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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO À DISTÂNCIA

Tema do trabalho:

Impactos Causados pelas Alterações Climáticas aos Recursos Hídricos

Domingas Missongue Vasco

Código։ 708220323

Curso: Licenciatura em ensino de Geografia

Disciplina: Hidrogeografia

Ano de frequência: 2º ano

Turma: E

Gorongosa, Setembro de 2023

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Conteúdos

1. Introdução ............................................................................................................................... 3

1.1. Justificativas................................................................................................................. 3

1.2. Relevância .................................................................................................................... 3

1.3. Problematização ........................................................................................................... 4

1.4. Objectivos ........................................................................................................................ 4

1.4.1. Geral: ....................................................................................................................... 4

1.4.2. Específicos ................................................................................................................ 4

2. Marco teórico .......................................................................................................................... 5

2.1. Mudanças climáticas: conceito ........................................................................................ 5

2.1.1. Mudanças climáticas - sua causas ........................................................................... 5

2.1.2. Aquecimento global e a extinção de espécies: Consequências das mudanças


climáticas ............................................................................................................................ 8

2.2. Impactos sócio-económicas das mudanças climáticas em Moçambique ........................ 9

3. Metodologia ...................................................................................................................... 12

4. Analise e interpretação dos dados .................................................................................... 13

4.1. Tendência Climática................................................................................................... 13

4.2. Impacto das Alterações Climáticas nos Recursos Hídricos ....................................... 13

5. Conclusão ......................................................................................................................... 15

Bibliografia ............................................................................................................................... 16

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1. Introdução

O presente trabalho tem como objectivo o estudo das Mudanças Climáticas e os seus efeitos
no desenvolvimento, perspectivas globais e locais. As mudanças climáticas são, sem dúvidas,
um dos maiores desafios da sociedade actual. Apesar de sempre usarmos o urso-polar como
símbolo dessas mudanças, as alterações no clima estão longe de atingir apenas esses animais.
Os impactos das mudanças climáticas são significativos e afectam desde a nossa saúde até a
produção de alimentos. A seguir, você entenderá melhor o que são as mudanças climáticas e
como elas afectam a nossa vida e a dos outros seres vivos do planeta.

Diversos desastres naturais têm ocorrido no mundo devido as mudanças climáticas. Assim,
torna-se necessário que os países criem mecanismos, adotem estratégias para minimizar os seus
impactos e proteger-se dos mesmos. No entanto, os países situados na região costeira em
particular as cidades ao longo da costa ou atravessadas por grandes rios são susceptíveis a
desastres naturais como erosão costeira, maremotos, cheias e inundações.

1.1. Justificativas

Este trabalho justifica se pelo facto de as mudanças climáticas globais podem gerar acentuados
impactos para o sector de recursos hídricos, pois estas podem modificar os padrões da
precipitação, vazão e evapotranspiração, alterando a variabilidade natural destes sistemas.
Quando a variabilidade natural dos sistemas é alterada, pode ocorrer a maior probabilidade e
severidades de extremos climáticos, como secas e cheias.

1.2. Relevância

Devido ao facto de que as mudanças climáticas geram acentuados impactos para o sector de
recursos hídricos modificando os padrões da precipitação, vazão e evapotranspiração; a melhor
compreensão entre a variação do padrão das variáveis hidrológicas e a correlação destas com
as mudanças climáticas, torna-se de grande relevância em estudos a nível de Moçambique.

Quando se trata do aquecimento global, sabe-se que cada indivíduo tem a sua percepção do
assunto. Muito embora o respeito às diferentes opiniões seja inquestionável e o debate acerca
do tema seja saudável, é preciso que se diferencie achismo de ciência. As mudanças climáticas

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infelizmente são reais e a ciência tem progressivamente trazido estudos e aplicações que
corroboram este facto.

1.3. Problematização

O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 20201
relaciona as mudanças climáticas, cada vez mais frequentes actualmente, com seus impactos
observados e previstos nos recursos hídricos.

Nos últimos anos, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos com relação à vulnerabilidade
hidrológica devido às alterações climáticas. Pois, é sabido que as alterações climáticas se
reflectem na modificação de variáveis, como precipitação, temperatura, vento, radiação,
humidade, ou seja, variáveis representativas do clima (Amaral, et all.,2007).

