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3.0.Conceito
A palavra globalização é muito usada para se referir a integração das economias a um mercado
global através do sistema técnico informacional. Este sistema técnico aplicado à produção,
circulação e consumo de mercadorias ideias, informações tem como resultado uma das
características mais importantes deste novo tempo: a aceleração. Outra característica é a
simultaneidade possibilitada pelo sistema de infovias que constituem os actuais sistemas de
comunicação por fax, internet, telefonia, televisão integrados numa rede global por meio de
satélites e computadores. Os mega conglomerados transnacionais, a expansão dos fluxos
financeiros que operam no mercado de acções comandando o cassino global da geração de lucro
e a mundialização do comércio: os três dão ao tom na economia global.
Globalização é um processo multifacetado que tem entre suas características centrais a
aceleração em todos os sectores da vida. A aceleração contemporânea está ancorada nas novas
tecnologias, que viabilizam o aumento da velocidade do deslocamento de capitais, mercadorias,
informações e pessoas provocando mudanças económicas, políticas, sociais, culturais e espaciais.
4.0.Breve historial
A palavra globalização tornou-se amplamente utilizada nos últimos anos, passando a fazer parte
da mídia quotidianamente, chegando a ser identificada como uma “palavra da moda”
(BAUMAN, 1999, p. 7). O termo disseminou-se ao longo da década de 1980, inicialmente, em
universidades norte-americanas, no âmbito dos cursos de administração de empresas.
A difusão do termo está directamente vinculada ao aprofundamento da internacionalização
capitalista, através das multinacionais, que exigiu a definição de estratégias de actuação global
para essas empresas.
Quanto à origem da palavra globalização, uma outra possibilidade remete ao campo da
comunicação, mais especificamente aos escritos de Mashall McLuhan (1969), que ao analisar a
crescente interconexão mundial como resultado dos avanços das telecomunicações, criou a
metáfora de “aldeia global”.
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Embora sendo um termo cujo emprego é recente, “como fenómeno concreto, a globalização é
nada mais do que um processo histórico, que, aliás, vem de longa data.” (SENE, 2003, p. 37).
Suas raízes remetem ao final do século XV e início do século XVI, quando se deu a expansão
capitalista através das Grandes Navegações, que deflagrou a criação do chamado mercado
mundial.
Entre os séculos XVIII e XIX, a ocorrência da I e da II Revolução Industrial constituíram-se
novas etapas do processo de mundialização capitalista, caracterizadas pelo desenvolvimento dos
trustes e cartéis e pelo imperialismo.
efectiva do aluno, e não apenas para ilustrar conteúdos, a exemplo do que se fazia nos primeiros
tempos da inserção das TIC nas escolas. Incorporar as TIC inclui, dentre outros:
a) Acessar novos conhecimentos geográficos contidos, por exemplo, em fotografias aéreas,
imagens orbitais e dados referendados por instituições oficiais que disponibilizam informações
em sítios da rede mundial de computadores (Web);
b) Efectuar a leitura de paisagens distantes, em diferentes escalas e momentos de sua evolução; o
acompanhamento de fenómenos geográficos naturais e humanos de grande interesse, como a
distribuição das precipitações por região ou a expansão da mancha urbana sobre uma formação
vegetal.
O terceiro desafio envolve o primeiro e segundo desafios. Consiste na construção de
conhecimentos geográficos sobre o mundo global, por meio das TIC, no intuito de permitir ao
aluno desenvolver habilidades e construir competências no caso dos cursos técnicos, na área
específica de actuação, bem como capacitá-lo a reflectir criticamente sobre o papel das
tecnologias na configuração do espaço geográfico.
A diferença está também na linguagem, visto que não é necessário mencionar a consciência de
classe, nem forçar o aluno a compreender o mundo pela mecânica económica, basta fazer com
que o aluno compreenda as diferenças espaciais e que essas diferenças (estruturais, materiais,
económicas, culturais, políticas e ambientais) têm origens diversificadas. Fomentar nos alunos os
processos de produção da especialidade é permitir que os mesmos entendam que não são seres
autónomos, descolados do mundo, são seres humanos articulados integralmente ao espaço em
que vivem e sofrem, por isso, todas as consequências partilhantes dos problemas oriundos do
espaço lhes alcançam.
