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Obras de Terra e Contenções

Cap. 5 – Estruturas de Contenção sem Reaterro


Prof. Msc. Pedro Silveira Gonçalves Neto
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.1. Muros sem ancoragem
 Basile (2014) descreve que as estacas pranchas são perfis de madeira, concreto
armado, concreto protendido ou metálicas, que se cravam ao terreno, formando por
justaposição as cortinas, destinadas a servir como obras de contenção de água, de terra
ou ambos. Os perfis mais comuns utilizados no mercado são os perfis tipo U e tipo Z. As
estacas pranchas são produzidas em seções e são encaixadas através de conectores
simples e de fácil instalação, além da possibilidade de serem combinadas com outros
elementos criando sistemas com elevada resistência à flexão.

Figura 1. Perfil Z. Fonte


Arcelor (2010, apud
BASILE, 2014).

Figura 3. Exemplo de
conectores em
Figura 2. Perfil U. Fonte estacas-pranchas.
Arcelor (2010, apud Fonte: (2010, apud
BASILE, 2014). BASILE, 2014).
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.1. Muros sem ancoragem
 Muros deste tipo são principalmente constituídos de estacas-pranchas e são usados
apenas para a contenção de taludes de altura relativamente pequena. Em areias e
cascalhos, esses muros podem ser usados como estruturas permanentes. A estabilidade
do muro deve-se inteiramente à resistência passiva mobilizada na frente do muro. O
estado limite principal é a instabilidade do talude causando rotação ou translação.

Figura 4. Estacas-prancha.
Fonte: ArcelorMittal (2021).
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.1. Muros sem ancoragem
 O modo de ruptura é por rotação em torno de um ponto O próximo à extremidade inferior
do muro conforme a Figura 2(a). Consequentemente, a resistência passiva age acima de
O na frente do muro e abaixo de O atrás do muro, conforme a Figura 2(b), fornecendo
assim um momento de fixação.

Figura 5. Cortina de estacas-pranchas


sem ancoragem. Fonte: Craig (2007)
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Cap 5
 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.1. Muros sem ancoragem

Figura 6. Cravação de estacas-pranchas com Figura 7. Cravação de estacas-pranchas com


martelo hidráulico Fonte: EMBRAFE (2021) martelo vibratório. Fonte: EMBRAFE (2021)
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.1. Muros sem ancoragem
 Geralmente, o projeto baseia-se na simplificação exemplificada na Figura 2(c), a qual
admite que uma resistência passiva líquida abaixo do ponto O seja representada por uma
carga concentrada R agindo no ponto C, ligeiramente abaixo de O, a uma profundidade d
(ficha) abaixo da superfície inferior do solo.
 O método tradicional de análise envolve determinar a profundidade da ficha fazendo
equilíbrio de momentos em torno de C e aplicando-se um coeficiente de segurança ao
momento resistente, isto é, a resistência passiva na frente do muro é dividida por um
coeficiente F. O valor de d é então aumentado em 20%, ou seja, a profundidade de
engastamento será 1,2d.
 Além disso deve-se determinar, por equilíbrio de esforços horizontais e verificar se a
resistência passiva líquida ao longo da profundidade de engastamento adicional de 20%
é igual ao maior do que R.
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.2. Muros ancorados e escorados
 Geralmente, estruturas desse tipo ou são cortinas de estacas-pranchas ou paredes
diafragma de concreto armado. É possível fornecer suporte adicional a muros
engastados por meio de uma linha de tirantes ou escoras próxima ao topo do muro.
Normalmente os tirantes são de cabos ou barras de aço de alta resistência à tração,
ancorados no solo a uma certa distância atrás do muro.
 Bonafé (201-) descreve que a cortina atirantada é um componente construtivo projetado
em parâmetro vertical de taludes e paredes de escavações para conter esforços de
empuxos do solo, impedindo o desabamento de encostas. O sistema é classificado como
obra de infraestrutura e empregado, sobretudo, em construções rodoviárias e subsolos
de edificações.
 As cortinas podem ser confeccionadas com painéis de diversos tipos de materiais, como
por placas de concreto armado, parede diafragma, estacas-pranchas, estacas-raiz e
perfis metálicos intercalados por vigotas de madeira ou por concreto armado pré-
moldado.
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.2. Muros ancorados e escorados

