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120 horas Atualização em Assistência

de Enfermagem em
Neonatologia
Com certificado
Online
Rachel Cardoso de Almeida
Este material é parte integrante do curso online " Atualização em Assistência de Enfermagem
em Neonatologia" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É
proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização
prévia expressa do autor (Artigo 29).
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Atualização em Assistência
de Enfermagem em
Neonatologia
Com certificado
Online
Rachel Cardoso de Almeida
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Apresentação

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 3
EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE OBSTÉTRICA E
NEONATAL......................................................................................................................... 4
1.1 AVANÇOS E DESAFIOS NA ATENÇÃO MATERNA E NEONATAL ................ 5
REDE CEGONHA E AS ESTRATÉGIAS PARA A MANUTENÇÃO DA SAÚDE
MATERNO-FETAL ............................................................................................................ 8
2.1 PRÉ-NATAL ............................................................................................................. 10
2.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, ANAMNESE E ORIENTAÇÕES ................... 11
2.3 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL .................................................... 12
2.4 CALENDÁRIO DE CONSULTAS E EXAMES COMPLEMENTARES ............... 14
2.4.1 Exames complementares .................................................................................... 14
2.5 AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS ................................... 16
2.6 VACINAÇÃO NA GESTAÇÃO .............................................................................. 16
2.7 PRINCIPAIS SUPLEMENTOS PARA AS MULHERES NO CICLO GRAVÍDICO-
PUERPERAL .................................................................................................................. 17
2.8 PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL ...................... 18
2.8.1 ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO PARTO E NASCIMENTO................... 19
2.8.2 BOAS PRÁTICAS DO PARTO E NASCIMENTO .......................................... 19
2.8.3PLANO DE PARTO ........................................................................................... 21
ADAPTAÇÃO NEONATAL A VIDA EXTRAUTERINA ........................................... 22
CUIDADOS IMEDIATOS AO RECÉM-NASCIDO ..................................................... 27
REANIMAÇÃO NEONATAL ......................................................................................... 33
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ............................................................................. 35
6.1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ............................ 36
6.2 PROCESSO DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO BINÔMIO MÃE-
FILHO ............................................................................................................................. 37
6.2.1 Histórico ou coleta de dados............................................................................... 37
6.2.2 Diagnósticos de enfermagem.............................................................................. 39
6.2.3 Implementação da assistência de enfermagem ................................................... 40
AVALIAÇÃO..................................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 50

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Sumário

APRESENTAÇÃO

O nascimento é algo único e sua ocorrência gera inúmeros sentimentos em todos os


envolvidos, de modo que cada vivência possui a sua própria característica e merece uma
atenção em saúde específica e individualizada, considerando a grande diversidade dos
sujeitos. Nesse âmbito, existem vários conceitos importantes sobre saúde neonatal que
devem ser compreendidos, desde a criação de políticas públicas voltadas a essa população,
até o entendimento de questões conceituais e fisiológicas que envolvem o funcionamento
orgânico dos neonatos na sua adaptação a vida extrauterina.

Desse modo, no decorrer desse curso iremos abordar aspectos importantes sobre a
gestação, parto e puerpério, associado a assistência de enfermagem prestada ao binômio
mãe/filho nesse contexto.

A organização deste curso está articulada para que ao final, o profissional participante
do curso seja capaz de:

• Compreender a construção sócio-histórica das políticas públicas de saúde da mulher,


assim como as ações especificas voltadas ao contexto obstétrico e neonatal;

• Refletir sobre conceitos importantes referentes a neonatologia e o percurso de


adaptação a vida extrauterina;

• Compreender os cuidados gerais e de enfermagem voltados ao ciclo gravídico-


puerperal e pós-natal, com enfoque para a neonatologia.
Bons estudos!

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Apresentação

01
EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
DE SAÚDE OBSTÉTRICA E NEONATAL

Nos últimos o Brasil passou por relevantes mudanças nos aspectos demográfico,
socioeconômico estilo de vida que transformaram a qualidade de vida da população. Essas
mudanças também alcançaram a área da saúde, tivemos a criação do Sistema Único de
Saúde, com marcantes transformações nas políticas de saúde e a ampliação da atenção
primária.

No contexto histórico da sociedade brasileira diversas ações foram propostas e


construídas na atenção materna e neonatal traçaremos abaixo algumas medidas que
diretamente ou indiretamente colaboraram para a o avanço na atenção obstétrica e neonatal
no nosso país.

Então, a partir de 1988 com a reforma sanitária e constituição federal a compreensão


da atenção à saúde ganhou conceitos que consideravam princípios como a universalidade,
integralidade, equidade, descentralização, regionalização e de participação social no
surgimento do SUS. Essa nova visão originou novas perspectivas em diversas áreas da saúde,
dentre elas a atenção obstétrico e neonatal, que buscava um ser mais humanista,
compreendendo ações de forma integral a saúde das mulheres e crianças superando um
modelo mecanicista centrado apenas na doença, sem considerar as singularidades das
pessoas e uma atenção de qualidade e humanizada.

Muitos progressos foram realizados na atenção obstétrica a partir das políticas


públicas criadas, entretanto ainda é prevalente no Brasil a realização de intervenções, que
são prejudiciais à saúde materna e neonatal, ocasionando a mortalidade materna e neonatal
e muitas vezes por causas evitáveis.

Para modificar essa realidade ainda são necessárias mudanças, tais como o
fortalecimento das ações em rede, da Atenção Básica, implementar as ações das políticas
públicas indicativas à atenção obstétrica, condutas adequadas na assistência obstétrica e

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Unidade 01 Evolução das políticas públicas de saúde obstétricas e neonatal

neonatal e a realização de ações com a finalidade de empoderar a gestante e seu


acompanhante. Acreditamos, que essas ações poderão colaborar para transformação da
realidade obstétrica no Brasil e com isso melhorar os indicadores de saúde neste campo.

1.1 AVANÇOS E DESAFIOS NA ATENÇÃO MATERNA E NEONATAL


Um dos primeiros marcos na atenção materna e neonatal aconteceu 1975 com a criação do
Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil, pelo Ministério da Saúde (MS), esse
programa buscava a proteção e assistência materno-infantil e englobava os cuidados ao
período pré-concepcional, pré-natal, parto e puerpério.

Mas, depois de diversas críticas realizadas pelo movimento feminista por ter um
ponto de vista limitado ao ciclo gravídico-puerperal, nasce então em 1984, o Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), sua criação representou um marco
histórico, pois apresentava um novo enfoque à saúde da mulher brasileira, ele possuía ações
educativas, preventivas, diagnóstico e tratamento, assistência em clinicas ginecológicas, pré-
natal, parto, puerpério, climatério, planejamento familiar DST, câncer de colo de útero e de
mama e outras necessidades apresentadas pelas mulheres na época.

Assim, ao pensarmos sobre políticas públicas quanto aos direitos reprodutivos,


observa-se um esforço para interferir e agir na saúde feminina. Para se alcançar esses
objetivos foram realizadas as implantações de programas e políticas nacionais voltadas a
saúde da mulher.

Nesse sentido em 2004, o Ministério da Saúde estabelece a “Política Nacional de


Atenção à Saúde da Mulher”, visando a concretização dos avanços na área dos direitos
sexuais e direitos reprodutivos através de metas e avanços da atenção obstétrica. Então, para
alcançar a ampliação da execução das políticas de saúde foram criadas estratégias de
pactuações diretas e indiretas, tais como: a Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher,
o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, o Pacto pela Vida e a
Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2013).

Além disso, na década de 1980, ocorreu um movimento mundial em busca da


humanização do parto e nascimento atraindo a atenção para a necessidade de modificações
na assistência, na estimulação de novos pensamentos sobre a prática dos profissionais de
saúde e a valorização do papel primordial da mulher nesse processo, com atenção centradas
nas suas necessidades e segurança de forma humanizada.

No Brasil, o marco pela busca por humanização do parto e nascimento acontece em


1985 com a Conferência sobre Tecnologia Apropriada para o Nascimento e Parto, realizada
em Fortaleza/CE e organizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pelos
escritórios regionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa e Américas
(UFSC, 2017).

Dessa maneira, foram organizadas orientações, fundamentadas na reavaliação do


conhecimento sobre as técnicas obstétricas, com a finalidade de restaurar o processo natural

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

do nascimento e que a mulher tem papel central na assistência, sem tornar esse momento
cheio de procedimentos e intervenções desnecessárias (WHO, 1985).

Entre as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o processo


natural do nascimento, podemos destacar:

• Não é necessárias indicações para a prática de tricotomia e enema antes do parto;

• Não se deve realizar a episiotomia (incisão efetuada na região do períneo) de forma


rotineira;

• A mulher deve ter o direito a presença de um acompanhante de sua preferência


durante o trabalho de parto, no parto e puerpério e sua escolha precisa ser estimulada
e respeitada;

• Mesmo que a mulher tenha histórico de cesariana prévia, é importante estimular e


encorajar o parto normal;

• A prática da amniotomia de rotina, ou seja, a ruptura constante de forma intencional


e artificial das membranas amnióticas durante o parto não possui justificativa;

• A mulher precisa ser estimulada a se movimentar e escolher a melhores posições para


ela, sendo de livre escolha, enquanto a posição de litotomia deve ser evitada no
trabalho de parto e parto.

• Sempre que possível, o recém-nascido que está saudável, sem nenhum problema,
deve continuar junto com sua mãe;

• As mulheres que estão recebendo assistência nas instituições de saúde podem


resolver o que vestir e com o que se alimentar.

Assim em 1996, as orientações da OMS geraram o relatório “Maternidade Segura –


Assistência ao parto normal: um guia prático”, nele práticas para a assistência ao parto foram
indicadas ou não indicadas considerando evidências científicas (WHO, 1996).

Enquanto isso no Brasil, a Rede de Humanização do Nascimento (ReHuNa) foi


criada em 1993. Ela tem como objetivo divulgar a assistência e os cuidados perinatais,
baseados em evidências científicas, passando também a noticiar largamente as
recomendações da OMS em eventos, debates e publicando.

Nesta perspectiva de transformações da atenção obstétrica no Brasil, o Ministério da


Saúde tem apoiado, estimulado e acompanhado programas e ações, entre os quais separamos
alguns e vamos exibir a seguir:

• 1984 – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher: a mulher passa a


ser compreendida de forma integral e não mais somente no ciclo reprodutivo

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Unidade 01 Evolução das políticas públicas de saúde obstétricas e neonatal

• 1999 – Portaria no 985: estabeleceu a criação do Centro de Parto Normal, sendo


uma unidade de saúde que oferece atendimento humanizado unicamente ao parto
normal sem distócia.

• 2000 – Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN): visa


garantir a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento que
se inicia no pré-natal, passa pela assistência ao parto e vai até o puerpério
contemplando a gestante e o recém-nascido, no aspecto dos direitos de cidadania.

• 2004 – Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade materna e neonatal: Incide


na implementação de um grupo de ações articuladas, que busca a qualificação da
atenção obstétrica e neonatal.

