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Manual Teórico de
Semiotécnica Médica
Direitos exclusivos
Copyright by Ana Paula Santos Oliveira Brito & Marcus Vinicius
Henriques Brito & Edson Yuzur Yasojima
Editoração eletrônica
Atorres
Jornalista. 795 DRT/Pa
atorrescursos@gmail.com
Ficha catalográfica
Brito, Ana Paula Santos Oliveira & Brito, Marcus Vinicius Henriques &
Yasojima, Edson Yuzur.
Manual Teórico de Semiotécnica Médica / Ana Paula Santos Oliveira Brito &
Marcus Vinicius Henriques Brito & Edson Yuzur Yasojima – Belém, Pará,
2016.
252 f.
ISBN: 978-85-69835-17-2
Editora Ximango
1. Semiotécnica, 2. Ensino médico, 3. Educação médica
1
Prefácio
Toda realização nasce de um sonho...
Bem aventurados os sonhadores.
Em 1995, quando aluna do Prof. Marcus Vinicius na disciplina de Clínica Propedêutica da
UFPa, tive a honra de participar do grupo de trabalho organizado para tentar à época, escrever um
manual de semiologia que pudesse complementar, atualizar e expandir o conteúdo do “Manual de
Propedêutica Médica” da Professora Bettina Ferro de Souza, de quem meu agora mestre, tinha sido
discípulo.
Foram 2 anos de trabalho árduo com a confecção de fotografias, filmagens, descrições
técnicas, elaboração de um CD-ROM iterativo, todo feito com muito amor para facilitar o aprendizado
da tão nobre “Arte de examinar” a qual todo médico deve dominar.
Na concepção original também seria elaborado um curso no qual os alunos poderiam na
prática realizar todas as manobras semiotécnicas com a devida supervisão, a fim de complementar de
forma intensiva o aprendizado recebido durante seu curso médico.
Por motivos alheios a vontade do grupo, somente em 2014 com minha entrada na Pós-
graduação profissional, a ideia ressurgiu com toda a força, e um excelente grupo foi formado, com o
Dr. Edson (Orientador), Dr. Marcus (Mestre) e os Drs. Gabriel, Louise e Rafaela, antigos integrantes do
grupo inicial e agora todos médicos, além de docentes dos cursos médicos de Belém do Pará.
Para minha satisfação e total alegria, nosso projeto foi finalizado e é ora apresentado como
um “Manual teórico” e seis “Cadernos práticos”, atualizados e iterativos, que servem de base para o
“Curso teórico prático de semiotécnica Médica”, lançado em abril de 2016 com a procura de 255
inscritos para 64 vagas, incluindo quatro profissionais médicos já graduados que justificaram sua
inscrição no curso, pela necessidade de reciclagem em semiotécnica, o que demonstra a importância
do conteúdo elencado.
A análise de dados obtida durante os dois primeiros cursos serviu de base para minha tese e
trouxe à baila discussão sobre o modo como o ensino da semiotécnica está ocorrendo em Belém do
Pará.
É com a sensação de dever cumprido, que muito me apraz prefaciar esta obra.
2
Dedicatória
E
ste manual é dedicado à Prof.ª Bettina Ferro de
Souza, marco histórico do ensino da Semiologia
Médica na Amazônia e a todos os estudantes de
Graduação, estagiários, ex-estagiários (UFPA e UEPA),
Pós-graduandos e staffs do Laboratório de Cirurgia
Experimental da UEPA que sempre acreditaram e
nunca mediram esforços para a finalização deste
projeto.
3
Autores
DOCENTES GRADUANDOS
Ana Paula Santos Oliveira Brito Alan Rodrigues Andrade
Especialista em Clínica Médica pelo Hospital Graduando do Curso de Medicina da
Ophir Loyola Universidade Federal do Pará (UFPA)
Mestra em Cirurgia e Pesquisa Experimental
pela UEPA Alan Vitor Jerônimo Lima
Tutora da Faculdade Metropolitana da Graduando do Curso de Medicina da
Amazônia (FAMAZ). Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Coordenadora Docente do Curso Básico de
Semiotécnica Médica
Amanda Silva da Silva
Graduanda do Curso de Medicina da
Edson Yuzur Yasojima
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Doutor em Medicina pela UNIFESP-EPM
Prof. Adj. Doutor do módulo de Habilidades
Médicas da UEPA, UFPa, CESUPA e FAMAZ. Ana Cláudia Cavalcante da Silva
Docente permanente do Programa de Mestrado Graduanda do Curso de Medicina do Centro
em Cirurgia e Pesquisa Experimental da Universitário do Estado do Pará (CESUPA)
Universidade do Estado do Pará
(Mestrado CIPE – UEPA) Ana Carolina Maués de Oliveira
Graduando do Curso de Medicina da
Marcus Vinicius Henriques Brito Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Doutor em Medicina pela UNIFESP-EPM
Prof. Titular Doutor do módulo de Habilidades Ana Catarina de Souza Carvalho Reis
Médicas da UEPA, UFPa, e FAMAZ. Graduanda do Curso de Medicina do Centro
Coordenador do Programa de Mestrado em Universitário do Estado do Pará (CESUPA)
Cirurgia e Pesquisa Experimental da
Universidade do Estado do Pará Ananda Vitória Barros Suzuki Damasceno
(Mestrado CIPE – UEPA) Graduanda do Curso de Medicina da
Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Gabriel Martins Braga
Médico especialista em Anestesiologia pelo Ana Taynná Santos Conceição
Hospital Ophir Loyola Graduanda do Curso de Medicina da
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Louise Tandaya Bendahan
Doutora em Medicina pela Unifesp EPM,
Especialista em Reumatologista,
André Lopes Valente
Tutora da FAMAZ. Graduando do Curso de Medicina da
Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Estagiário do Laboratório de Cirurgia
Rafaela de Souza Dias Neves
Experimental (LCE – UEPA)
Médica residente em Saúde da Família pela
Bolsista de Iniciação Científica do CNPq.
UEPA.
4
Daniela Vale Dias Gisely Mouta de Andrade
Graduanda do Curso de Medicina da Graduanda do Curso de Medicina do Centro
Universidade Federal do Pará (UFPA) Universitário do Estado Pará (CESUPA)
Estagiária do Laboratório de Cirurgia Coordenadora discente do I Curso Básico de
Experimental (LCE – UEPA) Semiotécnica Médica.
5
Luciana Gonçalves de Oliveira Shádya Teixeira Amer
Graduanda do Curso de Medicina da Graduanda do Curso de Medicina do Centro
Universidade Federal do Pará (UFPA) Universitário do Estado do Pará (CESUPA)
6
Agradecimento especial
Reitor da UEPA:
Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma
Vice Reitor
Prof. Rubens Cardoso da Silva
Pró-reitor de pesquisa:
Prof. Douglas Rodrigues da Conceição
Pró-reitora de extensão:
Prof.ª Dr.ª Mariane Cordeiro Alves Franco
Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde:
Prof.ª Dr.ª Ilma Pastana Ferreira
Coordenadora do Curso de Medicina:
Prof.ª Dr.ª Elaine Xavier Prestes
Coordenadora do Laboratório de Habilidades Médicas:
Prof.ª Dr.ª Nara Macedo Botelho
Coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e
Pesquisa Experimental:
Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito
7
SUMÁRIO
8
CAPÍTULO IV – TÓRAX .............................................................................................. 121
INSPEÇÃO .................................................................................................................. 123
Inspeção estática ...................................................................................................... 123
Inspeção dinâmica ................................................................................................... 134
PALPAÇÃO ................................................................................................................ 138
PERCUSSÃO .............................................................................................................. 151
AUSCULTA: ............................................................................................................... 155
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 163
CAPÍTULO V – PRECÓRDIO ....................................................................................... 164
INTRODUÇÃO:.......................................................................................................... 166
NOÇÕES BÁSICAS: .................................................................................................. 166
Focos de ausculta ..................................................................................................... 167
Ciclo cardíaco .......................................................................................................... 168
INSPEÇÃO:................................................................................................................. 171
Inspeção estática ...................................................................................................... 171
Inspeção dinâmica ................................................................................................... 172
PALPAÇÃO ................................................................................................................ 174
AUSCULTA ................................................................................................................ 179
CAPÍTULO VI – ABDOME ........................................................................................... 188
ABORDAGEM GERAL ............................................................................................. 190
INSPEÇÃO .................................................................................................................. 192
Inspeção estática ...................................................................................................... 192
Inspeção dinâmica ................................................................................................... 199
AUSCULTA ................................................................................................................ 201
PERCUSSÃO .............................................................................................................. 202
PALPAÇÃO ................................................................................................................ 204
Palpação Superficial ................................................................................................ 204
Palpação Profunda ................................................................................................... 207
MANOBRAS ESPECIAIS .......................................................................................... 208
Fígado ...................................................................................................................... 208
Baço ......................................................................................................................... 212
CAPÍTULO VII – MANOBRAS DOLOROSAS e ASCITE ......................................... 216
MANOBRAS DOLOROSAS DO ABDOME ............................................................ 218
Fígado ...................................................................................................................... 218
Vesícula Biliar ......................................................................................................... 219
Apêndice Vermiforme ............................................................................................. 220
Rins .......................................................................................................................... 225
9
MANOBRAS DE ASCITE ......................................................................................... 227
CAPÍTULO VIII – REFLEXOS ..................................................................................... 232
CONCEITO DE REFLEXOS ..................................................................................... 234
O ARCO REFLEXO ................................................................................................... 234
CARACTERÍSTICAS DOS REFLEXOS................................................................... 235
CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS ........................................................................ 237
SEMIOTÉCNICA DOS REFLEXOS ......................................................................... 238
DOS MEMBROS SUPERIORES: .......................................................................... 239
DOS MEMBROS INFERIORES: ........................................................................... 242
REFLEXOS PROFUNDOS AXIAIS:..................................................................... 244
10
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
Belém - Pará
2016
11
AUTORES
Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito
Dr.ª Ana Paula Santos Oliveira Brito
Dr.ª Rafaela de Souza Dias Neves
Dr.ª Louise Tandaya Bendahan
COLABORADORES
12
ESTADO GERAL
Esta é uma avaliação subjetiva, devendo ser baseado nas observações
e interpretações dos sintomas e dados exibidos pelo paciente. A descrição do
estado geral é dependente da experiência do examinador, em detectar o que
aparenta o doente em sua totalidade. Podem assim ser classificado: Bom Estado
Geral, Regular Estado Geral ou Ruim Estado Geral.
Torna-se necessário destacar que a avaliação do estado geral pode ter
valor prognóstico, uma vez que, por exemplo, pacientes portadores de doenças
graves podem apresentar um bom estado geral, o que significa que organismo
do mesmo possa estar reagindo bem ao estado de doença. Outro ponto
importante para se falar é que o estado geral pode estar dissociado do grau da
gravidade da doença, de tal forma que, por exemplo, um paciente com câncer de
próstata com metástase óssea pode apresentar-se em bom estado geral,
dependendo de quando for avaliado.
SEMIOTÉCNICA
DESCRIÇÃO
NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA
O nível de consciência corresponde ao grau de alerta comportamental
apresentado pelo indivíduo. Em relação a palavra consciência, é importante
ressaltar que não existe uma conceituação satisfatória acerca da mesma e, por
isso, utiliza-se uma definição com valor operacional: consciência representa um
estado de perfeito conhecimento de si próprio e do ambiente.
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Nível de consciência normal ou vigil: o paciente está conversando e
responde a estímulos vocais.
Sonolento ou obnubilado: está alterada a capacidade de pensar
claramente, para perceber, responder e recordar os estímulos comuns, com a
rapidez habitual. O paciente tende a cair em sono quando não estimulado. Às
vezes, é necessário falar alto ou tocá-lo para que compreenda uma pergunta.
Torporoso: estado no qual apenas estímulos externos vigorosos e
diretos despertam o paciente.
Comatoso: é um estado de irresponsividade onde não é possível
despertar o paciente, nem com estímulos vigorosos.
SEMIOTÉCNICA:
Perguntar ao paciente, de forma que pareça uma conversa, se ele
sabe quem ele é, o que ele faz, a data e onde ele está.
- Avalia-se o estado de lucidez ou de alerta que a pessoa se encontra.
- Observa-se o grau de orientação da realidade externa (olopsíquica) e
de si mesmo (autopsíquica) que o paciente possui.
DESCRIÇÃO
Descrição normal: Paciente X encontra-se consciente no tempo, espaço
e pessoa, sem qualquer distúrbio de orientação.
Descrição patológica: Paciente X encontra-se inconsciente, em estado
de torpor, não orientado em tempo, espaço e pessoa.
BIOTIPO
Observa-se o tipo morfológico do paciente.
Brevilíneo:
- Pescoço curto e grosso;
- Tórax com diâmetro transversal aumentado (tórax alargado e grosso);
- Membros curtos em relação ao tronco;
- Costelas e clavículas horizontalizadas;
- Ângulo de Charpy maior que 90°;
- Musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso;
- Tendência para baixa estatura.
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Longilíneo:
- Pescoço longo;
- Tórax com diâmetro vertical aumentado (afilado e chato);
- Clavículas oblíquas;
- Membros alongados com franco predomínio sobre o tronco;
- Ângulo de Charpy menor que 90º;
- Musculatura delgada e panículo adiposo pouc o desenvolvido;
- Tendência para estatura elevada.
Normolíneo:
SEMIOTÉCNICA
-Informar ao paciente sobre o procedimento a ser realizado, pedindo seu
consentimento.
- Paciente em posição ereta de frente para o avaliador
- Observar o comprimento e formato do pescoço, toráx e membros
- Verificar angulação aproximada do ângulo de Charpy, observando o
ângulo formado pela junção das duas rebordas costais no apêndice xifoide.
DESCRIÇÃO
O biótipo do paciente X apresenta biotipo _____.
PELE
A pele é um importante órgão do corpo humano que possui como funções
principais: retenção de líquidos, manutenção da temperatura corpórea, síntese
da vitamina D e barreira mecânica contra a passagem de microorganismos,
radiação solar e substâncias nocivas.
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SEMIOTÉCNICA
A superfície cutânea deve ser inspecionada sob boa iluminação, de
preferência com luz natural.
Região deve está desnuda. OBS: Prezar pelo pudor do paciente.
Inspeção e palpação.
Avaliação e localização das lesões.
Durante a inspeção e palpação devem-se observar as seguintes
características:
1. Temperatura: Diferenciar a temperatura corporal da temperatura da
pele.
-Avaliar regiões homólogas com o dorso da mão sob a pele.
-Se apresentar diferença de mais de 2°C é indicativo de doença
isquêmica (-2°C) ou processo inflamatório (+2°C).
2. Espessura: Classificada em pele atrófica (pele fina, típica em idosos)
ou pele hipertrófica (calos).
3. Mobilidade: Deve ser realizada uma prega cutânea e avaliar o quanto
a pele se desloca no plano horizontal, sendo considerada: normal,
aumentada ou diminuída.
4. Elasticidade: Após a prega cutânea, deve-se avaliar a capacidade da
pele em se distender.
5. Coloração: Pesquisar o tipo de alteração.
5.1. Cianose: Coloração azul/arroxeada da pele devido ao
aumento de hemoglobina reduzida no sangue, classificada como
central e/ou periférica.
5.2. Palidez: Caracteriza-se pela diminuição de hemácias
circulantes na pele. Exemplo: anemia.
5.3. Vermelhidão (eritrose): Acúmulo de hemácia na pele.
Exemplo: Eritrodermia.
5.4. Icterícea: Coloração amarelada devido ao acúmulo de
bilirrubina. Pode ser considerada como fisiológica ou patológica.
6. Umidade: Grau de hidratação da pele. Deve-se realizar o sinal da
prega, considera-se 1 segundo: normal, sinal da prega negativo; 2
segundos: anormal, lentificado e 8 segundos anormal, extremamente
lentificado.
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7. Turgor: Capacidade da pele em resistir a deformidades, ou seja,
característica da pele de voltar ao normal após a realização do sinal
da prega, ou seja, a velocidade com que a prega se desfaz. O turgor
da pele pode estar normal ou diminuído.
8. Textura: Deve-se deslizar a popa digital sobre a superfície da pele,
afim de observar a espessura da mesma, classifica-se em normal, lisa,
áspera.
9. Sensibilidade: Utilizam-se tubos de ensaio contendo água fria e quente
para avaliar a sensibilidade térmica; com alfinetes na superfície
corporal avalia-se a sensibilidade dolorosa e com algodão avalia-se a
sensibilidade tátil.
10. Classificação das lesões elementares:
1. Lesões planas: Lesões sem borda elevada.
-Manchas ou máculas, dependendo da cor são classificadas em
hipercrômicas, hipocrômicas ou acrômicas.
-Consideradas vasculares as que desaparecem durante a técnica de
digitopressão ou vitopressão. Exemplos: Eritemas e telangiectasia.
Quando permanecem durante a técnica são consideradas
hemorrágicas. Exemplos: Petéquia, equimose e víbice.
2. Lesões sólidas:
2.1. Pápula: até 0,5 cm.
2.2. Tubérculo: lesão dura elevada e circunscrita, diâmetro maior
que 0,5 cm.
Liquenificação: Espessamento da pele em geral circunscrito e com sulcos e
saliências da pele mais destacados.
2.3. Edema: Infiltrado do tecido subcutâneo, podendo ser
localizado ou generalizado, doloroso ou indolor.
-Realizar: Sinal do Cacifo.
2.4. Nódulos
2.4.1. Sólidos: lesão ovoide maciça, de localização hipodérmica. É
importante descrever tamanho, consistência e mobilidade.
2.4.2. Cistos: São nodulações formadas por uma cápsula com
conteúdo gelatinoso ou grumoso. Tem superfície lisa, não
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endurecido. O Conteúdo pode estar infectado e ter aspecto
purulento.
