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Tipos de Barragens

Disposições Construtivas

Barragens de Aterro

Laura Caldeira (LNEC)

1
Barragem de Sadd-el-Kafara

2600 AC, Memphis, Egito


Altura = 14 m
Desenvolvimento do coroamento = 113 m
2

Volume da albufeira = 500 000 m3


Barragem de Sadd-el-Kafara
Aspeto atual

3
Barragem de Nurek
Tajikistão, rio Vakhsh, terra-enrocamento

A barragem mais alta do mundo 4


Barragem de Nurek (1980)

5
Classificação (NPB, 1993)

 Barragens de terra (homogéneas ou zonadas)


 Barragens de enrocamento (órgão de estanqueidade
a montante ou central)
 Barragens de terra–enrocamento (maciço de terra e
maciço de enrocamento)

6
BETÃO COMPACTADO
COM CILINDROS

ATERRO

BETÃO COMPACTADO
COM CILINDROS

CORTINA DE BETÃO

ENROCAMENTO

DRENOS

CORTINA DE INJECÇÕES

7
CASCAS EM
BETÃO ARMADO

A ATERRO A

CORTE B-B

ATERRO

CASCAS EM
BETÃO ARMADO

BETÃO COMPACTADO
COM CILINDROS
B B

CORTE A-A

8
Terminologia

9
Definição de terra e enrocamento

 Maciços de terra - solos (dimensões < 2 mm), comportamento


condicionado pela matriz fina
 Enrocamentos - dimensões com larga gama de variação (argila
a fração grossa limitada pela construção), preferencialmente
de granulometria extensa
 Materiais de transição – misturas de solo e de enrocamento

10
Barragens de terra

 Grande variedade de solos


 Adequação a grandes deformações
 Elevada relação base/altura
 Fundações brandas, compressíveis ou permeáveis

11
Barragens de enrocamento

 Dispositivo de estanquidade
– Manufaturado (c/ juntas de estanquidade e filtros)
 Cortina estanque vertical no eixo da barragem
 Membrana impermeável a montante (revestindo o talude)

 Menor volume de aterro

12
Barragens de terra - enrocamento

 Maciços de enrocamento
 Núcleo em terra
 Otimização do uso dos materiais disponíveis

13
Perfis-tipo

 Barragem de perfil homogéneo


– Simples
– Com dreno de pé de jusante
– Com tapete drenante
– Com filtro chaminé e tapete drenante
– Com filtro chaminé, tapete drenante e dreno de pé de jusante
– Perfil zonado

14
Fatores determinantes

 Percolação do corpo e da fundação da barragem


 Influência de diferentes parâmetros:
– Anisotropia da permeabilidade
– Meios com diferentes permeabilidades
 Modos de controlo da percolação

15
Estudo da percolação
 Critérios a observar
– Manutenção da água afastada de zonas nas quais pode causar
danos – conceção de sistemas de impermeabilização
– Controlo da água que aflui à estrutura – conceção de sistemas de
drenagem
 Tipos de rotura associados à percolação
– Erosão interna ou erosão tubular
– Ações de natureza hidráulica excessivas (levantamento global ou
flutuação) e/ou forças de percolação excessivas (levantamento
hidráulico ou efervescência)

16
Causas de erosão interna ou erosão
tubular

 Deficiente proteção do filtro


 Deficiente compactação ao longo de condutas ou valas de fundação
 Buracos de animais
 Raízes ou madeira apodrecidas
 Filtros ou drenos com grandes vazios
 Fissuras em maciços rochosos de fundação ou ao longo de encontros de
barragens
 Estratos de materiais grosseiros na fundação ou nos encontros
 Fissuras ao longo de condutas ou em núcleos de barragens

