Você está na página 1de 8

Origem e evolução histórica da bigamia

O termo bigamia tem origem helénica e significa “Bis” duas vezes, virilidade e, no entanto, no seu
sentido etimológico é equivalente a duplo casamento de um homem com duas mulheres ou de uma
mulher com dois homens e “Gamia” que significa casamento. Bigamia vem das civilizações que
permitiram que os homens tivessem duas ou mais mulheres, o poder da masculinidade e a
inferioridade feminina que permitiu tal conduta, entretanto, a constituição de novas sociedades,
com fundamentos mais religiosos e menos paternalista vieram contrariar tal comportamento.

Fazendo uma digressão pela história, podemos descortinar que inicialmente na Roma antiga não
havia nenhuma lei específica contra a bigamia, mas com o tempo foi considerado adúltero e era
uma forma de aplicar a pena de morte correspondente ao crime de adultério, e o bígamo era acusado
de estupro. Uma das primeiras leis imposta contra a bigamia, advém da obra do imperador
Valeriano, que declarou sujeito à nota de infâmia naquela época quem tivesse duas mulheres. O
Código Justiniano escolheu a proibição da bigamia, dando assim origem à controvérsia sobre se
ela poderia ser punida com a mesma pena correspondente ao adultério, estupro ou igual a ambas.

Com a transição da Idade Antiga para a Idade Média, alguns aspectos foram mantidos da Roma
Antiga. Todavia, o direito canônico ganha força neste momento, e com isso o casamento religioso
passa a ser o único a ser conhecido. Por consequência da forte influência da Igreja, a bigamia foi
execrada e os efeitos desta eram e são sem sentidos até nos dias de hoje constando em nossas leis
penais e civis.

No âmbito do direito especificamente no Direito de Família e Canónico a monogamia opõe-se a


bigamia, sendo que a monogamia não permite que os cônjuges tenham debito conjugal com
terceiros.
Conceito

A bigamia é um termo jurídico que se refere à situação do cônjuge que contrai novo casamento,
sem que se tenham dissolvido o casamento anterior ou quando alguém vive em união de facto
reconhecida contrai novo casamento com outra pessoa antes de dissolvida a união de facto
reconhecida, dito de outro modo bigamia só ocorre quando um indivíduo casado sob a égide da lei
realiza um novo casamento com os mesmos trâmites legais do anterior, sabendo que aquele ainda
é válido.

A opção pela bigamia depende do contexto cultural e politico de cada país. Em todos os países
europeus incluindo a Turquia, América e Oceânia a única forma reconhecida pela lei do casamento
é monogâmico. O que é muito discutido pela ONU e ainda é possível observar alguns países que
têm esta prática e podemos dar exemplo de África onde quase todos os países permitem o
casamento com duas ou mais mulheres, excepto inter alia a Angola, Costa do Marfim e Tunísia.
Uma situação análoga é a do Oriente Médio, onde apenas o Iêmen, Síria e Israel reconheceram o
casamento monogâmico.

Figuras afins da Bigamia

O conceito de família não pode ser entendido de forma dogmática, porque ele está em correlação
com a própria realidade económica, cultural e social das diferentes sociedades humanas. Portanto
não há um conceito unívoco de família.

Temos a família monogâmica que é estruturada no casamento único e exclusivo dos cônjuges, é
sem dúvida a forma conjugal mais espalhada no mundo, numa só palavra é o principio segundo o
qual um homem só pode ter uma esposa. Nos dizeres do Papa Paulo VI o amor conjugal é fiel e
exclusivo, até à morte. Assim o concebem, efectivamente, o esposo e a esposa no dia em que
assumem, livremente e com plena consciência, o compromisso do vínculo matrimonial.

A monogamia e a monandria são uma consequência lógica do principio da igualdade entre o


homem e a mulher no seio da família, isto significa que, pelo facto de o homem e a mulher serem
iguais, os laços conjugais (entre marido e mulher) têm natureza exclusiva.
A poligamia é uma palavra que deriva do grego, isto é, polis que quer dizer muitos, ela consiste na
união de uma pessoa com varias pessoas de sexo oposto. Divide-se em poliginia que é
estado de um homem casado simultaneamente com várias mulheres e poliandria que se refere a
uma mulher com dois ou mais maridos.

Existem países que consentem a poligamia através do costume ou da religião, sendo


maioritariamente países de matriz muçulmana que resulta do livro sagado do islamismo, como
enuncia o Alcorão “casai com quantas mulheres quiserdes, se temeres não poderes trata-las com
equidade tendes uma só” para o efeito, é necessário que o homem tenham condições de sustentar
todas as esposas e filhos; a título de exemplo, na Tanzânia onde a maioria da população vive em
zonas rurais é obrigatória que no momento do registo seja declarados monogâmicos, poligâmicos
ou potencialmente poligâmico mais com o consentimento do marido ou da mulher.

