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Universidade Católica De Moçambique

Instituto de Educação a Distancia

Tema:

A Função Sociocultural da Religião em Moçambique

Estudante: Edricio Tomas Sede


Código: 708238926
Curso: Administração Publica
Disciplina: Historia das Sociedades I
Ano de Frequência:1º-Turma S

Quelimane, Abril, 2023

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Universidade Católica De Moçambique
Instituto de Educação a Distancia

A Função Sociocultural da Religião em Moçambique

Estudante: Edricio Tomas Sede


Codigo: 708238926

Trabalho de caracter avaliativo, leccionado


na disciplina de História das Sociedade I.
dado como mecanismo parcial de obtenção
de nota de frequência.

Quelimane, Abril, 2023

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Índice
Introdução........................................................................................................................ 4

Objectivos........................................................................................................................ 5

Objectivo Geral ............................................................................................................... 5

Objectivos Específicos .................................................................................................... 5

Desenvolvimento Teórico ............................................................................................... 5

Religião ........................................................................................................................... 5

A religião ........................................................................................................................ 5

A Religião como um Fenómeno Socio-cultural .............................................................. 6

Características da Religião .............................................................................................. 8

Funções Sociais da Religião ............................................................................................ 9

A Função Sócio-cultural da Religião em Moçambique ................................................ 10

A Relação Religião-Estado em Moçambique ............................................................... 12

Aspectos Metodológicos ............................................................................................... 12

Conclusão ...................................................................................................................... 13

Referencia Bibliográficas ……………………………………………………………..14

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1. Introdução

O presente trabalho versa sobre a função sócio-cultural da Religião em Moçambique.


Portanto, a religiosidade e sua função social, utilizando-se como referencial teórico as
contribuições de Émile Durkheim, Max Weber e Pierre Bourdieu para o estudo das religiões,
enfatizando-se alguns aspectos que dizem respeito à concepção de mundo e da própria sociologia
formulada por esses autores é a intenção primordial destas reflexões.
Desde os primórdios da humanidade, a religiosidade faz parte da essência do homem, na
busca constante da existência e vivência de Deus, através dos mitos de criação do mundo
(cosmogonias). A alma humana contém a atração pelo numinoso(do latim numen, “deus”),
porque ela é provocada pela revelação de um aspecto do poder divino, na linguagem de Otto.
As religiões se constituem de sistemas simbólicos com significantes e significados
particulares, logo, portanto, do ponto de vista de um indivíduo religioso, caracteriza-se como a
afirmação subjetiva da proposta de que existe algo transcendental, extra/empírico, maior,
fundamental e mais poderoso do que a esfera que nos é imediatamente acessível através do
instrumentário sensorial humano.
Portanto, é um universo multidimensional, que se revela nas interfaces da fé, através dos
rituais, pela experiência religiosa, na constituição das instituições e contribuição de um código
próprio da ética que versará e refletirá as condutas desses indivíduos.
Há ainda, um aspecto muito importante no que diz respeito ao sistema religioso, pois
através de sua atividade política, pode-se legitimar e estabilizar um governo ou estimular atitudes
revolucionárias, visto que estão inseridas no contexto social, uma vez que membros de uma
comunidade religiosa compartilham a mesma cosmovisão, seguem valores comuns e em grupos
praticam sua fé. No pensamento marxista a crítica da religião é um elemento de grande
importância, pois a religião é ideologia um modelo geral para a explicação do mundo, e sua
funcionalidade para a sociedade está em justificar a realidade de opressão.

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2.1. Objectivos
2.2. Objectivo Geral
 Compreender a função sócio-cultural da Religião em Moçambique
2.3. Objectivos Específicos
 Reflectir sobre as principais crenças e práticas religiosas em diferentes culturas
em Moçambique;
 Refletir sobre os rituais de cada uma das religiões na sociedade moçambicana;

 Abordar sobre importância que a religião tem tido no contexto das comunidades em
Moçambique.

