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Universidade Federal de Pelotas

Curso de Relações Internacionais


História Comparada da América Latina
Professora Doutora Maria de Fátima Bento Ribeiro
Acadêmica Júlia Ferreira Bretanha

Fichamento de conteúdo
CERVO, Amado L. ​Sob o signo neoliberal​: As Relações Internacionais da
América Latina. São Paulo: Saraiva 2013.

● Abandono do paradigma do Estado desenvolvimentista pelo paradigma


neoliberal na América Latina entre 1980-1990 em consoante com a entrada
dos presidentes Salinas no México, Menem na Argentina, Péres na
Venezuela, Fujimori no Peru e Collor no Brasil;
● Coerência na adoção do neoliberalismo; Modernização através da abertura
de mercado de bens e privatização das empresas públicas; Não houve
uniformidade na intensidade das reformas:
- Chile e Argentina: rápida e radical adaptação;
- Venezuela e Brasil: hesito e tropeços;
- México: proximidade ao NAFTA;

A transição do Estado desenvolvimentista para o Estado normal

● Pós guerra fria e bipolaridade o mundo entrava em consenso: globalização,


nova interdependência, neoliberalismo;
● Implementação do consenso neoliberal: democracia, direitos humanos,
liberalismo econômico, cláusula social, proteção ambiental e
responsabilidade estratégica solidária;
● Centro capitalista (Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão), triunfava
sobre as experiências socialistas;
● Argentina: “Estado normal” no Governo Menem; Não só apoiava como seguia
os Estados Unidos e seus aliados; Rompimento com os princípios de
autodeterminação e não-intervenção em favor de ordem por relações de
força e dogmas do Consenso de Washington;
● Ser normal para tirar proveito da subserviência aos Estados Unidos;
● Abandono da CEPAL (sob a lógica de centro periferia) para adoção da visão
de um mundo global que valorizava o individualismo, iniciativa privada,
mercado global e etc;
● O tipo de manobra da política internacional da América Latina promovida pelo
paradigma desenvolvimentista tornou-se inadequada após anos noventa;
● Anos 80: Queda do desempenho do modelo desenvolvimentista; Fim da era
das ditaduras; Restauração da democracia ⇨ crises políticas;
● Endividamento externo, instabilidade monetária ⇨ surtos de hiperinflação;
● Superproteção às empresas locais ⇨ baixa produtividade;
● Tal situação resultou no maior alcance do discurso neoliberal;
● Novos dirigentes que implementaram outra visão de mundo, aquém de
objetivos e compromissos relacionados à herança histórica; Esse
descompromisso neoliberal resultou em denúncias de corrupção;
● Silenciamento das chancelarias e adesão a novos temas como governança
global, meio ambiente, direitos humanos e intervenções humanitárias;
● Relações econômicas internacionais nas mãos de jovens graduados em
Universidades norte americanas;

Orientações externas dos regimes neoliberais

● Divergências de interpretação acerca da bibliografia das relações


interamericanas;
● O liberalismo do fim do século resultou na incitação ao revisionismo histórico;
● Pluralismo das correntes de interpretação - ciclo desenvolvimentista e ciclo
liberal;
● Desafios surgidos na historiografia e ciência política aplicadas às relações
internacionais nos anos noventa:
- Avaliar sob pressão um passado de 60 anos;
- Desvendar o grau de acerto da nova inserção internacional;
● Analistas argentinos cujo objetivo era imprimir a racionalidade decorrente do
neoliberalismo podem ser separados em três grupos:
a) corrente de revisionistas de direita;
b) corrente de revisionistas de centro;
c) corrente interpretação crítica;
● O grande resultado epistemológico das novas correntes argentinas de estudo
das relações internacionais foi a projeção de um pensamento hegemônico
que construiu a teoria da decadência nacional, reivindicando o neoliberalismo
como solução e substituindo a teoria da dependência latino-americana
formulada pelos marxistas;
● Ajuste da política exterior em três fundamentos doutrinais:
a) Países periféricos, pobres e dependentes devem lutar pelos objetivos
externos e evitar confrontações políticas com o exterior - adequar seus
objetivos com o da potência hegemônica;
b) Sua política externa deriva do cálculo entre custos e benefícios
materiais;
c) A autonomia da política externa deve refletir a capacidade de
confrontação do Estado e seus custos;
● A política exterior dos Estados neoliberais da América Latina têm seu
parâmetro na política exterior argentina de realismo periférico, que pode ser
chamada de política exterior de reincorporação ao Primeiro Mundo; Cujos
domínios de ação se pautam em:
1) Reinserir a economia argentina na economia mundial
- Ruptura com o passado através do sistema produtivo nacional;
- Aumentar fluxo de investimentos para modernizar a estrutura
produtiva local;
- Abertura da economia à competição internacional para essa
reinserção;
- As condições para essa possibilidade se deram por reformas
estruturais e estabilidade monetária;
2) Estabelecer relação especial com os Estados Unidos
- Reconhecimento dos EUA como vencedor na Guerra fria;
Futuro multipolar; Relação especial livre de confronto;
conformação de valores; Caráter de proximidade ideológica;
3) Aprofundar a integração econômica e a cooperação política com
o Brasil
- Substituição da geopolítica pela integração nas relações
sub-regionais;
- Uma relação especial com o Brasil contrabalançaria a que se
buscava com os EUA e romper o isolamento ao relacionar-se
de forma cooperativa com os vizinhos da América do Sul;
4) Criar uma zona de paz no Cone Sul da América
- Garantia de paz para Argentina através da segurança criada por
uma zona de paz no sul do continente;
- Promoção da da integração econômica e política latino
americana a partir do mercosul;
- Depende do tratamento por parte dos EUA e da desconstrução
das seguranças nacionais;
5) Desenvolver uma política de prestígio internacional
- Política de prestígio e legitimidade;
- Reversão da opinião argentina ao liberalismo econômico,
integração, democracia, direitos humanos, terrorismo e etc;

