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Escola provincial da Frelimo da Zambézia

Curso : Enfermagem Geral

Trabalho de anatomia
Tema: sistema renal

Discentes: Docente:
Dr. Evaristo Engenheiro
Judite Adel Alfredo nº26
Laura Topias Alfredo nº 27
Leny Celestino Joaquim nº28
Lúcia Ângelo Minese nº29
Naju Elias Nhazombe nº30
Nelson Moua Saide nº31

C/D
T/A
5ºGrupo

Quelimane, novembro de 2019


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T /A

Quelimane, novembro de 2019

Quelimane, novembro de 2019

Índice
Introdução...................................................................................................................................................3
Tipos de documentos ou fontes...................................................................................................................4
Teorias sobre a partilha de África................................................................................................................4
Conquistas e resistências à ocupação colonial em Moçambique -1894-1913..............................................5
.Conquista na Zona sul de Moçambique......................................................................................................6
Conquista na zona centro de Moçambique..................................................................................................6
Conquista na Zona Norte.............................................................................................................................7
Conquista da província de Nampula............................................................................................................7
Conquistas nos Territórios de Cabo Delgado e Niassa................................................................................7
Razões da derrota dos reinos em Moçambique............................................................................................9
O período da dominação colonial em Moçambique e o movimento de libertação Nacional......................10
Colonização e teorias de resistência..........................................................................................................10
As teorias de resistência segundo Terence O. Ranger................................................................................10
A importância e consequências das resistências........................................................................................11
O colonialismo português em Moçambique, de 1890-1930.......................................................................11
A 2.ª corrida a África (revisão)..................................................................................................................11
As viagens de exploração..........................................................................................................................12
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A Conferência de Berlim (1884-1885)......................................................................................................13


O papel específico de Portugal na penetração Imperialista em Moçambique............................................14
A corrida imperialista e a delimitação das fronteiras de Moçambique.......................................................15
As campanhas militarem e a ocupação de Moçambique............................................................................15
A delimitação das fronteiras moçambicanas..............................................................................................16
A montagem do Estado Colonial...............................................................................................................17
Descentralização, leis do trabalho forçado e do regime de trabalho contratado.........................................18
A República em Portugal e o Estado Novo e as suas implicações no aparelho de Estado colonial............20
A economia colonial: características gerais...............................................................................................20
O papel dos grupos financeiros..................................................................................................................21
Conclusão..................................................................................................................................................28
Bibliografia................................................................................................................................................29

Introdução
O presente trabalho que tem como tema Colonização e Resistência aborda de uma forma clara e
objectiva os seguintes conteúdos: Tipos de documentos ou fontes, Teorias sobre a partilha de
África, Conquistas e resistências à ocupação colonial em Moçambique -1894-1913, Razões da
derrota dos reinos em Moçambique, Descentralização, leis do trabalho forçado e do regime de
trabalho contratado o mesmo esta debulicado em uma linguagem clara e objectiva para uma fácil
compreensão dos leitores.
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Tipos de documentos ou fontes


Entre 1880 e 1914 assiste-se em África as mudanças históricas muito significativas. «Foi no
decorrer desse período que a África, um continente com cerca de trinta milhões de quilómetros
quadrados, se viu retalhada, subjugada e efectivamente ocupada pelas nações industrializadas da
Europa» in: Uzoigue, G. N, Partilha Europeia, vol VI, 1999, pp44.

Como explica que num curto espaço de tempo a África tenha sido retalhada entre algumas
potências Europeias? Porque é que os Africanos não ressacharam os europeus? Que razões
justificam que a partilha tenha ocorrido neste período e não noutro?

Responder totalmente a estas questões não é tarefa fácil. Há varias teorias que tentam explicar
esta situação, apresentando cada uma pontos fortes e fracos que merecem ser analisados. Assim,
a seguir vai-se abordar as teorias sobre a partilha de África e o novo imperialismo.

Teorias sobre a partilha de África


Sobre a partilha de África pode-se agrupar as principais teorias em quatro grandes domínios, a
saber: económico, psicológico, diplomático e dimensão africana.

 Económico: As teorias do domínio económico destacam o facto de partilha de África se ter


registado naquele período devido à evolução registada no capitalismo. O capitalismo tinha
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evoluído da situação de livre concorrência para capitalismo monopolista. Uma das


características desta fase é a exportação de capitais, em oposição à situação anterior em que
se exportavam mercadorias. A ocupação efectiva de África ocorre dentro da necessidade de
garantir a segurança dos capitais que iam sendo investidos;

 Psicológico: É um conjunto de ideias que justificam a partilha de África com a


concretização de um princípio que defende a superioridade da raça branca sobre as demais.
São psicológicas porque esta superioridade existe apenas na concepção dos que assim
acham. Resumiremos de seguida três vertentes deste grupo;
 Darwinismo: A obra de Charles Darwin sobre a origem das espécies por meio de selecção
natural defendia que os indivíduos mas fortes sobreviviam em detrimento dos mais fracos.
Assim, os seguidores de Darwin iam justificando a conquista das raças não evoluídas pela
raça superior, invocando a sina da “selecção natural” em que o forte domina o fraco na luta
pela existência. Para eles, a partilha da África punha em destaque esse processo natural e
inevitável.

 Cristianismo evangélico: Para o cristianismo evangélico, a teoria de Darwin sobre a


origem das espécies era uma autêntica obra do diabo, mas aceitou as implicações racistas
da obra. Sustentava-se a necessidade de conquista e partilha de África por razões
filantrópicas e humanitárias. Em certas partes de África foram os missionários que
prepararam o terreno para a conquista imperialista.

 Atavismo Social: É uma concepção sociológica segundo a qual a tendência natural do


Homem é de dominar o próximo pelo simples prazer de dominar. Assim, o imperialismo
seria um egoísmo nacional colectivo, isto é, a disposição, sem nenhum objectivo, que um
estado manifesta de expandir-se ilimitadamente à força. As teorias psicológicas, embora
possuam algumas verdades que ajudam a compreender a partilha de África, não apresentam
uma justificação conveniente sobre o porquê da partilha naquele exacto período.
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 Diplomático: Trata-se de um conjunto de teorias que apresentam razões puramente


políticas para a partilha de África naquele período. Podem ser subdivididas em três, a
saber: prestígio nacional, equilíbrio de forças e estratégia global.
 Teoria da Dimensão africana: As teorias anteriormente descritas abordam a África na
perspectiva europeia, que a encaram como mero objecto à inteira disponibilidade do sujeito
europeu. Por outras palavras, factores eminentemente europeus são, na perspectiva das
abordagens anteriores, determinantes para a partilha sem reservar algum espaço que aborde
a atitude africana como factor contribuinte para a partilha de África.

