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Universidade Federal de Pelotas

Curso de Relações Internacionais


História Comparada da América Latina
Professora Doutora Maria de Fátima Bento Ribeiro
Acadêmica Júlia Ferreira Bretanha

Fichamento de conteúdo
WASSERMAN, Cláudia. A formação do Estado Nacional na América Latina: as
emancipações políticas e o intrincado ordenamento dos novos países. In: ​História
da América Latina: Cinco Séculos. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2000, pp.
177-214.

● A formação do Estado nacional na América Latina é caracterizada por dois


processos:
- Internacionalização do modo de produção capitalista (caráter
econômico-social);
- Emancipação das colônias Ibéricas (caráter político-militar;
● Mudança no ordenamento mundial devido a expansão do modo de produção
capitalista na Europa, Revolução Industrial e Revolução Francesa,
predomínio da burguesia no controle estatal dos países europeus;
● A elite hispano americana inspirava-se no modelo liberal da Independência
americana: escravidão e idéias do iluminismo;
● Desenvolvimento colonial subordinado ao monopólio e às restrições
produtivas e administrativas da metrópole;
● O processo de formação de novos Estados conduz a dois planos ligados:
violência militar e a transformação mundial das relações sociais de produção;
● Estados europeus como resultado da decadência do feudalismo,
desenvolvimento do modo de produção capitalista e ascensão da burguesia;
Seus interesses materiais ofereciam estrutura a uma identidade nacional;
● Ausência de um elemento aglutinador que permitisse a constituição do Estado
nacional; Divisões administrativas metropolitanas; Fracasso das tentativas de
unificação; Limites territoriais como barreira a emancipação;
● Idéias de Independência tinham caráter pré nacional e a idéia de nação não
tinha significado; Poder político com tinha caráter local ou regional e não era
relacionado com sentimento de nacionalidade;
● A ausência de identidade nacional dificultava a constituição de novos
Estados; seguiu-se um período de lutas pela Independência conhecido como
fase de anarquia;
● Caudilhismo como uma incapacidade política das elites latino-americanas
durante o século XIX;
● Pouca coerência nas formas produtivas; predomínio de economia rural
dispersa, relações de produção servis - como resultado o elemento
aglutinador era o Estado político;
● O Estado latino-americano era formado por instituições e tradições coloniais e
por fórmulas políticas tomadas de empréstimo; Constituições liberais
ineficazes - a única forma de manter a ordem era o exército; resultando na
militarização do continente: árbitros da classe dominante e neutralizadores de
conflitos economias deterioradas pós guerra;
● Total abertura de mercado, apesar da incapacidade de venda e compra de
muitas mercadorias; saldo negativo na balança comercial;
● Fuga de capitais no século XIX devido a instabilidade política e estagnação
das exportações resultando em um desequilíbrio econômico dos novos
países; Falta de investimento de comerciantes ingleses;
● Problemas que seguiram o período de Independências:
- Escassez de capitais necessários à implementação do volume a ser
exportado;
- Disponibilidade de mercados externos;
- Queda do preço no mercado mundial;
● As relações de poder instáveis e violentas eram resultado das dificuldades de
encontrar um substrato econômico para os Estados;

A constituição dos ordenamentos políticos e a alternância de ambientes


liberais e conservadores no século XIX: Centralização​ versus​ descentralização

● Sistemas constitucionais criados para transferir poder através de eleições


eram movidos pela necessidade de romper com o passado colonial;
Governos pós revolucionários adotaram sistemas federalistas em oposição a
políticas centralizadas metropolitanas - tentativa de imitar o modelo norte
americano;
● A partir de 1820 iniciou-se a discussão da necessidade de centralização do
poder para combater resistências provinciais e receber reconhecimento
diplomático e confiança dos países europeus;
● Clima de pessimismo a partir da década de 1830; correntes conservadoras da
classe dominante no poder com caráter despótico e centralizador;
● Otimismo na segunda metade do século XIX; desenvolvimento do setor
primário exportador e das forças produtivas;
● Alternância de ambientes liberais e conservadores na maior parte da América
Latina ao longo da formação dos Estados nacionais;

México: Independência pelo alto e predomínio conservador


● A Independência mexicana foi resultado de um tipo de restauração do poder
dos defensores do antigo regime;
● Marcado pelo conservadorismo; Classe dominante dividida entre liberais e
conservadores; Liberais defendiam descentralização política e federalismo,
conservadores inspiravam-se na Inglaterra e defendiam o centralismo político;
● Situação política marcada pelas relações da classe dominante com a plebe;
● Chegada dos liberais ao poder em 1856; Reformas que consolidaram o
Estado nacional mexicano; Processo de produção capitalista;