Diante do exposto surge a seguinte questão:

✓ Até que ponto os recursos hídricos estão sendo afectados pela mudança climática e
quais as perspectivas futuras nesse sentido?

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral:

• Analisar o impacto das mudanças climáticas, seus efeitos aos Recursos Hídricos

1.4.2. Específicos
• Definir o conceito de mudanças climáticas;
• Identificar as principais causas das mudanças climáticas;
• Descrever os impactos das mudanças climáticas aos recursos hídricos.

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Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Relatório Mundial das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2020. Água e Mudança Climática: Fatos e Dados. Paris,
2020.
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2. Marco teórico

2.1. Mudanças climáticas: conceito

As mudanças climáticas são alterações nos padrões de temperatura do planeta, causadas por
processos naturais e pela acção humana. Essas alterações causam o aumento da temperatura e
trazem impactos para o ecossistema terrestre (Amaral, et all.,2007).

Segundo o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC, 2001, p. 3),


mudanças climáticas são “as mudanças no estado do clima que podem ser identificadas pelas
mudanças da média e/ou variabilidade das suas propriedades e que persistem por um longo
período de tempo (décadas ou mais) causadas pelas variações naturais ou como resultado das
actividades do Homem”. Já o Quadro da Convenção sobre as Mudanças Climáticas das Nações
Unidas (UNFCCC, 1994, p. 2), define como sendo “as mudanças do clima atribuídas directa
ou indirectamente às actividades humanas que alteram a composição global da atmosfera e que
se adicionam às mudanças/variabilidades naturais observadas num período comparado”. As
mudanças climáticas são causadas por factores ou processos intrínsecos do próprio sistema
solar e forças extrínsecas, principalmente as que são promovidas pelas actividades do Homem
na Terra.

Com a rápida elevação das temperaturas devido à ação do homem, os fenômenos climáticos, a
biodiversidade e os ecossistemas são afetados, causando desequilíbrios.

Se não forem adotadas medidas para conter o aquecimento global em nível planetário, as
consequências para a vida na Terra podem ser catastróficas. O aumento das temperaturas pode
afectar a produção de alimentos e o acesso à água e os desastres ambientais se tornarão mais
frequentes

2.1.1. Mudanças climáticas - sua causas

Dissemos no número anterior que Mudanças climáticas são alterações provocadas nos padrões
climáticos a longo prazo com base nas alternâncias meteorológicas, ou seja, nas condições do
tempo observadas por um período. Elas podem ser causadas por processos naturais e também
pela acção do homem.

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Para Schaeffer, et al., (2008), o aquecimento global está na origem das mudanças climáticas e
ele acontece devido à intensificação do efeito estufa. O efeito estufa é um fenômeno natural
que permite que parte da energia solar permaneça na atmosfera, mantendo a temperatura do
planeta adequada para a vida.

Como o próprio nome diz, esse fenômeno funciona como uma estufa, que retém parte
dos raios solares que entram na atmosfera, aquecendo a superfície terrestre. Caso toda
a energia fosse refletida de volta para fora da atmosfera, o planeta seria muito frio,
impossibilitando a vida. Esse efeito estufa é possível graças a uma camada de gases do
efeito estufa que impedem a reflexão de todos os raios solares. Esses gases estão
presentes naturalmente na atmosfera, mas sua concentração está sendo intensificada
pela ação do homem, especialmente pela queima de combustíveis fósseis (Schaeffer, et
al., 2008, p.98).

A emissão dos gases do efeito estufa se intensificou a partir da Revolução Industrial e o


aumento da demanda de recursos para suprir a produção nessa nova escala. Ela se inicia com a
queima do carvão vegetal, que é um combustível fóssil, assim como o petróleo.

Além da queima dos combustíveis fósseis, o gás do efeito estufa (GEE) são emitidos também
pelas queimadas e pela decomposição do lixo. O desmatamento e a degradação das florestas é
outra causa agravante do aquecimento global, já que as plantas são responsáveis pela absorção
do CO2.2

Dentre os gases do efeito estufa temos:

• Gás carbônico (CO2)

• Gás metano (CH4)

• Ozônio (O3)

• Óxido nitroso (N2O)

Incidência solar: A radiação solar que chega até a superfície pode variar, podendo ser mais
elevada ou reduzida em alguns períodos. Queima de combustíveis fósseis, o que emite à
atmosfera gases de efeito estufa.

