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Índice

Introdução........................................................................................................................................2

1.1 Luta de Libertação de Moçambique..........................................................................................3

1.1.1 Massacre de Moeda................................................................................................................3

1.1.2 Génese da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)..............................................3

1.1.3 Início e Desenvolvimento da Luta Armada............................................................................5

1.2.1 A Independência de Moçambique..........................................................................................6

1.2.2 Operação Nó Górdio...............................................................................................................7

Conclusão......................................................................................................................................10

Bibliografia....................................................................................................................................11

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Introdução
Este presente trabalho singe se na abordagem do tema “Luta Armada de Libertação de
Moçambique”. Neste contexto, em 1498 o território moçambicano foi ocupado pela dominação
colonial portuguesa, ou seja Moçambique passou a ser território Português. Foi uma ocupação
violenta, com muitos combates, dentre os quais a batalha de Magul, Coolela, na província de
Gaza. Também são conhecidos focos de resistência ao longo do território nacional, como os
casos de Makombe, Malapende, Mataka, entre outros. Até 1920 o regime colonial já tinha
montado o seu aparelho administrativo no território nacional.

As derrotas sofridas na luta pela resistência contra a penetração e dominação colonial


portuguesa indicam de que foram batalhas perdidas, mas a causas do povo Moçambicano esteve
sempre perene, são exemplos os Massacres de Moeda a 16 de Junho de 1960, a revolta dos
trabalhadores de Xinavane em Fevereiro de 1961 e os estivadores de Lourenço Marques.

Apesar da existência da Resolução 1514 das Nações Unidas, datada de 14 de Dezembro de


1960, que estabelecia o direito à autodeterminação e independência dos povos colonizados,
Portugal fez tábua rasa a todos os ventos da história e reforçou o seu sistema e a máquina de
opressão contra o povo.

No entanto, o presente trabalho tem como objectivo geral: Narrar a história da Luta
Armada de Libertação de Moçambique. Para a operacionalização do objectivo geral formulo
se os seguintes objectivos específicos:

 Identificar os massacres e formação dos movimentos Nacionais;


 Descrever a formação dos Movimentos e as principais fases.

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1.1 Luta de Libertação de Moçambique

1.1.1 Massacre de Moeda


O massacre de moeda, a 16 de Junho de 1960, foi um dos últimos episódios da resistência
dos moçambicanos à dominação colonial antes do desencadear da luta armada de libertação
nacional.

Naquela data, realizou-se uma reunião entre a população do actual distrito de Moeda e a
administração colonial, que terminou com a morte a tiros de um número indeterminado de
moçambicanos. De acordo com algumas fontes, a reunião teria sido pedida pela MANU, uma
organização que pretendia a independência daquela região de Moçambique, e acordada com a
Administração, não sendo muito clara a razão dos disparos.

1.1.2 Génese da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)


Os movimentos de resistência à dominação colonial portuguesa em Moçambique
fracassaram por vários motivos, dentre os quais merecem destaque:

 A superioridade bélica, logística e militar do colono;


 Falta de unidade entre os movimentos face ao objectivo de se libertar da dominação
colonial;
 Rivalidade entre alguns grupos de resistência na sua luta contra a penetração colonial
portuguesa.

Face a esta situação houve uma consciência de formação de movimentos coesos com o propósito
de erradicar o colonialismo português do território nacional. Entretanto, numa primeira fase os
grupos que foram criados não tinham uma abrangência nacional, embora tivessem o objectivo de
libertar o país da dominação colonial portuguesa. São exemplos destes movimentos os casos da:

 União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO) fundada a 12 de Outubro de


1960 em Bulawayo e liderada por Adelino Chitofo Guambe, tinha objectivo de libertar
Lourenço Marques, Manica, Sofala e Inhambane;

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 Mozambican African National Union (MANU) fundada em 1961 e constituída por
migrantes moçambicanos que trabalhavam no Tanganyika e no Quénia e queriam libertar
Cabo Delgado. Este movimento era liderado por Mateus Mola e Lowrence Joe Milinga;
 União Nacional de Moçambique Independente (UNAMI) formado por Moçambicanos
oriundos de Tete que se encontravam em Malawi, liderado por Baltazar Chagonga.

Com a experiencia adquirida das lutas de resistência houve a necessidade de unir estes
movimentos nacionalistas num só. É neste contexto que se forma a Frente de Libertação de
Moçambique (FRELIMO) a 25 de Junho de 1962 em Dar-Es-Salaam (Tanzânia), como resultado
da fusão destes três movimentos.

