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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique

Berta Da Glória Fernando: 71221036

Quelimane, Maio de 2023


Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Licenciatura em Ensino de Geografia, no ISCED

Pelo tutor: Mestre Roberto Mendes

Berta Da Glória Fernando: 71221036

Quelimane, Maio de 2023


Índice
Capítulo I: Introdução ................................................................................................................. 1

1.1. Contextualização .............................................................................................................. 1

1.2. Objectivos......................................................................................................................... 2

1.2.1. Objectivo Geral............................................................................................................. 2

1.2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 2

Capítulo II: Metodologia ............................................................................................................. 2

2. Processos Metodológicos ..................................................................................................... 2

Capítulo III: Revisão de Literatura.............................................................................................. 3

2. Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique ............... 3

Capitulo IV: Conclusão ............................................................................................................... 7

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 8


Capítulo I: Introdução

1.1.Contextualização

Moçambique é um país que está constantemente exposto a desastres naturais, como ciclones,
inundações e secas, que causam danos significativos à população e à economia do país. A
cartografia, como ciência que estuda a representação gráfica da superfície terrestre, é uma
ferramenta fundamental para a gestão de desastres naturais em Moçambique. Através da
cartografia, é possível mapear e monitorar as áreas de risco, identificar as zonas vulneráveis e
estabelecer planos de ação para minimizar os impactos desses eventos na população.

Moçambique é um país que tem enfrentado inúmeros desastres naturais ao longo dos anos, como
ciclones, inundações e secas. Em 2019, o ciclone Idai atingiu o país, deixando mais de 600
mortos e cerca de 1,8 milhões de pessoas afetadas. Em 2021, o ciclone Eloise também causou
danos significativos em algumas áreas do país. Além disso, a seca no sul de Moçambique tem se
intensificado, afetando a segurança alimentar de milhares de pessoas.

Nesse contexto, a cartografia se torna uma ferramenta fundamental para a gestão de desastres
naturais em Moçambique. Através da cartografia é possível mapear as áreas de risco, identificar
as zonas vulneráveis, monitorar as mudanças na paisagem e estabelecer planos de ação para
minimizar os impactos desses eventos na população e na economia do país.

Neste trabalho, discutiremos a importância da cartografia na gestão de desastres naturais em


Moçambique e como essa ciência pode contribuir para a tomada de decisões e a implementação
de medidas preventivas que possam proteger a população e a economia do país.

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1.2.Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral

 Analisar a importância da cartografia para a gestão de desastres naturais em


Moçambique.

1.2.2. Objetivos Específicos

 Definir os conceitos de cartografia, desastres naturais e vulnerabilidade socioambiental;


 Identificar os principais fatores de risco a desastres naturais em Moçambique;
 Descrever os desastres naturais predominantes em Moçambique e suas características;
 Elaborar um mapa geográfico com a localização dos desastres naturais identificados;
 Analisar a importância da cartografia na gestão de desastres naturais em Moçambique,
destacando sua utilidade na tomada de decisões e na implementação de medidas
preventivas;
 Propor soluções para aprimorar o uso da cartografia na gestão de desastres naturais em
Moçambique.

Capítulo II: Metodologia

2. Processos Metodológicos

Segundo Cervo e Bervian (1976, p. 69) qualquer tipo de pesquisa em qualquer área do
conhecimento, supõe e exige pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento da situação
em questão, quer para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e contribuições
da própria pesquisa. Para este trabalho trata-se sobre a Importância da Cartografia para a Gestão
de Desastres Naturais em Moçambique.

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Capítulo III: Revisão de Literatura

2. Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique

Em termos dos sistemas ambientais e sociais existentes, Moçambique tem um quadro


regulamentar detalhado e consolidado para a gestão de riscos e impactos ambientais e sociais;
mas o escopo geográfico do Programa apresenta desafios consideráveis em termos de capacidade
das instituições implementadoras do Programa para aplicar e fazer cumprir o quadro
regulamentar existente. Além disso, o quadro regulamentar do país sobre saúde e segurança
ocupacional está desactualizado e o país carece de legislação específica sobre segurança do
trabalho e proteção das comunidades circunvizinhas. Além disso, há um vácuo legal em termos
de governação das actividades de deslocação temporária (evacuação) no contexto de desastres.

Uma série de recomendações em termos de plano de acção são feitas para cada instituição de
implementação para garantir que o desempenho ambiental e social do Programa seja satisfatório
e que sistemas eficientes estejam implementados e implementados.

2.1.Perfil de desastres e economia nacional Moçambique

Apresenta um perfil de risco de desastres diferenciado entre as três regiões. As regiões Sul e
Centro do País e a zona costeira são as zonas mais afectadas por desastres. As regiões Sul e
Centro concentram as províncias mais afectadas por cheias, principalmente, ao longo das bacias
do Incomáti, Limpopo e Save, na região Sul, e as bacias de Búzi, Zambeze e Licungo na região
Centro.

