Você está na página 1de 13

RESISTÊNCIA – acto de resistir, acção ou efeito de se opor, de lutar contra algo que se

considera contrario ao seu interesse.

CAUSAS DA RESISTÊNCIA AFRICANA CONTRA A OCUPAÇÃO EUROPEIA

 A ocupação de terras férteis ou próprias para o pastoreio;


 Exploração de mão-de-obra barata,
 O recurso à forca por parte dos europeus na instauração do monopólio comercial,
sobretudo do comércio de escravo.
 A escravatura e depois o recrutamento de mão-de-obra para o trabalho forçado nas
plantações em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe Brasil e para obras públicas e fazendas;
 A cobrança de Impostos e jornadas de trabalho mas ou menos longas;

As causas, são reforçadas por duas teorias a defensora do colonialismo ou eurocentrista e a


defensora da soberania africana ou afrocentristra. A corrente eurocentristas ou defensores do
colonialismo, esta defende a superioridade dos europeus em relação aos africanos, afirmando
que os africanos estavam satisfeitos com a dominação colonial, pois este era o único meio de
alcançar os benefícios da civilização ocidental europeia. A corrente afrocentrista ou defensores
da soberania africana, esta defende que os povos africanos resistiram porque perceberam-se
que estavam a perder o “direito de se autogovernar” a sua soberania, defendem ainda que os
africanos nunca foram subordinados de outros povos.

As formas de resistência

Confronto militar directo - os africanos optaram por esta forma de resistência como reação as
ofensivas militares ou presença de militares europeus nos seus territórios. Os ataques militares
africanos eram realizados na sequência do fracasso de um acordo diplomático.

A não – cooperação - esta forma de resistência consistia no abandono das regiões ocupadas
pelos colonos europeus por parte dos africanos, como forma de não se sujeitarem à exploração
colonial. Outra forma de não cooperar com o regime colonial consistiu no incitamento que os
líderes africanos faziam ao seu povo para não produzir os produtos procurados pelos europeus,
tais como: o óleo de palma, o algodão, a copara, madeira, entre outros.
Aliança Diplomática - esta forma de resistência consistiu na assinatura de acordos entre os
chefes africanos e europeus, dados que os primeiros tinham como objectivos manter as suas
soberanias: por vezes para resolver conflitos internos: noutros casos, como forma de evitar a
conquista de determinado território africano por uma outra potência europeia.

Consequências da Resistência Africana


 A derrota dos africanos;
 Domínio político de quase todo o continente africano (excepto Líbia e Etiópia) por
potências europeias;
 Alteração do Mapa Político de África;
 Modernização do sistema político-administrativo africano;
 Introdução de transporte e meios de comunicação modernos (linhas férreas, telégrafos);
 Perdas humanitárias (mortes e genocídios entre africanos e europeus);
 Redução dos conflitos interafricanos (étnicos, religiosos, tribais) – “pacificação do
continente”
 Contribuíram para o desenvolvimento de novas ideias que impulsionaram o surgimento
de novas lideranças alternativas, novos movimentos de massa que seriam o alicerce dos
movimentos de libertação na década de 60 em África.
EXEMPLOS DE RESISTÊNCIAS
África do Norte
Egipto
Até em 1811, o Egipto era dominado formalmente pelos Turcos (Império Otomano), embora os
ingleses explorassem os seus recursos. O seu governante nesta época era Meemet Ali. Meemet
Ali após ter conquistado Sudão e pretender desafiar o poder turco, foi afastado do trono na
sequência de uma intervenção militar europeia. Um dos seus sucessores, Sahid, tomou uma
decisão muito importante: a autorização da construção do canal de Suez (canal que liga o mar
Mediterrâneo e o mar Vermelho) pelos Franceses. Este canal só foi aberto em 1869, tendo
beneficiado bastante os ingleses, pois estes dominavam o comércio marítimo entre a Europa e a
Asia. Meemet Ali temia que se construísse o canal, porque significava o domínio económico e
politico dos europeus. Na altura da abertura do canal de Suez, governava o Egipto Ismail que
procurou modernizar o império, tal como seu avô Meemet Ali. Esta modernização foi, no entanto
financiada pelos europeus. A dívida externa egípcia aumentou cerca de trinta vezes e os juros da
dívida eram muito mais do que a metade da receita anual. Nestas condições, Ismail viu-se
obrigado a vender as ações do governo egípcio no canal Suez à Inglaterra e permitiu que um
inglês e francês fossem controladores dos rendimentos egípcios, como forma de estimular o
comércio e investimento europeu. Ismail vivia um dilema: ou cedia às pressões dos europeus ou
se aliava aos nacionalistas emergentes, liderados pelo coronel Arabi Paxá.