Conquistas e resistências à ocupação colonial em Moçambique -1894-1913


Para o início das guerras de conquista colonial, Portugal enviou para Moçambique importantes
contingentes militares, entre 1894 e 1901. Foram 12 expedições militares enviadas para
Moçambique, que inicialmente se instalaram no sul do país para desencadearem guerras de
ocupação colonial.

.Conquista na Zona sul de Moçambique


A conquista do sul de Moçambique iniciou-se com a derrota dos reinos revoltosos de Lourenço
Marques (1894-1895), a 2 de Fevereiro de 1895, na Batalha de Marracuene. Esta data é
actualmente comemorada com uma festa denominada Guaza Muthini, na vila de Marracuene.

A 8 de Setembro de 1895, deu-se em Magul (próximo da Vila da Macia, na Província de Gaza)


uma grande batalha militar entre as tropas de Ngugunhana e, em Setembro do mesmo ano, Xai-
Xai e Bilene foram submetidos à dominação portuguesa.

A 7 de Novembro de 1895, em Coolela, perto de Manjacaze, deu-se uma grande batalha militar
entre uma coluna do exército português e o exército de Gaza. Manjacaze, a capital do império de
Gaza, foi depois incendiada. A 28 de Dezembro de 1895, em Chaimite, Ngungunhana foi preso
pelas tropas Portuguesas, tendo sido deportado para o arquipélago dos Açores, onde morreu
em1906.

Depois da batalha de Coolela , Manguiguana Cossa, comandante de todo o exército do Império


de Gaza desde 1894 fixou-se em Guijá, onde organizou a população para a luta conta a ocupação
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colonial. Conseguiu eliminar o Posto de Paule, local onde se encontrava instalado o pessoal da
Administração colonial.

Em Mocotene, entre Chibuto e Chaimite, as tropas de Maguiguana foram vencidas e este retirou-
se em direcção à actual África do Sul. No trajecto foi cercado por uma coluna de soldados
coloniais. Morreu em combate a 21 de Julho de 1897. Com este evento terminou a resistência
armada no sul de Moçambique.

Conquista na zona centro de Moçambique


A conquista da zona centro do país raramente foi levada a cabo pelo exército regular português.
Nesta região, os portugueses aproveitaram-se da melhor forma as intrigas, usando os senhores
dos prazos e os cipaios contra os inimigos do Estado português e das companhias aí instaladas.
Dentro desta filosofia, foram dominados os últimos prazos recalcitrantes: Gorongosa em 1897,
Maganja da Costa em 1898 e Macanga em 1902. Foi igualmente destruído o último Estado de
base zambeziano, o Estado de Bárue, em 1902, e a principal família real, Macombe Hanga e
muito dos seus principais conselheiros fugiram para a Rodésia do sul, onde permaneceram sob
constante vigilância britânica.

Conquista na Zona Norte


Para facilitar a compreensão da conquista militar na zona norte do país, vamos enquadra-la em
duas zonas: Nampula, Gabo Delgado e Niassa. A razão principal desta subdivisão perde-se com
o facto de a actual província de Nampula ter estado sob a administração directa do Estado
português, e cabo delgado e Niassa terem estado sob a administração da companhia do Niassa,
uma companhia majestática. Por esta razão, os esforços de conquista militar foram levados a
cabo pelo Estado português em Nampula, enquanto em cabo delgado e Niassa foram,
inicialmente, da inteira responsabilidade da companhia do Niassa.

Conquista da província de Nampula


A conquista militar na actual província de Nampula não foi fácil. As tropas portuguesas
revelaram-se mal preparadas para fazer a guerrilha dos Suahilis e Macuas. Enfrentaram grandes
dificuldades entre 1896 e 1898, apesar de muitos reforços recebidos, ao ponto de o seu
comandante, o famoso Muzinho de Albuquerque ter se demitido a 10 de Julho de 1898.
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Campanhas de conquista militar reiniciaram em 1906. Sem grande resistência, a zona norte da
província de Nampula foi neste ano dominada, tendo sido instalados postos militares de
Namissoco, em Mecuburi (17 de Junho de 1906) e o posto de Niveta, no rio Lúrio (10 de Agosto
de 1906).Na zona sul e no interior de Nampula, as guerras de conquistas terminaram em 1910.
Com o estabelecimento de um posto militar no interior de Imbamela e a conquista de Angoche.
Farelay, centro da resistência em Angoche foi capturado e deportado para Guiné.
Na região centro de Nampula, na Capitania-mor de Mussuril, onde estavam instalados os grandes
a muenes macua, isto é, os chefes das linhagens como Suali Bin Ali Ibrahimo, cognominado
«Marave», o Xeicado de Sancul, de Quitangonha e dos Namarrais, a conquista não foi fácil. Para
pôr fim à acção destes reinos e xeicados, os portugueses instalaram um posto militar em
Nameluco em 1906. Em 1908 as tropas portuguesas instalaram-se em Ribaue. Em 1909, foi
conquistado Marrupula. As guerras de conquista militar portuguesa terminaram, em Nampula em
1913 com a dominação dos Namarrais (25 de Janeiro de 1913) e Itaculo (11 de Fevereiro de
1913), em que treze régulos, incluindo Marrua-Muno (Namarrais) e Mocuto-Muno (Itaculo)
foram presos.
Conquistas nos Territórios de Cabo Delgado e Niassa
Foi em 1899 que uma verdadeira Guerra apareceu no extremo norte do país. Até essa altura, os
Ajauas, chefiados pelo Mataka Bonamali conseguiam pôr em causa os interesses da companhia
do Niassa e, através de incursões a Niassalândia para a captura de escravos, os interesses dos
britânicos.
Para por fim a esta situação, defrontaram-se em 1899 uma ofensiva conjunta entre as tropas
portuguesas e britânicas sediadas em Niassalândia. As tropas portuguesas partiram de Lourenço
Marques e se concontraram na Zambézia. A 19 de Outubro de 1899, Mwemba, a capital de
Ajauas, já abandonada, foi incendiada. A 3 de Novembro do mesmo ano, depois de várias
incursões militares em que muitas povoações Ajauas foram incendiadas, mas sem a rendição das
chefias, a coluna militar, desgastada, retornou a Zambézia.
Em 1908, pôs portugueses reiniciaram a conquista no território da companhia do Niassa. Nesse
ano foi dominada a região adjacente ao litoral do antigo Conselho do Ibo. Em 1909, foram
dominados os Conselhos de Quissanga e Pemba. Em Agosto de 1910 foi ocupado o interior do
Conselho de Muconjo.
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A 7 de Outubro de 1912, Mataka Chisoga, sucessor de Mataka, foi vencido e, a 8 de Outubro do


mesmo ano, Mwemba, a capital, foi atingida e tudo foi saqueado e queimado. Mataka refugiou-
se em Tanganhica. Os portugueses fizeram eleger um novo Mataka, o sexto deste nome, com o
nome Mataka Solange que colaborou com a companhia. Entretanto, no decurso da I Guerra
Mundial, a situação militar se determinou para Portugal com a revolta dos Macondes em Cabo
Delgado.