• 2005 – Lei no 11.108: conhecida também como a “Lei do acompanhante”, ela obriga
as instituições de saúde a aceitarem a presença de um acompanhante de escolha da
mulher durante todo o processo do parto e puerpério imediato.

• 2007 – Lei no 11.634: a respeito do direito da gestante ao conhecimento e à sua


vinculação à maternidade em que irá receber a assistência.

• 2008 – Resolução no 36/2008: regulamenta as ações e práticas dos Serviços de


Atenção Obstétrica e Neonatal.

• 2011 – Portaria no 1.459/2011: estabelece a Rede Cegonha Rede Cegonha, como


uma estratégia que visa certificar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo
e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, e garantir às crianças o
direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Vale destacar que mesmo com todo o movimento para reduzir as intervenções na
atenção obstétrica, o excesso dessas práticas obstétricas ainda acontece durante o trabalho
de parto e parto. E que mesmo com todos os avanços obtidos, ainda persistem muitos
desafios a serem enfrentados no Brasil.

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02
REDE CEGONHA E AS ESTRATÉGIAS
PARA A MANUTENÇÃO DA SAÚDE
MATERNO-FETAL

No que diz respeito a estratégia da Rede Cegonha, tendo como um dos princípios garantir os
direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. E
como uma das suas diretrizes garantir o acesso as estratégias de planejamento reprodutivo
(BRASIL, 2011b). Ela ainda propõe maior facilidade no atendimento ao pré-natal, na
realização dos exames necessários, com a inclusão pelo menos um exame de
ultrassonografia, e caso necessário o encaminhamento para atendimento se ocorrer alguma
complicação durante a gestação.

O Art. 2° da portaria Nº 1.459, de 24 de junho de 2011 que institui, no Sistema Único


de Saúde a Rede Cegonha, descreve como princípios:

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Unidade 02 Rede cegonha e as estratégias para a manutenção da saúde materno fetal

"o respeito, a proteção e a


"o respeito à diversidade
realização dos direitos "a promoção da equidade"
cultural, étnica e racial"
humanos"

"a garantia dos direitos


sexuais e dos direitos
"a participação e a
"o enfoque de gênero" reprodutivos de mulheres,
mobilização social"
homens, jovens e
adolescentes"

"compatibilização com as
atividades das redes de
atenção à saúde materna e
infantil em desenvolvimento
nos Estados."

Já o Art. 3° da portaria define como objetivos da Rede Cegonha: Organização da


Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que ela possa assegurar o acesso,
acolhimento e resolutividade; promover a concretização de um novo modelo de atenção à
saúde da mulher e à saúde da criança, com enfoque no cuidado e assistência ao parto, ao
nascer, ao crescer e ao desenvolvimento da criança de zero a dois anos; e ter como resposta
a redução da mortalidade materna e infantil, com destaque na parte neonatal (BRASIL,
2011b).

Por fim, temos as diretrizes da Rede Cegonha o Art. 4° da portaria reconhece como
diretrizes:

1. O acolhimento com a realização da avaliação e classificação de risco, o aumento do


acesso e o progresso na qualidade do atendimento no pré-natal;

2. A certificação de vinculação da grávida à unidade de referência e ao transporte


seguro;

3. Assegurar a realização de boas práticas e garantia a segurança na atenção ao durante


o parto e nascimento;

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4. Assegurar a atenção à saúde das crianças desde o seu nascimento até os dois anos de
vida com qualidade e resolutividade;

5. Certificar a ampliação do acesso ao planejamento reprodutivo.

2.1 PRÉ-NATAL
A atenção à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde também incorpora como objetivo
a ampliação, qualificação e humanização do atendimento durante a gravidez e o período
puerperal, assim, a atenção pré-natal e puerperal são essenciais, sendo de responsabilidade
do Sistema Único de Saúde (SUS).

Uma vez que a realização do pré-natal de qualidade durante a gravidez pode diminuir
os índices de morbidade e a mortalidade materno-infantil consideravelmente, pois durante o
pré-natal é possível identificar algum risco gestacional pelo profissional de saúde, o que
possibilita que sejam realizadas as orientações necessárias e os encaminhamentos
apropriados. Apesar disso, essas taxas ainda são significativas e representam um desafio para
o sistema de saúde.

Assim, para mudar essa realidade é necessário ampliar a assistência pré-natal


adequada as gestantes, com ações de detecção e a interferência precoce nas condições de
risco, além de um trabalho de rede competente ágil, com a qualificação da assistência ao
parto. Esses são importantes determinantes dos indicadores de saúde relacionados atenção
materno infantil, pois através deles é possível diminuir as principais origens de mortalidade
materna e neonatal.

Nesse sentido, a atenção básica é apresentada como uma importante ferramenta para
alcançar esses objetivos. Por isso, é necessário cada vez mais ações para ampliação da
organização dos serviços ofertados pela atenção básica nos municípios, considerando
questões sobre processos do cuidado, acesso a exames e aos seus resultados em tempo
aceitável, bem como a qualificação dos profissionais de saúde. Assim como, garantir a
integração da Atenção Básica (AB) com a rede, visando o cuidado materno-infantil.

Para isso os estados e municípios precisam conter de uma rede de serviços constituída
para a atenção obstétrica e neonatal, com estruturas estabelecidas de referência e
contrarreferência e que deve garantir os seguintes elementos:

10 Passos para o pré-natal de qualidade na atenção básica

10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica MS – 2012

1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de


gestação (captação precoce)

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2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários


à atenção pré-natal.

3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação


em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no
atendimento pré-natal.

4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes,


considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e
não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes".

5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento


pré-natal, quando necessário.

6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas,


exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação:
"pré-natal do(a) parceiro(a)".

7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja


necessário.

8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico,


incluindo a elaboração do "Plano de Parto".

9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço


de saúde no qual irá dar à luz (vinculação).

10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei
no período gravídico-puerperal.

Fonte: Ministério da Saúde – 2012

2.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, ANAMNESE E ORIENTAÇÕES


A avaliação pré-concepcional é feita através de uma consulta com o casal antes da gravidez,
seu objetivo é realizar a identificação de condições de risco ou enfermidades que podem
modificar o processo normal de uma gestação futura. De tal modo, ela compõe uma
ferramenta importante para diminuir os índices de morbidade e mortalidade materna e
infantil.

De acordo, com Brasil (2012) no mínimo metade das gestações não são planejadas,
ainda que elas possam serem desejadas. Contudo, o que ocorre para a falta de planejamento,
em muitas ocasiões, é ausência de orientação ou de oportunidades para a obtenção de algum
método anticoncepcional. Sendo, o grupo de adolescentes afetados com mais frequência.

Consequentemente é necessário que o em planejamento reprodutivo seja implantado


na sua totalidade, sendo repassado as informações e orientações sobre os métodos de

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proteção e que ele seja de livre escolha e de acordo com a necessidade de cada pessoa, bem
como o estímulo à dupla proteção para prevenção da gravidez e do HIV/aids e das demais
IST. Essas ações podem acontecer nas consultas médicas, de enfermagem e visitas
domiciliares. Além disso, na realização de atividades educativas em ações de vacinação, nas
escolas e associações de moradores.

Devem ser desenvolvidas na avaliação pré-concepcional:

• Realizar a anamnese e exame físico;

• Solicitar exames laboratoriais e ginecológico;

• Investigar o uso de substâncias (medicação, hábito de fumar, álcool e drogas ilícitas);

• Realizar a história clínica, na busca de fatores que podem causar complicações na


futura gravidez;

• Levantar história familiar (doenças hereditárias, pré-eclâmpsia, hipertensão e


diabetes);

• Registrar história obstétrica.

Com o objetivo de ampliação da captação precoce das gestantes, o Ministério da


Saúde compreendeu o Teste Rápido de Gravidez no protocolo dos exames de rotina do pré-
natal e pode ser feito na própria atenção básica, com isso a confirmação da gravidez e o
início do pré-natal será realizado de maneira mais rápida. Portanto, toda mulher da área que
é compreendida pela unidade de saúde e apresenta história de atraso menstrual superior a 15
dias precisará ser orientada pelos profissionais de saúde a fazer o Teste Imunológico de
Gravidez (TIG), sendo solicitado pelo médico ou enfermeiro da unidade (BRASIL, 2012).

Em casos que a mulher apresenta história de atraso menstrual de mais de 12 semanas,


o diagnóstico da gravidez pode ser realizado pelo próprio exame clínico e do exame físico,
sem a necessidade de solicitar o TIG. E considerando as queixas principais da mulher como:
atraso menstrual, fadiga, mastalgia, ao aumento da frequência urinária e enjoos e/ou vômitos
matinais.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL


A gestação é um processo fisiológico, mas que envolve mudanças físicas, sociais e
emocionais devendo ser reconhecido assim pelas gestantes e equipes de saúde. Porém, por
conta de alguns aspectos de risco, determinadas gestantes podem apresentar maior
possibilidade de uma evolução complicada desse processo, ou seja, uma “gestante de alto
risco”.

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Nesse sentido, é necessário realizar a classificação das gestantes com o objetivo de


diminuir a morbimortalidade materno-infantil e ampliação do acesso com qualidade.
Entenda que a classificação de risco é um processo permanente e dinâmico para identificar
pacientes que precisam de tratamento imediato, conforme o potencial de risco, os agravos à
saúde ou o grau de sofrimento e que deve ocorrer em toda consulta.

De acordo com Brasil (2012) existem fatores de risco que admitem a realização do
pré-natal pela equipe de atenção básica e esses fatores são:

Fatores relacionados aos aspectos individuais e às condições sociodemográficas


desfavoráveis:

• Ter menos de 15 e mais que 35 anos;

• Profissão: esforço físico demasiado, carga horária vasta, rodízio de horário,


exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse;

• Apresentar situação familiar insegura e não aceitar a gravidez, especialmente em


adolescente;

• Situação matrimonial insegura;

• Baixo nível de escolaridade (menos de cinco anos de estudo regular);

• Aspectos ambientais desfavorável;

• Estatura menor do que 1,45m;

• IMC que demonstre baixo peso, sobrepeso ou obesidade.

Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:

• Recém-nascido com dificuldades de crescimento, pré-termo ou com malformação;

• Macrossomia fetal;

• Problemas com síndromes hemorrágicas ou hipertensivas;

• Intervalo entre um parto e outro menor do que dois anos ou maior do que cinco anos;

• Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos);

• Cirurgia uterina prévia;

• Três ou mais cesarianas.

Fatores relacionados à gravidez atual:

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• Ganho de peso inadequado;

• Infecção urinária;

• Anemia.

2.4 CALENDÁRIO DE CONSULTAS E EXAMES COMPLEMENTARES


O calendário de consultas deve iniciar precocemente, logo no primeiro trimestre e ser
regular. Essas consultas podem ser realizadas na unidade de saúde ou nas visitas
domiciliares. Para se garantir o mínimo de assistência é necessário realizar no mínimo seis
consultas, sendo intercalada entre médico e enfermeiro.

Por isso, o ministério da saúde adota para o cronograma de consulta as seguintes


recomendações:

IMPORTANTE LEMBRAR! Não existe “alta” das consultas de pré-natal antes


do parto. Mas quando o parto não ocorre até a 41ª semana é preciso encaminhar a
gestante para avaliação do bem-estar fetal.

