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PEREIRA, Analúcia.

O Brasil em Crise e o Mundo em Transição: A Política Exterior


Brasileira de Sarney a Collor. Ciênc.Let.,Porto Alegre, n. 37, jan/jun. 2005, pp. 295-316.

INTRODUÇÃO
 Política externa de Collor -> drástica alteração nas tradicionais linhas de diplomacia
brasileira.
 Novas regras internacionais como efeitos do Final da Guerra Fria.
 Adoção da política Neoliberal.
 Política externa de Sarney -> importante para a análise da inserção internacional do
Brasil, pois se situa entre o paradigma diplomático do governo militar e a inserção
neoliberal do período da Globalização, iniciada por Collor.
 Política externa durante o regime militar -> busca de novos espaços de atuação política
e econômica no âmbito internacional, no sentido de alterar a histórica dependência face
aos Estados Unidos. A pioridade era alcançar o desenvolvimento econômico nacional,
condizente com as necessidades internas e uma projeção regional e internacional que
estivesse de acordo com as reais possibilidades do país.

A RUPTURA NA LINHA DIPLOMÁTICA BRASILEIRA: A TRANSIÇÃO DO


GOVERNO SARNEY PARA O GOVERNO COLLOR
 O paradigma econômico e diplomático afirmado com o regime militar não foi alterado
de forma imediata. O Governo Sarney, assim, deveria estabelecer as bases para um
novo regime e completar, assim, a trasição política.
 A nova constituição oscilava entre a fragmentação do poder, para assegurar a
democracia, e a manutenção do projeto desenvolvimentista -> marcantes as linhas de
continuidade, sobretudo se atentarmos para a política econômica e as relações
exteriores.
 Política externa de Sarney: marcada pela tentativa de ampliação da base do poder
nacional -> consolidação de relações com diversos países visando fortalecer um eixo de
cooperação. Reposicionamento frente aos EUA, uma vez que houve um estreitamento
dessas relaçoes no regime militar, o que prejudicou o Brasil na década de 80.
 Tensões desencadeadas no cenário internacional -> no campo econômico essas tensões
levaram o Brasil a buscar parcerias multilaterais e bilaterais que instrumentalizassem o
país em suas estratégias para o entendimento internacional.
 Políticas de aproximação regional e sub-regional : Amperica Central e demais países da
América Latina. -> desenvolvimento regional
 Brasil procurou articular projetos de cooperação com países do Terceiro Mundo, o que
o permitia criar canais mais dinâmicos de relacionamento -> reforçou relações com a
África, desenvolveu uma nova postura frente aos países socialistas, dispensou alto grau
de atenção às suas relações com o Oriente Médio e países árabes, e percebeu na Ásia
um centro emergente.
 As difíceis negociações em torno da questão do endividamento externo e as retaliações
dirigidas contra as políticas de desenvolvimento nacional dificultavam o papél do Brasil
no diálogo norte-sul -> ignorância e desprezo dos centros de poder em relação a temas
centrais de PEB -> Grande uso dos organismos multilaterais para denunciar discordar e
protestar contra as desiguadades entre os Estados e viabilizar uma maior cooperação
entre as nações.