A região norte. Todas as províncias do litoral, numa extensão de 2,700 km, desde a província de
Maputo na região Sul, até Cabo Delgado na região norte são afectadas por ciclones e
tempestades tropicais. 13 Os ciclones, cheias e secas constituem as principais ameaças e maior
preocupação para o País, e sua frequência, magnitude e severidade poderão aumentar devido às
mudanças climáticas. 58 por cento da população está exposta a pelos menos duas ameaças
naturais, sobretudo secas, cheias e ciclones. Ao longo dos últimos 50 anos (1956-2016), foram
registados 71 desastres (dos quais 34 cheias, 22 ciclones e 13 secas) que afectaram 33 milhões de
pessoas em todo o País. As projecções climáticas apontam para um provável aumento de
temperatura na ordem de 2.5ºC a 3ºC até 2065, o que poderá induzir ao aumento da frequência e

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intensidade dos ciclones, bem como mudança acentuada no regime de precipitação, o que poderá
causar cheias de magnitude maior e secas mais severas e prolongadas nas regiões Sul e Centro.

Não se espera alteração das condições climáticas na região Norte do País. 14 A frequência e
magnitude dos desastres condiciona o ritmo de redução da pobreza, sobretudo nas áreas rurais e
nas regiões Norte e Centro do País. Moçambique registou progressos assinaláveis na redução da
pobreza de 69.7 por cento, em 1997 para 46.1 por cento. Porém, os níveis de pobreza continuam
muito altos, sobretudo nas zonas rurais, e na região Norte onde mais de 50 por cento continua a
viver abaixo do limiar da pobreza.

As províncias ciclicamente afectadas por calamidades tendem a demonstrar níveis mais altos de
pobreza relativamente às províncias menos afectadas, como resultado do impacto negativo sobre
a agricultura, principal fonte de rendimento para a maioria dos agregados familiares rurais, bem
como ao agravamento do isolamento territorial devido à destruição de estradas e pontes pela
acção de chuvas intensas e cheias.

Os desastres afectam negativamente a renda e produtividade dos agregados familiares rurais,


devido a sua dependência pela agricultura de sequeiro e da exploração dos recursos naturais. A
agricultura constitui a base da economia nacional, contribuindo com 25 por cento do PIB, e
empregando acima de 75 por cento da população economia activa, e cerca de 80 por cento da
população rural empregue.

Os elevados níveis pobreza estão associados à vulnerabilidade da principal fonte de rendimento


dos pobres, sector que até 2009, empregava 85 por cento da população pobre do País, seguido de
longe pelo comércio e serviços (9 por cento). Em 2005, 2008 e 2012, 73,6 por cento dos
produtores reportaram perdas de colheitas, animais e alfaias devido os choques climáticos, na sua
maioria (62,1 por cento) atribuíveis a secas, seguidos de longe pelas cheias (11 por cento),
ciclones (7.4 por cento), e fogos (16.5 por cento). Anualmente, as secas custam ao sector agrícola
cerca de 20 milhões de dólares americanos.

2.2.O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC)

É a instituição do Estado responsável pela coordenação da gestão do risco de calamidades em


Moçambique. Em 1999, através do Decreto 38/99, de 10 de Junho, o Governo estabeleceu o
INGC como uma entidade do Estado para liderar a coordenação da prevenção e mitigação das

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calamidades no País, em substituição do Departamento de Prevenção e Combate às Calamidades
Naturais (DPCCN), até então virado para a assistência humanitária das populações vítimas de
calamidades. A gestão de calamidades é orientada pela Política de Gestão de Calamidades
aprovada em 1999 pela Resolução nº 18/99, de 10 de Junho; a Estratégia Nacional de Adaptação
e Mitigação as Mudanças Climáticas (2012-2025) aprovada em 2012; a Lei de Gestão de
Calamidades, Lei nº 15/2014, de 20 de Junho, o Plano Director de Redução do Risco de
Calamidades 2017-2030, em substituição do anterior Plano Director de Prevenção e Mitigação
de Calamidades Naturais 2006-2015.

2.3.Mudanças Climáticas em Moçambique

O aumento da ocorrência de secas, inundações e ciclones como consequência das mudanças


climáticas constitui uma ameaça directa e imediata para o desenvolvimento de Moçambique.
Actualmente, não existe uma visão estratégica global sobre como lidar com essas mudanças, nem
existe um quadro legal e institucional adequado para lidar com esses desafios. Até agora as duas
instituições que têm sido mais activas em relação às questões das mudanças climáticas têm sido
o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) e o Instituto Nacional de Gestão
de Calamidades (INGC).