Até 28ª semana Mensalmente

Da 28ª até a 36ª semana Quinzenalmente

Da 36ª até a 41ª semana Semanalmente

2.4.1 Exames complementares


Já na primeira consulta devem ser solicitados exames complementares para que seja
realizado o cuidado integral da gestante.

Exames do 1º trimestre:

• Hemograma;

• Tipagem sanguínea e fator Rh;

• Coombs indireto (se a mãe for Rh negativo);

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Unidade 02 Rede cegonha e as estratégias para a manutenção da saúde materno fetal

• Glicemia em jejum;

• Teste rápido para sífilis ou VDRL/RPR;

• Teste rápido para HIV ou sorologia (anti-HIV I e II);

• Toxoplasmose (IgM e IgG);

• Sorologia para hepatite B (HbsAg);

• Urina tipo I, urocultura e antibiograma;

• Exame da secreção vaginal (Se houver indicação clínica);

• Ultrassonografia obstétrica;

• Citopatológico (Se houver indicação clínica);

• Parasitológico de fezes (Se houver indicação clínica);

• Eletroforese da hemoglobina (devido ao alto grau de miscigenação da população


brasileira, todas as gestantes necessitam ser rastreadas para doença falciforme).

Exames do 2º trimestre:

• Teste de tolerância para glicose, com 75 g nas gestantes sem diagnóstico prévio de
DM (24ª a 28ª semana)

• Coombs indireto (se a mãe for Rh negativo).

Exames do 3º trimestre:

• Glicemia em jejum;

• Coombs indireto (se a mãe for Rh negativo) nesse caso o protocolo de Saúde da
Mulher da atenção básica do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016), diz que o coombs
indireto deve ser solicitado a partir da 24ª semana e repetido a cada 4 semanas, se
negativo;

• Teste rápido para HIV ou sorologia (anti-HIV I e II);

• Sorologia para hepatite B (HbsAg);

• Hemograma;

• Urina tipo I, urocultura e antibiograma;

• Exame de toxoplasmose só repete se o IgG do primeiro exame tenha como resultado:


não reagente;

• Teste rápido para sífilis ou VDRL.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

2.5 AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS


A ausculta dos batimentos cardíacos fetais - BCF representa uma importante etapa do pré-
natal e tem como objetivo verificar a cada consulta realizada como está a presença, o ritmo,
a frequência e a normalidade dos BCF. Essa ausculta precisa ser realizada com o sonar, é
possível realizar a técnica após 12 semanas de gestação, mas caso seja com Pinard, a ausculta
só será provável após 20 semanas.

É avaliada como normal a frequência cardíaca fetal entre 120 a 160 batimentos por
minuto (BRASIL,2012). Já de acordo com o Protocolo da Atenção Básica: Saúde das
Mulheres (2016), a frequência cardíaca fetal normal é de 110 a 160 bpm.

É importante lembrar que logo depois de contração uterina, da movimentação fetal


ou de estímulos mecânicos sobre o útero, é normal um aumento transitório na frequência
cardíaca fetal e que isso representa um sinal de boa vitalidade.

ATENÇAO! Se depois de contração uterina, da movimentação fetal ou de


estímulos mecânicos sobre o útero ocorrer uma desaceleração ou a não alteração
da frequência cardíaca fetal, temos, então, um SINAL DE ALERTA, o que
demanda a avaliação da vitalidade fetal, por isso a gestante deve ser referenciada
para um nível de maior complexidade ou à maternidade.

2.6 VACINAÇÃO NA GESTAÇÃO


Durante a gestação existem recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI),
do Ministério da Saúde, para a vacinação das gestantes. Pois a vacinação durante a gravidez
tem como objetivo não só proteger a gestante, como também a proteger o feto.

Esquema de vacinação da gestante

VACINAS SITUAÇÃO ESQUEMA INDICADO

Vacina contra Gestantes em qualquer período Dose única


influenza gestacional

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Unidade 02 Rede cegonha e as estratégias para a manutenção da saúde materno fetal

Vacina contra Gestantes com esquema Três doses com intervalo de 30


hepatite b incompleto: deve-se completar dias entre a primeira e a segunda e
o esquema. de 180 dias entre a primeira e a
terceira.
Gestantes com esquema
completo: não se deve vaciná-
las

Dupla adulto – Previamente vacinada, com 1 dose de dTpa, preferencialmente


dT e dTpa pelo menos 3 doses de vacina de ≥ da 20ª semana, pode ser
dT administrada até o puerpério.

Quando a vacinação é 1 dose de dT e 1 dose de dTpa, a


incompleta, tendo recebido 1 partir da 20ª semana de gestação.
dose de vacina dT Respeitando o intervalo mínimo de
30 dias entre elas.

Quando a vacinação incompleta 1 dose de dTpa a partir da 20ª


tendo recebido 2 doses de semana de gestação, o mais
vacina de dT precocemente possível.

Em gestantes não vacinadas 2 doses de dT; e 1 dose de dTpa, a


e/ou histórico vacinal partir da 20ª semana de gestação.
desconhecido Respeitar intervalo mínimo de 30
dias entre elas.

2.7 PRINCIPAIS SUPLEMENTOS PARA AS MULHERES NO CICLO


GRAVÍDICO-PUERPERAL
Ácido Fólico

É indicado para prevenção de anomalias congênitas do tubo neural, principalmente


nas mulheres com histórias prévias desse tipo de malformações; Indicado administração
preventiva de 400 mcg de ácido fólico, solução oral 0,2 mg/mL. A apresentação dessa
medicação é a solução oral 0,2mg/mL ou em cápsula de 400µg ou 0,4mg.

Sulfato Ferroso

É indicado uso para gestantes logo no início do pré-natal parao tratamento e


profilaxia de anemia. Usado em todo o período da gravidez até o 3º mês pós-parto ou pós-
aborto, na dosagem de 1 comprimido de sulfato ferroso/dia (200mg), que corresponde a
40mg de ferro elementar.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

2.8 PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL


Como visto ao longo desse tópico o papel da Enfermagem é muito importante para uma
assistência ao pré-natal de qualidade. Por isso, vamos destacar algumas das ações do
enfermeiro na assistência ao Pré-natal:

• Realizar orientações sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da


vacinação as mulheres e suas famílias;

• Realizar o preenchimento dos documentos, fichas e Cartão da Gestante, sem esquecer


nenhuma informação;

• Intercalar as consultas de pré-natal de gestação de baixo risco com o(a) médico(a) da


unidade;

• Fazer a solicitação dos exames complementares respeitando o protocolo local de pré-


natal;

• Fazer os testes rápidos na gestante;

• O enfermeiro também pode exercer a prescrição de medicamentos padronizados para


o programa de pré-natal e de medicamentos padronizados para tratamento das IST,
conforme protocolo;

• Avaliar o histórico de vacinas da gestante e orientar sobre as vacinas necessárias para


gestantes;

• Reconhecer os sinais de alarme e identificar casos de alto risco, realizando assim, o


encaminhamento para consulta médica. Bem como, garantir que gestante classificada
como de alto risco seja atendida;

• Executar o exame clínico das mamas e coletar o material para exame citopatológico
do colo do útero;

• Desempenhar ações educativas, individual e coletiva;

• Produzir ações de orientações as gestantes e a equipe sobre os fatores de risco e à


vulnerabilidade;

• Orientação as gestantes sobre a importância da frequência das consultas e praticar


busca ativa das gestantes que não comparecem as consultas;

• Prestar visitas domiciliares ao longo da gravidez e puerpério, realizar o


acompanhamento do processo de aleitamento e a orientação a mulher e seu
companheiro sobre o planejamento reprodutivo.

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Unidade 02 Rede cegonha e as estratégias para a manutenção da saúde materno fetal

2.8.1 ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO PARTO E NASCIMENTO


A expressão humanizar se refere a uma assistência que reconhece a qualidade do
atendimento na perspectiva técnica, relacionado ao cumprimento dos direitos do usuário, de
sua particularidade e instrução cultural, assim como o enaltecimento do profissional e da
comunicação efetiva. As condutas humanizadas do nascer são um meio no qual o
profissional deve identificar as particularidades sociais e culturais do parto e nascimento,
fornecendo apoio emocional à gestante e seus familiares, favorecendo a criação de relações
afetivas entre a família e a ligação entre mãe e filho, gerando possibilidades para que a
mulher alcance sua autonomia no decorrer de todo o processo e comunicar à mesma de todas
as condutas a que ela será sujeitada e de cumprir quaisquer direitos de cidadania.

Destarte, humanizar a assistência ao nascer acarreta modificações de práticas e de


normas com a finalidade de transformar essa condição o menos intervencionista possível.
Desta forma, caracterizam-se como um obstáculo, as entidades e aos profissionais que
acompanham neonato/família, modificar o conceito e as condutas prevalentes, com o intuito
de converter o nascimento em um acontecimento familiarizado, inserindo práticas que os
assumem como os protagonistas centrais envolvidos na situação do parto/nascimento.

2.8.2 BOAS PRÁTICAS DO PARTO E NASCIMENTO


Métodos não farmacológicos para o alívio da dor: compreendem estratégias naturais (não
estão associados ao uso de fármacos ou outras medidas associadas) e podem ser utilizadas
desde a chegada a maternidade, a fim de diminuir a dor durante o trabalho de parto e em
muitos casos, tornar esse momento mais prazeroso e mais rápido. Algumas das principais
estratégias serão apresentadas a seguir:

Deambulação: envolve a prática de andar durante o trabalho de parto, o que auxilia no


encaixe do bebê e é resolutivo para o alívio das dores provocadas pelas contrações. A
deambulação pode ocorrer dentro do quarto da maternidade e/ou ao ar livre e corredor,
quando houver esses espaços.

Banho morno ou de chuveiro: é a utilização do chuveiro da maternidade para tomar um


banho, de modo que isso auxilia na diminuição da dor, especialmente durante as contrações.

Massagem: a massagem pode ser realizada nas costas, e é excelente para o alívio da dor,
além de ter um efeito relaxante. Pode ser realizada pelo acompanhante ou pelo profissional,
através da utilização de óleos ou hidrantes da preferência da parturiente. Nesses momentos,
a utilização de musicoterapia, aromaterapia e um ambiente em meia luz pode deixar o local
ainda mais aconchegante e confortável.

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Cavalinho e bola suíça: o primeiro se refere a uma cadeira que faz movimentos de
“balanço” e o segundo é semelhante a uma bola grande que irão auxiliar tanto no alívio da
dor, como na saída do bebê.

Posições durante o parto: a posição durante o parto deve ser conforme preferência da
parturiente, porém, existem algumas que facilitam a saída do bebê, como é o exemplo das
posições de quatro apoios e cócoras.

Tratamento respeitoso: os profissionais devem respeitar as escolhas da mulher, tratá-la de


forma respeitosa e educada, sempre esclarecendo tudo que for feito durante todo o parto e
nascimento. Situações como pedir a mulher para falar mais baixo ou negar alimentação não
devem ser realizadas em momento algum.

