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MATRIUSCA

CURSO DE EDUCAÇÃO PERINATAL

DANIELLE SANTANA BRAGA NERI

JORDANA PIMENTA VIANA

JAKELINE ALVES FERNANDES

GIOVANNA MENDES DAMACENA

JULIANA CRISTINA O. CAMPOS

TURMA 4 GRUPO A

ATUAÇÃO DA DOULA UTILIZANDO MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS


PARA ALÍVIO DA DOR

BRASÍLIA

2020
DANIELLE SANTANA BRAGA NERI

JORDANA PIMENTA VIANA

JAKELINE ALVES FERNANDES

GIOVANNA MENDES DAMACENA

JULIANA CRISTINA O. CAMPOS

ATUAÇÃO DA DOULA UTILIZANDO MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS


PARA ALÍVIO DA DOR

Trabalho de Reflexão de Curso apresentado ao


Curso de Educação Perinatal, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Educador Perinatal.

BRASÍLIA

2020
INTRODUÇÃO

O parto normal é o meio fisiológico do corpo de promover um nascimento.


Envolvido por uma fisiologia complexa, o corpo humano assegura modificações ao
longo do processo gestacional para que o trabalho de parto (TP) ocorra de forma
satisfatória para mulher e bebê. Resultado dessas modificações, o TP vem
acompanhado de dor que, apesar de não ser uma dor caracterizada por doença, não
invalida as sensações e percepções da gestante.
A dor, apesar de considerada fisiológica apresenta um grau de variação do
seu limiar, de mulher para mulher, com base em aspectos sociais, emocionais,
biológicos e culturais, que influenciarão de forma positiva ou negativa, a experiência
do parto normal. Considerando isso, o profissional que acompanha essa mulher,
poderá utilizar os métodos não farmacológicos para alívio da dor (MNFs) com o
objetivo de tornar esse processo mais tranquilo e positivo.
Esses métodos são baseados em evidências científicas mas que nao
necessitam de aparato tecnólogico e sosfisticado para sua utilização. São
incentivados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e apresentam contribuição
satisfatória à redução das taxas de cesárea eletiva, principalmente quando se tem
um profissional qualificado a utilizá-las, e disposto a auxiliar e ensinar a gestante e
sua rede de apoio sobre os MNFs além de prover o apoio emocional necessário
para o parto.
Dentre uma equipe multiprofissional, responsável pelo atendimento à mulher
no ciclo gravídico-puerperal, o profissional que vem se destacando no uso dos MNFs
para alívio da dor, tem-se a Doula, pessoa responsável por dar suporte à mulher e
que proverá de conhecimento suficiente para orientação e uso das técnicas
adequadas, possibilitando uma boa experiência no processo de parto. Assim sendo,
o presente trabalho discutirá os MNFs para alívio da dor juntamente com a atuação
da doula para o protagonismo da mulher durante o parto.

REFERENCIAL TEÓRICO

A dor é um evento passageiro e necessário, característico do trabalho de


parto, com percepção e limiar individualizados. No TP, às dores estão relacionadas
a contração uterina, que proporcionará a dilatação do colo uterino e descida fetal,
além disso, a contração e estiramento das fibras uterinas, relaxamento do canal
vaginal, pressão exercida sobre a bexiga e sobre as raízes do plexo lombo-sacro
também exercem influência sobre a dor.
Como já mencionado na introdução deste trabalho, a intensidade e
sensibilidade quanto a dor, é definida de forma subjetiva considerando o local em
que a gestante está inserida, experiências anteriores e até mesmo ao ambiente em
que ocorrerá o parto. Em geral, a dor vem acompanhada de ansiedade e medo que,
quando não entendidas e tratadas adequadamente, inserem a parturiente numa
experiência assustadora e que, por vezes, resultam em cesarianas eletivas. Por
isso, o acompanhamento de uma doula, profissional capacitada a reconhecer às
particularidades e singularidades, e disposta a sanar dúvidas e questionamentos, se
torna facilitador para o processo de parto, proporcionando a mulher uma melhor
experiência.
A doula passou a ser reconhecida nos Estados Unidos em 1976, quando
Dana Raphael descreveu a experiência de uma mulher que assistiu o trabalho de
parto, o parto e a amamentação de outra mulher. De 1980 em diante, as doulas
ganharam popularidade, quando mulheres angustiadas com as altas taxas de
cesarianas passaram a convidá-las para instruir no seu parto, providenciando
suporte no trabalho de parto, apoio nas suas decisões e ajudando-as a evitar
procedimentos que as conduzissem a essa cirurgia. Para a Associação de Doulas da
América do Norte (DONA), a doula é considerada uma mulher treinada e experiente
em prestar apoio, com capacidade de fornecer contínuo suporte físico, emocional e
informativo durante o trabalho de parto e nascimento,
A doula, uma palavra de origem grega, que tem como significado “mulher que
serve”, era referida anteriormente como a que ajudava a mulher em casa, realizando
afazeres domésticos e com os cuidados com o bebê. Hoje, refere-se a mulher que
ampara de forma emocional durante todo o ciclo gravídico-puerperal,
desempenhando inúmeras atividades e amparo a também rede de apoio,
fundamentadas em evidências científicas. Segundo Noulan (1995):
A doula é uma mulher sem formação técnica que orienta e auxilia uma nova
mãe nas tarefas de parto e cuidados com o bebê. A doula presta constante apoio à
parturiente e a seu acompanhante, esclarece a respeito da evolução do trabalho de
parto, aconselha as posições mais confortáveis durante as contrações, promove
técnicas de respiração e relaxamento, proporciona contato físico e, ainda, oferece
apoio psicológico.
Deste modo, as atividades de apoio durante o trabalho de parto podem ser
classificadas em 4 categorias: suporte emocional, que consiste em encorajar,
tranqüilizar e estar presente continuamente; medidas de conforto físico como
massagens e compressa fria; suporte de informações através de orientações,
instruções e conselhos e defesa que consiste em interpretar os desejos do casal
frente aos profissionais do hospital e agir em favor do mesmo.

