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TEMA 4:

A LUTA ARMADA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL E SUA IMPORTÂNCIA (1962-1975)


1. Introdução
2. Antecedentes históricos
3. Criação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)
4. Fases da luta armada
4.1 Primeira fase (1962 à 1964)
4.2 Segunda fase (1964 à 1968)
4.3 Terceira fase (1968 à 1974)
5. Importância da Luta Armada

1. INTRODUÇÃO

 Com o presente tema, pretende-se recordar da luta armada que conduziu à independência
de Moçambique;
 Séc XIX - Conflitos inter-imperialistas;
 19/11/1884 – 26/2/1885 - Conferência de Berlim: Partilha de África;
 1933 à 1974 – vigora em Portugal o Estado Novo (regime político autoritário,
corporativista e de ditadura militar);
 Presidentes – António Carmona - 1933 à 1955; António Salazar – 51 (interino até às
eleições de Lopes); Francisco Lopes - 51 - 58; Américo Tomás - 58-74);
 Primeiros Ministros (António Salazar - 1932-1968; Marcelo Caetano – 1968 - 1974);
 Prevalência do Princípio de ocupação efectiva em detrimento do princípio de direitos
históricos;
 Incapacidade portuguesa de ocupação efectiva e a opção pelo jogo de alianças;
 Necessidade de diminuição dos custos directos da ocupação militar e administrativa
portuguesa:
 Cedência das actuais províncias do Niassa e de Cabo Delgado à Companhia do Niassa
(majestática – com função económica, poderes militares e administrativos);
 Das províncias de Manica e de Sofala à companhia de Moçambique;

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 As províncias de Tete e da Zambézia tiveram administração conjunta (Estado português e
de companhias arrendatárias dos antigos prazos);
 A província de Nampula e o território ao sul do Rio Save (Maputo, Gaza e Inhambane)
foram administrados directamente pelo estado português;
 2/3 de Moçambique nas mãos do capital não português;
 Administração directa;
 1926 – Estado Novo – Colonial-fascismo;
 1930- Acto Colonial;
 Nacionalismo económico de Salazar;
 Intensificação da exploração e opressão ao povo moçambicano;
 Protestos;
 Violência colonial e massacres;
 Surgimento de associações e movimentos proto-nacionalistas;
 Fuga de moçambicanos para países vizinhos;
 Impossibilidade do alcance da independência pela via pacífica;

À nível internacional ainda,


1941 – Os aliados assinaram a carta atlântica;
1955 – Portugal é membro das Nações Unidas e o Comité das Nações Unidas para a
descolonização questiona a colonização portuguesa;
A Grã-Bretanha e a França já haviam iniciados a descolonização (carta atlântica) - o
Egípto, o Ghana, Argélia, entre outros (desde 1920).
1955 – Decorreu a conferência de Bandung (Indonésia) e estabelecem-se relações de
cooperação económica e política para a colonização;
1956 – Portugal começou a enfrentar greves nacionalistas em Goa (Índia), mas não
descoloniza seus territórios (razões económicas - fontes da riqueza);
1960 – Massacre de Mueda morreu centenas de Manifestantes.

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Criação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)

A partir dos anos 60 – surgem os movimentos nacionalistas nos países vizinhos, como
reacção ao poder colonial, com o objectivo de lutar pela libertacão de Moçambique:
 União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO) 1960 na Rodésia do
Sul, fundado por trabalhadores moçambicanos em Bulawayo e liderado por Adelino
Guambe;
 União Nacional Africana de Moçambique Independente (UNAMI) 1961 em Malawi,
por exilados maioritariamente de Tete e liderados por Baltazar Chagonga;
 Mozambique African National Union ou União Nacional Africana de
Moçambique (MANU) 1961 em Mombaça (Kénia), criado da união de dois movimentos
já existentes (Tanganhica-Mozambique Maconde union e Zanzibar Makonde and Makua
Union), liderado por Mateus Mole;
 25/06/1962 – unem-se os três movimentos e formam a FRELIMO (Eduardo c.
Mondlane);
 23 – 28/9/1962 - 1º Congresso da FRELIMO;

Decisões do Congresso:

 Unidade como arma principal na luta contra o colonialismo;


 Definição do inimigo: colonialismo português e suas formas de dominação;
 Luta armada como única via para a conquista da Independência Nacional;
 Preparação de guerrilheiros para a Luta Armada de Libertação Nacional.

Fases da Luta Armada

Primeira Fase (1962 à 1964)


 1962 – Criam-se o Departamento de Organização do Interior (DOI) - criação de
condições logísticas para apoiar a luta armada no interior de Moçambique, e o
Departamento de Segurança e Defesa (DSD): operações militares;
(opção pela guerrilha no quadro do I Congresso)

 1963/1964 – Envio de 3 grupos à Argélia para treinos militares:

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1º Grupo: dirigido por Filipe Samuel Magaia;
2º Grupo: Dirigido por Samora Moisés Machel;
3º Grupo: Dirigido por António Silva;

Outros países que treinaram guerrilheiros: Egipto, Tanzânia, Israel, República Popular da
China, União Soviética, RDP Coreia;

