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Cadeira de MERC
1ͦ Ano 1o Semestre
Discentes:
Nilton Ussete
Docente: Machele
1.1. Objectivos......................................................................................................................... 3
2. M’FECANE ............................................................................................................................. 5
7. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 12
O M’fecane, foi descrito de várias formas como o período de guerras intertribais, calamidades e
caos ou disturbios. Países como o actual Lesotho, Tanzania. Zimbabwe etc, surgiram como uma
ramificação do M’fecane.
Além disso, várias grandes guerras emergiram e novas táticas militares foram adotadas para
processar o avanço ou melhoria na tecnologia militar. Embora, muitas vidas foram perdidas e
territórios devastados, o episódio ainda teve influêncais positivas nas pessoas, especialmente
quando se considera a ousadia e persistência com o povo da África do Sul lutou contra o
Apartheid.
Este trabalho, portanto, visa discorrer sobre a Hipótese de dois centros de origem do M’fecane.
1.1.Objectivos
O seguinte trabalho foi elaborado considerando os seguintes objectivos:
1.1.1. Geral
Compreender a hipótese de dois centros de origem do M’fecane.
1.1.2. Específicos
Explicar as ideias por trás da origem do M’fecane;
Aclarar sobre o M’fecane e suas consequências;
Apresentar as diferentes propostas sobre o M’fecane.
1.2. Metodologia de pesquisa
Tomando em consideração que a metodologia ilustra o caminho ou os passos pelos quais a
pesquisa se orienta para o alcance dos objectivos definidos, neste caso específico, iremos abordar
aspectos relativos aos procedimentos da pesquisa e seus instrumentos.
No dizer de Quivy e Campenhoudt, “Importa, acima de tudo, que o investigador seja capaz de
conhecer e de pôr em prática um dispositivo para a elucidação do real, isto é, no seu sentido
mais lato, um método de trabalho. Este nunca se apresentará como uma simples soma de
técnicas que se trataria de aplicar tal e qual se apresentam, mas sim como um percurso global
do espírito que exige ser reinventado para cada trabalho”.
1.2.1. Metodologia
1.3.Tipo de pesquisa
O presente trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica, que permitiu buscar informação dos
documentos públicos e reconhecidos na internet, também informações advindas de manuais
contendo a informação a respeito do tema.
2. M’FECANE
2.1. Definição
M'fecane foi a designação dada ao período de grande convulsão social que se viveu em
grande parte da África Austral, entre 1815 e cerca de 1835. E o termo significa esmagamento,
fragmentação, descrevendo o caos que se viveu nesse período. O século XIX foi, no sul de
Moçambique, marcado pelas migrações, incursões e invasões Nguni, provenientes da África do
Sul.
De facto, o início deste século foi caracterizado por uma grande invasão em diversas direções,
sobretudo em direção a Moçambique, de comunidades políticas, provenientes do Sul da região
de Natal: Os Natal: Os Nguni.
De um modo geral, as razões que explicam este fenómeno foram, entre outras, as seguintes:
Migrações maciças e quase repentinas dos agricultores com pastorícia observaram-se em pelo
menos quatro continentes, tendo muitas vezes certas zonas ecológicas, geralmente zonas
planalticas como origem.
Na África austral, são as áreas dos planaltos de Natal e Phumalanga, na África central, a actual
zona Luba ao sul do Congo, no nordeste de África, o sul de Sudão e centro da Etiópia ca. 1000 a
1.100, a zona a volta do Chade e a zona Mande ca. Século XI-XV que se destacam como origens.
Daí que a área do actual Moçambique foi afectada, entre os séculos XIII e o século XIX por
migrações da zona sul, e desde o século X-XII do centro (Congo, zona Luba).
Em Moçambique, a zona dos Bororo destaca-se como centro “ secundários “ dos Lomwe na zona
Makhuwa, há ainda dos Loponi no século XVI-XVIII e na primeira metade do século XIX, que
havia de resultar no processo das migrações Yao, que ficaram sob o fogo cruzado dos Laponie
Ngoni.