2.5. Vegetação: Lesão de crescimento exterior causada pela
hipertrofia das papilas dérmicas.
4. Lesões de continuidade:
4.1. Exulceração/erosão: Perda de epiderme.
4.2. Úlcera: Perda de epiderme e derme.
4.3. Fissuras ou rágades (rachaduras): Perda linear de pele.
5. Lesões caducas:
5.1. Escaras: Lesão com tecido necrótico.
5.2. Escamas: Perda de parte do tecido epidérmico.
5.3. Crostas: Ressecamento de sangue e pus.
6. Sequelas:
- Atrofia/afinamento da pele. Exemplo: Estria gravídica.
- Cicatriz: Substituição de tecido normal por tecido fibroso.
Descrição fisiológica:
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Descrição patológica:
MUCOSAS VISÍVEIS
Características:
1. Coloração:
Podem ser classificadas como normo, hipo, hiper ou descoradas, além de
ictérica ou cianótica.
2. Umidade:
Normalmente as mucosas são úmidas, principalmente a lingual e bucal.
Podem ser úmidas ou secas. As úmidas (normais) traduzem bom estado de
hidratação. As secas perdem o brilho e adquirem aspecto ressequido.
3. Lesões:
Verificar se há ulcerações, placas esbranquiçadas, nódulos,
espessamentos, infiltrações teciduais. No envenenamento por chumbo pode
haver uma linha negra na gengiva. Qualquer lesão pode ser indicativa de câncer
de boca, se a lesão for endurecida maior é a possibilidade de malignidade.
Queilose labial
É a erosão das comissuras labiais. Ocorre nas deficiências nutritivas,
principalmente após o uso de antibióticos que destro em a flora intestinal que
sintetiza as vitaminas do complexo B.
Descrição fisiológica:
Paciente X apresenta mucosas (conjuntival, labial, oral, vaginal, etc.), normocoradas,
úmidas de aspecto compatível com a idade e sem lesões visíveis.
Descrição patológica:
Paciente X apresenta mucosas (conjuntival, labial, oral, vaginal, etc.), hipocoradas (++/4+),
ressecadas e com queilose labial à direita.
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MARCHA
A marcha (maneira de andar do indivíduo) requer uma série de
movimentos coordenados e a manutenção de um equilíbrio.
A marcha normal ou eubásica é peculiar a cada pessoa, podendo ser
descrita como o avanço dos membros executando movimentos alternados de
flexão e extensão. Ao avançar um dos membros inferiores, o membro superior
do lado oposto é automaticamente levado para frente, e isso constitui o
movimento automático associado e, muitas vezes, pode refletir traços da
personalidade como insegurança, timidez, tristeza, orgulho, entre outros estados
emocionais.
Em síntese, as ações cerebelares, atuando por modificações do tônus
muscular, são fundamentais para que a marcha seja executada corretamente.
Nos casos de patologias, a marcha anormal (disbásica) pode nos revelar
lesões no aparelho locomotor (osteoarticulares, musculares e nervos
periféricos), ou também na principal via motriz – via piramidal – os centros:
corticais, subcorticais, cerebelares, vestibulares, e o sistema extrapiramidal, são
indícios seguros de comprometimento no sistema nervoso.
Tipos de Marcha
1. Marcha helicópode, ceifante, em foice, hemiplégica, helicoidal,
espasmódica ou de Todd
DISTÚRBIO: típica do hemiplégico, devido a posição adotada pelo
mesmo com lesão da via piramidal na cápsula interna, por exemplo, esta é
conhecida como posição de Todd (flexão do membro superior e extensão do
membro inferior). A causa mais comum é por um acidente vascular cerebral.
DESCRIÇÃO: membro superior fletido em 90o no cotovelo e em adução a
mão fechada em leve pronação. Ocorrerá adução da coxa, extensão do joelho
mais inversão do pé. Para evitar que o pé se arraste no chão, o paciente eleva o
quadril.
Esse paciente anda traçando um semicírculo com o lado acometido (foice
em ação). Arrasta o pé que se apoia no solo pela sua borda externa e ponta
(marcha helicoidal).
O hemiplégico ao caminhar faz um ruído típico.
21
Fonte:
http://www.gastromerida.com/secciones/semiologia/neurologico/sindromes/cereb
eloso.html
Fonte: http://fisiomalu.blogspot.com.br/p/blog-page_11.html
22
3. Marcha hélicopode
DISTÚRBIO: é típica do histérico. São múltiplas as formas da marcha
histérica na prática, devido a variedade da própria doença.
DESCRIÇÃO: paciente anda em linha reta, arrastando os pés como se
estivesse patinando. Não ceifam. Às vezes marcham em ziguezague.
23
Fonte:
http://www.gastromerida.com/secciones/semiologia/neurologico/sindromes/cereb
eloso.html
7. Marcha escarvante
DISTÚRBIO: quando o doente tem paralisia do movimento de flexão
dorsal do pé.
DESCRIÇÃO: ao tentar caminhar o paciente toca com a ponta do pé no
solo e tropeça, para evitar a queda, o paciente levanta de maneira exagerada o
membro inferior, como se fosse o “passo de ganso” dos soldados da antiga
Prússia.
24
8. Marcha de pequenos passos
DISTÚRBIO: observa-se nas lesões dos gânglios da base que levam a
rigidez (corpo estriado) e nos casos arteriosclerose cerebral difusa (Síndrome
pseudobulbar).
DESCRIÇÃO: paciente da passos muito curtos e lentos (bradibasia),
arrasta o pé como se estivesse dançando “marchinha carnavalesca”.
Fonte:
http://www.gastromerida.com/secciones/semiologia/neurologico/sindromes/cereb
eloso.html
25
10. Marcha coréica
DISTÚRBIO: é característico da coréia de Huntington, desordem
hereditária e degenerativa do sistema nervoso, caracterizada por demência e
alterações na personalidade.
DESCRIÇÃO: o paciente cambaleia de um lado para o outro, dando
passadas de diferentes distâncias, iniciando e parando em seguida, associado
com o movimento brusco e desordenado dos membros superiores, como se o
paciente quisesse arremessar os próprios braços para longe de si, lembrando a
marcha do palhaço.
Fonte:http://fisiomalu.blogspot.com.br/p/blog-
page_11.html
26
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
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PRESSÃO ARTERIAL
INSTRUMENTOS UTILIZADOS:
1- Esfigmomanômetro
Digital
Mecânico
Mecânico
Aneróide
de Coluna
de Mercúrio
2 - Estetoscópio
SEMIOTÉCNICA:
28
3) Posicionamento do paciente: Deve estar na posição sentada, pernas
descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e
relaxado. O braço deve estar na altura do coração (nível do ponto médio
do esterno ou 4o espaço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a
palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. Para a
medida propriamente: 1. Obter a circunferência aproximadamente no
meio do braço. Após a medida selecionar o manguito de tamanho
adequado ao braço*.
4) Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital.
5) Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria
braquial.
6) Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu
reaparecimento corresponderá à PA sistólica.
7) Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o
diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva.
8) Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da
pressão sistólica, obtido pela palpação.
9) Proceder à deflação lentamente (velocidade aproximada de 10 mmHg por
segundo).
10) Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de
Korotkoff), que é em geral fraco seguido de batidas regulares, e, após,
aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
11) Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de
Korotkoff).
12) Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar
seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa.
13) Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão
diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores
da sistólica/diastólica/zero.
14) Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida, embora
esse aspecto seja controverso10,11.
15) Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente.
16) Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a
pressão arterial foi medida.
29
17) Retirar o manguito e agradecer ao paciente.
SONS DE KOROTKOFF
Fases Sons Base teórica
I Claro, súbito, forte. Pressão da bolsa = pressão sistólica.
Dilatação da artéria pressionada criando
II Batimentos com sopro.
fluxo turbilhonado.
Desaparecimento dos
A artéria continua a se dilatar com a
III sopros, sons mais nítidos e
diminuição da pressão do manguito.
intensos.
Os sons tornam-se
IV abruptamente mais suáveis Pressão da bolsa = pressão diastólica.
e abafados.
Restabelecimento do calibre normal da
V Desaparecimento dos sons
artéria
Descrição:
30
Idosos podem tem alterações próprias do envelhecimento determinam
aspectos diferenciais na PA dessa população como, maior frequência de “hiato
auscultatório”, que consiste no desaparecimento dos sons durante a deflação do
manguito, geralmente entre o final da fase I e o início da fase II dos sons de
Korotkoff, resultando em valores falsamente baixos para a sistólica ou
falsamente altos para a diastólica
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MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS (Peso, Altura, IMC e RCQ)
PESO
Tipos de balança:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
As balança antropométricas comuns As Balanças
digitais
CUIDADOS:
TARE a balança antes da aferição.
32
SEMIOTÉCNICA:
-Informar ao paciente sobre o procedimento a ser realizado, pedindo seu
consentimento.
Descrição
h)
O peso aferido para o paciente ___________ foi de X kilos e Y gramas. (valor encontrado).
i)
ALTURA
33
- Observador deve posicionar o cursor no centro da cabeça do paciente e avaliá-
lo de frente em busca de desvios laterais ou necessidade de re-posicionamento
do cursor.
- Após fixação da haste utilizada, pede-se ao paciente que se desloque do
equipamento para avaliação do valor encontrado.
DESCRIÇÃO:
A altura aferida para o paciente ________ foi de X metros e Y centímetros. (valor encontrado).
IMC=PESO/(ALTURA)²
34
aspecto semelhante a uma “maçã”.Na mulher por sua vez a gordura tende a
acumular-se nos quadris e nas coxas, denominando-se obesidade tipo ginecoide
e tendo um aspecto semelhante a uma “pêra”.
RESPIRAÇÃO
O paciente pode se apresentar de duas maneiras: eupneico (respiração
normal, sem problemas) ou dispneico (respiração difícil, geralmente pode estar
acompanhada de doença pulmonar)
Para avaliação da respiração é importante saber a frequência respiratória,
além da profundidade, ritmo e característica da respiração. A frequência
respiratória (FR) varia de acordo com a faixa etária, em adultos normais é 16 a
20 movimentos respiratórios por minuto, em recém nascidos é 30 a 40
respirações por minutos e em crianças de 25 a 30, ela é avaliada contando o
numero de inspirações por minuto
As principais alterações na respiração são aquelas do ritmo respiratório
onde a experição e a inspiração podem não apresentar a mesma amplitude.
Dentre as alterações tem-se:
35
Respiração de Cheyne-Stokes: começa com uma fase apneica
seguida de incursões inspiratórias cada vez mais profundas até
atingir um máximo, para depois vir decrescendo até nova pausa.
As causas mais frequentes desse tipo de respiração são
insuficiência cardíaca, a hipertensão intracraniana, os AVCs e os
traumatismos cranioencefálicos.
DESCRIÇÃO FISIOLÓGICA:
Ao exame físico, paciente______ apresenta-se eupneico.
DESCRIÇÃO PATOLÓGICA:
Ao exame físico, paciente______ apresenta-se dispneico, com alteração no
ritmo, respiração de Kussmaul/Biot/Cheyne-Stokes
PULSOS
36
Nem sempre as medidas serão equivalentes. Para aferição da FC, pode-
se auscultar o coração e contar os batimentos cardíacos em 1 minuto. Para
aferição do pulso, normalmente se palpa a artéria radial com o 2° e 3° dedos,
contando os batimentos em 1 minuto. É importante também comparar a
frequência cardíaca e o pulso.
Na palpação do pulso, dentre outras coisas, o mais importante, calouro, é
verificar o ritmo (em alguns dos nossos pacientes é possível ver alterações).
A unidade de medida utilizada é: batimentos por minuto (bpm).
37
AVALIAÇÃO DOS PULSOS
38
Pulso amplo ou magnus . Pulso pequeno ou parvus
Descrição fisiológica:
Descrição Patológica:
39
PULSOS ARTERIAIS:
- Pulso Facial:
- Pulso Carotídeo:
Paciente em decúbito dorsal com a cabeça levemente fletida. Faz-se a
palpação com as polpas dos dedo indicador e médio.
Paciente em pé ou sentado com o examinador à sua frente. Realiza-se a
palpação do pulso carotídeo direito com a polpa do polegar esquerdo, enquanto
os dedos médio e indicador fixam-se sobre as últimas vértebras cervicais. A
mesma técnica é aplicada do outro lado. Não se deve palpar ambas as artérias
carótidas ao mesmo tempo, para evitar o risco de isquemia cerebral nos
pacientes que apresentem oclusão de uma delas.
Localização: palpar profundamente à borda anterior do músculo
esternocleidomastóideo.
40
- Pulso Aórtico Torácico:
- Pulso Axilar:
- Pulso Braquial/Umeral:
41
- Pulso Radial:
A mão do paciente deve repousar na mesa de exame em
completa supinação;
Mão em pinça, com o polegar fixado delicadamente no dorso do
punho do paciente;
Localização: entre a apófise estilóide do radio e o tendão dos
flexores.
42
- Pulso Ilíaco (ramo pudendo):
43
- Pulso Fibular:
Pedir para o paciente flexionar levemente o joelho;
Mão em pinça, com o polegar fixado na região maleolar interna;
Localização: região retromaleolar externa.
- Pulso Pedioso:
O paciente mantém o joelho levemente flexionado;
Examinador: com uma das mãos, fixar o pé do paciente em
dorsiflexão;
Localização: palpar entre o primeiro e o segundo metatarsianos.
Pode apresentar variações. Caso não palpado no local habitual,
procurar em toda a extensão do dorso do pé. É importante saber
que ao se palpar a artéria pediosa, a tibial deve estar pouco
palpável e vice-versa.
44
Obs:
Nem todas as características podem ser observadas em todas as artérias.
Nas artérias profundas poucas são as características observáveis.
A artéria femoral é impalpável.
As artérias poplíteas geralmente são impalpáveis.
Ao se palpar a artéria pediosa, a tibial deve estar pouco palpável e vice-versa.
Não se devem palpar ambas as artérias carótidas ao mesmo tempo, para evitar
o risco de isquemia cerebral nos pacientes que apresentem oclusão de uma
delas.
Descrição fisiológica:
Descrição Patológica:
45
TEMPERATURA
Há inúmeros tipos de termômetro, todos com leitura a base de coluna de
mercúrio ou digital.
Termômetros de mercúrio
Termômetros digitais
46
CUIDADOS:
O local habitual é o cavum axilar, mas ela também pode ser tomada na
boca e reto. É vital conhecer as diferenças fisiológicas existentes entre os
três locais
- A temperatura retal e a bucal de modo geral são 0,5°C maiores que a
axilar.
- A temperatura ambiente altera os valores no momento da aferição,
assim como exercício físico intenso realizado.
- Deve se pedir ao paciente que retire a camisa ou blusa, no caso da
temperatura axilar, para análise fidedigna do resultado.
- Não arredondar os valores.
- Nas mulheres, o efeito da ovulação sobre a temperatura corporal,
podendo aumentá-la em até 1ºC.
SEMIOTÉCNICA:
- Lavar as mãos.
consentimento.
- Aguardar 3 minutos.
DESCRIÇÃO:
A aferição da temperatura ______ (local da aferição) do paciente _____ foi observada temperatura de X
graus Celcius.
47
CUIDADOS:
- O local habitual é o cavum axilar, mas também pode ser aferida na boca e no
reto. É vital conhecer as diferenças fisiológicas existentes entre os três locais.
- A temperatura retal e a bucal de modo geral são 0,5°C maiores que a axilar.
- A temperatura ambiente altera os valores no momento da aferição, assim como
exercício físico intenso realizado.
- Deve se pedir ao paciente que retire a camisa ou blusa, no caso da
temperatura axilar, para análise fidedigna do resultado.
- Não arredondar os valores.
- Nas mulheres, o efeito da ovulação sobre a temperatura corporal, podendo
aumentá-la em até 1ºC.
SEMIOTÉCNICA:
Separar o material higienizá-lo, lavar as mãos, apresentar-se ao paciente,
perguntar seu nome, explicar o procedimento, pedir que o mesmo levante a
camisa, zerar o termômetro, posicionar o termômetro no lugar eleito, esperar 3
minutos, efetuar a leitura contra a barra amarela e mencionar o resultado.
Obs.: Deve-se zerar a torre de mercúrio para valores inferiores a 35°C por meio
de movimentos que se assemelham a um “chicotear“.
Obs.2: No termômetro digital devemos manter o termômetro no local eleito até
que se ouça um “beep”, indicando que a leitura foi completada.
48
GÂNGLIOS
PALPAÇÃO GANGLIONAR
PREPARO ANTES DO EXAME
- Local com iluminação adequada.
- Lavagem das mãos imediatamente antes do exame.
- Apresentação ao paciente.
- Esclarecimento do exame a ser realizado.
- Perguntar se o paciente está sentindo alguma dor ou
desconforto.
- Pedir consentimento do paciente para realização do Fonte: shuman.com.br
exame.
SEMIOTÉCNICA DE PALPAÇÃO
- O exame dos gânglios linfáticos ou linfonodos se faz por meio da
palpação. Esta é realizada com as polpas digitais e a face ventral dos
dedos indicador, médio e anular.
- De modo geral a pele deve ser deslizada em movimentos circulares
sobre o gânglio a ser palpado.
- As posições do paciente e examinador variam de acordo com a cadeia
ganglionar a ser pesquisada.
CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS
- TAMANHO DO GÂNGLIO: Dar em cm ou aproximar com elementos
conhecidos (arroz, milho, azeitona).
- CONSISTÊNCIA: Mole, elástico ou duro.
- PONTO DE FLUTUAÇÃO: Flutuante ou não flutuante.
- MOBILIDADE: Móvel ou fixo.
- SENSIBILIDADE: Indolor (normal ou tumor) ou doloroso (inflamação).
- COALESCÊNCIA: coalescente (2 ou + gânglios juntos como uvas em 1
cacho apertado) ou não coalescente.
