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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

ESTUDO SOBRE O TRANSPORTE DE COBRE


EM SOLO ARENOSO LATERÍTICO
ESTABILIZADO COM FOSFOGESSO E
BENTONITA

EDUARDO SILVA FERREIRA

D0229G20
GOIÂNIA-GO
2020
E. S. FERREIRA Resumo
Estudo das propriedades de transporte de metais pesados em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfoge...

E. S. FERREIRA Lista de figuras


Estudo das propriedades de transporte de metais pesados em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfoge...

EDUARDO SILVA FERREIRA

ESTUDO SOBRE O TRANSPORTE DE COBRE


EM SOLO ARENOSO LATERÍTICO
ESTABILIZADO COM FOSFOGESSO E
BENTONITA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal
de Goiás para obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração: Geotecnia.

Orientadora: Márcia Maria dos Anjos Mascarenha, D.Sc.

Coorientador: Leonardo Ramos da Silveira, D.Sc.

D0229G20
GOIÂNIA-GO
2020

E. S. FERREIRA Lista de figuras


E. S. FERREIRA Resumo
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

E. S. FERREIRA Lista de figuras


Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

E. S. FERREIRA Lista de figuras


DEDICATÓRIA

A minha mãe, Maria Aparecida quem nunca


me negou apoio em minha caminhada, a meu
pai Marisio (In memoriam), que se faz
presente em minha vida por onde eu
caminhe.

Aos meus irmãos Wemerson e Sabrina, quem


participam de cada conquista alcançada em
minha vida.

E. S. FERREIRA Resumo
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua presença em minha vida e a Nossa Senhora por sua proteção.

A Prof. Dr. Márcia Maria dos Anjos Mascarenha, pela orientação, confiança e oportunidade, e
ao Prof. Dr. Leonardo Ramos da Silveira, pela coorientação.

À Escola de Engenharia Civil e Ambiental ao Programa de Pós-Graduação em Geotecnia,


Estrutura e Construção Civil e a todos os professores pela oportunidade oferecida.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho


Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de
mestrado.

Ao Laboratório de Análises de Águas (LAnA), em nome do Prof. Dr. Paulo Sérgio Scalize e a
Dr. Ellen Flávia Moreira Gabriel, sempre tão gentil e solícita, pelo acompanhamento e auxílio
em todo processo de preparação de amostras.

A FURNAS, pela realização das análises mineralógicas e de microscopia.

Ao Instituto de Química em nome do Prof. Dr. Paulo Sérgio de Souza, pela realização das
análises de concentração dos metais.

Ao laboratório de Geotecnia, em nome do Prof. Carlos Lauro e o técnico João Junior.

Ao laboratório de Mecânica aplicada, pelo auxílio na construção das células de difusão.

A Jessica Luana e Uender, pela amizade e por terem me auxiliado em minha chegada a Goiânia.

Aos meus colegas da turma de 2018, parceiros de estudos, companheiros nas aflições e nas
alegrias durante o mestrado. Em especial ao Rômulo, João Vitor, Luiz Carlos, Priscila, Sabrina,
Carlos, Jaqueline e Alexandre.

A Denise Santos Serpa, pelo incentivo desde o início para entrar no mestrado, pela ajuda nos
estudos de inglês, por acreditar em mim quando eu mesmo duvidava, pelo apoio e
companheirismo, saiba que sem você a conclusão desse trabalho e sonho não seria possível.
Não tenho palavras que possam descrever sua contribuição, serei eternamente grato a tudo que
fez por mim e vejo que Deus não poderia ter colocado pessoa melhor em minha vida.

E. S. FERREIRA Resumo
RESUMO

As barreiras de solo compactado são, atualmente um dos processos mais utilizados para
construção de liners em aterros sanitários. O Dimensionamento dessas estruturas de contenção
exige o conhecimento de parâmetros de transporte de contaminantes em meios porosos, como
é o caso da adsorção, que age de forma a retardar o movimento do contaminante, e a difusão,
mecanismo que domina o processo de transporte de contaminante quando se trabalha com
baixas permeabilidades. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi obter experimentalmente a
capacidade de retenção do Cu2+ em um solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e
bentonita. Para isso foram executados ensaios no solo (S) e nas misturas solo arenoso laterítico
com 10% de fosfogesso (SF), solo arenoso laterítico com 6% de bentonita (SB6) e solo arenoso
laterítico com 10% de fosfogesso e 6% bentonita (SFB6), variando as concentrações de Cu2+
entre 0 e 800 mg/L. Foram realizados para amostras S, SF, SB6 e SFB6 ensaios de
caracterização química, física e mineralógica, ensaios de compatibilidade indireta para avaliar
a interação entre o Cu2+ e os materiais e ensaio de equilíbrio em lote para obtenção da
capacidade de adsorção. Já os ensaios de difusão foram realizados com as amostras S, SB6 e
SFB6 compactados na umidade ótima e peso específico máximo na energia Proctor normal. Os
ensaios de caracterização química, física e mineralógica demonstraram que a estabilização do
solo com bentonita reduziu os poros da macroestrutura, mas manteve intacta as características
do solo. O fosfogesso proporcionou o aumento da disponibilização de Ca2+ elevando a CTC
dos materiais em até 8,36 vezes em relação ao solo; entretanto, o Ca2+ disponibilizado não
estava disponível para troca iônica. Além disso, o fosfogesso agiu de forma contrária a bentonita
aumentando os diâmetros dos poros em determinadas faixas da distribuição do tamanho de
poros (PSD). As análises de compatibilidade indireta demonstram que o Cu2+ agiu de forma a
agregar as partículas do solo e da mistura SB6, mas mostrando-se compatíveis com os materiais
utilizados. Os resultados dos ensaios de equilíbrio em lote demonstraram que a estabilização
provoca o aumento da capacidade de retenção pelos materiais, apresentando a seguinte ordem
de remoção SB6>SFB6>SF>S, sendo a estabilização com bentonita mais eficiente que com o
fosfogesso. As células de difusão construídas apresentaram-se eficientes para a realização dos
ensaios com solos compactados. O uso dos estabilizantes melhorou a capacidade de atenuação
do transporte difusivo do Cu2+, onde o solo permitiu um maior avanço do Cu2+ com uma menor
redução de concentração no reservatório, o SFB6 apresentou uma redução de concentração do
reservatório próxima ao solo, mas com menores avanços de concentrações no corpo de prova,
por fim, o SB6 apresentou uma maior redução de concentração no reservatório e maior
imobilização do contaminante na primeira camada em relação aos outros materiais. Assim, os
ensaios de adsorção e difusão demonstram que o uso dos estabilizantes melhoraram a
capacidade de atenuação do transporte de Cu2+, sendo recomendado utilizá-los em obras
geoambientais destinada a retenção de íons de Cu2+.

Palavras-chave: Transporte de contaminantes. Adsorção. Difusão. Liners. Aterro sanitário.


Estabilização de solos.

E. S. FERREIRA Resumo
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

ABSTRACT

The compacted soil barriers are currently one of the most used processes for building liners in
landfills. Dimensioning these containment structures requires the knowledge of contaminant
transport parameters in porous media, such as adsorption, which acts to delay the movement of
the contaminant, and diffusion, a mechanism that dominates the contaminant transport process
when one works with low permeability. Thus, the objective of this work was to experimentally
obtain the Cu2+ retention capacity in a lateritic sandy soil stabilized with phosphogypsum and
bentonite. For this, tests were performed on Soil (S) and lateritic sandy soil with 10%
phosphogypsum (SF), lateritic sandy soil with 6% bentonite (SB6) and lateritic sandy soil with
10% phosphogypsum and 6% bentonite (SFB6), with Cu2+ concentrations varying between
0 and 800 mg/L. Chemical, physical and mineralogical characterization tests were performed
for soil, SF, SB6 and SFB6 tests, indirect compatibility tests to evaluate the interaction between
Cu2+ and the materials and batch test to obtain the adsorption capacity. The diffusion tests were
carried out with the soil, SB6 and SFB6 compacted in the water ratio and maximum specific
weight in the normal Proctor energy. The chemical, physical and mineralogical characterization
tests demonstrated that the stabilization of the soil with bentonite reduced the pores of the
macrostructure, but kept the characteristics of the soil intact. The phosphogypsum increased the
availability of Ca2+ by raising the CTC of the materials up to 8.36 times in relation to the soil,
however the Ca2+ made available was not available for ion exchange, in addition, the
phosphogypsum acted in a way against the bentonite, increasing the diameters pores in certain
PSD strips. The indirect compatibility analyzes show that Cu2+ acted in order to aggregate the
particles of the soil and of the SB6 mixture, but showing itself compatible with the materials
used. The results of batch tests showed that the stabilization causes an increase in the retention
capacity by the materials, with the following removal order SB6> SFB6> SF> S, with
stabilization with bentonite being more efficient than phosphogypsum. The diffusion cells
constructed were efficient for carrying out tests with compacted soil. The use of stabilizers
improved the ability to attenuate the diffusive transport of Cu2+, where the soil allowed a greater
advance of Cu2+ with a lower reduction in concentration in the reservoir, SFB6 showed a
reduction in the concentration of the reservoir close to the soil, however with less advances of
concentrations in the liner and finally the SB6 showed a greater reduction in concentration in
the reservoir and greater immobilization of the contaminant in the first layer compared to other
materials. In this way, the adsorption and diffusion tests demonstrate that the use of stabilizers
improved the ability to attenuate the transport of Cu2+, and it is recommended to use them in
geoenvironmental works designed to retain Cu2+ ions.

Keywords: Transport of contaminants. Adsorption. Diffusion. Liners. Landfill. Soil


stabilization.

E. S. FERREIRA Resumo
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Mecanismos que definem a dispersão mecânica em escala microscópica. a)


tamanho dos poros; b) comprimento da trajetória; c) atrito nos poros. Fonte: Fetter (1993)
adaptado por Nascentes (2006)................................................................................................. 12

Figura 2.2 - Conceito de comprimento efetivo no transporte em solo. (Adaptado de Schakelford;


Daniel, 1991) ............................................................................................................................ 13

Figura 2.3 - Mecanismo de dispersão em fluxo uniforme bidimensional em areia isotrópica. (a)
fonte contínua; (b) fonte instantânea. Fonte: FREEZE E CHERRY (1979) adaptado por
NASCENTES (2006). .............................................................................................................. 15

Figura 2.4 – Fenômeno de Expansão/contração da camada dupla, a) expansão; b) normal; c)


contração. Rowe et al (1995), adaptado por Silveira (2014). ................................................... 18

Figura 2.5 – Isotermas Linear, Freundlich e Langmuir. Adaptado de (FETTER, 1993) ......... 20

Figura 2.6 - Isoterma de Freundlich: (a) curva mostrando a sorção em função da concentração
e (b) log usando os parâmetros determinados Gurjão, (2005). ................................................. 21

Figura 2.7 – Isoterma de Langmuir: (a) curva mostrando a sorção em função da concentração e
(b) valores plotados usando os parâmetros determinados. Gurjão, (2005). ............................. 22

Figura 2.8 - Célula de difusão, adaptado de Barone et al. (1989). ........................................... 24

Figura 3.1 - Ensaio placa de pressão; a) compactação; b) saturação por capilaridade; c)


montagem das células; d) ensaio em andamento. ..................................................................... 37

Figura 3.2 - Ensaio WP4C: a) pesagem da massa de solo; b) compactação do solo na capsula
do equipamento; c) correção de umidade das amostras; d) determinação da sucção. .............. 37

Figura 3.3- Granulômetro a laser Microtrac S3500 .................................................................. 39

Figura 3.4 - Execução do ensaio de expansão livre. ................................................................. 39

E. S. FERREIRA Lista de figuras


Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

Figura 3.5 – Sequencia ensaio de adsorção, a) Agitação de amostras; b) amostras centrifugadas


e c) avolumação das amostras digeridas. .................................................................................. 41

Figura 3.6 - Espectrofotômetro de Absorção Atômica ............................................................. 42

Figura 3.7 - Célula de difusão confeccionada: a) projeto do equipamento, b) célula de difusão


construída. ................................................................................................................................ 43

Figura 3.8 - Ensaio de Difusão, a) compactação; b) Material compactado na célula; c) Saturação


por capilaridade; d) Célula montada e solução de Cu2+; e) preenchimento da célula com solução
de Cu2+; f) aferição de pH condutividade e coleta de solução do reservatório para análise; g)
fatiamento do corpo de prova. .................................................................................................. 45

Figura 4.1 – Análise mineralógica DRX amostra de S............................................................. 48

Figura 4.2 - Análise mineralógica DRX amostra de SF. .......................................................... 48

Figura 4.3 - Análise mineralógica DRX amostra de SB6......................................................... 49

Figura 4.4 - Análise mineralógica DRX amostra de SFB6. ..................................................... 49

Figura 4.5- Distribuição do tamanho de poros – PSD .............................................................. 50

Figura 4.6- MEV, a) amostra de S; b) amostra SF; c) amostra SB6; e c) amostra SFB6. ........ 50

Figura 4.7 - Fração granulométrica do S sem e com ultrassom ............................................... 53

Figura 4.8 - Fração granulométrica do SB6 sem e com ultrassom ........................................... 53

Figura 4.9 - Fração granulométrica do SF sem e com ultrassom ............................................. 53

Figura 4.10 - Fração granulométrica do SFB6 sem e com ultrassom....................................... 54

Figura 4.11 - Isotermas de adsorção (a) S; (b) SF; (c) SB6; (d) SFB6 ..................................... 55

Figura 4.12- Porcentagem de cobre adsorvida versus concentração inicial ............................ 58

Figura 4.13 – variação de pH versus concentração de CuCl2, antes e depois do contato com os
materiais. .................................................................................................................................. 59

E. S. FERREIRA Lista de figuras


Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

Figura 4.14 - Concentração no reservatório ensaio de difusão, a) amostra S para tempo de 16


dias, b) amostra SB6 para tempo de 20 dias, c) amostra SFB6 para tempo de 16 dias. ........... 60

Figura 4.15 - Concentração do reservatório normalizada (C/C0), a) amostra S para tempo de 16


dias, b) amostra SB6 para tempo de 20 dias, c) amostra SFB6 para tempo de 16 dias. ........... 61

Figura 4.16 – Concentração de Cu2+ nos corpos de prova, ensaio de difusão, a) amostra S para
tempo de 16 dias, b) amostra SB6 para tempo de 20 dias, c) amostra SFB6 para tempo de 16
dias. ........................................................................................................................................... 63

Figura 4.17 – Valores de pH e condutividade elétrica, a) pH do S; b) condutividade do S; c) pH


do SB6; d) condutividade do SB6; e) pH do SFB6; f) condutividade do SFB6. ..................... 65

E. S. FERREIRA Lista de figuras


LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Coeficientes de difusão em diferentes tipos de materiais..................................... 24

Tabela 3.1- Caracterização física dos materiais (adaptado de Borges, 2019). ......................... 34

Tabela 4.1 - Análises de microelementos, teor de matéria orgânica, CTC, pH e ∆pH. ........... 47

Tabela 4.2 - Ensaio de expansão livre modificado ................................................................... 55

Tabela 4.3 - Parâmetros de ajustes das isotermas Linear, Freundlich e Langmuir. ................. 57

E. S. FERREIRA Lista de tabelas


LISTA DE SÍMBOLOS

𝐶 Concentração da solução

𝐶𝑜 Concentração no equilíbrio

𝐶𝑜 Concentração inicial do soluto

𝐷∗ Coeficiente de difusão efetivo

𝐷𝑚 Coeficiente de dispersão mecânica

𝐷𝑜 Coeficiente de difusão em solução livre

𝐷ℎ Coeficiente de dispersão hidrodinâmico

𝐷ℎ𝐿 Coeficiente de dispersão hidrodinâmico no sentido longitudinal ao fluxo

𝐷ℎ𝑡 Coeficiente de dispersão hidrodinâmico no sentido transversal ao fluxo

𝐷𝑝 Diâmetro dos poros obtidos a partir da sucção

𝑑 Diâmetro médio das partículas de solo

e Índice de vazios

𝜀 Declividade da curva que reflete a intensidade de adsorção com o aumento da


concentração de equilíbrio

i Gradiente hidráulico

IE índice de expansão

𝑗 Número de subsistemas que formam a PSD

𝐽𝐴 Fluxo de massa advectivo

𝐽𝑚 Fluxo de massa por dispersão mecânica

E. S. FERREIRA Lista de símbolos


Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

𝐽𝐷 Fluxo do soluto por unidade de área e por unidade de tempo

k Coeficiente de permeabilidade

𝐾𝑑 Coeficiente de distribuição

𝐾𝑓 Constante de Freundlich

𝐾𝑙 Constante relacionada com a energia de ligação de metal no solo

L Comprimento da amostra

Le Comprimento efetivo

𝑚 Massa de adsorvente seca

𝑛 Porosidade

Pa Porcentagem adsorvida

𝑃𝑒 Número de Peclet

pH Potencial hidrogeniônico

𝜌 Massa específica

𝜌𝑑𝑚𝑎𝑥 Massa específica seca máxima;

