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COMPLICAÇÕES NA

GESTAÇÃO

Disciplina: Saúde da mulher


Profa Nathália Ruder Borçari
Profa. Thaís Morengue Di Lello Boyamian
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

➢ Conhecer as principais patologias obstétricas identificando fatores de risco e


consequências para mulher , feto e recém-nascido

➢ Desenvolver raciocínio clínico para tomada de decisão frente a identificação de uma


gestação de alto risco

➢ Planejar cuidados de enfermagem para gestantes de alto risco


https://portaldeboaspraticas.if
f.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2022/03/ma
nual_gestacao_alto_risco.pdf
Gestação de alto risco: Importância da
avaliação
Estratificação de risco gestacional

OBS: Em outro ponto do manual eles voltam a descrever o


maior risco entre mulheres com idade menor que 15 anos ou
maior que 35 anos
Estratificação de risco gestacional

O Acretismo Placentário é uma situação anormal, quando a placenta adere ao útero


de forma incomum, infiltrando na musculatura do útero podendo até atingir outros
órgãos da pelve da mulher.
Estratificação de risco gestacional
Estratificação de risco gestacional
Estratificação de risco gestacional
Gestação de Alto Risco
•Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço
especializado em pré-natal de alto risco é importante que a
gestante seja orientada a não perder o vínculo com a equipe
de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o
acompanhamento.

•Por sua vez esta equipe deve ser mantida informada a


respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados
à gestante por meio de contra referência e de busca ativa das
gestantes em seu território de atuação, por meio da visita
domiciliar.

•Necessidade de atendimento multidisciplinar

•Importância do envolvimento e suporte familiar


Fluxograma de Pré-Natal

A gestante começa a Realização do pré-


Realização do pré-
realizar o pré-natal na natal de alto risco
natal na Atenção
UBS após a confirmação na Atenção
Básica
da gravidez Especializada

A cada consulta o
Gestante de baixo Gestante de alto
risco gestacional
risco risco
será reavaliado
CUIDADOS COM A SAÚDE BUCAL EM
GESTANTES DE ALTO RISCO

➢ As doenças bucais, especialmente a doença periodontal, tem sido associadas a


diversas condições patológicas perinatais, incluindo o parto prematuro, a rotura prematura
de membranas e a ocorrência de baixo peso

➢ Como essas condições patológicas são multifatoriais, recomenda-se sobretudo


que a prevenção com a higiene bucal seja enfaticamente realizada durante a gestação,
pois acredita-se que isso exerça um papel sinérgico junto com outras medidas dirigidas
à prevenção do parto prematuro.
Oligohidrâmnio

•O oligohidrâmnio é caracterizado pela deficiência


na quantidade de líquido amniótico

• Redução patológica do volume de líquido


amniótico (LA) incide de 0,5 a 5% das gestações
Oligohidrâmnio
•Etiologia: A causa mais frequente de oligohidrâmnio é a rotura
prematura de membranas, entretanto outras causas podem ser
responsáveis, conforme o quadro:

Síndrome do anticorpo antifosfolípidio é uma doença autoimune na qual os pacientes têm autoanticorpos contra as proteínas ligadas aos
fosfolipídios. Podem ocorrer trombos venosos ou arteriais. A fisiopatologia não é precisamente conhecida. O diagnóstico é feito por meio de
exames de sangue.
Oligohidrâmnio
• Diagnóstico Clínico
- O diagnóstico clínico é difícil. Deverá ser suspeitado sempre que houver:
❖Medida do fundo do útero menor do que a esperada para a idade gestacional;
❖Diminuição da circunferência abdominal;
❖Partes fetais facilmente palpáveis;
❖À ausculta, desacelerações variáveis da frequência cardíaca fetal.

