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OS ESTADOS MILITARES DO VALE DO


ZAMBEZE
HISTORIA DE MOCAMBIQUE

Discentes: Armando Daniel Benzane


José Lopes Jovo

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Os Estados Militares do Vale do Zambeze

 A abolição do sistema prazeiro pelos decretos régios de 1832 e


1854 criou condição para a emergência dos Estados Militares do
Vale de Zambeze que se dedicaram fundamental ao tráfico de
escravos, mesmo após a abolição oficial da escravatura em1836 e
mais tarde em 1842. Também ouve o fim do sistema politico s
região da Zambézia, criou-se um Vazio de Poder que foi sendo
preenchido por vários estados emergentes e a decadência de
muitos estados ou centros de poder económico naquela região.

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Origem e Formação

 Estes estados começam a surgir entre 1820 e 1860, quando decide-se criar
bases para uma restauração do poder económico e politico do vale do
Zambeze. Dessa reestruturação e dos escombros dos antigos estados e
chefaturas do vale, originam os estados militar uma versão actualizada
complexa e amplificada dos antigos prazos.

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Os Estados Militares

 A expressão Estados militares é um termo usado para captar a enorme


militarização da empresa de caça e uso de escravo com sua fortificação-mãe
(Aringas), fortificações outras secundárias, que possuíam exércitos militares
de cativos chamados (Achicundas), palavra originária do verbo Shona que
significa (Kukunda), o que significa vencer, os tais eram armados de
mosquetes e com espingardas de carregar na boca, estes estados militares
viviam essencialmente do comércio de escravos e em menor escala do
comércio de marfim. 

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Principais estados de vale de Zambeze

 Estado de Macanga
 Estado de Macanga: situado a norte de Tete, fundado por Gonçalo Caetano Pereira. Que
tinha alcunha de (Dombo-Dombo), que significava terror, emigrou de Goa por volta de
1770, comerciou marfim e escravos a norte de Tete, e chegou a controlar um centro
produtor de ouro na mesma área. Teve filhos, igualmente mercadores de escravos e de
marfim. Um dos filhos ajudou o Phiri Undi nos finais do século XVIII a tentar
restabelecer a hegemonia política que perdera no Estado Cheua, enviando-lhe um
exército de A-Chicunda e grandes quantidades de munições, que contribuíram para o
Undi debelar varias rebeliões dinásticas.
 A partir de 1840, a dinastia do Caetano Pereira entra em conflito aberto com o Governo
Português em Tete, durante os reinados de Pedro Caetano Pereira, o chamado Choutama,
que veio morrer em 1849 e de Chissaca (1849/1859). Os Caetano Pereira ocuparam uma
área que anteriormente não fazia parte dos prazos.
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Estado de Massangano

 Estado de Massangano: estava situado a sul da confluência dos rios Luenha e


Zambeze. O mesmo território incluía o vale do rio Muira a sudoeste de
Tambara, As terras arrendadas em 1849 por Joaquim da Cruz, (alcunhado
Nhaúde que significa aranha). Nhaúde neto de um oficial português de origem
chinesa fez construir a sua oringa principal em Massangano com receio dos
ataques dos Nguni. Eesa fortificacao mãe passou a servir para impedir o trânsito
dos comerciantes entre Tete e Quelimane ou faze-lo funcional sob pesadas taxas
de trânsito e como base de ataque ao barue. O Governo português falhou em
varias tentativas militares que empreendeu para conquistar e destruir
Massangano, particularmente no reinado de António Vicente da Cruz,
Conhecido por Bonga que significa Gato Bravo, que governou de 1855 á 1879.
E em 1888, os portugueses conseguiram conquistar Massangano, com a
facilitação pelo facto de Barué e o território vizinho Massangano dependerem
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de Manuel António de Souza que veio de Goia cerca de 1853, e se fixou
primeiro em Sena.
Estado de Gorongosa

 Estado de Gorongosa: fundado em 1855 por Manuel António de Sousa “Gouveia”.