Argentina: guerras civis em torno da hegemonia portenha e aspirações de


autonomia das províncias do interior
● Período de guerra civil e emergência dos caudilhos; Caudilhos como
resultado do período colonial, do processo de apropriação de terras - luta pela
garantia de privilégios;
● Vitória das forças federalistas; reforço do poder dos caudilhos;
● Política rosista: novas técnicas de produção de charque e instalação de
indústrias de lã;
● Conflito unitário versus federalismo, na vitória do último; pacificação do país;
Chile: a precoce centralização política e os êxitos econômicos e militares das
classes dominantes
● Desenvolvimento distinto aos demais; Governo autoritário de O’Higgins
deposto em 1823; Experiência liberal e federalista sob Francisco Pinto em
1827-1829;
● Abertura de novos mercados e o auge do ouro levaram ao aceleramento do
desenvolvimento do setor de transportes e comunicação; O interesse por
novas terras para cereais e carvão levaram a intervenção de terras indígenas;
● Reivindicações liberalizantes na metade do século XIX; Idéias advindas da
Revolução de 1848; Meses de guerra civil lideradas por liberais;
● Estabilidade econômica e política; Mineração como setor mais importante da
economia; Prosperidade e integração política;
● Acordo Fierro-Sarratea: delimitação da propriedade argentina da Patagônia,
Chile ficou com pequena faixa;
● Problema com a Bolívia em relação ao deserto de Atacama resultou na
Guerra do Pacífico em 1879; economia chilena já estava abalada mas seu
governo era mais estável, vencendo Bolívia e Peru e negociando em 1883 o
Acordo de Ancón, onde Chile controlaria o território de Taracapá; Em 1929
um novo acordo concede poder de Arica aos Chilenos; Em 1884 assinam o
Tratado de Santiago, onde o Chile recebe todo território boliviano do deserto
de Atacama; Bolívia fica sem a sua saída para o mar;

Peru e Bolívia: isolamento econômico e desarticulação político-social


● Peru e Bolívia como países típicos da instabilidade e fraca integração;
estagnação pós emancipações; isolamento econômico;
● Peru: atividades relacionadas ao açúcar e algodão; Bolívia: atividades
relacionadas a mineração, que decaíram;
● Semelhança entre os dois países: instabilidade e impotência dos grupos
dominantes frente aos desastres econômicos; abolição dos impostos
indígenas; abolição da prestação de serviços pessoais;
● No século XIX os dois países recuperaram-se da ruína econômica: o guano
no Peru e a prata na Bolívia foram os responsáveis do isolamento econômico;

América Central: fragmentação política e economias fracamente articuladas


● A Independência da Guatemala se deu pacificamente, pois não havia
riquezas significativas; Conservadores dominaram politicamente apoiados
pela igreja; O monopólio destes foi desfeito pelos governos liberais,

As reformas liberais e a definição econômica dos novos países: o novo tipo de


apropriação da propriedade e a formação de um mercado de trabalho

● As reformas liberais atingiram quase todos os países latino americanos;


principalmente aqueles povoados por populações indígenas;
● Dois grupos presentes nesse cenário: conservadores e liberais; ambos
elitistas; temiam participação das massas populares nas tomadas políticas;
● Origem regional como fator determinante da relação do indivíduo com a
estrutura de poder;
● Conservadores baseavam seu poder em relações sociais e formas de
propriedade pré capitalista e liberais no desenvolvimento capitalista e
destruição da antiga ordem;
● Reformas liberais ligadas ao processo de constituição de um mercado de
terras apropriado às culturas de exportação e à formação de um mercado de
trabalho livre;
● Liberais como portadores de um projeto que previa a destruição da
capacidade de sobrevivência das sociedades coloniais; Base das reformas
liberais: constituição de mercado de terras apropriadas e a transformação das
relações de produção em capitalistas; Modernização da antiga estrutura
produtiva, sistema de transportes e financeiro eficiente;
● O desenvolvimento das lutas entre caudilhos e as guerras civis era resultado
das dificuldades das classes dominantes em encontrar um substrato
econômico necessário à implantação de um espaço nacional;
● As forças atuantes na formação do Estado nacional eram resultados dos
interesses pré capitalistas; a falta de um elemento aglutinador era a falta de
uma base econômica capitalista; A luta entre liberais e conservadores eram
expressões de interesses em modos de produção;
● O problema da constituição dos Estados nacionais era a convivência de
várias relações sociais de produção, do escravismo ao capitalismo;
● A vitória dos grupos ligados ao modo de produção capitalista se deu pelo
desenvolvimento dos setores produtivos já existentes, além da recuperação
dos negócios internacionais; No entanto, a evolução econômica das
formações sociais latino americanas determinaram a dificuldade da
constituição destes Estados;

A consolidação dos Estados Latino-americanos e a implantação do modo de


produção capitalista no subcontinente

● Oligarquias encontram condições de mercado onde seus interesses


estivessem respaldados;
● Consolidação do Estado no momento de afirmação de um produto primário
para exportação e do desenvolvimento das forças produtivas e mecanismos
onde a classe dominante impõe seu domínio;
● A implantação do modo de produção capitalista provocou mudanças radicais,
caracterizada pelo domínio da oligarquia exportadora; A abolição da
escravidão foi um passo importante para a implantação do capitalismo;
● O aumento da demanda internacional por produtos primários resultou em
avanços técnicos; O desenvolvimento das culturas de exportação engrenou o
desenvolvimento capitalista dos países latino americanos; Isso gerou uma
maior apropriação de terras através da dizimação dos índios;
● “Via oligárquica” de desenvolvimento capitalista, ​Agustin Cueva (1977, p.79);
pois não foram destruídos todos elementos do antigo ordenamento;
● 1880: estabilidade social, econômica e política devido ao ao domínio das
oligarquias sobre grupos periféricos;
● A consolidação do Estado nacional da América Latina se dá pela inserção do
capitalismo; no entanto as relações sociais anteriores não foram totalmente
destruídas e nem houve uma revolução democrático burguesa - resultando na
função subordinada dos países latinos americanos no concerto internacional
através da divisão internacional do trabalho; Esse processo provocou
deformações na estrutura social desses países e seu desenvolvimento;
● Idade contemporânea inicia-se antes do término do século XIX com a última
batalha pela independência colonial vencida e a primeira batalha perdida
contra o imperialismo;

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