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Objectivos:
Geral:
Descrever o estado de Gaza.
Específicos:
Explicar o surgimento do estado de Gaza;
Metodologia
M’fecane
Segundo DHUEM (2000: 88) antes do século XIX no sul de Moçambique mais
precisamente nos vales de Incomati e Limpopo nunca existiram grandes reinos. Existiram, porem,
chefaturas e pequenos reinos com 30 a 20 mil habitantes situação que altera desde 1921 com a
formação de estado de Gaza.
Essa situação modificou se como resultado de um período de lutas de transformações
politicas conhecidas por M’fecane. A formação do estado esta ligado aos fenómenos de luta e de
transformações politicas ocorridas na Zululândia (um território da actual África do sul) desde a
segunda metade do século XVII a princípios do séculos XIX conhecidas por M’fecane que levara
a centralização politica nesta região seguidas por grandes migrações de população Nguni para o
norte.
As lutas parecem ter derivado de uma complexa combinação de factores na segunda
metade do século XVIII, dos quais salientamos dois:
Por volta de 1770, existiram na Zululandia 20 Reinos que disputavam entre si o controlo
das rotas comerciais com a Baia de Lourenço Marques, bem como o de terras férteis e de
pastagem.
Entre 1810 e 1815 estes reinos ficaram reduzidos a dois: o reino Nduandue, chefiados por
Zuide e o reino Mtetua, dirigido por Dingisuaio. Os outros reinos tinham desaparecido por
incorporação ou fuga dos seus habitantes ou se tinham tornados vassalos, quer de Nduandue quer
de Mtetua.
Os dois reinos Mencionados utilizaram uma instituição local antiga a organização dos
seus exércitos: os regimentos de idade ou Butho, os quais se formavam com jovens da mesma
idade, havendo entre eles muitos recrutados dos reinos vassalos. As promoções aos Butho
dependiam das capacidades guerreiras de cada jovem e não da sua idade ou prestígio da sua
família.
Entre 1816 e 1821, desenrolou se um conflito militar em várias etapas entre os reinos
Mtetua e Nduande. Numa das primeiras guerras entre esse dois reinos, o reino de Mtetua,
Dingisuaio, foi capturado e morto. Mas um dos chefes militares do rei morto, Tchaca, da
linhagem zulu tomou poder no território Mtetua, tornando se rei de 1818 a 1828. Após um
conflito militar, Mtetua obteve a vitória. Uma parte do Nduandue submeteu se ao vencedor e a
outra refugiouse, entre 1820 a 1821, em terras fora do alcance imetiado de Tchaca entre os
imigrantes encontravam se Zuangendaba sochangana (Manicusse), Nqaba Msane e Nguana
Maseko. Nos primórdios dos conflitos, Sobhuza, dos Nguane-Dlamine, retirou se para norte onde
posteriormente se criou o reino Swazi. Mais tarde, retiraram se para o oeste e posteriormente para
o norte Mzilikazi, futuro reino dos Ndebele.
As guerras alastraram se as zonas vizinhas da Zululândia e, a volta de um núcleo de
residência aos grupos de guerreiros vindos da Zululândia, formou se nessa altura o reino de
Lesotho.
Três dos grupos Nguni acima mencionados sob liderança de Zuangendaba, Nqaba e
Maseko, fixaram se por algum tempo, dentro das fronteiras actuais de Moçambique. Estados
dominados por descendentes de Zuangendaba, Nqaba e Maseko, incluíram por volta de 1890
alguns territórios Moçambicanos no Niassa e na província de Tete, mas as residências dos
soberanos estavam localizadas nos actuais estados vizinhos (Zâmbia, Malawi e Tanzânia).
O surgimento do estado de Gaza
O Estado de Gaza foi fundado pelos imigrantes Nguni entre a baía de Maputo e o rio
Zambeze. O primeiro rei foi Manicusse (Sochangane) no período de 1821-1858. Possuía um
exército de jovens incorporados no sul de save que entre 1834-1845 expulsaram a expedição
Portuguesa vinda de Inhambane, os Boers vindos do Traansval e conquistaram a zona costeira ate
Zambeze. Neste período o reinado localizava se no vale do Limpopo. Apôs a morte de
Sochangana em 1858 sucedeu-lhe no poder o seu filho Maueue. Este como tinha um património
pessoal pequeno, resolveu atacar em 1959 alguns irmãos mais velhos, que administravam vastos
territórios. Só um deles, Mzila conseguiu fugir para o traansval. O novo rei hostilizou vassalos
seus e alguns vizinhos de maneira que criou um número de inimigos internos e externos. Atacava
ainda os caçadores de elefantes que vinham de Lourenço Marques. O rei da Suazilândia com
quem fez uma aliança matrimonial, foi praticamente o único com quem mantinha boas relações.
