Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
• As políticas externas de Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022) se destacam como um período de diferenciação com relação às estratégias adotadas por Lula (2003-2010) e Rousseff
(2011-2016).
• As percepções sobre a política externa brasileira variam consideravelmente, com algumas visões positivas: houve sucesso do Brasil em reduzir desigualdades econômicas e políticas nos governos do
PT, reposicionando o país como uma nação emergente em um sistema internacional multipolar. Por outro lado, há avaliações negativas que apontam políticas falhas devido a ambições excessivas e
falta de recursos, corrupção que minou esforços e acusações de agressividade na relação com os EUA, resultando em um isolamento do Brasil no mundo ocidental.
• A autora busca entender as dinâmicas contemporâneas das tendências conflitantes da PEB, relacionando-as a personalidades políticas, coalizões, modelos de desenvolvimento e mudanças
estruturais domésticas e internacionais.
○ Diretrizes duradouras: a coexistência pacífica, o pragmatismo, o multilateralismo, a não interferência e o respeito à lei e a noção de autonomia defendida como resultado de oportunidades
sistêmicas e ações de agentes que desejam alterar os termos da inserção do país na ordem internacional.
○ Três períodos verdadeiramente autonomistas da história brasileira: Getúlio Vargas (1930-1945), a Política Externa Independente (1961-1964) e a agenda do pragmatismo responsável
(1974-1979) durante o Regime Militar (1964-1985).
• O artigo propõe uma análise qualitativa e reflexiva dividindo-se em partes: O Eixo Combinado (2003-2010), Recuo e Reaproximação (2011-2018), Encruzilhada (2019-2021) e Conclusão.
Encruzilhada (2019-2021)
• Entre janeiro de 2019 e setembro de 2021 no Brasil, sob o governo de Jair Bolsonaro, destacam-se mudanças e desafios significativos na política externa brasileira.
• Houve uma mudança na direita do país com o ressurgimento de elites oligárquicas, o fortalecimento das Forças Armadas e da Igreja como forças políticas conservadoras. A política externa passou por
duas fases distintas: 2019-2020 e a partir de janeiro de 2021, refletindo mudanças no ambiente político interno e nos EUA.
• Aspectos e dimensões da administração Bolsonaro:
○ A dimensão política-social-cultural foi caracterizada por pilares conservadores, como a proximidade com os EUA, alianças com nações de direita e uma postura antiglobalista, anticomunista e
religiosa. Essa fase priorizou a relação Brasil-EUA, alinhamentos conservadores e a busca por benefícios em acordos como a adesão à OCDE e o acordo bilateral Brasil-EUA. No entanto, os
benefícios esperados não se concretizaram.
○ No aspecto estratégico-diplomático, houve uma postura antimultilateralista e contra regimes internacionais, resultando em mudanças históricas na posição do Brasil sobre não-interferência e
multilateralismo. O país passou a apoiar os EUA em várias frentes, como contra os regimes de gênero e migração, enfraquecendo o apoio a acordos ambientais e criticando abertamente países
como Venezuela e Cuba.
○ No aspecto econômico, o governo Bolsonaro procurou fortalecer práticas neoliberais, promovendo reformas como privatizações e reformas administrativas, políticas, trabalhistas e
previdenciárias. Essas medidas tiveram sucesso, mas geraram desconforto com parceiros econômicos importantes, como China e Oriente Médio.
• As tentativas de alianças bilaterais e acordos, como o Mercosul-UE e a entrada na OCDE, encontraram obstáculos significativos, especialmente com os EUA sob Trump e após Biden assumir a
presidência. A relação com a UE também foi tensionada por questões ambientais e de direitos humanos.
• A relação com a China foi afetada por críticas abertas ao regime chinês, impactando as negociações sobre vacinas, 5G, joint ventures e comércio. Isso teve consequências na gestão da pandemia,
especialmente nas relações China-Brasil e nos esforços multilaterais. O Brasil se alinhou aos EUA e recusou participar de discussões da ONU e da Organização Mundial da Saúde sobre acesso a vacinas
e combate à COVID-19.
• O momento político nos EUA, sob Trump, havia sido muito importante para as posturas adotadas por Bolsonaro. Desde a eleição de Biden até eventos como a invasão do Capitólio, a autora aponta
que a instabilidade política nos EUA impactou as relações bilaterais e globais, influenciando a posição do Brasil, principalmente em relação à China.
○ O discurso do presidente Bolsonaro na ONU em setembro de 2021 reforçou o alinhamento político-social-cultural e estratégico-diplomático com sua base conservadora, abordando temas
como soberania, vacinação, direitos humanos e ambientais. No entanto, apesar do discurso, pressões internas e externas podem influenciar as futuras negociações e a política externa do Brasil.
Conclusão
• A política externa brasileira passou por mudanças significativas, indo de um eixo combinado para um desequilíbrio atual, influenciada por lutas políticas internas e transformações internacionais.
• Governos anteriores buscaram autonomia, preservação de políticas, ou alianças pró-EUA, afetando a credibilidade e pragmatismo do país.