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FACULDADE DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS

AGRÁRIAS

FUNDAÇÕES E ARRIMOS

CAPACIDADE DE CARGA DE
FUNDAÇÕES RASAS

AULA 04

Prof. Me. Rodrigo Pereira de Almeida


I. Exercício proposto

Determinar a carga bruta admissível por unidade de área


suportada por uma sapata corrida utilizando os fatores de
capacidade de carga de Terzagui.
Dados:

sr = c’ N’c Sc + q’ N’q Sq + ½ g B N’g Sg

g = 18 kN/m³ Df= 2 m
c‘= 2 kN/m² B = 1,1 m
ϕ‘=25º Fator de segurança = 3

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II. Exercício proposto

A sapata quadrada deve suportar uma carga bruta de 200kN.


Considerando um fator de segurança de 4, determine o tamanho
da sapata, isto é, o tamanho de B. Utilize a equação abaixo:

sr = c’ N’c Sc + q’ N’q Sq + ½ g B N’g Sg

Dados:
g = 16 kN/m³ Df= 2,5 m
c‘= 0 kN/m²
ϕ‘=35º Fator de segurança = 4
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CONTEÚDO

 Teoria da Capacidade de Carga

 Tipos de ruptura

 Métodos Teóricos

 Métodos Semi-Empíricos

 Métodos Empíricos - Tabelas

 Correlações Empíricas - SPT e CPT

 Provas de carga em placas


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Introdução

Fundação direta – carga transmitida ao solo,


predominantemente pelas tensões distribuídas sob a base do
elemento estrutural de fundação – NBR 6122/2010.

A NBR 6122/2010 admite duas filosofias para projeto


geotécnico de fundações diretas:

 O conceito de tensão admissível (F.S. global); e

 O conceito de fatores de segurança parciais.

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Introdução

A tensão admissível sa será sempre fixada levando-se em conta dois critérios de


projeto de fundação.
Visa proteger a fundação de uma ruptura catastrófica,
Segurança à ruptura sendo normalmente satisfeito mediante a aplicação de
um coeficiente adequado à tensão que causa a ruptura
do solo.

Implicará a adoção de uma tensão tal, que conduza a


Recalques Admissíveis recalques que a superestrutura pode suportar. (Muito difícil
de ser avaliado)

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Introdução

Recalque Admissível

Se sa r inferiores aos admissíveis – ok, caso contrário:

Recalque Máximo

Estabelecer inicialmente o recalque máximo.


Calcular a tensão que provoca esse recalque máximo e aplicar
um F.S. global não infeior a 1,5.

sa ≤ srmáx./1,5

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Cap. Carga

P
sa ≤ sr / F.S.

r ≤ ra

Sapata de concreto embutida no solo


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Cap. Carga

Comportamento de uma sapata carregada verticalmente.

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Ruptura

Ao transmitir um carregamento de uma fundação ao solo,


este se deforma e ocorre o recalque da fundação.

Quando o solo é carregado além da sua capacidade de


suporte, este pode apresentar três tipos de ruptura, segundo
Vésic, 1975:

Generalizada

Puncionamento

Localizada
1
0
Ruptura
Vésic, 1975
a) A ruptura geral é caracterizada
pela existência de uma superfície
deslizamento contínua que vai da
borda da base do elemento
estrutural à superfície do terreno,
é repentina e a carga bem
definida, registra-se um
levantamento do solo em torno da
fundação. Ao atingir a ruptura, o
movimento se dá em um único
lado da fundação acompanhada
por tombamento (Velloso e Lopes,
1997). Ocorre em solo pouco
compressíveis (areias compactas
e argilas rijas)

b) A ruptura é claramente definida


c) A ruptura por puncionamento, não é fácil de ser
apenas sob a base do elemento
observada. Com a aplicação da carga o elemento estrutural
estrutural de fundação. Apresenta
tende a afundar significativamente, em decorrência da
algumas características dos
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compressão do solo subjacente, não há movimento do solo
outros dois modos de ruptura,
na superfície, o equilíbrio da fundação nos sentidos vertical
constituindo-se num caso
e horizontal é mantido (Velloso e Lopes, 1997). Ocorre em
solos muito moles (areia fofas e argilas moles).
intermediário.
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Introdução

Segundo a NBR-6122/2010 – “Projeto e Execução de


Fundações”, a tensão admissível pode ser estimada segundo os
métodos :

1. Teóricos

2. Semi-empíricos

3. Empíricos

4. Prova de carga sobre placa


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2
Introdução

Métodos Teóricos:

Consiste na aplicação de uma fórmula de capacidade de carga


para estimativa de tensão de ruptura do solo de apoio, sr, à qual
se aplica um fator de segurança, FS, para obtenção da tensão
admissível.