• Diagnóstico Ultrassonográfico
❖Avaliação do volume do líquido amniótico pela ultrassonografia;
❖Avaliação do índice do líquido amniótico (ILA).
Oligohidrâmnio
• Conduta
❖Restaurar o volume do líquido amniótico: buscar o diagnóstico etiológico e, quando
possível, o tratamento da doença de base.
❖Hidratação materna: eficaz em aumentar o volume do líquido amniótico residual,
desde que não haja contraindicação para uma sobrecarga circulatória. Recomenda-se
um aporte total de 3 a 4 litros de líquidos por dia, preferentemente via oral.
❖Amnioinfusão: infusão de líquidos, principalmente solução salina, na cavidade
amniótica. Ainda não é recomendada rotineiramente, estando restrita aos Centros de
Referência, onde há possibilidade de monitorização por ultrassonografia
❖Prescrição de corticosteroides: recomendação para acelerar a maturidade pulmonar
fetal, caso a IG esteja entre 24 e 34 semanas.
❖Deve ser realizada avaliação periódica da vitalidade fetal.
Oligohidrâmnio
• Parto

❖ Se o feto estiver bem, aguardar a proximidade do termo para interrupção da


gestação.

❖ Utilizar monitoração eletrônica do feto no acompanhamento do trabalho de parto.

❖ A interrupção da gestação por operação cesariana está condicionada à indicação


materna ou ao comprometimento da vitalidade fetal.
Polihidrâmnio

•É o aumento excessivo do volume do líquido amniótico,


superior a 2.000ml, em gestações acima de 30 semanas.
Sua incidência varia ao redor de 0,5 a 1,5%.

• Em condições normais, o aumento semanal médio de L.A


é de:
❖20ml entre a 10ª e a 14ª semanas
❖50ml entre 15ª a 28ª semanas
❖Atinge o seu volume máximo de 1.000 ml entre a 34ª
e a 36ª semana, decrescendo até o parto
Polihidrâmnio
•Etiologia: Há inúmeras condições maternas, fetais e placentárias que estão
associadas ao polihidrâmnio.
Polihidrâmnio

• Diagnóstico Clínico
❖Medida do fundo do útero maior do que a esperada para a idade gestacional;
❖Aumento exagerado da circunferência abdominal;
❖Dificuldade de palpação das partes fetais: sensação palpatória de muito líquido;
❖Dificuldade na ausculta dos batimentos cardíacos do feto;

• Diagnóstico Ultrassonográfico
❖O diagnóstico de certeza é dado pelo achado do índice de líquido amniótico
(ILA) superior a 18cm.
Polihidrâmnio
• Conduta
❖Buscar o diagnóstico etiológico do polihidrâmnio para a conduta adequada do
tratamento e prognóstico.
❖ O tratamento expectante pode ser adotado para gestantes sem sintomas intensos e em
que, após investigação completa, não se evidenciou malformação fetal
❖Em gestantes com sintomatologia acentuada, recomenda-se a internação com repouso
no leito e tentativas de reduzir a distensão uterina. Para esses casos pode-se adotar:
✓Amniocentese descompressiva – indicada em casos de dispneia materna progressiva
ou dor abdominal. Recomenda-se a retirada lenta e gradual do líquido amniótico (200
a 500ml/hora) sob controle ultrassonográfico, para evitar a descompressão brusca.
✓Corticosteroides para acelerar a maturidade pulmonar fetal, caso a IG se situe entre
24 e 34 semanas.
✓ Avaliação periódica da vitalidade fetal.
Polihidrâmnio
• Parto

❖ No trabalho de parto é recomendável o prévio esvaziamento (amniocentese


descompressiva).

❖ A amniotomia (rompimento da bolsa), quando indicada, deverá ser praticada com


cuidado, pelo risco do prolapso de cordão e do descolamento prematuro da placenta.

❖ A interrupção da gestação por operação cesariana está condicionada à indicação


materna ou ao comprometimento da vitalidade fetal.
Hiperêmese Gravídica (HG)
• É uma forma grave de náuseas e vômitos na
gravidez, que afeta uma pequena porcentagem
das gestantes (0,3% até 3,0%)
• É uma das indicações mais comuns de
hospitalização durante a gravidez
• Pode levar a distúrbios hidroeletrolíticos,
alterações nutricionais e metabólicas, cetonuria
e perda de mais de 5% do peso corporal
• Pode apresentar anormalidades tireoidianas
• Pode acarretar em restrição de crescimento
fetal
• Risco de mortalidade e morbidade materna e
fetal
Hiperêmese Gravídica
➢ Etiologia é multifatorial

➢ Pode estar associada a questões emocionais, hormonais, gravidez múltipla e doença


trofoblástica (mola hidatiforme)

