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DA LÍNGUA
INGLESA
Julice Daijo
Revisão técnica:
Monica Stefani
Bacharela em Letras – habilitação português/inglês (UFRGS)
Mestra em Letras – Literaturas de língua
inglesa/literatura australiana (UFRGS)
Doutora em Letras – Literaturas de língua
inglesa/estudos de tradução (UFRGS)
ISBN 978-85-9502-110-5
1. Morfologia. 2. Língua inglesa. I. Título.
CDU 81’366
Introdução
Você sabia que a morfologia é paradoxalmente a mais antiga e a mais
recente subdivisão da gramática? Também conhecida como o estudo da
estrutura interna e a relação entre palavras, a morfologia é a mais antiga
devido a uma das primeiras provas históricas que a humanidade tem
sobre o estudo da gramática serem listas escritas em argila, datadas de
aproximadamente 1600 a.C. Essas listas foram estudadas e registradas
por linguistas, que, na época, nem imaginavam ser hoje considerados
morfologistas. Por outro lado, ela é considerada a subdivisão mais recente
da gramática devido à palavra morfologia ter sido, de fato, inventada na
segunda metade do século XIX. Antes disso, não havia a necessidade para
um termo tão específico devido ao nome gramática também englobar
o escopo da morfologia. Curiosamente, os termos fonologia e sintaxe já
existiam há séculos antes do termo morfologia.
Neste capítulo, você vai estudar as noções básicas da morfologia do
inglês, identificar a morfologia como uma subdivisão da gramática e sua
importância e classificar as estruturas e processos de análise de palavras
na língua inglesa.
O que é morfologia?
A morfologia é uma subdisciplina da linguística (ciência que estuda línguas) –
junto com a fonética, a fonologia, a sintaxe, a lexicologia e a semântica
(Figura 1) – que estuda a estrutura interna das palavras, ou seja, como as
palavras são formadas, e como elas interagem entre si.
Outra definição de morfologia é: a disciplina que abrange a parte da lin-
guística responsável por analisar e estudar as palavras, ou seja, como são
formadas, seus significados e suas funções, quando agrupadas em sentenças
e/ou combinadas entre si.
Existem indícios da morfologia datados de 1600 a.C., em um dos primeiros
estudos feitos nas primeiras línguas registradas na antiga Mesopotâmia (hoje,
partes da Turquia, Síria e Iraque). O estudo da formação de palavras existe,
de forma geral, em línguas vivas, escritas ou faladas, inclusive na língua de
sinais, e em registros de determinadas línguas mortas, como sumério e acádio.
Cada idioma possui sua morfologia específica, ou seja, algumas línguas
apresentam certas regras em comum, outras, a ausência total de normas ou,
ainda, diferentes princípios que não se aplicam ao português ou ao inglês.
Assim, para interpretar essas diferenças morfológicas, temos duas maneiras:
a primeira, é pelo estudo da estrutura interna das palavras, ou seja, das partes
que as compõem. A segunda maneira é pela perspectiva da sabedoria científica,
e aí a morfologia pode ser vista como uma ciência. Por exemplo, podemos
analisar a morfologia da linguagem dos anos 1980 (como as pessoas falavam
nos anos 1980, quais eram as gírias usadas nessa década, quais palavras foram
acrescentadas ao idioma, etc.) a morfologia do espanhol ou, ainda, as mudanças
gramaticais que o português do Brasil sofreu (algumas palavras perderam o
trema, outras, o hífen, e assim por diante). Com a chegada da tecnologia, a
morfologia do português do Brasil ganhou várias novas palavras: deletar,
gugar e lincar, por exemplo, mas como isso impactou nossa sociedade? Esse
conhecimento vai além do estudo da estrutura interna das palavras – que foi
a primeira definição de morfologia anteriormente – e passa a ser uma ciência
que estuda o comportamento das palavras, que está diretamente ligado à
história, às decisões políticas e à sociedade.
sociolinguística
tica
g má
pra
lin
psicolinguística
gu
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fonética
ica
fonologia
do
sintaxe an
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mor fologia se
lexicologia
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semântica di
sc
neurolinguística ur
so
históricaa
c
da o
linguísti
á lisersaçã
annve
co
[s] com o som /s/ em posição final, sistematicamente. Porém, palavras como
blitz, box, nice e lapse não possuem essa sistemática de multiplicidade, apesar
de terminarem com o som /s/.
Para saber mais sobre a terminologia usada na morfologia do inglês, e analisar mais
exemplos relacionados aos itens mencionados, leia The Grammar of Words (BOOIJ, 2005).
Morfemas
Os morfemas (morphemes) são as menores partes individuais, ou constituintes,
de uma palavra que carregam um significado. Diferentemente das sílabas, os
morfemas expressam um sentido lexical ou gramatical, sendo denominados
morfemas léxicos e morfemas gramaticais. Veja os exemplos no Quadro 1:
Quadro 1.
https://goo.gl/hpLSqo
Operações morfológicas
As palavras são criadas o tempo todo, afinal consideramos que todo idioma
é uma língua viva que sofre várias mudanças e atualizações constantemente.
Quando uma nova palavra é criada, podemos dizer que ela passou por um
processo em tempo real, ou diacrônico, ou por um processo virtual, sincrô-
nico. Por exemplo, a palavra read teoricamente sempre existiu, registrada em
888 d.C., mas o adjetivo readable foi registrado pela primeira vez em 1570.
Dessa forma, em algum momento da história, para criar a palavra readable,
alguém acrescentou – able a read e criou um novo lexema. Sendo assim,
podemos dizer que a palavra readable foi diacronicamente derivada de read
e sincronicamente derivada também de read. A maioria das palavras em
inglês foi segmentada de raízes e afixos, ou seja, passaram por um processo
de afixação ou composição (HASPELMATH, 2002), que são consideradas as
principais operações morfológicas na formação de palavras, também chamadas
de operações concatenativas.
Para ver mais detalhes das operações morfológicas além das operações concatenativas,
consulte “Understanding Morphology” (HASPELMATH, 2002, cap. 2, p. 22).
Leituras recomendadas
MEYER, C. F. Introducing English linguistics. Cambridge: Cambridge University, 2002.
ROSA, M. C. Introdução à morfologia. [S.l.]: Contexto, 2000.