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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas

Departamento De Administração Pública

Licenciatura em Administração Pública

kelvin

ASPECTOS DA ÉTICA SOCIAL-LIBERDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Quelimane
Maio de 2023
1

Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas

kelvin

ASPECTOS DA ÉTICA SOCIAL-LIBERDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Trabalho de carácter Avaliativo a ser entregue na


Faculdade de Ciências Sociais, no Departamento
de Administração Publica, na cadeira de
N
Filosofia, leccionado pelo:

Dr. Castiguinho B. Falaque

Quelimane
Maio de 2023

Índice
1. Introdução......................................................................................................................................3
1.1. Objectivos...................................................................................................................................3
2

1.1.1. Geral.......................................................................................................................................3
1.1.2. Especifico...............................................................................................................................3
1.2. Metodologias..............................................................................................................................3
2. Aspectos da ética social, liberdade e responsabilidade social.........................................................4
2.1. Conceito de ética........................................................................................................................4
2.2. Ética social.................................................................................................................................5
2.3. Liberdade e responsabilidade moral...........................................................................................6
2.3.1. Responsabilidade moral..........................................................................................................7
2.4. Justiça e dever............................................................................................................................8
2.4.1. Justiça.....................................................................................................................................8
2.4.2. O Dever..................................................................................................................................9
2.5. Sansão e mérito........................................................................................................................10
2.5.1. Sansão..................................................................................................................................10
2.5.2. Mérito...................................................................................................................................11
3. Conclusão.....................................................................................................................................13
4. Bibliografia..................................................................................................................................14

1. Introdução
3

A humanidade se encontra em constante processo de aprendizado, aperfeiçoamento e


alterações. Esse processo está directamente ligado ao momento histórico e ao meio social em
que se vive, resultando na construção de valores éticos e morais. A conduta humana,
demonstrada através de seu comportamento, é o resultado de um aprendizado cultural.

A ética pode ser abordada sob vários enfoques, no presente estudo se analisará a ética do ser
humano em seu aspecto social. O ser humano, por sua vez, é complexo e imprevisível. Áreas
do saber que dependem de opiniões e sentimentos muito dificilmente atingirão um estado de
reconhecimento universal, ou seja, um consenso entre os seres humanos. O comportamento
humano é imprevisível por causa da liberdade característica à espécie. O livre arbítrio
possibilita que uns decidam de uma maneira e outros, de maneira radicalmente diversa.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Compreender a Aspectos da ética social, liberdade e responsabilidade social
1.1.2. Especifico
 Entender o conceito de ética;
 Descrever a ética social;
 Ilustrar liberdade e responsabilidade moral.
1.2. Metodologias

Para a realização deste trabalho e para o alcance dos objectivos pretendidos, recorreu-se a
varias pesquisas, sendo elas manuais, artigos científicos, algumas tomadas de nota, digitação,
impressão e encadernação.

2. Aspectos da ética social, liberdade e responsabilidade social


2.1. Conceito de ética
4

Partindo da abordagem de alguns conceitos-chave, se dará início a árdua tarefa de adequar


uma reflexão sobre o valor impactante que a ética possui na vida do ser humano. Antes de
adentrar ao conceito em si, importa frisar que, a ética existe desde os primórdios dos tempos,
quando os seres humanos, ainda que, involuntariamente, já a praticavam, (Codo, 2002).

Em consonância com este entendimento, discorrem Soares e Cruz1 (citados por Codo, 2002),
Antes mesmo do surgimento da Filosofia, os mitos já representavam uma tentativa de explicar
os fenómenos naturais e as condutas humanas. As histórias contadas por poetas como Homero
e Hesíodo mostravam grande preocupação com a formação ética e espiritual do homem,
descrevendo as mais diversas situações passadas na vida, e sempre enfatizando um modo de
viver baseado nas virtudes do homem, usando os mitos como forma de educar o povo.