Na sua formação, a FRELIMO elegeu o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane como presidente
e Uria Simango como vice-presidente.

É esta frente que concebeu a estratégia e táctica correctas da Luta de Libertação Nacional contra
o colonialismo português. Assim a FRELIMO, realizou de 23 a 28 de Setembro de 1962 o seu 1º
Congresso. O congresso concluiu que a unidade nacional de todos os moçambicanos era
fundamental tendo em conta que os combates de resistência colonial entre as várias razões da sua
derrota foi a falta de unidade entre as frentes de resistência.

Por isso, a unidade era a questão basilar para concretizar o desiderato do povo moçambicano-
independência nacional.

Sendo assim, o Congresso definiu os objectivos da FRELIMO como sendo:

 A liquidação total da dominação colonial portuguesa em Moçambique e de todos os


vestígios do colonialismo e imperialismo;
 A conquista da independência imediata e completa de Moçambique;
 A defesa e a realização das reivindicações de todos os moçambicanos explorados e
oprimidos pelo regime português.

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1.1.3 Início e Desenvolvimento da Luta Armada
Depois do seu primeiro congresso, a FRELIMO iniciou o processo de mobilização do povo
para o início da guerra de libertação nacional. Foi neste contexto que a FRELIMO enviou o seu
primeiro contingente de 250 homens para serem treinados na Argélia enquanto outros treinavam
na Tanzânia nos centros de Kongwa e mais tarde cria-se o centro de Nachingwea.

A luta armada de libertação nacional foi desencadeada simultaneamente a 25 de Setembro


de 1964 em Cabo Delgado, Niassa, Tete e Zambézia. A partir desta data o combate contra o
colonialismo no território nacional passou a estar sob uma única direcção, que é a FRELIMO.

Entre 1966 e 1967 a FRELIMO já tinha zonas semi-libertadas no território moçambicano,


entretanto, não se trata de zonas que estavam sob um domínio completo da FRELIMO. Já em
1968 a FRELIMO já tinha zonas libertadas que controlava a 100%.

Enquanto decorria a guerra de libertação nacional, ainda em 1968, começam a surgir


contradições no seio da FRELIMO em aspectos como: a definição do inimigo, estratégia e
táctica, emancipação da mulher. Foi ainda neste ano em que a FRELIMO abriu a frente de Tete e
realizou em Julho o seu II Congresso nas zonas libertadas de Madjedje, em Niassa.

Neste II Congresso Mondlane foi reeleito como presidente e Uria Simango como
vicepresidente, mas foi ainda criado um conselho executivo, que incluía a presidência e os chefes
dos departamentos. O mais importante foi que o congresso reafirmou a política definida de lutar
pela “independência total e completa” de Moçambique e não apenas de parte dele.

No âmbito da realização do II Congresso e tendo em consideração que a luta dos povos do


Zimbabwe e da África do Sul era parte integrante da luta do povo moçambicano contra o
colonialismo, a FRELIMO decidiu declarar formalmente o seu apoio e solidariedade totais à luta
dos povos dos dois países, dirigida respectivamente pela ZAPU e ANC.

A 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-Es-Salaam (Tanzânia) foi assassinado o Dr. Eduardo


Mondlane por meio de uma encomenda que continha bomba. Depois da morte de Mondlane o
Comité Central da FRELIMO decidiu que a presidência do movimento devia ser assumida por
um órgão colegial composto por três elementos eleitos pelo Comité Central e designado
Conselho da Presidência. Os camaradas Uria Timóteo Simango, Samora Moisés Machel e

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Marcelino dos Santos foram os eleitos pelo Comité Central para constituírem o Comité da
Presidência.

Esta fórmula de compromisso (o Triunvirato) rompeu-se, a partir de Outubro de 1969, com


algumas importantes dissidências, como a de Uria Simango, e acabou, em Maio de 1970, com a
nomeação de Samora Machel como presidente e Marcelino dos Santos como vice-presidente do
movimento. Foi com a determinação de Machel que a FRELIMO reforçou a sua actividade
diplomática e militar, estando, a nível político, presente nas cimeiras dos países não-alinhados e
da Organização da Unidade Africana (OUA) realizadas em Lusaka e Addis Abeba, em Setembro
de 1970.

