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Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

CASAMENTO

Estudante: Aide Arabe Codigo: 96220208

Lichinga, Maio de 2023


Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

CASAMENTO

Trabalho de Campo da Disciplina de Antropologia


Cultural a ser submetido na Coordenação do Curso
de Licenciatura em em Ensino de Português da
UnISCED 2º Ano.

Estudante: Aide Arabe Codigo: 96220208

Lichinga, Maio de 2023

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Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 3

1.1.Objectivos ............................................................................................................................. 3

1.1.2.Geral .................................................................................................................................. 3

1.1.3.Específicos ......................................................................................................................... 3

1.2.Metodologias ........................................................................................................................ 3

2. CASMENTO .......................................................................................................................... 4

2.1. Conceitos Fundamentais ...................................................................................................... 4

2.1.1.As Regras do Casamento ................................................................................................... 4

2.1.2.Tipos de Casamento .......................................................................................................... 4

2.1.3. Modalidades de Casamento em Moçambique .................................................................. 5

2.2. Significação histórica da prática do lobolo.......................................................................... 6

2.3.Os Casamentos Arranjados................................................................................................... 6

3. Analise Critica do Casamento na Província de Niassa ........................................................... 7

3.1. Casamento Prematuro .......................................................................................................... 7

3.2. Casamentos prematuros na Província de Niassa ................................................................. 7

3.3. Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras ........................................................... 8

4. Conclusão ............................................................................................................................... 9

5.Referência Bibliográficas ...................................................................................................... 10

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1.Introdução
O trabalho é de carácter avaliativo, referente a cadeira de Antropologia, tem como tema:
Casamento. No entanto, o casamento é um dos temas mais cadentes em Antropologia e
possibilita evidenciar a humanidade é ao mesmo tempo a mesma e diferente pois, são notáveis
as diferenças e semelhanças nas suas mais diversas semelhanças e diferenças. Dessa forma, o
estudo visa aprofundar de forma prática o assunto. Desta feita, pretende-se também, estabelecer
uma relação entre aspectos da literatura sobre o casamento e um conjunto de aspectos a
formação, tipo e finalidade do casamento na sua província de Niassa.

1.1.Objectivos

1.1.2.Geral
 Analisar o Casamento.

1.1.3.Específicos
 Definir o Casamento;
 Apresentar as formas de casamento na realidade social;
 Criticar de forma explícita a realidade social do casamento na actualidade.

1.2.Metodologias
A realização do trabalho foi possível com o auxílio de diversas obras de autores que abordam
assuntos relacionados com o Tema, sites e documentos em formato PDF, detalhados nas
Referências Bibliográficas.

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2. CASMENTO

2.1. Conceitos Fundamentais


 Conceitos de Casamento

Conforme Boas, (2009), “O Casamento é a união voluntária e singular entre um homem e uma
mulher, com o propósito de constituir família, mediante comunhão plena de vida”.

Segundo BOLETIM DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, (2019, p: 239), “O Casamento é


a união voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o propósito de constituir
família, mediante comunhão plena de vida”.

Segundo Batalha, (2004, p. 34), “O casamento é um acontecimento cultural que está muito para
além da genética ou biologia humanas é a forma comummente aceite de constituir família e ter
filhos, entre a maioria social e politicamente dominante”.

2.1.1.As Regras do Casamento


De acordo com Batalha, (2004, p. 34), “É dado assente que todas as sociedades de mundo
condenam em absoluto o incesto, ou seja, o casamento entre irmãos, entre pai e filha, entre mãe
e filho. Esta proibição fundamental é como que uma reacção primária do grupo contra as causas
internas de desorganização ou adulteração do papel que cada membro desempenha no seio do
agregado familiar restrito e contra a verdadeira «asfixia» resultante de justaposições no
exercício dessas funções”.

2.1.2.Tipos de Casamento
 Monogamia
Embora a monogamia seja a norma de casamento mais comum na maior parte das sociedades,
a poligamia é a forma mais praticada, especialmente na forma conhecida como poliginia.