17
Ações de natureza hidráulica
excessivas
 Elevadas pressões intersticiais
– Escorregamento de taludes
– Rotura de fundações
 Forças de percolação excessivas
 Pressões ascendentes excessivas
– Levantamento global (flutuação) de soleiras de
descarregadores ou de canais após o esvaziamento
 Roturas por liquefação devido a ações sísmicas
18
Condutividade hidráulica
 Parâmetro não intrínseco do solo
 Variável com
– Granulometria (quadrado da dimensão dos vazios e das partículas)
– Finos (quantidade, tipo e distribuição dos finos)
– Arranjo das partículas (estratificação, orientação e associação ou
dispersão dos finos)
– Compactação (teor em água, lado seco versus lado húmido)
– Compacidade (índice de vazios ou porosidade)
– Consistência (consolidação)
– Presença de descontinuidades no maciço (juntas, fissuras e camadas
muito permeáveis)
– Abertura de descontinuidades em maciços rochosos
19
– Dissolução dos materiais (calcário e gesso)
Condutividade hidráulica

20
Barragem de perfil homogéneo

Superfície do terreno natural

 Solos argilosos
 Controlo da percolação através de todo o corpo
 Transmissão das cargas através de todo o corpo
 Grande suscetibilidade à erosão interna e a fluxos no paramento
de jusante
 Pequenas barragens com altura inferior a 5 m, em locais de
baixo risco 21
Barragem de perfil homogéneo com dreno
no pé de jusante

 Corpo da barragem - solos argilosos


 Pé de jusante - enrocamento ou cascalho
 Filtro entre o corpo e o dreno
 kH/kV>1 controlo da percolação pouco eficiente
 Pequenas barragens com altura inferior a 10 m, em locais de
baixo risco 22
Dreno de
pé de
jusante

23
Barragem do Pisco
Barragem do Pisco
Terra homogénea (h= 23 m; 1968)
com dreno de pé de jusante

Secção transversal
Barragem de perfil homogéneo com tapete
drenante

 Tapete drenante no contacto do aterro com a fundação


 Corpo da barragem - solos argilosos
 Dreno horizontal - areias e/ou cascalho
 kH/kV>1 controlo da percolação pouco eficiente
 Pequenas barragens com altura inferior a 10 m, em locais de
médio a baixo risco 26
Barragem de homogénea com
filtro vertical e tapete drenante

27
Barragem homogénea com
filtro vertical e tapete drenante

 Corpo da barragem - solos argilosos


 Filtro vertical e tapete drenante - areias e/ou cascalho
altamente permeáveis - dimensionados como filtros
(aterro e fundação)
 Maciço a jusante do filtro não saturado
 Controlo eficiente da percolação do corpo da barragem
e da fundação
28
Barragem homogénea com filtro
chaminé e tapete drenante (cont.)

 Substituição do filtro vertical por filtros chaminé


inclinados - transferência de tensões
 Associação de dreno de pé de jusante - continuidade do
tapete e segurança adicional para eventuais colmatações
ou elevados fluxos da fundação
 Barragens de 30-50 m de altura, em locais de risco
elevado
29
Tapete
drenante

30
Filtros chaminé
 Controlo da percolação quando o maciço de jusante tem
permeabilidade algumas vezes superior ao núcleo
 Controlo da percolação em maciços terrosos altamente
estratificados
 Interseção de percolações preferenciais devidas a
camadas acidentalmente mais permeáveis ou a fissurações
transversais
 Adequada capacidade drenante
31
Filtros chaminé

32
Barragem da Marateca
Barragem da Marateca
Terra homogénea (h= 24 m; 1991) com filtro chaminé,
tapete e dreno de pé de jusante

Secção transversal
Barragem da Meimoa
Barragem da Meimoa
Terra e mistura solo-enrocamento (h= 56 m; 1985) com
filtro vertical, tapete e dreno de pé de jusante

Secção transversal
Zonamento dos aterros

 Percolação através de trajetos considerados seguros


 Núcleo de reduzida permeável – estanquidade
– Inclinado versus central
– Reduzida espessura versus significativa espessura
 Maciços estabilizadores – resistência mecânica
 Filtros – proteção do núcleo

