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Instituto Superior De Ciências E Educação A

Distância

Ernesto Bilale

Gestão de Finanças Publicas

Tema: Desafios Da Administração Pública Moçambicana

Tutora:
Mestre Julieta Samde

Pemba
2021

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Ernesto Bilale

Desafios Da Administração Pública Moçambicana

Trabalho apresentado como composição da forma de avaliação na cadeira de Gestão de Finanças


Públicas no curso de Administração Pública, do Instituto Superior de Ciências e Educação a
Distância

Tutora:
Mestre Julieta Sande

PEMBA
2021

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Índice

1. Introdução................................................................................................................................. 4
1.1. Objetivos............................................................................................................................... 5
1.1.1. Objetivo Geral ................................................................................................................... 5
1.1.2. Objetivos Específicos ....................................................................................................... 5
1.2. Metodologia .......................................................................................................................... 6
2. Revisão De Literatura............................................................................................................... 7
2.1. Administracao Pública .......................................................................................................... 7
2.2. Reforma ................................................................................................................................ 8
2.3. Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique .......................................... 9
2.3.1. A Administração Pública Pós Independência Nacional................................................... 9
2.3.2. A Administracao Pública moçambicana a Luz da Constituiçao de 90 ........................... 10
2.3.3. Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004........................ 11
2.3.3.1. Traços da Constituição da República de Moçambique de 2004 ................................. 12
2.4. Problematização.................................................................................................................. 13
2.5. Uma adminstracao pública voltada para o cidadão, com melhoria da qualidade dos
serviços públicos e o aperfeiçoamento das respostas administrativas oferecidas à sociedade ...... 14
2.5.1. Racionalização e Descentralização de Estruturas e Procedimentos de Prestação de
Serviços 15
2.5.2. Formulação e Monitoria de Políticas Públicas ............................................................... 16
2.5.3. Profissionalização dos Funcionários do Sector Público ................................................. 16
2.5.4. Gestão Financeira e Prestação de Contas........................................................................ 17
2.5.5. Boa Governação e Combate à Corrupção ....................................................................... 18
2.6. A Administracao Pública Do Amanha ............................................................................... 19
3. Conclusão ............................................................................................................................... 20
Bibliografia .................................................................................................................................... 23

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1. Introdução

A Administração Pública de qualquer país e de qualquer época tem como finalidade fundamental
satisfazer, através dos seus órgãos e serviços, as necessidades colectivas das respectivas
populações. Vários são os estudiosos que se têm dedicado a concepção de um modelo de
administração que possibilita a prossecução daquele desiderato com o emprego de menos
recursos possíveis e com dispêndio de menor tempo possível, ou seja a satisfação das
necessidades colectivas com eficiência e eficácia.

Dentro da região austral da África está situada a República de Moçambique, um Estado cuja
independência política foi alcançada em 1975, deixando por essa via de ser colônia portuguesa.
Depois da consumação deste fato histórico, o governo instituído procurou criar ou construir
instituições fortes para consolidar esse Estado, numa trajetória que conheceu fases distintas
obedecendo a certa lógica administrativa de acordo com seu posicionamento ideológico.

Portanto, a transição do regime colonial para um novo regime significou o início da configuração
de novas instituições. Mas, como elas são construídas, socialmente, em um processo
simultaneamente estruturado e estruturante, derivado de percepções subjetivas, surgem diferenças
lógicas na maneira de conceber essas instituições. No entanto, tais percepções podem se tornar
racionais quando adquirem “utilidade” e passam a ser amplamente compartilhadas para satisfazer
a um objetivo específico do contexto social (VIEIRA e CARVALHO, 2003). Do ponto de vista
institucional, o Estado é reconhecido, socialmente, como a última e mais perfeita forma de
administração social até agora instituída. No mundo civilizado, onde várias instituições são
concebidas, o Estado tornou-se um mito cuja existência ninguém se opõe, seja ele do tipo militar,
feudal, monárquico, liberal, socialista ou capitalista (BAZZO, 1994).

Moçambique tornou-se independente em 1975, depois de uma luta armada de libertação nacional.
A FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique, que havia conduzido a luta durante 10
anos, formou o primeiro governo, com um programa de trabalho orientado para a construção de
uma sociedade socialista. Em 1976 surgiram os primeiros indícios de desestabilização em
Moçambique, cujo desenvolvimento atinge a forma de uma guerra civil alargada a todo o país,
sobretudo na década de 80, opondo o governo e a RENAMO - Resistência Nacional de
Moçambique. A desestabilização provocada por estes conflitos internos é agravada por agressões
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militares que a Rodésia faz a Moçambique, mais tarde transferidas para o regime de apartheid da
África do Sul. Apenas em 1992, com a assinatura do ‘Acordo Geral de Paz’ entre a FRELIMO e
a RENAMO, cessam as hostilidades e inicia-se um processo de paz e reconciliação.