𝑆 Quantidade de soluto adsorvido pelo solo

𝑆𝑚 Máxima concentração de soluto adsorvido

𝜏 Tortuosidade do meio

(ua – uw) sucção

𝑣 Velocidade do fluxo

𝑣𝑠 Volume da solução

𝑥 Direção do fluxo

E. S. FERREIRA Lista de símbolo


Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

𝛼 Dispersividade dinâmica

𝑤𝑜𝑡 Umidade ótima do solo

wi fator de ponderação das subcurvas

E. S. FERREIRA Lista de símbolo


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8

1.1. OBJETIVO ...................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 10

2.1. MECANISMO DE TRANSPORTE DE CONTAMINANTES................................. 10

2.1.1. Advecção ...................................................................................................................... 11

2.1.2. Dispersão mecânica .................................................................................................... 11

2.1.3. Difusão ......................................................................................................................... 12

2.1.4. Dispersão hidrodinâmica ........................................................................................... 14

2.1.5. Reações químicas ........................................................................................................ 16

2.1.6. Estudos laboratoriais de transporte de contaminantes ........................................... 19

2.1.6.1. Ensaio de equilíbrio em lote (batch test) ............................................................ 19

2.1.6.2. Ensaio de difusão ................................................................................................. 23

2.2. BARREIRAS HIDRÁULICAS IMPERMEABILIZANTES.................................... 25

2.2.1. Uso de Solo tropical .................................................................................................... 26

2.2.2. Estabilização de solos tropicais.................................................................................. 29

2.2.3. Bentonita ...................................................................................................................... 29

2.2.4. Fosfogesso .................................................................................................................... 31

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ......................................................................................... 34

3.1. MATERIAIS.................................................................................................................. 34

E. S. FERREIRA Sumário
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita

3.2. MÉTODOS .................................................................................................................... 35

3.2.1. Caracterização química, mineralógica e estrutural................................................. 35

3.2.2. Ensaios de compatibilidade ........................................................................................ 38

3.2.3. Ensaio de equilíbrio em lote (batch test) ................................................................... 40

3.2.4. Ensaio de difusão ........................................................................................................ 43

3.2.4.1. Construção das células de difusão ...................................................................... 43

3.2.4.2. Execução do ensaio de difusão ............................................................................ 44

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 47

4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, MINERALÓGICA E ESTRUTURAL ........... 47

4.2. ENSAIOS DE COMPATIBILIDADE ........................................................................ 51

4.3. ESTUDO DA ADSORÇÃO DAS MISTURAS .......................................................... 55

4.4. ESTUDO DA DIFUSÃO .............................................................................................. 59

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .......... 67

5.1. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 67

5.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .......................................................... 68

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69

APÊNDICE - A ....................................................................................................................... 77

E. S. FERREIRA Sumário
Estudo das propriedades de transporte de metais pesados em solo arenoso laterítico tratado com fosfoge... 8

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

Devido à alta demanda de aterros sanitários em regiões tropicais, os solos argilosos tornam-se
indispensáveis e aparecem como uma alternativa barata e eficiente para aplicação em aterros
sanitários (OLIVEIRA; JUCÁ, 2004; BOSCOV et al., 2011; OSINUBI; MOSES; LIMAN,
2014). No entanto, para ser efetiva uma barreira deve apresentar baixa permeabilidade,
resistência mecânica e estabilidade físico-química, o que nem sempre é alcançado por muitos
tipos de solos quando compactados, devido ao processo de formação que lhes confere uma
mineralogia peculiar e estrutura porosa (MORANDINI; LEITE, 2012; 2015).

A bentonita é um dos estabilizantes com eficiência comprovada para atuar na retenção de


contaminantes devido à sua baixa permeabilidade e alta capacidade de troca catiônica, o que
permite a atenuação do transporte tanto pela redução da permeabilidade como pela retenção de
íons livre (SHACKELFORD et al. 2000; MORANDINI; LEITE, 2012; 2015; AMADI;
OSINUBI, 2017).

Materiais alternativos como resíduos de construção e subprodutos de atividades industriais


também vem ganhando destaque, no intuído de minimizar o desperdício de materiais e
produtos, além de poupar a natureza da extração de recursos (EBEREMU; AMADI; EDEH,
2012; OLIVEIRA et al. 2018).

Nesse sentido, um material considerado alternativo considerado é o fosfogesso, subproduto


gerado nas indústrias de fertilizantes fosfatados, constituído principalmente de sulfato de cálcio
di-hidratado (CaSO4.2H2O) e com geração de cerca de 5 toneladas para cada tonelada de
fósforo (TAYIBI et al., 2009). Existem algumas pesquisas que visam dar alternativas de
utilização a esse material em várias áreas da engenharia civil (ÇORUH; ERGUN, 2009; NISTI
et al., 2015, REZENDE et al., 2016; MELGAÇO; QUITES; LEÃO, 2019; MATOS, 2011;
MASCARENHA et al., 2018; BORGES, 2019).

Dentre as pesquisas citadas vale destacar Borges (2019), que avaliou a viabilidade da utilização
de misturas compostas de solo arenoso laterítico, bentonita e fosfogesso para uso na construção

E. S. FERREIRA Capítulo 1
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 9

de liner, considerando-se os requisitos técnicos de permeabilidade, compatibilidade e


resistência à compressão simples.

No entanto, outro ponto crucial a se avaliar, segundo Shackelford (2014), é o processo sorcivo
e difusivo, visto que estes são os mecanismos que controlam o processo de migração de
contaminantes em materiais com baixa permeabilidade. No caso de aterro sanitários, tem-se a
presença de metais traços oriundos de resíduos associados a processos industriais, manufatura
e domésticos, como por exemplo o cobre, que por não sofrerem degradação microbiana ou
química, persistem ao longo do tempo após sua introdução, o que pode agravar a contaminação
(BOLAN et al., 2014).

Nesse sentido, o presente trabalho busca contribuir com o conhecimento sobre transporte de
cobre por meio do processo de sorção e de difusão em solos lateríticos. Além disso, o trabalho
possibilita avaliar o comportamento desses parâmetros ao adicionar bentonita, material
corriqueiramente utilizado quando se deseja reduzir o coeficiente de permeabilidade, e do
fosfogesso, subproduto que ainda apresenta limitação de utilização.

1.1. OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo geral investigar o processo de transporte do Cu2+ a partir
do ensaio de difusão e de sorção utilizando um solo arenoso laterítico (LA’) e misturas desse
solo com fosfogesso e bentonita.

Assim, tem-se como objetivos específicos:

• Comparar o comportamento sorcivo dos materiais estudados, utilizando a capacidade


de adsortivas máxima dos materiais e o coeficiente de determinação (R²);

• Analisar a influência das características geotécnicas, mineralógicas e físico-químicas


dos solos na adsorção/mobilidade dos metais estudados;

• Construir células de difusão que permitam a realização adequada dos ensaios


experimentais; e

• Avaliar os atributos ambientais proporcionado pela estabilização do solo no processo


difusivo.

E. S. FERREIRA Capítulo 1
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MECANISMO DE TRANSPORTE DE CONTAMINANTES

Processos de migração e retenção de substâncias contaminantes em meios porosos como o solo


são influenciados por diversos fatores, sendo estes relacionados ao fluido contaminante,
características do meio e condições ambientais, como: i) tipo de solo, ii) mineralogia, iii)
capacidade de troca catiônica (CTC), iv) espécimes de cátions adsorvidos, v) teor de matéria
orgânica, vi) concentração da solução contaminante, vii) condições hidrogeológicas, viii)
sazonalidade, ix) pH, x) temperatura, entre outros.

De acordo com Boscov (2008), os principais mecanismos que regem o transporte dos
contaminantes são: i) a advecção, ii) a dispersão mecânica, iii) a difusão, iv) reações químicas
entre o soluto e os sólidos e v) as reações químicas entre o próprio soluto. Pesquisas mostram
que a taxa de migração de contaminantes em argilas saturadas (em pequenos gradientes
hidráulicos) é determinada, principalmente, pela difusão e não pela condutividade hidráulica
(SHACKELFORD, 1993).

Em casos de contaminações líquidas ou em forma aquosa, o transporte inicia a partir da região


não saturada do solo (região vadosa), sendo que neste espaço os vazios do solo são preenchidos
por ar e pela fase líquida em que o contaminante se encontra dissolvido (BOSCOV, 2008; PAZ,
2015). Para situações em que a contaminação ocorre a partir de uma pequena fonte e com pouco
volume de líquido, a contaminação será restrita a essa região. No entanto, caso a fonte de
contaminação seja grande ou venha a aumentar gradativamente como em aterros sanitários,
espera- se que o líquido gerado atinja o nível do lençol freático, interceptando a zona saturada.

A seguir é apresentada uma revisão dos mecanismos de transporte de contaminantes e o estudos


em laboratório para os mecanismos utilizados nesta pesquisa no intuito de compreender como
cada processo se dá de forma individual. Também são apresentados materiais cuja
disponibilidade permite que sua utilização em obras geoambientais ocorra de maneira assertiva
quando corretamente estudados, contribuindo com a retenção de contaminantes e garantindo a
proteção ambiental.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 11

2.1.1. Advecção

A advecção é um processo pelo qual a solução contaminante é transportada por um fluído ou


solvente, tipicamente água, movendo-se na direção das linhas de fluxo. Para solutos não
reativos a velocidade média é aproximadamente a velocidade da água, e o fluxo pode ser
representado através da Lei de Darcy. Devido aos altos coeficientes de condutividade hidráulica
do solo naturais, esse processo de transporte de contaminante torna-se o principal mecanismo
em meios porosos (NASCENTES, 2006; FONSECA NETO, 2007).

Shackelford (1993) afirma que o fluxo unidimensional de massa de uma espécie química não
reativa por advecção através de uma área seccional unitária em uma unidade de tempo pode ser
expressa pela Equação (2.1).

𝐽𝐴 = 𝑐𝜈 = 𝑐𝑘𝑖 = 𝑐𝑛𝑢 (2.1)

Onde: 𝐽𝐴 = fluxo de massa advectivo; 𝜈 = velocidade do fluxo; 𝑐 = concentração da solução; 𝑘 =


coeficiente de permeabilidade; 𝑖 = gradiente hidráulico; 𝑛 = porosidade.

Observa-se, com tal formulação, que todos os fatores que influenciam na condutividade
hidráulica irão interferir da mesma forma no processo advectivo, ou seja, quanto maior a
permeabilidade do meio poroso maior a migração dos contaminante.

2.1.2. Dispersão mecânica

A dispersão mecânica é a mistura que ocorre a partir do espalhamento do soluto nos vazios do
solo durante o processo advectivo, sendo causada inteiramente pelo movimento do fluído
(BOSCOV, 2008). Este mecanismo deve ser explicado em escala microscópica, ou seja, dentro
do volume de vazios onde as moléculas do contaminante se deslocam com velocidades
diferentes às da trajetória principal, de modo que se afastam da mesma (SOUZA, 2009).

De acordo com Freeze e Cherry (1979), três mecanismos definem a dispersão mecânica, sendo
o primeiro relacionado à diferença do tamanho dos poros no percurso do fluído, o segundo em
relação à tortuosidade dos canais de fluxo que fazem com que as partículas mudem de direção
e o terceiro relacionado à rugosidade das paredes dos canais formados pela interconexão dos
poros do solo. A Figura 2.1 apresentam esses mecanismos.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 12

Figura 2.1 - Mecanismos que definem a dispersão mecânica em escala microscópica. a) tamanho dos poros; b)
comprimento da trajetória; c) atrito nos poros. Fonte: Fetter (1993) adaptado por Nascentes (2006).

A dispersão mecânica é, portanto, um espalhamento em relação à direção do fluxo médio em


razão da variação de velocidade em magnitude e direção no espaço dos vazios
(BOSCOV, 2008).

Shackelford (1993) apresenta o fluxo dispersivo mecânico unidimensional como um processo


Fickiano (regido pela Lei de Fick) e que pode ser expresso pela Equação (2.2).

𝜕𝐶
𝐽𝑚 = −𝐷𝑚 𝑛 (𝜕𝑥 ) (2.2)

Onde: 𝐽𝑚 = fluxo de massa por dispersão mecânica; 𝐷𝑚 = coeficiente de dispersão


mecânica; 𝑛 = porosidade; 𝐶 = concentração da solução; 𝑥 = direção do fluxo.

2.1.3. Difusão

Shackelford e Daniel (1991) definem a difusão como um processo fundamental e irreversível


pelo qual os movimentos moleculares aleatórios resultam no transporte líquido de uma espécie
química (íons, molécula, composto, radionuclídeo, etc.), de uma região de maior potencial
químico para uma região de menor potencial químico. Esse processo de movimentação dá-se

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 13

em razão da sua energia térmico-cinética na direção do gradiente de concentração e em sentido


oposto a este (BOSCOV, 2008).

As máximas taxas de migração de soluto por difusão ocorrem em meios líquidos livres,
obtendo-se o máximo de diluição. Em se tratando de meios porosos, principalmente em solos
com granulometrias finas, a difusão ocorre de forma mais lenta em relação a soluções livres,
devido aos caminhos tortuosos de migração, presença de partículas sólidas, viscosidade do
contaminante, interação eletrostática entre o contaminante e as partículas sólidas, dentre outros
(SHACKELFORD; DANIEL, 1991; SHACKELFORD, 2014).

A Figura 2.2 emprega o conceito de tortuosidade, sendo essa uma propriedade geométrica do
meio que é definido como a relação entre comprimento por comprimento efetivo (L/Le),
permitindo quantificar o processo difusivo em meios porosos. Ao atribuir esse fator à Equação
(2.3), tem-se o coeficiente de difusão efetivo.

Figura 2.2 - Conceito de comprimento efetivo no transporte em solo. (Adaptado de Schakelford; Daniel, 1991)

𝐷∗ = 𝜏𝐷𝑜 (2.3)

Onde: 𝐷 ∗ = coeficiente de difusão efetivo; 𝜏 = tortuosidade do meio e 𝐷𝑜 = coeficiente de difusão


em solução livre.

A aplicação da primeira Lei de Fick ao fluxo de contaminantes em meios porosos, considerando


a saturação, pode ser apresentada pela Equação (2.4). Em caso de solos não saturados a
porosidade (𝑛) pode ser substituída pelo teor de umidade volumétrico (𝜃).

𝜕𝐶
𝐽𝐷 = −𝐷∗ 𝑛 (𝜕𝑥 ) (2.4)

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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Onde: 𝐽𝐷 = fluxo do soluto por unidade de área e por unidade de tempo; 𝐷∗ = coeficiente de
difusão efetivo; 𝑛 = porosidade; 𝐶 = concentração da solução e 𝑥 = direção do fluxo.

De acordo com Fonseca Neto (2007), duas características importantes no que diz respeito à
primeira lei de Fick devem ser ressaltadas; uma é que essa lei se baseia numa equação linear e,
mesmo que os valores de concentração entre dois pontos sejam distintos, o fluxo das partículas
na direção de x será proporcional ao gradiente da concentração das partículas. Além disto, esta
lei independe do fluxo, ou seja, fluxo de um soluto não depende do fluxo de outro soluto não
existindo acoplamento de fluxo.

2.1.4. Dispersão hidrodinâmica

De acordo com Boscov (2008), a dispersão hidrodinâmica consiste no espalhamento de soluto


em nível macroscópico, sendo este resultante tanto da dispersão mecânica como da difusão.
Segundo a mesma autora, estes dois mecanismos são concorrentes, visto que a dispersão
mecânica induz gradientes de concentração, que, por sua vez, provocam a difusão, mecanismo
este que também ocorre na ausência de fluxo. Sendo assim, a representação da dispersão
hidrodinâmica é dada pelo coeficiente de dispersão hidrodinâmico como apresentado pela
Equação (2.5).

𝐷ℎ = 𝐷𝑚 + 𝐷∗ (2.5)

Onde: 𝐷ℎ = coeficiente de dispersão hidrodinâmico; 𝐷𝑚 = coeficiente de dispersão mecânica;


𝐷∗ = coeficiente de difusão efetivo.

