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Práticas baseadas em evidências: alívio não

farmacológico da dor, redução da ansiedade e


humanização na assistência ao trabalho de parto

PROF.ª NATÁLIA DE CASTRO NASCIMENTO


PROF.ª NATHALIA R. BORÇARI
PROFª THAÍS MORENGUE DI LELLO BOYAMIAN
DISCIPLINA: SAÚDE DA MULHER
EVOLUÇÃO HISTÓRICO DO PARTO E NASCIMENTO
• No final do século XIX, as mulheres pariam seus filhos com o
auxílio de parteiras, em seu próprio domicílio. Os médicos
eram solicitados somente quando havia alguma intercorrência
na hora do parto.

• Gradualmente, novas práticas no processo de parturição


foram introduzidas, tornando o parto medicalizado.

• Após a segunda guerra mundial (Século XX), com os avanços


técnico-científicos e o desenvolvimento das ciências médicas, a
gestação e o nascimento tornaram-se eventos hospitalares,
nos quais eram utilizados meios tecnológicos e cirúrgicos.
EVOLUÇÃO HISTÓRICO DO PARTO E NASCIMENTO
• Diante disso, o aumento de intervenções no ciclo
gravídico-puerperal e a excessiva medicalização
contribuíram para um novo cenário de parturição, no qual
a mulher passou a ser submetida a procedimentos
desnecessários e sua autonomia foi desrespeitada

• Atualmente, sabe-se que essas intervenções e condutas


têm o potencial de desqualificar o cuidado fornecido à
mulher durante o parto, desconsiderando os seus direitos
e de sua família nesse processo.
EVOLUÇÃO HISTÓRICO DO PARTO E NASCIMENTO
• Considerando este cenário, a assistência ao parto
vem sendo discutida pela OMS e MS, juntamente a
órgãos não governamentais

• Essas mudanças enfatizam o cuidado prestado às


mulheres, incluindo o resgate do parto natural
estimulando a atuação de enfermeiras obstetras,
obstetrizes e equipes qualificadas, além de ações
de incentivo para que o parto seja tratado como
um processo fisiológico, conduzido a partir da
perspectiva da humanização
A HUMANIZAÇÃO DO NASCER
• A atenção humanizada do nascimento refere-se à
necessidade de um novo olhar, respeitando a mulher
como um ser com especificidades

• Caracterizada por não aplicar métodos e padrões


indiscriminadamente, individualizando a assistência
para cada um, de acordo com a sua necessidade

• É oferecer uma assistência personalizada, ouvir, A MULHER É A


escutar, atender, dentro do possível, as necessidades e PROTAGONISTA
os desejos dessa mulher e sua família
A HUMANIZAÇÃO DO NASCER
• De acordo com o Programa de Humanização do Pré-natal e
Nascimento (PHPN), a humanização o acolhimento digno à
tríade mulher-bebê-família a partir de condutas éticas e
solidárias.

• Também abrange a incorporação de práticas e


procedimentos que possam contribuir para o
acompanhamento e a evolução do parto e do nascimento,
abandonando condutas despersonificadas e intervencionistas,
que acarretam em riscos à saúde materno-infantil
Quais as ações pautadas em evidências
científicas e que competem ao
enfermeiro, devem ser empregadas na
assistência ao parto humanizado?
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS:
ALÍVIO DA DOR E HUMANIZAÇÃO NO
PARTO
ENTENDENDO A DOR DURANTE O PARTO
• As contrações uterinas provocam o esvaecimento e a dilatação do colo uterino, bem
como a isquemia uterina resultante da contração das artérias para o miométrio. Neste
momento, os impulsos da dor são transmitidos

• Dor visceral – 1º período clínico • Dor perineal – 2º período clínico


Localiza-se na porção inferior do abdômen e Provém do estiramento dos tecidos do períneo
se irradia lombar e coxa. Geralmente para permitir a passagem do feto e sobre os
apresenta desconforto apenas nas contrações ligamentos uterocervicais durante a contração
A DOR DURANTE O PARTO
• A dor no TP pode ser definida como aguda, transitória,
complexa, subjetiva e multidimensional, inerente ao processo
fisiológico da parturição e resultante dos estímulos sensoriais
gerados, principalmente, pela contração uterina

• Os profissionais que cuidam da mulher em trabalho de


parto devem aprender a entender, avaliar e intervir na dor e
desconforto de acordo com as necessidades das mulheres

• Fatores influenciam na dor: medo, ansiedade e tensão,


paridade, idade, condições socioeconômicas, peso,
experiências anteriores, uso de drogas para induzir o TP
(aumenta as contrações uterinas) e a filosofia institucional
Dor Normal x Dor anormal

Não provimento a mulher


do cuidado necessário,
Dor Fisiológica do TB ampliando o entendimento
da dor enquanto sofrimento
A DOR DURANTE O PARTO
• Os riscos de restringir a analgesia de parto

➢ Aumento da duração do trabalho de parto e parto


➢ Aumento do uso de ocitocina e suas consequências
➢ Maior probabilidade de distócias de trajeto
➢ Aumento da necessidade de parto instrumental
➢ Aumento da taxa de cesarianas
➢ Punção inadvertida da dura-máter (cefaléria pós-raqui)
➢ Hipotensão, náuseas e vômitos
➢ Reações tóxicas às drogas
ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO OBSTETRA/OBSTETRIZ

• Os profissionais que acompanham a mulher no trabalho de parto devem oferecer:

