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I INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA

Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas

Licenciatura em Filosofia e Ética

1º Ano turma, B

Tema:

A CULTURA E O DINAMISMO CULTURAL

Discentes:

Baptista João Fiosse

Rei Na N,deckpa

Quetes Pirislão

Cadeira: Antropologia Sócio Cultural

Docente: Dr. Luís Cipriano

MAPUTO, OUTUBRO 2021


Indice
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3
O CONCEITO DE CULTURA..................................................................................................4
1.2 Etimologia......................................................................................................................4
Definições............................................................................................................................4
Características da cultura.....................................................................................................6
O DINAMISMO CULTURAL.................................................................................................10
Aspectos Sincrónicos............................................................................................................10
O Processo de Enculturação ou Endoculturação...................................................................10
Aspectos Diacrónicos............................................................................................................11
A Invenção e a sua classificação...........................................................................................12
O processo da difusão...........................................................................................................12
O processo da aculturação.....................................................................................................13
O processo de Desculturacão................................................................................................14
CONCLUSÃO..........................................................................................................................17
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................18
INTRODUÇÃO

A cultura é o elemento mais imprescindível que a possuímos no nosso viver como seres
humanos. É também a única característica que nos torna únicos em toda a vasta gama de seres
vivos. Mas também é detentora duma complexidade merecedora de uma atenção muito
especial.

O tema da cultura é o que trabalho propôs-se a desenvolver. Partindo mesmo da compreensão


do conceito cultura, procurando entender a sua etimologia, o seu significado científico e o
popular, notamos que só o termo cultura já carrega uma diversidade de sentido e de definição.

Para poder ter ideia da complexidade do tema da cultura fala-se da cultura nos vários sentidos.
A estabilidade e a dinâmica cultural, a os símbolos culturais, a universidade da cultura muitos
outros aspectos tangentes ao significados do termos cultura são explicados nesse conjunto
trabalho.

Procurar-se-á ver por outro lado entender o dinamismo cultural. A cultura como algo não
acabado mas que constantemente tende a evoluir e ganhar novos traços e novas facetas. No
seu dinamismo notar-se-á que existe aquela parte fixa da cultura que geralmente não sofre
transformações significáveis. Essa parte é a que compõe os aspectos sincrónicos, mas também
a cultura tem a possibilidade de ser influenciada e assim sofrer algumas transformações e essa
parte que sua possibilidade de mudar compõe a parte dos aspectos diacrónicos.

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O CONCEITO DE CULTURA

O conceito de cultura é o ponto do nosso estudo pelo que é necessário precisar bem o sentido
que lhe damos e como é utilizado como ponto de referência. A cultura é usada pela nossa
sociedade com uma infinidade de sentidos. Ao longo da história o conceito de cultura foi
evoluindo até aos nossos dias, juntos às diversas escolas de pensamento os autores criaram
teorias e definições que configuraram o edifício que hoje consideramos cultura no sentido
antropológico. Com as suas teorias os estudiosos enriqueceram o sentido de cultura.

Este movimento de constante sistematização do conceito de cultura. Há teorias que põem em


relevo a tendência sociológico, outras que consideram a cultura como algo indefinido, algo
que já não serve para pesquisa científica, um obstáculo, enrelo de difícil solução. Mantendo
uma devida cautela é necessário uma sistematização dos conceitos. (MARTÍNEZ.2009.
Pag.43)

1. 2 Etimologia

O vocábulo cultura provém do particípio passivo do verbo latino colo, colis, colore, colui,
cultum, que significa: cultivar, cuidar, ter cuidado, prestar atenção. Expressa a relação
dinâmica e estável a um lugar. Os seus derivados são: agri-cola ═ cultivador da terra; agri-
cultura — cultivo do campo; in-cola — morador; colonus — a pessoa que cultiva; colónia—o
local cultivado. (MARTÍNEZ. 2009. Pag.44)

Definições

A definição clássica

Nos fins dos oitocentos apareceram duas discrições de cultura que representam orientações
tão importantes que enriqueceram e influenciaram toda antropologia posterior. Em1869,
Matthew Arnold, definiu a cultura como o conseguimento da perfeição, que implica condição
interna da mente e do espírito. Em Edward B. Taylor, pai da antropologia moderna, formulou
a sua definição que se tornou clássica na antropologia cultural. É uma definição descritiva.