Há, porém, necessidade de clarificar as responsabilidades institucionais, particularmente para


atingir uma melhor coordenação e execução de projectos complexos relacionados com as
mudanças climáticas financiados por doadores. O Banco Mundial estima que, caso não haja
nenhuma mudança política, o impacto das mudanças climáticas sobre o PIB deverá variar,
dependendo dos cenários das mudanças climáticas, entre 3,5% a 13,6% do PIB.

Embora os doadores ainda estejam a investir em grandes projectos em áreas sensíveis às


mudanças climáticas, a nível local já existem algumas iniciativas para integrar as mudanças
climáticas na elaboração dos Planos Estratégico Distritais de Desenvolvimento (Plano
Estratégico de Desenvolvimento Distrital - PEDD). Recomenda-se que os doadores integrem a
adaptação climática na ajuda ao desenvolvimento, enquanto o Governo de Moçambique deve
integrar as questões relativas às mudanças climáticas nos próximo Planos de Acção para a
Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) quinquenais. Da mesma forma, o Governo deve também
elaborar uma estratégia nacional abrangente sobre as mudanças climáticas.

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Os impactos das mudanças climáticas já estão a ocorrer em Moçambique. Há provas claras de
que as temperaturas têm aumentado e que o carácter das chuvas mudou sensivelmente. Em
Fevereiro de 2010 no discurso de investidura, o Presidente da República de Moçambique,
Armando Guebuza, reconheceu que as mudanças climáticas estão a trazer mais secas frequentes,
cheias e ciclones ao país. Ele lamentou o fracasso de se chegar a um acordo mais abrangente, em
Copenhaga, e disse que em Moçambique “não podemos esperar por um acordo global para agir,
uma vez que somos vítimas da mudança climática desde há muito tempo”. A mensagem era clara
a partir do mais elevado nível político no país que a acção imediata sobre as mudanças climáticas
é necessária.

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Capitulo IV: Conclusão

A Cartografia é uma ferramenta crucial para a gestão de desastres naturais em Moçambique, pois
permite a representação espacial das informações, a análise e a visualização de dados geográficos
relevantes para a prevenção, mitigação e resposta a esses eventos.

Através da Cartografia, é possível produzir mapas de risco de desastres naturais, que indicam as
áreas mais vulneráveis, os tipos de risco, as condições geográficas e as características das
populações afetadas. Essas informações permitem às autoridades tomar decisões mais
informadas sobre as medidas de prevenção, evacuação, abrigo, assistência humanitária e
recuperação.

A Cartografia também é importante para a gestão de desastres naturais em Moçambique porque


permite a coordenação das operações de resposta entre as diferentes agências e organizações
envolvidas, fornecendo informações precisas e atualizadas em tempo real. Além disso, a
Cartografia é uma ferramenta essencial para o planeamento de infraestruturas e serviços, como a
construção de diques, pontes e estradas, que podem minimizar os impactos dos desastres
naturais.

Em resumo, a Cartografia é um elemento fundamental para a gestão eficaz de desastres naturais


em Moçambique, contribuindo para a tomada de decisões informadas, a coordenação das
operações de resposta e o planeamento da infraestrutura de apoio.

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Referências Bibliográficas

MACHAVA, Ibraimo; JONSSON, Per; KJELLEN, Bo. Application of GIS and remote sensing
in flood risk mapping in the Limpopo River basin, Mozambique. Physics and Chemistry of the
Earth, Parts A/B/C, v. 33, n. 8-13, p. 804-813, 2008.

MUZAMBI, Clemente; NORSTRÖM, Erik. Flood risk mapping using hydrodynamic model and
GIS: a case of Maputo City, Mozambique. Natural Hazards, v. 68, n. 1, p. 177-198, 2013.

FRIEDMAN, Sam; SHI, Peijun; SUN, Xiaoyan. Flood risk assessment in Mozambique:
approaches, challenges and opportunities. Natural Hazards, v. 68, n. 1, p. 125-146, 2013.

INGC. Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres 2017-2030. Maputo: Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades, 2017.

KAHN, M.; STEWART, C.; AUNG, T.; HOSKINS, B. L. The role of GIS and remote sensing in
disaster management in Mozambique. Journal of Arid Environments, v. 65, n. 2, p. 369-385,
2006.

MINAE. Estratégia Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas em Moçambique. Maputo:


Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, 2012.

ONU. Atlas de Riscos de Desastres Naturais em Moçambique. Maputo: Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento, 2013.

UNDP. National Risk Atlas of Mozambique. Maputo: United Nations Development Programme,
2009.

USAID. Mozambique Disaster Risk Management Profile. Washington, DC: United States
Agency for International Development, 2012.

WORLD BANK. Mozambique: Vulnerability Assessment and Programmatic Framework for


Disaster Risk Reduction and Climate Change Adaptation. Washington, DC: World Bank, 2012.

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