A década de 80 marca a transição de uma economia centralmente planificada para uma economia
aberta, de mercado. Nos anos 90, concretiza-se a transição política anteriormente iniciada, onde
se destaca a introdução de uma constituição pluralista e a emergência de um processo de
descentralização política e administrativa.

Com este perfil, pretendemos apresentar um resumo informativo sobre a evolução dos
acontecimentos políticos, económicos e sociais em Moçambique, no período pós-independência,
e os desenvolvimentos no campo científico, particularmente nas Ciências Sociais, que
acompanharam estes processos.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

• Falar dos desafios da administração pública moçambicana

1.1.2. Objetivos Específicos

• Falar da Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique


• Identificar os porques de abordar sobre os desafios da AP em Moçambique?
• Descrever sobre a adminstracao pública voltada para o cidadão, com melhoria da
qualidade dos serviços públicos e o aperfeiçoamento das respostas administrativas
oferecidas à sociedade
• Descrever a Formulação e Monitoria de Políticas Públicas
• Falar Profissionalização dos Funcionários do Sector Público
• Descrever a Gestão Financeira e Prestação de Contas
• Falar da boa Governação e Combate à Corrupção
• Identificar as similitudes entre os ciclos de reforma e os principais Identificar a lógica
administrativa do Estado através da análise do desenvolvimento sócio- histórico das
instituições políticas;

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• Identificar algumas especificidades que contribuem para as mudanças institucionais. E
que Durante a descrição do processo de mudanças institucionais, procurou-se fazer uma
análise dos fatos, com a finalidade de identificar relações entre tais fatos.

1.2. Metodologia

Este trabalho procura racionalizar a pesquisa sobre a gestão necessária ao suporte de cursos a
distância. Para alcançar o objectivo proposto, o presente trabalho baseou-se na pesquisa
exploratória, utilizando a pesquisa documental e bibliográfica. Procurou-se com isso, suporte na
literatura para uma escolha eficiente de modelos e técnicas gerências essenciais à implementação
e gestão de cursos.

Concomitante à pesquisa exploratória foi utilizado também, como suporte empírico, a experiência
dos profissionais envolvidos na produção do artigo, pois estes possuem activa experiência com
educação a distância, o que propicia um olhar crítico, mas ponderado, sobre os aspectos gerências
mais relevantes à perenidade de um curso a distância.

A pesquisa pode ser considerada “um procedimento formal com método de pensamento
reflectivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para reconhecer a
realidade ou para descobrir verdades espaciais. Significa muito mais do que apenas procurar a
verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos”
(LAKATOS, 2010).

Uma pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento que tem como meta
principal, gerar novos conhecimentos. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do
indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. A relação de trabalho na
Função Pública constitui-se através do provimento, sendo este um despacho de nomeação ou
contrato, sujeito a visto do Tribunal Administrativo competente e à publicação no Boletim da
República.

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2. Revisão De Literatura

2.1. Administracao Pública

Fazendo uma incursão sobre a literatura existente sobre a matéria, nota-se que não existe uma
definição única deste conceito, embora existindo convergência em alguns aspectos que formam a
base do conceito. Para sustentar esta afirmação, são trazidas neste trabalho algumas definições
que foram sendo produzidas por vários autores desta área da ciência e de conhecimento.

Freitas do Amaral (2006), define a Administração Pública em sentido orgânico como sendo “um
sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado bem como das demais pessoas colectivas
públicas, que asseguram em nome da colectividade a satisfação regular e continua das
necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar”.

Segundo o mesmo autor, Administração Pública é a actividade típica dos serviços públicos e
agentes administrativos no interesse geral da colectividade, com vista a satisfação regular e
continua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar, obtendo para o efeito os
recursos mais adequados e utilizando as formas mais convenientes”.

No entendimento do Governo de Moçambique e como definido no seu Plano Estratégico de


Desenvolvimento da Administração (PEDAP, também conhecido por ERDAP, 2011-2025 a
Administração Pública é “um conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes do Estado,
bem como das demais pessoas colectivas públicas que asseguram a prestação de serviços
públicos ao cidadão” (MAE, 2011).

A Administração Pública é entendida num duplo sentido: sentido orgânico e sentido material. No
sentido orgânico, a administração pública é o sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado e
de outras entidades públicas que visam a satisfação contínua das necessidades colectivas. No
sentido material, a Administração Pública é a própria actividade desenvolvida por aqueles órgãos,
serviços e agentes do Estado. Em outras palavras, a Administração Pública é dotada de poderes
que se constituem em instrumentos de trabalho.