Definição de Tylor contém afirmações importantes que devemos sublinhar: A cultura é


adquirida, e não é transmitida biologicamente; o homem adquire a cultura como membro de
uma sociedade; existem quantas culturas quantas são as sociedades. A cultura, é um conjunto
complexo, isto é, composta por entidades que se podem decompor nos seus variados
elementos ou traços (símbolo, ritos, normas, instituições); necessidade do estudo comparativo.
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A cultura, pois, é um termo vasto e complexo, englobando vários aspectos da vida dos grupos
humanos. Não existe ainda um consenso entre antropólogos acerca do que seja a cultura.
Afirma-se que existem mais de 160 definições de cultura. Por via disso, não se fala apenas de
cultura, mas de culturas. Por causa dessa pluralidade das culturas, tornou-se difícil, segundo
Laplantine, dar uma definição que seja absolutamente satisfatória da cultura, (MARCONI;
PRESOTTO, 2006).

Podemos então afirmar que a cultura, não é nada mais, nada menos, que o conjunto de saberes
(axiológicos, estéticos, técnicos, teológicos, epistemológicos), característicos de um
determinado grupo humano ou de uma sociedade, ou seja, o conjunto de comportamentos,
saberes-fazeres adquiridas através de aprendizagem e transmitidas ao conjunto de seus
membros. Taylor foi o primeiro a formular um conceito de cultura. Para ele essa “é aquele
todo complexo que inclui comportamentos, conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,
costumes, hábitos, aptidões, tanto adquiridos como herdados. (MARTÍNEZ. 2009. Pag.45)

1.4 Desenvolvimento do conceito.

O conceito de cultura foi-se enriquecendo com outros contributos que completaram o que
actualmente se entende por cultura antropologia. O Antropologia Italiana Vinigi L. Grotanelli,
afirma que a cultura é toda actividade consciente e deliberada do homem como ser racional e
como membro de uma sociedade e o conjunto das manifestações concretas que derivam
daquela actividade. Neste ponto compreendemos uma cultura centrada no homem.
(MAARTÍNEZ. 2009. Pag.46).

O Concílio vaticano II, trata da cultura na constituição dogmática Gaudium et Spes, na


definição que dá a cultura considera no sentido humanista, exaltando o bem e valores da
natureza. Sem se esquecer do aspecto histórico e social, o sentido sociológico e etnológico, e
a pluralidade de culturas. Também promoviam a cultura da humanização do mundo e fé.
(MARTÍNEZ. 2009. Pag.46-47).

O George de Napoli antropólogo Americano definiu a cultura como “a maneira de viver de


um grupo humano, com os seus valores e comportamentos.

A UNESCO define a cultura como “conjunto de traços distintivos espirituais, materiais,


intelectuais, e afectivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo…” podemos ver
algumas definições mais específicos, a cultura não é transmitida biologicamente, é transmitida

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de geração em geração. A cultura é um modo de vida total, e não apenas de elementos parciais
de usos e costumes. (MARTÍNEZ. 2009. Pag.47)

Características da cultura

2.1 A cultura é simbólica

O símbolo é uma chave para a compreensão da cultura. Ao estudar uma cultura é necessário
referir-se a função e simbolismo de determinados objectos, acções e instituições. O homem
vive entre dois espaços, dois mundos que se completam: a) o mundo do referente, isto é, o
espaço exterior; b) o mundo simbólico ou espaço imagético, como afirma C. Lévi-Strauss.
Podemos considerar a pessoa humana como um animal simbólico. Neste sentido não só a
linguagem verbal, mas também os ritos, as instituições culturais, as relações, os costumes,
etc.. (MARTÍNEZ. 2009. Pag.49).

