vilo penetra na decídua,
fortemente recomendado que um exame do terceiro mas não no miométrio (aCl'eta); o vilo penetra e invade o mio-
feito como acompanhamento de uma placenta baixa inclua o métrio, mas não a serosa (increta) ; o vilo penetra através do
foco na avaliação com Doppler para estudar a possibilidade de miométrio e pode perfu.rar a serosa, algumas vezes até órgãos
vasa prévia, dado O grande impacto na evolução quando essa adjacentes (percreta) (Flg. 19-46)80. A prevalência é estimada
condição é diagnosticada no pré-natal. conduta prontamente em 1 para 2.500 gestações, mas em mulheres com placenta
apropriada e potencial salvamento de vidas perinatais . prévia, a prevalência é perto de 10%. A incidência da placenta
738 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

A B

FIGURA 19-38. A. No exame transvaginal inicial realizado com 16


semanas de gestação, a placenta (PI) se estende por cima e aproxi-
madamente 15 mm através do orifício interno cervical. 8 e C. Cor-
tes de seguimento transabdominal e transvaginal com 23 semanas
de gestação, demonstrando mudança de intervalo. Neste estágio, a
borda placentária estende-se ao colo posterior (Cx), mas não mais
ultrapassa o orifício interno.

A B
FIGURA 19-39. A . Ultrassom transvaginal do segundo trimestre revelando a borda placentá ria inferior encobrindo o tecido cervical posterior e
estendendo-se até o orifício interno. A pequena quantidade de material hipoecoico através do canal cervical superior representa sangue (seta) .
8. No ultrassom transvaginal de seguimento , realizado um mês depois, a distância do orifício à borda placentária inferior mediu 2 em . Esta pa-
ciente subsequentemente teve parto vaginal.
AVALIAÇ Ã O ULT RASSONOGR Á FICA DA PLA CENT A E COR DÃO UMBILI CA L 739

FIGURA 19-41. Espécime de patologia com insercão velamento-


sa do cordão umbilical e vasa prévia, que não foi ;econhecido no
pré-natal.

O aparecimento do espaço retroplacentário hipoecoico é


de particular interesse na USo O achado de obliteração do "es-
paço Iútido" retroplacentário dá a ideia de estar associado a
FIGURA 19-40. Ilustração representando as anormalidades da in- placenta aCI-eta. Na placenta aCI-eta, essa fai"a normalmente
serção do cordão umbilical na placenta. Com a insercão velamentosa hipoecoica, de 1 a 2 cm, está ausente ou marcadamente fina
do cordão umbilical nas membranas, ou com um succentoriado, « 2 mm), e pode haver perda da interface decidual normal en-
os vasos fetais através das membranas coriônicas e desprotegidos Ie-
O-e a pia cen ta e o nuometno
. , . 8384
. . E ssa o b servaçao
- ,e lI1comp
.
pela placenta, podem seguir um trajeto através do colo e resultar em
vasa prévia. (Ilustração de James A. Cooper, Dr., San Diego, CA.) tamente sensível e pode nem sempre ser um sinal diagnóstico
confiável, por causa dos resultados falso-positivos que podem
82 A:_ d , . ou afi namento dessa zona, par-
. nul a, a
numa paciente com placenta baixa ou prévia, é
sugestivo e preocupante. O Doppler pode ser usado para de-
monstrar fluxo turbulento deno'o da lacuna placentária. Pode
aereta (frequentemente usada como termo genérico intervariá- haver vasculal;zação periplacentária marcante no Doppler co-
vel para descrever todas estas condições) está aumentando. As Ion'd o 85·87. R arrunente, o teo'd o vil OSlt, ' p Iacentáno
. áno . pode ser
condições predisponentes mais comuns são cesareana prévia e visto invadindo a bexiga 88 .
placenta prévia. Foi achado que no curso da placenta prévia O diagnóstico de placenta aereta deve ser cuidadosamen-
anterior, o risco de placenta acre ta aumenta de 24% em mulhe- te considerado quruldo uma paciente com fatores de risco
res com prévio parto cesáreo, para 67% em mulheres com três (parto cesáreo prévio ou outras cirurgias uterinas, incluindo
ou mais cesarianas prévias 57. ou histerotomia) tem na US implantação pla-
É necessária cuidadosa avaliação de tais gestações de risco centána ultrapassando a região da cicatriz e manifesta
porque esta condição pode levar a hemorragia obstétrica ma- qualquer uma das características ultrassonográficas descritas,
ciça. O diagnóstico pré-natal leva a efetiva conduta e planeja- aSSOCiadas a esta condição. Além dos achados da US em esca-
mento do parto, para minimizar a morbidade . O diagnóstico la de cinza, o estudo com foco no Doppler deve ser executado
pode ser feIto por US e as características ultrassonográficas da e, algmnas vezes, RM pode ser considerada nesta avaliação
placenta acre ta já foram descritas. Estas incluem lacunas pla- porque ela pode oferecer informações diagnósticas adicionais
de formato irregular (espaços vasculares), com fluxo em casos equivocados ou quruldo a placenta está numa locali-
l11terno turbulento demonstrado no Doppler, afinamento do zação posterior (Fig. 19-48A e B) 84.89,90 . Para otimizar a exati-
miométrio no local onde a placenta repousa, perda da zona dão diagnóstica, foi proposto um protocolo de exame em duas
"nítida" hipoecoica retroplacentária, ausência da interface de- etapas, para avaliar mulheres de alto risco pru-a placenta acre-
cidual com ecogenicidade placentária normal, interrupção ou ta, usando primeiramente US, seguido por RM nos casos de
da da interface serosa uterina-pare- achados inconclusivos na US 91 . Estes esforços são necessários
de veslcal postenor, e aparente abaulamento ou protrusão da porque o diagnóstico pré-natal da placenta aCI-eta desencadeia
placenta para dentro da bexiga (Fig. 19-47 A e B) . O s proemi- apI:opriados pré-operatót;os e perioperatórios
nentes ou múltiplos espaços irregulares hipoecoicos-anecoicos e aJudanl a redUZir a morbidade fetal e materna.
(lacunas) na placenta podem resultar num aspecto de "roído
por traças" ou "queijo suíço" da placenta8l . Foi descrito que a Tumores Placentários Não
presença de lacuna placentária é o sinalultrassonoO'ráfico mais
preditivo de acreta, com sensibilidade de 79% na °variável de
Trofoblásticos
15 a 20 semanas e sensibilidade de 93% na variável de 15 a Tumores placentários primários são divididos em tipos trofo-
40 semanas 82 . blásticos e não trofoblásticos. A doença trofoblástica está des-
--
740 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

A
B
FIGURA 19-42. A. Exame Transabdominal demonstrando estrutu-
ras tubulares ultrapassando a região do colo (se ta!. B e C. Nos cortes
transabdominal e transvaginal, com Doppler colorido, estas parecem
representar vasos no trajeto entre a placenta anterior e o lobo succen-
toriado posterior , indicando vasa prévia.

c
AVALIA ÇÃO UL TRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 741

FIGURA 19-43. A e B. Exame ultrassonográfico de rotina, numa


gestação do segundo trimestre. O feto está em apresentação pélvica
e a placenta é anterior, sem evidência de placenta prévia nos cortes
transabdominais obtidos com escala de cinza. C. Exame transvagi-
nal mostrando um colo de aspecto normal , com pequenas estruturas
anecoicas ao redor, incidentalmente observado adjacente ao orifício
interno cervical. D e E. Com investigação Doppler co lorido e espec-
tral , estas são vistas representando vasos fetais no trajeto sobre o
colo. Este caso de vasa prévia é resultante da inserção velamentosa
do cordão umbilical no segmento uterino inferior.

E
742 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

A
A

B
FIGURA 19-45. A e B. Espécimes de patologia macroscópica e mi -
croscópica, revelando placenta acre ta com invasão da decidua pelo
vila trofoblástico.

FIGURA 19-44. A e B. Vasa prévia mostrada por exames transvagi-


nais com Doppler colorido e espectral.

crita em detalhes em outro capítulo (ver Capo 29). A maioria


dos tumores placentários não trofoblásticos são corioangio-
mas . Corioangiomas são a neoplasia benig'na mais comum
da placenta, consistindo em uma massa vascular surgindo do
tecido cOl'iônico, similar ao hemangioma, apesar de alguns
autores preferirem classificar como hama.rtoma. A incidência FIGURA 19-46. Ilustração dos tipos de placenta acreta. (Ilustração
descrita de corioangiomas na patologia é de 1% (Fig. 19·49). de James A. Cooper, Dr., San Diego, CA.1
Muitos são pequenos e não têm significado clínico ou sequela.
Grandes corioangiomas (> 5 cm) varianl em frequência de
1 :500-1:16.000 nascidos vivos 92 Estas lesões podem estar
associadas a complicações fetais e maternas, incluindo poli· dadas, que usualmente ocorrem próximas ao sítio de inserção
hidrâmnio, hidropisia, cardiomegalia fetal, trombocitopenia, do cordão umbilical, na face fetal da placenta (Fig. 19-50A e
RClU, t.rabalho de parto prematuro, pré·eclâmpsia e niveis Bj. Eles medem de 1 a 5 cm de diâmeo'o e com frequência têm
sé ricos elevados de alfa-fetoproteúla 93 .94 . moderada vasculruização no estudo com Doppler. Numa série
Na US, os corioangiomas aparecem como massas hipoe- revisruldo US e características do fluxo Doppler, todas estas
coicas ou de ecogen.icidade mista bem circunscritas, arredon- lesões mostraram fluxo sanguineo abundante num grande
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 743

B
FIGURA 19--47. Ultrassom em escala de cinza (A) e power Doppler
(8) da placenta acreta. Placenta prévia completa foi identificada nesta
paciente com três partos cesáreos prévios, que apresentou sang ra-
mento vaginal no final do terceiro trimestre. Nestes cortes focando
o segmento uterino inferior anterior, a placenta aparece heterogênea
com espaços vasculares proeminentes. Existe também perda da zona
hipoecoica retroplacentária. Placenta increta foi confirmada pela his-
terectomia cesárea. B

FIGURA 19--48. A e 8. Cortes sagitais ponderados em T1 e T2


de ressonância magnética (RM) da paciente mostrada na Figura 19-
47. RM foi usada pa ra confirma r o diagnóstico de placenta prévia e
acreta, para ajudar no planejamento do parto e conduta operatória.
A invasão do miomét rio no segmento uterino anterior, pelo tecido
placentário, foi demonstrada.
vaso nutridor (Fig. 19-51A e B)93. O fluxo proeminente nesses
tumores benignos, que impõe um risco ao feto, pode ser de
ajuda para distinguir corioangiomas de outros processos pla-
centários como hematoma, deposição subcoriônica de fibrina,
degeneração hidrópica, leiomioma degenerado adjacente ou
teratoma placentári095 .96 . US pode ser usada para lnvestigar e gestação gemelar. Na US , ele aparece como massas císticas e
mOIútorar serialmente o feto, num esforço de detectar sinais sólidas, com calcificações, ocorrendo em cerca de 40%.
de débito aumentado com descompensação ou hidropisia. Já
foi descrita intervenção in li/era com coagulação a laser do su-
Doppler Placentário
primento sanguíneo do coáoang-ioma placentári0 97•
O teratoma placentário é uma neoplasia placentária raríssi- Com a difusão da apEcação do Doppler colorido e espectral
ma 98 . Existem controvérsias sobre sua origem como neoplasia nas circulações uteroplacentárias , umbilical e fetal, uma poten-
primária ou como um desenvolv-imento fetal anormal numa cial extensão é a investigação do fluxo sanguíneo nas artérias
744 AVALIAÇÃO ULT RASSONOGRÁFI CA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

A
FIGURA 19-49. Espécime de patologia de um grande corioangioma,
aparecendo como uma massa regular, arredondada, na superfície fe-
tal da placenta, localizada próximo ao sítio de inserção do cordão.

intraplacentárias. Tem havido interesse e investigação no sig-


nificado clínico e possível utilidade das medidas do Doppler
da perfusão placentária. O uso do Doppler placentário no
primeiro trimestre e início do segundo geralmente não tem
tido sucesso ou utilidade. Um estudo preliminar caracterizou
o gradiente do fluxo umbilical placentário durante o início
do seg'undo trimestre de gestação normal e estabeleceu a
9g
presença de decréscimo do gTadiente . No final da gestação,
o uso de investigação Doppler intraplacentária pode ser reve-
ladorl OO'I02 Entretanto, esta técnica ainda é investigativa e o
papel do Doppler intraplacentário não está claramente esta-
belecido, comparado ao da artéria uterina e outras medidas
Doppler aceitas e clinicamente aplicáveis , descritas em outro
capítulo (ver Cap o 22) . B
FIGURA 19-50. A. Exame de uma gestação de 25 semanas mos-
trando uma massa incidental, sólida , relativamente hipoecoica (seta) ,
na superfície fetal da placenta. B. O fluxo sanguíneo é demonstrado
CORDÃO UMBILICAL nesta lesão, pelo Doppler colorido. Este corioangioma não resultou
em comprometimento fetal e foi confirmado após o nascimento.
Muitas anormalidades do cordão umbilical podem ser detec-
tadas ultrassonogTaficamente e têm importantes implicações
prognósticas para a morbidade e mortalidade perinatais.
Anormalidades do cordão podem estar associadas a ano- dorsal que pela ventral, fazendo o embrião dobrar-se por sua
malias fetais . anormalidades cromossômicas e complicações face ventral, nas direções longitudinal e transversal. A face
potenciais durante a gestação . Várias lesões do cordão são dorsal flexiona-se e cresce para dentro da cavidade amniótica.
descritas em associação de evoluções perillatais adversas. Com esse pregueamento, a face ventral engloba uma porção
Conhecer o desenvolvimento e a anatomia do cordão umbi- da vesícula vitelina e divide-a numa porção intraembrionária,
lical e ter consciência das anonnalidades mais comuns do que se tornará o intestino primitivo, e a porção extraembrio-
cordão é muito importante para o acurado diagnóstico e acom- nária que se tornará o ducto onfalomesentérico. A porção
panhamento pré-natal JO:1.I 04 . proximal do ducto onfalomesentérico estreita-se e alonga-se,
enquanto a porção distaI permanece focalmente dilatada e é
conhecida como a vesícula vitelina secundária. A parte fetal
Embriologia final do ducto onfalomesentérico pode persistu' como o diver-
tículo de Meckel. A vesícula vitelina secundária desconecta-se
Na quarta semana menstrual, o blastocisto se implanta no do ducto onfaJomesentérico e reside no espaço coriônico.
endométrio. O blastocisto contém o disco embrionário que é Ultrassonograficamente, a vesícula vitelina secundária pode
composto de duas camadas celulares: o ectoderma e o endo- ser vista com cerca de 9 a 11 semanas, localizada entre o
derma. O ectoderma forma o saco amniótico e o endoderma âmnio não unido e o cório. No nascimento, a vesícula vitelina
forma a vesícula vitelina JO ·I.J05 O disco embrionário. localiza- secundária pode ser identificada na placa coriônica, como um
do entre os dois sacos, cresce mais rapidamente pela sua face disco de 3 a 5 =104.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 745

FIGURA 19-52. Ultrassom de um cordão umbilical normal de três


vasos. com as duas artérias e uma veia única, visto no seu eixo
A longo.

à bexiga unnana e continuam-se com as arténas ilíacas na


pelve IO-l. 106.

Anatomia
O cordão umbilical é primeiramente visto na US com 8
semanas , como uma estrutura reta, pouco g1·ossa. Neste
momento, o comprimento do cordão é quase igual ao com-
primento cabeça-nádega. Apesar de não ser possível medir
diretamente pela USo o cordão umbilical em geral continua a
ser do mesmo comprimento que o feto, durante a gravidez.
O diful1etro do cordão é normalmente menor que 2 cm 107. O
cordão umbilical desenvolve até 40 voltas espirais , enquanto
se alonga durante a gestação lOS O cordão enrola-se com mais
frequência para a esquerda que para a direita . Pensa-se que
o enovelamento <uuda a proteger o cordão, resistindo à com-
B pressão dos vasos l0 9 . O desenvolvimento do comprimento e
FIGURA 19-51. A e B. Imagens de Doppler power transabdominais, torção do cordão são também dependentes das forças tensio-
revelando fluxo proeminente neste corioangioma, observado na su-
perfície fetal da placenta anterior.
nais colocadas no cordão pelos movimentos fetais. Portanto,
deve haver adequado espaço líquido e atividade fetal para
assegurar o comprimento normal e enovelamento do cordão
umbilical lO-l .
Normalmente, o cordão umbilical contém duas artérias e
o ânmio rapidamente se expande e se junta ao cório, em uma veia (Fig. 19-52). Apesar de no início da gravidez exis-
geral enU'e 12 a 16 semanas. Enquanto o fum1.Ío se expande, o tirem duas veias, a veia umbilical direita atrofia e a veia um-
embrião e o tronco conectivo são cobertos por tecido epitelial bilical esquerda permanece. A veia umbilical carrega sangue
amniótico . O tronco conectivo desenvolve vasos sanguíneos oxigenado, retornando da placenta e conectando-se com a veia
e funde-se com o ducto onlilomesentérico, aproximadamente porta esquerda no fígado. As artérias umbilicais são contínuas
com 7 a 8 semanas. para tornar-se o cordão umbilical. com as artérias ilíacas internas e carregam sangl.le desoxigena-
Na direção da parte caudal final do embrião, o alantoi- do do feto em direção à placenta. A presença de duas artérias
umbilicais deve ser confirmada pela visualização do cone do
de ou úraco desenvolve-se como uma seg1lIlda invaginação
eixo curto do cordão umbilical e identificação de duas artérias
do intestino primitivo e projeta-se para o tronco conectivo. O
e uma veia, ou pela visualização na US dos vasos em cada
alantoide é conectado à bexiga urinária e pode persistir como lado, lateralmente à bexiga fetal (Fig. 19-53A e B). Os vasos
um úraco patente ou um cisto do Llraco. Os vasos sanguíneos dentro do cordão são circundados pela geleia de vVarthon , um
no alalltoide desenvolvem-se nos vasos do cordão umbilical tecido conectivo gelatinoso que ajuda a proteger os vasos um-
e, a seguir, nas artérias umbilicais que cursam lateralmente bilicais da compressãoIO-l.
746
---
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

A A

B
FIGURA 19-53. A. Doppler colorido mostrando duas artérias umbi-
licais cercando a bexiga fetal cheia (81). B. Num caso separado, uma B
artéria umbilical única é vista adjacente à bexiga.
FIGURA 19-54. A. Corte transversal mostrando um cordão umbili-
cal normal de três vasos (duas artérias e uma veia). B. Um exemplo
de artéria umbilical única (seta) num cordão de dois vasos, visto nes-
ta imagem ultrassonográfica.

Anormalidades do Cordão Umbilical


Artéria Umbilical Única
formações de todos os sistemas orgânicos principais e pode ser
A anormalidade mais comum do cordão umbilical é a artéria vista com anormalidades cromossômicas. Numa série, 15%
umbilical única (AUU). vista em quase 1% das gestações (Fig. dos casos com AUU, encontrados pela US com 20 semanas ,
19-54A e B) 25. A ausência de uma artéria umbilical pode ocor- tinham outras malformações e/ou anormalidades cromossô-
rer como aplasia ou como a consequência da atrofia de uma nucas confirmadas no nascimento. Importantemente, nenhuma
artéria, secundária à trombosel 04 . A presença de uma AUU aneuploidia foi encontrada em fetos sem outros achados US
deve ser confirmada no final da extremidade fetal do cordão associados e todas as malformações congênitas sérias acompa-
porque isso pode representar uma variante normal devido à nhando a AUU foram reconhecidas no pré-natal II G• Num ou-
fusão de duas artérias umbilicais, na extremidade placentária tro estudo, 72% dos casos com diagnóstico antenatal de AUU
do cordão (Fig. 19-55A e B)104.1 1O Tem havido grande interes- eram isolados (nenhuma outra anomalia identificada pela
se na natureza e significado da AUU, devido à associação de US). Nenhum destes fetos teve um ecocardiograma anormal.
malformações estruturais fetais, anomalias cromossômicas e Destes fetos com outras anomalias, o corte de quatro câmaras
resultados perinatais ruins 111. do coração predisse apuradamente todos menos um anormal
No quadro da AUU, tem sido descrito aumento na in- ecocardiogramaJ l?
cidência de anomalias morfológicas fetais, incluindo defeitos Mesmo na ausência de anomalias associadas, há um risco
cardíacos e genituril1ários 104.1 12- 11 5. AnlaLllente, não existe cor- aumentado de RelU em fetos com AUU I18,lJ9 . Foi proposto
relação definida entre AUU e um tipo específico ou padrão de que, mais provavelmente, a AUU é mais parte de um conjun-
anomalias. A AUU tem sido descrita em associação de mal- to de múltiplas anomalias (que são tipiCa!1lente mais observa-
AVALIAÇÃO UL T RASSONOGRÁFICA DA PLA CENTA E CO RDÃ O UMBILI CA L 747

FIGURA 19-56. Espécime de patologia de um nó verdadeiro do cor-


dão umbilical vista num caso de morte fetal intraútero.

bros. Cordões curtos podem também ocorrer secundariamen-


te quando existe decréscimo na movimentação fetal. como
visto nos defeitos de fechamento do sistema nervoso central
ou em anormalidades músculo-esqueléticas. ou quando exis-
te espaço limitado, como visto em oligo-hidrâmnios ou em
gestações Cordões curtos têm sido descritos em
associação com uma incidência aumentada de anomalias con-
gênitas, em trissomia do 21, oligo-hidrâmnios e apresentação
pélvica. Cordões umbilicais curtos podem levar à compressão
do cordão, descolamento de placenta ou outras complica-
B ções associadas a dificuldades na descida fetal durante o
FIGURA 19-55. Cortes transversais através de diferentes porções Apesar de cordões curtos terem sido associados
do cordão umbilical, mostrando IA) três vasos e 18) dois vasos.
a decréscimo da movimentação fetal , é incerta a relação entre
cordões longos e aumento da movimentação fetal e a etiologia
para cordões longos permanece obscura. Um cordão anor-
malmente longo pode predispor nós de cordão, circular de
cordão e prolapso de cordão. Estas condições podem levar à
das na US que na AUU) e não sua causa: ou se desenvolve compressão e decréscimo da perfusão, secundária à obstrução
durante a gravidez. por atrofia e então pode estar relacionada do retorno venoso.
à restrição do crescimento fetal lo .l . Tós do cordão umbilical são classificados como verdadeiros
A descoberta de uma AUU na US demanda uma meti- e falsos. Nós verdadeiros ocorrem em 1% de gestações únicas e
culosa busca para outras malformações fetais associadas de- podem ser uma complicaÇ<10 das gestações gemelares monoco-
tectáveis. Na ausência destas, o risco de anomalia cromossô- liônicas (MC) monoamnióticas (Fig. 19-56). Eles são raramente
mica ou outras malformações estruturais principais é muito detectados na US pré-natal l 23 Eles podem ser formados como
pequeno. US de seg'uimento para avaliar o crescimento fetal resultado de uma torção do cordão, formando uma alça em tor-
é também indicada quando a AUU é observada. Entretanto, no da qual o feto pode escolTegar, formando um nó 121. O termo
deve ser lembrado que a AUU é mais achada em fetos sadios, falso nó é impróprio porque ele representa uma redundância
estruturalmente normais. focal do vaso que pode aparecer ultrassonograficamente como
A presença de mais de uma veia umbilical ou mais de duas uma protuberância, simulando um nó (Fig. 19-57). A principal
artélias umbilicais é considerada um cordão com múltiplos característica é que o aspecto da US não persiste em todos os
vasos. Os cordões com múltiplos vasos são raros e foram planos de corte 125 .
descritos em associação de anomalias congênitas e gêmeos
unidos 120.
Cordão Nucal

Comprimento Cordão Nucal, termo usado para descrever um emaranha-


do de cordão umbilical ao redor do pescoço fetal , tem sido
Um cordão umbilical anormalmente curto pode ocorrer como descrito em cerca de 25% das gestações, com uma incidência
fenômeno primário secundário à falência do revestimento variando entre 16% a 30%. Eles são observados em muitas
embrionário que está associado a defeitos da parede e mem- gestações comumente normais, não complicadas, com partos
748 AV ALIA ÇÃO ULTRASSONOGRÁFI CA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19- 57. Exame de um falso nó no cordão umbilical, com A


redundância focal dos vasos do cordão.

não complicados na grande malOria dos casos e ra.ramente


estão associados a morbidade ou mortalidade perinatal. Mas,
têm sido cons iderados preocupantes por possível associação
de lesão fetal . particularmente quando existem duas ou mais
circulares justas ao redor do pescoço fetal lO-l.126 Em um estu-
do. cordão nucal foi implicado em mortes intrauterinas de
três fetos a termo que se apresentaram com diminuição de
movimentação fetal, mas com achados normais de volume de
líquido amniótico. tamanho fetal e Doppler da artéria umbili-
cal. antes do parto i2i.
Cordão nueal pode ser reconhecido na US pré-natal, com
muitas publicações reportando essa observação l 28 Eles são re-
conhecidos ultrassonograficame nte como duas circulares adja-
centes do cordão, numa secção cruzada posterior ao pescoço,
em imagens sagitais e pela visualização do cordão circundando
o pescoço [ctal, em image ns iL"iais. mais bem vistOs com inves-
tigação pelo Doppler colorido (Fig. 19-58A e Uma circu-
lar simples de cordão umbilical vista próxima ao pescoço fetal B
é mais frequentemente um achado incidental e não associado FIGURA 19-58. A e B. Dois exemplos de cordão nucal , mostrados
a risco fetal. Cordão nucal antenatal ocorre randomicamente . com Dopple r colorido. Em cada caso, os vasos do cordão são vistos
circunferencia lmente ao redor do pescoço fetal.
com frequência aumentada na gestação tardia 130. Foi obser-
vado que o cordão nucal visto pela US no início da gravidez
pode espontaneamente reduzir-se durante a gestação.
A questão de quando ou não o cordão nucal está associa-
do a aumento sigl1ificativo da evolução fetal adversa é muito no momento da indução, encontrou que a sensibilidade da US
controversa e permanece obscura . apesar das muitas investiga- para sua detecção era baixa, e o progllóstico fetal e acompa-
ções . Além disso. tem sido debatida a questão se a observação nhamento clínico não foram sigllificativamente alterados pela
ultrassonográfica de um cordão nucal deva ser procurada du- informação, argumentando contra a procura ou relato deste
rante a real ização de um exame US e. quando visto, deva ser achado l34 . Num estudo, cordão nueal estava presente em 18%
relatada l :ll . Foi sugerido que a observação de um cordão nucal dos panos. A sensibilidade da US no diagnóstico do cordão
é de maior preocupação quando visto em associação de outros nucal fo i apenas 37.5%, antes da indução do parto a termo.
achados, especificamente diminuição do volume do líquido Cordão nucal não foi associado a aumento do risco de cesare-
amniótico, restrição do crescimento. pós-datas e em especial ana ou evolução neonatal adversa e não alterou ou influenciou
dinlinuição da movimentação fetal 132 . Estes autores sugeriram a conduta clínica no momento do parto l35 .
que um cordão nucal deve ser procurado e relatado. e sua pre-
sença deve. em algl1l1.S casos . levar à avaliação adicional com
Enovelamento
testes antena tais. vigilância estrita e possivelmente intervenção
(pano). O estudo do cordão umbilieal pela US pode revelar a direção
Outros pesquisadores acharam que cordões nu cais antena- da espiral do cordão (espiral esquerda sete vezes mais comum
tais achados pela US são raramente associados a complicações que a direita) e a frequência das espirais dos vasos (referido
perinatais l30 . 33. Um estudo da utilidade da US no acompanha- como o índice de enovelamento) (Fig. 19-59). O índice de
mento de cordões llucais em gestações de termo ou pós-termo, enovelamento normal do cordão umbilical (lEU) é calcu la-
A V A LI AÇ Ã O ULTRASSONOGRÁFICA DA PLAC ENTA E CORDÃO UM BI LIC A L 749

do como o número de espirais dividido pelo comprimento do crescimento fe ta.! , desacelerações do ritmo cardíaco fetal
do cordão em centímetros. Num estudo de 122 gestações intraparto. trombose vascular e estenose do cordão (Fig. 19-
não complicadas e na revisão da literatura datada antes de 62). Importante notar que não está claro para os pesquisado-
1996, a média (SD) lEU era 0.17 (± 0,009) espirais/cm 13GI3i. res quando um enovelamento anormal era realmente a causa
Pesquisadores têm relatado a frequência e correlação clíni· da patologia, ou uma sequela, ou ambos 137.
ca com cordões anormalmente enovelados (Fig. 19-60)138. Outros estudos descrevem enovelamento anormal do cor-
Enovelamento anormal do cordão lEU < 10'.1 percentil « dão em associação de perda fetal, intolerância fetal ao trabalho
0.07) ou maior que o 90º percentil (> 0.30) tem sido associado de parto, parto prematuro, anomalias fetais estruturais e cro-
com evolução gestacional adversa. mossômicas, inserção velamentosa do cordão, AUU, RelU e
Pouco enovelamento « 0,07 espirais/cm) e enovelamento corioamniotite. Aumento anormal do enovelamento também
aumentado (> 0.30 espirais/cm) do cordão têm sido vistos em tem sido associado a trombose da placa coriônica (feto-placen-
todas as idades gestacionais. Num estudo , hipoenovelamento tária) e da veia umbilical (Fig. 19-63) Dessa maneira,
do cordão foi associado a aumento da incidência de perda fe- parece que enovelamento anormal do cordão é um estado crô-
tal, desaceleração do ritmo caxdíaco fetal intraparto, parto ope- nico, estabelecido no início da gestação, que deve ter efeitos
ratório por sofrimento fetal, anomalias estruturais e cromossô- crônicos sobre o feto (restrição do crescimento) e ag'udos (in-
micas e corioamniotite (Fig. 19-61A e B). Hiperenovelamemo tolerância fetal ao trabalho de parto e perda fetal). A causa
do cordão foi associado a aumento da incidência de restrição subjacente do enovelamento anormal do cordão não é conhe-
cida, nem se compreende porque o grau de enovelamento é de
importância para o bem-estar fetal.

FIGURA 19-59. Doppler power do cordão umbilical com espiral es- FIGURA 19- 60. Espécimes de patologia de três diferentes cordões
querda (seta). Esta direção da espiral do cordão é muito mais comum umbilicais com diferentes graus de enovelamento, O cordão no topo
que a direita. é marcadamente hiperenovelado,

A B
FIGURA 19-61. Cordão umbilical pouco enovelado (seta) demonstrado por (A) escala de cinza e (8) Doppler colorido,
750 A VALIA ÇÃO UL TRASSONOGRÁFI CA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19-64. Exame usado para medir o índice de enovelamento


do co rdão umbilical. A distância entre as espirais está demarcada
FIGURA 19-62. Exame de um cordão acentuadamente hiperenovelado. pelos calipers.

FIGURA 19-65. Corte longitudinal de espécimes de cordão umbili-


ca l, mostrando acentuado hiperenovelamento (topo) e hipoenovela-
mento (abaixo) . O índice de enovelamento é calculado como o núme-
ro de esp irais completas dos vasos do cordão umbilical, dividido pelo
FIGURA 19-63. Espécime de patologia de uma placenta de ges- comprimento do cordão (em centímet ros).
tacão única a termo e um cordão acentuadamente hiperenovelado.
dos vasos da placa coriônica (feto-placentárial foi obser-
vada neste caso.

A detecção antenatal. pela US, do Índice de enovelamen- Inserção


to do cordão pode ser realizada (Fig. 19_64)1.11. O lEU ante- Cedo no desenvolvimento, o embrião roda de uma forma que
natal pode ser calculado pela medida da distância entre dois a vesícula vitelina e o tronco conectivo adjacente são posicio-
pares de espirais , vistas em imagens US longitudinais do cor- nados contrariamente ao sítio de implantação. Isto permite
dão umbilical. A avaliação ultrassonográfica do enovelamen- ao cordão umbilical inserir-se centralmente na placenta (Fig.
to do cordão, no segundo trimestre, parece correlacionar-se 19-66) . Com o desenvolvimento da placenta, acredita-se que
com o IEU real, obtido após o nascimento (Fig. 19-65) 1<2 . cresça em áreas de perfusão miometrial adequada e atrofie em
Num estudo seriado, enovelamento anormal do cordão áreas de suprimen to sanguíneo inadequado, Como resultado.
detectado na US do seg'undo trimestre, estava associado a a inserção do cordão pode se tornar de certa forma excêntrica,
maior prevalência de neonatos PIe e estado fetal não reativo apesar da sua ligação central inicial. Este processo é referido
no trabalho de parto l -l 3 Estas investigações são de interesse, como t.rofotropismolO-I-.
apesar do impacto na tomada da decisão clínica e potencial Inserção Marginal/ Velamentosa do Cordã o, Uma forma
para diminuir o risco de evoluções pcrinatais adversas ain- exagerada de inserção excêntrica ocorre em 7% das gestações.
da não ter sido determinado . O índice de enovelamento do com inserção do cordão na margem da placenta (Fig, 19-67 A
cordão, a confiabilidade de sua detecção l7l utero pela US e o e B). Isto é conhecido como placenta em raquete, Em 1% das
impacto na evolução clínica garantem mais estudos e estão gestações, o cordão se insere além da borda placentária, den-
sob investigação. tro das membranas livres da placenta. Isto é conhecido como
AVALIAÇÃO UL T RASSONOGRÁFICA DA PLA CENTA E CO RDÃO UM BI LICAL 751

A
FIGURA 19-66. Inserção central normal do cordão umbilical numa
placenta anter ior, mostrada pelo Doppler colorido,

inserção velamentosa do cordão e pode ser complicado com


rutura e trombose dos vasos umbilicais porque não estão pro-
tegidos pela geleia de "Vharton 10I,
Gestações com inserção velamentosa do cordão conem
O risco de desenvolver restrição do crescimento Fetal, prema-
turidade, anomalias congênitas , sangramento Fetal, retenção
placentária e perda fetal. Vasa prévia, já discutida, resulta de
uma inserção velamentosa do cordão com os vasos umbilicais
cruzando o orifício cervical, Estas variações da inserção pla-
centária do cordão umbilical, incluindo inserções marginal e
velamentosa, podem ser detectadas pela USlnl .16. um estudo
de praticabilidade da identificação da inserção velamentosa do
cordão, utilizando US em escala de cinza e Doppler colorido, o
sítio da inserção placentária do cordão foi identificado em 99%
dos casos, e todos os casos de inserção velamentosa confirma-
dos após o nascimento foram suspeitados pela US pré-natal B
(Fig, 19-68) 1-1'. A avaliação do sítio da inserção placentária do FIGURA 19-67. Cortes ultrassonográficos em escala de cinza (A)
e Doppler colorido (BI, reve lando inserção marginal do cordão na
cordão na US obstétrica potencialmente pode identificar gesta- placenta,
çõcs com inserção velamentosa e, portanto. aquelas com risco
de complicações obstétricas, incluindo vasa prévia, A inserção
velamentosa do cordão é também frequentemente vista em
um dos fetos de uma gestação gemelar monocoriônica (MC),
mentar l1 9. Gastrosquise é um defeito da parede anterior que
envolve mais provavelmente uma anormalidade embrionária
Defeitos da Parede Abdominal Anterior
vascular que um Folheto corporal da parede 129 Foi sugerido
Anomalias do tronco embrionário, onfalocelc e gastrosquise que um exagero da regressão normal da veia umbilical direita
são anormalidades do desenvolvimento da parede abdomi- causa o defeito na parede abdominal anterior. através do qual
nal anterior, que estão relacionadas ao desenvolvimento do os seg1uentos intestinais fetais causam protrusão na cavidade
cordão umbilical, Anomalias do tronco e onfalocele são em anmiótica. Este defeito é quase sempre visto no lado direito
geral devido a uma fa lência da invaginação embrionária l2 11IB de uma inserção normal do cordão umbilical.
Anoma lia do tronco é muito mais grave quc onfalocele por-
que envolve os folhetos longitudinal e lateral, e é sempre fatal,
Cistos e Massas do Cordão
enquanto onfalocele resulta de anormalidades dos folhetos
transversais somente, A fa lha da invaginação embrionária Anormalidades focais do cordão umbilical podem ser vistas
impede o desenvolvimento normal do saco herniário conec- incidentalmente dUriU1te uma ultrassonografia de rotina.
tivo e por isso o cordão umbilical está ausente ou é rudi- Certas características US podem ser l!leis no estudo das lesões
752 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLAC ENTA E CORDÃO UMBILI CAL

FIGURA 19- 68 . Doppler colorido de uma inserção velamentosa do A


cordão.

focais do cordão umbilical e orientar a conduta. A presença


de uma massa do cordão umbilical demanda avaliação do
fluxo nos vasos para avaliar o comprometimento resultante
de compressão ou trombose.
Cistos únicos ou múltiplos do cordão umbilical podem
ser vistos pela ultrassonografia (Fig. 19-69). Tem sido descrita
uma associação entre cistos do cordão umbilical do seg'undo
e terceiro trimestres e anomalias fetais e aneuploidia 107.150,
152 . Cistos do cordão umbilical vistos no primeiro trimestre
representam mais um achado normal 107. Verdadeiros cistos
do cordão umbilical são revestidos de epitélio e incluem re-
manescentes do dueto onfalomesentérico ou do ducto alan-
toide. Cistos de inclusão amniótica são revestidos de epitélio
amniótico e desenvolvem-se quando uma porção do âmnio
aprisiona-se durante a formação do cordão umbilical. Cistos
do ducto onfalomesentérico e alantoide estão localizados na
direção da extremidade fetal do cordão umbilical e podem ser
8
FIGURA 19-69. Duas pacientes com cistos do cordão umbilical.
vistos em associação de anomalias dos tratos gastrointestinal A. Pequeno cisto (seta). 8. Grande cisto (seta).
e geniturinário. porque têm seu desenvolvimento relaciona-
do. Cistos do ducto alantoide têm sido descritos em associa-
ção com onfalocele. úraco patente e. possivelmente. uropatia
obstrutiva 1:;3.1.,-1.
Pseudocistos. que não são revestidos por epitélio, resul-
tam de edema focal por dentro ou ausência focal da geleia de de cordão ou torção e podem ser detectados por acaso ou no
\Varthon, secundária a mudanças degenerativas. Eles são mais princípio do sofrimento fetal I:; , . Hematomas estão associados
comuns que cistos verdadeiros e também [oram descritos em a 50% de risco de perda fetal e. então, este diagllóstico deve
associação de onfalocele 1ô l . ser prontamente monitorado e possivelmente levar a parto de
Massas focais do cordão incluem tumores. hematomas, emergência 156.
varizes e aneurismas. Hemangiomas. apesar de raros. são os Varizes da veia umbilical podem envolver a porção intra-
tumores mais comuns do cordão umbilical e podem apare- abdominal ou extrafetal da veia umbilical. Varizes extrafetais
cer como uma lesão hiperecogênica ou multicística, em geral podem resultar de um comprometimento vascular secundário
localizada próxima a inserção placentária do cordão. Hema- à trombose. Tem sido descritos casos de varizes intra-abdo-
tomas do cordãu sãu usualmeme focais e resultam de procedi- minais da veia umbilical associados a anomalias fetais e mor-
mentos invasivos. como a cordocentese. Eles aparecem mais talidade: entretanto, o significado destes achados permanece
hiperecoicos, mas a ecogenicidade pode variar, dependendo inceno l.ó7.1 5S. Aneurismas da artéria umbilical são lesões muito
da idade do sangTamemo. Raramente se desenvolvem espon- raras que podem ser complicadas por rutura. dissecção ou co-
taneamenLe devido a sangramento venoso relacionado aos nós agulação. resultando em comprometimento vascular.
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACEN TA E CORDÃO UMBILICAL
-- 753

FIGURA 19-70. Espécime de pato logia de uma placenta monoco-


riônica vista da superfície fetal. após injeção de corantes coloridos A
nos vasos umbilicais. Os sítios de inserção dos cordões na placenta
compartilhada estão etiquetados. As artérias são azuis para ambos
os gêmeos. As veias são amarelas para o gêmeo A e vermelhas para
o gêmeo B.

Gestações Múltiplas
Gestação gemelar não é a ênfase deste capítulo e isto será
detalhado em outro (ver Capo 8). É necessário notar aqui ,
entretanto, que o alto risco associado a algumas gestações
gemelares está relacionado com as placentas e os cordões
umbilicais, tornando o material coberto neste capítulo de
particular relevância. Especificamente, os riscos associados a
gestações gemelares MC estão relacionados com a placenta
compartilhada e sua anatomia vascular. Esta anatomia tem
sido cuidadosamente estudada em placentas postpartum 159. 160
(Fig. 19-70). Trabalhos mais recentes têm abordado a avalia-
ção ultrassonográfica in u/ero destas gestações , revelando o
valor da atenção focal na placenta compartilhada, sítios de
inserção do cordão e conexões vasculares intergemelares. B
O número de córios (placentas) e âITU1ios em uma gestação FIGURA 19-71. A. Exame do primeiro trimestre de gêmeos mo -
nocoriônicos. Uma fina membrana (seta) é vista separando os dois
gemelar monozigótica (fertilização de um único ovo) depende embriões, A e B, sendo assim uma gestação gemelar monocoriônica
de quando o ovo fertilizado se divide, em relação à diferencia- diamniótica. B. Exame do primeiro trimestre de gêmeos dicoriônicos.
ção do cório e âmnio. Divisões entre quatro a oito dias após Além dos dois sacos gestacionais, cada um com um embrião, uma
a fertilização resultam numa gestação MC, diamniótica (DA) grossa membrana interposta é vista (seta), sendo assim uma gesta-
ção dicoriônica diamniótica.
e ocorrem em cerca de 75% das gestações gemelares monozi-
góticas. Detecção ultrassonográfica de gestação gemelar MC,
DA e sua diferenciação de uma gestação gemelar dicoriôni-
ca DA é mais acurada no primeiro trimestre (Fig. 19-71). No
terceiro trimestre, pode ser mais difícil estudar a verdadeira
espessura da membrana e, além disso, a corionicidade. Se mento fetal. Placentas MC são com frequência compartilhadas
exames ultrassonográficos iniciais comparativos não estão desig'ualmente e. quando isto ocorre, resulta em discordância
disponíveis. no momento do exame do segundo ou terceiro do crescimento (Fig. 19_72)IGl.lti2. Outras características únicas
trimestres. a paciente deve ser questionada se um exame de da arquitetura vascular de placentas Me. como o número. tipo
primeiro trimestre foi realizado e este exame deve ser avaliado e calibre das anastomoses intergemelares e a distância entre
para determinar a corionicidade. inserções do cordão umbilical, geralmente também contribuem
Uma complicação muito comum em gestações gemelares para a discrepância do crescimento e peso ao nascimento e para
MC é o peso discordante ao nascimento , que pode resultar o risco de desenvolvimento da síndrome de transfusão feto-
de um inadequado compartilhamento da placenta. Um ina- fetal (STFF).
dequado compartilhamento da placenta é uma anormalidade Inserção velamentosa do cordão tem sido descrita em 13%
da placentação. Em placentas de gestações únicas , o sítio de a 45% das gestações gemelares e associada a desordens do
implantação placentário é teorizado para determinar o even- crescimento gemelar. Apesar de no passado os sítios de inser-
tual sítio de inserção do cordão. Fatores que alteram a [un- ção do cordão umbilical não terem sido rotineiramente exami-
ção parenquimatosa placentária, ou afetam a área da placenta nados pela US obstétrica, como já mencionado nesta seção,
dispOlúvel para cada gêmeo MC. para suprimento nutritivo, vale a pena fazer isso para detectar inserções velamentosas e
troca de gases e remoção de impurezas. podem afetar o cresci- marginais do cordão. que podem ser identificadas por US em
754 AVALIAÇ Ã O ULT RASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL

FIGURA 19- 73. Placenta gemelar monocoriônica com sítios de in-


FIGURA 19- 72. Espécime de patologia de uma placenta monocori- serção do cordão velamentoso (Ve) e central (e). São mostrados o
ônica com inadequado compartilhamento. com uma inserção central tronco arterial de alimentação (A) e o tronco venoso de drenagem (V)
(cl e uma velamentosa (vi do cordão. Significativa discordância de de uma anastomose intergemelar. com a direção do fluxo indicada
peso ao nascimento (20%1 foi observada neste par de gêmeos. com (seta).
o cordão velamentoso pertencendo ao menor gêmeo.

gestações únicas e gemelares, no segundo trimestre. Inserções 5. Jallniaux E, .JlIrkovic O, Campbell S: ClIrrent topie: iIl vivo
periféricas do cordão em um dos gêmeos de um par Me es- invesugation of lhe placental circulations b)' Doppler echography.
tão associadas a aumento do risco de compartilhamento ina- Placenta 16:323. 1995.
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dequado da placenta e discordância do peso ao nascimento.
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É possível que a identificação das localizações das inserções 7. Tongsong T. Boonyanllrak P: Placental thickness in thc first half of
do cordão pela US pré-natal em pares gemela.res Me possa pregnaIlcy. .J Clin Ultrasollnel 32 :231. 2004.
ser usado para identificar inadequado compartilhamento pla- 8. "Volf H, OOSting H. Treffers PE: Seconel-trimester placental volume
centário e deve ser correlacionado com ambos os achados elo measurement by 1Iltrasounel: prcelict.ion of fetal Olltcome. Am J
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do cordão deve prontamente levar à vigilância rigorosa .com 24:336, 2003.
U Ss seriados para avaliação do peso e crescimento [etal l (j2 10. Hafner E. Schuchter K. van Leellwen M. et ai: 1nree-elimensional
STFF é a complicação mais comum de gemelaridade Me, sonographic volllmetry of the placenta anelthe fetus between weeks
ocorrendo em quase 10% a 20% das gestações gemelares 15 and 17 of gestatiol1. Ultrasounel Obstet Gynecol 18: I 16, 2001.
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der com poliúria , resultando em poli-hidrâmnio. Ex.iste uma 17:66. 1996.
significativa variedade de manifestações da STFF, incluindo H. Benirsch.ke K , Kallfmanll P: Placenta I shape abcrrations. In
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mente refletindo na particular anatomia vascular interfetal (o 15. Bel' M . DOlt A, Miller JM .Ir: The sOllographic eliagl10sis of
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AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA PLACENTA E CORDÃO UMBILICAL 757

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20
VOLUME DO LÍQUIDO AMNIÓTICO: NA SAÚDE E
DOENÇA FETAL
Peter W. Call en, MO

Fisiologia do Líquido Amniótico Ruptura Prematura de Membranas


líquido Amniótico Ecogênico Oligo-hidrâmnio Intraparto em Pacientes de Alto Risco
Ultrassonografia e Estimativa de Líquido Amniótico Frequência de Avaliação do Líquido Amniótico em Pacientes de
Armadilhas na Estimativa do Volume do Líquido Amniótico Alto Risco

Comentários Sobre a Avaliação do Volume do Líquido Outras Condições Associadas ou Causadoras de Oligo-hidrâmnio
Amniótico Oligo-hidrâmnio e Avaliação de Peso Fetal e Malformações
Oligo-hidrâmnio Poli-hidrâmnio
Restrição de Crescimento Intrauterino Poli-hidrâmnio: Morbidade e Amniorredução
Pacientes Pós-termo Considerações de Imagem no Poli-hidrâmnio
Hipoplasia Pulmonar Gemelares e Anormalidades no Volume do Líquido Amniótico

A importância do líquido annniótico para o bem-estar


fetal não pode ser superestimada. Ainda que relegada
como secundária durante a avaliação ultrassonográfica, a
líquido amniótico (VLA) total não pode ser somente repre-
sentado pelos rins, pulmões e deglutição. O fluxo intramem-
branoso chega aproximadamente 400 mL/dia quando a termo
quantidade de liquido amniótico atualmente é considerada (Fig.20-2).9
parte complementar importante na avaliação ultrassonográfica No inicio da gravidez a membrana coriônica atua quase
da paciente grávida. como uma peneira molecular, permitindo livre passagem de
água, solutos, eletrólitos, creatinina e ureia. Neste período
pouca contribuição embrionária ocone para o líquido anmió-
FISIOLOGIA DO LíQUIDO tico, fato este comprovado pela presença do líquido tanto antes
AMNIÓTICO como na ausência de um embrião vivo. No final do primeiro
trimestre, a difusão pela pele embrionária ocorre prontanlente,
o líquido annniótico é responsável por diversas funções no pois a espessura da mesma é apenas de quatro camadas celu-
desenvolvimento normal do embrião e feto , como amortecer laresY A difusão através dessa balTeira permeável continua
o feto contra trauma físico permitir o crescimento do feto a ocorrer até 24ª e 26ª semana de gestação, quando temos a
livre de resistência ou distorções por estruturas adjacentes; queratinização da pele fetal. 2 ,11
proporcionar um ambiente com temperatura estável, permitir Na segunda pane da gestação as duas fontes principais de
o desenvolvimento normal dos sistemas respiratório, gastroin- líquido annniótico são os rins e os pulmões fetais. As fontes
testinal e músculo-esquelético; ajudar na prevenção de infec- primárias de remoção de líquido al1U1iótico são o trato digesti-
ções e proporcionar fonte temporária de líquido e nutrientes vo (deglutição) e a absorção para o sangue fetal , perfundi.ndo
para o desenvolvimento embrionário .1.2 a superfície da placenta. I Nos segundo e terceiro trimestres, a
Vários sítios anatômicos estão envolvidos na regulação do urina fetal desempenha um importante papel na produção de
líquido annniótico (Fig. 20-1). O volume deste a qualquer mo- líquido amniótico. A excreção de urina hipotônica pelo rinl
mento representa o balanço entre as estruturas responsáveis fetal tem sido relatada até a 12ª semana. 12 , 13 A evidência confir-
pela sua produção ou que permitem a passagem do líquido matória da função renal na produção de líquido annniótico é
para dentro da cavidade amniótica, como córion frondoso e parcialmente baseada nos achados de queda de concentração
membranas, pele, trato urinário e interface cOlioannniótica na de sódio e cloro no líquido annniótico fetal e urina, enquanto
parede uterina. I . IO Dois percursos adicionais incluem os tra- que a concentração de ureia e creatinina aumenta em ambos
jetos intra e transmembranosos. O mais importante trajeto os líquidos. 2 Iguahnente, no segundo trimestre, as concentra-
intramembranoso inclui a transferência entre o líquido annnió- ções de sódio e potássio são significativamente inferiores no lí-
tico e o sangue fetal que perfunde a superfície fetal placentária, quido annniótico quando comparado com o soro materno. Isto
a pele fetal e o cordão umbilical. O trajeto transmembranoso quando em parte se deve à pequena quantidade de contribui-
envolve trocas, através da membrana fetal, entre líquido am- ção de urina para a composição do líquido annnióticO. 7,14 Com
niótico e sangue materno.! A importância dos trajetos intra e 18 semanas de gestação a produção de urina fetal é estimada
transmembranosos tem sido esclarecida porque o volume de entre 7 e 17 mL/dia e aumenta gradualmente durante a gesta-
758
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 759

__ Líquido Amniótico

Traio respiralório

Trato ..
Placenta e membranas
relacionadas

F;,;,;,.1- Parede uterina


Trato urinário---4-1--+-.....

Cordão umbilical

"'--------!f-- - - --t-F± ± 4r- Pele fetal

FIGURA 20-1. Estruturas amnióticas fetais e maternas mais importantes envolvidas na formação e reabsorção do líquido amniótico. (De
Wallenburg HCS: The amniotic fluid. J Perinatal Med. 5: 193, 1977).

líquida é necessária para expandir os puLmões para o cresci-


mento. Aproximadamente metade do líquido que deixa a tra-
quéia entra no líquido amniótico. 20 Tem sido erroneamente
interpretado que os pulmões apresentam uma via para a ab-
sorção de líquido no feto normal. Como citado por Brace, I
"os pulmões fetais somente absorvem liquido em condições de
asfixia ou sofrimento fetal".
A remoção de liquido amniótico durante a gravidez se
dá, em grande parte, pela deglutição fetal. Aproximadamente
metade da urina dim-iamentc produzida é removida por de-
glutição fetal. Esta tem sido estimada com valor mínimo de
200 rnL/dia e máximo de 1.500 rnL/dia. Apesar de com 20
Transmembranoso semanas de gestação o percentual de VLA deglutido ser pe-
10 queno (aproximadamente 5%), a termo o feto pode chegar
FIGURA 20-2. Resumo do fluxo de água para dentro e fora do espaço a deglutir 50% do total do VLA. 21 No modelo de dinâmica
do líquido amniótico na gestação avançada. (De Brace RA: Physiology of VLA, Mann, Nijland e ROSS9 encontraram Iúveis de deglutição
amniotic fluid volume regulation. Clin Obstet GynecoI40:286, 1997.)
relativamente baixos em relação à proporção da produção de
urina e Buido pulmonar responsáveis pelo aumento gradual
do VLA nos primeiro e segundo trimestres. Eles tanlbém ve-
rificaram que o aumento da deglutição VLA contribui para a
redução em VLA próximo ao termo e, possivelmente, para o
ção (Fig. 20-2).15 Calcula-se que o volume de urina fetal diária de oligo-hidrâmnio em paciente pós-termo,
na segunda metade da gestação é aproximadamente 30% do E improvável que a urina fetal e a deglutição possam explicar
peso corporal. 1-16 A termo é de aproximadamente 800 rnL/dia a totalidade das variações no VLA. Como mencionado ante-
(variação, 600-1.200 rnL/dia), que se aproxima do total VLA riOI"mente, é provável que o Buxo intramembranoso e, em um
nesse estágio ?· I? A presença de VLA normal no segundo e grau menor, o transmembranoso, entre o espaço amniótico da
terceiro trimestres implica que pelo menos um rim funcionan- mãe e do feto também tenham um papel na variação do VLA.
te deve estar presente. A redução no Buxo sanguíneo arterial O Buxo intramembranoso alcança o volume próximo a 400
renal ou um aumento na absorção tubular pelo hormônio anti- rnL/dia a termo. 9
diurético (anlbos resultados de hipóxia fetal) resultam em uma Um número de investigadores estabeleceu o volume de
diminuição do VLA. liquido amniótico durante a gestação. Weisman, Itskovitz-
Além do rim fetal, os pulmões tanlbém contribuem para Eldor e Jakobj22 calcularam o volume amniótico no primeiro
o VLA total (Fig. 20-2). Apesar de o volume total de líquido trimestre (Fig. 20-3). Estes encontraram que a quantidade de
amniótico ser desconhecido, presume-se que esteja na faixa de líquido amniótico aumentou de aproximadamente 1 mL na 7ª
60 a 100 rnL/kg/dia do peso fetal a termo. IO ,18 A maior parte semana, para 25 rnL na 10a semana, e 60 mL na 123 semana.
do liquido pulmonar deixa a traquéia durante episódios de Os autores levantaram um ponto interessante de que quando
respiração fetal. 10. 19Segundo Brace, I menos de 1% da secreção realizada a amniocentese precoce removendo 1 mL por se-
760 VO LUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

2.500
120
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J. . . 25%
5%
1%
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44
O
Idade Gestacional (semanas)
6 7 8 9 10 11 12 13 14
FIGURA 20-4. O organograma mostra o volume de líquido amnió-
Idade Gestacional (semanas ) tico em função da idade gestacional em uma escala linear. Os ponti-
lhados são medianas de cada intervalo de 2 semanas. Percentis são
FIGURA 20- 3. Volume de líquido amniótico por idade gestacional. calculados por equação de regressão polinominal e desvios-padrão
(De Weissman A, Itskovitz-Eldor J, Jakobi P: Sonographic measure- residuais. A área sombreada cobre um intervalo de confiança de
ment of amniotic fluid volume in the first trimester of pregnancy. J 95 % . (De 8race RA, Wolf EJ: Normal amniotic fluid volume changes
Ultrasound Med 15: 7 72, 1996). throughout pregnancy. Am J Obstet Gynecol 161 :386, 1989).

mana gestacional, na 9ª semana é retirado 72% do VLA, em Líquido Amniótico Ecogênico


contrapartida, na 17ª e 18ª semana, menos de 10% do volume
total será removido. Brace e ''''0Ir3 verificaram que o VLA Em 1978, Bree26 e, subsequentemente, Parulekm-,27 em 1983,
aumenta progressivamente a partir da 8ª semana de gestação, relataram a presença de partículas ecogênicas no líquido amni-
atingindo seu valor estatístico máximo (análise de variância) ótico. No Ílúcio acreditava-se que este representava o vérnix,
na 22" semana e permanecendo neste nível (630 a 817 mL) até porém, seu aparecimento a partir de 15 semanas torna isso
a 39ª semana (Fig. 20-4). Estes autores calcularam as variações improvável. Khaleghian28 relatou esses achados e levantou
medianas no VLA semanalmente (com base na equação de a hipótese de que os ecos ermn secundários ao mecônio.
regressão polinominal). a 8ª semana, o volume aumentou Considerando que a causa desses ecos permanece incerta,
em 10 InL/semana; na 13 a semana, aumentou para 25 mL/se- é improvável que representem, exclusivamente mecônio ou
mana; e na 21 ª semana atingiu um máximo de 60 mL/semana. vérnÍ.,x. Mais recentemente, Espinoza et al.29 identificaram
O incremento de volume semanal diminuiu, atingindo zero, esses ecos próximos ao colo uterino durante exame trans-
na 33" semana de gestação, onde o ponto mediano de volume vaginal e os denominou de lama de líquido amniótico. Em seu
atingiu seu pico. Após o termo, o VLA diminui em uma taxa estudo a prevalência de lama de líquido amniótico foi de 1%
de aproximadamente 8% por semana. Durante a primeira me- em pacientes com gestação a termo não complicada, e 22,6%
tade da gravidez, o VLA está intimamente relacionado com naquelas com parto prematuro e membrana intacta. Sua
o peso fetal. A relação líquido amniótico - feto aumenta até conclusão foi que "a presença de 'Im11a' no líquido amniótico
a 30" semana de gestação, aproximadamente e então parece em pacientes com parto prematuro e membrm1a intacta é um
diminuir. O feto , no final do terceiro trimestre, aparentemente fator de risco para presença microbiana na cavidade anmiótica
urina e deglute um volume de Líquido arnniótico igual a 20% (MIAC) , corioanmionite histológica e parto prematuro iminen-
a 30% de seu peso corporal por dia, já um adulto , em compa- te ". Outro estudo, agora de Mungen et al. 30 constatou que
ração, urina e deglute aproximadamente 2% a 3% do seu peso em pacientes a termo a presença ultrassonográfica de ecos no
corporal por dia. líquido anmiótico não esteve associada a qualquer resultado
Apesar de se saber que o metabolismo e o volume sanguí- adverso da gravidez e, "portanto, não deve alterar a rotina da
neo fetal afetam o VLA, somente nas últimas duas décadas os abordagem gestacional".
efeitos maternos, o estado de doença e a hidratação da mãe
têm mostrado afetar a hidratação e o volume sanguíneo fetal ULTRASSONOGRAFIA E
e, portanto, o VLA. ll ,23 Goodlin, Anderson e Gallagher,23 em ESTIMATIVA DE LíQUIDO
1983, demonstraram a relação enu'e volume intravascular ma-
terno elevado e poli-hidrânmio e entre volume intravascular AMNIÓTICO
materno diminuído e oligo-hidrânmio. A hidratação materna O reconhecimento da importância do líquido amniótico na
pode aumentar o VLA por melhorar o Buxo sanguíneo ute- evolução fetal tornou imperativo o desenvolvimento de méto-
roplacentário ou por transferência de água em bolus aU'avés dos para avaliação do VLA durm1te a gravidez. Ainda que a
da placenta.24 Em um estudo de pacientes com VLA normal , ultrassonografia possua muitas vantagens, dentre as principais
Kilpatrick e Safford 25 concluíram que tanto o soro materno sua natureza não evasiva, rmnbém possui problemas ineren-
quanto a osmolaridade urinária diminuíram significativamen- tes . Sua maior dificuldade está relacionada com a característi-
te após a ingesta de 2 L de água e, em contrapartida, o VLA ca tomográfica desta modalidade. O exame ultrassonográfico
aumentou. através do útero gravídico depende de cortes bidimensionais
VOLUME DO LiQUIDO AMNIÓTICO , NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 761

FIGURA 20- 5. Ultrassonografia longitudinal no segundo trimestre FIGURA 20-6. Ultrassonografia de um feto com agenesia renal.
de gestação com líquido amniótico normal. A valiação subjetiva de Virtualmente nenhum líquido amniótico é visualizado. Feto "apertado"
líquido amniótico normal depende da relação entre o líquido amniótico dentro do útero. O único espaço relativamente anecóico é ocupado
e os espaços ocupados por feto e placenta. pelo cordão umbilical (asteriscol.

do conteúdo intJ"aútero. A decisão sobre a quantidade de


VLA requer que o examinador some os bolsões individuais
de líquido anuuótieo na hora do exame ou interprete o fUme
gravado. Mesmo que a maior parte dos ultrassonografistas 14
experientes seja capaz de tomar uma decisão subjetiva a
respeito da quantidade de líquido, a falta de objetividade é
12
o'"
desconfortável para alguns. V>

I
Ainda que os clínicos fossem prontamente capacitados .D

para reconhecer o desenvolvimento agudo e grave de exces- '"


'O
V>
10
so de liquido anmiótico em seus pacientes, era quase sempre 'l'"?

r 1
<ll
difícil reconhecer a dinlinuição do líquido anuuótico. Um mé- >
V>
c: 8
LOdo não-invasivo de imagem para avaliação da dUl1.Ínuição
de líquido era necessário. A ultrassonografia foi e é apropria- V>

'"
1
da para esta tarefa. A avaliação ultrassonográfica de oligo-hi- 'O
'6 6
<ll
drâmnio no passado tem sido baseada na subjetividade do
ultrassonografista. A técnica de avaliação subjetiva de liquido
E
<ll
'O
6 I
amniótico envolve a comparação de áreas de líquido livre de
eco com o espaço ocupado pelo feto e placenta (Fig. 20-5) a i
'c:"
'"
'6
4
1 1
<ll
Qlando uma quantidade muito pequena está presente, o feto 2 [5
.L
parece comprimido dentro do útero (Fig. 20-6). Em um es tudo
interessante, Halperin et al. 32 avaliaram a variabilidade inter
O
e intraobservacional na avaliação subjetiva do VLA. Teste
O 1,0 2 ,0 3,0 4,0 5,0
estudo, ultrassonografistas experientes foram subjetivamente
designados a grupos de pacientes com VLA normal, limítrofe, Avaliação subjetiva do VLA
baixo ou reduzido. Eles verificaram que ultrassonografistas FIGURA 20- 7. Mediana de medidas transversas do maior bolsão
mais experientes tiveram pontuações de correlação intraobser- de líquido amniótico analisado subjetivamente pelo volume de líquido
vacional sigluficativamente maior ( = 0,94 versus 0,63)a l Em amniótico (VLA). Existe uma boa correlação entre o VLA estimado
analisado com medidas de boi são e estimativas analisadas subjeti-
outro estudo, Moor et al. 31 demonstraram que observadores vamente. 1,0, oligo-hidrâmnio (pouco ou nada de líquido amniótico,
bem treinados podiam, subjetivamente, identificar pacientes quase nenhum bolsão, preenchido por partes pequenas); 2,0, líquido
com oligo-hidrâmnio com um coeficiente de correlação intra- amniótico diminuído (não oligo-hidrâmnio franco, mas sugestivamente
classe de 0,81 .31 Usando uma avaliação subjetiva do VLA, menos que o esperado de VLA para idade gestacional); 3,0, normal
(boa interface fluido -fetal, principalmente em partes pequenas, com
Goldstein e Fill y 33 relataram concordância intraobservacio-
feto preenchendo o diâmetro ântero-posterior do útero); 4 ,0, leve-
nal e interobservacional de 84% e 96%, respectivamente (Fig. mente aumentado (mais líquido que o esperado ao redor das partes
20-7). pequenas, leve interface de líquido entre o feto e a parede uterina);
Ainda que ultrassonografistas experientes sejam capazes 5,0, pOli-hid râmnio franco (o feto não preenche a cavidade uterina na
de realizar tal julgamento, é impossível disseminar critérios dimensão ântero-posterior e muito mais que o esperado de líquido ao
redor de ambos - tronco e partes moles). (De Goldstein RB, Flfly RA :
para o uso de examinadores menos experientes. Ademais, não Sonographic estimation of amniotic f/uid volume. J Ultrasound Med
há métodos para assegurar que até os mais experientes usem 7:363, 1988.)
762 VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓ Tl CO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

a mesma técnica visual quando tentando realizar diagnóstico vezes por outros, tanto para aumentar como para diminuir
de pouco líquido. Manning, Hill e Platt34 fizeram um excelente o máximo permitido de líquido anuúótico no maior bolsão
avanço na análise visual em sua descrição de uma medida sim- vertical para que fosse considerado oligo-hidrâmnio, incluindo
ples para avaliar oligo-hidrâmnio. Sua técnica inclui rastrear mensurações de 2 cm, 3 cm e 0,5 cm (Tabela 20_1).35,36 Infe-
o útero à procura de um bolsão de líquido arnniótico mais lizmente, essa regra e outras têm se mostrado muito rigorosas
profundo livre de cordão umbilical e partes fetais (Fig. 20-8). para serem usadas. Bottoms el al. 37 e outros, atualmente, nota-
A maior dimensão vertical desse boi são é então medida com ram que a ausência de um bolsão de líquido de pelo menos 1
o transdutor ultrassonográfico perpendicular ao chão. Esta cm em profundidade foi extremamente rara e, portanto, é um
medida também tem sido referida como maior bolsão vertical marcador insensível para o desfecho obstétrico mim. 31
(MBV). Na época de seu estudo original, o diagnóstico de Em 1987, Phelan el al. 38 e, subsequentemente, Rutherford
oligo-Iúdrâmnio era estabelecido quando o maior bolsão ver- el a1. 39 ,40 e Moore e Caylé l desenvolveram uma avaliação ul-
tical encontrava-se menor que 1 cm. Esta medida passou a ser trassonográfica sellÚquantitativa do VLA que tem sido conhe-
conhecida como regra do 1 -cm. A regra do 1 -cm foi original- cida como índice de líquido arnniótico (ILA). Essa medida é
mente descrita no início dos anos 1980; foi modificada várias baseada na divisão do útero gravídico em quatro quadrantes ,
usando-se os marcadores maternos externos da cicatriz umbili-
cal e a linha negra (Fig. 20-9 e Tabela 20-2). É medido o bolsão
de líquido arnniótico mais profundo em cada quadrante, em
modo similar ao MBV Essas quatro medidas são somadas e
a soma é referida como o ILA (Tabela 20-3). Em uma revisão
de 1997, Hill ll notou que a descrição original do ILA de Phe-
lan et al.38 não mencionava se os bolsões de líquido arnniótico
contendo o cordão umbilical develiam ser incluídos ou exclu-
ídos. Subsequentemente, Rutherford et al. 40 afirmaram que o
cordão umbilical ou uma extrellÚdade fetal podem atravessar
um bolsão de líquido éUruÚÓtico mensurado (Fig. 20-10).11 No
entanto, quando um bolsão está quase inteiramente preenchi-
do com o cordão umbilical ou com alguma extrellÚdade, não
deve ser incluída como um bolsão medido (Fig. 20-11). Deve
ser ressaltado, porém, que muitos ultrassonografistas incluem
somente bolsões que estão livres de cordão umbilical e extre-
IlÚdades fetais. I I
Investigadores e clúúcos têm usado uma variedade de li-
llÚares para definir anormalidades no VLA. Moore e Cayle41
defumam oligo-hidrâmnio quando o ILA era abaixo do per-
centil 5, o que correspondeu a um ILA menor que 7 a 8 cm.
Rutherford el al.39 usaram 5 em como linúar para definir oligo-
hidrâmnio, um número que seria ligeiramente menor que o 1Q
percentil. Ainda que existam controvérsias a respeito de qual
FIGURA 20-8. Volume de Ifquido amni6tico normal avaliado pela
valor de limiar deve ser utilizado, valores superiores a 5 cm
medida do maior bolsão de líquido. Na semana de gestação, o e inferiores a 18 a 20 cm são considerados pela maioria dos
maior bolsão de líquido amni6tico, desprovido de cordão umbilical, examinadores como normal. Portanto, a regra do 1 -cm tem
mede 24 mm. sido substituída pela regra dos 5 -cm.