- ALTERAÇÕES TRÓFICAS DA PELE: Lesões como retrações ou
ulcerações sobre o gânglio.
49
DESCRIÇÃO FISIOLÓGICA
DESCRIÇÃO PATOLÓGICA
50
- Cadeia retroauricular (atrás do pavilhão externo, desde a hélix até o
lóbulo da orelha externa).
Drenagem: couro cabeludo, pavilhão
externo e orelha interna.
Paciente sentado;
Examinador atrás do paciente;
Localização da cadeia;
Mãos estendidas/espalmadas;
Movimentos circulares.
51
- Cadeia submandibular (abaixo do ramo da mandíbula, desde o ângulo até
as proximidades do mento).
Drenagem: orofaringe, cavidade bucal e glândulas salivares.
Paciente sentado;
Examinador a frente do paciente;
Localização da cadeia;
Mãos em garra;
Movimentos de deslizamento ântero-
posteriores.
52
- Cadeia cervical-transversa (fossa cervical – “saboneteira”).
Drenagem: órgãos intra-torácicos e intra-abdominais.
Paciente sentado;
Examinador atrás do paciente;
Localização da fossa cervical;
Mãos estendidas/espalmadas;
Movimentos circulares.
*Nódulo de Virchow: cervical-transversa à
esquerda – metástase de neoplasia gástrica.
53
Drenagem: membros superiores.
Paciente sentado;
Examinador ao lado a ser examinado do
paciente;
Localização do sulco troclear;
Mãos em garra;
Movimentos de deslizamento látero-laterais.
54
EXAME DA TIREÓIDE
A tireoide ou tiroide é uma glândula em forma de borboleta (com dois
lobos), que fica localizada na parte anterior pescoço, logo abaixo da região
conhecida como Pomo de Adão (ou popularmente, gogó). É uma das maiores
glândulas do corpo humano e tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas (no
adulto). É responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4
(tiroxina), que atuam em todos os sistemas do nosso organismo. (Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). Para visualização da tireoide, a
cabeça deve ser inclinada para trás, com iluminação tangencial dirigida para
baixo, o paciente deve deglutir um pouco de água para que seja inspecionada a
movimentação da glândula para cima. As características físicas da tireoide como
tamanho, formato e consistência têm grande importância diagnóstica. Ao realizar
o exame físico da tireoide, é fundamental avaliar:
55
– Inspeção Estática: observação lateral e anterior do pescoço em posição
neutra, em extensão, em flexão e em rotações direita e esquerda. Usualmente,
não é facilmente visível; caso isto ocorra, deve-se considerá-la aumentada.
– Palpação superficial: pesquisar alterações da temperatura, da sensibilidade e
do frêmito tireoidiano.
– Ausculta: pesquisa de sopros.
– Palpação propriamente dita: (podendo ser realizada por via anterior ou
posterior)
1) Via Anterior:
2) Via Posterior:
56
Palpação Dinâmica: Com o posicionamento igual ao da
palpação estática, pede-se ao paciente que faça uma deglutição.
Observações importantes:
– Consistência: geralmente a tireoide tem consistência fibroelástica (comparável
à carne crua).
– Alteração de Temperatura: aumentos da temperatura estão presentes em
processos inflamatórios agudo ou subagudos, como também na presença de
bócio difuso tóxico.
– Alteração da mobilidade: normalmente é móvel me bloco com as estruturas
anatômicas profundas.
– Presença de frêmito: perceptível no bócio difuso com hiperatividade secretória
– Presença de sopro: perceptível no bócio difuso com hiperatividade secretória
REFERÊNCIAS
Souza, Bettina Ferro de. Manual de propedêutica médica. 3. ed. Belém.
Cejup, 1995.
57
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
58
AUTORES
COLABORADORES
59
INTRODUÇÃO
COLUNA VERTEBRAL
Inspeção
Palpação
Amplitude de movimento
Exame neurológico
61
COLUNA VERTEBRAL CERVICAL
62
Teste de Adson (teste de compressão da artéria subclávia)
Teste de distração
63
Teste da distração
Teste de Spurling
Teste de Spurling
64
Teste de Lhermitte
Teste de Lhermitte
COLUNA TORÁCICA
Inspeção estática
65
Inspeção dorsal da coluna
Inspeção dinâmica
66
Manobra de Adams
Manobra de Adams.
67
COLUNA LOMBAR
Inspeção
Teste de Schober
68
OMBRO
Estruturas ósseas:
Úmero
Clavícula
Escápula
69
Fonte: NETTER, Atlas de anatomia humana.
Articulações:
Glenoumeral
Esternoclavicular
Acromioclavicular
70
Grupos musculares:
Músculo supraespinhal
Músculo infraespinhal
Músculo subescapular
Músculo redondo menor
71
Outras estruturas:
Bolsa subescapular
Bainha sinovial do tendão da cabeça longa do músculo bíceps braquial
Bolsa subacromial
Exame físico
72
Inspeção
Inspeção estática:
Ombro em cabide:
73
Ombro em dragona:
Sinal da tecla:
Inspeção dinâmica:
Flexão
Extensão
Adução
Abdução
Rotação interna
Rotação externa
74
Extensão Flexão
Adução Abdução
75
Rotação interna Rotação externa
Articulação esternoclavicular,
Clavícula,
Articulação acromioclavicular
Escápula.
76
Palpação da clavícula
77
Manobras especiais:
78
Teste de Neer. Parte 3.
79
Teste de Jobe: Deve-se fazer elevação ativa do membro superior, no plano da
escápula. O membro deve estar em extensão e rotação interna. O examinador
fará, então, movimento de contra a resistência. O teste de jobe é considerado
positivo, ou seja, consideramos se há possível lesão inflamatória no tendão do
músculo supraespinhoso no lado ipsilateral da fraqueza muscular ou dor
reproduzida durante a realização do teste.
Teste de Jobe
80
Teste de Gerber: O paciente deve posicionar a mão ao nível de L5. O paciente
realiza então o afastamento das costas rodando internamente o braço. A
incapacidade de realizar o teste ou de manter o afastamento é indicativo de
lesão do subescapular.
Teste de Gerber
81
COTOVELO
82
Inervação. Fonte: NETTER, Atlas de anatomia humana.
O nervo ulnar tem um trajeto posterior pelo sulco ulnar, entre duas estruturas, o
epicôndilo medial e o olecrano. Na região anterior do antebraço, o nervo
mediano encontra-se medial à artéria braquial na fossa antecubital.
Por sua situação intermediária no membro superior e por meio dos movimentos
de flexo-extensão e prono-supinação, a articulação do cotovelo complementa a
do ombro, permitindo que a mão seja colocada em qualquer ponto do espaço ao
redor do corpo. Local frequente de traumatismo e doenças inflamatórias, tem
semiologia rica em detalhes.
83
Exame físico:
Inspeção
Palpação
Na palpação, assim como na inspeção, teremos a avaliação segmentada do
cotovelo. As regiões avaliadas são: medial, lateral, anterior e posterior.
84
resistência, com antebraço em supinação. Caso ocorra rotura do tendão do
bíceps, existirá dor na fossa cubital e o tendão não será palpável.
Palpação do olecrano.
85
características próprias: é suave, flexível e cilíndrico à palpação, portanto, sua
palpação deve ser realizada delicadamente , pois caso contrário o paciente
apresentará desconforto.
Flexão
Extensão
Pronação
Supinação
Flexão Extensão
86
Supinação Pronação
87
Supinação: O cotovelo do paciente deve ser posicionado junto ao tórax e a mão
do examinador sobre o dorso do terço distal do antebraço. O paciente, então, é
instruído a iniciar o movimento da posição de pronação completa. Deve-se
aumentar gradualmente a resistência à supinação.
Manobras especiais
Teste de Cozen.
88
Teste de Mill: O paciente deve manter o punho em dorsiflexão, cotovelo em
extensão e a mão fechada. O avaliador deverá forçar o punho do paciente em
flexão e o paciente deve ser orientado a resistir ao movimento. O teste é positivo
quando o paciente refere dor no epicôndilo lateral.
Teste de Mill.
MÃOS E PUNHOS
Inspeção Estática
A esquerda, mão em repouso. A direita, mão em repouso com lesão do tendão flexor.
89
Na região do dorso da mão, em repouso, observamos as saliências
formadas pelas cabeças dos metacarpianos, sendo a do terceiro dedo a mais
saliente. Nas frequentes fraturas do colo dos metacarpianos, a tendência das
cabeças de desviarem-se para o lado volar, apagando a saliência e os sulcos
existentes nessa região.
Unhas
em baqueta de tambor a esquerda. Unhas normais a direita. Fonte:
http://nonaenfermaria.blogspot.com.br/2009/06/hipocratismo-digital.html
90
Unhas de paciente com psoríase.
Inspeção Dinâmica
91
Extensão: os dedos são estendidos em conjunto além da neutralidade.
92
Oponência: toca-se a falange distal de todos os quirodáctilos com o polegar.
Oponência do polegar.
PALPAÇÃO
93
Palpação da cabeça do terceiro metacarpo.
94
Manobras especiais
95
A STC é a síndrome compressiva mais comum, com uma prevalência
estimada de 4 a 5% na população, sendo mais frequente em mulheres e em
indivíduos entre 40 e 60 anos. O quadro geral desta síndrome é de dor e
parestesia nos territórios inervados pelo nervo mediano além de incapacidade de
realização no segmento acometido.
a) Sinal de Tinel
Sinal de Tinel
96
b) Manobra de Phalen
Vale ressaltar que podem existir casos em que o sinal de Tinel e Phalen
estejam negativos, porém ao exame físico, além de tais manobras, a síndrome
do túnel do carpo pode ser suspeitada pela presença de hipotrofia na parte
lateral da eminência tenar na área sensitiva correspondente ao nervo mediano.
Hipotrofia tenar
97
2) Tenossinovite de De Quervain:
a) Sinal de Finkelstein:
98
JOELHO
99
Estruturas anatômicas do joelho
5.1 Inspeção
100
Análise postural do joelho em face anterior e observação de deslocamentos anteriores do joelho
pela observação lateral.
Joelho Varo: projeção do joelho para fora da linha média do corpo, geralmente
causado por hipertrofia da musculatura medial.
Joelho Valgo: projeção dos joelhos em direção à linha média do corpo ou
joelhos em X, geralmente de origem de hipertrofia da musculatura lateral.
Joelho Flexo (Geno flexo): é a projeção anterior do joelho, causada por
hipertrofia da musculatura de flexão do joelho.
Joelho hiperestendido: É a projeção posterior do joelho, relacionada à
hipertrofia da musculatura extensora do joelho.
Deformidades de joelho.
101
5.2 Palpação
5. 3 Grau de mobilidade
102
de estender o joelho nos últimos 10 graus de movimento para atingir extensão
máxima, frequentemente se acompanha de hipotonia do quadríceps.
103
para menisco lateral. Ao final, é feita a extensão completa do joelho do
paciente. Se referir dor, o teste é considerado positivo.
Manobra de McMurray.
104
Teste de Apley para joelho.
105
Teste de estresse em valgo para ligamento colateral medial.
106
d) Sinal da Gaveta anterior e posterior:
- Sinal da gaveta anterior: Consiste no deslizamento anterior da tíbia sob o
fêmur. Para avaliá-lo, o paciente deve estar em decúbito dorsal, com o joelho
flexionado a 90º, o examinador pode sentar-se sobre os pés do paciente,
posicionando suas mãos sobre a porção superior da tíbia. Os polegares de
ambas as mãos devem estar sob a tuberosidade da tíbia. Então, o examinador
traciona a tíbia anteriormente (para si), se houver deslocamento anterior
excessivo da tíbia, é indicativo de lesão de ligamento cruzado anterior. Deve-se
realizar o teste no outro joelho para comparar.
107
Teste da gaveta posterior.
e) Teste de Lachman
É para avaliação de lesão do ligamento cruzado anterior (LCA). É realizado
com o joelho fletido a 15º, estabilização do segmento distal do fêmur com uma
das mãos e tração para frente da tíbia proximal com a outra. Se o ligamento
estiver íntegro, ocorrerá translação mínima da tíbia e o examinador sentirá um
ponto de resistência firme, se houver laceração do LCA observar-se-á maior
translação e o ponto de resistência será complacente ou mole. Os músculos
posteriores da coxa devem estar relaxados durante a manobra para evitar
resultados falso-negativos. É essencial a comparação entre os joelhos normal e
lesionado.
Teste de Lachman.
108
e) Testes para detecção derrame na articulação do joelho
- Sinal da tecla: Segura-se firmemente a coxa logo acima do joelho com uma
das mãos, fazendo o liquido penetrar entre a patela e o fêmur. Com os dedos da
outra mão, empurra-se a patela contra a superfície femoral que irá afundar como
uma tecla pressionada.
TORNOZELO E PÉ
Inspeção
109
Fonte: Semiologia ortopédica pericial. Prof. Dr. José Fernandes. 2ª versão do hipertexto.
110
O pé pode ser sede de várias deformidades, sendo as mais comuns:
Pé equino - o apoio é feito na ponta do pé e não em toda a superfície plantar.
Pé equino.
Pé calcâneo.
Pé valgo.
111
Pé varo ou supinado - há inversão da inclinação medial do tornozelo e apoio na
borda lateral.
Pé varo.
Pé cavo.
Pé plano.
112
Pé aduto - o antepé encontra-se desviado medialmente.
Pé aduto.
Pé abduto.
Dedos em garra.
113
Palpação
Peça para o paciente sentar na borda da mesa de exame com as pernas
pendentes, enquanto você sentará de modo a ficar no mesmo nível que os pés
do paciente. Fixe o pé e a porção inferior da perna segurando o calcanhar com
uma das mãos. Nesta posição é relativamente fácil manipular o pé em várias
posições para efetuar a palpação.
Seio do tarso: Fixe o pé do paciente segurando o calcanhar com uma das mãos
e coloque o polegar de sua mão livre na depressão de tecido mole
imediatamente anterior maléolo lateral, esta depressão repousa diretamente
sobre o seio do tarso.
114
Palpação do seio do tarso.
115
Grau de mobilidade
Os movimentos do pé e do tornozelo quase que invariavelmente envolvem mais
do que uma só articulação. Os movimentos básicos do pé e do tornozelo são:
Movimentação do tornozelo: Dorsiflexão e Flexão plantar.
Movimentação Subtalar: Inversão e Eversão.
Movimentação mediotarsal: Adução da porção anterior e abdução da porção
posterior do pé.
Movimentação dos dedos: Flexão e extensão.
Movimentos do pé e tornozelo.
116
Testes especiais
Teste da gaveta anterior do tornozelo. A esquerda lesão no ligamento talofibular anterior com
sinal
do deslocamento presente.
Fonte: HOPPENFELD, S. Propedêutica Ortopédica: Coluna e extremidades. 2ªed. Rio de
Janeiro: Atheneu.
117
Teste da gaveta anterior do tornozelo.
Sinal de Homan
Para testar a presença de tromboses venosas profundas, force a dorsiflexão do
tornozelo do paciente mantendo-lhe a perna estendida. Se durante a manobra o
paciente se queixar de dor na panturrilha, trata-se de sinal de Homan positivo. A
dor a palpação profunda das panturrilhas é outra evidencia de trombose venosa
profunda.
118
Sinal de Homan. Palpação profunda da panturrilha.
REFERÊNCIAS
119
JUNIOR, R.M., AZZE, R.J. Atualização em traumatologia do aparelho locomotor.
Instituto de Ortopedia e Traumatologia.
Silva, GAA; Oliveira, PAC; Silva Júnior, EA. Síndrome do Túnel do carpo:
definição, diagnóstico, tratamento e prevenção - Revisão da literatura. Revista
CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida. 2014. 6(2): 1-
11.
Uribe, WAJ; Buendia, GDPP; Rodriguez, JMF; Vieira Filho, JGC. Tenossinovites
de De Quevain: Uma nova proposta no tratamento cirúrgico. Rev. Bras. Cir.
Plást. 2010; 25(3): 465-9.
Volpon JB. Semiologia ortopédica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 67-79, jan./mar.
1996.
120
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
CAPÍTULO IV – TÓRAX
121
AUTORES
COLABORADORES
122
INTRODUÇÃO
Antes de qualquer exame físico no paciente é necessário proceder a
INSPEÇÃO
Avalia-se o estado da pele e das estruturas superficiais da parede torácica.
Inspeção estática
A) Antes de começar
123
Inspeção estática.
Se for possível, o ideal é que o enfermo fique de pé, de frente para a luz, de
preferência com iluminação natural, e o médico de costas para a luz. O médico deverá
permanecer parado, enquanto o paciente é solicitado a girar vagarosamente,
possibilitando o exame das regiões anterior, posterior e laterais do tórax.
124
Inspeção da região posterior
125
Caso não seja possível, a inspeção pode ser feita com o paciente sentado, ou
ainda, solicitando ao paciente que de acordo com suas possibilidades deite de lado (em
decúbito lateral) tanto de um lado como para o outro, realizando-se a inspeção. Deve
haver boa iluminação do leito, de forma a permitir a visualização mesmo de lesões
pequenas e ou discretas.
Caso o paciente não possa ser mobilizado ou não houver luz adequada, diz-se
que o exame foi prejudicado por questões técnicas.
Biotipo de tórax.
126
Fonte: Slideshare.net. Semiologia aplicada na prática clínica.
C) Mamas
O exame das MAMAS deve ser feito pela inspeção e palpação comparando a
posição do mamilo, volume da mama e presença de nódulos, não deixando de
considerar que pacientes mastectomisados por neoplasia estão sujeitos a manifestar
nódulo pulmonar solitário ou derrame pleural.
D) Formas do Tórax
127
Tórax chato em a) dorso; b) perfil e c) secção horizontal
Fonte: http://gsdl.bvs.sld.cu/greenstone/collect/clnicos/index/assoc/HASH01b4.dir/fig0334a.png
Tórax em tonel.
