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A PROBLEMÁTICA DA LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS

Nesta unidade você vai poder aprender sobre a problemática da localização das
indústrias. Nela vai aprender os principais aspectos a levar em conta na discussão e
debate em volta da tentativa de identificar os factores com maior peso na tomada de
decisão para a localização da actividade industrial.

Vai aprender também sobre os factores de localização industrial. E poderá aprender


ainda sobre as teorias de localização industrial.

Objectivos da unidade
Ao terminar esta unidade você será capaz de:
✓ Explicar a problemática da localização industrial;
✓ Identificar os factores de localização industrial;
✓ Explicar as teorias de localização industrial.
LICÃO 4.1. ESTRUTURA E FORMAS DA ACTIVIDADE INDUSTRIAL

Caro Estudante!

O Desenvolvimento da Actividade industrial sempre se deu considerando os factores


de produção que ao mesmo tempo funcionavam e ate hoje agem como os factores de
localização da indústria.

Assim você poderá aprender sobre os principais aspectos a levar em conta na


discussão e debate em volta da tentativa de identificar os factores com maior peso na
tomada de decisão para a localização da actividade industrial.

Vai aprender também sobre os factores de localização industrial que influenciam a


tomada de decisão para a sua implementação e consequente localização; e também
as formas de localização industrial.

Ao completar esta lição, você deverá ser capaz de:


✓ Explicar a problemática da localização industrial;
✓ Explicar os diferentes factores de produção e localização industrial;
✓ Caracterizar as formas de Localização Industrial.

1.1. PROBLEMÁTICA DA LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL


1º O tamanho da Unidade
O tamanho da unidade industrial - premissa espacializada onde o processamento tem
lugar é a expressão mais evidente de uma industria. A criação desta premissa é uma
condição básica para o desenvolvimento industrial, embora os processos
desenvolvidos possam ser possíveis ao ar livre.
O tamanho varia de industria para industria e mesmo numa mesma Industria, no geral
de acordo com as seguintes condições: o volume de procura do produto, a economia
escala, o nº e a complexidade dos processos técnicos, o tamanho do produto e a
organização da industria em termos financeiros e de gestão.

2º O nº e tipos de emprego
A avaliação da qualidade industrial é muitas vezes feita em termos de emprego, a
questão é quantas pessoas podem ter emprego na fabrica? É uma das preocupações
fundamentais e imediata na comunidade onde se localiza. Ela representa o impacto
social da presença da actividade Industrial. O emprego potencial da Industria tem sido
a principal preocupação dos governantes desde que as fabricas passaram drenarem
trabalhadores em larga escala de áreas rurais para urbanas, mas recentemente o
emprego potencial tem sido preocupação de interesses locais que desejam atrair as
industrias para as áreas que o desemprego é elevado.
Na abordagem relativa ao impacto social da industria, é preciso ter presente que o
seu estabelecimento não significa necessariamente uma garantia de existência de
empregos, pois os industriais estão atentos relativo as formas de substituir os
empregados por maquinas que são mais eficientes porque não adoecem, não fazem
greves, nem tem problemas sociais. O desenvolvimento da industria poderá significar
redução da procura da mão-de-obra.
Ademais tão importante como o numero de empregos é o tipo de empregos que as
industrias oferecem. Assim, por exemplo, uma industria que oferece apenas um tipo
ou nível de emprego, não pode satisfazer o tipo de balança de empregos que a
comunidade necessita.
As industrias têxteis providenciam abundante emprego para as mulheres, com baixos
níveis de salário, mais oferecem pouco trabalho para os homens. Por outro lado a
proporção de lugares para os não qualificados tende a diminuir-se e com ela as
possibilidades de renda para os sem formação e educação apropriada.
Em termos económicos a tendência é evidente a substituição do homem pelas
maquinas que fazem trabalhos mais pesados, significa que cada trabalhador produz
mais.