A consciência de classe possibilita aos alunos compreenderem as relações sociais, os
antagonismos da relação homem-natureza e homem-homem. O desafio é programar e efectuar
essas ideias num cenário contemporâneo repleto de impossibilidades para o desenvolvimento do
pensamento crítico, pois os problemas quanto ao ensino de Geografia são escalares (desde as
reformas curriculares nacionais até o aluno subnutrido sem condições físicas e psicológicas para
estudar).
Para que o pensamento crítico torne-se realidade no processo ensino-aprendizagem é importante
o professor ter plena consciência do seu papel e de suas responsabilidades sociais, uma vez que o
trabalho docente é inseparável da prática social”. (LIBÂNEO, 2003, p. 77.) Ainda segundo
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Libâneo (2003) o professor necessita explicitar seus conteúdos ancorados numa concepção
educativa ligada à prática transformadora. Segundo Miranda (2005) o professor precisa
reencontrar o significado de seu trabalho, logo, entendemos que o professor somente terá uma
postura crítica comprometida com a significação e a transformação do mundo quando esse tiver a
consciência
A dinâmica global-local
Ao lado do par globalização-fragmentação, tão difundido hoje, encontramos um outro binómio,
mais explicitamente espacial, pois envolve duas escalas geográficas: o global-local. As relações
globais-locais (e vice-versa) são consideradas hoje uma das formas mais contundentes em que se
pode perceber a dinâmica da des-equalizaçãodiferenciação.
Muitos autores vêem, de forma simplista, o global associado com processos de totalização, de
generalização/universalização, e o local com processos de fragmentação, de
particularização/singularização, como se o global fosse o locus da homogeneização e o local o da
heterogeneização. Vários outros estudiosos mostraram que a questão é muito mais complexa.
Robertson (1995) chegou mesmo a propor o termo “globalização”, considerado mais coerente
para dar conta dessa relação.
A luta entre uma face homogeneizadora e uma face heterogeneizadora demonstra que processos
globais “implantam-se” no local, adaptando-se a ele, ao mesmo tempo em que o local pode
globalizar-se na medida em que expande pelo mundo determinadas características locais. No
primeiro caso ocorre uma dinâmica no sentido global-local, mas sem que o local seja um simples
reflexo do global, pois ele impõe condições para a realização da globalização. No segundo caso,
o local produz a diversidade no âmbito global, complexificando as características que marcam a
globalização. Esta dinâmica local-global pode envolver desde circuitos globais “paralelos” ou
não-integradores (para quem está fora dos seus circuitos), como o das grandes diásporas
imigrantes, até circuitos globais integradores, como o de um valor ou hábito local que se projeta
para vários outros grupos ao redor do mundo (o que aconteceu com a culinária chinesa e
japonesa, por exemplo).
É importante destacar que os circuitos globais podem ter tanto um carácter geral, mais
disseminado, como é o caso das redes informacional e financeira, quanto um carácter
segmentado, envolvendo grupos e culturas específicos, como ocorre nas diásporas mundiais
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que conduza ao seu sentido, sem desagregá-lo e sem dualismos, geralmente apresentando seus
conceitos de forma a histórica, abstracta e neutra.
Os conteúdos tratados devem estar referenciados ao real, e mais do que isso devem buscar se
aproximar da realidade do aluno, fugindo ao objectivo de explicitar o conteúdo por ele mesmo,
fazendo com que os alunos percebam a integração entre estes a partir de uma lógica maior, e
mais do que isso se percebam enquanto atores do processo em curso. Assim, a Geografia deve
buscar novas práticas pedagógicas, que permitam a transmissão do conhecimento de maneira
mais integrada e que propicie a acção social.
Deve, portanto, reconhecendo a impossibilidade de neutralidade no processo educacional, ser
activista por excelência, e priorizar a desmistificação em sala de aula das falsas teorias,
paradigmas e ideologias, que são actualmente consolidadas pelos meios de comunicação de
massa, e que em geral apresentam uma concepção acerca das transformações em curso, criadas
(e impostas) pela ideologia dominante. Afinal sabe-se que, em geral, este carácter perverso,
criador de conformidades, encontra espaço na precária construção, na escola, de um
conhecimento mais eficaz que vise um entendimento mais integrado e autónomo a respeito da
realidade e que permita a este encontrar, na essencialidade, fatos, parâmetros de identificação,
distinção e entendimento a respeito do que realmente informa e o que aliena, bem como formas
de actuação.
