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Agostinho Firmino Magaia

A problemática da localização das indústrias: Factores de Produção Industrial, Formas de


Localização, Factores de Localização, e Teorias de Localização das Indústrias

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitação a Turismo 3° ano Laboral

Universidade pedagógica de Maputo

Maputo

2022
Agostinho Firmino Magaia

A problemática da localização das indústrias: Factores de Produção Industrial, Formas de


Localização, Factores de Localização, e Teorias de Localização das Indústrias

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitação a Turismo 3° ano Laboral

Trabalho de Geografia da indústria a


ser entregue na FCTA departamento
de geografia sob a orientação do
Professor Doutor José Júlio Guambe
para fins de avaliação

Professor: Doutor José Júlio Guambe

Universidade pedagógica de Maputo

Maputo

2022
Índice

1. Introdução....................................................................................................................................4

2.1. Objectivo Geral.........................................................................................................................5

2.2. Objectivos Específicos ............................................................................................................5

3. Metodologia ................................................................................................................................6

4. A problemática da localização das indústrias........................................ .....................................7

4.1. Factores de produção industrial................................................................................................7

4.1.1. Características dos factores de produção industrial ..............................................................8

4.2. Formas de localização das indústrias........................................................................................9

4.3. Factores determinantes na localização duma indústria...........................................................10

4.4. Teorias da localização das indústrias......................................................................................12

4.4.1.Teoria clássica da localização das indústrias........................................................................12

4.4.2. Teoria contemporânea da localização das indústrias ..........................................................13

5. Conclusão...................................................................................................................................15

6. Referências bibliográficas..........................................................................................................16
1. Introdução

O conteúdo que se apresenta nas páginas que se seguem esta intrisecamente inerente ao seguinte
tema de pesquisa “ A problemática da localização das indústrias . Esta pesquisa encontra-se
inserida no contexto global.

Assim como nos demais setores, a indústria desempenha um papel fundamental no


desenvolvimento sócio-econômico de uma região por criar emprego e massa salarial, porém tais
efeitos não são sentidos em todas as localidades visto que as indústrias tendem a se localizar em
regiões específicas de um determinado Estado.

A análise da localização industrial depara-se com problemas diversos. “Uns, de índole


fundamentalmente teórica, prendem-se com a elaboração de modelos que permitem explicar, de
forma geral e abstracta, a localização das diversas indústrias.

O presente trabalho desenvolver-se-á essencialmente num campo intermédio entre as duas


perspectivas, isto é, procurar-se-á compreender e explicar a distribuição espacial das indústrias,
tendo como base a definição de um modelo, o mais geral possível, que permita definir as áreas
com maior potencial para a localização de novas indústrias ou para a relocalização de outras já
existentes.

No trabalho que será desenvolvido procurar-se-á obter ensinamentos das opções até agora
tomadas, em termos de factores preferenciais de localização das indústrias já implantadas de
modo a que o modelo a criar possa ser o mais útil possível na procura das potenciais opções de
futuras localizações industriais.
2. Objectivos

2.1.Objectivo geral

✔ Compreender os problemas que afectam a localização indústrial e identificar os possíveis


métodos para a sua resolução

2.2. Objectivos específicos

✔ Enumerar as formas de produção industrial


✔ Descrever os factores de produção industrial
✔ Identificar os principais factores que influenciam na localização das indústrias
✔ Mencionar as principais teorias de Localização de Indústrias

3. Metodologia
Neste presente trabalho usei a técnica documental que abrange a pesquisa documental e a
pesquisa bibliográfica. Esta técnica fundamentou-se no levantamento de documentos oficiais e
toda a bibliografia disponível, em forma de livros, revistas e publicações, que versam sobre o
objecto de estudo (Lakatos e Marconi, 2003:49). Esta técnica foi imprescindível para o
desenvolvimento do trabalho, visto que, houve a necessidade de recorrer á literatura já existente
que aborda sobre a matéria inerente.