37
Barragem de terra de perfil zonado

 Indisponibilidade de solos homogéneos


 Materiais com características adequadas (resistência e
permeabilidade) no maciço de montante e/ou núcleo
 Zonamento das características de compactação
 Zonas de impermeabilização - maior adensamento e teor em
água
 Solo fino para controlo da erosão interna 38
Barragem do Monte da Rocha
Barragem do Monte da Rocha
Terra zonada (h= 55 m; 1972) com dreno de pé de
jusante e galeria de drenagem

Secção transversal
Barragem do Azibo
Barragem do Azibo
Terra (montante) e materiais escavados
(h= 56 m; 1982) separados por um filtro e com dreno de pé
de jusante

Secção transversal
Barragem de terra - enrocamento com
núcleo central

43
Barragem de terra - enrocamento
com núcleo central

 Núcleo central - solos argilosos, areias siltosas ou rochas


alteradas compactadas
 Maciços de enrocamento (resistente e durável)
 Filtros entre o núcleo e os maciços
 Zona superior do maciço de jusante não saturada
 Estabilidade do núcleo não condicionada por u
 Barragens de grande altura
 Barragem h<20 m - dificuldades de construção
44
Barragem de S. Domingos
Barragem de S. Domingos
Terra e enrocamento (h= 39 m; 1992) com filtros a
montante e a jusante

Secção transversal
Barragem de terra - enrocamento com
núcleo inclinado

47
Barragem de terra - enrocamento com
núcleo inclinado

 Menores quantidades de solo para o núcleo


 Colocação posterior dos materiais do núcleo e dos filtros
 Construção faseada
 Talude de jusante mais inclinado e talude de montante mais
suave
 Barragens de grande altura
 Barragem h<20 m - dificuldades de construção
48
Influência das forças de percolação na
estabilidade hidráulica

 As forças de percolação podem originar fenómenos de


erosão interna e erosão tubular
 Proteção relativamente aos gradientes instalados –
dimensionamento de filtros e de drenos
 Redução dos gradientes – projetos mais seguros

49
Influência da dimensão e forma do núcleo nos
gradientes de saída

50
Influência da dimensão e forma do núcleo
nos gradientes de saída

51
Zonamento dos aterros

52
Barragem de enrocamento com cortina de
betão a montante

53
Barragem de enrocamento com
cortina de betão a montante

 Enrocamento drenante
 Camada amortecedora (enrocamento processado, filtro)
 Laje de betão armado com juntas (retração, variações térmicas
e pressão hidrostática)
 Taludes de montante e de jusante inclinados de f’
 Facilidade de acesso e maior estabilidade (mobilização do
contacto aterro-fundação)

54
Cortinas sobre o paramento de montante

55
Barragem de Paradela
Barragem de Paradela
Enrocamento lançado (h= 112 m; 1958) com cortina de
betão armado com juntas horizontais e verticais

Secção transversal

Vista de montante
Barragens de enrocamento com cortina de betão no
paramento de montante (antes de 1960)

1-Cutoff; 2-cortina de betão; 3-plinto; 4-juntas verticais; 5-juntas horizontais; 6-muro; 7-blocos de enrocamento de
grande dimensão colocados com guindaste; 8-enrocamento lançado; 9-talude; 10-eixo curvo; A- armadura; B-
preenchimento de madeira com 1,9 cm e Z “waterstop”; C- cortina de injeção; D- secção da barragem; E-18 m; F-
58
alçado de montante da barragem; G- ”mastic”; H-asfalto prémoldado; F- enchimento de junta compressível; J- chapa
de cobre em U; K- armadura.
Barragens de enrocamento com cortina de betão no
paramento de montante (depois de 1960)

Enrocamento de boa
qualidade e fundação
rochosa de boas
características quanto à
deformabilidade