3º O valor acrescentado pela Produção


Os proveitos acrescidos a comunidade ou a Nação a partir da produção de uma
industria não suficientemente avaliados pelos números de trabalhadores empregados,
mas pela soma total dos ganhos resultantes da presença da fabrica.
O processo da transformação acrescenta valor ao material original e ele é o resultado
do trabalho despendido na transformação do qual resulta o pagamento salarial.
Em estatística, o índice comum da importância de uma indústria é dado pelo
conhecimento do valor acrescentado por essa indústria, o impacto desse valor
acrescentado na comunidade pode ser avaliado pela sua divisão, pelo número de
empregados dando assim ao valor acrescentado por empregado.
Este dado varia significativamente de indústria para indústria. Assim, em geral,
industrias como as do petróleo, carvão e derivados encontram-se no topo da tabela,
enquanto as têxteis, de couro e produtos de consumo encontram-se no fundo da
tabela.
Isto significa que os proveitos ou os salários são naturalmente mais elevados nas 1as
que nas últimas. É importante acrescentar também que nas 1as a entrada de capital
inicial é mais elevada. Alem disso, apresentam o elevado grau de automatismo e um
reduzido número de trabalhadores. A presença deste tipo de indústria providencia um
pequeno número de empregos mas de salários elevados.

4º O impacto Ambiental
Algumas indústrias são vizinhas pouco desejáveis pelos fumos, barulho ou
desperdícios gerados pelos processos de transformação. Elas tendem por isso a
repelirem da sua vizinhança tudo excepto outras indústrias como elas e em
residências das classes mais pobres.
As indústrias que usam a energia eléctrica como processo, em que se verifica o
mínimo de unidade e de pressão localizam-se sem problemas nas áreas residenciais.
Esta segregação das indústrias prejudiciais ao ambiente é actualmente muito ampla,
mas infelizmente nem sempre foi, assim não simplesmente não foi como também não
poderá ser. A ausência de qualquer forma de transporte local mantinha a
interdependência entre as fábricas e os trabalhadores.
Actualmente não é visto como suficiente a segregação da industrias inimigas do
ambiente, diz-se o mesmo em relação as fabricas de explosivos devem localizar-se
em campos abertos e afastados de refinarias de petróleos, mais ainda que se devem
empreender esforços no sentido de se eliminarem as emissões de resíduos
prejudiciais, sólidos, líquidos ou gasosos mesmo que isso aumente os encargos para
os empresários.
No passado, o tratamento dos resíduos era largamente deixada a responsabilidade e
a consciência do industrial. Actualmente, percebe-se que consciência apenas não é
suficiente e que a compulsão é necessária. O impacto ambiental é um factor a ter em
conta na decisão da localização de uma industria pela limitação dos locais disponíveis
para a sua fixação e também nos custos da industria pelos acréscimos necessários
para os processos de purificação.

5º Estrutura do Custo da Industria


Por estrutura do custo da indústria entende-se o grau de participação de cada um dos
factores intervenientes nos processos de transformação e nos custos totais. Em
alguns casos vai se mais longe e determina-se a proporção dos custos fixos e dos
custos variáveis, pode ainda ser importante calcular o ritmo dos custos envolvidos,
por exemplo: no início ou no fim na fase final de produção.
A análise destes custos, influenciara as produções e a localização. Esta ideia de
estrutura de custo pode ser vista num outro contexto, nomeadamente quando se esta
perante varias alternativas, como por exemplo: a escolha entre a energia térmica e a
hidroeléctrica.

1.1.1. FACTORES DE PRODUÇÃO E DE LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL:

O «Jogo» Dos Factores


A distribuição regional das indústrias salienta um grande número da factores –
(segundo grau de desenvolvimento económico e técnico dos países) – que vão desde
a proximidade das matérias -primas vegetais (indústrias agrícolas) ou minerais
(metalurgia, química) ao clima, passando pela localização das fontes de energia, a
distribuição da mão-de-obra, as facilidades de comunicação, a solidariedade técnica
das fabricas, atracção dos mercados. Ninguém se pode orgulhar de esgotar a lista
dos elementos que são tomados em consideração quando das decisões relativas as
localizações industriais. Estes esforços de investigação e desenvolvimento industriais
têm influenciado tanto o desenvolvimento de indústrias modernas «baseadas na
Ciência» como a sua localização.

