Você está na página 1de 4

Globalização e novas perspectivas para o ensino de geografia

Na perspectiva de Santo (2013), na sociedade actual, os processos da globalização e suas


transformações estão cada dia mais evidente, sendo assim, o conhecimento desse assunto e sua
gestão na escola tornou-se instrumentos fundamentais.

A partir daí surgem inúmeros desafios para o ensino da Geografia na escola e a utilização de
novas metodologias neste processo de ensino aprendizagem apresenta-se como uma das
possibilidades de tornar a disciplina mais instigante e proveitosa, até porque para muitos alunos,
a Geografia ainda é classificada como uma disciplina enfadonha e chata, pela utilização de
técnicas de ensino antigas e/ou até mesmo tradicionais podemos dizer, e isso permeia durante
séculos, acarretando o desprestígio da disciplina, pois os conteúdos não interligam ao cotidiano
dos alunos, foge da realidade e torna-se uma utopia para eles. (Santo, 2013)

Desse modo, inúmeros discentes possuem dificuldades em realizar reflexões sobre práticas
socioespaciais, sobretudo conectando-as com a geografia. Os livros didáticos por sua vez
contribuem com essa falta de reflexão sobre os conteúdos, dado os aspectos excessivamente
descritivos e o ensino tradicional que corrobora esta maneira mecânica de ensino. Logo, Lacoste
(2011) propõe utilizar as práticas sociais e espaciais diversificando em diferentes escalas para se
compreender os diferentes fenômenos do espaço. (Quaresma, et al.).

Então, surge a necessidade de investir em novas metodologias no ensino de Geografia para que
assim, possa melhor abordar as temáticas em sala de aula, tendo como pressuposto aqui, o
processo de globalização, numa conjuntura crítica desta dinâmica, correlacionando à
subjetividade do espaço de vivência, respeitando as particularidades de cada localidade, as
relações sociais envolvidas e as problemáticas da dinâmica global no cotidiano.(Santo, 2013).

Com o passar do tempo, percebeu-se que os mapas têm um potencial significativo para o
desenvolvimento cognitivo dos alunos e para a compreensão das relações espaciais. Eles não são
apenas ferramentas visuais, mas também são representações poderosas de informações
geográficas. A partir dos anos 1970 e 1980, com o surgimento da Geografia Crítica e uma
mudança nas perspectivas educacionais, os mapas começaram a ser reconsiderados como
recursos essenciais no ensino de Geografia. Conforme a compreensão da importância da
alfabetização cartográfica crescia, educadores perceberam que o uso de mapas pode desenvolver
habilidades cognitivas nos alunos, como interpretação de símbolos, análise espacial,
compreensão de escalas, entre outras. (Quaresma, et al.).

Além disso, os mapas permitem que os alunos visualizem e compreendam melhor as relações
espaciais entre lugares, fenômenos e processos, contribuindo para uma compreensão mais
profunda da Geografia. A utilização da Cartografia no ensino de Geografia não se limita a
aspectos acadêmicos.

A compreensão das relações espaciais e a capacidade de ler mapas são habilidades essenciais
para a formação de cidadãos conscientes e participativos. Ao entenderem como os lugares estão
interconectados e como os fenômenos geográficos ocorrem em diferentes escalas, os alunos
podem tomar decisões informadas sobre questões ambientais, sociais e políticas que afetam a
comunidade local e global.

Em resumo, a evolução das discussões sobre a Cartografia no ensino de Geografia reflete uma
mudança de perspectiva sobre o valor dos mapas como ferramentas educacionais. Passou-se de
momentos em que os mapas foram subestimados para um reconhecimento crescente de que eles
são recursos fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, a compreensão espacial e a
formação de cidadãos conscientes do mundo ao seu redor.(Quaresma, et al.,)

A geografia no desenvolvimento de um projecto interdisciplinar na escola

Para Pontuschka, et al., (2007), a promoção e o desenvolvimento da interdisciplinaridade no


ensino de Geografia dependem do empenho do professor e também das condições curriculares e
estruturais do ensino.