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Dióxido de carbono
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Órbita da Terra: O planeta sofre variação em sua órbita segundo os movimentos que realiza, o
que faz ele receber mais ou menos radiação solar. Aumento do desmatamento, ou seja, da
retirada da cobertura vegetal (Mouchet, J. et al.,2004).

Emissão de gases poluentes à atmosfera por indústrias e automóveis. Actividade vulcânica: Os


vulcões podem apresentar períodos de maior actividade. Em situações de elevadas ocorrências
de erupções vulcânicas, ocorre o sistema de resfriamento climático da Terra. Poluição do solo
e dos recursos hídricos, o que altera o equilíbrio ambiental.

As mudanças climáticas não aconteceram de uma hora para outra. A nossa história evolutiva
está intrinsecamente ligada às alterações provocadas no clima, as quais são observadas desde a
formação do planeta Terra. Ao longo dos 4,6 bilhões de anos do planeta, o clima modificou-se.

Houve, nos últimos 400 mil anos, quatro ciclos diferentes, glaciais e interglaciais.

Nos últimos 150 anos, no entanto, o planeta teve sua temperatura aumentada de maneira
considerável. Estudos indicam que a Terra se aquece cerca de 0,2°C por década.
Estudos feitos pela Nasa e pela Noaa (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional)
mostram que a temperatura registada na Terra em 2018 foi a quarta mais alta nos
últimos 140 anos. Em 2017, a temperatura aumentou cerca de 0,83ºC com base na
temperatura média registada entre os anos de 1951 e 1980. A temperatura média anual
mais alta foi registada no ano de 2016 (Mouchet, et al.,2004, p.123).

O aumento nas temperaturas iniciou-se especialmente no período Pós-Revolução Industrial. O


aumento nas temperaturas iniciou-se especialmente no período Pós-Revolução Industrial. Mas
por que a temperatura aumentou? De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, o
planeta está mais quente do que no período anterior ao processo de industrialização. O cenário
mundial após a Revolução Industrial mudou não só economicamente, mas também o modo
produtivo, provocando mudanças no cenário ambiental.

O consumo exagerado e a produção elevada, além de aumentar a exploração dos recursos


naturais, provocaram também o aumento da poluição atmosférica, por causa da emissão gases
poluentes pelas indústrias e automóveis. A produção também acelerou o desmatamento, o que
também provocou alterações no clima.

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2.1.2. Aquecimento global e a extinção de espécies: Consequências das mudanças
climáticas

A posição mais aceita pela comunidade científica é que o aquecimento global é um fenômeno
é natural, porém é intensificado pela acção do homem. Essa intensificação acontece de uma
maneira muito rápida, o que causa graves desequilíbrios para o meio ambiente.

Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), uma organização


das Nações Unidas responsável por fazer pesquisas sobre as alterações climáticas, a
temperatura do planeta variou 0,85º C entre 1880 a 2012 e o nível do mar se elevou em 19 cm
entre 1901 a 2010 (Michael, et al., 2003).

Essa variação parece pequena, mas traz consequências graves para a sustentabilidade, já que
naturalmente essa elevação da temperatura aconteceria muito mais lentamente.

E a projeção para o futuro é preocupante: se a emissão de gases do efeito estufa não for
reduzida, dentro de 100 anos, a temperatura média global pode elevar-se em cerca de 4º C.

Segundo Michael, et al. (2003), como consequência da elevação da temperatura, os


ecossistemas são desestabilizados e a natureza deixa de operar conforme os padrões
estabelecidos. Veja alguns dos efeitos das mudanças climáticas:

• Extinção de espécies;

• Aumento da frequência de tempestades, furacões, tornados e chuvas intensas;

• Inundações e desaparecimento de cidades costeiras e ilhas;

• Ocorrência de secas prolongadas;

• Alteração da biodiversidade;

• Escassez de água e alimentos e como consequência a possibilidade de conflitos;

• Derretimento das calotas polares;

• Distribuição da vegetação de maneira irregular.

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Os gases presentes na atmosfera terrestre, como o dióxido de carbono, evitam que toda radiação
solar seja devolvida ao espaço, aprisionando calor.

