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Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

IMPACTO DO ENSINO DAS REGRAS MORFOLÓGICAS NA ESCRITA DE


FALANTES DO PORTUGUÊS COMO L2

Estudante: Aide Arabe Código: 96220208

Lichinga, Maio de 2023


Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

IMPACTO DO ENSINO DAS REGRAS MORFOLÓGICAS NA ESCRITA DE


FALANTES DO PORTUGUÊS COMO L2

Trabalho de Campo da Disciplina de Morfologia do


Português, a ser submetido na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de Português da UnISCED 2º
Ano, para efeitos avaliativos.

Tutor: Prof. Doutor António Domingos Braço

Estudante: Aide Arabe Código: 96220208

Lichinga, Maio de 2023

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 4

1.1. Objectivos ........................................................................................................................ 4

1.2. Geral ................................................................................................................................ 4

1.2.1. Específicos ........................................................................................................................ 4

1.2. Metodologias ....................................................................................................................... 4

2. IMPACTO DO ENSINO DAS REGRAS MORFOLÓGICAS NA ESCRITA DE


FALANTES DO PORTUGUÊS COMO L2 .............................................................................. 5

2.1. Conceitos Fundamentais ...................................................................................................... 5

2.2. Regras Morfológicas ........................................................................................................... 6

2.3. Português como lingua segunda (L2) .................................................................................. 6

2.4. Impacto do ensino das regras morfológicas na escrita de falantes do Português como
Lingua segunda ........................................................................................................................... 6

2.5. O ensino da escrita numa Lingua segunda .......................................................................... 7

3. Ensino de morfologia ............................................................................................................. 8

4. Conclusão ............................................................................................................................. 10

5. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 11

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1. Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira de Morfologia do Português e visa abordar a cerca dos
Impacto do ensino das regras morfológicas na escrita de falantes do Português como L2, de
antemão importa salientar que, o conhecimento relativo à morfologia é relevante para a
aprendizagem da escrita em línguas alfabéticas porque, nessas línguas, a ortografia é regida por
dois ou mais morfemas, por exemplo, a palavra florzinha, que é composta pelos morfemas.
Desta forma, Entre os diferentes níveis de análise linguística, que vão desde as unidades mais
amplas do discurso, como as frases e as partes que a compõem, até as unidades menores, como
os sons e as sílabas, há um nível intermediário que visa estudar as unidades da língua que
apresentam certa autonomia formal, representadas concretamente pelas entradas lexicais nos
dicionários, isto é, as palavras. Também é parte desse mesmo nível de análise o estudo das
unidades de sentido que compõem as palavras. Trata-se do nível morfológico.

1.1. Objectivos

1.2. Geral
 Conhecer os Impacto do ensino das regras morfológicas na escrita de falantes do
Português como L2.

1.2.1. Específicos
 Compreender as regras regras morfológicas;
 Apresentar os Impacto do ensino das regras morfológicas na escrita de falantes;
 Avaliar os impactos negativos e positivos do ensino das regras morfológicas na escrita
de falantes do Português como L2.

1.2. Metodologias
A realização do trabalho foi possível com o auxílio de diversas obras de autores nacionais e
estrangeiros que abordam assuntos relacionados com o Tema, sites e blogs, e documentos em
formato pdf, detalhados nas Referências Bibliográficas.

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2. IMPACTO DO ENSINO DAS REGRAS MORFOLÓGICAS NA ESCRITA DE
FALANTES DO PORTUGUÊS COMO L2

2.1. Conceitos Fundamentais


 Morfologias

De acordo com Monteiro (2002, p. 11), “Morfologia, é estudo das unidades básicas
significativas, ou seja, os morfemas (radical, desinências) que constituem os vocábulos,
definindo-os e descrevendo-os. Também é objecto da morfologia o estudo das classes das
palavras”.

Na constituição do termo morfologia encontram-se os elementos [morf(o)] e [logia], do gr.


morphé = “forma” e logía = “estudo”. Em estudos linguísticos, morfologia é a parte da
gramática que descreve a forma das palavras.

Segundo Nida (1970, p. 1), ‘a morfologia pode ser definida como o estudo dos morfemas e seus
arranjos na formação das palavras”

Morfologia é a parte da gramática que estuda as palavras de acordo com a classe gramatical a
que ela pertence. Quando nos referimos às classes gramaticais, logo sabemos que se refere à
dez classes, que são: substantivos, artigos, pronomes, verbos, adjetivos, conjunções,
interjeições, preposições, advérbios e numerais.

 Morfema

Morfema é a menor unidade significativa (de significado gramatical ou lexical) de que se


compõem os vocábulos. No segundo balão da tirinha, com base na teoria, identificamos quatro
vocábulos mórficos: “tem, uma, manchinha, ali”. Após essa identificação, podemos definir
vocábulo como “a unidade construída de morfemas” Vocábulos mórficos são constituídos de
morfemas. (Carone, 1991, p.33).