3. Desenvolvimento Teórico
3.1.Religião

A religião é definida por Durkheim (1989, p. 79) como “um sistema de crenças e
práticas em relação ao sagrado, que unem em uma mesma comunidade moral todos
os que a ela aderem.” Assim sendo, só pode haver moral se a sociedade possuir um valor
superior a de seus membros, um ato só será moral se tiver por objeto algo que não o seu autor.
Deus e a sociedade, portanto, têm o mesmo significado, pois a religião é adoração da
sociedade transfigurada. A religião tem, assim, a função de agregar os indivíduos à sociedade,
servindo enquanto um instrumento de controle social, de manutenção da ordem, funcionando
como um código moral, um modelo a ser seguido por seus adeptos, dando ênfase, enquanto valor
agregado, à regularidade para a sociedade, possibilitando uma reflexão do homem para além de
si mesmo.
Existir, para ele é existir socialmente e, portanto, sob uma ordenação determinada, pois
os indivíduos buscam afetivamente na religião a sensação de sair de si, pela imersão no coletivo,
através do contato com algo que tem maior importância que eles próprios. É a experiência de
transcender que normatiza a vida em conjunto, através do nivelamento, ou seja, todos são iguais,
comungam de uma mesma comunidade moral e compartilham a ideia de que a vida social é
possível. Há ainda um fator preponderante para isto: a presença da moralidade como ponto
fundamental em sua teoria como um princípio capaz de conferir estabilidade e continuidade

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social. Um indivíduo sozinho não necessita de uma moralidade. Para se socializar, no entanto, há
uma moral coletiva à qual o indivíduo tende a se submeter, não importando qual seja a sua moral
individual. Sendo assim, a coletividade deve incitar um aprimoramento da moral, pois,
socialmente bem difundida, a internalização da moral prescindiria de entidades
regulamentadoras, como o Estado ou a Igreja, ainda que política e religião permaneçam, na
medida em que funcionam, como geradoras de moral. Funcionando pelo princípio da razão
orientado para o conhecimento, a ciência não tem como cumprir o papel de conferir regularidade,
como a religião, através das refeições morais cotidianas por ela ofertadas.
Diante da ciência, a religião perde seu papel de atribuição de origem, mas assim
permanece, já que se constitui como postulante moral e depositória de afetos, segundo Durkheim
(1989), estes são importantes instrumentos de impedimento de graves conflitos sociais.
A religião constitui um sistema estruturado de percepções e conceitos sobre o mundo,
fazendo assim um sistema de “estrutura estruturante”, sendo objeto de conhecimento e
construção do mundo dos objetos, como formas simbólicas (BOURDIEU, 1998). Esse sistema
de valores, que se projeta sobre o mundo real, contribui para dar-lhe forma, significado e direção.
Compreender a religião sob o prisma da representação de um grupo, de uma classe social ou de
uma sociedade inteira, é considerar suas expressões por meio de seus elementos sociológicos,
histórica e devidamente contextualizados, assim como incorrer no equívoco de explicá-las por si
mesmas sem analisar o contexto onde estas se constituem.
Contudo, para uma melhor definição sociológica do que seria um comportamento
religioso, deverá ser considerada sua dimensão simbólica em relação aos indivíduos e sua
manifestação nos planos individuais e coletivos.

3.2.A Religião como um Fenómeno Socio-cultural

Durkheim (1996), embora se tenha baseado em estudos antropológicos de sociedades


primitivas, considerava a religião como um fenómeno universal; daí o facto de ter estudado o
sistema religioso em diferentes contextos históricos, sociais e culturais, tentando entender a
essência comum e as funções que a religião desempenha nas diferentes sociedades e o que
explica a sua origem.