I Tabela 20-1 I Definições de Oligo-hidrâmnios


Técnica Defini çã o Estudo
Diluição por corante 200 mL Horsager, Nathan e Levenol 58
Diluição por corante 500 mL Magann el aIS7
Doze estudos: medida direta 3 18 mL Brace and Wolfj
ou diluição por corante
UIu-assonografia Bolsão único vertical < 0,5 cm Mercer el al.36
Ultrassonografia Bolsão úrtico vertical < 1,0 cm Mamting, Hill e Platt 68
U1trassonografia Bolsão único vertical < 2,0 em Manning el aIS8
U1trassonografia Bolsão único vertical < 3,0 em Halperin e/ aI.,32 Crowley, O 'Herlihy e
Boylan 62
Ultrassonografia Bolsão de duas dimensões (vertical x horizontal) Magann el al. 57
< 1,5 cm
Ultrassonografia Índice de líquido amni6tico < percentil 50 para Moore e Cayle41
idade ges tacional
Ultrassonografia Índice de líquido amni6cico < 5,0 cm Phelan el al.3R
Ultrassonografia Índice de líquido amni6tico < 7,0 em Dizon-Townson el ai. 159
Uln'assonografia Índice de líquido amni6tico < 8,0 cm Jeng el al J60

De I-WI LM: Oligoh)'dranmios: Sonographic diagnosis and clinicai implications. C/in ObJlc! G)1/(co/1997; 40:314.
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 763

Valores de índice de Líquido Amniótico


Tabela 20-3
em Gravidez Normal
índice de Percentil de liquido Amniótico
Semana n

16 73 79 121 185 201 32


17 77 83 127 194 211 26
18 80 87 133 202 220 17
19 83 90 137 207 225 14
20 86 93 141 212 230 25
21 88 95 143 214 233 14
22 89 97 145 216 235 14
23 90 98 146 218 237 14
24 90 98 147 219 238 23
25 89 97 147 221 240 12
26 89 97 147 223 242 11
27 85 95 146 226 245 17
28 86 94 146 228 249 25
29 84 92 145 231 254 12

I 30
31
32
33
82
79
77
74
90
88
86
83
145
144
144
143
234
238
242
245
258
263
269
274
17
26
25
30
34 72 81 142 248 278 31
35 70 79 140 249 279 27
36 68 77 138 249 279 39
37 66 75 135 244 275 36
38 65 73 132 239 269 27
39 64 72 127 226 255 12
40 63 71 123 214 240 64
FIGURA 20-9. Diagrama da divisão do útero em quadro quadran-
41 63 70 116 194 216 162
tes iguais para determinação do índice de líquido amniótico. Com o 42 63 69 110 175 192 30
transdutor ultrassonográfico perpendicular à mesa é medida a profun-
didade vertical do maior boi são de líquido amniótico livre de cordão Valores de líquido amniótico obtidos por medidas de profu ndidade vertical do
umbilical em cada quadrante. Deve ser notado que alguns examina- maior bolsão de líquido amniótico em cada um dos quatros quadrantes uterinos
dores medem os bolsões em milímetros e somam os quatro quadran- somados . Os valores de cada quadrante são medidos em milímetros e somados
tes , onde outros medem os bolsões em centímetros. (De Gabbe SG,
juntos.
Niebyl JR, Simpson JL: Obstetries: Normal and Problem Pregnaneies,
De Moore TR, CayleJE : The amniotic fluido index in normal human pregnancy.
2nd Ed. New York, Churehill Livingstone, 1991.)
Am] Obstei Gyneco/ 1990; 162:11 68.

Muitos estudos encontraram que o ILA se relaciona mais


I Tabela 20-2 I Técnica de índice de Líquido Amniótico estreitamente com o VLA com base em estudos de diluição
Posicione a paciente em posição supina por corante e, em muitos casos , é mais acurado que medir
Pode ser usado um rransdutor linear, curvilíneo ou setorial um ünico bolsão; porém, isso não tem se mostrado verdade
Divida o útero em quarro quadrantes utilizando o sagital materno em todas as investigações. Em um estudo compal'ando o ILA
vertical e a linha transversa arbitrária aproximadamente na metade
com o método de diluição por corante, Dildy et al.42 encon-
traram que o ILA superestimou o real volume em até 88,7%
da distância eno'e a sínfise púbica e a margem superior do fundo
em volumes mais baixos, e subestimou o volume real em até
uterino
53,9% em grandes volumes. Em um estudo de diluição por
O transdutor deve ser mantido paralelo ao plano sagital materno e corante durante arnniocentese realizada por Chauhan et al. ,43
perpendicular ao plano materno coronal durante o exame onde correlacionaram métodos serniquantitativos (ILA e me-
O bo\são mais profundo, não obstruído e limpo de líquido didas de dois diâmetros do bolsão) com VLA, uma pequena
anmiótico é visualizado, e a imagem congelada. Os caliPers são correlação foi encontrada. Os autores concluíram que "pal'a
manipulados para medir o bolsão em uma direção vertical. qualquer VLA específico ou bolsão de liquido arnniótico de
O processo é repetido em cada um dos quatro quadrantes e as duas dimensões, a faixa de confiança de 95% é tão larga que
medidas somadas = ILA a avaliação ultrassonográfica simplesmente não representa um
Se o AFI é < 8 em, realize a avaliação dos quatro quadrantes verdadeiro VLA. Em qualquer medida de VLA ou de bolsão
3 vezes e faça a média dos valores de líquido arnniótico de duas dimensões, os limites previstos
podem incluir, ambos, as condições de oligo-hidrâmnio e poli-
hidrâmnio (i. e. , ILA de 11 em na faixa de 95% pode variar
ILA, índice de líquido amniótico.
Adaptado de Moore TR: Clinicai asscssment of anmiotic f1uid . Clin Obslel Gynecol de 141 a 1.565 rnL). O lúvel de confiança de 95% onde o
1997; 40:300. verdadeiro VLA excede 500 rnL (não oligo-hidrâmnio) requer
764 VO LUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

FIGURA 20-10. Ultrassonografia de um bolsão de líquido amniótico


em um paciente com hidropisia fetal e poli-hidrâmnio. Dois segmentos
pequenos de cordão umbilical (setas) são identificados atravessando o
bolsão de líquido amniótico medido. A placenta (P), que parece normal
a proeminente nesse caso, está, de fato, anormalmente espessada.

que o ILA seja maior que 30 cm (uma medida consistente com


poli-hidrâmnio)." Moore e Cayle,41 em seu estudo original, ve-
rificaram que o erro absoluto é relativamente constante em 10
mm, independente da quantidade de líquido mensurada. To-
davia, encontraram que a porcentagem de erro criada durante B
a mensuração de um pequeno volume de líquido amniótico FIGURA 20-11. A. Bolsão de líquido amniótico aparente (asterisco)
(menos que 10 cm) foi de 20% ou mais. Igualmente, ainda que no terceiro trimestre de gravidez. B. Interrogação por Doppler colo -
os valores preditivos positivos sejam altos para o grupo com rido revela que esse boi são é inteiramente preenchido pelo cordão
ILA menor que 5 cm, a sensibilidade para a detecção de oligo- umbilical.
hidrânmio é ruim: entre 18% e 40%. Um estudo de Baron,
Morgan e Garite, li correlacionando a incidência do traçado de
batimento cardíaco fetal com a necessidade de parto cesariano
por sofrimento fetal não encontrou diferença entre o grupo
que possuía um ILA entre 5,1 e 8,0 e o grupo que possuía ILA versus 4,1%). Curiosamente, não houve diferença estatistIca-
entre 8,0 e 20 cm. mente significativa no valor preditivo da evolução no período
Vários grupos tentaram refinar o resultado do ILA a fim perinatal (Apgar, admissão em unidade de terapia intensiva).
x
de obter infornla ões adicionais. Em determinado estudo,
Myles e Strass ner'lo examinaram a distribuição de liquido en-
Em um OUI1'O estudo, Sadovsky et al. 47 avaliaram um bolsão
adicional de líquido amniótico contendo cordão em mulheres
tre o quadrante superior e o i.nferior. Em dois grupos com o nas quais o ILA foi menor que 5 cm. No subgrupo onde o
mesmo ILA, os que possuíam mais quantidade de líquido nos bolsão contendo o cordão foi maior que 5 cm (que geralmente
quadrantes superiores tinham maior incidência de coloração seria excluído), não havia evidência de qualquer aumento em
do mecônio, pontuações de Apgar do primeiro minuto menor desfecho desfavorável, normalmente visto em mulheres com
que 7, desaceleração variável, desacelerações tardias, parto ce- oligo-hidrânmio. Um relato de 1998, de Magann el al.,48 en-
sárea por sofrimento fetal e pH arterial menor que 7,2 quando controu que utilizando-se múltiplas avaliações (i. e., ILA no
comparados aos que possuíam mais líquido nos quadrantes maior bolsão mais profundo) não melhorou a acurácia. Em
inferiores. A teoria é que menos líquido no quadrante inferior seu relato, a acurácia da estinlativa ultrassonográfica do VLA
leva à compressão da cabeça e do cordão umbilical durante o foi relativamente baixa (variando de 12% a 53%).
parto. Em um estudo similar de 1998, feito por Buckshee el
al.,46 aqueles com mais de 500/0 do AFV distribuídos nos qua-
drantes superiores formaram o grupo "superior alto", e o res- ARMADILHAS NA ESTIMATIVA DO
tante do grupo formou o "superior baL'{o". O glllpO superior VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO
alto apresentou maior incidência de cesariana por alteração do
batimento cardíaco fetal (40,74% verslIJ 9,6%), desacelerações Normalmente é fácil chegar a uma conclusão do total de
variáveis persistcntes (14,8% versus 0 0/0) e bradicardia (25, 9% VLA usando-se tanto o método subjetivo quanto o objetivo
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTlCO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 765

na forma de avaliar o líquido. Estudos demonstraram que avaliado em uma imagem estática pode não ser representativo
o movimento fetal não interfere negativamente na avaliação de VLA em sua íntegra (Fig. 20-14).
do AFV..J9 A escolha de um transdutor curvilíneo ou setorial Como afirmado anteriormente, o Doppler colorido pode
não altera a estimativa do VLA. 50 A avaliação do VLA não se mostrar útil em identificar um bolsão preenchido com cor-
parece ser alterada pela posição da mãe. 51 Nenhuma diferen- dão umbilical no que parece ser líquido an1I1iótico em pacien-
ça na avaliação do VLA foi encontrada quando as pacientes tes com oligo-hidrâmnio. Porém, em pacientes com volume
estavam nas posições supina ou elevada a 45 graus. Porém, de líquido amniótico normal, pode haver uma subestimação
estudos têm demonstrado que a posição fetal pode influenciar do VLA, induzindo a um diagnóstico falso-positivo de oligo-
na mensuração do volume de líquido amniótico . Um estudo
de Fok et al. 52 evidenciou o efeito da posição fetal em duas
das medidas de VLA, ILA e de bolsão único mais profundo
(BUP). O ILA foi, em média, 4,35 cm maior quando os fetos
estavam centralmente posicionados dentro do útero compara-
do a fetos lateralmente posicionados. Não houve diferença na
mensuração do B UP de fetos deitados lateral ou centralmente
ou em posições diferentes do tronco fetal. Sua conclusão foi
que o BUP pode ser um parâmetro mais consistente para
estimar o volume de líquido anmiótico .
Uma pressão excessiva do transdutor no abdome matemo
afeta a mensuração do ILA. Flack eI al.53 verificaram que a
alta pressão no abdome materno resultou em uma diminuição
em 210f0 no ILA. Existem mais quatro potenciais armadilhas.
Primeiro, como afirmado anteriormente, um bolsão preenchi-
do por cordão umbilical não deve ser usada na avaliação do
VLA. A imagem do Doppler colorido frequentemente ajuda
na identificação do cordão umbilical (Fig. 20-11). Segundo, a
gordura tende a espalhar o feL'(e ultrassonográfico e, assim,
pode induzir ecos de artefato para dentro do líquido amniótico.
Pacientes obesas podem parecer apresentar líquido anmiótico
sig11ificativamente reduzido por causa desses ecos de artefato
(Fig. 20-12). O uso de um transdutor de baixa frequência pode
ajudar muito na correta avaliação do VLA nestas pacientes.
Terceiro, no terceiro trimestre, partículas que estão flutu ando
livremente, talvez como resultado do verniz, podem tornar o FIGURA 20-12. Ultrassonografia em uma paciente moderadamente
verdadeiro espaço de líquido anmiótico menos notável (Fig. obesa. Artefatos de ecos dentro do líquido amniótico fazem o líquido
20-13). Q.lano, um bolsão único maior de líquido amniótico amniótico verdadeiro menos aparente.

FIGURA 20-13. Duas imagens de


líquido amniótico no terceiro trimes-
tre de gestação. Fluido altamente
ecogênico é visto ao redor do cor-
dão umbilical.
766 VOLUME DO LIQUIDO AMNIÓ TICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

A
FIGURA 20-15. Ultrassonografia de uma gravidez de segundo tri-
mestre. Medidas de bolsões de líquido amniótico podem ser feitas em
uma variedade de localizações por examinadores diferentes, e alguns
examinadores podem escolher não usar esse boi são para as medidas .

respeito da melhor técnica para relatar o estado do VLA em


uma paciente em particular. Existe uma tendência em favo-
recer a designação de um valor objetivo para representar o
VLA ao invés de depender de descrições subjetivas do líquido
arnniótico. De alguma maneira dU'ecionada na decisão de
usar descrições objetivas está a noção de que avaliações que
resultam em valores numéricos são mais precisas do que as
baseadas em descrições subjetivas. A dependência de biome-
tria fetal e não da data da última menstruação para estunar
B a idade gestacional no feto com restrição de crescimento
inu-auterulo (RCl U) é um exemplo perfeito deste tipo de
FIGURA 20-14. A. Ultrassonografia da porção fúndica do útero em interpretação. Da mesma forma , existe uma visão implícita,
uma gravidez de segundo trimestre. Ainda que esse maior bolsão de porém nunca citada, de que essas medidas semiquantitativas
líquido amniótico simule um poli·hidrâmnio, foi a única área de líqui- são mais fáceis de serem obtidas e requerem um ultrassono-
do amniótico. B. Ultrassonografia da mesma paciente no segmento
médio a inferior. Nenhum líquido amniótico é visto nessa imagem. Se
grafista menos experiente para realizar a estunativa subjetiva.
o volume de líquido amniótico tivesse que ser analisado apenas na Praticamente todo resumo de imagem ultrassonográfica do
base dessa imagem , seria interpretada como oligo-hidrâmnio. VLA parece ter uma citação parecida com esta, de um ótimo
resumo do assunto : "Métodos subjetivos parecem adequados
para reconhecer VLA anormal, mas ultrassonografistas expe-
rientes são necessários para que se obtenham resultados cli-
nicamente úteis. A desvantagem da técnica subjetiva é a falta
de resultados numéricos que possam ser úteis para comparar
pacientes e acompanhar tendências do VLA no decorrer do
tempo. Critérios semiquantitativos têm sido criados para
hidrâmnio. Um estudo do uso de Doppler colorido na estima- a avaliação do VLA a fIm de contornar esta limitação.,,55
tiva ultrassonográfica do VLA verificou que o uso da imagem Não é necessário um ultrassonografista bem tremado para
do Doppler colorido resulta em um diagnóstico de oligo-hid- realizar uma avaliação objetiva do VLA (i. e., BUP oU lLA) .
râmnio em 21 % das mulheres que tinham VLAs normais. 54 Para obter mais informação a respeito deste assunto, o leitor
Os extremos de VLA não parecem ser prejudicados pelo uso deverá realizar o segumte expermlento. Fotografe uma única
associado do Doppler colorido ao lLA e na avaliação subjeti- imagem de um bolsão de líquido arnniótico que contenha um
va do VLA. pequeno volume de cordão umbilical, ou de extremidades,
ou ambos (Fig. 20-15). Mostre esta fotografia para quatro
ultrassonografIstas com experiência em realizar estunativas
COMENTÁRIOS SOBRE A de VLA, e solicite que eles façam a medida deste
AVALIAÇÃO DO VOLUME DO quadrante. E muito provável que, além das medidas variarem
LíQUIDO AMNIÓTICO de exaI11Íllador para exaI11Íllador, alguns não escolheriam tal
imagem para realizar esta medida. Ter um único exammador
Ainda que a avaliação ultrassonográfica do VLA tenha sido experiente e bem tremado para realizar a estimativa do VLA
desenvolvida por mais de duas décadas, não há consenso a é a solução ideal, independente do método escolhido.
VOLUME DO liQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 767

Talvez meu maior problema com o uso de valores numéri- com menos de 1 cm de diâmetro na vertical e transversal são
cos objetivos do VLA seja saber como estes são utilizados para definidas como VLA diminuído e recebem uma pontuação O.
estabelecer a conduta a respeito da paciente. Em reuniões e Aqueles com maiores bolsões verticais e transversais superio-
congressos de condutas obstétricas em vários centros pelo país res a 1,0 cm, mas com menos de 2,0 cm em diâmetro vertical,
tem-se, repetidamente, escutado uma mesma discussão: "o e mais de 1,0 cm em diâmetro transverso são designados
ILA é 4,2 cm; portanto, a gestação será interrompida imedia- como tendo qVLA marginal. Se qVLA é maior que 2,0 cm,
tamente, ao passo que a paciente do leito ao lado, com ILA de porém menor que 8,0 cm em diâmetro vertical e superior a
5,2 cm, com quadro clínico muito semelhante, é encaminhada 1,0 cm em diâmetro transversal, diz-se que o paciente possui
para casa e deve retornar para acompanhamento." (Não há qVLA normal. Em 1984, Chamberlain el al.35 realizaram
qualquer diferença estatística na mensuração do ILA nestas uma análise retrospectiva do impacto do VLA normal na
pacientes hipotéticas.) Novamente, só porque um número foi mortalidade e morbidade perinatal de uma população de
designado a uma interpretação, não o torna mais preciso ou alto riso. O índice de mortalidade perinatal aumentou em 13
útil que uma avaliação subjetiva. O VLA é, possivelmente, a vezes quando o VLA estava linútrofe, e 47 vezes (187,5/l.000)
melhor das técnicas semiquantitativas disponíveis para a ava- quando severo oligo-hidrâmnio estava presente. Inicialmente,
liação do VLA, mas deve ser considerada com suas devidas o achado do maior bolsão de líquido amniótico menor que 1
limitações. Se a análise subjetiva do VLA deve ser realizada, cm foi determinado como preditivo de restrição de crescimen-
a pessoa responsável pela interpretação do exame deve, ideal- to intrauterino (RCIU) . Infelizmente, foi visto que esse crité-
mente, avaliar a paciente e não depender inteiramente na ima- rio era muito rígido e não sensitivo o suficiente para permitir
gem estática, particularmente quando o VLA for considerado que assim detectasse isoladamente essas pacientes. Ainda que
alterado de forma limítrofe. Chamberlain el al. 35 e Manning el al. 68 achassem que a qVLA
menor de 1 cm esteve associada a RCIU em 78,8% a 89,6%
dos pacientes referidos com suspeita clínica de RCIU, quando
OLlGO-HIDRÂMNIO qVLA é utilizada como único critério no teste rastreamento
de RCIU, a sensibilidade relatada por outros investigadores
Oligo-hidrâmnio descreve a condição em que o VLA é redu- variou de 4% a 15,8%.56,69
zido em relação à idade gestacional. 55 Qyantitativamente, o Na teoria, a hipóxia resultante da perfusão placentária
oligo-hidrâmnio é definido como VLA menor que 300 a ruim resulta em uma redistribuição do débito cardíaco, com
500 mL após o segundo trimestre. 5,55 Subjetivamente, o
uma diminuição relativa do Buxo sanguíneo no abdome e nos
oligo-hidrâmnio é definido pela falta expressiva de líquido
rins, protegendo assim o cérebro. A queda da função renal e o
amniótico, pouca interface líquido-feto e ocupação acen-
aumento do hormônio antidiurético liberado pela hipoxemia
tuada de partes fetais (Fig. 20-6) .56 Subsequentemente, foi
resultam na diminuição do débito urinário e em oligo-hidrâm-
descrito por um MBV menor que 1 a 2 cm, um bolsão de
nio. Além disso, na presença de hipóxia, a absorção de líquido
duas dimensões menor que 15 cm 2, e um ILA menor que
5 cm (Fig. 20_1 ).31,35,40.55,57 Como descrito anteriormente, pelo pulmão fetal aumenta. 1 Oposta à diminuição do VLA, na
insuficiência uteroplacentária está o aumento de líquido, que
existem controvérsias a respeito do limiar que deve ser utili-
pode ser resultado da supressão hipóxica da deglutição fetal .10
zado para definir oligo-hidrâmnio. Ainda que a maioria dos
Diminuição de líquido no espaço amniótico pode resultar em
examinadores use ILA de 5 cm como limiar, muitos usam
pressão contra o cordão umbilical e complicar ainda mais a
5%. Como Hill descreveu um bolsão único de 3,2 x 2,2 cm
difícil perfusão para o feto . Avaliação do VLA é agora uma
de líquido amniótico seria considerado um VLA normal
parte importante da avaliação pré-natal, junto com a cardioto-
por et al.58 , mas considerado oligo-hidrâmnio por cografia no feto com suspeita de restrição de crescimento.
Phelan el ai. e Magann el al. 11 ,57
Em 1983, Miyazaki e Taylor 70 e, subsequentemente, ou-
Oligo-hidrâmnio pode ser decorrente de uma variedade de
tros, demonstraram uma melhora no padrão da frequência
condições, incluindo anormalidades do trato urinário como
cardíaca fetal em pacientes com oligo-hidrâmnio após arnnio-
agenesia renal, obstrução renal bilateral, displasia renal bila-
infusão de solução salina para dentro do saco amniótico. 71 ·75
teral e válvula ou atresia uretral posterior; e anormalidades
Uma técnica frequentemente utilizada é a seguinte: infusão de
pré-renais, incluindo insuficiência uteroplacentária levando
solução salina em temperatura ambiente é administrada (em
a RCIU, ruptura prematura de membrana (RPM) pré-ter-
média 600 roL) em um período de mais de 1 hora em bomba
mo e gravidez pós-termo. Independente da causa, muitos
de infusão, seguido de solução salina a 200 rnL/hora até que
investigadores têm notado aumento na morbidade perinatal
o ILA fique maior que 5 ou 8 cm. 24 Uma excelente revisão
e, ocasionalmente, morte fetal ou neonatal na presença de
oligo-hidrâmnio. 34·36.44,56.59·66 de testes de controle de estudos de arnnioinfusão foi relatada
por Kilpatrick (Tabela 20-4).24 Ainda que um número de in-
vestigadores tenham relatado uma melhora na desaceleração
RESTRiÇÃO DE CRESCIMENTO variável, nenhum dos estudos demonstrou uma melhora no
desfecho neonatal com base na pontuação de Apgar, ou signi-
INTRAUTERINO ficância clínica no resultado da gasometria de cordão. 24 Uma
A avaliação ultrassonográfica precoce de restrição de cresci- outra técnica menos invasiva é a hidratação materna. Um es-
mento potencial reconheceu o importante papel do líquido tudo por Kilpatric el al. 76 demonstrou um aumento de 30%
amniótico. O primeiro uso da avaliação ultrassonográfica da no ILA quando mulheres com oligo-hidrâmnio eram tratadas
diminuição do líquido amniótico foi no diagnóstico da restri- com hidratação de 2L de água.
ção de crescimento fetal. Manning e Platt67 e outros reconhe-
ceram a alta incidência de oligo-hidrâmnio nesses pacientes.
Em 1980, Manning, Platt e Sipos68 usaram a avaliação MBV
PACIENTES PÓS-TERMO
do VLA na pontuação do perfil biofísico fetal. Essa avaliação Pacientes pós-termo possuem uma morbidade aumentada
foi determinada de forma qualitativa no VLA (qVLA). Para com uma elevação do risco de aspirar mecônio, de sín-
o propósito do perfil biofísico fetal, pacientes com bolsões drome pós-maturidade e de morte fetal. 65 .77,78 O volume de
768 VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOEN ÇA FETAL

HIPOPLASIA PULMONAR
1 Tabela 20-4 1Amnioinfusão Profilática para
OIigo-hidrâmnio Pacientes com oligo-hidrâml1.io prolongado por qualquer
Diminiuição Melhor causa, seja renal, RPM pré-termo e assim por diante, possuem
NQ de de Parto Resultado um risco aumentado de desenvolver hipoplasia pulmonar,
Estudo Casos Cesárea Neonatal Infecção que é, invariavelmente, fatal. Há muito tempo se sabe que
o líquido amniótico é um fator importante no desenvolvi-
Chauhan et af' 38 Não Não
Nageotte et af2 76 Não Não mento normal dos pulmões. O que é menos evidente é a
Ogundipe, 116 Não Não Sim maneira com que o oligo-hidrâmnio interfere no processo de
Spong, and desenvolvimento normal deste . Normalmente existem quatro
Rossi3 estágios no desenvolvimento do pulmão fetal: embrionário,
Schrinuner, 305 Sim Não lãot da concepção (até a 5ª semana); pseudoglandular (da 5ª a l7 a
Macri, and semana); canalicular (da 16ª até a 24ª semana) e saco terminal
Pauf4 ou alveolar (24a semana até termo e além). Até a 16a semana
Strong et af5 60 Não Não Nãot todas as bifurcações da árvore traqueobrônquica até os bron-
quíolos terminais estão estabelecidas 80 O oligo-hidrâmnio
*Febre materna. que resulta em hipoplasia pulmonar, caracterizado por desen-
t Nllnion.itc} endomctritc. volvimento inadequado dos ácinos pulmonares e restrição
*l7ebre maternal sépsis neonatal. da vasculaI;zação, normalmente ocorre na fase canalicular
De Kilpatrick SJ: 111crapeutic imervelll ions for oligohydranrnios : Amruoinfusion
and maternal h)'dration. Clin Obste! Gynero/ 1997; 40 :328.
de desenvolvimento. V árias teorias iniciais tentaI-am explicar
a hipoplasia pulmonar em pacientes com oligo-hidrâmnio
grave: respiração fetal aIl0rmal, aumento da pressão no tórax
fetal e eliminação anormal de líquido pulmonar fetal. 80 É
improvável que aIlormalidades da respiração fetal sejam a
causa de movimentos respiratórios normais que ocorrem em
animais e em humanos com hipoplasia pulmonar relacionada
liquido amniótico inicia seu derunio próximo a termo e pode com oligo-hidrâmnio. A compressão do tórax fetal também é
ocorrer de forma aguda em paciente pós-termo. Ainda que uma causa improvável porque a pressão do saco aImliótico
a relação entre a diminuição de líquido e a morbidade não em pacientes com oligo-hidrâmnio é baixa. Normalmente a
seja exatamente conhecida, várias teorias têm sido propostas pressão no saco amniótico fica entre 1 e 14 mmHg. Qyando
para explicar esta relação. Talvez a mais conhecida seja que o oligo-hidrâmnio está presente e a membrana está intacta, a
a insuficiência placentária nessas pacientes resulta em uma pressão do líquido anmiótico fica ::; 1 ImnHg. 11. 81 Tem sido
redistribuição do fluxo sanguíneo cardíaco, levando a uma postulado que o líquido pulmonar fetal age como uma via
redução da perfusão renal, ocasionando o oligo-hidrâmnio, interna para o desenvolvimento do pulmão circundante. 82
em contrapartida do aumento do fluxo cerebral. Um relato de ormalmente a via aérea superior oferece resistência à salda
Ba.r-Hava et al.77 mostrou que é improvável que este mecanis- do líquido pela traquéia. Na presença de oligo-hidrâmnio e
mo tenha um papel importante em paciente pós-termo e que baixa pressão anll1iótica, é postulado que ocorra uma perda
uma reabsorção aumentada no rim fetal parece ser mais pro- líquida por gradiente de pressão.S1 Além disso, um trabalho
vável. Um relato interessante de 1999, realizado por Sylvester interessante realizado por HaI-ding, Hooper e Dicksol1,83
e Divon/ 8 examinou a relação entre idade gestacional, peso em ovinos, mostrou que o aumento na pressão da via aérea
ao nascer e VLA em 758 pacientes pós-termo 41 semanas pulmonar em relação à pressão do saco anlniótico também
de gestação) não-diabéticas. O ILA foi obtido nos três dias pode ser causado por aumento da flexão espinhal, resultando
que antecederam o parto. A relação entre o ILA e o peso em um aumento de pressões abdominal e torácica no feto
ao nascer foi mais bem descrita como uma equação linea.r, com oligo-hidrâmnio. Neste estudo de 1996, Kilbride, Yeast
em contrapartida, a relação entre ILA e idade gestacional foi e Thibeault84 avaliaram pacientes com RPM pré-termo com
insignificante; a análise de regressão apresentou uma disposi- menos de 29 semanas de gestação. A maioria das pacientes
ção muito ampla. Nos grupos pequeno para idade gestacional, não apresentou mudança no estado do liquido amniótico ao
apropriado para idade gestacional e grande para idade ges- longo do tempo; porém, até 20% destas tiveram. Ainda que
tacional, a mediana do ILA (incidência de oligo-hidrâmnio) o prognóstico fosse sombrio e a probabilidade da hipoplasia
foram de 8,0 cm (28%), 10,5 cm (11%) e 11 ,8 cm (3%), pulmonar fosse alta no grupo em que o bolsão de líquido
respectivamente. Nestes mesmos grupos, a idade gestacional anmiótico estivesse menor que 1 cm, não houve associação
mediana foi de 41,6 semanas, 41,6 semanas e 41,5 semanas, entre pacientes com moderado oligo-hidrâtmllo (bolsão de 1
respectivamente. O autor concluiu que o ILA independe da a 2 cm) e hipoplasia pulmonar. Portanto, com base nesse estu-
idade gestacional, mas está intrinsica.mente relacionado com o do, é incorreto agrupar todos os pacientes com ILA inferior
peso ao nascimento. Se confirmado, isso indicaria que a pro- a 5 cm em uma tentativa de prognosticar o desenvolvimento
gressiva diminuição no ILA encontrada no pós-termo é um de hipoplasia pulmonaI-.
processo patológico, e não fisiológico . Morris et at.79 avaliaram
a utilidade da mensuração do índice do líquido ammótico e o
bolsão único mais profundo em pacientes com gravidez pro- RUPTURA PREMATURA DE
longada. Estes encontraram que o ILA é superior à medida
de bolsão único mais profundo como uma avaliação do feto
MEMBRANAS
na 40il semana ou após, mas tem uma sensibilidade ?aL"a para A RPM é a ruptura do saco amniótico antes do inicio das
desfechos adversos da gravidez. Sua conclusão : "E provável contrações uterinas . Isso acontece em aproximadamente 10%
que o uso habitual resulte em aumento nas intervenções sem das gestações a termo e entre 0,7% e 2,0% em gestações antes
melhora do desfecho perinatal." da 37il semana.64 ,85 A RPM que ocorre no termo geralmente
VOLUME DO LÍQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 769

é conduzida na indução do pano; porém, a RPM é quase ou obstétricas. Em dois estudos, pacientes que possuíam
sempre tratada de forma conservadora. Ainda que a maioria avaliação durante o trabalho de parto do ILA tinham, signi-
das pacientes a termo desenvolva trabalho de parto logo após ficativamente , mais probabilidade de ter um pano abdominal
a ruptura da membrana, porém, quanto mais cedo OCOITer a por presunção de um sofrimento fetal sem melhorar o desfe-
ruptura na gestação, maior será a chance de o tempo de, cho perinatal. 6 1. 92 Em um estudo randomizado controlado,
latência ser prolongado. 64 Pacientes que apresentam ruptura Alfirevic et al. 93 compararam o impacto do ILA e o bolsão de
de membrana no inicio da gravidez têm um risco ad icional de maior profundidade na incidência de intervenção obstétrica
hipoplasia pulmonar. A hipoplasia pulmonar tem sido relata- em gestações pós-termo. Comparado com o bolsão de maior
da na RPM, principalmente nos casos em que ocorre antes da profundidade, o ILA levou a mais intervenções obstétricas
26ª semana e quando a duração da ruptura é de pelo menos sem impacto qualquer no desfecho perinatal. Recentemente,
2 semanas, e frequentemente maior que 5 semanas.86 Como Ott94 realizou um estudo para avaliar a relação do VLA e
mencionado anteriormente, uma certa quantidade de liquido desfecho perinatal. Como afirmou, "ILA é um preditor de
é necessária para que ocoITa o desenvolvimento adequado. A desfecho perinatal menor que o classicamente sugerido, ainda
falta de líquido, como pode ocorrer na RPM, resulta na falta que a identificação de poli-hidrânmio fosse útil em identificar
da força da via de mecanismo normal no desenvolvimento fetos grandes para idade gestacional (GIG) e fetos com risco
do pulmão fetal. Esse risco potencial de desenvolvimento de para anormalidades congênitas. Oligo-hidrâmnio foi um pre-
hipoplasia pulmonar é dependente tanto do tempo de ruptura ditor relativamente fraco para um desfecho perinatal ruim.
como da quantidade de líquido amniótico residual e da dura- H avia um aumento no risco de ritmo de frequência cardíaca
ção do oligo-hidrâmnio. fetal anormal durante o parto em pacientes com oligo-hidrâm-
Pacientes com RPM possuem um I;SCO aumentado para nio, mas somente em pacientes pré-termo." Em seu relato ele
desenvolver corioanmionite (entre 25% e 46%) , morbidade fe- resumiu alguns dos estudos, mostrando achados similares.
tal e morte (entre 37% e 78%)8i A chance de estas ocorrerem Galmel et al. 95 estudaram 65 pacientes com oligo-hidrâmnio e
está associada a membrana rompeu, à quantidade de líquido achou uma alta incidência de parto prematuro, mas nenhum
amniótico residual e ao tempo de duração do oligo-hidrâm- aumento na RCIU, morte perinatal ou asfixia ao nascer.
nio. Hadi, Hodson e Strickland 63 relataram uma sobrevida Kreiser et al. 96 avaliaram 150 pacientes de baixo risco e não
total de 55%. o parto ocorreu antes de 25 semanas encontraram aumento no resultado perinatal ruim. Megann
de gestação, 6,7% sobreviveram. Para os casos de partos en- et ai. avaliaram 1.001 pacientes de alto I;SCO e relataran1 que
tre a 26ª e 34ª semana de gestação, a taxa de sobrevida foi o oligo-hidrâmnio foi um teste diagnóstico fraco para predizer
de 89,4%. Ainda que o prognóstico frequentemente seja ruim o prognóstico ruim. Outros investigadores têm encontrado
quando a ruptura de membrana ocorre precocemente, não é resultados sinlliares.91.96.98·IOOEm uma meta-análise da relação
universalmente grave para todos os pacientes . Várias séries re- entre o ILA e o resultado perinatal , Chauhan et af.1°J chega-
lataram a parada do vazamento, com reacumulação do líquido ram à conclusão de que havia uma associação entre oligo-
e desfechos normais. 88.89 Esses eventos, ainda que incomuns, hidrâmnio e um aumento na incidência de cesariana por fre-
devem ser considerados na hora do conselho. quência cardíaca fetal anormal e baixa pontuação de Apgar;
Além da hipoplasia pulmonar, pacientes com RPM têm entretanto, dados insuficientes o relacionaram com acidose
uma incidência maior de cesariana devido ao sofrimento fetal , neonatal e apontaram para futuros estudos prospectivos com
em comparação com pacientes com oligo-hidrâmnio por outra amostragem grande o suficiente para avaliar corretamente
causa. No estudo de Sarno, Ahn e Phelan,90 a taxa de cesa- esta relação. Um grande estudo realizado por Morris et al. i9
riana por sofrimento fetal foi de 19% por RPM, comparado verificou que o ILA tinha uma sensibilidade ruim para gravi-
a 1% para outras causas de oligo-hidrâmnio. Mesmo quando dez com resultado adverso, e era provável que levasse a um
há forte evidência de que a RPM é a provável explicação para aumento na intervenção obstéu-ica sem melhorar o desfecho.
o volume diminuído, a bexiga fetal deve ser identificada para Para fortalecer a controvérsia, vários estudos têm comparado
excluir agenesia como causa primária. o ILA com o próprio VLA, determinado pela técnica de dilui-
ção, e encontrou que o ILA não foi uma técnica confiável para
estimar com precisão o líquido amniótico.43J02
OLIGO-HIDRÂMNIO INTRAPARTO EM
PACIENTES DE ALTO RISCO FREQUÊNCIA DE AVALIAÇÃO
Na década passada, um número de estudos relatou que oligo- DO LíQUIDO AMNIÓTICO EM
hidrâmnio (definido como ILA ::; 5 cm) em pacientes durante
o parto estava associado a resultado perinatal ruim. Assim,
PACIENTES DE ALTO RISCO
existem centros onde os resultados do ILA são usados para Uma questão final que deve ser abordada é com que frequên-
rastrear as pacientes. Entretanto, um número crescente de cia se deve realizar a avaliação semiquantitativa do ILA
relatos tem confirmado a utilidade do ILA baixo em predizer durante os testes no para pacientes de alto I;SCO. Wing
desfecho. Chauhan et al;9J em 1997, encontraram que a sen- et al.103 e Lagrew et ai. I 4 avaliaram esta questão. Wmg et ai.
sibilidade e o valor preditivo positivo do ILA menor que o concluíram que, para a paciente com menos de 41 semanas de
percentil 5 para idade gestacional para predizer um pH menor gestação no processo de teste antepano, a avaliação semanal
que 7 ficou entre 0,8% e 22%, respectivamente, e para um do ILA provavelmente é adequada se a medida inicial estiver
ILA menor ou igual a 5,0 cm, 0,5% a 11 % , respectivamente. dentro da normalidade 8 cm), pois o risco de ocorrer oligo-
Neste estudo, "curvas de característica operador-receptor indi- hidrfurmio em 4 dias é de somente 1,7% e, em 7 dias, somente
cam que um ILA entre Oe 20 não pode predizer com precisão 2,2%. Como eles citaram em seu relato, "para pacientes com
quais pacientes apresentam restrição para cesariana duvidosa, menos de 41 semanas de gestação que possuíam a medida
sofrimento fetal ou nascimento fetal com pontuação de Apgar de líquido amniótico inicial considerada normal-baixa (5 a
baixo no 5º minuto, ou pH menor que 7,10." As pacientes 8 cm), a avaliação bissemanal é justificada na base de um
desse estudo eram de alto risco, com complicações médicas risco maior para um taxa de líquido rurU1iótico ::; 5 cm em 4
770 VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

dias (12,3%). Para todos os pacientes com;" 41 semanas de ximas ao parto em pacientes com gestação única com volume
gestação, a avaliação bissemanal da medida de líquido amnió- de líquido anmiótico diminuído. Além da biometria-padrão
tico é recomendada independente da mensuração inicial." Em para estimativa de idade gestacional e peso fetal, o líquido
1992, Lagrew et (d.104 abordaram o assunto da frequência de amniótico também foi avaliado. Oligo-hidrâmnio foi defmido
avaliação de líquido amniótico. Eles concluíram que existe como ILA igual a 5 cm. O autor verificou que a estimativa
um risco mínimo « 0,5%) de oligo-hidrâmnio ocorrer 4 de peso fetal tanto pela clínica quanto pela ultrassonografia
dias após um ILA normal; portanto, o ILA mensurado em foi significativamente menos acurada nas pacientes com
pacientes com menos de 41 semanas de gestação deve ser oligo-hidrâmnio do que naquelas com quantidade de líquido
realizado semanalmente. anmiótico normal. A incidência de estimativa clínica e ultras-
sonográfica do peso fetal entre ± 10% do real peso ao nascer
foi de 70 ,1% e 68,4%, respectivamente.
OUTRAS CONDiÇÕES Levine et al. tOS estudaram o efeito do oligo-hidrâmnio na
ASSOCIADAS OU CAUSADORAS DE detecção de anormalidades fetais através da ultrassonografia.
OLlGO-HIDRÂMNIO Eles avaliaram um grupo de pacientes com ruptura de mem-
brana para determinar os efeitos do oligo-hidrânuúo na detec-
Existem relatos de oligo-hidrâmnio como resultado da realiza- ção de anomalias e comparar o resultado com aqueles de um
ção da biópsia de vilosidade coriônica (BVC) . Em uma série grupo-controle. Ainda que algumas anomalias não fossem de-
de 1991, Cheng et al., 105 o oligo-hidrâmnio se desenvolveu tectadas em ambos os grupos, elas pertenciam a um tipo difícil
em 2,7% das gestações com cromossomos normais, versus 0% de ser detectado no pré-natal e frequentemente desapercebidas
no grupo-controle de anUliocentese. Foi aventado que a BVC na ultrassonografia (anormalidades da mão e anormalidades
pode causar uma lesão placentária ou endometrial que talvez cardíacas). O s autores concluíram que as anormalidades
provoque uma hemorragia perigestacional. Isto, por sua vez, não-cardíacas mais "sérias" são detectadas mesmo na presença
pode resultar em uma alteração na perfusão fetoplacentária. de oligo-hidrâmnio.
Em sua série, nenhuma das pacientes que desenvolveu oligo-
hidrâmnio sobreviveu.
Bronshtein e Zimmer I06 relataram uma associação entre POLl-HIDRÂMNIO
oligo-hidrâmnio no início do segundo trimestre, separação co-
Poli-hidrâmnio consiste em excesso do acúmulo dc líquido
riamniótica e malformação fetal. Nove pacientes com oligo-hi-
amniótico em algum momento da gravidez. Sua incidência
drâmnio e separação corioanmiótica foram identificadas entre
varia de 0,2% a 3,3%109'112 e depende de como esta anorma-
7.000 mulheres que foram submetidas à avaliação ultrassono-
lidade é definida (descrita posteriormente). O autor prefere o
gráfica u'ansvaginal na 15ã e 16ã semana de gestação, antes de
uso do termo poli-hidrãmnio ao invés de hidrãmnio, que frequen-
qualquer procedimento invasivo. Oligo-hidrâmnio foi defini-
temente tem sido usado para descrever a mesma condição.
do como uma quantidade reduzida de líquido amniótico, uma
Patológica e clinicamente, é definido como um excesso de
distância de mais de 1 cm entre o âmnio e o córion e um bom
líquido anmiótico superior a 1.500 a 2.000 mL. 5,113 Ainda
turgor do âmnio, sem membranas boiando ou camadas livres.
que uma avaliação razoavelmente acurada de poli-hidrâmnio
Malformação fetal foi observada em todas as nove pacientes.
Em quatro dos seis fetos para os quais a avaliação cromossô- possa ser realizada utilizando-se o estudo de diluição por
corante, por muitos anos o diagnóstico foi feito e confrrmado
mica estava disporuvel, foi encontrado cariótipo anormal (3 casos
no parto, uma maneira desfavorável de estimar a acurácia do
de trissonúa do 18 e 1 caso de trissomia do 21 ). Eles hipo-
tetizaram que em fetos malformados a produção de líquido volume de líquido anmiótico. Antes da ultrassonografia, o
através da pele estava reduzida ou que as malformações fetais diagnóstico era realizado quando a altura de fundo excedia
estão associadas a algum defeito na estrutura da membrana a idade gestacional da paciente ou quando havia dificuldade
amniótica, o que pode levar a uma redução da complacência na palpação de partes fetais ou na ausculta cardíaca fetal .Jl 4
ou queda na capacidade de produzir líquido anmiótico. Uma os últimos 20 anos, a ultrassonografia apresenta papel
outra explicação potencial pode ser uma ligação entre o líqui- fundamental na realização correta do diagnóstico da paciente
do amniótico por um pequeno orifício no âmnio e acúmulo de que se apresenta como "grande para a idade gestacional." A
líquido no espaço extra-anmiótico. metodologia utilizada para chegar a este diagnóstico demos-
IJúbidores das prostaglandinas, como as indometacinas, tra bastante variação e é controversa. A maioria dos clínicos
podem causar redução drástica no volume, provavelmente de- concorda que a ultrassonografia é a ferramenta apropriada
vido à dim.inuição na produção de urina fetal. Os rins fetais para estimar o VLA. Mais de duas décadas atrás , uma
são sensíveis à indometacina já com 21 semanas de gestação e das primeiras técnicas ultrassonográficas utilizadas para
podem responder a efeitos de drogas tão imediato quanto 5 ho- diagnóstico de poli-hidrâmnio era o volume total intra-ute-
ras após administração. O s efeitos geralmente são reversíveis rino. 11 5,116 O diagnóstico de poli-hidrâmnio era considerado
depois de retirada da droga. Este efeito colateral da medicação se o total de volume excedesse um desvio-padrão acima do
é usado, às vezes, em pacientes com poli-hidrâmnio a fim de volume mediano para idade fes tacional. A técnica era primi-
diminuir o líquido amniótico pela administração materna. tiva e logo foi abandonada. 11 Ficou evidente a muitos ultras-
sonografistas que a estimativa subjetiva do líquido anmiótico
(sendo definindo poli-hidrâmnio quando o feto no início ou
OLIGO-HIDRÂMNIO E AVALIAÇÃO frrn do segundo ou terceiro trimestres parece boiar no líquido
DE PESO FETAL E MALFORMAÇÕES amni6tico, longe da parede uterina ou placenta) deveria ser
prontamente obtida (Fig. 20-16). Outros ultrassonografistas
Dois outros assuntos que devem ser discutidos são o impacto mensuraram o VLA pelo bolsão o único mais profundo (defmin-
do oligo-hidrâmnio na estimativa do peso fetal e a detecção do poli-hidrâmnio quando o bolsão mais profundo era supe-
de malformações fetais. Bernhard, Bar-H ava e Divon I07 rela- rior a 8 cm), e outros , ainda, usaram o ILA (a combinação
taram estimativas de peso fetal clínica e ultrassonográfica pró- do bolsão mais profundo em quatro quadrantes e quadrantes
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL 771

FIGURA 20-16. Ultrassonografia de um paciente com poli-hidrâmnio


aumentado. Esse feto está envolvido e boiando no líquido amniótico.
FIGURA 20-17. Ultrassonografia de um feto com poli-hidrâmnio
resultante de uma obstrução gastrointestinal. Um bolsão de líquido
amniótico superior a 8 em foi observado.

com ausência de extremidades no útero gravídico; aqui, o poli-hidrânmio é resolvido de forma espontânea, e quando
poli-hidrâmnio foi d_efiniçlo quando o ILA é maior que 24 isso ocorre a gravidez não está associado a um aumento na
cm) (Fig. 20_17 ).33,11/.118 E improvável que qualquer caso de morbidade e na mortalidade.1 20.121
poli-hidrâmnio verdadeiro escape à detecção quando o \!LA Uma variedade de condições maternas e fetais é conheci-
é analisado subjetivamente por um examinador ainda não damente responsável pela associação ao poli-hidrâmnio (Tabe-
muito experiente. O maior problema é que muitos diagnós- la 20-5). Talvez a alteração materna mais notável relacionada
ticos falso-positivos são prováveis somente quando critérios com o poli-hidrânmio seja o diabetes mellilus. A maioria das
subjetivos são utilizados. Muitos casos de gestação normal no séries menciona o diabetes mellilus como uma causa comum do
iIúcio do segundo trimestre pode aparentar ter muito líquido aumento de líquido amniótico. Esses casos, quando submeti-
amniótico. Deve-se ter cuidado para evitar diagnóstico de dos a investigações adicionais, revelam que geralmente está as-
poli-b.idrânUlio nesta circunstância. Igualmente, muitos casos sociada a um controle do diabetes ruim e, como será discutido
de poli-hidrâmnio leve ocorrem em gestações com fetos nor- adiante, está associado à macrossomia. A eritroblastose fetal
mais e gestações com resultados normais. Por este motivo, o está associada à hidropisia e pode resultar no poli-hidrânUlio.
autor prefere usar a avaliação subjetiva como forma de ras- Por este motivo, condições fetais que resulta, em hidropisia
treio de prinleira linha e aplicar a mensuração objetiva como quase sempre se manifestam com poli-hidrâmnio.
o ILA quando o líquido amniótico parecer excessivo. Alterações na estrutura fetal e anormalidades cromossômi-
Um estudo interessante por Carlson et al. 1l 9 tentou com- cas são responsáveis por um número sigluficante de casos de
parar a utilidade da estimativa subjetiva da gravidade do poli- poli-hidrânlJUo. O grau de poli-hidrâmnio se relaciona com a
hidrâmnio (leve, moderado ou grave) versus o valor do ILA probabilidade com que uma anomalia é detectada. No estu-
superior a 24 cm e avaliação do bolsão único mais profundo. do de Damato et al., 122 pacientes com poli-hidrâmnio docu-
Usando a descrição de poli-hidrânUlio grave, eles encontra- mentado por ultrassonografia no grupo de classificação mais
ram apenas 11 das 24 anormalidades versus 22 das 24 anor- baixa (profundidade MBV, 8 a 9,5 cm), 50% destas fetos ma-
malidades que utilizavam o ILA maior que 24 cm. Em seu nifestaram alguma anomalia, em contrapartida, no grupo de
estudo, não somente o ILA superior que 24 cm predisseranl classificação mais alta (MBV, 16 cm ou maior), 88% tiveram
49 dos 50 casos de verdadeiro poli-hidrâmnio confirmados no anomalias. Anteriormente, anormalidades do sistema nervoso
parto, mas essa mensuração também incluiu 92% de todas as central (SNC) consistiam na maior causa de poli-hidrânmio
anormalidades e 100% de todas as trissomias e mortes fetais entre as anormalidades estruturais dos fetos. Isso não ocor-
e neonatais . Estes resultados incluú'am pacientes graves nos re mais, em pane, possivelmente, devido ao reconhecimento
quais o ILA foi inferior a 24 cm, porém, com um bolsão de lí- de anonnalidades graves do SNC diagnosticadas no início
quido superior a 8 cm. Nenhum desses fetos ou neonatos teve do segundo u'imestre, resultando em interrupção da gravidez
anormalidades fetais, aneuploidia, morte perinatal, necessida- antes de causar poli-hidrânUlio. Atualmente as anormalidades
de de cuidados intensivos ou diagnóstico de poli-hidrânmio do trato gastrointestinal possivelmente são as alterações es-
durante o parto. truturais mais comuns; atresia ou obstrução (ou seja, atresia
Poli-hidrâ.mnio pode resultar de uma variedade de distúr- duodenal ou atresia esofágica) são as etiologias prováveis (Fig.
bios maternos e neonatais, e pode ser agudo ou crônico. O 20-18). Essas atresias, que são prox.imais ao intestino grosso
poli-hidrâmnio agudo, que pode aparecer dentro de dias e é e cólon, interferem na absorção normal da água e resultam
incomum, geralmente ocorre no segundo trimestre. 55 O poli- em uma quantidade de líquido aJmuótico excessiva. Paciente
hidrâmnio crônico ocorre gradualmente, geralmente no ter- com essas aJlOrmalidades podem não apresentaJ- poli-hidrâm-
ceiro trimestre, e quase sempre é assintomático. Normalmente nio até o terceiro trimestre de gestação (ausência de poli-hi-
772 VOLUME DO LíOUIDO AMNIÓTICO: NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

Malformação Fetal Associada a


Tabela 20-5
Poli-hidrâmnio
Sistema Nervoso Central

Anencefalia
Hidrocefalia
Iniencefalia
Hidroanencefalia
Encefalocele
JVlicrocefalia
Trato Gastrointestinal

Astomia
Alres ia de esôfago
H érnia diaframnática
Estenose de duodeno
Pâncreas anular
Gaslrosquise
Onfalocele
Fenda pala tina
Trato Respiratório

Malformação adenomatosa cística dos pulmões FIGURA 20-18. Ultrassonografia de uma paciente com atresia eso -
fágica e poli -hidrâmnio. Au sência de estômago fetal (seta ) e aumento
QIiIOlórax de líquido amniótico (asterisco) são observados .
Trato Genitourinário

Incompetência va lvular
ObslruçãO d a junção uteropélvica unilateral
Sistema Cardiovascular
Incompetência valvular
Estenose valvular
Anomalia de Ebslein

Síndrome da transfusão feto-felal


Sistema Músculo-esquelético

Displasia do esqueleto
Dislrofia miolônica
SÚ1dro m e d e Pen a-Shokei,-
Síndrome d a acinesia/hipocinesia fetal

De LarmonJI'.. Ross BS : Clinicalmiliry or amniolic flllid assessment. Obslel Cylleco!