O fator de segurança varia de acordo com o problema, mas não


inferior a 3.

A seguir, com base na tensão admissível, se procede a uma


análise de recalques para saber se este critério está satisfeito ou
não. 1
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Terzaghi
Método Teórico

Tipos de Ruptura, Terzaghi, 1943

Tipo C1- ruptura geral, perfeitamente


caracterizada pela abscissa sr da
tangente vertical (solo compacto ou rijo)

Tipo C2- ruptura local, não é bem


definida, pode ser caracterizada como a
abscica sr do ponto a partir do qual a
curva se torna retilínea. (solo fofo ou
mole)
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Terzaghi
Método Teórico

Para desenvolver uma teoria de capacidade de carga (vertical) de um sistema sapata-solo


(horizontal), considera as seguintes hipóteses:
- sapata corrida L>>B, L/B > 5 → problema bidimensional;
- h < B, despreza-se a resistência ao cisalhamento da camada de solo situada acima da cota de apoio da
sapata → substitui-se a camada de solo acima por uma sobrecarga q = g x h;
- solo compacto ou rijo, RUPTURA GERAL

Superfície potencial de ruptura, composta:


- Trecho intermediário RS

- Trecho reto OR e ST

- Variando de f e 45°– f/2


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Terzaghi
Método Teórico

Segundo a teoria de capacidade de carga de Terzaghi, o solo logo abaixo


da fundação forma uma cunha, que em decorrência do atrito com a base
da fundação se desloca verticalmente, em conjunto com a fundação.
O movimento dessa cunha força o
solo adjacente e produz duas zonas
de cisalhamento. A capacidade de
carga da fundação é igual à
resistência oferecida ao
deslocamento pelas zonas de
cisalhamento.

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Terzaghi
Método Teórico

Ruptura Geral

Temos então para sapata corrida, embutida no maciço de solo que exibe
coesão e ângulo de atrito, a capacidade de carga consiste em três
componentes, sendo:

sr = c Nc + q Nq + ½ g B Ng
Nc , Nq , Ng – fatores de capacidade de carga referentes à coesão, à
sobrecarga e ao peso específico do solo, respectivamente.

Todos os fatores de capacidade de carga são adimensionais e dependem


unicamente de f. 1
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Terzaghi
Método Teórico

Ruptura Geral
Para sapata de forma geral, podemos reescrever a equação anterior de
forma a inserir FATORES DE FORMA, ou seja:

sr = c Nc Sc + q Nq Sq + ½ g B Ng Sg
Sc , Sq , Sg – fatores de forma da sapata.

Sapata Sc Sq Sg
Corrida 1,0 1,0 1,0
Circular 1,3 1,0 0,6
Quadrada 1,3 1,0 0,8 1
Retangular 1,1 1,0 0,9
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Terzaghi
Método Teórico

Ruptura Local

A ruptura de solos fofos ou moles, não ocorre da forma como para solos
compactos e rijos. Além disso a sapata penetra significamente no terreno
e a ruptura não é bem definida.

Terzaghi (1943) propõe a utilização de valores reduzidos (c’ e f’) dos


parâmetros de resistência do solo, de modo que:

c’ = 2/3 c e tgf’ = 2/3 tgf

sr = c’ N’c Sc + q’ N’q Sq + ½ g B N’g Sg


1
N’c , N’q , N’g – fatores de capacidade de carga para ruptura local.
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Terzaghi
Método Teórico

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0
Skempton
Método Teórico
Outro método muito utilizado é o de Skempton (1951), específico
para argilas saturadas na condição não-drenada (f = fu = 0).
Neste caso (Nq = 1, Ng = 0 e Sq = 1), então temos:

sr = c Nc Sc + q
Em que:

c = cu – coesão não drenada da argila.


Sc = 1+0,2 (B/L)

Sapata Corrida – Sc = 1 e Nc – graficamente (linha cheia)


Sapata Retangular – Sc – calculado e Nc igual a Nc sapata
corrida 2
Sapata Circular ou Quadrada – Sc = 1,2 e Nc – graficamente 1
(tracejada)
Skempton
Método Teórico

2
2
B. Hansen
Método Teórico

Hansen (1970) inclui na fórmula de capacidade de carga os


chamados fatores de profundidade (dc, dq e dg) e também analisa
o caso de carga inclinada, quantificando a redução da
capacidade de carga por meio de fatores de inclinação de carga
(ic, iq e ig), ou seja:

sr = c Nc Sc dc ic + q’ N’q Sq dq iq + ½ g B N’g Sg dg ig

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Semi-Empí

Métodos Semi-empíricos:

São aqueles em que as propriedades do solo são estimadas com


base em correlações, para em seguida serem aplicadas formulas
teóricas, adaptadas ou não.