2.2 Noções

Os símbolos não são objectos ou gestos directamente utilitários, que se tomaram simbólicos
ao perderem a sua significação. Não se trata, pois, de sinais sem significação actual.

O seu significado não é arbitrário: o seu significado não pode ser determinado arbitrariamente
pela fantasia ou imaginação de um individuo. A relação entre sinal e coisa significada vai
além da simples conveniência racional: trata-se de uma relação estabelecida pelo grupo social
em questão. Enquanto sinais, os símbolos foram escolhidos pela sua aptidão natural e
afinidade com a coisa significada. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.51).

Os sinais usados pelos símbolos (objectos, gestos. linguagem) degradam-se com os tempos
podem perder a sua compreensão com as mudanças que vão aparecendo ou até pela rotina. Os
símbolos são expressões da vida que se enquadram no comportamento social, pelo que se
tornam formas comuns de expressão acções dos membros da sociedade.

2.3 Análise do símbolo

Os sinais

Os sinais podem ser: a) naturais, isto é, aqueles que a própria natureza fornece, por exemplo,
o fumam sinal do fogo; b) convencionais, isto é, atribuídos livremente num determinado
contexto cultural, sem olhar a sua afinidade natural, por exemplo, a linguagem. c) Simbólicos,
são sinais usados nos ritos com determinados significados, que podem ser objectos, eventos,
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pessoas, relações, gestos, lugar, períodos de tempo, cores, música, luzes. O símbolo é meio de
comunicação: O símbolo é social, pois é meio de comunicação de mensagens entre os
membros da sociedade. Por isso no símbolo consideramos o que chamamos polo emissor,
pólo receptor, e código:

A cultura é social

A cultura segundo MARTÍNEZ, 2009, pertence á sociedade, pois ela representa uma
conquista e um cúmulo de conhecimentos, valores e comportamentos de séculos, isto é, o
património cultural que a sociedade foi formada durante toda a sua história. Neste sentido,
nenhum membro da sociedade é desprovido completamente de cultura ele é uma criação da
cultura, até ao ponto que antes de fazer o seu primeiro acto consciente, já tem uma conduta
padronizada que modela os seus comportamentos e processos intelectuais. Ele poderá
modificados no futuro, em base à sua maturidade e liberdade.

A cultura é social quanto aos agentes dos processos de transmissão e aprendizagem. Quem
transmite age em nome da sociedade e quem a recebe, tais como indivíduo e como membro de
um grupo com status próprio na sociedade iniciando, noviços, alunos. Os processos de
transmissão são sociais, tanto nas sociedades de pequena como nas de grande escala
instituições de iniciação, escolas, universidades e outras instituições de educação de
formação. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.51).

3.1 Relação Cultura Sociedade

Uma sociedade é o maior número de seres humanos que agem conjuntamente para satisfazer
suas necessidades humanas, individuais e sociais e compartilham uma cultura comum.

Consideramos dois tipos de factos sociais:

O chamado bio-social: isto é, um fenómeno comum entre alguns animais e transmitido


biologicamente, e um outro que podemos chamar sócio-cultural: fenómeno social próprio da
espécie humana e transmitido culturalmente. Seria possível a existência do fenómeno cultural
entre os animais, como acontece com o fenómeno social? O fenómeno social é de natureza
distinta do fenómeno humano, que é consciente e livre. A sociedade humana jamais prescinde
do fenómeno da cultura, Concluindo, pode-se afirmar que todo facto cultural é social, mas
nem todo facto social é cultural. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.53).

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3.2 A Cultura é Dinâmica

Segundo MARTÍNEZ, 2009, o conceito "tradição" não significa necessariamente repetição,


pelo que cultura também não é necessariamente repetitiva. A cultura é sobretudo dinâmica, no
sentido da sua permanente vitalidade, que se materializa em processos de mudança e de
transformação. Por lei de vida, a cultura muda como um ser vivo que cresce e se vai
transformando constantemente. A cultura que se fecha à mudança, fenece ela sozinha.

