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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CARTOGRAFIA DAS CENAS CONTEMPORÂNEAS

ANA CLARA REGO COSTA


ANNA VICTORIA LEITE MANES DA SILVA
MARIA EDUARDA GONÇALVES CARDOSO
MARIA EDUARDA LOPES RIEGER
MARIANA GABRYELLA MACHADO COSTA

A XENOFOBIA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19

RIO DE JANEIRO
2023
ANA CLARA REGO COSTA
ANNA VICTORIA LEITE MANES DA SILVA
MARIA EDUARDA GONÇALVES CARDOSO
MARIA EDUARDA LOPES RIEGER
MARIANA GABRYELLA MACHADO COSTA

A XENOFOBIA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19

Trabalho de desenvolvimento apresentado à


Universidade Veiga de Almeida (UVA), como
parte das exigências para aprovação da
disciplina: Cartografia das Cenas
Contemporâneas – Relações Internacionais.
O
rientador(a): Profa. Beatriz Mattos

RIO DE JANEIRO
2023
RESUMO

O trabalho aborda a questão da xenofobia durante a pandemia de COVID19, utilizando-se de


discursos feitos pelo grupo sul-coreano BTS e sua importância para o continente asiático,
principalmente a Coreia do Sul, que foi tão perseguida durante a pandemia através não só de
sua representatividade, mas também economicamente. De início é discutida a origem da
xenofobia mencionado evento históricos, como a versão dos gregos aos estrangeiros. É
citado também no contexto brasileiro uma posição xenófoba em relação a imigrantes latino-
americanos, bem como em relação a africanos e muçulmanos. É inegável o aumento de casos
de xenofobia contra asiáticos mundialmente, durante a pandemia de COVID-19,
principalmente em Estados-Nacionais como os Estados Unidos e o Brasil. Esses atos
xenófobos ficaram evidentes principalmente em relação à origem do vírus e na recusa de
vacinação devido a desconfianças sobre a eficácia dos imunizantes de origem asiática e nas
perseguições e ameaças sofridas pelos asiáticos devido a desinformação disseminada no que
diz respeito ao vírus. Também é destacado no trabalho a importância da representação e da
inclusão na luta contra a xenofobia. Nesse sentido, é mencionado o convite feito pelo atual
presidente Estado Unidense, Joe Biden, ao grupo sul-coreano BTS para discursar na Casa
Branca sobre o aumento da xenofobia desde o início da pandemia de COVID-19.

PALAVRAS-CHAVE: Xenofobia, COVID-19, Pandemia e BTS.