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Unidade 02 Rede cegonha e as estratégias para a manutenção da saúde materno fetal

Contato pele a pele e amamentação: após o nascimento, a mãe deve ter o primeiro contato
com seu filho. Então, antes de qualquer coisa, é importante que o bebê seja colocado no peito
da mãe para que ela possa senti-lo e esperar o cordão umbilical parar de pulsar e assim ser
cortado. Ainda na primeira hora de nascimento, os bebês saudáveis devem ser estimulados
a mamar livremente.

2.8.3PLANO DE PARTO
O plano de parto compreende uma forma escrita (como uma carta) de expressar os desejos
da mulher e família para o momento do parto, sendo necessário à sua orientação durante o
pré-natal para que este possa ser levado a maternidade no dia em que ocorrer o trabalho de
parto. O quadro abaixo demonstra um exemplo de questões que podem estar inclusas nesse
documento.

Desejo a presença de um acompanhante no dia do parto? Quem?

Quais métodos de alívio da dor desejo utilizar?

Desejo me manter hidrata e/ou alimentada (substâncias leves, ex: isotônicos)

Desejo ou não a realização de toques vaginais e/ou episiotomia

Desejo ou não a utilização de medicamentos para alívio da dor e/ou ocitocina

Gostaria de ser informada, assim como meu acompanhante, sobre todas as condutas
realizadas

Ao nascer, gostaria que o cordão umbilical do bebê fosse cortado em tempo oportuno pelo
profissional/acompanhante/por mim

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

03
ADAPTAÇÃO NEONATAL A VIDA
EXTRAUTERINA

O nascimento de uma criança é um momento ímpar em que a família espera ansiosamente,


principalmente os pais, já que toda a família se prepara para a chegada de novos membros,
e essa expectativa gera muitas emoções, sentimentos e ansiedade. Esses novos membros
passarão a fazer parte de um ambiente pleno de aprendizados, descobertas e adaptações.
Esperanças, crenças, valores e construções sociais influenciarão a formação desse novo ser
que está em desenvolvimento.

Nesse aspecto, normalmente o parto ocorre quando a gestação chega ao seu termo,
em outras palavras, quando chega a 37° semana completa de gestação até a 41° semana e 6
dias. Após esse período se pode considerar uma gestação pós termo e antes desse período há
um corte entre 22 e 36 semanas e 6 dias, sendo assim considerada gestação pré-termo.

Antes do período de 22 semanas, a interrupção espontânea ou provocada da gestação


é considerada abortamento, segundo documentos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para promover uma assistência materno-fetal qualificada e de modo eficaz, torna-se


fundamental que o profissional, especialmente de enfermagem, conheça os períodos clínicos
do parto normal e assim, desenvolva um raciocínio crítico para o estabelecimento de metas
assistenciais.

Desse modo, o trabalho de parto em si, corresponde a uma série de eventos biofísicos
e mecânicos, no qual desencadeia na saída dos produtos da concepção (feto e anexos),
através do corpo materno, dividido em quatro estágios ou períodos sendo o primeiro deles,
o período de dilatação, o segundo de expulsão, o terceiro de dequitação e o quarto é
denominado período de Greenberg.

O primeiro estágio ou primeiro período, corresponde ao início do trabalho de parto,


onde são observados os primeiros sinais de evolução clínica. É também conhecido como
período de dilatação, onde o orifício do colo uterino começa a dilatar proporcionando uma
abertura que se tornará cada vez maior ao longo do progresso parturitivo, no intuito de

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Unidade 03 daptação neonatal a vida extrauterina

favorecer a passagem do feto e anexos. Esse período tem seu início a partir da presença de
contrações uterinas regulares e termina com a dilatação completa do colo do útero, sendo
importante a avaliação da regularidade e intensidade dessas contrações, assim como dos
centímetros de dilatação atingidos. Além da dilatação, outra alteração cervical é observada
nesse período, conhecida como apagamento do colo uterino, é o processo em que há um
afinamento das paredes cervicais, o que facilitará o processo de dilatação.

A fim de compreender melhor o período de dilatação, devemos considerar que este


divide-se em três fases: fase latente, fase ativa e fase de transição.

Anterior a fase latente, classifica-se um momento conhecido como pródomos ou


período prodrômico, onde podem ser caracterizadas contrações irregulares do útero ou a
saída do tampão mucoso.

Já na fase latente, a dilatação do colo uterino vai até 3 a 4 cm e as contrações uterinas


intensidade mais fraca e curta duração (o intervalo entre elas pode variar de 10 a 15 minutos
e sua duração entre 15 e 20 segundos). O apagamento uterino está em torno de 60 a 70%.
Esta fase é mais demorada, porém não proporciona desconforto doloroso intenso, de forma
que a mulher não precisa ser hospitalizada às pressas, deve ser estimulada quanto à prática
de deambulação, hidratação e ingestão de dieta leve.

Na fase ativa as contrações aumentam de intensidade, frequência e duração,


chegando de 30 a 45 segundos de duração e dilatação uterina que vai de 4 a 8 cm. A
parturiente pode queixar-se do aumento das dores, já que há aumento na intensidade das
contrações. O apagamento do colo uterino está a partir de 80% e o feto deve estar
progredindo pelo canal de parto em direção da saída.

Na fase de transição as contrações se intensificam (45 a 60 segundos) até chegar à


dilatação completa (10 cm) e a apresentação do feto desce mais no canal vaginal da mulher.
O colo uterino se encontra 100% apagado. Muito embora não seja um padrão, nesse
momento pode ainda ocorrer a rotura espontânea das membranas ovulares, com saída parcial
do líquido amniótico. É comum que a parturiente relate sentimentos como medo e apresente
dores mais intensas.

O segundo período clínico do parto também conhecido como período expulsivo,


inicia-se a partir da dilatação completa do colo do útero (10 cm) e termina com a expulsão
fetal. O tempo de ocorrência desse período também varia entre primíparas multíparas, sendo
mais demorado em primíparas.

Terceiro período ou dequitação, é também conhecido como secundamento e/ou


delivramento. Tem início posterior a expulsão fetal, com término após a saída completa da
placenta e anexos. É um período de duração curta, sendo em média 5 a 20 minutos, sendo
considerada prolongada quando a duração ultrapassa 30 minutos.

Quarto período ou período de Greenberg compreende o momento de pós-parto


imediato que se inicia após a dequitação da placenta, estendendo-se pelas primeiras 1 ou 2
horas após o parto (também conhecido como hora de ouro). Por ser um momento de
estabilização do organismo materno, pode apresentar algum risco, sobretudo a possibilidade
de hemorragias. Comumente, ocorre nesse período o primeiro contato entre a mãe, o bebê e
a família.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

No quarto período do pós-parto, se inicia a fase neonatal extrauterina, que


compreende o intervalo desde o nascimento até a criança completar 28 dias. O período
neonatal pode ser precoce ou tardio, sendo estes respectivamente, o tempo entre o
nascimento e momento em que a criança completa 6 dias de nascimento e o intervalo entre
o 7º dia até o 27° dia, após o nascimento.

A principal característica fetal para o nascimento se refere a expulsão uterina


completa do feto, de modo que o recém-nascido apresenta bom padrão respiratório,
batimentos cardíacos dentro da normalidade, pulsação no cordão umbilical ou qualquer
movimento ativo envolvendo a tonicidade muscular, sendo considerado assim, feto vivo.

Assim sendo, o bebê passa todo o seu desenvolvimento celular, orgânico e motor
dentro do útero da mãe, em um ambiente calmo, molhado, aquecido e aconchegante. Ao
sair desse ambiente, o novo ser se depara com a necessidade de adaptar seu organismo as
necessidades de um novo local, e isso requer a participação ativa de todos os seus órgãos,
para que possa sobreviver em boas condições fora do útero.

O processo de adaptação extrauterina pode ser tranquilo para muitos recém-


nascidos, mas para alguns, pode ser demorada e difícil. Imediatamente após o nascimento,
o bebê entra em um dos períodos mais difíceis do ciclo da vida humana, fato que é
comprovado pelo índice de mais de 50% da mortalidade infantil ocorrer dentro do período
neonatal. Em outras palavras, metade das mortes são causadas por problemas decorrentes
deste período, sendo de suma importância, o conhecimento dos profissionais acerca das
adaptações fisiológicas e das principais necessidades nesse âmbito.

Essa adaptação começa a ocorrer a partir do trabalho de parto, onde este proporciona
modificações sistêmicas e orgânicas para o feto, tendo em vista que diversas adaptações
fisiológicas precisam ser realizadas rapidamente, para que possa ser garantida a sua
sobrevivência no extraútero. No parto normal, a passagem do bebê pelo canal de parto
oportuniza um evento de compressão do sistema respiratório, que faz com que ele elimine
líquidos da cavidade e faça então, a expansão pulmonar necessária a livre respiração, porém,
em alguns casos, o bebê pode apresentar alterações na respiração, tônus musculares e outras
estruturas, evidenciado em situações de sofrimento fetal, dentre outros.

Tendo em vista que o ambiente externo é aéreo e o recém-nascido precisa respirar


livremente, as modificações mais importantes do momento extrauterino são as adaptações
cardiovasculares/circulatórias e as respiratórias.

Nesse aspecto, após o nascimento, a primeira importante modificação ocorre na


circulação, onde essa, passa de circulação fetal para circulação neonatal.

A circulação fetal é realizada através de um circuito específico para esse período,


também chamado de “shunt” que conta com a participação de três estruturas denominadas
ducto venoso, forame oval e ducto arterioso. Essas estruturas são responsáveis por manter o
fluxo da circulação fetal, que corre de maneira misturada no que se refere ao sangue venoso
e arterial.

No período intrauterino a placenta é responsável por enviar sangue oxigenado pela


veia cava inferior, mais especificamente a veia umbilical que leva uma parte do sangue para
o fígado, por meio da circulação hepática e a outra grande maioria sanguínea é enviada a

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Unidade 03 daptação neonatal a vida extrauterina

veia cava inferior por meio do ducto venoso, sendo na veia cava, o local em que os sangues
pobre e rico em oxigênio se misturam.

Desse sangue, podemos destacar 2/3 que saem pelo forame oval e chega ao átrio
esquerdo, local que irá misturar com o sangue das veias pulmonares e irá direcioná-lo ao
ventrículo esquerdo, para enfim chegar à circulação sistêmica através da aorta.

Já no átrio direito, o sangue misturado da veia cava inferior chega ao ventrículo


direito e percorre para o tronco da artéria pulmonar. Após esses eventos, o volume sanguíneo
se desvia para a aorta mediante ducto arterioso e faz seu retorno tanto para a veia cava
inferior, quanto para a placenta. Os eventos supracitados são explicados pelo fato de existir
uma aumentada resistência vascular pulmonar durante o período fetal, onde os vasos estão
congestos, possuem resistência, e não há ventilação pulmonar devido a presença de fluidos
na região e somente ao nascimento é que a resistência vascular sistêmica ganha seu espaço
e a pulmonar caí.