Em 1879, os europeus pressionaram os Turcos a tirarem Ismail do poder e a colocar no seu lugar
Tawfig (filho de Ismail). Este nomeou ministros ingleses e franceses (Baring e Lord Cromer, e
Bliniéres), que praticamente controlavam a política e economia egípcias. Devido a esta
intromissão estrangeira, em 1881, os jovens oficiais do exército liderados por Arabi Paxá criaram
um movimento de revolta a exigir que Tawfig criasse o ministério da Guerra, que seria liderado
por Arabi Paxá, e que convocasse o Congresso Consultivo de Notáveis, que era até então
inoperante.

Os ingleses e franceses protestaram, mas como a França estava envolvida numa crise interna, a
Inglaterra, em 1882, bombardeou Alexandria com a sua poderosa marinha de guerra,
desembarcando tropas inglesas que venceram as tropas de Arabi Paxá na batalha de Tel-el-Kebir.
Desde então o Egipto passou a ser na prática colonia inglesa, embora formalmente fosse de
domínio turco até 1914, aquando da primeira Guerra Mundial, quando os ingleses entraram em
conflito bélico com os Turcos, e por isso reivindicaram a soberania do Egipto para si.

Sudão
Outro exemplo de resistência na África do Norte foi o movimento mahdista encabeçado pelo
religioso (muçulmano) sudanês Muhammad Ahmad, que em 1881, se autoproclamou Mahdi (o
messias- o enviado) e desencadeou uma revolta nacional, que o já fragilizado exército egípcio,
devido as revoltas lideradas por Arabi Paxá, não conseguiu travar. Após o domínio inglês sobre o
Egipto, a Ingraterra enviou o general Gordon a Cartum para negociar com o Mahdi, contudo, os
activistas do movimento mahdista assassinaram Gordon em 1885 e tomaram a acidade de
Cartum. Assim, o Sudão foi um Estado Independente desde 1885 até 1896, altura em que os
ingleses vingaram a morte de Gordon e reconquistaram o Sudão.
Argélia
A resistência a ocupação estrangeira (francesa) foi encabeçada pelo líder religioso (muçulmano)
Abd al-Qadir, que proclamou a jihad (Guerra Santa) contra o invasor e conseguiu sucessivas
vitórias sobre as tropas francesas, fixadas em Argel, Orão, Bugia e Bona, a partir de 1830. Esta
resistência fez com que a partir de 1930 os franceses optassem pela conquista total da Argélia.
Abd al –Qadir foi capturado apenas em 1847, pois em alturas criticas refugiava-se em Marrocos.

África Oriental
Etiópia
Esta região era ambicionada pela Itália e sofria também pressões internas: a expansão do
movimento mahdista e do império egípcio. Em 1889 após a morte do imperador da Etiópia, D.
João numa batalha com os mahdista, Menelique II é coroado como seu sucessor. Assinou com os
Italianos o “ Acordo Ucciali”, que para Menelique II simbolizava a amizade e cooperação entre
os dois povos, mais para os italianos significava que a Etiópia aceitava tornar-se um protectorado
italiano. Foi por esta razão que ocorreu a batalha de Aduá (1896), que opôs os soldados italianos
que iam concretizar o protectorado e as tropas de Menelique II e que culminou com a expulsão
humiliante dos italianos. A Etiópia foi, assim um, dos únicos países africanos que não foi
ocupado durante o período da partilha. Somente em 1835 é que as tropas de Mussolini ocuparam
a Etiópia até 1942, o que terminou com a intervenção dos aliados (EUA, Inglaterra e Franca) na
Segunda Guerra Mundial. Portanto a Etiópia foi ocupado por um período de apenas sete anos.