 Poliginia

A poliginia é a família em que o homem é quem pratica a poligamia, isto é, a união de um


marido com várias esposas.

 Poliandria
A poliandria, que liga matrimonialmente uma mulher a dois ou mais homens, é a forma mais
rara de poligamia. Alguns antropólogos entendem que é menos vulgar do que a poliginia devido
à menor esperança de vida e maior mortalidade infantil do sexo masculino. Em algumas

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sociedades, ou entre alguns grupos sociais, o casamento é considerado uma coisa demasiado
séria para ser deixado aos caprichos de jovens com pouca experiência de vida social. Nessas
sociedades e grupos, o casamento, mais do que a união entre duas pessoas, representa o
estabelecimento de uma aliança entre famílias ou grupos de parentesco.

2.1.3. Modalidades de Casamento em Moçambique


O casamento em Moçambique divide-se em seguintes modalidades, como: Casamento Civil e
Religioso ou Tradicional. Ao casamento monogâmico, religioso e tradicional é reconhecido
valor e eficácia igual à do casamento civil, quando tenham sido observados os requisitos que a
lei estabelece para o casamento civil.

a) Casamento Civil

Em Moçambique a capacidade matrimonial dos nubentes é comprovada por meio de processo


preliminar de publicações, organizado nas repartições do registo civil a requerimento dos
nubentes ou do dignatário religioso, nos termos da lei de registo.

 O consentimento dos pais, legais representantes ou tutor, relativo ao nubente menor,


pode ser prestado na presença de duas testemunhas perante o dignatário religioso, o qual
lavra auto de ocorrência, assinando-o todos os intervenientes.

Em Moçambique, têm capacidade para contrair casamento todos aqueles em relacção aos quais não
verifique-se algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.

O casamento civil é um contrato entre duas pessoas tradicionalmente com o objectivo


de constituir uma família. A definição exata varia historicamente e entre as culturas, mas, até
há pouco tempo e na maioria dos países, era uma união socialmente sancionada entre um
homem e uma mulher (com ou sem filhos) mediante comunhão de vida e bens. Até ao século
XIX, o casamento era visto nas sociedades ocidentais meramente como um acordo comercial
entre duas famílias sem que os dois intervenientes tivessem muito voto na matéria. O
romantismo veio alterar esta imagem e passou-se então a existir o conceito de casar por amor.

b) Casamento Religioso ou Tradicional

O Casamento religioso e o tradicional, consiste na união voluntária e singular entre um homem


e uma mulher, por meio dos líderes religiosos, ou comunitários duma certa região. E só podem
ser contraídos por quem tiver a capacidade matrimonial exigida na lei civil. O casamento

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religioso e o tradicional produz efeitos previstos na presente Lei ou em legislação especial,
desde que esteja devidamente transcrito pelos serviços do registo civil nos termos da lei.

 Lobolo

O lobolo é uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher) pelo
casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote pode ser uma
enxada, uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou outros bens de natureza ou
pecuniária. O “pagamento” da noiva é uma prática comum em sociedades onde esta deixa a
casa de sua família para ir viver coma família do noivo. Assim, a família dela recebe uma
compensação pela sua saída, que constitui uma forma de indemnizar. Nessas sociedades as
mulheres são a principal força de trabalho e as famílias precisam de ser compensadas pela sua
saída.

2.2. Significação histórica da prática do lobolo


O lobolo como símbolo de união matrimonial permite que uma das famílias envolvidas adquira
um novo membro, e a outra, o perca. Deste modo, a mulher adquirida, ainda que conserve o seu
apelido (o nome do seu clã) torna-se propriedade do novo grupo familiar, pertencem a este
grupo tanto ela como os filhos que gerar. Não é uma escrava, nem a propriedade individual do
marido, mas uma propriedade colectiva do grupo.

Na região sul de Moçambique o “preço-da-noiva” chama-se lobolo ou alambamento.


