Você está na página 1de 27

TWIN CITIES – Solos das Regiões Metropolitanas de São Paulo e Curitiba

Resistência ao Cisalhamento e Deformabilidade dos


Solos Sedimentares de São Paulo
Faiçal Massad
Escola Politécnica da USP, São Paulo, Brasil

RESUMO: O capítulo apresenta inicialmente uma síntese crítica e abrangente dos conheci-
mentos auferidos até 1992, quando da publicação do livro intitulado Solos da Cidade de São
Paulo, sobre a resistência ao cisalhamento e a deformabilidade dos depósitos do Neógeno/
Paleógeno (novas denominações do Terciário) e do Quaternário. Em seguida, procura ampliar
estes conhecimentos, inserindo novos dados, em disponibilidade, no contexto das recomen-
dações feitas no livro de 1992, a saber: a) a medição in situ do K0 (coeficiente de empuxo em
repouso); b) um aprofundamento nos conhecimentos sobre a variabilidade dos módulos de
deformabilidade (E) com a profundidade e com os níveis de deformação; e c) a determinação
do coeficiente de adensamento primário equivalente (Cv) dos solos moles do Quaternário, por
meio de aterros em escala real. Estes novos dados resultaram, em sua quase totalidade, da
interpretação de ensaios in situ e de verdadeira grandeza, como são os aterros instrumentados.

1 INTRODUÇÃO identificar os diversos solos ocorrentes num


trecho da cidade de S. Paulo.
A Cidade de São Paulo está construída numa Os sedimentos que preenchem a bacia,
bacia sedimentar do Neógeno/Paleógeno, de acima de determinado nível, sofreram um
origem flúvio-lacustre, localizada ao longo processo de intemperismo que deixou sinais
da Costa Atlântica da região centro-sul do tais como a cor variegada e o pré-adensa-
mento por secamento, o que lhes confere
Brasil. A sua origem tectônica, bem como a
características “sui generis”. Os solos mais
alternância de regimes torrencial e lacustre, superficiais foram submetidos a um proces-
que predominaram durante a época de sua so de laterização, que deu origem às argilas
formação, explicam a extrema heterogenei- vermelhas, ricas em óxidos de ferro. Em ge-
dade dos seus solos. ral, ainda em idades antigas, estes solos fo-
Na Figura 1 é apresentada uma seção ram parcialmente erodidos e seus resquícios
transversal esquemática e ilustrativa da geo- são encontrados nas partes mais altas da Ci-
logia da cidade de São Paulo. Nela é possível dade. Abaixo do presente nível de drenagem

Figura 1 - Seção geológica esquemática de trecho da cidade de São Paulo (Marinho, Vargas e Vilar 1998)

107
Tabela 1: Estudos divulgados envolvendo as características e propriedades de solos de São Paulo

Época Problema Autores Conteúdos/Eventos


Pichler (1948)
Vargas (1948, 1954) Características de algumas
1940 Fundações de
Rios & Pacheco Silva (1948) ocorrências de Argilas Porosas
a Edifïcios no
Oliveira Pinto & Kutner (1950) Vermelhas e dos
1960 Centro de S. Paulo
Mello & Teixeira (1962) Solos Variegados.
Teixeira (1970)
Aprofundamento no conhecimen-
Cozzolino (1972)
1970 Linha Norte-Sul to destas
Pinto & Massad (1971 1972)
a do Metrô de características. Realização de
Massad (1980)
1980 S. Paulo Mesa Redonda
Cozzolino (1980)
sobre os solos da Bacia de SP.
Inclusão dos solos de S. Paulo na
Massad (1981-a , 1981-b) categoria
Galves & Massad (1982) de solos tropicais, com caracterís-
1980 Massad (1985-a, b ticas próprias
a Solos Tropicais Massad et al (1985) e diferenciadas. First International
1985 Penna (1982) Conference
Küpper (1983) on Tropical Lateritic and Sapro-
Küpper et al (1985) litic Soils.
Em 1985, Brasília.
Escavações para Problemas de escavações pro-
Subsolo de Habiro & Braga (1984) fundas.
Edifícios; Cortes Metrô de S. P. (1989-d) Problemas de aterros sobre aluvi-
1985
em Taludes Ferreira et al. (1989) ões Quaternários,
a
Naturais; e Expansão Navarro (1992) de elevadas compressibilidades.
1992
do Metrô Massad et al (1992) Publicação do
para a Zona Leste Wolle (1992) Livro “Solos da Cidade de S.
de SP Paulo”.
Associação de anomalias com
Linhas do Metrô;
1996 Cozzolino (1996) atividade sísmica.
Edifícios sobre Areias
a Vargas et al (1998) Creep nas areias basais.
Basais Fofas; Solos
1998 Marinho et al (1998) Creepsividade das Argilas
Não Saturados.
Porosas Vermelhas.
Ensaios Pressiométricos/Medida
1998 Túnel Ayrton Senna Pinto & Abramento (1998)
do K0
Estação Sumaré do Ensaios Pressiométricos/K0 - So-
1998 Pinto (1998)
Metrô los Variegados
Parâmetros Ensaios Pressiométricos em Argi-
2003 Sampaio Jr. (2003)
Geotécnicos las Vermelhas
Parâmetros Aterro experimental sobre solos
2008 Camargo et al. (2008)
Geotécnicos moles
Construção do Aprofundamento nos estudos de
Castro et al (2010-a, b)
2010 Rodoanel de aterros
Nogueira (2010)
S. Paulo sobre solos moles
Estação Sacomã –
2012 Linha Negro et al (2012) Estudos sobre o Taguá e Aluviões
Verde do Metrô

108
(cota 715) ocorrem as argilas duras, cinzas- 3 SÍNTESE DOS CONHECIMENTOS
-esverdeadas (“taguá”), com pressões de pré- ATÉ 1992
-adensamento muito elevadas. Finalmente, há
que se citar as areias basais, fofas a compactas, Os solos de S. Paulo têm sido objeto de vários
que preenchem o fundo da bacia, assentes so- estudos e eventos, sintetizados na Tabela 1.
bre o taguá ou sobre o embasamento rochoso, Segundo Vargas (1980), os primeiros estudos
e os aluviões Quaternários, que se depositaram regionais de solos no Brasil foram feitos em
ao longo dos rios. Areias basais fofas podem S. Paulo. Assim é que em 1945 Bernardo e
ocorrer em grandes profundidades em certas Vargas divulgaram resultados relacionados a
partes da região central da cidade, assentes solos do centro da cidade de S. Paulo, com a
sobre sedimentos do Neógeno litificados, ano- apresentação de cortes geológicos até o cris-
malia associada por Cozzolino (1996) a falha talino. E acrescentaram que estas informa-
tectonicamente ativa durante a sedimentação. ções destinavam-se inicialmente a fornecer
A correlação destes solos, cujos nomes se subsídios para que o Prof. Terzaghi prepa-
inserem nos jargões empregados na prática da rasse o seu relatório de 1947 sobre o Metrô
engenharia, entre nós, com as formações geoló- de S. Paulo. É significativa esta referência,
gicas foi feita por Riccomini e Coimbra (1992), pois a construção do Metrô transformou-se
que apresentaram uma síntese dos conhecimen- em marco histórico a delimitar períodos de
tos sobre a complexa Geologia da Bacia Sedi- investigações geotécnicas diferenciados. An-
mentar de S. Paulo. Nela 80% é constituída tes de 1960 a preocupação dos engenheiros
pela Formação Resende, do Grupo Taubaté, geotécnicos era em fornecer subsídios para
que inclui as argilas cinza-esverdeadas (taguá) atender a demanda de construção de grandes
e as areias basais. As citadas argilas vermelhas edifícios no centro de S.Paulo. Com o início
e os solos variegados pertenceriam à Formação do projeto do Metrô foram desenvolvidos no-
São Paulo, também do Grupo Taubaté. As ar- vos esforços e investigações geotécnicas que
gilas verdes, maciças, intercaladas com argilas permitiram um aprofundamento dos conhe-
cinza-escuras a pretas, expostas por ocasião das cimentos de pelo menos três “camadas” de
escavações da Estação Barra Funda do Metrô, solos, a saber, as Argilas Porosas Vermelhas,
foram correlacionadas a depósitos lacustres da as Argilas Rijas Vermelhas e os Solos Varie-
Formação Tremembé (Grupo Taubaté). Sob os gados. Como se verá adiante, a expansão do
aluviões Quaternários, dos Rios Tietê, Pinheiros Metrô propiciou novos conhecimentos sobre
e Tamanduateí, ocorrem os sedimentos are- as argilas duras, cinzas-esverdeadas (taguá).
nosos, estratificados, com seixos de quartzo e
quartzitos bem arredondados.
3.1 Argilas Vermelhas Laterizadas
De há muito se sabe que as Argilas Porosas
2 OBJETIVOS Vermelhas, em particular, as do espigão da
Av. Paulista, são solos lateríticos (Pichler,
Os objetivos deste trabalho são fazer uma 1948), devido à sua alta porosidade, ao au-
revisão crítica dos conhecimentos auferidos mento de sua consistência com a profundi-
até 1992 e inserir dados recentes, enfatizan- dade, à sua colapsividade e à presença de
do as características físicas e de resistência lentes de limonita na altura do nível d’água.
e os seguintes temas, contidos nas sugestões Neste ponto, ocorrem as Argilas Rijas Ver-
para investigações futuras, página 173 do li- melhas que, apesar de possuírem as mesmas
vro editado por Negro et al. (1992): características de identificação e classifica-
ção das Argilas Porosas Vermelhas (ver a Ta-
a. a medição do K0 de solos da bacia sedi- bela 2 e a lista de símbolos em anexo), delas
mentar; diferem substancialmente em suas proprie-
b. o aprofundamento dos conhecimento da dades de engenharia (Massad, 1985-a).
variação dos módulos de deformabilida- Atribuía-se tal fato à lixiviação da cama-
de com a profundidade e com os níveis da superior de argila porosa, que estaria num
de deformação; e estágio mais avançado de alteração, donde a
c. a determinação do Cv equivalente dos so- sua consistência “mole”; a camada inferior
los Quaternários, através de aterros ins- seria rija porque os elementos lixiviados
trumentados. precipitar-se-iam e acumular-se-iam nela,
aumentando a sua densidade.
109
Figura 2: Índices físicos - Poço da Av. Paulista

Tabela 2: Características das Argilas Vermelhas perior. Terceiro, porque análises mineralógi-
de São Paulo cas revelaram a presença de Caulinita com
traços de Gibsita para a camada superior e de
Caracte­ Argila Porosa Argila Rija Caulinita com Ilita para a inferior. E, quarto,
rísticas Intervalo Média Intervalo Média porque a presença de concreções de limonita
wl 71-92 82 68-96 82
na camada inferior parece provar que
IP 24-47 38 27-53 39
%<2µ 50-85 62 45-84 60
σ’p. (kPa) 50-350 180 400-1200 700
Cc 0,41-0,65 0,49 0,36-0,67 0,56
e 1,38-1,85 1,54 1,17-1,46 1,28
S (%) 62-88 74 80-96 90
w (%) 33-47 41 35-47 42
gn(kN/m3) 13,5-16,5 15,2 16,2-18,0 17,2
c’ (kPa) 10-70 32 50-90 69
φ’a 23-33 27 21-25 23
Figura 3: Compressibilidade em função do índice de
φ’ 26-33 29 - 26 vazios - Poço da Av. Paulista