1-plinto; 2-junta horizontal; 3-junta vertical; A- junta perimetral; B- armadura; C- ancoragens; D- furos de injeção
(consolidação); E- cortina de injeção; F- armadura horizontal; G- junta; H- junta; I e J- zonas de transição (mesma
espessura de camada); K- cortina de betão; L- material “random”; M- solo impermeável; N- enrocamento (camadas
de 1 m); O- enrocamento (camadas de 1,5 a 2 m); P- blocos de grandes dimensões; Q- laje perimetral; R-18 m; S-
eixo retilíneo; T- alçado de montante; U- armadura horizontal; V- superfície coberta com asfalto; W-”waterstop” de
cobre; X- argamassa; Y- pé do talude de jusante; Z- secção da barragem. 59
Barragens de enrocamento com cortina de betão no
paramento de montante.
Barragem de Glennies Creek

Fundações → tufos vulcânicos mais ou


menos consolidados, sobre camadas
alternadas de argilitos, siltitos e arenitos
Eixo da barragem curvo, de modo a
permitir a fundação do plinto em tufo
consolidado

60
61
62
63
64
Barragem de enrocamento com cortina
interior de betão

 Cortina dimensionada (espessura e armaduras) com base


na experiência
 Zona adjacente de solo argiloso (colmatação de fendas)

65
Barragem de Campilhas
Barragem de Campilhas
Terra com cortina interior de betão armado, revestida com
chapa metálica, com galeria de drenagem (h= 35 m; 1954)

Secção transversal
68
Barragens de enrocamento com
cortina de betão

 Barragens de altura inferior a 20 m - custo de execução


da laje antieconómico
 Adequadas para zonas de elevada precipitação
atmosférica

69
Barragens de aterro com cortina de betão
betuminoso

 Enrocamentos drenantes ou areias e cascalhos


 Revestimento tipo sandwich (2 camadas de impermeabilização
de betuminoso, 1 camada drenante de betuminoso mais poroso,
compactados)
 Controlo de execução, equipamento e mão-de-obra
especializados
 Colocação no interior - sismicidade, assentamentos e
temperaturas elevadas
70
Barragem do Vale do Gaio
Barragem do Vale do Gaio
Terra (montante) e enrocamento (jusante) (h= 51 m;
1949) com cortina de betão betuminoso coberta por um
aterro de solo compactado
Conceção estrutural

73
Materiais
• Agregado – areias (finas, médias e Betão betuminoso – betume B65, agregados
grossas) e cascalho (fino e médio) graníticos e filler de cal hidratada (% média de
betume de 6% e volume de vazios inferior a
• Material 2 (zonas de transição)
3%)
– cascalho e mistura de cascalho e
areia, bem graduado, sem finos
• Material 3 (enrocamento de
transição) – enrocamento bem
graduado, sem finos
• Material 4 (zona interior dos
maciços) – enrocamento
• Material 5 (zona exterior dos
maciços) – enrocamento de
maiores dimensões e com menor
percentagem de finos que o
material 4 74
(a)aplicação da camada de
mástique betuminoso

(b)colocação manual do
betão betuminoso
(a) (b)
(c) Paver em funcionamento

(d)compactação final da
cortina e das zonas de
transição

(c) (d) 75
Barragens de aterro com cortina de
aço

 Chapa de aço com juntas de dilatação e proteção


catódica (corrosão)
 Maior deformabilidade
 Rapidez de construção
 Elevado custo
 Suscetibilidade à corrosão
76
Barragem do Pego do Altar
Barragem do Pego do Altar
Enrocamento com cortina metálica (h= 63 m; 1949)

Secção transversal
Barragem de Pego do Altar

79
Barragens de aterro com
geomembranas

 Membrana a montante de elastómeros (PVC), plastómeros


(PEAD) ou betuminosos
 Aterros de areias, cascalho ou enrocamento
 Apoio da membrana em almofada de areia
 Recobrimento da membrana por areia, enrocamento ou
lajes pré-fabricadas (exposição solar, mareta e detritos
flutuantes)
80
Barragem de Cerro do Lobo

