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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO A DISTÂNCIA

A IDADE MÉDIA E A FORMAÇÃO DO SISTEMA SERVIL NA EUROPA – CASO DA


FRANÇA

Estudante: Alito Vulai Momade, Código nº 708237239

Docente: Mestre Chico Gerito Alfoi Amurane

Licenciatura em Administração Pública

Disciplina de História das Sociedades I

1º Ano

Maputo, Maio 2023


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Bibliografia 0.5
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problema)
Introdução
Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
Articulação e domínio
do discurso académico
(expressão escrita 2.0
Conteúdo
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos dados 2.0
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo,
espaçamento entre linhas
Normas APA 6ª Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliografia bibliográficas
Índice págs.

1. Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos .................................................................................................................. 1

1.1.1. Objectivo Geral....................................................................................................... 1

1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................ 1

1.2. Metodologia ............................................................................................................... 1

1.3. Estrutura do trabalho ................................................................................................. 2

2. A Idade Média e a formação do Sistema Servil na Europa – caso da França .............. 3

2.1. O Absolutismo Francês ............................................................................................. 3

2.1.1. Origem do Absolutismo Francês ............................................................................ 3

2.1.2. A consolidação do regime absolutista francês ........................................................ 4

2.1.3. Principais reis absolutistas franceses ...................................................................... 4

2.2. Dinastia de Bourbon .................................................................................................. 5

2.2.1. Origens históricos da Dinastia Bourbon ................................................................. 5

2.2.2. Dinastia Bourbon na França ................................................................................... 5

2.3. Teocratismo francês ................................................................................................... 7

3. Considerações finais ................................................................................................... 11

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 12


1. Introdução

O absolutismo francês, em especial, expressou toda a pujança desse modelo político. O


rei Luís XIV (1643-1715), conhecido como “Rei Sol”, personificou todas as
características do absolutismo, e a ele foi atribuída a frase “O Estado sou Eu”. Essa
característica de representação completa do Estado fazia do rei um elemento político
absoluto.

O presente trabalho apresenta como tema “A Idade Média e a formação do Sistema


Servil na Europa – caso da França” e pretende debruçar-se sobre três pontos
fundamentais, a saber: “o absolutismo francês”, “a dinastia Bourbon” e “o teocratismo
francês”. O mesmo trabalho surge no âmbito de avaliação na disciplina de História das
Sociedades, leccionada no curso de Administração Pública na Universidade Católica de
Moçambique.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Compreender exclusivamente a revolução francesa da idade média.

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever a história do absolutismo francês, da dinastia Bourbon e do
teocratismo francês;
 Analisar e explicar os contornos desses três marcos históricos da revolução
francesa;
 Identificar os percursores de cada marco histórico na franca da idade média.

1.2. Metodologia

A realização do presente trabalho foi possível, mediante a utilização dos seguintes


métodos e/ou técnicas:

(i) Pesquisa bibliográfica – esta técnica tem a ver com busca de material em várias
plataformas, por forma a preencher o corpo do trabalho, isto é, está baseada na leitura de
artigos científicos, livros em vários formatos, publicações em sites de internet, etc.
sobre o tema do trabalho. Por esse motivo, esta técnica permitiu ler e tomar notas sobre
aspectos mais importantes que têm a ver com o tema deste trabalho.

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(ii) Método analítico-sintético – este método tem a ver com a análise do material
disponível e, posterior sintetização dos aspectos importantes no sentido de se obter
conteúdo do trabalho propriamente dito.

1.3. Estrutura do trabalho

O presente trabalho é composto por seguintes partes: (i) introdução, onde se apresentam
as notas introdutórias, tais como, contextualização, objectivos definidos, metodologia
usada e a organização do mesmo. (ii) Desenvolvimento, onde se descreve a França da
idade média, procurando compreender o desenvolvimento do absolutismo, dinastia de
Bourbon e o teocratismo francês. (iii) considerações finais, onde se apresentam as
principais constatações e conclusões do trabalho, bem como a lista das referências
bibliográficas.