Observa-se que, tratando-se de um solo argiloso ou a ocorrência de uma baixa velocidade de


percolação do fluído, a difusão controlará a dispersão hidrodinâmica, negligenciando, assim, a
dispersão mecânica. No entanto, o oposto tende a ocorrer tratando-se de solos muito permeáveis
ou aquíferos, ou seja, o mecanismo de dispersão mecânica tenderá a dominar o processo
(NASCENTES, 2006; FONSECA NETO, 2007).

Freeze e Cherry (1979) apresentam a dispersão hidrodinâmica como um fenômeno em que o


soluto em movimento se mistura com água não contaminada, ocorrendo então a redução na
concentração original do líquido contaminante. A dispersão pode ocorrer tanto na direção do

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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fluxo (dispersão longitudinal), como em direções perpendiculares a esta (dispersão transversal),


sendo a primeira mais acentuada que a segunda.

De acordo com Nascentes (2006), nos casos de fluxo não confinado, bi ou tridimensional, a
componente transversal de dispersão deve ser considerada. A Figura 2.3 apresenta um esquema
do mecanismo de dispersão para um fluxo horizontal bidimensional, em que podem ser
observadas suas duas componentes - longitudinal e transversal.

Figura 2.3 - Mecanismo de dispersão em fluxo uniforme bidimensional em areia isotrópica. (a) fonte contínua;
(b) fonte instantânea. Fonte: FREEZE E CHERRY (1979) adaptado por NASCENTES (2006).

(a)

(b)

Mesmo que o meio poroso seja isotrópico com respeito à textura e condutividade hidráulica, a
dispersão é mais forte na direção do fluxo (dispersão longitudinal) do que nas direções normais
ao fluxo (dispersão transversal) (SILVEIRA, 2014). Para baixas velocidades de fluxo, Freeze e
Cherry (1979) e Boscov (2008) relatam que os coeficientes de dispersão longitudinal e
transversal podem ser muito próximos.

Nas direções longitudinal e transversal, a dispersão hidrodinâmica é calculada a partir das


Equações (2.6 a) e (2.6 b), respectivamente.

𝐷ℎ𝐿 = 𝛼𝐿 𝑣𝑥 + 𝐷∗ (2.6 a)

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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𝐷ℎ𝑡 = 𝛼𝑡 𝑣𝑥 + 𝐷∗ (2.6 b)

Onde: 𝐷ℎ𝐿 = coeficiente de dispersão hidrodinâmico no sentido longitudinal ao fluxo; 𝐷ℎ𝑡 =


coeficiente de dispersão hidrodinâmico no sentido transversal ao fluxo; 𝛼 = dispersividade
dinâmica (característica do meio poroso no sentido longitudinal ou transversal); 𝑣 = velocidade
do fluxo; 𝐷∗ = coeficiente de difusão efetivo.

A influência relativa de cada uma das parcelas na dispersão hidrodinâmica pode ser obtida a
partir do emprego do número de Peclet, determinado pela razão do coeficiente de dispersão
hidrodinâmico e do coeficiente de difusão. O número de Peclet é admissional e pode ser
definido pela Equação (2.7).

𝑣𝑑
𝑃𝑒 = 𝐷∗ (2.7)

Onde: 𝑃𝑒 = número de Peclet; 𝑑 = diâmetro médio das partículas de solo; 𝑣 = velocidade do


fluxo; e 𝐷∗ = coeficiente de difusão efetivo.

2.1.5. Reações químicas

Além dos mecanismos fisicos, reações quimicas tendem a afetar o transporte de solutos em
meios porosos. Dessa forma, mudanças nas concentrações podem ocorrer por reações de
adsorção/desorção, precipitação/dissolução, oxi-redução, complexação, quelação,
biodegradação e até mesmo por decaimento radioativo, a depender do contaminante e do tipo
de material em contato (Silveira, 2014).

A intensidade das interações entre os solos e os contaminantes em solução dependem de uma


série de propriedades quimicas, as quais são influenciadas pela constituição química do soluto,
das características do solo (argilominerais, óxidos e matéria orgânica ), CTC e pH do sistema.
Essas propriedades do solo atuam afetando a disponibilidade dos solutos para os processos de
transferência ou alterando a forma de um poluente, aumentando ou diminuindo seus efeitos de
contaminação (ROWE et al., 1995).

Segundo Nascentes (2006), os processos de interação entre solo e soluto que merecem maior
atenção são os que resultam na acumulação de soluto no solo, por sua transferência do fluido
percolante para a fase sólida, onde ficam retidos. Essas reações agem reduzindo a concentração

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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do soluto na pluma de contaminação, mas não necessariamente reduzem a taxa de movimento


da pluma (Fetter, 1993).

De acordo com Rowe et al. (1995), a sorção é o processo em que um contaminante é removido
da solução, independente da natureza do processo, que pode incluir troca catiônica ou partição
de compostos orgânicos na matéria orgânica sólida. Deste modo, a sorção incluiria os processos
de adsorção, absorção, sorção química e troca iônica (BOSCOV, 1997).

A adsorção é um processo físico-químico no qual uma substância é acumulada em uma interface


entre fases. As forças que atraem o soluto da fase líquida para a superfície das partículas sólidas
podem ser físicas (forças eletrostáticas: atração e repulsão, interações dipolo-dipolo, forças de
van der Waals e pontes de hidrogênio) ou químicas (NASCENTES, 2006). A dessorção é a
liberação das espécies químicas previamente adsorvidas, que ocorre, quando a concentração
afluente da substância diminui, ou pelo deslocamento provocado pela competição com outra
substância mais fortemente adsorvida (Boscov, 2008).

O processo de absorção ocorre quando se trata de materiais porosos, onde os íons livres são
transportados por difusão para o interior das partículas (Boscov, 1997).

De acordo com Nascentes (2006), a sorção química corresponde ao processo em que o soluto é
incorporado à partícula sólida por uma reação química. Muitos minerais e substâncias orgânicas
em contanto com a água são capazes de atrair moléculas de água ou íons ou liberar certos
constituintes, por processos físico-químicos de simples adsorção, devido às forças eletrostáticas
e, de sorção química, que é consequência da reação química entre o íon adsorvido e a superfície
sólida adsorvente (SILVEIRA, 2014). Quando ocorre a troca de posição entre espécies iônicas,
o processo é chamado de troca iônica.

As propriedades adsortivas dependem da natureza da superfície sólidas e da distribuição e do


tamanho dos poros, tornando-se maior a ocorrência de adsorção nas menores frações
granulométricas. Assim, o processo de remoção tende a ocorrer principalmente nos
argilominerais, que apresentam um desbalanceamento elétrico devido a substituições de cátions
no retículo cristalino por outros de menor valência (NASCENTES, 2006), ocorrendo o acúmulo
de íons de carga oposta e moléculas de água em torno da superfície das partículas.

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Segundo Rowe et al. (1995), um dos fatores de maior importância nos processos de interação
solo-contaminante e no transporte de substâncias através do solo é o fenômeno de expansão-
contração da dupla camada difusa. A dupla camada difusa é a nuvem de cátions formada ao
redor das partículas e a quantidade de cátions aderidos necessária para neutralizar a partícula
do solo é a capacidade de troca catiônica.

A contração da dupla camada difusa, apresentada na Figura 2.4, ocorre pela substituição de
cátions monovalentes por bivalentes, o que aumenta os espaços vazios entre partículas do solo.
Caso a troca ocasione a contração da dupla camada difusa, a condutividade hidráulica do
material tende a aumentar, caso contrário tende a reduzir.

A presença de óxidos nos solos também auxiliam no processo de remoção de contaminantes,


destacando-se os oxidos de ferro, manganês e alumínio, comuns em solos tropicais, onde atuam
como agentes cimentantes das particulas, e que possuen grandes áreas superficiais carregadas.
Entretanto, quando hidratados, estes óxidos tendem a expor uma superficie com hidroxilas,
onde pode ocorrer a adsorção de metais (MARQUES, 2009).

Mesmo se apresentando em pequenas quantidades, a matéria organica presente no solo é capaz


de contribuir significativamente no processo de retenção de catios. Isso ocorre devido aos
valores de CTC e de superficie especifica deste componente apresentarem valores na ordem de
150 a 300 cmolc kg-1 e 800 a 900 m2 g-1 respectivamente, exercendo influencia significativa
nas reações quimicas dos solos (SPARKS, 2003). Segundo o mesmo autor, mesmo em solo
arenosos que apresentam teores de matéria orgânica inferiores a 1%, esta exerce uma influência
significativa nas reações quimicas.

Figura 2.4 – Fenômeno de Expansão/contração da camada dupla, a) expansão; b) normal; c) contração. Rowe et
al (1995), adaptado por Silveira (2014).

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A capacidade de troca catiônica cresce, de modo geral, com o aumento do pH do solo. Isto
ocorre devido ao aumento no nível de dissociação de hidroxila (OH-) nas extremidades e nas
superfícies das partículas de argila, resultando em aumento da carga líquida negativa das
mesmas. A adsorção de ânions, ao contrário do que ocorre com os cátions, é geralmente
estimulada em ambientes ácidos (NASCENTES, 2006).

Embora a adsorção de cátions metálicos esteja ligada ao pH da solução do solo, apenas em


uma estreita faixa de pH a retenção de íons é favorecida pelo processos adsortivos (Sparks,
2003). Tal faixa irá depender tanto das propriedades do solo adsorvente quanto das propriedades
dos íons metálicos a serem adsorvidos.

O processo de sorção pode ser investigado e quantificado, a partir de uma função de distribuição
conhecida como isotermas de sorção (Nascentes, 2006), que é obtida em laboratório a partir de
ensaios de equilíbrio em lotes, ajustados por diferentes tipos de modelos matemáticos, conforme
discutido a seguir.

2.1.6. Estudos laboratoriais de transporte de contaminantes

2.1.6.1. Ensaio de equilíbrio em lote (batch test)

O ensaio de equilíbrio em lote tem por objetivo analisar o comportamento sorcivo dos solos em
relação às soluções, normalizada pela relação da massa de solo e a concentração de equilíbrio,
para diferentes valores de concentração.

O ensaio consiste em realizar uma mistura de uma solução com concentração e composição
conhecida, em uma determinada massa de solo por um período de tempo pré-determinado para
que se atinja o equilíbrio químico, ou seja, para que a ocorrência de concentrações de soluto na
fase liquida (massa de soluto dividida por volume de solução) e na fase sólida (massa de soluto
adsorvido dividido por massa seca de adsorvente) permaneçam constantes ao longo do tempo.

Dessa forma, no início do ensaio, a massa adsorvida aumenta com o tempo, ao passo que a
massa dissolvida na fase líquida decresce, até que seja atingida a constância de distribuição nas
fases líquida e sólida. No ensaio, considera-se que o tempo de equilíbrio químico é atingido
quando uma diferença igual ou inferior a 5% na concentração da fase líquida seja verificada
após intervalos de tempo pré-estabelecidos ou usualmente após 24 horas de contato (EPA,

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1992). Em seguida, as fases líquidas e sólidas são separadas, preferencialmente por


centrifugação, e analisada quimicamente para a determinação da mudança de concentração de
soluto.

A quantidade de soluto adsorvido por unidade de massa de solo pode ser mensurada pela
Equação (2.8).

(𝐶𝑜 −𝐶)𝑣𝑠
𝑆= (2.8)
𝑚

Onde: 𝑆 = quantidade de soluto adsorvido pelo solo; 𝐶𝑜 = concentração inicial do soluto; C=


concentração de equilíbrio do soluto (após mistura com o adsorvente); 𝑣𝑠 = volume da solução;
𝑚 = massa de adsorvente seca.

Repete-se este procedimento, à mesma temperatura, para diversos valores de concentração


inicial do soluto, de modo a englobar os valores esperados no campo. Os valores de C versus S
são plotados em um gráfico e os parâmetros de adsorção são obtidos a partir de formulações de
ajustes. Existem vários modelos de sorção, sendo que três se destacam pela sua aplicabilidade
e razoável aproximação ao problema em estudo: sorção linear, de Freundlich e de Langmuir
apresentadas na Figura 2.5 (FETTER, 1993).

O modelo mais simples de adsorção considerado é a isoterma linear, que admite uma
proporcionalidade direta entre a concentração de soluto na fase sólida e a concentração de
equilíbrio, expressa pela Equação (2.9). Segundo Gurjão (2005) o coeficiente de distribuição
Kd é um valor constante e depende basicamente do tipo de solo e do tipo de soluto, ou seja,
depende da interação da matriz sólida e do soluto.

Figura 2.5 – Isotermas Linear, Freundlich e Langmuir. Adaptado de (FETTER, 1993)

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O modelo de Freundlich (Equação 2.10) considera a existência de um número quase infinito de


sítios de adsorção em relação ao número de espécies a serem adsorvidas e que estas são
acumuladas infinitamente na superfície heterogênea do adsorvente. Entretanto isto não acontece
nos solos que tem capacidade de adsorção limitada, principalmente, ao valor de CTC das argilas
(BARRETO, 2017).

Os parâmetros para o modelo de Freundlich, podem ser melhor obtidos a partir de sua forma
logarítmica, a qual resulta em uma reta com declividade 𝜀 e intercepto igual a log de Kf para
C=1, conforme Figura 2.6. Neste caso, o valor do intercepto é um indicador da capacidade de
adsorção, e a declividade, da intensidade de adsorção. Vale ressaltar que o modelo linear é
apenas um caso especial do modelo de Freundlich quando 𝜀 = 1.

O modelo de Langmuir foi deduzido a partir da termodinâmica da adsorção e é representado


pela Equação 2.11, baseando-se na ideia de que a matriz sólida possui uma área finita disponível
para sorção. Com isso, existe um valor máximo para massa de soluto possível de ser sorvida
(Rowe; Quigley; Booker, 1995).

A isoterma de Langmuir é apresentada na Figura 2.7 a, e os parâmetros S m e b podem ser obtidos


plotando-se os parâmetros 1/S versus 1/C, conforme Figura 2.7 b.

Figura 2.6 - Isoterma de Freundlich: (a) curva mostrando a sorção em função da concentração e (b) log usando
os parâmetros determinados Gurjão, (2005).

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Figura 2.7 – Isoterma de Langmuir: (a) curva mostrando a sorção em função da concentração e (b) valores
plotados usando os parâmetros determinados. Gurjão, (2005).

𝑆 = 𝐾𝑑 𝐶 2.9

𝑆 = 𝐾𝑓 𝐶 𝜀 2.10

𝑆𝑚 𝐾𝑙 𝐶
𝑆= 2.11
1+𝐾𝑙 𝐶

Onde: C = concentração de equilíbrio do soluto (após mistura com o adsorvente); 𝑆 =


quantidade de soluto adsorvido pelo solo; 𝜀 = declividade da curva que reflete a intensidade de
adsorção com o aumento da concentração de equilíbrio; 𝑆𝑚 = máxima concentração de soluto
adsorvido; 𝐾𝑑 = Coeficiente de distribuição; 𝐾𝑓 = constante de Freundlich; e 𝐾𝐿 = constante
relacionada com a energia de ligação de metal no solo.

Apesar dos modelos apresentados serem corriqueiramente utilizados para descrever o


comportamento sorcivo dos solos, estes podem em determinados casos não representar de
forma consistente os resultados obtidos experimentalmente. Logo, um modelo pode ser uma
boa representação da partição do soluto entre as fases líquida e sólida em alguns casos, e não
ser adequado em outros, o que pode ser observado pela disparidade entre os pontos
experimentais e o ajuste, além dos baixos coeficientes de correlação (R2).

Paula (1999); Gurjão (2005); Silva (2008); Chalermyanont, Arrykul, Charoenthaisong (2008);
Lopes (2009); Marques (2009); Moreira e Alleoni (2010); Gonçalves et al. (2013); Almeida

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(2015); Oliveira (2018), obtiveram bom ajustes aos dados experimentais em diferentes tipos de
materiais utilizando os modelos de Langmuir e Freundlich. Dentre estes, Gurjão (2005), Silva
(2008) e Almeida (2015) relatam bons coeficientes de correlações para o modelo linear, mesmo
utilizando altas concentrações de metais. Já Oliveira (2010) utilizou apenas o modelo linear
para descrever o comportamento adsortivo em solos do serrado de Goiás, obtendo elevados
coeficientes de correlação.

2.1.6.2. Ensaio de difusão

Diversos tipos de ensaios de difusão que permitem a determinação do coeficiente de difusão


efetiva são descritos por Shackelford (1991) os quais, segundo o autor, são classificados em
ensaios de fluxo estacionário e ensaios de fluxo transiente. Destes, os mais empregados são os
de fluxo transiente devido à dificuldade de se estabelecer um fluxo estacionário.