• Complexo mineiro da Sociedade Mineira de


Neves-Corvo (SOMINCOR)
• Armazenamento subaquático dos rejeitados
resultantes do processo de concentração de
(SOMINCOR 2006) minérios de cobre e de estanho

Fases Ano de Capacidade de Área de Cota do Altura NPA


Construti- conclusão armazenamento retenção coroamento máxima
vas (106 m3) (km2) (m)
Fase inicial 1988 6 - 244 28,0 243,0
1º 1990 11 - 248 32,0 246,8
alteamento
2º 15,5 1,5
1993 252 38.0 250,5
alteamento
3º 20 1,8
2005 255 42,0 253,5 81
alteamento
Barragem de Cerro do Lobo
MONTANTE 255 JUSANTE
8.0
NPA 252
248 1.7
244 1 2.0 245 3º ALTEAMENTO

1.8 235
2.0
1
1.7
1.50 1 2.0 225

1
1
2.5 2.5
1ª FASE 2ª FASE
3ª FASE
4ª FASE

• Processo construtivo com alteamento para jusante


• Estanquidade do corpo da barragem:
• Núcleo até à cota 244 m
• Geomembrana a cotas superiores
• Sistema de drenagem interno:
– Filtro/dreno subvertical
– Tapete drenante transversal localizado no fundo do vale
– Saia drenante no pé do talude de jusante 82

• Poços de drenagem/bombagem a jusante


Alteamento da barragem de Cerro do
Lobo

83
Critérios de projeto

 Garantia da estabilidade dos taludes (construção,


exploração, esvaziamento rápido e sob ação sísmica)
 Tensões na fundação limitadas
 Controlo da percolação no corpo da barragem, na
fundação e nos encontros (erosão interna e erosão
tubular, dissolução de materiais)

84
Materiais

 Utilização dos materiais disponíveis


 Seleção de materiais para os filtros
– Densos
– Duros
– Duráveis
– Com dimensões de partículas dentro de limites apertados

85
ZONA DESCRIÇÃO FUNÇÃO

1 Solo Controlo da percolação através da barragem.

2A Filtro fino (ou Evitar a erosão da zona 1 devido ao fluxo de água percolada. Evitar a
dreno) erosão da fundação da barragem quando usado como tapete drenante.
Evitar o aumento das pressões intersticiais no talude de jusante quando
usado como dreno vertical.

2B Filtro grosseiro Evitar a erosão da zona 2A relativamente ao enrocamento. Drenar a


(ou dreno) água percolada recolhida no dreno vertical ou tapete drenante.

2C Filtro de Evitar a erosão da zona 1 do núcleo da barragem relativamente ao


montante enrocamento de montante.
Filtro sob o Evitar a erosão da zona 1 em relação ao enrocamento de protecção.
enrocamento
de protecção

2D Camada fina Apoiar uniformemente a laje de revestimento em betão e, se ocorrer


de fendilhação da laje de betão ou ruptura de lâminas de estanqueidade,
amortecimento limitar o escoamento.

2E Camada Apoiar uniformemente a laje de revestimento em betão e, se ocorrer


grosseira de escoamento, evitar a erosão de 2D relativamente ao enrocamento.
amortecimento

3A Enrocamento Conferir estabilidade e drenar o fluxo de água através ou sob a


barragem. Evitar a erosão da zona 2B relativamente ao enrocamento
grosseiro.

3B Enrocamento Conferir estabilidade e drenar o fluxo de água através ou sob a


grosseiro barragem.

4 Enrocamento Evitar a erosão do talude de montante provocada pela acção da


de protecção ondulação. 86
ZONA DESCRIÇÃO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

1 Solo Argilas, argilas arenosas, areias argilosas, areias siltosas,


possivelmente com algum cascalho. Geralmente mais de 15% (de
preferência mais) tem dimensões inferiores a 75 m.