C/ill Norlh AII1 1998: 25:652.

drâmnio não deve excluir o diagl1óstico de obstrução do trato


gastrointestinal) (Fig. 20-19). Em fetos com atresia de esôfago,
o poli-hidrâmnio se desenvolve em apenas 40% dos casoS.1 23
Em um estudo com animais no qual a ligação esofagiana foi
FIGURA 20-19. Ultrassonografia de uma paciente com atresia
realizada, Gilbert e Brace demonstraram que a absorção intra- duodenal detectada no segundo trimestre. Um estômago dilatado e
membranosa de líquido amniótico aumentou drasticamente duodeno são vistos; porém, o volume de líquido amniótico é normal.
e, portanto, pode explicar, em parte a falha na ocorrência do D, Duodeno; 5, estômago.
poli-hidrâmnio nesses fetos que estavam impossibilitados de
deglutir normalmente em decorrência da obstrução.123. 125
Outros defeitos estruturais fetais incluem anormalidades
cardiovasculares, do trato urinário e anormalidades esqueléti-
cas. Duas anormalidades do trato urinário, nefroma mesoblás- não haja uma boa explicação, não há dúvida que essa associa-
tico congênito e obstrução unilateral da junção ureteropélvica ção exista. A gravidez gemelar, particularmente a monocoriô-
podem estar associadas à poli-hidrâmnio (Fig. 20_20).126.128 nica. pode estar associada a importante poli-hidrâmnio devido
Ainda um pouco paradoxal , O poli-hidrâmnio associado à obs- à síndrome da transfusão feto-fetal. Distúrbios do movimento,
trução unilateral da junção ureteropélvica pode ser decorrente acinesia e hipocinesia podem estar associadas a poli-hidrâ-
da incapacidade de concentração do rim, resultando em alto mnio. 129 Movimentos fetais aberrantes associados a poli-hi-
débito urinário. A associação de anormalidades esqueléticas drâmnio têm sido relatados em casos de distrofia miotônica
letais com poli-hidrâmnio também é interessante. Ainda que e miastenia gmvis congênita. 130-132 Sintomas maternos podem
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOEN ÇA FETAL 773

ter ações morfológicas ou RClU. a ausência de detecção de


anormalidades morfológicas ultrassonográficas, a cunIuocel1te-
se não apresenta indicação absoluta. 109

POLl-HIDRÂMNIO: MORBIDADE E
AMNIORREDUÇÃO
Excluindo a associação de poli-hidrâmnio às anormalidades
maternas e fetais, o poli-hidrânmio isolado pode resultar em
morbidade perinatal. A prevalência relatada de nascimentos
pré-termos com poli-hidrâmnio está entre 11,1% e 29,4%.139
Em estudos por Many et al. , 140,14 1 a prevalência de prema-
turidade foi maior entre aqueles com malformações (39%)
acompanhadas por aqueles com dutbefes mellifus (22,2%) . Além
disso, dor abdonl.inal e contração uterina precoce podem
levar à RPM e parto prematuro. Ruptura de membrana com
descompressão sÍlbita do Íltero pode levar a um descolcunento
de placenta.
Em pacientes com poli-hidrâmnio grave com dificulda-
de respiratória e dor, a amniocentese terapêutica é realiza-
da com frequência. O limiar ultrassonográfico para que as
pacientes sejam submetidas a uma amniocentese é um lLA
superior a 24 cm ou a e -ofundidade do maior bolsão acima
de 8 Elliot ef al. 1 2 avaliaram a remoção de grande vo-
lume de líquido em pacientes com poli-hidrâmnio. Noventa e
quatro pacientes foram submetidas a 200 amniocenteses tera-
pêuticas pelas seguintes indicações: síndrome da transfusão
FIGURA 20-20. Demonstração ultrassonográfica de poli-hidrâmnio
(asterisco) em pacientes com obstrução da junção ureteropélvica uni- feto-fetal , 36 (38Ofo) ; idiopática, 24 (26%); diabetes mellitus,
lateral (seta). 11 (12%); anormalidades cromossômicas, 5 (5%); gemelares
(sem síndrome da u'ansfusão feto-fetal), 4 (4%); e outros 3
(3%). A taxa mediana de remoção de AFV em cada amnio-
centese foi de 1.666 mL. A taxa mediana de líquido removido
não estar presentes e, nessas situações, podem apresentar ul- foi de 54 mLlminuto. Pacientes com síndrome da transfusão
trassonogTafias normais. A medicação pode estar associada a feto-fetal exigiram mais repetições de amniocentese terapêu-
poli-hidrâmnio. A utilização de lítio é suspeita de causar poli- tica (3,4/paciente) que outros diagnósticos (l,4/paciente). A
hidrâmnio por causar diabetes insij}idus fetal, bem como des- idade gestacional mediana durante a primeira amniocentese
compensação terapêutica foi de 29 semanas e 6 dias. Indicações de am-
Quando nenhuma anormalidade estrutural é detectada, niorredução incluíram sintomas ou distensão abdominal
o poli-hidrâmnio é denominado idiopático. Antes de chegar aguda. Uma agulha calibre 18 roi usada, com a ponta em
a essa conclusão, duas outras entidades devem ser conside- direção cefálica. Isso permitia à agulha se mover para cima
radas: distÍlrbio do crescimento e anormalidades cromossô- até 180 graus , enquanto o Íltero diminuía em tamanho com
nucas. Estudos comparando pacientes com VLA normal e a descompressão. Foi utilizada a sucção (1.000 mL em 20
aqueles com poli-hidrâmnio encontraram uma incidência sig- minutos). O parto foi adiado para uma idade gestacional me-
Juficativamente mais alta de fetos com peso ao nascer maior diana de 37 semanas. Complicações ocorreram em 3 pacien-
que 4.000 g ou maior que o percentil 90, conforme a idade tes: ruptura de membrana ocorrendo em uma paciente (1
gestacional no grupo de Benson, Coughlin dia após sua 7ª amniocemese), corioamnionite 18 horas após
e Doubilet 135 avaliaram a utilidade do VLA no diagnóstico amniocentese e descolamento de placenta. Ainda que 33%
dos fetos gl'andes para idade gestacional em pacientes não- das pacientes tenham sido medicadas com drogas tocolíticas,
diabéticos. Poli-hidrâmnio ocorreu com mais frequência em não houve parto no período de 7 dias após o procedimento
fetos grandes para idade gestacional do que em fetos que não por "trabalho de parto" pré-termo inevitável. Leung ef
143
eram gTandes para idade gestacional (17% versus 80/0), mas ti- al. acompanharam , prospectivamente, todos os pacientes
veram pouco efeito no valor preditivo positivo do peso fetal com poli-hidrâmnio tratados com drenagem amniótica rápi-
estimado acima do percentil90. Ainda é importante saber que, da em condições guiadas por ultrassonografia que utilizava
a combinação de oligo-hidrânmio e a estimativa de peso fetal um sistema de drenagem a vácuo entre 1995 e 2002 em um
abaixo do percentil 90 quase excluíram a possibilidade de um hospital de ensino universitário. o grupo de 70 pacientes
feto grande para a idade gestacional. com 130 procedimentos, houve quatro complicações relacio-
Há um aumento na incidência de anormalidades cromos- nadas com os procedimentos, representando 3,1% de ta,'"a de
sômicas quando o poli-hidrâmnio está associado a alteraçõcs complicações,
na morfologia fetal. Brady ef a!., 136 Zahn Hankin e Yeomans , 13i Devido ao fato de o líquido apresentar tendência de se
Barnhard, Bar-Hava e Divon ,109 e Sickler el al. 138 demonstra- acumular rapidamente, outros tratamentos farmacológicos de
ram um aumento na incidência de anormalidades de cariótipo poli-hidrâmnlo têm sido buscados. Atualmente, iJubidores da
quando o poli-hidrânmio estava presente em associação a al- síntese de prostaglandinas ingeridos pela mãe estão sendo uti-
774 VO LUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETA L

FIGURA 20-22. Ultrassonografia de uma paciente com uma gravi-


dez diamniótica dicoriônica. A avaliação subjetiva revelou quantida -
de normal de líquido amniótico em ambas as membranas de sacos
amniótico (seta).

FIGURA 20-21 . Ultrassonografia em uma paciente com poli-hidrâm-


nio marcante. A placenta (P) se torna fina, enquanto o útero expande
devido ao aumento no volume de líquido amniótico .
GEMELARES E ANORMALIDADES NO
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO
Gestações múltiplas e gestações gemelares em particular apre-
lizados para tratar A indometacina passa sentam um conjunto de dificuldades diagnósticas em relação
livremente pela barreira placentária e pode ser detectada em à avaliação de líquido an1lÚótico. a ocorrência de gemelares
sangue fetal após 15 IlÚnutos de admilústração. Seu monoan1nióticos , não existe compartimento individual de
mo principal de ação é a redução de débito urinário fetal. DOlS líquido, portanto, as avaliações a subjetiva e senúquantitativa
efeitos potencialmente maléficos desse tratamento podem ser do VLA são mais difíceis. Ainda que a avaliação subjetiva
tratados, sendo eles oligo-hidrâmlúo e fechamento precoce do do líquido anllúótico em gestações dia.n1lÚóticas possa ser
ducto arterioso. Essas complicações quase sempre podem ser prontamente realizada, a avaliação senúquantitativa do VLA
revertidas com a cessação do tratamento. utilizando ILA só pode ser realizada se forem realizadas
modificações no protocolo original (Fig. 20-22). Q}tando uma
gravidez diarrnúótica é avaliada por um ultrassonografista, a
pergunta geralmente feita é: "Q}lal é o volume arrnúótico nor-
CONSIDERAÇÕES DE IMAGEM NO mal esperado para cada saco?" Magann ei al. 146 realizaran1 um
POLI-HIDRÂMNIO estudo de diluição por corante em 45 gestações diamnióticas
para detenninar o VLA. O VLA por saco aIl1l1iólÍco variou
Pacientes com poli-hidrâmnio apresentam diversas dificul- de 155 a 5.430 mL, com um valor mediano de 877 mL. Esse
dades no diagnóstico por imagem para o ultrassonografista . valor é comparável a ou ligeiramente maior que o VLA relata-
Pelo fato de o feto possuir um grande volume de líquido que do no terceiro trimestre de gestação úlúca. O VLA em cavida-
o envolve, movimentos excessivos do feto podem dificultar des anllúóticas individuais e o total de ambas as cavidades nas
a visualização de algum órgão ou estrutura. Igualmente, o gestações de gêmeos dianllúóticos em seu estudo permanece-
feto pode estar posicionado no fundo do útero, longe do ram inalterados durante toda a faixa de idade gestacional (27
transdutor ultrassonográfico e ultrapassando a zona conside- a 38 semanas). Vál;as técnicas senú-quamitativas inovadoras
rada ideal de visualização para um transdutor em particular. têm sido tentadas para avaliar o VLA em gestação gemelar
Ocasionalmente, fazer com que a paciente vire para decú- (ou seja, o ILA de cada saco ou um ILA mo_dificado no qual
bito dorsal pode facilitar a visualização momentaneamente. cada saco é dividido em duas proporções). 14/ Warson ei a1. 1• S
Q}lando o útero expande devido à excessiva quantidade de avaliaram o ILA do volume total do útero sem considerar a
líquido, a espessura da placenta tende a dinúnuir. Uma placen- membrana a.n1lÚónca (Fig. 20-23). Magann et al. 149 verificaran1
ta que mede 35 Il1ln em uma dimensão ântero-posterior com que um método adicional de realizar um ILA padrão sem
34 a 35 semanas de gestação, em uma paciente com hidropisia considerar a membrana anrniótica é inadequado demais para
fetal e poli-hidrâmnio grave, pode de fato estar anormalmente ser clilúcamente útil.
espessada (Figs. 20-10 e 20-21). Este quadro se assemelha a Em casos de gêmeos monocoriônicos dianllúóticos, pode
pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica e insufici- desenvolver a complicação da sÚ1drome de transfusão feto-fe-
ência cardíaca, que apresentam o tórax em tonel grande com tal. Isso ocorre como resultado de comunicação transplacentá-
um coração aparentemente de tan1anho normal. O coração ria devido a anastomoses vasculares entre a circulação dos gê-
pode estar anormalmente grande e parecer normal por causa meos. Os gêmeos são frequentemente diferentes em tan1anho ;
de pulmões distendidos, alongados e compressivos. o l'ecept01; maior gêmeo, reside no saco com poli-hidrâmnio, e o
VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO: NA SAÚDE E DOENÇA FETAL
-- 775

FIGURA 20-23. Valores de índices de líquido em função da idade


gestacional em 210 gestações gemelares não complicadas (sem
A
contar a membrana amniótica intervencional). Os quadrados escuros
indicam as medianas e as barras indicam o desvio-padrão. (Oe Watson
WJ, Harlass FE, Menard MK et aI.: Sonagraphic assessment af amnio-
tic fluid in normal twin pregnancy. Am J Perinatal 12: 123, 1995.)

doador, menor, com restrição de crescimento em um saco com


oligo-hidrâmnio (Fig. 20-24). Pelo fato de o oligo-hidrâmnio
poder ser grave (quase sem líquido amniótico) no saco do gê-
meo doador, deve-se assegurar que o líquido que envolve o
doador seja realmente deste feto (Fig. 20-25A)_A maior parte
das vezes, o líquido adjacente ao gêmeo doador em um caso de
síndrome de transfusão feto-fetal grave é o líquido do saco do
receptor. Uma pista visual que pode ajudar é que o líquido no
saco doador pode ter uma ecogenicidade diferente (quase sem-
pre aumentada) comparado com o receptor (Fig. 20-25B). Por
causa da alta mortalidade para um ou ambos os gêmeos (70%
a 100%), um número de intervenções inovadoras tem sido
utilizado para aliviar esta condição, incluindo amniorredução B
do saco com poli-hidrâmnio, oclusão de vasos placentários a FIGURA 20-24. Ultrassonografia de uma paciente com uma gravi-
laser e septostomia anmiótica.1 50.15 1 Historicamente, o método dez monocoriônica com síndrome de transfusão feto-fetal. A. O feto
mais utilizada foi a anmiocentese seriada do saco com poli-ru- doador no saco com oligo-hidrâmnio (seta) está "preso" no interior da
drâmnio. Numerosos relatos atestaram o valor dessa técnica, parede uterina. B. Feto receptor no saco poli-hidrâmnico (asterisco).
Com frequência a membrana que os divide não pode ser visualizada.
não somente para aliviar o excesso de líquido , como também
normalizar o crescimento de ambos os gêmeos e diminuir sig-
nificativamente a mortalidade perinatal.151'153 Dos casos nos
quais se reduza a amniorredução, uma guia ultrassonográfica
em tempo real é utilizada para penetração no saco amniótico
do Deve-se evitar que a membrana entre os gême- 5 L. Ainda que o exato mecanismo que leva a melhorar essa
os e, portanto, o saco gestacional do gêmeo doador, para não condição após a amniorredução não seja conhecido, é prová-
se realizar um septostomia não intencionada. Uma agulha de vel que seja causado pelo alívio da pressão em vasos inadequa-
calibre 18 é introduzida dentro da cavidade anmiótica com damente estruturados de i.nserção velamentosa ou melhora do
poli-hidrânll1io, e então conectada ou a um aparelho de sucção fluxo das anastomoses placentárias.1 55. '56 Septostomia inad-
ou a uma seringa conectada a uma extensão de tubos com o vertida ou proposital também pode permitir a normalização
intuito de drenar ativamente o líquido amniótico, consequen- de líquido amniótico em ambos os sacos anmióticos.' 52 Esse
temente reduzindo o tempo de procedimento. O líquido é re- procedimento não é isento de complicações. Nos gêmeos mo-
movido até que o mais profundo bolsão vertical fique menor noamnióticos, enovelamento de cordão umbilical e morte fetal
ou igual a 6 cm, ou até que haja uma remoção de um total de têm sido relatados após septostomia amniótica. '57
776 VOLUME DO LíQUIDO AMNIÓTICO : NA SAÚDE E DOENÇA FETAL

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21
A VALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO
PRÉ-PARTO: O PERFIL BIOFÍSICO FETAL
Martin R. Chavez , MO , Yinka Oyelese , MO e Anthony M. Vintzileos, MO

Técnica para o Perfil Biofísico O Efe ito da Ruptura Prema tu ra das Membranas no Perfil Biofísico
O Perfil Biofísico Achados Originais O Papel da Cardiotocografia no Perfil Biofísico
Validação do Perfil Biofísico Fetal : Correlação com Morte Perinatal O Perfil Bioffsico no Tratamento da Gestação de Alto Risco
Bases Fisiológicas para o Perfil Biofísico Um Algoritmo Proposto para o Uso do Perfil Biofísico na Prática
Aspecto dos Componentes do Perfil Biofísico em Relação à Idade Clínica
Gestacional O Papel do Perfil Biofísico Fetal na Detecção de Infecção
O Perfil Biofísico e o Estado Ácido-base Intra-amniótica em Pacientes com Ruptura Prematura de Membranas

O Conceito de Hipóxia Gradual Os Efeitos dos Medicamentos no Perfil Biofísico

As Implicações do Conceito de Hipóxia Gradual na Interpretação do Conclusão


Perfil Biofísico

N a medici.na do adulto, o exame físico do paciente tem um


papel crucial na avaliação da saúde. O s sinais vitais (fre-
quência cardíaca, frequência respiratória, temperatura, débito
para a condição, porque uma forma de acompanhamento que
é ideal para uma condição pode ser totalmente inadequada
para outra. 3 O monitoramento eletrônico do coração fetal , na
urinário, estado de alerta e atividade) são universalmente fonua da cardiotocografia (CTG), é o método mais frequen-
usados na detecção de saúde ou doença. De forma similar, a temente utilizado para a detecção de asfL'lÍa fetal pré-parto.
pontuação Apgar para a avaliação do recém-nascido estuda Porém, este método é limitado porque determina apenas a
a frequência cardíaca, esforço respiratólio, tônus e reflexos . frequência cardíaca fetal para definir o estado de saúde fetal.
O advento da ultrassonografia em tempo real tornou possí- E, embora uma CTG reativa seja eficaz na determinação de
vel realizar o exame direto do feto avaliar seu estado que o feto não está em asfLxia no momento do exame, ela
de saúde. Em 1980, Manning el a!. introduziram o perfil está associada a taxas falso-positivas altas (de 50% a 75%).4-6
biofísico fetal (PBF) para a avaliação do feto . Este escore con- Portanto, uma alta proporção, inaceitável, de fetos examina-
sistia em cinco parâmetros: movimentos respiratórios fetais , dos é julgada como tendo um estado de não se encontrar em
movimentos fetais corporais, tônus fetal, frequência cardíaca segurança após uma CTG, e eles podem ser submetidos a
fetal e débito Ulinário fetal (volume do líquido amniótico). uma intervenção desnecessária. O PBF fornece uma avaliação
Este capítulo faz uma revisão do papel do PBF original e mais completa do estado de saúde fetal e supera o problema
suas modificações (Tabelas 21-1 e 21-2),1.2 na avaliação da das altas taxas falso-positivas da CTG, por avaliar outros
saúde fetal. Revisamos a fisiologia e a fisiopatologia básica parâmetros de bem-estar fetal, conferindo uma precisão diag-
dos vários componentes do PBF, bem como o papel de cada nóstica melhor na detecção de acidemia fetal pré-pano.
componente ou combinação de componentes em predizer
asfL'(ia fetal, e discutimos as aplicações clínicas do PBF nas
pacientes de alto risco. TÉCNICA PARA O PERFIL BIOFíSICO
Os objetivos pIincipais de qualquer modalidade de acom-
panhamento fetal são dois: primeiro, identificar fetos em O primeiro passo na realização de um PBF é realizar um
risco de morte intra ou extrauterina ou morbidade severa, e, u-açado contínuo da frequência cardíaca, chamada CTG
segundo, identificar essas ameaças potenciais precocemente (Fig. 21-1 ). É considerado reativo, ou responsivo, se houver
para permitir intervenções que previnam resultados adversos . uma linha de base normal entre 110 e 160 batimentos por
Para compreender como avaliar melhor o estado de saúde do minuto, e a presença de duas ou mais acelerações em um
feto , é importante entender que a doença fetal pode surgir período de 20 minutos. Uma aceleração é definida como um
de várias maneiras diferentes e que testes do bem-estar fetal aumento acima da linha de base de no mínimo 15 batimen-
devem ser apropriados para a condição patológica específi- tos por minuto e durando pelo menos 15 segundos. ? Após a
ca proposta para o feto em risco. Assim, recentemente nós CTG, é realizada uma ultrasso nografia em tempo real para
apresentamos um argumento para exame pré-natal específico avaliar atividades biofísicas fetais (Tabelas 21-1 e 21-2).1,2
7 80
AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO : O PERFIL BIOFíSICO FETAL 781

Tabela 21- 1 Pontuação do Perfil Biofísico Fetal


Variável Pontuação 2 Pontuação O

Ylovimentos respiratórios fetais Presença de pelo menos 30 segundos de Menos de 30 segundos de movimentos respiratórios
movimentos respiratórios fetais sustentados fetais em 30 minutos
em 30 minutos de observaç,'io
Movimentos fetais Três ou mais movimentos corporais fetais em Dois ou menos movimentos corporais fetais em
30 minutos de observação. Movimentos 30 minutos de observação
simultâneos do tronco e membros são
considerados um movimento único
T 6nus fetal Pelo menos um episódio de movimento de Feto com membro em semiextensão ou extensão
um membro de uma posição de flexão para completa sem retorno à flexão com a movimentação;
extensão e rápido retorno à flexão a ausência de movimento fetal é considerada
ausência de t6nus
Reatividade fetal Presença de duas ou mais acelerações da Sem aceleração ou menos de duas acelerações da
frequência cardíaca de pelo menos 15 batimentos frequência cardíaca fetal em 40 minutos de
por minuto, com duração mínima de 15 segundos observação
e associado a movimentos fetais em 40 minutos
Volume qualitativo do Um bolsão de líquido amniótico que mede Maior bolsão de líquido anuúótico mede menos de
líquido amniótico pelo menos 1 cm em dois planos I em em dois planos perpendiculares
perpendiculares
Pontuação má.;xima 10
Pontuação mínima o
De Manning FA, Platt LO, Sipos L: Amepanum fetal evaluation: Oevelopment Df a fetal bioph)'sical profile score. AmJ Obstet G)'necol 136:787. 1980.

Tabela 21 - 2 Critérios para Pontuação das Variáveis Biofísicas (Pontuação Máxima 12. Pontuação Mínima
Pontuação Critérios
Cardiotocografia
2 (CrG2) Cinco ou mais acelerações da frequência cardíaca de pelo menos 15 batimentos por minuto de amplitude e no
mínimo 15 segundos de duração associados a movimentos fetais em um período de 20 núnutos
I (GrGI) Duas a quatro acelerações de pelo menos 15 batimentos por nÚl1uto de amplitude e no mínimo 15 segundos
de duração associados a movimentos fetais em um período de 20 minutos
o (CTGO) Uma ou poucas acelerações em um período de 20 minutos
Movimentos Fetais

2 (iVIF2) Pelo menos três episódios de movimentos fetais corporais (tronco e membros) em 30 minutos; movimentos
simultâneos de o'onco e membros são considerados um ünico movimento
1 (MFI ) Um ou dois movimentos fetais em 30 minutos
O (MFO) Ausência de movimentos fetais em 30 nÚl1mos
Movimentos Respiratórios Fetais
2 (MRF2) Pelo menos um episódio de respiração fetal de pelo menos 60 segundos de duração em um período
de n 30 nÚl1utos de observação
I (MRFl ) Pelo menos um episódio de respiração fetal com duração entre 30 e 60 segundos em 30 minutos
O (MRFO) Ausência de respiração fetal ou respiração com duração de menos de 30 segundos em 30 minutos
Tônus Fetal
2 (FT2) Pelo menos um episódio de extensão de exo'enúdades com retorno à posição de flexão e tan1bém um episódio de
extensão da coluna com retorno à posição de flexão
1 (FTl ) Pelo menos um episódio de extensão de extremidades com retorno à posição de flexão ou um episódio de extensão
da coluna com retorno à flexão
o (FTO) Extremidades em extensão; movin1entos fetais não acompanhados de retorno à posição de flexão ; mão aberta
Volume de Líquido Amniótico
2 (AF2) Líquido evidenciado por toda a cavidade uterina; um bolsão que mede 2 cm ou mais de diâmeo'o vertical
I (AFI ) Um bolsão que mede menos de 2 cm, porém com mais de 1 cm de diân1etro vertical
O (AFO) Amontoado de pequenas porções fetais; maior bolsão com menos de I cm de diâmetro vertical
Graduação Placentária
2 (PL2) Graduação placentária de O, I ou II
I (PLl ) Placenta posterior, difícil de avaliar O (G PO)
O (PLO) Placenta grau III

De Vintzileos AVI , CampbelJ WA, Ingardia CJ et al: The fetal bioph)'sical profile and its predietive value. Obstet Gynecol 62:271, 1983. Reimpresso com permissão do
The Amelican CoUege of Obstetricians and G)'necoJogisLS.
782 AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO : O PERFIL BIOFíSICO FETAL

Frequência
cardíaca fetal

Atividade uterina

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Frequência
card íaca fetal
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2033 3 20

Atividade uterina

FIGURA 21 - 1 . A. Cardiotocograf ia. Acelerações da frequência cardíaca fetal (setas curvas) de pelo menos 15 batimentos por minuto com
duração de 15 segundos ou mais são prontamente identificadas nesta paciente. B. Cardiotocografia não reativa. Ausência de aceleração da
frequência cardíaca fetal (setas). Este padrão poderia indicar o efeito do sono fetal, medicamentos ou hipóxia.

É importante que o responsável pelo exame tenha prática e mal de movimentos fetais grosseiros em um PBF. O exame
experiência, bem como que seja aplicada a técnica apropria- será concluído quando for obtido um escore biofísico normal
da. 8 Movimentos respiratórios fetais devem ser considerados (de 8/8 no sistema de pontos do PBF de Manning ' ou 12/12
presentes apenas se forem contínuos por pelo menos 30 no sistema de pontos descrito por Vintzileos et al. 2) ou após
segundos, com intervalos entre as respirações inferiores a 6 30 minutos de exame ultrassonográfico contínuo (Tabelas
segundos 8 O plano de corte correto para avaliar movimen- 21-1 e 21-2). Mais de 90% dos exames normais são conclu-
tos respiratórios fetais é mostrado na Figura 21-3. De forma ídos nos primeiros 4 minutos , e o tempo médio de exame é
sinlilar, movimentos fetais corporais são apenas considerados inferior a 8 minutos .9 Alguns sugeriram o uso de estimulação
presentes se forem observados três ou mais movimentos de acústica fetal para encurtar o período de exame. Pinette et al. tO
rolamento do tronco em 30 minutos. 8 Movimentos isolados utilizaram estimulação acústica em 412 mulheres quando o
dos membros não alcançam os critérios para um escore no r- escore biofísico não atingiu o ideal em 5 minutos de exame
AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO: O PERFI L BIOFíSICO FETAL 783

FIGURA 21 - 2. Exame ultrassonográfico mostrando a medida do FIGURA 21-3. Corte longitudinal de um feto demonstrando o plano
liquido amniótico como parte do perfil biofísica. O boi são de líquido de corte recomendado para avaliar movimentos respiratórios fetais.
amniótico é medido em dois planos perpendiculares. Os movimentos do diafragma fetal (O) para baixo e do abdome para
cima, e os movimentos em balanço do tórax fetal (T) podem ser vis-
tos quando a respiração fetal está presente. S, Estômago.

e compararam essas com 458 indivíduos de controle em que liação dos movimentos respiratórios levava a uma taxa mais
não foi utilizada estimulação acústica. Eles perceberam que o baixa de resultados falso-positivos. ' 2 Isso levantou a perspecti-
grupo com estimulação acústica fetal necessitou de menos va de usar outras formas de vigilância em complemento com
tempo de exame (3 minutos), houve poucos exames não a frequência cardíaca fetal. No estudo do PBF original feito
responsivos (5%) e poucos exames sem movimentos respi- por Manning el aI.,' o qual incluía 216 mulheres com gesta-
ratórios fetais. ções de alto risco, a eTC foi realizada logo antes do exame
Os dois sistemas de pontuação diferem; no PBF original ultrassonográfico.' As pacientes foram tratadas de acordo
descrito por Manning et aI.,' cada um dos cinco parâmetros com seus resultados de CTC, e seus médicos não receberam
recebia uma pontuação igual a 2, quando normal, ou a O, os resultados dos outros componentes do PBF; por isso,
quando anormal, sem pontos entre eles (Tabela 21-1 ). Como esses resultados não influenciaram suas evoluções. Embora
resultado, um feto que tinha alguns movimentos e tônus, mas as pacientes tenham sido avaliadas com intervalos diferentes ,
não alcançava o lim.iar para uma pontuação de dois, recebia apenas a última observação foi usada na avaliação feita para
uma pontuação igual a O, a mesma de um feto sem movimen- o estudo, e, em todos os casos , isso OCOlTeu uma semana
to ou tônus . Para enfrentar essa limitação, Vintzileos el aI} em antes do parto. Os resultados avaliados foranl o Apgar em 5
1983, propuseram outro sistema de pontuação (Tabela 21-2), m.inutos, a incidência de sofrimento fetal (defll1.ido como um
que dava pontos intermediários e também incluía o grau da traçado anormal da frequência cardíaca fetal que necessita da
placenta como uma das variáveis biofísicas. Uma pontuação realização de um parto de emergência), e a mortalidade peri-
biofísica normal (superior a 8) é considerada preditiva de natal. Os investigadores encontraram uma associação entre
um feto sem acidose. A presença de oligodrânuúo em qual- pontuações biofísicas anorma.is e Apgar bai,''(o em 5 m.inutos.
quer um dos sistemas de pontuação é considerada anormal, Eles concluíram que a ausência de movimentos respiratórios
porque o líquido amniótico reduzido põe o feto em risco de feta.is era mais preditiva de sofrimento fetal no trabalho de
compressão do cordão, morte ou eventos perinatais adversos, parto, mais até do que uma eTC não reativa. O ma.is impor-
independentemente da pontuação dos outros parâmetros tante é que não ocorreram mortes perinatais em fetos com
biofísicos. O valor do PBF não é a pontuação geral por si, uma pontuação no PBF de 10/10. A taxa de morte fetal após
porque os componentes individua.is do PBF têm diferentes um único teste normal atingiu de 6,1 /l.000 para fetos com
implicações clínicas. s.1I Isso está discutido posteriormente em tônus normal a 12,8/l.000 para fetos com uma CTC reativa. l
uma outra seção. Isso não era estatisticamente siglÚficativo, mas a incidência de
morte fetal após qualquer parâmetro ún.ico normal era muito
o Perfil Biofísico: Achados Originais mais baixa que na população em geral. Ao contrário, fetos
com qualquer parâmetro anormal tiveram uma taxa mais
Antes do desenvolvimento do PBF, observou-se que a avalia- elevada de óbito que na população em geral, alcançando de
ção ultrassonográfica dos movimentos respiratórios feta.is era 58,8/l.000 em fetos com uma eTC não reativa a 142/l.000
um fator prognóstico acurado do bem-estar fetal , assim como na ausência de movimentos feta.is. Portanto, a falta de movi-
a CTC reativa, e que a combinação da eTC com uma ava- mentos feta.is , era ma.is preditiva de óbito fetal.
784 AVALIA ÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ- PARTO : O PERFIL BIOFlslCO FETAL

I Tabela 21 - 3 I Centros do Sistema Nervoso Central Fetal


Teste Centro

Tônus fetal Córtex (área subcortical ?)


Movimentos fetais Núcleos da cÓrtex
Movimentos respiratórios fetais Superfície ventral do quarto ventrículo Embriogênense Hipóxia
Cardiotocografia Hipotálamo posterior, medula

De Vintzileos AlV!. Campbell ,\TA. Ingardia CJ et ai: 111e fetal biophysical profile and its predictive value. Obstet Gynecol 62 :271 , 1983. Reimpresso com a permissão do
The Alnel;can Collcgc of Obsteu;cians and Gynecologists.

Vintzileos et al. 2 avaliaram 150 gestações de alto risco física era muito ruim (pontuação O), a mortalidade perinatal
usando um PBF modificado que incluía graduação placentá- aumentou drasticamente para 187 por 1.000 examinados,
ria e determinava pontuações intermediárias para fetos que demonstrando uma correlação entre a pontuação biofísica e
demonstravam alguma atividade biofísica, mas que era insufi- a mortalidade perinatal. A ta,xa corrigida de falso-negativo
ciente para atingir os critérios usados no estudo de Manning. era de 0,634 por 1.000. Um estudo subsequente dos mesmos
Esses autores determinaram que essa modificação do PBF autores relatando 19.221 gestações de alto risco l8 encontrou
é mais precisa na identificação de um feto com hipóxia que uma incidência de morte intrauterina após uma pontuação
qualquer outro método alternativo. biofísica normal (8 ou superior) de apenas 0,726 por 1.000.
Logo, tanto o PBF original quanto o modificado, testados Manning et al.,19 em um estudo de 26.780 gestações de alto
em estudos de observação, demonstraram uma associação risco, demonstraram uma forte correlação inversa linear entre
entre pontuações biofísicas anormais e evoluções perinatais a pontuação biofísica e a morbidade perinatal.
adversas . Contrariamente, mostrou uma correlação inversa Esses estudos, e vários outros subsequentes, testaram
entre pontuações biofísicas normais e evoluções perinatais o PBF em grupos bastante grandes de pacientes,20.21 e for-
adversas. neceram forte evidência de sua utilidade clínica, de forma
que atualmente o PBF é amplamente utilizado na prática
clínica.
Validação do Perfil Biofísico Fetal:
Correlação com Morte Perinatal
BASES FISIOLÓGICAS PARA O
Em 1981 , Manning et al. 13 publicaram os resultados de um
estudo prospectivo do PBF em 1.184 pacientes de alto risco. PERFIL BIOFíSICO
Entre essas pacientes, ocorreram seis mortes perinatais, levan- O comprometimento da saúde fetal pode ser dividido entre
do a uma taxa de mortalidade perinatal de 5,06/1.000. Isso o que tem origem crônica e o que tem origem aguda; o PBF
era consideravelmente menor que a taxa de óbito perinatal fetal é designado para avaliar ambos . A reatividade da frequ ên-
previamente observada de 65 por 1.000 nascimentos , detec- cia cardíaca fetal , os movimentos respiratórios, os movimen-
tada em uma população de alto risco semelhante na mesma tos ativos e o tônus avaliam o estado de bem-estar fetal de
região no ano anterior. forma aguda, enquanto o volume de líquido amniótico e a
Em 1984, Baskett et al. 14 publicaram seus achados no graduação placentária avaliam riscos fetais crônicos à saúde
uso do PBF no tratamento de 2.485 gestações de alto risco. do feto. Por exemplo, o fluxo uteroplacentário dificultado e a
A mortalidade perinatal geral foi de 9,2/1.000. Porém, entre disfunção placentária podem levar à redistribuição do débito
essas gestações com um PBF normal, a perinatal cardíaco fetal em detrimento de órgãos não vitais , como os
foi de 1/1.000. o mesmo ano, Manning et al.1o publicaram rins, ocasionando uma diminuição do débito urinário fetal,
os resultados do primeiro estudo randômico controlado com- que resulta em oligodrâmnio. Desacelerações variáveis, por
parando o PBF (375 pacientes) com a CTC (360 pacientes). outro lado, refletem mais provavelmente uma compressão
Eles descobriram que o PBF apresenta predição mais alta de aguda do cordão.
Apgar baixos . Embora o PBF tivesse sensibilidade, especifi- As atividades biofísicas fetais individuais dependem de ini-
cidade e precisão mais altas que a CTC, tais diferenças não ciação e regulação por centros específicos no sistema nervoso
eram estatisticamente significativas. central (SNC) (Tabela 21-3).9 Logo, a presença de qualquer
Em um estudo de 29 fetos com uma pontuação biofísica atividade biofísica implica um centro do SNC que regula
de 0/10, Manning et al. 16 constataram que quase metade a atividade intacta. 9 Esses centros individuais são sensíveis a,
(48,3%) apresentou morte perinatal . O óbito fetal ocorria de e podem ser deprimidos por, vários graus de hipoxemia ou
30 lninutos até 11 dias após ter sido obtida pontuação biofísi- acidemia fetal. 9 Dados animais e humanos demonstraram que
ca igual a O. Embora houvesse morbidade extremamente alta tais centros cessam a atividade quando submetidos a hipoxe-
entre fetos com um PBF igual a O, alguns sobreviveram. Logo, lnia em diferentes lirniares para centros diversos.22 Esses cen-
uma pontuação biofísica grosseiramente anormal de zero não tros também podem ser deprirnidos por medicamentos, lesões
é necessariamente incompatível com a sobrevivência após o ou hemorragia. Além disso, as atividades biofísicas estão
parto; portanto, a não intervenção baseada na presunção de sujeitas à periodicidade fisiológica , de forma que a ausência de
que há um prognóstico mim não é justificada. Manning et uma atividade biofísica pode não necessariamente refletir um
a1. 17,18 exploraram posteriormente o uso do PBF na avaliação estado de saúde alterado. Ao termo, ou próximo ao termo, o
de 12.620 pacientes de alto risco. Qlando a pontuação do feto tem ciclos de periodicidade de cerca de 20 minutos; isso é
PBF era igual ou superior a 8 ou, a mortalidade perinatal foi semelhante ao ciclo circadiano ou diurno em adultos. Portan-
de 0,652 por 1.000 examinados; e quando a pontuação bio- to, a duração do exame deve ser de, no mínimo, 30 minutos.
AVALIAÇÃO FETAL PELA ULT RASSONOGRAFIA NO PR É- PAR TO: O PERFIL BIOFíSICO FETAL 785

I I
I I Frequência de Variáveis Biofísicas Individuais e Pontuação Biofísica de 8 ou Mais em Gestações com
I Tabela 21-4 I Membranas Intactas (N =951)
Semanas 25-28 Semanas 29-32 Semanas 33-36 Semanas 37-40 Semanas 41-44
Va riável
Biofísica n = 61 (6,4) P n=192 (20,1) p n = 347 (36,4) p n= 257 (27,0) P n= 94 (9,8)

NST2 22 (3 6,0) NS 82 (42,7) <'01 223 (64,2) NS 188 (73 ,1) NS 77 (81 ,9)
NSTI 19 (31 ,1) NS 68 (35,4) <'01 86 (24,7) NS 44 (17,1) NS 9 (9,5)
NSTO 20 (32,7) NS 42 (21 ,8) <' 01 38 (10,9) NS 25 (9,7) NS 8 (8,5)
FBM2 36 (59,0) NS 143 (74,4) S 264 (76,0) NS 181 (70,4) <'05 52 (55,3)
FBMl 4 (6,5) NS 15 (7,8) S 31 (8,9) NS 20 (7,7) NS 6 (6,3)
FBMO 21 (34,4) NS 34 (17,7) S 52 (14,9) S 56 (21 ,7) <'05 36 (38,3)
FM2 61 (100) NS 188 (97,9) S 331 (95 ,3) NS 242 (94,1 ) 86 (91,4)
FMl O NS 4 (2,0) NS 14 (4,0) S 12 (4,6) 5 (5,3)
FMO O NS O NS 2 (0,5) NS 3 (1,1) 3 (3,1 )
FT2 61 (100) NS 182 (94,7) NS 324 (93 ,3) NS 232 (90,2) 79 (84,0)
FTl O NS 9 (4,6) NS 21 (6,0) NS 24 (9,3) NS 12 (12,7)
FTO O NS 1 (0,5) NS 2 (0,5) NS 1 (0,4) NS 3 (3 ,1)
AF2 58 (95,0) NS 189 (98,4) NS 331 (95 ,3) NS 231 (89,8) <'01 70 (74,4)
AFI 1 (1 ,6) NS 3 (1,5) NS 11 (3,1) NS 22 (8,5) <'01 16 (17,0)
AFO 2 (3,2) NS O NS 5 (1,4) NS 4 (1 ,5) <'01 8 (8,5)
PL2 61 (100) NS 189 (98,4) NS 321 (92 ,5) NS 212 (82,4) <'01 64 (68,0)
PLl O NS 3 (1,5) NS 12 (3,4) NS 10 (3,8) <'01 13 (13,8)
PLO O NS O < .05 14 (4 ,0) NS 35 (13,6) <'01 17 (18,0)
< 0,0
1
Pontuação total 61 (100) NS 186 (96,8) NS 341 (98 ,2) S 249 (96,8) NS 83 (88,2)
de 8 ou mais

ILA , volume de líquido amniótico: l\1RF, Illovimentos res piratóri os fetais; movimentos fe tais; TF, {ônus fe tal: N S. não significati vo: CTC. cardiOlocogra fia ; C P,
graduação placentária.
De Vintzileos A.\1 , FeinSlein Sj , Lodeiro jG, et ai: Fetal bioph)'sical profile and the efTeets of premature mpture of the membranes. Obstet G)'enecol 67:8 18, 1986.
Reimpresso com a permissão de Thc Amel;can ColJege of O bsteu'icians and G)'necologisls.

Aspecto dos Componentes do perceberam que ao CTCs e os movimentos respiratórios


Perfil Biofísico em Relação à Idade fetais tinham maior probabilidade de estarem alterados com
26 a 33 semanas de gestação, em comparação com gestações
Gestacional em fases mais avançadas. Similarmente, CTCs, volumes de
Os centros d o SNC que controlam as atividades biofísicas líquido amniótico e movimentos respiratórios fetais e tônus
individuais começam o funcionamento em diferentes épocas tinham mais probabilidades de serem anormais após 42
durante a gestação (Tabelas 21-3 e 21_4).23 Por exemplo, o semanas em comparação com gestações de 37 a 41 semanas.
tônus, controlado por um centro na área córtex-subcorrical, Vintzileos et al. 23 e Baskett et al. 24 perceberam que a frequên-
é a atividade biofísica que aparece mais cedo durante a vida cia geral de pontuações biofísicas reacionais (8 ou superior)
intrauterina, sendo observado inicialmente em uma idade não se alterava com a idade gestacional até 41 semanas,
gestacional de aproximadamente 8 semanas. A próxima embora muitos dos componentes biofísicos individuais tives-
atividade biofísica a ser apresentada é o movimento fetal , sem mudado durante a gestação.
regulado por um centro nos mkleos corticais, surgindo ao
redor de 9 semanas de gestação; por isso, a observação
ultrassonográfica dos movimentos e do tônus fetais não é
o Perfil Biofísico e o Estado Ácido-base
afetada pela idade gestacional, desde que a ultrassonografia Com o objetivo de definir a relação entre o PBF e o estado
seja realizada após o primeiro trimestre. Movimentos respira- ácido-base, Vintzileos et al. 25 realizaram PBFs em 124 pacientes
tórios são os próximos a aparecer, em torno de 21 semanas. gestantes que não estavam em trabalho de parto com idades
O centro respiratório fetal está localizado na superfície ven- gestacionais variando de 26 a 43 semanas imediatamente antes
tral do quarto ventrÍCulo. A última das atividades biofísicas do parto cesariano (Figs. 21-4 a 21-9). Em todos os casos,
a ser observada é a reatividade da frequência cardíaca fetal; foram coletadas amostras da artéria umbilical para dosar o
essa aparece no fim do segundo trimestre ou próximo ao pH na hora do parto. Essa metodologia evitava o intervalo
terceiro trimestre e é regulada no hipotálamo posterior e na longo entre a avaliação biofísica e o parto observado em estu-
medula. As variações nos componentes biofísicos durante a dos prévios, eliminando o efeito do parto e de medicamentos
gestação foram descritas por Vintzileos et al.23 (Tabela 21-4). no período neonatal. Esses investigadores perceberam que a
A frequência de CTCs reativas aumenta significativamente sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivo e
após 32 semanas em comparação com gestações mais iniciais. negativo de uma pontuação de PBF inferior a 8 para acidemia
No final da gestação, porém, a respiração fetal e o volume fetal (defmida como um pH da artéria umbilical inferior a 7,2)
de liquido amniótico diminuem após 40 semanas em com- eram de 90%, 96%, 82% e 98%, respectivamente. 25 Usando
paração com gestaJões iniciais. Placentas grau III aparecem uma combinação de apenas CTC não reativa e ausência de
após 32 semanas ? Em um amplo estudo de 11.012 PBFs movimentos respiratórios fetais, eles descobriram aumento
em 5.582 mulheres com evolução perinatal normal, Baskett et da sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivo
786 A VALIAÇÃ O FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PR É-PARTO : O PERFIL BIOFíSICO FETA L

- 7,50
FIGURA 21-4. Relação entre a pontuação do per-
fil biofísico fetal e o pH da artéria do cordão. (De

O
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7,40
••
..
: I ••
Vintzileos AM, Gaffney SE, Salinger LM, et aI: The
relationship between fetal biophysical p rofile and cord
pH in patients undergoing cesarean section before
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7,30
.... :.:::::::::::::::.:.
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.. the onset of labor. Obstet Gynecol 70: 196, 1987.
Reimpressa com permissão do The American College
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7,20
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-ç----- -------..A--t ...·... -----------------
of Obstetricians and Gynecology.)

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6,90
(9) • (13) (10 2 )
6,801-!------ - - - , - - - - - - - - - r - - - - - - - - +
< 4 5- 7 8
PONTUAÇÃO DO PERFIL BIOFlslCO FETAL
( ) = Número de fetos

90 NO-FT
o
,o:( NR-NST NO-FBM
o 7,25 85
a:
O o:(êi
u 7,20
_I 80
o:: E
,w E
NO-FM
O
O 1--
0:: 0
75
7,15
o:( 0:( ,0:(
ii NO-FT 0:(0 70
· CU 7,10 Za::
l- NO 65
a: Ou
o:(
7,05
o:( o 60
o
I 7 55
Q.
6,95L.-'"""T----'"""T----'"""T-- --'"""T- -
FIGURA 21-5. Relacão entre o pH arterial do cordão e ausência FIGURA 21-7. Relação entre a pressão parc ial de dióxido de carbo-
de atividades biofísicas fetais. O pH tende a ser menor na ausência de no (PC0 2 ) da artéria do cordão e a ausência de atividades biofrsicas
movimentos el ou tônus quando comparado com cardiotocografia não fetais . A PC0 2 tende a ser maior na ausência de movimentos fetais
reativa ou ausência de respiração. Os resultados são expressos em ou tônus, comparados com cardiotocografia não reativa e ausência
médias (95 % de margem de erro). NO-FBM, ausência de movimentos de respiração. Os resultados são médias expressas em milímetros de
respiratórios fetais; NO-FM , ausência de movimentos fetais; NO-FT, mercúrio (95 % de margem de erro). NO-FBM, ausência de respiração
ausência de tônus fetal ; NR-NST, cardiotog rafia não reativa. (De fetal ; NO-FM , ausên cia de movimentos fetais ; NO -FT, ausência de
Vintzileos AM, Fleming AD, Scorza WE, et aI: Relationship between tônus fetal ; NR-NST, cardiotocografia não reativa. (De Vintzileos AM,
fetal biophysical activities and umbilical cord blood gases. Am J Fleming AD, Scorza WE, et aI: Relationship between fetal biophysi-
Obstet Gynecol 165: 707, 1991.) cal activities and umbilical cord blood gases. Am J Obstet Gynecol
165:707, 1991 .)

16 NR-NST 25 NR-NST NO-FBM


NO-FBM
o, 14 o:( 24
o:(I NO-FM
ii ·w -' NO-FT
E
·CU E
1--
12 b: '6 23
o:(E
a:o NO-FT o:( E 22
0:( '0:( 10 z-
0:(0
oa: 21
NO 8 !;{o
OU
0.0 20
o 6 o:: O 19
;30
4 ii'i 18

FIGURA 21-6. Relação entre a pressão parcial de oxigênio (P0 2 ) na FIGURA 21-8. Relação entre o nível de bicarbonato na artéria do
artéria do cordão e ausência de atividades biofís icas feta is . A P0 2 cordão e a ausência de atividades biofísicas fetais. O nível de bicarbo-
tende a ser menor na ausência de movimentos ou tônus em compa- nato tende a se r menor na ausência de movi mentos ou tônus quando
ração com cardiotocog rafia não reati va e ausência de respiração. Os comparado com cardiotocografia não reativa e ausência de respira-
resultados são médias, expressas em milímetros de mercúrio (95 % ção . Os resultados são médias, expressas em milimoles por litro (95 %
de margem de erro). NO-FBM, ausência de movimentos respiratórios de margem de erro). NO-FBM, ausência de respiração fetal; NO-FM ,
fetais; NO -FT, ausência de tônus fetal ; NR-NST, cardiotocografia ausência de movimentos fetais; NO -FT , ausência de tônus fetal; NR-
não reativa. (De Vintzileos AM, Fleming AD, Scorza WE, et aI: Rela- NST, cardiotocogra fia não reativa. (De Vintzileos AM, Fleming A D,
tionship between fetal biophysical activities and umbilical cord blood Scorza WE, et aI: Relationship between fetal biophysical activities and
gases. Am J Obstet Gynecol 165: 707, 1991.) umbilical cord blood gases. Am J Obstet Gynecol 165: 707, 1991. )
AVALIAÇÃO FETA L PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PR É-PARTO: O PERF IL BIOFíSICO FETAL 787

4: -2 NR-NST NO-FBM a 7,10 estão associados à ausência de movimentos corporais


-w e tônus (Fig. 21-5).25 Qyando, além da não reatividade da
-4
0::-' frequência cardíaca fetal e da ausência de movimentos
4:'"
4: o
z E
-6 respiratórios fetais, os movimentos corporais fetais e o
E tônus estavam ausentes, a mortalidade perinatal subiu
(/)0 -8 NO-FT
4: ,4: para 100%.2 Portanto, a presença de dada atividade biofísica
aJo
wO:: - 10 durante a ultrassonografla fornece informação importante
00
OU e implica a ausência de disfunção do centro do SNC que
(/)0 - 12
(/)0 regula aquela atividade, excluindo indiretamente a probabi-
w lidade de acidemia fetal.
-14
xU
w
- 16
FIGURA 21-9. Relação entre o excesso de base e ausência de
atividades biofísicas fetais. O excesso de base tende a ser menor As Implicações do Conceito de H ipóxia
na ausência de movimentos ou tônus quando comparados com
cardiotocografia não reativa e ausência de respiração. Os resultados
Gradual na Interpretação do Perfil
são médias expressas em milimoles por litro (95% de margem de Biofísico
erro) . NO-FBM, ausência de respiração fetal; NO-FM , ausência de
movimentos fetais; NO-FT, ausência de tônus fetal; NR-NST, cardio-
tocografia não reativa. (De Vintzileos AM, Fleming AO, Scorza WE, o conceito de hipóxia gradual traz à pauta a tarefa arbitrária
et aI: Relationship between fetal biophysical activities and umbilical de pesos iguais para as atividades individuais em predizer
cord blood gases. Am J Obstet Gynecol 165: 707, 1991 . ) asfixia fetal no PBF. Como os componentes individuais ficam
comprometidos em diferentes níveis da acidemia fetal, foi
proposto que a pontuação geral é menos importante que os
resultados dos componentes individuais. Por exemplo, a pre-
sença de movimentos respiratórios fetais exclui acidemia fetal
e negativo para acidemia fetal de 100%, 92%, 71 % e 100%, (PH <7,2). A ausência de movimentos e tônus fetais , quando
respectivamente. 25 Qyando os movimentos e o tônus estavam há ausência de movimentos respiratórios fetais, se tiver sido
ausentes (em sete fetos), o pH médio do cordão era de 6,95 excluída periodicidade ou outras causas, sugere profundo
± 0,06. À medida que os valores de pH da artéria umbilical comprometimento fetal e carrega um risco aumentado de
neonatal se tomavam menores, as atividades biofisicas desa- mortalidade ou morbidade.
pareciam sequencialmente (Fig. 21-5). Manning et al. 28 também questionaram o uso de uma
pontuação igual para cada componente biofísico. Os resulta-
dos de morbidade perinatal de 525 fetos foram estudados e
comparados com a última pontuação biofísica anormal total,
o Conceito de Hipóxia Gradual assim como com o exame de cada composição de pontuação
individual. 28 Esses investigadores concluíram que a precisão
Vintzileos et aI. foram os primeiros a observar que as ativida- da pontuação em predizer resultados dependia principalmen-
des biofísicas que aparecem primeiro durante a vida fetal são te da combinação dos componentes biofisicos individuais,
as últimas a quando há asfixia fetal ou infecção mais do que da pontuação tOtal. Eles acharam, assim como
intra-amniótica.2 Eles denominaram isso de conceito de nós , que a reatividade da frequência cardíaca fetal (CTC), o
hipóxia graduaI. 8,25.27 As primeiras atividades biofísicas que volume do líquido amniótico e os movimentos respiratórios
se tornam comprometidas na presença de acidemia fetal fetais eram os indicadores mais importantes do resultado
são a reatividade da frequência cardíaca e os movimentos perinatal. 28
respiratórios fetais; essas são as últimas atividades biofísicas Vários estudos demonstraram uma forte associação entre
aparecer no desenvolvimento intrauterino (Fig. 21-5). volume de líquido amniótico reduzido e um risco aumentado
A medida que a acidemia fetal progride, os movimentos de evolução perinatal adversa, de um modo nível-gravida-
corporais fetais e então o tônus fetal se tornam sequencial- de. 1,2.29.30 Chamberlain et al. 29 inferiram que pacientes com
mente ausentes (Fig. 21-5).21 Em fetos com movimentos e volume de líquido amniótico normal (maior bolsão vertical
tônus normais, porém com uma CTC não reativa e sem entre 2 e 8 cm) tinham uma taxa de mortalidade perinatal de
movimentos respiratórios, a incidência de acidemia foi de 1,97 por l. 000, enquanto pacientes com volume de líquido
59%, enquanto fetos com uma CTC não reativa, sem movi- arnniótico marginal (maior bolsão com 1 a 2 cm) e oligod-
mentos respiratórios e movimentos corporais e tônus com- râmnio severo (maior bolsão < 1) tinham taxas de mortalidade
prometidos tinham uma incidência de acidemia de 75%. Isso perinatal de 37,3 por l.000 e 109,4 por l.000, respectivamen-
sugere que fetos sem movimentos respiratórios e uma CTC te. Placentas grau III têm sido associadas a uma incidência
não reativa têm mais probabilidades de serem acidêmicos aumentada de padrões anormais da frequência cardíaca fetal
quando não há movimentos corporais e há ausência de (44,4%) e descolamento de placenta (14,8%) durante o parto. 8
tônus. 25 Esses achados dão suporte ao conceito de hipóxia Portanto, a graduação placentária é considerada um marcador
gradual. Todos os fetos com ausência de todas as quatro ati- crônico de bem-estar fetal e alguns a incluíram nas modiftca-
vidades biofísicas tinham valores. de pH da artéria do cordão ções do PBF. 2
umbilical na faixa de acidemia. 2' Portanto, quando o pH da Na interpretação do PBF, entretanto, é importante pri-
artéria umbilical diminui abaixo de 7,20, a reatividade da meiro excluir periodicidade normal ou administração de
frequência cardíaca fetal e os movimentos respiratórios fetais medicanlentos que têm efeito depressor nas atividades bio-
são abolidos (Fig. 21-5). Um valor de pH entre 7,10 e 7,20 físicas como responsáveis por resultados anormais. Logo, o
está associado ao comprometimento dos movimentos corpo- diagnóstico de acidemia deve ser feito apenas após exclusão
rais fetais e tônus fetal, enquanto valores de pH inferiores de outras causas para um exame anormal.
788 AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO: O PERFIL BIOFíSICO FETAL

oEfeito da Ruptura Prematura das estudo posterior de 238 gestantes diabéticas, o mesmo gmpo
Membranas no Perfil Biofísico de investigadores verificou que fetos com pontuações anor-
mais de PBF apresentavam taxas mais altas de admissão em
Vintzileos el al. 23 compararam PBFs de 25 a 44 semanas entre unidades de tratamento intensivo, cesarianas (50%), inter-
pacientes com membranas intactas e em pacientes com ruptu- venção cirúrgica e morbidade neonatal. 35 Lodeiro el al.,38
ra prematura de membranas (RPM) com idades gestacionais avaliando gestações gemelares de alto risco, encontraram
comparáveis. Ambos os gmpos tinham uma frequência similar sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e
de pontuações biofísicas reativas (igual a 8), sem levar em con- negativos para a pontuação biofísica predizendo sofrimento
sideração o estado das membranas, sugerindo que as mesmas fetal como sendo de 83,3%, 1000/0, 100% e 97,70/0, respectiva-
conclusões poderiam ser estabelecidas da pontuação do PBF mente. Dados de Manning el al. 41 sugerem que a incidência
sem considerar se as membranas estiverem rompidas ou não. de paralisia cerebral é mais baixa em populações testadas
Entretanto, quando se considerava os componentes individu- com o PBF, em comparação com populações nas quais não
ais do PBF, a RPM estava associada à taxa elevada de reati- foi instituído o exame do PBF. Embora seja animador, essas
vidade da frequência cardíaca quando comparada a gestações pacientes foram monitoradas com outras medidas além do
com membranas intactas 23 Ao contrário, gestações com RPM PBF; por isso, ainda permanece a dúvida se a taxa de para-
apresentavam uma diminuição nos movimentos respiratórios lisia cerebral diminuída era devida apenas à avaliação da
fetais e no volume de líquido amniótico em comparação às pontuação biofísica. 41
que não tinham RPM. 23 Porém, não havia diferença significa- O PBF também é um instrumento importante na ava-
tiva nos movimentos corporais fetais ou tônus fetais enn-e os liação do feto com restrição de crescimento. Obido et al. 37
grupos , nem houve qualquer ,alteração na pontuação biofísica avaliaram as modalidades de vigilância fetal disponíveis para
geral entre os dois grupos. E importante estar ciente dessas o acompanhamento de fetos com resu-ição de crescimento
alterações nas atividades biofísicas fetais em pacientes com no pré-parto e concluíram que o PBF é o exame de escolha.
RPM para evitar interpretação inapropriada dos resultados do Ribbert el a1. 42,43 examinaram a relação entre os resultados
PBF e intervenções desnecessárias em tais pacientes. do PBF e a dosagem de gases no sangue do cordão, feita
por cordocentese. Esses investigadores perceberam que a
reatividade da frequência cardíaca fetal ficava comprometida
o Papel da Cardiotocografia no Perfil quando a diferença entre o pH esperado e o observado estava
abaixo de 2 desvios padrões (DP), Movimentos respiratórios
Biofísico fetais estavam comprometidos com valores de pH abaixo de
Manning et ai. realizaram um estudo avaliando apenas os 3 DP, e movimentos fetais corporais e tônus fetais estavam
componentes do PBF monitorados por ultrassonografia sem ausentes com valores de pH de 5 DP ou menos. Os autores
incluir a CTC, usando a CTC apenas quando um ou mais também concluíram que a acidemia fetal em estágios iniciais
dos componentes eram anormais à ultrassonografia .31 Com causa a não reatividade da frequência cardíaca fetal e a aboli-
esse método, apenas 2,7% de 2.712 pacientes testadas neces- ção dos movimentos respiratórios fetais, enquanto a ausência
sitaram de uma CTC, sem comprometimento da evolução de movimentos corporais e tônus são manifestações tardias
perinatal. 31 A prática de omitir a CTC foi subsequentemente de asfixia fetal. Esses achados são coerentes ao conceito de
desafiada por Eden el al.,32 que acharam uma incidência hipóxia gradual.
aumentada de evolução perinatal anormal em fetos com
desacelerações variáveis durante o exame de CTC, apesar de
os componentes biofísicos monitorados por ultrassonografia Um Algoritmo Proposto para o Uso do
estarem normais. 32 Mills el al. 33 avaliaram 500 gestações de
alto risco com 2.038 PBFs e concluíram que não era neces- Perfil Biofísico na Prática Clínica
sária nenhuma avaliação biofísica quando o crescimento Apresentamos, na Figura 21-10, um algoritmo sugerido para o
fetal estava normal, mas recomendaram CTCs duas vezes uso do PBF com base no conceito de hipóxia gradual.
por semana e avaliação ultrassonográfica do crescinlento O PBF modificado descreve um esquema de exanles
fetal a cada duas semanas nos casos em que havia cresci- usando a CTC com uma avaliação do volume de líquido
mento fetal anormal. Eles sugeriram que o PBF deveria ser anuúótico. Essa modificação avalia, então, os marcadores
reservado para casos com resultados de CTCs anormais ou mais sensíveis agudos (traçado da frequência cardíaca fetal)
duvidosos. É nossa prática realizar CTC como parte integral e crôlúcos (volume de liquido amniótico) do bem-estar fetal,
de nosso PBF. A morbidade e mortalidade perinatal do PBF modificado
se comparam favoravelmente ao do PBF completo 20 .21 (Fig,
21-10). Claro, dependendo da situação clÍlúca específica,
o Perfil Biofísico no Tratamento da estudos com Doppler, incluindo os das artérias uterinas,
Gestação de Alto Risco umbilical, cerebral média e do ducto venoso, também podem
ser úteis. Os critérios específicos usados para definir ativida-
O PBF foi estudado na avaliação de várias condições específi- des biofísicas normais contra anormais estão ilustrados na
cas de alto risco incluindo gestação tardia? diabetes melito,35 Tabela 21-5 . Como a acidemia fetal é descartada quando
restrição de crescimento intrauterino,36.37 gestação gemelar38 a CTC é reativa, o exame fetal deve sempre começar com
e RPM. 39AO Johnson el concluíram, em um estudo de uma CTC e a avaliação do volume de líquido amniótico. Se,
PBF em 307 gestações pós-data, que uma pontuação bio- porém, a CTC não é reativa durante 40 minutos, é realizada
física normal estava associada a uma taxa mais elevada de uma ultrassonografia em tempo real. Como os movimentos
não intervenção e, portanto, taxas aumentadas de u'abalho respiratórios fetais que duram mais que 30 segundos são tão
de parto espontâneo. Isso resultou, consequentemente, em precisos quanto uma CTC reativa para excluir acidemia fetal,
uma redução nas taxas de partos cesarianos (15% contra uma vez que forem detectados movimentos respiratórios fetais
42% para pacientes que tiveram parto induzido).34 Em um durando mais de 30 segundos, o exame é finalizado. Se duran-
AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO : O PERFI L BIOFíSICO FETAL 789

te uma observação em tempo real de 30 minutos, porém, e é prudente realizar o parto em mulheres com oligodrâmnio
todas as atividades biofísicas estiverem ausentes, o parto deve para evitar acidentes com o cordão e morte intraútero. Em
ser realizado imediatamente. Q\.tando a CTC não é reativa e gestações muito pré-termo com oEgodrâmnio, porém, o parto
não há movimentos respiratórios fetais, ou eles duram menos pode estar associado à alta mortalidade perinatal devido à pre-
que 30 segundos, deve ser realizado um exame estendido, maturidade . Com idades gestacionais inferiores a 26 semanas,
para diferenciar entre asftxia fetal e sono fetal. O volume cada dia de prolongamento da gestação pode estar associado a
de líquido amruótico é sempre avaliado, sem relação com os um aumento na sobrevivência de 2% a 3%. Portanto, é desejá-
resultados da CTC. Oligodrâmnio em gestações a termo ou vel retardar o parto desde que seja seg1.lnunente possível. Em
quase a termo, assim como em gestações complicadas por tais casos, é mandatória a vigilância fetal bem de perto, com
restrição do crescimento intrauterino, é considerado anormal PBFs e monitoramento da frequência cardíaca pelo menos
uma vez ao dia. A dopplervelocimetria da circulação utero-
placentária deve ser usada no cuidado com fetos pré-termo
de alto risco, especialmente os com restrição do crescimento
intrauterino. Entretanto, muitos fetos com risco (ou seja, fetos
NSTeAFV de mães diabéticas ou pós-data) não apresentam redução de
fluxo sanguíneo, mas de distÍl rbios de troca gasosa ao rúvel
da membrana trofoblástica; nesses casos, é provável que a
dopplervelocimetria fetal não seja útil.
Miller el ai? I avaliaram as taxas de falso-positivos e falso-
negativos dos resultados de seus exames pré-parto utilizando
o PBF modiftcado . Em um período de 4 anos, eles relataram
54.617 PBFs modificados em 15.482 pacientes. A taxa de
falso-negativos foi de 0,08%. A taxa de falso-positivos foi de
60%; porém, a intervenção resultante de um exame falso-
positivo resultou em prematuridade iatrogênica em apenas
1,5% dos casos. Nageotte el al. 20 compararam o PBF modi-
ftcado com a prova de contração de esforço. Eles avaliaram
os resultados das pacientes de alto risco que tinham PBF
modiftcado negativo com as que, em cuja última avaliação
pré-pano, tiveram uma prova de contração de esforço nega-
tiva. As pacientes controladas com PBF modiftcado tinham
uma menor incidência de evoluções perinatais adversas após
o teste reativo (5, 1% contra 7,0%, p <,05). Em nossa expet;ên-
Estender o NST cia, usando o PBF modificado, as mortes intraútero de fetos
(120 min) OU Repetir estruturalmente normais ocorrendo após uma avaliação com
PBF OU FHR
Computadorizada reatividade é uma raridade. Além disso, esse protocolo dimi-
nuiu o tempo de exame, aumentou o número de pacientes
examinadas, portanto, melhorou a eftciência de nosso serviço.
FIGURA 21 - 10. Perfil bioffsico fetal modificado . AFV , Volume de O tratamento com base na pontuação total do PBF, em vez
líquido amniótico; FBM , movimentos respiratórios fetais ; FM, movi-
mentos fetais; FT, tônus fetal; FHR , frequ ência cardíaca fetal; NST, dos componentes biofísicos individuais, pode resultar em
ca rd iotocog raf ia. (Redesenhado com permissão de Hanley ML , Vint- mau uso desse método de exame. Os erros mais frequentes
zileos AM: Anlepartum and Intrapartum Surveillance of Fetal Well de interpretação e apEcação dos dados da avaliação biofísica
8eing. Medicine of lhe Fetus and MOlher, 2 nd ed, Philadelphia, J. 8. fetal foram descritos com detalhes 8
Lippincott, 1988, p 793.)

