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FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

1°ano - Laboral

História do Direito Moçambicano

O Estado de Muenemutapa

Docentes:

Prof Dr António Chipanga

Dr. Joaquim Fumo

Discente:

MACAMO, Anaclete José

Maputo, Maio de 2021


Estado de Muenemutapa

Localização: Entre os rios Mazoé e Luía (actual província de Tete). Entretanto, o Estado de
Muenemutapa estendia-se a norte do Rio Zambeze, a sul do rio Limpopo e do Oceano índico,
a Este, ao Deserto de Kalahari (Namíbia), a Oeste. Foi fundada entre 1440 a 1450 por Mutota
mais tarde pelo seu filho matope.

Estados satélites ou vassalos do Estado de Muenemutapa


Foram vários os reinos conquistados, que passaram a ser controlados pelo poder central dos
Mwenemutapas. Eram conhecidos por estados vassalo, e eram:
Sedanda, Quissanga, Quiteve, Manica, Báruè, Maungwe e outros.

Os chefes desses Estados designados por Fumos pagavam tributos ao Mwenemutapa reinante e
eram investidos pelo Mambo quando subiam ao trono. Em 1450, Matope sucedeu ao seu pai
Mutota.
De salientar que, os Muenemutapas dominaram a sul do Zambeze até finais do século XVII,
perdendo depois a sua posição a favor da dinastia dos Changamire. Contudo, o Estado de
Muenemutapa sobreviveu no vale do Zambeze e no sudoeste de Tete ao começo do século XX.

Estrutura político-administrativa do Estado de Muenemutapa


O aparelho do estado cujo surgimento é basicamente explicado em função da conquista militar,
garante a manutenção das relações que subordinam o compesinato organizado em pequenas
comunidades domésticas as muchas.nesta comunidade que intregram uma família no sentido
lato ou um grupo de família com o mesmo antepassado, o muri,o parentesco surge como o factor
dominante de estruturação, coesão e de reprodução social.
— Mwenemutapa (Chefe máximo/supremo do império), da dinastia karanga-shona;
3 principais esposas (Mazarira, Inhaahanca e Nambuzia) – com funções na Administração;
9 altos Funcionários – responsáveis pela defesa, comércio, cerimónias mágico-religiosas,
relações exteriores, festas, e.t.c.
Funcionários subalternos: Mutumes (mensageiro) Ínfices (guarda pessoal do soberano)
— Mambos (Chefes dos reinos conquistados)
— Fumos ou Encosses (Chefes provinciais) – chefes de terra
— Mukuru ou Mwenemusha – chefes das mushas (comunidades aldeães), o ancião mais idoso
— Mushas ou Incube (comunidades aldeães que integravam uma família ou grupo de famílias
com o mesmo antepassado, o Muri. Todas as relações entre os membros da sociedade karanga-
shona, ao nível das mushas, eram fundadas no parentesco de membros da musha ou de súbditos.
— Muzimus (Espíritos dos antepassados)
— Agricultores, pescadores, caçadores, mineiros.

Os médiuns, cujo nome correcto é Swikiro, estavam estreitamente associados ao poder político
e especialmente às sucessões. Constituíam o suporte da classe dominante. Os Médiuns ou
Swikiros eram também denominados Pondoros ou Mhondoros.

Principais actividades económicas


No contexto geral das actividades produtivas, a agricultura ocupa o lugar central, não so por
constituir a actividade dominante mas sobretudo, por fornecer os enquadramentos que integram
as restantes actividades económicas, polícias e sociais das comunidades camponesas.A
pastorícia, pesca e artesanato complementavam a actividade agrícola. O trabalho nas minas fazia
parte das actividades económicas mas aparecia como uma imposição do exterior. A articulação
entre a aristocracia dominante e as comunidades aldeães manifestava-se pela prestação de sete
(7) dias de trabalho mensais nas propriedades do mambo.

Processo de sucessão
Com a morte do mambo e até à eleição do novo Mambo, o poder era exercido por uma figura
que usava o nome de Nevinga. Este era morto logo após a eleição do novo soberano.
Na comunidade karanga-shona, o Estado era personificado pela pessoa do Mambo, que devia
desligar-se da sua origem, tornando-se assim no representante supremo de todas as comunidades.
Para o efeito, no acto da sua entronização, comete o incesto com uma parente próxima, violando
desse modo o princípio mais sagrado da linhagem. Nesta lógica, a principal mulher do Mambo
era a sua própria irmã.
Termos das relações tributárias

Curva – termo das relações tributárias entre portugueses e o Muenemutapa, onde cada mercador
devia pagar diariamente uma curva (tributo) às autoridades locais para circular no território de
Mwenemutapa. Os produtos constituintes da curva eram: bens de prestígio, regra geral panos e
missangas.
Empata – termo das relações tributárias entre o Muenemutapa e os portugueses, caso esses
últimos não pagassem a curva, as autoridades locais tinham o direito a empata que é o confisco
dos bens dos comerciantes estrangeiros, o que, em última instância, garantia a preservação da
autoridade.

Referências bibliográficas:
 CASTO, A.M.C.O caso do Muenemutapa;Março de 1977.
 DEPARTAMENTO DE HISTORIA. História de Moçambique vol.I ;primeiras sociedades
secundarias e o impacto dos mercadores(200/300-1886).1 ed.Tempo, Março 1982.

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