Formas da resistência: Houve diversas formas de resistência que podem ser enquadradas em
duas grandes categorias: armada e não armada. Acerca da resistência armada, a revolta Bárue de
1917⁄ 8 é o exemplo mais significativo por ter conseguido mobilizar e abarcar extensa área em
redor do rio Zambeze.

A par da resistência não armada pontificam as emigrações para áreas de menor influência
colonial, o não pagamento de impostos, a recusa em praticar culturas forçadas ou praticas que
induziam as autoridades a desistirem da prática de certa cultura forçada em certos povoados.
Isaacman e outros, abordando a resistência contra a cultura do algodão na região do Búzi
ocorrida em 1947 disse:

«7.000 Mulheres recusaram-se a aceitar as sementes que o administrador tinha mandado


distribuir. Elas argumentaram que, os seus homens ausentem a trabalharem nas plantações de
Sena Sugar, não havia nem tempo, nem mão-de-obra suficiente para produzir o algodão e comida
em quantidade suficiente».

Revolta Báruè de 1917⁄ 8Como exemplo claro de resistência armada, pode-se destacar a revolta
Báruè de 1917⁄ 8. Entre as causas desta revolta pontificam-se as formas de opressão muito graves
relacionadas com o decurso da I Guerra Mundial. Na verdade, em 1914 as autoridades mandaram
construir uma estrada atravessando a terra dos Báruè, ligando Tete e Macequece (vila de
Manica). Para esse empreendimento, as autoridades contavam quase exclusivamente com o
trabalho forçado. Para conseguir tal mão-de-obra, os cipaios atacavam periodicamente aldeias
Báruè e todos os detidos eram obrigados a trabalhar na estrada, sob condições de fraca
exploração que nem alimentação lhes era garantido, obrigando os seus parentes a percorrerem
grandes distâncias para lhes levarem comida. Por outro lado, os cipaios violentavam
frequentemente raparigas e mulheres obrigadas a trabalharem na estrada.
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Em 1916, Portugal decidiu recrutar cinco mil soldados e carregadores para lutar contra a
Alemanha que invadira o norte do país até Murrumbala. Na tentativa de conseguir o número de
homens desejados, Portugal desencadeou recrutamento forçado, o que precipitou a revolta:
‹‹Todos os nossos filhos são apanhados e mandados embora como soldados… Para onde não
sabemos. Quando são levados, regressam umas vezes dentro de 3 ou 4 anos, outras nunca mais
voltam. Nunca sabemos se estão vivos ou mortos. Todos os homens que trabalham na estrada
Tete-Macequece, sem qualquer remuneração, foram sujeitos a uma escolha e os mais fortes
foram levados pelos cipaios para Tete, onde foram embarcados Zambeze abaixo para um destino
desconhecido. Centenas foram já levadas este ano. Se não nos tivéssemos revoltado, eu próprio e
outros teríamos sido levados. Ninguém teria ficado››.

Razões da derrota dos reinos em Moçambique


As rivalidades intrínsecas entre os reinos em Moçambique impediram a constituição de um bloco
único e sólido contra a conquista colonial. Aliás, não existia uma posição que se considerasse
nacionalista. O interesse de cada reino era soberano dentro das suas fronteiras, havendo
preocupação de cada reino defender os seus interesses, dentro do seu domínio, não hesitando em
se aliar ao invasor se isso fosse considerado alternativa para manutenção do seu poder.

O período da dominação colonial em Moçambique e o movimento de libertação Nacional


Na unidade 4 do nosso manual de História vão abordar-se as temáticas relacionadas com a
dominação colonial que terminam com as lutas de libertação nacional. A resistência dos
moçambicanos, o nacionalismo económico do Estado Novo, os heróis da libertação nacional e a
criação da FRELIMO serão alguns dos tópicos desenvolvidos nas próximas páginas.

Colonização e teorias de resistência


A colonização moderna em África teve lugar desde o século XV até metade do século XX e a
Europa foi a sua promotora.

O desenvolvimento da colonização nas suas formas modernas resultou, em primeiro lugar, de


um progresso das técnicas de navegação. Depois, quando se conheceu terras longínquas
alcançáveis por mar, promoveu-se a indústria e o comércio. Por um lado, obtiveram-se as
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matérias-primas essenciais à indústria e, por outro, dinamizaram-se os mercados ao colocar os


novos produtos manufacturados à venda.

As teorias de resistência segundo Terence O. Ranger


Desde há muito que se debate o fenómeno colonização. Para alguns estudiosos a colonização foi
necessária para educar ou fazer evoluir as populações indígenas de modo a alcançarem o nível
civilizacional dos povos ocidentais. Esta linha de pensamento serviu para justificar que a raça
branca era moralmente superior às outras. Com isto, legitimava-se toda a acção agressiva e de
humilhações contra as populações indígenas.

Outros estudiosos são contrários a essa interpretação. Terence Osborn Ranger é um desses
intelectuais. A teoria das resistências africanas do Professor Terence Ranger assenta nos
seguintes três aspectos:

 A resistência africana foi importante na luta contra a dominação estrangeira. Provou que
os africanos nunca se haviam conformado com a ocupação europeia;
 A resistência africana longe de ser desesperada ou ilógica, foi muitas vezes movida por
interesses ideológicos racionais e inovadores;
 Os movimentos de resistência não foram insignificantes. Pelo contrário, tiveram
consequências sentidas até à actualidade.

A importância e consequências das resistências


Na realidade, o que movia as lideranças africanas a lutarem contra a presença europeia? Porque
era importante resistir à colonização europeia?

Na essência as resistências eram a luta pela defesa da soberania, a protecção da própria cultora,
do direito de se autogovernar e da defesa da religião.