Fonte: http://pt.slideshare.net/smblitz/pulmao-45428103
128
TÓRAX INFUNDIBULIFORME OU TÓRAX DE SAPATEIRO (pectus excavatum):
depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica de natureza congênita.
Torax infundibuliforme.
Fonte:
http://www.notibebes.com/torax-
hundido-los-ninos/
Radiografia de torax
infundibuliforme. Fonte:
http://www.cardiofamilia.org/ensayos-
casos-e-imagenes/imagenes-
comentadas/207- -lateral-de-pectus-
excavatum.html
129
TÓRAX CARINIFORME (pectus carinatum): esterno proeminente e as
costelas horizontalizadas, resultando num tórax semelhante ao das aves (tórax de
pombo), de natureza congênita ou adquirida devido raquitismo na infância.
Tórax cariniforme.
Fonte: http://orthokids.com.au/cond/scoliosis/pectus-carinatum
Tórax em sino.
Fonte: http://www.medicalj.ru/gastroenterology/843-cirroz-pecheni
130
TÓRAX CIFÓTICO: excesso da curvatura antero-posterior da coluna dorsal de origem
congênita ou resultante de postura defeituosa.
Torax cifótico.
Fonte: http://www.uff.br/semiologia/arquivos/Pulmao.pdf
131
TÓRAX CIFOESCOLIÓTICO: além da cifose, há um desvio lateral da coluna,
caracterizando a escoliose. Essa associação das duas deformidades é comum, mas
geralmente desprovida de significado patológico.
Torax cifoescoliótico.
Fonte: http://maryembuscadossonhos.blogspot.com.br/2014/04/minha-historiaum-coracao-
especial-vale.html
132
TIPOS DE TORAX
Tipos de Tórax.
E) Abaulamentos e depressões
133
Os abaulamentos localizados traduzem a presença de algumas alterações
subjacentes, como fraturas de costela, neoplasia e aneurisma. O rosário raquítico é uma
série de pequenas saliências ósseas que surgem na união das costelas com as
cartilagens esternais devido ao raquitismo na infância podendo também aparecer em
estados de caquexia extrema.
Inspeção dinâmica
A) Tipo Respiratório:
B)Ritmo de Respiração:
Frequência Respiratória:
Observação simples dos movimentos respiratórios e contagem do número de incursões
respiratórias por minuto.
134
Dispneia: respiração difícil, curta, trabalhosa, etc.
Taquipneia: respiração rápida e pouco profunda
Bradipneia: respiração lenta
Apneia: ausência de respiração
Ritmos anormais:
Cheyne-Stokes: ritmo caracterizado por fase de apneia, seguida
por incursões respiratórias cada vez mais amplas, imediatamente
seguida por fase de incursões respiratórias cada vez menos
amplas, até nova fase de apneia.
135
C) Amplitude respiratória:
136
Processo fisiológico em que os espaços intercostais, principalmente os
inferiores, sofrem retração no início da inspiração.
137
Tiragem:
Tiragem intercostal.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=jE_r2GiqCg4
PALPAÇÃO
Deve-se avaliar:
138
dos movimentos respiratórios. Em condições normais, a expansão torácica respiratória
é igual em regiões simétricas. Pode-se apresentar com maior ou menor amplitude,
dependendo da elasticidade torácica e da eficiência da massa muscular respiratória,
assim é uniformemente diminuída no enfisema pulmonar. A expansão torácica varia
com o sexo, sendo mais nítida nas bases do tórax nas pessoas do sexo masculino, e
nos ápices, nas do sexo feminino.
Semiotécnica
Manobra de Ruault.
139
Descrição: Pela manobra de Ruault, amplitude normal bilateralmente.
-Inter-escápulo-vertebral
-infra-escapular
140
Observação da expansibilidade posterior do torax -infra-escapular
141
Região axilar superior
142
Região axilar inferior
-intermamária
143
-submamária
B▪ Frêmitos:
144
masculina, cuja frequência está em torno de 130 vibrações por segundo, e transmite
mal a voz feminina, cuja frequência está em torno de 260 vibrações por segundo. Num
indivíduo normal, os sons produzidos pela articulação da palavra chegam à parede
torácica diminuídos de intensidade, em virtude de terem que atravessar meios de
densidade diferentes, o que causa reflexão, refração e dispersão do som. Toda vez que
processos patológicos tornam o meio ainda mais heterogêneo (derrames pleurais,
pneumotórax e enfisema), a transmissão do som será dificultada, o que ocasiona
diminuição do frêmito. A homogenização do parênquima pulmonar, causada por certas
entidades patológicas (consolidações/condensações pulmonares nas quais o
parênquima está “hepatinizado”, mas com brônquios permeáveis), favorece a
transmissão dos sons tanto grave como agudos, causando assim um aumento de
intensidade do frêmito.
145
eventualidades em que isso ocorre: nas condensações e nas cavidades. Para que o
frêmito aumente nas condensações, é necessário que elas sejam de tamanho
relativamente grande, superficiais e ligadas a brônquios permeáveis de mais de 5 mm
de calibre. O frêmito toracovocal estará aumentado nas cavidades pulmonares, quando
elas forem de tamanho maior do que 4 cm de diâmetro, localizadas superficialmente,
rodeadas de tecido condensado e com brônquios permeáveis.
• O frêmito toracovocal poderá ainda estar diminuído quando houver interposição entre
o pulmão e a parede torácica de um meio estranho, de densidade diferente, que
provoque reflexão das ondas sonoras, como é o caso dos derrames líquidos,
pneumotórax e grandes espessamentos pleurais.
146
Diagnóstico diferencial entre frêmito brônquico e pleural:
1. O frêmito pleural não se modifica com a tosse, ao passo que o brônquico desaparece,
diminui ou muda de localização, em virtude da mobilização das secreções
intrabrônquicas.
4. O frêmito pleural intensifica-se com a compressão da parede torácica pela mão que
palpa, ao passo que, o brônquico não sofre alteração com essa manobra.
Semiotécnica
147
Frêmito toracovocal
Fonte:https://www.google.com.br/search?q=fremito+toraco+vocal&biw=1280&bih=699&source=lnm
s&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwjywYjGgqjKAhXIIZAKHfWkBpoQ_AUIBygC#imgrc=xn48gT9tIN_k
TM%
▪ Elasticidade Torácica:
Semiotécnica
b) Elasticidade ântero-posterior
O paciente coloca-se lateralmente em frente ao examinador, que coloca uma
mão na parede anterior do tórax e a outra na parede posterior do tórax, uma sobre o
esterno e a outra sobre a coluna vertebral; apertar uma mão sobre a outra.
148
Elasticidade torácica. Descrição: elasticidade normal, aumentada ou diminuída.
Fonte:https://www.google.com.br/search?q=elasticidade+toracica&biw=1280&bih=655&source=lnm
s&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjI9s_QhKjKAhXMkpAKHeoBCAMQ_AUIBigB#tbm=isch&q=elasticidade+t
oracica+semiologia&imgrc=lxre_oQuULacfM%3ª
▪ Sensibilidade Torácica:
149
Outro propósito da exploração manual do tórax é pesquisar a existência de
pontos dolorosos esparsos pela caixa torácica. Em geral não há dor à palpação, e a
presença dela indica sempre processo patológico dos tecidos moles ou dos ossos.
Semiotécnica
150
contraturas, ao passo que, nos processos crônicos, predominam as atrofias musculares,
que também são devidas a um mecanismo reflexo.
▪ Enfisema Subcutâneo:
PERCUSSÃO
151
3.2) Onde percutir?
A percussão deve ser feita de cima para baixo, até os rebordos costais, nas
faces anterior, lateral e posterior de cada hemitórax. Deve ser sempre realizada
a comparação dos sons obtidos em uma porção de um hemitórax com a área
equivalente no outro hemitórax. Não deve ser realizada a percussão sobre a
escápula ou sobre as mamas.
Como pontos de referência para a realização do movimento estão as três
linhas principais de cada hemitórax – na face anterior, linha hemiclavicular; na
face lateral, linha axilar média; na face posterior, linha subescapular. A
percussão também pode ser realizada nas linhas axilares anteriores e
paraesternais.
Percussão do torax.
152
Os principais sons obtidos através da percussão são: som claro pulmonar,
timpânico, submaciço e maciço. O som obtido à percussão está diretamente
relacionado à estrutura do parênquima pulmonar subjacente, que torna-se
alterada nas diversas síndromes broncopleuropulmonares.
Som claro pulmonar: som intenso e grave produzido à percussão do tórax
normal, resultante do parênquima pulmonar regularmente arejado. Mais evidente
nas regiões infraclaviculares, axilares e infra-escapulares.
Som timpânico: som intenso e muito agudo, presente em ocasiões em que há
grande quantidade de ar no parênquima pulmonar ou na cavidade torácica –
enfisema pulmonar, pneumotórax. Abaixo do rebordo costal esquerdo, presente
fisiologicamente na câmara de ar do estômago (espaço de Traube).
Som submaciço: som mais agudo e menos intenso do que o claro pulmonar.
Ocorre na percussão da transição entre o pulmão direito e o fígado, sendo,
assim, uma “mistura” do som claro pulmonar e do som maciço. Também é obtido
através da percussão da transição entre o pulmão direito e o coração. Além
disso, pode ocorrer durante a presença de líquido entre o parênquima pulmonar
e a parede torácica, a exemplo dos derrames pleurais.
Som maciço: reflete a ausência de ar e é gerado pela presença de um órgão
maciço no local de percussão, a exemplo do fígado (abaixo do sexto espaço
intercostal direito) e do coração. Acompanhado da sensação de percussão de
algo sólido. Patologicamente, ocorre nas seguintes situações: hepatização do
parênquima pulmonar, atelectasias, pneumonia lobar, hemorragia pulmonar e
edema pulmonar.
Quadro das características dos sons da percussão
153
RESSONÂNCIA Alta Baixo Longa Pulmão normal
(Som Claro
a timpânico)
RESSONANCIA
Câmara de ar
gástrica ou bochecha
TIMPANINSMO Alta Alto ---
cheia de ar
Nas paredes laterais as linhas imaginárias são iguais para ambos os lados,
sendo que cada lado tem uma linha em comum com a parede anterior (axilar
anterior) e outra com a parede posterior (axilar posterior), sendo assim tem-se a
linha axilar anterior, já descrita, a linha axilar média, traçada no meio da axila,
e a linha axilar posterior, que desce a partir da prega superior e posterior da
axila.
154
seguindo do lateral para o medial, tem as duas linhas infra-escapulares,
verticais ao nível da borda interna da escápula, sendo uma direita e outra
esquerda, e mais medialmente, as duas linhas paravertebrais, que
acompanham paralelamente a coluna vertebral.
Essa divisão topográfica pode ser utilizada tanto para a percussão quanto
para a ausculta, sendo que na ausculta deve-se sempre comparar as linhas
nos hemitorax, primeiro um depois o outro no ponto equivalente.
AUSCULTA:
É importante para a ausculta recordar as propriedades das ondas sonoras
que se propagam melhor nos meios elásticos, ou seja se transmite melhor nos
sólidos que nos líquidos e gasosos. Há dois modos de efetuar a ausculta, que
pode ser diretamente colocando o pavilhão auditivo sobre o tórax do paciente
ou apenas separado por uma fina camada de algodão, denominado de ausculta
imediata. E indiretamente, a ausculta através do estetoscópio bi-auricular,
denominado de ausculta mediata, a qual tem a preferência e exclusividade
entre os profissionais da saúde, devido a maior higiene e comodidade.
155
Fonte:https://www.google.com.br/search?q=ausculta+pulmonar&biw=1280&bih=655&source=lnms
&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwiV4PHihqjKAhWKjJAKHW_uC3IQ_AUIBygC#tbm=isch&q=ausculta
+pulmonar+pneumonia&imgrc=KWJXtaQHHarGeM%3A
156
.
157
.
158
Os sons pleuropulmonares têm uma classificação predefinida, sendo os sons
normais: o som traqueal, a respiração brônquica, o murmúrio vesicular e a
respiração broncovesicular. É necessário identificar a intensidade, tom e duração
relativa. Auscute esses sons com o diafragma do estetoscópio e oriente o paciente
a respirar pela boca. Deve-se auscultar por ni mínimo um ciclo respiratório e pode-se
solicitar que o paciente respire fundo para facilitar a avaliação.
159
O murmúrio vesicular é auscultado em quase todo o tórax, excluindo apenas
as regiões esternais superiores, interescápulo-vertebral direita ao nível da 3ª e 4ª
vertebrais dorsais. No entanto, é mais forte na parede ântero-superior, nas axilas e nas
regiões infra-escapulares. Trata-se da tradução da turbulência do ar se chocando com
as bifurcações brônquicas. A inspiração é mais intensa, duradoura, e de tonalidade mais
alta do que a expiração, que ainda é mais fraca e curta. Não é possível identificar um
silencio entre as duas fases. O murmúrio vesicular é mais fraco e mais suave que a
respiração brônquica. As alterações do murmúrio vesicular, como o prolongamento da
fase expiratória ou aumento de intensidade, é comum em afecções pulmonares
unilaterais, ou ainda a diminuição, que retrata pneumotórax, hidrotórax ou tecido sólido.
160
Os roncos predominam na expiração, apesar de também estar presente na
inspiração, sendo fugazes e mutáveis, constituindo um som grave. Surgem devido a um
estreitamento dos ductos, provocando vibrações entre as paredes brônquicas e o gás
presente.
161
vias aéreas Abertura de velcro; congestiva, pneumonia
162
-Pectoriloquia afônica: é a transmissão perfeita da voz cochichada. Está presente em
várias afecções da pleura e dos pulmões: hepatização, caverna, derrames da pleura.
REFERÊNCIAS
163
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
CAPÍTULO V – PRECÓRDIO
164
AUTORES
Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito
COLABORADORES
Ana Carolina Maués de Oliveira
165
INTRODUÇÃO:
A propedêutica cardíaca é considerada de difícil compressão. Tais ideias são motivadas pelo
fato de que o exame está relacionado ao ciclo cardíaco, de fisiologia dinâmica, sendo mais
rápido que a nossa capacidade de perceber suas variações. Contudo, quando se tem um
algoritmo mental feito e o examinador sabe o que está procurando em cada etapa, o exame
fica muito mais simples e eficiente.
NOÇÕES BÁSICAS:
O precórdio é a área de apresentação cardíaca na parede torácica anterior (Fig. 1), de modo
que:
As cavidades cardíacas que se localizam no tórax anterior, são: o átrio D, ventrículo
D, aurícula E, ventrículo E.
A ponta corresponde ao ventrículo E.
O VD fica junto à borda esquerda do esterno, mas não faz parte do contorno.
Valorização do método: além da extrema simplicidade, a inspeção e palpação do precórdio
oferecem contribuição de valor à conceituação clínica, motivo pelo qual sua importância vem
sendo reiteradamente destacada. Três itens fundamentais são facilmente determinados por
esse método à cabeceira do paciente:
a) Situação, tamanho, mobilidade do coração e eventual presença de pulsação diastólica;
b) No caso de aumento da área cardíaca, qual a câmara ventricular responsável, se esquerda,
direita ou ambas;
c) Se o aumento decorre predominantemente de dilatação ou de hipertrofia.
O segundo item se reveste de particular interesse, porque o exame radiológico, em
determinados casos, é insuficiente para esclarecer qual a câmara cardíaca aumentada e, por
sua vez, o eletrocardiograma, sobretudo nas sobrecargas combinadas, pode ser de
interpretação duvidosa e mesmo de aparência normal, pelo balanceamento das forças
vetoriais.
Localização do Precórdio.
166
Focos de ausculta
Os focos de ausculta são pontos para referência, usados para demarcação da topografia no
exame físico cardiológico. A localização deles se baseia em pontos referentes à anatomia e
acústica sonora das valvas. Dessa forma, relaciona-se o que se percebe nos pontos de
ausculta à determinada estrutura cardíaca. Localizar os espaços intercostais (EIC) é importante
para se ter conhecimento dos focos; como ponto de referência, utiliza – se o ângulo de Louis,
que corresponde ao nível do 2º espaço intercostal.
Foco aórtico.
Foco pulmonar (FP): 2º ao 4º espaço intercostal com linha paraesternal esquerda.
Foco pulmonar.
167
Foco tricúspide (FT): borda esquerda do apêndice xifoide.
Foco tricúspide.
Foco mitral (FM): Em cima do “Ictus cordis”.
Foco mitral.
Ciclo cardíaco
A semiotécnica cardíaca estuda o ciclo cardíaco. Sem saber os principais eventos do ciclo e
sua fisiologia básica é difícil traduzir os achados semiológicos.
O coração é uma bomba muscular, que gera pressões variáveis no decorrer das contrações de
suas câmaras. A sístole é o período de contração ventricular, havendo um aumento da pressão
168
do ventrículo esquerdo de 5 mmHg para 120 mmHg, e após a ejeção de grande parte do
sangue na aorta, esses níveis pressóricos voltam a cair. Na diástole, período de relaxamento
dos ventrículos, essa pressão cai ainda mais, para menos de 5 mmHg, o que permite que o
sangue flua do átrio para o ventrículo.
Durante a sístole, a valva aórtica permanece aberta, permitindo a ejeção do sangue do
ventrículo esquerdo para a aorta, e a mitral, por sua vez, permanece fechada, impedindo o
refluxo de para o átrio. Já durante a diástole, a valva aórtica permanece fechada, impedindo o
refluxo do sangue da aorta para o ventrículo esquerdo, e a mitral, por sua vez, permanece
aberta, permitindo o fluxo de sangue do átrio para o ventrículo.