Em 1861 uma coligação temporária formada por uma fracção descontente da aristocracia
Nguni, por Magudzu Khosa e outros chefes Tsonga do vale do Incomati e por alguns
comerciantes de marfim fixados em Lourenço Marques interessados na caça ao elefante, decidiu
apoiar o Mzila irmão de Maueue. Apôs os primeiros combates, Maueue fugiu para as terras do
sogro nos últimos dias de 1861. Depois de um longo período de guerra que se prolongou ate 1864
em algumas regiões mesmo ate 1868, a coligação entre Mzila, Magudzu e os caçadores saiu
vitoriosa. Entre tanto, em 1862 a capital de Gaza tinha sido transferida para Mussurize, ao norte
do rio Save, fora do alcance dos exércitos Suazi que ate 1865 participaram ao lado de Maueue na
luta.
Foi em Mussurize que Ngungunhana, filho de Mzila ascendeu o poder 1884. A capital
Mandlakazi (que significa grande forca) mudou de Mussurize para actual Manjacaze, 1889. Uma
das razoes da mudança foi a de evitar pressões de Manica, onde os ingleses e portugueses
queriam recomeçar a mineração do ouro. Um outro factor adicional é de o vale do Limpopo e as
zonas vizinhas possuírem todos recursos que já começavam a escassear em Mussurize. O reino de
Gaza só teve mais seis anos de existência, tendo sido o extilto em 1895 pelo avanço do
colonialismo Português.
De acordo DHUEM (2000: 91), a diferenciação social era bem notável, no núcleo central
do estado existia uma divisão nítida em classes. Onde no topo encontrava se a alta aristocracia de
elementos da linhagem do rei (descendentes do bisavó paterno do rei), seguida de uma media
aristocracia composta pelos Nguni, de menor categoria, e por fim encontrava-se uma camada de
assimilados (designada “tinhloko” cabeças), muitos dos quais haviam sido cativos de guerras.
Os rapazes assimilados eram integrados no exército Nguni e eram também usados na
administração do território, enquanto as raparigas eram convertidas e esposas dos Nguni sem a
obrigatoriedade de pagar o lobolo.
A classe dominada era constituída pelos Tonga, que pagavam classe dominante a renda
em produtos, trabalho, moedas e garantiam a segurança alimentar do exército e dos mensageiros.
Economia
Importa referir que a agricultura era baseada no cultivo de milho, que junto da criação de
gado bovino constituíam os produtos básicos das unidades domésticas do estado. Destaca se
também a produção artesanal, no qual se refere que haviam muitos especialistas, tais como:
ferreiros, produtores de artigos de madeira, como também oleiros mas que não tinham nenhum
estatuto. Da produção agrícola e da pesca e caça, as populações retiravam uma parte e davam
como tributo aos seus chefes. Portanto, os chefes como estrato dominante, recebiam como
garante da sua sobrevivência tributos, assim como, o que era produzido pelas unidades
domésticas-onde o trabalho era atribuído as mulheres cativas. Estas cultivavam, procuravam
lenha e reparavam os alimentos, e os senhores juntamente com as mulheres com estatuto
aristocrático, ficavam exclusivamente com a tarefa de supervisão. (DHUEM 2000: 94)
Organização política
Segundo Ferreira (1982: 210), a estrutura política de Gaza era administrada pelo rei com
auxílio da rainha-mãe, conselheiros família real, aristocracia dominante, Governadores
Provinciais e dos comandantes militares.
Para controlar o vasto território, foi dividido em capitais, que serviam de curais, templos,
tribunais, cemitérios, fortalezas, quartéis e escolas de recrutas. Estas eram dirigidas por Inkosi,
que partilhava o poder com seu tios e irmãos.
As pessoas mais importantes da capital eram a rainha (Inkosikase), o filho mais velho
(inkosi) e o governador (induna). O território de Inkosi encontrava-se dividido em distritos
chefiados por governadores (hosana), e tina as seguintes funções:
Nomear os Tindunas;
Resolver os litígios;
Mobilizar os regimentos;
Manter a ordem;
Cobrar o tributo.
Os distritos por sua vez subdividiram-se em áreas administrativas chefiadas por induna
nomeado por hosana, cuja função era a indicação da área a ser ocupada pela povoação familiar (o
Muti) chefiada por Munumusana.
Ideologia
Contradições surgiram, também com vizinhos estados africanos, como alguns dos estados
Chope, considerados rebeldes que eram objectos de “razias”.
As regiões remotas do Estado pagavam tributo económico a Gaza, no entanto, a colecta das
receitas não estava organizada de um modo rigidamente centralizado (porém,
hierarquizado/estratificado) e era conduzida pelas principais casas Nguni: linhagens ligadas ao
rei, às quais este concedia uma espécie de independência política feudal em certas regiões do
país. A cobrança do tributo material seria de uma importância económica vital para essas
«casas»: muitas das manobras políticas e das campanhas militares dos reis de Gaza foram
motivadas pela necessidade de manter o fluxo do tributo económico.
Bibliografia