Figura 8. Cortina atirantada em estrada. Fonte: Bonafé (201-)


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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.2. Muros ancorados e escorados
 5.1.2.1. Análise de Extremidade Livre
 Admite-se que a profundidade de engastamento abaixo do nível da escavação seja
insuficiente para produzir a fixação da extremidade inferior do muro. Desta forma, o
muro fica livre para girar em torno de sua extremidade inferior e, em consequência, o
momento fletor assume a forma apresentada na figura 9b.
 Para satisfazer o estado limite de rotação, o momento estabilizante em torno da
ancoragem ou escora deve ser maior ou igual ao momento de tombamento. As
forças horizontais são igualadas a zero, levando ao valor mínimo da força de
ancoragem ou escora exigido para satisfazer o estado limite de translação.

σ 𝐹𝐻 = 0 (1)

σ 𝑀𝑂 = 0 (2)
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.2. Muros ancorados e escorados
 5.1.2.1. Análise de Extremidade Livre

Figura 9. Cortina de estacas-pranchas ancoradas: método da extremidade livre.


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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.2. Muros ancorados e escorados
 5.1.2.2. Análise de Extremidade Fixa
 Fagundes (2021) descreve que a distância entre o nível de escavação e o ponto de
inflexão da linha elástica (onde o momento é nulo) é função do ângulo de atrito e H
(Figura 10) e aproxima-se de d. Para efeitos práticos, a~d e o problema pode ser
dividido em um sistema de duas vigas bi apoiadas.
Figura 10.Análise
de extremidade
fixa. Fonte:
Fagundes (2021).

Figura 11.Sistema
de vigas bi
apoiadas. Fonte:
Fagundes (2021).
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
 Normalmente tirantes são ancorados em vigas, placas ou blocos de concreto, colocados
a alguma distância atrás do muro. Os estados limites últimos são arrancamento da
ancoragem e comprimento do tirante. O estado limite de utilização é que o deslocamento
da ancoragem seja mínimo.

Figura 12.Preparaçao para perfuração. Fonte: TRISUL (2021). Figura 13. Perfuratriz executando trabalhos de perfuração. Fonte:
TRISUL (2021).
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)

Figura 14.Elementos do tirante. Fonte: ABNT (2018). Figura 15.Ancoragem no terreno. Fonte: Craig (2007).
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)

Figura 16. Cordoalha. Fonte: Silva (2015).


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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
A NBR 5629 (ABNT, 2018) destaca os aspectos que influenciam no
desempenho dos tirantes e devem constar em relatório técnico:
Espaçamento;
Características geotécnicas do solo;
Sobrecargas;
Posição do nível d’água;
Sequência executiva da obra.
Além disso, o cálculo dos esforços nos tirantes deve levar em conta a carga
máxima que pode ocorrer durante a sua utilização nas fases de execução e
situação de trabalho.
Os fatores de segurança devem obedecer os mesmo requisitos da NBR 11682
(ABNT, 2009)
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
 A resistência passiva deve ser calculada
admitindo-se que não há sobrecarga de
superfície, e a pressão ativa deve ser calculada
admitindo que existe uma sobrecarga de
superfície de, no mínimo 10 kN/m².
 Recomenda-se que um coeficiente de
carregamento de, pelo menos 2,0m seja
aplicado à força do tirante. Se a altura (b) da
ancoragem não for menor do que a metade da
profundidade (da) da superfície à base da
ancoragem, pode-se admitir que a resistência
passiva é desenvolvida ao longo do
comprimento da. Figura 17. Ancoragem em placa. Fonte: Craig (2007).