Nota: ver a lista de símbolos em anexo

No entanto, estudos feitos na década de


1980 (Massad et al., 1985) revelaram indí-
cios de que as duas camadas devem ser tra-
tadas como sendo geneticamente diferentes.
Primeiro, porque o teor de argila das duas
camadas é praticamente idêntico, o que inva-
lida o argumento da precipitação. Segundo,
porque análises feitas em fotos de microscó-
pio eletrônico de varredura, em amostras das
duas camadas, confirmaram uma formação
Figura 4: Pressão de pré-adensamento e índice de vazios -
mais acentuada de agregados na camada su- Poço da Av. Paulista

110
de partículas em solos laterizados, que é o caso
das Argilas Vermelhas. A pressão de pré-aden-
samento varia de 50 a 350 kPa (Argilas Poro-
sas Vermelhas) e de 400 a 1200 kPa (Argilas
Rijas Vermelhas) (ver a Tabela 2 e Figura 4).
Parâmetros de resistência dos dois hori-
zontes estão também indicados na Tabela 2.
Para as argilas rijas vermelhas foi possível
obter, através de ensaios tri-axiais, uma cur-
va de cedência ou de plastificação, com en-
voltória de resistência (Massad et al., 1992).
Outra característica marcante destes so-
los (Tabela 3) se refere à relação E/su (razão
entre o módulo de

Tabela 3: Valores da Relação E/su

Solo Ei/su E1/ su E50/ su


Argila
600 120 480
Porosa
(300-1000) (80-160) (200-1000)
Vermelha
Figura 5: Coesão efetiva e f´a em função do índice de Argila Rija 520 170 420
vazios Vermelha (340-740) (100-200) (120-600)
Solos 400 154 290
“alguns milhares de anos atrás o clima não era Variegados (300-600) (120-200) (140-600)
tão úmido como o de hoje, mas era mais seco, 1200 (*)
“Taguá” - 230 (**)
(750-1700)
com verões mais prolongados; as tempera-
turas também eram mais elevadas” (Setzer, (*) Dados recentes (**) Inclui solos variegados
1955, n.24, pagina 54, apud Massad, 1985).
O horizonte superior, que não apresentava Tabela 4: Outras relações
essas concreções, aparentava a Setzer ter se
formado num período com o clima úmido e Solo Cc/(1+eo) Ei/s´p
a estação suavemente seca dos dias de hoje,
Argila Porosa
com chuvas mais intensas, responsáveis pela Vermelha
0,20 100-240
sua maior porosidade. O índice de atividade
médio destes solos é da ordem de 0,63. Oito Argila Rija
0,24 150
Vermelha
amostras extraídas de até 10 m de profundida-
de de um mesmo local (Figura 2), mostraram Solos Variegados 0,15 243
(Massad et al. 1985 e 1992) que o índice de Argilas
0,15 176 (*)
vazios dá um salto quando se passa de uma Cinza-esverdeadas
camada para a outra. Ademais, foi possível, Aluviões Quaternários 0,20-0,25 -
valendo-se de uma grande quantidade de da-
dos de diversos locais, coligidos por Massad (*) Dado recente
(1980), mostrar que o índice de vazios cor-
relaciona-se bem com as propriedades de en- deformabilidade e a resistência ao cisalha-
genharia, de forma diferenciada para os dois mento não drenada). Para 1% de deformação,
tipos de argilas vermelhas, como ilustram as esta relação é da ordem de 150, pouco menos,
Figuras 3 a 5. Daí a sugestão feita no sentido pouco mais, para os dois tipos de solo acima
de utilizar este índice com propósitos classifi- mencionados. Para as Argilas Porosas Ver-
catórios, devido também à sua fácil obtenção. melhas, as razões E50/su (módulo para 50% da
Em geral, esses solos são sobre-adensados, resistência ao cisalhamento) e Ei/ su (módulo
mas a pressão de pré-adensamento não guarda inicial) assumem valores muito próximos, en-
relação com o peso - atual ou passado - de terra tre 500 e 600, consequência da cimentação de
erodida. Há indícios de que o sobre-adensa- partículas. Observe-se que esta cifra é muito
mento destes solos é ditado por fenômenos as- superior ao que seria razoável esperar para so-
sociados à fração argila, tais como cimentação los que apresentam consistências de mole para

111
média (SPT de 2 a 6 golpes). Essa cimentação ções até 1992 apontavam para uma relação
reflete-se num comportamento característico Ei/s´p entre 100 e 240 para as Argilas Poro-
de solos estruturados, fato esse comprovado sas e 150 para as Argilas Rijas (Tabela 4).
através de ensaios tri-axiais, em amostras de Outras dificuldades referem-se ao desconhe-
argila rija da Paulista, extraídas a 12,5m de cimento do estado de tensão inicial e à traje-
profundidade (Massad et al., 1985). As curvas tória de tensões impostas ao maciço terroso.
tensão-deformação mostraram pontos nítidos
de cedência ou quebra das cimentações entre
partículas, além do que foi possível obter a 3.2 Solos Variegados
curva de plastificação, mencionada acima, que Os Solos Variegados são sedimentos intem-
delimita região onde o solo é mais rígido. perizados, depositados em camadas alterna-
Além destas, há outras evidências de que as das de areias e argilas, bastante heterogêne-
Argilas Porosas Vermelhas comportam-se como as. Apresentam propriedades de engenharia
solos rijos a duros, em alguns tipos de obras que variam amplamente, dada a ocorrência
civis (Massad et al., 1981-b). A cifra de E50/su de solos muito diferentes, desde argilas pou-
pode ser confirmada com medições de deslo- co arenosas alternadas com areias finas pou-
camentos laterais de tubulões no Alto da Boa co argilosas. Parece que existe um só univer-
Vista (Massad et al, 1981 e 1992). Outros dados so, com a fração areia variando de 10 a 90%.
de campo envolvendo as argilas vermelhas e os O índice de atividade é da ordem de 0,65.
solos variegados, relativos à instrumentação de Em geral, esses solos são sobre-adensa-
valas a céu aberto da Linha Norte-Sul do Metrô dos, mas a pressão de pré-adensamento não
(Massad, 1985-a e b) e às provas de carga hori- guarda relação com o peso, atual ou passado,
zontais em 4 profundidades no poço Gazeta da de terra erodida. Pode-se conjecturar que ci-
Linha Verde (Metrô, 1989), revelaram valores clos de sedimentação sucessivos, com seca-
do módulo E de recarga, inclusive após vários gem dos solos, tenha afetado as pressões de
ciclos de carga-descarga, 1,2 a 2 vezes maiores pré-adensamento, através das tensões capila-
que os Ei de laboratório, de extensão lateral. res, que são tanto maiores quanto mais finas
A grande heterogeneidade das Argilas são as partículas de solo; ou que houve uma
Vermelhas implica numa enorme dificulda- cimentação química das partículas de solo,
de para a avaliação dos módulos E. Como conseqüência de evolução pedológica. A pre-
estes solos são sobre-adensados, os módulos sença de crostas de limonita na Bacia de S.
Ei podem ser tomados proporcionalmente às Paulo tem sido observada de forma generali-
pressões de pré-adensamento. As informa- zada e mesmo a grandes profundidades (Su-

Tabela 5: Algumas características dos Solos Variegados e das Argilas Cinza-Esverdeadas


(Massad , 1980)

Solos Variegados Argilas Cinza-Esverdeadas


Item
Intervalo Correlações Intervalo
wl 20-95 - 50-90
IP 0-65 - 30-60
%<2µ 10-80 - 31-59
σ’p. (kPa) 100-1500 σ´p = 4,5 . A + 182 700-2150
Cc 0,10-0,50 Cc/(1+eO) = 15 0,20-0,34
e 0,48-1,55 - 0,61-0,87
S (%) 50-100 - 85-96
w (%) 16-43 - 22-29
gn(kN/m3) 15,5-21,4 - 18,8-19,9
c’ (kPa) (CU) 10-90 c´= 0,10.σ´p 40-70
φ’a (CU) 11-35 tgϕ´a = tgϕ´-0,133 15-26
ϕ´ = 33,2 - 0,17 . A ou
φ’ (CU) 15-35 -
ϕ´ = 33,5 - 0,25 . IP

112
guio, 1980). Um outro indício deste intempe-
rismo é a coloração variegada ou mosqueada
destes solos, que se apresenta na forma de
manchas em vários tons, vermelho, amarelo,
roxo, branco, rosa, etc. (Cozzolino, 1980).
Em Massad (1981-b) e Massad et al.
(1992) é apresentado um perfil de subsolo
da Praça Clóvis Beviláqua (Figura 6), em
que foram colocados, lado a lado, valores
da pressão de pré-adensamento e do teor de
argila, com paralelismo muito significativo.
As pressões de pré-adensamento variam de
Figura 8: Ei de Ensaios Triaxiais CU em função de a s´p/s´c
100 a 1500 kPa para os Solos Variegados. O
teor de areia (A) revelou-se ser útil em cor-
relações envolvendo o ângulo de atrito efe- Os Solos Variegados possuem, em geral,
tivo acima dos efeitos do pré-adensamento, SPTs de 6 a 18 golpes. Quando argilosos,
como mostra a Tabela 5, que sintetiza outras podem apresentar consistências de média a
correlações envolvendo esses solos. rija, mas se comportam como solos rijos e
Para os Solos Variegados, a relação Ei/su até mesmo duros. No entanto, já revelaram
é da ordem de 400 (ver a Tabela 3 e a Figura SPTs entre 2 a 6 golpes até 20m de profun-
7) e Ei/s´p=243 (ver a Tabela 4 e a Figura 8). didade, no centro da cidade, em regiões de
A Tabela 3 mostra relações do tipo E/su, per- falhas geológicas (Cozzolino, 1996). Ade-
mitindo confrontá-las com os outros solos da mais, podem ocorrer com trincas e fissuras,
bacia de S. Paulo. cuja origem é tema de debate e tem sido
atribuída à ação sísmica após a formação da
Bacia Sedimentar de São Paulo (Riccomini,
1989), ao alívio de tensão em vales íngremes
ou ao secamento (Wolle et al., 1992).