Considerando parte da filosofia, Cortina (citados por Codo, 2002), assim a define: A ética é
um tipo de saber que se tenta construir racionalmente, utilizando para tanto o rigor conceptual
e os métodos e de análise e explicação próprios da filosofia. Como reflexão sobre as questões
morais, a ética pretende desdobrar conceitos e argumentos que permitam compreender a
dimensão moral da pessoa humana nessa sua condição de dimensão moral, ou seja, sem
reduzi-la a seus componentes psicológicos, sociológicos, económicos ou e qualquer outro tipo
(embora, obviamente, a Ética não ignore que tais factores condicionam de fato o mundo
moral).

Ante as definições pode-se chegar a uma reflexão de que ética se trata de uma ciência, e deste
jeito estabelece um dever, um compromisso e uma obrigação, tendo o comportamento
humano como seu alicerce próprio. A ética tem a incumbência elevada de balizar a conduta
humana a fim de que o homem individual ou colectivamente ajuste seus erros e valorize os
acertos contribuindo para uma sociedade justa, e equilibrada. Para MORIN existem três fontes
éticas do ser humano: a fonte interior, aquela que emana do espírito, a fonte exterior, que são
aquelas oriundas das experiências experimentadas no ambiente de sua vivência e as fontes
anteriores, as intrínsecas na memória biológica, por intermédio da ancestralidade genética de
cada ser, (Codo, 2002).

2.2. Ética social


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A ética analisada sob a óptica social, nada mais é do que a responsabilidade atribuída a cada
integrante da sociedade, pelo bem comum. Desse modo, o indivíduo deve pautar seu agir de
acordo com a ética complexa. “A ética complexa necessita daquilo que é mais individualizado
no ser humano, a autonomia da consciência e o sentido da responsabilidade”. A construção de
uma sociedade solidificada, justa e sustentável, depende da efectividade na aplicação da ética,
havendo, portanto, um vínculo inquestionável entre o grupo de indivíduos denominado
“sociedade” e a “ética, (Boff, 2003).

Sabe-se que, o ser humano é naturalmente sociável, o ato de viver isoladamente está longe das
origens do homem, todavia, a convivência deve ocorrer, de modo, a proporcionar bem-estar a
todos os seres que compartilham da mesma sociedade. “Mas não é apenas para viver juntos,
mas sim para bem viver juntos que se fez o Estado, sem o quê, a sociedade compreenderia os
escravos e até mesmo os outros animais. A Cidade é uma sociedade estabelecida, com casa e
famílias, para viver bem, isto é, para se levar uma vida perfeita e que se baste a si mesma.
Ora, isto não pode acontecer senão pela proximidade de habitação e pelos casamentos. Foi
para o mesmo fim que se instituíram nas cidades as sociedades particulares, as corporações
religiosas e profanas e todos os outros laços, afinidades ou maneiras de viver uns com os
outros, obra da amizade, assim como a própria amizade é o efeito de uma escolha recíproca,
(Boff, 2003).

O fim da sociedade civil é, portanto, viver bem; todas as suas instituições não são senão meios
para isso, e a própria Cidade é apenas uma grande comunidade de famílias e de aldeias em
que a vida encontra todos estes meios de perfeição e de suficiência. É isto o que chamamos de
uma vida feliz e honesta. A sociedade civil é, pois, menos uma sociedade de vida comum do
que uma sociedade de honra e de virtude, (Velho, 2021).

Assim, aplicar a ética social é, levar em consideração os actos praticados perante a


colectividade e os impactos que estes podem causar a curto, médio e longo prazo. Em outras
palavras, viver adequadamente em um contexto social é colocar em prática os valores éticos
adquiridos ao longo da existência. Em razão disso, é salutar que se destaque a importância do
incentivo à ética actualmente, porquanto, o ser humano está perdendo o senso do correto, o
senso de seus próprios valores, vivendo em um mundo ilusório. É nesse contexto que emerge
a exigência de uma ética que não apenas se restrinja ao comportamento dos seres humanos
entre si, mas se estenda à sua relação para com o meio ambiente (ar, terra, água, animais,
florestas, processos produtivos etc.), (Velho, 2021).
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Indubitável confessar que, infelizmente, a modernidade trouxe consigo, a falta de virtudes, de