O conhecimento das fases do ciclo, bem como dos movimentos das valvas faz-se necessário,
visto que os ruídos cardíacos são decorrentes de tais movimentos. Esses ruídos são
transitórios, de curta duração, e sua propagação até a superfície do tórax depende do local de
origem e da intensidade da vibração (Fig. 7).
• Na sístole, os ventrículos contraem e a pressão ultrapassa a dos átrios, fechando as valvas
mitral e tricúspide. O fechamento dessas valvas na sístole ventricular é o evento mais
importante para a formação da primeira bulha cardíaca (B1), com o componente mitral (M1)
antecedendo o tricúspide (T1) em aproximadamente 30 ms, tendo ambos uma alta frequência.
Na prática clínica, devido à proximidade dos dois componentes, nem sempre é possível
distingui-los, fazendo com eles sejam percebidos como um som único. Dois outros
componentes têm sido descritos como participantes da formação de B1, sendo que um deles
precede o componente mitral e é composto de vibrações de baixa frequência, estando
relacionado com o início da contração ventricular esquerda; o outro acontece depois do
componente tricúspide e coincide com a aceleração do sangue dentro dos grandes vasos.
• Á medida que os ventrículos ejetam o sangue, a pressão ventricular começa a cair. Quando a
pressão cai abaixo das pressões aórtica e pulmonar, ocorre o fechamento dessas valvas,
iniciando então uma nova diástole. O fechamento dessas valvas produz a segunda bulha
cardíaca (B2), com o componente aórtico (A2) mais precoce em relação ao componente
pulmonar (P2). Na maioria dos indivíduos normais, percebe-se um ruído único durante a
expiração, enquanto que, na inspiração principalmente porque a sístole do ventrículo direito se
prolonga ligeiramente em função do maior afluxo sanguíneo a este lado do coração, o
componente pulmonar sofre um retardo que é suficiente para perceber, nitidamente, os dois
componentes, o que caracteriza o desdobramento fisiológico do segundo ruído cardíaco.
• Na diástole, a pressão ventricular continua a cair e atinge níveis inferiores às dos átrios cheios
de sangue, ocorrendo então a abertura das valvas mitral e tricúspide.
• Logo no início da diástole, ocorre um período de enchimento ventricular rápido. Neste
momento, pode surgir uma terceira bulha cardíaca (B3), que é um ruído protodiastólico de
baixa frequência, que se origina das vibrações da parede ventricular subitamente distendida
pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante esse período. É mais audível no foco
mitral, com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Em crianças e adultos jovens pode ser
fisiológica, entretanto, em adultos mais velhos, costuma indicar alteração patológica da
complacência ventricular.
169
• Por fim, a quarta bulha cardíaca (B4) é um ruído débil que ocorre no fim da diástole ou
imediatamente anterior à sístole (anterior à B1 do ciclo seguinte). Sua gênese da não está
completamente esclarecida, embora alguns autores considerem que ela seja proveniente da
brusca desaceleração do fluxo sanguíneo mobilizado pela contração atrial de encontro à massa
sanguínea já existente no ventrículo, no final da diástole, portanto, refletiria uma alteração
patológica na complacência ventricular. Entretanto, também pode ser raramente ouvida em
condições normais em crianças e adultos jovens.
Figura 7: Ciclo cardíaco. (Fonte: ebah.com.b/pressao-volume-ventricular-auricular)
170
INSPEÇÃO:
Semiotécnica: Luz natural e difusa; a inspeção pode ser feita indiferentemente, atendendo à
melhor visualização. A inspeção se iniciará com o paciente em decúbito dorsal, musculatura
relaxada, ombros ligeiramente elevados, cabeça estendida. O tórax ficará despido. Em se
tratando de pessoa do sexo feminino, poder-se-á utilizar uma camiseta, que será levantada ou
abaixada, com descobrimento parcial do busto. Preferencialmente, devem ser realizadas a
inspeção e a palpação simultaneamente, tornando os achados mais significativos.
Inspeção estática
a) Pele
-Cor: normal, pálida, vermelha, cianótica, ictérica, amarela não ictérica, outras.
-Umidade: normal, úmida, seca.
-Brilho: normal, diminuído, luzidio.
-Oleosidade: normal, aumentada, diminuída.
-Elasticidade: normal, diminuída, pele apergaminhada.
b) Lesões elementares
-Tipo: alterações de cor, elevações edematosas, formações sólidas, coleções líquidas,
alterações de espessura, perda/reparações teciduais.
-Tamanho
-Localização
c) Depressões: podem resultar de deformações torácicas, sínfise pericárdica, afecções que
produzem atrofia e retração das lâminas pulmonares que recobrem a face anterior do coração.
d) Tumorações
-Tamanho
-Localização
e) Abaulamentos: os abaulamentos patológicos da região precordial podem ser difusos e
circunscritos. Os abaulamentos difusos correspondem a causas extracardíacas e cardíacas. Os
abaulamentos resultantes de fatores extracardíacos são geralmente difusos: derrame pleural,
pneumotórax, cifoescoliose. Os abaulamentos de origem cardíaca se restringem ao precórdio e
dependem de cardiopatia desenvolvida na fase de crescimento. Podem resultar de pericardite
com derrame. Em se tratando de lesão congênita, as causas habituais são grande CIV
(comunicação inter-ventricular) e átrio ventricularis comunis.
171
Normalmente, o abaulamento é determinado pela dilatação do ventrículo direito, em maior
contato com a parede torácica.
Para melhor avaliação de abaulamentos, o examinador deve observar de forma:
f) Telotismo unilateral: é a ereção do mamilo esquerdo, que pode provir de uma causa local
de irritação ou constituir um fenômeno reflexo na angina de peito.
g) Desvio do mamilo: o desvio do mamilo esquerdo para fora e para cima, pode ser devido a
aumento do ventrículo direito, ocasionando abaulamento no 3º e 4º intercosto esquerdo.
h) Inversão mamilar: os mamilos estão retraídos total ou parcialmente dentro da mama, isso
ocorre em decorrência da diminuição de tecido estrutural, retração por bandas fibróticas ou
hipoplasia dos ductos. Esta patologia é mais encontrada em mulheres.
i) Circulação colateral: ocorre devido a obstrução do vaso principal, logo uma rede de vasos
de formas para manter a circulação no local. Quando estes novos vasos ficam ingurgitados,
tornam-se visíveis na pele
Inspeção dinâmica
a) Ictus cordis
-Visibilidade: em pacientes com enfisema pulmonar, obesos, com grandes mamas, ou
que tenham musculatura desenvolvida o ictus pode se tornar invisível e impalpável
172
-Localização: varia de acordo com o biótipo (brevilíneo, longilíneo, entre outros), nos
mediolíneos ele se situa na linha hemiclavicular esquerda no 5º espaço intercostal. Nos
brevilíneos desloca-se 2cm para cima e para a lateral ficando no 4º espaço intercostal.
Nos longilíneos costuma estar no 6º espaço intercostal 1 ou 2 cm para dentro da linha
hemiclavicular.
b) Pulsações: além do ictus cordis, em outras regiões.
b.1) Carotídea: dois tempos
b.2) Jugular: três tempos
b.3) Epigástrica: podem ser fisiológicas ou patológicas. As pulsações fisiológicas
resultam da transmissão dos batimentos do ventrículo direito ou da aorta abdominal. As
pulsações patológicas também resultam de:
• Transmissão dos batimentos do ventrículo direito: sendo mais intensos no
ângulo xifoesternal. O examinador deve posicionar a palma da mão
pressionando para cima a parte superior da região epigástrica
• Aorta abdominal:
• Pulso hepático: em razão do de estenose tricúspide, sendo a pulsação pré-
sistólica, ou ainda insuficiência tricúspide, sendo a pulsação sistólica.
Semiotécnica: para esclarecer se uma pulsação epigástrica provém da aorta ou do
coração, pede-se ao paciente para respirar lenta e profundamente. Nestas condições, a
inspiração profunda abaixa o diafragma, aumenta a tensão abdominal e afasta o
epigástrio do plano posterior do corpo. Sendo da aorta o batimento, atenua-se ou
desaparece. Proveniente do coração acentua-se.
b.4) Dança das artérias: pulsações arteriais exageradas. Característica dos estados
circulatórios hipercinéticos, em que aumenta a pressão diferencial por diminuição da
pressão mínima e aumento da pressão máxima. Ex: insuficiência aórtica, persistência
do canal arterial, anemia, hipertiroidismo, etc.
b.5) Aorta torácica: os batimentos da aorta torácica normal podem ser visíveis e
palpáveis na fúrcula esternal, nos indivíduos de tórax curto. Nos casos patológicos, em
todos os aumentos de calibre do vaso.
b.6) Pulsação diastólica: é um impulso para fora, visível e palpável, que tem lugar
durante a diástole, e corresponde a 3ª bulha cardíaca.
b.7) Pulsações anormais: podem ser resultantes de ectasia da aorta, ectasia da artéria
pulmonar, pulsação da auriculeta esquerda em grave insuficiência mitral, movimentos
de translação.
c) Retrações: os diversos tipos de retração sistólica: puntiforme, pluricostal, rastejo sistólico,
quando se acompanham de imobilidade do ictus cordis, significam sínfise pericárdica. No
dorso, ocasionalmente, percebem-se retrações sistólicas das últimas costelas, à esquerda,
denunciando também aderências pericárdicas. Quando o ictus é móvel, resultam de maior
contato do coração com a parede torácica, seja por hipertrofia das câmaras ventriculares ou
por retração das lâminas pulmonares que recobrem o coração.
173
PALPAÇÃO
Semiotécnica: a palpação deve ser feita pela direita do paciente. O tórax ficará despido. Em
se tratando de pessoa do sexo feminino, poder-se-á utilizar uma camiseta, que será levantada
ou abaixada, com descobrimento parcial do busto. Se o paciente estiver em decúbito forçado, o
exame se fará sem movê-lo ou, quando muito, mudando de posição com o maior cuidado. Não
havendo essa restrição, a palpação se iniciará com o paciente em decúbito dorsal, musculatura
relaxada, ombros ligeiramente elevados, cabeça estendida
Uma vez realizado o exame nessa posição, deve-se recorrer a outras posições e a
manobras eventuais. Posições: decúbito lateral esquerdo, sentada, de pé, etc. Manobras
eventuais: Valsava (tentativa de expiração com a glote fechada); indivíduo sentado, inclinado
para diante e em apnéia pós-expiratória; realização prévia de exercício, etc.
174
Palpação com paciente inclinado para diante.
a) Ictus cordis
Ictus cordis ou choque de ponta é o levantamento periódico da zona de projeção da ponta do
coração, sincrônico com a sístole cardíaca, levantamento que se vê, se palpa ou, às vezes,
apenas se palpa. Em condições normais, a ponta corresponde ao ventrículo esquerdo.
Semiotécnica: Para efetuá-lo, o paciente encontrar-se-á em decúbito dorsal (peito para cima)
com a extremidade do leito que sustenta sua cabeça posicionada a 30º, seu tórax deve estar
amostra e seus membros, tanto inferiores quanto superiores, não podem estar cruzados, de
modo que descansem sobre a superfície. Com a mão espalmada em cima do tórax, procura-se
o ponto de impulso mais forte e, após sua localização, se coloca a ponta dos dedos no espaço
intercostal correspondem ao íctus para aumentar a sensibilidade tátil (Fig. 14). Se for difícil
efetuar a sua localização, solicita-se que o paciente vire para o seu lado esquerdo, tomando a
postura de decúbito lateral esquerdo, assim se aproxima a ponta do coração à caixa torácica. A
presença de íctus palpável não significa patologia. O íctus é patológico de acordo com suas
características. Em pacientes musculosos, obesos e portadores de DPOC, a palpação de íctus
pode ser dificultosa.
175
Palpação do Ictus cordis.
176
a.5) Mobilidade
Semiotécnica: examinador à direita do paciente, mão espalmada sobre o ictus cordis,
pedir para o paciente virar para os lados esquerdo, direito e para sentar-se (Fig. 16).
Normalmente, o ictus cordis move-se cerca de dois centímetros para os lados, para
cima e para baixo.
-Se o paciente tiver uma pericardite, a tendência é o coração aderir ao pericárdio e não
haver mobilidade.
a.6) Variações da sede do ictus cordis: o ictus cordis pode se apresentar deslocado
da sede normal por causas intrínsecas (de origem cardíaca) e causas extrínsecas
(extracardíacas).
Causas intrínsecas
- Deslocamento para fora e para baixo: ocorre nas hipertrofias ventriculares e
constitui a causa mais frequente do desvio da sede do ictus cordis. A distinção
entre a hipertrofia do ventrículo direito e a hipertrofia do ventrículo esquerdo se
faz mais pela forma do ictus do que pelo grau de deslocamento, já que um
mesmo tipo de hipertrofia se exterioriza diversamente conforme o biótipo, pelas
modificações da posição anatômica do coração.
177
- Deslocamento para a direita: observa-se nas destrocardias.
- Deslocamento para baixo: cardioptose.
- Deslocamento para cima: extremamente raro; aneurisma da crossa da aorta,
por pressão sobre a base do coração, a cada sístole, provocando movimento em
báscula e ascensão da ponta.
Causas extrínsecas
- Deslocamento para a esquerda: derrame líquido ou gasoso da pleura direita;
atelectasia do pulmão esquerdo.
- Deslocamento para a direita: derrame líquido ou gasoso da pleura esquerda;
atelectasia do pulmão direito.
- Deslocamento para baixo (causas que rebaixam o diafragma): enfisema
pulmonar; derrame líquido ou gasoso da pleura.
- Deslocamento para cima (causas que determinam levantamento do diafragma):
gravidez, ascite, cistos do ovário, meteorismo abdominal, etc.
a.7) Forma ou caráter: a forma do ictus é a expressão de suas características mais
evidentes, avaliadas de maneira global. Quando o coração está aumentado de
tamanho, o que se constata pelo deslocamento e extensão do ictus, a forma pode ser
bastante peculiar pela dominância de alguns atributos. Nesses casos, outros atributos,
além dos já descritos, são computados para definir a forma, tais como: contato rápido
ou contato demorado com a mão que palpa. A forma de ictus é atípica, na maioria dos
casos normais. Em realidade, importa definir a forma nos corações hipertrofiados.
Formas peculiares típicas (em corações hipertrofiados)
-Ictus globoso: ictus deslocado, difuso, propulsivo, demorado, dando a
impressão de grande força (permanecendo mais tempo em contato com a mão
que palpa). Indica predomínio da hipertrofia sobre a dilatação (sobrecarga
sistólica).
-Ictus cupuliforme, de Bard: ictus deslocado, difuso, amplo, hipercinético (de
contato rápido com a mão que palpa). Traduz predomínio da dilatação sobre a
hipertrofia (sobrecarga diastólica, de volume).
a.8) Ausência de ictus cordis: pode ser fisiológico ou patológico. Não se deve concluir
ausência de ictus cordis antes de pesquisá-lo melhor através de movimentos
respiratórios, do exercício, decúbito lateral E, posição sentada, inclinando o tronco para
diante, etc.
a.9) Amplitude: Devemos atentar para a presença do chamado íctus propulsivo, isto é,
aquele capaz de ocasionar um impulso embaixo dos dedos do examinador, chegando a
erguer estes. A presença de íctus propulsivo é indicativa de possível hipertrofia
ventricular esquerda.
a.10) Duração: não há critérios de classificação temporal do íctus quanto a sua
duração, o que faz com que a classificação referente a uma duração aumentada se
baseie ma experiência do examinador.
O termo sustentado é utilizado quando o tempo de palpação do íctus está prolongado,
sendo proporcional ao grau de hipertrofia ventricular, isto é, nesse caso, quanto maior a
duração ou mais sustentada ela for, maior será o tamanho do provável do ventrículo
esquerdo. Íctus sustentados também podem ser o indicativo de possível obstrução ao
trato de saída do VE. O aumento volumétrico do VE também é outra causa.
b) Frêmito: é uma sensação tátil de tremulação. Percebido na estenose, nas comunicações
arterio-venosas e na insuficiência.
-Frêmito catáreo: é o equivalente tátil de um sopro. Todo frêmito catáreo é
acompanhado de sopro, mas nem todo sopro é acompanhado de frêmito catáreo.
Ex: frêmito catáreo - fístulas arterio-venosas em pacientes que faz hemodiálise. A
pressão da artéria é maior que na veia, provocando o turbilhonamento do sangue.
178
-Frêmito pericárdico: é o equivalente tátil do atrito pericárdico, ruído produzido pelo
roçar dos folhetos enrugados do pericárdio. É percebido na região descoberta do
coração, zona do órgão não recoberta pelas lâminas pulmonares. Para diferenciá-lo do
atrito pleural originado nas lâminas pulmonares, pede-se ao doente que prenda a
respiração: se for de origem pericárdica, o frêmito persistirá. No caso de gênese pleural,
desaparecerá.
Semiotécnica: usar a mão espalmada, apoiada suavemente (sempre a mesma mão).
Obedecer a uma sistemática que pode ser a seguinte: áreas de ponta; região mesocardíaca;
áreas da base; regiões infraclaviculares e axilares; fúrcula esternal; regiões supraclaviculares;
faces laterais do pescoço (carótidas e jugulares); região dorsal. Para descrição deve-se
observar localização, situação no ciclo cardíaco (coincide ou não com o ictus cordis) e
intensidade ( + a ++++).
c) Choque valvular palpável: é a sensação tátil produzida pelo fechamento das valvas.
Semiotécnica: os choques valvares se exploram palpando suavemente a região precordial
sobre as áreas dos orifícios valvares. Em condições normais, são percebidos após exercícios
físicos, emoções e nas crianças. Em condições patológicas, são observados com muita
freqüência nas áreas da base, em casos de hipertensão arterial pulmonar e hipertensão arterial
sistêmica. É comum o choque valvar palpável sobre a área mitral, na estenose mitral.
d) Hiperestesia cutânea: a sensibilidade da pele da região precordial é maior que a
sensibilidade da pele e das partes vizinhas.