● Comunidade epistêmica procedeu ao revisionismo histórico, fundamentação


doutrinal e desenho da nova política exterior;
● Fechar o ciclo da decadência nacional consequente do isolamento político;
● Teorias da dependência em descrédito no Brasil; Promoção de apologia do
modelo de política exterior sob o desenvolvimento nacional;
● Visão positiva do passado no Brasil, contraposta à visão argentina da
decadência;
● Resultados desiguais do modelo de desenvolvimento no Brasil e Argentina e
em outros países da América Latina;
● Difícil transição do paradigma de política exterior do Estado
desenvolvimentista para o paradigma do Estado neoliberal no Brasil; A
indefinição dessa política externa se deu pela dificuldade do Brasil se adaptar
a temas globais, afastada da OTAN, aderiu apenas a emergência da
democracia e direitos humanos em suas pautas; Hesito na adesão da
globalização assimétrica pois foi interpretada como nociva invés de benéfica
para a periferia do sistema capitalista;
● Não há uma abundância de estudos de relações internacionais no Brasil
como há em outros países, como a Argentina, por exemplo, principalmente
na área de teoria das relações internacionais;
● Ambos campos acadêmicos de estudos de relações internacionais, no Brasil
e na Argentina, colocaram sob suspeita a estratégia neoliberal
latino-americana;
● Preocupações próprias nas análises brasileiras sobre suas relações com os
parceiros estratégicos; Análise em possibilidades econômicas para expansão
do capitalismo, superação do atraso histórico; Estudos sobre
desenvolvimento, desigualdade e relações assimétricas, entre outros;
Diplomacia pela cooperação e não pela confrontação, respeito ao direito
internacional e autodeterminação dos povos, culto da paz;
● Na tentativa de introdução de um novo paradigma, há autores mais realistas
e menos ideologizados, com o neoliberalismo não sendo a melhor opção
estratégica;

Balanço das relações internacionais do Estado normal e primeiras reações

● O Brasil, como a América Latina não é uma entidade fechada que interage
com o mundo exterior, não podendo ignorar as novas condições - o que
explica a irrupção do pensamento neoliberal;
● Desenvolvimentistas viram as estruturas das relações internacionais da
América Latina com o Primeiro mundo como obstáculo para o
desenvolvimento; Já os neoliberais, viram no ajuste dessas estruturas o
caminho da ascensão ao Primeiro Mundo;
● Para elevar seu status, os países da América Latina introduziram o
paradigma do Estado normal;
● Suas interações com o mundo externo apela à vigilância dos seus governos;
● Reações acerca das experiências neoliberais na América Latina
- Por parte do pensamento acadêmico brasileiro: senso crítico e
repugnância;
- Por parte do pensamento argentino: adesão acrítica diante da
mudança de paradigma;
- Por parte eleitoral: julgamento severo;
● Conclusão a partir dos estudos dos velhos e novos paradigmas de relações
internacionais: Admite-se a impossibilidade do fim do Estado interventor;
● Todos avanços na área de desenvolvimento, produção e expansão foi obra
do paradigma desenvolvimentista, assim, a América Latina tinha as
condições necessárias para engendrar empreendimentos de nível global,
com quatro fatores requeridos para essa inserção:
- Grandes empresas
- Tecnologias próprias
- Mercado
- Capitais
● Para isso, não era necessário de capital e tecnologia externa, apenas de um
Estado logístico; No entanto, o regresso neoliberal foi uma opção, não
imposição; Reversão do processo de desenvolvimento;
● Desenvolvimento de um paradigma liberal-conservador;
● Estabilidade monetária e aumento de produtividade do sistema empresarial
como vitória dos governos neoliberais da América Latina - mais um século de
dependência estrutural - como resultado, desconstrução do núcleo da
economia, endividamento, alienação de patrimônio e transferência de renda;
● O peso neoliberal prevalente na América Latina evidencia a injunção
ideológico sobre a tomada de decisão dos governos;

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