A estimativa de parâmetros (resistência e compressibilidade) é


feita com base na resistência à penetração medida em
sondagem, N (SPT), ou na resistência de ponta do ensaio de
penetração estática de cone, qc.

No caso de fundações diretas, torna-se preferível estimar sa


diretamente de N ou de qc, sem necessidade de se intercalar
uma correlação entre esses índices e as propriedades do solo. 2
4
Empíricos

Métodos Empíricos:

Nestes métodos as tensões admissíveis são estimadas


com base na descrição do terreno (classificação), por
intermédio de tabelas. Estas servem mais como uma
orientação inicial, ou seja, para um pré-
dimensionamento.

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Introdução Aspectos gerais Sondagens

Tema 6 – Fundações
Introdução Critérios Fundação rasa Fundação prof.

21/02/2013
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Correlações

Correlações Empíricas:

Pode-se estimar a tensão admissível de fundações diretas


mediante correlações empíricas com a resistência de ponta (qc)
do CPT ou com o índice de resistência à penetração (N) do SPT.

A) SPT (Teixeira 1996)

sa = N/50 (MPa)

Onde , N – é a média dos N SPT’s dentro do bulbo de tensões.

2
Esta formulação é válida p/ qualquer solo natural com 5 ≤ N ≤ 20.
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Correlações

Correlações Empíricas:
A) x
B) CPT (Teixeira & Godoy, 1996)

Sapatas apoiadas sobre argilas

sa = qc/10 ≤ 4,0 MPa

Sapatas apoiadas sobre areias

sa = qc/15 ≤ 4,0 MPa

qc é o valor médio no bulbo de tensões, com qc ≥ 1,5 MPa. 2


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Prova de
Carga
Prova de Carga sobre Placa:

A prova de carga sobre placa se constitui na realidade em ensaio em


modelo reduzido de uma sapata. Ela nasceu antes das conceituações
da Mecânica dos Solos, aplicada empiricamente, na tentativa de
obtenção de informações sobre o comportamento tensão-deformação
de um determinado solo de fundação.

É oportuno que se saliente que por sua pequena dimensão, apenas o


solo situado imediatamente abaixo da placa é solicitada durante um
aprova de carga. Se tivermos, por exemplo, uma camada de areia mais
superficial e uma camada compressível mais profunda, pode ser que no
ensaio a camada compressível não seja solicitada e assim não teremos
como avaliar seu comportamento quando a solicitação da mesma
acontecer.
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0
Prova de
Carga
Metodologia - A execução de uma prova de carga é regulamentada
pela NBR-6489 – “Prova de Carga Direta Sobre Terreno de Fundação”.

As cargas são aplicadas até a ruptura do solo e,

até que se atinja o dobro da tensão admissível presumida para o solo,

ou um recalque julgado excessivo.

Os resultados de uma prova de carga são apresentados na forma de um


gráfico Tensão x Recalque juntamente com outros dados relativos à
montagem da prova, sua localização em planta e elevação, resultados
de sondagem próximos etc.
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1
Prova de
Carga

Uma placa de aço rígida de 80cm de diâmetro;

Estágio de carga de 20% da sad. provável do solo;

Será iniciado novo acréscimo de carga quando o recalque medido entre


um tempo e outro consecutivo for menor que 5% do recalque total no
estágio;

As cargas são aplicadas até a ruptura do solo e, caso isto não aconteça,
até que se atinja o dobro da tensão admissível presumida para o solo,
ou um recalque julgado excessivo, 25mm;

Os resultados de uma prova de carga são apresentados na forma de um


gráfico Tensão x Recalque. 3
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Prova de
Carga

21/02/2013
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3
Prova de
Carga
Os resultados da Prova de Carga são representados em forma de gráfico Tensão X Recalque

s10

sa ≤
s25
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Recalque ad. De 10mm e

Tensão de ruptura está


associada a um recalque
de 25mm.
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Prova de
Carga
Os resultados da Prova de Carga são representados em forma de gráfico Tensão X Recalque

Critério de Recalque → sa ≤ sx
Critério de Ruptura → sa ≤ s* /FS
Onde:

sx é a tensão correspondente a um
recalque admissível

s* é tensão correspondente a ruptura, quando


esta for alcançada (comportamento assintótico da
curva) ou tensão correspondente a um recalque
julgado excessivo.

3
FS Coeficiente de segurança, em geral igual a 2

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Referências

Fundações Teoria e Prática

Exercícios de Fundações – Urbano Rodrigues Alonso

José Carlos A. Cintra – Tensão Admissível em Fundações Diretas

Fernando Schnaid - Ensaios de Campo

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CONTATOS

 Prof. Me. Rodrigo Pereira de Almeida


 Engenheiro Civil

 rodrigopa@unipam.edu.br

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