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Segundo este autor, não há sociedade sem religião e muito menos existe sociedade, por
mais primitiva que seja, que não apresente um sistema de representações colectivas relacionadas
à alma, à sua origem e ao seu destino. Para o autor, a realidade simbólica da religião é o núcleo
da consciência colectiva e como acto social, a religião transcende o indivíduo e é a condição
primordial da integração e da manutenção da ordem social.
Durkheim refere ainda que a religião é um sistema solidário de crenças e de práticas
relativas a coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas, crenças e práticas que reúnem numa
mesma comunidade moral todos aqueles que a ela aderem.
Portanto, por detrás de toda a manifestação religiosa (ritos, cultos, crenças adorações,
etc.) está a sociedade, pois foi ela que criou a sua concepção religiosa. Deus, por exemplo, que é
a concepção mais forte dentro do sagrado, é uma forma de mitificação de meras leis, usos e
costumes, valores e tradições de um grupo social. O culto a Deus é no fundo um culto à própria
sociedade e a religião é apenas uma forma suprema de consolidar o social, perpetuar a cultura e
reafirmar e actualizar simbolicamente os valores colectivos.
A religião impõe respeito e é uma das formas de sanção social, pois trata-se de um
conjunto de normas super-humanas que controlam o social das tendências constrangedoras da
ordem social.
Edward Tylor (1871) afirmava que para o Homem primevo, tudo é dotado de alma, e esta
crença fundamental e universal não só explica o culto aos mortos e aos antepassados, mas
também o nascimento de deuses.
Para Radcliffe-Brown (1999) a religião estabelece normas consuetudinárias (sanções
legais), normais morais (sanção da opinião pública) e normas sobrenaturais (sanção da
consciência), são estas três maneiras de controlar o comportamento humano.
Max Weber (1997) considera que a religião tem desempenhado um importante papel de
controlo social. Para ele, a religião é universalmente uma reacção e o medo, proporciona ao
Homem explicações para os problemas angustiante com o mal, injustiça e a morte.
À semelhança de Radcliffe-Brown, para Talcott Parsons, a religião tem uma função
crucial que consiste em resolver três graves problemas da humanidade: as incertezas cognitivo-
emocionais, a escassez de recursos materiais e o desajustamento social.

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Portanto, a religião pode ser entendida como crença sobrenatural que a sociedade humana
admite e celebra, sem provas ou evidências empíricas sobre a sua existência, e envolve doutrinas,
sentimentos e ritos socialmente institucionalizados (RAMOS, 1992)
Assim, a religião como um subsistema sócio-cultural é composta por dogmas (conjunto
de verdades inquestionáveis); moral (normas de comportamento) e liturgia (o ritual relativo ao
culto).

3.3.Características da Religião

 Existência de entidades sobrenaturais que criaram e controlam o mundo natural e


ordem social.
 Em qualquer tempo (passado, presente e futuro) há uma efectiva intervenção
sobrenatural nos assuntos do mundo, ou seja, as entidades sobrenaturais
comandam o destino da humanidade.
 Procedimentos de reverências e de súplica por meio dos quais o grupo solicita
protecção de forças sobrenaturais. O grupo acredita que a vida e morte e os
acontecimentos depois da morte dependem da relação estabelecida entre o grupo e
as suas entidades sobrenaturais.
 Crenças, rituais, acções e comportamentos individuais ou colectivos, regras
sociais ou morais são prescritos e legitimados pela tradição religiosa ou pela
revelação divina.
 Em expressão de obediência gratidão e devoção frequentemente na presença de
representações simbólicas de entidades sobrenaturais.
 Linguagem, objectos símbolos etc., são elementos particularmente identificados
com o sobrenatural e podem, eles próprios tornarem-se objectos de
reverência/sagrada.
 Celebração romarias e eventos que marcam e comemoram episódios importantes:
nascimento ou morte de divindades, de profetas ou ídolos. Nestas ocasiões há
reprodução de ensinamento, sentimentos de comunidades e reconciliação entre os
devotos.