 A ancoragem deve estar localizada além do


plano YZ (figura 17) para assegurar que a
cunha passiva da ancoragem não se
sobreponha à cunha ativa atrás do muro.
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
Equação de equilíbrio será dada pela equação 3:

1
𝐾𝑝 − 𝐾𝑎 . 𝛾. 𝑑𝑎2 . 𝑙 − 𝐾𝑎 . 𝑞. 𝑑𝑎 . 𝑙 ≥ 𝑇. 𝑠 (3)
2

Onde
𝑇 = força no tirante por unidade de comprimento do muro;
𝑠 = espaçamento entre os tirantes;
𝑙 = comprimento de ancoragem por tirante;
𝑞 = pressão de sobrecarga na superfície
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
Para solos arenosos, e argilosos, as equações 4 e 5 possibilitam determinar a
força no elemento de tirante.
Solos arenosos

𝑇 = 𝜎′𝑉 . 𝑈. 𝐿𝑏 . 𝑘𝑓 (4)

Onde
𝜎′𝑉 = pressão efetiva sobrejacente em torno da ancoragem fixa em kPa;
𝑈 = perímetro do tirante em m²;
𝐿𝑏 = comprimento do bulbo tirante em metros;
𝑘𝑓 = coeficiente que depende do tipo de solo
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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
Solos arenosos
kf

Compacidade
Solo
Fofa Compacta Muito compacta

Silte 0,1 0,4 1,0

Areia fina 0,2 0,6 1,5

Areia média 0,5 1,2 2,0

Areia grossa 1,0 2,0 3,0

Tabela 1. Fator kf em função do tipo de solo. Fonte: Fagundes (2021).


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 5.1. Muros Engastados (GRAIG, 2007)
 5.1.3. Ancoragens (Tirantes)
Solos argilosos

𝑇 = 𝛼. 𝑈. 𝐿𝑏 . 𝜏𝑢 (5)

Onde
𝛼 = coeficiente de atrito lateral;
Para 𝜏𝑢 ≤ 40 𝑘𝑃𝑎 → 𝛼 = 0,75
Para 𝜏𝑢 ≥ 100 𝑘𝑃𝑎 → 𝛼 = 0,35
𝑈 = perímetro do tirante em metros;
𝐿𝑏 = comprimento do bulbo tirante em metros;
𝜏𝑢 = resistência ao cisalhamento não drenada em kPa.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
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 5.2. Escavações Escoradas (GRAIG, 2007; ALONSO 2010)
 O escoramento de valas é um serviço frequentemente utilizado em obras de
saneamento, drenagem, construção de redes de gás e oleodutos, para evitar
desmoronamentos e manter estáveis os taludes das escavações. O objetivo é garantir
condições para a realização das atividades no local e, principalmente, a segurança dos
trabalhadores.
 Estacas-pranchas ou escoramentos de madeira são usados normalmente para suportar
os lados de escavações profundas e rasas. A estabilidade, nestes casos é mantida por
meio de escoras que se estendem de um lado para o outro da escavação. Normalmente
as estacas são cravadas em primeiro lugar, e as escoras são colocadas em estágios à
medida que a escavação prossegue.
 Entre as técnicas de escoramento de valas mais recomendadas na atualidade estão a
contenção de cava com escoramento com pranchas metálicas e a utilização de
módulos pré-fabricados, a chamada blindagem de valas. Ambas proporcionam índices
elevados de produtividade, mas diferem bastante na forma de execução.
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 5.2. Escavações Escoradas (GRAIG, 2007; ALONSO 2010)

Figura 18. Blindagem de vala. Fonte: Antincêncio Engenharia (2021).


5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.2. Escavações Escoradas (GRAIG, 2007; ALONSO 2010)

Figura 19. Escoramentos de taludes. Fonte: Life (2021). Figura 20. Escoramentos para obras e drenagem. Fonte: Albacora (2021).
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 5.2. Escavações Escoradas (GRAIG, 2007; ALONSO 2010)

Figura 21. Escavações escoradas e distribuições aparentes de empuxo. Fonte: Craig (2007).
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 5.2. Escavações Escoradas (GRAIG, 2007; ALONSO 2010)
 De acordo com Peck (1996, apud CRAIG, 2007), o comportamento de uma escavação
escorada em argila depende do valor do número de estabilidade e, por conta disto propôs as
envoltórias dispostas na figura 22 para determinar a pressão ativa no terreno. Alonso (2010)
comenta que as envoltórias não consideram pressões de sobrecarga e, caso existam,
estas precisam ser somadas.