A técnica bibliográfica trata de informação já trabalhada por autores especialistas na matéria em


questão e analisada ao redor de um suporte teórico segundo uma cadeia de raciocínio próprio
(Lundin, 2016: 147). Para o efeito deste trabalho, a presente técnica foi imprescindível, dado
que, auxiliou na obtenção de informações inerentes ao tema que fala sobre a Problemática da
localização das indústrias

4. A problemática da Localização das indústrias


percebe-se que a questão da localização de actividades industriais pode ser abordada no quadro
do planeamento do uso do solo, no qual se afigura como básico um modelo de localização que
integre os pontos de vista (critérios) dos empresários e do ordenamento do território; pode ser
abordada de forma autónoma como problema de objectivo único ou contemporaneamente com a
localização de outros usos, configurando neste caso um problema multi objectivo; pode ser
abordada com base num único critério ou com base em vários critérios, assumindo-se neste caso
como um problema de análise multicritério de dados os indícios de falta de profundidade e rigor
na abordagem da questão da localização industrial ( Smith, D. 1971)
Esta caracterização preliminar do problema revela motivações e áreas de trabalho potencialmente
vastas, pelo que é importante proceder à sua delimitação e, por consequência, à fixação dos
objectivos da dissertação. Assim, a área que se pretende estudar centra-se essencialmente na
modelação da avaliação da aptidão do solo para uso industrial, numa perspectiva de análise
multicritério ( Smith, D. 1971)

A localização industrial pode ser entendida a partir de três momentos básicos que correspondem,
grosso modo, aos três paradigmas da ciência geográfica.

No âmbito da Geografia industrial, esses momentos podem ser sintetizados em três abordagens
que na verdade são os três fios condutores. ( PRECEDO LEDO, A.; VILLARINO PÉREZ 1992 )

Ao abordar a temática da localização industrial, a geografia tradicional centrou seus esforços no


estudo dos fatores físicas e históricos que geravam pautas de localizações dispersas num
primeiro momento, e posteriormente, concentradas.

Por sua vez, a geografia quantitativa resgata as idéias da economia espacial clássica e utiliza
amplamente os princípios neoclássicos da economia e as teorias de localização.

A preocupação com uma análise geográfica do sistema industrial também é abordado no segundo
momento do desenvolvimento da aula na tentativa de estabelecer uma visão territorial integrada.
Mais recentemente, a geografi a industrial é trabalhada numa perspectiva crítica, associada às
inovações tecnológicas e à confi guração de novos espaços industriais ( PRECEDO LEDO, A.;
VILLARINO PÉREZ 1998 )

4.1. Factores de produção Industrial

Considerando esse contexto, a distribuição geográfica das atividades econômicas em geral e da


indústria em particular começa a ser relacionada a uma série de variáveis e de suas combinações,
como a fonte de matérias primas, a mão-de-obra, o mercado, os custos do transporte, a
quantidade e qualidade dos inputs, o capital e a tecnologia. ( ANDRADE, M. C. 1998 )

A determinação dos custos de transporte, os impactos dos custos do trabalho e as forças da


aglomeração e a polarização estavam nesse momento entre as principais preocupações dos
geógrafos voltados para o estudo da indústria, da cidade e do território econômico como um
todo.
Cabe nesse momento discutir dois princípios básicos de economia urbana que são fundamentais
para entender a lógica espacial da indústria: o princípio da aglomeração e o da acessibilidade. A
aglomeração é resultado de uma característica fundamental e está na origem da cidade: a
vantagem e os ganhos de produtividade da localização espacialmente concentrada. Por sua vez, a
acessibilidade signifi ca a superação das barreiras impostas pelo espaço ao fluxo de pessoas e
mercadorias e ao intercâmbio de produtos serviços e informações. ( ANDRADE, M. C. 1998 )

Além desses princípios, a interação geográfica, a hierarquia espacial e a competitividade são


elementos chaves para entender a dinâmica da cidade industrial, cada vez mais confusa e de
difícil compreensão.Essa complexidade crescente vai confi gurar uma rede de inter-relações e
por isso se pode falar num sistema de localização com fatores diretos ou internos e fatores
indiretos ou externos também chamados de externalidades econômicas.
Como o próprio nome já identifica, os fatores diretos correspondem àqueles que incidem
diretamente no processo produtivo ou na organização espacial da distribuição da indústria. Entre
eles cabe destacar:

✔ Os fatores de produção (Matérias-prima, energia, mão-de-obra e tecnologia);


✔ O capital e a produção propriamente dita
✔ O mercado.