compaixão e de solidariedade. O individualismo e a priorização do material afastaram o ser
humano da verdadeira ética, interiorizada desde os primórdios da humanidade. Actualmente a
ética social é equiparada a uma bússola que nos direcciona ao certo e ao desejável, em um
determinado grupo social, a ser definido pela sua própria cultura, hábitos e regramentos,
(Velho, 2021).

2.3. Liberdade e responsabilidade moral

O conceito de liberdade, na filosofia, designa de uma maneira negativa, a ausência de


submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser
humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito
racional. A liberdade é um principio constituinte para que o ser humano possa ser julgado
acerca de sua responsabilidade em seus actos. A liberdade qualifica os actos humanos,
(Mackeivicz, 2012).

A relação que existe entre liberdade e responsabilidade moral é uma relação de


complementaridade, em que estão ligados entre si. Sendo assim, pode-se questionar sobre os
actos humanos, acerca de sua moralidade e sobre a responsabilidade do homem por seus
actos. O autor acima citado, afirma que: “os actos só têm carácter moral na medida em que
nele intervém a liberdade; e seu carácter moral diminui na proporção que diminui a
intervenção do livre-arbítrio”. Logo, a moralidade dos actos consiste em fazer o uso da
liberdade. Quando a liberdade é privada, não há responsabilidade moral. Portanto, o homem é
responsável pelos actos que pratica com liberdade.

O conhecimento e a liberdade é que permitem legitimar a responsabilidade moral, caso


contrário, se há falta de liberdade e conhecimento, o indivíduo não possui responsabilidade
moral. Pois, quem não possui consciência para agir, não pode ser responsável pelos seus
actos. É fundamental para que o indivíduo seja responsável por seus actos que ele não sofra
nenhuma coacção externa, isto é, que a acção praticada provenha de dentro da própria pessoa
e não de fora. Pois, quando o indivíduo encontra-se sob coacção ou pressão, perde o controle
de seus actos. O individuo é isento de responsabilidade moral quando não teve possibilidade
de agir de outra maneira, (Mackeivicz, 2012).

As escolhas nem sempre são fáceis e simples. Escolher é optar por uma alternativa e renunciar
à outra ou às outras. Não existe liberdade zero ou nula. Por mais escravizada que se ache uma
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pessoa, sempre lhe sobra algum poder de escolha. Também não há liberdade infinita, ninguém
pode escolher tudo. O ato livre é, necessariamente, um ato pelo qual se deve responder e
responsabilizar-se. Porque sou livre tenho que assumir as consequências de minhas acções e
omissões. Os animais irracionais não são livres, não são responsáveis pelo que fazem ou
deixam de fazer. Ninguém pode condenar um cavalo que lhe deu um coice. O animal não faz
o que quer e sim o que precisa ou o que se encontra determinado pelo instinto de
sobrevivência para que continue existindo, (Mackeivicz, 2012).

A reflexão acerca da liberdade encontra-se inclusa no Projecto da Modernidade, onde os


termos autonomia, emancipação e liberdade estão relacionados entre si, e também são bases
de tais reflexões. Pensar a liberdade não é possível sem fazer alusão a esse Projecto, no qual
os três termos distintos determinam o mesmo sentido, a maioridade do homem. A liberdade é
um pressuposto básico para que o homem seja responsável por seus actos e suas escolhas. É
dentro da Modernidade que o homem busca emancipar-se, ser autónomo e livre. O período
moderno é chamado também de período antropocêntrico, onde o homem é capaz de fazer suas
escolhas e praticar suas acções, e é dentro da Modernidade que lhe é oferecido a possibilidade
de emancipar-se e ser autónomo, enfim, conquistar sua liberdade, (Mackeivicz, 2012).