Quénia
Os Nandi foram os que ofereceram a resistência mais viva e mais prolongada (1890-1905) do
país, graças à sua forca combativa, os Nandi conseguiram resistir à ocupação estrangeira por
mais de sete anos. No Centro do país a reacção não teve a mesma dimensão devido as divisões
entre os diferentes grupos, chefes ou clãs e as alianças de uns com os ingleses contra outros
chefes africanos. Por exemplo o chefe dos Gikuyu – Waiyaki decidiu aliar-se ao ingleses tendo
chegado a fazer um tratado de fraternidade de sangue com Frederick Lugard, procedimento
idêntico teve Lemana de um dos grupos Masai que em compensação, foi nomeado chefe
supremo dos Masai. No litoral, a resistência foi protagonizada pela família Mazrui encabeçada
por Mbaruk Bin Rashid. A revolta de Mbaruk teve lugar em 1895 quando após a morte do vali
(rei) de Takarungu os ingleses indicaram para substituto um aliado seu em vez de Mbaruk que
era o legitimo herdeiro do trono, Mbaruk foi derrotado pelos ingleses. No interior em 1890, os
Akamba liderados por Nziba Mwea revoltaram-se contra a pilhagem inglesa e consequente
apropriação de animais (gado bovino e caprino) e até imagens religiosas consideradas sagradas.
No norte, nos confins do país Kisimayo, os ingleses enfrentaram a resistência dos Ogdens
somalis, dos Mazrui e dos Akamba, que acabou sendo derrotada apos a intervenção de tropas
indianas em 1899. Os Taita também se envolveram em conflitos com os ingleses após recusa de
fornecer carregadores. No Quénia Ocidental, lideres locais com destaque para o Munia, rei dos
Wangas aliou-se aos ingleses na luta contra os seus inimigos, os Iteso e Luo.

Tanganyika
No Tanganyika a resistência decorreu tanto por via diplomática como por via violenta ou militar.
Em 1891 e 1893 Mbunga envolveu-se em conflitos com os alemães enquanto Hasani Bin Omari
também se confrontava com os alemães no interior diante de Kilwa. Em 1891 os Hehe, liderados
por Mkwawa, derrotaram os alemães que se vingaram em 1894, tomando a capital, mas sem
conseguir prender o chefe Mkwawa, já em 1899 foi a vez de os maconde combaterem os
alemães. A conquista alemã no litoral, liderado por Karl Peters, enfrentou a resistência de
Abushiri ao longo da costa e das tribos Gogo, Chaga e Hehe, liderados por Mkwawa. Sob o
comando de Abushiri, em Setembro de 1888, os povos do litoral incendiaram um navio de guerra
alemão, antes de atacar Kilwa e matar dois alemães que la residiam e assaltar Bagamoyo.

Reagindo aos acontecimentos, a Alemanha enviou Hermann von Wissman para a região. Tendo
chegado em Abril de 1889, atacou Abushiri em Bagamoyo, forçando - o a retira-se para Uzigua
onde acabou sendo preso e enforcado em Dezembro de 1889. Em Maio de 1890, Kilwa foi
bombardeada e tomada de assalto pelos alemães terminado assim a resistência no litoral do
Tanganyika. Em 1905 teve lugar a revolta dos Maji-Maji, e que consistiu na pilhagem e
destruição da administração colonial e exterminação dos funcionários e missionários alemães no
Sul do Tanganyika. Em resposta Alemanha envia um exercito que devastou tudo partindo da
costa até ao interior (queimou cubatas, campos e colheitas). Nesta retaliação perderam a vida
mais de 120.000 pessoas.
Uganda
No Uganda a resistência foi particularmente conduzida pelos reis Kabarega, do reino Bunyoro, e
Mwanga, do reino Buganda. A resistência de Kabarega decorreu entre 1891 e 1899. A opção
inicial deste rei foi o confronto, mas após falhar nos seus intentos decidiu recorrer à diplomacia,
tentando, sem sucesso, um acordo com Lugard. Na fase final, e diante do fracasso das tentativas
de aproximação com os ingleses, Kabarega decidiu-se pela guerrilha. Assim, abandonou o
Bunyoro e refugiou-se no país Lango, a norte, de onde lançou ataques de surpresa infligindo
baixas aos ingleses. O rei Mwanga de Buganda, proclamou protectorado britânico em 1894,
privilegiou a diplomacia. Desde a sua chegada ao torno, 1894, Mwanga tentou limitar o contacto
dos europeus com os Baganda, punindo por veze com a morte. Os que abraçassem o
cristianismo.