Figura 22. Envoltórias


de Peck. Fonte: Alonso
(2010)
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Cap 5
 5.2. Escavações Escoradas (GRAIG, 2007; ALONSO 2010)
 Para o cálculo das reações nas estroncas subdivide-se o escoramento em diversas vigas
isostáticas. Na prática, calcula-se a reação E como se fosse nula e a seguir adota-se para a
mesma um comprimento da ordem de grandeza do último vão.

Figura 23. Esquema de cálculo para mais de uma linha de escoras. Fonte: Alonso (2010)
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 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)
 Parede diafragma consiste em um muro vertical formado por painéis alternados ou
sucessivos capazes de conter os empuxos do solo. Quando em conjunto com tirantes
possuem a capacidade de aumentar a resistência das cargas provenientes do solo, podendo
variar, normalmente, a espessura entre vinte a quarenta centímetros dependendo das cargas
e espaçamento dos elementos de ancoragem.
 Sequencia Construtiva (GEOFIX, 2021; TRISUL, 2021)
 Execução da mureta guia;
 Preparo da lama bentonítica;
 Escavação;
 Colocação da armadura;
 Desarenação ou troca da lama;
 Concretagem;
 Retirada da chapa junta e placa de espelho.
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Cap 5
 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)

Figura 24. Mureta – Guia. Fonte: Instituto de Engenharia (2021) Figura 25. Clam Shell. Fonte: Loenning (2021)
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Cap 5
 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)

Figura 25. Processo


executivo de parede
diafragma com
auxílio de clam shell
Fonte: GEOFIX
(2021)
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)

Figura 26. Processo


executivo de parede
diafragma com
auxílio de clam shell
e hidrofresa Fonte:
GEOFIX (2021)
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Cap 5
 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)
 Fabricação da Lama (TRISUL, 2021)
 A lama bentonítica é a mistura de água com bentonita, nome genérico da argila composta
predominantemente de um mineral silicato hidratado de alumínio. A lama bentonítica tem
uma densidade que se sedimenta numa velocidade maior e que se descartada
incorretamente como próximos aos rios pode provocar o impedimento da oxigenação
(ESGOTÉCNICA, 2014).
 A lama bentonítica possui as seguintes características:
 Estabilidade produzida pelo fato de a suspensão de bentonita se manter por longo
período;
 Capacidade de formar nos vazios do solo e especialmente junto à superfície lateral
da escavação uma película impermeável (cake);
 Tixotropia, isto é, ter um comportamento fluido quando agitada, porém capaz de
formar um “gel” quando em repouso.
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 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)
 Admite-se que a pressão hidrostática total da lama age contra os lados da escavação, com a
bentonita formando uma camada fina e praticamente impermeável na superfície do solo. Na
situação de limite de equilíbrio, pode-se admitir que o ângulo de superfície de ruptura tenha
𝜑
valor crítico, ou seja, 𝛼 = 45° + 2 . O peso específico da lama é 𝛾𝑙𝑎𝑚𝑎 e o peso específico do
solo é 𝛾. Considerando H como a profundidade da cava, nH será a profundidade da lama e
mH a profundidade do lençol freático.

• Equilíbrio de forças

𝑃 + 𝑇. 𝑐𝑜𝑠𝛼 − 𝑁. 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0 (5)

𝑊 − 𝑇. 𝑠𝑒𝑛𝛼 − 𝑁. 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 0 (6)

Onde

1
Figura 27.
𝑃 = 2 . 𝛾𝑙𝑎𝑚𝑎 (𝑛𝐻)² (7)
Estabilidade de
escavação com
1
lama. Fonte: Craig
(2007). 𝑊 = 2 𝛾𝐻2 . 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛼 (8)
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.3. Parede Diafragma (GRAIG, 2007)
 No caso de areia (𝑐 ′ = 0), a análise de tensão efetiva é pertinente, assim:
𝑇 = (𝑁 − 𝑈). 𝑡𝑔𝜑′ (9)