INTRODUÇÃO

XENOFOBIA: O QUE É E SUA ORIGEM

Tem-se como primeiros exemplos de xenofobia no ocidente, a aversão de gregos à


estrangeiros, a quem chamavam de bárbaros. Baseada no eurocentrismo, xenofobia deve-se à
aversão de uma determinada etnia, nacionalidade ou povo perante em um espaço específico.
O crime de xenofobia é bastante comum no Brasil, deve-se à divisão de fronteiras com os
mais diversos países. Por mais receptivo que o Brasil possa ser com os estrangeiros, os
imigrantes, na maioria das vezes, vindos de outros países da América Latina, não são bem
aceitos pelos brasileiros do outro lado da fronteira.
Os brasileiros, durante a pandemia de 2020 – 2021, abordou um comportamento
deveras problemático, quanto aos imigrantes asiáticos, assim como nos Estados Unidos, os
brasileiros adotaram uma postura xenofóbica e problemática em relação às origens do vírus
COVID-19. Vários brasileiros, inclusive, se recusaram a tomar a vacina de COVID-19
(CORONAVAC) devido à origem do imunizante, suspeitando de sua eficácia devido ao lugar
de onde veio.
Os brasileiros em geral, também abordaram comportamentos xenofóbicos/racistas em
relação aos africanos vindos do país de língua portuguesa, a Angola (por exemplo), praticando
também o racismo religioso/e intolerância religiosa. Sendo um país majoritariamente cristão,
não é incomum presenciar o preconceito dos brasileiros sendo interpretado da pior forma
possivelmente, diariamente. As principais vítimas dessa intolerância, são os membros das
religiões de matriz africana, e os muçulmanos que também são, em maioria, imigrantes.
De acordo com a professora e sociológica Vera Maria Candau, o Brasil ainda está
inserido em um método de ensino do século XIX, essa problemática implica diretamente no
comportamento xenófobo e racista dos brasileiros, uma vez que a inclusão e o entendimento
teólogo não é uma prioridade nesse sistema antiquado, o respeito e compreensão não são
incentivados ou promovidos. As crianças estrangeiras também não são defendidas pelas
instituições, que, na maioria das vezes também se fecham para as diversas culturas, em prol da
xenofobia e racismo estrutural.
Voltando à pandemia de 2020, nos Estados Unidos, a situação xenófoba no país ficou
ainda pior. Após o assassinato brutal do afro-americano George Floyd, o país se mobilizou
para organizar manifestações em prol dos direitos de pessoas negras e o fim da violência
policial, promovido pelo racismo estrutural e institucional do país, o povo asiático e a
comunidade asiática nos Estados Unidos se tornaram um dos alvos principais do ódio, logo,
eles começaram a sofrer perseguições e ameaças devido à desinformação sobre o vírus. Os
protestos contra o ódio aos asiáticos, ganhou o nome de “Stop the Asian Hate” que ganhou
muito mais visibilidade nas redes sociais.
Desde sempre, e por muito tempo, a xenofobia foi normalizada e promovida
(principalmente por grupos supremacistas em alguns países europeus). Alguns exemplos de
genocídios movidos pela xenofobia, etnocídio.
• Holocausto (1939-1945): Perseguição aos judeus, majoritariamente na
Alemanha nazista.

• Massacre de Bear River (1863): Durante a guerra de secessão, houve um


ataque militar aos nativos americanos em Idaho. O massacre foi considerado como um
dos mais sangrentos na história dos Estados Unidos.

• Genocídio Cambojano (1975-1979): Foi uma intensa perseguição às minorias


étnicas do Camboja (chineses e vietnamitas principalmente), muitas das mortes
ocorreram após Pol Pot impor uma “utopia agrária” e enviar milhões de pessoas para
fazendas de trabalho forçado ou prisões do governo.

• Genocídio de Ruanda (1994): O genocídio de Ruanda, também conhecido


como genocídio tútsi, foi um massacre em massa de pessoas dos grupos étnicos tútsis,
tuás e de hutus em Ruanda.

• Genocídio da Bósnia (1995): Genocídio cometido pelas forças sérvias da


Bósnia e Herzegovina, em prol de uma “limpeza étnica” na região, direcionado
principalmente aos muçulmanos.

• Genocídio Circassiano (1884-1867): Genocídio na região da Circássia pelo


Império Russo, grande parte dos circassianos foi massacrada, outra parte exilada e
deportada.

• Genocídio Armênio (1915-1922): Genocídio na Turquia contra os armênios e


grupos minoritários pelo Império Turco-Otomano, gerou mais de 1.800.000 vítimas.

Exemplos de Filmes que abordam a xenofobia:

WEST SIDE STORY (AMOR SUBLIME AMOR); 1961 e 2021


Produzido pela primeira vez em 1961, a obra resultou na conquista de Rita Moreno,
primeira atriz latina a conquistar um óscar. West Side Story (Amor Sublime Amor, em
português) é uma adaptação de uma peça de teatro produzida pela Broadway de mesmo nome.
West Side Story retrata o cenário novaiorquino de 1957 e aborda a inimizade entre os
“Sharks”, uma gangue imigrante porto-riquenha e os “Jets”, uma gangue de descendência
irlandesa já consolidada no lugar há algum tempo. A xenofobia é um tema bastante abordado
na obra, uma vez que mesmo tendo as mesmas transgressões criminosas, os Jets se sentem
superiores aos Sharks devido à sua nacionalidade, etnia e cor de pele.