2A Filtro fino (ou Areias ou areias com cascalho, com menos de 5% (de preferência 2%)
dreno) de partículas inferiores a 75 m. Os finos devem ser não plásticos.
Devem constituir camadas densas de materiais que obedecem a
requisitos de durabilidade e de dureza idênticos aos agregados do
betão. As dimensões das partículas obedecem à condição de filtro.

2B Filtro grosseiro Areias com cascalho ou cascalhos arenosos. Devem constituir


(ou dreno) camadas densas de materiais que obedecem a requisitos de
durabilidade e de dureza idênticos aos agregados do betão. As
dimensões das partículas obedecem à condição de filtro.

2C Filtro de Areias com cascalho ou cascalhos arenosos bem graduados, com 100
montante % das partículas com dimensões inferiores a 75 mm e não mais de 8%
com dimensões inferiores a 75 m. Os finos devem ser não plásticos.
Os requisitos de durabilidade, de dureza e de filtro são menos rigorosos
Filtro sob o que os relativos aos materiais 2A e 2B.
enrocamento
de protecção

2D Camada fina Cascalho arenoso siltoso bem graduado, preferencialmente com 2-12%
de de partículas com dimensões inferiores a 75 m para reduzir a
amortecimento permeabilidade (SHERARD, 1985). Partículas com dimensões até 200
mm são permitidas por algumas autoridades (FITZPATRICK et al,
1985).

2E Camada Enrocamento fino, colocado em camadas de 500 mm, de modo a


grosseira de resultar uma mistura bem graduada de areia/cascalho/godo,
amortecimento satisfazendo a condição de filtro em relação a 2D.

3A Enrocamento Enrocamento, de preferência denso, resistente e drenante após a


compactação, mas muitas vezes são aceites materiais com
características inferiores. É compactado em camadas de 0,5 a 1 m de
espessura, com uma dimensão máxima das partículas igual à
espessura da camada.

3B Enrocamento Enrocamento, de preferência denso, resistente e drenante após a


grosseiro compactação, mas muitas vezes são aceites materiais com
características inferiores. É compactado em camadas de 1,0 a 1,5 m de
espessura, com uma dimensão máxima das partículas igual à
espessura da camada.
87
4 Enrocamento Enrocamento seleccionado e durável, dimensionado para evitar a
de protecção erosão sob a acção da ondulação.
Proteção do coroamento e dos
paramentos (barragens de terra)

88
Proteção do coroamento

 Inclinação para a albufeira


 Pavimento para trânsito de veículos (evitar os sulcos e a
acumulação e infiltração de água)
 Vedações nas extremidades

89
Proteção do paramento de
montante
 Enrocamento
– Dimensão suficiente (dissipação da energia das ondas)
– Resistência suficiente (desgaste e fraturação)
– Duráveis (agentes atmosféricos, flutuações do nível da
albufeira)
 Barragens de terra - enrocamento sobre filtro
 Barragens de enrocamento - blocos maiores

90
Proteção do coroamento e dos
paramentos (barragens de terra)

91
Proteção do coroamento e dos
paramentos (barragens de terra -
enrocamento)

92
Proteção do paramento de montante

 Lajes de betão
 Asfalto
 Solo-cimento
 Betão projetado com fibras
 Guarda defletora a montante (deterioração por ação
das ondas)
93
Proteção do paramento de jusante

 Barragens de terra - enrocamento ou de enrocamento


– Enrocamento
 Barragens de terra
– Revestimentos de enrocamento ou coberturas vegetais
– Banquetas e valetas
– Banqueta acima do tapete drenante

94
95
Controlo da percolação

 Por redução de caudais (impermeabilização)


– Corpo do aterro
 Cortinas sobre o paramento de montante
 Núcleos impermeáveis
– Fundações
 Valas corta-águas
 Cortinas de injeção
 Corta-águas de reduzida espessura
 Tapetes impermeáveis a montante
 Banquetas estabilizadoras a jusante 96
Controlo da percolação