A partir da Revolução Industrial, toneladas de gases de efeito estufa, especialmente o


dióxido de carbono, foram lançadas à atmosfera. Sabe-se que a atmosfera terrestre é
formada por gases como oxigénio, nitrogénio, dióxido de carbono e também vapor
d'água. Esses gases, principalmente o gás carbónico, possuem a capacidade de absorver
a radiação solar emitida à superfície terrestre. Essa absorção evita que o calor seja
completamente devolvido ao espaço, retendo-o. A parcela de calor retida faz com que
haja o equilíbrio energético, evitando assim uma grande amplitude térmica, ou seja,
uma grande diferença entre as temperaturas máxima e mínima. Ao manter a temperatura
média da Terra em torno de 14°C, a Terra apresenta então condições favoráveis à
existência de vida. Esse processo natural é chamado de efeito estufa. Portanto, se ele
não existisse, não haveria desenvolvimento dos seres vivos (Michael, et al., 2003, p.79).

Quando se fala em efeito estufa, muitas pessoas associam a algo ruim, mas ele é essencial à
manutenção da vida na Terra. O problema é que esse processo natural que mantém a
temperatura média da Terra tem sido agravado principalmente pela acção humana. As
actividades industriais e o aumento de veículos que emitem à atmosfera gases poluentes são
responsáveis pela maior concentração de gases.

Como esses gases atuam na absorção de calor, esse tem sido impedido de ser devolvido ao
espaço, ficando então aprisionado na atmosfera terrestre. Esse aprisionamento tem provocado
o aumento considerável das temperaturas da Terra, que, associado ao aumento dos níveis de
desmatamento e da poluição, provoca o que chamamos de aquecimento global.

2.2. Impactos sócio-económicas das mudanças climáticas em Moçambique

No país, as Mudanças Climáticas manifestam-se através de alterações nos padrões de


temperatura e precipitação, do aumento do nível das águas do mar, tanto em termos de
frequência como de intensidade, de eventos climáticos extremos tais como secas, cheias e
ciclones tropicais que afectam diferentes regiões do país todos os anos. Os seus impactos
incluem a perda de vidas humanas, de culturas agrícolas, de animais domésticos e fauna bravia,
a destruição de infraestruturas sociais e económicas, o aumento da dependência da ajuda

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internacional, o aumento dos preços dos produtos agrícolas, a deterioração da saúde humana, a
degradação ambiental e perda de ecossistemas.

Moçambique é um país situado na zona Austral da África. Historicamente, com um grau


elevado de grau de ocorrência de eventos extremos (calamidades naturais), sobretudo os
ciclones, secas, inundações e sismos. A vulnerabilidade a estes eventos naturais deve-se, em
grande medida, à localização do território ao longo da costa oriental de África e na região
intertropical, existência de zonas sísmicas activas, zonas áridas e semiáridas, bem como ao
estado de pobreza da maior parte da população e fraca capacidade adaptativa (Governo de
Moçambique, 2018)

Queface (2009) diz que nas últimas três décadas, Moçambique teve uma subida tanto na
frequência como na intensidade dos desastres naturais, sendo os mais frequentes as secas,
inundações e ciclones tropicais. Já Batone (2021) aponta que Moçambique no período de 1980
a 2019, foi atingido por um total de 87 desastres naturais discriminados em 27 cheias, 12 secas,
28 epidemias e 20 ciclones tropicais. De acordo com Caomba (2018) as secas severas ocorrem
no país em intervalos de 7 a 11 anos, ao passo que as secas de menor intensidade ocorrem
regularmente, mais, cerca de 60% do país apresenta uma probabilidade maior que 30% de
ocorrência de seca. O principal factor da predisposição destas regiões é a variabilidade
climática que é caraterizada por precipitações irregulares e imprevisíveis, na qual o início das
chuvas não coincide com o início da estação.

O derretimento das geleiras causará o aumento do nível do mar. As altas temperaturas também
poderão causar grandes secas, que afectarão activamente a agricultura, ocasionando diversos
problemas em relação à produção de alimentos. Dados do IPCC de 2019 indicam que o
aquecimento do planeta pode causar uma redução nas safras de milho no Brasil em 5,5% a cada
grau de aquecimento. Com a diminuição da produção de alimentos e o consequente aumento
dos preços, muitas pessoas sofrerão com a questão da segurança alimentar, ou seja, com o
acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e permanente.