Na sua tentativa de impedir o domínio dos estrangeiros no seu território, Mwanga adoptou a
estratégia de “ dividir para reinar”, ora aliando-se aos cristãos contra os muçulmanos, ora
aliando-se aos muçulmanos contra os cristãos. Portanto, para ele todos os estrangeiros
representava uma ameaça ao seu poder, pelo que era preciso pô-los fora. Um dos actos de
resistência de Mwanga teve lugar em 1898, quando alegando uma tradição dos Baganda, tentou
atrair todos os estrangeiros para uma parada naval numa ilha do lago Victória, onde pretendia
deixá-los morrer a fome. O plano foi descoberto pelo que os europeus prepararam um golpe
contra ele, substituindo-o pelo irmão. Pouco depois tentou retomar o poder e juntou-se a
Kabarega na guerrilha, mas ambos foram capturados e deportados para Kisimayu onde Mwanga
morreu.

África Austral;
Africa do sul
O processo de resistência desta região e em toda África em geral, uma grande figura e
incontornável: Chaka Zulo. A sua vida e obra constituem até hoje uma lenda. Chaka iniciou uma
serie de conquista, graças a sua disciplina e grandes capacidades como estratego militar tendo
dominado a região que vai desde o rio Phongolo até ao Tugela. (Zululândia) nenhum outro rei
chegou a dominar tão vasta região na África Austral e Oriental. O grande mérito de Chaka como
herói de resistência africana deve-se ao facto de, durante o seu reinado (1818-1828), ter criado
condições para que a Zululândia se mantivesse, inviolável face ao expansionismo dos Bóeres (a
grande caminhada), bem como dos colonos britânicos, e ter integrado os povos africanos
dominados pela cultuara zulu por meio do sistema de amabutho. A coesão social e militar dos
zulus fez com que os sucessores de Chaka, na década de 1870, após a descoberta da riqueza
mineira da África do sul, resistissem heroicamente face à ocupação inglesa, sobretudo pela mítica
vitória dos Zulus na batalha de Isandhlwana (1879). Chaka foi também considerado um
colonizador tirano pelos povos que dominava. A expansão dos Zulus de chaka vai ser
responsável pela final do Mfecane, que levou a formação de vários reinos de origem nguni pela
África Austral, tal e o caso do reino Matebele de Mizilikazi, o Estado de Gaza de Sochangane,
entre outos.

Guerra anglo bóer / resistência zulu


Outro grande destaque das resistências na região austral de África vai para a guerra travada pelos
ingleses contra os bóeres na África do sul. Foi uma guerra que teve uma grande particularidade
por envolver brancos contra brancos naquilo que foi conhecido como a guerra Anglo-boer (ou
guerra dos bóeres) de 1899-1902. O rei Zulo Cetshwayo numa primeira fase optou por seguir
uma política pacifista e isolacionista, desenvolvendo com os ingleses uma aliança baseada nas
boas relações. Este período durou pouco, devido aos interesses ingleses de alargar os seus
domínios depois da descoberta de diamantes e ouro na região de Transvaal. A 28 de Julho de
1878, emissários do rei atravessaram o rio que fazia fronteira entre as terras da Zululândia e
Transvaal, para trazer de volta as mulheres do rei que tinha emigrado. Este acto foi visto pelos
ingleses como uma ameaça e, mesmo com o pedido de desculpas do rei e o pagamento de uma
indeminização, o alto-comissário britânico, Sir Henry Bartle Edward Frere, rejeitou e declarou-
lhes o ultimato.

Em Janeiro de 1879, os ingleses lançaram um ataque aos Zulu, mas as tropas inglesas sofreram
uma pesada derrota na batalha de Isandlwana. Sei meses depois Cetshwayo não resistiu a nova
investida inglesa tendo sido derrotado e se exilado no Cabo. E a Zululândia passava para
administração inglesa, tendo sido dividida em 13 distritos liderados por homens da confiança dos
ingleses. Era o fim da Zululândia.
Zimbabwe
Na altura da partilha, o reino Matabele (ou Ndembele) localizado no actual território do
Zimbabwe, era dirigido por Lobengula. O seu território era ameaçado pelos portugueses a partir
de Moçambique, pelos bóeres a partir da República do Transvaal e pelos ingleses a partir da
colonia do Cabo. Face a esta pressão, Lobengula assinou num tratado com o governo do
Tansvaal. No entanto, o governo inglês enviou o missionário John Moffat, que já tinha boas
relações com os Ndembeles desde o tempo de Mizilikazi, para convencer Lobengula a cancelar o
tratado e a celebrar um outro com a Inglaterra. De facto para Lobengula que queria sobretudo
manter a sua independência, os argumentos ingleses eram mais convincentes e tinham
superioridade militar, prometeram ajudas ao reino e enviaram para negociar o comerciante e
explorador Cecil Rhodes.