Nos paradigmas actuais da educação, em que o estudante deixa de ser um mero receptor de
conhecimento e passa a ser um ser activo no processo de ensino-aprendizagem, as variadas
abordagens englobam, muitas vezes, uma visão de mundo por parte do estudante que vai muito
além dos limites colocados em uma determinada área do conhecimento ou disciplina escolar.
Surge, nesse ínterim, o imperativo de se estabelecer uma educação de caráter interdisciplinar, o
que corrobora a construção de um grande desafio pelo professor durante as suas aulas.

Segundo Girotto (2016), é possível admitir a existência de, pelo menos, duas dimensões pelas
quais são expressas o conhecimento geográfico: de um lado, uma dimensão de disciplina escolar,
directamente relacionada às práticas educativas, articuladas com a trajetória do desenvolvimento
dos currículos escolares; de outro, a dimensão de conhecimento sistematizado, um campo
teórico-metodológico submetido aos critérios de validade do paradigma científico dominante.

Compreender a relação entre estas duas dimensões do conhecimento geográfico é fundamental


para avançar qualitativamente na formação inicial e continuada de professores de geografia, uma
vez que é no embate, no diálogo e na tensão constante entre estas duas dimensões que se
localizam as principais questões que envolvem tal processo.

No caso da Geografia, há uma grande abertura para a aplicação de um ensino interdisciplinar


para que se trabalhe os conteúdos curriculares, haja vista que muitos deles possuem relações –
diretas ou indiretas – com as mais diversas áreas do saber, desde a Química até a Filosofia e
outras. Nesse sentido, é preciso, pois, abandonar a ideia de “conhecimento parcelar”, em que
cada disciplina apoia-se em conteúdos que lhe são exclusivos, não podendo ser abordados por
nenhuma outra área do saber. (Pontuschka, et al., 2007),

Dessa forma, para que se construa um ensino interdisciplinar de Geografia, é preciso,


primeiramente, que se compreenda que os conhecimentos são transversais às ciências e o que
caracteriza cada área do saber não é o seu objeto exclusivo de estudo, mas a sua abordagem.

Pontuschka, et. al. (2007), pondera que “os instrumentos teórico-metodológicos da Geografia são
diferentes dos instrumentos, por exemplo, da Física e da Biologia, no entanto todos eles precisam
ser apropriados pelos alunos, à luz de seu direito de cidadãos”. Isso significa que, diante de
diferentes instrumentos, os alunos encontram-se divididos diante de variados aspectos de uma
mesma realidade. A ideia do ensino interdisciplinar é o estabelecimento de uma
complementariedade entre esses distintos aspectos.

A construção da interdisciplinaridade no ensino de Geografia não é algo que dependa somente do


professor. Muitas vezes, não existe uma estrutura na escola que permita a construção de aulas
interdisciplinares ou mesmo o diálogo entre os professores. Há também problemas relacionados
às grades curriculares das diferentes disciplinas, haja vista que nem sempre essas são pensadas
em uma perspectiva interdisciplinar, o que dificulta em muito o trabalho do professor. Materiais
de apoio e livros didáticos também são instrumentos que podem se aperfeiçoar no sentido de
estabelecerem um ensino que o diálogo entre as diferentes áreas do saber prepondere.
(Pontuschka, et al., 2007),

O professor de Geografia, ao abordar temas e conceitos originalmente vinculados a outras áreas


do conhecimento, precisa ter muito cuidado. Em primeiro lugar, há uma necessidade de se
aplicar um esforço em compreender a lógica de funcionamento dos demais saberes a fim de não
abordá-los em sala de aula de maneira errônea ou muito simplista. Outra preocupação é a de
preservar, em termos éticos, o respeito e a conduta das demais disciplinas, sob pena de violar
política e conceitualmente as aulas dos demais professores..(Pontuschka, et al., 2007)

Referências bibliográficas

Girotto E. D. (2016). A relação entre Geografia Escolar e Acadêmica na obra de Delgado de


Carvalho: Uma Análise a partir do Boletim Geográfico (1943-1947).

Pontuschka, et al., (2007). Para Ensinar e Aprender Geografia. São Paulo: Cortez.

Quaresma, E. F. Os Desafios do Ensino de Geografia e a Potencialidade da Cartografia Escolar.

Santo, K. B., (2013). Globalização no Ensino de Geografia e Intervenção Pedagógica na Escola


de Ensino Fundamental Domingo Lopes da Silva.

Você também pode gostar