O Transporte

O seu papel é importante, especialmente na indústria pesada. Na sua avaliação


interfere tanto o custo das distâncias como a facilidade de contactos comerciais. Na
indústria siderúrgica consideram – se habitualmente, em paralelo, os custos do
transporte do carvão e dos minérios, tendo em conta o seu teor em ferro. Nas
economias desenvolvidas as decisões complicam-se, já que o progresso técnico
desfavoreceu os centros carboníferos, através da redução considerável do consumo
de carvão, e a utilização da sucata de ferro diminuía quantidade de minério utilizada.
A determinação do «ponto de mínimo transporte» é muitas vezes e na prática, uma
tentativa inútil e extremamente difícil. Contudo, os empresários prestam sempre muita
atenção às condições dos transportes; facilidades de circulação de pessoas
atendendo a importância atribuída as relações de negócio, e de bens, incluindo as
tarifas reais, o nível do equipamento a qualidade e a regularidade as comunicações.
As suas decisões dependem essencialmente de três grupos, como se segue:

a) Despesas de transporte elevadas, superiores a 5% do preço final, como


acontecem com a siderurgia, etc., que surgem como indústrias em certa medida
determinadas em termos especiais. Concebe-se melhor pois, a deslocação dos
produtos finais do que a das matérias – primas, mas aqueles têm outras exigências
quanto as condições de transporte: por exemplo, o carvão, o calcário e a argila para
o fabrico do cimento são mais fáceis de transportar do que o cimento. De qualquer
forma, este grupo de indústrias é fortemente influenciado pelos transportes
nomeadamente pelas vias navegáveis.
b) Empresas em que as despesas de transporte oscilam entre 2 e 5% do preço
final da produção. São estas que mais interessam as políticas especiais de
descentralização ou de diversificação.

c) Indústrias em que as despesas e transporte representam menos de 2% do


preço final da produção entre as quais figuram muitas indústrias transformadoras, as
de automóveis, de confecções, sapatos etc.. Verifica- se neste grupo, com certa
frequência, deslocações das unidades ao encontro dos grandes centros de consumo.

A Mão-de-Obra

«Depois da Segunda Guerra Mundial este factor teve um papel muito importante na
Europa Ocidental e afirma – se mesmo que a localização de muitas unidades fabris
novas foi guiada pela existência na correspondente região de uma corrente contínua
de trabalhadores disponíveis. Importa, em primeiro lugar, a quantidade de mão-de-
obra, sobretudo em industrias como as eléctricas, as de confecção ou de fabrico de
sapatos, muito exigentes, industrialização de zonas rurais enfrenta, porem algumas
dificuldades, dando-se preferência a localização pelo menos junto de centros
menores, com um mínimo de condições de recepção das unidades mesmo se é
necessário desencadear e organizar migrações pendulares de trabalhadores de
residência rural.

As diferenças dos salários reais entre os grandes centros e os pequenos meios de


província tendem a perder o seu interesse, ate pelo aumento dos encargos fixos por
trabalhador e porque, através da produtividade, os altos salários não se traduzem
necessariamente numa grande parcela do custo do produto e essa varia muito entre
os diferentes ramos.

Importa considerar também a qualidade da mão-de-obra, o seu nível cultural e o


«clima social» da região. A qualidade perdeu valor com o desenvolvimento
tecnológico: a formação profissional conveniente para a grande maioria dos activos
adquire – se facilmente pela reconversão rápida dum operário de outros ramos; a
diferença de pareceres prende-se com as exigências em termos de qualidade da
produção, mais elevada no último caso e que pode ser exemplificada com o fabrico
de aparelhos de precisão; e também dimensão da empresa podendo ou não
assegurar a formação dos seus trabalhadores.
O recrutamento de quadros, engenheiros e técnicos pode interferir nas decisões, já
que serão difíceis de fixar em pequenos centros distantes das cidades importantes e
de áreas valorizadas turisticamente. Daí o interesse, para uma política de
descentralização, em despertar previamente estabelecimentos de ensino, centros de
investigação, etc., formando pessoal administrativo e técnico que não se sinta isolado
socialmente, e estranho e desenraizado na região onde trabalha.