2.3.1. Responsabilidade moral

Thomas Canon distingue dois sentidos diferentes de “responsabilidade moral”. Um sentido é


o que chama de responsabilidade como attributability. A responsabilidade em sentido
atributivo diz respeito a questões acerca de se certa acção pode ser atribuída a um agente, do
modo como essa é requerida a de que possa ser base para uma avaliação moral. Nesse sentido,
dizer que posso ser avaliado pelo que ou pelo que deixei de fazer, ou pelas consequências
boas ou ruins do que ou deixei de fazer, é dizer que posso ser responsabilizado em termos
atributivos (ou, mais directamente, que certa avaliação, expressa em termos, por exemplo, de
elogio ou censura, pode ser feita ou atribuída a minha pessoa), (Azevedo, 2009).

Outro sentido é o que Canon chama de responsabilidade em sentido substantivo. Juízos de


responsabilidade substantiva expressam alegações substantivas sobre o que se exige (ou não
se exige) das pessoas que seja feito (ou não seja feito) em favor de outras (ou, como diz
Scanlon, são juízos que expressam “substantive claims about what people are required to do
for each other”). Segundo Scanlon, “juízos sobre quais são as responsabilidades substantivas
de uma pessoa podem variar amplamente, podendo expressar juízos sobre quase qualquer
dever, ou ao menos, a deveres associados a qualquer função”. Assim, ter (ou assumir) uma
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responsabilidade em termos substantivos equivale a estar submetido a um dever, e ao


dizermos, neste segundo sentido, que uma pessoa é responsável por certo resultado, estamos
dizendo que ela não pode se queixar do ónus e das obrigações resultantes, (Azevedo, 2009).

2.4. Justiça e dever


2.4.1. Justiça

O conceito de justiça não pode ser definido ou delimitado em uma exacta e conclusiva
definição, semelhantemente ao que ocorre com as já mencionadas política e ética. É um tema
para o qual foram dedicadas, de acordo com Pacheco (2013), profundas meditações ao longo
dos milénios, mas que continua sendo uma categoria difícil de definir substancialmente e
carregada de metáforas e idealismo. Platão identificava justiça como sinónimo de virtude, ao
passo que Aristóteles amplia o conceito de Platão e o torna aplicável ao mundo real,
aproximando justiça e virtude sem torná-las sinónimos. A função da teoria da justiça,
portanto, está relacionada intimamente com a ética, pois ambas lidam com valores e
dependem do ser humano.

Em seus estudos, Aristóteles concluiu que a felicidade é a finalidade das acções humanas, e só
pode ser atingida através de acções boas. Ou seja, a felicidade é a atividade conforme a
virtude. De pouco serve o mero conhecimento: é preciso que o homem aja, reiteradamente, de
modo virtuoso, com a consciência de que o faz (Pacheco (2013).

Nader (2002), entende que o termo areté, empregado na obra original de Aristóteles e
comumente traduzido como “virtude”, significa “excelência”. De acordo com o filósofo
grego, a natureza nos dá a capacidade de receber virtudes e o hábito as aperfeiçoa, de modo
que adquirimos virtudes pelo exercício. Exercitando-as bem, tornamo-nos bons, ao passo que
exercitando-as mal, tornamo-nos maus.

A virtude completa, ou a maior das virtudes, é a justiça. Identificando nela a alteridade,