1
𝑈= .𝛾 . 𝑚𝐻 2 . 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(𝛼) (10)
2 𝑤

 Para o caso de argilas saturadas (𝜑𝑢 = 0), a análise de tensões totais é pertinente, assim:
𝑇 = 𝑐𝑢 . 𝐻. 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(𝛼) (11)

 Utilizando as equações 5 e 6, a densidade mínima da lama pode ser determinada para um


coeficiente de segurança igual a 1 contra a ruptura por cisalhamento. Como alternativa, para
uma lama de uma determinada densidade, devem ser usados os parâmetros mobilizados de
resistência ao cisalhamento com fatores de segurança determinados por iteração.
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Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 Solo reforçado consiste em uma massa de solo compactado dentro do qual são embutidos
elementos reforçadores, normalmente na forma de tiras horizontais de aço. Outras formas
comuns de reforço de solo incluem tiras, barras, grelhas e malhas de materiais metálicos ou
poliméricos e mantas de geotêxteis.
 A massa é estabilizada em consequência da interação entre solo e os elementos. As tensões
laterais dentro do solo são transferidas para os elementos que são nele colocados sob tração
e o solo usado como material de enchimento deve ser predominantemente de granulometria
grossa e deve ser drenado adequadamente para evitar que se torne saturado.

Figura 28.
Estabilidade de
taludes com solo
reforçado. Fonte:
Diprotec (2021)
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.3.1. Geossintéticos em muros como elemento de reforço
 Camadas de geossintéticos podem usadas para estabilizar taludes contra rupturas profundas
por meio de camadas horizontais de reforço primário, permitindo a realização de taludes
mais íngremes. Caso seja necessário estabilizar a face, são realizados reforços secundários
relativamente curtos e menos espaçados e/ou envelopando-se as camadas de reforço da
face.

Figura 29. Talude em solo reforçado. Fonte: Diprotec (2021) Figura 30. Instalação do Geotextil em o auxílio de formas de madeira
reaproveitáveis. Fonte: Vermatti (2015)
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 Detalhes executivos de Obra (VERMATTI, 2015)
 A fundação deve ser preparada, removendo-se ou substituindo-se materiais de baixa capacidade
portante; A correta inclinação superficial da face é provida pela utilização de uma fôrma de
madeira, em forma de L, com altura um pouco maior que o espaçamento entre as camadas
reforçadas. A fôrma é colocada na base do muro e vai subindo junto com as camadas.
 O Geotêxtil é desenrolado e posicionado de forma que sobre aproximadamente um metro além do
topo da fôrma. Se o reforço for suficientemente largo e possuir propriedades iguais nas duas
direções, ele pode ser desenrolado paralelamente ao muro. Caso contrário, o Geotêxtil deve ser
desenrolado perpendicularmente ao muro e costurado ou sobreposto: em geral, a sobreposição
deve ser de 30 cm (emendas longitudinais apenas).
 O aterro é espalhado sobre o geotêxtil até cerca de 50% ou 75% do espaçamento entre camadas
(tipicamente entre 20 e 40 cm) e então compactado com equipamento convencional. Escava-se
um pequeno trecho a aproximadamente 50cm da face do muro, no qual a extremidade livre do
Geotêxtil é dobrada e encaixada.
 O restante do aterro é executado e compactado, completando a execução da camada. A fôrma de
madeira é removida e posicionada sobre a camada recém executada, de forma a iniciar-se a
execução da camada seguinte.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.4.1. Método de Dimensionamento Adotado para o Cálculo da Estabilidade Interna
 Vermatti (2015) confirma o exposto por Cragi (2007) a respeito das metodologias
existentes para o dimensionamento de maciços reforçados e sugere, para a simplificação
de procedimentos, a utilização do método desenvolvido por Jewell (1991), baseado no
equilíbrio limite estudado por Jarret e Mc Gown (1988), que utiliza ábacos que
simplificam os cálculos.