A colonização, ao atacar a soberania e a autonomia dos povos africanos, teve várias


consequências. Os povos autóctones consideravam os europeus invasores e povos profanos da
governação. Esse sentimento de desconfiança e descrédito ajudou a fomentar as resistências. As
resistências africanas, ao nunca terem sido sossegadas nem suplantadas, possibilitaram a
emergência dos movimentos de libertação nacional no século XX.
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O colonialismo português em Moçambique, de 1890-1930


Após a Conferência de Berlim, realizada em 1885, surgiram novas regras de relacionamento
entre as potências europeias e os territórios colonizados. Portugal, a potência europeia, e
Moçambique, o território colonizado, sofreram por isso uma mudança de relacionamento.

Houve a delimitação de fronteiras, a ocupação militar, a montagem do aparelho administrativo


do Estado colonial e o estabelecimento de um sistema económico colonial.

A 2.ª corrida a África (revisão)


No século XIX, verificou-se o aumento da produção industrial, resultado do uso crescente de
máquinas modernas na indústria. Países como a Inglaterra, primeiro, e depois a Franca, a
Bélgica, a Alemanha e o Estados Unidos da América e o Japão, desenvolveram-se graças a
Revolução industrial e à acumulação de capitais. O aumento da produção permitiu a descida dos
custos e o consequente aumento dos lucros. Os industriais que acumulavam esses lucros tinham,
por isso, capital para poder investir. África surgiu como uma boa hipótese de investimento.

Com o desenvolvimento cada vez maior das indústriais, crescia a necessidade de obtenção de
matérias-primas. De modo a facilitar uma ininterrupta produção industrial, esses capitalistas
começaram a investir em África, onde iam buscar matérias-primas, mas também podiam lá
escoar os seus excedentes industriais.

Assim, em plena Revolução Industrial, verificou-se uma corrida a África, às suas riquezas
naturais e aos seus mercados. Portugal não tinha tanto capital como as demais potências, mais
também foi protagonista nesta corrida. E dirigiu-se as suas colóniais, das quais se destacaram
Angola e Moçambique.

As viagens de exploração
Com a evolução capitalista resultante da grande evolução industrial na Europa, tornou-se
inevitável a divisão de África entre as grandes potências coloniais e imperialistas. A expansão e a
anexação de territórios em África foram, regra geral, precedidas da realização de viagens de
reconhecimento ou exploração efectuadas por aventureiros e missionários europeus, sob o
patrocínio de organizações científicas e filantrópicas.
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Na zona do actual território de Moçambique destacaram-se alguns viajantes e aventureiros:


David Livingstone, Stanley e Silva Porto.

 O missionário Inglês David Livingstone que, entre 1840 e 1873, em sucessivas viagens,
deslocou-se ao longo do curso do rio Zambeze, no Lago Niassa e na região de Tanganhica,
atingindo as nascentes do rio Zaire.
 Stanley que em 1871 saio de Zanzibar em direcção ao lago Tanganhica à procura de
Livingstone;
 Atravessou a África Equatorial da Costa oriental - Zanzibar à costa Ocidental-até a foz
do Zaire, entre 1875-1877.
 António Francisco Ferreira da Silva Porto (Porto, 24 de Agosto de 1817- Quinto, 2 de
Abril de 1890) foi um comerciante e exportador português que se notabilizou no interior
de África. Parece ter sido o primeiro a fazer a ligação entre Alto Zambeze e Angola, entre
1852-53.

Depois de Da Silva Porto, destacaram-se dois aventureiros portugueses em território


moçambicano. Graças ao êxito da expedição de 1877 (Brito Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto
exploraram as bacias de Zaire e do Zambeze), Brito Capelo e Roberto Ivens foram nomeados
para uma segunda viagem, cujo o objectivo era encontrar uma via de comunicação entre Angola
e Moçambique. Assim, estes exploradores saindo de Moçâmedes atravessaram o continente na
zona austral e chegaram a Quelimane sete meses depois.

Estas viagens de exploração começaram a interessar a muitas associações que eram designadas
por científicas e filantrópicas, criadas com o objectivo de promover a exploração e conhecimento
da civilização africana. Destas, o destaque vai para a que se centrou no estudo do território
moçambicano, a Sociedade de Geografia de Lisboa, criada em 1875.

A Conferência de Berlim (1884-1885)


 Antecedentes da Conferência: O domínio industrial e comercial por parte da Inglaterra
no período entre 1850-1900 começava a ser ameaçado pelo poder industrial crescente das
novas potências: a Alemanha, a Bélgica e a França ao nível da Europa, os EUA no
continente americano e o Japão no extremo asiático. Esta disputa obrigou o Governo
Inglês a ter uma intervenção mais activa ao nível do Estado para a defesa dos seus
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investimentos, do seu sistema de comércio externo e para proteger os locais de aquisição


de matérias-primas, isto é, África.

A acção do Estado Inglês em relação a África foi manifestada através de vários mecanismos. As
tensões entre as potências cresceram com a Alemanha a apoderar-se de algumas zonas
estrategicamente importantes na costa ocidental de África, a Namíbia, e na Oriental, Tanganhica.
Antes da realização da Conferência, Portugal tinha algumas possessões em África que precisava
defender, uma das mais importantes era Moçambique.

Foi neste contexto de tensões e pretensões sobre África que se convocou a Conferência de
Berlim. A Conferência

O convite do Governo imperial alemão, no dia 15 de Novembro de 1884, em Berlim, as nações


colonialistas e imperialistas reuniram-se numa conferência que viria a durar até 25 de Fevereiro
de 1885. Objectivo geral desta conferência era arbitrar as questões coloniais entre as várias
potências: França, Alemanha, Áustria e Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,
Grã-Bretanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Rússia, Suécia, Noruega e Turquia. Pode
acrescentar-se que o objectivo específico era definir a liberdade de comércio nas bacias do
Congo e do Níger, bem como as novas ocupações de territórios na costa Ocidental de África.

Após a realização da Conferência de Berlim as potências obrigaram-se a proteger por meio do


uso de autoridade os seus territórios. Com isto determinaram o início da ocupação efectiva (art.
35.º). As potências só tinham direito às terras que efectivamente pudessem proteger e tutelar.
Para além disso, determinou-se que as bacias do Congo e Níger eram internacionais.