Dominava o sul de Zambeze entre Sena e a região de Gaza ocupada pelos Nguni. O seu
crescimento e a expansão do seu domínio deveu se, sobre tudo a estabilidade e fluidez no
interior da Zambézia.
 Estado de Massiguir
 Massiguire: Tinha como líder Paulo Mariamo Vaz dos Anjos e Fernando Vaz dos Anjos. O
seu poder estendia-se desde ao leste do rio Chire dominado território a volta de Macarabula.
 Kanyemba e Matakenya
 O estado de Canhemba e Mataquenha: Abrangiam a região a volta do Zumbo, as literaturas
referem que estes estados foram fundados por Guengue (Dona Júlia da Cruz). As actividades
de Kanyemba eram o tráfico de escravos e pilhagem, muito para lá do local da actual
barragem de Kariba. Mataquenya, liderado por José de Araújo Lobo, por cognome
Matakenya, era um zeloso colaborador e passando algum em 1878 foi nomeado Capitão-mor
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do Zumbo.
O Estado de Maganja da Costa

 O estado de Maganja da costa: foi fundado em 1862-1898, por irmãos Bonifácio Alves da
silva. Edificaram a sua principal fortalesa em Maganja da Costa e reuniram o seu
respectivo exército Chicunda. O impressionante exercita dos irmãos Alves da Silva eram
composto por ensacas de duzentos e cinquenta homens de cada um, tendo estes à frente
um capitão.  
 Estado de Makololo
 Estado de Makololo: fundado por volta de 1858 no baixo Chire, por carregadores de
Livingstone. Entre 1867 e 1870, um pequeno grupo de Makololos (imigrados com
tradições guerreiras, chegados a região dos Losi como guias e carregadores ao serviço de
David Livingstone) tomou o poder, porque tinha armas, mas sobre tudo porque soube
explorar os caos provocado pelas razias e pelas consequências da seca para recrutar
seguidores entre os Maganja e os refugiados de origem Yao. Foi este o início de
reconstrução social e produtiva que permitiu a reintegração da região no comércio legal.
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Características gerais dos estados

 As estruturas organizacionais possuíam fortalezas armadas, grandes exércitos de


Chicundas e um grande arsenal de armas modernas.
 A sua progressiva africanização, o que não é provavelmente dissociável de uma
estratégica política visando diluir a distinção entre intrusos e súbditos locais.

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Estrutura Social

 Face a estrutura social desses estados era, no fundo, a mesma com a dos antigos Prazos
onde os camponeses das mushas eram forçados a dar com regularidade uma renda em
género diversos como produtos: mel de abelha, cereais, marfim. Este imposto
denominava-se mussoco e constituíam reservatório natural de onde a aristocracia dos
estados militares retirava os escravos para os mercados Brasileiros e Cubanos.
 O controlo dos camponeses estava a cargo dos antigos Mambos e Fumos
independentes. Vigiados pelos Chuanga, Cativos que faziam o papel de “inspectores
administrativos e fiscais”. Policiando nomeadamente a entrega do mussoco. As
quantidades que cada musha devia entregar como renda eram controladas pólos nós de
uma corda.

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Estrutura económica

 A economia dos estados militares do vale de Zambeze baseava-se na


comercialização dos escravos, ou por outras, na caça do homem pelo homem,
assim como a pratica de agricultura onde os camponeses eram obrigados a
pagar um tributo em géneros diversos como, (cereais, mel, marfim), chamados
mussoco.

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Factores de decadência

 Entre 1892-1902, processa-se a destruturação dos estados militares devido aos


seguintes factores:
 Lutas entre próprios estados e entre estes os portugueses no séc: XIX,
conhecidas como “guerras do Zambeze”, que conheceram 3 fases:
 1ª Fase: entre (1846-1862), neste período, Pedro Caetano Pereira- primeiro luta
com as autoridades de Tete pelo controlo das terras a norte do Zambeze e depois
com António Vicente da Cruz pelo controlo do próprio rio.
 2ª Fase: entre (1880-1892), foi a mais complexa pois a Zambézia encontrava-se
sob fortes pressões internacionais como também reformadores colónias de
poderes europeus e dos estados africanos independentes como Barué,
chefaturas, Shona, Macuas e Nguni. Os muzungos encontravam-se perante uma
escolha, entre colaborar e resistir aos portugueses.
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Cont.

 3ª Fase: inicia com Manuel António de Sousa a ocupar Barué em 1880 e


quebrando o levante armado de Massingir.
 A intensificação da competição entre os poderes imperialistas europeus
durante o período de luta por África, puseram em causa um conflito inevitável
com os estados militares.
 O declínio dos estados secundários inicia quando Portugal congrega grandes
reforços militares e enceta em 1886, um ano depois do término da Conferência
de Congo-Berlim, a “ocupação efectiva” de Moçambique, principiando
justamente pelos poderosos Estados militares do vale do Zambeze.

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