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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

Alunas: Kauane Adrielly do Nascimento da Silva


Disciplina: História da América II
Professora: Mariana Dantas

Fichamento do texto: PRADO, Maria Lígia; PELLEGRINO, Gabriela. “Campanhas de


independência nos vice-reinos espanhóis. O horizonte republicano nos Estados nacionais em
formação.” História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. pp. 25-56.

Campanha De independência nos vice-reinos espanhóis

● O período entre 1808 e 1824 testemunhou mudanças significativas na América de


colonização espanhola, resultando no colapso do Império Espanhol na região e no
surgimento de Estados independentes.
● As mudanças na América espanhola têm suas raízes nos desdobramentos políticos e
militares europeus após a Revolução Francesa de 1789.
● Napoleão Bonaparte, comandando a França, envolveu-se em conflitos na Europa,
incluindo na Península Ibérica.
● Disputas de poder entre Carlos IV e seu filho, Fernando, enfraqueceram o governo
espanhol.
● Um encontro entre pai e filho em Bayonne, a convite de Napoleão, resultou no
aprisionamento de Fernando VII e na nomeação de José Bonaparte como rei espanhol.
● A notícia da prisão de Fernando VII e da nomeação de José Bonaparte como rei
chegou às colônias, criando dilemas sobre a legitimidade do poder real e da fidelidade
ao rei.
● Na Espanha, houve resistência ao governo estrangeiro, com levantes populares em
Madri e a organização de uma Junta Suprema Central em Sevilha para expulsar os
franceses, em 1810, os franceses também tomaram Sevilha, levando a oposição
espanhola a se refugiar em Cádis.
● A agitação política se espalhou pela América espanhola a partir de 1808, com a
formação de Juntas de governo em diversas cidades, representando as elites locais.
● Em 1810, novas Juntas surgiram, propondo medidas concretas, como a instituição do
livre comércio.
● As Juntas na América mantiveram sua lealdade a Fernando VII e adotaram uma
postura moderada em relação à independência da metrópole.
● O afrouxamento das relações comerciais entre a Espanha e suas colônias gerou
conflitos de interesses, com comerciantes espanhóis buscando restrições para proteger
seus lucros e criollos demandando o livre comércio com todas as nações.
● As reformas que aumentaram o controle da Espanha sobre as colônias dificultaram a
ascensão social e política dos criollos, aumentando seus ressentimentos em relação
aos privilégios dos peninsulares.
● As camadas mais pobres da sociedade enfrentaram opressão contínua, com tributos,
trabalho forçado e discriminação racial.
● Em 1814, com a derrota de Napoleão, Fernando VII recupera o trono espanhol,
intensificando esforços para reprimir a independência das colônias sul-americanas
● Em 1815, o General Pablo Morillo lidera uma grande expedição com 10 mil soldados
e 18 navios de guerra com destino a Caracas, marcando um período de derrotas para o
movimento rebelde.
● A repressão brutal aos rebeldes, incluindo prisões e fuzilamentos, aumenta a
insatisfação nas colônias. Os insurgentes não apenas sobrevivem, mas também
ganham força e avançam em direção à independência.
● Em 1820, a Nova Espanha e o Peru ainda não obtiveram independência, mas em cinco
anos, após a derrota definitiva dos realistas no Alto Peru, todo o continente rompe
com a metrópole
● A independência do Brasil em relação a Portugal também é destacada pelo autor
● As lideranças militares desempenham um papel crucial na luta pela independência da
América do Sul.
● Simón Bolívar e José de San Martín, generais venezuelano e argentino,
respectivamente, são destacados como figuras-chave nesse processo
● As intrigas políticas levaram Bolívar ao isolamento, resultando na fragmentação da
Grã-Colômbia em países separados: Venezuela, Equador e Colômbia
● Bolívar, O "Libertador" é reverenciado como o "maior herói nacional" da Venezuela
desde o século XIX.
● A organização das forças insurgentes contou com o apoio financeiro de ricos
comerciantes em Buenos Aires e plantadores de cacau na Venezuela.
● A participação de pessoas comuns de diversos segmentos sociais e étnicos nas fileiras
insurgentes foi crucial para a independência.
● Um grupo considerável de letrados da América, por meio de panfletos, memórias,
discursos e jornais, promoveu as ideias de independência e demonstrou sólido
conhecimento das ideias liberais.
● Afrodescendentes desempenharam um papel significativo na luta pela independência,
principalmente como soldados nos exércitos insurgentes e muitos receberam a alforria
em troca de seu serviço na luta pela independência.

A escravidão na américa Espanhola

● A escravidão de africanos na América espanhola foi uma prática comum, embora


menos dominante em comparação com as populações indígenas
● A escravidão teve importância significativa no trabalho minerador, doméstico,
agrícola, artesanal e mercantil em várias partes do mundo colonial.
● A emancipação dos escravos ocorreu gradualmente nos países da América
espanhola após a independência.

● Indígenas e mestiços também desempenharam papéis importantes nas lutas pela


independência, com destaque para o México, onde as forças lideradas pelos padres
Hidalgo e Morelos contaram com um grande número de camponeses indígenas e
mestiços.
● A rebelião de Cusco em 1814, liderada pelos Irmãos Ângulo, e a participação do
cacique Mateo Pumacahua são exemplos de como os indígenas se envolveram nos
movimentos de independência na América espanhola.