Figura 31. Efeito do reforço no equilíbrio: (A) talude sem reforço e (B)
geotêxtil contribuindo como reforço. Fonte: Vermatti (2015)
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.4.1. Método de Dimensionamento Adotado para o Cálculo da Estabilidade Interna
 Parâmetros:
 H = altura do muro / talude, em metros; b = ângulo de inclinação da face / superfície do talude
com o plano horizontal, em graus (pode variar na faixa de 30o a 80o);
 𝜑𝑝 = ângulo de atrito interno do solo ( pico ), em graus; 𝜑𝑑 = ângulo de atrito de projeto, em
graus.
 TMAX = resistência do Geotêxtil à tração - carga distribuída, indicada pelo fabricante, em kN/m.
 FS = fator de segurança global, para as características resistentes do solo.
 FRT = fator de redução total, para a resistência à tração do Geotêxtil.
 Kreq = Coeficiente de empuxo ativo requerido.
 eV = espaçamento vertical entre as camadas de reforço com Geotêxtil, em metros.
 Ta = resistência disponível do Geotêxtil, em kN/m.
 Treq= resistência do Geotêxtil, requerida pelo projeto, em kN/m.
 L = Comprimento do reforço, em metros.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.4.1. Método de Dimensionamento Adotado para o Cálculo da Estabilidade Interna
 Sequência de Cálculo
 1) Cálculo do ângulo de atrito de projeto:
𝑡𝑔𝜑𝑝
𝜑𝑑 = arctg (12)
𝐹𝑆

 2) Com fd e b, obtém-se Kreq e L/H no ábaco;


 3) Adota-se um espaçamento conveniente e calcula-se a resistência do Geotêxtil

𝑇𝑟𝑒𝑞 = 𝑒𝑉 . 𝐾𝑟𝑒𝑞 . 𝛾. 𝐻 (13)


5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.4.1. Método de Dimensionamento Adotado para o Cálculo da Estabilidade Interna
Figura 32 Ábaco Figura 33 Ábaco
de Jewell para de Jewell para
determinação do determinação do
coeficiente de comprimento
empuxo mínimo do reforço.
requerido. Fonte: Fonte: Vermatti
Vermatti (2015) (2015)
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.4.1. Método de Dimensionamento Adotado para o Cálculo da Estabilidade Interna
 Sequência de Cálculo
 4) Com FRT, calcula-se o valor mínimo da resistência de catálogo do Geotêxtil:

𝑇𝑀𝐴𝑋 ≥ 𝑇𝑟𝑒𝑞 . 𝐹𝑅𝑇 (14)

𝐹𝑅𝑇 = 𝐹𝑅𝐹𝐿 . 𝐹𝑅𝐷𝐼 . 𝐹𝑅𝑀𝐴 (15)

 O fator total é composto por vários fatores parciais (KOERNER, 1998; FABRIN ET AL, 1999
apud VERMATTI, 2015):
 FRFL= fator de redução para deformações por fluência em tração, que varia de 2,0 a 4,0,
em função da matéria-prima do Geotêxtil; FRDI= fator de redução devido a danos de
instalação na obra, que varia de 1,0 a 2,0 em função dos materiais fisicamente
contundentes em contato com o Geotêxtil; FRMA = fator de redução devido à degradação
pelo meio ambiente (química e biológica), que varia de 1,0 a 1,6 para obras de reforço,
em geral.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 5.4. Solo Reforçado (GRAIG, 2007; VERMATTI, 2015)
 5.4.1. Método de Dimensionamento Adotado para o Cálculo da Estabilidade Interna
 Sequência de Cálculo
 5) Considera-se uma ancoragem de 1m de comprimento e determina-se o
comprimento total do reforço.