Aristóteles afirmou: somente a justiça, entre todas as virtudes, é o “bem de um outro”, pois,
de fato, ela se relaciona com o próximo, fazendo o que é vantajoso a um outro, quer se trate
de um governante, ou de um membro da comunidade. Na complexa busca pela justiça, a ideia
aristotélica do meio-termo oferece uma bússola extremamente útil, e a busca pelo meio-termo
entre a deficiência e o excesso exige que se defina qual é a justa regra e qual é o padrão que a
determina. A classificação de Aristóteles das espécies de justiça resiste até hoje. São elas as
justiças social, distributiva e comutativa, (Nader, 2002.)
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Estas duas últimas formavam a justiça particular, e a primeira era a justiça geral. A justiça
social é aquela que busca a realização do bem comum através de uma relação onde o
indivíduo é devedor e a sociedade é credora, de modo que cada sujeito que integra a sociedade
civil contribui para que se alcance o bem da comunidade. Já a justiça distributiva diz respeito
à participação equitativa dos membros da colectividade no bem comum ou seja, a sociedade é
devedora e o indivíduo é credor, e cabe à sociedade política distribuir de forma justa os bens
públicos entre os cidadãos. A comunidade, observando uma igualdade relativa, distribui
proporcionalmente entre seus integrantes, de acordo com o seu mérito, a devida parte dos
bens (Nader, 2002.)

2.4.2. O Dever

Kant acreditava que a razão humana pode definir o que é certo ou errado. Por isso defende a
existência de uma ética universal. Aqui uma comparação com a física também é pertinente.
Essa disciplina é capaz de encontrar leis universais da natureza. A atracção gravitacional é um
exemplo. Tais leis são válidas em qualquer lugar e tempo. Kant acreditava que o mesmo seria
possível com a ética. A razão pode definir leis morais universais. Essa é uma ideia bastante
polémica, pois muitos filósofos negam que a razão possa dizer como devemos agir. Eles
afirmam que a razão tem um papel apenas instrumental na acção humana. Hume, por
exemplo, afirmou que “a razão é e deve ser a escrava das paixões, (Rodrigues, 2014).

Até então temos o seguinte quadro da ética de Kant. Podemos agir com base em nossos
desejos (ele chama isso de inclinações) ou com base na razão. O primeiro caso ocorre quando
fazemos algo porque desejamos; o segundo, quando é nosso dever moral fazer. Em resumo,
podemos agir com base no dever ou com base na inclinação. Essa teoria de Kant leva a
algumas consequências contra-intuitivas. Imagine que encontra uma pessoa na calçada tendo
um ataque cardíaco. Você sente compaixão pela pessoa e num instante liga para um serviço
de emergência médica. Nesse caso, você agiu com base numa inclinação. Agora imagine um
exemplo um pouco diferente. Suponha que você é uma pessoa fria, que não sente compaixão
nesse tipo de situação. Porém, decide ligar da mesma forma para o serviço de emergência
porque é nosso dever ajudar pessoas necessitadas. Nesse último caso, então, o motivo da sua
acção foi o dever moral. Naturalmente diríamos que as duas pessoas agiram correctamente.
No entanto, Kant faz uma distinção nesse caso. Ele não afirma que é errado agir com base na
inclinação. Fazemos isso o tempo todo. Porém, pensa que não devemos receber mérito por
isso. Diz que uma acção motivada por inclinação não tem valor moral, (Rodrigues, 2014).
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Até animais ajudam outros animais ou pessoas por inclinação. Você já deve ter visto histórias
de cachorros que adoptam um gatinho recém-nascido sem mãe ou que protege com a vida seu
dono. Embora bonitas e curiosas, tais acções são motivadas por inclinação e não tem valor
moral. Portanto, para Kant só tem valor moral aquelas acções que são praticadas porque isso é
nosso dever. Cabe agora entender como ele determina o que é nosso dever fazer ou não. E
essa é a razão porque a ética de Kant é chamada de ética do dever. Fazer a coisa certa é agir
com base em regras morais (imperativos categóricos) por que isso é o certo a fazer. Quando
ajudo uma pessoa necessitada porque esse é meu dever, então minha acção tem valor moral
para Kant, (Rodrigues, 2014).