Inúmeras abordagens já foram utilizadas com o objetivo de determinar o coeficiente de difusão


em solos, e podem ser verificadas no trabalho do autor supracitado. Entretanto, um dos métodos
mais empregados para amostras de solo compactado, considerando a condição transiente para
a determinação do coeficiente de difusão efetiva, é o do reservatório único. Neste ensaio, uma
amostra indeformada de solo é posicionada em uma célula cilíndrica, de modo a garantir a
estanqueidade do sistema, principalmente na interface entre o solo e a célula, e posteriormente
é promovida a saturação da amostra disponibilizando água pela base. Para os casos em que se
deseja ensaiar solos compactados, pode ser promovida a compactação na própria célula do
ensaio (BOSCOV, 1997; GURJÃO, 2005; GHOMARI; BEZZAR; ABDELLAOUI, 2012;
EBEREMU; AMADI; EDEH, 2012; AMADI, 2013; SILVEIRA, 2014; GABAS; SARKIS;
BOSCOV, 2014; MIGUEL; BARRETO; PEREIRA, 2017; AMADI; OSINUBI, 2017). A
Figura 2.8 mostra um esquema da célula de difusão proposta por Barone et al. (1989).

Finalizado o processo de saturação, uma das tampas é fixada à base promovendo a selagem no
contato com o molde cilíndrico e base por meio da aplicação de silicone. Em seguida, a solução
contaminante com concentração conhecida que se deseja ensaiar é introduzida no reservatório
da parte superior da célula até a altura desejada, então, o topo da célula também é selado com
o posicionamento de uma tampa acoplada a uma pá misturadora que visa garantir a
homogeneidade da solução contaminante durante todo o ensaio.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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Permite-se, então, que o contaminante migre para o solo durante determinado período de tempo
sem que ocorram grandes alterações de temperatura. Pequenas amostras da solução
contaminante são coletadas em períodos regulares por um orifício existente na tampa para se
avaliar a variação de concentração da solução. Ao final do experimento, a solução contaminante
é removida e o solo extrudado da célula de difusão, sendo então seccionado em fatias iguais no
sentido diametral para retirada da água intersticial e ou amostras de solo, para determinação do
perfil de concentrações químico do solo pós ensaio.

Figura 2.8 - Célula de difusão, adaptado de Barone et al. (1989).

Na Tabela 2.1 são apresentados valores obtidos a partir de ensaios de difusão em alguns estudos
realizado em solos lateríticos com e sem estabilização (Gurjão, 2005; Eberemu, Amadi e Edeh,
2012; Gabas, Sarkis e Boscov, 2014; Silveira, 2014; Amadi; Osinubi, 2017). Vale ressaltar que
a obtenção do coeficiente requer programas computacionais e ou soluções numéricas que
descrevam, a partir de ajustes, os resultados obtidos experimentalmente (PAZ, 2015).

Tabela 2.1 - Coeficientes de difusão em diferentes tipos de materiais

Autores Metais Tipo de ensaio Solo/mistura 𝐷 ∗ (10-10m²/s)


Solo tropical com
adição de bentonita de
0% 4,5
Amadi; Reservatório
Pb 2,5% 3,15
Osinubi (2017) Único
5% 2,78
7,5% 2,42
10% 2,06

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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Gabas, Sarkis e Pb Reservatório


Laterítico argiloso 1
Boscov (2014), Cd Único
Areia não laterítica 0,4 a 0,7
(NA) 4a7
Arenoso não laterítico
4a6
(NA’)
Siltoso não laterítico 0,7
Cu Reservatório (NS’) 4a7
Gurjão (2005)
Zn Único Argiloso não laterítico 1a4
(NG’) 4a7
Arenoso laterítico 4
(LA’) 4a7
Argiloso laterítico
4a7
(LG’)
Ca2+ Solo tropical com 3,5; 3,2; 2,92; 2,3
Eberemu,
Pb²+ Reservatório adição de cinza de 2,41; 5,85; 1,26; 3,49
Amadi e Edeh
Cr3+ único bagaço 5,87; 2,9; 1,4; 3,3
(2012)
0%, 4%, 8%, 12%
Cl- 4,2; 6,47; 7,38; 8,45
Cr3+ Reservatório 0,00 a 0,01
Silveira (2014) Arenoso Laterítico
Ni 2+ único 0,00 a 0,02

2.2. BARREIRAS HIDRÁULICAS IMPERMEABILIZANTES

A necessidade de dispor os resíduos sólidos urbanos, estabeleceu o desenvolvimento de técnicas


de disposição, de modo que os líquidos gerados pela decomposição não acarretem impactos ao
meio pelo intercepto destes líquidos à matriz hidrológica subjacente e superficial, terreno
natural ou ar.

Os sistemas de selagem, basais (base liners), visam reduzir o fluxo de percolado à matriz
hidrológica constituindo, assim, elemento essencial para garantir a conservação do meio no
entorno destas áreas (MORANDINI, 2014).

Embora as exigências técnicas para a implantação de barreiras impermeabilizantes possam


variar de acordo com o tipo de material utilizado no processo de revestimento do depósito, a
adequação de qualquer material para a construção depende de diversos fatores, dentre eles,
permeabilidade inferior a 10-9m/s, durabilidade, resistência mecânica superior a 200 kN/m2 e
compatibilidade química entre o solo e o contaminante (EBEREMU; AMADI; OSINUBI,
2013; EBEREMU, 2013; MORANDINI; LEITE, 2012).

E. S. FERREIRA Capítulo 2
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No entanto, em solos que apresentam baixo coeficiente de permeabilidade, o mecanismo que


controla o fluxo de contaminação é a difusão, tornando necessário avaliar a migração de
produtos químicos como metais pesados pelo material que irá compor a barreira
impermeabilizante de acordo com as teorias que envolvem esse mecanismo de transporte
(SHACKELFORD; DANIEL, 1991).

Segundo Morandini e Leite (2012), devido à sua ampla distribuição mundial, os solos tropicais
têm um grande potencial para serem usados nestas barreiras compactadas, contando que alguns
requisitos técnicos e econômicos sejam satisfatórios. Sendo necessária muita das vezes a
utilização de algum estabilizante para eu se atenda aos critérios de projeto, como apresentado a
seguir.

2.2.1. Uso de Solo tropical

A origem dos solos tropicais está relacionada ao clima quente e úmido com alta pluviosidade,
sendo então encontrados em diversas partes do globo, mas especialmente nas regiões
intertropicais da África, Austrália, Índia, Sudeste Asiático e América do Sul,
(CHALERMYANONT; ARRYKUL; CHAROENTHAISONG, 2008; OSIMUBI; MOSES;
LIMAN, 2014). Estes solos resultam de processos pedológicos típicos de perfis bem drenados,
sendo a caulinita o argilomineral predominante e a fração argilosa rica em óxidos e hidróxidos
de ferro e alumínio, o que resulta em estruturas porosas constituídas de macro e microporos
(NOGAMI; VILLIBOR, 1995).

De acordo com Carvalho et al. (2015), o processo de formação desse solo é mais que uma
simples decomposição de rocha, visto que o intemperismo envolve a transformação químico-
mineralógica e estrutural, conferindo-lhe diferentes propriedades e comportamento em relação
a outros formados em regiões de clima temperado e frio.

Visto que o processo de compactação permite algumas vezes a obtenção do coeficiente de


permeabilidade requerido para liners, os solos argilosos lateríticos são amplamente usados para
isolar materiais perigosos e outros resíduos do ambiente adjacente, em especial não permitindo
que os líquidos provenientes de decomposição interceptem cursos d’agua, em especial as
subterrâneas (CHALERMYANONT; ARRYKUL; CHAROENTHAISONG, 2008;
EBEREMU, 2013; MORANDINI; LEITE, 2015). Isso se deve a considerável redução da
permeabilidade dos solos tropicais após o processo de compactação, proporcionando o

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 27

desenvolvimento de estudos que permitem sua utilização em barreiras hidráulicas, como


apresentado a seguir.

Miguel, Barreto e Pereira (2015) avaliaram um solo arenoso laterítico composto por caulinita,
gibbsita e óxidos de ferro para execução de uma barreira hidráulica em uma bacia de retenção
em uma mineradora, a fim de minimizar o vazamento de água ácida pela fundação de uma
barragem de contenção. Para tanto, foram realizados ensaios geotécnicos, químicos e
mineralógicos para caracterização da amostra coletada no local e testes de adsorção com
soluções de alumínio (Al), manganês (Mn) e ferro (Fe), variando o pH inicial das soluções na
condição ácida. O alumínio apresentou baixa adsorção nas condições ácidas imposta neste
experimento, não permitindo obter a isoterma de adsorção para o elemento. Os valores de
distribuição Kd foram 0,0364 e 0,0281 L g-1, respectivamente, para Mn e Fe. Quanto ao fator
de retardo Rd, os valores variaram de 81 a 91, para o Mn, e de 61 a 79, para o Fe, considerando
os diferentes comportamentos das isotermas de adsorção.

Com esse mesmo material, Miguel, Barreto e Pereira (2017) avaliaram a capacidade do solo
em reter espécies químicas contaminantes e para isso realizaram ensaio de coluna utilizando
água ácida da mina de UTM-Caldas- MG. O estudo mostrou que com pH menor que 6,0 ocorreu
dessorção de ferro e manganês acima do permitido pela legislação, e com pH superior a 6,0
ocorreu adsorção do ferro em manganês e liberação de alumínio e fluoreto na forma livre com
concentração também superior ao permitido pela legislação vigente.

Gabas, Sarkis e Boscov (2014) investigaram a difusão e a retenção em solo argiloso laterítico
compactado, submetendo-as a ensaio de difusão de reservatório único utilizando soluções de
cádmio (Cd) e chumbo (Pb) com pH de 3,0, 5,0 e 8,0. Os ensaios de difusão apresentaram
valores em torno de 10-10 m²/s para os dois metais e retenção elevada de cádmio e chumbo, com
maior retenção de chumbo (99% para pH 3,0; 5,5 e 8,0) do que cádmio (96% para pH 3,0; 91%
para pH 5,5 e 90% para pH 8,0), expressa por coeficientes de distribuição Kd variando entre
100-300 mL/g, para Cd, e 500-2000 mL/g, para Pb. Uma simulação numérica utilizando o
programa Pollute1 mostrou que liners construído com esse solo apresentaria bom desempenho,
sendo a concentração de metais após difusão através da camada inferior a 0,2% da concentração
no lixiviado.

1
Programa de modelagem matemática amplamente utilizada desde a década de 80 para análises de pluma de
contaminação.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 28

Boscov et al., (2011) realizaram um estudo a fim de descrever as características de uma argila
laterítica, representando um conjunto de solos de ocorrência significativa no Estado de São
Paulo, a serem empregados em um revestimento de aterro sanitário. Para isto realizaram-se
testes de laboratório para avaliar a permeabilidade, a adsorção e a difusão de seis metais através
do solo compactado. O estudo mostrou que o solo apresenta uma capacidade modesta de reter
cádmio e que óxidos metálicos constituintes podem ser dissolvidos do solo por soluções ácidas.
Os autores ressaltaram a necessidade de mais investigações para explicar as reações químicas
que podem ocorrer quando tais solos são expostos a soluções ácidas, o que pode ser tão
significativo quanto os mecanismos de difusão e adsorção.

Conciani (2011) analisou a capacidade de retenção de Cromo (Cr) e Níquel (Ni), em solo
argiloso tropical da cidade de Brasília- DF, através de ensaios de coluna e sorção. Observou-se
que o Ni teve uma maior mobilidade que o Cr, sendo o coeficiente de difusão molecular para o
Cr igual a 5,94x10-10 m2/s e para o Ni de 6,79x10-10 m2/s; o fator de retardamento variou entre
1,0 e 2,4, para o Cr, e entre 1,01 e 1,94, para o Ni. O dimensionamento de um liner de aterro
realizado pela autora mostrou que levaria cerca de 140 anos para que os contaminantes
utilizados nessa pesquisa conseguissem atravessar uma barreira de 600 mm.

Gurjão (2005) estudou as propriedades de seis solos tropicais brasileiros de diferentes classes
da classificação MCT a fim de caracterizar e avaliar o desempenho geoambiental de seis tipos
de solo. Para isso, realizou-se ensaios de caracterização física, química e mineralógica. Nas
caracterizações físicas foram realizados ensaios rotineiros de laboratórios geotécnicos, como,
classificação MCT e ensaio de permeabilidade. Posteriormente, foram determinados os
coeficientes de difusão e sorção para dois tipos de metais, cobre e zinco. A autora concluiu que
os melhores solos para utilização em liners para os metais estudados são LG’ (Argiloso
laterítico), NG’ (Argiloso não laterítico) e LA’ (arenoso laterítico).

Observa-se, a partir desses trabalhos, a importância de se investigar o transporte de


contaminantes em solos lateríticos, a fim de se avaliar a possibilidade da dispersão do
contaminante por mecanismos de transportes, que muitas vezes são negligenciados no
dimensionamento de barragens de rejeitos e principalmente em aterros sanitários.

No entanto, há casos em que mesmo compactado, os solos lateríticos não apresentam as


propriedades mínimas de aceitabilidade para esse tipo de obra geotécnica. Assim, a
estabilização química e granulométrica apresenta-se como uma alternativa viável. Esse

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 29

processo consiste na alteração de algumas propriedades do solo a fim de melhorar seu


desempenho do ponto de vista da engenharia.

2.2.2. Estabilização de solos tropicais

Atualmente, são utilizados os mais diversos tipos de materiais a fim de estabilizar ou melhorar
alguma característica dos solos empregados na engenharia geotécnica, que vão desde a adição
de algum material químico, tipo de compactação, adição de resíduos dos mais diversos
seguimentos industriais até mesmo a mistura de solo de outra localidade. (Degirmenci; Okucu;
Turabi, 2006; Çoruh; Ergun, 2010; Eberemu, 2012; Amadi, 2013; Amadi; Eberemu, 2013
Morandini, 2014; Kumar; Dutta; Mohanty, 2014; Osinubi; Moses; Liman, 2014; Nisti et al.,
2015; Rezende et al., 2016; Ammar et al., 2016; Rashad, 2017).

Como neste trabalho serão estudadas misturas de solo tropical, fosfogesso e bentonita, são
apresentadas a seguir algumas características dos mesmos a fim de se compreender o que cada
material pode proporcionar quando utilizados em estabilizações de solos.

2.2.3. Bentonita

A bentonita é uma argila natural formada pelo intemperismo das cinzas vulcânicas.
Distingue-se de outras argilas pela sua extrema finura e é composta principalmente por
montmorilonita, mineral com grande superfície específica (800 m2 / g), alta deficiência de carga
(0,5-1,2 por célula unitária) juntamente com alta capacidade de troca catiônica (80 – 150
meq/100g) (AMADI, 2013).

As argilas bentôniticas também são conhecidas por sua capacidade de expansão, sorção,
plasticidade e baixa condutividade hidráulica (MORANDINI; LEITE, 2015). Essas
propriedades conferem à bentonita uma gama de aplicações industriais, sendo um material
extremamente versátil. Silva e Ferreira (2008) apresentam uma relação de 138 aplicações das
argilas betoníticas, o que inclui seu amplo uso em obras geoambientais como material de
revestimento para contenção de resíduos de diversos segmentos. Esse uso é justificado pela
grande redução de permeabilidade e pelo aumento da capacidade de sorção gerado pela barreira
que contém adição de bentonita.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 30

No entanto, a utilização de compostos bentôniticos em sistemas de retenção de contaminantes


requerem atenção quanto aos efeitos que as alterações químicas podem causar na propriedades
físico-químicas do solo, como alterações na condutividade hidráulica, expansão e ou
modificação do argilomineral (AMADI, 2013). Nesse sentido, estudos vêm sendo realizados a
fim de avaliar o transporte de contaminante e a capacidade de atenuação proporcionado pela
adição de bentonita.

Amadi e Osinubi (2017) determinaram os parâmetros de transporte de íons de chumbo (Pb)


difundido através de uma mistura compactada de solo laterítico e bentonita. O programa
experimental contou com ensaios de sorção e testes de difusão com duração de 90 dias.
Utilizou-se nesse estudo teores de bentonita de 0, 2,5, 5, 7,5 e 10 % em relação à massa seca do
solo. Com base nas concentrações medidas de Pb em todas as fatias de misturas de solo após o
teste de difusão, os autores concluíram que a frente do contaminante havia chegado a 32 mm
em misturas com 0 e 2,5% de bentonita e 16 mm em misturas contendo entre 5 e 10%. O
coeficiente de difusão efetivo variou entre 4,50 × 10-10 m2/s e 2,0 × 10-10 m2/s, respectivamente.