A poliginia e a poliandria, sejam elas do conhecimento público ou não, a infidelidade e todas a


concepções e praticas sociais e culturais que estabeleçam um modelo de subordinação da mulher
ao homem e vice-versa, contrariam o principio da igualdade entre o homem e a mulher.

Em alguns países africanos, os homens são incentivado a comporem um pequeno harém. Segundo
o antropólogo congolês Kabengele Munanga “poligamia é a regra na cultura africana”.

Bigamia no ordenamento jurídico angolano

Em termos históricos Angola, antes da chegada da civilização ocidental, a forma de união familiar
caracterizava-se maioritariamente por famílias poligâmicas em pequenas ou grandes tribos, tal
justificava-se também como forma de virilidade, valentia ou masculinidade do homem em quase
toda extensão do território que hoje tal como é constituído pelos seus grupos étnicos-linguísticos.

O que significa dizer antes da descoberta de Angola não se podia falar da bigamia porque o próprio
termo é de origem civilizacional. Assim, com a chegada dos colonizadores transatlânticas 1482,
dois anos depois com a chegada dos primeiros missionários católicos, implementaram o
cristianismo e concomitantemente o casamento monogâmico resultante do canónico que proíbe
casamentos poligâmicos.

Assim, no nosso Ordenamento jurídico quer antes ou depois da independência o Estado adoptou
e reconheceu os casamentos celebrados pela igreja Católica é daqui que resulta o princípio do
casamento monogâmico, ou seja o Estado angolano, ao longo do vários processos de revisões
constitucional, o legislador não mudou de concepção sobre a forma de constituir famílias; assim o
legislador constituinte de 1992 e de 2010, consagrou no artigo 29º LC e 35º CRA os princípios do
reconhecimento e da protecção da família, quer se funde em casamento como em união facto entre
um homem e uma mulher.

Da leitura feita dos artigos supracitado, entendemos que o legislador ao ter consagrado
expressamente o casamento ou a união de facto entre um homem e uma mulher, por exclusão de
parte esta subjacente a monogamia, pondo de parte a aceitação de famílias homoparentais, ou sejas
de pessoas do mesmo sexo.

O nº2 do artigo 35 estabelece que “todos tem direito de livremente constituir família nos termos da
constituição e da lei” pelo que a constituição de família é um direito constitucional e funda-se na
autonomia da vontade das partes, isto é as pessoas são livres de constituírem, ou não, família. Assim
sendo ninguém pode ser obrigado a constituir família ou a ter como cônjuge uma pessoa que ela
não queira. O que não significa uma liberdade de livre arbítrio de constituir família.

Ao nível do Código da Família encontramos disposição legal o resulta de impedimento

O crime de bigamia
Desde 1886, alberga-se no artigo 337º, no capitulo II Dos crimes contra estado civil das pessoas
e na secção I usurpação do estado civil e matrimónios suposto e legais.

“Todo o homem ou mulher que contrair segundo ou ulterior matrimónio, sem que se ache
legitimamente dissolvido o anterior, será punido com prisão maior de dois a oito anos e com o
máximo da multa”.
Neste disposto, vemos a não possibilidade de quem já casado contrair novo casamento, sob pena
de prisão de dois até oito anos ao sujeito ativo. Este sujeito, a princípio, o cônjuge que contrai novo
casamento, sendo casado.
Como já expresso em linhas anteriores e como afirma a maioria dos doutrinadores o agente ativo
do crime de bigamia, em regra é a pessoa casada e ainda que a pessoa solteira somente poderá ser
excepcionalmente punido por bigamia na hipótese de ter conhecimento que a pessoa era casada, ou
seja, sabendo dessa circunstância, conforme parágrafo 1º do Código Penal. É importante saber que
este é um crime de ação penal pública.

Também pratica tal conduta quem não está casado, porém casa com pessoa que já está; para isso,
aquela necessita de total ciência do casamento desta. De acordo com o artigo 338º cumplicidade
na bigamia enuncia que “se o homem ou mulher, que contrair o matrimónio, tiver conhecimento
de que é casada a pessoa com quem o contrair, será punido pelas regras da cumplicidade.

Visa a lei proteger a organização familiar, mais especificamente o casamento monogâmico, que é
regra na grande maioria dos países ocidentais, de tal forma a evitar reflexos na ordem jurídica que
regulamenta os direitos e obrigações entre os cônjuges.