Ao nascimento, mediante clampeamento e corte do cordão umbilical, além do


primeiro episódio respiratório, ocorre essa troca entre as resistências pulmonar e sistêmica.
Em decorrência disso, o retorno venoso que ocorria para a veia cava inferior dá lugar ao
fluxo aumentado para o átrio esquerdo, de forma que o sangue proveniente das veias cavas
superior e inferior entram no átrio direito, sendo bombeado pela artéria pulmonar, processo
esse que se assemelha muito a circulação de um indivíduo adulto.

Outra situação importante de ser destacada é o fechamento dos shunts fetais ao longo
dos primeiros dias de vida, processo que nos bebês prematuros demora mais a ocorrer,
devido a necessidade que seu organismo tem de montar uma circulação semelhante a
observada no momento intrauterino, visando manter a vida e a estabilidade orgânica.

Acerca das adaptações cardiovasculares e hematológicas, se destaca novamente o


fechamento fisiológico das estruturas circulatórias fetais, além de uma diminuição no
volume sanguíneo em comparação com a circulação intraútero, chegando a níveis em torno
de 80 a 90ml/kg, com aumento de hemácias e diminuição do tamanho eritrocitário tendo em
vista oxigenar os tecidos. A hemoglobina fetal é substituída pela neonatal e embora a taxa
plaquetária esteja dentro dos padrões normais, o recém-nascido apresenta tendência a
eventos hemorrágicos, tendo em vista que há deficiência de vitamina K e fragilidade capilar.

Sobre o sistema respiratório, é válido enfatizar que no ambiente intrauterino a


oxigenação do sangue é feita através da placenta e ao nascer, são necessárias alterações
importantes a fim de promover a troca de gases no ambiente externo.

Antes do nascimento, a produção de surfactante (líquido importante para manter o


bom funcionamento alveolar/pulmonar) começa a ocorrer por volta da 24° semana, atingindo
seu pico em torno da 35° semana. Ao nascimento, o evento de compressão causado pela
passagem no parto vaginal, conforme mencionado, auxilia nesse processo de respiração, que
ocorre mediante estímulos inicialmente químicos e térmicos, de modo que os fatores
químicos presentes no sangue, iniciam impulsos para excitar e estimular o centro respiratório
na medula, enquanto o estímulo térmico excita impulsos sensoriais na pele que são
transmitidos ao centro respiratório, ocorrendo assim a primeira respiração neonatal.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

O sistema hepático neonatal pode apresentar incompletude ou imaturidade ao


nascimento, e isso provoca alterações nos processos de armazenamento do ferro,
metabolismo de carboidratos, liberação de bilirrubina e coagulação sanguínea, que podem
ser ainda mais severas quando se trata de imaturidade hepática por nascimento prematuro.

Sobre o sistema urinário e digestivo, vale salientar que a urina neonatal aparece por
volta das 48 horas pós nascimento e a eliminação das primeiras fezes (mecônio contendo
lanugem, bile e restos epiteliais) ocorre no período entre 12 e 24 horas. Acerca da capacidade
gástrica, destaca-se que esta, se inicia menor, com algo em torno de 40 a 60ml de capacidade
e as enzimas do sistema digestivo encontram-se em baixos níveis até o sexto mês de vida,
sendo, portanto, indicada a alimentação láctea, especialmente por meio do aleitamento
materno.

As respostas imunológicas estão presentes ao nascimento, porém, a produção


efetiva de imunoglobulinas (Ig) não acontecem efetivamente, de modo que só começarão a
ser de fato produzidas quando o recém-nascido entrar em contato com os microrganismos,
ou quando iniciar o processo de vacinação. É importante mencionar que a imunização da
mãe para algumas doenças pode proteger a criança pelos primeiros meses de vida,
principalmente quando está em fase de amamentação, porém, a necessidade e os benefícios
da vacinação para proteger contra várias doenças e produzir seus próprios anticorpos é
inquestionável.

O sistema neurológico, mais especificamente o sistema nervoso central (SNC)


possui papel fundamental no estímulo ao funcionamento e desenvolvimento dos principais
órgãos, como é o caso dos estímulos direcionados ao sistema respiratório, cardiovascular,
termorregulatório e musculoesquelético, uma vez que, deficiência nas respostas primitivas e
nos estímulos sensoriais podem demonstrar imaturidade do sistema neurológico.

Exemplificando as alterações envolvendo a termorregulação, é preciso enfatizar


que alguns fatores predispõem a uma perda excessiva de calor, sendo eles, a capacidade de
grande parte da superfície do recém-nascido facilitar a perda de calor para o ambiente, a fina
camada subcutânea oferece isolamento deficiente no que se refere a conservação de calor,
além do recém-nascido possuir um mecanismo diferente no que tange a produção de calor,
o que pode aumentar através de tremores.

Quanto ao sistema endócrino, alterações e fatores estressantes do meio externo


podem causar alterações, sendo de suma importância atentar para o aquecimento do bebê
após a sua saída, observação acerca da presença de infecções e/ou prematuridade. Sobre as
alterações endócrinas e metabólicas que podem ocorrer mediante fatores associados,
destacam-se a hipoglicemia (glicose abaixo de 40 a 45 ml/dl) e a hiperglicemia (glicose
acima de 125 ml/dl para bebês a termo e acima de 150 ml/dl para bebês prematuros).

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Unidade 04 Cuidados imediatos ao recém-nascido

04
CUIDADOS IMEDIATOS AO RECÉM-
NASCIDO

No âmbito da neonatologia, o enfermeiro deve oferecer seus saberes e práticas científicas


construídos ao longo da sua experiencia e formação para ofertar um cuidado de qualidade
ao recém-nascido, sobretudo no momento do nascimento e da adaptação extrauterina, através
da implementação de um cuidado holístico e integral, avaliando de forma contínua o binômio
mãe/filho e intervindo em eventuais problemas.

Para tanto, é necessário enfatizar alguns cuidados imediatos prestados ao neonato,


tendo em vista observar as condições do recém-nascido nos primeiros minutos e hora de
vida, na tentativa de buscar possíveis sinais de complicações, deficiências ou necessidade de
reanimação neonatal.

É fato que os recém-nascidos requerem uma observação minuciosa, habilidosa e


assertiva, no intuito de assegurar uma adaptação satisfatória à vida extrauterina, tendo em
vista que o bem-estar neonatal depende dessa boa adaptação. Assim, devem ser mencionados
para a avaliação inicial do recém-nascido, o índice de apgar, a avaliação transicional durante
os períodos de reatividade, a avaliação da idade gestacional e o exame físico sistemático.

Acerca do índice de apgar, este compreende o método mais utilizado para avaliação
da adaptação imediata, que compreende um teste realizado pela equipe de saúde responsável
pelo acompanhamento do parto, direcionado ao recém-nascido, logo após o seu nascimento,
e visa avaliar seu estado geral e vitalidade, baseado em frequência cardíaca, esforço
respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa (tosse e choro) e cor, onde cada item
recebe uma pontuação que varia entre 0, 1 ou 2 , com avaliações feitas no 1’ e 5’ minuto
após o nascimento, sendo continuada até que a condição do bebê se estabilize, naqueles que
necessitarem de intervenções e cuidados médicos, refletindo assim, na sua condição geral.

Para exemplificar o escore de apgar com seus respectivos valores e resultados de


referência, foi destacado cada um deles no quadro abaixo.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

ESCORE

SINAIS 0 1 2

Frequência Ausente < 100 bpm > a 100 bpm


cardíaca

Respiração Ausente Lenta e irregular Regular e chorando

Tônus muscular Flácido Alguma flexão Movimentos ativos

Irritabilidade Sem resposta Careta Tosse, espirro e


reflexa choro

Cor Azul ou pálido Corpo rosado e Rosada


extremidades azuis

Os valores acerca dos achados devem somar entre 8 e 10 pontos para que o recém-nascido
seja considerado com boa vitalidade e boas respostas. Dessa forma, devem ser considerados
os seguintes valores:

• 0 – 3: asfixia e hipóxia grave

• 4 – 7: asfixia ou dificuldade moderada

• 8 – 10: boa vitalidade

A avaliação da idade gestacional (IG) também é considerada um critério avaliativo


importante, já que os maiores índices de morbimortalidade neonatal estão relacionados a IG
e ao peso ao nascimento. Nesse aspecto, o método mais utilizado na atualidade é a nova
escala de Ballard que propõe a avaliação de seis sinais físicos externos e seis sinais
neuromusculares, o que inclui pontuações que refletem sinais do recém-nascido
extremamente prematuro, tais como: pálpebras fundidas, tecido mamário imperceptível, pele
transparente, friável, pegajosa e sem lanugo, além de flexão do pulso em mais de 90 graus.

As imagens abaixo refletem os valores e os parâmetros avaliados pela escala, onde


quanto menor for o resultado da somatória, piores são as condições neonatais.

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Unidade 04 Cuidados imediatos ao recém-nascido

Fonte: Ferramenta de avaliação da idade gestacional. The New Ballard Score (1991).

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

A avaliação dos parâmetros de maturidade física é realizada dentro das primeiras 2


horas de nascimento e a avaliação dos parâmetros neuromusculares são avaliados no
intervalo dentro das 24 horas pós-nascimento.

A pontuação atribuída aos parâmetros varia entre -1, 0, +1, +2, +3, +4, +5, onde os
seis sinais físicos externos e os seis sinais neuromusculares devem receber algum dos valores
mencionados acima, tudo com base na avaliação feita pelo profissional, de modo que a
somatória dos 12 parâmetros irá definir a idade gestacional entre 20 e 44 semanas, conforme
resultados descritos no quadro abaixo.

ESCORE SEMANAS

-10 20

-5 22

0 24

5 26

10 28

15 30

20 32

25 34

30 36

35 38

40 40

45 42

50 44

Além das avaliações supracitadas, destaca-se o exame físico do neonato, ainda nos
primeiros momentos do seu nascimento, que deve incluir as seguintes avaliações:

• Avaliação do peso corporal (os valores têm em média 3.400 g, com variação entre
2.700 e 4.000 g)

• Idade gestacional com curvas de crescimento intrauterino

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Unidade 04 Cuidados imediatos ao recém-nascido

• Perímetro cefálico (deve medir entre 33 e 35 cm, sendo considerado microcefalia


quando a medição for entre valor igual ou inferior a 31,9 cm para meninos e igual ou
inferior a 31,5 cm para meninas)

• Perímetro torácico que possui em torno de 1 a 2 cm a menos que a cabeça, onde a


circunferência média tem em torno de 30 a 33 cm

• Comprimento da cabeça ao calcanhar (cefalocaudal) onde a média é de 50 cm,


podendo variar de 45 a 55 cm

• Sinais vitais

• Estado geral com descrição da postura e comportamento, observar o grau de alerta,


sonolência e irritabilidade do neonato

• Verificar a textura da pele, coloração e lanugo

• Avaliação geral da cabeça com observação geral do seu contorno, ossos que
compõem o crânio, fontanelas, com palpação a fim de averiguar possíveis massas ou
proeminências no crânio, avaliar o grau de controle da cabeça e características de
atraso que podem ser evidenciadas em neonatos com síndrome de Down,
prematuridade, hipóxia e comprometimento neuromuscular.