Para encerarmos essa apresentação da ética de Kant temos que entender como a razão define
qual é nosso dever. Kant apresenta uma série de fórmulas do imperativo categórico para
definir se uma acção é correta ou não. Uma dessas fórmulas é chamada por ele de fórmula da
lei universal. A expressão parece complicada mas, a ideia por trás é bastante simples. Kant
está afirmando que uma acção é correta quando é possível querer que ela seja universalizada.
Universalizar aqui significa ser praticada por toda e qualquer pessoal, em qualquer tempo ou
lugar. Assim, se uma acção pode ser universalizada, pode ser considerada correta. Por outro
lado, se essa acção não pode ser universalizada, então ela deve ser considerada incorrecta,
(Rodrigues, 2014).

2.5. Sansão e mérito


2.5.1. Sansão

Para definir este termo devemos recorrer a dois conceitos que correspondem
fundamentalmente ao que se refere à ética. Neste sentido deve-se abranger ao conceito de
como uma acção humana pode reflectir na questão do comportamento ético de cada
indivíduo. No primeiro conceito deve-se saber que o termo sanções tem a ver com a ética e é a
consequência que pode ser agradável ou pode corresponder a um castigo a ser aplicado a uma
acção produzida de natureza moral, natural ou jurídica. Cada sanção tem à sua aplicação
correspondente dependendo do tipo de acção que ela provocou, ou seja, a sanção é derivada
do que acção pode provocar, (Zanelli, 2010).

Como segundo conceito, as sanções são consideradas como uma espécie de estímulo relativo
à conduta, ou seja, as sanções tem como resultado geral um estímulo positivo ou negativo de
acordo com a visão do sancionado que pode ser prazerosa ou dolorosa e servem como uma
espécie de estímulo nos dois casos. Baseados nestes dois conceitos, ou nestas duas formas de
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interpretar o significado do termo, as sanções tem sempre como objectivo corrigir algo, tanto
como uma recompensa como um castigo. Do ponto de vista moral a aplicação das sanções é
obrigatória dada à interpretação de que cada acção provoca uma reacção, neste caso de quem
aplica as sanções, (Zanelli, 2010).

Para melhor entendimento sobre o termo, deve-se ter esclarecido que existem vários tipos de
sanções que podem ir desde uma sanção de carácter físico, que, em termos morais, as sanções
são uma espécie de expiação que deve ser praticada pelo sancionado e que, não condizendo
com a própria moralidade é escasso de valores neste sentido, porém no referente ao ponto de
vista social, as sanções aplicadas tem o objectivo de dar uma resposta à sociedade quanto à
conduta dos cidadãos com a pretensão de dar exemplo aos demais, (Zanelli, 2010).

As sanções, de modo geral, têm como objectivo ensinar e orientar a conduta da sociedade com
respeitos às leis de um Estado e devem ser aplicadas a todos aqueles que têm um desvio de
conduta e com isso pode provocar danos a terceiros. Sem a aplicação das sanções se veria
complicado a aplicação das leis como forma de corrigir e de reformar, (Zanelli, 2010).

2.5.2. Mérito

Abre-se a oportunidade para ser conceituado o termo composto meritocracia, com a finalidade
de distinguir mérito de meritocracia, reforçando o fundamental deste trabalho. Na revista
Exame há uma definição sugerida: a palavra meritocracia vem do Latim, mereço, que
significa obter, merecer e pode ser definida como forma de actuação baseada no mérito, na
qual as posições hierárquicas e outras recompensas são conquistadas pelos colaboradores que
atingem os resultados esperados e apresentam no dia a dia de trabalho as competências de
liderança, técnicas e estratégias estabelecidas previamente pelas organizações. (grifo deste
autor), (Queiroz, 2021).