Normalmente, entre os povos pastores o lobolo é constituído por um determinado número de
cabeças de gado, pagas pelo noivo aos irmãos e ao pai da noiva. Esse lobolo servirá depois para
casar os irmãos da noiva. Este sistema de compra da noiva (uma forma simétrica do dote, que
no passado existiu em algumas sociedades europeias) está associado à patrilinearidade e à
patrilocalidade.

2.3.Os Casamentos Arranjados


De acordo com Batalha, (2004, p. 34), “Antigamente, a decisão de casar não era tomada pelos
noivos mas sim pelos pais ou outros parentes mais velhos. A vontade dos noivos é
frequentemente contrariada em função dos interesses do seu grupo de parentesco”.

O casamento torna-se uma questão de interesses económicos, sociais e políticos, em que


os noivos são meros actores sem grande coisa para decidir. Em algumas zonas do norte de
Moçambique note-se casos de casamento entre família, onde que o sobrinho que se desloca para
casa do tio materno, acabando por casar com uma prima filha desse tio materno.
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3. Analise Critica do Casamento na Província de Niassa
A Lei moçambicana define casamento como sendo uma união voluntária e singular entre
um homem e uma mulher, com o propósito de constituir família, mediante comunhão plena da
vida. O casamento pode ser civil, religioso ou tradicional. Em Moçambique, ao casamento
monogâmico, religioso e tradicional é reconhecido valor e eficácia igual à do casamento civil,
isto quando tenham sido observados os requisitos que a lei estabelece para o casamento civil.

3.1. Casamento Prematuro


O casamento prematuro é qualquer tipo de união marital que envolve uma pessoa menor de 18
anos. A lei moçambicana proíbe o casamento prematuro. A relação de casamento, quando
ocorrida prematuramente, pode ter graves consequências para a rapariga. A rapariga
adolescente pode ficar sujeita à violência doméstica, abuso sexual por parte do marido e
contaminação por HIV/SIDA, especialmente, em casos em que o marido é muito mais velho e
possui várias mulheres ou parceiras.

A gravidez precoce, especialmente até aos 16 anos de idade, apresenta riscos físicos,
psicológicos e sociais, por vezes graves. As chances das mães adolescentes morrerem devido
as complicações durante a gravidez são altas, podendo haver parto prematuro, anemia, tensão
arterial elevada ou fístula para além de poder contraírem infecções sexualmente transmissíveis.
Os bebés que nascem de uma mãe adolescente têm maior risco de desenvolver a desnutrição.

3.2. Casamentos prematuros na Província de Niassa


Em moçambique, concretamente na província de Niassa, no distrito de Lichinga, constata-se a
frequência, elevado número de casamentos Prematuros. Apesar da gravidez precoce ocorrer
principalmente na sequência do casamento prematuro, também pode ocorrer fora do casamento.
Muitos casos de gravidez são resultantes de violações e abuso sexual na escola, na comunidade
e até em casa.

A província nortenha do Niassa, a mais empobrecida de Moçambique, está a ser afectada pelo
fenómeno de casamentos prematuros, que, segundo o respectivo governador, está a ter um
impacto bastante negativo no sector da educação.

Em Niassa concretamento, no distrito de Lichinga, as meninas que casam cedo são


muitas vezes abusadas e abandonadas. Martinha Luciano, jovens de Niassa, conta que casou
aos 15 anos com um homem mais velho, que algum tempo depois trocou-a por outra. Ela não
voltou mais a estudar.