Semiotécnica: pesquisada pelo leve roçar das polpas digitais do indicador e médio ou com
simples fricção de um chumaço de algodão.
AUSCULTA
A ausculta é parte fundamental não somente do exame cardiovascular, mas também do exame
físico geral. Continua sendo recurso indispensável para avaliação de diversas patologias que
acometem o coração, muitas delas podendo ser diagnosticadas somente com essa ferramenta.
Hoje em dia, com o desenvolvimento das mais diversas tecnologias que revolucionaram a
abordagem diagnóstica das patologias do coração, a tendência é que, principalmente as novas
gerações de médicos tendam a substituir métodos propedêuticos básicos por tais exames, sem
nenhuma sustentação clínica, gerando custos econômicos e muitas vezes submetendo o
paciente a métodos invasivos desnecessários.
Para direcionar o exame físico, existem áreas onde fenômenos originados de determinadas
estruturas do coração são mais bem percebidas, sendo estes os focos de ausculta cardíaca.
Porém, é válido ressaltar que essas demarcações não significam que o examinador avaliará
apenas essas áreas. Uma boa ausculta conta com a avaliação de todo o precórdio e áreas
circunvizinhas, incluindo pescoço e fúrcula esternal, regiões infraclaviculares, região axilar e até
mesmo o dorso. Além disso, recomenda-se auscultar a área próxima ao foco de ausculta
devido às variações anatômicas individuais.
Os clássicos focos servem como pontos de referência porque, nas regiões correspondentes a
eles, encontram-se as informações mais pertinentes às respectivas valvas. Porém, os focos de
ausculta não correspondem às localizações anatômicas das valvas que lhes emprestam os
nomes. A projeção das valvas e dos anéis orovalvares concentra-se na região correspondente
à metade inferior do esterno, enquanto os focos ou áreas de ausculta localizam-se nas
seguintes regiões:
179
• Foco aórtico: situado no 2º espaço intercostal direito, justaesternal .
180
Foco tricúspide: localiza-se na base no apêndice xifóide, ligeiramente para a
esquerda. Os fenômenos acústicos dessa valva costumam ser mais bem percebidos
próximo à área mitral. Na ausculta do coração durante inspiração profunda, obtém-se a
intensificação do sopro de origem tricúspide.
181
• Foco aórtico acessório: área compreendida entre o 3º e o 4º espaço intercostal
esquerdo, nas proximidades do esterno. Muitas vezes é o melhor local para perceber os
fenômenos provenientes da valva aórtica.
5.1. SEMIOTÉCNICA
Para que a ausculta seja realizada de maneira correta, alguns pontos devem ser levados em
consideração:
• Ambiente: um ambiente silencioso é indispensável, pois os ruídos do coração são de
pequena intensidade. Além disso, o paciente deve estar calmo e em posição
confortável.
182
• Posição: A ausculta deve ser efetuada nas posições deitada, sentada e em decúbito
lateral esquerdo. A posição padrão é o decúbito dorsal com a cabeça apoiada em um
pequeno travesseiro, com o tórax completamente descoberto (Fig. 23). O examinador
fica ao lado direito do paciente, de pé ou sentado, conforme a altura da cama ou da
mesa de exame. Outra posição de rotina é com o paciente de pé ou sentado na beira do
leito ou em uma cadeira com o tórax ligeiramente inclinado para frente. O examinador
põe-se de pé do lado direito do doente. As solicitações feitas ao doente devem ser
claras. A escolha do receptor deve ser adequada, de modo geral, deve ser usado o
receptor de diafragma de menor diâmetro, com ele sendo efetuada toda a ausculta; o
receptor, seja do tipo de diafragma ou de campânula, deve ficar levemente apoiado
sobre a pele, procurando-se, ao mesmo tempo, obter uma perfeita coaptação de suas
bordas na área que está sendo auscultada. Deve ser enfatizado que o receptor é
colocado diretamente sobre a pele e nunca sobre a roupa do paciente. Pode-se ainda
utilizar manobras especiais quando conveniente, sendo as mais utilizadas as
respiratórias (inspiração ou expiração forçadas).
Obs: é de fundamental importância que o examinador estabeleça sua própria sequência lógica
de ausculta, de modo a conter todos os elementos necessários para uma boa avaliação:
caracterização do ritmo cardíaco, frequência cardíaca, avaliação das bulhas (1ª e 2ª), presença
de ruídos adicionais (3ª e 4ª bulhas, clicks, estalidos, ruídos de próteses), presença de sopros
e atritos.
183
• O reconhecimento das bulhas é facilitado se o examinador repetir mentalmente uma
sequência onomatopeica com esta:
5.4. SOPROS
Os sopros cardíacos consistem em ruídos que refletem uma velocidade circulatória aumentada,
causada pela alteração do padrão circulatório laminar do sangue para um turbilhonar. Tais
alterações podem ser ocasionadas por distúrbios cardiopáticos ou não-cardiopáticos;
decorrentes de problemas estruturais no coração como estenoses e insuficiências valvares ou
comunicações anômalas entre as câmaras cardíacas e os não-cardiopáticos são em
decorrências de alterações sistêmicas como anemias ou tireotoxicose.
Ao analisar os sopros faz-se necessário a descrição de algumas características destes:
• Fase do ciclo cardíaco: sistólico, diastólico ou contínuos. Considera-se
sistólico quando o fenômeno auscultatório coincide com o pulso carotídeo;
• Duração: avaliada a partir do ciclo de incidência do sopro; Proto: ocorrência no
início da fase; Meso: no meio; Tele: ao final ou Holo: quando abrange toda a fase do
ciclo cardíaco;
• Tonalidade: grave ou agudo;
184
• Timbre: rude, áspero, suave, musical, aspirativo ou em ruflar;
• Configuração: em crescendo, em decrescendo, em crescendo-decrescendo
ou em platô;
• Localização: local de maior intensidade do sopro, baseia-se nos focos
clássicos de ausculta
• Irradiação: possui relação com a direção do fluxo sanguíneo, avaliado a partir
da detecção do foco principal do sopro;
• Relação com a respiração
• Intensidade: de acordo com a classificação de Levine e Freeman pode ser
avaliado em 6+, leva em conta a presença de frêmito – sensação tátil do fenômeno
auscultatório do sopro;
Grau 1: Sopro muito leve, dificilmente audível;
Grau 2: Sopro leve facilmente audível;
Grau 3: Sopro alto sem frêmito no foco de maior intensidade;
Grau 4: Sopro muito alto com frêmito
Grau 5: Sopro muito alto, audível com estetoscópio levemente encostado na pele
do paciente;
Grau 6: Sopro muito intenso, audível mesmo com estetoscópio desencostado da
pele do paciente.
Os sopros sistólicos podem apresentam-se como de regurgitação, ocasionados pela
insuficiência valvar, ou de ejeção, pela dificuldade de passagem do sangue através de uma
valva estenosada. Sopro de regurgitação temos o causado por uma insuficiência mitral
caracterizado como: proto, meso ou tele-sistólico; agudo; decrescente; localizado no foco
mitral; com possível irradiação axilar. Sopro de ejeção, podemos citar o da estenose aórtica:
meso ou tele-sistólico; grave; crescendo e decrescendo; localizado no foco aórtico/aórtico
acessório; com possível irradiação para carótidas D ou E (Fig. 24), fúrcula e bordo esternal
esquerdo.
185
Os sopros diastólicos apresentam-se com de regurgitação e de enchimento ventricular
ou diastólico tardio. Sopro de regurgitação diastólico temos o da insuficiência aórtica
caracterizado como: proto, meso ou tele-diastólico; agudo; decrescente; localizado no foco
aórtico/aórtico acessório; com possível irradiação para apêndice xifoide. A estenose mitral gera
um sopro de enchimento ventricular de baixa frequência, melhor audível com a campânula do
estetoscópio; meso ou tele-diastólico; grave; crescendo e decrescendo; localizado no foco
mitral; geralmente restrito a tal foco mas com possível irradiação para a linha axilar anterior.
186
REFERÊNCIAS
1. Aula ministrada pelo Professor Marcus Vinicius na data 21/06/2006, na Universidade Federal
do Pará.
2. PORTO, CELMO CELENO. Semiologia médica. 5ª edição. Parte 7, 396-440; 2005.
3. SOUZA, BETTINA FERRO DE. Manual de Propedêutica Médica. Volume 2. 2:119-135;
1995.
4. ROCCO, JOSÉ RODOLFO. Semiologia Médica. 5ª edição.capítulo 6. 93 – 121; 2010.
5. MARTINELLI, A. L. C. Hipertensão portal. Medicina, ribeirão preto, 37: 253 – 261, jul/dez
2004
6. RODRIGUES, A. G.; PITANGUY, I.; MACHADO, B.; EL- HACHEM, C. Mamilo invertido:
revisão de literatura. Ver Bras Cir Plást. v. 27, p. 1 – 102, 2012
7. PORTO, CELMO CELENO. Semiologia médica. 7ª edição. Parte 8, 451 - 470; 2014.
8. LONGO, et al. Medicina Interna de Harrison- 18. Ed. Amgh Editora, 2013.
9. PAZIN-FILHO, A.; SCHMIDT, A.; MACIEL, B. C. Ausculta cardiaca: bases fisiológicas-
fisiopatológicas, Medicina (Ribeirao Preto Online). 2004, 37, 208-226.
10. BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G. Bates: propedêutica médica: Guanabara koogan, 2005.
11. SILVERMAN, M. E.; WOOLEY, C. F. SAMUEL A. Levine and the history of grading systolic
murmurs, The American Journal of Cardiology. 2008, 102, 1107-1110.
12. MACHADO, E. L. G. Propedêutica e semiologia em cardiologia: Atheneu, 2004.
187
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
CAPÍTULO VI – ABDOME
188
AUTORES
COLABORADORES
189
ABORDAGEM GERAL
Para um bom exame abdominal são necessárias uma boa iluminação e a exposição total do
abdome, desde a região do apêndice xifóide até a sínfise pubiana. A virilha deve ficar visível,
mesmo que a genitália seja mantida coberta. Além disso, algumas outras condições devem ser
seguidas para se obter um bom exame, dentre elas:
O paciente deve ficar deitado em decúbito dorsal com os braços mantidos ao lado
do corpo ou cruzados sobre o tórax, estando o médico a direita do paciente
. Embora muitos pacientes coloquem os braços sob a cabeça, essa é uma posição
que atrapalha por estirar e contrair a parede abdominal, dificultando a palpação;
190
Explique o que será feito ao paciente antes de iniciar qualquer técnica;
Mantenha as mãos e o estetoscópio aquecidos e as unhas cortadas. Friccione as
mãos para ajudar a aquecê-las;
O paciente não deve estar com a bexiga cheia;
Antes da palpação, peça ao paciente para indicar as regiões dolorosas ou
hipersensíveis, e deixe para examiná-las por último;
Monitorize seu exame, pesquisando sinais de desconforto na expressão do
paciente.
Adquira o hábito de imaginar cada órgão na região que está sendo examinada. Começando
pela direita do paciente, prossiga de forma ordenada: inspeção, ausculta, percussão e
palpação do abdome, além de avaliação do fígado, do baço e da aorta.
O abdome pode ser dividido em quatro quadrantes passando duas linhas perpendiculares,
onde o ponto de interseção entre elas está localizado sobre a cicatriz umbilical, formando
assim: o quadrante superior direito (QSD), quadrante superior esquerdo (QSE), quadrante
inferior direito (QID) e o quadrante inferior esquerdo (QIE).
Outra forma de dividir o abdome é em nove zonas, passando-se duas linhas horizontais sendo
uma logo abaixo do rebordo costal e outra na margem superior das cristas ilíacas, e
verticalmente passando-se duas linhas pelas linhas hemiclaviculares direita e esquerda,
formando-se assim as nove zonas: hipocôndrio direito (HD); epigástrio (EG); hipocôndrio
esquerdo (HE); flanco direito (FD); mesogástrio (MG); flanco esquerdo (FE); fossa ilíaca direita
(FID); hipogástrio (HG); fossa ilíaca esquerda (FIE).
INSPEÇÃO
Inspeção estática
192
Abdome globoso: aumento do diâmetro anteroposterior, por exemplo: gravidez,
ascite, obesidade.
Abdome globoso.
Abdome escavado: retração da parede abdominal. Exemplo: pessoas muito
emagrecidas.
Abdome escavado.
Fonte: Tv web sertão.
193
Abdome em ventre de batráquio: com o paciente em decúbito dorsal, há um
aumento do diâmetro transversal em relação ao diâmetro anteroposterior.
Abdome em avental.
Fonte: Revista Brasileira de Cirurgia Plástica.
194
Abdome pendular: tem um aspecto semelhante ao abdome em avental, resultando
da fraqueza da musculatura do abdome inferior, não estando necessariamente
associada à obesidade (Imagem 9).
Abdome pendular
Fonte: Revista |Brasileira de Cirurgia Plástica.
2.1.2. Cicatrizes
195
2.1.3. Circulação colateral
Circulação colateral.
Fonte: Grupo de Estudo em Semiologia e
Propedêutica.
Determinação da direção do fluxo sanguíneo nas veias abdominais. (a) Padrão normal
do fluxo sanguíneo e padrões característicos da (b) hipertensão porta e da (c) obstrução
da veia cava inferior.
Fonte: Rocco. J. R. Semiologia Médica, 2010.
196
2.1.4. Abaulamentos
Abaulamento abdomino-torácico.
Fonte: Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
2.1.5. Retração
197
2.1.6. Herniações
Herniações abdominais.
Fonte: De Luca Gastrocirurgia.
Descrição fisiológica:
A inspeção estática do abdome realizada no paciente “X” apresenta abdome plano, sem lesão
elementar, sem circulação colateral, sem retração ou abaulamento, sem cicatrizes patológicas
e herniações, com presença de cicatriz fisiológica.”
Descrição patológica:
A inspeção estática do abdome realizada no paciente “X” apresenta abdome pendular, com
estrias esbranquiçadas, com retração em região hipogástrio, sem circulação colateral, sem
abaulamento, sem cicatrizes patológicas e herniações, com presença de cicatriz fisiológica”
198
Inspeção dinâmica
199
Manobra de Valsalva
Descrição fisiológica:
A inspeção dinâmica do abdome do paciente “X” apresenta padrão respiratório misto, ausência
de movimentos peristálticos ou pulsação da aorta abdominal visíveis, ausência de herniações e
massas na parede abdominal.
Descrição patológica:
A inspeção dinâmica do abdome do paciente “X” apresenta padrão respiratório misto,
movimentos peristálticos visíveis, presença de hérnia umbilical evidenciada pela Manobra de
Valsalva, presença de massas na parede abdominal em região epigástrio evidenciada pela
Manobra de Smith Bates, ausência pulsação da aorta abdominal visível.
200
AUSCULTA
A ausculta do abdome tem utilidade para se avaliar a motilidade intestinal e a presença de
sopros arteriais. Ausculte o abdome antes de percutí-lo e palpá-lo, pois essas manobras podem
alterar a frequência dos ruídos abdominais ao estimular o peristaltismo. Com o paciente em
decúbito dorsal posicione suavemente o diafragma de seu estetoscópio no abdome do
paciente. Para realização desta técnica utiliza-se a divisão do abdome em quadrantes,
devendo-se realizar a ausculta em um único ponto durante três minutos em cada área
auscultada (Imagem 19).
Ausculte os ruídos intestinais observando a sua frequência e características. Os ruídos normais
consistem em cliques e borbulhamentos com uma frequência estimada de 5 a 34 por minuto.
Sendo considerado hiperperistaltismo: acima de 34 ruídos por minuto; hipoperistaltismo: menor
do que cinco ruídos por minuto; e aperistáltico ou ausente: não se ausculta nenhum ruído.
Com relação à ausculta vascular, realiza-se a pesquisa de sopros auscultando os pontos da
artéria aorta abdominal, das artérias renais, das artérias ilíacas e das artérias femorais.
Pontos de ausculta dos quadrantes abdominais:
201
Pontos para a ausculta vascular:
Artéria ilíaca
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
A ausculta abdominal do paciente X apresenta ruídos hidroaéreos de propulsão e mistura
ausentes.
PERCUSSÃO
202
O timpanismo costuma predominar, em função dos gases existentes no aparelho
gastrointestinal. É o som apresentado pelo abdome normal em quase toda a sua extensão.
Quando o paciente está na posição supina, é o som mais nítido sob a área de projeção do
estômago na parede anterior do abdome.
O som timpânico é percebido nitidamente sob o espaço de Traube, localizado do sexto
ao décimo primeiro espaço intercostal esquerdo, no qual normalmente apresenta timpanismo à
percussão. O timpanismo pode ser substituído por submacicez ou macicez se a área percutida
estiver ocupada por estruturas sólidas, fezes ou líquidos.
O som hipertimpânico é obtido quando o conteúdo aéreo do aparelho gastrointestinal
está aumentado (meteorismo, obstrução intestinal, pneumoperitônio, etc.). A submacicez é
encontrada em áreas de menor conteúdo gasoso ou na presença de um órgão maciço, como
ocorre na zona do hipocôndrio direito onde se localiza o fígado. A percussão sobre área
sólida nos mostra um som tipicamente maciço.
Descrição patológica:
A percussão abdominal do paciente X apresenta som timpânico distribuído difusamente em
todo o abdome.
PALPAÇÃO
Palpação Superficial
204
Verificação da temperatura local. Fonte: Curso
Básico de Semiotécnica Médica.
205
Palpação superficial unimanual. A: Fossa ilíaca direita; B: Flanco direito; C: Hipocôndrio direito;
D: Epigástrio; E: Hipocôndrio esquerdo; F: Flanco esquerdo; G: Fossa ilíaca esquerda; H:
Hipogástrio; I: Mesogástrio.