➢ Pode envolver outras patologias como : pré-eclâmpsia, diabetes e isoimunização

➢ Outras causas de náuseas e vômitos intensos devem ser afastadas, como úlcera
gástrica, cisto de ovário torcido, prenhez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais,
problemas metabólicos e do sistema nervoso central

➢ Em alguns casos indicado terapia medicamentosa e internação


➢ Tratamento precoce de náuseas e vômitos durante a gravidez pode ser benéfico para
prevenir a progressão para hiperêmese gravídica.
Hiperêmese Gravídica
➢ Assistência não farmacológica:
• Repouso e evitar estímulos sensoriais, como odores, calor, umidade, ruído ou
estímulos luminosos, que podem provocar sintomas.
• Apoio psicoemocional
• Aromaterapia
• Hidroginástica e outras atividades físicas de baixo impacto articular.
• Técnicas de acupressão e acupuntura
• Vitamina B6, na dose de 25mg, a cada oito horas, e a ingestão do gengibre, na
dose de 250 mg, a cada seis horas, podem ser úteis.
• Refeições frequentes (cada uma a duas horas) e em pequenas quantidades.
• Devem-se evitar alimentos picantes ou gordurosos; comer alimentos secos ou
suaves, lanches ricos em proteínas ou biscoitos pela manhã antes de se levantar.
Diversos vegetais (repolho, brócolis, couve-manteiga)
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Critérios para diagnóstico da hipertensão numa mulher grávida são:

❖ pressão arterial sistólica de pelo menos 140mmHg


❖ pressão arterial diastólica de pelo menos 90mmHg
❖ elevação de 30 mmHg ou mais nos níveis habituais de pressão arterial sistólica
❖ elevação de 15 mmHg ou mais nos níveis habituais de pressão arterial diastólica

Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica ou 15mmHg na diastólica


quando os valores absolutos estejam abaixo de 140/90mmHg não deve ser
usado como critério diagnóstico, mas deve-se fazer medidas de pressão e
consultas mais frequentes, com observação mais amiúde, especialmente se
houver proteinúria
Síndromes Hipertensivas na Gravidez

1. Hipertensão arterial na gravidez (crônica)

•Observada antes da gravidez, ou antes de


20 semanas de gestação, ou diagnosticada
pela primeira vez durante a gravidez e não se
resolve até 12 semanas após o parto.
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
2. Hipertensão gestacional (sem proteinúria)
Como a proteinúria pode aparecer tardiamente, o diagnóstico será retrospectivo,
sendo necessário afastar pré-eclâmpsia. Deve-se seguir as condutas clínicas e
obs tétricas recomendadas para pré-eclâmpsia.
(1)hipertensão transitória da gravidez: a pressão retorna ao normal até 12 semanas
após o parto (diagnóstico retrospectivo) ou
(2)hipertensão crônica: a elevação da pressão arterial persiste além de 12 semanas
após o parto.

O edema ocorre com muita frequência em gestantes e por isso não deve ser usado
como discriminador neste esquema de classificação.
3. Pré-eclampsia Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação
acompanhada de proteinúria, com desaparecimento
até 12 semanas pós-parto.

•Classificada em leve ou grave de


acordo com o grau de comprometimento

Na ausência de proteinúria, também se considera pré-eclâmpsia quando a


hipertensão arterial for acompanhada de comprometimentosistêmico ou
disfunção de órgãos-alvo (trombocitopenia, disfunção hepática,insuficiência
renal, edema pulmonar, iminência de eclâmpsia ou eclâmpsia) oude sinais de
comprometimento placentário (restrição de crescimento fetal e/ou
alterações dopplervelocimétricas).
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
pré-eclâmpsia sem ou com sinais de gravidade (antes denominadas de leve e grave,
respectivamente)
• Grave (quando presente um ou mais dos
3. Pré-eclampsia
seguintes critérios)
❖ PA sistólica ≥ 160 mmHg
• Leve
❖ PA diastólica ≥ 110 mmHg
❖ PA sistólica ≥ 140mmHg
❖ Proteinúria ≥ 2g/l em urina de 24 horas ou 2+
❖ PA diastólica ≥ 90 mmHg ou mais na fita
❖ Proteinúria ≥ 0,3g/l em urina de 24 ❖ Oligúria (< 500ml/dia)
horas ou 1+ ou mais na fita
❖ Plaquetopenia (<100.000/mm3);
Iminência de eclâmpsia: ❖ Aumento de enzimas hepáticas
acompanhada por cefaleia,
❖ Encefalopatia hipertensiva (cefaleia e
distúrbios visuais, dor
distúrbios visuais - escotomas)
abdominal
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
•As gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência,
devem ser hospitalizadas para avaliação diagnóstica
inicial e mantidas com dieta adequada e repouso
relativo.