I Tabela 21-5 i Definição dos Componentes Biofísicos Normais e Anormais


Componente Normal Anormal
Acelerações na cardiotocografia Duas ou mais acelerações da FCF (15 bpm por 15 segundos) Uma ou poucas FC F em 20 minutos
em 20 minu tos
Duração dos MRF Pelo menos um episódio de 30 segundos de respiração contínua Ausência de MRF ou MRF em menos
de 30 segundos
MF Pelo menos três movimentos de tronco Comprometido: 1 a 2 M F
Ausente: nenhum MF
Tônus fetal Pelo menos um episódio de extensão de exu'emidade Comprometido : apenas um episódio
com retorno à flexão e pelo m enos um episódio de de extensão e flexão
extensão
Ausente; ausência de extensão,
flexão , mão aberta
Volume de líquido amniótico Maior bolsão de liquido amniótico 2 cm M aior liqu ido anmiótico menor
que 2 em

l\1RF, movimentos respiratórios fetais; FC F, freq uência cardíaca fetal ; movimentos fetais.
Reimpresso com penrussão de H anle)' ML. Vin tú leos AM: Bioph)'sical testing in premature rupture of lhe membranes . Semin PerinatoI 20:4 18, 1996.
790 AVALIA ÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PR É-PARTO : O PER FIL BIOFfslCO FETAL

o Papel do Perfil Biofísico Fetal na RPM.45 -54 Eles estão resumidos na Tabela 21 -6. Oito dos
Detecção de Infecção Intra-amniótica 12 estudos demonstraram uma associação entre a avaliação
biofísica anormal e os resultados infecciosos. É importante
em Pacientes com Ruptura Prematura observar que o exame foi feito diariamente nos esuldos que
de Membranas demonstraram uma correlação.
A RPM é uma causa que leva ao nascimento prematuro e à Cinco estudos falharam em demonstrar uma associação
mortalidade e morbidade perinatal. Q-Iando existe prematuri- entre a avaliação biofísica anormal e a evolução com infecção.
dade extrema, as tentativas são geralmente direcionadas para Miller et al. 45 avaliaram 47 pacientes com RPM e não encon-
uma conduta conservadora, prolongando a gestação, com a u-aram uma associação entre a corioamionite clínica e o PBF
esperança de melhorar os resultados perinatais. Entretanto, realizado 2 dias antes do parto. Não houve casos de sépsis
frequentemente há a infecção intra-amniótica, que põe em fetal ou neonatal em seu estudo, e o exame era realizado com
risco a saúde do feto e da mãe. A infecção intra-amniótica uma frequência de 24 a 48 horas. Embora a corioamnionite
é uma indicação para o parto; todavia, as modalidades mais clínica isolada não esteja associada à avaliação anormal do
comumente usadas são imprecisas Eara diagnosticar infec- PBF, a de exames nesse estudo não foi ideal. Del
ção intra-anmiótica. Vintzileos cl aI. 4 foram os primeiros a Valle et al. 4 avaliaram a associação entre a estimativa do PBF
publicar uma associação entre avaliação biofísica fetal anor- em relação à arnnionite materna e à sépsis neonatal. Entretan-
mal e infecção intra-amniática neste gmpo de pacientes. O to, nesse esuldo, a frequência de exame foi de 48 a 72 horas
estudo inicial foi observatório, e os resultados da avaliação e a taxa geral de infecção foi baixa. No terceiro estudo por
biofísica não foram usados no tratamento. 44 Pacientes com Carroll et al.,53 a infecção intra-anmiótica, diagnosticada por
RPM foran1 monitoradas com PBFs frequentes (cada 1 a 3 meio de anmiocentese e cordocentese, foi usada como medida
dias). enhuma das pacientes apresentava algum sinal clinico de evolução. Eles não encontraram relação entre as culturas
de infecção ou estava em trabalho de parto no momento positivas e a avaliação biofísica. Porém, a maioria das culturas
do exame ultrassonográfico. O último PBF antes do parto positivas foi da espécie Mycoplasma.
estava correlacionado ao desenvolvimento de infecção clíni- Em resumo, os dados sugerem que a correlação entre o
ca. os casos em que o intervalo entre a última avaliação PBF anormal e o resultado perinatal infeccioso depende de
biofísica e o parto foi infelior a 24 horas, um PBF anormal o PBF ser realizado dentro de 24 horas antes do parto. Além
estava associado a uma taxa geral de infecção de 93,7%; ao disso, a colonização da cavidade amniótica pelo MycoplastlUl
contrário, um PBF normal estava associado a uma taxa de não está necessariamente associada a uma avaliação anormal
infecção de 2,7%.44 Essa forte correlação entre a pontuação do PBF.
do PBF e a morbidade infecciosa não existia quando o inter- Finalizamos um estudo prospectivo de 73 pacientes com
valo exame-parto era superior a 24 horas. 44 Uma observação RPM, no qual os resultados do PBF foram usados no trata-
interessante era de que as manifestações mais precoces de mento. 40 Seus resultados foram comparados com dois outros
infecção intra-anmiótica incluíam uma GfG não reativa e a gmpos históricos, um tI-atado sem qualquer avaliação invasiva
ausência de movimentos respiratórios fetais , enquanto a infec- ou fetal (grupo de controle) e o outro tratado apenas com
ção avançada (fetos que desenvolveram subsequentemente amniocentese. Percebemos que o gmpo tratado com base em
sépsis neonatal) estava associada ao comprometimento dos seus resultados do PBF desenvolveu bem menos infecções
movimentos e tônus ão houve diferenças no pH do maternas e neonatais. A incidência de anmionite clinica, possí-
cordão entre os casos infectados e os não infectados ; logo, as vel sépsis neonatal e sépsis neonatal foi de 5,4%, 5,4% e 1,4%,
atividades biofísicas diminuídas foram atIibuídas à infec%ãO, respectivamente, no grupo de estudo, em comparação com
e não à acidemia. Estudos posteriores por Vintzileos ct aI. 9.40 25,5%, 13,6% e 9,5%, respectivamente, no gmpo de conu-ole. 4o
demonstraram o uso do PBF no tratamento da RPM. A sépsis neonatal também foi menor no gmpo de estudo
Pelo menos 11 estudos posteriores, nenhum dos quais (1,3%) , em comparação com o gmpo tratado com arnniocente-
foi randômico ou controlado, avaliaram a relação entre a se (12,3%). A Figura 21 -11 ilustra um protocolo fundamentado
avaliação do PBF e o resultado infeccioso em pacientes com nos componentes biofísicos individuais em vez da pontuação

I Tabela 2Hi IEstudos do Perfil Biofísico Fetal na RPM


Autor (Ano) Evoluçã o Frequência de Exames Correla çã o
Vintzileos et aI (1985)44 Infecção clínica Diariamente Sim
Vimzileos et ai (1986)39 Infecção clínica Diariamente Sim
Roussis et aI (1991 )49 Infecção clínica Diariamente Sim
Mercer et ai (1991 )54 Infecção clínica Diariamente x 5 dias Sim
F1eming el ai (1991)47 Corioamionite histológica Diariamente Sim
Goldstein et ai (1988l ' lIA Diariamente Sim
Robens et ai (1991 )52 lIA Diariamente Sim
Gauthier et ai (1992)46 lIA Sim
Miller et ai (1990)45 Infecção clínica 48 horas ão
Del Valle et ai (1992)48 Infecção clínica 48-72 horas Não
CarroU et ai (1995)53 lIA Não
Ghidini et ai (2000)50 Corioamnionite histológica Não

W , infecção inlra·amni6lica; RPM , ruptu ra prematu ra de membranas.


Reimpresso com pennissão de Hanley ML, Villlzileos AM: Biophysicallesting in premature rupture of the membranes. Semi" Perinatal 20:41 8. 1996.
AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO : O PERFIL BIOFíSICO FETAL 791

Exames fetais diários Estudo dos Efeitos dos Corticosteroides nas


Tabela 21-7
Atividades Biofísicas Fetais

12/12 estudos encontraram reatividade da FCF dilnimúda (dias 1 a 3)


8/8 estudos encontraram MRF diminuídos (dias 1 a 2)
NR-NST, sem FBM
FM e FT normais 10/10 estudos encontraram MF dllninuídos (dias 1 a 2)
comprometidos ou 3/3 estudos não encontraram mudança no TI
ausentes (sem consi- 1/4 estudos encontraram pontuações diminuídas no PBF (dias 1 a 3)
derar oAFV) 4/4 estudos encontraram pontuações diminuídas no PBF (dias 1 a 3)
Pontuações no DBP voltaram à linha de base no dia 4 (96 horas)
Betametasona teve efeitos fetais mais pronunciados do que a
dexametasona

lj
Repetir NST
ou FBP em 24
PBF, perfil biofísico ; MRF, movimentos respiratórios fetais; FC F, frequência
horas
cardíaca fetal; MF, movimentos fetais; TI, tônus fetal.

posteriores de NST (se a de NST OU realizar o parto


reatividade da FHR estiver (se a reatividade da FHR
diminuindo) OU repetir FBP estiver diminuindo) Efeitos dos Corticosteroides nas Atividades
Tabela 21-8
Biofísicas*
FIGURA 21-11. Acompanhamento fetal na ruptura prematura de
membranas. AF, líquido amniótico (maior boi são vertical) ; AFV, volu-
me de líquido amniótico; PBF, perfil biofísico fetal; FBM +, respira- Frequência cardíaca fetal, reatividade J.
ção fetal presente; FHR, frequência cardíaca fetal; FM, movimentos Movimentos respiratórios fetais J.
fetais; FT, tônus fetal; NR-NST, cardiotocografia não reativa; R-NST, Tônus fetal, sem alteração
cardiotocografia reativa. (Redesenhado com permissão de Hanley Volume de líquido amniótico, sem alteração ou J.
Me Vintzileos AM: Antepartum and Intrapartum Surveillance af Fetal
Well Being. Medicine of the Fetus and Mother, 2 nd ed, Philadelphia,
J.B. Lippincott, 1988, p 793. ) *05 corticosteroides podem causar exames biofísicos falso-positivos .

total para controlar pacientes com RPM, Novamente, foi


necessário realizar o PBF ou a CTC dessas pacientes diaria- Efeitos Gerais do Sulfato de Magnésio nas
Tabela 21-9
mente para predizer resultados infecciosos (Fig, 21 -11), Atividades Biofísicas Fetais
Em um estudo de 53 pacientes com RPM cuja única
indicação para o parto era uma avaliação biofísica anormal, Cinco estudos detectaram reatividade diminuída da FCF clinicamente
apenas cinco dos 15 fetos que desenvolveram sépsis neonatal significativa com ruveis de magnésio de 6-8 mgldl em fetos pré-tennos
subsequente nasceram acidêm.icos . lO Os demais 10 neonatos Dois estudos acharam reatividade diminuída da FCF sem significado
sépticos, assim como todos os 17 com possível sépsis neonatal, clínico com ruvcis de magnésio menores que 6 mgldl em fetos a
nasceram com valores de pH normais no sangue do cordão, termo
sugerindo que a acidem.ia não desempenha um papel princi- Um estudo não encontrou efeito na reatividade da FCF
Dois estudos encontraram MRF diminuídos
pal na diminuição das atividades biofísicas fetais na vigência
Um estudo não encontrou efeito nos MRF
de infecção intra-amniótica. Foi postulado que a produção
Três de u'ês estudos não encontraram efeito nos MF
aumentada de prostaglandina a partir da produção de fosfoli-
Três de três estudos não encontraram efeitos no TI
pase A 2 pelas bactérias ou de citocinas tais como a interleucina Dois de dois estudos não encontraram efeitos no ILA
ou fatores de necrose UI moral podem causar alterações hemo-
dinânúcas da porção fetal da placenta pela vasoconstricção
ILA, volume de líquido amnióuco; MRF, movimentos res piratórios fetais; FeF,
dos vasos umbilicais e coriônicos,
frequência cardíaca fetal ; MF, movullcmos fecais; TI, tônus fetal.

Os Efeitos dos Medicamentos no Perfil


Biofísico
diminuição dos movimentos respiratórios fetais, Nosso gTupO
Uma variedade de medicamentos que são usados frequente- estudou os efeitos do sulfato de magnésio, agente de tocólise
mente na prática obstétrica tem efeitos significativos no PBF mais comumente usado nos Estados Unidos, no PBF em 25
(Tabelas 21-7 a 21-10). Os corticosteroides (dexametasona e fetos e verificou essa medicação não alterava significativan1en-
betametasona) são admin.istrados em gestações pré-termo sob te o PBF. 60 De forma similar, Carlan 6 ! e Peaceman62 .63 e seus
risco de trabalho de parto, para promover a maturação dos colaboradores concluíram que, embora o sulfato de magnésio
pulmões fetais. Reduções na respiração fetal, variabilidade/ tenha diminuído a reatividade cardíaca fetal e os movimentos
reatividade da frequência cardíaca fetal e movimentos fetais respiratórios, ele não tinha efeito nos outros parâmetros do
são observados nas 48 horas seguintes à administração do PBF monitorados ao ultrassom (Tabelas 21-9 e 21-10), HaUak
esteróide em pelo menos um terço dos fetos (Tabelas 21-7 e el al. 63 estudaram os efeitos da terbutalina e da indometacina,
21_8),55'59 De forma interessante, Jackson et al. 57 constataram dois outros agentes de tocólise amplamente utilizados, no
uma redução no volume de líquido arnniótico nas 72 horas PBF em 30 pacientes de baixo risco entre 26 e 32 semanas
seguintes à administração de esteróides e atribuíram isso à de gestação sem sinais de trabalho de parto prematuro. Eles
792 AVALIAÇÃO FETAL PELA UL TRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO : O PERFIL BIOFíSICO FETAL

8. Vmtzileos AM, Campbell WA, Nochin1son OJ, et al: The use anel
Efeitos do Sulfato de Magnésio Intravenoso
ITabela 21- 10 I nas Atividades Biofísicas*
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Tônus fetal, sem alteração
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Volume de líquido anmiótico, sem alteraçáo 11. Manning FA: Assessment of fetal conelirion anel risk: analysis
of single anel combincel biophysical variablc monitoring. Semin
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scoring: A prospective sruely in 1,184 high-risk patients. AmJ Obstet
encontraram um aumento dos movimentos respiratórios, mas Gynecol 140:289, 1981.
nenhuma mudança nos movimentos fetais. Estudos avaliando 14. Baskett TF, Gray J H, Prewett SJ, et al: Antepanum fetal assessment
os efeitos do sulfato de magnésio no PBF encontram-se resu- usino- a fetal biophysical proftle score. AmJ Obstet GynecoI148 :630,
1984.
midos na Tabela 21-10. 15. Manning FA, Lange IR, Morrison I, et aI: Fetal bioph)'sical proftle
Se não houver ciência dos efeitos das med icações no score anel the nonstress test: a comparative o·ia!. Obstet Gynecol
PBF, pode ocorrer a interp retação incorreta d os res u ltad os, 64 :326, 1984.
aumentando a possibilidade de um parto prematu ro iatrogê- 16. Manning FA, Harman CR, Morrison I, et ai: Fetal assessment baseei
nico e desnecessário. Por outro lado, isso ajudará a evitar a on fetal biophysical prome scoring. I lI. Positive preelictive accuracy
atribuição errônea de um PBF anormal à administração de of the ver)' abnormal test (biophysical profLle score = O). AmJ Obstet
Gynecol 162:398, 1990.
med icamentos que não afetam o PB F.
17. MamlÍDg FA, Morrison I. Lange IR, et al: Fetal assessment baseei on
fetal biophysical proftle scoring: experience in 12,620 referreel high-
risk pregnancies. I. Perinatal monality by frequency and etiology.
CONCLUSÃO AmJ Obstet Gynecol 151:343, 1985.
o PBF é um instrumento importante na avaliação do b em- 18. Manning FA, Morrison I, Hal111an CR, et ai: Fetal assessment based
on fetal biophysical proftle scoring: experience in 19,22 1 referred
estar retal e analisa o func ionamento intacto dos cen tros do high-ri k pregnancies. 11. An analysis of ralse-nega rive fetal deaths.
SNC responsáveis pelas atividades b iofísicas ind ividua is. O AmJ Obstet Gynecol 157:880, 1987.
PBF avalia os marcadores agudos e crônicos do bem-estar 19. Manning FA, Harman CR, Morrison I, et ai: Fetal assessmem baseei
fetal ; a compreensão da base fisiopato lógica para o PBF, on fetal biophysical proftle scoring. IV. An analysis of perinatal
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AVALIAÇÃO FETAL PELA ULTRASSONOGRAFIA NO PRÉ-PARTO : O PERFIL BIOFíSICO FETAL 793

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22
o P APEL DA ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRÍCIA
Alfred z. Abuhamad, MD

Princípios Físicos
Doppler Arterial Fetal
Artéria Umbilical
Artéria Cerebral Média
Artéria Uterina
Doppler Venoso Fetal
Doppler Cardíaco Fetal
Otimizando Sua Imagem
Doppler Fetal e Restrição do Crescimento Intrauterino

PRINCíPIOS FíSICOS consequente ao movimento das células sanguíneas, toda a


variação Doppler é medida. Entretanto, quando existe um

O efeito Doppler, primeiramente relatado por Christian


Doppler em 1842,1 descreve a variação aparente na fre-
quência da onda luminosa ou sonora quando a fonte da
ângulo entre a direção do fluxo e o feixe sonoro, a velocidade
medida é menor que a velocidade real. 2 O grau pelo qual
a velocidade é precisamente medida depende do ângulo de
onda se aproxima ou se afasta de um observador. O exemplo incidência (cosseno 8). Num ângulo de zero grau, a medida da
tradicional usado para descrever esse fenômeno físico é a velocidade é igual à velocidade real. Qyando o feixe sonoro é
mudança aparente no nível do som de um trem quando ele perpendicular à direção do fluxo (90 graus), a medida da velo-
se aproxima e depois parte de urna estação. O ruído sonoro cidade é zero. 2 Em consequência, idealmente, o exanunador
parece mais alto quando o trem se aproxima da estação e mais deve medir a velocidade com o menor ângulo possível.
baixo quando o trem parte da estação. O som real do trem
é constante, a mudança aparente no luído sentida por um
observador na estação é que descreve o fenômeno Doppler.
Esta mudança aparente no ruído (efeito Doppler), ou o que
é também denominado como mudança de frequência, é pro-
porcional à velocidade de deslocamento da fonte emissora do
som. Na aplicação clínica, quando um feixe sonoro com uma
determinada frequência é usado para insonar um determina-
do vaso sanguíneo, a frequência refletida ou a variação da
frequência é diretamente proporcional à velocidade com que
as células sanguíneas se movem (velocidade do fluxo sanguí-
neo), naquele vaso em particular. Esta variação da frequência
do sinal de retorno é mostrada em forma de gráfico como
marcador tempo-dependente. Neste gráfico, a linha vertical
representa a variação da frequência e a horizontal representa
a mudança periódica desta variação da frequência, retransmi-
tida pelos eventos do ciclo cardíaco (Fig. 22-1 ). Esta variação
da frequência é maior durante a sístole, quando o fluxo san-
guíneo está na velocidade mais rápida, e menor durante o fim
da diástole, quando o fluxo sanguíneo está na velocidade mais
baixa, na circulação periférica. J á que a velocidade do fluxo
num leito vascular em particular é inversanlente proporcional
à impedância ao fluxo em seu u·ajeto, a variação da frequência
informa, portanto, a impcdância ao fluxo em seu trajeto, no
leito vascular estudado. A variação da frequência tanlbém FIGURA 22-1. O efeito Doppler (f d ) é dependente da frequência
inicial do transdutor ultrassonográfico (f o ) ' da velocidade do fluxo (V)
depende do cosseno do ângulo que o feixe sonoro faz com O
do sangue num vaso e do cosseno do ângulo (A) que o feixe sonoro
vaso sanguíneo estudado (ver fórmula na Fig. 22-1). Qyando faz com a direção do fluxo sanguíneo. A variação da frequência (f d ) é
o feixe sonoro é paralelo ao vaso sanguíneo de interesse e mostrada como marco tempo-dependente num ciclo cardíaco .

794
o PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA 795

_ 2(fo·cosA.V)
fd - C

IP _ S - D
- M

IR = S8 D

S M
S/D = -%-
o
FIGURA 22-4. Ondas alteradas da artéria umbilical; velocidade
diastólica final diminuída IAI, velocidade diastólica final zero ou
ausente 181, velocidade diastólica final reversa leI.
Tempo (s)

FIGURA 22-2. índices Doppler comumente usados em imagens


obstétricas. D, Diástole; M, média; IP, índice de pulsatilidade; IR,
índice de resistência; S, sístole.
teram as arteríolas musculares no tronco vilositário terciário
placentário resultam no progressivo decréscimo do fluxo dias-
tólico fmal no padrão de onda arterial umbilical, até se notar
a ausência seguida de reversão do fluxo durante a diástole
(Fig. 22-4)7,8 F1uxo diastólico reverso na circulação arterial
umbilical representa um estágio avançado de comprometi-
mento da placenta e associa-se a mais de 70% de obliteração
arterial placentária. 9' 12 A presença de fluxo diastólico fmal zero
ou reverso na artéria umbilical é frequentemente associada à
severa restrição de crescimento intrauterino (Rel U) e oligo-
drâmnio. 13,1.J
As ondas das artérias umbilicais podem ser obtidas em
qualquer segmento ao longo do cordão umbilical. As ondas
obtidas na inserção placentária do cordão mostram melhor
fluxo diastólico fmal e, portanto, menores valores dos índices
(IR, S/Dl que as ondas obtidas na inserção abdominal do
cordão. 15 Diferenças nos índices das ondas arteriais umbilicais
obtidas em diferentes localizações anatômicas do mesmo cor-
dão umbilical são geralmente pequenas e não tem significado
FIGURA 22-3. Padrão de onda Doppler da artéria umbilical em
na prática clínica (Tabelas 22-1 a 22-3) .3,4
feto normal no terceiro trimestre da gestação. Note o aumento da
velocidade diastólica final consistente com uma circulação de baixa
impedância. Artéria Cerebral Média
A artéria cerebral média é o vaso cerebral mais acessível para
estudo ultrassonográfico no feto e esta carrega mais de 80%
Já que o ângulo de insonação é difícil de ser medido na do fluxo sanguú1eo cerebral. 16 A circulação cerebral é normal-
prática clínica, para quantificar ondas Doppler foram desen- mente uma circulação de alta in1pedância com contínuo aporte
volvidos índices baseados em razões de variação da frequên- de fluxo durante todo o ciclo cardíaco. 17 Esta é a reversão do
cia. Por basearem-se em razões de variação da frequência , fluxo por meio do cordão umbilical em direção à placenta. Na
estes índices Doppler são portanto independentes dos efeitos presença de hipoxemia fetal, ocorre redistribuição central do
do ângulo de insonação do feixe ultrassonoro. O s índices fluxo sanguíneo, resultando em aumento do fluxo sanguíneo
Doppler comumente usados na prática obstétrica estão mos- para o cérebro (Fig. 22-5), coração e adrenais, e uma redução
trados na Figura 22-2. no fluxo para a perifeáa e circulação placentáIia. Essa redism-
buição do fluxo sanguú1eo é conhecida como mecanismo de
centra.li..zação fetal e desempenha papel majoátáIio na adaptação
DOPPLER ARTERIAL FETAL fetal à pávação de oxigênioY'19
As artérias cerebrais médias esquerda e direita represen-
Artéria Umbilical
tam os maiores ramos do polígono de Willis no cérebro fetal.
A circulação arterial umbilical é normalmente uma circulação O polígono de vVillis, que é suprido pelas artéáas carótidas
de baL'la impedância, com aumento no volume do fluxo dias- internas e artérias vertebrais , pode ser visto com Doppler
tólico final com o avanço da gestação. 3,4 colorido num plano transverso da cabeça fetal , obtido na
O padrão de onda arterial umbilical reilete o estado da base do crânio (Fig. 22-6). Nesse plano transverso, as artérias
circulação placentária, e o aumento do fluxo diastólico fmal , cerebrais médias proximais e distais são vistas no seu eixo
que é visto com o avanço da gestação, é resultado direto de longo, com seu tTajeto quase paralelo ao feixe sonoro. Assim,
um aumento no nümero de vilosidades terciárias que acontece o feixe de insonação, que é paralelo ao vaso e ainda tem um
com a maturação placentária (Fig. 22-3).5.6 Doenças que obli- cosseno de Ograu, resultará numa medida de velocidade que
796 o PAPEL DA UL TRASSONOGRAFIA OOPPLER EM OBST ETRíCIA

Tabela 22- 1 Valores de Referência para Medidas Seriadas da Relação Sístole: Diástole da Artéria Umbilical
Pe rcentil
Gesta ção (Semanas) 2,5' 5' 10' 25' 50' 75' 900 95' 97,52
19 2,73 2,93 3,19 3,67 4,28 5,00 5,75 6,26 6,73
20 2,63 2,83 3,07 3,53 4,11 4,80 5,51 5,99 4,43
21 2,51 2,70 2,93 3,36 3,9 1 4,55 5,22 5,67 6,09
22 2,43 2,60 2,83 3,24 3,77 4,38 5,03 5,45 5,85
23 2,34 2,51 2,72 3,11 3,62 4,21 4,82 5,22 5,61
24 2,25 2,41 2,62 2,99 3,48 4,04 4,63 5,02 5,38
25 2,17 2,33 2,52 2,88 3,35 3,89 4,45 4,83 5,18
26 2,09 2,24 2,43 2,78 3,23 3,75 4,30 4,66 5,00
27 2,02 2,17 2,35 2,69 3,12 3,63 4,15 4,50 4,83
28 1,95 2,09 2,27 2,60 3,02 3,51 4,02 4,36 4,67
29 1,89 2,03 2,20 2,52 2,92 3,40 3,89 4,22 4,53
30 1,83 1,96 2,13 2,44 2,83 3,30 3,78 4,10 4,40
31 1,77 1,90 2,06 2,36 2,75 3,20 3,67 3,98 4,27
32 1,71 1,84 2,00 2,29 2,67 3,11 3,57 3,87 4,16
33 1,66 1,79 1,94 2,23 2,60 3,03 3,48 3,77 4,06
34 1,61 1,73 1,88 2,16 2,53 2,95 3,39 3,68 3,96
35 1,57 1,68 1,83 2,11 2,46 2,87 3,30 3,59 3,86
36 1,52 1,64 1,78 2,05 2,40 2,80 3,23 3,51 3,78
37 1,48 1,59 1,73 2,00 2,34 2,74 3,15 3,43 3,69
38 1,44 1,55 1,69 1,95 2,28 2,67 3,08 3,36 3,62
39 1,40 1,51 1,64 1,90 2,23 2,61 3,02 3,29 3,54
40 1,36 1,47 1,60 1,85 2,18 2,56 1,96 3,22 3,48
41 1,33 1,43 1,56 1,81 2,13 2,50 2,90 3,16 3,41

De Acharya C. Wilsgaard T, Bem sten CKR , el ai: Reference ranges for serial measuremems of umbilical an ery Doppler indices in lhe second half of pregnanc)'. AmJ
Obslel Cynecol 192 :937. 2005.

índice de Resistência da Artéria Umbilical índice de Pulsatilidade da Artéria Umbilical


Tabela 22- 2 Tabela 22- 3
entre 20 e 40 Semanas de Gestação entre 20 e 40 Semanas de Gestação
Gestação Gestação
(Semanas) 5' Percentil 50' Percentil 95" Percentil (Semanas) 5' Percentil 50' Percentil 95' Percenti l
20 0,567 0,690 0,802 20 0,940 1,216 1,505
21 0,557 0,680 0,793 21 0,913 1,189 1,476
22 0,548 0,671 0,784 22 0,890 1,165 1,450
23 0,539 0,663 0,776 23 0,869 1,142 1,427
24 0,530 0,655 0,768 24 0,849 1,122 1,405
25 0,522 0,646 0,760 25 0,831 1,102 1,385
26 0,514 0,639 0,752 26 0,81 3 1,084 1.365
27 0,506 0,631 0,745 27 0,798 1,065 1,346
28 0,498 0,623 0,737 28 0,780 1,048 1,327
29 0,490 0,615 0,730 29 0,764 1,031 1,308
30 0,482 0,608 0,723 30 0,748 1,014 1,290
31 0,474 0,600 0,715 31 0,732 0,997 1,272
32 0,465 0,592 0,707 32 0,716 0,980 1,254
33 0,457 0,584 0,700 33 0,700 0,963 1,236
34 0,449 0,576 0,692 34 0,684 0,946 1,218
35 0,440 0,567 0,684 35 0,668 0,928 1,199
36 0,431 0,559 0,675 36 0,651 0,910 1,180
37 0,422 0,550 0,667 37 0,634 0,891 1,160
38 0,412 0,540 0,657 38 0,615 0,872 1,139
39 0,402 0,530 0,648 39 0,595 0,851 1,117
40 0,390 0,519 0,637 40 0,573 0,828 1,093

De Merz E (ed): Ullrasonography in Obsleu;cs and Cynecology, vol.1. Slllllgarl, De Merz E (ed): Uhrasonography in Obslelrics and Cynecology. voU . Sluugan ,
Ne'" York. Thieme. 2005. pp 469--180, 61-1. New York, Thieme, 2005 . pp 469-480, 614.
o PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA 797

acuradamente reflete a real velocidade do sangue neste vaso. de da gravidez. 21 As arteríolas espiraladas maternas invadidas
As ondas das artérias cerebrais médias obtidas na porção retribuem com máxima dilatação e mínima resposta aos siste-
proximal do vaso, imediatamente depois da sua origem no mas simpático e parassimpático. Esta adaptação é intencional
polígono de Willis, mostram melhor reprodutibilidade (Tabe- para assegurar um aumento sustentável do fluxo sanguúleo
las 22-4 e 22-5 e Fig. 22-7).19 para o útero durante a gravidez.
Apesar da avaliação da artéria cerebral média ser frequen- A circulação uterina pode ser avaliada pela Dopplerve-
temente usada para avaliar o bem-estar fetal no feto com sus- locimetria das artérias uterinas. Cada vaso uterino pode ser
peita de RCl U (ver adiante), mais recentemente, a velocidade visto pelo Doppler colorido quando cruzam sobre a artéria e
da artéria cerebral média tem sido usada para avaliar o grau a veia hipogásrrica, logo antes de entrar no útero na junção
de anemia em fetos com doença hemoUtica decorrente da cervicouterina (Fig. 22-8). A velocimetria do Doppler pulsátil
isoimunização Rh e infecção pelo parvovírus B19 (Cap. 17) da artéria uterina deve ser obtida imediatamente após o vaso
(Tabela 22-6). cruzar a artéria hipogástrica e antes de se dividir nos ramos
uterino e cervical. A presença de incisura no padrão de onda
e o aumento no Úldice de impedfulcia após 22 semanas de
Artéria Uterina gestação caracteriza uma circulação uterina anormal (Fig, 22-9
e Tabelas 22-7 e 22-8) .22 Um risco de complicação significativo
A gravidez está associada a mudanças fisiológicas ao nível da é notado em gestações que apresentam uma circulação uterina
vascularização uterina, resultando em progressiva diminuição anormal no fmal do segundo e no terceiro trimestre?3.2.1 As
da impedfu1Cia com o avanço da gestação ?O Esta adaptação complicações da gestação incluem resuição do crescimento,
materna à gravidez é ocorre como resultado da invasão trofo- pré-ecJfunpsia, prematuridade e estado de não reatividade
blástica das arteríolas espiraladas maternas na primeira meta- fetal no traballlO de parto. 23 .2.1

FIGURA 22-5. Onda da artéria cerebral média em feto normal (A)


e em feto hipoxêmico (8). Note o aumento da velocidade diastólica FIGURA 22-6. Polígono de Willis mostrado pelo Doppler colorido.
final no feto B, resultando em uma circulação cerebral de baixa impe- ACA , Artéria cerebral anterior; ACM, artéria cerebral média; ACP ,
dância , como parte do mecanismo de centralização fetal. artéria cerebral posterior.

Tabela 22-4 J Valores de Referência para o índice de Resistência da Artéria Cerebral Média
Gestaç ão 5º 50· 95" Gestação 5" 500 95"
(Semanas) Percentil Percentil Percentil (Semanas ) Percentil Percentil Percentil
18 0,544 0,687 0,787 31 0,652 0,798 0,907
19 0,574 0,708 0,808 32 0,645 0,792 0,902
20 0,592 0,727 0,828 33 0,636 0,783 0,894
21 0,608 0.744 0,846 34 0,625 0,773 0,885
22 0,622 0,758 0,861 35 0,612 0,761 0,873
23 0,633 0.771 0,874 36 0,597 0,747 0,86
24 0,643 0,782 0,886 37 0,579 0,73 0,844
25 0,651 0,79 0,895 38 0,56 0,712 0,826
26 0,656 0,796 0,902 39 0,539 0,692 0,807
27 0,659 0,801 0,907 40 0,515 0,669 0,785
28 0,661 0,803 0,91 41 0,489 0,644 0.761
29 0,66 0,803 0,911 42 0,462 0,618 0,735
30 0,657 0,801 0,91

De Bahlmam1 F. Reinha rd I. Krulllmcnauer F. el ai : Blood now vclocit y w3vefonns cf lhe felal middle cerebral artery in a normal populalio n: refcrcncc values fram 18
weeks to 42 wceks or gcsta tion.j Perinat Mcd 30:490, 2002.
798 o PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRiclA

Valores de Referência para o índice de Resistência das Artérias Umbilical e Cerebral Média. Assim Como
Tabela 22- 5
a Relação AU/ACM
índice de Resistência da Artéria índice de Resistência da Artéria
Umbilical (IR AU) Cerebral Média (I R ACM) IR AU/IR ACM
Gestação 52 502 952 52 502 99 9 502 99
(Semanas) Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil

24 0,615 0,717 0,828 0,778 0,867 0,696 0,809 0,968


25 0,605 0,707 0,819 0,789 0,881 0,676 0,791 0,955
26 0,594 0,697 0,810 0,795 0,892 0,658 0,775 0,945
27 0,583 0,687 0,802 0,798 0,898 0,642 0,76 1 0,937
28 0,572 0,678 0,793 0,797 0,901 0,628 0,750 0,932
29 0,562 0.668 0,785 0,793 0,900 0,616 0,740 0,929
30 0,55 1 0.658 0,776 0,786 0,897 0,606 0,732 0,928
31 0,540 0,648 0,767 0,776 0,891 0,597 0,726 0,929
32 0,530 0,638 0,759 0,764 0,883 0,590 0,722 0,931
33 0,5 19 0,629 0,750 0,750 0,872 0,585 0, 719 0,936
34 0,508 0,619 0,742 0,734 0,860 0,581 0,717 0,941
35 0,498 0,609 0,733 0,717 0,846 0,578 0,717 0,949
36 0,487 0,599 0,724 0,698 0,83 1 0,576 0,718 0,957
37 0,476 0,589 0,716 0,677 0,8 14 0,575 0,720 0,967
38 0,465 0,580 0,707 0,655 0,795 0,576 0,724 0,978
39 0,455 0,570 0,699 0,632 0,776 0,577 0,728 0,991
40 0,444 0,560 0,690 0,607 0,755 0,580 0,734 1,004
41 0,433 0,550 0,681 0,582 0,734 0,583 0,740 1,018
42 0,423 0,540 0,673 0,556 0,711 0,588 0,747 1,034

ACM, art éria cerebral IR, índice de resistência; AU , artéria umbilical.


De Kurmanaviciusj, Florio I, Wisser J, et ai: Reference resistance indices of the umbilical, fetal Iniddle cerebral and uterine arteries at 24·42 wecks of gestarion. Ultrasound
Obstet Cynecol 10:112, 1997.

10
limiar do Pico de Velocidade do Fluxo
9 Sistólico na Artéria Cerebral Média sobre
8 a Ocorrência de Anemia leve. Moderada e
Severa
7
O Limiar do Pico de Velocidade da Artéria
Ui 6 Cerebral Média (em/s) sobre a
o
'i'!, Classificação de Anemia
5
a::'"
ãi
Gestação Anemia
4
(Semanas) Anemia Leve Moderada Anemia Severa
3
18 29,9 34,8 36,0
2 20 32,8 38,2 39,5
22 36,0 41,9 43,3
24 39,5 46,0 47,5
26 43,3 50,4 52, 1
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 28 47,6 55,4 57,2
30 52,2 60,7 62,8
Semanas de Gestação
32 57,3 66,6 68,9
FIGURA 22- 7. Relação sístole/diástole da artéria cerebral média. 34 62,9 73,1 75,6
(Modificado de Woo JSK, Liang ST, Chan FY, et ai: Middle cerebral 36 69,0 80,2 82,9
artery Doppler flow velocity. Obstet Gynecol 70:613, 1987. Repro- 38 75,7 88,0 91,0
duzido com permissão do American Co//ege of Obstetricians and
40 83,0 96,6 99,8
Gynecologists. )

De Mari C , Deter RL, Carpenter RL, et ai: Non-invasive diagnosis b)' Doppler
ultrasonography of fetal anemia due tO Inatemal red·cel! alloimInul1ization.
ColJaborative Croup for Doppler Assesslllent of the Blood Velocity in Anemic
DOPPLER VENOSO FETAL FCllIses. N EnglJ Med 342 :9. 2000.

o padrão de onda obtido no centro da circulação venosa


do fcto , refletc o estado fisiológico do venoiculo direito. As ondas da veia cava inferior podem ser obtidas num
Informações específicas sobre a pré-carga do ventrículo plano coronal do tórax e abdome. Neste corte, a veia cava
direito, complacência miocárdica e pressão diastólica fmal do inferior pode ser vista entrando no átrio direito, juntamente
ventrículo direito podem ser derivadas do estudo Doppler do com o dueto venoso e a veia hepática esquerda (Fig. 22-10).
fluxo da veia cava inferior e dueto venoso do feto. 25 .30 A veia cava infel;or pode ser estudada em duas localizações:
o PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA 799

I Tabela 22- 7 I índice de Resistência da Artéria Uterina


Gestação
(Semanas) Percentil 50" Percentil 952 Percenti I

18 0,222 0,447 0,659


19 0,204 0,429 0,641
20 0,194 0,419 0,630
21 0,186 0,411 0,622
22 0,180 0,405 0,615
23 0,175 0,400 0,610
24 0,171 0,395 0,605
25 0,167 0,391 0,601
26 0,163 0,387 0,597
27 0,160 0,384 0,593
FIGURA 22-8. Doppler colorido no segmento uterino lateral baixo, 28 0,157 0,380 0,590
mostrando a artéria uterina (principal) cruzando sobre os vasos hipo- 29 0,154 0,378 0,587
gástricos (ilíacosL antes da entrada no útero e depois se dividindo 30 0,152 0,375 0,584
em ramos uterino e cervical. 31 0,150 0,372 0,581
32 0,147 0,370 0,578
33 0,145 0,368 0,576
34 0,144 0,366 0,574
35 0,142 0,364 0,571
36 0,140 0,362 0,569
37 0,139 0,360 0,567
38 0,137 0,358 0,566
39 0,136 0,357 0,564
40 0,135 0,355 0,562

De Merz E (ed): Ulrrasonography in Obstetric.s and Gynecology, vol. I. Stuttgart,


New York, Thieme, 2005, pp 469-480,614

FIGURA 22-9. Ondas da artéria uterina obtidas no final do segundo I Tabela 22-8 I índice de Pulsatilidade da Artéria Uterina
trimestre da gestação, mostrando uma circulação uterina normal (A) Gestação
com aumento na velocidade diastólica final, implicando numa circu-
(Semanas) 9 Percentil 50" Percentil 99 Percentil
lação de baixa impedância, e uma circulação arterial uterina alterada
(8) com incisura protodiastólica e baixa velocidade diastólica final 18 0,509 0,888 1,407
(alta impedância).
19 0,460 0,838 1,356
20 0,436 0,812 1,328
21 0,420 0,795 1,309
22 0,407 0,781 1,293
na entrada no átrio direito ou no segmento entre a entrada da 23 0,397 0,769 1,280
veia hepática e do dueto venoso. Existe um bom coeficiente 24 0,388 0,759 1,268
de correlação entre estes dois sítios de mensuração, e deve 25 0,381 0,751 1,258
26 0,374 0,743 1,248
ser escolhida a localização que fornece o menor ângulo de
27 0,369 0,736 1,239
insonação com o fluxo sanguíneo. 29 As ondas da veia cava
28 0,363 0,729 1,230
inferior são trifásicas no padrão espectral, com a primeira fase
29 0,358 0,722 1,222
correspondendo à sístole ventricular, a segunda fase à diástole
30 0,354 0,716 1,214
inicial e a terceira fase à diástole tardia ou contração atrial 31 0,349 0,711 1,207
(Fig.22-11). 32 0,345 0,705 1,199
O padrão de onda do dueto venoso pode ser facilmente 33 0,341 0,700 1,192
obtido em corte transverso do abdome fetal e no mesmo 34 0,337 0,695 1,185
plano anatômico da circunferência abdominal (Fig. 22-12). 35 0,333 0,690 1,178
Sobrepondo o Doppler de fluxo colorido à imagem em escala 36 0,330 0,684 1,171
de cinza, o dueto venoso pode ser identificado como ramo 37 0,326 0,679 1,164
da veia porta . Comumente é visto fluxo de alta velocidade 38 0,322 0,674 1,157
e turbulência devido ao estreito lúmen do dueto venoso . A 39 0,318 0,669 1,150
presença de turbulência no Doppler de fluxo colorido ajuda 40 0,313 0,663 1,143
a identificar o ducto venoso na gestação inicial. As ondas são
bifásicas no padrão espectral, com a primeira fase correspon- De Merz E (ed): Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology, vol. I. Stuttga rt ,
dendo à sístole ventricular, a segunda fase à diástole inicial e Ne", York, lllicrne, 2005, pp 469-480, 61 4
800 o PAPEL DA UL T RASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRiclA

B
FIGURA 22- 10. A. Imagem modo B tridimensional do fluxo de um feto com idade gestacional de 17 semanas, ilustrando a relação do sistema
venoso, coração e aorta. 8. Dopple r colorido do plano coronal do abdome fetal e tórax mostrando a veia cava inferior (Vel), juntamente com
o dueto venoso (DV) e a veia hepática esquerda (VHE), quando entram no átrio direito (AO). (A de DeVore GR: Pulsed Doppler examination of
the fetal heart. Em Goldberg ee, McGahan JP fedsl: Fetal Ductus Venosus in Atlas Ultrasound Measurements, 2nd ed. Philadelphia, Mosby
In c/ Eis e vier, 2006.)

o nadir da seg'unda fase à diástole tardia ou contração atrial vés de um ângulo que evite sombras provocadas pelas costelas
(Fig. 22-13 e Tabelas 22-9 a 22-12). fetais e esterno, ajustar a zona focal à área de interesse , e, mais
O fluxo sanguíneo da veia umbilical , carreando sangue importante, aumentar a área de interesse (zoom), o que permi-
oxigenado para o feto , pode ser acessado tanto na sua entra- te a visualização de detalhes do coração. Estes passos simples
da no abdome fetal ou adjacente ao feto , dentro da cavidade resultam em adequada visualização do coração fetal, na maio-
amniótica (Tabela 22-13). ria das condições . Q.l3.ndo ad icionamos Doppler colorido
à imagem em escala de cinza, selecionamos escalas de alta
velocidade, já que a velocidade do fluxo sanguíneo cardíaco
é maior que a da circulação periférica fetal. Ajustando o filtro
DOPPLER CARDíACO FETAL para alto ajuste e direcionando o ângulo de insonação do feixe
Otimizando Sua Imagem sonoro paralelo à direção do fluxo sanguíneo, a imagem do
Doppler colorido é otimizada e o artefato de movimentação
Imagens adequadas do coração fetal são essenC13.IS para a da parede é significativamente reduzido.
acurácia das medidas do Doppler. Vários passos podem Os úldices ecocardiogTáficos fetais são parâmetros quanti-
melhorar a imagem ultrassonográfica quando se depara com tativos e, na maioria, são ângu lo-dependentes. Para obter acu-
condições de escaneamento não adequadas. Recorra aos ajus- rácia nos índices ecocardiográficos fetais, o volume de amos-
tes ecocardiogTáficos do seu equipamento ultrassonogTáfico tra é colocado distalmente às respectivas válvulas, o ângulo
como primeiro passo para otimizar sua imagem. Os ajustes de insonação deve ser entre 15 a 20 graus da direção do fluxo
ecocardiográficos permitem realçar o contraste da imagem, a sanguíneo, as ondas devem ser obtidas durante apnéia fetal e
caracterização dos tecidos e aumentar a velocidade dos qua- devem ser tomadas múltiplas medidas . O Doppler colorido é
dros, melhorando a imagem cardíaca. Outros passos incluem usado para direcionar o posicionamento do volume de amos-
minimizar a profundidade no monitor, insonar o coração atra- tra ; colocar o volume de amostra no colorido mais brilhos o
o PAPEL DA UL TRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA 801

FIGURA 22- 11. Ondas da veia cava inferior em feto normal , no


terceiro trimestre de gestação. Note a presença de fluxo reverso FIGURA 22-13. Onda do dueto venoso em feto normal no terceiro
durante a con tração atrial da fase diastólica. trimestre da gestação. Note a presença de fluxo anterógrado através
do dueto venoso, durante o ciclo cardíaco.

Tabela 22- 9 I Pré-carga do Ducto Venoso (aiS)


índice da Pré-carga (a/S)
Gestação 5º 51Jl' 952
(Semanas) Percentil Percentil Percentil
20 0,342 0,508 0,674
21 0,341 0,507 0,673
22 0,341 0,507 0.673
23 0,340 0,506 0,672
24 0,339 0,505 0.671
25 0,33 9 0,505 0,671
26 0,338 0,5 04 0,670
27 0,338 0.504 0.670
28 0,337 0,503 0,669
29 0.336 0,502 0.668
30 0,336 0,502 0,668
FIGURA 22- 12. Doppler colorido do plano transverso do abdome 31 0,335 0,5 01 0,667
fetal, mostrando a veia umbilical (VU) e o dueto venoso (DV). Note a 32 0,335 0.501 0,667
presença de turbuléncia no Doppler colorido do dueto venoso. 33 0,334 0,500 0,666
34 0,333 0,499 0,665
35 0,333 0.499 0.665
36 0,33 2 0,498 0.664
37 0,33 2 0,498 0,664
do seglnento do fluxo sanguíneo, vai assegurar as melhores 38 0,331 0,497 0,663
medidas. A Fig'ura 22-14 mostra os índices Doppler mais 39 0.330 0.496 0.662
comumente usados na ecocardiografia fetal. 40 0,330 0.496 0,662
A circulação fetal é diferente da circulação adulta em
vários aspectos. A circulação fetal é mais em paralelo do que De Baschal AA: Relaliollshi p bel\\'een placental blooel Do\\' resistancc anel
em série e o débito cardíaco do ventrículo direito é maior que precorclial venous Doppler indices . Ullrasound Obslcl Gynccol 22:561. 2003
802 o PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETR iclA

Tabela 22- 10
Pico de Velocidade do Dueto Venoso 1Tabela 22-12 1Relação S/a do Dueto Venoso
(S-a)fD S/a
Pico de Velocidade (S-a)/D Gestação
Gesta ção 9 50º (Semanas) Percentil Percentil Percentil
(Semanas) Percentil Percentil Percentil 20 1,331 2,161 2,991
20 0,381 0,580 0,779 21 1,329 2,159 2,989
21 0,380 0,579 0,779 22 1,327 2,157 2,987
22 0,380 0,579 0,778 23 1,324 2,154 2,984
23 0,379 0,578 0,777 24 1,322 2,152 2,982
24 0,678 0,578 0,777 25 1,320 2,150 2,980
25 0,378 0,577 0,776 26 1,318 2,148 2,978
26 0,377 0,576 0,776 27 1,315 2,145 2,975
27 0,377 0,576 0,775 28 1,3 13 2,143 2,973
28 0,376 0,575 0,774 29 1,3 11 2,141 2,971
29 0,375 0,575 0,774 30 1,308 2,138 2,968
30 0,375 0,574 0,773 31 1,306 2,136 2,966
31 0,374 0,573 0,773 32 1,304 2,134 2,964
32 0,374 0,573 0,772 33 1,301 2,131 2,961
33 0,373 0,572 0,771 34 1,299 2,129 2,959
34 0,372 0,572 0,771 35 1,297 2,127 2,957
35 0,372 0,571 0,770 36 1,295 2,125 2,955
36 0,371 0,570 0,770 37 1,292 2,122 2,952
37 0,371 0,570 0,769 38 1,290 2,120 2,950
38 0,370 0,569 0,768 39 1,288 2,118 2,948
39 0,369 0,569 0,768 40 1,285 2,115 2,945
40 0,369 0,568 0,767
De Bascha, AA: Relationship between placemal blood now resistance and
De Baschat AA: Relationship between placental blood now resis,ance and precordial venous Doppler indices. Ultrasound Obste, Gynecol 22:561 , 2003.
precordial venous Doppler indices. Ultrasound Obste, Gynecol 22:561 , 2003.

índice de Pulsatilidade do Dueto Venoso o débito cardíaco do ventrículo esquerdo. 31,32 O progressivo
Tabela 22- 11 desenvolvimento dos órgãos durante a gestação influencia
(S-al/Tamx
a distribuição do sangue e a impedância vascular. 3 1 Com o
índice de Pulsatilidade (S-a)(Tamx
avanço da gestação, a complacência ventricular aumenta,
Gestaçã o 52 a resistência periférica total diminui, a pré-carga aumenta
(Semanas) Percentil Percentil Percentil e o débito cardíaco combinado aumenta. 31 Com o avanço
20 0,410 0,643 0,875 da gestação, a complacência do lado esquerdo do coração
21 0,409 0,642 0,874 fetal aumenta mais rapidamente que a complacência do lado
22 0,408 0,641 0,873 direito do coração fetal. 3 1 A resistência vascular pulmonar é
23 0,407 0,640 0,872 maior no feto e a pressão arterial pulmonar é quase a sistê-
24 0,406 0,639 0,871 mica. 33,34 O fluxo para o leito vascular pulmonar é mantido
25 0,405 0,638 0,870 em baixos níveis, com um notado aumento próximo ao fmal
26 0,404 0,637 0,869 da gestação. 32 ,33 O débito cardíaco no feto é principalmente
27 0,403 0,636 0,868 afetada pela pré-carga e pela complacência ventricular. 3 1 A
28 0,402 0,635 0,867 presença de shunls direito-esquerdo ao nível do forame oval e
29 0,401 0,634 0,866 ducto arterioso tem significativo impacto no padrão do fluxo
30 0,400 0,633 0,865
cardíaco e afeta a disu'ibuição de sangue e oxigênio para
31 0,399 0,632 0,864
32 0,398 0,631
vários órgãos. O fluxo aU'avés do forame oval contribui para
0,863
33 0,397 0,630 0,862 a maior parte do sangue que entra no ventrículo esquerdo e
34 0,396 0,629 0,861 mais de dois terços do débito ventricular direito é direcionado
35 0,395 0,628 0,860 para o ducto arterioso. 32 ,35 Esse mecanismo de shunt assegura
36 0,394 0,627 0,859 a distribuição de sangue com rico teor de oxigênio para as
37 0,393 0,626 0,858 circulações coronariana e cerebral.
38 0,392 0,625 0,857 As ondas obtidas através das válvulas atrioventriculares
39 0,391 0,624 0,856 têm padrão espectral bicúspide (Fig. 22-15). O primeiro pico
40 0,390 0,623 0,855 (onda E), corresponde ao el1chirnento ventricular inicial da
diástole e o segundo pico (onda A) corresponde à sístole atrial
De Bascha, AA: Relationship betwccn placenta! blood now resis,ance and ou contração atrial. Ao contrário da vida pós-natal, no feto , a
precordial venous Doppler indices. Ultrasound Obs,e, Gynecol 22 :561, 2003.
N. do T.: S, velocidade sis,ólica ; a, velocidade pré·sistólica ; Tal/L', velocidade média.
velocidade da onda A é maior que da onda E. 3 1,36 Isto ilumina
a importância do papel que a sístole atrial desempenha no
o PAPEL DA UL TRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA 803

Tabela 22- 13 I Velocidade Média da Veia Umbilical (cm/s)


Velocidade Média (cm/s) Velocidade Média (cm/s)

Gesta çã o 5' 50' 95· Gestação 5' 50' 95"


(Semanas) Percentil Percentil Percentil (Semanas) Percentil Percentil Percentil

20 5,70 7,90 10,70 31 7,04 9,67 13.02


21 5,82 8,06 10,91 32 7,17 9,83 13,23
22 5,94 8,22 11,12 33 7,29 9,99 13,44
23 6,07 8,38 11 ,33 34 7,4 1 10,16 13,66
24 6,19 8,54 11,54 35 7,53 10,32 13,87
25 6,31 8,71 11,76 36 7,65 10,48 14,08
26 6,43 8,87 11,97 37 7,78 10,64 14,29
27 6,56 9,03 12,18 38 7,90 10,80 14,50
28 6,68 9,19 12,39 39 8,02 10,96 14,71
29 6,80 9,35 12,60 40 8,14 11 ,12 14,92
30 6,92 9,5 1 12,81

De Barbera A. Calan HL. Ferroui E. et 31: Relationship ofumbilie31 vein blood no\\' to growth parameters in the human fetll s. AmJ Obstet C)'necol 181:174. 1999.

FIGURA 22- 14. índices Doppler mais comumente usados em ecocardiografia fetal. Velocidade do Pico sistólico (A) , área integral velocidade -
tempo IB) e velocidade pré-sistólica le).

enchimento cardíaco do feto. A relação E/A aumenta com o


avanço da gestação e reflete a função diastólica ventricular. 31.36
Os picos de velocidade E e A são maiores no ventrículo
direito e esta dominância ventricular direita é percebida desde
o primeiro trimestre.31.36.3i A mudança para a dominância
ventricular esquerda começa no útero, por volta do fmal da
gestação.31 A relação E/A é um índice da pré-carga e compla-
cência ventricular (làbela 22-14).31
As ondas obtidas através das válvulas semilunares tem
padrão espectral unifásico (Fig. 22-16). Os índices mais comu-
mente usados para as ondas semilunares incluem o pico de
velocidade sistólica (PVS) e a velocidade pré-sistólica (VPS).
PVS e VPS , através das válvulas semilunares, aumentam com
o avanço da gestação.3I.3S.38.4 1 PVS é maior através da aorta
que através da artéria pulmonar devido ao decréscimo da pós-
carga e pelo menor diâmetro da aorra.31.35.38.4 t Estes índices
Doppler refletem a contra til idade ventricular, pressão arterial FIGURA 22-15. Ondas obtidas através das válvulas tricúspide e
e pós-carga (Tabela 22-15). mitral. Devido à proximidade das válvulas mitral e aórtica, uma por-
ção do refluxo aórtico é registrada durante a sístole (seta, aorta).
804 o PAPEL DA UL TRASSONOGRA FIA DOPPLER EM OBSTETRfclA

Tabela 22- 14 Relação ElA das Válvulas Mitral e Tricúspide


Relação ElA da Válvula Mitral Relação ElA da Válvula Tricúspide

Gestaçã o 2,5' 50' 97,5' 2,5' 50' 97,5'


(Semanasl Percentil Percentil Percentil Percenti l Percentil Percentil

20 0,40 0,59 0,77 0,47 0,65 0,83


21 0,42 0,60 0,79 0,49 0,66 0,84
22 0,43 0,62 0,80 0,50 0,68 0,85
23 0,45 0,63 0,82 0,52 0,69 0,86
24 0.46 0,65 0,83 0,53 0,70 0,87
25 0,48 0,66 0,84 0,54 0,71 0,88
26 0.49 0,68 0,86 0,55 0,72 0,89
27 0.50 0,69 0,87 0,56 0,73 0.90
28 0,52 0,70 0,88 0,57 0,74 0,90
29 0.53 0,71 0,89 0,58 0,74 0,91
30 0.54 0,73 0,90 0,58 0,75 0,91
31 0,55 0,74 0,91 0,59 0,75 0,92
32 0,56 0.75 0,92 0,59 0,76 0,92
33 0,57 0,76 0,93 0,60 0,76 0,92
34 0,58 0,76 0,93 0,60 0,76 0,92
35 0,59 0.77 0,94 0,60 0,76 0,92
36 0.59 0,78 0,95 0,60 0,76 0,92
37 0.60 0.79 0,95 0,60 0,76 0,92
38 0.6 1 0,79 0,96 0,60 0,76 0.92

De DeVore GR: Pulsed Doppler examinatioll or the retal hcan . Em Goldberg BB, McGahanJP (eds): Atlas o r Ulu'asound MeasltrernCnlS , 2nd ed. Philadelphia. Mosb)'
IncJ Elscvicr. 2006.