Em Moçambique, a administração pública, através dos respectivos serviços públicos é o


instrumento através do qual o estado materializa a vontade dos cidadãos. Com efeito, os artigos
249 e 250 da CRM, e respectivos números, estabelecem que a administração pública serve o
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interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Os seus órgãos obedecem à Constituição e à lei, e actuam com respeito pelos princípios da
igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça. Ainda, a administração pública estrutura-se
com base no princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a
eficiência dos seus serviços sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do
Governo.

Por seu turno, o Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro, define no seu artigos 5 e 6 os princípios
de actuação dos serviços da administração pública, dos quais se pode destacar o princípio da
prossecução do interesse público e protecção dos direitos e interesses dos cidadãos; e o princípio
de justiça e de imparcialidade.

2.2. Reforma

O tema da reforma administrativa em Moçambique adquiriu centralidade crescente no debate


sobre as condições para o enfrentamento dos problemas estruturais e das fragilidades
institucionais da gestão pública, caracterizada por uma burocracia excessiva e inoperante, pouco
flexível e dinâmica, e, sobretudo, pela necessidade de ampliação da presença e representação do
Estado ao nível das comunidades locais.

As reformas do século XIX, assentaram fundamentalmente na abolição do patrocínio e na


substituição do recrutamento pelo exame competitivo sob supervisão de um conselho de
examinador central; na reorganização do pessoal do gabinete central dos departamentos em uma
ampla classe para lidar com trabalho mecânico e intelectual respectivamente.

Reforma é o nome que se dá a uma mudança de forma (esta entendida no sentido amplo), uma
modificação na forma, na natureza ou no tamanho de algo, a fim de aprimorá-lo.

Reforma (construção): acção, ato ou efeito de reformar, mudar a forma (em sentido amplo) de
uma construção ou edificação. Reforma, é um conjunto de acções de carácter transversal ou
horizontal e processos de mudanças que devem ser empreendidos para que os serviços públicos
prestados nos diferentes sectores sejam melhorados e a sua implementação é da responsabilidade
dos próprios sectores. (EGRSP, 2001 - 2011).

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2.3. Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique

O processo evolutivo da Administração Pública moçambicana, busca os seus alicerces nas várias
fases da presença Portuguesa e do jugo colonial iniciada nos finais de seculo XV (1498). Importa
destacar a descoberta de Vasco da Gama e a sua posterior fixação no litoral de Moçambique,
inicialmente como mercadores (efectuando trocas comerciais) e mais tarde como efectivos
colonizadores.

Segundo Nyakada (2008) a lógica da Administração Pública apresenta-se disposta da seguinte


forma:

• No periodo colonial assistia-se a um sistema de administração com marcas iminentemente


patrimoniais,
• No período após independência e antes da assinatura do Acordo Geral da Paz, a
Administração Publica era marcadamente burocrática,
• Nos nossos dias, tem se visto o desencadear de uma série de reformas convindo tornar a
Administracao Pública menos onerosa e mais eficiente, reformas estas que são uma marca
da Nova Gestão Pública ou Administração Gerencial.

2.3.1. A Administração Pública Pós Independência Nacional

Com a proclamação da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, nasceu a República


Popular de Moçambique, e entrou em vigor a nova Constituição da República Popular de
Moçambique definindo como um Estado de Democracia Popular, onde o Poder passou a
pertencer aos operários e camponeses.

Para atingir novos objectivos, era necessário empreender uma profunda transformação dos
métodos de trabalho e de estruturação do aparelho do Estado, a fim de proporcionar a criação de
novos esquemas mentais e regras de funcionamento. A administração pública devia ser um
instrumento para a destruição de todos os vestígios do colonialismo e do imperialismo, para a
eliminação do sistema de “exploração do homem pelo homem”, tanto para a edificação da base
política, material, ideológica, cultural e social da nova sociedade”.

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Para isso, foi aprovado o primeiro instrumento normativo para organizar a Administração
Pública, o Decreto nº. 1/75 de 27 de Julho, que definia as principais funções e tarefas do
Aparelho de Estado Central.

Com base no Centralismo Democrático, os Órgãos Centrais do Aparelho de Estado deveriam


aplicar os seguintes princípios:

• Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica e


• Administrativa;
• Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;
• Observância permanente da legalidade;
• Participação nas tarefas de defesa, segurança e vigilância popular; e
• Participação organizada das massas nas tarefas estatais;

Com a proclamação da Independência Nacional em Moçambique, a Administração Pública


associou-se ao modelo socialista, para suprir a necessidade da máquina administrativa, com a
escassez de mão-de-obra qualificada e neste contexto foram recrutados muitos moçambicanos
para integrarem o Aparelho do Estado, outros para gerirem empresas que haviam sido
abandonadas pelos respectivos proprietários.

Um movimento similar de transformações seguiu-se nos anos 80, que culminou com a realização
do IV Congresso da Frelimo, em Abril de 1983, dando um marco importante para a mudança do
sistema político de governação e a substituição do modelo de desenvolvimento com base na
economia planificada para a economia de mercado em Moçambique.