4. O M’fecane Tipo
O M’fecane tipo, conhecido em Moçambique, é o quarto, e aquele que iniciou em Moçambique
em Junho/Julho de 1821 com a chegada a baia de Maputo de um primeiro grupo de refugiados
ndwandwe, provavelmente comandado por Zwangendaba, seguido pouco depois por outro
chefiado por Sochangane, que se mais separado no sul, devendo ter existido mais quatro grupos
no interior, encabeçados por Zwide, Ngwana Maseko, Nqaba Msane e Mzilikazi. O M’fecane
tipo ficou conhecido por ter gerado o de Gaza.
4.1. Do Mfecane tipo à formação do Império de Gaza
Antes do século XIX, as bacias dos rios Limpopo e Incomáti nunca tinham sido incluídas em
unidades políticas externas de tipo territorial, e até princípios do mesmo século havia muitos
reinos com agregados populacionais entre três a vinte mil habitantes. O nível da vida dos chefes,
superava ao da população devido a tributos que dela recebiam.
Um dos núcleos em fuga que vai seguir em direccão a Mocambique que será liderado por
Sochangana e fixa-se primeiro em Lourenco Marques entre 1822-1827. Depois, rumou mais
para o norte. Sochangana tinha-se afirmado, entre 1821-1823, como líder de um grupo, junto
com mais três ou quatro que conseguiram fundar novos estados, depois da derrota do Estado
Nduandwe de Zuide. Foi este grupo que formou o Estado de Gaza e em 1850 já dominava a
região entre o Zambeze e o rio Incomáti. O rei Sochangana governou cerca de 38 anos.
O Estado de Gaza, foi provalvemente fundado em 1821 na zona de Tembe, ao sul da actual
cidade de Maputo.
Entre 1835 e 1838, a capital do sochangana estava situada na margem esquerda do rio Incomáti e
mais tarde passou para a margem direita do Limpopo, na zona de Chiduachine,no limite entre os
distritos de Chokwe e Chibuto.
Entre 1835 e 1838 a capital passou para a zona de Mossurize, que foi conquistada a um outro
estado Nguni chefiado por Ngaba Mbane. Depois de 1838, o centro de Gaza passou de novo para
o vale do limpopo, na zona de chaimire moderno, onde sochangana ficou até ao poder do seu
sucessor Maueue (1858-1861).
Após a morte de Sochangane (1821 – 1858) em Bilene, que foi o fundador e primeiro imperador
do Estado de Gaza, sucedeu-se um período de guerras entre seus filhos: Maueue exilado e morto
na Suazilândia, que o sucedeu, e Muzila que depois de derrotar o irmão tomou o poder
transferindo a capital do império para Mossurize na província de Manica.
Foi em Mossurize, em que o neto do Sochangane de nome Ngungunhane ou Leão de Gaza (1884
a 1895), ascendeu ao poder, transferindo em 1889 a capital para Manjacaze. A mudança da
capital deveu-se pelas seguintes razões:
Evitar possíveis pressões e ataques dos ingleses e portugueses que cobiçavam o ouro e o
marfim em Manica;
O vale do rio Limpopo e as regiões circunvizinhas possuíam todos os recursos que
começavam a escassear em Mossurize.
A organização político-administrativa
A conquista e administração de um território to vasto como este foram possibilitados por uma
politica de assimilação praticada pelos Nguni, através da qual alguns elementos das populaças
conquistadas foram integrados em regimentos Ngunie, mais tarde, serviam como funcionários no
exército e na administração territorial. No topo da hierarquia estava o rei ou monarca que era
designado por Inkosi, com funções políticas, militares, jurídicas, económicos e religiosos., este
era auxiliado por um corpo de funcionários.