Dão-se mudanças ao nível interno da própria cultura, consideradas como despercebidas ou


inconscientes. Trata se de mudanças que consideramos estruturais, pois é próprio da cultura o
movimento interno de funcionamento de crescimento, reformulando-se constantemente. Neste
sentido podemos h ar que a cultura nunca é a mesma. Ela cresce e desenvolve como um vivo,
que, se deixar de respirar, morre. O funcionamento, a crescimento e as mudanças acontecem
em primeiro lugar por forças endógenas. Uma cultura abstracta, estática, repetitiva, sempre
igual a si mesma está chamada a desaparecer. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.55).

A soma de variações inconscientes acaba por determinar uma certa eliminação de traços em
relação ao modelo de cultura precedente. A cultura é dinâmica graças a mais outras causas.
Existem forças exógenas à cultura que a fazem mudar e transformar. A cultura se desenvolve
como um movimento em espiral, que, em cada giro, vai encontrando elementos novos que
pode incorporar na sua constituição.

3.3 A Cultura é Determinante e Determinada

Segundo MARTÍNEZ, 2009, a cultura faz o homem e este for a cultura. A cultura se impõe
aos indivíduos e estes pouco podem fazer no sentido de fugir aos padrões culturais A cultura
determina, em parte, o comportamento humano, e dela de pende a sua padronização. A
herança cultural é suficientemente forte para conformação dos hábitos e costumes e o modo
de pensar e de agir do homem. Nesse aspecto, é correcto dizer que a cultura e determinante
param o ser humano.

É precisamente este carácter determinante da cultura que permite o estudo científico do


comportamento, que visa a regularidade ou leis do comportamento humanos; o status social
do qual depende a normalização do comportamento e o próprio comportamento no seu devir
contextualizado.

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A cultura é também determinada pelo homem. Ele é o agente activo da própria cultura. As
mudanças culturais provocadas geralmente pelas modificações geofísicas, sociais,
demográficas, económicas ou políticas, encontram no homem o condutor nato dos processos
em causa; pelo que a nova reformulação obtida é o resultado da acção dos indivíduos de cada
geração. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.59).

3.4 Explicação

O uso do termo subcultura não significa que se trate de uma cultura inferior. Não. Não tem
uma conotação valorativa. Também devemos dizer que não está unida ao problema do espaço.
A subcultura quase sempre se identifica com a cultura regional ou com parte da cultura
nacional. A subcultura em certas sociedades pode estar ligada a certos estratos sociais, castas
ou classes sociais. As subculturas são partes constitutivas da cultura global considerada.

4. Aspecto cognitivo da cultura

Segundo MARTÍNEZ, 2009, podemos distinguir três aspectos:

Significados operativos

A normativa São os significados de como agir, procuram a mane justa de agir;

Significados cosmológicos:

A visão do mundo Significados do mundo, da natureza, do universo todo, as crenças do povo,


a sua explicação ou respostas aos porquês profundos, a abertura ao transcendental;

Significados morais

A ética, Os significados dos valores, o que é desejável, bom, belo, o contrário, não desejável,
não bom, não belo: os valores, a ética.

O DINAMISMO CULTURAL

Toda cultura pode e deve ser entendida em dois estremos: um estado de estabilidade e o outro
de mudança. A estabilidade consiste naquela parte da cultura que a torna idêntica em
diferentes etapas e circunstâncias e a parte da mudança é aquela transformação e crescimento.
A cultura, não é algo acabado e definitivo mas sim, algo em contínuo aperfeiçoamento com
duas componentes estruturais que fazem uma e única realidade. Veremos a cultura

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institucionalizada com o processo correspondente, isto é, a enculturação ou enculturação que
é o aspecto sincrónico da cultura. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.63).

