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Unidade 6 - Obstetrícia Cardiotocografia

CAPÍTULO 5

CARDIOTOCOGRAFIA

1. DEfINIçãO:

Registro contínuo e simultâneo da Frequência Cardíaca Fetal,


Contratilidade Uterina e Movimentos Fetais, no período anteparto ou intraparto.

2. CLASSIfICAçãO:

» Repouso ou Basal.
» Estimulada: Estímulo Mecânico ou Vibroacústico.
» Com Sobrecarga:
• Teste do esforço (Stemberg)
• Teste do estímulo mamilar
• Teste da Ocitocina (Prova de Pose)

3. IMpORTâNCIA:

» Orientação eicaz ao tocólogo.


» Análise imediata.
» Acurácia.
» Simplicidade e inocuidade.
» Facilidade de repetição.

4. épOCA IDEAL pARA REALIzAçãO:

» INICIO: 26 a 28 semanas de gestação


» PERIODICIDADE: variável, depende da patologia materna e/ou fetal e do
resultado dos testes anteriores. Intervalos de 07 dias (a nível ambulatorial),
diários, repetições no mesmo dia e até registros contínuos podem ser necessários.

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5. OUTRAS RECOMENDAçÕES:

» Evitar jejum prolongado.


» Anotar medicamentos usados durante o exame que possam interferir no
resultado, como também alterações de temperatura e pressão arterial maternas.
» Duração do exame: recomenda-se o mínimo de 20 minutos.
» Velocidade do registro: 1, 2, ou 3 cm/minuto.
» Posição da paciente: sentada em poltrona confortável ou em decúbito
lateral esquerdo.
» Colocação correta dos transdutores para evitar traçados duvidosos.

6. INDICAçÕES:

» Anteparto - Patologias maternas, fetais e/ou placentárias.


» Intraparto - Trabalho de parto distócico, induzido ou estimulado.
» Para mulheres maudáveis, sem complicações na gestação,
recomenda-se mobilograma no período anteparto e ausculta fetal
intermitente no período intraparto.
A CTG está indicada, neste grupo, nas gestantes com alterações
nas condutas recomendadas.

7. pARâMETROS ANALISADOS NA CTG

» Contrações Uterinas: avaliar frequência, duração e coordenação das


contrações.
» Movimentos Fetais: avaliar o comportamento fetal (repouso, vigília) através do
número e tipo dos movimentos fetais (isolados, múltiplos, ausentes, soluços, etc).
» Frequência Cardíaca Fetal
• Nível da linha de base (média da frequência dos BCF)
Frequência Cardíaca Fetal
Normal 110 a 160 (TERMO)
120 A 60 (PRÉ-TERMO)
Bradicardia Leve: 100 a 110 (120)
Acentuada: < 100
Taquicardia Leve: 160 a 180
Acentuada: > 180

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Obs. Afastar situações, que não estão relacionadas com sofrimento


fetal e que podem causar bradicardia (drogas, bloqueios cardíacos fetais, etc) e
taquicardia (prematuridade, drogas, febre materna, somatório de acelerações, etc).

» Variabilidade - Normal: 5 bpm


• Alterada - lisa (ausente)
• Mínima: < 5 bpm
• Padrão sinusoidal
Obs. Afastar situações que não estão relacionadas com sofrimento fetal e
que podem diminuir a variabilidade (prematuridade, repouso fetal, medicamentos
sedativos do Sistema nervoso central, etc).

» Alterações da FCF
• Acelerações:
▪ Podem estar relacionadas com movimentos fetais (transitórias)
ou contrações uterinas (periódicas).
▪ Início: 20 semanas de gestação
▪ Primeiro parâmetro a alterar frente a hipóxia.
▪ Padrão normal: amplitude 15 bpm e duração 15 segundos ( 10
bpm e 10 segundos antes de 32 semanas de gestação)

• Desacelerações:
▪ Periódicas: relacionadas com contrações uterinas
- Precoce ou cefálico (DIP I): queda uniforme, gradual (inicio
até nadir > 30 segundos), coincide com o pico da contração.
Fisiopatologia
Contração uterina

Compressão do pólo cefálico

Hipertensão intracraniana

Redução do luxo sanguíneo cerebral

Hipóxia local (estimula centro vagal)

Resposta vagal

Desaceleração

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- Tardio (DIP II): uniforme, queda gradual (início até nadir >
30 segundos), ocorre após o pico da contração (decalagem
20 segundos)
Fisiopatologia
Contração uterina

Cessa a circulação útero - placentária


Feto utiliza 02 do espaço interviloso

p02 normal p02 diminuído

Não há hipóxia Hipóxia

Ausência desaceleração Desaceleração

- Variável (DIP III ou Umbilical): início, decalagem e forma


variáveis, queda abrupta (início para nadir < 30 segundos)
Fisiopatologia

Contração uterina

Compressão do cordão umbilical

Hipóxia temporária

Hipertensão arterial fetal

Desaceleração

▪ Não Periódicas:
- Espica ou DIP 0: desaceleração com duração < 15 segundos
relacionada com compressão funicular de curta duração ou
soluço fetal, mais comum no prematuro.