3.3 Argilas duras, cinza-esverdeadas (taguá)


Estas argilas, encontradas inicialmente sob
os aluviões Quaternários dos Rios Pinheiros
e Tietê, ocorrem em amplas áreas da bacia se-
dimentar de S. Paulo, sempre abaixo do nível
atual de drenagem. Apresentam consistência
dura e estão, em geral, associadas a lentes de
areias finas, argilosas, muito compactas, de
cor cinza-escura (Cozzolino, 1980).
Na sua composição granulométrica re-
velam uma fração de finos superior a 60%;
a fração de areia é essencialmente fina. Na
Carta de Plasticidade situam-se acima da li-
Figura 6: Solos Variegados – Praça Clóvis Bevilacqua
nha A, com os limites de Atterberg da Tabela
5. O índice de atividade médio, dos poucos
ensaios até 1992, apontavam valores entre
0,6 e 1,1, com média de 0,94. A inserção de
novos dados ampliará essa faixa de valores.
Vargas (1954 e 1980) descreve as Argilas
Duras, cinza-esverdeadas como fortemente
sobreadensadas, efeito que teria sido provoca-
do por erosão dos atuais vales dos Rios Tietê
e Pinheiros, asserção que está sendo colocada
em questão, como se verá adiante. Ensaios
de Adensamento feitos em 5 amostras inde-
Figura 7: Ei e a resistência não drenada (Ensaios Triaxiais formadas (Pinto e Massad, 1982) revelaram
CU)
113
valores das pressões de pré-adensamento va- O maior obstáculo ao estudo das pro-
riando na faixa de 700 a 850 kPa. No entanto, priedades das areias basais continua sendo
Penna (1982) e Décourt (1989) encontraram a dificuldade em amostrá-las no seu estado
cifras bem superiores, atingindo até 2.150 natural. Daí os poucos dados ainda em dis-
kPa, associadas a um SPT de 48 golpes. Mais ponibilidade. Existem, no entanto, algumas
adiante mostrar-se-á que ensaios in situ têm informações esparsas.
revelado cifras até acima dos 4.000kPa. A primeira delas refere-se à deformabi-
Outros dados destes solos encontram-se lidade. Vargas (1961) determinou, através
nas Tabelas 4 e 5, inclusive de ensaios tri- de retroanálise de recalques de edifícios de
-axiais CU (adensados-não drenados ou R) mais de 20 andares, uma relação Ev=1000.γ.z.
em 4 amostras indeformadas. Um ensaio de Neste contexto, convém lembrar que Terza-
cisalhamento direto revelou valores de 30o ghi (1955) propôs uma expressão semelhante
e 40kPa para f´a e c´ (Massad, 1980), mos- para o Módulo Eh (horizontal) de areias, onde
trando a dependência destes parâmetros em a constante que multiplica o peso efetivo de
relação ao tipo de ensaio. terra γ assumia valores médios de 200, 600
Ensaios de cisalhamento direto, com e 1500, conforme a sua compacidade fosse
grandes deformações, feitos em duas amos- fofa, medianamente compacta ou densa.
tras de argilas duras, cinza-esverdeadas (ta- A segunda diz respeito a valores médios
guá) por Galves e Massad (1982) conduzi- de alguns de seus parâmetros. A Tabela 6
ram a valores de 25o a 30o para o ângulo de mostra valores obtidos por Teixeira (1970),
atrito efetivo de pico, enquanto os valores ao analisar o comportamento de areias argi-
residuais oscilaram de 10o a 14o. Surpreen- losas como apoio de fundação de edifícios;
dentemente, as análises mineralógicas indi- e por Cozzolino (1972), nos estudos para a
caram a predominância de caolinita, seguida construção da Linha 1 (NS) do Metro.
de mica (ilita) e de montmorilonita. A terceira refere-se a ensaios realizados
Ensaios tri-axiais UU (ou Q) divulgados por Feliciani (1989), sobre corpos de prova
por Penna (1982) permitiram inferir uma moldados em laboratório, que mostraram
relação E50/su da ordem de 230, um pouco que estas areias podem apresentar adensa-
abaixo da cifra indicada para os Solos Varie- mento secundário ou secular, fato surpreen-
gados (Tabela 3). dente para estes solos, se se considerar sua
composição granulométrica. Coeficientes de
adensamento secundário de até 0,34% foram
3.4 Areias basais observados, havendo indicações provindas
As Areias Basais receberam este nome pelo da análise de recalques de edifícios de que
fato de ocorrerem no fundo da bacia, assentes tal comportamento reflete o das areias basais
quer diretamente sobre o embasamento ro- no seu estado natural (Vargas, 1954 e Vargas
choso (consenso antes de 1992), quer sobre as e Moraes, 1989), assunto que será retomado
argilas duras cinzas-esverdeadas (constatação mais adiante.
mais recente de Vargas et al., 1998), quer ain-
Tabela 6: Areias basais
da sobre sedimentos litificados que recobrem
o embasamento rochoso em regiões de falhas
geológicas (Cozzolino, 1996). Trata-se de de- Edifícios
Edifícios Metrô
Caracte- Vargas
pósitos de areias predominantemente médias rística
Teixeira Cozzolino
et al.
(diâmetros de 0,5 e 2 mm), pouco argilosas (1970) (1972
(1998)
(teor de argila de 2 a 12%), constituídas de %<2µ - - 4-15
grãos pouco arredondados, de cor amarelada
ou cinza claro. Os estratos mais espessos exi- e 0,69 0,5-0,9 0,6-0,8
bem 5 a 15 % de areia grossa. A maior ocor- w (%) - - -
rência era encontrada no centro da cidade, gn(kN/m3) 19,4 19,0 -
podendo ser localizada entre a Av. Paulista e
φ’ (CU) - 32º-35º -
o Bairro do Bom Retiro, e entre a Av. Paca-
embu e o Parque D. Pedro II.

114
3.5 Aluviões Quaternários de São Paulo Essas indicações podem ser encaradas
como um tanto simplistas e restritivas, mais
Os Aluviões Quaternários são depósitos que apropriadas aos rios de menores caudais, pois
cobrem os solos do Neógeno/Paleógeno, sabe-se que os maiores rios da bacia de S.
nas várzeas dos rios e córregos que cortam Paulo apresentavam, em seu estado natural,
a bacia. Ao longo dos Rios Tietê, Pinheiros duas calhas, a principal e a secundária. A prin-
e Tamanduateí, o nível das várzeas situa-se cipal, meandrante pelas várzeas, por onde flu-
entre as cotas 723 e 720. Consistem de ca- íam as águas, estava sujeita aos entulhamen-
madas irregulares de argilas orgânicas moles tos da margem convexa, por sedimentos mais
e de areias finas argilosas, com cores varian- grossos, e à erosão da margem côncava e do
do entre preto, cinza-escuro ou amarelo, e leito, com ruptura dos meandros, na busca de
também marrom, vermelho ou cinza-esver- um novo equilíbrio. A calha secundária, mais
deado, indicando diferentes constituições ampla e plana, ocupada principalmente pelos
mineralógicas. grandes rios na época de cheias, estava sujeita
A formação dos aluviões Quaternários a sedimentação em ambiente mais calmo, do
deu-se em regime fluvial, através de dois tipo lacustre (Navarro, 1992).
processos fisicamente próximos, mas que Os ensaios de laboratório do IPT, ante-
dão origem a solos bem diferentes, quais se- riores a 1980, revelaram que na sua distri-
jam: a meandragem e a inundação. buição granulométrica predominavam as
Nas áreas de inundação, como no trecho argilas, denotando sedimentação por inunda-
Carrão-Itaquera da Linha Leste-Oeste do ção. Em termos médios, a fração argila era
Metrô, caracterizadas por topografia mais de 54%, a fração silte de 14%; e a fração de
suave, menores energias para o transporte areia fina superior a 24%. A Tabela 7 mostra
dos sedimentos e condições mais estáveis outros dados destes ensaios (Massad, 1980).
de sedimentação, encontram-se solos mais Na década de 1980, graças à construção
finos e de granulometria mais uniforme. É da Linha Leste do Metrô, foram realizadas
justamente o contrário do observado nas áre- diversas investigações de laboratório e de
as de antiga meandragem e áreas próximas campo, analisadas em detalhe por Navarro
ao pé de regiões de topografia mais aciden- (1992). Ensaios de caracterização, realiza-
tada, como no trecho Itaquera-Guaianazes dos no citado trecho Carrão-Itaquera, mos-
da mesma linha, aonde ocorrem solos gra- traram a predominância de solos argilosos,
nulometricamente bem distintos, de argilas com teores de argila superiores a 60%, en-
pouco arenosas até areias pouco argilosas. quanto que no trecho Itaquera-Guaianazes
notou-se também a ocorrência de solos are-
Tabela 7: Aluviões Quaternários
nosos, com até 85% de areia. Outros resulta-
dos destes ensaios foram incluídos na Tabela
Caracte­ Ensaios do IPT Metrô de SP 7, para comparação.
rística Intervalo Média Intervalo Enquanto os ensaios do lPT indicaram
pressões de pré-adensamento no intervalo
wl 30-103 63 de 40 a 220 kPa (Tabela 7), os de Itaquera-
IP 9-34 21 -Guaianazes revelaram valores na faixa de
%<2µ 27-68 47 45 a 350 kPa, sendo que 84% das amostras
apresentaram valores da diferença entre a
σ’p (kPa) 40-220 120 45-350
pressão de pré-adensamento e a tensão verti-
Cc 0,3-1,5 0,8 cal efetiva inicial menores que 20 kPa. Valo-
e 0,95-3,83 2,16 res da RSA (Relação de Sobre-Adensamen-
S (%) 64-100 89 84-100 to) situaram-se na faixa de 1 a cerca de 9,
conforme Metrô de S. Paulo (1989). Como
w (%) 31-158 77 20-150
se verá adiante, ensaios in situ, feitos recen-
gn(kN/m3) 10-18 14,6 13-21 temente para a construção da Estação Saco-
c’ (kPa) - - 5-8 mã, confirmaram e ampliaram estas cifras.
φ’a - - 15-28 Os dados do IPT anteriores a 1980 reve-
laram valores de Cc/(1+eo) no intervalo de
φ’ - - 0,13 a 0,51, com média de 0,25. No trecho
Itaquera-Guaianazes os ensaios odométricos
indicaram para Cc/(1+eo) valores entre 0,10 a

115
0,34, com média de cerca de 0,20. Valores de Tabela 9: Parâmetros de resistência (Metrô de
Cr/(1+eo), onde Cr é o índice de recompressão, S.Paulo, 1989)
situaram-se na faixa de 0,006 a 0,037, com
média de cerca de 0,02 (Cr/Cc~10%). Final- Aluviões
%Argila %Silte %Areia c´(kPa) f´a
mente, constatou-se que 84% dos Cv foram Quaternários
superiores a 10-3 cm2/s (ver a Tabela 8). Orgânico-
17 a 52 11 a 34 21 a 70 5,0 15
preto
A observação de aterros instrumentados
Orgânico
em Santo André (várzea do Tamanduateí), cinza-escuro
24 a 32 10 a 30 38 a 66 8,0 20
Barra Funda (várzea do Tietê) e no trecho Amarelo 34 18 a 24 35 a 48 5,0 28
Carrão-ltaquera, já citado, permitiu definir
(Ferreira et alii, 1989) a compressibilidade
dos aluviões de uma maneira genérica, sem
a possibilidade de distingui-la ao longo de 4 INSERÇÃO DE NOVOS DADOS
toda a camada, através de sua granulometria
ou cor. Tal definição se fez por meio de cur- Na sequência serão analisados novos da-
vas de distribuição de frequências acumula- dos sobre os solos da bacia sedimentar de
das dos valores de Cc/(1+eo), Cv e Caε, que S. Paulo, nos contextos dos objetivos deli-
permitiram construir a Tabela 8. Os parâme- neados no item 2, e dos conhecimentos até
tros de campo devem ser entendidos como 1992, sintetizados no item 3.
“equivalentes”, isto é, supondo solo “homo-
gêneo” e adensamento unidimensional, com
fluxo de água vertical. 4.1 Resistência não drenada e deformabili-
dade
Tabela 8: Parâmetros de adensamento- Aluviões Um dos parâmetros a ser apresentado neste
Quaternários item é o módulo cisalhante (G), que relacio-
na a variação da tensão cisalhante com a de-
Retroanalisa- formação (distorção). O
Parâmetro Laboratório
dos de obras
<0,15 em 74% <0,22 em 74%
Cc/(1+eo)
dos casos dos casos
>5x10-3 em
78% dos casos >1x10-3 em 84%
Cv(cm2/s eg)
>10 x 10-3 em dos casos
40% dos casos
<3,0 em 94% não
Caε (%)
dos casos determinados