DOPPLER FETAL E RESTRi ÇÃ O DO


CRESCIMENTO INTRAUTERINO
Alterações do Doppler arterial, ao nível das artérias umbilical
e cerebral média (mecanismo de centralização), confirmam
a presença de hipoxemia na restrição de crescimento do feto
e representam sinais precoces de alerta (Tabela 22-5) 42·45
Entretanto, uma vez que ocorra a centralização, não se
observa tendência clara para adotar uma conduta no perí-
odo de observação e, além disso, a redistribui ão arterial
pode não ajudar para a escolha da data do parto. 2 Por outro 1
lado, a presença de fluxo diastólico final reverso nas artérias
umbilicais é um sinal de avançado comprometimento fetal e
forte con ideração deve ser tomada para a interrupção, com
exceção a prematuridade extrema. O parto cesariano deve
ter preferência nesses casos porque o trabalho de parto pode
causar comprometimento fetal adicional.
A literatura atual sugere que as alterações do Doppler
venoso na veia cava inferior e no ducto venoso, e o monito-
ramento alterado da frequência cardíaca fetal, mesmo na sua
versão computadorizada, seguem as alterações do Doppler
arterial e são mais comumente associadas com comprometi-
mento fetal em estágio mais avançado. 42.46
Além disso, na maioria dos fetos com severa resu'ição de
crescimento, a deteriorização sequencial do Doppler arterial
e venoso precede a deteriorização da nota do perfil biofísico
fetal. 43 Ao menos um terço dos fetos apresenta sinais precoces
de alteração circulatória uma semana antes da deteriorização
do perfil biofísico e, em muitos casos, a deteriorização do Dop-
pler precede a deteriorização do perfil biofísico em um dia."
A ocorrência de tais alterações tardias na mudança da
adaptação vascular pelos fetos com RelU, parecem ser o
FIGURA 22-16. Ondas obtidas através da válvula aórtica. melhor preditor de óbito perinatal, independente da idade
o PAPEL DA UL TRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA 805

1Tabela 22-15 1Pico ou Velocidade Máxima da Aorta e Artéria Pulmonar Principal


Pico de Velocidade da Aorta (cm/s) Pi co de Velocidade da Artéria Pulmonar (cm/s)
Gestaçã o 5()2 97,5' 2,5' 50' 97,5'
(Semanas) Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil Percentil

20 29 62 95 23 53 80
21 30 63 96 24 54 81
22 32 65 98 25 56 82
23 33 66 99 27 57 84
24 34 67 100 28 58 85
25 36 68 101 29 59 86
26 37 70 103 30 61 87
27 38 il 104 31 62 89
28 40 i2 105 32 63 90
29 41 74 107 34 64 91
30 42 75 108 35 65 92
31 44 76 109 36 67 93
32 45 77 110 37 68 95
33 46 79 112 38 69 96
34 48 80 113 39 70 97
35 49 81 114 41 72 98
36 50 82 115 42 73 100
37 52 84 117 43 74 101
38 53 85 118 44 78 102

De DeVore GR: Pulsed Doppler examination of the fetal heart. Em Go ldberg BB, McGahanJP (eds): Atlas of Ultrasound Measurements , 2nd ed. Ph.i.ladelphia, Mosby
Inc/Elsevier, 2006.

gestacional e do peso fetal. 45 Em estudo longitudinal de Dop- na pós-carga é visto ao nível do ventrículo direito devido
pler e fetos com RCIU, todos os óbitos intrauterinos e óbitos ao aumento da impedância placentária.50 Um decréscimo
neonatais, com exceção de um caso, tiveram alterações tardias na pós-carga é identificado ao nível do ventrículo esquerdo
do Doppler no momento do parto, enquanto somente alguns devido ao decréscimo da impedância cerebral, associado ao
dos sobreviventes mostraram essas alterações. 45 mecanismo de centralização. 5o Essas mudanças na pós-
Essa deteriorização sequencial dos fetos hipoxêmicos, com carga resultam na redistribuição do débito cardíaco do ven-
restrição de crescimento, é raramente vista em gestações trículo direito para o esquerdo. 50 A pré-carga é reduzida em
com mais de 34 De fato, em gestações tardias de ambas as válvulas atrioventriculares devido a hipovolemia
fetos com crescimento reso'ito, é comum o Doppler arterial e decréscimo no enchimento, associados à RCIU. 39 •47.5 1,52
umbilical normal e índices cerebroplacentários apresentanl Esta diminuição da pré-carga é refletida por um decréscimo
correlação mim com o prognóstico de fetos com RCIU em no índice E/A, decréscimo na contração atrial e decréscimo na
gestações com mais de 34 semanas. Portanto, devemos ter área velocidade-tempo nas válvulas mitral e tricúspide.39.5 1.52
cautela quando o Doppler é utilizado na conduta de fetos com Também foram descritas evidências da redução da con-
RCIU com mais de 34 semanas de gestação. tratilidade miocárdica na presença de severa RCIU. A força
A fisiopatologia da restrição de crescimento não foi ainda ventricular de ejeção, um índice da função sistólica ventricular
totalmente descrita porque recentes estudos tem indicado a que é independente da pré-carga e pós-carga, está diminuída
presença de significativa variação na adaptação fetal à hipo- ao nível dos ventTículos direito e esquerdo, na restrição de
xemia. O padrão de aumento da deteriorização das alterações crescimento fetal ."3 Fetos RCIU com redução da força de
do Doppler arterial, seguido por alterações do Doppler veno- ejeção ventricular tem menor tempo para o parto, uma alta
so, depois seguido por alterações no traçado do coração fetal e incidência de não reatividade no traçado cardíaco fetal e pH
alterações do perfil biofísico, não é visto em aproximadamente baixo no momento do nascimento, quando comparados com
20% dos fetos pré-termo. 42 Além disso, somente 70% dos fetos os controles.53 Uma correlação significativa entre a severi-
com RCIU mostram significativa deteriorização de todos dade da acidose na cordocentese e os valores da força de
os leitos vasculares no momento do parto e cerca de 10% ejeção ventricular validam a associação destes índices com
não mostra qualquer alteração circulatória significativa até o a severidade do comprometimento fetal. 53 Danos da célula
momento do pano. 43 Em estudo prospectivo de observação, miocárdica, demonstrados por níveis elevados de troponina
mais de 50% dos fetos com RCIU, com alterações no traça- T cardíaca, sã? vistos em alguns fetos com restrição de cresci-
do da frequência cardíaca fetal que indicaram o pano, não mento severa."o Esse avançado estágio de comprometimento
tiveram anormalidades no Doppler venoso. 45 Em vista desses fetal está associado com sinais de aumento da pressão venosa
achados, a introdução universal do Doppler venoso na condu- sistêmica, uma mudança na disn;buição do débito cardíaco,
ta clínica de fetos com restrição de crescimento, deve aguardar um acréscimo na pós-carga do ventrículo direito e uma alta
os resultados de estudos randomizados deste assunto. incidência de regurgitação tt;cúspide. 50
A RCIU está associada com mudanças severas ao IÚVel O coração fetal desempenha papel central no mecanismo
do coração fetal, envolvendo a pré-carga, pós-carga, compla- de adaptação para hipoxemia e insuficiência placentária.
cência ventricular e contratilidade miocárdica. Um aumento Como discutido anteriormente neste capítulo, dados longi-
806 o PAPEL DA UL TRASSONOGRAFIA DOPPLER EM OBSTETRíCIA

tudinais da sequência hemo dinâmica da história natural da 16. Veille JC, Hanson R, Tatum K: Longitudinal quantitation 01
middle cerebral artery blood Ilow in normal human letuses. Am
restrição do crescimento fetal mostram que a artéria umbi- J Obstet Gynecol 169: 1393, 1993.
lical e artéria cerebral média são as primeiras variáveis que 17. Mari G, Deter RL: Middle cerebral artery Ilow velocity wavelorms
se tornam alteradas .54 Estas alterações do D oppler arterial in normal and small-Ior-gestational age letuses. Am J Obstet
são seguidas por alterações nos índices diastólicos cardíacos Gynecol 166: 1262, 1992.
18. Soothill PW, Ajayi RA, Campbell S, et ai: Relationship between
direitos , seguidas pelos índices sistólicos cardíacos direitos letal academia at cordocentesis and subsequent neurodevelop-
e, finalmente , por ambos os úldices diastólicos e sistólicos ment. Ultrasound Obstet Gynecol 2:80, 1992.
cardíacos esquerdos 54 Preservar a função sistólica cardíaca 19. Mari G, Abuhamad AZ, Brumlield J, et ai: Doppler ultrasonog-
esquerda como última variável a se tornar alterada, garante raphy 01 the middle cerebral artery peak systolic velocity in the
letus: Reproducibility 01 measurement. Am J Obstet Gyn ecol
um adequado débito cardíaco esquerdo, que vai suprir as 185 :Abstract #669, 2001.
circulações cerebral e coronária. 20. Robertson WB, Brosens I, Dixon HG: Uteroplacental vascular
Várias das alterações do Doppler vistas em associação pathology. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 5:47, 1975.
com RelU fetal, na circulação periférica, são diretamente 21. Pijnenborg R, Bland JM, Robertson WB, et ai: Uteroplacental
relacionadas com a adaptação do coração fetal. A atual arterial changes related to interstitial trophoblast migration in
early pregnancy. Placenta 4:397, 1983.
conduta da RelU envolve Doppler na circulação arterial 22. Arduini D, Rizzo G, Boccolini MR, et ai: Functional assessment
periférica (artérias cerebral média e umbilical), vasos venosos 01 uteroplacental and letal circulations by means 01 color doppler
centrais (ducto venoso e veia cava inferior) e cardiotocografia. ultrasonography. J Ultrasound Med 9:249, 1990.
Adicionar o Doppler cardíaco pode melhorar a conduta dos 23. Hernandez-A ndrade E, Brodszki J, Lingman G, et ai: Uterine
artery score and perinatal outcome. Ultrasound Obstet Gynecol
fetos com RelU, mas os estudos são pobres na avaliação 19:438, 2002.
prospectiva dos fetos com RelU e Doppler cardíaco. Entre- 24 . Lees C, Parra M , Misslelder-Lobos H, et ai: Individualized risk
tanto, está começando a se tornar óbvio que essas alterações assessment lor adverse pregnancy outcome by uterine artery
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23
o P APEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS
I MAGENS DE R ESSONÂN CIA M AGNÉTICA EM OBSTETRÍCIA
Deborah Levine, MO

Questões de Segurança o Paciente de Cirurgia Fetal


Segurança da Tomografia Computadorizada na Gravidez A nomalias Fetais Não do Sistema Nervoso Central
Segurança do Imageamento de Ressonância Magnética na Gravidez Triagem de A nomalias
lmageamellto Rápido por Ressonância Magnética Armadilhas Potenciais na Avaliação Fetal Usando Imageamento
Imageamellto Ponderado para T2 Rápido por Ressonância Magnética
lmageamento Ponderado para T I Imageamento Além da Anatomia
lmageamento Materno Imageamento Ponderado para Difusão
Pelvimetria Espectroscopia por Ressonância Magnética
Avaliação da Placenta Imageamento da Oxigenação
Amniografia Tomográfica Computadorizada Volumetria por Ressonância Magnética
Imageal1um to Fetal Conclusão
Imageamento em Tempo Real
Anomalias do Sistema Nervoso Central Fetal

A ultrassonografia é a principal modalidade de triagem


para imageamento obstétrico. Qyando há necessidade
de se obter informações adicionais para assistir pacientes grá-
QUESTÕES DE SEGURANÇA
Segurança da Tomografia
vidas, o imageamento por ressonância magnética (RM) pode Computadorizada na Gravidez
ser usado. Essa modalidade possibilita a visualização da ana-
tomia materna e fetal quando a ultrassonografia é insuficiente Em geral, em virtude dos efeitos potenciais da radiação sobre o
para fornecer um diagnóstico adequado. Em virtude da expo- concepto em desenvolvimento, promramos evitar o uso da TC
sição à radiação, o uso da tomografia computadorizada (fC) durante a gravidez. A dose no útero por uma TC abdominal é
é geralmente limitado à avaliação do abdome agudo materno normabnente de cerca de 10 mGy (1 rad), e a dose no Íltero por
quando a RM não é disponível para essa indicação. uma TC abdominal e pélvica é de aproximadamente 30 mGy
Uma vez que a RM oferece resolução de contraste superior (3 rads).4 No primeiro u-imestre, essa dose é suficiente para ser
em comparação à TC, não usa radiação ionizante e permite associada a aborto espontâneo e resuição de crescimento. No
o imageamento em mais de um plano, ela tem sido usada no segundo e terceiro trimestres, esses riscos estão diminuídos.
imageamento fetomaterno. Tradicionalmente, a RM pélvica Entretanto, há um aumento de risco ligeiro de câncer na infân-
tem sido usada durante a gravidez para avaliar a anatomia cia com irradiação fetal. 5•6 O National Council on Radiation
materna e anormalidades tais como massas anexiais, as quais Protection and Measurements afIrma que o risco de uma
exigem caracterização adicional à disponível com ultrassom. anormalidade causada por radiação diagnóstica é considerado
Embora as estruturas anexiais possam ser visualizadas com desprezível com 5 rads ou menos em comparação a ouu'os ris-
técnicas de RM convencionais, a anatomia fetal normalmente cos de gravidez. 7 Por essas razões, quando o benefício do diag-
não pode ser avaliada de forma adequada com sequências nóstico supera o risco teórico da exposição do feto à radiação,
convencionais por causa da degradação da qualidade da é favorável efetuar i.mageanlento diagnóstico com Te.
imagem pelo movimento fetal durante os tempos de aquisição Para atenuar esses riscos, ao efetuar uma TC em uma
relativamente longos. 1- 3 Técnicas de escaneamento rápido paciente grávida, é importante dispor os ajustes do aparelho de
permitem o imageamento sem sedação materna ou fetal , o modo a minimizar a dose de radiação. As imagens para ava-
que aumentou de modo significativo o entusiasmo pelo uso liação de doença abdominopélvica devem ser adquiridas com
dessa ferramenta de inlagem para avaliar a paciente obstétrica contraste inu'avenoso para maximizar a informação diagnóstica
e o feto . Neste capítulo, será analisado o uso da TC e da RM obtida e para li.mitar a necessidade de repetir o estudo se uma
rápida na avaliação da paciente grávida e do feto . imagem sem contraste for insufIciente para o diagnóstico.

808
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA M AGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 809

Segurança do Imageamento de gradiente máximo de 25 mT). A taxa de absorção específica


Ressonância Magnética na Gravidez corporal total é de menos de 3,0 W /kg. As pacientes ficam na
posição supina e com os pés primeiro no magneto para mini-
Não há riscos biológicos conhecidos associados a RM. mizar clausu-ofobia. Imagens são adquiridas em planos axiais,
Nenhuma sequela tardia a partir de exame por RM foi encon- coronais e sagitais do feto ou ortogonais à pelve materna,
trada, e é previsto que o risco potencial de quaisquer sequelas dependendo da uldicação do exame. Se as pacientes sentirem
posteriores é extremamente pequeno ou inexistente. O proce- claustrofobia, pode ser dada sedação com benzodiazepina
dimento de RM não é considerado de risco para o feto .8- 12 Em sublingual. Se a paciente ficar desconfortável em posição supi-
uma pesquisa com trabalhadoras de RM, nenhum aumento na, ela pode ser imageada na posição de decúbito lateral.
substancial foi encontrado nos desfechos adversos da gravi-
dez. 9 De acordo com o Safety Committee of the Society for
Magnetic Resonance Imaging,13 procedimentos de RM são Imageamento Ponderado para T2
indicados para uso em mulheres grávidas se outras formas
A técnica RARE de disparo único meio Fourier single-shot
não ionizantes de imageamento diagnóstico forem inadequa-
RARE (Rapid Acquisition with Relaxation Enhancement) é
das ou se o exanle fornecer informação importante que de
usada para obter inlagens ponderadas para T2. Essa é uma
outro modo exigiria exposição à radiação ionizante (p. ex.,
técnica eco de sPin turbo na qual a extensão da sequência de
raios X, TC). É necessário que as pacientes grávidas sejam
eco tem aproximadamente a metade de uma sequência RARE
informadas de que até agora, embora não haja indicação de
típica. Os dados que faltam são gerados artificialmente de
que o uso de procedinlentos de RM clínica durante a gravidez
produza efeitos deletérios, de acordo com a Food and Drug computador para encurtar o tempo de aquisição. Uma sequ-
Administration,12 a segurança dos procedimentos de RM ência típica de imageamento fetal usa um espaçamento de eco
durante a gravidez não foi provada defmitivamente. Por outro de 4,2 milissegundos, um TE de 60 milissegundos, um com-
lado, é bem sabido que células em divisão, como no caso do primento de sequência de eco de 72 , 1 aquisição, espessura
embrião em desenvolvimento durante o primeiro trimestre, de corte de 4 mm, campo de visão de 24 x 24 cm e matriz de
são suscetíveis à lesão por uma variedade de agentes físicos. aquisição de 192 x 256. Um pulso de refocalização de 130 0
Em virtude dos dados limitados, evitamos a utilização de RM a 1500 é usado para minimizar a quantidade de deposição de
no primeiro trimestre quando exequível. Entretanto, se a RM energia de radiofrequência.
estiver sendo solicitada para avaliação de dor no quadrante O tempo de aquisição por imagem vru;a de 400 a 800
inferior direito, e a modalidade alternativa de imageamento milissegundos , dependendo dos parâmetros de imageamento.
for a TC (se a RM não for efetuada), o I;SCO da exposição Um retardo de 1 segundo entre as aquisições de inlagem
à radiação com TC deve ser ponderado em relação ao risco minin1iza a taxa de absorção específica. Assim, o tempo de
teórico da exposição à RM. Uma vez que a RM é considera- escaneamento para 13 cortes adquiridos em uma sequência
da segura na gravidez, a recomendação recente de Shellock e única é de 17 segundos. As sequências RARE ponderadas
Crues é de que "em casos nos quais o médico encamillhador para T2 oferecem excelente resolução de contraste dos teci-
e o radiologista assistente podem defender que os achados do dos fetaisY-2 1 Ao usar imageamento RARE para avaliação
procedimento de RM têm o potencial de afetar o tratamento do feto, pode ser desejável ter cortes contíguos porque o feto
da mãe ou feto ... o procedimento de RM pode ser efetuado pode se mover entre as sequências. Enu-etanto, para uma
... independentemente do trimestre". 14 Deve-se observar que mellior relação sinal-ruído em fetos nos quais movimento é
essa discussão a respeito da segurança da RM na gravidez é menos unportante, as aquisições podem ser entrelaçadas com
para imageamento com campos de força de 1,5 T ou menos. um espaço entre os planos igual à espessura do corte, a fim
lmageamento com campos de força mais alta não foi ainda de minimizar o estímulo por radiofrequência inadvertida de
comprovado ser seguro na gravidez. cortes adjacentes .
O gadolínio não é recomendado para uso na gravidez. O Uma vez que a sequência RARE é uma técnica de aqui-
gadolínio demonstrou atravessar a placenta e aparecer dentro sição de plano único, ela limita os artefatos relacionados a
da bexiga fetal apenas momentos depois da administração movimentos materno e fetaI 18.21; só o plano no qual o movi-
intravenosa.1 5 Da bexiga fetal, o COl1n-aste é excretado para mento ocorreu será afetado. Isso levará geralmente à não
dentro do líquido amniótico, onde é deglutido e potencial- visualização de uma parte da anatomia fetal, mas pode levar
mente reabsorvido a partir do trato gastrointestinal. Em à visualização repetida de uma porção fetal. 21 Por exemplo,
virtude dessa reabsorção, a meia-vida do gadolínio na cu-cu- se a mão se mover em plano com a sequência, ela pode ser
lação fetal não é conhecida. 15 O gadopentato dimeglumina visualizada mais de uma vez durante o escaneamento. Na
demonstrou retardar ligeiramente o desenvolvimento de ratos medida em que movimento fetal geralmente ocorre durante
quando admulistrado em doses correspondentes a 2,5 vezes todo o exame, temos cada aquisição servindo como base para
a dose humana. 16 Ele é considerado uma droga categoria C a aquisição subsequente na avaliação da anatomia fetal.
para gravidez (que significa que deve ser administrado apenas
se o benefício potencial superar o risco), porque estudos em
animais revelaram efeitos adversos, mas não foram realizados Imageamento Ponderado para T1
estudos controlados em humanos.1 6
O imageamento fetal ponderado para TI é mais difícil que
o unageamento ponderado para T2 , porque há menos con-
Imageamento Rápido por Ressonância traste inerente de tecido mole. Além disso, como a maioria
Magnética das sequências ponderadas para TI não são de disparo único
(single as imagens são degradadas pelo movimento que
A maiOl;a das imagens de RM neste capítulo do Beth Israel ocorre durante a suspensão da respiração. ossa técnica atual
Deaconess Medicai Center foi obtida com um sistema super- é um TurboFLASH com tempo de repetição (TR)/TE =
condutor de 1,5 T com bobinas de superfície de quatro ou oito 15,4/4,2 , corte de 6 mm de espessura, 35 cm de campo de
elementos em arranjo de fase. O tempo mínimo de elevação visão e matriz de 160 x 256. As imagens ponderadas para TI
do gradiente é 600 microssegundos (para uma amplitude de são úteis para avaliar a pelve materna, confirmar hemorragia,
810 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

A B

FIGURA 23-1 . Imagens de tomografia computadorizada (Te) axial


sem contraste em uma paciente grávida com apendicite. A. Um ileo
terminal normal está presente (seta curva). 8 e C. Imediatamente
abaixo da imagem em A , uma estrutura tubular de 13 mm (setas
retas) origina-se do ceco, causando efeito de massa no ceco (cl,
compatível com um apêndice inflamado.

ou gordura, em uma lesão e avaliar a posição do fígado em A RM pode ser útil na avaliação de dor abdominal na
casos de hérnia diafragmática congênita. paciente grávida sem a necessidade de radiação ionizante.
Os exemplos incluem avaliação de suspeita de apendici-
te 2223 (Fig. 23-2, Tabela 23-1 ), gestações abdominais ,24-26
ruptura uterina,27 trombose venosa pélvica,28 doença biliar
Imageamento Materno
(Fig. 23-3A) e obstrução do intestino delgado complicando a
Dor Abdominal. Tipicamente, a avaliação de dor abdo- gravidez (Fig. 23-4).
minal em uma paciente grávida pode ser realizada sem um Hidronefrose. A RM também pode ser usada na avalia-
exame radiológico. O caso clássico que necessita de um ção do trato urinário materno. A hidronefrose fisiológica é a
exame com TC é uma paciente grávida com dor no lado causa mais comum de dilatação do trato urinário na gravidez
direito na qual o diag11óstico de apendicite é incerto e na qual (Fig. 23-3B). Entretanto, a cólica renal também pode ocorrer
a RM para apendicite é contraindicada ou não dispOlúve! secundária a cálculos em 0,03% a 0,24% das pacientes grá-
(Fig. 23-1 ). Uma vez que, na gravidez, o apêndice é suspenso vidas. 29 -3 1 Na hidroureteronefrose fisiológica , a dilatação se
da pelve pelo útero em crescimento, o diagnóstico clínico de estende até o promontório sacral, com afilamento da parte
apendicite é difícil. Se o apêndice não for visualizado ao ultras- inferior do ureter dilatado . Na obstrução causada por cálcu-
som, é razoável fazer imageamento adicional em pacientes nas los, está presente uma massa Lll-eteral intrínseca. O método
quais a apendicite é uma suspeita. As pacientes grávidas têm habitual de triagem para avaliar a paciente grávida com cólica
uma incidência aumentada de perfuração, em comparação renal é a ultrassonografia. A urografia intravenosa é efetuada
com pacientes não grávidas com apendicite. De modo similar eventualmente. Alguns agora defendem a urografia por TC,
à paciente não grávida, uma massa pode ser vista indentando porque ela é mais sensível a pequenos cálculos. Entretanto,
focalmente o ceco. Ocasionalmente, a TC pode ser efetuada na urogI-afia por TC, a dose de radiação no útero é cerca
para obstrução intestinal ou dor 110 lado esquerdo. Tais casos de 3 rads. Com o advento da urografia por RM, não é mais
devem ser interpretados de maneira semelhante à da paciente necessário expor a paciente grávida aos liscos da radiação e
não grávida. do contraste iodado. Roy et al. 32 mostraram que, em 15 casos
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 811

Pelvimetria
Embora a pelvimetria não seja mais realizada com frequên-
cia, ela é benéfica em pacientes que desejam uma prova de
trabalho quando o feto está em apresentação pélvica.35 - 3i
Quando a pelvimetria é necessária, a RM oferece o benefí-
cio da medição acurada das estruturas ósseas sem radiação
ionizante. Qyando a RM não está disponível , a pelvimetria
com TC demonstrou ser tão confiável quanto a pelvime-
tria radiográfica convencional.
Com o uso do protocolo para TC pelvimetria conforme
descrito por Federle el al. ,38 a exposição à radiação é muito
menor que a que utiliza a pelvimetria radiográfica convencio-
nal. As estimativas de dose usando técnica de baixa exposição
(40 mA) demonstram uma dose máxima no feto de 0,23 rad.
Nesse protocolo, são obtidos planos digitais exploratórios em
corte ântero-posterior (AP) e lateral, e um corte axial trans-
verso é obtido por meio da fóvea das cabeças femorais (Fig.
23-7). O diâmetro AP do estreito superior da pelve (do pro-
montório sacral à marg'em póstero-superior da sÍnfise púbica)
e o diâmetro transverso do estreito superior da pelve (entre as
linhas arqueadas dos ossos ilíacos) são medidos diretamente
nos filmes exploratórios , usando-se compassos eletrônicos. O
diâmetro interespinhoso é medido diretamente entre as espi-
nhas isquiáticas na imagem axial.
Para a pelvimetria com RM, são usadas técnicas de
gradiente de eco, com tempos de escaneamento de menos
de 5 minutoS. 36.39 Um plano sagital mediano é obtido para
avaliação da apresentação fetal e para medição do diâmetro
ântero-posterior do estreito superior da pelve (Fig. 23-7 D).
Planos coronais oblíquos (paralelos ao estreito pélvico AP) são
FIGURA 23-2. Apendicite aguda branda em gestação de 13 obtidos para medição do estreito superior da pelve (distância
semanas. A imagem coronal de ressonância magnética mostra um má.,'(ima entre as linhas arqueadas dos ossos i1íacos em cada
apêndice aumentado cheio de líquido (seta) medindo até 9 mm de
lado) e do diâmetro imerespinhoso. 36
diâmetro . Observar o sinal de aumento da intensidade (pontas de
setas) no mesoapêndice compatível com alterações inflamatórias . Com valores aceitáveis de mais de 11 cm para o diâmetro
Cirurgia e patologia confirmaram o diagnóstico. (De Eyvazzadeh A: ântero-posterior do estreito superior da pelve, mais de 9,5 cm
MR imaging af right lawer quadrant pain in pregnancy. AJR Am J para a distância transversa no estreito médio da pelve (distân-
Raentgenol 183:908, 2004.) cia interespinhosa) e mais de 11 cm para o estreito inferior
da pelve, van Loon ei al. 36 mostraram que, embora o uso da
pelvimetria com RM na apresentação de nádegas a termo não
tenha reduzido a taxa global de cesariana, ela permitiu melhor
de hidroureteronefrose na gravidez, a urografia por RM seleção da via do parto, com uma taxa significativamente mais
identificou corretamente 10 casos de dilatação fisiológica, baixa de cesarianas de emergência.
quatro casos de cálculos e um caso de obstrução da junção
ureteropélvica. Escaneamentos podem ser efetuados com uma Avaliação da Placenta
imagem de plano volumoso enfaticamente ponderada para
T2 e com cortes finos no plano axial materno para avaliar Em pacientes com suspeita de placenta prévia, uma sequência
pequenos defeitos de enchimento. de RM sagital orientada no plano do colo é usada para avaliar
Massas Anexiais. Está bem definido que RM é útil a margem placentária.3,4D,41 Dado o uso generalizado do u1tras-
na paciente grávida para a avaliação de massas anexiais som tTansvaginal e o'anslabial, é improvável que essa seja uma
que não podem ser completamente caracterizadas por indicação comum para um exame de RM. Entretanto, a margem
ultrassom . Conforme observaram vVeinreb et al. 33 e Kier da placenta é facilmente identificada com técnicas de escane-
el al. ,34 em 7 de 16 (43%) pacientes e em 8 de 17 (47%) amento rápido (Fig. 23-8). Anormalidades da placenta, como
pacientes estudadas , respectivamente, a RM acrescentou lobo sucenturiado, são facilmente avaliadas com RM.1 A RM
informação adicional além da proporcionada pelo ultras- também foi indicada na avaliação de massas placentárias como
som (Fig. 23-5). Técnicas de RM rápida fornecem extra- corioangioma. 42
ordinária caracterização de massas (Fig. 23-6) e devem Diversos relatos de casos recomendaram a RM para
ser consideradas ao estabelecer um protocolo para tais avaliação de placenta acreta. 43-46 A placenta aCl-eta, incluindo
exames. Constatamos que a RM foi particularmente útil suas variedades increta e percreta, é um distúrbio que resulta
em pacientes com ovários hiperestimulados , e nas quais a em importante morbidade e mortalidade intraparto. O san-
torção de ovário é uma preocupação devido à dor pélvica. gramemo incontrolável frequentemente leva à histerecromia.
Nesses casos, a torção pode estar presente, mesmo com Anormalidades de adesão da placenta podem resultar na
fluxo normal no exame com Doppler. A RM pode mostrar inserção placentária diretamente no nuométrio (placenta acre-
estroma ovariano edema toso, associado a torção intermi- ta), estender-se mais profundan1ente adentro do nUométrio
tente ou parcial (Fig. 23-6) . (placenta increta) ou invadir através da serosa uterina (pla-
812 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRiclA

Table 23-1 Protocolo de Imageamento por RM de Gestantes com Dor Aguda no Quadrante Inferior Direito
Sequênc ias de Pulsos*
Aquisição Aquisição Aquisição Aquisição
Única Rápida Única Rápida Única Rápida 20 FS IP e OP
Parâmetros SE Coronal SE Axial SE Sagital Rápida Axial 20 T1W GRE 20 TOF

Tipo de sequência Disparo único Disparo único Disparo {mico Disparo único G RE GRE
Tempo de repetição (ms) 800-1.1 00 800-1.100 800-1.100 800-1.100 205 5.500
Tempo de eco (ms) 60 60 60 60 2,2/4,5 100
Ângulo de flip (0) 130-155 130-155 130-155 130-155 80 45
N° de sinais adquiridos 1 1 1 1 1 1
2D ou 3D 2D 2D 2D 2D 2D 2D
Espessura do corte (mm) 4 4 4 4 5 3
Espaçamento (null) 1 1 I 1 1
Campo de visão (mm) 350 350 350 350 350 350
N° de partições ou seções 20 20 20 20 32 24
Orientação Coronal Axial Sagital Axial Axial Axial
Etapas de fase x frequência 192 x 256 192 x 256 192 x 256 192 x 256 160 x 256 128 x 256
Campo de visão retangular ão 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
Supressão da gordura ão Não Não Sim Não 1 ão
Secção ou preenchimento zero ão Não Não ão ão Não
Fourier parcial Sim Sim Sim Sim Não Não
N° de medições ou repetições 1 1
Disparo único ou múltiplo Único Único Único Único Mültiplo Múltiplo
Extensão dos eco turbo
Largura de banda (kHz)t 62,5 62,5 62,5 62,5 62,5 31 ,25
lmagearnento paralelo Não Não ão ão Não Não
Respiração suspensa Sim Sim Sim Sim Sim Sim

De Pedrosa I. Zeikus EA. Le vine D. Rofsk)' N1\1 : 1\1 R imaging of aeure righr IOlVer qu adram pain in pregnant and no npregnant paLienrs. Radiographics 27 :72 1. 2007..
Observação: I! lIsada uma bobina em de fase de tronco de oito canais .
*FS. saruração da go rdura : IP. em fase; OP. em oposiçáo de fase ; TOE rime offlighr (rempo de vôo): TIW, po nderado para TI.
' 62,5 kH z = 488 Hzlpixel. 3 1.25 kHz = 2H H zlpixcl.

A B

FIGURA 23-3. Imagem coronal de ressonância magnética de paciente grávida com dor no quadrante superior direito. A. Um cálculo é visto
dentro da vesícula biliar (seta grande). O dueto colédoco não está dilatado, sem evidência de coledocolitíase (setas pequenas). Um pé fetal
(FI é visto dentro do útero grávido. TE = 99,4, FOV (campo de visão) 36 x 32, matriz 512 x 256, 5 mm de espessura, uma aquisição. 8 . A
imagem co ronal mostra hidroureteronefrose direita leve dentro dos limites para a idade gestacional. TE = 776 , FOV 40 x 36 , matriz 512 x
256 , 20 mm de espessu ra , uma aquisição . (Fotos: cortesia de Randy Ernst, MO, L8J Hospital Houston, TX.)
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 813

A B
FIGURA 23-4. Obstrução do intestino delgado distai em paciente grávida com cirurgia abdominal prévia e aderências . Imagens de RARE de
disparo único coronal (A) e axial (8) demonstram intestino delgado (sb) dilatado com alça de intestino delgado não dilatado no quadrante inferior
direito (seta curva) e com cólon não dilatado (setas retas). (De Levine O: State of the art: Obstetric MR imaging. Radiology 211 :609, 1999.)

A B

FIGURA 23-5. Neoplasma ovariano identificado durante gravidez. A. O ultrassom transvaginal mostrando uma gestação intrauterina inicial
com um embrião identificável (seta). Massa de tecido mole lobulada (*) e líquido são vistos no fundo de saco. 8. Imagem sagital ponderada
para T2. A extensão completa da massa sólida grande e cística ("), posterior ao útero grávido e embrião (seta), é bem evidente. Há evidência
de invasão do cólon sigmoide (seta aberta) e ascite (A). O aspecto no imageamento de ressonância magnética é indicador de uma malignidade
ovariana. (Caso: cortesia de V. A. Feldstein, MO, San Francisco, CA.)
814 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

A B

FIGURA 23-6. Edema ovariano em uma mulher de 28 anos de


idade com gêmeos (reduzidos de quádruplos). na semana de
gestação, que tinha se submetido à indução da ovulação e com
uma massa ovariana esquerda sólida aumentando pelo ultrassom.
A. Imagem sagital de eco de spin turbo (TR/TE Itempo de repeti-
ção /tempo de ecol = 5.139/90 , duas aquisições , matriz = 140 x
256, ETL = 7 , espessura do corte = 5 mm , FOV = 26 x 35 cm,
tempo de aquisição = 3 minutos, 3 segundos) do útero grávida (U)
e ovário esquerdo aumentado (14 x 9 x 8 cm) com pequenos folí-
cuias periféricos (setas) . Os folículos têm sinal de baixa intensidade ,
provavelmente resultando de hemorragia. O ovário esquerdo aumen-
tado foi demonstrado da histologia ocorrer devido a edema ovariano
maciço. Em virtude do tempo de imageamento relativamente longo,
estruturas fetais não puderam ser identificadas. B. A imagem RARE
de disparo único no plano carona I mostra o útero grávida (U) com
corpo de um feto (seta), ovário direito hiperestimulado (seta aberta)
e ovário esquerdo edemaciado (O) . C. A imagem RARE coronal ligei -
ramente mais anterior aponta fetos em três sacos gestacionais. Dois
fetos estavam vivos e um estava morto (seta). (De Levine O: State
af the art: Obstetric MR imaging. Radia/agy 211 :609, 1999.)

centa percreta). Essas condições ocorrem em 50/0 das pacientes pacientes com histórico de miomectomia e placenta posterior,
com placenta prévia, em até 10% das pacientes após quatro ou a RM deve ser considerada.
mais cesarianas e em 67% das pacientes que têm tanto placen-
ta prévia quanto após quatro ou mais cesarianas 47
Um estudo do nosso laboratório 48 observou que o ultras- Amniografia Tomográfica
som transvaginal com a bexiga parcialmente cheia foi mais Computadorizada
útil na avaliação de placenta ao·eta ocorrendo no segmento
inferior do útero. Entretanto , em um de 17 casos, a placenta Em raros casos nos quais o ultrassom não é suficiente para
acreta foi identificada apenas pelo exame com RM, por causa diagnosticar gêmeos monoanuúóticos , pode ser usada a
de uma placenta posterior ocorrendo sobre uma regi.ão de a.mlúografia. 49- 5 1 Para anuúografia por TC, utiliza-se a ultras-
uma miomectomia prévia (Fig. 23-9). Recomendamos que o sonografia para selecionar um plano transverso de corte, e
ultrassom transvaginal com bexiga parcialmente cheia seja o essa localização é marcada . Uma TC a.xial transversa pré-
método de escolha para a avaliação de placenta acreta. Em contraste única pode ser obtida nesse nível. Com o uso da
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 815

C D

FIGURA 23-7. Tomografia computadorizada (TC) IA-C) e pelvimetria por imageamento de ressonância magnética (RM) ID). A. Plano explo-
ratório ântero-posterior mostrando o diâmetro transverso do estreito superior da pelve, medido com cursores eletrônicos . B. Plano exploratório
lateral apresentando a medição do conjugado obstétrico ântero-posterior do estreito superior da pelve. C. Corte de TC transversal através das
espinhas isquiáticas indicando o diâmetro interespinhoso ou transverso. D. Pelvimetria com RM. Plano sagital ponderado para T1 da pelve
demonstra o estreito superior da pelve (setas). Esse plano é usado como exploratório para sequências subsequentes.

orientação ultrassonográfica, o saco amniótico é puncionado damente 4 horas, como um sinal confiável, indubitável de
e o material de contraste iodado hidrossolúvel é instilado. monoamnionicidade.
Qyando se usa um agente de contraste com uma concentra-
ção de 300 mg de iodo por mililitro, 1 mL por 100 mL de
Imageamento Fetal
volume previsto do líquido arnniótico fornece opacificação
adequada. Tipicamente, de 8 a 10 mL de agente de contraste Os estudos iniciais usando a RM na avaliação da morfologia
são usados em uma gravidez gemelar no terceiro t.rimestre fetal foram dificultados pelo movinlento fetal. Foram feitas
com volume nonnal de líquido arnniótico . Uma imagem de recomendações para limitar o imageamento na gravidez
TC transversa pós-contraste é obtida (Fig. 23-10). A monoam- adiantada ou em casos de oligoidrâmnio o movi-
nionicidade é indicada pela presença de material de contraste mento fetal é diminuído em tais situações. 3s .s Garden et
rodeando por completo cada gêmeo, embora raramente essa al. S3 descreveram imagens de eco gradiente para a avaliação
aparência possa ser simulada por uma gravidez diamniótica da anatomia fetal. As imagens foram obtidas entre 3 e 14
com um gêmeo colado. Finberg e CleweU 50 relataram a pre- segundos que reduziram o artefato por movimento fetal , mas
sença de material de contraste dentro do trato gastrointestinal foram comprometidas por baixa relação sinal-ruído. Outros
de ambos os gêmeos, depois de uma demora de aproxima- investigadores usaram benzodiazepinas para sedar a pacien-
816 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

FIGURA 23- 10. Tomografia computadorizada (TC) amniograma.


Corte de TC transverso obtido após instilação de contraste , mos-
trando líquido amniótico opacificado (setas) rodeando por completo
ambos os fetos , confirmando monoamnionicidade .

te grávida ou curarização por fetal direta para


diminuir o movimento fetal. J.3·, -, Subsequentemente,
o imageamento eco planar foi estabelecido para a RM obs-
tétrica porque seu curto tempo (100 milissegundos) de esca-
neamento torna desnecessária a paraJjsia fetal .8.59 Entretanto,
o i.mageamento eco planar apresenta várias desvantagens,
incluindo artefatos de suscetibilidade, artefatos de desvio quí-
FIGURA 23-8. Placenta prévia parcial em uma gravidez de 29 m.ico e l.im.itada disponibilidade como resultado de requisitos
semanas. A imagem sagital de ressonância magnética do colo mos-
tra extremidade da placenta (seta) cobrindo parcialmente o orifício
especiais de equipamento. 6o Apesar das limitações, a RNI fetal
interno do colo. (De Levine D: State of the art: Obstetric MR imaging. foi sugerida como uma técIDca importante para avaliar fetos
Radiology 211:609, 1999.) anômalos. 6 1- 53
Sequências rápidas de RM com aquisições de imagens
subsecundárias, como a RM RARE de disparo úruco , possi-
bilitam excelente visualização da anatomia fetal. 21 Em fetos
de menos de 20 semanas de idade gestacional, é importante
obter imagens em relação à anatomia fetal. Em grupos de
idade gestacional mais avançada, esse problema é menos
frequente. Para facilitar interpretação da imagem, tentan10s
aJjnhar nossos planos de aquisição ortogonais à anatomia
fetal. Entretanto, se o feto se mover e os planos ficarem ligei-
ramente não ortogonais, as aquisições não serão repetidas , a
menos que uma dúvida particular não possa ser respondida
com as imagens adquiridas.

Imageamento em Tempo Real


Recentemente começamos a usar o imageamento em tempo
real para melhor avaliação de áreas específicas da anatomia
fetal. Com essa técnica, as imagens isoladas são repetidas até
que sejam obtidas na orientação fetal apropriada a fll11 de
exibir melhor a anatomia Constatamos que isso é
particularmente útil para ilustrar o corpo caloso fetal normal
e para demonstrar o palato secundário em fetos em risco de
fenda pala tina (Fig. 23-11 ) 66.6i

Anomalias do Sistema Nervoso Central Fetal


FIGURA 23-9. Placenta acre ta diagnosticada com imagem de res-
sonância magnética (RM) em uma paciente com uma miomectomia Uma área na qual a RM tem se comprovado especialmente
posterior prévia. A RM RARE coronal mostra uma interface miométrio- benéfica é na avaliação cio sistema nervoso central (SNC)
placenta em uma localização póstero-Iateral (ponta de seta) rodeada fetal. A avaliação ultrassonográfica do SNC fetal é limitada
por interface normal miométrio-placenta (pequenas setas brancas).
Essa região não foi bem avaliada com ultrassom . Um mioma (F) está
pela aparência inespecífica de alg'umas anomalias; por fatores
presente na parte lateral direita do útero. (De Levine D: Placenta técnicos que linUtam a resolução do lado do cérebro próximo
accreta: Evaluation with color Doppler, power Doppler and fast MRI. do transdutor; por ossificação, que obscurece a visual.ização
Radiology 205:773, 1997.) de estruturas da fossa posterior; e por anormalidades paren-
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTET RíCIA 817

perinatal . Os tipos de alterações de tratan1ento foram corre-


lacionados à idade gestacional, com decisões de interromper!
manter uma gravidez em fases gestacionais iniciais e decisões
a respeito do tipo e local parto e tratamento peri.natal pos-
teriOlmente à gestação. 81 As vezes, a RM no terceiro trimesu'e
pode evitar a necessidade de RM pós-natal (que pode exigir
sedação neonatal e seus riscos associados).
Temos constatado ser a RM especialmente útil em fetos
com ventriculomegalia (Figs. 23-12 e 23-14). O grau de
ventriculomegalia, a causa da ventriculomegalia e quaisquer
achados são para pla.nejar O
to e o prognÓStiCO do feto. 3-86 A RM tem Sido benefica para
estabelecer a presença de um corpo caloso normal em fetos
com suspeita de agenesia do corpo calosoi9 e tem sido útil para
diagnosticar disgenesia calosa em fetos quando a ultrassono-
grafia mostra apenas ventriculomegal ia. 69 .87
A Rt\l1 ajudou nossa compreensão sobre anomalias raras do
S C , tais como um hematoma intratentorial (Fig. 23-16). Essas
lesões diferem de cistos aracnóideos pelo fato de serem adjacen-
tes ao osso em vez de adjacentes ao cérebro. Outras ál"eas de
hemorragia podem ser visuali.zadas. Tais lesões podem regredir
e não ser evidentes ao nascimento.88
FIGURA 23-11. Feto com micrognatia de 35 semanas, com defeito A avaliação de defeitos do tubo neural também pode ser
do palato mole visto na imagem de RM mediana obtida com sequên- realizada com a RM. O exame com a RM é muito útil para
cias em tempo real. O tempo real foi útil para obter imagens durante
deglutição fetal que permitiram o delineamento da anormalidade do detectar defeitos do tubo neural que podem ser difíceis de
palato. A imagem mostra um palato ante rior intacto (se ta) , entre- serem observados com a ultrassonografia. A RM também é
tanto a língua (T) sobe acima da base do palato posteriorm ente, útil para visualizar estruturas da fossa posterior em casos de
compatível com uma fenda do palato mole. O diagnóstico pós-natal malformação de Chial"i tipo II, e esta informação é importan-
foi fenda do palato mole com sequência de Robin. O rec ém -nascido
necessitou uma aderência língua-lábio para cont rolar suas vias aéreas te na avaliação pré e pós-operatória de pacientes submetidas
e permitir a alimentação. à terapia intraútero de defeito do tubo neural espinhal. 89 .9o
Entretanto, para a maioria dos defeitos do tubo neural espi-
nhal nos quais cirurgia fetal não está indicada, a RM tem
potencial limitado de influenciar o tratamento. 82
Avaliamos ainda o desenvolvimento cortical cerebral fetal
quimatosas sutis, as quais frequentemente não podem ser
em relação à idade gestacional em comparação com tabelas
visualizadas com ultrassom. 68 Planos multiplanares podem
baseadas em peças anatômicas.91 Observamos que o desen-
ser difíceis de serem obtidos com a ultrassonografia por causa
volvimento cortical por RM segue uma evolução previsível
da posição fetal ou idade gestacional avançada. A RM pode
e é ligeiramente atrasado em comparação com o descrito em
ser usada para obter planos multiplanares. Além disso, a RM
peças anatômicas. O desenvolvimento conicaJ muitas vezes é
permite a visualização direta do pal"ênquima cerebral e, assim,
ainda mais atrasado em fetos com ventriculomegalia branda
a avaliação detalhada da anatomia do SNC de uma forma não
ou outras anormalidades do SNC. A evolução cronológica
permitida com a ulu·assonografia. 69 Muitos relatos de casos e
do aparecimento de marcas corticais normais é importante na
séries detalham o potencial da RM para melhorar o diagnós-
u-iagem de fetos quanto à suspeita de u-anstom os da migração
tico ultrassonográfico das anomalias do SNC 63 ,iO·8 1
como lissencefalia. Além disso, se o desenvolvimento cortical
Os resultados de nosso estudo demonstraram que, em
for acentuadamente atrasado em comparação à idade gesta-
124 fetos com anomalias do SNC confil"madas em nossa
cional e o feto tiver um cérebro de aparência normal sob os
instituição, houve 86 alterações no aconselham ento, 49 altera-
demais aspectos, esses recém-nascidos podem se beneficiar
ções importantes no diagnóstico e 27 alterações evidentes no
com intervenção precoce pós-natal.
u·atamento.81 Achados da RM não visualizados por ultrassom
incluíram porencefalia (Fig. 23-12), disgenesia do corpo calo-
so, anormalidades girais corticais (Fig. 23-13), medula retida, o Paciente de Cirurgia Fetal
fendas corticais, anormalidades do mesencéfalo (Fig. 23-14),
disgenesia do septo pelúcido, holoprosencefalia, hipoplasia Uma área da RM em expansão rápida está na avaliação de
cerebelar, túberes subependimários (Fig. 23-15) e corticais , fetos que potencialmente serão submetidos a cirurgia in utero
malformação vascular, hemorragias subdural e intratentorial e em fetos sendo avaliados para potencial tratamento ex ltlero
(Fig. 23-16) e cistos do vérmix. Enu'e as anormalidades mais intrapartu7ll (EXIT). No procedimento EXIT, o feto é extraído
bem definidas por RM que por ultrassom incluíam-se encefa- parcialmente e, enquanto ainda conectado à circulação umbi-
loceles (Fig. 23-17), malformações arteriovenosas, defeitos do lical, manobras diagnós ticas e terapêuticas são executadas
tubo neural distal e o efeito de massa de cistos al"acnóideos para assegural" que o bebê seja capaz de respirar e oxigenar-se
(Fig. 23_18)69.81.82 Observamos que a RM teve sua menor adequadamente uma vez o cordão seja c1ampeado (ou colocar
utilidade eITl pacientes com UITl ultrassom norITlal e ITleni.ngo- o feto eITl oxigena<rão por ITlembrana extracorp6rea a.ntes do
mielocele. c1ampeamento do cordão).
A informação fornecida pela RM possibilita melhor acon- Para o paciente de cirurgia fetal , a RM é muito útil para
selhamento à paciente, o qual pode ser usado para as assegurar que anomalias inesperadas não estejam presentes
pacientes na decisão de continuar ou interromper lima gravi- antes de empreender a morbidade da cirurgia fetal. 92 .93
dez ou facilitar o planejamento do tipo de parto e tratan1ento Ademais , a RM é útil na documentação da posição do
818 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

o
FIGURA 23-12. Ventriculomegalia branda com hemorragia multi focal e destruição cortical em um feto de 16 semanas de idade gestacional.
A. O ultrassom coronal demonstrou ventriculomegalia leve com margens ligeiramente irregulares de um dos ventrículos. S e C. Imagens de
RARE coronais mostram destruição de tecido cerebral no lobo frontal direito (setas em S) e área focal de sina l de baixa intensidade (seta
aberta em C). D. O imageamento rápido de ressonância magnética axial ponderada para T1 revela sinal de intensidade alta e baixa extra-axial
(seta curva) compatível com produtos de sangue. Essa imagem foi adquirida em 15 segundos. Observe a degradação na qualidade da imagem
devido a movimento fetal durante a aquisição da imagem. Isso ilustra o problema inerente do movimento fetal no imageamento obstétrico
quando são usadas sequências maiores que 1 segundo. (De Levine O: Fetal CNS anomalies depicted with ultrafast MR imaging. AJR Am J
Roentgenol 172:813, 1999.)
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGN ÉTICA EM OBSTETRíCIA 819

FIGURA 23- 13. Feto na idade gestacional de 22 semanas com agenesia do corpo caloso e anormalidade de migração. A. A imagem axial
mostra ventrículos não dilatados com aparência de colpocefalia com cornos frontais semelhantes a fendas. Os hemisférios estão afastados por
um cisto inter-hemisférico que foi mais bem visualizado ao ultrassom (não mostrado). Uma região do padrão de giro anormal está marcada com
uma seta. B. Imagem sagital mostra outra vez o parênquima alterado com anormalidade do padrão de giro cortical e o sinal de intensidade da
substância branca (setas). Essa anormalidade parenquimatosa não foi evidente ao ultrassom. Esse tipo de informação é importante ao aconse-
lhar pacientes porque as anormalidades associadas ajudam a predizer o prognóstico em fetos com disgenesia calosa.

FIGURA 23- 14. Ventriculomegalia na semana de idade gesta-


cional por ultrassonografia com mesencéfalo dobrado segundo a RM .
A RM sagital ponderada para T2 mostra ventriculomegalia acentuada FIGURA 23- 15. Feto na semana de idade gestacional em
e uma configuração anormal do tronco cerebral com uma dobra pos- risco de esclerose tuberosa devido a achados ultrassonográficos de
terior (ponta de seta) ao nível da junção pontomesencefálica e uma rabdomiomas cardíacos. Imagem de ressonância magnética sagital
dobra anterior (seta) ao nível do quarto ventrículo. O vérmix cerebelar mostra túberes subependimários (setas) , os quais não eram visíveis
é hipoplásico. Esse tipo de anormalidade é importante porque indica ao ultrassom . Isso permite melhor aconselhamento às pacientes em
uma lesão grave inicial no cérebro . risco de esclerose tuberosa.
820 o PAPEL DA TOMO GRAF IA COM PU TADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSON Â NCIA M AGN ÉTIC A EM OBSTETRíCIA

normal , pois este é mal visualizado com ultrassonografia,


mas é bem apresentado na RM. 94 Em pacientes submetendo-
se à cirurgia para defeitos do tubo neural, a RM é útil para
caracterizar a malformação de Chiari, porque a quantidade
de hérnia cerebelar é facilmente acompanhada em exames
seriados com a RM.
Em pacientes que estão sendo avaliados para procedi-
mentos fetais, a RM é benéfica para visualizar a obstrução
potencial da via aérea (Figs . 23-20 e 23-21 ) e para planejar
intervenção no momento do parto. 97.98

Anomalias Fetais Não do Sistema Nervoso


Central
No pulmão fetal, a RM demonstrou ser útil para estabelecer
exatan1ente o tipo de massa pulmonar. 99 A volumetria com
A RM também está sendo indicada como um método exato
de medir volume pulmonar, para predizer hipoplasia pu lmo-
nar.JOO. !O 1
A RM contribui para a definição de massas fetais abdomi-
nais e pélvicas 97.!02 (Figs. 23-22 e 23-23). Em um caso de nossa
série, o ultrassom fetal mostrou uma massa abdominal hipe-
recogênica sugestiva de um pseudocisto de mecônio. A RM
indicou que a massa tinha mais probabilidade de ser um cisto
de duplicação gástrico, o que foi confirmado no imageamento
pós-natal (Fig. 23-22). Demonstramos outras anomalias por
RM, incluindo onfaloccle, gastrosquise e malformação c10acal
(Fig. 23-23). Estudos ad icionais são necessários para avaliar
como a informação adicional da RM afeta o tratamento e o
resultado das pacientes.

Triagem de Anomalias
A RM também apresenta potencial de ajudar no aconselha-
mento genético e na triagem de processos de doença para os
quais há diagnóstico pré-natal disponível limitado. Exemplos
disso são a esclerose tuberosa (Fig. 23-15), na qual túberes
subependimários foram visualizados com Rl\l1 tão cedo quan-
to as 21 semanas de idade gestacional, L03 a hemocromatose 93 e
a polimicTogiria ou lissencefalia.82 A sensibilidade e especifici-
dade da RM pré-natal para avaliação de tais anomalias ainda
não foram determinadas.
FIGURA 23-16. Hematoma intratentorial. A. O ultrassom axial na
22! semana de gestação mostra uma coleção líquida na fossa poste-
rior com uma área hiperecogênica (se ta) em uma localização inferior,
sugerindo calcificação focal. Um efeito de massa é mostrado como Armadilhas Potenciais na Avaliação
uma aparência levemente achatada dos hemisférios cerebelares. B. A Fetal Usando Imageamento Rápido por
RM sagital mostra uma coleção líquida adjacente ao osso (asterisco),
de sinal de intensidade intermediária, mais baixa que o líquido cere- Ressonância Magnética
broespinhal circundante e amniótico, sugerindo produtos de sangue.
A coleção líquida desvia o cerebelo anteriormente (ponta de seta). Como em todas as pacientes, existem contraindicações
A área que foi hiperecogênica ao ultrassom é de sinal baixa na RM absolutas à RM em pacientes grávidas (p. ex., um clipe fer-
(seta). Isso deve ser distinguido de um cisto aracnoideo que seria romagnético de aneurisma cerebral), e algumas pacientes são
adjacente ao cérebro, em vez de moldar-se ao osso. Na 30! semana , demasiado c1austrofóbicas para se submeter ao exame. O uso
uma aparência semelhante (não mostrada I foi vista. Ao nascimento,
a ultrassonografia da cabeça foi normal. (Caso: cortesia de Robert de magnetos de cilindro curto torna a claustrofobia uma preo-
Barr, MO, North Carolina. I cupação menor, mas se uma paciente tiver menos de 1,60 m
de altura, sua cabeça provavelmente ficará dentro do cilin-
dro do magneto, mesmo sendo usado um magneto de cilindro
curto. Um problema adicional é que as pacientes grávidas
fígado em fetos com hérnia diafragmática congênita (HDC, podem ter dificuldade para se deitar de costas, especialmente
Fig. 23-19). 93.9-1 A posição do fígado é importante para o no terceiro trimestre. Se uma paciente não puder ficar deitada
prognós tico, porque em casos de HDC isolada, a presença ou de costas, ela pode ser escaneada em dccúbito lateral.
ausência de fígado no tóra;'( fetal é associada à mortalidade Embora artefatos por movimento fetal sejam minimiza-
respectiva de 57% e 70/0.95.96 Essa diferença na mortalidade dos usando-se técnicas de imageamento rápido, se o feto se
é considerada devido em parte ao tamanho da hérnia e à mover continuamente durante uma sequência, a redução da
hipoplasia pulmonar associada. A RM também é útil em fetos qualidade da imagem é inevitável. Esse movimento pode ser
com HDC, na avaliação da quantidade de pulmão de aspecto acomodado por aquisição de repetidas sequências se a anato-
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 821

A B
FIGURA 23-17. Encefalocele posterior em um feto na 20ª semana (A e a) e
32ª semana de idade gestacional (C). A. O ultrassom axial mostra uma ence-
falocele posterior. Uma pequena quantidade de tecido é vista dentro do saco
(seta) . a. Imagem axial de ressonância magnética mostra que as estruturas
da fossa posterior parecem normais. Uma parte da encefalocele é vista pos-
teriormente (pontas de setas) . A informação de que a maior parte do cérebro
parecia normal foi útil à paciente para decidir manter a gravidez. C. No mesmo
feto, na 32ª semana de idade gestacional, uma imagem sagital mostra que
apenas uma pequena porção do córtex posterior (seta) está tracionada em
tenda na direção da encefalocele (E). Na ciru rgia , a encefalocele foi removida
e uma pequena porção de córtex foi reposicionada para dentro da abóbada
craniana sem dificuldade. No pós-natal um saco de meningocele foi excisado e
o conteúdo neural retornado à fossa posterior. O lactente está passando bem
com 1 ano de idade. (A e a de Levine O: State of the art: Obstetric MR ima-
gingo Radiology 211 :609, 1999. C de Levine O: Fetal CNS anomalies depicted
with ultrafast MR imaging. AJR Am J Roentgenol 172:813, 1999.)

c
822 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

A B

FIGURA 23-18. Cisto aracnóideo em um feto com 27 sema-


nas de idade gestacional. A. O ultrassom axial demonstra uma
coleção extra-axial (C) , mas é difícil avaliar um comprometimento
do sistema ventricular. As imagens de ressonância magnética
coronal (81 e sagital (el demonstram claramente a natureza
extra-axial desse cisto aracnóideo extenso com efeito de massa
sobre as estruturas ci rcundantes. (De Levine D: State of the art:
Obstetric MR imaging. Radiology 211 :609, 1999.)

c
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 823

FIGURA 23-19. Ultrassom e imagem de ressonância magnética (RM) de hérnia diafragmática congênita (HDC) fetal em uma mulher de 32
anos de idade na semana de gestação. A . O ultrassom axial transve rso aponta intestino e fígado herniados dentro do tórax fetal (asterisco) .
A distinção entre intestino e fígado fetais não é possível nessa imagem. O coração (H) está desviado para a direita pelo conteúdo herniado. B.
Corte coronal spin rápido de disparo único ponde rado para T2 (TE de 100 milissegundos) através do tórax fetal , demonstrando múltiplas alças
intestinais (seta) no lado esque rdo do tórax. Isto confirma a presença de uma HDC esquerda . O pulmão direito comprimido é visível. O pulmão
esquerdo não é visualizado. C. Corte coronal ponderado para T1 de eco gradiente deteriorado (ângulo de flip de 70 0 e TR I TE de 120/4 ,2 milis-
segundos) através do tórax fetal, em um nível mais anterior ao corte em 8. O trgado é de sinal relativamente alto nessa sequência, facilitando
a identificação da posição hepática . A herniação é observada do lobo hepático esquerdo (seta) para dentro do lado esquerdo do tórax. (RM:
cortesia de Fergus Coakley, MO, University of California at San Francisco.)
824 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

A RM tem o potencial de fornecer riqueza de informações


além das imagens anatômicas. O imageamento ponderado
para difusão, espectroscopia por RJ.\tI e o imageamento de oxi-
genação são todos exemplos do tipo de informação adicional
que pode ser provida pela RM. Além disso, a RM volumétrica
pode ser usada para potencialmente interferir no tratamento
da paciente grávida.