- Desaceleração prolongada: desacelerações com duração


maior que 3 minutos, relacionada com hipotensão postural
materna, bloqueios anestésicos, hiperatividade uterina,
compressões funiculares intensas e duradouras. Quando
espontânea são sempre patológicas.

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8. INTERpRETAçãO DOS RESULTADOS


Reativo Hiporreativo Não reativo
FCF 110-150 100 - 109 <100
(termo) 161 - 180 >180
120-160
(pré termo)
Variabilidade ≥5 <5 <5 minutos (≥ 90
(≥ 40 min mas < 90 minutos) Lisa
min) Padrão Sinusoidal
Aceleraçãoes Presentes Hipoaceleraçãoes Ausentes
(< 15 bpm < 15
segundos)
Desacelerações Ausentes DIP I DIP II
DIP III favoráveis DIP III
isoladas desfavoraveis, repe-
Desaceleração titivas. Desacelera-
prolongada, < 3 ção prolongada > 3
minutos minutos

9. CONCLUSãO DO TRAçADO:

normal: CTG onde todos os 4 parâmetros são da categoria reativa

Subnormal: CTG onde 1 dos parâmetros é da categoria hiporreativa e os


outros 3 são da categoria reativa.

Patológica: CTG onde 2 ou mais parâmetros são da categoria hiporreativa


ou 1 ou mais parâmetros são da categoria não reativa.

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Presença de patologias maternas, fetais ou fatores de risco


intraparto?

NÃO SIM

Anteparto: Mobilograma Alterados CTG


Intraparto: Asculta Fetal
Inermitente Patológica

Subnormal Indica resolução


Normal
da gestação
Hipercontratilidade (avaliar caso a
Repetir conforme o caso
Uterina? caso)
Especiicidade
(resultado perinatal bom)
de quase 100% Ocitocina? Observar condições
Prostaglandina? maternas

- Suspender Indução Febre?


- Uterolítico Desitratação?
Qualidade
Hipotensão?
do traçado
Repetir CTG Bloqueio
inadequado?
anestésico?
vômitos?
Corrigir
Jejum prolongado?
Trandutores

Corrigir

Repetir CTG

- Quando a CTG subnormal é repetida e continua com o mesmo padrão


considerar propedêutica complementar antes de indicar a interrupção da gestação:
peril biofísico fetal, dopplerluxometria, CTG com sobrecarga (conforme o caso).
- Quando a CGT intraparto é subnormal ou patológica veriicar se há
hipercontratilidade uterina e corrigí-la, antes de indicar a interrupção da gestação,
através das seguintes medidas: suspender indução, administrar uterolítico,
oxigenação e hidratação maternas, decúbito lateral esquerdo.

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EXEMPLOS ESQUEMÁTICOS DE CARDIOTOCOGRAFIA

Tarquicardia Grave

Tarquicardia Leve

Normal

Bradicardia Leve

Bradicardia Grave

1 cm

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CARDIOTOCOGRAFIA ANTEPARTO

AT AT AT
Padrão Comprimido

Aceleração Transitória
DIP 0
(≥15 batimentos/15s)

Movimentação fetal registrada pela mãe

Contração de
Braxton-Hicks
Espicas (Movimento Fetal)

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CARDIOTOCOGRAFIA INTRAPARTO

DIP I

3 contrações / 70’’ / 10’

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CARDIOTOCOGRAFIA INTRAPARTO

DIP II DIP III DIP III

Aceleração Aceleração
Inicial Inicial

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PADRÕES DE GRAVIDADE

Ausência de aceleração
inicial e tardia

Recuperação Ausência de D e s a c e l e r a ç ã o
lenta retorno à linha de bifásica
base

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PADRÕES DE GRAVIDADE
(regra dos 60)

Taquicardia
Dura
Compensatória
60s
Cai
60bat

Atinge os 60bat/min

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DESACELERAÇÃO PROLONGADA
(Hipotensão Materna)

Padrão Sinusoidal
(Anemia fetal)

Morte fetal iminente

Taquissistolia

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DESACELERAÇÃO PROLONGADA
(Hipotensão Materna)

Taquicardia
-Febre materna
-medicamentos taquicardizantes

Bradicardia
-Medicamentos
bradicardizantes

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