O BRASIL DOS ANOS 80 AOS 90: O IMPACTO DAS NOVAS REGRAS


INTERNACIONAIS
 Difícil tarefa de reincorporar o Brasil nos foros internacionais como Estado de direito ->
lançou o governo em inúmeros impasses. Executava-se uma PE que ora se confrontava
com estruturas vigentes, ora denotava traços de continuidade com políticas anteriores.
 Revolução Científico Tecnológica -> reestruturação de um projeto hegemônico em
nível internacional -> Políticas neoliberais que diminuiram o tamanho do Estado,
cortando, especialmente, seus gastos sociais, privatizando setores da educação e saúde...
acabarm por excluir economicamente os setores menos favorecidos da proteção estatal.
 Segundo Choque Petrolífero (Revolução no Irã e Guerra com o Iraque) -> reação norte-
americana durante a Era Reagan -> Relações BR-EUA convergiram em uma agenda
completa de tensões no campo econômico e sérias divergências na área política.
 Ronald Reagan -> Desregulamentação do sistema financeiro internacional e Choques de
Petróleo. -> desestabilização das economias dos demais países, principalmente dos
países em desenvolvimento.
- Cláusula 301 (Lei do comércio de 1988): Autoridade ao presisemte norte-
americanos para adotar sanções comerciais contra práticas de comércio consideradas
“desleais”.
- Cruzada Legalista: homogeneizar os termos comerciais, na linha dos interesses
norte-americanos.
 Difíceis negociações com o FMI -> relutância brasileira em aceitar sua tutela até 1983. -
> crise cambial -> Brasil assina primeira Carta de intenção com o FMI, em 1983.
 Enfraquecimento do Leste Europeu e desmonte da URSS -> retrocesso na
diversificação das relações político-econômicas no Brasil, porém, os novos centros em
ascensão (como os asiáticos) representavam outro espaço de manobra para a PEB.
 As fortes imposições político-estratégias por parte dos centros industriais objetivando a
abertura política e econômica dos centros periféricos, somado ao quadro de crescente
dependência financeira ao sistema norte americano a mescla entre questões políticas e
econômicas levaram as negociações políticas a cederem espaço às concessões
econômicas. Foi esse o quadro que Sarney defrontou ao assumir o poder.
 Grande parte da política internacioal desde os primeiros anos da Guerra Fria
apresentava certas tendências básicas: As tendências do Sistema Internacional, em
especial a concentração de poder e a marginalização de Estados e grupos sociais, e as
estratégias de preservação da hegemonia fazem prever uma era de conflitos de uso de
força pelas estruturas hegemônicas para o controle da periferia que acentua cada vez
mais a desigualdade entre nações. A ideia é manter, a qualquer custo, a ordem
hegemônica ocidental, os EUA. -> Contrarrevolução liberal conservadora
 Apesar dessas tendências se manifestarem contra o desenvolvimento dos Estados
periféricos, elas ocasionaram a formulação autônoma de iniciativas políticas, como a
aproximação da diplomacia brasileira com a América Latina, o que resultou,
posteriormente no MERCOSUL.

A BUSCA DE AUTONOMIA FRENTE AO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO;


O INCREMENTO DA AGENDA MULTILATERAL
 A política brasileira com vistas à resolução do conflitos centro-americano garantia ao
país um elemento de barganha face aos EUA -> importante liderança a fim de garantir
os interesses regionais . Aproximação com Cuba .
 Interesse em fortalecer as relações diplomáticas na América do Sul foi proeminente no
governo Sarney.
 Integraçaõ regional -> tentativa de manter o poder e garantir, assim, o desenvolvimento
nacional.
 O Estados periféricos, quando submetidos a formas de controle (poder financeiro,
industrial e político militar) das potências dofrem um processo de regressão produtiva -
> Tentativa de implementação de uma nova hegemonia.
 Plano interno de Sarney: perdas em termos de indicadores sociais, inflação e
desinvestimento; Plano externo: multilateralismo- nova postura frente à África, Japão
foi perdendo espaço para China, India Países do sudeste asiático; novas relaçoes com o
Oriente Médio e países socialistas.

GOVERNO SARNEY
 Prioridades: implementar políticas adequadas de um desenvolvimento nacional mais
autônomo.
 Procura de uma autonomia cada vez maior e a adoção de políticas não estreitamente
identificadas com as posturas norte-americanas,
 Dificuldades: problemas enfrentados no plano econômico e falta de legitimidade, por
seus conhecidos vínculos com o antigo regime.
 Principais desafios: consolidação do processo de transição democrática em um contexto
desfavorável – crises econômicas e socias.
 Clima de demandas:
- Disputas intensas e contradições entre diversos grupos que defendiam reformas
nos campos econômico e político. -> ressurgimento dos movimentos sociais ->
reconstituição dos sistemas partidário e sindical.  Fortes mobilizações de setores
amplos da sociedade.
 Política externa – Coalizões nas negociações globais = Diplomacia para resultados
- Relações EUA-BR = acirramento das tensões: coalizões feitas pelo governo
brasileiro junto aos países em desenvolvimento tanto no campo político quanto no
econômico.  Dupla face: Instabilidade nas negociações multilaterais de comércio;
Aproximação com os vizinhos latino-americanos como instrumento de inserção
internacional.

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