Como uma das últimas tentativas de aniquilar o movimento de luta armada de libertação
nacional, o regime colonial português lançou a Operação Nó-Górdio, entre 1970 e 1971, liderada
por Kaúlza de Arriaga. Com o avanço da guerra, a FRELIMO decidiu abrir a nova frente de
Manica e Sofala, a 25 de Julho de 1972, sendo que no ano seguinte abriu a Frente da Zambézia.

1.2.1 A Independência de Moçambique


Já nos princípios de 1974 assistia-se a um avanço claro das Forças Populares de Libertação
de Moçambique (FPLM) em direcção ao sul do país, num sinal claro do encurralamento do
regime colonial português. Nesta fase do desenvolvimento da luta armada já se tornava clara a
vantagem da FRELIMO no teatro das operações militares e o desmoronamento do colonialismo
português, facto que foi agravado pelo golpe de Estado a 25 de Abril de 1974 em Portugal.

Este golpe, normalmente conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido por
um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto por oficiais
intermédios da hierarquia militar, na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra
Colonial e que foram apoiados por oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles
universitários. Este movimento nasceu por volta de 1973, baseado inicialmente em
reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se
estender ao regime político em vigor. Sem apoios militares, e com a adesão em massa da
população ao golpe de estado, a resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se
apenas quatro mortos em Lisboa pelas balas da DGS.

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De 5 a 6 de Junho reuniram-se em Lusaka as delegações do governo português e da
FRELIMO com vista a estabelecer negociações conducentes à paz em Moçambique. A
delegação da FRELIMO era liderada pelo Presidente Samora Machel e a portuguesa pelo
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares. As conversações entre as duas partes foram
suspensas porque as delegações reconheceram que o estabelecimento do cessarfogo estava
condicionado a um acordo prévio global relativo a princípios fundamentais, que obrigavam a
consultas.

De 16-17 de Agosto de 1974 teve lugar o segundo encontro secreto entre o ministro dos
Negócios Estrangeiros Português e a direcção da FRELIMO em Dar-Es-Salaam onde esta
possuía os seus escritórios. Neste encontro o governo de Lisboa renunciou o estabelecimento de
uma junta de sete oficiais para administrar Moçambique temporariamente. A 3 de Setembro
chegou em Lusaka uma delegação de 22 representantes da FRELIMO chefiados por Samora
Machel para o início das negociações.

Já a 7 de Setembro foi assinado o acordo de Lusaka entre a FRELIMO e o governo


Português. Neste acordo o novo governo de Portugal reconhece o direito do povo moçambicano
à independência e compromete-se a transferir os poderes que ainda detém sobre Moçambique
para a FRELIMO e foi fixada a data da proclamação da independência para 25 de Junho. A 8 de
Setembro de 1974 foi decretado o cessar-fogo, sendo que a 20 de Setembro foi nomeado o
Governo de Transição com a tarefa fundamental de, sob a direcção da FRELIMO, criar as
condições para a extensão do poder popular democrático para as zonas sob a dominação colonial.

A 25 de Junho de 1975, depois da viagem triunfal de Samora Machel (Rovuma-Maputo), a


FRELIMO proclamou a independência de Moçambique.

1.2.2 Operação Nó Górdio


A 10 de Junho de 1970, o exército português lançou uma contra ofensiva de grande
dimensão: a Operação Nó Górdio. O seu objectivo consistia em erradicar as rotas de filtração dos
combatentes ao longo da fronteira com a Tanzânia e destruir as suas bases em Moçambique. Esta
operação durou sete meses, e mobilizou no total 35.000 militares, entre unidades de elite como
para-quedistas, comando e fuzileiros.

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A operação, que envolveu milhares de soldados, concentrou o seu foco no planalto de
makondes e revelou-se num completo fracasso.

Foram utilizados técnicas norte-americanas ensaiadas no Vietname de ataque rápido com


helicóptero, apoiados por fortes bombardeamentos aéreos, dos campos da FRELIMO, pela Força
Aérea Portuguesa (FAP) para cercar e eliminar a guerrilha. Os bombardeamentos foram
acompanhados por artilharia pesada terrestre. Os portugueses utilizaram, também, unidades de
cavalaria de forma a cobrir os flancos das patrulhas, em zonas onde o terreno não permitia a
utilização de veículos motorizados.

As primeiras dificuldades para os portugueses tiveram inicio quase de imediato com a


chegada da época das chuvas, criando problemas a nível logístico. As baixas do exército
português começaram a ser superior as da FRELIMO, levando a nova intervenção politica a
partir de Lisboa.