Imageamento Ponderado para Difusão


O imageamento ecoplanar ponderado para difusão está sendo
cada vez mais usado para avaliar o dano cerebral inicial.lo4. l05
O uso dessa técnica pode demonstrar lesões hipóxica isquêl11i-
ca antes que anormalidades anatômicas sejam vistas nas ima-
gens mais padrão ponderadas para TI e T2. O coeficiente de
difusão aparente diminui com uma lesão aguda. 106 A difusão
restrita também pode ser observada em áreas de celularidade
aumentada e mielinização avançada,107 e pode ser usada para
avaliar padrões normais e anormais de mielinização. O ima-
geamento ponderado para difusão também pode ser efetuado
para caracterizar lesões císticas inu'aútero e distingui-las do
líquido amniótico volumoso mais móve1. 108 Também é possí-
vel que medições de difusão possam ser úteis na avaliação da
maturação pulmonar. 109

FIGURA 23-20. RM em planejamento para procedimento EXIT. Espectroscopia por Ressonância


RM sagital de feto com massa no pescoço. A RM mostrou a massa
cervical heterogênea (M) . As imagens sequenciais mostraram que Magnética
a traqueia (ponta de seta) estava desobstruída mas estreitada e
desviada na região da massa. Em virtude de preocupações com a A especu'oscopia por RM tem a propriedade de mostrar alte-
capacidade de intubar na hora do parto , um procedimento EXIT foi rações na composição de tecidos e líquidos no feto, potencial-
realizado. Após o parto parcial , enquanto ainda conectado ao cordão mente permitindo a avaliação de fosfolipídios no líquido
umbilical , o feto foi intubado . Depois da intubação, o cordão umbi- al11niótico llO e do desenvolvimento normal,111.112 bem como
lical foi ligado.
de isquemia do cérebro no terceiro tril11estre. L04 Entretanto,
essa abordagem ainda está sendo defendida para uso clínico
no feto. Os problemas com uso da espectroscopia por RM
consistem em tempos de escaneamento relativamente longos
que permitem que ocorra movimento fetal e no potencial de
tirar média de volume parcial de pequenas estrunlras.

mia não tiver sido bem visualizada, ou com o uso de image- Imageamento da Oxigenação
amento em tempo real, o qual permite que cortes de imagens
específicas sejam obtidos, até que a anatomia pertinente seja O imagean1ento da oxigenação pode viabilizar a detecção
documentada. Em alguns casos quando a RJ.\tI é realizada para precoce da restrição de crescimento. 115 Em um estudo em
indicações fetais , o movimento fetal que ocorre depois que as ovelhas, vVedegartner el al. 114 descreveram o uso da RM
aquisições exploratórias são obtidas ou entre sequências de dependente do ruvel de oxigênio no sangue para fornecer
imageamento torna difícil obter planos de imagem específicos. avaliação da oxigenação do cérebro, fígado, coração, pulmão
Isso é especialmente verdadeiro na avaliação das extremida- elo feto e placentária em ovelhas com hipoxia, e mostraram as
des distais . Quando não ocorre movimento, imagens sequen- alterações mais fortes nos valores de T2* no fígado e coração
ciais permitem a avaliação das mãos e pés. Entretanto, mesmo (ambos os órgãos com alto fluxo sangl1ú1eo intraútero), com
pequenas quantidades de movimento limitam a visão clara alterações menores no cérebro, placenta e pulmões. Prevê-se
das extremidades. Qyando o feto inteiro se move, a região de que o uso de estudos de imageamento funcional como esse
interesse pode não estar absolutamente no plano de imagem. possibilite melhor distinção entre um feto normal porém
Em virtude das limitações de sinal-ruído, pequenas estruturas pequeno para a idade gestacional e um feto com resu-ição de
fetais podem ser difíceis de identifIcação e análise. Estruturas crescimento.
finas rodeadas por líquido podem ser de dillcil visualização,
como resultado de ser obtida a média do volume parcial que
ocorre na espessura do plano. Alguns exemplos são o saco Volumetria por Ressonância Magnética
membranoso de um defeito do tubo neural, a parede de um A volumetria tridimensional é facilmente realizada na RM
cisto aracnóideo e o corpo calos o em formação no segundo fetal . As aplicações potenciais incluem: (1) avaliação de volu-
trimestre. mes pulmonares em casos de massas e hérnias torácicas; (2)
melhor avaliação do peso fetal (p. ex. , em diabéticos com
IMAGEAMENTO ALÉM DA ANATOMIA macrossomia, potencialmente permitindo taxa diminuída de
cesariana, ou na diferenciação entre um feto com resu'ição de
crescimento e um feto normal mas pequeno para a idade ges-
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA 825

c
o
FIGURA 23-21. Ultrassons e imageamento de ressonância magnética de um feto com atresia laringea . A. O plano coronal de corte mostra
pulmões acentuadamente aumentados e hiperecogênicos bilateralmente (asteriscos). B. O eco de spin rápido de disparo único (TE efetivo de
100 milissegundos) aponta pulmão fetal aumentado (seta). Ascite acentuada também é vista (asterisco). C. O plano coronal de corte mostra
a traquéia dilatada cheia de liquido (setas) nesse feto. D. O eco de spin rápido de disparo único (TE efetivo de 100 milissegundos) apresen-
ta a traquéia (seta) como uma estrutura de sinal de intensidade alta . (RM: cortesia de Fergus Coakley, MD, University of Califórnia at San
Francisco. )
826 o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRíCIA

A B

c D

FIGURA 23-22. Cisto de duplicação gástrico em um feto com idade gestacional de 28 semanas. A. A ultrassonografia coronal oblíqua mostra
uma massa hiperecogênica no abdome (cursores), sugestiva de um pseudocisto de mecônio. B. A imagem de RARE sagital mostra a massa
fazendo pressão sobre o estômago (s). A massa é de sinal de intensidade ligeiramente mais baixa que a do estômago nessa imagem ponderada
para T2. C. A imagem de RARE axial mostra achados semelhantes a B. D. Imagem axial ponderada para T1 (TR/TE = 126/ 4; ângulo de flip =
80 0 ; FOV = 24 x 32 em; matriz = 96 x 256; fatia de 5 mm de espessura; um sinal adqui rido; espessura do corte, 5 mm) mostra que a massa
(m) tem sinal ligeiramente mais alto que o estômago adjacente. A aparência da massa suge re um cisto de duplicação, que foi confirmado no
período pós -natal. (De Levine D: State af the aft: Obstetfie MR imaging. Radialagy 211 :609, 1999. )
o PAPEL DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E DAS IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM OBSTETRiclA 827

A B

c
FIGURA 23-23. Extrofia cloacal em um feto de idade gestacional de 20 semanas. A. A imagem de ultrassom sagital aponta um defeito na
parede abdominal anterior baixa Isetas) . Uma coleção líquida é observada na pelve sugestiva de uma bexiga deformada Iseta aberta); entre-
tanto, uma bexiga não deve ser vista em um caso de extrofia. Os rins não foram visualizados. B. A imagem de ressonância magnética IRM)
axial mostra um rim pélvico Ipontas de setas) na região da coleção líquida exibida pelo ultrassom. A medula espinhal é vista neste nível (seta
branca fina) compatível com uma medula retida. C. A RM axial na 38! semana de gestação mostra novamente o rim pélvico Ipontas de setas)
e a medula retida (seta). Esses diagnósticos foram feitos prospectiva mente após discussão com especialistas em cirurgia pediátrica e radiologia
pediátrica. Uma das vantagens da RM fetal é que especialistas que não estão acostumados à ultrassonografia obstétrica podem conseguir com-
preender melhor a RM com que são mais familiarizados. IDe Levine O: State of the art: Obstetric MR imaging. Radiology 211:609, 1999.)

tacional); e (3) volumes parenquimatosos cerebrais em casos anexiais, hidroureteronefrose da gravidez e anomalias fetais.
de venu'iculomegalia, para melhor predizer os resultados. À medida que nossa experiência com técnicas rápidas de RM
aumente, continuaremos a identificar pacientes nas quais a
RM contribui para sua avaliação.
CONCLUSÃO
A ultrassonografia continua a ser a modalidade de escolha
para triagem na avaliação da pelve materna e do feto, em vir- Referências
tude de seu custo relativamente baixo e capacidade de tempo
1. Angtuaco TL, Shah HR, Mattison DR, ct al: MR imaging in high-
real. Entretanto, há muitos casos nos quais o imageamento risk obstetric patients: a valllable complement to USo Radiographics
alternativo é útil como adjunto ao ultrassom. O emprego da 12 :91 , 1992 .
Te normalmente é limitado a pacientes com dor abdominal 2. Powell Me, Wonhington BS, BllckJey JM , et al: Magnetic resonance
em risco de apendicite, mas o uso da RM está aumentando. imaging (M Rl) in obstetrics. 11. Fetal anatomy. BrJ Obstet Gynaecol
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24
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA
AVALIAÇÃO DO FETO
Beryl R. Benacerraf, MO

Princípios Básicos oEsqueleto e as Extremidades Fetais


O Primeiro Trimestre de Gravidez
Aplicações do Ultrassom em Três Dimensões
O Coração Fetal
As Melhorias na Prática do Ultrassom Utilizando-se o
Avaliação das Medidas de Volume
Ultrassom em Três Dimensões
Artefatos
Avaliação de Anomalias Congênitas com o Ultrassom em Três
Dimensões Ligação Parental-Fetal
A Face Fetal Conclusão

A ultrassonografia bidimensional (2D) , vem sendo o prin-


cipal método de ultrassonografia nos últimos 30 anos.
Embora avanços tecnológicos tenham melhorado a resolução
às diferenças individuais de técnicas de cada operador e de
suas velocidades. Essa técnica de aquisição manual foi com-
pletamente abandonada.
da imagem, a técnica de aquisição de uma imagem em 2D O método mais recente de obtenção de volumes envolve
pode consumir grandes períodos de tempo em uma paciente, uma aquisição au tomática, ainda feita com a varredura em
e isso não se modificou até os dias atuais. Com o surgimento 2D, agora alojada em uma sonda volumétrica mecânica. Isso
do ultrassom em três dimensões (3D), a capacidade de se permite que o volume seja adquirido a uma velocidade cons-
adquirir um volume inteiro de uma informação do ultrassom tau1te, resultando em um volume reprodutível que viabiliza
e depois exibir em qualquer plano dentro do volume após o medidas em todos os planos. No futuro, nenhum transdutor
paciente ter deixado as instalações permite um grande núme- mecfu1ico de matriz em feixe, provavelmente, possibilite um
ro de planos possíveis que o ultrassom jamais permitiu. volume de aquisição mais rápido, resultando em um volume
A imagem volumétrica em 3D não é novidade. A tomo- de imagem em tempo real. O ultrassom de quarta dimensão
grafia computadorizada (fC) e as imagens de ressonfu1cia (4D) é definido como um ultrassom em 3D visualizado duran-
magnética (RM) utilizam a aquisição volumétrica em 3D , te um tempo ou no tempo real em 3D (a quarta dimensão é a
seguida da reconstrução em 2D, para muitos casos diferen- dimensão do tempo).
tes, sendo superior à ultrassonografia nessa capacidade de Uma vez que o volume é adquirido em um modelo
obtenção de imagens. Agora que o ultrassom adquiriu esta padrão utilizando um transdutor de aquisição automática, há
habilidade de obter volumes em 3D e disponibilizá-lo em várias exibições importantes dispOIúveis para o ultrassonogra-
vários outros métodos, muitas oportunidades têm sido dis- fista analisar a anatomia dentro deste volume. Os próximos
postas a ultrassonografia. Estas possibilidades são exploradas cinco tipos de exibições representam os métodos mais comuns
neste capítulo. e mais utilizados de obtenção de imagens au1atômicas de aqui-
A capacidade de se pensar tridimensionalmente enquanto sição de volume. 1.g
se escaneia em duas dimensões sempre distinguiu profissio-
nais da ultrassonografia dos membros de outras especialida- 1. A reconstrução multiplanar permite a visualização de
des. Agora, a capacidade de se obter essas imagens em 3D três planos ortogonais simultâneos, com um Ú1ÚCO ponto
digitalmente, até então disponível apenas na imaginação, representando o ponto de interseção de todos os três pla-
representa um enorme avanço no campo da ultrassonografia nos . Usando o prograuna fornecido pelo fabricante, pode-
para a obstetrícia e a ginecologia. se navegar por esse volume movendo-se tanto o ponto
quanto os planos individuais para exibir qualquer plano
PRINCíPIOS BÁSICOS tomográfico, assin1 como as imagens correspondentes que
são perpendiculares ao plano de secção. Esse tipo de mani-
São dois os métodos básicos de se produzir um conjunto de pulação nos fornece o completo controle sobre o volume e
dados volumétricos em 3D. Um desses métodos envolve uma nos permite exibir qualquer plano em qualquer orientação
aquisição a mão livre, deslizando o transdutor de ultrassom de dentro do volume. Das três exibições dos planos per-
em 2D pela paciente para produzir um volume aproxin1ado pendiculares (A, B e C), o plano C é o Ú1ÚCO que nunca
digitalmente. Apesar de uma contribuição do senso de posi- pode ser adquirido pelo escanean1ento direto do paciente
ção do dispositivo de transdução para padronizar a varredura, (Figs. 24-1 e 24-2). Apesau· de os planos A e B serem per-
essa varredura à mão livre ainda tem uma limitação inerente pendiculau·es um ao outro e poderem ser adquiridos do
830
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 831

B
FIGURA 24--1. A. Reconstrução multiplanar de uma face fetal mostrando o plano A como um perfil, o plano B como uma imagem transversa
através da órbita e o plano C como uma exibição coronal através da face. Mostra também no quadrante inferior direito a imagem de uma
reconstrução de superfície enfatizando o terço médio da face. B. Uma imagem ampliada do modo de superfície do mesmo caso, enfatizando a
região de maxila, nariz e septo nasal e lábios.
832 o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-2. A. Reconstrução multiplanar de uma cabeça em um feto com agenesia do corpo caloso, assim como um cisto inter-hemisférico.
Observe que o plano reconstruído (plano e) no quadrante inferior esquerdo da imagem mostra esse plano de forma semelhante a um corte de
um plano de Te. B. A imagem do plano e mostra a orientação paralela do ventrículo lateral e do cisto (seta).
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 833

FIGURA 24-3. Esta figura mostra três conjuntos de imagens obtidas em ângulo reto uma com as outras, exibindo cortes paralelos através do
volume em cada um dos três planos ortogonais. Observe que este feto, com ventriculomegalia leve, pode ser observado em qualquer plano de
reconstrução, independentemente da forma como a imagem foi obtida. Todas essas imagens foram obtidas de um único volume de aquisição. A.
Cortes de planos coronais exibidos de um plano obtido sagitalmente. B. Cortes de planos sagitais exibidos de um plano obtido coronalmente.
Continua

paciente usando um ulu-assom em 2D , a possibilidade de dessa forma, os cortes paralelos tan.to no plano A, no
se reconstruir o plano e é que faz desta técnica plano B ou no plano e(Fig. 24-3). Sem ter navegado ati-
2. O volume pode também ser exibido em 8 a 10 cortes vamente através do volume, pode-se interpretar o volume
tomográficos paralelos, semelhantemente às exibições inteiro em múltiplos cortes e múltiplos planos. 10
utilizadas em Te e RM. Pode-se escolher a distância entre 3. O modo superfície de interpretação é o método de exibi-
os cortes individuais e o número de cortes exibidos. O s ção que vem sendo publicado nos impressos, mostrando
vários cortes paralelos podem ser visualizados em qual- frequentemente a face do bebê no útero (Fig. 24-4). Esse
quer dos três planos ortogonais escolhidos. mostrando, modo de superfície requer uma interface fluida na frente
834 o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-3, conto C. Cortes de um plano axial transverso exibido de um plano obtido coronalmente.

A B
FIGURA 24-4. A e B. Modo de superfície de uma face fetal de dois fetos diferentes no terceiro trimestre. Observe o detalhe das caracterís-
ticas faciais de ambos os fetos.
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 835

B
FIGURA 24-5. A. Face fetal usando a técnica de interpretação para tecido mole, mostrando a superfície da face, nariz e queixo . B. A imagem
do mesmo feto utilizando-se uma janela para osso e em perfil, demonstrando que a maxila é mais ecogênica que os tecidos moles adjacentes ao
nariz e aos lábios. As duas imagens são obtidas do mesmo volume , mas são mostradas com uma configuração pós-processamento diferentes.

da área em que vai ser obtida a imagem. 511.l 2 Pode-se rota- turi eletrônico para um corte adicional de volume visando
cionar o objeto, observar vários aspectos de sua superfície, a concentração em uma área particular dentro dele. 16.19
assim como cortes dentro do objeto, e observar as super- 5. Como a varredura mecânica é muito lenta para se obter
fícies desses cortes do volume. imagens adequadas do coração em tempo real, um méto-
Pode-se depois selecionar uma das muitas técnicas de do alternativo frequentemente usado chamado correlação
pós-processamento para visualizar tanto os tecidos moles de imagem espaço-temporal (STIC). Esta é uma técn.ica de
quanto o esqueleto do feto (Figs. 24-5 a 24-7). Existe tam- controle cardíaco que investiga um ciclo cardíaco inteiro e
bém o modo transparente, o qual permite o dispositivo de desempenha-o de volta, permite-nos visualizar a anatomia
Doppler colorido para ressaltar a imagem através do corpo do coração em tempo real. 20 .23 Pode-se, depois, visualizar
fetal transparente Y ·14 (Fig. 24-8). Finalmente, pode-se ava- esse volume em tempo real em três imagens ortogonais ,
liar um corte adicional da anatomia utilizando um bisturi em modo inverso, ou qualquer outro tipo de visualização
eletrônico para retirar partes da imagem, eliminando áreas necessária. Esses volumes podem ser manipulados para
visualizar as quatro câmaras do coração, os grandes vasos
que não fazem parte da anatomia que está sendo procura-
ou qualquer outra porção da anatomia cardíaca dentro
da, acentuando, portanto, a área de interesse (Fig. 24-9).
dessa amostra de volume (Fig. 24-13).
O bisturi eletrônico tem-se mostrado muito importante na
avaliação de malformações fetais. 15 No entanto, a maior vantagem de se utilizar o volume na image-
4. O modo inverso é a técnica de interpretação de volume nologia é a possibilidade de se salva.r volumes inteiros , conten-
inteiro na qual todas as áreas císticas dentro do volume do todas as informações ultrassonográficas dos pacientes. Os
se tornam digitalmente opacas e todas as áreas sólidas se volumes podem depois serem manipulados, reinterpretados
tornam transparentes (Figs. 24-10 a 24-12). A técnica nos e reconstruídos de formas diferentes exibidos tanto no modo
permite visualizar todas as áreas císticas que estão de 3D quanto no 2D, mesmo depois de o paciente ter deL"'{ado
alguma forma escondidas dentro do volume. A técnica o local do exame. Isso permite que o exame de ultrassom
do modo de superfície não nos permite visualizar as áreas seja menos operador-dependente, porque ele já não é mais
císticas contidas no volume e os múltiplos cortes, e a completanlente dependente das habilidades e da visão do
técnica dos três planos ortogonais nos fornece uma visão operador ou da exploração da sonda do ultrassonografista.
de apenas um fino corte das áreas císticas de cada vez. O Se a imagem não for adquirida no momento do escaneamento
modo inverso é a lll1ica maneira de individualizar, em uma original ou se o feto não está em uma posição perfeita, essas
visão de "olhos de pássaro", toda a área cística de alguma imagens adicionais podem ser reconstruídas e analisadas
forma escondida no volume. Pode-se utilizar depois o bis- depois que o paciente tenha terminado o exame ? I.26 Medições
836 o PAPEL DO ULT RASSO M EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

B
FIGURA 24-6. A. Anomalia da parte distai do membro da extremidade superior com um defeito da parte transversa do membro envolvendo o
punho e a mão é mostrada. A mão parece estar ausente nesta exibição de modo de superfície usando-se uma configuração para tecido mole.
B. O mesmo volume é mostrado numa janela para osso , demonstrando que existem dois dedos (seta) na porção distai do punho amputado.
A possibilidade de se observar os ossos ou os tecidos moles nas configurações usando-se o mesmo volume é uma vantagem da imagem em
3D, que permite que o operador avalie aspectos diferentes da anomalia sem a necessidade do retorno do paciente.

te como uma ferramenta educacional. 26 '27 Essas características


fazem da imagem de volume em 3D incrivelmente poderosas
no campo da ultrassonografia.

APLICAÇÕES DO ULTRASSOM EM
TRÊS DIMENSÕES
As aplicações da ultrassonogTafia em 3D são multiJacetadas
e incluem a possibilidade de realizar o escanean1ento inteiro
utilizando poucos volumes em 3D obtidos rapidamente. Essa
técnica pode substituir a tediosa aquisição de imagem em 2D,
permitindo que todo o escaneamemo seja reconstruído prati-
camente de poucos volumes que contêm um infinito número
de cortes de imagem.21.25 A ultrassonografia em 3D é também
útil na avaliação adicional dessas malformações vistas em 2D
que podem ser mais extensivamente examinadas utilizando-se
o modo de superfície ou múltiplos planos de reconstrução.
H á também muitas aplicações para a imagenologia do cora-
ção e da face , realizando medições volumétricas de muitos
organismos fetais, avaliando o primeiro trimestre do feto e
observando o feto exibido em 3D por meio do Doppler. Toda
FIGURA 24-7. Janela óssea é usada para demonstrar a face do
feto. Observe que a maxila é particularmente mais bem observada essa discussão é posteriormente detalhada neste capítulo.
utilizando-se a intensidade máxima da janela. Primeiramente, toda a importância da utilização da ima-
gem em volume relata a possibilidade de armazenar todas as
informações da ultrassonografia em poucos volumes, para
também podem ser feitas dentro do volume - medições que exibir qualquer imagem ou qualquer plano mesmo após o
podem talvez ser indevidamente omitidas no momento do paciente não estar mais presente. Isso foi primeiramente rela-
escaneamento ou medições que apenas podem ser observadas tado por Nelson et al.,26 que avaliou a viabilidade de se realizar
em planos de reconstruções. Posteriormente, podem-se trans- estudos de ultrassom em 3D e transmiti-los para ouu-o centro
mitir todos os dados para outros centros para revisão e um do país, para uma revisão rjJ7.ine neste local distante. Esse
reescaneamento virtual para consultas terciárias ou meramen- estudo mostrou que a ultrassonografia em 3D pode produzir
o 837
---
PAPEL DO UL TRASSOM EM TR ÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

A B
FIGURA 24-8. A. Circulação fetal normal, usando o Doppler de
potência em 3D com 23,6 semanas de gestação. Observe que a cir-
culação arterial e a venosa são mostradas. B. A circulação intracere-
bral na semana utilizando-se o Doppler de potência em um volu-
me de imagem em 3D. C. A circulação placentária fetal é mostrada
nesta imagem em 3D do Doppler de potência no terceiro trimestre.
A inserção do cordão umbilical é indicada pela seta larga branca. As
setas amarelas pequenas mostram os troncos das vilosidades princi -
pais. (Reproduzido com a permissão de Lee W, Kalache KD, Chaiwo-
rapongsa T, er ai: Three-dimensional power Doppler ulrrasonography
during pregnancy. J Ulrrasound Med 22:91,2003.)

A B
FIGURA 24-9. A. Hidrocele bilateral, assim como hérnia inguinal bilateral (seras), se estendendo dentro do escroto. B. Os dois testículos na
bolsa circundados por um fluido usando-se a técnica do modo de superf ície. Isso é conseguido pelo corte de partes da imagem usando-se um
bisturi eletrônico para mostrar a superfície dos testículos dentro do escroto. Observe que um dos sacos herniários também pode ser visualizado
nessa imagem de superfície.
838 o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

A c

FIGURA 24-10. A. Imagem carona I através dos cornos frontais fetal em um feto com ventriculomegalia leve. Observe a presença do cavo do
septo pelúcido (seta) entre os cornos frontais. B. Uma reconstrução multiplanar do mesmo feto mostrando a presença do corpo caloso intacto
(seta). O terceiro plano no quadrante interior esquerdo da imagem mostra uma secção transversal através do átrio do ventrículo lateral numa
visão de reconstrução completa que não se obtém em um escaneamento convencional em 2D . C. O modo inverso do mesmo caso mostrando
uma parte do ventrículo lateral e do cavo do septo pelúcido entre os dois cornos f rontais.
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 839

A
B
FIGURA 24-11. A. Visão da reconstrução transversa através do coração de um feto com hidrocefalia e áreas císticas em torno associadas
aos cornos frontais. B. O modo inverso é observado, mostrando a associação do ventrículo lateral dilatado e uma área cística frontal.

imagens de qualidade para diagnóstico, que podem ser trans- revisão dos cinco volumes foi feita rifline em apenas 5 minutos,
mitidas e reconstruídas para produzir imagens similares às resultando em um tempo total de escaneamento de 6 minutos
originais obtidas durante o escaneamento em 2D do paciente. comparados com aproximadamente 14 minutos por escanea-
Apesar de a qualidade da reconstrução da imagem ser inferior mento para realizar o mesmo exame na imagenologia padrão
à da original em 2D obtida diretamente do paciente, esse estu- em 2D . A metodolog-ia desse conjunto de dados do volume
do mostrou que é clinicamente viável se adquirir os dados do para a projeção das pesquisas estruturais do segundo u-imestre
volume em 3D de um local e exibir esses dados em outro com pode aumentar acentuadamente a eficiência nos departan1en-
uma qualidade clínica razoável. 26 tos de ultrassom, pois o escaneamento pode ser realizado em
menos da metade do tempo perdido para realizar um exame
fetal padrão em 2D .
AS MELHORIAS NA PRÁTICA DO Esse estudo foi adicionalmente expandido utilizando-se 50
ULTRASSOM UTILIZANDO-SE O pacientes, comparando a capacidade de revisar os volumes
ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES de três médicos independentes. 25 O tempo tradicional de
escaneamento em 2D era de 19,6 minutos por escaneamento,
Não há dúvidas de que a imagem de volume em 3D pode ser comparado a 1,8 minuto para aquisição de cinco volumes pelo
usada para exibir todas as informações que normalmente são operador. A revisão dos volumes, incluindo as medições rifline
obtidas usando-se o ultrassom em 2D, e muito mais, em um do diâmetro biparietal e do fêmur, variavam entre 4,79 e 5,53
período de tempo menor de manipulação (Fig. 24-14). minutos pelos três médicos interpretantes. Pelo menos 90%
Em um estudo piloto de 25 casos, investigou-se prin1eiro das estruturas anatômicas foram identificadas com sucesso na
o conceito de que cinco varreduras de volume em 3D podem reconstrução virtual em 3D , comparada à 2D. Todos os três
ser usadas para produzir todas as imagens necessárias para médicos obtiveram sucessos equivalentes na reconstrução das
uma pesquisa ultrassonográfica fetal completa do segundo imagens, assim como na identificação de fetos com anoma-
trimestre. Foi observado que o conjunto de dados do volume, lias. Isso também indica uma acentuada economia de tempo
designados para englobar toda a anatomia fetal (centrada na na realização da pesquisa da anatomia fetal padrão, que foi
cabeça, face , tórax., abdome e extremidades inferiores), pode realizada em menos de 2 minutos do tempo de escaneamento
ser salvo e revisto virtualmente no sistema de annazenamen- real 25 Essa aplicação do ultrassom em 3D provavelmente se
to, para produzir uma pesquisa fetal completa, mostrando a tornará importante em uma tentativa de melhorar a eficácia
anatomia fetal, assim como o diâmetro biparietal e as medi- dos departamentos de ultrassom.
ções do comprimento do fêmur. 24 A pesquisa estrutural com- A revisão e o escaneamento dos volumes ultrassonográ-
pleta foi realizada em 20 dos 25 fetos, com a maior parte da ficos são também cruciais para permitir ao ultrassom um
pesquisa incompleta devido à falta de visualização completa certo aumento na padronização e na flexibilidade existente
de uma das mãos. O mais importante, entretanto, é que os na Te e RM. Essa aplicação do volume ultrassonográfico
cinco volumes de aquisição foram realizados em 1 minuto e a provavelmente diminui a dependência do operador, que tem
840 o PAPE L DO ULTRASSOM EM TR ÊS DIM ENSÕES NA AVALIA ÇÃO DO FETO

A C

FIGURA 24- 12. Holoprosencefalia lobar mostrando a ausência do cavo do septo pelúcido e a fusão dos cornos front ais através da linha média.
A. Imagem coro nal da regi ão dos cornos frontais mostrando a ausência do cavo do septo pelúcido e conexão dos cornos. B. Reconstrução
multi planar dos três planos ortogonais. O defeito é mostrado pelo ponto de referência (superior direito, inferior esquerdo). que é locali zado
na região onde o cavo do septo pelúcido deveria estar. Observe também que o modo inverso é exibido no quadrante inferior direito da caixa,
mostrando o conjunto de ventrículos. C. Imagem interpretada do interior do ventrículo lateral direito na fusão entre o ventrículo lateral.
Continua
o PAPEL DO ULTRASSOM EM T RÊS DIMENSÕ ES NA AV A LI AÇÃO DO FETO 841

D E
FIGURA 24-12, conto D, E. Modo inverso mostrando o conjunto do ventrículo lateral e a conexão entre eles .

sido um inconveniente para o ultrassom por tanto tempo. O houve apenas um paciente cujo tratamento foi realmente
exame virtual em 3D também pode ser bem adaptado para afetado pelas informações em 3D . O tipo de anomalias no
a ecocardiografia , na qual os volumes podem ser obtidos e qual a imagem em 3D foi útil inclui defeitos faciais, anorma-
enviados para centros que podem fazer uma avaliação adicio- lidades de membros e defeitos no tubo neural. A vantagem
nal de todos os de dados cardíacos. Esse conceito adicional do ultrassom em 3D é proveniente amplamente da
de escaneamento de volume com interpretação qfJline pode capacidade de reconstrução multiplanar de cortes do
ser particularmente útil para pacientes escaneados em locais to de dados de volume do ultrassom em 3D. Esses autores ,
distantes em que cuidados especializados de terceiros não são assim como Mertz et al., concluíram que o ultrassom em
obtidos com facilidade. Em panicular, em áreas nas quais a 3D deve ser usado como um auxiliar da imagenologia em
especialização em coração fetal pode não estar disponível, os 2D para realizar avaliações amplas de anormalidades fetais
examinadores podem ter a opção de obter assistência pelo congênitas .34 .37
encaminhamento desses conjuntos de dados para centros Outras pesquisas, entretanto, constataram que a in1agem
cardíacos.28 .29 do ultrassom em 3D não oferece informações adicionais sig-
nificantes comparadas às que podem ser adquiridas usando o
ultrassom em 2D . Apesar de algumas malformações poderem
AVALIAÇÃO DE ANOMALIAS ser mais bem visualizadas com a reconsuução em 3D, esses
CONGÊNITAS COM O ULTRASSOM autores acreditam que o ultrassom em 3D não fornece infor-
EM TRÊS DIMENSÕES mações adicionais significantes que possam mudar os proce-
dimentos nos casos de tais anomalias. 35
As pesquisas têm comparado o uso do ultrassom em 3D e
em 2D nas investigações de malformações feta is identifica-
das originalmente pelo ultrassom em 2D .30 -37 M ui tas des-
A Face Fetal
sas pesquisas têm demonstrado que a imagenologia em A avaliação da face fetal com o ultrassom em 3D tem recebido
volume pode adicionar valor ao u ltrasson: fadrão em 2D muita atenção na literatura como uma técnica complementar
na avaliação de fetos com malfonnações.32 ,34,30.3 A maioria dos da ultrassonografia em 2D , uma vez que uma malformação
estudos foi relatado por Merz e seu grupo,37 que estudou 906 fetal é identificada. A aquisição de volume da face fetal pode
fetos malformados e demonstrou que a ultrassonografia em ser reorientada como se uma linha média verdadeira do plano
3D apresentou vantagens, fornecendo informações adicionais sagital pudesse ser originada de um feto que não estivesse em
em 60,8% dos casos quando comparado ao ultrassom em uma posição favorável (Fig. 24-15). Se o feto não está em uma
2D isolado. Essas informações adicionais, em muitos casos, posição ideal para avaliação do perfil, o plano médio-sagital
são derivadas da reconstrução tomográfica multiplanar. verdadeiro pode ser reconstruído a partir de um volume da
Entretanto, em alguns pacientes, o modo superfície mostra face fetal, otimizando, desse modo, a detecção de anormalida-
melhor a malformação. Dyson et al. 34 estudou 63 pacientes des faciais fetais como a micrognatia 38 A imagem do modo
com 103 anomalias usando tanto o ultrassom em 2D quanto de supeIfície também pode ser útil para avaliação do lábio e
o em 3D . A pesquisa concluiu que a imagem em 3D forneceu mento, e a imagem multiplanar pode ser usada para avaliar o
informações adicionais em 51 % das anomalias, sendo equi- palato fetal em casos de suspeita de fenda palatina (Figs. 24-15
valentes em 45% das anomalias e desvantajosas em 4%, em a 24_21 )39-43
comparação ao ultrassom em 2D isolado. Apesar de metade A reconstrução em 3D da superfície facial fetal é uma
dos pacientes ter sido beneficiada com o ultrassom em 3D , das primeiras aplicações que se tornaram populares fora da
842 o PAPEL DO UL TRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-13. A. Reconstrução multiplanar de um coração normal no segundo trimestre. A quarta câmara é exibida no quadrante superior
esquerdo, e a reconstrução da artéria pulmonar é mostrada no quadrante superior direito da imagem (plano B). B. A via de saída pulmonar é
indicada por um ponto (seta) no plano de aquisição (plano A). A artéria pulmonar é também mostrada na imagem de reconstrução nos outros
dois planos , e o ponto de referênc ia (seta) indica um ponto único no espaço que representa a via de saída pulmonar.
Continua
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 843

crânio. Essa imagem é obtida realizando-se o modo de super-


fície em 3D da face do feto com a exibição da imagem frontal
e posteriormente rotacionando o volume em 180 graus ao
longo do eixo Y ou do eLxo vertical, fazendo com que a parte
posterior da face fique visível, mostrando a região do palato,
a cavidade nasal e a órbita por trás. A janela da área do modo
de superfície, posteriormente, foi colocada de trás para frente ,
e o interior da maxila foi observado em 3D nessa imagem de
face-reversa. De acordo com Campbell et aI., isso aumenta a
visualização da área do palato (Fig. 24-22).
Chmait el al.43 estudaram mais de 50 pacientes e também
concluíram que o ultrassom em 3D era melhor que o 2D na
avaliação, em particular, da fenda palatina. Mittermayer el aL. 54
constataram uma grande eficácia do ultrassom em 3D para
detecção de fenda palatina. Um am;lo estudo, entretanto,
realizado por Rotten e Levaillant,S8,5 avaliou a combinação
dos exames do ultrassom em 2D e 3D para um diagnóstico
melhor das fendas faciais. Eles estudaram 96 fetos com fenda
facial em uma média de idade gestacional de 28 semanas e
atestaram que o defeito anatômico foi corretamente iden-
tificado em 97,5% dos casos afetados deles. Em 8,3% dos
casos, as fendas faciais estavam ausentes ou subestimadas, e
em 4,1% dos casos, as fendas faciais foram superestimadas
c como tendo o componente palatal. H ata et aL. 47 estudaram 94
FIGURA 24-13, conto C, Modo inverso do coração fetal mostrando fetos saudáveis e comprovaram que tanto o ultrassom em 2D
o conjunto dos ventrículos e os grandes vasos, Observe que o ven-
trículo anterior maior é o ventrículo direito, dando ascensão à artéria
quanto o em 3D mostravam a anatomia normal com precisão
pulmonar, na qual o curso passa debaixo do arco da aorta, equivalente.
Observando outros aspectos da face fetal, Lee el aL. 60
mostraram que a imagem multiplanar em 3D apresenta uma
probabilidade muito alta de gerar uma imagem da linha
média sagital verdadeira do perfil fetal , muito útil para a
detecção de micrognatia independentemente da posição
literatura científica, devido a sua particularidade e à aparência fetal. Mertz el aL. 38 avaliaram 618 pacientes e concluíram
real produzida por essa tecnologia da face fetal (Fig, 24-4), O que o perfil médio-sagital verdadeiro pode ser obtido usan-
volume de aquisição da face fetal pode permitir ao operador do o 2D em apenas 69% dos casos. A reconstrução em 3D
a reconstrução de qualquer plano a partir do volume inteiro ; permitiu a avaliação do perfil em todos os casos . Dentre
não apenas nos três planos ortogonais, mas também em cortes os 25 casos de anormalidades da face , cinco tiveram a
tomográficos paralelos, assim como, no modo de superfície. 39 - identificação de características adicionais utilizando-se do
-12_ • • Esse conceito tem conduzido muitos cientistas a estudar a ultrassom em 3D. Mangione 55 avaliou o uso do ultrassom
adição das imagens do ultrassom em 3D ao estudo do ultras- em 3D para detectar dismorfismo facial em um estudo com
som em 2D padrão para deterrninar os benefícios extras do 41 pacientes. Ele constatou que a imagem em 3D se mostrou
uso da imagenologia em 3D para anomalias fetais. melhor que o ultrassom em 2D em 20 casos, bem como que
Muitos estudos têm sugerido que a avaliaÇ<'io da face fetal a imagem em 2D foi mais eficaz em dois casos, e nos casos
usando-se as diversas exibições disponíveis a partir do volume remanescentes não detectou diferença entre as informações
tem aumentado a eficácia dos diagnósticos para a detecção derivadas do ultrassom em 2D ou em 3D. É importante
fenda labial e pala tina, da micrognatia, bem como de anorma- observar, contudo, que em sete casos, as imagens em 3D não
lidades orbitárias e da displasia óssea nasal. 38.4 1.42.45 Gonçalves puderam ser tecnicamente obtidas, indicando certa limitação
el al. 30 mostraram, em uma excelente revisão de literatura, que técnica do ultrassom em 3D. Esses autores concluíram que
dentre os 11 eSl11dos que avaliaram a adição do ultrassom a avaliação craniofacial do dismorfismo, particularmente o
em 3D a do em 2D para avaliação da face fetal, sete conclu- estudo das orelhas fetais , foi útil em seus pacientes (Figs.
íram que haviam conseguido informações adicionais .38 ,46-s 1 24-23 e 24-24).
Qyatro sugeriram que nenhuma informação adicional foi Também foram avaliadas as suturas e fontanelas craniais
conseg1.lÍda. o2 -55 fe tais utilizando o ultrassom em 3D, e o modo de superfície
Diversas pesquisas, incluindo Pretorius et aL. 41 -52 e Mertz et do volume fetal vem sendo particularmente útil nestes grupos
38
aL. sugeriram que o uItrassom em 3D confmnam anomalias de pacientes. 61 -64 Apesar de a idade gestacional ter influen-
faciais mais frequentemente que as realizadas com o ultrassom ciado na visibilidade das suturas e fontanelas , o ultrassom
em 2D, e Martz et aI. detectaran1 uma anomalia adicional no em 3D foi uma técnica confiável para a visualização da
exame de uItrassom em 3D que não havia sido identificada maior parte das suturas e fontaneIas fetais durante a segunda
previamente no exame em 2D , metade de gravidez (Fig, 24-25). Isso foi significativo quando
A principal área de interesse avaliada foi o palato fetal, a se avaliaram os fetos com sinos toses craniais e síndromes
qual permanece evasiva com o uso apenas do uItrassom em relacionadas. 65
2D (Fig. 24-18), Campbell el aL. 56 .57 concluíram que a imagem Outro benefício da avaliação da face com o ultrassom em
do palato mais exata pode ser conseguida pela utilização da 3D é a capacidade de se demonstrar para o paciente e para o
imagem de face-reversa em 3D, na qual o modo de superfície cirurgião plástico a extensão da lesão. Embora os profissionais
em 3D é ajustada para otimizar a face a partir do interior do treinados que utilizam o ultrassom possam reconstruir mental-
844 o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-14. A. Imagem de tomografia computadorizada mostrando um coração fetal normal no segundo trimestre, demonstrando que é
possível a observação do ventrículo lateral, do plexo coroide, da fossa posterior e da prega nucal, usando o mesmo volume individual mostrado
dessa forma. B. Uma tomografia similar do tórax fetal. Observe que o coração inteiro está bem exibido , mostrando a artéria aorta e a artéria
pulmonar , assim como o estômago do feto abaixo do coração usando esses múltiplos cortes paralelos.
Continua
o PAPEL DO UL TRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 845

c
FIGURA 24-14, conto C. Interface do pulmão fetal e fígado com várias seções paralelas obtidas de um volume único através do tórax e do
abdome fetal. As anatomias do tórax fetal, do coração e do abdome podem ser mostradas em sua totalidade utilizando-se um único volume.

FIGURA 24-15. Reconstrução multiplanar de um perfil fetal no terceiro trimestre, mostrando que é possível orientar a face fetal de tal maneira
que o perfil possa aparecer como na imagem superior esquerda (aquisição do plano AI; uma exibição t ransversa através da órbita observada
no plano B e o plano C mostra a imagem de reconstrução coronal por ambas as lentes das órbitas - uma imagem que não pode ser obtida
pelo escaneamento direto do paciente.
846 o PAPEL DO UlTRASSOM EM TR ÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-17. Perfil de um feto com fenda labial e palatina com -


pleta bilateral mostrando um deslocamento anterior do segmento
interno da maxila.

B
FIGURA 24-16. A e B. Duas imagens de um feto no segundo tri-
mestre com fenda labial e palatina, mostrando o modo de superfície
do defeito.

mente a extensão da anormalidade com base nas imagens do


ultrassom padrão em 2D, os profissionais que não trabalham
com escaneamento, bem como os pacientes, se beneficiam
muito pela visualização da face mostrada em uma forma mais
usual e menos abstrata. o6
A imagenologia do cérebro fetal é uma das áreas nas
quais os planos multiplanares em 3D vêm sendo estudados
com grande detalhamento e com muita aplicabilidade. As
imagens do cérebro através das fontandas fetais permitem
a obtenção de um excelente volume do cérebro inteiro, o
qual consequentemente pode ser reconstituído em qualquer
plano. o7' 69 Isso permite a visualização do corpo caloso, O qual
FIGURA 24-18. Modo de superfície de uma fenda labial incompleta
não é frequentemente visto nas imagens de planos em 2D sem a presença da fenda palatina (pelo menos não foi exibida nesta
padrão (Fig. 24-26).70.71 Monteagudo el aL.°9 mostraram a imagem). Observe o discreto defeito linear no lábio superior (seta).
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 847

A B
FIGURA 24-19. Um feto do terceiro trimestre com fenda labial e palatina bilateral. A. Modo de superfície da face do feto, mostrando que a
fenda (seta) se estende para o interior do assoalho da cavidade nasal. B. Ponto mais interno da maxila, mostrando a fenda bilateral, que envolve
o palato duro. Observe o septo nasal e os defeitos na base de ambas as narinas.

FIGURA 24-20. Fenda facial mediana em um feto com a trissomia


do 13. Observe que o segmento interno do maxilar está ausente e
a fenda central envolve a maxila com a ausência do nariz. Observe FIGURA 24-21. Modo de superfície de um feto no segundo trimes -
também que esse feto apresenta polidactilia. tre com micrognatia e polidactilia.
848 o PAPE L DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-23. Feto gravemente dismórfico com excessivos cabe-


los na fronte, micrognatia severa , facies plana e orelhas anormais.
FIGURA 24-22. Imagem reversa de um feto com fenda labial e
palatina. Observe que a janela do modo de superfície foi rotacionada
em torno do eixo Y fornecendo um ponto da imagem do interior da
boca. O defeito palatino é visualizado por trás.
com o ultrassom em 2D quanto o em 3D e concluíram que
o ultrassom em 2D condizia com o defeito do nível do seg-
mento vertebral p6s-natal em seis dos nove casos de espinha
versatilidade das imagens de volume em 3D, apresentando bífida. Utilizando-se o ultrassom em 3D nos mesmos casos,
muitas imagens e múltiplos planos do cérebro fetal. Uma tem-se como resultado a conformidade dentro de um nível
rápida varredura de toda a neuroanatomia do cérebro pode do segmento da espinha em oito dos nove lactentes, e o saco
ser realizada em segundos e visualizadas utilizando-se todas as meníngeo pôde ser observado em cinco dos nove casos. Esses
diferentes modalidades mostradas rjj7ine (Figs. 24-27 e 24-28). autores concluú'am que a abordagem em 3D melhorou a
Isso é similar ao que pode ser alcançado com a Te e a RM. caracterização da espinha bífida adicionando informações
Monteagudo ef al. 69 demonsu'aram que o profissional pode importantes do diagn6stico ao que já fora realizado com o
navegar através do volume utilizando o ponto marcador, ultrassom em 2D. 76
exibindo a exata localização das estruturas através do cérebro
em muitas orientações diferentes a partir de um plano de
escaneamento usual. Por exemplo, um pode avaliar o cérebro
o Esqueleto e as Extremidades Fetais
usando a imagem dos "três cornos ", a qual retrata os cornos Nelson e Pretorius8o foram os primeiros a mostrar que a
anterior, posterior e inferior na mesma imagem.72 O volume imagenologia em 3D pode ser aplicada ao esqueleto com boa
do cérebro fetal também pode ser medido pelo ultrassom em visualização dos ossos e dos corpos vertebrais. Utilizando-se o
3D e correlacionado com o crescimento fetal. i 3 O uso do flww modo de intensidade máxima (ajuste esquelético), o esqueleto
de imagem DopPler para acessar o fluxo cerebral fetal pode ser se torna mais ecogênico e fácil de se avaliar (Figs. 24-5 , 24-6 e
feito utilizando o DOPI)/er de pofênáa dentro de um volume em 24-33). A imagenologia de volume em 3D têm relatado diver-
3D n (Fig. 24-8). Mueller cf al. 53 constataram que o ultrassom sas displasias esqueléticas, incluindo a displasia tanatof6rica,
em 3D é vantajoso na avaliação de anormalidades do sistema acondrogênese, acondroplasia, crondrodisplasia punctata e à
nervoso central do feto: dentre os 11 fetos, um caso de espi- síndrome de Apert. 8 1-8S Geralmente, o diagn6stico correto é
nha bífida foi detectado pelo ultrassom em 3D e não pelo em gerado utilizando-se a imagem em 2D. Entretanto, de acordo
2D, e um caso de encefaJocele foi mais eficazmente revelado com Krakow ef a.l89 a imagem em 3D confirma o diagn6stico
usando-se o ultrassom em 3D (Fig. 24-29). As vantagens da e pode promover um aumento na visualização de anormalida-
imagenologia em 3D no cérebro, entretanto, estão na melhor des. Vários casos reportados e algumas séries de casos breves
visualização da linha média intracranial, em particular, o na literatura enfatizam as características específicas que o
corpo caloso (Fig. 24-26). ultrassom em 3D pode identificar melhor que o ultrassom em
O restante do tubo neural, principalmente os casos de 2D. Isso inclu i anomalias faciais adicionais como a microgna-
espinha bífida, também vem sendo estudado utilizando-se tia e orelhas dism6rficas de baixa implantação, assim como a
a imagem em 3D (Fig. 24-30). A espinha pode ser definida anomalia escapular na displasia campomélica, a depressão da
utilizando-se a configuração de modo esquelético máximo ponte nasal e da bossa frontal na displasia tanatof6rica, corpos
para avaliar uma vértebra e um nível de uma s6 vez (Figs. vertebrais anormais e a ausência de costelas na síndrome de
24-31 e 24_32 ).75.i9 Lee eI aC6 esmdaram nove fetos tanto Jarcho-Levin, bem como orelhas de bai..-xa implantação e hipo-
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 849

FIGURA 24-24. Feto gravemente dismórfico com micrognatia e


láb io superior protuberante e alongado. FIGURA 24-25. Feto normal no segundo trimestre. Uso da janela
para osso mostrando as fontanelas e as suturas .

FIGURA 24-26. Cérebro de um feto normal no terceiro trimestre mostrado nos três planos ortogonais. Observe que o corpo caloso (seta) é
me lhor visualizado no plano B.
850 o PAPEL DO ULTRASSOM EM TR ÊS DIM ENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

B
FIGURA 24-27. A. Imagem da reconstrução multiplanar de um cisto inter-hemisférico em um feto no terceiro trimestre. Observe o cisto
central, o qual está associado à agenesia do corpo caloso. B. Ampliação da imagem da reconstrução mostrando a forma e a configuração do
cisto.

plasia do terço médio da face na sindrome de Larsen, apenas único corte no ultrassom em 2D. Portanto, o ultrassom em
para nomear alguns. 73. 86-88. 90-93 Ruano et al. 91 avaliaram a 3D poderia ser um método complementar ao ultrassom em
contribuição da imagenologia do volume em 3D na descrição 2D, realizando um diagnóstico esquelético exato. Há opiniões
de displasias esqueléticas em seis casos . Entre os três casos de que a imagenologia do volume em 3D fornece valiosas
de acondroplasia, dois casos de osteogênese imperfeita e um informações para diagnósticos melhores e além do ultrassom
caso de crondrodiaplasia punctata, a utilização do ultrassom em 2D, ainda restrita devido ao número pequeno de casos
em 2D estabeleceu o diagnóstico correto em quatro casos, estudados (Figs. 24-34 a 24-36).
enquanto o ultrassom em 3D alcançou o diagnóstico correto Houve diversas tentativas de se utilizar o ultrassom em
em todos os seis casos. Esses autores informaram que o ultras- 3D para auxiliar na detecção de fetos detentores da síndrome
som em 3D tinha uma vantagem sobre o ultrassom em 2D de Down (Fig. 24-37). Lee el al. 94 estudaram a capacidade
no qual poderia se obter a imagem do feto inteiro dentro do do 3D de fornecer medições do ângulo ilíaco fetal e mostrar
volume em oposição a apenas uma porção do feto usando um que um ângulo ilíaco padronizado pode ser adquirido mais
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 851

FIGURA 24-28. A. Hemorragia intracraniana no terceiro trimestre mostrada em uma reconstrução multiplanar. Observe que as informações
dentro do volume são mostradas em todos os três planos pe rpendiculares, permitindo que este único volume forneça qualquer plano dentro da
cabeça fetal depois que o paciente for embora. 8 . O plano reconstruído.
852 o PAPEL DO ULTRASSOM EM T RÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-30. Modo de superfície de um defeit o do tubo neural


(seta) na região lombossacral de um feto no segundo trimestre.

nasal fetal estar ossificado. Esse estudo demonstrou que o


ultrasso m em 3D pode ser usado para avaliar o osso nasal
com uma boa aceitação entre os observadores. Essa pesquisa
relatou que a não visualização do osso nasal identificou até
45% dos fetos com a sÚldrome de Down. Diversos estudos
analisaram o uso do ultrassom em 3D para avaliar a ossifica-
ção do asso nasal fetal ,97 incluindo Peralta el al. 98 que examina-
ram 450 fetos usando o ultrassom em 3D imediatamente após
a avaliação do osso nasal em 2D na triagem de anormalidades
B cromossômicas entre 11 e 14 semanas. Em 93 ,6% dos casos ,
FIGURA 24-29. A. Imag em longitudinal de um feto com encefalo- eles constataram que o osso nasal era visualizado utilizando-se
ce ie no primeiro trimestre. Observe uma pequena área c ística ema - do ultrassom em 2D ; 29 fetos (6,4%) tinham apal'ente ausên-
nando do topo da cabeça. B. M odo de superfície em 3D do mesmo cia do osso nasal. Avaliando esses 29 fetos usando o ultrassom
feto com o defeito na parte posterior do occipital do crânio.
em 3D de modo mais detalhado, verificaram-se a ausência
de ambos os ossos nasais em 25 dos 29 casos (86,2%) e a
ausência de apenas um osso nasal em quatro dos 29 casos
(13,8%) . este estudo, foi constatada a ausência de um ou
ambos os ossos nasais em 0,7% dos fetos com cromossomos
facilmente de um volume de pelve fetal que de uma técnica normais, 61,3% dos fetos com a trissomia do 21 e 46,70/0 dos
de corte único em 2D. Esses autores apresentaram um âng'ulo com outras anormalidades cromossômicas. O uln'assom em
ilíaco fetal sigl1ificativamente mais estreito (79 graus) em fetos 3D nesse estudo mostrou a presença de uma fenda entre os
norma is comparado aos portadores da síndrome de Down dois ossos nasais em cerca de 20% dos fetos , a qual poderia
(87,7 graus), P< 0,001. A imagem multiplanar facilitou a levar a um diagnóstico errôneo de ausência do osso nasal no
diferentes examinadores a obtenção de medições confiáveis, plano médio sagital adequadoYs Benoit el al. 97 demonstraram
tornando a confiabilidade interobservador e intraobservador que a melhor maneira de se avaliar o osso nasal no feto novo
da medição desses ângulos aceitáveis. Para o diagnóstico é usar o modo máximo de interpretação para examinar a
falso-positivo de 5%. o limiar do ângulo ilíaco de 87 graus foi imagem do esqueleto na vista frontal. e determinar a presença
corretamente identificado em 56% dos fetos com a síndrome de um ou ambos os ossos nasais. Isso difere da imagem sagi.tal
de Down . usada por outros profissionais. Deve-se ressaltar, no entanto,
Diversas pesquisas também estudaram o osso nasal em que. quando se deseja obter um volume com o propósito de
fetos portadores da síndrome de Down no segu ndo e terceiro se avaliar a ossificação do osso nasal, o plano do ultrassom
trimestres usando a imagem em 3D 9 :;.97 Lee el a/9 5 es tudaram fica em ângulo reto em relação ao feto. Com um ângulo de
40 fetos , incluindo 20 portadores da síndrome de Down e 30 a 60 graus , um volume considerável do perfil fetal fornece
constataram que houve uma substancial cOllcordância entre a visualização da área do osso nasal com uma boa qualidade
dois examinadores isolados na determinação sobre o osso
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 853

FIGURA 24-31. Reconstrução multiplanar de uma espinha fetal normal no segundo trimestre, utilizando-se uma janela para osso para melhorar
a aparência do esqueleto.

na reconstrução das imagens. A qualidade do volume obtido


determina a qualidade [mal da imagem interpretada. 99

o Primeiro Trimestre de Gravidez


o ultrassom em 3D no primeiro trimestre é uma área de
pesquisa ativa muito interessante. Com o uso de um trans-
duror transvaginal de alta frequência, Blaas exibiu imagens
do cérebro primitivo, revelando que imagens adequadas de
estruturas muito pequenas podem ser observadas e recons-
truídas com precisão utilizando a imagem do volume em 3D
(sonoembriologia) (Figs. 24-38 e 24_39).100103
Também é possível empregar as técnicas de reconstrução
multiplanar de imagens em 3D para avaliar a translucência
nucal em fetos que não estão em uma posição adequada para
as medições padrão em 2D. Diversos estudos têm mostrado
que existe uma excelente correspondência entre as medições
de translucência nucal no padrão 2D e as imagens sagitais
obtidas volumes dos mesmos fetos cortes dos volu-
mes saglt31S em 3D. 1O.J-Il o Paul et al. 1O demonstraram que,
quando a aquisição em 3D [oi realizada com o feto na posição
apropriada para a medição da translucência nucal, uma visua-
lização evidente da membrana nucal foi alcançada em 38 dos
40 fetos , comparado com 24 dos 40 casos em que o feto esta-
va em uma posição aleatória quando a aquisição foi realizada.
Certamente, a correspondência entre a medição da translu-
cência nucal padrão em 2D e a medição da reconstn.lção em
3D foi pior para volumes adquiridos em posições aleatórias,
Outros profissionais verificaram que existe uma superes ti-
FIGURA 24-32. Imagem ampliada de uma espinha lombar fetal mação das medições da translucência nucal nas técnicas de
no início de terceiro trimestre utilizando-se uma janela para osso. reconstrução em 3D transabdominal e transvaginal quando a
Observ e o detalhe dos corpos vertebrais e o aspecto posterior das translucência nucal é menor que 3mm; e, quando maior que
costelas inferiores.
854 o PAPEL DO UlTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-34. Feto no terceiro trimestre com um pé torto unilate-


ral mostrado no modo de superfície.

B
FIGURA 24-33. A. Feto no segundo trimestre com anormalidade
no corpo vertebral no nível de T 11. Observe a escoliose produzida
pela anormalidade do corpo vertebral vista na imagem padrão em
20. B. Reconstrucão em 3D deste esqueleto fetal utilizando a janela
para osso. Esta demonstra a ausência unilateral da costela
em T10 (seta), com uma costela normal do lado oposto. A anorma-
lidade da costela não foi visualizada no escaneamento inicial em 20,
entretanto, foi prontamente localizada na reconstrução em 3D .

3nun, a translucência nucal era subestimada pela reconstru-


ção em 3D. JlO Portanto, neste momento devido a essa ampla
diferença de opiniões, as medições de translucência nucal nos
planos reconstruídos não vêm sendo plenamente adotadas. FIGURA 24-35. Feto no segundo trimestre com artrogripose, mos-
trando mão em garra bilateral com sobreposição dos dedos no modo
OUb'as possibilidades na avaliação em 3D no primeiro tri-
de superfície.
mestre de gravidez incluem imagens da anatomia do feto como
a avaliação do coração, cérebro e extrenúdades, assim como a
placenta e vesícula viteLina. Os índices de sucesso na avaliação
global da anatol1Úa fetal foranl altas utilizando-se o ultras- a inlagem de volume em 3D comparado ao ultrassom em 2D
som em 3D em comparação ao em 2D (78,8% versus 47,5%), nas imagens do primeiro trimestre. Nesse estudo, a espessura
incluindo melhores taxas de visualização dos ventrículos da translucência nucal foi mensurada com sucesso em 96 ,6%
cerebrais, plexos coroide, estômago, e assim por diante,lll 'l13 dos fetos utilizando o exame em 3D, em relação a 37,5% dos
o estudo de Hull, também foi observado que o tempo de fetos utilizando o ultrassom em 2D. ll1
escaneamento foi significativamente menor quando se utilizou
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 855

Outra área de interesse como uma aplicação da imagem


em 3D é a medição do saco gestacional, placenta e volumes
fetais no primeiro trimestre, bem como a relação desses volu-
mes com a presença das principais anOlmalidades cromossô-
micas. 1J3 ·Jl 9 Em um estudo elaborado por Falcon et al.ll7 com
417 grávidas saudáveis e 83 grávidas com anormalidades
cromossômicas principais, o volume médio do saco gestacio-
nal era menor em fetos com a trissomia do 13 e triploidia, e o
volume placentário era menor em grávidas com a trissomia do
13 e a do 18. O grau de restrição do crescimento fetal poderia
ser mensurado com mais eficácia utilizando-se a imagem do
volume em comparação com o exame em 2D padrão.

o Coração Fetal
Há vários trabalhos em pesquisa a resReito das avaliações
em 3D e em 4D do coração fetal . 120 . 1 3 Gonçalves el al. 30
apresentam um excelente resumo dos estudos ocorridos até o
momento. Em geral, quando se comparam as imagens em 2D
e as em 3D, as imagens em 2D detêm um índice de sucesso
maior na identificação das quatro câmaras e dos grandes
vasos do coração. 3o Infelizmente, devido ao rápido movimen-
to do coração, as imagens em 3D e em 4D produzidas se tor-
nam borradas devido ao movimento no ciclo cardíaco. A falta
FIGURA 24-36. Feto no segundo trimestre com artrogripose, mos- de resolução resultante limita a capacidade que o ultrassom
trando a contratura de ambas as extremidades, inferior e superior. de volume tem de completar imagens suficientemente claras.
Observe a postura não usual deste feto, indicando o posicionamento Isso é suscetível à mudança quando a matriz do transdutor se
fixo dos membros. Uma vantagem da reconstrução em 3D é o amplo torna disponível para a imagem fetal.
campo de visão disponível para observar o posicionamento geral do
feto no útero.

