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Anamila Mário

Fátima Manuel Luis


Leonildo Ramiro T Cunhete
Kátia Rodrigues
Virgilia Costa Bene

Sociedade Matrilinear e poligamia

Licenciatura em Gestão e Desenvolvimento Comunitário

Universidade Púngué

Tete

2019
Anamila Mário
Fátima Manuel Luis
Leonildo Ramiro T Cunhete
Kátia Rodrigues
Virgilia Costa Bene

Sociedade Matrilinear e poligamia

Licenciatura em Gestão e Desenvolvimento Comunitário

Trabalho a ser apresentado na cadeira de


antropologia, no departamento de Terra e
Ambiente sob a forma de avaliação parcial.

Docente: Ezequiel Lampião

Universidade Púngué

Tete

2019
Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 4

Objectivos ........................................................................................................................................ 4

Geral ............................................................................................................................................. 4

Especifico..................................................................................................................................... 4

Metódologia ..................................................................................................................................... 4

Sociedade Matrilinear ...................................................................................................................... 5

Origem da sociedade Matrilinear .................................................................................................... 5

Regiões de Moçambique e a ocorrência da sociedade Matrilinear ................................................. 6

Significado e constituição da poligamia .......................................................................................... 7

Motivações do surgimento da poligamia ..................................................................................... 8

Criticas e Argumento usado para a defesa da poligamia ............................................................. 8

Conclusão ...................................................................................................................................... 10
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Introdução
Falar de sociedade Matrilinear ou por outra Sob o sistema matriarcal, é o tio da mulher que dá
acesso à terra, enquanto as crianças pertencem a familiares consanguíneos da mãe. Em ambos os
sistemas, patrilinear e matrilinear, as posições das mulheres baseiam-se em submissão aos
membros masculinos da família - ou seja, ao marido/pai ou irmãos, respetivamente. Os direitos à
terra são de certa forma problemáticos em Moçambique devido à existência de dois sistemas
contraditórios. Aqui se referir de que neste presente trabalho puderemos abordar entorno dos
topicos inerentes ao estudo das sociedades Matrilineares e a poligamia onde procuraremos
aprofundar mais no que concerne a esta tematica.

Objectivos
Geral
 Estudar a ocorrência e a origem das sociedades Matrilineares e a poligamia

Especifico
 Descrever os locais da ocorrência das sociedades Matrilineares e a poligamia;
 Explicar as causas da ocorrência da poligamia e da sociedade Matrilinear;
 Identificar as razões da ocorrência da poligamia e da sociedade matrilinear.

Metódologia
Para materialização do trabalho, utilizou-se o metódo de revisão bibliográfica, que consistiu em
revirar os artigos e pdf que abordavam assuntos relacinados com o tema em destaque ou por outra
Trata-se do levantamento, selecção e textualização de toda bibliografia já publicada sobre o
assunto que está sendo pesquisado, em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses,
dissertações, com o objectivo de colocar o pesquisador em contacto directo com todo material já
escrito sobre o mesmo.
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Sociedade Matrilinear

De acordo com Paulina Chiziane, Na sociedade Matriarcal, a mulher e os filhos continuam a ser
considerados membros da família matrilinear da mulher. Sob o sistema matriarcal, é o tio da
mulher que dá acesso à terra, enquanto as crianças pertencem a familiares consanguíneos da mãe.
Em ambos os sistemas, patrilinear e matrilinear, as posições das mulheres baseiam-se em
submissão aos membros masculinos da família - ou seja, ao marido/pai ou irmãos,
respetivamente. Os direitos à terra são de certa forma problemáticos em Moçambique devido à
existência de dois sistemas contraditórios.
na Zambézia (e daí para o norte do país) as cidades são marcadamente matriarcais. As mulheres
têm voz mais activa, têm lugar social e têm poder. Por exemplo, o “prazer sexual é um direito
importante da mulher e as pessoas falam disso abertamente, nos seus grupos. Convocam a família
para expor a situação”.
A partir da Zambézia, caminhando para o norte, todas as regiões são matriarcais. A linhagem é
pela via feminina. Quando há um casamento é o homem que se desloca para a família da mulher
e lá fica, constrói a família e a casa e ajuda nos serviços para a manutenção da própria família:
tomar conta do gado, se houvesse, arrumar madeira, etc