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3.4.Funções Sociais da Religião
A religião tem uma função social e outra privada. Sob o aspecto social, a religião
cimenta a união entre grupos humanos; sejam tribos, povos ou países. Representando um
corpo de crenças comuns ao grupo, com as quais este se identifica, a religião atua como
elemento de coesão social, mantendo as relações sociais. Ao mesmo tempo – baseado em
um conjunto de crenças – a religião legitima estruturas sociais, leis, costumes e práticas
políticas.

Se, por um lado, as religiões têm atuado como elemento de pacificação social, por outro,
em determinadas situações sociais, a religião tem servido para motivar ou canalizar
comportamentos de modificação das estruturas sociais. A religião não tem, portanto,
unicamente o efeito de fomentar a apatia das massas, como em muitos aspectos criticava
o marxismo. Ocorre que a crença também pode ser motor de revoluções sociais, como
ocorreu durante as revoltas camponesas do século XVI, na Alemanha. Ex: Em relação em
alguns pais que professam a igreja Católica, apontar duas situações diametralmente
opostas: 1) A escravidão no Brasil, tolerada e apoiada pela Igreja Católica, que atuou na
legitimação desta estrutura social; e 2) A oposição das Comunidades Eclesiais de Base da
Igreja Católica ao governo militar, durante o período da ditadura.

No âmbito do indivíduo, a religião fornece uma explicação da vida e de seu


sentido. Esta explicação das “expectativas privadas” acaba correspondendo ao nível
intelectual e à personalidade do fiel. O que ocorre é que tanto o pensamento individual do
crente influencia a religião que pratica (com suas visões particulares sobre certos aspectos
da doutrina ou da prática), quanta esta influencia a visão que o crente tem da vida e do
universo.
Sobre este aspecto da crença David Hume em Diálogos sobre a Religião Natural
observou: “Que privilégio peculiar tem esta pequena agitação no cérebro, que nós chamamos de
pensamento, que precisamos fazê-la o modelo de todo o universo?”(Hume,Dialogues,parteII).

Por outro lado, afirmar que a religião é apenas um conjunto de crenças de determinado grupo é,
sob diversos aspectos, uma simplificação. A complexidade das diferentes teologias religiosas, as

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elaboradas cosmologias e os variados rituais de culto têm uma riqueza muito maior e
representam muito mais do que um simples conjunto de crenças. Não podemos deixar de
considerar o quanto as religiões influenciam as sociedades nas quais são praticadas, em seus
diversos aspectos: artes, moral, costumes, tecnologias, práticas econômicas, entre outros. As
religiões têm seus aspectos mais populares, envolvendo crenças, rituais, costumes e até o
folclore, ao lado de uma faceta mais intelectual, que se fundamenta em uma produção cultural
(teologia, filosofia, arte) geralmente elaborada pelas elites.

Assim, concluímos que a religião é um sistema de idéias de uma determinada sociedade, através
do qual este grupo social procura explicar sua situação no universo e sua relação com a
divindade. Baseado neste sistema de crenças justifica-se as leis, os costumes e as instituições.
A Religião ajuda a superar incertezas quanto ao desconhecido, à impotência face à forças
da natureza, à vida, à morte e ao futuro.
Serve para legitimar as desigualdades sociais, a divisão do trabalho, a dominação e a
subordinação.
Ao dar respostas à interrogações e preocupações sobre o sentido da vida, o sofrimento, as
incertezas, as injustiças sociais e outros males do mundo, a religião contribui para o equilíbrio
psico-emocional do Homem e o estimula a uma acentuada participação na sociedade, visando
uma maior coesão social.
Gera um conforto afectivo-espiritual, isto é, proporciona consolo, alívio e estabilidade
emocional nos momentos críticos e dolorosos da vida.
Em períodos de grandes comoções sociais, crises políticas, fome, instabilidades
financeiras, etc., a religião funciona como um importante factor de união, de identidade cultural e
religiosa.