HOTEL RWANDA (HOTEL RUANDA); 2004


Produzido em 2004, Hotel Rwanda (Hotel Ruanda, em português) retrata o genocídio
do povo tutsi em Ruanda, no cenário da guerra civil de 1994. No filme, o gerente de um hotel
de luxo trabalha para salvar 1.200 refugiados dentro do hotel em que trabalha durante o
regime em Ruanda, inclusive sua própria família.

ANÁLISE DO IMPACTO DO GRUPO MUSICAL BTS NAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS SUL-COREANAS

Independentemente de gostar ou não de K-pop, é difícil ignorar a presença e o impacto


do grupo sul-coreano BTS. Para muitos, eles são considerados os "Backstreet Boys" desta
geração. Sua grande conexão com o público jovem vai além da massiva presença de seus sete
membros nas redes sociais. Suas letras abordam temas como saúde mental e outras questões
comuns aos adolescentes, pelas quais muitos de nós já passamos.
Em 2018, o BTS recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Cultural e discursou na
Assembleia Geral das Nações Unidas, representando seu país. Além disso, foram agraciados
com passaportes diplomáticos, tornando-se o primeiro grupo musical sul-coreano a receber
essa honraria. Esse reconhecimento reforça a ideia de que a indústria cultural da Coreia do Sul
tem o potencial de beneficiar o país em termos geopolíticos, consolidando-se como um poder
suave (soft power) de grande magnitude. Essa visibilidade do BTS está intrinsecamente ligada
ao mundo das imagens e evidencia o poder que elas têm na construção de imaginários
políticos. Como observado atualmente, é um instrumento poderoso para influenciar e moldar
percepções.
Um vídeo que expressa essa visão é aquele que retrata a ideia de que as pessoas vivem
de forma política. Uma frase que ressoa é "nós não descrevemos, nós interpretamos". Essa
citação, proveniente de uma aula, levanta questionamentos sobre a distorção da realidade.
Muitas vezes, deixamos de pensar por nós mesmos e passamos a enxergar e seguir o outro de
acordo com sua percepção. Essa forte conexão com a arte nos permite enxergar o mundo de
maneira ampla, como é mostrado no vídeo.
Para concluir, a partilha do sensível mencionada por Césaire é o que nos leva a
resgatar e respeitar as diferenças. Reconhecemos que somos todos humanos e que as
singularidades devem ser respeitadas. Esse é o motivo pelo qual escolhemos falar sobre a
xenofobia.
Ao abordar a xenofobia durante a pandemia de COVID-19, é importante reconhecer
que o preconceito e a discriminação não devem ter lugar em nossa sociedade. A xenofobia, a
aversão e o ódio em relação aos estrangeiros e imigrantes, são comportamentos prejudiciais
que geram divisão e injustiça. Durante a pandemia, essas atitudes se intensificaram, com
consequências negativas para comunidades específicas, como a população de origem asiática.
A associação do vírus COVID-19 com a China levou a um aumento da xenofobia
contra asiáticos em diferentes partes do mundo, incluindo nos Estados Unidos. O uso de
termos como "vírus chinês" por líderes políticos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro,
contribuiu para disseminar estereótipos negativos e alimentar o preconceito. Esse tipo de
discurso de ódio e a propagação de desinformação são extremamente prejudiciais, criando um
ambiente hostil e injusto para pessoas de origem asiática.
No entanto, é encorajador ver como o BTS tem usado sua plataforma para combater a
xenofobia e promover a inclusão. Sua presença na Casa Branca, convidados pelo presidente
Joe Biden, é um marco significativo. Isso representa um reconhecimento da importância da
representação e do engajamento da juventude na construção de um futuro mais igualitário.
O BTS não apenas fala sobre amor-próprio, aceitação e empatia em suas músicas, mas
também realiza projetos sociais e filantrópicos. Eles demonstram um compromisso real em
apoiar causas como educação, igualdade de gênero e direitos humanos. Ao levar o BTS para
falar na Casa Branca, o presidente Biden está enviando uma mensagem clara de inclusão e
reconhecimento da diversidade étnica, cultural e social que compõe o Estado-Nação.
A presença do BTS nesse evento histórico é um símbolo de esperança e progresso.
Mostra que, apesar dos desafios enfrentados durante este período turbulento da pandemia, é
possível avançar em direção a um mundo melhor. É um lembrete poderoso de que a música e
a arte têm o poder de unir as pessoas, quebrar barreiras e inspirar mudanças sociais
significativas.
Portanto, é fundamental combater a xenofobia e o preconceito em todas as suas
formas. Devemos valorizar a diversidade, respeitar as diferenças e promover a inclusão em
nossas sociedades. O exemplo do BTS nos mostra como a cultura popular pode desempenhar
um papel importante na luta contra a discriminação e na construção de um futuro mais justo e
igualitário.