Com a evolução dos transportes rápidos, a mão-de-obra, como factor de localização,


vai perdendo hoje o seu peso determinante, quer por acção das próprias empresas
que dispõem de transportes próprios para o pessoal, quer os transportes rápidos que
o deslocam diariamente a mão-de-obra de centenas de km de distância (EUA 300km,
Japão 200km, França e Alemanha 100km)»

A Solidariedade Técnica das Indústrias

«Nos países de certo nível técnico o factor energia dilui – se na apreciação das
despesas de transporte e das escalas de consumo, pois é a industrialização que faz
descer o preço da energia e não o baixo preço desta que provoca a industrialização.
O que é importante para a indústria é poder dispor de energia em quantidade e
qualidade. Mas a solidariedade técnica das indústrias não se limitas ao domínio
energético: a aglomeração das unidades díspares e independentes faz baixar o
correspondente preço das diversas infra- estruturas que as servem, pela sua utilização
em comum. Noutros casos, a aglomeração envolve unidades especializadas em
produções que entram nos fabricos de outras unidades próximas: divisão de tarefas
traduz-se em trocas constantes de produtos semi- trabalhados e de informações.

Importa por fim sublinhar a instabilidades do efeito de atracção dos diferentes factores
e sua interferência sempre combinada com a de outros, que o podem reforçar ou
apagar. Nenhum dos factores deve, pois ser estudado isoladamente e de forma
independente dos factores vizinhos». Um exemplo característico do nosso país são
as indústrias de S. João de Madeira, ligadas ao fabrico de calçado.

A Inércia Geográfica
«A inércia geográfica consiste numa resistência ao declínio que é em muitos casos,
um factor extremamente forte de preservação duma localização industrial. Uma área
pode ter-se tomado um centro industrial importante graças a existência próxima de
matérias-primas, de fontes de energia ou por ser o ponto de custo mínimo de
transporte; os factores responsáveis pela implantação inicial da indústria em questão
naquele ponto podem ter perdido importância ou até mesmo ter desaparecido e, no
entanto, o centro industrial mantem-se. Nem todas as localizações que perderam a
sua razão de ser continuam contudo, a florescer. Por outro a Europa Ocidental os
«sítios» industrias junto dos moinhos de água encontram-se muitas vezes ocupadas
por ruinas de pequenas fabriquetas. Mas as regiões em que o desenvolvimento
industrial se deu em larga escala tem grandes possibilidades de manter a sua
actividade, mesmo quando as vantagens locativas iniciais desapareceram.

As razões que explicam esta inercia podem ser consideradas em dois grupos. Em
primeiro lugar, a relativa imobilidade do capital-equipamento (edifícios e maquinas),
que é muitas vezes de grande durabilidade e que representa um investimento pesado,
procurando os seus proprietários mante-lo em actividade, mesmo que também é mais
barato expandir a capacidade industrial já existente do que construir novas fábricas
em diferentes regiões. Em segundo lugar, as vantagens induzidas por um centro
industrial antigo podem compensar as suas desvantagens: é caso da existência duma
certa reputação, da presença das facilidades económicas e sociais e da existência de
interdependência técnica entre as várias indústrias ai instaladas.

Verifica-se, por isso, grande resistência ao abandono de regiões indústrias antigas e,


de início, especializado, que terão acumulado muitas outras industrias orientadas para
a mercado e para os serviços.

A inércia geográfica é mais intensa nas regiões de indústrias pesadas, como são os
casos das siderurgias de Pisttburgh (EUA) e Sheffiel (R.U.) e industria têxtil»; é o caso
da Covilhã, cuja matéria- prima actual é muito diferente da que lhe deu origem.