2.3.2. A Administracao Pública moçambicana a Luz da Constituiçao de 90

A revisão da Constituição teve um marco importante, com a sua aprovação em 30 de Novembro


de 1990 o que terá trazido várias modificações no seio da Administração Pública, porque foi
nesse período em que o sistema de economia centralmente planificado conheceu os seus últimos
momentos, marcando nova era do pluralismo político e da economia do mercado em
Moçambique.

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Após as primeiras eleições gerais e multipartidárias em 1994, o Governo saído vencedor
(Frelimo) deu iniciam ao processo de reconstrução nacional, face as consequências funestas
trazidas pela guerra civil que durou dezasseis anos, daí que as eleições multipartidárias trouxeram
uma mudança política significativa no contexto da democratização em Moçambique, dando uma
efectiva implantação de um Estado de Direito.

2.3.3. Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004

A Constituição da República de Moçambique de 2004, passou a ser constituído pelo Conselho de


Ministros, da qual o Presidente da República é quem preside, seguido do Primeiro-Ministro e
outros Ministros. No entanto podem ser convocados para participar em reuniões do Conselho de
Ministros os Vice-Ministros e os Secretários de Estado e que na sua actuação, o Conselho de
Ministros observa as decisões do Presidente da República e as deliberações da Assembleia da
República.

Das tarefas encarregues ao conselho de Ministros destacam-se:

▪ Assegurar a Administração do País;


▪ Garantir a integridade territorial;
▪ Velar pela Ordem Pública, Segurança e estabilidade dos cidadãos;
▪ Promover o desenvolvimento económico e social;
▪ Desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país.
Em suma a Administração Pública a luz da Constituição de 2004, tem em primazia servir os
interesses públicos e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Igualmente os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei, baseando pelos
princípios de igualdade, imparcialidade, ética e justiça patente no art. 249 da Constituição da
Republica de Moçambique.

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2.3.3.1. Traços da Constituição da República de Moçambique de 2004

• A Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e


desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos serviços;

• Promove a simplificação de procedimentos administrativos e a aproximação dos serviços


públicos aos cidadãos, art. 250 da CRM, coadjuvado com o Decreto nº 30/2001 de 15 de
Outubro que aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública
estabelecendo os princípios da actuação da Administração Pública, Principio da
legalidade, Principio da prossecução do interesse público e protecção dos direitos e
interesses dos cidadãos.Órgãos Locais do Estado.

a) Orgaos Locais do Estado

Os órgãos locais do Estado conforme citam artigos 262, 263 e 264 da Constituição da República
de Moçambique, têm como função à representação do Estado ao nível local para a Administração
e o Desenvolvimento do respectivo Território e contribuem para a integração e unidade nacional.
No seu funcionamento, os órgãos locais do Estado, promovem a utilização dos recursos
disponíveis e garantem a participação activa dos cidadãos e incentivam a iniciativa local na
solução dos problemas das comunidades, respeitando na sua actuação as atribuições,
competências e autonomia das autarquias locais e a realização de tarefas e programas
económicos, culturais e sociais de interesse local e nacional, observando o estabelecido na
Constituição, deliberações da Assembleia da República, do Conselho de Ministros e dos órgãos
do Estado do escalão superior.

Para assegurar a participação das comunidades na definição das prioridades das Acções de
Desenvolvimento Económico Local, foi instituído um fundo de investimento de iniciativa local,
que é gerido pelos Governos Distritais, cuja utilização é concertada pelo Governo Distrital com
os Conselhos Consultivos Locais, que estão em funcionamento nos Distritos, Postos
Administrativos e Localidades.

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2.4. Problematização

O Porquê de abordar sobre os desafios da AP em Moçambique?

O então Presidente de Moçambique, Senhor Joaquim Alberto Chissano no lançamento da


Estratégia Global da Reforma do Sector Público 2001-2011 no dia 25 de Junho de 2001, afirmou
que “falamos da Reforma do Sector público porque não estamos completamente satisfeitos com
qualquer coisa na organização e funcionamento deste universo de instituições do Estado”
(CIRESP, 2001).

Em 2006, na vigência da II fase de implementação da EGRSP, foi adoptado a seguinte maxima:


O funcionário - a Servir cada vez melhor ao Cidadão.

Em 2011, O Secretário-Geral da Commonwealth, Kamalesh Sharma, em visita a Moçambique e


numa audiência com a ministra da função pública, considerou que a Administração Pública
moçambicana estava ainda “fechada”, aconselhando o Governo a proceder a mais reformas para
“melhor servir o povo moçambicano”.

Chichava (2012) disse que o nosso desafio é fortalecer a sociedade civil atravez de debates muito
sérios nos nossos sectores de trabalho, nas nossas organizações políticas, etc. Temos, penso eu,
que levar os nossos dirigentes ao espírito democrático, de diálogo e de responsabilidade.