Independência do México

● Em 16 de setembro de 1810, a rebelião contra o domínio espanhol começou na


Nova Espanha, liderada por Miguel Hidalgo y Costilla
● Após vitórias iniciais sobre as forças realistas, os rebeldes foram derrotados na
Batalha de Aculco, próxima à Cidade do México.
● Miguel Hidalgo foi preso, julgado e fuzilado em julho de 1811.
● Importante destacar que Hidalgo e Morelos defenderam as aspirações dos mais
pobres, tomando medidas radicais como a abolição da escravidão negra e o fim dos
tributos indígenas.
● Morelos propôs a distribuição de terras, incluindo as da Igreja, para os camponeses.
● Após uma década de guerra, com cerca de 1 milhão de mortes e sérios danos
econômicos, a independência foi finalmente alcançada em 1821

● A Igreja Católica, enquanto instituição hierarquizada, apoiou os realistas durante o


processo de independência.
● As mulheres desempenharam um papel significativo na independência das Américas
em várias capacidades, Elas acompanhavam os exércitos como cozinheiras,
costureiras e mensageiras, muitas vezes sem reconhecimento positivo.
● Algumas mulheres, como Juana Azurduy de Padilla, atuaram como soldados,
liderando grupos de guerrilheiros e obtendo patentes militares.
● Os historiadores têm diferentes perspectivas sobre as razões da independência:
Algumas abordagens enfatizam a influência das ideias da Ilustração francesa, como
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade," e sua disseminação nas Américas.Outros
argumentam que ideias revolucionárias já estavam presentes na Espanha e que a
independência dos Estados Unidos serviu como um modelo.
O horizonte republicano nos Estados Nacionais em Formação

● A conquista da independência na América Latina representou a quebra dos vínculos


políticos com a metrópole colonial, mas também impôs desafios significativos.
● A necessidade de estabelecer novos Estados, desenvolver estruturas administrativas,
definir fronteiras, criar instituições de ordem e controle social, além de revitalizar
economias debilitadas, tornou-se uma prioridade após a independência.
● A América espanhola, ao obter independência, viu-se diante da escolha entre o regime
republicano e a monarquia.
● A população que não detinha recursos econômicos ou culturais depositava esperanças
na independência para alcançar melhorias sociais, como acesso à terra, qualidade de
vida e participação política.
● Quando essas esperanças foram frustradas, surgiram movimentos de resistência contra
as elites no poder.
● A instabilidade política, frequentemente manifestada em guerras civis, resultou do
conflito entre grupos com propostas divergentes para o futuro dos países
recém-independentes.
● Nas décadas de 1820 e 1830, liberais começaram a discutir questões relacionadas à
democracia, estabelecendo limites à soberania popular.

Conflitos no Prata

● Desde 1810, as lutas pela independência nas colônias espanholas levaram a disputas
territoriais entre Portugal (posteriormente o Brasil) e a Argentina pela Banda
Oriental.
● O líder José Artigas começou a lutar pela independência do futuro Uruguai em
1811, despertando a atenção do Império Português, que viu suas propostas como
uma ameaça.
● A Banda Oriental era vista como um território estratégico tanto pelo Império
Português quanto por Buenos Aires.
● Em 1811, uma intervenção portuguesa frustrada ocorreu na Banda Oriental devido à
visão perigosa que o Império Português tinha das propostas de Artigas, que eram
voltadas para aspirações populares.
● Os portugueses aproveitaram a oportunidade e incorporaram a Banda Oriental ao
Império em 1821.
● A guerra entre Brasil e Argentina terminou sem vencedores, e a Grã-Bretanha
arbitrou a situação.
● No final da década de 1840, o Brasil alinhou-se com grupos que buscavam derrubar
Oribe, líder dos Blancos uruguaios, e Juan Manuel de Rosas, governador federalista
de Buenos Aires.
● As intervenções resultaram em vitórias para o Brasil, incluindo a queda de Oribe e
Rosas.

● Juan Manuel de Rosas, governante da província de Buenos Aires, expandiu a fronteira


para o sul, visando à segurança dos proprietários de terras.
● Rosas legalizou a propriedade da terra e controlou a força de trabalho, respondendo às
demandas dos setores estancieiros e ganhando apoio popular.
● Os opositores ao regime de Rosas foram empurrados ao exílio, principalmente no
Uruguai e no Chile.
● Estebán Echeverría, integrante da Geração de 37, destacou-se como um defensor do
liberalismo na Argentina.
● Estebán defendeu a soberania popular baseada na razão, excluindo os ignorantes e os
que não tinham ofício no exercício da política.Afirmou que as massas deviam ser
preparadas para participar da política por meio da educação.
● No México, liberais e conservadores travaram uma guerra civil devido a projetos
políticos antagônicos.
● Liberais defendiam a República, separação da Igreja e nacionalização de seus bens,
bem como o fim dos foros eclesiásticos.
● A luta pela propriedade da Igreja dividiu fortemente a sociedade mexicana e resultou
em uma guerra civil significativa.
● José María Luis Mora, um notável defensor do liberalismo no México, destacou-se
por seu anticlericalismo e compromisso com os princípios liberais, Propôs limitar a
participação política apenas aos proprietários, com base em sua capacidade de
assegurar a ordem e a sensibilidade.
● Mora acreditava que os excluídos, como os índios e os brancos pobres, não eram
capazes de entender o jogo democrático ou escolher representantes políticos
● Lorenzo de Zavala, um liberal mais radical, também defendia a limitação da
participação política popular, alegando que a população mexicana estava
despreparada.
● Zavala sustentou que a soberania popular e a participação democrática deveriam ser
adiadas até que as massas fossem educadas para exercê-las.

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