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DOI:10.34117/bjdv6n8-600
RESUMO
O Presente texto buscou analisar as migrações no contexto do pós guerra, fazendo um paralelo com
os momentos econômicos vividos pelos países no período. Em momentos de recuperação econômica
os imigrantes são bem vindos para fazer trabalhos que os nacionais consideram de segunda
categoria. No entanto, quando os países entram em recessão, os imigrantes são considerados os
causadores dos problemas vivenciados. Os desafios se tornam cada vez maiores em um cenário de
crescente desastres ambientais e intolerância, fazendo dos Estados importantes atores na proteção e
criação de políticas voltadas ao acolhimento do imigrante. Observou-se que a integração e a
alteridade são importantes mecanismos para superação dos preconceitos.
RESUMEN
El presente texto buscó analizar las migraciones en el contexto de la posguerra, haciendo un paralelo
con los momentos económicos vividos por los países en el período. En momentos de recuperación
económica los inmigrantes son bienvenidos para hacer trabajos que los nacionales consideran de
segunda categoría. Sin embargo, cuando los países entran en recesión, los inmigrantes son
considerados los causantes de los problemas vivenciados. Los desafíos se vuelven cada vez mayores
en un escenario de creciente desastres ambientales e intolerancia, haciendo de los Estados
importantes actores en la protección y creación de políticas dirigidas a la acogida del inmigrante. Se
observó que la integración y la alteridad son impostantes mecanismos para la superación de los
prejuicios.
2 METODOLOGIA E MATERIAIS
Com o objetivo de analisar os fluxos migratórios a partir da segunda Guerra Mundial, o
presente estudo deseja descrever aspectos dos processos migratórios e as crescentes barreiras
impostas pelos Estados Nacionais. O método de pesquisa escolhido é o indutivo-dedutivo e, de
modo mais específico, far-se-á a recuperação bibliográfica sobre o tema e a análise de documentos
pertinentes.
3 RESULTADO DA PESQUISA
Os processos de movimentação do homem na terra são documentados desde o surgimento
da espécie. Sejam em figuras (desenhos rupestres) nas cavernas ou mesmo os modernos sistemas de
identificação nos postos aduaneiros dos países. Movimentar-se faz parte da natureza humana e pode
ocorrer por diversos fatores como: clima, cultura, catástrofes e ainda por trabalho.
A migração é uma característica da raça humana desde seus primórdios. Sejam movidas
por catástrofes naturais que dificultam sua sobrevivência, como secas, vulcões e
inundações, sejam motivadas pelos males provocados pelos homens, como a guerra e a
Se migrar nos séculos passados era algo mais complexo que envolvia romper com todos os
laços familiares, hoje com as novas tecnologias de comunicação tornou-se menos penoso deixar
aqueles que fazem parte do convívio em busca de melhores alternativas. No entanto, outras
dificuldades são postas, principalmente pelos países desenvolvidos.
As migrações tem sido um desafio nas políticas e relações entre os países que muitas vezes
é tratado como caso de polícia, de discriminação ou mesmo de prisão. Basta ligar a televisão e o
assunto está cada dia mais presente nos noticiários, geralmente com um teor negativo.
Não se pode delimitar o espaço que uma pessoa deve ou não habitar com base em um
documento que diz onde ela nasceu, os critérios do jus soli e jus sanguini utilizados para concessão
do direito a cidadania não podem ser absolutos, pois pode gerar milhões de apátridas. A Declaração
da ONU é clara em seu artigo 13° ao dizer: “Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em
que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país”, e ainda em seu artigo 15°
“Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de
nacionalidade.”
Dentro das políticas de estado percebemos uma mudança de posicionamento com relação à
migração nas ultimas décadas, principalmente entre os anos pós-segunda Guerra Mundial e a atual
crise do sistema capitalista.
A segunda Guerra Mundial foi fator para intensificação das migrações pelo mundo, a fuga
dos regimes fascistas (principalmente por aqueles que eram perseguidos por sua religião, cor ou
sexualidade), a fome trazida pela guerra gerando escassez de alimentos e os bombardeios, causaram
o êxodo de europeus para várias regiões inclusive a América Latina. Os números não são precisos,
no entanto acredita-se que milhões tenham deixado as áreas de conflito.
Mais do que buscar uma melhor qualidade de vida, naquele momento a migração era crucial
para a manutenção da vida. Muitos Judeus saíram da Europa e foram para os Estados Unidos nesse
período. Durante e logo após a Guerra os imigrantes eram amplamente aceitos (ou tolerados) pela
maioria dos países.
Por inúmeros motivos, entre eles o fato de que a imigração na Europa do pós-guerra foi em
grande parte uma solução patrocinada pelo Estado a escassez de mão de obra, os novos
imigrantes entraram no mesmo mercado de trabalho que os nativos, e com os mesmos
direitos, a não ser onde foram oficialmente segregados como uma classe de trabalhadores
convidados temporários, e portanto inferiores. (HOBSBAWM, 2014, p.304).