Ao serem obrigadas a ocupar e defender os seus territórios, as potências voltaram-se para as


coloniais a fim de as ocuparem e se possível estenderem-se às regiões limítrofes. Portugal não foi
excepção. Prontamente, a monarquia Portuguesa tentou ocupar o mais possível as suas coloniais,
sobretudo as mais ricas, Angola e Moçambique. Em 1914, menos de vinte anos depois da
Conferência, as potências já se tinha apoderado de quase toda África.
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O papel específico de Portugal na penetração Imperialista em Moçambique


Portugal foi desde sempre foi um país com baixa demografia. Sempre foi manifesta a dificuldade
em povoar as terras conquistadas. E, depois da Conferência de Berlim, na qual Portugal se
obrigou a ocupar efectivamente Moçambique, esse problema agudizou-se.

A presença Portuguesa em Moçambique, antes da Conferência, por volta de 1870, limitava-se ao


vale do Baixo Zambeze e a uns poucos povoados costeiros. Os chefes locais, isto é, os xeques
Swahili, os reis africanos e os senhores dos prazos independentes exerciam o poder político nas
suas áreas administrativas com pouca preocupação pela presença da soberania portuguesa na
região.A situação alterou-se depois de realizada a Conferência de Berlim de 1884-1885. Portugal
teve de tomar medidas urgentes que lhe garantissem o cumprimento do aprovado na Conferência,
caso contrário poderia perder as suas terras. Segundo as deliberações de Berlim, Portugal:

 Devia, em primeiro lugar, penetrar nas áreas reclamadas;


 E, em segundo lugar, devia promover um desenvolvimento económico concreto nos
territórios coloniais.

Para fazer face a este grande desafio, a política imperialista portuguesa assumiu dois aspectos:

 Devia continuar com as acções conducentes a concretizar a ocupação efectiva através de


expedições militares contra os reinos africanos, estados militares e prazos;
 Tinha de continuar com programas de desenvolvimento económico da colónia de
Moçambique.

Para Portugal, esta tarefa representou um grande problema devido à situação financeira que
vivia. O estado Português em 1891 declarou a bancarrota, o que inviabilizava de fazer quaisquer
investimentos.

Como forma de atrair investimentos para capitais para o desenvolvimento de infra-estruturas de


transporte e levar a cabo um desenvolvimento de uma agricultura de plantação, Portugal teve de
conceder 2⁄ 3 do território moçambicano a vários capitalistas e às companhias de exploração.
Esta foi a única forma encontrada por Portugal para promover exploração e administração do
território de Moçambique.
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Sob o controlo directo do Estado só ficaram a actual província de Nampula e o Sul do rio Save,
parte de Tete e da Zambézia. A exploração económica destas zonas de Moçambique consistiu na
exportação de mão-de-obra para as minas da África do Sul, sobre tudo do Transvaal.

A corrida imperialista e a delimitação das fronteiras de Moçambique


Depois da conferência de Berlim, 1884˗85, Portugal teve de ocupar efectivamente as suas
colónias, entre elas Moçambique. A corida imperialista a Moçambique pressupôs campanhas
militares também a delimitação das fronteiras.

As campanhas militarem e a ocupação de Moçambique


Desde 1875, e principalmente após 1885, até 1920 foi um período de expedições militares
designadas por campanhas de pacificação, de ocupação do território, bem como de instalação
do aparelho do Estado colonial. Este processo foi lento, violento e durou mais de duas décadas.

Contudo, as populações moçambicanas resistiram pela defesa da sua soberania, independência e


valores culturais. A resistência dos moçambicanos assumiu várias formas: o confronto directo, a
aliança ou a diplomacia.

Mesmo com várias populações a resistirem e outras a encontrarem a paz por via da diplomacia e
dos acordos, registaram-se batalhas e guerrilhas sérias e cruéis entre os povos de Moçambique e
os portugueses.

No final, os portugueses acabaram por vencer, fruto das seguintes razões:

 As intrigas, os conflitos e as clivagens entre diferentes reinos e estados moçambicanos


favoreceram os portugueses que falavam a uma só voz;
 O exército português tinha armamento tecnologicamente mais avançado, sobretudo a
partir de 1895;
 O exército português tinha recursos financeiros e alianças com ouros povos que lhe
permitiam recrutar colaboradores para as missões militares em Moçambique ( tropas de
Angola, Inhambane, Lourenço Marques e Norte de Moçambique, e ainda o reforço de
trinta mil soldados Nguni, além do auxílio da Rodésia e Nissalândia).
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No meio de campanhas de pacificação sangrentas, convém destacar a resistência dos


Namarrais. Apesar da grande ofensiva de Mouzinho de Albuquerque em 1896, os Namarrais só
seriam vencidos em 1913. Os prazos também tiveram a mesma bravura e foram igualmente
difíceis de vencer. Massingir sucumbio em 1897, Gorongosa em 1897, Maganja da costa em
1898 e Macanga em 1902.

Outro bravo Estado era o Estado de Gaza. Este foi destruído completamente entre 1895 e 1897,
quando o guerreiro Maguiguane, general do exército Nguni e fiel de Gungunhana, foi morto
pelas tropas portuguesas. Marcava o fim da resistência no Sul de Moçambique. A partir desta
data o Sul de Moçambique deixou de ser um problema militar.

A delimitação das fronteiras moçambicanas


Com a necessidade de aplicar o princípio da ocupação efectiva do território, a delimitação de
fronteiras tornou-se uma questão de legitimação por parte de Portugal sobre a posse dos
territórios em África, depois da Conferência de Berlim de 1884-85. E assim começou o início de
uma verdadeira corrida para África, neste caso específico para Moçambique.

As expedições ou viagens de exploração realizadas por geógrafos e aventureiros ao serviço de


Portugal a partir de 1888 tinham como um dos objectivos alargar o território português e suas
zonas de influência para o interior de Moçambique. Ao alargar o território moçambicano, as suas
fronteiras foram necessariamente alteradas. No entanto, a delimitação das fronteiras não foi uma
questão linear nem simples.

A fronteira sul de Moçambique ficou resolvida em 1872, quando Portugal e Inglaterra


concordaram em enviar à arbitragem do Presidente da República Francesa e questão da posse de
Lourenço Marques

A fronteira entre Moçambique e a Suazilândia foi delimitada em 1888, tendo a comissão


formada chegado a um acordo com relativa facilidade, apesar das contestações apresentadas pelo
rei Swazi contra a delimitação na Cumeada dos Libombos.