Ghomari, Bezzar e Abdellaoui (2012) realizaram um estudo sobre a utilização de mistura de


areia e bentonita para liners, por meio de ensaios de caracterização do material e permeabilidade
em misturas contendo 6% e 7% de adição de bentonita, onde a segunda apresentou coeficiente
de permeabilidade inferior a 10-9 m/s. Posteriormente, utilizando a mistura de 7% de bentonita,
os autores realizaram ensaios de adsorção e difusão com chumbo, cádmio e zinco. A pesquisa
mostrou que o avanço dos perfis de concentração se deu de maneira muito rápida, onde em uma
semana após o início do ensaio de difusão o contaminante apresentou redução de cerca de 99%
dos espécimes químicos do reservatório. As partículas da mistura agiram como um filtro,
retendo os poluentes metálicos, principalmente na camada superficial dos espécimes, com uma
concentração mais profunda de cádmio e zinco em comparação com o chumbo. A partir destes
resultados, os autores concluíram que a proteção dos recursos hídricos contra o fluxo difusivo
de lixiviados tipo metal, mesmo em altas concentrações, é possível, se as técnicas de seleção
do material, compactação e impermeabilização da barreira forem feitas de maneira correta.

Apesar dos benefícios da estabilização de solos com bentonita, estudos realizados por Gleason,
Daniel e Eykholt (1997), Liu (2013) e Malusis, Asce e Mckeehan (2013), demonstram que o
contato dos materiais com íons de Ca2+ podem alterar a estrutura mineralógica do material,
reduzindo a capacidade de expansão da dupla camada difusa. Essa alteração pode ocasionar

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 31

tanto o aumento do coeficiente de permeabilidade quanto a redução da capacidade de retenção


de íons pelos argilominerais.

2.2.4. Fosfogesso

Durante o processo para obtenção do ácido fosfórico é gerado o fosfogesso (CaSO4), um


subproduto sólido resultante da reação química entre o ácido sulfúrico (H2SO4) e rochas
fosfáticas (DEGIRMENCI; OKOCU; TURABI, 2006; ÇORUH; ERGUN, 2010; COTA et al.,
2012). Muito semelhante ao gesso natural (CaSO4.2H2O), o fosfogesso é composto,
principalmente, por sulfato de cálcio e tem em sua composição algumas impurezas advindas da
rocha fosfática matriz, como fosfato solúvel em água (P2O5), fluoretos (F), metais pesados
como, arsênio (As), bário (Ba), Cádmio (Cd), cromo (Cr), chumbo (Pb), mercúrio (Hg), selênio
(Se) e prata (Ag), radionuclídeos das séries naturais, tório, e também substâncias orgânicas.
(RASHAD, 2015; CNEN, 2013; MAPA, 2006; NISTI et al., 2015; RASHAD, 2017).

O processo para a produção do ácido fosfórico pode ser obtido por via úmida (processo úmido)
ou processo da fornalha elétrica (via térmica). O processo úmido é o mais utilizado, sendo a
produção do fosfogesso por meio deste, realizada através da dissolução de uma pasta fluida
composta de rochas fosfáticas em ácido sulfúrico, resultando em diferentes composições de
fosfogesso, que são: di-hidratado (DH), hemi-hidratado (HDH), e anidro (PARREIRA, 2003).

O processo por via úmida não é apenas o mais utilizado no Brasil, mas em todo o mundo, pois
apresenta vantagens como: baixo investimento para instalação do sistema de produção, baixo
custo de produção, além de ser flexível quanto à utilização de rochas de origens variadas
(OLIVEIRA, 2005).

Na produção de uma tonelada de ácido fosfórico, são produzidas cerca de cinco toneladas de
fosfogesso di-hidratado (CASO4.2H2O), e pouco deste material é reutilizado. Do percentual
total da produção mundial de fosfogesso, apenas 15% tem destinação pela indústria de
fertilizantes, na fabricação de cimento, na construção civil para fabricação de materiais, como
forros, painéis, placas, pisos, revestimentos, blocos pré-moldados e como aditivo em obras de
engenharia no melhoramento das propriedades de solos estabilizados como solo-cal e solo-
cimento (KUMAR, 2002; OLIVEIRA, 2005; TAYIBI et al., 2009; RASHAD, 2017).

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 32

O fosfogesso, apesar de poder apresentar em sua composição metais pesados e radionuclídeos,


é armazenado em grandes áreas a céu aberto, podendo acarretar diversos problemas ambientais,
como contaminação de águas subterrâneas e superficiais. Por este fato, formas de aplicação do
subproduto vêm sendo estudadas e ampliadas, a fim de que se obtenham resultados positivos
para o meio ambiente (RUFO, 2009; ARAUJO; FERNANDES, 2013; MELGAÇO; QUITES;
LEÃO, 2019). Diversos estudos envolvendo o fosfogesso foram realizados, sendo apresentados
alguns deles a seguir.

Cota et al. (2012) analisaram qual seria a biodegradação da mistura lixo urbano/fosfogesso e se
o uso do material como cobertura em aterros sanitários poderia contribuir para o aumento da
exposição de seres humanos a radioatividade e metais. Foram realizados, nessa pesquisa,
ensaios de composição mineralógica por difratometria de raios X, composição química por
fluorescência de raios X, determinação de atividades de radionuclídeos por espectrometria
gama e concentração de Cr e As, além de modelagem numérica. Os autores observaram que o
fosfogesso não apresentou qualquer risco à saúde humana ou ao meio ambiente, pois, para o
uso em aterros sanitários, a liberação dos contaminantes ficou dentro dos limites aceitáveis.
Concluiu também que as amostras com adição de fosfogesso apresentaram menor tempo de
decomposição de matéria orgânica enquanto os experimentos eram realizados.

Ribeiro, Mascarenha e Santos (2018) realizaram estudo sobre a viabilidade técnica da utilização
de fosfogesso na construção de sistemas de cobertura de aterro sanitário. Os materiais estudados
foram, solo arenoso laterítico 100%, fosfogesso 50% + solo 50%, fosfogesso 50% + solo 47%
+ bentonita 3%, fosfogesso 50% + solo 44% + bentonita 6% e fosfogesso 50% + solo 41% +
bentonita 9%. Os resultados demonstraram valores de coeficiente de condutividade hidráulica
inferiores a 10-8 m.s-1 para o solo e a mistura solo/fosfogesso, e valores inferiores a 10-9 m.s-1
para as amostras contendo bentonita, quando compactados na energia Proctor normal.
Utilizando a energia Proctor intermediária nos materiais solo e solo/fosfogesso observaram
valores de coeficiente de condutividade inferiores a 10-10 m.s-1 e 10-9 m.s-1 respectivamente.
Uma simulação de sazonalidade (umedecimento e secagem) para o solo e a mistura
solo/fosfogesso demonstrou um aumento do coeficiente de condutividade, entretanto
mantendo-se inferiores a 10-9 m.s-1. Desta forma, os autores concluíram que o solo e o
solo/fosfogesso apresentaram condições favoráveis quando compactados na energia Proctor
intermediaria para aplicação como barreira hidráulica, definindo a mistura solo/fosfogesso
como prioritária por dar finalidade ao fosfogesso até então considerado um passivo ambiental.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 33

Borges (2019) realizou um estudo sobre o comportamento hidromecânico e a compatibilidade


de mistura solo tropical/fosfogesso/bentonita para uso em liners de aterros sanitários com
soluções de NaCl, NaOH, HNO3 e etanol. O trabalho visou identificar quais teores de mistura
são indicados para se obter um material adequado para esse tipo de obra geotécnica, a partir da
determinação do coeficiente de permeabilidade e das possíveis alterações de seus valores
quando percoladas com diferentes substâncias. Para isso o autor estudou seis diferentes misturas
de solo, bentonita e fosfogesso sendo elas: solo (S), solo com adição de 10% de fosfogesso
(SP), solo com adição de 10% de fosfogesso e 3% de bentonita (SPB3), solo com adição de
10% de fosfogesso e 6% de bentonita (SPB6), solo com adição de 3% de bentonita (SB3) e solo
com adição de 6% de bentonita (SB6).

De acordo com Borges (2019), a adição de fosfogesso não alterou os coeficientes de


condutividade hidráulica (k) das amostras (10-8 m/s para o solo e SF e 10-10 m/s para o SB6 e
SFB6) e reduziu o valor de resistência a compressão, mas manteve o critério mínimo de
resistência estipulado de 200kPa. A bentonita se mostrou um estabilizador eficiente pois
reduziu a permeabilidade e melhorou a resistência a compressão.

Nos testes de compatibilidade, o autor observou que as amostras que utilizaram NaOH
apresentaram redução dos valores de k em relação aos utilizando água, devido à viscosidade da
solução e a formação de estruturas dispersas. As amostras contendo bentonita apresentaram
maiores valores de condutividade quando tratadas com HNO3 e isso pode ser atribuído à
formação de estruturas floculadas e à diminuição da dupla camada nos minerais argilosos.
Nessa condição, nenhuma das amostras atingiu valores de k inferiores a10-9 m∕s, mostrando que
a compatibilidade deve ser analisada com maior frequência em projetos de revestimentos. Por
fim Borges (2019), conclui que amostras contendo 10% de fosfogesso e 6% de bentonita
atendem os critérios hidromecânicos necessários para materiais de liners em aterros sanitários.

E. S. FERREIRA Capítulo 2
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA

3.1. MATERIAIS

A capacidade de retenção de Cu2+ foi avaliada em relação a estabilização de um solo arenoso


laterítico com fosfogesso di-hidratado e bentonita do tipo sódica. O solo arenoso laterítico é
proveniente de uma jazida localizada no município de Aparecida de Goiânia – GO. A coleta da
amostra foi realizada a uma profundidade superior a 0,40 m de forma a se desprezar as camadas
superficiais que apresentam grandes quantidades de matéria orgânica. O fosfogesso utilizado
é do tipo di-hidratado e oriundo de uma indústria de fosfatados localizada no município de
Catalão-GO. Esses materiais são os mesmos utilizados por Rezende et al., (2016); Mascarenha
et al., (2018); Silva et al., (2019), Ribeiro; Mascarenha e Santos (2018) e Borges (2019). A
bentonita do tipo sódica foi adquirida comercialmente.

As misturas utilizadas nesta pesquisa são o solo arenoso laterítico (S), solo arenoso laterítico
com adição de 10% de fosfogesso (SF), solo arenoso laterítico com adição de 6% de bentonita
(SB6), solo arenoso laterítico com adição de 10% de fosfogesso e 6% de bentonita (SFB6). As
misturas SB6 e SFB6 foram escolhidas por atenderem aos critérios de permeabilidade e
resistência a compressão simples necessários em liners de aterro sanitário, de acordo com o
observado por Borges (2019). O solo e a mistura SF foram avaliados para que possa se entender
a contribuição de cada material nos processos investigados. Na Tabela 3.1 constam os dados de
caracterização física dos materiais.

Tabela 3.1- Caracterização física dos materiais (adaptado de Borges, 2019).

Amostras
Propriedades
S F B SF SB6 SFB6
Massa especifica dos grãos
2,64 2,36 2,71 2,59 2,62 2,58
(g/cm3)
Limite de liquidez (%) 37 - 470 36 54 44
Limite de plasticidade (%) 27 - 48 27 27 24
Índice de Plasticidade (%) 10 NP 422 9 27 20
Granulometria sem defloculante
Pedregulho (%) 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1
Areia (%) 62,0 40,2 0,0 56,4 55,7 54,5
Silte (%) 29,0 59,8 89,0 43,5 29,9 45,4
Argila (%) 8,9 0,0 11,0 0,0 14,3 0,0

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 35

Granulometria com defloculante


Pedregulho (%) 0,1 0,0 - 0,1 0,1 0,1
Areia (%) 56,6 26,6 - 51,6 52,2 42,0
Silte (%) 29,2 65,4 - 33,9 29,9 44,8
Argila (%) 14,0 8,0 - 14,4 17,8 13,1
Classificação MCT
Classificação MCT LA' - - LA' - LG' LG ' LG '
Índices Físicos
dmax (kN∕m3) 14.7 - - 14.6 14.6 14,7
wot (%) 25.3 - - 26.1 26.6 26.1
e 0.79 - - 0.77 0.79 0.76
n (%) 44 - - 44 44 43
LA’ – Solo arenoso laterítico; LG’ – Solo argiloso laterítico; dmax – peso específico seco máximo na energia
Proctor normal; wot – umidade ótima; e - índice de vazios; n – porosidade.
Obs. A classificação MCT para os solos estabilizados foram obtidas pelo autor a título de comparação.

O metal traço escolhido para esta pesquisa foi o Cu2+, que além de ser encontrado em aterros
sanitários, apresentam-se em resíduos de mineração e indústrias. As concentrações foram
obtidas a partir da diluição de sais de cloreto de cobre (CuCl2) e foram determinadas de acordos
com os testes preliminares de cada experimento.

3.2. MÉTODOS

3.2.1. Caracterização química, mineralógica e estrutural

As análises químicas para determinação dos macros e micronutrientes, CTC e pH dos materiais
foram realizadas pelo laboratório de solo substrato e nutrição de plantas da UFG, de acordo
com a metodologia proposta pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA,
1997).

A mineralogia e microscopia das amostras foram realizadas nos laboratórios de mecânica dos
materiais, de FURNAS centrais elétricas, localizada no município de Aparecida de Goiânia.

As análises mineralógicas foram realizadas por meio de um difratômetro de raios X, da marca


Siemens, modelo D5000. As amostras foram analisadas sob voltagem 40 KV e amperagem de
30 mA, em sistema /2, com velocidade de varredura de 0,05º/seg, indo de 3º a 70º 2. Os
difratogramas foram obtidos a partir de amostras orientadas, previamente separadas por

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 36

centrifugação e destinadas a análises ao natural, glicoladas com etileno-glicol e calcinadas a


550°C.

Na avaliação da microestrutura utilizou-se um microscópio eletrônico de varredura, marca


Tescan, modelo VEGA3, com filamento padrão de tungstênio, de vácuo variável e com sistema
duplo de EDS da Oxford. Os ensaios foram executados em amostras indeformadas e secas ao
ar, em modo de operação baixo vácuo à pressão de 5 Pa.

A distribuição de poros (PSD) dos materiais foi obtida a partir da primeira derivada numérica
do ajuste da curva característica solo-água (CCSW). A obtenção dos pontos experimentais da
CCSW seguiu as recomendações de ASTM D6836 (ASTM, 2003), executando os ensaios de
placa de pressão para sucções de até 100 kPa e Dew Point PotentiaMeter (WP4C) para valores
superiores. Os ensaios foram executados no laboratório de geotecnia (LABGEO) com materiais
compactados em seus respectivos valores de teor de umidade ótima e peso específico seco
máximo (Tabela 3.1), na trajetória de primeira secagem.

Para a o ensaio de placa de pressão, as amostras de solo foram compactadas de maneira estática
nos cilindros da célula do equipamento, utilizando uma prensa hidráulica (Figura 3.1a). Após
compactados os corpos de prova foram postos sobre uma pedra porosa e um papel filtro para
que não houvesse perda de material no processo de saturação realizado por capilaridade (Figura
3.1b).

Após a saturação montou-se o equipamento adicionando o cilindro metálico às células com a


cerâmica de alto valor de entrada de ar (Figura 3.1c), e iniciou-se a aplicação das pressões de
ar (Figura 3.1d), expulsando água dos poros do solo e anotando a variação de massa das células
após a estabilização de massa em cada incremento de pressão. Após a aplicação das pressões o
equipamento foi desmontado e determinou-se o teor de umidade final do corpo de prova,
permitindo a determinação por retroanálise do teor de água no solo em cada pressão
previamente aplicada.

Para obtenção dos valores de sucção a partir do WP4C foram preparadas e compactadas 10
amostras dos materiais nas condições ótimas. Os materiais foram pesados (Figura 3.2a) e
compactados (Figura 3.2b) dentro das células do equipamento utilizando um molde de tecnil
que permite a ocupação de cerca de 70% do volume da célula. Após a compactação
aguardou - se que as amostras secassem ao ar (Figura 3.2c), de modo a se obter uma distribuição

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 37

de umidade variando entre a umidade ótima de compactação e 2% de umidade. Esse


procedimento foi realizado avaliando a redução de massa das amostras compactadas expostas
ao ar.

Figura 3.1 - Ensaio placa de pressão; a) compactação; b) saturação por capilaridade; c) montagem das células; d)
ensaio em andamento.

(a) (b) (c) (d)

Ao atingirem a umidade desejada, as cápsulas foram envoltas em papel filme e armazenadas


por 24 horas em caixa térmica a fim de se permitir a homogeneização da umidade nas amostras,
seguindo-se com a determinação da sucção no equipamento (Figura 3.2 d) e finalizando-se com
a determinação do teor de umidade de cada amostra.