➢ Intensidade de presença (ativa) daqueles que acompanham


➢ Testemunha silenciosa – estar “de acordo” com a mulher
➢ Estado de atenção ativa
➢ Ofertar suporte contínuo
➢ Ofertar métodos não farmacológicos de alívio da dor
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Inclui uma variedade de técnicas para manejar não só as sensações físicas da dor, mas
também para evitar o sofrimento, utilizando outras dimensões do cuidado

• Em vez de fazer a dor desaparecer, os profissionais ajudam a mulher a lidar com ela,
a construir sua autoconfiança e manter uma sensação de domínio e bem-estar
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Medidas ambientais

- Promover ambiente confortável e acolhedor


- Favorecer a diminuição da luminosidade e ruídos sonoros
- Garantir a privacidade, penumbra e aquecimento à mulher
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Apoio emocional/ suporte contínuo Garantir a presença do
- Favorecer o apoio emocional por parte dos profissionais da saúde acompanhante da
e acompanhante escolha da mulher no
- Promover o bom relacionamento, boa comunicação, informação e parto e durante toda a
internação (Lei Federal
sentimentos - empatia nº 11.108)
- Momento de orientações quanto aos processos fisiológicos do parto
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Deambulação e mudança de posição

- Efeito favorável da gravidade e da mobilidade pélvica que atuam na coordenação


miometrial e aumentam a velocidade da dilatação cervical e descida fetal
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Concentração, visualização e relaxamento com apoio

- Relaxamento e yoga podem reduzir a dor, aumento da satisfação com alívio da dor
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Técnicas respiratórios

- No primeiro período relaxa os músculos abdominais e diminui desconforto da contração


- Melhora os níveis de saturação sanguínea materna de O2, proporcionando relaxamento
e diminuição a ansiedade
- Respiração torácica lenta com inspiração e expiração profundas e longas
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Massagem Estimular a
participação do
- Proporcionar contato físico com a parturiente, potencializando o acompanhante na
efeito de relaxamento, diminuindo o estresse emocional e realização das
melhorando o fluxo sanguíneo e a oxigenação dos tecidos massagens
- Técnicas: deslizar as mãos, pressionar, e realizar movimentos
circulatórios
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Bola suiça
- Promove o alinhamento postural, causando o relaxamento e moldando todo o corpo da
gestante
- Movimentos rotativos auxiliam a descida e a rotação do feto
- Recomendável que a parturiente segure as mãos do profissional ou do(a) companheiro(a)
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Banho morno de aspersão ou imersão
- Vasodilatação periférica e redistribuição do fluxo sanguíneo, promovendo
relaxamento muscular
- Redução da liberação de catecolaminas e elevação das endorfinas, reduzindo a
ansiedade e promovendo a satisfação da parturiente
- A imersão em água no primeiro período reduz o uso de analgesia peridural
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Cavalinho

- Projeta o seu peso para frente e aliviando as costas


- Relaxamento, aumento da dilatação e a diminuição da dor
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Práticas Integrativas

- Musicoterapia
- Acupuntura e moxabustão*
- Aromaterapia
- Fitoterapia
- Florais
- Cromoterapia

*espécie de acupuntura térmica, feita pela


combustão da erva Artemisia sinensis e
Artemisia vulgaris
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
• Rebozo

- Técnica introduzida pelas parteiras mexicanas


- Xale ou um pedaço de tecido grande utilizado no auxilio ao parto
- Massagear a gestante e aliviar as dores lombares
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA
DOR NO TP
APESAR DE SER UM ARTIGO QUE ENFATIZA O
TRABALHO DO FISIOTERAPEUTA E DE TER SIDO

LEITURA OBRIGATÓRIA
PUBLICADO EM 2011, VALE A PENA A LEITURA
POIS, DESCREVE MUITO BEM ALGUNS
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS DURANTE
O TRABALHO DE PARTO

• Leia o artigo “Recursos não-farmacológicos no


trabalho de parto: protocolo assistencial”.
Link: http://files.bvs.br/upload/S/0100-
7254/2011/v39n1/a2404.pdf

Repense o protocolo assistencial presente no artigo,


adicionando outras práticas vistas em aula
https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/principais-questoes-sobre-dor-no-trabalho-de-parto-
e-parto-metodos-de-alivio-nao-farmacologico/

LEITURA OBRIGATÓRIA
REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. A dor no parto: significados e manejo. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Crianças e do Adolescente.
Disponível em: www.portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br

ALLO RBS, SANTANA LS, MARCOLIN AC, FERREIRA CHJ, DUARTE G, QUINTANA SM. Recursos não-farmacológicos no trabalho de parto: protocolo
assistencial. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2011/v39n1/a2404.pdf

MAFETONI RR, SHIMO AKK. Métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto: revisão integrativa. 2014. Disponível:
http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/942

MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO. Humanização do parto. Nasce o respeito : informações práticas sobres seus direitos. 2015. Disponível em:
https://www.mppe.mp.br/mppe/attachments/article/4240/cartilha%20humanizacao%20do%20parto%20pdf.pdf

POSSATI AB, PRATES LA, CREMONESE L, SCARTON J, ALVES CN, RESSEL LB. Humanização do parto: significados e percepções de enfermeiras. Esc
Anna Nery 2017;21(4):e20160366. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v21n4/pt_1414-8145-ean-2177-9465-EAN-2016-0366.pdf

RISCADO LC, JANNOTTI CB, BARBOSA RHS. A decisão pela via de parto no brasil: temas e tendências na produção da saúde coletiva. 2016
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v25n1/0104-0707-tce-25-01-3570014.pdf

UFRJ. Métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de parto. Disponível:


http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/enfermagem/metodos_nao_farmacologicos_de_alivio_da_dor.pdf

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