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LATERITAS DA AMAZÔNIA:
IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E
COMPORTAMENTO MECÂNICO
Seminário de Cooperação IME-ITA
São José dos Campos Novembro de 2023
LATERITAS DA AMAZÔNIA:
IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E
COMPORTAMENTO MECÂNICO
O termo plintita também se refere a tijolo assim como o termo laterita, porém tem
origem no grego (plinthos=tijolo), tendo sido introduzido porque, segundo Lepsch (2002),
o termo latossolo frequentemente se refere a todos os solos desenvolvidos nos trópicos
úmidos.
Como os solos e concreções lateríticas ocorrem em muitos países da África, foram feitos
muitos estudos pelos portugueses nas décadas de 1940-1960 nas colônias sobre estes
materiais, sendo uma publicação muito importante como síntese desta época o boletim do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) de Portugal denominado “As laterites
ultramar português” (Memória nº 141). Define este boletim: “laterite – material de
estrutura vacuolar, muitas vezes matizado, com cores variando do amarelo ao
vermelho mais ou menos escuro e mesmo negro, constituído por uma crosta mais ou
menos contínua de espessura e dureza variáveis, tendo muitas vezes o aspecto duma
escória, ou ainda contendo concreções isoladas, oolíticas e pisolíticas de maior ou
menor resistência e misturadas a uma parte argilosa.”
Nomenclatura
Na engenharia rodoviária brasileira o termo laterita refere-se, a rigor, aos pedregulhos
lateríticos, sendo conhecidos na prática como piçarras ou cascalho (lateríticos), entre
outros termos. Os pedregulhos lateríticos, ou simplesmente lateritas, constituem materiais
amplamente utilizados em obras de pavimentação no Brasil, desde pelo menos a década de
1950 (Medina, 1956).
De acordo com a definição adotada pelo Comitê para Solos Tropicais da Associação
Internacional de Mecânica dos Solos, ISSMFE (1985) (sigla em inglês), para pedregulhos
lateríticos é a seguinte:
“Um material natural, típico da região tropical úmida que contém uma grande
porcentagem de grãos na fração pedregulho na forma de concreções, nódulos, pisólitos,
ou formas semelhantes, todas constituídas essencialmente de óxidos hidratados de ferro
ou alumínio, também podendo conter outros grãos na fração pedregulho tais como
quartzo, mas em pequenas quantidades.”
Nomenclatura
O estudo de solos obviamente não é exclusividade dos engenheiros geotécnicos, sendo
objeto de estudos da pedologia, ou ciência do solo. Pelo ponto de vista pedológico as
lateritas, segundo Lepsch (2002), se enquadram no grupo dos plintossolos pela
classificação brasileira atual, solos concrecionados lateríticos e lateritas hidromórficas
pela classificação brasileira antiga, e plinthosols segundo o referencial básico mundial,
IUSS WorkingGroup WRB (2014). A característica principal deste grupo de solos é a
abundância (mais de 15%) de plintita, equivalente à laterita imatura ou macia, ou
petroplintita, ou laterita madura ou dura, ou canga laterítica.
O Manual Técnico de Pedologia (IBGE, 2007) define a plintita como uma formação
constituída de argila rica em ferro ou ferro e alumínio, com quartzo e outros materiais,
tornando-se um corpo distinto de material rico em óxido de ferro, firme quando úmida e
dura ou muito dura quando seca, tendo diâmetro maior que 2mm, podendo ser separada do
material que a circunda. Em condições de ressecamento acentuado, transforma-se na
petroplintita, que são nódulos ou concreções ferruginosas (concreções lateríticas ou
cangas) de dimensões e formas variadas, podendo constituir camadas maciças e contínuas,
de espessura variável.
Lateritas de Rondônia e Acre
Descrição das Lateritas
1) O Termo Laterita Provém do Latim (Later) Que Significa Tijolo, Sendo
Muitas Vezes Utilizado Sem Uma Seguida Descrição do Solo;
2) No Brasil: Laterita, Piçarra, Canga, Cascalho (Laterítico);
3) Confusão de Termos: Solos Arenosos Finos Lateríticos – SAFL –
Nogami.