Fonte: Curso Básico de Semiotécnica Médica.
Descrição fisiológica: “
Descrição patológica: “
206
Palpação Profunda
Palpação profunda bimanual. A: Fossa ilíaca direita; B: Flanco direito; C: Hipocôndrio direito;
D: Epigástrio; E: Hipocôndrio esquerdo; F: Flanco esquerdo; G: Fossa ilíaca esquerda; H:
Hipogástrio; I: Mesogástrio.
Fonte: Curso Básico de Semiotécnica Médica.
Descrição fisiológica:
“A palpação profunda do abdome do paciente “X” apresenta ausência de pontos dolorosos,
ausência de massas palpáveis profundamente ou visceromegalias.”
Descrição patológica:
A palpação profunda do abdome do paciente “X” apresenta pontos dolorosos, principalmente
em flanco e fossa ilíaca esquerda, presença de massa palpável com aproximadamente 4 cm de
diâmetro, localizada em fossa ilíaca esquerda e, presença de hepatoesplenomegalia.”
207
MANOBRAS ESPECIAIS
Fígado
Hepatimetria
Através da percussão podemos avaliar as dimensões hepáticas (hepatimetria). Percute-
se na linha hemiclavicular direita, iniciando-se do segundo espaço intercostal direito em sentido
podálico até que se delimite a borda superior do lobo hepático direito, percebida na percussão
pela mudança do som claro pulmonar para maciço, delimitando assim, a localização desta
borda. Depois, faz-se a percussão desde a crista ilíaca direita em sentido cefálico até que se
delimite a borda inferior do lobo hepático direito, percebida na percussão pela mudança do som
timpânico para o som maciço (Imagem 25). Dessa forma, têm-se a dimensão do lobo hepático
direito que varia de 6 a 12 cm.
Faz-se, da mesma forma, a delimitação do lobo hepático esquerdo, percutindo-se desde
a cicatriz umbilical, na linha média esternal, em sentido cefálico até que se delimite a borda
inferior do lobo hepático esquerdo, percebida na percussão pela mudança do som timpânico
para o som maciço. A borda superior do lobo hepático direito está localizada logo abaixo do
apêndice xifóide. A dimensão do lobo hepático esquerdo varia de 4 a 8 cm.
Descrição fisiológica: “
Descrição patológica: “
A hepatimetria do paciente “X” apresenta fígado com aumento de tamanho, com o lobo
hepático direito presente a 3 cm do rebordo costal direito e o lobo hepático esquerdo a 8 cm do
rebordo costal direito.”
208
Manobra de Lemos – Torres
Técnica utilizada para palpação de fígado. Pretende- se com esta manobra determinar
as características da borda hepática, quanto a sua consistência, regularidade de sua parede e
forma de sua borda, presença de pontos dolorosos e determinação de massas palpáveis. Com
o paciente em decúbito dorsal e o examinador à direita do mesmo, este, coloca sua mão
esquerda na região dorsal direita do paciente e faz uma tração anterior desta, a mão direita é
colocada perpendicularmente sobre o abdome, iniciando-se a palpação com movimentos lentos
e ondulantes (como uma canoa na marola), desde a crista ilíaca direita até a borda inferior
hepática direita, lateralmente ao músculo reto abdominal. A região sensitiva é a toda a borda
externa do dedo indicador.
Fisiologicamente, a borda hepática é lisa, de consistência fibroelástica e fina.
A mesma manobra pode ser realizada para o baço, chamando-se de palpação
unimanual do baço e não Lemos-Torres.
Manobra de Lemos-Torres.
Descrição fisiológica: “
Descrição patológica: “
209
Manobra de Mathiew
Outra técnica utilizada para palpação do fígado. Nesta, o examinador posiciona-se para
à direita e de frente para os pés do paciente, estando este em decúbito dorsal. Com as mãos
em garra faz-se a busca da borda hepática desde a crista ilíaca direita em direção ao rebordo
costal direito, os dedos tentam entrar por baixo do rebordo costal (Imagem 27). Também
nesta manobra, procura-se determinar as características da borda hepática citadas
anteriormente.
Manobra de Mathiew.
Descrição fisiológica:
A Manobra de Mathiew do paciente X apresenta borda hepática inferior com superfície lisa,
fina, consistência fibroelástica e indolor.
Descrição patológica:
210
Sinal de Jobert
O sinal de Jobert é positivo na presença de timpanismo à percussão na região da linha axilar
anterior direita até a linha mediana, abaixo apêndice xifóide, onde normalmente encontramos
macicez hepática, sendo sugestivo de pneumoperitônio
Sinal de Jobert.
Descrição fisiológica:
O Sinal de Jobert do paciente X, sobre a zona hepática, apresenta som maciço, sendo
considerado negativo.
Descrição patológica:
O Sinal de Jobert do paciente X, sobre a zona hepática, apresenta som timpânico, sendo
considerado positivo, sugestivo de pneumoperitônio.”
211
Baço
212
Quando ocorre o aumento do baço, deve-se determinar o grau de esplenomegalia. Para isso
usa-se a classificação de Boyd
I – Baço palpável sob o rebordo costal,
II – Baço palpável logo abaixo do rebordo costal, entre o rebordo costal e a cicatriz umbilical;
III – Baço palpável até o plano horizontal ao nível da cicatriz umbilical;
IV – Baço palpável abaixo do plano horizontal ao nível da cicatriz umbilical.
Classificação de Boyd.
Fonte: IQB - Gastroenterologia.
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
A palpação do baço realizada no paciente “X” apresenta baço palpável ao longo do rebordo
costal esquerdo, caracterizando um baço tipo I pela classificação de Boyd.
213
Palpação bimanual do baço
Outra técnica utilizada para palpação do baço. Nesta, com o paciente em decúbito
dorsal, o examinador localizado a direita do paciente, posiciona sua mão esquerda na região
lombar esquerda do paciente, de modo a promover um rechaço do baço para frente, em
direção á parede abdominal e, com a sua mão direita palpa-se da região inguinal esquerda até
o rebordo costal esquerdo em busca do baço. Sendo este, fisiologicamente impalpável.
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
A palpação bimanual do baço do paciente “X” apresenta baço palpável ao nível da cicatriz
umbilical, caracterizando um baço tipo III pela Classificação de Boyd .”
214
Espaço de Traube
Espaço semilunar que vai do sexto ao décimo primeiro espaço intercostal esquerdo.
Seus limites são: gradil costal, baço, pâncreas, parte do cólon descendente, rim esquerdo e
estômago (Imagem 33). Normalmente apresenta timpanismo à percussão (Imagem 34). A
presença de som maciço neste local é indicativo de esplenomegalia.
Espaço de Traube.
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
215
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
216
AUTORES
COLABORADORES
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MANOBRAS DOLOROSAS DO ABDOME
Fígado
A maior parte do fígado fica protegida pela caixa torácica. O tamanho ou formato hepático pode
ser estimado pela percussão e, ocasionalmente, pela palpação. O fígado é fisiologicamente
palpável em crianças de até 08 anos e em adultos durante a inspiração forçada, até 2 a 4 cm
do rebordo costal direito.
Sinal de Torres-Homem
Realiza-se percussão plexor-plexímetro na região da loja hepática, entre o quinto espaço
intercostal direito na linha hemiclavicular até o rebordo costal direito; e entre a cicatriz umbilical
e o apêndice xifoide. Qualquer sinal de dor relatado pelo paciente caracteriza a presença de
abscesso inflamatório hepático.
Sinal de Torres-Homem.
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
218
Vesícula Biliar
A vesícula normal, praticamente não é acessível aos métodos clínicos diretos de
exame. Como método clínico indireto de exame, é útil à manobra de Murphy para o diagnóstico
da Colecistite aguda, manobra que, rotineiramente, deve ser incluída como complementação
na exploração do fígado.
Sinal de Murphy
O examinador posiciona-se a direita do paciente, com este em decúbito dorsal, e coloca
os dedos indicador e médio da mão direita sob o ponto cístico (entre a junção do rebordo costal
direito com a borda lateral do músculo reto abdominal). Pede-se ao paciente que inspire e
expire, posicionado os dedos “abaixo do rebordo costal direito” durante a expiração. Pede-se
novamente que o paciente faça uma inspiração profunda comprimindo-se o ponto, na qual a
vesícula descerá impelida pelo diafragma. Se estiver inflamada, a pressão exercida provocará
dor aguda, levando o paciente a interromper a inspiração ou relatar dor intensa, sendo
indicativo de Colecistite aguda. O Sinal de Murphy é considerado positivo neste caso.
Sinal de Murphy.
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
219
Apêndice Vermiforme
Em casos suspeitos de apendicite aguda, a dor provocada nos pontos apendiculares ou
mediante a execução de manobras apendiculares, é útil como contribuição diagnóstica. A dor
da apendicite classicamente começa perto do umbigo e, em seguida, desloca-se para o
quadrante inferior direito, onde aumenta com a tosse.
A positividade das manobras apendiculares sugere comprometimento inflamatório circunscrito
do peritônio.
Sinal de Blumberg
O Sinal de Blumberg deve ser pesquisado no ponto de McBurney, localizado no terço
médio lateral na linha traçada entre a cicatriz umbilical e a crista ilíaca ântero – superior direita.
Com o paciente em decúbito dorsal, e o examinador à direita do mesmo, após identificar o
ponto de McBurney, a pesquisa do sinal é realizada em dois tempos.
Ponto de Mc Burney.
220
Primeiro tempo do Sinal de Blumberg (superficial).
Caso a manobra inicial tenha sido negativa, se realiza o segundo tempo da pesquisa do
sinal, comprimindo-se mais profundamente o ponto de McBurney até atingir a víscera; em
seguida, retira-se subitamente a mão, sendo o apêndice projetado bruscamente de encontro à
parede. Se o apêndice estiver inflamado, a resposta é uma dor intensa. Sendo indicativo de
abdome agudo inflamatório.
Descrição fisiológica:
Descrição patológica:
221
Observação: A manobra para verificar irritação peritoneal (peritonite) em todo abdome é
chamada de Manobra de descompressão dolorosa. Quando aplicada especificamente no
ponto de McBurney, é chamada de Manobra de Blumberg.
Descrição fisiológica: “
O Sinal de Descompressão Brusca, realizada no paciente X apresenta-se negativo.
Descrição patológica:
O Sinal de Descompressão Brusca, realizada no paciente X apresenta-se positivo, sendo
sugestivo de peritonite (irritação peritoneal).
Sinal de Rovising
Consiste em forçar movimento antiperistáltico de camada gasosa dos cólons, desde o
sigmóide até a região ileocecal, com a finalidade do ar, sob pressão, distender o ceco,
acarretando a dor no apêndice inflamado. A mão executa forte e contínua pressão,
movimentando em sentido retrógrado, acompanhando o trajeto dos cólons.
O sinal pode ser pesquisado usando-se como técnica os punhos cerrados,
pressionando-se inicialmente a fossa ilíaca esquerda, depois flanco esquerdo e por último o
epigástrio, promovendo o deslocamento de ar em direção ao ceco, distendendo-o, o que irá ser
doloroso se houver inflamação do apêndice. Sendo sugestivo de Peritonite (irritação
peritoneal).
Mantendo-se a pressão sobre o epigástrio, pergunta-se ao paciente onde está doendo,
se a resposta for na fossa ilíaca direita, o sinal é positivo, caso a dor for referida onde a mão
está pressionando, é negativa. A pressão deve ser contínua para que se evite o refluxo dos
gases mobilizados.
222
Sinal de Rovising - Compressão por rolamento do lado esquerdo para o direito.
Descrição fisiológica:
O Sinal de Rovising, realizado no paciente X apresenta-se negativo.
Descrição patológica
O Sinal de Rovising, realizado no paciente X apresenta-se positivo, sendo sugestivo de
peritonite (irritação peritoneal).
Sinal do Psoas
Com o paciente em decúbito lateral esquerdo faz-se a extensão forçada da coxa direita
do paciente, provocando assim, o estiramento do músculo psoas. Quando o paciente relata dor
durante a manobra, o Sinal do Psoas é considerado positivo, e sugere processo inflamatório
adjacente ao músculo psoas. Sendo, então, sugestivo de Peritonite (irritação peritoneal).
Descrição fisiológica:
O Sinal do Psoas realizado no paciente X apresenta-se negativo.
Descrição patológica:
O Sinal do Psoas realizado no paciente X apresenta-se positivo, sendo sugestivo de peritonite
(irritação peritoneal).”
223
Sinal do Obturador
Com o paciente em decúbito dorsal, estende-se a perna esquerda e flexiona-se a coxa
direita do paciente na altura do quadril, com o joelho fletido, fazendo-se uma rotação interna do
quadril. Essa manobra estira o músculo obturador interno. Caso o paciente refira dor no
HIPOGÁSTRIO, a pesquisa do sinal é considerada positiva. Sugerindo processo inflamatório
adjacente ao músculo obturador. Sendo sugestivo de Peritonite (irritação peritoneal).
Sinal do Obturador.
Descrição fisiológica:
O Sinal do Obturador realizado no paciente X apresenta-se negativo.
Descrição patológica:
O Sinal do Obturador realizado no paciente X apresenta-se positivo, sendo sugestivo de
peritonite (irritação peritoneal).
Sinal de Lapinsky
Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador pressiona profundamente a fossa ilíaca
direita do paciente, elevando a perna direita estendida. Caso o paciente relate dor durante a
manobra ou se o paciente responder flexionando a perna para minimizar a dor, o sinal será
considerado positivo. Sendo sugestivo de Peritonite (irritação peritoneal).
Sinal de Lapinsky.
Descrição fisiológica:
O Sinal de Lapinsky realizado no paciente X apresenta-se negativo.”
Descrição patológica:
O Sinal de Lapinsky realizado no paciente X apresenta-se positivo, sendo sugestivo de
peritonite (irritação peritoneal).”
224
Sinal de Lennander
É a diferença > 1˚C entre a temperatura axilar e a temperatura retal, sendo esta última a maior.
Rins
Descrição patológica:
A punho-percussão de Murphy realizada no paciente X apresenta-se positiva.
225
Punho percussão de Giordano
É realizada através da percussão das regiões lombares em três pontos utilizando a borda ulnar
da mão. Todas elas podem produzir uma reação dolorosa, profundamente localizada, uni ou
bilateral, nos casos de pielonefrite aguda, obstrução urinária ou inflamação perinefrética. O
aparecimento da dor ou de reação exuberante do paciente durante a punho-percussão (o
paciente emite grito ou pula), denota Sinal de Giordano positivo.
Descrição fisiológica:
A percussão de Giordano realizada no paciente “X” apresenta-se negativa.
Descrição patológica:
A percussão de Giordano realizada no paciente “X” apresenta-se positiva.
Descrição patológica:
A percussão de Giordano realizada no paciente X apresenta-se com falso Giordano. Uma vez
que o paciente refere dor em região abdominal.
226
Palpação: é realizada com o paciente em decúbito dorsal da seguinte maneira: com a mão
não-dominante por trás do flanco do paciente deitado, devemos anteriorizar a loja renal;
durante a inspiração do paciente, tentamos palpar o pólo inferior do rim com a mão dominante
espalmada. Esta manobra é descrita como método de Guyon.
Durante a palpação dos rins, deve-se avaliar a sensibilidade renal. Muitas vezes a compressão
com as pontas do dedo pode ser suficiente para despertar dor. As características normais do
rim são: órgãos duros, superfícies lisas, borda inferior nítida e não doloroso.
Algumas manobras podem ser feitas na tentativa de alcançar o órgão: manobra de Israel
(decúbito lateral oposto ao rim que se deseja palpar); manobra de Trousseau (decúbito dorsal);
manobra de Glenard (decúbito dorsal); manobra de Bellington (posição ortostática).
MANOBRAS DE ASCITE
Ascite é o nome dado ao derrame de líquido livre na cavidade abdominal. Esse acúmulo
pode ter causas diversas, as quais podem fazer variar o volume (pode ser superior a 20L), a
aparência, a natureza e a composição do líquido.
O abdômen pode mostrar-se mais ou menos flácido ou tenso, caracterizando a
chamada ascite hipertensa. A presença de hérnia umbilical é um dos achados frequentes nas
grandes ascites. Sua causa mais comum é a cirrose hepática.
Os principais sinais que diagnosticam a presença de ascite por meio da percussão do
abdômen são:
Semicírculo de Skoda
Com o paciente em decúbito dorsal, o líquido ascístico, por gravidade, tende a se
depositar na parede posterior da cavidade abdominal e regiões mais baixas, ou seja,
flancos e andar inferior do abdômen, e as alças intestinais, por terem alguma quantidade
de ar em seu interior tendem a “boiar” no líquido, ocupando a porção anterior da
cavidade abdominal.
Sendo assim, a percussão em cinco linhas, feita desde o apêndice xifoide até o
púbis; até as espinhas ilíacas anterossuperiores D e E e em linhas paralelas aos
rebordos costais D e E, delimitará uma linha semicircular na transição entre o
timpanismo, produzido pelo ar no intestino que estará “boiando” e a macicez ou
submacicez dos órgãos maciços e vísceras com fezes sólidas ou líquidas que estarão no
fundo da cavidade.
A concavidade da linha semicircular estará voltada para a região epigástrica.
Esse sinal poderá fazer o diagnóstico diferencial entre ascite e cisto gigante de
ovário, por exemplo.
227
Semicírculo de Skoda.
Descrição fisiológica:
A pesquisa do Semicírculo de Skoda realizada no paciente X encontra-se negativa.
Descrição patológica:
A pesquisa do Semicírculo de Skoda realizada no paciente X encontra-se positiva.
Macicez variável (deve sempre ser precedida pela pesquisa do semicírculo de Skoda)
O líquido livre se acumula nas porções mais declives na cavidade peritoneal, quando o
paciente se coloca em um dos decúbitos laterais, para aquele lado o líquido se dirigirá.