A Tecnologia

A tecnologia é uma variável geográfica, porque é muito pouco provável que novos
progressos tecnológicos surjam em todas as regiões ao mesmo tempo ou á mesma
velocidade. As regiões irão diferir entre si conforme o saber técnico, a capacidade de
invenção, a eficácia dos canais de comunicação intra-regionais (que afectam da
difusão e troca de ideais), os recursos humanos e naturais disponíveis para a
investigação e desenvolvimento, a dimensão das firmas, e as condições da
concorrência (em geral as firmas de grande dimensões despendem maiores somas
com a investigação e desenvolvimento e concorrência estimula os seu esforços), e o
apoio governamental (quantidade e tipo de investigação e desenvolvimento exigido
pelo estado). Por aqui se vê como o progresso tecnológico é mais favorecida numas
regiões do que noutras.

Outro elemento geográfico significativo é o da mobilidade das novas tecnologias. A


velocidade de difusão da adopção de novas ideias e mecanismo depende dos
mesmos factores que afectam a capacidade de invenção e que se podem resumir na
eficiência das comunicações e na aptidão de uma região em utilizar novos
conhecimentos.

Tanto a investigação como as inovações são de vital importância para uma região
industrial amadurecida. De entre os melhores exemplos de regiões amadurecidas,
contam-se a Inglaterra e nova Inglaterra.

Proximidade Dos Recursos Energético

Nos inícios da Revolução Industrial a localização das indústrias estava mais


dependente dos recursos energéticos do que nos tempos actuais. Quando a força
hidráulica era à principal utilizada, é óbvio que as indústrias tinham de se localizar
junto aos cursos de água. Quando o carvão o hulha se tornou o recurso energético
por excelência, devido ao seu elevado peso, as minas tornam-se o principal pólo de
atracção das indústrias, principalmente aquelas que exigem enormes quantidades,
como por exemplo a siderurgia que para produzir uma tonelada de ferro necessita, em
média, de 8 toneladas de minério de carvão. Este é ainda hoje considerado um grande
factor de peso para a localização destas indústrias, como slgumas zonas portuárias
que sobrevivem graças ao carvão importado por via marítima.

Em suma, o carvão teve o seu peso e a sua época.

Com a utilização do petróleo, a localização das indústrias torna-se mais flrxível e livre,
devido à sua maior facilidade de transporte, que r em camiões-tanques quer,
principalmente, por oleodutos com centenas ou milhares de quilómetros, 18; de
qualquer modo, muitas indústrias de petroquímica e refinarias ainda preferem a sua
localização junto aos portos de abordagem dos grandes petroleiros, ou nas suas
proximidades e o mesmo se passa com o gás natural.

Com a electricidade, de fáci; transporte até cerca de 3000 km (além dos quais as suas
perdas em linha começam a ser consideráveis), a localização das indústrias também
se torna diminuta, apenas com relativo peso nas indústrias electroquímicas e
electrometalúrgicas, grandes consumidoras de electricidade, que ainda preferem a
sua localização nas proximidades de centrais produtoras.

Concluindo, a energia, actualmente, tem um peso insignificante na localização da


indústrias.

Proximidades De Matéria-Prima

Regra geral, a matéria-prima exerce ainda um grande peso como factor de


localização. Se a matéria-prima bruta, ao longo da sua transformação, até à obtenção
do produto final, der origem a grande quantidade de desperdícios, é óbvio qu ehá qque
eliminar o transporte de sta matéria-prima supérflua, e assim a instalação da indústria
deverá localizar-se o mais próximo possível da fonte da respectiva matéria-prima. São
exemplos as siderurgias que trabalham ferro de baixo teor, que se localizam junto das
minas ou junto do porto onde atracam os mineraleiros; as fábricas de cimento, que s
elocalizam junto das minas ou junto da exploração dos calcários; as celuloses junto
às grandes florestas ou nas rregiões produtoras de madeira; as serrações, cuja melhor
localização seránas proximidades das florestas. As indústriasaagro-alimentares
(tomate, fruta, produtoshortícolas) e as que facilmente se deterioram nos
transportesbtal como as indústrias de peixe, junto aos pportos piscatórios, devido à
perecibilidade do produto são outros tantos exemplos.

