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Resumo: Robert O. Keohane busca demonstrar através deste texto, como estratégias
adaptativas sobre construção de instituições tem o poder de mudar a realidade,
promovendo mutuamente a cooperação benéfica. Nesse sentido, o autor aborda temas
relacionados ao institucionalismo, às dinâmicas de riqueza e poder, aos regimes
internacionais e à hegemonia dentro do suporte teórico de diversas abordagens como
realismo e marxismo e particularmente do neoliberalismo.
Cooperação e Valores
● O livro aborda mais uma tentativa de análise teórica, histórica e interpretativa do que
um exercício de ética aplicada, ampliando a compreensão da cooperação, na crença
de que um maior entendimento pode ajudar a melhorar a amizade política e o
bem-estar econômico. Keohane (1984), desaprova a cooperação entre os governos
de Estados ricos e poderosos para explorar os países mais pobres. Mesmo que os
objetivos buscados por meio da cooperação fossem julgados desejável em
princípio, tentativas particulares para alcançá-los poderiam ter efeitos perversos.
Mas defende que, sob condições de interdependência, a cooperação é uma
condição necessária para atingir níveis ideais de bem-estar, através de uma
coordenação mais eficaz de políticas entre os governos ajudaria com frequência.
● Keohane (1984) estabelece que a economia política, dentro de sua análise, se refere
à interação recíproca e dinâmica de busca de riqueza e poder, dentro das relações
internacionais. Entretanto, destaca a influência do poder nessa relação, uma vez que
a distribuição de poder desenvolve padrões de direitos de propriedade e a partir
desses padrões que a riqueza é gerada e distribuída. Além disso, para o autor , são
as atividades dos atores independentes, como o Estado, que ligam a ideia de
riqueza e poder às relações internacionais. Muito porque eles são atores não
subordinados à hierarquia governamental mundial.
● O autor também faz uma crítica ao repetitivo fato dos atores internacionais
depositarem o fardo de tomadas de decisões de seus respectivos Estados, a outros
atores, ou até mesmo a um ator central, ao invés de arcar com suas
responsabilidades. Keohane (1984) afirma que esse conceito é estudado pelos
internacionalistas e que a ideia mais difícil a ser compreendida na verdade seria a
ideia de riqueza e poder.
● A partir dessa afirmação, o autor (1984), faz uma comparação entre a ideia de
riqueza de acordo com Gilpin, Adam Smith, Karl Polanyi e Lionel Robbins. E a partir
dessas objeções, Keohane (1984) chega em uma definição mais objetiva de riqueza,
como meios de satisfação de desejo que não são apenas escassos, mas
comercializáveis. Nesse caso, na economia política global, a busca por riqueza ou
“pursuit of wealth”, seria então a busca por meios negociáveis de satisfação de
necessidades, independentemente se esses meios são utilizados por seus
detentores, para fins de investimento ou consumo.
● O autor, então, ressalta que a riqueza não é utilizada como categoria primária para
explicar demanda ou preços, de acordo com a teoria econômica neoclássica do
valor. Nesse caso, o valor é alcançado de acordo com a oferta e demanda nos
movimentos de preços dos mercados. A partir dessa observação, Keohane (1984)
compartilha que acredita ser um fator comum entre os conceitos de poder e riqueza
a necessidade de observar o comportamento das relações de poder e dos
mercados.
● Keohane (1984) elabora uma esquematização para esclarecer ao leitor que as
tentativas de separar a esfera de atividade da economia e da política, resultam
apenas na frustração e no fracasso. Isso porque, ambos possuem uma relação de
mutualidade, e são poucos os casos em que a economia não interfere na política, ou
o contrário. O autor então, reforça que pensar sobre economia política internacional
em termos de riqueza e poder não permite desenvolver modelos explicativos
efetivos. Porém, o foco no entendimento de busca da riqueza e pode colaborar para
uma interpretação do assunto com maior desempenho, visto que provê hipóteses
para analisar e identificar as motivações dos atores e seus respectivos interesses.
Conclusão
● Ao encerrar, o autor conclui que as reivindicações acerca da validade geral da teoria
da hegemonia são frequentemente exageradas, ainda que a teoria ofereça
importantes contribuições para a área, que serão levadas em consideração
posteriormente por Keohane (1984), especialmente a relação de uma liderança
hegemônica com a cooperação e o estabelecimento de regimes e instituições
internacionais. Ao ressaltar que a hegemonia e cooperação são mutuamente
dependentes, o teórico faz menção ao papel do consenso e por último, da coerção,
visto que essa pode ser livremente empregada em situações de conflito, que,
ressalta-se, são situações passíveis de ocorrer até mesmo em ambientes de
cooperação; para Keohane (1984), portanto, ambientes de cooperação não seriam
necessariamente ausentes de conflito, mas sim processos que utilizam o uso da
discórdia e diferenças para estimular ajustes mútuos.