4) Costa (1991) utiliza, também, o termo Laterito
Meio Prático
Meio Acadêmico Nacional Publicações
Internacionais
Descrição das Lateritas
Importância do
Seu Estudo!
Figura 1: Perfil De Ocorrência do Cascalho Corumbaíba/GO. (Guimarães, 2009) Figura 2: Vista Aproximada do Perfil No Qual Podem Ser
Observados Fragmentos De Xisto E Quartzito. (Guimarães, 2009).
Características Gerais:
• A Lixiviação é Muito Intensa com Grande Velocidade de
Remoção de Bases Ca, Na, Mg e K ( Principal Característica);
• A Precipitação é Muito Maior Que a Evapotranspiração;
• Ocorre Onde a Velocidade de Decomposição da Matéria
Orgânica é Igual a Sua Produção;
• O Ph no Início do Processo Gira em Torno de 7, Originando
Baixa Acidez, Que Somada a Rápida Destruição da Matéria
Orgânica Liberando Bases, Aumenta a Solubilidade da Sílica
Processo de Formação:
Reação de Hidrólise
Reações de Hidrólise
1ª Etapa: CO2 se dissolve em gotas de chuva
H2O + CO2 => H2CO3 (Ácido Carbônico)
Obs:
• O Si é pouco solúvel mas pode ser totalmente eliminado,
• Condições de pluviosidade alta e drenagem eficiente,
• K-feldspato submetido a Hidrólise Total: Hidróxido de
Alumínio – Gibbsita – Al(OH)3.
Hidrólise Parcial
Hidrólise Parcial: O Potássio (K) é total ou parcialmente
removido e parte da sílica permanece no perfil.
Conceito:
“Produto de intenso intemperismo de rochas subaéreas, fazendo
com que os teores de Fe e Al sejam mais elevados e os de Si mais
baixos nos lateritos do que na rocha-mãe”. (Schellmann, 1980)
Aspectos Geológicos
Conceito:
“O termo laterito é usado para designar rochas formadas, ou em
fase de formação, por meio de intenso intemperismo químico de
rochas pré-existentes, inclusive de lateritos antigos, sob condições
tropicais ou equivalentes”. (Costa, 1991)
Aspectos Geológicos
Composição Mineralógica
Oxi-hidróxidos de Ferro: Goethita e Hematita
Oxi-hidróxidos de Alumínio: Gibbsita
Oxi-hidróxidos de Titânio: Anatásio
Oxi-hidróxidos Manganês: Litiofirita, Todorokita
Argilominerais
Aspectos Geológicos
Nomenclatura: Usa-se o termo laterito “adjetivado”
Lateritos ferruginosos, bauxíticos
Lateritos bauxíticos derivados de traquito
3
Perfil Geológico – Lateritos Imaturos
(1) Horizonte Ferruginoso:
• Nódulos, concreções, esferólitos de óxidos-hidróxidos de ferro em
matriz argilosa.
• Uma crosta formada pelos elementos acima cimentados por filmes
microscristalinos ou por cimento gibbsito-caulinítico.
• Crosta formada por óxidos-hidróxidos de Fe entrelaçando porções
argilosas amareladas.
• Cor predominante é marrom-avermelhada.
• Há na estrutura canais em forma de raízes e vermes, colunas, e
estruturas cavernosas, esponjosas e porosas resultantes de
lixiviação.