Ainda de acordo com o autor no que diz respeito aos ciclones tropicais, a sua maior exposição
a estes eventos deve-se à localização do território ao longo da costa oriental africana, que define
a fronteira ocidental da trajetória dos ciclones tropicais do sudoeste do oceano Índico. Os
ciclones atingem o território moçambicano, em média, uma vez ao ano e as depressões de
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menor intensidade ocorrem cerca de três a quatro vezes ao ano, de Novembro a Abril, com um
pico no mês de janeiro. Os primeiros ciclones que atingem a costa de Moçambique formam-se
a leste de Madagáscar e, regra geral, causam ventos fortes que se intensificam quando atingem
as águas quentes do canal de Moçambique.

Há, no entanto, ciclones que se formam no canal de Moçambique e são acompanhados por
chuvas mais intensas que, por vezes, originam cheias e inundações. Os ciclones atingem com
mais frequência as zonas norte e centro do país. O maior desastre provocado por um ciclone
em termos de vítimas mortais e financeiros ocorreu em 2019 (Idai e Kennet) com cerca de 700
mortos e avultados danos económicos.

As inundações são um fenómeno recorrente em Moçambique. Situação justificada pela


existência no país de um número considerável de bacias hidrográficas internacionais e outras
tantas de circunscrição nacional. Apontando-se como principais factores desta suscetibilidade
à precipitação regional localizada e intensa, à actividade dos ciclones tropicais e à deficiente
gestão das barragens em território nacional e nos países vizinhos (Caomba, 2018). Neste
sentido, nesta parte do artigo discute-se os efeitos económicos das mudanças climáticas em
Moçambique. Não se apresenta os efeitos de todos os eventos, buscou-se trazer apenas alguns
eventos que no Boletim GeoÁfrica, v. 1, n. 1, p. 25-40, 2022. 34 entendimento dos autores
ficaram marcados pela sua magnitude como por exemplo: as cheias de 2000, o Idai, Kennet,
Chalane e entre outros.

Em Fevereiro e Março de 2000 as regiões sul e centro do país foram assoladas pelas cheias que
tiveram como consequências 500.000 pessoas deslocadas, destruição das habitações,
infraestruturas económicas, infra-estruturas sociais como: edifícios públicos, escolas, hospitais,
sistemas de abastecimento de água e energia eléctrica, redes rodoviárias, linhas férreas e
telecomunicações. Estes prejuízos representaram um enorme revés para a economia nacional
moçambicana e para os esforços realizados na área da redução da pobreza (USAID, 2002).

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3. Metodologia

O presente estudo é baseado em uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de compreender o


significado do construtivismo e como se caracteriza sua atuação, fazendo-se uma análise dos
aspectos teóricos dessa teoria no ensino, bem como em sua relevância sua relevância na atitude
do professor no processo de desenvolvimento e aprendizagem.

A estratégia escolhida foi a pesquisa bibliográfica, o estudo foi feito através de levantamento
de informações já processados através de pesquisas anteriores. Esta estratégia de pesquisa é
aplicada na academia com a finalidade de aprimorar e atualizar o conhecimento, através de
investigações científica de obras já publicadas (Andrade, 2010). Para Fonseca (2002), a
pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web
sites.

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4. Analise e interpretação dos dados
4.1. Tendência Climática

Segundo o IPCC (2007), algumas regiões registaram um aumento da quantidade de


precipitação, como são os casos do Este da América do Norte e do Sul, o Norte da Europa e o
Centro - Norte da Ásia, enquanto outras ficaram significativamente mais secas, como a região
do Mediterrâneo, do Sul de África e parte do Sul asiático.

Segundo o estudo sobre o impacto das alterações climáticas no risco de calamidades em


Moçambique desenvolvido pelo INGC (2009), espera-se que até 2075 poderá registar-se um
aumento da temperatura média do ar entre 1,8 ºC a 3,2 ºC, redução da precipitação entre 2% a
9%, aumento da radiação solar entre 2% a 3% e aumento da evapotranspiração entre 9% a 13%.
De acordo com o mesmo estudo, espera-se que a precipitação aumente na maior parte de
Moçambique durante os meses de Dezembro a Fevereiro e Março a Maio, embora estes
aumentos sejam frequentemente inferiores aos aumentos aproximados na evapotranspiração
durante os meses de Junho a Agosto e Setembro a Novembro. Espera-se também, que aumentos
na evaporação sejam provavelmente maiores do que os da precipitação durante a estação seca
(Junho a Novembro), sugerindo que a estação seca se tornará mais seca por volta de 2030 e
mais ainda por volta de 2060 a 2080 (INGC, 2009)