A B
FIGURA 24-37. A e B. Feto no segundo trimestre com a síndrome de Down mostrando o arredondamento da face, uma orelha pequena e
com uma localização inferior, face plana e um tecido mole pouco espesso na região do pescoço.
856 o PAPEL DO UlTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

B
c
FIGURA 24-38. A. Feto com oito semanas e meia mostrada na reconstrução multiplanar, demonstrando um desenvolvimento normal do
cérebro. B. Imagem longitudinal do desenvolvimento do cérebro mostrada com mais detalhes. C. As áreas císticas no interior do cérebro em
desenvolvimento podem ser invertidas com o 3D demonstrando o desenvolvimento do sistema ventricular como um bloco. Observe os dois
ventrículos laterais e o terceiro ventrículo, assim como o quarto ventrículo, normalmente amplo nesta fase gestacional.
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 857

A B
FIGURA 24-39. A. Feto de nove semanas de idade, mos-
trando o detalhe através do modo de superfície da face
fetal, a presença da orelha fetal, os cotos de membros e a
inserção do cordão. B. Uma imagem do dorso de um feto
no final do terceiro trimestre (11 semanas), demonstrando
a localização da orelha fetal , assim como, os detalhes das
extremidades e das costas. C. Novam en te as orelhas fetais
são observadas na 1 semana em uma reconstrução da
imagem de superfície , a qual também mostra detalhes da
face fetal e a inserção do cordão na placenta.

c
858 o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

Alguns prolissionais têm usado a imagem de volume para


transmitir dados para outros locais , e a visualização do cora-
ção vem apresentando relativo sucesso em algumas dessas
situações. Um estudo reportou a avaliação completa do cora-
ção em 76% dos casos nos quais os de dados foram
transmitidos a observadores que não estavam envolvidos na
aquisição das imagens. 137
Mais recentemente, a técnica de aquisição STIC, usando
frequência baixa de quadros, foi proposta para tentar aumen-
tar a resolução da imagem padrão em 4D do coração. Essa
técnica é um método na qual o ciclo cardíaco completo é mos-
trado em movimento utilizando o cine loop (últimos quadros
da imagem) em 3D?I.23. 28, 138·140 Esta sequência cine loop é
o resultado de uma única varredura lenta, registrando todo
o conjunto de dados em 3D, a partir da qual as informações
relativas à atividade cardíaca são proporcionais dentro de um A
B
ciclo. O feto deve permanecer com um movimento mínimo
FIGURA 24-40. A. Coração normal fetal mostrando transversal-
durante toda a aquisição para a técnica ser bem-sucedida. Isto mente grandes vasos identificados com o Doppler de potência em
resulta em alta resolução da anatomia cardíaca comparada à uma imagem interpretada. B. Imagem semelhante dos grandes vasos
imagem padrão em 4D, a qual aparece borrada devido à rápi- de um feto com transposição das grandes artérias. Observe o curso
da atividade cardíaca. Vinals el al. 140 estudaram 50 pacientes paralelo dos vasos nesta interpretação do volume de imagem do
e distribuíram o de dados adquiridos pela internet. Doppler de potência . (Reproduzido com a permissão de Gonçalves
LF, Espinoza J, Romero R, et ai: A systematic approach to prenatal
O de dados foi obtido por dois operadores com disgnosis of transposition of the great arteries using 4 -dimensional
lirnitada experiência em imagem cardíaca e recebido por ultrasonography with spatiotemporalimage correlation. J Ultrasound
um pesquisador cardíaco experiente, que revisou os ciclos Med 23:1225, 2004.)
cardíacos e realizou um exame completo em 86% e 95% des-
ses casos enviados pelos dois operadores. Em outro estudo,
quatro revisores estudaranl um único volume cardíaco de
cada um dos 18 fetos, dos quais sete apresentavam doença
cardíaca congênita. Noventa e três por cento desses casos de três planos ortogonais de tal forma que a imagem 9as qua-
doença cardíaca congênita foram COITetamente identilicados, tro câmaras estivessem localizadas no plano A 140,146 Um
com apenas um caso não identificado por dois dos quatro sistema algoritmo pode posteriormente ser aplicado ao volu-
observadores. 141 São poucos os casos, contudo, nos quais a me para permitir a exibição automática dos grandes vasos e
imagem adequada não foi possível, portanto, a especificidade dos arcos.
para identificação de doenças congênitas do coração foi de Ainda como uma tentativa de se visualizar o coração fetal,
apenas 45%, devido aos muitos artefatos e imagens inade- utiliza-se o modo inverso, de forma que uma alta ecogeni-
quadas. Com o emprego da técnica de STIC, Gonçalves el cidade seja feita do coração, sinlliar a um (Fig.
al. 22 estudaram 69 fetos, sendo metade normais e metade 24-13). As áreas sólidas geralmente exibidas no ultrassom
com alg'uma anormalidade. Eles demonstraram que o volu- como hiperecogênica desapareceriam e ficaria transparentes,
me pode ser manipulado interativamente e que as anomalias a fun de que o conjunto do coração fetal pudesse ser visto
podem ser visualizadas em 4D para mostrar a extensão dos em sua totalidade. Isso também pode ser feito utilizando-se a
defeitos. técnica de STIC, de modo que todo o conjunto pudesse ser
Diversos outros tipos de configurações vêm sendo utiliza- visto pulsando. Não há dúvida de que, no fuuu'o, a matriz da
dos para melhor visualizar as estruturas cardíacas. Entre eles sonda resultará em uma alta taxa de quadros, permitindo, em
incluem-se muitos programas de pós-processamento, tal como tempo real, o ultrassom em 4D do coração mais apropriada-
o modo de projeção mínima, que enfatiza as áreas císticas mente que o cÍlle loop na reconstrução do ciclo. Tais sondas
dentro do volume, bem como o volume de aquisição em 3D já existem para trabalhos cardíacos de adultos e pediátricos,
manual.l.12. 143 Chaoui et utilizaram cores na técnica de entretanto, essas ainda não foram plenamente adaptadas para
STIC. Três planos puderam ser observados em 24 dos 27 a imagenologia fetal. Apesar de ainda haver limitações na
fetos com doença cardíaca congênita e em 32 dos 35 fetos com qualidade de imagem produzida por transdutores de matriz
coração normal. Nos quatro fetos normais com inadequada de feixe, atualmente é como se essas sondas fossem suficien-
visualização utilizando-se o Doppler colorido STIC, a área de temente melhoradas para permitir um exame cardíaco em
interesse estava em um ângulo de noventa graus com o feixe tempo real utilizando a tecnologia de volume.
de ultrassom. Apesar de ser uma técnica promissora, há ainda A avaliação do sistema vascular do feto foi estudada utili-
limitações para esse tipo de imagem e artefatos a serem supe- zando-se o Doppler de potência em 3D (Fig. 24-40). Isso envol-
radas. DeVore el al. 124 demonstraram que a técnica de rotação, ve não apenas o exame do coração com o uso do Doppler, mas
na qual o volume pode ser exibido nos três planos ortogonais também o estudo completo dos vasos sanguíneos do corpo
do coração, permitindo que o prolissional gire em torno de fetal e da placenta (Fig. 24-8). Chaoui el al.123 mostraram
um ponto no plano A utilizando técnicas simples de rotação imagens do sistema vascular fetal enfatizando a importância
em torno dos eixos X e Y para se obter imagens cardíacas da otimização da imagem do Doppler de potência antes da
padrão (Fig. 24-13). Muitos trabalhos vêm sendo realizados aplicação em 3D. A reconstrução satisfatória das imagens,
para melhorar esse conceito e automatizar a capacidade de contudo, foi possível em apenas 64% das grávidas com
se encontrar várias imagens cardíacas de dentro do volume anatomia vascular anormal. Entre os problemas com que se
utilizando a padronização da imagem de volume. Isso exigiria deparou esse grupo, incluem-se a dificuldade da posição fetal,
que o volume fosse obtido e, em seguida, padronizado nos o movimento do feto e a sobreposição de sinais dos vasos
o PAPEL DO ULTRASSOM EM TR ÊS DIMENSÕES NA A VA LIA ÇÃO DO FETO 859

vizinhos. As áreas específicas de estudo utilizando a imagem também estudaram 32 fetos com risco de hipoplasia pulmonar
em 3D do Drppler de potência abrangem a avaliação do fluxo e concluíram que tanto as reconstruções multiplanares quanto
de sangue renal , assim como o fluxo sanguíneo do fígado do O método VOCAL em 3D podem ser utilizados para a obten-
feto normal, mostrando a vascularização normal do fígado ção de medições adequadas do volume do pulmão fetal. O
e as no fluxo com o a:ranço do período _§es tacio- VOCAL tem a vantagem de ser capaz de detectar áreas de
nal. 148·IoO Em um estudo prospectIvo, Kalache el al.1o eXarnJ- irregularidades do parênquima pulmonar, como em casos de
naram 390 fetos , dos quais oito tinham anomalias vasculares, hérnia diafragmática comprimindo o pulmão. As varreduras
incluindo a ausência de ducto venoso, uma conexão direta do volume são mais bem desempenhadas com o feto na sec-
entre a veia umbilical e o átrio direito, e uma conexão direta ção transversa. Essa capacidade de medição de volume do
entre a veia umbilical e a veia cava inferior. Eles concluíram pulmão com o ultrassom em 3D se traduziu em um novo no r-
que o Doppler de polência em 3D era muito útil no mapeamento mograma para o volume pulmonar fetal normal em diferentes
do curso da veia umbilical e da circulação do sistema porta, idades gestacionais. Esse método pode ser uma alternativa
assim como do ducto venoso, em tais pacientes. O Drpp/er de para as imagens pulmonares fetais de RM. Sabogal et al. 168
potência em 3D foi também utihzado para avaliar o conjunto estudaram 75 pacientes de 20 a 30 semanas com 182 volumes,
de vasos em um caso de sequestro pulmonar, mostrando mostrando que as medições derivadas da ultrassonografia
adequadamente o suprimento sanguíneo anormal. 151 em 3D eram confiáveis e reproduzíveis dentro daquela faixa
de idade gestacional. A avaliação em 3D do pulmão fetal
também foi estudada como um fator prognóstico de hérnia
diafragmática isolada. A proporção do volume pulmonar fetal
AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS DE esperado-para-observado foi significativamente menor no
VOLUME grupo de fetos com hérnia diafragmática congênita, em com-
paração ao grupo controle. 164 A distribuição dessa proporção
Uma importante aplicação clínica da imagem de volume em foi particularmente menor nos pacientes com hérnia diafrag-
3D é a capacidade de se medir volumes mais fácil e eficazmen- mática congênita que não sobreviveram em comparação aos
te, se comparado à imagem utilizada em 2D. Muitos profis- que sobreviveram.
sionais têm demonstrado que os métodos de ultrassonografia
em 3D promovem uma medição de volume mais precisa que
as múltiplas imagens usuais em 2D, independentemente da ARTEFATOS
forma e da regularidade dos objetos.152'155 As áreas específicas
que vêm sendo estudadas incluem o pulmão fetal e o diagnós- Os artefatos que ocorrem como resultado da imagenologia de
tico pré-natal de hipoplasia pulmonar, principalmente em casos volume podem ser diferentes daqueles que são familiares ao
ultrassom em 2D.189.191
de hérnia diafragmática.1 53'165 Também foi reportada
a medição de volume a respeito dos rins, fígado, coluna, Os artefatos usuais, como o sombreamento e a trans-
coxa e outras extremidades, assim como o peso fetal.169.185 missão direta, estão presentes em qualquer tipo de exames
Volumes de cérebro fetal vêm sendo calculados utilizando-se de ultrassom, mas há novos artefatos inerentes às imagens
a imagem de volume em 3D com excelente sucesso e uma de reconstrução em 3D (Figs. 24-41 a 24-44). Esses incluem
boa variabilidade inter e intraobservador. 73.185 Os volumes artefatos de movimento, como o movimento fetal e os movi-
fracionais dos membros em 3D vêm sendo investigados como mentos cardíacos. Isso também é importante para o reco-
um meio de prever o peso de nascimento, a taxa de nhecimento de sombreamento acústico por ser de ocorrência
crescimento fetal e a nuoição durante a gestaçãol74- 80 Lee el pouco provável em um local de imagem de reconstrução. O
al. 180 estudaram o volume fracional dos membros, incluindo sombreamento é inteligível com base na aquisição da imagem,
tanto o braço superior como a coxa em 100 fetos numa média porém, como planos diferentes são reconstruídos, a sombra
de 39 semanas de idade menstI·ual. A melhor predição, a qual pode não mais fazer sentido e não deve ser interpretada como
inclui a circunferência abdominal e o volume da coxa fracio- uma patologia. Um reforço acústico atrás de uma estrutura
nal, derivado de apenas -0,025% +/- 7,8% do peso atual de cística é também um achado provável em uma imagem de
nascimento. Mais 30 fetos foram testados prospectivamente ultrassom padrão, mas pode ser praticamente irreconhecível
e o método em 3D previu 20 dos 30 pesos fetais dentro de na imagem de reconstrução. Essa área cística que foi gerada
5% do peso de nascimento real, comparado com o método pela transmissão direta pode não ser localizada na proxinúda-
tradicional em 2D, que previu apenas seis dos 30 pesos com de usual da área de reforço da imagem reconsollída e tam-
a mesma precisão. Outros pesquisadores também têm estu- bém nem sequer pode aparecer em todas as in1agens. Outros
dado o volume da coxa e têm constatado que essas medições artefatos podem ser produzidos , como um membro aparente
prometem ser uma útil referência na avaliagão do crescimento ou um defeito facial, com base na posição de aquisição dos
fetal e de seu estado nutricional no útero. 17,179,180 Song el al. 179 conjuntos de dados dentro da imagem. É importante o conhe-
tan1bém concluíram que as medições de volume da coxa no cimento da aparência desses novos artefatos para o correto
ultrassom em 3D eram de fácil realização e mais precisas que reconhecimento quando esses ocorrerem.
os métodos de ultrassom em 2D para a previsão da estimativa
de peso durante o terceiro trimestre.
LIGAÇÃO PARENTAL-FETAL
Muitos pesquisadores têm estudado o volume e a aparên-
cia da placenta na tentativa de quantificar o crescimento fetal Observar o feto como se fosse na vida real como no 3D modo
e seu bem-estar. 187,188 As medições de volume da placenta, de superfície, pode despertar muitas emoções à mãe, ao pai
contudo, não constituem uma técnica eficaz para a previsão e aos membros da família (Figs. 24-45 e 24-46). Esse tipo dc
do crescimento em fetos com restrição. 187 ligação parental-fetal pode, algumas vezes, conduzir a uma
A avaliação volumétrica dos pulmões fetais também alteração de comportamento do estilo de vida, como parar
tem dinamizado um grande número de estudos utilizando a de fumar ou de ingerir álcool por parte da mãe. Há muitos
técnica chamada análise virtual de órgão auxiliada por com- estudos que comparam os efeitos do ultrassom em 2D com o
putador (VOCAL, GE Healthcare).'53"65 Kalache el a1. 161 ,162 escaneamemo em 3D e em 4D na ligação e no estado emo-
860 o PAPEL DO UlTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-41. A reconstrução multiplanar no terceiro trimestre da face fetal mostrando um artefato devido ao movimento fetal. Nota -se uma
indentação no nariz de um lado melhor observada no plano B multiplanar (sela) e transmitida para o modo de superfície como um alongamento
nasal do mesmo lado (sela). Este é um artefato devido ao movimento fetal durante a aquisição e aparece em todos os planos reconstruídos.

FIGURA 24-42. Face fetal no terceiro trimestre mostrando a som-


bra dos dedos das mãos que está localizada na frente da face. Por
sua vez, a mão não é identificada na posição da janela do modo de
superfície , porém a sombra dos dedos é visualizada como um arte-
fato na face .

cional maternoI 92.19.! Rustico et a/193 estudaram 52 mulheres


distribuídas aleatoriamente à imagem cm 2D ou cm 2D FIGURA 24-43. Gestação de primeiro trimestre com 6 semanas
seguido de 4D. As pacientes examinadas com o ultrassom em mostrando o saco gestacional com a vesícula vitelina. Note a forma
4D mostraram-se mais suscetíveis a verem a expressão facial do dispositivo intra-uterino (DIU ) (sela) localizado abaixo do nível do
saco gestacional. De fato , esta é a sombra do DIU , que está local i-
de seus feros e os movimenros-mão-a-boca, em comparação zada em um plano diferente. Esta sombra consiste em artefato. que
às pacientes que foram examinadas com o ultrassom em 2D. está reconstruída em um plano diferente da localização real do DIU .
o PAPEL DO UL TRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 861

B
FIGURA 24-44. Reconstrução multiplanar do modo de superfície da face fetal no final do primeiro trimestre mostrando que o feto inteiro
está posicionado dentro do plano de caixa. Observe que a imagem obtida mostra o feto inteiro, completo com as extremidades. A. Exemplo do
que ocorre quando o feto se move parcialmente para fora do plano de caixa. B. Tanto o crânio quando as extremidades inferiores estão fora
de plano, resultando na imagem em que o feto parece apresentar as pernas cortadas (seta) logo acima dos joelhos. Este é um artefato que
depende do posicionamento do plano de caixa.
862 o PAPEL DO ULT RASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO

FIGURA 24-45. Feto no final do primeiro trimestre mostrando as


extremidades superiores e a face em uma posição bastante frequente.
FIGURA 24-46. Bocejo no final do terceiro trimestre que é facilmen -
te reconhecido pelos membros da família que assistem o exame.

Entretanto, nesse estudo aleatório, a inclusão do ultrassom aperfeiçoaram, o potencial da imagem em volume em ultras-
em 4D não modificou a emoção pré-natal atribuída à mãe, som terá um longo alcance e poderá muito bem reformular o
em comparação às pacientes submetidas apenas ao exame modo como esse exame é praticado atualmente.
de ultnssom em 2D convencional. Por outro lado, Ji et al. 192
estudaram 50 mães que realizaram o ultrassom em 3D e 50
que realizaram o exame de ultrassom em 2D. As pacientes Referências
do ultrassom em 3D demonstraram ser mais positivamente
influenciadas e mostraram suas imagens de ulo-assom para 1. Nelson TR, Pretorius OH: Management of three-dimensionalultra-
um maior número de pessoas dentro de suas famílias e ami- sound patiem data via networks. Ultrasound Rev Obstet G)'necol
gos, comparadas às que realizaram apenas o ultrassom em 1:184,2001.
2. Lee A : Fom-dimensional ultrasOlmd in prenatal diagnosis: leading
2D. Esse estudo sugeriu que o ultrassom em 3D é realizado
edge in imaging technology. Ultrasound Rev Obstet G)'necoll :144,
em muitos casos não por um médico. A comunidade do 2001.
ultrassom e a maioria das sociedades nacionais de ultrassom 3. Nelson TR, Pretorius OH, Lev-ToalT AR, et al: Feasibiüt)' of
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o PAPEL DO ULTRASSOM EM TRÊS DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DO FETO 863

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25
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO F ETO
COM UM DEFEITO CORRIGÍVEL
Robert H . Ball, MD e Jan Deprest, MO , PhD

Introdução Doenças

Histerotomia Problemas com Gêmeos Monocoriônicos


Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
Ri scos
Gêmeos MOllocoriônicos Discordantes
Procedimento
PerfI/são Arterial R eversa Gemelar 0 11 Gêmeo Acárdico
Fetoscopia
Hérnia Diafragmática Congênita
Riscos Malformação Adenomatóide Cfstica do Pulmão Congênito (MACP)
Procedimento Teratoma Sacrococcfgeo
Cateteres e Ablação por Radiofrequência Meningomielocele
Riscos Obstrução do Trato Urinário Baixo
Procedimento Derrames Pleurais
Intervenções Cardfacas Fetais

INTRODUÇÃO de fetos com malfOlmações. Uma das responsabilidades dos


médicos em relação ao diagnóstico e intervenção pré-natal,
O potencial para o campo da cirurgia fetal jamais teria sido
levado em consideração sem a existência da ultrassono-
grafia diagnóstica pré-natal. Isto torna a discussão destas inter-
no funlro, é determinar a necessidade de treinamento e vigi-
lância dos operadores e centros envolvidos neste campo. Não
é claro quantos centros seriam necessários, dada a raridade
venções particulal"mente pertinente em um livro dedicado à de malformações, e até mesmo da proporção menor daquelas
ultrassonografia em obstetrícia e g"inecologia. malformações que possam necessitar de intervenção fetal. É
A maioria das malformações consideradas para cinlrgia necessário estabelecer a decisão se o fácil acesso é um substi-
fetal pode ser detectada inicialmente como anormal num tuto para o volume de procedimentos realizados. Certamen-
exame de rotina, mas pode não ser precisamente identificada te, com o acesso ao World Wule T#b, em nossa experiência, os
até que um exame dirigido seja realizado. É evidente que um pacientes tornaram-se consumidores "experts" prontamente
diagnóstico preciso é crítico para determinar a possibilidade capazes de estabelecer contato para fornecer informação
de uma intervenção cirúrgica fetal . Malformações fetais não necessária para realizar uma avaliação preliminar em rela-
isoladas ou que esú'i.o associadas a uma aneuploidia ou síndro- ção ao diagnóstico de seus fetos. Isto, junto com o aumento
me têm sido sempre excluídas como candidatas à intervenção. da facilidade de transferência eletrônica de informações de
Isto é porque a razão risco-benefício não é aceitável, uma vez grande volume, tornou a proximidade geográfica menos
que todos os procedimentos envolvem algum risco materno. importante.
Por isso, devem ser feitos grandes esforços para conflfmar Na década passada, avanços tecnológicos permitiran1 uma
tanto o diagnóstico preciso de uma malformação quanto o transição em direção a técnicas menos invasivas. Procedimen-
fato dessa ser realmente uma malformação isolada. Técnicas tos cirúrgicos fetais iniciais na University of California, San
adjuvantes para garantil" avaliação completa e precisa incluem Francisco (UCSF) envolveram laparotomia e histerotomia
a ecocardiografia fetal , a ressonância magnética (RM) e o materna. Esta abordagem evoluiu para laparotomia e endos-
cariótipo, dependendo de qual problema adicional tem mais copia uterina e, mais recentemente, para procedimentos per-
risco para o feto. Apesar disso, deve-se sempre aconselhar as cutâneos usando dispositivos laparoscópicos com diâmetros
às vezes de 3 mm ou menos. Nossa experiência sugere que
pacientes com relação à possibilidade de falha do processo e
técnicas menos invasivas estão associadas à recuperação pós-
que anormalidades que eram inicialmente consideradas como
operatória menos complicada para as mães, mas não elimina
isoladas podem ao fll1al não se mostrar como tal em última
completamente a morbidade I (Tabela 25-1) . Cada uma destas
análise. técnicas será discutida em detalhes.
As indicacrões para intervencrões cirúrgicas têm sido
expandidas , à medida que aumenta o número total de pro-
cedimentos realizados, os locais nos quais são realizados e o
número de médicos capacitados. Entretanto, no geral, estes HISTEROTOMIA
procedimentos permanecem muito limitados quando compa- A possibilidade de realizar uma histerotomia e fechamento
rados com o número de gestações e até mesmo com o número subsequente do útero grávido humano foi testada em prima-
867
868 o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIG íVEL

Morbidade e Mortalidade Materna para 178 Intervenções na UCSF com Continuação Pós-operatória da
Tabela 25-1
Gestação e Dividida em Subgrupos Operatórios
Endoscopia FETENDOI Percutâneo FIGSI Todas as
Técnica Operatória Histerotomia Aberta Lap-FETENDO Lap -FIGS Interven ções

Pacientes com seguimento 79 68 31 178


pós-operatório da gestação
Idade gestacional na cirurgia (sem) 25,1 24.5 21 ,1 24,2
Média (sem) 17,6-30,4 17,9-32,1 17,0-26,6 17,0- 32,1
Idade gestacional no parto (sem) 30,1 30,4 32,7 30,7
Média (sem) 21,6-36,7 19,6-39,3 21 ,7-40,4 19,6-40,4
Intervalo entTe cirurgia e parto (sem) 4,9 6,0 11,6 6,5
Média (sem) 0-16 0-19 0,3-21 ,4 0-21 ,4
Edema pulmonar 22/79 (27,8%) 17/68 (25 ,0%) 0/31 (0%) 3 9/178 (21 ,9%)
Sangramento indicando transfusão 11/87 (12 ,6%) 2/69 (2,9%) 0/31 (0%) 13/187 (7,0%)
sanguínea
RPP levando ao parto 26/79 (32,9%) 18/68 (26,5%) 4/3 1 (12,90/0) 48/ 178 (27,0%)
Ruptura Prematura de Membranas 41/79 (51 ,9%) 30/68 (44, 1%) 8/3 1 (25 ,8%) 79/178 (44,4%)
(RPM)
Corioamnionite 7/79 (8,9%) 1/68 (1,5%) 0/3 1 (0%) 8/178 (4,5%)

FETE N DO, fetal cndoscopic procedure (procedimento endoscópico felal); FIGS, felal image·guides surger)' (cirurgia fetal guiada por imagem): Lap·FETE NDO.
la parotOmy anel fetal endoscopic procedure (laparotomia c procedimeJltO cncloscópico fetal); Lap-FIGS. laparo tom}' anel fetal image-guides surge r)' (laparotomia e cirurgia
fClal guiada por imagem); UCS F, Universit)' of California, San Francisco (Universidade da Califórnia. São Francisco).

Riscos
Nós revisamos recentemente nossa experiência na UCSF com
rusterotomia materna l (Tabela 25- 1). Foram realizadas oitenta
e sete histerotomias entre 1989 e 2003. H ouve complicações
signifIcativas no pós-operatório imediato. Na experiência ini-
cial, edema pulmonar relacionado a uso de múltiplos agentes
de tocólise e tratamento agress ivo com líquido foi um pro-
blema signilicativo. 5 Treze por cento necessitaram de trans-
fusão por perda sanguúlea intraoperatória. A evolução das
gestações também foi afetada significativamente por uma taxa
de ruptura prematura de membranas (RPM) de 52%, e 33%
entraram em trabalho de parto prematuro refratário à máxi-
ma dosagem de adminisu'ação de agentes de tocólise, levando
ao pano. O tempo médio entre a histerotomia e o parto foi
FIGURA 25-1 . Fotografia de laparotomia e histerotomia operatória
de 4,9 semanas (abrangendo entre O e 16 semanas). A idade
em um macaco Rhesus . Este trabalho inicial trilhou o caminho para gestacional média no momento do parto foi de 30,1 semanas
a capac idade de realizar tais procedimentos com segurança em uma (abrangendo entre 21,6 semanas a 36,7 semanas). Outros 6.7
mãe portadora de um feto com uma variedade de malformações. tiveram expel;ências semelhantes em relação a um risco
aumentado de parto pré-termo após rusterotomia. A maior
parte da morbidade associada à rusterotomia diminuiu com a
experiência. Edema pulmon3l" significativo ou perda sanguí-
nea são raros, e a média de idade gestacional no momento do
parto para o tratamento de uma meningomielocele (MMG) é
tas (Fig. 25-1 ). A razão para o uso de um modelo primata é agora em torno de 34 semanas.
que outros modelos de úteros de animais grandes, como os
das ovelhas , são muito mais complacentes. O útero da ovelha
tem paredes mais fInas e tem uma placenta multicotilédona. Procedimento
O fechamento é mais direto e um u-abalho de parto pré-termo Os aspectos práticos da rusterotomia e o cuidado pós-opera-
raTamente é um problema signifIcativo. O perfIl de segurança tório evoluíram desde os anos iniciais da experiência. Segue
nestas séries de cirurgias fetais em primatas teve boa resposta, uma descrição de nossa abordagem atual. Longas discussões
incluindo fertilidade subsequente. 2 A experiência em humanos em relação aos riscos, benefícios e alternativas do procedi-
é agora extensa, tanto na UCSF quanto em outras universida- mento são importantes, incl uindo a natureza experimental da
des ,1.3.4 primariamente associada ao grande número de trata- cirurgia. Nós difercnciamos geralmc11lc os riscos para a mãe,
mento de spina bjfula (espinha bífida) fetal. Nós reservamos, na o feto e a gestação em nosso aconselhamento. Os riscos para a
prática, os procedimentos de laparotomia/histerotomia para mãe são semeUlantes a qualquer cirurgia abdominal, embora,
tratar sPina bjfida, ressecção de teratoma sacrococcígeo e outros neste caso, não haja benefícios físicos diretos paTa ela. Além
tumores, e lobectomia para tratar malformação adenomatóide disso, existem os riscos associados à terapia tocolítica agressiva
cística do pulmão congênita (MACP). e ao tempo de repouso em um estado de hipercoagulabilidade.
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL 869

Os riscos para o feto são primariamente instabilidade vascular O cuidado pós-operatório geralmente envolve 24 horas
e hipoperfusão intraoperatória, levando a lesões orgânicas ou de tocólise intravenosa com sulfato de magnésio assim como
morte, e prematuridade devido a complicações pós-operató- manutenção com indometacina oral por um total de 48 horas.
rias. Os riscos para a gestação são primariamente trabalho Geralmente a manutenção tocolítica de longo prazo com
de parto pré-tenno e ruptura prematura de membranas e nifedipina é mantida até o parto. "Profilaxia" antibiótica é
parto pré-termo. Complicações infecciosas são raras, exceto continuada por 24 horas. É realizada monitoração por ultras-
quando a ruptura prematura leva à latência prolongada. Um sonografia pelo menos uma vez por dia para avaliar a saúde
ponto de discussão adicional importante é que todos os partos fetal , volume de líquido amniótico, comprimento cervical
subsequentes, incluindo a gestação primordial, devem ser rea- e patência ductal. A alta hospitalar geralmente ocorre 4 a 5
lizados por incisão cesariana. Dados em relação à fertilidade dias após a cimrgia. Havendo boa evolução, a monitoração a
futura foram favoráveis, sem aumento da incidência de infer- longo prazo com ultrassonogTafia continua com uma frequên-
tilidade, na experiência da UCSF, nas pacientes que tentaram cia semanal.
novas gestações.8 A experiência do Children' s Hospital of
Pennsylvania (CHOP) sugere um risco preocupante de mp-
turaldeiscência uterina em gestações subsequemes, que pode FETOSCOPIA
ser tão alto quanto 6% a 12%, o que poderia ser considerado A crescente popularização da cimrgia videoendoscópica nos
mais alto do que o risco após cirurgia cesaI;ana baixa prévia anos 1990,jumamente com a experiência recente com fetosco-
(1 % ou menos)lO ou cesal;ana clássica (5% a 10%). 11 Outro pia, pavimentaram o caminho para a cirurgia fetal endoscópi-
risco potencial nas gestações subsequentes é a placenta acreta. ca. O argumento baseava-se em que uma pequena punção da
A razão para este risco é que o local da histerotomia realizada cavidade a.nmiótica superaria os passos limitantes da cirurgia
no segundo trimestre nunca é na mesma área de um corte fetal: (1) u-abalho de parto pré-termo, que acreditava-se ser
de cesal;ana. Há um risco aumentado de placenta aCl-eta em deflagrado por uma grande incisão uterina da cirurgia fetal
qualquer caso no qual a implantação é feita em uma área de aberta; e (2) morbidade materna significativa associada a uma
cicatriz uterina. Múltiplas incisões aumentam a probabilidade grande laparotomia. A última esperança era que a intervenção
de implantação nestas áreas. Para nosso conhecimento, não fetoscópica seria possível por uma abordagem percutânea.
houve um caso de placenta acre ta em uma paciente nossa Modelos animais foran1 desenvolvidos para testar os novos
submetida a cirurg-ia fetal, em uma gestação subsequente. instrumentos e técnicas. O modelo ovino é muito resistente
A ultrassol1ografia é usada como guia antes do proce- às contrações pós-operatórias pré-termo, como mencionado
dimento de histerotomia. Uma vez que a paciente tenha aI1teriormente, e, portanto, não é ideal para estudar a hipótese
sido submetida a anestesia geral, que tenha sido iniciada a de que o acesso endoscópico à atividade uterina está associa-
intubação, e que tenha sido estabelecido um campo estéril, do a menor atividade uterina do que após uma histerotOlnia.
a ultrassonografia é usada para estabelecer o posicionamen- Nós estudamos este aspecto no segundo trimestre em macacos
to fetal, sua localização no interior do útero e a posição da Rhesus (Macaca mulatta) que sofreran1 canulação tripla da
placenta. A manipulação transabdominal guiada por ultras- cavidade amniótica durante 60 minutos. Nenhuma conu'ação
sonografia é usada para posicionar o feto de tal forma que pós-operatória significativa pode ser demonstrada, em con-
o local de cirurgia fetal seja próximo ao fundo. Dependendo u-aste com a irritabilidade uterina após a histerotomia. 12 O
do biótipo materno e do tamanho e posicionamento fetal, uso destas espécies mais desenvolvidas é linUtado por fatores
isto pode ser um desafio. A laparotomia é então realizada éticos e fmanceiros , mas, hoje, o modelo ainda está em uso
e o transdutor de ultrassom, coberto com uma capa estéril, para o estudo na cicatrização das membranas fetais após a
é localizado diretamente na superfície do útero. A borda da canulação fetoscópica .
placenta é identificada, porque esta informação é crítica para
a decisão do local de incisão uterina. Geralmente, queremos
realizar a incisão uterina centrada, o mais longe possível da Riscos
borda placentária. A razão para isso é que, uma vez que a O s riscos da fetos copia estão associados à punção uterina
incisão tenha sido feita e o liquido amniótico tenha saído do assim como ao procedimento específico que está sendo tra-
útero, este encolhe. Geralmente nos causa surpresa como tado. Em alguns casos, evoluções adversas podem ser ine-
uma incisão pode estar próximo à borda da placenta, apesaI' rentes à gravidade da doença que está sendo tratada, como
de nossos esforços. A razão da proximidade da borda da na síndrome de transfusão feto-fetal (STFF). Na experiência
placenta ser tão crítica é devido ao risco de sangramento e da UCSF, I as morbidades foram , em alguns casos, sinUlares
descolamento, o que pode não ser prontamente controlado e, ao procedimento mais invasivo da histerotomia e, em alguns
se for significativo, estabelece a necessidade de parto imediato outros, mais parecidas com o padrão visto na chamada
para segurança materna. cirurg-ia fetal guiada por ultrassom (CFGU) . Uma razão
A ultrassonografia também é usada para identificar a para isto é que a abordagem inicial da UCSF era por endos-
posição específica do feto no interior do útero. Geralmente a copia "macroinvasiva", incluindo laparotomia, exteriorização
incisão no útero deve ser feita de forma a pennitir um acesso uterina e anestesia geral . Os perfis atuais de risco com uma
ideal à porção fetal a ser submetida à cirurgia. A ultrassol1o- abordagem percutânea e instrumentos menores demonstram
grafia taInbém é usada para monitoramento transuterino do menos morbidade. 13 Isto inclui uma taxa muito mais baixa
coração fetal durante o procedimento. Após completar a inter- de trabalho de parto pré-termo e até de RPM. A duração da
venção fetal , as membranas e o miométrio são fechados com hospitalização e o tempo de retorno às atividades normais
várias camadas de sutura. Um cateter é dei...xado na cavidade maternas também melhoraram muito.
uterina para permitir a infusão de solução de Ringer lactato
juntamente com antibióticos. A ultrassonografia determina o
volume de líquido "anmiótico", que geralmente deve ficar em Procedimento
um nível mais baixo que o normal para lninilnizar a pressão As pacientes são em geral pré-medicadas com um agente
na linha de sutura. tocolítico, geralmente indometacina, e recebem antibióticos
870 o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL

FIGURA 25-2 . Desenho esquemático de um procedimento de coagulação a laser por fetoscopia percutânea em uma STFF. (Reimpresso com
a permissão do grupo TE: The Eurofoetus Group in Deprest J, VJJ/e Y, 8 arki G et aI feds/: Endoscopy in Fetal Medicine Tüttlingen, Germany,
Endopress, 2004, pp l-58.) Inserções, no sentido horário, a partir do topo à esquerda: Cânula de 10 Fr inserida por via percutânea; vista
fetoscópica de uma anastomose arteriovenosa sendo coagulada. Abaixo: placenta injetada após o procedimento, demonstrando os vasos que
sofreram ablação.

profLláticos intravenosos (IV) . Os procedimentos são reali- do útero, porque seu campo e profundidade de visão podem
zados sob anestesia local ou regional. Dependendo da idade estar relativamente limitados. Estes procedimentos são "sono-
gestacional e da tradição do serviço, a cirurgia pode ser endoscópicos". Para casos de STFF, o endoscópio é posicio-
realizada nos centros cirúrgicos, salas de parto e pré-pano ou nado na bolsa do gêmeo receptor, o que tem polidrânuüo.
na sala de ultrassonografia. Cânulas, instrumentos e, particu- O ponto de entrada é determinado pelos fatores observados
larmente, endoscópios sofreram uma tremenda evolução nos anteriormente, mas também para permitir boa visualização da
últimos 10 anos, com base em protótipos desenvolvidos em linha divisória vascular dos gêmeos . Toda a linha divisória é,
modelos animais. A fetoscopia operatória é um empreendi- então, explorada e quaisquer vasos não pareados consistentes
mento sonoendoscópico que evoluiu de forma que a equipe com comunicação anormal sofrem ablação usando a fibra
cirúrgica possa ver imagens de ultrassonografia e fetoscopia laser que é avançada através do canal de operação da capa
simultaneanlente. Embrioscópios ou fetoscópios desenhados do endoscópio. Após o sucesso da ablação, o endoscópio
para este propósito têm peças oculares fmais , para reduzir seu é retirado e o polidrânuüo é drenado pela cânula sob guia
peso e facilitar movimentos precisos. Qyase todos são acoplá- ultrassonográfica. Uma vez que o liquido tenha alcançado um
veis a fibroendoscópios , em vez das lentes convencionais de nível normal (bolsão vertical mais profundo em torno de 5 a 6
escopia, e, à medida que o número de pixels aumenta com o em), a cânula é removida. Esta anmiorredução diminui o risco
tempo, melhora a qualidade da imagem. Os diâmetros típicos de perda parcial e irritação pelo liquido anmiótico da cavidade
estão entre 1,0 e 2,0 rrun. Cânulas plásticas semifleXÍveis peritoneal, o que pode ser doloroso. Esta tanlbém melhora a
de dupla camada (guias em lOf Check-flo, Cook Medical, perfusão placentária, mas sem dúvida toma a paciente mais
Bloomington, IN) são usadas para criar acesso anmiótico, confortável. Em muitos casos, pouca ou nenhuma medicação
para tornar possível a troca de instrumentos. Foram desen- tocolítica é necessária, e as pacientes geralmente recebem alta
volvidos lTocartes finos para acomodar a ampla variação em 24 horas ou menos após o procedimento.
de diâmetros usados para diferentes operações (Karl Storz,
Alemanha). Alternativamente, foi introduzida uma capa
endoscópica carregada com um obrurador agudo (Fig. 25-2) . CATETERES E ABLAÇÃO POR
Detalhes específicos podem ser revisados em vários textos. 14 .l 5
Basicamente, porém, a ultrassonografia é usada para identifi-
RADIOFREQUÊNCIA
car um ponto de entrada apropriado e, então, direcionar o tro- Os cateteres são usados para a drenagem crônica de liquido
carte para dentro da cavidade anmiótica, evitando a placenta e nas cavidades fetais, órgãos e cistos. O primeiro cateter foi
o feto , e obviamente órgãos maternos, como intestino e bexi- desenvolvido por Harrison na UCSF no início dos anos
ga. Um grupo documentou a sewrança, em suas mãos, de 1980.17 Este é basicamente um cateter com ponta dupla
uma abordagem transplacentária.'i'6 Apesar desta experiência, que é introduzido através de uma guia de 14-gauge (Cook
a maioria dos operadores ainda deve tentar evitar a placenta. Medical, Bloomington, IN). O cateter Rodeck foi desenvol-
O trocarte é, então, trocado pelo fetoscópio . A ultrassonogra- vido em um período semelhante no Reino Unido. Também
fia ainda é usada para direcionar o endoscópio no interior é um cateter com ponta dupla, mas é mais comprido e tem
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO CO M UM DEFEITO CORRIG íVEL 871

um diâmetro maior (Rocket Medical, UK). Obviamente, usa do ao seu conforto com procedimentos guiados por imagem,
uma guia maior.18 Estes cateteres são usados para drenagem como a arnniocentese, esta deve se consistir da intervenção
de obstrução vesical, denames pleurais e grandes MACCs cinírgica fetal mais frequentemente e amplamente realizada.
macrocísticas. Infelizmente, esta experiência e a evolução associada não são
A ablação por radiofrequência (ARF) é mais comumente documentadas na literatura científica.
usada em pacientes não obstétricos para a destruição de teci- O cuidado pós-operatório envolve o monitoramento
do tumoral em órgãos sólidos, tais como o fígado. O grupo materno e fetal . Tratamento tocolitico posterior é determina-
do Centro de Tratamento Fetal da UCSF foi o primeiro a do com base na atividade de contração. Frequentemente, não
usá-lo com a aplicação de cauterizar comunicações vasculares é necessária medicação posterior. Os sinais vitais maternos
localizadas. Inicialmente, foi usada para ablação de vasos devem ser acompanhados cuidadosamente porque não é pos-
que nutriam o feto anômalo na perfusão arterial reversa fetal sível a observação direta da punção uterina para determinar
(PARF).1 9 Desde esta época, nós a temos usado para a redu- hemostasia devido à abordagem percutânea. Um benefício
ção seletiva em gestações gemelares monocoriônicas discor- da não utilização da tocólise é que o mecanismo hemos tático
dantes por graves anomalias e em pacientes com STFF grave do Íltero em resposta à punção é uma contração localizada. A
sem possibilidade de sobrevida de um dos gêmeos. ultrassonogTafia é obviamente indispensável para o acompa-
nhamento fetal.
O instrumento de ARF usado correntemente na UCSF
Riscos inclui uma agulha de 17G (RITA Medical, Fremont, CAl . O
Os riscos de complicação da colocação do cateter e ARF são cuidado perioperatório é idêntico ao discutido anteriormente
menores que os das intervenções cirÍlrgicas fetais invasivas , com a derivação, exceto que é utilizada apenas anestesia local.
como a histerotomia. Obviamente, por defmição, todos os No caso de PARF, o instrumento é guiado para o tecido do
procedimentos invasivos envolvem um risco de hemorragia gêmeo acardíaco no nível da inserção do cordão. Os filetes
e infecção. Entretanto, em nossa experiência, estes eventos são desdobrados e a energia de transmissão para o instrumen-
adversos ocorrem em uma frequência muito mais baixa to é iniciada. Devido à geração de calor, há uma perda gasosa,
(Tabela 25-1 ). I O desencadeamento de um trabalho de parto que é prontamente visível com a ultrassonografia. O procedi-
pré-termo por estes procedimentos também não é muito mento é considerado completo quando não há evidência de
usual, embora exista o risco para RPM. Também há o risco fluxo no gêmeo acardíaco ou no cordão, tanto no Doppler
de lesões fatais, o que, em casos de gêmeos monocoriônicos, colorido quanto no espectral. O s ftletes são então retraídos e
geralmente está relacionado com a hipotensão por hipovole- o mecanismo retirado. A monitoração pós-operatória é similar
mia aguda do feto normal secundária à perda de sangue para ao procedinlento de derivação, e o tratamento posterior com
o leito vascular e para o outro feto. tocolítico raramente é necessário. As pacientes podem ter alta
geralmente horas após o procedimento.
Procedimento
À medida que estes procedimentos se tornam mais habitu-
DOENÇAS
ais, o tempo de hospitalização, complexidade dos cuidados Problemas com Gêmeos
perioperatórios e tipo de anestesia vão mudando. Em muitos
casos, estes podem ser realizados como um procedimento Monocoriônicos
ambulatorial. É recomendada profilaxia tocolítica em dose Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
Ílnica de indometacina. Estes procedimentos são realizados
completamente sob guia ultrassonográfica (CFGU). Nós Em uma proporção estimada de 15% de gêmeos mono cor i-
realizamos estes procedimentos usando anestesia medular ônicos (MC) , há um desequilíbrio crônico na rede de fluxo
ou anestesia local. Para a derivação, uma pequena incisão é sanguíneo através das anastomoses vasculares, resultando na
feita na pele materna e, então, um trocarte com uma guia é STFF. A condição é usualmente explicada pela combinação de
introduzido na cavidade amniótica. Deve-se ter cuidado na transfusão do gêmeo doador, levando a hipovolemia, oligÍlria
avaliação do miométrio a ser transfixado, com um transdutor e oligodramnia neste gêmeo (o chamado gêmeo mumificado),
de alta frequência e Doppler colorido com ajustes baixos, para e hipervolemia, poliÍlria e polidramnia no gêmeo receptor.
se evitar transfixar vasos grandes . Nós também geralmente O gêmeo receptor, então, desenvolve sobrecarga de volume
evitamos a abordagem transplacentária. O trocarte e a guia circulatório e hidropisia. A condição coincide com padrões
são, então, introduzidos até a área onde o cateter é colocado. específicos de anastomoses vasculares. Isto forma a base para
Uma vez em posição, a guia é removida e, para não permitir a abordagem cirÍlrgica. Os vasos fetais correm na superfície
que o liquido seja drenado e escape, deve-se colocar o dedo da placenta, onde podem ser documentados por inspeção
sobre a extremidade. O cateter é então colocado dentro do fetoscópica e sofrerem ablação (Fig. 25-2). Embora existam
trocarte e introduzido com a guia, empurrando-o. Também é vários tipos de anastomoses, o conhecimento a respeito de
imprescindível acompanhá-lo através da imagem ultrassono- sua natureza (por estudos com Doppler ou por fetos copia)
gráfica. Uma vez que os marcadores internos do cateter estão não tem função na STFF: todas as anastomoses interligadas
posicionados adequadamente, a guia é cuidadosamente reti- devem sofrer ablação para fazer com que a placenta se torne
rada, enquanto, ao mesmo tempo, introduz-se mais o cateter, funcionalmente "dicoriônica" (Fig. 25-2).
no interior da cavidade amniótica . Deve-se tomar cuidado na O diagnóstico de STFF é baseado na documentação ultras-
obtenção de uma quantidade de líquido suficiente entre o feto sonográfica especificamente de volume de líquido anUliótico
e a parede do Íltero, para minimizar o risco da extremidade muito discrepante. Requer a presença de oligodrarnnia oligÍl-
externa do cateter ficar presa no miométrio ou na parede rica (bolsão vertical mais profundo [BVP] <2 cm), juntamente
abdominal materna, com o risco de um cateter amnioperito- com polidramnia poliÍlrica (8 cm BVP <20 semanas ; 10 cm
neal. Dado o acesso imediato a estes cateteres, e o fato de que 20 semanas; critérios baseados no experimento do Eurofoe-
os médicos se sentem capazes de realizar o procedimento devi- tus). A restrição do crescimento intrauterino pode ser parte do
872 o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIG iV EL

I Tabela 25- 2 I Estadiamento da Síndrome de Transfusão Feto-Fetal


Estágio Polidrâmnio/Oligodrâmnio* Bexiga Persistentemente Vazia no Doador Doppler Anormal' Hidropsia Óbito
x
II X X
III X X X
IV X
V x
• Polidrâmnio = bolsão vertical mais profundo 8 cm, Oligodrâmnio = bolsão venic.11 mais profundo < 2cm.
'Pelo menos um dos seguintes: I) anéria umbilical auseme/fluxo diastólico final reverso; 2) fluxo diastólico final auseme/reverso no ducto venoso e 3) fluxo venoso
umbilical pulsátil.
Modificado ele Qlintero RA. lVlorales \ '1,]. Allen MH . et al: Staging of twin-lwin lransfusion syndrome.J Perinatol 19:550, 1999: e 1:1)'lor MJO.JolI )" M. Wee L et al:
Validation of the Q.intero stagi ng for twin-twin transfusions synelrome. Obstet Gynecol 100: 1257, 2002.

quadro clínico, mas não é um critério para estabelecer o diag- rio por especialistas com experiência em medicina fetal é um
nóstico ou uma indicação para tratamento. A história natural componente imprescindível do sucesso da terapia.
da STFF não está claramente definida ainda, mas, em um No experinlento do Eurofoems,21 uma porcentagem mais
número de casos, pode ser progressiva, com desenvolvimento alta de bebês estavam vivos sem grande morbidade neu-
de padrões anormais de Doppler na artéria umbilical do feto rológica com 6 meses de idade ou mais no grupo tratado
doador ou padrões venosos anormais de Doppler no receptor com laser (Tabela 25-3). O seguimento a longo prazo destes
e, finalmente, hidropisia ou morte fetal . Os últimos sinais for- pacientes está sendo aguardado agora. Até aquele momento,
mam a base para os estágios ultrassonográfIcos de Quintero 2o o aconselhamento podia ser baseado nos estudos detalbados
(Tabela 25-2). Porém, os casos podem ocasionalmente progre- de seguimento do grupo de Hecher,25 com uma taxa de 6%
dir agudamente desde volume de líquido discrepante (estágio de limitação em compaI-ação com 20% a 25%, que é a
I ou 11) diretamente para o estágio de morte fetal (estágio V). taxa associada à anrniorredução.
Este estadiamento também não determina necessaI;amente o Como observado anteriormente, a STFF predispõem à
trataIllento com base nos dados disponíveis. obstrução do trato da via saída do ventrículo direito (estenose
Se deixado sem tratamento, o abortamento perinatal é de pulmonar) em 8% dos ex-receptores. Destes pacientes, metade
mais de 80% na STFF grave; portanto, é mandatório o trata- necessitou de dilatação com balão. 26 Outros sinais de descom-
mento e o laser fetoscópico apresenta a melhor base fIsiopato- pensação cardíaca in utero antes do laser sofreraIll resolução e
lógica. Além disso, o experimento randômico do Eurofoetus não foram detectados no período pós-natal. A função renal
demonstrou evoluções melhores após laser fetoscópico do normal também foi documentada em doadores préviosY
que após amniorredu ção seriad a. 21 A média da idade A coagulação fetoscópica com laser é o procedimento
gestacional no momento do PaI-to foi significativamente mais endoscópico obstétrico mais frequentemente realizado, com
alta no grupo tratado com laser em comparação ao grupo mais de l.500 procedimentos realizados somente pelos cen-
tratado com anmiorredução. A sobrevivência de pelo menos tros Euro[oetus. Séries de centros únicos relataranl melhores
um dos gêmeos até os 6 meses foi mais alta após a terapia resultados do que no experimento randômico. Experiência,
com laser. A aInniorredução leva mais frequentemente ao seleção dos casos e provavelmente cuidados pós-operatórios
óbito de ambos os gêmeos. As chances de sobrevivência mais próximos podem ter desempenhado um papel nesta dife-
foraIll semelhantes para os doadores e receptores. É impor- rença. Centros adicionais começaram a oferecer esta operação
tante enfatizar que a coagulação por laser é mais efetiva que com resultados comparáveis. O s benefícios e desvantagens do
a amniorredução para um dado es tágio; contudo, mesmo crescente número de centros e a diluição potencial de experi-
para o estágio IV, a sobrevivência do receptor hidrópico é de ência é um ponto de discussão saudável.
50%? Portanto, isto não justifica promover fetocíd io seletivo
com base puramente no estágio da doença no momento de
sua apresentação. O cuidado pré-operatório do colo pode Gêmeos Monocoriônicos Discordantes
estimar o risco de trabalho de parto prematuro.23 Com um A maioria dos gêmeos MC é realmente muito semelhante
colo de menos de 30 nml, o risco de parto antes de 34 sema- na apaI'ência, mas podem ocorrer grandes discordâncias em
nas é de cerca de 74%. Se o colo tiver menos de 20 mm, a anomalias estruturais e mesmo anomalias cromossômicas.
grande maioria das pacientes evolui para abo rtamento . O Anormalidades associadas a gêmeos incluem aquelas do Illbo
risco de RPM é estimado com o sendo de 10% ou menos ; neural, cérebro, face, trato gastrointestinal, pal"ede abdominal
o risco de descolamento é de 1% a 2%, mas está relacionado anterior e coração, com mais de 80% sendo discordante.
à paI-te de anmiorredução do procedimento. Outras compli- Gêmeos MC também podem ser discordantes para aneuploi-
cações incomuns são a corioamnionite e a hemorragia. Ane- dia (trissomia do 13 ou 21, monossomia 45 ,X ). Os assu ntos
mia fetal pós-laser e STFF recorrente podem ser pesquisadas a serem tratados no aconselhamento podem ser muito desa-
e podem sugerir divisão incompleta da placenta. Estudos fiadores em gêmeos heterocariotípicos, porque não é possível
recentes de infusão demonstraram que isto pode ser mais excluir mosaicismo oculto, mas fenotipicamente importante, e
frequente do que o esperado e nem sempre leva a proble- microquimerismo no gêmeo com cariótipo normal. 28 Opções
mas clinicos. 24 Anormalidades caI-díacas também podem se para gestações gemelares MC discordantes para anomalias
desenvolver e necessitam de acompanhamento pós-natal por estruIllrais e cromossômicas são essencialmente a conduta
um cardiologista pediátrico. Portanto, deve es tar claro que o expectante, fetocídio seletivo ou interrupção da gestação. Não
acompanhamento ultrassonográfIco compulsivo pós-operató- há dilema ético para o fetocídio seletivo quando há um gêmeo
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL 873

I Tabela 25-3 I Experimento Randômico Controlado de Cirurgia Fetoscópica a Laser Contra Drenagem Amniótica Seriada
laser n = 72 Amniorreduçã o n = 70 Valor P

Idade gestacional na randomização (semanas) 20,6 (2,4) 20,9 (2,5) ns


Estágio de Qyimero na randomização
Estágio 1 6 (8,30f0) 5 (7,1 0f0) ns
Estágio 2 31 (43,1 0f0) 31 (44,30f0) ns
Estágio 3 34 (47,20J0) 33 (47,10J0) ns
Estágio 4 1 (1,40J0) 1 (1,40J0) ns
Número de procedimentos I" 2,6 (1,9)
ILA drenado por procedimento (mI) na média total global de 1.725 (500-5.500) 2.000 (243-4.000) ns
drenagem aml1.iótica (média) 3 .800 (600- 18.000) <0,00 1
Abortamento durante ou nos 7 dias após o proced imento inicial 8 (11 ,60J0) 2 (2,90J0) 0,10
Ruptura premarura de membrana durante ou nos 7 dias após o 4 (5,80J0) 1 (1,50J0) 0,37
primeiro procedimento
Ruptura premarura de membrana durante ou nos 28 dias após o 6 (8,70J0) 6 (8,80J0) 0,98
primeiro procedimento
Morte intrauterina 7 dias do primeiro procedimentot 16/138 (11 ,60J0) 9/136 (6, 60J0) 0,23
Pelo menos um sobrevivente com 6 semanas de vida 55 (76,40J0) 36 (5 1,4) 0,002
Nenhum sobrevivente 17 (23,60J0) 34 (48,60J0)
Um sobrevivente 29 (40,30J0) 18 (25,70J0)
Dois sobreviventes 26 (36, 10J0) 18 (25,70J0)
Pelo menos um sobrevivente com 6 meses estratificado por idade
Estágios I e II de Q!lintero 32/37 (86,50J0) 21136 (58,30J0) 0,007
Estágios I II e IV de Qyintero 23/35 (65,70J0) 15/34 (44, 10J0) 0,07
Idade gestacional no parto - média (abrangência interquartile) 33,3 (26,1-35,6) 29 ,0 (25 ,6-33 ,3) 0,004
Morte neonatal e infantil 12 (8,30J0) 4 1 (29,30J0)
Hemorragia Í1m-aventricular (graus III-IV)* 12 (1,40J0) 8 (5,70J0) 0,10
Doador 2 (2,80J0) 2 (2,90J0) 1,0
ReceptOr O (00J0) 6 (8,60J0) 0,02
Leucomalácia periventricular císrica§ 8 (5,60J0) 20 (14,30J0) 0,02"
Doador 2/72 (2,80J0) 5/70 (7,10J0) 0,27
Receptor 6/72 (8,30J0) 15170 (21,40J0) 0,03

ILA, volume de líquido anuüótico ; ns, não significativo.


Características basais de acordo com o grupo, resultados relatados como nú mero de gestações (n (por cento)) . média (DP).
* Dois pacientes uveram 2 procedimentos com laser.
tCom nümcro de felOs como denominador (valor P ajustado por agru pamento) .
.:ttiemorragia intraventricular grave foi defmida como sangramento ventricular com dilatação dos venttÍculos cerebrais (grau 111) ou hemorragia parenquimatosa (grau IV).
§Leucomalácia periventricular císlica foi dermida como densidades periventricul"" es evoluindo para extensas lesões císucas (grau III) ou estendendo-se para denn'o da
substância branca. evoluindo para lesões císticas (grau IV) .

inviável, por exemplo com sequência de PARF (ver adiante), cordão, mas , hoje em dia, a maioria usa coagulação bipolar
ou mesmo em STFF complicada associada a anomalias irre- do cordão. 29 Técnicas alternativas minimamente invasivas
versíveis graves. Também, quando há um alto risco de óbito lllcluem o uso de laser (intersticial assim como
fetal de um gêmeo no período pré-viabilidade, o fetocídio monopolar ou energia de radiofrequência. É difícil comparar
pode evitar complicações no outro gêmeo no momento do os resultados com diferentes modalidades de energia porque
óbito. Em outras situações , o dilema ético é mais complexo. estes podem lllcluir pacientes em diferentes condições, idade
No raro evento de anomalias cromossômicas discordantes gestacional no momento do tratamento e experiência dos
ou , mais frequentemente , anomalias estruturais ou adquiridas operadores.
discordantes, não há risco imediato ou , em alguns casos , até Existem dois estudos na literatura atual relatando experi-
remoto de óbito no feto anômalo, e, portanto, não há uma ências de casos em série. Um é do grupo de Robyr et al. 3D Nós
ameaça séria ao outro gêmeo. Em tais situações, a pobre publicamos um estudo de acompanhamento prospectivo em
qualidade de vida do gêmeo anormal pode não ser aceitável 80 oclusões consecutivas de cordões (87 fetos), principalmen-
para os pais. A situação se torna até mais complexa quando te com coagulação bipolar.31 A taxa de sobrevivência foi de
algumas destas anomalias são diagnosticadas muito cedo na 83%. Metade das perdas in utero (intraútero) foram no período
gestação, em uma época em que é difícil predizer com confian- pós-operatório imediato, potencialmente relacionadas com
ça a história natural da doença . a oclusão incompleta (que eranl mais provavelmente após
O fetocídi o convencional por intracardíaca de coagulação com laser). As outras perdas foram atribuídas às
cloreto de potássio não pode ser usado porque podelia afetar complicações no cordão, surgindo a possibilidade de que a
o outro gêmeo através das anastomoses, ou poderia ocorrer septostomia llltergemelar durante o procedimento deveria
hemorragia feto-fetal post-mortem. Portanto, é recomendada ser evitada. A RPM é a complicação mais comum e foi res-
a interrupção do fluxo arterial e venoso no cordão do feto ponsável por todas as mortes perlllatais. Noventa e três por
alvo. Inicialmente isto era realizado por ligação fetoscópica do cento dos sobreviventes tinham desenvolvimento neurológico
874 o CUIOADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL

mortalidade peri-natal em uma grande sene foi de 55%.33


Acompanhamentos Seriados de Oclusão do
1Tabela 25-4 1Cordão. Séries Maiores Em alguns casos, o óbito fetal pode preceder a hidropisia,
possivelmente, relacionado a uma predisposição à arritmia ou
lewi et ai, Robyr et aI. embolia, relacionada à circulação lenta através do gêmeo acár-
2005 (n=87)* 2005 (n=46) dico. Moore et al33 correlacionaram o tamanho relativo do
IG no procedimento 21 (15-29,5) 20(16-35) gêmeo acárdico com evolução adversa. Se o gêmeo acárdico
Abortamento pré-natal 11 0J0 17,50J0t tivesse 70% ou mais do peso calculado para o gêmeo normal,
RPM a taxa de parto pré-termo seria de 90%; polidrâmnio, 40%; e
< 28 sem 60J0 90J0 insuficiência cru'díaca congestiva, 30%. Isto se compara com
< 34 sem 200J0 230J0 taxas de 75%,30% e 10%, respectivamente, se a razão do peso
Parto fetal fosse de menos de 70%. Dashe et al 34 correlacionaram
< 28 sem 80J0 130J0 fluxo diastólico no cordão para o gêmeo acárdico com o fluxo
> 32 sem 790J0 630J0 em direção à placenta e descobriram que uma discrepância
Sobrevivência à 780J0 maior no índice de resistência estava associada à melhor evo-
descompressão lução em seus seis casos.
Como a morbidade e mortalidade para o gêmeo pulsátil
l G, idade ges tacional ; OFI U, óbito fetal illlrauterino : RPM , ruptura prematura de parecem estar diretamente relacionadas ao grau de perfusão
mem branas . do gêmeo acárdico, parece evidente que qualquer diminuição
• Número de fetos; 80 coagulações .
ou intermpção do fluxo sanguíneo para este tecido determina
tlncluindo trigêmeos
' 13% OFI U e 4 0/0 interru pção.
efeito terapêutico benéfico. Uma variedade de técnicas tem
sido usada para obter este sucesso variável. Estas técnicas
incluem ablação fetoscópica com laser dos vasos no cordão
do gêmeo acárdico,38 ligação fetoscópica do cordão,36 injeção
nonnal após 1 ano ou mais. Aqueles com anormalidades intravascular de álcool para esclerosar os vasos,37 histeroto-
de desenvolvimento neurológico geralmente sofreram parto mia para remover o gêmeo acárdico,38 coagulação bipolar
prematuro após RPM. Houve um lútido efeito de experiên- do cordã039 e ARF. ' 9 As terapias mais comumente usadas
cia, com um decréscimo dramático de RPM e sobreviventes atualmente são laser, coagulação bTc0lar e ARF. Uma série
intactos entre os primeiros procedimentos contra os 40 subse- recente das primeiras duas técnicas o em 60 pacientes resul-
quentes. Portanto, nÓs recomendamos que os procedimentos tou em uma t<L'(a de sobrevivência de 80%, com dois terços
sejam realizados por um operador experiente e sempre que das pacientes com parto após 36 semanas. Os procedimentos
possível em fase mais tardia da gestação, para minimizar as foram realizados em uma idade gestacional média de 18 sema-
consequências da RPM. Entretanto, isto pode não ser uma nas . A experiência mais recente com ARP' registrou uma
opção, devido a embaraços legais e/ou éticos (Tabela 25-4). taxa de sobrevivência de 92%, com uma idade gestacional
média no momento do parto de 35,6 semanas. Os resulta-
dos em gestações monoamnióticas não foram comparáveis,
Perfusão Arterial Reversa Gemelar ou com sobrevivência de apenas um dos quatro. É possível que
Gêmeo Acárdico isto esteja relacionado ao comprimento do cordão entre a
A sequência de PARG é uma ocorrência muito rara, afetando placenta e o gêmeo acárdico em gestações monoamnióticas
1% das gestações de gêmeos monozigóticos, ou 1 em 35.000 complicadas por PAGR. Nos três casos de não sobreviventes,
gestações. A fisiopatologia é baseada em uma comunicação o cordão umbilical era curto comparado com o que tinha um
vascular na superfície da placenta entre a inserção do cordão cordão mais comprido, o que é mais similar ao observado nas
de um feto normal, conhecido como o "gêmeo pulsátil" e a gestações dianmióticas. Isto pode predispor o gêmeo pulsátil à
inserção do cordão de um gêmeo acárdico. O gêmeo acár- propagação de um coágulo de forma retrógrada para sua cir-
dico pode se desenvolver, em um grau variado, com desen- culação, ou à hemorragia secundária para o gêmeo acárdico.
volvimento esquelético das extremidades inferiores, pelve
e abdome. Em alguns casos, há o desenvolvin1ento de um Hérnia Diafragmática Congênita
crânio. Como o nome sugere, um coração pulsátil é extre-
mamente raro. A massa pode ser grande devido a higTomas A história natural de bebês com hérnia diafragmática con-
císticos ou distensão linfática do tegumento. A perfusão desta gênita (HDC) isolada é determinada pelo grau de desenvol-
massa/feto ocorre de maneira reversa, dirigida para o coração \rimento pulmonar na hora do parto. Bebês com HDC têm
do gêmeo pulsátil normal. O fluxo sanguíneo é em direção pulmões menores e menos complacentes, com menor quanti-
ao acárdico na artéria ou artérias (feto acárdico geralmente dade de vias aéreas e vasos pulmonares anormais do que os
tem artéria umbilical única) e retoma através da veia. Isto foi recém-nascidos normais. A hipoplasia é letal em 30% a 40%
documentado inicialmente com ultrassonogTafia com Doppler dos casos nascidos e vivos diagnosticados no pré-natal. 424 4
por Benson et al. 32 O gêmeo acáTdico é obviamente inviável; Inicialmente, uma variedade de medidas indiretas foram usa-
porém, o gêmeo pulsá til normal pode ser afetado de forma das para avaliar O prognóstico de fetos com HDC esquerda.
adversa pelo débito cardíaco aumentado necessário para Mais recentemente, com lesões localizadas à esquerda, além
perfundir o tecido adicional. Além disso , o retorno sanguíneo da herniação do fígado para o tórax, a área de pulmão direito
para o gêmeo pulsátil será "duplamente usado", o que pode remanescente e sua relação com a circunferência cefálica, a
determinar efeito adverso. A história natural desta sequência razão pulmão-cabeça (RPC), tem sido avaliada para detectar
inclui o desenvolvimento de polidrâmnio na bolsa do gêmeo o prognóstico destes pacientes (Fig. 25-3). A presença de
pulsátil, relacionado ao aumento do débito cardíaco, perfusão herniação de parte do fígado para o tórax e uma RPC baixa
renal e débito urinário. Isto predispõe ao trabalho de parto durante a metade da gestação são indicadores válidos de uma
e parto pré-termo. Além disso, se a condição é progressiva, evolução mim.4S .46 (Tabela 25-5). Em um estudo multicên-
o estado de alto débito pode levar à hidropisia e morte. A trico de 86 fetos com HDC à esquerda e herniação hepática
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGivEL 875

FIGURA 25-3. Duas técnicas de medidas de certa forma diferentes para avaliar
a razão pulmão-cabeça (RPC) são usadas. A. Ilustração do método para medir a
RPC em um feto com hérnia diafragmática congênita. A medida do pulmão direito
(na hérnia diafragmática à esquerda típica) usa um plano axial transversal de sec-
ção do tórax fetal no nível do plano das Quatro câma ras do coração fetal. É feita
uma medida em milímetros desde a aorta torácica até a parede lateral torácica
interna (A). Outra medida , também em mifímetros , é feita em um plano perpen-
dicula r ao da primeira medida desde a parede externa do átrio até a face interna
posterior da parede torácica (8) . Estas duas medidas são multiplicadas uma pela
outra e divididas pela medida da circunferência cefálica , também em milímetros.
Método de Roy A. Fif ly , MO , San Francisco. (Ilustração por James A. Cooper,
MO, San Oiego, CA.) B. Medida da RPC: É feito um corte transversal do tórax
no nível do plano das Quatro câmaras. O pulmão contralateral é medido: O eixo
mais longo é medido e multiplicado pela med ida mais longa perpendicular a ele.
Isto é mostrado em um desenho (topo, à esquerda) e ultrassonografia (direita) .
Colocado sobre a circunferência cefálica, Que é medida no corte biparietal padrão ,
tipicamente mostrando dois hemisférios iguais, a cavidade do septo pelúcido
(septum cavum pellucidum) , a um terço da porção frontal, e os cornos posteriores
dos ventrículos laterais (desenho esquemático abaixo, à esquerda). (Oe Oeprest
J, Jania J , Van Schoubroecka O et ai: Current consequences of prenatal diagno-
sis of congenital diaphragmatic hernia. J Pediatr Surg 41:423,2006.)