•O controle ambulatorial pode ser iniciado após a


hospitalização se confirmadas condições materno-fetais
estáveis.

•A antecipação do parto é o único tratamento definitivo


para a pré-eclâmpsia e as indicações são as
complicações nas condições materno-fetal.
Indicações para o parto
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Conduta na pré-eclampsia leve
- Na avaliação das condições maternas deve constar:
❖PA de 4/4h durante o dia
❖Pesagem diária;
Não há necessidade de
❖Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia: tratamento
Cefaleia frontal ou occipital persistente e Distúrbios medicamentoso
visuais (escotomas, diplopia, amaurose – perda visual
transitória);
- Na avaliação das condições fetais:
❖Avaliação de movimentos fetais diariamente;
❖Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico.
❖Cardiotocografia basal (CTB), se disponível
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
•As gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave deverão ser internadas,
solicitados os exames de rotina e avaliadas as condições maternas e fetais.

•A conduta conservadora pode ser adotada em mulheres com pré-eclâmpsia grave


com idade gestacional entre 24 e 33 semanas, através de monitoração materno fetal
rigorosa, uso de sulfato de magnésio (controle de convulsão) e agentes anti-
hipertensivos.
Neuroproteção para o feto

•Se a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas de gestação, devem ser
preparadas para interrupção da gestação.
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Conduta na pré-eclampsia grave
Maturação pulmonar
do feto
❖Administração de sulfato de magnésio;
❖Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada 24 horas, 2 aplicações IM);
❖Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (Hidralazina ou Nifedipina);
❖Infusão de solução de Ringer lactato a 100-125ml/h;
❖Exames laboratoriais: hemograma completo com plaquetas, creatinina sérica,
ácido úrico, AST/TGO, ALT/TGP, desidrogenase lática, proteinúria de 24 horas;
❖Dieta suspensa (permitir pequenas ingestões de líquidos claros e medicação oral).
Fluxograma de
decisões na pré-
eclâmpsia leve e
grave
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
4. Eclâmpsia

•Caracterizada pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em


mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra
doença convulsiva
• Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato
•A conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios
metabólicos, além de cuidados e controles gerais.
• A repetição dessas convulsões podem levar ao coma e à morte.
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Conduta

❖Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso


possível
❖Decúbito elevado a 30º e face lateralizada
❖Cateter nasal com oxigênio (5l/min)
❖Punção de veia central ou periférica calibrosa
❖Cateter vesical contínuo
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Conduta
❖ Terapia anticonvulsivante (pré-eclampsia grave e eclampsia): sulfato de magnésio
Dose de ataque – 4,0g (8,0ml de sulfato de magnésio a 50% com 12,0ml de água
bidestilada) em infusão endovenosa lenta (aproximadamente 15 minutos) ou 5,0g (10ml
de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular em cada nádega.
Dose de manutenção – 1,0g/hora ou 2,0g/hora em solução glicosada em bomba de
infusão ou 5,0g intramuscular de 4 em 4 horas.
Suspender sulfato de magnésio: FR < 16 mrpm, reflexos patelares completamente
abolidos ou diurese < 100ml durante as 4 horas precedentes.

Antídoto com gluconato de cálcio a 10%: manter sempre à mão uma ampola de 10ml,
para aplicação imediata no caso de eventual parada respiratória
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
5. Síndrome Hellp

É o quadro clínico caracterizado por hemólise (H = “hemolysis”), elevação de


enzimas hepáticas (EL = “elevated liver functions tests”) e plaquetopenia (LP = low
platelets count “)”. Embora acompanhe outras doenças, em Obstetrícia é considerada
como agravamento do quadro de pré-eclâmpsia.
Síndromes Hipertensivas na Gravidez
➢ 5. Síndrome Hellp

➢ Alerta para o desenvolvimento de falência sistêmica de múltiplos órgãos

➢ As mulheres com piora dos parâmetros da síndrome HELLP apresentam risco elevado
de morbidade e mortalidade.