A doula é capacitada para uso e ensino dos métodos não farmacológicos


para alívio da dor, no intuito de ajudar a parturiente no seu processo de parir. E, a
principal vantagem na utilização desses recursos pela doula, é o reforço da
autonomia da parturiente, proporcionando sua participação ativa e de seu
acompanhante durante o parto e nascimento, promovendo redução da ansiedade e
medo que a acompanham. A utilização desses recursos no trabalho de parto busca
resgatar o caráter fisiológico da parturição.

Dentre as práticas não farmacológicas que podem ser utilizadas pela doula e
são recomendadas pela OMS e pelo programa de parto, destacam-se:

Deambulação: A deambulação durante o trabalho de parto traz benefícios


fisiológicos, pois permite a mudança de posição conforme conforto da gestante, o
que, em geral, a faz adotar uma posição mais verticalizada, que facilita o trabalho de
parto, devido a ação da gravidade e, associada a adoção de diferentes posições
ajuda na velocidade da dilatação cervical, promove o alívio da dor principalmente
durante as contrações e facilita a descida fetal.

Massagem: É um método de estimulação sensorial, que pode ser empregado de


várias formas e com diferentes pressões, em pontos dolorosos ou não, utilizando de
diferentes artefatos que produzem sensações de vibrato, pressão ou rolamento que
propiciam diferentes sensações e produz relaxamento e conforto, reduz a ansiedade
e a tensão muscular. Além de poder trazer distração para a parturiente, desviando o
foco da dor. São bastante utilizadas durante as contrações e em associação a outros
métodos.

Hidroterapia: Tanto o banho de aspersão (chuveiro) quanto o banho de imersão


(banheira), quando utilizados com água quente em temperatura em torno de 37º a
38º graus, atuam sobre os termorreceptores da epiderme, chegando ao sistema
nervoso central atuando sobre o bloqueio da percepção de dor, consequentemente,
aumenta a satisfação materna, efeito de relaxamento da musculatura e aumentando
a elasticidade do canal vaginal. E, o calor da água aumenta a circulação sanguínea,
diminuindo o estresse provocado pelas contrações.

Terapias Térmicas: A utilização do calor ou do frio sempre se mantiveram como


fonte terapêutica não farmacológica no alívio a dor. O uso da crioterapia(uso da
água fria) ameniza a dor durante toda a fase ativa e o período expulsivo, promove
redução na duração da evolução do parto, pode ser realizado nas costas e na região
inferior do abdomen durante o período de dilatação. A termoterapia(uso com água
quente) pode ser utilizado em região lombar, assim como no períneo durante o
período expulsivo e apresenta grande diminuição das dores relacionados a
lombalgias. O calor promove a liberação de endorfinas, bem como estimula
receptores de toque e temperatura, amenizando a sensação de dor.

Exercícios de respiração: Tem a função de reduzir a sensação dolorosa, melhorar


os níveis de saturação materna de O2, proporcionar relaxamento e concentração
resultando em diminuição da ansiedade, principalmente no início do TP. Não devem
ser estimuladas muito precocemente pois podem levar a parturiente a
hiperventilação.

Musicoterapia: Entre os benefícios auferidos por Bañol a musicoterapia exerce


efeitos sobre a respiração, deixando-a mais lenta e profunda, aumenta a resistências
às excitações sensoriais, combate o estresse, permite o domínio das forças afetivas e
auxilia no bom funcionamento da fisiologia. Além disso, tem a capacidade de resgatar
emoções, que garantem alívio da ansiedade e normalização de sentimentos.

Acupuntura: Procedimento terapêutico que normaliza a corrente energética no


organismo, recuperando a circulação normal com objetivo de obter analgesia,
recuperação motora, normalização das funções endócrinos e mentais e ativação do
processo regenerativo por meio da inserção de agulhas em pontos específicos do
corpo. É necessário formação complementar para uso dessa técnica.