Aspectos Sincrónicos

Aspectos gerais

O primeiro processo fundamental da cultura é a tradição, onde com o tempo e espaço se


transmite o património cultural de uma dada sociedade de geração em geração. A tradição não
significa aceitação passiva ou inércia, mas sim perpetuação activa de valores essenciais.

Características

Estabilidade sócio cultural.

Função normativa: que são leis que controlam a funcionalidade e estabilidade da cultura.

Função controlo social: estabelece ordem social através do uso do poder judicial e das
sanções.

Carácter institucional: aquele padrão repetitivo e relativamente fixo da cultura.

O Processo de Enculturação ou Endoculturação

2.1 Definição

Segundo o antropólogo B. Bernardi, citado por MARTÍNEZ, 2009, a endoculturçao é um


processo educativo pelo qual os membros duma cultura se tornam conscientes e co-
participantes da própria cultura. Se trata dos aspectos e experiencia de aprendizagem que
distinguem o homem das outras criaturas e por meio das quais, inicialmente e mais tarde na
vida consegue ser competente à sua própria cultura.

Através desse processo o individuo se habita a vida social, a expressão individual, modos de
vida do seu grupo, a formação da personalidade do individuo. Este processo começa com o
nascimento e vai até a morte, dura toda a vida. Ao nascemos temos mais dependência dos
factores biológicos e quase 100٪ da assimilação desses factores culturais e deixamos de
depender das factores biológicos até sermos totalmente imbuídos e depender só dos factores
culturais. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.66).

Passos do processo de enculturação

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Assimilação: acilação do comportamento pela criança.

Conformação: tendência a conformar o comportamento com os padrões culturais.

Aprendizagem dos símbolos: aprender todos os símbolos que permitem a comunicação.

Aquisição de hábitos: a criança adquire nessa fase hábitos e costumes.

Interpretação: interpretação de todos os fenómenos em redor vida do homem: psicológicos e


orgânicos.

Duração: dura toda a vida do homem o processo de enculturação. A enculturação é muito


importante para tornar o individuo membro ajustado da sociedade. (MARTÍNEZ, 2009,
Pag.69).

Aspectos Diacrónicos

Os aspectos diacrónicos são aquelas que relativas as mudanças na cultura. Essas mudanças
que podem ter factores endógenos, através dos processos da invenção e da descoberta e por
factores exógenos por meio de processos como a difusão, aculturação e da globalização.

Veremos primeiro os factores endógenos e depois os factores exógenos.

3.1 Factores endógenas de mudanças culturais: a Descoberta e a Invenção

Definição

R.Linton citado por MARTÍNEZ, 2009, define a descoberta como todo acréscimo do
conhecimento; e a invenção é definida por ele como aplicação do conhecimento. Depois duma
descoberta duma situação ou um facto não conhecido anteriormente avança-se para a
implementação na vida desse facto.

3.2 Características Comuns entre a Descoberta Invenção

Os dois termos trazem a ideia de novidade. Em ambos trata-se, de novos elementos culturais
que surgem dentro do complexo cultural de uma determinada cultura.

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3.2 Características próprias

Popularmente fala-se de descobertas, como resultado de ocaso, e de invenção, como resultado


intencional. Essa distinção é claramente não satisfatória. Porque certas descobertas como dos
compostos químicos são completamente propositados. (MARTÍNEZ, 2009, Pag.73).

O essencial quando se fala da descoberta, não é um mero conhecimento de algo,


anteriormente desconhecido. Mas, a descoberta é a percepção da sua utilidade social.

A Invenção e a sua classificação

No processo de mudança cultural, e a invenção ou aplicação que tem importância funcional


para a cultura. Os indivíduos são os únicos agentes da invenção. Toda aplicação do
conhecimento, exige o exercício das funções racionais que pertencem exclusivamente aos
indivíduos.