Perfil Geológico – Lateritos Imaturos
(2) Horizonte Argiloso:
120
100
Porcentagem Passante
80
60
40
20
0
0,01 0,074 0,1 0,42 1 2 4,8 9,5 10 50,8
100
Abertura das Peneiras (mm)
0,900
0,800
Deformação Permanente (mm)
0,700
0,600
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
Número de Ciclos
0,000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
Tapa buraco
Base de Laterita
Trincamento por
Fadiga
Rodovia Estadual no Acre – CBUQ com Laterita Lavada
Sem descolamento
nem afundamento
Ruas Residenciais –
Cuiabá/MT
Tianguá – Viçosa (Ceará) Perfil do Pavimento Existente
Jazida de Laterita
Sublastro de Laterita da Estrada de Ferro Carajás (EFC)
Sublastro
Ferroviário- EFC
Ruas
Residenciais/
MT
Estrada de Ferro Carajás - Maranhão
Sublastro
Laterita 1
Reforço
Laterita 2
Jazida de Laterita Escura no Maranhão – Sublastro EFC
Caso da BR-
163/PA
Amostra hot (%) MEAS (g/cm3) Expansão CBR (%)
(%)
1 14,0 1,971 0,24 62,8
Módulo Resiliente
1,4
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000
01 02 03 04 05
Método de
Dimensionamento
Nacional - MeDiNa
MÓDULO
RESILIENTE Antonio Carlos Rodrigues
Guimarães,
DE Prof° D.Sc IME
LATERITAS
Referências
Sumário:
Conceitos
Ensaios de cargas
repetidas
modelos de
Previsão
Resultados típicos
Ensaio Triaxial de Cargas Repetidas
d h
MR = R =
r HO
Ensaio Triaxial de Cargas Repetidas
Equipamento do ensaio Triaxial
CORPOS-DE-PROVA BRITA GRADUADA
Dimensões 10 cm x 20 cm ou 15 cm x 30 cm
CORPO DE PROVA LATERITA DE RONDÔNIA
Registro da deformação elástica de
solos
Ensaio
Ensaio
Condicionamento
Modelos de Previsão
Modelos de Previsão
1000 1000
100 100
y = 311,04x0,2498 y = 203,6x0,1293
R² = 0,8174 R² = 0,2883
10 10
0,01 0,1 1 0,010 0,100 1,000
Tensão Confinante (MPa) Tensão Desvio (MPa)
MÓDULO RESILIENTE MODELO COMBINADO
MR = 446,5( 3 ) ( d )−0,086
0, 262
• R2 = 0,885
• MR em MPa
y = 188,9x-0,4829
100 100
0,010 0,100 1,000 0,01 0,1 1
Tensão Desvio (MPa) Tensão Confinante (MPa)
Figura 5: Variação do Módulo Resiliente com a Figura 6: Variação do Módulo Resiliente com a
Tensão Desvio para a Laterita do Acre. Dados em Tensão Confinante para a Laterita do Acre.
MPa. Ensaio 1. Dados em MPa. Ensaio 1.
3 d
p (%) = 1 ( ) ( ) N 2 3 4
0 0
Onde:
p(%): Deformação Permanente Específica.
0 0
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000
Dados de Cada Ensaio
(Ep/N) Deformação
Ciclo Ep x1000
x1000 Permanente (mm)
1 4,32E-01 122 0,122 Atenção para Dimensões
2 8,50E-02 554 0,554 dos Corpos-de-prova =>
3 4,90E-02 639 0,639
4 3,50E-02 688 0,688 Usual 10 cm x 20 cm
5 2,64E-02 723 0,723
10 1,62E-02 855 0,855
15 1,24E-02 936 0,936
20 7,60E-03 998 0,998
30 5,40E-03 1074 1,074
40 4,00E-03 1128 1,128
50 3,20E-03 1168 1,168
60 2,30E-03 1200 1,2
70 2,00E-03 1223 1,223
80 1,60E-03 1243 1,243
90 2,20E-03 1259 1,259
100 8,40E-04 1281 1,281
200 3,70E-04 1365 1,365
300 2,50E-04 1402 1,402
400 1,40E-04 1427 1,427
500 1,10E-04 1441 1,441
600 9,00E-05 1452 1,452