Como a própria expressão já indica os fatores indiretos não estão em relação direta com o
processo produtivo, mas aportam economias de escala e de aglomeração que acabam induzindo a
localização industrial. Os principais fatores indiretos são:

✔ A existência de um meio industrial consolidado;


✔ Os contatos empresariais;
✔ As amenidades locais;
✔ A política fiscal do Estado;
✔ A atitude da população;

4.1.1. Características dos factores de produção industrial

✔ Versatilidade: é a capacidade que um fator de produção tem em se adaptar a novas


situações, ou seja, é a facilidade da sua aplicação em vários tipos de produtos diferentes.
✔ Substituibilidade: é referente a capacidade de substituir. Por exemplo, o trabalho braçal
por vezes pode ser substituído por máquinas que realizam um serviço específico.
✔ Complementaridade: é caracterizado pela capacidade de tornar possível a combinação
de trabalho com capital, como por exemplo, o serviço que um operador exerce sobre um
trator agrícola ao adubar uma plantação.

4.2. Formas de localização das indústrias


Nos sistemas locais dois critérios são recorrentes entre os geógrafos para classificar os
assentamentos industriais: a localização dispersa e a localização concentrada.

A indústria dispersa foi a primeira manifestação de industrialização devido a fatores limitantes


como a dificuldade de transporte e os limites das matrizes energéticas. Hoje a dispersão
industrial corresponde a uma forma de organização espacial complementar da concentração e
tende a ser resgatada com a valorização do lugar.

Por sua vez, a concentração industrial forma mais comum dos assentamentos industriais que
respondem pela força das economias de escala e de aglomeração urbana, pode ser simples,
composta ou formar o que o geógrafo francês Jean Chardonnet definiu como complexos
industriais.

As concentrações industriais também podem ser vistas como espontâneas, como os eixos
industriais, ou planejadas como os eixos de desenvolvimento industrial.

A tabela a seguir vai resumir sobre as formas de localização das indústrias e essa forma de
localização das indústrias esta concentrada em duas formas: Espontânea e planejada

Formas de localização das indústrias Concentração industrial espontânea

Simples ✔ Focos indústrias


✔ Portos
✔ Nas ferrovias
✔ Nos aeroportos

Compostas ou territoriais ✔ Conurbações


✔ Eixos indústrias

Complexos industriais ✔ Geográficos


✔ Económicos

Formas de localização das indústrias Concentração industrial planejada

Simples ✔ Pólos de desenvolvimento


✔ Pólos tecnológicos
✔ Novas cidades indústrias

Compostas ou territoriais ✔ Eixos de desenvolvimento industrial

Complexos industriais ✔ Combinados


✔ Complexos industriais
Vale ressaltar que uma das noções mais frutíferas no campo da geografia industria corresponde
aos famosos complexos industriais de Chardonnet.
Para esse geógrafo francês, nem toda concentração industrial se constitui num complexo. Para
ser assim considerado, são necessários quatro componentes:
a) Determinadas dimensões no número e tamanho dos estabelecimentos industriais, no valor da
produção e no volume de capital investido e na mão-de-obra empregada
b) Diversificação industrial;
c) Relação de dependência entre as principais indústrias
d) Todas as indústrias devem estar localizadas num espaço restrito;

4.3. Factores determinantes na Localização das indústrias

Por fatores locacionais entende-se como tudo aquilo que de alguma forma pode influenciar na
escolha do local para o desenvolvimento das atividades produtivas. Esses fatores podem ser de
natureza econômica ou não.

De maneira geral, a indústria determinará sua localização com vistas à máxima rentabilidade do
capital a ser investido. Para Kon (1994, pp. 158-159): A localização industrial observa critérios
que levam à maior redução do investimento inicial requerido para a entrada em operação das
unidades de produção, porém esta economia inicial é confrontada com a eficiência operacional
da empresa ao longo de sua vida útil. A rentabilidade nas atividades econômicas da empresa será
analisada sob os aspectos de custos e benefícios para a determinação da macrolocalização. Na
maior parte das vezes é possível criar boas condições de localização ao se construir meios de
acesso, ou superar problemas climáticos pela tecnologia.