Origem da sociedade Matrilinear


Segundo Rodrigo almorais, Após a fixação do grupo etnolinguístico bantu na região onde hoje é
Moçambique, desde cerca de 1700 anos, a base fundamental da economia consistia na agricultura
de cereais, principalmente de mapira e mexoeira. A produção agrícola, que determinava relações
de produção permanentes, era feita pelas mulheres da aldeia, que produziam para a família
alargada (clã). Sendo assim, como produtoras, as mulheres detinham uma certa autoridade e
controle sobre os celeiros, mas não controlavam bens mais valiosos e duradouros, como o gado,
por exemplo. A caça e a pesca, por sua vez, eram praticadas pelos homens e tinham como
finalidade complementar a dieta alimentar. Não configuravam, no entanto, relações de produção
tão duráveis quanto na agricultura.

Em Moçambique, nota-se uma diferença no que concerne à produção. As tribos ao sul do Rio
Zambeze centralizaram a sua produção na agropecuária, enquanto os povos do norte do rio eram
essencialmente agricultores. Com a cultura orientada para os animais e o pastoreio, houve uma
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alteração na psicologia coletiva das etnias do sul, o que marca uma diferença ainda hoje notada
no país.
Joseph Campbell, no seu o Poder do Mito, nos ensina sobre os arquétipos e mitologias que
orientavam as sociedades antigas. Nas sociedades agrícolas a figura da mulher é de fundamental
importância, pois a personificação da energia que dá origem às formas e as alimenta é
essencialmente feminina. A Deusa é a figura mítica dominante no mundo agrário dos primitivos
sistemas de cultura do plantio. A mulher dá à luz, assim como da terra se originam as plantas. A
mãe alimenta, como o fazem as plantas. Assim, a magia da mãe e a magia da terra relacionam-se.
São povos, também, fixos na terra que lhes alimenta. Povos pastores, por outro lado, estão
sempre em movimento, são nômades e entram em conflitos com outros povos, conquistando as
áreas para onde se movem.
Essa linhagem matrilinear determinava inclusive a transferência de poder, na medida em que este
passava do tio materno para o sobrinho. Ao sul do Zambeze, por outro lado, o poder passava do
pai para o filho ou do irmão mais velho para o mais novo.
Hoje, a influência das linhagens matrilineares e patrilineares se fazem presentes também no
direito civil. Nas províncias acima do rio Zambeze, o sobrenome (apelido, no português
moçambicano) que o filho recebe é o da mãe, enquanto nas províncias abaixo do rio, as pessoas
carregam o sobrenome do pai. Se uma mulher da região norte casa-se com um homem da região
sul, ela adquire o sobrenome do pai do noivo. O mesmo ocorre com o homem sulista que se casa
com uma mulher do norte: ele recebe o sobrenome da sogra.

Regiões de Moçambique e a ocorrência da sociedade Matrilinear


Segundo a FAO, Nas províncias do Norte, como Nampula e Niassa, onde os principais grupos
étnicos são constituídos pelos Macua, Nyanja, Maconde e Kimwane e onde predominam as
religiões Católica e Muçulmana, a principal unidade social é a família matrilinear alargada .
Nesse contexto, o tio materno, conhecido como mwene, é o chefe da família matrilinear e do
agregado e é quem administra as terras da linhagem. A mulher, a irmã ou a sobrinha, pyamwene,
não se reveste nenhum papel senão o de ser uma ligação com a linhagem ancestral.
Nas províncias do Centro – Tete, Sofala, Manica e Zambézia, os grupos étnicos são os Ndau,
Sena, Shona, Chuabo e Lómuè, os sistemas familiares são geralmente matrilineares. O marido
muda-se para a casa da esposa, embora ele não possa atribuir-se, a ele próprio, o direito a terra;
uma vez dissolvido o casamento, os filhos e as terras permanecem nas mãos das mulheres. As
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mulheres trabalham principalmente dentro do agregado familiar, e os homens estão mais


envolvidos nos trabalhos sazonais assalariados e no escoamento do excedente da produção para
os mercados. Consequentemente, os homens são os que recebem os rendimentos em dinheiro e os
que controlam as despesas.
Na zona Sul do país, os grupos étnicos dominantes incluem os Ronga, Changana, Chope e
Bitonga, nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane respectivamente . Nessas regiões, e
particularmente na Província de Inhambane, prevalece o sistema patrilinear, por meio do qual o
acesso das mulheres à terra depende do marido e dos parentes de sexo masculino. Quando as
mulheres ganham o acesso à terra, normalmente as parcelas são menores, não sendo maiores de 1
ha. Além disso, as mulheres ficam confinadas aos trabalhos domésticos e ao transporte de cargas
pesadas porque muitos homens migram para procurar trabalho em outras zonas .