Dados preliminares do Censo realizado em 2007 indicavam para a existência de 169.701


funcionários e agentes do Estado, dos quais: 24,2% tinham o nível de formação básica ou inferior
e apenas 8,49% possuiam nível superior; 9. 852 exerciam cargos de chefia e direcção, aos vários
níveis. Dos que exercem cargos de direcção e chefia 25, 64% tinha o nível superior; 67,97%
possuem nível médio (geral e técnico) e 6,39% têm nível básico.

A maior parte dos funcionários com formação superior tende a concentrar-se nas grandes cidades
(capitais do país e das províncias). A definição do distrito como pólo de desenvolvimento, os
propósitos de descentralizar e desconcentrar transformam esta situação num desafio que urge
enfrentar.

Os Conselheiros da Agenda 2025, documento emanado da sociedade civil, reconhecem que o


“País necessita de um Estado forte e actuante e exige uma governação competente” e definem

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que, no percurso até ao ano 2025, os esforços devem conduzir a um “País com governação capaz
e eficiente, descentralizada, transparente, com estabilidade governativa e que preserva a memória
institucional e com elevada capacidade de elaboração e implementação de políticas”. Assim, é
licito perguntar: Será que a Administraçao Pública moçambicana ofere aos cidadãos seviços
públicos de qualidade?

2.5. Uma adminstracao pública voltada para o cidadão, com melhoria da qualidade
dos serviços públicos e o aperfeiçoamento das respostas administrativas
oferecidas à sociedade

A Agenda 2025 é categórica ao considerar que “as instituições devem ser estruturadas para que a
mudança de titulares de órgãos governamentais não crie rupturas nem impeçam a prossecução de
políticas, projectos e acções em curso”, e advoga a favor da promoção da “cultura de Estado e
despersonalização das instituições públicas”

A não definição clara do papel do sector público em relação ao sector privado e à sociedade civil,
designadamente no que respeita às definições de políticas públicas, à regulamentação e regulação
das relações na sociedade, bem como à resolução de conflitos decorrentes do seu próprio
funcionamento. A institucionalização incompleta das responsabilidades e dos mecanismos e
formas de participação das organizações e representantes da sociedade civil, designadamente das
comunidades locam, bem como do sector privado na gestão de questões de interesse público. A
tendência de as organizações do sector público realizarem ainda algumas funções, para além da
sua vocação principal e do que seria o seu papel num Estado orientado para as funções
necessárias de promoção, regulamentação, garantia de equidade e protecção dos direitos de
cidadania e da ordem pública e a falta, insuficiência ou deficiência na definição das missões,
objectivos e funções das organizações do sector público, com maior gravidade no que se refere
aos escalões de níveis inferiores e uma dimensão inadequada do sector público, face à natureza e
escala dos serviços a serem prestados, da escassez dos recursos do Estado e do critério de
sustentabilidade dos serviços públicos, permite-nos elencar os seguintes desafios da administrcao
pública em Moçambique:

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2.5.1. Racionalização e Descentralização de Estruturas e Procedimentos de Prestação
de Serviços

Nesta componente, a Análise Funcional e Reestruturação dos Ministérios é a principal actividade.


Este exercício, permitirá aos ministérios reflectirem sobre a sua missão e objectivos estratégicos,
suas funções e estruturas que melhor possam permitir o cumprimento da finalidade e razão da sua
existência, e sobre o destino a dar às funções actualmente existentes: se serão mantidas a nível
central ou provincial, se serão abolidas, privatizadas ou transferidas para outros sectores
incluindo agências ou ONG´s. A Análise Funcional é uma oportunidade para os ministérios
alocarem funções e recursos de forma mais efectiva em prol da criação de uma capacidade maior
de resposta às demandas da sociedade. Ocorrendo isto, a reforma terá um impacto económico
evidente, porque permitirá ao Estado criar as condições necessárias para que os agentes
económicos tenham as suas iniciativas implementadas, de forma eficiente e eficaz.

Por outro lado, a privatização e/ou contratação de algumas funções do Estado abre espaço a uma
maior competitividade na prestação de serviços públicos, com fortes possibilidades de melhoria
de sua qualidade e criação de novas formas de rendimento. Ademais, a redução do tempo de
resposta bem como da burocracia no funcionamento do sector público e particularmente no
licenciamento das actividades económicas, previstas sob esta componente e já em curso, são
medidas que estimularão consideravelmente os investimentos tanto internos como externos, com
um impacto positivo na economia.

A Estratégia Global da Reforma do Sector Público é um programa do Governo integrando todas


as reformas em curso nos ministérios e governos provinciais. Com esta nova abordagem, as
mudanças que vinham sendo sectoriais e isoladas passam a ser integradas e interdependentes,
com uma única direcção, visando a melhoria da prestação de serviços públicos ao cidadão e o
desenvolvimento de um ambiente favorável ao crescimento do sector privado.