 Abertura dos campos de treino militar de Bagamoyo (1963) e de Kongwa


(1964) pelos guerrilheiros treinados na Argélia;
 Vinda de instrutores chineses para treinos de guerrilheiros;
 Princípio de Maio de 1964 – envio para a China de primeiros militares (11),
para capacitação em áreas específicas das operações militares;
 250 Guerrilheiros treinados das Forças Populares de Libertação de Moçambique
(FPLM) na Argélia;
Países Socialistas (União Soviética, Bulgária, Checoslováquia, Hungria, RDA, República
Federativa da Jugoslávia, Cuba, Coreia do Norte e China)

Segunda Fase (1964 à 1968)


 1964 – Abertura das Frentes de Cabo Delgado, Niassa, Tete e Zambézia (ataques
à Chai e outros locais);
 1966 – criacão de aldeamentos pelas forças portuguesas, como estratégia para
isolar as populações dos guerrilheiros (nacionalistas), nos quais cerca de 250.000
pessoas foram concentradas;
 Interrupção da Luta nas Frentes de Tete e Zambézia.
 Em Setembro de 1965 – abertura do Centro de Preparação Político-Militar de
Nachingwea e inicia a formação de instrutores militares.

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 Novembro de 1966 – desmembramento do DSD em dois Departamentos:
Departamento de Defesa (DD), chefiado por Samora Machel, e Departamento de
Segurança (DS), por Joaquim Chissano;
 4 de Março de 1967 – criação do Destacamento Feminino (DF);
 Abril de 1967 – Reestruturação do Departamento de Defesa (DD): criação do
Comando Supremo das FPLM, com 12 secções (Operações, Reconhecimento,
Recrutamento, Treino e formação, Logística Transmissões e Comunicações,
Informações e Publicações Militares, Administração, Finanças, Saúde,
Comissariado Político, Pessoal, Segurança Militar e Artilharia;

Terceira Fase (1968 à 1974)


 Julho de 1968 – II Congresso da FRELIMO (Matchedje/Niassa);
Redefiniu-se o inimigo (regime fascista) e reestruturou-se a hierarquia dos
Departamentos, passando o DD (militar) a se sobrepor ao DOI (administração
interna);
 1968 – Avanço da FRELIMO para Sul, com a reabertura da frente de Tete;
 1969 – Morte de Eduardo Mondlane, sendo substituído por Samora Machel;
 1970 – Operação Nó Górdio envolvendo cerca de 70.000 homens, aviação e
Artilharia militar (liquidar a FRELIMO em 2 semanas);
 Derrota da “Operação Nó – Górdio”;
 1971 e 1972 – a FRELIMO atravessou Tete em direcção ao Sul;
 1972 – Abre-se a Frente de Manica e Sofala;
 1974 – Golpe em Portugal (elevado número de mortes nas colónias portuguesas) –
nó-górdio foi um dos factores que contribuiu para o golpe;
 A guerra das colónias contribuiu para a libertação da metrópole.
 5 a 6/06/74 - Fracasso das primeiras conversações.
 7 de Setembro de 1974 – Assinatura dos Acordos de Lusaka
 7 de Setembro de 1974 à 25 de Junho de 1975, Governo de Transição;
 25 de Junho de 1975 – Proclamação da Independência Nacional.

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Importância da Luta Armada

A luta armada permitiu a conquista da independência nacional; a consolidação da unidade


nacional, a criacão do Estado soberano e a reconstrucão nacional.
 A conquista da independência nacional
- Cria-se espaço para a independência nacional;
- Os moçambicanos ficam livres de todos os instrumentos de dominacão e
repressão colonial;
- Moçambique, nas mãos dos Moçambicanos torna-se um país soberano, mercê de
sua Constituição da República, o que permite o gozo de direitos fundamentais, entre
outros.
 A Consolidação da unidade nacional
- A divergência ideológica e política manifestada pelos movimentos nacionalistas
mostraram a necessidade de unidade;
- O I congresso da FRELIMO constrói a unidade dos Moçambicanos;
- O II congresso ajuda a consolidar a unidade nacional;
- A independência nacional é fruto da unidade definida no I congresso;
 A criacão do Estado
- A independência nacional permitiu a criação do Estado soberano;
 A reconstrucão nacional
- O II congresso definem-se directrizes para a reconstrução nacional;
- Moçambique livre permitiu o desenvolvimento de iniciativas com vista a fazer o
aproveitamento das infraestruturas sócioeconómicas (território, portos, plantações e
trabalho migratório);
- No Moçambique livre criam-se condições para a formação de técnicos para a
reconstrução nacional.

Conclusão
A dominação e repressão coloniais permitiram a criação dos primeiros movimentos acionalistas;

Em 1960 deu-se o massacre de Mueda;

Em 1962 foi criada a FRELIMO;

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No mesmo ano foi criado o I congresso da FRELIMO, no qual se definiram directrizes para o
desencadeamento da luta armada;

O desenvolvimento da luta em conjugação com o golpe de estado de 25 de abril de 1974


permitiu a vitória da frente e do povo moçambicano;

A Luta Armada contribuiu para a independência nacional, unidade nacional, criação de um


estado soberano e a reconstrução nacional.

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