Deste modo em 1888, Lobengula celebrou um tratado em que se comprometia a não realizar
qualquer aliança com outros países sem a autorização do Alto comissario Britânico; assinou
ainda Rudd Concession que concedia o controlo de todas as minas do seu reino à British South
Africa Company (BSAC), que foi criada neste contexto por Cecil Rhodes, 1889. No mesmo ano
esta companhia teve autorização por parte do governo inglês para colonizar as actuais regiões do
Malawi e Zâmbia incluindo Zimbabwe. Assim seguiram-se campanhas de conquista nas quais a
BASC conquistou territórios que Lobengula considerava ser suas reservas de caca, onde viviam
povos shonas que eram vassalos do reino Matabele.

Deste modo houve um conflito entre Lobengula, chefes shonas e os ingleses, tendo culminado
com o confronto militar em 1893, no qual os Ndembeles tinham 3500 homens com armas
tradicionais e os ingleses eram 1100, mais 2400 africanos entre Tswanas e shonas, com 800
cavalos e 16 metralhadoras pesadas. Assim os Matebeles foram derrotados e Lobengula
conseguiu fugir.

Africa ocidental
Senegâmbia
No senegal a grande figura de resistência foi Lat Dior Diop, rei de Cairo e discípulo de El Hadj
Omar Tall. Em 1871, Lat Dior Celebra um tratado com franceses onde estes o reconhecem como
rei de Cairo. Porem os franceses, em 1879 programa construir uma linha férrea de Dacar até São
Luís. Na percepção de Lati Dior, a linha era uma demonstração de que os franceses “vinham para
ficar” colonizar. Assim como forma de resistência, Lat Dior incitou as populações a não
participarem na construção da estrada de ferro, bem como a não produzirem amendoim que era o
principal produto procurado pelos franceses. Apesar destes impedimentos a linha férrea foi
construída e Lat Dior organizou uma revolta, que culminou com a sua fuga para um território
vizinho (Baol). No reino de Cairo os franceses substituíram Lat Dior pelo seu sobrinho Samba
Loabé Fall, que realizou guerra de expansão com os seus vizinhos; no entanto, ao atacar o reino
de Djolof, que era um protectorado francês entra em conflito com Franca, culminado num
combate bastante sangrenta, em que a Franca venceu e reorganizou a administração do reino à
moda ocidental. Lat Dior Diop embora no exilio, continuou com acções de resistência através de
guerrilha, até ser morto, em 1886. Nesta região do continente, podem ainda encontrar-se líderes
de resistência que igualmente foram opressores, com especial destaque Samori Touré e Ahmadu
Seku. O processo de conquista e ocupação efectiva de África ocorreu em simultâneo com o
processo de resistência.

As revoltas no sudoeste africano (1904-1907)


O sudoeste africano (Namíbia) estava sob ocupação colonial alemã desde 1888. Alguns grupos
étnicos resistiram ao domínio colonial: os Khoisam, os Namas, os Sans, os Hereros e os
Ovambos. Os Hereros e os Namas, chefiados respectivamente por Samuel Maherero e Hendrick
Witbooi, impuseram forte resistência aos colonos e tropas alemãs que ocupavam a Namíbia.
Samuel Maherero procurou garantir os direitos dos Hereros e limitar a intrusão colonial
estabelecendo “tratados de protecção” com os colonos britânicos do Cabo e com própria
Alemanha. Um dos resultados deste tratado surgiu em 1883, quando um comerciante alemão
Franz Luderitz, recebeu do seu governo a permissão para fazer acordos com os chefes africanos
da área e comprar os seus territórios.