• Examinar os olhos quanto à presença de qualquer opacidade ou nebulosidade

• Examinar as orelhas em relação a sua posição, estrutura e função auditiva

• Verificar se há secreções ou qualquer líquido no nariz, de modo que possam interferir


na respiração

• Observar boca e garganta para verificar se há algum defeito como lábio leporino e
fenda palatina

• Avaliar as extremidades quanto a simetria, amplitude de movimentos e sinais de má-


formação, além de observar a quantidade de dedos nas mãos e pés observando
presença de polidactilia ou sindactilia, bem como observar se a região palmar possui
depressões habituais

• Avaliar genitália e reto a fim de identificar possíveis alterações

• Avaliar o neurológico observando se reflexos importantes são provocados como o


reflexo de preensão (Moro) e o de Babinsk conforme demonstrados na imagem
abaixo.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

O comportamento do RN deve ser analisado ao passo em que o exame e os testes são


realizados, pois auxilia a moldar sua habilidade de reação a diversos estímulos, além de
verificar padrões de sono, atividade e choro.

A amamentação deve ser estimulada ainda na primeira hora, sempre que possível,
tendo em vista que além de ser um fator protetor contra as hemorragias pós-parto na mãe,
estabelece vínculo inicial entre o binômio.

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Unidade 05 Reanimação neonatal

05
REANIMAÇÃO NEONATAL

A reanimação neonatal é um procedimento essencial para a estabilização do recém-nascido


com quaisquer alterações relacionadas a vitalidade após o nascimento. Em 2016, a Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) publicou uma diretriz acerca dos processos desenvolvidos
durante a reanimação de neonatos com menos de 34 semanas e com mais de 34 semanas, e
até a presente data, essa é a recomendação utilizada, podendo sofrer alterações a medida em
que os órgãos de saúde perceberem a necessidade.

Dessa forma, para realização do procedimento em recém-nascidos acima de 34


semanas, é necessário observar as seguintes recomendações (ALMEIDA; GUINSBRUG,
2016):

• O clampeamento tardio do cordão umbilical deve ser considerado para recém-


nascidos a termo e prematuros sem complicações

• A sala de reanimação deve conter profissionais devidamente capacitados, conter pelo


menos um médico pediatra, e nos casos de gêmeos, deve existir uma equipe para
cada neonato

• A reanimação de RN > 34 semanas deve ser realizada imediatamente, sempre que a


resposta for NÃO a pelo menos uma das seguintes perguntas: gestação a termo?
Respiração ou choro presentes? Tônus muscular em flexão?

Após conduzidos para a mesa de estabilização/reanimação, alguns passos iniciais devem ser
seguidos dentro dos primeiros 30 segundos, sendo eles:

• Prover calor (temperatura ambiente – 23-26°C, manter portas fechadas, remover


campos úmidos e secar o RN)

• Posicionar a cabeça em leve extensão

• Aspirar boca e narinas, se necessário

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

• Secar o RN

• Durante a estabilização/reanimação devem ser seguidas as seguintes recomendações:

• Avaliar respiração, expansão torácica ou presença de choro

• A respiração deve ser regular e a frequência cardíaca deve ser > 100 bpm

• Se a frequência cardíaca for <100 bpm e/ou apneia, realizar ventilação com pressão
positiva (VPP) iniciada no “Golden minute” ou “minuto de ouro que corresponde ao
1° minuto de vida

• Em consonância com as recomendações anteriores, posicionar oxímetro no punho ou


mão direita e eletrodos do monitor cardíaco em cada braço, próximo ao ombro, assim
como, na face anterior da coxa. A partir disso, realizar o acompanhamento da
frequência cardíaca pelo monitor e a saturação de oxigênio (SatO2) através do
oxímetro

• Seguir protocolo de reanimação

• Sobre a VPP, ela é feita na frequência de 40 a 60 movimentos por minuto


(aperta/solta/solta) ou (oclui/solta/solta) se VPP com ventilador manual em T. Fixar
o fluxo gasoso (oxigênio) em 5L/min ou 5 a 15L/min com ventilador manual em T.
Iniciar com pressão inspiratória de 20cmH2O no ventilador manual em T, pressão
máxima do circuito de 30-40cmH2O, pressão inspiratória de 20 a 25cmH2O e
pressão expiratória final positiva (PEEP) de 5 cmH2O

• Massagem cardíaca após VPP não eficaz, com cânula traqueal e oxigênio de 60 a
100% com movimentos de 3 compressões para 1 ventilação

• Se a frequência cardíaca < 60 bpm persistir, realizar adrenalina conforme protocolo


da unidade

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Unidade 06 Assistência de enfermagem

06
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A enfermagem possui um grande diferencial que consiste na capacidade de apoiar e


comunicar-se com a parturiente e familiares, fortalecendo o contato e o vínculo, promovendo
uma relação interpessoal importante, principalmente durante a parturição, tornando-se
primordial desde o início.

Portanto, as atividades realizadas pelo enfermeiro demandam responsabilidades


múltiplas, além de conhecimentos específicos e de habilidades, possuindo competência para
identificação de riscos de forma precoce e complicações nas gestantes em trabalho de parto
ou não, além de desempenhar a assistência de acordo com os preceitos da integralidade e
equidade, objetivando um atendimento humanizado individual e coletivo.

Com base na execução de uma assistência aliada a bons resultados em saúde, a


enfermagem possui aparatos científicos e baseados em evidências, que quando aliados teoria
e prática, tornam possível um cuidado resolutivo e pautado nas reais necessidades do
paciente.

A partir dessa perspectiva, vale ressaltar uma ferramenta específica da profissão, que
serve como base para todo o cuidado de enfermagem, sendo de suma importância, que o
profissional tome conhecimento e seja estimulado a sua utilização na prática clínica. Os
tópicos abaixo irão abordar de modo mais detalhado sobre a Sistematização da Assistência
de Enfermagem, com enfoque para o processo de enfermagem, como ferramenta essencial
do cuidado e sua aplicação na assistência prestada a mulher durante o ciclo gravídico-
puerperal e do neonato, tendo em vista que ambos precisam de atenção e cuidados durante
todo o processo gestacional.

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

6.1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


Com base no exposto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), pode ser
aplicada as diversas necessidades do paciente, o que inclui o cuidado de enfermagem em
saúde da gestante, nas síndromes hipertensivas, atuando de forma relevante, pois representa
uma etapa importante no contato profissional com o paciente, considerando uma ferramenta
teórico científica, que contribui para o crescimento da profissão enquanto ciência, embasa o
raciocínio clínico, a tomada de decisões e o planejamento dos cuidados de enfermagem.

A possibilidade de aplicar a SAE no cotidiano dos diferentes cenários


assistenciais torna o enfermeiro capaz de exercer as suas funções privativas, sem relegar suas
funções junto a equipe. A SAE é um instrumento do cuidado e deve ser desenvolvida com
vistas a qualificar a assistência e minimizar os riscos aos usuários.

O enfermeiro deve compreender a SAE e aplicá-la em seu trabalho para construir


seu compromisso com a melhoria da qualidade da assistência e a promoção da autonomia
do indivíduo. Porém, constata-se que a maioria dos profissionais apresenta
desconhecimento desse método de trabalho, não o utilizando na prática profissional, ou
apenas realizando algumas de suas etapas.

Sobretudo, a SAE organiza o trabalho profissional quanto ao método, de pessoal e os


instrumentos metodológicos, tornando possível a operacionalização do Processo de
Enfermagem, que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da
prática profissional.

Desse modo, integrado a SAE, utiliza-se o Processo de Enfermagem (PE) dividido


em cinco etapas, que segundo Wanda Horta, são inter-relacionadas, sendo elas: histórico de
enfermagem ou coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem,
implementação e avaliação de enfermagem. A imagem abaixo demonstra as cinco etapas do
processo de enfermagem de modo interligado e interdependente.

Histórico ou
Coleta de
Dados

Evolução de Diagnóstico
de
Enfermagem PROCESSO DE Enfermagem
ENFERMAGEM

Planejamento Avaliação da
da assistência
Assistência

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Unidade 06 Assistência de enfermagem

O termo Processo de Enfermagem (PE) esteve sempre presente entre a profissão de


enfermagem, mesmo sem o devido reconhecimento e utilização. Desde os primórdios, já se
observava a necessidade de sistematizar a assistência, especificamente, quando Florence
Nightingale já observava a necessidade de as enfermeiras possuírem um olhar crítico,
observando cada paciente e realizando julgamentos críticos acerca do encontrado.

De acordo com a resolução COFEN 358/09, o processo de enfermagem que integra


a SAE, visa oferecer um cuidado que atue nas necessidades individualizadas de cada
indivíduo ou coletividade. Todos os profissionais de enfermagem devem participar da
elaboração e execução do processo de enfermagem e suas etapas, desde que respeitadas as
recomendações previstas pela legislação profissional de cada um, onde os técnicos de
enfermagem ou auxiliares de enfermagem, devem realizar as atividades que lhe couberem
de modo ético e legal, sempre sob a supervisão de um profissional enfermeiro.

No contexto da Atenção Básica e Saúde da Mulher a Sistematização da Assistência


de Enfermagem pode ser utilizada para ajudar o profissional no cuidado da mulher durante
o período gestacional. Essa assistência consiste em um planejamento qualificado para o
acompanhamento do binômio durante gestação, parto e puerpério.

Sendo assim, alguns cuidados devem ser observados em diferentes


momentos, tanto durante a gestação, quanto no parto, puerpério e período neonatal.

6.2 PROCESSO DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO BINÔMIO


MÃE-FILHO
Na atenção básica, durante o pré-natal, o enfermeiro deve buscar achados saúde materno-
fetal, além de identificar situações que possam demonstrar risco ou evidência de
complicações para esse período. Neste contexto, na coleta de dados o profissional deve
acolher e dialogar com a gestante, ouvindo-a atentamente em suas necessidades e queixas.
Interrogar sobre gestações anteriores, histórico de saúde pessoal, obstétrica e familiar, além
da realização da anamnese e exame físico completos.

6.2.1 Histórico ou coleta de dados


Assim, durante a consulta de enfermagem, mais especificamente na fase de anamnese, o
enfermeiro deve acolher a mulher desde a sua chegada à unidade de saúde, promover uma
escuta ativa das suas demandas, sempre articulando com outros serviços e demais
profissionais da equipe para dar continuidade a assistência, investigando questões associadas
a gestação.