A título de ilustração, tomando-se Cv de


5.10-3 cm2/s e uma camada de 4 m de solo
mole, com drenagem no topo e na base, seriam
necessários cerca de 100 dias para que ocorres-
se 95% do adensamento; para um Cv 5 vezes
menor, este tempo passaria para 500 dias.
Ensaios triaxiais CU (R), realizados so-
bre amostras extraídas do trecho Itaquera-
-Guaianazes, permitiram definir parâmetros
de resistência conforme o tipo de aluvião,
diferenciado pela cor (veja-se a Tabela 9).
Parâmetros de resistência obtidos por retro-
-análise de duas áreas rompidas confirma-
ram estes valores. Figura 9 - Variação do módulo cisalhante (G) e da
relação entre G e G0.1, em função da deformação

116
módulo G independe da condição de drena- de argila rija variegada (T1) e o taguá (T2
gem da solicitação, mas é função do nível a T9), que serão detalhados adiante. Os va-
de deformação no qual é obtido. É o que lores de G apresentados neste trabalho são
ilustra a Figura 9, referente a ensaios com o associados à deformação de 0,1% (G0.1), a
pressiômetro autoperfurante (Camkometer) menos que explicitado de outra forma.
no Ibirapuera, envolvendo camada superior

Figura 10 - Perfil geotécnico, valores de SPT e parâmetros obtidos por meio do pressiômetro (Camkometer) e ensaios “cross
hole” na região da Av. Paulista (Complexo Hospitalar Beneficência Portuguesa. Dados extraídos de Sampaio Jr. 2003).

4.1.1 Ensaios na região na Av. Paulista Porosa Vermelha, quando comparados com
a camada subjacente, de Argila Rija Verme-
A Figura 10 apresenta resultados de ensaios lha. Também são apresentados na Figura 10
pressiométricos, “cross hole” e SPT, feitos dados obtidos por meio do ensaio de “cross
na região da Av. Paulista, onde ocorrem as hole” que fornece o G0. Observa-se que o mó-
argilas vermelhas, porosas e rijas, que aflo- dulo cisalhante G0.1 obtido pelo pressiômetro
ram em cotas tão altas quanto 810 (ver a Fi- é aproximadamente 50% menor do que o G0.
gura 1). Os ensaios foram realizados para a Este comportamento é consequência do ní-
ampliação do complexo hospitalar da Bene- vel de deformação mobilizada, como ilustra
ficência Portuguesa, na Rua Martiniano de a Figura 9. Os dados sobre a resistência não
Carvalho, e analisados por Sampaio Jr. drenada (su) mostram valores pouco acima de
(2003). 100kPa para a Argila Porosa (SPT da ordem
Os ensaios foram executados em três ní- de 5) e pouco abaixo de 200 kPa para as Ar-
veis, utilizando o Camkometer. Observa-se gilas Rijas. Tendências de variação de G0.1 e
que tanto o SPT como os demais parâmetros su com o SPT são apresentadas na Figura 11.
são menores na camada superior, de Argila

Figura 11 – Tendências de variação do G0.1 e de su com o SPT. Ensaios com o Camkometer na Av. Paulista (Argilas
Vermelhas) e na Vila Madalena (Solos Variegados) (Pinto e Abramento 1998)

117
Figura 12 – Colapso em função do carregamento e nível de sucção inicial (reproduzido de Marinho et al. 1998).

Figura 13 - Perfil geotécnico, valores de SPT e parâmetros obtidos por meio do pressiômetro (Camkometer) na região
estação Sumaré do Metrô. Dados extraídos de Pinto (1998).

A camada superior de Argila Porosa kPa. Salienta-se, no entanto, que para níveis
Vermelha, encontrada na região da Avenida mais baixos de pressão o colapso é inferior
Paulista, apresenta comportamento colapsí- a 4%. Os resultados apresentados na Figura
vel quando associado a carregamento e inun- 12b mostram que um eventual ressecamento
dação. Nas Figuras 12a e 12b, reproduzidas pode induzir maior colapso.
de Marinho et al. (1998) estão apresentados
resultados de ensaios de laboratório reali-
zados em amostra indeformada retirada em 4.1.2 Ensaios na região da Vila Madalena
um poço localizado na esquina da Rua Bela – Poço Juatuba, Estação Sumaré do
Cintra com a Alameda Santos, a 4m do ní- Metrô de SP
vel da rua (cota aproximada 810m). O ma-
terial ensaiado possuía 76% de teor de argila Ainda tomando como referência a Figura 1
e limites de liquidez e plasticidade iguais a são apresentados dados de solos variegados,
67% e 43%, respectivamente. Os resulta- num local onde a superfície encontra-se na
dos indicam que o máximo colapso ocorre cota 795, mais precisamente, na esquina das
para uma pressão de aproximadamente 700 ruas Votuporanga e Taboão, no Bairro de
118
Vila Madalena. O perfil geotécnico apresen- 4.1.3 Ensaios no Ibirapuera
tado na Figura 13, elaborado com dados de
Pinto (1998), mostra as alternâncias entre Aproximadamente na cota 752m encontra-
camadas de areias e argilas, típicas desta -se uma camada de argila variegada, rija, so-
formação, sem a camada superior de argila brejacente a uma camada de areia compacta,
vermelha porosa. que por sua vez se sobrepõe a argila rija e
Além da variação do SPT com a profun- dura cinza-esverdeada (taguá). Este perfil,
didade a Figura 13 apresenta os parâmetros apresentado na Figura 14, revela pouca va-
obtidos por meio do ensaio pressiométrico riação do SPT com a profundidade, exceto
(Camkometer). Estes parâmetros, a saber, su, no que se refere à camada de areia, entreme-
G0.1 e Plim, conformam-se com a consistência ando as duas camadas de argilas rijas.
e a compacidade das diferentes camadas de Neste local foram feitos ensaios Pres-
argilas e areias, que se sucedem em profun- siométricos com o Camkometer, sendo um
didade, no mesmo padrão da Figura 6. na base da camada de argila variegada e os
A Figura 11 mostra as tendências de va- outros no taguá. Observa-se que o valor de
riação do G0.1 e do su com o SPT, e permite K0, obtido para a argila rija variegada, foi da
um confronto com as Argilas Vermelhas da ordem de 3,5, sendo os valores da camada
Av. Paulista. Em particular, para o G0.1 há de argila cinza-esverdeada da ordem de 2
uma proximidade entre as correlações. a 3. Ademais, os gradientes de crescimento
entre as profundidades de 12 e 15m, tanto da
rigidez quanto da resistência, revelaram-se
muito elevados. Tais constatações,

Figura 14 - Perfil geotécnico, valores de SPT e parâmetros obtidos por meio do Camkometer na
região do complexo viário Ayrton Sena, próximo ao poço Pedro Álvares Cabral (Ibirapuera). Dados
extraídos de Pinto e Abramento (1998).

Figura 15 – Tendências de variação do G0.1 e de su com o SPT. Ensaios com o Camkometer (Pinto e Abramento 1998)

119
conforme salientam Pinto e Abramento (1998),
não confirmariam a interpretação dos proces-
sos geológicos da região por simples carrega-
mento seguido de erosão, sendo provavelmen-
te decorrentes de fenômenos mais complexos.
Estes autores fizeram duas conjecturas: a) de-
posição de agentes cimentícios, mais intensa
nas partes inferiores da camada de taguá; ou b)
perda parcial do elevado pré-adensamento, nas
suas partes superiores, por efeito de deforma-
Figura 16 – G0.1 em função da resistência não drenada ções lentas. Teriam amolecido?
(su). Ensaios Pressiométricos (Camkometer) A Figura 15 mostra tendências semelhan-
tes de variação de G0.1 e su com o SPT, sem
distinção do tipo de solo, com dispersão. Mas,
surpreendentemente, a correlação linear entre
G0.1 e su foi excelente (ver a Figura 16). O mó-
dulo de deformabilidade tangente inicial (Ei)
foi obtido por meio de correlação direta com
o G0.1, admitindo-se um coeficiente de Poisson
de 0,5 (e.g. Pinto e Abramento, 1998). A Figura
17 mostra a sua variação com a profundidade
e, a Figura 18, a boa correlação linear com su,
também sem distinção do tipo de solo (argila
variegada ou taguá). De interesse mais prático
é a correlação da Figura 19, entre o Ei e o SPT.

4.1.4 Ensaios na região da Estação Saco-


mã do Metrô de S. Paulo
Figura 17 – Ei em função da profundidade. Ensaios Ensaios dilatométricos (DMT) e de palheta
Pressiométricos (Camkometer) (Vane Tests) foram realizados na região da
Estação Sacomã do Metrô, cujos resultados
foram apresentados por Negro et al. (2012).