Os morfemas flexionais são os responsáveis pela alteração dos morfemas lexicais, de


tal maneira que estes sejam ajustados “à expressão das categorias gramaticais que a sua classe
admite”, ou seja, nomes devem adequar-se a gênero e número, e verbos, a tempo e modo,
número e pessoa.

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2.2. Regras Morfológicas
Os processos morfológicos são realizados de acordo com certas regras gramaticais. Por
exemplo, que as unidades que marcam o número (singular e plural) ocorrem sempre na posição
final das palavras.

Nos verbos, as unidades têm uma distribuição fixa: a unidade básica do sentido + vogal
temática + desinência modo-temporal + desinência número-pessoal. O gênero feminino às
vezes é marcado pela desinência [-a], que ocorre na posição final, ou imediatamente antes do
[-s], quando a palavra estiver no plural. A oposição de gênero “avô”/“avó”, no entanto, é feita
através de um traço suprassegmental, isto é, pela alternância de vogais.

2.3. Português como lingua segunda (L2)


O termo Português Língua Segunda (PLS/PL2) foi criado no âmbito da sociolinguística para se
referir à um grupo específico de falantes do Português Língua Não Materna, com caraterísticas
de aquisição/aprendizagem e de domínio da língua portuguesa distintas das dos outros grupos
de PLNM, como, por exemplo, os que a têm como Língua de Herança ou como Língua
Estrangeira, em oposição aos falantes do Português Língua Materna.

A Língua Segunda é apresentada como a língua de natureza não materna adquirida em segundo
lugar, sendo uma aprendizagem posterior à aprendizagem da língua mãe. Este termo classifica
o uso de uma LNM nos países na qual essa língua é oficial, usada comumente na participação
política, nas escolas e no sector económico (Santos, 2012).

L2 e LE distinguem-se atendendo:

a) à “situação de apropriação da língua” (situações familiares, sociais, culturais, afetivas,


históricas) e
b) à “componente sociolinguística mais abrangente de contexto de utilização”

2.4. Impacto do ensino das regras morfológicas na escrita de falantes do Português como
Lingua segunda
As habilidades metamorfológicas podem influenciar tanto na aprendizagem inicial da
linguagem escrita quanto no seu desenvolvimento, contribuindo para um maior domínio da
leitura e da escrita.

O maior nível de escolaridade (com e sem problemas de aprendizagem) foram mais precisos na
utilização de flexões, derivações e palavras compostas. Os efeitos do conhecimento de sufixos

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sobre a escrita de crianças. Seus resultados apontam que as crianças de 5 a 8 anos demonstraram
ter consciência das flexões, mas não das derivações. Os autores concluíram que é mais difícil
para as crianças entender as relações morfêmicas nas derivações do que nas flexões, em função
de que, na morfologia derivacional, há uma mudança na classe gramatical das palavras
morfologicamente complexas, o que não ocorre na morfologia flexional.

Os estudos desenvolvido por Pires (2010), que teve como objectivo avaliar o impacto do ensino
explícito das regras morfológicas relativas aos morfemas homófonos “-esa”/ “-eza” e “-ice”/“-
isse” na capacidade de os participantes de 3º, 4º e 6º ano escreverem palavras que terminam
com essas formas homófonas.

Os resultados mostraram uma contribuição significativa da intervenção sobre a


capacidade de escrita dos alunos, ou seja, os participantes que receberam um ensino explícito
sobre os princípios morfológicos puderam discriminar, na escrita, morfemas homófonos de
forma significativamente melhor do que aqueles que não foram ensinados.

Todas as situações não abrangidas pela designação de Língua Materna estão


enquadradas na designação de Língua Não Materna (LNM), que se subdivide, essencialmente,
em Língua Segunda (L2) e Língua Estrangeira (LE), consideradas instrumentos de
comunicação secundários ou auxiliares.

O Português é uma língua com uma gramática desenvolvida, cuja aprendizagem e apreensão se
pode revelar difícil e morosa, sobretudo para aquelas pessoas que não possuem ainda um
domínio satisfatório da língua, sem a bagagem linguística que lhes permita um maneio estável
da língua, sendo, por conseguinte, penalizadas do ponto de vista educativo e emocional.

2.5. O ensino da escrita numa Lingua segunda


De acorrdo com Carvalho, (2012), “Escrever é usar a linguagem na sua variedade verbal que,
assente num sistema ortográfico e materializada em símbolos gráficos visíveis numa superfície
se distingue nestes termos básicos, da oral, esta última assentando num sistema fonológico
materializado em sons”.

Para Gouveia (2014, p. 3), “escrita como um sistema autônomo de funcionalidade


complementar à oralidade, usado na cultura em razão de motivações e contextos que de
secundário nada têm e que nada devem à oralidade”.

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A preocupação com o conteúdo da mensagem, inerente à linguagem escrita, é, deveras,
incontornável, tanto pelo diferimento entre o momento da produção e o da receção, como pela
diferença no contexto situacional entre estes dois momentos. Destes aspetos característicos da
comunicação escrita, decorrem duas exigências: o carácter autónomo da produção do texto
escrito, bem como o seu funcionamento autónomo no processo de sua descodificação.