O império ou Estado de Gaza era subdividido em reinos, a frente dos quais estava o Hosana, e o
reino, por sua vez, subdividia-se em provínciaschefiadas por uma induna. Abaixo deste estava o
chefe da povoação, o Munumusana.
Cargos administrativos
A organização militar dos angunes era, evidentemente herdada da que fora elaborada por
Tchaka. Baseava-se no regimento. Vinte e cinco a trinta regimentos teriam sido criados por
Sochangana ou Manicusse, Muzila e Gungunhana. Os regimentos dividiam-se em batalhões
(Tongas) da mesma idade, sendo o recrutamento aparentemente regional. Os efectivos máximos
de um regimento deviam ser de 1300 a 1600 homens. É duvidoso que fossem atingidos com
frequência, os mais idosos viviam com as suas famílias em povoações, em redor das capitais do
rei e das províncias. Os governadores, isto é, os membros do clã real, eram em princípio, mas
não de modo exclusivo, chefes (Indunas) dos regimentos.
O último general de Gungunhana seria um não Angune. Politicamente o papel deste exercito
consistia em:
Conquistar os vizinhos (em particular os regulados do Sul, tsongas e, principalmente,
chopes, que eram o inimigo hereditário, mas também um osso duro de roer);
Alimentar o Estado, o monarca e os angunes por meio de devastações, captura de
escravos e cobrança do tributo no interior do império.
Pensa-se, que esta migração, pode ter influenciado o mito de fundação dos Maraves, que se
derivam de Uluba, do país de dos Luba, nos planaltos sul da bacia do Congo. Estas migrações
podem ter dado lugar a dinastias na actualzona chewa e makhuwa. Pode ter sido uma zona de
instabilidade com algumas migrações com datas mal conhecidas. Pensa-se, que este movimento
não criou outro corredor Luangwa – Lumbo ou munda-mulambo nyakoko, mas também deixou
alguns fragmentos mais ao sul ( Huffman 2007) .
Os Lolo e Loponi no norte de Moçambique no século XVIII tiveram provavelmente outros sub-
centros. (Pikirayi 1993:182) considera a própria intervenção dos portugueses com os seus
chikundas como um centro de movimentações de populações no século XVII, com direito a
tradição de olaria própria ( Mahonje tradition)
7. CONCLUSÃO
Em suma, há muito controvérsia em torno do M’fecane. Por exemplo, em 1988, o professor da
universidade de Rhodes Cobbing apresentou uma nova e polémica hipótese sobre a ascensão do
estado Zulu, que postulava que o M’fecane era um produto próprio construído.
O M’fecane criou problemas socioeconómicos entre os Bantu. Além de deslocar pessoas, levou a
uma grande perda de homens, gado e terras agrícolas (Okafor it all 1989. Eles posteriormente
afirmaram que a guerra total de Shaka política pela qual crianças e adultos de comunidades
conquistadas foram mortos e suas propriedades queimadas criaram muitos problemas agrícolas
na África Austral. Diante disso, podemos observar que certamente suas campanhas militares criaram
ampla destruição e angustia local.
Uma consequência muito significativa do M’fecane foi que ele esculpiu grande Reino na África
do Sul e até mesmo em partes da África Ocidental e além. De acordo com Okafor et all (1989),
ao longo do período de problemas, comunidades e indivíduos se sentiam inseguros e então
aglomeraram em trono de líderes que pensaram que lhes protegeriam.
Através desta rendição voluntária e apego a guerra, várias comunidades e líderes poderosos
conseguiram construir grandes reinos de várias chefias e comunidades.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONDLANE, Eduardo. Lutar por mocambique. Lisboa, sa da costa editora, 1977.
RICHNER, Jurg Emil. The historical development of the concept m’fecane and the writing of
early southern African history from 1820s to 1920.
SERRA, Cartlos et all. Racismo, etnicidade e poder. Maputo, Livraria Universitaria, 200.
Smith, Linda. Decolonizing methodologies. Research and indigenous peoples. New York, zed
books, 1999.