Para o alcance desses objectivos, estão previstas mudanças profundas na gestão e capacitação dos
recursos humanos, nas estruturas e procedimentos de prestação de serviços, no processo de gestão
de políticas públicas e na programação orçamental e gestão financeira. Estas reformas
contribuirão consideravelmente para a promoção da boa governação e combate à corrupção, ao
aumentar a capacidade de resposta do sector público às demandas dos cidadãos, através da
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criação de mecanismos de prestação de contas e transparência e pela redução de oportunidades de
acesso ilícito aos recursos públicos. A ocasião faz o ladrão. É preciso reduzir senão eliminar os
espaços para a corrupção.

2.5.2. Formulação e Monitoria de Políticas Públicas

A melhoria do processo de gestão de políticas públicas é um dos objectivos pretendidos com a


Análise Funcional e Reestruturação dos Ministérios. A melhoria da capacidade de formulação,
implementação e monitoria de políticas públicas contribuirá consideravelmente para o
crescimento económico, porque permitirá dar resposta adequada das demandas existentes na
sociedade. No caso da economia, o sector público terá a capacidade para intervir onde a sua
presença se revele necessária para estimular o desenvolvimento, e terá uma função mais
regulatórias onde haja perigo de ocorrência de disfunções do mercado e de desequilíbrios na
interacção entre os agentes económicos. Os processos participativos, previstos na nova lei dos
órgãos locais do Estado, serão um insumo necessário a este tipo de intervenção dos poderes
públicos, na perspectiva de acomodar institucionalmente a governação participativa no nosso
país.

Um exemplo de suma importância que está a ser implementado neste sentido é o “Observatório
do PARPA”, através do qual o Governo ausculta a sociedade e incorpora contribuições que visam
melhorar os métodos de trabalho na formulação e monitoria de políticas públicas. Por outro lado,
estão previstos, no âmbito da Lei dos Órgãos Locais do Estado Fóruns Consultivos aos vários
níveis como um mecanismo de consulta periódico entre o Governo e a sociedade, na promoção
da governação participativa e ampliação da democracia.

2.5.3. Profissionalização dos Funcionários do Sector Público

A melhoria da qualificação dos recursos humanos é fundamental para o sucesso da Análise


Funcional, porque é o garante de que as novas estruturas a serem criadas serão competente e
adequadamente geridas. Por outro lado, no âmbito do desenvolvimento dos recursos humanos
está prevista a adopção de uma nova política salarial, que ligará a remuneração ao desempenho
e/ou gestão por resultados. Este elemento irá introduzir uma maior competitividade pelos

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recursos humanos qualificados entre o sector público e o sector privado, e reduzirá, em certa
medida, a crónica fuga de quadros do primeiro para o segundo. Como resultado global, o país
tenderá a ter um padrão comum de qualificação dos recursos humanos tanto no sector público
como no privado, que pelos incentivos existentes tenderão a ser, pelos menos nas funções
estratégicas, de um nível alto.

A economia poderá se beneficiar disso com a tendência a uma busca constante de maior
qualificação pelos que pretendem entrar no mercado de trabalho. Este aspecto de formação e
desenvolvimento de recursos humanos nacionais tecnicamente qualificados é que reduzirá
drasticamente o eterno argumento de contratação de mão-de-obra estrangeira preterindo-se a
nacional. Por isso é que a nossa primeira aposta para o sucesso da reforma está na formação e
treinamento profissional porque é um dado adquirido que “a qualidade e riqueza de um País
depende dos seus recursos humanos”.

Um instrumento importante aprovado pelo Governo e em processo de implementação é o Sistema


de Formação em Administração Pública (SIFAP), que já é uma realidade no País. Trata-se de um
programa compreensivo de treinamento e formação profissional incorporando métodos formais e
não formais de educação, incluindo o ensino modular e à distância. No presente o SIFAP é
implementado e coordenado através de três Institutos de Formação Pública e Autárquica
(IFAPAs) existentes em Lichinga (para servir as províncias da zona norte), na Beira (para as
províncias da zona centro), e na Matola (para as províncias da zona sul. Também se encontra já
em actividade o Instituto Superior de Administração (ISAP), uma instituição de cariz vocacional
de ensino superior destinado a coordenar cursos formais, cursos de pequena duração e
investigação aplicada sobre a administração pública em Moçambique.

2.5.4. Gestão Financeira e Prestação de Contas

Por tradição a gestão financeira nos países em via de desenvolvimento é reconhecidamente um


dos aspectos mais críticos do sector público. No entanto, a má gestão financeira, além de
abrandar a capacidade do Estado na provisão de serviços públicos e de sustento do seu próprio
funcionamento, incorpora em si o fantasma dos défices públicos, cujas formas de financiamento
quase sempre se revelam nefastas para a economia nacional, o que pode dilatar as taxa de juros,

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sendo uma das consequências decorrente a retracção de investimentos, aumento do desemprego e
queda da economia, problema este já identificado em Moçambique e que as autoridades
governamentais têm vindo a envidar esforços, para impugnar o cenário no quadro da sua
governação.