➢ As complicações que podem surgir são: rotura de hematoma hepático, insuficiência


renal aguda, lesão pulmonar aguda e síndrome de angústia respiratória.

➢ A intubação e ventilação assistida podem ser necessárias em algumas gestantes.


Síndromes Hipertensivas na Gravidez
• Parto

❖ O parto vaginal é preferível para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, evitando o estresse


adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas.
❖ Se o parto vaginal não puder ser efetuado dentro de um período razoável de tempo, deve-se
realizar a cesariana.
❖ Nos casos de Síndrome Hellp, a indicação é de parto cesariana e adotar anestesia geral.

Avaliação constante!!!
Monitoração do quadro clinico da mulher e do feto
Diabetes Mellitus / Diabetes Gestacional
Doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia

• É responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente


macrossomia fetal e malformações fetais.
• O diabetes mellitus gestacional é definido como uma intolerância à carboidratos de gravidade
variável.

• O diabetes mellitus associado à gravidez pode ser classificado como:

❖ Diabetes gestacional (diagnosticado durante a gravidez).


❖ Diabetes pré-gestacional: requer manejo adequado antes mesmo da mulher engravidar.
Diabetes Mellitus / Diabetes Gestacional
• Glicemia de Jejum: nível de glicose sanguínea após jejum de 8 a 12 horas
❖ < 92mg/dL: Realize TTOTG (teste de tolerância à glicose oral) de 24 a 28 semanas de
gestação.
❖ > 92mg/dL e < 126mg/dL: Diabetes mellitus gestacional (DMG).
❖ ≥126mg/dL: Diabetes mellitus (DM)

•TTGO 75g (2h): glicemia é medida no jejum entre 8 e 12horas, com 60 minutos e 120
minutos após a ingestão de carda de 75g de glicose em 250-300 ml de água
✓ Jejum < 92mg/dL, 1ª hora < 180mg/dL e 2ª hora < 153mg/dL: TESTE NEGATIVO
✓ Jejum ≥ 92mg/dL a 125mg/dL e/ou 1 horas pós ≥180mg/dl e/ou 2h pós ≥ 153mg/dl a
199mg/dl: DM gestacional
Diabetes Mellitus / Diabetes Gestacional
• Cuidados

❖ Dieta: ganho adequado de peso de acordo com o estado nutricional da gestante


❖ A atividade física deve fazer parte da estratégia de manejo do diabetes na gestação
❖ 60% das gestantes com diabetes gestacional podem se manter euglicêmicas, sem maiores
riscos para a gravidez, somente com dieta e atividade física
❖ Controle glicêmico diárias/semanais
❖ Insulinoterapia: indicado se após duas semanas de dieta os níveis glicêmicos
permanecerem elevados
❖ Hipoglicemiantes orais - ainda não devem ser utilizados na prática clínica até que mais
estudos possam confirmar a sua segurança
Diabetes Mellitus / Diabetes Gestacional
❖ O bem-estar fetal se baseia fundamentalmente em manter a euglicemia materna. A avaliação
fetal deve ser realizada dependendo da gravidade e das condições metabólicas da gestante
❖ O parto:
- Aguardar evolução espontânea para o parto em gestantes com ótimo controle metabólico
e sem intercorrências
- Antecipação do parto naquelas gestantes com controle metabólico inadequado
-Se o peso fetal estimado por ultrassonografia for maior ou igual a 4.500g, pode-se
considerar a realização de cesariana
❖ Em gestantes com diabetes de difícil controle e/ou comprometimento fetal, recomenda-se
utilizar corticoide para maturação pulmonar fetal.
➢ Cerca de 40% das mulheres que apresentam diabetes gestacional se tornarão diabéticas em
até 10 anos após o parto e algumas já ficam diabéticas após a gestação vigente.
Hemorragia na primeira metade da gravidez
❖ Aborto ❖ Gravidez Ectópica
Aborto
Interrupção da gravidez ocorrida antes da 20º a 22ª semana de gestação