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐿𝑅 + 𝑒𝑉 + 𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 (16)


5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 Exercícios
01. (CRAIG, 2007) Os lados de uma escavação de 2,25m de profundidade em areia
devem ser suportados por uma cortina de estacas-prancha sem ancoragem (cantiléver). O
lençol freático está 1,0m abaixo do fundo da escavação. O peso específico da areia acima
do lençol freático é 17 kN/m³, e abaixo do lençol freático o peso específico saturado é
20kN/m³. Os parâmetros característicos são 𝑐 ′ = 0, 𝜑 ′ = 35° 𝑒 𝛿 = 0. Considerando uma
pressão de sobrecarga de 10kN/m³ na superfície, determine a profundidade de
engastamento exigida das estacas para assegurar um coeficiente de segurança igual a
2,0 em relação à resistência passiva bruta.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 Exercícios
02. (CRAIG, 2007) A figura abaixo mostra
detalhes de uma cortina de estacas-pranchas
ancoradas, assim como o terreno de projeto e os
níveis d’água. Os tirantes estão espaçados de
2,0m de centro a centro. Acima do lençol freático
o peso específico do solo é 17 kN/m³ , e abaixo
do lençol o peso específico saturado é 20 kN/m³.
Os parâmetros característicos são 𝑐 ′ = 0 e 𝜑′ =
36°. Determine a profundidade de engastamento
necessária e a força em cada tirante para (a) um
coeficiente de segurança de 2,0 em relação à
resistência passiva bruta e (b) projete uma
ancoragem contínua ( 𝑠 = 𝑙 ) para suportar os
tirantes usando so valores obtidos em (a).
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 Exercícios
03. (CRAIG, 2007) Uma parede diafragma deve ser construída em um solo que tem peso
específico de 18 kN/m³ e parâmetros de resistência ao cisalhamento 𝑐 ′ = 0 𝑒 𝜑 ′ = 34°. A
profundidade da cava é de 3,50m, e o lençol freático está a 1,85m acima do fundo da
cava. Determine o coeficiente de segurança em relação à resistência ao cisalhamento se
o peso específico da lama bentonítica é 10,6kN/m³ e a profundidade da lama na cava é de
3,35m

04. (VERMATTI, 2015) Para a execução de um reforço de um muro de contenção com


Geotêxtil, pede-se, a partir da análise da estabilidade interna (considerando satisfeitas as
condições de estabilidades globais externas), determinar o espaçamento (vertical) e
comprimento a serem adotados para reforçar com um Geotêxtil com resistência à tração
Tmax de catálogo (fornecida pelo fabricante) = 38 kN/m. O solo do aterro será uma argila
arenosa com ângulo de atrito 𝜑𝑝 = 28,5º, peso específico g = 17 kN/m³ e o fator de
segurança FS = 1,30. O muro terá um ângulo com a vertical de b = 75º e altura total de 7,0
m. Os fatores de redução da resistência do geotêxtil serão: FRFL = 2,0; FRDI = 1,0;
FRMA=1,0.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 Exercícios
05. (Alonso, 2010) Usando a
envoltória de pressões em
escoramentos provisórios,
determine as reações nas
estroncas dispensando o
cálculo de estabilidade global.
5. Estruturas de Contenção sem Reaterro
Cap 5
 Referências Bibliográficas
 Alonso, U.R. Exercícios de Fundações 2ª Edição. Editora Edgard Blucher,. São Paulo,
2010.
 Das, B.M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. Thomson Learning, 2007.
 Dutra, V.A.S. Projeto de Estabilização de Taludes e Estruturas de Contenção
Englobando Dimensionamento Geotécnico e Estrutural. UFRJ, 2013.
 Craig, R. Mecânica dos Solos 7ª. Edição. Editora LTC. Rio de Janeiro, 2004.
 Faculdade do Sudoeste de Paulista. Estabilidade: Talude e Aterro. FSP, 2012. Disponível
em: <https://engenhariacivilfsp.files.wordpress.com/2012/11/geologia-estabilidade-talude-e-
aterro1.pdf> , acessado em 25 de maio de 2019.
 Gerscovich, D. Estruturas de Contenção – Empuxos de Terra. FEUERJ-PGECIV, Rio de
Janeiro, 2009.
 Vermatti, J.C. Curso Básico de Geotêxteis. ABINT (Associação Brasileira das Indústrias de
Não Tecidos e Tecidos Técnicos), 2015.

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