Consequentemente, esse avanço exige profissionais capazes e com aptidão intelectual para
adaptar técnicas e até mesmo mudar de função ou profissão no decorrer de sua actuação, o que
requer uma formação tecnológica que contemple uma sólida base humanista de modo a permitir
uma boa integração interpessoal, um bom relacionamento humano, a adaptabilidade a novos e
diferentes ambientes de trabalho, repletos de peculiaridades.
Assim, tão diversos e complexos são os problemas e constrangimentos a serem discutidos no que
diz respeito a este tópico, que em se tratando de um trabalho em desenvolvimento, se demonstra
mais adequado adiarmos esta discussão para um outro momento. Podemos adiantar, no entanto,
que nos parece claro o fato de o conteúdo das aulas de geografia que se constituem no estudo do
mundo, das configurações territoriais, da organização do espaço e das disputas de poder, bem
como das formas de tratar a natureza, devem ser trabalhados de maneira a corroborar na
construção da cidadania do indivíduo, bem como de um conhecimento mais autónomo e
integrado (sistémico) a respeito da realidade mundo.
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O que ensinar
O uso dos códigos específicos da Geografia (mapas, gráficos, tabelas, etc.), na representação dos
fatos e fenómenos relacionados à globalização política, económica, cultural.
A especialidade das cidades que informam as transformações sob a óptica da globalização.
As singularidades e generalidades de cada lugar, paisagem, território, região no processo de
globalização.
A análise do contexto actual revela que a globalização é, de fato, um processo que selecciona os
lugares e as pessoas e, ao se manifestar assim, gera a exclusão. Nesse cenário, os fluxos da
globalização atingem o planeta Terra inteiro, mas não a totalidade do espaço geográfico mundial,
ou seja, não todos os seus lugares. Na “geografia das redes”, os países industrializados
dominantes (EUA, Japão e países europeus), além dos países recentemente industrializados
(emergentes), embora nem todos os lugares de seus territórios nacionais, estão fortemente
articulados à globalização. Enquanto isso, parte do espaço latino-americano e asiático e a maioria
do espaço africano encontram-se marginalizados do processo.
Isso demonstra que, a despeito do nome, a globalização está longe de ser global, posto que a
densidade da técnica, do capital e do conhecimento está altamente concentrada, em termos
geográficos, assim como os fluxos de investimentos e comerciais.
O caráter seletivo e excludente da globalização produz a fragmentação espacial, pinçando os
espaços que interessam a lógica do capitalismo global, transformando-os em nichos de produção
e/ou consumo, e relegando à margem os demais espaços, que não se mostram atraentes sob a
óptica economicista do sistema. Dessa forma, paralelamente aos circuitos que vinculam local e
global no sistema-mundo, há toda uma massa de excluídos (HAESBAERT, 1999, p. 28).
Nesse contexto, os lugares podem assumir diferentes significados, podendo representar pontos de
conexão, nós da teia de relações globalizadas, ou núcleos de enfrentamento das forças
fragmentadoras dos fluxos hegemónicos, focos de resistência.
Isso porque é no lugar que se materializam as relações sociedade-espaço geográfico; nele, as
pessoas vivem e interagem entre si e com a paisagem, constroem as relações do quotidiano.
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Vantagens
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Desvantagens
a base tecnológica que dá suporte à globalização também é utilizada para conexões de redes
que operam na ilegalidade (por exemplo, tráfico de drogas, prostituição, entre outros) e para
manifestações antiglobalização, permitindo inferir que os questionamentos formulados por
seus adeptos restringem-se a certos aspectos do fenómeno.
8.0.Conclusão
Em síntese, o ensino de geografia, para além do desenvolvimento de habilidades e competências
associadas à interpretação de mapas, figuras, tabelas e gráficos, configurando um ensino
descontextualizado e acrítico, deve resgatar a denúncia das desigualdades e dos problemas
sociais, retomando Yves Lacoste ou explicitar as contradições do capitalismo em seu processo
desigual de desenvolvimento, já que a globalização, segundo Santos (2000), ao homogeneizar os
processos de reprodução do capital, também fragmenta e individualiza, sendo no local, nos
espaços de vivências, de conflitos e de experiências quotidianas dos alunos, nas horizontalidades,
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