Na realidade, a guerra de guerrilha intensificou-se e estendeu-se para outras zonas do


território Nacional, com base na actuação de pequenos grupos de guerrilheiros. A operação Nó
Górdio falhou, a grande concentração de tropas portuguesas nesta operação enfraqueceu as
frentes do Centro do país, o que permitiu o avanço dos efectivos da FRELIMO para constituição
e consolidação de novas bases em Tete, Manica e Sofala.

Face ao avanço rápido da FRELIMO, a reacção desesperada do Exercito Português foi


intensificar a crueldade. A 16 de Dezembro, a 6ª companhia de comandos mata os habitantes de
três aldeias na Província de Tete. Nesta operação terrorista, conhecida por “Massacre de
Wiriamu”, os soldados portugueses terão assassinado entre 150 a 300 aldeões acusados de serem
simpatizantes da FRELIMO. Muitas das vítimas eram mulheres e crianças. O massacre foi
relatado, de novo, em Julho de 1973 por um padre católico britânico, Adrian Hastings, e dois
outros padres missionários espanhóis.

Entre 1972 e 1974, a FRELIMO adaptou uma estratégia de ate que contra as maiores fontes
de receita do regime, nomeadamente as linhas férreas Beira-Tete e Beira Machipanda. Ainda em
1973, a FRELIMO já se encontra nas proximidades da cidade da Beira e tinha como alvos o
aeroporto e os depósitos de combustíveis do porto da Beira. As vitórias da FRELIMO em 1973 e

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1974, a pressão internacional e das forças progressistas em Portugal contribuíram para a queda
do regime em 1974.

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Conclusão
A Luta Armada de Libertação Nacional teve inicio (Setembro de 1964) e término (Junho de
1975), teve três (3) fases principais: Primeira fase (1962-1964); Segunda fase (1964 à 1968);
Terceira fase (1968 à 1974).

Primeira fase (1962 à 1964) caracterizada pela criação do Departamento de Organização do


Interior (DOI) - criação de condições logísticas para apoiar a luta armada no interior de
Moçambique, e o Departamento de Segurança e Defesa (DSD). Foi nesta fase onde foram
enviados 3 grupos à Argélia para treinos militares, onde o 1º Grupo foi dirigido por Filipe
Samuel Magaia, o 2º Grupo Dirigido por Samora Moisés Machel e o 3º Grupo Dirigido por
António Silva.

Segundo fase (1964 à 1968) caracterizada pela Abertura das Frentes de Cabo Delgado, Niassa,
Tete e Zambézia (ataques à Chai e outros locais) isto em 1964, 1966 – Criação de aldeamentos
pelas forças portuguesas, como estratégia para isolar as populações dos guerrilheiros
(nacionalistas), nos quais cerca de 250.000 pessoas foram concentradas; Em Setembro de 1965 –
abertura do Centro de Preparação Político-Militar de Nachingwea e inicia a formação de
instrutores militares. Ainda nesta fase, em Novembro de 1966 ouve o desmembramento do DSD
em dois Departamentos: Departamento de Defesa (DD), chefiado por Samora Machel, e
Departamento de Segurança (DS), por Joaquim Chissano.

E na Terceira fase (1968 à 1974), em Julho de 1968 realizou-se o II Congresso da FRELIMO


(Matchedje/Niassa), onde Redefiniu-se o inimigo (regime fascista) e reestruturou-se a hierarquia
dos Departamentos, passando o DD (militar) a se sobrepor ao DOI (administração interna). Em
1968 a FRELIMO Avançou para Sul, com a reabertura da frente de Tete, 1969 – Morte de
Eduardo Mondlane, sendo substituído por Samora Machel.

1970 – Operação nó Górdio envolvendo cerca de 70.000 homens, aviação e Artilharia militar
(liquidar a FRELIMO em 2 semanas).

A luta armada permitiu a conquista da independência nacional; a consolidação da unidade


nacional, a criação do Estado soberano e a reconstrução nacional.

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Bibliografia
BIGGS Tyler. Explosão Emergente de Recursos Naturais em Moçambique: Expectativas,
Vulnerabilidade e Políticas para uma Gestão de Sucesso. Setembro de 2012.

BOTELHO, T. História Militar e Política dos Portugueses em Moçambique. 1º Vol. Centro


Tipográfico Colonial, Lisboa, 1936. Citado em UEM, 1982.

Departamento de História /UEM, 1983. Vol.2. Pp117-118.

Centro de Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane. Estudos Moçambicanos.


Maputo, Novembro de 2002.

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