Para a aferição da manobra o paciente, posiciona-se em decúbito lateral direito (lado
direito para baixo, esquerdo para cima) e aguarda-se aproximadamente 1 minuto, para que
haja a acomodação das alças intestinais.
Deve-se realizar percussão no flanco esquerdo, que está para cima, no trajeto da linha
axilar média, desde a região axilar média até a espinha ilíaca esquerda. Nesta localização,
quando se realizou o semicírculo de Skoda, havia macicez, agora com o paciente em decúbito
lateral direito, haverá timpanismo devido a movimentação das alças intestinais, que tendem
sempre a “boiar” no líquido ascítico. Daí o nome “macicez variável”.
Evita-se o decúbito lateral esquerdo, pois o fígado irá ficar para o lado de cima, o que
pode produzir macicez ou mesmo impedir que as alças se desloquem até a parede lateral do
abdome.
Macicez variável.
Descrição fisiológica:
A pesquisa de Macicez variável realizada no paciente X apresenta-se negativa.
228
Descrição patológica:
A pesquisa de Macicez Móvel realizada no paciente X encontra-se positiva.
Sinal do Piparote
A face palmar de uma das mãos é posicionada em um dos flancos; a seguir, a ponta do
dedo médio, dobrado, apoiado e em estado de tensão contra a face palmar do polegar é
disparada contra o outro flanco.
O abalo produzido pelo piparote produz pequenas ondas de choque no líquido ascítico,
perceptíveis na palma da mão, colocado no flanco oposto.
O choque pode também ser percebido em casos obesidade ou edema na parede
abdominal. Nesse caso, um assistente coloca a borda cubital de sua mão sobre a linha
mediana, no abdômen central, exercendo um pouco de pressão, a fim de interceptar ondas de
transmitidas pela parede, mas não impedindo a passagem da onda de choque do líquido
ascético.
Esse sinal é próprio das grandes ascites, não sendo efetivo para ascites de médio ou
pequeno volume.
Sinal do Piparote.
Fonte: Curso Básico
de Semiotécnica
Médica.
Descrição fisiológica:
O Sinal do Piparote realizado no paciente X apresenta-se negativo.
Descrição patológica:
O Sinal do Piparote realizado no paciente X apresenta-se positivo, sendo sugestivo de ascite
de grande volume.
229
Manobra de Saccadée ou do Rechaço
Com as polpas digitais apoiadas sobre a parede abdominal, no hipocôndrio direito e no
epigástrio, executam-se ligeiros impulsos de depressão, que afastam a camada líquida,
permitindo sentir o fígado, que se projeta de encontro à mão.
Descrição fisiológica:
A Manobra de Saccadée realizada no paciente X apresenta-se negativa.
Descrição patológica:
A Manobra de Saccadée realizada no paciente X apresenta-se positiva, sendo sugestivo ascite.
230
Referências
PORTO. C. C; Porto. A. L. Exame clínico: Porto & Porto, 7.ed., Rio de Janeiro, 2011.
231
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental.
Laboratório de Habilidades Médicas
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AUTORES
COLABORADORES
233
CONCEITO DE REFLEXOS
É uma resposta motora/secretora involuntária, rápida e imediata dos
centros nervosos a um estímulo específico de qualquer natureza.
O ARCO REFLEXO
Os reflexos motores dependem anatomicamente do arco-reflexo para
acontecer. O arco-reflexo ocorre quando um estímulo é feito em um órgão
receptor e que através de uma via aferente (sensorial) de condução, chega ao
centro nervoso (centro reflexógeno – substância cinzenta do sistema nervoso)
onde é elaborada uma resposta, que por sua vez é transportada através de
uma via eferente (motora) até o órgão efetor (músculo).
234
CARACTERÍSTICAS DOS REFLEXOS
CONDUÇÃO UNILATERAL
O estímulo é propagado em apenas uma direção no arco-reflexo.
ADEQUAÇÃO
O estímulo deve ser adequado ao órgão receptor.
LOCALIZAÇÃO
Cada reflexo tem um local específico e acontece sempre na mesma área.
ESPECIFICIDADE
Para cada estímulo específico haverá sempre uma mesma resposta.
LIMIAR
O reflexo só acontece quando se atinge um limiar de despolarização que
resultará no potencial gerador.
LATÊNCIA
É o período de latência do reflexo, que vai do momento que se aplica o
estímulo até a resposta imediata.
REFRATARIEDADE
É o curto período que se tem após um reflexo e que se for aplicado um outro
estímulo adequado não haverá resposta (Período refratário).
FADIGA
Quando o mesmo reflexo é provocado várias vezes consecutivas, levando à
fadiga do reflexo. É necessário cessar o estimulo por um curto período de
tempo para que ele volte a ser eficaz.
235
FENÔMENO DA SOMA
É quando vários estímulos subliminares, feitos repetidamente, conseguem
provocar um reflexo.
INDUÇÃO SIMULTÂNEA
É quando dois estímulos aplicados simultaneamente, um junto do outro,
conseguem provocar uma resposta.
INDUÇÃO SUCESSIVA
É quando estímulos subliminares aplicados sucessivamente em pontos
diferentes de uma mesma área receptora conseguem provocar resposta.
FENÔMENO DE FACILITAÇÃO:
Resposta ao mesmo tipo de estimulo, inteiramente idêntico, pode tornar-se
mais fácil com o tempo. Explicando, assim, a facilitação obtida pelo treino.
FENÔMENO DE INIBIÇÃO:
É quando há ausência de resposta, mesmo quando as condições para produzir
um arco reflexo estão presentes.
236
CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS
ESQUEMA PARA CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS
Proprioceptivos Exteroceptivos Visceroceptivos
1) Miotáticos: 1) Cutâneo ou
Superficial: São originados nas
Profundos vísceras e podem ter
- Apendiculares: Fisiológicos: efeito:
• Membros - Cutâneo-abdominais: • Secretor
superiores: • Superior • Motor
-Tricipital • Médio • Vasomotor
-Biciptal • Inferior
-Estilo-radial -Cutâneo-plantar em
-Cúbito-pronador flexão.
-Flexor do punho
-Extensor do punho Patológicos:
• Membros inferiores: • Palmomentual.
-Patelar ou Rotuliano • Cutâneo-plantar em
-Aquileu extensão.
- Axiais:
• Naso-palpebral 2) Mucosos:
• Supra-orbitário Fisiológicos:
• Massetérico • Córneo-conjuntival
• Faríngeo
Tônicos: • Velopalatino
- Cervicais ou gerais. • Nasal
- Segmentares.
Patológicos:
• Reflexo da sucção
2) Labirínticos. • Palatinobucal
3) Pupilares:
- Reflexo fotomotor
- Reflexo consensual
- Reflexo de
acomodação e
convergência.
237
SEMIOTÉCNICA DOS REFLEXOS
REFLEXOS PROPRIOCEPTIVOS
REFLEXOS MIOTÁTICOS:
REFLEXOS PROFUNDOS:
CUIDADOS
Superiores - O cotovelo sempre deve estar alinhado ao plano do paciente, a mão do
observador deve manter um espaço para execução da resposta esperada.
Inferiores – Manobras de facilitação podem ser executadas para melhor resultado.
Avaliar a melhor posição para cada paciente.
O PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.
238
- Reflexos profundos apendiculares: são os reflexos referentes aos
membros superiores e inferiores.
a) Reflexo tricipital:
Mão do observador sustentando o braço em abdução com o cotovelo à
altura do ombro e o antebraço pendente formando um ângulo de 90°. Percute-
se o tendão do tríceps acima do olécrano.
Resposta: contração do tríceps braquial e a extensão do antebraço
sobre o braço.
Reflexo triciptal.
DICA
Verificar relaxamento muscular através da palpação do trapézio do paciente.
b) Reflexo biciptal:
Deve-se colocar o braço do paciente em semiflexão descansado sobre o
braço do observador, em seguida faz-se a percussão sobre o tendão distal do
bíceps, com interposição do polegar do observador.
Resposta: contração do bíceps com flexão e supinação do antebraço.
239
Reflexo bicipital com antebraço apoiado sobre o braço do examinador
c) Reflexo estilo-radial:
Posição do paciente: mão em meia pronação, polegar para cima,
antebraço em meia flexão e apoiado na mão do observador. Percussão sobre o
tendão do músculo braquiorradial na apófise estilóide do rádio.
Resposta: contração do braquio-radial, com flexão e ligeira supinação do
antebraço.
Reflexo estilo-radial.
d) Reflexo cúbito-pronador:
Mão em meia pronação apoiada sobre a mão do examinador, antebraço
em meia flexão. Percussão na apófise estilóide do cúbito.
Resposta: contração dos músculos pronadores (quadrado e redondo),
com pronação da mão. Pode ocorrer também a adução e flexão de punho e
flexão dos dedos.
240
Fig. 7.5
Obs.: Segundo - Teste do reflexo
Wantemberg, é umCúbito-Pronador.
dos primeiros reflexos a se tornar hiperativo nos
quadros de lesões piramidais.
DICA
Diferenciar transmissão do impacto, pela percussão com o martelo, do reflexo
propriamente dito, baseando-se em uma das características dos reflexos: a latência.
241
f) Reflexo extensor do punho:
Paciente deve ficar com o antebraço estendido em pronação e mão
deve estar pendente. Então se faz a percussão dos tendões dos extensores do
punho.
Resposta: contração dos músculos extensores do punho, com extensão
dorsal.
DICA
Traçar uma linha horizontal entre as apófises estilóides e percutir no ponto médio da
linha, tanto durante a pesquisa do reflexo flexor como do extensor do punho.
a) Reflexo patelar:
Neste reflexo há estimulo do nervo femoral através da percussão do
tendão patelar, localizado abaixo da patela e faz a ligação entre a patela e a
tuberosidade da tíbia, resultando na contração do músculo quadríceps femoral,
relaxamento dos músculos posteriores da coxa que são antagonistas e
consequente extensão do joelho percutido.
O método consiste em estimular o tendão patelar com um martelo de
percussão.
Após essa ação, há a contração do músculo quadríceps, promovendo a
extensão da perna.
242
O paciente fica sentado com joelhos fletidos a 90º e calcanhar não pode
estar apoiado no solo.
DICA
Manobra de Jendrassik – colocar as duas palmas das mãos voltadas uma para a outra,
horizontalizadas, com os dedos fletidos em garra, justapostos, fazendo tração para fora com
bastante força. O objetivo é conseguir maior relaxamento de determinado grupo muscular,
através da contração voluntária de grupos musculares distantes.
Manobra de Jendrassik
Reflexo patelar.
243
b) Reflexo aquileu:
Deve-se percutir o tendão de Aquiles, também chamado de tendão
calcâneo, acima de sua inserção no calcanhar.
Há o estimulo contrátil dos músculos crurais posteriores, gastrocnêmio,
sóleo e plantar. O reflexo é a extensão plantar.
O paciente deve estar de joelhos em plano alto com os pés livres.
Reflexo Aquileu.
CUIDADOS
O limiar necessário para execução da manobra é menor que nos reflexos apendiculares.
Diferenciar o piscar de olhos do reflexo propriamente dito.
O PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.
244
Reflexo glabelar.
b) Reflexo supraorbitário:
Paciente deve olhar para o lado contralateral à região percutida, então
se faz a percussão da arcada supra-orbitária, sobre o supercílio.
Resposta: contração do músculo orbicular das pálpebras do lado
percutido com a oclusão mais acentuada da fenda palpebral.
Reflexo supraorbitário.
245
c) Reflexo masseterino ou Reflexo mentoniano:
Paciente deve manter a boca entreaberta e relaxada. O observador
então faz a percussão do mento colocando seu dedo entre o mento do paciente
e o martelo de percussão. A percussão também pode ser feita sobre o cabo de
uma espátula introduzida na boca, apoiada na arcada dentária.
Resposta: contração dos músculos masseteres com elevação da
mandíbula.
Reflexo mentoniano.
REFLEXOS TÔNICOS:
Como resposta tem-se a contração reflexa tônica, intensa prolongada e
de caráter estático. Podem ser cervicais e segmentares.
- Reflexos tônicos cervicais: São reflexos que se manifestam somente
até o primeiro mês de vida. Depois disso são considerados patológicos.
- Reflexos tônicos segmentares: São reflexos que regulam as atividades
posturais e movimentos, só são percebidos quando se encontram alterados.
REFLEXOS LABIRÍNTICOS:
Embora sejam tônicos, não constituem reflexos de contração da musculatura.
São ocasionados pela excitação do aparelho receptor vestibular. Atuam na
manutenção do equilíbrio e postura, exercendo ação em alguns músculos
antigravitacionais. São observados apenas em casos patológicos.
246
REFLEXOS PUPILARES:
São importantes na propedêutica neuroftalmológica. Os reflexos
pupilares podem se encontrar normais, ausentes ou em bradicoria.
CUIDADOS
Manter um pequeno intervalo entre o momento em que o paciente é solicitado para
olhar a um ponto distante e a execução da manobra. O foco de luz deve estar localizado a cerca
de 30cm do paciente. Focalizar rapidamente a lanterna para que a luz passe rapidamente pela
visão periférica sem interferir na dilatação pupilar.
247
- Reflexo fotomotor consensual: Pesquisa-se esse reflexo incidindo luz
sobre um olho e observando a reação pupilar do outro. A resposta é uma
contração pupilar reflexa bilateral.
Reflexo consensual.
248
REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS
São os reflexos superficiais. São obtidos pelo leve atrito de áreas da
pele e mucosa. Os reflexos superficiais podem se encontrar normais, em
hiperreflexia, em hiporreflexia, em arreflexia e em inversão.
CUIDADOS
A tração realizada deve ser rápida e leve. PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A
EXECUÇÃO DAS MANOBRAS.
249
- Reflexo cremasteriano: Paciente deve estar despido em decúbito
dorsal e membros inferiores em abdução e em extensão (pernas abertas) para
expor a bolsa escrotal. Então excita-se a parte interna da coxa no seu terço
superior de cima para baixo com um estilete.
Resposta: contração do músculo cremaster que eleva ao testículo
ipsolateral (nos casos de hipereflexia, elevação também do contralateral). Pode
ocorrer também contração dos feixes inferiores do obliquo interno com ligeira
depressão da parede abdominal acima da arcada crural. Na mulher ocorre
retração dos grandes lábios e contração do grande oblíquo (Reflexo de Geigel).
Reflexo cremasteriano.
250
Reflexo cutâneo-plantar em flexão.
251
Reflexo cutâneo-plantar em extensão.
252
REFLEXOS MUCOSOS:
CUIDADOS
Algumas manobras podem desencadear sensação nauseante.
O PACIENTE NUNCA DEVE OLHAR A EXECUÇÃO DA MANOBRA.
Reflexo córneo-palpebral.
253
REFLEXOS MUCOSOS PATOLÓGICOS:
- Reflexo de sucção: Quando a mucosa labial ou da língua é excitada
com um bastão ou com o dedo, ocorrem movimentos de sucção. Esse reflexo é
normal nos recém-nascidos. E pode reaparecer em situações graves
pseudolobulares.
- Reflexos palatinobucal de Lahr e Henneberg: É quando com uma
espátula, se excita energicamente, de trás para frente, a região palatina. Como
resposta ocorre a contração dos músculos orbiculares dos lábios. Presente nas
síndromes pseudobulbares e nas hemiplegias.
254
ROTEIRO E DESCRIÇÃO DOS REFLEXOS
O observador deve se identificar e perguntar o nome do paciente. As
mãos devem ser lavadas antes e depois de cada procedimento. Deve ser
explicado ao paciente o procedimento que vai ser feito; também deve ser dito
que se o paciente sentir algum incomodo ou dor que prejudique o exame, o
mesmo vai ser interrompido.
A semiotécnica dos reflexos deve ser feita obedecendo a uma seqüência
descendente ou ascendente, e também comparativa ou simétrica.
O observador deve estar sempre familiarizado com as posições
peculiares adotadas para cada reflexo e com a sede de eleição para provocar o
estímulo. A área examinada deve se manter descoberta.
O paciente deve manter-se despreocupado, com a musculatura
relaxada. O músculo pode ser palpado para se detectar melhor a contração
muscular e avaliar o período latente. Lembrar sempre de palpar o local a ser
percutido antes da manobra.
O observador deve pedir para o paciente fechar os olhos ou olhar para
um lado em que ele não veja a manobra que vai ser realizada.
Manobras de facilitação podem ser utilizadas em determinados casos
que não se obtém resposta satisfatória. Um exemplo é a manobra de
Jendrassik (no reflexo patelar).
Para se orientar é ideal que o observador tenha uma frase formada para
descrever a resposta obtida no procedimento, portanto deve-se usar a seguinte
frase: “A pesquisa do reflexo ....................(sede pesquisada) do paciente
.....................(nome do paciente) apresentou-se .........................(ausente,
normorreativa, reflexo vivo, hiporreativa ou hiperrreativa) ................................
(bilateralmente -quando for o caso- ou descrever cada um dos membros
pesquisados)”.
255
REFERÊNCIAS
BATES, B.; BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G. Bates: propedêutica médica. 10ª
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2010.
PORTO, C.C.; LEMOS, A.L. Porto & Porto Semiologia Médica. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
<https://sites.google.com/site/tudoensinomedio/unifei/calendario-1/biologia-
3/reinos/fisiologia-animal/sistema-nervoso/celulas-nervosas/arco-reflexo>
Acesso em: 01 de fevereiro de 2016.
256
REPRODUÇÃO PROIBIDA
Nenhuma parte desta obra, ou sua totalidade poderá ser reproduzida sem a
permissão por escrito dos autores, quer por meio de fotocópias, fotografias, “scanner”,
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gravação. Os infratores estarão sujeitos a punição pela lei 5.988, de dezembro de 1973,
artigos 122-130 e pela lei do Direito Autoral, nº 9.610/98.
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