Em busca pela rede mundial de computadores, verificando no site Priberam, encontra-se um


outro conceito: “mérito+cracia, forma de liderança que se baseia no mérito, nas capacidades e
nas realizações alcançadas, em detrimento da posição social. Sistema social onde se pratica
esse tipo de liderança. Grupo de líderes pertencentes a esse sistema.” (grifo deste autor). Na
segunda definição (Priberam), foi inserido um termo grifado em negrito bastante significativo
– Sistema Social –, ou seja, uma prática sistematizada no seio da sociedade, particularmente
quando se refere a um grupo de líderes, enquanto na definição primeira igualmente negrita da
(Revista Exame), usa-se o termo “posições hierárquicas”. Na conjugação destes dois termos
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ressaltados, fica evidenciada que a situação de mando, de comando ou de liderança está


vinculada à meritocracia, em uma posição em que há um reconhecimento tacitamente
consensual nas relações entre organizações e colaboradores e, particularmente, dentro do
tecido social, (Queiroz, 2021).

Desta feita, substancialmente entende-se que a meritocracia utiliza-se do mérito para


reconhecer alguém ou um grupo, de forma a alçá-lo(s) à situação de líder(és), de maneira
sistematizada e no âmbito da sociedade que a acolha. Portanto, o critério é objectivo e não
está atado a outros fora do mérito pessoal. Para a formulação de uma proposta de conceito
para o termo, no que concerne à ética, tornasse basilar um breve estudo do pensamento de
Aristóteles, posto que ele foi o grande sistematizador da ciência ocidental8. Ele hierarquizou
as ciências ao colocar as práticas em um plano inferior às ciências teóricas, porém estas foram
consideradas por ele, de certo modo, como servas daquelas, pois, o saber, segundo Aristóteles,
não é mais fim para si mesmo em sentido absoluto, mas subordinado e, em certo sentido,
servo da atividade prática, (Queiroz, 2021).

3. Conclusão

Compreende-se que Nesta senda, por mais que a ética e a moral se apresentem como institutos
distintos, não sendo adequado confundi-las, se encontram atreladas. Sobre esse assunto
13

lecciona, ao dispor que “La ética no deve ser confundida com la moral pero tampouco puede
permanecer desligada de la moralidad positiva, de la que debe partir para corregirla y
modificarla”. Assim, é possível deduzir que o objeto da ética é a moral. É de se ressaltar que,
considerando a similaridade entre a moral e a ética, há quem não se preocupe com a distinção
dos institutos terminológicos, limitando-se apenas, a enfatizar a interdependência existente
entre eles.

Logo, se, por um lado, a moral se apresenta como um conjunto de regramentos e normas; por
outro, a ética é a ciência que estuda o conteúdo dessas referidas normas morais, isto é, o
comportamento moral dos seres humanos na vida em sociedade. Em razão dos aspectos
abordados, a dicotomia ética e moral, se dá em virtude de a ética ser transmitida ao indivíduo
e assim, passando a fazer parte deste, todavia, permanecendo sob seu critério a sua aplicação
ou não ao que avaliar justo, em contrapartida, a moral é apresentada por meio de norma ou
regramentos a serem cumpridos, e estão sujeitos a transformações com o tempo.

4. Bibliografia

Azevedo, M. A. (2009). O Responsabilidade moral e ressentimento. (Centro Universitário


Metodista – IPA / Brasil)
14

Boff, L. (2003). Ética e moral: a busca dos fundamentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes.

Codo, W. (2002). Conceito etica . In: LANE, S. T. M.; CODO, W. (Org.). Psicologia Social:
O homem em movimento. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989, p. 1952202.

Mackeivicz, O. (2012). Liberdade e Responsabilidade moral. Rio de janeiro

Nader, P. (2002). Introdução ao estudo do direito. 21. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro :
Forense, 2002.

Pacheco, A. M. (2013). Formação humanística. 2. ed. Porto Alegre : Verbo Jurídico, 2013

Rodrigues, A. C. de A.; (2014). Campo profissional do Psicólogo em Organizações e no


Trabalho. Porto Alegre: Artmed. 2014. p. 549-582.

Velho, M. S. (2021). A ética social como fator (in)dispensável para a construção de uma
sociedade sustentável. Itajaí-SC, março

Zanelli, J. C. (2010). Sancao e etica: compreensão e intervenção baseadas em evidências.


Porto Alegre: Artmed.

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