A aprovação da Lei da Administração Financeira do Estado e a sua regulamentação, bem como


as reformas tributárias em curso, são elementos da Reforma que contribuirão consideravelmente
para a melhoria do quadro fiscal.

Além da melhoria na gestão financeira em si, a nova legislação incorpora também mecanismos de
prestação de contas que serão a base para uma maior transparência e responsabilização. Neste
sentido, está para aprovação o Regulamento de Contratação de Empreitadas de Obras Públicas e
de Fornecimento de Bens e de Prestação de Serviços ao Estado (O Regulamento do
Procurement), como forma de imprimir maior transparência no relacionamento do Estado com os
agentes económicos e outros particulares.

Em suma, uma maior responsabilidade fiscal terá um efeito positivo na economia, porque
eliminará alguns dos elementos que podem prejudicar os esforços de desenvolvimento
económico. No entanto, torna-se necessário aprofundar de forma participativa o tipo de reforma
fiscal que não asfixie o desenvolvimento do sector empresarial nas grandes e médias empresas e
muito menos prejudicar a emergência e desenvolvimento dos pequenos empreendedores.

2.5.5. Boa Governação e Combate à Corrupção

O fenómeno da corrupção é outra face da moeda que assola o sector público e tem custos
económicos elevados, porque contribui para a retracção dos investimentos, pois, consiste no uso
ilícito dos recursos públicos para fins particulares. No âmbito do sector público ela floresce com
a falta de transparência, burocracia excessiva, procedimentos de estruturas demasiadas e
complexas.
No entanto, no âmbito do sector público ela floresce onde há falta de transparência, excessiva
burocracia, procedimentos e estruturas demasiado complexas. Por essa razão, o combate à
corrupção decorre naturalmente das mudanças positivas que forem operadas nas estruturas e
procedimentos de prestação de serviços, na profissionalização da Administração Pública, e

18
modernização na gestão e desenvolvimento de recursos humanos, na gestão de políticas públicas
e na gestão financeira e melhoria de mecanismos de prestação de contas.

Portanto, o combate à corrupção, é parte integrante da Reforma porque cada componente da


Estratégia Global da Reforma do Sector Público contribui na redução de oportunidades de acesso
ilícito aos recursos públicos. Ao se melhorar o funcionamento dos elementos acima indicados,
reduz-se o espaço para práticas ilícitas. Desta forma, o combate à corrupção estimula o
desenvolvimento económico porque reduz os custos de transacção dos agentes económicos e
promove o ambiente para uma efectiva boa governação.

2.6. A Administracao Pública Do Amanha

• Melhorar a qualidade da prestação de serviços aos cidadãos, divulgando os seus direitos e


melhorando as condições do seu atendimento;
• Reforçar o papel da Administração Pública enquanto agente de transformação da
sociedade, criando condições técnicas e organizacionais para a instituição de uma
administração para o desenvolvimento;
• Alterar a imagem da Administração Pública, através da melhoria do ambiente de trabalho,
da formação contínua dos seus funcionários e da dignificação do seu papel;
• Reduzir os custos administrativos, através da elevação dos níveis de eficiência e qualidade
de serviços;
• Promover a coordenação da construção e reabilitação de infraestruturas da administração
dos distritos e postos administrativos;
• Consolidar o processo da reforma dos órgãos locais, através da formação e/ou capacitação
dos funcionários das autarquias locais.

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3. Conclusão

Pode-se concluir que apesar de esforços e vontade política do Governo de Moçambique, ainda
persistem muitos problemas de organização e do funcionamento da Administração Pública que
constituem autênticos desafios de momento e para os próximos 14 anos. Estes podem ser
agrupados em problemas estruturais e funcionais.

Para fazer face a esta situação o Governo aprovou uma estratégia de longo prazo, a Estratégia de
Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025 (ERDAP), com objectivo
fundamental de continuar com as reformas, de forma mais integrada nas actividades do sector
público.

As organizações públicas deveriam definir estratégias sectoriais mais adequadas e de forma


participativa para realização dos objectivos que se propõem ou que devem realizar, de acordo
com a sua missão, baseadas na Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração
Pública (ERDAP) 2012-2025, que constitui o documento orientador deste processo no País.

Por outro lado, as estratégias a adoptar pelas organizações públicas devem estar alinhadas com as
necessidades e prioridades do cidadão, assegurando ao mesmo tempo a eficiência e eficácia no
uso dos escassos recursos públicos postos à sua disposição.