3.5. A Função Sócio-cultural da Religião em Moçambique

Olhando para o contexto moçambicano, na sua imensidade geográfica e variedade


cultural, de norte ao sul, será que podemos falar de uma única cultura moçambicana ou
deveremos falar de várias culturas? Haverá, nos moçambicanos uma homogeneidade cultural,

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algo que se possa dizer e ser aceite por todos como cultural? De que encontro nos referimos e
como é que ele deve ser processado?
A cultura é, na sua compreensão antropológica e sociológica, o que molda as relações
humanas numa determinada sociedade, o modus vivendi de um povo ou de uma determinada
sociedade, podendo ser estática, na medida em que ela se impõe ao homem e molda-o, iniciando-
o à vida social. E dinâmica na medida em que ela se deixa transformar pela acção do homem.
Portanto, a cultura é um modo próprio de expressão de um grupo humano e tudo aquilo que um
indivíduo ou grupo humano deve saber ou crer para agir de modo aceitável aos outros membros,
seus semelhantes, bem como um conjunto de traços identitários e distintivos que caracterizam
uma determinada sociedade e a distingue das outras, tanto na sua dimensão material, espiritual,
intelectual, afectiva, etc.
A cultura dá ao homem a capacidade de pensar sobre si mesmo e compreender a sua
dimensão específica, singular, de pertença a um grupo, das suas responsabilidades, direitos e
deveres no meio ambiente em que está inserido. Por isso, na relação entre Homem e cultura, o
homem não é apenas o artífice da cultura, mas é também o principal destinatário. Daí que a
cultura deve contribuir para a realização do ser humano na sua dimensão mais ampla.
Em Moçambique, o encontro entre a religião e a cultura, ou talvez a identificação, ou
ainda se quisermos, a relação entre a religião e a cultura, não foi um processo fácil de se
estabelecer, olhando para a grande diversidade das manifestações culturais que se verificam
dentro do mesmo país. Aliás, é mais que certo e provado que é impossível falar de uma cultura
moçambicana, senão em culturas moçambicanas, nas suas manifestações mais diversas. Portanto,
esta diversidade constituiu em parte um obstáculo na eficácia dos meios missionários, pois o que
por um lado poderia ser expresso de um modo, por outro deveria ser e constituir um “desprezo,
cultural para outros, dentro do mesmo país”. Ou seja, não se trata apenas de ser diferente, mas
sobretudo de ser e ter uma justificação e interpretação completamente contrária.
Também, é necessário evidenciar que o povo moçambicano, bem como todo o povo
Bantu, são profundamente religiosos, ligado a Deus pela sua origem criatural e estabelecendo
com Ele vias de relação a partir da natureza e dos meios culturais em que se insere, pelo culto
aos antepassados, não para substituir a presença de Deus, mas como veículos que ajudam o ser
humano a chegar a Deus. Ora, este culto nem sempre foi devidamente compreendido por quem
vinha de fora e, por isso, era considerado como adoração aos mortos ou outra prática politeísta,

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para não falar dos missionários que, ligados ou não aos regimes políticos, transportaram o
conceito e cultura ocidentais para as Igrejas emergentes de África, o que criou, não apenas
choques culturais, como também a não identificação.

3.6.A Relação Religião-Estado em Moçambique

Moçambique declarou-se desde a sua Independência como um país laico, sem


identificação particular com nenhuma confissão religiosa, das diversas que existem dentro do
mesmo. Não se trata de ignorar a presença, acção e contributo das Igrejas no que diz respeito ao
desenvolvimento humano, social, espiritual e até económico dos moçambicanos. Trata-se, antes
de mais, de uma linha identitária e constitucional, fundada na escolha e expressão livre da fé de
cada um.
Em Moçambique, a religião é separada do Estado. Há uma divisão total, em que a religião não
tem nada a ver com o Estado. A constituição reconhece a liberdade de se praticar a religião assim
como desenvolver actividades social, mas sempre em observâncias com as leis do Estado.