❖ O abortamento precoce: ocorre até a 12ª semanas e 6 dias


❖ O abortamento tardio: ocorre entre 13ª e 22ª semanas.
❖ Abortamento espontâneo: é a perda involuntária da gestação.
❖ Abortamento provocado: é a perda voluntária da gestação.
❖ Abortamento completo: quando a totalidade do conteúdo uterino foi eliminada.
❖ Abortamento incompleto: quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado.
❖ Abortamento retido: quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece
na cavidade uterina, sem ser eliminado.
Aborto
❖ Aborto inevitável aquele em que a mulher, além de sangramento vaginal
abundante e cólicas uterinas, apresenta colo pérvio e não há possibilidade de
salvar a gravidez.
❖ Ameaça de aborto ou aborto evitável: sangramento vaginal, mas o orifício
interno do colo uterino permanece impérvio e a vitalidade embrionária está
preservada
Aborto
• Quadro clínico
❖ Hemorragia vaginal, de dor abdominal, cólica,
pressão supra púbica

• Diagnóstico e conduta
❖ O diagnostico é feito com base na historia
clínica, nos exames laboratoriais e na
ultrassonografia.

❖ O esvaziamento uterino pode ocorrer por uso


de medicamentos, pela curetagem aspirativa
ou mecânica.
Gravidez Ectópica
Nidação do blastocisto fora da cavidade uterina
Principais fatores de risco para prenhez
ectópica:
• Gravidez ectópica prévia.
• Doença inflamatória pélvica.
• Cirurgia tubária.
• Infertilidade.
• Endometriose.
• Usuárias de dispositivo intrauterino (DIU).
• Anticoncepção de emergência.
• Tabagismo.
Considerada a principal causa de mortalidade
materna no primeiro trimestre da gravidez.
Incidência de 1 a 2%
Gravidez Ectópica

• Quadro clínico
❖ Dor abdominal intensa, náuseas e vômitos, atraso
menstrual e sangramento irregular. estado hipovolêmico:
palidez cutâneo-mucosa sem perda sanguínea visível,
taquicardia e hipotensão arterial.
• Diagnóstico e conduta

❖ Para diagnóstico deve-se mensurar os níveis de HCG e


realização de ultrassonografia (técnica específica)

❖ Cirúrgica ou uso de enzima que impede a divisão celular


Hemorragia na segunda metade da gravidez

❖ Placenta prévia ❖ Descolamento prematuro de placenta


Placenta Prévia
Definida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no
segmento inferior do útero

ATENÇÃO

O diagnóstico ultrassonográfico de placenta prévia somente


se estabelece após a 26ª semana de gestação.
Placenta Prévia

Baixa Marginal
Centro total
Placenta Prévia

Placenta prévia em gestação anterior, gestação múltipla,


multiparidade, idade materna acima dos 35 anos, uso de
cocaína, fertilização in vitro, abortos eletivos e espontâneos.

➢ Quadro clínico
Geralmente pautado pela presença de sangramento vermelho
vivo, de início e cessar súbitos, indolor, reincidente e progressivo.
O sangramento ocorre, mais frequentemente, na segunda metade da
gestação, na ausência de contrações uterinas.
Placenta Prévia

•O melhor, mais seguro e mais simples método para realização do diagnóstico de


placenta previa é a ultrassonografia abdominal, uma vez que identifica exatamente a
localização placentária e a sua posição em relação ao orifício interno do colo do útero.
Placenta Prévia: Condutas
• Internada, instituída via parental com infusão de fluidos e repouso até a estabilização
do quadro hemorrágico.

• O uso de suplementação de ferro no pré-natal é indicado para evitar anemia.

•Conduta conservadora: permite que o feto atinja a maturidade, com base no repouso
e na reposição das perdas maternas.

•Conduta intervencionista: antecipação do parto depende da intensidade do


sangramento, da idade gestacional e vitalidade fetal.
Placenta Prévia

• Os fatores clínicos a serem observados na decisão pela via de parto incluem o


encaixamento da apresentação.

• O USG pode ajudar na determinação.

•Com uma placenta prévia baixa e marginal de menor grau e apresentação cefálica
encaixada, pressionando a borda placentária, o parto vaginal pode ser permitido.