IMPORTÂNCIA DO DISCURSO FEITO PELO GRUPO NA CASA BRANCA

A violência e o preconceito contra a população de origem asiática intensificaram


significativamente durante a pandemia de covid-19. Segundo um relatório divulgado em maio
de 2021 pelo Stop Asian Hate, movimento que denuncia o aumento dos crimes de ódio contra
a comunidade, foram 6.603 casos de violência registrados entre março de 2020 e março de
2021. De acordo com o Departamento de Polícia de Nova York, houve aumento de 1.900%
nesses incidentes, além das denúncias que não são relatadas.
O discurso de ódio e preconceito adotado por lideranças globais é apontado como um
dos principais motivos por trás desse aumento. Políticos como o ex-presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro utilizaram do termo “vírus
chinês” para se referir à COVID-19 em diversos momentos e atribuem a culpa da pandemia
ao país asiático. Isso escancarou um racismo que vem desde o início da imigração.
Um dos principais fatores que contribuíram para a xenofobia durante a pandemia foi a
origem do vírus. Como o surto inicial de COVID-19 foi relatado na cidade de Wuhan, na
China, muitas pessoas associaram indiscriminadamente o vírus os asiáticos em geral. A
disseminação de desinformação e teorias da conspiração também contribuíram para o clima de
xenofobia. Nas redes sociais e em alguns meios de comunicação, surgiram teorias infundadas
e estereótipos que retratavam as pessoas asiáticas como portadoras do vírus ou como
responsáveis por sua expressão deliberada.
A participação do grupo sul coreano BTS em um discurso na Casa Branca, a convite
do presidente Biden, é de extrema importância. Os Estados Unidos são conhecidos por serem
um Estado Nação com histórico de preconceitos arraigados, e a presença do BTS nesse palco
emblemático é um passo significativo na direção da mudança. O grupo, além de transmitir
mensagens de paz e igualdade, representa a etnia asiática que enfrentou ataques durante o
período da pandemia.
Com sua influência global e um alcance imenso entre os jovens, o BTS se tornou uma
voz para aqueles que foram marginalizados e discriminados. Sua mensagem de amor-próprio,
aceitação e empatia tem ressoado profundamente com milhões de fãs em todo o mundo,
inclusive nos Estados Unidos. Ao convidar o BTS para falar na Casa Branca, o presidente
Biden envia uma mensagem clara de inclusão e reconhecimento da diversidade étnica,
cultural e social que compões o Estado-Nação.
Além de sua representatividade, o BTS também é conhecido por seus projetos sociais
e filantrópicos. Eles têm usado sua fama e plataforma para apoiar diversas causas, como a
educação, igualdade de gênero e direitos humanos. Ao levar o grupo à Casa Branca, o
presidente Biden destaca a importância do engajamento da juventude e da cultura pop na
construção de um futuro mais justo e igualitário.
A presença do BTS na Casa Branca falando sobre a xenofobia na pandemia é um
símbolo de esperança e progresso. Mostra que, apesar dos desafios enfrentados durante esse
período turbulento, é possível avançar em direção a um mundo melhor. É um lembrete
poderoso de que a música e a arte têm o poder de unir as pessoas, quebrar barreiras e inspirar
mudanças sociais e significativas. A inclusão do BTS nesse evento histórico reforça a
importância da diversidade e da luta contra o preconceito, reforçando a ideia de que a união é
a chave para se criar um futuro mais igualitário e harmonioso.
A notícia a respeito do grupo BTS ter sido convidado pelo atual presidente estado-
unidense, Joe Biden, a fim de denunciar o aumento desenfreado da xenofobia sofrida por
pessoas de origem asiática nos Estados Unidos após a pandemia de COVID-19 pode ser
relacionada aos pensamentos de três grandes internacionalistas estudados neste trimestre. São
eles: Bleiker, Shapiro e Cesárie em relação a questões de identidade, representação e
descrição.
O autor Bleiker aborda a questão da identidade e como ela é influenciada por eventos
históricos e políticos. A xenofobia, o racismo e a violência direcionadas à comunidade
asiática-americana após a pandemia podem ser entendidas como uma manifestação dessa
identidade racial e étnica, onde a origem é associada a estereótipos negativos e hostilidade, A
denúncia do grupo em relação ao racismo reflete uma tentativa de afirmar uma identidade
positiva e lutar contra a identificação. Shapiro discute a importância da representação na
mídia e na política. O convite do presidente Biden ao grupo para falar sobre a inclusão e
representação das pessoas asiáticas indica o reconhecimento da necessidade de vozes asiáticas
sendo ouvidas e representadas de forma adequada. O BTS, como um fenômeno mundial,
possui uma plataforma significativa para chamar a atenção para a representação enfrentada
pela comunidade asiática-americana e promover a igualdade.
Já Cesárie explora a noção de igualdade e como aceitar e enfrentar as diferenças é
fundamental para alcançá-la. O pedido de tolerância feita pelo membro do grupo, Suga, está
alinhado com essa ideia. Ele enfatiza a importância de abrir-se para as diferenças e aceitar que
não há errado em ser diferente. Essa abordagem busca desafiar a descrever e construir uma
sociedade mais inclusiva.