Ainda outro exemplo da localização da indústria junto à fonte de matéria-prima, é-


nosdado por aqueles que de pendem de outras indústrias que lhe fornecem os seus
produtos como matéria-prima. São exemplo as indústrias químicasque trabalham com
derivados de petróleo e que por isso se localizam nas proximidades das refinarias; as
indústrias; as indústrias metalurgicas nas proximidades das siderurgias – enfim,
estabelece-se uma solidariedade técnica entre as várias indústrias, que
desenvolveremos mais à frente.
A nossa indústria têxtil da Covilhãdeve-se, em grande parte, à antiga riqueza da
matéria-prima - lã -; a indústria têxtil do Minhotambém se deve, em parte, à produção
de matéria-prima agora quase inexistente – o linho.

Outras indústrias recorrem à matérias-primas oriundas de outros continentes e que,


para evitar o transporte oneroso e desperdícios, submetem os produtos brutos a uma
primeira fase de transformação ou benefício nos locais ou nas proximidades de
produção. É o caso da maioria dos produtos agrícolas indústriais de plamtação, como
algodão (que é descaroçado e enviado apenas em fibra – o caroço tem entre 30 a
40% de peso); a cana-de-açucar que sofre uma primeira transformação nos
«engenhos» e apenas se envia o melaço; do coco apenas se envia a fibra; do caacho
da palmeira apenas extrai-se somente o óleo, etc..

A Força Dos Mercados

O principal objectivo de qualquer indústria é possuir clientes consumidores do seu


produto, fim último da sua razão de ser. O mercado como pólo de atracção de algumas
indústrias pode por isso assumir vários aspectos:

- Natureza do produto – se o produto final é de difícil transporte ou sensível; nas suas


longas deslocações, a preferência é localizar a indústria o mais próximo possível do
lugar de consumo (electrónica, farmacêutica, produtos alimentares, refrigerantes,
perfumes, etc.). a indústria automóvel tem hoje tendência a dispersar-se e a
aproximar-se dos grandes centros, pois é muito fácil receber as peças de milhares de
milhares de quilómetros de distância do que transportar o veículo já completo;

- Custos de transporte do produto final – quando é mais elevado o custo do produto


final quer em bruto, quer devido a segurança, sensibilidade, fragilidade, embalagens
exigentes e onerosas, a sua preferência vai par a localização junto ao mercado
consumidor;

- Quando se trata de produtos que acompanham as exigências do consumidor e


andam ao sabor da moda, como por exemplo a alta-costura e confecções, artigos de
luxo, bijuteria e jóias, têm tendência a localizar-se junto ao mercado, pois são mais
rapidamente informadas das preferências dos clientes e, simultaneamente, este
também será mais rapidamente informado de uma nova criação artística ou científica.

Os Capitais

Se outrora a existência ou não de capitais locais se tornou num factor primordial de


localização, hoje, a coexistência da indústria / capital é secundária, pois por uma
simples ordem telegráfica, via telefónica ou por telex as transferências bancárias
efectuam-se quase simultaneamente a longas distâncias. De qualquer modo, a
disponibilidade em meios financeiros é ainda o principal factor para a existência de
qualquer indústria mas não propriamente um factor de localização.

Acção de Estado (Isenções Fiscais E Infra-Estruturas)

Quando acções governamentais de incentivo entram em jogo, quer para valorizar


determinadas áreas ou regiões deprimidas, quer para desafogar centros urbanos já
saturados, criam-se parques industriais ou áreas exclusivamente destinadas ao
desenvolvimento e oferece-se aos empresários impostos reduzidos ou a sua isenção
por determinados períodos de tempo, créditos bonificados, infra-estruturas já
montadas (eléctricas, águas e saneamento, telecomunicações, rodovias, etc.)
tornando-se estes atractivos num forte factor de localização.