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2. A Idade Média e a formação do Sistema Servil na Europa – caso da França

2.1. O Absolutismo Francês

O Absolutismo Francês foi o mais expressivo fenômeno político do início da


modernidade e teve como principais articuladores Richelieu e Bossuet. Por isso,
segundo RAMOS (1994), no seu artigo revisado e actualizado em 2020, foi na França
que o absolutismo teve seu maior desenvolvimento. A frase "L'État, c'est moi" (“O
estado sou eu”), que representa muito bem o poder do monarca absolutista, foi proferida
pelo rei francês Luís XIV.

2.1.1. Origem do Absolutismo Francês

De acordo RAMOS (1994), o regime absolutista francês começou a se formar após o


final da Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Embora vencedora, a França encontrava-se
desorganizada com vários sistemas jurídicos, privilégios e tradições. O rei surgiu como
um elemento centralizador capaz de dar unidade política e econômica à França.

O primeiro monarca a seguir a linha absolutista na França foi Luís XI, que usou vários
esquemas para estender a sua autoridade a todos os territórios que formavam a França
em meados do século XVI. No campo político, seu governo se pautou no sentido de
afirmar sua autoridade diante dos direitos da nobreza e do clero (originários dos
privilégios feudais).

Segundo FERNANDES (s/d) na França, os principais arquitetos do Estado fortalecido e


centralizado na figura do rei foram o cardeal Richelieu (1585-1642), que fora primeiro-
ministro do rei Luís XIII, e Jacques Bossuet (1627-1704), teólogo que engendrou uma
das principais defesas teóricas do absolutismo, reivindicando, inclusive, a relação íntima
desse tipo de governo com a própria dinâmica da História.

O mesmo autor explica que Richelieu preparou o terreno para a centralidade do poder
na figura do rei: limitou a influência dos nobres nas decisões políticas administrativas,
ampliou a força dos funcionários reais e criou uma forte burocracia controlada pelo rei.
Tudo isso amparado naquilo que ele denominava de “razão de estado”.

Jacques Bossuet, por sua vez, foi um dos principais seguidores e admiradores do
rei Luís XIV, sucessor de Luís XIII. Sua principal obra intitula-se “Política tirada das

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Sagradas Escrituras”. Nela, Bossuet, apoiando-se na tradição católica, especialmente em
autores como Santo Agostinho, tencionou estabelecer uma teoria do direito divino do
monarca, concebendo que todo o poder estava na figura do rei. O rei seria, desse modo,
uma autoridade sagrada e incontestável, só devendo obediência a Deus.

2.1.2. A consolidação do regime absolutista francês

Se Luís XI é considerado o consolidador do absolutismo na França, foi com Luís XIV


que o regime atingiu seu auge. Conhecido como o “Rei Sol”, Luís XIV governou com
autoridade absoluta, usufruindo, junto com a corte, de todos os luxos, poderes e
privilégios possíveis.

Para afirmar-se como modelo político, o absolutismo precisou ser implacavelmente


autoritário. O historiador Marco António Lopes exemplificou esse caráter incisivo do
monarca absoluto no seguinte trecho: “O Estado absolutista francês instalou-se no topo
de uma complexa pirâmide de hierarquias sociais. Se em sua "política externa" não
admitia nenhuma potência acima de si mesmo, no interior do reino sufocou qualquer
discurso que fosse desfavorável à propaganda monárquica, que foi estendida até aos
campos de batalha. A lei da mordaça imposta pelos príncipes absolutistas à História,
que se tornou uma "arte", foi muito criticada por autores setecentistas.” (Lopes, Marcos
António. (2008). Ars Histórica no Antigo Regime: a História antes da
Historiografia. Varia Historia, 24(40).p 653.)

Os autores setecentistas que criticaram essa tentativa de controle da História e da


população pelo Estado absolutista foram os representantes do Iluminismo, como
Montesquieu, que defendia o deslocamento do poder da figura do rei para os cidadãos,
que seriam representados por instituições harmônicas e interdependentes, configurando
três poderes: o Legislativo, o Judiciário e o Executivo.

O absolutismo francês durou até 1789, quando a Revolução Francesa colocou fim ao
regime absolutista no país.

2.1.3. Principais reis absolutistas franceses


 Luís XI (Dinastia dos Valois) - governou a França de 1461 a 1483. É
considerado o consolidador do regime absolutista na França.
 Henrique IV (Dinastia dos Bourbons) - governou a França entre 1589 e 1610.