Significado e constituição da poligamia


A palavra poligamia possui sua derivação do grego poly+gamos que significa muitos casamentos.
Ela se constitui no casamento de um homem com mais de uma mulher em regime familiar
atendendo tanto a necessidade dessas mulheres como dos filhos que elas gerassem, era, portanto,
um tipo de relacionamento que envolvia matrimônios simultâneos com mais de uma pessoa, uma
prática que se estruturava através de algumas regras e definições que iam dizer respeito tanto ao
número de esposas a ser adquiridas, quanto ao comportamento dos envolvidos.
Esta possuía diversos sentidos e significados, entre eles podemos destacar a obtenção de riquezas,
status social, obtenção de poder e abundância de procriação para os homens que compunham a
família, que passaria a compor a família alargada, assim como sinônimo de economia para essas
sociedades.

Para eles a prosperidade e a virilidade de um homem costumava ser medida pelo número de
mulheres e filhos que este possuísse, quanto maior fosse sua descendência e quanto mais
numerosas fossem as pessoas sob seu comando mais riquezas e poder este homem possuiria
diante da sociedade, o que normalmente era observada em larga escala em relação à vida do
chefe, régulo ou soba 25 do grupo. Nas sociedades formadas por grupos étnicos de origem bantu
um homem era considerado rico quando possuía muitas lavouras o que corriqueiramente
correspondia a quantidade de mulheres que o pertenciam, já que eram delas a obrigação de cuidar
das lavras, maior quantidade de armas de caça e uma numerosa família. Estes fatores o faziam
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gozar de grandes prestígios uma vez que ele poderia dar auxilio a sua comunidade. Nesse sentido
a poligamia e o gado tornaram-se um costume muito lucrativo, quanto mais cabeças de gado e
mulheres um homem possui-se mais bem visto ele seria.

Motivações do surgimento da poligamia


Segundo alguns historiadores como Junod, M’Bokolo e Iliffe a origem da poligamia para além de
uma questão tradicional teria como causa diferentes motivos, destacando-se como principais
primeiro à escassez de homens, numa época em que havia mais mulheres do que homens entre
mbundu e tsonga; segundo à partida desses homens para as guerras territoriais, onde nesse caso
para não ficarem solteiras já que haviam perdido o marido as mulheres muitas vezes eram
tomadas como esposas por outros homens fossem eles casados ou não.

Outras justificativas encontradas seriam por causa das leis de sucessão que regulavam as famílias
bantu, nas quais se compreendia que um irmão mais novo poderia herda a mulher viúva de seu
irmão mais velho em caso de sua morte independente de ser este irmão mais novo casado ou
solteiro; ainda devido às sociedades patriarcais, onde era impossível que uma mulher solteira
ficasse independente de seus pais, irmãos e marido já que nessas sociedades a mulher
representava poder e riquezas e por isso devia obedecer às regras estabelecidas na família.
Percebe-se então que a poligamia mesmo sendo considerada uma questão de herança cultural que
provinha de seus antepassados e foi continuada por muitos grupos de origem bantu com o passar
dos tempos e com as influências adquiridas de outros povos a exemplo dos portugueses e árabes
muitos desses grupos romperam com a continuidade da poligamia através do processo de
aculturação ou resignificaram-na dando-lhe um novo caráter.

Criticas e Argumento usado para a defesa da poligamia


Segundo Terezinha da Silva at all diz que ,Vale a pena passar em revista os argumentos usados
pelos deputados e pelas deputadas que defenderam a legalização da poligamia, analisando a sua
lógica. Assim, tomemos cada um deles e apresentemo-los segundo uma grelha que considera
duas dimensões: (1) a identificação do problema; (2) porque é que o reconhecimento do
casamento poligâmico pode representar uma solução. Este foi o resultado:

Problema: Algumas mulheres, por qualquer motivo, não podem ter filhos.
Solução: A poligamia permite ao homem ter uma segunda mulher capaz de conceber e de dar
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filhos. Problema: Algumas mulheres não conseguem ter vontade regular de cumprir com as suas
obrigações conjugais e o homem “sofre”.