700 7,00E-05 1461 1,461
800 7,00E-05 1468 1,468
900 6,00E-05 1475 1,475
1000 4,20E-05 1481 1,481
Planilha Conjunta dos Ensaios
Ciclo Desvio Confinante Deform. Perm. (mm)
1 0,40 0,40 0,151
2 0,40 0,40 0,164
3 0,40 0,40 0,169
4 0,40 0,40 0,172
5 0,40 0,40 0,174
10 0,40 0,40 0,181
15 0,40 0,40 0,187
20 0,40 0,40 0,19
30 0,40 0,40 0,201
40 0,40 0,40 0,202
50 0,40 0,40 0,206
60 0,40 0,40 0,209
70 0,40 0,40 0,208
80 0,40 0,40 0,214
90 0,40 0,40 0,214
100 0,40 0,40 0,214
200 0,40 0,40 0,221
300 0,40 0,40 0,226
1 0,80 0,40 0,238
2 0,80 0,40 0,263
3 0,80 0,40 0,273
4 0,80 0,40 0,282
5 0,80 0,40 0,286
10 0,80 0,40 0,312
15 0,80 0,40 0,314
20 0,80 0,40 0,317
LATERITA – MODELO PROPOSTO
esp
p = 0,105. 0 ,839
3 . −0 , 014
d N 0 , 041
APLICAÇÃO DO MODELO
• Aplicação dos resultados
• Simulação numérica do
v comportamento estrutural – Programa
Fepave
• Cálculo das tensões nos centros de
v= 5.6 kgf/cm2
cada elemento
1 Sub-base
3 3 3 d
p (%) = 1 ( ) ( ) N
2 3 4
0 0
Deformação Permanente
II IV
I III
N N
1,000
Deformação Permanente (mm)
0,800
0,600
0,400
0,200
Número de Ciclos
0,000
0 50000 100000 150000 200000 250000
Figura 4.6: Deformação Permanente Total (mm) para a Laterita do Acre. Ensaios até
250.000 Ciclos de Carga.
d = 315 kPa
1,000 1,000
Deformação Permanente (mm)
0,800
d = 210 kPa
0,600
0,600
d = 157,5 kPa
0,400
0,400
d = 105 kPa
0,200
0,200
Número de Ciclos
0,000 Número de Ciclos
0 50000 100000 150000 200000 250000 0,000
0 50000 100000 150000 200000 250000
0,6
permanente aumenta 100%
150 KPa
• Maior deformação na
0,4 ordem de 0,9 mm e menor
100% 0,2 mm
0,2
40 KPa • Pouca influência da tensão
0,0 confinante
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000
N
Ensaio 01 Ensaio 02 Ensaio 03 Ensaio 04
2
Tensão limite
Ep (mm)
1
• Tendência ao
acomodamento
0,5
0
0 50000 100000 150000 200000
N
Ensaio 05 Ensaio 01 Ensaio 03 Ensaio 04 Ensaio 02
• Para tensão σd=0,42 MPa, tensão confinante σ3 = 0,1 MPa, deformação permanente
total de 2,8 mm para 160.000 ciclos de aplicação de cargas
• Curvas similares aquela obtidas para a laterita jazida S-786
BRITA GRADUADA DE CHAPECÓ/SC
Baixas tensões ≠ Demais
As curvas dos
1,600 ensaios 1, 2, 4, 7, 10
e 11 possuem forma
1,400 ligeiramente distintas
das demais,
1,200
resultando, também,
1,000 em valores de
Ep (mm)
deformação
0,800 permanente
acumulada
0,600 significativamente
inferiores.
0,400
0,200
0,000
0 20000 40000 N 60000 80000 100000
2 100 50 4,9
0,255 0,13
3 150 4,5
0,971 0,49
5 160 80 4,6
0,784 0,39
6 240 4,5
1,319 0,66
7 105 4,7
0,270 0,14
9 315 3,7
1,368 0,68
CASCALHO CORUMBAÍBA/GO
2,5 Ensaio 6: ligeiramente
acima da ótima)
2 (240,80)
1,5
Ep (mm)
(360,120)
0,5
0
0 50000 100000 150000 200000 250000
N
CC 01 CC 02 CC 03 CC 04 CC 05 CC 06 CC 07 CC 08 CC 09
1,8
1,6
1,4
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
Número de Aplicações de Carga (N)
0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000