Muitos fatores devem ser levados em consideração no momento de se definir a melhor


localização para a empresa. Esta localização esta condicionada pela maximização dos lucros.
Kon (1994, p. 159) aponta alguns fatores econômicos e técnicos que devem ser considerados
pelas indústrias no momento de se definir a melhor localização:

a) custo e eficiência dos transportes - o custo de transporte de matéria-prima e dos produtos


acabados deve ser levado em conta. Neste caso, a distância é um fator determinante em relação à
localização, em termos de custos e de tempo gastos.
b) áreas de mercados - o mercado influi diretamente na escolha locacional tendo em vista dois
aspectos principais: sua localização e sua dimensão. A localização mais próxima do mercado
consumidor conduz a uma maior rentabilidade do empreendimento, primeiramente pelos reflexos
nos custos de transportes. Outro fator que deve ser considerado é a existência ou não de
competição em determinado mercado. A dimensão também é fundamental, pois implica
justamente na questão da obtenção de receitas por parte da empresa.
c) disponibilidade e custos da mão-de-obra - a existência da mão-de-obra também é um fator
importante na escolha locacional. No que se refere aos custos, a localização próxima a grandes
centros urbanos determina salários mais elevados relativamente a áreas mais afastadas. Deve-se
verificar também a existência de mão-de-obra qualificada, dada as especificidades de cada
negócio. Normalmente regiões com abundância de mão-de-obra permitem a organização
contratar este fator a salários relativamente menores do que regiões com escassez de mão-de-
obra. Ou seja, a mão-de-obra também tem que ser avaliada em termos de quantidade e qualidade.

d) custo da terra - no caso das plantas industriais, que necessitam de grandes áreas para sua
implantação, o custo da terra pode consistir em um fator decisivo nos cálculos de localização. As
áreas situadas mais próximas dos grandes centros urbanos apresentam um custo da terra
proporcionalmente mais elevados, que se relaciona diretamente à disponibilidades de infra-
estrutura e serviços.
e) disponibilidade de energia e água - a existência destes itens em suas diversas formas ou
mesmo a potencialidade de recursos naturais a serem explorados, bem como seu custo unitário
devem ser levados em consideração também.
f) suprimento de matérias-primas - as condições de utilização em grande escala ou o caráter
perecível ou de fragilidade de certas matérias-primas constituem fatores que não podem ser
esquecidos na decisão locacional.
g) eliminação de resíduos - deve-se ficar atento para questões de legislação ambiental,
principalmente no caso daqueles negócios que necessitam realizar a eliminação de resíduos
sólidos, gasosos ou ainda líquidos no meio ambiente.
h) dispositivos fiscais e financeiros – deve-se ficar atento também para os possíveis incentivos
fiscais (isenção de impostos e taxas). Este é um fator que estimula muito as empresas, pois
implica justamente em uma redução considerável de tributos, o que implica inclusive na
possibilidade de praticar preços mais baixos, e, portanto, na própria competitividade da empresa
no mercado.
i) elementos intangíveis - estes elementos intangíveis são aqueles de caráter subjetivo, que
influenciam os processos produtivos ou de distribuição do produto, como, por exemplo, os
hábitos tradicionais de uma determinada região, mas cuja mensuração é mais difícil de ser
realizada
4.4. Teorias da localização das indústrias

Separada em duas fases distintas a “Teoria Clássica da Localização” que apresenta como
principal característica a busca pela minimização dos custos e maximização das receitas e a
“Teoria Contemporânea da Localização” que valoriza as inovações, a flexibilidade, a
competitividade do setor, o investimento em Pesquisa & Desenvolvimento e a busca pela mão de
obra qualificada.
A “Teoria Clássica da Localização” possui como principais precursores Alfred Weber, Von
Thünen, Launhardt, Harold Hotelling e Losch e na “Teoria Contemporânea da Localização”
destacam-se para Castelles, Aydalot, Keeble e Perrin.