Apesar das limitações deste trabalho, foi possível identificar a dinâmica da lógica administrativa
seguida pelo Estado moçambicano durante o seu percurso histórico.

Entre 1975 e 2006, o Estado que é focalizado nesta análise sofreu abruptas transformações no
âmbito do seu sistema político-administrativo. Nas etapas centrais da transformação e
desenvolvimento institucional, destacam-se:

1. A tentativa de edificação de um Estado socialista;

2. A reforma resultante da adoção do modelo liberal;

3. A consolidação do novo quadro político e econômico;

4. A adequação do aparato estatal ao sistema de democracia multipartidária.

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O setor público moçambicano se reestruturou, ao longo da sua trajetória, dentro de um contexto
socioeconômico e político marcado por um conjunto de realidades e especificidades que
caracterizam o período delimitado para a pesquisa.

Portanto, a configuração do sistema administrativo resulta do relacionamento dinâmico entre


forças endógenas e exógenas. Ou seja, a determinação da lógica e do ritmo de desenvolvimento
do aparato estatal deriva de fatores internos tais como: aspetos de âmbito histórico-ideológicos;
crises estruturais; tensões sociais; pressão e oposição internas; busca de respostas rápidas e
adequadas para as principais demandas sociais; busca pelo reforço da governabilidade;
cumprimento das cláusulas do Acordo Geral de paz.

No que tange a determinantes externas podem ser destacadas as seguintes: mudanças na


conjuntura internacional; fim da bipolaridade ideológica; impacto da globalização; ascensão do
modelo liberal a nível mundial; exigências das instituições financeiras internacionais (BIRD,
FMI); conjuntura internacional desfavorável aos regimes monistas e autoritários; aceleração do
processo de democratização; triunfo do sistema capitalista. Entretanto, as características
institucionais revelam a existência de um cenário político-institucional configurado a partir de
três lógicas administrativas: administração pública patrimonial, burocrática e gerencial. A análise
do desenvolvimento sócio histórico das instituições políticas mostra que existem três linhas de
interseção entre os principais modelos de administração pública, através dos quais a máquina
administrativa estatal se estruturou.

Neste sentido, o setor público moçambicano apresenta um cenário de hibridismo-institucional.


Desde a sua gênese, o Estado moçambicano se sujeita a práticas patrimonialistas advindas de um
berço cultural patrimonial estabelecido nas sociedades tradicionais e adotadas pelo sistema
administrativo colonial. As estruturas administrativas criadas pelos colonizadores conciliam o
patrimonialismo e a burocracia, estabelecendo um sistema onde ambas formas de gestão se
articulam.

A FRELIMO iniciou, em 1975, o processo de desinstitucionalização de práticas e procedimentos


patrimonialistas que estavam enraizados na máquina administrativa herdada desse sistema.
Procurou destruir a estrutura herdada do período colonial que se utilizou de aspetos tradicionais

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da cultura moçambicana para hierarquizar a sociedade, garantindo a continuidade do seu
domínio. Assim, a legitimidade dos líderes tradicionais foi abalada.

Estes líderes foram deliberadamente excluídos do processo político-administrativo de


Moçambique, por meio de pressupostos que representam uma tentativa de ruptura com a tradição
na esfera pública, através de transformações estruturais nas relações de poder. Neste processo, a
resistência à mudança de valores e práticas culturais continuou porque as estruturas patrimoniais
que davam alicerce ao sistema administrativo colonial estavam amplamente disseminadas e,
sedimentados, com base em núcleos de poder tradicional.

O reaparecimento, com certa visibilidade, de práticas patrimonialistas verificou-se com o


incremento da corrupção, dos comportamentos desviantes das regras formais e conduta no
exercício da autoridade pública privilegiando motivos privados (pessoais, familiares e, ou de
grupos sociais), fraqueza na aplicação das leis e regulamentos, chantagem, peculato, favoritismo
e nepotismo. As autoridades tradicionais foram resgatadas para exercerem funções na estrutura
política e administrativa do Estado.

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Bibliografia

Amaral, DF. (2006). Curso de Direito administrativo. Volume I.3ª Ed. Coimbra, Portugal.

República de Moçambique. 2001. Estratégia Global da Reforma do Sector Público 2001-2011.


Comissão Interministerial da reforma do Sector Público (CIRESP). 2001. Maputo, Moçambique.

República de Moçambique. 2006. Programa da Reforma do Sector Público -II Fase (2006-2011).
Autoridade nacional da Função Pública. Maputo, Moçambique.

Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025 (ERDAP).


Ministério da Função Pública. 2012. Ma
Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro
CRM, 1990
CRM, 1994
CRM, 2004
Nyakada (2008)

CHICHAVA, José António da Conceição, “Nota Introdutória” in ABC do SIFAP (2002): O


SIFAP na Formação e Desenvolvimento dos Funcionários Públicos, Maputo, Ministério da
Administração Estatal.

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