Solução: Uma segunda esposa permite que a primeira tenha mais descanso, sem que isso
prejudique o homem.

Problema: Há homens, como por exemplo os mineiros, que viajam constantemente e passam
muito tempo fora de casa, longe das mulheres.

Solução: A poligamia permite-lhes ter outras esposas.

Problema: As mulheres têm muito trabalho doméstico.

Solução: Num casamento poligâmico as mulheres apoiam-se muito umas às outras e nos
cuidados com as crianças.

Problema: Existe muita prostituição e “mães solteiras” nas nossas sociedades.


Solução: A poligamia ajuda a diminuir a prostituição e o fenómeno das mães solteiras.

Problema: O casamento monogâmico defendido na proposta de Lei de Família é estrangeiro e


ocidental.
Solução: A poligamia é uma tradição moçambicana e africana; é uma prática “natural”.

Problema: Se uma Lei de Família só considera o casamento monogâmico, está-se a “atirar para a
prostituição” as mulheres que actualmente são segundas ou terceiras esposas de um casamento
poligâmico.
Solução: Legalize-se o casamento poligâmico.

Como se pode constatar, estes argumentos são formulados tendo em vista exclusivamente os
interesses, as necessidades e as expectativas dos homens, mas representam um verdadeiro
atropelo aos direitos humanos das mulheres. Não nos referimos aos direitos humanos no
abstracto, mas a coisas tão simples e vitais como o direito das mulheres a serem respeitadas e
ouvidas dentro da família, a terem palavra nas decisões familiares, que afectam a vida de todos, e
a poderem decidir em conjunto com o marido, a vida do casal. A proposta de incluir a poligamia
na lei vem atentar contra estes direitos básicos.
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Conclusão
Com o culminar deste trabalho pudemos conluir de que a origem da poligamia para além de uma
questão tradicional teria como causa diferentes motivos, destacando-se como principais primeiro
à escassez de homens, numa época em que havia mais mulheres do que homens entre mbundu e
tsonga; segundo à partida desses homens para as guerras territoriais, onde nesse caso para não
ficarem solteiras já que haviam perdido o marido as mulheres muitas vezes eram tomadas como
esposas por outros homens fossem eles casados ou não.

Outras justificativas encontradas seriam por causa das leis de sucessão que regulavam as famílias
bantu, nas quais se compreendia que um irmão mais novo poderia herda a mulher viúva de seu
irmão mais velho em caso de sua morte independente de ser este irmão mais novo casado ou
solteiro; ainda devido às sociedades patriarcais, onde era impossível que uma mulher solteira
ficasse independente de seus pais, irmãos e marido já que nessas sociedades a mulher
representava poder e riquezas e por isso devia obedecer às regras estabelecidas na família.
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Bibliografias
Disponivel em www. http: www.fao.org › country-profiles › countries-list › customarylaw.
Acessado no dia 04/10/2019, pelas 14h 12 minutos.

Disponível via URL em wwwhttp://rodrigoalmorais.blogspot.com/2009/09/origem-da-


linhagem-familiar-mocambicana.html, arquivo capturado em 04/10/2019, pelas 21:24 min.

Disponível via URL em www http://opatifundio.com/site/?p=3493, arquivo capturado em


04/10/2019, pelas 21:43 minutos.
Disponível via URL em www https://mosanblog.wordpress.com/tag/sociedade-matriarcal-na-
africa/ , arquivo capturado em 04/10/2019, pelas 22:36 min.
CAMPBELL, Joseph. o Poder do Mito, nos ensina sobre os arquétipos e mitologias que
orientavam as sociedades antigas. s/ed,2003.

CHIZIANE, P. Estatuto da mulher e do homem na sociedade moçambicana (sociedade


matriarcais e patriarcais). s/ed, Maputo, 2015.
DA SILVA,T at all. Publicado em “Outras Vozes”, nº 4, Agosto de 2003

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