Segundo MARTÍNEZ, 2009, as invenções classificam-se, em:

Descritivas: as tecnologias, as invenções sociais, e religiosas;

Finalistas: são aquelas invenções básicas que abrem novas potencialidades de progresso.
Exemplo: o arco, a roda, o tubo. Normalmente as invenções básicas são resultados do trabalho
de inventares consoantes.

Invenções de aperfeiçoamento: modificação dum trabalho anterior para aumentar a sua


eficácia e eficiência.

Factores exógenos de mudanças culturais: a difusão, aculturação e globalização

O processo da difusão

Definição: segundo Linton, a difusão e a transmissão de elementos culturais de uma sociedade


para outro. A difusão contribui inegavelmente para o progresso dos povos e para o
crescimento cultural da humanidade em dois sentidos: a) Estimulando o crescimento da
cultura como um todo; b) Enriquecendo o conteúdo das culturas particulares. (MARTÍNEZ,
2009, Pag.75).

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Princípios da difusão de culturas, segundo MARTÍNEZ, 2009.

1º Princípio da proximidade geográfica.

A proximidade geográfica possibilita passagem de uma ou várias frases culturais de uma


sociedade facilmente. Os elementos culturais serão adoptados primeira pelas sociedades que
estiverem mais próximas dos pontos de origem e de um determinado traço cultural.

2º Principio das sobrevivências marginais

Chama-se cultura marginal é aquela que está mais longe do original, um traço cultural
difundido e na cultura original. O Mesmo, sofre traço significáveis transformações a ponto de
não ser possível a reintegração.

3º Princípio da disseminação irregular

A disseminação de um traço cultural nunca se dá duma maneira constante e uniforme. Um


grupo intermediário entre o grupo difusor e um grupo receptor pode tornar-se barreira e
nalguns casos travar a difusão.

As fases da difusão

A difusão acontece em três fases: a primeira é a apresentação do elemento cultural que se


difunde e que implica contactos culturais. A segunda fase é a aceitação dos elementos em
difusão por parte da cultura. Receptor é a terceira fase, é o período final da integração dos
elementos em difusão, reformando-se e fazendo uma nova síntese cultural. (MARTÍNEZ,
2009, Pag.82).

O processo da aculturação

A definição do conselho de ciências sociais dos Estados Unidos, é muito esclarecedora.


Segundo essa organização, a aculturação são fenómenos surgidos onde grupos de indivíduos
que têm culturas diferentes entram em contacto contínuo de primeira mão, com subsequentes
mudanças nos padrões da cultura original de um dos grupos ou de ambos. (MARTÍNEZ,
2009, Pag.83).

Tipos de contacto

Segundo MARTÍNEZ, 2009 Na cultura supõem-se um contacto entre grandes grupos


culturais, onde não há cultura maior. Sendo assim encontramos vários tipos de contactos.
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1º Contactos pela grandeza de grupos- podem entrar em contacto com as sociedades inteiras,
ou agrupamentos menores ou até só indivíduos.

2º Contactos de qualidade de acolhimento entre os grupos de contacto- podem ser benévolos,


com respeito e estima mútua e pacíficos ou podem ser, por outro lado negativo, agressivos,
hostis, com claras intenções de expansionismo e de domínio.

3º Contactos pela paridade ou equivalência dos grupos de contacto- os grupos em contacto


podem ser dois da mesma grandeza ou pode acontecer que se dê contacto entre grupos de
desiguais grandezas.

4º Contactos pela complexidade cultural- refere-se aos contactos através de um elemento


cultural mais em relação aos elementos culturais mais complexos que se podem encontrar no
outro grupo.

O processo de Desculturacão

O termo desculturação refere-se a todos os aspectos negativos da dinâmica cultural. Nos


contactos culturais há sempre perca de elementos mais ou menos importantes nas culturas,
participantes no processo, e há também traços que vão perdendo causa do crescimento
normal. (MARTÍNEZ, 2009, 88).