Figura 18 – Ei em função da resistência não drenada


(su). Ensaios Pressiométricos (Camkometer)

Figura 20: Carta de Plasticidade – (a) Aluviões Quater-


Figura 19 – Ei em função do SPT. Ensaios Pressiométri- nários e (b) Taguá. Reproduzido de Negro et al (2012)
cos (Camkometer)

120
Figura 21: Índice de Atividade – (a) Aluviões Quaternários e (b) Taguá. Reproduzido de Negro et al (2012)

Figura 22 – Parâmetros obtidos em ensaios DMT e palheta na região da Estação Sacomã. Dados de Metrô
SP (2007)

Figura 23: Relação entre o K0 e a OCR – (a) Aluviões Quaternários e (b) Taguá. Dados de DMTs extraídos de Metrô
SP (2007)

121
No local existem dois horizontes distin- por Marchetti (1980 e 1997). Para os aluvi-
tos, constituídos de aluviões Quaternários ões Quaternários as resistências não drena-
sobrepostos a depósitos do Neógeno, da For- das (su) dos VTs variaram entre 10 e 40kPa,
mação Resende, caracterizados, principal- aproximadamente, cifras estas superiores às
mente, por argilas siltosas muito duras, lo- obtidas pelos ensaios DMT, que variaram de
calmente conhecidas como taguá, com SPT 5 a 30kPa, aproximadamente; essa diferença
entre 18 e 100. O taguá pode apresentar-se será justificada mais adiante. Os dois DMTs
fissurado (item 3.3), condição não encontra- penetraram alguns metros no taguá amoleci-
da no local. Negro et al. (2012) constataram do, mostrando cifras muito diferentes entre
a presença de lentes isoladas de areia com- si (Figura 22), de 100 a 450kPa (DMT-1)
pacta, confirmando observação de Cozzoli- e de 100 a 350kPa (DMT-2), indicando he-
no (1980), citada anteriormente. terogeneidade. Além disso, os gradientes de
O depósito de aluvião Quaternário, com crescimento da resistência com a profundi-
cerca de 10m de espessura, resultou da depo- dade são elevados, o que confirma as obser-
sição do rio Tamanduateí, próximo ao local, vações de Pinto e Abramento (1998) sobre
compreendendo argilas siltosas orgânicas a argila rija e dura esverdeada (taguá) do
muito moles a médias (SPT entre 0 e 8), com complexo viário Ayrton Sena (Ibirapuera),
lentes de areias argilosas, pouco compactas, mencionadas acima.
dispostas aleatoriamente. O nível d’água foi As Figuras 23a e 23b mostram os va-
localizado próximo à superfície. Os aluviões lores de K0 em função da OCR, estimados
Quaternários são muito heterogêneos, apre- com base nos DMTs. Os excelentes ajustes
sentando variações do limite de liquidez (wl) são consequência da forma como estes parâ-
entre 18% e 64% e do índice de plasticidade metros são determinados: ambos são função
(Ip) de 6% a 30% (Figura 20a); estas cifras do índice de tensão horizontal KD do DMT,
ampliam as faixas de variação da Tabela 7 e embutem correlações empíricas propostas
para o wl, por incluir solos mais arenosos. A por Marchetti (1980), Lunne et al. (1990) e
atividade coloidal das frações finas revelou- Kamei et al. (1995).
-se ser baixa, com valores predominante- Para o aluvião Quaternário, em função
mente entre 0,3 e 0,5 (Figura 21a). do tipo de solo, foram usadas as correlações
Os solos do Neógeno apresentaram-se, de Marchetti (1980), tanto para o K0 quanto
em sua maior parte, como siltes inorgânicos para o OCR. Vê-se na Figura 23a que o K0
ou argilas inorgânicas de média a alta plasti- assumiu valores entre 0,5 e 1,2, associados
cidade (wl entre 22 e 80% e Ip entre 7 e 35%); a OCRs de 1 a cerca de 6. Este intervalo de
do mesmo modo, estas cifras ampliam as fai- OCRs é consistente com o que foi observado
xas de variação da Tabela 5, tanto para o wl na linha Oeste do Metrô (item 3.5). Ademais,
quanto o Ip. Os pontos obtidos se situaram, a expressão indicada na Figura 23a é muito
na maioria dos casos, abaixo da Linha A no próxima da que tem sido obtida para argilas
Gráfico de Casagrande (Figura 20b). A ativi- litorâneas brasileiras, através de outros tipos
dade coloidal revelou valores entre 0,3 e 1,2, de ensaios, inclusive laboratoriais (Massad,
mas com nítida predominância entre 0,3 e 2009); a ela está associada um f´=25,5º pela
0,5 (Figura 21b). Fato intrigante, observado fórmula de Parry, citada por Almeida (1982).
por Negro et al. (2012), refere-se à camada Para o taguá amolecido, a curva inferior
de taguá amolecido, com espessura de 4,0 m da Figura 23b mostra valores de K0 em fun-
a 7,0 m, com SPTs inferiores a 30. Abaixo do ção de OCR, estimados pelas correlações de
taguá amolecido estes autores notaram valo- Marchetti (1980), válidas para argilas não
res de SPT crescentes com a profundidade, cimentadas. Para “cemented-aged-struc­
atingindo até 80 golpes. É bastante sugesti- tured clays” essas correlações superestimam
va esta observação, que vem de encontro a os OCRs, como enfatizaram Marchetti et
uma das conjecturas feitas por Pinto e Abra- al. (2001). A curva superior refere-se a es-
mento (1998), apresentada anteriormente, a timativas de K0 e de OCR pelas correlações
propósito dos ensaios com Camkometer no de Lunne et al. (1990) (para su/s´vo>0,8) e
Ibirapuera. Kamei et al. (1995), respectivamente. Ela
A Figura 22 mostra resultados de DMTs se aproxima dos valores obtidos por Pinto
e Vane Tests (VTs) realizados no local; os e Abramento (1998) nos ensaios pressiomé-
parâmetros dos DMTs foram determinados tricos (Camkometer) no taguá do Ibirapuera
pelas correlações propostas originalmente (Figura 23b), em que os K0 foram medidos

122
(Figura 14) e os OCRs foram estimados com Seguindo raciocínio semelhante, mas
base em relação entre os su, s´p e s´vo. Seria com dados dos ensaios pressiométricos (Ca-
essa uma indicação de que o taguá sofreu al- mkometer), executados no Ibirapuera, Pinto
gum tipo de cimentação? Mas, pelo menos, e Abramento (1998) estimaram, para o ta-
é certo que os elevados valores de K0, entre guá, pressões de pré-adensamento no inter-
1,5 e 3,0, são consequência de seu acentuado valo de 300 a 4800 kPa, valores bem mais
sobre-adensamento. elevados que os indicados acima.
Com os valores dos OCRs e das densida- Novamente estas cifras, tanto de s´p quan-
des dos solos, obtidas através dos DMTs, foi to de su, denotam as heterogeneidades, tanto
possível estimar faixas de variação das pres- do aluvião quanto do taguá, e ampliam as fai-
sões de pré-adensamento, como seguem: xas de variação indicadas nas Tabelas 5 e 7.

a. para o aluvião Quaternário, de 25 a 140


kPa; e
b. para o taguá amolecido, de 300 a 3.000
kPa.

Figura 24: Módulos tangentes iniciais (Ei) estimados a partir dos (a) DMT-1 e (b) DMT-2 - Dados de Metrô SP (2007).
Comparações com resultados similares obtidos com o pressiômetro Camkometer-Ibirapuera (Dados extraídos de Pinto
e Abramento, 1998)

Figura 25: Módulos tangente iniciais (Ei) dos DMTs e SPT: (a) DMT-1 e (b) DMT-2 - Dados de Metrô SP (2007).
Comparações com resultados similares obtidos com o pressiômetro Camkometer-Ibirapuera (Dados extraídos de Pinto
e Abramento, 1998)

123
Figura 26: Módulos tangente iniciais (Ei) em função de su: (a) DMT-1 e (b) DMT-2 - Dados de Metrô SP (2007).
Comparações com resultados similares obtidos com o pressiômetro Camkometer-Ibirapuera (Dados extraídos de Pinto
e Abramento, 1998)

Figura 27: Módulos tangente iniciais (Ei) em função de s´P: (a) DMT-1 e (b) DMT-2 - Dados de Metrô SP (2007).

Figura 28: Resistência não drenada (su) dos DMTs em função do SPT: (a) DMT-1 e (b) DMT-2 - Dados de Metrô SP
(2007). Comparações com resultados similares obtidos com o pressiômetro Camkometer (Dados extraídos de Pinto
e Abramento, 1998)
124
Figura 29: Resistência não drenada (su) e pressão de pré-adensamento: Dados de IPT (<1980) e do Metrô SP (2007).

Em termos de rigidez, a Figura 24 con- Já as Figuras 29a e 29b revelam que exis-
firma a grande heterogeneidade dos aluviões te uma relação linear entre a resistência não
Quaternários e do taguá amolecido. Os mó- drenada dos DMTs, determinada pela corre-
dulos tangentes iniciais (Ei) foram estimados lação proposta por Marchetti (1980 e 1997),
com base nos DMT-1 e DMT-2 usando as e a pressão de pré-adensamento, tanto para
relações Ei=F. ED, onde ED é o Módulo Dila- os aluviões Quaternários quanto para o taguá
tométrico de Marchetti e F é um coeficiente amolecido, da região da Estação Sacomã.
de proporcionalidade empírico. Adotou-se, Como as estimativas das propriedades dos so-
segundo Robertson et al. (1989), F=10, para los com base nos parâmetros intermediários
solos coesivos, e F=2, para areias; para os (ID, KD e ED) do DMT são feitas com o recurso
siltes tomou-se um valor médio, isto é, F=6. de correlações empíricas, há uma preocupa-
Uma comprovação do acerto destas escolhas ção em validá-las com dados obtidos de outra
encontra-se nas Figuras 25 e 26, que mostram forma, como aliás foi recomendado pelo TC
uma razoável a muito boa concordância dos 16 (Marchetti et al., 2001). É o que mostra
Ei, assim calculados, com os valores obtidos a Figura 29a para os aluviões Quaternários:
com o Camkometer no Ibirapuera, conforme os dados do IPT, anteriores a 1980 (Massad,
apresentados nas Figuras 17 a 19. A 10m de 1980), foram obtidos através de ensaios de
profundidade (camada de taguá amolecido) compressão simples e de adensamento. Como
os módulos foram superiores a 200 MPa, era de se esperar, os su da compressão simples
como foi observado por Negro et al. (2012). são inferiores aos obtidos através dos DMTs,
A Figura 27 mostra correlações entre o Ei mas a tendência de variação com a pressão de
e a pressão de pré-adensamento (s´p) para o pré- adensamento é linear. Trabalhando com
taguá. Neste contexto, relações do tipo Ei/s´p os valores médios dos su dos Vane Tests (VT-1
variaram no intervalo de 80 a 500, com mé- e VT-2), executados na região da Estação Sa-
dia de 176. Essa cifra foi lançada na Tabela 4 comã (ver a Figura 22), a relação su/s´p passa
e permite confrontar com valores atribuídos a ser da ordem de 33. Como os su dos DMTs
aos outros tipos de solos da bacia sedimentar foram obtidos por expressão que recorre à
de S. Paulo. fórmula de Mesri, não haveria necessidade de
Numa aproximação grosseira, pode-se sua correção para uso em cálculos de estabi-
escrever Ei/su=1.200, mas com faixa de va- lidade. Para os su dos Vane Test, a correção
riação de 750 a 1700, o que mostra a eleva- de Bjerrum leva a su/s´p=0,33*0,8=0,26. Na
díssima rigidez do taguá quando comparada Figura 29b, envolvendo o taguá amolecido, a
com a dos outros solos sedimentares da Ba- relação su/s´p foi de 0,17 para os DMTs do
cia de S. Paulo, apresentados na 2ª coluna Sacomã validado por 0,18 para o Camkome-
da Tabela 3. ter do Ibirapuera.
A Figura 28 mostra correlações de inte- Segundo Negro et al. (2012) ensaios de
resse mais prático, de su em função do SPT, e piezocones (CPTUs) forneceram estimativas
confirma a razoável a muito boa concordân- da resistência não drenada dos solos coeren-
cia com os valores obtidos com o Camkome- tes com as obtidas pelos ensaios de palheta.
ter no Ibirapuera. Ademais, ensaios de dissipação de poropres-