Figura 3.2 - Ensaio WP4C: a) pesagem da massa de solo; b) compactação do solo na capsula do equipamento; c)
correção de umidade das amostras; d) determinação da sucção.

(a) (b) (c) (d)

Adotou-se a Equação 3.1, proposta por Durner (1994), para representação matemática dos
dados experimentais das curvas de retenção. Essa equação foi obtida a partir da formulação

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 38

proposta por van Genuchten, estendendo seu uso para curvas bimodais típicos de regiões
tropicais. Com os dados de ajuste obteve-se a distribuição de tamanho de poros de cada material
a partir da primeira derivada da curva Equação 3.2.

1 mi
𝑗
S𝑒 = ∑i=1 wi [1+(α |𝑢 |)ni
] 3.1
i 𝑎 −𝑢𝑤

−𝑑𝑒
𝑃𝑆𝐷 = 3.2
𝑑(log 𝐷𝑝 )

Onde, j é o número de subsistemas que formão a PSD; wi é um fator de ponderação para as


subcurvas, variando entre 0 < wi < 1 e ∑wi =1; (αi , ni , mi ) são parâmetros de ajustes das
subcurvas; e 𝑢𝑎 − 𝑢𝑤 é a sucção; Dp, diâmetro dos poros obtido a partir da sucção.

3.2.2. Ensaios de compatibilidade

Os ensaios de compatibilidade, interação solo/contaminante, foram executados no LABGEO


de forma a se obter de forma indireta modificações que possam ocorrer nas partículas e na
microestrutura do solo quando realizados com soluções a que estas terão contato. Para isso
foram realizados os ensaios de granulometria com granulômetro a laser e ensaio de expansão
livre, utilizando as concentrações de 0,50, 100, 200, 400 e 800 mg/L, como adotadas nos ensaios
de difusão.

Os efeitos de desagregação dos materiais foram avaliados utilizando-se um granulômetro a laser


(Microtrac S3500) (Figura 3.3), sem ultrassom (SU) e com a utilização de ultrassom (CU),
sendo as distribuições granulométricas obtidas nas seguintes condições:

• Material sólido com água destilada, SU;


• Material sólido com água destilada, CU;
• Material sólido com concentração de cobre, SU; e
• Material sólido com concentrações de cobre, CU.

Seguindo as recomendações do fabricante, o equipamento foi previamente calibrado e limpo


além da obtenção prévia da quantidade de cada mistura necessária para se atingir o nível de
obscuração (quantidade de sólido máxima que permita a passagem de 10 a 30% do feixe de
laser emitido), o qual variou entre 0,1 e 0,12 gramas do material seco em estufa. Esse

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 39

procedimento foi executado de forma a não se utilizar o comando diluir durante as leituras, de
modo a garantir as mesmas condições de ensaios para todas as amostras.

Com a quantidade de solo necessário para se atingir o nível de obscuração do equipamento


definida, as amostras foram pesadas e mantidas em contato com a solução por um período de
12 hora, como recomendado pela NBR 7181 (ABNT, 2016), prosseguindo com a análises
granulométricas.

Figura 3.3- Granulômetro a laser Microtrac S3500

A expansão dos materiais foi avaliada pela metodologia proposta por Sivapullaiah, Sitharam e
Rao (1987). O ensaio consiste em adicionar um volume conhecido de material passante na
peneira 0,42 mm em frascos graduados com a solução contaminante desejada, e observar o
volume ocupado após 24 horas de contato (Figura 3.4). Com os dados obtidos e utilizando a
Equação 3.3 é determinado o potencial de expansão da amostra com contaminante e avaliada a
sua reatividade.

Figura 3.4 - Execução do ensaio de expansão livre.

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 40

ℎ−ℎ𝑆
𝐼𝐸 = ℎ𝑆
(3.3)

Onde, IE é Índice de expansão livre modificado; h é a altura do solo depois da expansão e hs é


a altura do solo antes da expansão.

3.2.3. Ensaio de equilíbrio em lote (batch test)

Os testes de adsorção seguiram as recomendações do documento técnico da EPA (Roy et al.


1992) e D4646 (ASTM, 2008), sendo executado com soluções produzidas sinteticamente
utilizando cloreto de cobre (CuCl2). Para o experimento fixou-se a massa do material adsorvente
(solo e misturas) e variou a concentração do adsorvato sem correção de pH na proporção 1:10
(5g de material adsorvente seco para 50 mL de solução).

O equipamento utilizado para manter as suspensões e o contato entre o adsorvente e adsorvato


foi uma incubadora shaker refrigerada SL-223 do laboratório de análises de águas (LAnA),
configurado para uma rotação de 150 rpm por 24 horas e uma temperatura constante de 25°C
(Figura 3.5a). Após as 24 horas, as amostras foram retiradas (Figura 3.5b) e mediu-se o pH das
soluções. Em seguida a separação das fases sólida e liquida foi realizada utilizando um
microprocesserd centrifuge MOD.280R, centrifugando as amostras por 30 minutos a uma
velocidade de 3000 rpm (Figura 3.5c). A solução sobrenadante (Figura 3.5 d) foi então
submetida ao processo de abertura de acordo com o Method 3015A (EPA, 2007) em digestor
microondas ETHOS UP (Figura 3.5e), adicionando-se nos frascos teflon 45 ml de amostras da
solução centrifugada e 5 ml de ácido nítrico (HNO3). Após o procedimento de digestão em
forno microondas as amostras foram filtradas e armazenadas para posterior quantificação
(Figura 3.5f).

Após o processo de abertura, a quantificação da concentração de Cu2+ livre na solução pela


técnica de espectrometria de absorção atômica foi realizada utilizando um equipamento Perkin
Elmer modelo AAnalyst 400 do Instituto de química da UFG (Figura 3.6). Assim, a quantidade
de Cu2+ adsorvida foi determinada pela Equação 2.8 e a porcentagem de remoção pela Equação
3.4.

(C0 −C) 100


Pa(%) = (3.4)
C0

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 41

Onde Pa é a porcentagem adsorvida, C0 é a concentração inicial e C é a concentração no


equilíbrio.

Figura 3.5 – Sequencia ensaio de adsorção, a) Agitação de amostras; b) amostras centrifugadas e c) avolumação
das amostras digeridas.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 42

Figura 3.6 - Espectrofotômetro de Absorção Atômica

Para definir as concentrações ideais para a realização dos ensaios foram executados testes
preliminares de adsorção. As concentrações preliminares (2, 4, 8, 16 e 32 mg L-1 de Cu2+)
foram adotadas a partir dos valores de referência apresentado pela resolução CONAMA 420
(BRASIL, 2009), que define um limite de concentração máximo de 2 mg L-1 de Cu para águas
subterrâneas. Para o ensaio teste, adotou-se o solo como material adsorvente, visto que esse
teoricamente apresentaria a menor capacidade de remoção entre os materiais estudados e
encontra-se em maiores proporções nas misturas.

O teste realizado apresentou uma remoção do metal superior a 97% para as concentrações
adotadas, não permitindo a obtenção de bons ajustes com os modelos de isotermas propostos.
Dessa forma, adotou-se as concentrações de 0, 40, 80, 160, 320 e 640 mg L-1 para os ensaios
seguintes, as quais estão de acordo com as concentrações adotadas por Paula (1999), Gurjão
(2005), Silva (2018), Oliveira et. al. (2018).

As isotermas de adsorção foram obtidas por meio dos ajustes linear (Equações 2.9), de
Freundlich (Equação 2.10) e de Langmuir (Equação 2.11), como apresentado por Fetter (1993),
e descritas no item 2.6.1, sendo estes os mais utilizados pela literatura quando analisado o
processo de adsorção em solo.

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 43

3.2.4. Ensaio de difusão

3.2.4.1. Construção das células de difusão

As células de difusão foram construídas no laboratório de materiais e processos de fabricação


da UFG, utilizando material acrílico, a fim de se evitar ocorrência de reações químicas entre o
equipamento e os materiais ensaiados.

Os tubos utilizados eram de 120 mm de altura e 92 mm de diâmetro interno e as chapas


possuíam espessuras de 6 e 10 mm. Além disso foram utilizados barra roscada e o-rings para a
fixação e vedação da base e da tampa do equipamento.

O sistema é montado de forma a garantir a vedação completa, não permitindo a ocorrência de


fluxo de líquidos do reservatório para a base do equipamento. A parte superior da célula contém
um orifício que é utilizado para coletar amostras da solução, bem como permitir aferir o pH e a
condutividade elétrica ao longo do ensaio. A Figura 3.7a apresenta o projeto que foi
desenvolvido de acordo com o proposto por Barone et al. (1989) e adaptado por Boscov (1997).
Não se utilizou misturador na solução do reservatório durante o ensaio, conforme executado
por Gurjão (2005) e Silveira (2014), considerando que o CuCl2 estaria totalmente disponível na
solução. Na Figura 3.7b consta o equipamento construído, com seus componentes: célula,
tampas superior e inferior, porcas e parafusos para fixação, o-ring e pistão com o mesmo
diâmetro interno da célula para compactação do solo.

Figura 3.7 - Célula de difusão confeccionada: a) projeto do equipamento, b) célula de difusão construída.

(a)

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 44

(b)

3.2.4.2. Execução do ensaio de difusão

As amostras de solo e misturas utilizadas foram preparadas previamente a fim de se ter um


material bem homogeneizado e na umidade ótima de compactação. A compactação foi
executada de maneira estática, utilizando uma prensa para ensaio de California Bearing Ratio
(CBR) existente no LABGEO, conforme apresentado na Figura 3.8a. O procedimento foi
realizado em uma única camada de 40 mm de altura, dentro da célula de difusão, de forma a se
garantir os índices físicos apresentados na Tabela 3.1. O material compactado pode ser
observado na Figura 3.8 b.

Após a compactação, as células foram postas sobre pedras porosas permitindo a saturação por
capilaridade (Figura 3.8 c). O tempo de saturação adotado foi estimado a partir dos testes
previamente realizados para cada uma das misturas, tendo em vista a diferença do coeficiente
de permeabilidade dos materiais e a não utilização de elevadas cargas hidráulicas. Finalizado
esse procedimento, as células foram vedadas na base e na parte superior, numeradas conforme
a concentração da solução que seria adicionada (Figura 3.8 d) e em seguida adicionou-se as
soluções sintéticas nas respectivas células em seis concentrações 0, 50, 100, 200, 400 e 800 mg
L-1 (Figura 3.8 e).

Os ensaios de difusão tiveram tempo de duração superior a 16 dias, onde a cada 48 horas
coletava-se 10 ml da solução contaminante do reservatório, utilizando-se uma pipeta. Essas
amostras foram utilizadas para a determinação da concentração do metal ao longo do tempo,
bem como aferição das medidas de condutividade elétrica, com um condutivímetro mCA150,

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 45

e de pH, com um pH-metro Hach HQ30D (Figura 3.8 g). Após o tempo estipulado para os
ensaios descartou-se a solução restante no reservatório seguido da extração e fatiamento dos
corpos de prova em 4 camadas de 10 mm de material (Figura 3.8 f).

Figura 3.8 - Ensaio de Difusão, a) compactação; b) Material compactado na célula; c) Saturação por
capilaridade; d) Célula montada e solução de Cu2+; e) preenchimento da célula com solução de Cu 2+; f) aferição
de pH condutividade e coleta de solução do reservatório para análise; g) fatiamento do corpo de prova.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

(g)

E. S. FERREIRA Capítulo 3
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 46

As amostras coletadas foram utilizadas para realizar a digestão em forno micro-ondas, de


acordo com a Method 3051A (EPA, 2007), e posterior quantificação por espectrometria de
absorção atômica.

No processo de preparação, as amostras foram homogeneizadas, secas em estufa e quarteadas


obtendo-se de cada fatia cerca de 25 g de material seco, do qual utilizou-se 0,5 gramas para
realização do processo de digestão. As amostras foram adicionadas em frascos de teflon, com
9 ml de ácido nítrico (HNO3) e 3 ml de ácido clorídrico (HCl) e digeridas em forno microondas
(Figura 3.5 e).

Após o procedimento de digestão as amostras foram filtradas em papel filtro e transferidas para
balões volumétricos de 50 ml, seguido da avolumação da amostra, conforme Figura 3.5 f. O
procedimento de determinação da concentração de Cu2+, foi realizado com o mesmo
equipamento utilizado no estudo da adsorção (Figura 3.6).

E. S. FERREIRA Capítulo 3
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, MINERALÓGICA E


ESTRUTURAL

Os resultados das análises químicas dos materiais estudados são apresentados na Tabela 4.1.
Nota-se que nos materiais em que se adicionou o fosfogesso ocorreu considerável aumento na
CTC, induzida pela presença do Ca2+, que apresenta uma elevação de concentração em torno
de 8,36 vezes nos materiais estabilizados com fosfogesso em relação ao solo.

A partir dos valores de pH obtidos em H2O e em KCl, obteve-se o valor de ∆𝑝𝐻 negativo, o
que indica uma superfície carregada negativamente, o que sugere a preferência dos materiais
no processo de adsorção de íons positivos.

Tabela 4.1 - Análises de microelementos, teor de matéria orgânica, CTC, pH e ∆pH.

Amostras
Propriedades
S SF SB6 SFB6
Cu mg/L 1,0 1,2 0,9 1,3
Zn mg/L 4,3 3,7 3,6 3,0
Mn mg/L 21 30 24 36
Fe mg/L 62 51 65 45
M.O. % 3,2 3,4 2,9 4,2
K+ cmolc/dm3 0,3 0,3 0,3 0,3
Ca2+ cmolc/dm3 4,1 34,4 6,0 34,3
2+
Mg cmolc/dm3 1,1 1,1 2,3 2,2
H+ Al3+ cmolc/dm3 3,1 3,1 2,8 2,5
CTC cmolc/dm3 8,6 38,9 11,4 39,3
pH (H2O) - 5.9 5.4 7.4 6.8
pH (KCl) - 5.5 5.3 6.4 6.4
∆pH *
- -0.4 -0.1 -1 -0.4
*∆𝑝𝐻 = 𝑝𝐻𝐾𝐶𝑙 − 𝑝𝐻𝐻2𝑂

As análises mineralógicas dos materiais estudados são apresentadas nas Figuras 4.1, 4.2, 4.3,
4.4 e demonstraram a presença de gibbsita e caulinita no solo, e na mistura SF, além desses
argilominerais, ocorre a presença de sulfato e cálcio, devido a composição química do
fosfogesso. Entretanto, não foi observado presença de montmorilonita nas misturas que contém

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 48

a bentonita, o que pode estar relacionado ao baixo percentual adicionado na mistura, sendo
necessário a realização de uma nova análise da amostra e da bentonita pura.

Figura 4.1 – Análise mineralógica DRX amostra de S.

Figura 4.2 - Análise mineralógica DRX amostra de SF.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 49

Figura 4.3 - Análise mineralógica DRX amostra de SB6.

Figura 4.4 - Análise mineralógica DRX amostra de SFB6.

As curvas características dos materiais são apresentadas no Apêndice – A. A partir da PSD


apresentada na Figura 4.5 e da imagem de MEV apresentadas na Figura 4.6, observa-se que o
solo apresenta um aspecto poroso distribuído entre macro e microporos, devido a estrutura
agregada típicas de solos tropicais. A mistura SF apresenta um aumento dos macroporos (Figura
4.6 b), mesmo tendo um índice de vazios inferior ao solo natural (Tabela 3.1), o que pode estar

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 50

relacionado a frágil interação entre as partículas de solo e fosfogesso devido ao formato de


placas das partículas. O acréscimo de bentonita ao solo (mistura SB6), reduz os macroporos e
as agregações com a redução dos diâmetros de poros dominantes (Figura 4.6 c).

Figura 4.5- Distribuição do tamanho de poros – PSD

50
Ajuste - S

40 Ajuste - SF
PSD - de/dlog (D)

Ajuste - SB6

30 Ajuste - SFB6

20

10

0
1,00E+00 1,00E+02 1,00E+04 1,00E+06
Å

Figura 4.6- MEV, a) amostra de S; b) amostra SF; c) amostra SB6; e c) amostra SFB6.

(a) (b)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 51

(c) (d)

A modificação da estrutura do solo interfere na disponibilização de sítios que permitem a


fixação de íons livres, seja por reações químicas, aumento de superfícies ou migração dos íons
para os poros intraagregados, como avaliado em estudos de cinética de adsorção (JIMENÉZ e
BOSCOV, 2016). Desta forma, observa-se que a adição de bentonita, ao proporcionar redução
dos macroporos, tende a aumentar a retenção dos íons de Cu2+ e ou outro contaminante com a
mesma afinidade.