Em 1904, Samuel Maherero, líder dos Herero, fez um levantamento contra a ocupação
estrangeira, matando mais de 100 alemães e recuperando as suas terras e o seu gado. Derrotados
os alemãs pediram reforço e contra atacaram, isolando Herero na batalha de Waterberg. Outro
líder foi Hendrick Witbooi que resistiu contra a ocupação colonial. Este líder Opunha-se a
assinatura de tratados de protecção. Morreu em combate, em Outubro de 1905. Com a morte de
Witbooi os namas continuaram com a resistência, liderado por Jacob Murenga. Porém Murenga
seria morto em 1907 e, assim, os alemães eliminaram o último foco da resistência no Sudoeste
africano, tomando o controlo do gado e das terras.

Moçambique
Em moçambique os movimentos de resistência a ocupação estrangeira tiveram lugar em quase
todas as regiões do país. Na região de Makuana, entre 1896 e 1897, os chefes de Moma a Memba
unira-se na luta contra os portugueses comandados por Mouzinho de Albuquereque. Estes chefes
locais sempre se bateram pela defesa da sua soberania e pelo controlo do comércio na costa
litoral. Os grandes Amuene Makua, chefes de linhagem Makua: Mocutu-Munu, Komala e
Kuphula, os xeiques Molid-Volay, Faralay, Suali Bin Ali Ibraimo levaram a acabo uma guerra
popular que teve uma grande adesão de massas em parte devido a grande coesão que a estrutura
social e ideológica de linhagem dava a essas uniões guerras que se estabeleceram resultando em
alianças clãnicas. Os portugueses tiveram resultados positivos porque conseguiram alguma
colaboração com alguns chefes tradicionais que estava em conflito com os estados esclavagistas
da costa.

Em 1905, graças ao novo plano de ocupação militar muitas unidades políticas foram destruídas
(por exemplo ao reino afro-islamizados e chefaturas locais). A Companhia do Niassa que, em
1891, obteve licença formal dos portugueses de administração dos territórios de Cabo Delgado e
Niassa vai levar a cabo campanhas de ocupação militar contra a resistência de Mataka no Niassa,
de Mwaliya no Meto, em Cabo Delgado, região de Namuno, Balama e Montepuez, com destaque
para a resistência dos Macondes no planalto de Mueda, que só terminaria em 1920. No centro de
Moçambique, depois de uma longa e dura resistência dos chefes locais, as forças militares
portugueses puderam finalmente dominar os senhores dos prazos. Barué surgiu como um Estado
fortificado na sequência da desagregação do Estado do Monomotapas. Tornou-se um Estado
poderoso e resistiu as invasões. Nguni e só em 1902, e que os portugueses ocupam em definitivo.
No sul de Moçambique, a autoridade portuguesa só se tornou efectiva após a derrota do Estado
de Gaza (1894-1897), que terminou com a prisão do rei Ngungunhana e dos seus colaboradores.
A sua capital, Manjacaze, ainda foi tomada e incendiada em 1895. Porem pouco tempo depois,
outras sublevações tiveram lugar no Sul do país mas sem sucesso. No sul de Moçambique
encontrava-se o estado de Gaza e entre as principais figuras ligadas a resistência destacam-se:
Ngungunhana, Nwamantibjane, Maguiguane, no Centro Hanga, Mafunda, Cambuemba,
Cambendere e no Norte Mucutu-munu, Komala, Kuphula, os xeiques Molid-Volay, Faralay e
Suali Bin Ibraimo, Mataca. No centro de Moçambique na província de Manica no Estado de
Barué registou-se a mas temida e prolongada resistência a dominação colonial.

Em 30 de junho de 1902 as forcas portuguesas compostas por três pelotões de soldados


portugueses e africanos e por dois mil soldados de reserva invadem o Barué. As forças militares
de Barué eram comandadas por oficiais corajosos como Macombe Hanga, Mafunda, Cambemba
e Candendere. Nongwe-Nongwe mobilizou os Amambo, Sena, A-Chicunda, Tawara e Nsenga,
formando uma ampla coligação anticolonial zambeziana. Assima a 27 de Março de 1917 deu-se
início com a tomada de Chamba, Tambara e Chiramba. As causas desta revolta foram a
construção de uma estrada para ligar Tete a Macequece, passando pela terra de Barué e o
recrutamento compulsivo de mão-de-obra africana para trabalhar nas suas construções sem
nenhuma remuneração, os abusos dos sipaios aos trabalhadores recrutados e o recrutamento de
milhares de soldados e carregadores para o combate contra os alemães na companhia da África
Oriental (Durante a Primeira Guerra Mundial).