Bola suíça: É um recurso que promove a livre movimentação, relaxamento,


alongamento e o fortalecimento da musculatura por meio da realização de exercícios
com e sobre a bola. Também promove a posição vertical que influencia na
progressão do TP e possui característica lúdica que traz benefícios psicológicos. O
fato de a bola corrigir a postura e permitir o trabalho com a musculatura do assoalho
pélvico, promovendo o relaxamento da musculatura, que associada à ampliação da
pelve auxilia na descida da apresentação fetal no canal de parto, se torna um
excelente aliado da doula, pelos benefícios já citados e por ter baixo custo
financeiro.

Cavalinho: Assento com apoio para os braços, que favorece uma postura sentada
com as costas inclinadas para frente para promover um balanço pélvico e alívio das
costas. Em geral é utilizado junto às outras técnicas, como a massagem,devido a
posição e relaxamento. É um equipamento primordialmente para o pré parto e por
isso é importante frisar que o cavalinho deve ser evitado de usar durante o período
expulsivo do trabalho de parto pois pode aumentar o risco da ocorrência de
laceração perineal.

Aromaterapia: Consiste na aplicação terapêutica de Óleos Essenciais, por diversas


vias do organismo, com finalidade terapêutica. Podem ser absorvidos por meio da
inalação, uso tópico na pele ou por ingestão, com a finalidade de promover bem-
estar físico e mental, induzindo ao relaxamento e alívio de outros sintomas que
acompanham a dor. É comumente utilizado no escalda-pés, e a inalação “indireta”
auxilia na redução da dor.

Rebozo: É um exercício que se utiliza de um tipo de xale ou tecido. Durante o


trabalho de parto, com a parturiente na posição vertical ou de cócoras, com o tecido
amarrado no alto, ou através de alongamentos de pelve realizados durante as
contrações que, associados à fricção na lombar com esse tecido, promovam
relaxamento.
Além dos métodos citados, a doula pode atuar indiretamente, antes e depois
do parto, para a promoção do alívio da dor. Isso ocorre por meio dos encontros e
sua atuação como educadora perinatal. Durante o conhecer da doulanda e sua rede
de apoio, a doula, tem a oportunidade entender e compreender os medos, anseios e
particularidades físicas e emocionais, atuais e anteriores, que quando
negligenciadas, podem inferir no TP e elevar o limiar de dor dessa gestante.
Assim, a doula pode e deve, utilizar de todas as oportunidades cabíveis,
respeitando o espaço dessa gestante, com o objetivo de individualizar esse
atendimento e entender às expectativas que já estão sendo geradas quanto ao TP e
maternidade de maneira geral, para que sejam trabalhadas e promovam uma
experiência agradável e um protagonismo dessa parturiente em seu parto.
É importante salientar que apesar do conhecimento por parte da doula
referente aos benefícios e importância do uso desses métodos, a vontade e desejo
da doulanda devem ser respeitados e prevalecer sobre o uso dessas técnicas.
Identificar na gestante o consentimento do uso durante o TP, levará a uma boa
assistência prestada e um parto humanizado e adequado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização dos métodos discutidos anteriormente contribuem para dar suporte e


controlar a sensação de dor nas parturientes. É importante reiterar que nem todos os
métodos serão adequados para todas às parturientes, mas que, a individualização
do atendimento pela doula, proporcionará uma boa experiência de parto. A doula
deve dotar de conhecimento acerca dos métodos e sua forma de utilização em cada
momento do trabalho de parto.

A acupuntura age tanto sobre aspectos fisiológicos da dor como sobre sua
subjetividade. A hidroterapia, a musicoterapia, a aromaterapia e as técnicas de
respiração promovem o relaxamento e a diminuição dos níveis de ansiedade. As
terapias térmicas contribuem para a analgesia local de regiões afetadas pela dor. Os
exercícios na bola suíça são importantes para reduzir a dor e adotar a posição
vertical, importante na progressão do TP. A escolha do método deve variar entre as
necessidades da parturiente, os objetivos dos cuidados e a disponibilidade do
serviço.
Considerando as características da percepção individual da dor, tudo o que
envolve a experiência do nascimento deve ser levada em conta na escolha do
método a ser utilizado, já que o uso de medidas não farmacológicas exige da mulher
um controle sobre seu corpo e suas emoções. Pensando na particularidade de cada
mulher e na exacerbação de seus sentimentos e emoções durante o trabalho de
parto, além de apresentar os efeitos dos métodos não farmacológicos para alívio da
dor, é imprescindível que a doula conheça a preferência da doulanda em relação
aos possíveis métodos a serem utilizados e apoie e respeite cada uma de suas
decisões.
A doula deve ser o apoio para a parturiente e sua rede de apoio e estar
disponível para cada anseio dessa mulher, de forma a fazer com que o trabalho de
parto seja uma experiência satisfatória regada de humanização e respeito às
vontades.
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