O primeiro tratado que estabelece os limites territoriais entre Moçambique e a República de


Transvaal é assinado em Pretória no ano de 1869, entre Portugal e Transvaal. Foi estipulado que
o limite sul da baía de Lourenço Marques se estenderia entre toda a baia e se prolongaria para
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oeste até atingir os montes Libombos e seguindo a cadeia destes montes (a delimitação de
fronteiras acordada em 1891 seguio este traçado).

Quanto à região de Manica na zona central e à região de Niassa, o traçado das fronteiras foi
mais difícil e complexo, pois havia múltiplos interesses económicos em disputa nos grupos
financeiros e políticos. A zona entre o Limpopo e o Norte de Tete foi o território de grande
litígio nos anos de 1890 e 1891, onde os portugueses disputavam o controlo da mesma com os
ingleses. Este conflito obrigou a uma forte reacção britânica, o Ultimato inglês, apresentado a 11
de Novembro de 1890. Este ultimato abalou Portugal e as suas instituições, o que obrigou as
autoridades portuguesas a iniciarem um diálogo com a inglaterra a fim de redigir um acordo de
fronteiras na região de Manica e Niassa. As tensões nesta região agravaram-se devido às fortes
pretensões de Cecil Rhodes que, com a sua companhia ˗ Bristish South Áfrican Company-
BSAC ˗ cobiçava enormes áreas do rico território de Manica.

A montagem do Estado Colonial


A montagem do Estado colonial em Moçambique não foi simples nem linear. No início
debateu˗se com resistências e depois surgiram problemas de ordem administrativa e económica.
António Enes e Aires d’Ornelas são duas das figuras que mais contribuiram para a montagem
deste aparelho de Estado. Contudo, a montagem do Estado colonial não foi alheia à queda da
monarquia e ao início do Estado Novo em Portugal.

A primeira reforma administrativa de Moçambique veio de António Enes emviado como


comissário régio para Moçambique. A sua tarefa era tornar efectiva a ocupação portuguesa a
autoridade em todo o espaço territorial de Moçambique. Enes defendia a necessidade de
mudanças no sistema de administração colonial no território, apoiando˗se na proposta de
descentralização.

Descentralização, leis do trabalho forçado e do regime de trabalho contratado


Para Enes os conselhos deviam ser substituídos por circunscrições civis ou comandos militares,
mas apenas nas zonas onde ainda se registavam focos de resistência.

Havia uma necessidade crescente de encontrar uma forma de tirar o maior proveito possível dos
recursos existentes na colónia. Para isso, foi necessário que as autoridades portuguesas locais
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tivessem amplos poderes para impor a autoridade e a lei aos nativos, isto é, estabelecer a
administração efectiva. E ainda criar mecanismos para o aproveitamento dos organismos
políticos tradicionais locais, para impor a força do chefe local africano e a obrigação geral do
pagamento de impostos, criando leis do trabalho forçado e do regime de trabalho contratado.
Alei do Trabalho concebida por António Enes foi o primeiro passo para a unificação
administrativa colonial.

A reorganização administrativa de 1907

A reorganização administrativa de 1907 de Aires dʼOrnelas, um dos grandes obreiros da


administração colonial em Moçambique apresentou novas propostas que surgeriam, entre outras
coisas, a ampliação dos poderes do governador, embora com alguns limites. E deliberou um
novo dispositivo legal com uma nova estrutura administrativa.

As circunscrições eram dirigidas por um administrador colonial português. Estas formas de


administração constituíam as unidades administrativas rurais fundamentais e impostas em
áreas habitadas por populações africanas.

Estas áreas eram divididas em postos, sob controlo de um chefe de posto português, o
funcionário administrativo mais próximo da população rural. Este chefe de posto controlava
através de chefes africanos, os régulos. O régulo tinha funções ambíguas. Por um lado, estava do
lado e a proteger o seu povo, mas por outro tinha de prestar contas à metrópole.

As funções dos régulos eram excencialmente:

 Colectar os impostos;
 Controlar o processo de recrutamento da força de trabalho para as plantações;
 Dirigir o trabalho de chibalo;
 Manter as vias de comunicação;
 Julgar os casos de pequena instância (milandos);
 Proteger o seu povo;
 Assegurar o controlo da produção agrícola.

Outros contributos param montagem do aparelho de Estado colonial Todo o sistema


administrativo criado tinha bem marcada a divisão entre negros e brancos. Lourenço Marques
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ganhou nesta reforma administrativa o estatuto da capital da província da colónia de


Moçambique.

Foi introduzida a carera administrativa sistemática pela qual foram atribuídos amplos poderes
aos governadores. No entanto esses governadores precisavam de ter um conhecimento dos usos e
custumes indíginas e a prática de serviço no interior do território.

Foi criada em 1902 a intendência dos negócios indíginas e emigração, cuja a função era a
cordenação de todos os assuntos relacionados com os indíginas. Algumas funções desta
intendência:

 A inventariação da mão-de-obra;
 Julgar e punir todos aqueles que fugissem do trabalho;
 Fazer a gestão de força de trabalho;
 Administrar a justiça.

Houve um grande esforço por parte das autoridades administrativas coloniais de legislar um
conjunto de regulamentos laborais destinados aos negros, naquilo que chamavam a obrigação
moral e legal dos nativos trabalharem. Foram os códigos de trabalho de 1890, 1899, 1911, 1914
e 1920.

A República em Portugal e o Estado Novo e as suas implicações no aparelho de Estado


colonial
Com o fim da monarquia constitucional em Portugal, em 1910, foi implantado o regime
republicano. A nova constituição portuguesa de 1911 recomendou a descentralização para as
províncias ultramarinas e o estabelecimento de leis especiais que servissem ao Estado de
civilização de cada uma delas.

Com a chegada ao poder do Estado Novo, a política de montagem do aparelho de Estado


colonial mudou completamente. Com o acto colonial (1930), o Estado novo centralizou o poder,
acabou com o conceito de autonomia provincial e com toda a legislação promulgada até então.
No fundo, o A acto Colonial traduziu-se numa centralização do poder concentrada no ministro
das Colónias, em detrimento da acção da Assembleia Nacional e dos governos coloniais.
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A economia colonial: características gerais


A economia colonial em Moçambique foi caracterizada por diferentes formas de actuação. As
mais importantes foram a colecta de impostos e o desenvolvimento das actividades
especulativas, tais como a concessão de terras para as actividades agrícolas, mineiras e
construções, baseadas na apropriação privada da terra.

A colecta de impostos compreendida o imposto de palhota e o imposto de mussoco que juntos


formavam o imposto indígena de todo o território. Para além destes impostos, eram também
cobrados os impostos das companhias (exemplo: imposto de Manica e Sofala e o da Companhia
de Moçambique).