Agua

A água constitui um grande factor de produção industrial desde os primórdios da


revolução industrial. Ela sempre esteve presente como um factor dentro do processo
produtivo. A água sempre foi usada como uma fonte para arrefecimento das máquinas
nas Indústrias. Também ela e usada para arrefecimento dos produtos laborados, para
a lavagem das matérias-primas e produtos laborados ou semielaborados. A Agua
também é usada também como matéria primas. As metalurgias, siderurgias, indústrias
de construção civil, indústrias têxteis, indústrias alimentares, e indústrias de
refrigerantes.

Espaço
O Espaço constitui uma componente central na localização da produção industrial,
pois toda a indústria precisa de um espaço para a sua instalação. A viabilidade
económica da localização da indústria num determinado espaço entra em jogo no
processo da localização. O Espaço influência de forma vária dependendo do tipo de
indústria, por exemplo as indústrias pesadas precisão de grandes áreas para a sua
operação considerando o grande volume das matérias-primas e produtos acabado,
diferentemente das ligeiras.

A questão da cessibilidade e conectividade entra em cena quando se trata do espaço,


pois a industria precisa se localizar onde se possa ter acesso fácil, mas também
conectada com o resto dos pontos, regiões de interesse económico industrial. Nos
primórdios da revolução industrial as Industrias se localizavam próximo das matérias-
primas, fontes de energias, e também nos centros urbanos, isto porque a urbanização
se desenvolvia em volta as áreas industriam a partir das casas dos operários. Hoje há
uma tenência das indústrias de se deslocarem para novas áreas rurais periféricas,
saindo das antigas periferias que já são urbanizadas devido a exiguidade de espaços
quando estas tendem a ampliar as suas infra-estruturas fabris, e também devido ao
elevado custo do mesmo nas zonas urbana, associado a problemas ambientais que
surgem devido a proximidade dos assentamentos humanos.

Actividade
Considere as indústrias abaixo indicadas. Para cada uma delas identifique o factor
principal que orienta a sua localização. Justifique a resposta.
a) Conserva de pescado;
b) Indústria de explosivos;
c) Conserva de tomate;
d) Indústria Panificadora.

Comentários da Actividade

Conseguiu identificar e explicar o factor com maior peso na localização e produção


das indústrias acima? Se sim, estas de parabéns. Para identificar os factores deve
analisar o tipo de indústria, as características da actividade associado as
características das Matérias-primas e as características dos produtos
laborados/semielaborados. Por exemplo se temos uma indústria alimentar, o grande
factor que orienta a sua localização é o mercado consumidor. Qual a razão, ou a
justificação? A justificação é: a indústria alimentar produz produtos de consumo
imediato, que são facilmente perecíveis ou que facilmente se deterioram. Dai que
quando o empresário planifica a instalação e desenvolvimento desta industria penas
na clientela ou o mercado consumidor, pois ninguém colocaria onde não tenha
pessoas/demanda/mercado para consumir os alimentos produzidos.

1.1.2. FORMAS DE LOCALIZAÇÃO DAS INDUSTRIAS

As formas de localização das Industrias podem ser Concentradas ou Dispersas.


As indústrias dispersas são aquelas que por sua natureza se isolam para não
causarem problemas ambientais como indústrias de explosivos, outras são aquelas
localizadas junto as fontes de matérias-primas, se isolando como as açucareiras,
outras ainda seguem o desenvolvimento s de vilas e povoados.

As Industrias concentradas são as Urbanas e portuárias que geograficamente se


localizam numa mesma região, ou seja, as urbanas se encontram concentradas na
urbe, e as portuárias se encontram concentradas no porto.