125
sões, executados entre as profundidades de Estando o aterro de resíduos com uma
6 e 11m, indicaram valores dos coeficientes altura de cerca de 5m, com as pressões neu-
de adensamento horizontal (Ch) da ordem tras dissipadas, resolveu-se construir adicio-
de 2.10-2 cm²/s, na parte basal da camada nalmente um aterro experimental de 2m de
de aluvião Quaternário; e da ordem de 10-3 altura. A análise do desenvolvimento dos
cm²/s, no taguá amolecido. recalques indicou um coeficiente de adensa-
Valores da coesão efetiva (c´) do taguá, mento (Cv) equivalente (isso é, supondo solo
obtidas de ensaios realizados para a Linha 4 homogêneo e fluxo vertical), com drenagem
do Metrô, foram correlacionados com o SPT no topo e na base, da ordem de 9.10-3 cm2/s,
por Negro et al. (2012), conforme apresenta- cifra essa consistente com os dados da Tabe-
do na Tabela 10. Essas cifras ampliam a faixa la 8. Ensaios de dissipação de pressões neu-
de valores apresentadas na Tabela 5. Os valo- tras medidos em 3 CPTUs, executados no
res de f´a foram da ordem de 20 a 23º, consis- local, indicaram valores de Cv entre 10.10-3
tentes com os dados obtidos antes de 1992. cm2/s e 5.10-2 cm2/s, com média de 12.10-3
cm2/s. Uma questão interessante levantada
Tabela 10: Valores da coesão efetiva do taguá pelos autores refere-se à condição das lentes
de areia, se são drenantes ou oclusas. O tema
SPT 10-20 15-25 25-40 SPT>40 merecerá, seguramente, pesquisas no futuro.
c’ (kPa) 50 75 100 150

4.2.2 Ribeirão Embu Mirim - Ro­doanel


4.1.5 Ensaios de Palheta no Rodoanel de SP
No trecho sul do Rodoanel Mário Covas fo-
Vane tests foram realizados em aluviões ram construídos diversos aterros, com até
Quaternários de um braço da Represa Billin- 15m de altura, sobre solos moles (aluviões
gs, no contexto do projeto do trecho Sul do Quaternários) da bacia fluvial do Ribeirão
Rodoanel Mário Covas, na interligação com Embu Mirim (Municípios de Embu e Itape-
a Rodovia dos Imigrantes. cerica da Serra), com espessuras de até 12m.
De acordo com Nogueira (2010), os re- Onze aterros foram instrumentados, o que
sultados de Vane Tests, feitos em 3 locais, possibilitou a determinação de parâmetros
indicaram a existência de dois horizontes de de compressibilidade e dos coeficientes de
solos moles, com resistências distintas. O adensamento equivalentes (Cv) in situ.
primeiro, mais superficial, até cerca de 3,5m A Tabela 11 apresenta uma síntese dos
de profundidade, com su na faixa de 6 a 17 resultados obtidos (Castro et al., 2010-a), em
kPa. O segundo, entre 4 e 6m, com su va- confronto com os valores de projeto, adota-
riando de 20 a 50 kPa, tornando manifesta, dos após campanha de ensaios de laboratório
novamente, a sua heterogeneidade. e de CPTUs (Castro et al., 2010-b).

Tabela 11: Parâmetros dos Aluviões Quaterná-


4.2 Determinação do Cv dos solos Quaterná- rios – Rodoanel
rios, por meio de aterros em escala real
Instrumentação
4.2.1 Aterro Experimental em Perus Parâmetro Projeto de Aterros
Média Intervalo
Em Perus, na Zona Norte da Cidade de São
Cc/(1+eo) 0,22 >0,15 >0,11 a 0,35
Paulo, nas imediações da Serra da Cantareira,
9x10-3 a
um aterro de resíduos inertes da construção Cv cm²/s 5x10-3 4x10-2
6x10-2
civil estava sendo alteado e monitorado com Caε (%) - 2,0 0,5 a 3,0
medidas de recalques e de pressões neutras.
Segundo Camargo et al. (2008) ocorria Analisando-se a Tabela 11 conclui-se
no local um aluvião do Quaternário, constitu- que o Cv de campo, equivalente no sentido
ído de argilas siltosas, pretas a cinza-escuras, indicado acima, resultou, em média, 8 vezes
muito moles, com intercalações de finas ca- maior do que o valor de projeto, que foi o
madas de areia fofa. O aluvião, com 8m de limite inferior em 78% dos casos de obra do
espessura máxima, estava sobreposto a alte- Metrô de S. Paulo, como mostra a Tabela 8.
ração de rocha. Nesta tabela está indicado um limite inferior

126
de 10x10-3 cm2/s em 40% dos casos, em con- “secular”, como mostraram os ensaios de
fronto com praticamente 100% da Tabela 11. Feliciani e Pinto (1989) e os dados de cam-
O valor de Cc/(1+eo) de 0,22, adotado no po sobre o comportamento de fundações
projeto do Rodoanel, situa-se no intervalo (Vargas, 1954 e Vargas e Moraes, 1989),
indicado na Tabela 4. Já o valor retro-anali- mencionados anteriormente. E mais, se-
sado ficou prejudicado pela hipótese de que gundo Cozzolino (1996), uma sondagem na
as argilas moles eram normalmente adensa- Av. Prestes Maia revelou camada profunda
das, como, de resto, foi destacado por Castro de areia fofa, até a cota 660, com poucas e
et al. (2010-a). delgadas intercalações de argila siltosa dura,
cinza esverdeada; ocorrência semelhante, de
argilas médias a rijas, já havia sido mencio-
4.2.3 Região da Billings - Rodoanel nada por Vargas (1954) e constatada na Av.
Ainda no trecho Sul do Rodoanel Mário Ipiranga por Machado (1963). Este último
Covas, na interligação com a Rodovia dos aspecto reforçaria ainda mais a dependência
Imigrantes, Nogueira (2010) analisou o dos recalques em relação ao tempo, envol-
comportamento de aterros sobre solos moles vendo, ademais, o adensamento secundário
(aluviões Quaternários) de braços da Repre- das delgadas camadas de argila.
sa Billings. Interessam ao presente estudo os Outro aspecto interessante do artigo de
casos de aterros com sobrecarga e sem dre- Vargas et al. (1998) refere-se à grande he-
nos verticais, que atingiram alturas entre 8 terogeneidade das areias basais, que podem
e 14m, em locais com espessuras de solos ocorrer tanto no estado fofo, com SPTs de 2
moles variando de 1,2 a 3,6m. a 6 golpes e resistências de ponta do CPT de
Os valores retro-analisados dos Cv 200 (apud Machado, 1963) a 300 kPa (apud
equivalentes situaram-se na faixa de 4 a Teixeira, 1970), quanto mais compacto, com
11.10-3cm2/s, com média de 8.10-3cm2/s. Es- SPTs até 36 golpes. Nas palavras de Vargas
tes últimos dados indicam um limite inferior e Moraes, “isto faz supor (mas não há con-
de Cv da ordem de 5.10-3 cm2/s. firmação dessa hipótese) que, nesses locais
(centro da cidade) as areias se disporiam
em dois horizontes: um superior, de compa-
4.3 A questão do “creep” das areias basais cidade fofa, e outro inferior, mais compac-
e sua heterogeneidade to, abaixo da cota 730”. E acrescentam: “é
possível que só essa camada inferior seja de
Vargas et al. (1998) retomaram a questão areias basais, sendo a camada superior, mais
do “creep” ou adensamento secundário das fofa, pertencente às camadas intermediá-
areias basais da cidade de S. Paulo. rias”, isto é, aos solos variegados.
Com base em experimentação laborato- Em complemento a essa conjectura e
rial, em que se simulou a sua formação, e tendo em vista que a densificação de areias
em dados do monitoramento de recalques de ocorre de forma mais eficiente através de vi-
edifícios da cidade de S. Paulo, estes autores brações, traz-se à baila observação de Ricco-
concluíram que o comportamento das areias mini e Coimbra (1992) de que depósitos da
basais é determinado por dois aspectos: Formação Resende, o que incluiria as areias
a. primeiro, pela óbvia predominância dos basais, devem ter ocorrido em estreita asso-
grãos de areia, do que resulta baixos ín- ciação com zonas de falhas tectonicamente
dices de vazios (ver a Tabela 6) e peque- ativas durante a sedimentação. Na mesma
na compressibilidade imediata; e linha de raciocínio, mas em direção opos-
b. segundo, mesmo com pequenas frações ta, Cozzolino (1996) associou a presença
de partículas com φ<2µ, os contatos se das areias basais fofas à reativação tectôni-
fazem também por meio da fração argilo- ca de falhas sob os sedimentos da Bacia de
sa. Em trabalho de meados da década de S. Paulo. Pois, nas suas palavras, “os locais
1990, após examinar centenas de sonda- de ocorrência das areias basais fofas se ali-
gens feitas ao longo de linhas do Metrô, nhavam perfeitamente com os pontos onde
Cozzolino (1996) faz menção a teores de existiam sedimentos terciários hidroterma-
argila na faixa de 4 a 22%, portanto su- lizados (litificados) e camadas de argilas
periores às cifras indicadas na Tabela 6. siltosas rompidas e rebaixadas”. A rigor, os
O segundo aspecto tornaria as deforma- dois efeitos podem ter ocorrido concomitan-
ções viscosas, isto é, dependentes do tempo temente, isto é, a densificação de camadas

127
mais profundas de areias basais, confinadas 5.1 Coeficientes de empuxo em repouso
pelo peso das camadas superficiais, que, (K0) e pressões de pré-adensamento
estas sim, teriam sofrido um processo de
afofamento. No caso das areias basais pre- A correlação entre K0 e a OCR (Tabela 12),
encherem antigos paleovales profundos, fato obtida através dos DMTs, foi excelente para
relatado por Cozzolino (1996), efeitos de os aluviões Quaternários, com coeficiente
arqueamento podem ter reduzido as tensões de correlação (R) de 99,6%. Para o aluvião
de confinamento, propiciando também o seu Quaternário, o K0 assumiu valores entre 0,5
afofamento perante vibrações. e 1,2, associados a OCRs de 1 a cerca de 6;
este intervalo de OCRs é consistente com
o que foi observado antes de 1992. Para o
taguá amolecido, os elevados valores de K0,
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS entre 1,5 e 3, indicados pelos DMTs na Es-
tação Sacomã, são devidos ao seu acentuado
Após 1992, as novidades sobre a resistência sobre-adensamento e são da mesma ordem
e a deformabilidade dos solos do Neógeno/ de grandeza dos obtidos com o Camkometer
Paleógeno e do Quaternário da Cidade de no Ibirapuera por Pinto e Abramento (1998).
São Paulo provieram: Faixas de variação das pressões de pré-
-adensamento, obtidas com os DMTs e o

Tabela 12: Resumo de algumas correlações recentes, obtidas através de ensaios modernos (Camkometer,
DMT e Vane Test)

a. dos modernos ensaios in situ, como o Camkometer, foram de 25 a 140 kPa, para o
Camkometer, o DMT e mesmo o Cross aluvião Quaternário, e de 300 a mais de 4.000
Hole; e kPa para o taguá amolecido. Estas cifras de-
b. da monitoração de aterros sobre solos notam as heterogeneidades desses solos e am-
moles, em escala real, isto é, ensaios em pliam as faixas de variação anteriores a 1992.
verdadeira grandeza.