O Norte e a Companhia do Niassa

O Norte de Moçambique foi explorado por uma companhia privilegiada, a Companhia do


Niassa, que abarcava os actuais distritos de Cabo Delgado e Niassa.

A companhia majestática de Niassa obteve a sua carta de exploração em Setembro de 1891, por
um prazo de 25 anos. Anos mais tarde, esse prazo foi estendido a 35 anos.

A periodização da história da Companhia do Niassa e principais acontecimentos

A história da Companhia do Niassa pode-se dividir em quatro períodos, de acordo com o grupo
financeiro que a explorava e as actividades que desenvolvia.

O papel dos grupos financeiros


Durante 38 anos (de 1891 a 1929), a Companhia do Niassa esteve nas mãos de vários grupos
financeiros. O Estado de Portugal concessionou a sua exploração económica e a promoção da
ocupação aos seguintes grupos capitalistas: um grupo de capital português; um grupo de capitais
franceses e ingleses; o Ibo Syndicate; o Ibo investment Trust; o Nyassa Consolidated; um
consórsio alemão; um grupo de capital inglês.
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Mas qual foi o desempenho destas estruturas económico-financeiras na zona de Niassa e Cabo
Delgado?

Em 38 anos, a administração da companhia mudou sete vezes de mãos e, consequentemente, de


estratégia económica e social. A constante troca/venda das acções da companhia entre os
capitalistas ocasionou focos de instabilidade entre os povos dominantes e os dominados. Nunca
houve um pensamento estratégico a longo prazo para a zona ocupada pela companhia. A
instabilidade governativa existiu desde a da sua criação.

Os grupos financeiros desempenharam o papel de ocupadores à força da terra cedida. Os


confrontos com os reinos locais foram severos.

A par de terem ocupado à força as terras do Niassa e Cabo Delgado, os grupos financeiros
desestruturam as sociedades locais. Muitos reinos desapareceram e outros milhares de
habitantes fugiram para terras fora da alçada dos invasores.

As formas de exploração desses grupos financeiros

Na sua fase inicial a companhia expressou-se como defensora do desenvolvimento da economia


da região, mas a sua influência não se espalhou mais do que alguns pontos isolados da costa. O
acontecimento mais importante foi a introdução do imposto de palhota em 1898. A partir de
1909 a Companhia passou a ser fornecedora de força de trabalho migrante, com a exportação de
mão-de-obra para as minas sul-africanas, entre outros destinos.

Entre 1919 1929, a Companhia depois de ter mudado de gestores virou-se para o aumento do
nível de cobrança do imposto de palhota como forma de aumentar os seus rendimentos,
expandindo e intensificando os abusos que sempre cometera.

Ao longo das quatro fases da companhia, a exploração não foi nem profícua para os accionistas
nem para os seus habitantes. Pelo contrário. Em três décadas, a companhia acumulou prejuizos
financeiros e sociais. A época em que teve resultados mais positivos foi quando exportou mão-
de-obra, mas isso durou pouco tempo. Com uma forte carga fiscal sobre os habitantes, muitos
emigraram, abandonando as terras ao abandono e deixando de contribuir com o imposto da
palhota, revelando-se estas algumas das consequências de uma exploração económica mal
dirigida.
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O declínio da companhia

As terras da companhia eram, de todo o Moçambique, as menos promissoras para a agricultura.


E a área não estava estrategicamente posicionada de modo a captar o capital estrangeiro
necessário. Os Yao, Macua e os Maconde, na altura da sua constituição, viviam fora da sua
influência directa e sempre resistiram à penetração da companhia. As expedições militares para
conter estes povos eram constantes e também dispendiosas.

Questionário I Guião de estudo

1. Oque é uma colónia? (segundo a antiguidade clássica)

R: Uma colónia segundo a antiguidade clássica é um conjunto de pessoas provindas de um


mesmo território e que se estabelecem noutro.

2. Como foi feita a colonização de África, em particular a de Moçambique?

R: Foram 12 expedições militarem enviadas para Moçambique, inicialmente se instalaram no sul


do país para desencadearem guerras de ocupação colonial.

3. Diga quais foram as causas que levaram os portugueses à se interessarem pela conquista da
zona Sul.

R: Os portugueses se interessaram pela conquista da zona Sul para desencadearem guerras de


ocupação colonial.

4. Quando começou a conquista da zona Sul?

R: A conquista da zona Sul começou com a derrota dos reinos revoltosos de Lourenço Marques
(1894-1895), a 2 de Fevereiro de 1895, na Batalha de Marracuene.

5. Menciona todas as batalhas da zona Sul, o ano em que se desenrolaram, o local e as causas de
cada batalha.

R: A 2 de Fevereiro de 1895 ouve uma Batalha na vila de Marracuene.


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- A 8 de Setembro de 1895, deu-se em Magul (próximo da vila da Macia, na província de Gaza)


uma grande Batalha militar entre as tropas de Ngungunhana .

- A 7 de Novembro de 1895, em Coolela, perto de Manjacaze, deu-se uma grande batalha militar
entre uma coluna do exército português e o exército de Gaza.

Quem foi Maguiguana Kossa?

R% Maguiguana Kossa foi comandante de todo o exército do Império de Gaza.

6. Descreva o seu papel para a resistência da zona Sul.

R: A resistência da zona Sul não foi nada fácil. Houve muita morte nas batalhas, porque todos
queriam se apoderar da zona. Até que o Heroi Maguiguana teve que recrutar a população civil
para lutar contra a ocupação colonial.

7. Quando Morreu?

R: Morreu no dia 21 de Julho de 1897.

8. Quem foi Ngungunhana, qual é o significado do seu nome? Em que ano foi morto?

R: Ngungunhana foi último imperador do império de Gaza.O seu nome significa Invencível.Foi
morto no dia 23 de Dezembro de 1906.

Questões relacionadas a zonam Centro

9. Qual foi o ponto fraco do reino de Báruè, que o conduziu a derrota?

R: O ponto fraco do reino de Báruè que conduzio à derrota foi a via de acesso feita pelas
autoridades que atravessou a terra dos Báruè, ligando Tete e Macequece (Vila de Manica).

10. Quem foi o chefe do Báruè entre 1870-1892?

11. Báruè representava uma séria ameaça aos interesses portugueses.


a) Porque assim se afirma?

R: Assim se afirma porque Báruè não queria que os portugueses ocupassem as teras.
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b) Quais foram os líderes de resistência na Zona Norte?