Contudo, tanto as portuárias como as urbanas podem estar dispersas ou


concentradas. Esta concentração e dispersão são relativas, pois embora já se
encontrem num porto onde há uma relativa concentração, com relação as industrias
dispersão pelo território incluindo as áreas rurais, no porto podemos encontrar uma
relativa concentração e ainda uma dispersão. O mesmo sucede com as indústrias
urbanas, que podem ser concentradas e dispersas, embora por já estar na urbe, por
se só estarem concentradas. Nela, a urbe, podemos encontrar uma certa contra em
certo ponto e outras dispersas pela urbe.

Podemos também encontrar, quanto as formas de localização as programadas e


não programadas. As Programadas - Existem áreas reservadas para a actividade
industrial, se essa reserva for respeitada e os industriais implantarem nesse espaço,
passamos a ter um aglomerado industrial concentrado – zonas francas. Exemplo.:
Beluluane, província de Maputo, em Moçambique.

Não Programadas – Muitas vezes colocam-se em determinadas localizações sem


que tenham feito um estudo ambiental prévio para tal. São indústrias que seguem o
desenvolvimento urbano, segundo as necessidades do local, logo ditam a dispersão
urbana, em função daquilo que o proprietário acha como motivo principal, isto é, factor
principal. Ex. Mercado.

Tendências Actuais das Industrias Urbanas Concentradas

• Deslocação da Industria da "antes periferia" para a periferia, por:


• Crescimento urbano,
• Espaço reduzido,
• Custo elevado do espaço,
• Falta de espaço para o movimento automobilístico,
• Manuseamento de cargas pesadas e muito elevadas,
• Questões ambientais – o crescimento urbano acaba tornando a localização mã.

Resumo

A presença da indústria no espaço pressupõe a combinação/enterração dos factores


de localização que influenciam na sua localização. Porém, uns com maior peso que
os outros em função do tipo de indústria. Podemos encontrar vários factores, dentre
os quais Matéria-prima, Mão-de-obra, Espaço, Mercado Consumidor, Recursos
Energéticos, Transporte e Vias de Comunicação, Solidariedade Técnica, Inércia
Geográfica, Capital, Água, Meio Ambiente, Acção do Estado. Dentro da discussão da
problemática da localização industrial entrem para o debate um conjunto de aspectos
a discutir considerando a diversidade de industrias existentes.

Auto-avaliação
1º Justifique a grande dispersão da indústria ligeira ou de bens de consumo
comparativamente a indústria pesada ou de bens de equipamento. Ilustre por
exemplos concretos em Moçambique.
2º Os países do chamado terceiro mundo têm exercido ultimamente uma grande
atracção sobre as grandes sociedades multinacionais.
a) Mencione as razões que explicam essa atracção.
b) Explique, até que ponto, a fixação de multinacionais tem contribuindo para a
alteração da posição desses países na economia mundial.

Comentários da Auto-avaliação

Para responder a questão 1º, deve ter em consideração os tipo de indústrias indicadas e os
factores que influem na dispersão relativamente as outras que se mostram pouco dispersas.
Os factores são eles que explicam essa dispersão das industrias ligeiras e d bens de
consumo, e também a relativa pouca dispersão das industrias pesadas e/ou de bens de
equipamentos.

Com relação a pergunta 2º, na alínea a) seria identificar os factores que estão por de trás
dessa atracão das multinacionais (conjunto de factores atractivos), pois as multinacionais
estabelecem as suas indústrias considerando o jogo de factores. Na alínea b) deves olhar
para um pais do 3º Mundo, como Moçambique se posiciona ou esta posicionada no mercado
mundial com seus produtos. Observar também a contribuição do ponto de vista da economia
Nacional o ponto de vista de benefícios económicos.

Leituras Complementares

BRADFORD, M. G. & KENT, W. A.. Geografia Humana, Teoias e suas Aplicações. Lisboa,
Gradiva, 1987.
DERRUAU, Max. Geografia Humana. Vol. 2. presença. 1973.
GEORGE, Pierre. Geografia Económica. Difel, 1983.
LOPES, A. Simões. Desenvolvimento Regional. 4ª ed.. Lisboa, FCG. 1987

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