Esses ensaios permitiram estimar, ao 5.2 Rigidez e Resistência não drenada


longo das profundidades de alguns tipos de Face à heterogeneidade das diversas cama-
solos da Formação São Paulo: das de solos, algumas das correlações com o
SPT, apresentadas na Tabela 12, representam
a. o coeficiente de empuxo em repouso (K0) mais uma tendência de variação e devem ser
e as pressões de pré-adensamento; empregadas com cautela. Em particular, cha-
b. a rigidez (G0.1 e Ei) e a resistência não ma-se a atenção para a proximidade dos G0.1
drenada (su); e das argilas vermelhas e dos solos variegados
c. o coeficiente de adensamento primário Cv. em termos relativos aos SPT; no entanto, em
termos absolutos, os solos variegados são
em geral mais rígidos, com SPTs maiores.

128
Variações dos módulos de deformabi- ões Quaternários, medidas de recalques em
lidade e da resistência com a profundidade aterros instrumentados do Rodoanel indica-
foram apresentadas em forma gráfica. Para ram as cifras da Tabela 12. Note-se que elas
o caso específico das argilas cinza-esverde- são os limites inferiores das faixas de varia-
adas (taguá) elas levantam questão, ainda ção obtidas em duas regiões: Embu Mirim
sem uma resposta cabal: trata-se dos eleva- e Billings e são superiores aos valores indi-
dos gradientes de variação destes parâme- cados na Tabela 8. Para a região de Perus, a
tros com a profundidade, que não encontram cifra obtida se aproxima do limite inferior de
respaldo na interpretação dos processos ge- Embu Mirim. Estas diferenças devem ser atri-
ológicos da região por simples carregamen- buídas à grande heterogeneidade das camadas
to seguido de erosão, sendo provavelmente de solos moles e às dificuldades em definir
decorrentes de fenômenos mais complexos. com clareza as suas alturas de drenagem.
Trabalhando com o Camkometer no Ibira-
puera, Pinto e Abramento (1998) fizeram
duas conjecturas: a) deposição de agentes 5.4 Sobre as questões envolvendo as Areias
cimentícios, mais intensa nas partes mais basais
profundas do taguá; ou b) perda parcial do Finalmente, uma questão que ganhou um
elevado pré-adensamento, nas suas partes impulso na direção de sua solução refere-se
superiores, por efeito de deformações lentas. ao “creep” das areias basais. Ensaios labo-
Essa última conjectura teria, aparentemente, ratoriais, simulando em parte sua formação,
sugerido a Negro et al. (2012) nomear a par- aliados a conhecimentos sobre os teores de
te superior do taguá da Estação Sacomã com argila e dos índices de vazios embasaram a
o nome “taguá amolecido”, com SPTs abai- conjectura de que, mesmo com pequenas fra-
xo de 30 golpes, em contraposição a SPTs ções de partículas com φ<2µ, os contatos se
crescentes com a profundidade, atingindo fazem também por meio da fração argilosa.
até 80 golpes, a maiores profundidade. Daí a dependência dos recalques em relação
Numa aproximação grosseira, pode-se ao “tempo secular”, observado de longa data
escrever Ei/su=1.200 para o taguá, mas com em edifícios fundados nas areias basais, sem
faixa de variação de 750 a até 1700, o que descartar a ocorrência simultânea de adensa-
mostra tanto a elevadíssima rigidez do ta- mento secundário, pois camadas delgadas de
guá amolecido, quando comparada com a argilas podem entremeá-las.
dos outros solos sedimentares da Bacia de Outra questão interessante sobre essas
S. Paulo (Tabela 3), divulgados por Massad areias refere-se à sua grande heterogeneidade,
et al. (1992), quanto a sua heterogeneidade. que levou Vargas et al (1998) a conjecturar
Relações do tipo su/s´p (Ver a Tabela 12) sobre a existência de dois horizontes, um su-
para os aluviões Quaternários, obtidas através perior, de compacidade fofa, e outro inferior,
dos DMTs em Sacomã, revelaram cifras de mais compacto, abaixo da cota 730. E acres-
0,20 enquanto os Vane Tests indicaram 0,33 centaram: “é possível que só essa camada in-
e ensaios de compressão simples, executados ferior seja de areias basais, sendo a camada
pelo IPT antes de 1980, apontam para um superior, mais fofa, pertencente às camadas
valor 0,15. Estas diferenças são compreensí- intermediárias”, isto é, aos solos variegados.
veis, pois a referida relação depende do tipo Essa hipótese precisa de confirmação e deve
de ensaio e da forma como são interpretados. levar em conta a ação de tectonismo durante a
Por exemplo, os su dos DMTs foram obtidos formação das areias basais, conjectura essa que
por expressão que recorre à fórmula de Mesri; já havia sido aventada por Cozzolino (1996).
os su dos Vane Tests precisam da correção de
Bjerrum. Para o taguá amolecido de Sacomã,
obteve-se su/s´p=0,17, próxima da cifra de
0,18 obtida com o Camkometer no Ibirapuera. 6 SUGESTÕES PARA A CONTINUIDA-
DE DOS ESTUDOS

5.3 Coeficientes de adensamento primários Como novos ensaios de laboratório e de


(Cv) dos aluviões Quaternários campo serão certamente realizados no futu-
ro, entende-se que os objetivos delineados no
No que se refere aos coeficientes de adensa-
item 2 continuam na ordem do dia: há ainda
mento primários equivalentes (Cv) dos aluvi-
muitas lacunas a serem preenchidas, como a

129
Tabela 12 deixa transparecer, em particular, IA : Ìndice de Atividade ou Atividade
medições do K0 das argilas vermelhas e dos
solos variegados. ID : Ìndice de Material
Acrescentaríamos a necessidade: IP :Índice de Plasticidade
k :Coeficiente de Permeabilidade
a. da monitoração de obras para a validação
KD :Índice de Tensão Horizontal
de parâmetros de ensaios de laboratório e
de campo; Ko :Coeficiente de Empuxo em Repouso
b. da instrumentação mais detalhada de OCR :Relação de Sobre-adensamento (RSA)
depósitos de aluviões Quaternários, sub- Plim :Pressão Limite do Ensaio Pressiométrico
metidos à pressão de aterros, para um
aprofundamento na questão da altura de R :Coeficiente de Correlação de Regressões
drenagem e da condição de camadas de S :Grau de Saturação
areia, se drenantes ou oclusas, para esti- SPT :Número de Golpes para Cravar os 30 cm
mativas mais apuradas do coeficiente de Finais do Amostrador Padrão – N(SPT)
adensamento; e su :Resistência não Drenada
c. de estudos geológicos e geotécnicos para
esclarecer a ocorrência do taguá amo- UU :Ensaio Tri-axial Não Adensado Não
lecido e um aprofundamento nas duas Drenado(Q)
questões envolvendo as areais basais: o VT :Vane Test ou Ensaio de Palheta
seu “creep” e a sua grande heterogenei- w :Teor de Umidade
dade, comportando dois horizontes, com
wl; wP :Limites de Liquidez e de Plasticidade
compacidades totalmente diferentes.
z :Profundidade
η :Porosidade
7 LISTA DE SÍMBOLOS γn :Peso Específico Natural
γo :Peso Específico da Água
A :Teor de areia ε :Deformação Específica
c’ :Coesão Efetiva φ’ :Ângulo de Atrito Efetivo Acima dos Efei-
Cc :Índice de Compressão tos do Pré-adensamento
CPTU :Cone Penetration Test, com Medida de u φ’a :Ângulo de Atrito Efetivo Abaixo dos Efei-
tos do Pré-adensamento
Cr :Índice de Recompressão
σ’c :Pressão Confinante em Ensaios Triaxiais
Ch :Coeficiente de Adensamento Horizontal
σ’p :Pressão de Pré-Adensamento
Cv :Coeficiente de Adensamento Primário
Vertical σ’vf : Pressão Vertical Efetiva Final
Caε :Coeficiente de Adensamento Secundário σ’vo :Pressão Vertical Efetiva Inicial
CU :Ensaio Tri-axial Pré-adensado Não Dre-
nado (R)
DMT :Ensaio Dilatométrico 8 AGRADECIMENTOS
E :Módulo de Elasticidade
O autor manifesta seus agradecimentos a to-
ED :Módulo Dilatométrico (Parâmetro do DMT) dos os que contribuíram para a elaboração
Ei :Módulo de Deformabilidade Tangente deste capítulo, em particular, ao Prof. Fer-
Inicial nando A. M. Marinho, pela sua participa-
E1 :Módulo de Deformabilidade para ε=1% ção ativa no início dos trabalhos, e ao Prof.
Carlos de Sousa Pinto, pelo fornecimento de
E50 :Módulo de Deformabilidade para 50% da
dados valiosos. Agradece também à Bureau
Resistência
de Projetos e à Cia do Metropolitano de S.
eo :Índice de Vazios inicial Paulo, também pela cessão de dados. E à Es-
F :Constante cola Politécnica da USP, pelo apoio incon-
G0 :Módulo de Cisalhamento Inicial dicional à pesquisa e ao desenvolvimento
tecnológico do país.
G0.1 :Módulo de Cisalhamento para ε=0,1%