R: Os líderes de resistência na zona norte foram: Mouzinho, Suali Bin, Ali Ibrahimo, Mataka
Bonamali, Mouzinho de Albuquerque e Farlay.

12. Quais foram as causas da revolta de Báruè?

R: As causas da revolta de Báruè foram a resistência armada.

13. Qual foi a causa imediata da revolta de Báruè?

R: A causa imediata da revolta de Báruè foi a forma de opressão muito grave relacionada com o
decurso da I Guerra Mundial.

14. Fale da aliança pom-étnica e multi-étnica no reino de Báruè.

R% A aliança pom-étnica e multi étnica no reino de Báruè foi muito violenta porque os cipaios
violentavam frequentemente raparigas e mulheres obrigadas a trabalharem na estrada.

Questões sobre a resistência no Norte de Moçambique

1. Ao falar da resistência na zona norte, sempre temos que dividi-la em 2 partes para podermos
compreender melhor.

a) Qual é a razão deste procedimento? Ou desta divisão?

R: A razão desta divisão prende-se com o facto de a actual província de Nampula ter estado sob
a administração directa do Estado português, e Cabo delgado e Niassa terem estado sob a
administração da Companhia do Niassa.

2. Qual foi a tática de resistência usada pelos Suahiles e Macuas, dificultando a penetração
portuguesa? R: A tática de resistência usada pelos Suahiles e Macuas, dificultando a penetração
portuguesa foi de procura r muitos reforços. Por isso eque as tropas portuguesas enfrentaram
grandes dificuldades.

3. Diga de que regiões de Nampula eram os seguintes chefes de resistência: Mouzinho de


Albuquerque, Farlay, Suali Bim, Alí Hibraimo, mais conhecido por Marave

R% Mouzinho de Albuquerque: era da zona norte da província de Nampula (Mecuburi).


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- Farelay: Era do centro de Angoche.

- Suali Bin, Alí Ibrahimo eram da região centro, na capitania-mor de Mussuril.

1. Quais foram outros chefes de resistência da Nampula para além de dos acima mencionados,
quais foram as suas contribuições e a que região pertenciam?

R: Outros chefes de resistência de Nampula para além dos acima mencionados foram: Marrua-
Muno e Mocuto-Muno.

2. Qual foi o último foco de resistência em Nampula?

R% O último foco foi o negócio lucrativo (procura de melhores condições de vida ).

3. Quem foi Marrua-Muno? E Mucuto Muno?

R% Marrua-Muno (Namarrais)

Macuto-Muno (Itaculo). Eles foram régulos

Questões relacionadas à resistência em Cabo Delgado e Niassa

1. Qual dos chefes ajaua, dificultou a presença portuguesa nos territórios de cabo Delgado e
Niassa?

R% Foi o Chefe Mataka Bonamali.

2. Descreva as batalhas travadas, datas e local, bem como os envolvidos nos conflitos que
provocam as batalhas.

R% A 19 de Outubro de 1899, Mwemba, a capital de Ajauas foi incendiado numa Batalha. E a 3


de Novembro de 1899 depois de vários conflitos a coluna militar desgastada retornou a
Zambézia.

 A 7 de Outubro de 1912, Mataka Chisonga, sucessor de Mataka foi vencido na capital


Mwembe.
 Em Agosto de 1910 foi ocupado o interior do conselho de Muconjo.
 Em 1909 foram dominados os conselhos de Quissanga e Pemba.
 Em 1908, os portugueses reiniciaram a conquista no território da Companhia do Niassa.
3. Porquê as tropas portuguesas tiveram que se juntar com as tropas britânicas contra os Ajaua?
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R: Tiveram que se juntar com as tropas britânicas porque os ajauas tinham um bom exército e
eles não queriam ser derrotados.

5.Quais os nomes dos Matakas reinantes?

R: Os nomes dos Matakas reinantes: Mataka Bonamali, Mataka Chisonga e Mataka Solange.

6.Qual dos Matakas colaborou com a companhia do Niassa?

R: O Mataka que colaborou com a companhia do Niassa foi Mataka Bonamali.

4. Qual foi a razão que levou Mataka a colaborar?

5. Quando foi fundada a companhia do Niassa?

R: A companhia foi fundada em 1891.

6. Quais foram os grupos financeiros representantes desta companhia?

R: Os grupos financeiros foram a cobrança do imposto da palhota; A emissão de selos; O


monopólio de taxas aduaneiras e alfandegárias.

7. Qual foi o papel dos grupos financeiros?

R: Os grupos financeiros desempenharam o papel de ocupadores à força da terra cedida.

Questões sobre o traçado das fronteiras Moçambicanas

1. Mencione os conflitos que levaram ao traçado das fronteiras Moçambicanas.

R: Os conflitos que levaram foram que depois da conferência de Berlim,1884-85, Portugal teve
de ocupar efectivamente as suas colónias.

Em 1885, até 1920 foi um período de expedições militares designadas por campanhas de
pacificação, de ocupação de território, bem como de instalação do aparelho do Estado colonial.

2. Quando foram traçadas as fronteiras Norte, Centro e Sul?

R: Foram em 1884 a 1885.

3-Descreva os limites fronteiriços de Moçambique (Norte, Centro e Sul)

R: Moçambique faz fronteira na região sul com África do sul, ao norte com a Tanzânia e ao
Centro com Malawi e Zimbabwe.

4-Quem foi Mac Mahon?


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R: Mac Mahon foi um militar e político francês que alcançou a patente de Marechal e foi o
Presidente da França de 1873 até 1879 na Terceira República Francesa.

5-Em poucas palavras fale da Montagem do sistema colonial, quando? Como foi feita, porque foi
feita? E características gerais.

R: A montagem do sistema colonial em Moçambique não foi simples nem linear, no início
debateu-se com resistência e depois surgiram problemas de ordem administrativa e económica.
Foi feita de uma maneira muito difícil, foi preciso da contribuição das duas figuras públicas,
nomeadamente: António Enes e Aíres dʼOrnelas.

Conclusão
Concluo que A conquista do sul de Moçambique iniciou-se com a derrota dos reinos revoltosos
de Lourenço Marques (1894-1895), a 2 de Fevereiro de 1895, na Batalha de Marracuene. Esta
data é actualmente comemorada com uma festa denominada Guaza Muthini, na vila de
Marracuene .Contudo desejo uma boa percepção por parte dos leitores.
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Bibliografia
DE JESUS, Telesfero .historia 12ª classe. 1ª edição longman.Maputo

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