Reconstruir um continente era uma tarefa para inúmeras mãos, o medo das influências
socialistas vindas do leste causava no governo estadunidense uma corrida para estabelecer uma
barreira capitalista forte e acima de tudo um exemplo para fulminar qualquer pretensão
expansionista da União Soviética na região.
No entanto como constata Hobsbawn, surge um novo problema que passa a ser cada vez
mais constante na sociedade europeia de uma maneira geral. O preconceito com relação à
diversidade étnica dentro da própria classe trabalhadora. Se antes o preconceito estava presente nas
políticas de alguns governos autoritários (fascistas), agora passa a surgir o conflito de forma de
aceitação de forma mais acentuada dentro das próprias classes operárias.
A migração em massa trouxe um fenômeno até então limitado, pelo menos desde o fim do
império Habsburgo, apenas aos EUA e, em menor escala, a França: a diversificação étnica
e racial da classe operária e, em consequência, os conflitos dentro dela. O problema não
estava tanto na diversidade étnica, embora a imigração de pessoas de cor diferente, ou
passíveis de ser classificadas como tais fizesse aflorar um racismo sempre latente mesmo
em países considerados imunes a ele. (HOBSBAWM, 2014, p. 303)
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos é um exemplo de como os imigrantes estão
sendo culpabilizados pelos problemas inerentes a sociedade capitalista que passa por uma de suas
crises. Com a queda nas taxas de emprego, procurou-se buscar “culpados” para as mazelas vividas
e estes culpados foram os imigrantes latinos. A proposta de recrudescimento nas políticas
migratórias, a construção de um muro que os separaria do México, dentre outras propostas
segregacionistas fizeram parte da campanha vencedora do pleito eleitoral.
Se em tempos de “boa onda” econômica os mexicanos eram bem aceitos para fazer trabalhos
que os estadunidenses não queriam fazer, hoje são tidos como os culpados pela falta de emprego.
Buscar no outro o problema é sempre uma saída mais fácil que aceitar as próprias falhas.
Na Europa, a política antimigratória tornou-se lema de partidos políticos. Assim, o
crescimento de partidos políticos de direita em diversos países, como Alemanha, França, Inglaterra
e Itália, é preocupante. Nas últimas eleições na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha
(AfD) obteve 12,9% dos votos com um discurso islamofóbico e antieuropeu.
Os avanços dos partidos neonazistas nas últimas eleições foram um alerta para a nova onda
de nacionalismo provocado pela crise, onde os imigrantes, sobretudo muçulmanos, são tidos como
inimigos. A volta do Partido Nacional Democrático ao parlamento alemão é um sinal claro de que
mesmo em sociedades tidas como de primeiro mundo e que passaram por processos tão traumáticos,
ainda pode surgir movimentos extremamente excludentes.
A principal força de perturbação (no oriente médio) era Israel, onde os colonos judeus
construíram um Estado judeu maior que o que fora previsto sob a partilha britânica
(expulsando 700 mil palestinos não judeus), talvez um número maior que a população judia
em 1948, lutando uma guerra por décadas para isso (HOBSBAWM, 2014, p.351).
Neste cenário o Brasil teve seus altos e baixos na política migratória, desde o
“descobrimento” tivemos ondas de imigrantes portugueses que trouxeram milhões de africanos na
condição de escravos, posteriormente veio a ideia de branqueamento da população com o incentivo
da vinda de italianos, poloneses, alemães, ucranianos, entre outros.
As restrições eram pouco vistas. Foram poucas as vezes que as leis se preocuparam em
organizar a distribuição dos imigrantes no território nacional. Geralmente eram motivados pela ideia
de segurança nacional, limitando a quantidade de pessoas oriundas do mesmo país de ficarem muito
próximos, ou ainda não permitindo a entrada de doentes e em alguns casos daqueles que
mendigavam ou se prostituíam.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avançar em políticas públicas de acolhimento ao migrante é um desafio cada vez maior para
os Estados. Entender que todos fazemos parte de um único planeta com problemas a serem
enfrentados por todos é um desafio ainda maior.
Quando se coloca o ser humano, ou melhor a vida humana a frente de interesses econômicos,
a transformação passa a ser uma perspectiva mais real. Receber o outro não como inimigo, fugindo
do processo binário imposto pela sociedade abre muitas possibilidades.
Se no pós-guerra a Europa se viu em uma situação de desastre, hoje com a economia
recuperada e aproveitando-se de mão de obra imigrante, impõem barreiras as suas ex-colônias
exploradas nas mais diversas áreas, impossibilitando o acesso ao seu território.
REFERÊNCIAS
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_______. Conferência de Genebra sobre os refugiados sírios se encerra com novas perspectivas
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COSTA, Marli Marlene Moraes da; REUSCH, Patrícia Thomas. Migrações internacionais
(Soberania, Direitos Humanos e Cidadania). Revista Internacional de História, Política e Cultura
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HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das
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PAIVA, Odair da Cruz. Migrações Internacionais Pós Segunda Guerra Mundial: A Influência dos
EUA no Controle e Gestão dos Deslocamentos Populacionais nas Décadas de 1940 a 1960. Texto
integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão.
ANPUH/SP – USP. 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.