3.7.Aspectos Metodológicos
Para Lakatos & Marconi (2010), método é o caminho, a forma, o modo de pensamento, é
a forma de abordagem em nível de abstracção dos fenómenos, é o conjunto de processos ou
operações mentais empregados na pesquisa.
Para o presente trabalho, quanto ao tipo de pesquisa é de índole descritiva, pois objectiva
descrever o estudo em causa e oferece uma visão geral acerca do facto a ser estudado, não
obstante, por assumir em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e a análise documental.
No que diz respeito a abordagem a pesquisa é qualitativa, pois, buscamos basicamente
compreender profunda e minuciosamente o fenómeno estudado.
A parte teórica do presente trabalho foi pesquisada em livros, artigos, periódicos,
monografias especializadas, bibliotecas virtuais, google académico. Para o desenvolvimento
deste trabalho buscou-se na literatura referenciais para compreensão da temática da pesquisa.

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3.8. Conclusão
Apoios a conclusão do presente trabalho, conclui que, a função sócio-cultural da Religião
em Moçambique, A religião constitui um sistema estruturado de percepções e conceitos sobre o
mundo, fazendo assim um sistema de “estrutura estruturante”, sendo objeto de conhecimento e
construção do mundo dos objetos, como formas simbólicas (BOURDIEU, 1998). Esse sistema
de valores, que se projeta sobre o mundo real, contribui para dar-lhe forma, significado e direção.
Compreender a religião sob o prisma da representação de um grupo, de uma classe social ou de
uma sociedade inteira, é considerar suas expressões por meio de seus elementos sociológicos,
histórica e devidamente contextualizados, assim como incorrer no equívoco de explicá-las por si
mesmas sem analisar o contexto onde estas se constituem.
No âmbito do indivíduo, a religião fornece uma explicação da vida e de seu sentido. Esta
explicação das “expectativas privadas” acaba correspondendo ao nível intelectual e à
personalidade do fiel. O que ocorre é que tanto o pensamento individual do crente influencia a
religião que pratica (com suas visões particulares sobre certos aspectos da doutrina ou da
prática), quanta esta influencia a visão que o crente tem da vida e do universo.
Portanto, a religião pode ser entendida como crença sobrenatural que a sociedade humana
admite e celebra, sem provas ou evidências empíricas sobre a sua existência, e envolve doutrinas,
sentimentos e ritos socialmente institucionalizados (RAMOS, 1992).
Assim, concluímos que a religião é um sistema de idéias de uma determinada sociedade,
através do qual este grupo social procura explicar sua situação no universo e sua relação com a
divindade. Baseado neste sistema de crenças justifica-se as leis, os costumes e as instituições.

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3.9.Referência Bibliográficas

JUNOD, Henri Alexandre. Usos e costumes bantu. Editor Arquivo Hist. de Moçambique, Tomo
I, Maputo, 1996.
MEDEIROS, Eduardo. Os Senhores da floresta: ritos de iniciação dos rapazes Macuas e Lómuè,
p. 16-24.
RODRIGUES, Donizete. Sociologia da religião: uma introdução. Edições Afrontamento, Porto,
2007.
TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade Pedagógica
Sagrada Família, s/d. p. 47-57.
VILANCULO, Gregório Zacarias. Manual de Antropologia Cultural de Moçambique.
Universidade Pedagógica: Maxixe, s/d.

DURKHEIM, Émile; MAUSS, Marcel. Algumas Formas Primitivas de


Classificação. São Paulo: Perspectiva, 1995
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As Formas Elementares da Vida Religiosa: o Sistema Totêmico da
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1992.
ESPINOSA, Baruch Ética Demonstrada à maneira dos geômetras – 1ª ed. São Paulo: Editora
Martin Claret, 2002
HUME, David Dialogues Concerning Natural Religion London: Penguin Books,
MERTON, Robert K. Sociologia – Teoria e Estrutura – 1ª ed. São Paulo: Editora Mestre Jou,
1970
ONFRAY Michel Tratado de ateologia – física de la metafísica – 2ª ed. Buenos Aires: Ediciones
de la Flor, 2006

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