4.2. Impacto das Alterações Climáticas nos Recursos Hídricos

Nos últimos anos, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos com relação à vulnerabilidade
hidrológica devido às alterações climáticas. Pois, é sabido que as alterações climáticas se
reflectem na modificação de variáveis, como precipitação, temperatura, vento, radiação,
humidade, ou seja, variáveis representativas do clima (Buchir, 2013).

O aumento da concentração de gases de efeito estufa, resulta em aumento no balanço de


radiação na superfície terrestre. Por sua vez, este aumento de balanço de radiação, produz
modificações nas temperaturas, taxas de evaporação e Precipitação e, consequentemente, nos
regimes de humidade dos solos, reabastecimento de águas subterrâneas e escoamento fluvial
(Steinke, 2004).

Os impactos ao longo do tempo são notáveis, pois, a alteração climática gera outros ambientes
em função da ocorrência de maior ou menor precipitação, temperatura e humidade. Com a
13
alteração destes condicionantes, o escoamento proveniente das bacias também se altera.
Contudo, essas mudanças não alteram somente o escoamento, mas também alteram os
condicionantes naturais que dão sustentabilidade ao meio natural como a fauna e a flora

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5. Conclusão

Podemos dizer que as mudanças climáticas, como o próprio termo indica, referem-se a
mudanças no clima que estão ocorrendo em todo o planeta e que apresentam efeitos que já
podem ser vistos em várias de suas partes. Extinção de várias espécies, derretimento das
geleiras e aumento do nível do mar são apenas algumas das consequências desencadeadas pelo
aumento da temperatura global. A seguir, falaremos mais a respeito das mudanças climáticas e
de como estas podem afectar a vida dos seres humanos e outros organismos do planeta.

As Mudanças Climáticas criam sempre externalidades e, geralmente, essas externalidades têm


sido negativas para o país. Criam uma demanda por investimentos em adaptação e aumento da
resiliência climática (custos de reposição das destruições e de mitigação) que poderiam ser
usados em sectores produtivos.

Os efeitos das mudanças climáticas obrigam as empresas a estabelecerem um plano de


resiliência para lidar e adaptar as actividades em detrimento dos impactos, como escassez de
água, clima extremo, migrações populacionais e instabilidade social, desacelerando o
crescimento económico. Com os eventos extremos, o sector da agricultura tem sido muito
afectado, com isto há baixa produção e, consequentemente aumento dos preços dos produtos
alimentares, há também baixa produção de outras empresas por causa destruição de infra
estruturas. Isto leva a aumento de níveis de desemprego e redução das receitas do Estado.

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Bibliografia

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Portugal: ASA Editores.

Amaral, S. et al. (2007). Redes e conectividades na estruturação da frente de ocupação do


Xingu/Iriri-Pará. Geografia, v. 31, n.3, p. 655-675,

Batone, D. C (2021). O Comportamento das Finanças Públicas em Contextos de Desastres


Naturais em Moçambique: o caso do Ciclone IDAI e Keneth. RAC: Revista Angolana de
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Caomba, D.P.A(2010). Ocupações informais do solo Urbano em Moçambique. Analise dos


factores de motivação e do risco das planícies de inundação na cidade de Lichinga. Tese de
Doutoramento em Geografia, Universidade do Minho, Instituto de ciências sociais (Portugal),
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Michael, A.J. et al. (2003). Climate change and human health. Risks and responses. Genebra:
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Mouchet, J. et al. (2004). Biodiversité du paludisme dans le monde. Paris: John Libbey
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Schaeffer, et al., (2008). Mudanças Climáticas e Segurança Energética no Brasil. Rio de


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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E SEGURANÇA ALIMENTAR (2019). Plano


Preliminar de Recuperação da Campanha Agrária 2018/2019. Maputo: MASA.

16
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS (MEF) (2020). Relatório de Riscos Fiscais
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MINISTÉRIO DA TERRA E AMBIENTE. Mudanças climáticas. MAPUTO: MTA, 2020.

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