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África sob dominação colonial, 1880-1935

A instauração e exploração do sistema colonial entre 1880 e 1935 causaram


intensas transformações no continente africano. Até o início de 1880 apenas uma porção
isolada da África estava sob dominação direta de europeus e em sua maior parte, era
ainda governada e administrada pelos próprios africanos, em suas mais diversas formas
de governo. Após 35 anos, apenas a Etiópia e a Libéria são áreas não colonizadas, a
África se encontra quase que inteiramente dominada, sujeita aos interesses das nações
europeias.
Segundo Boahen, os africanos em sua maioria não tinham pretensão de mudar o
modo com que se relacionavam com os europeus e muitos dirigentes africanos optaram
pela defesa de sua soberania e independência, buscando adotar estratégias e táticas
para alcançar esse objetivo comum. A estratégia do confronto foi a escolha de grande
parte deles, que recorreram às armas diplomáticas ou às militares, quando não
empregando as duas, como foi o caso de Samori Touré e Kabarega. Porém, qualquer que
tenha sido a estratégia dos países africanos, nenhum deles, com exceção dos já
mencionados Libéria e Etiópia, conseguiu preservar sua soberania. Munidos de novas
armas, com maior potência e capacidade de carga que as armas africanas, os europeus
estavam obstinados a exercer controle direto sob o continente africano e no início da
Primeira Guerra Mundial, a África já havia tombado sob o jugo colonial.

Causas da partilha
De acordo com Uzoigwe, apesar da iniciativa dos historiadores desde 1880 para
encontrar explicações a cerca das questões a respeito da partilha da África e do novo
imperialismo, nenhuma delas se mostrou totalmente aceitável, sendo o tema um
emaranhado de interpretações tão contraditórias. Godgrfey Uzoigwe examina diferentes
teorias que buscam explicar as motivações por trás e aponta três acontecimentos que
marcam o início a colonização da África:
• o interesse de Leopoldo I, rei belga, em explorar os Congos em 1879, que resultou
na criação do Estado Livre do Congo,
• as expedições africanas, que em 1880 conseguiram a anexação de propriedades
rurais afro-portugesas de Moçambique, firmando ali uma colônia.
• a política francesa, de caráter expansionista, que entre 1879 e 1880 manifestou a
participação da França com o Reino Unido no controle do Egito;

Conferência de Berlim
Reunindo as principais potências interessadas no território africano, em um total de
15 países, foi realizado entre 15 de novembro de 1884 e 26 de novembro de 1885, a
Conferência de Berlim.
A conferência não tinha inicialmente o objetivo da partilha da África mas terminou
com a distribuição dos territórios e estabelecendo as regras quanto a ocupação de
territórios nas costas africanas. Sem conhecer o território africano, líderes europeus
dividiram o continente em cerca de quarenta unidades políticas, sem nenhuma pretensão
de preservar limites territoriais já existentes. Especialistas consideram inaceitáveis as
novas fronteiras, por julgam arbitrárias, apressadas, artificiais e aleatórias, pois distorcem
a ordem política nacional pré-europeia. Cerca de 30% da extensão total das fronteiras são
formadas por linhas retas, e cortam arbitrariamente as fronteiras étnicas e linguísticas.

Por que as potências europeias conseguiram conquistar a África?


1. As atividades dos missionários e dos exploradores possibilitaram aos europeus
conhecimentos a respeito da África e do interior do continente que os africanos não
tinham respeito da Europa. Esses conhecimentos eram baseados no aspecto
físico, terreno, economia e recursos, força e debilidade de seus Estados e de suas
sociedades.
2. O domínio da tecnologia médica e, em particular, a descoberta do uso profilático do
quinino contra a malária, permitiram os europeus um menor temor a África do que
antes de meados do século XIX.
3. O comércio desigual entre a Europa e a África até os anos de 1870 e mesmo mais
tarde, bem como do ritmo crescente da revolução industrial, os recursos materiais
e financeiros da Europa eram superiores aos da África. Isso permitia que as
potências europeias pudessem gastar milhões de libras nas campanhas
ultramarinas enquanto os Estados africanos não tinham condições de sustentar um
conflito armado com elas.
4. Por último, os Estados africanos tinham suas forças paralisadas pelas lutas
internas. Enquanto as potências europeias conviviam pacificamente, conseguindo
resolver os problemas coloniais que as dividiam no decorrer da era da partilha e
até 1914 sem recurso à guerra, uma intensa rivalidade e numerosas crises infligiam
a África.

Referências Bibliográficas:
BOAHEN,  Albert Adu. A África diante do desafio colonial. In:UNESCO, História Geral
da África (vol. VII): áfrica sob dominação colonial,1880-1935.
UZOIGWE. Godfrey N. Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral.
In:UNESCO, História Geral da África (vol. VII): áfrica sob dominação colonial,1880-1935.

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