Evidencia-se a conveniência do Estado, além da proteção ao casamento monogâmico, o que


realmente aquele deseja proteger. A bigamia nada mais é do que uma imposição estatal ligada
diretamente com direitos e obrigações entre cônjuges e futuramente com o direto de sucessão,
herança e património.

Nesta linha, vemos que a complexidade envolvida no crime de bigamia, o qual não é exclusivo do
âmbito penal, envolvendo e se ramificando em outras

Bigamia é um termo jurídico que se refere à situação que ocorre quando uma pessoa entra em
qualquer número de casamentos 'secundários', além do original, que é reconhecido legalmente; e
você pode ser
punido com prisão. Muitos países têm leis específicas que proíbe a bigamia e considerado crime
qualquer casamento infantil.
Bigamia entra a classificação da poligamia, que é mais geral. Isso gera:
"O tipo de casamento em que é permitido para uma pessoa ser casada com várias pessoas ao mesmo
tempo."
De acordo com esta definição:
• Poligamia decompõe-se em: "poli = muitos" e "veado = casamento", referindo-se aos "vários
casamentos".
Tempo:
• Bigamia é decomposto em: "bi = dois" e "veado = casamento", referindo-se ao "apenas dois
casamentos".
Tanto o um e outro são puníveis ou não, dependendo do país ou estado em que ocorre o casamento.
Em países ocidentais que ele é considerado um crime que leva anos de prisão, enquanto parte do
continente africano e os países de Leste, é permitido.

A figura afins

Monogamia: é uma das formas de união conjugal, do grego monos (um só), gamos (casamento);
que é a união de uma pessoa com outra pessoa de sexo diferente, é sem dúvida a forma conjugal
mais espalhada no mundo, numa só palavra é o principio segundo o qual um homem só pode ter
uma esposa. (Edurdo dos Santos)

Monandria: Significa que uma mulher só pode ter um esposo.

Poligamia

Poliandria

Estas figuras não se pode se confundir com a bigamia…


A opção pela bigamia depende do contexto cultural, há nomeadamente culturas que aceitam,
promovem e incentivam a bigamia. Há razões sociais que determinam a bigamia. Dentre elas
podemos citar razões de natureza demográfica, que tem que a ver com a reprodução e a
sobrevivência do grupo da comunidade.

Monogamia . é considerada como a única forma válida de casamento, no entanto pode afirmar que
bigamia é quando uma pessoa se casa com uma terceira sem ter legitimamente dissolvido o
primeiro casamento, causando assim uma união dupla simultânea.

Monogamia tem sido um dos elementos essenciais do casamento juntamente com a


indissolubilidade. Note-se que, no direito romano afirmou-se que: “o casamento é a união de um
homem e uma mulher com primordial objectivo de estabelecer uma plena comunhão de vida logo
afasta a possibilidade de união entre duas pessoas do mesmo sexo”. Legalmente na maioria dos
países ocidentais quando há bigamia é considerada um crime que pode ser punido com prisão.

Ao contrario da monogamia é a poligamia, que é uma palavra oriunda do grego polýs: muitas, e
gamia: casamento que significa muitos matrimônios, quando o homem se casa com enésimas
mulheres, homem com duas ou mais esposas. A poligamia é consentida e faz parte do costume de
muitos países. Em oposição temos a poliandria que se refere a uma mulher com dois ou mais
marido.
Enquanto núcleo fundamental da sociedade é ela que se encarrega de transmitir valores morais e
culturais ao seus membros.

Nesse panorama não mais cabe deixar de extrair efeitos jurídicos de um fato que existe, sempre
existiu, mas que a justiça se nega a reconhecer: vínculos afetivos mantidos de forma concomitante.
A realidade social ao longo da história insiste em contrariar a determinação legal, de sorte que
relações paralelas, duráveis, sempre ocorreram e continuam existindo.[1][4] Trata-se de postura
historicamente assumida pelos homens que têm a tendência à infidelidade e se orgulham por manter
relacionamentos afetivos com mais de uma mulher.

Sob o fundamento de que o sistema monogâmico é a forma eleita pelo Estado para a estruturação
da família, a ponto de a bigamia figurar como delito sujeito a sanções penais, tende a jurisprudência
em não aceitar que mais de um relacionamento logre inserção no mundo jurídico. Ao menos há
enorme resistência em identificar ambos os vínculos no contexto do Direito de Família e emprestar-
lhes as benesses que este ramo do direito outorga.

Você também pode gostar