 Por drenagem
– Corpo do aterro
 Zonamento
 Tapetes drenantes e drenos longitudinais
 Filtros chaminé
 Drenos de pé de jusante
– Fundações
 Poços de alívio
 Galerias de drenagem
 Tapetes drenantes e drenos longitudinais 97
98
Tratamento da fundação

 Características de permeabilidade, deformabilidade e resistência


mecânica
 Dispositivos de controlo da percolação (gradientes hidráulicos e
pressões intersticiais)
– Função da barragem
– Natureza dos solos de fundação
– Profundidade das camadas permeáveis
 Fundações rochosas - injeções (galeria de injeção)
99
Gradientes ascendentes de saída nas
fundações

100
Subpressões

101
Tratamento da fundação

 Fundações aluvionares - controlo da percolação


– Vala corta-água (espessura e NF)
– Cortina corta-águas (auto endurecedoras com lamas
bentoníticas ou betão)
– Tapetes impermeáveis a montante
– Tapete drenante invertido a jusante
– Drenos verticais, poços de alívio, galerias de drenagem
– Banquetas estabilizadoras
102
Controlo da percolação em fundações
aluvionares

103
Vala corta-águas total

N.M.C.
Dreno
Valeta
Banqueta
Solo Enrocamento
não controlado
Argila argilosa, Areia siltosa
Filtro
Tapete drenante Solo de elevada
permeabilidade

Formação de baixa permeabilidade


104
Vala corta-águas

 Camada aluvionar de reduzida espessura


 Sem necessidade de rebaixamento do nível freático
 Quando escavados sem entivação permitem
– Observação direta da fundação
– Construção bem controlada do aterro de enchimento
– Tratamento do maciço rochoso
– Instalação de sistemas de drenagem

105
Eficiência
das valas
corta-águas

106
Barragem de Pequenos Libombos

107
Barragem de Pequenos Libombos

108
Barragem de Pequenos Libombos

109
Barragem de Beliche

110
Barragem de Beliche

Maciços estabilizadores internos: xistos


pouco compactados
Maciços estabilizadores exteriores:
grauvaques compactados
Fundação do núcleo: maciço rochoso
Fundação dos maciços estabilizadores e
da ensecadeira: areia com cascalho 111
Barragem de Beliche

112
Cortinas de injeção
 Fundações rochosas (com ou sem galerias de injeção)
– sob núcleos impermeáveis
– no prolongamento de cortinas impermeáveis
 Caldas de cimento (penetração limitada)
 Emulsões betuminosas
 Silicatos de sódio
 Fundações aluvionares arenosas e siltosas
– por fraturação hidráulica (zonas de reduzida permeabilidade que contêm zonas
permeáveis)
 Apreciável redução de caudais
 Pouco eficiente na eliminação de subpressões 113
Galerias de injeção
 Boa ligação entre o órgão de estanquidade da barragem e a zona tratada da
fundação
 Execução simultânea do tratamento e dos aterros

 Observação direta do maciço de fundação

 Inspeções visuais e instalação de equipamento de observação

 Correção de anomalias – retoma das injeções

 Elevado custo de execução quando comparadas com os plintos (viga de


encabeçamento dos furos de injeção)
 Falta de controlo sobre possíveis efeitos da injeção (fraturação hidráulica,
colmatação de filtros, deterioração de equipamentos de observação)
114
Eficiência
das cortinas
de injeção

115
Corta-águas de reduzida espessura

 Lamas densas injetadas


 Betão – paredes moldadas e cortinas de estacas
 Estacas-pranchas
 Redução da percolação e dos gradientes hidráulicos de saída
 A eficiência depende
– Qualidade de execução
– Ligação ao estrato impermeável
– Ligação ao órgão impermeabilizante do corpo do aterro
116
Barragem de Peribonka (Canadá, 2007)

117
Barragem de Peribonka (Canadá, 2007)

118
Barragem de Crestuma

7D 5D 3D 1D 1E 3E 5E 7E

EDP (2014) 119


Barragem de Crestuma
Secção
transversal
corrente
NMC=21.50
NMC=20.90

1 – Aluvião
NPA=13.20 2 – Xisto
3 – Pilar
4 – Bacia de dissipação
7 5 – Parede corta-águas
- 0.30 (mín. nav.)