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 Luís XIV (Dinastia dos Bourbons) - conhecido como Rei Sol - governou a
França entre 1643 e 1715.
 Luís XV (Dinastia dos Bourbons) - governou a França entre 1715 e 1774.
 Luís XVI (Dinastia dos Bourbons) - governou a França entre 1774 e 1789.

2.2. Dinastia de Bourbon

De acordo com Giovana Mauro no link https://noticiasconcursos.com.br/dinastia-


bourbon-um-resumo/, a dinastia Bourbon foi uma poderosa casa real de origem
espanhola que surgiu no século XIII, durante a Baixa Idade Média.

Os membros dessa dinastia se consolidaram no poder e se tornaram conhecidos por


terem governado a França durante o período do Antigo Regime (Luís XIV, por
exemplo, era membro dessa dinastia).

2.2.1. Origens históricos da Dinastia Bourbon

No início do século XIII, todo o património dos Bourbon foi herdado por um lorde que
também era vassalo do rei francês. Isso porque, no ano de 1268, o conde de Clermont se
casou com Beatriz de Borgonha, gerando o primeiro herdeiro da dinastia Bourbon.

Luís, filho de Beatriz e do conde, se tornou, no ano de 1327, o duque de Bourbon.


Porém, posteriormente, em 1523, o duque Carlos III traiu sua própria linhagem e casa
real, expulsando os membros da dinastia de seu poderoso e influente ducado.

Mais tarde, no ano de 1555, a linhagem Bourbon se tornou a casa real governante do
Reino de Navarra, na Espanha, recuperando parte do poder da dinastia. Em 1589,
Henrique III, da dinastia Bourbon, se tornou Henrique IV, o rei da França.

2.2.2. Dinastia Bourbon na França

O reinado da dinastia Bourbon na França, iniciando com Henrique, duraria até o ano de
1792, quando, com a Revolução Francesa, Luís XVI seria destronado. Em 1830, com a
Revolução, a dinastia seria oficialmente derrubada no território francês.

De acordo com https://d3uyk7qgi7fgpo.cloudfront.net/lms/modules/materials/VOD-


Absolutismo%20bourb%C3%B4nico-2019-502e0538983b029b10c11833d3d10dca.pdf
Henrique IV, iniciando a dinastia Bourbon como católico, é um dos grandes

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responsáveis pela limitação das guerras religiosas na França e pela garantia da liberdade
de culto aos protestantes com a assinatura do Edito de Nantes (1598), que também
permitia aos protestantes a construção de fortes.

Seu sucessor foi Luís XIII, que iniciou um período de expansão francesa e consolidação
da monarquia, sobretudo com o ministro cardeal Richelieu, que atribuído de grandes
poderes liderou a França na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) contra os Habsburgos.

Com a morte de Luís XIII, sobe ao trono seu sucessor, Luís XIV, em 1643, mas, com
apenas 5 anos de idade, a regência da França fica ao mando do cardeal Mazarino,
responsável pelo enfrentamento das frondas, que eram revoltas nobiliárquicas contra o
absolutismo monárquico. Essas revoltas, no entanto, não conquistam vitória sobre o
novo modelo político francês e, com a coroação de Luís XIV, após a morte de
Mazarino, o absolutismo chega ao seu auge na França, explorando cada vez mais as
práticas mercantilistas com seu ministro Jean-Baptiste Colbert.

A ampliação desse sistema necessitava, portanto, de um forte exército e da conquista de


novos territórios, garantidas por Luís XIV com o reforço do sistema militar e da Marina
de Guerra e em vitórias em lutas contra o Sacro Império (1672) e os Países Baixos
(1688). Graças ao seu poderio militar, também promoveu a conquista de novas colônias
e a expansão comercial francesa.

A riqueza conquistada pela França nesse período a transformou em uma das maiores
potências europeias, promovendo construções magníficas, como o Palácio de Versalhes,
a ostentação de riquezas pela corte e pelo rei e uma concentração de poder que levaram
Luís XIV a receber o título de “Rei-Sol”. Após sua morte, Luís XIV foi sucedido por
Luís XV (1715-1774) e Luís XVI (1774-1792) também da dinastia Bourbon, mas, o
período de governo destes dois reis representou um enfraquecimento da França, que
observou o crescimento da grande rival Inglaterra, que se tornava a grande potência
mundial e sucessivas crises que levaram a própria Revolução Francesa.