Em consonância, deve ser realizado um exame físico céfalo-caudal, com atenção para
alguns aspectos:

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

• Verificar a pressão arterial (PA) que deve ser realizada idealmente após um descanso
de pelo menos cinco minutos, com a mulher sentada confortavelmente, sem falar,
pernas descruzadas, costas apoiadas e braço apoiado, de modo que a medida seja
feita com o braço na altura do átrio direito (meio do osso esterno)

• Checar se a mulher ingeriu álcool, café, coca e/ ou fumou cigarro antes e na hora de
verificar a PA, pois isto deve ser evitado

• Observar peso e medida do IMC verificando a presença de edema. Orientar para er-
guer as pernas no máximo 15 minutos, algumas vezes ao dia, para reduzir o edema,
caso a paciente não apresentar insuficiência cardíaca congestiva

• Realizar o cálculo da idade gestacional, altura uterina (avaliar, sobretudo, restrição


de crescimento fetal), observar batimentos cardiofetais, e se necessário encaminhar
para a ultrassonografia de acordo com o protocolo da unidade

• Realizar a contagem de movimentos fetais (mobilograma) se necessário e orientar


que a mãe possa fazer em casa diariamente, ou pelo menos com frequência. Uma das
formar de observar é com a gestante alimentada antes de começar o registro dos
movimentos; em posição semissentada, com a mão no abdômen, marcar o horário de
início; registrar seis movimentos e marcar o horário do último; se em uma hora o
bebê não mexer seis vezes, parar de contar os movimentos. Repetir o registro, se
persistir a diminuição, procurar a unidade de saúde

• Busca pela história clínica de sinais e sintomas (cefaleia, edema, dor epigástrica,
ganho de peso) e a medida adequada da pressão arterial e do peso da mulher em todas
as consultas são imprescindíveis para o diagnóstico de complicações obstétricas
como é o caso das síndromes hipertensivas

• Avaliar icterícia e/ou palidez de mucosa

• Calcular Idade Gestacional e Data Provável do Parto

• Avaliação da altura uterina

• Palpação obstétrica (Manobras de Leopold Zweifel)

• Verificação da ausculta obstétrica realizada por meio do estetoscópio de Pinard (a


partir da 20ª ou 24ª semana) e o Sonar - Doppler (a partir da 10ª ou 11ª semana). É
importante considerar que são parâmetros normais 120 a 160 batimentos por minuto
(bpm)

• Elaboração do plano de parto que consiste em um documento escrito, no qual a


mulher e sua parceria registram as preferências e desejos em relação ao parto.

Além do exame direcionado, é importante que ao mesmo tempo sejam observadas


outras alterações gerais ou queixas inespecíficas apresentadas pela mulher, no intuito de
integrar ações cada vez mais resolutivas.

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Unidade 06 Assistência de enfermagem

É necessário ESCUTAR atentamente a mulher que se encontra nessa fase, pois se


torna um ato fundamental ao acompanhamento adequado. Após a etapa de anamnese, o
profissional colhe o histórico de enfermagem buscando dados objetivos e subjetivos,
atentando para algumas questões:

• Investigar antecedentes pessoais e familiares

• História obstétrica

• Sinais de alerta atuais ou recentes

• Histórico de consultas

• Observar exames de rotina obstétrica do pré-natal

• Observar queixas em geral

Frente a realização da coleta de dados e exame físico, primeira fase do processo de


enfermagem, surgem subsídios para elaboração da segunda etapa, os Diagnósticos de
Enfermagem. Tal processo de análise dos dados requer a utilização do raciocínio diagnóstico
(semelhante ao raciocínio clínico).

6.2.2 Diagnósticos de enfermagem


Estes devem ser elencados conforme as necessidades e condições da paciente, baseados nas
taxonomias mais utilizadas para esse fim, como a NANDA I e a CIPE, conforme alguns
exemplos:

EXEMPLOS DE DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM CONFORME NANDA I

Dor aguda

Privação de sono

Deambulação prejudicada

Risco para amamentação ineficaz

Manutenção ineficaz da saúde

Náusea

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Ansiedade

Medo

Risco de icterícia neonatal

Padrão respiratório ineficaz

Prontidão para parentalidade melhorada

Disposição para conhecimento melhorado, dentre outros

Após elencar os diagnósticos de enfermagem baseados nos seus achados e


especificidades da gestante/parturiente e bebê, a terceira etapa deve ser elaborada, que
compreende no planejamento da assistência, onde o profissional estabelece os objetivos e
metas que deseja alcançar, tomando como base o intervalo de tempo necessário para
execução e surgimento dos resultados, para só após esse planejamento, instituir as
intervenções que serão postas em prática, todas baseadas nos diagnósticos e necessidades
identificadas nas demais etapas.
Inclui o estabelecimento de prioridades, definição de metas, identificação de
resultados esperados e determinação das intervenções específicas da enfermagem.

6.2.3 Implementação da assistência de enfermagem


Assim, na quarta etapa serão realizadas as intervenções de enfermagem, onde tanto
enfermeiros como demais profissionais da equipe de enfermagem podem executar, sempre
pautados na ética e no seguimento das normas e leis. Neste momento, algumas intervenções
podem ser estabelecidas:

No contexto da gestação durante o pré-natal na Atenção Básica

• Solicitação dos exames de rotina

• Realizar testes rápidos

• Prestar orientações sobre possíveis sinais de risco, patologias e cuidados

• Prestar informações às gestantes e familiares e companheiro sobre os sinais e


sintomas dos principais agravos que podem acometer a gestação, assim como
possíveis cuidados. Estimular sempre a participação dos familiares nas ações em
saúde

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Unidade 06 Assistência de enfermagem

• Fornecer orientações em relação à dieta alimentar rica em ferro, cálcio e proteína,


porém não hiperproteica para evitar sobrecarga do sistema urinário, e dieta
normosódica, além de equilíbrio entre alimentos saudáveis e ricos em nutrientes, com
ingestão hídrica

• Encaminhar para o profissional nutricionista quando necessário

• Orientar para evitar o fumo, o álcool, o café ou os estimulantes e atividades


estressantes

• Estimular a expressão de medos, dúvidas e ansiedades nas consultas e atividades


educativas e verificar o bem-estar do bebê

• Encaminhar com urgência ao nível terciário ao apresentar qualquer sinal de urgência


e emergência obstétrica

• Nas mulheres hipertensas, avaliar o hipertensivo prescrito, orientar sobre os efeitos


colaterais e sobre a forma de uso

• Encaminhar a mulher para o nível secundário ou terciário por escrito de acordo com
a gravidade, em comum acordo com o médico da saúde da família

• Orientar a gestante a deitar preferencialmente em decúbito lateral esquerdo, e adotar


esta posição sempre que precisar ficar deitada

• Orientar sobre a importância de realizar relaxamentos para enfrentar o estresse

• Orientar sobre amamentação, cuidados com o recém-nascido e cuidados puerperais

• Informar sobre seus direitos enquanto gestante, parturiente e puérpera, incluindo


direito ao acompanhante, utilização de métodos não farmacológicos para alívio da
dor, condutas que estão proscritas pelas organizações de saúde e empoderamento da
mulher

• Realizar consultas mais frequentes (semanal ou quinzenal, dependendo do quadro).

No contexto do trabalho de parto

1° Período clínico do parto

• Na admissão da parturiente no serviço de saúde (maternidade), o enfermeiro deve


realizar uma avaliação inicial e contemplar questões como: revisão do registro de
pré-natal, entrevista inicial, exame físico, exames laboratoriais (se forem
necessários), identificação de fatores culturais e psicossociais e confirmação do
período clínico do parto.

• Calcular a data provável do parto e a idade gestacional.

• Registrar dados antropométricos atuais (medidas de peso e altura).

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

• Durante a entrevista inicial, determinar a principal queixa da mulher ou o motivo


para a sua ida até a maternidade. Investigar sobre contrações uterinas, rompimento
da bolsa amniótica com ou sem contrações, perda de tampão mucoso (TM), presença
de sangramento vaginal ou diminuição da movimentação fetal.

• Avaliar o estado geral da mulher, condições de saúde atual, alergias, procedimentos


cirúrgicos anteriores, uso de medicações ou outras drogas.

• O exame físico inicial deve ser céfalo-caudal e geral, com atenção às especificidades
obstétricas: palpação obstétrica, ausculta da Frequência Cárdio-Fetal (FCF);
avaliação da movimentação fetal, avaliação das contrações uterinas (dinâmica
uterina) e o toque vaginal.

• Realizar testes rápidos.

• Responder às perguntas da parturiente e prestar apoio emocional a ela e a sua família.

• Verificação dos sinais vitais, avaliação das mucosas para inferir a presença ou não
de anemia, a ausculta cardíaca e pulmonar e a presença ou não de edema e varizes
nos membros inferiores.

• Os toques vaginais subsequentes ao da admissão na maternidade podem ser adiados


até a fase ativa do trabalho de parto e devem ser utilizados com moderação, mesmo
que as membranas estejam íntegras.

• No momento do exame vaginal são avaliados: dilatação, apagamento e consistência


do colo uterino, apresentação, posição e descida fetal, membranas amnióticas e lí-
quido da bolsa. Caso haja rompimento de bolsa, o horário desta ocorrência deve ser
registrado, assim como devem ser avaliadas características do líquido amniótico
como: cor, odor, presença ou ausência de grumos e quantidade eliminada do líquido
amniótico.

• Realizar uma conduta respeitosa e acolhedora, incluindo familiares, além de fornecer


e orientar sobre o uso dos métodos não farmacológicos para alívio da dor.

• Estimular à deambulação, sobretudo desde o início do trabalho de parto, pois a


posição vertical auxilia na efetividade das contrações uterinas, na descida fetal, e na
maturação cervical (dilatação e apagamento).

• Estímulo à ingestão de dieta leve e hidratação.

• Orientar sobre as técnicas de relaxamento (aromaterapia, musicoterapia, massagem,


banho e outros) de modo que todas essas estratégias podem ainda ser realizadas por
uma doula ou pelo acompanhante.

• Respeitar sempre os desejos e o conforto da mulher, lembrando sempre de orientá-la


sempre que necessária a realização de qualquer procedimento ou ação.

2° Período clínico do parto

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Unidade 06 Assistência de enfermagem

• Alívio da ansiedade e medo, proporcionando um ambiente calmo e seguro;

• Avaliação dos sinais vitais e avaliação da FCF (realizada a cada 5 minutos),


juntamente dinâmica uterina;

• Observação do aspecto do líquido amniótico;

• Orientar e estimular a parturiente a assumir a posição de sua preferência;

• Orientação sobre a participação ativa da parturiente e do acompanhante no período


do trabalho de parto. Encorajar a parturiente a fazer a força do expulsivo quando
sentir vontade.

Considerar as recomendações para as boas práticas no nascimento (CONITEC,


2016):

• Não realizar em hipótese alguma a manobra Kristeller pois é considerada violência


obstétrica;

• Não há recomendações para realização de massagem perineal durante o segundo


período do parto;

• Aplicação de compressas mornas no períneo durante esse período pode ser


considerada;

• As técnicas “mãos sobre” (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal) e “mãos


prontas” (mãos sem tocar o períneo e cabeça fetal, mas preparadas para tal) são
alternativas de utilização para facilitar o parto espontâneo;

• Jamais realizar episiotomia de rotina e quando realizada por real indicação, assegurar
que a analgesia foi efetiva.