O “FATOR BTS” EM INÚMEROS ASPECTOS DA COREIA DO SUL

Ao medir o impacto financeiro do BTS em 2020 apenas, podemos fazer uso de um


estudo feito pelo governo sul-coreano que mostrou que eles movimentaram mais de 5 bilhões
de dólares – mais que todo o PIB de países como Fiji e Maldivas. – Isso equivale a 0,5% da
economia sul coreana, uma fatia enorme para uma banda de pop. Segundo os dados, as
principais fontes de renda são ingressos e mercadorias da banda.
Mas o real impacto do BTS vai muito além do dinheiro. Enquanto outras marcas
coreanas como a Samsung, que sempre foram o carro-chefe do país, veem suas reputações
manchadas com escândalos, o BTS se prova cada vez mais uma enorme influência do que se
chama soft power.
Este termo denota a influência de um país para além da esfera militar e econômica.
Um exemplo fácil de entender, é o impacto da indústria audiovisual que exporta modelos e
valores estadunidenses para todo o mundo.
O sucesso da banda tem levantado muita curiosidade sobre a história e cultura da
península coreana, e mais: tem levado muitas pessoas a estudarem o idioma para entenderem
melhor as letras das canções e os programas dos quais os membros fazem parte, bem como os
produzidos por eles. Como consequência natural, as pessoas mergulham em outras questões
culturais como moda e alimentação, aumentando a busca por estes produtos fora da Ásia e até
por formas de importá-los do próprio Estado de origem.
Como isso reflete internamente, os membros da banda ganharam a Medalha da
Ordem de Mérito Cultural em 2018 – uma enorme e seletiva honraria. E em plena pandemia,
o atual presidente, Moon Jae-in, declarou o BTS como “enviados especiais para futuras
gerações e cultura” do país para representar a Coreia do Sul na Assembleia Geral das Nações
Unidas no último mês de setembro (como mencionado anteriormente). Os membros ganharam
até passaporte diplomático. (Deviante adaptado).
ANÁLISE ESTÉTICA DE “MY UNIVERSE”