•Na placenta prévia centro-total a cesariana é indicação absoluta, devendo ser realizada
com programação planejada.
Descolamento prematuro de placenta
➢ O descolamento prematuro de placenta (DPP) é definido como a separação da
placenta da parede uterina antes do parto.
Descolamento Prematuro de Placenta
Descolamento parcial ou completo da placenta, de forma prematura no
corpo do útero, após a 20ª semana de gestação
• Ela pode ser classificada em 3 graus (classificação de Sher):

❖ Grau 1: sangramento vaginal discreto, sem hipertonia significativa, vitalidade fetal


preservada, sem repercussões maternas e identificação de coágulo retroplacentário no
pós-parto

❖ Grau 2: sangramento vaginal moderado, contrações tetânicas, taquicardia materna e BCF


presentes com sinais de comprometimento de vitalidade.

❖ Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial


materna e óbito fetal.
- Grau 3 A: sem coagulopatia instalada
- Grau 3 B: com coagulopatia instalada
Descolamento Prematuro de Placenta

•O diagnóstico de DPP é clínico. A


ultrassonografia, ao contrário da
placenta prévia, tem um papel
muito limitado nessa condição
Descolamento Prematuro de Placenta
Descolamento Prematuro de Placenta

DESCOLAMENTO PREMATURO DE
PLACENTA PRÉVIA
PLACENTA

❖ Sangramento vermelho vivo ❖ Sangramento escuro com


❖ Indolor coágulos

❖ Tônus uterino se mantém ❖ Dor

❖ Feto com boas condições ❖ Hipertonia


❖ Sinais de sofrimento fetal agudo
❖ Gestante pode apresentar sinais
de choque
Rotura Uterina
Rotura da parede uterina

• É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida


tanto da mãe quanto do feto.

•O maior fator de risco é a presença de cicatriz


uterina, sendo a cesariana o principal delas. Outras
causas possíveis: curetagem uterina com perfuração,
miomectomia, trauma abdominal, uso inapropriado
de ocitocina
Rotura Uterina

• Conduta
❖ Promover estabilidade hemodinâmica da gestante: vias aéreas pérvias (fornecer O2
em máscara), puncionar 2 acessos venosos calibrosos (infundir 1.000ml de solução
cristaloide em cada acesso)
❖ Histerectomia devido dificuldade de conservação do útero.
Vasa Prévia
Sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas
amnióticas passando pelo orifício interno do colo

Denomina-se vasa previa a condição em que vasos sanguíneos


fetais não cobertos por tecido placentário ou geleia de
Warthon transcorrem através das membranas ovulares a uma
distância ≤2 cm do orifício cervical interno.
Vasa Prévia
•Está associada à inserção anormal dos vasos fetais
dentro das membranas. Malformação
•A perda sanguínea é de origem fetal

•Diagnosticado no pré-natal a partir do toque


vaginal e amnioscopia e ultrassonografia com Doppler

•O objetivo frente a paciente com diagnóstico


antenatal de vasa previa é realizar a cesariana antes do
início do trabalho de parto ou da ruptura das
membranas ovulares e ao mesmo tempo evitar ao
máximo os riscos da prematuridade.
Questão
(IVIN/APPM/Enfermeiro) Comparece à unidade de saúde uma gestante em curso da 30ª semana
de gestação apresentando dor abdominal súbita, acompanhada de perda sanguínea vaginal de
cor vermelho-escura, útero hipertônico, doloroso e sensível às manobras palpatórias, pele
pálida e batimentos cárdio-fetais alterados. Esse quadro é característico da seguinte síndrome
hemorrágica:
a) Ameaça de abortamento
b) Descolamento prematuro da placenta
c) Placenta prévia
d) Gravidez ectópica
e) Rotura uterina
Questão
(IVIN/APPM/Enfermeiro) Comparece à unidade de saúde uma gestante em curso da 30ª semana
de gestação apresentando dor abdominal súbita, acompanhada de perda sanguínea vaginal de
cor vermelho-escura, útero hipertônico, doloroso e sensível às manobras palpatórias, pele
pálida e batimentos cárdio-fetais alterados. Esse quadro é característico da seguinte síndrome
hemorrágica:
a) Ameaça de abortamento
b) Descolamento prematuro da placenta
c) Placenta prévia
d) Gravidez ectópica
e) Rotura uterina
Referências

 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas


Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção
à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 5. ed. – Brasília : Editora do
Ministério da Saúde, 2012. 302 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf

Manual da Gestação de alto risco: Edição preliminar 6º edicação 2021


https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2022/03/manual_gestacao_alto_risco.pdf

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