4.2. ENSAIOS DE COMPATIBILIDADE

Os ensaios de compatibilidade visam identificar o efeito da percolação de poluentes nas


características geotécnicas dos solos. Desta forma, a análise granulométrica e a avaliação da
expansão do material em contato com a solução de Cu2+ permitiu avaliar possíveis alterações
de comportamento do material quando comparados ao ensaio realizados com água destilada,
bem como avaliar alterações que influenciam no processo de adsorção e difusão. As curvas
granulométricas foram obtidas no granulômetro a laser com as concentrações de 0, 50, 100,
200, 400 e 800 mg/L e são apresentadas no Apêndice - A.

Os resultados dos ensaios de granulometria realizados foram resumidos e apresentados em


relação à fração granulométrica de acordo com a NBR 6502 (ABNT. 1995). O efeito da solução
contaminante nos materiais foram avaliadas observando as alterações nas frações
granulométricas e são apresentadas nas Figuras 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 52

Os resultados obtidos para o solo (Figura 4.7) mostram que o aumento da concentração de Cu2+
na solução provocou o aumento da fração correspondente a areia grossa. Este aumento na fração
granulométrica pode ter sido influenciado pela adsorção do Cu2+ na superfície das partículas de
solo, tornando as bordas anteriormente carregadas negativamente em positivas, reduzido a
repulsão e permitindo a formação de uma estrutura floculada. De acordo com Lopes (2016), a
interação entre as partículas é explicada pela lei de Coulomb, que depende da constante
dielétrica do material, a qual pode ser atraente se as superfícies forem carregadas de maneira
oposta ou repulsivas, caso contrário.

A ocorrencia da agregação é evidenciada a partir da aplicação do ultrassom, onde se observa


que as frações granulométricas tornão-se quase que equivalentes, destacando-se a fração silte,
o surgimento da fração argila, a redução da quantidade de areia média e a inexistência de areia
grossa.

Estes resultados contradizem os obtidos por Souza, Boscov e Gurjão (2016), que observaram
que o Cu2+ é um agente desagregador quando em contato com um solo arenoso laterítico do
Distrito Federal. Entretanto este comportamento pode ser justificado devido os solos do Distrito
Federal terem predominância de ligações em pontes de argila entre as partículas do solo, que
são mais fracas que as agregações compostas por óxidos e hidróxidos, permitindo uma fácil
desestruturação dos agregados (CARDOSO, 2002).

As frações granulométricas para a mistura SB6 (Figura 4.8) apresenta-se diferente do solo, visto
que a mudança na concentração de Cu2+ não foi capaz de alterar as cargas superficiais da
mistura que permitissem a formação de areia grossa. Esse comportamento pode ser justificado
pela presença da bentonita, que apresenta elevada superfície específica e consequentemente
maiores cargas negativas, aumentando a capacidade da mistura em reter os cátions e mantê-los
imóveis (SHACKELFORD et al., 2000).

A troca catiônica nos materiais que contém bentonita também pode ter provocado a
disponibilização do Na+, que pode ter interferindo no processo de formação de agregações entre
as partículas como observado no solo. Observa-se também que mesmo ao adicionar 6% de
bentonita ao solo, o material não apresentou porcentagem de fração argila superiores ao
adicionado, com exceção da amostra sem adição de Cu2+ e CU, demonstrando que ainda ocorre
o agrupamento das partículas.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 53

Para as misturas SF e SFB6 (Figura 4.9 e 4.10), também observa-se a ocorrência de


aglomerações das partículas na fração areia. Contudo, não se pode atribuir essas aglomerações
apenas ao aumento da concentração do Cu2+, visto que o fosfogesso também pode influenciar
no agrupamento das partículas pela disponibilização de Ca2+, como apresentado por Borges,
Oliveira e Mascarenha (2018).

Figura 4.7 - Fração granulométrica do S sem e com ultrassom

100% 100%

Fração granulométrica (CU)


Fração granulométrica (SU)

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
0 50 100 200 400 800 0 50 100 200 400 800
Concentração (mg/L) Concentração (mg/L)
Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa

Figura 4.8 - Fração granulométrica do SB6 sem e com ultrassom

100% 100%
Fração granulométrica (CU)
Fração granulométrica (SU)

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
0 50 100 200 400 800 0 50 100 200 400 800
Concentração (mg/L) Concentração (mg/L)
Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa

Figura 4.9 - Fração granulométrica do SF sem e com ultrassom

100% 100%
Fração granulométrica (CU)
Fração granulométrica (SU)

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
0 50 100 200 400 800 0 50 100 200 400 800
Concentração (mg/L) Concentração (mg/L)
Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 54

Figura 4.10 - Fração granulométrica do SFB6 sem e com ultrassom.

100% 100%

Fração granulométrica (CU)


Fração granulométrica (SU)

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
0 50 100 200 400 800 0 50 100 200 400 800
Concentração (mg/L) Concentração (mg/L)
Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa

Os resultados obtidos através dos ensaios de expansão livre são apresentados na Tabela 4.2.
Observa-se que não houve alterações significativas em relação a expansão dos materiais em
contato com o Cu2+ que comprometa a utilização destes, considerando-se a proposta de
Sivapullaiah, Sitharam e Rao (1987), que estabelecem valores de IE menores que 2,5. Vale
ressaltar que a composição mineralógica presente no solo (Figura 4.1 a) não permite que ocorra
expansão do material pela adsorção de água ou cátions livres, visto que o mesmo não apresenta
em sua composição argilominerais 2:1.

A ocorrência do aumento do índice de expansão para o solo pode estar relacionada ao processo
de floculação das partículas, conforme observado a partir de sua granulometria, o que tende a
formar uma estrutura mais porosa, proporcionando um arranjo estrutural que ocupe maior
volume.

A mistura SB6 apresentou uma redução do seu IE com o aumento da concentração, o que
permite inferir que a fixação dos íons de Cu2+ na bentonita tende a evitar a expansão dos
argilominerais. Além disso, a troca catiônica com o Cu2+ ocasiona a liberação de Na+ na solução,
que tende a interferir nas aglomerações entre as partículas como discutido anteriormente.

As misturas SF e SFB6 não apresentaram qualquer alteração em relação ao IE apresentando


valores próximos a unidade.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 55

Tabela 4.2 - Ensaio de expansão livre modificado

Concentração Média
(mg/L) 0 50 100 200 400 800
IE - S 0,09 0,13 0,13 0,15 0,18 0,18 0,15
IECu2+/IEH2O - 1,4 1,4 1,6 2 2 1,68

IE - SB6 0,24 0,22 0,20 0,20 0,19 0,19 0,20


IECu2+/IEH2O - 0,91 0,84 0,84 0,80 0,80 0,84

IE - SF 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12


IECu2+/IEH2O - 0,97 0,97 0,97 0,97 0,97 0,97

IE - SFB6 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15


IECu2+/IEH2O - 1 1 1 1 1 1
Nota: IECu2+/IEH2O = Razão entre IE com concentrações de Cu2+ e IE com H2O

4.3. ESTUDO DA ADSORÇÃO DAS MISTURAS

Os dados experimentais de adsorção ajustados aos modelos Linear, Freundlich e Langmuir são
apresentados na Figura 4.11. O comportamento das isotermas infere a um processo favorável
de remoção do Cu2+ pelos materiais. Esse comportamento ocorre porque o Cu2+ apresenta
expressiva afinidade por determinados grupos funcionais de superfície, formando moléculas
estáveis, correspondente a uma adsorção específica, de alta energia de ligação pelos coloides
orgânicos e inorgânicos, que resulta na baixa mobilidade do metal em solo (LOPES, 2009).
Além disso, a estrutura microporosa (Figura 4.5), onde os poros são pouco maiores que o
diâmetro molecular do adsorvato contribui com a remoção do contaminante pelo processo de
absorção, fixando os íons entre as partículas.

Figura 4.11 - Isotermas de adsorção (a) S; (b) SF; (c) SB6; (d) SFB6

3,00
Dados Experimentais Cu++
2,50 Isoterma Freundlich
2,00 Isoterma Langmuir
Linear (Dados Experimentais Cu++)
S (mg/g)

1,50
1,00
0,50
0,00
0 100 200 300 400 500
Ce(mg/L)
(a)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 56

3,00
Dados Experimentais Cu++
2,50 Isoterma Freundlich
Isoterma Langmuir
2,00 Linear (Dados Experimentais Cu++)

S (mg/g)
1,50
1,00
0,50
0,00
0 100 200 300 400 500
Ce(mg/L)
(b)
3,00
2,50
2,00
S (mg/g)

1,50
1,00 Dados Experimentais Cu++
Isoterma Freundlich
0,50 Isoterma Langmuir
0,00 Linear (Dados Experimentais Cu++)
0 100 200 300 400 500
Ce(mg/L)
(c)
3,00
2,50
2,00
S (mg/g)

1,50
1,00
Dados Experimentais Cu++
0,50 Isoterma Freundlich
Isoterma Langmuir
0,00
0 100 200 300 400 500
Ce(mg/L)
(d)

Na Tabela 4.3 constam os parâmetros de ajustes paras os modelos utilizados. Observa-se que
as misturas apresentaram melhores coeficientes de correlações (R2) ao serem ajustadas pelos
modelos Langmuir e Freundlich, visto que o modelo linear é recomendado para baixas
concentrações (FETTER, 1993). Comportamento semelhantes para solos tropicais foram
observados por Lopes (2009), Oliveira (2010) e Silva (2018).

Entretanto, vale ressaltar que as concentrações utilizadas foram muito superiores a que se
encontram comumente em lixiviados de aterros sanitários. Dessa forma, além da obtenção dos
parâmetros da isoterma linear utilizando os cinco pontos experimentais, determinou-se os

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 57

parâmetros para as três menores concentrações. Os resultados demonstram uma melhor


proporcionalidade entre a concentração de equilíbrio e a concentração de soluto na parte sólida,
provocando o aumento do coeficiente de distribuição e correlação.

A adição da bentonita, como esperado, proporcionou o aumento da adsorção de Cu2+, o que está
relacionado as propriedades dos argilominerais constituintes (AMADI; OSINUBI, 2017;
GHOMARI; BEZZAR; ABDELLAOUI, 2012). Entretanto, esperava-se que o aumento
significativo na CTC promovida pela adição de fosfogesso (Tabela 4.1) provocasse uma maior
remoção de Cu2+ nas misturas em que este foi adicionado. Neste caso, houve uma
superestimação da CTC determinada nos ensaios químicos, possivelmente devido à presença
de teores elevados de Ca2+ presentes em sua composição química, que não estavam disponíveis
para troca catiônica. Esta superestimação também foi observada em estudo realizado por
Oliveira et al. (2018) com resíduos de construção e demolição.

Tabela 4.3 - Parâmetros de ajustes das isotermas Linear, Freundlich e Langmuir.

Material Linear* Linear** Freundlich Langmuir


Kd Kd Kf Sm KL
R2 R2  R2 R2
(L/g) (L/g) (L/mg) (mg/g) (L/mg)
S 0,0033 -0,55 0,0263 0,11 0,5857 0,1484 0,95 1,1140 3,4211 0,94
SF 0,0049 -0,04 0,0415 0,05 0,4306 0,2584 0,96 1,4368 0,3125 0,96
SB6 0,0062 -0,06 0,1175 0,07 0,8505 0,1671 0,97 1,8929 0,7399 0,96
SFB6 0,0064 -0,08 0,0630 0,03 0,5324 0,2584 0,98 1,5477 0,6755 0,94
Linear* = ajuste das concentrações de 40, 80, 160, 320 e 640 mg/L
Linear**= ajuste para concentrações de 40, 80 e 160 mg/L

Na Figura 4.12 consta a porcentagem de Cu2+ adsorvida versus a concentração inicial utilizada.
De forma geral, observa-se que a quantidade de Cu2+ absorvida nos materiais aumentou com o
aumento da concentração inicial na solução, enquanto isso a porcentagem de Cu2+ removido
decresceu. Tal comportamento é o esperado visto que com o aumento da disponibilidade de
Cu2+ ocorre a redução dos sítios ativos que tendem a fixar os íons dispersos na solução (Lopes,
2009).

Analisando a porcentagem de Cu2+ adsorvida (Figura 4.12), observa-se que o solo apresenta
uma remoção de Cu2+ superior às misturas com fosfogesso para concentrações inferiores a
80mg/L. A ocorrência dessa redução inicial pode estar relacionada com a disputa entre o Ca2+

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 58

disponibilizada pelo fosfogesso e o Cu2+ pelos sítios de adsorção disponível no solo. Segundo
Santos (1975), a presença de Ca2+ ocasiona a formação de uma película rígida, na superfície dos
argilominerais, que tende a afetar a capacidade do argilomineral em adsorver outros cátions
livres. Em maiores concentrações, as misturas contendo fosfogesso apresentaram uma remoção
superior ao do solo e uma equivalência com as misturas SFB6 e SB6 em concentrações
superiores a 320mg/L.

Figura 4.12- Porcentagem de cobre adsorvida versus concentração inicial

100%

80%
% adsorvida

60%

40%

20%

0%
0 100 200 300 400 500 600
C0 (mg/L)
S SF SB6 SFB6

O aumento da adsorção provocada pela adição de bentonita pode ser justificada pelas
propriedades do material como cargas superficiais, CTC, diâmetro das partículas e superfície
específica, apresentados no item 2.2.3. Entretanto, Santos (1975) também relata que, nas
montmorilonitas, além do Ca2+ afetar a remoção de íons na superfície dos argilominerais pela
formação da película rígida, ele também restringe a expansão das partículas, o que afeta a
adsorção de íons entre camadas dos argilominerais 2:1.

A influência da presença do íon Ca2+ nas bentonita do tipo sódicas, conforme apresentado por
Santos (1975), também foram observados por Gleason, Daniel e Eykholt (1997); Liu (2013) e
Malusis, Asce e Mckeehan (2013).

Conforme comentado no item 2.1.5, o pH das soluções pode influenciar no processo de


adsorção. Porém, neste estudo, não foram executadas análises sobre a influência dessa variação
no processo de remoção. Entretanto, os valores da solução de Cu2+ após 24 horas de agitação
com os materiais adsorventes foram aferidos e são apresentados na Figura 4.13.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 59

Figura 4.13 – variação de pH versus concentração de CuCl2, antes e depois do contato com os materiais.

5,5
pH

4,5

4
0 100 200 300 400 500 600
Concentração (mg/L)
pH da solução pHt24 S pHt24 SF
pHt24 SB6 pHt24 SFB6

Os valores monitorados apresentam-se inferiores a 6.9 no qual o Cu2+ apresenta-se na sua forma
predominante (LINDSAY, 1997; LOPES, 2009). Verifica-se também que os valores estão no
intervalo de maior retenção do Cu2+, em diferentes solos tropicais estudados por Lopes (2009),
e inferiores ao pH 6,0, conforme recomendações da D4646 (ASTM, 2008).

Observa-se, que as misturas que contém bentonita apresenta um pH mais elevado que os demais
Tabela 4.1. Entretanto, quando em contato com a solução de CuCl2 as misturas que contém
bentonita apresentam uma maior redução do pH. Comportamento semelhante acontece quando
em contato com as misturas, no entanto a influência da concentração é menor nesse caso
possivelmente devido a maior dificuldade de hidrolise devido o contato da solução com as
partículas de solo e fosfogesso.

4.4. ESTUDO DA DIFUSÃO

Os ensaios de difusão para análises do avanço de contaminação do Cu2+ foram realizados para
o solo e para as misturas SB6 e SFB6, nas concentrações de 0, 50, 100, 200, 400 e 800 mg/L.
As concentrações das soluções no reservatório ao longo do tempo e o avanço dessas
concentrações ao longo dos corpos de prova foram determinas pelo período de 16 dias para o
solo e a mistura SFB6 e de 20 dias para a mistura SB6. O ensaio sem concentração de Cu2+
(0 mg/L) para cada material foi realizado a título de referência.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 60

As curvas de concentração de Cu2+ no reservatório para os materiais estudados são apresentados


na Figura 4.14 e o gráfico normalizado na Figura 4.15. Ao analisar as curvas obtidas para o solo
(Figura 4.14 a), percebe-se um decréscimo de concentração do Cu2+ e, posteriormente, sua
estabilização independente da concentração inicial, o que infere na ocorrência de migração do
contaminante por difusão para os corpos de prova. Na mistura SB6 (Figura 4.14 b) ocorre
comportamento semelhante, exceto para as concentrações de 400 e 800 mg/L, as quais não
demonstram tendência de estabilização para o tempo de execução dos ensaios. O mesmo
comportamento foi observado para a concentração de 800 mg/L na mistura SFB6 (Figura
4.14 c). Esse comportamento pode ter sido influenciado pela maior acidez das soluções, que
juntamente com as altas concentração de contaminante proporciona uma maior migração. O
mesmo comportamento foi verificado pela normalização na Figura 4.15, mostrando que o
comportamento independe dos valores da concentração inicial.