Desta forma, os excessivos gastos de uma corte pomposa, as derrotas em guerras, o


retorno a perseguição de protestantes e burgueses, os conflitos com a nobreza rural, as
alianças questionáveis e até mesmo as más colheitas, que traziam fome e morte para a
população, foram fatores fundamentais para o desgaste dessa dinastia no poder e do
próprio regime absolutista

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Segundo https://aulazen.com/historia/restauracao-francesa-bourbon/ a restauração dos
Bourbon foi o período da história francesa após a queda de Napoleão em 1814 até a
Revolução de Julho de 1830. Os irmãos de Luís XVI da França reinaram de maneira
altamente conservadora, e os exilados retornaram. Não obstante, foram incapazes de
reverter a maioria das mudanças feitas pela Revolução Francesa e por Napoleão. No
Congresso de Viena eles foram tratados respeitosamente, mas tiveram que desistir de
todos os ganhos territoriais feitos desde 1789.

O mesmo link ou página de internet refere que o rei Luís XVI da Casa de Bourbon foi
derrubado e executado durante a Revolução Francesa (1789-1799), que por sua vez foi
seguido por Napoleão como governante da França. Uma coalizão de potências européias
derrotou Napoleão na Guerra da Sexta Coalizão, terminou o Primeiro Império em 1814
e restaurou a monarquia aos irmãos de Luís XVI. A Restauração Bourbon durou de
(aproximadamente) 6 de abril de 1814, até as revoltas populares da Revolução de Julho
de 1830. Houve um interlúdio na primavera de 1815 – os “Cem Dias” – quando o
retorno de Napoleão forçou os Bourbons a fugirem da França. Quando Napoleão foi
novamente derrotado, eles retornaram ao poder em julho.

Durante a Restauração, o novo regime de Bourbon era uma monarquia constitucional,


ao contrário do regime Ancien absolutista, por isso tinha limites em seu poder. O
período foi caracterizado por uma reação conservadora aguda e consequente inquietação
e distúrbios civis menores, mas consistentes. Ele também viu o restabelecimento da
Igreja Católica como uma grande potência na política francesa.

2.3. Teocratismo francês

Duma forma geral, a teocracia é o sistema de governo em que as acções políticas,


jurídicas e policiais são submetidas às normas de algumas religiões.

O poder teocrático pode ser exercido directa ou indirectamente pelos clérigos de uma
religião: a subdivisão de cargos políticos pode ser designada pelos próprios líderes
religiosos (tal como foi Justiniano I) ou podem ser cidadãos laicos submetidos ao
controle dos clérigos (como ocorre actualmente no Irão, onde os chefes de governo,
estado e poder judiciário estão submetidos ao aiatolá e ao conselho dos clérigos).
Sua forma corrupta é também denominada clerocracia.

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Exemplos actuais de regimes teocráticos são o Vaticano, regido pela Igreja Católica e
tendo como chefe de Estado um sacerdote (o Papa), e o Irão, que é controlado pelos
aiatolás, líderes religiosos islâmicos, desde a Revolução Islâmica, em 1979.

De acordo com o dicionário on-line https://pt.wiktionary.org/wiki/teocracia o


teocratismo deriva da teocracia e significa sistema de governo em que
o poder político se encontra fundamentado no poder religioso,
pela encarnação da divindade no governante, como no Egito dos faraós, ou por sua
escolha directa, como nas monarquias absolutas.

Tentativas de conceptualização do teocratismo, a Wikipédia refere que a forma de


Estado teocrático contém princípios bastante diversos dos que norteiam os estados
laicos. Na geopolítica contemporânea, a democracia é peculiar ao Ocidente, as
teocracias são atualmente típicas do mundo islâmico - ou muçulmano. Como o próprio
nome indica, teo refere-se ao que provém ou está relacionado a Deus - aqui é preciso
cuidado para que não se confunda a teocracia com a variante absolutista do Estado
monárquico. Nas monarquias ocidentais, o poder real continha uma natureza divina. No
entanto, por mais próximos que estivessem o Estado e a Igreja, ambos constituíam
esferas separadas: a monarquia detinha o poder político, enquanto a Igreja, os poderes
espiritual e moral.