A banda britânica Coldplay juntamente do grupo sul-coreano BTS, compuseram uma


música chamada “My Universe” no ano de 2021, época de pandemia, assim mencionado pelo
vocalista do Coldplay Chris Martin ela lida com um cenário em que uma pessoa escuta de
outra do que pode ou não amar ou estar junto dela por motivos de gênero, aparência física e
etnia.
No início do MV (Music Vídeo), somos apresentados a três bandas– Coldplay, BTS e
Supernova 7 (banda alienígena fictícia) – em três planetas diferentes. Com o objetivo de
desafiarem os Silenciadores de suas censuras, unem-se com a DJ rebelde e utilizam da sua
tecnologia “holoband” para conectar sua música para todos os planetas (Minutagem, 0:23).
Seguindo a ideia de Shapiro, as três bandas utilizam da arte, a música, como forma de
protesto demonstrando sua insatisfação com tal ato. Essa mensagem fica clara quando Chris
(vocalista do Coldplay), picha a placa que dizia “Nenhuma música é permitida” tirando a
palavra “nenhuma” para “toda” transformando em “Toda música é permitida”.
(Minutagem,0:41)

1.Criação do set

Nos primeiros segundos do MV, somos apresentados ao Planeta Floris, um dos doze
planetas criados pelo Coldplay para o conceito do álbum. Em torno, deste planeta entramos na
espaçonave da DJ L’Afrique com seus detalhes em neon e paredes cheias de adesivos e
pôsteres de bandas alienígenas, dando uma estética futurista que por muito tempo na mídia é
mostrado; além de terem inspiração ao clube nova iorquino CBGB, como mencionado pelo
designer de produção François Audouy. Ademais, a nave dos silenciadores teve como base o
formato do coronavírus, pois segundo o designer como estávamos em época de pandemia
subconscientemente com tantas notícias sobre a COVID-19 inspirou-se no formato do vírus.
Em relação a criação dos planetas, obtemos Floris, Calypso e Supersolis cada um
com sua banda para representá-los. Em seu estudo integro, a equipe que trabalhou com o
Chris viajou para Barcelona e utilizou cenários abandonados para representarem a ideia de
ruínas, um local destruído por conta do poder totalitário. Além disso, a equipe que lidou com a
parte do BTS inicialmente queria representar o Planeta Calypso como uma fortaleza marítima,
tendo como inspiração as fortalezas da Segunda Guerra, porém com mais pesquisas decidiram
inspirar-se nos portos abandonados em Dudukan, na Rússia. Dessa forma, o planeta é
apresentado com estruturas enferrujadas, além de um céu escuro representando uma ameaça.
O último planeta Supersolis, também feito em Barcelona utilizou da textura e
elementos da fábrica, para construírem uma casa para a banda Supernova 7. Com um filtro
amarelado, temos a impressão de que o planeta é quente e seco.
2.Criação dos personagens

Na íntegra de Audouy, a criação dos personagens para a banda alienígena fictícia


apresenta uma mistura de seres fantasiosos com o mundo real. A equipe não só fez a parte
estética como maquiagem, penteado, roupas etc., mas também apresenta a personalidade e
uma breve apresentação de seus personagens, assim dando um passado para esses
personagens, mesmo sendo fantasiosos tiveram o cuidado de criar uma personalidade para
cada integrante da banda.
Ademais, os instrumentos utilizados pela banda também são uma mistura de culturas
como por exemplo, da personagem Angel Moon com o Güiro, um instrumento típico da
américa latina.
Conclui-se, com essa análise que o MV ele traz uma mensagem muito bonita e
importante dando voz para pessoas que são invisibilizados segundo a ideia de Priya Dixit,
desestabilizando uma narrativa tradicional e com Shapiro utilizando a música como sua forma
de repulsa aos atos de violência pelos atores de poder.