130
9 REFERÊNCIAS Kamey, T. & Iwasaki, K. (1995). Evaluation of
undrained shear strength of cohesive soils us-
Almeida, M.S.S. 1982. The undrained Behaviour ing a Flat Dilatometer. Soils and Foundations,
of the Rio de Janeiro Clay in the Light of the Vol. 35, No. 2, June, 111-116.
Critical State Theories. Revista Solos and Ro- Küpper, A. M. A. G. 1983: Características de
chas, v. 5 (2): 3-34. tensão-deformação-resistência das argilas
Camargo, V. E. L. B; Namba, M.; Terra, L. E. M. vermelhas do Terciário de São Paulo. Disser-
& Negro, A. 2008. Retro-análise do Coefi- tação de Mestrado, PUC-RJ.
ciente de Adensamento de Argila Mole Alu- Küpper, A. M. A. G.; Costa Filho, M. M. & An-
vionar Quaternária Baseada em Piezometria. tunes, F. S. 1985. Geotechnical characteriza-
In: Congresso Brasileiro de Mecânica dos So- tion of the São Paulo red clay. In: First In-
los e Engenharia de Fundações, 14, Búzios, ternational Conference on Geomechanics in
RJ, 2008. Divulgado em CD. Tropical and Lateritic Soils, Brasilia, vol I:
Castro et al 2010-a. Comportamento de aterros 117-129.
sobre solos moles instrumentados do Rodoa- Lunne, T.; Powell, J. M.; Hauge, E. A.; Mokkel-
nel Mário Covas Elo Sul. In: Congresso Bra- bost, K. H. & Uglow, I. M. 1990. Correlation
sileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia of dilatometer readings with lateral stress in
Geotécnica 15 – CD ROM clays. In: 69th Anual Meeting of the Trans-
Castro et al 2010-b. Parâmetros de compressibili- portation Research Board, Washington, DC,
dade dos aluviões argilosos da planície do Ri- USA. Transportation Research Record n.
beirão Embu-Mirim no Trecho Sul do Rodoa- 1278.
nel Mário Covas. In: Congresso Brasileiro de Machado, J. (1963): Discussão apresentada na
Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Sessão de Fundações do II Congresso Pana-
15 – CD ROM mericano de Mecânica dos Solos e Funda-
Cozzolino, V. M. N. 1972. Tipos de sedimentos ções, realizado em Belo Horizonte (MG).vol.
que ocorrem na Bacia de São Paulo. Tese de II: 600-606.
Doutorado – EPUSP. Marchetti, S. 1980. In Situ Tests by Flat Dila-
Cozzolino, V. M. N. 1980. Considerações sobre tometer. Journal Geotechnical Engineering,
o conceito de camadas, sob o ponto de vista ASCE, Vol. 106: 299-321.
geotécnico, na Bacia de São Paulo. In: Mesa Marchetti, S. 1997. The Flat Dilatometer: Design
Redonda: Aspectos Geológicos e Geotécni- Applications. Third Geotechnical Engineer-
cos da Bacia Sedimentar de São Paulo. Publi- ing Conference, Cairo University, Keynote
cação Especial da ABGE e SBG, São Paulo, lecture, 26 p.
Anais, p.47 e s.. Marchetti, S.; Monaco P.; Totani G. & Calabrese
Cozzolino, V. M. N. 1996. Areias basais fofas M. 2001. The Flat Dilatometer Test (DMT)
na área central da Cidade de São Paulo e sua in Soil Investigations. Report of the ISSMGE
provável relação com o tectonismo local. Re- Technica1 Committee 16. Proceedings from
vista Solos e Rochas, vol.19 (2):163-174. the 2nd International Flat Dilatometr Confer-
Décourt, L. 1989. Ultimate bearing capacity of ence.
bored pile in a hard S. Paulo clay – De Mello Marinho, F. A. M.; Vargas, M. & Vilar, O. M.
Volume – Ed. Edgard Blucher. 1998. Relation between suction and collapse
Feliciani, M. R. 1989. Resistência e compressi- for a Brazilian porous clay In Proceedings of
bilidade das areias basais do Terciário de São the Second International Conference on Un-
Paulo. Dissertação de Mestrado. EPUSP. saturated Soils. Vol 1 243-248. International
Feliciani. M. R. & Pinto, C. S. 1989. Long term Academic Publishers, China.
consolidation of a clayey sand of São Paulo Massad, F. 1980. Características e propriedades
City. Suplementary Contribution by the Bra- geotécnicas de alguns solos do Terciário da
zilian Society of Soil Mechanics – 12th IC- Cidade de São Paulo. Mesa Redonda Aspec-
MFE – Rio de Janeiro, Brasil. tos Geológicos e Geotécnicos da Bacia Sedi-
Ferreira, A. A.; Soares, E. & Navarro, R. 1989. mentar de São Paulo. Publicação Especial da
Consolidation characteristics of alluvial soils ABGE e SBG, São Paulo, Anais, p.53 e s..
in the City of São Paulo. 12th International Massad, F. 1981-a. Resultados de investigação la-
Conference on Soil Mechanics and Founda- boratorial sobre a deformabilidade de alguns
tion Engineering. Special Volume, ABMS. solos do Terciário da Cidade de São Paulo.
Galves, G. & Massad, F. 1982. Características de In: Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais
argilas duras cinza-esverdeadas da Bacia Se- em Engenharia. Rio de Janeiro, p. 66-90.
dimentar de São Paulo. In: Congresso Brasi- Massad, F. 1981-b. O problema do coeficiente de
leiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de empuxo em repouso de solos do Terciário da
Fundações, 7, Recife,. v.5. p.96 - 99 Cidade de São Paulo. In: Simpósio Brasileiro
Habiro, H. & Braga, A. S. 1984. . Comunicação de Solos Tropicais em Engenharia. Rio de Ja-
Pessoal. neiro, p. 91-101.

131
Massad, F.; Niyama, S. & Alleoni, N.A.O. 1981. à engenharia de fundações. Universidade de
Análise de provas de carga horizontais em São Paulo. Escola Politécnica Dissertação de
tubulões executados num solo laterítico. Mestrado. .
Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em Pichler, E. 1948. Regional study of the soils from
Engenharia, Rio de Janeiro, Vol I:668-682, São Paulo, Brazil. In: International Confer-
setembro. ence on Soil Mechanics and Foundation En-
Massad, F. 1985-a. Braced excavations in later- gineering, 2, Rotterdam. Proc., v.3:.222-226.
itic and weathered sedimentary soils. In: 11th Pinto, C. S. & Massad, F. 1971. Resistência ao
International Conference on Soil Mechanics cisalhamento das argilas variegadas de São
and Foundation Engineering, San Francisco, Paulo. Revista Politécnica n. 176, Agosto.
USA, Vol.IV:2113-2116. Pinto, C. S.; Massad, F. & Martins, M. C. R.
Massad, F. 1985-b. Excavations In: Tropical Lat- 1972. Comportamento do escoramento numa
eritic and Saprolitic Soils. Topic of the Re- escavação de São Paulo. Seção Experimental
port of the Committee on Tropical Soils of número 1. In: Instituto de Pesquisas Tecnoló-
ISSMFE. First International Conference on gicas. Pub. 963. São Paulo, 1972. 45 páginas.
Geomechanics in Tropical and Lateritic Soils, Pinto, C. S. & Massad, F. 1972. Características
Brasilia, 1985, Progress Report, p.:405-449. dos solos variegados da Cidade de São Paulo.
Massad, F.; Barros, J. M. C. & Samara, V. 1985. In: Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT.
Engineering properties of two layers of lat- Publicação 984. São Paulo, 1972. 30 páginas.
eritic soils from São Paulo City, Brazil. First Pinto, C. S. 1998. Apresentação dos resultados dos
International Conference on Geomechanics ensaios pressiométricos realizados no trecho
in Tropical and Lateritic Soils, Brasilia, 1985, poço Juatuba- Estação Sumaré, da Linha Ver-
Vol.1:331-343. de do Metrô de São Paulo. Relatório do Labo-
Massad, F.; Pinto, C. S. & Nader, J.J. 1992. Resis- ratório de Mecânica dos Solos da EPUSP.
tência e deformabilidade. In: Solos da Cida- Pinto, C. S. & Abramento, M. 1998. Caracte-
de de São Paulo, Editado pelas ABMS e pela rísticas das argilas rijas e duras, cinza-es-
ABEF, p.141-180. verdeadas de São Paulo determinadas por
Massad, F. 2009. Solos Marinhos da Baixada pressiômetro de autofuração Cankometer. In:
Santista – Características e Propriedades Ge- Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos
otécnicas. São Paulo : Oficina de Textos, 247 e Engenharia Geotécnica 11 , vol 2: 871-878.
pág.. Riccomini, C. 1989. O Rift Continental do Sudes-
Mello, V. F. B. & Teixeira, A. H. 1962. Mecânica te do Brasil. Tese de Doutorado, Instituto de
dos Solos. Publicação da EESC-USP. Geociências da USP, São Paulo.
Metrô de S. P. 1989. Documento Técnico RT- Riccomini, C. & Coimbra, A. M. 1992. Geolo-
3.00.00.00/6C3-001-Ver. 10.02.89. gia da Bacia Sedimentar. In: Solos da Cidade
Metrô SP. 2007. Anexo III – Ensaios Ge- de São Paulo, Editado pelas ABMS e pela
otécnicos de Campo e de Laboratório. ABEF, .p.141-180.
RT.2.11.02.00/6C3-001. Rios, L. & Pacheco Silva, F. 1948. Foundations
Navarro, R. 1992. Aluviões Quaternários da Bacia in downtown São Paulo. Second International
Sedimentar de São Paulo e suas Características Conference of Soil Mechanics and Founda-
de Compressibilidade. Relatório de pesquisa tion Engineering, vol IV, Rotterdam.
desenvolvida na EPUSP (não publicada). Robertson, P. K.; Davies, M. P.; Campanella, R.G
Negro, A.; Ferreira, A. A.; Alonso, U. R. & Luz, & Sy, A. (1989). An Evaluation of Pile De-
P. A. C. 1992. Solos da Cidade de São Paulo. sign in Fraser River Delta Using In Situ Tests.
ABMS-NRSP, 362 páginas. Foundations Engineering Current Principles
Negro, A.; Hatori, A. C. A.; Yassuda, A. J. & Ro- and Practices, ASCE, Evanston, IL, p. 92-105.
cha. H. C. 2012. Investigações para o projeto Sampaio Jr. & J. L. C. 2003. Parâmetros geotéc-
e previsão de desempenho da estação Sacomã nicos das regiões sul e sudeste do Brasil, obti-
da Cia do Metropolitano de São Paulo. Divul- dos por meio de pressiômetro autoperfurante.
gado em CD do SEFE 7, São Paulo. Tese de Doutorado, EPUSP, 312 páginas.
Nogueira, E. G. 2010. Estudo de Algumas So- Suguio, K. 1980. Síntese dos conhecimentos so-
luções de Tratamento de Solos Moles para bre a sedimentação da Bacia de São Paulo.
construção de aterros no trecho Sul do Rodo- Mesa Redonda Aspectos Geológicos e Geo-
anel – SP. Dissertação de Mestrado – Escola técnicos da Bacia Sedimentar de São Paulo.
Politécnica da USP. 166 pág.. Publicação Especial da ABGE e SBG, São
Oliveira Pinto, N. C. & Kutner, M. 1950. Estudos Paulo, Anais, p.25-32.
das características mecânicas de uma argila Teixeira, A. H. 1970. Alguns aspectos do compor-
da colina de São Paulo. Revista Politécnica, tamento de areias argilosas de baixa compres-
Setembro. sibilidade como apoio de fundações. Congresso
Penna, A.S.D. 1982. Estudo das propriedades Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia
das argilas da Cidade de São Paulo aplicado Geotécnica 4, vol I (1): Vol. 29 e s..

132
Terzaghi, K. 1955. Evaluation of coefficients of
subgrade reaction. Géotechnique 5 (4): 297-
326.
Vargas, M. 1948. Building settlement observa-
tions in São Paulo. Second International Con-
ference on Soil Mechanics and Foundation
Engineering, vol. 4, Rotterdam.
Vargas, M. 1954. Problemas de fundações de
edifícios em São Paulo e sua relação com a
formação geológica local. Publicação n. 524
do IPT.
Vargas, M. 1961. Foundation of tall buildings on
sand.5th ICSMFE, Paris, vol 1: 841-849. Pu-
blicação n. 524 do IPT.
Vargas, M. 1980. Geotecnia do Terciário de São
Paulo. In: Mesa Redonda Aspectos Geológi-
cos e Geotécnicos da Bacia Sedimentar de
São Paulo. Publicação Especial da ABGE e
SBG, São Paulo, Anais, p.37 e s..
Vargas, M. & Moraes, J. T. 1989. Long term
settlement of tall buildings in sand. Proc. 12th
ICSMFE ,vol I:765-768, Rio de Janeiro.
Vargas, M.; Pinto, C. S. & Marinho, F. A. M.
1998. As areias basais de São Paulo. Con-
gresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica, vol. II:721-728.
Wolle, C. M. & Silva, L. C. R. 1992. Taludes. In:
Solos da Cidade de São Paulo, Editado pelas
ABMS e pela ABEF. .p.249-277.

133

Você também pode gostar