RPC = A x B (mm)
CC (mm)

A Circunferência cefálica
876 o CUIDADO PRÉ -NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGiVEl

I Tabela 25-5 I Evolução Neonatal em Função da RPC Pré-operatória em Fetos com HOC-E e Herniação Hepática
Categoria Clínica RPC N Conduta Expectante RPC N Feto
Hipoplasia extrema 0,4-0,5 2 O (0%) 0,4-0,5 6 1 (16,7%)
Hipoplasia grave ü,6-0,7 6 O (0010) 0,6-0,7 13 8 (61 ,5%)
0,8-0,9 19 3 (15,8%) 0,8-0,9 9 7 (77,8%)
RPC<I, O 27 3 (J 1, 1%) RPC<I,O 28 ]6 (57, 1%)
Hipoplasia intermediária 1,0-1 ,1 23 14 (60,9%) 1,0-1l na
1,2-1 ,3 19 13 (68,4%) 1,2-1,3 na
Hipoplasia leve 1,4-1 ,5 II 8 (72,7%) 1,4-1,5 na
1,6 6 5 (83,3%) 1,6 na
Total 86 43 (5 0%)

FETO, oclusào traqueal cndoscópica fetal ; RPC. razão pulmão-cabeça; N1 número ; na l não aplicáveL
De ]ani], Keller RL, Benachi A. et ai: Prenatal predictioll of survival in isolated left-sided diaphragmatic bemia. Uhrasound Obstet Gynecol 27: 18. 2006.

que tiveram conduta expectante e nasceram vivos após 30


semanas de gestação, a sobrevivência cresceu de 0%, para
aqueles com uma RPC de 0,4 a 0,7 para cerca de 15% para
uma RPC de 0,8 a 0,9, 65% para uma RPC de 1,0 a 1,5 e 83%
para uma RPC maior que 1,5. Em outras palavras, no sub-
<Yrupo com uma RPC de menos de 1,0 e herniação hepática,
90% evoluem para óbito às consequências
da hipoplasia pulmonar grave. Como este problema não pode
ser solucionado por qualquer tipo de tratamento pós-natal,
torna-se sensato considerar intervenções nestas gestações que
estimulem o crescimento pulmonar pré-natal.47 Inicialmente, os
cirurgiões imitaram intervenções pré-natais de HDC, ou seja,
o reparo a/utlômuo do diafragma. O procedimento mostrou-se
facúvel , exceto quando o fígado estava hemiado. A redução
aguda do fígado para o abdome causa o dobramento do ducto
venoso; portanto, bloqueia o fluxo venoso proveniente da veia
umbilical. Por isso, fetos com o fígado elevado, que são o grupo
alvo, não se beneficiam de um reparo anatômico intraútero.
Como uma alternativa, foi explorado o uso de oclusão o-a- FIGURA 25-4 . Fotog raf ia da posição de um neonato pós-reversão
queal (OT). O conceito para este tratanlento foi estabelecido do procedimento de oclusão traqueal, durante a intubação, enquanto
a ci rc ul ação placenta-umbilical ainda está mantida.
após o reconhecimento da fisiopatologia do feto com obstru-
ção congênita da via aérea superior, nos quais O excesso de
crescimento pulmonar estava virtualmente sempre presente.
A OT evita saída de líquido pulmonar, levando a um aumen-
to na expansão do pulmão e crescimento acelerado das vias torna a cirurgia fe tal mais aceitável para a mãe e evita os ris-
aéreas e vasos pulmonares. O tempo e duração da oclusão são cos da dissecção do pescoço no feto. A oclusão com um balão
cruciais para a qualidade e resposta das vias aéreas e vasos expansível adapta-se às necessidades do crescimento traqueal.
pulmonares, e são causa de intensos debates .48 A OT pro- Ela também torna a oclusão mais facilmente reversível, o que
longada leva a uma din1i.nuição do número da população de é feito atualmente na transição da fase sacular para a alveolar
células alveolares do tipo 11, as células pulmonares produtoras do desenvolvimento pulmonar. A restauração das vias respira-
de surfactante. Em ovelhas , a OT na fase canalicular tardia do tórias intraútero torna possível o parto normal em um centro
desenvolvimento pulmonar com revelJão pré-natal (sequência de referência terciário, em vez de forçar as pacientes a perma-
obstrução-desobstrução ou OT tempm-ária) está associada à necer em um centro de cirurgia fetal longe de casa, além do
recuperação intraútero da população de células alveolares tipo benefício para o desenvolvimento pulmonar. 54
Il .49 Clinicamente, a oclusão com clipe traqueal foi realizada O grupo encarregado de oclusão traqueal endoscópica
prin1eiramente através de histerotomia e mais tarde através de fetal (FETO) (Leuven, Londres e Barcelona) adquiriu expe-
laparotomia e múltiplas vias uterinas. 5o No entanto, a dissec- riência considerável com o seguinte protocolo. Gestações
ção traqueal fetoscópica causou complicações locais frequen- únicas complicadas por HDC em um feto que seria anato-
tes. 51 .'i2 No recente tratamento cinlrgico de fetos com H DC, micamente e cromossomicamente nOllllal são de eleição para
nos quais foi usada a oclusão traqueal por clipagem, os fetos a terapia fetal , se houver herniação intratorácica do fígado e
nasciam com manutenção da circulação placentária-umbilical, a RPC for menor que 1,0. Embora estes critérios sejam de
enquanto a oclusão traqueal era revertida, procedimemo cha- fato válidos para os casos localizados à esquerda, os mesmos
mado tratamento ex-útero intraparto (EX IP) (Fig. 25-4). foram usados para os localizados à direita. A FETO é realiza-
Atualmente a OT pode ser obtida por (1) acesso percutâ- da com 26 a 28 semanas e, sempre que possível, a remoção do
neo (em vez de via laparotomia) e (2) por balão de oclusão balão é feita com 34 semanas . Essencialmente, um endoscópio
traqueoscópico (em vez de clipagem externa)53 (Fig. 25-5)_ Isto de 1,2 mm dentro de um trocarte de 3,0 111m (Karl Storz, Ttit-
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL 877

\ •

FIGURA 25- 5 . Desenho esquemático de FETO percutânea e imagens fetosc6picas dos pontos de referência durante a FETO percutânea.
(Reimpresso com a permissão de ISUOG, John Wiley & Sons, Ltd e dos autores.) Do topo à esquerda até abaixo à direita: epiglote, cordas
vocais, traqueia, carina, balão inflado e descolado, cordas vocais fechando-se sobre o balão. Nem todas as imagens são do mesmo paciente.
(Reimpresso com a permissão de Nelson S, Cameron A, Deprest J: Fetoscopic surgery for in utero management of congenital diaphragmatic
hemia. Fetal Matem Med Ver 17:69, 2006.)

tlingen, Alemanha) é introduzido na traquéia para posicionar


e, mais tarde, retirar o balão detectável entre a carina e as
cordas vocais. A FETO, assim como a remoção fetoscópica ,
é realizada tipicamente depois de serem administrados tocolí-
ticos profiláticos , anestesia epidural materna e analgesia fetal.
Como rotina, recomenda-se 2 dias de pós-operatório para as
pacientes. Um exame ultrassonográfico é realizado a cada 1 a
2 semanas para confirmar a presença do balão inflado intra-
traqueal e para monitorar o crescimento pulmonar (Fig. 25-6).
Sempre que houver uma antecipação do parto, tenta-se uma
tocólise, a menos que esteja contraindicada, e é administrado
corticosteroide quando o tempo permitir.
Em um estudo de 35 casos ocluídos com 26 a 28 semanas,
o tempo médio de operação foi de 22 minutos. A taxa de
sobrevivência foi de 55%, em comparação a 8% de controles
atuais com tratamento pós-natal. A morbidade pulmonar é
menor que a esperada para casos graves e os sobreviventes
não apresentaram comprometimento neurológico até a idade
de 1 ano. ° fator limitante para o procedimento é a RPM
antes de 32 semanas , que ainda ocorre em 35% dos casos
FIGURA 25-6 . Ultrassonografia de um feto após a colocação de um
balão de oclusão traqueal. O balão é visto entre os calipers e setas,
distendendo e ocluindo a traqueia.
e leva a um parto pré-termo « 37 semanas) em 30%. Isto
se compara favoravelmente com um estudo randômico da
UCSF, no qual o procedimento era feito através de laparoto-
mia em acessos transuterinos de 5 mm (Tabela 25-6).
A experiência crescente produz alguns direcionamentos
importantes. Primeiro , a taxa e as consequências de RPM localizadas à esquerda. 48 A remoção pré-natal do balão melho-
têm aumentado. A incidência diminui com o aumento da ra a sobrevivência (33% sem remoção pré-natal contra 66%
experiência. 55 A taxa de parto com menos de 32 semanas é com reversão pré-natal) 5 4
agora de 11 0/0 em nossa experiência. Por exemplo, em nossos A sobrevivência após a FETO é altamente dependente da
últimos 20 casos, a idade gestacional média no momento do medida da RPC no final do segundo trimestre (Tabela 25-5
parto após a FETO com reversão intraútero com 34 semanas e Fig. 25-3). Esta aumentou de 17% para uma RPC ele 0,4 a
é agora de 37 semanas, comparada com 34 semanas inicial- 0,5 para 62% para uma RPC de 0,6 a 0,7 e 78% para uma
mente. As taxas de sobrevivência são maiores que 50% em RPC de 0,8 a 0,9. Isto despertou a necessidade ele classificar
um grupo homogêneo de 43 casos consecutivos de HDC casos e estratificar o tratillnento pré-natal para casos com
878 o CUIDADO PR É- NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL

I Tabela 25-6 J Comparação de Séries Recentes de Oclusão Traqueal Fetoscópica


ERC Harrison 52 Deprest53

Critérios (à Esquerda ) Fígado Elevado e RPC<1,4 Fígado Elevando e RPC<1 ,O

Cuidado neonatal Clipe fetoscópico (n=2) ou FETO


padrão - n=13 balão (n=9) n=20
RPM 3 (23%) 11 (100%)
<32 sem ão especificado 7 (35%) <32 sem
<34 sem 11 (100%) < 34 sem 10 (50%) <34 sem
Idade gestacional no parto (variação; sem) 37,0±1,5 (34,0-39,0) 30,8±2,0 (28,0-34,0) 33,2 (27,0-38,5)
Peso ao nascer (kg) 3 ,03±0,48 1,49±0,36 2,12±0,66
Sobrevivência n (%) 8/11 (73%) em 90 dias 10/13 (77%) em 90 dias 10/20 (50%) à descompressão

FETO. oclusão traqueal endoscópica fetaJ ; RPC, razão pulmão-cabeça; RPM, rupmra prematura de membranas; ERC, experimento randômico controlado.
Dados de H arrison MR , Sydorak RM, FarrellJA et aJ: Fetoscopic temporary tracheaJ occlusion for congenitaJ diaphragmatic hemia: prclude to a randomized, controlled
tria!.j Pediatr Surg 38: 1012, 2003 ; e Deprestj, Gratacos E, Nicolaides KH: Fetoscopic tracheaJ occlusion (FETO) for se vere congenitaJ diaphragmatic hemia: cvolution of
a technique and preliminar)' results. Ultrasound Obstet GynecoI24:121 , 2004.

HDC isolada (à esquerda) e fígado alto, baseado na RPC da A conduta é o aconselhamento apropriado e deve-se garantir
seguinte forma: o envolvimento de especialistas de renome na avaliação e no
1. Fetos com uma RPC maior ou igual a 0,6 e menor que tratamento pós-natal.
1,0 são considerados como tendo hipopla5ia grave. Eles têm Ao contrário, algumas MACPs , geralmente do tipo III,
uma taxa de sobrevivência estimada de mais de 60% após são volumosas o suficiente para causar um de desvio
e menos de 15% sem a realização de FETO, respectiva- do mediastino, levando a hidropisia secundária à compressão
mente. Foi proposto um estudo randômico de FETO com cardíaca e comprometimento do retorno venoso, ou secun-
26 a 28 semanas com reversão intraútero com mais de 34 dária à pressão intratorácica elevada e obstmção linfática.
semanas contra o tratamento pós-natal padrão. Em casos de hidropisia fetal , apresentando tipicamente as cite
2. Fetos com RPC de menos de 0,6 têm hipoplasia extrema, fetal, derrames pleuropericárdicos e edema subcutâneo, a
porque a taxa esperada de sobrevivência é de 0% e isto intervenção é necessária para evitar o óbito fetal intraútero.
pode ser aumentado para apenas 17% com FETO com 26 Se a hidropisia for grave o bastante, a mãe também apresenta
a 28 semanas. Deve-se considerar uma abordagem alter- risco de síndrome de "espelho", ou de Ballantyne, particu-
nativa de realizar oclusão muito cedo (<24 semanas). larmente na presença de placentomegalia. Isto se manifesta
3. Fetos com hipoplasia pulmonar intermediária (uma RPC como uma situação semelhante à pré-eclâmpsia Para
maior ou igual a 1,0 e menor que 1,3) não são conside- tentar predizer quais pacientes com MACP estão em risco de
rados candidatos a uma cirurgia fetal. Porém, na Europa, desenvolver hidropisia, foi proposto o uso da proporção entre
eles tiveram uma sobrevivência antecipada de cerca de a massa da lesão dividida pela circunferência cefálica (Razão
60%. Isto é consideravelmente menor que a maior taxa de Volume da MACP [R.YM])56 Q.lando a RVM é maior que
de sobrevivência de 90% observada em fetos com uma 1,6, há um risco para hidropisia fetal de 80%. Fetos hidrópicos
RPC menor ou igual a 0,8 e menor que os de 1,0 tratados com mais de 32 semanas de idade gestacional devem ser reti-
por FETO. Estes fetos têm área de superfície pulmonar rados. Q.lando a hidropisia é encontrada antes de 32 semanas
maior e, como uma consequência, uma produção maior intraútero, a intervenção pode salvar a vida. Nas MACPs tipo
de liquido pulmonar. Portanto, uma boa resposta à OT II I com hidropisia, a administração de betan1etasona, idêntica
pode ser antecipada. Estes devem ser os pacientes que se à usada para a aceleração da maturidade pulmonar, tem sido
beneficiariam de maior taxa de crescimento na gestação associada à resolução da lúdropisia e sobrevivência. 57 Séries de
tardia, e, por isso, a FETO poderia ser postergada (p. ex., casos menores também descreveram diferentes intervenções
na fase sacular), reduzindo as consequências de RPM cirúrgicas. Em alguns casos, a punção percutânea e o shunt
iatrogênica, quando podem ocorrer. 48 Novan1ente, neste toracoam.niótico massas macrocísticas do tipo I podem
grupo, é proposto um estudo randômico comparando OT ser bem-sucedidos. os Outros propuseram usar esta abordagem
tardia contra conduta expectante. de forma mais liberal. Foram tentadas coagulação por ARF e
laser nas massas, mas estes métodos podem causar prejuí.zo
Malformação Adenomatóide Cística do térmico às estruturas adjacentes . Estes também podem piorar
a hidropisia fetal, levando à morte intraútero.
Pulmão Congênito (MACP)
A intervenção radical de maior sucesso é a excisão dos
MACP é um hamartoma pulmonar que consiste na prolife- lobos afetados (Fig. 25-7). A lobectomia fetal é feita por cimr-
ração anormal de bronquíolos terminais. Patologicamente é gia fetal aberta com t<L'Cas de sobrevivência altas em casos
classificado em tipos I a IIl, com base na experiência pós- nos quais a hidropisia se resolve no período pós-cirúrgico.
natal. O s do tipo I apresentam grandes cistos uniloculares de Em uma série de 22 casos operados entre 21 e 3 1 semanas,
tamanhos variáveis, os do tipo II consistem em uma mistura houve 11 sobreviventes a longo prazo que se desenvolveram
de lesões macrocísticas e microcísticas e os do tipo III são as nOlmalmente (até 12 anos de idade).59
lesões microcísticas. A grande maioria das MACPs é clini- A hidropisia resolveu-se em 1 a 2 semanas, seguida por
camente benigna no pré-natal e no pós-natal , embora sejam reversão do desvio do mediastino. As causas de morte fetal
geralmente ressecadas em algum momento devido ao risco de apesar da cirurgia fetal foram interrupção da gestação por
infecção e a um risco muito baixo de transformação malig11a. síndrome "em espelho" (n=I ), parto pré-termo ou cOl-io-
o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL 879

FIGURA 25-7 . Fotografia da ressecção intraútero de malformação


adenomatoide cistica do pulmão congênita (MACP). O instrumento à
direita está no topo da porção afetada do pulmão.

FIGURA 25-8 . Fotografia de uma cirurgia intraútero antes da res-


secção de um grande teratoma sacrococcigeo.

amnionite (n=2) e comprometimento hemodinâmico fetal de uma lesão no disco primordial pela exposição ao líquido
levando à morte intraoperatória em seis fetos e morte pós-ope- amniótico e trauma pelo impacto com a parede uterina. 6 1
ratória em outros dois casos. Para reduzir o risco de mortes Trabalho adicional com modelos animais sugeriu que a her-
intra-operatórias devidas a hipovolemia e hipertensão: meios niação cerebelar associada à malformação de Arnold-Chiari II
de ressuscitação, incluindo acesso direto à circulação fetal e era causada secundariamente pelo tubo neural aberto e pode-
técnicas apropriadas de monitoração fetal atualmente fazem ria ser reversível. 61 A experiência preli.minar em Vanderbilt e
parte destes procedin1entos abertos. CHOP mostrou que o fechamento microcirÍlrgico intraute-
rino da meningomielocele melhora a Ambos
Teratoma Sacrococcígeo os estudos mostraram uma taxa dinllnuída de derivação por
hidrocefalia, em parte devida à reversão da herniação cerebe-
Os teratomas sacrococcígeos (TSCs) são tumores exofíticos lar, que é um componente da malformação de Arnold-Chiari
císticos e sólidos que surgem na área do cóccix. O s casos lI. A necessidade da derivação afeta o funcionamento cog11iti-
de TSC relevantes para a discussão de cirurgia fetal são os vo tardio durante a vida e por isso é um marcador indicativo
gigantes, sólidos e altamente vascularizados. A quantidade de para sequelas a longo prazo. Outro fator importante de evolu-
fluxo sanguíneo através do TSC pode levar a uma sobrecarga ção a longo prazo é o nível mais alto da lesão. 63 Qyanto mais
cardíaca de alto débito, hidropisia e morte. As tentativas têm elevado o nível da lesão vertebral, maior a probabilidade de
como objetivo uma ressecção definitiva ou simplesmente des- necessitar de uma derivação. A idade gestacional no momento
vascularizar o tumor com a esperança de recuperação cardía- do reparo também é importante: a taxa de derivação diminui
ca.60 as maiores séries reportadas pelo Children's H ospital significativamente de 71% para 39% quando a cirurgia fetal
of Philadelphia (CHOP), mesmo em mãos mais experientes, é feita antes de 25 semanas. Estes achados foram levados em
os resultados são ruins. No pequeno grupo que avançou para consideração quando foi delineado o Estudo da Conduta na
ressecção fetal , a sobrevivência foi encorajadora (3/4), porém Meningomielocele (ECM). Este é um experimento randomi-
a morbidade era significativa (Fig. 25-8). Estas incluíam uma zado fundado pelo National Institute of Health (NIH) com-
transfusão materna e uma fetal e uma parada cardíaca fetal parando a cirurgia materno-fetal com o tratamento pós-natal
com manobra de ressuscitação bem-sucedida. Além disso, de rotina da espinha bífida (vvww.spinabifidamoms.com). Os
estes fetos tiveram parto muito prematuro (média de 29 sema- critérios de inclusão neste experimento são idade gestacional
nas) e permaneceram no hospital até 34 semanas de gestação. de menos de 26 semanas no momento da randomização,
No pós-natal, houve uma morte neonatal, um evento embó- cariótipo normal, nenhuma malformação fetal adicional e a
Lico levando à perda de um rim e lesão intestinal, e um caso disponibilidade de deslocar-se para um dos locais de estudos
de doença pulmonar crônica. As sequelas maternas a longo (p. ex. , UCSF, Vanderbilt ou CHOP) até após o parto, se
prazo de uma histerotomia já foram discutidas anterionnente. randomizado para cirurgia pré-natal, ou até o retorno para o
Nitidamente, as tentativas de abordagem menos invasiva para parto, se randomizado para conduta pós-natal. O reparo da
evitar este problema são importantes , embora, em geral, os meningomielocele é feito com técnicas semelhantes às usadas
casos que necessitam de fato de intervenção fetal em vez de no pós-natal (Fig. 25-9). Nos Estados Unidos, não há cirurgia
neonatal são excessivamente raros. fetal para espinha bífida disponível fora do experimento. De
um ponto de vista obstétrico, a Tabela 25-7 resume algumas
Meningomielocele evoluções variáveis da experiência publicada. Atualmente:
a ci.rurgia fetal aberta apresenta um risco materno defll1ido,
A condição básica de cirurgia fetal para espinha bífida é a hipó- porém aceitável. Edema pulmonar tem sido um problema,
tese "dois-golpes" (corrigir anomalias do cérebro e coluna). A mas pode ser reduzido pela administração de tocolíticos. As
sugestão é que, embora a falha no fechamento do tubo neural transfusões são raras (2,2% na experiência de Vanderbilt) e
leve a deficiência neurológica, isto é agravado pelo surgimento obstrução intestinal ocorreu em um único caso. Trabalho de
880 o CUIDADO PRÉ -NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL

parto levando à prematuridade con; menos de 30 semanas


ocorreu em cerca de 10% a 15%. E comum oligodrâmnio,
mas geralmente sem consequências clínicas significativas. o
entanto, foi observado um caso ocasional de hipoplasia pul-
monar letal. Isto aumenta o problema crítico para risco fetal,
ou seja, um risco iatrogênico inerente de morte perinatal (no
momento da cirurgia ou no parto pré-termo), o que, nestes
estudos, foi de 3% a 6%_ Este é um risco ao qual o feto não
seria exposto na abordagem comum de um problema que
não causa risco de vida intraútero. Com a cirurgia fetal para
espinha bífida, esta é a primeira vez em que tal cirurgia radical
é usada para diminuir a morbidade a longo prazo em vez da
mortalidade pré-natal/neonatal. Isto altera signifIcativamente
a equação risco-benefício.

Obstrução do Trato Urinário Baixo


A
As sequelas da obstrução do trato urinário baixo (OTUB)
foram documentadas em vários modelos animais 64 .66 Isto é
similar à história natural quando observada no feto huma-
no, com obstrução devido à válvula de uretra posterior ou
menos comumente atresia uretra!. A obstrução completa leva
a oligodrâmnio progressivo grave e, então, ao anidrânmio.
Dependendo da idade ges tacional em que ocorre, resulta em
hipoplasia pulmonar. Além disso, o refluxo e pressão eleva-
da de retorno ao parênquima renal leva a displasia cística e
insuficiência rena!. Nestes estudos, isto levou à delivação da
bexiga distendi9a obstruída, o reacúmulo de líqui-
do amniótic0 61 (Fig. 25-10). A medida que a experiência
se expandiu , tornou-se claro que era necessária a seleção dos
casos. Em alguns casos com lesão renal irreversível, o cresci-
mento pulmonar poderia ser salvo, mas teria de ser confronta-
do com a terrível morbidade da insuficiência renal neonatal e
antecipação ela diálise por período prolongado com posterior
transplante_ Este fato direcionou a possibilidade de predizer
os casos em que a função renal fetal e, portanto, neonatal B
evitaria o cenário acima mencionado. Tornou-se consenso FIGURA 25-9 . Fotografia de uma meningomielocele lombar antes
que a melhor avaliação da função renal deveria ser feita pela IA) e após IB) o reparo inlraúlero.
coleta ela urina fetal e análise de eletrólitos urinários e outros

I Tabela 25- 7 I Evoluções Obstétricas e a Curto Prazo nas Séries de CHOP e VUMC para Reparo da MMC
CHOP (Johnson 4; n=51) VUMC (Brune f3; n=178)
Gestação na cirurgia (sem) 23+0 (20+0-25+4) (19-30); tardia <26 sem
Gestação no pano (sem) 34+4 (25+4-37)* 33+5 (25-38)
Malfonnação de Chiari
Antes (moderada/grave) 14%/86%
Após 100%/0% 7%/0%
Oerivação pós-natal (idade pós-natal) 46% (21 sem) 46% (12 sem)
Abonamentos peri-natais 3/5 1 (prematuridade) 5/ 178 (2,8%) (não especificado)
Tempo de internação hospitalar 4 dias 3,3 dias (3-7)
Oligodrâmnio 25% no inicio
30% taxa de readmissão
Parto < 30 sem 5/47 (1O,6%)t 11 ,8%
Parto >32 sem (40/47) 85%t (não especificado)
Complicações maternas Nenhum relato, incluindo deiscência ou 9 (5, 1%) edema pulmonar leve
ruptura; uma perda de líquido amniótico 1 obstrução intestinal
através da histerotorrUa 4 (2,2%) deiscência , assintomática em três

CHOp. Children's Hospital of Penns)'h'ania: MMC. Ulcningomiclocele; VUMe \ f;mdcrbilr University Medicai Cemer.
* Inclui todos os pacientcs.
apenas dc sobrevi\·emes.
Dados deJohnson MP, Surton LN. Rimoul N. et ai: Fetal myelomcningocc1e repair : shon-lenn clinicai outcomes. AmJ Obstet G)'necol 189:482.2003: e BrunerJP.
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o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGivEL 881

Transdutor Agulha FIGURA 25--10. Colocação de um cat e-


de ultrassonografia ter na bexiga fetal desenhada esquema-
ticamente . O ca teter de ponta dupla é
empurrado para fora da agulha de forma
Parede abdominal materna que uma ext rem idade esteja na bexiga e
a outra na cavidade amniótica . IDe Adzi-
Cateter Parede uterina ck NS, Flake A W, Harrison MR: Recent
Bolsa amniótica advances in prenatal diagnosis and treat-
ment. Pediatric C/in North Am 32: 1103,
Liquido amniótico
1985. )
Parede abdominal fetal

drenos vesicais. Por isso, complicações pós-operatól;as mater-


Tabela 25-8 1Limites* Prognósticos na Urina Fetal nas e fetais devem ser similares . Com a cistoscopia, há um
Bom Prognóstico Mau Prognóstico potencial para corrigir o problema obstrutivo completamente
Sódio <90 mmoVL >100 nunoVL e permitir ciclos vesicais normais pelo resto da gestação. O s
Cloro <90 mmoVL >100 nunoVL resultados não são consistentes, mas, naqueles bem-sucedi-
O smolalidade <180 mOsm/ L >200 mOsm/ L dos, os resultados são notadamente promissores , sugerindo
Proteínas Totais <2 0 mg/dL >40 mg/dL uma possibilidade terapêutica a ser considerada. 72 .73
Beta-2 microglobulina <6 mgJL >10 mgJ L

Derrames Pleurais
* Li mites têm como base a urina o btida entre 18-24 semanas de idade gestacio nal
estimada. Valo res entre o bom e o mau prognóstico são co nsiderado s "zona Derrames pleurais são raros; porém , quando eles são grandes
cinzenta", com expectativa de insuficiência renal pós-natal moderada ou maior, e causam desvio grave do mediastino, podem levar secunda-
mas potencial para sobrev ivência pulmo nar pós-natal.
l;amente a hidropisia fetal e óbito ao nascer. Eles têm quase
(Jo hnson NI P. comunicação pessoal.)
sempre origem linfática. H á uma associação significativa com
aneuploidia e deve ser considerada a realização de carióti-
po fetal. 74 Qyando são identificados derrames pleUl-ais bilate-
rais ou de tamanho similar, deve-se considerar o diagnóstico
de Linfangiectasia pulmonar congêrúta. 75 O significado disto é
compostos_ A avaliação dos eletrólitos urU1anos é mais pre- que, mesmo com uma drenagem bem-sucedida, geralmente
ditiva quando duas vesicocenteses sequenciais são realizadas ocorre insuficiência respiratória neonatal porque os linfáticos
após vários dias, em casos em que há reacúmulo de líquido anormais afetam a troca gasosa nos alvéolos. Isto precisa ser
na bexiga e parênquima renal de aspecto normal à ultrasso- considerado quando se aconselha os pais sobre possíveis inter-
nografia 68 (Tabela 25-8) _Seguindo este tipo de conduta, uma venções. A opção de derivação para drenagem de derrames
série recente documentou sucesso variável. Embora as crian- pleurais está indicada quando é documentada a progressão
ças que tiveram acompanhamento por até 5 anos de idade para hidropisia. Este é particularmente o caso quando a ecocar-
tenham apresentado desenvolvimento neurológico normal, diografia fetal diagnos tica enchimento ventricular anormal. 76
muitos tiveram retardo no crescimento e problemas pulmo- Séries recentes de casos de derivação relatam sucesso técnico.
nares persistentes_ lOS 18 sobreviventes, seis tiveram função Porém, permanece um risco residual de prematuridade e mor-
renal aceitável, quatro insuficiência leve e seis necessitaram de talidade neonatal , potencialmente relacionado à patologia
diálise e transplante_ 60 Experiência semelhante é refletida em de base, mais do que ao própl;o derrame pleural.58,77
out.ros centros/O. 7l com insuficiência renal crônica em metade
dos dois terços sobreviventes, apesar de todos apresentarem
Intervenções Cardíacas Fetais
perfis urinários favoráveis como um pré-requisito para inter-
venção intraútero. Um dos mais excitantes campos da terapia fetal minimamen-
Portanto, a abordagem da uroparia obsrrutiva não precisa te invasiva é o tratamento dos defeitos cardíacos congênitos
ser alterada para levar a evoluções melhores. Isto é crítico (DCCs). Alguns defeitos são estruturalmente simples, mas
porque a morbidade a longo prazo da insuficiência renal devido à evolução dinâmica durante a vida fetal , ocorre um
neonatal é muito alta. Uma abordagem mais nova é realizar desenvolvimento anormal e progressivo dos grandes vasos e
cistoscopia fetal . O s endoscópios disponíveis agora têm o ventrículos. Isto resulta, então, em um coração insuficiente
mesmo tamanho de alguns trocartes usados para posicionar em relação a sua função ao nascimento. Um exemplo disso é
882 o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL

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especulado que a reversão intraútero da estenose pode rever- Endopress, 2004. pp l-58.
ter a progressão para hipoplasia ventricular. Atualmente, o 15. Deprest ], Bat·ki C, Lewi L, et ai: Fetoscopic instrumemation
tratamento pós-natal padrão para um coração com venn-ículo and tech.niques. [/I Van Vught], Sehulman L (eds): Fetal Medieille.
único (SCEH) é uma cirurgia paliativa dirigida (Operação New York, Mareel Dek.ker, 2006, pp 473-491.
de Norwood, seguida por um procedimento de Fontan). O 16. Yamamoto M , EI MUlT L, Robyr R, et ai: lneidenee and impact of
mesmo princípio pode ser aplicado à estenose pulmonar crí- perioperative complications in 175 fetoscopy-guided laser coagulations
of chorionic pIa te a.t1astomoses in fetofetal tratlsfusion syndrome
tica com septo interventricular íntegro, que leva à hipoplasia before 26 weeks of gestation. Am] Obstet Cynecol 193: 1110, 2005.
do lado direito do coração. 17. Hanison MR, Colbus MS, Filly RA, el alo Managemem of the fetus
Há crescente experiência com cateterização do coração with eongenital hydronephrosis.] Pediatr Surg 17:728, 1982.
fetal e dilatação valvar com balão guiada por ultrassonogra- 18. Nicolini U, Rodeck CH, Fisk NM: Shul1l treatment for fetal
fia. Em muitos casos, isto pode ser feito por uma abordagem obstructive mopathy. Lancet 2: 1338, 1987.
percutânea (Fig. 25-11). A maior experiência é do grupo do 19. Tsao K, Feldstein VA, A1banese CT, et alo Selective reduction of
acardiac twin by radiofrequency ablation. Am] Obstet Gynecol
Boston Children's/Brigham and Women's Hospital. 78 Em mais 187 :635,2002.
de 50% dos casos, a dilatação valvar é bem-sucedida, mas em 20. Qyintero RA, lVIorales A1len MH, Ct aI : Staging of twin-twin
cerca de 20% destes, a progressão para hipoplasia não pode transfusion syndrome.] PerinatOI19:550, 1999.
ser revertida. Experiência com SCEH com septo atrial restri- 21. Senat MV, Deprest], Boulvain M , et ai : Endoscopic laser surger)'
tivo ou intacto é mais limitada, assim como com atresia ou versus serial amnioreducuon for severe twin-to-twin transfusion
estenose pulmonar com septo ventTÍcular ú1tegro. No entanto, syndrome. N Engl] Med 351: 136, 2004.
22 . Hllber A, Diehl VV, Bregenzer et alo Stage-related outcome in twin-
pesquisas futuras podem determinar a seleção adequada de twin transfllsion syndrome treated b)' fetoscopie laser coagulation.
pacientes, tempo e técnica para os diferentes tipos de defeitos Obstet Cynecol108:333 , 2006.
cardíacos corrigíveis. Como observado inicialmente, estes 23. Rob)'r R , Boulvain M, Lewi L, et ai: Cen'ieallength as a prognostic
procedimentos podem ser percutâneos e envolver agulhas factor for preterm deliver)' in lwin-to-twin transfusion syndrome
menores que os fetoscópios ou os trocartes de drenos. Por- treated b)' fetoscopic laser coagulation of choriooic plate anastomoses.
tamo, o perfil de risco materno e gestacional é relativamente Ultrasound Obstet Gynecol 25:37, 2005.
24. Lewi L, ]ani], Cannie M , et aI : Intertwin anastomoses in 1110no-
baixo. Isto deve permitir um limite menor para intervenção
chorionic placentas after fetoscopic laser coagulation for twin-to-twin
inovadora e pode expandir as indicações , mesmo que a taxa transfllsion syndrome: is there more than meets the eye? Am ]
de sucesso seja variável. Obstet Cynecol 194:790, 2006.
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884 o CUIDADO PRÉ-NATAL DO FETO COM UM DEFEITO CORRIGíVEL

detected on prenatalultrasound examinarion: factors associated with 77. Picone O , Benachi A, Mandelbror L, et ai : [Emergency thoraco
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Hum Dev 82:411, 2006.
S E
11 ç Ã O

ULTRASSONOGRAFIA
GINECOLÓGICA
Conteúdo da Seção
Anatomia Normal da Pelve Feminina e Imagem Ultrassonográfica na Infertilidade . .... . 986
Ultrassonografia Transvaginal . . . . . . . . . . . . . .. 887 Gestação Ectópica . . . . . . . .. . . . . . .. . . .. . . . .. 1020
Avaliação Ultrassonográfica do Útero .. . . . . . ... 919 O Papel da Ressonância Magnética na
Sangramento Uterino Anormal : o Papel da Avaliação de Doença Ginecológica .. . ... ... . 1048
Ultrassonografia .. . . . ... . . . . ..... . ....... . .. 942 Ultrassonografia da Mama . .. .. . . . . . . . ... . .. 1077
Neoplasia Trofoblástica Gestacional . ..... . . ... 951 Artefatos. Armadilhas e Variantes Normais . ... 1098
Avaliação Ultrassonográfica dos Anexos
(Ovários e Trompas de Falópiol . .... .. .... ... . 968
26
A NATOMIA NORMAL DA P ELVE F EMININA E
ULTRASSONOGRAFIA T RANSVAGINAL
Clifford S. Levi, MO , Edward A. Lyons, MO , Susan C. Holt , MO e Sidney M. Dashefsky, MO

Ultrassonografia Transvaginal Útero e Vagina


Indicações Os Ovários
Preparo da Paciente
A Tuba Uterina Ide Falópio)
Preparo do Transdutor
Estruturas Vestigiais
Técnica de Exame
Segurança Os Ureteres

Pelves Verdadeira e Falsa A Bexiga

Musculatura Pélvica. Planos Fasciais. Inserções Ligamentares O Cólon Reto-Sigmoide

Anatomia Vascular Exame Transrretal

U ltrassonografia u'ansvaginal (USTV) de alta resolução


tem sido muito utilizada desde meados de 1980 e
ganhado aceitação como parte integrante dos exames
M H z podem não fornecer resolução adequada para o estudo
da gestação em fase inicial. Antes de se utilizar dados da lite-
ratura, é aconselhável confirmar sua reprodutibilidade em seu
ultrassonogTáficos ginecológicos e obstétricos iniciais 1. Em próprio serviço de imagem 4 .
muitas clinicas de ultrassonogTafia, o exame-padrão da pelve
femini.na é composto da abordagem tradicional transvesical/
transabdominal (USTA) combinada com USTV e, em alguns ULTRASSONOGRAFIA
casos, ultrassonografia transvaginal com Doppler colorido e TRANSVAGINAL
espemal (USTVDCE)2.3.
USTA é realizada através da bexiga repleta e fornece um
campo de visão mais amplo que a abordagem U"éU1Svaginal. A Indicações
técnica transabdominal permite melhor visualização das esu'u- Como observado, a USTV fornece informação diagnóstica
turas superficiais e distantes da vagina do que a abordagem
que não pode ser obtida com a USTA. USTV deve ser
transvaginal. A técnica transvaginal desvia-se do tecido atenu-
incorporada ao exanle em todas as situações nas quais ela
ante e permite que uma sonda de alta frequência seja coloca-
da próxima aos "órgãos-alvo". A USTV demonstra detalhes fornecerá informação diagnóstica adicional clinicamente útil.
anatômicos do útero, ovários e anexos, que não podem ser Indicações de USTV incluem:
obtidos com a USTA. A anatomia ultrassonográfica normal
descrita neste capítulo reBete uma abordagem transvesical e Ultrassonografia ginecológica.
transvaginal combinadas e é utilizada, como na prática clínica, Ultrassonografia obstétrica no primeiro t1;mestre.
pelo uso das propriedades de ambas. Aplicações obstétricas na gestação de 22 e 3Q trinlestres
Como em outros usos da ultrassonografia, é uma prática- quando é necessária uma melhor avaliação das estruturas
padrão o uso de transdutores com a frequência mais alta pos- adjacentes à cérvix baseada nos achados da USTA,
sível, o que permite a visualização dos órgãos-alvo. U tilizando- incluindo placenta prévia, avaliação da coluna lombo-
se a USTA, a visualização dos órgãos pélvicos é limitada pela sacra em fetos em apresentação pélvica, avaliação do
própria anatomia da paciente em virtude da atenuação sônica conteúdo intracra11Íano em fetos em apresentação cefálica,
da parede abdominal anterior, gorduras subcutânea e pré-pe- e avaliação da região nucal fetal em idade gestacional
ritoneal, e gordura no mesentério e omento. Como resultado inferior a 14 semanas.
desta atenuação e da distância entre a área de interesse e a Suspeita de gestação ectópica.
parede abdominal anterior, frequentemente torna-se impossí- Pacientes com suspeita de doença abdominal inferior nas
vel usarmos transdutores de alta frequência, com os benefícios quais um diagnóstico não foi concluído pela USTA (p. ex. ,
inerentes a sua maior resolução axial e lateral. Diferenças na suspeita de diverticulite).
atenuação do som entre os pacientes resultam na necessidade Monitoração de folículo.
de se usarem diferentes transdutores e frequências quando os Monitoração das técnicas de reprodução assistida.
mesmos são multifrequenciais. Deve-se observar, entretanto,
que mesmo com técnica de exame cuidadosa em uma pacien- Em geral, a USTA é realizada antes, e então a USTV é rea-
te com biotipo favorável, transdutores transvaginais de 5 e 6 lizada após a paciente ter esvaziado a bexiga. Em situações
887
888 ANATOMIA NORMAL DA PELVE FEMININA E ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL

de urgência ou emergência quando a paciente chega com a flexionados e afastados e os pés apoiados na cama. A cabeça
bexiga vazia ou parcialmente repleta, após uma rápida visuali- e os joelhos são discretamente elevados com um travesseiro e,
zação para avaliar o grau de distensão vesical e a presença de se possível, a paciente é colocada numa posição de Trendelen-
massas pélvicas grandes e/ou evidentes, um exame transvagi- burg levemente invertida de forma que o líquido livre intrape-
nal é realizado. Em pacientes com quantidade significativa de ritoneal possa se acumular no fundo de saco posterior.
liquido livre intraperitoneal demonstrado à USTV, o espaço Qyando somente exames de USTV são realizados ou
hepatorrenal (espaço de Morrison) e goteiras parieto-cólicas quando a USTV está sendo utilizada para guiar um procedi-
são examinados por USTA para uma avaliação do volume de mento invasivo, é aconselhável que se utilize uma cama com
líquido livré. Pacientes que estão sendo avaliadas em exames suporte para as pernas de forma que o transdutor possa ser
seriados para fins específicos como monitoração de folículo movido livremente em todas as direções e o examinador esteja
são geralmente examinadas apenas com USTV. numa posição para introduzi-lo e retirá-lo sem constrangimen-
A informação diagnóstica fornecida pela USTA e USTV to. Qyando se utiliza uma maca para o exame, algumas vezes
é com frequência complementar. Embora a USTV apresen- não é possível angular o transdutor anteriOImente porque seu
te melhor resolução e possa visualizar os ovários e estruturas cabo é obstruído pela maca. Nestas circunstâncias, pode-se
anexiais quando estes são obscurecidos na USTA pela sombra colocar uma cunha de espuma ou a1g'umas toalhas dobradas
acústica causada pelo gás intestinal6, a USTA pode visualizar atrás do quadril da paciente. Se as estruturas anteriores ainda
ovários altos ou lateralmente posicionados ou massas pélvicas estiverem fora do campo de visão, pode ser necessário solici-
não observadas à USTV 7. USTA pode mostrar o tamanho tar à paciente para flexionar os quadris e trazer os joelhos em
e a localização de uma massa, que pode então ser mais bem direção ao tórax.
caracterizada pela USTV.
Há situações claras nas quais a USTV não pode ou não
deve ser realizada. As contraindicações incluem: Preparo do Transdutor
o preparo do transdutor antes da USTV deve levar em con-
Pacientes na pré-menarca ou virgens. sideração os seguintes efeitos adversos potenciais:
Qyalquer paciente que não consinta voluntariamente na
realização do exame transvaginal. 1. Disseminação de doença infecciosa.
2. Irritação química da vagina.
Pacientes com um introito ou vagina estreitos podem sentir 3. Alergia ao látex.
desconforto no momento da tentativa da introdução do trans- 4. Efeito deletério do lubrificante na mobilidade do esperma.
dutor, que deve resultar em término imediato da parte trans-
vaginal do exame. Em geral, a USTV deve ser considerada Para prevenir a disseminação de doença infecciosa, o trans-
em qualquer paciente na qual o exame bimanual é apropriado. dutor deve ser embebido em desinfetante entre os usos e um
De fato, em nossa experiência na população de pacientes mais protetor descartável, em geral um preservativo de látex, deve
idosas e em pacientes com dor vaginal ou pélvica importante, ser colocado no mesmo para o exame. Se a paciente tiver aler-
a USTV é mais facilmente aceita do que o exame bimanual6 . gia a látex, uma cobertura alternativa sem látex deve ser utili-
zada, a qual frequentemente é disponibilizada pelo fabricante
Preparo da Paciente do transdutor.
Muitos tipos de desinfetantes estão disponíveis. A maioria
Não há preparo específico para a USTV, exceto que a paciente tem como base o glutaraldeído. Utilizamos Metricide® (Metrex
deva urinar antes do exame para que a bexiga esteja vazia ou Research Corp, Parker, CO) em nossa clínica. Outras marcas
quase completamente vazia. Como em qualquer outro exame incluem SpOI;cidin® (Sporicidin International, Rockville, MD)
de ultrassonografia, o ultrassonografista deve obter um histó- e Cidex® (Surgikos, Arlington, TX). Os fabricantes de trans-
rico pertinente da paciente antes do exame. Uma explicação dutores recomendam as marcas para seus insu'umentos e po-
adequada do procedimento é essencial, e consentimento deve dem também especificar um limite máximo de tempo no qual
ser obtido antes do exame. Na nossa prática, o consentimento a sonda pode ser imersa em desinfetante sem que haja dano
verbal é considerado adequado. ou perda da garantia. É aconselhável contatar o fabricante do
Muitas pacientes ficam apreensivas quando há qualquer u'ansdutor para o caso de informações a respeito do tipo de
menção a um exame "interno", e a maioria delas confunde desinfetante e o tempo limite de imersão não estejam disponí-
o exame de USTV com um exame bimanual até antes do veis no manual.
procedimento ser bem-explicado. Na explicação é importan- Como indicado no rótulo do produto, desinfetantes são
te observar porque é necessário realizar a USTV e enfatizar quúnicos tóxicos e cáusticos e devem ser tratados com cuida-
que o exame é um procedimento simples, em geral indolor do para proteger paciente e funcionários. Siga as instruções no
e que somente parte do transdutor é introduzida. Em nossa rótulo do produto. Os funcionários devem usar luvas quando
instituição, a maioria dos exames transvaginais é realizada utilizarem o desinfetante ou tocarem um transdutor que tenha
por técnicos em ultrassonografia. Se um examinador do sexo ficado imerso neste produto. Alguns fabricantes recomendam
masculino (ultrassonografista ou técnico em ultrassonografia) o uso de ócu los de proteção. Locais para a lavagem de emer-
realizar o exame, uma funcionária membro da clínica (uma gência dos olhos devem estar disponíveis no local. Deve ser
ajudante, uma enfermeira, ou outra funcionária) é trazida para tomado cuidado para lavar o transdutor com água ou álcool
a sala para acompanhar todo o exame transvaginal e servir de antes de cobri-lo com um protetor descartável. Uma ampla
acompanhante. gama de protetores para u'ansdutor está disponível, variando
Como em qualquer exame diagnóstico, é importante apre- de protetores à venda criados especificamente para transduto-
sentar à paciente todos os membros do serviço que estarão na res de ultrassonografia até preservativos de látex. Estabelecida
sala de exame. Isto é ainda mais importante na USTV. Para a necessidade de se seguir as precauções necessárias, temos
manter a dig11idade da paciente, ela é coberta apropriadamente usado desinfetantes por muitos anos sem incidentes. Entre
com um lençol e colocada na posição de supina com os joelhos os exames, mantemos o transdutor imerso por 20 minutos
ANATOMIA NORMAL DA PE LVE FEMININA E ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL 889

em desinfetante num reservatório no interior de um compar-


timento fechado (PCimedical, Deep River, CT) num móvel
auxiliar localizado ao lado do aparelho de ultrassonografia.
Este móvel também contém os outros equipamentos necessá-
rios para o ultrassonografista. Se o preservativo se rompe ou
rasga, então uma esterilização mais completa do transdutor
é necessária antes de ser reutilizado. Todos os equipamentos
de ultrassonografia que entram em contato com sangue ou
fluidos corporais devem ser cobertos, limpos e desinfetados
apropriadamente.
Uma vez que o transdutor tenha sido desinfetado e limpo,
uma pequena quantidade de gel de acoplamento é colocada
no interior da ponta do preservativo (ou outro protetor), e este
é desenrolado ao longo do eixo do transdutor. O gel de aco-
plamento deve eliminar a presença de ar no can1Ínho do feixe
de ultrassom. Se houver bolhas de ar sobre a superfície do
transdutor, o preservativo ou o protetor deve ser reajustado. A
O passo final no processo de preparo da sonda é lubrificar a
ponta do transdutor coberto com um lubrificante estéril como
Muko® (IngTam & Bell MedicaI, Don Mills, Ontário, Canadá)
para facilitar a sua introdução. Se o procedimento for realizado
como parte de um estudo para infertilidade, é recomendado
que se use água ou solução salina como lubrificante porque al-
guns dos lubrificantes mais utilizados podem ter efeito adverso
na mobilidade do esperma 8 . O examinador deve USal" luvas
enquanto prepara o transdutor e realiza o exame.

Técnica de Exame
Uma vez que a paciente e o transdutor estejam preparados,
um campo de visão de 8 a 10 cm de profundidade é selecio-
nado para assegurar que a posição do instrumento possa ser
monitorada durante a introdução. Uma vez que o transdutor
tenha sido introduzido no introito, o operador deve obser-
B
var a tela, monitorando sua posição continuamente. Isto é
FIGURA 26-1. A. Diagrama de uma imagem transvaginal no plano
fundamental para a segurança da paciente e para prevenir sagital. (De L yons EA, Gratton O, Harrington C: Transvaginal sonogra-
o posicionamento incorreto do transdutor no fórnix vaginal phy of normal pelvic anatomy. Radiol Clin North Am 30:663, 1992.)
posterior, onde o operador observará apenas as alças intes- B. Ultrassonografia transvaginal no plano sagital mostrando o corpo
tinais se o útero for antevertido e não conseguirá identifiCaJ" (U) e o fundo (I) do útero . Canal endometrial (seta vertical), camada
basal do endométrio (seta oblíqua) .
qualquer dos malTOS anatômicos. O transdutor é introduzido
na vagina, e o exame geralmente realizado através da sua
parede anterior e fórnices anterior e/ou laterais. A posição do
transdutor é determinada pelo local de visualização ótima da
víscera pélvica específica. marco a ser utilizado quando inicialmente se avalia a posição
A orientação do transdutor é controlada pela sua rotação e a orientação do transdutor. A rotação da sonda em 90 graus
e angulação. Três manobras de exame básicas são realizadas no plano coronal permite a visualização tallto do útero quanto
para se alcançar a orientação adequada: dos anexos. Antes de proceder ao armazenamento ou à docu-
mentação de qualquer imagem, uma completa avaliação da
l. O transdutor pode ser rodado de O a 90 graus sobre seu pelve deve ser realizada. Esta avaliação é realizada movendo-
eL'Co longo para obter qualquer plano de imagem de sagital se lentamente o feixe num plano sagital da linha média atra-
a cOl"onal (Figs. 26-1 e 26-2). vés de ambos os anexos até as paredes pélvicas laterais. O
2. O transdutor pode ser angulado ou apontado em qualquer transdutor é então orientado para o plano coronal e o feixe é
direção (dentro dos limites do conforto da paciente) para movido da cérvL'C até o fundo uterino. Tal estudo rapidamente
orientar o plano de imagem (Fig. 26-2C) . avalia as posições relativas do útero e ovários e identifica qual-
3. O transdutor pode ser avançado ou retirado, o que mo- quer massa evidente.
verá as vísceras pélvicas adjacentes e deslocar as alças, e Após essa avaliação, as imagens"padrão são obtidas. Em
permitir que as estruturas sejam direcionadas para a zona nossa instituição estas incluem:
focal do transdutor ou afastadas das regiões próximas a
artefatos de campo. Plano sagital: (1) cérvix, canal endocervical, fundo de saco
posterior, (2) útero e endométrio, (3) ovário e anexo direi-
Durante a introdução do transdutor, a sua orientação deve ser tos e (4) ovário e anexo esquerdos.
avaliada levando-se em conta a posição da bexiga, que geral- Plano cOl"onal: (1) vagina, (2) cérvix e fundo de saco posterior,
mente contém uma pequena quantidade residual de urina. A (3) corpo do útero e endométrio, (4) fundo uterino e en-
posição normalmente estável do ângulo da bexiga em relação dométrio, (5) ovário e anexo direitos, e (6) ovário e anexo
às posições mais variáveis do útero e ovários torna-a um bom esquerdos.
890 ANATOMIA NORMA L DA PELVE FEMININA E ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL

A B
FIGURA 26- 2. A. Diagrama de uma imagem transvaginal no plano
carona I. (De Lyons EA, Gratton D, Harrington C: Transvaginal sono-
graphy of normal pelvic anatomy. Radial Clin North Am 30:663,
1992.) B. Ultrassonografia transvaginal no plano coronal através
do corpo do útero (U). Endométrio (seta no interior da imagem).
Superfície serosa do útero (demais setas). C. Ultrassonografia
transvaginal no plano coronal oblíquo angulado na direção do ovário
esquerdo demonstrando o mesmo (o), a veia ilíaca externa (Ve), e a
artéria (A) e veia (V) ilíacas internas. C, Cisto.

Embora essas imagens-padrão sejam obtidas, elas não são de fundo uterino e então angular o transdutor lateralmente em
forma alguma o exame completo. A obtenção destas imagens direção ao corno e ligamento largo. Uma vez que esta região
indica que todo o órgão ou região fotografada foi cuidado- é identificada, o ovário pode ser identificado movendo-se len-
samente avaliada em tempo real nos dois planos ortogonais. tamente o feixe anterior e posteriormente. Se o ovário estiver
Q\.talquer patologia ou variante da normalidade deve ser es- posicionado alto na pelve ou se o útero é muito antevertido, a
tudada e as lmagens apropriadas, documentadas . Os esntdos elevação ou flexão dos quadris pela paciente pode ajudar a vi-
por meio do Doppler colorido, power e espectral são acres- sualizar o ovário. Outra manobra bastante comum para "ová-
cemados ao exame dependendo do caso clínico e da patologia rio alto" é aplicar compressão nas porções laterais da parede
demonstrada na imagem em escala de cinza. abdominal anterior flexionando-se os dedos , pressionando a
Utilizando-se a ultrassonografia tridimensional, uma ver- parede e trazendo o ovário ou uma massa móvel para o campo
dadeira imagem coronal do útero pode ser obtida e demons- de visão do transdutor u-ansvaginal.
o-ando-se todo o canal endometrial de forma não reprodutível A capacidade de se usar a ponta do transdutor para avaliar
de outra forma. a sensibilidade das estruturas pélvicas é uma vantagem adicio-
Como observado, o ângulo da bexiga é um ponto de refe- nal da U STV. Pela aplicação de discreta preensão com a ponta
relativan1ente estável. Observa-se posteriormente (ver do transdutor nas estruntras pélvicas, é possível localizar uma
"O Utero e Vagina" ) que a cérvix é ligada ao ângulo da bexiga região de desconforto com maior especificidade que a USTA
pelo paraméu-io. Com a localização da cérvix, a posição e a ou exame bimanual. Além disto, uma região de sensibilidade
localização do útero podem ser determinadas. A visualização que tenha sido identificada ao exame bimanual pode ser in-
dos ovários pode ser mais difícil e com frequência requer an- vestigada por USTV para determinar qual estrutura pélvica
gctlação significativa do transdutor. produz a mesma resposta.
Q.lando o útero é antevertido, uma técnica útil para lo- Em resposta à leve pressão com o transdutor transvaginal,
calizar o ovário é primeiro se obter uma imagem coronal do os órgãos pélvicos devem normalmente se afastar uns dos ou-
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tros. Zimmer, Timor-Tritsch e Rottem 9 descreveram este efei- minal. A linha terminal é a linha arqueada do ílio, a linha
to, que é chamado de sinal do órgão afastado. Uma restrição à ílio-pectínea e a crista do púbis. A pelve falsa é limitada pelas
movimentação normal pode indicar a presença de aderências. bordas dos ossos ilíacos e a base do sacro posteriormente, e
Algumas vezes o órgão de origem de uma massa pode não ser a parede abdominal anterior e lateralmente. A pelve verda-
observado à escala de cinzas e ao Doppler colorido. A movi- deira é limitada anteriormente pelo púbis e ramos púbicos,
mentação da massa pela pressão do transdutor pode ajudar a posteriormente pelo sacro e cóccix, lateralmente pelo ílio e
determinar o seu órgão de origem. ísquio fusionados, e inferiormente pelos músculos do assoalho
pélvico.
Na ausência de massas na paciente não-gestante, o útero,
Segurança os ovários e os anexos estão localizados na pelve verdadeira.
o comitê de bioefeitos do Instituto Americano de A bexiga e alças do intestino delgado estão localizadas ante-
Ultrassonografia em Medicina (American Institute of riorme!1te ao útero e às estruturas anexiais na pelve verda-
U1trasound in Medicine - AIUM) identificou uma intensi- deira. A medida que a bexiga se preenche, a cúpula vesical
dade de ultrassonogTafia (pico espacial de campo livre, média estende-se à pelve falsa e desloca as alças de intestino delgado,
temporal [SPTA - free-fleld spatial peak, temporal averageJ) fornecendo uma janela acústica (Fig. 26-3) para a USTA 5 .
de 100 mW/cm 2 como a intensidade abaixo da qual foi confir- Transdutores intracavitários (transvaginal e transrretal) per-
mada ausência de efeitos significativos nos tecidos mitem a visualização das vísceras pélvicas de dentro da pel-
de mamíferos expostos in vivo 0. 11 O FDA (Food and Drug ve verdadeira. A ultrassonografia translabial visualiza a pelve
Administration) definiu o limite de produção acústica (SPTA) verdadeira do assoalho pélvico 13 .
para o estudo fetal em 94 mW/cm 2. Os fabricantes agora têm As desvantagens da USTV comparada à USTA incluem
a opção de comercializar sistemas que excedam os níveis de um campo de visão limitado e a incapacidade de examinar a
intensidade específicos para aplicação fornecidos já que pelve falsa adequadamente. A bexiga repleta na USTA forne-
os níveis de exposição são mostrados na tela, de modo ce uma janela para o exame da pelve verdadeira pelo desloca-
que o nível pode ser monitorado pelo operador. Em 1992, mento das alças intestinais, mas também pode deslocar inad-
a Associação de Fabricantes Elétricos Nacionais (National vertidamente estruturas patológicas para a pelve falsa. Um
Electric Manufacturer's Association) e o AIUM concordaram exame rápido das pelves falsa e verdadeira ao fim do estudo
com os padrões de demonstração da produção voluntários, após a paciente ter urinado é parte de um exame de rotina.
que consistem no ú1dice térmico (TI) e índice mecânico (Mn. Isto permitirá que se detectem grandes massas que tenham
Estes indices fornecem uma estimativa mais precisa da expo- sido deslocadas pela bexiga repleta e massas que simulem uma
sição biológica do que os níveis de intensidade, permitindo bexiga repleta (Figs. 26-4 e 26-5). Ao exame pós-micção, com
que os operadores apliquem o princípio "o mais baixo quanto frequência é necessário utilizarmos compressão para deslocar
razoavelmente possível" para a exposição à ultrassonografia. a p:esença de gás nas alças do intestino delgado e cólon, es-
As orientações do AIUM concluem que não houve evidência pecialmente quando se procura por uma massa pequena na
experimental de lesão em modelos animais confirmada de pelve falsa .
forma independente quando certos níveis foram observados Qyando se utiliza a USTV, líquido livre é frequentemente
(TI <2 e MI< 0,3)11 . O AIUM ainda estabeleceu e reafirmou demonstrado no fundo de saco posterior em pacientes nor-
em 26 de março de 1997 que: "Não há efeitos biológicos con- mais (Figs. 26-6 e 26-7). A presença de líquido no fundo de
firmados em pacientes ou em operadores dos equipamentos saco anterior ou recessos pélvicos laterais ou uma <Yrande
quantidade de líquido no fundo de saco posterior uma
por expos.ições aos aparelhos de ultrassonografia
dlagnóstLCa na atualidade. Embora exista a possibilidade de grande coleção de líquido intraperitoneal (Figs. 26-8 e 26-9).
que tais efeitos biológicos sejam identificados no futuro, os O volume de líquido pode ser estimado pelo exame do espaço
hepatorrenal (espaço de Morrison) (Fig. 26-9B) .
dados atuais indicam que os benefícios para o paciente do
u.so prudente da ultrassonografia diagnóstica ultrapassam os
nscos, se houver algum, que posam estar presentes.,,12 Como MUSCULATURA PÉLVICA,
a USTV é frequentemente realizada no início da gestação
durante a organogênese, o uso prudente da tecnologia dita
PLANOS FASCIAIS, INSERÇÕES
que o resultado do transdutor seja mantido no nível mais LlGAMENTARES
baixo necessário para se obter a informação diagnóstica apro-
A fáscia superficial ou subcutânea apresenta textura areolar
pnada. O operador deve utilizar o princípio "o mais baixo
e contém quantidades variáveis de gordura. A fáscia subcu-
quanto razoavelmente possível" no exame de ultrassonografia
é contínua com a fáscia superficial da coxa, grandes
e, disto, deve manter o TI e o MI em níveis seguros. Em
lablos e períneo. As paredes anterior e laterais da pelve falsa
parncular, ultrassonografistas e técnicos em ultrassonografia
são os músculos anteriores e laterais da parede abdominal.
devem ter conhecimento de que os níveis de exposição ao
!--ateralmente, estes músculos incluem os oblíquos externo e
ultrassom com Doppler pulsátil podem frequentemente exce-
mterno e o transverso do abdome, que configura a camada
der os níveis prescritos e devem prestar muita atenção ao TI e muscular interna l4 ,15 (Fig. 26-10). Os músculos retos abdomi-
ao M.I. O Doppler pulsátil deve ser utilizado por um período nais constituem-se num par de músculos paramedianos orien-
o mais breve o possível para se obter informação clinicamente tados longitudinalmente de cada lado da linha alba (Figs. 26-
relevante e necessária.
10 e 26-11). A inserção pélvica dos músculos retos abdominais
é a do púbis. As aponeuroses dos músculos oblíquos
PELVES VERDADEIRA E FALSA externo, mterno e transverso unem-se à fáscia do reto abdomi-
nal anterior para formar a linha alba na linha média . Deve ser
A pelve é arbitrariamente dividida em dois compartimentos observado que a anatomia da bainha do reto é diferente acima
estruturalmente contínuos: as pelves verdadeira e falsa. A e abaixo da linha arqueada l 4 . Abaixo da linha arqueada um
divisão é definida pelo promontório do sacro e a linha ter- hematoma da bainha do reto pode se estender da
892 ANATOMIA NORMAL DA PELVE FEMININA E ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL

Cort e sagi tal na li nha média


Promontório do sacro
Ureter
Recesso ve:5ICIJ-Ulenlno Ligamento suspensor do avario
Tuba uterina (de Falópio)
Ovário
Vasos ilíacos externos
Ligamento próprio do avario
Corpo do útero
Fórnix Ligamento redondo
vaginal (Iigamentum teres )
Fundo do útero
Vagina Bexiga
Músculo
elevador Sinfise púbica
do ânus Uretra
Diafragma urogenital
Músculos

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