CONCLUSÃO

O estudo sobre a xenofobia, sua origem e manifestações durante a pandemia de


COVID-19 nos mostra a importância de combater o preconceito e promover a inclusão em
nossas sociedades. A xenofobia é um comportamento prejudicial que gera divisão e injustiça,
afetando negativamente diversas comunidades.
Durante a pandemia, a população de origem asiática enfrentou um aumento
significativo da violência e do preconceito. A associação do vírus COVID-19 com a China
levou a um aumento da xenofobia contra asiáticos em diferentes partes do mundo. Esse tipo
de discurso de ódio e a propagação de desinformação são extremamente prejudiciais, criando
um ambiente hostil e injusto para pessoas de origem asiática.
No entanto, o grupo musical sul-coreano BTS tem se destacado na luta contra a
xenofobia e na promoção da inclusão. Sua presença na Casa Branca, convidados pelo
presidente Joe Biden, é um marco significativo. Eles utilizam sua plataforma para transmitir
mensagens de amor-próprio, aceitação e empatia, além de realizar projetos sociais e
filantrópicos.
O convite do BTS para falar na Casa Branca representa o reconhecimento da
importância da representação e do engajamento da juventude na construção de um futuro mais
igualitário. Eles se tornaram uma voz para aqueles que foram marginalizados e discriminados,
e têm inspirado milhões de fãs em todo o mundo. Além disso, o impacto do BTS vai além do
âmbito financeiro. Eles têm sido um exemplo de soft power, influenciando não apenas a
indústria do entretenimento, mas também despertando o interesse pela história e cultura da
Coreia do Sul. Sua presença e sucesso têm levado muitas pessoas a explorarem outras
questões culturais e a buscar uma maior compreensão da diversidade.
O MV "My Universe", fruto da colaboração entre Coldplay e BTS, também aborda a
luta contra a censura e a promoção da liberdade de expressão. Através da música, as três
bandas apresentadas no vídeo protestam contra a proibição da música, simbolizando uma luta
contra atitudes opressoras.
Em suma, é fundamental valorizar a diversidade, combater a xenofobia e promover a
inclusão em todas as suas formas. O exemplo do BTS nos mostra como a cultura popular pode
desempenhar um papel importante na luta contra a discriminação e na construção de um
futuro mais justo e igualitário. A voz e influência do BTS têm impactado positivamente as
relações internacionais sul-coreanas, promovendo a representação e a quebra de barreiras.
Nesse sentido, é crucial que continuemos a apoiar e promover artistas e iniciativas
que trabalhem para a igualdade e inclusão, reconhecendo o poder transformador da música, da
arte e da cultura na construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa. A xenofobia não
tem lugar em nosso mundo, e cabe a cada um de nós tomar uma posição contra esse
preconceito, valorizando a diversidade e respeitando as diferenças.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS:

Possa, Julia. “De BTS a “Parasita”, entenda como a Coreia do Sul aplica o “soft power”.
Poder300. Sábado, 05 março 2022. Acesse em:
https://www.poder360.com.br/internacional/de-bts-a-parasita-entenda-como-a-coreiado-sul-
aplica-o-soft-power/. Acessado em: 05 julho 2023.

Tammaro, Rodrigo. “População de origem asiática é vítima de violência e preconceito na


pandemia”. Jornal USP. Quinta-feira, 27 maio 2021. Acesse em:
https://jornal.usp.br/atualidades/populacao-de-origem-asiatica-e-vitima-de-violenciae-
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Presse, France. “BTS visita a Casa Branca e denuncia racismo contra asiáticos nos EUA”. G1.
Terça-feira, 31 maio 2022. Acesse em:
https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2022/05/31/bts-visita-a-casa-branca-edenuncia-
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Fontanella, Isabela. O Fator “BTS” na política e economia da Coreia do Sul.


Deviante. Quarta-feira, 12 janeiro 2022. Acesse em:
https://www.deviante.com.br/noticias/o-fator-bts-na-politica-e-economia-dacoreia-do-sul/ .
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Douglis, Silvye. < BTS: The Band That Moves The Economy. Byline: NPR. Quartafeita, 28
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BABILÔNIA, Vitor. Conheça a história por trás dos personagens e planetas do clipe de "My
Universe". vivacoldplay, 2021. Acesse em:
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clipe-de-my-universe/. Acesso em: 3 julho 2023.

COLDPLAY. Coldplay X BTS - My Universe (Official Video). YouTube, 21 setembro


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julho 2023.

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