Em Abril os portugueses foram expulsos em Massangano, Gorongosa, Cheringoma, Inhaminga e


Zumbo (Tete). Vendo-se em apuros, os portugueses fizeram um acordo com os mercenários
Angoni, aquém prometeram dez xelins por mês em troca da sua colaboração para pôr fim à
revolta de Barué. Os Angoni, destruindo culturas e espalhando o terror, conseguiram pôr fim em
Junho de 1917.

África durante o período colonial


Características gerais do colonialismo em África;
 A Destruição das unidades políticas preexistentes e a montagem do aparelho de Estado
colonial;
 A dopção da política indígena como garante para uma eficaz exploração colonial.
 A utilização de chefes africanos como apêndices do sistema de administração colonial
para o controlo das populações das comunidades locais, principalmente no que diz
respeito à cobrança de impostos e à exploração da mão-de-obra africana;
 A criação de instituições de apoio à administração colonial (posto administrativos,
tribunais indígenas, escolas para indígenas, hospitais).

Formas de Administração colonial


Administração directa – foi uma forma de governo em que os colonizadores estabeleceram uma
máquina administrativa trazida da metrópole, sem dar espaço à continuidade da estrutura
tradicional preexistente. Exemplo Portugal instituiu administradores coloniais europeus desde o
provincial até aos postos mais recônditos do nosso país. Outras regiões foram África ocidental
francesa e África equatorial francesa.

Administração Indirecta-estes territórios caracterizava-se pela manutenção no poder das


estruturas tradicionais e pala continuidade e respeito das normas da sociedade. Administração
indirecta ou conjunta, dava possibilidade das autoridades africanas participarem na
administração em posição subordinada. A antiga estrutura tadicional deixou de ser autonomia e
passou a depender da potência colonizadora. Esta administração foi praticada pela Inglaterra. Na
África Ocidental, África do Norte África subsariana e África Oriental britânica.

Tipos de colónias:
De povoamento – povoadas por população vinda da metrópole devido ao seu fraco povoamento
autóctone (como por exemplo a Áustria), este tipo de colonias resultaram do sistema de
administração directo.
De exploração – que constituía a maioria das colonias conhecidas. Nesta a população local foi
transformada em mão-de-obra barata para a exploração colonial. Exemplo disto eram
Moçambicanos e a Rodésia do Sul.

Protectorado-territórios que, não sendo colonias, eram no entanto, marcados pela administração
colonial indirecta;
A função das colónias para as metrópoles

As colonias eram para as metrópoles uma fonte de matérias-primas para as suas indústrias, ou
então constituíam optimos mercados para a venda de produtos, normalmente de baixa qualidade,
que não tinham aceitação no mercado europeu ou americanos.

A economia colonial
A economia colonial foi concebida para facilitar a exploração dos recursos das colonias e
direcioná-las para o benefício das metrópoles. Os colonizadores desenvolveram a economia
colonial para a promoção do desenvolvimento do continente e dos povos africanos. Os
programas de exploração do continente estavam direcionados para as regiões ricas em recursos
naturais de modo que as regiões menos ricas estavam desprovidas de qualquer apoio e distantes
de qualquer programa de desenvolvimento. Uma das características da economia colonial era a
exploração de matérias-primas e o desencorajamento de qualquer iniciativa com vista à
industrialização e à transformação de matérias-primas e produtos agrícolas. Os estados africanos
sob o domínio colonial tinham-se transformado em mercados de consumo dos produtos
manufacturados nas indústrias europeias em fornecedores de matéria-prima. Este facto teve
consequências graves, tais como: a destruição das actividades artesanais preexistentes, bem
como o subdesenvolvimento acentuado. A indústria local foi totalmente destruída, sobretudo
aquela que fornecia produtos essências, tais como: matérias de construção, sabão, missangas,
utensílios de ferro, cerâmica e principalmente as roupas. Esta accão do colonialismo paralisou as
indústrias e as actividades artesanais locais impedindo deste modo o avanço do desenvolvimento
tecnológico africano.

Você também pode gostar