4.4.1. Teoria clássica da localização das indústrias


Segundo Clemente & Higachi (2000), o modelo de localização de Alfred Weber foi o mais
representativo dentre outros autores que propõem a minimização dos custos. Weber, ao explicar
sua teoria, começa a estabelecer parâmetros de economia de custo para determinar a escolha de
um local.
Alfred Weber assume que as diferenças dos custos associados às diversas regiões influenciam na
escolha do local, sendo explicado pela ponderação de três fatores básicos: custo de transporte,
custo de mão de obra e a força de aglomeração e desaglomeração (WEBER, 1909 apud
CAVALCANTE, 2008).
Ainda segundo Cavalcante (2008), o modelo clássico de Johann Heinrich Von Thünen tem por
objetivo encontrar um local de maximização da renda da terra, levando em consideração o custo
de transporte. O autor propôs que o entorno da cidade onde estiver concentrado o mercado, a
terra seria utilizada para o plantio onde o custo do deslocamento deste produto fosse o mais alto.
Para isso, seria levado em conta o congelamento da produtividade, ou seja, a produtividade e os
demais fatores seriam fixos.
Para Johann Heinrich (1820 apud CLEMENTE, 2000), os agricultores que ocuparem os anéis
mais próximos dos mercados obterão um lucro bruto por unidade vendida mais elevada. Nas
culturas que se localizam mais afastadas dos centros consumidores, o lucro bruto por unidade de
terra é menor, porém o custo do transporte é inferior, possibilitando assim atingirem o
mercado.
Segundo Pinto (1977), a contribuição de Launhardt cita em seu modelo que um sistema de
transporte desenvolvido traz vantagens para um determinado local através de uma maior
acessibilidade, segurança e rapidez na viagem.
Através de seus estudos, Launhardt (1882 apud PINTO, 1977) desenvolveu a teoria de áreas de
mercado. Para o autor, a simples troca de mercadoria entre a cidade e o país forma o tráfego local
ou de mercado, ao contrário do que acontece na venda por atacado entre as cidades. No interior
de cada cidade, se desenvolveu o centro-mercado ou centro de venda e,ao redor, é a área de
mercado ou de venda.
Harold Hotelling (1929 apud ALBERT; VIEIRA; BAGOLIN, 2007) baseou sua teoria locacional
considerando a localização das empresas em concorrência. Para as firmas definirem sua
localização ótima, as indústrias deveriam levar em consideração o local em que seus
concorrentes estão localizados, melhorando as vantagens competitivas. Para que as empresas em
concorrência alavancassem um posicionamento mais confortável, o mercado deveria ser
estratificado.

Segundo Richardson (1975), uma teoria para ser considerada inteiramente válida deveria
apresentar um modelo padrão que explique a localização da produção, a interdependência entre
os insumos e os produtores, e os padrões de comércio resultantes. Para o autor “mesmo que
admitisse a existência de um certo tipo de equilíbrio, seria difícil prever as conseqüências da
perturbação desse equilíbrio” (RICHARDSON, 1975, p.110).
Segundo Buarque (2004), a melhor localização para uma indústria seria aquela que
proporcionaria um aumento de produtividade e reduziria os custos envolvidos nesta produção.
Ainda segundo o mesmo autor, uma linha produtiva ao se localizar em um ponto geográfico
qualquer se nota que as quantidades de insumos direcionam-se para ela, onde serãoprocessados e
encaminhados para os centros consumidores.

4.4.2. Teoria contemporânea da localização das indústrias

No final dos anos 60, surgiu a chamada Teoria Contemporânea da Localização Industrial, tendo
como defensor, que mais se destacava, Manuel Castells.
Segundo Castells (1999), a facilidade de comunicação entre as empresas de todo o globo vem
proporcionando um modelo de localização cuja característica concentra-se na divisão espacial
internacional do trabalho.