Figura 4.14 - Concentração no reservatório ensaio de difusão, a) amostra S para tempo de 16 dias, b) amostra
SB6 para tempo de 20 dias, c) amostra SFB6 para tempo de 16 dias.

800

600
Concentração (mg/L)

400

200

0
0 48 96 144 192 240 288 336 384
Tempo (h)
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
(a)
800

600
Concentração (mg/L)

400

200

0
0 48 96 144 192 240 288 336 384 432 480
Tempo (h)
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(b)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 61

800

600
Concentração (mg/L)
400

200

0
0 48 96 144 192 240 288 336 384
Tempo (h)
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(c)

Figura 4.15 - Concentração do reservatório normalizada (C/C0), a) amostra S para tempo de 16 dias, b) amostra
SB6 para tempo de 20 dias, c) amostra SFB6 para tempo de 16 dias.

1
0,8
(C/C0) (mg/L)

0,6
0,4
0,2
0
0 48 96 144 192 240 288 336 384
Tempo (h)
50 100 200 400 800

(a)

1
0,8
(C/C0) (mg/L)

0,6
0,4
0,2
0
0 48 96 144 192 240 288 336 384 432 480
Tempo (h)
50 100 200 400 800
(b)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 62

1
0,8

(C/C0) (mg/L) 0,6


0,4
0,2
0
0 48 96 144 192 240 288 336 384
Tempo (h)
50 100 200 400 800
(c)

A maior redução de concentração, inicialmente, deve-se à afinidade de fixação dos íons de Cu2+
em contato com os materiais que compõem os corpos de prova, seja pela superfície carregada
negativamente ou pela troca catiônica, que tende a atrair os íons livres da solução.
Posteriormente, quando a capacidade de adsorção da primeira faixa de material do corpo de
prova é atingida, o processo de remoção torna-se mais demorado, visto a maior distância que
os íons tendem a percorrer para reagir com as partículas sólidas.

Este fato fica mais evidente em se tratando das amostras de SB6 e SFB6, onde os materiais
utilizados na estabilização proporcionam o aumento da capacidade de adsorção em relação ao
solo (Tabela 4.3), além do aumento da tortuosidade devido a redução dos macroporos (Figura
4.5 e 4.6). Estas características permitem a redução do coeficiente de difusão, aumentando o
tempo para que os íons atravessem o corpo de prova, atingindo material não contaminado.

As curvas de concentração de Cu2+ ao longo do corpo de prova são apresentadas na Figura 4.16.
Como esperado observa-se que, à medida que houve a redução de concentração do Cu2+ nos
reservatórios (Figura 4.14), ocorre o aumento da mesma ao longo do corpo de prova. Verificou-
se que as soluções com menores concentrações tendem a ser fixadas na primeira camada e as
de maior concentração apresentam um maior avanço, o que ocorre devido a maior
disponibilidade de íons que facilita a saturação dos sítios de adsorção disponíveis na superfície.

A partir dos resultados obtidos para o solo (Figura 4.16a), nota-se que o avanço dos íons de
Cu2+ para o tempo de ensaio ocorreu até a segunda camada do material compactado, não sendo
observado concentração superiores ao ensaio de referencia a partir da terceira camada, o que
demostra a capacidade do solo em restringir o avanço do contaminante.

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 63

Para a mistura SB6 (Figura 4.16b) o comportamento é o mesmo, apesar do tempo de duração
do ensaio ser maior, o qual, associado às propriedades dos argilominerais que compõem a
bentonita, pode ter contribuído para a atração dos íons livres e consequentemente maiores
concentrações na primeira camada do corpo de prova, conforme também verificado por
Ghomari, Bezzar e Abdellaoui, (2012). Isso contribui com a redução de concentração dos íons
de Cu2+ do reservatório, retendo-os na camada mais superficial, o que reflete em menores
concentrações na segunda camada quando comparado ao solo e ao SFB6. A mistura SFB6
(Figura 4.16c) apresenta valores de avanço de concentração intermediário aos obtidos para o
solo e a mistura SB6, devido a influência do fosfogesso.

O comportamento de redução da concentração nos reservatórios e avanço pelo corpo de prova


é semelhante aos apresentados por Boscov et al. (1999); Gurjão, (2005); Gabas, Sarkis e
Boscov, (2014); Silveira, (2014) para os contaminantes citados na Tabela 2.1.

Figura 4.16 – Concentração de Cu2+ nos corpos de prova, ensaio de difusão, a) amostra S para tempo de 16 dias,
b) amostra SB6 para tempo de 20 dias, c) amostra SFB6 para tempo de 16 dias.

Concentração (mg/kg)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
0
profundidade (cm)

4
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(a)
Concentração (mg/kg)
0 400 800 1200 1600 2000 2400
0
profundidade (cm)

4
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(b)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 64

Concentração (mg/kg)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0

profundidade (cm) 1

4
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(c)

Os resultados de monitoramento do pH e condutividade elétrica dos reservatórios são


apresentados na Figura 4.17. Percebe-se, a partir da Figuras 4.17 b, 4.17d e 4.17f, que os valores
de condutividade inicial das soluções foram maiores conforme aumentou-se a concentração de
Cu2+, devido a maior disponibilidade de íons na solução.

No decorrer do ensaio observa-se que o solo apresenta baixas variações ou estabilidade em


relação ao início do ensaio e a mistura SB6 possui baixos acréscimos dos valores nas
concentrações de 0 a 200 mg/L, demonstrando baixa liberação de íons pelos materiais. No caso
da mistura SFB6, após o contato da solução com os corpos de prova, ocorre um aumento dos
valores de condutividade elétrica de forma acentuada para todas as concentrações. Esse
comportamento infere na ocorrência de dessorção dos íons dos materiais, principalmente o Ca2+
que é facilmente disponibilizado pelo fosfogesso (Tabela 4.1).

Em relação ao pH das soluções, tem-se que o aumento da concentração de Cu2+ antes do início
do ensaio provoca a redução do pH, devido a ocorrência de hidrólise salina entre o sal CuCl2 e
H2O. Ao iniciar o ensaio, o contato da solução com o solo (Figura 4.17 a) provocou uma
redução inicial do pH, a partir do qual o mesmo se manteve estável até o fim do ensaio. Para a
mistura SB6 (Figura 4.17 b), nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/L, o aumento nos valores
de pH demonstram a ocorrência de interações e possível liberação de íons OH-. Por fim, a
mistura SFB6 (Figura 4.17c) não apresenta modificações significativas, exceto para o ensaio de
referência, onde ocorreu a redução do pH após 48 horas de contato, seguindo da estabilização.

Dessa forma, observa-se que os resultados de condutividade elétrica e pH em função do tempo


demonstram a ocorrência de maiores interações do Cu2+ com os materiais em que se adicionou

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 65

fosfogesso e bentonita, mas com tendência de estabilização, o que provavelmente seria atingido
com maior tempo de contato.

Os resultados dos ensaios de difusão mostraram que a difusão é um meio ativo de transporte de
espécies químicas, onde mesmo com taxas de fluxo muito baixas há ocorrência do transporte
dos íons presentes na solução contaminante para o corpo de prova. Esse transporte depende
especificamente de como ocorre a interação entre o contaminante e os componentes da matriz
solida. Nesse sentido, resíduos que permitam melhorar a capacidade de interação entre o
contaminante e o material que compõe um liner, podem auxiliar na atenuação do transporte
difusivo.

Figura 4.17 – Valores de pH e condutividade elétrica, a) pH do S; b) condutividade do S; c) pH do SB6; d)


condutividade do SB6; e) pH do SFB6; f) condutividade do SFB6.

7,5 3000
7
2500
Condutividade (μS/cm) - S

6,5
2000
6
5,5 1500
pH - S

5 1000
4,5
500
4
3,5 0
0 48 96 144 192 240 288 336 384 0 48 96 144 192 240 288 336 384
Tempo (horas) Tempo (horas)
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L 0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L 200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(a) (b)

8 3000
7,5
Condutividade (μS/cm) - SB6

2500
7
6,5 2000
6 1500
pH - SB6

5,5
1000
5
500
4,5
4 0
0 48 96 144 192 240 288 336 384 432 480 0 48 96 144 192 240 288 336 384 432 480
Tempo (dias) Tempo (dias)
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L 0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L 200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(c) (d)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 66

8 3500

Condutividade (μS/cm ) - SFB6


7,5 3000
7 2500
6,5
pH - SFB6

2000
6
1500
5,5
5 1000
4,5 500
4 0
0 48 96 144 192 240 288 336 384 0 48 96 144 192 240 288 336 384
Tempo (horas) Tempo (horas)
0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L 0 mg/L 50 mg/L 100 mg/L
200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L 200 mg/L 400 mg/L 800 mg/L
(e) (f)

E. S. FERREIRA Capítulo 4
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

5.1. CONCLUSÕES

O processo de estabilização não promoveu alterações significativas nas propriedades químicas


dos materiais devido à alta porcentagem de solo das misturas, exceto em relação a
disponibilização de Ca2+ promovido pela adição do fosfogesso, que afetou significativamente a
CTC dos materiais. Entretanto, conclui-se que o Ca2+ disponibilizado não está disponível para
troca o que poderia beneficiar a capacidade de adsorção dos materiais.

Em relação à microestrutura dos materiais, observa-se que a adição de bentonita proporcionou


a redução dos macroporos em razão da sua mineralogia; já o fosfogesso ocasionou
comportamento contrário devido ao formato de placas de suas partículas.

A partir das análises granulométricas, observou-se que o Cu2+ provocou agregação do solo em
fração de areia grossa e, ao adicionar bentonita, as agregações se reduziram para frações de
areia fina e silte.

A partir dos ensaios de expansão livre, observou-se que, apesar de ocorre floculação das
amostras de solo, aumentando seu volume, não houve alterações significativas no
comportamento do material que comprometam sua utilização em liners.

O processo de estabilização proporcionou o aumento da capacidade de adsorção do Cu2+, sendo


que a adição de bentonita demonstra-se mais eficaz no processo de remoção que a adição de
fosfogesso, obtendo-se, a seguinte ordem de remoção entre as misturas: SB6>SFB6>SF>S.

Os ajustes realizados com a isoterma linear foram influenciados pelas altas concentrações
utilizadas, o que fez com que a mesma não apresentasse bom coeficiente de correlação,
entretanto a utilização apenas das três primeiras concentrações permite a obtenção de
parâmetros mais assertivos. Desta forma os melhores ajustes foram obtidos para o modelo de
Freundlich e de Langmuir.

E. S. FERREIRA Capítulo 5
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 68

As células de difusão construídas se mostraram eficientes para a realização dos ensaios de


difusão, permitindo um processo de compactação adequado e uma boa vedação do sistema de
modo a se evitar fluxo advectivo.

Em relação aos ensaios de difusão, observa-se que o solo permitiu o maior avanço de
concentração entre os materiais, seguido das misturas SFB6 e SB6, respectivamente. Os
resultados demonstraram que o processo de estabilização permitiu a retenção do contaminante
na primeira camada dos corpos de prova, o que foi influenciado pela melhora na capacidade de
adsorção.

Em se tratando da utilização do fosfogesso, observa-se que ocorre melhora no processo de


retenção de Cu2+ em relação ao solo, o que já viabiliza sua utilização visto que se trata de um
resíduo que apresenta dificuldades em alternativas de utilização. Assim, conclui-se que a
utilização do material SFB6 torna-se uma alternativa técnica na construção de liner de aterro
sanitário além de contribuir com a conservação do meio ambiente.

5.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

• Obter os coeficientes de difusão utilizando o programa Pollute e ou Camada


Contaminante Equivalente proposto por PAZ (2015), com os resultados obtidos nessa
dissertação a fim de se avaliar o tempo necessário para que o Cu2+ atinja a face inferior
de um liner real de aterro sanitário construído com os materiais apresentados;
• Definir uma metodologia que permita quantificar de forma precisa a CTC das misturas
com fosfogesso;
• Avaliar a capacidade de retenção para os materiais que contém fosfogesso para maiores
tempos de contato, visto que a solubilização do Ca2+ pode ter interferido e maiores
tempos de contato podem permitir uma melhor avaliação da capacidade de retenção;
• Investigar a quantidade de Ca2+ disponibilizado pelos materiais, e que consequências
isso pode ocasionar em se tratando de obra de aterro sanitário.
• Analisar a retenção do Cu2+ por meio do ensaio em coluna nas condições ótimas de
compactação e comparar com os resultados aqui obtidos; e
• Realizar ensaio de equilíbrio em lote e de difusão utilizando outros metais na solução,
bem como ensaio multiespécies para se avaliar a competitividade pelos sítios de
adsorção.

E. S. FERREIRA Capítulo 5
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Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 76

Souza, N. M; Boscov, M. E. G; Gurjão, C. M.C. Efeito do Zinco e Cobre na Desagregação de


Seis Solos do Distrito Federal, Brasil. Geotecnia (Lisboa). vol 137, p. 47 – 61, 2016.

SPARKS, D. L. Environmental Soil Chemistry. Academic Press, San Diego. 2003.


https://doi.org/10.1016/B978-012656446-4/50003-7

TAYIBI, H., CHOURA, M., LOPEZ, F.A., ALGUACIL, F.J., LOPEZ DELGADO, A.
Environmental impact and management of phosphogypsum. J. Environ. Manag. vol. 90, p.
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E. S. FERREIRA Referências
APÊNDICE - A

Figura A.1 – Curva característica.


100
Experimental - Solo
Experimental - SF

80 Experimental - SB
Experimental - SFB6
Ajuste - Solo
Water ratio - ew

60 Ajuste - SF
Ajuste - SB6
Ajuste - SFB6
40

20

0
1 10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000
Soil suction, kPa

Figura A.2 – Ensaio de compatibilidade, curva granulométrica do S.

100
90 S S.U.
80 S C.U.
S 50 mg/L Cu S.U.
70
S 50 mg/L Cu C.U.
Passante (%)

60 S 100 mg/L Cu S.U.


50 S 100 mg/L Cu C.U.
40 S 200 mg/L Cu S.U.
S 200 mg/L Cu C.U.
30 S 400 mg/L Cu S.U.
20 S 400 mg/L Cu C.U.
10 S 800 mg/L Cu S.U.
S 800 mg/L Cu C.U.
0
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)
(a)

E. S. FERREIRA Apêndice - A
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 78

Figura A.3 - Ensaio de compatibilidade, curva granulométrica SF.

100
SF S.U
SF C.U
80 SF 50 mg/L Cu S.U.
SF 50 mg/L Cu C.U.
60 SF 100 mg/L Cu S.U.
Passante (%)

SF 100 mg/L Cu C.U.


SF 200 mg/L Cu S.U.
40 SF 200 mg/L Cu C.U.
SF 400 mg/L Cu S.U.
20 SF 400 mg/L Cu C.U.
SF 800 mg/L Cu S.U.
SF 800 mg/L Cu C.U.
0
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)
(b)

Figura A.4 - Ensaio de compatibilidade, granulometria SB6.

100
SB6 S.U.
SB6 C.U.
80
SB6 50 mg/L Cu S.U.
SB6 50 mg/L Cu C.U.
60 SB6 100 mg/L Cu S.U.
Passante (%)

SB6 100 mg/L Cu C.U.


SB6 200 mg/L Cu S.U.
40
SB6 200 mg/L Cu C.U.
SB6 400 mg/L Cu S.U.
20 SB6 400 mg/L Cu C.U.
SB6 800 mg/L Cu S.U.
SB6 800 mg/L Cu C.U.
0
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)
(c)

E. S. FERREIRA Apêndice - A
Estudo sobre o transporte de cobre em solo arenoso laterítico estabilizado com fosfogesso e bentonita 79

Figura A.5 - Ensaio de compatibilidade, granulometria SFB6.

100
SFB6 S.U.
80 SFB6 C.U.
SFB6 50 mg/L Cu S.U.
SFB6 50 mg/L Cu C.U.
60
Passante (%)

SFB6 100 mg/L Cu S.U.


SFB6 100 mg/L Cu C.U.
40 SFB6 200 mg/L Cu S.U.
SFB6 200 mg/L Cu C.U.
SFB6 400 mg/L Cu S.U.
20 SFB6 400 mg/L Cu C.U.
SFB6 800 mg/L Cu S.U.
SFB6 800 mg/L Cu C.U.
0
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)
(d)

E. S. FERREIRA Apêndice - A

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