3° Período clínico do parto

• Realizar o clampeamento tardio do cordão umbilical em fetos saudáveis;

• Estimular o contato pele a pele e aleitamento materno;

• Realizar manejo ativo do 3º período do TP;

• Administração de ocitocina IM (10 UI) após o nascimento;

• Realizar toque retal após a dequitação e/ou episiorrafia para descartar lesão retal e
intestinal;

• Avaliar a integridade das membranas e da placenta, em superfície reta, com a face


materna exposta, realizando a secagem com uma compressa e verificando presença
dos cotilédones, avaliação das membranas ovulares e do cordão umbilical,
constituído de duas artérias e uma veia;

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

• Realizar episiorrafia, quando necessário;

• Mulher com baixo risco de hemorragia pós-parto que solicita manejo expectante, o
profissional deve apoiar sua escolha.

4° Período clínico do parto

• Repor a mesa ou cama de parto e transportar a mulher a enfermaria específica, ou


alojamento conjunto (caso o parto tenha ocorrido em uma sala específica);

• Remover campos molhados, assim como, colocação de camisola e lençóis secos e


limpos;

• Verificação dos sinais vitais maternos;

• Avaliação da involução uterina e presença do globo de segurança de Pinard;

• Avaliação do sangramento vaginal;

• Proporcionar ambiente calmo, favorecer o contato entre mãe e filho;

• Estimular início da amamentação;

• Oferecer líquidos e alimentos leves, se houverem condições maternas para tal;

• Estimular a presença do acompanhante.

Para o recém-nascido, vale considerar recomendações da Conitec (2016)

• Não há recomendação para aspiração sistemática da orofaringeana e nasofaringeana


em casos de recém-nascido saudável. O mesmo se aplica a passagem de sonda
nasogástrica e retal;

• A profilaxia para oftalmia neonatal pode ser postergada para até 4 horas após o
nascimento. Para tal, recomenda-se a utilização da pomada de eritromicina a 0,5% e,
como alternativa, tetraciclina a 1%. O nitrato de prata deve ser reservado apenas aos
casos em que as pomadas não estejam disponíveis;

• Administração de vitamina K para a profilaxia de doença hemorrágica;

• Nas primeiras 24 horas de nascimento devem ser administradas a vacina BCG contra
as formas graves de tuberculose e hepatite B. O banho do recém-nascido deve ser
postergado por pelo menos 24 horas após o nascimento;

• Realizar durante o primeiro banho, a limpeza do coto umbilical, orientando para que
a família realize de forma correta em casa;

• Fornecer nutrição ideal favorecendo o aleitamento materno;

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Unidade 06 Assistência de enfermagem

• Promover vínculo afetivo pais-família-bebê, e preparar para a alta, orientando acerca


dos cuidados em casa, propiciando apoio e suporte familiar, além de estimular a
participação dos pais nos cuidados do bebê, fornecendo devidas orientações.

No contexto do puerpério acompanhado pela Atenção Básica

Após a alta hospitalar, recomenda-se que sejam feitas pelo menos duas consultas
distintas, visando a revisão puerperal:

Revisão puerperal precoce (entre 7 e 10 dias): deverá ser realizada ainda em domicílio,
onde o profissional deve dar atenção à puérpera, ouvir suas queixas, parabenizá-la e
identificar seu estado de saúde geral.

• Realizar exame físico e identificação dos sinais vitais;

• Avaliar as condições maternas, atentando para as patologias mais frequentes neste


período (hemorragias, infecções, tromboflebites, distúrbios mamários, alterações
pressóricas, dentre outros);

• Observar evolução de possíveis patologias manifestadas durante a gestação (ex.:


anemia, síndrome hipertensiva, entre outros);

• Orientação para quando retornar ao planejamento familiar e assistência ginecológica;

• Observar condições emocionais da puérpera;

• Observar ferida operatória, presença de sangramentos, infecções, alterações


vasculares, práticas de amamentação, alimentação materna, dentre outros.

Revisão puerperal tardia (entre o 30° e o 42° dia): Nesta consulta, as queixas da mulher
são ouvidas e complementadas a anamnese exame físico completo, com ênfase para o exame
ginecológico. Devem ser reforçadas as orientações sobre planejamento reprodutivo,
aleitamento materno e qualquer outro assunto ou problema que seja apresentado nesse
momento.

Por fim, todos os achados e intervenções realizadas pelo profissional, devem ser
devidamente registradas e assinadas com data, horário e registro profissional referente a
quem os realizou, fornecendo um aparato de informações tanto para uma avaliação da
efetividade do plano de cuidados, quanto para nortear as próximas intervenções que serão
realizadas. É nesse momento que as condutas prestadas são avaliadas conforme os seus
resultados, e quando necessário, o plano de cuidados pode ser revisitado e adaptado
conforme ações mais adequadas ao contexto.

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AVALIAÇÃO

Responda a avaliação abaixo em sua conta, no site


www.enfermagemadistancia.com.br. Você precisa atingir um aproveitamento igual ou
superior a 60% para poder emitir o seu certificado.

1. Analise as afirmativas abaixo. Todas estão corretas, EXCETO:

a. Não há recomendação para aspiração sistemática da orofaringeana e nasofaringeana


em casos de recém-nascido saudável. O mesmo se aplica a passagem de sonda
nasogástrica e retal

b. Administração de vitamina K para a profilaxia de doença hepática.

c. Realizar durante o primeiro banho, a limpeza do coto umbilical, orientando para que
a família realize de forma correta em casa

d. Fornecer nutrição ideal favorecendo o aleitamento materno

2. O exame físico do neonato, é realizado ainda nos primeiros momentos do seu


nascimento. Acerca do perímetro cefálico é correto afirmar:

a. O perímetro cefálico deve medir entre 33 e 35 cm;

b. O perímetro cefálico deve medir entre 32 e 33 cm;

c. O perímetro cefálico deve medir entre 31 e 35 cm;

d. O perímetro cefálico deve medir entre 30 e 34 cm;

3. O _________________ compreende uma forma escrita de expressar os desejos da


mulher e família para o momento do parto, sendo necessário à sua orientação durante
o pré-natal para que este possa ser levado a maternidade no dia em que ocorrer o
trabalho de parto. O espaço acima corresponde a uma estratégia importante do
processo Gravídico-puerperal, assim, assinale a alternativa que preenche
corretamente o espaço em questão.

a. Pré-natal

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Avaliação

b. Partograma

c. Plano de parto

d. Caderneta da gestante

4. No momento do exame vaginal são avaliados: dilatação, apagamento e consistência


do colo uterino, apresentação, posição e descida fetal, membranas amnióticas e lí-
quido da bolsa. Assinale a alternativa que representa o período clínico do parto em
que essa assistência é prestada.

a. Período de greenberg

b. Período expulsivo

c. Período de pródomos

d. Período dilatação

5. A circulação fetal é realizada através de um circuito específico para esse período,


também chamado de “shunt” que conta com a participação de três estruturas. Acerca
das estruturas primitivas fetais, assinale a afirmativa que contém as 3
respectivamente.

a. Ducto venoso, forame oval e veia cava

b. Ducto venoso, forame oval e ducto arterioso

c. Ducto venoso, tronco da aorta e ducto arterioso

d. Ducto venoso, forame arterial e ducto arterioso

6. Acerca do índice de apgar, este compreende o método mais utilizado para avaliação
da adaptação imediata, que compreende um teste realizado pela equipe de saúde
responsável pelo acompanhamento do parto, direcionado ao recém-nascido, logo
após o seu nascimento, e visa avaliar seu estado geral e vitalidade. A avaliação do
índice é feita através de alguns parâmetros que são:

a. Frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus musculares, irritabilidade reflexa


(tosse e choro) e cor

b. Frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus musculares, irritabilidade reflexa


(tosse e espirro) e cor

c. Frequência respiratória, esforço cardíaco, tônus musculares, irritabilidade reflexa


(tosse e choro) e cor

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d. Velocidade cardíaca, esforço respiratório, tônus cardíacos, irritabilidade reflexa


(tosse e choro) e cor

7. A reanimação neonatal é um procedimento essencial para a estabilização do recém-


nascido com quaisquer alterações relacionadas a vitalidade após o nascimento. Sobre
os passos iniciais devem ser seguidos dentro dos primeiros 30 segundos, assinale a
afirmativa incorreta.

a. Prover calor (temperatura ambiente – 37-36°C, manter portas abertas, remover


campos úmidos e secar o RN)

b. Posicionar a cabeça em leve extensão

c. Avaliar respiração, expansão torácica ou presença de choro

d. Prover calor (temperatura ambiente – 23-26°C, manter portas fechadas, remover


campos úmidos e secar o RN)

8. Para se garantir o mínimo de assistência é necessário realizar pelo menos o mínimo


consultas preconizadas pelo Ministério da Saúde, diante dessa informação qual é o
número mínimo de consultas de pré-natal?

a. Igual ou superior a 10 consultas.

b. Igual ou superior a 5 consultas.

c. Igual ou superior a 6 consultas.

d. Igual ou superior a 7 consultas.

9. Sobre a assistência de enfermagem prestada a mulher durante o trabalho de parto, é


correto afirmar:

a. Orientar sobre a participação ativa da parturiente e do acompanhante no período do


trabalho de parto. Encorajar a parturiente a fazer a força do expulsivo quando sentir
vontade.

b. Realizar a manobra Kristeller

c. Administração de ocitocina IM (10 UI) no início do trabalho de parto

d. Não realizar anotações de enfermagem, uma vez que todos os cuidados obstétricos e
neonatais nesse período são de responsabilidade médica

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Avaliação

10. É sabido que durante os períodos clínicos do parto a mulher/bebê requerem condutas
assistenciais diferenciadas. Sobre a avaliação da involução uterina e presença do
globo de segurança de Pinard é correto afirmar que ocorre no período de:

a. Expulsivo do bebê

b. Após a saída da placenta e anexos

c. Durante as contrações

d. Na entrada da mulher a maternidade

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Atualização em Assistência de Enfermagem em Neonatologia

REFERÊNCIAS

Aproveite para estudar também as referências bibliográficas e ampliar ainda


mais o seu conhecimento.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal.


Conselho Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Brasília, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.


Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal: relatório de recomendação. Brasília
(DF): CONITEC; 2016. Disponível em:
» http://conitec.gov.br/images/Consultas/2016/Relatorio_Diretriz-PartoNormal_CP.pdf.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n° 32. Atenção ao Pré-Natal


de Baixo Risco, Brasília/DF, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos da


Atenção Básica: Saúde das Mulheres. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instrução Normativa


Referente ao Calendário Nacional de Vacinação 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Anexo IV - Calendário


da Gestante 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Rezende, J.F; Montenegro, C.A.B. Obstetricia Fundamental. 13. Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de


Saúde Pública. Curso de Atenção Integral à Saúde das Mulheres. Florianópolis: UFSC,
2017.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. The Ottawa charter for health promotion. Geneve:
WHO, 1986.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Appropriate technology for birth. Lancet, London,


v. 2, n. 8452, p. 436-437, 1985.

BALLARD J. N. et al. New Ballard Score expanded to include extremely premature infants.
J Pediatr 119: 417-423, 1991.

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Referência

ALMEIDA, Maria Fernanda Branco; GUINSBRUG, Ruth. Reanimação do recém-nascido


≥34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria, 26 de
janeiro de 2016. Texto disponível em www.sbp.com.br/reanimacao.

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