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3.3. Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, promulgou em outubro de 2019, e mandou publicar
a Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras, aprovada em julho 2019 pelo
parlamento. A lei elimina uniões maritais envolvendo pessoas com menos de 18 anos, punindo
com pena até 12 anos e multa até 2 anos o adulto que se casar com uma criança.

i. O adulto, independentemente do seu estado civil, que unir-se com a criança será punido
com pena de prisão de 8 a 12 anos e multa até dois anos" - Artigo 30, Lei de Prevenção e
Combate às Uniões Prematuras em Moçambique.

ii. "A união entre duas pessoas formada com propósito imediato de constituir família, só é
permitida a quem tiver completado 18 anos de idade à data da união" - Artigo 7, Lei de
Prevenção e Combate às Uniões Prematuras em Moçambique.

iii. "O adulto que, por si ou por interposta pessoa, noivar uma criança conhecendo a idade desta,
será punido com pena de prisão até 2 anos" - Artigo 25, Lei de Prevenção e Combate às
Uniões Prematuras em Moçambique.

iv. "O servidor público que, no exercício das suas funções, de forma consciente, celebrar ou
autorizar a celebração de casamento no qual ambos ou um dos esposados é criança, será
punido com pena de prisão de 2 a 8 anos e multa até 2 anos" - Artigo 26, Lei de Prevenção
e Combate às Uniões Prematuras em Moçambique.

v. "Aquele que colaborar para que a união com uma criança tenha lugar, ou que por qualquer
outra forma concorra para que produzam os seus efeitos, desde que tenha conhecimento de
que a união envolve criança, será punido com pena de prisão e multa até 1 ano" - Artigo 31,
Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras em Moçambique.

vi. "A pena de prisão de 8 a 12 será aplicada a quem entregar criança para união em troca de
algum bem ou valor, para pagamento de dívida, como cumprimento de promessa, como
dádiva ou para qualquer outra finalidade contrária à lei" - Artigo 32, Lei de Prevenção e
Combate às Uniões Prematuras em Moçambique.

vii. O pai, a mãe, o tutor, o padrasto, a madrasta, qualquer outro parente, encarregado de guarda
da criança ou da sua educação, ou a pessoa que exercer poder equiparável ao parental ou de
guarda, que autorizar ou obtiver autorização para união de criança, instigar, aliciar ou não
obstar a união, será punido com pena de prisão de 2 a 8 anos e multa até 2 anos, se pena
mais grave não couber.
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4. Conclusão
Contudo, importa salientar que A Lei moçambicana define casamento como sendo uma união
voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o propósito de constituir família,
mediante comunhão plena da vida. O casamento pode ser civil, religioso ou tradicional. Em
Moçambique, ao casamento monogâmico, religioso e tradicional é reconhecido valor e eficácia
igual à do casamento civil, isto quando tenham sido observados os requisitos que a lei estabelece
para o casamento civil. No entanto, as lacunas na lei e as enraizadas tradições continuam a
permitir que muitas meninas e adolescentes iniciem cedo a vida sexual e matrimonial. Entre as
tradições, destacam-se os ritos de iniciação em que "as meninas entram mais ou menos com 10,
11 anos de idade, altura em que elas têm a primeira menstruação. Nesses ritos, elas são
preparadas para o casamento e saem de lá como mulheres”. Ao participarem naquelas práticas,
muitas meninas acabam por perder a escola. o factor preocupante é o índice do crescimento do
casamento prematuro é uma das piores formas de violência contra meninas moçambicanas.
Mais da metade das meninas se casa antes da idade legal, ou seja, antes de 18 anos. Moçambique
tem leis que proíbem o casamento prematuro e o abuso sexual de menores. No entanto, só se
aplicam quando o parceiro da rapariga é maior de idade e não quando envolve dois adolescentes.

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5.Referência Bibliográficas
Batalha, Luís, Antropologia uma Perspectiva Holística, Lisboa, Portugal, 2004.

Boas, Franz. Antropologia Cultural. Trad. Celso Castro. 5. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahor
editora, 2009.

Revière, Claude. Introdução a Antropologia, Edições 70, Lisboa, 1994.

Vilanculos, Gregório Zacarias, Manual de Antropologia Cultural de Moçambique,


Universidade Pedagógica, Inhambane, Moçambique, sd.

BOLETIM DA REPÚBLICA, (2019). Publicação Oficial da República de Moçambique, Lei


da Família nº 22/2019, Quarta-Feira, 11 de Dezembro, Serie Número 239.

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