Segundo Montgomery & Porter (1998), as indústrias vêm concentrando-se em localidades que
apresentam vantagens competitivas por possuírem como característica a qualidade do
ambiente para execução de elevados níveis de produtividade para uma área específica de
atuação.
De acordo com Perrin (1986 apud AMARAL FILHO, 2001), hoje em dia, do ponto de vista
estratégico, a competitividade é muito importante para a sustentabilidade do desenvolvimento
endógeno. A realidade atual mudou, e a competitividade que antes pertencia somente ao mundo
das empresas, passa agora a pertencer ao mundo das regiões também.
Ao demonstrar que o fator polarizante não é o tipo de atividade industrial, e sim a sua capacidade
de evoluir, a sua complexidade e a natureza das tecnologias que incorpora, Perrin
(1983 apud MATOS, 2000) acabou contribuindo para a teoria da polarização, afirmando que as
atividades quaternárias (serviços especializados, investigação, gestão de empresas) podem gerar
polarizações duráveis, enquanto as atividades de fabricação são o oposto das de transformação
(indústria do aço) capazes de criar uma polarização real.
5. Conclusão

A localização industrial pode ser entendida a partir de três momentos básicos que correspondem,
grosso modo, aos três paradigmas da ciência geográfica. No âmbito da Geografia industrial,
esses momentos podem ser sintetizados em três abordagens: os fatores clássicos, a teoria da
localização industrial e os sistemas industriais e, por último, as tendências recentes associadas à
alta tecnologia e à desconcentração espacial.
Ao abordar a temática da localização industrial, a geografi a tradicional centrou seus esforços no
estudo dos fatores físicas e históricos que geravam, num primeiro momento, pautas de
localizações dispersas e, posteriormente, concentradas. Por sua vez, a geografi a quantitativa
resgata as idéias da economia espacial clássica e utiliza amplamente os princípios neoclássicos
da economia e as teorias de localização e considera também a noção de sistema industrial. Esse
novo momento pode ser resumido nos seguintes pontos: a) Construção de modelos e teorias de
localização; b) Consideração dos processos espaciais resultantes da teoria da análise espacial; c)
Busca de localizações ótimas de um ponto de vista econômico e espacial.
A complexidade crescente das análises de localização industrial vai configurar uma rede de inter-
relações e por isso se pode falar num sistema de localização com fatores diretos ou internos e os
indiretos ou externos também chamados de externalidades econômicas.

A localização industrial deve ser concebida como um fenômeno dinâmico que apresenta
mobilidade dos fatores de produção ao longo do tempo e que recebe infl uência e ajustes dos
sistemas territoriais, das organizações e do próprio sistema industrial. A organização funcional
do espaço industrial ao se manifestar em forma de nós, eixos, complexos industriais e tecnopólos
revela uma riqueza morfológica, e ao mesmo tempo evidencia uma trama geográfica de
assentamentos que hoje, na era dos fluxos e da informação, assume uma interação viva que
coloca o território no centro do interesse do capital.
6. Referências bibliográficas

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamento de Metodologia


Cientifica, 5ª edição, editora ATLAS: São Paulo, 2003.

Smith, D. (1971), Industrial Location. New York: Wiley.

ANDRADE, M. C. de. Geografi a econômica. 12 ed. São Paulo: Atlas, 1998

PRECEDO LEDO, A.; VILLARINO PÉREZ. M. La localización industrial. Madrid: Editorial


Síntesis, 1992

KON, A. Economia industrial. São Paulo: Nobel, 1994.

MANZAGOL, C. Lógica do espaço industrial. São Paulo: DIFEL, 1985.

HAMILTON. F. E. I., Modelos de localização industrial. In: CHORLEY,

CAVALCANTE, Luiz Ricardo Mattos Teixeira. Produção teórica em economia regional: Uma
proposta de sistematização. Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, Vol. 2, No 1, p.
14-15, 2008.

PINTO, James V. Launhardt and Location Theory: Rediscovery of a neglected book. Journal of
Regional Science, Vol. 17, No 1, p. 19-22, 1977.

MATOS, A. J. F.. Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional. 2000. 388p. Tese


(Doutorado) – Departamento de Gestão e Economia, Universidade da Beira Interior, Covilhã,
2000.

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