As principais causas da desculturação segundo MARTÍNEZ, 2009, são:

1ª Causas Internas: trata-se da perda natural de energias dos elementos de uma cultura, que
vão ficando sem significado e já não dizem nada à gente atual, e assim caem em desuso e
desaparecem.

2ª Causas externas: crises organizados por contactos culturais.

Desculturação parcial e total

Desculturação parcial: quando a perda dos elementos da cultura é de menor intensidade e


pode ser assumida criativamente pela cultura.

Desculturaçao total: quando os encontros culturais procurarem ações destrutivas de tal


entidade que atinge todo o património cultural na sua complexidade.

O processo da globalização

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A globalização como compreensão e tomado de consciência do mundo como um todo, é tão
antiga como a história da humanidade e das culturas, que se pode considerar como uma
sequência de pequenas globalizações. A sistematização e transformação do processo da
globalização é um verdadeiro projecto que começou praticamente a partir do século XVI, com
o expansionismo europeu numa fase inicial que podemos chamar de " idade de ferro da
globalização." (MARTÍNEZ, 2009, Pag.90).

Atualmente a globalização alcançou um ponto tal de clareza e de importância que se tornou


predominante na determinação de padrões de comportamentos da nossa sociedade. O nosso
tempo é verdadeiramente global que ninguém pode fugir.

O conceito de globalização

Segundo MARTÍNEZ, 2009, o processo de globalização se pode definir como a tendência de


fenómenos económicos, culturais e mais outros a assumir uma dimensão mundial, superando
as confins nacionais e continentais. A globalização se refere também ao mesmo tempo à
compreensão do mundo e à intensificação da consciência do mundo como um todo.

Em primeiro lugar, a globalização é um conceito basicamente económico, em segundo lugar,


a globalização é considerado como uma ameaça à identidade e às tradições culturais dos
povos e até ao desenvolvimento económico, se ficarem fora do processo.

As vertentes do processo da globalização.

Segundo MARTÍNEZ, 2009, as principais vertentes da globalização são:

Vertentes económicas - as económicas hoje são interdependentes, desenvolvendo-se em


mercados regionais que estão integrados mundialmente.

Vertente política – a democracia assumido como valor universal no relacionamento entre os


povos e entre as diversas instituições sociais e como forma de organização dos estados.

Vertente espiritual – forma uma única identidade, o ser humano e a terra. A pessoa humana
como síntese dos cosmos que caminha, que pensa, que fala, e que ama.

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CONCLUSÃO

A cultura é muito sensível a interferência e sendo assim precisa de ser preservada e bem
cuidada para que não venha a desaparecer. É belo, importante e muito gratificante poder
entender ao certo o que é na verdade a cultura; oque é na verdade e como entender a
composição da cultura, a estrutura e assim a tendência da cultura, só assim torna-se possível a
sua preservação.

A cultura engloba muito mais factos do que o habitual pensado. Ela parte dos aspectos mais
comuns e espontâneos da vida e se estende aos mais complexos e mais científicos. É na
verdade uma vastíssima gama do corpo da cultura, é indispensável um profundo estudo a
respeito e assim torna-se possível a fidelidade e respeito por ela o que é aliás a necessidade e
obrigatoriedade de cada membro de cada cultura.

Notamos que o dinamismo cultural é uma característica indispensável de toda a cultura. E é


esse facto que faz com que haja evolução cultural e o mesmo como desculturação afecta
negativamente a integridade da própria identidade cultural. Há necessidade de tomar-se
cautela e atenção de modo a gerir que o processo dinâmico da cultura não venha a provocar a
destruição daquilo que identifica a cultura.

A globalização, a enculturação são realidades que nos ficam connosco lado a lado cada dia
singularmente e torna-se missão de cada um de nos orientar essas realidades para que não
deturpe aquela parte sincrónica da cultura, aquela parte que deve se manter sempre fixa e
imutável.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINES, Francisco Lerma, (2009). Antropologia Cultural, 6a edição, Maputo, editorial


Pulinas.

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