6 – Tapete de proteção
7 – Comporta

120
EDP (2014)
Barragem de Crestuma

1E 3E

Desvio do rio

121
Álvares Ribeiro (1991)
Barragem de Crestuma

Bacias de dissipação 1E
e 3E

NMC=21.50
NMC=20.90
1 – Aluvião
NPA=13.20
2 – Xisto
3 – Pilar
4 – Bacia de dissipação
- 0.30 (mín. nav.)
5 – Parede corta-águas
6 – Tapete de proteção
7 – Comporta
8 – Parede auto-
endurecedora
7

8 8

122
EDP (2014)
Barragem de Crestuma

7E
5E
Montante 3E
1E

Erosão a
1D

3D

5D
jusante
7D
Jusante

123
EDP (2012)
Barragem de Crestuma
Medidas corretivas

124
Barragem de Crestuma
Medidas corretivas

Bacia 3E Bacia 1E
Tapete de
proteção

Aluvião

Laje de jet-
grout

Parede de
estacas secantes

125
Tapetes impermeáveis a montante

 Aumento do percurso da percolação no terreno de fundação


 Diminuição dos caudais percolados e dos gradientes de saída
 Diminuição da suscetibilidade à erosão tubular
 Aumento da segurança ao levantamento global
 A eficiência depende de
– Baixa permeabilidade dos materiais do tapete
– Cobertura total dos estratos permeáveis
126
Barragem de Massingir

127
Controlo da percolação em fundações
aluvionares

128
Banquetas estabilizadoras a jusante

 Aumento da estabilidade do talude de jusante


 Aumento do percurso da percolação no terreno de
fundação (se não for adotado tapete drenante)
 Aumento da segurança ao levantamento global

 Aumento da segurança ao levantamento hidráulico

129
Tapetes drenantes e drenos longitudinais

 Controlo da percolação da fundação


 Tapete drenante invertido entre o maciço estabilizador de
jusante e a fundação
 Dispositivo de drenagem de uso generalizado e económico

 Aumenta os caudais percolados

 Isolados apenas em barragens com fundações uniformes e


aterros não estratificados
130
Poços de alívio e galerias de drenagem

 Diminuem as pressões que podem determinar o levantamento global


 Controlam os gradientes hidráulicos de saída
 Maciços aluvionares suficientemente profundos
 Aquíferos confinados
 Método versátil, permitindo a expansão da instalação inicial
 Meio complementar de controlo da percolação
 Introdução de pequenas perdas de carga
 Espaçamento adequado ao rebaixamento pretendido
 Dimensionamento segundo critérios de filtros (colmatação)
131
Barragem de Massingir

132
Controlo da percolação

 Fundações com depósitos aluvionares espessos – certo


grau de percolação permitida
– Corta-águas parcial
– Tapetes impermeáveis a montante
– Poços de drenagem
 Água com grande valor económico
– Corta-águas total
133
Tratamento da fundação
N.M.C.

Banqueta estabilizadora
Tapete drenante
Tapete impermeável

Cortina corta-águas Poço de alívio Solo de elevada


Cortina injectada
permeabilidade
de lamas

Formação de baixa permeabilidade 134


Tratamento da fundação

 Fundações aluvionares - controlo da deformabilidade


– Areias soltas
 Liquefação
 Cargas explosivas, vibro flutuação e a cravação de estacas de brita

– Solos moles compressíveis


 Caracterização mecânica na fase de construção e a longo prazo
 Substituição total ou parcial, drenos verticais de areia, patamares
de construção, banquetas de compensação e taludes suaves

135

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