Conforme Carvalho, (2012), p. 3 apud Vygotsky (1979) considera a escrita como uma forma
de discurso mais elaborada, uma vez que a comunicação, na falta de apoios situacionais, é
conseguida através do recurso exclusivo às palavras e suas combinações. (…) O texto escrito
não funciona do ponto de vista comunicativo no momento da sua criação, apenas integra
potencialidades de comunicação.

Para Rosa (2003, p. 2013), “o desenvolvimento de estudos de intervenção que trabalhem com
regras explícitas que regem a discriminação morfológica de morfemas homófonos, “a fim de
avaliar se as crianças podem aprender essas regras, e se este aprendizado pode ser mantido em
longo prazo”.

A aprendizagem envolvendo regras morfológicas de derivação sobre os elementos


mórficos homófonos “-esa”/“-eza”, comprovando pelo pós-teste diferido que tal aprendizado
se mantém, mesmo depois de passado um certo tempo. Destaca-se que, no caso dos elementos
mórficos homófonos “-esa”/“-eza”, verifica-se que a regra contextual de que o “s” entre vogais
tem som de /z/ pode gerar conflito no momento de escrita, tendo em vista que é possível
representar o som /z/, presente entre vogais, utilizando tanto a letra “s” quanto a letra “z”.

Diante do conflito da escolha da ortografia correcta, quando as crianças não conhecem


a regra morfológica, ora recorrem à representação fonológica, ora à regra contextual. No
entanto, são capazes de avançar nesse processo quando são ensinadas a respeito.

3. Ensino de morfologia
Segundo Saviani (1999, p. 87), “o ensino de morfologia, que consiste principalmente no estudo
dos morfemas e de suas associações, ainda que antiquado, está cada vez mais voltado para o
ensino através da prática social, ou seja, inserindo o tema em assuntos do quotidiano e das
vivências do aluno”.

Esse ensino em vez de incentivar o uso das habilidades lingüísticas do


indivíduo, deixando-o expressar-se livremente para somente depois
corrigir sua fala ou sua escrita, age exatamente ao contrário: interrompe
o fluxo natural da expressão e da comunicação com a atitude corretiva
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(e muitas vezes punitiva) cuja consequência inevitável é a criação de
um sistema de incapacidade, de incompetência. (Bagno, 1999, p. 107)

A morfologia tratada nas escolas tem como principal função apresentar o certo e o errado, o
que não é a melhor maneira de se tratar da língua. Além disso, outro ponto a se ressaltar é o
trabalho com os textos. Desde 1950, o texto na sala de aula é uma ferramenta extremamente
importante, mas o que acontece é o uso inadequado desses textos, apenas servindo de base para
análises de frases ou palavras isoladas. Entretanto, o uso adequado de textos na escola deve ter
como função abrir o leque de discursos da língua, fazendo com que o aluno amplie sua
percepção para além das estruturas gramaticais.

A influência de uma L1 no processo de aquisição de L2 é óbvia, sendo facilmente identificável


por qualquer falante de Português L1 quando confrontado com um falante proveniente da
China, Ucrânia, França ou Espanha, para quem este idioma seja uma Segunda Língua. Aspectos
em que se torna evidente a transferência de propriedades da L1 para L2 diz respeito aos erros
ortográficos cuja origem podemos atribuir a dificuldades na articulação de determinados sons.
Um exemplo paradigmático ocorre na frequente confusão verificada entre os grafemas.

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4. Conclusão
A morfologia aborda, portanto, predominantemente os processos nos quais se acrescenta um
segmento a outros já existentes para modificar o sentido. No entanto, os processos morfológicos
podem ser de outros tipos, como: alternância de um segmento por outro, subtração,
reduplicação, ausência (morfema zero). No entanto, o conhecimento relativo à morfologia é
relevante para a aprendizagem da escrita em línguas alfabéticas porque, nessas línguas, a
ortografia é regida por dois princípios, primordiais para o seu funcionamento. O primeiro
princípio, o fonográfico, descreve as correspondências entre unidades gráficas (grafemas) e
sons (fonemas). O segundo princípio é o semiográfico e diz respeito às relações entre unidades
gráficas e formas significativas.

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5. Referências Bibliográficas
Almeida, N. M. de. (1961). Gramática Metódica da Língua Portuguesa. São Paulo: Saraiva.

Carone, Flávia de Barros. (1988). Morfossintaxe. São Paulo: Ática.

Carvalho, J. B. (2011). Ensinar e aprender a escrever no século XXI – (re)configurando um


velho objeto escolar. Universidade de Minho: Minho.

Costa, I. B. Processos Morfofonológicos na Morfologia Derivacional. (inédito).

Cunha, Celso; Cintra, Luís F. Lindley. (1985). Nova gramática do português contemporâneo.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Gouveia, C. A. M. (2009). Texto e gramática: uma introdução à linguística sistémicofuncional.


Matraga.

Monteiro, J. L. (1987). Morfologia Português Fortaleza: EDUFC.

Petter, Margarida M. (2003). T. Morfologia. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à
Linguística: princípios de análise. São Paulo: Contexto.

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