Já nas teocracias tal distinção está ausente. Os poderes político e religioso andam lado a
lado. Portanto, quem detêm o controle do Estado regula também os preceitos morais,
espirituais, educacionais e culturais. Nada é feito de forma autónoma. Toda e qualquer
atitude tomada pelo Estado ou pela sociedade está vinculada a uma única lógica
religiosa, que serve como fundamento universal.

Ainda sobre o mesmo assunto, Ranier Sousa (s/d) referiu no seu artigo sobre a teocracia
que Em seu sentido inicial, a teocracia é um termo de origem grega que significa
“governo divino”. Nesse sentido, definimos a teocracia como todo governo em que
justificativas de natureza religiosa orientam a formação do poder instituído. Na maioria
dos casos, o chefe político é visto como um representante directo de alguma divindade
ou chega a assumir a condição de divindade encarnada.

O que foi detalhado anteriormente denota que o teocratismo francês foi caracterizado
pela presença de reis com forte relação com a igreja ou religião, visto que, de acordo

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com ASSIS (2008) entre algumas formas de legitimação do poder monárquico no
século XIII, destaca-se a afirmação da autoridade régia pela hereditariedade e como
manifestação da vontade divina. Gilberto de Tournai e Egídio Romano são exemplos de
letrados que defenderam a soberania régia no trato dos assuntos temporais. Como foi
visto, ao longo dos dois séculos finais do medievo francês, houve um aumento do
número de escritores e de tratados. Nesse processo, também foi cada vez mais
acentuada esta perspectiva religiosa sobre os poderes régios, e os autores passaram a
defender a figura do monarca como representante direto de Deus, ou seja, como seu
vigário.

As obras de Philippe de Mézières e Christine de Pisan se distinguem das perspectivas


dos homens de seus tempos em dois pontos: o primeiro vislumbrou o monarca como um
profeta, com a missão de salvar a Cristandade dos males causados pelos próprios fiéis
da fé católica, diferenciando-se das propostas que eram lançadas até então e que
enfatizavam sobretudo a luta contra o infiel, o mouro; já Pisan foi uma das primeiras a
defender que o governante deveria zelar por suas próprias ações a partir da reflexão
sobre sua vida interior, sublinhando a prudência como virtude cardeal para alcançar a
perfeita governação. As configurações e actualizações sobre o monarca como
representante de Deus na terra, com base nas interpretações desses dois letrados, serão
os alvos deste capítulo. Para isso, se faz necessário, de saída, uma descrição mais
detalhada dos caminhos que trilharam cada um deles na elaboração de um modelo
divino de monarquia.

Seguindo a ordem cronológica em que surgiram no cenário da corte e da política


durante suas vidas, comecemos por Philippe de Mézières (1327-1405). Foi um homem
de grande participação nos assuntos políticos e militares da França do final do medievo.
Passou praticamente toda sua vida dedicado a cargos e funções públicas, tanto na França
como em outros reinos da Europa.

ASSIS (2008) fundamenta referindo que a construção colada da monarquia francesa


com as personagens da Antiguidade bíblica se justifica pelas impressões que esses
homens recolheram ao longo desse século de embates e questionamentos da autoridade
eclesiástica. Gerson, por exemplo, passou a exaltar o monarca como o responsável por
reformar a “espiritualidade e temporalidade da Igreja da França”, nesse momento em
que “a ruína da Igreja” é tema recorrente. Considerava-se que a Igreja e a Cristandade

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não somente estavam corrompidas pela má vontade e desagrados dos seus membros,
mas também sofria com a cisão provocada pela proclamação de dois papas.

Sobre a imagem dos governantes no final da Idade Média, José Manuel Nieto Soria,
estudioso da monarquia castelã, considera que o poder pessoal das monarquias
ocidentais sempre possuiu suas relações diretas com os princípios da religiosidade e
teologia cristãs.

Afirma ele que os monarcas seriam apenas representações limitadas de Deus, o


verdadeiro governante, que lhes atribuiu função governativa para o exercício de Suas
vontades. Levando em consideração a obra célebre de Ernst Kantorowicz, ele lembra
que o Antigo Testamento foi a referência simbólica mais importante para o medievo,
por oferecer imagens religiosas concernentes ao poder real e à figura régia. Estas
imagens teriam projectado no universo simbólico medieval diversas implicações
políticas, algumas das quais são enumeradas por Soria.

Para a análise aqui desenvolvida, vale sublinhar algumas: primeiramente, a condição do


monarca como vigário de Deus (Rex vicarius Dei), ou seja, o representante da divina
Providência no mundo secular, que, desde o século XIII, aparece nos Espelhos como
forma de elevar o Estado “para além de sua existência meramente física” e manter os
súditos unidos em torno de uma mesma representação.

A segunda condição inerente ao monarca era ser um cristão fervoroso (Rex


christianissimus), garantindo a solidez dos princípios e da fé cristã. Para isso, Soria
destaca como marca fundamental, no caso de Castela, a luta contra os infiéis pela
supremacia do Cristianismo, garantindo assim o enaltecimento de toda Cristandade e
demonstrando seu desejo de servir a Deus. Para nós, uma terceira e última implicação
política, que resulta das imagens extraídas do Antigo Testamento, relaciona-se
intimamente com a anterior, o rei virtuoso (Rex virtuosissimus). Ao observar essa
característica nos reis de Castela do século XIII, Soria percebeu que a principal virtude
manifesta nos monarcas daquele território seria o amor a Deus, “origem de todas as
virtudes do monarca”. Portanto, toda constituição virtuosa dos reis dos séculos XIII e
XIV fundamenta-se na sua relação com a ideia de Rex christianissimus. Daí que a
ausência de forte inspiração cristã por parte do monarca implicaria em consequências
religiosas e políticas para o reino e seus súditos. Para ele, esta relação representa a lenta
secularização das virtudes religiosas.

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3. Considerações finais

O presente trabalho visava compreender exclusivamente a revolução francesa da idade


média mediante descrição, análise e explicação de três marcos históricos que marcaram
a França na idade média. Após o desenvolvimento do tema deste trabalho foi possível
retirar as principais ilações do trabalho que servirão de considerações finais ou
conclusões, a destacar:

(i) O regime absolutista francês começou a se formar após o final da Guerra dos
Cem Anos (1337-1453). Embora vencedora, a França encontrava-se desorganizada com
vários sistemas jurídicos, privilégios e tradições. O rei surgiu como um elemento
centralizador capaz de dar unidade política e econômica à França;
(ii) O absolutismo francês durou até 1789, quando a Revolução Francesa colocou
fim ao regime absolutista no país;
(iii) A dinastia Bourbon foi uma poderosa casa real de origem espanhola que
surgiu no século XIII, durante a Baixa Idade Média, cujos membros se consolidaram no
poder e se tornaram conhecidos por terem governado a França durante o período
do Antigo Regime (Luís XIV, por exemplo, era membro dessa dinastia);
(iv)O reinado da dinastia Bourbon na França, iniciando com Henrique, duraria até o
ano de 1792, quando, com a Revolução Francesa, Luís XVI seria destronado. Em 1830,
com a Revolução, a dinastia seria oficialmente derrubada no território francês;
(v) A teocracia é o sistema de governo em que as acções políticas, jurídicas e
policiais são submetidas às normas de algumas religiões;
(vi) Na França, o teocratismo se manifestou mediante o reinado do período da
dinastia, pois estes ostentavam cores religiosas nos seus governos e nas sucessões de
poder, por isso, houve desavenças entre reis por disparidades religiosas, isto é, o facto
de um ser católico e outro protestante.

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Referências Bibliográficas

ASSIS, R. F. S. (2008). A cristandade e o reino francês : duas facetas do poder Régio


(1372-1404) Franca: UNESP. Disponível em https://www.franca.unesp.br/Home/Pos-
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FERNANDES, C. (s/d). Absolutismo Francês. Disponível em


https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/absolutismo-frances.htm
Consultado em 20/05/2023

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2023.

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LOPES, M. A. (2008). Ars Histórica no Antigo Regime: a História antes da


Historiografia. Varia Historia, 24(40).p 653.)

RAMOS, J. E. M. (1994). Absolutismo na França. São Paulo: USP, Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/absolutismo-na-franca.htm. Acesso em 23 de
maio de 2023.

SOUSA, Rainer Gonçalves. Absolutismo Francês; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/absolutismo-frances.htm. Acesso em 23 de
maio de 2023.

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